Zel j k oLopar i c
Heidegger J or g eZaharEdi t or Ri od eJ a ne i r o Copyright © 2004, Zeljko Loparic Copyright desta e di ç ã o© 2D04: Jorge Zabar Editor Uda r!a "#$ico %& sobreloja 200%'('44 )io dc Ja*eiro, )J teL: +2' 2240(022-' .a$: +2' 22-2(/'2% e(a!: j1e1aharc*br j1e1aharc*br site: 3331aharcobr odos odos os direitos reser5ados 6 reprod!78o *8o(a!tori1ada desta p!blica78o *o todo o! e parte, co*stit!i 5iola78o de direitos a!torais +Le9 9.610/98) Coposi78o eletr*ica: ope$tos ope$tos Edi7;es
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l . 8 49 heideggcr Zel j k oLopar i c .-— tio d eJ an et r o :J or g eahar Ed . ,2 0 04 ( Pa s s oa p a s s o;%2 ' He i d eg ge r ,"arti*, 'FFG('GH- 2 Fi l os oí i aale8 % eoria do co*hecie*to 1 .Tí t ul o,>> ?#rie ClI 'G4 CDL '%'
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Sumário
Quem é Heidegger? 7 As moradas de Heidegger 16 Os escritos 35 Os caminhos do pensamento 44 Alguns ecos 62 O legado 65 Seleção de textos 68 Cronologia 78 Referências e fontes 81 Leituras recomendadas 84 Sobre o autor 87
Quem é Heidegger? Heidegger no é um !il"so!o #ual#uer$ %o sentido estrito& ele tal'e( nem se)a um !il"so!o$ *radicionalmente& os !il"so!os ocupam+se de certas ,coisas- tais como o mundo& a li.erdade& /eus ou o A.soluto$ Heidegger propunha+se a pensar o s er& #ue no é coisa alguma& em.ora no se)a um nada puro e simples$ 0 o #ue procura'a compreender do ser era o seu sentido algo #ue nunca poder tornar+se uma e'idncia segura& em.ora se)a o contrrio de uma noite de tre'as$ Quanto sua .iogra!ia& di!icilmente pode ser escrita simplesmente narrando !atos o.)eti'os$ A 'ida de Heidegger passou por meandros #ue escapam 'eremos isso a seguir ao olhar o.)eti!icador& #uer teori(ante #uer morali(ante$ erta 'e(& ele mesmo resumiu a .iogra!ia de Arist"teles da seguinte maneira maneira Arist"teles Arist"teles nasceu& escre'eu e morreu$ morreu$ or analogia& a resposta resposta pergunta ,Quem é Heidegger? s" poderia ser o.tida da leitura dos seus te9tos& pois o essencial da 'ida de Heidegger estaria con!inado aos seus escritos$ %o sem ra(o& a posi:o de mestre do pensamento #ue Heidegger con#uistou durante a ' ida !oi comparada do m;stico e herege c$ 126+1327@$ 0ncontrando+se nas ru;nas do anto Bmpério Comano da %a:o 7
Alem& destro:ado pelas disputas disputas entre imperadores e papas& 0c=hart 0c=hart .uscou lugar seguro para 'i'er num ,império interno- constitu;do pelo retorno ao !undamento da alma& origem& ao A.soluto& ainda chamado de /eus$ De'ou consigo por esse caminho #ue no era um processo te"rico test'el intersu.)eti'amente& pois consistia na entrega solitria ao sem+nome a elite espiritual alem da sua época$
A compara:o compara:o procede$
Sumário
Quem é Heidegger? 7 As moradas de Heidegger 16 Os escritos 35 Os caminhos do pensamento 44 Alguns ecos 62 O legado 65 Seleção de textos 68 Cronologia 78 Referências e fontes 81 Leituras recomendadas 84 Sobre o autor 87
Quem é Heidegger? Heidegger no é um !il"so!o #ual#uer$ %o sentido estrito& ele tal'e( nem se)a um !il"so!o$ *radicionalmente& os !il"so!os ocupam+se de certas ,coisas- tais como o mundo& a li.erdade& /eus ou o A.soluto$ Heidegger propunha+se a pensar o s er& #ue no é coisa alguma& em.ora no se)a um nada puro e simples$ 0 o #ue procura'a compreender do ser era o seu sentido algo #ue nunca poder tornar+se uma e'idncia segura& em.ora se)a o contrrio de uma noite de tre'as$ Quanto sua .iogra!ia& di!icilmente pode ser escrita simplesmente narrando !atos o.)eti'os$ A 'ida de Heidegger passou por meandros #ue escapam 'eremos isso a seguir ao olhar o.)eti!icador& #uer teori(ante #uer morali(ante$ erta 'e(& ele mesmo resumiu a .iogra!ia de Arist"teles da seguinte maneira maneira Arist"teles Arist"teles nasceu& escre'eu e morreu$ morreu$ or analogia& a resposta resposta pergunta ,Quem é Heidegger? s" poderia ser o.tida da leitura dos seus te9tos& pois o essencial da 'ida de Heidegger estaria con!inado aos seus escritos$ %o sem ra(o& a posi:o de mestre do pensamento #ue Heidegger con#uistou durante a ' ida !oi comparada do m;stico e herege c$ 126+1327@$ 0ncontrando+se nas ru;nas do anto Bmpério Comano da %a:o 7
Alem& destro:ado pelas disputas disputas entre imperadores e papas& 0c=hart 0c=hart .uscou lugar seguro para 'i'er num ,império interno- constitu;do pelo retorno ao !undamento da alma& origem& ao A.soluto& ainda chamado de /eus$ De'ou consigo por esse caminho #ue no era um processo te"rico test'el intersu.)eti'amente& pois consistia na entrega solitria ao sem+nome a elite espiritual alem da sua época$
A compara:o compara:o procede$
primordial #ue permita se constituir como pessoa$ Hannah Arendt& sionista ati'a& autora da cr;tica !este)ada do totalitarismo do século 99 e te"rica do li.eralismo pol;tico& num te9to de 1F6F escrito em homenagem aos 8 anos do seu mestre e amante& recorda o !asc;nio e9ercido por Heidegger so.re os seus ou'intes ,O .oato #ue se espalha'a so.re Heidegger di(ia claramente o pensamento est 'i'o de no'o$ Os tesouros culturais do passado& acreditados mortos& recome:aram a !alar& a!irmando coisas totalmente di!erentes das tri'ialidades !amiliares e desgastadas #ue& presumia+se& eles esti'essem di(endo$ Agora e9iste um mestreI tal'e( tenha 'oltado a ser poss;'el aprender a pensar$ O rei oculto reina'a no reino do pensamento$ O .oato pegou$ *oda *oda a elite intelectual )o'em da Alemanha& da Nran:a& do Eapo e de 'rios outros pa;ses procurou estudar com Heidegger$ Os )udeus tam.ém& entre eles além de Arendt Hans Eonas& Larl DPith& Her.ert
pontos de 'ista$ 0mmanuel De'inas& por e9emplo& representante t;pico do pensamento ra.;nico e& ao mesmo tempo& aceito pelos cat"licos como um ,ai da Bgre)a& segundo o !il"so!o Eean reisch& e9pressou em di'ersas ocasies a sua admira:o pela re!ormula:o heideggeriana do ponto de partida !enomenol"gico$ 0m 1F32& depois de ter assistido s aulas de Heidegger& De'inas apresentou o pensador alemo aos leitores !ranceses com pala'ras muito lison)eiras ,O prest;gio de estados de coisas s u.sistentes@& Mittgenstein !a(ia a distin:o entre di(er e mostrar$ 0ssa distin:o lhe permitia !a(er uma outra& correlata& entre !atos naturais #ue podem ser mostrados >num certo sentido de mostrar@ e tam.ém ditos& e coisas #ue s" podem ser mostradas& mas no ditas$ Que coisas so essas? Que se pense& por e9emplo& no espanto diante do !ato de #ue algo e9iste$ A#ui est o gancho para Heidegger$ 0m de(em.ro de 1F2F& depois de ter lido Ser e tempo, Mittgenstein admite& diante de seus interlocutores atJnitos do ;rculo de Tiena todos de orienta:o positi'ista e empenhados na .usca de uma linguagem uni!icada da cincia e da !iloso!ia na #ual seria poss;'el& como dir Cudol! arnap& construir logicamente o mundo & #ue pode muito .em entender o #ue Heidegger #uer di(er com ser e angstia$ O ser humano tem o impulso de ir contra os limites da linguagem& uma tendncia parado9al de ultrapassar o a!igur'el$ 0sse mesmo impulso estaria mo'endo Heidegger$ A sua pergunta pelo sentido do ser no pode ser posta numa e9presso 'er.al gramaticalmente correta e tampouco admite uma resposta .em ! ormulada$ *udo *udo o #ue poderia ser 'er.ali(ado so.re esse assunto seria a priori um sem+sentido$ %o entanto& a angstia pode dar o sentido ao #ue a#ui est em #uesto$
nologia é totalmente di!erente da minhaI os seus cursos acadmicos& assim como o seu li'ro [Ser e tempo, em 'e( de serem a continua:o dos meus tra.alhos cient;!icos 'isam& no essencial& desacredit+los por meio de ata#ues a.ertos ou 'elados$ Ao ou'ir essas o.ser'a:es& Heidegger apenas sorriu e disse ,A.surdoU
so.re a sua pessoa ele se tornou& para mim& totalmente incompreens;'el$ 0le !oi& durante #uase uma década& meu amigo mais pr"9imo& mas agora isso naturalmente terminou a !alta de compreenso e9clui a ami(ade essa mudan:a no apre:o cient;!ico e na minha rela:o com uma outra pessoa !oi um dos golpes mais duros da minha 'ida$ O representante m9imo do empirismo l"gico& Cudol! arnap& tampouco entendia Heidegger$ 0le termina o seu !amoso artigo de 1F31 so.re a supera:o da meta!isica pela anlise l"gica da linguagem citando uma o.ser'a:o de /a'id Hil.ert o maior matemtico da época em #ue Heidegger é criticado& em.ora no e9plicitamente citado ,%um artigo !ilos"!ico recente encontro a proposi:o VO nada é a pura e simples nega:o do todo dos entes-$ 0ssa proposi:o é instruti'a& continua o matemtico& pelo !ato de ilustrar& apesar de sua .re'idade& todas as principais in!ra:es contra os !undamentos da matemtica esta.elecidos na minha teoria da pro'a$
0ra preciso ser Heidegger para !ormular& numa s" !rase& a #uintessncia de um pensamento diametralmente oposto o.)eti!ica:o l"gico+matemtica do mundo$ 0m 'irtude do seu enga)amento no mo'imento de Hitler& Heidegger !oi se'eramente criticado tanto pelos opositores #uanto pelos o!iciais ide"logos do na(ismo$ 0m 1F34& 0rnst Lriec=& representante da linha dura do artido %acional+ocialista& considera ,!unesto o pro)eto de Heidegger de !undar uma Academia de /ocentes em Werlim$ A !im de con'encer disso as instGncias superiores do artido& Lriec= pede um parecer ao psic"logo !sic 0rich Eaensch& colega de Heidegger da é poca de
Easpers di( #ue o modo de pensar de Heidegger& por carecer em sua essncia de esp;rito de li.erdade& é ditatorial e despro'ido de poder de comunica:o& sendo !unesto para o ensino na#uele momentoI #ue seu modo de pensar parece mais importante #ue o contedo de seus )u;(os pol;ticos& cu)a agressi'idade pode !acilmente mudar de dire:o$ 0n#uanto no acontecer em Heidegger um genu;no renascimento& #ue se)a 'is;'el na sua o.ra& Easpers pensa #ue esse pro!essor no pode ser colocado diante de uma )u'entude #uase sem !or:a interior$ 0m )aneiro de 1F46& a omisso de /esna(i!ica:o da Sni'ersidade de Nrei.urg aceitou a opinio de Easpers e Heidegger perdeu& até 1F4F& o direito de lecionar& O parecer de Easpers é signi!icati'o por dois moti'os primeiro& por#ue condena ao silncio no o Heidegger pol;tico& mas o pensador& mais precisamente o cr;tico da meta!isica e da tradi:o !ilo s"!ica em geralI e& segundo& por#ue a pala'ra+cha'e de condena:o é a mesma #ue !oi usada por um de seus censores na(istas ,!unesto& 0m 1F55& no artigo ,o.re a pergunta pelo ser& escrito em homenagem ao escritor 0rnst EKnger& Heidegger respondeu a Easpers ,%o h nada de mais grotesco do #ue denunciar as minhas tentati'as de pensar como desmantelamento da meta!isica e& ao mesmo tempo& mo'er+se& com a a)uda dessas tentati'as& pelos caminhos do pensamento e em representa:es #ue !oram emprestadas #uele pretenso desmantelamento$ %as suas anota:es so.re Heidegger& #ue !e( ao longo de toda a 'ida& Easpers tomou essas pala'ras como dirigidas contra ele& contendo uma acusa:o de plgio$ 0rradamente& ao #ue parece& pois Heidegger acrescenta nesse mesmo artigo ,A#ui no ca.e agradecimento e sim a de'ida re!le9o$ %os anos 1F6& ) perto da morte& Easpers pJs no papel a sua amargura diante de uma ami(ade #ue se tornou imposs;'el ,%o alto da montanha& so.re um planalto amplo e rochoso& encontra'am+se desde sempre os !il"so!os de cada época$ $$$ A mim pareceu en#uanto eu .usca'a em 'o& en'ol'ido em especula:es
eternas& os homens #ue as achariam importantes ter encontrado um nico& e ninguém mais$ 0sse nico era& contudo& o meu corts inimigo& pois as !or:as a #ue ser';amos eram incompat;'eis$ A alegria tornou+se dor& uma dor singularmente inconsol'el& como se uma possi.ilidade #ue& no entanto& parecia estar mo& !osse perdida$ Noi o #ue me aconteceu com Heidegger$ or isso& considero ino!ensi'as todas as cr;ticas& sem e9ce:o& #ue ele rece.eu& pois elas no se colocam na#uele plano& l no alto$ R por isso #ue eu .usco uma cr;tica #ue atin)a e!eti'amente a su.stGncia do pr"prio pensamento& #ue #ue.re a ausncia de comunica:o entre os incompat;'eis& de acordo com a solidariedade #ue ainda é poss;'el entre os estranhos& #uando se trata de !iloso!ia$ *al cr;tica e tal luta tal'e( se)a imposs;'el$
tempo, no é poss;'el retirar+lhe $$$ a admira:o$ $$$ A !irme(a so.erana marca essa o.ra o tempo todo$ odemos& entretanto& estar certos de #ue o
As moradas de Heidegger Toltemos a nossa pergunta inicial Quem é Heidegger? *er sido ele o rei oculto do reino do pensamento& como atesta ArendtI um m;stico carismtico& como sugere a compara:o de a!rans=i com
>1@ #ue a 'ida humana é a interpreta:o espontGnea da realidade de si mesma e de todas as coisas >a ,lu( natural@& e >2@ #ue a caracter;stica ontol"gica !undamental do homem é a de ser um ser+no+mundo& isto é& alguém #ue ha.ita um mundo$ e é assim& responder pergunta #uem é Heidegger condu( necessariamente pergunta omo Heidegger se interpretou a si mesmo morando onde mora'a e da maneira como o !a(ia? A idéia é tentar contar o essencial da 'ida de Heidegger 'isitando os lugares nos #uais ele ha.itou& 'endo como ele os ha.itou$ /e !ato& onde 'i'ia Heidegger en#uanto escre'ia tudo a#uilo #ue escre'eu? %uma torre de mar!im? %um mundo interior secreto? %uma mente cindida? %o alto da montanha? %os limites da linguagem? %a companhia do
$ casa natal em %ess&irc'. A me de Heidegger era de !am;lia camponesa$ 0ntretanto& o #ue marcou a mem"ria de Heidegger no !oram as suas mos tra.alhadoras& mas sim protetoras$ %as recorda:es da in!Gncia& contidas em ( camin'o do campo >1F4F@& encontramos acenado o sentido dessa prote:o materna$ Heidegger lem.ra as 'iagens pelo mundo !eitas nos na'ios de suas .rincadeiras de crian:a$ 0ram a'enturas #ue sempre reencontra'am o caminho de 'olta terra !irmeI ainda no sa.iam nada das andan:as #ue 1F
'o para o a.erto sem .ali(as& dei9ando para trs todos os pontos !i9os& O carter on;rico dessas 'iagens iniciais ,permaneceu oculto& recorda Heidegger& ,num esplendor #uase impercept;'el& #ue repousa'a so.re todas as coisas$ 0m parte& pelo menos& por#ue a me esta'a l$ O seu olhar e a sua mo delimita'am o dom;nio dessas primeiras tra'essias ,0ra como se o seu cuidado no 'er.ali(ado protegesse todos os seres$ Wem mais tarde& ) nos anos 1F6& n os seminrios de Yolli=on& reali(ados na casa do psicanalista su;:o
/epois do .olo e do ca!é com leite ser'idos na casa do sacristo pela ,me+sacrist& eles iam tocar os sinos na torre da Bgre)a de aint
repet;'el& até o ltimo repi#ue& guarda da montanha do ser$ Alguns dos detratores de Heidegger entre eles o americano *om Coc=more #uerem nos con'encer de #ue Heidegger nasceu e permaneceu um ,campons da u.ia& astuto& mas retr"grado$ A inspira:o 'em da a!irma:o de Adorno !eita em 1F64& num pan!leto #ue 'isa'a destronar Heidegger da posi:o de mentor da !iloso!ia alem e recuperar essa !un:o para a 0scola de Nran=!urt de #ue Heidegger estaria ,aplicando normati'amente uma !alsa eternidade das rela:es agrrias$ A pro'a disso estaria numa !rase de Heidegger& de ( camin'o do campo, #ue di( ,R ' a tentati'a do homem de introdu(ir uma ordem no planeta& se no se alinhar com a interpela:o do caminho do campo$ %a América& argumenta Adorno& no h caminhos do campo& nem ao menos aldeias& dando a entender #ue as coisas esto em ordem na América& de todo modo& melhores #ue na Alemanha$ a.emos #ue ho)e no h praticamente mais aldeias nem mesmo na 0uropa ocidental e #ue& pensando .em& as aldeias esto prestes a desaparecer da !ace da *erra$ entenas de milhes de camponeses no mundo inteiro esto se tornando seres supér!luos& amea:ados de e9tin:o imediata tanto #uanto as suas comunidades de'ido importa:o& imposta pelo mercado agr;cola glo.ali(ado& de técnicas de culti'o das multinacionais americanas$ Cecentemente& um ;ndio .rasileiro cometeu suic;dio por#ue con!orme consta da carta #ue dei9ou no tinha mais onde morar$ 0sses !enJmenos decretariam o triun!o do ur.anismo de Adorno so.re o agrarismo de Heidegger? *er;amos de insistir& como sugeriram alguns& na ur.ani(a:o da pro';ncia heideggeriana? *enho minhas d'idas a respeito disso$ Os !atos mencionados permitem antes constatar a e9trema atualidade da cr;tica heideggeriana técnica planetria& .aseada& no na de!esa do agrarismo& mas na preocupa:o com a terra como morada do homem$ A oposi:o entre a ur.anidade e o ruralismo& #ue em Adorno tem um sentido sociol"gico+ ideol"gico& de'e ser repensada esse é o ponto de Heidegger em termos dos perigos #ue a técnica moderna representa no para esse ou a#uele po'o ou classe& para esse ou a#uele ecossistema ou mesmo para a humanidade como gnero& mas para a pr"pria essncia do ser humano$ *al'e( se possa di(er #ue Heidegger era um homem do campo no mesmo sentido em #ue Tan ogh era o pintor das paisagens da Holanda e ro'en:a$ /urante a 'ida toda& Tan ogh !ilho de pastor protestante e& na )u'entude& 23
pregador do 0'angelho aos es!omeados mineiros .elgas do Worinage pintou o campo& a terra arada& as planta:es de trigo& o semeador e o cei!ador$
0ssa morte& para Tan ogh& ,no tem nada de triste& tudo acontece plena lu( do dia& com o sol inundando tudo com uma luminosidade de ouro !ino$ om essa luminosidade da nature(a ele mantém uma rela:o especial$ ,O #ue lhe dese)o& #uando chego a ter esperan:a& escre'e Tincent ao seu irmo *heo& numa carta de setem.ro de 188F& ,é #ue a !am;lia se)a para 'oc o #ue& para mim& so a nature(a& as gle.as da terra& a grama& o trigo amarelo& o campons& isto é& #ue 'oc encontre& no seu amor pelas pessoas& não somente o trabal'o, mas tam.ém o consolo e o resta.elecimento& pois precisamos disso$ Antes de desco.rir é(anne& pintor da montanha do ser& Heidegger meditou longamente so.re os instrumentos #ue se encontram nos #uadros de Tan ogh$ 0m particular& nos sapatos de camponeses& pintados 'rias 'e(es pelo artista holands$ O.)etos de uso agr;cola& sim& mas& tal como para Tan ogh& tam.ém para Heidegger o uso #ue uma camponesa !a( de seus sapatos no é algo a ser pensado e9clusi'amente por categorias da sociologia rural$ /ecerto& a utilidade do instrumento consiste na sua ser'entia$ 0ntretanto& di( Heidegger em $ origem da obra de arte >1F36@& o #ue transparece& ainda #ue de maneira o.scura& nos sapatos da camponesa de Tan ogh& é a umidade do solo& a solido do caminho do campo& a ddi'a do trigo maduro& o temor pela incerte(a do po& a alegria pela supera:o da necessidade& o estremecimento pela chegada do nascimento e o temor diante da amea:a da morte$ A ser'entia do instrumento& resume Heidegger& ,!undamenta+se so.re a plenitude do ser essencial do instrumento$ %"s o chamamos de con!ia.ilidade$ or !or:a desta& a
camponesa se entrega ao chamamento silencioso da terraI em 'irtude da con!ia.ilidade do instrumento& ela é segura do seu mundo$ ara ela e para todos #ue esto com ela ao seu modo& o mundo e a terra esto a; apenas assim no instrumento$ Nilho de sacristo e protegido do onrad r.er& diretor do Bnternato de Lonstan( e& posteriormente& arce.ispo de Nri.urgo& Heidegger é tudo& sal'o um par*enu de .ai9a e9tra:o$ 0le pertencia antes ao grupo de grandes pensadores alemes& entre eles chelling e %iet(sche& #ue nasceram e !oram educados em !am;lias ou am.ientes modestos& ligados s Bgre)as crists& cu)os interesses principais no di(iam respeito perpetua:o das rela:es agrrias& como sugere Adorno este !ilho de .an#ueiro nascido na metr"pole !inanceira de Nran=!urt V mas s #uestes elementares e& por isso& !undamentais da 'ida& da teologia e da !iloso!ia$
+o internato reitoria e ao pro-eto da $cademia dos +ocentes em erlim. /e 1F3 até 1F11& portanto& entre seus 13 e 21 anos& Heidegger estudou nos internatos de padres cat"licos& primeiro em Lonstan(& depois em Nrei.urg$ A nica mudan:a desse am.iente de con'ento acontecia nas !érias& #ue 25
ele passa'a in'aria'elmente na cidade natal$ /urante al gum tempo& ele até cogitara tornar+se padre& no !ossem pro.lemas de sade pro.lemas card;acos& causados& segundo ele& pela prtica e9agerada de esporte$ Além disso& em 1F23& Heidegger se a!astou da !é cat"lica$ 0leito reitor da Sni'ersidade de Nrei.urg& em a.ril de 1F33& com a #uase unanimidade dos 'otos& Heidegger mostrou+se um administrador ati'o& até o.sessi'o$ 0ntrou no artido %acional+ ocialista$ *entou& além disso& en'ol'er a uni'ersidade no mo'imento nacional+socialista& ou melhor& controlar esse mo'imento a partir dela$ articipou de palan#ues eleitorais a !a'or de Hitler& acreditando #ue o ,socialismo nacional deste ia reconhecer e a.sor'er todas as !or:as construti'as e produti'as do po'o alemo& #ue se encontra'a em crise pro!unda$ Heidegger tam.ém !alou com entusiasmo em campos de tra.alho e em treinamento esporti'o e militar dos estudantes$ Ao #ue parece& tentou trans!ormar a Sni'ersidade numa espécie de internato nacional+socialista$ 0 se saiu mal$ Os seus colegas no apreciaram a disciplina monstica #ue ele #uis imprimir 'ida uni'ersitria$ or outro lado& os ide"logos do partido tampouco se encantaram pela sua 'erso da re'olu:o nacional+socialista #ue de'eria 'isar& con!orme Heidegger prope no seu ,/iscurso de posse& de maio de 1F33& a restaura:o& pelo po'o alemo& do poder de irrup:o original da !iloso!ia grega$ A renncia tornou+se ine'it'el$
$ /loresta 0egra. *endo chegado a Nrei.urg para terminar o colegial e come:ar os estudos de teologia e matemtica e depois de ! iloso!ia& Heidegger desco.riu a !or:a da presen:a da montanha a Nloresta %egra$ 0m 1F22& ) casado& decidiu construir uma pe#uena ca.ana >a !amosa "1tte .eira da aldeia de *odtnau.erg& no meio da Nloresta& onde passaria 27
os seus dias li'res e rece.eria amigos até o !im da 'ida$ %o se trata'a s" da Nloresta$ 0ssa era a regio dos mais antigos mosteiros da Alemanha& entre eles& a a.adia .eneditina de Weuron& !re#Kentemente 'isitada por Heidegger$ O Ceno& o rio #ue deu o nome regio em #ue nasceu a m;stica de Ter te9to n$1$@ $ perda da pro*2ncia. A Nloresta %egra no era para Heidegger um id;lio campestre& mas o nico lugar onde ele podia 'i'er e tra.alhar criati'amente$ oisa de es#ui(o!rnico& tal'e(& mas& numa certa medida& de cada um de n"s tam.ém$ /entro de poucos anos& entretanto& esse lugar dei9aria de e9istir$ A pro';ncia heideggeriana aca.a& primeiro& ao ser industriali(ada& tal como toda a Alemanha& pelo socialismo nacional e& segundo& ao ser .om.ardeada pelos Aliados$ om o !im da terra ptria& chega'a ao !im tam.ém a idéia de alemes como um po'o hist"rico& cara a Hegel e a Hlderlin& e ainda usada por Heidegger& no in;cio dos anos 1F3$ Heidegger logo 'iu #ue esse !enJmeno tinha propor:es glo.ais ,no mundo de ho)e& escre'e ele no in;cio da década de 1F4& ,o #ue é nacional é igual ao internacional$ ,O #ue se pode esperar& acrescentar ele duas décadas mais tarde& ,é o surgimento de uma no'a !orma de nacionalismo& no mais !undada no #ue é pr"prio a cada po'o& mas no poder tecnol"gico$ A destrui:o da terra ptria pela guerra no era o essencial$ %as suas prele:es& do semestre de 1F5 1+52& Heidegger medita so.re o !enJmeno da destrui:o apoiando+se 2F
na pala'ra de %iet(sche ,O deserto cresce$ Que signi!ica isso? Que a deserti!ica:o se e9pande e toma conta de n"s como um destino$ $ deserti!ica:o é mais poderosa #ue a destrui:o& mais estranha #ue a ani#uila:o$ A destrui:o elimina to+somente o #ue até agora cresceu e !oi constru;do& en#uanto a deserti!ica:o pe amarras ao crescimento !uturo e 'eda toda constru:o$ A ani#uila:o elimina isso ou a#uilo& mas a deserti!ica:o encomenda e espalha a pr"pria amarra:o e 'eda:o$ O aara na \!rica é apenas um modo de deserto& a#uele #ue é o sinJnimo de descon!orto e necessidade$ 0ntretanto& a deserti!ica:o da terra& pensada como destino& pode muito .em coe9istir com a o.ten:o dos mais altos n;'eis de 'ida e com a organi(a:o de um estado uni!orme de !elicidade para todos os seres humanos$ /eserti!ica:o no é uma #uesto de eroso& nem de guerras mundiais& mas& parado9almente& o .animento da necessidade& mais precisamente& do carter #uestion'el da 'ida humana$ 0sse .animento atinge& em particular& a recorda:o$ Ao perder o seu 'abitat, o homem perde a nature(a e a tradi:o e& assim& o seu passado& o ter+sido& o seu tempo$ /essa !orma& ele perde a si mesmo$ /eserti!ica:o é o nome niet(schiano para a o.)eti!ica:o terminal$ 0m 1F55& no seu !amoso artigo ,erenidade- Heidegger constata& mais uma 'e(& a perda da ptria do po'o alemo e& com isso& a sua pr"pria condi:o de aptrida$
Hlderlin& resume+se na medita:o desconstruti'o+reconstruti'a so.re a o.)eti'idade técnica$ 0ssa medita:o consiste na retra:o da atualidade instaladora& na recorda:o da nature(a tal como pensada pelos pré+socrticos e na antecipa:o& com os recursos da a rte poética& de um mundo des'inculado de instala:es técnicas$ A desconstru:o praticada por Heidegger percorre& portanto& uma tra)et"ria circular muito especial ela sai do presente tecnici(ado& 'olta origem grega do primeiro come:o do pensamento do ser e 'ai poeticamente para o outro come:o desse mesmo pensamento$
$ Su3bia. Sma das regies #ue Heidegger tentar ha.itar dessa maneira é a sua pro';ncia natal& a u.ia$
Os recursos 'iro de Eohann eter He.el$ Quem é He.el? ,%"s o sa.eremos- responde Heidegger& ,se ou'irmos seus Voemas alemGnicos 0sses poemas nasceram da ,saudade da terra natal e so escritos em alemGnico& o dialeto materno de He.el e de Heidegger$ O dialeto é a !onte secreta do esp;rito de toda l;ngua$ Que esp;rito e esse? O das ,inaparentes rela:es sustentadoras a /eus& ao mundo& aos seres humanos& a suas o.ras e s coisas$ A poesia de He.el é pro'inciana e& no o.stante& no.re pois tem uma ,alta origem ela surge ,da#uilo #ue é o permanente em si e cu)a !or:a constante nunca seca$ Noi com a a)uda desse ,amigo ;ntimo >o alemo di( ,amigo de dentro de casa@ poeta da terra natal e& por isso mesmo& poeta da regio a.erta entre o céu e a terra #ue Heidegger reconstituiu& em 'rios te9tos& uma u.ia na #ual ainda espera'a poder sentir+se em casa$
$ 4ro*ença. A ro'en:a de'e ter entrado no hori(onte de Heidegger atra'és das cartas de Tan ogh #ue ele leu a'idamente logo depois de sua primeira tradu:o para o alemo& na 'éspera da rimeira uerra
é(anne& cantada por har& ainda ha.itada por camponeses de 'erdade e ponto de partida de uma poss;'el 'iagem de retorno récia$ Noi esse lugar #ue propiciou a Heidegger a oportunidade de e9por& com rara clare(a e simplicidade& ) no !im da 'ida e s" para um grupo de amigos& as etapas principais do seu caminho de pensamento$ $ 5r6cia. A terra em #ue se iluminou& inicialmente& a clareira do ser era& para Heidegger& a récia$
/esde 1F55 ele !a(ia planos de 'ia)ar para l$
0m /elos& contudo& aconteceu o #ue espera'a a 'iagem tornou+se estada& ,o permanecer )unto do #ue é a alet'eia8. $let'eia, a 'erdade& é ela mesma a ,regio do resguardo #ue desoculta- #ue garante ,o surgimento& em si oculto& das montanhas e das i lhas& do céu e do mar& da 'egeta:o e dos animais e #ue ,concede a estada ao homem& na #ual pode aparecer tam.ém o ergon, !orma:es e constru:es esta.elecidas pelo tra.alho humano$ >Ter te9to n$2$@ Quem l essas linhas tal'e( no se li're da d'ida de sa.er se Heidegger realmente 'iu o #ue relatou ou apenas seguiu& mais uma 'e(& um roteiro de medita:o prescrito por Hlderlin$ 0ssa& pelo menos& !oi a incerte(a #ue ti'e #uando& no seminrio so.re Herclito reali(ado no semestre de in'erno de 1F66+67& em Nrei.urg& Heidegger surpreendeu a todos #ue est'amos presentes com a o.ser'a:o ,Dem.ro+me de uma tarde durante a minha estada na 0gina$ /e repente& perce.i um nico raio& ao #ual nenhum outro se seguiu$ Ocorreu+me o pensamento Yeus$ %os seus pensamentos& Heidegger procurou paisagens ainda mais di stantes$ O Oriente& o Eapo e& em particular& a hina !oram os lugares #ue 'isitou dessa !orma$ ara o Eapo o chama'am os seus alunos )aponeses& as pinturas de Tan ogh e a poesia de WashJ$ hina era a terra onde se !alou em *ao$ ensou tam.ém no Wrasil& imaginando& nas cartas a
,di(er #ue se retrai de toda in!ormtica e umas ,ilha s in'is;'eis& nas #uais poderiam constituir+se& #uem sa.e& ,células de resistncia técnica$ ( cemit6rio de %ess&irc'. A ltima paisagem terrestre ha.itada por Heidegger é o cemitério ar.ori(ado e silencioso de
Tenha& pois& para #ue 'e)amos o a.erto&U ara #ue .us#uemos algo pr"prio& por longe #ue este)a$U Sma coisa mantém se !irme #ue se)a meio+dia ou caminhe seU ) para a meia+noite& uma medida sempre e9iste&U a todos comum& mas a cada um tam.ém uma pr"pria é destinada&U ada um 'ai e chega l onde pode$ A paisagem e'ocada é a do a.erto& da 'erdade da presen:a& o lugar da mani!esta:o originria do ser& o ponto e9tremo ao #ual Heidegger !oi capa( de le'ar o princ;pio de !enomenalidade de Husserl e a partir de onde mostrarei isso a seguir Heidegger espera'a poder pensar a origem& isto é& o ,A.soluto- sem media:o do conceito$
:m signo não interpretado. O tmulo de Heidegger est ao lado do de seus pais e do irmo Nrit(& estes com a cru( na pedra tumular& o dele com a estrela de oito pontas$ 0m 'o tentei conseguir dos meus amigos alemes entendidos em Heidegger uma interpreta:o$ Ni#uei& até o presente momento& com um 'erso de Hlderlin& caro a Heidegger& como a nica resposta& #ue& pensando .em& no é resposta alguma ,ignos somos n"s& carentes de interpreta:o$ a.emos agora melhor #uem era Heidegger? im e no$ im& por#ue ele é #uem 'i'eu perguntando pelo ser de si mesmo e do ente no seu todo$ Heidegger é o perguntador pelo ser$ 0 no& por#ue essa pergunta permaneceu polissmica& pois Heidegger no dei9ou claro 'isto #ue isso era imposs;'el pelo #ue e9atamente .usca'a nessa pergunta$
Os escritos Heidegger escre'eu uma das o.ras mais 'olumosas da hist"ria da !iloso!ia$ " uma pe#uena parte dela !oi pu.licada durante a sua 'ida$
!ragmento nunca terminado& pu.licado em 1F27 para satis!a(er e9igncias curriculares e a de ser nomeado sucessor de Husserl em Nrei.urg$ A cele.ridade !oi imediata e as cr;ticas igualmente contundentes$ Tendo+se academicamente isolado& Heidegger .uscou um aliado na maior !igura da !iloso!ia alem& pu.licando& em 1F2F& ;ant e o problema da metaf2sica. A tentati'a re'elou+se '& pois o Lant de Heidegger con'enceu poucos colegas$ 37
%o per;odo na(ista& além de cuidar de ' rias edi:es de Ser e tempo, Heidegger no pu.licou praticamente nada& tendo so!rido inclusi'e a censura do artido$ 0le s" retorna s prateleiras da li'rarias em 1F5& com "ol#1F54@& de no'o uma cole:o de artigos& ( princ2pio do fundamento >1F57@& #ue tra( as prele:es de 1F55+1F56 e $ camin'o da linguagem >1F5F@& mais uma série de artigos$ O pr"prio Heidegger conce.eu a edi:o completa das suas o.ras& a 5esamtausgabe >A@$ O pro)eto dessa edi:o& le'ado adiante pela editora Llostermann& de Nran=!urt& pre' a pu.lica:o de 12 'olumes& dos #uais apro9imadamente dois ter:os ) !oram lan:ados$ As linhas editoriais !oram esta.elecidas pelo pr"prio Heidegger$ %o se trata de edi:o hist"rico+cr;tica& mas de uma ,edi:o de ltima mo& #ue de'er apresentar os te9tos tais como !oram dei9ados pelo autor$ A ep;gra!e da edi:o inteira& escrita por Heidegger poucos dias antes da sua morte )>ege, nic't >er&e8 ,aminhos& no o.ras& en!ati(a o carter no+sistemtico& acontecencial e& por assim di(er& transicional do seu pensamento$ Heidegger no dese)a'a #ue os seus escritos !ossem perce.idos como recipientes de um dito !echado em si& mas como marcas #ue apontam um a+sa.er& como dicas de caminhos a seguir$ R por isso #ue eles no de'em ser 'istos como o.ras& como resultados aca.ados de um ato de produ:o$ /o pre!cio es.o:ado temos apenas alguns !ragmentos$ Sm deles di( ,A edi:o completa de'e mostrar& de di!erentes maneiras& um Va caminho-no campo da coloca:o mutante da pergunta polissmica pelo ser$ /esta !orma& essa edi:o de'e incitar a retomar a pergunta& a ir #uestionando )unto e& so.retudo& a !a(+lo de modo mais #uestionador$ Bsso signi!ica perfa#er o passo para tr3s? para trs diante da reten:oI para trs em dire:o do di(er #ue nomeia >Vpara trs- como o carter do caminho do pensamento& no no s entido hist"rico+ temporal@$ ala'ras gra'es& cheias de mltiplas implica:es$ O #ue Heidegger alme)a dei9ar aos seus leitores no é um sistema !ilos"!ico& um ponto de 'ista !ilos"!ico nem mesmo um pro.lema !ilos"!ico$ O seu legado é antes um con'ite para entrarmos em um processo de pro.lemati(a:o sem !im especi!ic'el& em um acontecer no gerado por n"s por nosso espanto diante do #ue h ou por nossas necessidades & mas pela ,reten:o- por um retraimento #ue& no entanto& chama para ser dito$ 0sse di(er tem um carter peculiar ele no é progressi'o& e9plorador& !onte de in!orma:es no'as so.re algo #ue pree9iste& mas sim regressi'o& reminiscente& um retorno nomea:o inicial$ Que nomea:o é essa? A e9ercida pelos pré+ socrticos ,*rata+se de despertar para o contencioso #ue est na pergunta pelo assunto do pensamento >pensamento no sentido da rela:o ao ser como presencialidadeI armnides& Herclito noein, logos.8 ala'ras enigmticas& s #uais tentarei dar um sentido a seguir$ O ponto essencial é o carter regressi'o ou rememorati'o do modo de pensar anunciado por Heidegger$ [ primeira 'ista& poder+se+ia entender #ue se trata de uma anamnese ou recorda:o do tipo platJnico ou neoplatJnico$ 3F
0ssa interpreta:o no satis!a(& pois Heidegger no prope& como lato& #ue se)am recordadas as idéias ) a'istadas pelo intelecto e es#uecidas na hora da nossa chegada ao mundo material& e sim o resta.elecimento de uma rela:o com o ser como presencialidade& e9perienciada inicialmente pelos pré+socrticos e& em seguida& enco.erta pela hist"ria da meta!isica ocidental$ Sm outro !ragmento do pre!cio es.o:ado tra( um apontamento esclarecedor so.re o campo e a dire:o do mo'imento regressi'o heideggeriano ,/o es!or:o reunido na edi:o permanece& por sua 'e(& apenas um !raco eco do in;cio #ue se retrai para sempre mais longe a conten:o da alet'eia #ue se resguarda$ /e um certo modo& ela salta aos olhos& sendo permanentemente e9perienciadaI o #ue lhe é pr"prio permanece& entretanto& X)Z no in;cio Xgrego 1 necessariamente impensado& situa:o #ue impe a todo pensamento posterior uma reser'a peculiar$ eria uma cegueira #uerer trans!ormar o #ue inicialmente !oi testemunhado em algo conhecido$ $let'eia, termo grego comumente tradu(ido por ,'erdade& é interpretado por Heidegger como desocultamento$ ortanto& no como uma propriedade de )u;(os& mas como um acontecer contrariando um outro acontecer o do ocultamento$ 0ssa contrariedade no de'e ser pensada
dialeticamente& como uma oposi:o conceitual& mas acontecencialmente ou transicionalmente& como um ir e 'ir #ue dei9a sa.er& mas #ue no se sa.e ele pr"prio& #ue permaneceu desconhecido até mesmo aos pré+socrticos e #ue pede ainda p ara ser pensado$ e o ocultamento ou o retraimento permaneceu impensado até mesmo no i n;cio& na récia& o passo para trs no pode parar nos pré+socrticos$ A regresso e9igida pela pergunta so.re o ser no poder ter& portanto& o sentido de retorno conser'ador aos gregos$ A tare!a da pro.lemati(a:o do ser no poder ser atendida por um pensamento mais grego #ue o dos pr"prios gregos e sim por uma e9posi:o mais inicial& ainda por acontecer& ao #ue nos !a( pensar$ A regresso heideggeriana #ue se segue sua egresso do mundo de ho)e e #ue prepara uma progresso& !a( parte de um mo'imento #ue no pode ser e9empli!icado onticamente em termos de e'entos o.)eti!icados$ Heidegger é tudo& sal'o um re'olucionrio conser'ador& como os seus cr;ticos sociologi(antes de Nran=!urt #uiseram nos !a(er entender$ aminhos& no o.ras o plural é signi!icati'o$ %o se trata do aminho$ Heidegger era le itor de Dao *se$ 0m plena crise de 1F45+46& ele tentou tradu(ir partes de @ao @e ;ing. 0le sa.ia& portanto& #ue o pensamento no poderia pretender di(er a 'erdade$ O conceito hegeliano de o.ra #ue d i(& mais precisamente& #ue constr"i o A.soluto& h de ser desconstru;do$ %em por isso Heidegger se compra( num di(er raps"dico e meramente !ragmentar& como se !osse um p"smoderno$ 0le constantemente .usca !incar pé numa regio #ue possa destinar ao h omem a medida para ser ele mesmo e poder agir& em.ora sem nenhum critério de 9ito$ Heidegger 'i'eu per!a(endo o caminho da pergunta pelo ser& de acordo com a medida #ue lhe teria sido destinada do Alto$ A edi:o completa é di'idida em #uatro se:es 41
i$ *e9tos pu.licados 1F1+1F76 >A 1+16@I BB$ rele:es 1F1F+1F44 >A 17+63@& di'idida em trs su.se:es 1@ rele:es de A 64+81@I B'$ Apontamentos e es.o:os >A 82+12@$ 0sses 'olumes& editados na grande maioria postumamente& !or:am a #ue se repense toda a o.ra de Heidegger& tare!a inaca.ada e #ue de'er ocupar 'rias gera:es de pes#uisadores$ Heidegger no pode mais ser lido esse é tal'e( o resultado mais importante da edi:o completa a partir de Ser e tempo. 0sse li'ro& durante muito tempo tomado como a insuper'el o.ra+mestra de Heidegger& #ual todo o seu pensamento tinha de ser permanentemente remetido& dei9ou de ser o ponto de re!erncia pri'ilegiado$ primeira edi:o em 1F16@ contém indica:es preciosas so.re o modo como Heidegger compreendia o pro.lema central da 'iso do mundo da Bdade <édia a rela:o do homem com o A.soluto constituti'a& segundo ele& da !aticidade da 'ida tal como e9perienciada por um cristo e como a'alia'a o poder cr;tico da m;stica medie'al so.re a !ormula:o escolstica desse pro.lema& .aseada na linguagem emprestada ontologia aristotélica& de carter essencialmente o.)eti!icante$ V 2@ Heidegger dei9a claro #ue o pro.lema da rela:o com o A.soluto é insepar'el da pergunta pelo #ue caracteri(a a 'ida tal como ela é 'i'ida !acticamente& insistindo #ue essa rela:o no pode nem de'e ser o.)eti!icada em termos de uma ontologia da coisa& isto é& de uma ontologia do tipo aristotélico$ Ao mesmo tempo& ele a!irma a necessidade de o e9ame contemporGneo dessa pro.lemtica passar pelo de.ate com a concep:o hegeliana do 0sp;rito 'i'o$ 0m.ora se)a tam.ém permeada de
meta!;sica o.)eti!icante& essa concep:o temati(a& de maneira paradigmtica& algo essencial a historicidade da 'ida humana$ >Ter te9to n$3$@ As ,rele:es de das coisas de uso@& a presentidade >dos o.)etos temati(ados na representa:o o.)eti!icante@ e a e9istencialidade >dos seres humanos@ e descri:o dos !enJmenos de mundanidade e de temporalidade$ %as ,rele:es de Nrei.urg& Heidegger inicia a desc onstru:o da meta!;sica& anunciada em Ser e tempo. 0le 43
'isa& no essencial& com.ater a o.)eti!ica:o da !acticidade da 'ida humana pelos sistemas de categorias ela.orados pela meta!;sica ocidental 'oltando+se& primariamente& para o ser dos entes no+'i'os tais como o.)etos matemticos e materiais$ Ao mesmo tempo& so. o impacto da constata:o mediati(ada por 0rnst EKnger& no come:o dos anos 1F3 do poder da técnica so.re a 'ida atual& Heidegger !a( uma desco.erta decisi'a para o resto da sua o.ra a de uma !acticidade espec;!ica do mundo da técnica& #ue consiste na o.)eti!ica:o da 'ida e do ente no seu todo na !orma de instala:o técnica$ 0ssa desco.erta le'ou Heidegger concluso de #ue é imposs;'el desconstruir o ser do ente tecnici(ado recorrendo aos meios da anal;tica e9istencial de Ser e tempo, isto é& pela sua redu:o a um pro)eto humano$ Trios cursos de Nrei.urg& reali(ados depois de 1F36 e9pem a sua con'ic:o de #ue a tare!a da destrui:o da meta!isica& #ue se tornou técnica& e9ige o retorno nature(a dos pré+socrticos e medita:o so.re a topologia poética de Hlderlin >rios su.ios& o ar#uipélago do mar 0geu& o mundo constitu;do pela a.ertura entre a terra e o céu& os mortais e os di'inos@$ %as ,rimeiras prele:es de Nrei.urg& constam os cursos com os #uais Heidegger come:ou a sua carreira e #ue apresentam& portanto& interesse especial para o estudo da origem e da !ormula:o inicial da pergunta pelo ser$ %eles& Heidegger continua desen'ol'endo a pergunta pela estrutura categorial da !acticidade da 'ida humana& le'antada na sua tese de li're+docncia& e chega a !ormular essa estrutura em termos de uma ontologia da !acticidade& e9presso #ue !igura no t;tulo do seu ltimo curso de Nrei.urg& no 'ero de 1F23& antes da ida a
Os caminhos do pensamento +os mBltiplos sentidos do ente em $ristteles ao problema do sentido do ser da *ida f3ctica !DEF7G DEDH. omo se originou a #uesto do ser de Heidegger e como ela tomou a !igura de um caminho
circular #ue lhe é pr"prio? %o ano 1F7& Heidegger rece.eu de presente de onrad r.er o li'ro Sobre o mBltiplo sentido do ente em $ristteles >1862@& de Nran( Wrentano$ %esse momento emergiu& di( Heidegger& ,de maneira o.scura& hesitante e desamparada& a pergunta pelo simples do mltiplo no ser& a mesma #ue )permaneceu, passando por muitas 'ira'oltas& enganos e perple9idades& o moti'o constante para o tratado Ser e tempo, #ue apareceu duas décadas depois$ 0m um primeiro momento& em torno de 1F11& ao tratar dessa #uesto& Heidegger orienta'a+se pelas In*estigaçAes lgicas de Husserl& pu.licadas em 1F+ 1& além d e se dedicar& paralelamente& ao estudo da matemtica e da !isica$ 0m Hu sserl& ele encontrou o princ;pio de !enomenalidade& apoiado so.re o conceito de intui:o categorial& de um modo de 'er #ue& di!erentemente do 'er sens;'el& seria capa( de nos dar& no as coisas elas mesmas& mas as caracter;sticas essenciais das coisas& em particular a sua su.stancialidade$ 0sse p rinc;pio !oi operacionali(ado pelo !amoso lema ,/e 'olta s coisas elas mesmas& #ue passou a ter dois signi!icados >1@ de 'olta s coisas dadas na intui:o sens;'el e >2@ de 'olta estrutura essencial das coisas& dada na intui:o categorialI teses #ue& para Heidegger& casa'am .em com a concep:o de Arist"teles de #ue os nossos sentidos e o nosso intelecto no erram #uando se dirigem para o #ue lhes é pr"prio$ >Ter te9tos n$4 e 5$@ 0m 1F13& logo depois de de!ender a sua tese de doutorado& Heidegger 'olta+se para o estudo das origens medie'ais da teologia protestante e do idealismo alemo$ hega concluso de #ue na teoria das categorias de /uns cotus encontra'a+se uma das c ha'es para a discusso da rela:o entre a escolstica medie'al& de inspira:o aristotélica& e a m;stica medie'al& de linhagem neoplatJnica e agostiniana& !onte da teologia de Dutero e dos pro.lemas centrais da ! iloso!ia =antiana e do idealismo alemo todos eles& segundo Heidegger& de nature(a teol"gico+crist$ O seu ponto de partida era a constata:o de #ue& segundo /uns cotus& e9istem di!erentes regies de realidade ou de o.)etidade e #ue& em c ada uma dessas regies& as categorias tm sentidos di!erentes$ Os o.)etos da !;sica& por e9emplo& constituem um dom;nio de realidade distinto do dom;nio dos atos ps;#uicos os primeiros so mortos e& por isso mesmo& matemati('eis& en#uanto os segundos so momentos do esp;rito humano a.ertos para /eus e& por c onseguinte& e9igem& a !im de serem compreendidos& a ela.ora:o de conceitos capa(es de captar de maneira 'i'a a orienta:o do ser humano para /eus 'i'o$ R nesse conte9to #ue Heidegger reconhece a necessidade de um de.ate com Hegel so.re o #uadro de conceitos aptos para pensar o 0sp;rito 'i'o& a come:ar pelas teses hegelianas e9postas em $ diferença entre os sistemas filosficos de /ic'te e de Sc'elling >181@$ 0ssa o.ra permanecer uma das principais !ontes de discusso de Heidegger com 47
Hegel& tendo sido usada& por e9emplo& nos seminrios de De *hor para e9plicitar a di!eren:a entre a !i1oo!ia #ue reconhece a !initude do ser e a #ue parte do pressuposto do esp;rito a.soluto$ ra:as ao estudo de Nichte& Hegel e /ilthe^& Heidegger perdeu a sua a'erso pela hist"ria& nutrida de predile:o inicial pela matemtica$ 0le reconheceu ,#ue a !iloso!ia no de'e o rientar+se unilateralmente nem pela matemtica ou cincias naturais nem pela hist"ria& e #ue esta ltima& en#uanto hist"ria do 0sp;rito& pode !ruti!icar decisi'amente o tra.alho dos !i1"so!os- A pes#uisa !enomenol"gica precisa'a ser aplicada tam.ém ao dom;nio das cincias hist"ricas$ 0m 1F11& Husserl pu.licou na re'ista Logos um artigo 'irulento contra o historicismo& em particular& contra /ilthe^$ 0m.ora !re#Kentasse os seminrios pri'ados e cursos p.licos de Husserl& Heidegger ) tomara uma deciso a !a'or de /ilthe^& considerando a !enomenologia husserliana cega para a historicidade$ Ter te9to n$6$@
$ camin'o de uma ontologia da facticidade !DEDEGJK. O com.ate #ue Heidegger decidiu tra'ar contra a o.)eti!ica:o tomou contornos claros nas prele:es do seu primeiro per;odo em Nrei.urg& de 1F1F a 1F23$ O tema central desses cursos é o sentido do ser da 'ida realmente 'i'ida pelos seres humanos$ 0sse sentido é a !acticidade$ A 'ida !ctica é caracteri(ada por um tra:o !undamental a #uestiona.ilidadeI as #uestes di(endo respeito a #u& de onde e para onde& isto é& !initude temporal insuper'el do ser humano$ /a; a preocupa:o para com a pr"pria s eguran:a$ /essa preocupa:o surge a tendncia de asseguramento& #ue& na 'ida cotidiana& se mani!esta em di!erentes !ormas de #ueda no mundo& descritas& de maneira paradigmtica& em ConfissAes de Agostinho& em particular na anlise das tentationes$ Os caminhos !ilos"!icos ontol"gicos de asseguramento so trs o platJnico& #ue di( #ue o ser temporal de'e ser 'isto e ordenado lu( do ser supratemporalI o cético& segundo o #ual todo asseguramento é relati'o a uma cultura de carter hist"rico >pengler@I e o dialético& #ue é o compromisso entre dois primeiros& e di( #ue estamos sempre numa hist"ria& mas #ue esta é organi(ada pelas idéias& em 'irtude da dialética hist"rica >Hegel@$ *odas as !ormas de asseguramento& tanto !cticas >tenta:es@ #uanto !ilos"!icas >teorias e sistemas !ilos"!icos@ so apenas meios 4F
de tran#Kili(a:o& calmantes #ue enco.rem a #uestiona.ilidade no+elimin'el d a 'ida tal como ela é realmente e9perienciada$ A e9perincia humana d+se no mundo do si+mesmo >pessoal@& o mundo compartilhado >!am;lia etc$@ e o mundo am.iente >nature(a e o social@$ 0 m.ora aconte:a nesses trs espa:os& a 'ida humana é centrada no mundo do si+mesmo& no #ual é e9perienciada a origem& isto é& di( Heidegger& o A.soluto$ O si+mesmo& #ue 'i'e no mundo do si+mesmo& no é nenhum ponto !i9o& nenhuma su.stGncia& mas pura espontaneidade& #ue produ( criati'amente as !ormas originais da 'ida& #ue se interpreta e se entende a si mesma >por e9emplo& em auto.iogra!ias& tais como as ConfissAes de Agostinho@ e #ue s" pode ser entendida por outros #ue pa rticipam e acompanham$ A tare!a da !iloso!ia no é a o.)eti!ica:o te"rica da espontaneidade criati'a& mas de sua ati'a:o& isto é& a !acilita:o do retorno criati'o do si+mesmo origem$ $ anal2tica existencial de er e tempo !DEJ7. 0m Ser e tempo, a !acticidade da 'ida é temati(ada como o.)eto de estudo da ontologia !undamental$ O #ue no per;odo inicial de Nrei.urg era puro )ato& aca.ou posto no leito de uma disciplina !iloso!icamente .em comportada$ O ser do homem& o +asein, tem a estrutura ontol"gica de um ser+no+ mundo& cu)os elementos !undamentais so trs identidade pessoal& mundo e ha.itar o mundo$ Os modos mais primiti'os de ha.itar o mundo so a ocupa:o com as coisas e a solicitude para com os outros$ A temati(a:o cient;!ica e a conse#Kente o.)eti!ica:o das estruturas do +asein so modos deri'ados de ser+no+mundo& podendo& por isso mesmo& ser modi!icados pelo +asein indi'idual em posse do seu poder+ser originrio$ 0sse poder no se limita apenas s possi.ilidades mundanas de ocupa:o e de solicitude$ O ente estruturado como /asein pode até morrer& isto é& no+mais+estar+no+mundo e& nesse sentido& transcender o mundo$ 0n#uanto ser+para+a+morte& o ser humano é um transcendente& desde sempre em mo'imento de ir além do mundo e de si mesmo en#uanto ente mundano$ O ltimo sentido ou hori(onte do mo'imento de transcendncia é o tempo& !inito e circular& espec;!ico do e9istir humano en#uanto antecipa:o resoluta da morte& radicalmente distinto& portanto& do tempo in!inito e linear #ue caracteri(a o sentido do ser de coisas materiais$ R nesse poder temporali(ar+se como transcendncia #ue se !undamenta segundo as esperan:as acalentadas por Heidegger nessa !ase a possi.ilidade de uma radical deso.)eti!ica:o do ser humano& isto é& de ,destrui:o de pro)etos meta!;sicos e cient;!icos #ue tornam o homem mero o.)eto& ente intramundano tal como #ual#uer outra coisa material da nature(a$ %o sentido estrito& a deso.)eti!ica:o é um mo'imento #ue cada ser humano pode per!a(er indi'idualmente& antecipando resolutamente o seu pr"prio poder+nomais+ser+no+mundo e& em 'irtude disso& no+mais+ser+o.)eti!icado$
A anal;tica da estrutura do ser do homem permitiu a Heidegger no s" construir uma ontologia no+ o.)eti!icante& mas tam.ém ante'er a ela.ora:o de uma cincia do 51
homem igualmente no+o.)eti!icante& uma antropologia cient;!ica& tanto normal #uanto patol"gica& #ue pudesse ser'ir de #uadro paradigmtico para as cincias humanas em geral ante'iso
apenas es.o:ada em Ser e tempo e e9plicitada& em.ora no plenamente desen'ol'ida& em
Semin3rios de 9olli&on. %ote+se #ue& em Ser e tempo, Heidegger dei9a de lado as suas anlises de 1F1F so.re o mundo
do si+mesmo !undadas no !enJmeno de 'ida !ctica re'elado n a e9perincia do cristianismo primiti'o& e inicia a descri:o do ser+no+ mundo diretamente pelo mundo+am.iente e do mundo+ com+outros& 'alendo+se da anlise aristotélica da 'ida prtica guiada pela fronesis, sa.edoria prtica$ Sma das conse#Kncias desse procedimento !oi o o.scurecimento dos 'erdadeiros moti'os do pensamento heideggeriano& #ue so teol"gico+e9perienciais& e9tra;dos do mundo do si+ mesmo& e #ue consistem na recusa o.stinada da o.)eti!ica:o >coisi!ica:o@ de #uem é a.solutamente espontGneo& isto é& ,!ilho de /eus 'i'o$ Noi isso #ue le'ou muitos comentadores a ler o primeiro Heidegger principalmente a partir de Arist"teles e a es#uecer& como re!erncias& autores muitos mais importantes no #ue di( respeito origem e estrutura interna da pergunta heideggeriana pelo ser aulo de *arso& Agostinho e& além deles& 0c=hart& Dutero e Hegel$ >Ter te9to n$7$@
$ descoberta dafacticidade t6cnica !DEKFGDEKJ. O cotidiano analisado em Ser e tempo é o do uso de o.)etos& cu)o modelo é o tra.alho artesanal$ %o h nenhuma men:o ao tra.alho industrial& no sentido moderno& tal como e9plicitado& por e9emplo& por Ter te9to n$8$@ /epois de ler EKnger& Heidegger passa a 'er o #ue h na época de ho)e a partir da realidade da 'ontade$ /e #ue realidade se trata? /a realidade #ue consiste na mo.ili(a:o total do ente no seu todo& decorrente de um processo cu)o e9poente no é o arteso& mas a !igura do tra.alhador$ O tra.alho& agora& é o nome para o ser$ /e onde se determina a essncia do tra.alho? /a técnica ,a técnica é o modo como a !igura do tra.alhador mo.ili(a o mundo- %a época atual& o tra.alho alcan:a status meta!;sico de o.)eti!ica:o incondicional ,de tudo o #ue est presente e #ue se essencia como 'ontade& mais precisamente& como 'ontade de 'ontade(s perigos da t6cnica. A o.)eti!ica:o técnica do ente no seu todo& !undada na 'ontade de poder& é !onte de perigos$ Sm deles é a !a.rica:o dos humanos$ ,[s 'e(es parece& di( Heidegger no seu comentrio so.re a /2sica de Arist"teles& de 1F3F& ,#ue a humanidade da época moderna se apressa em atingir o seguinte o.)eti'o #ue o homem se produ(a tecnicamente a si mesmo$ aso se consiga tal coisa& o homem ter !eito 'oar pelos ares a si mesmo& isto é& a sua essncia como su.)eti'idadeI com isso& o #ue é simplesmen 53
te sem sentido passar a 'aler como o nico sentido& e a manuten:o dessa 'alidade aparecer como a domina:o humana so.re o glo.o terrestre$ /essa !orma& a su.)eti'idade no ser ultrapassada& mas apenas tran#Kili(ada no eterno progresso& numa constGncia moda chinesa$ O tema da !a.rica:o de humanos ressurge no !ragmento 99'i de ,Sltrapassamento da meta!;sica& dos anos 1F4$ ,Tisto #ue o ser humano é a matéria+prima mais importante& pode+se contar& di( Heidegger& ,com #ue& um dia& com .ase em pes#uisa #u;mica contemporGnea& sero constru;das !.ricas para a cria:o arti!icial do homem como matéria+prima- As pes#uisas do #u;mico Cichard Luhn& contemplado pelo rmio oethe da idade de Nran=!urt& em 1F4F& ) a.rem a possi.ilidade de condu(ir a cria:o dos seres 'i'os& de se9o masculino e !eminino& de maneira plane)ada& segundo a demanda$ O homem é ,a matéria prima+mais importante& e9plica Heidegger& no sentido de ,ser o su)eito de
todo o consumo$ Bsso signi!ica #ue ele dei9a #ue a sua 'ontade se)a ,completamente en'ol'ida nesse processo& tornando+se& ao mesmo tempo& o.)eto do a.andono do ser$ A materialidade da matéria+prima humana no est& portanto& na sua !isicalidade& mas no !ato de o homem s" ser si mesmo no sendo mais do #ue algo meramente presente e dispon;'el& no e para o consumo$ 0sse modo de o ser humano ser o.)eti!icado pode sim ser !a.ricado arti!icialmente& por meios tecnicamente dispon;'eis$ a.e perguntar se alguém produ(ido dessa maneira de !ato nasceu e se ele& e9istindo desse modo& poder um dia morrer$ %a medida em #ue a resposta a essa pergunta tende a ser negati'a& a essncia do homem !ica amea:ada de !alta de sentido$ Os perigos da técnica so e9tremos eles no di(em respeito aos indi';duos ou grupos& mas& insiste Heidegger& pr"pria humanidade do ser humano sua condi:o de ser transcendente$
$ crise os problemas da origem e do ultrapassamento da t6cnica. _ nesse conte9to #ue Heidegger se coloca duas perguntas #ue guiaro& desde ento& a maior parte do !uturo es!or:o do seu pensamento >1@ #ual é a origem da meta!isica da 'ontade de poder da #ual decorrem os perigos e9tremos da técnica e >2@ como é poss;'el ultrapassar essa !igura da 'erdade do ser? A resposta do Heidegger de Ser e tempo primeira pergunta s" pode ser a seguinte a 'ontade de poder& como sentido do ser& resulta de um pro)eto& i sto é& de um acontecer do +asein, indi'idual ou coleti'o$ 0m meados dos anos 1F3& Heidegger chega& por di'ersos caminhos& concluso inesperada o poder da 'ontade de poder ultrapassa todos os poderes do +asein. 0m outras pala'ras& ele constata o !racasso da tentati'a de desconstruir o sentido do ser #ue pre'alece na atualidade por meio da ontologia ! undamental& e9posta em Ser e tempo, constata:o #ue o o.riga a procurar outros hori(ontes para essa pergunta$ 0ssa crise culminou& em 1F36& na 'irada decisi'a do seu pensamento& isto é& o a.andono da !ormula:o e9istencialontol"gica da pergunta pelo ser e a sua su.stitui:o pela !ormula:o acontecencial+ontol"gica acontecencial& 'isto 55
#ue repousa so.re considera:es relati'as a modi!ica:es do sentido do ser ao longo do acontecer do ser depositado nas o.ras de grandes !il"so!os do OcidenteI ontol"gica& por#ue di( respeito ao ser$ >Ter te9to n$F$@ %essa segunda !ase do seu pensamento& a resposta pergunta pela origem di( a 'ontade de poder é o ponto terminal de uma acontecncia no do +asein no homem& mas do pr"prio ser& #ue consiste no auto+ocultamento progressi'o do ser inicialmente desocultado aos pré+socrticos& ou se)a& num retraimento #ue constitui a hist"ria da meta!isica ocidental& de lato e Arist"teles a %iet(sche$ ,om e!eito& pergunta Heidegger& ,o #ue h de mais claro #ue a cone9o i nterna entre os conceitos aristotélicos de essncia& de !orma e de matéria e a hist"ria da !iloso!ia ocidental #ue termina em %iet(sche? Onde é #ue a di stin:o #uase incontorn'el entre a !orma e o contedo& onipresente no pensamento ocidental& tem a sua rai( seno n a interpreta:o técnica do ente e da essncia? Arist"teles& o pensador a #uem Heidegger de'e em parte o seu conceito de !enJmeno é& ao mesmo tempo& a#uele cu)a o.ra est na origem de um acontecer #ue consiste no o.scurecimento progressi'o e como #ue ine'it'el da !enomenalidade dos entes$ :ltrapassarnento da t6cnica pelo /asein acontecencial coleti*o. %o in;cio dos anos 3& en#uanto ainda acredita'a #ue a técnica era um pro)eto do +asein, Heidegger compartilha com EKnger a con!ian:a de #ue o po'o alemo poder ultrapassar a técnica& isto é& interromper e re'erter o es#uecimento do ser$ Os po'os ,hist"ricos& ou melhor& ,acontecenciais teriam condi:es de modi!icar os pro)etos do ser determinantes em cada época& ao decidirem resolutamente o seu pr"prio !undamento& isto é& o seu sentido do ser do ente no seu todo$ *al deciso s" se reali(a na !orma de uma o.ra um 0stado& uma cultura& uma !iloso!ia$ %o h o.ra sem algo pre'iamente doado& a #ue ela se ope intimamente$ O doado aos gregos a#ui Heidegger recorre a Hlderlin ,era a pro9imidade e9citante do !ogo- O #ue deles era e9igido era ,a doma:o desse indomado na luta pela o.ra& o en#uadramento& o pJr+a+permanecer$ O #ue !oi doado aos alemes& pelo contrrio& éo poder de en#uadramento& a prepara:o e o plane)amento das reas e dos re!erenciais& a ordena:o até a organi(a:o$ O e9igido dos alemes é serem atingidos pelo ser& isto é& pelo !ogo #ue era o
doado aos gregos$ A#ui temos uma das !ontes& tal'e( a decisi'a& da esperan:a de Heidegger de #ue o po'o alemo estaria sendo e9igido& pelo ser& de se responsa.ili(ar pela li.erta:o do plane)amento técnico do ente no seu todo e de se decidir por no'os !undamentos$ Até o 'ero de 1F36& apro9imadamente& Heidegger permaneceu nessa !igura de pensamento& parcialmente inspirada em Hlderlin$ /e uma !orma ou de outra& ela é respons'el pelo seu desastroso& em.ora curto e logo reconsiderado& enga)amento pol;tico$ A partir dessa data& depois de ter renunciado ao poder+ser do +asein humano indi'idual so.re o sentido do ser& Heidegger aprendeu a renunciar tam.ém ao poder das coleti'idades de decidir so.re os !undamentos$ 0le render+se+ e'idncia 57
de #ue o poder da técnica no admite ser desa!iado por nenhuma instGncia humana$ ( ultrapassamento da t6cnica pelo retorno pensante origem. A.andonada a concep:o de #ue a técnica é um pro)eto do +asein e #ue& portanto& poderia ser desconstru;da pelos poderes do +asein, indi'idual ou coleti'o& Heidegger resignou+se idéia de #ue& tal como o es#uecimento do ser& o ultrapassamento desse es#uecimento acontecer como uma destina:o do ser$ endo assim& a tare!a do !il"so!o no pode mais ser de!inida por um ati'ismo em prol da rememora:o do ser& s" podendo ser entendida como prepara:o para o outro c ome:o do desocultamento do ser$ ara tanto& ele usar a estratégia de dar um passo para trs a !im de poder dar um salto !rente$ on!orme 'imos& o mo'imento regressi'o é apresentado por Heidegger como o distinti'o do seu pensamento$ ermanecendo !iel ao princ;pio de !enomenalidade do ser& Heidegger sustentar #ue o #ue permite ultrapassar a técnica é a considera:o da essncia da técnica& #ue se d pelo retorno sua origem$ or isso& ao mesmo tempo em #ue tra.alha a hist"ria da meta!;sica ocidental& de lato a %iet(sche& com o intuito de mostrar como se chegou concep:o niet(schiana do ente como centro de 'ontade de poder 'ontade #ue instala as condi:es de ser de si mesmo e de todos os outros entes & Heidegger ensaia o regresso rememorati'o aos pré+socrticos para os #uais o ente é algo #ue nasce& de'endo o seu nascimento a algo di!erente dele mesmo& e #ue no é um con)unto de condi:es instal'eis$ O primeiro curso so.re os pré+ socrticos >tratando de Ana9imandro e armnides@ é de 1F32& seguido dos cursos decisi'os de 1F42+1F43 >so.re armnides@ e 1F43 >so.re Herclito@$ O retorno aos pré+socrticos permite a Heidegger recuperar um espa:o de mani!esta:o do ente no seu todo& #ue posteriormente teria sido enco.erto pela o.)eti!ica:o do ente pelo uso do aparelho conceitual da meta!;sica& #ue seria o originrio a p'sis, a nature(a$ A#ui& as ati'idades humanas so suportadas e guiadas por um princ;pio de unidade em cada um de n"s& o #ual& por sua 'e(& repousa num nico Logos, #ue )unta e rene os entes de modo a possi.ilitar #ue se mani!estem eles mesmos& indi'idualmente& a partir de si mesmos& mas num nico mundo$ 0m particular& o Logos é a regio na #ual e a partir da #ual o homem se constitui como um si+mesmo e rece.e as suas pr"prias possi.ilidades de ser e de dei9ar ser& produ(indo o.ras$ R tam.ém nessa regio #ue acontece o #ue se chama hist"ria da humanidade ocidental& cu)o ei9o central é a acontecncia do es#uecimento do Logos e& por conseguinte& da !enomenalidade do ente e do ser do ente$ Sm tra:o essencial dessa regio é o de ela no ser humana$ O #ue possi.ilita ao homem ser homem no é nem /eus& nem um outro ser humano& mas o relacionamento com algo além+homem& de #ue rece.e a sua destina:o$ Cetornando a Herclito& Heidegger a!asta+se tanto da tese )udaico+crist& #ue !oi o seu ponto de partida a de #ue a rai( do homem é /eus & como da de
A ra(o principal pela #ual Heidegger agora recusa o /eus cristo é a de ele ser um !a.ricante$ ela mesma ra(o& ele re)eita o humanismo de
:ltrapassamento anunciado na pala*ra de "Hlderlin. e no seu passo para trs Heidegger 'aleu+se dos pré+socrticos& ao dar seu salto para !rente& ele se apoiou num 'erso enigmtico de Hlderlin ,Onde h perigoU l cresce tam.ém o #ue sal'a$ O #ue sal'a da o.)eti!ica:o ser de no'o um espa:o& a #uadrindade o meio entre a terra e o céu& os mortais e os imortais cantado por
H]lderlin$ Sma das !ormula:es mais apuradas da #uadrindade& espa:o de mani!esta:o do ente alternati'o ao da técnica& encontra+se num te9to escrito em 1F44+45& intitulado Con*ersa a três num camin'o do campo. Quem 'isa ultrapassar o mundo da técnica de'e li'rar+se por completo no s" das !iguras do pensamento causal& naturalista& mas tam.ém de modos de pensar transcendental+hori(ontais& isto é& do conceito de condi:o de possi.ilidade$ O pensamento p"s+ meta!isico no de'e ser nem Jntico >!actual& cient;!ico@ nem ontol"gico >!ilos"!ico@$ ortanto& até mesmo o modo de pensar e9empli!icado por Ser e tempo de'e ser ultrapassado$ A tare!a do pensamento !ica de!inida pela rela:o regio& #ue no é coisa alguma& mas de onde& entretanto& emergem todas as coisas$ 0ssa rela:o no é a de um su)eito representante ou dese)ante com um o.)eto& ela consiste& antes& na entrega ao a.erto sem nome$ Os entes dei9ados ser nessa entrega no so o.)etos e sim ,coisas uma )arra& uma !i'ela& uma ponte& uma torre& um sino$ Heidegger dissera #ue Husserl sal'ou a constantidade dos o.)etosI dele podemos di(er #ue tentou sal'ar a possi.ilidade de as coisas serem coisas$ >Ter te9to n$1O$@ A renncia su.)eti'idade cartesiana& le'ada s ltimas conse#Kncias& d regio o carter de contrea& do #ue 'em de encontro e& assim& nos pe a caminho$ O caminho é o modo como a contrea nos concerne e& dessa !orma& nos mo'e& dir Heidegger no seu artigo ,A essncia da linguagem >1F57+58@$ O pensador p"s+meta!isico é um caminhante na clareira do ser$ Heidegger no usa a pala'ra ,caminho como met!ora$ %uma ousadia a mais& ele sugere #ue o termo mais ade#uado para di(er o #ue ele tem em 'ista é *ao& de Dao *se$ or #u? or#ue& tal'e(& a pala'ra ,*ao diga ,o segredo de todos os segredos do di(er pensante$ Que segredo é esse? A#uele #ue impede para todo o sempre toda e #ual #uer o.)eti!ica:o$ R esse o segredo #ue estaria guardado na contrea e nas moradas pessoais constru;das e ha.itadas poeticamente por Heide gger& tais como u.ia& ro'en:a ou récia$
( traçado do camin'o do pensamento. O pensamento de Heidegger é uma tentati'a de dar conta da pergunta pelo ser& mo'ida por um nico pat'os a deso.)eti!ica:o do ente no seu todo& a come:ar pelo e9istir humano$ %a tare!a de 61
deso.)eti!icar est em.utida a de desconstruir a meta!;sica e seus su.produtos& a técnica e a cincia modernas& isto é& a incum.ncia de mostrar #ue o sa.er meta!;sico& cient;!ico e tecnol"gico so deri'ados& secundrios e& além disso& enco.ridores do !enJmeno originrio do ser ou da presen:a$ A pergunta+guia de Heidegger rece.eu duas !ormula:es di!erentes e !oi respondida de duas maneiras di!erentes$ %a primeira !ormula:o& pergunta+se pelo sentido ou hori(onte uni!icador do ser dos entes #ue pertencem a distintas regies coe9istentes e possuem distintas caracter;sticas ontol"gicas& e9pressas por di!erentes sistemas de categorias$ A resposta de Heidegger di( #ue ess a unidade é assegurada pela deri'a:o& por enco.rimento e a!astamento de todos os sistemas categoriais a partir de um sistema inicial e e9emplar a#uele #ue caracteri(a a e9istencialidade humana& reali(ada e 'i'ida como um ser+no+mundo& mundo #ue é um am.iente compartilhado$ %a segunda !ormula:o& pergunta+se pela 'erdade ou clareira uni!icadora do ser na época da técnica e de todas as outras épocas$ A resposta consiste em di(er #ue a técnica é a ltima de uma série de ,estampas do ser& destinadas ao homem ao longo da acontecncia do ser& uma peculiaridade caracter;stica do mundo ocidental& na #ual e durante a #ual a 'erdade do ser se modi!ica a ponto de o ser passar a ser es#uecido pelo homem$ %os dois casos& o pro.lema da unidade do mltiplo no ser segundo a !ormula:o da pergunta pelo ser& de 1F15 implica a di!erencia:o do ser de si mesmo& um processo de mani!esta:o #ue se esconde e #ue& por isso mesmo& nunca pode ser tra(ido para o conceito& nem ao menos de'idamente 'er.ali(ado& permanecendo essencialmente #uestion'el$ Até o !im do seu caminho& Heidegger insistir na tese de #ue a #uestiona.ilidade da acontecncia do ser de!ine o homem$ 0ntretanto& o modo atual de ser do ente no seu todo a arma:o ou a instala:o torna sem sentido essa #uestiona.ilidade$ A recupera:o do sentido da pergunta pelo ser torna+se& assim& uma #uesto da s o.re'i'ncia do homem como homem$ em poder ser iniciada
pelos humanos ela é o seu destino& a interpela:o #ue lhes é lan:ada essa pergunta pode& contudo& ser mantida 'i'a por eles$ ara tanto& é preciso retornar ao sentido originrio do ser& anterior ao ocultamento #ue aconteceu na hist"ria da meta!;sica e condu(iu o.)eti!ica:o perseguidora dos dias de ho)eI é& preciso& além disso& preparar& ou'indo e meditando so.re a pala'ra do poeta Hlderlin& a chegada de um no'o hori(onte& a #uadrindade& em #ue o ente no seu todo& como tal& mani!estar+se+ia numa outra 'erdade& num modo de presen:a #ue e9cluiria toda e #ual#uer possi.ilidade de coisi!ica:o$
:ma circularidade peculiar. /e acordo com o e9posto e le'ando em conta os !ragmentos #ue Heidegger dei9ou do pre!cio para a edi:o completa& comentados anteriormente& o seu pensamento percorreu um caminho de a!astamento de tudo o #ue h nos dias de ho)e e de retorno origem do pensamento ocidental& na espera de um outro in;cio a partir dessa mesma origem$ 0ssa !igura circular de pensa+ 63
mento& regressi'o+progressi'a >na linguagem do primeiro Heidegger desconstruti'o+reconstruti'a@ no é comum na hist"ria da !iloso!ia ocidental$ O regresso neoplatJnico ao Sno no é completado por um outro in;cio$ O andamento t;pico da modernidade é p rogressi'o& 'isando superar o presente e o passado$ *al'e( a melhor maneira de caracteri(ar o caminho de Heidegger se)a di(er& como ele mesmo sugere& #ue é o oposto do de Hegel& o #ual consiste na constru:o progressi'a do A.soluto$ ara Heidegger& a constru:o do A.soluto é a 'ia certa do es#uecimento total do A.soluto$ or isso& o modo mais promissor de acedermos ao ,A.soluto consiste precisamente na desconstru:o da sua constru:o& sendo #ue esta ltima ocorreu na meta!isica ocidental& tendo sido completada p or Hegel$ ara proceder desconstru:o& !a(+ se necessria a regresso origem$ Br na dire:o oposta de Hegel essa regra é uma das principais cha'es para entender Heidegger$
Alguns ecos Heidegger e9erceu uma in!luncia imensa& em.ora di!usa& so.re a !iloso!ia do século 99$ %a Alemanha& depois de se impor& no come:o na década de 1F2& como o rei oculto do pensamento& ele ganhou cele.ridade #uase instantGnea com a pu.lica:o de Ser e tempo. O pr"prio Husserl& nos anos #ue se seguiram ao a!astamento assinalado acima& rendeu+ se sua in!luncia no momento em #ue introdu(ia& nos anos 1F3O&o conceito modi!icado de mundo da 'ida$ Larl Easpers !oi um aliado de primeira hora& apostando numa alian:a contra a !iloso!ia acadmica da época e numa ami(ade& apostas #ue& para a sua grande decep:o& !oram am.as !rustradas$ Hans+eorg adamer !oi o aluno mais ilustre$ 0ntretanto& por no ter aceitado a pergunta pelo ser na sua radicalidade& no seguiu o mestre #uando este se de!rontou com o desa!io da técnica moderna$ 0ugen Nin= nunca escondeu o #uanto de'ia a Heidegger o seu dilogo com os pré+socrticos$ H uma década& /ieter Henrich& o mentor dos estudos alemes so.re a hist"ria da !iloso!ia e& em particular so.re o idealismo alemo& reconheceu #ue& depois d o !im da !iloso!ia clssica da hist"ria >Hegel@& a concep:o do es#uecimento do ser de Heidegger !oi o nico modelo genuinamente no'o para repensar esses assuntos$ on'ém mencionar ainda eter loterdi)= #ue& mesmo correndo em raia pr"pria& !ora do main stream da 'ida acadmica alem& deri'ou de Heidegger alguns dos seus temas mais importantes& por e9emplo& a pro.lemtica do chegar+ao+mundo ou da nascencialidade& tratada por loterdi)= como mais !undamental #ue a do ser+no+mundo$ A presen:a de Heidegger na Nran:a é um assunto parte& muito .em retratado num li'ro recente de /omini#ue Eanicaud "eidegger en /rance. Além de tra.alhos de De'inas& artre&
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%esse panorama& o Eapo no pode ser es#uecido$ *ana.e Ha)ime foi o primeiro !il"so!o a assinalar& numa resenha destinada aos leitores )aponeses e pu.licada em 1F24&o surgimento do !enJmeno Heidegger$ onde Lu=i& pensador da estética& Lei)i %ishitani& um dos pioneiros da !iloso!ia )aponesa da religio& *su)imura Lichi& tradutor e intérprete de Heidegger& e Seda `asuharu& leitor heideggeriano e (en.udista do Ha.ermas@$ 0studos de Wenedito %unes& 0mmanuel arneiro Deo& 0rnildo tein& além de alguns de minha autoria& listados na se:o ,Deituras recomendadas& so uma amostra do interesse #ue Heidegger despertou no Wrasil$ A teologia& tanto crist #uanto )udaica& é uma outra rea #ue !oi pro!undamente in!luenciada por Heidegger$ O conceito de esmitologi(a:o de Cudol! Wultmann é impens'el sem Ser e tempo. Hans Eonas reno'ou os estudos so.re a gnose em c ola.ora:o com Wultmann& depois de ter !eito o doutorado com Heidegger so.re esse mesmo assunto$ Os conceitos de /eus so!redor de Eonas e de /eus no+meta!isico de De'inas
so alguns poucos e9emplos da maneira pela #ual Heidegger in!luenciou o pensamento )udaico$ Bmposs;'el terminar esse .re';ssimo panorama sem mencionar a psicanlise$ DudPig WinsPanger& 21@ e nas tentati'as de relacionar a !iloso!ia de Heidegger mudan:a do paradigma da psicanlise introdu(ido por /onald M$ Minnicott& como se depreende de tra.alhos #ue 'm sendo pu.li cados na re'ista 0ature#a 'umana.
O legado Heidegger tentou superar Hegel mostrando #ue o caminho para o ,A.soluto de'ia ser pensado como retorno origem 67
de tudo o #ue h >ao mundo do si+mesmo& clareira do ser@& dispensando a media:o do conceito$ A reconstitui:o desse caminho re'ela& contudo& #ue Heidegger no esta.eleceu cone9es entre os 'rios lugares por onde passou nem assegurou a unidade do seu percurso$ oncordo com ele #uando di( #ue& para a ilha de /elos& no h ponte conceitual do tipo hegeliano$
Heidegger !icou de'endo respostas a essas indaga:es$ ermanece em a.erto o pro.lema de sa.er como o ser humano pode ser si mesmo e ter um mundo do si+mesmo& ainda #ue !a:a uso da instala:o técnica& le'e a sério a sua animalidade e reconhe:a a independncia relati'a do sa.er cient;!ico e dos de'eres do agir em rela:o aos ditames da contrea$ reio #ue Heidegger é importante para n"s& ho)e& menos por ter chamado a aten:o para a a.ertura do ser do #ue por ter+nos alertado inclusi'e atra'és de seus enganos para a oposi:o insuper'el entre a espontaneidade com #ue chegamos ao mundo e a o.)eti!ica:o #ue s o!remos nele$ %inguém na !iloso!ia !oi to longe na elucida:o do con!lito essencial entre o ser e o !a(er& constituti'o da acontecncia #ue nos dei9a e9istir$ 6F
ele:o de te9tos @exto D. $ paisagem criati*a a /loresta 0egra !DEKM *odo o meu tra.alho é sustentado e $$$
condu(ido pelo mundo dessas montanhas e desses camponeses$ /e 'e( em #uando& o tra.alho l em cima é agora interrompido& por um .om tempo& pelas negocia:es& 'iagens& reunies e ati'idades de ensino a#ui em.ai9o$
@exto J. $ luminosidade de +elos !DENJ
0sse mar& essas montanhas& essas ilhas& esse céuU Que a#ui e s" a#ui pudessem surgir e ti'essem #ue surgir a $Glet'eia e& na sua luminosidade protetora& os deusesI #ue o seu ser como presen:a tenha passado a 'igorar e instituir a morada do homem tudo isso é ho)e para mim mais espantoso e mais inescrut'el do #ue )amais !oi antes$ %o h pala'ra ade#uada sobre isso& a no ser uma co+respondncia& #ue& contudo& tam.ém no .asta$ *emos de le'ar conosco muita coisa ) repensada e poeticamente antecipada pa ra ento rece.er algo a mais& incompar'el a surpresa da pura presen:a$ Nre#Kentemente parece+me #ue essa récia toda é como uma nica das suas ilhas$ %o h ponte para l$ D est o in;cio& Hlderlin sal'ou o inicial dele$ %"s& contudo& mal temos condi:es nem #ue se)a de corresponder ao #ue sal'a$ %"s ) estamos com os la:os rompidos& 'isto #ue temos de nos dispor a perguntar pela o.rigatoriedade do di(er #ue dita& isto é& do pensar e da arte$ $$$ 0u ,estou !re#Kentemente na ilha e penso a récia toda da;$ Correspondência %artin "eideggerO=r'art ;1stner, Nran=!urt& Bnsel& 1F86& p$51+2
@exto K. $ importPncia de "egel !DEDE
A hist"ria da alma humana de'e ser .uscada na hist"ria da humanidade$ %a hist"ria& deparamo+ nos& sempre de no'o& com tentati'as importantes de apreender o mundo do si+ mesmo$ empre de no'o segue+se a elas um desli(amento na dire:o da o.)eti!ica:o$ A hist"ria da !iloso!ia de'e ser re!ormulada& ela no de'e ser conce.ida apenas como gnese do sentido da cincia >o.)eti!icadora@& é preciso& além disso& !a(er pes#uisas !enomenol"gico+cr;ticas& #ue consigam e9pressar o #ue é originrio& a partir de onde acontecem& de no'o& des'ios para a o.)eti!ica:o$ Sma tal hist"ria 71
é o 'erdadeiro organon da compreenso da 'ida humana$ A; est o sentido pro!undo da !iloso!ia de Hegel& #ue consiste na cone9o de princ;pio entre a hist"ria e o pro.lema da origem da 'ida$ R na hist"ria #ue se encontra o 'erdadeiro ,!io condutor para as pes#uisas !enomenol"gicas$ A 58& p$246+7
@exto M. $ contribuição de "usserl a intuição categorial !DE7K 0m oposi:o a Lant& para #uem pJr+em+!orma& como conceito& é apenas uma opera:o do entendimento& Husserl procura tornar presente o #ue Lant designa pelo conceito de !orma$ Ora& o conceito =antiano de intui:o desem.oca diretamente na representa:o de algo dado intui:o$ A e9presso ,intui:o categorial #uer di(er #ue a categoria é mais #ue a !orma$ %o sentido estrito& o termo ,intui:o categorial designa uma intui:o #ue dei9a 'er uma categoria$ Ou ainda uma intui:o >um ser+presente+a@ dirigida diretamente para uma categoria$ eminrios de Yhringen 1F73& A 15& p$375+6
@exto H. Influência de "usseri sobre "eidegger !DE7K
@exto N. $ di*ergência de "usserl /asein no lugar da intencionalidade imanente na consciência !DE7K om toda certe(a& a posi:o husserliana é um passo adiante em rela:o ao neo=antismo& para o #ual o o.)eto é to+somente uma multiplicidade de dados sens;'eis articulada pelos conceitos do entendimento$ om Husserl& o o.)eto rece.e de 'olta a sua constantidadeI Husserl sal'a o o.)eto mas apenas na medida em #ue ele o insere na imanncia da conscincia$ O ponto de partida de Heidegger é totalmente di!erente e& primeira 'ista& pode parecer menos preciso #uando 'e)o um tinteiro& di( ele& eu tenho em 'ista o pr"prio tinteiro& sem tomar nota de dados hiléticos Xsens;'eisZ e de categorias$ *rata+se de !a(er uma e9perincia !undamental da coisa ela mesma$ e tomarmos como ponto de partida a conscin 73
cia& !ica imposs;'el !a(er essa e9perincia$ A !im de #ue ela possa ser reali(ada& precisamos de uma outra regio #ue a da conscincia$ 0ssa outra regio é denominada ,ser+a;$ Que signi!ica agora ,ser- #uando se !ala em ser+a;? 0m oposi:o ao ponto de 'ista da imanncia& segundo o #ual ,ser e9pressa'a o serGconsciente, do ponto de 'ista do ser+a;& ,ser nomeia o ser+ !ora+de$$$ A regio na #ual tudo o #ue é denominado coisa pode ser dado como tal é uma rea #ue concede a essa coisa a possi.ilidade mani!estar+se ,l !ora- O ser no ser+a; tem de resguardar um ,!ora$ or isso& o modo de ser do ser+a; é caracteri(ado& em Ser e tempo, como e&Gstasis. %o sentido estrito& ser+a; signi!ica ser o a;& ec+staticamente$ eminrios de Yhringen 1F73& A 15& p$382+3
@exto 7. Cristianismo primiti*o paradigma 'istrico de desconstrução da ob-etificação da *ida operada pela ontologia grega !DEDE O mais pro!undo paradigma hist"rico para o not'el processo de deslocamento do centro de gra'idade da 'ida !ctica e do mundo da 'ida para o mundo do si+mesmo e o mundo de e9perincias internas é+nos dado com o surgimento do cristianismo$ O mundo do si+mesmo como tal emerge na 'ida e passa a ser 'i'ido como tal$ O #ue se encontra na 'ida das comunidades crists primiti'as é a reorienta:o radical das tendncias $$$ A#ui esto os moti'os para a ela.ora:o $ de modos de e9presso totalmente no'os #ue a 'ida cria para si& até mesmo para a#uilo #ue ho)e n"s chamamos de 'istria. 0ssa é a grande re'olu:o contra a cincia antiga& antes de tudo& contra Arist"teles& #ue& no entanto& pre'aleceu )ustamente no milnio seguinte& tornando+se o !il"so!o da ristandade o!icial de tal maneira #ue as e9perincias internas e a no'a postura na 'ida !oram atreladas aos modos de di(er da cincia da AntigKidade$ Sma das mais ;ntimas tendncias da !enomenologia é precisamente a de se li'rar& radicalmente& desse processo #ue ainda ho)e continua produ(indo e!eitos pro!undos e desconcertantes$ $$$ Sm processo complicado& #ue sempre de no'o 'em sendo interrompido pela rei'indica:o da postura genu;na do cristianismo primiti'o& ora a.rangendo o #ue é constituti'o dela& como !a( Agostinho& ora no silncio e na 'ida solit3ria >m;stica medie'al Wernard de lair'au9& Wona'entura& 0c=hart& *auler& Dutero@$ A 58& p$6l+2
@exto Q. $ descoberta do problema da t6cnica !DEMH %o ano 1F3& !oi pu.licado o artigo ,A mo.ili(a:o total de 0rnst EKnger$ %esse artigo !oram anunciadas as linhas !undamentais do li'ro +er $rbeiter XO tra.alhadorZ #ue apareceu em 1F32$ %um pe#ueno c;rculo& de #ue !a(ia parte o meu assistente Wroc= XWroc= era )udeuZ& eu ) discutira esses escritos& tentando mostrar #ue eles e9pressam uma compreenso essencial da meta!isica de %iet(sche& na medida em #ue a hist"ria e o momento atual do Ocidente so 'istos no hori(onte dessa meta!;sica$ A partir desses tra.alhos e& mas essencialmente ainda& de seus !undamentos& !oi pensado a#uilo #ue esta'a por 'ir& isto é& tent'amos ir ao 75
seu encontro e #uestion+lo$ $$$ %o in'erno de 1F3F+1F4& eu de no'o comentei& num c;rculo de colegas& partes do li'ro de EKnger +er $rbeiter e constatei #ue& ainda na#uela época& esses pensamentos eram estranhos e #ue ainda causa'am estranhe(a& até #ue !oram con!irmados pelos ,!atos$ A#uilo #ue 0rnst EKnger pensa #uando !ala em domina:o e em !igura do tra.alhador& e o #ue ele ' lu( desse pensamento& é o dom;nio uni'ersal da 'ontade de poder no interior da hist"ria 'ista planetariamente$ _ nessa realidade #ue ho)e se encontra tudo& #ue se chama comunismo& !ascismo ou democracia mundial$ Noi a partir dessa realidade da 'ontade de poder #ue eu comecei a 'er& ) nessa época& o #ue '3. O Ceitorado 1F33+1F34$ Natos e re!le9es& A 16& p$375
@exto E. $ *irada do sentido do ser *erdade do ser !DENE 0m Ser e tempo, o sentido tem uma signi!ica:o totalmente precisa& mesmo #ue ela ho)e tenha se tornado insu!iciente$ Que #uer di(er ,sentido do ser? Bsso se entende a partir da regio do pro)eto& desdo.rada pela ,compreenso do ser$ A compreenso& por sua 'e(& de'e ser conce.ida no sentido originrio de estar+diante de& manter+se altura do #ue 'em ao nosso encontro& ser !orte o su!iciente para agKentar$ ,entido de'e ser entendido a partir do ,pro)eto #ue se e9plica pela ,compreenso$ O incon'eniente desse modo de !ormular a pergunta Xpelo serZ est no !ato de dei9ar demasiadamente a.erta a possi.ilidade de compreender o ,pro)eto como uma per!ormance humanaI em con!ormidade com isso& o pro)eto
pode ser tomado por uma estrutura da su.)eti'idade é o #ue !a( artre& apoiando+se em /escartes >na o.ra do #ual a alet'eia no se apresenta como alet'eia. A !im de e'itar esse engano e de preser'ar ao ,pro)eto a signi!ica:o na #ual ele !oi tomado >a de a.ertura
!ran#ueadora@& o pensamento su.stituiu& depois de Ser e tempo, a e9presso ,sentido do ser por ,'erdade do ser$ 0& no intuito de e'itar toda !alsea:o da 'erdade& de impedir #ue ela se)a entendida como corre:o& ,'erdade do ser !oi esclarecida como ,localidade do ser 'erdade como localidade do ser$ %a medida em #ue a.andona a pala'ra sentido do ser a !a'or da 'erdade do ser& o pensamento pro'eniente de Ser e tempo en!ati(a dora'ante mais a a.ertura do ser ele pr"prio do #ue a a.ertura do +asein em 'ista da a.ertura do ser$ R isso #ue signi!ica a ,'irada- na #ual o pensamento se dirige de modo cada 'e( mais decidido para o ser en#uanto ser$ eminrio em De *hor 1F6F& A 15& p$334+5 e 345
@exto DF. $ preparação para uma paisagem sal*adora !DENE Ao perguntarmos pela morada do homem moderno em nossa época& perguntamos H ainda um .rilhar da nature(a? H ainda um aparecer? H ainda um aparecer superior& isto é um aparecimento do Alto? O .rilhar da nature(a est o.stru;do e o seu aparecer lhe é 'edado en#uanto 'i'emos numa época em #ue o 77
#ue é presente s" é presente na !orma do #ue a ma#uina:o humana produ( e encomenda$ O assim constanti!icado é& ao mesmo tempo& o pr"prio inconstante& o #ue tende a ser desgastado& su.stitu;do e constantemente suplantado$ %o lugar do aparecer& Xo #ue h éZ o encomendado& e de maneira to decidida #ue ho)e em dia nem ao menos sa.emos de onde pro'ém o encomend'el como tal& isto é& a encomenda.ilidade$ O homem de ho)e pensa #ue se !a( a si mesmo e s coisas sua 'olta$ %o lhe é acess;'el o !ato de a encomenda.ilidade desse constanti!icado no ser seno um destinamento oculto da#uilo #ue os gregos pensaram como presencialidade do presente$ R assim #ue acontece o homem moderno no pode 'er e muito menos perguntar onde moraI se lhe retrai a#uilo a #ue est e9postoI mais ainda nem lhe é poss;'el ! a(er a e9perincia desse retraimento$ Ainda mais ele no pode pensar nem perguntar se tal'e( esse retraimento da paragem da sua morada no e!etua algo em #ue a ele& ao ser humano& algo superior est retido essa reten:o no sendo um nada 'a(io& mas a nica realidade de todo !a(er e empreender pretensamente realista$ %"s !a(emos a pergunta ser #ue o nosso ha.itar no é um morar numa reten:o do Alto? er #ue essa reten:o no a!eta a essncia e a morada do homem de uma maneira totalmente di!erente das constanti!ica:es encomend'eis e as assim chamadas realidades dos d ias de ho)e? aso se)a assim& ento o pensamento de'eria tam.ém mudar& de in;cio& tocado por esse oculto presente$ 0& mudando& de'eria seguir o aceno #ue lhe d Hlderlin numa carta escrita a seu amigo Wiihlendor!!& no outono de 182 ,
Deituras recomendadas
Heidegger em português
(s conceitos fundamentais da metafisica mundo,finitude, solidão. Cio de Eaneiro Celume+/umar& 23$
Conferências e escritos filosficos. o aulo A.ril& 1F7F$ =nsaios e conferências. etr"polis To(es& 22$ "anna' $rendtG%artin "eidegger Correspondência DEJHO DE7H. Cio de Eaneiro Celume+/umar& 21$
"er3clito. Cio de Eaneiro Celume+/umar& 1FF8$ Introdução metafisica. Cio de Eaneiro *empo Wrasileiro& 1F66$
0iet#sc'e metafisica e niilismo. Cio de Eaneiro Celume+/umar& 2$ Semin3rios de 9olli&on. etr"polis To(es& 21$ Ser e tempo, 2 '$& etr"polis To(es& 1F88F$ Sobre Heidegger
b arneiro Deo& 0manuel$ $prender a pensar. etr"polis To(es& 1FF1$ Apresenta:o de temas gerais de !iloso!ia& permeada pelo pensamento de Heidegger$ b Narias& Tictor$ "eidegger e o na#ismo. o aulo a( e *erra& 1F88$ 0sse li'ro rea.riu a discusso iniciada por Larl D]Pith em 1F46& so.re o en'ol'imento de Heidegger no mo'imento nacional+socialista$ b Hodge& Eoanna$ "eidegger e a 6tica. Dis.oa Bnstituto iaget& 1FF5$ /esen'ol'imento sugesti'o das conse#Kncias éticas da anal;tica e9istencial& em cone9o com certas teses !emi nistas$ b EKnger& 0rnst 22 X1F3@ ,A mo.ili(a:o total& 0ature#a 'umana, '$ 4& n$ 1& 22& pp$ 18F+2 16$ *e9to decisi'o para a compreenso da 'irada e do segundo Heidegger$ b Doparic& Yel)=o$ "eidegger r6u. :m ensaio sobre a periculosidade da filosofia. ampinas apirus& 1FF$ *rata+se de uma resposta a Narias& mostrando #ue o pensamento de Heidegger no é intrinsecamente nacional+socialista$ Ttica e finitude. o aulo 0duc& 1FF5 >2a ed$ 5$ aulo 0scuta& 24@$ /i!erentemente de Doparic 1FF& este te9to reconhece a e9istncia de uma ética originria em Heidegger$ b$
Sobre a responsabilidade. orto Alegre 0/BS+C& 23$ ole:o de artigos #ue desen'ol'em a interpreta:o ética da ontologia !undamental de Ser e tempo. b$
b %unes& Wenedito$ 4assagem para opo6tico. o aulo \tica& 1FF2$ A melhor apresenta:o .rasileira da o.ra de Heideg ge no seu todo$ b $
( tempo do niilismo. o aulo \tica& 1FF3$ A época de ho)e repensada em parte lu( de Heidegger$
b a!rans=i& CKdiger$ :m mestre da $leman'a entre o bem e o mal. o aulo era:o 0ditorial& 2$ ossi'elmente a melhor .iogra!ia de Heidegger ) escrita$
84 86 Yel)=o Doparic
o.re
autor
b tein& 0rnildo$ Seis estudos sobre er e tempo$ etr"polis o To(es& 1F88$ Sma 'aliosa anlise da o.ra+mestra de Heideg ger$ b $ Semin3rio sobre a *erdade. etr"polis To(es& 1FF3$ Sma !onte preciosa de perspecti'as so.re um pro.lema central do pensamento heideggeriano$ Yel)=o Doparic é doutor em !iloso!ia pela Sni'ersidade de b $ Compreensão efinitude. Eu; 0ditora da Sni)u;& 22$ Dou'am$ %o periodo de 1F66+1F6F& !e( estaglos de pos+gra 09celent e9posi:ao do ponto de partida !enomenologico $ dua:o na Alemanha& tendo assistido ao eminario sopre de Heidegger$ Herclito de 1F8+1F88@ a re'ista Cadernos de "istria e /iloG b Ce'ista 0ature#a 'umana, pu.licada pela 0ditora da S+ sofia da Ciência e !oi coordenador do entro de D"gica s e dedicada aos estudos da o.ra de Heidegger >contato >1F82+1F85@$ R mem.ro !undador >1F88@ e !oi o primeiro httpPPP$cle$unicamp$.rgrupo!pp@$ residente >1F8F+1FF4@ da ociedade Lant Wrasileira$ 0m 1FFF iniciou& na puc+sp& a re'ista internacional 0ature#a 'umana, dedicada !iloso!ia da psicanlise na perspecti'a heideggeriana& da #ual é editor cient;!ico$ R autor dos li'ros "eidegger r6u >1FF@& Ttica efinitude >1FF5I 2- ed$ JFFK,+escartes'eur2stico !DEE7,$ semPntica transcendental de ;ant >2I 2 ed$ 23@ e Sobre a respon sabilidad !JFFK, al6m de n umerosos
artigos consagrados a temas de epistemologia e 'eur2stica !%ac', Carnap, ;u'n, de 'istria da filosofia !+escartes, ;ant, "eidegger e de filosofia da psican3lise !/reud, >innicott, publicados em re*istas nacionais e internacionais. 0+mail para contato loparic(uol$com$.r 87
ole:o PASSO-A-PASSO 1. Hegel. Denis L. Rosenfield 2$ Nietzsche %elson Woeira
3$ Ho..es&
Wenedito %unes 7$ Ho**es # $ li*erd$de Eulio Wernardes
+. Nietzsche # P$r$ $l%m de *em e m$l OsPaldo iacoia Eunior F$ S,focles # Ant!gon$ Lathrin H. Cosen!ield 1$ ultur$ e em)res$s XB'ia War.osa 11$ Rel$/es intern$cion$is Millianis on:al'es 12$ A inter)ret$0o Daeria W$ lontenele
13$ Arte e )sic$nálise *ania Ci'era 14$ 'reud