INTRODUÇÃO AO MARXISMO PARA INICIANTES
Esse pequeno artigo tem como interesse trazer conhecimento a pessoas totalmente leigas de como o marxismo analisa e critica a sociedade. De forma simples e direta.
William Fortes graduando em Direito pela FACOS/Osório Criador da página critica marxista ao direto https://www.facebook.com/Cr%C3%ADtica-marxista-ao-Direito-1236126226442937/?fref=ts
INTRODUÇÃO AO MARXISMO PARA INICIANTES
Karl Heinrich Marx, um crítico político-econômico, nascido no dia 5 de maio de 1818, em Tréveris na Alemanha, filho de judeus – que inclusive seu pai, por forte repressão da religião judaica, para advogar, precisou converter-se ao protestantismo, porque na época, apenas era permitido servidores públicos da religião protestante –, estudou e formou-se em Direito pela faculdade de Bomn, depois estudou filosofia na Universidade de Berlim. Falaremos só isso sobre a vida pessoal de Marx para que o artigo não fique massante. Também lembrando que Marx teve como seu companheiro de produção intelectual Friedrich Engels. A teoria de Marx precisa ser analisada na principal contribuição de sua obra: a análise da divisão da sociedade em classes. Marx abre “O manifesto do Partido Comunista” afirmando que a história da humanidade até os dias de hoje (tanto na época dele, quanto na nossa) é a história da luta de classes. A luta de classes nada mais é que os constantes conflitos sociais entre uma classe dominante e uma dominada. Marx avalia materiais históricos e entende que os interesses dos dominantes são o de ter uma vida regada de privilégios, explorando o trabalho dos dominados, e os dominados, em ter uma vida muito inferior se comparado ao nível de vida material dos dominantes. E que isso sempre existiu! Esses interesses seriam contrários, sem que haja qualquer forma de conciliá-los (pelo menos por não mais que um curto período). Uma classe quer lucrar, a outra, melhoria nas condições de trabalho. Só que o lucro de uns poucos, está diretamente ligado à exploração dos dominados. O antagonismo de classe não começaram na época de Marx. Houve três principais regimes de organização de produção na história da humanidade: o escravagismo da sociedade antiga, o feudalismo e o capitalismo. Cada um deles, foram se remodelando ao decorrer da história – inclusive estruturalmente antes das trocas destes sistemas para os sucessores – para que estivéssemos no que nos encontramos hoje. Para Marx, as revoluções e os conflitos entre essas classes, foram o que deram o horizonte da sociedade civil até hoje. Para não nos alongarmos, falaremos de como é o funcionamento da luta de classes no contexto histórico de Marx, que permanece atual.
Capa e diagramação: Bernardo Monteiro Rocha
Com a revolução industrial, a burguesia desenvolve uma nova maneira de produzir. Eles tem então o que chamamos de “meio de produção”. Meio de produção é tudo aquilo que é possível, com força de trabalho da ação humana, produzir mercadoria, bens úteis a sociedade. É o que nós chamamos de empresas. No capitalismo a sociedade é dividida nas duas principais classes: a burguesia e o proletariado. No processo em que a burguesia detém os meios de produção, gera então, o que chamamos de mercado. O mercado de forma simples é o aglomerado dessas múltiplas relações de produção e comércio, entre concorrentes e aliados para atender as demandas da sociedade. Quando se estabelece o mercado, e a burguesia coloca em ação esse método, que por sua vez gera uma dura competição, tirando do páreo artesãos e pequenos produtores, que pouco poder de competição tem contra as grandes indústrias e o grande comércio, gera o que chamamos de dependência. O trabalhador vira refém dessa maneira de produzir. Quem não tem um meio de produção, se vê forçado a vender força de trabalho aos capitalistas para que assim, possa ter um salário, e comprar no mercado, itens de consumo básicos para vida humana. Nesse processo de venda de força de trabalho por parte do trabalhador firmado com os
capitalistas, precisamos ressaltar três fenômenos que acontecem, e são de suma importância para a manutenção do sistema: a divisão do trabalho, a alienação do trabalho, e a mais-valia. A divisão do trabalho, consiste em o trabalhador participar de uma fracção tão pequena do processo de produção, que não vê grandiosidade no trabalho em que desempenha. Por exemplo: um artesão que dominava anteriormente como produzir um sapato do início ao fim, hoje só vai fazer as costuras do sapato, ou só vai colar a sola, ou só colocar o cabedal do sapato em alinhamento com a língua, ou então só encaixotar o sapato. Esse processo em larga escala, em cada um fazendo uma fracção pequena do trabalho, dá um nível de produtividade e alienação muito maior ao trabalho, do que em um processo de domínio maior da técnica da produção. Sobre a alienação do trabalho, primeiro, precisamos separar o senso comum de alienação, que é basicamente ser “bitolado” ou “burro”, para a definição de alienação em Marx, que é “separação”, “exclusão”. O trabalhador nesse processo é tão separado do domínio das técnicas e da posse do que produz, criando uma reprodução de movimentos repetitivos, mecânicos, entendiantes, exaustivos, não levando em consideração suas capacidades e limites físicos, que há aqui, a principal definição e expressão do que é a objetificação do ser humano, e a sua transformação desumana em mercadoria. Quanto mais o trabalho acontece de forma repetitiva, mais o capital se concentra na mão dos capitalistas, causando o empobrecimento da classe trabalhadora. O capital a medida em que cresce não se redistribui, se acumula, gerando o que chamamos de “pauperização”. Em suma, significa a pobreza em massa.
Marx, fundamenta a teoria de “valor de uso”, a partir da utilidade em sanar desejos e necessidades que uma mercadoria tem. Nesse processo, o acúmulo de exploração da força de trabalho não é relevante. A questão valor de uso de uma mercadoria, dentro de um sistema de exploração, de mercado, com bombardeio agressivo de marketing em publicidade, fica difícil de ser identificado, torna-se então uma questão subjetiva, ou seja, que não tem determinação fechada. Fica ao juízo de valor moral e análise de cada um. É preciso refrisar, para tirar a associação mental de “valor” e “preço”. Preço é algo que será explicado mais adiante. O caráter do “valor de troca” está intimamente ligado à exploração e ao processo de produção, diferente de valor de uso, que não é categoria de interferência as relações de produção. O valor de troca é o tempo social de trabalho necessário para produzir uma mercadoria. Então, podemos concluir que o valor de troca, é todo o trabalho que a mercadoria carrega consigo para existir. Toda força de trabalho ali despendida. Quando a mercadoria possuir um tempo X para ser produzida, o capitalista que por sua vez, não vai se alimentar de algo que é feito pra vestir, precisa vender o que produz, para que assim, a mercadoria cumpra a função social necessária. O dinheiro nesse processo é veículo de troca. Confunde-se constantemente capital com dinheiro, mas ele é apenas uma expressão do capital. A moeda serve para que as trocas sejam possíveis.
Mais-valia, grave essa palavra. Essa é a principal teoria de como a força de trabalho se torna riqueza e valor. Suponhamos que você, tenha sido contratado na empresa de Manoel para produzir embalagens. Você é responsável por empacotar essas embalagens, durante 10h por dia. Você e mais 99 funcionários, 100 ao todo. Digamos que, ao final do dia, a meta produtiva seja de 10 mil embalagens, encaixotadas em 1000 caixas, que serão vendidas à 30 reais a unidade da caixa. Por uma média geral, cada trabalhador foi responsável pela produção de 10 caixas. Ou seja, responsável por 300 reais em produção de produto acabado para ser vendido ao consumidor final e/ou comércio. Foi acordado um contrato por dia trabalhado de 30 reais.
O preço, está relacionado com fatores de mercado. Com a oferta e a demanda. Toda vez que uma mercadoria é super-ofertada no mercado, os preços tendem a cair. Toda vez que uma mercadoria é rara no mercado, eles tende a subir. Como tudo no capitalismo tem um preço, desde salários, e itens de várias espécies, muito do preço está relacionado com o desejo de busca e necessidade por uma mercadoria. Isso é outro fator que faz os preços tomarem forma. Tem também o valor de custo. Por serem processos tão longos, que somam desde o custo da produção, a taxa variável de lucro que cada mercado pratica nas mercadorias, o capitalista da produção e comercial precisa seguir um padrão. Você já deve ter escutado essa frase: “o mercado é soberano”. De fato é praticamente isso que acontece. Ele precisa obedecer a lógica mercadológica.
Se você produziu 300 reais em mercadorias em um dia, e lhe pagam apenas 30. Esses 270 reais de diferença, ou se preferir, 9/10 de excedente, vai para o bolso do patrão. É o que é a mais-valia. Teoricamente, em outras palavras, é o valor que o capitalista se apropria do trabalhador através do domínio dos instrumentos de trabalho, e da dependência que o trabalhador tem de vender a força de trabalho, sendo a única fonte de sobreviver e sustentar a família. É dessa forma, que as riquezas pertencem ao bu rguês, de forma tão acumulada, que reinveste no meio de produção, gerando expansão dos seus negócios e mais exploração, e embolsa a riqueza para si. E é nesse processo que o trabalhador só tem um salário que garanta que ele esteja de pé no outro dia para que trabalhe. Quando você for demitido, toda riqueza ficará para trás. Não terá direito algum sobre ela. A força de trabalho “já foi paga”.
Se estabelecem as questões salariais com a premissa do preço. Por isso, o capitalismo tem outra coisa que chamamos de “exército de reserva de mão de obra”. Esse exército de reserva, seriam as pessoas desempregadas, que deixam sempre através de uma baixa oferta de emprego por baixo dos burgueses, as vagas mais disputadas, e consequentemente os salários baixos por questões mercadológicas. O trabalho é uma mercadoria, o burguês não tem pena nenhuma de baixar o valor dela. Não entraremos aqui no quanto greves e paralisações influenciam nesse processo para aumentos, falaremos apenas sobre a questão automática dos movimentos mercadológicos.
Falamos dos três principais conceitos que envolvem a produção, que é a divisão do trabalho, a alienação do trabalho e a mais-valia. Falaremos agora, do conceito de valor, e a sua diferença com o preço.
Após o que lemos, você já sabe o que é luta de classe, o que são as classes, como os poderosos enriquecem, mas temos que falar agora, como funciona a política, que é o que garante que a economia funcione de forma implacável na exploração dos trabalhadores. Basicamente é de como funciona a economia política.
executivo da classe burguesa”, mas vou além disso. O Estado é um grande cassino da classe burguesa, onde elas definem como em um balcão de negócios a economia política. Porém, com os sindicatos, com as organizações de classe, com os partidos populares, com as greves, a bu rguesia, para manter um mínimo de ordem, abre as portas desse cassino para que os trabalhadores sentem a mesa e joguem um carteado com os burgueses. A aparência dessa ação é de uma democracia, parece tudo muito justo! Eis o problema: o estado está subordinado aos interesses dos burgueses, são eles quem dão as cartas. O burguês sempre tem na manga do terno cartas e trapaças, para quando o jogo estiver mais favorável ao proletariado, eles consigam reverter a situação. Em casos extremos onde o proletariado coloca a burguesia encurralada contra parede, ela chama os seguranças do cassino, quebra o proletariado a pau, e joga pra fora do cassino, como por exemplo, a ditadura militar de 64, financiado pelo imperialismo americano, comandado pela elite brasileira e fortemente apoiado por setores conservadores da classe média e da igreja. O medo eminente, para que chegassem a esse extremo de um golpe de estado, era o da reforma agrária. O campo brasileiro sempre foi meios de negócios muito importante e de grande lucro, e uma reforma agrária, daria ao Brasil uma vasta autonomia na determinação da economia política. Foi com a reforma agrária, por exemplo, que Lincolm conseguiu a independência dos EUA. As elites sempre tiveram intelectuais muito gabaritados. Isso não é uma teoria de conspiração, essa é uma realidade concreta. Fique atento a este trecho, é uma teoria sobre historicidade bem mastigada, mas mesmo assim, complexa: para Marx, o mais simples pode até dar sintomas do que pode se tornar no futuro, mas não certezas. É então que o presente, o hoje, explica o passado, e não ao contrário, do ponto de vista “o mais simples é capaz de explicar o mais complexo”. O mais simples explicando o mais complexo é positivismo, Marx faz a contramão. Só se pode ter uma análise crítica a respeito do mais simples, analisando a atual conjuntura do que veio se tornar complexo, obser vando suas etapas desde a etapa mais embrionária. Marx não teve a oportunidade de ver na prática leis trabalhistas e direitos. Não teve oportunidade de ver a melhoria do processo jurídico. Não teve oportunidade de ver o comitê executivo de classe burguesa abrir as portas para a classe média e para os trabalhadores debaterem seus interesses na mesma mesa através de árduos processos na luta de classes. Mas nós tivemos. Todos nosso direitos são retirados, desde econômicos e sociais, em qualquer crise cíclica do capital. Não tem como perfumar o que é podre de sua natureza.
produção. O burguês não é absolutamente ninguém sem nos explorar, tudo que ele tem nos pertence, só ainda não é nosso de forma concreta, mas é nosso por questões racionais. Precisamos nos organizar em movimentos estudantis, sindicatos, movimentos sociais, para que além das condições de vida materiais, possamos discutir também o machismo, o racismo, a homofobia, transfobia e todos outras opressões ligadas ao conservadorismo burguês que fazem chacinas e genocídios com as pessoas pobres e que vitima inclusive pessoas de melhores condições sociais. Essas opressões surgem das contradições de classe. É muitíssimo provável que apenas acabando com as classes, essas opressões não acabem. Mas é impossível dentro do capitalismo, nós conseguirmos ter avanços palpáveis. Isso de forma alguma é um chamado de largar as causas derivadas que matam muitas pessoas todos os dias, alegando que só a luta de classes liberta. Não. O que devemos fazer é: criar um bloco hegemônico entre classe e oprimidos, para que todos golpeemos o opressor, e atingirmos então, os nossos interesses, construindo o socialismo, o estado operário, para atingirmos a emancipação completa do proletariado. É dever de todo e toda revolucionária adentrar cargos de governo, educação, saúde, comunicação, produção, transporte, meios jurídicos, e toda a ciência do pensamento. É preciso que todo aquele que tem desejos revolucionários, estejam inseridos em todas as escalas do sistema, desenvolvendo ainda que individualmente, um moral ilibada e uma honestidade sem preço, pelo triunfo dos trabalhadores. Para ser revolucionário ou revolucionária, é preciso ter uma boa teoria de libertação como orientação, e uma prática regada constantemente à autocrítica e reflexão constante. Nós chamamos esse processo de práxis. É o processo de colocar na prática, a teoria. É a categoria fundante e única da verdade. É a prova real. E quando me refiro a prática, é a prática do cidadão político. Não político-partidário, das relações políticas de se dedicar ao trinfo da classe operária. Nós temos uma única opção, para emancipar a humanidade, e escrever a história como ela sempre deveria ter sido escrita: com o homem sendo o escritor de sua própria história, tendo noção que, não escreveremos como queremos, as gerações mortas assombram nosso cérebro como espíritos a que ficamos com dívidas. É preciso um movimento orgânico e libertador de classe.
Mas em um aspecto Marx sempre esteve certo. Repito: por mais que a classe burguesa abra as portas do comitê pra convidar os trabalhadores para um carteado, ainda é ela que dá as cartas, sempre que estiver perdendo o j ogo tem um trambique para estabilizar a situação, e muitas vezes permite com que os trabalhadores façam boas jogadas para a farsa não ficar tão explícita. - QUAL A SOLUÇÃO ENTÃO? Os trabalhadores só serão capazes de produzir e atender as demandas sociais livremente, caso simultaneamente com o poder do estado, subtraírem da classe burguesa o poder de deter instrumentos de trabalho, máquinas, meios de produção, terras, e a propriedade privada produtiva no sentido geral. E isso só é possível com a amplitude da organização política dos
Proletários da grande pátria latina e mundial: uni-vos!