Fernanda Costa | Luísa Mendonça
Com Todas as Letras Língua Portuguesa
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8. o ano
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FICHAS INFORMATIVAS com exercícios de aplicação
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índice
fichas informativas
Com exercícios de aplicação
1. Registos de língua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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2. A frase simples (I): . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • Tipos e formas de frase – forma activa e forma passiva
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3. A frase simples (II): . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • Funções sintácticas – tipos de sujeito – atributo – complemento determinativo do nome – agente da passiva
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4. A frase complexa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • Orações subordinadas condicionais • Orações subordinadas finais • Orações subordinadas completivas
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5. O nome: plural dos nomes compostos
.....................................................................
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6. O adjectivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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7. O verbo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • Subclasses do verbo – verbos regulares / verbos irregulares – verbos impessoais – verbos transitivos / verbos intransitivos – verbos copulativos (ou de ligação) – verbos principais / verbos auxiliares • Tempos compostos formados com os auxiliares ser e haver
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8. O advérbio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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9. Formação de palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • Derivação imprópria • Estrangeirismos • Palavras entrecruzadas
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10. Recursos expressivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • A metáfora • A enumeração • A hipérbole
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11. A versificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • A estrofe • A métrica • A rima
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Sugestão: Antes de iniciares o estudo de qualquer uma destas 11 fichas, lê as perguntas-chave, que te permitirão saber o que se espera que aprendas. No fim do seu estudo, volta a ler as perguntas-chave e verifica se és capaz de responder.
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ficha informativa
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Registos de língua Perguntas-chave ◆ ◆
O que são os registos de língua? Quando falamos ou quando escrevemos, usamos registos diferentes. Por que razão?
O Ivo telefonou à Mafalda convidando-a para sair. No entanto, não contava com uma recusa. Agora, desabafa a sua desilusão com algumas pessoas:
‘tou podre! Não é que a chavala me deu com os pés?…
Estou chateado, pai. Gosto da Mafalda, mas ela não me liga…
Estou aborrecido, “stora”. Imagine que a Mafalda recusou sair comigo.
Tal como o Ivo, também tu falas ou escreves de forma diferente, conforme a situação em que te encontras. Aos vários usos de uma língua chama-se registos (ou níveis) de língua. E por que razão se utiliza um registo em vez de um outro? Quais os factores, as causas que originam a existência dos vários registos de língua? São fundamentalmente três: • a situação em que os interlocutores se encontram; • o seu grupo social e cultural; • a região onde vivem. O que distingue cada um dos registos de língua? ✫ A língua corrente usa-se em situações do dia-a-dia e nos meios de comuni-
cação social (imprensa escrita e falada). Predomina o uso de palavras e construções frásicas usuais.
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1 ✫ A língua familiar usa-se fundamentalmente entre amigos ou em família.
Também aqui o vocabulário e a construção frásica são simples, mas há maior expressividade. ✫ A língua cuidada usa-se, por exemplo, em conferências e discursos e em
determinadas situações em que não há intimidade entre os falantes. O vocabulário é mais rico e a construção frásica mais cuidada. ✫ A língua literária usa-se na escrita e é marcada pelo uso de recursos estilísticos. ✫ A língua popular reflecte geralmente um baixo nível de instrução e caracteriza-
-se pela simplicidade vocabular e sintáctica, embora possa ser muito criativa. ✫ O calão recorre ao uso de palavras e expressões sentidas como grosseiras. ✫ A gíria é usada por grupos profissionais e sociais restritos, que possuem um
vocabulário próprio. ✫ As variedades regionais (ou regionalismos) são linguagens características
de determinadas regiões, com vocabulário próprio, uma construção frásica, por vezes, diferente e entoação diversa.
A plica os teus conhecimentos 1. Lê dois horóscopos retirados de revistas diferentes: o primeiro da revista semanal de um jornal; o segundo, de uma revista para adolescentes. Carneiro 21 Março a 20 Abril carta dominante: XVIII A LUA
Terá de fazer um esforço para se manter lúcido e racional, a conjuntura está complicada, podendo afectar o seu estado psicológico e tornando-o mais instável. PLANO AFECTIVO Controle os sonhos e desejos que, em excesso, apenas vão atrapalhar relacionamentos. Não confie de olhos fechados; actue com todo o realismo. PLANO MATERIAL Não delegue competências, a conjuntura é propícia a erros e enganos de toda a ordem. Muita atenção com transacções económicas. Dificuldades no sono. in revista Pública
LEÃO (de 24-7 a 23-8) AMOR: Vais continuar com a tua onda de sorte
SORTE… nos chats.
com fórmulas incríveis para arrasar no amor. Não
MUITO ÍNTIMO: Tens todas as chaves para remo-
haverá quem te resista.
delares aquilo de que não gostas.
OS TEUS AMIGOS: Oportunidades e montes de
DIAS SUPER: De 30 a 8.
boa onda neste terreno.
DIAS CHATOS: Antes.
EM CASA: Mesmo que te pareça o contrário,
BEM COM… Aquário, Carneiro e Sagitário.
aproximam-se bons tempos.
OPORTUNIDADES PARA CONGUISTAR A… 3.
O NOSSO PEQUENO CONSELHO: A sorte está
OS RAPAZES LEÃO: Arrasarão entre o pessoal
do teu lado. Não a deixes escapar, aproveita-a!
feminino e vão ser supersolicitados…
NÃO TE PASSES… com os horários. CUIDADO COM… o sonho.
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in revista Super Pop
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1 1.1. Que registo de língua foi utilizado em cada um deles? 1.2. Justifica o seu uso, considerando o público a que os horóscopos se dirigem. 2. Recolhe, no meio onde vives, expressões ou palavras familiares que sejam usadas habitualmente para referir uma realidade (por exemplo, a doença). 2.1. Depois de as registares no teu caderno, escreve ao lado as palavras ou as expressões equivalentes num registo corrente ou cuidado. 3. Nos últimos anos, surgiram formas de comunicação escrita muito particulares: as SMS (short message system – mensagens enviadas de um telemóvel para outro) e os CHAT (conversas na Internet).
in revista Pública, 12-05-2002
3.1. Observa o cartoon que aqui reproduzimos e, de seguida: • reescreve as mensagens, utilizando correctamente o código: grafia das palavras, uso de maiúsculas e minúsculas, construção frásica, pontuação. • identifica o registo de língua utilizado na primeira mensagem.
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1 4. Usando um registo literário, o poeta escreveu a seguinte: Definição Cavalo: uma porção de luz em forma de animal Nuno Higino, O Menino Que Namorava Paisagens e Outros Poemas, 1.a ed., Campo das Letras Ed., 2001
4.1. Escreve a definição de cavalo que darias a uma criança, usando um registo familiar. 5. Dividam a turma em cinco grupos. De seguida, cada um dos grupos escreve uma declaração de amor num máximo de dez linhas, usando o registo de língua previamente indicado pelo(a) professor(a), e diferente de grupo para grupo. No final, lêem-se os cinco textos à turma, que deverá identificar o registo predominante em cada um. 6. A mesma realidade pode ter designações diferentes de região para região. É o caso, por exemplo, destas palavras: cabide/cruzeta e café/bica. E se fizesses uma pesquisa de regionalismos? Poderás seguir os seguintes passos: a. Conversa com pessoas que tenham nascido ou vivido noutras regiões
(familiares, vizinhos, professores…). b. Pede-lhes que te indiquem palavras ou expressões que se usam nessas
regiões e que são diferentes das que se utilizam no local onde vives. c. Anota o que os teus entrevistados disserem. d. Finalmente, organiza os teus apontamentos num quadro onde constem: • as
palavras e expressões diferentes que descobriste; indicação da região onde cada uma delas é usada; • a comparação com as palavras e expressões equivalentes da tua região. •a
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A frase simples(I): Tipos e formas de frase – forma activa e forma pasiva Perguntas-chave ◆ Que tipos de frases existem? ◆ A que formas pode surgir associado cada tipo de frase? ◆ Que
transformações se dão na passagem de uma frase na forma activa para a forma passiva? ◆ Qual é a condição para se poder passar uma frase da activa para a passiva? Nos anos anteriores, estudaste os quatro tipos de frase: declarativo, exclamativo, interrogativo e imperativo. Verificaste, ainda, que qualquer um destes tipos de frase pode ser combinado com as formas afirmativa ou negativa:
Não te apetece sair? ➔ frase interrogativa negativa Apetece-te sair? ➔ frase interrogativa afirmativa Vais, agora, verificar que os diferentes tipos de frase podem ainda aparecer associados a outras duas formas: forma activa e forma passiva. Observa a frase seguinte: ➔
Portugal ganhou o jogo. complemento directo sujeito
predicado
Experimenta voltar a escrevê-la, colocando como sujeito da nova frase o complemento directo da frase inicial, sem lhe alterares o sentido:
O jogo …………………………………………………… Que aconteceu? Frase 1:
Portugal
ganhou
o jogo
sujeito
compl. directo
O jogo
foi ganho por Portugal
Frase 2:
sujeito
agente da passiva
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2 Como podes verificar, as duas frases exprimem a mesma ideia. No entanto, na frase 1, o sujeito da frase é quem pratica a acção: Portugal. Dizemos que a frase está na forma activa. Na frase 2, o sujeito da frase (o jogo) sofre a acção (foi ganho) de alguém (o agente da passiva: por Portugal). Dizemos que esta frase está na forma passiva. Observação: A transformação de uma frase activa na forma passiva só é possível quando, na primeira frase, há um verbo construído com complemento directo.
A plica os teus conhecimentos 1. Observa estas frases: a. O escritor autografou alguns livros. b. Os acusados foram ouvidos pelo juiz. c. As últimas chuvas inundaram os campos junto ao rio. d. Compraremos os bilhetes logo à tarde. e. Os meus avós compraram e decoraram a árvore de Natal. f. Antigamente, o bolo-rei era feito pela tia Alice.
1.1. Assinala, a lápis, nos quadrados em branco, as frases que se encontram na forma activa (A) e na forma passiva (P). 1.2. Nas frases na forma passiva, sublinha, a lápis, o agente da passiva. 1.3. Transforma todas as frases activas em frases passivas e vice-versa. 2. Os jornalistas escolhem frequentemente para títulos das notícias frases na forma passiva, quando querem destacar a entidade que sofre a acção. Por exemplo:
Aldeia destruída por ciclone. Em vez de:
Ciclone destruiu aldeia. Observações: a. Muitas vezes o verbo auxiliar está subentendido. Ex.: Aldeia [foi] destruída por ciclone. b. Nem sempre o agente da passiva está explícito. Ex.: Assaltante foi detido [pela polícia] após agitada fuga.
2.1. Observa o título e o subtítulo de uma notícia:
Deficiente impedido de viajar na Air Portugal Alegando não haver acompanhante em Lisboa, a TAP devolveu dinheiro do bilhete ao cidadão italiano in Jornal de Notícias, 03-08-1999
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2 2.1.1. No título, alguns elementos da frase encontram-se subentendidos. Explicita-os. 2.1.2. Indica o tipo e a forma das duas frases sublinhadas. 2.1.3. Analisa sintacticamente as duas frases sublinhadas. 3. Indica a forma – activa ou passiva – que foi usada na notícia que Mafalda ouviu:
Quino, Mafalda – 2, 1.ª ed., Publ. Dom Quixote, 1988
3.1. Reescreve a notícia alterando-lhe a forma. 4. Constrói uma frase que sirva de título à seguinte notícia:
Um comerciante do porto queniano de Mombaça, que havia perdido o seu telemóvel, foi surpreendido pelo toque do aparelho dentro do estômago do seu cão, “Snoopy”, um berger alemão de dois anos, que o engoliu como se fosse um petisco. Kamal Shah digitou o seu número num outro telefone e eis quando o animal “tocou”, em estado de choque. “De início julgava que os meus filhos mais novos o haviam deixado perdido em qualquer parte em casa”, explicou o homem. Kamal Shah internou de urgência o seu cão no veterinário, para imediata intervenção cirúrgica. “Felizmente consegui recuperar os dois, cão e telemóvel”, rejubilou, afirmando que “o cão está bem”, e que “o aparelho funciona na perfeição”. in Público, 10-03-2001 (adaptado)
4.1. Escolheste uma frase na forma activa ou passiva? Justifica a tua opção. 5. Dos jornais, recolhe alguns títulos constituídos por frases, indicando o tipo e a forma de cada uma.
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A frase simples(II): Funções sintácticas Perguntas-chave ◆ Quais são os elementos essenciais de uma oração? ◆ Que tipos de sujeito existem? Pode haver frases sem sujeito? ◆ Que
classe de palavras desempenha, numa oração, a função de atributo? Junto de que palavras se encontra o atributo? O que distingue o atributo do predicativo do sujeito? ◆ Como se distingue numa oração o complemento determinativo? ◆ De que elemento essencial da oração faz parte o agente da passiva?
Tipos de sujeito Nos anos anteriores, estudaste os dois elementos essenciais de uma oração: o sujeito e o predicado. Vais, agora, aprofundar o estudo do sujeito, aprendendo a distinguir diferentes tipos.
✫ Sujeito simples e sujeito composto Lê as frases que acompanham estas vinhetas:
Quino, in ob. cit.
Mafalda vê televisão. Ela está pasmada.
Mafalda e Filipe meditam. Tanto ele como ela estão magoados.
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3 Cada uma das frases da primeira vinheta é constituída por um sujeito simples porque tem um só elemento (núcleo): um nome ou um pronome. Nas frases da segunda vinheta, o sujeito é constituído por mais do que um núcleo: é, pois, um sujeito composto.
✫ Sujeito subentendido (ou oculto) É aquele que não está expresso na oração, mas pode ser identificado. Observa estes exemplos:
Sentimos muito a tua falta. ➔ O sujeito de sentimos é nós. O professor entrou e, muito calmamente, pousou a pasta na secretária. Só depois cumprimentou os alunos. ➔ O sujeito das formas verbais pousou e cumprimentou é o professor, mencionado no primeiro período, antes da forma verbal entrou.
✫ Sujeito indeterminado Observa as frases:
Diz-se que deitar cedo dá saúde. Chamavam-lhe nomes para o irritarem. Quem diz? Quem chamava? Não se sabe. Nestes exemplos, o verbo não se refere a uma pessoa determinada. Dizemos, então, que o sujeito é indeterminado.
✫ Sujeito inexistente Em orações como:
Chove. Amanheceu. Há flores no jardim. os verbos não têm sujeito. Diz-se, então, que o verbo é impessoal* e o sujeito é inexistente. Mas atenção: não se pode confundir o sujeito indeterminado (que existe, mas não é possível identificar), com a inexistência de sujeito. * Sobre os verbos impessoais, consulta a Ficha Informativa n.o 7.
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3 A plica os teus conhecimentos 1. Lê os títulos destes livros, todos eles constituídos por frases simples:
1.1. Reescreve o primeiro título, colocando as palavras pela ordem mais habitual. 1.2. Identifica o tipo de sujeito das três frases apresentadas. 1.3. Inventa um sujeito composto para a última frase. 2. Reescreve as orações seguintes, transformando os sujeitos simples em sujeitos indeterminados: a. Alguém passa roupa a ferro. b. Alguém perdeu os meus papéis. c. Alguém me contou essa história.
3. Observa esta oração construída sem sujeito:
Neva frequentemente nesta região. Podemos dar a mesma informação usando uma oração com sujeito:
A neve cai frequentemente nesta região. sujeito
3.1. Nos períodos seguintes sublinhámos algumas orações sem sujeito. Sem lhes alterares o sentido, reescreve-as com um sujeito claro, conforme o exemplo apresentado em 3.: a. Choveu muito por aqui? – perguntou o recém-chegado. b. Nesta época, amanhece cedo e as ruas enchem-se de gente. c. As crianças estavam assustadas porque trovejava muito.
4. O texto seguinte apresenta algumas orações sem sujeito (sujeito inexistente). Identifica-as.
Ela fechou a persiana do seu quarto. Escurecera de repente e poucas pessoas passavam na rua. Pôs um xaile sobre os ombros. O Inverno chegara mais cedo do que habitualmente e, em breve, nevaria.
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3 Atributo Lê o seguinte poema: ROSAS BRAVAS São pedras, tantas pedras amontoadas. De heras e muito musgo forradas. E as telhas, tantas telhas escaqueiradas cobrem aquelas pedras alinhadas. Tem duas janelas esburacadas e duas portas empenadas. E à beira dessas pedras amontoadas de heras e muito musgo forradas crescem duas rosas bravas. António Mota, in Conto Estrelas em Ti, coord. José António Gomes, 1.a ed., Campo das Letras Ed., 2000
Todas as palavras destacadas no poema são adjectivos que se encontram junto a nomes, caracterizando-os: pedras amontoadas, forradas, alinhadas; telhas escaqueiradas; janelas esburacadas; portas empenadas; rosas bravas. Cada um destes adjectivos desempenha a função sintáctica de atributo. Observação: Como deves ter aprendido no 7.° ano, o adjectivo também pode desempenhar a função sintáctica de predicativo do sujeito. co
ca
ta
Ex.: As rosas são bravas. m ple r a ct er i z a
Nesta frase, o adjectivo bravas completa o sentido do verbo e caracteriza o sujeito. Não confundas, pois, estas duas funções do adjectivo: atributo e predicativo do sujeito.
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3 A plica os teus conhecimentos 1. Copia as frases que se seguem para o teu caderno e sublinha, com um traço, os adjectivos que desempenham a função de atributo; com dois traços, os que são predicativos do sujeito: a. Comprei um quilo de belas maçãs. b. A saia azul fica-te bem. c. O meu pai é generoso e tem um grande sentido de humor. d. És tão maçador! e. Ele sentiu-se um homem abandonado.
2. De uma crónica da jornalista Laurinda Alves retirámos este excerto em que ela relata a primeira ida à praia da sua avó, nascida no ano de 1900: “Quando a minha avó Laurinda foi pela primeira vez à praia (…), levava um vestido inteiro, comprido, de corpete justo, saiote branco de linho grosso e calças de folhos por baixo, mas os homens já se atreviam nos seus fatos de banho de alças que deixavam as pernas, os braços e parte do peito a descoberto. Olhando para aquele espectáculo e de saia elegantemente arregaçada para molhar apenas os pés até aos tornozelos, a minha avó Laurinda não conteve o riso e comentou com as filhas mais velhas que ‘nunca na vida tinha visto tantos homens nus’.” in revista Pública, 04-03-2001
3. Descreve o rosto desta rapariga, recorrendo a adjectivos. 3.1. Diz como utilizaste os diferentes adjectivos: como atributo (Observa-nos com um olhar desafiador.) ou como predicativo do sujeito (O seu olhar é desafiador.).
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Balthus, La guerre et après-guerre, 1940-1953
2.1. Sublinha, a lápis, todos os adjectivos que desempenham a função de atributo.
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3 Complemento determinativo do nome Observa o título deste livro: Com estas palavras, podemos construir frases como estas:
Ela recebeu cartas de aniversário. Cartas de aniversário chegam-lhe todos os anos. A expressão iniciada pela preposição de (de aniversário) está relacionada com o nome cartas, completando-lhe o sentido: →
Ela recebeu cartas de aniversário. Os complementos determinativos podem estabelecer, entre outras, as seguintes relações: ✫ origem: Os habitantes de Faro; ✫ matéria: Um vestido de seda; ✫ parentesco: O pai da Maria; ✫ tempo: Uma história de outros tempos; ✫ posse: A mochila do João.
A plica os teus conhecimentos 1. Copia as frases que se seguem para o teu caderno e sublinha todos os complementos determinativos. (Atenção: Nem todas as expressões iniciadas pela preposição de são complementos determinativos.) ✫ Os rapazes da rua dormem ao relento. ✫ Retira a toalha de linho da gaveta. ✫ Comprei-te três livros de banda desenhada e uma revista de automobilismo. ✫ Os alunos do 8.° B partiram de camioneta. ✫ De noite, ela cantava-lhe sempre uma canção de embalar.
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3 2. Faz o mesmo exercício com o texto deste anúncio:
Descubra um mar de tranquilidade e mergulhe nas águas transparentes dos Açores. As nove ilhas do arquipélago são um paraíso para quem se sente como peixe dentro de água. O Mundo subaquático, aquecido pelas correntes quentes do golfo, é de uma beleza de cortar a respiração. Os iates, os veleiros, os barcos de pesca desportiva dão largas aos seus desejos de recreio e aventura. E observar baleias e golfinhos é um espectáculo que não vai querer perder. Porque nos Açores, tudo é uma verdadeira dádiva da natureza. Viva. Consulte o seu Agente de Viagens.
3. Alguns complementos determinativos equivalem a um atributo. Substitui os complementos determinativos sublinhados por adjectivos, conforme o exemplo: ✫ A população da cidade está mais sujeita à poluição. = citadina ✫ Sentença de rei é para ser cumprida. ✫ O trabalho da noite é mais bem pago. ✫ Os operários da fábrica estão em greve. ✫ Respira este ar do mar! ✫ Ele sofre de uma doença de rins. ✫ Os raios do Sol podem ser perigosos.
Agente da passiva Consulta na página 7 a Ficha Informativa n.° 2: “A frase simples (I): Tipos e formas de frase – forma activa e forma passiva”.
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ficha informativa
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A frase complexa Perguntas-chave ◆
Como se distingue uma frase simples de uma frase complexa?
◆ O que são conjunções e locuções conjuncionais? Para que servem? ◆ O que são orações coordenadas? Que tipos de orações coordenadas existem? ◆ O que são orações subordinadas? Que tipos de orações subordinadas conheces?
No 7.° ano, aprendeste a identificar as conjunções e locuções conjuncionais, palavras invariáveis que servem para relacionar duas orações ou dois elementos semelhantes dentro de uma oração. Verificaste, também, que as orações que compõem uma frase complexa podem ser unidas por conjunções e locuções coordenativas ou subordinativas. Isto é: podem construir-se frases complexas por coordenação: Ex.: A Rita ligou o rádio e o bebé acordou. orações coordenadas
ou por subordinação: ➔
➔
Ex.: O bebé acordou quando a Rita ligou o rádio. oração subordinante (ou principal)
oração subordinada
(Sobre este assunto, recorda a ficha informativa n. o 11, do Caderno de Fichas Informativas do 7.° ano, ou uma gramática.)
Para além das orações subordinadas temporais e causais que já conheces, existem outras orações subordinadas. Este ano estudarás mais três: Orações subordinadas condicionais Observa a frase: ➔
➔
Se vieres cedo, poderás acompanhar-me às compras. oração subordinada condicional
oração subordinante
As orações subordinadas condicionais indicam uma hipótese ou uma condição necessária para que seja realizado ou não o facto principal. Estas orações são introduzidas por conjunções ou locuções subordinativas condicionais: se; caso; dado que; salvo se; uma vez que; contanto que; a não ser que; a menos que; desde que; etc. O verbo da oração condicional pode estar no modo indicativo ou no modo conjuntivo.
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4 Orações subordinadas finais Observa esta frase simples:
Ele gradeou as janelas para protecção da família. ➔ complemento circunstancial de fim
Vamos, agora, transformá-la numa frase complexa: ➔
➔
Ele gradeou as janelas para que a família fique protegida. oração subordinante
oração subordinada final
Numa frase complexa, a oração subordinada final equivale a um complemento circunstancial de fim de uma frase simples. Estas orações são introduzidas por conjunções ou locuções subordinativas finais: para que; a fim de que; que. O verbo da oração final está no modo conjuntivo. Orações subordinadas completivas Observa estas duas frases complexas: a. O Miguel pediu à mãe que o perdoasse. ➔
➔
oração subordinante
oração subordinada
➔
➔
b. É saudável que se varie a alimentação. oração subordinante
oração subordinada
Vamos, agora, transformá-las em frases simples: a. O Miguel pediu à mãe que o perdoasse. ➔
O Miguel pediu perdão à mãe. c. directo
b. É saudável que se varie a alimentação. ➔
Uma alimentação variada é saudável. sujeito
Conclusão: Nos dois exemplos acima verificamos que: ✫ na frase a., a oração subordinada desempenha a função de complemento directo; ✫ na frase b., a oração subordinada desempenha a função de sujeito. A estas duas orações – introduzidas pela conjunção subordinativa integrante que – chamamos orações subordinadas completivas ou integrantes.
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4 Notas: 1. Por vezes, com certos verbos, a conjunção subordinativa integrante que pode ser omitida. Ex.: Queira Deus [que] não faças asneiras! 2. As orações subordinativas completivas também podem ser introduzidas pela conjunção integrante se: Ex.: Não sei se me apetece sair.
A plica os teus conhecimentos 1. As frases simples de cada um dos pares abaixo mantêm entre si uma relação lógica implícita (subentendida). Transforma-as numa frase complexa, explicitando a relação lógica existente entre elas. Para fazer a ligação entre as frases, utiliza conjunções e locuções conjuncionais como mas, porque, portanto, por isso, que, se, pois, e, porém, caso, no entanto, etc. a. Faço ginástica todos os dias. Faço natação duas vezes por semana. b. Não me sinto nada bem. Vou para casa. c. Ela foi para casa. Não estava a sentir-se bem. d. Apanhei um táxi até ao aeroporto. Não consegui apanhar o avião. e. O médico viu-me da cabeça aos pés. Não descobriu a origem da febre. f. Agasalha-te. Está frio. g. Tira boas notas. Ofereço-te um CD.
2. O conector que escolhemos para unir duas frases simples determina a relação lógica entre as frases. Observa o exemplo:
Eu chamei-a, mas ela saiu da sala. (oposição) Eu chamei-a quando ela saiu da sala. (tempo) 2.1. Indica quais das seguintes ideias as conjunções e locuções conjuncionais destacadas exprimem nas frases abaixo: tempo, causa, condição, fim, adição, oposição, alternativa, conclusão. a. Eu sento-me se ela se levantar. b. Ela levantou-se, por isso eu sentei-me. c. Eu sentei-me, porque ela se levantou. d. Eu sentei-me e ela levantou-se. e. Eu sentei-me logo que ela se levantou. f. Eu sentei-me, porém ela levantou-se. g. Ela levantou-se para que eu me sentasse. h. Nem ela se levanta nem eu me sento.
3. Considera a frase:
Os alunos calaram-se. 3.1. Acrescenta-lhe um complemento circunstancial de tempo. 3.2. Junta-lhe uma oração subordinada temporal introduzida por quando.
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4 4. Os pescadores regressarão antes do anoitecer. 4.1. Substitui o complemento circunstancial de tempo por uma oração subordinada introduzida pela locução conjuncional antes que. 4.2. Em que modo se encontra o verbo da oração subordinada? 5. Na frase seguinte, substitui o complemento circunstancial de causa por uma oração subordinada causal:
Ele faltou à aula por receio do teste. 6. Faz, agora, o exercício inverso, isto é: substitui a oração subordinada causal por um complemento circunstancial de causa: Odeio orações subordinadas condicionais!…
Ele não estuda pois é preguiçoso. 7. Lê o texto dos balões: Se não subires as notas, passas as férias em casa!
7.1. Explica por que razão o rapaz odeia orações subordinadas condicionais. Especificamente, a que oração se refere ele neste caso? 7.2. Escreve uma frase complexa em que utilizes uma oração subordinada condicional que tu odeies. 8. Lê a seguinte notícia:
Cão pode ser condenado a prisão domiciliária Um cão também pode ser condenado a prisão domiciliária. Curioso, mas verdade. Que o digam os donos do animal alertados para a decisão do Tribunal de Cassação (prisões domiciliárias) que legitimou um eventual isolamento do cão. O assunto partiu do
tribunal de Rovigo (Norte de Itália), que ordenou – caso o animal continue a ladrar continuamente – o isolamento do “falador” numa área que não faça fronteira nem com o jardim dos vizinhos nem com a via pública. in Público, 01-11-2001
8.1. Sublinha, a lápis, no texto da notícia, a frase que explica em que circunstâncias poderá ocorrer a condenação do cão.
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4 8.2. Substitui a conjunção que inicia essa frase por outra de sentido equivalente. 8.3. Acrescenta ao título a frase que sublinhaste em 1. e classifica as orações da frase complexa que obtiveste. 9. Completa cada uma das frases seguintes com uma oração subordinada final ou com um complemento circunstancial de fim:
Ela fechou as persianas… Instalei-me confortavelmente… 10. Lê a seguinte notícia:
ROUBAVA PARA SER OPERADO Um reformado de 68 anos, que trepou por um andaime até ao décimo andar de um edifício, para assaltar um apartamento de um bairro chique de Hong Kong, China, disse ao tribunal que o fez para financiar uma operação às cataratas, noticiou
o “South China Mourning Post”. Yip Kay Sun conseguiu escalar até ao décimo andar do edifício de 20 pisos, mas quando desceu a polícia esperava por ele e pelo saque. O tribunal condenou-o a 16 meses de prisão. in Público, 09-06-2002
10.1. O título da notícia contém uma frase simples ou complexa? Justifica. 10.2. Classifica as orações do título. 10.3. Reescreve o título substituindo a segunda oração por uma oração subordinada causal. 11. Observa este anúncio publicitário:
Use a rede para que não lhe escape nada.
“Borboleta”, Novis, in Anuário//Anual#3, Clube de Criativos de Portugal
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4 11.1. Lê a frase presente no corpo da borboleta:
Use a rede para que não lhe escape nada. 11.1.1. Sabendo que se trata de publicidade a uma empresa de telecomunicações, interpreta o texto e a imagem que constituem o anúncio. 11.1.2. Classifica as orações da frase transcrita em 11.1. 12. Transforma estas frases complexas em simples, substituindo a oração subordinada completiva sublinhada: a. Ele confirmou que o presidente do partido vai demitir-se. b. Que tu tenhas passado de ano deu-nos muita alegria.
13. Faz, agora, o exercício inverso: substitui os sintagmas sublinhados (sujeitos ou complementos directos) por orações subordinadas completivas: a. Nós ignorávamos a eleição do Rui para presidente da associação. b. Todos aprovaram a resolução rápida do conflito. c. É necessária a tua comparência no tribunal.
14. Classifica as orações sublinhadas nesta notícia: ZOOLOGIA
O Telefone Toca... e ouvir tocar um telemóvel no jardim, talvez venha a descobrir que o “telefone” tem penas. Imitadores exímios da fala humana, o repertório dos estorninhos inclui hoje não só o piar de outros pássaros como o relincho de cavalos, sirenes e serras. Recentemente, acrescentaram o trinado dos telemóveis. Da Dinamarca à Austrália, os estorninhos aprendem a habilidade e, segundo Andrew
S
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South, da Royal Society for the Protection of Birds, os machos imitam os sons humanos “especialmente na época do acasalamento, para atrair as fêmeas e defender o território”. E talvez os estorninhos não sejam caso único: à medida que os telemóveis proliferam, outras aves imitadoras poderão também entrar em acção... in National Geographic, Maio 2002
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O nome: plural dos nomes compostos Perguntas-chave ◆ O que são nomes compostos? ◆ Como
formam o plural os nomes constituídos por palavras completamente ligadas entre si (aglutinadas)? ◆ E quando as palavras que constituem os nomes compostos estão separadas por um hífen (justapostas), como formam o plural?
Nestas vinhetas, sublinhámos três nomes compostos, isto é, nomes constituídos por dois ou mais elementos associados: paramédicos, pau-de-cabeleira e cachorro-quente. O plural dos nomes compostos apresenta algumas particularidades, que deverás conhecer:
Jan Eliot, Sopa de Pedra 3, 1.ª ed., Ed. Bizâncio, 2001
I. Quando as palavras que constituem o nome composto estão ligadas entre si sem hífen: formam o plural como se fossem nomes simples. Ex.: aguardente ➔ aguardentes
passatempo ➔ passatempos II. Quando as palavras que constituem o nome composto se ligam por hífen: podem variar todos os elementos ou apenas um deles. Eis algumas situações: a. Verbo ou palavra invariável + nome ou adjectivo ➔ só o segundo elemento
vai para o plural. Ex.: guarda-sol ➔ guarda-sóis
vice-presidente ➔ vice-presidentes
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5 b. Nome + nome ou adjectivo ➔ ambos os elementos vão para o plural.
Ex.: amor-perfeito ➔ amores-perfeitos
obra-prima ➔ obras-primas Excepções: os nomes compostos em que o segundo nome constitui um atributo específico do primeiro: Ex.: palavra-chave ➔ palavras-chave
ideia-força ➔ ideias-força c. … + preposição + … (vários elementos ligados por uma preposição) ➔ só o
primeiro elemento vai para o plural. Ex.: fim-de-semana ➔ fins-de-semana
água-de-colónia ➔ águas-de-colónia Observação: Há nomes compostos que só se usam no singular – pau-santo – e outros que só se empregam no plural – guarda-redes; salva-vidas…
A plica os teus conhecimentos 1. Todos os nomes compostos que se seguem são constituídos por palavras que estão ligadas entre si, sem hífen: • varapau
• clarabóia
• ferrovia
• malmequer
• pontapé
Passa-os para o plural. 2. Todos os nomes compostos que se seguem são constituídos por palavras ligadas entre si por um hífen: • chapéu-de-sol • pão-de-ló
• tenente-coronel • saca-rolhas
• abaixo-assinado • pé-de-cabra
• gentil-homem • sempre-viva
2.1. Relativamente a cada um destes nomes, indica a classe gramatical a que pertencem os seus elementos componentes, “arrumando-os” nesta grelha (que deverás copiar para o teu caderno), conforme o exemplo: verbo ou palavra invariável + nome ou adjectivo
nome + nome ou adjectivo
guarda-chuva
2.2. Forma, agora, o plural de cada um deles.
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adjectivo + nome
… + preposição + …
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O adjectivo Perguntas-chave ◆
Como se forma o plural e o feminino dos adjectivos compostos?
Já sabes que os adjectivos podem flexionar-se em número, género e grau. Vais, agora, estudar os casos particulares da flexão dos adjectivos compostos. I. Nos adjectivos compostos, apenas o último elemento vai para o plural. Ex.: os serviços médico-cirúrgicos Excepções: • rapazes surdos-mudos (os dois elementos vão para o plural); • os adjectivos referentes a cores são invariáveis quando o segundo elemento
da composição é um nome: vestidos verde-alface. II. Nos adjectivos compostos, apenas o segundo elemento toma a forma do feminino. Ex.: uma saia amarelo-dourada Excepção: • homem surdo-mudo / mulher surda-muda
A plica os teus conhecimentos 1. Passa para o plural os seguintes grupos de palavras: • um indivíduo cabo-verdiano; um acordo luso-brasileiro; um garrafão verde-azeitona; o instituto afro-asiático; um sonho cor-de-rosa; o presidente norte-americano; o automóvel amarelo-esverdeado. 2. Indica o feminino dos adjectivos compostos apresentados no exercício anterior. 2.1. Dois deles são uniformes, isto é, apresentam a mesma forma para o masculino e feminino. Indica-os. 3. Observa os seguintes títulos retirados de jornais: 3.1. Cada título contém um adjectivo. Identifica-os. 3.2. Indica os graus em que se encontram.
Silva, a melhor surpresa Alentejo ficou mais pobre
REQUINTADÍSSIMA COMPANHIA 3.3. Reescreve os títulos, colocando: • o adjectivo do primeiro título no grau normal; • o adjectivo do segundo título no grau superlativo absoluto sintético; • o adjectivo do terceiro título no grau superlativo relativo de superioridade.
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Godi e Zidrou, As Lições do Toninho – Um Cábula do Piorio, 1.a ed., Ed. Meribérica/Liber, 2000
4. Assinala, a lápis, nesta banda desenhada, todos os adjectivos, de acordo com as seguintes indicações: • circunda o(s) adjectivo(s) composto(s); • sublinha com cores diferentes os adjectivos que se encontram antes de um nome, depois de um nome e depois de um verbo.
5. O exercício seguinte poderá ser feito na aula, oralmente, perante os teus colegas. Imagina que perdeste o teu cão, um objecto, o teu irmão mais pequeno com quem passeavas… Descreve o ser ou o objecto perdido, utilizando adjectivos bem precisos.
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O verbo Perguntas-chave Que subclasses de verbos conheces? Como sabes se um verbo é regular ou irregular? ◆ Por que razão se diz que o verbo chover é um verbo impessoal? ◆ O que são verbos transitivos? E intransitivos? ◆ Para que servem os verbos copulativos? Que verbos copulativos conheces? ◆ Em que tempos se usam os verbos auxiliares? Quais são os verbos auxiliares usados mais frequentemente? ◆ ◆
Subclasses do verbo ✫ Verbos regulares / verbos irregulares Observa algumas formas dos verbos comer e dizer:
disse dizia diga direi
comi comia coma comerei
Como podes verificar, o verbo comer mantém o seu radical – com – em todos os tempos, enquanto que no verbo dizer o radical – diz – não se mantém. Dizemos, então, que comer é um verbo regular e dizer um verbo irregular. ✫ Verbos impessoais Há verbos que se conjugam apenas na 3.a pessoa do singular e não têm sujeito. É o caso dos verbos que exprimem fenómenos da natureza, como nevar, chover, trovejar, ventar, anoitecer, relampejar, e do verbo haver quando significa existir. A estes verbos chamamos impessoais. Ex.: Amanhece cedo no Verão.
Há pessoas encantadoras. ✫ Verbos transitivos / verbos intransitivos
O João arruma a pasta.
A Rita telefona à mãe.
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Os pássaros voam.
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7 Nas duas primeiras frases, as formas verbais arruma e telefona exigem o acompanhamento de palavras que integram o seu sentido. No primeiro caso, a forma verbal arruma está imediatamente seguida por a pasta, que desempenha a função de complemento directo. Dizemos, por isso, que o verbo é transitivo directo. Na segunda frase, a forma verbal telefona é seguida de um complemento indirecto (preposição a + a mãe). Dizemos, pois, que é um verbo transitivo indirecto. Observação: Há verbos transitivos directos e indirectos, isto é, verbos que exigem simultaneamente um complemento directo e um complemento indirecto:
O Rui ofereceu um livro ao pai. Relê, agora, a frase que legenda a terceira imagem. A forma verbal voam expressa uma ideia completa – voar é um verbo intransitivo. ✫ Verbos copulativos (ou de ligação) Observa as frases:
A professora é simpática. Ela parece uma bruxa. Na primeira frase, o adjectivo simpática caracteriza o sujeito (a professora) e completa o sentido do verbo. O mesmo acontece na segunda frase com a expressão uma bruxa. Simpática e uma bruxa desempenham a função de predicativo do sujeito, pois estabelecem uma relação de sentido com o sujeito, caracterizando-o, ao mesmo tempo que completam o sentido do verbo. Os verbos que servem de ligação entre o sujeito e o predicativo do sujeito chamam-se verbos copulativos ou de ligação. Eis alguns: ser, estar, andar, ficar, continuar, parecer, permanecer. Mas atenção! Há verbos que se empregam ora como copulativos, ora como transitivos ou intransitivos. Ex.: Ele continua bonito.
verbo predicativo copulativo do sujeito
Ele continua o exercício. verbo transitivo
complemento directo
✫ Verbos principais / verbos auxiliares Nas formas compostas distinguimos o verbo principal e o verbo auxiliar. Sobre esta distinção, lê o que escrevemos na página 30 deste caderno.
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7 A plica os teus conhecimentos 1. Copia as frases para o teu caderno e completa-as com os verbos indicados entre parênteses, nos modos e tempos adequados: a. Quando o .............. (ver) aproximar-se, ................ (chamar) o meu pai. b. Se tu ................. (querer) a minha companhia, ................ (telefonar) que eu
.................. (vir) imediatamente. c. ................... (desligar) a televisão e .................. (fazer) os trabalhos de casa.
1.1. Organiza os verbos do exercício anterior em dois grupos: verbos regulares e verbos irregulares. 2. Identifica nas frases seguintes os verbos impessoais: a. Fui passar umas férias ao Brasil, mas choveu o tempo todo. b. Quando anoitece, ela fecha as persianas e não sai mais de casa. c. Há três dias seguidos que comemos fritos… Assim não há estômago que
aguente! 3. Copia a grelha para o teu caderno e coloca cada um dos verbos sublinhados no respectivo lugar:
A directora de turma chamou os pais do João à escola, porque ele bateu a um colega. Os pais ficaram admirados, pois habitualmente o João é calmo. Interrogado, o rapaz explicou a sua atitude. No entanto, a escola decidiu castigá-lo e aplicou-lhe um dia de suspensão. Nesse dia, o João ficou em casa dos avós, pois os pais trabalham. Verbos Transitivos directos
indirectos
Intransitivos
Copulativos
directos e indirectos
4. Lê a seguinte notícia:
UM ASSALTO PARA O CURRÍCULO Um bom assaltante de bancos também tem orgulho no seu currículo. Mas, definitivamente, deixar o currículo no banco que se assalta é de mais. Em São Francisco, a polícia cap-
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7 turou um assaltante exactamente porque descobriu o seu currículo no chão do local do crime – o documento continha uma antiga morada, mas foi o suficiente para dirigir a investigação. Tanto mais que o larápio já tinha deixado noutro banco um recibo de transferência bancária em seu nome. Juntando a competência dos investiga-
dores com a incompetência do ladrão, depressa se chegou à detenção de Scot Alan Beane, de 37 anos, que agora responderá pelas acusações de quatro assaltos a bancos. Ao todo, o assaltante levou 13 000 dólares. Uma verba que não dá grande currículo... in Público, 18-04-2001 (adaptado)
4.1. Sublinha, a lápis, todas as formas verbais presentes na notícia. 4.2. Identifica uma forma composta e indica o verbo auxiliar. 4.3. Coloca, agora, na grelha da pergunta 3. todas as outras formas verbais.
Tempos compostos formados com os auxiliares ser e haver Como sabes, os verbos podem apresentar-se numa forma simples ou numa forma composta:
Os marinheiros abandonaram o barco. forma simples
Os marinheiros tinham abandonado o barco. forma composta
Na segunda frase (em que surge a forma composta), o verbo principal é o verbo abandonar; o verbo auxiliar é o verbo ter. Para além do verbo ter, há outros verbos auxiliares, como haver e ser. Ex.: Os marinheiros haviam abandonado o barco.
O barco foi abandonado pelos marinheiros. Como podes verificar através dos exemplos: ✫ o auxiliar haver (tal como o auxiliar ter) emprega-se com o particípio do verbo principal para formar os tempos compostos da voz activa; ✫ o auxiliar ser emprega-se com o particípio do verbo principal para formar os tempos da voz passiva.
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7 MODELO DE VERBO CONJUGADO NOS TEMPOS COMPOSTOS com o auxiliar Haver MODO INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO COMPOSTO
PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO COMPOSTO
MODO CONJUNTIVO PRETÉRITO PERFEITO COMPOSTO
FUTURO COMPOSTO
PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO COMPOSTO
FUTURO COMPOSTO
hei amado
havia amado
haverei amado
haja amado
houvesse amado
houver amado
hás amado
havias amado
haverás amado
hajas amado
houvesses amado
houveres amado
há amado
havia amado
haverá amado
haja amado
houvesse amado
houver amado
havemos amado
havíamos amado
haveremos amado
hajamos amado
houvéssemos amado houvermos amado
haveis amado
havíeis amado
havereis amado
hajais amado
houvésseis amado
houverdes amado
hão amado
haviam amado
haverão amado
hajam amado
houvessem amado
houverem amado
MODO CONDICIONAL
FORMAS NOMINAIS INFINITO IMPESSOAL COMPOSTO
CONDICIONAL COMPOSTO
haver amado
haveria amado
INFINITO PESSOAL COMPOSTO
haver amado
GERÚNDIO COMPOSTO
havendo amado
haverias amado
haveres amado
haveria amado
haver amado
haveríamos amado
havermos amado
haveríeis amado
haverdes amado
haveriam amado
haverem amado
MODELO DE VERBO CONJUGADO NA VOZ PASSIVA Ser amado MODO INDICATIVO TEMPOS SIMPLES PRETÉRITO FUTURO
PRESENTE IMPERFEITO
PERFEITO
MAIS-QUE-PERFEITO
sou amado
era amado
fui amado
fora amado
serei amado
és amado
eras amado
foste amado
foras amado
serás amado
é amado
era amado
foi amado
fora amado
será amado
somos amados
éramos amados
fomos amados
fôramos amados
seremos amados
sois amados
éreis amados
fostes amados
fôreis amados
sereis amados
são amados
eram amados
foram amados
foram amados
serão amados
TEMPOS COMPOSTOS PRETÉRITO FUTURO
PRESENTE IMPERFEITO
PERFEITO
MAIS-QUE-PERFEITO
tenho sido amado
tinha sido amado
terei sido amado
tens sido amado
tinhas sido amado
terás sido amado
tem sido amado
tinha sido amado
terá sido amado
temos sido amados
tínhamos sido amados
teremos sido amados
tendes sido amados
tínheis sido amados
tereis sido amados
têm sido amados
tinham sido amados
terão sido amados
MODO CONJUNTIVO PRETÉRITO PRESENTE IMPERFEITO
PERFEITO COMPOSTO
MAIS-QUE-PERFEITO COMPOSTO
FUTURO SIMPLES
FUTURO COMPOSTO
seja amado
fosse amado
tenha sido amado
tivesse sido amado
for amado
tiver sido amado
sejas amado
fosses amado
tenhas sido amado
tivesses sido amado
fores amado
tiveres sido amado
seja amado
fosse amado
tenha sido amado
tivesse sido amado
for amado
tiver sido amado
sejamos amados
fôssemos amados
tenhamos sido amados
tivéssemos sido amados formos amados tivermos sido amados
sejais amados
fôsseis amados
tenhais sido amados
tivésseis sido amados
fordes amados tiverdes sido amados
sejam amados
fossem amados
tenham sido amados
tivessem sido amados
forem amados
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tiverem sido amados
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7 MODO CONDICIONAL
FORMAS NOMINAIS INFINITIVO
GERÚNDIO
CONDICIONAL SIMPLES PESSOAL SIMPLES
seria amado
ser amado
serias amado
seres amado
seria amado
ser amado
seríamos amados
sermos amados
seríeis amados
serdes amados
seriam amados
serem amados
CONDICIONAL COMPOSTO
IMPESSOAL SIMPLES
sendo amado ser amado
ter sido amado
terias sido amado
teres sido amado
teria sido amado
ter sido amado
teríamos sido amados
termos sido amados
teríeis sido amados
terdes sido amados
teriam sido amados
terem sido amados
COMPOSTO
tendo sido amado
PESSOAL COMPOSTO
teria sido amado
SIMPLES
IMPESSOAL COMPOSTO
ter sido amado
PARTICÍPIO
sido amado
A plica os teus conhecimentos 1. No poema seguinte, Manuel Bandeira joga com “variações” do “tema” sonhar: TEMA E VARIAÇÕES Sonhei ter sonhado Que havia sonhado. Em sonho lembrei-me De um sonho passado: O de ter sonhado Que estava sonhando. Sonhei ter sonhado… Ter sonhado o quê? Que havia sonhado Estar com você? Estar? Ter estado, Que é tempo passado. Um sonho presente Um dia sonhei Chorei de repente, Pois vi, despertado, Que tinha sonhado. Manuel Bandeira, Obras Poéticas
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7 1.1. O verbo sonhar apresenta aqui uma forma simples e algumas formas compostas. Indica-as. 1.2. Nas formas compostas identifica os verbos auxiliares. 1.3. Faz, agora, o levantamento de todas as outras formas verbais presentes no poema, indicando o modo e o tempo em que se encontram. 2. Lê em voz alta o texto abaixo, substituindo os verbos sublinhados pelo pretérito mais-que-perfeito composto do indicativo, conjugado com o auxiliar haver:
LUA CHEIA Numa noite destas, a tua mãe apontou-te o céu. – Olha, Miguel, a Lua cheia. – Cheia de quê? Uma pausa para achar a resposta. Mas foste tu próprio a dá-la: – De astronautas. A Lua deixou de ser um mistério do céu: apenas uma escala dos viageiros do espaço. Fernando Namora, Estamos ao Vento, Publ. Europa-América, 1995
3. O primeiro parágrafo do texto acima é constituído por uma frase na forma activa: “Numa noite destas, a tua mãe apontou-te o céu.” 3.1. Reescreve-a na forma passiva. 3.2. Explica as modificações que introduziste.
CTL8FI–3
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ficha informativa
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O advérbio Perguntas-chave Qual é a função principal do advérbio? Que subclasses existem? ◆ Os advérbios são palavras invariáveis. No entanto, alguns admitem uma variação. Qual? ◆ ◆
No ano anterior, aprendeste a identificar a classe dos advérbios e a distinguir as suas subclasses. (Relê a ficha informativa apresentada no caderno do manual Com Todas as Letras – 7.° ano, página 26, ou consulta uma gramática.) Vais, agora, aumentar os teus conhecimentos sobre o advérbio, lendo as seguintes informações: I. Alguns advérbios podem flexionar-se em grau. À semelhança dos adjectivos, podem apresentar um comparativo e um superlativo. Ex.: Comparativo
O João come mais lentamente que (ou do que) tu. O João come tão lentamente como (ou quanto) tu. Tu comes menos lentamente que (ou do que) o João. Superlativo absoluto: a. Sintético
Ele comeu pouquíssimo. b. Analítico
Ele comeu muito pouco. Melhor e pior podem ser: • comparativos dos adjectivos bom e mau; • comparativos dos advérbios bem e mal.
Ex.: →
O teu casaco é melhor do que o meu. comparativo do adj. bom (= mais bom)
→
O teu carro anda melhor do que o meu. comparativo do adj. bem (= mais bem)
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8 II. Quando, numa frase, dois ou mais advérbios terminados em -mente modificam a mesma palavra, pode juntar-se o sufixo apenas ao último advérbio, de forma a tornar mais leve a frase. Ex.: Ele comia a sopa lenta e ruidosamente. Se, no entanto, se pretende realçar as circunstâncias expressas pelos advérbios, acrescenta-se o sufixo -mente a cada um deles e omite-se a conjunção e. Ex.: Olhou-o bem nos olhos, longamente, firmemente.
A plica os teus conhecimentos 1. De uma revista, retirámos o seguinte horóscopo:
AQUÁRIO (de 21-1 a 19-2) AMOR: A Lua cheia no dia 2 vai ajudar-te
a perceber melhor os teus sentimentos. OS TEUS AMIGOS: Não confies em ninguém,
isso só torna a comunicação mais difícil. EM CASA: Será o local onde te sentirás melhor, mas espera porque a procissão ainda vai no adro. O NOSSO PEQUENO CONSELHO: Pesquisa informação para responderes bem a certas questões. MUITO ÍNTIMO: Arranja-te cuidadosamente e logo te sentirás melhor. DIAS SUPER: De 19 a 27. DIAS CHATOS: Depois. OS RAPAZES AQUÁRIO: Parece que não estão cá, mas intimamente estão desejosos de atenção.
1.1. Identifica todos os advérbios. 2. Identifica os advérbios presentes nas frases seguintes e indica o grau em que se encontram: a. Fui visitá-la e encontrei-a muito mal. b. Ele fez o serviço lentissimamente. c. O Carlos conduz mais devagar do que o filho.
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8 3. Faz o mesmo exercício com as frases deste cartoon:
Luís Afonso, in Público, 04-11-2002
4. Observa a frase:
O Rui fala melhor do que escreve. 4.1. Neste caso, melhor é comparativo do adjectivo bom ou do advérbio bem? 5. Observa a frase:
Ela lia claramente e expressivamente. 5.1. Identifica os dois advérbios presentes. 5.2. Ambos modificam a mesma palavra. Qual? 5.3. Indica a função sintáctica que desempenham. 5.4. Esta frase soa-te bem? Usando o processo indicado em II., torna a frase mais leve. 6. Faz o mesmo exercício com as seguintes frases: a. O vento soprava impetuosamente e violentamente, destruindo tudo à sua pas-
sagem. b. Quando se cruzou com Isabel, o Carlos cumprimentou-a timidamente e cerimo-
niosamente.
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ficha informativa
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Formação de palavras Perguntas-chave Em que consiste a derivação? E a composição? Por que razão se criam neologismos? ◆ E por que se usam abreviaturas? E estrangeirismos? ◆ O que são siglas? ◆ Em que consiste a derivação imprópria? ◆ Como se formam as palavras entrecruzadas? ◆ ◆
Nos anos anteriores, aprendeste a classificar palavras de acordo com o seu processo de formação: palavras derivadas, palavras compostas, neologismos, abreviaturas e siglas. Este ano, estudarás novos processos de enriquecimento do léxico.
Derivação imprópria Como já sabes, a derivação consiste na formação de novas palavras a partir de uma palavra já existente na língua, pelo acrescentamento de afixos (prefixos e/ou sufixos). Ex.: feliz
in feliz in
+ + +
feliz = infeliz mente = felizmente feliz + mente = infelizmente
Observa, agora, as seguintes frases:
Ele foi empurrado contra a parede. preposição
O meu novo emprego tem um contra: fica longe de casa. nome
Nestes exemplos, verificas que a palavra contra mudou de classe gramatical, sem que tenha sofrido modificação na forma. A este processo de enriquecimento vocabular, que consiste na mudança de classe ou subclasse das palavras, dá-se o nome de derivação imprópria.
Estrangeirismos Observa os textos das duas vinhetas da página seguinte:
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Jerry Scott e Jim Bergman, Zits, 1.ª ed, Ed. Gradiva, 2001
As palavras sublinhadas – look e t-shirt – são estrangeirismos. Sobre o motivo por que os usamos, lê a seguinte explicação de José Victor Adragão: Os estrangeirismos são o resultado da incapacidade da língua (por razões de urgência ou de inércia) de criar palavras novas para dizer as coisas novas. Eles são, sabemo-lo bem, uma das características mais evidentes desta nossa época em que, constante e maciçamente, nos chegam novas realidades, resultantes do rápido progresso da ciência e da técnica e, ao mesmo tempo, da abertura a que os recentes acordos internacionais nos têm conduzido. in Público, 05-06-1994
Palavras entrecruzadas O escritor moçambicano Mia Couto escreveu um conto em que, a dada altura, o narrador, perante uma visão inesperada, diz: “Fiquei indeciso, barafundido.” Mia Couto, Estórias Abensonhadas, Ed. Caminho
Repara na palavra barafundido. Ela resulta do cruzamento de duas palavras, em que se utilizou o início de uma e a parte final de outra: baralhado + confundido = barafundido Às palavras assim formadas dá-se a designação de entrecruzadas.
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9 A plica os teus conhecimentos
Miranda, Humor de Miranda, Paisagem Ed., 1973
1. Classifica, quanto ao processo de formação, as palavras sublinhadas neste cartoon:
2. Lê as seguintes frases, em que destacámos algumas palavras: a. O Pinheiro telefonou-te?
d. O pobre homem caiu.
b. Bolas! Voltei a enganar-me.
e. Faz o bem sem olhar a quem.
c. Todos pararam a olhar para trás.
f. Só ele se riu.
2.1. Indica a classe a que pertence cada uma das palavras destacadas. 2.2. Escolhe três das palavras destacadas e utiliza-as em frases, mudando-lhes a classe ou subclasse. 3. São várias as palavras e locuções estrangeiras usadas na linguagem escrita e falada. Procura saber o significado destas: • au ralenti (francês) • a posteriori (latim) • auto-stop (inglês) • chance (francês) • a priori (latim) • avis rara (latim) • cicerone (italiano) • atelier (francês) • performance (inglês) 4. Organiza com os teus colegas um levantamento de estrangeirismos que aparecem frequentemente nos meios de comunicação (jornais, revistas, televisão, rádio) e em cartazes. A recolha poderá ser registada por escrito, em fotografia, em vídeo ou gravada. Apresentados os trabalhos, a turma faz um levantamento dos estrangeirismos que poderiam ter sido substituídos por palavras da língua portuguesa. 5. Lê esta tira e descobre o neologismo que Calvin inventou:
Bill Watterson, Calvin & Hobbes, in Público, 15-12-2000
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9 6. Explica como se formou a palavra em itálico neste poema: LUZ Há luzes douradas e prateadas para os poetas inspirar. Mas mágica mesmo é a luz branca: branca para o susto afugentar, branca para encandear. Fico a olhar para ela e a idealizar Ou melhor, a idealuzir. Teresa Guedes, Em Branco, 1.ª ed., Ed. Caminho, 2002
7. Também tu podes ser o responsável pela criação de novos vocábulos, cruzando elementos de palavras existentes. Individualmente ou em grupo, experimenta realizar este jogo: • Escreve uma lista de peças de vestuário: camisa; calças; vestido; meias; etc. • Inventa, agora, uma nova peça de vestuário, combinando elementos (sílabas) de duas peças diferentes. Ex.: Combinando uma camisa com um vestido podemos criar um camestido ou
uma vestisa. • Inventada a palavra, deverás realizar duas actividades: ✫ desenhar a nova peça de vestuário; ✫ definir a palavra criada, tal como ela poderia aparecer num dicionário. • Finalmente, apresenta a tua criação à turma. 8. Classifica, nesta notícia, todas as palavras sublinhadas quanto ao processo de formação: EXPERIÊNCIA
Utopia de ‘igloos’ Para tentar impedir a fuga de cérebros, uma companhia indiana de software, a Catalytic, está a erguer, nos arredores de Hyderabad, uma espécie de redoma para os seus funcionários. Quando estiver construída, daqui a três anos, a nova cidade de New Oroville terá 4230 residências com jardim, todas a pouca distância do local de trabalho e dos diversos serviços: escolas, hospitais, shoppings, recintos desporti-
vos e salas de espectáculos. Cada funcionário/residente de New Oroville terá um escritório privado no emprego, e todas as casas terão TV cabo e telefone. Todas as construções serão “amigas do ambiente” – há projectos para reciclagem de água e para utilização, em larga escala, de energia solar – e terão a forma de igloos. Diz a Catalytic: “Trata-se de dar aos funcionários um ambiente onde a cultura indiana se combina com os padrões de higiene e qualidade de vida norte-americanos.”
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in revista Visão, 09-08-2001 (adaptado)
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Recursos expressivos Perguntas-chave ◆
Que recursos podem ser utilizados num texto para o tornar mais interessante?
Certamente, já identificas e utilizas nos teus próprios textos alguns recursos expressivos: o adjectivo, o advérbio de modo, a interjeição, a comparação, a personificação, a repetição. Este ano, vais estudar mais alguns. A metáfora Olhando os flocos de neve que caem do céu, poderemos associá-los a pétalas brancas: a. Os flocos de neve são como pétalas brancas. Ou ainda: b. Os flocos de neve parecem/assemelham-se a pétalas brancas. Mas também poderíamos dizer: c. Os flocos de neve são pétalas brancas. Em a. e b. recorremos a comparações; em c., a uma metáfora. A comparação diz que uma coisa parece outra; a metáfora diz que uma coisa é outra, isto é, identifica uma coisa com outra:
Os flocos de neve são pétalas brancas. 1.° termo
2.° termo
sinal de igualdade, identidade
A identificação é tal que, por vezes, nem se menciona o primeiro termo, como fez o poeta: Do céu caem pétalas brancas. Nada me aquece os pés E o coração. João Pedro Mésseder, À Noite as Estrelas Descem do Céu, 1.ª ed., Campo das Letras Ed., 2002
A enumeração Quando se pretende intensificar uma ideia, pode utilizar-se a enumeração, que consiste na apresentação sucessiva de vários elementos da mesma classe gramatical: Um grito que atravessava as paredes, as portas, a sala, os ramos do cedro. Sophia de Mello Breyner Andresen, Histórias da Terra e do Mar, 1.a ed., Ed. Salamandra, 1984
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10 A hipérbole Consiste no emprego de uma expressão que exagera o pensamento para realçar uma determinada realidade. No registo familiar, é frequente o recurso a hipérboles:
Estou à tua espera há séculos. Ao receber o presente, o miúdo quase rebentou de felicidade.
A plica os teus conhecimentos 1. Identifica comparações e metáforas nas frases seguintes, retiradas de algumas obras e da imprensa: a. “A continuar assim bela, / a vida é conto de fada!” (Ana Saldanha) b. “Tinha uma cabeça de caracóis rebeldes e tão pretos como o carvão, que dir-se-ia
nunca terem visto pente ou tesoura.” (Michael Ende) c. “De onde em onde, galos madrugadores entoavam matinas sonoras, que eram
como risadas vibrantes de boémios, nalguma estúrdia a desoras.” (Trindade Coelho) d.
“OS MEUS FILMES SÃO GRITOS” (Manoel de Oliveira)
e.
Os computadores actuais são como um canivete suíço: servem para quase tudo mas não se usam para quase nada in revista Super Interessante, Maio 2000
f.
Biblioteca de Alexandria: um farol no mediterrâneo in revista Super Interessante, Abril 2002
2. Transforma as comparações seguintes em metáforas: a. Ela é graciosa como uma gazela. b. Este jogador é alto como uma torre. c. Os seus olhos verdes parecem algas luminosas. d. Aqueles garotos lembram bandos de pardais à solta.
3. Identifica a metáfora utilizada no título desta notícia e explica o seu significado:
Milhares de crianças morrem de fome no “celeiro do mundo” Na Argentina – país que ocupa o quarto lugar da tabela dos maiores exportadores mundiais de alimentos – há milhares de crianças a morrer de fome. in Público, 27-11-2002
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10 4. Diz qual o recurso expressivo presente neste poema:
QUANDO Quando o cão souber voar, a galinha tiver dentes, o porco lavar o rabo e o careca usar pentes, o crocodilo cantar, o gato usar chapéu, a borboleta pescar, o burro subir ao céu, a abelha fizer chouriços, a vaca der laranjada, o cavalo escrever cartas, a rã vender marmelada, só então, minha menina, quando em agosto nevar, vou deixar os meus amigos para só te namorar. Luísa Ducla Soares, in Conto Estrelas em Ti, 1.ª ed., Campo das Letras Ed., 2000
5. Identifica diferentes recursos expressivos (repetição, comparação, hipérbole, personificação, enumeração, metáfora): a. “Viu a tarde passar sentado numa pedra, junto dum regato que corria do alto
duma rocha e beijava, com lentas gotas de água, os pés descalços, vermelhos de dor e do caminho.” (José-Alberto Marques) b. “Era uma das ilhas encantadas que se erguia para o Céu, como um altar de ser-
ras e arvoredos entornando ondas de cantos, de cores e de perfumes sobre o mar!” (Jaime Cortesão)
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10 c.
d. “Apetecia-me fazer-lhe mil perguntas sobre o que era ser diferente.” (Luísa Ducla Soares)
e. “As suas relações e amizades eram só com ingleses, só falava bem inglês, só lia
jornais ingleses e comia só comida inglesa com mostarda inglesa, na sua casa mobilada com mesas, cadeiras, armários, camas e gravuras inglesas e onde pairava sempre um cheiro inglês a farmácia.” (Sophia de Mello Breyner Andresen) f. “Muita aflição, muita dor, muitas lágrimas, muitas preces; muitos votos e ladai-
nhas, muitas bofetadas em si mesmo, muitas demonstrações de contrição e muitos clamores a Nossa Senhora.” (António Sérgio)
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A versificação Perguntas-chave Que nome dás a cada uma das linhas de um poema? O que é uma estrofe? ◆ Como se medem os versos? ◆ Que tipos de rima conheces? ◆ O que são versos brancos ou soltos? ◆ ◆
Um poema não é um simples amontoado de palavras, dispostas ao acaso. Todo o poema possui uma determinada estrutura, se bem que nem sempre seja fácil descortiná-la. Ao conjunto de técnicas que regem a estrutura ou organização de um poema chama-se versificação. E quais os aspectos a considerar na análise da estrutura de um poema? Este ano, debruçar-nos-emos sobre três aspectos: A estrofe Já sabes que cada uma das linhas de um poema constitui um verso. Os versos agrupam-se formando unidades de número variável, separadas graficamente por um espaço. Estas unidades recebem o nome de estrofes ou estâncias. Aquela senhora tem um piano Que é agradável mas não é o correr dos rios Nem o murmúrio que as árvores fazem…
– estrofe
Para que é preciso ter um piano? O melhor é ter ouvidos E amar a Natureza.
– estrofe
Poemas de Alberto Caeiro, 4.a ed., Publ. Europa-América
Conforme o número de versos, as estrofes classificam-se do seguinte modo: monósticos dísticos tercetos quadras quintilhas sextilhas sétimas oitavas nonas décimas irregulares
estrofes de um verso » » dois versos » » três versos » » quatro versos » » cinco versos » » seis versos » » sete versos » » oito versos » » nove versos » » dez versos estrofes com mais de dez versos
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11 A métrica O metro é a medida do verso. Como se medem os versos? Fazendo a contagem das suas sílabas métricas. Para “medir” versos é necessário aprender algumas regras: 1.° Contam-se as sílabas até à sílaba tónica da última palavra do verso. Por isso, muitas vezes, o número de sílabas gramaticais é superior ao número de sílabas métricas:
A|que|la | 1
2
3
4
A|que|la | 1
2
se|nho |ra| tem| um|
3
5
6
7
8
9 10 11
se|nho |ra| tem| um| 4
5
6
7
pi |a|no ➔ 11 sílabas gramaticais
8
pi |a|no ➔ 10 sílabas métricas 9 10
➔ sílaba tónica
2.° Há elisão quando duas ou três vogais da mesma ou de palavras diferentes puderem ser pronunciadas numa só emissão de som.
A|go|ra é | que| vou| 1 2
3
4
5
can |tar 6
7
✫ Tipos de verso quanto ao metro Os versos recebem vários nomes conforme o número de sílabas que contêm. I. Verso tradicional O verso tradicional pode ter de uma a doze sílabas, recebendo os seguintes nomes:
Número de sílabas Nome 1 monossílabos 2 dissílabos 3 trissílabos 4 tetrassílabos 5 pentassílabos (redondilha menor) 6 hexassílabos 7 heptassílabos (redondilha maior) 8 octossílabos 9 eneassílabos 10 decassílabos 11 hendecassílabos 12 dodecassílabos ou alexandrinos
Exemplos de versos monossilábicos: Rua Torta Lua Morta Tua Porta Cassiano Ricardo
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11 II. Verso livre Por vezes os poetas usam o verso livre, liberto de regras, combinando versos de medida diferente. Liberdade É também vontade Benditas roseiras que em vez de rosas dão nuvens e bandeiras. José Gomes Ferreira
A rima Chamamos rima à semelhança ou igualdade de sons no final ou no interior dos versos de uma estrofe. No entanto, como nos diz o poeta, “nem sempre é preciso rimar”: POESIA Passa-me rente ao ouvido e quer saber: como se faz uma rima? E eu respondo: casando sons iguais, juntando ar com luar, ágil com frágil, vento com pensamento, magia com alegria. E digo mais: nem sempre é preciso rimar; pode acontecer que o verso seja livre de dizer o que lhe vai na cabeça sem ter pressa de pôr as palavras em jeito de combinar. José Jorge Letria, in Carta a um Jovem Antes de Ser Poeta de José-Alberto Marques, 1.a ed., Campo das Letras Ed., 2002
Há vários tipos de rima: • Emparelhada (disposta segundo o esquema: aa, bb, cc, etc.).
Ex.: Não há, não duas folhas iguais em toda a criação Ou nervura a menos, ou célula a mais não há de certeza duas folhas iguais.
a a b b
• Interpolada ou Intercalada (disposta segundo o esquema: abba, abcbca, etc.).
Ex.: Umas vão e caem no charco cinzento e lançam apelos nas ondas que fazem Outras vão e jazem sem mais movimento
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a b b a
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11 • Cruzada (disposta segundo o esquema: abab).
Ex.: Outras acerosas redondas, agudas macias, viscosas fibrosas, carnudas.
a b a b
António Gedeão
• Encadeada (a última palavra de um verso rima com outra no meio do verso
seguinte). Ex.: Pôs os olhos na mais airosa Das pequeninas que via; Fez-lhe um aceno a chamá-la; Veio achá-la já dormindo. Há poesias em que os versos não rimam: são os versos soltos ou brancos. VERSOS BRANCOS Fui para um teste em branco, pálido e aflito. Para não deixar a folha em branco, escrevi no verso dela estes versos brancos. Mas a professora só devia gostar de poemas rimados: por isso na pauta apareceu um zero, ali, bem preto no branco. Teresa Guedes, Em Branco, 1.ª ed., Ed. Caminho, 2002
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