m o c u o V #AoSeuLadoSempre
! o t c a a J
n g i s e d 2
Conti Continua nuamos mos a nossa nossa caminh caminhada ada visita visitando ndo vária várias s famíl famílias ias produt produtora oras s ao redor redor do mundo, mundo, colhendo colhendo experiê experiências ncias únicas e de grande riqueza. Cada família e parceira da Jacto relata
suas percepções, o quanto a Jacto contribui
em suas produções atuais e como acreditam que serão auxiliados no futuro com as novas tecnologias que estão sendo criadas.
VAMOS RUMO AO FUTURO! VAMOS COM JACTO!
SUMÁRIO
JANEIRO 2017
62 PECUÁRIA A Fazenda Mantiqueira “fabrica” terneiros do cruzamento da rubia gallega com o nelore
60 ENSAIO João Sá, morador do Alto Rio Atuá, chegando da pescaria ©1
64 CIDADES BRASILEIRAS FORAMCITADAS NESTA EDIÇÃO: Angelândia (MG),Araçatuba (SP),Araxá(MG), Assaí(PR), Bagé (RS),Barrado Garças
(MT),Batatais (SP),Bebedouro (SP),Belo Horizonte(MG), Brasília (DF),Cachoeirinha (RS),Cambé (PR),Campinas(SP), CampoGrande(MS), Campo Novo do Parecis (MT),Cascavel (PR),Corumbá (MS), CostaRica (MS),Cuiabá(MT), Cujubim(RO), Esteio (RS),Florianópolis (SC),Guaxupé (MG),Holambra (SP),Ijuí (RS),Indaiatuba (SP),Itanhandu (MG),Jaguariaíva(PR), Ji-Paraná (RO),Juazeiro (BA),Juiz de Fora(MG), Londrina(PR), Lucasdo Rio Verde (MT),Luís Eduardo Magalhães (BA), Luisburgo (MG),Machado (MG),Maracaju (MS),Maringá (PR),MonteAlegrede Minas(MG), Não-Me-Toque (RS), Nova Odessa(SP), Olinda(PE), Pindamonhangaba(SP), Pinhalzinho(SC), Pinhão(PR), Piracicaba (SP),Porto Alegre (RS),Porto da Folha (SE), Recife (PE),Ribas do Rio Pardo (MS),Ribeirão Preto (SP),Rio Paranaíba (MG),Rio Pardo (RS),Rio Verde (GO),Rondonópolis (MT),SantaFé do Sul (SP),São Paulo (SP),SerraNegra(SP), Sertãozinho (SP),Sorocaba (SP),Taquaritinga(SP), Tavares (MG),Três Cachoeiras (RS),Três Lagoas (MS),Unaí (MG)
68 PRODUTOS FORAMCITADOS NESTA EDIÇÃO: abacate,açúcar, alecrim-do-campo, algodão,amendoim,arroz,aves, banana, bantam, bezerro,
boi, cacau, café,camarão, cana-de-açúcar, capim-elefante,carne, cavalo, cebolinha, celulose, cevada, cordeiro, defensivos, eucalipto,feijão, fertilizantes, frutas, fumo, galinha,gengibreornamental, girassol,herbicidas, hortaliças, hortelã,ipê, jabuticaba, laranja, leite, lichia, limão, maçã,mamão, mamona, mandioca, manga, máquinas agrícolas,melão, milho,mogno-africano, orgânicos,ovinos, ovo, papel,queijo,ração, salsinha, sapoti, sementes, soja, sorgo,suínos, terras, tilápia,tomate, touro, trigo,uva, vaca
K C O T S K N I H T 2 ; O B O L G . D E / E U Q R E U Q U B L A O I R É G O R 1 ©
Capa: Sérgio Ranalli/Ed. Globo
NESTE MÊS
14
ENTREVISTA
O jovem produtor Ricardo Amano, de Cambé (PR), fala sobre os desafios do campo nestes tempos de incerteza na economia
24
26 SOJA 28 TRIGO 29 ALGODÃO 30 CAFÉ 32 MILHO 33 ARROZ 33 FEIJÃO 34 DEFENSIVOS 34 SEMENTES 35 FERTILIZANTES 36 MÁQUINAS 37 TERRAS 38 BOI 40 FRANGO 41 OVOS 42 SUÍNOS 43 LEITE 44 OVINOS 44 MANDIOCA 45 FRUTAS
46 LARANJA 47 CACAU 47 HORTALIÇAS 48 CANA 49 ORGÂNICOS 50 FLORESTAS
AGENDA
ExpoZebu,emabril e maio,Feira NacionaldoCamarão,emnovembro. Ocalendáriocompletocomosprincipaiseventosdoagroem2017
56
CARTA DO EDITOR................................ 6 ONLINE...... .............................................. 10
PERSPECTIVAS 2017
Vem mais umasafra recorde de soja.Confira a previsão para 28 produtos, entre os quaiscarnes, máquinas, frutas e hortaliças
54
SEMPRE EM Globo Rural
FAZENDA SUSTENTÁVEL
CAMPO ABERTO MEIO AMBIENTE........................................... 17 RADAR................................................................. 20 LIVROS................................................................ 22 IDEIAS ...................................................... 61 TENDÊNCIAS............................... .......... 66
LEILÕES & CRIAÇÃO BALANÇO ......................................................... 67 NEGÓCIOS ...................................................... 70 VARANDA......................................................... 74
PRODUTOS E MERCADOS SHOW RURAL............................................... 75 FEIRA.................................................................. 78 EMPRESAS E NEGÓCIOS .................... 80 MAPA DA SAFRA ....................................... 82 TEMPO .............................................................. 84
As propriedades vencedoras desta edição do prêmioapostaram em tecnologias de integração lavoura-pecuária-floresta(ILPF)
58
FLORESTA
O ipêé a árvore mais valiosa e cobiçadapelosmadeireirosilegais na Amazôniadesde a moratória para a exploração do mogno
62
PECUÁRIA
Laboratóriodo GrupoRoncador aprimora pacote tecnológico que permite abater bezerrosaos 11 meses e pesando354quilos
VIDA NA FAZENDA COMO CRIAR ................................................. 87 COMO PLANTAR ......................................... 90 TABULEIRO ..................................................... 92 GRU RESPONDE ......................................... 94 FECHA ASPAS .....................................98
DIRETOR�GERAL Frederic Zoghaib Kachar DIRETORDEAUDIÊNCIA Luciano Touguinhade Castro DIRETORADEMERCADOANUNCIANTE Virginia Any
DIRETORDE GRUPO AUTOESPORTE, ÉPOCA NEGÓCIOS,GLOBORURAL E PEQUENASEMPRESASGRANDESNEGÓCIOS RicardoCianciaruso DIRETORDEREDAÇÃO BrunoBlecher EDITORES CassianoRibeiro, SebastiãoNascimento,VenilsonFerreirae ViniciusGalera EDITORA�ASSISTENTE VivianeTaguchi REPÓRTERES RaphaelSalomão DIRETORADE ARTE SueliIssaka ESTAGIÁRIOS DéboraDuartee ValdirRibeiroJr ASSISTENTEDEREDAÇÃO Ana PaulaSantana
COLABORADORES JoãoMathias, JoãoVito,Joesandra Silva, Luiz Josahkian, NinaHorta, PatríciaCosta, Roberto Rodrigues(texto);FranciscoMafezolli Jr.,RogérioAlbuquerque e SergioRanalli (fotos); DiegoCardoso(revisão)
SERVIÇOSEDITORIAIS Pesquisa: CEDOC/Globopress ESTÚDIODECRIAÇÃO DIRETORADE ARTE: CristianeMonteiro
DESIGNERS: AlexandreRibeiroZanardo, ClaytonRodrigues,DanilodosSantosBandeira,FelipeHidekiYatabee MarceloMassao Serikaku ESTAGIÁRIA CristinaAyumiKashima INOVAÇÃO DIGITAL DIRETORDE INOVAÇÃO DIGITAL AlexandreMaron GERENTEDEESTRATÉGIADECONTEÚDODIGITALSilvia Balieiro MERCADOANUNCIANTE SEGMENTOS � FINANCEIRO,IMOBILIÁRIO, TI, COMÉRCIOE VAREJODiretorde negóciosmultiplataformaEmiliano MoradHansenn Gerentedenegóciosmultiplataforma Ciro HortaHashimoto Executivos multiplataforma SelmaMariade Pina,Cristianede BarrosPaggi Succi,ChristianLopesHamburg,MiltonLuiz Abrantese TalyCzeresnia Wakrat SEGMENTOS � MODA,BELEZAEHIGIENEPESSOALDiretordenegóciosmultiplataforma CesarBergamo Executivos multiplataforma AdrianaPinesiMartins,AnaPaulaBoulos, ElianaLimaFagundes,JulianaVieira,Selma Teixeira daCostae SorayaMazerinoSobral SEGMENTOS � CASA,CONSTRUÇÃO, ALIMENTOS E BEBIDAS,HIGIENE DOMÉSTICAE SAÚDEDiretorade NegóciosMultiplataforma LucianaMenezes Executivos multiplataforma FatimaOttaviani, Giovanna Sellan Perez,Rodrigo GirodoAndrade,Valeria Glanzmann SEGMENTOS � MOBILIDADE,SERVIÇOSPÚBLICOSE SOCIAIS,AGROE INDÚSTRIADiretordenegócios multiplataforma RenatoAugustoCassis Siniscalco Executivos multiplataforma AndressaAguiar, Diego Fabiano, CristianeSoaresNogueira,JoãoCarlosMeyere Priscila FerreiradaSilva SEGMENTOS � EDUCAÇÃO,CULTURA, LAZER, ESPORTE,TURISMO, MÍDIA, TELECOM E OUTROSDiretorade Negóciosmultiplataforma SandraReginade MeloPepe ExecutivosdenegóciosmultiplataformaAnaSilviaCosta,GuilhermeIegawaSugio,LiliandeMarcheNoffse DominiquePetronide Freitas– EGCNConsultorade marcasEGCN Olivia CipollaBolonha ESCRITÓRIOSREGIONAIS Gerente multiplataforma LarissaOrtiz ExecutivadenegóciosmultiplataformaBabilaGarciaChagasArantes UNIDADEDENEGÓCIOS � RIO DE JANEIRO Gerente denegóciosmultiplataformaRJ Rogerio PereiraPoncede Leon Executivos multiplataforma DanielaNunes,LopesChahim, JulianeRibeiroSilva,MariaCristinaMachadoe Pedro Paulo RiosVieiradosSantos UNIDADEDE NEGÓCIOS � BRASÍLIA Gerentemultiplataforma BarbaraCosta FreitasSilva Executiva multiplataforma CamilaAmaraldaSilvaeJorgeBicalhoFelixJunior GERENTEDEEVENTOS DanielaValente COORDENADOROPECOFF LINE JoséSoares ESTÚDIOGLOBO DIRETORDEARTE Rodolpho Vasconcellos EDITORAEXECUTIVAVeraLigia RangelCavalieri TECNOLOGIA DIGITAL DIRETORDETI RodrigoGosling DESENVOLVEDORES EvertonRibeiro,FabioAlessandroMarciano,JefersonMendonça,LeandroPaixão,MarceloAmendola,Marcio Costa, Murilo AmendolaeWilliamAntunes OPECONLINE RodrigoSantanaOliveira,DaniloPanzarini,HigorDanielChabes,RodrigoPecoschi, TiagoPreviero AUDIÊNCIA DIRETORDEMARKETINGCristianoAugusto SoaresSantos GERENTEDECRIAÇÃO Valter BicudoSilva Neto COORDENADORDEMARKETING Eduardo Roccato Almeida GERENTEDEVENDASDEASSINATURASReginaldoMoreirada Silva DIRETORDECLIENTESEPLANEJAMENTO EdneiZampese
G R éuma publicaçãomensalda EDITORAGLOBOS.A.–Av.9deJulho,5229 –JardimPaulista– SãoPaulo–SP –CEP 01407-907– Tel.11 3767-7769.Distribuidor exclusivoparatodooBrasil:Dinap– DistribuidoraNacionaldePublicações.Impressão: PluralIndústriaGráficaLtda.– AvenidaMarcosPenteadodeUlhoaRodrigues,700– Tamboré– SantanadeParnaíba,SãoPaulo,SP– CEP06543-001
DESEJAFALAR COMA EDITORA GLOBO? TELEVENDAS: 4003-9393 VENDAS COORPORATIVAS: (11) 3767-733 PARAANUNCIAR: SP Tel.(11)37677700/37677489 RJ(21)33805923 email:
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OBureauVeritasCertification,combasenos processoseprocedimentosdescritosnoseuRelatóriodeVerificação,adotandoumnívelde confiançarazoável,declaraqueo Inventáriode GasesdeEfeitoEstufa- Ano2012,daEditoraGloboS.A.,épreciso,confiávele livredeerroou distorçãoeé umarepresentaçãoequitativados dadose informaçõesdeGEEsobreo períodode referência,paraoescopodefinido;foielaboradoemconformidadecoma NBRISO14064-1:2007eEspecificaçõesdoProgramaBrasileiroGHGProtocol.
COMENTÁRIOS
AS + LIDAS
1 2
FERTILIZANTES
12 opçõesde adubo orgânico
APOSENTADORIA
bit.ly/12adubosorganicos
Os agricultores deveriam aposentar com 50 anos de idade. Não é fácil para uma pessoa de60 anos ainda ter de trabalhar na roça. Só Deus sabe quanto é difícil ficar de sol a sol em condições precárias. Uma coisa é trabalhar numa sala com ar-condicionado, água, café, banheiro por perto, mas no sol escaldantesó quem passa sabe quanto é difícil (Aposentadoria
CULTIVARES
Capim-elefante de 5 metros de altura bit.ly/capimelefante
3
FRUTAS
4
TRABALHO
5
IRRIGAÇÃO
Como plantar uva bit.ly/comoplantaruva
Novasregrasda aposentadoriarural bit.ly/aposentadoriarural
Como fazer o carneirohidráulico bit.ly/infocarneirohidraulico
rural seguirá novas regras da Previdência).
COLUNAS
Ivonete OliveiraSilva
incertezas, ainda temos alimentos baratos (Ali-
mentos ajudam a reduzir inflação oficial) . MairsonSantana via Facebook
CARNE Muito legal! Parabéns para a pecuária do Brasil, que está tocando o país há tempos. Mastambém precisamos pensar no abastecimento interno, senão vamos ver a qualidade dacarne cair ouseu preço subir (O Japão, finalmente). Everton Regatieri via Facebook
via Facebook
BrunoBlecher CAFÉ
Preço do cafezinho pode aumentar bit.ly/preçocafezinho
SebastiãoNascimento CARNE
2017 não será fácil para a pecuária bit.ly/2017pecuária
MOBILE TABLET A revista digital com conteúdo extra iOS
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FAZENDA SUSTENTÁVEL Parabéns, excelente exemplo! Os princípios desse prêmio deveriam ser obrigação para todos os produtoresrurais, mas, enquanto isso, é importante termos iniciativas como essa, que reconhecem e incentivam a sustentabilidade nas nossas fazendas (Fazenda Modelo
IIécampeãdo3 o Prêmio Fazenda Sustentável).
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PREÇOS O Brasil tem muita sorte por ter uma agricultura forte. Mesmo durante um período decrise e
COMO PLANTAR Sempre fiquei impressionadacom o sabor dobacuri. Como pode uma fruta ser azeda e doce aomesmo tempo? Uma delícia (Como plantarbacuri). Valdice Rodrigues via Facebook
IRMÃS GALVÃO Elas são muito fofas! Quando eu era criança, reparava minha mãe ouvindo as Irmãs Galvão norádio. E eu comecei a gostar tanto que dei seus nomespara as minhas duas galinhas de estimação (G R conta
a históriade 70anos de sucesso das Irmãs Galvão). Janaína Bonassi via Facebook
bit.ly/tocaGR
| GLOBO RURAL 11
apresenta
AGRONE GRONEGÓCIO GÓCIO BRASILEIR BRASILEIRO: O: PROJE PROJEÇÕES ÇÕES PARA 2026 Levantamento Levantamen to realizado pela Fiesp aponta que o ritmo de crescimento do setor no Brasil será maior que no restante do mundo
A
s indústrias vinculadas ao agronegócio têm uma expressiva participação na economia do País, representando 39% do PIB do setor. Desde 2007, com a criação do Departamento do Agronegócio da Fiesp (Deagro), a Federação desenvolve pesquisas e estudos estratégicos relacionados aos principais segmentos da cadeia produtiva, dos insumos agropecuários às indústrias de alimentos. alimentos. O objetivo dessas análises é auxiliar indústrias, produtores e governos na melhor tomada de decisões, beneficiando não apenas o próprio setor, mas a sociedade do País como um todo. Entre esses estudos está o “Outlook Fiesp 2026 – Projeçõ Projeções es para para o Agrone Agronegóci gócio o Brasil Brasileir eiro”, o”, que reúne reúne diagnósticos e informações do setor para a próxima
década, em termos de produção, produtividade, consumo doméstico e exportações. De acordo com os últimos resultados divulgados, o desemp desempenh enho o do agroneg agronegóci ócio o brasil brasileir eiro o no período período de 2016 a 2026 será melhor do que a média mundial para para produt produtos os import important antes, es, como como soja, soja, milho, milho, açúcar açúcar e carnes (bovina, suína e frango). Apesa Apesarr disso, disso, o País País não não repe repetir tirá á para para os próx próxim imos os dez anos a robusta taxa de crescimento da última década em relação à produção e às exportações das principais culturas. Paulo Skaf, presidente da Fiesp e do Ciesp, lembra que, atualmente, 60% das exportações do setor passam por algum tipo de industrialização. “Precisamos abrir novos mercados, como o asiático, para aumentar essa proporção.”
PANO AMA PARA OS PRINCI PRINCIP PAIS PROD PRODUT UTOS OS De acordo com o Outlook Fiesp 2026, a participação de mercado do Brasil nas exportações mundiais de soja soja,, por por exem exempl plo, o, cheg chegar ará á a 49% 49% em 2026 2026,, com com cres cres-cimento anual de 4,6%, acima dos 2,7%, em média, dos demais produtores do mundo. A proj projeç eção ão para para o milh milho o é de um cres cresci cime ment nto o anua anuall de 8,8% 8,8%,, com a parti partici cipaç pação ão nas expor exporta taçõe çõess mundi mundiai aiss indo a 23% ao final do período projetado. Para a safra 2025/2026, estima-se aumento de 21% no consumo interno terno,, puxad puxado o pelo pelo setor setor de proteí proteínas nas anima animais is.. No caso caso do do açúc açúcar ar,, em dez dez anos anos o País País será será resp respon on-sável por metade do que é comercializado internacionalm nalmen ente te,, com com taxa taxa de cres cresci cime ment nto o de 2,2% 2,2% ao ano. ano. Vale destacar que 2016 foi um ano de recuperação para para o setor, setor, impul impulsio sionad nado o pela pela alta alta do preço preço do açúcar açúcar,, em razão do desequilíbrio ocorrido no quadro de suprimento global desse produto. Segund Segundo o o geren gerente te do Deagro Deagro,, Antoni Antonio o Carlos Carlos Costa, Costa, 2017 também pode marcar o início da recuperação para para o merc mercad ado o das das carn carnes es,, como como a de fran frango go e suín suína, a, que enfren enfrentar taram am uma “tempe “tempesta stade de perfeit perfeita” a” em 2016, 2016, com aumentos históricos dos custos de produção e estagnação do consumo por conta da redução do poder de compra da população brasileira. Os prejuízos acumulados acumulados nesse elo da cadeia produti dutiva va deve devem m cheg chegar ar a R$ 4 bilh bilhõe õess até até o fina finall do ano, ano, segun segundo do dados dados da Fiesp. Fiesp. A carne carne bovina bovina,, cuja cuja demand demanda a domé domést stic ica a foi foi afeta afetada da pela pela cris crise e econô econômi mica ca,, regi regist stra ra o pior consumo per capita em 15 anos. Mesmo com uma recuperação lenta da economia, esses esses segmen segmentos tos devem devem se benefi beneficiar ciarcom comuma uma melhor melhora a da conjun conjuntur tura a macroe macroecon conôm ômica. ica.O O cenári cenário o para para a carne carne bovina bovina aponta aponta para para um crescime crescimento nto anual anual das exporta exporta-ções ções de 4,5% 4,5%,, com com sua sua fatia fatia do merc mercad ado o inter internac nacio ional nal se elev elevan ando do para para 18% 18% na próx próxim ima a déca década da.. Além Além diss disso, o, a abertu abertura ra recíp recíproc roca a entre entre Bras Brasil il e EUA EUA para para o produt produto o sinaliza, no médio prazo, a possibilidade de acesso a novos mercados, o que poderá resultar em números ainda mais positivos para o País. A proj projeç eção ão par para os próx próxim imos os dez dez anos anos para para a carn carne e suína também é favorável, com crescimento anual das exportações de 3% e participação no mercado internacional de 10%. A carne de frango manterá sua expressiva fatia do mercado global, com 41% do montante comercializado. comercializado. Quant Quanto o às outra outrass cult cultur uras, as, o deseq desequi uilí líbri brio o no supri supri-mento mento mundi mundial al deu deu fôlego fôlego a produ produtor tores es e indús indústri trias as de lara laranj nja. a. Já a valo valori riza zaçã ção o do real real melh melhor orou ou os cust custos os na lavour lavoura, a, ofereceu ofereceu alívio alívio para para as indústri indústrias as com dívidas dívidas café. em dólar dólar e impul impulsi siono onou u a comerc comercial ializ izaçã ação o do café.
PROJEÇÃ PROJEÇÃO O PARA 2026
CARNE BOVINA BOVINA
SOJA SOJAEM EM GRÃOS GRÃOS
Exportação: 2,2 milhões de toneladas
Exportação: 84,3 milhões de toneladas
Crescimento (em relação às safras 2015/2016): 66%
Crescimento (em relação às safras 2015/2016): 58%
MILHO
AÇÚCAR
Exportação: 41 milhões de toneladas
Exportação: 32,6 milhões de toneladas
Crescimento (em relação às safras 2015/2016): 168%
Crescimento (em relação às safras 2016/2017): 25%
RISC RISCOS OS PA A A PRÓX PRÓXIM IMA A DÉCA DÉCAD DA O gerente do Deagro explica que o agronegócio já mostrou mostrou que não está blindado blindado contra o que ocorre na economia brasileira, já que a queda na renda e na confiança do consumidor atingem o consumo de alimentos mais elaborados. A situação fiscal do País tamb também ém lança lança um enor enorme me desa desafio fio para para a políti política ca agríagrícola – especialmente para o crédito e o seguro rural, fundamentais para assegurar o desempenho futuro. A reduçã redução o de emprés empréstim timos os impact impacta a os investi investimen men-tos, com consequências para a produtividade das lavou lavoura ras. s. Além Além diss disso, o, o ponto ponto de equi equilí líbri brio o do câmb câmbio io e o possível surgimento de uma onda protecionista trazem novas preocupações no curto prazo. “Para o país que detém o maior superávit comercial do agronegócio do mundo, movimentos protecionistas são ruins por princípio. No entanto, temos que estar atento atentoss a oportu oportunid nidade ades, s, mesmo mesmo com esse esse horizo horizonte nte,, como uma maior aproximação com mercados que venham venham a ser preter preterido idoss no proces processo” so”,, conclu concluii Costa. Costa. O levantamento na íntegra está no site: fiesp.com.br/outlook site: fiesp.com.br/outlook Para conhecer outros estudos, acesse fiesp.com.br acesse fiesp.com.br
PRODUZIDOPOR PROD UZIDOPOR
ENTREVISTA
produttor rural rural em Cambé, Cambé,no no nort norte do Paraná araná Ricardo Ricar do Aman Amano o é produ
“A agricultur tura não para” Por Por Venilson Ferreira Ferreira Foto Sérgio Ranalli Ranalli
N
esta esta primeir primeira a edição do ano, G R presta uma homenag menagem em aos aos
agricultores agricultoresbrasileir brasileiros os entreentre-
Qual sua expe expecta ctatitiva par para a est esta a saf safra ra? ? Neste verão, verão, esRicardo Amano Neste tamos tamos plantan plantando do 412 hectare hectares s de Globo Rural Rural
soja.Sãoduas soja. Sãoduas fazendas. fazendas. Nósvendemos uma propriedade propriedade de 121 hect hectar ares es que que era era nossa nossa em CamCambé, mas continuamos morando como arrendatários. Fizemos uma permuta por outra fazenda que que fica fica em Assaí,ond Assaí,onde e nest nesta a safraplantamos242 fraplantamos242 hectare hectares. s. NosNossa expec expecta tati tiva va é colh colher, er, em mémédia, dia, 4.000 4.000 quil quilos os de soja soja por por hechec-
vistand vistando o Ricar Ricardo do Amano, Amano, um jovem jovem de 29 anos, da terceir terceira a ger geração ação de prod produt utor ores es rurais rurais do nort norte e par paranae anaens nse. e. Por ininsist sistência ência da mãe, mãe, dona dona Sônia Sônia,, que preferia vê-lo longe da roça, Ricardo se formou em
anopassado, anopassado, choveuna choveuna colheit colheita a e, noretrasado,foiaseca.Em2014,a produti produtividad vidade e ficouem 3.350 quilosporhectaree,noanopassado,
eng engenhari enharia a elétri elétrica, ca,em em 2009, 2009,
colhemos 3.100 quilos. O plantio
mas não chegou a exercer a profissão. Preferiu ajudar o pai, seu Américo, na lida no camp campo. o. Nas últi última mas s duas uas sasafras fras,, el ele senti entiu u na pel pele o que que é trab trabal alha harr numa uma ind indústri ústria aa céu aber abertto. A geada, a falt alta e o excesso de chuvas derru-
baram baram a prod produti utivid vidad ade e dasladas lavour uras as de tri trigo, mi milh lho o e so soja ja..
Maselenãodesisteemantém o otimis otimismo, mo, apost apostan ando do numa numa boa boa colh colhei eitta em 2017. A agri agricul cultura tura não não par para, diz diz ele. ele. 14 GLOBO GLOBO RURAL |
tare,mas tare, mas estamosat estamos atentos,porque entos,porque nos últimos dois anos sofremos com com o clima clima na safrade safrade verã verão. o. No
da e em outras terras vizinhas arrendadas de Cambé, num total tal de 170 170 hecta hectare res, s, comsoja,milho lho safrinh safrinha a e trigo trigo no inve inverno rno.. A área área em Assaí Assaí tem tem 484 hecta hectare res, s, sendo 242 hectares de lavouras,
121de matanati matanativae vae outr outros os 121de pasto pastos, s, onde onde há dois dois anos anos temos temos 100 matrizes bovinas para produção dução de bezerros. bezerros. Metade Metade da fa faze zend nda a de Ass Assaí aí é de flor florest esta? a? continuar. A Amano Sim, e vai continuar. GR
gentesempresepreocupoucoma sustentabili sustentabilidade dadedo do negócio, negócio, com aconservaçãodosolo.Porissorealizam alizamos os culti cultivo vo em curva curva de ní-
vel, vel, cuidam cuidamos os daterr da terra a para para evitar evitar
boasafra.Masaagriculturaéuma indústriaacéuaberto.Agentefaz
erosã erosão o e sempr sempre e deixamo deixamos s uma boa boa palha palhada da das lavo lavour uras as após após a colheita para cobertura. A gentetem um cuidadomuit cuidadomuito o grande grande,, pois, pois, se deix deixar ar o solo solo desc descobe obert rto, o, uma enxurrada leva leva o filé-mignon non da terr terra. a.
tudo tudo bem-fei bem-feito to,, mas o resul resulta tado do depend depende e de São Pedr Pedro. o.
GR
atualcomeçoubem,comclimafavoráv vorável, el, e esperamos esperamos colher colher uma
Comofoi Co mofoi a saf safrade rade in inve vern rno? o?
Plantamos Plantamosmetad metade e milho e metad metade e trigo. trigo. Naépoca do planplan-
Amano
Por Por qu que e a per permu muta ta da ár área ea? ? Amano Porque a área contínua GR
delavouraemAssaíémaior.AfazendaemCambéestánumaárea muito muitoval valorizada orizada,, porque porque ficaprófica próximaà sede sede domunicípi domunicípio. o. A comcompradora, que aceitou a troca pela fazenda que possuía em Assaí, pretende no futuro utilizar a área área para para construir construir condomíni condomínios os residenciais. Por enquanto, continuamos produzindo produzindo na fazen-
tio do trigo, trigo, o preço preço estava estava bom, bom, mas, na hora da venda, estava 20% abaixo. Vendi na média de
R$35 a saca. saca. A prod produti utivid vidad ade e média dia foi foi de 3.70 3.700 0 quil quilos os.. Na área área de milho, houve houve perda perda praticam praticamenente de toda toda a prod produç ução ão,, porq porque ue as
lavourasprimeiro lavourasprimeiro foram foram castigadaspelasecaedepoispelageada. Colhemos Colhemos4.800 4.800 quilospor hectahectare, re, quand quando o a expect expectat ativ iva a era co-
ENTREVISTA
Meus filhos terão opção, mas, se continuarem na roça, vão me deixar bastante feliz” lher 9.000 quilos por hectare, comoocorreuem2015.Masnopróximo ano deve melhorar. GR
E a safra de soja atual, já fez alguma venda antecipada?
Vendi apenas 1.000 sacasaR$80cada.Agentenãoarrisca mais porque o mercado oscilamuito.Agenteusabancoefaz permuta por insumos com a Cooperativa Integrada. A gente faz 90% de permuta com a cooperativaparatravarocustoeaindatemosumaassistênciatécnicamuitoboa.NafazendaemAssaí,toda aáreadesojaéparasemente,que é vendida para a cooperativa.Depoisdobeneficiamentoeclassificação, a gente leva 10% por saca do grão aprovado como semente. É uma margem boa, mas o custo nesta safra aumentou bastante, porcausa da tecnologiada sementeresistenteàspragas.Omanejo das lavouras está cada vez mais difícil, porque existem poucosprodutosdisponíveisnomercado, tanto os fungicidas quanto osinseticidas.Acadasafraéuma história diferente, uma nova praga que aparece. Amano
Essa deve ser uma prioridade das lideranças políticas do setor que ficam em Brasília?
Você investiu na renovação da frota?
Sim,mas existem outras prioridades, como a alta dosjuros dos financiamentos para investimento e o descaso com o trigo nacional, que perde para a concorrênciacomocerealimportado.
16GLOBORURAL |
E quanto ao futuro do Brasil?
Para falar a verdade, espero que fique bom para todo mundo. Com tanto desempregado, a gente fica preocupado. Amano
GR
Neste ano, investi na compra de um conjunto novo de trator e plantadeira, além de um distribuidor de fertilizantes, e também construí um barracão para guardar o máquinário. Foi um investimento de R$ 400 mil, com um pouco de capital próprio. Os juros dos empréstimos variaram de7,5%a 8,5%. Amano
GR
Suafamíliaperdeucomageada que dizimou os cafezais no Paraná em 1975?
Meu paiatéhoje fala sobre a geada e lembra que estava cortando lenha para esquentar a águadoofurôquandotudocomeçou. Meu avô Tsuyoshi, hoje com 90anos,perdeuos24hectaresde café.Foiquandocomeçouaplantar soja. Amano
Por queo agricultornão perde o otimismo?
GR
Em relação à crise política e econômica, qual sua opinião?
GR
Amano Agentevêasituaçãopo-
Amano
líticacommuitapreocupação.Estamoscommedoatédoqueonovo presidentedos Estados Unidos (Donald Trump) irá fazer. A gente procura fazer nossa parte, mas a situaçãopreocupa,poisna cidade o comércio está sem movimento e as pessoas reclamando. A gente tem sorte porque o impacto da crise na agricultura não foi muitogrande.Sebemqueagentenão temaopçãodedeixaraterraparada,poisexistetodooinvestimentoemmaquinárioe,senãoplantar, o mato toma conta e depois será preciso gastar para limpar a área. A agricultura nãopode parar.
GR
Amano
GR
GR
Qualo papelda agropecuária no momento atual? Amano
Ocampovemsustentando a economiaaté agora.Esperamos, para o futuro, é que receba incentivos, pois no mundo boca para comer sempre aumenta e a área cultivada não cresce.
Édifícilexplicar.Achoque essa determinação de continuar plantandovemdafamília,estáno sangue. É prazeroso trabalhar na roça, plantar e ver tudo crescendo, frutificando. GR
Qual a suaformação?
Eu me formei em engenharia elétrica em 2009, na Universidade Estadual do Norte do Paraná.Aideiadetrocaraagronomiapelaengenhariaelétricafoida minha mãe, dona Sônia, que não queriaqueeuficassenaroça,pois acha umaatividade de muitorisco e sofrimentos. Mas nãoadiantou.Meformeievolteiparaajudar o pai, dar continuidade ao trabalho da família.A minha irmã, Marina,éjornalistaetrabalhanaárea de produçãoartística, em Sorocaba(SP). Voumecasarnoanoque veme,quandotiverfilhos,pretendodara opção a eles. Mas,se continuarem na roça, vão me deixar bastante feliz. Amano
Evolução do desmatamento (em km ) 2
4 1 8 . 1 1 0 7 8 . 8 9 9 9 6 7 5 2 0 8 . 6 5 6 . . 1 . 5 5 5 5 8 0 2 . 7 8 4 7 . 0 3 0 . 3 1 4 7 . 1
2004
41%
5 4 1 . 7
15-16*
6 4 3 . 2
3 3 3 . 4 8 7 6 . 2
5 2 0 7 3 . 5 3 8 1 . 8 . 2 1
2016
PARÁ
2004
6%
15-16*
8 5 2 . 3 9 0 4 1 2 1 0 . 7 . 7 1 8 1 5 7
9 3 1 . 1
MATO GROSSO
1 8 5 0 0 7 6 . 5 . 0 . 1 1 1
2016
35% 8 5 4 8 . 4 3 2 . 9 3 4 1 0 . 1 6 2 6 . 3 2 5 1 1 3 3 4 . 2 5 1 8 3 6 7 9 8 8 7 6 4 4
2004
RONDÔNIA
15-16*
4 0 9 3 3 . 0 . 1 1
2016
54% 15-16*
2 3 2 . 1
1 7 2 1
9 9 0 . 1 5 8 7 8 7 7
0 4 1 0 6 6
5 3 9 2 3 8 0 5 0 2 5 0 5 5 5 5 0
8 2 7 2 9 5
2 1 7
4
2004
2016
AMAZONAS
47% 15-16* 8 9 3
5 5 7
ACRE
2016
4 1 7 6 3 6
8 2 8 2 1 7
25% 15-16*
3 6 0 9 4 7 3 9 1 6 5 9 6 2 2 0 2 2
9 8 9 5 3 9 0 0 4 0 4 5 8 3 1 3 6 5 4 2 2 2 2 2 7 8 2 6 1 1
2004
2 2 9
2004
MARANHÃO
2016
4 7 5
34% 1 1 3 1 3 2 3 3 1
15-16*
9 0 3
6 5 2
1 2 1
0 7 1 1 4 4 1 2 1
9 1 2
6 5 1
9 0 2
1 7 2 8 5 1
40% 3 6
2004
RORAIMA
2016
2004
4%
15-16* 4 2 1
7 0 1
15-16*
4 1 9 7 0 7 0 2 6 5 5 4 4 5
TOCANTINS
0 8
2016
0 0 1 0 6 6 7 3 6 9 3 0 5 7 3 1 5 4 4 3 3 3 2 2 3 2 2
2004
AMAPÁ
2016
*Fonte: Prodes/Inpe
Brasil se comprometeu a acabar com o desmatamento ilegal até 2030 e o Estado deMato Grosso prevê seu fim até 2020. “Estamos em 2017 e não há nada convergindo para isso. Pelo contrário, o índice de desmatamento ilegal só aumenta”, diz Guimarães. Naopinião do ambientalista, tantogoverno federalquantoestadualvão se sentir pressionados pela metaassumida e issoservirá deimpulso para aumentaras açõesde fiscalizaçãoe prevenção.
Para o Imazon, essa pressão se reflete na imagem do Brasil. Até 2012, o desmatamento seguia baixando e, assim,o país estava em uma situação positiva aos olhares externos. A partir de 2013, o númerovoltou a subir e o Brasil passou a serobservado de outra maneira. “Se o desmatamento continuar subindo, viramos os vilões. E isso, alémde ser um problema ambiental severo, refletiria negativamente em toda a economia”, prevê Veríssimo.
Apesar dos números não mostrarem muita esperança, tanto o Imazon quantoo ICV mostram-se otimistas em relação ao tema. Para ambos, se as medidas de fiscalização necessárias forem tomadas, há grandes chances de zerar o desmatamento ilegal até 2030. “O governo tem todos os instrumentos na mão e os desmatadores não têm legitimidade alguma na sociedade”, conclui o pesquisador do Imazon.
©3
Adalberto Veríssimo, pesquisador do Instituto doHomem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon)
| GLOBO RURAL 19
CAMPO ABERTO
LIVROS
O QUE ESTOU LENDO
por Vinicius Galera
[email protected]
Antes de tudo, um forte Livro destaca a história e as características do curraleiro pé-duro, raça tipicamente brasileira
S
Jorge Lara, veterinário e
chefe geral da EmbrapaPantanal
retrata o ca‘‘E sselivro minho do Big Bang até
ertanejo, o curraleiro pé-duro é, antes detudo, umforte.OriginadadeespéciestrazidasdaPenínsula Ibérica e introduzidas nos Estados do
NordesteedoCentro-OesteapartirdoRioSão Francisco,araçase desenvolveunoSemiárido
nordestino, onde encontrou aclimatação ideal, princi-
palmentenoPiauí.
Durante anos, foi o pé-duro que puxou os arados e os carros de boi que ajudaram o sertanejo. No século
passado,essegadoseviuameaçado,comaintrodução
de raças zebuínas e europeias e cruzamentosdesordenados.Nesse contexto,a Empresa Brasileira dePesquisaAgropecuária, como apoio da associação dos criadores,formouumnúcleodeconser-
vação no Piauí. Além da história, esse livro, da
lavra de um especialista, destaca as características e a impor-
tânciadosrecursosgenéticosda CURRALEIROPÉ�DURO � GERMOPLASMA ESTRATÉGICO DO BRASIL AUTOR: Geraldo MagelaCôrtes Carvalho EDITORA: Embrapa PREÇO: R$30 COMO ADQUIRIR: Informaçõespelo
telefone(86)3198-0535e peloe-mail
[email protected]
raça selecionada “naturalmente por séculos” para enfrentar “as adversidades locais”, além de demonstrar o esforço dos cria-
doresparapreservarosanimais damiscigenação.Ogado,“taurino tropicalmente adaptado para serusadoemregiõesquentesdo
Brasil”, tem tambémo mérito de “converter alimentos
debaixaqualidadeemalimentosnobresepossibilitara
convivência do homem em regiões semiáridas”.
o surgimento do homem. Às vezes, os homens relativizam tudo, colocando a humanidadeno centro das coisas, mas somos apenas mais um capítulo de uma história bem mais longa. E nem somos o último capítulo. Para alguém como eu, que tem o Pantanal como ambiente de trabalho, onde a natureza claramente ainda manda nas coisas, é fácil encontrar aderência desse discurso à realidade. Nas grandes cidades, é mais difícil identificarmos essas relações, mas elas estão acontecendo a todo momento. Acreditoque somos apenaspassageiros noplaneta,nãodominamos muitoas coisase ainda temos depedir licença parasobreviver.Não seráa fabulosatecnologia quenosprotegerá, masas nossasrelaçõescomo universo.Seráqueestamos conscientes dequepertencemosaalgobemmaiorequeamaneiraque nosadaptamos às mudançasqueocorrem a nossa volta irá definiro tamanho docapítulodoserhumanonahistóriadascoisas?O importante é como nos relacionamoscomo ambientee quantoextraímosdele. Aplico isso em meutrabalhobuscando formas sustentáveis de usodoespaçorural.” BREVEHISTÓRIADE QUASE TUDO AUTOR: Bill Bryson EDITORA: Companhia das Letras PREÇO: R$72,90
Nas prateleiras ORGÂNICOS – MARCOS, DESAFIOSE COMUNICAÇÃO AUTORA: LucianaJuhas EDITORA: LCTE PREÇO: R$46
22GLOBORURAL |
VIAGEMÀ BAHIADO CACAU AUTOR: ValdemirCunha EDITORA: Origem PREÇO: R$49,90
ALGODÃO– OS PIONEIROS QUE TRANSFORMARAM MATO GROSSOEM UMGRANDE PRODUTOR AUTORA: Martha Baptista EDITORA: Entrelinhas COMOADQUIRIR: pelo telefone (65)3925-1800ou peloe-mail
[email protected]
L A O S S E P O V R E C A / O Ã C A G L U V I D ©
SOJA
Colheita antecipada Texto Raphael Salomão
A
* Fotos Ernesto de Souza
s estimativas privadas e do governo apontam para uma só direção: o Brasildevecolher, pela primeira vez, mais de 100 milhões de toneladasde soja. Asprojeções oficiaismostram que foramsemeados 33,9milhões dehectares,2%amaisquenasafrapassada. O volume colhido pode chegar a 102,4 milhões de toneladas, um crescimento de 7,3% na produção nacional.
26 GLOBO RURAL |
As boas condições climáticas favoreceram o plantio na época certae permitirão aosagricultores colher maiscedo. A consultoriaAgRural calculaque de 20%a 25%da soja em Mato Grosso deve ser colhida no primeiro mês do ano. O volume é estimado em torno de 7,3 milhões de toneladas. “Avançamos cedo no plantio e será um anomuito positivo. O mercado está aquecido, a soja vai continuar crescendo e dando rentabilidadeao produtor”,
©1
O mercado está aquecido e a soja vai continuar crescendo e dando rentabilidade ao produtor NERI GELLER Secretáriode Política Agrícola
O Ã Ç A G L U V I D 1 ©
Os 9,36milhões de hectares plantados devem render 30,46 milhões de toneladas de soja.
“A soja deu sorte porque, se comparar quanto tem de produção, os estoques nos Estados Unidos e a perspectiva para o Brasil, os preços poderiam estar bemabaixo”,diz o diretor de commodities da INTL FCStone, Glauco Monte.
Nos Estados Unidos, as estimativas mais re-
centes do Departamento de Agricultura (USDA) indicam uma colheita de 118,69 milhões de toneladas no ciclo 2016/2017. Os es-
A Abiove prevê demanda firme e preço acima deUS$10por bushel
produto no mundo”, analisa
Paulo Souza, sem estimar um
toques devem saltar de 5,36 milhões para 13,08 milhões de toneladas. O preçomédio ao produtor localpodevariardeUS$8,70aUS$10,20 por bushel.
diz o secretário de Política Agrícola do
Ministério da Agricultura, Neri Geller, que acredita ser possível ter números ainda maiores. Dadosdosetorprivadonãosãomuitodiferentes. A consultoriaAgRural, por exemplo,espera 101,8milhões de toneladas.Nomêspassado,aconsultoriaINTL FCStone revisou sua estimativa para102milhõesdetoneladasdogrãoem umaáreade33,58milhõesdehectares.
por bushel.
A Abiove estima a safra brasileira 2016/2017 em 101,7 milhões de toneladas de soja. O mercado externo deve comprar 58 milhões em forma de grão. “A ofertaé maior,mas a demanda está respondendorapidamente. A Chinanão para de comprar”, avalia Trigueirinho.
da Cargill para a Amé-
ritmo de trabalho de campo. Diferente-
melhante. Ele também
mente da safra passada, severamente prejudicada pelo fenômeno El Niño.
vê uma demanda global positiva, mas reforçaqueomercadoconsidera não haver risco no abastecimento. “O mercado internacional está precificando um cenário em que é difícil o preço subir. Se a
rendimento nas lavouras. EmMatoGrosso,maiorprodutornacional,o Instituto de EconomiaAgropecuáriadoEstado(Imea)prevêprodutividademédiade54,05sacasporhectare.
Se há pouco espaço para subir, a cotação também não deve cair, avalia o secretário-geral da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais, Fábio Trigueirinho, que acreditaem demanda firme, o que manteria o preço internacional da soja acima de US$ 10
tação americana. Se isso acontecesse, sobraria mais estoque e pressionaria o preço também”, acrescenta. O diretor da cadeia de suprimentos rica do Sul, Paulo Sou-
sível acelerar o plantio e esperar bom
nível de preço.
Para Glauco Monte, foi a demanda aquecida pela soja americana na fase inicial do ano agrícola que deu suporte aos preços. No entanto, mesmo mantendo o ritmo, o volume de sobra para estasafraaindaéalto.“E,seodólarficar maisalto,oBrasilvoltaaficarcompetitivoepodecortarumpoucoessaexpor-
De modo geral, a avaliação é que o clima favorável proporcionou um bom
Com a melhora das condições, foi pos-
produção sul-americana confirmar o projetado, é difícil. Tem bastante
sa, faz avaliação se-
A indústria também deve processar mais soja: 41 milhões detoneladas(+4,59%). Além da maior oferta de grão, pesa a favor o aumento da mistura de biodiesel no diesel
Indicador da sojaParaná (porsacade60kg)
1 1 , 6 6
2 4 , 5 6
2012 2013 Fonte:Cepea
8 6 , 4 6
2014
4 3 , 8 6
2015
1 6 , 7 7
2016
convencional. Prevista emlei,emmarçodeste
ano, a proporção passará para 8%, devendo chegara10%em2019.
| GLOBO RURAL 27
Preço do milho - média Campinas (SP) (porsacade60kg)
4 3 , 9 2
6 5 , 6 2
1 4 , 6 2
8 5 , 8 2
2012 2013 2014 2015 Fonte:Cepea
9 2 , 4 4
2016
2016, o indicador do Cepeaoscilava em tornodosR$38pelasacade60quilos.
MILHO
Em Mato Grosso, a média do Imea es-
Depois doElNiño
O
tava próxima dos R$ 25. A expectativa é de recuperaçãodos volumes, com mais milho no verão e boa produtividade na colheita do meio do ano. A Conab acredita que só a se-
gundasafra deve ofertar 56,07milhões de toneladas,levandoo Brasila umacolheita total de 83,81 milhões. A INTLFCStoneestimaque a produçãopodesuperar90milhõesdetonela©1
das. Para Glauco Monte, tamanha pro-
que se desenha nesta safra não se via há
Em Mato Grosso, o Imeaanotou média superior a R$ 35.
dução regularizariao quadro de ofertae demandaelimitarianovasaltasnopre-
alguns anos. Depois de sucessivas perdas de espaço, o mi-
“O milho teve algo fora da curva, principalmente pelo cenário interno. No mercado internacional, o preço estava abaixo da média, ao contrário
ço do cereal. Ele observa que há limite
lhoverãodeveganhar área.ACompanhiaNacionaldeAbastecimento (Conab) prevê 5,54milhões de hectares(+3%)ecolheitade27,7milhões detoneladas(+7,3%)apenasnoperíodo. Para a Conab, os produtores foram estimulados pelos preços, que dispararam em 2016. As cotações bateram
do que houve internamente”, resume Glauco Monte, diretor de commodities da INTL FCStone. O milho que seria exportadofoi redirecionado para a demanda doméstica. Na tentativa de segurar a valorização, o governo vendeu estoques públicos
e permitiu a importação do cereal recordes em regiões de referência, refletindoafortequebradasedos Estados Unidos, enquangundasafrademilho,provoto já se comprava de países Governo tem do Mercosul. cadapelofenômenoclimáR$ 1,9 bilhão tricoElNiño.Oindicadordo Ascotaçõesseacomoem caixa para apoiar a Cepea/Esalq chegou a uldaram do meio para o fim comercialização trapassar os R$ 50 a saca. do ano. Em dezembro de
do cereal
32 GLOBO RURAL |
para quedas. O suporte viria do dólar e da paridade de exportação. “Um dólar
mais alto é o únicosuporte quea gente teria, a não ser quehaja uma quebra de safra”, diz ele. Esperando pela supersafra, o governo considera a possibilidade de atuar no mercado.OsecretáriodePolíticaAgrícola do Mapa, NeriGeller, garante ter no caixa R$ 1,9 bilhão, que podem ser usados emcontratosdeopçãoouleilõesdePEP e Pepro, para subsidiar o escoamento. “Se necessário, vamos entrar. Mas
o produtor tem de ficar atento ao mercado.Deu margem,vende a produção”, recomenda Geller. Raphael Salomão
I S S O R O L U A P 2 , A Z U O S E D O T S E N R E 1 ©
FEIJÃO
A safra brasileira deveserde 11,5milhõesde toneladas, 8,5% maiorqueem 2016
©2
ARROZ
Tendência é de estabilidade
O
Área volta a crescer
O
anopassadofoi histórico para o feijão.A que-
bra da safra 2015/2016 fez o preço disparar. A saca de 60 quilos do carioca superou R$ 550 ao produtor. No varejo,o preço foi às alturas e o produto virou o vilão da inflação. “A perda (de safra) foigrandeefez com que se importasse feijão preO Brasil to dos Estados Unidos, o que não importou cereal dos Estados ocorria há mais de 20 anos”, lem-
Unidos, o que nãoocorria há maisde20anos
mercadodearroznãodevepassarporgrandesvariaçõesde preçoneste ano.A produçãodeveaumentarna safra 2016/2017,mas sucedeum ciclo marcado porqueda nosestoques,como afirma o pesquisador Lucílio Alves, do Centrode Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
bra MarceloLüders,da Correpar.O
“Não há fatores que indiquem choque muito grande de preço, seja para alta ou baixa. Podemos ter momentos de repique: um preço menor no pico de s afra, uma sustenta-
milhões de hectares (+4,5%), nos três ciclos anuais do feijão. Só o primeiro deve ter 1,105 milhão de hectares (+13%). Mas elepondera: maiores que na safra passada, as áreas têm sido menores que a média histórica. Con-
çãonosegundosemestre,masnadaqueleveachoquestão expressivos”,resume.Prejudicadapeloclima,aproduçãono ciclo 2015/2016 foi de 10,6 milhões de toneladas, segundo a CompanhiaNacional deAbastecimento(Conab).Foramquase 2 milhões a menos que na temporada anterior (12,4 milhões). O país importou 1,3 milhão de toneladas e exportou 1,1milhãodetoneladas.Eosestoquespassaramde962.000 para 315.000 toneladas. Nasafra2016/2017,aConabestimaqueoBrasildevecolher 11,5 milhões de toneladas, 8,5% a mais, apesar da área menor. Lucílio Alves, do Cepea, ressalta, no entanto, que essa diferença de 900.000 toneladas
emcomparaçãocomasafrapassadaequivaleaum mês de consumo. Pouco para mudar o quadro de oferta interna. A disponibilidade não deve ter grandes alterações para
o ano de2017. Raphael Salomão
Indicador do arroz no RS (porsacade50 kg,tipo1,58/10, postoindústriaRioGrandedoSul,àvista)
4 3 , 1 3
0 8 , 3 3
8 2 , 6 3
8 9 , 6 3
2012 2013 2014 2015 Fonte:Cepea
9 7 , 5 4
2016
Brasil costuma trazer o produto da Argentina e da China. A safra 2016/2017 deve ser diferente. A Conab prevê produção 23,6%
maior: 3,107 milhõesde toneladas,em umaáreade 2,964
siderandoisso, o custo de produção e umapercepção de
compradores pouco estocados, o produtor dificilmente aceitará menos de R$ 150 pela saca de 60 quilos. Ele acredita que um feijão carioca de boa qualidade (nota 8 ou9) podechegara R$200a saca. Detalhe, dizele: no geral,deve crescer o plantio de outrostipos de feijão.Em 2016, o consumidor já varioucom o preço alto. E, diferentemente do carioca,se a demandainterna não for boa,é possívelexportar,casodo feijão preto. Geralmente de 10%
a 15% mais barato, o feijão preto deve ter neste mês preço interno maior que o carioca, acredita ele. Comparado com dezembro, um deve cair, mas não a ponto de alcançar o outro, que também deve ter uma
acomodação.
Evolução da produção de feijão (emmiltoneladas)
6 0 8 . 2
3 5 4 . 3
0 1 2 . 3
3 1 5 . 2
4 7 0 . 3
2012/13 2013/14 2014/15 2015/16 2016/17
Fonte:Conab
Raphael Salomão
| GLOBO RURAL 33
SEMENTES
Sindiveg estima que mercado ilegal movimente US$ 3 bilhões no Brasil
©1
DEFENSIVOS
Pressão do contrabando
O
cenário para o setor de defensivos agrícolas em
2017 é de estabilidade. O Sindicato Nacional da Indústria de DefesaVegetal (Sindiveg)aindanão fechou suaprojeçãopara o ano, masacreditaque
Maior valor agregado
C
om resultadosabaixo do esperado nosúltimos anos, o setor de sementes está encontrando forças na agregação de valor. E isso vem se dandoprincipalmentena culturada soja, produto que representa mais de 70% do mercado sementeiro do Nova Brasil.Três safras depoisde ter sido tecnologia tem vida útil lançada no país,a tecnologiaIntacameaçada sem ta,que combina genes de alta prooplantiodo dutividade com tolerância ao glifo-
sato e promete resistência às principaispragas do campo, é a aposta da
refúgio
o faturamento das empresas será semelhante ao de 2016,
indústria para ganhar receita e mercado,
estimado em US$ 9,1 bilhões. O valor, se confirmado, é um dosmaisbaixos já registrados nosúltimos cincoanos. Só de 2014 para 2016,houveuma quedade25%, destacaa diretora executiva da entidade, Silvia Fagnani. Elaexplicaqueaquedasedeveàentradadeprodutosilegais no mercado, quese intensificoudepoisdo surto deataquesdalagarta Helicoverpa armigera. “Estamos conduzindo um estudo que, pela primeira vez, vai calcular o movimento do mercado ilegal. Estimamos hoje que seja em torno de US$3bilhões,eoimpactodissoénegativoparaaeconomia dopaíseparaoprodutorrural,alémdepôremriscoasegurança alimentar dos consumidores”, ressalta a executiva.
segundo Jorge Attie, analista que monitora o segmento na consultoria Céleres. Ele afirma que a variedade já é a
O setor, que é totalmente dependente das importações de ativos para a formulaçãodosprodutos,diz estar vulnerá-
vel diante das incertezas econômicas e, sobretudo, daforteoscilaçãododólar.
“É impossível não sofrer com a variação cambial. De 2015 para 2016, muito da queda do faturamento das empresas se deve ao dólar. A indústria não conseguiu repassar os valores para o produto final”, afirma Silvia. Cassiano Ribeiro
34 GLOBO RURAL |
mais plantada nas lavouras brasileiras. Um levantamento
realizado pela empresa indica quecerca de 60% da área cultivada com soja na safra 2016/2017 foi ocupada pela Intacta, considerada a segunda geraçãode transgênicos. “Oagricultor viu que a tecnologia funciona – mesmo sendo bem mais cara em relaçãoàs tecnologias anteriores –, é mais produtiva e eficiente no controle de lagartas.
Por outro lado, vemos que há um número muito grande de produtores que não está fazendo o manejo correto,
sobretudo o plantio do refúgio, que é recomendado pela própria empresa detentora da patente. Isso é um problema sério, porque pode gerar resistência e ameaçar a vida útil da tecnologia”, alerta Attie. Cassiano Ribeiro
Vendas de defensivos no Brasil
©2
(emUS$bilhões)
5 , 1 1
2013
5 2 , 2 1
6 , 9
1 , 9
1 , 9
2014 2015 2016 2017*
Fonte:SindicatoNacionaldaIndústriade DefesaVegetal(Sindiveg) *Projeção
FERTILIZANTES
Tendência de queda Entrega de adubo (emmilhões detoneladas)
0 7 , 0 3
2013
0 2 , 2 3
2014
0 2 , 0 3
1 4 , 1 3
0 5 , 3 3
2015 2016* 2017**
Fonte:AssociaçãoNacionalparaDifusãodeAdubos(Anda) *Acumuladodejaneiroa novembro **Projeçãodeconsultoriasprivadas
cionarmaisde2milhõesdetoneladas ao longo desteano. Nocaso da China,
o paísdeveganharcompetitividadee exportar mais seus produtos. A demandamundial estáarrefeci-
da.SegundoRezende,oúnicopaísque ©3
A
produção mundial acima da demanda e a maior concorrência no mercado internacional vão engrossar o exces-
sodeofertadefertilizantes,oquedeve © 1 T H I N K S T O C K ,2 J O S É M E D E I R O S ; 3 M A R C E L O C U R I A
produtores rurais americanos e chi-
“Os Estados Unidos devem reduzir a
nesesconcentramsuascompraspara anovatemporada.Demarçoemdian-
áreademilhonapróximasafra.Aculturaéaquemaisrecebeadubo.China eÍndia,quecrescerammuitonosanos
te,porém,aperspectivaéqueospreços voltem a sofrer retração. “Devem ficar pelomenos estáveis, com maior possibilidade de baixa quede alta. No
formuladoseincentivarmaioresinves-
casodosfosfatados,porexemplo,tem bastanteproduçãoaentrarnomerca-
timentosnocampo.AopiniãoédeFá-
do”, avisa o analista.
pressionar para baixo as cotaçõesdos
bio Rezende, analista de mercado da INTL FC Stone, que acom-
panhaomercadodeadubos. Segundo ele, a tendência é de valorização nos primeiros meses deste ano, período em que os
tem elevado, ainda que timidamente, seu apetiteporfertilizantesé o Brasil.
O Brasil é o único país ondeademanda por fertilizantes cresce
Rezende lembra que China, Marrocos, Arábia Saudita e outros países do Oriente Médio planejam expandir a produção de fertilizantes em 2017. Sozinho, Marrocos deve adi-
2000, agora estão saturados”, afirma. A Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) não faz proje-
çõesdeentregasdeadubos,masressalta que a relação de troca de grãos por fertilizante ainda tem sido favorável aos produtores de soja e milho,
queveemoinsumopesandocadavez menos sobre os custos. Projeções de consultorias privadas indicam um novo recorde de entregas em 2017:
33,5 milhões de toneladas. Cassiano Ribeiro
| GLOBO RURAL 35
BOI
Incerteza no cocho Texto Sebastião Nascimento
O
ano de 2016 não foi dos melhores para a pecuária de corte brasileira. A avaliação é de Alcides Tor-
res Júnior, diretor da Scot Consultoria, de Bebedouro (SP). Custos altos da ração do gado, principalmente do milho, expectativa frustradaem relaçãoà cotação da arroba–
esperava-se que atingisse até R$ 170 – e inflação em alta desestimularam o setor, principalmente os confinamen-
38 GLOBO RURAL |
tos, relata Torres. Além disso, o consumo interno caiu, por conta do aumento
dita que o preço supere a casa dos R$
dodesemprego,cujataxafoia12,5%.Já
Nocasodasexportações,eleobser-
as exportações cresceram em volume, mas a projetada espiral de alta no faturamento não aconteceu.
va quea valorização do dólar – chegou
O diretor da Scot lembra que o pico da cotaçãoda arroba registrado no ano
passado,deR$150/R$153,jáhaviasido alcançado em 2015. “Houve estabilidade e perda de margem se desconta-
da a escalada inflacionária nos últimos 12 meses”, ele afirma. Torres não acre-
150 em 2017.
a R$ 4 – beneficiou os embarques no início do ano, porém, o real valorizou e a receita refluiu. “Ressalto que o volume exportado aumentou e o Brasil retornou a mercados importantes, como Estados Unidos e China, assim como o Japão deve voltar às compras. A Associação Brasileira das Indústrias Eportadoras de Carne (Abiec) pro-
O B O L G . D E / A Z U O S E D O T S E N R E 1 ©
jetou que osembarquestotalizarão 1,54 milhãodetoneladasem2017,11%maior quenoanopassado.Emreceita,osembarquesdecarnedeverãosomarUS$6 bilhõesem2017–avançode9%emrelação aos US$5,5 bilhões de 2016.
2017, o volume de animais confinados
ousemiconfinadospodevoltaracrescer diantedospreçosmaismoderadosdareposiçãoetambémdaprovávelquedados custos da ração (milhoe farelode soja). Da parte dos frigoríficos, Fábio Dias, diretordaJBS,ilustrabemadinâmicado setor no ano passado e sua expectati-
Segundo Fernando Saltão, diretor
da Associação Nacionalda Pecuária Intensiva(Assocon),onúmerodeanimais confinadosem2016devecairentre 18% e20%emrelaçãoa2015,quandocerca de 5 milhões de bois foram fechados.
va para 2017 economizando palavras: “Foi pouco boi para abate e muita carne.” Significa que o produto sobrou e o preço da arroba ficou estabilizado em
“Milho, sorgo e soja caros e menor
2016.Paraesteano,háfortesindicações
consumo internode carneforam fatores limitantes.”Saltãoadiantaqueoconsumo per capita de carne bovina no Bra-
de mudança de mão, com uma oferta
maior de bois e pouca carne. GuilhermeMelocomplementa:“Aretençãodevacas,queocorredesde2014, combinadacomumaumentodaprodutividade
sil pode ter caído de 36 quilos para 27
quilosem2015,umtombo expressivo. “Lembro
que80%daproduçãode carneé destinada à mesa do brasileiro. Os 20% restantes são exporta-
dos.”Nototal,aprodução édecercade9,5milhões de toneladas ao ano. Guilherme Melo,analista de agronegócio do Itaú BBA, acredita que, durante a entressafra de
da pecuária no Brasil, Indicador do boi gordo (por arroba*)
nosfazpreverqueteremos, em 2017, aumento da disponibilidade de bois para abate”. Melo acredita que o aumen-
*Descontadooprazode pagamentopelataxaCDI/Cetip
0 8 , 4 9
4 6 , 2 0 1
9 2 , 6 2 1
2 4 , 5 4 1
2012 2013 2014 2015 Fonte: Cepea/Esalq
Não acredito que a cotação da arroba do boi gordo fique acima de R$ 150 neste ano
9 0 , 3 5 1
2016
to podevir acompanhado do incremento do peso médio
ALCIDES TORRES Diretorda Scot Consultoria
da carcaça, dada a perspectiva de boas
condiçõesclimáticaspara as pastagens. Alcides Torres e Fernando Saltão afirmam que 2017 será de incertezas,
com pontos críticos, como menor poder de compra das famílias, por conta do desemprego, juros ainda altos, cotação da arroba estabilizada e outras
condicionantes, principalmente as dúvidasquantoàeficáciadasmedidasdo governo Temer. “A economia e a política continuam patinando no Brasil”,
diz Torres. Outro fator negativo surge com a posse do novo
Aquedado preço do milho deve reduzir os custos da engorda nos confinamentos
presidente dos EUA, Do-
naldTrump,esuasmedidas protecionistas. No caminho, porém, as boas notícias estão
presentes.Aprimeira,segundo Torres e Saltão, diz respeito à cotação do milho,
queestá recuando e deve suavizaroscustosdaengorda.“Aschuvassão constanteseregularesnasregiõesprodutoras de grãos e cereais, como milho, cuja safra é robusta também nos EUA”,
diz Torres. A reposição, caso do bezerro, fantasmaqueassombra as fazendas nosúltimos três anos, ficou mais barata em2016erecuouparaR$1.050porcabeça em regiões onde o pecuarista pagavaR$1.200/R$1.300,observaSaltão. “E pode cair mais neste ano.”
| GLOBO RURAL 39
©1
FRANGO
Otimismo na granja Texto Sebastião Nascimento
O
mercadodeavespas-
rá menor (8,47 milhões de toneladas, ou4%inferioraos8,84milhõesdetoneladas de 2015). O consumo interno
sou incólume pela crise em 2015. No entanto, em 2016, a per capita, quevinha tonificado, igualmentecedeue pode ficar em 41,1 quieconomia em queda, a explosão do los por habitante, índice 4,9% menor queos 43,2quilosde 2015.Conforme a desemprego e indefinições políticas afetaram o setor, junto com a variaABPA, o brasileirodiminuiu a demanda por contada penúria de empregos ção do dólar. A produção de carne de frango deve chegar que corroeuo seu poaos 12,9 milhões de der de compra. “Jáas exportações toneladas em 2016, Produção brasileira de frango volume 1,8% inferior de carne deverão se(em milhões de toneladas) *Previsão ao produzido em 2015 guirem ritmo diferen(13,1milhões de tonetedomercadointerno, ladas), de acordo com encerrandoo anocom dados divulgados peelevaçãode 2% em re 5 , 3 1 la Associação Brasilação a 2015, com to a 3 3 7 9 1 , , , , , leira de Proteína Anital de 4,39 milhões 2 2 3 2 3 1 1 1 1 1 de toneladas. Em mal (ABPA). 2013 2014 2015 2016 2017* A disponibilidade Fonte:ABPA 2015, o total embarinterna de carne secado foi de 4,30 mi-
40 GLOBO RURAL |
lhões de toneladas”, informa Francisco A exportação Turra, presidente deve subir 5% da ABPA. Segunnesteano, por conta do apetite do ele, em receita daChinae do cambial, os emOriente Médio barques deverão chegar a US$ 6,875 bilhões, resultado 4,1% inferior aosaldo de 2015, que foi
de US$ 7,169 bilhões. A receitacom o comércio internacional de carne de frango supera tanto a apurada com bovinoscomo suínos. “Entramos 2017 com uma visão mais otimista. A previsão é de elevaçãode3%a5%tantonaproduçãocomo na exportação do setor”, adianta Francisco Turra. Tambémo consu-
mo interno deve melhorar. “O ano de 2016chegou aofinal comperspectivas
melhores que as manifestadas ao fi-
O B O L G . D E / E D E M A M S A C U L 2 ; O B O L G . D E / I L O Z O P A C O N A I L I M E 1 ©
Boas condições sanitárias são determinantes para o Brasil conquistar novos mercados FRANCISCO TURRA Presidente da ABPA ©2
OVOS
naldo primeiro semestre. É fato que a crise econômicafez o nívelde consumo refluir e afetou o setor deproteína animalcomoumtodo”,diz.“Maspartedos fatores queinfluenciaram o cenário está mais amena.” O presidente da ABPA cita como exemplo a cotação do milho, que fe-
chou 2016no patamar deR$ 40 a saca.“É significativamente menor queos valores de meses atrás”, diz TambémostatussanitáriodoBrasil édeterminanteparaastransaçõesinternacionais,informao dirigente.“Foi decisivo em 2015 e 2016 e será também neste ano. Vários países afeta-
dospeladoençaconhecidacomogripe asiática,inclusive os EUA, sofrem bloqueio dos importadores e têm cedido espaço para o Brasil”, ele diz. Há 11 anos, o Brasil ocupa a liderança mundial das exportações de frango. No pe ríodo de janeiro a novembro do ano passado, a Arábia Saudita foi o maior comprador, com 680.000 toneladas, ou 17,2% do total negociado. A China, no entanto, se destacou. O país asiático impor-
tou451.000 toneladas, em comparação às 277.000 toneladas de 2015, ou 62,88% a mais. Já por região, a liderança fica com o Oriente Médio, que comprou 1,398 milhão de toneladas,
o quecorrespondea 35% domercado. A ABPA estima aumento das exportações em 5% neste ano, impulsionado pelo aumento da demanda
dospaísesdoOrienteMédioedaÁsia.
Exportação recua
C
Por sua vez, o conomocontinuouacessível ao bolso do sumo per capita no brasileiro, apesar da Brasil caiu ligeiO consumo queda geral de renramente no ano no mercado da, o setor de ovos passado, interinterno caiu rompendo uma sentiu menos o imapós quatro pacto da crise econômica que afeta sequência de anos seguidos de crescimento quatro anos seopaíseroubaempregos.Mesmoassim, registrou quedas na produção e guidos de crescimento, segundo noconsumo per capita ,informaaAssociação Brasileira de Proteína Animostram as estatísticas da mal (ABPA). ABPA. Foi de 191 unidades, em 2015, A estimativa para 2016 foi de propara 190, em 2016, variaçãonegativa duçãoaoredorde39,1bilhõesdeunide 0,7%. A produção de ovos neste dades, um recuo de 0,8% na compaanodeve serincrementada para 39,9 ração com os 39,5 bilhões do ano de bilhões de unidades, superando os anos de 2014 e 2015, prevê a ABPA. 2015. Já as exportações, que corresOs números divulgadospelo Inspondem a apenas 2% da produção, tituto Brasileiro de caíram mais. Elas devem totalizar 10.200 Geografia e Estatístoneladas (in natura e tica(IBGE) mostram Produção brasileira de ovos atendênciaderecuprocessados),volume (embilhões de unidades) *Previsão 45% inferiorem relaperação. Segundo o çãoaomesmoperíoIBGE, a produção de ovos de galinha aldode2015,queregiscançou 778,82 mitrou18.700toneladas. lhões de dúzias no A receita atingiu US$ 5 1 9 1 2 , , , , , terceiro trimestre de 13,324milhõeseficou 4 7 9 9 9 3 3 3 3 3 2016, um recorde na 37% menor em rela2013 2014 2015 2016 2017* ção aos US$ 21,147 Fonte:ABPA sériehistóricainiciamilhões de 2015. daem1987.
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©1
SUÍNOS
Ao gosto do chinês
A
suinocultura brasileira exportou 682.000 toneladas de carne de janeiro a novembro do ano passado, com elevação de 34% em relação a igual pe-
portações em 2015, quando adquiriu apenas 4 toneladas de carne de janei-
roa novembro,levou agora82,1 toneladas, ou 1.952% a mais. O bom desempenho das exportaçõesminimizou o complicado cenário
ríodo de 2015.Já o faturamentoempla-
cou US$ 1,374 bilhão, ou 14,84% mais que em 2015, que foi de US$ 1,197 bilhão. “Ano excelente para o setor no comércio exterior”, comemora FranBrasileira de Proteína Animal (ABPA). Tem mais: “A China, que foi o grande vetor do aumento, vai continuar comprando em 2017, o que leva a crer que as exportações de carne suína crescerão ainda mais nos próximos anos”, ressalta Turra. O país asiático,que retomou as im-
42 GLOBO RURAL |
íno, os custos médios para a produção foram 30% superioresaosobservados
to da alimentação, formaram um cenário ruim.” A oferta interna retraiu em 3,5%, com total de 2,9 milhões de toneladas- no anoanterior, o volume foi de 3,1 milhões de toneladas.
dutivos da Região Sul, o maior do país. Ricardo Santin, dire-
Evolução da exportação de carne suína (em mil toneladas)
8 2 , 3 1 5
4 6 , 0 9 4
cambial, consumo interno
em baixae crédito escasso,diminuiçãoda produção, somados aocusto al-
torde mercado daABPA,
7 7 , 6 7 5
rá-lo. Variação
Houve valorização de 55% no preço da saca de milho, mas ela irá refluir neste ano
internoda suinocultura.Devidoà valorizaçãode55%dasacademilho,principalcomponente daalimentaçãodosu-
em 2015,principalmente nospolospro-
cisco Turra, presidente da Associação
um ano sofrido, mas conseguimos supe-
3 1 , 2 4 5
6 1 , 0 7 6
2012 2013 2014 2015 2016 Fonte:AgroStat/MinistériodaAgricultura
diz que as exportações robustas sustentaram a atividade nas gran jas em 2016. “Não fosse o ótimo desempenho externo,a suinocultura
Peloladopositivo, o executivo cita o crescimento robusto das exportações para a China, somado à valorização da
carne bovina no mercado doméstico, quelevouà migração doconsumopa-
ra a suína e de frango. A ABPA prevê umaelevaçãode 2,4% naproduçãoto-
teriaumcomportamen-
taldosetor,quedevechegara3,7mi-
tomuitoruim” enfatiza. Francisco Turra faz um balanço positivo do setor em 2016. “Foi
lhões detoneladasem 2016, contra 3,6 milhões de 2015. O crescimentopros-
segue neste ano,afirma Turra. Sebastião Nascimento
O B O L G . D E / O R I M I S S A C O I R É G O R 2 ; O B O L G . D E / A Z U O S E D O T S E N R E 1 ©
LEITE
Entre altos e baixos
A
no ano passado, a propecuária leiteira viEle observa que, mesveu período de variaduçãorefluiu, obrigando mo assim, o brasileiro não deixou de comprar ções constantes em opaísagastarUS$360 Preço do leite ao produtor o leite fluido. “As famí2016. Teve momenmilhões com importa(em reaispor litro) lias abrem mão de ouções de leite. tos de preços bons Rubez lembra que a pagos no litro de leitrosalimentosmais soindústria chegou a pafisticados. Do leite fluite ao produtor, que propiciaram mar 4 gens razoáveis no cotejo com os cusdo, não.” gar R$ 1,70 pelo litro, 0 6 8 1 3 4 4 3 7 9 4 1 5 1 tosaltosdaalimentaçãodasvacas.Mas porém, essa cotação O Instituto Brasilei 8 3 , 0 0 0 , , , , 0 1 1 1 1 houve também queda significativa na ro de Geografia e Estanãosemantevee,nofi2012 2013 2014 2015 2016 remuneração, o que desequilibrou a nalde2016,amédiaes- Fonte:Cepea/Esalq tística (IBGE) confirma as informações de Rutava entre R$ 1,20 e R$ relação harmônica com as despesas, provocando perdas e desestímulos. O 1,35.“Odesempregofoi bez. Segundo o órgão, em 2016, a produção foi de aproximacenário foi desenhado por Joraumentando–hojeestáaoredor geRubez, presidente da Leite damente 35 bilhões de litros, queda de de 12,5% – e o consumo diminuiu. Com pouco dinheiBrasil, querepresenta ospe0,4% em relação ao ano anterior. DaO desemprego aumentou e ro, as famíliasdeixaram de cuaristas brasileiros. “Tudo dosdoinstitutoindicamque,noprimeio consumo indicava que haveria realado queijos, iogurtes e rosemestrede2016,houvereduçãona interno de ção diante de 2015, quanoutros derivados lácteos. captaçãodeleiteem6,4%nacomparaprodutos çãocom igual período de 2015. Os predoacotaçãodolitrodeixou Consequentemente, as inlácteos recuou ços pagos ao produtor acumularam ala desejar. Ela veio, mas não dústrias deixaram de vender e pagar bem o produtor”, diz. sesustentou.”Comonovidade, tassucessivas em 2016e atingiram valorhistóricoemagosto,deR$1,69(valor ©2 bruto). As altas dos preços, principalmente em julho e agosto, iniciaram um processode recomposição de margens que foirapidamente interrompido. Analista da Agroconsult, Maurício Nogueira confirmaque2016 foi um ano difícil e o atual também não será fácil. “Responsáveis por até 50% doscustos, milhoeoutrosgrãosenergéticosimpactaramospreços.”Nogueiraressalva que o cenário castigou o produtor de baixa tecnologiaefavoreceuoquedetémtecnologia.“O pecuarista tecnificadoconseguiu recuperar margem”, afirma. “O leite foi uma das poucas atividades em que as fazendas modernas e bem geridas conseguiram margem.” Sebastião Nascimento
| GLOBO RURAL 43
LARANJA
Novas preocupações
A
citricultura brasileiemdecorrênciadosesReconhecendo o ra viveu em 2016 um bom momento, o ditoques baixos de suco dos melhores anos de laranja e da pouca retor executivo da AsSafra delaranja emSP dos últimos tempos. oferta”, diz o presiden- (emmilhões de caixas de 40,8 kg) sociação Nacional dos A baixa oferta de late do Sindicato Rural de Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), ranja, decorrente dos Taquaritinga (SP), Marco Antonio do Santos. baixosestoquesdesucoedamenorsaIbiapaba Netto, diz que fra dos últimos 30 anos, elevou os preEm 2017, as expeca preocupação é outra. 3 9 7 4 , , , , ços a patamares inéditos. Entre julho e tativas são boas para “Quando olhamos os 3 6 5 0 5 6 8 9 9 8 3 2 2 2 2 novembro,os compradoresinternaciofundamentos da ecoprodutores e para a in2012 2013 2014 2015 2016 nais pagaram US$ 2.447 por tonelada, nomiacitrícola,vai tudo dústria.“Oclimaajudou Fonte:IEA uma das maiores cotações já registramuito bem, mas a deeoprodutorinvestiuum das na história do setor de suco. poucomaisemaduboe manda continua sendo em defensivos”, explica Santos. um ponto importante”, diz. O cenário se refletiu no mercaO Brasil detém 80% do mercado exdofísico.Emdezembro,acaiA safra deste ano deve terno da fruta.No setor de sucos, a parxa de laranja foi negociada ser maior e, a exemplo da Os produtores ticipação é de 34%. Ambas as posições anterior, remunerar bem a R$ 25, segundo o Cenestão otimistas tro de Estudos Avançatambém. “A expectativa devemsermantidas.“Oproblemaéquea easafra2017 dos em Economia Aplié positiva, a procura pela categoriasucodiminuiu,eaídiminuipara de laranja deve ser maior cada (Cepea-Esalq/USP), indústria é grande. Já outodomundo.Quempassaporproblemas éosuco”,dizNetto,apontandoamigravalor 83% acima do regisvimos falar em caixas para çãodoconsumocomooprincipaldesatrado em 2015 e 154% maior contratoaR$27.Vocêtemum na comparação com2013. “Quem fio da indústria para 2017. preço melhor e uma safra melhor no pé”, afirma o dirigente sindicalista. Vinicius Galera não fez contratosspot vendeua R$ 27, ©1
46 GLOBO RURAL |
HORTALIÇAS
Tomate a preço baixonafeira ©2
CACAU
Anoseráde recuperação
O
K C O T S K N I H T 3 E 2 ; O B O L G . D E / A Z U O S E D O T S E N R E 1 ©
mercado brasileiro decacau deve se recu- Produção brasileira de cacau perar em 2017. (emmil tonela das — outubroa setembro) No ano passado, a produçãofoi afetada pelo clima, que atingiu a Bahia, responsável por 70% da pro 0 8 0 1 2 3 1 4 dução do fruto no Brasil. 2 2 1 2 “Outros Estados não fo2013/ 2014/ 2015/ 2016/ 2014 2015 2016 2017 ram afetados, mas quanFonte:INTLFCStoneInc. dohá quebrana Bahiatodoopaíssente”,dizoanalista de mercado da FC Stone, FábioRezende.O resultado foi uma quebrade 40% na safra. Segundo ele, entre outubro de2015 e setembro de2016, a produção foi de140.000 toneladas. Para 2017, a previsão é que o volume alcance 210.000 toneladas, crescimento de50%, masdistanteainda das240.000 toneladasregistradas na safra anterior. “A produção na Bahia começou a melhorar nosúltimos dois meses, mas,em compensação, os preços pagos aos produtores despencaram mais de 10% nos últimos meses”, diz o consultor de mercado TomasHartmann. Paraele, a demanda, tanto no Brasil quanto no Nesteano, a mercadointernacional, continuará fracolheita deve ser melhor, ca em 2017, mas a situação deve memas os preços lhorar diante da queda dospreços,que, continuam a exemplo dospreços internos, contibaixos nuarão nos atuais níveis baixos.
O
climanão deveafetar a produção
de hortaliças neste ano, ao contrário do que ocorreu em 2016, quando produ-
tos como tomate e batataviraram “vi-
lões da inflação”. A previsão é que o fenômeno LaNiña atinja as áreasprodutoras combaixaintensidade,impul-
O clima deve favorecer o aumento da área plantadae da produtividade
sionando a produtividade e o aumento da área plantada. Masserá preciso encontrar meiosde escoar a produção maior. “O clima propiciará maior produtividade, mas o agricultor deveficar atento, porque será preciso encontrar meios para escoar o excedente”, alerta a analista do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) Larissa Gui Pagliari. “E o consumidor ainda estará financeiramente apertado.” De acordo como instituto, em 2017a economiaenfraquecidacontinuará a influenciar o setor na busca do equilíbriode mercado e investimentostecnológicos.“A recuperaçãoserálenta,o índice de desempregoconÁreaplantada de tomate tinuará alto e o poder de compra (em hectares) do brasileiro reduzido”, diz. “Mas haverá uma reduçãonos preços de hortaliças.” A recuperaçãoda economia
deve vir somente em 2018 e até lá, segundo Pagliari, os in-
vestimentos tecnológicos no campo devem continuar em segundo plano.
2 8 7 . 4 6
2 8 7 . 4 6
1 7 4 . 4 6
5 7 0 . 5 6
3 1 1 . 8 5
2011/ 2012/ 2013/ 2014/ 2015/ 2012 2013 2014 2015 2016 Fonte:IBGE
Viviane Taguchi ©3
Vinicius Galera
| GLOBO RURAL 47
©1
CANA
Investimento à vista Texto Viviane Taguchi
A
s tentativas de dialogar com o governofederal, para elaborar uma política pública para o etanol, vinham direcionando os esforços da cadeia produtiva da cana-de-açúcar havia pelo menos dez anos. Essa falta de enten-
dimento foi apontada como um dos fatores que afogaram o setor numa crise nas últimas cinco safras. No dia 13 de dezembro, esse diálogo finalmente aconteceu, emBrasília(DF),onde representantes da indústria, produtores e governo se reuniram para traçar as diretri-
48 GLOBO RURAL |
zes do RenovaBio 2030. “É a melhor notíciadosúltimosanosparaacadeia produtiva de biocombustíveis”, afirma Antonio César Salibe, presidente
abrange setores da agroindústria e da tecnologia (caso
executivo da União das Indústrias de Bioenergia (Udop).“O anode 2017 será especial para o setor.” O anúncio do RenovaBio foi sentido como a salvação, que injeta ânimo
gunda geração).”
e pode trazer de volta investimentos priProdução de cana-de-açúcar no Centro-Sul
vados ao setor da canaaindanesteano.“É
(em milhões de toneladas)
uma estratégia posi-
*Até15deDezembrode2016
tiva para o país, e não
7 , 2 3 5
7 9 5
3 , 1 7 5
7 , 7 1 6
* 0 0 6
2012/ 2013/ 2014/ 2015/ 2016/ 2013 2014 2015 2016 2017 Fonte:Unica
apenas para o setor sucroenergético”, destacaSalibe.“ORenovaBio contemplaas cadeiasprodutivasdo etanol, biodiesel, bioquerosene e biogás,
do etanol de se-
Após dez anos, indústria e governo alinham estratégias de políticas públicas para o etanol
O projeto é um plano do governo em parceria com a iniciativa privada para elevar a 18% a participação dos combustíveis verdes na matriz energéticaaté2030,umadasmetasbrasileiras no Acordo do Clima. Para isso, o Brasil terá de produzir 50 bilhões de li-
tros de biocombustíveis.Hoje, segundoaUniãodasIndústriasdaCana-de-
Açúcar (Unica), a produção nacional, apenasdeetanol,éde28bilhõesdeli-
tros. “É o início de um novo ciclo, que unevontadepolítica,interesseseconômicos, demandas ambientais e regras de mercado”,resume o diretortécnico
K C O T S K N I H T 2 ; O B O L G . D E / I L L A N A R O I G R É S 1 ©
As variáveis não controláveis, como o clima, dificultam a precisão, mas a safra será menor ANTONIO DE PÁDUA RODRIGUES Diretor técnicoda Unica
daUnica,AntoniodePáduaRodrigues. Segundo o Ministério de Minas e Energia, para cumprir a meta, será
©2
ORGÂNICOS
Expansão permanente
necessário atrair US$ 40 bilhões em
investimentos,que virão da iniciativa privada,e gerar 750milempregos em 1.600 cidades. “A elaboração de políticas públicas dão segurança para os investidores voltarem”, diz. Ele conta que,nos próximos meses, uma legis-
E
termômetro desse momento, além O setor vendeu de configurarem
m2016,osetordeali-
mentos orgânicos faturou R$ 3 bilhões, crescimento de 25% em relação a 2015.
oportunidade de
R$ 3 bilhões em 2016, 25% amaisqueem 2015, segundo a Organics
do momento econômico, o coordenador executivo da Organics Brasil, Ming Liu, confia na tendência de um consumo fiel à qualidade dosprodutos, orientado pela prevenção. “Percebemos que, mesmo coma
ofertas a preços mais acessíveis. Hoje, de acordo com a Organics, existem 600 feiras no Brasil. “A expansão de feiras é um sinal de que, apesar de o orgânico ter o estigma de ser caro, o mercado está achando formas
economiafragilizada, existe uma pre-
do consumidorter acesso direto e de
sermenor, pois os canaviais estãoen-
ocupação com a promoção da saú-
minimizar os preços”, diz Ming Liu.
velhecidos e a área com cana bisada (que sobrou da safra passada) é menor”, diz. “As variáveis não controlá-
de, dietas, atividades físicas,alimen-
veis dificultam a precisão.” A consultoria INTL FCStone apos-
tor”, diz. Liu acredita que o segmento, que acompanha a mudança de comportamento do consumidor, deve continuar forte nos próximos anos. As feiras nas capitais e grandes cidades nos últimos anos são um bom
laçãoserá apresentada para queo pro-
jeto seja executado a partir de 2018. Nocampo, o RenovaBio refletirá na safra2019/2020.Porenquanto, na sa-
fra que começa em abril (2017/2018), haverá menos cana que na safra anterior, que rendeu 600 milhões de toneladas. “Tudo depende do clima nos próximos meses, mas a tendência é
ta que a safra será 1% menor, de 590
milhões de toneladas, e que os próximos meses serão chuvosos nas regiõesprodutoras.O riscomaior é queos
canaviais sofram mais com o excesso de chuvas e a falta de luminosidade.
Chuvas fortes em março e abril também poderão atrasar o início da safra. Os preços devem continuar nos mesmos patamares praticados no
Neste ano,a expectativa é manter o mesmoritmo. Apesar
Outro movimentoque deve ocor-
tação saudável. O conjunto favorece o crescimentodo se-
rer nos próximos anos no Brasil é a entrada de grandes empresas no setor. A regularização, em Exportações de orgânicos 2011, é considerada (EmUS$ milhões) recente. Nos Estados Unidos e Europa, as grandescom-
5 , 9 2 1
0 3 1
6 3 1
2013 2014 2015 Fonte:OrganicsBrasil
0 6 1
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panhias chegaram após dez anos da regularização. “Não será muito diferente aqui no Brasil.” Vinicius Galera
ano passado,segundo os consultores. | GLOBO RURAL 49
FLORESTAS
Fraldas para a China Texto Viviane Taguchi
O
segmento de papel e celulose começa 2017 com um salto: passa de quarto maior produtor mundial de celulose para o segundo posto, à frente da China e do Canadá. Em 2016, a Klabin inaugurouumafábrica,noParaná,adicionando aomercado800.000 toneladasdecelulose,comoBrasilalcançando18milhõesdetoneladasaoano.Até o final de2017, a Fibria iniciará as ati-
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vidadesem uma nova indústria (produzirámais1,95milhãodetoneladas), em Três Lagoas (MS), mesma cidade que em 2019 terá nova fábrica, da Eldorado, queadicionará mais 2 milhões de toneladas de celulose ao mercado. Os lançamentos no setor acontecem desde 2010 e, segundo Elizabeth de Carvalhaes, presidente executiva do Instituto Brasileiro de Árvores (Ibá), órgãoquereúneas indústriasdo setor no Brasil, o ritmo não vai parar nospróximosanos,porquea demanda
só aumenta, principalmente na Ásia. “O planeta está abrindo as portas para o Brasil quando o assuntoé floresta, celulose, papel, madeira e sustentabilidade”, diz. “Existe um mercado imenso a ser conquistado e o Brasil é um dos poucos que têm potencial para atender a essas necessidades.” Omercadoexternoéofocodosegmento. O volume de exportações de produtosderivadosdasflorestasplantadasregistroualtamêsamêsem2016. Foramvendidos 10,7milhões de tone-
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No mundo ocidental (entenda-se HemisférioNorte), fornecedorestradicionais, comoo Canadá e a Alemanha, atingiram o limite, não têm áreasdisponíveisparaplantarmaisflorestas.As regiõesquenãopossuemáreasplantadassãoatingidasporinvernostãorigorososqueimpedema atividadesilvícola deter escalacomercial. “O consumo médio de papéis por habitante no Hemisfério Norte é de 250 quilos por indivíduo, enquantoa média de todos os outros paísesjuntos é de 58 quilos por indivíduo”,diz. “O Brasiltem áreasdisponíveis,sobrepastagensdegradadas, clima propício e as melhores variedades produtivas (clones) domundopara mantera demandaaquecida.” Na Ásia, as razões são outras. De acordocomoIbá,ocontinentevaiser o grande estimulador dosetor porque a China freou os investimentos eminfraestrutura,mas passou Comfocono aestimularoconsumo.“Isso mercado externo, querdizerquecadavezmais o setor passa longe da crise e chinesescomeçama consuidentifica novos mir produtos (paraeles) nomercados vos, como papéis tecnológicos para impressão, papel ladas de celulose, 1,7 mihigiênico e fralda de bebê”, conlhão de toneladas de papel ta a executiva. “A demanda chinesa e 831 metros cúbicos de painéis por fraldas de bebêestá fazendo com demadeira,gerandoreceitadeUS$6,3 que as indústrias brasileiras produbilhões. Masnão é somentea demanzamuma celulose especial, a fluff. As da crescente que estimula o setor. “A fraldas vão alavancar as vendas nos questão ambiental está criando um próximosanos.” Atéhoje,na China, as novo mercado e, novamente, o muncriançaspequenasusamumacalçade do volta os olhos ao Brasil.” fundo aberto para não sujar as roupas. Ásia Estatísticasindicam Exportações de celulose Menos gases queademandaporpa(em milhões de toneladas) *Dadosatéoutubrode2016 Em 2007, a China péispara escrever deimportava14% da proveaumentar1%aoano, dução brasileira dececaixas e embalagens lulose. Hoje, eles com2,7%aoano.“Precisarepram40%daprodução. moster de20milhõesa 23milhõesdetoneladas adicionaispara atender
só a esses setores”,diz Carvalhaes.
5 , 8
4 , 9
6 , 9
5 , 0 1
* 7 , 0 1
2012 2013 2014 2015 2016 Fonte:InstitutoBrasileirodeArvores(Ibá)
Carvalhaesexplica que
isso não tem a ver somente com o acesso a novos produtos, mas
A demanda por produtos vem da Ásia, mas o fator ambiental também estimula o setor ELIZABETH DE CARVALHAES Presidente executiva do Ibá
também com a pressão ambiental que o país sofre. “É o maior emissor de gases de efeito estufa do planeta (12 bilhões de toneladas) e está sofrendo pressões para melhorar seus processos produtivos. Como eles não têmcomofazerisso,importamasma-
térias-primas produzidas com o menorimpacto ambiental, nestecaso, os produtos florestaisbrasileiros,”, diz ela.
Títulos verdes A disponibilidade de áreas, o clima, o manejo inteligente, que gera menos impactoambiental,alémdaengenhariagenética,comclonesdealtaprodutividade,colocam o Brasilnavanguarda.Emdezembro,autoridades brasileiras e investidores da Bolsa de Valores de Londres se reuniram para debater sobre os títulosverdes (green bonds). “É um novo mercado que se abre a partir da necessidade global de reduziros impactos ambientais”,explica Carvalhaes. Osgreenbondssãotítulosquepodemserusados para financiarinvestimentos considerados sustentáveis. “Asmetas doAcordode Paris (COP21) terão de serobrigatoriamente cumpri-
das porcada paíssignatárioaté 2030. Estamosestabelecendoasregrasdessenovomercadodecarbonoparavia-
bilizarmos a economia de baixo carbono”, diz Carvalhaes. A meta do Brasil é plantar 12 milhões de hectares de florestas.
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Ano para regularizar a situação fundiária Sem a certificação dos limites pelo Incra, não será possível vender imóvel com mais de 100 hectares Texto Luiz Ernesto de Oliveira e Viviane Castilho*
A
regularização do imóvel rural foi assuntorecorrentenos meios decomunicaçãoem2016:georreferenciamento, Cadastro Ambiental Rural (CAR), vinculação doscadastrosda ReceitaFederal e doInstitutoNacionalde Colonização e ReformaAgrária(Incra), fiscalização doImposto TerritorialRural(ITR) pelas prefeituras municipais. A definição dos limites do imóvel rural através de coordenadas georre-
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ferenciadas,com certificação peloIncra, já é obrigação para o imóvel com área acima de 100 hectares desde 21 de novembro do ano passado. Certamente, essaobrigaçãovai impactarosnegóciosnoanode2017,visto que, sem a certificação dos limites pelo Incra, não será possível vender, desmembrar ou alienar fiduciariamente o imóvel rural com área acima de 100 hectares. Detodomodo,ficaaressalvadeque o imóvelrural com descriçãoprecária de seus limites, independentemente
daextensão,tambémpoderáteropedido de desmembramento e transferênciade propriedade vetadopelo registro de imóveis. O georreferenciamento deve ser realizado por engenheiros civil, agrimensor,agrônomo,cartógrafo, tecnólogo, entre outros profissionais, com inscrição noConselhoRegionalde Engenharia e Agronomia (Crea) e credenciados junto ao Incra. A realização desse trabalho em campo e o registro em matrícula, de acordo com a extensão e a complexidade da área, podem demorar de seis a 12 meses, por conta das exigências impostas pelo oficial de registros de imóveis, que, usualmente, adota postura conservadora que resultaem processo administrativo, por vezes, só resolvido perante a Corregedoria do Estado. Por isso, os detentores de imóveis ruraisdevemseprogramarparaopróximo ano. A inscrição no CAR, que deveria serfeitaaté5demaiode2016,acabou sendo prorrogadapara 31 dedezembro desteano. Porém, os donos de imóvel rural devem ficar atentos, porque di-
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versos bancos e registros de imóveis, a despeito do prazo, exigem a inscrição imediata para financiamentos e transferências de propriedade. A inscrição no CAR pode ser feita pelo detentor do imóvel, porém, dada a complexidade das informações, é recomendável a contratação de um profissionalcomqualificação técnica, para evitar a recusa por parte do órgãoambiental.Adicaéqueainscrição seja feita quanto antes por profissionalqualificado,afimdeevitarsurpresas em 2017. LembrandoqueoPlanoAgricultura e Pecuária 2016/2017 destina R$ 185 bilhões aos produtores rurais para financiar investimentos, custeio e comercialização até 30 de junho.A partirde31dedezembro,osbancosestão proibidos deconcedercréditoagrícola a detentores de imóvel rural não inscrito no CAR. Avinculaçãodoscadastrosdeimóvel rural da ReceitaFederal e do Incra, quedeveriatersido realizadaaté 19de agosto de 2016,foi prorrogada para 31 de dezembro. Ou seja, o imóvel rural deveentrar 2017comos cadastros da ReceitaFederal e do Incra vinculados, paraevitarqueoCertificadodeCadastro de Imóvel Rural (CCIR) seja inibido e que haja inscrição de pendência na Receita Federal. AvinculaçãoéfeitaatravésdoSistemaNacional de CadastroRural (SNCR/Incra) pelo detentor do imóvel ou por profissional com qualificação. O próximo ano também promete uma intensificação, pelas prefeituras, na fiscalização do ITR. Dadosmostramque,nodecorrerde 2016, centenas de municípios se conveniaram à Receita Federal para adquirir legitimidade na fiscalização do ITR e no recebimento de 100% da receita advinda desse imposto.
Para saber se o município delocalização de seu imóvel está conveniado à Receita Federal, basta acessar: http://www.receita.fazenda.gov. br/Aplicacoes/ATSDR/TermoITR/ controlador/controleConsulta.asp. O detentor deimóvel rural deveinformarascaracterísticaseaformade utilização do imóvel para cálculo do ITReclassificaçãofundiáriapeloIncra. OsdadosinformadosàReceitaeao Incra devem ser os mesmos, do contrário,nãoserá possívelrealizara vinculação doscadastrosjá mencionada. Atravésdascaraterísticasdoimóvele dosdadosdeusosãoapuradosovalorde impostoa serpagoe suaprodutividade. Ovalordoimpostoestáatreladoao valor da terra nua, determinado pelo municípioouEstado de localizaçãodo imóvel,eaograudeutilizaçãodaterra: quantomaior a área explorada,menor será o imposto. Jáa produtividade do imóvel é calculada de acordo com a extensão da área e o tipo de exploração. Todo imóvel rural para ser considerado produtivo deve atingir no mínimo 80% do grau de exploração da terra (GUT) e 100% do grau de eficiência de exploração (GEE). O imóvel abaixo desses índices é classificado como improdutivo e estásujeito à desapropriação pelo Incra. A declaração deve ser apresentada à Receita anualmente no mês de setembro, juntamente com o Ato Declaratório Ambiental(ADA) ao Ibama, paracontroledasáreasnãoaproveitáveis e de interesse ambiental. *Luiz Ernesto de Oliveira é sócio da GuedesNunes, Oliveira e Roquim- Sociedade de Advogados; Viviane Castilho é a advogada responsável pela área de direito fundiário da Guedes Nunes, Oliveira e Roquim
Conheça os prazos JANEIRO/2017 Georreferenciamentopara áreas acimade 100hectares Penalidade: proibição de venda, desmembramento e alienação fiduciária
Vinculaçãodos cadastros da ReceitaedoIncra Penalidade:inibiçãode emissãodoCCIResituaçãodependêncianaReceita
SETEMBRO/2017
Entregadeclaraçãode ITR inibiçãodeCNDITR,multaejurosdemora
Penalidade:
EntregaADA Penalidade: cobrançade ITR sobreáreasinexploráveis
InscriçãonoCAR Penalidade: proibição de venda, desmembramento e alienação fiduciária
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AGENDA
6a10
30a9
Não-Me-Toque (RS) (54) 3332-3636 www.expodireto.cotrijal.com.br
Londrina (PR) (43) 3378.2000
[email protected]
Expolondrina
Expodireto Cotrijal
21a23
Expoagro Afubra ©1
6 a10 Show Rural Coopavel Cascavel (PR) (45) 3225-6885 showrural.com.br
18a20 Showtec
Maracaju(MS) (67) 3454 2631 portalshowtec.com.br
25a28
Itaipu Rural Show Pinhalzinho (SC) (49) 3366-6546 itaipururalshow.com.br
JANEIRO
©2
FEVEREIRO
8 a 1 0 Femagri
Rio Pardo (RS) (51) 3713-7700 afubra.com.br/expoagro
21a24 Show Safra
Lucas do Rio Verde (MT) (65) 3549-1161 fundacaorioverde.com.br
16a18 27 Abertura Oficial da a
Colheita do Arroz Cachoeirinha (RS) (51) 3211-0879 federarroz.com.br
MARÇO
PRINCIPAIS EVENTOS ABRIL
MAIO
JUNHO
3 a 7 Tecnoshow Rio Verde (GO) (64) 3611-1525 tecnoshowcomigo.com.br
9 a12 Parecis Super Agro Campo Novodo Parecis(MT) (65) 3382-2491
[email protected]
25 Congresso de Zootecnia de Precisão Florianópolis (SC) (11) 4013-1277 zootecniaprecisao.com.br
o 1Agrishow a5
16a20 Agrobrasília
Ribeirão Preto (SP) (11) 3598-7834 agrishow.com.br
Unaí (MG) (61) 3339-6542 agrobrasilia.com.br
4 a14 Expoingá
24a27 Rondônia Rural Show
Maringá (PR) (44) 3261-1700 expoinga.com.br
Ji-Paraná (RO) (69) 3216-1085 rondoniaruralshow.ro.gov.br
10a11 Fenagra Campinas(SP) (11) 2384-0047 fenagra.com.br
54 GLOBO RURAL |
20
Guaxupé (MG) (35) 3696-1000 femagri.cooxupe.com.br
3 0 a 3 Bahia Farm Show Luís Eduardo Magalhães (BA) (77) 3613-8000 bahiafarmshow.com.br
O B O L G . D E / A I R U C O L E C R A M 5 ; O B O L G . D E / A Z U O S E D O T S E N R E 3 E 2 ; O Ã Ç A G L U V I D 6 E 4 , 1 ©
22a25 Fenasucro & Agrocana Sertãozinho (SP) (11) 3060-5000 fenasucro.com.br
25a24/9 Expoflora Holambra (SP) (19) 3802-1421 expoflora.com.br
26a3/9 Expointer
©3
Esteio (RS) (51) 3458-8543 expointer.rs.gov.br
8 a10 Fispal Food Service
26a3/9 TecnoCarne
17
Nordeste 2017 Convenções de Pernambuco Olinda (PE) http://fispalnordeste.com.br
São Paulo Expo São Paulo (SP) (11) 3598-7800
[email protected]
11a12 27 ExpoIjuí o
Fenadi - Fenilact Ijuí (RS) expoijuifenadi.com.br
DO AGRONEGÓCIO JULHO
©4
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
NOVEMBRO
DEZEMBRO
6a8
12a14 8 Simpósio Tecnologia de
Expovinis
Produção de Cana-de-Açúcar
São Paulo (SP) (11) 3253-7052 expovinis.com.br
Piracicaba (SP) (19) 3417-6600 fealq.org.br
o
6a8
31a3/8 Feacoop
BeefExpo São Paulo (SP) (19) 3305-2295 beefexpo.com.br
Bebedouro (SP) (17) 3344-3000 coopercitrus.com.br
21a23 Hortitec Holambra (SP) (19) 3802-4196 hortitec.com.br
2 8 a 1o/7 Megaleite Belo Horizonte(MG) (34) 3331-6000 girolando.com.br ©5
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3O PRÊMIO
Integração em primeiro lugar As propriedades vencedoras apostam em tecnologias que permitem cultivar grãos, florestas e criar gado na mesma área
R
ealizar um trabalho sustentável no campo é um aprendizado constante, que nunca cessa e todos os dias nos ensina algo de bom.” Com essas palavras, o fazendeiro Álvaro Grohmann Neto emocionou o público presen-
um fazendeiropode ter”,disse ele, ao lado do engenheiro agrônomo
e gestor da propriedade, Adilson Kazuo Kozama.
AFazendaModeloIIéapioneirana adoção da tecnologia de in-
tegração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). “Aprendemos com
vidade agrícola, apenas a pecuária. “O desafio foi inserir umaati-
vidade sobrea qual não tínhamos conhecimento para melhorar os pastos, e então hoje temos a floresta também”, disse ele.
Assim como a Modelo II, a segunda colocada no 3 o Prêmio Fazenda Sustentável apostou na in-
sistema que funciona para nos-
tegração para alavancar os negócios. Em Pinhão, no Paraná, o agrônomo Silvino Causconseguiu
sa realidade”, afirmou Kozama. A
driblar as dificuldades de um pro-
dutor de médio porte intercalan-
da Modelo II, localizada em Ribas
propriedade de 7.661 hectares era repleta de solos arenosos e pastosdegradados no início dos anos
do RioPardo (MS).“Essereconhe-
2000.Na região, nãoexistia a ati-
o
te na cerimônia do 3 Prêmio FaFabrizzia Borsari, supervisora de marketing da Ford, apresenta a Ranger aos vencedores
cimento é o maior incentivo que
zenda Sustentável, no dia 6 de dezembro, em São Paulo. Álvaro é um dos proprietários da grande vencedora desta edição,a Fazen-
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nossoserros, e issofoi fundamental para quepudéssemos criar um
do as atividades agrícolas e pecuárias com o cooperativismo. “So ja, milho, sorgo no verão, pasto no
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Metodologia e visitas técnicas:
inverno e uma floresta preservada. Umaatividade complementaa outrae a cooperativanospermite manter a competitividade comos grandes produtores”, disseele. “A mata trazmais benefíciospreservada do que explorada.” Incentivo Leonardo Tavares, coordena-
Metodologia:
Patrocínio:
inversãotérmicaefoiomognoque
resolveu esse problema.” As três fazendas vencedoras têm programas socioambientais, investem na comunidade, incentivando a fixação do homem no campo e oferecendo mais qualidade de vida aos colaboradores, além de cumprirem toda a legis-
lação trabalhista e ambiental.
doragrícola doGrupoMontesanto Tavares,de MinasGerais, também
“Precisamos nos desapegar das regras antigas e nos rein-
apostou em florestas nas fazen-
ventar. É possível produzir sem agredir o meio ambiente”, resume Kazuo. O Prêmio Fazenda Sustentável é uma iniciativa da G R econtacomaparticipaçãodeRabobank, WWF e da Fundação Espaço ECO, instituições responsáveispor desenvolvera metodologiaerealizarasvisitastécnicasàs fazendas finalistas. O prêmio tem patrocínio da Ford Ranger.
dasdafamília.Eleéoresponsável pelotrabalhodesenvolvidona Fazenda Primavera, em Angelândia (MG),terceiracolocadano prêmio. A Primavera produz café arábica para exportação e encontrou na
integraçãocom o mogno-africano
um diferencial. “Temos um grande potencialparaexpandirnossas florestas”, diz ele. “Não sabíamos mais o que fazer para controlar a
Leonardo Tavares, Silvino Caus, Adilson Kozama, Álvaro Grohmann e Bruno Blecher, diretor da G R
Realização:
As campeãs 1º
2º
3º
FAZENDA MODELO II Produzsoja, milho,feijão, eucalipto e gado de corte Ribas do RioPardo (MS) FAZENDA PORTEIRA VELHA Produzsoja, milho,trigo e gado de corte Pinhão (PR) FAZENDA PRIMAVERA Produzcafé e mogno-africano Angelândia (MG)
As finalistas FAZENDA RECANTO Atividades: café e eucalipto Cidade: Machado (MG) FAZENDA LOTE 15 � GRUPOTSUGE Atividades: café, abacate e lichia Cidade: Rio Paranaíba(MG) FAZENDA FORTALEZA � GRUPOKLEM Atividade: café Cidade: Luisburgo (MG) FAZENDA BARINAS Atividades: café e pecuária de corte Cidade: Araxá(MG) FAZENDA NOVA GERAÇÃO Atividades: soja e milho Cidade: CostaRica(MS) FAZENDA PLANALTO � GRUPOSLC Atividades: soja, milho,algodão e cana-de-açúcar Cidade: CostaRica(MS)
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justamente do fatode a cascada árvore ser utilizada naregiãocomoremédio.Resolvetudo.“Cortaânsia devômito,aruinzeiradocorpo.Minhamãeferviano leite todos os dias pela manhã. Até hoje, se alguém sesentemalnobarco,ésócortarumalascaemascar”,dizopiloteiroDouglasAlvesCardoso,de17anos. O pescador Geraldino Dias vive às margens do RioMiranda. Quando precisa,bastanavegar alguns minutos para encontrar um paratudal. “Criei as minhasquatrofilhasassim.Semvermífugo.Vocênem precisa descer do barco. Encosta e tira um pedaço. O único problema é que reclamavam do amargo.” A tradição local chamou a atenção de pesquisadores da UniversidadeFederal de MatoGrossodo Sul (UFMS).Desdequecomeçaramaanalisaroconteúdo da casca do paratudo, os cientistas já conseguiramcomprovarapresençadeumprincípioativocom ações anti-inflamatórias e vermífugas. “Ainda tem de tomar cuidado. Embora os efeitos benéficos tenham sido comprovados, ainda não foram estudadasasaçõescolaterais.Aplantapodeteralgumatoxicidade”, alerta o professor Carlos Alexandre Carollo, farmacêutico e um dos integrantes do grupo de pesquisa da UFMS. Os estudos também ajudaram a entender um pouco da ecologia dos ipês. O princípio ativo descoberto é o mesmo que provoca o forte amargor e é utilizado como mecanismo de defesa da planta. É transferido pelo néctar para insetos que, ao se alimentar, guardam a substância e afastam possíveis predadores. Assim protegem as árvores de pragas. É um daqueles benefícios mútuos da natureza. A substânciatambém ajuda narecuperação da árvore após incêndios, comuns na região nos períodos de seca. “É como uma pessoa com uma saúde de ferro. Jamais fica doente”, brinca Carollo.
FLORES
Aexplosãodeflorestambéméumaestratégiade sobrevivênciadoipê.“Écomoseaárvoreusassetodas as suas energias para produzir a maior quantidade de sementes possível, atrair uma quantidade imensa de polinizadores e, dessa forma, se propagar”,explicaa professora Lúcia Lohmann. A germinaçãocostumaser muitobem-sucedida. Quasetodasassementessetornammudas.Odesafioéchegaraosnovosterrenosquevãoocupar.Depoisdasflorespolinizadasedocrescimentodofruto, cabe ao vento carregar as sementes, que têm uma espécie de asa. Por isso, estar com os frutos prontos na hora certa é tão importante. A árvore tem de aproveitar a temporada de vento. É o primeiro alerta para algumas espécies deipê. A intensificação das mudanças climáticas causadas peloaquecimentoglobalestácolocandoemxequea estratégia de reprodução. A situação mais exemplar é a do Cerrado. “A regiãosempresecaracterizouporestaçõesmuitobem definidas.Agora,seachuvanãocomeçarnoperíodo certo,perdemos todoo esforço reprodutivodaquele ano”,explicaoagrônomoeprofessordaPUCdeGoiás Jales Teixeira. “Se chove antes da época, o vento nãolevaa semente. Se demoramuito para começar a chover, não há a germinação.” Commaisumagravante:noperíodosecodoCerrado,aumenta a importância do ipê na manutenção da fauna, principalmente dos polinizadores. “Uma abelha, por exemplo, nesta época, não tem muita disponibilidade de alimentos. Até a chegada da estação chuvosa, depende quase que exclusivamente do ipê”,acrescenta Jales. A consequênciapodesersentidajustamente por quem precisa dos polinizadores na temporada de
Ipê-rosa (à esq.) . Na sequência, floresta, toras e árvoresfloridas em Rondônia
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FLORESTA
A EXPLOSÃO DE FLORES, QUE ATRAI POLINIZADORES, FAZPARTEDAESTRATÉGIADESOBREVIVÊNCIADOIPÊ Ipê-rosa na Rua Pedroso de Moraes, em São Paulo (à esq.) . Na sequência, Lúcia Lohmann, bióloga e professora do Departamento de Botânicada Universidade de São Paulo
chuva:os agricultores. Segundo o professorda PUCGO,nãohámaisespaçoparaumareduçãonaquantidade de ipês no bioma. “A visibilidade que a árvoretemnaépocadafloraçãonoslevaaumafalsavisão de que a população é grande. Mas não é a realidade. Está restrita somente às áreas conservadas.”
Amadeiraétãobem-sucedidanaAmazôniapor causademaisumademonstraçãodopoderdeadaptação do ipê. A árvore mais uma vez ganha características próprias. Torna-se uma gigante como as
Um pouco mais ao norte, já em terras amazôni-
companheiras amazônicas. “Comoplanta ornamental,emcidades,ficapequena.Alémdisso,aoseplantarisoladamente, a árvorebifurca. Não tem a forma que permite o bom uso da madeira. No meioda floresta, o ipê tem de buscar luz, competir com outras
cas, a realidade já se sobrepôs à ameaça. O ipê é a
árvores. Por isso, alcança tamanhos maiores”, ex-
árvoremaisvisada pelos madeireiros ilegais.Desde
plicao engenheiroflorestalPatrickReydams, gestor daAmata,umadasempresasquerealizamomane-
MADEIRA
a moratória da exploração do mogno, passou a ser
a madeira mais valiosa. O metro cúbico pode ultrapassar US$ 2 mil. “Fazo crime compensar”, conta o chefeda FlorestaNacionaldoJamari,emRondônia,ÁquilasMascarenhas, do ICMBio. Ele é responsável pelos 215.000
hectaresdaunidadedeconservação.Parteestáconcedidaà inciativa privadaparao manejosustentável de madeira. O restanteé umaluta diária. Numa manhã de setembro, funcionários do Instituto Chico Mendessaíramem maisuma operação, acompanhados da Polícia Ambiental. O objetivo era localizar exploradores ilegais de madeira dentro da Flona do Jamari. Precisaram de menos de duas horas para fazer a primeira apreensão. Flagraram um jovemde 16 anos.Sem habilitação, ele dirigiaum caminhão para os madeireiros. O rapaz é da cidade de Cujubim do Oeste (RO). O município vive quase que exclusivamente da madeira. Há serrarias por toda parte e um passar ininterrupto de caminhões carregados com toras.
Todos sabemque muitos são ilegais. Mas a situação se resume na frase de um antigo morador. “Aqui ou vocêtrabalhacommadeiraounãotrabalha”,dizEdsonSantana, na cidade há 30 anos.
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jo na Flona do Jamari. A madeira do ipê é procura-
daporserdura,resistenteaofrioeaocalor,alémde não sofrer ataques de pragas. É muito utilizada paraáreas externas, para a construção dedequespara jardins ou piscinas. Apenascercade1%damadeiraretiradapelaempresa na Flona do Jamari é de ipê. “Assumimos em 2009.A unidade já haviasido alvo deexploraçãointensa.Nãoéfácilencontraraespécie”,dizReydams. “Porcausadapequenaquantidade,acabamosusando como moeda de troca. Oferecemos a madeira do ipê e já apresentamos outras para tentar criarmercado para as demais espécies.” Quem tem madeira certificada foca no mercado externo. Basta fazer umabusca porinstaladores de dequesepisosforadoBrasilparaperceberquantoo ipê brasileiro é procurado.UmdosprincipaismercadossãoosEstadosUnidos.Diversascidadesamericanas construíram seus calçadões, bancos de praças ou portos com a madeira. Talvez poucas pessoassaibam,mascaminhamoudescansonumantigo ipê a todo momento. *João Vito é jornalista da TV Globo
IDEIAS
LUIZ JOSAHKIAN
Coma carne sem medo
A
biologia evolutiva sem-
pre depara com questões fundamentais: como os seres vivos se diversificaram e se tornaram o que são atualmente? A genética tem fornecido grande parte dessas respostas. Desde que a ciência estabeleceu que os genes são unidades funcionais ativadas por eles mesmos e pelo meio ambiente e que esse sistema é continuamente submetido a forças seletivas naturais, ganhamos muito em conhecimento. Vamos retroceder no tempo.Uns200milanoséosuficiente. Podemosimaginaras vastasplanícieshabitadas pornossos ancestrais Homo sapiens . Elesnãoestãovestidossegundoamodadomomento,nãoestão conduzindo carros e sequer cultivam um roçado defeijão ou arroz. Eles caçam. São eminentemente carnívoros e irão se submeter a esse padrão de sobrevivência por séculos e só os mais adaptados sobreviverão e se tornarão nossos ancestrais atávicos. Um fio biológico de DNA, uma cadeia contínua de genes, passada por gerações, nos liga a esses primeiros seres humanos. Genes, como unidades, funcionam de forma aparentemente simples. O que os tornam maravilhosamentecomplexos é que genes ativam genes, que, por sua vez, ativam outros genes, em uma cascata de acontecimentos bioquímicos atordoante. Essa ativação de genes resulta também da interação comomeioambiente,oqueinclui a alimentação. Se nossos ancestrais aprenderam, ainda que ins-
tintivamentee impulsionados por sua(nossa)constituiçãogenética, que comer carne é bom, não há razãopara todasas críticasatuais. Fonte de proteína, ferro, zinco, aminoácidos, vitamina B12 e com baixo valor calórico, a carne não só é nossa natural condição biológica, mas também um alimento fundamental na nutrição humana. Proteínas são constituídas de aminoácidos e, entre eles, novenão sãosintetizados pelo organismohumano. Estudos recentes mostram que a carne vermelha é uma ótima fonte. Destaque para a alanina, precursora da carnitina, que evita a sarcopenia precoce (aquela perda lenta e irremediável de musculatura a partir da fase adulta), e para a taurina, ausente nos vegetais, que atua como antidiabético, anticanceríge-
no e antiobesidade. Já o bicho papão das gorduras é outra distorção criada. Gorduras proveem deácidos graxos essenciais e são fundamentais na absorção das vitaminas A, D, E e K. Sãofontes concentradas de energia.Aindatemos o zinco,que atua na síntese de DNA; o fósforo, com importante função no metabolismo dosnutrientes e que, associadoaocálcioeàvitaminaD,agena formaçãoóssea.O ferro existente nacarneémaisdisponíveldoque o encontradonosgrãose somente nela o encontramosem suaforma heme, a que melhor se ajusta aos padrões bioquímicos das hemoglobinas. É uma excelente fonte de vitaminas do complexo B, lembrando quea vitamina B12,só encontrada em produtos de origemanimal, é essencial na síntese deDNA,compõe o núcleo celular e atua nos processos de crescimento e desenvolvimento. E o injustiçado colesterol? Um nome que só de ser mencionado provoca medo. Ele está no centro de uma intrincada rede comutadora de síntese de vitamina D, hormônios, saisbiliares,entreoutras. Nosso cérebro trabalha imerso em colesterol. O caos dos extremos é uma lição da importânciadoequilíbrionanatureza.A mensagem é clara: dietas de baixo colesterol devem ser restritas somente àqueles geneticamente dotadosde excesso de colesterol. Coma carne sem medo. Contudo, lembre-se, que nenhum alimento sozinho, por mais valor biológico que apresente, é capaz de atender a todas as necessidades nutricionais humanas.
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LUIZ JOSAHKIAN é zootecnista, especialista emprodução de ruminantes e professorde melhoramento genético, alémde superintendente técnicoda Associação Brasileira dos CriadoresdeZebu (ABCZ)
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PECUÁRIA
Matrizes vigiam atentas seus bezerros meios-sangues nelore com rubia gallega
A indústria de terneiros Laboratório do Grupo Roncador, a Fazenda Mantiqueira aprimora pacote tecnológico que permite abater animais aos 11 meses e com 354 quilos Texto Sebastião Nascimento * Fotos Rogerio Albuquerque, de Pindamonhangaba (SP)
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O
acerto para a entrega do bezerro é anual. De um lado, o pecuarista Pelerson Penido DallaVechia, de 41
ria-lavoura, passando pelosemiconfinamento ao pé da vaca (assim Peleco denomina a engorda final, na
anos, conhecido por Peleco, titular
pasto e também vai ao cocho), até a cruza industrial.
da Fazenda Mantiqueira, de Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba,
Para que toda essa tecnologia de ponta proporcioneresultados compensadores,a fazenda investe em pastagens e lavouras de milho, além do mane-
qualobezerropermanecesemestressecomamãeno
interior paulista. Na outra ponta, os representantes do grupo varejista Pão de Açúcar.Após a assinatu- jo correto e do bem-estar do gado. Na Mantiqueira, ra do contrato, todo mês são abatidos 150 terneiros, cadaatividade é individualmentecontroladapor um que atingem 350quilos entre 11 e 12 meses. A carne programaespecíficode computador. “A diretriz está é destinada aos supermercados da rede. “Alta tec- na superação constante dos objetivos”, diz Peleco. nologia e eficiência máxima em todas as etapas do processo de engorda permitem a pontualidade na entrega de animais de qualidade e nos propiciam
Larga escala
um extra pela arroba de 20% acima do indicador de
foram iniciadas há 20 anos,são replicadas em outras
preços do boi do Centro de Estudos Avançados em
três fazendas do grupo em cidades de MatoGrosso.
Economia Aplicada (Cepea/USP) ”, afirma Peleco. O bezerro meio-sangue entregue ao supermer-
Por lá, os números sãogigantescos. Numa delas, em
cado é fruto do cruzamento industrial entre o tou-
roda raça rubia gallega, natural da região da Galícia, na Espanha, com o indiano nelore. “A rubia gallega
As experiências de sucessona Mantiqueira, que
Querência, no nordeste do Estado, são feitas 30 mil IATFs ao ano. No total, o Grupo Roncador, cujo bra-
MANTIQUEIRA EM NÚMEROS
ço agropecuárioé formado por quatropropriedades,
inclusive a Mantiqueira, realiza40 mil IATFs ao ano, uma das raras experiências desse porte no Brasil. “A Mantiqueira é o laboratóriodo Grupo Ronca-
ÁREATOTAL
ja bezerros pesados”,diz Peleco. Jáo neloreé extremamente rústico e íntimo do clima tropical.
dor.Este ano,estamos dando continuidadeaouso da
2.438 ha
IATF em MatoGrosso,paraproduzirbezerros, e dei-
3.500 matrizes
O pacote tecnológico empregado na Mantiqueira para a produçãoquaseuniformede bezerrose decarnepremium aolongodo anovai desdea inseminação
xando de usar touros a campo nas vacas pela pri-
ABATE DE BEZERROS
meira vez por lá”, diz Peleco. Localizada ao pé da serra escarpada que levao mesmo nome, a Mantiqueira é um laboratórioa céu
150 aomês
fornece uma carne macia, de pouca gordura e muito saborosa. Além disso, ajuda a abreviar o abatee for-
artificial em tempofixo (IATF)e a integração pecuá-
3.154 hectares ÁREADE PASTO E LAVOURA REBANHO
GANHODE PESO
1,2 kg/dia
A receita do sucesso A combinaçãodas tecnologias possibilitao abate dosanimaisaos 11 meses,pesando354quilos
rubia gallega (macho)
IATF (Inseminação Artificialem Tempo Fixo) Éfeitaoanointeiro e nãoapenas noiníciodas águas,como é comum. Elimina a entressafra. A bezerradanasce todo mês
INTEGRAÇÃO LAVOURA E PECUÁRIA O milho é plantado em outubro. Após a colheita, os bovinosentram na palhada e ficamaté outubro seguinte. O cereal é outra fonte de renda
SEMICONFINAMENTO Espaçoamplo no pastoeliminao aperto do confinamento. O bezerro, quefica ao ladodamãe,entraaos7/8meses,pesa222kg e está pronto aos 11mesese354kg
TESTE DE TOUROS São selecionados e irãodoar sêmensomente aqueles que apresentam melhor desempenho quanto ao peso do bezerro na época de desmamaenoabate
VENDA DIRETA Os contratos de entrega dos bezerros são feitos diretamente com oGrupoPãode Açúcar. Nãohá intermediário. O varejistapaga um bônusde20% pela arroba
CRUZAMENTO INDUSTRIAL Oanimal resultantedo cruzamento nascecoma rusticidadedo indiano nelore etemacarne saborosa da raça espanhola rubia gallega
nelore
(fêmea)
bezerro F1
(meio-sangue)
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PECUÁRIA
ASEXPERIÊNCIASDECAMPOSÃOTRANSFERIDAS PARATRÊSFAZENDASGIGANTESDEMATOGROSSO necer material genético adiante”, observa Peleco. Segundo ele, é avaliado o peso alcançado pelo bezerro à desmama e no abate. “Selecionamos sempre os touros que dão melhores resultados. Na safra 2015/2016, a taxa de prenhez por IATF é de
59,23%. Haverá avanço expressivo em comparação a 2013/2014, quando o índice foi de 51,03%”, diz. Namaioriadasfazendas, a IATF é comumentefei-
tano início daságuas, quando há maior disponibilidade de forragens. “É diferente na Mantiqueira, aqui não existe safra ou entressafra. Nascem bezerros
todos os meses. É a disponibilidade permanente de terneiros que evita a falha no compromisso com o varejo,que temnecessidade de fornecimento cons-
tante”, diz Peleco. Aocair da tarde, trabalhador conduz o rebanho para o descanso
aberto e o movimento é ininterrupto, 24 horas por
dia. São vaqueiros transportando a boiada, o mugido de vacase seus filhotes quando estão apartados uns dos outros, pequenos tratores abastecendo os
cochos enquantoa bezerrada bem nutrida se aproxima e plantadeiras espalham o milho pela terra. O pecuarista lembraqueo responsável pelo pro-
Eleinforma que nãoexiste intermediaçãoentre a Mantiqueira e o Pão de Açúcar. Os bezerros sãoabatidos numa planta da JBS na cidade de Santa Fé do
Sul (SP) e entregues à indústria. É outra vantagem. Os acertos são feitos diretamente, observao fazendeiro. A bezerrada nasce na fazendae permanece ao pé davaca. Aoscinco meses,elescomeçam a comer
jeto de desenvolvimento da carne rubia gallega na Mantiqueira é Eduardo Grandal, do Grupo GMC, de
Para cima, sempre
São Paulo. Ele introduziu a rubia no país. “As experiências aqui são ousadas e objetivam
Taxa (%)prenhez porIATF ao finalda estação
quebrar paradigmas”, afirma Peleco. Caso da IATF,
100%
que é repetida aos 30 dias, depois aos 60 e, a partir deste ano, aos 90 dias. “Essa sequência de IATF raramente ocorre em outrafazenda de corte.” No final de outubro, o protocolo da IATF era iniciado com 313 matrizes nelore. A taxa de prenhez
aguardadadas fêmeasé alta, supera os 96%,somadas todas as etapas da IATF. Após a segunda etapa (60 dias) deIATF,as vacasvazias sãodescartadas e substituídas. Devido às dificuldades para reposição rápida das fêmeas é que vai ser repetida a IATF aos 90 dias, diz Peleco. A Mantiqueira já está produzindo a quarta safra de bezerros com a IATF. A primeira safra foi reali-
zada no biênio 2013/2014. A taxa de prenhez fica lá
90%
86,08
70% 60%
2013/2014
2014/2015
2015/2016
Taxa(%) abateterneiros/matrizes 100%
88,47
90% 80% 70%
na inseminação, passampor um filtro e somente os
60%
64 GLOBO RURAL |
83,02
80%
em cima hoje empurrada por mais uma experiência importante. “Os touros,cujos sêmenssão usados que apresentam melhores desempenhos vão for-
96,47
72,58
2014
Fonte: Fazenda Mantiqueira
73,74
2015
2016
TENDÊNCIAS ROBERTO RODRIGUES Harmonia nacional
A
nalistas dos mais variados
setores têm referido um fato que parece ser comum nos dias de hoje: a ideia do “nós contra eles”. E aparecem comentários sobre ricos contra pobres, brancos contra negros, liberais contra socialistas, modernos contra atrasados, Legislativo contra Judiciário, empregadores contra empregados, héteros contra homossexuais e assim por diante. Nada disso ajuda ao desenvolvimento do país. Somos uma nação plural mesmo, um cadinho de raçasaindavivendoasdoresdocrescimento, e é importante que todos busquemososmelhorescaminhos para isso, com democracia, com igualdade de oportunidades, com liberdade, equilíbrio, justiçae paz. No agronegócio, também apa- nistério específico para isso. Não recem essas desagregadoras e se questiona a enorme importânfalsasdicotomias.Elávêmosan- cia da agricultura familiar, essentagonismos hipotéticos do pe- cial para um perfeito tecido social queno produtor contrao grande,a no campo, mas não era necessáindústria contra o agropecuaris- rio criar dois ministérios: são seta, o ambientalista contra o des- tores que exigem políticas difematador, o transgênico contra o renciadas, mas um só organismo convencional,o orgânico contrao federal pode cuidar de tudo. Tamtransgênico, a agricultura familiar bémnãosediminuiovalordapescontra a empresarial, a mecani- ca, mas que dizer do café, da soja, zação contra a enxada, o merca- dalaranja,dascarnes,dacana-dedo interno contra a exportação, a açúcar? Não é preciso ter um micooperativa contra a multinacio- nistério para cada atividade. Mas nal,ora, quanta bobagem. esses desencontros estão sanaTalvez um dos culpados disso dos, a Pesca está no Mapa de voltenha sido o governo quando se- ta, assim como as florestas planparou seu trabalho junto ao cam- tadas. Há um novo reordenamenpo em dois ministérios: o Mapa e toinstitucionalque tambémreduz o MDA. E ainda deixou a cargo do custos, evidentemente. MMA o importante segmento de Então, agora é tempo do setor florestas plantadas, além de tirar privadoacabar comas discriminado Mapa a Pesca, criando um mi- ções. É tempodedialogar. Aliás,ti-
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vemos um exercício muito bom a esserespeito após a aprovação do Código Florestal e da regulamentação do CAR. Todos os setores interessados,emespecialambientalistaseprodutores,sereuniramparadiscutiraquestãodo clima,dando origem à CoalizãoBrasil, Clima, FlorestaseAgricultura.Essemodelodeentendimentovemdandoótimosresultados, com grandes progressos alcançados, inclusive ajudandonaefetivaimplementaçãodo Código Florestal, considerada uma das legislações mais rigorosas do mundoa respeito dotema. Pequenos e grandes produtores, um erro. Não existe pequeno dentistae grande dentista,pequeno sacerdote ou grande, ou médio. Somos todos produtores rurais, lutamos lado a lado para abasteceromundocomalimentos,energia e fibras, e nosso ponto deconvergência pode ser a cooperativa. Precisamos das mesmas coisas, apenas em diferentes medidas. Também não vale a disputa entre orgânicos, transgênicos, convencionais. Cabe tudo isso e mais alguma coisa de agro em nosso país continental. Orgânico tem de parar de chamar defensivoagrícolade veneno, convencionaltemdeparardeacharotransgênicoumaameaça,usinadeaçúcartemdeviverempazcomofornecedor de cana, frigorífico com pecuarista, moinho com triticultor, supermercado com granjeiro. Somos todos um grande país em construção cheinho, isto sim, de contrastes inconvenientes, mas só terminaremos essa obra monumental com harmonia.
© ROBERTO RODRIGUES é coordenador do Centrode Agronegócio da FGV, embaixador especial da FAOpara as cooperativas e presidente do LIDE Agronegócios
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LEILÕES &CRIAÇÃO
NEGÓCIOS+ GESTÃO + GENTE + GENÉTICA+ MERCADOS
A vez do touro Mercado demandou fortemente reprodutores em 2016 – e a bons preços. Cavalos tiveram liquidez, mas as médias recuaram Edição Sebastião Nascimento
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LEILÕES &CRIAÇÃO BALANÇO s incertezasdo cenário políticoe econômico influenciaram o versátilmercado deleilões rurais,mas não chegaram a desestimulá-lo.Navenda detouros decorte, houvebons preços, sustentados pelademanda robusta. Nocaso dos cavalos, a liquidez imprimiu velocidade ao martelo. A análiseé de representantes das principais empresas leiloeiras do Brasil: Marcelo Silva,da Trajano Silva Remates, de PortoAlegre (RS); Paulo Horto, da Programa, de Londrina (PR);Tamires Miranda,da paulistaAgro-CFM;e Nilton dePaula, da Estância Bahia,de Cuiabá(MT). Marcelo Silvacomenta que, nouniverso dos cavalosda raça crioula,houve queda das médias gerais,mas a liquidez não foi arranhada. “O númerode pregões aumentouem relaçãoa anos anteriores e houve comprador para todaa oferta disponível”, diz ele. “Operação Lava Jatoe escândalo Petrobras. O anofoi pródigo em acontecimentos e notícias ruins. Mesmo assim, no panorama geral, o movimentoagradou a
A
Rematesde gadonelore e de cavalo quarto-demilha
todos”, diz Marcelo, cujaleiloeira é líder na comercialização de cavalo crioulo. Os números confirmam. A média geral dos leilões da raçaem2016foideR$18.300.Ade 2015 haviasido maior:R$ 20.900. O faturamento de 2015, deR$ 38,814 milhões,superou em mais deR$10milhõesode 2016– de R$ 27,1 milhões. Jáa conquista de novosmercados é atestada pelos 47 remates de2016 (foram 44 no ano anterior). Marcelo acredita queo setor quemenossenteacriseéoda pecuária bovina. Para cavalos, de modogeral, as indecisões podem, sim,afetar os negócios. Eleesperaque a Expointer de Esteio (RS), termômetrodo mercado no Sul, repitanesteano os mesmos valores de2016, o que o deixaria satisfeito. Segundo ele, os animais de ponta continuarão bem cotados. “Quem adquirecavalos a R$ 300 mil vende 60 coberturas a R$ 5 mil e pagao animal. Depois, vem o lucro, o que dádinamismo ao mercado”, afirma. Sediada em São Paulo e organizadorade provashípicas por
todo o país, a Associação Brasileira dos Criadores de Quarto-deMilha(ABQM) considerou positivoo movimentono anopassado.De janeiro a novembro, foram negociados 5.958 cavalos em 195 pregões. É um númerorepresentativo e não inclui coberturasde garanhões. Nototal,o faturamento ultrapassou R$ 223milhões e a média por animal foi a R$ 37.300. Todosessesnúmeros se colocaramacima da comercialização em 2015, segundo a ABQM. Nenhumaempresa leiloeira havia encerrado seu balanço geral de 2016 quando do fechamentodeG R. As análises sobre 2016 e as expectativas para 2017 permitemtraçar um panorama do comérciode animais. CORTE
O bomdesempenho no segmentode gado decorte é consenso.“Tivemosum crescimentoconstante no mercado de touros nosúltimos anos. Em 2016, a ofertafoiampliadae as médias melhoraramtambém”, afirma Paulo Horto, proprietário da ProgramaLeilões,a maior do pa-
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muito bezerro em 2015. “Foram os melhores preços.” Segundo ele, a empresa comandou 150 leilões noano passado, 13% a mais que em 2015. “O destaquefoia liquidez de touros. O produtor põe fé no futuro”, diz. Lourenço Campos, daCentral Leilões,deAraçatuba(SP),concorda.“Osreprodutores dequalidade foram muitorequisitadosem 2016 e seuspreçosmédiosultrapassaram osdoanoanterior”, afirma.Foram aR$9.475em2016–emcomparaçãoaosR$9.240de2015.Esses preçosforam pagospelos animais daraça nelore, os maisprocurados. Cavalo da raçacrioula:a empresa gaúchaTrajanoSilva comandou 47 leilões em 2016 Campos concorda que2016 foi muito bompara o comércio dereís.“Em 2015, vendemos 24 milre- Além do mais, afirma, dorebanho produtores e acreditaqueessaditotal degado bovino, apenas7% produtores e, no anopassado, a nâmicadeveráperdurarneste ano. sãoinseminados. “Háum espaço quantidadesaltou para 29 mil.” Ele observa que o preço dareposiamplo,de93%,paraousodetouÉ que a demanda por reprodutoção, principalmentedo bezerro, diros melhoradores.” res é alta, porcontada necessiminuiuem 2016, mas ainda satisHorto acreditaque esse é um dadede produzir bezerros,diz ele. faz as fazendasde cria. A médiadepreços também subiu caminhosemretorno, à medida Maior vendedoraindividual de que a modernidadechega à pedois degraus. “Foi deR$ 9.500a touros,a Agro-CFMtraduz a efercuária e o setor sepreparapara R$ 9.700”, informa Horto. vescência no comércio. “Em 2016, darresposta ao incremento das O que tem auxiliado muito na vendemos todaa safra dereproexportações decarnee aoapucomercialização de reprodutodutores entre os meses dejaneirono paladar do brasileiro, aperes é o avanço dastecnologias e roe novembro. Isso não é comum, sarde a criseeconômica influena conscientização dos produtopois, após a realização de três leiciar negativamente o consumo res. “O usodasdiferenças espelões nesse período, a CFM costuinterno.Nesteano,eleesperaa radas na progênie (as DEPs),por mava manter reprodutores na faexemplo, tecnologiaque permiretomada da confiança noslazenda até março ou abril do ano teidentificarnos animais caracres. “As chuvastambémvierame seguinte”, afirmaTamires Miranterísticas como ganhode peso, há previsõesdeuma supersafra da Neto, gerente de pecuária. de grãos em 2017, refletindo direprecocidade sexual, entreouEm três leilões, foram vendidos tras,facilitaa decisão decompra tamentena redução do custo de 1.196touros. O mais movimentado e o pecuarista consegueescoproduçãoda pecuáriaem geral.” foi em agosto,quandoo18o MegaEm leilões pelas cidades malher o produto que melhor irá serleilão negociou 509 animais e a favir ao seuplantel”, explica Horto. to-grossenses, a Estância Bahia turafoia R$ 4,9milhões, com mé“O comprador vaibuscar justacostuma colocar 10 mil cabeças diadeR$9.690.“Apecuáriasenmenteos atributos quevenham em cada pregão. Nilton de Pautiu o cenário negativo do país, mas a melhorar sua produção”,diz. la, gerente, observa que vendeu o efeito foi menor doque em outrasatividades”,diz Tamires. ‘‘A QUALIDADE EXIGIDA PELA PECUÁRIA Não háum número exato de HOJE FAZ TODA A OFERTA DE TOUROS tourosvendidos em todoo país. Foram prováveis400 milem 2016. COMPROVADOS SER ARREMATADA”
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LEILÕES &CRIAÇÃO
NEGÓCIOS
PECUÁRIA
Embrapa lança biotécnica ©1
Foto mostra diferença entre os três bezerros nascidos da TIFOI e o nascido da mesma vaca ovuladora
JANEIRO
A
pecuária de corte brasileira tem evoluído de forma tão acelerada e eficaz nos últimos anos que algumasdescobertas às vezes não repercutem intensamente como merecido. A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia,do Distrito Federal, criou a tecnologiadenominada transferência intrafolicular de ovócitos imaturos (TIFOI). É umabiotécnica queapresenta todas as vantagens da fecundação in vitro (FIV), com um benefício adicional: nãoprecisade laboratório para serrealizada. Os criadores podem obter os embriões com a mesma rapidez e agilidade da FIV,ou seja, em tornode um bezerro por semanaa partir deuma única vaca
doadora, sem precisar sairda suafazenda. AFIVéhojeatécnica mais utilizada no melhoramento genético animalno Brasil, pela capacidade de aumentar o número de descendentes de uma vaca em menos tempo. Para se ter uma ideia da potencialidade das biotécnicas reprodutivas de maior impactoutilizadas hoje na pecuária,pode-se estimar que a inseminação artificial (IA) permitea obtenção de um bezerro por ano; a transferência clássica de embriões (TE), um por mês; enquanto a FIVé capaz de produzir um bezerro por semana. O Brasil dáum passo à frente. A Embrapa informa que o país é o primeiro a obter êxito realizando a TIFOI de maneira completa. Segundo a pesquisadora da Embrapa Margot Dode, a maior vantagem da TIFOIéque todo o processo é feito dentro do próprio animal, prescindindo de laboratório. “Grosso modo, a vaca é o laboratório.” Os óvulos sãoaspirados da mesma maneira quena FIV,mas,
15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 DOM SEG TER QUA QUI SEX SAB DOM SEG TER QUA QUI SEX SAB DOM SEG
25
Virtualde Cavalos CrioulosFronteiriços
SãoPaulo (SP) Trajano Silva (51) 3028-2828
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28
VirtualGado deLeite
Fazenda do Porto Embral (11) 3864-5533
TER
FEVEREIRO
2
VirtualHaras Toulon
Pupio Leilões (12) 3922-9066
1 QUA
em vez de maturados em laboratório, são cultivados dentrodo corpo deum animal(vaca ovuladora), aproveitando o seu processo reprodutivo natural. Depois da ovulação, os óvulos sãofecundados por inseminação artificial. Sete dias após, os embriões que se desenvolveram são coletados e transferidos para a vaca receptora (“barriga de aluguel”), semelhante ao queocorre na transferência clássica de embriões. “Além de embriões serem produzidos naturalmenteno tratoreprodutivo da fêmea, a técnicadispensa todos os componentes de laboratório”, explicaMargot. Todoo processose dá deforma natural, aproveitando a fisiologiada vaca ovuladora, o queimprimemais qualidade aosembriões. “Além disso,por dispensara necessidade de laboratório,diminui significativamente os custos finais deprodução”, afirma a pesquisadora. “Além de manter todasas vantagensda FIV,a TIFOI elimina as desvantagens”,afirma a pesquisadora. E três bezerros frutos da tecnologiajá nasceram na Fazenda Sucupira, um campo experimental da Embrapa localizado em Brasília, afirma Margot.
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 QUI
SEX
SAB DOM SEG
TER
QUA
QUI
SEX
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Fazenda Bom Pastor Embral (11) 3864-5533
Esteio (RS) (51) 3028-2828
VirtualGado deLeite
LeilãoMancha Crioula
SAB DOM SEG
TER
QUA
COLUNA DO PH
ANIVERSÁRIO
Lagoa vende bois provados oiumdosúltimosleilõesda temporada 2016. E foi em grandeestilo, jáque a CRV Lagoa, deSertãozinho (SP),comemorava os dezanos deseuCentro dePerfomance, quesomenteno anopassado analisou 471touros. Noleilão, foram vendidos39 deles, dasraçassenepol, angus,devon, nelore, santagertrudis e ta-
F ©3
Ano de planejar anode 2017chega pedindo planejamento. É hora de pensar em recuperação do mercado e dos investimentos, mas comopénochão,buscando custos ainda menores para aumentar a renda. Nossa performance depende de manter a menteaberta, mas semperdera qualidadeque nos trouxe até aqui. Vivemos dessa genética superior, do desafiodiárioda tecnologia, do trabalhodedicadoe aprimorado. É isso quenos garante a posição no mercado.Aceitamoso desafiode2016,umanocheiode cautela, mas superamosos entraves do negócio. Foi mais umatemporadade bons leilões. Como dizum amigo, sucesso é o resultadoque o cliente tem, e isso mantivemosem pé,com aumento da vendade tourosem 5%e a manutençãoda comercializaçãode fêmeas.Em contrapartida, tivemosnovos mercados abertos, possibilidade de ampliarnossavenda para o mundo,da carne innatura edoboiempé.Evamos vender o quê? Maisuma vez, qualidade, e elanão vem de lugar indefinido, masdo suor do nosso trabalho, nesse investimento de anose anos. Vamos enfrentar mais uma vez e colher os frutos. Otimismo sempre!
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K C O T S K N I H T 2 ; O Ã Ç A G L U V I D 1 ©
PAULO HORTO é presidente
da Programa Leilões, de Londrina (PR)
bapuã,por R$ 643.200,com média geral deR$ 16.500.Os destaques nosnegócios foram os touros Alef da3M,queteve50%desuapropriedadevendida,porR$ 54 mil. ALagoainformaqueoCentrode Performance analisavárias característicasda tourada, como qualidadede carcaça,eficiência alimentar,perímetroescrotal,etc.
AGRO
Brasil à frente desempenho do agronegóciobrasileiro noperíodo de 2016a 2026 serámelhor doque a média mundialpara produtos como soja, milho, açúcare carnes(bovina,suína e frango), aumentando a participação do país no mercado global. Apesar disso,não repetirá, para os próximos dez anos,a robustataxade crescimento apresentada na última década em relação à produção e às exportações dasprincipais culturas. A conclusão é do Outlook Fiesp 2026 – Proje-
O
cio(Deagro) da Fiesp, que reúne diagnósticos e projeçõesdo setor para a próximadécada, em termos de produção, produtividade, consumo doméstico e exportações. Foi divulgado no mês passado, em São Paulo.
ções para o agronegócio brasileiro, levantamento elaborado pe-
lo Departamento de Agronegó-
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FUTURO
Gerenciando riscos Agrifatto,deBebedouro(SP), da veterináriae consultora Lygia Pimentel, estálançandouma ferramentade hedgequenão existianomercado brasileiro. É o Agridata. “É umaplataforma onlinede acessoa notícias,análises demercado,preços,cotações,mapas cli-
A
máticos,séries históricasconjunturaise outras informações paraajudar o produtor e a indústria a efetuar decisões de negócios”,explica Lygia.“Elaacompanhao usuárioatravés domercado. Queremos mostrar queo hedgemitiga riscos.” I: () -
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LEILÕES &CRIAÇÃO
NEGÓCIOS SENEPOL
PECUÁRIA
Caravana vence 66.700 km issão cumprida. Agora é organizar 2017.” Assim Jorge Espanha, presidente da Merial, empresa de saúde animal, manifestou a sua satisfação, em meados de dezembro, quando foi encerrada a Caravana da Produtividade, empreitada que teve início em setembro e percorreu 66.700 quilômetros de estradas rurais com o obje-
M
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Prova avalia 10 características
tivo de conversar pessoalmente com os pecuaristas de corte e de leite espalhados por 19 Estados brasileiros. “A proposta era ouvir os fazendeiros, captar suas necessidades e transmitir informações para melhoria da produtividade”, explica Espanha. Os eventos da caravana reuniram 7.500 pecuaristas de493 fazendas decorte e de leite em 141cidades. Eles são proprietários de 80% do rebanho de bovinos, o equivalente a 170 milhões de cabeças. Fábio Dias, diretor de originação da JBS, que participou da caravana,diz que foram ouvidos os pecuaristas, que, para evoluir, precisam do apoio das empresas de toda a cadeia produtiva.
epois de mais de quatro me-
Dses deprovas,a 2 Max Perfora
mance Senepol divulga o resultado do testeencerradoem dezembro. A prova teve participação de 107animais, sendo59 machos e 48 fêmeas. Vieram de 22 criatórios.A MaxPerformance foirealizada em confinamento a céuaberto na Fazenda SantaJuliana,que fica no município de MonteAlegrede Minas(MG). O gado levou 40 dias para adaptação e depois deu entrada no confinamento. “Cresceu a quantidade de animais, garantindo avaliação de grande variabilidadegenética e comprovando com mais precisão a qualidade do gado”, afirma o organizador, Nilson Gamba Júnior, da Santa Juliana.Ele frisa que o número de inscritos foi 150% maior do que no ano passado. O grande campeão foi 3M 033, entre os machos,e Barra 072, entre as fêmeas. Os dois foram os melhores avaliados na soma de mais de dez características. Entre elasestão peso, perímetro escrotal, espessura de gordura subcutânea, marmoreio, conformação e musculatura.“São pontos importantes e mostram que a prova busca identificaranimais harmônicos precoces e produtivos, valorizando os fatores que o mercado procura.“
RAIVA
Indea monitora caso em MT InstitutodeDefesa Agropecuária doEstado de Mato Grosso(Indea) comunica queestáacompanhando o casoderaivabovina detectadoemumpropriedade nacidade deColider,a 650quilômetros deCuiabá. O caso, registradoemoutubro emum animal,foi analisado pela UniversidadeFederal deMatoGrosso.Deuresultadopositivo. O Indeainforma ainda que umanimal morreu e outros dois,comresultadopositivo
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para a doença, foram sacrificados.O órgãoadiantaque nãofoi detectado mais nenhumanimaldoente.Todoo rebanhofoivacinado, assim comoos bichos domésticos quetiveram contatocomos animaisna propriedade,segundoo Indea. Emtorno de170 propriedadeslocalizadas numraio de 12 quilômetros dolocal onde houve o caso receberama visita detécnicosdo Indea.Eles nãoidentificaram novosfocosde raivanaregião.
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O Ã Ç A G L U V I D 5 , 4 ©
PRODUTOS E MERCADOS SHOW RURAL
Vaca leiteira, vista aérea da feira e máquinasem exposição
epois deum ano marcado por forteretraçãona prospecçãodos negóciose ausência dos grandes fabricantes de máquinas agrícolas – setor que é o carro-chefe em vendas –, a organização da 29a edição do Show Rural Coopavel espera que 2017 seja o anoda retomada. A feira de tecnologiaabre o calendário de grandes eventos agropecuários do Brasile ocorrerá entre os dias 6 e 10defevereiro, em Cascavel. A esperada safra cheia de grãos no Paraná deve contribuir como desempenho da feira no oeste do Estado, porque é noinício doano que a colheita dá os
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primeiros passos e, com resultados positivos, os produtores rurais tendem a investir na renovação do parquede máquinas. A avaliação é de DilvoGrolli, presidente da cooperativaCoopavel, que realiza o Show Rural. Segundo ele, nestaedição, o evento traz 520 expositores das maisdiversas áreas do agronegócio– 70empresas a mais que em 2016. Estarão presentesrepresentantesdos setores de máquinas agrícolas, sementes, defensivos, genética, biotecnologia, pecuária e vários outros. Segundo Grolli, o evento foi pensado para ajudar o produtor rural a se preparar para a boafase pela qual o agronegócio brasileiro deve passar nos próximos meses. “Este ano, veremos o Brasil sair darecessão e entrar no PIB positivo coma ajuda
do agronegócio. E uma prova de como essa visão é compartilhada pelas empresas expositoras é o maior investimento que elas fizeram no evento. Elas enxergam um futuro positivo na economia e investiram, em média, 25% a mais que noano passado em seus estandes. O evento de 2017 tem tudopara ser o maior já realizado”, diz Grolli. Naedição de2016,os valores de investimento médio para um estande variavam de R$ 50 mil a R$ 1 milhão, incluindo logística de transportedos produtos, gastos com montagem das estruturas e pessoal. O mesmocrescimentode 25% também é esperadopara a prospecção de negóciosdurante a feira. Em2015,foramfechadoscercade R$2 bilhões noevento, mas, em2016,esse número caiu pa-
raR$1,2bilhão.Aquedanovolumedenegócios doanopassadose deveao fato deos maiores fabricantesdemáquinas agrícolasteremficadodeforada feira, porcausada possibilidade demudançanocalendáriodo evento, quefoi mantido na mesmaépoca desempre. “Asempresasque não participaram anopassado perderama oportunidadede mostrar seusprodutos para milhares de visitantes quedeixam para fazer comprasapóstiraremsuas dúvidasnoShowRural.Não foi positivopara todaa cadeiadoagronegócio, masesteanotodasjá confirmaram presença e estamos muito alegres porisso”,dizele. A expectativa agora é quea ediçãode 2017cheguea movimentarR$ 1,5bilhão,afirma Grolli. Das cinco maioresmarcas de máquinasagrícolas, apenasa JohnDeereafirmouàG R que suafábrica não irá participarda29a edição do Show Rural. Emnota, a assessoria afirma que a empresaestá focando seus investimentos em eventosmenores e regionais portodo o Brasil. As concessionárias John Deere que atuam na regiãode Cascavel, no entanto, confirmaram presença e estão na lista dos expositores da edição deste ano.
Atenção à pecuária
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Comoalternativa estratégica para a feira, Grolli explica queforamfeitos investimentos na ordem deR$ 5 milhões para expandira estrutura e darmais destaqueao espaço destinado às empresas depecuária.A iniciativatem a intenção de atendera umaparcelacada vez maior de produtores rurais quetêmdiversificado sua produção.Segundoo presidente da Coopavel, os siste-
mas de integração lavoura-pecuária(ILP)e lavoura-pecuária-floresta(ILPF)estão ganhandocada vez mais adeptos na região oeste do Paraná, um dos polos mais fortes na produção de grãos e carnes do Estado.“Sempretivemos um espaço na feira reservadoà pecuária, mas nossa meta é deixar a pecuária como mesmo graudeimportância quea agricultura já temno evento”, afirma. A ênfasena pecuária,segundo Grolli,deve se traduzir em crescimento econômico até 2018, ano em que o Brasil deve, finalmente, ser reconhecido pelaOrganização Mundial de Saúde Animal (OIE)como área livre da febre aftosa semvacinação. “A pecuária se tornou uma ótimaopçãoaté mesmo para quemproduzgrãos, pois,se daqui a dois outrês anos aconteceruma queda no preço, ainda há o mercado do boipara explorar. E, comos avanços genéticos,os ganhos sãocada vez melhores. Aquino Paraná mesmo, já temos umaboa produção defrango, suíno e leite. Por isso, é umanecessidade essesetor ganhar destaque na feira”, diz.
superou o segundo bilhão em faturamentono anopassado – em 2015,a receitafoi de R$ 1,9bilhão. O valor de 2016 ficou praticamentedentrodo esperado, que ia de R$2,1bilhõesaR$2,2bilhões.E, para 2017, Grolli dizque “a expectativa é de crescimento de 15% em toda a Coopavel”.
Dilvo Grolli, presidente da cooperativa Coopavel
SERVIÇO
O Show Rural Coopavel acontece entre os dias 6 e 10de fevereiro, no quilômetro 577 da Rodovia BR-277,em Cascavel (PR). A entrada é gratuita e os portões estarão abertosdas 8h às 18h todos os dias. Informações: showrural.com.br ou pelo telefone (45) 3225-6885.
Crescimento A Coopavel, organizadora do ShowRural, é umadas maiores cooperativasagroindustriais do Paraná. Com mais de 4.800 associados e 27 filiais em 17municípios paranaenses,a cooperativa
NÚMEROS DO SHOW RURAL
520
expositores
720
milm2
Públicode
Projeção de
235.465
R$ 1,5 bilhão
pessoas
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PRODUTOS E MERCADOS FEIRA SIMA
Trator autônomo em Paris Salão vai exibir as tecnologias que receberam o Prêmio Inovação, como o pneu que se adapta às condições de campo e da estrada Texto Bruno Blecher
D
uas soluções para os problemas de compactação de solo, causada pelo uso de máquinas cada vez mais pesadas no campo, receberam as medalhas de ouro do Prêmio de Inovação do SIMA, salão de má-
condições de rolamento. Quando inflado para estrada, o Michelin Evobib tem uma banda de roda-
gemmaisestreitaeconseguero-
Delegação brasileira
coucom o sistema Trelleborg Vip,
las, exibe equipamentos de irri-
agronegóciode42paíseseévisitadaporcercade240milpessoas. AMichelinvaiexibirnoSIMAo pneuflex(2em1),medalhadeou-
que regula a pressão dos pneus de acordo com a carga real da colheitadeira durante o trabalho
ro do Prêmio de Inovação. O pneu permite aos agricultores utiliza-
ação do operador. A pressão do pneu se ajusta automaticamente, para reduzir a compactação do solo. Dois tratores autônomos receberam medalhas de prata no SIMA. O Case IH Autonomous Magnum, desenvolvido na França, pode executar operações de preparo do solo e
gação,tecnologias deinformação, softwarese também250 bovinos decorteeleite.Estemês,aembaixada estáselecionandoempresas brasileiras paraparticipar doPro-
do em Paris, França. A feira, que acontece de26 defevereiro a 2 de março, reúne 1.740 empresas do
remseustratoresnalavouraenas
no campo, sema necessidade de
plantiosem operador. A máquina dispõe de sistemas de telemetria e compartilhamento de
dados, podendo trabalhar autonomamente dia e noite. O operador supervisiona remotamente, pormeio detablet ou de computador, as operações que são pré-programadas. Radares e câmeras instalados no t rator
possibilitam ao veículo detectar obstáculos e parar por si só. Se o sinal GPS ou os dados de posição forem perdidos, o veículo se autodesliga. A New Holland ©1
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italiana também recebeu prata com o trator autônomo NHDrive, que detecta e analisa o ambiente em tempo real.
darsem vibração, o que dá maior conforto ao operador. Quando se reestabelece a pressão de campo, o pneu se alargae expande. A outra medalha de ouro fi-
quinasagrícolas queserárealiza-
Tratores autônomos da NewHolland e daCase IH, destaques no SIMA
rodovias, adaptandoa pressão às
A Embaixada da França está organizando a ida de empresas brasileiras à SIMA, que, além de
máquinas e implementos agríco-
grama de Apoio Comercial França-Brasil, denominado Fazenda Azul. As empresas interessadas devem apresentar seus projetos
e necessidades tecnológicas. Uma equipe de agronegócio da Business France vai buscar companhias francesas que respondam
aessasdemandas.Asrodadasde negócios e visitas técnicas serão realizadas durante a SIMA.
O programaé voltadoparaimportadores de máquinas, implementos, insumos, peçasou com-
ponentespara o agronegócio, cooperativasagrícolas,empresas de consultoria agrícola, produtores e agroindústrias. As companhias interessadas em visitar a feira ou participar do programa poderão se cadastrar pelo e-mail: claire.
[email protected]. Para mais informações sobre a SIMA, acesse https://en.simaonline.com.
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Novo livro do autor best-seller rodrigo
alvarez
Padre Fábio de Melo como você nunca leu antes
rodigo alvez , autor
de Aparecida e Maria , escreve a biografia do homem que desafia regras, canta, filosofa, faz humor, tem milhões de seguidores na internet e atravessa os muros da Igreja para falar a todos os brasileiros.
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PRODUTOS E MERCADOS
EMPRESAS E NEGÓCIOS por CassianoRibeiro
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ABCT
Sob nova gestão
J
ulio Christian Laure é o novo presidente
da Associação Brasileira dos Criadores de Tabapuã (ABCT). Ele, que é pecuarista e advogado, assume o cargo no lugar de Marcelo Ártico. A cerimônia de posse de Laure e de toda a novadireto-
ria da entidade está marcada para o dia 15 de fevereiro. O grupo liderado pelo pecuarista ficará à frente da ABCT até o fim de 2019. Ao todo, 23 pessoas fazem parte da nova gestão, entre membros de diretoria, conselho fiscal, consultivo e suplentes.
GRSB
Reforço na sustentabilidade
F
rancisco Beduschi, pre-
sidente do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS) e coordenador da iniciativa de pecuária sustentável do Instituto Centro de Vida (ICV), acumula mais uma função executiva na cadeia da carne em 2017. Ele foi eleito vice-presidente da Global Roundtable for
Sustainable Beef (GRSB), organização dedicada ao aperfeiçoamento da sustentabilidade na cadeia da pecuária bovina. “Os princípios do trabalho desenvolvido pela organização vão ao encontro dos princípios do GTPS e acredito que um trabalho complementará o outro”, afirma Beduschi.
INVESTIMENTOS R$ 1,7 bilhão é quanto a holding GeneralMediterranean vaiinvestirnuma planta industrial avícola em Jaguariaíva (PR).A obra começa agora e deve terminar em dois anos. A estrutura abrigará granja de recria, produção de ovos, incubatório, fábrica de ração e abatedouro.
R$ 225 milhões serão desembolsados pelo Terminal Portuário Ponta do Félix em obras de ampliação da estrutura para elevar a movimentação de cargasno Porto de Antonina,no Paraná. O projeto contempla ampliação do cais, construção de linha de atracação,ramal ferroviário e instalação de armazéns.
R$ 75 milhões foram investidos pelo empresário Wilson Guidotti Junior na Usina de Inovação Monte Alegre, um espaço multiuso em Piracicaba (SP) que pretende atrair empresas do agro para instalar agências de negócios ou laboratórios de inovação em busca de novas soluções tecnológicas.
US$ 4 milhões
NEW HOLLAND
Marketing renovado
A
New Holland, fabricante de máquinas agrícolas, acaba de nomear Eduardo Kerbauy para liderar o departamento de marketing da empresa na América Latina. O novo diretor da marca é formado em engenharia mecânica e acumula experiência de 17 anos dentro do grupo CNH Industrial. O exe-
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cutivo também trabalhou na Iveco e passou por países como Itália, Inglaterra e França. “A expectativa é dar continuidade ao crescimento da marca na América Latina e especialmente no mercado brasileiro, trabalhando sobretudo no desenvolvimento de novos produtos e serviços”, afirma.
éovalorquea Fibria pagará por 8,3% do capital da canadense CelluForce.O acordo dará à Fibria exclusividade na distribuição da celulose nanocristalina na América do Sul, além de poder indicar um membro no conselho de administração e terpreferência em novas unidadesde produção da tecnologia na região.
R$ 1,2 milhão estão sendo investidospela AssociaçãoBatataensedosProdutores da Agricultura Familiar(Abafa) e pelo governo de São Paulo numaagroindústria de processamentode vegetais, além de equipamentos, em Batatais(SP).
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PRODUTOS E MERCADOS MAPA DA SAFRA
Custeio da soja em Mato Grosso vai a R$ 17,3 bilhões, com alta de 7,47% Devido à queda de renda, provocada pela quebra de safra, a participação dos recursos dos agricultores nos gastos deve recuar de 40% para 33%
Arroz
A área cultivada no Maranhão encolheu 35,9% nesta safra, para 116.300 hectares. Nos últimos dois anos, a reduçãodo plantio de arroz foi de 66%. O Estado passou de segundo para quartomaior produtor nacional do cereal
RR AP
Feijão
A aumento do plantio de 34,8% do feijão cores foi responsável pela expansão da cultura no Paraná, impulsionada pelos bons preços ao longo do ano passado. No geral, a área do cereal de primeira safra no Estado cresceu 6,4%, para 193.000 hectares
PA
AM
MA PI AC
TO
RO MT
BA
GO
Milho
Em Minas Gerais, maior produtor de milho de primeira safra, a tendência é de aumento de 12% na área plantada, para 937.700 hectares. A Conab não descarta aumento do plantio nos próximos levantamentos, quando a intenção de plantio estiver melhor definida
DF
MG ES
MS SP
RJ
PR
Maçã
As chuvas e o granizo ocorridos em outubro, período de pegamento das macieiras, deixaram os produtores catarinenses em alerta. O granizo causou maiores estragos nos pomares na região de São Joaquim, em Santa Catarina, sobretudo na cidade de Bom Jardim da Serra
SC RS
2,577 bilhões de toneladas É A SAFRA RECORDE MUNDIAL DE GRÃOS PREVISTA PELA ORGANIZAÇÃO DAS NACÕES UNIDAS �FAO�
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Calendário rural
JANEIRO
REGIÃO
Colheita
Plantio
CENTRO �OESTE Goiás
2ª 2ª
Mato Grosso
Soja
Em Tocantins,aáreadesojadeve crescer9,9%,para 957.000hectares. A Conabobserva quea instabilidade daschuvaseoveraniconoiníciode novembro contribuíram para o atraso doplantioeacenderamosinalde alerta no entusiasmodosprodutores
2ª
2ª
Mato Grosso do Sul NORDESTE Bahia Ceará Maranhão Piauí Sergipe
CE
RN PB
PE AL SE
Tomate
O volume elevado de chuvas, associado às altas temperaturas, provocou o aparecimento de manchas e rachaduras nos frutos em lavouras de Venda Nova do Imigrante, um dos principais produtores do Espírito Santo. As informações são do Cepea/Esalq/USP
Cevada
Graçasaoaumentode118%na produtividade,o Rio Grande do Sul colheunesteano169.600 toneladasdocereal,volume 128%superioraoproduzidoem 2015.Aboasanidadeeoíndice degerminaçãosuperiora95% favoreceramaproduçãodemalte paraas cervejarias
NORTE Rondônia Tocantins SUDESTE Espírito Santo 2ª
Minas Gerais T
São Paulo SUL Paraná
2ª
2ª
Rio Grande do Sul Santa Catarina *VARIEDADESDE LARANJA- P (precoces):hamilin,pineapple,rubi e westin;M (meia-estação): pera; T (tardias):valência e natal 1ª,2ª e 3ªse referemà 1ªsafra, 2ªsafrae 3ªsafrarespectivamente
CULTURAS algodão
café
feijão
laranja*
milho
amendoim
cana
fumo
mamona
soja
arroz
cacau
girassol
melão
trigo
Mundo BULGÁRIA
TURQUIA
ÁFRICA DO SUL
VIETNÃ
Aproduçãodetrigodevecrescer12,8%e atingirorecordede5,65milhõesdetoneladas. Aproduçãototaldegrãoséestimadaem8,7 milhõesde toneladas, volume1,2% acimado colhidonasafrapassada
A área plantada demilho é estimada em2,7milhões dehectares,cercade10%acima da média dos últimos dezanose 40%maiorquena safra passada, quefoiprejudicadapela seca.A produçãoesperada é de 12,8milhões detoneladas
Asboascondiçõesclimáticaseoscuidadosno manejodaslavouraselevaramasafradealgodão em21,6%,para705.000toneladas.Umaação anti-dumpingresultounumataxade 3%sobreo algodãoamericanoqueentra nopaís
A expectativada safra de café 2016/2017 foi rebaixadaem8%,para26,6 milhõesde sacasde 60quilos,devido à falta dechuvas, principalmente na Central Highland,maior regiãoprodutora
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VIDA NA FAZENDA CULINÁRIA + CRIAÇÃO + CULTIVO + CULTURA
Bantam S E G A M I Y T T E G ©
O corpo compacto coberto por penas de tons variados é o diferencial da ave anã, que tem comércio lucrativo no segmento de ornamentação e melhoramento de raças Texto
João Mathias * Consultora Maria Virgínia F. da Silva*
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VIDA NA FAZENDA
H
COMO CRIAR
oje é possível encontrar várias criações de animais em miniatura, cujas medidas apresentam-se em proporçõespequenas em relação a seus exemplares com tamanho convencional, como minicoelhos, minicaprinos, minicavalos e minibovinos. No caso das aves, entre as galinhas há também as bantans,denominação popularmente atribuída às variedades anãs que não possuem similares em versão maior. De estatura baixa e com peso médio de meio quilo para as
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fêmeas e de até 1 quilo para os machos, as bantans são belas e graciosas. Donas de diversos tipos deplumagens e combinações de cores, inclusive algumas com penas nos pés e topetes estilosos, destacam-se no segmento de aves ornamentais. A aparência exótica de muitas é herança desua ascendênciaasiática, assim como a palavra bantam, queé derivadadeumaprovínciaeportomarítimonaIndonésia.A adoçãodonomedequemdescobriu a raçaou dolocal desua origemé, muitasvezes, o critériousadopara a identificaçãode avespelomundo.
Embora o padrão único de tamanho pequeno possa fazer com que pareçam frágeis e delicadas, as bantans são rústicas e resistentes, facilitando o manejo em cativeiro. Como as galinhas convencionais, vivem bem em instalações simples e, já que não exigem muito espaço, até o fundo de quintalde residências é opção paradesenvolveras aves compactas. A criação de bantans ainda oferece ao produtor a vantagem de não precisar de qualquer tipo de documentação ou de registro para colocar a atividade em prática. Nem para a comercialização
K C O T S K N I H T ©
Bantam é a denominação popularmente atribuída às variedades anãs que não possuem similares em versão maior”
MÃOS À OBRA dosexemplares, que,quando bem
>>> INÍCIO Entre as variedades de
planejada e com demanda assegurada, permite vendas lucrativas para interessados em obter
bantans, existem a oriental nagazaki,que tem pernacurta; a sedosa do japão,com penase plumas parecidascom pelos; a sebright, na cor prata ou dourada; a frizzle, frisada ou arrepiada; a rosecomb; a modern games; e a old english game. Visite viveiros com referência, converse com criadores idôneos e peça dicas e orientações antes de fazer a escolha para a criação. >>> AMBIENTE Bantans são adaptadas a qualquer clima. Contudo, disponibilize local comárea protegida de sol forte, chuva intensa e ventos cortantes. A presença de gramado é necessária para o período em que as aves ficam soltas e ciscam. >>> ESTRUTURA É de madeira ou alvenaria semelhanteà dos galinheiros tradicionais, mas em proporção menor. Pode também aproveitar as paredes transversais de cantos em um barracão ou em um cômodo desalo jado, levantando as duas outras laterais com materiais existentes na propriedade, como tábuas, ripas, pregos e martelo. Telhas de barro são as mais indicadas para a cobertura, e chão batidoou cimentado deve ser coberto com maravalha, para evitar umidade e facilitar a higiene. Gaiolas de arame galvanizado de 60 por60 por 60 centímetros são opções para criações sem área disponível. >>> ACESSÓRIOS Instale poleiros de madeira ou galhos de árvores a 1 metro dealtura e com60 centímetros de distância entresi paraas aves descansarem. Ninhos
linhagens melhoradas. Elas também sãoprocuradaspara preservação da raça, enfeitar áreas externas de estabelecimentos e participar de exposições e concursos.
Apesar de corresponderem à metade ou a um terço dos ovos dasgalinhas comuns, os dasbantanssãoigualmentenutritivospa-
ra consumo humano. Prolíficas, chegam a gerar mais de 100 ovos
de 45 gramas por ano, com possibilidade de atingir 130 unidades
em criadouros com boas condições de manejo. Alémde caracterizadaspela al-
ta produtividade e vitalidade que possuem, as bantans de raça pu-
ra têm fácil adaptação a diferentes condições de climae ambiente. Por aqui, podem ser desenvolvidas em qualquerregião do país,
desde que o bem-estar das galinhasseja respeitado pelo criador. A lida das bantans no sistema
de semiconfinamento favorece a reduçãode custoscom alimenta-
ção. Soltas durante as manhãs e parteda tarde, elas podem se sa-
tisfazer comendo gramíneas. À noite, um abrigo de tábuas para proteção contra a chuva e preda-
dores é o suficiente para as aves dormirem sossegadas. *MariaVirgínia F.da Silva é membro da AssociaçãoBrasileira dos Criadoresde Aves de Raças Puras (ABCAves), Rua Ferrucio Dupré, 68, CEP04776-180, SãoPaulo(SP),tel.(11)56673495, abcaves.com.br Ondeadquirir: a Associação dosCriadores de Raça Pura (ABCAves)dá indicaçãodos criadores cadastrados (verendereço paracorrespondência acima) Mais informações: JoãoGermanode Almeida, criadore presidenteda ABCAves,tel.(11) 99135-2041
de 25 por25 por25 centímetros precisam ser preenchidos com palha ou capim seco, para realizarem a postura e o choco. Lojas de produtos agropecuários vendem bebedouros e comedouros automáticos. Chocadeira elétrica pode ser um equipamento necessário, enquanto campânulas são úteis para aquecer os pintinhos de um dia. >>> ALIMENTAÇÃO Éamesma ração fornecida para galinhas comuns, porém, em volume menor. Sirva hortaliças (exceto alface) e frutas como complemento e alternativa para reduzir custos com as refeições.Água pode ser de riachos, rios, represas ou açudes, desde que passepor estação de tratamento para purificação. >>> CUIDADOS As bantans são resistentes, mas precisam seguir um programa de vacinação contra as enfermidades que podem atacá-las. A vermifugação regular é imprescindível para a criação que cisca o chão a todomomento. Desinfete as instalações semanalmente pararetirar as bactérias e germes e conter a proliferação de enfermidades. Se houver diferentes raças de galinha no mesmo local, separe as bantans para os pequenos galos não cruzarem com fêmeas maiores. >>> REPRODUÇÃO Boas poedeiras, as bantans realizam de três a quatroposturas por ano.A vida fértil,que se inicia aos seis meses de idade, mantém-se por oito anos. Levam 21 dias para chocar e são consideradas ótimas mães,podendo seramas para filhotes de outras aves.
RAIO X Criação mínima: um
casal é suficiente para iniciar a criação Custo: o preço docasal podevariarde R$150a R$200 Retorno: umano Reprodução: iniciaseentre 6 e 8 meses de idade
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VIDA NA FAZENDA
COMO PLANTAR
Gengibre ornamental A exuberância de seu formato e de suas cores atrai o interesse pelo uso da planta em projetos paisagísticos e para compor arranjos florais Texto João Mathias * Consultor Fábio Alessandro Padilha Viana*
em sempre, quando juntos, sorvete e gengibre referemse a uma combinação exótica de sobremesa refrescante. Na flora, por exem-
N
Também chamada de gengibre magnífico, a planta asiática é
À medida que envelhecem, as
apreciada para integrar jardins de
folhas(brácteas)passamdoamarelo-brilhante ao róseo-averme-
praças,parques,residências, entre outros estabelecimentos públicos ouprivados.Exuberante na forma
lhado,finalizando comum intenso vermelho-escuro.Com aroma que lembra o gengibre, lanceola-
plo, a associaçãode ambos está
enaapresentaçãodecores,parti-
daseaveludadasnaparteinferior,
relacionada ao nome e à aparência da Zingiber spectabile , flor conhecida como gengibre ornamental, mas apelidada de sorvetão, por causa do seuformatocilíndrico de até 12 centí-
cipadediversosprojetospaisagísticos,fazendodelaumaflorcomer-
são sustentadas por uma estrutura fina que pode chegar a 2,50 metros de altura, embora varie,
metros de diâmetro sustentado
aumentadoaprocuraparacompo-
ne,pertencente à família Zingibe-
por uma haste.
sição em arranjos em vasos.
raceae , que engloba cerca de 85
90 GLOBORURAL |
cialrentávelpara o produtor. Usada em renquespróximos a muros ou em maciços em áreas abertas, a opção em corte, noentanto, tem
emmédia,de30a80centímetros.
O gengibre ornamental é uma planta herbácea, robusta e pere-
S E G A M I Y T T E G ©
Por aqui, a flor ainda não tem cultivo em grande escala, oferecendo uma boa oportunidade de negócio para o agricultor”
espécies no gênero Zingiber. Resistenteao manuseio e a doenças, temgrandedurabilidade, podendo ser cultivadaem diferenteslocais
com alta produção. Por ano, tem capacidade de gerar até 100 hastes florais em cada touceira.
A beleza tropical da planta é requisitada no mercado internacional. Os principais importadores são americanos, canadenses e europeus. Nativa da Malásia, atualmente os maiores produtores são Filipinas, Tailândia, Estados Unidos (Havaí), Jamaica, Colômbia e Equador. Por aqui, ainda não tem cultivo em grande escala, oferecendo umaboa oportunidade de negócio para o agricultor.
Outros fatores que favorecem o plantio do sorvetão são o crescimento rápido e a facilidade no trato cultural, que demanda podas de limpeza, com a retirada de folhas e outras partes da planta quebradas,secas oudoen-
tes; adubações frequentes, principalmente no início da primavera; irrigação constante; e controle de pragas, comoácaros, nematoides, formigase pulgões, e dealgumasdoenças.A ocorrência da podridão de raízes e rizomas é faci-
litada em cultivos instalados em localcom drenagem insuficiente.
Embora possa ser plantado o ano inteiro, o gengibre ornamental tem a possibilidade de entrar em dormência no inverno. Por isso, deve ser protegido em estufas durante períodos defriorigoroso. *Fábio Alessandro Padilha Viana,engenheiro agrônomo, doutor em produção e tecnologiade sementes de flores e plantas ornamentais,tel./ WhatsApp(61) 98601-8619, fabioapviana25@ gmail.com Onde comprar: mudas podem seradquiridas em viveirosde produção de mudas de plantas ornamentais Mais informações:comtécnicosde empresas de assistênciaagrícola (Emater)
MÃOS À OBRA >>> INÍCIO Analise a demanda do
mercadolocalpara traçar um plano de plantio combons rendimentos. É importantetambém conversar com produtores experientes no cultivo da planta,além de paisagistase floricultores. >>> AMBIENTE Parcialmente sombreado é o preferido do gengibre ornamental, pois, expostodiretamenteao sol, corre risco de queimaduras. A luminosidade, no entanto, é importantepara favorecer a produtividade da planta. A faixa de temperatura adequada para o desenvolvimentoda flor éentre22ºCe35ºC,comumidade relativa do ar entre 60% e 80%. >>> PROPAGAÇÃO A maisindicada é realizadapor divisãode touceira, quando se separam rizomas com 6 a 12 centímetros de comprimento. O rizoma,que devemanter junto uma porção do pseudocaule, precisa ser limpoe tratado com defensivos. >>> PLANTIO Se faz, em geral, emcovasde50por50por50 centímetros, com espaçamento de 1,5metroentre plantas e 2 metros entrelinhas, em solo rico em matéria orgânica e boa capacidade de retenção de umidade, além de bastante fértil. Assegure a irrigação frequente e a drenagem eficiente. >>> ESPAÇAMENTODe 2 metros entre plantas e de 3 metros em fileiras simples, permite o plantio, em média, de 1.667 plantas por hectare. Esse espaçamentograndepermite, mesmocom as touceirasadultas,a circulação entre as linhas de plantio para colheita e manejo e melhoruso do solo, quepode serplantadocom
outras espéciesde ciclomenor até que as touceiras cresçam. >>> ADUBAÇÃOA pós-safra é realizadaem três parcelascom intervalosdetrês meses.Inicia-sepela formulação 14-28-14, na dosagem de150 gramas porcova, seguida pelas 15-15-15 e 15-03-31, ambas naquantidadede200gramaspor cova. Todasadicionadasdemicronutrientes. Repitaa última fórmula umtrimestre antes da safra de flores. Emforma dequelatos,aminoácidosou metalosatos,a adubação foliar comfertilizantes,na fórmula 20-20-20mais micronutrientes ou20-20-20mais2%demagnésio,deve serutilizada nadose de1,5%a3%acadasemanapor seis meses,passando,então,a ser quinzenalaté o aparecimentodas primeirasflores. >>> IRRIGAÇÃO Pode ser por infiltração,microaspersão ou aspersão convencional (quetem conferido os melhores resultados, por conservar a umidade relativa do ar alta).É preciso manter o solo úmido,mas semexcessos. >>> PRODUÇÃO O florescimento inicia-se entre oito meses e um anoe meio após o plantio. Cada touceira produz, em média,70 inflorescências, que devem ser colhidas como talo inteiro, com15 a 20 centímetros de comprimento. Se a plantar for bem hidratada antes da colheita,as inflorescências terão boa durabilidade. Corte as hastes nasprimeiras horas da manhã seguinte à noite em que a cultura foi irrigada e conserveasemágua.Apósasafra,osorvetãodeveser todo podado rente ao solopara iniciar um novo ciclo de produção.
RAIO X Solo: rico em matéria
orgânica, fértil e drenado Clima: são adequadas temperaturas entre 22 ºC e 35ºC e umidade entre 60%e80% Áreamínima: podeser plantado em canteiros, vasose jardineiras Colheita: de8a18meses apóso plantioinicia-se o florescimento Custo: o preço dorizoma de raiznua varia deR$ 10aR$15eodamuda chegaa atingirR$ 30
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VIDA NA FAZENDA
TABULEIRO por Nina Horta
O que mais vamos comer?
P
esquisei em todas as revistas,nosGooglesdavida,eparece que nada há de muito novo nesse
mundo da comida. Não há mais o que
seinventaremmatériadeingredientesmalucos, ogafanhotoestáfazendo sucesso,fritinhocom sal,caramelado,masfritoe carameladoaté sola
de sapato, não é? Esquisitices e normalidades. Tudo parece palpite furado, globalização bem-feita e malfeita, mistura um ingrediente chinês com um do Brasil e dá novidade, jaca com farinha de coco, deve ser agradávelparaquemgostadejaca. De onde arrancar uma coisa nova quepossa ser comida diariamente? O cardápio pode ser tirado nos búzios, ou no tarô, jogue e coma o que vier, está no seu mapa astral dehojeefazbemàsaúde. O gourmet do restaurante vai se alimentar de grãos cada dia mais saborosos. Aveia com leite de coco, aveia com granolas de amêndoas,e figos assados. Os japoneses inventaram uma novidade. Arroz inoculado com koji (Aspergillus orizae), que é usado tradicionalmente para fazer molho desoja e missô. Tem um gosto engraçado, não tem gordura nem sal. Vão tomar chocolate no café da manhã, comer sardinhas no almoço e bode no jantar. Bode, bodemesmo,nãoécabrito.Entraramostônicos,bebidasquefazem bem, dão energia. Tônicos feitos de raízes da medicina alternativa como kava, cúrcuma, cogumelos medicinais. Tudo que for de coco. Coco estána maior alta. E comida roxa – batata-doce roxa, couve-flor roxa, açaí, milho roxo. O que
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deunoroxo,sóporqueébonitoou tem vitaminas, meninas? E temperos exóticos e interessantes – tahini de gergelim-negro, geleia de pimenta habanero, molho de piri-piri. Massas feitas de quinoa, de legumes, lentilhas e grão-de-bico. InspiradasnoJapão.Missô,mirin, óleo de gergelim, algas, muitos temperos, especialmente indianos, tacos de gafanhotos, jaca, jaca, jaca, porco desfiado, chips de legumes,polvo,empanadasdegalinha, potes, muitos potes de chucrute, óleos alternativos. Nada de revolucionário, pois não? Economizar, inventar aproveitamento de restos, qual dona de casa já não faz isso há séculos? Waffles com massa alternativade restos depurê amassados com outra coisa qualquer, vá experimentando as sobras que um
dia dá certo. Músculo e tripas no café da manhã. Manteiga e muito abacate, olé, amigos, dankchen, bye-bye, happy January. Água, muita água, transparente e brilhante. E a mais antiga das comidas,tidacomoruim,ajudaica, sopa delámen com bolas de matzô e salmão. O que as pesquisas me indicaram é que os cozinheiros estão confusos, misturando os mundos, levando susto com novos ingredientes, 2017 vai ser o ano de experimentar ainda mais o planeta inteiro. Nada quefaça mudar o caminho do Ocidente ou do Oriente, tudo juntoe misturado. Sorvetes enormes em camadas diferentes, dentro de potes queostentam algodão-doce e bananas em fatias. Vamos ser alternativos, saudáveis, junkies, magros ou gordos,ninguém sabe, é a horada construção deumacomida nova, aprender a gostar do que ovizinhocomejáéumpassopara o entendimento dospovos.E nãoé pieguice, não, experimente entrar num táxi com motorista de cara fechada e toque no nome da comida do país ou roça dele, o olhar se ilumina e destravao moço. Falei nos torresmos de peixe? Pois vamos comer muito torresmo de peixe massacrando os ossinhos frágeis. Em pleno gozo de nossas faculdades mentais resolvemos comer as içás antes que elas nos comessem, como previa Lobato, golpe de mestre. Não tem restaurante estrelado sem saúva, semiçá,sem formigacatada. Estamos comendo as saúvas e as içás, dr.Lobato.Quevenhamasminhocas,queserão bem-vindas.
NINA HORTA
é cozinheira, escritora e proprietária do bufê Ginger. É autora dos livros Não é sopa (uma mistura saborosa de crônicas e receitas) e Vamos comer
K C O T S K N I H T ©
AutorA best-seller c o m m A i s d e 2 milhões d e l i v r o s v e n d i d o s
Depressão não é frescura Em Mentes depressivas, a dra. Ana Beatriz Barbosa Silva, médica psiquiatra e escritora, disseca a depressão de forma inovadora ao abordar a doença do século por meio de suas três dimensões: física, mental e espiritual. Nas livrarias e em e-book
VIDA NA FAZENDA
GLOBO RURAL RESPONDE
Cebolinha, salsinha e hortelã Estou tentando instalar uma horta, mas a cebolinha cresce muitofina, a salsinha está com manchas cinzas e a hortelã também apresenta-se manchada. Qual será o problema? NeideMagalhães
via Facebook ©1
O CRESCIMENTO da cebolinha
Caule de bananeira para gado Sou produtor de banana em município gaúcho onde é comum o uso do engaçoe do caule da bananeira como alimentos para o gado. Quais são os benefícios desses alimentos para os animais?
comfolhas muito finas pode ser devido à baixafertilidade ouà altaacidezdo solo. O desenvolvimento daplanta também é comprometidose o espaçamentofor pequeno,gerandocompetição por nutrientes. Porém, ressalte-se queexistem cultivares quepossuemfolhasmaisfinas.Asmanchasnasalsinhae nahortelã podemsurgirpor causadedoenças provocadas porfungos na par-
te aérea, sendo o oídio o maiscomum.Para o controle, use50 mililitrosdeleitede vaca diluídos em 950 mililitros deágua.Semanalmente,pulverize as folhas até diminuir a moléstia.Casocontrário, a recomendação é solicitaravaliação deum engenheiro agrônomo ouumtécnicoagrícola. CONSULTORA: CAROLINEPINHEIRO REYES,
analistada áreade transferênciade tecnologia da EmbrapaHortaliças, Rodovia Brasília-Anápolis,BR-060,Km 09, Caixa Postal218, CEP 70359970,Brasília (DF),tel.(61) 3385-9110,www.embrapa.br/fale-conosco
Nestor Cardoso Model
Três Cachoeiras (RS)
O CAULE DA BANANEIRA ébem
aceito como alimento pelos bovinos, podendo ser utilizado como uma alternativa em época de seca e falta de pasto. Entretanto, não se recomenda seu uso em grandes quantidades e como única refeição, pois podecausar aos animais um transtorno digestivo chamado compactação ruminoabomasal e até provocar a morte da criação. Além disso, a planta é pobre em alguns nutrientes, como proteína,havendo necessidade de suplementação alimentar. Cana-de-açúcar picada e capim-elefante são opções mais seguras indicadas para a alimentação do gado. CONSULTOR: RODRIGODA COSTA GOMES, pes-
quisador,zootecnista e especialista em nutriçãoanimal da EmbrapaGado deCorte,Av.RádioMaia, 830,Zona Rural, CEP79106-550,Campo Grande(MS), tel. (67)3368-2000, www.embrapa. br/fale-conosco
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Alecrimdo-campo Estou procurando sementes de alecrim-do-campo, mas não encontro. Onde posso comprar? FábioJúniorde Medeiros Neto
Juazeiro (BA)
MUDAS DE ALECRIM�DO�CAMPO podem ser adquiridas em vivei-
ros, floriculturas e lojas de grandes redes de supermercado, que vendem mudas de flores ou plantas aromáticas e temperos, como cebolinhas, pimentas, entre outros. Recomenda-se tambémsolicitar ajuda a um técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) mais próxima,para identificar a planta, que é muito comum em áreas de pastagens. O profissional ainda podeorientar sobre como fazer as mudas, cujo passo a passo está apresentado no link http://www.assimquefaz.com/ver-tutorial/como-fazer-muda-de-alecrim.O cultivo porsementes é um pouco mais difícil, pela disponibilidade delas porum curto período de tempo duranteo ano. CONSULTOR: Roberto Vieirade Carvalho,pesquisador da áreade gerência adjunta deprodutosda Embrapa Produtos e Mercado(SPM),Parque EstaçãoBiológica (PqEB),s/n o, Ed.Sede da Embrapa,térreo, CEP 70770-917, Brasília(DF), tel. (61) 3448-4522, www.embrapa.br/fale-conosco
A Í C R A G N O S L E N 4 ; O R A M M A G A I C R A M 3 ; K C O T S K N I H T 2 , 1 ©
VIDA NA FAZENDA
GLOBO RURAL RESPONDE
Sapotizeiro sozinho não produz frutos O que é preciso fazerpara o sapotizeiro em meuquintalsegurar a grandefloração queproduz? DjaniceFigueiredo
via Facebook ©1
Palmeira esburacada O queestá acontecendo com as palmeiras-imperiais do meu sítio, que estão com um buraco no tronco do qual sai uma resina? NelsonP. García
PLANTAS ISOLADAS de sapo-
tizeiro podem não produzir frutos em razão da autoincompatibilidade de algumas variedades da cultura. Nesses casos, porém, para que haja frutificação de sapotis, as flores precisam realizar polinização cruzada com outra planta da espécie. É importante ressaltar, no entanto, que am-
bos os sapotizeiros em cruzamento não podem ser da mesma variedade, o que dificultaria a polinização. Para os tratos culturais da árvore, recomenda-se fazer anualmente uma adubação com a fórmula NPKe outra orgânica. Além disso, garanta o suprimento de água durante todo o período de ocorrência de floração e formação dos frutos do sapotizeiro. CONSULTOR: JOÃO EMMANOEL,pesquisador em
fruticultura tropical do Instituto Agronômicode Pernambuco(IPA),Av.Gal.San Martin,1371, CEP 50761-000, Recife(PE), tel. (87)3822-3900,joao.
[email protected]
Serra Negra (SP)
OS “BURACOS”, provavelmente,
foram feitos porlarvas de coleópteros. Sãobesouros, ou brocas, que se desenvolvem no interior do estipedaspalmeiras e constroemgaleriaspara se alimentar. Eles danificamos tecidos internos da planta,provocandoseu enfraquecimento. Podemtambémprejudicara gema apical, reduzindoa produção defrutos e até matar a palmeira. Uma espéciebastantecomum é o Rhynchophorus palmarum, conhecido por broca-do-coqueiro ou bicudo-da-palmeira. Para salvar a planta,indicam-seos controlesbiológico,pormeio defungos (Beauveriabassiana e Metarhizium sp.) e insetos parasitas; cultural, pelaerradicaçãode plantas com sintomas; e comportamental, comuso de armadilhas com pedaços de cana-de-açúcar e feromôniode agregação. CONSULTORA: VALÉRIA A. GARCIA,pesquisadora doInstitutode Botânica, Núcleode Pesquisa em Plantas Ornamentais, Av. MiguelStéfano,3687, CEP04301-012,São Paulo(SP),tel. (11) 5067-6000
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Abelhas não podem ser eliminadas Há algumas abelhinhas pretas queestão acabando com as hortaliças em meu sítio. O quiabo está todo roído. O que faço?
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Oseias AlvesMoreira
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AS ABELHAS PRETAS devem ser, possivelmente, as chamadas ira-
puás, arapuás,abelhas-cachorro, enrola-cabelo, entre muitos outros nomes populares para a espécie Trigona spinipes . São abelhas nativas sem ferrão, mas muito agressivas. No caso das abelhas irapuás, os ninhos são arborícolas – ficam em árvores. Eles são grandes, escuros e com formato arredondado (globosos). É importante ressaltar que abelhas nativas são protegidas por lei e não podem ser eliminadas. Além disso, não há produtos registrados para o controle delas na cultura do quiabo. Indica-seutilizar alguma proteçãopara a plantação da hortaliça ou transferir a colmeia para algum lugar distante, com o auxílio e orientação de um profissional. CONSULTOR: FRANCISCO JOSÉZORZENON, diretortécnico da unidade laboratorialde re-
ferência em pragas urbanasdo Instituto Biológico, Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 1252, SãoPaulo (SP), CEP 04014-002, tel. (11) 5087-1718,
[email protected]
K C O T S K N I H T 4 E 3 , 2 ; A I C R A G N O S L E N 1 ©
“Bolinhas brancas” em folhas de pitangueira O que são as bolinhas brancas que apareceram nas folhas da minha pitangueira? Joelma Klippel via Facebook
É PROVÁVEL que as “bolinhas brancas” que apareceram nas folhas da pitangueira sejam cochonilhas, insetos que se alimentam da seiva da planta. À venda no varejo existem produtos eficientes para o controle do ataque da praga. Porém, há uma legislação específica vigente no país para o usodeles
que deve ser respeitada. Dessa forma, a sugestãoé ir à Secretaria de Agricultura do município ou até a uma loja especializada em mercadoriasdo ramo agrícolalevando amostras das folhas infestadas para que um profissional da área análise e identifique, adequadamente, o problema e recomende as ações corretas para a realização do manejo do inseto.
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Ração para potro Gostaria de saber quais tipos de ração e outras dicas para oferecer uma boa criação a uma potra.
CONSULTOR: JOSÉEMÍLIOBETTIOLNETO,pesquisadordo Instituto Agronômicode Campinas(IAC), daSecretariade Agricultura e Abastecimentodo Estadode SãoPaulo,tel. (11)45827284,
[email protected]
Wellington Paulo via Facebook
Plantiodecapim-elefante Qual é a forma correta de plantar capim-elefante? UtembergMarques Porto da Folha(SE)
O PLANTIO DE capim-elefante, quetem capiaçu, canará, cameroon, napier, pioneiro,mineiro e kurumi como cultivares recomendadas, ocorrede outubro a janeiro. A maioria deve ser plantada com os colmos maduros – cerca de 100 diasde crescimento. Inteiros ou partidos, os colmosdevem ser distribuídos ao longo dossulcos com 20 centímetros de profundidade e recobertos por uma camada de terra. Oespaçamentoéde0,8a1me-
tro nas entrelinhas,mas aumentepara1a1,2metronocasode colheita mecânica, para a passagemdas máquinas. Façaa análise do solo paraconstar se é fértil, exigência do capim-elefante. No sulco de plantio, utilize apenas a adubaçãofosfatada e a de cobertura, com nitrogênio e potássio, realizadaapóscada corte, quando as plantas atingirem de40 a 50 centímetros de altura. Também é indicadaa adubação orgânica comdejetos animais ou outra fonte disponível. CONSULTOR: ANTONIO VANDERPEREIRA,pesquisador da EmbrapaGado de Leite, RuaEugêniodo Nascimento,610,DomBosco, CEP36038330,Juizde Fora(MG), tel. (32) 3311-7400,www. embrapa.br/fale-conosco ©3
SÃO NECESSÁRIASmaisinformaçõesdapotra,comoidade,seestáemamamentação, seé mantida embaiaou pastagem,entre outras, parafazera recomendaçãocorreta.De maneira geral,a alimentação balanceadadepotrosémuitoimportante durante o primeiro anode vida,períodoemqueatingemcercade90%daalturaadulta.Alimentosemexcessoprecisamserevitados,paraqueosanimaisnão se tornemobesos. Nessafase,também devem praticaratividade física,afimdequetenhamumbom desenvolvimento esquelético.De trêsanovemeses,corre-seoriscomaiscrítico para o aparecimentode desordens ósseas.Naescolha daração,optepelasespecíficasparaaespéciecomteordeproteína brutaentre16%e20%,oferecendo cercade1,2%a1,5%dopesovivo, divididoemduasoutrêsvezesao dia.Forneçaaindaacadapotro40 gramasdesalmineralpordia. CONSULTORA: SANDRA APARECIDASANTOS, pesquisadora de produção animal sustentável da EmbrapaPantanal,Rua 21 de Setembro,1880, CP109, CEP79320-900, Corumbá (MS),tel.(67) 3234-5800, www.embrapa.br/fale-conosco
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FECHA ASPAS “Os agricultores estão se tornando o principal motor da virada econômica (na Argentina)”
As grandes esperanças moram em horizontes distantes e ainda desconhecidos”
FaustoSpotorno, economista-chefeda consultoria Orlando J. Ferreres & Associate,ao Wall Street Journal
DomPaulo Evaristo Arns,
arcebispoemérito da Arquidiocese deSãoPaulo (1921-2016)
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“Biodiversidade é base para promover segurança alimentar. Todo alimento que consumimos é biodiversidade” Bráulio Dias, secretário executivoda Convençãosobre ©1
DiversidadeBiológica, ao jornal Valor Econômico
“A primeira coisa que a chuva leva é a memória da seca” Vicente Andreu, presidente da Agência Nacional
deÁguas,citando uma fraseque ouviu deuma mulher nordestina,no jornal O Estadode S. Paulo
“Embora seja o único setor da economia em crescimento e tenha sustentado seguidos superávits da balança comercial e o abastecimento interno, a agropecuária brasileira não está imune à crise enfrentada pelo país”
OBrasilsóse movequando estácomopéno abismo, então achoque teremos mudanças” JoséRobertoMendonçade Barros,
economista, sobreo comportamento da economiaem 2017
João Martins, presidente da Confederaçãoda
Agriculturae Pecuáriado Brasil (CNA)
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“Invejo a burrice, porque é eterna” Nelson Rodrigues, jornalista e escritor
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O Ã Ç A G L U V I D 2 ; O B O L G O A I C N Ê G A 3 , 1 ©