Capitania de Goiás em duas comarcas (regiões): a comarca do sul e a comarca do norte; A Comarca do Norte recebeu a denominação de Comarca de São João
das Duas Barras, assim como chamaria a vila que se mandaria criar com este mesmo nome para ser sua sede. Foi nomeado o Desembargador Joaquim Theotônio Segurado como o seu Ouvidor; A nova comarca compreendia os julgados de Porto Real, Nati-vidade,
Conceição, Arraias, São Félix, Cavalcante, Traíras e Flores.
O Movimento Separatista do Norte de Goiás – 1821 a 1824 Em Goiás, as idéias liberais refletiram na tentativa de derrubar "aque-le
que era a própria personificação da dominação portuguesa": o capitãogeneral Manoel Inácio Sampaio; Houve uma primeira investida nesse sentido em 1821, sob a liderança
do capitão Felipe Antônio Cardoso e do Pe. Luiz Bartolomeu Marques, mas o movimento fracassou na capital Vila Boa; A idéia da nomeação de um governo provisório, depois de fracassada na
capital, foi aclamada no norte onde já havia anseios separatistas; No dia 14 de setembro de 1821, um mês após a frustrada tentativa de
deposição de Manoel Sampaio, instalou-se o governo independencista do norte, com capital provisória em Cavalcante. O Ouvidor da Comarca do Norte, Theotônio Segurado, presidiu e estabeleceu essa Junta provisória até janeiro de 1822; As justificativas para a separação do norte em relação ao centro-sul de
Goiás eram, para Segurado, de natureza econômica, política, administrativa e geográfica. Alegava a falta de assistência da administração pública na região que só se fazia presente na cobrança de tributos; da carência de uma força política representativa e da necessidade de um governo mais centralizado; A instalação de um governo independente - não necessariamente em
relação à Coroa Portuguesa, mas sim ao governo do capitão-general da Comar-ca do Sul, Manoel Sampaio, parecia ser o único objetivo de Theotônio Se-gurado. Entretanto, em janeiro de 1822 Segurado se desloca para Portugal para atuar na Assembléia da Corte Portuguesa; Um novo governo provisório foi organizado. O Capitão Felipe Antônio
Cardoso, partidário da luta pela independência nacional, foi quem assumiu a chefia do movimento;
O sucessor de Segurado foi o tenente-coronel Pio Pinto Cerqueira que
transferiu a capital para Natividade; Em abril de 1822, na Comarca do Sul, o Pe. Luís Gonzaga de Camargo
Fleury recebe a missão de restabelecer a unidade política da Província de Goiás. Fleury conseguiu a dissolução do maior foco de oposição contra a unidade política da Província - o Clube de Natividade - que já estava en-fraquecido por divergências internas; Finalmente em 1823, com o Brasil já independente, o Brigadeiro Cunha
Matos - na condição de Comandante das Armas e a serviço da Junta de Governo da Província de Goiás - foi enviado para Cavalcante a fim de garantir a consolidação da recém conquistada unidade política.
Os Movimentos Separatistas Continuam (século XIX) Defesa
de Visconde de Taunay, na condição de de-putado pela Província de Goiás, propondo a separa-ção do norte goiano para a criação da Província da Boa Vista do Tocantins, com a capital em Boa Vista (To-cantinópolis), em 1863;
Em 1889, o projeto de Fausto de Souza propunha a redivisão do Império
em 40 pro-víncias, constando a do To-cantins na região que compreendia o norte goiano.
Os Movimentos Separatistas Continuam (século XX) Em 1944, o Brigadeiro Lysias Rodrigues, abraçou a bandeira da criação
do território do Tocantins tendo o seu projeto aceito pelo presidente Getúlio Vargas e despachado para o IBGE; O território do Tocantins seria criado com a divisão territorial do norte de
Goiás e sul do Maranhão, com a ca-pital em Carolina (MA) ou Pedro Afonso (GO). Em Pedro Afonso, houve a criação do Comitê de Propagan-da Pró-Criação do Território do Tocantins; Em 1949, a Assembléia Legislativa não aceitou a representação da
Comissão que defendia a criação do ter-ritório do Tocantins, sendo a mesma posteriormente rejeitada e arquivada pela Comissão de Constituição e Justiça da Administração Federal. Em 13 de maio de 1956, foi lançado em Porto Nacional o movimento
Pró-Criação Estado do Tocantins, liderado pelo Juiz de Direito dessa Comarca, o Dr. Feliciano Machado Braga;
A aprovação da Emenda da deputada Almerinda Arantes à Constituição
Estadual criando o Estado do Tocantins pelo desmembramento de Goiás a partir do paralelo 13º, seria um passo em direção à criação do Tocantins, mas dependia também da realização de um plebiscito.
Trajetória de luta pela criação do Tocantins (século XX) A CENOG – Casa do Estudante Norte Goiano – era uma sociedade civil
sem fins lucrativos composta por estudantes, de caráter cultural e político apartidário. Tinha o objetivo de dar assistência aos estudantes originários do Nordeste e do Norte do Brasil. Idealizada pelo padre Ruy Rodrigues da Silva, a Cenog foi fundada em Goiânia, em 15/05/1960, por um grupo de jovens. Seu líder foi o acadêmico de filosofia Vicente de Paula Leitão. A Fundação da CONORTE - Comissão de Estudos do Norte Goiano -
em 1981, em Brasília, foi de fundamental impor-tância dentro desse contexto. Sustentada por lideranças políti-cas e intelectuais radicadas em Goiânia e Brasília, a CONOR-TE tinha como objetivos conscientizar a população das poten-cialidades econômicas do norte goiano, do descaso governa-mental e da necessidade de se organizar politicamente para a defesa dos interesses da região. No ano de 1984, o deputado José Wilson Siqueira Campos apresentou
um projeto de Lei Complementar para criar o Estado do Tocantins. O projeto foi aprovado pelo Congresso Nacional, mas vetado pelo Presidente José Sarney. Depois, o projeto foi reapresentado no senado pelo Senador Benedito Ferreira, aprovado na Câmara e no Senado e, mais uma vez, vetado pelo presidente.Em protesto contra o segundo veto do presidente os deputados Siqueira Campos e Totó Cavalcante iniciaram greve de fome. Em junho de 1986, a Comissão de Redivisão Territorial, coor-denada
pelo Ministério do Interior, concluiu ser inviável a criação do estado do Tocantins mas acenou com a possibili-dade de se instalar o Território do Tocantins. A maioria das lideranças era contrária a essa posição. Articularam-se, então, para a aprovação do projeto de criação do novo estado pela Assembléia Nacional Constituinte de 1987.
A Criação do Estado do Tocantins em 1988 A CONORTE apresentou à Assembléia Consti-tuinte uma Emenda
Popular com cerca de 80 mil assinaturas como reforço à proposta de criação do estado;
Foi criada a União Tocantinense, organização suprapartidária com o
objetivo de conscientização política em toda a região norte para lutar pelo Tocantins também através de Emenda Popular; Nasceu o Comitê Pró-Criação do Estado do Tocantins que conquistou
importantes adesões para a causa separatista; Pelo artigo 13 do Ato das Disposições Consti-tucionais Transitórias da
Constituição, em 05 de outubro de 1988, nascia o Estado do Tocantins; No dia 5 de outubro de 1989, foi promulgada a primeira Constituição do
estado, feita nos moldes da Constituição Federal; Foram criados mais 44 municípios além dos 79 já existentes; Foi construída, no centro geográfico do estado, numa área de 1.024
Km2 desmembrada do muni-cípio de Porto Nacional, a cidade de Palmas, para ser a sede do Governo estadual. Em 1º de janeiro de 1990, foi instalada a capital