ESCOLA DE MÚSICA E BELAS ARTES DO PARANÁ CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MÚSICA PARA PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL PÚBLICO
KATIA KROEKER
LUNDU
CURITIBA-PR 2014
ESCOLA DE MÚSICA E BELAS ARTES DO PARANÁ CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MÚSICA PARA PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL PÚBLICO
KATIA KROEKER
LUNDU
Trabalho apresentado no módulo: Panorama da Música Brasileira, o seu Ensino no Brasil e Possibilidades de Repertório para Sala de Aula, com finalidade de avaliação no módulo. Orientadora: Dra. Ana Paula Petters.
CURITIBA-PR 2014
O Lundu surgiu com a vinda dos escravos africanos ao Brasil. Estes, vindos de Angola e Congo. A primeira referência escrita ao Lundu, foi em 1780, numa carta escrita por um antigo governador de Pernambuco ao governo Português. Ela tratava da dança dos negros, de caráter indecente, denunciada aos Tribunais da Inquisição. O Lundu, ou também conhecido como Lundum, pode ser descrito como uma dança folclórica e gênero musical que se inicia com batuques. A dança compõe-se de rebolados e “quebras de quadris” com gr ande volúpia e sensualidade. Considerada
muito sensual sofreu críticas da sociedade, pois imitava o ato sexual, no qual o homem convida a mulher para um encontro sexual. Ela, inicialmente recusa o convite, porém, diante da insistência, acaba aceitando. Com o passar do tempo, o Lundu sofreu influências europeias na sua harmonia e composição musical. Foi aceita pelos brancos no século XIX, porém sendo novamente proibida no século XX. Como a dança continuou sendo praticada pelos negros, como o passar do tempo o decreto que o proibia caiu em esquecimento e o gênero voltou a ser praticado pelos brancos. Até hoje, a dança é mais comum no norte do país, sendo mais encontrada no estado do Pará, na Ilha de Marajó. Hoje, a indumentária caracteriza-se pelo uso de saias longas e coloridas e blusas rendadas para as mulheres e calça larga com a barra dobrada e camisa de manga longa enrolada na parte do umbigo com desenhos marajoaras. Também a dança sofreu modificações. Hoje, dançado em roda, o Lundu é iniciado com batuques e quem deseja fazer parte da dança entra em uma roda. Assim que o sinal da viola é emitido, a primeira dançarina vai ao centro da roda e escolhe um par para dançar com ela, por meio de batidas de pés e palmas (influências da dança portuguesa). Após dançar, escolhe outra pessoa para entrar em seu lugar, por meio dos movimentos feitos em frente à pessoa escolhida. Os instrumentos musicais presentes na execução do Lundu são: Rabeca, Clarinete, Ganzá, Reco-Reco, Maracás, Banjo e Cavaquinho. O Lundu popularizou-se ao ser inserido no teatro e circo, com seus textos humorísticos e malícia na dança. Sofreu várias modificações, chegando a confundirse com a Modinha. A primeira gravação data de 1902, sendo a música do compositor Xisto Bahia (1841- 1894), interpretada pelo cantor Baiano (1870-1944). Xisto Bahia foi músico, ator e compositor. Nasceu em Salvador em 5 de setembro de 1841 e faleceu em Caxambu, Minas Gerais, em 30 de outubro de 1894.
As letras, além da exposição do amor, revelam outros valores como sadismo, violência e desejo, sentimentos condizentes com a realidade dos escravos africanos. Como exemplo de verso do Lundu, pode- se citar: “Eu tenho uma nhanhazinha/ De quem sou sempre moleque/ Ela vê-me estar ard endo/ E não me abana c’o leque”. Este verso é exemplo do antigo Lundu. Outro exemplo que evidencia os sentimentos antagônicos: “Se sinhá quer me dar/ eu cá estou pra apanhar/ vem ferir vem matar/ teu negrinho aqui está/ mas depois de apanhar/ quer fadar com iaiá”.
Sem dúvida, o Lundu sofreu influências com o passar do tempo, modificandose e fazendo parte da história da música brasileira.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MANZO, J.M.C. Breve História da Música Brasileira: O Lundu. Disponível em: < http://www.collectors.com.br/CS06/cs06_05g.shtml>. Acesso em: Acesso em: 16 dez. 2013. Lundu:
Danças
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Acesso
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em:
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http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/no-balanco-
malicioso-do-lundu>. Acesso em: 16 dez. 2013.