HZ 468 – Antropologia e Teoria Social Contemporânea Luciana de S. Buchala – RA !!!
"ue#t$o %. Comente& Sahlin#' Ilhas de História
A idéia principal principal de Sahlins no livro Ilhas de história é contestar a oposição entre estrutura e história, mostrando que a cultura é historicamente reproduzida bem como alterada na ação. O autor debate com o estruturalismo ao propor uma noção noção de estrutur estrutura, a, entendid entendida a como um sistema sistema de signos, signos, com perspec perspectiva tiva histórica. Primei Primeira ramen mente, te, Sahli Sahlins ns mostr mostra a que que a trans transor ormaç mação ão de uma cultu cultura ra também é um modo de sua reprodução. !a e"peri#ncia dos su$eitos humanos, humanos, os eventos são apropriados e avaliados em termos de conceitos a priori priori.. Assim, os eventos, mesmo que tenham orças e raz%es próprias, são capturados por um esqu esquem ema a cult cultur ural al e, assi assim, m, tran trans sor orma mado dos s naqu naquil ilo o que que lhes lhes é dado dado como como interpretação histórica. !esse sentido, ordens culturais diversas possuem modos próprios de produção histórica. !a descrição dos acontecimentos reerentes & viagem do capitão 'oo(, a chegada de 'oo( ao )ava* oi um evento sem precedentes na história local, mas acabou por ganhar a signiicação dada pelas ormas culturais tradicionais, as quais quais lhe lhe atribu atribu*ra *ram m o statu status s de divin divinda dade. de. Além Além disso, disso, o ato ato de mulher mulheres es havaian havaianas as e inglese ingleses s partici participare parem m $untos $untos das reeiç%e reeiç%es s colocou colocou em d+vida d+vida a natureza divina do estrangeiro, uma vez que tal evento recebeu interpretação próp próprria do
siste istema ma simbó imbóli lic co
hava avaian iano,
que
estabel belece
como tabu a
comensalidade dos homens com mulheres. A segunda proposição proposição de Sahlins é de que as categorias categorias culturais são alteradas no mundo e na ação, adquirindo novos valores uncionais. uncionais. sso signiica que, se as relaç%es entre as categorias mudam, a estrutura é transormada. O uso de conce conceito itos s conv conven encio cionai nais s em conte conte"t "tos os emp*r emp*rico icos s su$ei su$eita ta os signi signiic icad ados os culturai culturais s a reavalia reavaliaç%es ç%es pr-ticas pr-ticas,, pois pois as realida realidades des emp*rica emp*ricas s $amais $amais poderã poderão o corresponder aos mitos em todas as suas particularidades.
!esse sentido, o esquema cultural é ameaçado por um risco emp*rico tanto ob$etiva quanto sub$etivamente. e orma ob$etiva, partindo da desproporção entre palavras e coisas, o signiicado é posto em perigo quando conrontado com um cosmos capaz de contradizer os sistemas simbólicos que presumivelmente o descreveriam, de modo que os conceitos são submetidos a alguma determinação pela situação. O risco sub$etivo surge da poss*vel revisão dos signos pelos su$eitos em seus pro$etos pessoais, na medida que os mesmos são utilizados conorme os interesses e as e"peri#ncias sociais dos diversos su$eitos. 'abe ressaltar que, para se tornarem consensuais em uma sociedade, as atualizaç%es das categorias culturais dependem das relaç%es de poder dos su$eitos que as elaboram. 'omo e"emplo, o sistema simbólico havaiano soreu alteraç%es a partir do evento da chegada dos ingleses. /ma das alteraç%es oi a reavaliação do conceito de tabu, de orma que os chees passaram a usar os tabus para regular o tr-ico com o europeu. )ouve uma e"tensão dos propósitos rituais para a pr-tica comercial, a qual oi $ustiicada pelas unç%es e signiicados antigos de preced#ncia dos chees. iante disso, todo uso de sistemas simbólicos é parte reprodução dos mesmos e parte transormação pelos riscos de reer#ncia e pelas inovaç%es interessadas do sentido, de modo que Sahlins airma0 1 o antigo sistema é projetado adiante sob novas formas2 3p.445. 'hega6se, assim, ao conceito de
1estrutura da con$untura2, o qual se reere e"atamente & realização pr-tica das categorias culturais em um conte"to histórico espec*ico, assim como se e"pressa nas aç%es motivadas dos agentes. "ue#t$o 4. Comente& (eert)' A interpretação da cultura
!o primeiro cap*tulo de seu livro, 7eertz apresenta suas idéias sobre a natureza do trabalho antropológico a partir da concepção de cultura como um sistema entrelaçado de signos interpret-veis. A cultura é deinida pelo autor como estruturas de signiicação, isto é, um conte"to em que as aç%es e comportamentos são produzidos, percebidos e interpretados, e ora do qual os mesmos não teriam sentido algum.
!essas condiç%es, o trabalho do etnógrao apro"ima6se da tarea do cr*tico liter-rio, na medida que busca apreender e apresentar a multiplicidade de estruturas conceituais comple"as, as quais aparecem sobrepostas e amarradas umas &s outras de orma não e"pl*cita. 8m outras palavras, o comportamento humano é visto como uma ação simbólica e, por isso, a antropologia deve indagar o que est- sendo transmitido com sua ocorr#ncia. 'onsiderando a antropologia nesses termos, 1 o ponto global da abordagem semiótica da cultura é auxiliar-nos a ganhar acesso ao mundo conceptual no qual vivem os nossos sujeitos, de forma a podermos, num sentido tanto mais amplo, conversar com eles 2 3p. 9:5.
iante disso, 7eertz apresenta a etnograia como uma descrição densa, ou se$a, como anotação do signiicado que as aç%es sociais particulares t#m para seus atores. sso signiica que a pesquisa antropológica é interpretativa, pois a e"posição dos atos $- é uma e"plicação, uma tentativa de adivinhação de seus signiicados. 'abe destacar que as descriç%es antropológicas não são dos próprios grupos estudados, mas são interpretaç%es de segunda mão, isto é, são as construç%es que se imagina que tais grupos usam para deinir o que lhes acontece. !esse conte"to, 7eerzt airma que 1 os dados da etnografia são realmente nossa própria construção das construçes de outras pessoas, do que elas e seus compatriotas se propem 2 3p. 4;5.
8 como ocorreria o desenvolvimento teórico de uma ci#ncia interpretativa< Para responder a isso, 7eertz apresenta duas condiç%es da teoria cultural. A primeira é a necessidade da teoria conservar6se pró"ima das imediaç%es da descrição minuciosa, o que limita sua liberdade de modelar6se em termos de uma lógica interna. 'onorme airma o autor, 1 as formulaçes teóricas pairam tão baixo sobre as interpretaçes que governam que não fa!em muito sentido ou t"m muito interesse fora delas2 3p.9=5. Assim, a tarea essencial da construção teórica não é
codiicar regularidades abstratas 3generalizar através dos atos5, mas tentar traçar um quadro intelig*vel a partir de um con$unto de atos simbólicos 3generalizar dentro dos casos5.
A segunda condição da teoria cultural é que ela não é proética, ou se$a, a ormulação teórica é dirigida para a ormulação de assuntos $- sob controle, e não para pro$etar resultados de manipulaç%es e"perimentais ou deduzir estados uturos de um sistema determinado. sso não signiica que a teoria não se relacione com o uturo, pois ela precisa sobreviver diante das realidades que estão por vir, sendo capaz de continuar a ornecer interpretaç%es plaus*veis & medida que sur$am novos en>menos sociais. !essas condiç%es, o papel da teoria em etnograia é descobrir as estruturas de signiicação que inormam os atos dos su$eitos e airmar o que elas demonstram sobre a sociedade e a vida social nas quais são encontradas. !as palavras de 7eertz, 1 em etnografia, o dever da teoria é fornecer um vocabul#rio no qual possa ser expresso o que o ato simbólico tem a di!er sobre ele mesmo, isto é, sobre o papel da cultura na vida humana 2 3p. 9?5
A partir disso, 7eertz discute com a corrente estruturalista ao argumentar contra a proposição de que, $- que o interesse est- em decirar os signiicados das aç%es, a antropologia não precisaria se preocupar com o comportamento em si, a não ser supericialmente. 8m primeiro lugar, onde quer que este$am os sistemas de s*mbolos 1em seus próprios termos2, ganha6se acesso a eles por meio da an-lise dos acontecimentos concretos, e não através da organização de entidades abstratas em padr%es uniicados. Além disso, para 7eertz, se a interpretação antropológica é uma leitura do que acontece, então divorci-6la do que as pessoas espec*icas dizem e azem é divorci-6la de suas aplicaç%es e torn-6la vazia. 8m outros termos, a abordagem estruturalista aasta a an-lise cultural de seu ob$etivo0 a lógica inormal da vida real. Ademais, a etnograia não inscreve o discurso social bruto, mas apenas a pequena parte que os inormantes a$udam a compreender. !essas condiç%es, torna6se incompleta a idéia da an-lise antropológica como manipulação conceptual dos atos descobertos e como reconstrução lógica de uma simples realidade.