Palavra Digital Gestão Estratégica de Negócios Disciplina Gestão Financeira Coordenação do Curso Leonardo Amaral Terra Autor Rodolfo Leandro de Faria Olivo
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Palavra Digital Gestão Estratégica de Negócios Disciplina Gestão Financeira Coordenação do Curso Leonardo Amaral Terra Autor Rodolfo Leandro de Faria Olivo
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Chanceler Ana Maria Costa de Sousa
Coordenador Geral de Pós-Graduação Mario Luiz Nunes Alves
Reitor Guilherme Marback Neto
Coordenadora Coordenadora Geral de Pós-Graduação EAD Claudia Regina Benedetti
Vice-Reitor Leocádia Agláe Petry Leme
Coordenadora Coordenadora Geral de Extensão Joise Sartorelli Melare
Pró-Reitor Administrativo Antonio Fonseca de Carvalho Carvalho
Diretor da Anhanguera Publicações Luiz Renato Ribeiro Ferreira
Pró-Reitor de Extensão, Cultura e Desporto Eduardo de Oliveira Elias
Núcleo de Produção de Conteúdo e Inovações Tecnológicas Diretora Carina Maria Terra Alves
Pró-Reitor de Graduação Leocádia Agláe Petry Leme Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Eduardo de Oliveira Elias Diretoria de Pós-Graudação e Extensão Diretor Silvio José Cecchi Gerentes de Pós-Graduação Vanessa Fabíola Nogueira Pancioni Patrícia Paiva
Gerente de Produção Rodolfo Pinelli Coordenadora Coordenadora de Processos Acadêmicos Juliana Alves Coordenadora Coordenadora de Ambiente Virtual Lusana Verissimo Coordenador de Operação Marcio Olivério
Como citar esse documento: OLIVO, Rodolfo Leandro de Faria, Gestão Financeira. Valinhos, Valinh os, p. 1-60, 2012. 2012. Disponível em: . Acesso em: 1 fev. 2012. © 2012 Anhanguera Publicações
Proibida a reprodução nal ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modicada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. Diagramado no Brasil 2012
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LEGENDA DE ÍCONES
Início Links Importantes Vídeos Importantes Pontuando Referências Vamos Pensar 4
ROTEIRO DE ESTUDOS DA DISCIPLINA Caro(a) aluno(a) Esse Roteiro de Estudos possui como objetivo principal direcioná-lo em seus estudos e garantir o melhor
aproveitamento possível de sua vida acadêmica e das ferramentas disponíveis no Ambiente Virtual de Aprendizagem. Assim, sugerimos os seguintes seguintes passos: 1º) Visite o Guia do Aluno e acesse os links disponíveis. 2º) No Guia do Aluno acesse o link Tutorial: nele você encontra todas as orientações iniciais e o passo a passo para a navegação no Ambiente Virtual de Aprendizagem. 3º) Ainda no espaço do Guia do Aluno verique o link Manual do Aluno: você encontrará todas as informações para sua vida acadêmica. 4º) Conra toda semana o Mural: nele temos informações atualizadas periodicamente sobre comunicados, comunicados, palestras, eventos e atividades complementares. 5º) Acesse o Fórum da disciplina: este é um espaço de interação entre você, seus colegas de turma e seu tutor. É uma importante ferramenta para esclarecer dúvidas comuns e entrar em contato com outros estudantes. 6º) Acesse o link Mensagem: caso tenha alguma dúvida especíca, você pode encaminhá-la diretamente ao tutor. 7º) Leia o Conteúdo de seu Palavra Digital, verique os materiais disponíveis e realize a leitura dos mesmos. 8º) Verique a Proposta do Desao Prossional: você irá desenvolvê-lo e postá-lo na terceira disciplina do módulo, pois sua realização prevê o estudo de todo o conteúdo das três disciplinas do módulo. 9º) Ao término de cada aula, faça a Vericação Leitura. Esta é uma importante ferramenta de autoavaliação e serve como “termômetro” para que possa sistematizar seus estudos e esclarecer as dúvidas posteriormente com seu tutor. 10º) Fique atento ao Calendário Acadêmico de seu curso, conra os prazos de entrega e datas importantes. Bons Estudos!
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Apresentação da Disciplina Você verá nesta disciplina as temática relacionadas à Gestão Financeira, na primeira aula abordaremos a Administração Financeira, pontuando os objetivos da administração nanceira, as noções de planejamento e controle nanceiro, controle do uxo de caixa e administração do Capital de Giro. Em nossa segunda aula, veremos Análise de Rentabilidade, destacando: Indicadores de Rentabilidade, Margem Operacional, Margem Líquida e Sistema Dupont, abordaremos também Ebit, Ebtida, Nopat e Custo Médio Ponderado de Capital (WACC), também trabalharemos Análise Baseada em Valor - o EVA. A terceira aula será sobre Estrutura de Capital e Alavancagem Financeira especicamente Endividamento e seus indicadores e Análise de Risco. Por m, em nossa última aula. Você aprenderá como investir no Mercado Financeiro, colocando em destaque o Mercado de Ações, Bolsa de Valores; a Relação Risco x Lucro, Rentabilidade e Retorno; também veremos Montagem de Carteiras, Home Broker e Mercado de Opções, para nalizar abordaremos os Aspectos Tributários (IR, taxas de corretagem e custódia). Bons Estudos!
AULA 1 - ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Objetivos Comprrender os conceitos de Administração Financeira. Entender os objetivos da administração ainanceira. Compreender as noções de planejamento e controle nanceiro. Entender controle do uxo de caixa e administração do Capital de Giro.
1. OBJETIVOS E ELEMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA A administração nanceira pode ser entendida, de forma simplicada, como a gestão dos fundos de uma organização, ou seja, a gestão dos recursos nanceiros que transitam pela empresa, tanto a curto quanto a longo prazo. Qual seria, contudo, o objetivo da gestão destes fundos, ou seja, o objetivo da administração nanceira? Lucro é a resposta da maioria das pessoas, inclusive da maioria dos administradores. O lucro pode ser denido de forma simples, como: Lucro = Receita - Custos - Despesas Assim, a m de maximizar-se o lucro, seria necessário maximizar as receitas ao mesmo tempo em 6
que se deveria minimizar os custos e despesas. Todavia, este pensamento levado ao extremo pode, paradoxalmente, levar a empresa a grandes prejuízos e mesmo a sua falência. Um exemplo disso seria a decisão de não mais realizar manutenção preventiva nas máquinas e equipamentos da empresa, o que reduziria custos a curto prazo, aumentando o lucro, mas diminuiria a vida útil e, conseqüentemente, o retorno do investimento nestas máquinas e equipamentos, causando prejuízo a longo prazo para a organização. A utilização apenas do lucro como medida do desempenho nanceiro da empresa é falho e pode levar o administrador a tomar ações deletérias para a própria “saúde” nanceira desta, pois o lucro é uma medida: • De curto prazo e, assim, não leva em conta os resultados das ações tomadas em períodos de tempo mais longos; • Voltada para o passado, já que não leva em conta os desdobramentos futuros dos atos tomados pelos administradores. Dessa forma, o lucro é uma medida inadequada de mensuração do desempenho nanceiro de uma organização, especialmente para ns gerenciais. A melhor medida de desempenho nanceiro de uma organização é o valor da empresa para seus acionistas. O valor da empresa, ou seja, o seu valor de mercado, é determinado pelo seu uxo de caixa descontado (FCD) trazido a valor presente por uma taxa de desconto que represente o risco dos negócios da empresa. Leia trechos do Livro Princípios de Administração
Financeira,
de
Lawrence
Jeffrey
Gitman,
disponível no Google Livros: http://books.google.com.br/books?id=5jj FoDkavoAC&pg=PR9&dq=Fundamento s+da+Administra%C3%A7%C3%A3o+F
inanceira&hl=pt-BR&sa=X&ei=qZmVT8
Para as empresas de capital aberto, é o valor das ações vezes o número total de ações, conhecido como valor de mercado. Já para as empresas de capital fechado, o valor é mais subjetivo, porém pode ser estimado por várias técnicas, como custo de oportunidade e Fluxo de Caixa Descontado calculado por especialistas ou consultores.
OiM8H16AGIhdSYBA&ved=0CFUQ6AE wAg#v=onepage&q=Fundamentos%20 da%20Administra%C3%A7%C3%A3o%20
Financeira&f=false
O valor de empresa é uma medida de gestão
nanceira muito melhor que o lucro, pois é uma medida: • De longo prazo e, assim, considera os resultados das ações tomadas em períodos de tempo mais
longos, via FCD; 7
• Voltada para o futuro, avaliando sempre os desdobramentos futuros dos atos tomados pelos administradores no FCD.
VALOR DA EMPRESA MEDIDA DE DESEMPENHO FINANCEIRA DA EMPRESA, DERIVADA DE SEU FLUXO DE CAIXA FUTURO DESCONTADO POR UMA TAXA DE RISCO. VEJA O VALOR DE MERCADO DAS EMPRESAS NA BOVESPA.
www.bmfbovespa.com.br/capitalizacaobursatil/ResumoBursatilHistorico. aspx?idioma=pt-br
Uma vez que o valor da empresa é determinado pelas expectativas de seu uxo de caixa futuros, medidas benécas para a empresa a longo prazo aumentarão o valor da companhia; e medidas apenas de curto prazo, com prejuízos no futuro, irão diminuir o valor das ações. Portanto, choques de mercado podem afetar muito o valor
das empresas. Ex: atentado de 11 de setembro de 2001 causou medo de
novos atentados com aviões e, portanto, levou à diminuição de demanda de passagens aéreas. As ações das companhias de aviação caíram fortemente. Os fornecedores de aviões, como a Embraer, também foram bastante afetados. Os acionistas, cada vez mais, têm cobrado os administradores das suas empresas, não pelos lucros de curto prazo, mas, sim, pelo aumento do preço das ações dessas companhias, o que teoricamente reete o FCD e, conseqüentemente, o valor de mercado dessas empresas. Resumindo, pode-se dizer que o objetivo da administração é maximizar o valor da empresa para seus acionistas.
1.1 STAKEHOLDERS Os chamados stakeholders são os grupos de interesse que integram a empresa: acionistas, funcionários, fornecedores, governo, a própria sociedade. No tópico anterior, discutiu-se que a empresa deve ser administrada segundo os interesses de um stakeholder especíco: os acionistas. E quanto aos clientes, funcionários, ao meio ambiente e à sociedade, os outros stakeholders? O valor da empresa já inclui todas essas considerações. Por exemplo, se a empresa trata mal seus clientes ou não remunera adequadamente seus funcionários, seu valor de mercado diminuirá, pois perderá clientes (receita futura) e perderá bons funcionários (receita futura). Se a empresa polui o meio ambiente, seu valor também diminuirá, pois aumentam custos futuros (processos legais, multas, entre outros) e perderá receitas futuras com clientes cada vez mais exigentes com empresas ecologicamente responsáveis.
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1.2 RESPONSABILIDADES FINANCEIRO
DO
ADMINISTRADOR
O administrador nanceiro, basicamente, é responsável por três grandes conjuntos de decisões dentro de uma organização. Esses três conjuntos podem ser denidos de forma esquemática da seguinte maneira:
Fonte: Elaborado pelo autor As decisões de investimentos referem-se basicamente à aquisição e manutenção dos ativos da empresa e levam em conta, especialmente, critérios de risco e retorno, bem como de custo de oportunidade para a empresa. As decisões de nanciamento visam a prover recursos para as decisões de investimento, ou seja, como serão nanciados (pagos) os investimentos realizados pela organização. Essas decisões são tomadas levando-se em conta, principalmente, as questões de liquidez, risco de insolvência e custo de capital da organização. Uma vez que as decisões de investimento de nanciamento sejam bem sucedidas, a organização gerará lucros. Assim, a terceira decisão consiste em, justamente, avaliar de que forma utilizar esses lucros, levando-se em consideração que eles podem ser reinvestidos na organização, gerando mais ativos e funcionando como nanciamento para este ou, alternativamente, podem ser distribuídos (“devolvidos”) aos acionistas na forma de dividendos.
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Essas decisões serão discutidas ao longo do curso em diversos tópicos diferentes, visto que constituem o cerne da administração nanceira.
1.3 DIVISÃO FUNCIONAL DE UM DEPARTAMENTO FINANCEIRO A forma mais tradicional de organizar o trabalho em uma organização é utilizando-se da estrutura
funcional, ou seja, as tarefas são divididas por áreas de especialidades, normalmente conhecidas como departamentos. A estrutura organizacional dos departamentos nanceiros diverge de empresa para empresa, mas, normalmente, contempla as seguintes áreas:
Fonte: Elaborado pelo autor A diretoria nanceira é comandada por um diretor nanceiro, também conhecido como CFO (Chief Financial Ofcer), o qual é a autoridade máxima da área. O planejamento tem por função realizar o Orçamento e o Pl ano de Negócios da companhia, transformando o seu planejamento estratégico em medidas nanceiras a serem alcançadas. A controladoria tem por objetivo cumprir todas as obrigações legais, tais como o correto recolhimento 10
de tributos e publicação de balanços, bem como o acompanhamento e controle da organização e auditoria. A tesouraria movimenta e controla o uxo de caixa da empresa, os pagamentos, recebimentos, o uxo de caixa, além de aplicações nanceiras e empréstimos e, mais modernamente, o gerenciamento de riscos da empresa. Essas áreas devem permitir que as três grandes decisões nanceiras discutidas anteriormente possam ser tomadas de forma técnica e racional, tornando a área nanceira eciente e ecaz em suas funções.
1.4 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E GLOBALIZAÇÃO NO BRASIL No nal da década de 1970, surgiram grandes avanços tecnológicos nas telecomunicações e na informática, que permitiram grandes transferências de informações a velocidade quase instantânea. Aliando-se os avanços tecnológicos e o cenário político favorável vigente, os níveis de comércio internacional e integração econômica tiveram grandes saltos, fenômeno que cou conhecido como globalização econômica. Glossário: Fenômeno econômico de ampliação signifcativa nas três últimas décadas das fnanças e do comércio internacionais.
Os mercados de capitais e os mercados nanceiros cada vez mais se tornam globais, uma vez que os investidores, bancos e agentes econômicos tomam suas decisões de nanciamentos e investimentos em uma perspectiva mundial. Dessa forma, a administração nanceira das empresas também torna-se cada vez mais global, sendo afetada por eventos em todo o planeta. Para os administradores brasileiros, seu ambiente de relacionamento - o Sistema Financeiro Nacional - tem cada vez mais seguido as tendências mundiais e se transformado em uma perspectiva globalizada. Em termos mundiais, ou seja, de forma geral para os países desenvolvidos, até a década de 1970, a administração nanceira era realizada de forma local, assim as empresas analisavam: (ROSS, et. al.., 2002)
• Investimentos dentro do país e perspectivas econômico-nanceiras domésticas; • Financiamento de curto e longo prazo com estratégia local e determinação da estrutura e custo de capital no país da empresa; • Política de dividendos e distribuição de lucros para agradar aos investidores locais e remessas de lucro ao exterior controladas. • a globalização promoveu grandes mudanças nesse cenário a partir da década de 1980: (ibidem) 11
• Investimentos avaliados de forma internacional, ou seja, a empresa vista como uma carteira de investimentos por todo o planeta; • Financiamentos podem ser adquiridos em diversos países, com diferentes taxas de juros e moedas: aumento das oportunidades e do risco, • Utilização de derivativos para lidar com esse risco: trilhões de dólares negociados diariamente no mundo; • Política de dividendos para agradar acionistas globais: abertura das bolsas de valores. Para o Brasil, de forma especíca, as mudanças foram ainda mais profundas, especialmente a partir de década de 1990. Os administradores nanceiros têm um papel cada vez mais relevante para as empresas no Brasil: (OLIVO, 2009) • Até o início da década de 1990: • Gerar ganhos com a alta inação; • Conseguir favores do governo, isenções scais e subsídios. • Após 1994: • Conseguir projetos de investimento que gerem retornos sem subsídios; • Conseguir nanciamentos em moeda local, ou estrangeira, com custo baixo para nanciar os investimentos; • Gerir os riscos tanto de negócios, quanto de mercado (moedas, taxa de juros) para garantir a sobrevivência da empresa. Surge, então, grande aplicação para os mercados de derivativos; • Exercer controles rigorosos sobre as atividades e transparência no relacionamento com os stakeholders, por meio de efetiva governança corporativa. A abertura da economia e o Plano Real, na década de 1990, foram um divisor de águas no Brasil, permitindo que a economia se tornasse saudável e que a própria teoria nanceira clássica se aplicasse a esta economia. (OLIVO, 2009)
2. ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO Um dos papéis fundamentais do administrador nanceiro é administrar os recursos no curto prazo. No longo prazo o valor da empresa deve ser o principal objetivo do administrador. A curto prazo, contudo, a solvibilidade, ou seja, a capacidade de efetuar os pagamentos devidos deve ser a principal preocupação do administrador nanceiro. A necessidade de administrar nanceiramente em curto prazo é decorrente dos diversos prazos de 12
pagamento a fornecedores, salários, impostos, receitas, a que a empresa está submetida. Dessa forma, faz-se necessário administrar esses recebimentos e pagamentos de forma que a empresa sempre tenha os recursos necessários para honrar suas obrigações. Esta é uma das funções primordiais da tesouraria que deve garantir a boa administração nanceira de curto prazo. A m de compreender-se a administração nanceira de curto prazo, o capital de giro e o uxo de caixa, é necessário, primeiramente, compreender os ciclos de caixa e operacional da empresa, apresentados a seguir.
2.1 CICLO OPERACIONAL E CICLO DE CAIXA Ciclo Operacional: O ciclo operacional (CO) é denido como o período de tempo que vai da data em que a empresa adquire matérias-primas até a data de recebimento do dinheiro pela venda do seu produto. O ciclo é composto pelo prazo médio dos estoque (PME) e pelo prazo médio de recebimento (PMR). Assim: CO = PME + PMR
Exemplo: Uma empresa vende seus produtos a prazo. Esta empresa demora, em média, 75 dias para comprar, estocar e nalizar uma venda. A empresa concede ainda 45 dias para os clientes pagarem pelas compras. Qual é o ciclo operacional? CO = PME + PMR = 75 + 45 = 120 dias
O ciclo operacional da empresa é de 120 dias, ou seja, de quatro meses. Ciclo de Caixa: O ciclo de caixa (CC) também leva em consideração que a empresa normalmente compra suas matérias-primas e insumos a prazo. O ciclo de caixa é composto pelo ciclo operacional menos o prazo médio de pagamento de seus fornecedores. Assim: CC = CO – PMP = PME + PMR - PMP
Exemplo: Uma empresa vende seus produtos a prazo. Esta empresa demora, em média, 75 dias para comprar, estocar e nalizar uma venda. A empresa concede ainda 45 dias para os clientes pagarem pelas compras. A empresa compra a prazo de seus fornecedores com 30 dias para pagar. Qual o ciclo de caixa ? CC = PME + PMR – PMP = 75 + 45 – 30 = 90 dias
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O ciclo de caixa da empresa é de 90 dias, ou seja, de três meses. O ciclo operacional indica quanto tempo a empresa demora para realizar uma operação completa, ou seja, desde a compra de matérias-primas e insumos, passando pela estocagem, produção, venda, até o recebimento do dinheiro. O ciclo de caixa indica quanto tempo a empresa precisa nanciar as suas operações, ou seja, o prazo de que a empresa precisa nanciar seus estoques e vendas me
nos o prazo que a empresa recebe de nanciamento de seus fornecedores. Nos exemplos
anteriores:
2.2 O CAPITAL DE GIRO O Capital de Giro (CG) também conhecido como Capital Circulante Líquido (CCL) são os recursos investidos pela empresa para nanciar as suas operações. As empresas têm que investir em máquinas, equipamentos, instalações, para poder produzir os seus produtos e serviços. Esse é o chamado capital xo ou permanente. Além do capital permanente, as empresas também precisam investir, ou seja , disponibilizar recursos para nanciar seus estoques e suas vendas, já que ambos demandam um período para se realizarem. Assim, temos que, quanto maior o PME e o PMR, maior será a necessidade de capital de giro. Contudo, os fornecedores concedem prazos de pagamento para a empresa, o que ajuda a diminuir o prazo necessário ao nanciamento das operações. Quanto maior o PMP, menor será o capital de giro. • Quando PME + PMR > PMP a empresa tem capital de giro positivo, ou seja, necessita de recursos para nanciar seu giro. • Quando PME + PMR < PMP a empresa tem capital de giro negativo, ou seja, não necessita de recursos para nanciar seu giro, sobram recursos.
3. CONTROLE DE FLUXO DE CAIXA A análise do Capital de Giro (CG) também conhecido como Capital Circulante Líquido (CCL) é interessante a m de compreendermos a dinâmica da movimentação de recursos na empresa, porém 14
não oferece diretamente uma ferramenta gerencial para controlar esta dinâmica. A ferramenta gerencial adequada à administração nanceira de curto prazo é o controle de uxo de caixa. A m de explicar o método de controle gerencial do caixa, conhecido como uxo de caixa pelo método direto, será apresentado, a seguir, um exemplo de sua utilização e análise. Exemplo: Uma empresa de projetos começou suas operações em janeiro com um capital integralizado de R$ 10 mil. A empresa fechou um contrato para um projeto de um equipamento em janeiro no valor de R$ 60 mil, para recebimento do valor total na entrega em março. Para tanto, comprou matérias-primas no valor de R$ 20 mil, para pagamento em 30 dias. A estrutura de custo xo da empresa envolve aluguel de galpão, R$ 2 mil por mês, funcionários (salários + encargos) no valor de R$ 2 mil por mês e despesas gerais (telefone, energia, contador, seguro, entre outros) no valor de R$ 1 mil por mês. Fluxo de Caixa – Método Direto Janeiro
Fevereiro
Caixa Inicio de Período
Março
Total
5.000
-20.000
10.000
-
-
10.000
-
-
60.000
60.000
(+) Entradas de Caixa Aportes de Capital Recebimento de Vendas (-) Saídas de Caixa Matéria-prima
-20.000
-20.000
Aluguel
-2.000
-2.000
-2.000
-6.000
Salários (encargos)
-2.000
-2.000
-2.000
-6.000
Despesas Gerais
-1.000
-1.000
-1.000
-3.000
5.000
-20.000
-35.000
-35.000
Caixa Final de Período
A empresa obteve um saldo de caixa negativo de R$ 20 mil em fevereiro, necessitando de um empréstimo bancário ou novo aporte de capital dos sócios. A este valor chamamos capital de giro, no caso, há uma necessidade de capital de giro. O uxo de caixa permite, assim, de forma gerencial, predizer se em determinado período de tempo haverá caixa negativo (necessidade de capital de giro) ou não, qual o montante dessa necessidade de caixa (no exemplo – R$ 20 mil) e por quanto tempo haverá essa necessidade (no exemplo por um mês), permitindo ao administrador nanceiro preparar-se para essas necessidades e tomar medidas adequadas, tais como empréstimos bancários, renegociação de contratos ou aportes de capital. O uxo de caixa, desse modo, torna-se a ferramenta gerencial de análise e ação sobre o capital de giro. 15
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A administração nanceira está presente em todas as organizações, mesmo que elas não possuam ns lucrativos, visto que seu objetivo é o bom gerenciamento dos fundos da companhia, algo necessário a qualquer organização. Dessa forma, a administração nanceira torna-se peça fundamental no planejamento, controle e execução da administração de qualquer empresa, sendo um dos fatores críticos de seu sucesso e de sua sobrevivência a longo prazo. Os administradores e gestores de qualquer organização, portanto, mesmo as sem ns lucrativos, devem organizar, estruturar e valorizar a sua área nanceira a m de permitir a consecução dos próprios objetivos da organização.
5 VAMOS PENSAR? O lucro é o principal objetivo da administração nanceira? Explique e justique a sua resposta.
6. PONTUANDO Vimos nesta aula: •
Os conceitos de Administração Financeira.
•
Os objetivos da administração ainanceira.
•
As noções de planejamento e controle nanceiro.
•
Controle do uxo de caixa e administração do Capital de Giro.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BBRIGHAM, E. F.; GAPENSKI, L.C.; EHRHARDT, M.C. Administração Financeira – Teoria e Prática. São Paulo: Atlas, 2001. DAMODARAN, A. Avaliação de Investimentos: Ferramentas e Técnicas para a Determinação do Valor de Qualquer Ativo. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999. 16
GROPELLI, A. A.; NIKBAKHT, E. Administração Financeira. São Paulo: Saraiva, 2002. OLIVO, Rodolfo L. F. Administração de Empresas. São Paulo: Saint Paul, 2009. ___________________. Análise de Investimentos. Campinas: Alínea, 2008. ROSS, S.A.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. Administração Financeira – Corporate Finance. São Paulo: Atlas, 2002. SANTOS, J. O. Avaliação de Empresas: Um Guia Prático. São Paulo: Saraiva, 2005. STEWART, G. B. The Quest for Value. New York: Harper Business, 1991. WESTON , J. F.; BRIGHAM, E. F. Fundamentos da Administração Financeira. São Paulo: Makron Books, 2000.
AULA 2 - ANÁLISE DE RENTABILIDADE Objetivos Entender os Indicadores de Rentabilidade, Margem Operacional, Margem Líquida e Sistema Dupont. Compreender Ebit, Ebtida, Nopat e Custo Médio Ponderado de Capital (WACC). Compreender Análise Baseada em Valor - o EVA.
1. INDICADORES DE RENTABILIDADE A rentabilidade de um ativo pode ser denida, de forma simples, como o volume (ou porcentual) que esse ativo “retorna”, ou seja, devolve ao investidor em determinado período de tempo. A m de ilustrar a idéia de rentabilidade, suponha um investidor que aplicou R$ 1.000,00 na caderneta de poupança e, após um ano, obteve juros de R$ 80,00. O retorno ou rentabilidade deste investimento, ou seja, o valor de “retorno”, que foi “devolvido” pelo investimento, foi de R$ 80,00 ou 8% ao ano (R$ 80,00 divido por R$ 1.000). As empresas representadas em seus relatórios nanceiros podem ser entendidas como um investimento. Na verdade, todo o ativo da empresa não deixa de ser um investimento. Dessa forma, usualmente, utilizam-se dois indicadores de rentabilidade contábil para uma empresa:
a) ROI – Return on Investments – em português, normalmente, conhecido como retorno sobre o 17
ativo (ou mesmo retorno sobre o investimento): calcula-se dividindo o lucro líquido pelo total do ativo.
ROE – Return on Equity – em português, normalmente, conhecido como retorno sobre o patrimônio líquido (ou mesmo retorno sobre o capital próprio): calcula-se dividindo o lucro líquido pelo total do patrimônio líquido.
Exemplo: Uma determinada empresa fechou seu balanço com o total de ativos de R$ 500 mil e um total do patrimônio líquido no valor de R$ 200 mil. O lucro lí quido da empresa foi de R$ 50 mil. Calculando-se a rentabilidade da empresa, nesse ano, temos:
O retorno sobre o investimento (ROI) foi de 10%, ou, seja o lucro líquido correspondeu a 10% do total do ativo, o investimento considerado pela empresa. Por outro lado, o retorno sobre o patrimônio líquido, ou seja, considerando-se apenas o retorno sobre os recursos investidos pelo acionista, foi de 25%.
2. MARGEM LÍQUIDA A margem líquida é outra forma de estudar a rentabilidade, medida como porcentagem do total de venda. A margem líquida é denida como:
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Exemplo: Uma determinada empresa fechou sua demonstração de resultados com o total de venda de R$ 800 mil e lucro líquido de R$ 160 mil. Calculando-se a margem líquida da empresa, temos:
A margem líquida foi de 20%, o que signica que, de cada R$ 100 vendidos, R$ 20 converteram-se em lucro, caracterizando-se qual seria a margem, ou seja, o porcentual de retorno sobre as vendas.
3. SISTEMA DUPONT A margem líquida não é a única responsável pela rentabilidade da empresa. A m de calcular esta rentabilidade faz-se necessário também calcular o giro do ativo. Em outras palavras, a rentabilidade é função da margem líquida (quanto ganha em porcentual), mas também de quantas vezes esse ganho, a margem líquida, ocorre no ano, o que se chama de giro. A fórmula Dupont pode ser resumida como sendo: ROI = Margem Líquida X Giro do Ativo
Exemplo: Uma empresa possui margem líquida de 5% e giro do ativo de 3,5 vezes ao ano. Qual é a sua rentabilidade anual? ROI = 5% X 3,5 = 17,5% ao ano
4. EBIT, EBITDA E NOPAT Duas outras medidas bastante utilizadas em análise nanceira são o EBIT e o EBITDA. O EBIT – (Earnings Before Interest and Taxes), em português traduzido como LAJIR – (Lucro antes 19
dos Juros e Imposto de Renda) seria correspondente ao “lucro operacional”, ou seja, o lucro gerado pelas operações da empresa. Excluem-se os juros e o imposto de renda, pois esses não fazem parte do resultado das operações da empresa e, sim, de suas decisões de nanciamento e da política scal do governo. O EBITDA – (Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization), em português traduzido como LAJIDA – (Lucro antes dos Juros, Imposto de Renda, Depreciação e Amortização) seria, aproximadamente, correspondente ao “uxo de caixa operacional”, ou seja, excluindo-se do EBIT a depreciação e a amortização, excluem-se as despesas não-caixa (aquelas que são contabilizadas, mas não são pagas, não saem do caixa), atingindo-se, aproximadamente, o uxo de caixa operacional. Dizse, aproximadamente, pois para chegar ao valor exato seria necessário calcular ainda a variação do capital de giro. D.R.E – Contabilidade (Brasil)
Contabilidade Gerencial
Valores em milhares de reais
Valores em milhares de reais
R$ Receita Bruta
100,00
R$ Receita Bruta
100,00
(-) Tributos sobre vendas
(8,00) (-) Tributos sobre vendas
(8,00)
(=) Receita Líquida
92,00 (=) Receita Líquida
92,00
(-) Custos
(=) Lucro Bruto
(40,00) 52,00
(-) Custos
(=) Lucro Bruto
(40,00) 52,00
(-) Despesas Administrativas
9,00
(-) Despesas Administrativas
9,00
(-) Despesas de Vendas
7,00
(-) Despesas de Vendas
7,00
(-) Despesas Gerais
5,00
(-) Despesas Gerais
5,00
(-) Depreciação
8,00
(=) EBITDA
(-) Despesas Financeiras (+) Receitas Financeiras
(=) Lucro Antes do IR (-) IR
(=) Lucro Líquido
(12,00) 3,00
14,00 4,00 10,00
(-) Depreciação
(=) EBIT
31,00 8,00
23,00
(-) Despesas Financeiras
(12,00)
(+) Receitas Financeiras
3,00
(=) Lucro Antes do IR (-) IR
(=) Lucro Líquido
14,00 4,00 10,00
A contabilidade brasileira, contudo, possui outro padrão de demonstração dos resultados, não totalmente compatível com o EBIT e o EBITDA, os quais, para serem corretamente calculados, deve -se utilizar, portanto, uma contabilidade gerencial. A seguir, será apresentado um exemplo a m de ilustrar essas diferenças. Exemplo: DRE - Brasil, EBIT e EBITDA 20
Leia no Google Livros, trechos do livro Finanças corporativas: teoria e prática, de Aswath Damodaran. http://books.google.com.br/ books?id=3V0lcVbM2-AC&pg=PA632&dq=avali a%C3%A7%C3%A3o+de+empresas&hl=pt-BR &sa=X&ei=d6eVT4nMAqPk6QGtpOnuBA&ve d=0CHsQ6AEwCQ#v=onepage&q=avalia%C3
Além do EBIT e do EBITDA existe ainda uma outra medida nanceira bastante utilizada, conhecida como NOPAT – Net Operating Prot After Taxes, ou seja, lucro operacional líquido após os impostos. O NOPAT pode ser calculado como sendo: NOPAT = EBIT – IR No exemplo anterior, o cálculo do NOPAT seria: NOPAT = 23 – 4 = 19
%A7%C3%A3o%20de%20empresas&f=false
5. ANÁLISE BASEADA EM VALOR - EVA
.
A questão do valor de uma empresa é uma questão fundamental em nanças, por diversas razões: • O valor é utilizado e discutido em venda de empresas e em processos de fusão e aquisição; • O aumento do valor da empresa é a principal preocupação dos acionistas, assim é fundamental entender como é gerado o valor; • O valor se reete no mercado de ações, assim se o valor da empresa aumenta, o preço de suas ações também aumenta; Dada a importância da questão do valor, a administração nanceira, cada vez mais, tem seus princípios baseados nesses fundamentos. A questão do valor evoluiu ao longo do tempo iniciando com a lógica patrimonial e evoluindo para a lógica do valor presente. Para se compreender os fundamentos do valor, iniciaremos com um exemplo simples. Utilizaremos o exemplo de uma macieira. Exemplo: Um fazendeiro desejava saber qual o valor monetário de uma macieira que ele possuía em seu quintal. Como ele poderia avaliar esta macieira? Visão patrimonial: A visão patrimonial foi a visão predominante até a primeira metade do século XX. Esta visão é contábil. No exemplo da macieira, o valor da árvore seria o seu valor de liquidação, ou seja, a árvore vale a soma do valor de venda de suas raízes, tronco, folhas e frutas, como estão atualmente. Suponha que as 21
raízes e as folhas não tem utilidade e, portanto, seu valor de mercado é zero. A madeira do tronco pode ser vendida por R$ 200 e as frutas podem ser vendidas por R$ 100. O valor desta árvore é R$ 300. No caso de uma empresa, o valor seria determinado contabilmente como o valor de venda dos ativos menos o valor dos passivos, ou seja, o valor contábil do Patrimônio Líquido. Críticas à Visão Patrimonial: No século passado, com a economia e a teoria de nanças se tornando cada vez mais sosticadas, sérias críticas foram levantadas contra a visão patrimonial: • Esta visão supõe que a empresa será liquidada, ou seja, que seus ativos serão vendidos e que seus passivos serão pagos, o que, na maioria das vezes, não é verdade, a empresa continuará a existir; • Os valores contábeis são valores históricos e não reetem os valores correntes de mercado de forma adequada; • Essa visão não considera o possível crescimento da empresa, sua estratégia e seus ganhos futuros; • Essa visão não considera os ativos intangíveis da empresa, como marcas, imagem, conhecimento e capacidade de inovação. Dessa forma, a visão patrimonial foi abandonada por não reetir bem o valor da empresa. Surgiu, então, uma nova visão do Valor Presente. Visão do Valor Presente: Essa visão buscava suprir as falhas da visão patrimonial. Voltemos ao exemplo da macieira: Na visão patrimonial, a macieira valia R$ 300, resultado da sua “l iquidação”, ou seja, ela seria cortada em pedaços e vendida, valendo R$ 200 o tronco e R$ 100 as frutas. Contudo, o fazendeiro pretendia explorar a sua produção de maçãs ao longo do tempo. A vida produtiva dessa macieira é de 5 anos. O fazendeiro estimava que a árvore produziria cerca de 100 maçãs por ano e que essas maçãs seriam vendidas a R$ 1 cada uma, gerando uma receita de R$ 100 reais por ano. Então, como a macieira produziria por cinco anos, seu valor seria de R$ 500, ou seja, R$ 100 reais por ano vezes cinco anos. Esse valor ainda não está correto. O fazendeiro tem um custo de oportunidade de produzir maçãs, ou seja, poderia aplicar esses recursos que investiu na macieira no banco a juros de 12% ao ano. Assim, faz-se necessário descontar o custo de oportunidade de produzir maçãs:
22
Qual o valor da macieira? É o uxo de caixa dos ganhos trazidos a valor presente pelo custo de oportunidade (12% ao ano): Na HP 12-C: F Fin 0 G CF0 100 G CFJ 5 G NJ 12 i
F NPV = 360,48 O valor da empresa seria de R$ 360,48 e não R$ 300 pela visão patrimonial. O valor da empresa é formado pelo uxo de caixa futuro (potencialmente até uma data futura innita) trazido a valor presente por uma taxa de desconto que deve reetir o risco desses uxos. O valor da empresa é compartilhado por acionistas e pelos detentores do capital de terceiros. Assim: Valor da Empresa = Valor dos Acionistas + Valor das Dívidas
Exemplo: Uma empresa calculou seu valor como R$ 500.000 (uxo de caixa futuro descontado). O valor total das dívidas (passivos de terceiros) é de R$ 200.000. Qual o valor para os acionistas? Valor da Empresa = Valor dos Acionistas + Valor das Dívidas 500.000 = Valor dos Acionistas + 200.000 Valor dos Acionistas = 500.000 – 200.000 = 300.000 O que acontece com uma empresa de capital aberto se o seu valor de mercado (valor das ações vezes a quantidade de ações) estiver abaixo do seu valor patrimonial (patrimônio líquido)? 23
O patrimônio líquido representa o valor dos ativos l íquidos da empresa, ou seja, o valor de suas máquinas, equipamentos, instalações, ativos intangíveis e circulantes menos as suas dívidas. O valor de mercado representa os uxos de caixa futuros trazidos a valor presente por uma taxa de desconto que reete o risco percebido para esses uxos. Assim, se uma empresa tem patrimônio líquido > valor de mercado, a empresa está em sérios problemas, pois vale mais “morta” do que “viva”. Em outras palavras, o uxo de caixa gerado pelos seus ativos não compensa o valor investido nesses ativos. A decisão mais racional é liquidar a empresa e vender seus ativos em partes, o que gerará maior valor para o acionista. Na década de 1990, foi desenvolvida uma outra técnica semelhante ao Fluxo de Caixa Descontado (FCD), ou Valor Presente, para calcular o valor da empresa. Essa técnica foi patenteada por Stewart e cou conhecida como EVA. O EVA (Economic Value Added) é o valor econômico adicionado, ou seja, é o valor do lucro após se descontar o custo do capital próprio. A contabilidade tradicional considera o custo do capital de terceiros na forma de juros e despesas
nanceiras abatendo o lucro líquido. Contudo, a contabilidade não reconhece que o capital próprio também tem um custo que deve ser abatido. Esse reconhecimento que o capital próprio tem um custo e deve ser deduzido do lucro é o EVA.
Exemplo de EVA:
O EVA mede, assim, a efetiva criação de riqueza para acionista, considerada mesmo após descontarse o custo do capital próprio, ou seja, descontando-se os pagamentos aos credores (custo de capital de terceiros) e o custo de seu próprio capital, o valor remanescente foi efetivamente criado para os acionistas. Essa é a essência do EVA, tornando-o mais adequado como medida de resultado nanceiro do que o lucro líquido.
24
D.R.E Receitas (-) Custos
200.000 (100.000)
(=) Lucro Bruto
100.000
(-) Despesas
(20.000)
(=) LAIR (-) IR (30%) (Lucro Líquido)
80.000 (24.000) 56.000
(-) Custo do Capital Próprio (20% s/ PL) (=) EVA
(20.000) 36.000
5 VAMOS PENSAR? O que são os indicadores de rentabilidade e qual a sua função?
6. PONTUANDO Vimos nesta aula: • Os Indicadores de Rentabilidade, Margem Operacional, Margem Líquida e Sistema Dupont. • Ebit, Ebtida, Nopat e Custo Médio Ponderado de Capital (WACC). • Análise Baseada em Valor - o EVA.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRIGHAM, E. F.; GAPENSKI, L.C.; EHRHARDT, M.C. Administração Financeira – Teoria e Prática. São Paulo: Atlas, 2001. DAMODARAN, A. Avaliação de Investimentos: Ferramentas e Técnicas para a Determinação do Valor de Qualquer Ativo. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999. GROPELLI, A. A.; NIKBAKHT, E. Administração Financeira. São Paulo: Saraiva, 2002. 25
OLIVO, Rodolfo L. F. Administração de Empresas. São Paulo: Saint Paul, 2009. ___________________. Análise de Investimentos. Campinas: Alínea, 2008. ROSS, S.A.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. Administração Financeira – Corporate Finance. São Paulo: Atlas, 2002. SANTOS, J. O. Avaliação de Empresas: Um Guia Prático. São Paulo: Saraiva, 2005. STEWART, G. B. The Quest for Value. New York: Harper Business, 1991. WESTON , J. F.; BRIGHAM, E. F. Fundamentos da Administração Financeira. São Paulo: Makron Books, 2000.
AULA 3 - ESTRUTURA DE CAPITAL E ALAVANCAGEM FINANCEIRA Objetivos Compreender Estrutura de Capital e Alavancagem Financeira. Entender Endividamento e seus indicadores e Análise de Risco
1. ENDIVIDAMENTO As empresas e organizações necessitam de recursos nanceiros para suas operações e sua manutenção no longo prazo. Na maioria das vezes, somente os recursos próprios não são sucientes para gerar estes fundos necessários, então a empresa recorre ao endividamento, o que, ao contrário do que sugere o senso comum, não é sempre ruim. O endividamento pode ser bom ou ruim, dependendo de alguns fatores, tais como custo (taxa de juros), prazo e oportunidades de investimentos da empresa, fatores essses que serão estudados nos tópicos a seguir. Inicialmente, serão apresentados os principais indicadores de endividamento das empresas.
1.1 ÍNDICE DE ENDIVIDAMENTO GERAL (IEG) O IEG tem por objetivo medir o volume porcentual de passivo exigível, ou seja, de dívidas que deverão
ser pagas a curto ou a longo prazo, em relação ao total de ativos (investimentos) da empresa. 26
Exemplo: Uma empresa publicou suas demonstrações nanceiras indicando passivo circulante no total de R$ 100 mil, exigível a longo prazo no valor de R$ 200 mil e total do ativo no valor de R$ 500 mil. Calculando-se o IEG:
A interpretação do IEG, no exemplo, é que, de todos os investimentos realizados pela empresa (representados pelos ativos), 60% são nanciados com passivo exigível, ou seja, dívida que deverá ser paga em algum momento.
1.2 ÍNDICE DE COBERTURA DE JUROS (ICJ) O ICJ tem por objetivo medir qual é a folga de resultado operacional para o pagamento de juros. Em palavras simples, quantas vezes a empresa gera recursos com suas operações para pagar os juros devidos do passivo exigível.
Exemplo: Uma empresa publicou suas demonstrações nanceiras indicando LAJIR (Lucro Antes dos Juros e Imposto de Renda) no total de R$ 600 mil e total de juros pagos no valor de R$ 150 mil. Calculando-se o ICJ:
A interpretação do ICJ, no exemplo, é que o resultado operacional, representado pelo LAJIR é 4 vezes 27
maior que os juros a serem pagos no período, indicando uma boa folga de geração de recursos para a cobertura de juros.
1.3 ÍNDICE DE COBERTURA DE DESPESAS FIXAS (ICDF) O ICDF tem por objetivo medir qual é a folga de resultado operacional para o pagamento de juros e outras despesas xas como aluguel, por exemplo. Em palavras simples, quantas vezes a empresa gera recursos com suas operações para pagar os juros devidos somados a outras despesas xas da empresa.
Exemplo: Uma empresa publicou suas demonstrações nanceiras indicando LAJIR (Lucro Antes dos Juros e Imposto de Renda) no total de R$ 500 mil e total de juros pagos no valor de R$ 150 mil. As despesas xas (aluguel e IPTU) totalizaram R$ 50 mil. Calculando-se o ICDF:
A interpretação do ICDF, no exemplo, é que o resultado operacional, representado pelo LAJIR é 2,5 vezes maior que os juros a serem pagos no período somados às despesas xas, indicando uma boa folga de geração de recursos para a cobertura do total de despesas xas.
2. ESTRUTURA DE CAPITAL E CUSTO DE CAPITAL Tanto o capital próprio quanto o capital de terceiros tem um custo para a empresa. O custo de capital da empresa é a composição do custo de capital próprio com o custo de capital de terceiros. O custo de capital, normalmente, é calculado como a média ponderada entre o custo de capital próprio (CCP) e o custo de capital de terceiros (CCT), logo é conhecido como Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC), chamado em inglês de Weight Average Cost of Capital (WACC). Assim temos: CMPC = Custo do Capital Próprio x (% do Capital Próprio) + Custo do Capital de Terceiros x (% do Capital de Terceiros)
28
2.1 CUSTO DE CAPITAL DE TERCEIROS (CCT) O custo de capital de terceiros é determinado pela média ponderada do custo do Passivo Circulante e
do Exigível a Longo Prazo. Exemplo:
Assim, deve-se identicar a porcentagem de participação de cada dívida / passivo no total e, então, calcular a média ponderada do custo.
CCT = 0%*8% + 0%*2% + 30%*10% + 16%*55% + 18%*25%
CCT = 0% + 0% + 3,0% + 8,8% + 4,5% = 16,3% CCT = 16,30% a.a
29
2.2 CUSTO DE CAPITAL DE PRÓPRIO (CCP) O custo do capital próprio é o custo do Patrimônio Líquido, ou seja, o custo de oportunidade e os riscos envolvidos na empresa do ponto de vista do acionista. Uma possível forma de calcular o custo do PL é utilizando-se o CAPM. Exemplo: Uma empresa tem seu beta total (beta da empresa como um todo) igual a 1,5. As projeções indicam a taxa selic a 8,5% a.a e o Ibovespa em 21,5% a.a. Qual é o custo de capital próprio da empresa? K = Rf + beta x (Rm - Rf) K = 8,5% + 1,5 x (21,5% - 8,5%) K = 28% A interpretação do CCP é que, dado o nível de risco beta de 1,5 da empresa e as condições de mercado vigentes, o custo de oportunidade dos acionistas em investir nessa empresa, considerando-se o seu risco, é de 28% ao ano.
2.3 CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL (CMPC) O custo do capital é a média do custo de capital próprio e do custo de capital de terceiros ponderada
pela estrutura de capital.
30
Estrutura de Capital: % Capital Próprio = 1.500.000 / 2.500.000 = 60% = 0,60
% Capital de Terceiros = (200.000 + 800.000) / 2.500.000 = 40% = 0,40
CMPC: CMPC = Custo do Capital Próprio x (% do Capital Próprio) + Custo do Capital de Terceiros x (% do Capital de Terceiros)
CMPC = 28% x 0,60 + 16,30% x 0,40 CMPC = 23,32%
O custo do capital é 23,32%, ou seja, teoricamente, a empresa precisa ter uma rentabilidade superior a esse custo para justicar nanceiramente a sua existência.
2.4 CMPC CONSIDERANDO O EFEITO DO IMPOSTO DE RENDA O custo de capital próprio e o custo de capital de terceiros têm tratamentos tributários diferentes em relação ao imposto de renda – lucro real. A despesa com capital de terceiros (juros) diminui a base de cálculo do Imposto de Renda, enquanto o custo de capital próprio (custo de oportunidade) não é considerado para efeito de Imposto de Renda. Exemplo: Uma empresa, atualmente, é nanciada com 100% de capital próprio, não tendo dívidas. E ssa empresa está necessitando de recursos e estudando se toma R$ 1 milhão como empréstimo (capital de terceiros) ou via emissão de ações (capital próprio). O custo de capital próprio, no caso, é o mesmo do de capital de terceiros – 20% a.a. A alíquota de IR é de 30%. A empresa deve tomar capital próprio ou de terceiros?
31
Por questões tributárias o resultado com capital de terceiros foi superior, pois economizou R$ 60 mil em imposto de renda. Assim, em empresas lucrativas com imposto de renda por lucro real, o capital de terceiros tende a ser mais barato que o capital próprio. Esse fenômeno é conhecido como proteção do imposto (tax shield). Portanto, incluindo-se o efeito do imposto de renda na fórmula do CMPC tem-se: CMPC = Custo do Capital Próprio x (% do Capital Próprio) + Custo do Capital de Terceiros x (% do Capital de Terceiros) x (1 – T)
T é a alíquota do imposto de renda. Utilizando-se do exemplo anterior, havíamos obtido os seguintes valores:
CMPC = 28% x 0,60 + 16,30% x 0,40 CMPC = 23,32% - valor sem o efeito do IR
Considerando o efeito do IR (alíquota de 30% de IR):
CMPC = 28% x 0,60 + 16,30% x 0,40 x (1 – 0,30) CMPC = 21,36% - valor com o efeito do IR
32
A economia de imposto de renda proporcionada pelo capital de terceiros fez com que o CMPC diminuísse de 23,32% para 21,36%. O governo paga parte dos juros do empréstimo (30%) por meio de desconto no imposto de renda, o que não ocorre com custo de capital próprio. Em quais situações é possível utilizar o efeito da proteção do imposto no Brasil? Para beneciar-se dessa proteção do imposto faz-se necessário que a organização seja lucrativa a m de abater os juros do lucro e, assim, do imposto a pagar, bem como que seja optante pela forma de tributação conhecida como tributação de IR pelo lucro real, na qual a empresa efetivamente calcula seu lucro para ns de imposto. No caso de tributação do imposto de renda pelo lucro presumido, não há esse benefício, posto que O IR é calculado diretamente sobre a receita bruta da empresa e não sobre o seu lucro.
3. ALAVANCAGEM FINANCEIRA E ANÁLISE DE RISCO As despesas com juros oriundas das dívidas da empresa determinam o que denominamos de alavancagem nanceira. A alavancagem nanceira é o resultado do montante do juros pagos pela empresa, os quais são um custo xo. O termo alavancagem é originário de alavanca, ou seja, um instrumento para aumentar a capacidade do homem. O custo xo é sempre mais arriscado que o custo variável, uma vez que se a empresa não tiver vendas conforme o previsto, o custo variável se adequa à quantidade produzida, enquanto o custo xo tem de ser pago de qualquer maneira.
Como uma empresa tem muitos custos xos, normalmente signica que ela tem grande capacidade produtiva, porém implica risco das vendas serem abaixo do esperado e gerar prejuízo. A alavancagem funciona para os dois lados: se a empresa vai bem, a alavancagem melhora ainda mais o desempenho, porém se a empresa vai mal, a alavancagem piora ainda mais o resultado. A 33
alavancagem permite uma troca (trade-off) entre o risco de perder vendas por falta de capacidade
produtiva e o risco de ter prejuízo em excesso de custos xos. Torna-se possível dimensionar a alavancagem de uma empresa e, consequentemente, analisar o seu risco, mediante a técnica do ponto de equilíbrio, ou seja a análise custo x volume x lucro, a qual será descrita a seguir. O lucro da empresa pode ser denido de forma simples pela seguinte equação:
Lucro = Receitas Totais - Custos Totais
Na qual: Receitas Totais = Preço x Quantidade (de todos os produtos) = P x Q Custos Totais = Custo variável x Quantidade + Custos Fixos Custo Variável = Margem de contribuição
Logo: Lucro = P x Q - (CV x Q + CF)
Assim, a medida que a empresa vai aumentando suas vendas, vai aumentado também o seu lucro. O ponto de equilíbrio é justamente a quantidade de vendas que permite que a empresa deixe de ter prejuízo, porém, ainda, não atinja o lucro. O lucro é zero.
No ponto de equilíbrio o lucro = 0, portanto:
Receitas Totais = Custos Totais
P x Q = CV x Q + CF Q = (CV x Q +CF) / P
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Receitas Totais = Custos Totais
Exemplo:
Leia no Google Livros trechos do livro Técnica
de Análise Financeira: Um Guia Prático para medir Desempenho do dos Negócios, de Erich A. Helfert. http://books.google.com.br/books?id=fd8OYJT
Suponha que a Fiat pretenda construir uma unidade que irá produzir apenas automóveis Palio. A empresa estima que nessa nova unidade os custos xos serão de R$ 1 milhão por mês e que os custos variáveis serão da ordem de 50% do preço de venda do carro. O preço de venda do Palio atualmente é de R$ 25 mil por veículo. Qual será o ponto de equilíbrio dessa nova unidade?
6KSAC&pg=PA166&dq=alavancagem+nancei ra&hl=pt-BR&sa=X&ei=PciVT6GiKYitgweLscXBA&ved=0CDUQ6AEwAA#v=onepage&q=alav
P x Q = CV x Q + CF
ancagem%20nanceira&f=false.
CV = 50% do Preço de Venda, portanto CV = 50% x 25.000 = 12.500
25.000 x Q = 12.500xQ + 1.000.000 25.000xQ - 12.500xQ = 1.000.000 12.500xQ = 1.000.000
Q = 1.000.000 / 12.500 = 80 unidades por mês.
Vendas = 80 x 25.000 = R$ 2.000.000
O ponto de equilíbrio pode também ser representado gracamente da seguinte maneira:
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4 . VAMOS PENSAR? Explique o que é o IGE.
5. PONTUANDO Vimos nesta aula:
•
EstruturadeCapitale AlavancagemFinanceira.
•
Endividamentoeseusindicadores
•
Análise de Risco.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRIGHAM,E.F.;GAPENSKI,L.C.;EHRHARDT,M.C.AdministraçãoFinanceira–TeoriaePrática.São Paulo:Atlas,2001. DAMODARAN,A.AvaliaçãodeInvestimentos:FerramentaseTécnicasparaaDeterminaçãodoValor deQualquerAtivo.RiodeJaneiro:Qualitymark,1999. GROPELLI,A.A.;NIKBAKHT,E.AdministraçãoFinanceira.SãoPaulo:Saraiva,2002. OLIVO,RodolfoL.F.AdministraçãodeEmpresas.SãoPaulo:SaintPaul,2009.
36
___________________.AnálisedeInvestimentos.Campinas:Alínea,2008. ROSS,S.A.;WESTERFIELD,R.W.;JAFFE,J.AdministraçãoFinanceira–CorporateFinance.São Paulo:Atlas,2002. SANTOS,J.O.AvaliaçãodeEmpresas:UmGuiaPrático.SãoPaulo:Saraiva,2005. STEWART,G.B.TheQuestforValue.NewYork:HarperBusiness,1991. WESTON,J.F.;BRIGHAM,E.F.FundamentosdaAdministraçãoFinanceira.SãoPaulo:MakronBooks, 2000.
AULA 4 - COMO INVESTIR NO MERCADO FINANCEIRO Objetivos Compreender como investir no Mercado Financeiro, colocando em destaque o Mercado de Ações, Bolsa de Valores; a Relação Risco x Lucro, Rentabilidade e Retorno. Compreender a Montagem de Carteiras, Home Broker e Mercado de Opções. Entender os Aspectos Tributários (IR, taxas de corretagem e custódia).
1. MERCADO FINANCEIRO O Sistema Financeiro Nacional é composto por instituições responsáveis pela captação de recursos
nanceiros, pela distribuição e circulação de valores e pela regulação deste processo. O Conselho Monetário Nacional (CMN), seu organismo maior, presidido pelo ministro da Fazenda, é quem dene as diretrizes de atuação do sistema. Diretamente ligados a ele, estão o Banco Central do Brasil (BCB), que atua como seu órgão executivo, e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que responde pela regulamentação e fomento do mercado de valores mobiliários (de bolsa e de balcão organizado). De acordo com Securato et al. (2008), neste sistema a intermediação nanceira (troca de recursos entre os agentes) desenvolve-se de forma segmentada em quatro subdivisões do mercado nanceiro: o mercado monetário (transações de curtíssimo e curto prazo); o mercado de crédito (operações de nanciamento de curto e médio prazo, direcionadas aos ativos permanentes e/ou capital de giro das empresas e ao crédito direto ao consumidor); o mercado de câmbio (operações de troca de moeda entre agentes) e, de especial interesse nesta aula, o mercado de capitais. 37
O mercado de capitais contempla as operações com valores mobiliários (ações, debêntures, commercial papers, bônus de subscrição) de médio e longo prazo. Seu objetivo é proporcionar liquidez aos títulos de emissão das empresas e viabilizar seu processo de capitalização. Muitos dos investimentos destas empresas requerem volumes expressivos de recursos, que serão aplicados a prazos longos. No entanto, os investidores geralmente são avessos a comprometer recursos por longos períodos. O mercado de capitais, portanto, tem a missão de tornar estes investimentos líquidos e, conseqüentemente, menos arriscados e mais atraentes aos investidores. O mercado de capitais (SECURATO et al., 2008), de maneira geral, é constituído pelos mercados de balcão e de bolsa e tem como agentes auxiliares as clearings, as sociedades corretoras, as sociedades distribuidoras de valores mobiliários, além de outras instituições nanceiras autorizadas a realizar serviços de custódia e intermediação nanceira de títulos. Clearings são empresas que se dedicam a gerenciar sistemas e garantias para a liquidação das operações realizadas e para a custódia (guarda e administração dos valores mobiliários negociados). No Brasil, a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), criada em 19 de fevereiro de 1998 com a reestruturação patrimonial da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), é responsável por 95% das operações com ações realizadas no mercado à vista da Bovespa. Há ainda o Sistema Nacional de Debêntures (SND), um sistema de registro e negociação de debêntures mantido pela Central de Liquidação e Custódia de Títulos (CETIP) e pela Associação Nacional das Instituições de Mercado Aberto (ANDIMA), e os sistemas SELIC e CETIP. O SELIC (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) é um sistema de registro eletrônico de operações criado em 1979 pelo BCB e pela ANDIMA para integrar a negociação, custódia e liquidação dos títulos públicos. O CETIP (originalmente denominado Central de Títulos Pri vados) é um sistema semelhante ao SELIC, criado em 1986 para atender ao mercado de títulos privados (CDI, CDB, RDB, letras de câmbio, ouro, ações, debêntures, letras hipotecárias, commercial papers, swaps e títulos públicos mantidos pelo setor privado). É mantido pela Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN), pela ANDIMA, pela Associação Nacional dos Bancos de Investimento (ANBID) e pela Associação das Sociedades de Crédito e Financiamento (ACREFI).
2. BOLSA DE VALORES A Bolsa de Valores de São Paulo é constituída pelos mercados primário e secundário de ações e outros
títulos. O Mercado Primário compreende a oferta pública de novos valores mobiliários, com aporte de recursos à companhia. Ao oferecer novas ações ao mercado, a empresa está vendendo parte de seu capital e admitindo sócios em seu negócio. Ao oferecer títulos de dívida, está admitindo credores.
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Para proceder à colocação de títulos, a empresa deve promover a abertura de seu capital, tornandose uma companhia aberta. A companhia aberta é a sociedade por ações (anônima) cujos valores mobiliários são admitidos à negociação nos mercados organizados e que se encontra registrada no órgão competente (no Brasil, a CVM). Além do registro da companhia, a CVM também deverá autorizar e registrar a emissão pretendida (SECURATO et al., 2008). Quando tal colocação é feita pela primeira vez, convenciona-se dizer que a empresa está realizando seu IPO (Initial Public Offering). Tanto a primeira quanto as colocações subseqüentes de títulos no mercado pela empresa ocorrem via operações de underwriting (subscrição pública). O underwriting é o processo pelo qual uma instituição nanceira coordena e eventualmente garante a colocação dos títulos da companhia junto ao mercado. O coordenador (ou underwriter) pode ser um banco de investimento, uma sociedade corretora ou uma sociedade distribuidora de valores mobiliários. Os tipos mais comuns de underwriting são (SECURATO et al., 2008): • Puro: a instituição mediadora subscreve todo o lote de títulos, paga-os integralmente à empresa emissora e se encarrega de colocá-los posteriormente no mercado; • Garantia Firme: a instituição mediadora compromete-se a absorver os títulos eventualmente não vendidos, garantindo à empresa o recebimento da totalidade dos recursos previstos; • Melhores Esforços: o risco da não colocação dos títulos corre exclusivamente por conta da empresa emissora. A instituição mediadora compromete-se apenas a fazer o melhor esforço na venda. Uma vez ocorrido o lançamento inicial ao mercado, as ações e os títulos de dívida passam a ser negociados no Mercado Secundário, que compreende os mercados de balcão, organizados (regulados pela CVM) ou não, e as bolsas de valores. Este mercado tem como nalidade dar liquidez aos títulos emitidos no Mercado Primário.
3. MERCADO DE AÇÕES As ações são títulos de renda variável, emitidos pelas companhias abertas, que representam a menor fração de seu capital. Podem ser escriturais ou representadas por cautelas ou certicados. O investidor em ações é um co-proprietário da sociedade por ações da qual é acionista, participando dos seus resultados. As ações são conversíveis em dinheiro, a qualquer tempo, pela negociação em bolsas de valores ou no mercado de balcão (SECURATO et. al., 2008). Os tipos de ações existentes no Brasil são:
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• Ordinárias: proporcionam participação nos resultados da empresa e conferem ao acionista o direito de voto em assembléias gerais. • Preferenciais: têm prioridade no recebimento de dividendos e no reembolso de capital em caso de liquidação ou dissolução da sociedade. As ações preferenciais sem direito a voto adquirirão esta prerrogativa caso a companhia deixe de distribuir os dividendos xos ou mínimos a que zerem jus durante o prazo máximo de três exercícios consecutivos. As ações, ordinárias ou preferenciais, são sempre nominativas (as ações ao portador foram extintas em 1990), originando-se do fato a notação ON (ordinária nominativa) ou PN (preferencial nominativa) depois do nome da empresa. As ações também podem ser diferenciadas por classes: A, B, C ou alguma outra letra que apareça após o “ON” ou o “PN”. As características de cada classe são estabelecidas pela empresa emissora da ação, em seu Estatuto Social. Essas diferenças variam de empresa para empresa, não sendo possível, portanto, fazer uma denição geral das classes de ações. As ações podem ainda ser divididas em: • blue chips ou de 1ª linha: são ações de grande liquidez (grande quantidade de negócios) e procura no mercado por parte dos investidores; em geral, são emitidas por empresas tradicionais, de grande porte/âmbito nacional e excelente reputação; • de 2ª linha: são ações um pouco menos líquidas, emitidas por empresas de boa qualidade, em geral de grande e médio porte; • de 3ª linha: são ações com pouca liquidez, em geral emitidas por companhias de médio e pequeno porte (porém, não necessariamente de menor qualidade), cuja negociação caracteriza-se pela descontinuidade.
4. RETORNO NO MERCADO DE AÇÕES As ações possuem duas fontes de retorno, ou seja, duas formas de um investidor ganhar dinheiro: com dividendos e com ganhos de capital. Os ganhos de capital são provenientes do aumento ou da diminuição do preço das ações, enquanto os dividendos são o resultado da distribuição de lucros, ou seja, parte do lucro da companhia é pago em dinheiro aos acionistas. Desta forma, o retorno de uma ação deve ser composto pelos ganhos de capital mais os dividendos em certo período:
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Exemplo: Um investidor comprou ações da Petrobrás ao preço de R$ 50,00 / ação e da Embraer ao preço de R$ 40,00 / ação. Ao nal de um ano, as ações da Petrobrás estavam cotadas a R$ 55,00 / ação e haviam distribuído dividendos de R$ 1,00 / ação. As ações da Embraer estavam cotadas a R$ 42,00 / ação e haviam distribuído dividendos de R$ 8,00 / ação. Qual o retorno de cada investimento?
Observa-se assim que, apesar de as ações da Petrobrás terem apresentado maior aumento de preço, o retorno total da Embraer foi superior ao da Petrobrás, visto que obteve dividendos bem mais relevantes que a petrolífera.
5. MERCADO DE OPÇÕES As opções são contratos que dão direitos a seus compradores a comprar ou vender determinados valores de índices nanceiros, econômicos, preços de commodities (liquidação se dá meramente em dinheiro sem envolver entregas físicas) em uma determinada data futura. As opções possuem as seguintes características:
• Preço de exercício: valor a partir do qual a opção pode ser exercida. • Prêmio: valor que o comprador paga ao vendedor da opção pelo direito de exercê-la em determinada data futura. • Titular: aquele que compra a opção, paga o prêmio e tem o direito. • Lançador: aquele que vende a opção, recebe o prêmio e tem a obrigação.
Tipos de opção: 41
• Opções de compra (call options): os titulares destas opções têm o direito de comprar o ativo a determinado valor no futuro. • Opções de venda (put options): os titulares destas opções têm o direito de vender o ativo a determinado valor no futuro.
As opções podem ainda ser classicadas em tipos: • Opções européias: só podem ser exercidas na data de vencimento. • Opções americanas: podem ser exercidas a qualquer momento.
5.1 OPÇÕES DE COMPRA As opções de compra são aquelas que dão direito ao titular comprar um determinado ativo em determinado prazo por um valor preestabelecido (preço de exercício). Por este direito, o titular (comprador) paga ao lançador (vendedor) determinado valor na entrada, chamado de prêmio.
Exemplo: Um investidor comprou uma opção de compra da ação X com prêmio de R$ 50 para cada R$ 1.000 em ações X. O valor total de opções foi de R$ 2 milhões. A opção é do tipo européia e seu vencimento será após 3 meses. Inicialmente, a ação estava cotada R$2,50, o preço de exercício foi xado a R$2,60 e, ao nal de 3 meses, o preço nal estava cotado a R$ 2,75. Calcule o resultado da operação para o titular e para o lançador. Resolução: Prêmio = R$ 2.000.000 / R$ 1.000 x R$ 50 = R$ 100.000
Liquidação da operação: A opção será exercida, pois a cotação do nal do contrato estava maior que o preço de exercício, ou seja, 2,75 > 2,60.
Resultado para o titular:
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Liquidação = (2,75 – 2,60) x R$ 2.000.000 = R$ 300.000 - R$ 100.000 – pagamento do prêmio Resultado = R$ 200.000
Resultado para o lançador: Liquidação = (2,60 – 2,75) x R$ 2.000.000 = R$ (300.000) + R$ 100.000 – recebimento do prêmio Resultado =
R$ (200.000
5.2 OPÇÕES DE VENDA As opções de venda são as opções que dão direito ao titular vender um determinado ativo em determinado prazo por um valor preestabelecido (preço de exercício). Por este direito, o titular (comprador) oferece para o lançador (vendedor) determinado valor na entrada, chamado de prêmio.
Exemplo: Um investidor comprou uma opção de venda da ação X com prêmio de R$ 50 para cada R$ 1.000 em ações X. O valor total de opções foi de R$ 4 milhões. A opção é do tipo européia e seu vencimento será após 3 meses. O preço inicial estava a R$ 2,50, o preço de exercício foi xado a R$ 2,80 e, ao nal de 3 meses, o preço nal estava cotado a R$ 2,70. Calcule o resultado da operação para o titular e para o lançador.
Resolução: Prêmio = R$ 4.000.000 / R$ 1.000 x R$ 50 = R$ 200.000
Liquidação da operação: A opção será exercida, pois a cotação do nal do contrato estava menor que o preço de exercício, ou seja, 2,70 < 2,80. 43
Resultado para o titular: Liquidação = (2,80 – 2,70) x US$ 4.000.000 = R$ 400.000 - R$ 200.000 – pagamento do prêmio Resultado =
R$ 200.000
Resultado para o lançador: Liquidação = (2,70 – 2,80) x US$ 4.000.000 = R$ (400.000) + R$ 200.000 – recebimento do prêmio Resultado =
R$ (200.000)
6. ANÁLISE DE INVESTIMENTOS EM AÇÕES As ações são os instrumentos de propriedade das sociedades de capital aberto, da mesma forma que as cotas de capital são os instrumentos de propriedade das sociedades de capital fechado. A maior diferença entre as ações e as cotas de capital é que as ações são livremente negociadas em um mercado, a bolsa de valores. Para as cotas de capital não existe um mercado, sendo necessário ao vendedor buscar um comprador por conta própria. Uma vez que existe um mercado para as ações, estas são muito mais scalizadas que as cotas de capital. São scalizadas pela CVM, por auditorias independentes e pela própria bolsa de valores. Os investidores adquirem ações de empresas, algumas vezes para obter o controle e administrar estas empresas, mas na maioria das vezes para obter ganho nanceiro, como uma aplicação nanceira de renda variável. É possível obter ganho nanceiro com as ações quando seus preços variam: • Quando o preço da ação aumenta, obterá ganho quem comprou esta ação; • Quando o preço da ação diminui, obterá ganho quem vendeu a descoberto esta ação. Vender a descoberto signica vender a ação sem possuí-la, para ser entregue ao comprador em uma data futura.
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6.1 ANÁLISE GRAFISTA DE AÇÕES A análise grasta de ações tem como pressuposto que os mercados de ações passam por ciclos de alta e baixa que se repetem e que assim podem ser previstos antecipadamente. Assim, este tipo de análise utiliza como ferramenta principal os grácos com o desempenho de ações, visando delinear padrões de comportamento e antecipar novos ciclos de alta e de baixa. Nesta abordagem, trabalha-se com “pisos” e “tetos” de suporte, os quais, sendo rompidos, indicam que novos ciclos começaram. Esta abordagem é bastante criticada, apesar de ser também bastante utilizada, especialmente por investidores não-institucionais:
Críticas: • Abordagem muito subjetiva e dependente da intuição do investidor; • O pressuposto da repetição de ciclos não tem explicações convincentes de suas causas; • O passado nem sempre é um bom guia do futuro.
6.2 ANÁLISE FUNDAMENTALISTA DE AÇÕES A análise fundamentalista de ações, ao contrário da análise grasta, visa estabelecer os fundamentos econômico-nanceiros do valor da empresa e conseqüentemente de suas ações. Os principais pressupostos da análise fundamentalista são: • O passado da empresa não tem relevância para o seu valor, somente as suas perspectivas futuras; • Os fundamentos econômicos e nanceiros determinam o valor da empresa. Assim, as questões relevantes a serem analisadas são, entre outras: perspectivas futuras de uxo de caixa, lucros, investimentos, níveis de endividamento, liquidez e crescimento; • Os ciclos de alta e baixa no mercado são imprevisíveis, uma vez que dependem de fatores internos e externos às empresas. A análise fundamentalista se utiliza de diversas técnicas, dentre as quais destacamos duas: • O método do preço/lucro, o chamado P/L; • O modelo de Gordon.
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6.2.1 P/L O método do P/L, ou seja, preço/lucro, é utilizado normalmente para determinar dentro de um setor quais são as melhores empresas. Este método é bastante semelhante ao método de análise de investimentos conhecido como “payback time” e procura estimar qual empresa oferece um maior lucro por um preço de ação menor. O lucro utilizado é sempre o lucro por ação. Exemplo: Duas empresas de petróleo, A e B, apresentam os seguintes preços e lucros por ação no nal de 2009: Empresa A: lucro por ação = R$ 5,00 preço da ação = R$ 20,00 Empresa B: lucro por ação = R$ 7,00 preço da ação = R$ 42,00 Qual das empresas apresenta o melhor potencial de ganhos? A princípio, poderíamos imaginar que fosse a empresa B, pois tem o maior lucro por ação. Contudo, calculando o P/L: P/L empresa A = 20,00 / 5,00 = 4 P/L empresa B = 42,00 / 7,00 = 6 Analisando o P/L, a empresa A é um investimento melhor, pois o seu preço é correspondente a apenas 4 vezes o seu lucro contra 6 vezes da ação B, o que signica que a ação A tem mais potencial de aumento de preços que a empresa B. Críticas ao método do P/L: • Considera somente o lucro, desprezando outros fatores como endividamento, uxo de caixa, liquidez; • Supõe que o lucro passado se repetirá no futuro, o que pode não ser correto. 6.2.2 MODELO DE GORDON Este modelo tem como pressuposto que os investidores estão interessados nos dividendos futuros pagos pelas empresas. O modelo trata os dividendos como uma perpetuidade, ou seja, serão pagos sempre no futuro sem prazo para acabar, já que a empresa pode se manter indenidamente. O valor da ação seria o valor presente destes dividendos a uma taxa de risco, ou custo de oportunidade. Assim:
Valor da ação = D / ( K – G) D – valor do dividendo previsto para o próximo ano; K – taxa de risco ou custo de oportunidade; 46
G – taxa de crescimento dos dividendos.
Exemplo: Os investidores esperam que a ação Y ofereça dividendos de R$ 4,00 por ação no próximo ano. Estes investidores esperam um crescimento dos dividendos de 10% ao ano. O custo de oportunidade deste investimento é de 20% ao ano. Qual é o valor justo das ações da empresa Y? Resolução: Valor da Ação = D / ( K – G) = 4 / (0,20 – 0,10) Valor da Ação = R$ 40,00 Exemplo 2: No mesmo exemplo anterior, houve uma piora nas expectativas do futuro da empresa e alguns investidores acreditam em crescimento zero nos dividendos, enquanto outros acreditam em queda de 5% ao ano nos dividendos. Como estas mudanças afetam o valor justo das ações? Resolução com crescimento zero: Valor da Ação = D / ( K – G) = 4 / (0,20 – 0,00) Valor da Ação = R$ 20,00 Resolução com crescimento – 5% ao ano: Valor da Ação = D / ( K – G) = 4 / (0,20 – (-0,05)) = 4 / 0,25 Valor da Ação = R$ 16,00
7. ASPECTOS TRIBUTÁRIOS E HOME BROKER Ao investir na Bolsa de valores, deve-se considerar ainda os aspectos tributários e os custos de transação das operações. O principal tributo que incide sobre a bolsa de valores brasileira é o Imposto de Renda. O investimento em ações que gera ganhos de capital é tributado atualmente em 15% de seu valor a título de IR, sendo que esta alíquota muda conforme a política scal do governo. Por outro lado, os dividendos são isentos de IR. Os custos de transação são compostos principalmente pelos custos de corretagem e custódia. A m de poder operar na bolsa de valores, faz-se necessário ser liado a uma sociedade corretora de ações, a qual agirá na bolsa por suas ordens. Para tanto, esta entidade cobra taxa de corretagem, ou seja, um porcentual do valor de compra ou venda de ações (por exemplo 0,5%), além de uma taxa pela 47
manutenção, a “guarda” das ações, conhecida como taxa de custódia. Uma forma de diminuir estes custos, cada vez mais utilizada, especialmente por pequenos investidores é o Home Broker, sistema via internet que permite ao investidor realizar compra e venda de ações diretamente de seu computador, mesmo de sua casa.
8. VAMOS PENSAR? Visite o site da Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA - http://www.bmfbovespa.com.br/ pt-br/educacional/cursos/cursos.aspx?idioma=pt-br), consulte os cursos disponíveis e escolha um para fazer.
9. PONTUANDO Vimos nesta aula: • Como investir no Mercado Financeiro, colocando em destaque o Mercado de Ações, Bolsa de Valores; a Relação Risco x Lucro, Rentabilidade e Retorno. •
Montagem de Carteiras, Home Broker e Mercado de Opções.
•
Aspectos Tributários (IR, taxas de corretagem e custódia).
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERNSTEIN, P. L; DAMODARAN, A. Administração de Investimentos. Porto Alegre: Bookman, 2000. BMFBOVESPA. Site da Bolsa de Mercadorias, Futuros e Valores Brasileira. Disponível em www. bmfbovespa.com.br. Acesso em março de 2010. BRIGHAM, E. F.; GAPENSKI, L.C.; EHRHARDT, M.C. Administração Financeira – Teoria e Prática. São Paulo: Atlas, 2001. CETIP. Pesquisa da taxa CDI. Disponível em www.cetip.com.br. Acesso em março de 2010. DAMODARAN, A. Avaliação de Investimentos: Ferramentas e Técnicas para a Determinação do Valor de Qualquer Ativo. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999. 48
GITMAN, L. J.; JOEHNK, M. D. Princípios de Investimentos. São Paulo: Pearson, 2005. ROPELLI, A. A.; NIKBAKHT, E. Administração Financeira. São Paulo: Saraiva, 2002. JORION, P. Value at Risk. São Paulo: BM&F, 1998. MARKOWITZ, Harry. Portfolio Selection. The Journal of Finance., Vol. 7, No.1, March, 1952, pp. 77-91. OLIVO, Rodolfo L. F. Análise de Investimentos. Campinas: Alínea, 2008. ROSS, S.A.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. Administração Financeira – Corporate Finance. São Paulo: Atlas, 2002. SACHS, J.; LARRAIN, F. Macroeconomia. São Paulo: Makron Books, 1994. SANTOS, J. O. Avaliação de Empresas: Um Guia Prático. São P aulo: Saraiva, 2005. SECURATO, J.R et al. Mercado Financeiro e Análise de Investimentos. São Paulo: Saint Paul, 2008. STEWART, G. B. The Quest for Value. New York: Harper Business, 1991. WESTON, J. F.; BRIGHAM, E. F. Fundamentos da Administração Financeira. São Paulo: Makron Books, 2000.
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Verifcação de Leitura
c) Controladoria; d) Marketing.
AULA 1 1) Pode-se armar que o principal objetivo da administração nanceira é:
Verifque seu desempenho nesta questão, clicando no ícone ao lado.
a) Maximizar o lucro da empresa; b) Minimizar todos os custos e despesas sem
exceção; c) Maximizar o valor da empresa para os acionistas; d) Aumentar as vendas da empresa. Verifque seu desempenho nesta questão, clicando no ícone ao lado.
2) O valor da empresa, normalmente, é denido como sendo:
4) Pode-se armar que em antes do ano de 1994, no Brasil, a principal função da área nanceira era: a) Controlar custos operacionais; b) Realizar investimentos em fábricas e instalações; c) Conseguir fontes de nanciamento com taxas de juros baixas; d) Gerir os efeitos da inação. Verifque seu desempenho nesta questão, clicando no ícone ao lado.
a) Receita menos custos e despesas;
c) Margem líquida operacional;
5) Uma empresa tem prazo médio de pagamentos de 20 dias, prazo médio de estoques de 40 dias e prazo médio de recebimentos de 15 dias. O ciclo operacional, em dias, desta em-presa é:
d) Retorno sobre o investimento.
a) 55;
b) Fluxo de caixa futuro descontado a uma taxa de risco;
b) 35; Verifque seu desempenho nesta questão, clicando no ícone ao lado.
c) 60; d) 40.
3) A administração dos riscos de variação cambial e
de taxa de juros, normalmente, é uma atribuição da área de:
Verifque seu desempenho nesta questão, clicando no ícone ao lado.
a) Planejamento Financeiro; b) Tesouraria; 50
6) Uma empresa tem prazo médio de pagamentos de 30 dias, prazo médio de estoques de 10 dias e
prazo médio de recebimentos de 60 dias. O ciclo de caixa, em dias, desta empresa é: a) 70; b) 90;
a) 5%; b) 7%; c) 10%; d) 15%.
c) 50; d) 40.
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2) Pode-se armar que o ROE da empresa X é: a) 10%; b) 20%;
AULA 2
c) 30%;
A empresa X tem as seguintes demonstrações nanceiras:
d) 35%. Verifque seu desempenho nesta questão, clicando no ícone ao lado.
3) Pode-se armar que o EBITDA da empresa X é: a) R$ 31; b) R$ 41; c) R$ 30; d) R$ 40. Verifque seu desempenho nesta questão, clicando no ícone ao lado.
4) Pode-se armar que o EBIT da empresa X é: a) R$ 31; Baseado nos dados acima, responda: 1) Pode-se armar que o ROI da empresa X é:
b) R$ 41; c) R$ 30; 51
d) R$ 40.
Baseado nos dados acima, responda:
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1) Pode-se armar que o IEG da empresa X é: a) 40%;
5) Pode-se armar que o NOPAT da empresa X é:
b) 50%;
a) R$ 21;
c) 66,7%;
b) R$ 41;
d) 33,3%.
c) R$ 31; d) R$ 40.
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2) Pode-se armar que o ICJ da empresa X é: a) 1,0;
AULA 3
b) 2,5; c) 3,0;
A empresa X tem os seguintes dados das demonstrações nanceiras:
d) 4,0.
Passivo Circulante = R$ 100 mil
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Exigível a Longo Prazo = R$ 100 mil Patrimônio Líquido = R$ 200 mil
3) Pode-se armar que o ICDF da empresa X é:
LAJIR = R$ 40 mil
a) 0,40;
Juros pagos = R$ 10 mil
b) 0,50;
Despesas Fixas (com juros) = R$ 80 mil
c) 1,40;
CCT = 10%
d) 1,50.
CCP = 20% Custo Variável = 50%
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4) Pode-se armar que o CMPC da empresa X é:
d) 60%.
a) 15%; b) 17%;
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c) 18%; d) 20%.
2) Assinale a alternativa na qual há um mercado que não compõe o mercado nanceiro:
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a) Mercado monetário, mercado de câmbio e mercado de crédito.
5) Pode-se armar que o Ponto de Equilíbrio da empresa X é: a) R$ 120 mil; b) R$ 100 mil; c) R$ 160 mil; d) R$ 320 mil.
b) Mercado monetário, mercado de capitais e mercado de crédito. c) Mercado de câmbio, mercado monetário e mercado de crédito. d) Mercado de câmbio, mercado imobiliário e mercado de crédito. Verifque seu desempenho nesta questão, clicando no ícone ao lado.
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AULA 4
3) Uma empresa cujo preço da ação é de R$ 40,00 possui R$ 8,00 como lucro por ação. O P/L desta ação é de: a) 4,00. b) 5,00.
1) A ação da empresa T estava cotada a R$ 10,00 inicialmente. Após um ano, a empresa pa-gou dividendos de R$ 2,00 e o preço da sua ação foi a R$ 18,00. O retorno da ação no perí-odo foi de: a) 120%.
c) 6,00. d) 7,00. Verifque seu desempenho nesta questão, clicando no ícone ao lado.
b) 100%. c) 80%.
4) Os investidores esperam que a ação Y ofereça dividendos de R$ 2,00 por ação no próximo ano. 53
Estes investidores esperam um crescimento dos
dividendos de 15% ao ano. O custo de oportunidade deste investimento é de 25% ao ano. Qual é o valor justo das ações da empresa Y? a) R$ 20,00. b) R$ 15,00. c) R$ 10,00. d) R$ 5,00. Verifque seu desempenho nesta questão, clicando no ícone ao lado.
5) Os investidores esperam que a ação Z ofereça dividendos de R$ 3,00 por ação no próximo ano. Estes investidores esperam um decrescimento dos
dividendos de 5% ao ano. O custo de oportunidade deste investimento é de 15% ao ano. Qual é o valor justo das ações da empresa Z? a) R$ 30,00. b) R$ 25,00. c) R$ 15,00. d) R$ 10,00. Verifque seu desempenho nesta questão, clicando no ícone ao lado.
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