BOAS, Franz. Os métodos da etnologia. In: Celso Castro (org.) Antropologia Antropologia Cultural. RJ: Jorge Zahar, 2!. por "ar#ia $ias
%as#i&o na Ale'anha, Ale'anha, e' *, Franz Boas inaugurou a antropologia #ultural norte+ a'eri#ana. Sua inlu-n#ia per#e/i&a at 'es'o e' tra/alhos &e pes0uisa&ores 0ue, teori#a'ente, n1o ora' inluen#ia&os inluen#ia&os por ele. O liro 3A antropologia antropologia #ultural4 oi a pri'eira o/ra &e Boas a ser pu/li#a&a no Brasil. A &ii#ul&a&e &ii#ul&a&e e' en#ontrar o/ras &este autor tra&uzi&as para o portugu-s u' &as raz5es &e seus artigos ain&a n1o sere' t1o &is#uti&o nos #ursos &e gra&ua61o. For'a&o e' geograia, oi &urante u'a e7pe&i61o 8 ilha &e Bain, no Cana&9, para estu&ar os es0ui's, 0ue Boas realizou suas pri'eiras o/sera65es etnogr9i#as. ;ri'eira'ente, Boas pu/li#ou suas o/sera65es geogr9i#as, e' *. i'o =s>i'o.. Boas Boas oi u' gran&e gran&e #r?ti# #r?ti#oo &a antrop antropolo ologia gia eo eolu# lu#ion ionista ista e &iusionista. @'a &as #r?ti#as a estas 'eto&ologias reerente 8 i'possi/ili&a&e &e #o'proa61o e'p?ri#a. Boas oi orienta&or &e Ruth Bene&i#t, =&ar& Sapir, Ro/ert oie, oie, "argareth "argareth "ea& entre outros. outros. Franz Franz Boas ale#eu ale#eu nos =sta&os =sta&os @ni&os, e' !2. Métodos os da Etnolo Etnologia gia” ” escrito escrito em 1920, 1920, Boas Boas critica critica fortem fortement entee a %o artigo 3Os Métod etnologia evolucionista e difusionista e propõe que se estudem os fenmenos culturais internos ao grupo privilegiando a pesquisa emp!rica"
Boas az u'a retrospe#tia anal?ti#a so/re os 'to&os &a etnologia. %a segun&a 'eta&e &o s#ulo DID preale#eu o pensa'ento eolu#ionista, 0ue &een&ia a #ideia de uma evolu$%o geral e uniforme da cultura#" =ntre
os autores &esta ertente po&e'os #itar
Spen#er, "organ, "organ, . O gegrao Ratzel inluen#iou os estu&os 'ar#a&os pela i&eia &e 'igra61o 'igra61o e &ius1o. =' rela rela61 61oo ao pro/ pro/le le'a 'a &a &iu &ius1 s1o, o, espe espe#i #ial al'e 'ent nte, e, na A'r A'ri# i#aa &o %o %ort rte, e, esta esta 'eto&ologia oi apli#a&a por RoE e rae/ner e utiliza&a 'ais a'pla'ente por =lliot
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S'ith e Riers. Atual'ente (2) #a pesquisa etnol&gica 'aseia(se mais nos conceitos de migra$%o e dissemina$%o do que no de evolu$%o G. (p. !) #O ponto de vista evolucionista pressupõe que o curso das mudan$as )ist&ricas na vida cultural da )umanidade segue leis definidas, aplic*veis em toda parte +"""#, ou
seHa, o
&esenoli'ento #ultural o#orreria &o 'es'o 'o&o entre to&os os poos e ra6as. Segun&o Boas, G esta ideia é claramente e-pressa por ./lor nas p*ginas introdut&rias de seu cl*ssico rimitive ulture#"
(p. !2)
%o entanto, segun&o Boas, esta tese n1o pass?el &e #o'proa61o. A o#orr-n#ia &e algu'as si'ilari&a&es no &esenoli'ento &e &eter'ina&as so#ie&a&es n1o sui#iente para 0ue legiti'ar a tese eolu#ionista. =ssas si'ilari&a&es o#asionais e irregulares serira' &e /ase tanto para o eolu#ionis'o 0uanto para os estu&os so/re os en'enos #ulturais &esenoli&os por Bastian. A i&eia eolu#ionista /asea&a no pressuposto &e 0ue a #ultura europeia #onstituiria o Gdesenvolvimento cultural mais elevado, em dire$%o ao qual tenderiam todos os outros tipos culturais primitivos# . (p. !2)
%o entanto, se #onsi&erar'os a #oe7ist-n#ia &e &iersas #ulturas i#a #evidente que n%o se pode manter a )ip&tese de uma nica lin)a geral de desenvolvimento#" (p. !2)
Boas #riti#a o ato &e einri#h S#hurtz, /asea&o na teoria &a &ius1o, ter eito #one71o entre a arte en#ontra&a na "elansia #o' as &o %oroeste &os =sta&os @ni&os. Segun&o Boas, #o simples fato de que, nessas *reas, ocorram elementos que podem ser interpretados como ol)os, indu3em(no a supor que am'as tem uma origem comum, sem admitir a possi'ilidade de que, nas duas, o padr%o +""" possa ter se desenvolvido a partir de fontes independentes4. (p. !!)
=n0uanto a ten&-n#ia &a antropologia europeia tenha a a&o61o &a teoria eolu#ionista ou &iusionista. Os antroplogos a'eri#anos seguira' por outro #a'inho. #+""" os pesquisadores norte(americanos
est%o,
so'retudo interessados nos
din4micos da mudan$a cultural# . (p. !!)
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fenmenos
Boas respon&e 8 #r?ti#a &e 0ue os antroplogos a'eri#anos n1o teria' se &e&i#a&o 8 solu61o &os pro/le'as &a histria ilosi#a &a hu'ani&a&e air'an&o 0ue a 0uest1o n1o essa. #5penas n%o temos a esperan$a de estarmos aptos a resolver um pro'lema )ist&rico comple-o com uma formula#"
(p.. !*)
Co'o #todo pro'lema da )ist&ria cultural é um pro'lema )ist&rico# a etnologia n1o te' #o'o &ar #onta &estes pro/le'as, u'a ez 0ue tra/alha #o' os &a&os &ispon?eis no 'o'ento &a pes0uisa e #todas as evid6ncias de mudan$as podem ser inferidas apenas por métodos indiretos#,
ou seHa, pela #compara$%o de fenmenos est*ticos,
com'inada com o estudo de sua distri'ui$%o# . =sta 'eto&ologia oi a&ota&a por oie
no seu estu&o so/re as so#ie&a&es guerreiras &os ?n&ios Cro &as plan?#ies norte+ a'eri#anas. #.%o logo esses métodos s%o aplicados +""" todas as formas culturais aparecem, com maior frequ6ncia, num estado de flu-o constante e su7eitas 8s modifica$ões fundamentais# . (p. !*)
%a etnologia a'eri#ana, a 0uest1o &a &isse'ina61o o#upa lugar &e &esta0ue, pois #é mais f*cil provar a dissemina$%o do que acompan)ar os desenvolvimentos produ3idos por for$as interiores +"""”" (p. !K)
;or', alguns pes0uisa&ores &os pro#essos &e a#ultura61o t-' si&o atra?&os pelo estu&o &os a#onte#i'entos internos aos grupos. Segun&o Boas, ao enatizar a i'portLn#ia &os en'enos histri#os, estes pes0uisa&ores #s%o compelidos a considerar cada fenmeno, n%o apenas como efeito, mas tam'ém como causa G. (p. !K)
Boas e7e'plii#a #o' o e7e'plo &o e7#e&ente &e ali'ento 0ue a/re #a'inho para interpreta65es &i#ot'i#as. ;or u' la&o, #um e-cedente de alimentos pode levar a um aumento da popula$%o e do la3er, o que a're lugar para ocupa$ões +""" n%o +""" essenciais +"""" or outro, o aumento da popula$%o e do la3er pode se refletir em novas inven$ões, originando assim um maior suprimento de alimentos e um aumento adicional na quantidade de tempo dispon!vel para o la3e r#"
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(p. !K)
A rela61o &a so#ie&a&e e in&i?&uo outro e7e'plo. #5s atividades do individuo s%o determinadas +""" por seu am'iente social por sua ve3, suas pr&prias atividades influenciam a sociedade em que ele vive#"
(p. !M)
A 'eto&ologia &e inestiga61o &as rela65es internas &os grupos te' atra?&o pes0uisa&ores 0ue n1o se #ontenta' apenas e' enu'erar #ren6as e #ostu'es pa&roniza&os, 'as 0ue se interessa' #pela quest%o de como o individuo reage 8 totalidade de seu am'iente social, assim como pelas diferen$as de opini%o e pelos modos de a$%o que ocorrem na sociedade primitiva e que produ3em mudan$as de consequ6ncias amplas#" (p. !M)
Resu'in&o, a etnologia a'eri#ana #'aseia(se em estudos das mudan$as din4micas na sociedade que podem ser o'servadas no tempo presente#" (p.. !M)
=sta ertente &a etnologia n1o o#a e' estu&os 'ais a'plos &o &esenoli'ento geral &a hu'ani&a&e, 'as nos pro#essos e'p?ri#os. %o a0ui e agora. Con#luin&o, #ada grupo social tem usa )ist&ria pr&pria e nica, parcialmente dependente do desenvolvimento interno peculiar ao grupo social e parcialmente de influ6ncias e-teriores" +""" :eria +""" imposs!vel entender o que aconteceu a qualquer povo particular com 'ase num nico esquema evolucion*rio# . (p. !M)
@' e7e'plo &o #ontraste entre estes &ois pontos &e istas o orne#i&o pelos estu&os &a #iiliza61o ZuNi. Cushing #acreditava ser poss!vel e-plicar a cultura ;u
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prati#a'ente i'poss?el 0ue 0ual0uer #ostu'e tenha per'ane#i&o inaltera&o, al' &isso, #os fenmenos de acultura$%o provam que s%o 'astante raras as transfer6ncias de costumes de uma regi%o para outra, sem que )a7a mudan$as concomitantes produ3idas pela acultura$%o# (p. !+!).
Ou seHa, a i&eia &een&i&a por =lliot S'ith &e esta/ili&a&e &e longa &ura61o in#ua. As regulari&a&es pro#ura&as e, eentual'ente en#ontra&as #est%o relacionadas aos efeitos de condi$ões fisiol&gicas, psicol&gicas e sociais, e n%o a sequencias de reali3a$ões culturais# . (p. !)
O ser hu'ano #o'peli&o a ra#ionalizar a65es in#ons#ientes. #odemos o'servar este processo +""" mais claramente na )ist&ria da ci6ncia +""" tra3endo 8 consci6ncia )umana atividades que eram e-ecutadas automaticamente na vida do individuo e da sociedade#" (p. *)
Franz Boas ta'/' &is#or&a &e outro aspe#to &a etnologia 'o&erna liga&a 8 psi#an9lise, aos #on#eitos &e Freu& e a&ota&os por Riers, rae/ner e =liot S'ith. ='/ora, e' #erta 'e&i&a, o #o'porta'ento so#ial &o ser hu'ano esteHa #one#ta&o 8s pri'eiras 'e'rias e 0ue alguns tra6os #onsi&era&os ra#iais ePou here&it9rios possa' ser resultantes &e &eter'ina&as #on&i65es so#iais, o ato 0ue #a maioria desses )*'itos n%o atinge a consci6ncia, e, portanto s%o dificilmente alterados# . (p. *)
O autor 0uestiona enati#a'ente a interpreta61o si'/li#a, in#lusie azen&o u'a analogia #o' os telogos e air'an&o 0ue tanto a ilosoia, 0uanto a etnologia e a teologia possue' inQ'eros e7e'plos &e interpreta65es su/Hetias 0ue #ordena os fenmenos de acordo com seu conceito dominante# e,
segun&o Boas, #n%o devemos
aceitar como um avan$o no método etnol&gico a mera transfer6ncia de um método recente e unilateral de investiga$%o psicol&gica do individuo para fenmenos sociais#"
(p. *2)
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