Tarcísio José Pereira
Leitura e Produção de Texto
Brasília-DF 2014
Copyright © 2014 Faculdade Projeção TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - É proibida à reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio. A violação dos direitos de autor (Lei nº 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal. Faculdade Projeção Presidente: Prof. Oswaldo Luiz Saenger Diretora Geral das Unidades Educacionais: Profª. Catarina Fontoura Costa Diretor Acadêmico da Educação Superior: Prof. José Sérgio de Jesus Coordenador dos Cursos do Pronatec: Prof. Luiz Augusto Ramos Pedro Autor: Tarcísio José Pereira Revisão ortográfica: Thays Almeida Lacerda Capa: Comunicata Diagramação: Fernando Brandão Normalizador: Luís Eduardo Gauterio Fonseca ISBN: 978-85-68518-10-6 1º Edição - 2014 / Brasília-DF Impresso no Brasil Catalogação-na-fonte P436 Pereira, Tarcísio José Leitura e produção de texto / Tarcísio José Pereira. Brasília, Projeção, 2014. 124 p. : 23 cm. Material didático-pedagógico do Pronatec - Projeção. ISBN: 978-85-68518-10-6 1. Gramática 2. Funções da linguagem 3. Comunicação I. Título. CDU 811.134.3 Serviço de Regulamentação e Normas Técnicas - Biblioteca Central / FaPro Bibliotecário Luís Eduardo Gauterio Fonseca. CRB 01/1597
Faculdade Projeção CNB 14 - A/E 5, 6 e 7 - SAMDU Norte Taguatinga (DF) CEP 72115-150 Tel. (61) 3451-3873 Site: http://www.fapro.edu.br/
Apresentação Caro estudante, A disciplina Leitura e Produção de Texto tem como objetivo principal levar a uma discussão e aprendizado; acerca da língua portuguesa, por meio de uma analise dos conceitos básicos aliando a teoria à prática para que você, educando, possa repensar e melhorar a sua prática de leitura e produção textos; uma vez que, a língua é mutável e adaptável a cada ação do dia a dia. Trabalhar a língua materna, no nosso caso língua portuguesa, de forma prazerosa é um dos objetivos dessa disciplina, assim como romper com os bloqueios que adquirimos ao longo do tempo, e aprender a usála de forma correta nas diferentes ocasiões. Também, aprender o que é a variação linguística, lembrando sempre que a norma culta é o foco do nosso trabalho. Assim essa disciplina encontra-se dividida em seis unidades, onde serão trabalhadas: comunicação, gramática, coesão e coerência; funções da linguagem, leitura e produção de texto; e, por fim, texto, contexto e informações. Para que assim, você, possa aprofundar nas questões da língua e refletir sobre esta. Bons Estudos!
Sumário 1
COMUNICAÇÃO.......................................................................................... 11
1.1
Ponto de partida................................................................................................................ 11
1.2
Roteiro do conhecimento............................................................................................... 11
1.2.1
Agentes da comunicação................................................................................................ 14
1.2.2
A comunicação na atualidade....................................................................................... 16
1.2.3
Tipos de comunicação..................................................................................................... 19
1.3
O que aprendemos?......................................................................................................... 21
1.4
Na prática............................................................................................................................ 21
1.5 Glossário.............................................................................................................................. 22 1.6 Referências.......................................................................................................................... 23 2
ELEMENTOS GRAMATICAIS........................................................................ 27
2.1
Ponto de partida................................................................................................................ 27
2.2
Roteiro do Conhecimento............................................................................................... 27
2.2.1
Acentuação Gráfica........................................................................................................... 28
2.2.2
Crase..................................................................................................................................... 30
2.2.3
Substantivos....................................................................................................................... 36
2.2.4
Adjetivos.............................................................................................................................. 39
2.2.5
Pronomes............................................................................................................................. 42
2.2.6
Pontuação........................................................................................................................... 60
2.3
Na prática............................................................................................................................ 64
2.4
O que aprendemos?......................................................................................................... 67
2.5
Referências.......................................................................................................................... 68
3
COESÃO E COERÊNCIA................................................................................ 73
3.1
Ponto de Partida................................................................................................................ 73
3.2
Roteiro do conhecimento............................................................................................... 73
3.2.1
Coerência............................................................................................................................. 73
3.2.2
Coesão.................................................................................................................................. 76
3.3
Glossário.............................................................................................................................. 78
3.4
Na prática............................................................................................................................ 78
3.5
O que aprendemos?......................................................................................................... 80
3.6
Referências.......................................................................................................................... 80 Sumário
7
4
FUNÇÕES DA LINGUAGEM......................................................................... 85
4.1
Ponto de partida................................................................................................................ 85
4.2
Roteiro do conhecimento............................................................................................... 85
4.2.1
Função Referencial ou Denotativa............................................................................... 86
4.2.2
Função Conativa ou Apelativa....................................................................................... 86
4.2.3
Função Emotiva ou Expressiva...................................................................................... 87
4.2.4
Função Metalinguística................................................................................................... 88
4.2.5
Função Fática...................................................................................................................... 89
4.2.6
Função Poética................................................................................................................... 90
4.3
Glossário.............................................................................................................................. 91
4.4
Na prática............................................................................................................................ 91
4.5
O que aprendemos?......................................................................................................... 94
4.6
Referências.......................................................................................................................... 94
5
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO.............................................................. 99
5.1
Ponto de partida................................................................................................................ 99
5.2
Roteiro do conhecimento............................................................................................... 99
5.3
O ato de ler........................................................................................................................101
5.4
Redação e os bloqueios para o seu desenvolvimento..........................................102
5.5
Tipos de redação.............................................................................................................103
5.5.1
Descrição...........................................................................................................................103
5.5.2
Narração.............................................................................................................................104
5.5.3
Dissertação........................................................................................................................105
5.6
Na prática..........................................................................................................................107
5.7
O que aprendemos?.......................................................................................................110
5.8
Referências........................................................................................................................111
6
TEXTO, CONTEXTO E INFORMAÇÃO......................................................... 115
6.1
Ponto de partida..............................................................................................................115
6.2
Roteiro do Conhecimento.............................................................................................115
6.2.1
Percepção..........................................................................................................................116
6.2.2
Linguagem e diversidade linguística.........................................................................116
6.2.3
Texto e Contexto.............................................................................................................118
6.3
Na prática..........................................................................................................................121
6.4
O que aprendemos.........................................................................................................121
6.5
Referências........................................................................................................................121
8
Leitura e Produção de Texto
1
COMUNICAÇÃO
Leitura e Produção de Texto
1.1 Ponto de partida 1.2 Roteiro do conhecimento 1.2.1 Agentes da comunicação 1.2.2 A comunicação na atualidade 1.2.3 Tipos de comunicação 1.3 O que aprendemos? 1.4 Na prática 1.5 Glossário 1.6 Referências
1 COMUNICAÇÃO
1.1 Ponto de Partida Caro estudante, Você sabe o que é comunicação? Quais são os elementos da comunicação? E o que é ruído? Já parou para pensar que nós nos comunicamos o tempo todo? Estamos iniciando a nossa jornada na Leitura e Produção de Texto em Língua Portuguesa. Aqui na primeira unidade veremos o que é a comunicação, os elementos que compõem a comunicação, um pouco da sua história; dentre outros elementos essenciais para tal processo. Nessa unidade também será trabalhado o conceito de comunicação e os ruídos que podem dificultá-la. Ao final desta unidade você estará apto a: • Identificar os elementos que compõem o processo de comunicação; • Compreender o que é e como se faz a comunicação; • Ser capaz de comunicar-se de maneira clara; • Verificar se no ato da comunicação houve ruído ou não; • Trabalhar com meios diversificados de comunicação. Convido-te para, ao final da disciplina, realizar as atividades sugeridas com o objetivo de fixar o conteúdo ensinado de forma eficiente, onde você poderá por em prática o que foi aprendido ao longo da unidade.
1.2 Roteiro do Conhecimento Você sabe o que é comunicação? Sabe quando há uma comunicação? Com que frequência você se comunica? Sempre há compreensão no processo de comunicação?
Segundo o Dicionário Aurélio comunicação significa: “Ação de comunicar, estar em comunicação com alguém. Aviso, mensagem, informação: comunicação de uma notícia. Transmissão da informação no interior de um grupo, considerada em suas conexões com a estrutura desse grupo. Meio de ligação: vias de comunicação”. Como primeiro enfoque do conceito de comunicação, pode-se começar pela sua etimologia. A palavra deriva do latim communicare, que significa “partilhar algo, pôr em comum”. Portanto, a comunicação Comunicação
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é um fenômeno inerente à relação que os seres vivos mantêm quando se encontram em grupo. Por meio da comunicação, as pessoas ou os animais obtêm notícias/informações sobre o seu entorno e podem partilhar com os outros. Também, pode-se dizer que comunicação é “a forma como as pessoas se relacionam entre si, dividindo e trocando experiências, idéias, sentimentos, informações, modificando mutuamente a sociedade onde estão inseridas. Sem a comunicação, cada um de nós seria um mundo isolado”. (VASCONCELOS, 2009). A etimologia da palavra sugere que se trate de um conceito eminentemente social na sua origem. Assim sendo, em primeiro lugar diz respeito ao homem. Em segundo , trata-se de um fenômeno concreto, objetivo, que ocorre quando um ser A transfere uma informação a um ser B. Em terceiro, a comunicação seria um processo ativo, ou seja, envolve na sua essência um propósito, que é o de se influenciar outro ser, modificar seu comportamento, obter uma resposta. Assim, podemos dizer que é por meio da através comunicação que os seres humanos e os animais partilham informações entre si tornando o ato de comunicar uma atividade essencial para a vida em sociedade. Desde o princípio dos tempos, a comunicação foi de importância vital, sendo uma ferramenta de integração, instrução, de troca mútua e desenvolvimento. A história da comunicação começa com o grunhido do homem, a partir daí a imitação de animais, sons não somente com a boca, mais com as mãos e objetos passaram a fazer parte do processo de comunicação. Para Vasconcelos (2009): Os homens encontraram uma forma de associar um som ou objeto a um gesto ou ação. Assim nasceu o signo, que é qualquer coisa que faça referência a outra coisa, dando-lhe uma significação. Os signos podem ser representados por símbolos (objetos físicos que dão significação moral. Ex.: bandeira e hino nacional, mulher cega segurando uma balança, alianças do casal)e sinais (indícios que possibilitam conhecer, reconhecer ou prever algo. Ex.: Sinais de trânsito, sinais ortográficos, sinais de luzes nos aeroportos, nas traseiras dos carros, luz de freio etc. O homem também descobre seus sinais: pegadas humanas na praia são indícios de que alguém esteve ali, dor nas articulações é indício de que vai chover). A atribuição de significados a determinados signos é a base da linguagem.
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Leitura e Produção de Texto
www.fumdham.org.br
Assim nascem os primeiros alfabetos, a partir de imagens que direcionavam aos sons, desenhos, e signos diversos. Como uma forma alternativa de comunicação os alfabetos servem para deixar recados, transmitir informações mais distantes e fixá-la por mais tempo, como as figuras rupestres que os homens das cavernas deixaram a milhões de anos.
Pinturas rupestres
Consulte o site www.fumdham.org.br para saber mais sobre as figuras rupestres, onde se encontram algumas dessas figuras aqui no Brasil e suas visitações.
No caso dos seres humanos, a comunicação é um ato próprio da atividade psíquica, que deriva do pensamento, da linguagem e do desenvolvimento das capacidades psicossociais de relação. A troca de mensagens (que pode ser verbal ou não verbal) permite ao indivíduo influenciar os de mais e ser influenciado, por sua vez. A comunicação ocorre quando interagimos com outras pessoas, utilizando a linguagem, sendo esta verbal (as palavras), não verbal (gestos, movimentos, expressões corporais e faciais, sons, cores, etc.), mistas e digitais. Também pode acorrer a junção de duas formas de linguagens no processo de comunicação. A Pinacoteca no estado de São Paulo, também, pode ser um excelente local de estudo e aprofundamento da comunicação. Confira http://www.pinacoteca. org.br/pinacoteca-pt/
Comunicação
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O processo comunicativo implica a emissão de sinais (sons, gestos, indícios, etc.) com a intenção de dar a conhecer uma mensagem. Para que a comunicação seja bem-sucedida, o receptor deve ser capaz de descodificar a mensagem e de interpretá-la. O processo reverte-se assim que o receptor responde e passa a ser o emissor (sendo que o emissor original passa a ser o receptor do ato comunicativo).
1.2.1 Agentes da comunicação Os agentes da comunicação são os elementos necessários para que dois ou mais indivíduos possam comunicar-se de forma clara e que se façam entender e serem entendidos no processo de comunicação. Contudo, às vezes, podem aparecer problemas no processo de comunicação, quando isso ocorre dizemos que houve ruído na comunicação. QUEM? DIZ O QUE? EM QUE CANAL? PARA QUEM? E COM QUAL EFEITO?
É necessária a intervenção de, pelo menos, dois indivíduos, um que emita e outro que receba; algo tem que ser transmitido pelo emissor ao receptor; para que emissor e receptor se comuniquem, é fundamental que esteja disponível um canal de comunicação; a informação a transmitir tem que estar «traduzida» num código conhecido, quer pelo emissor, quer pelo receptor; finalmente todo o ato comunicativo se realiza num determinado contexto e é determinado por esse contexto.
POR QUE A COMUNICAÇÃO É TÃO IMPORTANTE? Pesquisas revelam que um norte-americano comum gasta cerca de 70% do seu tempo ativo ouvindo, falando, lendo e escrevendo; nessa ordem. Isto quer dizer que gastam-se de dez a onze horas, por dia, todos os dias, em comportamentos de comunicação verbal.
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Leitura e Produção de Texto
Comunicação é o processo pelo qual os seres humanos trocam entre si informações. Nesta breve definição temos já implicitamente presentes os elementos nucleares do ato comunicativo: o emissor, o receptor («seres humanos») e a mensagem («informações»). De fato, em qualquer ato comunicativo encontramos alguém que procura transmitir a outrem uma dada informação. Além desses três elementos nucleares, é costume considerar outros três: o código, o canal e o contexto. Nenhum ato comunicativo seria possível, na ausência de qualquer um desses elementos. A comunicação pode ser afetada pelo ruído, que é uma perturbação que dificulta o normal desenvolvimento do sinal durante o processo (por exemplo, distorções a nível sonoro, a afonia do falante, a ortografia defeituosa). Emissor: emite, codifica a mensagem. Receptor: recebe, decodifica a mensagem. Mensagem: conteúdo transmitido pelo emissor. Código: conjunto de signos usado na transmissão e recepção da mensagem. Contexto: contexto relacionado a emissor e receptor. Canal: meio pelo qual circula a mensagem. Ruído: Tudo o que dificulta a comunicação, interfere a transmissão e perturba a recepção ou compreensão da mensagem; tudo o que possibilita a perda de informação durante o transporte da mensagem entre o emissor e o receptor. No esquema abaixo é possível analisar o modelo de como ocorre o processo de comunicação:
Comunicação
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Acreditamos que o maior problema que possa existir durante um processo de comunicação seja o ruído. Dessa forma, também em comunicação, há de se realizar um mínimo de planejamento, a fim de evitar os distúrbios causados pela intromissão de ruídos. Problemas podem ocorrer no processo de comunicação, tanto por parte do emissor, quanto por parte do receptor. Problemas de comunicação da parte do emissor
Problemas de comunicação da parte do receptor
• Incapacidade verbal;
• Nível de conhecimento insuficiente;
• Falta de coerência;
• Distração;
• Uso de frases longas para impressionar;
• Falta de disposição para entender;
• Acúmulo de detalhes irrelevantes; • Ausência de espontaneidade;
• Níveis cultural, social, intelectual, econômico e de escolaridade diferentes do emissor;
• Manifestação evidente de linguagem afetada; • Uso de termos técnicos, gírias, regionalismos e desconhecidos pelos receptores; • Excesso de adjetivos, advérbios e frases feitas.
A comunicação também pode sofrer influência de quem se fala (emissor), do meio (contexto), da cultura do falante e do ouvinte (emissor, receptor), do grau de formação dos falantes, o meio em que se transmite a mensagem (canal) e uma gama de variações que podem influenciar diretamente no processo de comunicação.
1.2.2 A Comunicação na Atualidade Hoje, a comunicação ganhou novos status dentro de um espaço socialgeográfico-político dos falantes, onde a informatização do conhecimento também foi uma ferramenta que influenciou e influencia a comunicação entre os falantes. Ao mesmo tempo em que a informática inclui uma linguagem, ela também exclui uma variação significativa das expressões linguísticas populares.
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Leitura e Produção de Texto
Existem áreas do conhecimento como a sociolinguística que é responsável pelo estudo da língua e suas complexidades nas formas faladas dentro das sociedades. Contudo, ainda há descompassos entre a gramática, a linguística e a sociolinguística. Consulte a obra de Marcos Bagno, “o preconceito linguístico: O que é? E como se faz?” para aprofundar na sociolinguística e nos principais preconceitos linguísticos e regionais. Estamos vivendo uma nova referência de mundo. Um mundo com novo cenário político, socioeconómico, geográfico e tecnológico que passa por transformações culturais e religiosas; em grande velocidade, e são decisivas para a construção desta nova sociedade e reconfiguração das identidades culturais. Segundo Melo (1998, p.30) O volume e a velocidade das informações em circulação afeta decisivamente o universo cultural da humanidade, produzindo mutações no comportamento dos indivíduos e das comunidades. Todos se perguntam como sobreviver num panorama tão caótico e ao mesmo tempo tão excitante.
Com essa afirmação do autor podemos perceber que o mundo tecnológico vem modificando as relações sociais e consequentemente o modo de comunicação entre os indivíduos, essas novas relações baseada na tecnologia, também refletiram no modo de escrever e de falar dos seus usuários. É importante saber que a recepção das mídias não acontece da mesma maneira. As intenções, as situações e os meios são diferentes. As categorias de mediações definidas por Orozco (1997, p.113-123 apud TRIGUEIRO, 2001), no processo midiático são as seguintes: • Mediações Individuais: provenientes das experiências de cada um como sujeito cognitivo e comunicativo. • Mediações Institucionais: são as participações nas várias organizações tais como família, escola, trabalho, igreja, sindicato, participação política e outras que possam influenciar na recepção das mídias. Quando o estudo de recepção é feito com crianças torna-se necessário observar as instituições da família, da escola e os amigos.
Comunicação
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• Mediações Situacionais: é importante entender a situação da recepção. Como são ocupados os espaços sociais e culturais na recepção. Quais os fatores atuantes durante e depois da recepção. Cada ambiente, cada espaço cria uma determinada situação de recepção. Também influencia na recepção o estado de espírito do sujeito receptor. Como, com quem e quando acontece a recepção. • Mediações Referenciais: estão relacionadas com a identificação pessoal no contexto social do sujeito receptor, assim como: faixa etária, gênero, grau de escolaridade e classe socioeconómica; todas são variáveis importantes nas pesquisas de recepção. • Mediações Tecnológicas: o receptor de TV ou de rádio influencia na modalidade de ver ou ouvir um determinado programa que, sem dúvida, interfere na recepção. Não é a mesma coisa assistir a um filme num aparelho de TV de 20 polegadas com som em mono e assistir ao mesmo filme em um aparelho de 50 polegadas com sistema de som estéreo, ou ainda ao mesmo filme numa sala de cinema com modernas instalações num shopping center. Um programa de rádio é diferente de um programa de televisão, que é diferente de um filme no cinema. A partir da utilização das tecnologias também apareceram as derivações linguísticas como os –ês, como é o caso do “fufuxês”, “amiguês”, “internetês”, etc. Assim, podemos dizer que a língua é viva e ela pode se adaptar a diferentes contextos, acrescentando (como no caso de empréstimos de palavras), modificando (como no caso dos –ês) e extinguindo (como no caso da última reforma ortográfica).
Você pode visitar o Museu da Língua Portuguesa que fica em São Paulo. Consulte o site: http://www. museudalinguaportuguesa.org.br/ Não podemos esquecer que geograficamente temos uma variação linguística muito grande, que influencia tanto na fala quanto na escrita daqueles que vivem aqui no Brasil. Por esse motivo há uma série de mitos que Bagno (2009), em sua obra vai relatar e desmistificar, como por exemplo, “onde se fala melhor o português é no Maranhão”. Esse mito por muito tempo foi disseminado e 18
Leitura e Produção de Texto
colocado como sendo verdade absoluta. Ora, se no Maranhão é onde se fala melhor o português pelo simples fato de eles conjugarem corretamente o tu, então quer dizer que todos que nasceram em outros estados que não seja o Maranhão não sabem falar corretamente o português, consequentemente, todos os professores de língua portuguesa de outros estados aprenderam errado e ensinam errado nas escolas?! E preciso tomar cuidado com afirmações equivocadas como essa. Existe a norma culta padrão da língua portuguesa e a norma não culta; por isso que se deve ter cautela em fazer certas afirmações sobre a língua portuguesa, esta permanece sempre aberta a uma infinidade de possibilidades de uso, não excluindo nenhuma forma de fala, desde que o processo de comunicação – entender e ser entendido – não sofra nenhum ruído.
1.2.3 Tipos de comunicação Existe a comunicação do dia a dia, a comunicação ESPONTÂNEA informal entre as pessoas, por meio da fala, do gesto, do telefonema, da carta. E existe a comunicação PROFISSIONAL. A atividade do jornalista, do publicitário, do desenhista, escritor, fotógrafo e os de mais profissionais. A diferença é que a última exige aprendizado técnico e teórico. Há 4 formas distintas de comunicação PROFISSIONAL no mercado. Elas se distinguem pela finalidade, pelos objetivos. Comunicação persuasiva: representada pela propaganda, pela publicidade, pelo discurso político. Seu objetivo é persuadir, convencer, vender uma ideia. Comunicação artístico-cultural: representada pelo cinema, teatro, novela, rádio, show, circo, folclore. O objetivo é o entretenimento, a cultura e a arte. Literatura, poesia, pintura, escultura e todas as artes tradicionais. Comunicação Jornalística: representada pelo jornal, revista, TV, rádio, pelas agências de notícias. O objetivo é informar o que acontece, de acordo com o critério público do fato. Comunicação educativa: representada pelos livros didáticos, pelos telecursos, pelas aulas, palestras, cursos de línguas. O objetivo é ensinar, transmitir conhecimento. Segundo o órgão sensorial usado pelo receptor para capturar a mensagem, existe, naturalmente, 5 categorias de comunicação humana: Comunicação visual: sinalização de trânsito, rodoviária, ferroviária, marítima, aeroviária, escrita, gestos, desenho, propaganda, fotografia, pintura, escultura. Comunicação
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DICAS
Comunicação sonora (ou auditiva): fala, música, cornetas, apitos, sinos, buzinas, alarmes, aplausos, gritos, vaias. Comunicação tátil: escrita braile, aperto de mãos, abraços, beijos. Comunicação olfativa: odores (perfume) na função de mensagens. É mais usada pelos animais. Comunicação gustativa: sabores como mensagens (oferecer à namorada bombons de chocolate prediletos). A SONORA é a mais prática, econômica e fácil. Especialmente por meio da fala, que não requer instrumento artificial algum, utiliza apenas o aparelho vocal humano. Mas vantajosa mesmo, no entanto, é a combinação da visual com a sonora, para formar a poderosa comunicação audiovisual (cinema, TV, show). Segundo a quantidade de pessoas envolvidas no processo da comunicação, desde a menor até a maior, a comunicação humana pode ser: Intrapessoal: quando uma pessoa se comunica consigo mesma (agenda, diário, lembrete na porta do quarto). Interpessoal: quando a pessoa se comunica com outra (conversa entre dois colegas). Intergrupal: quando as mensagens circulam entre grupos (turmas de alunos, bancadas de partidos, nações). Intragrupal: quando as mensagens circulam dentro de um grupo (alunos elegendo o representante de turma). Comunicação de massa: quando as mensagens são dirigidas ao grande público por meio do rádio, TV, cinema, jornal, revista. É a mais ampla porque pode atingir simultaneamente até bilhões de pessoas nos mais diferentes pontos do Mundo (nas Olimpíadas, Copa do Mundo). A comunicação humana pode ser direta, quando o emissor e receptor de frente um para o outro e próximos; e indireta, quando o emissor está distante do receptor e precisa usar um meio artificial (carta, telefone, e-mail, rádio, televisão) para alcançá-lo.
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Você pode consultar o canal da BBC no youtube para visualizar os avanços nos meios de comunicação. Consulte: https:// www.youtube.com/user/BBCBrasil
Leitura e Produção de Texto
Para que haja comunicação, evidentemente não é preciso que o receptor responda ao emissor, ou seja, que exista uma troca de mensagens. Você pode mandar uma carta, um e-mail, e não obter resposta. Quando a comunicação é de mão única, ou pelo menos quando o emissor emite muito mais do que recebe (um general falando à tropa) temos a comunicação unidirecional. Pelo contrário, a comunicação bidirecional é aquela de mão dupla, em que a participação do emissor e do receptor é mais ou menos equivalente (conversa, reunião, debate). A comunicação humana pode ser dividida em particular ou fechada (entre namorados, por exemplo), e pública ou aberta (comício na praça, televisão).
1.3 O que aprendemos? Nesta unidade você aprendeu que: • O processo de comunicação vem desde os tempos das cavernas; • A definição de comunicação vem do latim e significa partilhar; • Há elementos chamados agentes da comunicação; • O ruído é tudo aquilo que dificulta o processo de comunicação; • Na atualidade existem vários tipos de comunicação; • A cultura está ligada também às maneiras de se comunicar; • Existe uma variedade de tipo de comunicação.
1.4 Na prática 1) O que é comunicação? _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ 2) Explique o processo de comunicação. _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________
Comunicação
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3) Quem são os agentes da comunicação? _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________
4) Correlacione a primeira coluna de acordo com a segunda e marque a alternativa correta. a) Emissor b) Receptor c) Mensagem d) Código e) Canal f) Ruído
( ) Conjunto de signos usado na transmissão e recepção da mensagem. ( ) Aquele que envia a mensagem. ( ) Qualquer perturbação na comunicação. ( ) O meio pelo qual circula a mensagem. ( ) Aquele que decodifica a mensagem. ( ) O conjunto de informações transmitidas.
Complete as lacunas e marque a alternativa correspondente. A ______________ ocorre quando interagimos com outras pessoas, utilizando a __________________, sendo esta ________________ (as palavras), _________________ (gestos, movimentos, expressões, corporais e faciais, sons, cores, etc.,) Mistas e __________________. a) Linguagem – Verbal – Comunicação – Digitais – Não Verbal b) Não Verbal – Digitais – Linguagem – Comunicação – Verbal c) Comunicação – Linguagem – Verbal – Não Verbal – Digitais d) Digitais – Linguagem – Não Verbal – Verbal – Comunicação e) Verbal – Não Verbal – Linguagem – Comunicação – Digitais
1.5 Glossário
Informação: É um conjunto organizado de dados, que constitui uma mensagem sobre um determinado fenômeno ou evento. A informação permite resolver problemas e tomar decisões, tendo em conta que o seu uso racional é à base do conhecimento. Como tal, outra perspectiva indicanos que a informação é um fenômeno que confere significado ou sentido 22
Leitura e Produção de Texto
às coisas, já que por meio de códigos e de conjuntos de dados, forma os modelos do pensamento humano. Signos: Sinal ou símbolo de algo. Unidade linguística que contém um significante (forma ou imagem acústica) e um significado (conceito). Os signos podem ser: Signos naturais: não são produzidos pelo homem. São “coisas” e “eventos“ que o homem passa a interpretar como signos. Ex.: nuvens negras (chuva vindoura); voo de certas aves (mau agouro), sintomas de doença. Signos artificiais: são criados pelo homem para que funcionem no processo da comunicação. Caracterizam-se, portanto, pela intenção. Ex.: apitos de juiz, sinal de trânsito, signos linguísticos. Sociolinguística: É uma das subáreas da Linguística e o seu estudo é a língua em uso dentro das comunidades de fala, correlacionando aspectos sociais e linguísticos. É ainda relevante citar que é uma ciência que focaliza os empregos linguísticos concretos e heterogêneos no sentido das múltiplas possibilidades da língua, ou seja, apresenta um dinamismo inerente.
1.6 Referências Aurélio. Disponível em:< http://www.dicionariodoaurelio.com/ Comunicacao.html> acesso em: 17/ago/2014 BEKIN, S. F. Conversando sobre Endomarketing. São Paulo: Makron, 1995. BOSCO, J. B. Redação Empresarial. São Paulo: Atlas, 1998 BRASIL. acesso em: 17/ago/2014> Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, 2008 -2013, acesso em 19/ago/2014. OROZCO, Guillermo Gomes. La investigación en comunicación desde la perspectiva cualitativa. México: Instituto Mexicano para el Desarrolio Comunitário, A.C. 1997, p. 113-123 PORTAL EDUCAÇÃO – Cursos Online : Mais de 1000 cursos online com certificado acesso em 19/ ago/2014TRIGUEIRO,Osvaldo. O Estudo Científico Da Comunicação: Avanços Teóricos E Metodológicos Ensejados pela Escola LatinoComunicação
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-Americana. PCLA – Volume 2 – Número 2: janeiro / fevereiro / março 2001. Disponível em: < http://www2.metodista.br/unesco/PCLA/ revista6/artigo%206-3.htm> acesso em: 19/ago/2014. VASCONCELOS, Ana. O que é comunicação? acesso em: 17ago/2014>
Anotações
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Leitura e Produção de Texto
2
ELEMENTOS GRAMATICAIS
Leitura e Produção de Texto
2.1 2.2 2.3 2.4 2.5
Ponto de partida Roteiro do Conhecimento 2.2.1 Acentuação Gráfica 2.2.2 Crase 2.2.3 Substantivos 2.2.4 Adjetivos 2.2.5 Pronomes 2.2.6 Pontuação Na prática O que aprendemos? Referências
2. ELEMENTOS GRAMATICAIS
2.1 Ponto de Partida
Caro estudante, Vamos agora trabalhar os elementos gramaticais da Língua Portuguesa dando-lhe subsídios para um aprofundamento nas normas da escrita da língua. Nessa unidade será tratada a acentuação gráfica, crase, substantivos, adjetivos, pontuação, dentre outras categorias. A gramática da língua portuguesa é parte fundamental e integrante para uma boa comunicação, principalmente a escrita (não verbal). Ao fim da unidade você estará apto a: • Empregar as normas adequadas padrão da gramática normativa; • Identificar as categorias da gramática de acordo com a sua necessidade; • Trabalhar as diferentes classes gramaticais dentro do texto; • Aplicar as normas da língua no contexto do dia a dia; • Utilizar a gramática normativa na elaboração de documentos; • Aprofundar os conhecimentos obtidos sobre a gramática. Então, mãos a obra e bons estudos!
2.2 Roteiro do Conhecimento
Trabalhar a gramática é mergulhar no mundo das palavras e aprofundar nas regras que compõem a escrita da língua portuguesa. Uma vez adquirida, essa ferramenta servirá como um facilitador no processo de aprendizado da mesma e na desenvoltura da escrita em língua portuguesa. A língua materna, no nosso caso língua portuguesa, assim como em todos os idiomas, há uma normatização que rege a escrita que vem para facilitar de modo a não confundir, por exemplo, palavras com mesmo som e escrita diferentes, (homófonas), palavras com escritas iguais, porém, com sons diferentes (homógrafas). Nesse contexto, vemos que a gramática é parte essencial da língua e que ela vem para padronizar o modo de escrever dos falantes. Lembrando que existem os acordos ortográficos e que esses acordos são renovados de tempos em tempos, como o recente acordo da língua portuguesa que entrou em vigor no ano de 2009. A língua é viva, e por isso sempre há necessidade de modificações. Elementos Gramaticais
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2.2.1 Acentuação gráfica
De acordo com o Novo Acordo Ortográfico, em vigor desde 2009, temos a seguir as regras de acentuação gráfica. Monossílabas tônicas Acentuamos todas as palavras monossílabas tônicas terminadas em a(s), e(s), o(s). Pá, pós, já, pés. Os ditongos monossilábicos abertos éi(s), éu(s), ói(s) também são acentuados. Céu, véu, dói, réis. Palavras oxítonas Acentuamos as oxítonas terminadas em a(s), e(s), o(s), em/ens. Amapá, compôs, reféns, bambolê. Nas palavras oxítonas, os ditongos abertos éi(s), éu(s), ói(s) também são acentuados. Herói, troféus, papéis. Oxítonas terminadas em i(s) e u(s) também são acentuadas. Piauí, tuiuiú. Palavras paroxítonas Acentuamos as paroxítonas terminadas em l, n, r, x, i(s), u(s), ps, ã(s), ão(s), um(uns). Lavável, pólen, repórter, tórax, lápis, bônus, bíceps, ímãs, sótão, álbum. Paroxítonas terminadas em ditongos orais (seguidos ou não de s) são acentuadas. Vácuo, insônia, subúrbio. Atenção Ditongos abertos éi(s), ói(s), éu(s) não são mais acentuados nas palavras paroxítonas. Ideia, apoia, colmeia. Atenção Não utilizamos mais acentos no i e no u quando, nas palavras paroxítonas, estas letras vierem depois de um ditongo. Feiura, baiuca, bocaiuva. 28
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Palavras proparoxítonas Todas as proparoxítonas são acentuadas. Matemática, trânsito, farmacêutico, estético. Letras I e U na segunda vogal do hiato Estas letras receberão acento se estiverem sozinhas na sílaba, na segunda vogal do hiato e sem nh após estas letras. Caída, traíram, faísca, carnaúba. Atenção É preciso, no entanto, ficar atento às regras de I e U para as oxítonas e paroxítonas antes de acentuar palavras que se encaixem nesta regra. Verbos ter e vir Na terceira pessoa do plural destes verbos, estas palavras serão acentuadas. Eles têm, eles vêm. Nos derivados de ter e vir (manter, intervir, convir, etc) a terceira pessoa do singular terá acento agudo e a terceira pessoa do plural terá acento circunflexo. Ele mantém, eles intervêm. Acentos diferenciais Os acentos diferenciais serão obrigatórios nas palavras pôr (verbo) e pôde (passado do verbo poder). O acento diferencial é opcional somente em dêmos/ demos (presente subjuntivo do verbo dar) e fôrma/forma (recipiente). Palavras com as repetições oo, ee Não são acentuadas. Voo, veem, perdoo. Curiosidade: Você pode consultar a Academia Brasileira de Letras pelo site http://www.academia. org.br e saber mais informações.
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2.2.2 Crase Crase é a fusão de duas vogais da mesma natureza. No português assinalamos a crase com o acento grave (`). Observe: Obedecemos ao regulamento. ( a + o ) Não há crase, pois o encontro ocorreu entre duas vogais diferentes. Mas: Obedecemos à norma. ( a + a ) Há crase pois temos a união de duas vogais iguais ( a + a = à ) Regra Geral: Haverá crase sempre que: I. o termo antecedente exija a preposição a; II. o termo consequente aceite o artigo a. Fui à cidade. ( a + a = preposição + artigo ) ( substantivo feminino ) Conheço a cidade. ( verbo transitivo direto – não exige preposição ) ( artigo ) ( substantivo feminino ) Vou a Brasília. ( verbo que exige preposição a ) ( preposição ) ( palavra que não aceita artigo ) Observação: Para saber se uma palavra aceita ou não o artigo, basta usar o seguinte artifício: I. se pudermos empregar a combinação da antes da palavra, é sinal de que ela aceita o artigo. II. se pudermos empregar apenas a preposição de, é sinal de que não aceita. Ex: Vim da Bahia. (aceita) Vim de Brasília (não aceita) Vim da Itália. (aceita) Vim de Roma. (não aceita) 30
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Nunca ocorre crase: 1) Antes de masculino. Caminhava a passo lento. (preposição) 2) Antes de verbo. Estou disposto a falar. (preposição) 3) Antes de pronomes em geral. Eu me referi a esta menina. (preposição e pronome demonstrativo) Eu falei a ela. (preposição e pronome pessoal) 4) Antes de pronomes de tratamento. Dirijo-me a Vossa Senhoria. (preposição) Observação: 1. Há três pronomes de tratamento que aceitam o artigo e, obviamente, a crase: senhora, senhorita e dona. Dirijo-me à senhora. 2. Haverá crase antes dos pronomes que aceitarem o artigo, tais como: mesma, própria... Eu me referi à mesma pessoa. 5) Com as expressões formadas de palavras repetidas. Venceu de ponta a ponta. (preposição) Observação: É fácil demonstrar que entre expressões desse tipo ocorre apenas a preposição: Caminhavam passo a passo. (preposição) No caso, se ocorresse o artigo, deveria ser o artigo o e teríamos o seguinte: Caminhavam passo ao passo – o que não ocorre. Elementos Gramaticais
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6) Antes dos nomes de cidade. Cheguei a Curitiba. (preposição) Observação: Se o nome da cidade vier determinado por algum adjunto adnominal, ocorrerá a crase. Cheguei à Curitiba dos pinheirais. (adjunto adnominal) 7) Quando um a (sem o s de plural) vem antes de um nome plural. Falei a pessoas estranhas. (preposição) Observação: Se o mesmo a vier seguido de s haverá crase. Falei às pessoas estranhas. (a + as = preposição + artigo) Sempre ocorre crase: 1) Na indicação pontual do número de horas. Às duas horas chegamos. (a + as) Para comprovar que, nesse caso, ocorre preposição + artigo, basta confrontar com uma expressão masculina correlata. Ao meio-dia chegamos. (a + o) 2) Com a expressão à moda de e à maneira de. A crase ocorrerá obrigatoriamente mesmo expressão (moda de) venha implícita. Escreve à (moda de) Alencar.
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3) Nas expressões adverbiais femininas. Expressões adverbiais femininas são aquelas que se referem a verbos, exprimindo circunstâncias de tempo, de lugar, de modo... Chegaram à noite. (expressão adverbial feminina de tempo) 32
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Caminhava às pressas. (expressão adverbial feminina de modo) Ando à procura de meus livros. (expressão adverbial feminina de fim) Observação: No caso das expressões adverbiais femininas, muitas vezes empregamos o acento indicativo de crase (`), sem que tenha havido a fusão de dois as. É que a tradição e o uso do idioma se impuseram de tal sorte que, ainda quando não haja razão suficiente, empregamos o acento de crase em tais ocasiões. 4) Uso facultativo da crase Antes de nomes próprios de pessoas femininos e antes de pronomes possessivos femininos, pode ou não ocorrer a crase. Ex: Falei à Maria. (preposição + artigo) Falei à sua classe. (preposição + artigo) Falei a Maria. (preposição sem artigo) Falei a sua classe. (preposição sem artigo) Note que os nomes próprios de pessoa femininos e os pronomes possessivos femininos aceitam ou não o artigo antes de si. Por isso mesmo é que pode ocorrer a crase ou não. Casos especiais: 1) Crase antes de casa. A palavra casa, no sentido de lar, residência própria da pessoa, se não vier determinada por um adjunto adnominal não aceita o artigo, portanto não ocorre a crase. Por outro lado, se vier determinada por um adjunto adnominal, aceita o artigo e ocorre a crase. Ex: Volte a casa cedo. (preposição sem artigo) Volte à casa dos seus pais. (preposição com artigo) (adjunto adnominal) Elementos Gramaticais
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2) Crase antes de terra. A palavra terra, no sentido de chão firme, tomada em oposição ao mar ou ar, se não vier determinada, não aceita o artigo e não ocorre a crase. Ex: Já chegaram a terra. (preposição sem artigo) Se, entretanto, vier determinada, aceita o artigo e ocorre a crase. Ex: Já chegaram à terra dos antepassados. (preposição + artigo) (adjunto adnominal) 3) Crase antes dos pronomes relativos. Antes dos pronomes relativos quem e cujo não ocorre crase. Ex: Achei a pessoa a quem procuravas. Compreendo a situação a cuja gravidade você se referiu. Antes dos relativos qual ou quais ocorrerá crase se o masculino correspondente for ao qual, aos quais. Ex: Esta é a festa à qual me referi. Este é o filme ao qual me referi. Estas são as festas às quais me referi. Estes são os filmes aos quais me referi. 4) Crase com os pronomes demonstrativos aquele (s), aquela (s), aquilo. Sempre que o termo antecedente exigir a preposição a e vier seguido dos pronomes demonstrativos: aquele, aqueles, aquela, aquelas, aquilo, haverá crase. Ex: Falei àquele amigo. Dirijo-me àquela cidade. Aspiro a isto e àquilo. Fez referência àquelas situações. 5) Crase depois da preposição até. Se a preposição até vier seguida de um nome feminino, poderá ou não ocorrer a crase. Isto porque essa preposição pode ser empregada sozinha (até) ou em locução com a preposição a (até a). Ex: Chegou até à muralha. (locução prepositiva = até a) (artigo = a) 34
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Chegou até a muralha. (preposição sozinha = até) (artigo = a) 6) Crase antes do que. Em geral, não ocorre crase antes do que. Ex: Esta é a cena a que me referi. Pode, entretanto, ocorrer antes do que uma crase da preposição a com o pronome demonstrativo a (equivalente a aquela). Para empregar corretamente a crase antes do que convém pautar-se pelo seguinte artifício: I. se, com antecedente masculino, ocorrer ao que / aos que, com o feminino ocorrerá crase; Ex: Houve um palpite anterior ao que você deu. ( a + o ) Houve uma sugestão anterior à que você deu. ( a + a ) II. se, com antecedente masculino, ocorrer a que, no feminino não ocorrerá crase. Ex: Não gostei do filme a que você citou. (ocorreu a que, não tem artigo) Não gostei da peça a que você citou. (ocorreu a que, não tem artigo) Observação: O mesmo fenômeno de crase (preposição a + pronome demonstrativo a) que ocorre antes do que, pode ocorrer antes do de. Ex: Meu palpite é igual ao de todos. (a + o = preposição + pronome demonstrativo) Minha opinião é igual à de todos. (a + a = preposição + pronome demonstrativo) 7) há / a Nas expressões indicativas de tempo, é preciso não confundir a grafia do a (preposição) com a grafia do há (verbo haver). Para evitar enganos, basta lembrar que, nas referidas expressões: a (preposição) indica tempo futuro (a ser transcorrido); há (verbo haver) indica tempo passado (já transcorrido). Ex: Daqui a pouco terminaremos a aula. Há pouco recebi o seu recado. Elementos Gramaticais
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2.2.3 Substantivos Os Substantivos são classes de palavras que nomeiam os seres, objetos, fenômenos, lugares, qualidades, ações, dentre outros. São termos que podem ser flexionados em gênero (masculino e feminino), número (singular e plural) e grau (aumentativo e diminutivo). Substantivo simples São substantivos formados por apenas um radical. • Exemplos: casa, amor, roupa, livro, felicidade,… Substantivo composto São substantivos formados por dois ou mais radicais, podendo ocorrer composição por justaposição ou composição por aglutinação. • Exemplos (composição por justaposição): passatempo, arco-íris, beija-flor, segunda-feira, malmequer,… • Exemplos (composição por aglutinação): aguardente, fidalgo, planalto, vinagre, … Substantivo primitivo São substantivos cuja origem reside em palavras de outras línguas (latim, árabe, grego, francês, inglês,…). Os substantivos primitivos dão origem aos substantivos derivados. • Exemplos: folha, chuva, algodão, pedra, quilo,… Substantivo derivado São substantivos que derivam de substantivos primitivos existentes na língua portuguesa. Podendo ocorrer derivação prefixal, sufixal, parassintética, regressiva e imprópria. • Exemplos: território, chuvada, jardinagem, açucareiro, livraria,… Substantivo comum São substantivos que nomeiam genericamente, sem especificar, seres da mesma espécie, que partilham características comuns. • Exemplos: mãe, computador, papagaio, uva, planeta,… Substantivo próprio São substantivos escritos com letra maiúscula que nomeiam seres individuais e específicos. Estes substantivos particularizam os seres dentro de sua espécie, distinguindo-os dos restantes. • Exemplos: Flávia, Brasil, Carnaval, Nilo, Serra da Mantiqueira,… 36
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Substantivo coletivo São substantivos que, escritos no singular, indicam um conjunto de coisas ou de seres da mesma espécie. • Exemplos: rebanho (conjunto de ovelhas), cardume (conjunto de peixes), pomar (conjunto de árvores de fruto), arquipélago (conjunto de ilhas), constelação (conjunto de estrelas),… Substantivo concreto São substantivos que nomeiam seres com existência própria, como objetos, pessoas, animais, vegetais, minerais, lugares, … • Exemplos: mesa, cachorro, samambaia, chuva, Felipe,… Substantivo abstrato São substantivos que nomeiam conceitos, conceptualizações abstratas e realidades imateriais, como qualidades, noções, estados, ações, sentimentos e sensações de outros seres. • Exemplos: beleza, pobreza, crescimento, amor, calor,… Substantivo comum de dois gêneros São substantivos que apresentam uma só forma para o gênero masculino e o gênero feminino. • Exemplos: o estudante/a estudante, o jovem/a jovem, o artista/a artista,… Substantivo sobrecomum São substantivos que nomeiam pessoas e apresentam um só gênero para o masculino e o feminino. • Exemplos: a vítima, a pessoa, a criança, o gênio, o indivíduo,… Substantivo epiceno São substantivos que nomeiam animais e apresentam um só gênero para o masculino e o feminino. • Exemplos: a formiga, o crocodilo, a mosca, a baleia, o besouro,… Substantivo de dois números São substantivos que apresentam uma só forma para o singular e para o plural. • Exemplos: o lápis/os lápis, o tórax/os tórax, a práxis/as práxis,…
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Gênero dos Substantivos De acordo com o gênero (feminino e masculino) das palavras substantivas, elas são classificadas em: • Substantivos Biformes: apresentam duas formas, ou seja, uma para o masculino e outra para o feminino; por exemplo, professor e professora; amigo e amiga. • Substantivos Uniformes: Há somente um termo que especifique os dois gêneros (masculino e feminino), sendo classificados em: epicenos, sobrecomum e comum dos dois gêneros. 1. Epicenos: Palavra que apresenta somente um gênero e referese aos animais, por exemplo, foca (macho ou fêmea). 2. Sobrecomum: Palavra que apresenta somente um gênero e refere-se às pessoas, por exemplo, criança (masculino e feminino). 3. Comum dos dois gêneros: Termo que se refere aos dois gêneros (masculino e feminino), identificado por meio do artigo que o acompanha, por exemplo, “o artista” e “a artista”.
Número dos Substantivos De acordo com o número do substantivo, eles são classificados em: • Singular: Palavra que designa uma única coisa, pessoa ou um grupo, por exemplo: bola, mulher. • Plural: Palavra que designa várias coisas, pessoas ou grupos, por exemplo: bolas, mulheres.
Grau dos Substantivos De acordo com o grau dos substantivos, eles são classificados em aumentativo e diminutivo: Aumentativo Palavra que indica o aumento do tamanho de algum ser ou alguma coisa. Divide-se em: • Analítico: Substantivo acompanhado de um adjetivo que indica grandeza, por exemplo, casa grande. • Sintético: Substantivo com acréscimo de um sufixo indicador de aumento, por exemplo, casa-rão. Diminutivo Palavra que indica a diminuição do tamanho de algum ser ou alguma coisa. Divide-se em:
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• Analítico: Substantivo acompanhado de um adjetivo que indica pequenez, por exemplo, casa pequena. • Sintético: Substantivo com acréscimo de um sufixo indicador de diminuição, por exemplo, cas-inha. •
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Quanto ao gênero, os substantivos de origem grega terminados em “ema” e “oma” são masculinos, por exemplo, teorema, poema. Quanto ao gênero, há os substantivos chamados de “gênero duvidoso ou incerto”, ou seja, aqueles utilizados para os dois gêneros sem alterar o significado, por exemplo, o personagem e a personagem. Existem alguns substantivos que, variando de gênero, mudam seu significado, por exemplo, “o cabeça” (líder), “a cabeça” (parte do corpo humano)
2.2.4 Adjetivo Adjetivos são palavras que caracterizam um substantivo, conferindolhe uma qualidade, característica, aspecto ou estado. Podem ser simples, sendo formados por apenas um radical, ou compostos, sendo formados por dois ou mais radicais. Exemplos de adjetivos simples: • A maçã é vermelha. • O menino é muito bonito. • Minha mãe está zangada. Exemplos de adjetivos compostos: • Meu vestido verde-escuro está estragado. • Meu pai é franco-brasileiro. • Que menino mal-educado! Os adjetivos variam em gênero (masculino e feminino), em número (singular e plural) e em grau (normal, comparativo e superlativo).
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Gênero dos adjetivos Relativamente ao gênero, os adjetivos podem ser biformes ou uniformes. Os adjetivos biformes apresentam duas formas, uma para o gênero masculino e outra para o gênero feminino. Exemplos • Helena é uma menina simpática. • Paulo é um menino simpático. • A blusa é vermelha. • O casaco é vermelho. Os adjetivos uniformes apresentam sempre a mesma forma, quer no gênero feminino, quer no gênero masculino. Normalmente, os adjetivos terminados em -e, -z, -m e -l são adjetivos uniformes. Exemplos • Helena é uma menina feliz. • Paulo é um menino feliz. • A blusa é azul. • O casaco é azul. Número dos adjetivos Para a formação do plural dos adjetivos simples, são utilizadas as mesmas regras de formação do plural dos substantivos, sendo a principal regra acrescentar a letra s no final da palavra. Exemplos • A pera madura. • As peras maduras. • O homem resmungão. • Os homens resmungões. Para a formação do plural dos adjetivos compostos, apenas o último elemento varia em número, indo para o plural: Exemplos • Minha tia é afro-brasileira. • Minhas tias são afro-brasileiras. • Este aluno é mal-educado! • Estes alunos são mal-educados! 40
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Contudo, o adjetivo composto se mantém invariável no plural se for formado por um substantivo no último elemento. Exemplos • A parede é amarelo-canário. • As paredes são amarelo-canário. • O tecido é vermelho-sangue. • Os tecidos são vermelho-sangue. Grau dos adjetivos Relativamente ao grau, os adjetivos podem estar no grau normal, comparativo ou superlativo; indicando diferentes intensidades com que um adjetivo pode caracterizar um substantivo. Grau normal: O Mateus é inteligente. Grau comparativo de superioridade: O Mateus é mais inteligente que o Bruno. Grau comparativo de inferioridade: O Mateus é menos inteligente que a Camila. Grau comparativo de igualdade: O Mateus é tão inteligente quanto a Luana. Grau superlativo relativo de superioridade: O Mateus é o mais inteligente da turma. Grau superlativo relativo de inferioridade: O Mateus é o menos inteligente da turma. Grau superlativo absoluto analítico: O Mateus é muito inteligente. Grau superlativo absoluto sintético: O Mateus é inteligentíssimo. Formação dos adjetivos Quanto à sua formação, os adjetivos podem ser simples ou compostos; conforme explicado acima, mas também podem ser primitivos ou derivados. Adjetivos primitivos são adjetivos cuja origem não reside em outras palavras da língua portuguesa, mas sim em palavras de outras línguas. Exemplos: feliz, bom, azul, triste, grande,… Elementos Gramaticais
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Adjetivos derivados são adjetivos cuja origem reside em outras palavras da língua portuguesa, ou seja, derivam de substantivos ou verbos. Exemplos: magrelo, avermelhado, apaixonado,… Os adjetivos pátrios, que nomeiam as pessoas conforme o local onde nascem ou vivem, são adjetivos derivados, dado que têm quase sempre sua origem no nome do lugar ao que se referem. Exemplos: baiano, paulista, pernambucano, cearense,… Adjetivo pátrio Os adjetivos podem se referir a cidades, países, continentes, etc. exprimindo a nacionalidade. Ex.: Amazonense (do Amazonas), baiano (da Bahia), catarinense (de Santa Catarina), etc. Locução adjetiva A locução adjetiva é toda expressão (duas ou mais palavras) que aparecem no lugar de um adjetivo. Ex.: amor de mãe, casa de campo, avaliação por mês. A locução adjetiva sempre começa com uma preposição. A maioria das locuções adjetivas é substituída por um adjetivo correspondente. Ex.: amor materno, casa campestre, avaliação mensal.
2.2.5 Pronomes
Pronomes pessoais do caso reto Pronomes pessoais do caso reto são aqueles que substituem os substantivos, assumindo majoritariamente a função de sujeito da oração. Podem, contudo, assumir a função de predicativo do sujeito. Os pronomes pessoais do caso reto indicam ainda as pessoas do discurso, ou seja, quem fala (eu e nós), com quem se fala (tu e vós) e de quem se fala (ele, ela, eles, elas). Pronomes pessoais retos: • 1.ª pessoa do singular – eu. • 2.ª pessoa do singular – tu. • 3.ª pessoa do singular – ele, ela. • 1.ª pessoa do plural – nós. • 2.ª pessoa do plural – vós. • 3.ª pessoa do plural – eles, elas. Exemplos • Eu escrevi o texto. • Tu escreveste o texto. 42
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• Ele escreveu o texto. • Nós escrevemos o texto. • Vós escrevestes o texto. • Eles escreveram o texto. Para que se evitem repetições desnecessárias, pode ocorrer a omissão do pronome pessoal do caso reto nos enunciados, uma vez que a pessoa do discurso é marcada pela desinência verbal indicada pelos pronomes pessoais do caso reto. Exemplos • Cursei veterinária, mas nunca segui a profissão. (eu) • Passeamos muito no domingo passado. (nós) • Gostaste do jogo? (tu) Pronomes pessoais do caso reto enquanto predicativo do sujeito Os pronomes pessoais do caso reto podem assumir a função de predicativo do sujeito nos predicados nominais, havendo a existência de um verbo de ligação. Este verbo deverá concordar com o pronome pessoal reto que desempenha a função de predicativo do sujeito. Exemplos • A responsável sou eu. • A responsável é ela. Dúvidas na utilização dos pronomes pessoais do caso reto Para eu, para tu, para mim e para ti As expressões para eu e para tu deverão ser usadas quando assumem a função de sujeito, sendo seguidas de uma ação, ou seja, de um verbo no infinitivo. Exemplos • Façam silêncio para eu telefonar para este cliente. • Para eu fazer isso, vou precisar da sua ajuda. • Vê se tem algum erro para tu corrigires. É errado dizer “Ela comprou este caderno para eu.” ou “Ela comprou este caderno para tu.”. Não se pode usar preposição com os pronomes retos eu e tu. Com preposições têm que ser usados os pronomes oblíquos correspondentes: mim e ti.
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Exemplos • Ela comprou este caderno para mim. • Ela comprou este caderno para ti. Vi ele, ajudei ele, encontrei ele ou vi-o, ajudei-o, encontrei-o É comum ouvirmos, na linguagem oral, as seguintes construções frásicas: “Ajudei ele na arrumação do armário.” e “Encontrei ela na praia.”. Contudo, estas construções estão erradas! Nestas frases, os pronomes ele e ela não estão se referindo ao sujeito da ação, por isso não podem ser utilizados pronomes pessoais do caso reto. Têm que ser usados os pronomes oblíquos correspondentes: o e a. Exemplos • Ajudei-o na arrumação do armário. • Encontrei-a na praia. Atenção Além dos pronomes pessoais do caso reto, existem também pronomes pessoais oblíquos que assumem, majoritariamente, a função de objeto direto ou objeto indireto de uma oração, podendo ser tônicos ou átonos. Pronomes pessoais oblíquos Os pronomes pessoais oblíquos assumem, majoritariamente, a função de objeto direto ou objeto indireto, podendo ser tônicos ou átonos. Pronomes pessoais oblíquos tônicos Os pronomes pessoais oblíquos tônicos são sempre precedidos de uma preposição, como: para, a, de e com. Devem ser usados quando, na frase, o substantivo que substituem tem função de objeto indireto. As formas contraídas comigo, contigo, conosco,… podem ainda assumir a função de adjunto adverbial de companhia. Exemplos de pronomes pessoais oblíquos tônicos: 1.ª pessoa do singular – mim, comigo. 2.ª pessoa do singular – ti, contigo. 3.ª pessoa do singular – ele, ela. 1.ª pessoa do plural – nós, conosco. 2.ª pessoa do plural – vós, convosco. 3.ª pessoa do plural – eles, elas. 44
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Exemplos • Você comprou esta blusa para mim? (objeto indireto) • Você sabe que eu gosto de ti. (objeto indireto) • Amanhã vou ao cinema contigo. (adjunto adverbial) Pronomes pessoais oblíquos átonos Os pronomes pessoais oblíquos átonos não são precedidos de uma preposição. Podem ser usados quando, na frase, o substantivo que substituem tem função de objeto direto (o, a, os, as) ou de objeto indireto (lhe, lhes). Exemplos de pronomes pessoais oblíquos átonos 1.ª pessoa do singular – me. 2.ª pessoa do singular – te. 3.ª pessoa do singular – o, a, lhe. 1.ª pessoa do plural – nos. 2.ª pessoa do plural – vos. 3.ª pessoa do plural – os, as , lhes.
Exemplos • Eu comprei-o numa loja no centro da cidade. (objeto direto) • O diretor ligou-lhe, mas ele não atendeu o telefone. (objeto indireto)
A ligação dos pronomes pessoais oblíquos átonos aos verbos pode ser feita por meio de próclise (antes do verbo), mesóclise (intercalado no meio do verbo) ou ênclise (depois do verbo). Exemplos • não me deram (próclise); • oferecer-nos-ão (mesóclise); • ofereceram-me (ênclise). Além disso, conforme o verbo a que estão ligados, os pronomes pessoais oblíquos átonos sofrem alterações para: no, na, nos, nas, lo, la, los, las. Exemplos • Fizeram-nos esperar muito! • Ela vai seduzi-lo rapidamente. Elementos Gramaticais
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Atenção Existem também pronomes pessoais retos que assumem a função de sujeito de uma oração. Pronome adjetivo Pronomes adjetivos acompanham, determinam e modificam os substantivos, ou seja, atribuem particularidades e características ao substantivo, como se fossem adjetivos. Tal como os substantivos que determinam, variam em gênero (masculino e feminino), número (plural e singular) e pessoa (1ª, 2ª ou 3ª pessoa do discurso).
Exemplos • Minha prima chega hoje da Europa. (Determina o substantivo comum prima.) • Suas dúvidas serão respondidas pela professora. (Determina o substantivo comum dúvidas.) • Aqueles estudantes passaram no exame com distinção. (Determina o substantivo comum estudantes.) • Este livro é muitíssimo bom. (Determina o substantivo comum livro.)
Atenção A classificação em pronome adjetivo não invalida outras classificações como possessivo, demonstrativo,… Exemplos • Aquela caneta é azul. (pronome demonstrativo adjetivo) • Meu filho é indisciplinado. (pronome possessivo adjetivo) Pronomes são palavras que substituem ou determinam os substantivos. Assim, podem assumir a função de pronomes substantivos ou de pronomes adjetivos. Pronomes interrogativos Pronomes interrogativos são utilizados para interrogar, ou seja, para formular perguntas de modo direto ou indireto. Referem-se sempre à 3.ª pessoa gramatical e possuem uma significação indeterminada, que apenas é esclarecida pela resposta dada à interrogação. Exemplos – interrogação direta: • Quem ganhou a competição? • Qual o motivo desta confusão? 46
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Exemplos – interrogação indireta: • Gostaria de saber quem ganhou a competição. • Diga-me, por favor, qual o motivo desta confusão. Os pronomes interrogativos existentes são: que, quem, qual e quanto, sendo que os pronomes que e quem são invariáveis, o pronome qual pode variar em número para quais e o pronome quanto pode variar em gênero e número para quanta, quantos e quantas. Exemplos com os pronomes invariáveis que e quem: • Que é este embrulho? • Que são estes embrulhos? • Que é esta caixa? • Que são estas caixas? • Quem é este garoto? • Quem são estes garotos? • Quem é esta garota? • Quem são estas garotas? Exemplos com os pronomes variáveis qual e quanto: • Qual é o propósito deste trabalho? • Quais são os propósitos deste trabalho? • Qual é a vantagem deste trabalho? • Quais são as vantagens deste trabalho? • Quanto dinheiro será necessário? • Quanta mão de obra será necessária? • Quantos empregados serão necessários? • Quantas empregadas serão necessárias? Uso e valores dos pronomes interrogativos Pronome interrogativo que O pronome interrogativo que se refere principalmente a coisas, podendo perguntar: que coisa? ou que espécie de coisa ou pessoa? Pode vir acompanhado da expressão é que, reforçando a interrogação, bem como ser utilizado para conferir maior ênfase à interrogação. Exemplos • Que comeremos agora? • Que comunicado ele pretende fazer? • Que é que você fez? • O que terá acontecido? Elementos Gramaticais
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Pronome interrogativo quem O pronome interrogativo quem se refere principalmente a pessoas ou coisas personificadas. Exemplos • Quem quer ir comigo ao cinema? • Gostaria de saber quem é o responsável pela empresa. Pronome interrogativo qual O pronome interrogativo qual se refere a coisas ou a pessoas. Pode transmitir uma ideia de seleção, ou seja, de identificação de um ou vários elementos dentro de um grupo. Exemplos • Qual é o departamento certo? • Qual de vocês me ajudará nesta tarefa? Pronome interrogativo quanto O pronome interrogativo quanto se refere a coisas ou a pessoas. Transmite uma ideia de quantificação. Exemplos • Quanto mais terei que aturar? • Quantas inscrições são precisas para que a atividade se realize? Fique sabendo mais! Os pronomes interrogativos podem ainda ser usados em exclamações que simbolizem uma interrogação com admiração e espanto. Exemplos • Que confusão! • Quem diria! • Quanta barbaridade! Pronome substantivo Pronomes substantivos substituem o substantivo numa frase. São utilizados de forma a tornar o discurso menos repetitivo, mais rico e variado. Tal como os substantivos que substituem, variam em gênero (masculino e feminino), número (plural e singular) e pessoa (1ª, 2ª ou 3ª pessoa do discurso). Podem assumir a função de sujeito da oração.
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Exemplos • Pedro sabe tocar piano. • Ele sabe tocar piano. (Substitui o substantivo próprio Pedro.) • Helena e Paulo foram ao cinema. • Eles foram ao cinema. (Substitui os substantivos próprios Helena e Paulo.) • Alguns trabalhadores saíram mais cedo que outros trabalhadores. • Alguns trabalhadores saíram mais cedo que outros. (Substitui o substantivo comum trabalhadores.) • Minha mãe está quase chegando. E a sua mãe? • Minha mãe está quase chegando. E a sua? (Substitui o substantivo comum mãe.) • Este livro é muito bom. Levei o livro para a escola. • Este livro é muito bom. Levei-o para a escola. (Substitui o substantivo comum livro.)
Atenção A classificação em pronome substantivo não invalida outras classificações como pessoal, possessivo, demonstrativo,… Exemplos • Nós vamos embora agora. (pronome pessoal substantivo) • Aquela caneta é a minha. (pronome possessivo substantivo) • O meu filho é aquele. (pronome demonstrativo substantivo) Pronomes são palavras que substituem ou determinam os substantivos. Assim, podem assumir a função de pronomes substantivos ou de pronomes adjetivos. Pronomes relativos São pronomes que se relacionam sempre com o termo da oração que está antecedente ao mesmo, servindo ao mesmo tempo de elo de subordinação das orações que iniciam, exercendo uma função sintática na frase. Normalmente, introduzem as orações subordinadas adjetivas. Por meio da utilização de pronomes relativos, evitamos a repetição dos termos nas orações, sendo fácil relacioná-los e sintetizá-los. Exemplos • Orações simples: Este é o museu. Eu visitei o museu. • Com pronome relativo: Este é o museu que eu visite. • Orações simples: Eu comprei a blusa. A blusa é amarela. • Com pronome relativo: Eu comprei a blusa que é amarela. Elementos Gramaticais
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Exemplos de pronomes relativos Formas invariáveis: que, quem, onde. Formas variáveis: o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas. Nota Os pronomes relativos podem vir precedidos de preposição de acordo com a regência verbal dos verbos da oração. Uso dos pronomes relativos Que: É o pronome relativo mais utilizado, sendo considerado um pronome relativo universal. Refere-se a coisas ou a pessoas e pode ser substituído por: o qual, a qual, os quais e as quais. Além disso, pode aparecer precedido pelos pronomes demonstrativos o, a, os, as. Exemplos • Acabei de lavar o vestido que estava sujo de tinta. • Já nem sei o que faço. Quem: Refere-se somente a pessoas, nunca a coisas. Vem sempre antecedido de preposição quando tem um antecedente explícito. Exemplos • Este é o garoto a quem sempre amei. • É esta a professora de quem você falou? Onde: É utilizado para indicar um lugar, podendo ser substituído por: em que, no qual, na qual, nos quais e nas quais. Pode ser utilizado juntamente com preposições, formando as palavras aonde e donde para transmitir noções de movimento. Exemplos • Este é o apartamento onde vivi quando pequena. • O hotel onde ficamos era cinco estrelas. Qual e suas flexões: Vem sempre precedido de um artigo. Emprega-se depois de preposições com duas sílabas ou mais e de locuções prepositivas.
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Exemplos • Pensei nisso naquela noite de tempestade, durante a qual não consegui dormir. • Li um livro sobre o qual nunca tinha ouvido falar nada.
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Quanto e suas flexões: Aparece depois dos pronomes indefinidos tudo, tanto, todos, bem como suas flexões. Exemplos • Compre tanto quanto for preciso. • Ele não fez tudo quanto havia prometido. Cujo e suas flexões: Aparece entre dois substantivos e transmite uma ideia de posse, sendo equivalente a: do qual, da qual, dos quais, das quais, de que e de quem. Deve concordar em gênero e número com a coisa possuída. Exemplos • Escolheram os alunos cujas notas foram exemplares. • Preferem atletas cujo condicionamento físico está excelente. Fique sabendo mais! Os antecedentes com os quais os pronomes relativos se relacionam podem ser um substantivo, um pronome, um adjetivo, um advérbio ou uma oração. Contudo, com os pronomes quem e onde, é possível que sejam utilizados na frase sem o antecedente, chamando-se então de pronomes relativos indefinidos. Exemplo • Quem copiou na prova, foi reprovado. Pronomes possessivos Pronomes possessivos indicam, principalmente, uma relação de posse, ou seja, indicam que alguma coisa pertence a uma das pessoas do discurso. A forma que o pronome possessivo assume concorda com a pessoa gramatical a que se refere (1ª, 2ª ou 3ª pessoa do discurso) e varia em gênero (masculino e feminino) e número (plural e singular) de acordo com aquilo que é possuído. Exemplos de pronomes possessivos: 1.ª pessoa do singular (eu) - meu, minha, meus, minhas. 2.ª pessoa do singular (tu) - teu, tua, teus, tuas. 3.ª pessoa do singular (ele/ela) - seu, sua, seus, suas. 1.ª pessoa do plural (nós) - nosso, nossa, nossos, nossas. 2.ª pessoa do plural (vós) - vosso, vossa, vossos, vossas. 3.ª pessoa do plural (eles/elas) - seu, sua, seus, suas. Elementos Gramaticais
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Exemplos de concordância dos pronomes possessivos: • Eu não dormi na minha cama. • Tu não dormiste no teu quarto. • Você não dormiu na sua cama. • Nós não dormimos no nosso quarto. • Vós não dormistes na vossa cama. • Eles não dormiram nos seus quartos. No caso do pronome possessivo determinar vários substantivos, deverá concordar em gênero e número com o substantivo que estiver mais próximo. Exemplo: Nós trouxemos nossas roupas, sapatos e equipamento. É facultativa a utilização de um artigo definido antes dos pronomes possessivos. Exemplos • Meu irmão é muito bonito. • O meu irmão é muito bonito. • O diretor não ouviu minha intervenção. • O diretor não ouviu a minha intervenção. Os pronomes possessivos, além da noção de posse, podem transmitir uma ideia de respeito, afeto, ofensa ou cálculo aproximado.
Exemplos • Não se preocupe, minha senhora, nós resolveremos o assunto. (Respeito) • Meu filho, por favor, tenha cuidado! (Afeto) • Seu irresponsável, você podia ter morrido! (Ofensa) • Aquela estátua já deve ter seus 15 anos. (Cálculo aproximado)
Em algumas situações, os pronomes pessoais oblíquos podem assumir valores equivalentes aos pronomes possessivos. Exemplos • A chuva molhou-te o cabelo. (Molhou o teu cabelo). • Agarrei-lhe a mão. (Agarrei a sua mão). 52
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Ambiguidade na utilização de alguns pronomes possessivos A utilização dos pronomes possessivos na 3.ª pessoa do singular ou do plural (seu, sua, seus, suas) pode originar dúvidas quanto ao elemento possuidor. Para evitar ambiguidades, utilizam-se as formas contraídas dele, dela, deles, delas. Exemplo de ambiguidade de possuidor: A professora proibiu que o aluno utilizasse seu dicionário. (O dicionário é da professora ou do aluno?) Exemplo de utilização das formas contraídas dele, dela, deles, delas: • A professora proibiu que o aluno utilizasse o dicionário dele. • A professora proibiu que o aluno utilizasse o dicionário dela. Pronomes possessivos adjetivos e substantivos Os pronomes possessivos podem ser classificados ainda em pronome possessivo adjetivo, quando acompanha, determina e modifica os substantivos; e em pronome possessivo substantivo, quando substitui o substantivo numa frase. Exemplos • Meu filho é indisciplinado. (pronome possessivo adjetivo) • Aquela caneta é a minha. (pronome possessivo substantivo) Atenção Na frase “Seu Antônio, o senhor chegará hoje ou manhã?”, a palavra seu não é um pronome possessivo, é uma alteração fonética da palavra senhor. Pronomes indefinidos Referem-se sempre à 3.ª pessoa gramatical, indicando que algo ou alguém é considerado de forma indeterminada. Existem pronomes indefinidos invariáveis, variáveis em gênero e número e variáveis apenas em número. Pronomes indefinidos invariáveis: • alguém, ninguém, outrem, tudo, nada, cada, algo. Elementos Gramaticais
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Pronomes indefinidos variáveis em gênero e número: • algum, alguns, alguma, algumas; • nenhum, nenhuns, nenhuma, nenhumas; • todo, todos, toda, todas; • outro, outros, outra, outras; • muito, muitos, muita, muitas; • pouco, poucos, pouca, poucas; • certo, certos, certa, certas; • vário, vários, vária, várias; • tanto, tantos, tanta, tantas; • quanto, quantos, quanta, quantas. Pronomes indefinidos variáveis em número: • qualquer, quaisquer; • bastante, bastantes. Além dos pronomes indefinidos, existem conjuntos de palavras que atuam como pronomes indefinidos, sendo chamadas de locuções pronominais indefinidas. Exemplos • cada qual, cada um, todo aquele que, quem quer que, seja quem for, seja qual for, qualquer um,… Pronomes indefinidos substantivos e adjetivos Alguns pronomes indefinidos são utilizados apenas como pronomes indefinidos substantivos, substituindo o substantivo numa frase. É o caso dos pronomes alguém, ninguém, outrem, algo, nada e tudo. Exemplos • Este livro é de alguém? • Tudo é importante, nada deverá ser esquecido! Outros pronomes indefinidos são utilizados majoritariamente como pronomes indefinidos adjetivos, acompanhando o substantivo, mas podendo ser utilizados também como pronomes indefinidos substantivos. É o caso dos pronomes algum, nenhum, todo, outro, muito, pouco, vário, tanto e quanto.
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Exemplos • Nenhum homem teve coragem de se pronunciar contra aquela tirania. • Nenhum teve coragem de se pronunciar contra aquela tirania. • Poucos alunos passaram para a oitava série. • Poucos passaram para a oitava série.
Os pronomes indefinidos certo, cada e qualquer, deverão desempenhar sempre a função de pronomes indefinidos adjetivos, vindo acompanhados de substantivo. O pronome cada, na ausência de um substantivo, poderá vir acompanhado de um numeral pronome, como um e qual: cada um ou cada qual. Exemplos • Certas atitudes são incompreensíveis. • Qualquer escolha será longamente ponderada. • Cada pessoa deverá seguir o seu próprio caminho. • Cada um deverá seguir o seu próprio caminho. • Cada qual deverá seguir o seu próprio caminho. Valores dos pronomes indefinidos Nenhum x algum O pronome indefinido nenhum assume sempre um sentido negativo. Já o pronome indefinido algum assume um sentido afirmativo quando anteposto ao substantivo e um sentido negativo quando posposto ao substantivo.
Exemplos • Nenhum motivo foi apresentado para a desistência da candidatura. (sentido negativo) • Motivo algum foi apresentado para a desistência da candidatura. (sentido negativo) • Algum motivo foi apresentado para a desistência da candidatura? (sentido afirmativo)
Ninguém x alguém O pronome indefinido ninguém assume sempre um sentido negativo, enquanto o pronome indefinido alguém assume um sentido afirmativo. Ambos se referem a pessoas. Elementos Gramaticais
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Exemplos • Com certeza, ninguém seguiu este caminho. (sentido negativo) • Com certeza, alguém seguiu este caminho. (sentido afirmativo) Nada x algo O pronome indefinido nada assume sempre um sentido negativo, enquanto o pronome indefinido algo assume um sentido afirmativo. Ambos se referem a coisas.
Exemplos • Não pretendia nada, além de uma vida descansada. (sentido negativo) • Queria sempre algo novo. (sentido afirmativo)
O pronome indefinido nada significa principalmente coisa nenhuma, mas pode significar alguma coisa em frases interrogativas negativas. Pode ainda assumir a função de advérbio quando acompanhado de um substantivo. Exemplos • Não quero nada, obrigado! (coisa nenhuma) • Você não viu nada de estranho ontem? (alguma coisa) • Não fiquei nada feliz com meu resultado na prova. (advérbio) Certo O pronome certo apenas atua como pronome indefinido quando anteposto ao substantivo, particularizando alguma coisa. Quando posposto ao substantivo assume a função de um adjetivo, sinônimo de correto, certeiro, garantido, combinado, apropriado, entre outros.
Exemplos • Certos alunos ficam para sempre na memória dos professores. (pronome indefinido) • O diretor tomou decisões certas. (adjetivo)
Qualquer O pronome indefinido qualquer tem como principal função generalizar uma situação. Contudo, assume um valor depreciativo quando posposto a um artigo indefinido ou a um substantivo próprio. 56
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Exemplos • Qualquer ajuda será bem-vinda. (sentido generalizador) • Ele é apenas um qualquer. Nem me vou preocupar com suas opiniões. (sentido depreciativo)
Todo e tudo No singular, os pronomes indefinidos todo e tudo indicam a totalidade das partes. No plural indicam uma totalidade numérica. O pronome todo se refere unicamente a coisas, enquanto o pronome tudo pode se referir a coisas ou pessoas. Exemplos • Ele comeu o bolo todo. (totalidade das partes) • Todos os alunos realizaram a prova. (totalidade numérica) Outro O pronome indefinido outro pode indicar um momento passado ou um momento futuro, como nas expressões outro dia (passado) e no outro dia (futuro).
Exemplos • Outro dia fui ver a exposição de pintura da minha tia. • No outro dia, depois de regressar de viagem, irei ver a exposição de pintura da minha tia.
Pronomes demonstrativos Situam alguém ou alguma coisa no tempo, no espaço e no discurso, em relação às próprias pessoas do discurso: quem fala, com quem se fala, de quem se fala. Podem ser invariáveis ou variáveis em gênero (masculino e feminino) e número (plural e singular). Possuem ainda uma finalidade expressiva, reforçando algum termo anteriormente mencionado. Pronomes demonstrativos variáveis: 1.ª pessoa: este, esta, estes, estas. 2.ª pessoa: esse, essa, esses, essas. 3.ª pessoa: aquele, aquela, aqueles, aquelas. Pronomes demonstrativos invariáveis: 1.ª pessoa: isto. 2.ª pessoa: isso. 3.ª pessoa: aquilo. Elementos Gramaticais
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Pronomes demonstrativos combinados com preposições Os pronomes demonstrativos contraem-se com as preposições a, em e de. Pronomes demonstrativos contraídos com preposições: Preposição a – àquele, àquela, àqueles, àquelas, àquilo. Preposição em – neste, nesta, nestes, nestas, nisto, nesse, nessa, nesses, nessas, nisso, naquele, naquela, naqueles, naquelas, naquilo. Preposição de – deste, desta, destes, destas, disto, desse, dessa, desses, dessas, disso, daquele, daquela, daqueles, daquelas, daquilo. Exemplos • Eu moro nesta casa. • Não gosto dessa sua maneira de ser. • Entregue seu teste àquele professor. Regras de utilização dos pronomes demonstrativos Este, esta, estes, estas, isto, neste, nesta, nestes, nestas, deste, desta, destes, destas: Usados quando o que está sendo demonstrado está perto da pessoa que fala ou no tempo presente em relação à pessoa que fala. Usa-se ainda para referir o que vai ser mencionado no discurso. Exemplos • Esta caneta aqui é minha. • Este é o ano do meu casamento. • Isto que está acontecendo é horrível! • Isto será explicado mais à frente. • Neste momento não tenho nada para fazer. • Venha aqui e coloque tudo dentro deste recipiente. Esse, essa, esses, essas, isso, nesse, nessa, nesses, nessas, desse, dessa, desses, dessas: Usados quando o que está sendo demonstrado está longe da pessoa que fala e perto da pessoa a quem se fala ou num tempo passado recente em relação à pessoa que fala. Usa-se ainda para referir o que foi mencionado no discurso.
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Leitura e Produção de Texto
Exemplos • Essa caneta aí é sua. • Esse foi o ano em que fui mãe. • Isso que aconteceu foi horrível! • Isso foi explicado na aula passada. • Nesse dia eu estava nervosa porque tinha visto um acidente. • Antes de ir embora, coloque tudo dentro desse recipiente que está perto de você.
Aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo, naquele, naquela, naqueles, naquelas, daquele, daquela, daqueles, daquelas: Usados quando o que está sendo demonstrado está longe da pessoa que fala e da pessoa a quem se fala. Também se usa para referir um passado distante ou para referir algo que foi mencionado com uma grande distância no discurso.
Exemplos • Aquela caneta ali é dele. • Aquele foi o melhor ano da minha infância. • Aquilo foi o melhor de tudo. • Ela partiu a perna naquele fim de semana que fomos passear ao campo. • Este livro é daquele menino da 6ª série. Você sabe quem ele é?
Outros pronomes demonstrativos Outras palavras atuam como pronomes demonstrativos. São variáveis em gênero (masculino e feminino) e número (plural e singular), mas não se relacionam com as três pessoas discursivas. O, a, os, as Quando acompanharem os pronomes que e qual, podendo ser substituídos por aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo. Exemplos • Não entendi o que foi dito pelo apresentador. (aquilo que foi dito). • Essa mochila não é a que eu comprei. (aquela que eu comprei). Mesmo, mesma, mesmos, mesmas Próprio, própria, próprios, próprias Reforçam pronomes pessoais e se referem alguma coisa citada anteriormente. Elementos Gramaticais
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Exemplos • Ela mesma resolveu o assunto. • Foram os próprios responsáveis que fizeram a confusão. Tal, tais Semelhante, semelhantes Referem-se a um nome anteriormente citado e transmitem um sentido completo (tal) ou incompleto (semelhante), podendo ser substituídos por aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo, esse, essa, esses, essas, isso, este, esta, estes, estas, isto. Estes dois pronomes podem ser utilizados ironicamente.
Exemplos • Não tenha semelhante atitude. (aquela atitude) • Em tais momentos, não devemos reagir de cabeça quente. (nesses momentos)
Pronomes demonstrativos adjetivos e substantivos Os pronomes demonstrativos podem ser classificados ainda em pronome demonstrativo adjetivo, quando acompanha, determina e modifica os substantivos, e em pronome demonstrativo substantivo, quando substitui o substantivo numa frase. Exemplos • Aquela caneta é azul. (pronome demonstrativo adjetivo) • O meu filho é aquele. (pronome demonstrativo substantivo)
2.2.6 Pontuação Para que servem os sinais de pontuação? No geral, para representar pausas na fala, nos casos do ponto, vírgula e ponto e vírgula; ou entonações, nos casos do ponto de exclamação e de interrogação, por exemplo. Além de pausa na fala e entonação da voz, os sinais de pontuação reproduzem, na escrita, nossas emoções, intenções e anseios. Vejamos aqui alguns empregos: Vírgula (,) É usada para: a) separar termos que possuem mesma função sintática na oração: O menino berrou, chorou, esperneou e, enfim, dormiu. Nessa oração, a vírgula separa os verbos. 60
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b) isolar o vocativo: Então, minha cara, não há mais o que se dizer! c) isolar o aposto: O João, ex-integrante da comissão, veio assistir à reunião. d) isolar termos antecipados, como complemento ou adjunto: 1. Uma vontade indescritível de beber água, eu senti quando olhei para aquele copo suado! (antecipação de complemento verbal) 2. Nada se fez, naquele momento, para que pudéssemos sair! (antecipação de adjunto adverbial) e) separar expressões explicativas, conjunções e conectivos: isto é, ou seja, por exemplo, além disso, pois, porém, mas, no entanto, assim, etc. f) separar os nomes dos locais de datas: Brasília, 30 de janeiro de 2009. g) isolar orações adjetivas explicativas: O filme, que você indicou para mim, é muito mais do que esperava. Ponto-final (.) É usado ao final de frases para indicar uma pausa total: a) Não quero dizer nada. b) Eu amo minha família. E em abreviaturas: Sr., a. C., Ltda., vv., num., adj., obs. Ponto de Interrogação (?) O ponto de interrogação é usado para: a) Formular perguntas diretas: Você quer ir conosco ao cinema? Desejam participar da festa de confraternização? b) Para indicar surpresa, expressar indignação ou atitude de expectativa diante de uma determinada situação: • O quê? Não acredito que você tenha feito isso! (atitude de indignação) • Não esperava que fosse receber tantos elogios! Será que mereço tudo isso? (surpresa) • Qual será a minha colocação no resultado do concurso? Será a mesma que imagino? (expectativa)
Ponto de Exclamação (!) Esse sinal de pontuação é utilizado nas seguintes circunstâncias: a) Depois de frases que expressem sentimentos distintos, tais como: entusiasmo, surpresa, súplica, ordem, horror, espanto: Elementos Gramaticais
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• Iremos viajar! (entusiasmo) • Foi ele o vencedor! (surpresa) • Por favor, não me deixe aqui! (súplica) • Que horror! Não esperava tal atitude. (espanto) • Seja rápido! (ordem) b) Depois de vocativos e algumas interjeições: • Ui! que susto você me deu. (interjeição) • Foi você mesmo, garoto! (vocativo) c) Nas frases que exprimem desejo: • Oh, Deus, ajude-me!
Observações dignas de nota: • Quando a intenção comunicativa expressar, ao mesmo tempo, questionamento e admiração, o uso dos pontos de interrogação e exclamação é permitido. Observe: Que que eu posso fazer agora?! • Quando se deseja intensificar ainda mais a admiração ou qualquer outro sentimento, não há problema algum em repetir o ponto de exclamação ou interrogação. Note: Não!!! – gritou a mãe desesperada ao ver o filho em perigo.
Ponto e vírgula (;) É usado para: a) separar itens enumerados: A Matemática se divide em: • geometria; • álgebra; • trigonometria; • financeira. b) separar um período que já se encontra dividido por vírgulas: Ele não disse nada, apenas olhou ao longe, sentou por cima da grama; queria ficar sozinho com seu cão.
Dois-pontos (:) É usado quando: a) se vai fazer uma citação ou introduzir uma fala: Ele respondeu: não, muito obrigado! b) se quer indicar uma enumeração: Quero lhe dizer algumas coisas: não converse com pessoas estranhas, não brigue com seus colegas e não responda à professora. 62
Leitura e Produção de Texto
Aspas (“”) São usadas para indicar: a) citação de alguém: “A ordem para fechar a prisão de Guantánamo mostra um início firme. Ainda na edição, os 25 anos do MST e o bloqueio de 2 bilhões de dólares do Oportunity no exterior” (Carta Capital on-line, 30/01/09) b) expressões estrangeiras, neologismos, gírias: Nada pode com a propaganda de “outdoor”.
Reticências (...) São usadas para indicar supressão de um trecho, interrupção ou dar ideia de continuidade ao que se estava falando: a) (...) Onde está ela, Amor, a nossa casa, O bem que neste mundo mais invejo? O brando ninho aonde o nosso beijo Será mais puro e doce que uma asa? (...) b) E então, veio um sentimento de alegria, paz, felicidade... c) Eu gostei da nova casa, mas do quintal... Parênteses ( ) São usados quando se quer explicar melhor algo que foi dito ou para fazer simples indicações. Ele comeu, e almoçou, e dormiu, e depois saiu. (o e aparece repetido e, por isso, há o predomínio de vírgulas). Travessão (–) O travessão é indicado para: a) Indicar a mudança de interlocutor em um diálogo: • Quais ideias você tem para revelar? • Não sei se serão bem-vindas. • Não importa, o fato é que assim você estará contribuindo para a elaboração deste projeto. b) Separar orações intercaladas, desempenhando as funções da vírgula e dos parênteses: • Precisamos acreditar sempre – disse o aluno confiante – que tudo irá dar certo. • Não aja dessa forma – falou a mãe irritada – pois pode ser arriscado.
Elementos Gramaticais
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c) Colocar em evidência uma frase, expressão ou palavra: • O prêmio foi destinado ao melhor aluno da classe – uma pessoa bastante esforçada. • Gostaria de parabenizar a pessoa que está discursando – meu melhor amigo.
2.3 Na Prática
01)
EFOMM – É inaceitável a pontuação na alternativa: a) 1 cm., 2 cm., 1 m., 2 m., 1 g., 2 g., 1 kg., 1 h 20., 2 h 20 m 30 s. b) De boa árvore, bons frutos. c) Terminada a palestra, procure-nos. d) Não chore, que será pior. e) Eram dois – eu os vi pessoalmente – os assaltantes.
02) EFOMM – Assinale a alternativa em que o período está corretamente pontuado: a) Uns trabalhavam, esforçavam-se, exauriam-se; outros gozavam, não pensavam no futuro. b) “E agora José?” c) Cauteloso que era, nunca revelava realmente, suas ideias. d) Afirmavam, insistentes; era o reparo moral, que queriam, e não o dinheiro. e) Com as graças de Deus, vou indo caríssima Rosália.
03) UFRRJ – Marco Túlio Cícero, tão famoso quanto Demóstenes na área da retórica, sempre dizia: Prefiro a virtude do medíocre ao talento do velhaco. Neste período está faltando um sinal de pontuação: a) vírgula; b) ponto e vírgula; c) ponto de exclamação; d) aspas; e) reticência.
04) Assinale o item em que todas as palavras são acentuadas pela mesma regra de: também, incrível e caráter. a) alguém, inverossímil, tórax b) hífen, ninguém, possível c) têm, anéis, éter d) há, impossível, crítico e) pólen, magnólias, nós 64
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05) Assinale a alternativa correta a) Não se deve colocar acento circunflexo em palavra como avo, bisavo, porque há palavras homógrafas com pronúncia aberta b) Não se deve colocar acento grave no a do contexto: Fui a cidade c) Não se deve colocar trema em palavras como tranquilo, linguiça, sequência d) Não se deve colocar trema em palavras derivadas como avozinho, vovozinho e) O emprego do trema é facultativo
06) Assinale a opção em que as palavras, quanto à acentuação gráfica, estejam agrupadas pelo mesmo motivo gramatical. a) problemáticos, fácil, álcool b) já, até, só c) também, último, análises d) porém, detêm, experiência e) país, atribuíram, cocaína
07) A única alternativa que possui, pelo menos, uma palavra indevidamente acentuada é: a) fórceps-avícola b) lábaro-néctar. c) homília-hieróglifo. d) ístmo-resfolego e) bólido-interim.
08) “O pobre fica ___ meditar, ___ tarde, indiferente ___ que acontece ao seu redor”. a) à – a – aquilo b) a – a – àquilo c) a – à – àquilo d) à – à – aquilo e) à – à – àquilo
09) Chegou-se _____ conclusão de que a escola também é importante devido _____ merenda escolar que é distribuída gratuitamente _____ todas as crianças. a) à – à – à b) a – à – a c) a – à – à d) à – à – a e) à – a – a Elementos Gramaticais
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10) Quanto _____ problema, estou disposto, para ser coerente __________ mesmo, _____ emprestar-lhe minha colaboração. a) aquele – para mim – a b) àquele – comigo – a c) aquele – comigo – à d) aquele – por mim – a e) àquele – para mim – à
11) Dentre as frases abaixo, escolha aquela em que há, de fato, flexão de grau para o substantivo. a) O advogado deu-me seu cartão. b) Deparei-me com um portão, imenso e suntuoso. c) Moravam num casebre, à beira do rio. d) A abelha, ao picar a vítima, perde seu ferrão. e) A professora distribuiu as cartilhas a todos os alunos.
12) Indique a alternativa correta no que se refere ao plural dos substantivos compostos casa-grande, flor-de-cuba, arco-íris e beija-flor. a) casa-grandes, flor-de-cubas, os arco-íris, beijas-flor b) casas-grandes, flores-de-cuba, arcos-íris, beijas-flores c) casas-grande, as flor-de-cubas, arcos-íris, os beija-flor d) casas-grande, flores-de-cuba, arcos-íris, beijas-flores e) casas-grandes, flores-de-cuba, os arco-íris, beija-flores
13) Assinale a alternativa em que há gênero aparente na relação masculino/feminino dos pares. a) boi – vaca b) homem – mulher c) cobra macho – cobra fêmea d) o capital – a capital e) o cônjuge (homem)– o cônjuge (mulher)
14) Numa das frases seguintes, há uma flexão de plural totalmente errada. Assinale-a. a) Os escrivães serão beneficiados por essa lei. b) O número mais importante é o dos anõezinhos. c) Faltam os hifens nesta relação de palavras. d) Fulano e Beltrano são dois grandes caráteres. e) Os reptis são animais ovíparos.
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15) “Os homens são os melhores fregueses” – os melhores encontrase no grau: a) comparativo de superioridade. b) superlativo relativo de superioridade. c) superlativo absoluto sintético. d) superlativo absoluto analítico de superioridade.
16) Os adjetivos Iígneo, gípseo, níveo, braquial significam, respectivamente: a) lenhoso, feito de gesso, alvo, relativo ao braço. b) lenhoso, feito de gesso, nivelado, relativo ao crânio. c) lenhoso, rotativo, abalizado, relativo ao crânio. d) associado, rotativo, nivelado, relativo ao braço. e) associado, feito de gesso, abalizado, relativo ao crânio.
17) Aponte a alternativa incorreta quanto à correspondência entre a locução e o adjetivo. a) glacial (de gelo); ósseo (de osso) b) fraternal (de irmão); argênteo (de prata) c) farináceo (de farinha); pétreo (de pedra) d) viperino (de vespa); ocular (de olho) e) ebúrneo (de marfim); insípida (sem sabor)
18) Assinale a alternativa em que ambos os adjetivos não se flexionam em gênero. a) elemento motor, tratamento médico-dentário b) esforço vão, passeio matinal c) juiz arrogante, sentimento fraterno d) cientista hindu, homem célebre e) costume andaluz, manual Iúdico-instrutivo
2.4 O que aprendemos?
Nessa unidade aprendemos a trabalhar com alguns elementos da gramática normativa da língua portuguesa, como: • Trabalhar com a pontuação; • Identificar as crases e o uso da crase nas orações; • Usar os diferentes tipos de substantivos; • Utilizar das formas e flexões dos adjetivos; • Empregar os pronomes em orações; • E aplicar o uso da acentuação de acordo com a norma padrão da língua portuguesa e o novo acordo ortográfico. Elementos Gramaticais
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2.5 Referências Adjetivos. Disponível em: acesso em 20/ago/2014 Adjetivos. Disponível em: acesso em 20/ago/2014 Crase. Disponível em: acesso em 20/ago/2014 FERREIRA, Mauro. Aprender e praticar gramática. Ed renovada. São Paulo: FTD, 2007. PEREZ, Ana Gabriela Figueiredo. Rachacuca. Disponível em Acesso em: 20/ago/2014 Pronomes. Disponível em: acesso em 20/ago/2014 Substantivos. Disponível em: acesso em 20/ago/2014 Tipos de Substantivos. Disponível em acesso em 20/ago/2014 VILARINHO, Sabrina; DUARTE, Vânia. Sinais de Pontuação. Disponível em: acesso em 20/ago/2014
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Leitura e Produção de Texto
Anotações
Elementos Gramaticais
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Anotações
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COESÃO E COERÊNCIA
Leitura e Produção de Texto
3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 3.6
Ponto de Partida Roteiro do conhecimento 3.2.1 Coerência 3.2.2 Coesão Glossário Na prática O que aprendemos? Referências
3 COESÃO E COERÊNCIA
3.1 Ponto de Partida
Caro estudante, Chegamos à terceira unidade, aqui serão trabalhados os conceitos de coesão e coerência da língua, os elementos fundamentais para que haja uma comunicação limpa, sem qualquer tipo de ruído. Os elementos da coesão e da coerência, que serão apresentados aqui têm por finalidade: • Empregar os micros elementos da comunicação; • Trabalhar com textos coesos; • Aprofundar o conhecimento obtido; • Lidar com diferentes objetos textuais, com finalidade de passar uma ideia ou mensagem; • Verificar os elementos textuais no macrocontexto; • Entender o significado de coesão e coerência e sua aplicabilidade. Bons estudos!
3.2 Roteiro do Conhecimento
Um dos problemas encontrados com mais frequência nos textos é a falta de coesão e de coerência. É comum encontrarmos textos que iniciam com um tema e terminam com outro, mostrando falta de unidade e de coerência. Além da falta de coerência, há falta de coesão, o que torna, muitas vezes, os períodos ininteligíveis. Mas, o que é coerência e o que é coesão?
3.2.1 Coerência O conceito de coerência refere-se ao nexo entre ideias, acontecimentos, circunstâncias. A coerência é um resultado da não contradição entre as partes do texto e do texto em relação ao mundo. É um instrumento que o autor vai usar para conseguir encaixar as “peças” do texto e dar sentido completo a ele. Todo texto é composto por uma macroestrutura e uma microestrutura. A macroestrutura refere-se à coerência, ou seja, à manutenção da mesma referência temática em toda extensão. Para que ela exista é necessário:
Coesão e Coerência
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a) harmonia de sentido de modo a não ter nada ilógico, nada desconexo; b) relação entre as partes do texto, criando uma unidade de sentido; c) as partes devem estar inter-relacionadas; d) expor uma informação nova e expandir o texto; e) não apresentar contradições entre as ideias; f) apresentar um ponto de vista, uma nova visão de mundo. Mas, a coerência é uma característica textual que depende da interação do texto, do seu produtor e daquele que procura compreendê-lo. Muito depende do receptor, de seu conhecimento de mundo, da situação de produção do texto e do grau de domínio dos elementos linguísticos constantes do texto. Veja no exemplo abaixo a falta desse domínio, o que parece tornar o texto incoerente. Eu gosto tanto de frango, mas tenho medo de gripe aviária. – Ah, mas só dá na Ásia, responderam. – Justo na parte de que eu mais gosto!? (Folha de São Paulo, 18 de março de 2006, p. E13)
Tipos de Coerência • Coerência semântica (relação dos significados dos elementos das frases em sequência)
• Coerência sintática (refere-se a conectivos, pronomes) Ex: Educação, problema universal que por direito todo indivíduo deve ter acesso.
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Leitura e Produção de Texto
• Coerência estilística (mistura de registros linguísticos) Ex: Uso de gírias em textos acadêmicos. • Coerência pragmática (sequência de atos de fala) Os atos da fala devem satisfazer as condições presentes em uma dada situação comunicativa. Ex: – Você pode me emprestar seu livro do Guimarães Rosa? – Hoje eu comi um chocolate que é uma delícia.
Exemplo de um texto incoerente O quarto-zagueiro Edinho Baiano, do Paraná Clube, foi entrevistado por um repórter da rádio Cidade. O Paraná tinha tomado um balaio de gols do Guarani de Campinas, alguns dias antes. O repórter queria saber o que tinha acontecido. Edinho não teve dúvidas sobre os motivos: – Como a gente já esperava, fomos surpreendidos pelo ataque do Guarani. Exemplos de textos incoerentes em anúncios
Será que eles descansam trabalhando? Em uma campanha publicitária, um anúncio, propaganda, placa ou outdoor é de extrema importância prestar atenção ao que você está anunciando e como o fazer, para que seu anúncio não seja contraditório ao seu produto.
Coesão e Coerência
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Na semana dele domingo não é dia!? Pérolas do Vestibular “A fé é uma graça através da qual podemos ver o que não vemos.” “O objetivo da Sociedade Anônima é ter muitas fábricas desconhecidas.” “O Ateísmo é uma religião anônima.” “O problema fundamental do terceiro mundo é a superabundância de necessidades.” “A diferença entre o Romantismo e o Realismo é que os românticos escrevem romances e os realistas nos mostram como está a situação do país.” “O Chile é um país muito alto e magro.” “Em Esparta as crianças que nasciam mortas eram sacrificadas.”
3.2.2 Coesão Coesão é a conexão, ligação, harmonia entre os elementos de um texto. Diz respeito às articulações gramaticais existentes entre as palavras, orações, frases, parágrafos e partes maiores de um texto que garantem sua conexão sequencial. Para que o texto seja coeso, deve seguir pelo menos um dos mecanismos de coesão: a) Retomada de termos, expressões ou frases já ditas. b) Encadeamento de segmentos do texto, feito com conectores ou operadores discursivos, tais como então, portanto, mas, já que, porque... 76
Leitura e Produção de Texto
Tipos de Coesão • Coesão por referência (são elementos de referência os pronomes pessoais, possessivos, demonstrativos e os advérbios de lugar.) Ex: Foi à Europa e lá foi feliz. • Coesão lexical: • por sinônimo • por hiperônimos (palavras que correspondem ao gênero do termo a ser retomado) • por repetição do mesmo item • por substituição (colocação de um item num lugar de um outro segmento)
Exemplo de texto coeso Observe a coesão presente no texto a seguir: “Os sem-terra fizeram um protesto em Brasília contra a política agrária do país, porque consideram injusta a atual distribuição de terras. Porém o ministro da Agricultura considerou a manifestação um ato de rebeldia, uma vez que o projeto de Reforma Agrária pretende assentar milhares de sem-terra.” JORDÃO, R., BELLEZI C. Linguagens. São Paulo: Escala Educacional, 2007, 566 p
Coesão e Coerência
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Texto sem elementos de coesão “... É só isso, não tem mais jeito, acabou, boa sorte não tem o que dizer, são só palavras, saiba que o que eu sinto não mudará...” (composição: Vanessa Da Mata feat. Ben Harper)
Veja a mesma canção com os elementos de coesão Se é só isso, então não tem mais jeito, por isso acabou, desejolhe boa sorte e não se preocupe não tem nada o que dizer, isso são só palavras, mas saiba que e o que eu sinto por você não mudará...”
3.3 Glossário
Macroestrutura: Estrutura de dimensão superior que engloba outras estruturas menores que pode ser composta em elementos menores. Microestrutura: Estrutura de dimensão inferior que pertence à outra estrutura mais vasta. Pormenorização de uma estrutura.
3.4 Na Prática
1) Um dos problemas encontrados com mis frequência nos textos é a falta de coesão e de coerência. É comum encontrarmos textos que iniciam com um tema e terminam com outro, mostrando falta de unidade e de coerência. Além da falta de coerência, há falta de coesão, o que torna, muitas vezes, os períodos ininteligíveis. Mas, o que é coerência? a) O conceito de coerência refere-se ao nexo entre ideias, acontecimentos, circunstâncias. A coerência é um resultado da não contradição entre as partes do texto e do texto em relação ao mundo. É um instrumento que o autor vai usar para conseguir encaixar as “peças” do texto e dar sentido completo a ele. b) A coerência é uma característica textual que depende da interação do meio, do seu produtor e não daquele que procura compreendê-lo. Muito depende do receptor, de seu conhecimento de mundo, mas, não da situação de produção do texto e do grau de domínio dos elementos linguísticos constantes do texto. c) A coerência é uma característica não textual que depende da interação do texto, do seu produtor e daquele que procura compreendê-lo. Muito depende do canal, de seu conhecimento de mundo, da situação de produção do texto e do grau de domínio dos elementos linguísticos constantes do texto.
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d) O conceito de coerência refere-se ao nexo entre ideias, acontecimentos, circunstâncias. A coerência é um resultado da não contradição entre as partes do texto e do texto em relação ao mundo. É um instrumento que o autor vai usar para conseguir encaixar as “peças” do texto e dar sentido completo a ele. e) A microestrutura refere-se à coerência, ou seja, à manutenção da mesma referência temática em toda extensão. 2) Na frase: “Em Esparta as crianças que nasciam mortas eram sacrificadas”. Está presente um erro de: a) Coesão b) Coerência c) Grafia d) Vício de Linguagem e) Concordância 3) (TRF) A forma que substitui adequadamente a palavra mas, no trecho “compele os homens a se defrontar com a realidade não do ponto de vista da realização do prazer, mas do dever fazer”, mantendo o sentido original, é: a) senão que também; b) senão; c) não obstante; d) no entanto; e) quando não. 4) (TRF) O pronome sublinhado em “Não surpreende que assim seja, porque desta definição depende em parte o estabelecimento das credenciais dos atores que hoje estão envolvidos na luta dos negros pelo lugar na sociedade brasileira que nem a abolição, nem os cem anos que a seguiram lhes propiciaram.” está em clara referência ao termo: a) negros; b) atores; c) credenciais; d) cem anos; e) envolvidos. Coesão e Coerência
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5) (TRF) O pronome destacado em “... e a frente do movimento pelo fim das discriminações raciais. Ambas são políticas, mas a primeira O é de forma mediatizada” tem a função de substituir, no texto: a) o adjetivo político; b) o substantivo discriminações; c) o verbo ser; d) o substantivo movimento; e) o numeral primeira.
3.5 O que aprendemos?
Nessa unidade aprendemos que: • A diferença entre coesão e coerência está na macro e na microestrutura; • A coerência é o nexo entre as ideias de um texto; • A coesão é a harmonia entre os elementos de um texto; • Um texto para ser coeso deve seguir a retomada ou o encadeamento de ideias; • Que a coesão, ou a falta dela, pode se dar por diferentes tipos.
3.6 Referências
“macroestrutura”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, [consultado em 21-08-2014]. ARAUJO, Ana Paula. Coesão e Coerência Textual. Disponível em: Acesso em 21 ago. 2014. CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 3 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001 GARCIA, Othon Moacyr. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro:Fundação Getúlio Vargas,2006. HOUAISS, Antônio et al. Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo: Objetiva,2001.[CD-ROOM]. microestrutura, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, [consultado em 21-08-2014]. PLATÃO e FIORIN. Lições de texto: leitura e redação. 5 ed. São Paulo: Ática, 2006.
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Anotações
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FUNÇÕES DA LINGUAGEM
Leitura e Produção de Texto
4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6
Ponto de partida Roteiro do conhecimento 4.2.1 Função Referencial ou Denotativa 4.2.2 Função Conativa ou Apelativa 4.2.3 Função Emotiva ou Expressiva 4.2.4 Função Metalinguística 4.2.5 Função Fática 4.2.6 Função Poética Glossário Na prática O que aprendemos? Referências
4 FUNÇÕES DA LINGUAGEM
4.1 Ponto de Partida
Caro estudante, Nessa unidade conheceremos e trabalharemos as funções da linguagem, não esquecendo que funções da linguagem não são figuras de linguagem. As funções da linguagem estão diretamente ligadas a cada elemento da comunicação, como visto na unidade anterior, como existem seis elementos fundamentais da comunicação, também existirão seis funções da linguagem. Ao final desta unidade, você estará habilitado a: • Compreender melhor o processo de comunicação; • Utilizar os elementos das funções da linguagem; • Trabalhar as diferentes habilidades da linguagem; • Diferenciar as funções dentro do contexto social. • Empregar com clareza as funções da linguagem no cotidiano. Bons estudos!
4.2 Roteiro do conhecimento
Estamos imersos em meio a um cotidiano estritamente social, no qual nos interagimos com nossos semelhantes por meio da linguagem. A mesma permite-nos revelarmos nossos sentimentos, expressarmos nossas opiniões, trocarmos informações no intuito de ampliarmos nossa visão de mundo, dentre outros benefícios. A cada mensagem que enviamos ou recebemos, seja esta de natureza verbal ou não verbal, estamos compartilhando com um discurso que se pauta por finalidades distintas, ou seja, entreter, informar, persuadir, emocionar, instruir, aconselhar, entre outros propósitos. O objetivo de qualquer ato comunicativo está vinculado à intenção de quem o envia, no caso, o emissor. Dessa forma, de acordo com a natureza do discurso presente na relação emissor x interlocutor, a linguagem assume diferentes funções, todas elas portando-se de características específicas. O emissor, ao transmitir uma mensagem, sempre tem um objetivo: informar algo, demonstrar seus sentimentos, convencer alguém a fazer algo, entre outros; consequentemente, a linguagem passa a ter uma função, que são as seguintes: Funções da Linguagem
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• Função Referencial; • Função Conativa; • Função Emotiva; • Função Metalinguística; • Função Fática; • Função Poética. Obs.: Em um mesmo contexto, duas ou mais funções podem ocorrer simultaneamente: uma poesia em que o autor discorra sobre o que ele sente ao escrever poesias tem as linguagens poética, emotiva e metalinguística ao mesmo tempo. As funções para a linguagem foram bem caracterizadas em 1960, por um famoso linguista russo chamado Roman Jakobson, num célebre ensaio intitulado “Linguística e Poética”.
4.2.1 Função Referencial ou Denotativa Quando o objetivo do emissor é informar, ocorre a função referencial, também chamada de denotativa ou de informativa. São exemplos de função denotativa a linguagem jornalística e a científica. Por exemplo: – Numa cesta de vime há um cacho de uvas, duas laranjas, dois limões, uma maçã verde, uma maçã vermelha e uma pera. Transmite uma informação objetiva, expõe dados da realidade de modo objetivo, não faz comentários, nem avaliação. Geralmente, o texto apresenta-se na terceira pessoa do singular ou plural, pois transmite impessoalidade. A linguagem é denotativa, ou seja, não há possibilidades de outra interpretação além da que está exposta. Em alguns textos é mais predominante essa função, como: científicos, jornalísticos, técnicos, didáticos ou em correspondências comerciais. Por exemplo: “Bancos terão novas regras para acesso de deficientes”. O Popular, 16 out. 2008.
4.2.2 Função Conativa ou Apelativa Ocorre a função conativa, ou apelativa, quando o emissor tenta convencer o receptor a praticar determinada ação. É comum o uso do verbo no Imperativo. Por exemplo: 86
Leitura e Produção de Texto
– Compre aqui e concorra a este lindo carro É uma tentativa do emissor de convencer o receptor a praticar a ação de comprar ali. A ênfase está diretamente vinculada ao receptor, na qual o discurso visa persuadi-lo, conduzindo-o a assumir um determinado comportamento. Essa modalidade encontra-se presente na linguagem publicitária de uma forma geral e traz como característica principal, o emprego dos verbos no modo imperativo.
O objetivo é de influenciar, convencer o receptor de alguma coisa por meio de uma ordem (uso de vocativos), sugestão, convite ou apelo (daí o nome da função). Os verbos costumam estar no imperativo (Compre! Faça!) ou conjugados na 2ª ou 3ª pessoa (Você não pode perder! Ele vai melhorar seu desempenho!). Esse tipo de função é muito comum em textos publicitários, em discursos políticos ou de autoridades.
4.2.3 Função Emotiva ou Expressiva Nesta, há um envolvimento pessoal do emissor, que comunica seus sentimentos, emoções, inquietações e opiniões centradas na expressão do próprio “eu”, levando em consideração o seu mundo interior. Para tal, são utilizados verbos e pronomes em 1ª pessoa, muitas vezes acompanhados Funções da Linguagem
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de sinais de pontuação, como reticências, pontos de exclamação, bem como o uso de onomatopeias e interjeições. Soneto de Fidelidade De tudo ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure. Vinícius de Moraes
O objetivo do emissor é transmitir suas emoções e anseios. A realidade é transmitida sob o ponto de vista do emissor, a mensagem é subjetiva e centrada no emitente e, portanto, apresenta-se na primeira pessoa. A pontuação (ponto de exclamação, interrogação e reticências) é uma característica da função emotiva, pois transmite a subjetividade da mensagem e reforça a entonação emotiva. Essa função é comum em poemas ou narrativas de teor dramático ou romântico.
4.2.4 Função Metalinguística É a utilização do código para falar dele mesmo: uma pessoa falando do ato de falar, outra escrevendo sobre o ato de escrever, palavras que explicam o significado de outra palavra. Por exemplo: – Escrevo porque gosto de escrever. Ao passar as ideias para o papel, sinto-me realizado... 88
Leitura e Produção de Texto
A linguagem tem função metalinguística quando o uso do código tem por finalidade explicar o próprio código.] Catar Feijão Catar feijão se limita com escrever: joga-se os grãos na água do alguidar e as palavras na folha de papel; e depois, joga-se fora o que boiar. Certo, toda palavra boiará no papel, água congelada, por chumbo seu verbo: pois para catar esse feijão, soprar nele, e jogar fora o leve e oco, palha e eco. 2. Ora, nesse catar feijão entra um risco: o de que entre os grãos pesados entre um grão qualquer, pedra ou indigesto, um grão imastigável, de quebrar dente. Certo não, quando ao catar palavras: a pedra dá à frase seu grão mais vivo: obstrui a leitura fluviante, flutual, açula a atenção, isca-a como o risco. João Cabral de Melo Neto
4.2.5 Função Fática O objetivo do emissor é estabelecer o contato, verificar se o receptor está recebendo a mensagem de forma autêntica, ou ainda visando prolongar o contato. Há o predomínio de expressões usadas nos cumprimentos como: bom dia, Oi!. Ao telefone (Pronto! Alô!) e em outras situações em que se testa o canal de comunicação (Está me ouvindo?). – Alô! Como vai? – Tudo bem, e você? – Vamos ao cinema hoje? – Prometo pensar no assunto. Retorno mais tarde para decidirmos o horário. A função fática ocorre quando o emissor quebra a linearidade de sua comunicação, a fim de observar se o receptor o entendeu. São perguntas como não é mesmo?, você está entendendo?, cê tá ligado?, ouviram?, ou frases como alô!, oi. Funções da Linguagem
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O objetivo dessa função é estabelecer uma relação com o emissor, um contato para verificar se a mensagem está sendo transmitida ou para dilatar a conversa.
4.2.6 Função Poética É a linguagem das obras literárias, principalmente das poesias, em que as palavras são escolhidas e dispostas de maneira que se tornem singulares. Por exemplo: Clímax No peito a mata aperta o pranto do olhar do louco pra meia-lua. O clímax da noite, escorrendo orvalho como estrelas, refletindo nas águas da cachoeira gelada. Cabeça caída, cabelos escorridos, pelos eriçados pela emoção nativista. Segurem as florestas, mãos fortes, decididas! Ficar o vazio é não ter a noite é não ter o clímax. O clímax da vida! (Dílson Catarino)
Nesta modalidade, a ênfase encontra-se centrada na elaboração da mensagem. Há um certo cuidado por parte do emissor ao elaborar a mensagem, no intuito de selecionar as palavras e recombiná-las de acordo com seu propósito. Encontra-se permeada nos poemas e, em alguns casos, na prosa e em anúncios publicitários. Canção Ouvi cantar de tristeza, porém não me comoveu. Para o que todos deploram. que coragem Deus me deu! 90
Leitura e Produção de Texto
Ouvi cantar de alegria. No meu caminho parei. Meu coração fez-se noite. Fechei os olhos. Chorei. [...] Cecília Meireles
Observação: Nem toda poesia tem a função poética. Vale lembrar que Em um mesmo texto podem aparecer várias funções da linguagem. O importante é saber qual a função predominante no texto, para então defini-lo.
4.3 Glossário
4.4 Na Prática
Interlocutor: Cada uma das pessoas que toma parte numa conversação. O que fala em nome de vários.
TEXTO III Nova Poética Vou lançar a teoria do poeta sórdido. Poeta sórdido: Aquele em cuja poesia há a marca suja da vida. Vai um sujeito, Saí um sujeito de casa com a roupa de brim branco [muito bem engomada, e na primeira esquina passa um [caminhão, salpica-lhe o paletó ou a calça de uma nódoa de lama: É a vida O poema deve ser como a nódoa no brim: Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero [...] Manuel Bandeira
01) As funções de linguagem predominante no Texto III são: a) Poética e metalinguística. b) Conativa e referencial. c) Referencial e emotiva. d) Metalinguística e conativa. e) Emotiva e referencial. Funções da Linguagem
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02) As funções de linguagem predominantes no texto acima se justificam pelos seguintes fatores. a) Sentimentalismo e informatividade. b) Metadiscursividade e interpelação ao leitor. c) Informatividade e sentimentalismo. d) Interpelação ao leitor e informatividade. e) Criatividade linguística e metadiscursividade.
03) Leia a estrofe abaixo: “Oh! ter vinte anos sem gozar de leve A ventura de uma alma de donzela! E sem na vida ter sentido nunca
Na suave atração de um róseo corpo Meus olhos turvos se fechar de gozo! Álvares de Azevedo A presença da interjeição, as exclamações e a 1ª pessoa gramatical identificam no texto a função da linguagem: a) Poética. b) Conativa. c) Referencial. d) Metalinguística. e) Emotiva.
04) Marque a sequência correta com relação a funções da linguagem.
1)
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Leitura e Produção de Texto
2)
3) Alô! Está me escutando? Marque a alternativa correspondente a cada função da linguagem. a) Apelativa – Metalinguística – Fática b) Fática – Referencial – Apelativa c) Metalinguística – Conativa – Fática d) Emotiva – Metalinguística – Conativa e) Fática – Apelativa – poética
05) Leia o excerto abaixo extraído de uma suposta entrevista com Riobaldo, de Grande sertão: veredas. “Mire e veja o leitor e a leitora: se não houvesse Brasil, não haveria ‘Grande sertão: veredas’, não haveria Riobaldo. Deviam ter pensado que pelo menos para isso serviu. E o resto é silêncio. Ou melhor, mais uma pergunta senhor Riobaldo. O que é silêncio? O senhor sabe o que o silêncio é? É a gente mesmo, demais.” Alberto Pompeu de Toledo, Veja.
Acima, predominam as seguintes funções da linguagem: a) Poética e fática. b) Conativa e metalinguística. c) Referencial e expressiva. d) Metalinguística e emotiva. e) Emotiva e poética.
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06) Leia atentamente o texto abaixo: A biosfera, que reúne todos os ambientes onde se desenvolvem os seres vivos, se divide em unidades menores chamadas ecossistemas, que podem ser uma floresta, um deserto e até um lago. Um ecossistema tem múltiplos mecanismos que regulam o número de organismos dentro dele, controlando sua reprodução, crescimento e migrações.
DUARTE, M. O guia dos curiosos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
Predomina no texto a função da linguagem a) Referencial, porque o texto trata de noções e informações conceituais. b) Conativa, porque o texto procura orientar comportamentos do leitor. c) Poética, porque o texto chama a atenção para os recursos de linguagem. d) Fática, porque o texto testa o funcionamento do canal de comunicação. e) Emotiva, porque o autor expressa seu sentimento em relação à ecologia.
4.5 O Que Aprendemos?
Nessa unidade você aprendeu que: • Existem seis funções da linguagem; • Que cada uma das funções é direcionada a um interlocutor da comunicação; • Num texto pode haver mais de uma função, mais somente uma irá predominar; • Que as funções não se anulam e sim, se completam;
4.6 Referências
CATARINO, Dílson. Dicas de Português: Teoria da comunicação. Disponível em Acesso em: 23 ago. 2014. DUARTE, Vânia Maria do Nascimento. Funções da Linguagem. Disponível em: acesso em: 21/ago/2014
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Leitura e Produção de Texto
Funções da Linguagem. In Só Português. Disponível em: acesso em: 21/ ago/2014 interlocutor, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, acesso em 22-08-2014]. LARANJEIRA, Caio. Letras e Armas: Exercícios sobre funções da linguagem. Disponível em: acesso em: 22/ago/2014 VILARINHO,Sabrina. Funções da Linguagem. Disponível em: acesso em: 21/ago/2014
Anotações
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Anotações
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LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
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5.1 5.2 5.3 5.4 5.5 5.6 5.7 5.8
Ponto de partida Roteiro do conhecimento O ato de ler Redação e os bloqueios para o seu desenvolvimento Tipos de redação 5.5.1 Descrição 5.5.2 Narração 5.5.3 Dissertação Na prática O que aprendemos? Referências
5 LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
5.1 Ponto de Partida
Caro estudante, Chegamos a nossa quinta unidade, e com muita animação. Nessa unidade será trabalhada a leitura e produção textual, tipos de texto e outros mecanismos de leitura fundamentais para o aprofundamento da disciplina e aprimoramento do curso. Ao final da disciplina você estará apto a: • Reconhecer os tipos de texto; • Trabalhar com a diversidade textual; • Escrever um texto dissertativo, argumentativo ou narrativo; • Romper com os bloqueios de leitura; • Ler e interpretar de forma clara e concisa; • Produzir textos de diferentes categorias (jornalística, acadêmico, cômico). Ao final da disciplina faça o exercício de fixação, para ver o que aprendeu, melhorou ou adquiriu ao longo da unidade, este como parte integrante e importante do processo de aprendizagem do aluno. Bons estudos!
5.2 Roteiro do Conhecimento
O que é ler? O que é leitura? O ato de ler é um ato de recriação do mundo. Nos primeiros sete segundos de leitura já um mundo novo é criado pelo leitor no fecundo espaço da sua imaginação. A geografia física e espiritual do mundo ficcional e poético surge diante de quem lê, que passa então, a reescrever a obra, da qual se torna também o autor. Ler é construir significados constituindo o leitor como um sujeito ativo nesse processo. Apesar disso, ler pressupõe o envolvimento de múltiplos processos que para Jouve “é uma atividade de várias facetas” (JOUVE, 2002, p. 17). “Se é praticando que se aprende a nadar, se é praticando que se aprende a trabalhar. É praticando também que se aprende a ler e escrever. Vamos praticar para aprender e aprender para praticar melhor”. Vamos ler... (Paulo Freire). Leitura e Produção de Texto
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Segundo este autor, ao lermos infringimos em várias faculdades, tais como, a identificação e memorização dos signos, o entendimento do que está escrito, a identificação afetiva com o texto, a intenção argumentativa que poderá levar a uma conclusão ou desviá-la dela e o sentido da leitura. (JOUVE, 2002, p. 17). O ato de ler é um ato de fusão dialética entre razão e sensibilidade. No Oriente, sintetiza Confúcio e Lao Tse. No Ocidente, talvez Marx e Freud. O aparato descritivo da razão é fulminado por transcendências, insolitudes, e inquietado por hipóteses de existência incompreensíveis à luz da razão, mas iluminadoras dos variados sentidos da vida. Ampliando a noção de leitura • O professor no processo de leitura. • Os que não compreendem o porquê, como e para quê ler, transformam-se em adultos alienados e dominados por aqueles que “sabem ler”. • “Educação bancária”, o aluno é apena depositório do conhecimento transmitido pelo professor. Qualquer que seja o tipo de texto, o leitor sempre será interpelado pelo conhecimento que já adquiriu ao longo de sua vida. Nesse sentido, ‘ler’ não é apenas decodificar o que está escrito, mas, também isso, é compreender os significados mediatizados no texto. A compreensão é um processo dinâmico, no qual fazemos uso dos nossos conhecimentos prévios e interagindo com as pistas fornecidas vamos construindo o sentido global do texto. Assim, “o texto, como se vê, pode apenas programar a leitura: é o leitor que deve concretizá-la” (JOUVE, 2002, p.74). O ato de ler é um ato de encantamento. Para uma “humanidade que não suporta tanta realidade” , como sabe T.S. Eliot, a leitura é uma viagem segura para a nau insensata da sensibilidade, levando-a para paragens e a estágios suprarracionais, fazendo-a perder-se, mas não completamente. Quando o leitor fecha um livro, às vezes a contragosto, recobra o seu estado de normalidade, sem correr altos riscos. À medida que avançamos na leitura do texto vamos realizando vários processos mentais de modo que possamos continuar a leitura. Na maioria dos casos, a leitura solicita uma competência mínima que o leitor deve possuir para prossegui-la. 100
Leitura e Produção de Texto
Deste modo, o (des)conhecimento do assunto poderá constituir, inicialmente, um sentido de admiração como também antipatia pelo que se está lendo. A alternativa de muitos leitores, nesse caso, restringe-se em recorrer a outro texto ou abandonar a leitura naquele momento. A leitura ao jeito de cada leitor • Não existe método de ensino. “a leitura de efetivar, deve preencher uma lacuna em nossa vida, precisa vir ao encontro de uma necessidade, de um desejo de uma expansão sensorial, emocional ou racional, de uma vontade de conhecer mais”. • Releitura é benéfica. O que é ler? O que é a leitura?
5.3 O ato de ler
Caso apareça algum obstáculo, nossa mente fará interromper a leitura e voltar à tenção, posteriormente, seguirá o percurso se for resolvido. Quando o leitor não controla esse mecanismo, ele age passando os olhos sobre as letras. Presume-se que, naquele instante, o leitor realize uma leitura dinâmica daquele texto para logo defrontar-se com o final e ‹estar livre› do que está lendo. Conscientemente ele fez a leitura, mas entendê-la já é outro caso. Então, ao relermos o escrito em outro momento iremos dar novo sentido àquele texto, isso, por que nesta ocasião já teremos internalizadas novas leituras acerca do conteúdo relatado no referido texto. O ato de leitura não corresponde unicamente ao entendimento do mundo do texto, seja ele escrito ou não.
A prática da leitura • A leitura carece da mobilização do universo de conhecimento do outro – leitor – para atualizar o universo do texto e fazer sentido na vida, que é o lugar onde o texto realmente. • Aprender a ler é familiarizar-se com diferentes textos produzidos em diversas esferas sociais (jornalística, artística, judiciária, científica, didático-pedagógica, cotidiana, midiática, literária, publicitária, entre outras) para desenvolver uma atitude crítica; ou seja, de discernimento, que leve a pessoa a identificar as vozes presentes nos textos e perceber-se capaz de tornar a palavra diante deles. Leitura e Produção de Texto
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• Para pensar a prática da leitura, sobretudo de seu ensino, o mediador não pode depender de receitas e fórmulas, tomadas emprestadas de outras situações e contextos, como modos de fazer. • É necessária uma atitude de reflexão sobre as implicações presentes no ato de ler e o estabelecimento de uma disposição para inovar, nascida da confiança em sua própria capacidade de pensar e criar nas circunstâncias em que desenvolve seu propósito. A leitura apresenta-se como um jogo de relações, no qual o leitor vai construindo por antecipação o contexto do discurso, formulando hipóteses e suposições que posteriormente, no decorrer da leitura, serão ratificadas, negadas ou reformuladas; incidindo ao leitor recorrer as suas interpretações.
5.4 Redação e os bloqueios
A redação em vestibular, em qualquer tipo de concurso ou em qualquer ocasião, certamente, já causou muito mais horror, tremores, faniquitos e bloqueios do que hoje. São poucas as pessoas que, ao receberem a incumbência de escrever alguma coisa, ainda que um simples bilhete, não sintam inibição paralisante. Acontece um branco em sua mente, um vazio em sua potencialidade. Vivem minutos (minutos?) de angústia, roem unhas, mascam canetas e nada sai. Como se dá esse processo? Primeiramente, como causa objetiva, existe a falta de hábito da escrita e da leitura. Secundariamente, existe a causa subjetiva, o bloqueio psíquico. Quando escrevemos, temos medo de expor-nos. Em geral não tememos ser gozados pelo que dizemos, mas não aceitamos a hipótese de gozação pelo que escrevemos. É a força do documento!... É importante não esquecer que, na maioria das vezes, falar bem não significa necessariamente escrever bem. Na língua oral, usamos de recursos que inexistem na escrita. Como evitar isso? Treinando! Escrevendo todos os dias. Lendo e escrevendo. E tempo? Todos dispõem de tempo. É apenas uma questão de saber aproveitálo. De dez minutos diários para uma leitura, de mais dez minutos para pequena redação, todos dispõem. É só fazer hábito e... até gosto é capaz de adquirirem. 102
Leitura e Produção de Texto
Adianta escrever se ninguém corrige? Evidentemente que sim! Escrevendo todos os dias você vai se desinibindo. Vai adquirindo jeito para a coisa. Vai sanando dúvidas de ortografia (desde que consulte o dicionário). Vai ficando fluente. Escrever sobre o que? Qualquer coisa. Os bloqueios de redação podem surgir a qualquer momento, lugar ou situação; evitar que eles ocorram, superar essas limitações lendo todos os dias um pouquinho que seja, colocando o cérebro em atividade constante objetivando evitar essas dificuldades; é necessário para sanar o que chamamos de bloqueio, ou o famoso “deu branco”.
5.5 Tipos de Redação
Três são os tipos de composição escrita: a Descritiva, a Narrativa, e a Dissertativa.
5.5.1 Descritiva Descrever é traduzir com palavras aquilo que se viu e se observou. É a representação, por meio das palavras, de um objeto ou imagem. As características que existem em um texto descritivo estão focadas nos detalhes, o texto descrito tem como objetivo mostrar ao leitor as minúcias da história ou do objeto que está se descrevendo. Os substantivos e adjetivos são predominantes nesse tipo de texto, a descrição é uma forma de foto textual no qual o leitor submerge a leitura. A descrição tem que ser organizada podendo – ou não – ter comparações, utiliza-se também metáforas ou outras figuras de linguagens, o uso do verbo no presente ou no pretérito imperfeito traz uma relação de perspectiva. Descrição Denotativa: a descrição é denotativa quando a linguagem representativa do objeto é objetiva, clara, direta, sem metáforas ou outras figuras literárias. Na descrição denotativa, as palavras são tomadas no seu sentido de dicionário, único. Exemplos: as descrições científicas, as descrições dos livros didáticos, etc. Descrição Conotativa: é a descrição literária, na qual as palavras são tomadas em sentindo simbólico, ricas em polivalência. Visam retratar uma realidade além da realidade. Uma suprarrealidade. Leitura e Produção de Texto
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Estrutura de uma Descrição CARACTERÍSTICAS
Situa seres e objetos no espaço (fotografia)
INTRODUÇÃO
A perspectiva do observador focaliza o ser ou objeto, distingue seus aspectos gerais e os interpreta. Capta os elementos numa ordem coerente com a disposição em que eles se encontram no espaço, caracterizando-os objetiva e subjetivamente, física e psicologicamente na redação. Não há um procedimento específico para conclusão. Considera-se concluído o texto quando se completa a caracterização. Uso dos cinco sentidos: audição, gustação, olfato, tato e visão, que, combinados, produzem a sinestesia. Adjetivação farta, verbos de estado, linguagem metafórica, comparações e prosopopeias. Sensibilidade para combinar e transmitir sensações físicas (cores, formas, sons, gostos, odores) e psicológicas (impressões subjetivas, comportamentos). Pode ser redigida num único parágrafo.
DESENVOLVIMENTO
CONCLUSÃO
RECURSOS
O QUE SE PEDE
5.5.2 Narrativa A Narrativa caracteriza-se pela representação de fatos com personagens fictícios ou reais que ocorrem numa linha de tempo. Fatos reais são mais normais em livros científicos, jornais, livros de histórias entre outros, se sua história for com fatos fictícios você vai ter toda liberdade para criar. Os verbos nesse tipo de redação são em primeira pessoa quando o narrador for um narrador-personagem, caso contrário serão em terceira pessoa. Narrar é discorrer sobre fatos. É contar. Consiste na elaboração de um texto que relate episódios, acontecimentos. Ao contrário da descrição, que é estática, a narração é eminentemente dinâmica. Nela predominam os verbos. Aqui o importante está na ação. No que aconteceu. A sua essência é a criatividade. O quê? – o acontecimento a ser narrado; Quem? – a personagem principal (protagonista);
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Leitura e Produção de Texto
Quem? – o antagonista; Como? – a maneira como se desenrolou o acontecimento; Quando? – o tempo da ação; Onde? – o local do acontecimento; Por quê? – a razão do fato; Por isso – resultado ou consequência. Esta modalidade de texto transita por um fio condutor que leva a uma situação denominada “clímax” ou “nó”, decaindo numa “resolução” ou epílogo. O segredo da narrativa concentra-se no grau de suspense criado, bem como no fecho surpreendente. Estrutura de uma Narração CARACTERÍSTICAS
Situa seres e objetos no tempo (história)
INTRODUÇÃO
Apresenta as personagens, localizando-as no tempo e no espaço.
DESENVOLVIMENTO
Por meio de ações das personagens, constroem-se a trama e o suspense, que culminam no clímax da redação.
CONCLUSÃO
Existem várias maneiras de concluir-se uma narração. Esclarecer a trama é apenas uma delas.
RECURSOS
Verbos de ação, geralmente no tempo passado; narrador personagem, observador ou onisciente; discursos direto, indireto e indireto livre.
O QUE SE PEDE
Imaginação para compor uma história que entretenha o leitor, provocando expectativa e tensão. Pode ser romântica, dramática ou humorística.
5.5.3 Dissertativa Um texto dissertativo é diferente dos de mais tipos de textos, pois caracteriza-se por informar fatos de maneira clara segundo a norma culta da língua portuguesa. O texto deve ser objetivo, impessoal e não deve apresentar insuficiência de dados, incertezas e o escritor não poderá defender uma ideia e nem dar opiniões. Como é um texto que pretende mostrar a realidade, o tempo verbal mais utilizado é o presente atemporal, isto é, quando as ações são válidas a qualquer tempo. Leitura e Produção de Texto
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Dissertar é tratar com desenvolvimento um ponto doutrinário, um tema abstrato, um assunto genérico. Ou seja, dissertar é expor ideias em torno de um problema qualquer. A dissertação exige reflexões e seleção de ideias. Exige que se monte um plano de desenvolvimento. Para escrever bem, é preciso, portanto, estar plenamente senhor do seu assunto; é preciso refletir bem nele, para ver claramente a ordem dos pensamentos e formular deles uma sequência, uma cadeia, em que cada ponto representa uma ideia. A dissertação baseia-se em três partes fundamentais: Introdução: parte em que se apresenta o assunto a ser questionado; Desenvolvimento: parte em que se discute a proposta; conclusão: parte em que se toma posição relativamente à proposta. A Estrutura do texto Dissertativo Classicamente, uma redação deve constar de três partes: • Introdução; • Desenvolvimento; • Conclusão. Introdução: significa “levar para dentro”. Na introdução, portanto, conduzimo-nos para dentro do tema, do assunto. Ela é muito importante. Sendo o contato inicial do leitor com o texto, deve atraí-lo, despertar-lhe o interesse. Assim, deve ser objetiva, simpática e, sobretudo, não pode ser longa. A introdução apresenta a ideia que vai ser discutida, nada lhe acrescentando. Enfim, na introdução, o importante é falar do tema da redação. Desenvolvimento: é o corpo da redação. Sua parte principal. É aqui que aparecem as ideias, os argumentos, a originalidade. A introdução corresponde à tese, e o desenvolvimento vem a ser o debate da tese. É a parte mais longa. Apresenta cada um dos argumentos ordenadamente, analisando detidamente as ideias e exemplificando de maneira rica e suficiente o pensamento. Só comece a escrever depois que você souber, com certeza, quais as ideias, aquilo que e sobre o que você vai escrever. Desenvolvimento: é necessário que as ideias sejam corretas e objetivamente expostas. Não se deve cansar o leitor com um milhão de argumentos diferentes, nem com períodos longos e maçantes que fatalmente, resultam confusos. 106
Leitura e Produção de Texto
Conclusão: é o acabamento da redação. E, não se deve iniciar abruptamente a redação, também não se deve terminá-la de súbito. A conclusão resume todas as ideias apresentadas e discutidas no desenvolvimento, tomando uma posição sobre o problema apresentado. Ela é, a princípio, retirada da melhor ideia, que achamos ter no momento da reflexão inicial sobre o tema. É a nossa posição em face de um problema qualquer, a sua solução, ou a projeção futura. Estrutura de uma Dissertação CARACTERÍSTICAS INTRODUÇÃO DESENVOLVIMENTO
CONCLUSÃO
RECURSOS O QUE SE PEDE
Discute um assunto apresentando pontos de vista e juízos de valor. Apresenta a síntese do ponto de vista a ser discutido (tese). Amplia e explica o parágrafo introdutório. Expõe argumentos que evidenciam posição crítica, analítica, reflexiva, interpretativa, opinativa sobre o assunto. Retoma sinteticamente as reflexões críticas ou aponta as perspectivas de solução para o que foi discutido. Linguagem referencial, objetiva; evidências, exemplos, justificativas e dados. Capacidade de organizar ideias (coesão), conteúdo para discussão (cultura geral), linguagem clara, objetiva, vocabulário adequado e diversificado.
5.6 Na Prática 1) Explique o ato de ler. _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ 2) Explique o que vem a ser o bloqueio de redação. _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________
Leitura e Produção de Texto
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3) Explique o que é o texto narrativo. _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ 4) Explique o que é o texto descritivo. _______________________________________________________ ______________________________________________________ _______________________________________________________ 5) Explique o que é o texto dissertativo. _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ 6) Leia o texto a seguir e responda: O Coveiro Ele foi cavando, cavando, cavando, pois sua profissão – coveiro – era cavar. Mas, de repente, na distração do ofício que amava, percebeu que cavara demais. Tentou sair da cova e não conseguiu. Levantou o olhar para cima e viu que sozinho não conseguiria sair. Gritou. Ninguém atendeu. Gritou mais forte. Ninguém veio. Enrouqueceu de gritar, cansou de esbravejar, desistiu com a noite. Sentou-se no fundo da cova, desesperado. A noite chegou, subiu, fez-se o silêncio das horas tardias. Bateu o frio da madrugada e, na noite escura, não se ouviu um som humano, embora o cemitério estivesse cheio de pipilos e coaxares naturais dos matos. Só pouco depois da meia-noite é que vieram uns passos. Deitado no fundo da cova o coveiro gritou. Os passos se aproximaram. Uma cabeça ébria apareceu lá em cima, perguntou o que havia: O que é que há? O coveiro então gritou, desesperado: Tire-me daqui, por favor. Estou com um frio terrível! Mas, coitado! – condoeu-se o bêbado – Tem toda razão de estar com frio. Alguém tirou a terra de cima de você, meu pobre mortinho! E, pegando a pá, encheu-a e pôs-se a cobri-lo cuidadosamente. Millôr Fernandes Fonte: http://raquelletras.blogspot.com.br/2010/03/
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Leitura e Produção de Texto
Com base na leitura textual responda: Qual a tipologia textual predominante no texto? a) Dissertativa b) Narrativa c) Argumentativa d) Descritivo e) Novela 7) Julgue os itens em (V) verdadeiro ou (F) falso:
I. A narração consiste em arranjar uma sequência de fatos na qual os personagens se movimentam num determinado espaço à medida que o tempo passa. O texto narrativo é baseado na ação que envolve personagens, tempo, espaço e conflito. Seus elementos são: narrador, enredo, personagens, espaço e tempo. II. Descrição é a representação verbal de um objeto sensível (ser, coisa, paisagem), por meio da indicação dos seus aspectos mais característicos, dos pormenores que o individualizam, que o distinguem. III. Dissertar é o mesmo que desenvolver ou explicar um assunto, discorrer sobre ele. Assim, o texto dissertativo pertence ao grupo dos textos expositivos, juntamente com o texto de apresentação científica, o relatório, o texto didático, o artigo enciclopédico. Em princípio, o texto dissertativo não está preocupado com a persuasão e sim, com a transmissão de conhecimento, sendo, portanto, um texto informativo. IV. Diferentemente da narração, que faz uma história progredir, a dissertação faz interrupções na história, para apresentar melhor um personagem, um lugar, um objeto, enfim, o que o autor julgar necessário para dar mais consistência ao texto. Marque a sequencia correta: a) V; V; V; F b) F; V; F; V c) V; F; V; F d) F; F; V; V e) V; V; F; F
Leitura e Produção de Texto
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8) Julgue os itens a seguir:
I.
Bloqueios de redação – Primeiramente, como causa objetiva, existe a falta de hábito da escrita e da leitura. Secundariamente, existe a causa subjetiva, o bloqueio psíquico. Quando escrevemos, temos medo de expor-nos. Em geral não tememos ser gozados pelo que dizemos, mais não aceitamos a hipótese de gozação pelo que escrevemos. II. É importante não esquecer que, na maioria das vezes, falar bem não significa necessariamente escrever bem. Na língua oral, usamos de recursos que inexistem na escrita. III. Uma forma de evitar o bloqueio e escrevendo todos os dias. Lendo e escrevendo pelo menos 10 minutos todos os dias. Marque a alternativa correta: a) I e III estão corretos. b) II e III Estão corretas. c) I e II estão corretas. d) Todas estão corretas. e) Todas estão incorretas.
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5.7 O que aprendemos? Nessa unidade aprendemos que: • Existem diferentes tipos de texto; • Descrever é detalhar um objeto em suas particularidades e cheio de detalhes; • Narrar e contar uma história, com seus elementos, lugar, personagem, tempo; • A narrativa tanto pode ser um fato real ou ficção; • Dissertação é o texto de caráter científico; • Dissertar é defender um ponto de vista (tese) de forma mais elaborada; • Existem bloqueios de redação e esses bloqueios podem ser superados; • Que o ato de ler começa no campo da objetividade e termina no campo da subjetividade; • Ler é construir um mundo novo em segundos e fazer uma viajem sem percas ou danos, somente ganhos. Leitura e Produção de Texto
5.8 Referências Estrutura de uma redação. acessado em 16/abr/2013 JOUVE, Vincent. Como se lê? In: JOUVE, Vincent. A leitura. Assis/ SP: Editora da UNESP, p. 61-87. 2002. JOUVE, Vincent. O que é a leitura? In: JOUVE, Vincent. A leitura. São Paulo: Editora da UNESP, 2002. p.17-33. LEAL, Leiva de Figueiredo Viana. Leitura e formação de professores. In: EVANGELISTA, Aracy Alves Martins; BRANDÃO, Heliana Maria Brina; MACHADO, Maria Zélia Versiani (orgs.). A escolarização da leitura literária: o jogo do livro infantil e juvenil. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. p. 263-268. MARTINS, Maria Helena. O que é leitura?. Disponível em acesso em 27/ago/2014 MAZAROTTO, Luiz Fernando. Redação: Gramática e Literatura: aprenda a elaborar textos claros, objetivos e eficientes. 2 ed. São Paulo: editora CDL, 2007. Quais os tipos de redação que existem? acessado em 16/abr/2013 SIEVERT, Mara. Uma leitura sobre o ato de ler. Disponível em: acesso em 27/ago/2014
Anotações
Leitura e Produção de Texto
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Anotações
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Leitura e Produção de Texto
6
TEXTO, CONTEXTO E INFORMAÇÃO
Leitura e Produção de Texto
6.1 6.2 6.3 6.4 6.5
Ponto de partida Roteiro do Conhecimento 6.2.1 Percepção 6.2.2 Linguagem e diversidade linguística 6.2.3 Texto e Contexto Na prática O que aprendemos Referências
6 TEXTO, CONTEXTO E INFORMAÇÃO
6.1 Ponto de Partida
Caro estudante, Chegamos a nossa última unidade, e com muita animação, e cheio de conhecimentos. Nessa unidade, serão trabalhadas as diferenças entre texto, contexto e informação; onde cada um trará uma importante contribuição para o processo de aprendizagem e reflexão sua, estudante. Ao fim desta unidade você estará apto a: • Identificar os textos e interpretá-los; • Verificar em qual contexto o texto se encontra, ou os interlocutores de uma comunicação; • Definir o que é percepção; • Saber a diferença entre comunicação e informação; • Trabalhar com a diversidade geográfica textual e gramatical. Ao final da unidade faremos a nossa última atividade, conto com vocês! Bons estudos!
6.2 Roteiro do conhecimento
Comunicação é o processo pelo qual os seres humanos trocam entre si informações. Nesta breve definição temos já implicitamente presentes os elementos nucleares do ato comunicativo: o emissor, o receptor (“seres humanos”) e a mensagem (“informações”). De fato, em qualquer ato comunicativo encontramos alguém que procura transmitir a outrem uma dada informação. • é necessária a intervenção de, pelo menos, dois indivíduos, um que emita, outro que receba; • algo tem que ser transmitido pelo emissor ao receptor; • para que o emissor e o receptor comuniquem é necessário que esteja disponível um canal de comunicação; • a informação a transmitir tem que estar «traduzida» num código conhecido, quer pelo emissor, quer pelo receptor; • finalmente todo o ato comunicativo se realiza num determinado contexto e é determinado contexto.
Texto, Contexto e Informação
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6.2.1 Percepção O que é a percepção? • Processo pelo qual indivíduos organizam e interpretam suas impressões sensoriais a fim de dar sentido ao seu ambiente. Entretanto, o que alguém percebe pode ser substancialmente diferente da realidade objetiva. • O comportamento das pessoas é baseado em suas percepções do que a realidade é, e não na realidade em si.
O indivíduo que percebe A interpretação é influenciada pelas características pessoais do indivíduo. Atitudes: são pensamentos diferentes a respeito de algo e que implicam em interpretações distintas que duas ou mais pessoas têm a respeito do mesmo objeto ou situação. Motivação: necessidades não atendidas levam a diversas maneiras de percepção. Interesse: como os interesses individuais variam consideravelmente, o que uma pessoa nota numa situação pode diferir do que os outros percebem. Experiências passadas: percebem-se as coisas com as quais se pode fazer alguma relação.
6.2.2 Linguagem e Diversidade Linguística As pessoas percebem e interpretam as coisas e situações conforme suas cargas de experiência, conhecimento, crenças, valores, sentimentos, condicionamentos e vivência pessoal. 1. Nenhuma língua é um fato homogêneo. 2. Cada variedade de uma língua é resultado das peculiaridades das experiências históricas do grupo que a fala. 3. Do ponto de vista exclusivamente linguístico, todas as variedades de uma língua se equivalem e não há como diferenciá-las em termos de melhor ou pior, de certa ou errada. A diferença de valoração das variedades é um fato exclusivamente social. 4. As línguas mudam constantemente no tempo. 5. A língua varia conforme a região em que é falada. 6. A língua reflete as diferenças socioeconômicas e culturais.
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Leitura e Produção de Texto
7. Nós, falantes, variamos nosso modo de falar conforme a situação em que estamos. 8. “Não há lei contra o preconceito linguístico, além disso, ele é estimulado diariamente na mídia e na prática pedagógica” (Marcos Bagno). 9. “O julgamento artificial que separa línguas em melhores ou piores tem paridade nos códigos socioculturais que afirmam, por exemplo, ser a culinária francesa mais sofisticada que a brasileira” (Sírio Possenti). 10. “A ‘skrita’ na internet. Estudos linguístico-discursivos procuram mostrar que ‘internetês’ não é mera reprodução da fala na escrita, mas, sim, uma forma de aproximação entre os falantes” (Fabiana Cristina Komesu).
Tornar comum, trocar opiniões, fazer saber; implica interação, troca de mensagens. É um processo de participação de experiências, que modifica a disposição mental das partes envolvidas. (BOSCO, J. B. Redação Empresarial. SãoPaulo: Atlas, 1998)
A comunicação ocorre quando interagimos com outras pessoas, utilizando a linguagem, sendo esta verbal (as palavras), não verbal (gestos, movimentos, expressões corporais e faciais; sons, cores, etc., mistas e digitais. Interlocutores são as pessoas que participam do processo de interação por meio da linguagem. Código é um conjunto de sinais convencionados socialmente para a construção e a transmissão de mensagens. Língua: código linguístico social, formado por signos (palavras) e leis combinatórias, por meio do qual as pessoas se comunicam. Obs.: Idioma são “normas” linguísticas coletivas, nacionais. Dialeto: normas coletivas regionais, ou seja, originadas das diferenças de região ou território, de idade, de sexo, de classes ou grupos sociais e da própria evolução histórica da língua. Registros: variações de acordo com o grau de formalismo na situação, modo de expressão (oral ou escrito), sintonia entre os interlocutores (cortesia, vocabulários específico), etc..
Texto, Contexto e Informação
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Fala: normas linguísticas individuais. • não planejada; • fragmentária; • incompleta; • pouco elaborada; • predominância de frases curtas, simples ou coordenadas; • pouco uso de passivas.
Escrita: • planejada; • não fragmentária; • completa; • elaborada; • predominância de frases complexas, com subordinação abundante; • emprego frequente de passivas. As diferenças no uso da língua constituem as variedades linguísticas. São, portanto, as variações que uma língua apresenta, de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada. Entre as variedades de uma língua, existe a língua padrão (culta), a não padrão (popular, coloquial), técnica, literária, gíria e jargão. Todo desvio das normas gramaticais provoca, segundo o padrão culto (e oficial) um vício de linguagem.
6.2.3 Texto e Contexto A leitura de um texto se dá primeiramente a partir do processo de decodificação, quando temos contato com o “conteúdo” e buscamos compreendê-lo. Comunicação envolve interlocutores, troca de informações; começa quando a informação acaba. O melhor sistema de informação, por si só, não garante comunicação. Fonte: BEKIN, S. F. (1995) Conversando sobre Endomarketing. São Paulo: Makron.
Existem elementos que nos ajudam a interpretar os textos que estão a nossa volta, mas para que se possa compreender bem um texto é necessário identificar o contexto (social, cultural, estético, político) no qual ele está inserido.
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Leitura e Produção de Texto
Essa identificação vai depender do conhecimento sobre o que está sendo tratado e as conclusões referentes ao texto. Em determinados textos a informação sobre acontecimentos passados contribui para sua compreensão. Por isso, quanto mais variado o campo de conhecimento, mais facilidade encontrará o leitor para ler e interpretar textos. Segundo Pignatari (2002, p. 35) afirma que: Embora a palavra texto tenha como referente “conjunto verbal”, podemos entendê-la aos signos em geral, definindo texto como um processo de signos que tendem a eludir seus referentes, tornando-se referentes de si mesmo e criando um campo referencial próprio. Assim entendido, o texto se move como uma estrutura sintática, a que comumente chamamos de “forma”. Por contexto, entendemos um processo de signos cuja coerência ou unidade é suscitada diretamente pelo referente (coisa ou situação a que os signos se referem). Estaríamos aqui mais dentro do nível semântico-pragmático, a que ordinariamente chamamos de “conteúdo”. Claro que a demarcação entre os níveis só é nítida para efeitos metalinguagem crítica e analítica; na realidade concreta, os níveis se inter-relacionam isomorficamente (isomorfismo = processo de identificação fundo-forma).
Texto é um tecido verbal estruturado de tal forma que as ideias formam um todo coeso, uno coerente. A imagem de tecido contribui para esclarecer que não se trata de feixe de fios entrelaçados (frases que se inter-relacionam). Todas as partes de um texto devem estar interligadas e manifestar um direcionamento único. Assim, um fragmento que trata de diversos assuntos não pode ser considerado texto. Da mesma forma, se lhe falta coerência, se as ideias são contraditórias, também não constituirá um texto. Se os elementos da frase que possibilitam a transição de uma ideia para outra não estabelecem coesão entre as partes expostas, o fragmento não se configura texto. Essas três qualidades – unidade, coerência e coesão – são essenciais para a existência de um texto. Um texto é mais ou menos eficaz dependendo da competência de quem o produz, ou da interação de autor-leitor, ou emissor-receptor. O texto exige determinadas habilidades do produtor, como conhecimento do código, das normas gramaticais que regem a combinação dos signos. A competência na utilização dos signos possibilita melhor desempenho.
Texto, Contexto e Informação
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Define-se como informações que acompanham o texto. Por isso, sua compreensão depende da compreensão do contexto. Assim sendo, não basta a leitura do texto, é preciso retomar os elementos do contexto, aqueles que estiveram presentes na situação de sua construção. O contexto deve ser visto em suas duas dimensões: estrutura de superfície e estrutura de profundidade. A estrutura de superfície considera os elementos do enunciado, enquanto a estrutura de profundidade considera a semântica das relações sintáticas. Num caso, o leitor busca o primeiro sentido pelo produzido pelas orações; no outro, vasculha a visão do mundo que enforma o texto. O Contexto pode ser imediato ou situacional. O contexto imediato relaciona-se com os elementos que seguem ou precedem o texto imediatamente. São os chamados referentes textuais. O contexto situacional é formado por elementos exteriores ao texto. Esse contexto acrescenta informações, quer históricas, quer geográficas, quer sociológicas, quer literárias, para maior eficácia da leitura que se imprime ao texto. Informação diz respeito aos atos de transmitir uma notícia, de dar instruções, oferecer um ensinamento ou um determinado tipo de conhecimento, uma opinião sobre o procedimento de alguém, um parecer técnico. A comunicação, por sua vez, implica em relação. Nela também está contida a informação, inserida na mensagem que o receptor quer transmitir ao destinatário ou público alvo, contudo, há uma amplitude maior. A comunicação é o processo pelo qual ideias são transmitidas entre pessoas, tornando possível a interação social. Uma campanha de vacinação, por exemplo, é um tipo de divulgação, que leva uma determinada informação ao público geral. Já a construção do conhecimento depende de interação, participação de todas as partes envolvidas no processo, de feedback. A comunicação e a informação andam lado a lado porque se apreendermos a comunicação básica, que envolve um receptor que direciona uma mensagem a um destinatário, veremos que a informação é também um tipo de comunicação, de um modo restrito. Quando alguém coloca um aviso na portaria de um prédio e todos leem, é um modo básico de comunicação, sem troca, sem perguntas, mas ainda é comunicação. Então, o grande ponto a ser ressaltado na comunicação assertiva é o modo como a informação é concebida e gerada. Se ela não pode ser transformada, tocada por todos e valorizar a compreensão, contribuição e proatividade, então, ela cumpriu um simples papel: saiu de um ponto e chegou a outro. 120
Leitura e Produção de Texto
6.3 Na Prática
Convido agora a você aluno depois de tudo que vimos a fazer uma reflexão sobre o que é texto, contexto e comunicação discuta com os colegas em sala.
6.4 O que aprendemos?
Nessa unidade aprendemos a diferenciar texto, contexto e informação, uma vez que aprendido a diferença entre esses elementos, fica mais fácil ler, compreender e interpretar os elementos da comunicação e do texto. Aqui você também aprendeu que: • Texto e contexto estão sempre juntos; • Nem toda informação produz comunicação; • Informação requer alguns elementos da comunicação; • O texto é um conjunto de signos que produz uma informação num determinado contexto; • Que a percepção faz parte do contexto e que influencia na interpretação do texto;
6.5 Referências CABRAL, Marina. O texto e o contexto. Disponível em: acesso em: 28/ago/2014 Comunicação X Informação: como unir o conhecimento. Disponível em: acesso em 28/ago/2014 Elementos do Texto. Disponível em: acesso em: 28/ago/2014 PIGNATARI, Dércio. Informação, Linguagem, Comunicação. Cotia-SP; Atelie, 25 ed. 2002
Texto, Contexto e Informação
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Anotações
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Leitura e Produção de Texto
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