MENTORIA ESPIRITUAL – James Houston Abordagem James Houston passei ao longo da história da humanidade pelos campos da Antropologia, psicologia, ciência em geral, sociologia e religião. Tenta ver como o homem ao longo do tempo procurou responder às perguntas Quem sou eu? Qual a impo import rtân ânci cia a do outr outro? o? Como Como,, por por que que e par para que que me relaciono?
Nos moldes gre gregos, o homem se via como uma fgura heróica, autoglorifcada. !a" #ueria conhecerse a si mesmo $ era individualista. Nos moldes estóicos, a ra%ão suplanta e resolve tudo, anulando #uase completamente completamente os sentimentos humanos $ o homem pode mudar com disciplina pessoal. No mund mundo o co cont ntem empo por& r&ne neo, o, co cont ntud udo, o, o indi indivi vidu dual alis ismo mo se acirrou com a abordagem psicológica, onde o homem paga por servi'os de autoconhecimento e autoavalia'ão. Algu(m o escuta, e o homem se torna mais individualista #ue em #ual#uer momento da história. James Houston analisa conclusivamente a redefni'ão redefni'ão do homem) a partir de !eus, criado e talhado para a vida de relacionamentos. Avan'a demonstrando #ue só o discipulado cristão pode trans*ormar um indiv"duo em pessoa, onde suas perg pergun unta tass sã são o res espo pond ndid idas as em !eus !eus,, atra atrav( v(ss da vida vida de +risto. Ningu(m conseguir e-plicarse e viver plenamente a meno me noss #ue #ue viva viva a vida vida co con n*or *orme pro prope pe o dis discipu cipullado ado cristão.
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!urante toda a história do pensamento ocidental, a e#uipara'ão da pessoa com o indiv"duo pensante e consciente de si mesmo levou a uma cultura em #ue o indiv"duo pensante se tornou o conceito mais elevado na
Antropologia... Apenas o amor, o amor livre, não cerceado por necessidades naturais, pode *a%er surgir uma pessoa. John D. Zizoulas
Em seu ensaio “Sobre a Amizade”, um Montaigne cético declara: “ amigo, n!o h" amigo#” Ele atribui esse $ensamento a Arist%teles, embora também se detenha bastante sobre as re&le'(es de )*cero a res$eito da amizade. Jac+ues Derrida, o moderno “$ai da desconstru!o”, &az dessa a&irma!o o tema de seu seu rece recent ntee trab trabal alho ho inti intitu tula lado do,, na trad tradu u!o !o $a $ara ra o ingl ingl-s -s,, Politics of Friendship (Política da Amizade, Amizade, //01. Segundo )*cero, a amizade s% $ode e'istir entre homens bons. Mas, $ergunta Derrida, +uem é su&icientemente bom $ara os ideais da amizade2 A amizade com Deus $ode nos a3udar, arg argumen umenta ta Arist rist%t %tel eles es,, mas mas o $rob $roble lema ma é +u +uee Ele Ele é muit muitoo dist distan ante te e inacess*4el. A $resena ou a $ro'imidade s!o o re+uisito $ara a amizade. Além disso, Deus n!o $recisa de um amigo. Ent!o, $or +ue de4eria o homem ser le4ado a crer +ue $recisa de um amigo, ou +ue a amizade é uma caracter*stica essencial do ser humano2 5ara Derrida, tudo n!o $assa de uma &%rmula racional humana:
/enso, portanto sou o outro0 penso, portanto preciso do outro 1par 1para a pode poderr pens pensar ar20 20 pens penso, o, port portan anto to a poss possib ibil ilid idad ade e de ami%ade *a% parte do movimento de meu pensamento, na medida em #ue ele re#uer, pede e dese3a o outro, a necessidade do outro, a causa do outro no cora'ão do cogit . Ele &az uma $ar%dia de Descartes. 6!o consegue, no entanto, &ugir inteiramente ao seu 4iés, $ois ignora a a&irma!o crist! de +ue o amor, e n!o a raz!o, é transcendente. 5or isso, a im$ort7ncia da declara!o de Zizoulas. S% o amor $ode $roduzir um ser +ue é $essoa. A “desconstru!o” é uma estratégia $ara se “des&azer”. A mente $ode ser um es$elho, mas ser" +ue ela re&lete sobre a realidade ou a$enas sobre si mesm esma2 abu buso so da au auttori orida dade de e o uso uso do $o $ode derr $a $ara ra rei4 rei4in indi dica carr o conhecimento da 4erdade é algo +ue assusta os desconstrucionistas. 5or isso, +uestionam e desa&iam n!o a$enas os sacerdotes +ue alegam ter Deus ao seu lado, mas também os &il%so&os +ue dizem conhecer a 4erdade. 8e4am a 5sican"lise um $asso adiante, ao +uestionamento racional tanto da moti4a!o
+uanto das inten(es do tera$euta e mesmo de todos os $ro&issionais. Derrida é um iconoclasta de *dolos +ue, no entanto, n!o é ca$az de $erceber a di&erena entre o *dolo e o *cone. resultado é +ue o desconstrucionismo, $or carecer de uma dimens!o $essoal, nos dei'a com uma indetermina!o sobre 4erdade e realidade. Mas, ainda assim, tem o mérito de a$ro&undar e am$liar $a$el atribu*do 9 hermen-utica, ou se3a a comunica!o humana ela $assa a ser mais do +ue a mera inter$reta!o de te'tos. A linguagem é uma $arte im$ortante da 4ida do ser humano, re$leta de moti4a(es mistas e de necessidades no 7mbito social. A comunica!o en4ol4e muito mais do +ue o as$ecto racional, embora este se3a im$ortante. 5ara além do racional, todos os grandes $ensadores crist!os 4iram o amor de Deus. Em contra$osi!o, nem mesmo os desconstrucionistas conseguem en'ergar, além da raz!o, +ual+uer coisa +ue n!o se3a a anar+uia. De &ato, sem o amor de Deus, somos inca$azes de ir além das categorias dos anti;modelos de mentoria +ue descre4emos.
A BUSCA DO LADO PESSOAL NO OCIDENTE
ornamo;nos dois, um su3eito e um ob3eto, necessitados de auto; reconhecimento, auto;a&irma!o e também auto;conhecimento. )ontudo, nessa &orma de auto;realiza!o, a$rendo a 4er a mim mesmo como de$endente do outro, de realidades e'ternas +ue n!o $osso controlar. A Visão Estética ou Heróica da “Pessoa”
Essa 4is!o, re$resentada nos modelos estético e her%ico, est" $resente +uando a criana a$rende a se e'$ressar e diz “olhem $ara mim”# 5ara os gregos, a “$essoa” é a dramatis personae do $alco. ?m ator $(e uma m"scara, +ue $ermite a $assagem do som de sua 4oz @literalmente per sonare1, e desem$enha seus 4"rios $a$éis. Seu lugar na narrati4a decorre das escolhas +ue o colocam num $a$el dram"tico diante dos outros. A $ala4ra grega prosopon $ro4a4elmente tem sua origem na $ala4ra etrusca persu, +ue $ode estar relacionada com 5ersé&one, a deusa do mundo dos mortos. Ent!o essa no!o de “$essoa” tem, ine4ita4elmente, uma conota!o um tanto obscura# 6o ordenamento grego do cosmos, caracterizado $ela harmonia de elementos uni4ersais, n!o $ode ha4er es$ao $ara elementos $articulares, como, $or e'em$lo, um ser humano nico e es$ecial. Ao rei4indicar a liberdade no 7mbito dessa es&era de elementos uni4ersais abstratos e
necessidade racional, o ser humano gera muitas tragédias, $ois tudo ter" de $ermanecer im$essoal. ?lisses certamente tem uma “$ersonalidade” t!o 4igorosa +uanto a de +ual+uer her%i grego# Ele luta com os deuses e estes, $or 4ezes, chegam a res$eitar sua &orte determina!o. mundo de Bomero é habitado $or “$ersonalidades”. 5enélo$e chora a aus-ncia de seu marido: +omo sinto *alta de meu marido sempre vivo em minhas lembran'as, A#uele grande homem cu3a *ama ecoa por toda H(lade, at( as pro*unde%as de Argos4 Essa natureza auto;realizadora, indi4idualista, est" muito $resente nos te'tos gregos. C retratada com todas as cores tanto $or tr"gicos como Eur*$edes ou S%&ocles +uanto $or &il%so&os como 5lat!o ou Arist%teles. ue $ersonalidade $oderia ser maior do +ue S%crates# Mas, em ltima an"lise, a indi4idualidade de um ser humano n!o $ode ser encai'ada na “de$end-ncia do outro”, na uni4ersalidade do cosmos, na+uela harmonia ltima do “todo” em um uando S%crates ensina “conhece;te a ti mesmo”, ele est" sim$lesmente lembrando seus disc*$ulos de +ue de4em situar;se e inserir;se com humildade no es+uema geral das coisas. C loucura $ensar ou &azer algo di&erente disso# De l" $ara c", nenhum sistema intelectual &oi ca$az de reconhecer a mim e a 4oc-, em toda a nossa singularidade, dentro do es+uema geral das coisas “l" &ora”2 C $or isso +ue toda essa corrente de auto; an"lise indi4idualista, agora t!o intensi&icado $ela “re4olu!o tera$-utica”, seria inconceb*4el no conte'to do entendimento grego da $ersonalidade. A Visão Estóica da “Pessoa”
segundo est"gio do “ser $essoa” ocorre +uando a auto;e'$ress!o se toma mais racional e mais rece$ti4a 9s &ormas e'ternas de 4ida moral, como ocorre com uma criana “na escola”. s est%icos, como habita4am um uni4erso racional, criaram uma teoria $ara o conceito de “ser $essoa”. Argumenta4am +ue somos dotados de raz!o $ara sermos morais, e +ue $odemos determinar o +ue é 4irtuoso e consistente com o ordenamento moral uni4ersal de nossa e'ist-ncia. Essa é a teoria de )*cero sobre “$essoas”: $re4- san(es legais $ara obrigar os cidad!os do mundo romano a obedecerem as “leis uni4ersais da natureza”. Suas idéias baseiam;se no $ensamento de 5anécio, um est%ico +ue o antecedeu. A “$ersonalidade” indi4idual s% é de&in*4el e admiss*4el dentro da estrutura uni4ersal do direito romano.FG 5ortanto, no in*cio, até mulheres e crianas, além dos escra4os,
eram de&inidos como “n!o;$essoas” ou n!o;cidad!os. $receito romano Servus non habet personain @o escra4o n!o é uma $essoa1 e'clu*a de um s% gol$e um +uinto da $o$ula!o da Homa im$erial, considerado inca$az de um relacionamento social com seus $atr(es. A $ersona romana era a unidade $ri4ilegiada +ue concentra4a as res$onsabilidades e os de4eres, legais e religiosos, $ara com o estado e os deuses. mundo ocidental tem, nos ltimos tem$os, con4i4ido com a incImoda tens!o entre essas duas de&ini(es de “$essoa uando o $aradigma de “$essoa” s!o os atores +ue o$tam $or desconsiderar sua natureza sensorial dentro de uma sociedade cogniti4a, con4encional e moral, eles s!o condenados como mundanos, $ois a “mundanidade” consiste em ser ca$az de re$resentar, com desembarao e graa, uma di4ersidade de $a$éis, alguns deles $elo menos n!o con4encionais. Mas +uando o $aradigma de “$essoa” tem sua origem na lei canInica, e n!o mais no teatro, o sentimento de res$onsabilidade torna;se inerente aos direitos e $oderes de uma a!o moral racional. A mente se trans&orma no “ser” melhor e mais claro, como o &oi durante o luminismo, +uando o ser racional autInomo K res cognitans – ou “ser cartesiano” desen4ol4eu uma se$ara!o entre mente e cor$o, e o mundo e'terior das outras $essoas tornou;se de &ato muito distante. 5or isso, Descartes de&ine o “$essoal” como uma e'$ress!o da auto;consci-ncia, consci-ncia esta +ue se torna mais aguada +uando “$ensamos” mais# Emanuel
Estamos ho3e num mundo em +ue os direitos legais dos &etos @ser" o &eto $essoa ou n!o;$essoa21, das &eministas, dos homosse'uais e de muitos outros &oram $olitizados $or uma no4a de&ini!o de $essoa. Nil%so&os, historiadores, antro$%logos e $sic%logos, todos neste século, continuam o&erecendo suas $erce$(esOcon&us(es em rela!o ao “signi&icado de $essoa”. Mas, de todas as teorias sobre a identidade humana, a do car"ter est%ico é a mais $ersistente, sim$lesmente $or+ue $ermite uma associa!o mais estreita de traos $sicol%gicos e &isiol%gicos, dentro de uma e'$lica!o racional, na linha do trabalho $ioneiro de Nreud. &erece uma moldura “natural” de h"bitos racionais +ue d!o contorno, &orma e continuidade ao ser habituado”
+ue $arece re&orar o cogniti4o. D" $ouco es$ao, contudo, $ara a conting-ncia das emo(es, a n!o ser a se'ual, num mundo mais $ersonalizado de auto;transcend-ncia.
“O PROBLEMA SEM NOME”: O ELEMENTO PESSOAL NUM MUNDO DE ABSTRAÇÕES Se as “$essoas” $recisam de “$essoas” $ara se tornarem “$essoas”, como diz um $ro4érbio Phosa, ent!o os $rocessos de abstra!o no mundo ocidental constituem &oras negati4as +ue ameaam des$ersonalizar a humanidade. ).S. 8eQis nos alertou $ro&eticamente $ara essa $ossibilidade meio século atr"s, em suas $alestras intituladas The Abolition of Man (A Aboliço do !omem1. Do mesmo modo como o Abstracionismo nazista lidou com a “+uest!o 3udaica” no holocausto, seria des$ro$ositado imaginar +ue “a +uest!o da $essoa”, ao ser tratada “de &orma cient*&ica”, $ode estar sendo ameaada2 Sem Fundamentos para a “Pessoa”
Esse $rocesso 3" 4em sendo e4idenciado na rede&ini!o $ol*tica da &am*lia. uando o ano de // &oi declarado Ano da Nam*lia, o Dr. Jonathan Sac=s, $rinci$al rabino da Rr!;retanha, deu a esse ano o t*tulo alternati4o de “o Ano em +ue a Nam*lia Morreu” e marcou sua abertura com o enterro simb%lico de um cai'!o com a inscri!o “Ano nternacional da Nam*lia”. Se o homem secular $erder de 4ista os &undamentos meta&*sicos da “$essoa” e dei'ar de &azer a distin!o entre Deus e tudo mais, se ele escolher 4i4er como se &osse de &ato um deus, ent!o ele $erder" o entendimento $r"tico da 4erdadeira realidade de todas as coisas e também de sua $r%$ria identidade. AnthonT Riddens descre4eu com clareza a &ragilidade do ser diante dos im$actos da modernidade tardia. >estes de $ersonalidade, tais como o MTers riggs, $odem elucidar muita coisa, mas sua m" utiliza!o $ode gerar aliena!o. Se sou rotulado sim$lesmente como um ENS5 ou um 6>J dentre as categorias de “$ersonalidade”, estou em situa!o $ior do +ue se esti4esse sendo submetido ao tratamento dado $or Bomero# A ado!o de uma $ostura cl*nica em rela!o 9 minha $r%$ria identidade, com o $ro$%sito de auto;gerenciamento $sicol%gico, n!o re$resenta um a4ano em rela!o aos est%icos, sobretudo se eu algum dia $uder ter um mentor culto e s"bio com$ar"4el a )*cero ou S-neca. uando ettT Nriedan escre4eu >he Nem*nine MTs ti+ue @A M*stica Neminina, /UV1, li4ro cam$e!o de 4endas, ela re4elou sua $r%$ria in+uieta!o em rela!o ao “$roblema +ue n!o tem nome”.U Além de
desem$enhar suas &un(es de es$osa e m!e W con&orme de&inidos $ela sociedade W no seu *ntimo ela dese3a4a saber “+uem, e n!o a$enas o +u-, +uero ser.” Essa $ergunta se $arece com uma outra le4antada $or um neurocimrgi!o amigo meu: “Ser" +ue &ui enganado $ela sociedade”2 E eu res$ondo: “Ser" +ue n!o &oi 4oc- mesmo +ue se enganou e agora seus netos est!o lhe mostrando isso”2 C claro +ue o $ro&issionalismo e a es$ecializa!o técnica s!o &ormas de abstra!o +ue contribuem $ara a retra!o do “$essoal”. Até um tera$euta em$"tico como Rarl Hogers, em seu li4ro de ensaios intitulado n ecom*ng a 5erson @)omo >ornar;se uma 5essoa1, ao descre4er “como me tornei a $essoa +ue sou”, s% $ode &alar do $rocesso mediante o +ual se trans&ormou num “indi4*duo” auto;gerado. t*tulo de sua obra est", $ortanto, e+ui4ocado, $ois ele &ala sobre “trans&ormar;se num indi4*duo”# 6a realidade, ele nos diz +ue re3eitou a &é crist! de seus $ais $ara ornar;se “ele mesmo”. Até sua aceita!o de
O INDIVÍDUO E A PESSOA 8Totard chamou de “in;humano” a+uele +ue é o trao marcante do “indi4*duo”, ou se3a, o &echar;se em si mesmo. Mas ele nada diz sobre seu o$osto, a “$essoa”, cu3a $ostura e't"tica de olhar $ara &ora e encontrar no
utro tanto sua identidade como seu bem;estar assemelha;se 9 de uma criana +ue olha $ara o rosto da m!e e 4- o milagre do reconhecimento mtuo. A trans&orma!o +ue ent!o ocorre é marcada $ela alegria. &undamento da $essoalidade reside, $ortanto, na+uilo +ue Hicoeur chama de atesta!o, isto é, a credibilidade e a con&iana +ue o outro nos d". C $or isso +ue nunca de4emos nos es+uecer das crianas, $ois suas necessidades a$ontam $ara a+uilo +ue é essencial na distin!o entre a “in;humanidade” e a “$essoa” genuinamente humana. +uadro a seguir $oder" nos a3udar a &azer esta distin!o entre o “indi4*duo”, contido na in;humanidade, e a “$essoa” tida como realidade social da 4erdadeira humanidade LX 6DYD? A 5ESSA Entendimento antro$ol%gico secular He4ela!o teol%gica @imago dei1 Seres humanos criados 9 sua $r%$ria Seres humanos criados 9 imagem de imagem Deus dentidade baseada em a(es “>omado 3usto” graas 9 3usti&ica!o humanas $or Deus 8iberdade de&inida no 7mbito do ser 8iberdade de&inida como autInomo autotranscend-ncia, isto é, &undamentada “em )risto” 5ecado é auto;enclausuramento, Disci$ulado é “abertura $ara Deus”, ini+uidade e desobediencia com base no seu chamado O Reducionismo da i!ncia
A "nc#clopaedia of the Social Sciences ("nciclop$dia das %i&ncias Sociais1, brit7nica, um marco da Antro$ologia cient*&ica, traz 4"rios artigos sobre “o indi4*duo”, mas nenhum sobre “$essoa”. uando os &il%so&os de&inem “$essoa” como uma +uest!o ética, est!o &azendo a distin!o entre um ser humano e um &eto ou outro conceito material. A +uest!o da $essoa humana $ermanece em aberto, como um tema $roblem"tico, cienti&icamente inacess*4el e inde&in*4el. humano s% $ode ser um $onto de interroga!o. C somente a $artir da analogia teol%gica &eita entre $essoas, humanas e di4inas, +ue a Antro$ologia teol%gica &az algum sentido, ao nos de&inir como $essoas;em;rela!o;a;Deus. A )i-ncia e a Niloso&ia dis$(em a$enas de seus $r%$rios critérios e s% $odem de&inir a humanidade dentro de seus entendimentos restritos, ine4ita4elmente reducionistas e alientantes. 6!o tem como e'$lorar o mistério da humanidade.
locus classicus da Antro$ologia teol%gica encontra;se em R-nesis .LU: '" eus disse) façamos o homem * nossa imagem e semelhança+ . Essas $ala4ras nos mostram, em $rimeiro lugar, +ue Deus é o ti$o de Deus +ue se identi&ica irre4oga4elmente com a humanidade, numa aliana de amor. Sem Deus, a humanidade é um mistério. 5or outro lado, sem a humanidade, Deus n!o $ode ser conhecido. Essa 4erdade dei'a mara4ilhado o autor do Salmo , +ue &ica a imaginar $or +ue, dentre todas as suas criaturas, Deus escolheu 3ustamente os seres humanos $ara um relacionamento de $arceria numa aliana. Em segundo lugar, o termo “imagem” im$lica relacionalidade, como na e'$ress!o 'macho e f&mea os criou+, em co;igualdade e com$lementariedade. A humanidade também recebeu um mandato de mordomia sobre a )ria!o, $ara melhor de&inir sua $osi!o dada $or Deus, sua res$onsabilidade e seu relacionamento com a )ria!o. Esse relacionamento 4ertical diante de Deus, como re$resentante de Deus na >erra, continua mesmo a$%s a +ueda, embora agora a gra4idade do $ecado se3a intensi&icada $elo &ato de +ue o homem traz a imagem de Deus, numa “dessemelhana” $ecaminosa. A encarna!o, +ue reca$itula em )risto o homem;intencionado;$or;Deus, $ermite +ue “a imagem e semelhana de Deus” se3a re4elada em sua e'$ress!o &inal, eterna. Ser uma 4erdadeira $essoa agora signi&ica estar “con&orme o *cone e a semelhana de )risto”, “+ue é o *cone do Deus in4is*4elFl O Faber Homo" ou a #usti$icação por %eus&
“indi4*duo” ho3e, autInomo como um tecnocrata moderno, torna;se a medida de todas as coisas, sem +ual+uer re&er-ncia 9 res$onsabilidade de mordomia +ue lhe &oi atribu*da $or Deus. indi4*duo, na condi!o de faber homo, o art*&ice humano, decide, sem +ual+uer re&er-ncia ao )riador, o +ue acontecer" com o mundo. homem ou a mulher $resume +ue seu $r%$rio ser é constitu*do de suas $r%$rias a(es. Eberhard Jungel a&irma +ue durante a He&orma essa $ostura &oi claramente contestada $or 8utero, +ue disse: “ trabalho +ue &ao n!o me trans&orma na $essoa +ue sou $elo contr"rio, é a $essoa +ue sou +ue determina o trabalho +ue &ao”. Ele re3eita a ,icomachean "thics (-tica ,icoma.ueana/ de Arist%teles, +ue diz: “n%s nos tornamos 3ustos em 4irtude dos atos 3ustos +ue $raticamos”. 6!o, tudo +ue sou como $essoa “tornada 3usta” e “3usti&icada gratuitamente $ela sua graa” resulta da a!o de Deus. A $essoa crist! é, acima de tudo, alguém +ue recebe,
mas n!o “alcana” o mérito. De &ato, como Nénelon nos lembra, eu me recebo a mim mesmo graas 9 bondade de Deus. A liberdade é o dese3o &undamental da+uilo +ue a modernidade considera ser humano. Mas se a liberdade é $ara o indi4*duo, o +ue dizer da tr*ade “liberdade, igualdade e &raternidade”2 C e4idente +ue +uanto mais hou4er $ara mim, menos sobrar" $ara 4oc-# 6a 4ig-ncia da “li4re iniciati4a”, os outros se tornam ainda mais $obres# Desse modo, o +ue é liberdade $ara mim $ode signi&icar o$ress!o $ara 4oc-# Além disso, cabe $erguntar: +uero ser e&eti4amente liberto de +u-2 ual meu $ro$%sito ; $ara ser ainda mais indi4*duo2 Se o ob3eti4o da liberdade é o de alcanar maior autodetermina!o, ser" +ue n!o 4ou um dia $arar $ara $ensar em +uando e como $oderei $recisar de liberta!o de meu $r%$rio instinto autodestruti4o e de minhas inclina(es2 A liberdade, assim autoconstitu*da, comea a se $arecer mais com uma $erda e uma escra4id!o do $r%$rio ser. B" um grande nmero de ambig[idades e autocontradi(es embutidos no conceito de “liberdade $ara o indi4*duo”. E4angelho crist!o nos chama ao arre$endimento, ao reconhecimento da $ecaminosidade e da autodestruti4idade da liberdade autoconstitu*da. A liberdade $essoal reside na “4ida 3usti&icada”, onde Deus age a nosso &a4or, na humanidade de )risto, de tal maneira +ue “se o Nilho 4os libertar, sereis 4erdadeiramente li4res”. )hristo$h Schoebel o resumiu sucintamente: A verdadeira medida da liberdade ( o amor como relacionamento #ue *a% do 5orescimento do outro uma condi'ão para a autoreali%a'ão. A liberdade humana torna se o "cone da liberdade divina, onde a liberdade da gra'a divina constitui a gra'a da liberdade humana. C a liberdade da escra4id!o do $ecado, liberta!o da auto&undamenta!o, a liberta!o dos &ilhos de Deus
O DISCIPULADO CRISTÃO É REQUISITO PARA QUE SEJAMOS PESSOAS chamado $ara o disci$ulado, como dei'am claro os E4angelhos, é uma iniciati4a de )risto e n!o nossa. Mas e'ige de n%s uma atitude intransigente de 'dei0ar tudo para tr1s e segui23o+. Esse é um $asso &undamental no $rocesso de nos tornarmos $essoalmente “como )risto”. >rans&orma a autonomia, $ara +ue este3amos “abertos” $ara o outro. m$lica em renncia a si mesmo. 8ealdade a )risto signi&ica “auto;abandono”, con&orme en&atizaram escritores &ranceses crist!os do século dezessete, como Nénelon.
A con&ormidade com )risto le4a, $ortanto, 9 reconstru!o de toda a nossa maneira de “ser” e “&azer”. Ent!o, segundo a de&ini!o t!o sagaz de Alistair McNadTen, o disci$ulado crist!o é, tanto intr*nseca +uanto e'trinsecamente, “abertura” $ara Deus, a aceita!o de uma $ers$ecti4a de 4ida com$letamente no4a 4erdadeiramente uma no4a cria!o. Signi&ica também uma reno4ada trans$ar-ncia de 4ida, +ue alimenta a $essoa e a &az crescer em relacionamentos. %eus é 'ossa (eta
)omo esse $rocesso de “nos tornarmos $essoas” $ermanece sem$re incom$leto, o +ue temos é uma orienta!o escatol%gica 4oltada $ara o &uturo. Deus se torna nossa meta ou telos: dei'amos de ser nossa $r%$ria meta. Mas a trans&orma!o continua incom$leta. 6ossa 4erdadeira humanidade ainda est" a caminho. Mas, deste momento em diante, a “$essoa” se 4- orientada $ara um destino &uturo. “6!o como se 3" o ti4esse alcanado”, con&essa o a$%stolo, “mas o alme3o”. eschaton de Deus inclui uma “no4idade” +ue ainda est" $or ser descortinada e re4elada. E uma “no4idade” $or duas raz(es: @1 n!o $odemos dar ou alcan";la $or n%s mesmos ; s% Deus $ode e @L1 é um “no4o” +ue trans&orma o 4elho em “4elho”, dei'ando;o $ara morrer. '" assim) se algu$m est1 em %risto) $ nova criatura4 as coisas antigas 51 passaram4 eis .ue se fizeram novas6 7ra tudo prov$m de eus+6 Em nossa incredulidade, $recisamos constantemente ser relembrados disso, $ois Deus é um Deus +ue se re4ela: n!o é uma mInada est"tica e sim um niciador cont*nuo do Amor. Essa linguagem transcende nossa $r%$ria linguagem $sicol%gica e nossa $r%$ria auto;an"lise. 5ois essa “no4idade” de ins$ira!o di4ina $romo4e uma trans&orma!o redentora de nossos relacionamentos, “além de tudo +ue $odemos $edir ou $ensar”. C $or isso +ue, como admite o a$%stolo, ainda “n!o sabemos o +ue seremos”, a$enas +ue seremos “como ele”. A “$essoa”, $ortanto, &az $arte de uma categoria de ser aberta, auto; abandonada, e ainda irrealizada. >em, como 3" 4imos, uma e'ist-ncia icInica, $ois se assemelha a uma 3anela +ue olha $ara o &uturo da inten!o amorosa de Deus. C $ara isso +ue somos “chamados”. E é a esse chamado +ue “res$ondemos”, assim como &izeram os disc*$ulos, +uando ou4iram Jesus dizer;lhes “sigam;me”. Nicamos um $ouco desorientados +uando outras $essoas e outras coisas constantemente $rendem nossa aten!o, mas esse é um risco inerente 9 nossa “abertura”. 5ara 4i4ermos na luz do Eterno é
essencial +ue saibamos $ara onde 4amos, isto é, conheamos \o nosso “chamado”. on$usão na )*re+a
E'iste ho3e muita con&us!o na 4ida da gre3a e no “)ristianismo” $or+ue os $r%$rios crist!os n!o &azem a distin!o entre essas duas categorias, o “indi4*duo” e a “$essoa”. “disci$ulado” &re+[entemente est" mais $reocu$ado em trans&ormar alguém num e&iciente em$res"rio religioso ou até num mercador do “E4angelho”, e certamente num ati4ista. Essas s!o categorias +ue a liderana das igre3as n!o +uestiona, $ois este é o seu $a$el. 6!o se e'amina o culto 9 “liderana” religiosa, $ara se detectar o +uanto ela $ode estar sendo narcisista ao in4és de magn7nimo.
DISCIPULADO NO NOVO TESTAMENTO )om o ad4ento da $essoa de Jesus )risto, o mundo ganhou uma no4a realidade humana. 6o Antigo >estamento, o &ato de $ertencer ao $o4o de Deus signi&ica4a +ue a $essoa esta4a ligada ao “Deus de Abra!o, sa+ue e Jac%”, como cor$o e como indi4*duo. Agora uma &é indi4iduada assume uma no4a dimens!o, $ois ela est" “em )risto”. Esse conceito est" e'$resso na $ala4ra alem! individualitat , +ue $ressu$(e +ue a realiza!o $essoal s% é $oss*4el em rela!o ao cor$o social como um todo. C muito encontrado nos salmos, onde o “eu” do salmista $ode re$resentar tanto sua $r%$ria $essoa +uanto a $ersonalidade cor$orati4a de srael. A &rase muitas 4ezes re$etida $or 5aulo, de +ue estamos “em )risto”, im$lica todo um no4o entendimento do +ue se3a disci$ulado. ?m dos temas mais $resentes na educa!o cl"ssica era a busca de se tornar “como Deus”, $ois se $ressu$unha +ue a busca do conhecimento era o ti$o de ati4idade na +ual os deuses esta4am enga3ados. A $romessa era a de +ue o conhecimento traria liberdade, &elicidade, auto;su&ici-ncia e autocontrole. Em contra$artida, os autores do 6o4o >estamento nos e'ortam a nos tornarmos “como )risto” ou a estarmos “em )risto, $ara sermos santos e buscarmos a santidade. O %iscipulado de risto
5odemos identi&icar cinco di&erenas entre o disci$ulado de )risto e o disci$ulado nas escolas cl"ssicas ou rab*nicas. Em $rimeiro lugar, n!o s!o os disc*$ulos de )risto +ue escolhem é dFEle a iniciati4a de escolh-;los. Em
segundo lugar, o chamado de Jesus se a$lica a todos, $ois todos s!o $ecadores, e ele n!o reconhece a categoria da+ueles +ue se a$resentam cerimonialmente lim$os. Em terceiro lugar, o disci$ulado $assa a ser agora uma reorienta!o radical da $r%$ria e'ist-ncia signi&ica abrir m!o de tudo $ara 'seguir a 8esus+. Em +uarto lugar, signi&ica com$artilhar do ministério de Jesus, isto é, curar os en&ermos, dar aos $obres e 4i4er na luz do reino de Deus. 5or &im, é, acima de tudo, uma mani&esta!o do amor de )risto, +ue so&re $or n%s e nos ama. Dado o radicalismo e a abrang-ncia do disci$ulado crist!o, nos E4angelhos, ele s% $oderia ser descrito $elas di4ersas testemunhas como multi&acetado. E4angelho de Marcos nos traz uma a$resenta!o negati4a, $ara nos alertar $ara o &ato de +ue se o disci$ulado n!o le4ar em considera!o a $ai'!o de )risto, ele ser" totalmente mal com$reendido.XU Em Mateus, o “&azer disc*$ulos” sugere um relacionamento $essoal com )risto, o +ue 4ai muito além de sim$lesmente ser “ensinadoFX0 J" 8ucas ressalta o dia a dia do disci$ulado, uma 4ida de aten!o aos $obres, en&ermos e a&litos. Mas o disci$ulado também im$lica o mistério de “carregar nossa cruz”. “Seguir a Jesus” signi&ica igualmente estar com ele em todo o mundo, le4ando o E4angelho con&orme &oi registrado nos Atos dos A$%stolos. A e'$ans!o dos horizontes é atribu*da 9 $resena e ao $oder do Es$*rito Santo.X 6o E4angelho de Jo!o, h" muitos candidatos a disc*$ulos, mas a intimidade do “disc*$ulo amado” re$resenta o ar+uéti$o do 4erdadeiro disci$ulado. A $roemin-ncia do tema do disci$ulado nos +uatro E4angelhos e em Atos +ue re$etem a $ala4ra “disc*$ulo” mais de LVG 4ezes $arece estar ausente no restante do 6o4o >estamento. 6a realidade, contudo, o disci$ulado a$enas comeou# 5ois a mensagem é a de +ue, sem o batismo W +ue é a e'$ress!o da morte do crente na morte de )risto e seu ressurgimento com o )risto ressuscitado W, a 4ida de )risto n!o $ode ser com$artilhada sem +ue seu Es$*rito habite na+uele +ue cr-. uando morreu na cruz, Jesus entregou Seu Es$*rito a Deus agora seus seguidores recebem seu Es$*rito em 5entecostes, a morte batismal deles. As e$*stolas +ue se seguem ensinam a gre3a $rimiti4a a e'$ressar, de di4ersas maneiras, o mesmo $rocesso $elo +ual nos tornamos disc*$ulos, o de morrermos e ressuscitarmos em )risto. ,m -amado %i$erente para risto
uando escre4e aos cor*ntios, 5aulo lhes $ede +ue se3am 'meus imitadores como eu sou de %risto+6 s &ili$enses também s!o chamados a serem
“imitadores de )risto”. >ornar;se santo $or meio de )risto é a mensagem dada aos romanos, caminhar com Deus é o tema da carta aos tessalonicenses, e os colossenses s!o assegurados de +ue '%risto em v9s $ a esperança da gl9ria+6 )omo 3" 4imos, iago. J" 5edro encora3a os crentes a aceitarem o e'*lio e a 3ornada de &é +ue é sua conse+[-ncia. A $erse4erana é o tema da carta aos Bebreus, en+uanto +ue o A$ocali$se une o tema do “)aminho do Senhor”, $resente em todo o Antigo >estamento @ou Bala=ah1, com o “caminhar no caminho do )ordeiro”.G >odos esses li4ros, em seu con3unto, e'$ressam uma no4a humanidade +ue, em 4ez de se encenar e se &undamentar em si mesma, 4i4e “em )risto”. chamamento $ara 4i4er a 4ida do )risto ressurreto sem$re assumiu &ormas di4ersas. Mas, na hist%ria da gre3a, surgiu uma inter$reta!o curiosa, segundo a +ual o chamado de4eria ser $rinci$almente uma con4oca!o $ara a 4ida mon"stica. A 4ida de AntInio @c. LV ;XVU d.).1 ser4iu de $rot%ti$o dessa 4is!o: ainda 3o4em, ele res$ondeu ao chamado &eito ao 3o4em rico, a saber: 'Se .ueres ser perfeito) vai) vende os teus bens) d1 aos pobres) e ter1s um tesouro no c$u4 depois vem) e segue2me+. 5assou;se a $resumir +ue a 4ida dos “religiosos”, ou da+ueles +ue &izeram 4otos religiosos, era a “&orma mais $er&eita” de )ristianismo. B", $orém, muitas incertezas +uanto ao &uturo da 4ida religiosa, inclusi4e se seus $ressu$ostos te'tuais s!o b*blicos, se suas tradi(es conseguir!o &azer &ace 9s &uturas trans&orma(es na sociedade, e se $oder" ser considerado 4"lido esse dualismo entre e'$ress(es mais ou menos $er&eitas de )ristianismo. 5or outro lado, a gre3a teria &icado muito em$obrecida se n!o &osse a $ro&undidade e a estabilidade da de4o!o trazida ao mundo $ela 4ida mon"stica crist!.
ESTÁGIOS NO CRESCIMENTO PESSOAL DO CRISTÃO Entretanto, n!o é $or ser di&erente +ue um crist!o é crist!o, e sim $or estar mais $lenamente 4i4o, ser mais 4erdadeiramente humano, $or causa do amor de )risto e a $resena do Seu Es$*rito. 5ois, da mesma &orma como o $oder do amor di4ino se mo4e di&erentemente do $oder da mente, é s% +uando 4i4emos na $resena de )risto +ue $odemos crescer e nos tomarmos $essoas 4erdadeiramente. A “$er&ei!o” crist! n!o corres$onde ao ideal grego de algo +ue n!o tem &alhas antes, é uma e'$ress!o de crescimento e
maturidade. A santidade nada mais é +ue o crescimento na graa batismal, e a se.uela %hristi, ou seguir a )risto, é $ara todos. Por.ue Ele Amou Primeiro
C a $artir do testemunho di4ino e'$erimentado na con4ers!o +ue $assamos a conhecer $essoalmente a realidade de +ue “Ele me amou e se deu $or mim”# De$ois, em ora!o e outras mani&esta(es de de4o!o, culti4amos a $resena de )risto. J" 4imos como é 4ital receber um reconhecimento es$ecial e nico, $ara +ue $ossamos e4itar o narcisismo é esse reconhecimento +ue nos é dado $or )risto, como &oi dado 9+uela mulher +ue o tocou no meio da multid!o, ou a Za+ueu +ue se escondia na "r4ore, +ue traz de &ato trans&orma!o# crescimento continuar", acom$anhando nossa maior autocom$reens9o. A humildade é o ambiente $ro$*cio $ara a intelig-ncia emocional ao conhecermos a n%s mesmos, $oderemos ler também o cora!o dos outros. Estaremos mais $re$arados $ara 4i4er dentro de nossos $r%$rios limites e $ara nos aceitarmos a n%s mesmos. Diremos como o a$%stolo: 'pela graça de eus sou o .ue sou+. ?ma 4ez mais, é o amigo mentor +ue $ode me a3udar a desmascarar certos traos de auto;ilus!o e a sondar meu interior mais $ro&undamente do +ue eu tal4ez esti4esse dis$osto a &azer 4oluntariamente. Escutar /em
)omo todo bom mentor sabe, escutar é algo muito im$ortante. Se a linguagem é uma mani&esta!o t!o central de nossa humanidade, ent!o escutar constitui um corol"rio seu. E, no entanto, é di&*cil encontrar alguém +ue saiba escutar, $ois esse é um $a$el +ue e'ige humildade e entrega, algo muito di&*cil $ara a maioria das $essoas. A ca$acidade de escutar re+uer dons relacionais, $ois é $reciso saber distinguir entre di&erentes n*4eis de comunica!o: +uei'as centradas em &atos, e4id-ncias de $ro3e!o, trans&er-ncia, obsess(es, auto$iedade e muito mais. Escutar im$lica dar ao outro um conte'to em +ue $ossa ser com$reendido. Signi&ica entrar no mundo “do outro”, o +ue $ode e'igir muita $aci-ncia, em$atia, congru-ncia e até mesmo coragem, além de autenticidade e sabedoria. $ro$%sito de se escutar é mais do +ue o de sim$lesmente $romo4er a cura im$lica também des&rutar de um certo grau de auto;transcend-ncia. e'erc*cio da bondade, +uando damos es$ao $ara +ue o outro $ossa ser” e
$rocuramos libertar seu cora!o, é sinal de +ue estamos a4anando no caminho da caridade, onde o amor é irradiado altruisticamente. A con&ormidade com )risto signi&ica, $ortanto, a trans&orma!o redentora de indi4*duos em $essoas im$lica dis$osi!o de mudar. $rocesso comea como uma res$osta genu*na 9 4erdade da $ala4ra de Deus, em contri!o e docilidade. B" um a$ro&undamento do auto;conhecimento ; n!o a esterilidade de um auto;e'ame cl*nico ; como &ruto de um con&ronto com um Deus amoroso. )omo res$osta 9 4erdade +ue est" em )risto Jesus, a 4erdadeira consci-ncia comea a nos trans&ormar, mas n!o nos anti;modelos +ue 3" e'aminamos. Surge uma sim$licidade real, marcada $or um sentido de unidade interior, de de4o!o e'clusi4a a Deus, onde a$enas Ele tem $rimazia nos nossos $ensamentos e as$ira(es. A humildade toma conta de nossa 4ida, uma humildade +ue se delicia na e'cel-ncia de Deus, 3" descrita $or Jonathan EdQards. 6ossa res$osta se a$ro&unda no amor, tanto em rela!o a Deus +uanto em rela!o ao $r%'imo, o +ue signi&ica +ue todos s!o o $r%'imo +ue alguém de4e amar.
ESCREVER CARTAS E A ARTE DE NUTRIR PESSOAS CRISTÃS A$enas a con&ormidade com )risto torna realmente $oss*4el uma 4ida altru*sta, uma “4ida e't"tica”. ?ma de suas mani&esta(es mais signi&icati4as é a $r"tica de escre4er cartas crist!s, uma das mais antigas tradi(es de mentoria na hist%ria do )ristianismo. 'ossas artas" 'ós (esmos
John Donne @V0L;UX1 a descre4e como “uma &orma de -'tase”, $ois a $essoa est" saindo de si mesmo e entrando no mundo do outro. Ao mesmo tem$o, ele também sugere +ue “nossas cartas s!o n%s mesmos”. Estamos dando de n%s mesmos +uando nos entregamos ao outro em nossas cartas. s a$%stolos, e es$ecialmente 5aulo, se $reocu$a4am com o dia;a;dia dos &iéis crist!os, con&orme se de$reende da leitura de uma boa $arte do 6o4o
>estamento. Este é um modelo duradouro $ara todos n%s: “atendei $or 4%s e $or todo o rebanho de Deus”. )ontrastando com o ceticismo de Derrida em rela!o 9 amizade duradoura, Adam de 5erseigne @morto em LL1 escre4e $ara ]illiam, bis$o de ElT: “Em meio 9 cat"stro&e @moral1... $ossuir um amigo é o mesmo +ue t-; lo $erdido” @i.e., se ele também $erder seu car"ter crist!o, $ois ent!o n!o $oder" mais ser res$eitado1. Ele o encora3a a assumir uma $osi!o moral diante do caos +ue est" 9 sua 4olta: “estamos orando sem cessar $or 4%s”. Adam de &ato $reza4a muito a amizade es$iritual, como 4emos em uma carta sua a um colega abade: “ amor é toda a raz!o de nossa rela!o, mas é o amor em +ue a 4irtude é o &undamento, a 4erdade seu estudo, a $ureza seu dese3o, a $iedade seu trabalho, a instru!o na disci$lina seu caminho de 4ida,” e ele acrescenta +ue en+uanto o “amor” “soa mais como uma &aculdade natural, a $ala4ra “caridade” e'$ressa mais a in&lu-ncia da graa. Agostinho dei'a claro essa -n&ase +uando escre4e $ara Janu"rio: 6se o conhecimento como uma esp(cie de andaime para construir o edi*"cio do amor, #ue permanece para sempre, mesmo #uando esse andaime do conhecimento tiver sido desmontado. 7 conhecimento en#uanto um caminho para o amor, ( muito 8til e, por si mesmo, não somente como um meio para tal fm0 neste caso, revelase não apenas desnecessrio como at( pre3udicial. 9ei, contudo, #ue sua medita'ão santa o mant(m seguro sob a sombra das asas do 9enhor !eus.:; E, no entanto, o amor crist!o é “um amor di&*cil”, como disse Nénelon ao rei 8u*s PY:
?le ( vil. <ós temeis o in*erno e não a !eus.
vós poder"eis vêlas se não conheceis a !eus, não 7 amais, não orais a ?le do *undo do vosso cora'ão e não vos es*or'ais por conhecêBo melhorC Nénelon encerra, dizendo: “ homem +ue escre4e estas 4erdades, Senhor, est" longe de dese3ar;lhe in&ortnios $elo contr"rio, daria sua 4ida $ara 4-;lo no estado em +ue Deus gostaria de 4-;lo. Ele nunca cessar" de orar em seu &a4or.”X ?m $ouco mais enigm"tico, o $oeta Rerard M. Bo$=ins certa 4ez escre4eu $ara um clérigo mundano: “En+uanto 4oc- n!o $re&erir Deus ao mundo e a 4oc- mesmo, n!o ter" tomado o $rimeiro $asso.”VV )ontudo, mesmo +ue tenhamos a$rendido com alguns dos $ungentes ensinamentos de Nénelon contra o mundanismo, descritos no ca$*tulo $rimeiro, ainda $recisaremos mudar nossa atitude mental. )omo tem sido di&*cil $ara a gre3a n!o se dei'ar in&luenciar $elo Estoicismo# JerInimo @X0;LG d.).1, ao escre4er $ara Eustochium @c.X1, con&essa:
Duando dei-ei meu lar, meus pais, minha irmã e conhecidos, por amor a !eus, tamb(m dei-ei para trs o estilo de vida con*ortvel a #ue me havia acostumado, para tornarme um soldado de +risto. =as eu simplesmente não conseguia fcar sem a biblioteca #ue havia reunido em Eoma com tanto es*or'o... costumava 3e3uar e ler +"cero... depois de muitas lgrimas por pecados passados, pegava um bom volume de /lotino. No entanto, #uando me voltava para o estilo devocional e come'ava a ler um dos pro*etas, não agFentava o estilo terr"vel4 @Agostinho &ez uma con&iss!o semelhante em sua 3u4entude1. JerInimo ent!o &icou seriamente en&ermo e sonhou +ue ha4ia morrido e +ue esta4a en&rentando o Ju*zo Ninal. s an3os lhe $erguntaram: 7 #ue você (C 7bviamente, respondi #ue era um cristão4 A#uele #ue estava sentado no trono do 3u"%o por(m retrucou) GDue besteira4 . 7 #ue podia eu di%erC
Mas Dietrich onhoe&&er @morto em /V1, diante de sua $r%$ria morte iminente num cam$o de concentra!o, &oi ca$az de en'ergar com mais clareza. Escre4endo a um 3o4em amigo $ouco antes de sua morte, ele disse: !urante esses anos, a gre3a vem lutando pela sua auto preserva'ão, como se isso *osse um fm em si mesmo e, conse#Fentemente, perdeu a oportunidade de pronunciar uma palavra de reconcilia'ão para a humanidade e para o mundo como um todo. /or isso, nossa linguagem tradicional se tornar inevitavelmente impotente e condenada ao silêncio0 o +ristianismo fcar confnado às ora'es e à prtica de boas obras em rela'ão a nossos irmãos e irmãs. 7 pensamento cristão, sua palavra e sua organi%a'ão, precisam renascer a partir dessa ora'ão e dessas obras... 9er uma nova linguagem..., a linguagem de uma nova 3usti'a e verdade, #ue proclama a pa% de !eus com os homens e a chegada de seu reino. laise 5ascal @ULX;UUL1, escre4endo $ara urna senhora, &ala mais sobre o tema: 6ma nova linguagem geralmente tra% consigo um novo cora'ão. ?m seu ?vangelho, Jesus nos deu um sinal #ue nos permite reconhecer a#ueles #ue têm *(. ?les irão usar uma linguagem nova, 7 #ue acontece ( #ue a renova'ão dos pensamentos e dos dese3os tra% uma renova'ão da linguagem. A renova'ão ( uma necessidade constante... 7 velho homem dentro de nós morre, di% /aulo, ( renovado a cada dia, e só na eternidade ser per*eitamente novo... Não h d8vida de #ue as gra'as #ue !eus nos d nesta vida são um sinal da glória #ue ?le est preparando para nós na pró-ima. A humildade, como 4imos, constitui uma e'$ress!o 4ital da de4o!o crist!. ernard de )lair4au' escre4eu um 4igoroso tratado sobre “s 5assos da Bumildade e do rgulho”. >ambém escre4eu cartas sobre o tema. 5ara um colega estudioso, escre4eu: 9e você alme3a a virtude da humildade, então não deve evitar humilha'es. 9e você não aceita ser humilhado, 3amais alcan'ar a humildade... 9omente o homem
verdadeiramente humilde ( capa% de se conter, respeitando sua própria alma, por#ue pre*ere ocultar a#uilo #ue (, para #ue ningu(m creia #ue ele ( a#uilo #ue não (. muito perigoso para um homem ouvir outros se re*erirem a ele em termos generosos #ue ele sabe não merecer. Escre4endo $ara o 5atriarca de Jerusalém, ele disse: 9omente o homem humilde pode subir a montanha com seguran'a, pois só ele não ter o #ue lhe *a'a trope'ar. 7 homem orgulhoso pode subir a montanha, mas não poder permanecer por muito tempo... para permanecer frme, ( preciso manterse humilde. /ara #ue nossos p(s nunca tropecem, precisamos nos apoiar, não no p( 8nico do orgulho, e sim nos dois p(s da humildade. A humildade tem dois p(s) o reconhecimento do poder divino e a consciência da *ra#ue%a pessoal. 5oucos su$eraram o realismo com +ue Martinho 8utero retratou a 4ida crist!, $ois $ara ele Deus era real e a &é era a 4ida 4i4ida sob o comando de Deus. A en&ermidade, o luto, o des7nimo &aziam $arte de seu dia;a;dia, bem como uma $ersistente de$ress!o +ue o 4itima4a $essoalmente. Ao escre4er $ara a es$osa de um mestre;escola +ue ele con4idara $ara &icar em sua casa, aconselhou: ?le a3udar, *ortalecer e con*ortar todos os #ue o buscam. Bembrese de #ue ?le so*reu por você muito mais do #ue você 3amais poder so*rer por ?le ou por sua própria causa. Dentre os +ue escre4eram em nossos dias, ).S.8eQis @/;/UX1 tem cartas +ue est!o re$letas de bom senso e de humor. Ele assim escre4eu $ara uma senhora: /refro lutar contra a#uela sensa'ão de #ue Geu sou especial>, não com o pensamento de #ue Gnão sou mais
especial do #ue os outros>, e sim com o sentimento de #ue Gtodos são tão especiais #uanto eu>. Admito #ue, num certo sentido, não *a% realmente di*eren'a, pois em ambos os casos se elimina o elemento especial. =as o segundo pensamento nos condu% à verdade de #ue não e-iste multidão alguma. Ningu(m ( como #ual#uer outro. Todos são Imembros 1órgãos2 no +orpo de +risto. Todos são di*erentes e todos são necessrios para o con3unto e para os outros) cada um ( amado individualmente por !eus, como se *osse a 8nica criatura e-istente. 9enão, você pode fcar com a impressão de #ue !eus ( como o governo, #ue só sabe lidar com as pessoas como se elas f%essem parte de uma massa.KL 5ara uma outra senhora ele res$onde: INão se preocupe por não se sentir cora3osa. Nosso 9enhor tamb(m não 9e sentia cora3oso0 basta ler o #ue aconteceu no Metsêmani. +omo sou grato pelo *ato de #ue, #uando !eus 9e tornou homem, ?le não (scolheu vir como um homem com nervos de a'o) para *racotes como eu e você, um !eus assim teria a3udado muito menos. As emo(es da 4ida interior, +ue h" muito s!o ob3eto de muito aconselhamento, &oram e'aminadas com ternura $or Nrancisco de Saies, com humildade $or Jean 5ierre de )aussade @U0V;0VL1, e com honestidade $or Rerhard >eersteegen @U/0;0U/1. Mas Abbe de >our4ille @L;/GX1 n!o s% con&ia na $resena e na transcend-ncia de Deus, como cr- +ue a auto; doa!o é a ess-ncia da 4ida es$iritual. “ melhor a &azer n!o é imaginar +ue Deus elimina todas as nossas di&iculdades, e sim +ue Ele nos sustenta en+uanto as so&remos... 6!o &i+ue a&lito com a &alta de &er4or e de consolos. Estes 4ir!o no tem$o certo, da maneira certa.” 5odemos dei'ar o bom Abbe resumir as +uest(es le4antadas neste ca$*tulo: Nosso 9enhor #uer #ue você se torne maduro, e a maturidade re#uer esses per"odos de obscuridade, de desilusão, de t(dio. A maturidade vem #uando enfm nos conscienti%amos de #ue devemos amar nosso 9enhor de maneira simples e livre, apesar de nosso pro*undo desmerecimento e da desvalia de #uase tudo #ue est à
nossa volta. como se e-perimentssemos uma nova e duradoura ?ncarna'ão do 9enhor em nossas almas. ?le come'a a viver uma nova vida dentro de nós, em meio às mis(rias deste mundo. por isso #ue os grandes santos sempre revelaram uma combina'ão per*eita de pro-imidade com o 9enhor, por um lado, e, por outro lado, um pro*undo senso de sua própria indignidade e *ra#ue%a.