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COMPOSIÇÃO EDIÇÃO DE JULHO DE 2017
ANTIMATÉRIA
MATÉRIAS P.14 COLUNA
CONEXÕESCÓSMICAS
P.07 TESTESPSICOLÓGICOS
EMPRESOSSÃOVÁLIDOS?
P.16 ASMENTIRASCONTADAS
P.30 VOCÊTEMUM
NAPOLÍTICA
MINUTINHOPARAOUVIR APALAVRADACIÊNCIA?
P.17 PROTEÇÃOPARAANIMAIS
TESTADOSEMLABORATÓRIO
P.42 SAUDÁVEIS DEMAIS?
P.18 TECHTUDO: REVIEWDEUM
P.50 DE VOLTAPARAO...
ROTEADORPODEROSO
PASSADO
P.19 SEISDICASPARAESCOLHER
P.56 ENSAIO AMAZÔNIA
OMELHORANTIVÍRUS
ABERTA PARA NEGÓCIOS?
P.62 ENTREVISTA ARTURAVILA
P.10 TRANSFORMEACIDADE COMSEUCELULAR
P.66 RAÍZESDAIDEOLOGIA DACOREIADONORTE
P.11 AQUECIMENTOGLOBAL
AMEAÇABANCODESEMENTES
P.12 VOCÊACREDITAEM
EXTRATERRESTRES?
P.13 ACULTURA MAKER SALVARÁ AEXPLORAÇÃOESPACIAL
P.20 P.21
ELEMENTAR
TEFLON DOSSIÊ
ALERGIAS
VOCÊSABIA? Comoaconteceu com a Gillette,o Teflon, nome que pertence à empresa DuPont, acabou virando sinônimodo produto
P.71 COLUNA
TUBODEENSAIOS
P.72 PANORÂMICA P.74 ULTIMATO
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Melhor experiência dele itura
DIRETORGERAL:FredericZoghaib Kachar DIRETORDEAUDIÊNCIA:Lucia noTouguin hade Castro DIRETORADEMERCADOANUNCIANTE:VirginiaAny
Edição 311
CONSELHO
Junho de 2017
POR NATHAN FERNANDES
DIRETORADEGRUPOCASAECOMIDA, CASAEJARDIM,CRESCEREGALILEU:PaulaPerim REDAÇÃO EDITORA-CHEFE:Cristi neKist EDITORADEARTE:FernandaDidini EDITORES:Giulianade Toledo,NathanFernan dese Thiago Tanji REPÓRTERES:AndréJorgede Olive irae Isabe laMoreira DESIGNERS:Felipe Eugênio(Feu)e JoãoPedroBrito ESTAGIÁRIOS:Giulia naViggianoe JúlioViana(texto );FernandaFerrari(arte ) ASSISTENTEDEREDAÇÃO:WaniaPace COLABORADORESDESTAEDIÇÃO:Ferna ndoArbex, JoãoGabrielBalbi, JotapêJorgee MelissaCruz (texto);AnandaResende,BeatrizLiranç o, Catar inaBessel,Dulla,GabrielaNamie(EstúdioBarca ),GuilhermeHenriqu e, RaulAguiar , RebecaCatarina,SergioBergocc e,TamyRente, TomásArthuzzie Zansky(arte );MoniqueMuradVellos o (revisão)
TODA FORMA DE AV ALIAÇÃO
O QUE ELES ACHARAM...
E-MAILDAREDAÇÃO:
[email protected] TECNOLOGIADAINFORMAÇÃO DIRETORDETECNOLOGIA:RodrigoGosling ESTRATÉGIADIGITAL DESENVOLVEDORES:FabioMarc iano,Leandr oPaixão,MarceloAmendol a, Murilo Amendola,ThiagoPrevier oe WilliamAntunes.
DA REPORTAGEM
DO DOSSIÊ
DECAPA
STAR WARS
ESTRATÉGIADECONTEÚDODIGITAL GERENTE:SilviaB alieiro MERCADOANUNCIANTE FINANCEIR O, IMOBILIÁRIO,TI, COMÉRCI O E VAREJO — Diret orde Negóc iosMultiplat aforma: Emiliano Morad Hansenn; Gerent e de Negóc iosMultiplat aforma Ciro : Horta Hashimoto; ExecutivosMultiplataforma: Christ ianLopes Hambur g,Cristianede Barros Paggi Succi,Milton Luiz Abrantes e Roberto Loz Junior. MODA,BELEZA E HIGIENE PE SSOAL— Executivos Multiplataforma:Eliana Lima Fagundes, Giovanna Sellan Perez, Selma Teixeira da Costa e Soraya Mazerino Sobral.CASA, CONSTRUÇÃO,ALI MENTOS E BEBIDAS, HIGIENE DOMÉSTICA E SAÚDE—DiretoradeNegóciosMultiplataforma: LucianaMenezes; ExecutivosMultiplataforma: FatimaOttaviani , PaulaSantose Taly CzeresniaWakr MOBILID at. ADE,SERVIÇOSPÚBLICOSE SOCIAIS ,AGROE INDÚSTR IA— Diretorde NegóciosMulti plataRenatoAugusto forma: Cassis 100% Siniscalco; Executivos Multiplataforma: Diego Fabiano, Cristiane Soares Nogueira, Jessica de Um amor Carvalho Dias, João Carlos Meyer e Priscila Ferreira da EDUCAÇÃO, Silva. CULTURA, LAZER, ESPORTE, TURISMO, MÍDIA, TELECOM E OUTROS — Diretorade NegóciosMultiplataforma: de matéria Sandra Regina de Melo Pepe; Executivosde Negócios Multiplataforma: Ana Silvia Costa, Dominique Petroni de Freitas e Lilian de Marche Noffs. ESCRITÓRIOS REGIONAIS — Gerente Multiplataforma: Executivade Negócios Multiplataforma: Larissa Ortiz; Babila Garcia Chagas Arantes.UNIDADEDENEGÓCIOS—RIODEJANEIRO—GerentedeNegóciosMultiplataforma: Rogerio Pereira Ponce de Leon; Executivos Multiplataforma: Daniela Nunes Lopes Chahim, Juliane Ribeiro Silva, Maria CristinaMachado e Pedro Paulo RiosVieira dos UNIDADE Santos. DENEGÓCIOS— BRASÍL IA— GerenteMultip lataf orma: BarbaraCosta FreitasSilva; Executivos Multiplataforma: GERENTEDEEVENTOS: CamilaAmaralda Silvae Jorge Bical hoFelixJunior. Daniela Valente. OPEC OFFLINE:Bruno Granja, Carlos Roberto de Sá e Douglas Costa. OPEC ONLINE:Rodrigo Santana Oliveira, Danilo Panzarini, Higor Daniel Chabes e Rodrigo Pecoschi. G.LAB— Diret orde DesenvolvimentoComerci ale Digit TiagoJoaqui al: mAfonso; Equipe:Caio O que amar HenriqueCaprioli,Guilh ermeIegawaSugio,VeraLigia Rangel Cavali eri,LucasFernand es,Luiz Claudio dos Santos Faria e Rodrigo GirodoAndrade. querdizer
33,3% Com certeza a Força esteve com vocês
50% 16,7% Não gosto de Star Wars, mas AdoroStar Wars, a reportagem mas a reportagem ficou conquistou a galáxiameioJarJar Binks
MÉDIAS DAS MATÉRIAS
10
8,9
9,7
10
9,7
Dossiê Star Wars
Ignorância é benção?
Com licença, por favor
Jihad à brasileira
AUDIÊNCIA DiretordeMarketingConsumidor: Cristia noAugustoSoares Santos DiretordePlanejamentoeDesenvolvimentoComercial: EdneiZampese GerentedeCriação:ValterBicudoSilvaNeto CoordenadoresdeMarketing: EduardoRoccatoAlmeidae Patric ia Aparec idaFachetti
Galileuéuma publicaçãodaEDITOR AGLOBOS.A.—Av.NovedeJulho ,5.229,8ºandar , CEP01407-907,SãoPaulo/SP.Tel.(11)3767-7000.Distribuidorexclusivopara todoo Brasil: Dinap— DistribuidoraNacional dePublicações.Impressão:PluralIndústria GráficaLtda.— Av.Marcos PenteadodeUlhoa Rodrigues,700,Tamboré,Santanade Parnaíba/SP,CEP 06543-001
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GRUPO DA
REVOLTA DA
FAMÍLIA
INFORMAÇÃO
Ver uma capa dessas na banca, a repercussão entre os familiares e a curiosidade em volta do tema mostra que vocês acertaram em cheio nas apostas.
Eu não tinha ideia de que um fato como esse havia ocorrido aqui no Brasil. Possivelmente, esse conteúdo vai me ajudar nos vestibulares que presto.
ERRATA
DESEJAFALA R CO MA EDITO RAGLO BO ?
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CAIOMELO OBureau VeritasCertification,com basenos processose procedimentosdescritosno seuRelatóriode Verificação,adotandoumnível deconfiança razoável,declaraqueo Inventário deGasesdeEfeit oEstufa—Ano2012daEditoraGlo boS.A.é preciso,confiávelelivrede errooudisto rçãoeé umarepresentaçãoequitativadosdado se informaçõesdeGEEsobre operíodode referênciaparao escopodefinido;foielaboradoem conformidadecom a NBRISO 14064-1:2007eas EspecificaçõesdoProgramaBrasileiroGHG Protocol.
HELENA XAVIER
São Paulo, SP,
Paracatu,MG,
sobre a reportagem de capa
sobre a reportagem Jihad à brasileira
A foto publicadana matéria Ao infinitoe além (p. 18), da ediçãode junho,era do GalaxyS7,e nãodo Galaxy S8 comofoi publicado.
GustavoDieamant é gerentede pesquisa doBoticá rio, e não do GrupoBoticário, como foipubli cado na seçãoElementar(p. 20).
P. 07
07.2017
A NTI MATÉ RIA
Presos contestam exames realizadospara a progressão da pena
FATOS FEITOS •
•
NÚMEROS
•
NOTAS
•
NOTÁVEIS
Fig. - (RA)
EDIÇÃO
07.2017
THIAGO TANJI
DESIGNFEU E FERNANDA FERRARI
ILUSTRADORES CONVIDADOS 1
RA UL AGUIAR RA
2
GABRIELA NAMIE GN
P. 08
07.2017
PROGRESSOLIMI tema carcerário não permite que os exames criminológicos APROVADO SÓ UMA VEZ.” sejam realizado s com maior Luiz Alberto Mendes, preso atenção e cuidado. Professor por mais de 30 anos por homi- de Direito Penal da PUC e cídio e outros crimes, explica defensor público, Gustavo como as entrevistas funciona- Junquei ra quest iona a falta vam. “Cada um dos técnicos de embasamento cientíco do (de psicologia, psiquiatria e exame, criado para “prever” serviço social) falava conosse o condenado voltará a praco separadamente, por cerca ticar um crime quando estiver de 15 minutos, e emitia um pafora da cadeia. Mesmo com recer. Nunca tive acesso aos mudanças na lei, a avaliação laudos”, arma Mendes, que continua sendo ordenada por atualmente é escritor. juízes. “Hoje, o exame crimiEle acredita que os castigos nológico é abusivamente exicausados por discussões com gido e demora demais. Já vi guardas e diretores do precasos em que a análise da prosídio foram um dos motivos gressão foi atrasada em um para que fosse reprovado nos ano”, arma o professor. “FIZ TROCENTOS EXAMES
CRIMINOLÓGICOS E FUI
Exames psicológicos feitos para conceder progressão d e pen a a presos não têm base científica, afirmam especialistas PORFERNANDO ARBEX
exames criminológicos, utilizados pelo Estado para conceder DE VOLTA PARA O FUTURO a progressão de cumprimento Desde dezembro de 2003, a de pena, em que os presos vol- Lei de Execução Penal não
tam a conviver em sociedade de maneira gradativa. O problema é que, além dos fatores subjetivos da avaliação, a superlotação do sis-
exige a aplicação de exame criminoló gico para senten ciados progredirem de regime. Em tese, o bom comportamento e o cumprimento de
SEM VAGAS
Para resolver a superlotação, Brasil deveria aumentarem 50% o número de vagas do sistema prisional
07.2017
ADO
abarrotadas as já superlotadas cadeias brasileiras: de acordo com levantamento do Departamento Penitenciário Nacion al (Depen ), 622 mil pessoas ocupavam as celas do país em 2014, o que representa a quarta maior po-
NOAGUARDO tipo de regime prisional 32%
Prisão provisória
46%
Regime fechado
Regime aberto
1%
Internação
1%
*Os dados divulgados não somavam 100%
CRIMEECASTIGO Crescimento da populaçãocarcer ária brasileira saltou nos últimos anos
s o ir e n io s i r p
9
5 5 7 .
2 3 2
5 4 .3 9 3 2
0 0
2 0
Fonte:Depen
8 5 3 . 6 3 3
4 0
6 3 .2 1 0 4
6 0
2 .4 1 5 4
8 0
1 5 .2 6 9 4
0 1
3 0 0 . 8 4 5
2 1
2 0 2 . 2 2 6
4 1
Para Augusto de Sá, professor da Faculdade de Direito da USP, outro problema relacionado aos laudos psicológicos acontece quan-
do se afirma que o avaliado é uma pessoa “perigosa”.
direitos. Ele diz que a condu-
to do errado e, portanto, de-
ção das avaliações é feita com
veriam ser direcionados a re-
base em juízos morais, como
gimes diferenciados.
ocorre com frequência.
nas ocasiões em que se per-
O defensor público Patrick Cacicedo considera antiético que um perito ateste a possibilidade de um preso reincidir em práticas criminosas. “É um exercício de futurologia.
gunta se o sentenciado se ar-
repende do crime pelo qual
O mesmo questionamento foi feito por todos os especialistas consultados: por que,
foi preso. “Como se a pessoa
anal, os exames criminoló-
fosse obrigada a se arrepen-
gicos não são realizados logo quando os presos ingressam no regime carcerário?
Há prossionais com condutas corretas, mas muitos fazem juízos antiéticos e sem cienticidade, em entrevistas de durações curtíssimas, de dois a
praticaram o crime.” Alvino Augusto de Sá, que
cinco minutos”, arma.
(SAP) de 1972 a 2005, arma que, apesar de não considerar os exames um problema ético, é “impossível responder”
Acontece que, desde 2010,
Regime semiaberto
do ponto de vista da lei.
um mecanismo de violação de
tipos de regime previstos na lei, como o semiaberto. o Superior Tribunal de Justiça
18%
sobre a suposição de que um preso poderia voltar a praticar condutas criminosas, o que gera uma falha técnica
“Se o condenado não foi considerado inimputável nem semi-imputável no julgamento, não há por que se falar em pericu losidade no exame criminológico dele”, destaca o profes sor, explicando que os criminosos inimputáveis e semi-imputáveis são aqueles que foram examinado s e consider ados incapazes de discernir o cer-
um sexto da pena deveriam ser suficientes para que o condenado passasse a outros
Distribuição de vagas por
pulação carcerária do mundo — em um período de 14 anos, o aumento do número de presos foi de 167,32%. “É evidente que nós não temos uma quanti dade suficiente de prossio nais para proporcionar a prestação do exame criminológico”, res-
P. 09
(STJ) determinou que o pedido de exame criminológico poderia ser solicitado pelos juízes das Varas de Execuções Penais para a concessão de progressão de pena — uma prática que
Para os especialistas, essas avaliações, além de injustas, apenas deixam mais
salta Gustavo Junqueira.
AVALIAÇÃO ÉTICA? Segundo o defensor público Patrick Cacicedo, a exigência dos exames criminológicos é
der... E mais: há pessoas que
foram condenadas e que não
foi psicólogo da Secretaria de Administração Penitenciária do Estado de São Paulo
“Se o exame fosse realizado no início, seriam oferecidos elementos para que a equipe técnica decidisse como deveria ser a execução penal para aquela pessoa”, diz Augusto de Sá. “Mas o que seria feito em benefício do preso simplesmente não acontece.”
P. 10
07.2017
56% das estudantes brasileiras já sofreram assédio nas universidades do Brasil
HARVARD CONTRA O ASSÉDIO Instituição norte-americana revoga admissão de estudantes que publicaram memes racistas POR THIAGO
TANJI
FIG.- RA
BITSDA CIDADANIA Projeto europeu reunirá informações de cidadãos para realizar mudanças na administração pública POR
JÚL IO VIAN A
XIN GAR MUI TO NO TWI TTE R
finalmente servirá para alguma coisano que dizresp eito aos problemas das cidades. Com previsão de lançamento para o final deste ano, o projeto Ecossis tema Descentralizado de Dados de
Hong Kong
1.486
1.062
Estados Unidos e Canadá Emirados Árabes
995
Noruega
988
Alemanha
940
Arábia Saudita
935
Reino Unido
916
Suíça
914
Dinamarca
906
Suécia
875
Amsterdã, na Holanda. Os cidadãos utilizarão um aplicativo em que será possível, por exemplo, notificar locais da cidade em que se sentem inseguros. Para manter a privacidade, o usuário poderá escolher compartil har os dados apenas com instituições sem fins lucrativos e com orga-
nizações ligadas ao governo. As informações fornecidas serão armazenadas em formato blockchain, um tipo de registro
digital criptografado que pode ser acessado por meio de uma rede
de computadores. O investimento disponível para a iniciativa está
estimado em 5 milhões de euros. PAÍSES MAIS CONECTADOS
“O público tem ficado cada vez mais cientede queseus dados pes-
conectado s à
soais nãoestão sob seu controle e que esse tipo de informação deveria ter um recurso público, utilizado pelacomunidade paramelhorar
internet
suas vidas e suas cidades”, afirma
por habita nte
Francesca Bria, uma das líderes do programa e chefe de Tecnologia e Inovação Digital do con-
Cidadania (Decode, na sigla em inglês) vai coletar dados de habitantes de grandes metrópoles para ajudar empresas e a gestão pública a realizar mudanças na
DO MUNDO
administração das cidades. O projeto será testado por mil moradores das cidades de Barcelona, na Espanha, e de
FONTE:GFK/2016
Cálcul o de equipamentos
selho da cidade de Barcelona .
UMA ATITUDE QUE PODERIA servir de exemplo no Brasil: a Universidade Harvardsuspendeu o convite feito a pelo menosdez estudantes que ingressariam na instituição no segundo semestre deste ano. As ofertas de admissãoforamrevo gadas porconta de mensagensofensivas postadas em um grupo no Facebook: capturas de tela mostrarammemes que ridicularizavam o Holocausto, falavam de assédio sexual e atéde morte de crianças. Após revogar as cartas de admissão, a instituição afirmou quetem o direito de suspender aqueles que apresentam um comportamento questionável em relação à “honestidade, maturidade e caráter moral”. Bem feito. FIG.- GN
07.2017
O fim da arca do fim do mundo? Banco de Sementes do Ártico tem sobrevivência ameaçada por conta do aumento da temperatura global
Banco de Sementesestá localizadoem arquipelágo norueguês
POR GIULIANA VIGGIANO
DEA LIZ ADO
I
P. 11
encontrado na região do Ártico, que está ameaçado pelo aumento da temperatura do planeta — um dos resultados das emissões de gases estufa em decorrência das atividades econômicas.
Depois do susto, a proteção da “arca do m do mundo” foi multiplicada, com supervisão humana 24 horas por dia. Os responsáveis pelo caixa-forte estão trabalhando para tornar o túnel de entrada impermeá vel, além de montar canaletas para retirar a água da chuva. Fiações elétricas que podem gerar algum tipo de aquecimento no compartimento também foram substituídas.
P ARA
INICIATIVA GLOBAL O Banco de Sementes foi construído em 2008 no arquipélago norueguês de Svalbard e tem capacidade para armazenar 2,5 bilhões de sementes. A supervisão do caixa-forte ca por conta da Noruega e da Organização das Nações Unidas (ONU). Ambas têm custódia sobre os artigos, mas a propriedade pertence ao país que os depositou. Atualmente, mais de 930 mil sementes estão armazenadas — o governo brasileiro já fez um
conservar espécies de plan-
tas no caso de um desastre planetário, o Banco de Sementes do Ártico está vivendo uma ameaça particular: o inverno mais quente da história da Noruega fez o gelo derreter, o que resultou em um pequeno — mas perigoso — alagamento no local, apelidado de “a arca do fm do mundo”.
Tais contratempos não tinham sido previstos pelos criadores do projeto, já que o compartimento está localizado embaixo da terra, em uma região tradicionalmente fria próxima do Polo Norte, com temperaturas que variam entre -4°C e -6°C. O alagamento tomou parte do túnel que dá acesso ao banco e tem extensão de 100 metros, mas não afetou as
depósito de 10 mil exemplares.
A primeira retirada de sementes aconteceu em 2015: após o banco genético da cidade síria de Aleppo sofrer danos por conta da guerra civil que atinge o país, pesquisadores solicitaram exemplares de trigo, cevada e grama para dar con-
sementes. Pelo menos por enquanto.
“Não estava em nossos planos pensar que o permafrost não estaria mais lá e que o Banco experimentaria um clima extremo”, armou em comunicado o membro do governo norueguês Hege NjaaAschim. Permafrost é o nome dado ao tipo desolo
tinuidade às pesquisas. De acordo com
a FAO, órgão das Nações Unidas para alimentação e agricultura, conservar sementes é essencial para manter a diver-
sidade ambiental e garantir a qualidade FIG.- RA
da produção de vegetais no planeta.
CADA VEZ
ENCONTRADOS NO MARROCOS,
cinco pessoas, que estavam pró-
anos — ou seja, os vestígiostêm
MAIS VELHOS
fósseis de Homo sapiens tiveram idade estimada em 300mil anos. A descoberta foi feita pela equipe do pesquisadorJean-Jacques Hublin, do instituto alemão Max Plank,que começou a realizar investigações no sítio arqueológico marroquino em 2004. Foramencontradosvestígios de crânios de
ximos a lascas de pedra utilizadas em lanças. Como várias dessas lascas davam sinais de terem sido queimadas, os pesquisadores utilizaram uma técnica chamada termoluminescência para calcular há quanto tempo isso ocorreu: tudo indica queas pedrasforam queimadas há cercade 300mil
100mil anos de diferençaem relação aos fósseis humanos mais antigos encontrados até então. De acordocom os arqueólogos envolvidos na pesquisa, as faces dessas pessoas tinham semelhançascom os humanos da atualidade: rostos largos, sobrancelhas grossas e queixos pequenos.
Descoberta de ossadas de Homo sapiens indica que nossa espécie surgiu há mais tempo do que cientistas pensavam POR ISABELA MOREIRA
P. 12
07.2017
LU NE TA O ESPAÇO É LOGO ALI POR ANDRÉ JORGE DE OLIVEIRA
OSDEUSESERAM APENAS DEUSES
FIG.- RA
Erich von Däniken, autor de Eram os Deuses Astronautas?, veio ao Brasil falar sobre OVNIs — e fez questão de debochar dos céticos
tarsão mal informadosou idiotas para justificar alegações. “Vocês convenientes.” O termo “idiotas devem riscar a palavra anjo e esconvenientes” foi repetido várias crever por cima ‘extraterrestre’”, vezes sempre que o suíço se redisse. Para ele, qualquer referênferia aos que preferem manter ciaa “carruagens” cruzando o céu postura cética quanto aos avisnas passagens bíblicas é prova tamentos de discos voadores. irrefutável de naves espaciais. Antes de relatar episódios céleMas cá entre nós: se duvidar bres envolvendo OVNIs, Däniken dessas argumentações é ser um falou sobre sua especialidade: a “idiota conveniente”, nunca houve
ERAUM DOMINGO DESOLemSão Pauloquando o suíço Erichvon Däniken iniciou sua palestra para quase 300 pessoas interessadas em
conhecer histórias de alienígenas e discos voadores.Autor da obra Eram os DeusesAstronautas?, o suíço realizou umaturnê poroito cidades do Brasil para divulgar seu pensamento. “O Erich foium divisorde águas,mudou minha visão de mundo quandoeu tinha10 anos”, disse, entusiasmada, a médica Elaine Fernandes, que ouviria Däniken ao vivo pela primeiravez. “Nossas memórias foram quebradas porquestões religiosas e científicas, estamos entorpecidos.” “OVNIs são reais”, afirmou Däniken, sem titubear. “E todos que nos fazem não acredi-
AGENDA
4
Jul. 2017 dstqq
já venderam 67 MILHÕES de cópias e foram traduzidos para 32 LÍNGUAS NO SIT E Leiaa entrevista comErichVon Däniken: glo.bo/2qopXvi
TÚNEL DOTEMPO : VIAGEMAMARTE
s
6
teoria dos antigos astronautas, ou alienígenas do passado. Segundo ela, ETs visitaram a Terra há milhares de anos para estudar nossos antepassados e ajudá-los a evoluir. Apesar de a ideia não ser descartada como hipótese pela ciência (chamada de paleocontato), a forma como Däniken a explora é questionável. De criação católica, é comum que o escritor utilize passagens da Bíblia
tanta conveniênciaem serum idiota. “A astronáutica não pode considerar a ufologia como fonte de pesquisa enquanto não for possível comprovarveracidade através dos meios científicos”, diz o engenheiro espacial Lucas Fonseca. LUNETA LIVE
PONTOSRUBROS SOBREVOJUNO A
11
ESPREITAMALUA
TODAS AS
As principais notícias SEXTAS,ÀS espaciais da semana 17H,NA NOSSA FANPAGE. são comentadas em ASSISTA! trans missão ao vivo.
A DE CHUV ALERT A
GRANDE MANCHA
28
DE METEOROS
s
A Nasa inovavaem 1997:
Olhe para o leste assimque
A famosa Grande Mancha
Pico de atividadeda chuva
Mars Pathfinder foia
escurecer: a Lua quasecheia Vermelha de Júpiter está
de meteoros DeltaAquári-
primeira sondaa pousar
aparece lado a lado com
encolhendo. Resta saber o
das, comaté 20 estrelasca-
em solo marciano desde
Saturno.Ali perto estará a
porquê. No sétimovoo ra-
dentespor hora.O radiante
1976. Transportou o vovô
gigantescaestrelavermelha santede Juno, a sondapassa fica emAqu árioe o melhor
da Curiosity,Sojourner,
Antares, queé o coração da
bemem cima daregião para
horário paraobservaré
primeiro rover em Marte.
constelação de Escorpião.
entendero fênomeno.
depoisdas 5h,no oeste.
-
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1
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OS LIV ROSDE VON DÄNIKEN
10 11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29
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Exploradores mão na massa
O LEGADO OLÍMPICO QUE VOCÊ RESPEITA
Ex-estrategista de tecnologia espacial da Nasa, Matthew Reyes acredita que o movimento maker mudará a exploração espacial
SE HÁ UMA OLIMPÍADA que deixou legado ao país, sem dúvida é a OBA, a Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica, cuja 20ª edição ocorreu em maio. Ela estimula o interesse dos alunos e capacita professores do ensino básico a ensinar astronomia. Os melhores colocados representam o Brasil em olimpíadas internacionais e são convidados a conhecer centros como Inpe e ITA. “Eles saem querendo prestar Engenharia Aeroespacial”, diz João Batista Canalle, coordenador da OBA. Porém, em dois anos, os recursos recebidos do CNPq despencaram. Foi preciso fazer vaquinha para pagar medalhas e certificados: “Dependemos de que os políticos vejam a educação como a única solução para o país evoluir”.
otar a mão na massa é
a paixão de Matthew Reyes, consultor no Vale do Silício e ex-estrategista de tecnologia espacial da Nasa. Em junho, ele palestrou na primeira edição da Campus Party Brasília. Reyes explica a relação do Movimento Maker (um faça-você-mesmo da tecnologia) com a exploração espacial.
B
DEQUEMANEIRAACULTURAMAKERESTÁMUDANDO OJEITODEEXPLORARMOSOESPAÇO? A reduçãono preço doseletrônicos e a acessibilidade do financiamentocoletivo está empoderando indivíduos a fazerem algo que era restrito a governos e grandes corporações. O Movimento Maker derruba preços e contribui tanto com hardware como com software. Hoje, qualquer um pode fazersatélites — nãoprecisa serum engenheiro experiente para isso.
Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) completa duas décadas de serviços à ciência brasileira
EXPANSÃO ACELERADA Número de alunos que participaram
VOCÊENTENDEDETUDO,DESDECONSERTODEMOTOS ATÉARQUEOLOGIASUBAQUÁTICA.EXPLORADORES ESPACIAISPRECISAMDEVISÃOMULTIDISCIPLINAR? Precisamos de gente focada em tópicos individuais, a especialização é necessária. Mas exploradores precisam ser coringas. Um explorador espacial maker deve saber um pouco de engenharia mecânica e programação, além de lidar com papeladas. É como aqui noValedo Silício: as pessoastêm múltiplashabilidades. MISSÕESPARAOESPAÇOPROFUNDOTERÃODESER AUTOSSUFICIENTES,SEMDEPENDERDOSRECURSOSDA TERRA.COMOACULTURAMAKERPODEAJUDAR? Acho incrível comoa exploração espacial cria tecnologias que beneficiam nosso planeta.
FIG.- RA
Os mesmos desafios para mandar humanos ao espaço profundo afetam a todos nesta grande espaçonaveque é a Terra— limparo are a água, criar comida, lidar com resíduos. Makers acham novas formas de exploração sustentável e
daOBA nos últimos 20anos
s o n u l a 0 0 4 8 9 9 1
0 9 .3 4 8 7
0 0 . 0 0 8
0 1 0 2
6 1 0 2
* 0 0 0 . 0 0 7
9 0 . 8 5 0 3
buscam torná-lasum produto ou serviço. VOCÊFOICERTIFICADOCOMOUM“CIENTISTA SUBORBITALCOMINTENÇÕESDETRABALHARNO ESPAÇO”.QUANDOVAIVIRARASTRONAUTA? É meusonho de criança, atépaguei um treinamento da Virgin Galactic. Quando surgir no espaço umavagacomp atívelcom minha especialidade, óbvio que me candidatarei( risos).
0 0 .0 8 6 8
Ano Internacional da Astronomia dobrou o número de participantes
8 3 .3 0 6
2 0 0 2
6 0 0 2
9 0 0 2
7 1 0 2
*Co m oscortesdo govern o, est ima -seque osnúmero s sejammenore s doque em2016
a c ti u á n o r t s A e a i m o n o r t s A e d a ir e li s a r B a d a í p im l O : e t n o F
Essa proposta foi feita pelo físico franc ês Louis de Broglie e depois desenvolvid a pelos alemães Werner Heisenberg e Erwin Schrödinger, na
CONEXÕESCÓSMICAS POR ADILSONDE OLIVEIRA*
década de 1920, levando à criação de umateoria quânticada matéria. Essa propriedade , totalmente distinta do que vemos em nosso cotidiano, permitiu o surgimento dos dispositivos semicondut ores, como o transistor,
A FÍSICA QUEGERA TECNOLOGIA
que é utilizado emquas e todos os circuitos eletrônicos e nos processadores dos computadores , por exemplo. Os semicondutores, como o silício e o carbono, são materiais que po-
dem ter a sua condutividade elétrica alterada pela dopagem de diferentes elementos. Com a combinação de vários semicondutores pode-se cons-
truir uma “barreira de energia”, como
Entender como funciona a física no nível dos átomos foi fundamental para que pudéssemos desenvolver os dispositivos eletrônicos que usamos hoje
se fosse um degrau, que controla o fluxo da corre nte elétrica. Por se comportarem também como ondas,
os elétrons podem ultra passar essas barreiras sem precisar ter energia
A TECNOLOGIA nos propor ciona uma série de facilidades. Em quase todos os lares existem televisores, chuveiros, fornos de micro-ondas e outros dispositivos eletrônicos. Muitos desses equipamentos não eram sequer imaginados algumas décadas atrás. Ter acesso a gigantescas quantidades de informação disponíveis em uma rede mundial de computadores, por exemplo, era coisa de ficção científica. Os equipamentos eletrônicos que povoam o nosso cotidiano só existem porque, antes de serem desenvolvidos, pesquisas científicas básicas foram realizadas para que conhecêssemos a estrutura da matéria e seu comportamento na escala atômica. Isso só começou a acontecer no início do século 20. Foi nesse período que uma série de descobertas científicas colocaram os conhecimentos da época em xe-
propriedades peculiares puderam ser aplicadas na tecnologia. Por exemplo,
suficiente. Esse efeito é chamado de tunelamento quântico. É como se os
a FísicaQuânticadescobriu queos áto-
elétrons criassem um túnel através das barreiras de energia. Esses são apenas alguns poucos exemplos de tecnologias que se desenvolveram a partir de pesquisas básicas. São investigações que, na época em que foram realizadas, ainda nem vislumbravam possíveis
que. Para que isso fosse superado,
“pointer” em palestras e leitores de
a Física Quântica. Trata-se da parte
a realização de cirurgias.
foi necessário criar uma nova Física:
da Física que estuda as propriedades
mos não são como um pequeno sistema solar, com os elétrons orbitando o núcleo atômico em qualquer“órbita”. Os elétrons só podem ocuparníveis de energia específicos, que determinam
em qualorbital elespodem estar.Esses níveis são proporcionais a uma cons-
tante fundamental da natureza, conhecidacomoConstantedePlanck,proposta pelo físico alemão Max Planck. Ao mudar para um nível de energia mais alto, um elétron precisa
não apenas a Física, é fundamental
absorver uma quanti dade específica
para impulsionar o desenvolvimen to econômico do país. É imprescindível
de energia, igual à diferença entre os níveis. Para descer a um nível mais baixo, ele emite a diferença de energia que existe entre os níveis na forma de um pacote de energia,
que o Brasil coloque a ciência como uma de suas prioridades, caso contrário estaremos condenados a ser somente mais uma nação periférica dentro do cenário mundial.
conhecido como fóton. Comesse tipo de fenômeno, foi possível desenvolver o raio laser, usado tanto como
CDs e DVDs quanto na medicina para
Outro fato da Física Quântica fun-
dos átomos, moléculas e seus constituintes fundamentais. Na escala atômica, a matéria se comporta de forma diferente da que
damental para o desenv olvimento dos dispositivos eletrônic os foi a descoberta de que os elétrons — e todas as partículas fundamentais —
estamosacostumadosnomundo
não se comportam apenas como cor-
macroscópico. Com isso, muitas
púsculos, mas também como ondas.
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aplicações. Por esse motivo, o inv estimento em pesquisas desse gênero, em todas as áre as do conhecimento,
Os eletrônicos que povoam nosso sócotidiano existem porque pesquisas básicas foram realizadas
* ADIL SONDE OLIV EIRAé pro fes sortit ular do Departamento de Físicada UFSCar. Atuaem físic a exper imental e divul gação científica. Coord enao Labor atóri o Aberto de Inter ativi dade(LAbI),voltadoao desenvolvi mento de metod ologi as paradivulga ção científica
EVENTO
Bhargava já foi conselheiro de mais de cem marcas QUAND O CONSE LHOÉ BOM
3
GRANDES TENDÊNCIAS DE I NOVAÇÃ O
NOS DIAS 8 E 9 DE JUNHO,
GALILEU participou da primeira edição paulista do Wired Festival Brasil. Uma série de convidados presentes no Instituto Tomie Ohtake falou sobre cidades, negócios e educação do futuro (conra a cobertura
completa no site). Uma das palestras mais aguardadas foi a de Rohit Bhargava, autor do livro Non-Obvious — How to Think Different, Curate Ideas and Predict the Future (Além do Óbvio — Como Pensar Diferente, Selecionar Ideias e Prever o Futuro,
em tradução livre). Separamos três grandes tendências para os próximos meses adiantadas pelo escritor.
1.PASSADOPRESERVADO “Com a tecnologia que temos hoje,
podemos preservar melhor o nosso passado”, diz Bhargava. A ideia é fazer museus com realidade ampliada e preservar obras antigas, mas também se aplica à possibilidade de registrar nossos momentos
insignicantes (por exemplo, um voo simples em um avião comercial) por meio da última tecnologia possível (como câmeras 360°).
2.TECNOLOGIAINVISÍVEL Para podermos ter uma realidade mais conectada, precisamos real-
mente “ver” nossos aparelhos? É essa a pergunta que grandes nomes da tecnologia vêm se fazendo. “As telas estão desaparecendo”, explica Bhargava. O objetivo
é que possamos conver sar com assistentes de voz armados de inteligência articial, como a Siri.
3.IMPERFEIÇÃOADORÁVEL Quando a esmola é demais, o santo descona. A ideia aqui é que perfeição não é sinônimo de boa qualidade. “Às vezes, queremos as coisas imperfeitas, justamente porque assim elas parecem mais au tênticas”, con ta Bhargava. “É preciso abraçar seus defeitos.”
Nasfoto s ao lado, de cima parabaixo: o artista e inovadorholandês Daan Roosegaarde; a editora-ch efe da GALILEU, Cristine Kist; e PaulaBelli zia, CEO da Microsoft Brasil
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07.2017
CIÊNCIA ACESSÍVEL Engenheiro vence edição brasileira de concurso que premia os melhores divulgadores científicos POR JÚLIO
VIANA
“NÃO ADIANTA REALIZARM OS pesquisas científicas se isso não chegar à população.” É assim que Felipe Costa, aluno de pós-graduação em Engenharia Civil na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), define a importância de programas como o FameLab Brasil, que premiam os melhores comunicadores de ciência do mundo. Promovida pela organização British Council, a competição seleciona pesquisadores capazes de ensinar conceitos científicos complexos de maneira didática e divertida. Após três etapa s seletiv as, com avaliações virtuais e presenciais, Felipe venceu a dispu ta brasileira com uma aula sobre o geopolímero, um material sustentável que pode servir como alternativa ao concreto comum. Como prêmio pela vitória, o engenheiro — que competiu com representantes de mais de 30 países — viajou para a Inglaterra para participar da grande final internacional no dia 8 de junho. A grande vencedora da disputa foi a cientista sul-africana Tshiamo Legoale, especialista em Geologia.
FIG.- GN
FIG.- RA
CHEGADE MENTIRAS Acreditar em boatos nas redes sociais independe de crenças políticas, diz pesquisa do MIT POR
GIULIAN A VIGGIAN O
EM SUA CAMPANHA PRESIDENCIAL,
Donald Trump afirmou que as pesquisas sobre o aquecimento global eram mentirosas. Apesar da falta de credibilidade da informação, não faltaram pessoas que apoiaram e ajudaram a divulgar a teoria da conspiraç ão.
novidade nas disputas políticas, a velocidade com que essas informações se espalham atualmente aumenta a chance de mais pessoas acreditarem em notícias mentirosas. O estudo revela que informações pouco confiáveis tendem a ser consideradas verdadeiras por pessoas que têm diferentes posicionamentos políticos. Os pesquisadores também notaram que os militantes continuam acreditando em um políticode sua preferência mesmo que ele sejapego mentindo. Um exemplodiss o ocorreunas eleições de 2016, em que parte do eleitorado de DonaldTrump espalhou a notícia de que o ex-presidente Barack Oba-
Meses depois, já eleito presidente, Trump uti-
ma não era norte-americano. Quando o fato foi desmentido, os defensores do candidato
lizou dados desatualizados e fora de contexto para justificar a saída dos Estados Unidos do acordo climático de Paris. Para entender como a circulação de notíciasfalsasimpact a a políticanorte-a mericana, pesquisadores do Massachussets Institute of Technology (MIT) publicaram uma pesquisa sobre o assunto. De acordo com os analistas, apesar da disseminação de boatos não ser
republicano continuaram apoiando Trump. “Podemos reconhecer que um demagogo mentiroso não está falando a verdade, mas ‘apreciamos’ sua boa vontade para desafiar o opositor”, destacou Ezra Zuckerman, um dos participantes da pesquisa, em evento organizado pelo MIT. “Mas tenho esperança em um mundo no qual possamos acabar com essas estruturas que nos dividem”, disse ele.
07.2017
Burocracia
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ALÔ? Michel Temer não foi a única personalidade a se envolver em polêmicas com gravações de áudios
animalesca
POR THIAGO TANJI
FIG.- GN
Sistema para identificar instituições brasileiras que realizam testes em animais é modificado para deixar registro mais simples
Quase450 instituições realizam testescientífico s em animais
RICHARD NIXON (1974) Tentativas de espionagem no escritório do Partido Democrata obrigaram o presidente norte-americano a renunciar.
POR J. V.
D
esde 2012, as instituições que prod uzem ,
mantêm ou utilizam animais em atividades de ensino e pesquisa cientíca no Brasil devem disponibilizar informações em um banco digital criado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Agora, o sistema vem passando por modicações para ganhar uma versão mais aprimorada, que cará pronta no segundo semestre deste ano. De aco rdo com os resp onsá veis pelo projeto, o sistema será mais fácil e intuitivo, o que facilitará a tarefa do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea) de reu nir dados sob re as inst alações em que os animais são mantidos. Atualmente, cerca de 450 instituições estão cadastradas no banco de dados. “O novo sistema possibilitará um controle ainda maior das instituições, além de fornecer importantes informações para a sociedade sobre o uso de animais em atividades de ensino e pesquisa cientíca”, arma Kátia De Angelis, coordenadora do grupo para a implantação do Cadastro das Instituições de Uso Científco de Animais (Ciuca). Apesar de o Concea já reconhecer 24 métodos alternativos de testes, Angelis ressalta que os animais ainda são necessários para as pesquisas. “Por mais que existam culturas de células, tecidos e modelos computacionais, ainda são poucos os casos em que podemos nos basear unicamente em métodos alternativos para as pesquisas científcas.”
NEWS OFTHE WORLD (2011) O tabloide britânico foi fechado após confirmaçãode que celebridades e políticos foram grampeados a mando do jornal.
FIG.- RA
PODE TESTAR?
Opinião de brasileiros sobre uso de animais pelaciência
41%
Discordam plenamente
36%
Concordam plenamente
18%
Concordam parcialmente
5%
Fonte:Datafolha/2014
Outros
CASO NSA (2013) Informações revelaram que a agência norte-americana de segurança espionou ligações feitas por políticos do mundo todo.
DILMA E LULA (2016) Apósnomeação do ex-presidente como ministro da Casa Civil, conversas entre ele e Dilma foram divulgadas na TV.
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07.2017
TECNOLOGIADESCOMPLICADA
Wi-fi pela casa toda Roteador da D-Link realiza o sonho de todos aqueles que utilizam wi-fi: boa qualidade de sinal em todos os ambie ntes POR JO ÃO GABR IEL BAL BI
Suas quatro antenas rebatíveis permitem conectar até 35 dispositivos, além de tornar praticamente desnecessário o uso de repetidores de sinal. Com instalação simples, seu software apresenta uma conguração com recursos avançados, como rewall e o “QoS Inteligente”, que permite priorizar a co-
Um roteador de respeito:
U
projetado para transmissão de conteúdo em 4K e jogos online, o D-Link DIR-879 garante sinal wi- de alta velocidade em ambientes que podem ter área superi or a 200 metros quadrados. Com um pacote parrudo de especicações, o roteador tem tecnologia dual band: fornece uma rede de 2.4 GHz, com maior alcance e menos velocidade, e uma de 5 GHz, que oferece maior velocidade, mas tem menor alcance.
FICHATÉCNICA PREÇO:R$ 999,00 ESPECIFICAÇÕES:
A cobertura é superiora 200 metrosquadrados e a velocidade máxima de conexão do aparelhoé de 1.900 MB porsegundo
nexão dos dispositivos mais importantes. O preço de R$ 999 é considerado alto para roteadores, mas deve-se levar em conta o desempenho do equipamento e a garantia de cinco anos do fabricante: o custo do DIR-879 se paga a longo prazo, já que levará um bom tempo para que o roteador que obsoleto.
07.2017
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FIG.- GN
LABORATÓRIO NOBRASIL
GRATUITO OUPAGO?
Golpesque falam de temas locais, como a liberaçãodo FGTS, poderiam passar despercebidos para técnicos estrangeiros: é importante ter especialistas trabalhandono país.
Quase sempre os antivírus gratuitos são suficientes para PCs domésticos. Os pagos oferecemrecursos específicos que atendema demandas de usuários exigentes.
ATAQUE TOTAL Conheça o WannaCry, vírus que infec ta PCs por conta de uma falha do Windows POR M.C.
UM NOVO VÍR US
O WannaCry é um ransomware, que usa criptografia para bloquear arquivos e pastas do computador
FIG.- RA
e promete a devolução apenas
COMQUAL AN TÍVIRUS EUVOU?
CONFIANÇA NAEMPRESA
CUIDADOCOM ANTÍVIRUSFALSOS
Mais importante que o valorpago pelo serviço de proteção é a reputaçãoda companhia. Escolha antivírus de empresas que estão atualizadasnos assuntos de segurança.
Façauma pesquisa sobre os serviços e vá diretoao site do fabricante.Alguns antivírus falsos, comnomese ícones bem parecidos, tentamse aproveitar de usuários leigos.
mediante um pagamento de resgate na moeda virtual bitcoin.
PELAS REDES
O ataque utilizou uma falhano Windows para que o vírus infectasse PCs conectados na mesma rede. Pelométodo usado, as principais
Para escolher o melhor software de segurança, o usuário deve levar em conta serviços que se mantêm atualizados
vítimas foram empresas que possuemmáquinasconectadas.
O REM ÉDI O POR MELIS SA CRU Z
Dois meses antes, porém, a
PAGO OU GRATU ITO, TER UM ANTIVÍR US de qualidade instalado no computador é fundamental para evitar que malwares infectem a máquina e operem uma série de golpes que podem causar prejuízo financ eiro. Casos recentes, como o ataque WannaCry
( veja box ao lado ), aumentaram a preocupação dos usuários de Windows, os principais alvos de hackers. Para escol her um bom serviço de proteç ão, Thiago Marques, pes-
quisador da Kaspersky, dá algumas dicas.
SERVIÇOS ATUALIZADOS
ADEUSAOS PIRATAS
Ameaças evoluem todos os dias. Para manter-se protegido, é necessário
Recorrer a chaves de ativação falsificadas de antivírus está fora de cogitação.
atualizar o antivírus para detectar novos malwares. Não adianta lutar contra o vírus de hoje com armas do passado.
Muitas dessas falsas ofertas são golpes. É melhor optar por uma versão gratuita do serviço, que é totalmente segura.
Microsoft publicouuma correção para versões do seu sistema operacional Windows 7, Windows 8.1 e Windows 10. Versões mais antigas também ganharam o update.
APRENDIZADO
Muitos usuários e empresas não atualizaram as máquinas, deixando os computadoresvulneráveis. A solução é ativar o Windows
@techtudo_oficial
/techtudo
@TechTudo
Update, indispensável contra falhas. Antivírus já bloqueiam o ataque.
ELEMENTAR TEFLON
mesmo material que não deixa o ovo frito grudar na sua frigideira foi usado na vedação das válvulas da bomba atômica lançada em 1945 em Hiroshima. Mais conhecido como Teon, o polímero politetrauoretileno (PTFE) — nome não comercial da substância — é um plástico de alto desempenho. Assim como ocorreu com outros produtos famos os, o nome Teon, de propriedade da empresa DuPont, acabou se tornando sinônimo da substância. O elemento foi descoberto por acaso em 1938 pelo químico norte-americano Roy Plunnkett, que tentava criar um novo gás refrigerante para substituir o CFC. Nas frigideiras, o Teon é aplicado na superfície do alumínio com a utilização de rolos. Depois desse revestimento, as peças são colocadas em fornos de secagem com alta temperatura (o que faz com que o lme de PTFE que aderido ao metal). Como o material apresenta um dos mais baixos coecientes de atrito em relação aos materiais sólidos, a antiaderência das panelas
DA BOMBA À COZINHA Polivale nte, o Teflon pode ser encontrado tanto em panelas e frigid eiras como em aeronaves —POR RENATA CARDOSO
O
revestidas com a substância é garantida. O PTFE é insolúvel em solventes, resistente ao ataque de ácido corrosivo, tem ponto de fusão bem alto (de 326,8°C) e aspect o escorr egadio . Por isso, serve para muitas coisas além de forrar panelas. Devido à sua resistência ao calor, ele é usado para reves tir cabos, manguei ras e até aeronaves. Pode ser usado também na confecção de ossos articiais, próteses odontológicas, coletes à prova de balas e até absorvedores de choque e de som.
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1
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H
F
9
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C
POLÍMERO POLITETRAFLUORETILENO É composto
ÁCIDOFLUORÍDRICO(HF) Sua aparên-
CLOROFÓRMIO Éumgás
de carr.bono e flúo O flúorpossu i propriedade de não propagação de fogo, porisso promove grandeestabilidadetérmica.
ciaédeum líquido incolor efumegante. Emcontatocom apele,pode atacarocálcio dosossos.É usadonaprodução degases refrigerantes.
tóxico empregadocomosolventedeverniz eborrachas. Foiusado comoanestésicoantesde ficarprovado quefazia malàsaúde.
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Cl
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FLUORITA É a principal fontecomercial deflúor . O ele-
O nomeTe flon , de propriedade da empres a DuPont, virousinônimo da substâ ncia
Fonte: Prof. Dr. Claudio Luis Crescente Frankenberg — Coordenador e professor do curso de EngenhariaQuímica da PUCRS Foto:Tomás Arthuzzi / Editora Globo
men to é usado principalmente na indústria química, de vidros, de esmaltes e na siderurgia e metalurgia.
DOSSIÊ ALERGIA REPORTAGEMGIULIANA VIGGIANO EDIÇÃONATHAN FERNANDES
DESIGNFERNANDA DIDINI
RECORDE DE ESPIRROS POR MINUTO
Espe cialistas estimam que 30% da popu lação brasil eira sofra com pro blem as relaci ona dos a alergias — mesmo assim, pou co se sabe sobre a origem dessas reações do sistema imunológico a apr ese ntado ra eli ana
previu, já em 2002, o risco que corria a saúde mundial. Com as vias aéreas infeccionadas e apontando uma duvidosa semelhança entre seu nariz e um chafariz (“ Ai meu nariz / Ai meu nariz / Ele parece muito mais um chafariz ”), a apresentadora can-
tava sobre um problema que hoje assombra ainda mais gente do que há 15 anos: as alergias. Para car apenas nas respiratórias, entre 10% e 25% da população brasileira têm asma, sendo que, desse total, 80% também sofre de rinite. “Hoje,
estimamos que cerca de um terço da população tenha alergias, e esse número, aparentemente, vem aumentando”, arma o diretor da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), Luís Felipe Ensina. Parafraseando a lósofa francesa Simone de Beauvoir: não se nasce alérgico , torna-se. A ciênci a ainda não descobriu por que algumas pessoas têm alergia e outras não, mas é consenso que a condição pode aparecer em qualquer momento da vida, não necessariamente na infância, como diz o senso co-
21
mum. E, com os avanços da medicina, a vida dos alérgicos melhorou consideravelmente. Hoje, já se sabe que crianças nascidas de parto normal apresentam menos problemas desse tipo, assim como as que convivem com animais de estimação em casa. Apesar dis so, alguns trat amentos continuam inacessíveis para grande parte da população brasileira: uma caneta com dose autoinjetável de adrenalina — que serve para pacientes que correm riscos de morte durante uma grave crise alérgica — custa aproximadamente R$ 745.
ALGUNS CULPADOS LEITE
OQUE ÉUMA ALERGIA, AFINAL? Saber distinguir a reação de sensibilidades ou intolerâncias pode ajuda r no diagnósti co ara entender o que é uma alergia, primeir o é precis o saber diferen ciá-la de uma sensibilidade ou intolerância. Os sintomas podem ser bastante parecidos, mas a condições em que as duas ocorrem são bem diferentes. Segundo Alexandra Sayuri Watanabe, diretora da Asbai, “alergias são respostas exageradas dos anticorpos contra algum alérgeno [ substância que causa alergia ]”. Além dessa reação anormal do nosso sistema de defesa, a especialista ressalta que as reações alérgicas apresentam quadro clínico, ou seja, impactos no corpo, diferentemente do que ocorre com as sensibilidades, por exemplo. Hoje, segundo a Asbai, cerca de 30% dos brasileiros têm algum tipo de alergia, sendo
P
a maior parte dos diagnósticos de alergia do tipo respiratória ou alimentar. Esses impactos no corpo podem surgir por causa dos mais variados tipos de substância. De tinta de papel a ondas eletroma gnéticas, quase tudo é capaz de causar uma reação alérgica (veja ao lado algumas das mais comuns ). As respostas imunológicas, entretanto, 22 nem sempre são óbvias. Quando uma
No leite de vaca, os alérgenos presentes são as proteínas caseína, alfa-lactoalbumina e beta-lacto-globulina. PÓLEN
Árvores como oliveiras podem causar alergias. Um exemplo de alérgeno é a Betv 1, pre sente nas bétulas. ÁCAROS
Esses bichinhos são menores que um grão de pólen (cerca de 0,3 mm), mas grande parte das pessoas é alérgica às fezes do animal. OVO
A maior parte dos alérgenos está na clara do ovo. Essas proteínas são, em sua maioria, ovoalbumina, ovotransferrina e ovomucoide.
pessoa alérgica a cosméticos usa esmalte, por exemplo , a reação não vai aparece r na unha, mas no pescoço e nas pálpebras. Em geral, as reações podem ser bem diversas: manchas, inamações, coceira, inchaços, bolhas , descamação da pele e urticár ia em qualquer parte do corpo — em casos mais graves, é possível que ocorra um choque analático, o que pode até levar à morte. Especialistas consideram que grande parte das alergias mais comuns se dá por conta de dois agentes principais: proteínas especícas, nos casos alimentar es; e ácaros, nos casos respiratórios. Contudo, vale lembrar que o causador da reação alérgica não é o microrganismo em si, mas os anticorpos que o nosso próprio corpo cria para se defender. “No caso do ácaro, ele sensibiliza o corpo, que cria anticorpos e causa alergias”, diz Maria Candida Rizzo, coordenadora do Departamento Cientíco de Rinite da Asbai. Diferentemente das alergias, que interferem no funcionamento do organismo, a sensibilidade a algum produto ou alimento gera apenas sintomas especícos no corpo, como enjoos, por exemplo. Além disso, a pessoa até forma anticorpos contra a substância causadora da sensibilidade, mas eles não chegam a “atacar” de forma tão agressiva quando entram em contato com essa substância. Já as intol erânc ias alim entares não têm nada em comum com os outros problemas. Enquanto as alergias e sensibilidades são respostas do sistema imunológico, a intolerância é a reação do metabolismo à comida ou bebida. Isso signic a que o corpo não é capaz de processar e digerir os alimentos adequadamente, o que causa mal-estar.
CORANTES
s e g a Im ty
Mostarda, refrigerantes e comprimidos são alguns produtos que podem conter a tartrazina, substância presente em corantes amarelos.
t e G / v e a d n a r a K e d to o f m o c M E G A T N O M
Elementar,meucaroalergista COMO UM DETETIVE, O ESPECIALISTA DEVE INVESTIGAR A VIDA DO PACIENTE
OS SINTOMAS DAS REAÇÕES ALÉRGICASvaria m de organismo para organismo, ou seja, enquanto alguémpode reagir à ingestão de camarão com inchaços e coceira, outra pessoa pode apresentar falta de ar. O tempo de reação tambémvaria.O alergista CliffordBasset, do American College of Allergy, Asthma and Immunology, ressalta que “sintomas podem ocorrer em segundos,minutos, horas ou atémais tempo,por isso é preciso ficar atento”. Nem sempre o causador da alergia pode ser identificado facilmente. Porisso, é essencial que a pessoa fique atenta ao menorsin al de reação: “Se alguém apresenta algum sintoma, o médico deve serconsul tado imediatamente, porque a vezseguin te pode sermais grave”, afirma a especialista em anafilaxia Elaine Gagete Miranda. Para a médica, o trabalho do alergista não é muito diferente do que fazem os detetives da ficção: “Acho que ele trabalha como o Sherlock Holmes. O especialista precisa saber tudo sobre a pessoa, investigar, e a partir daí fazer os exames e testes certos”.
a nd a nfu ci m Nãoincotolercâtonse ciao às o leite a g d à l aler nas í ote pr
APERGUNTAQUE NÃOQUERCALAR Afinal, por que alguns são alérgicos e outros não? A ORIGEM das reações alérgicas é o tópico mais misterioso das pesquisas da área. A questão é que ninguém nasce alérgico, a pessoa adquire a doença no decorrer da vida. No entanto, cientistas estimam que haja uma relação genética: filhos de pais e mães alérgicos têm muito mais chances de desenvolver o problema. Especialistas descobriram que, ao entrar em contato com a substância que desencadeará alergia, o corpo do paciente passa por um processo de sensibilização e vai, aos poucos, criando anticorpos e células para se proteger do alérgeno. Esses “combatentes” são chamados de imunoglobulinas E (IgE) e, de acordo com Miranda, prejudicam o próprio indivíduo: “O organismo encara o alérgeno como algo a ser vencido, mas acaba sendo prejudicado”, revela a alergista. Outro fato importante é que as alergias podem surgir em qualquer momento da vida, pouco importa a idade. Contudo, as crianças são muito mais propensas do que os adultos: segundo o American College of Allergy, Asthma and Immunology, 70% das alergias aparecem antes dos 20 anos. Não por acaso, a alergista Ana Paula Moschione ressalta: “O contato com bactérias da natureza estimula o sistema imunológico, por isso é importante que os mais novos brinquem ao ar livre”. A interação diminui as chances de que a criança desenvolva a doença no futuro. Moschione, entretanto, faz questão de destacar que as brincadeiras não devem fugir do normal: “Não é necessário brincar na sujeira, mas é bom ter contato com 23 animais, outras pessoas…”.
CHEIRINHODE ESPIRRONOAR A rinite afeta até 30% dos adultos no Brasil e pode atrapalhar a qualidade de vida tanto quanto a asma UMA ALERGIA RESPIRATÓRIA acontece quando as
vias aéreassofr em infecçãosem que a pessoaesteja gripada ou resfriada, por exemplo. Há dois tipos de doenças desse gênero quepodemse manifestar em diferentes graus: a rinite e a asma. “A rinite é subestimada em relação à asma”, afirma a coordenadora do DepartamentoCientífico de Rinite da Asbai, Maria Candida Rizzo. Ambas têm potencial para prejudicara qualidadede vida dospacientes. Logo, o tratamento deveconsiderartodo o sistema respiratório, não apenas os locais afetados. Atualmente, cerca de 26% das crianças e 30% dos adolescentes brasileiros sofrem de rinite, de acordo com dados da Asbai. Métodos como o desenvolvido pelo médico Edmir Américo Lourenço, da Faculdade de Medicina de Jundiaí, que publicou um estudo no International Archives of Otorhinolaryngology , sugerem a produção de vacinas específicas para que os pacientes criem anticorpos contra as causas de alergia que os afetam. Mas o tratamento não é uma cura e deve ser aplicado por um profissional habilitado.
s e g a Im y tt G e / s e g a im k c o t s u e N e d to o f m o c M E G A T N O M
DUASIRMÃS
RESPIRAÇÃO em números
3
pessoasmorrem pordiavítimas deasmanoBrasil
67%
doslatino-americanos sofremcom problemasdeasma
US$20
BILHÕES sãogastos comrinitealérgica nomundo
E nenhuma delas é a gêmea boa
ASMA
RINITE
Os sintomas têm srcem nos pulmões e podem variar entre chia do no peito e falta de ar. Segundo a Asbai, 2 mil pessoas morrem por ano no Brasi l por conta da doenç a. Os tratamentosvariam, mas em casos mais gr aves o idea l é utiliza r o broncodilatador — a famosa “bombinha” —, que abre a árvore brônquica e permite que o ar passe mais facilmente pelos pulmões.
Por se manifestar no sistema respiratório, a rinite alérgica tem uma forte relação com a asma: cerca de 80% dospacie nte s comasma tam bémtêm rinite. Os sintomas da alergia são espirros repetidos, coceira no nariz, obstrução nasal e coriza, mas basta apresentar apenas um deles para ser diagnosticado com o problema. Além disso, é um mal que atrapalha o sono e, logo, a produtividade.
FONTES: Asbai e WAO
Anafilaxia: alergiamata
DOIS MILHÕES DE BRASILEIROS SOFREM CHOQUES ANAFILÁTICOS TODO ANO
S
egundo a especialista em anafilaxia Elaine Gagete Miranda, “todas as reações alérgicas são sérias, mas a anafilaxia é a que mais desperta a atenção das pessoas justamente por ser o
tipo mais grave”. Isso porque a anafilaxia, que provoca desde dificuldade para respirar até confusões mentais e desmaios, pode matar em questão de minutos se não for tratada rapidamente com uma injeção de epinefrina (adrenalina) — que pode ser aplicada pelo próprio paciente ou em algum hospital. Miranda afirma que entre 5% e 6% da população podem ter essa reação durante uma crise alérgica. A médica diz ainda que não é possível prever se a pessoa terá anafilaxia, mas o fator genético interfere: “[O paciente] tende a ter alguém com anafilaxia na família, além de outros tipos de alergia”, destaca. Dados do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo, mostram que a maior parte da população que apresenta sintomas de choque anafilático tem mais de 14 anos. Além disso, sabe-se que os maiores causadores desse problema são alimentos e ferroadas de insetos, como abelhas e vespas.
PERIGO NA
COMIDA Maior parte dos pacientes tem alergia a leite, ovos, trigo, amendoim, castanha, soja ou crustáceos
o Brasil, 5% dos adultos e 8% das crianças apresentam algum tipo de alergia alimentar — ou seja, comidas e bebidas são as segundas maiores causadoras de reações alérgicas, perdendo apenas para os fatores respiratórios. Segundo a especialista Ana Paula Moschione, o alérgeno se relaciona com as proteínas do alimento: “Eu diria que cerca de 80% dos pacientes têm alergia a leite, ovos, trigo, amendoim, castanhas, soja ou crustáceos”. Isso porque alguns tipos de proteínas são mais propensos a causar alergias. Para Elaine Gagete Miranda, o considerável
N
aumento no número de diagnósticos de alergia nos últimos anos está ligado à vida moderna: “Deve ter relação com a forma de preparar os alimentos, mas são especulações cientícas, pois ainda não temos comprovações”.
s e g a Im y tt e G / n o s p y R e d to fo m o c M E G A T N O M
PELO CORPO TODO
Conheça os vários sintomas DIGESTÃO
OLHOS
A alergia a alimentos tende a se manifestar na forma de diarreia, dor de barriga, vômito e perda de peso. Há outros diagnósticos possíveis para esses sintomas, como intolerância ou doença celíaca.
A inflamação ocular é comum em pessoascom alergias respiratórias. Os sintomassão olhos lacrimejantes, inchados e vermelhos. Na maior parte dos casos, é um sintoma sazonal, mas podeocorre r durantetodoo ano.
URTICÁRIA
ECZEMAS
Alimen tos tendem a ser os maiores causadores de urticária como reação alérgica. Os sintomas consistem em manchas vermelhas, inchaços, coceira, ardência e erupções cutâneas. A urticária pode desaparecer após alguns dias.
Parecidos com a urticária, os eczemas apresentam também indícios de secura e descamação da pele. Apesar de não terem cura, podem ser tratados com loções que diminuem o incômodo dos pacientes.
REG IÃO ORAL
RESPIRATÓRIOS
Os sintomas que ocorrem na boca normalmente são causados por alimentos ou pólen e são caracterizados por coceira na região dos lábios, na boca e na garganta. Também são conhecidos como síndrome de alergia oral.
São mais comuns e consistem em espirros, coriza, coceira no nariz e na garganta, inchaço na boca e nas vias aéreas, tosse e falta de ar. Podem ser caracterizados como asma ou rinite dependendo do que o paciente apresentar.
PURA ADRENALINA
DEVAGARZINHO
PERFUME FATAL
CADÊOAR?
Pacientes com anafilaxia precisam carregar uma injeção de adrenalina para todos os lugares. No entanto, além de não ser registrado pel a Anvisa, o produto não é fabricado no Brasil. A única alternativa é importá-lo a um custo de cerca de R$ 730.
É raro um choque anafilático ocorrer de primeira. Em geral, a reação aparece na segunda ou terceira vez que a pessoa entra em contato com a substância. Logo, é essencial procurar um médico ao menor sinal de incidência da alergia.
Algumas situações são tão extremas que apenas o cheiro da substância já é capaz de causar um sério choque anafilático. O fervimento do leite, por exemplo, libera sua proteína no ar durante a evaporação e pode causar alergia.
Falta de ar, queda de pressão, urticária no corpo, desmaios e confusão mental são alguns dos sintomas de anafilaxia. Caso haja a manifestação de algum deles, é importante levar a pessoa prontamente ao hospital ou 25 injetar adrenalina.
PERTINHO DOS
MICRÓ BIOS Há uma relação inversa entre alergias e bactérias: quanto mais de uma, menos da outra
m estudo divulgado pela emissora BBC mostrou que, hoje, um em cada três habitantes britânicos das metrópoles tem alergia, enquanto a proporção para comunidades afastadas é de um alérgico para 1,5 mil pessoas saudáveis. Não por coincidência, foi provado que os residentes do Reino Unido entram em contato com um número muito menor de bactérias do que os moradores de aldeias. Juntamente com uma série de outros estudos, esse sugere que existe uma relação inversa entre alergias e bactérias: quanto mais bactérias, menos alergias, e vice-versa. Por isso, os especialistas acreditam que é imprescindível entrar em contato com os animais, o meio
U
ambiente e outras pessoas logo no início da vida. Segundo a médica Ana Paula Moschione, “o contato com bactéri as da natureza estimu la o sistema imunológico”. Desse modo, o corpo “apren de” a agir de forma independente, o que diminui as chances de alergia. O número de asmáticos no mundo chegará a 400 milhões até 2025, de acordo com dados da Organização Mundial de Alergia — em 2016, eram 30 milhões. Esse crescimento pode ser atribuído a muitos fatores da vida moderna, como o aumento de cesarianas, o desenvolvimento desenfreado de antibióticos, a alimentação industrializada, a diminuição do tempo de amamentação e a falta de contato com animais. “Ao longo de muitos anos nossos hábitos alimentares e comportamentais parecem ter contribuído para o aumento da população al érgica”, diz Moschione.
BACTÉRIAS DOBEM Descubra onde encontrá-las
PARTO
O aumento dospart os com cesariana fez crescer também o número de alérgicos.Issoporqu e, ao nascer dessa for ma, o bebê nãopass a pelavagi na,então nãoentr a emconta to comas bactériasque vivem nessa região do corpo feminino.Conform e dados de um estudo norueguês, bebês quenascem de parto nor mal têm 52% menos chance de desenvolver asma, por exemplo.
ANIMAIS
Estudo da Universidade de Alberta, no Canadá, provou que crianças que têm animais de estimação são menos propensas a desenvolver alergias. Segundo a médicaMaria Candida Rizzo, o problema é quand o os bichi nhos são introduzidos na família depois: “O sistem a imune da pessoa vai reconhecer aquilo [pelos, odores etc.] como estranho”, conta.
LEITE MATER NO
Durante a fase de amamentação, o bebê entra em contato com um grande número de bactérias benéficas para a saúde. Por isso, é essencial que a criança mame por, no mínimo, seis meses, já que, de acordo com especialistas, os microrganismos que vivem no corpo da mãe ajudam a estimular o sistema imunológico.
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m o .c le d d a P e o k a P o e L n rti a K ,i k s in s a J n y rt a M : S E
N O C Í
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LIMPINHOS DEMAIS s e g a Im y tt
Teoria desenvolvida há quase 30 anos
G e / s e g a im k c to s u e
afi a que excealt ssoo de higie resrm pons áveol pelo núme rone deser aleiargias ESTAMOSMAISALÉRGICOSACADAANO
N e d o t o f m o c M E G A T N O M
e grande parte dos especialistas crê que isso seja simplesmente uma consequência da vida moderna. Mas há uma parcela de cientistas que acredita que
o crescimento do número de alergias esteja relacionado com o excesso de higiene e com o surgimento de métodos de prevenção de doenças, como os antibióticos e vacinas. Essa crença faz parte da “Hipótese da Higiene”, desenvolvida pelo epidemiologista David Strachan no final da década de 1980.
A teoria destaca que a falta de contato com agentes infecciosos durante a infância resulta na vulnerabilidade do sistema imunológico. A aler-
LEI AMAISNO SIT E: GLO.BO 2RAHNVF
e Tratamento das Doenças Imunológicas , Mario Geller e Morton Scheinberg
ESTÁVEL Número de alérgicos cresceu pouco nos últimos 30 anos
gista Maria Candida Rizzo explica que, no caso da vacinação, a independência do organismo diminui,
200 MI
o que aumentaria as chances de uma pessoa se tornar alérgica. É como se o sistema imunológico
150 MI
ficasse “preguiçoso” e, ao se deparar compossí veis alérgenos, reagisse a eles como se fossemmicro r-
100 MI
ganismos perigosos por não saber diferenciar direito o que é um “ataque” do que é uma substância inofensiva.“Tudotem um lado bome um lado ruim, um ponto e um contraponto, e esse é o da vacinação”, afirma a alergista, que ressalta a importância da vacina apesar desse possível efeito colateral.
FONTE: Diagnóstico
NÃO ALÉRGICOS 50 MI
ALÉRGICOS 0
19 8 0
2 01 0
Tem cura?
ALERGIAS NÃO TÊM CURA, MAS TÊM TRATAMENTO. Quando o assunto é esse, os especialistas são
PESQUISAS BUSCAM ALTERNATIVAS PARA MELHORAR A VIDA DOS ALÉRGICOS
se manterprod utivo, o alérgico precisa conhecer as coisas queajud am e queatrap alham suacond ição a fim de evitarou trataruma crise.E só um alergistapode auxiliar nisso.O especialista, porsua vez, pode
unânimes em apontar : o mais importante é se manter informado. Para ter melhor qualidade de vida e
receitar tratamentos esporádicos ou contínuos, dependendo da gravidade da situação. No caso das alergias alimentares, algumas pessoas podem tentar reintroduzir o alérgeno aos poucos — desde quecom supervisão médica. Já quandoas alergiassão respiratórias,é essencialmantera limpeza e a
organizaçãodosambientescomqueoindivíduotemcontato:“Aprimeirafrentedotratamentoéaorientação ambiental,só depoisvem a parte da medicação”, explicaMariaCandida Rizzo.A especialista informa ainda que quemsofre desse tipode alergia tem maischances de desenvolveruma infecçãoviral,tendo em vista que já existe um processoinflamatório acontecendo no corpo, por issoa importância do tratamento.
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DE TUDO UM POUCO
Casos mais estranhos que a ficção
AS ALERGIAS
ÁGUA
PRESSÃO
MADEIRA
Poucas pessoas são como Rachel Warwick, garota britân ica que tem urticária aquagê-
Para algumaspessoas, usarroupa s apertadas e receber massagem podeser um pesadelo. Isso
Dan Hill resolveu largar o emprego para rea lizar o sonho de ser carpi nteiro. Ironicamente,
nica. Ela não bebe água, toma banho ou entra no mar sem sentiralgum incômodo. Ao ficarem contato com a água, seu corpo incha, coça e dói — mesmo que a substância esteja em forma de lágrima ou suor.
porque a peledelas possui uma propriedadechamada dermografismo, e reage quando sofre algum tipode pressão, mesmo queseja pouca. As reações são inchaços e inflamações,na maioria das vezes.
tempos depois ele descobriu que era alérgico a serragem: seu corpo inchava e coçava. Por sorte, o britânico percebeu que não era alérgico ao carvalho galês, e hoje trabalha só com a madeira dessa árvore.
SOL
SÊMEN
ROUPAS ÍNTIMAS
A fotoalergia ocorre bem antes de qualquer queimadura. Para os alér-
O fluido do corpo masculino é responsável por inchaço, coceirae atédor em
A reação é disparada por contado tecido da peçade roupa, que, na maioria das
caso de Grace Morley é um dos mais conhecidos — e bizarros — do mundo. A jovem cou famosa após descobrir que é alérgica a comer maçãs embaixo de bétulas, um tipo de árvore. O mais curioso é que a menina não é alérgica a maçãs nem a bétulas separadamente, apenas quando ambas estão juntas. Morley desenvolveu a reação na infância, quando brincava no jardim com os colegas. Com os avanços da vida moderna, novas alergias foram surgindo. Hoje, pode-se até dizer que “tem alérgico para tudo” — o que complica ainda mais o estudo das srcens dessas reações do sistema imunológico. Grace Morley, no entanto, não é a única pessoa a apresentar uma resposta
gicos ao Sol, uma curta exposição aos raios da nossa estrela causa irritações na pele, coceira e surgimento de pintinhas. A alergia normalmente afeta idosas e mulheres de 15 a 35 anos com a pele mais clara.
algumas pessoas. Há situaçõestão graves que o alérgico pode terum choque anafilático e morrer durante a relação sexual. Para os médicos,casos mais leves dessa alergia podem explicara infertilidadede algunscasa is.
vezes,é feitade algodão ou poliéster. Os sintomas,entretanto, podem aparecer em qualquer outro lugar do corpo, não necessariamente na genitália, ondeo alérgeno tem contato direto com a peleda pessoa.
FILHO
CÁPSULAS
WI-FI
Algumas mulheres desenvolvem reação alérgica ao próprio filhodurantea ges-
A alergia a cápsulas de remédio é incomum, mas interfere na vida de várias
O DJSte veMille r ficou famoso apóster seu caso divulgado no jornalTheSun.
a algo extremamente especíco. Há, por exemplo, quem tenha alergia a atividades físicas. Não é só uma desculpa para faltar à academia: os alérgicos a exercícios apresentam reações fortes cerca de 30 minutos após completar alguma atividade, e os sintomas podem variar entre desconforto gastrointestinal, coceira e inchaços. Veja ao lado outras alergias surpreendentes.
tação. Os sintomas apresentados são coceira, irritações e erupções cutâneas. A Penfigoide Gestacional, comoa alergiaé chamada, podeser tratada com medicamentos anti-histamínicos e corticoide.
pessoas, que só podemtomar medicações que vêm em outro formato. Por isso, as farmácias devem se certificar de que as cápsulas não sejam vendidas para clientes com ess e tipo de problema.
O britânico foi diagnosticado com alergiaa ondaselet romagnéticas e a wi-fi. O “contato” com essas ondas causa grandesdores de cabeça a Miller, por isso eleficaa mai or partedo tempo em casa, isolado.
MAIS BIZARRAS DO MUNDO Exercícios físicos, água, madeira, sêmen, luz solar, wi-fi… Tem alérgico para (quase) tudo
O
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á a L e d l e u n a M é s o J e a v e h s y t a L a n a s k O , m o c . e l d d a P : S E N O ÍC
PAPERCUT TAMY RENTE
SUMÁRIO DE MATÉRIAS
P. 30 CAPA: CIÊNCIA PARA APRESSADINHOS P. 50 DE VOLTA PARA O... PASSADO P. 62 ENTREVISTA: ARTUR AVILA
SAUDÁVEIS DEMAIS?P. 42
NSAIO: E O QUE RESTA DA AMAZÔNIA
P. 56
P. 66 RAÍZES DA IDEOLOGIA DA COREIA DO NORTE
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atualidade. Se não for o melhor. Com capítulos curtos, a leitura é prazerosa e repleta de gracejos como o que você acabou de ler. Introduz tópicos complicados (e fascinantes) da astrofísica até para quem está na correria, chacoalhando no ônibus ou então lendo entre
uma garfada e outra, no horário de almoço do trabalho. Ao notar que todo mundo sabe quem é a Beyoncé ou o que é futebol, Tyson criou uma receita infalível para
ser compreendido por todos. “As pessoas têm um repertório de cultura popular, e são especialistas nele”, disse em entrevista aoThe New York Times . “Percebi que posso vincular a ciência que tento ensinar a esse repertório — e já estou com meio caminho andado.” Mas isso
envolve muito esforço mental, criatividade e maratonas de seriados e partidas de futebol. Além da cultura pop, outras técnicas ajudam a tornar a ciência interessante. e Neil deGrasse Tyson salivava por um chocolate quente. O astrofísico entrou em uma certa cafeteria de Pasadena, Califórnia, e fez o pedido. Isso ocorreu há alguns anos, mas ele se lembra bem do era tarde da noite
que aconteceu em seguida. Pediu a bebida com chantilly. Depois de alguns minutos, o chocolate chegou, mas sem o chantilly. Indignado, Tyson reclamou com o garçom. Achando-se perspicaz, o moço assegurou que o creme
não estava ali porque escorregara para o fundo do copo. Mal imaginava que a desculpa nunca colaria. Não com
alguém como Neil deGrasse Tyson. O chantilly não podia afundar — e o astrofísico sabia muito bem disso. Toda aquela cremosidade do chantilly que desmancha na boca se deve ao fato de ele ter baixa densida-
de. E coisas pouco densas utuam nos líquidos que os humanos consomem. Tyson cravou duas explicações.
“Ou alguém se esqueceu de adicionar chantilly ao meu chocolate, ou as leis universais da física são diferentes em seu restaurante”, escreve em seu mais novo livro, ( Astrof ísica para Astrophysics for People in a Hurry
Quem Tem Pressa, em tradução livre), lançado em maio nos Estados Unidos e que será lançado em agosto no Brasil pela Editora Planeta. Na esperança de demons-
trar o que dizia, o garçom trouxe um punhado de chantilly e o jogou na bebida. O creme oscilou uma vez, duas vezes, e então se estabilizou suavemente na superfície.
GENTE COMO A GENTE Ao falar em público, Sidarta Ribeiro, neurocientista da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), olha cada pessoa no olho. “Não adianta dar palestra olhando para o innito”, diz. Ele prefere partir de con-
ceitos familiares e aprendidos na escola, como o DNA, antes de chegar nas coisas complexas. “Procuro ligar a biologia com a psicologia para fugir da aridez.” Já para a astrônoma Duília de Mello, vice-reitora da Universidade Católica de Washington e colaboradora da Nasa,
o segredo é abrir mão de termos técnicos. “De repente
preciso jogar fora uma palavra que amarra tudo e não consigo — mas tenho que achar um jeito”, diz a Mu-
lher das Estrelas (seu projeto de divulgação cientíca). Mello acredita que, quanto mais um cientista comunica sua pesquisa, mais fácil ca: “Eu, que já faço isso há 30 anos, acho que quei melhor com o tempo”. O Brasil tem experimentado ótimas iniciativas para estimular o bate-papo entre pesquisadores e leigos. Uma delas é o Famelab , na segunda edição neste ano.
É um divertido Se Vira nos 30 da ciência: cientistas competem para ver quem divulga melhor um conceito em
apenas três minutos — e o vencedor participa da compe-
“De que prova melhor da universalidade das leis da
física você precisa?”, arremata o astrofísico, prova viva de que uma noção mesmo que básica dessas leis pode ser empoderadora no dia a dia, fornecendo ferramentas para confrontar pessoas cheias de si. O problema
é que o conhecimento cientíco é complexo, por isso é tão difícil para o cientista transmiti-lo quanto é para o leigo compreendê-lo. Mas no novo livro, ca claro que Tyson, apresentador do remake da série Cosmos e do programa Star Talk(o primeiro talk show de ciência
da TV), é um dos melhores divulgadores cientícos da
86%
DOSBRASILEIROS TÊMALGUMGRAU DEINTERESSE PORCIÊNCIA
33
INTERESSEDOBRASILEIROPORCIÊNCIAETECNOLOGIA 1%
Não sabe/não respondeu
13%
Nada interessado
25% Muito interessado
Pouco interessado
26% 35%
Interessado
COMOOBRASILEIROVÊOSCIENTISTAS 10%
14%
dos brasileiros enxergam os cientistas como pessoas que se interessam por temas distantes da realidade ou pessoas excêntricas de fala complicada
20%
30%
40%
50%
Pessoas inteligentes que fazem coisas úteis à humanidade Pessoas comuns comtratamento especial Pessoas que se interessam por temas distantes da realidade Pessoas que servem a interesses econômicos Pessoas que trabalham muito sem quererficar ricas Pessoas que formam discípulos na sua atividade de pesquisa Pessoas excêntricas de fala complicada Não sabe/não respondeu
OQUEFAZERCOMOSINVESTIMENTOSEMC&TNOBRASIL Manter
13,4%
Não sabe/não respondeu
Diminuir
5,1% 3,4%
Aumentar(EUA, Espanha e França ~40%) 78,1%
Fonte:Percepção Pública da C&T no Brasil 2015 (MCTI)
Romper com essa imagem faz a sociedade valorizar mais a ciência ao se identicar com os que a fazem. E ter uma população que se interessa pelo conhecimento cientíco só traz benefícios. “Quem reconhece o poder da ciência começa a checar fontes, denir caminhos, consegue saber onde investir para ter um futuro melhor”, arma Barbosa. E os divulgadores estão entre os agentes que melhor disseminam a ciência na sociedade. O papel deles é ainda mais fundamental em um mundo onde a informação ui de forma livre e abundante. Como diferenciar o que importa do que não importa? Para o lósofo e escritor Mario Sergio Cortella, o desao é explicar de maneira simples, mas não simplória. “Eles [ os divulgadores] estabelecem pontes, estendem o convite, abrem a porta para que os que não estão na ciência possam adentrar”, diz. Cortella enxerga o empoderamento cientíco como uma ferramenta de liberdade e emancipação criativa, que amplia o repertório de soluções de uma sociedade. Segundo ele, porém, ter critérios de seleção é o único modo de manter a sanidade em um contexto de excesso de informação, que ele compara a um rodízio de carnes. “Só pode ser um local de fruição e aproveitamento se houver critério”, arma. “Se a pessoa for aceitando tudo o que vier, no máximo vai car empanturrada em 15 minutos”, diz. E há, é claro, uma grande diferença entre informação e conhecimento. “Não se deve confundir: a informação é cumulativa, enquanto o conhecimento é seletivo”, explica Cortella — que, obviamente, deve ser bom de garfo. “Comer bem não é comer muito.”
tição internacional. Há também o Pint of Science, que tira os especialistas do laboratório e os leva para o bar, onde trocam ideias sobre ciência em um contexto informal. Nascido em 2015, o evento teve palestras simultâneas em 22 cidades pelo país afora neste ano. Isso é importan-
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RTO, A CIÊN CIA
D
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O
te para desconstruir estereótipos. “Quando enxergarem que somos pessoas normais e não personagens deBig Bang Theory, a coisa vai mudar”, destaca Marcia Barbosa, diretora da Academia Brasileira de Ciências. Uma pesquisa de 2015 do então Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) revelou que 86% dos brasileiros têm interesse por ciência e tecnologia, mas 14% consideram cientistas pessoas “que se interessam por temas distantes, excêntricas e de fala complicada”.
CE I TO JE O D
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Nas próximas páginas, conceitos deque você jádeve terouvidofalar serão apresentados de forma descomplicada. Boaleitura!
VI R
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A A VE
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PLANETADOS HUMANOS
Sorria (ou não): sua espécie já pode ser comparada às forças da própria Terra, como terremotos e furacões. É o que quer provar o Grupo de Trabalho do Antropoceno. Eles estão elaborando
GEÓLOGOSDEBATEMSE FIZEMOSOUNÃOATERRA ENTRAREMUMANOVA ÉPOCAGEOLÓGICA
uma proposta para tentar convencer a União Internacional de
BURACONO CÉU
SOLODOMESTICADO
Ciências Geológicas (IUGS) de que, graças a nós, o planeta entrou em uma nova época. Mas não está sendo fácil. “A comunidade dos geólogos é meio quadrada, precisam de muitas evidências para mudar as regras”, diz a oceanógrafa Juliana Ivar, única brasileira do grupo. A equipe dene que a nova época é marcada por inuências tão profundas da humanidade que teriam deixa-
GEOLOGIA
DIÓXIDO DECA RBONO CO NC EN TR AÇ ÃO(P ARTE SPORMI LH ÃO)
RE DUÇÃ ODACAM ADADEOZÔ NI O
TE RR AUSA DAP ARAAGR IC ULTU RA
70%
360 ppm
OPREÇODACOMIDA Ecossistemas são transformados em fazendas para alimentar o mundo, aumentando as emissões de CO2
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IDADEDOPLÁSTICO
A partirdosanos50, a globalizaçãofezo impacto das atividades humanascrescerde maneira exponencial
Microplásticosse espalham pelo planeta todo: podem terforma do a camadageológ icaque defineo Antropoceno
PRODUÇÃODEPLÁSTICO 300milhõesde toneladas
Supriras necessidades debilhõ esde seres humanosestá mudando profundamentea carado planeta
250 200 150 100 50
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AUMENTODAPOPULAÇÃO 7 bilhões 6 5 4 3 2 1 0 0 8 1
10sa380milanosDBB ERAFÓTON
Agora quem manda são os fótons. Universo era uma sopa opaca de prótons, quente demais para os elétrons se juntarem e formarem átomos
0 5 8 1
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380mila1bilhãodeanosDBB IDADEDAS TREVAS E REIONIZAÇÃO
Depoisde muitotemp o deuma escuridãocom átomos de hidrogênio, formam-seas primeirasestrelas (560 milhões deanosDBB).Elas criamelementos pesados e galáxias
do marcas nos estratos geológicos (camad as que contam a
história da Terra). O grupo diz
PORDENTRODOANTROPOCENO AS ATIVIDADESHUMANAS QUEMUDA M O PLA NETA
ERAATÔMICA Primeira explosão atômica (1945) liberou químicos que nunca na história do planeta estiveram na atmosfera
que o Antropoceno começou com a explosão da primeira bomba atômica (veja abaixo ), mas precisa de uma evidência que esteja registrada no solo do planet a todo — como microplásticos. “Acreditamos
que eles vão sendo depositados em camadas, as superiores foram produzidas mais recentemente que as inferiores”, explica Ivar, especialista nessa poluição. Ela estima que a resposta da IUGS saia dentro de três anos. Até lá, por favor, pense dez vezes antes de usar pratinho descartável.
PERDA DE FLORESTAS
GRANDES REPRESAS
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RASTRODE MORTE
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TERRAARRASADA
Quase 900espécies foram extintasnos últimos 500anos: décadas passadas alertam paraextinção em massa
Remoção de florestas reduz biodiversidade e compromete o habitat: espéciesficamvulneráveis ao aquecimento global
Cursos d’água foram muito alterados para abastecer fazendas, cidades e indústrias com água doce
Época dosHumanos , marcadapor extinções,
ANTROPOCENO alémde mudanças na
EXTINÇÕES
1945— PRESENTE paisagem, oceanose na químicada atmosfera
40% Fim da última Era Glacial. Temperatura amenatorna a HOLOCENO 11,7MILANOSA1945? paisagem mais familiar e dominada pelas espécies modernas
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0 0 0 8 1
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0 1 0 2
PLEISTOCENO 2,5MILHÕ ESA 11, 7 MILANOS
ErasGlacia is afetamos hemisférios da Terra. Presençade animais como o mamute
Fonte:Thetrajectoryof theAnthropocene: TheGreatAcceleration (Sage); TheAnthropocene — Human Impact onthe Environment (HHMI)e AnthropoceneWorkingGroup
600mil hõe s deanosDBB SURGEA VIALÁCT EA
9 bilhõe s deanosDBB (há4,6bilhõ esde ano s) SURGEO SOL
39
OCÉREBRONÃODORME COMOO SONOCONSOLIDAAS MEMÓRIA S
3 é um dos neurocientistas mais renomados do Brasil. Há sidarta ribeiro
em você. “Me irrita mui-
to, não é meu cérebro que me faz fazer, ele é uma
20 anos, ele tenta desven- parte do meu corpo e eu NEUROCIÊNCIA
CON QUISTA DOCÉRE BRO NÃOÉFÁCILESTUDARA ESTRUTURAMAISCOM PLEXADOUNIVERSO,MAS ESTAMOSCAMINHANDO
dar mecanismos por trás da relação entre memória e sono nos genes e neurônios. Até os anos 90, especialistas debatiam se a relação existia. “Entramos no século 21 com
todo mundo concordando que sono e memória estão muito relacionados”, diz.
Seu grupo foi o primei-
sou tudo isso, sou eu que
2
mando”, arma. “É um reducionismo perigoso dizer que somos maquininhas cheias de pecinhas que fazem coisinhas.” Ribeiro acredita que pesquisas de doenças degenerativas como o Alzheimer estão entre as
mais relevantes. Ele desta-
ro a propor um “roteiro” das memórias durante o sono (veja ao lado). “É importante porque são me-
ca que a tecnologia já per-
nomes de coisas e lugares.” O neuroc ientista adora divulgar sua ciência, mas nunca insinue que seu cérebro manda
cionais, está sendo possível fazer experimentos complexos, analisar dados complexos e propor teorias complexas.”
mite ler mentes e que esta-
2. ONDASLENTAS
1.LEVE
Contrações musculares. Queda na frequência cardíaca, respiração e temperatura
1 Informações lidas pelo pesquisador serão consolidadas durante o sono
mos perto de desvendar a
consciência. “Com o avanmórias declarativas, como ço dos poderes computa-
*Movimento Rápido dos Olhos (fase dos sonhos)
Memórias(UFRN);Instituto do Sono
1
Odespertardocomputadorquântico S=
Intensos impulsos elétricos reverberam a memória do hipocampo para o córtex
A memória é armazenada inicialmente no hipocampo
Fonte:Laboratório de Sono,Sonhose N=
3.REM* Atividade cerebral decai no hipocampo e aumenta no córtex: genes são ativados e a memória é armazenada
Sono não REM e sono REM se intercalam de 4 a 6 ciclos por noite
0
COMPUTAÇÃO
Empresascomeçama utilizaropoderda ísicaquântica paraprocessarinformações
AQUI,LÁEEMTODOLUGAR PROCESSADOR CLÁSSICO
Adivinhequem voltou?Ela mesma, a física quântica. Só que aplicada
QUBITSFAZEMMUITA COISAAOMESMOTEMPO
BIT CLÁSSIC O 0 ou 1 (como um interruptor ligado ou desligado)
na computação. Hoje, sãoas combinações dos bits que processam osdados.Mas eles sópodemestar
0
1
ligados ou desligados. Essas limitaçõesnão afetamum bitquân tico
(qubit) — jávim osque elepod e estar emum estado,no outroou nos doisao mesmotemp veja o ao( lado). Conecte-os e a mágica estaráfeita.“Siste masem superposiçãopodem fazerváriasopera ções simultâneas,tornand o a computaçãomais rápida e eficiente”, dizo físicoFernan do Brandão, detentor de uma cátedra no Caltech.
BIT QUÂNTI CO 0, 1 ou 01 (sobreposição do estado quântico)
PROCESSADOR QUÂNTICO
Eleatua na intersecção entre físicateóri ca e computação: na ciência da informação quântica. Brandão estima queum computadorquân tico rudimentardevasair nospróx imos dois anos. Será o iníciode umanovacorrid a,pela criptografia quântica. Isso porqu e o poder dos qubits quebrará qualquermensagem criptografada atualmente. O único jeito seráusar qubits contra qubits. Masé provávelque nós,mortais, nuncatenhamos um PC quântico. “Para conversarno WhatsApp ou checare-mail s, nunca será preciso: o normal resolve a maioria dastaref as dodia a dia.”
Esfera de Bloch Fonte:Franz
Há4,5 bil hõe s deanos SURGEA TERRA
10bilhõ esde ano s DBB (há3,5bilhõ esde ano s) SURGEAVIDANATERRA
Himpsel (Universidade de Wisconsin-Madison)
APRENDAEMTEMPOSDEPRESSA SIDARTA E OSRATO S
F A S E S D O S O N O
Em uma caixa, ratos eram submetidos a ciclos de luz e escuridão. Objetos eram inseridos e retirados após algumas horas. As conclusões ao lado foram fruto do comportamento dos neurônios dos ratinhos
CUCA LEGAL FUNÇÕE S DO SONO PARAO ORGANIS MO
PROFESSORDÁDICASPARA LIDARCOMASOBRECARGADE INFORMAÇÃODAATUALIDADE
Vivemos em um mundo cheio de ques-
tões e problemas científicos. Do aquecimento global, passando pelos alimentos que você come ou por como você vai pa-
gar por algo que co mprou, todos são , de alguma form a, problemas que envolvem algum tipo de conhecimento. Estamos imersos PROF. MAURICIOPEIXOTO
em uma explosão de informação. O problema é que, apesar de o cérebro ter evoluído muito nesses milhõ es de anos, a quantidade
Doutorem Medicina,
de coisas que precisamos saber aumentou bem mais que a sua ca-
Professor associado da UFRJ,
pacidade de processamento. Então, o que fazer? A resposta está
líder do GEAC-UFRJ e membro do
em usar a inteligência. Inventa mos maneiras de usar o cérebro
Laboratório de Currículo e Ensino
com mais eficiência.Veja estas dicas de como usá-lo melhor e boa viagem na trajetória para se tornar uma pessoa maior e melhor!
Núcleo de Tecnologia para a Saúde (Nutes)
ENERGIA
Recupera o gasto de energia durante as horas devigília
EQUILÍBRIO
Mantém o equilíbrio geral do organismo em diversas esferas
LIMPEZA
Regula produção e eliminação de substâncias no cérebro
JORNADA DO SABER NÃOTEMA, SEJACURIOSO
PRATIQUEO CETICISMO
Use a curiosidade
APRENDA APENSAR
FAÇAPLANOSDE APRENDIZADO
Nãoé porqueestá
Refletir sobre sua
para se orientar: ela
escrito ou passouna TV
linha de pensamento e
informação, vocêse
Na sobrecarga de
torna o aprendizado
que é verdade: as pes-
otimizá-la é importan-
senteperdido, não
mais pessoal e prazero-
soas podem se enganar
te.O preconceito, por
consegue decidir nada.
so. Não tente assimilar
ou mentir. Pergunte-se
exemplo,é uma forma
E o estresseé ruimpara
tudo, você decide o que
as razões para acreditar
erradade pensar, e esses
muitacoisa, inclusive
aprender! Leia livros,
no quevocê ouve.
erros podem levar a
para o pensamento. Pla-
veja vídeos, converse
Confiracom o quevocê
escolhas ruins. Psicólo-
nejar fazcom quevocê
com quem sabe mais e
já sabe,busque outras
gos, coachse filósofos
foque no queinteressa.
construa uma reserva de informação.
fontes. Isso se chama PensamentoCrítico.
podemajudar nesse aprendizado.Procure-os!
Mas tambémnão é para planificartudo e todos.
COMPUTADOR CLÁSSIC O x QUÂNTIC O Processador clássico:
64BITS 64 combinações
NUNCADEIXE DEPERGUNTAR
APRENDAALER COMEFICIÊNCIA
Questionaré uma
APROVEITEA TECNOLOGIA
REGISTRE, MEMORIZEEUSE
Todo bom texto
Celulares permi-
excelenteestratégia:
temestrutura e ideia
tem fazeranotações,
limites. Qual a melhor
64QUBITS
revela o que vocêsabe,o
central. Saberdisso
fotografarinformações,
forma de registrar? De-
264 combinações (sobreposição)
que não sabee permite
permite apreender in-
gravar palestras,ler
pende. Pessoas visuais
escolher o que aprender.
formaçõesde um jeito
e-books. Masé preciso
beneficiam-se com Ma-
Sentido em que um elétron circula o átomo (horário ou antihorário) pode serusado como qubit, ou então a orientação em que um fóton se movimenta (horizontal ou vertical)
Usea curiosidade para
mais rápidoe preciso.
saberusar a tecnologia
pas Mentais — são uma
decidir o que perguntar.
Aprenda a lerideias com
a seu favor. A internet é
boaformade organizar
Quê? Quem? Quando?
técnicas como Leitura
territóriolivre: releia o
o conhecimento. Use
Porquê? Para quê?
Inspecional,Analítica
que escrevi sobre curio-
seus registros e resgate-
264 vezes mais rápido 20.000.000.000.000.000.000 (20 quintilhões!!!!)
Perguntas o dirigem
e Sintópica. Busque
sidade, ceticismo saudá-
-os sempre que possível,
ao que é importante.
auxílio de profissionais!
vel e pensamento crítico.
comonas eleições.
Processador quântico:
Sua memória tem
41 Fonte:Astrophysics for
13,63bilhõe s deanosDBB (há65 mil hõe s deanos) DINOSSAUROSSÃO EXTINT OS
People in a Hurry; Stephen Hawking Centre forTheoretical Cosmology (Universidade de Cambridge)
13,69bilhõe s deanosDBB (há315mil ano s) SURGEO HOMO SAPIENS
A OBSESSÃO POR COMER APENAS ALIMENTOS SAUDÁVEIS TEM UM NOME: ORTOREXIA SAIBA COMO ESSE TRANSTORNO SEINS TALAE POR QUE A COMIDA É MUITO MAIS QUE UM PUNHADO DE NUTRIENTES
ES T AM OS F I CAN D O D O E N TES D E T ANTO C O M ER BE M ?
REPORTAGEMSILVIA LISBOA
EDIÇÃOCRISTINE KIST
COLABORAÇÃOJUAN ORTIZE RAÍZA VIEIRA
DESIGNJOÃO PEDRO BRITO
FOTOSDULLA
43
46
NÓS E A COMIDA
O caso do ovo é exemplar. A Associação
O impacto da comida, do modo de prepará-la e da nossa relação à mesa ao longoda evolução
Americana do Coração (AHA, na sigla em
) s á r t a s o n a e d o ã lh i m 8 , 1 ( A C I O Z O N E C A R E
1. Churrasco
1
Há 1, 8 mi lh ão de an os A ingestão decarneassada foifundamental para que virássemoshumanos porquefez o corpoeconomizar energia. Comisso, o sistema digestivoencolheu e o cérebro ficou maior, alterações quemarcam a transição entre Homohabilise Homoerectus.
inglês) recomenda que uma pessoa não coma mais que 300 mg de colesterol por dia. Um ovo contém 185 mg de colesterol, logo não é indicado ultrapassar dois ovos por dia, certo? Não exatamente. Segundo a diretriz da AHA, o colesterol que você ingere vai direto para a corrente sanguínea, mas não é bem assim que funciona. O corpo tem uma espécie de termostato, regulado pela genética, pelos hábitos e pelo estresse, que determina o quanto ele
produzirá de colesterol por dia. É curioso, 2. Sopa de raízes Há 50 0 mi l ano s Depois da carne,os hominídioscomeçaram a cozinhar todosos outrosalimentos. Assim,as raízes durase fibrosas ficarambem maisdigeríveis quandocolocadasem água. Isso causouum segundogrande aumento docérebroque deu srcem aos ancestraisdiretosdo Homosapiens.
3. Pão Há 22 ,5 mi l an os O pãofoiinvent adoantes daagricultura. Não conseguimoscomer grãossilvestres,mas, quando moídos e transformados em pães,esses cereais liberam carboidratos altamente energéticos.
4. Salsicha Há 20 mi l an os Os embutidosnasceramna pré-história. Maistarde, os povosgermânicos medievais desenvolveram as salsichas,das quaisa carne de porcoé a principal matéria-prima.
5. Batata Há 9 mil an os Principal tubérculo dascivilizações andinas, a batatase tornoupopularna Europadurante os anos de guerrae fome.Atualmente,é o quartoalimentomais cultivado no mundo, ficandoatrásdo trigo,do milhoe doarroz.
Fontes:TheCambridgeWorldHistoryof Food;
Pão: UmaHistóriaGlobal; Pegando Fogo:Por que Cozinhar nosTornou Humanos; Comidas que Mudarama História Ícones:Gabriela Namie
mas a dieta quase não tem participação nisso. Não à toa, um estudo de 2013 mostrou que até três ovos por dia, o equivalente a mais de 550 mg de colesterol, ajudam a perder peso, reduzir inamações e — pasme — a manter os níveis de colesterol sob controle. Outra pesquisa, essa de
2006,não evidenciou qualquer associação entre consumo de ovos e risco de doenças coronarianas. Isso porque, na verdade, o colesterol é um dos nutrientes mais im-
portantes docorpo: está presente emcada célula e participa da produção hormonal. Isso não quer dizer que você deva comer uma dúzia de ovos por dia, apenas que você deve consumi-los sem medo. O mesmo ocorre com o leite, o café e a bola da vez, o glúten. Se você não tem nenhuma alergia, intolerância ou problema intestinal, não há por quer eliminar qualquer ingrediente da dieta. “O corpo precisa de uma variedade de alimentos e não consegue fazer substituições fáceis”, diz a nutróloga Maria Del Rosário, da Abran. Em geral, a ortorexia obedece a um ciclo. No início, vem a preocupação em comer de forma saudável e correta. Depois, o indivíduo começa a restringir alguns alimentos ou grupos alimentares inteiros. Em seguida, a obsessão se instala: a pessoa só pensa em comida o dia inteiro e passa a negar convites ou evitar lugares onde possa cair em tentação. A estudante Anna Júlia Moll passou a rejeitar convites para aniversários, encontros com amigos ou jantares em família. “Sinto que perdi a minha adolescência”, desabafa.
No auge do transtorno, porém, Anna sentia-se motivada. “Eu comia de forma saudável e estava perdendo peso. Isso
gos demoram a se dar conta. Por isso, o comportamento [de fazer restrições ali-
mo — que acabou se transformando no
mentares severas] é tolerado”, diz a psi-
ganismo, em tradução livre).
que importava”, contou. Ela ia religiosa-
mente na academia e dormia “as oito horas por noite necessárias para o músculo descansar”. Seguia dezenas de modelos e blogueiras tness no Instagram e, quan-
quiatra Miriam Garcia Brunstein, coordenadora do Programa de Transtornos Alimentares em Adultos do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. É aí que mora o problema. Poucos contestam alguém
Foi o suciente para sofrer represálias. Um dos leitores raivosos escreveu: “Bem, se todos nós podemos ‘fazer o que queremos’, eu estarei aí para assar a sua família
do as restrições alimentares a deixavam
que usa como argumento a saúde para
triste, olhava a timeline e enchia-se de
justicar as escolhas alimentares. Em determinados grupos, quem come junk food ou alimentos tidos como “não sau-
autoconança para continuar na linha.
Os especialistas não têm dúvidas sobre a influência das redes sociais no avanço dos transtornosalimentares.Pelo menos dois estudos mediram o impacto dos pers tness na autoimagem e no risco de ortorexia. Um deles, feito por pesquisadores do University College de
Londres, revelou uma associação entre o uso intenso do Instagram e o transtorno.
dáveis” é hostilizado.
Foi o que ocorreu com a blogueira norte-americana Jordan Younger. Jordan alçou fama na internet quando adotou o veganismo como estilo de vida. Em nove meses, ela amealhou 300 mil fãs no seu blog The Blonde
A prevalência entre os usuários da rede
Vegan, onde pregava os benefícios da yoga, do mindfulness e da dietaraw e
social foi de 49% contra 1% da população em geral. Em outro estudo, realizado pela universidade australiana Macquarie, 150 estudantes disseram que se comparar com outras mulheresnas redes
vegana, em que excluía não só alimentos de srcem animalcomo os cozidos. “Comecei a viver em uma bolha de restrição. Totalmente à base de plantas, sem glúten, sem óleo, sem açúcar re-
sociais as deixava infelizes e, ao mesmo tempo, motivadas a fazer dietas loucas.
nado, sem farinha”, declarou. Em ju-
cultura tem um efeito negativo no trata-
nho de 2014, Jordan percebeu que a dieta ultrarrestritiva estava a deixando doente. Foi então que escreveu o texto
mento da ortorexia. “Familiares e ami-
Por que estou me afastando do veganis-
O fato de estar em sintonia com a
6. Cerveja
7. Sal
8. Frituras
9. Açúcar
Há 7 mi l an os
20 00 a. C.
600 a.C.
50 0 a. C.
Acervejanasceu comosubprodutoda
Produzidopelos chineses,serviapara conservar e temperar alimentosnumaépoca pré-geladeira. Osódio (40%dosal)participa daconduçãodos impulsos nervosos,mas tambémestáassociado àhipertensão.
Osprimeirosregistros estãonoAntigo Testamento.O livro deLevítico descreve a diferençaentrecozinhar opãooufritá-lona panela.Antesusadapor egípciosechineses,a técnicaganhouespaço naEuropamedieval.
NativadaNovaGuiné, a cana-de-açúcarera refinadadesdeos temposdeAlexandre,o Grande.Recentemente, aindústriatrocoua especiariapeloxarope demilho,umdos culpadospelosurtode obesidadenomundo.
fermentaçãodopão detrigo.Nascidades medievais, foiuma alternativaparaa água,muitasvezes contaminada.Éa bebidaalcoólicamais consumidanomundo. 2
livro Breaking Vegan ( Quebrando o Ve-
mais tarde”. Jordan se manteve rme na mudança e trocou o nome do blog para
The Balanced Blonde (A Loira Equilibrada). “Estou avaliando minha dieta e dizendo adeus aos rótulos”, escreveu. “Isso é terrível para mim e estou totalmente fora da zona de conforto depois de viver tanto tempo sob o guarda-chuva do veganismo. Mas faço isso para ao bem da
minha saúdefísica emental”, contou, falando sobre como se livrouda ortorexia. Muito além dos nutrientes faz parte do comportamento dos viciados em comida saudável. Carne vermelha, comidas processadas, embutidos, farinhas brancas e açúcar costumam encabeçar a lista proibida. É claro que, em excesso, eles podem fazer (muito) mal — o açúcar, por exemplo, é tão viciante quanto a heroína. Os embutidos, quando consumidos diariamente, podem aumentar em 18% o risco de câncer de cólon. demonizar certos alimentos
10. Sabores sintéticos
11. Suplementos vitamínicos
1851
1937
Balascomsabordefruta entraram na história durante umaexposição emLondresnoauge daEraVitoriana.Sem ossaboressintéticos, boapartedacomida dossupermercados seriaintragável.
Em1913,cientistas descobriramcomo produziravitaminaA. Hoje,encontram-se váriosnutrientesem formadepílula,mas pesquisasindicam queosmultivitamínicos nãomelhoramasaúde. 3 4
5 7 9 11
2017 6 8 10
VA I Q U E B R A R ?
“NÓS
EST Á V AMOS
FINALME
NTE
COMEÇANDO A APRENDER A TORNAR A CIÊNCIA ÚTIL. SE INTERROMPERMOS QUEMDISSE? Atépublicamos muitos artigos,mas poucos sãocitados poroutros pesquisadores
ESSE PROC
ESSO, V
AMOS
VO LTA R N O T E M P O”
Númerode publicações
MARCOS BUCKERIDGE, PRESIDENTE DA ACIESP
(emmilhares) 600 500 400 300 200 100
Entretanto, nem todos os ministros estão em alta na comunidade cientíca. “Eu vejo que os ministérios da Fazenda e do Planejamento não estão tendo visão de longo prazo. São míopes”, diz Helena Nader, referindo-se a Henrique Meirelles e Dyogo Oliveira, respectivamente. “São muito bem informados, altamente qualicados. Fazem questão de falar de Harvard, MIT, Yale,
1o 2o 3o 4o 5o 13o A a U n i E h C
a a h id n a n Í m le A
o id n U o in e R
il s a r B
Númerodecitações
(emmilhares) 350 300 250 200 150 100 50
mas não veem ciência e educação como investimento.”
1o 2o 3o 4o 5o 17o A U E
a in h C
a h n a m e l A
o id n U o in e R
a ç n a r F
l i s a r B
D devagar quase parando
Númerodeartigospor área do conhecimento
Apesar de as publicações brasileiras terem correspondido a 2,55% da produção mun-
(emmilhares) 35 30 25 20 15 10 5
dial entre 2010 e 2014, o impacto do que é produzido por
aqui ainda é bastante limitado. Boa parte de nossos estudos é publicada em revistas is a r tu a N s a i c n ê i C
e d ú a S a d s ia c n ê i C
a r tu l u ic r g A
a i g o l o n c e T e ia r a h n e g n E
Fonte:ScimagoJournal &CountryRank
is ia c o S s ia c n iê C
55
vos produtos: o país é responsável por somente 0,26% das solicitações de patentes feitas no mundo, e apenas 0,10% delas são concedidas. “Ainda estamos aprendendo a tornar a pesquisa útil, o que não é uma coisa simples”, diz Marcos Buckeridge, presidente da Academia de Ciências do Estado de
na ou de uma Índia é a ciência. Esses países não param.
Se a gente parar hoje, quando tentar entrar de novo, o mundo já é outro”, arma Marcos Buckeridg e. “Nós estáva mos nalmente começando a aprender a tornar a ciência útil. Se interrompermos esse processo, vamos voltar no tempo e depois precisaSão Paulo (Aciesp). remos esperar mais 20 anos Enquanto o ritmo por aqui para amadurecer e retornar está devagar, a China colocou ao ponto que estamos agora.” a inovação por meio da ciênHoje, muitos doutores recia e tecnologia como foco cém-formados não enconprincipal em seu plano de go- tram trabalho por aqui: ou verno para os próximos cinco abandonam a academia ou anos. O objetivo é chegar em vão para universidades no ex2020 investindo o equivalen- terior. E, sem ciência feita em te a 2,5% do PIB na área — casa, vamos continuar tendo 40% somente para a ciência que comprar tecnol ogia vebásica, aquela cujo único oblha de quem a desenvolve. “O jetivo é obter conhecimento. mundo capitalista funciona Japão e Coreia do Sul inves- assim. Descobrir, depois tortem 3% do PIB em pesquisa. nar esse conhecimento útil, Os Estados Unidos investem desenvolver tecnologia, gacerca de 2,8%, e a União Eu- nhar mercado e vender esse ropeia quer chegar a 3% em conhecimento para os ou-
cientícas de pouca credibilidade. Quando são levadas em consideração somente publi-
2020. A economia de Ruanda tros”, diz Buckeridge. “Se o
cações de alto prestígio, caí-
nuo de 3% do PIB nessa área. “O principal fator para o desenv olviment o de uma Coreia do Sul, de uma Chi-
mos para 1,1% da produção global. Falta também transformar as pesquisas em no-
passou a crescer 7% ao ano
Brasil quer ser um país ca-
graças ao investimento contí- pitalista, sem ciência não vai conseguir. Vai ser no máximo um satélite do mundo capi-
talista.” Uma nada agradável viagem para o passado.
6 5
A T R E B A A T S E R O L F
S O I C Ó G E N
A R A P
I J N A T O G A I H T O T X E T
Á R T L E B L E I N A D
É IA N Ô Z A M A
O L E P A D A Ç A E M A
A N E S S E R E T IN
E D O Ã Ç A R O L P X E
, S A Z E U IQ R S A U S
, O R U O O M O C
O E L Ó R T E P
A R I E D A M E
U E F N G I S E D
S O T O F
2
M K IL M ,5 9
is a r o c e d fe i c e R
z o f a n o t r e b o c s e d
s a n o z a m A io R o d
5 , s é 9 o r : s e t d e o m d a ô e il a r r d á u a q m li u q e t m
o d r o i a m % 0 2
o iã g e r a e u q
a n a it l o p o r t e m
lo u a P o ã S e d
s a n o z a m A io R o d z o f a n o d a z li a c lo is a r o c e d fe i c e r o m a j in t a o ã n s a r e f lí o rt e p s e d a id iv t a e u q a r a p a t u l o ã ç a z i n a g r o
15 0 2 e d o t s o g a e D
, 6 1 0 2 e d o h l ju a
to n e m a t a m s e d o
i o f ia n ô z a m A a n
² m k 9 8 9 . 7 e d
6 7 é a e r á A
e u q r io a m s e z e v
e d e d a d i c a
S I R A P
O T N E M A E P A :aian M zô
a m A a n a n a m u h o ã ç a a d s o t c a p m i s o r e d n e t n e a r a p á p a m A o u o o v e r b o s e c a e p n e re G O
7 5
ro u o e s ê n a g n a m l, e u q í n , o rr e f e d io r é n i m m ê t n o c e u q s a id z ja m e a c ir é o ã i g e r a : á r a P A I od Ee R áp A am E Ao D ds R od A at Messo e rt n e a ri e t n ro f a a c r a m e u q , a b u g n u M m e a tr e b a é s o ir é in m e d a d a irt e r a r a p a in M
8 5
o n a m u te n a r u d
ia n ô z a m A a n
l e v á s n o p s e r é
e d o ã ç a r e b li la e p
e d s e õ h li m 6 8 5
s e s a g e d s a d a l e n o t
fa u t s e o t i fe e e d
a le a iv u q e o s s I
e d s o n a o t i o
e d s e õ s s i m e
ta o r f a a d o t
s i e v ó m to u a e d
li s a r B o d
r o d a n e d r o o c , a li v ’Á D lo i N a m mr o c a
a — e c a e p n e e r G o d s a h n a p m a c e d
u o o v e r b o s l a t n e i b m a o ã ç a iz n a g r o
fo ra g ó t fo o m o c á p a m A o d o ã i g re a
r a c i r e v a r a p á rt l e B l ie n a D l o h n a p s e
. s o d a r
s o re t
s a e r á ,
a d u q s o rt e m lô i u q
e n a ir e t n o rf a n s a d a iz l a c o L
rá a P o d e á p a m A o d s o d a t s e
o io r ã . é re a d n i s a s v ,m n ê p ri o a r a v u g i n o a ta i e mc d e in o l i ã e a ç u a a r q í ra o p l n , s p o x a e rr d a e a r f o a e ile p d l
s a z e u q ri s a n s e s s e r e t in
a ir e d a m e d o ã ç ra t x e a d
, io c ó g e n o r g a o d s e õ ç a r
a a r a p
m lé a : is a c lo
e p o s a d e
s a s e r p m e
. lo u a P o ã S e d s e d a id c o rt a u q
a ma d i ia d d e re o ã ç ms s a a a iz d ç r n a s a l e u r d o u g s me n s r fe a a e e a d u r a o t q p n ms a a a u v q a iv n m it E r s o a p
s i a n is o d a d n a m m te o n r e v o g o : ra o i p
m a s n e p e u q s e l e u q a a r a p s o v tii s o p
l ta o T e P B s ra e fí l o rt e p s A . s io r é n i m
s o im x ó r p s o t n o p r ra u fr e p m ja e s e d
m e , e d n o — s a n o z a m A io R o d z fo à
m u to r e b o c s e d i fo , 6 1 0 2 e d li r b a
a r o ir e p u s a re á m o c s i ra o c e d e fi c re
s a t s li a t n e i b m a , ra r te
o n r e v o g o d s o n a l p s o m a v ia c n u n e d
s a e r á s a ri u n i m i d a r a p l a r e d fe
e a i n ô z a m A a n o ã ç a v rs e n o c e d
s a ic m ô n o c e s e d a id v it a s ra a li p m a
. a st e r o a d is a c lo s e t n e r fe i d m e
o e d d a n a e d S ra o ti d e r io r a á n u e l o p z ri o o , tu O I a A la r Me Md e E F
a d s e r ta c e h li m 7 8 5 e d s i a m
o ã i g e r a d o ã ç a v r e s n o C e d e d a id n U
: rá a P o d o d a t s e o n , im x n a m a J o d
e d a re á a d a d r e p a d o ã s n e t x e a
a d e s s o p
to n e m a t a m s e d O
,” o ã m a n a rr e s s o t o m a m u
e d ia c n ê d n e t a m u s o m a v r e s b “O
il m 5 , 9
m lta a f o ã N
a e l a v i u q e l a t n e i b m a o ã ç e t ro p
? A D N E V À
a n a m u h e d a id iv t a a d s o t c a p im s o
m a l u c it r a e s
. a c i n ô z a m A ta se r o l F a d s a e r á m e
e s i e s s fó s i e v ít s u b m o c e d o ã ç a r o l p x e
I B 6 , 9 1
9 5
ra o d a r e in m A
o l e u B o
e s n e d a n a c
h n a g
n u S
o ã s s i rm e p
a n r a r e p o ra a p
e ia n ô z a m A
ri a rt x e te e m o r p
e d s a d a l e n o t 0 5 1
s o im x ó r p s o n o r u o
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PAPOCABEÇA COM ARTUR
AVILA
“As pessoas criam aversão à matemática desde cedo e há uma aceitação em relação a isso, o que é problemático”
No Biênio da Matemática, Artur Avila, o primeiro
POR
THIAGO TANJI
brasileiro a conquistar a Medalha Fields, destaca DESIGN
a alta qualidade das pesquisas feitas no país
FERNANDA FERRARI
em quase 65 anos de história, o Insti tut o de Mat emát ica Pura e Aplicada (Impa) produziu estudos matemáticos de qualidade comparável à dos principais centros de pesquisa do mundo. Mas foi em 2014 que a instituição, localizada no Rio de Janeiro, viveu um de seus momentos de maior orgulho: Artur Avila, cientista formado no Impa, con-
ção a partir do ponto de vista da matemática. “Trabalho com Operadores de Schörendiger, com dinâmica conservativa em baixa dimensão, essas áreas que são difíceis de comuni car”, diz ele, que hoje se divide entre o Impa e o Centro Nacional para a Pesquisa Cientíca, na França, onde ocupa o cargo de diretor de pequisa.
quistou a Medalha Fields, máxima honraria concedida a um matemático e considerada equivalente ao Prêmio Nobel — por incrível que pareça, a Matemática não está entre as áreas incluídas na premiação criada pelo sueco Alfred Nobel. Aos 38 an os , Avi la é es peci al is ta em sistemas dinâmicos, campo 62 que analisa processos em evolu-
Apesar da complexidade de seu trabalho, Avila luta para que o estudo matemático não carregue o estigma de “terror dos estudantes”. “As pessoas criam aversão à matemática desde cedo e há uma aceitação em relação a isso”, arma o pesquisador. Para mostrar que a matemática vai muito além da resolução de equações escritas em uma lousa, o Impa
Paris talvez seja o lugar com a maior concentração de matemáticos e matemáticas de ponta no mundo, e as trocas, a exposição e a compreensão de onde você está no universo matemático é bem mais evident e. Mas foi muito importante fazer meus estudos no Brasil. Eu suspeito, embora não haja como demonstrar, que foi melhor ter estudado no Impa do que em Harvard
VOCÊ PRECISA DE UMA INFRAESTRUTURA FÍSICA PARA REALIZAR SEU TRABALHO OU ISSODEPEND E EXCLUSIVAMENTEDE SUAS FERRAMENTASMENTAIS?
UM QUADRONEGRO E UM GIZRESOL VEM... Ou nem mesmo é preciso o quadro ne-
gro, você faz de cabeça. No meu caso, não preciso de outras coisas além do raciocínio. Mesmo sem ter uma habilidade excepcional para fazer contas de cabeça, consigo trabalhar frequentemente sem papel porque não estou fazendo contas, estou apenas tentando
ou Princeton. E digo isso por questões
pessoais, de formação, mas também pelo fato de que a Matemática realizada no Impa é de ponta e seus resultados
entender o que está acontecendo. Mas
preciso sempre de pessoas, trabalho muito em colaboração, e a troca de ideias é importante. Na Matemática, normalmente não precisamos de um “superlaboratório”. É uma ciência barata do ponto de
não devem nada ao que é feito lá fora.
QUAL É A METODOLOGIA QUEO CIENTISTA UTILIZA DURANTE UMA PESQUISA MATEMÁTICA?
vista das instalações físicas.
Não existe uma metodologia geral, eu mesmo não tenho algo muito rotineiro, um procedimento que realizo sempre da mesma maneira. Mas há técnicas: basicamente, é bom você ter uma boa compreensão do que já existe. A matemática é acumulativa e as novidades não substituem as coisas mais antigas. Essa preparação possibilita que você enxergue e detecte aquilo que você realmente não sabe,
E COMO FUNCIONA ESSE INTERCÂMBIO DE IDEIAS COM OUTROS MATEMÁTICOS? COMO É POSSÍVEL FAZERCOM QUEAS IDEIASDIALO GUEM?
Quando se está realmente travado, um matemático estará sentado de um lado, outro de outro, e os dois carão calados
pensando, não haverá muita interação. De vez em quando alguém falará alguma coisa, mas o assunto morre imediatamen-
aquilo que requer um salto para além de onde o conhecimento atual está.
te... Em outros momentos, os dois pen-
sam separadamente e depois interagem. E pode ser em qualquer ambiente, não há nada que proíba matemáticos de contarem suas ideias em um bar, na
COMO É POSSÍVEL EXPLICAR ESSE “SALTO DE CONHECIMENTO” NAS PESQUISAS? O QUE É NECESSÁRIO PARA DESCOBRIR ALGO NOVO?
praia, em qualquer ambiente prazeroso.
Você precisa reconhecer aquilo que o conhecimento atual permite para identicar onde você precisa se concentrar. Daí, você precisa de uma ideia. E o que é uma ideia? É difícil dizer, mas [ fa-
Você começa a conversar e tenta transmitir seu pensamento para o outro. E esse processo tem duas vantagens: quando você conta as coisas, é possível que a outra pessoa complete seu raciocínio, observe algo que você não tenha visto. Além disso, ao verbalizar seu pensamento, talvez você compreenda me-
zendo gestos com as mãos] é você com-
preender que precisa descobrir algo a partir daqui e que deve passar daqui até ali. Existem milhares de maneiras de
lhor aquilo que já estava na sua cabeça.
abordar essa questão, mas não dá para
testar todas nem saber de antemão qual vai funcionar. Então você desenvolve
E QUANDOSURGEMESSAS IDEIAS?
uma intuição baseada na experiência e
da à noite, não está conseguindo dormir, resolve pensar em algum proble-
Existem momentos em que você acor-
em outros fator es os quais eu não saberia distinguir... Não sou místico, mas acho que é um processo mental sendo desenvolvido que não compreendemos muito bem... E nem sempre funciona. Mas, se você estiver no lugar certo, na
hora certa e zer todo o seu trabalho direito , talvez efetivamente descubra 64
como passar daqui até ali.
ma e vê um o que o levará... Você não pode forçar a existência da ideia, mas,
com a ideia na mão, tem a obrigação de botá-la para funcionar. Daí, é possím o .c e l d d a P : e n o c Í
vel que você não consiga tirar isso da cabeça e trabalhe 10, 12, 16 horas por dia: enquanto está comendo, enquanto está tomando banho, o tempo todo.
O PÚBLICO E A IMPRENSA COSTUMAM PENSAR A CIÊNCIAA PARTIR DE SUAS APLICAÇÕES. NO CASO DOSMATEMÁTICOS,HÁTAMBÉMUMAPREOCUPAÇÃO NAHORADEPENSAREMAPLICAÇÕES? Existe uma grande variedade de estilos: há quem esteja mais focado na matemática pura e há quem esteja mais inclinad o para a mate mática aplicada. E a comunicação entre pessoas de estilos diferentes é fundamental para o avanço da Matemática. Porém, uma questão é colocada frequentemente: “Vamos dar dinheiro para a Matemática? Então vamos priorizar quem está pensando em problemas importantes, porque o outro não sabe nem dizer para que serve sua pesquisa”. Isso é um erro, pois a força do desenvolvimento matemático vem do diálogo e do avanço em todas as vertentes. E, para se chegar mais longe, com mais eciência, você precisa que todo esse universo esteja saudável. MARCELO VIANA,DIRET OR DO IMPA, DISSE QUENO BRASILNÃO TEMOS HERÓISQUE FUJAM DASFIGU RASDOESPORTEOUDAARTE.VOCÊACREDITAQUE O RECONHECIMENTO DO SEUTRAB ALHO PODE INS PIRAR OUTRAS PESSOASNA CIÊNCIA? Creio que isso é importante, e é a principal razão para a existência desses prêmios. As pessoas não fazem matemática para ganhar prêmios, e se fazem, provavelmente não chegarão muito longe, porque essa é uma péssima motivação. Mas os prêmios cumprem um papel: o Nobel, que é o mais conhecido, tem essa função de criar um burburinho, de fazer as pessoas conversarem sobre ciência durante uma semana. Nesse momento, as pessoas veem que a física está viva, que existem físicos fazendo coisas novas, e podem se inspirar a seguir esse caminho.
VOCÊACHAQUEHOJEHÁMAISJOVENSINTERESSA DOSPOR MATEMÁTICADO QUENA SUAÉPOC A? Há uma influência do pessoal das Olimpíadas, eu os vejo motivados. Sempre tento enfatizar que não sou o único exemplo de como fazer matemática no Brasil. Isso é um fato e já era verdade muitos anos antes de eu começar no Impa: a matemática feita pelo meu orientador e a trabalhada pelo orientador dele, há mais de 40 anos, já eram de extrema qualidade. E é importante que isso seja contado.
Você não pode forçar a existência da ideia, mas, com a ideia na mão, tem obrigação de botá-la para funcionar” “
OBJETODEESTUDO Avila é reconhecido pelos seus trabalhos referentes a sistemas dinâmicos, área que analisa processos naturais em evolução a partir de leis matemáticas
O QUEDEVE MELHORAR NO BRASIL PARA QUEMAIS PESSOASSE INTERESSEM PELAMATEMÁTICA? É um trabalho muito complicado. Existe um papel importante que deve ser feito pela imprensa, mas, de certa forma, todos são responsáveis. A sociedade deve mostra r que a matemática pode ser divertida e importante para todos. As pessoas criam aversão à matemática desde cedo por várias razões, e há uma aceitação em relação a isso. Você diz que é “de Humanas” e foge da matemática, não quer nem chegar perto. Isso é problemático e pode ser vencido socialmente, não precisamos esperar que a escola faça alguma coisa. A escola tem um papel importante. É preciso haver boas condições em sala de aula, bons professores, que estimulem e não amedrontem as crianças. Mas também é necessário que os pais conversem com os lhos sobre como a matemática é importante. É preciso reconhecer que qualquer pessoa pode colaborar com isso.
“Por uma questão cultural de culto à japonês do que do marxismo-leninismo. Em seu livro The Cleanest Race: How the personalidade existia uma necessidade de separar a ideologia norte-coreana do North-Korea ns See Themse lves ( A Raça restante do pensamento comunista”, exMais Pura: Como os Norte-Coreanos se plica a professora da Universidade de Veem, em tradução livre), Myers explica: São Paulo Yun Jung Im Park, nascida “Nos anos 1920, a classe média coreana na Coreia do Sul. Era necessário que a já usava preferencialmente o japonês em Coreia do Norte tivesse, basicamente, suas casas. O período de ocupação foi seu próprio “livrinho vermelho”. curto [apenas 35 anos], mas seus efeitos Foi assim que Kim Il-sung explicou o foram duradouros.” Juche em 1955: “Para fazer uma revolução Não à toa, várias expressões ligadas ao coreana é preciso conhecer o povo corea- nacionalismo racial provêm do japonês, no, a geograa coreana, a história corea- como minjok(“raça”). O próprio termo na”. Foi o início de um erte com o naJuche é uma tradução japonesa do alecionalismo racial coreano, ideologia que mão subjekt, usado para denir o sujeiprega a superioridade do povo local em to na losoa. E, se é verdade que a inrelação aos vizinhos asiáticos. “O nacio- uência cultural japonesa foi profunda nalismo étnico coreano surgiu em um pe- durante esse período, é impossível negar ríodo conturbado, em que a nação enfren- que Kim Il-sung tenha sido contaminado. tava o risco de desaparecer”, explica Park. Em 1910, a península da Coreia foi invadida pelo Japão, que começou um processo de aculturação. “A propaganda ocial japoA pro paga nda nesa dizia que os coreanos deviam se inoficial japonesa ditegrar. O nacionalismo étnico surge como contraponto”, diz a professora. zia que os corea-
UM PE QU EN O
DEUS NA TERRA O nacionalismo étnico coreano tem como mito fundador a lenda do senhor celestial Hwanin, que, por volta do ano 2 mil a.C., desceu dos céus sobre a montanha Baegdu e nela fundou a Cidade dos Deuses. Ali ele teve um lho, Dangun, que é considerado o ancestral de todos os coreanos. “Ele é uma espécie de grande avô”, brinca Park. “O mais curioso é que, apesar dessa srcem tão antiga, relatos sobre Dangun como ‘pai’ da raça coreana só surgem no começo do século 20.” Ou seja, embora pareça milenar, a lenda de Dangun começou a ser propagada apenas durante o período da Ocupação Japonesa, que durou de 1910 a 1945. Para o norte-americano Brian Reynolds Myers, professor de estudos internacionais na Universidade Dongseo, na Coreia do Sul, a inuência japonesa no período foi tão importante que levou a intelectualidade coreana a se 68 aproximar muito mais do fascismo
CO R E IA ÀS
ARMAS
DIRE ITA, VOL VER Desde 1984,a Coreia do Norte já realizou 108 testes com mísseis balísticos. Sobo comando de KimJong-un, no poder desde 2011, o país intensificou a política militar: foram 78 testescom mísseis, quase três quartosdo total.
nos deviam se inte grar. O nacionalismo étnico surge como contraponto
Yu n Jun g Im Park , professo ra da USP
Anal, o primeiro dos líderes da dinastia nasceu em Pyongyang em 1912, ou seja, dois anos depois do início da ocupação. “A Coreia tem uma longa história de invasões. Essa ideia de uma raça coreana ‘excepcional’ surge não apenas como resposta a isso, mas como forma de defesa”, destaca Park. “Por muito tempo, a ideia de estrangeiro esteve relacio-
DE OLHO NO QUIN TAL Oúltimotestecommísseis,feitoem maiodesteano, atingiuo Mar do Japão. Segundoo Departamento de Defesa dos Estados Unidos,o país podedesenvolver um míssil intercontinental capaz de atingiro solonorte-americanoaté2027.
nada com o mal da sociedade coreana.”
Ocialmente, o Juche tem como base o ideal de que o “homem é dono de si e do mundo”, uma losoa perigosa porque o nacional-socialismo alemão, por exemplo, também pregava uma superioridade do homem — do homem ariano. Nesse contexto, é difícil não fazer um paralelo entre o Juche e o nacionalismo que controlou o Império do Japão entre
SETE TROMB ETA S O país possuiuma bomba atômica e já tem tecnologia para bombardearos vizinhosCoreia do Sule Japão,ambos rivaishistóricos— no Japão existeaté umasirenede alerta para avisar a população sobreum possível ataque.
O cérebro humano não foi preparado para, intuitivamente, lidar com a nossa realidade atual. Campanhas políticas, debates ideológicos, decisões de longo prazo — nada disso estava presente nas pressões evolutivas que moldaram nosso hardware
TUBO DE ENSAIOS POR DR.DANIELBARROS*
A CIÊNCIA COMO ARMA CONTRA A PÓS VERDADE
neurológico. Ao contrário, as decisões precisavam ser rápidas, sob risco de não haver uma segunda chance,
e intuitivas, geralmente baseadas em consequências imediatas. As emoções são um instrumento muito útil para esses casos — o alerta que o medo
nostraz,a afiliação queo semelhante provoca, tudo issoé de extremavalia na luta pela sobrevivência. Com esse
aparato, contudo, somosincapazes de filtrar nossas distorções perceptivas, não conseguimos frear a tendência ao imediatismo, ficamosà mercê doshu-
Quando estamos dispostos a suspender nossas convicções para colocá-las à prova, nosso terreno mental fica bem menos fértil para as bobagens que nos cercam TODOS OS ANOS, o Oxford English Dictionary (OED) elege a palavra do
ano. A ideia é escolher umverbe te que tenha sido relevante durante o período e que de alguma forma sintetize o espírito dos últimos meses. Em 2016, a eleita foi uma palavra que viu sua fama explodir graçasa eventos como o Brexit e a eleição de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos. Para tentar explicar esses dois eventos surpreendentes, as pessoas invocaram como nunca a expressão
“pós-verdade”. Sua ocorrência aumentou mais de 2.000% em um ano. Cunhada na década de 1990 e alçada à fama em 2016, a pós-verdade se refere a “circunstâncias nas quais fatos objetivos são menos influentes em formar a opinião pública do que
apelosà emoçãoe a crenças pessoais”, segundo o próprio OED. A estratégia dos defensores do Brexit e a campa-
nha de notíciasfalsas feitas porTrump
foram os exemplos máximos — ideias com altoteor emocional, que reforçavam a visão de mundo das pessoas, eram ventiladas e sustentadas mesmo diante de evidências contrárias.
O desprezo pela verdade,mais do que a mentira, caracterizaa pós-verdade. Paradoxalmente, o avanço do co-
nhecimento, que deveria se contrapor a tal estratégia, parece fomentá-la.
mores e afetos a nos turvar a razão. O trunfo do método científico é admitir as limitações do cérebro hu-
mano e criar mecanismos para supe rá-las.Desde a descrição de matérias
Quanto mais informações, mais difícil parece ser lidar com todas elas. Diante da complexidade do mundo, refugiar-se no que nos parece fazer sentido intuitivamente é uma saída rápida e tranquilizadora. Pena que
e métodos utilizados, passando pela
utilização de controles e chegando ao uso das estatístic as para verificar se
resultados que parecem verdadeiros não são fruto do mero acaso, a ciência bem-feita nos protege de nossos bugs cerebrais. Os experimen tos co-
leve a tantos descaminhos. Em 1986, o filósofo Harry Gordon Frankfurt publicou um ensaio chamado On Bullshit , lançado no Brasil com o título Sobre Falar Merda . Bullshit ,
locam em xeque as hipóteses tentando negá-las, não confirmá-las . Por isso, educar cientificamente
Frankfurt define, é quando se fazem afirmações sem que sua verdade ou
não é apenas divulgar resultados de
falsidade façam diferença. O objetivo é transmitir um ar de conhecimento, causar uma impressão — ou seja, impactar emocionalmente os interlocutores. As ocasiões em que
método experimental. Porque quan-
isso acontece se multiplicam porque, segundo o filósofo, “é inevitável falar bullshit toda vez que as circunstâncias exijam que alguém fale sem
saber o que está dizendo” . Como parece que sabemos cada vez menos, o estrago está feito. A pós-verdade é
a bullshit transplantada do contexto pessoal para o público. É a transformação de uma estratégia para obter vantagens em uma estratégia para conseguir votos.
Embora o acúmulo de conhecimento possa contribuir para esse ocaso do pensamento crítico, o método científico poderia ser um bom antídoto.
pesquisas, mas ensinar as bases do
do estamos dispostos a suspender nossas convicções para colocá-l as à prova, buscando evidências não
O trunfo do método científico é admitir as limitações do cérebro humano e criar mecanismos para superá-las
para pro var uma ideia , mas para ver se ela resiste à tentativa de derru-
bá-la, nosso terreno mental fica bem menos fértil para as bullshits e pós-verdades que nos cercam.
* DAN IELBARRO S é psiqui atr a doInsti tuto de Psiquiatr ia do HC–FMUSP, doutor em Ciências e bacharelem Filosofia.Atua comdivulgaçã o científicaem vário s meios. É consultor 71 do progr amaBemEstar (TVGlobo).
morreram, dois deles adolescentes. O ataque foi realizado por uma coalizão liderada pela Arábia Saudita, que há
dois anos iniciou uma intervenção militar no país.
Imagem:AFP Pesquisa:Franklin Barcelos
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