Antecedente do Estruturalismo clássico
O termo Semântica foi criado em 1883 por Michel Bréal. Sua justificativa era que o estudo que ele propunha para a língua subentendia algo tão novo que nem sequer recebera denominação até então. Suas observações eram sobre o corpo e sobre a forma das palavras, por isso, para ele, a Fonética e a Morfologia mereciam ter um nome: Semântica. Se não havia uma denominação para esses estudos, a ponto de se propor um neologismo na linguagem científica, nem por isso a disciplina não era tão nova assim, tendo sido apreciada e recebido dedicadas investidas pelos antigos, desde a era de Aristóteles. Muitos estudos partiram da tradição aristotélica com muito êxito, como os estudos de Hermann Paul, que realizou uma oposição do abstrato e do concreto, cujos postulados foram de grande valia para os ensinos retóricos: metáfora, eufenismo, etc. Mas esses estudos eram traçados no campo da Gramática comparativa, tendo como ponto central a preocupação etimológica, a qual propunha agrupamento de termos em relações no plano fonético ou no morfológico. O século XIX é um marco que determinou uma linha de corte no estudo da linguagem. Até então os estudos relativos à compreensão da linguagem eram dedicados às particularidades do vocábulo, em ordem dispersa e sem preocupação com os métodos. Todos os estudos eram feitos de forma diacrônica, ou seja, o desenvolvimento da língua no decorrer do tempo. Suas formas científicas resultavam da evolução temporal de determinado fato, muitas vezes com base nas observações originadas pelos gregos e pelos latinos. Nesse sentido, toda abordagem em relação à língua, bem como com todas as ciências, era feita por meio de estudos históricocomparativos. Foi a partir partir do século XIX que a gramática gramática passa a ser estudada com apoio em exames aprofundados das palavras comuns às diferentes línguas da família indo-européia. Embora 1900 tenha sido um marco para o estudo da linguagem, não há como precisar o tempo exato em que isso ocorre, pois os anseios pelos estudos de uma linguagem interpretativa antecedem a esse período, como vamos perceber desde os estudos de Platão. Porém, é inegável que a figura de maior expressão no início do século XX, e que mudaria o rumo da história da lingüística mundial, foi Ferdinand de Saussure (1857-1913), lingüista suíço cujas idéias sobre estrutura de idioma influenciariam para o desenvolvimento da teoria lingüística, conhecida como estruturalismo. Nascido em Genebra, teve aulas de ciência durante um ano na Universidade de Genebra, antes de se tornar um estudante de idioma na Universidade de Leipzig, em 1876. Ainda como estudante publicou seu único livro, Mémoire sur le système primitif des voyelles dans les langues
indo-européennes (Memória no Sistema Vocálico Original nos Idiomas indo-europeus, 1879), um trabalho importante no sistema vocálico de proto-indo-europeu, considerado a origem dos idiomas indo-europeus. Saussure, ainda no início dos seus estudos, estabeleceu sua carreira focalizada em filologia, o estudo de história de idiomas, e desviaria, mais tarde, sua atenção para o estudo de lingüística geral. Ele lecionou na École Hautes Études, em Paris, de 1881 a 1891, e então se tornou professor de Sânscrito e de Gramática Comparativa na Universidade de Genebra. Embora Saussure nunca escrevera outro livro, suas aulas foram altamente influentes. Depois de sua morte, dois de seus alunos compilaram as notas de suas conferências e outros materiais em um trabalho seminal, Cours de linguistique générale (1916; Curso Lingüística Geral, 1959). O livro explica a aproximação estrutural da gramática com o idioma e estabelece uma série de distinções teóricas que se estabeleceram como elementos básicos para o estudo de lingüística. Além da lingüística, o trabalho de Saussure afetou disciplinas como antropologia, história e crítica literária. Assim, Saussure marcaria o fim dos estudos diacrônicos, por meio dos tempos, e daria início aos estudos sincrônicos, com o aparecimento do estruturalismo clássico da linguagem, seguidos pela Escola de Genebra, pela Escola de Moscou e pela Escola Fonológica de Praga, de 1900 até, aproximadamente, 1925. O Texto “A história da semântica lingüística – Estruturalismo clássico”, dará continuidade à história do aparecimento
dessas escolas e abordará os fatores que conduziram à instauração da gramática estruturada.