Saúde mental na 3ª Idade
Código IEFP: 3553
ÍNDICE
Manuais de Formação DESENVOLVIMENTO....................................................................................................... 3 Saúde mental e recursos........................................................................................... 3 1.1.A SAÚDE MENTAL NA 3.ª IDADE............................................................................3 1.1.Definição............................................................................................................ 3 1.2.PROMOÇÃO........................................................................................................... 5 1.3.SAÚDE MENTAL E COMUNIDADE..........................................................................10 2.Psicopatologia da pessoa idosa..........................................................................14 2.1.O normal e o patológico......................................................................................... 14 2.1.1.Conceito de doença mental...........................................................................14 2.2.ENVELHECIMENTO NORMAL E PATOLÓGICO........................................................20 2.3.DEPRESSÃO NA PESSOA IDOSA...........................................................................21 3.Recursos comunitários de apoio.........................................................................24 3.1.RESPOSTAS SOCIAIS À VELHICE..........................................................................24 3.1.1.Saúde e comunidade..................................................................................... 24 3.1.2.O hospital e o seu papel face à pessoa idosa................................................26 3.1.3.Outros recursos............................................................................................. 27 BIBLIOGRAFIA........................................................................................................... 33
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DESENVOLVIMENTO Saúde mental e recursos
1.1.A SAÚDE MENTAL NA 3.ª IDADE 1.1.Definição O conceito de saúde e de doença, tal como todos os outros conceitos, são produzidos pela sociedade, sendo, consequentemente, conceitos relativos e dependentes dos padrões dominantes nas sociedades. Segundo a Organização Mundial de Saúde, saúde é “ um estado positivo de completo bem-estar físico, mental e social e espiritual”. Esta definição contraria a do modelo médico que associa a saúde à “ausência de doença” ou de qualquer tipo de distúrbio biológico. A doença tem repercussões em todas as dimensões do indivíduo (física, psicológica e social) despoletando desequilíbrio. Desta forma, o contexto familiar, laboral e outros aos quais o indivíduo pertence é afectado, daí decorre o facto do tratamento da doença não se poder circunscrever ao indivíduo. Apesar de a saúde mental ser um dos aspectos mais importantes da vida do ser humano, ela é ainda um conceito impreciso, difícil de definir e em torno do qual não existe um verdadeiro consenso. Pode ser definida como: “A saúde mental é um equilíbrio da vida psíquica que se caracteriza por uma auto-avaliação realista e uma boa capacidade de controlar as tensões normais a que uma pessoa tem de fazer face.” É um estado que permite ao indivíduo desenvolver-se de maneira óptima no plano físico, intelectual e emocional, desde que a sua evolução seja compatível com a dos outros. Em geral as definições de saúde mental giram em torno de dois conceitos: a saúde mental é uma maneira de ser; a saúde mental é uma soma de virtualidades. Entre os critérios que permitem definir a saúde mental, encontramos: O conhecimento e a aceitação de si próprio (sentido crítico) e dos outros; A percepção justa do ambiente e da realidade (bom senso); A capacidade de se manter sereno e de se interessar pela vida; As aptidões para a integração (acesso à maturidade). A explicação das causas associadas à doença mental estrutura-se em três perspectivas predominantes: 3
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A da causalidade orgânica, que explica a perturbação mental como alterações, quantificáveis e observáveis, do próprio organismo. Esta teoria valoriza os factores biológicos, incluindo os
hereditários A da causalidade psicológica, que focaliza a explicação em factores pessoais e nos sentimentos, emoções, pensamentos e comportamentos. Enfatiza os aspectos psicológicos de casa indivíduo
relacionando-os com a sua história de vida A da causalidade social, que perspectiva a perturbação mental enquanto elemento inseparável do contexto em que surge. Os factores sociais, segundo esta corrente, são determinantes na explicação do surgimento e evolução da doença. Desta forma, propõe-nos uma abordagem sistémica que inclui a dimensão laboral, familiar, afectiva, escolar, entre outras. A análise da doença mental atendendo apenas a uma destas perspectivas é insuficiente e não permite
uma abordagem holística. Daqui decorre a necessidade de se adoptar uma perspectiva psicossocial que explica a doença mental com a interacção dos factores acima mencionados. As perturbações mentais caracterizam-se por alterações do modo de pensar e do humor ou por comportamentos associados à angustia pessoal e/ou deterioração do funcionamento. Uma incidência de comportamento anormal ou um curto período do estado de anormalidade não determinam por si só a presença de uma perturbação mental, é necessário que essa anormalidade seja sustentada e que resultem em certa deterioração ou perturbação do funcionamento pessoal. Estes factores não aparecem num período determinado da existência, mas estão sempre presentes e persistem ao longo de toda a vida. O envelhecimento mental não parece ligado à idade, mas antes a uma baixa de percepção de si.
1.2.PROMOÇÃO A promoção da saúde mental é uma estratégia global e um conjunto de actividades positivas que têm como objectivo: a) Aumentar o valor e a visibilidade da saúde mental, nos diferentes níveis de sociedades, dos grupos comunitários e nos indivíduos; b) Proteger, manter e promover a saúde mental. Uma eficaz promoção de saúde mental deverá resultar na promoção do bem-estar, menos sofrimento humano, uma menor incidência e prevalência dos distúrbios mentais e de comportamento, uma melhor utilização dos serviços, uma melhor qualidade de vida, uma melhoria do funcionamento social, uma integração social reforçada, e outros resultados relacionados. 4
Manuais de Formação Os objectivos da promoção de saúde mental estão concentrados em torno de três grandes temas que abordam quer os componentes de saúde mental do indivíduo, mas também, os componentes sociais da saúde mental, e ainda, os componentes da própria sociedade: As questões que dizem respeito à capacidade de cada pessoa em lidar com o seu mundo interior –
resiliência emocional – em pensar e sentir, em gerir a sua vida e em enfrentar riscos; As questões que se relacionam com a capacidade de cada pessoa em lidar com o seu mundo social – cidadania – um sentimento de pertença, a participação, o reconhecimento da diversidade e a
responsabilidade mútua; As questões que se relacionam com as comunidades saudáveis – que liga o emocional e o social através de um sentimento de interligação e do desenvolvimento de estruturas saudáveis.
Neste sentido, a promoção da saúde mental: É um esforço interdisciplinar e sócio cultural orientado para a realização de condições que
promovam o bem-estar psicológico dos indivíduos, dos grupos e das comunidades; É um longo processo desde a gestação passando pelo parto, pela primeira infância, pela segunda
infância e pela adolescência até à idade adulta e à velhice; Foca fundamentalmente as competências, tais como sentir-se seguro, a autonomia, a adaptabilidade, a capacidade em lidar com “stressores”, criando relações íntimas sustentáveis, a auto consciência, a auto-estima, a preocupação com os outros, a auto confiança, as competências sociais, a
responsabilidade social e a tolerância; Implica a criação de condições no contexto individual, social e ambiental que permitam um óptimo
desenvolvimento psicológico e psicossocial; Pode, como um dos seus resultados, prevenir os distúrbios mentais e de comportamento dos transtornos mentais. As pessoas mais velhas enfrentam riscos específicos em relação à saúde mental. Assim, meios
concretos para promover a saúde mental deste grupo etário devem estar disponíveis. Devem incluir: Promover a participação social:
Possibilitar o envolvimento nas actividades sociais da comunidade é uma medida importante para
apoiar a saúde mental das pessoas idosas. Proporcionar oportunidades de participação na tomada de decisão política, económica e cultural da comunidade e a aprendizagem ao longo da vida são meios que garantem a participação social.
Prevenir a solidão e o isolamento social:
Muitos idosos vivem sozinhos e podem sentir-se sós, especialmente se tiverem dificuldades em sair
da sua casa. Portanto, programas que procuram ajudar a pessoa mais velha na sua vida quotidiana (numa filosofia befriending) devem ser organizados pela comunidade, num recurso aos meios públicos, às instituições religiosas ou ao voluntariado. 5
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Diferentes tipos de clubes, centros recreativos e outras redes sociais podem evitar a solidão e o isolamento.
Proporcionar oportunidades para uma vida independente:
Os sentimentos de independência e autonomia são também importantes para as pessoas mais velhas. Estes podem ser reforçados, por exemplo, através do apoio à criação das chamadas soluções “casa inteligentes”, pelo fornecimento de equipamento para facilitar a comunicação e a mobilidade, e, ainda em muitos casos, proporcionando oportunidades de emprego na velhice e incentivando os trabalhadores mais velhos a permanecer no mercado de trabalho.
Proporcionar serviços sociais e de saúde adequados:
A saúde mental e a saúde em geral estão fortemente interligadas, especialmente na idade mais
avançada. Uma má saúde física é um claro factor de risco para problemas de saúde mental. Portanto, é importante estabelecer um sistema de cuidados sociais e de saúde para fornecer a todos os idosos serviços de saúde primários e de especialidade com elevada qualidade dos, incluindo um acesso fácil a serviços psiquiátricos, assim como todos os necessários serviços e benefícios sociais.
Combater o “agismo”:
As atitudes negativas e depreciativas em relação à velhice, em geral, e às pessoas mais velhas, em
particular, continuam a prevalecer na nossa sociedade. Portanto, os políticos devem assegurar que os direitos humanos são respeitados no que diz respeito
às pessoas idosas. Nenhum tipo de discriminação deve ser tolerado. È importante Construir Boa Saúde Mental: Orientações baseadas no conhecimento existente que os idosos tenham a oportunidade de participar nos processos de decisão social, cultural, económico e político da sociedade. Na realidade, as pessoas afectadas por problemas de saúde mental são muitas vezes
incompreendidas, estigmatizadas, excluídas ou marginalizadas, devido a falsos conceitos, que importa esclarecer e desmistificar, tais como: As doenças mentais são fruto da imaginação; As doenças mentais não têm cura; As pessoas com problemas mentais são pouco inteligentes, preguiçosas, imprevisíveis ou perigosas. Estes mitos, a par do estigma e da discriminação associados à doença mental, fazem com que muitas pessoas tenham vergonha e medo de procurar apoio ou tratamento, ou não queiram reconhecer os primeiros sinais ou sintomas de doença. O tratamento deverá ser sempre procurado, uma vez que a recuperação é tanto mais eficaz quanto precoce for o tratamento. 6
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Mesmo nas doenças mais graves é possível controlar e reduzir os sintomas e, através de medidas de reabilitação, desenvolver capacidades e melhorar a qualidade de vida. Ao longo da vida, todos nós podemos ser afectados por problemas de saúde mental, de maior ou menor gravidade. Algumas fases, como a entrada na escola, a adolescência, a menopausa e o envelhecimento, ou acontecimentos e dificuldades, tais como a perda de familiar próximo, o divórcio, o desemprego, a reforma e a pobreza podem ser causa de perturbações da saúde mental. Factores genéticos, infecciosos ou traumáticos podem também estar na origem de doenças mentais graves. CARACTERÍSTICAS DE UMA PERSONALIDADE MENTALMENTE SAUDÁVEL: 1. Eficácia e competência funcional Levar a termo os seus projectos, ser autónomo e conservar a independência psicológica no trabalho, ter uma percepção ajustada da realidade e comprometer-se em outros projectos além dos seus. 2. Criatividade e capacidade de apreciar as experiências novas Ter o espírito aberto e ser capaz de criar para si próprio um novo estilo de vida. 3. Harmonia interior Gostar de si e aceitar-se, gostar dos outros e apreciar a natureza, querer ter uma vida pessoal e desligar-se das coisas menos importantes. 4. Compaixão nas relações com os outros Identificar-se com os outros e ser capaz de intimidade, de autenticidade, de transparência, de pertença e de disponibilidade. 5. Transferência Estar em comunhão com o meio, estabelecer uma relação com outra pessoa, e viver experiências místicas com Deus ou a natureza. Podemos acrescentar a estas características valores como a originalidade do julgamento, riqueza das emoções, facilidade de aceitação dos outros e não imutabilidade do sistema de valores. Os idosos mentalmente saudáveis respondem por vezes de maneira muito diferente aos critérios de maturidade. Vejamos como é que as características da personalidade, se podem aplicar a pessoas de idade mentalmente saudáveis. 1. Aceitar os seus limites e forças pessoais e possuir uma identidade sólida. O idoso faz questão das suas crenças e não se deixa persuadir com facilidade a modificar o seu comportamento ou a empreender novas experiências. Conhece-se e aceita-se como é.
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Manuais de Formação Tem habitualmente a capacidade de decidir por si as escolhas a fazer, o que é bom para si. “Sei que a minha escolha parece ridícula, mas é a que mais me convém”. 2. Atingir o mais alto nível de potencial possível e actualizar-se. O envelhecimento impõe muitas vezes alguns limites. No entanto, se for encorajado e lhe derem a possibilidade, o idoso pode empreender novas actividades e delas tirar prazer. Esta actualização pode realizar-se através de ocupações como a entreajuda ou pela participação em experiências novas (viagens, actividade física, etc.). 3. Resistir ao stress, conservar a energia, manter o equilíbrio das suas forças intra-psíquicas e desenvolver uma filosofia de vida. Mesmo que o idoso não procure as situações geradoras de stress, ele é capaz de lhes fazer face e de se adaptar sem agitação ou ansiedade excessiva. Uma filosofia de vida mais realista permite-lhe adoptar atitudes de calma e paciência em vez de estratégias fúteis de evitamento que o impedem de conservar as suas energias. 4. Demonstrar autonomia, independência, e ser capaz de fazer escolhas. Quando um idoso não pede ajuda e decide não empreender actividades muito exigentes, conserva-se muitas vezes mais alerta e atento. De facto, são muitas vezes as pessoas mais próximas que reagem mal aos desejos de autonomia das pessoas idosas. 5. Perceber a realidade social sem a deformar, estar atento ao que se passa e ser capaz de reconhecer o valor de outrém. O idoso não está divorciado do resto do mundo. Mantém-se em contacto com a realidade e é capaz de responder a perguntas sobre a actualidade. Em geral, avalia bem o tempo investido e a energia consagrada pelos parentes ou pessoas que o tratam. Quando é tratado com dignidade é afectuoso, paciente, generoso e mostra-se interessado. 6. Controlar o ambiente, trabalhar, ter actividades recreativas, resolver problemas e adaptar-se à vida. Regra geral os idosos escolhem as actividades que lhes convêm. Podem muito bem tomar parte em actividades recreativas e divertir-se com elas. As suas escolhas no campo das actividades recreativas ou outras não devem ser comparadas com as de adultos mais jovens. Resumindo, a saúde mental do idoso baseia-se na sua auto-realização, ultrapassagem dos limites, expressão das emoções e das ideias, autenticidade e abertura de espírito. As condições essenciais são o amor e a aceitação de si e dos outros, a capacidade de viver com profundidade experiências humanas “aqui e agora”, sentido de responsabilidade e uma liberdade reflectida. 8
Manuais de Formação A saúde mental do idoso é, então, tributária da hereditariedade e do meio, da interdependência entre a maturação física e psicológica, da conservação das habilidades psicológicas e da sua capacidade de resolver conflitos. A imagem mais simples do idoso mentalmente saudável é a de uma pessoa que mantém com os outros laços afectivos satisfatórios, não reage às situações de maneira automática, suporta bastante bem o stress e não constitui um fardo para si próprio e para os outros.
1.3.SAÚDE MENTAL E COMUNIDADE O modelo de Saúde Mental Comunitária, defendido pela OMS, pressupõe a manutenção dos doentes na sua comunidade de pertença. Este modelo de tratamento implica algumas mudanças, tais como: Criação de uma rede de serviços que prestem cuidados diferenciados Integração no Serviço Nacional de Saúde, ou seja, os serviços de saúde mental devem estar
integrados nos Hospitais Gerais e Centros de Saúde Continuidade na prestação de cuidados, o que implica a existência de uma equipa que acompanha a
pessoa com doença mental no decorrer do seu projecto terapêutico Articulação com as estruturas comunitárias, direccionando os recursos numa acção concertada,
reforçando as redes de suporte social e o estabelecimento de parcerias Direccionar a intervenção não só para a pessoa com doença mental grave mas também para as suas
famílias, numa perspectiva da reabilitação psicossocial Impulsionar a participação dos utentes e suas famílias no planeamento e avaliação dos serviços. A intervenção comunitária tem como principal objectivo a integração nos contextos comunitários
e não nas estruturas e/ou serviços. Este modelo inspira-se nos princípios da saúde mental comunitária que advoga que as pessoas, independentemente do diagnóstico e de qualquer outra vulnerabilidade, devem manter-se na comunidade com acesso aos recursos disponíveis. Este processo faz-se através das redes de suporte, dos grupos de ajuda mútua e da participação em contextos diversificados. Este modelo requer o desenvolvimento de competências técnicas específicas capazes de conduzir os profissionais a uma compreensão holística das múltiplas necessidades das pessoas com doença mental, identificando precocemente vulnerabilidades associadas à cronicidade destas patologias. Os cuidados de saúde mental na comunidade são potencialmente mais humanos e mais terapêuticos do que os cuidados hospitalares mediante a concretização de condições prévias. O planeamento de serviços tem de ser baseado nas realidades biopsicossociais de forma a dar uma resposta completa e apropriada ás especificidades da população. 9
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A intervenção em contexto comunitário dever ser não apenas local e acessível, mas também estar estruturada de tal forma que possibilite uma resposta diferenciada às diversas problemáticas apresentadas por esta população. Deve reger-se por princípios orientadores que estruturem toda a acção. Destes princípios importa destacar: diagnóstico, intervenção precoce, participação de utentes e família, envolvimento das estruturas comunitárias e a articulação com os Cuidados de Saúde Primários (CSP). As pessoas com experiência de doença mental grave e suas famílias apresentam um conjunto de necessidades complexas e mutáveis que implicam o envolvimento de diversos profissionais num diagnóstico e intervenção precoce, que permita não apenas o controlo de sintomas, mas também a melhoria dos resultados e consequentemente da qualidade de vida, sustentado num plano de intervenção holístico e integrado. Atendendo à evolução crónica das perturbações mentais graves a questão da continuidade de cuidados torna-se crucial. A passagem dos utentes para a comunidade repercutiu-se em grandes custos para as famílias que não foram acompanhados pelo desenvolvimento efectivo de estratégias que aliviam-se a sobrecarga familiar. O trabalho em parceria com as famílias e a sua inclusão no projecto terapêutico devem fazer parte dos pressupostos que orientam a intervenção dos técnicos, este pressuposto estende-se às estruturas comunitárias que devem estar envolvidas nas políticas de saúde mental. Uma outra linha de orientação na intervenção comunitária é a articulação com os Cuidados de Saúde Primários. Na prática da saúde mental comunitária a participação de utentes e das famílias é indispensável porque um dos objectivos a prosseguir é o aumento da sua autonomia e do controlo sobre as decisões que afectam as suas vidas. O desenvolvimento do modelo comunitário e a consequente implementação de estruturas comunitárias reforça a importância do desenvolvimento dos suportes pessoais e comunitários de forma a fortalecer as redes naturais às quais o indivíduo pertence, a identificar o potencial de suporte social das instituições comunitárias, a melhorar a articulação entre as redes de suporte comunitário e os serviços de saúde mental e a investigar as redes e os sistemas de suporte comunitário formais e informais. O suporte social pode ser avaliado pela integração social de um indivíduo no seu meio e pela rede de serviços e pessoas que lhe são acessíveis, de acordo diversos autores, é um factor capaz de proteger e promover a saúde e que o apoio social exerce uma função mediadora, contribuindo para a manutenção da saúde. As redes sociais apresentam como características: 10
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Intensidade: número de funções ou serviços recíprocos prestados pelas interacções entre os
componentes da rede: Durabilidade: grau de durabilidade dos laços; Multidimensionalidade: número de funções diferentes contida em cada interacção; Reciprocidade: ajuda recebida e prestada; Densidade: número de funções realizadas em cada interacção em relação ao número total de funções
da rede; Dispersão: facilidade do indivíduo em estabelecer interacções com os vários membros da rede; Frequência: frequência do estabelecimento de interacções com os elementos da rede; Homogeneidade: partilha de afinidades sociais pelos elementos da rede. Uma rede pessoal activa e responsável desempenha uma função protectora (doença), facilitadora
(procura de recursos) e aceleradora (no processo de cura). Por outro lado, no caso de doenças de evolução prolongada, como as psicoses, pode ocorrer a deterioração na qualidade da interacção social e a diminuição da extensão da rede social pessoal. As redes sociais desempenham um papel fundamental na saúde dos indivíduos. A presença de familiares ou amigos próximos reduz as situações potenciadoras de tensão; as relações sociais contribuem para dar um sentido mais consistente à vida dos indivíduos o que estimula a prevenção e a manutenção da saúde e favorece comportamentos correctivos em relação à saúde e actividades saudáveis. É evidente que quase todos os sectores da sociedade têm conexões com ou influenciam a saúde mental da população. Deste modo, a saúde mental da população é, em muitos aspectos, afectada pela forma como as políticas sociais, em geral, são organizadas e conduzidas. Para além de saúde e da segurança social, os seguintes sectores são de especial importância: a educação, o emprego, a habitação, o ambiente, a cultura e o desporto, a justiça e o sistema prisional, os meios de comunicação e a economia. Numa política de saúde mental abrangente as tarefas e responsabilidades de todos estes sectores devem ser consideradas.
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2.Psicopatologia da pessoa idosa
2.1.O normal e o patológico
2.1.1.Conceito de doença mental Com o avançar da idade vão ocorrendo alterações estruturais e funcionais a nível físico, cognitivo e sensorial, que embora variem de um indivíduo para outro, são encontradas em todos os idosos e são próprias do envelhecimento normal. Muitas das mudanças profundas desta fase de vida culminam em incapacidades de naturezas diversas. Nem sempre é fácil estabelecer os limites entre senescência e senilidade, ou seja, entre modificações peculiares do envelhecimento e as decorrentes de processos mórbidos mais comuns em idosos. Isto deve-se, por um lado, à grande variabilidade de comportamentos individuais durante a vida, e por outro, ao facto de as pessoas idosas não se apresentarem com as manifestações clássicas observáveis em indivíduos jovens. A idade traz consigo maior fragilidade e por consequência mais doença, tanto física como psíquica. Porque é que algumas pessoas envelhecem de maneira saudável e outras não? Porque é que alguns mantêm as suas capacidades mentais e neurocomportamentais intactas e outros desenvolvem demências (como Alzheimer)? Estes porquês mantêm-se em grande parte sem resposta, no entanto o sistema nervoso, quando em falha, com lesão e com os efeitos do envelhecimento afirma-se como o responsável de variadas falhas do organismo, como ao nível de funções viscerais, respiratórias, sensoriais (audição e visão, p.e), cognitivas, assumindo um importante papel no envelhecimento somático e na sobrevivência do organismo. Vários autores abordam estes diversos declínios que acompanham a velhice. Mencionam tendências gerais do envelhecimento ao nível físico, ao nível de aptidões cognitivas e ao nível da saúde mental. Aspectos relativos ao nível físico são caracterizados como um declínio relativo a um indivíduo menos robusto e capaz, com défices posturais, lentificação de movimentos e de reflexos que aumentam a predisposição para limitações de mobilidade e propensão a quedas.
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Manuais de Formação Ao nível de aptidões cognitivas mencionam-se aspectos da inteligência relativamente estáveis ao longo da vida (cristalizada), como o vocabulário, informação e compreensão, tendo em conta que a execução de tarefas perceptivo-motoras (inteligência fluida) novas e rápidas podem começar a apresentar um comprometimento a partir dos cinquenta anos. A atenção ao nível da capacidade de filtração de informação, repartição por múltiplas tarefas ou desvio do foco de um tópico para o outro encontra-se menos activa, bem como a linguagem e capacidades visuais e auditivas que se constituem como parte essencial para a execução de uma boa comunicação interpessoal. A compreensão de mensagens novas e complexas tornam-se mais difíceis, o discurso do idoso tornase mais repetitivo (reflexo tanto de problemas de memória de curto prazo como reduzidas oportunidades de conversação). Também as habilidades visuo-espaciais, o raciocínio, funções de execução e rapidez apresentam um declínio mais acentuado a partir dos sessenta, setenta anos. Relativamente à memória e aprendizagem constituirão a maior percentagem de queixas cognitivas da população idosa, se bem que a capacidade da memória de longo prazo normalmente é mantida. Em psiquiatria geriátrica a co-morbilidade é a regra e não a excepção nos idosos. As perturbações psíquicas resultam muitas vezes de causas físicas, tanto cerebrais como sistémicas, ou são agravadas por estas. E o inverso é igualmente verdadeiro: a doença mental acarreta frequentemente má alimentação, deficiente higiene e exposição a factores de risco responsáveis pela deterioração do estado geral. Também factores sociais como o isolamento e a dependência económica são causa e consequência do adoecer físico e mental. Deste modo, a etiologia multifactorial vem a ser uma característica própria das doenças na idade avançada. Existem algumas patologias que se podem antecipar como o reequilibrar do funcionamento biopsicossocial do advento da velhice, dependente de alterações do funcionamento físico e cognitivo. Vários autores mencionam que, exceptuando a demência, considerada como patologia específica da velhice, muitas outras de origem mental aparecem na velhice com menor grau de incidência e gravidade do que noutras fases da vida. Isto explica-se por uma selecção natural em que os casos mais graves padeceram e, os mais resilientes, melhoraram e estabilizaram as respectivas patologias. Os indivíduos idosos com perturbações mentais constituem um subgrupo considerável da população idosa e as estimativas de diagnóstico são maiores nos grupos hospitalizados, principalmente nos de longo internamento, do que nos grupos de comunidade. Os doentes idosos estão sujeitos ao mesmo amplo espectro de perturbações mentais que os adultos mais novos, no entanto, na população idosa alguns estados apresentam uma maior prevalência e morbilidade. 13
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Muitos indivíduos idosos sem perturbações mentais graves, experimentam reacções de adaptação a stresses pessoais, ao luto, síndromes dolorosos e alterações do sono. Medidas educativas e outras intervenções dirigidas evitam o desencadear de situações psíquicas ou médicas mais graves. Os indivíduos idosos com perturbações mentais constituem um subgrupo considerável da população idosa e as estimativas de diagnóstico são maiores nos grupos hospitalizados, principalmente nos de longo internamento, do que nos grupos de comunidade. Os doentes idosos estão sujeitos ao mesmo amplo espectro de perturbações mentais que os adultos mais novos, no entanto, na população idosa alguns estados apresentam uma maior prevalência e morbilidade. Muitos indivíduos idosos sem perturbações mentais graves, experimentam reacções de adaptação a stresses pessoais, ao luto, síndromes dolorosos e alterações do sono. TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS MAIS COMUNS EM IDOSOS: Demência o Demência tipo Alzheimer o Demência vascular Doença de Parkinson Esquizofrenia Transtornos depressivos Transtorno bipolar (do humor) Transtorno delirante Transtornos de ansiedade. Demência Demência é um comprometimento cognitivo geralmente progressivo e irreversível. As funções mentais anteriormente adquiridas são gradualmente perdidas. Com o aumento da idade a demência torna-se mais frequente. Acomete 5 a 15% das pessoas com mais de 65 anos e aumenta para 20% nas pessoas com mais de 80 anos. Os factores de risco conhecidos para a demência são: Idade avançada História de demência na família Sexo feminino Os sintomas incluem alterações na memória, na linguagem, na capacidade de orientar-se. Há perturbações comportamentais como agitação, inquietação, andar a esmo, raiva, violência, gritos, desinibição sexual e social, impulsividade, alterações do sono, pensamento ilógico e alucinações. Na maioria das vezes as demências são causadas por doenças degenerativas primárias do sistema nervoso central (SNC) e por doença vascular.
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Manuais de Formação Cerca de 10 a 15% dos pacientes com sintomas de demência apresentam condições tratáveis como doenças sistémicas (doenças cardíacas, renais, endócrinas), deficiências vitamínicas, uso de medicamentos e outras doenças psiquiátricas (depressão). As demências são classificadas em vários tipos de acordo com o quadro clínico, entretanto as mais comuns são demência tipo Alzheimer e demência vascular. Demência tipo Alzheimer De todos os pacientes com demência, 50 a 60% têm demência tipo Alzheimer, o tipo mais comum de demência. É mais frequente em mulheres que em homens. É caracterizada por um início gradual e pelo declínio progressivo das funções cognitivas. A memória é a função cognitiva mais afectada, mas a linguagem e noção de orientação do indivíduo também são afectadas. Inicialmente, a pessoa pode apresentar uma incapacidade para aprender e evocar novas informações. As alterações do comportamento envolvem depressão, obsessão (pensamento, sentimento, ideia ou sensação intrusiva e persistente) e desconfianças, surtos de raiva com risco de actos violentos. A desorientação leva a pessoa a andar sem rumo podendo ser encontrada longe de casa em uma condição de total confusão. Aparecem também alterações neurológicas como problemas na marcha, na fala, no desempenhar uma função motora e na compreensão do que lhe é falado. O diagnóstico é feito com base na história do paciente e do exame clínico. As técnicas de imagem cerebral como tomografia computadorizada e ressonância magnética podem ser úteis. O tratamento é paliativo e as medicações podem ser úteis para o manejo da agitação e das perturbações comportamentais. Não há prevenção ou cura conhecidas. Doença de Parkinson A doença de Parkinson é uma desordem do cérebro que leva a agitação (tremores) e dificuldade no andar, nos movimentos do corpo e na coordenação A doença geralmente desenvolve-se após os 50 anos. É um dos mais comuns distúrbios do sistema nervoso do idoso. O distúrbio pode afectar um ou ambos os lados do corpo. Os sintomas podem ser leves no início. Por exemplo, o paciente pode ter um tremor leve ou uma ligeira sensação de que uma perna ou pé está endurecida e se arrasta. Os sintomas incluem: Movimentos automáticos e vagarosos
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Dificuldade em iniciar ou movimento contínuo, por exemplo, começar a andar ou sair de uma
cadeira Diminuição do equilíbrio e passos pequenos Falta de expressão no rosto Dores musculares e nas articulações (mialgia) Músculos rígidos ou duros (geralmente nas pernas) Agitação, tremores Voz baixa e arrastada Posição inclinada Não há cura conhecida para a doença de Parkinson. O objectivo do tratamento é controlar os
sintomas. Mudanças no estilo de vida podem ser úteis para a doença de Parkinson: • Boa nutrição e saúde geral • Exercícios físicos • Períodos de descanso • Tratamento de fisioterapia, fono-audiologia e terapia ocupacional A doença de Parkinson é progressiva, vai piorando com o tempo, que pode perdurar por décadas, levando o idoso numa fase mais avançada a ficar imobilizado, restrito ao leito e à poltrona, causando todas as mazelas que uma imobilidade pode afectar num idoso. Transtornos depressivos A idade avançada não é um factor de risco para o desenvolvimento de depressão, mas ser viúvo ou viúva e ter uma doença crónica estão associados com vulnerabilidade aos transtornos depressivos. A depressão que inicia nessa faixa etária é caracterizada por vários episódios repetidos. Os sintomas incluem redução da energia e concentração, problemas com o sono especialmente despertar precoce pela manhã e múltiplos despertares, diminuição do apetite, perda de peso e queixas somáticas (como dores pelo corpo). Um aspecto importante no quadro de pessoas idosas é a ênfase aumentada sobre as queixas somáticas. Pode haver dificuldades de memória em idosos deprimidos que é chamado de síndrome demencial da depressão que pode ser confundida com a verdadeira demência. Além disso, a depressão pode estar associada com uma doença física e com uso de medicamentos.
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2.2.ENVELHECIMENTO NORMAL E PATOLÓGICO Atingir a velhice significa que foi possível sobreviver e adaptar-se com mais ou menos saúde mental e consequentemente maior ou menor bem-estar a desafios específicos de outras fases da vida. A velhice pode ser um período de múltiplas perdas e transição de papéis, requerendo adaptação a mudanças do funcionamento físico, morte do cônjuge, família e amigos. O processo de envelhecimento ao longo da velhice, traz ele próprio desafios adaptativos que lhe são peculiares. Tais desafios reportam-se a aspectos de ordem física, psicológica e social. Devido a isto, esta fase de vida postula-se como um momento de risco para o equilíbrio e bem-estar físico e psicológico. O organismo humano, desde a sua concepção até à morte, passa por diferentes fases. O envelhecimento manifesta-se por declínio das funções dos diversos órgãos, linear ao longo do tempo e com a impossibilidade de definição de um ponto exacto de transição. Se é fácil reconhecer algumas manifestações comuns em idosos, como as manifestações físicas, é impossível afirmar se estas são exclusivamente dependentes do envelhecimento, tendo em conta que factores genéticos e ambientais podem estar presentes, o que justifica o facto de duas pessoas não envelhecerem do mesmo modo. Os gerontólogos acentuam que a velhice vive-se primeiro que tudo no corpo, não significando que o indivíduo esteja atento imediatamente aos seus sinais e a estes reaja. Como sinais entendam-se os cabelos embranquecidos, a pele mais seca e com menor elasticidade, rugas, deterioração visual e auditiva, lentidão de reflexos, menor capacidade respiratória, menor equilíbrio e resistência, cansaço e recuperação física mais lenta, menor eficácia do sistema imunitário para proteger o corpo de infecções e de uma maneira geral a perda de saúde física. Muitas destas manifestações de velhice representam o envelhecimento primário, gradual e universal, mas outras referem-se ao envelhecimento secundário, associado a doença e tradutores de excertos de história de vida. Diversos sinais de envelhecimento e da velhice, alguns inerentes à deterioração cognitiva e física, interferem na capacidade funcional associada à autonomia do funcionamento executivo do dia-a-dia, desde actividades que se reportam à auto-suficiência no cuidado de si próprio e que se inserem no contexto domicilio, até outras que implicam deslocação, com ou sem transportes, como compras, visitas ou consultas médicas.
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Manuais de Formação Deste modo, existe toda uma expressão de envelhecimento e velhice materializada na aparência dos indivíduos, sendo um critério para o mundo dos outros, utilizado para justificar a denominação de pessoa idosa. Neste seguimento, de desafios e reelaboração da identidade, faz sentido distinguir entre envelhecimento normal, óptimo e patológico. Envelhecimento normal diz respeito à ausência de patologias tanto ao nível mental como biológico; o envelhecimento óptimo/ com sucesso corresponde a um estado de envelhecimento ideal, visto que as capacidades biológicas e psicológicas permitem uma adaptação no âmbito social e pessoal bastante satisfatória. O envelhecimento patológico apresenta um carácter degenerativo e associa-se a doenças crónicas, tanto do foro psíquico como físico, bem como a doenças típicas da velhice de desorganização biológica. O envelhecimento normal e óptimo são indicadores de sanidade mental, sendo que o último se traduz numa melhor qualidade de vida, visto que o indivíduo procura de modo activo melhorar o seu funcionamento e desempenho, reflectindo-se numa melhoria no desenvolvimento do bem-estar psicológico. No entanto, nenhum ser humano consegue atingir uma velhice bem-sucedida por si só se desprezar as circunstâncias sociais e ambientais envolventes. Tem que se ter em consideração os factores sóciohistóricos e adaptativos, ou seja, tem que se ter em conta uma perspectiva ecológica.
2.3.DEPRESSÃO NA PESSOA IDOSA A depressão é uma perturbação do humor que não deve ser confundida com sentimentos de alguma tristeza (o «estar em baixo» ou «desmoralizado»), geralmente reactivos a acontecimentos da vida, que passam com o tempo e que, geralmente, não impedem a pessoa de ter uma vida normal. Na depressão, os sintomas tendem a persistir durante certo tempo e podem incluir, em arranjos variáveis, os seguintes: Sentimentos de tristeza, vazio e aborrecimento; Sensações de irritabilidade, tensão ou agitação; Sensações de aflição, preocupação com tudo, receios infundados, insegurança e medos; Diminuição da energia, fadiga e lentidão; Perda de interesse e prazer nas actividades diárias; Perturbação do apetite, do sono, do desejo sexual e variações significativas do peso; Pessimismo e perda de esperança; Sentimentos de culpa, de autodesvalorização e ruína, que podem atingir uma dimensão delirante; Alterações da concentração, memória e raciocínio; 18
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Sintomas físicos não devidos a outra doença (ex. dores de cabeça, perturbações digestivas, dor
crónica, mal-estar geral); Ideias de morte e tentativas de suicídio. A depressão é considerada hoje em dia, um problema de saúde importante que afecta pessoas de
todas as idades, levando a sentimentos de tristeza e isolamento social que muitas vezes têm como desfecho o suicídio. Contudo, é nas idades avançadas que ela atinge os mais elevados índices de morbilidade e mortalidade, na medida em que assume formas incaracterísticas, muitas vezes difíceis de diagnosticar e, consequentemente, de tratar. A depressão é um estado tão importante como os défices cognitivos nos adultos mais velhos. Na comunidade, as percentagens de indivíduos idosos cujos sintomas satisfazem os critérios do diagnóstico de depressão major e perturbação distímica são baixos, o que pode ser explicado por critérios tradicionais que não fazem justiça à prevalência dos sintomas nesta população. Em hospitais, pelo menos 25% dos doentes idosos têm perturbações de humor e 50% das admissões de idosos em hospitais psiquiátricos são devidas a situações de depressão. A depressão geriátrica apresenta uma improbabilidade de remissão espontânea. A deterioração da saúde, as mudanças físicas, sensoriais e cognitivas, a “partida” dos filhos, a morte do cônjuge e dos entes queridos e todas as transições que acompanham a fase da velhice tornam esta população mais vulnerável a este tipo de patologias. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 30% a 35% da população idosa nos países industrializados apresentam algum tipo de distúrbio mental e que um em cada dez idosos sofre de depressão. A maioria sofre de distúrbios depressivos ou neuróticos tendo uma natureza maioritariamente psicossocial. A depressão no idoso apresenta diversas formas de apresentação clínica com queixas funcionais e sintomas mais específicos: psicótica, psicogénica, somatogénica, mascarada, endógena, com alteração cognitiva (pseudodemência depressiva), causada por uma situação geral do foro médico, no âmbito de uma perturbação bipolar do humor. A depressão na população idosa, muitas vezes, não é identificada devido a situações de comorbilidade em situações médicas com sintomas semelhantes. Mesmo os próprios idosos são mais propensos a queixar-se de sintomas físicos e menos da descrição de vivências de disforia e variâncias de humor. Para agravar, acrescenta-se o facto de os funcionamentos deficitários de demência e delirium serem mais prevalentes nesta população, tornando a distinção entre depressão e demência difícil devido aos sintomas comuns como distúrbio de sono, anedonia/apatia, queixas de lacunas de memória.
19
Manuais de Formação Tanto entre o sexo feminino como masculino, na população idosa, as taxas de depressão e outros distúrbios psiquiátricos são mais altos em pacientes institucionalizados do que em idosos em comunidade. Um dos principais instrumentos de medida da depressão é a Geriatric Depression Scale (GDS), uma escala de auto-avaliação criada para colmatar algumas das lacunas de outras escalas, de fácil aplicação, que exige poucos esforços da pessoa idosa e é livre de itens somáticos. A depressão tem sido identificada como uma das causas do acréscimo de risco de mortalidade nos idosos. Está associada a condições de comorbidade psiquiátrica, défice cognitivo e deficiência física nas mulheres, sendo a sua detecção e tratamento imperativas na população idosa feminina. Investigações demonstram que as intervenções tradicionais que incluem medicação antidepressiva, dinâmicas psicológicas cognitivas, breves, comportamentais, bem como psicoterapias interpessoais são bemsucedidas no alívio de sintomas depressivos e tratamento de outros diagnósticos psiquiátricos nos idosos.
3.Recursos comunitários de apoio
3.1.RESPOSTAS SOCIAIS À VELHICE
3.1.1.Saúde e comunidade Apesar da maioria dos idosos poder viver de modo saudável e independente, uma minoria substancial necessitará de cuidados continuados devido a défices cognitivos associados à idade. A institucionalização surge, muitas vezes, como forma de conhecer e preencher as necessidades desta minoria. A institucionalização engloba um conjunto de serviços que existem num cuidado continuado de vinte e quatro horas, como no caso de indivíduos que se encontram incapazes de desempenhar até as tarefas mais básicas de cuidados pessoais e que necessitam de acompanhamento médico permanente para lidar com a 20
Manuais de Formação progressão da doença e outros problemas de saúde. Ou seja, é muito improvável que um idoso com este tipo de necessidades consiga viver autonomamente sem este tipo de cuidados. Os indivíduos que necessitam deste tipo de cuidados são identificados como idosos frágeis, e possuem três características que os distinguem da restante população idosa capaz de viver autonomamente: idade avançada, incapacidade, e poucos recursos para viver de modo independente. Resumindo, a incapacidade física e cognitiva é um importante determinante da necessidade de institucionalização. Também os recursos influenciam a decisão da institucionalização. Como exemplo, está a importância do apoio formal e informal. Investigações sugerem que idosos que vivem sem um companheiro correm um maior risco de necessitar de cuidados formais e informais, amplificando a perda da independência funcional. Apesar da maioria dos idosos preferirem viver independentemente, a sua saúde física pode levar à consideração de uma institucionalização que forneça um ambiente mais protector e de suporte. Características da transição para esta fase de vida como perdas que levam à solidão, desespero, e isolamento podem levar a condições psicopatológicas como a depressão, aumentando a predisposição para a necessidade de serviços de tratamento continuado. O modelo de institucionalização e serviços é definido pelos múltiplos domínios do cuidar: contexto, escolha do consumidor e serviço: O primeiro componente salienta o contexto de vida e envolve a distribuição do espaço privado
versus o espaço partilhado. O segundo componente envolve a natureza do controlo nomeadamente o espaço incluindo quem entra, onde se localiza, o horário das tarefas de cuidar, e a oportunidade de recusa de tratamento.
Aqui o tratar optimiza a escolha e liberdade individual. O terceiro componente engloba a natureza e disponibilidade de serviços. A institucionalização é uma resposta social a uma situação normativa da vida. Nos últimos 15-20
anos, a variedade de opções de institucionalização para idosos tornaram-se uma resposta a uma necessidade significante da sociedade e desejo de prolongar o período de vida em que o individuo se mantém autónomo e independente. Numa fase inicial de declínio, um baixo nível de tratamento com poucos serviços é mais adequado para colmatar as necessidades dos idosos que geralmente tentam manter-se o mais independentes e autosuficientes quanto possível. Quando o declínio físico ou cognitivo avança para estados mais severos, a assistência directa das actividades diárias e dos serviços profissionais são necessários e constituintes dum alto nível de tratamento. As residências assistidas podem satisfazer as necessidades para os que apresentam níveis moderados de 21
Manuais de Formação declínio, enquanto infra-estruturas hospitalares são mais apropriadas para os que apresentam necessidades médicas severas. Tomadas de decisões relativas à institucionalização ou a um viver autónomo são frequentes na presença de lesões, declínio e necessidade de assistência. Muitas vezes o idoso decide por sua vontade institucionalizar-se para uma maior assistência das suas necessidades. Noutros casos, a decisão é encorajada ou persistida pela família e amigos. A qualidade de vida em instituição é, em geral, mais baixa do que em comunidade, provocando mudanças rápidas no equilíbrio psicofísico do idoso.
3.1.2.O hospital e o seu papel face à pessoa idosa O hospital inclui uma grande variedade de unidades/serviços que apresentam características muito diferentes, apesar de inter-relacionados, tornando-a uma organização heterogénea e complexa. O contacto dos utentes com o hospital, sobretudo quando em situação de internamento, é uma experiência significativa acompanhada por um conjunto de sentimentos, quase sempre marcantes, pois o hospital é um mundo à parte. A hospitalização por sua vez, constitui quase sempre um trauma para o utente e sua família, provocando com frequência desde a admissão, medos, angústias, fantasmas, que cada indivíduo exprime de acordo com a sua personalidade. Durante o internamento ocorrem procedimentos (simples e rotineiros para o profissional) que promovem o sentimento de despersonalização no doente, em particular, pela dificuldade em manter a privacidade e individualidade. O seu tempo define-se pelas rotinas do contexto e a comunicação com o exterior é limitada. Estes procedimentos podem ser vivenciados como ameaçadores, geradores de ansiedade, trazendo desconforto, insegurança e stress. O utente geralmente está apreensivo e, a atitude da equipa de saúde envolvida na admissão pode fazê-lo sentir-se mais confortável. Uma recepção acolhedora, com demonstração de verdadeiro interesse, fá-lo sentir-se como um indivíduo único com valor e dignidade. Fornecer informação aos doentes e suas famílias, envolvê-los, comunicar com eles, satisfaz várias necessidades a diferentes níveis, tendo repercussões positivas para os utentes e famílias, para as instituições de saúde a nível financeiro e para a humanização dos cuidados: A nível médico-legal, permite o consentimento informado; 22
Manuais de Formação
A nível psicológico, ajuda a lidar com a doença, reduz os estados depressivos, o stress e a ansiedade, preserva a dignidade e o respeito, promove o sentimento de segurança, aumenta a adesão e o
compromisso, a aceitação dos procedimentos terapêuticos e a responsabilidade do utente/doente”; A nível médico-institucional – reduz o número de dias de internamento, o número de medicamentos ingeridos e facilita a recuperação do doente”. Para que a família possa desempenhar na totalidade a sua função de prestadora de cuidados, os
profissionais de saúde devem procurar compreender e avaliar as necessidades sentidas pelos familiares e criar condições para que a família e o utente possam verbalizar os seus sentimentos, receios e angústias. Este é um tempo oportuno para o ensino do familiar cuidador, em especial se estiver previsto o regresso a casa do utente. Particularmente no âmbito da saúde mental, de modo a poderem garantir a continuidade dos cuidados no domicílio após a alta hospitalar do idoso dependente, é importante que o cuidador informal seja considerado como parceiro, e sujeito de cuidados, sendo-lhe disponibilizada informação e acompanhamento.
3.1.3.Outros recursos 3.1.3.1.Família Embora alguns dos cuidados prestados aos idosos sejam provenientes do sistema formal, ou seja das instituições, é através do sistema informal que é possível manter o idoso no seu meio ambiente com a satisfação das suas necessidades 24 horas por dia. Os representantes do sistema informal são aqueles que proporcionam a maior parte dos cuidados e apoio a quem padece de uma doença ou requer ajuda para actividades de vida diária, sem receber remuneração, podendo ou não manter um laço familiar Neste sentido, as redes de apoio informal visam a ajuda concreta às pessoas idosas, sendo normalmente constituídas pelo cônjuge, familiares (filhos, netos, primos, sobrinhos …), amigos e vizinhos, que tendem a possibilitar a permanência do idoso na sua casa ou em ambiente familiar. A família é a primeira unidade social onde o indivíduo se insere, que contribui para o seu desenvolvimento, socialização e formação da personalidade. Para além da família ser vista como a natural cuidadora dos idosos, por vezes, esta acaba por ocupar, de modo involuntário, o papel de principal cuidador dos seus idosos, devido à insuficiente existência de estruturas e equipamentos de apoio à população.
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Manuais de Formação As pessoas com redes mais alargadas obtêm mais apoio nos momentos de doença, daí que o tamanho da rede deva ser alimentado ao longo da vida. No entanto, o tamanho das redes sociais e das trocas de apoio social diminuem com a idade. Neste contexto, grande parte dos idosos a família representa a rede social, sendo esses vínculos principalmente estabelecidos por familiares multigeracionais, que constituem os prestadores de cuidados. Existem ainda idosos cuja rede social é mais diversificada, onde os familiares coexistem com outro tipo de vínculo. Os cuidados prestados pelas famílias cobrem o conjunto de necessidades que contribuem para a saúde e o bem-estar das pessoas idosas, proporcionando-lhes suporte psicológico, emocional, financeiro e cuidados e assistência nas actividades básicas e instrumentais de vida diária. A prestação de cuidados a pessoas idosas varia com uma série de factores ligados à pessoa idosa (tipo e grau de dependência), ao prestador de cuidados (idade, disponibilidade), à história passada e actual do relacionamento mútuo, entre outros. As políticas sociais e as políticas comunitárias devem ser aproximadas, no sentido de promover esferas de solidariedade directa e redes de apoio, dado que os cuidados às pessoas idosas e aos familiares que cuidam exigem, sobretudo, uma solidariedade de base e uma ajuda eficaz, combinada e adaptada. Para que a ajuda seja eficaz, deverá ser precoce e girar à volta dos eixos como sejam a informação, formação, suporte, alívio e intervenção psicoterapêutica, indo de encontro às reais necessidades do cuidador principal. Sem uma rede de apoios, cuidar em casa é uma tarefa impossível, já que o êxito dos cuidados domiciliários não depende apenas da disponibilidade das famílias ainda que ela seja importante, mas também dos serviços de apoio necessários para realizar essa prestação sem criar novas discriminações. Na realidade, o desejável será que, desde que estejam asseguradas as condições necessárias formais e informais, a pessoa idosa permaneça no seu domicílio, preservando, o carácter de intimidade que caracteriza o autocuidado da saúde.
3.1.3.2.Apoio domiciliário
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Manuais de Formação Actualmente, para muitas pessoas idosas, as redes de apoio informal são incapazes de preencher as necessidades existentes, quer devido à inadequação da rede, quer porque as suas necessidades ultrapassam a capacidade de apoio proveniente desse sistema. A resposta social de SAD consiste na prestação de cuidados individualizados e personalizados no domicílio, a indivíduos e famílias quando, por motivo de doença, deficiência ou outro impedimento, não possam assegurar temporária ou permanentemente, a satisfação das necessidades básicas e/ou as actividades de vida diárias. Esta resposta social tem como objectivos gerais: Contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos e famílias; Contribuir para retardar ou evitar a institucionalização. Os objectivos específicos são: Assegurar aos indivíduos e famílias a satisfação das necessidades básicas; Prestar cuidados de ordem física e apoio psicossocial aos indivíduos e família, de modo a contribuir
para o seu equilíbrio e bem-estar; Colaborar na prestação de cuidados de saúde.
Em termos organizacionais podem apresentar da seguinte forma: a) Desenvolver-se a partir de uma estrutura criada com essa finalidade ou a partir de uma estrutura já existente – lar, CD ou outra; b) Deve progressivamente organizar-se no sentido de proporcionar um apoio contínuo nas 24 horas e uma actuação de emergência, sempre que necessário. Devido ao envelhecimento progressivo da população ocorrem com maior frequência situações de vulnerabilidade física e psíquica, que possibilitam o aparecimento de situações patológicas crónicas, que originam, na maioria dos casos, dependência dentro de limites nem sempre controláveis pelo próprio e ou seu agregado familiar, como é o caso das demências. Para que haja um aproveitamento das sinergias desenvolvidas no contexto do serviço de apoio domiciliário, tendo em consideração as pessoas, os colaboradores, a estrutura e o funcionamento, torna-se necessário, que resulte deste conjunto uma intervenção pautada por critérios de qualidade, de que se destacam os seguintes: Ter em consideração o superior interesse das pessoas em situação de dependência, especialmente quando se planifica o trabalho, o que exige uma articulação muito próxima com os clientes, pessoas próximas dos mesmos e entidades parceiras. Há que estabelecer uma parceria forte com o cliente e pessoa próxima, a fim de recolher a informação necessária sobre as necessidades, expectativas, capacidades e competências, com a finalidade de se poder delinear o plano de desenvolvimento
individual. Desenvolver os cuidados ao nível da qualidade das relações que o cliente vai estabelecer com os colaboradores do serviço de apoio domiciliário e entidades parceiras 25
Manuais de Formação
Reconhecer que todos os clientes necessitam de se sentir incluídos, de ter um sentimento de pertença, de se sentir valorizados e importantes para aderir ao processo de cuidados. Este sentimento é possível de ser construído através do respeito mútuo e através de relações afectivas calorosas e
recíprocas entre o cliente, colaborador de referência e os cuidadores. Compreender a individualidade e personalidade de cada cliente, de forma a criar um ambiente que facilite a interacção, a criatividade e a resolução de problemas por parte dos clientes. Só desta forma o cliente se pode sentir bem no âmbito dos cuidados a prestar pelo Serviço de Apoio Domiciliário, se os mesmos tiverem em conta a sua maneira de ser e estar.
Isto implica…
Pensar o cliente como um ser afectivo e activo que gosta de ser respeitado na sua maneira de ser e
estar; Criar um ambiente calmo, flexível e responsável que possa ser adaptado aos interesses e necessidades de cada cliente, promovendo o acesso a um leque de oportunidades de escolhas e que
lhe permita continuar o seu desenvolvimento individual, de forma confiante e com iniciativa; Estabelecer relações que encorajem o cliente a participar de forma activa nas actividades
seleccionadas para a prestação de cuidados, de entre as disponíveis internamente; Criar condições para a continuidade das acções que forem escolhidas pelo cliente ou proporcionar
oportunidade de acesso a actividades desenvolvidas por entidades externas; Dinamizar acções que proporcionem oportunidades para que o cliente possa comunicar os seus sentimentos e pensamentos (p.e. através da possibilidade de estar sozinho com o colaborador de referência).
3.1.3.3.Lares O Lar de Idosos é uma resposta social desenvolvida em alojamento colectivo, de utilização temporária ou permanente, para idosos em situação de maior risco de perda de independência e/ou autonomia. Têm como população alvo pessoas com 65 anos ou mais de idade cuja situação não possibilite a permanência no meio habitual de vida, ou pessoas com idade inferior a 65 anos em condições excepcionais. Tem como objectivos: Atender e acolher pessoas cuja situação social, familiar, económica e/ou de saúde, não permita uma
outra resposta alternativa; Proporcionar serviços adequados à satisfação das necessidades dos residentes; Proporcionar alojamento temporário como forma de apoio à família (por exemplo, doença de um
dos elementos); Prestar os apoios necessários às famílias dos idosos, para a preservação e fortalecimento dos laços familiares. 26
Manuais de Formação Para a maioria dos idosos permanecer nos seus domicílios significa a manutenção da sua independência; no entanto, devido a múltiplos motivos a institucionalização surge. O processo de institucionalização em lar tem inerente o simbolismo de quem sai da sua casa e compreende um conjunto de etapas: decidir em prol da institucionalização, escolha do lar e adaptação/integração na nova residência. Para que o idoso se possa sentir bem no âmbito dos serviços prestados pela Estrutura Residencial, isto é, se forem tidos em conta a sua maneira de ser e estar, a identidade, os hábitos de vida, as crenças religiosas, a cultura, as condições de vida, entre outros aspectos. Isto implica… • Pensar o cliente como um ser afectivo e activo, que, independentemente da sua situação, possui um projecto de vida e tem o direito de ser respeitado na sua identidade e individualidade. Personalizar os serviços, gerindo de forma flexível e individualizada cada projecto de intervenção, constituiu-se como um imperativo; • Organizar dinâmicas de trabalho que proporcionem oportunidades para que o cliente possa comunicar os seus sentimentos e formular posicionamentos pessoais, sobre o que o envolve; • Criar um ambiente calmo, flexível e responsável, adaptado aos interesses e necessidades de cada cliente, permitindo-lhe continuar o seu desenvolvimento individual; • Orientar a prestação de serviços continuamente para o cliente, diagnosticando as suas necessidades e expectativas, os seus potenciais de desenvolvimento e criando oportunidades para a sua optimização. No âmbito da saúde mental, os lares são parceiros privilegiados na prestação de cuidados continuados, ou seja, o conjunto de intervenções sequenciais integradas de saúde e ou de apoio social, decorrente de avaliação conjunta, centrado na recuperação global e entendida como o processo terapêutico e de apoio social, activo e contínuo, que visa promover a autonomia melhorando a funcionalidade da pessoa em situação de dependência, através da sua reabilitação, readaptação e reinserção familiar e social.
BIBLIOGRAFIA AA VV., Manual de boas práticas – um guia para o acolhimento residencial de pessoas mais velhas, Instituto da Segurança Social, 2005 27
Manuais de Formação Ramilo, Teresa, Manual de psicologia do idoso, Instituto Monitor, 2000 Ribeiro, Óscar, Manual de Gerontologia Aspectos biocomportamentais, psicológicos e sociais do envelhecimento, Ed. Lidel, 2012 Spar, James, La Rue, Asenath, Guia Prático de Psiquiatria Geriátrica, Ed. Climepsi, 2005 Teixeira, Liliana, Solidão, depressão e qualidade de vida em idosos, Tese de mestrado em Psicologia, Faculdade de Psicologia, Universidade de Lisboa, 2010
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