FREDERICO DO NASCIl\1ENTO
JOSE RAYMUNDO DA SILVA
,
METODODE
SOLFEJO
1° ANO Oficialmente adotado na
Esco la Nacional de Mtlsica da Un iversidad do Bra il
RICORDI BRASILEIRA S.A.
Alameda Eduardo Prado, 292 - F O ~ r: ; (1 I) 3131-6766 - Fax: 3222-4205 F.-mail; ricnrJi@>ri,urJi.com .ilr - http://www.rimrdi.m .hr c.>J .Pj 46.4 16.665/000 1-8 \ ,1 :-JSCK 109.387.549. 11:
ESCOLA NACIONAL DE MUSICA Pareccr da Comissao sobre 0 Metodo de Solfejo dos senhores Professol'es
Frederico do Na cimento c Jose Raymundo da Silva
A Comissao, Ilomeada para dar parecer sobl'e 0 Metodo de Sol fejo dos se nhores Profcssores Frederico do Nascimento e Jose Raym und o da Silva, exam inou -o com 0 ll1 ais vivo ill te resse, j ulgand - 0 excelente trabalho, cla borado com cl areza, in tui to novo no genero a que se propo , de con yao clevad o, engen hoso, i1ustrado com lir,:o s progr ss ivas de ul1l a fat ura elegante e con"e ta, satisfazendo, pOl"tanto, a toda as ex igencias do ensino Ill ode mo.
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Juslificand o a utilidade de se u metodo e modo de a plic ~l-Io , 0 ilustre Prof. Frederico do asc im ento, em algumas paginas cheias de racioc inio e saber, exp lica, com l11 uita S gacidade, a or :entar;ao qu e se de vc dar ao ensi no de so lfejo de modo , nao procu rar fixar n3 me mo ri a do aiLino valo r dos interva los que os sons podem formar cnlre si, mas a entoayao dev ida a cad grau,o nome e 0 som con"espOndenle se ligucm na memoria tao illtl'in icamcnte que 0 aparecimento de um, imp liqLle 0 aparecimento dos ou tros. A vanLagem em ass iar 0 nll lllcro ao no me n La cO llsiste em que a fllnya o tonal desLc tilt il11 0 COI11 a ton ica c a do gra u e sempre a mCSllla ,
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Ass im pro uraremos fixar na m moria do ailino a di sposiyao das notas nas diversas cscalas, pel a indicayJo nL1111 1'0 de rde m do som correspondente .
A Comissao rec onhecend o que 0 Metodo dc So lfcjo , dos senhores PrODssorcs Frederico do ascim ent o e Jo se Raymundo da Sil a, frulo de li ma experienc ia auqu il'id a pOI' longos anos de lllagiSLerio, e UIl1 oL imo livro de cll sin o l11usica l, que Vel1l lll eSmO a I reench er li ma lacuna, da sua inteira ap rova~ilo a essa obra dc incont st<'1ve l
valo r artis ico, ped in do sua adoyao nas classes de solfejo do Institu to Nac i nal de i'v1 11sica. Francisco Braga, Hcnrique Braga, Jose de Lima Coulinho Arnaud Duarte dc Gouveia , Carolina Vieira Machado, Alfredo Raymundo Richard e Amaro Barreto,
PARECER
Ao apreciarmos 0 Metodo d Solfejo, dos Professores Frede rico do Nascimento e Jose Raymundo da Silva, ja adotado em nosso Institu to , encontramos 0 que era de esperar. As Illo di fjcac;:oes introduzidas, orientadas pela experiencia e grande competencia do Profess or Jose Raymun do da Silva, trarao, indubitavel mente, os maiores proveitos as classes de Solfejo.
Francisco Braga (a.a. ) F. Chiaflitclli Agnello Fran c;:a
© Copyrigh t 1939 by Casa Carlos W ehrs Ltda , sucedida por Eu ro Musica S A © Copyright 1978 Assigned to Ricordi Brasileira S A All rights rese rved - International copyright secured - Printed in Brazil Tod os os direitos sao reservados
JUStIFICA~Ao DO PRESENTE METODO
E MODO DE APLICA-LO
A primeira diiiculdade que se oferece a quem pretende organi zar urn Metodo de Solfej o que facilite 0 quanta possivel 0 estudo dessa materia no que di z respeito aentoayao, c nsiste no conhecimento do modo por que fix amos na me moria a entoayao correspondente a cada nota. A ocasiao mais conveniente para adquirirmos esse conhecimento, pela observayao do que se passa em nos mesmos, seria, sem d 'Ivida, aquela em que encetamos 0 estudo do solfejo, se a idade em que geralmente 0 fazemos nao se opor a investigayoes dessa ordem. Quanto mais tarde procuramos descobrir 0 processo que nos permite relacionar cada nota com 0 som que lhe C devido, 0 automatismo esta formado, e esse proeesso, que seria relativamente faeil de observar no inieio por flutuar nas eamadas superiores da consciencia, afunda-se, com 0 tempo, fugindo assim a nossa apreciayao. Contudo 0 poueo que nos conseguimos observar, e os dados que, no magisterio, a observac;ao experimental nos fomece, elucidam suficientemente 0 assunto, de fonna a permi tir que nos orientemos l1a escolha do metodo a seguir, para 0 ensino do solfejo. Algumas crianyas fi xam facilmente na memoria a altura absoluta dos sons, segu ndo 0 diapasao a que estao habituados; eada som se eonserva em suas memorias associado a nota eorrespondente, de forma que, a presenya de urn importe na apa ri yao do outro. Para elas entoar uma serie de notas, ou reconh cer uma sucessao de sons, e igualmente facH, quer as notas, q uer os sons se sueedam 1 gicamente ou nao . 1 Infelizmente esta particularidade da memoria musical e privilegio de bern poucas pessoas. Para a grande maio ria -nao so dos que estudam 0 solfejo, como daq uetes que ja 0 sabem- a ordem em que os sons se sucedem em uma melodia, nao e indiferente para 0 reconhecimento de cada urn deles; esse reconhecimento sera tanto mais fcicil quanto mais simples for a melod ia; a altura absoluta dos sons nao e conservada pela mem6ria de fo rma a permitir 0 reconhecimento de cada urn deles, independente de qualquer ponto de r paro, de qualquer relayao . Ora , este ponto de reparo, esta re la<;:ao, so pode ser a tonica -real ou suposta- ou 0 valor dos intervalos em que os sons se sucedem . No primeiro caso, 0 ensino deve ser orientado de modo a fixar na memoria do aluno a entoayao conespondente a cada graLl da escala; no segundo, a que corresponde aos diversos intervalos. A resoluc;ao do problema consiste em saber se e 0 valor da entoayao correspondcnte a cada interva lo, OLI 0 valor correspondente a cada grau da escala que nos permite estabelecer a re lac;ao entre a nota e 0 som. Se fosse realmente 0 intervalo a base do solfej o, a reproduyao de lim mesmo intervale seria igllalmente faci l em todos os casos; assim, a divisao da oitava em scis partes iguais a) do - re - mi - fa# - sol# -
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nao deveria apresentar nenhuma ditieuldade de entoac;ao .
1_ Durante minha long a carreira de professor, conheci algumas dessas criaturinhas privilegiadas. Entre elas distinguia-se uma que, contando apenas 5 anos de idade e sabendo unicamente apropriar a cada tecla do piano 0 nome da nota correspondente , unica conhecimento musica l que possuia, nao s6 reconhecia qualquer sam dado ao acaso no piano que estava habituada a ouvir, como distinguia cinco ou seis sons dados simultaneamente. que r fossem consonantes quer discordassem entre si.
Igualmente facil seria a sucessao
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composta exclusivamente de intervalos de terceira maior. Mostra-nos, porem. a experiencia qlle a dificuldade de entoayao das segundas maio res na serie a e das terceiras maiores na serie b, esta longe de ser a mesma no decurso de cada serie; tanto em lima como em outra, a dificuldade aumenta a proporyao que as notas se afastam da nota inicial. Ainda mais, se substituirmos na serie b, 0 si pelo sell enarmonico do, a difi cllidade diminlli consideravelmente, apesar do intervalo da quarta di mi nuta que resulta da substituiyao, deve ser mais dificil de entoar do que 0 intervalo sllbstituido . Mostra-nos ainda a observayao que, se dividirmos a serie a em tres grupos, de forma que a terce ira nota do primeiro grupo se tome a primeira do segundo e a terceira do segundo , a primeira do terce iro [
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Eevidente que a possibilidade de entoar tais sucessoes depende da durayao do
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o ensino do solfejo deve, pois, ser orientado de fo rma nao a procurar fixar na memoria do aluno 0 alor dos intervalos que os sons podem formar entre si, mas a entoayao devida a cada grau da escala, de forma que 0 ntlm ro do grau, 0 nome e 0 som correspondente se liguem na mem6ria tao intimamente que 0 aparecimento de um impiig ue apareciment dos OlItros. A vantagem em associar 0 numero ao nome da nota consiste em que a funyao tonal deste varia com a toni ca, e a do grau e sempre a mesma. Assim procurarcmos fixar na memoria do allino a disposiyao das notas nas diversas escalas, pela indicayao do numero de ordem do som correspondente.
A preferencia dada a essas 16nicas juslifica-se pel a simetria do movimento, pelo grau de afinidade que as une entre si, e que cada uma delas eslabelece com a nota imediata. 1 _
Objetar-se-a que, na musica moderna, 0 processo modul atorio e tao complicado, os diversos tons sucedem tao rapidamente -nao contendo, por vezes, cada um deles mais de dois ou tr s sons- que a determina~ao dos graus se torna impossivel no decorrer da leitura musical. E fora de duvida que a dificuldade de entoa~ao de um trecho e tanto maior quanta mais vaga quanta men os precisa for a impressao tonal despertada pela sucessao. Tal obj e<;:ao, por ' m, s6 seri a procedente se fo sse necessario 0 co nhecimento preciso da tonal idade real para a detennina<;:ao de graus apropriados. Ora, a verdade e que, para que a entoayao seja possiveI, basta supor uma tonalidade a que a nota dada e a imediata possam pertenccr. Assim, a nota cromMica, sempre que formar intervalo aumentado ou dimi nu ido com a nota precedente, sera considerado como seti mo grau, quando a al terayao for ascendente e, como quarto grau quando fi r descendente. Se 0 intervalo for de segunda maior, terceira maior ou qu inta justa, e 0 movimento, ascende nte, a nota anterio r a nota alterada excrcen't a fun~ao de tonica, e a nota alterada, de segundo, terceiro ou qui nto gratl. Por fazerem parte d acorde da tonica, 0 3° e 5° graus parecem os mais apropriados ao intervalo de 3n menor. Aos intervalos que resuitam da inversao das 205 e 3"" maiores e menores e da 5tl justa os mesmos graus serao aplicados em ordem inversa como e intuitivo. Obtido 0 valor de entoa~ao da nota eromatica, -que se tornou diatoni ca pela determina~ao do grau- 0 valor da nota imediata obter-se-a de igual modo e assim por diante. a maior parte dos casos nao e dificil de agrupar tres ou quatro sons que possam ser fil iados a uma mesma tonalidade. Sendo assim, a funyao da lIltima no ta precedente sera mudada de acordo com a nova tonalidade suposta.
Eevidente, pois, que 0 aluno deve distingu ir perfeitamente os diferentes intervalos para que the seja possivel a determ ina~ao dos graus. As razees que acabam s de expor, e os inconveni ntes que res ul tam da tessitura por demai e1evada em que geralmente, sao escritos os exercicios dos metodos de solfejo, levaram nos a organizar 0 presente trabalho, cujo modo de explicar passamos a expor. Decorada a escala que 0 aluno cantara ora dizendo 0 nome da nota, ora 0 numero do som seguem-se exercicios apropriados a fi xar, sucessi vamente, na memoria do aluno 0 valor to nal de cada grall ; assim, os primeiros exercicios contem as tres primeiras notas, as quais, n s seguintes, se vao juntando, lUna a uma, todas as outras. Os exercicios apropriados a cada grupo de sons serao executados, a principio, dizendo 0 professor 0 nLlmero e 0 aluno entoando a nota e inversamente, sem que 0 aluno veja 0 exercicio escrito.
o nllmero destes exercicios podera ser aumentado p 10 professor, sempre que conveniente.
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Alternadamentc com os exercicios de entoa~ao, 0 professor dara as noyees necessarias para a execuyao ritmica dos mesmos exercic ios e, somente quando a metri ca e a entoayi'io de cada exercicio, separadamente, nao oferecer dificuldade ao aluno e que ele as entoara ritmicamente. Conheeida a entoa~ao dos graus da escaJa maior de 1 a 8, 0 aluno fara exercicios de entoa<;:ao com os acordes princ ipais do tom; dizendo 0 professor, como nos exercicios precedentes, 0 nllmero e a nota alternadamente. 0 acorde, alem de desenvolver podero amente o scntimento da tonalidade, deve sel" igualmente empregado como auxiliar neumonico de grande valor.
Os graus da oitava superior e inferior a da tonica, considerada como base, sao indicados por urn pequeno trayo horizontal co locado sobre 0 numero quando este pertencer a oitava superior, e por baixo no caso con rario. Antes de terminados os exercicios do tom de do maior, 0 professor exponi em ocasiao oportuna, isto e, quando nenhuma outra explicayao se tomar necessaria a teoria geral da forma<;:ao das escalas maiores e menores, em todos os tons.
Eevide nte que, conhecidos os sons de uma determinada tonalidade pelos numeros dos graus que Ihes correspondem, eles 0 serao da mesma forma , seja qual for a tonica cscolhida . A lmi ca dificuldad e que 0 aluno encontrara na mudanya de lim tom para outro, consiste exclusivamente em re lacionar 0 nome da nota co m 0 numero do grau, nome que varia em cada nova tonalidade . Por essa razao abandonamo s a ordem em que as tonalidades costumam scr apresentadas nos metodos de solfejo para adotarmos aquela que, praticamente, nos parece ser a mais 16gica. J\ss im e que, conhecido 0 modo maior do tom de do, 0 aluno estudara 0 modo menor do mesmo tom pela comparayao das escalas respectivas e dos acordes correspondentes, fa mi liarizando-se assi m, com as alterayoes acidentais do terceiro e sexto graus. Estas altera<;:ocs serao em segu ida generalizados aos demais graus da mesma tonalidade, sendo primei ro empregados como notas de passagem e bordaduras, e depois atingidas por graus disj untos. Neste ulti mo caso, 0 aluno deve, antes de emitir 0 som alterado, imaginar 0 som correspondente a nota de resolw;:ao, que e, como se sabe, a nota diatonica imediatamente superior a nota alterada quando a aitera<;:ao for ascendente, e inferior no caso contnirio.
o emprego dos tons de do# e dob tem por fim excl usivo hab ituar 0 aluno aos sinais de x,
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qque em do# e alterayao descendente e em do b, altera<;:ao ascende nte.
Os tons que mais intimamente se ligam aos to ns maiores de do, do# e dob sao os de Iii menor, hi# e lii~ , e com os de hi e la ~ menores, os de Iii e la~ majores . Vem em seguida os relativos menores destes do is ultim s, e assim pOl' diante, ate aos tons de mi e mi ~ maiores, que fecham 0 circulo. Os solfejos correspondentes a cada tonalidade sao preenchidos por exercicios de acordes que 0 alllno executarfl da mesma forma que os de tom de do. Terminados estes exercicios, para que 0 aluno se familiarize com a J11udan<;:a dos nomes dos graus em cada tonalidade, 0 professor improvisara novos exercicios indicando cad a som pelo numero do grau que 0 aluno entoara com 0 nom da nota. Os graus da oitava superior serao designados pelo professor acrescentando ao nll mero do grau a palavra alto. Ao nllmero dos graus alterados acrescentar-se-a 0 nome da alterayao. Nos solfej os correspondentes as tonalidades que apresentamos em primeiro iugar encontram-se, por vezes, modula<;:oes para tons ainda nao conhecidos do aluno, mas 0 carat r passageiro de tais modulayoes permitir-Ihe-a entoar facilmente as notas caracteristicas pelo con hecimento ja adquirido das alterayoes. Os exercicios de solfej o devem ser seguidos de exercicios de ditado que acompan harao os primeiros na ordem progressiva das diticuldaeles de entoacrao e de ritmo ; dificuldades estas que serao vencidas pelo aluno separadamente, como nos exercicios de solfejo, sempre que se apresentarem novas dificuldades ritmicas . .
o professor nao passara adiante enquanto 0 al uno nao vencer as dificuldades do ditado com a mesma facilidade com que venceu as do solfejo.
Grande parte dos solfejos, tanto a uma como a duas vozes, que se encontram no presente me to do, fo i extra fd a das co lec;:oes de so lfej os de diversos autores, solfejos que fora m transportados ou modificados de forma a se adaptarem a extensao da voz das crianc;:as. Os exercfcios e grande nume ro de solfejos foram escritos expr ssamente para que as exigencias do metoda que acabamos de expor pudessem ser satisfeitas de fo rma completa. Aos amigos e colegas que tao benevola e gentilmente nos aux iliaram na presente tarefa , reiteramos 0 nosso profundo reconhecimento.
FREDERICO DO NASCIMENTO e JOSE RAYMUNDO DA SILVA
METODO DE SOLFEJO
OFICIALMENTE ADOTADO NA ESCOLA NACIONAL DE MUSICA
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