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2-a Tiragem
c 2009, Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro, sem autoriza¸c˜ c˜ao ao pr´evia evia por escrito da editora, poder´ a ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrˆ onicos, onicos, mecˆanicos, anicos, fotogr´aficos, aficos, grava¸c˜ cao a˜o ou quaisquer outros. coes ˜oes Editoriais Copidesque: Caravelas Produ¸c˜ Revis˜ ao: Marco Antˆ onio on io Corrˆ Co rrˆea ea Editora¸c˜ cao ˜ Eletrˆ onica: Francisco Caruso & Vitor Oguri Elsevier Editora Ltda. Conhecimento sem Fronteiras Rua Sete de Setembro, 111 – 16- andar 20050-006 Rio de Janeiro - RJ - Brasil o
Rua Quintana, 753, 8- andar 04569-011 Brooklin - S˜ao ao Paulo - SP Tel.: (11) 5105-8555 o
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[email protected] ISBN 10: 85-352-3645-7 ISBN 13: 978-85-352-3645-3 Nota: Muito
zelo e t´ecnica ecnica foram empregados na edi¸ ed i¸c˜ cao a˜o desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digita¸c˜ cao, a˜o, impress˜ao ao ou d´ uvida conceitual. Em qualquer das hip´oteses, uvida oteses, solicitamo solicitamoss a com comunic unica¸ a¸c˜ c˜ao ao `a nossa nossa Cent Central ral de Atend Atendime iment ntos, os, para para que possamo possamoss esclarecer ou encaminhar a quest˜ao. ao. Nem a editora nem os autores assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos ou perdas a pessoas ou bens, originados do uso desta publica¸c˜ c˜ao. ao. CIP-Brasil, cataloga¸c˜ c˜ao-na-fonte. ao-na-fonte. Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.
C317f Caruso, Francisco F´ısica moderna moder na : exerc´ exerc´ıcios resolvidos resolvi dos / Francisco Caruso, Vitor Oguri. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2009 – 2- reimpress˜ ao. ao. a
ISBN 978-85-352-3645-3 1. F´ısica – Problemas, Problemas , quest˜oes, oes, exerc´ exerc´ıcios. I. Oguri, Vitor, 1951 -. II. T´ıtulo. 09-3464. CDD 530 CDU 53 15.07.09 20.07.09 013841
A Jos´ e Leite Lopes, in memoriam, e a Jos´ e M.F. Bassalo, com amizade.
´ a lembran¸ca da flor no fruto, E e n˜ ao o sol, que o faz maduro. Antˆ onio Fantinato
Explicar o vis´ıvel complicado a partir do invis´ıvel simples, eis a forma de inteligˆ encia intuitiva `a qual (...) devemos a atom´ıstica. Jean Perrin
Apresenta¸ c˜ ao Os livros n˜ ao s˜ ao feitos apenas com o que se sabe e o que se vˆ e. Necessitam de ra´ızes mais profundas.
Gaston Bachelard Este livro apresenta a solu¸ca˜o de todos os exerc´ıcios propostos na primeira edi¸c˜ao do nosso livro F´ısica Moderna: Origens Cl´ assicas e Fundamentos Quˆ anticos , publicado em 2006 pela Editora Campus/Elsevier, agraciado com o Prˆemio Jabuti em 2007. Procuramos resolvˆe-los da forma mais clara e completa poss´ıvel, relembrando, muitas vezes, os conceitos envolvidos ou remetendo o leitor ao ponto espec´ıfico do livro ao qual ele pode se dirigir para enfrentar o exerc´ıcio proposto. Sempre que necess´ ario, ao tentar resolver os exerc´ıcios que envolvam c´alculos num´ericos, utilize os valores das constantes e das convers˜ oes de unidades apresentadas nas tabelas a seguir. Se preferir, use valores aproximados. Constantes Universais Simb.
e h h me m p k c G ²0 ¹0
SI
Outros Sistemas
1,6 × 10-19 C 6,626 × 10-34 J.s 1,055 × 10-34 J.s 9,11 × 10-31 kg 1,673 × 10-27 kg 1,381 × 10-23 J/K 3,0 × 108 m/s 6,674 × 10-11 m3.kg-1.s-2 8,854 × 10-12 F/m 4¼ × 10 -7 N.A -2
4,8 × 10-10 ues 6,626 × 10 -27 erg.s 6,58 × 10 -22 MeV.s 0,511 MeV/c 2 938,3 MeV/c 2 8,617 × 10-5 eV/K
Gostar´ıamos de aproveitar a ocasi˜ ao para deixar claro que n˜ao ´e absolutamente nossa inten¸ca˜o incentivar os alunos que estejam seguindo regularmente um curso baseado no livro F´ısica Moderna a n˜ao tentarem resolver os exerc´ıcios, ao tornar acess´ıveis as solu¸c˜oes. O processo de abordar, equacionar e resolver os problemas propostos ´e parte integrante indispens´avel do processo de aprendizagem. Nenhum estudante pode queimar esta etapa, sob o risco de estar ix
x
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
se enganando. O livro de solu¸coes ˜ deve apenas servir como fonte de consulta, ou para adquirir confian¸ca em sua estrat´ egia de abordagem dos problemas, ou para conferir suas respostas ou, no m´aximo, para encontrar alguma dica de como come¸car a buscar as solu¸c˜oes. Conversão de Unidades
1 pol 1A 1T 1C 1F 1N 1J 1 eV 1 GeV-1 1 barn 1 atm O
2,54 cm 10-8 cm 104 G 3 × 109 ues 1017 cm 105 dyn 107 erg 1,6 × 10-19 J 0,2 × 10-13 cm = 0,66 × 10-24 s 10-24 cm2 1,01 × 105 Pa = 760 Torr
Do ponto de vista do professor, este livro pode lhe economizar tempo no preparo de suas aulas e na corre¸c˜ao dos exerc´ıcios, al´em de lhe permitir selecionar, com maior brevidade e facilidade, os exerc´ıcios que far´ a em classe como exemplo e quais deixar´a para o estudante resolver. A menos que se especifique o contr´ a rio, os n´ umeros das equa¸co˜es, figuras e tabelas citados ao longo do texto referem-se ao nosso F´ısica Moderna: Origens Cl´ assicas e Fundamentos Quˆ anticos . Queremos agradecer ao colega Fabio Antonio Seixas de Rezende e aos alunos do curso de F´ısica da Uerj Analu Ver¸cosa Cust´odio, Andrea Mantuano Coelho da Silva, J´ essica Furtado Guimar˜ a es e Rafael de Vasconcellos Clarim pela revis˜ao do manuscrito e a Francisca Val´eria Fortaleza Vasconcelos pelo aux´ılio na digita¸ca˜o de alguns cap´ıtulos. Naturalmente, qualquer falha que ainda persista deve ser atribu´ıda apenas aos autores. Nosso reconhecimento tamb´ em a toda a equipe da Elsevier pelo profissionalismo e aten¸c˜a o dada a` elabora¸ca˜o deste livro, em particular a Silvia Barbosa Lima, Vanessa Vilas Bˆoas Huguenin e, em especial, a Andr´e Wolff por seu apoio e empenho que tornaram esse projeto realidade. Aproveitamos para agradecer a todos que apontaram erros de impress˜ao na primeira edi¸ca˜o do livro de texto, em especial ao amigo Jorge Barreto, e lembrar ao leitor que h´a uma errata, dispon´ıvel no site http://www.cbpf.br/ caruso/sitelivro/index.html, que deve periodicamente ser consultada por quem n˜ ao disp˜ oe da reimpress˜ ao corrigida (2008). ∼
Francisco Caruso & Vitor Oguri Rio de Janeiro, 13 de outubro de 2009.
1
A estrutura da mat´ eria: concep¸ co ˜es filos´ oficas na Antiguidade Exerc´ ıcio 1.8.1 Erat´ ostenes
conhecia o fato de que, na cidade de Siene, na Gr´ ecia, uma vez por ano, no solst´ıcio de ver˜ ao, precisamente ao meio-dia, uma haste que fosse colocada perpendicularmente ao ch˜ ao n˜ ao tinha sombra. Refazendo a experiˆ encia em Alexandria, concluiu que a sombra nunca chegava a desaparecer e que, de fato, no mesmo dia e hora citados, a sombra projetada sobre a terra fazia um ˆ angulo de 7o com a haste, o que ´ e incompat´ıvel com a Terra ser plana. Supondo que a Terra ´e esf´ erica, e sabendo que a distˆ ancia entre essas duas cidades ´e cerca de 700 km, recalcule o valor estimado por Erat´ ostenes para o raio da Terra.
Erat´ ostenes supˆos que os raios solares s˜ao paralelos na regi˜ ao que engloba as duas cidades consideradas, conforme ilustra a figura a seguir. Se, em Alexandria, a sombra projetada sobre a terra fazia um ˆangulo de 7 com a haste (no mesmo instante em que n˜ao havia sombra em Siene), este ´e tamb´em o ˆangulo entre a vertical e o zˆenite1 nessa cidade. Assim, este ˆangulo ´e o mesmo ˆangulo θ = 7 entre os raios, r, da Terra, que delimitam o arco que interliga as duas cidades, cuja distˆ ancia ser´a denotada por d. o
o
1
Cabe lembrar que o zˆenite ´ e o ponto exato acima da cabe¸ ca de um observador, na superf´ıcie ´ de um astro, projetado na ab´ oboda celeste. E, na pr´ atica, o marco referencial de localiza¸ c˜ ao de posi¸ co ˜es de objetos celestes.
1
2
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Caruso • Oguri
Logo, tg θ
θ = dr
ou tg 7 = 0,128 o
⇒
d r
18
Portanto, usando o valor aproximado de d = 700 km, dado no problema, encontra-se r
5 600 km
Mas alguns autores afirmam que as medidas de comprimento feitas no s´ eculo III a.C. usavam a unidade est´ ostenes teria utilizado em seus adio e que Erat´ c´ alculos a distˆancia de 5 000 est´ adios. Sabendo-se que 1 est´adio 180 m, isto corresponderia a uma distˆancia de 900 km entre as cidades, o que leva `a predi¸c˜ao
r
7 370 km
As duas previs˜oes devem ser comparadas com o valor atual de r
6378,1 km
˜ es filoso ´ ficas na Antiguidade 1. A estrutura da mat ´ eria: concepc ¸o
3
Note que, no primeiro caso, a discrepˆancia ´e de cerca de 11%, enquanto no segundo, de 13,5%. De qualquer forma, trata-se de uma estimativa muito boa considerada a ´epoca em que foi feita. Exerc´ ıcio 1.8.2 Mostre
que, no sistema solar de Kepler, descrito no texto, a raz˜ ao entre o raio da esfera de Saturno e a de J´ upiter ´ e igual a 3.
√
Considere a figura a seguir, sendo a o comprimento da aresta do cubo inscrito na esfera externa e que circunscreve a esfera interior.
Levando-se em conta o triˆangulo ABO da figura acima, utilizando-se as rela¸c˜oes m´etricas conhecidas entre as diagonais e a aresta de um cubo inscrito em uma esfera de raio R = OA (raio de Saturno) e aplicando-se o teorema de Pit´ agoras ao triˆ angulo cinza, obt´em-se
2
√
2
R = r + (r 2)2 = 3r2
⇓ R = r
√
3
onde r = OB = a/2 ´e o raio de J´upiter. Os pitag´ oricos, que n˜ ao dispunham de qualquer forma de nota¸c˜ ao num´ erica, convencionaram exprimir os n´ umeros de forma semelhante ao que se usa ainda hoje nos domin´ os. Mais precisamente, eles confundiam o ponto da Geometria com a unidade da Aritm´ etica e, assim, pensavam nos n´ umeros como algo espacialmente extenso. Desse modo, para eles, os objetos Exerc´ ıcio 1.8.3
4
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
concretos eram literalmente compostos de agregados de unidades-pontos-´ atomos. Comente essas ideias ` a luz do que foi visto na Se¸c˜ ao 1.4.
Os n´ umeros para os pitag´oricos, segundo Arist´oteles, n˜ao seriam separ´aveis da mat´eria. No que concerne `a concep¸c˜ao que eles tinham da mat´eria f´ısica, ´e importante entender inicialmente a quest˜ao da representa¸ca˜o dos n´ umeros para se compreender a cr´ıtica aristot´elica. Expressar os n´ umeros de forma geom´etrica, a partir de pontos, leva aos conceitos de “n´ umero retangular” e de “n´ umero quadrado”. Como exemplo do primeiro, pode-se imaginar o n´ umero 20, representado por 20 pontos regularmente dispostos sobre os lados e no interior de um quadril´atero cujo comprimento do lado maior difere do outro por apenas uma unidade (20 = 4 5). J´ a o nu ´ mero 16, por exemplo, igual a 4 4 = 42 , pode ser constru´ıdo colocando-se a unidade (um ponto) no v´ ertice de um quadrado e “somandose” sucessivamente a ele os demais n´umeros ´ımpares em forma de “L”. Assim, 4 = 1+3 seria representado por um quadrado 2 2; o 9 = 1 +3 +5 formaria um quadrado com nove pontos e o n´ umero 16 seria obtido a partir do 9 somando mais 7 unidades, que ´e o ´ımpar seguinte, correspondendo a um quadrado 4 4.
×
×
×
×
Segundo Simpl´ıcio, este tipo de representa¸ca˜o num´ erica levou os pitag´oricos e muitos comentadores a associarem o infinito aos n´umeros pares. Claro que o que est´a por tr´ as disto ´e a possibilidade ad infinitum da divis˜ao em partes iguais. Pelo que vimos na Se¸c˜ao 1.4, Arist´ oteles n˜ao podia, obviamente, aceitar o crit´erio de divisibilidade por 2 como uma explica¸ca˜o do infinito, conceito, ali´ as, por ele abominado. Al´ em disto, lembre-se de que na referida se¸ca˜ o foi reproduzida uma cita¸ca˜o segundo a qual seria imposs´ıvel que alguma coisa cont´ınua resulte composta de indivis´ıveis . Desta forma, o Estagirita foi tamb´ em levado a criticar a concep¸ca˜o pitag´ orica da mat´eria, pois as unidades-pontos-´ em como a base atomos , consideradas tamb´ f´ısica da mat´ eria real – uma forma primitiva de a´tomo –, n˜ ao poderiam ser aceitas em um sistema filos´ofico que negava o vazio. Lembre-se de sua afirma¸c˜ao de que ´e imposs´ıvel que uma linha resulte composta de pontos, se ´e verdade que a linha ´ e um cont´ınuo e o ponto, um indivis´ıvel . Imaginar os n´ umeros espacialmente extensos ter´a tamb´em impacto em outro cap´ıtulo importante da Filosofia Grega, ou seja, na discuss˜ ao dos paradoxos de Zen˜ao. Para mais detalhes veja, por exemplo, G.S. Kirk; J.E. Raven, Os fil´ osofos pr´e-socr´ aticos .
2
As origens do atomismo cient´ıfico: contribui¸ co ˜es da Qu´ımica Fa¸ca um resumo do conceito de mˆ onadas introduzido pelo fil´ osofo e matem´ atico alem˜ ao Gottfried Wilhelm Leibniz. Exerc´ ıcio 2.9.1
A palavra mˆ onada deriva do grego µoν ´ αζ , que significa unidade . Consta que este termo tenha sido considerado pela primeira vez pelos pitag´oricos. Para eles, toda a teoria dos n´ umeros – e, por conseguinte, de todas as coisas – derivava dessa unidade. Bem mais tarde, tal conceito ir´a evoluir para algo como “aquela unidade que espelha o todo”, especialmente na filosofia de Nicolau de Cusa (1401-1464). Giordano Bruno (1548-1600) foi quem formulou mais precisamente a ideia de que as mˆonadas seriam compostas destas part´ıculas m´ınimas, nas quais se encontram a substˆancia das coisas. O fil´osofo alem˜ ao Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716) herdou este conceito de Bruno, transformando-o e entendendo-o muito mais como um princ´ıpio ativo inerente `as substˆancias do que como part´ıculas m´ınimas. Leibniz aborda de forma sucinta e incompleta este conceito em dois livros escritos em 1714: Principles of Nature and of Grace e Monadology . Suas mˆo nadas, que s´ o poderiam ser criadas e aniquiladas por Deus, n˜ao devem absolutamente ser entendidas como substˆancias materiais. S˜ao uma esp´ecie de ´atomo metaf´ısico, desprovido de extens˜ao ou partes e, portanto, indivis´ıvel e imaterial, como uma esp´ecie de alma, respons´avel pela uni˜ao dos organismos e dos seres vivos. Cada mˆ onada ´e distinta das demais e n˜ao existem duas mˆonadas iguais, ao contr´ ario dos a´tomos de Leucipo e Dem´ocrito, que s˜ao idˆenticos para a mesma 5
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F´ısica Moderna
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substˆancia. Sendo assim, fica claro, por dois motivos, que a monadologia (teoria das mˆonadas) de Leibniz difere crucialmente do atomismo grego, segundo o qual as menores partes da mat´eria s˜ ao inanimadas, possuem duas ou trˆ es propriedades b´ asicas (segundo o fil´osofo) e est˜ao em movimento eterno, embora privadas de qualquer tipo de iniciativa ou qualidade que permitissem ver os ´atomos como algum tipo de princ´ıpio ativo da mat´eria. S´o para citar um exemplo de aplica¸ca˜o filos´ ofica em sequˆ encia, Kant, em 1756, sob clara influˆ encia de Leibniz, vai considerar as mˆ onadas como as fontes ´ importante lembrar que Kant foi o do movimento no espa¸co newtoniano. E primeiro fil´ osofo a contribuir para a difus˜ao do mecanicismo de Newton. Exerc´ ıcio 2.9.2 Comente as implica¸ coes ˜
que a existˆencia de is´ otopos e is´ obaros trazem para os ´ atomos de Dem´ ocrito e de Dalton. Os is´ obaros s˜ao a´tomos com mesmo n´ umero de massa e n´umeros atˆomicos diferentes; os is´ otopos s˜ao a´tomos de um mesmo elemento com o mesmo n´umero de pr´ otons (mesmo Z ) e n´ umero de nˆeutrons diferentes (diferentes A). Do ponto de vista do atomismo de Dem´ocrito, como se viu no Cap´ıtulo 1 do livro de texto, a existˆ encia de is´ otopos e is´obaros poderia ser acomodada, uma vez que ele atribu´ıa ao a´tomo duas propriedades capazes de diferenci´a-los: tamanho e formato. J´a do ponto de vista de Dalton, a descoberta dos is´otopos e is´obaros seria um problema, pois, como foi visto na Se¸ca˜o 2.5.1, ambos ferem sua ideia basilar de que “as part´ıculas ´ ultimas de todos os corpos homogˆ eneos s˜ ao perfeitamente semelhantes em peso, forma etc. Em outras palavras, toda part´ıcula de ´ agua ´e c omo qualquer part´ıcula de ´ agua; toda part´ıcula de hidrogˆ enio ´e como qualquer outra de hidrogˆenio (...)”. Exerc´ ıcio 2.9.3 Segundo
o qu´ımico John Dalton, uma mol´ ecula de ´ agua ´e formada de 1 ´ atomo de hidrogˆ enio e 1 de oxigˆ enio, enquanto a amˆ onia seria constitu´ıda de 1 ´ atomo de hidrogˆ enio e 1 de azoto (nitrogˆ enio). Essa hip´ otese foi testada por Thomas Thomson, em 1807. Sabe-se que o peso relativo de uma mol´ecula de ´ agua ´e formado de 85 2/3 partes de oxigˆenio e 14 1/3 partes de hidrogˆ enio, enquanto a de amˆ onia consiste em 80 partes de azoto e 20 de hidrogˆ enio. Mostre que as densidades relativas do hidrogˆ enio, do azoto e do oxigˆenio est˜ ao, respectivamente, na raz˜ ao de 1 : 4 : 6. Compare o resultado com os valores da Tabela dos elementos de Dalton (Figura 2.6).
˜ es da Qu´ımica 2. As origens do atomismo cient´ıfico: contribuic ¸o
7
Segundo Dalton, as mol´eculas de a´gua e de amˆonia eram formadas, respectivamente, da seguinte forma:
´agua amˆonia
= 1 H + 1 O = 1 H + 1 N (azoto)
Estas hip´oteses foram testadas por Thomas Thomson, em 1807, utilizando as propor¸co˜es em peso de cada uma destas mol´eculas conforme os valores dados no enunciado do problema, ou seja, m
O
= 85 2/3 =
257 3
m
H
= 14 1/3 =
43 3
Logo,
m 43 = m 257 H
O
1 6
J´a a amˆonia consiste em 80 partes de azoto para 20 de hidrogˆ enio, portanto, m 20 = m 80 H
N
1 4
Fica assim mostrado que as densidades relativas do hidrogˆenio, do azoto e do oxigˆenio guardam entre si, respectivamente, as raz˜oes m : m : m = 1 : 4 : 6 H
N
O
Este resultado deve ser comparado com o obtido a partir dos valores da Tabela de Dalton, mostrada na Figura 2.6 do livro de texto: m : m : m = 1 : 7 : 5 H
N
O
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F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
Observando a representa¸cao ˜ gr´ afica de Chancourtois (Figura 2.9), mostre que, se m ´e o peso atˆ omico de um elemento da primeira espiral, ent˜ ao o peso atˆ omico de outros elementos com caracter´ısticas similares ser´ a dado por m + 16n, onde n ´e um n´ umero inteiro. Exerc´ ıcio
2.9.4
Observando-se a representa¸ca˜o gr´ afica de Chancourtois (Figura 2.9), nota-se que os elementos com propriedades semelhantes aparecem na mesma vertical. A diferen¸c a de peso atˆomico entre dois elementos consecutivos na vertical ´e igual a 16. Assim, por exemplo, os elementos l´ıtio (Li), s´odio (Na) e pot´assio (K), que pertencem ao Grupo I da Tabela de Mendeleiev, tˆem, respectivamente, pesos atˆomicos A = 7, A = 7 + (16 × 1) e A = 7 + (16 × 2). Para os demais membros do grupo, essa recorrˆ encia pode ser expressa, de forma compacta, como A = 7 + 16n, onde n ´e um n´ umero natural. A f´ ormula para um termo gen´erico de peso atˆomico m ´e A = m + 16n Seguindo a regra do quadril´ atero e utilizando a Tabela de Mendeleiev de 1871, determine as massas atˆ omicas dos elementos dos Grupos III e IV, linha 5, e compare com os valores reportados na Tabela 2.8. Exerc´ ıcio 2.9.5
Na nota¸ca˜o da Figura 2.12 do livro, reproduzida a seguir, o problema pede para encontrar a massa atˆomica de X e Y correspondendo, respectivamente, aos grupos III e IV.
˜ es da Qu´ımica 2. As origens do atomismo cient´ıfico: contribuic ¸o
27,3
28
Al 65
Zn
9
Si X
?
Y
?? 113
In
X
?
Y
??
75
As 118
Su
Aplicando-se a regra do quadril´ atero, chega-se a: X =
27,3 + Y + 113 + 65 205,3 + Y = 4 4
Y
28 + 75 + 118 + X 221 + X = 4 4
=
o que ´e equivalente ao seguinte sistema de equa¸co˜es lineares
4X = 4Y =
205,3 + Y 221 + X
que tem como solu¸c˜oes X = 69,48 e Y = 72,62. Estes valores se comparam, respectivamente, aos valores X = 6 8 e Y = 72 reportados na Tabela de Mendeleiev de 1871 reproduzida a seguir.
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F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
Exerc´ ıcio 2.9.6 Considere a seguinte rea¸ cao ˜
nuclear da qual resulta a forma¸cao ˜
de um is´ otopo da prata ( Ag): + X → Ag108 Ag107 47 47 onde X ´e uma part´ıcula. Determine X . A rea¸ca˜o nuclear da qual resulta a forma¸ca˜o de um is´otopo da prata (Ag): Ag107 + X → Ag108 47 47
mant´ em inalterado o valor de Z (da carga el´etrica) e altera o valor do n´ umero de massa A em uma unidade. Portanto, e como o n´umero de massa e o n´umero atˆ omico se conservam na rea¸ca˜o, a part´ıcula X possui uma unidade de massa atˆ omica e ´e eletricamente neutra: o nˆeutron (n10 ). Exerc´ ıcio 2.9.7 Considere
o seguinte processo de fiss˜ ao do urˆ anio:
1 U235 92 + n0
→
1 Pr147 59 + X + 3n0
onde X representa o is´ otopo de um elemento qu´ımico. Determine esse elemento X . O processo de fiss˜ao do urˆanio mencionado ´e 1 U235 92 + n0
→
1 Pr147 59 + X + 3n0
onde X representa o is´otopo de um elemento qu´ımico a determinar. A conserva¸c˜ao da carga el´etrica implica que o is´ otopo X tenha Z = 92 − 59 = 33. J´ a a conserva¸ca˜ o do n´ umero de massa requer que o valor de A deste is´otopo seja A = 235 + 1 − 147 − 3 × 1 = 86 Logo, trata-se do is´otopo do arsˆenio (As) X = As 86 33
is´ otopo mais abundante do alum´ınio ´e o Al27 . Determine o 13 n´ umero de pr´ otons, nˆeutrons e el´etrons desse is´ otopo. Exerc´ ıcio 2.9.8 O
Considere o elemento Al27 . O n´ umero de pr´otons ´e Z = 13, que ´e igual ao 13 n´ umero de el´etrons, j´a que a carga el´etrica total ´e zero, e o n´umero de nˆeutrons ´e igual a A menos o n´ umero de pr´otons, ou seja, 27 − 13 = 14 nˆeutrons.
˜ es da Qu´ımica 2. As origens do atomismo cient´ıfico: contribuic ¸o
11
O argˆ onio ( Ar) encontrado na natureza ´e composto de 3 is´ otopos, cujos ´ atomos aparecem nas seguintes propor¸coes: 0,34% ˜ de Ar 36 , 0,07% de Ar38 e 99,59 de Ar40. Determime, a partir desses dados, o peso atˆ omico do argˆ onio. Exerc´ ıcio 2.9.9
Sabe-se que os is´otopos do Ar tˆem as seguintes massas atˆomicas: 36
) = 35,9676 u
38
) = 37,9627 u
m(Ar m(Ar
m(Ar40 ) = 39,9624 u
Usando as fra¸c˜oes encontradas na natureza, segue-se que m(Ar) =
0,34 100
×
35,9676 +
0,07 100
×
37,9627 +
99,59 100
×
39,9624
ou m(Ar) = 39,95 u
Determine a raz˜ ao dos is´ otopos do tipo N15 e N14 que comp˜ oem o nitrogˆ enio encontrado na natureza, sabendo que seu peso atˆ omico ´e 14,0067. Exerc´ ıcio
2.9.10
Considerando-se que: a composi¸ca˜o do nitrogˆenio encontrado na natureza dependa apenas de seus is´otopos N14 e N15 ; x ´e a fra¸c˜ao do primeiro e (1 − x), a do segundo, tem-se, em termos da massa atˆomica, xm(N14 ) + (1 − x)m(N15 ) = 14,0067 Como m(N14 ) = 14,00307 u ; m(N15 ) = 15,0001 u, segue-se que 14,00307x + 15,0001(1 − x) = 14,0067 ou (14,00307 − 15,0001)x = donde x =
0,9934 = 0,9964 0,99703
15,0001 + 14,0067
−
⇒
(1 − x) = 0,0036
Assim, a raz˜ao dos is´otopos N15 e N14 na composi¸ca˜o do nitrogˆenio encontrado na natureza ´e (1 − x) 0,0036 = = 0,003613 = 0,36% x 0,9964
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F´ısica Moderna
Exerc´ ıcio 2.9.11 Considere
Caruso • Oguri
a equa¸cao ˜ qu´ımica N2 + 3 H2
→
2NH3
Supondo que N2 e NH3 estejam sob as mesmas condi¸coes ˜ de temperatura e press˜ ao, calcule o volume produzido de NH3 nessa rea¸cao ˜ a partir de 10 L de N2 . A rea¸c˜ao dada ´e N2 + 3 H2
→
2NH3
o que quer dizer que 1 mol´ecula de N2 reage com 3 mol´eculas de H2 para formarem 2 mol´eculas de NH3 . Por outro lado, sabe-se da hip´ otese de Avogadro que um n´ umero igual de mol´ eculas dos gases nas mesmas condi¸c˜oes de temperatura e press˜ao ocupam volumes iguais. Assim, se N2 e NH3 est˜ao a` mesma temperatura e press˜a o, o volume de NH3 formado ser´a o dobro do de N2 , ou seja, volume NH3 = 20 L
Exerc´ ıcio 2.9.12 Determine
o n´ umero de ´ atomos de oxigˆenio existentes em
25 g de CaCO3 . O problema pede o n´umero de ´atomos de oxigˆ enio existentes em 25 g de CaCO3 . Sabe-se que 1 mol de CaCO3 tem a seguinte massa: 40 + 12 + 3 × 16 = 100 g Portanto, 25 g correspondem a 1/4 de mol de CaCO3 . Por sua vez, a cada mol de CaCO3 tem-se trˆes moles de O. Assim, em 25 g de CaCO3 tem-se o equivalente a 3/4 de mol de O , enquanto 1 mol de O tem 6,02 × 1023 mol´eculas. O resultado, ent˜ ao, ´e 3/4 × 6,02 × 1023 , ou seja, 4,515 × 1023 mol´eculas
Exerc´ ıcio 2.9.13 Determine
o n´ umero de moles de g´ as N2 existentes em 35,7 g
de nitrogˆenio. A massa de N2 em 1 mol de nitrogˆenio ´e 2 × 14 = 28 g. Logo, a quantidade de mat´eria correspondente a 35,7 g de nitrogˆenio ´e n =
35,7 g = 1,28 mol 28,0 g/mol
˜ es da Qu´ımica 2. As origens do atomismo cient´ıfico: contribuic ¸o
Exerc´ ıcio 2.9.14 Determine
13
o n´ umero de moles existentes em 42,4 g de car-
bonato de s´ odio, CO3 Na2 . A massa de 1 mol de Na2 CO3 ´e dada por 2 × 23 + 12 + 3 × 16 = 106 g. Logo, a quantidade de mat´eria correspondente a 42,4 g de Na2 CO3 ´e n =
42,4 g = 0,4 mol 106,0 g/mol
Exerc´ ıcio 2.9.15 Determine
a f´ ormula qu´ımica m´ınima de um composto cuja massa relativa ´e formada de 60% de oxigˆenio e 40% de enxofre. As massas por mol do oxigˆ enio e do enxofre s˜ ao, respectivamente, m(O) = 16 g ;
m(S) = 32 g
Por simplicidade, pode-se considerar uma massa de 100 g do composto. Nela, 60 g provˆem do O e 40 g, do S. Tem-se, assim,
60 g m(O)
=
60 mol O = 3,75 mol O 16
40 g m(S)
=
40 mol S = 1,25 mol S 32
A raz˜ao entre os constituintes ´e, ent˜ao, 3,75 mol O : 1,25 mol S o que corresponde `a f´ ormula SO3 .
⇒
3 mol O : 1 mol S
3
O atomismo na F´ ısica: o triunfo do mecanicismo
∞
Exerc´ ıcio 3.6.1 Calcule
os valores da integral
2
xn e−αx dx, para os inteiros
0
n = 0, 1, 2, 3, 4 e 5.
∞
As integrais do tipo I n =
fun¸c˜oes gama de Euler como:
1 I n = Γ 2
n+1 2
2
xn e−αx dx podem ser calculadas a partir das
0
α−(n+1)/2
com
Γ(x) =
∞
tx−1 e−t dt
0
onde Γ(n + 1) = n! = nΓ(n) e Γ(1/2) =
√ π.
Para n = 0,
∞
I 0 =
0
e−αx
2
1 dx = Γ 2
0+1 2
α−1/2
1 = 2
π α
Para n = 1, a integral ´e uma integral exata a menos de um fator multiplicativo ( 2α). Logo,
−
I 1 =
− 2α1
15
16
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
Para n = 2,
∞
I n =
xn e−αx
2
0
1 3 dx = Γ 2 2
α−(3)/2
Sabendo que Γ(n + 1) = nΓ(n), Γ donde
√ π
3 = Γ 2
1 1 1 + 1 = Γ = 2 2 2 2
I 2 =
√ π 4
α−3/2
Para n = 3,
∞
I 3 =
2
x3 e−αx
0
1 3+1 dx = Γ 2 2
α−2
Como Γ(2) = Γ(1 + 1) = 1! = 1, I 3 =
1 2α2
Para n = 4,
× ×
∞
I 4 =
2
x4 e−αx
0
Como Γ
1 5 dx = Γ 2 2
5 3 3 3 = Γ = 2 2 2 2
1 2
Γ
α−(5)/2
3 3 = 2 4
√ π
√
3 π −5/2 I 4 = α 8 Por fim, para n = 5,
∞
I 5 =
0
donde
2
x5 e−αx
5+1 1 dx = Γ 2 2
I 5 =
1 α3
α−3
3. O atomismo na F´ ısica: o triunfo do mecanicismo
17
• Resumindo, para os primeiros n´umeros ´ımpares (n = 1, 3, 5), I 1 (α) =
∞
2
x e−αx dx =
0
I 3 (α) =
∞
2
dI 1 α−2 αx − x e dx = − = 2
3
dα
0
I 5 (α) =
−
∞
1 −αx ∞ 1 α−1 e = = 2α 2α 2 0
2
x5 e−αx dx =
0
2
3 − dI = α −3 dα
• Para os valores pares (n = 0, 2, 4), de acordo com a ´ultima equa¸ca˜o da p´agina 76 do livro de texto, I 0 (α) =
∞
2
e−αx
0
I 2 (α) =
∞
1 dx = 2
2
x2 e−αx dx =
0
I 4 (α) =
∞
2
x4 e−αx dx =
0
√
π π −1/2 = α 2 α
√
−
dI 0 π −3/2 = α dα 4
−
dI 2 3 π −5/2 = α dα 8
√
Exerc´ ıcio 3.6.2 Determine,
em fun¸cao ˜ da temperatura e da massa molecular do g´ as, a moda, a m´edia, a m´edia quadr´ atica e o desvio-padr˜ ao para a distribui¸cao ˜ dos m´ odulos das velocidades de Maxwell. A distribui¸ca˜o (ρ) dos m´odulos das velocidades (v) de um g´a s ideal em equil´ıbrio t´ermico a` temperatura T pode ser escrita como
ρ(v) = av 2 e−αv
2
onde
a =
√ 4π α3/2
α =
m 2kT
sendo k = 1,38 10−23 J/K a constante de Boltzmann e m, a massa de cada mol´ecula do g´as.
×
18
F´ısica Moderna
• Moda
dρ dv
⇒v
Caruso • Oguri
3
= (2v − 2αv )ae−αv
vmod
mod
=
1 = α −1/2 = α
2
=0
vmod
2
kT = m
2
RT µ
onde R = 8,315 107 erg/K.mol ´e a constante universal dos gases e µ, a massa molecular do g´as.
×
• M´edia v =
∞
∞
v ρ(v) dv = a
0
0
a v 3 e−αv dv = α −2 2 2
I 3
=
4 2 √ α3/2 α−2 = π 2 π
α−1/2
√ 2/ π
2kT = m
• M´edia quadr´atica (valor eficaz):
v2 = a
∞
0
8 π
v = ef
• Desvio-padr˜ao: σv =
2,55
kT m
√
√ 2 3/2 3/2 −5/2 2 α α π α−1
3/2
⇓ v =
⇒
ef
3
kT > v > v m
mod
− − σv =
3
v2
8 kT π m
v
2
0,45
mod
v2
3 3 v 4 e−αv dv = a πα −5/2 = π 8 8 2
kT > v m
I 4
v 2 = 3
kT m
kT = 0,67 m
kT m
3. O atomismo na F´ ısica: o triunfo do mecanicismo
19
Exerc´ ıcio 3.6.3 Considere
as mol´ eculas dos seguintes gases: CO, H2 , O2 , Ar, NO2 , Cl2 e He, todos mantidos a uma mesma temperatura. Determine aqueles que, quanto `a distribui¸ cao ˜ de velocidades de Maxwell, ter˜ ao, respectivamente, a maior e a menor: moda, m´ edia, valor eficaz e desvio-padr˜ ao. Para uma mesma temperatura, quantidades como a moda, a m´ edia, o valor eficaz e o desvio-padr˜ao, associadas a` distribui¸ca˜o dos m´odulos das velocidades de Maxwell, s˜ao inversamente proporcionais a` raiz quadrada das massas das mol´eculas e, portanto, das massas moleculares. Uma vez que µ(CO)
28 µ(Ar) 40 µ(He) 4
µ(H2 )
2 µ(NO2 ) 46
µ(O2 )
32 µ(Cl2 ) 70
as mol´eculas de cloro (Cl2 ) e hidrogˆenio (H2 ) ter˜ao, respectivamente, os menores e maiores valores para a moda, para a m´edia, para o valor eficaz e para o desviopadr˜ ao. Exerc´ ıcio 3.6.4 Considere
que um g´ as de h´ elio contido em um recipiente seja uma mistura de dois is´ otopos, He23 e He24 , nas condi¸coes ˜ normais de temperatura e press˜ ao. Estime a raz˜ ao entre as velocidades m´ edias dos dois diferentes is´ otopos.
v ∝ √ 1µ
v v
He3
=
⇒
=
He4
µ µ
He4
=
He3
4 2 = 3 3
√ 1.15
que, se ρ e P s˜ ao, respectivamente, a densidade e a press˜ ao de um g´ as, a velocidade eficaz de suas mol´ eculas pode ser expressa por vef = 3P/ρ. Determine, ainda, a raz˜ ao entre a velocidade eficaz das mol´eculas e a velocidade do som nesse g´ as, dada por (5P/3ρ)1/2 . Exerc´ ıcio 3.6.5 Mostre
Combinando-se as equa¸co˜es v = ef
3
kT m
e
P =
N kT V
ρ/m
20
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
obt´em-se v = ef
3P ρ
Sabendo-se que a velocidade do som no g´as ´e dada por v
som
=
5P 3ρ
v v
=
⇒
ef
=
som
9 3 = 5 5
√ 1,34
Exerc´ ıcio 3.6.6 Calcule
a energia cin´etica m´ edia por mol´ecula para um g´ as o o o ideal a temperaturas de 33 C, 0 C e 27 C.
−
A energia m´edia por mol´ecula ´e dada por
= 32 kT
onde
Assim,
θ1 =
−33 θ2 = −0 θ3 = −27
o
o
C
=
o
C
k = 1,38
× 10−23 J/K
T (K) = θ( C) + 273,16 o
T 1 = 240,16 K
⇒ =⇒ =⇒
C
=
⇒ =⇒ =⇒
T 2 = 273,16 K T 3 = 300,16 K
1 = 4,97 × 10−21 J 2 = 5,65 × 10−21 J 3 = 6,21 × 10−21 J
a velocidade eficaz das mol´eculas do nitrogˆ enio (N2 ) e o do h´elio (He) ` a temperatura ambiente (T 27 C). Exerc´ ıcio 3.6.7 Estime
A velocidade eficaz ´e dada por v = ef
onde R = 8,315
3
kT = m
3
RT µ
× 107 erg/K.mol e T 300,16 K. Logo, µ(N2 ) 28 =⇒ v (N2 ) 520 m/s µ(He) 4 =⇒ v (He) 1370 m/s
ef
ef
3. O atomismo na F´ ısica: o triunfo do mecanicismo
21
Exerc´ ıcio 3.6.8 Desprezando
qualquer efeito relativ´ıstico, determine a temperatura para a qual a energia cin´etica m´edia de transla¸cao ˜ das mol´eculas de um g´ as ideal seja igual `a de um ´ unico ´ıon carregado acelerado a partir do repouso por uma diferen¸ca de potencial de 103 volts, cuja massa ´e igual a de uma das mol´eculas. Igualando-se a energia cin´etica m´edia e a energia potencial de cada ´ıon,
1 3 m v 2 = eV = kT onde 2 2
⇓
2eV = 7,7 3k
T =
× 10−19 C k = 1,38 × 10−23 J/K e = 1,6
V = 103 V
× 106 K
que o n´ umero, N (0, vx ), de mol´eculas de um g´ as ideal com componentes x de velocidades entre 0 e vx ´e dado por Exerc´ ıcio 3.6.9 Mostre
N (0, vx ) =
N erf(ξ ) 2
onde N ´e o n´ umero total de mol´ eculas e ξ = (m/2kT )1/2 vx . Mostre tamb´em que o n´ umero N (vx , velocidades maiores que vx ´e N (vx ,
∞) de mol´eculas com componentes x de
∞) = N 2 [1 − erf(ξ )]
Esses resultados est˜ ao expressos em termos da fun¸cao ˜ erro, erf(ξ ), definida por ξ
√
2 erf(ξ ) = π
2
e−x dx
0
A fra¸ca˜o de mol´eculas (de massa m) de um g´as ideal em equil´ıbrio t´ermico a` temperatura T com velocidades entre vx e vx + dvx ´e dada por dN vx = N
m 2πkT
1/2
e−
1 2
mvx2 /kT
α1/2 −αvx m 1 dvx = e dvx onde α = = 2 2kT v π
√
2
mod
22
F´ısica Moderna
√ x = α v
Fazendo-se
x
Caruso • Oguri
2
vx = , v
dN vx e−x = dx N π
√
obt´em-se
mod
Assim,
√ ξ
N 2 N vx= N ξ = 2 π 0→
0→
2
e−x dx
onde ξ =
0
vx v
mod
erf(ξ)
Uma vez que N
−∞→∞
= 2N
0→∞
= N e N
0→∞
= N
+ N vx
0→vx
→∞
se obt´em N vx
→∞
N = 2
− N
0→vx
ou seja,
N vx
→∞
−
N = 1 2
erf(ξ )
A fun¸c˜ao erf(ξ ) ´e esbo¸cada no gr´afico anterior.
que o n´ umero, N (0, v), de mol´eculas de um g´ as ideal com velocidades entre 0 e v ´e dado por Exerc´ ıcio 3.6.10 Mostre
N (0, v) = N erf(ξ ) onde ξ 2 = (mv2 /2kT ).
2 ξe −ξ π
− √
2
Como visto no exerc´ıcio anterior, a fra¸ca˜o de mol´eculas (de massa m) de um g´ as ideal em equil´ıbrio t´ermico a` temperatura T com m´odulos de velocidade entre v e v + dv ´e dada por dN v = N
2 m π kT
3/2
v 2 e−
1 2
mv2 /kT
dv =
√ 4π v2 e−αv
2
dv
23
3. O atomismo na F´ ısica: o triunfo do mecanicismo
onde α =
m 1 = 2 2kT v
mod
√ x = α v =
Fazendo-se
v v
obt´em-se
⇐⇒
mod
x2 = αv 2
dN v 4 2 −x = x e dx N π 2
√
Assim, N
0→v
√
ξ
4N = N ξ = π 0→
2N = x e−x π
√
ξ
0→v
√
2N dx = π
ξ
ξ
0
2
e−x dx
2
x 2x e−x dx
√ − √
2 + N π
ou seja, N
x e−x
0
0
2
2
2
dy →y=−e−x2
onde ξ =
0
v
v
mod
erf(ξ)
2 ξ e−ξ π
= N erf(ξ )
2
Determine as probabilidades de que a velocidade de uma mol´ecula de hidrogˆenio ( H2 ), ` a temperatura ambiente, seja maior que: 80 km/h, 102 m/s e 103 m/s. Exerc´ ıcio 3.6.11
A fra¸ca˜o de mol´eculas (de massa m) de um g´as ideal em equil´ıbrio t´ermico a` temperatura T que tˆem m´odulos de velocidade entre 0 e v ´e dada por 0
N
0→v
N onde
ξ =
v v
0
e
v
mod
=
mod
0
= erf(ξ )
− √ 2π ξ e−ξ
2
2kT = m
2RT . µ
Essa fra¸c˜ao representa tamb´em a probabilidade de que o m´ o dulo da velocidade de uma mol´ecula seja menor que v , ou seja, 0
P (0 < v < v ) = 0
N
0→v
N
0
= erf(ξ )
− √ 2π ξ e−ξ
2
24
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
Desse modo, a probabilidade de que o m´odulo da velocidade de uma mol´ecula seja maior que v , pode ser expressa por 0
P (v > v ) = 1 0
− P (0 < v < v ) = 1 − erf(ξ ) + √ 2π ξ e−ξ
2
0
A probabilidade P (ξ ) pode ser esbo¸cada como no gr´afico abaixo.
Como o valor modal da velocidade (v ) para uma mol´ecula de hidrogˆenio (µ 2 u) `a temperatura ambiente (T 300,16 K) ´e da ordem de 1 580 m/s, obt´em-se mod
v1 = 80 km/h = (80/3,6) m/s v2 = 100 m/s v3 = 1 000 m/s
⇒ ⇒
⇒
ξ 2 = 0,06333 ξ 3 = 0,6333
ξ 1 = 0,014
⇒ ⇒
⇒
P (v > v1 ) = 0,9999
P (v > v2 ) = 0,9998 P (v > v3 ) = 0,8496
Exerc´ ıcio 3.6.12 Determine 3
a porcentagem de mol´eculas de oxigˆenio que tˆem velocidades maiores que 10 m/s, quando a temperatura do g´ as for de: a) 10 2 K; b) 103 K e c) 104 K. Uma vez que os valores modais das velocidades (v ) de uma mol´ecula de oxigˆenio (µ 32) nas temperaturas de 10 2 K, 103 K e 104 K s˜ao dados por mod
3. O atomismo na F´ ısica: o triunfo do mecanicismo
T 1 = 102 K T 2 = 103 K T 3 = 104 K
⇒ ⇒ ⇒
v
mod1
230 m/s ⇒ 720 m/s ⇒ 23 m/s ⇒
v
mod2
v
mod1
25
ξ 1
4,386 ⇒ erf(ξ 1) 1 ξ 2 1,387 ⇒ erf(ξ 1 ) 0,95 ξ 3 0,439 ⇒ erf(ξ 1 ) 0,44
as respectivas porcentagens das mol´eculas que tˆ em velocidades maiores que v = 1 000 m/s s˜ao dadas por 0
T 1 = 102 K T 2 = 103 K T 3 = 104 K
⇒ ⇒ ⇒
Exerc´ ıcio 3.6.13 Calcule
a dispers˜ ao, σv =
× 10−8 ⇔ P (v > v ) = 0,28 ⇔ 28% P (v > v ) = 0,95 ⇔ 95% P (v > v ) = 2,2 0
0
0
a velocidade m´ edia ( v ), a velocidade eficaz (vef ) e
− 2 vef
0,0000022%
v 2 , das velocidades das mol´eculas do hidrogˆ enio
( H2 ), ` a temperatura ambiente. Determine a diferen¸ca entre a energia m´ edia quadr´ atica, = m v 2 /2, e m v 2 /2.
Considerando-se que para mol´eculas de hidrogˆenio (µ 2) em equil´ıbrio t´ermico `a temperatura ambiente (T 300,16 K), o fator RT/µ ´e da ordem de 1,25 1010 , encontra-se para a velocidade m´edia, v , para a velocidade eficaz, v , e para o desvio-padr˜ao, σv = v2 v 2 , os seguintes valores: ef
−
×
v
2,55
RT µ
RT µ
v
3
σv
0,45
ef
RT µ
1790 m/s
1 940 m/s
750 m/s
2m p 2 × 1,66 × 10−27 kg, 1 1 1 ⇒ ∆ = mv 2 − mv 2 = mσv2 2 2 2
Sabendo que m
H2
∆
9,3 × 10−22 J
26
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
Exerc´ ıcio 3.6.14 Determine
a densidade de mol´eculas (n´ umero de mol´eculas por unidade de volume) de um g´ as ideal nas CNTP. De acordo com as hip´oteses de Avogadro, sob condi¸co˜es normais de temperatura e press˜ao (T 273 K e P = 1 atm), o volume ocupado por 1 mol (6,023 1023 ) de mol´ eculas de um g´as ´e igual a 22,4 L. Nessas condi¸co˜es, a densidade (ou concentra¸ca˜o n) de mol´eculas de um g´as ideal ´e da ordem de
×
6,023 1023 n = 22400
×
2,68 × 1019 mol´eculas/cm
3
Se o raio da mol´ ecula de oxigˆ enio (O2 ) ´ e da ordem de 1, 8 10 m, estime a frequˆ encia de colis˜ oes das mol´eculas, em condi¸coes ˜ normais de temperatura e press˜ ao. Exerc´ ıcio 3.6.15 −10
×
Considerando que `a temperatura ambiente (T 300 K), para as mol´eculas de oxigˆenio, µ(O2 ) 32, cujo raio (r) ´e cerca de 1,8 10−10 m, a velocidade m´edia ´e dada por 2,55RT v 450 m/s µ
×
e a se¸ca˜o de choque (σ) de colis˜ao, por σ
4πr2 4,1 × 10−15 cm
2
Pode-se admitir que a concentra¸ca˜o (n) tamb´em seja da ordem de 2,68 10 mol´eculas/cm (veja exerc´ıcio anterior). 19
3
×
Assim, da equa¸ca˜o (3.32), a frequˆencia (f ) de colis˜oes poder´a ser estimada por f = nσ v 4,9 109 Hz
×
a distˆ ancia m´edia (d) entre as mol´eculas `a temperatura ambiente e mostre que r
onde r ´e o raio de uma mol´ecula e ´e o livre caminho m´edio. Uma vez que o livre caminho m´ edio (), por exemplo, para as mol´ eculas de oxigˆenio, µ(O2 ) 32, de raio (r) cerca de 1,8 10−10 m, `a temperatura ambiente (T 300 K) ´e dado por 1 = 10−5 cm nσ
×
3. O atomismo na F´ ısica: o triunfo do mecanicismo
27
e o volume efetivo ocupado por uma mol´ecula, igual ao cubo da distˆ ancia m´edia entre elas, pode ser estimado pelo volume ocupado por um mol dividido pelo n´ umero de Avogadro: d3
22,4 L 1 = 6,023 1023 n
×
d
⇒
3,3 × 10−7 cm
implica que r
que a energia de uma mol´ ecula de um g´ as ideal seja dada somente por sua energia cin´ etica de transla¸cao. ˜ Mostre que, nesse caso, a fra¸cao ˜ de mol´eculas com energia entre e + d ´ e dada por Exerc´ ıcio 3.6.17 Suponha
√
dN 2 = N π
3/2
1 kT
√ e−/kT d
A fra¸ca˜o de mol´eculas (de massa m) de um g´as ideal em equil´ıbrio t´ermico a` temperatura T com m´odulos de velocidade entre v e v + dv ´e dada por dN = N
2 m π kT
3/2
v 2 e−
1 2
mv 2 /kT
dv
Sabendo que a energia () das mol´eculas ´e puramente cin´etica e igual a = 12 mv2 , a express˜ao representa tamb´em a fra¸ca˜o de mol´eculas com energias entre e + d, onde d = mv dv. Assim, substituindo-se os termos que envolvem a velocidade, obt´em-se dN = N
2 m π kT
ou seja,
3/2
v e−
1 2
mv2 /kT
(2/m)1/2 1/2 e−/kT
dN 2 1 = 1/2 e−/kT d 3/2 N π (kT )
√
vdv
/m
d
28
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
a distribui¸cao ˜ de energia ρ() d. Mostre que a fra¸cao ˜ de mol´eculas que possuem energia cin´etica maior que um valor >> kT ´e 2 1/2 −/kT 1 kT 1 kT 2 e 1+ + . . . 2 4 π kT Exerc´ ıcio 3.6.18 Considere
−
√
Sabe-se que
√
∞
N > kT 2 = N π
Fazendo-se
= x kT
e
= x kT
N > = N
1 1/2 −/kT d e kT (kT )1/2
1, resulta em
2 π
∞
x1/2 e−x dx
x
Integrando-se por partes, com
encontra-se
u = x 1/2
dv = e −x dx
√ −
N > 2 = N π
⇒
du = 12 x−1/2 dx
−e−x
v =
⇒
∞ e−x
∞ 1 1/2 −x x e +
2
x
x
x1/2
dx
x1/2 e−x
Integrando-se mais uma vez por partes, agora com
resulta em
⇒ du = − 12 x−3/2 dx dv = e −x dx ⇒ v = −e−x u = x −1/2
√
N > 2 1 = x1/2 e−x + N 2 π
e−x x1/2
−
1 4
∞ e−x
x
x3/2
Integrando-se novamente, com
⇒ du = − 32 x−5/2 dx dv = e −x dx ⇒ v = −e−x u = x −3/2
dx
29
3. O atomismo na F´ ısica: o triunfo do mecanicismo
pode-se escrever N > N
√
2 1 e−x 1/2 −x = x e + π 2 x1/2
2 1/2 −x = x e π
√
−
1 e−x + ... 4 x3/2
− 1 1+ 2
1 x
1 4
1 x
2
+ ...
ou
√
N > 2 = N π
kT
1/2
e− /kT
− 1 1+ 2
kT
1 4
kT
2
+ ...
Exerc´ ıcio 3.6.19 O fluxo de 16 −2 −1
nˆeutrons atrav´es da se¸cao ˜ de um reator ´e da ordem de 4 10 nˆeutrons.m .s . Se os nˆeutrons (t´ermicos) `a temperatura ambiente (T = 300 K) obedecem `a distribui¸cao ˜ de velocidades de Maxwell, determine:
×
(a) a densidade de nˆ eutrons; (b) a press˜ ao do g´ as de nˆeutrons. Calculando-se a m´edia das velocidades dos nˆeutrons (m `a temperatura ambiente (T 300 K),
v =
kT m
2,55
2,5
1,67 × 10−27 kg),
× 103 m/s
e tendo em conta que o fluxo (φ) de nˆeutrons ´e dado pela equa¸ca˜o (3.31), 1 φ = n v 4
a concentra¸ca˜o (ou densidade n) pode ser estimada como n = 4
φ v
6,4 × 1013 nˆeutrons/m
3
Considerando que o g´as obedece `a equa¸ca˜o de estado de Clapeyron, a press˜ao (P ) pode ser estimada como
8,8 × 10−8 N/m
P = nkT
2
30
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
Determine o n´ umero total de choques moleculares por segundo, por unidade de ´ area, da parede de um recipiente contendo um g´ as que obedece `a lei de distribui¸cao ˜ de Maxwell. Exerc´ ıcio
3.6.20
Seja N/V o n´umero total de mol´eculas por unidade de volume. O n´ umero de mol´ eculas que atingem uma parede de ´area A em um intervalo de tempo t (veja Se¸ca˜o 3.1.2) ´e 1 N nc = A v t 6 V
× ×
O n´ umero total de choques por segundo e por unidade de ´area ser´a nc =
nc 1 N = v At 6 V
Como o g´as obedece `a distribui¸ca˜o de Maxwell,
v =
∞
v ρ(v) dv =
0
∞
2 (2α)3/2 π
2
v 3 e−αv dv
0
1/(2α2 )
definindo α = m/(2kT ). Logo,
v =
2 (2α)3/2 π
× 2α1 2 = √ 1π 21/2+3/2−1 × α3/2−2 = √ 2π α−1/2
ou
√
2 v = π
1/2
2kT m
8kT πm
=
1/2
Pode-se ainda substituir na equa¸c˜ao anterior as express˜oes k = R/N A e N A m = µ, sendo µ a massa molecular do g´as. Assim, 1 N nc = 6 V
8RT πµ
1/2
A raz˜ao N/V pode ser substitu´ıda, a partir da equa¸ca˜o do g´as ideal, por N P N A = V RT Deste modo, finalmente, o n´ umero total de choques por segundo e por unidade de ´area pode tamb´em ser expresso em termos de (P, T ) como P N A nc = 3RT
2RT πµ
1/2
P N A = 3
2 πµRT
1/2
3. O atomismo na F´ ısica: o triunfo do mecanicismo
31
Um forno cont´em vapor de c´ admio (Cd) ` a press˜ ao de 1, 71 10−2 mm Hg, ` a temperatura de 550 K. Em uma parede do forno existe uma fenda com o comprimento de 1 cm e uma largura de 10−3 cm. Do outro lado da parede h´ a um alt´ıssimo v´ acuo. Supondo que todos os ´ atomos que chegam a fenda atravessam-na, determine a corrente do feixe de ´ ` atomos. Exerc´ ıcio
3.6.21
×
Foi mostrado no livro de texto, equa¸c˜ao (3.31), que o fluxo φ de mol´eculas que atravessam um orif´ıcio de um forno ´e dado por φ =
1 N v 4 V
A corrente (n´ umero de part´ıculas por segundo) associada a este fluxo ´e I = φ A
·
Usando-se o resultado do exerc´ıcio anterior, pode-se escrever 1 P N A I = 4 RT
8RT πµ
1/2
A = P AN A
1 2πµRT
1/2
lembrando que, neste caso, as grandezas devem estar expressas no CGS. Dados:
µCd = 112 g/mol T = 500 K A = 10−3 cm2
× 10−2 mmHg 1 mmHg = 1,01 × 106 dyn/cm2 R = 8,315 × 107 erg.K−1 .mol−1 P = 1,71
Assim, a corrente ´e dada por 1,01 105 I = 760
×
× 10−7 × 6,02 × 1023 × (2π × 112 × 8,315 × 107 × 500)−1/2
ou 8 I = (2, 9
× 1018 = √ 8 × 1018 × 1013)1/2 29 × 106
⇒
I = 1,5
× 1012 mol´eculas/s
32
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
Exerc´ ıcio 3.6.22 Determine
o comprimento do lado de um cubo que cont´ em um g´ as ideal nas CNTP, cujo n´ umero de mol´eculas ´e igual `a popula¸cao ˜ do Brasil ( 170 milh˜ oes de habitantes) no fim do s´ eculo XX.
O n´umero de Loschmidt ´e obtido dividindo-se o n´ umero de Avogadro pelo volume ocupado por 1 mol de g´as ideal, ou seja, 22,4 L = 22400 cm3 . 6,023
× 1023 mol´eculas = 2,69 × 1019 mol´eculas/cm3 22400 cm3
Este n´ umero obviamente ´e o mesmo para todos os gases ideais. Sendo V = a 3 o volume do cubo de aresta a, tem-se
donde, a =
3
1,7 2,69
× 1019 mol´eculas → 1 cm3 1,7 × 108 mol´eculas → a3 cm3 2,69
× 108 cm = 0,00018 cm ⇒ × 1019
a = 1,8 µm (microns)
Exerc´ ıcio 3.6.23 Mostre
que a probabilidade de que uma mol´ ecula de um g´ as ideal tenha momentum com m´ odulo compreendido entre p e p + d p ´e dada por
1 g( p)d p = 4π 2πmkT
− 3/2
p2 2mkT
exp
p2 d p
A fra¸ca˜o de mol´eculas (de massa m) de um g´as ideal em equil´ıbrio t´ermico a` temperatura T com m´odulos de velocidade entre v e v + dv ´e dada por dN = N
2 m π kT
3/2
v 2 e−
1 2
mv 2 /kT
dv
Uma vez que o m´odulo do momentum ( p) de cada mol´ecula ´e igual a p = mv, a express˜ao representa tamb´ em a probabilidade, dP ( p, p + d p), de que o m´odulo do momentum de uma mol´ecula esteja entre p e p + d p, com d p = m dv. Assim, substituindo-se os termos que envolvem a velocidade, pode-se escrever dP ( p, p + d p) =
4 1 p2 exp 3/2 π (2mkT )
√
−
p2 d p 2mkT
3. O atomismo na F´ ısica: o triunfo do mecanicismo
33
ou dP ( p, p + d p) =
onde p
mod
=
4 p2 exp π p3
√
mod
− p
2
p
d p
mod
√ 2mkT ´e o valor modal do momentum .
Exerc´ ıcio 3.6.24 Considere
a distribui¸cao ˜ de Maxwell-Boltzmann para part´ıculas que n˜ ao interagem entre si e que se movem originalmente na horizontal sob a a¸cao ˜ de um campo gravitacional uniforme, cuja energia ´e p 2 /2m + mgz, sendo z a altura da part´ıcula em rela¸cao ˜ a um ponto de referˆ encia. Determine para essas part´ıculas: a) a energia cin´etica m´edia; b) a energia potencial m´edia; c) a dispers˜ ao na posi¸cao; ˜ e d) o valor da dispers˜ ao ` a temperatura de 300 K, para mol´eculas de H2 . Na solu¸ca˜o dos diversos itens deste exerc´ıcio ser˜ao u ´ teis os resultados das seguintes integrais:
I
=
∞
e−αz dz =
0
I 0 =
∞
2
e−αz dz =
0
I 2 =
∞
2
I 4 =
√ π 2
z 2 e−αz dz =
0
∞
1 α
z 4 e−αz
0
2
α−1/2
√ π 4
α−3/2
√
3 π −5/2 dz = α 8
a) a energia cin´etica m´edia: Sabendo-se que
p2 c = 2m
⇒
p2 c = 2m
34
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
e sendo,
∞
2
p =
0
p2 e− p
∞
e− p
2
2
/(2mkT ) 2
p d p
I 4 I 2
= /(2mkT ) 2
p d p
0
ou p2 = 3/(2α), onde α = 1/(2mkT ), obt´em-se,
c = 32 kT b) a energia potencial m´edia: p = mgz sendo,
∞
z =
0
z e−mgz/(kT ) dz
∞
p = mg z
⇒ =
e−mgz/(kT ) dz
dI 1 − 1I dα = α
(α = mg/kT )
0
Logo,
kT z = mg
p = kT
⇒
Portanto, o valor m´ edio da energia total, = c + p , ´e
= 52 kT c) a dispers˜ao na posi¸ca˜o ´e dada por σz =
− z2
z
2
O termo z j´a foi calculado no item anterior, ou seja, z = kT /(mg). Resta calcular ∞ z 2 e−mgz/(kT ) dz 1 d2 I 2α−3 2 2 0 z = = = = ∞ I dα2 α−1 α2 mgz/(kT ) − e dz
0
35
3. O atomismo na F´ ısica: o triunfo do mecanicismo
Assim,
2
z = 2
kT mg
σz2 =
kT mg
2
2
Logo,
e
z
2
=
σz =
⇒
2
kT mg
RT µg
Cabe aqui um coment´ario. Considerando-se a temperatura ambiente, verificase que, no SI, 10−21 5 z 10 m 2 1,62 10−27 10
×
×
×
Tal valor vai implicar um valor t˜ao alto para a dispers˜a o na posi¸c˜ao, que simplesmente mostra que a atmosfera n˜ ao ´e isot´ermica , ao cont´ario do que est´a impl´ıcito na aplica¸c˜ao da distribui¸c˜ao de Maxwell-Boltzmann ao problema (veja item d). d) o valor da dispers˜ao na posi¸ca˜o para mol´ecula de H 2 , `a temperatura de 300 K: Para a mol´ecula de H2 , µ = 2 u. Assim, 8,315 107 σz = 2 9,81
× ×
× 3 × 102 = 3 × 8,315 × 107 ⇒ × 102 2 × 9,81
σz = 1,3
× 107 cm
Exerc´ ıcio 3.6.25 A
condutividade t´ermica K de um g´ as de mol´eculas poliatˆ omicas, consideradas como esferas r´ıgidas, ´e dada pela f´ ormula 5π K = 32
¯V + 9 R < v > ρ C 4 M
¯V ´e a capacidade t´ermica m´edia a volume constante do g´ onde C as, R ´e a constante dos gases, ´e o livre caminho m´edio das mol´eculas e ρ, a densidade molecular do g´ as. Mostre que, em termos da dimens˜ ao caracter´ıstica d das mol´eculas e da temperatura T , a express˜ ao acima pode ser escrita como
5 ¯ 9 K = C V + R 16 4
RT πM
1/2
1 N A d2
A condutividade t´ermica K de um g´as de mol´eculas poliatˆomicas, consideradas como esferas r´ıgidas, ´e dada por
36
F´ısica Moderna
5π K = 32
Caruso • Oguri
¯V + 9 R v ρ C 4 M
Para se chegar `a express˜ ao desejada, ´e necess´ ario substituir na equa¸c˜ao anterior o valor do livre caminho m´edio . Mostrou-se, na Se¸ca˜o 3.3.1, que esta grandeza ´e dada pela equa¸c˜ao (3.34), ou seja, = α/(nσ), onde n ´e o n´ umero de mol´eculas por unidade de volume que interagem, que pode ser obtida da equa¸c˜ao do g´ as ideal como N P N A n = = V RT
√
Tomando α = 1/ π e a se¸c˜ao de choque geom´etrica σ = πd2 , obt´em-se =
√ 21πd2 PRT N
A
´ preciso tamb´em substituir a velocidade m´edia das mol´eculas, pela f´ormula E
v =
8RT πM
2
√
RT =2 2 πM
2
e a densidade ρ em termos da massa molecular, lembrando que, para um g´as ideal, nM P M P V = nRT P M = RT ρ = V RT
⇒
⇒
ρ
Deste modo, obt´em-se 5π K = 32
× √
¯V + 9 R C 4
1 RT 2 πd2 P N A
√
×2
2
× RT πM
2
P M RT
1 × M
a qual pode ser simplificada, de forma a se obter a express˜ao solicitada:
5 ¯ 9 K = C V + R 16 4
RT πM
1/2
1 N A d2
Mostre que a se¸cao ˜ de choque diferencial, dσ/dΩ, para o espalhamento geom´ etrico de uma part´ıcula por uma esfera r´ıgida de raio R ´e Exerc´ ıcio 3.6.26
d σ 1 = R2 d Ω 4
3. O atomismo na F´ ısica: o triunfo do mecanicismo
37
e que a se¸cao ˜ de choque total ´e πR 2 . Foi mostrado nas p´aginas 376 e 377 do livro de texto que, se J α ´e a densidade de corrente de part´ıculas que incidem sobre o alvo, a taxa de part´ıculas (dN/dt) que ser´a espalhada entre um ˆangulo s´ olido Ω e Ω + dΩ ´e dada por dN = J α dΩ = J α b db dφ dt inc
inc
inc
sendo φ o ˆangulo azimutal sobre o qual ainda n˜ ao se integrou. Por outro lado, dN = J α dσ dt inc
Desse modo, pode-se obter uma express˜ao para a se¸ca˜o de choque infinitesimal, dσ, em termos do parˆametro de impacto b da colis˜ao, dada por dσ = b db dφ O choque de uma part´ıcula com uma esfera r´ıgida pode ser representado pela figura a seguir.
Para se obter a se¸ca˜o de choque diferencial em rela¸ca˜ o ao ˆangulo s´ olido dΩ ´e necess´ario expressar o parˆametro de impacto em termos do ˆangulo de espalhamento θ. Da figura, vˆe-se que
θ = π
− 2χ
b = R sen χ = R sen
− π 2
θ θ = R cos 2 2
38
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
Com isso, dσ = b db dφ = R cos
θ 2
−
1 θ R sen 2 2
dθ dφ =
− 14 R2 sen θ dθ dφ = 14 R2 dΩ
Portanto, σ(Ω)
dσ 1 ≡ dΩ = R 2 4
A se¸c˜ao de choque total ´e dσ 1 σ= dΩ = R 2 dΩ 4
× 2π
⇒
σ = πR2
se¸cao ˜ de choque ( σ ) cl´ assica de Mott para o espalhamento de el´etrons por pr´ otons com energia cin´etica E , tal que mc2 E Mc2 , onde m e M s˜ ao, respectivamente, as massas do el´ etron e do pr´ oton, e c ´e a velocidade da luz no v´ acuo, pode ser escrita como Exerc´ ıcio 3.6.27 A
σ(θ) =
e 2 4E
2
1 2 θ cos sen4 θ/2 2
σ Rutherford
onde e2 ´e o m´ odulo do produto das cargas do el´ etron e do pr´ oton. Fa¸c a um esbo¸co de σ em fun¸cao ˜ do ˆ angulo de espalhamento θ. Na figura abaixo, apresenta-se um esbo¸c o da se¸ca˜o de choque cl´assica de Mott (linha pontilhada), descrita pela equa¸ca˜o acima, comparada com a se¸c˜ao de choque cl´assica de Rutherford (σ – linha tracejada). Rutherford
Note que as duas se¸co˜es de choque cl´assicas tˆem comportamento praticamente idˆenticos para aˆngulos compreendidos entre 0o e 50o .
4
O movimento browniano e a hip´ otese molecular de fuligem de raio 0,4 10 4 cm est˜ ao imersas em uma solu¸c˜ ao aquosa de viscosidade 0,0278 g.cm 1 .s 1 ` a temperatura de 18,8 o C. Se o deslocamento efetivo observado em uma dada dire¸c˜ ao durante 10 s ´ e da 4 ordem de 1,82 10 cm, estime o n´ umero de Avogadro. Exerc´ ıcio 4.6.1 Part´ ıculas
−
×
×
−
−
−
Considere os dados:
4
a
= 0,4
× 10
η
= 0,0278 g cm
−
·
cm 1
−
·s
1
−
T = 18,8 C = 291,8 K o
λ R
× 10 4 cm, = 8,315 × 107 erg.K = 1,82
em t = 10 s
−
1
−
.mol
1
−
O n´ umero de Avogadro pode ser obtido da equa¸ca˜o N = A
t λ2
RT 10 = 3πηa (1,82)2 10
× 3 × 8
× 2,4263 × 1011 = 3,4715 × 10 13 −
8,315 107 2,918 102 3,14 2,78 10 2 0,4 10
⇒
−
39
×
×
× ×
N
A
−
×
× ×
6,99 × 1023
4
−
=
40
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part´ıcula de raio a (cm) move-se com velocidade constante v (cm/s) atrav´ es de um fluido de viscosidade η (g.cm 1 .s 1 ). Se a for¸ca de atrito que atua sobre ela depende de a, v e η , mostre que uma an´ alise dimensional leva ` a lei de Stokes. Exerc´ ıcio 4.6.2 Uma
−
−
Seja F = F (a, v, η). Dimensionalmente (escolhendo o sistema M LT ), tem-se
Logo, deve-se ter [F ] = M LT
2
−
2
[F ] = M LT
−
[a] = L 1
[v] = LT
−
[η] = M L
= [a]α [v]β [η]γ = Lα Lβ T
1
−
β
−
T
1
−
M γ L
γ
−
T
γ
−
= M γ Lα+β
γ
−
T
(β +γ )
−
Segue-se, ent˜ao, que γ = 1 e
e, portanto,
α + β
β + γ = 2
α = 1
⇒
β = 1
⇒ F
∼ aηv
Exerc´ ıcio 4.6.3 Obtenha
ρ(x) =
− γ = 1
a equa¸c˜ ao (4.9).
1 √ 4πDt e
x2 /(4Dt)
−
=
√ 1
2πσ 2
e
x2 /(2σ 2 )
−
sendo σ 2 = 2Dt. O valor m´edio de x ´e dado por 1
x = √ 2πσ 2 pois a integral vai de par.
∞
xe
x2 /(2σ 2 )
−
dx = 0
−∞
−∞ a +∞ e x ´e uma fun¸c˜ao ´ımpar enquanto a exponencial,
4.
41
´ tese molecular O movimento browniano e a hipo
Por outro lado, 1
2
∞
x = √ 2πσ 2 =
2
x e
2
2
x /(2σ )
−
dx =
−∞
√
2
∞
2πσ 2
x2 e
x2 /(2σ 2 )
−
dx
0
√ 2 2 × 12 × Γ(3/2) × (2σ2)3/2 2πσ
Lembrando-se que Γ(3/2) = 2
x
√ π/2,
23/2 σ 3 = = σ 2 = 2Dt 1/2 σ 2 2
×
Como
×
kT RT 1 = 6πηa 6πη N a
D =
A
segue-se que kT RT x2 = 3πηa t = 3πηaN
t
A
acordo com a equa¸c˜ ao (4.10), estime o deslocamento m´ edio quadr´ atico em uma dire¸ c˜ ao para mol´ eculas de a¸c´ ucar dissolvidas em ´ agua a 17 o C, decorridos 2 minutos. Exerc´ ıcio 4.6.4 De
Deve-se usar a equa¸c˜ao λx =
RT t 3πηaN
x2 =
A
Considerando os dados
4
a
= 10
η
= 0,0135 g cm
T
= 17 C = 290 K
t
= 2 min = 120 s
cm
·
1
−
1
·s
−
(´agua)
o
N
A
R
−
× 1023 = 8,315 × 107 erg.K = 6,022
1
−
.mol
1
−
42
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obt´em-se λx =
=
× 3
8,315 107 2,9 3,14 1,35 10 2
2,8936 0,7662
×
×
× × 102 × 1,2 × 102 × × 6,022 × 1023 × 10
× 1012 = × 1019
−
4
−
3,7766
× 10
7
−
= 6,1
4
× 10
−
cm
⇒
λx = 6,1 µm
Exerc´ ıcio 4.6.5 Utilizando
os dados dispon´ıveis a ` ´epoca de Einstein, determine o valor da constante de Boltzmann, a partir da equa¸cao ˜ (4.12):
k =
λ2x t
3πηa T
De acordo com o exerc´ıcio anterior, λ = 6,1 µm, para t = 120 s. Como neste exerc´ıcio consideram-se mol´eculas de a¸cu ´ car, dissolvidas em ´agua, a = 10 4 cm. Assim, no sistema CGS, −
(6,1)2 10 1,2 102
× 8 × 3 × 3,14 × 1,35 × 10 2 × 10 2,9 × 102 × 4,7344 × 10 12 = 1,36 × 10 16 erg/K ⇒ 4 3,48 × 10 −
k =
−
4
−
−
=
−
k = 1,36
× 10
23
−
J/K
da equa¸c˜ ao (4.10), esboce a dependˆ encia do deslocamento m´ edio quadr´ atrico, λx , em termos do tempo t. Exerc´ ıcio 4.6.6 Partindo
Esse ´e um exemplo raro de movimento cujo deslocamento m´edio varia com a raiz quadrada do tempo.
5
Concep¸ c˜ oes cl´ assicas sobre a natureza da luz que os coeficientes de reflex˜ ao r e de transmiss˜ ao t de um pulso se propagando em uma corda com duas densidades diferentes, como definidos no texto, satisfazem a rela¸cao ˜ r + t = 1. Exerc´ ıcio 5.10.1 Mostre
Os coeficientes de reflex˜ao e transmiss˜ao s˜ao dados, respectivamente, por r =
k1 − k2 k1 + k2
2
e
t =
4k1 k2 (k1 + k2 )2
Sendo assim, r + t =
1 k1 + k2
2 2 1
2 2
(k + k − 2k1 k2 + 4k1 k2 ) =
k1 + k2 k1 + k2
2
=1
o valor m´ edio quadr´ atico, em um per´ıodo (T ), da fun¸c˜ ao sen (kx − ωt), que descreve uma onda monocrom´ atica de frequˆ encia ω = 2π/T e n´ umero de propaga¸c˜ ao k. Exerc´ ıcio 5.10.2 Calcule
2
sen (kx − ωt)
= =
1 T
1 2T
T
sen2
0
kx −
2πt T
T
1 − cos2 kx −
0
⇓ 43
dt
2πt T
dt
44
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
2
sen (kx − ωt) =
1 2
As componentes do campo magn´ e tico de uma onda eletromagn´ etica de frequˆ encia ω e n´ umero de propaga¸c˜ ao k se propagando no v´ acuo s˜ ao Bx = B sen (ky + ωt), By = Bz = 0. Determine as componentes do campo el´ etrico e a dire¸c˜ ao e o sentido da propaga¸c˜ ao da onda. Exerc´ ıcio
5.10.3
◦
Considere a seguinte figura.
Sabe-se que, para uma onda plana no v´acuo, |=| E |, |B
⊥ E, B
⊥ E k
= B xˆı e O campo magn´etico ´e do tipo B k = kˆ (veja figura anterior). Logo, ˆ ´e da forma o campo el´etrico propaga-se na dire¸ca˜o k e ˆ ˆkB sen(ky + ωt) = E z k = E ◦
Exerc´ ıcio 5.10.4 Deduza
a equa¸c˜ ao da continuidade para a carga el´ etrica a partir das equa¸c˜ oes de Maxwell.
Inicialmente, toma-se a derivada temporal da lei de Gauss, · D = 4πρ ∇
⇒
∂ D ∂ρ = 4π ∇· ∂t ∂t
Por outro lado, 4π 1 ∂ D ∇ × H = J + c c ∂t
⇒
∂ D × H ) − 4π J = c(∇ ∂t
˜ es cla ´ ssicas sobre a natureza da luz 5. Concepc ¸o
45
Tomando-se o divergente da u ´ ltima equa¸c˜ao e igualando o resultado `a equa¸c˜ao obtida da lei de Gauss, encontra-se ∂ D · (∇ × H ) −4π ∇ · J = 4π ∂ρ ∇· = c∇ ∂t ∂t
⇒
∂ρ + ∇ · J = 0 ∂t
=0
Mostre que a press˜ ao P exercida por um feixe de luz de intensidade I que incide perpendicularmente sobre uma superf´ıcie que a absorve completamente ´ e dada por Exerc´ ıcio 5.10.5
P =
I c
Considere a situa¸ca˜o representada na figura a seguir.
O momentum transferido, ∆ p, pelo feixe de luz `a superf´ıcie S , em um intervalo de tempo ∆t, ´e ∆ p =
gν Sc∆t dν
onde gν ´e a densidade espectral de momentum do feixe. Consequentemente, a press˜ao ´e dada por
1 ∆ p P = = c S ∆t
gν dν ≡ c g
Por outro lado, combinando-se as equa¸co˜es g = u/c e I = uc, obt´em-se P = I /c
46
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
Exerc´ ıcio 5.10.6 A
intensidade da radia¸c˜ ao do Sol que penetra na atmosfera terrestre ´ e da ordem de 1,4 × 103 W/m2 . Compare a press˜ ao da radia¸c˜ ao com a press˜ ao atmosf´erica ao n´ıvel do mar.
J 107 erg erg 3 6 I Sol = 1,4×10 W/m = 1,4×10 = 1,4×10 × = 1,4×10 s.m2 104 s.cm2 s.cm2 2
3
3
A press˜ao da radia¸ca˜o ´e dada por I Sol 1,4 × 106 = = 0,5 × 10 P Sol = c 3 × 1010
−4
3
−4
erg/cm = 0,5 × 10
−7
10 × 10
−6
J/m3
ou −5
P Sol = 0,5 × 10
Pa
Recordando que P atm = 1 atm = 10 5 Pa
⇒
P Sol = 10 P atm
−10
Considere que em uma regi˜ ao do espa¸ c o haja um campo magn´ etico paralelo ao eixo z e com simetria axial, ou seja, seu m´ odulo, embora possa variar no tempo, depende apenas da distˆ ancia r ao eixo z . Determine o campo el´ etrico em cada ponto do espa¸ co. Exerc´ ıcio 5.10.7
Sabe-se que (veja figura a seguir)
d = − d E · dt
· dS = − d φB = − dB S B dt dt S
onde B ´e o valor m´edio do campo magn´etico na regi˜ ao delimitada por S . Assim,
47
˜ es cla ´ ssicas sobre a natureza da luz 5. Concepc ¸o
E · 2πr =
d B · πr 2 dt
ou 1 dB E = r 2 dt
´ıon, de carga el´etrica q e massa m, desloca-se em uma orbita circular de raio r sob a¸c˜ ´ ao de uma for¸ca centr´ıpeta F . Em um certo intervalo de tempo, um campo magn´ etico fraco e uniforme ´ e estabelecido na dire¸ c˜ ao perpendicular ao plano da ´ orbita. Mostre que a varia¸c˜ ao no m´ odulo da velocidade v do ´ıon, no SI, ´ e ∆v = ±qrB/2m. Exerc´ ıcio 5.10.8 Um
Neste movimento, a for¸ca centr´ıpeta ´e dada pela resultante v2 m = F c + F m R
(F m << F c = F )
onde (veja figura abaixo)
v2 F c = m R ◦
Logo,
e
F m = ±qvB (SI)
m 2 (v − v 2 ) = ±qvB R ◦
Como o termo da diferen¸ca entre os quadrados das velocidades pode ser expresso como (v 2 − v 2 ) = (v − v ) (v + v ) = ∆v · 2v ◦
◦
◦
v
2
⇒
∆v = ±
qBR 2m
48
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
µ, de um que a varia¸c˜ ao no momento magn´etico, ∆ ´ıon sujeito a ` varia¸c˜ ao de velocidade na situa¸c˜ ao descrita no problema anterior ´ e igual a Exerc´ ıcio 5.10.9 Mostre
∆ µ = ±
q 2 r2 4m
B
Considere uma part´ıcula de carga q em movimento circular uniforme, conforme a figura a seguir.
A corrente el´etrica produzida ´e I =
q ω v = q = q T 2π 2πR
Por outro lado, µ = I · S = I πR 2 = Assim, µ = ◦
v qR 2 ◦
⇒
v qR 2
µ − µ ≡ ∆µ = ◦
v−v qR 2 ◦
Como, de acordo com o exerc´ıcio anterior, BR ∆v = ±q 2m
⇒
∆ µ = ±
q 2 R2 4m
B
49
˜ es cla ´ ssicas sobre a natureza da luz 5. Concepc ¸o
Considere que um el´ etron de coordenada y oscile com amplitude y em torno de uma origem com frequˆ encia ν , ou seja, y = y cos (2πνt). Mostre que a potˆencia m´edia irradiada por esse el´etron ´e Exerc´ ıcio 5.10.10 ◦
◦
16π 4 ν 4 e2 2 P = y 3c3 ◦
Para um movimento ao longo do eixo-y, conforme a figura abaixo, descrito pela equa¸ca˜o y = y cos(2πνt) ◦
a acelera¸ca˜o ´e dada por a = (2πν )2 y cos(2πνt) ◦
A potˆencia irradiada ´e dada pela f´ ormula de Larmor 2 e2 2 P = a (tr ) 3 c3
T
2e2 = 3 × 16π 4 ν 4 y 2 cos2 2πν (t − r/c) 3c ◦
T
Como o valor m´edio a` direita da equa¸c˜ao anterior ´e igual a 1/2, chega-se ao resultado 16π 4 ν 4 e2 y2 P = 3c3 ◦
50
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
Exerc´ ıcio 5.10.11 Usando
o resultado do problema anterior, estime o valor da potˆ encia m´ edia irradiada pelo el´ etron, cuja carga el´ etrica ´ e da ordem de −4,8 × 10 10 ues, sabendo que a frequˆ encia ´ e da ordem de 5,0 × 1014 Hz, e supondo que a amplitude de oscila¸c˜ ao do el´ etron seja da ordem das dimens˜ oes atˆ omicas. −
Neste exerc´ıcio usa-se o resultado do anterior. A frequˆencia ´e ν = 5×1014 Hz, e = 5 × 10 10 ues e c = 3 × 1010 cm/s. Assim, −
16 × π 4 × 25 × 25 × 1056 × 52 × 10 P = 3 × 3 × 1030
−20
−6
= 25 × 10
−5
erg/s 10
erg/s = 10
−5
−16
× 10
−7
× 10
J/s
ou, −12
P 10
W
Exerc´ ıcio 5.10.12 Com
base na f´ ormula de Larmor para a potˆ encia m´ edia irradiada por uma part´ıcula acelerada com carga el´ etrica e, equa¸c˜ ao (5.31), dˆ e uma explica¸c˜ ao de por que o c´ eu ´ e azul.
A f´ormula de Larmor ´e dada pela equa¸ca˜o (5.31) do livro, ou seja, 2e2 2 P = 3 a 3c A equa¸c˜ao de movimento de uma part´ıcula de massa m e carga el´etrica e, sob a a¸ca˜o de um campo el´ etrico uniforme E x = E = cos ωt ,de amplitude E e frequˆencia ω, ao longo da dire¸ca˜o x, e uma for¸ca restauradora linear tamb´em ao longo da dire¸ca˜o x, F x = −mω2 x, onde ω ´e a frequˆencia natural de oscila¸ca˜o, ´e dada por ◦
◦
◦
◦
m¨ x = −mω2 x + eE cos ωt ◦
◦
ou seja, x ¨ + ω2x = ◦
eE cos ωt m ◦
Ap´ os um longo tempo, quando a part´ıcula oscila em fase e com a mesma frequˆencia do campo el´etrico, o deslocamento (x) da part´ıcula pode ser expresso como x = A cos ωt
˜ es cla ´ ssicas sobre a natureza da luz 5. Concepc ¸o
51
onde a amplitude A ´e dada por A =
eE m ω2 − ω2 ◦
◦
Assim, o deslocamento da part´ıcula pode ser expresso como x =
eE cos ωt m ω2 − ω2
◦
◦
e, a acelera¸ca˜o (a = x ¨), para ω ω, por ◦
eE ω 2 cos ωt a = − mω2 ◦
◦
Assim, chega-se a
2e4 E 2 ω 4 cos2 (ωt) P =
◦
2
4 3
3m ω c ◦
e4 E 2 c = 3m2 ω2 λ4 ◦
◦
que foi obtida usando-se o resultado do Exerc´ıcio 5.10.2 e depois expressando o resultado final em termos do comprimento de onda λ, dado pela rela¸c˜ao ω = c/λ. Este resultado, encontrado originalmente por Lord Rayleigh, permite concluir que a luz azul (de menor comprimento de onda) ´e mais espalhada do que a luz vermelha. De fato, os comprimentos de onda do azul variam entre 450 − 495 nm (nanˆometros), enquanto os do vermelho est˜ao compreendidos entre 620 − 750 nm. Se, para efeito de estimativa, consideram-se os valores m´edios λazul = 472,5 nm e λvermelho = 685 nm, obt´em-se P azul P vermelho
λvermelho λazul
4
=
685 472,5
4
= 4,4
Assim, o c´eu ´e azul porque o que se vˆe ´e a luz refratada e espalhada pelas mol´eculas de oxigˆenio e nitrogˆenio que comp˜ oem o c´ eu em sua maioria, ou seja, n˜ao se est´a olhando diretamente para a fonte da luz. Entretanto, como a luz violeta tem um comprimento de onda ainda menor ( 380 − 450 nm) do que o azul, pode-se indagar por que, ent˜ao, o c´eu n˜ ao ´e violeta em vez de azul. Acontece que a vis˜ao do olho humano normal ´e mais acurada para comprimentos de onda contidos no intervalo de 400 − 700 nm. Desse modo, uma parte do violeta n˜ao se vˆe e a restante, com comprimentos mais pr´oximos do azul, se confunde com esta cor.
52
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
pr´ oton percorre uma ´ orbita circular de raio r = 1 m atrav´es do campo magn´ etico uniforme de um c´ıclotron, com energia cin´etica igual a 50 MeV. Calcule a energia perdida pelo pr´ oton durante seu movimento orbital. Exerc´ ıcio 5.10.13 Um
A energia perdida pelo pr´oton no movimento orbital pode ser expressa por = P · T =
P ν
onde a potˆencia ´e dada pela f´ormula de Larmor, P = 2e2 a2 /(3c3 ). O sistema de coordenadas utilizado na solu¸ca˜o est´ a apresentado na figura a seguir, com a posi¸ca˜o ao longo do eixo-y dada por y = r cos θ = r cos ωt e a acelera¸ca˜o, por a = −ω2 r cos ωt, donde se tira que a2 = ω 4 r2 /2.
Assim, a potˆencia de Larmor pode ser escrita como ω 4 r 2 e2 P = 3c3 A frequˆencia angular ω pode ser eliminada e expressa em termos da energia cin´etica, c , do pr´ oton que se move no c´ıclotron e do seu raio r, lembrando apenas que v = ωr e c = Assim,
1 2 1 mv = mω2 r2 2 2
ω2 =
⇒
42c e2 c P = = 3m2 r2 c3 mc2
2
2c mr2
4e2 c × 3r
A raz˜ a o entre a energia do pr´ o ton (50 MeV) e sua energia de repouso ( 1 GeV) ´e c c 5 × 107 = = = 5 × 10 2 2 2 9 mc mc 10 −
˜ es cla ´ ssicas sobre a natureza da luz 5. Concepc ¸o
53
O termo e2 c/(3r) vale, no CGS, para r = 100 cm, (4,8)2 × 10 20 × 3 × 1010 e2 c = = 23,04 × 10 3r 3 × 102 −
−12
erg/s
−13
erg/s
Assim, a potˆencia ´e −2
P = 5 × 10
−11
× 2,3 × 10
erg/s = 11,5 × 10
Lembrando que 1 erg = 10 12 /1,6 eV, a potˆencia perdida pelo pr´ oton em seu movimento orbital ´e −13
P =
11,5 × 10
× 1012 × 10 eV/s 1,6
⇒
Como ω2 = 4π 2 ν 2 =
2c mr2
⇒
ν =
1 2π
P = 0,72 eV/s
2c mr2
Logo, no SI, 1 ν = × 2π
2 × 5 × 107 × 1,6 × 10 1,673 × 10 27 × 1
−19
−
0,98 × 108 = 1,6 × 107 Hz 2 × 3,1415
e, portanto, a energia perdida pelo pr´oton, por ciclo, no movimento orbital ´e =
P 0,72 = ν 1,6 × 107
⇒
−8
4,5 × 10
eV
54
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
Exerc´ ıcio 5.10.14 Fa¸ ca
um esbo¸co da se¸c˜ ao de choque diferencial de Thomson, equa¸ c˜ ao (5.41), em fun¸c˜ ao do ˆ angulo θ de espalhamento, ou seja,
dσ dΩ
=
Th
e2 mc2
2
(1 + cos2 θ) 2
(5.1)
A distribui¸ca˜o angular da se¸ca˜o de choque diferencial de Thomson ´e dada pela figura acima. Note que a se¸c˜ao de choque diferencial de Thomson apresenta um m´ınimo para θ = 90 e ´e m´axima nas regi˜ oes ao longo do feixe (θ = 0 e θ = 180 ). o
o
o
6
A Eletrodinˆ amica e a Teoria da Relatividade Restrita de Einstein
Exerc´ ıcio 6.11.1 Dada
a equa¸cao ˜ de onda de d’Alembert 1 ∂ 2 Ψ =0 c2 ∂t 2
2
∇ Ψ−
considerando que Ψ(x,y,z,t) ´e um campo escalar, segundo uma transforma¸cao ˜ de coordenadas entre dois referenciais inerciais, mostre que: a) a equa¸cao ˜ n˜ ao ´e invariante sob a transforma¸cao ˜ de Galileu
x y z t
= x = y = z = t
− vt
b) a equa¸cao ˜ ´e invariante sob a transforma¸cao ˜ de Lorentz
x y z t
= γ (v)(x vt) = y = z = γ (v)(t xv/c2 )
−
−
onde γ (v) = (1 v 2 /c2 ) 1/2 , (x , y , z , t ) e (x,y,z,t) s˜ ao as coordenadas espa¸cotemporais segundo dois referenciais S e S , cujas origens coincidem no instante
−
−
55
56
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
inicial ( t = t = 0), e S se desloca em rela¸cao ˜ a S , na dire¸cao x, ˜ com velocidade constante v.
a) as transforma¸c˜oes de Galileu entre dois sistemas inerciais S e S ,
x = x
− vt
∂ ∂x ∂ ∂ = = ∂x ∂x ∂x ∂x ∂ ∂ = ∂y ∂y ∂ ∂ = ∂z ∂z ∂ ∂x ∂ ∂t ∂ = + = ∂t ∂t ∂x ∂t ∂t
⇒ ⇒
y = y
z = z
⇒ ⇒
t = t
−v ∂x∂
+
∂ ∂t
implicam ∂ 2 ∂ 2 = , ∂x 2 ∂x 2
∂ 2 ∂ 2 = , ∂y 2 ∂y 2
e
∂ 2 ∂ 2 = ∂z 2 ∂z 2
2 ∂ 2 2 ∂ = v ∂t 2 ∂x 2
∂ 2 ∂ 2 2v + ∂x ∂t ∂t 2
−
Uma vez que para um campo escalar
Ψ(x,y,z,t) = Ψ (x , y , z , t ) a equa¸ca˜o de onda de d’Alembert pode ser escrita nos dois sistemas inerciais como
∂ 2 ∂ 2 ∂ 2 ∂ 2 + + + ∂x 2 ∂y 2 ∂z 2 ∂x 2
=
=
∂ 2 ∂ 2 ∂ 2 + + ∂x 2 ∂y 2 ∂z 2
1
−
v2 c2
− −
1 ∂ 2 Ψ= c2 ∂t 2
v 2 ∂ 2 v ∂ 2 +2 c2 ∂x 2 c ∂x ∂t
∂ 2 ∂ 2 ∂ 2 v ∂ 2 + + +2 ∂x 2 ∂y 2 ∂z 2 c ∂x ∂t
−
1 ∂ 2 c2 ∂t 2
−
1 ∂ 2 Ψ =0 c2 ∂t 2
Ψ =
ou seja, a equa¸ca˜o n˜ ao mant´em a mesma forma nos dois sistemas inerciais S e S : v2 ∂ 2 ∂ 2 ∂ 2 v ∂ 2 1 ∂ 2 1 + + +2 Ψ =0 c2 ∂x 2 ∂y 2 ∂z 2 c ∂x ∂t c2 ∂t 2
−
−
57
ˆ mica e a Teoria da Relatividade Restrita de Einstein 6. A Eletrodina
b) por outro lado, as transforma¸c˜oes de Lorentz entre dois sistemas inerciais S e S ,
x = γ (v)(x
− vt)
⇒ ⇒
y = y
z = z t = γ (v)(t
onde γ = (1
− xv/c ) 2
2
− v /c )
2 ∂ 2 2 ∂ = γ ∂x 2 ∂x 2 e
−
−1
/2
−
⇒ ⇒
2
∂ ∂x ∂ ∂t ∂ ∂ v ∂ = + = γ γ 2 ∂x ∂x ∂x ∂x ∂t ∂x c ∂t ∂ ∂ = ∂y ∂y ∂ ∂ = ∂z ∂z ∂ ∂x ∂ ∂t ∂ ∂ ∂ = + = γv + γ ∂t ∂t ∂x ∂t ∂t ∂x ∂t
−
, implicam
2 v ∂ 2 ∂ 2 2v 2γ 2 + γ 4 2 , c ∂x ∂t c ∂t
∂ 2 ∂ 2 = , ∂y 2 ∂y 2
2
2 ∂ 2 2 2 ∂ = γ v ∂t 2 ∂x 2
∂ 2 ∂ 2 = ∂z 2 ∂z 2
2 ∂ 2 2 ∂ 2γ v + γ ∂x ∂t ∂t 2 2
−
ou seja, no sistema S ,
∂ 2 γ ∂x 2 2
−
−
2 v ∂ 2 ∂ 2 ∂ 2 ∂ 2 2v 2γ 2 + γ 4 2 + + + c ∂x ∂t c ∂t ∂y 2 ∂z 2 2
2 ∂ 2 ∂ 2 2v 2 v + 2γ 2 γ 2 c ∂x 2 c ∂x ∂t
−
γ 2 ∂ 2 Ψ =0 c2 ∂t 2
Fazendo-se um pequeno algebrismo, vˆ e-se que a equa¸c˜ao de onda de d’Alembert mant´em a mesma forma em dois sistemas inerciais. De fato,
− v2 c2
2
γ 1
∂ 2 ∂ 2 ∂ 2 + + ∂x 2 ∂y 2 ∂z 2
−
1
−2
o valor de
c
b) v = 0,9998 c
1
2
−
v = c2
1
v2 c2
1
Exerc´ ıcio 6.11.2 Estime
a) v = 10
−
1 2 γ 1 c2
2
−
v c2
1/2
− 1
v 2 /c2 para
∂ 2 Ψ =0 ∂t 2
58
F´ısica Moderna
a)
v = 10 c
b)
v = 0,9998 = 1 c
1
−
−2
v2 c2
=
⇒
1
−
v2 c2
Caruso • Oguri
1/ 2
1−
1 v2 =1 2 c2
= 0,99995 − 0,0001 2
− 0,0002
1/2
− − = 1
0,0002)2
(1
1/2
= (0,0004)1/2
0,02
1−0,0004
trem de 900 m de comprimento desloca-se em rela¸cao ˜ a esta¸cao ` ˜ com velocidade de 180 km/h. Dois sinalizadores colocados em seus extremos emitem feixes luminosos um contra o outro que, segundo um observador na esta¸cao, ˜ foram emitidos simultaneamente. Determine o intervalo de tempo entre os dois sinais para um observador no trem. Exerc´ ıcio 6.11.3 Um
Dados sobre o trem:
Lo = 900 m (comprimento pr´ oprio) v = 180 km/h = 50 m/s (velocidade com rela¸c˜ao a` esta¸ca˜o)
Orientando-se os eixos x e x de dois sistemas inerciais S (solid´ ario a` esta¸ca˜o) e S (no interior do trem) paralelamente `a velocidade (v ) do trem, sincronizados tal que x = x = 0 em t = t = 0, pode-se escrever a rela¸ca˜o entre as medidas de tempo em S e S como
−
t = γ (v) t
xv/c
2
−
onde
γ (v) = 1
v 2 /c2
/2
−1
Se um observador em S determinou que dois eventos (1 e 2) ocorridos nos extremos do trem, em x 1 e x2 , foram simultˆaneos (t1 = t 2 ), para um observador em S , o processo correspondeu a um intervalo de tempo (∆t = t2 t1 ) que pode ser determinado por v t2 t1 = γ (v) (t2 t1 ) (x2 x1 ) v/c2 = ∆t = γ (v)L 2 c
− − − −
0
∆t
⇒
−
L
onde L ´e a distˆancia entre os pontos x1 e x2 , ou seja, o comprimento do trem para um observador em S , relacionado com o comprimento pr´oprio por L = L o /γ Assim,
∆t = Lo
v 900 50 = = 5,0 c2 9 1016
×
×
−13
× 10
s
⇒
∆t = 0,5 ps
ˆ mica e a Teoria da Relatividade Restrita de Einstein 6. A Eletrodina
59
Exerc´ ıcio 6.11.4 O
comprimento de um foguete em movimento, em rela¸c˜ ao a um observador na Terra, ´e cerca de 1% menor do que quando em repouso. Calcule a velocidade do foguete. Sabe-se que o comprimento do foguete (L) para um observador na Terra est´a relacionado com o seu comprimento pr´oprio (Lo ) por Lo L = γ
−
onde
−1
v 2 /c2
γ (v) = 1
/2
e v ´e a velocidade do foguete.
Sendo L tamb´em cerca de 1% menor que Lo , ou seja, Lo L (γ 1) = =1 Lo γ
−
−
resulta que 1 = γ
v = c
1
−
v2 c2
− γ 1 = 0,01
1/2
= 0,99
Assim, 1
−
v2 = 0,9801 c2
=
⇒
0,0199
=
7
v
0,14 c = 4,2 × 10
⇒
m/s
um observador O , que se desloca em rela¸cao ˜ a um outro observador O com velocidade v = 0,4 c, dois eventos separados por uma distˆ ancia de 550 m ocorreram simultaneamente. Determine, para o observador O, a distˆ ancia e a diferen¸ca de tempo de ocorrˆencia entre os dois eventos. Exerc´ ıcio 6.11.5 Segundo
Dois eventos que ocorreram simultaneamente em pontos separados por uma distˆ ancia d = 550 m, para um observador O que se move em rela¸c˜a o a um observador O com velocidade constante v = 0,4 c, est˜ao separados por uma 1/2 1/ 2 distˆ ancia pr´ opria d = γ (v)d , onde γ (v) = 1 v 2 /c2 = 1 0,16 1,091.
−
−
−
−
Assim, a distˆancia d em rela¸c˜ao a um observador O ´e igual a d = 600 m e o intervalo de tempo (∆t) para eventos espacialmente separados que ocorreram simultaneamente para O ´e dado por
∆t = γd
v vd = = 0,4 c2 cc
d
× 3 ×60010
8
= 8,0
−7
× 10
s
⇒
∆t = 0,8 µs
60
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
Exerc´ ıcio 6.11.6 Um
avi˜ ao se move em rela¸cao ˜ ao solo com velocidade de 600 m/s. Seu comprimento pr´ oprio ´e de 50 m. Determine de quanto ele parecer´ a mais curto para um observador no solo. Para um observador no solo, o comprimento (L) de um avi˜ao que se desloca com velocidade (v c) igual a 600 m/s relaciona-se com o comprimento pr´oprio (Lo = 50 m) por
Lo L = = γ (v) γ (v)
−1
Lo =
1
−
v2 c2
1/2
Lo
L − o
1 v2 Lo 2 c2
Assim, o encurtamento (∆L) do avi˜ ao para um observador no solo ser´a dado por 2 1 v 2 1 600 ∆L = L o L = Lo = 50 = 10 10 m 8 2 c 2 3 10
−
×
⇓
−
∆L = 0,1 nm
Exerc´ ıcio 6.11.7 Um
avi˜ ao se desloca em rela¸cao ˜ ao solo com velocidade de 600 m/s. Determine ap´ os quanto tempo um rel´ ogio no solo e outro no interior do avi˜ ao ir˜ ao diferir por 2 µs. Para um observador no solo, a dura¸ca˜o (τ ) de um intervalo de tempo ocorrido em um avi˜ao que se desloca com velocidade (v c) igual a 600 m/s relaciona-se com a dura¸c˜ao pr´ opria (τ o ) por T
τ = γ (v)τ o
=
τ o = γ (v)
⇒
T
−1
τ = T
1
−
v2 c2
1/2
τ
T
τ − T
τ v 2 2 c2 T
Assim, para um observador no solo, uma diferen¸ca de tempo (∆τ = τ nas medidas dos rel´ogios igual a 2,0 µs ser´a dada por
T
∆τ = τ
T
−6
− τ = 2 × 10 o
τ = 2
T
v c
2
τ = 2
T
600 3 108
×
− τ ) o
2
Desse modo, para um observador no solo, ser´a necess´ario um intervalo de tempo da ordem de τ = 106 s 11,6 dias T
para que as medidas dos rel´ogios difiram por um valor igual a 2,0 µs.
ˆ mica e a Teoria da Relatividade Restrita de Einstein 6. A Eletrodina
61
tempo pr´ oprio de vida dos m´ uons ´e da ordem de 2,2 µs. Se um feixe de m´ uons penetra na atmosfera com velocidade de 0,99 c, estime o tempo de vida para um observador na Terra. Exerc´ ıcio 6.11.8 O
v = 0,99 = 1 c
Se v = 0,99c,
− 0,01
v2 = (1 c2
=
⇒
2
− 0,01) 1 − 0,02
Assim, se τ = 2,2 µs ´e o tempo de vida pr´ o prio de um m´ uon, para um observador na Terra, que o observa com velocidade igual a v = 0,99 c, o tempo de vida (τ ) ser´a dado por ◦
T
τ = γ (v)τ = ◦
T
τ
◦
− 1
v 2 /c2
=
2,2 10 6 10 = 2 1 (1 0,02)
−
×
−
−6
√ × 2,2 × 10
−
⇓
τ = 15,6 µs T
De acordo com a lei de decaimento de uma part´ıcula inst´ avel, a partir de uma quantidade inicial N , o n´ umero m´edio (N ) de part´ıculas sobreviventes ap´ os um intervalo de tempo t ´e dado por ◦
N = N e t/τ ◦
−
onde τ ´e o tempo m´edio de vida da part´ıcula, segundo um dado observador. Para um observador na superf´ıcie da Terra, o tempo (t) que um m´u on a uma altura d 10 km, na atmosfera, demora para percorre essa distˆancia com velocidade c ´e da ordem de t = d/c. Desse modo, o n´umero m´edio de m´uons que conseguem alcan¸car o solo ´e dado por
N =
N et/γcτ ◦
◦
N 8,5 ◦
ou seja, cerca de 10% dos m´uons. Se n˜ao houvesse o efeito de dilata¸ca˜o temporal, ou de contra¸c˜ao espacial, esse n´ umero seria dado por N =
N et/cτ ◦
◦
3,8 N × 10 ◦
6
ou seja, cerca de 0,00003%. Assim, para cada 10 milh˜oes de m´uons (107 ), presentes em um dado momento na atmosfera, que se deslocam em dire¸ca˜o a` superf´ıcie da Terra com velocidade da ordem de c, cerca de 1 milh˜a o de m´ uons alcan¸c am o solo, e n˜a o 3 como previsto pela cinem´atica n˜ ao relativ´ıstica. Esta ´e um importante resultado da Teoria da Relatividade Restrita.
62
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
Um cubo tem volume pr´ oprio de 1000 cm3 . Determine o volume para um observador que se move com velocidade igual a 0,8 c em rela¸cao ˜ ao cubo, em uma dire¸cao ˜ paralela a uma das arestas. Exerc´ ıcio 6.11.9
Segundo um observador O, para o qual o cubo se move com a velocidade v = 0,8 c, o volume do cubo (V ) ´e expresso por V = l x
× ly × lz
onde lx , ly e lz s˜ao os comprimentos dos trˆes lados ortogonais entre si e, respectivamente, paralelos aos eixos x, y e z de um sistema cartesiano solid´ario a O.
Por outro lado, para um observador O , que se desloca com a velocidade do cubo, o volume pr´oprio (V o = 1 000 cm ) pode ser expresso como 3
3
V o = 1000 cm = l x
× ly × lz
onde lx , ly e lz s˜ao os comprimentos dos trˆes lados ortogonais entre si e, respectivamente, paralelos aos eixos x , y e z de um sistema cartesiano solid´ario aO.
Orientando-se os sistemas cartesianos tal que os respectivos eixos (x,y,z) e (x , y , z ) sejam paralelos; que x = x = 0, y = y = 0 e z = z = 0 para t = t = 0; e que o cubo se movimente na dire¸c˜ao x, as medidas de comprimento nas dire¸co˜es y e z ser˜ao invariantes,
ly = ly
lz = l z
e medidas de comprimento na dire¸ca˜o x estar˜ao relacionadas por
l lx = x = γ (v)
− 1
2
(v/c) lx =
− 1
(0,8)2 lx = 0,6 lx
Desse modo, a rela¸ca˜o entre os volumes V e V o ser´a dada por lx V = V o lx
× ly × lz = 0,6 × ly × lz
e o volume V , por V = 0,6 V o
1000
⇒
V = 600 cm
3
ˆ mica e a Teoria da Relatividade Restrita de Einstein 6. A Eletrodina
63
Exerc´ ıcio 6.11.10 A
figura a seguir mostra o esquema do interferˆ ometro de Michelson-Morley, com o feixe de luz paralelo `a velocidade (v 3 104 m/s) orbital da Terra em torno do Sol, no qual franjas de interferˆencia s˜ ao observadas por meio de uma luneta.
×
B
A
Considerando que a velocidade orbital da Terra ´e igual `a velocidade do aparato atrav´ es do ´eter, se o aparato sofrer uma rota¸cao ˜ de 90 no sentido trigonom´ etrico, calcule o desvio esperado ∆N das franjas de interferˆencia, para l l = 10 m. ◦
A
B
Trata-se de uma aplica¸ca˜o imediata da equa¸ca˜o (6.7) do livro de texto: δ
−
v2 δ = ( + ) 2 c ∗
A
B
Neste caso, o desvio esperado ∆N = (δ 5900 ˚ A), ´e dado por
∗
− δ )/λ, para luz de s´odio (λ
∆N =
δ
∗
− δ λ
20 = 5,9 10
×
−7
⇓ ∆N = 0,34
3 3
4
× 10 × 10
8
2
64
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
Exerc´ ıcio 6.11.11 Os
bra¸cos do interferˆ ometro original de Michelson-Morley tinham cerca de 10 m e a fonte de luz era de s´ odio, com comprimento de onda de 5 900 ˚ A.
• Determine as diferen¸cas de tempo e de marcha esperadas quando o feixe de luz ´e paralelo `a velocidade da Terra.
• Se a sensibilidade do aparelho para o deslocamento das franjas era de 0,005, estime qual seria a menor velocidade que a Terra poderia apresentar em rela¸cao ˜ ao ´eter.
Os dados s˜ao = 1 0 m e v 3 104 m/s. As diferen¸cas de marcha e de tempo para um feixe que se move paralelo `a Terra, em um experimento de Michelson-Morley, s˜ ao relacionadas e dadas pela equa¸ca˜o (6.3) do livro de texto:
×
2
δ = c∆t = 2(1
− ) + (2 − 2
1
v 2 ) 2 = 10 c
×
3 3
4
× 10 × 10
8
2
= 10
−8
× 10
⇓ δ = 10
−7
m
uma vez que 1 = 2 . J´ a a diferen¸ca de tempo ´e dada por δ 10 7 m ∆t = = c 3 108 m/s −
×
⇓ ∆t = 0,33 × 10
−15
s
O exerc´ıcio pede ainda para estimar a menor velocidade que a Terra poderia apresentar em rela¸c˜ao ao ´eter se a sensibilidade do experimento para o deslocamento das franjas era 0,005. Neste caso, 2 v 2 0,005 = λ c2
v = 1,2 c
⇒
o que implicaria v = 3,6
4
× 10
m/s
−4
× 10
ˆ mica e a Teoria da Relatividade Restrita de Einstein 6. A Eletrodina
65
A Tabela a seguir mostra alguns dados obtidos por Kaufmann mostrando a dependˆencia esperada por ele da raz˜ ao e/m com a velocidade v dos el´etrons. Exerc´ ıcio
6.11.12
Fa¸ca um esbo¸co dessa dependˆ encia e compare-o com o resultado esperado relativisticamente, ou seja, e/(γm). Para fazer o esbo¸co da dependˆencia de e/m com a velocidade, considere a tabela a seguir. Velocidade (1010 cm/s)
e/m (108 C/g)
°
e/ °m (108 C/g)
1,00
1,7
1,06066
1,658213
1,50
1,52
1,154701
1,523165
2,36
1,31
1,619753
1,085844
2,48
1,17
1,777171
0,989663
2,59
0,97
1,981634
0,88755
2,72
0,77
2,370523
0,741946
2,83
0,63
3,01344
0,583652
As duas primeiras colunas correspondem aos dados do exerc´ıcio; a terceira mostra os diversos valores do fator de Lorentz γ e a u ´ ltima leva em conta como valor esperado para e/(γm) o valor atual de e/m dividido pelo respectivo γ .
66
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
Na figura, comparam-se os valores obtidos por Kaufmann (c´ırculos) com os valores esperados segundo a Relatividade Restrita (quadrados). Cabe notar que a discrepˆ a ncia notada foi o motivo que levou Kaufmann a criticar a teoria de Einstein na ´epoca de suas medidas. A controv´ersia s´o foi dirimida ap´ os os experimentos com raios β de A.H. Bucherer, cujos resultados foram apresentados em Colˆonia, em 22 de setembro de 1908, os quais eram compat´ıveis com as previs˜oes de Lorentz e da Teoria da Relatividade de Einstein.
7
A desconstru¸ c˜ ao do ´ atomo: algumas evidˆ encias do s´ eculo XIX Exerc´ ıcio 7.5.1 Calcule
os comprimentos de onda para as primeiras transi¸c˜ oes nas s´ eries de Lyman, Paschen e Brackett para o ´ atomo de hidrogˆ enio. A equa¸ca˜o (7.4) do livro de texto d´a a express˜ao da generaliza¸ ca˜o da f´ ormula de Balmer obtida por Rydberg e por Ritz: 1 = R H λ
1
1 − m2 n2
Para a solu¸ca˜o deste exerc´ıcio ´e conveniente explicitar o comprimento de onda (em cent´ımetros) como λ = RH
11
1 − m2 n2
Tomando o valor de RH = 1,097337 × 105 cm−1 , e relembrando que, para a s´erie de Lyman m = 1, para a de Paschen, m = 3 e para a de Brackett, m = 4, os resultados encontrados s˜ao: • Para Lyman: λ12 = 1 215 ˚ A
e 67
λ13 = 1 025 ˚ A
68
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
• Para Paschen: λ34 = 18 750 ˚ A
e
λ35 = 12 810 ˚ A
λ45 = 44 440 ˚ A
e
λ46 = 26 240 ˚ A
• Para Brackett:
Exerc´ ıcio 7.5.2 Em 1871,
Stoney havia demonstrado que os comprimentos de onda das trˆ es primeiras raias do espectro do ´ atomo de hidrogˆ enio, denotadas por H α (a de maior comprimento de onda), H β e H γ , guardavam a seguinte propor¸cao: ˜ 1 1 1 H α : H β : H γ = : : 20 27 32 que representam, usando seus termos, “o 20 , 27 e 32 harmˆ onicos de uma vibra¸cao ˜ fundamental”. Mostre que essas raz˜ oes resultam da f´ ormula de Balmer para os valores n = 2 e m = 3, 4, 6. o
o
o
A f´ormula de Balmer pode ser escrita como λ =
1 C 1 m2
−
n2
onde C = 1/RH . As rela¸c˜oes obtidas por Stoney, em 1871, referem-se `as raias de Balmer correspondentes aos valores m = 3, 4 e 6. Para estes valores, a aplica¸ca˜o direta da f´ ormula anterior fornece os seguintes comprimentos de onda:
λ3 =
λ4 =
λ6 =
C 36 = C 5 5 36 C 16 = C 3 3 16 C 36 = C 8 8 36
˜ o do a ´ tomo: algumas evid ˆ 7. A desconstruc ¸a encias do s ´ eculo XIX
69
Na nota¸ca˜o de Stoney, estes valores est˜ao respectivamente associados `as raias H α , H β e H γ . Suas raz˜oes valem H α : H β = e H α : H γ =
36C 3 27 × = 5 16C 20
36C 8 8 32 × = = 5 36C 5 20
Portanto, H α : H β : H γ =
Exerc´ ıcio 7.5.3 Determine
1 1 1 : : 20 27 32
o maior e o menor comprimento de onda da s´ erie
de Lyman. Utilizando para 1/RH o valor aproximado de 0,9115 × 10−5 cm, encontra-se que o menor comprimento de onda para a s´erie de Lyman ´e 911,3 ˚ A e o maior, 1215 ˚ A. Exerc´ ıcio 7.5.4 Determine
o n´ umero de linhas/mm de uma rede de difra¸c˜ ao 8 − cujo espa¸camento entre linhas ´e de 2 × 10 m. Uma rede de difra¸ca˜o de Rowland tinha uma resolu¸ca˜o de 600 linhas/mm, o que corresponde a uma distˆa ncia entre as linhas de cerca de 1/600 167 × 10−3 mm. J´a uma rede com um espa¸camento entre linhas de 2 × 10−8 m = 2 × 10−5 mm corresponde a um poder de resolu¸ca˜o de 1 = 50 000 linhas/mm 2 × 10−5
Exerc´ ıcio 7.5.5 Determine
o n´ umero de moles de hidrogˆ enio ( H2 ) obtidos pela eletr´ olise de 1,08 kg de ´ agua. A eletr´olise da ´agua ´e um processo do tipo 1 mol O 2 A massa de 1 mol de H O ´e 2 × 1 + 16 = 18 g. Portanto, o n´umero de moles em 1,08 × 103 g de ´agua ´e 1 mol H O → 1 mol H + 2
2
2
2
1,08 × 103 g n = 18 g/mol
⇒
n = 60 moles
70
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
o volume de hidrogˆ enio liberado, a 27 o C e 700 mmHg, pela passagem de uma corrente de 1,6 A durante 5 minutos por uma cuba contendo hidr´ oxido de s´ odio. Exerc´ ıcio 7.5.6 Calcule
A carga el´etrica ´e o produto da corrente pelo tempo, Q = I t. A carga total de hidrogˆenio decorrido o tempo t ´e, de acordo com Faraday, obtida da express˜ao (lei) m(H2 ) = K Q, onde K = 0,01045 mg/C. Assim, o n´ umero de moles ´e dado pela raz˜ ao m 1,045 × 10−5 g/C C KIt = = × 1,6 × 300 s µ µ 2g s
⇒
n = 2,5 × 10−3
O volume de hidrogˆenio ´e calculado pela equa¸c˜ao de Clapeyron V =
nRT P
A press˜ao de 700 mmHg ´e igual a 0,93 × 105 Pa. Logo, 2,5 × 10−3 × 8,3 × 3 × 102 V = 0,93 × 105 ou V = 6,7 × 10−5 m3 = 6,7 × 10−2 L
⇒
V = 67 mL
partir de um ajuste linear do tipo y = ax, utilizando os dados de Faraday mostrados na tabela abaixo, determine o valor da constante de Faraday. Exerc´ ıcio 7.5.7 A
A constante de Faraday (F ), de acordo com as leis da eletr´olise, ´e a constante de proporcionalidade entre o equivalente eletroqu´ımico (K ) e o equivalente qu´ımico (µ/n).
˜ o do a ´ tomo: algumas evid ˆ 7. A desconstruc ¸a encias do s ´ eculo XIX
71
De acordo com os dados da tabela, a constante de Faraday pode ser obtida a partir de um ajuste linear do tipo y = ax onde y = µ/n, a = F e x = K . O parˆametro a e a respectiva incerteza σa s˜ao determinados por a =
xy x2
e
σa =
N x y
2
sendo N
xy xy = , i i
i=1
N
N
i
2
i=1
N
2
x x =
N
(y − ax ) = (N − 1)
e y
i
i
i=1
e N ´e o n´ umero total de medidas, no caso N = 5. Assim, a curva que melhor se ajusta `as medidas neste caso est´a representada na figura a seguir.
O resultado desse ajuste indica o seguinte valor para a constante de Faraday: F = (9,651 ± 0,001) × 104 C/mol a ser comparado com o valor de referˆ encia (http://physics.nist.gov/) F = 96485, 3399(24) C/mol
8
Os raios cat´ odicos: a descoberta do el´ etron e dos raios X
Exerc´ ıcio 8.5.1 Discuta
quais foram as principais contribui¸coes ˜ dos estudos de descargas em gases no contexto da F´ısica na virada do s´ eculo XIX para o s´eculo XX. O estudo das descargas em gases, durante o final do s´eculo XIX, foi um dos cap´ıtulos mais marcantes da F´ısica. Foi a partir dele que se descobriram o el´etron e os raios X . O debate cient´ıfico em torno deste tema teve o m´erito inicial de colocar na ordem do dia a discuss˜ao acerca da natureza da luz. A descoberta de ambas teve, historicamente, um papel essencial na compreens˜ao da estrutura da mat´eria e da F´ısica Atˆomica. O el´etron p˜oe em evidˆencia, depois de cerca de 25 s´ eculos, o fato de que o ´atomo n˜ ao ´e indivis´ıvel, como acreditavam os fil´osofos gregos e os qu´ımicos at´e o s´eculo XIX. Por outro lado, dos estudos de raios cat´odicos v˜ao aparecer as primeiras v´ alvulas e os primeiros diodos, marcos de uma nova era que estava para se inaugurar no s´ eculo XX, a era da eletrˆ onica , que viria a mudar qualitativamente a tecnologia deste s´eculo. J´ a os raios X , descobertos por R¨ontgen, foram muito importantes no estudo da cristalografia, a partir dos estudos de William Henry Bragg e William Lawrence Bragg e na pr´opria compreens˜ao das regularidades atˆomicas, como ficou evidenciado a partir do trabalho sistem´atico de Moseley abordado no Cap´ıtulo 12. Assim como o el´etron, os raios X tiveram enorme impacto sobre a sociedade, por suas aplica¸co˜es na ´area m´edica e, posteriormente, na ind´ustria. 73
74
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
Exerc´ ıcio 8.5.2 Determine
a raz˜ ao entre a for¸ca el´etrica que atua sobre uma part´ıcula carregada em um campo el´etrico de 20 V/m e o peso da part´ıcula para: a) um el´etron; b) um pr´ oton. Sabendo-se que o peso P = mg e a for¸ca de natureza el´etrica ´e F = qE , pode-se escrever F q E = P m g
Substituindo os valores E = 20 V/m e g = 9,81 m/s2 , obt´em-se
F q = 2,04 P m
a) Sabendo-se que, no SI, o m´odulo da carga do el´etron ´e e = 1,6 sua massa, m = 9,11 10 31 kg, a raz˜ao carga/massa ´e igual a
×
−
e = 1,76 m
11
× 10
× 10
19
−
Ce
C/kg
Assim,
F P
= 2,04
el´ etro n
11
× 1,76 × 10
= 3, 6
b) Sabendo-se que a carga do pr´otron ´e e = 1,6 m = 1836 me ,
11
× 10
× 10
F P
pr´ otron
1 = 1836
F P
19
−
= 1,96
el´ et ron
C e sua massa,
8
× 10
Determine a velocidade que um el´etron adquire quando acelerado a partir do repouso atrav´ es de uma diferen¸ca de potencial de 600 V. Exerc´ ıcio
8.5.3
Note que quando V = 600 V, a quantidade eV pode ser tratado n˜ao relativisticamente. A for¸ca ´e dada por F = eE = e
V d
2
mc
e, portanto, o problema
´ dicos: a descober 8. Os rai raios os ca catodicos: o descobert ta do el´ e tron e dos raios X etron
75
que ´e constante, constante, pois o campo ´e uniforme. O trabalho ´e igual `a varia¸c˜ cao a˜ o da energia ener gia cin´etica, etica , ou seja, seja , F d = ∆c
1 2 mv = eV 2
⇒
Logo, v= ou
× 2eV = m
2
1,76
11
2
× 10 × 6 × 10
v = 1,45
7
× 10
=
2,11
14
× 10
m/s
Ap´ os atingir a velocidade calculada no problema anterior, o el´etron etron penetra em uma regi˜ regi˜ ao (x 0) on 0) onde de h´a um campo el´etri etrico co de 40 de 40 V/m, V/m, no sentido y. Determine: Exer Ex erc c´ ıcio ıc io 8.5.4 8.5 .4
≥
−
a) as coordenada coordenadass do el´etron etron ap´ os 5 10 8 s, sabendo que sua velocidade ao penetrar na regi˜ ao fazia um ˆ angulo de 30 com a dire¸c˜ cao ˜ x;
×
−
◦
b) a dire¸c˜ cao ˜ da velocidade nesse instante. Considere o movimento no plano segundo o esquema a seguir.
As componentes da trajet´oria oria no plano x-y s˜ao, ao, respectivament respectivamente, e,
x = (v cos θ )t ◦
y = (vsen θ )t ◦
−
1 2
at2
76
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
a) Utilizando a = (e/m) e/m)E e E e os valores sen θ = 0,5, cos θ = e/m = e/m = 1,76 1011 C/kg nas equa¸c˜ coes o˜es anteriore anter iores, s, obt´em-se em-s e ◦
◦
√ 3/2 = 0,866,
×
7
8
x = 1,45
× 0,866 × 10 × 5 × 10
y = 1,45
× 0,5 × 10 × 5 × 10 − 0,5 × 1,76 × 10 × 40 × 25 × 10
⇒
−
7
x = 62 62,,8 cm
⇒
8
11
−
26
y = 35 35,,4 cm
b) As componentes das velocidade s˜ao ao dadas por
vx = (v cos θ ) t ◦
vy = v sen θ
◦
− at = at = v v sen θ − (e/m) e/m)E t ◦
Assim,
tg θ =
vy v sen θ (e/m) e/m)Et = = tg θ vx v cos θ ◦
−
◦
◦
= 0,577
E − (e/m) e/m) cos θ
◦
t v
− 1,76 × 10 × 0,40866 × 5 × 10 × 1,45 × 10
= 0,549
11
⇒
−
8
7
θ = 28 28,, 8o
que a sensibilidade, S , de um tubo de raio cat´ odico, definida como a raz˜ ao entre a deflex˜ ao m´ axima, Y axima, Y , , do feixe e a tens˜ ao m´ axima, V , V , aplicada entre as placas defletoras, ´e dada por Exer Ex erc c´ ıcio ıc io 8.5.5 8.5 .5 Mostre
S =
Y lD = V 2dV a
na qual l l ´ e o comprime comp rimento nto das placas defletoras, defle toras, d e D e D s˜ ao, respectivamente, as distˆ ancias entre as placas e das placas ao anteparo, e V e V a , o potencial acelerador. Na figura a seguir, θ ´e o ˆangulo angulo que corresponde `a deflex˜ao ao m´ axima axima do feixe entre as placas do capacitor, cujo comprimento comprimento ´e l. A distˆancia ancia entre o ponto em que se d´a in´ in´ıcio a deflex˜ defle x˜ao ao e o anteparo antepa ro ´e D e Y , , a deflex˜ao ao m´ axima axima sobre
´ dicos: a descober 8. Os rai raios os ca catodicos: o descobert ta do el´ e tron e dos raios X etron
77
o anteparo.
Y
Seja V a o potencial acelerador. Assim, a partir da conserva¸c˜ao ao da energia, pode-se determinar a velocidade inicial v o das part´ part´ıculas do feixe em fun¸c˜ c˜ao ao do potencial e da raz˜ao ao e/m. e/m. De fato, 1 2 mv = eV a 2
v =
⇒
◦
◦
2e V a m
As equa¸c˜ coes o˜es de movimento nos eixos x e y s˜ao, ao, respectivamente respectivamente,,
x = v = v t ◦
y = 12 at2
onde a acelera¸c˜ cao a˜o a ´e dada da da por a = (e/m) e/m)E = (e/m)( e/m)(V V /D /D). ). Deste modo,
1 e y = 2 m
V d
x2 v2 ◦
⇒
dy e = dx m
V d
x2 1 = v2 2 ◦
V V a
x d
e
tg θ =
1 V l Y = D 2 V a d
Exer Ex erc c´ ıcio ıc io 8.5.6 8.5 .6 Considere
⇒
Y lD = V 2dV a
as seguintes dimens˜ oes de um t´ıpico tubo de raios
cat´ odicos comercial:
• comprimento das placas do capacitor: l = 1,6 cm cm;; • distˆ ancia entre as placas: d = 0,5 cm cm;;
78
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
• distˆ ancia entre o final do capacitor e o anteparo: D = 15 cm. cm. a) Sabendo Sabendo que os el´ etrons etrons partem do repouso epouso no catodo atodo e s˜ ao acelera acelerados dos na dire¸c˜ cao ˜ x por uma d.d.p. de 2400 de 2400 V entre o anodo e o catodo, calcule a velocidade com que eles penetram no capacitor. b) Sendo 500 V/m o valor do camp campo o el´ etrico etrico entre entre as placas placas do cap capacitor, calcule o deslocamento do feixe em rela¸c˜ ao ao eixo x. Considere o esquema a seguir.
Neste Nes te exerc´ exerc´ıcio, ıci o, l = 1,6 cm, d = 0,5 cm, D = 15 cm e V a = 2400 V. a) A velocidade velocidad e inicial in icial ´e determinada por 1 2 mv = eV a 2 o Utilizando o valor e/m = e/m = 1,76
vo =
× 2
2,4
⇒ 11
× 10
3
vo =
2V a (e/m) e/m)
C/kg C/ kg,, obt´ ob t´em-s em-see
11
× 10 × 1,76 × 10
vo = 2,9
⇒
b) Como visto no exerc´ exerc´ıcio anterior, o deslocamento y ´e dado dado por 1 e x2 1 y = E 2 = 2 m vo 4
onde E = = 500 V/m e, para x = l = l
E x2 V a
⇒ y << d/l. d/l . Logo,
dy 1 e = dx 2 m
E x = tg θ V a
7
× 10
m/s
79
´ dicos: a descoberta do el´ 8. Os raios cato e tron e dos raios X
Para x = l, foi visto no exerc´ıcio anterior que 1 tg θ = 2
E Y l = V a D
Portanto, D Y = 2 ou
E 15 l = V a
2
2
× 10 × 5 × 10 × 1,6 × 10 2 × 2,4 × 10 −
2
−
3
= 0,25
× 10
3
−
m
Y = 0,25 mm
Exerc´ ıcio 8.5.7 Dois
feixes de ´ıons positivos que tˆ em a mesma carga q e massas diferentes, m 1 e m 2 , s˜ ao acelerados horizontalmente, na dire¸cao y, ˜ no plano zy, a partir do repouso, por uma diferen¸ca de potencial V . Eles ent˜ ao entram em uma regi˜ ao onde existe um campo magn´ etico uniforme B normal ao plano do movimento. Mostre que os valores das coordenadas y1 e y2 para pequenas deflex˜ oes de cada feixe, considerado o mesmo intervalo de tempo t, satisfazem a seguinte rela¸cao: ˜ y1 = y2
m2 m1
1/2
Considere o esquema da figura a seguir, na qual cada ´ıon de um feixe, ap´os ser acelerado por uma ddp constante V , e ter adquido velocidade v , penetra = qv B, perpendicular `a em uma regi˜ao onde sofre a a¸c˜ao de uma for¸ca F velocidade.
×
v , o movimento dos ´ıons ´e circular uniforme, e a velocidade pode Como F ser expressa como v = ωr.
⊥
80
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
Assim, o ˆangulo descrito ap´os um intervalo de tempo t ´e dado por θ = ωt. Logo, para pequenos ˆangulos, y
rθ = ωrt = vt
A velocidade pode ser determinada tamb´em pela conserva¸c˜ao de energia, 1 2 mv = qV 2
⇒
v =
2qV m
onde V ´e o potencial acelerador. Substituindo o valor de v na express˜ao anterior para y encontra-se y=
2qV t m
⇒
y1 (t) = y2 (t)
m2 m1
1/2
Uma part´ıcula carregada entra em uma regi˜ ao entre duas placas met´ alicas paralelas, muito grandes. A velocidade da part´ıcula ´e paralela as placas no instante em que ela penetra nessa regi˜ ` ao. As placas est˜ ao separadas por uma distˆ ancia de 2 cm e a diferen¸ca de potencial entre elas ´e de 2000 V. Ap´ os a part´ıcula ter penetrado 5 cm no espa¸co entre as duas placas, verifica-se que ela foi defletida de 0,6 cm. Mantendo-se o campo el´ etrico, aplica-se um campo magn´etico cuja densidade de fluxo ´e igual a 0,1 T e verifica-se que a part´ıcula n˜ ao sofre mais qualquer deflex˜ ao. Calcule a raz˜ ao entre a carga e a massa dessa part´ıcula. Exerc´ ıcio 8.5.8
Na ausˆ encia de campo magn´ etico, j´a foi visto que as componentes da trajet´ oria no plano x-y s˜ao
x = v t ◦
1 y = at2 2
⇒
1 e y= 2 m
V d
x2 v2 ◦
81
´ dicos: a descoberta do el´ 8. Os raios cato e tron e dos raios X
Com campo magn´etico (B = 0,1 T), pela express˜ao da for¸ca de Lorentz, E = v B
=
1 B
v =
⇒
◦
◦
V d
Logo, 2
1 e B y = x 2 2 m V /d
e = m
⇒
ou,
V d
e = 4,8 m
2y 2 103 2 = B 2 x2 2 10 2 10
×
7
× 10
×
−
2
× × 0,6 × 10 × × 25 × 10 −
−
2
4
−
C/kg
que, no experimento de Millikan, o campo el´etrico E , necess´ ario para fazer subir uma gota de ´ oleo, de massa m e carga q , com uma velocidade igual ao dobro da de queda da gota na ausˆencia de campo tem m´ odulo igual a E = 3mg/q , desprezando-se a resistˆ encia do ar. Exerc´ ıcio 8.5.9 Mostre
A for¸ ca resultante sobre uma got´ıcula no experimento de Millikan, na ausˆencia de campo el´etrico, ´e dada por R = ρgV
−ρ
ar
gV = ma = (ρ
−ρ
ar
)gV
Com o campo el´etrico E ligado, a nova resultante ´e R = qE E
− (ρ − ρ
ar
)gV = ma
E
⇒
qE = ma + ma E
Como v = at e v = a t, e o problema diz que a segunda tem um m´odulo que ´e o dobro da primeira, segue que E
E
v a = =2 v a E
E
⇒
qE = 3ma
82
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
Portanto, o m´ odulo do campo el´etrico deve valer E =
3ma q
que pode ainda ser escrito como E =
− ρar ρ
1
3mg q
Exerc´ ıcio 8.5.10 Determine
a diferen¸ca de potencial que se deve aplicar `as placas de um condensador, separadas de 5 mm, para equilibrar uma got´ıcula de oleo, cuja massa ´e 3,119 10 3 g e cuja carga ´e igual a 5 vezes a carga do ´ el´etron.
×
−
Considere o esquema a seguir.
A for¸ca resultante sobre uma got´ıcula carregada que ´e for¸cada a subir por a¸ca˜o de um campo el´etrico E ´e dada por R = qE
− 4π3 a (ρ − ρ 3
ar
)g
− 6πηav
Se a got´ıcula est´a sendo mantida em repouso, R = 0 e v = 0, logo 4π 3 qE = a ρg 3
−
−
4π 3 a ρar g = mg 1 3
ρar ρ´oleo
Como a raz˜ ao entre as densidades, neste caso, ´e da ordem de 0,1%, pode-se desprezar este termo na equa¸ca˜o anterior. Usando o fato de que o campo el´etrico ´e E = V /d, ent˜ao V q = mg d
83
´ dicos: a descoberta do el´ 8. Os raios cato e tron e dos raios X
Como q = 5e, mgd 3,119 V = = 5e
6
× 10 × 9,81 × 5 × 10 5 × 1,6 × 10 −
3
−
19
−
⇒
V = 1,9
9
× 10
V
Cite trˆ es fatores importantes na defini¸cao ˜ da espessura delgada da folha onde se encontra a janela de Lenard, justificando-os. Exerc´ ıcio 8.5.11
A janela do aparato de Lenard deve ser delgada para evitar que o feixe se enfraque¸ca pela intera¸ca˜o com a mat´eria, deve vedar bem o entorno do orif´ıcio para eliminar perdas inconvenientes e deve ser resistente o suficiente para suportar a diferen¸ca de press˜ao entre o ar exterior e o ar rarefeito dentro do tubo. Os dados mostrados na tabela a seguir referem-se ao experimento de Millikan para medir a carga do el´etron. Exerc´ ıcio
8.5.12
DADOS GERAIS
Separação entre as placas
0,016 m
Voltagem das placas
5 085 V
Distância de queda da gota
1,021 x 10-2 m
Viscosidade do ar
1,824 x 10-5 N s/m2
Densidade do óleo
0,92 x103 kg/m3
Densidade do ar
1,2 kg/m3
TEMPOS MEDIDOS (s)
Tempo médio de queda da gota (sem campo)
11,88 22,37
Cinco medidas do tempo de subida da gota (com campo)
34,80 29,25 19,70 42,30
Estime o valor da carga do el´ etron a partir desses dados. Os dados reportados na tabela acima representam uma pequena parte dos dados fornecidos na Tabela VI do livro The Electron , publicado por Millikan em 1917. Uma vez que a densidade do ´oleo ´e muito maior do que a do ar, ρ´oleo >> ρar,
84
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
a express˜ao para a carga (q ) adquirida por uma gota de ´oleo, em fun¸ca˜o das velocidades terminais de descida (vg ) e de subida (vE ) da gota, sob a a¸ca˜o de um campo el´etrico E , pode ser expressa como q
onde η = 1,824
× 10
5
−
√
1/2
9π 2 η 3/2 vg (vg + vE ) E ρ1/2 g1/2
N.s/m2 , ρ = 0,92 g/cm3 e g = 9,81 m/s2 .
Como V = 5 085 V e d = 1,6 cm, o campo el´etrico ser´a dado por E = V /d = 3,18 105 V/m.
×
Por outro lado, as duas velocidades que aparecem na express˜ao da carga podem ser expressas, em termos dos tempos de subida ( tE ) e de descida (tg ) da got´ıcula, por vg = s/tg e vE = s/tE , onde s = 1,021 cm. Assim, a carga adquirida pela gota de ´oleo pode ser expressa como q =
√ 9π 2
√ E
η3/2 s1/2 s ρ1/2 g1/2 t1g/2
9π 2 (ηs/tg )3/2 = E (ρg)1/2 ou
9π q = E
2 ρg
ηs tg
1 1 + tg tE
1+
tg tE
1+
tg tE
3
Q
Para um tempo m´ edio de queda igual a tg = 11,88 s, resulta Q = 25,99 10 19 C. −
×
Desse modo, de acordo com os dados para os tempos de subida, os valores para as cargas el´etricas das gotas s˜ao reportados na tabela a seguir. tE(s)
1+tg/tE q (×10–19C)
22,37
1,53
39,75
34,80
1,34
34,81
29,68
1,41
36,63
19,70
1,60
41,57
42,30
1,28
33,25
85
´ dicos: a descoberta do el´ 8. Os raios cato e tron e dos raios X
Ap´ os um exaustivo n´umero de experimentos, Millikan estimou que o menor valor absoluto da diferen¸ca entre as cargas das gotas de ´oleo era da ordem de 4,991
× 10
10
−
statC = 1,664
× 10
19
−
C
ou seja, as medidas das cargas el´etricas eram m´ultiplos de uma quantidade elementar associada ao el´etron, cujo valor atual ´e e = 1,60217733(49) 10 19 C.
×
−
Escolhendo o valor q 1 = 39,75 10 19 C, correspondente ao tempo de subida tE = 22,37 s, como valor de referˆ encia, pode-se construir a pr´oxima tabela com os quatro valores restantes, em fun¸ca˜o da diferen¸ca ∆q = q q 1 .
×
−
−
q
¢q =q – q 1(×10 –19C)
n
¢q /e
(|¢q |-ne)/q 1
34,81
-4,94
3
-3,083
0,00337
36,63
-3,12
2
-1,947
-0,00212
41,57
1,82
1
1,136
0,00548
33,25
-6,5
4
-4,057
0,00230
sendo e = 1,664 10 19 C o suposto valor da carga elementar inicialmente estimado por Millikan e n ´e o n´ umero inteiro positivo mais pr´oximo de ∆q /e.
×
−
| |
Definindo-se x
≡ ∆q e
e
y
≡ ∆q q − ne 1
pode-se testar se os dados s˜ao compat´ıveis com a hip´otese de que existe uma carga elementar tal que a varia¸c˜ao relativa ∆q/q 1 seja igual a ne/q 1 , ou seja, verificar que y = 0. Fazendo-se um ajuste aos dados do tipo y = a (constante), obt´em-se para a constante (a) e para a incerteza associada (σa ), os seguintes valores:
N
onde σy =
i
(yi
N
a = y =
i=1
yi = 0,0004 N
y √ σN = 0,0017 ⇒
σa =
2σa = 0,0034
2
− y) N
= 0,0034
e
N = 4.
86
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
O resultado do ajuste ´e mostrado no diagrama de dispers˜ao a seguir. y
x
Uma vez que a < 2σa , o valor de a juste encontrado para a constante ´e compat´ıvel com o zero, ou seja, com a hip´otese de que a carga adquirida por uma gota, ´e quantizada, sendo um m´ultiplo da menor diferen¸ca encontrada por Millikan q
− e = 4,991 × 10
10
statC = 1,664
−
× 10
−
19
C
a qual ´e igual `a magnitude inicialmente estimada por Millikan para a carga do el´etron. Exerc´ ıcio 8.5.13 Determine
quantos el´etrons por segundo atravessam a se¸cao ˜ transversal de um condutor quando se afirma que por ele passa uma corrente de 1 amp`ere. A corrente I ´e a raz˜a o entre a carga e o tempo, ou seja, a raz˜ao entre o n´ umero de el´etrons N multiplicado pela carga elementar, e, e o tempo t, ou seja, Ne N I 1 = I = = = t t e 1,6 10 19
⇒
×
−
Assim, o n´umero de el´etrons que atravessam a se¸c˜ao reta de um condutor em 1 segundo quando a corrente ´e de 1 amp`ere ´e da ordem de 6,25
18
× 10
el´etrons/s
´ dicos: a descoberta do el´ 8. Os raios cato e tron e dos raios X
87
Exerc´ ıcio 8.5.14 A
figura abaixo mostra o detalhe de uma cˆ amara de bolhas, preenchida com um g´ as, exposta a pr´ otons de alta energia (16 GeV). Observando a geometria dos tra¸cos da figura e considerando que a colis˜ ao elementar do pr´ oton p com uma part´ıcula do alvo ´e el´ astica, determine o g´ as que preenche a cˆ amara.
Como as part´ıculas espalhadas formam um ˆangulo reto no laborat´ orio, de acordo com a cinem´atica das colis˜oes, o pr´oton est´a colidindo com uma part´ıcula de massa praticamente igual `a dele, portanto, o g´as deve ser o hidrogˆenio. Exerc´ ıcio 8.5.15 Considerando-se
que o cristal de sal ( NaCl) tem os ´ atomos de Na e Cl distribu´ıdos alternadamente nos v´ ertices de um cubo, a distˆ ancia entre os planos atˆ omicos pode ser determinada por d =
1 n
1/3
onde n ´e o n´ umero de ´ atomos por cm3 . Sabendo-se que o peso molecular do s´ odio ´e 58,45 e sua densidade ρ = 2,163, determine o valor de d. O n´ umero de ´atomos por cm3 ´e dado por 2N ρ 2 n = = P A
23
× 6,02 × 10 × 2,163 = 4,49 × 10
22
58,45
´atomos/cm3
Logo, d =
1 3
1/3
=
1 = 2,81 (4,49 1022)1/3
×
× 10
8
−
cm
⇒
d = 2,814 ˚ A
9
A Radioatividade
A energia cin´ etica das part´ıculas α emitidas pelo Ra foi estimada por Rutherford, em 1905, a partir dos seguintes dados: e = 3,4 × 10 10 ues, e/m = 6,3 × 103 uem (abcoulomb/g) para a part´ıcula α, cuja velocidade ´ e v = 2,5 × 109 cm/s. Determine o valor estimado. Exerc´ ıcio 9.7.1 −
Dados:
e = 6,3 10 uem (abcoulomb/g) = 6,3 10 C/g m e = 3,4 10 statC = 3,34 3,3356 10 = 1,134 10 e = 2e = 2,268 10 C ×
3
4
×
α
×
−
4
×
×
α
−
×
20
−
×
−
19
C
19
vα = 2,5 × 109 cm/s
Assim, o valor da massa da part´ıcula α pode ser estimado como eα 2,268 × 10 19 mα = = = 3,6 × 10 (e/m)α 6,3 × 104 −
−
24
g
e a energia cin´etica das part´ıculas α ´e, portanto, α =
1 1 mα vα2 = 2 2
×
3,6 × 10
24
−
×
(2,5)2 × 1018
O resultado pode ainda ser expresso em eV, 89
⇒
α = 1,125 × 10
5
−
erg
90
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
1,125 × 10 5 6 α = = 7 × 10 eV ⇒ α = 7 MeV 1,6 × 10 12 −
−
A taxa de emiss˜ ao de calor por 1 g de Ra ´ e igual a 1,2 ×10 erg/s. Considerando que o efeito de aquecimento da amostra seja devido apenas ` as particulas α emitidas, determine o n´ umero destas part´ıculas que deve ser expelido por segundo. Exerc´ ıcio 6
9.7.2
De acordo com o problema anterior, a energia de cada part´ıcula α emitida pelo Ra ´e igual a α = 1,125 × 10 5 erg. Como, por hip´ otese, a taxa de energia liberada pela amostra, 1,2 ×106 erg/s, adv´em apenas da emiss˜ao de part´ıculas α, o n´ umero total n de part´ıculas emitidas por segundo ´e −
1,2 × 106 n = 1, 125 × 10
5
n = 1,1 × 1011 s
⇒
−
1
−
Considerando que hoje o valor da meia-vida do 1602 anos, determine o n´ umero de Avogadro.
e Ra ´
Exerc´ ıcio 9.7.3
Considerando-se o valor de hoje da meia-vida do 1 602 anos, tem-se
Ra
1 ln 2 0,692 × 10 3 × 10 2 × 10 1 × 10 λ(Ra) = = = τ T 1/2 1,602 × 3,65 × 2,4 × 3,6 −
−
−
−
de
como sendo T 1/2 =
3
= 1,3 × 10
−
11
s
−
1
A taxa de emiss˜ao de part´ıculas α por segundo ´e 3,4 × 1010 part´ıculas/s =
dN dt
Por outro lado, sabe-se que dN = λN dt
⇒
1 dN 3,4 × 1010 21 N = = = 2,6153846 × 10 λ dt 1,3 × 10 11 −
O n´umero de Avogadro, N A , ´e dado por N A = µN . Como µ(Ra) = 226, obt´em-se N A 5,9 × 1023
que a probabilidade P de desintegra¸c˜ ao de um ´ atomo radioativo dependa apenas do intervalo de tempo de observa¸c˜ ao considerado ∆t, Exerc´ ıcio 9.7.4 Considere
91
9. A Radioatividade
ou seja, P = λ∆t, onde λ ´ e a constante de decaimento. A probabilidade de que um dado ´ atomo n˜ ao se desintegre neste intervalo de tempo ´ e Q1 = 1 − P = 1 − λ∆t. Deste modo, a probabilidade de que um certo ´ atomo n˜ ao se desintegre decorridos n intervalos de tempo ∆t ´ e
Qn = (1 − λ∆t)n Se a observa¸c˜ ao se d´ a em um intervalo finito de tempo t, durante o qual o n´ umero n de intervalos ∆t ´ e muito grande, pode-se escrever
Qn = 1 −
λt n
n
Mostre que, se n ´ e muito grande, obt´em-se a rela¸c˜ ao
N = N e
−
λt
◦
Expandindo a express˜ a o de Qn de acordo com a f´ormula do binˆ omio de Newton, tem-se Qn =
1−
λt n
n
λt n(n − 1) λ2 t2 =1−n + n 2! n2
−
n(n − 1)(n − 2) λ3 t3 + ... 3! n3
´ conveniente reescrevˆe-la como E
Qn = 1 − λt + 1 −
1 n
2 2
λ t 2!
−
1−
1 n
1−
2 n
3 3
λ t 3!
No limite em que n → ∞, N λ2 t2 Qn = = 1 − λt + N 2!
−
◦
Assim, N = N e ◦
λt
−
λ3 t3 + ... = e 3!
−
λt
+ ...
92
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
uma amostra radioativa contendo 3 mg de U234 . Sabendo que T 1/2 = 2,48 ×105 anos e λ = 8,88 × 10 14 s 1 , determine a massa deste is´ otopo do urˆ anio que n˜ ao ter´ a se desintegrado ap´ os 6,2 × 104 anos. Exerc´ ıcio 9.7.5 Considere
−
−
Foi visto no exerc´ıcio anterior que N = N e
λt
−
◦
Neste caso, 3
N = 3 × 10
g×
−
◦
enquanto N = m × e λt =
6,02 × 1023 ´atomos 234g
6,02 × 1023 ´atomos 234g 0,693t = 0,173 T
Logo, 23 6,02 × 1023 3 6,02 × 10 m× = 3 × 10 × ×e 234 234 ou 3 × 10 3 ln = 0,173 ⇒ m −
0,173
−
⇒
m = 3,0 × 10
−
3
×
e
−
0,173
g
−
m = 2,52 × 10
3g
−
Exerc´ ıcio 9.7.6 Considere
em uma s´ erie de radiois´ otopos o decaimento de um elemento A em outro B , sabendo que B decai em C . Seja N o n´ umero inicial de atomos do tipo A, cuja constante de decaimento ´ ´ e λA e seja λB a constante de decaimento de B . Mostre que o n´ umero de ´ atomos do tipo B que n˜ ao deca´ıram ap´ os um tempo t ´ e dado por ◦
N λB N B = e λB − λA ◦
−
λA
t−e
−
λB
t
O processo de decaimento de radiois´otopos a ser considerado ´e do tipo A→B
→
C
Sabe-se que a lei do decaimento radioativo ´e −
dN = λN dt
93
9. A Radioatividade
Como o elemento B est´a no meio da cadeia de decaimento, o n´umero deste radiois´ otopo que ainda existir´ a decorrido um intervalo de tempo t ser´a a diferen¸ca entre o n´umero produzido pelo decaimento de A e o n´ umero que decaiu em C . Se N ´e o n´ umero inicial de ´atomos do tipo A e sua constante de decaimento ´e λA , o n´ umero de ´atomos do tipo B formados ap´os um intervado de tempo dt ser´a igual ao n´ umero dN de ´atomos A que deca´ıram em B, o que ´e dado por ◦
−
dN (A → B) = λ A N A dt
Por sua vez, se se considera que o n´umero inicial de ´atomos do tipo B ´e zero e que sua constante de decaimento ´e λB , neste mesmo intervalo de tempo o n´umero destes ´atomos vai variar seguindo a mesma lei, ou seja, −
dN (B → C ) = λ B N B dt
A varia¸c˜ao final de ´atomos do tipo B, dN B , neste intervalo infinitesimal de tempo, ´e a diferen¸ca das duas equa¸c˜oes, ou seja, −
dN B = λ A N A − λB N B dt
O n´umero de ´atomos do tipo A que sobrevivem pode ser eliminado da equa¸c˜ao anterior lembrando que N A = N e λA t −
◦
Assim, dN B = λA N e dt
−
◦
ou
λA t
−
λB N B
dN B + λB N B = λ A N e dt
−
◦
λA t
´ conveniente multiplicar-se toda a ´ultima equa¸c˜ao pelo fator e λB t , de forma E a facilitar a integra¸ca˜o. De fato, obt´em-se eλB t
dN B + λB N B eλB t = λ A N e(λB dt ◦
−
λA )t
ou eλB t dN B + λB N B eλB t dt = λ A N e(λB ◦
−
λA )t
dt
94
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
que ´e ainda equivalente a
d e
λB t
N = λ N e B
A
◦
(λB −λA )t
dt
Integrando-se ambos os lados, chega-se a N B eλB t =
λA λB − λA
N e(λB ◦
λA )t
−
+ C
onde C ´e uma constante de integra¸c˜ao, que pode ser determinada pela condi¸c˜ao de que o n´ umero de ´atomos B em t = 0 ´e nulo: 0=
λA λB
−
λA
N + C
C = −
⇒
◦
λA λB − λA
N
◦
Substituindo este valor na equa¸c˜ao anterior, obt´em-se N B e
λB t
= N
◦
λA
e
λB − λA
(λB −λA )t
−
1
e, finalmente, N B = N
◦
λA λB
−
e
−
λA
λA t
−
e
λB t
−
que a meia-vida do is´ otopo do iodo I133 e igual a 20 h. 53 ´ Considerando uma amostra desse is´ otopo de 2 g, determine o tempo decorrido, em horas, para que essa massa se reduza a 0,25 g. Exerc´ ıcio 9.7.7 Sabe-se
O is´otopo do iodo pela lei (Se¸ca˜o 9.4)
133
I53
vai decair radioativamente. Tal decaimento ´e regido N = N e
λt
−
◦
A meia-vida, que ´e um dado do problema (T 1/2 = 20 h), ´e definida como o tempo decorrido para que a amostra decaia `a metade. Logo, N 1 = e N 2
λT 1/2
−
◦
Tomando-se o logaritmo natural da express˜ao anterior, chega-se a T 1/2 1 = − λ ln(1/2)
95
9. A Radioatividade
Pode-se supor que a massa da amostra seja proporcional ao n´ umero de part´ıculas da amostra, em cada instante, do que se segue que m = m e
λt
−
◦
O problema d´a o valor da massa inicial e final da amostra e pede o tempo decorrido, t, para que haja esta redu¸ca˜o. Assim, 1 t = − ln λ
m m
=
◦
ln(m/m ) T ln(1/2) 1/2 ◦
Substituindo todos os dados, obt´em-se t =
ln(0,125) ln(0,5)
×
20
⇒
t = 60 h
10
A radia¸ c˜ ao de corpo negro e a concep¸ c˜ ao corpuscular da luz Em 1895, Paschen propˆ os para a fun¸cao ˜ F (λ, T ) a forma
Exerc´ ıcio 10.6.1
F (λ, T ) = bλ−γ e−a/λT onde a e b s˜ ao constantes e γ 5,66. Mostre que, a menos que γ = 5, esta lei de Paschen ´e irreconcili´ avel com a lei de Stefan-Boltzmann. Se a fun¸ca˜o F (λ, T ) ´e dada por F (λ, T ) = bλ−γ e−a/(λT ) a lei de Stefan ser´a
∞
u =
∞
4
F (λ, T ) dλ = a T = b
0
λ−γ e−a/(λT ) dλ
0
Definindo a ≡x λT
⇒
λ =
a xT
⇒
dλ = −
a dx x2 T
obt´em-se
0
a u = − b xT ∞
γ
−
e
x
−
a T x2
ab dx = γ a
∞
0
∞
= ba
1−γ γ −1
T
xγ −2 e−x dx = a T 4
0
97
T γ −1 xγ −2 e−x dx
98
F´ısica Moderna
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Logo, para se obter a dependˆencia correta da energia total irradiada pelo corpo negro com a temperatura, deve-se ter γ − 1 = 4, ou seja, γ = 5 Exerc´ ıcio 10.6.2 Mostre
que n˜ ao ´e poss´ıvel ocorrer o efeito fotoel´etrico se o
el´etron for livre. Considere a colis˜ao e+ e− no sistema do centro de massa. A componente do vetor momentum ´e dada por p = γme− · ve− + γm e+ · ve+ Como me− = me+ e neste sistema ve+ = −ve− = −ve , segue-se que p = γme (ve − ve ) = 0 Como um u ´ nico f´ oton n˜ ao pode ter momentum nulo, ele n˜ao pode ser o ´ unico resultado da colis˜ao. Pode-se resolver de outra forma o problema, introduzindo o conceito de quadrivetor momentum , um vetor a quatro componentes, no qual a primeira ´e igual a E/c associada a uma part´ıcula e as outras trˆ es correspondem ao trivetor momentum p. Se um f´oton ´e totalmente absorvido por um el´etron livre, este adquire toda sua energia e todo o seu momentum . Em termos dos quadrimomenta , tem-se a seguinte lei de conserva¸c˜ao: pγ + pe = p e Tomando-se o produto escalar de cada lado da equa¸ca˜o por ele mesmo, obt´em-se p2γ + p2e + 2 pγ · pe = pe2 Mas p2γ = 0 (o f´oton n˜ ao possui massa) e p2e = p e2 = m e c2 , o que implica que pγ · pe = 0
1 E γ E e − | pγ | | pe | = 0 c2
⇒
Como o f´oton n˜ ao tem massa, a energia do f´oton ´e E γ = p γ c, o que implicaria, para o el´etron, que E e = p e c Entretanto, sabe-se que a raz˜ao entre a energia e o momentum do el´etron n˜ao pode ser E e /| pe | = c, pois o el´etron possui massa. Esta express˜ao, portanto, n˜ao pode ser satisfeita para um el´etron livre. A rela¸ca˜o correta, neste caso, ´e E e =
m2e c4 + | pe |2 c2
˜o de corpo negro e a concepc ˜ o corpuscular da luz 10. A radiac ¸a ¸a
99
Assim, a energia e o momentum n˜ao poderiam se conservar simultaneamente se o el´etron for livre. Entretanto, se o el´etron for ligado, haver´ a uma contribui¸ca˜o `a sua energia devida `a intera¸ca˜o eletromagn´etica, expressa pela fun¸ca˜o trabalho. Exerc´ ıcio 10.6.3 Mostre
que a constante de Planck tem as mesmas dimens˜ oes
do momento angular. A dimens˜ao da constante de Planck ´e [h] = [energia] × [tempo] = M L2 T −2 T = M L2 T −1 Por outro lado, [momento angular] = [momento linear] × [distˆancia] = M LT −1 L = M L2 T −1 Portanto, [h] = [momento angular]
Exerc´ ıcio 10.6.4 Determine
de onda ´e de 912 ˚ A.
a energia, em eV, de um f´ oton cujo comprimento
O problema d´ a o comprimento de onda λ = 912 ˚ A e pede a energia associada a ele. Combinando-se as equa¸co˜es E = hν e λν = c, obt´em-se hc 6,626 × 10−34 × 3 × 108 6,626 × 3 E = = = × 10−19 −10 λ 912 × 10 0,912 ou seja, E = 21, 796 × 10−19 J = 13,62 eV
100
F´ısica Moderna
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esfera de tungstˆenio de 0,5 cm de raio est´ a suspensa em uma regi˜ ao de alto v´ acuo, cujas paredes est˜ ao a 3000 K. A emissividade do tungstˆenio ´e da ordem de 35%. Desprezando-se a condu¸cao ˜ de calor atrav´es dos suportes, determine a potˆ encia que deve ser cedida ao sistema para manter a temperatura da esfera a 3000 K. Os dados para a solu¸c˜ao do problema s˜ao: Exerc´ ıcio 10.6.5 Uma
e = 0, 35 T = 3 000 K (temperatura da esfera) R = 0,5 cm (raio da esfera) σ = 5,67 × 10−12 W · cm−2 · K−4
A intensidade da radia¸ca˜o da esfera de tungstˆ enio `a temperatura T pode ser obtida a partir da intensidade do corpo negro, multiplicando-a pela emissividade e. Assim, P I N = eσT 4 = 4πR 2 o que corresponde a uma taxa de energia (potˆencia emitida) P = AeσT 4 onde A = 4πR 2 ´e a ´area da superf´ıcie da esfera. Considerando que a superf´ıcie da esfera ´e muito menor daquela do recipiente, e devido `a grande diferen¸ca entre a sua temperatura e a das paredes, a potˆencia necess´aria para manter a temperatura da esfera ´e praticamente igual a` emitida, ou seja, P = 4πeR2 σT 4 = 4 × 3,14 × 0,35 × 0,25 × 5,67 × 10−12 × 34 × 1012 ou P 505 W
˜o de corpo negro e a concepc ˜ o corpuscular da luz 10. A radiac ¸a ¸a
101
Exerc´ ıcio 10.6.6 Suponha
que apenas 5% da energia fornecida a uma lˆ ampada incandescente sejam irradiados sob a forma de luz vis´ıvel e que o comprimento de onda dessa luz seja 5 600 ˚ A. Calcule o n´ umero de f´ otons emitidos por segundo por uma lˆ ampada de 100 W. Considere os dados: P ◦ = 100 W que
P = 0,5% de P ◦ = 0,05 × 100 = 5 W e
λ = 5,6 × 103 × 10−10 m = 5,6 × 10−7 m h = 6,6 × 10−34 J.s. c = 3 × 108 m/s A potˆencia emitida pode ser expressa em termos da energia m´edia dos f´otons pela equa¸ca˜o E Nε P = = t t Assim,
N P P Pλ = = = t ε hν hc
e, portanto,
7
−
N 5 × 5,6 × 10 = t 6,6 × 10−34 × 3 × 108
=⇒
N t
1019 f´ otons/s
superf´ıcie da Terra, uma ´ area de 1 cm2 , perpendicular aos raios solares, recebe 0,13 J de energia irradiada por segundo. Sabendo que o raio do Sol ´e da ordem de 7 × 108 m, que a distˆ ancia entre o Sol e a Terra ´e da ordem de 1,5 × 108 km e supondo que o Sol seja um corpo negro, determine a temperatura na superf´ıcie do Sol. Exerc´ ıcio 10.6.7 Na
Considere a figura a seguir:
102
F´ısica Moderna
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P ◦ = P ⇒ I ◦ R2 = σT 4 R2 = I d2 Logo, I T 4 = σ
2
d R
0,13 = × 5,7 × 10−12
1,49 1011 0,13 × 4,58 × 104 × = 6,96 108 5,67 × 10−12
T 4 = 1,05 × 103 × 1012 ⇒ T = 5,7 × 103 K
Exerc´ ıcio 10.6.8
a) Mostre que o m´ aximo da express˜ ao de Planck para uλ ´e obtido como solu¸cao ˜ da seguinte equa¸cao ˜ transcendental: 1 e−x + x − 1 = 0 onde 5
x =
ch kλM T
b) Usando o m´ etodo das aproxima¸coes ˜ sucessivas ou o m´ etodo de Newton, mostre que a raiz ´e dada por x = 4,9651. c) A partir do resultado anterior, mostre que h 4,8 × 10−11 s.K k a) Dada a express˜ao de Planck uλ =
8π ch 1 λ5 ehc/kλT − 1
seu m´aximo ´e dado pela condi¸ca˜o duλ |λ = 0 dλ
⇒
M
5 − 6 ehc/kTλ − 1 λ ou
d 1 dλ λ5 1
−
1 ehc/kTλ
−1
= 0
1 hc + 5 ehc/kTλ ehc/kTλ − 1 2 λ kT λ
hc = 5(1 − e−hc/kλ k(λM T )
M
T
)
2
−
=0
˜o de corpo negro e a concepc ˜ o corpuscular da luz 10. A radiac ¸a ¸a
103
Definindo x ≡ hc/(Kb), onde b = λM T = 0,29, segundo a lei de Wien, obt´em-se a equa¸ca˜o transcendental procurada, ou seja, o m´aximo ´e dado pela raiz da equa¸ca˜o h(x) =
x − 1 + e−x = 0 5
b) Escrevendo esta condi¸c˜ao como x 5 um valor inicial x◦ para a raiz pode ser estimado a partir da interse¸ca˜o das curvas e−x e 1 − x/5, como indica a seguinte figura. e−x = 1 −
Se h(xo ) ´e t˜ao pr´ oximo de zero quanto se queira, o problema estar´a resolvido. Caso contr´ario, a partir de qualquer valor inicial, calculando-se a derivada de h(x) para esse valor inicial, h (x), pode-se determinar a reta tangente `a curva h(x) no ponto [x◦ , h(x◦ )], como mostra genericamente a pr´oxima figura. Esta reta intercepta o eixo das abcissas em um ponto x1 , tal que tg α1 = h (x◦ ) =
h(x◦ ) x◦ − x1
⇒
x1 = x ◦ −
h(x◦ ) h (x◦ )
A seguir, calculando-se a derivada de h(x) para essa outra estimativa da raiz, h (x1 ), obt´ em-se uma outra reta tangente `a curva no ponto [x1 , h(x1 )], que intercepta o eixo das abcissas no ponto x2 , tal que tg α2 = h (x1 ) =
h(x1 ) x1 − x2
⇒
x2 = x 1 −
h(x1 ) h (x1 )
104
F´ısica Moderna
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Esse processo, denominado m´etodo de Newton , pode ser continuado at´e que se encontre uma estimativa xn da raiz tal que o valor de h(xn ) seja suficientemente pr´ oximo de zero, ou seja, ´e poss´ıvel arbitrar um valor δ de modo que | xn+1 − xn |< δ onde xn+1 = x n −
h(xn ) h (xn )
Tendo em vista que para o problema, h (x) =
1 − e−x 5
a partir de um valor inicial x◦ = 2, pode-se construir a tabela abaixo, que mostra que a raiz da equa¸ca˜o considerada ´e igual a 4,9651.
c) x = 4,9651 =
ch h b 4,9651 ⇒ = 4,9651 = × 0,29 kb k c 3 × 1010
˜o de corpo negro e a concepc ˜ o corpuscular da luz 10. A radiac ¸a ¸a
105
Assim, h 4,961 × 2, 9 = × 10−11 k 3
h = 4, 8 × 10−11 s.K k
⇒
A partir da integra¸cao ˜ da lei de Planck (em fun¸cao ˜ da frequˆencia) e da lei de Stefan, mostre que Exerc´ ıcio 10.6.9
k4 1,25 × 108 J.s−3 .K−4 3 h Sabe-se que
8πh ν 3 uν = 3 hν/kT c e −1 e I = σT 4 = uc/4, onde σ = 5,67 × 10−12 W.cm−2 .K−4 . A densidade total irradiada ´e dada por
∞
u =
0
8πh uν dν = 3 c
ν 3
∞
ehν/kT − 1
0
dν
Fazendo as seguintes substitui¸co˜es na equa¸ca˜o anterior,
x = hν/kT dν = 3
ν =
obt´em-se u =
8πh c3
kT h
kT dx h kT h
4
∞
0
3
x
x3 4σT 4 dx = ex − 1 c
π 4 /15
Deste modo, k4 15 2 15 = c σ = × 32 × 1020 × 5,67 × 10−12 3 5 5 h 2π 2 × (3,14) ou, k4 1,25 × 108 J.s−3 · K−4 3 h
106
F´ısica Moderna
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Exerc´ ıcio 10.6.10 Considerando
os resultados dos dois exerc´ıcios anteriores, obtenha estimativas para as constantes h e k.
3
h h = 4,8 × 10−11 s.K ⇒ k k k4 h3 k = ⇒ h3 k3
= 1,1 × 10−31 s3 .K3 k = 1,38 × 10−23 J/K
h = 4,8 × 10−11 × k = 4,8 × 1,38 × 10−34
⇒
h = 6,6 × 10−34 J.s
Esse foi o modo como Planck determinou as duas constantes universais k e h. Exerc´ ıcio 10.6.11 A
partir da primeira lei da Termodinˆ amica e da equa¸cao ˜ de estado para a radia¸c˜ ao eletromagn´etica, P = u/3, onde P e u s˜ ao, respectivamente, a press˜ ao e a densidade de energia da radia¸c˜ ao, mostre que (lei de Stefan) u = aT 4
Partindo-se da express˜ao para a press˜ao da radia¸ca˜o eletromagn´etica P = u/3 pode-se escrever dU = T dS − P dV = d(uV ) = udV + V du = udV +
dU dT dT
Expressando dS em termos de dT e dV , tem-se
dU = T ou T
∂S ∂T
∂S ∂T
dT + T
V
dT + T
V
∂S ∂T
∂S ∂T
dV − T
dV = V
V
du u dV = udV + T dT 3 dT du v dT + u + dV dT 3 4 3
∂S ∂T ∂S ∂T
=
V du T dT
=
4 u 3 T
V
T
u
˜o de corpo negro e a concepc ˜ o corpuscular da luz 10. A radiac ¸a ¸a
Igualando
107
∂ ∂V
∂S ∂T
∂ ∂T
=
V T
∂S ∂V
T V
obt´em-se 1 du 4 1 du 4 u = − T dT 3 T dt 3 T 2
du 4u = dT T
⇒
⇒
u = aT 4
Utilizando os dados da Tabela abaixo, obtidos em um experimento realizado no laborat´ orio de F´ısica Moderna do curso de F´ısica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), cujo esquema est´ a representado na Figura 10.11, determine a constante de Planck. Exerc´ ıcio 10.6.12
Dados relativos a um experimento sobre o efeito fotoel´ etrico
De acordo com a hip´otese de Einstein, o potencial de corte V e a frequˆencia ν , associdada ao f´ oton incidente, est˜ao relacionados por V =
h ν − φ e
onde h ´e a constante de Planck, e ´e a carga do el´etron e φ, denominada fun¸c˜ao trabalho, depende das jun¸c˜oes dos condutores com o fotocatodo. A partir dos dados da Tabela, que apresentam um coeficiente de correla¸c˜ao linear da ordem de 0,999719, a rela¸c˜ao de Einstein se ajusta aos dados quando os parˆametros a = h/e e b = −φ s˜ao a =
h e
× 1014 = 0,4037 J.s/C
e
b = −1,3739 V
com incertezas dadas, respectivamente, por σa = 0,0078 J.s/C
e
σb = 0,053 V
O ajuste ´e apresentado na figura que se segue.
108
F´ısica Moderna
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Considerando que a carga do el´ etron ´e dada por (Particle Data Group – http://pdg.lbl.gov) e = 1,602176462(63) × 10−19 C a constante de Planck ´e estimada como hest = (6,46 ± 0,12) × 10−34 J.s Comparando-se com o valor de referˆencia, href = 6,62606876(52) × 10−34 J.s encontra-se a discrepˆancia |hest − href | = 0,166 Sendo a diferen¸ca encontrada menor que 2 × 0,1 2 = 0,24, este resultado mostra a compatibilidade entre a estimativa e o valor de referˆ encia. Exerc´ ıcio 10.6.13 Mostre
que a energia de recuo do el´etron no espalhamento
Compton ´e dada por 2α cos2 φ 2 = hν + mc [(1 + α)2 − α2 cos2 φ] resultado obtido por Debye em 1923.
˜o de corpo negro e a concepc ˜ o corpuscular da luz 10. A radiac ¸a ¸a
109
A cinem´atica do efeito Compton est´a representada na figura a seguir.
Da conserva¸ca˜o da energia, tem-se γ + ◦ = γ + Explicitando o quadrado da energia do f´oton espalhado γ 2 = 2γ + 2◦ γ + 2◦ − 2(γ + ◦ ) + 2 O diagrama seguinte expressa a lei da conserva¸c˜ao de momentum
pγ 2 = p 2 + p2γ − 2 ppγ cos φ
⇒
γ 2 = p 2 c2 + 2γ − 2 pcγ cos φ
Levando-se em conta que ( pc)2 = 2 − 2◦ e igualando-se as duas equa¸co˜es anteriores para 2 , obt´em-se γ 2 = 2γ + 2◦ γ + 2◦ − 2(γ + ◦ ) + 2 = 2 − 2◦ + 2γ − 2 pcγ cos φ donde (γ + ◦ ) − 2◦ (γ + ◦ ) = 2 pcγ cos φ ou ( − ◦ )(γ + ◦ ) = pcγ cos φ
⇒
( − ◦ )2 (γ + ◦ )2 = ( pc)2 2γ cos2 φ
110
F´ısica Moderna
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Uma vez que ( pc)2 = 2 − 2◦ = ( + ◦ )( − ◦ ), resulta ( − ◦ )(γ + ◦ )2 = ( + ◦ )2γ cos2 φ Assim,
2γ cos2 φ 2γ cos2 φ − ◦ = = 2 + ◦ (γ + ◦ )2 γ + 2◦ γ + 2◦
Portanto, (2γ + 2◦ γ + 2◦ − 2γ cos2 φ) = ◦ (2γ + 2◦ γ + 2◦ + 2γ cos2 φ) ou [2γ (1 − cos2 φ) + 2◦ γ + 2◦ ] = ◦ [2γ (1 − cos2 φ) + 2◦ γ + 2◦ ] + 2◦ 2γ cos2 φ Assim, 2◦ 2γ cos2 φ = ◦ + 2 γ (1 − cos2 φ) + 2◦ γ + 2◦ 2γ cos2 φ
= ◦ + γ ◦ (1 − cos2 φ) + 2 + ◦ γ Uma vez que
γ hν = ≡α ◦ mc2
pode-se escrever = ou ainda,
2hν cos2 φ α(1 − cos2 φ) + 2 +
1 α
+ mc2
2α cos2 φ 2 = hν 2 + mc α + 2α + 1 −α2 (1 − cos2 φ)
(1+α)2
Finalmente, explicitando α, chega-se ao resultado 2 = hν
hν 1+ mc2
hν cos 2 φ 2 mc
2
− hν 2 mc
2
+ mc2 (1 − cos2 φ)
11
Modelos atˆ omicos cl´ assicos
Exerc´ ıcio 11.8.1
Mostre que, no modelo de Thomson para muitos el´ etrons, a condi¸cao ˜ de equil´ıbrio eletrost´ atico est´ avel implica que o n´ umero m´ aximo de el´ etrons situados em um unico ´ anel seja de 574.
A solu¸c˜ao deste problema requer a elabora¸c˜ao de um programa num´ erico. Apresenta-se abaixo o algoritmo deste programa, a partir do qual determina-se o limite solicitado. N=(nº máximo possível de elétrons) LOOP de n=1 a N (sobre o nº de elétrons) S=0 LOOP de i=1, n-1 (sobre nº de termos da soma) S = S + 1/(sen(pi*i/n) soma = s/4*n END LOOP (sobre soma) IF soma > 1 WRITE, n-1 END LOOP (sobre nº de elétrons)
Exerc´ ıcio 11.8.2 Determine
a condi¸cao, ˜ em termos do comprimento de onda da radia¸cao ˜ e da vida m´ edia do ´ atomo, para que a perda de energia m´ edia por ciclo da radia¸cao ˜ emitida por um ´ atomo cl´ assico de Thomson seja pequena.
A condi¸ca˜o para que a energia m´edia perdida seja pequena ´e dada por ωτ >> 1
⇒
ou seja, usando a rela¸c˜ao λν = c, chega-se a cτ >> 1 λ 111
2πντ >> 1
112
F´ısica Moderna
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Exerc´ ıcio 11.8.3 Estime
a raz˜ ao entre a m´ axima acelera¸cao ˜ que uma part´ıcula α pode ser submetida no espalhamento devido a um ´ atomo de ouro no modelo de Thomson e a acelera¸cao ˜ da gravidade.
No experimento de Rutherford, part´ıculas α (que possuem carga el´etrica = 2e) s˜ao lan¸cadas com uma velocidade de cerca de 1,6 × 107 m/s contra uma folha delgada de ouro contendo, aproximadamente, 400 ´atomos de ouro. O ´atomo de ouro tem uma carga positiva igual a 79 vezes a carga do pr´oton, uniformemente distribu´ıda em uma esfera de raio a. A for¸ca el´etrica m´axima a` qual uma part´ıcula α estaria submetida na colis˜ao com este ´atomo de Thomson ocorrer´a quando ela estiver na superf´ıcie da esfera positiva de raio a 10 10 m: −
1 79e × 2e 158 × (1,6 × 1019 )2 9 F max = = 9 × 10 × = 3,64 × 10 4π a2 10 20
−
−
◦
6
N
Como a massa da part´ıcula α ´e igual a 6,7 × 10 27 kg, ent˜ao a acelera¸c˜ao sofrida pela part´ıcula α devida `a for¸ca el´etrica na superf´ıcie do a´tomo ´e −
F 3,64 × 10 6 a = = = 5,4 × 1020 m/s2 27 m 6,7 × 10 −
−
Portanto, em rela¸c˜ao a` acelera¸ca˜o da gravidade g, a 1020 g
Exerc´ ıcio 11.8.4 Refa¸ ca
os c´ alculos feitos para o modelo de Rutherford considerando o n´ ucleo negativo. Comente o resultado.
Trata-se, na verdade, de um exerc´ıcio muito simples no qual se quer saber o que mudaria na se¸c˜ao de choque de Rutherford se o n´ucleo tivesse carga de sinal oposto. Basta que se perceba que a se¸c˜ao de choque de Rutherford depende do produto da carga nuclear e da part´ıcula espalhada elevado ao quadrado, sempre positivo. De fato, 2 dσ Ze2 1 = dΩ mv2 sen4 θ/2
◦
Portanto, se em vez de Z e o n´ucleo tivesse uma carga el´etrica −Ze em nada alteraria a previs˜ ao de espalhamento do modelo de Rutherford. De fato, em seu famoso artigo de 1911, Rutherford considera um ´atomo de carga ±Ze no seu centro e uma carga ∓Ze distribu´ıda uniformemente em uma
ˆ micos cla ´ ssicos 11. Modelos ato
113
esfera; em seguida afirma que “ser´ a mostrado que as principais dedu¸coes ˜ da teoria s˜ ao independentes de se a carga central ´e considerada positiva ou negativa. Por conveniˆ encia, o sinal ser´ a tomado como positivo. ”(Philosophical Magazine 21,
p. 671).
12
Modelos quˆ anticos do ´ atomo Exerc´ ıcio 12.6.1 No
modelo de Bohr para o ´ atomo de hidrogˆ enio, o el´etron orbita em torno do n´ ucleo em uma trajet´ oria circular de 5,1 10−11 m de raio, com uma frequˆencia de 6,8 1015 Hz. Determine o valor do campo magn´etico produzido no centro da ´ orbita.
×
×
Pode-se mostrar, usando a lei de Biot-Savart, que o campo magn´etico produzido por uma espira de raio R a uma altura h sobre a perpendicular ao plano da espira que passa pelo seu centro ´e dado por µ◦ iR2 B= 2(R2 + h2 )3/2 onde µ◦ ´e a constante de permeabilidade magn´etica que aparece na lei de Amp` ere. De fato, a lei de Biot-Savart pode ser escrita na forma vetorial como µ◦ i d r dB = 4π r3
×
onde d ´e um elemento infinitesimal do circuito, situado a uma distˆ ancia r da origem, percorrido por uma corrente i. No caso da espira, esquematizada na figura a seguir, d r.
⊥
A resultante do campo magn´ etico infinitesimal num ponto P , dada por = dB + d B ⊥ dB ´e mostrada na figura. Por simetria, conclui-se que apenas a componente dB 115
116
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
, gerado pela espira no ponto vai contribuir para o campo magn´ etico etico total, B P . P . Assim, B =
dB =
µ◦ i dB cos α = 4π
cos α d r2
Naturalmente, r e α n˜ ao ao s˜ao ao vari´ aveis independentes, pois, pela geometria aveis da figura, vemos que r = e cos α = donde
R2 + h2
R = r
√ R R+ h 2
2
cos α R = r2 (R2 + h2 )3/2
Finalmente,
⇒
µ◦ i R B = 4π (R2 + h2 )3/2
d
µ◦ iR2 B= 2(R 2(R2 + h2 )3/2
2πR
Como o exerc´ exerc´ıcio pede o valor do campo no centro centro da orbita o´rbita do atomo a´tomo de Bohr, h = 0, portanto, por tanto, o campo magn´etico etico ´e dado simplesmente por B=
µ◦ i 2R
117
ˆ nticos do atomo ´ tomo 12. 12. Mode Modelo los s quanticos a a
A corrente i, que ´e a quantidade de carga que passa por unidade de tempo em qualquer ponto da orbita o´rb ita,, ´e dada dad a por po r i = eν = eν = 1,6
× 10− × 6,8 × 10 19
15
A = 1,1
× 10−
3
A = 1,1 mA
Assim, Assi m, o valor do campo camp o magn´etico eti co ´e B =
4π
× 10− × 1,1 × 10− 2 × 5,1 × 10− 7
3
Wb/m2 = 14 Wb/m2 = 14 T
11
Pode-se comparar o valor encontrado ao campo magn´ etico etico na superf´ superf´ıcie da Terra, que vale aproximadamente 5, 5,7 10−5 T.
×
Exer Ex erc c´ ıcio ıc io 12.6.2 12. 6.2 A
partir dos dados do exerc exerc´ıcio anterior, determine o momento ment o magn´etico eti co correspondente `a ´ orbita orbi ta circular circul ar do el´etron. etron. O momento de dipolo dipo lo magn´etico, etico, µ , ´e definido em analogia com o momento momento de dipol di poloo el´etrico. etrico. De fato, fa to, uma distribu d istribui¸ i¸c˜ cao a˜o de carg cargas as el´etric etr icas as ´e dita dita um dipolo um dipolo quando quando ao ser colocada em um campo el´ etrico etrico externo externo sofre um torque torque dado , onde p ´ por τ τ = p E p ´e o momento de dipolo dip olo el´etrico. etrico. Por analogia, analog ia, o torque sobre uma espira de ´area area A percorrida por uma corrente i ´e dado da do por
×
τ τ = µ
× B
onde µ ´e o momento de dipolo magn´ etico etico da espira. No caso de N N espiras, o m´ odulo odulo deste momento ´e dado por µ por µ = = N N iA. iA. Neste Nes te exerc exe rc´´ıcio ıcio,, N = N = 1. Portanto, µ = iA = iA = = 1,1
× 10− × π × (5, (5,1 × 10− 3
11 2
)
⇒
µ = 9,0
× 10−
24
A.m2
a rela¸c˜ cao ˜ entre as frequˆ frequˆencias encias dos f´ otons γ e γ emitidos nas transi¸c˜ coes ˜ indicadas no esquema a seguir. Exer Ex erc c´ ıcio ıc io 12.6.3 12. 6.3 Determine
118
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
A rela¸c˜ cao a˜o entre as frequˆ fre quˆencias enci as ´e dada dad a pela pe la equa¸ equa c˜ c¸ao a˜o (12.6), ou seja, ν lm = cR∞ lm = cR Para o f´oton oton γ , ν 23 23 = cR ∞
Para o f´ oton oton γ , ν 23 = cR∞ 23 = cR
1 22
− n1
1 32
−
1 12
1 l2
−
2
= cR∞
5 36
= cR∞
8 9
1 32
Logo, a rela¸c˜ cao a˜o entre entre as freq fr equˆ uˆenci encias as ´e ν 23 5/36 5 23 = = ν 13 8/9 32 13
Exer Ex erc c´ ıcio ıc io 12.6.4 12. 6.4 Determine
a energia de ioniza¸c˜ cao ˜ do hidrogˆ enio eni o se o menor meno r comprimento de onda na s´ erie erie de Balmer ´e igual a 3 a 3 650 ˚ A. Segundo o modelo de Bohr, o espectro de energia do ´atom atomoo de hidr hi drogˆ ogˆenio enio ´e dado por e2 1 n = = 2a n2 n2 onde ´e a energia de ioniza¸ ioniza c˜ c¸ao. a˜o.
−
I
−
I
Considerando que a energia de um f´ oton oton (γ (γ ) absorvido ou emitido por um atomo ´atomo de hidrogˆ enio enio ´e dada pela diferen¸ca ca de energia energia entre entre dois n´ıveis ıveis do espectro, hc 1 1 γ = hν = = n = λ n2 2 e a s´ erie erie de Balmer Balmer corresponde corresponde a transi¸ transi¸c˜ coes o˜es a partir do n´ıvel = 2, cujos comprimentos de onda correspondentes s˜ao ao dados por
| − |
hc 1 = λ n2 I
− 14
I
−
Assim, o menor comprimento de onda (λ (λ ) corresponde `a transi¸c˜ cao a˜o tal que , o que define define o processo processo f´ısico de ioniza¸ ioniza¸c˜ c˜ao ao para o qual o el´etron etron ´e n arrancado do ´atomo, atomo, e a energia de ioniza¸c˜ cao a˜o pode ser determinada por min
→∞
4hc 4 = = λ I
min
× 6,62 × 10− × 3 × 10 3,650 × 10− 34
8
7
= 21 21,,764
× 10−
19
J
ˆ nticos do atomo ´ tomo 12. 12. Mode Modelo los s quanticos a a
119
ou = 13 13,,6 eV I
Exer Ex erc c´ ıcio ıc io 12.6. 12. 6.5 5 Considere
a radia¸c˜ cao ˜ emitida por ´ atomos atomo s de hidrogˆ enio eni o que realizam realizam transi¸ transi¸c˜ coes ˜ do estado n = 5 par para a o estado estado fundamen fundamental. tal. Determine Determine quantos comprimentos de onda diferentes est˜ ao associados `a radia¸c˜ cao ˜ emitida. Representando Representando os n´ıveis de energia segundo o esquema abaixo, que mostra a transi¸c˜ c˜ao ao do n´ıvel 5 para o n´ıvel 3, o problema resume-se a` determina¸c˜ cao a˜o do n´ umero de pares de inteiros existentes entre n = 1 e n = 5. umero (5, (5, 4) (5, (5, 3) (5, (5, 2) (5, (5, 1) (4, (4, 3) (4, (4, 2) (4, (4, 1) (3, (3, 2) (3, (3, 1) (2, (2, 1)
10 pares
Esse n´ umero umero pode ser calculado tamb´ tamb´em em pela an´ alise alise combinat´oria oria como C 52 =
5 2
=
5! 5! = = 10 (5 2)! 2)! 2! 3!2!
−
Exer Ex erc c´ ıcio ıc io 12.6. 12 .6.6 6 Considere Consid ere
que q ue seja sej a poss´ıvel ıve l substit subs tituir uir o el´etron etron de um ´ atomo de hidrogˆenio eni o por um m´ uon, que tem a mesma carg carga a el´ etrica etrica e massa cerca erca de 200 vezes 200 vezes maior do que a do el´ etron. etron. Com base no modelo modelo de Bohr, determine: a) o raio da ´ orbita do estado fundamental deste novo ´ atomo em rela¸c˜ cao ˜ ao primeiro; b) a energia de ioniza¸c˜ cao ˜ do ´ atomo muˆ onico. a) Para o ´atomo ato mo de hidrogˆ hid rogˆenio enio (Z = = 1) o raio do estado fundamental do ´atomo atomo de Bohr ´e dado dad o por po r a =
2
0,529 × 10− me
8
2
cm
onde m ´e a massa do el´etron. etro n. No ´atomo atomo muˆonico, onico, m novo raio ser´ a 200 vezes menor, isto ´e, e, a
0,264 × 10−
10
cm
→ mµ 200 200m m. Logo, o
120
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
b) Sabe-se que a energia de ioniza¸ca˜ o do ´atomo de hidrogˆenio ´e ◦ = 13,6 eV e que ela ´e inversamente proporcional ao raio de Bohr. Portanto, a energia de ioniza¸ca˜o do ´atomo muˆonico ser´a 200 vezes maior que a do hidrogˆ enio, ou seja,
−
◦ = 2,72 keV
Exerc´ ıcio 12.6.7 Mostre
que no estado fundamental do ´ atomo de hidrogˆ enio a velocidade do el´etron pode ser escrita como v = αc, onde c ´ e a velocidade da luz e α = e 2 /( c) ´ e a constante de estrutura fina introduzida por Sommerfeld. A velocidade do el´etron no a´tomo de Bohr pode ser escrita como v =
L mr
No estado fundamental (n = 1), r =
2
me2
Substituindo este valor na equa¸ca˜o da velocidade, obt´em-se v =
2
× me m 2
=
e2 c
c
⇒
v = αc
valores da constante de Rydberg para o hidrogˆ enio (H) e para o ´ıon de h´ elio (He), levando em conta as massas reduzidas, s˜ ao, respectivamente, 10967757,6 m−1 e 10972226,3 m−1 . Sabendo que a rela¸cao ˜ entre as massas dos n´ ucleos destes elementos ´e Exerc´ ıcio 12.6.8 Os
M He = 3,9726 M H calcule a raz˜ ao entre a massa do pr´ oton e a do el´etron. A f´ormula da constante de Rydberg prevista pelo modelo de Bohr ´e π2 e4 R = µ 2h3 H
onde
mM m + M ´e a massa reduzida do ´atomo, sendo M a massa do n´ ucleo e m, a do el´etron. µ =
121
ˆ nticos do a ´ tomo 12. Modelos qua
Para o hidrogˆenio,
R (H) = 10967757,6 m−1 H
µ(H) =
mM m + M H
H
Para o h´elio,
R (He) = 10972226,3 m−1 H
mM m + M He
µ(He) =
He
Logo, R (He) µ(He) mM = = R (H) µ(H) m + M
+ M M × mmM = M
He
H
H
He
H
Definindo
H
≡ RR (( H
r1
He
H
H
m + M m + M
H
He
He) H)
≡ M M
He
r2
H
x
≡ M m
H
encontra-se r1 = r 2
1+x 1 + r2 x
⇒
ou ainda x =
(r1
− 1)r x = r − r 2
2
1
r2 r1 r2 (r1 1)
− −
Sabe-se que r 1 = 1,00040744 e r 2 = 3,9726; portanto, a raz˜ ao x entre a massa do pr´ oton e a do el´etron ´e x =
m p = 1 836,28 me
122
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
Exerc´ ıcio 12.6.9 O
espectro de um tubo de raios X com filamento de cobalto (Co) ´ e composto da s´erie K do cobalto mais uma s´ erie de linhas K mais fracas devida a impurezas. O comprimento de onda da linha K α do cobalto ´e 1 785 ˚ A; para as impurezas, os comprimentos de onda s˜ ao 2285 ˚ A e 1537 ˚ A. Usando a lei de Moseley e lembrando que σ = 1 para a s´erie K , determine os n´ umeros atˆ omicos das duas impurezas. Para a linha K α do cobalto, λ = 1 785 ˚ A. Sabe-se que, para o cobalto, Z = 27 e o enunciado do exerc´ıcio afirma que para a s´erie K , σ = 1 na lei de Moseley. Assim, pode-se escrever ν = k(Z σ)
√
−
Em termos do comprimento de onda, tem-se, para o cobalto,
c = k(27 λCo
donde
1 k = 26
− 1)
c λCo
Para as impurezas do tipo i,
c 1 = λi 26
c (Z i λCo
ou Z i = 1 + 26 Para i = 1, Z 1 = 1 + 26
− 1)
λCo λi
1785 2285
24 ⇒ cromo
e, para a outra impureza (i = 2), Z 2 = 1 + 26
1785 1537
29 ⇒ cobre
13
A Mecˆ anica Quˆ antica Matricial a energia m´edia de um conjunto de osciladores harmˆ onicos de frequˆ encia natural ω◦ , em equil´ıbrio t´ermico `a temperatura T , ´e dada por Exerc´ ıcio 13.5.1 Mostre que
=
ω◦
2
coth
ω◦
2kT
O valor m´edio da energia ´e definido por
εn e−βε n
ε =
∞
e−βε n
∞
d =− log e−βε n dβ n=0
n
onde
β = 1/kT εn = (n + 1/2)ε◦ = nε◦ +ε◦ /2
εn
◦ = ω◦ 123
124
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
d log e−βε ε = − dβ
∞
◦
/2
e−βεn
n=0 ∞
=
d ε◦ e−βε n −β + log dβ 2 n=0
=
ε◦ d log e−βε n − 2 dβ n=0
∞
ε◦ e−βε ◦ 1−e−βε ◦
−βε ◦
−βε ◦
1+e 1 − e−βε
=
ε◦ 2e 1+ 2 1 − e−βε
=
ε◦ eβε /2 + e−βε/ 2 hν = cotgh 2 eβε /2 − e−βε /2 2
◦
=
ε◦ 2
◦
◦
◦
◦
hν 2kT
An´ alogo ao efeito Zeeman para o campo magn´etico, o deslocamento dos n´ıveis de energia de um sistema sob a a¸cao ˜ de um campo el´etrico ´e denominado efeito Stark, descoberto em 1913. Mostre que os n´ıveis de energia de um oscilador harmˆ onico de frequˆ encia natural ω◦ , massa m e carga el´etrica e, sob a¸cao ˜ de um campo el´etrico uniforme E na dire¸cao ˜ de seu movimento, s˜ ao dados por Exerc´ ıcio
13.5.2
n =
1 n+ 2
e2 E 2 ω◦ − 2mω◦2
(n = 0, 1, 2, . . . . . .)
A matriz hamiltoniana, nesse caso, ´e dada por p2 1 H = + mω◦2 x2 − eEx 2m 2 Completando os termos, convenientemente, pode-se escrever p2 1 e2 e2 2 2 2 2 H = + mω◦ x − eEx + E E − 2m 2 2mω◦2 2mω◦2
0
2
p = + 2m
m ω◦ x − 2
2 e E m 2ω◦
2
e2 2 E − 2mω◦2
ˆ nica Qua ˆ ntica Matricial 13. A Meca
125
Definindo-se y = x − (e/mω 2 ) E , a matriz hamiltoniana pode ser reescrita como p2 1 e2 2 2 2 H = + mω◦ y − E 2m 2 2mω◦2 Desse modo,
p [x, H ] = [y, H ] = i m
e [ p, H ] = −i mω◦2 x Portanto, a solu¸ca˜o para as matrizes y e p implica que os termos diagonais da matriz H sejam dados por n =
Se x, p 2 T = p /2m, mostre que: Exerc´ ıcio 13.5.3
a) b) c) d)
1 n+ 2
e2 2 E ω◦ − 2mω◦2
= i e H = T + V , onde V = mω◦2 x2 /2 e
p, H = p, V = −i mω◦2 x; x, H = x, T = i p/m; 2
2
x , H = x , T = i (xp + px)/m; xp,T = px, T = i p2 /m.
Parte-se de [x, p] = i , H = T + V , T = p 2 /(2m) e V = mω ◦2 x2 /2. a) [ p, H ] = [ p, T + V ] = [ p, T ] + [ p, V ] = [ p, p2 /(2m)] + [ p, mω◦2 x2 /2] 1 1 = [ p, p2 ] + mω◦2 [ p, x2 ] 2m 2 Levando-se em conta que [A, B 2 ] = [A,BB] = ABB − BBA = ABB −BAB + BAB −BBA
0
= [A, B]B + B[A, B]
126
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
e que [ p, f ( p)] = 0 para qualquer fun¸ca˜o f que dependa s´o dos momenta , pode-se escrever 1 [ p, H ] = mω◦2 [ p, x]x + x[ p, x] 2 e lembrando que [ p, x] = −i , [ p, H ] = [ p, V ] = −i mω◦2 x b) [x, H ] = [x, T + V ] = [x, T ] + [x, V ] = [x, p2 /(2m)] =
1 [x, p] p + p[x, p] 2m
logo, p [x, H ] = [x, T ] = i m c) [x2 , H ] = [x2 , T + V ] = [x2 , T ] 1 2 2 1 = [x , p ] = [x2 , p] p + p[x2 , p] 2m 2m
=
1 {([x, p]x + x[x, p]) p + p([x, p]x + x[x, p])} 2m
ou
[x2 , H ] = [x2 , T ] = i
m
(xp + px)
127
ˆ nica Qua ˆ ntica Matricial 13. A Meca
d) [xp,T ] = xpT − T xp Como [x, p] = i ⇒ xp = i + px, pode-se escrever [xp,T ] = i T + pxT − i T − T px = pxT − T px = [ px, T ] Por outro lado, como [ p, T ( p)] = 0 ⇔ pT = T p, segue-se que [xp,T ] = xT p − T xp = [x, T ] p ou p2 [xp,T ] = [ px, T ] = i = 2i T m
Exerc´ ıcio 13.5.4 Definindo
x =
(a + a† )
2ωm ωm p = i (a† − a) 2
(13.1)
onde a e a† s˜ ao operadores, mostre que: a) o operador hamiltoniano do oscilador harmˆ onico simples pode ser escrito como 1 H = (a† a + aa† ) ω 2 †
b) os operadores a e a satisfazem a regra de comuta¸cao ˜ a, a† = 1
c) H, a† = ωa†
[H, a] = − ωa
d) o autovalor m´ınimo de energia do oscilador ´e ω/2 a) Substituindo no operador hamiltoniano p2 1 H = + mω2 x2 2m 2
128
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
as defini¸co˜es de x e p em termos dos operadores a e a† , tem-se H = −
1 1 ωm † (a − a)(a† − a) + mω2 (a + a† )(a + a† ) 2m 2 2 2ωm
= =
ω
4 ω
4
ou
†
†
†
†
−(a − a)(a − a) + (a + a )(a + a ) † †
†
†
†
†
† †
−a a + aa + a a − aa + aa + aa + a a + a a
H =
w
2
(a† a + aa† )
b) Para calcular o comutador [a, a† ], ´e preciso explicitar primeiro os operadores a e a† em termos de x e p:
2ωm
a + a† =
a − a† = i
x
2 p ωm
ou seja, a† =
1 2
a =
1 2
2ωm
2ωm
x−i
2 p ωm
1 ≡ (αx − iβp) 2
x+i
2 p ωm
1 ≡ (αx + iβp) 2
Assim, 1 [(αx + iβp), (αx − iβp)] 4 1 = ( −iαβ [x, p] + iαβ [ p, x]) 4 iαβ 2iαβ = ([ p, x] − [x, p]) = − [x, p] 4 4 iαβ 1 2ωm 2 = − × i = × × 2 2 ωm
[a, a† ] =
ou seja, [a, a† ] = 1
129
ˆ nica Qua ˆ ntica Matricial 13. A Meca
c) Sabe-se que [H, a† ] =
ω
2
[a† a + aa† , a† ] =
ω
2
(a† aa† − a† a† a + aa† a† − a† aa† )
O primeiro e o quarto termos se anulam. Os termos assinalados na equa¸c˜ ao anterior podem ser escritos convenientemente utilizando-se, respectivamente, as rela¸c˜oes a† a = aa† − 1 e aa† = 1 + a† a, que decorrem da rela¸c˜ao de comuta¸c˜ao entre os operadores a e a† . Assim, [H, a† ] =
ω
2
(a† − a† aa† + a† aa† + a† )
⇒
[H, a† ] = ω a†
Analogamente, [H, a] =
ω
2
[a† a + aa† , a] =
ω
2
( a† a a − aa† a + aa† a − a aa† )
Agora o segundo e o terceiro termos se anulam e substituem-se os termos assinalados de modo que [H, a] =
ω
2
(−a + aa† a − aa† a − a)
⇒
[H, a] = − ω a
d) Considere, inicialmente, um autoestado ψ do oscilador harmˆonico simples, de energia , tal que Hψ = ψ Aplicando-se, por exemplo, a identidade [H, a† ] = ( ω/2)a† sobre a fun¸c˜ao ψ, tem-se ω † [H, a† ]ψ = a ψ = H a† ψ − a† Hψ 2 Pode-se ainda escrever
H −
ω
2
a† ψ = a † Hψ = a † ψ = a † ψ
donde Ha† ψ =
+
ω
2
a† ψ
Portanto, o estado a† ψ ´e autoestado do operador hamiltoniano, com autovalor + ω/2. Por este motivo, a† ´e denominado operador de levantamento, enquanto a ´e o operador de abaixamento, pois o estado aψ ´e autoestado do operador hamiltoniano, com autovalor − ω/2.
130
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
Uma consequˆencia imediata disto ´e que o operador a, se aplicado ao estado fundamental, d´ a zero como resultado, isto ´e, aψ◦ = 0 Por outro lado, foi mostrado no item a, que H =
w
2
(a† a + aa† )
Com o uso da rela¸ca˜o de comuta¸ca˜o [a, a† ] = 1, o hamiltoniano pode ser reescrito como 1 H = a † a + w 2 Se este operador ´e aplicado ao estado fundamental, Hψ◦ = a † a ψ◦ +
1 1 w ψ◦ = w ψ◦ 2 2
Mostra-se, assim, que ω/2 ´e o menor valor de energia do oscilador harmˆonico simples.
14
A Mecˆ anica Quˆ antica Ondulat´ oria Exerc´ ıcio 14.11.1 Discuta
a afirma¸cao ˜ do fil´ osofo francˆes Gaston Bachelard: “a onda ´e um quadro de jogos, o corp´ usculo ´e uma chance”. “A onda ´e um quadro de jogos, o corp´ usculo uma chance.” Esta frase de Bachelard, extra´ıda de O Novo Esp´ırito Cient´ıfico, Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, p. 89, faz alus˜ ao ao fato de que, de acordo com a Mecˆanica Quˆ antica, a previs˜ao de qualquer medida referente a uma part´ıcula, ao contr´ ario do que ocorre em F´ısica Cl´assica, requer o conhecimento pr´ evio de sua fun¸ca˜ o de onda em todo o espa¸co, obtida a partir da equa¸c˜ao de Schr¨odinger. Todas as informa¸co˜es sobre a part´ıcula quˆantica, de uma certa forma, j´a est˜ao contidas nesse quadro formado pelo espa¸co abstrato das fun¸co˜ es de onda, o espa¸co ´ uma medida particular que projeta uma e apenas uma chance de Hilbert. E dentre todas as poss´ıveis. Em suas pr´oprias palavras, “a onda se apresenta ent˜ ao claramente como uma express˜ ao matem´ atica estendendo-se normalmente a ‘espa¸cos de configura¸cao’ ˜ cujo n´ umero de dimens˜ oes ultrapassa o n´ umero trˆes, caracter´ıstica do espa¸co intuitivo.”(ibid., p. 88) Voltando um pouco no tempo, tendo em vista, por exemplo, o esfor¸co feito por Louis de Broglie de se associar uma onda-piloto a um corp´usculo, Bachelard se indaga: “por que se procuraria uma esp´ ecie de liga¸cao ˜ causal entre o corp´ usculo e a onda se se trata[m] unicamente de duas imagens, de dois pontos de vista tomados sobre um fenˆ omeno complexo? ”(ibid., p. 87)
131
132
F´ısica Moderna
Exerc´ ıcio 14.11.2 Estime
Caruso • Oguri
o comprimento de onda e a frequˆencia associados a
um el´etron com: a) velocidade igual a 108 m/s; b) energia igual a 1 GeV. Considerando que c a) v = 108 m/s
3,0 × 108 m/s,
=
⇒
v/c = 1/3
=
γ =
⇒
− 1
1 9
−1/2
1,06
Assim,
e
× 5,11 × 10 31 × 108 = 9,66 × 10 23 kg.m/s h 6,626 × 10 34 λ = = = 0,69 × 10 11 = 0,069 ˚ A 23 p 9,66 × 10 −
p = γmv = 1,06
−
−
−
E = γmc2 = 1,06
× 5,11 × 9 × 1016 = 8,69 × 10
−14
E 8,69 10−14 ν = = = 1,31 h 6,626 10−34
× ×
E = 1 GeV E ◦ = mc2 = 8,199
b)
−
J
× 1020 Hz
× 10 14 J = 0,512 MeV Segue-se que γ = E/E = 1, 953 × 103 1. Assim, −
◦
p = γmv
γmc ⇒
h λ = = p 1,953
ou seja, λ = 1,24
×
6,626 10−34 103 9,11 10−31
−15
× 10
× × ×
× 3 × 108
m
e E 1,6 10−19 109 ν = = = 2,41 h 6,626 10−34
×
×
×
× 1023 Hz ⇒
ν = 2,41
× 1023 Hz
133
ˆ nica Qua ˆ ntica Ondulat o ´ ria 14. A Meca
Exerc´ ıcio 14.11.3 O
comprimento de onda de emiss˜ ao espectral amarelada A. Determine a energia cin´ do s´ odio ´e 5890 ˚ etica de um el´ etron que tenha o comprimento de onda de L. de Broglie igual a esse valor. O momentum do el´etron ´e igual a h 6,626 10−34 p = = = 1,13 λ 5,89 103 10−10
×
×
×
−27
× 10
kg.m/s
( pc << me c2 )
Logo, o problema ´e n˜ao relativ´ıstico e a energia cin´etica pode ser calculada por p2 (1,13)2 10−54 c = = = 7,0 2me 2 9,11 10−31
× ×
×
c = 4,4
−25
× 10 −6
× 10
7,0 J= 1,6
−25
× 10 × 10
eV
−19
eV
Exerc´ ıcio 14.11.4 Determine
o comprimento de onda de L. de Broglie associado a um el´etron na ´ orbita de Bohr correspondendo a n = 1. n =
−
e2 1 2a n2
h λ = = p
1 =
⇒
−13,6 eV << mec2
h = 2m 1
6,626 = 1,991
2
−34
× 10 × 10
−24
× 10 34 31 × 13,6 × 1,6 × 10
6,626
| | × = 3,33
9,11
−10
× 10
−
× 10 m
λ = 3,33 ˚ A
(n˜ ao relativ´ıstico)
−
−19
134
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
Exerc´ ıcio 14.11.5 O
comprimento de onda associado a um ´ atomo de h´elio (He) de um feixe que foi difratado por um cristal ´e igual a 0,60 ˚ A. Determine: a) a velocidade dos ´ atomos de h´elio; b) a temperatura que corresponde a tal velocidade. Dados: µ = 4,0043 u e λ = 0,60 ˚ A. Logo, He
He
h 6,626 10−34 p = = = 1,104 λ 0,6 10−10
× ×
He
−23
× 10
kg.m/s
Como pc << m c2 , o problema ´e n˜ao relativ´ıstico, e segue-se He
p 1,104 10−23 a) v = = m 4,004 1,66 10−27
×
×
×
v = 1,66 p2 1 b) c = = kT 2m 2
⇒
× 103 m/s
p2 T = = km 1,38 T = 1,33
×
(1,104)2 10−46 10−23 4,004 1,66
×
×
×
−27
× 10
× 103 K
Exerc´ ıcio 14.11.6 Obtenha
a equa¸cao ˜ de Schr¨ odinger independente do tempo fazendo uma analogia com o problema da “corda vibrante” e usando as hip´ oteses de L. de Broglie. Se existe uma onda associada a uma part´ıcula, como defendia L. de Broglie, ela deve, segundo Schr¨odinger, por analogia ao problema da corda vibrante, satisfazer uma equa¸c˜ao de onda tipo d’Alembert, equa¸ca˜ o (5.1) do livro de texto, 1 ∂ 2 2 Ψ(r, t) = 0 v 2 ∂t 2
∇ −
Uma solu¸ca˜o geral desta equa¸ca˜o pode ser do tipo Ψ(r, t) = φ(r)e−iωt
135
ˆ nica Qua ˆ ntica Ondulat o ´ ria 14. A Meca
da qual resulta que a fun¸c˜ao que cont´em a dependˆencia espacial deve satisfazer `a equa¸ca˜o 2 φ + k 2 φ = 0
∇
onde k = ω/v. Por outro lado, L. de Broglie havia admitido a existˆencia de uma rela¸ ca˜o linear entre p e k, tal que p = k
2
=
k =
⇒
p2 2
Para um sistema conservativo, o termo p2 pode ser expresso em fun¸c˜ao da energia total, p2 H = E = + V 2m e, portanto, k2 =
p2 = 2m(E
⇒ 2m 2
(E
− V )
− V )
Esse resultado leva `a seguinte equa¸ca˜o para u(r): (E − V )φ = 0 ∇2φ + 2m 2 ou, 2
− 2m ∇2φ(r) + V (r)u(r) = Eφ(r) que ´e a equa¸ca˜o de Schr¨odinger independente do tempo. Exerc´ ıcio 14.11.7 Verifique se ψ pode
ser real ou imagin´ aria pura se a energia potencial for complexa. Interprete o resultado. Da equa¸c˜ao de Schr¨odinger, 2
− 2m ∇2ψ + V (r)ψ = i ∂ψ ∂t se V = V + iV e ψ = ψ + iψ , segue-se que R
I
R
2
− 2m ∇2(ψ
I
∂ (ψ + iψ ) + iψ ) + (V + iV )(ψ + iψ ) = i ∂t R
R
I
R
I
R
I
I
136
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
ou, 2
2
− 2m ∇ ψ
R
+ V ψ R
2
− V ψ − i 2m ∇2ψ
R
I
I
∂ψ + iV ψ + iV ψ = i ∂t
R
I
I
R
R
I
− ∂ψ∂t
I
Igualando as partes real e imagin´aria da equa¸ca˜o anterior, obt´em-se
− −
2
2 ψ ∇ 2m
R
2
2 ψ ∇ 2m
+ V ψ R
− V ψ
R
I
I
=
− ∂ψ∂t
I
∂ψ + V ψ + V ψ = ∂t
R
I
I
R
R
I
Se ψ = 0, das equa¸co˜es anteriores resulta, respectivamente, R
−
∂ψ V ψ = ∂t
I
I
I
2
2 ψ ∇ 2m
I
+ V ψ = 0 R
I
Logo, a dependˆencia temporal de ψ variaria exponencialmente no tempo como I
ψ (t) = ψ (0)eV t/ I
I
I
com um coeficiente /V . J´ a a dependˆencia espacial seria dada pela equa¸ca˜o de Schr¨ odinger independente do tempo, sendo o potencial apenas a parte real do potencial total. I
Por outro lado, se ψ = 0, I
−
2
2 ∇ ψ 2m
R
+ V ψ = 0 R
∂ψ V ψ = ∂t I
R
R
R
⇒
ψ (t) = ψ (0)eV t/ R
R
I
Neste caso, ψ tamb´ em variaria exponencialmente no tempo, com o mesmo coeficiente, e a equa¸c˜ao espacial ´e do mesmo tipo do caso anterior. R
Portanto, pode-se concluir que a existˆencia de um potencial complexo permite que a fun¸ca˜o de onda seja somente real ou imagin´aria pura, mas n˜ ao haveria conserva¸ca˜o da densidade de probabilidade neste caso.
Partindo da equa¸cao ˜ de Schr¨ odinger unidimensional, mostre que problemas de estado ligado s˜ ao sempre n˜ ao degenerados em uma Exerc´ ıcio
14.11.8
ˆ nica Qua ˆ ntica Ondulat o ´ ria 14. A Meca
137
dimens˜ ao, isto ´e, s´ o existe uma autofun¸cao ˜ correspondente a cada autovalor de energia. Suponha que existam duas autofun¸co˜es diferentes, φk e φ , com autovalores de energia E k e E . Logo d2 φk dx2
=
2mV k − 2mE φ + φk k 2 2
d2 φ dx2
=
2mV − 2mE φ + φ 2 2
Multiplicando a primeira equa¸ca˜o por φ e a segunda, por φk , e subtraindo uma da outra, chega-se a d2 φk φ dx2 ou
o que equivale a
−
d2 φ φk 2 = dx
d dφ φk dx dx dφ φk dx
−
−
(E k − E )φk φ − 2m 2
dφk 2m φ = 2 (E k dx
dφk 2m φ = 2 (E k dx
− E )
− E )φk φ
φk φ dx
Se h´a degenerescˆencia, E k = E para φk = φ , implica que φk
dφ dφk = φ dx dx
ou
dφ dφk = φ φk
o que requer que φ = φk , contrariando a hip´ otese. Portanto, em problemas unidimensionais, n˜ ao h´ a autoestados degenerados para a equa¸ca˜ o de Schr¨ odinger.
que, se o hamiltoniano H ( i ∂ /∂q,q ) ´e sim´etrico com rela¸cao ˜ a q , isto ´e, H ( i ∂ /∂q,q ) = H (+i ∂/∂q, q ) e, se s´ o existe uma autofun¸cao ˜ ψE (q ) de H com autovalor E (n˜ ao degenerado), esta solu¸cao ˜ ´e par ou ´ımpar, ou seja ψ(q ) = λψ( q ), λ = 1 Exerc´ ıcio 14.11.9 Mostre
− −
−
−
hip´ oteses
±
H (q ) = H ( q )
−
H (q )ψE (q ) = EψE (q )
138
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
Assim, H ( q )ψE ( q ) = EψE ( q ) = H (q )ψE ( q )
−
−
−
−
ψE (q )
⇒
⇒ − 2
ψE (q ) = λψE ( q )
ψE (q ) dq =
−
Logo,
∼ ψE (−q )
2
λψE ( q ) dq = 1
−
2
λ2
ψE ( q ) dq = 1 1
λ2 = 1
Exerc´ ıcio 14.11.10 O
λ =
⇒
±1
estado de uma part´ıcula confinada em um intervalo
(0, L) ´ e descrito por −iE n t/
Ψ = A e
sen nπ
x L
a) determine a constante de normaliza¸cao ˜ A; b) represente graficamente a densidade de probabilidade de presen¸ca; c) calcule a probabilidade de se observar a part´ıcula entre 0 e L/4. A densidade de probabilidade de presen¸ca ´e 2
2
2
ρ(x) = Ψ = A sen
| |
n
πx L
(0 < x < L)
a) De acordo com a condi¸ca˜o de normaliza¸c˜ao,
L
ρ(x) dx = A
0
2
L
2
sen
0
πx n L
A2 Assim, Ψ=
2 −iE e L
dx = A
L =1 2
n t/
2
− L
1
0
⇒
A =
sen n
πx L
cos 2n
πx L
2 L
(0 < x < L)
dx = 1
139
ˆ nica Quantica ˆ ntica Ondulat oria ´ ria 14. 14. A Me Mecanica a a o
b)
−
2 πx 1 ρ(x) = sen 2 n = 1 L L L
cos 2nπ
x L
Na figura a seguir est˜ao ao esbo¸cados cados os valores de ρ para n = 1 e 2.
Observe que a densidade de probabilidad probab ilidadee ´e sim´etrica etrica com rela¸c˜ cao a˜o a L/2 L/2 e, portanto, port anto, o valor m´ edio edio da posi¸ posic˜ c¸˜ao ao para qualquer qualque r autoestado auto estado ´e L/2. L/2. c)
− × − L/4 L/4
P (0 P (0 < < x < L/4 L/ 4) = 2
sen2 n
0
=
=
1 x L
L/4 L/4 0
1 1 + 4 2nπ
πx L
dx
L πx sen 2n 2nπ L
L/4 L/4 0
0
n = 2, 4, 6, . . .
1
n = 1, 5, 9, . . .
1
n = 3, 7, 11 11,, . . .
140
F´ısica Moderna
Exer Ex erc c´ ıcio ıc io 14.11. 14. 11.11 11 A
Caruso • Oguri
partir das express˜ oes
Ψ∗ H Ψ dV
E =
V
E 2 =
Ψ∗ H 2 Ψ dV
V
mostre que, se o estado de uma part´ part´ıcula ´e representado representado por um estado do tipo Ψ( Ψ(r, t) = ψ n (r ) e−iE
n
t/
onde ψn (r) ´e um autoesta aut oestado do de H , ou seja, H ψn = E n ψn
a dispers˜ ao da energia, ∆E = Uma vez que
− E 2
E 2 , ´e nula nu la..
H ψ(r, t) = H ψn (r ) e−iE
n
t/
= E n ψ(r, t)
Eψ n ( r)
calculando-se
−
ψ∗ (H ψ) dV = E n
E =
V
e
E 2
−
E n ψ
V
1
ψ∗ H (H (H ψ) dV = E n
=
V
E n ψ
ψn∗ ψn dV dV = E n
V
ψ∗ (H ψ) dV = E n2 E n ψ
a dispers˜ao ao em rela¸c˜ cao a˜o ao valor valo r m´edio edi o ´e dada dad a por ∆E =
E 2
E 2 =
E n2
E n2 = 0
Mostr Mostree que a densid densidad adee de prob probabi abilid lidad adee de prese presen¸ n¸ca ca associada associada a uma part´ art´ıcula em um camp campo o conservativo cujo estado inicial ´e e dado pela combina¸c˜ cao ˜ linear de dois de seus autoestados ψ1 (r) e ψ2 (r) pode ser expressa como Exerc Exe rc´ ´ ıcio 14.11.12 14.1 1.12
ρ(r, t) = a( a (r) + b + b((r)cos ωt ωt + + φ φ((r )
141
ˆ nica Quantica ˆ ntica Ondulat oria ´ ria 14. 14. A Me Mecanica a a o
Considere que Ψ( Ψ(r, r, 0) = αψ 1 (r) + β + βψ ψ2 (r )
Logo
= αψ1 (r)e−iE t/ + βψ β ψ2 (r )e−iE t/
Ψ( Ψ(r, t)
1
2
Ψ∗ (r, t) = α∗ ψ1∗ (r )eiE t/ + β ∗ ψ2∗ (r )eiE t/ 1
2
ρ(r, t) = Ψ∗ (r, t)Ψ( )Ψ(r, t) =
α
2
ψ1
2
2
2
+ β ψ2 + α∗ β ψ1∗ ψ2 eiωt + αβ ∗ ψ1 ψ2∗ e−iωt c(r )
a( r)
c ( r) ∗
= a(r) + c + c((r )eiωt + c∗ (r )e−iωt
onde ω (E 1 E 2 )/ . Usando a f´ormula ormula de Euler, e±iωt = cos ωt ωt + + i i sen ωt ωt,, pode-se escrever
≡
−
ρ(r, t) = a(r) + [c [c(r) + c + c∗ (r)] cos ωt ωt + + i i[[c(r )
∗
− c (r)]sen ωt
= a(r) + 2 [c(r)] cos ωt ωt + + i i22 [c(r)]sen ωt
ou
ρ(r, t) = a( a(r) + b + b((r)cos[ωt )cos[ωt + + φ φ((r)] onde
Assim,
−
b(r)sen φ(r) = 2 [c(r)] = c( c (r) + c + c∗ (r )
b(r)cos φ(r) = −2[c(r)] = i[ i [c(r ) − c (r)] ∗
∗
∗
∗
∗
[α βψ1 (r)ψ2(r)] tg φ(r) = [α βψ1 (r)ψ2(r)] e b2 = (c + c + c∗ )2
− (c − c )2 = 4|c|2 ∗
142
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
e, portanto, portanto,
b = 2 c = 2 α β ψ1 (r ) ψ2 (r )
||
Exer Ex erc c´ ıcio ıc io 14.11. 14. 11.13 13 O
Ψ(x, Ψ(x, 0) =
onde k◦ = 2π/λ◦ .
| || |
estado esta do inicia ini ciall de uma part´ part´ıcula ıcu la ´e dado por Aeik
◦
(x−x ) ◦
0
x◦ < x < x◦ + a + a
e
x < x◦
x > x◦ + a + a
a) determine determine a constante onstante de normaliza normaliza¸¸c˜ cao; ˜ b) repre represente sente graficamente graficamente a densidade de prob probabilidade abilidade de presen¸ presen¸ca; ca; c) determine determin e o valor m´ edio edio da posi¸c˜ cao; ˜ d) calcule a incerteza incerteza associada associada a esse valor m´ edio. edio.
a)
x +a
x
◦
◦
x +a
2
|Ψ|
2
◦
dx = A = A x
=1
x
ρ=A2
◦
⇒
A =
b)
ρ(x) =
0 1/a 0
x < x◦ x◦ < x < x◦ + a + a x > x◦ + a + a
√ 1a
143
ˆ nica Qua ˆ ntica Ondulat o ´ ria 14. A Meca
∞
c)
x
1 xρ(x) dx = a −∞
=
1 (x◦ + a)2 2a
=
x2
d)
1 a
=
x +a
x
◦
◦
x2 + x
=
◦
− x2
◦
x +a
x
◦
a2 ◦ a + 3
x +a x
◦
◦
◦
x +a x
x = x + a/2
⇒
1 3 x dx = x 3a 2
1 2 x dx = x 2a
◦
◦
= ◦
1 (x◦ + a)2 (x◦ + a) 3a
− x3
◦
Levando em conta que 2
x
a2 = x ◦ + x◦ a + 4 2
resulta que 2
2
(∆x) = x
− x
2
= a
ou ∆x =
2
− 1 3
1 a2 = 4 12
√ a12
A todo operador diferencial linear A, definido para as fun¸coes ˜ complexas de uma vari´ avel x, que se anulam no infinito, corresponde um outro operador linear adjunto A† , definido por Exerc´ ıcio 14.11.14
∞
−∞
Mostre que: a) A† =
∗
∞
ψ (x) Aψ(x) dx =
−∞
A† ψ∗ (x) ψ(x) dx
−d/dx ´e o adjunto de A = d/dx;
b) A† = c∗ ´e o adjunto de A = c , onde c ´e um n´ umero complexo; c) A† = A se A = i d/dx; d) a imposi¸cao ˜ de que o valor m´ edio A das medidas de uma grandeza A implica que o operador associado seja hermitiano, ou seja, † = .
A
A
A
144
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
Parte-se da defini¸ca˜o dada no enunciado do exerc´ıcio,
∞
∞
∗
ψ (x) [Aψ(x)] dx =
−∞
†
A ψ(x)
∗
ψ(x)dx
−∞
lembrando que ψ(x = a) A =
±∞) = 0.
d dx
∞
∗
ψ (x)
−∞
d ψ(x) dx
− − ∞
∞
∗
dx = ψ ψ
dψ∗ dx
ψ
−∞
−∞
dx
0
∞
=
∗
d ψ dx
−∞
ψ(x) dx
Logo, A† =
− dxd
b) A = c
∞
∞
∗
ψ (x)(cψ) dx =
−∞
donde
∞
∗
(cψ )ψ dx =
−∞
(c∗ ψ)∗ ψ dx
−∞
A† = c∗ c) A = i
∞
d dx
d ψ∗ (x) i ψ dx −∞
∞
dx = i
ψ
∗
−∞ ∞
=
i
−∞
d ψ dx
d dx
∞
dx =
i
ψ
−∞
∗
ψ
−
ψ dx
donde A† = i
∞
d)
A =
−∞
∗
d = A dx
ψ (Aψ) dx =
∞
†
Aψ
−∞
∗
ψ dx
dψ∗ dx
dx
ˆ nica Qua ˆ ntica Ondulat o ´ ria 14. A Meca
Logo,
A A = A
∗
− ∞
=
(Aψ)∗ ψ dx
−∞ ∞
∗
⇒
145
A† ψ
∗
(Aψ)∗ ψ dx = 0
−∞
portanto,
A† = A
Exerc´ ıcio 14.11.15 Seja
A um operador hermitiano que possui um espectro discreto de autovalores n˜ ao degenerados, an , associados a um conjunto de φn (r) , tal que autofun¸coes, ˜
{
{ }
}
A φn (r) = a n φn (r)
Mostre que: a) os autovalores s˜ ao reais; b) as autofun¸coes ˜ associadas a autovalores distintos s˜ ao ortogonais, ou seja,
V
φ∗l (r) φn (r) dV = 0
(l = n)
Os operadores hermitianos que possuem um espectro discreto de autovalores n˜ao degenerados satisfazem a equa¸ca˜o Aφn (r) = a n φn (r) a) Para mostrar que seus autovalores s˜ao reais, parte-se de
⇒ V
ou (an
∗
− an)
φ∗n (Aφn ) dV =
(Aφn )∗ φn dV
V
2
φn dV = 0
V
an = a ∗n (real)
>0
b) A demonstra¸c˜ao de que suas autofun¸co˜es associadas a autovalores distintos s˜ ao ortogonais parte de
V
φ∗l (Aφn ) dV =
V
(Aφl )∗ φn dV
146
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
ou (an
Para an = a l
− al )
⇒
V
V
φ∗l φn dV = 0
φ∗l φn dV = 0
(l = n)
Exerc´ ıcio 14.11.16 Seja Ψ( r, t) a
fun¸cao ˜ de onda que representa o estado atual de uma part´ıcula. Se ´e um operador hermitiano associado a uma grandeza A, que possui um espectro discreto de autovalores n˜ ao degenerados, an , e φn (r) , ou seja, autofun¸coes, ˜
A
{
{ }
}
A φn(r) = an φn(r) tal que Ψ(r, t) pode ser expressa por uma combina¸cao ˜ linear das autofun¸coes ˜ φn (r), do tipo Ψ(r, t) = cn (t) φn (r)
n
mostre que a express˜ ao para o valor m´edio de A
A =
Ψ∗ (r, t)
V
´e equivalente a
A =
A Ψ(r, t) d V
| |
cn 2 an
n
Sejam
A
Ψ(r, t) =
cn (t)φn (r)
∗
=
Ψ (r, t) =
⇒
n
c∗ (t)φ∗ (r)
φn (r) = a n φn (r)
Logo,
A =
V
Ψ∗ (r, t) Ψ(r, t) dV =
A
Assim,
A =
c∗ (t)cn (t)
,n
v
φ∗ (r) φn (r) dV
c∗ cn an
,n
V
φ∗ φn dV δn
A an φn
ˆ nica Qua ˆ ntica Ondulat o ´ ria 14. A Meca
147
e, portanto,
A =
| |
cn 2 an
n
Exerc´ ıcio 14.11.17 Uma 2
part´ıcula livre de massa m, tal que sua energia ´e representada por H = p /2m, onde p representa o momentum linear, se desloca na dire¸cao ˜ x. Mostre que: p a) x, H = i m
b) x2 , H = i
m
(xp + px)
p2 c) xp,H + px, H = 2i m Sabe-se que H = p 2 /2m e [x, p] = i . a)
[x, H ] = [x, p2 /2m] = =
1 (xp2 2m
1 (xpp − ppx) − p2x) = 2m
1 (xpp pxp + pxp ppx) = 2m
− − 0
=
1 p ([x, p] p + p[x, p]) = i 2m m
b) De modo an´alogo, [x2 , H ] = [xx,H ] = xxH
− Hxx = xxH − xHx + xHx − Hxx = i m (xp + px)
x[x,H ]
c) Por outro lado, como H = T = p 2 /2m obt´em-se
=
⇒
[x,H ]x
[H, p] = 0
⇐⇒
Hp = pH
p2 [xp,H ] = xpH Hxp = [x, H ] p = i m
− − xHp
[ px, H ] = pxH
p2 Hpx = p[x, H ] = i m pHx
=
⇒
p2 xp,H + px, H = 2i m
148
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
que, para uma part´ıcula de massa m , sob a a¸cao ˜ de um potencial central, V (r), e, portanto, associada a um operador hamiltoniano H = T + V , onde T = p2 /(2m), vale: Exerc´ ıcio 14.11.18 Mostre
· · − − ∇ · ·
T = i p2 , a) r p, m V = b) r p,
i r
a)
r p, T
H =
⇒
i
=
−i ∇
dV dr
p2 + V (r) 2m
H =
p
onde p =
− 2m ∇2 + V (r)
=
1 r p, p /2m = (r p) p2 2m
=
1 xpx ( p2x + p2y + p2z ) 2m
2
·
2
2
− p (r · p)
− ( p2x + p2y + p2z )xpx+
+ypy ( p2x + p2y + p2z )
− ( p2x + p2y + p2z )ypy +
+zp z ( p2x + p2y + p2z )
( p2x + p2y + p2z )zp z
−
= [xpx , p2x /2m] + [ypy , p2y /2m] + [zp z , p2z /2m] = i
b)
Logo,
m
p2x + p2y + p2z
p2 = i m
r = rˆ r p =
−i ∇ = −i
rˆ
∂ ˆ 1 ∂ 1 ∂ +θ + φˆ ∂r r ∂θ rsen θ ∂φ
r p =
·
−i r ∂r∂
149
ˆ nica Qua ˆ ntica Ondulat o ´ ria 14. A Meca
[r p, V (r)]ψ(r) = [ i ∂ /∂r,V (r)]ψ(r)
·
−
=
−
∂ ∂ψ(r) i r V (r)ψ(r) + i V (r)r ∂r ∂r
=
−i r
=
−i r
∂V ∂r
ψ(r)
dV dr
ψ(r)
r) ∂ψ(r) − i rV (r) ∂ψ( + i V (r)r ∂r ∂r
Portanto, [r p, V (r)] =
·
−i r dV dr
A partir de uma rela¸cao ˜ de incerteza, mostre que as oscila¸coes ˜ de um circuito LC , excitado por uma tens˜ ao eficaz de 1 mV, no qual L = 3 mH e C = 4,7 nF, podem ser descritas pelo Eletromagnetismo Cl´ assico. Exerc´ ıcio 14.11.19
Em um circuito LC, sabe-se que ω◦ =
1 LC
√
⇒
√
2π T = = 2π LC ω◦
Sendo a energia (E ) armazenada por ciclo no circuito dada por E = CV 2
ef
onde V ´e a tens˜ao eficaz, o produto ef
2
E T = 2πCV
·
ef
√
10−19 J.s
LC = 2
h
−9
−6
× 3,14 × 4,7 × 10 × 10
× 3
10−3
−9
× 4,7 × 10
significa que as oscila¸c˜oes do circuito LC est˜ao no limite do Eletromagnetismo Cl´ assico.
150
F´ısica Moderna
Exerc´ ıcio
mostre que:
sen qα = lim 2 →0 q + 2 q
b) lim
sen qα = π q
α→∞
∞
sen qα 14.11.20 A partir da igualdade lim = α→∞ q
a) lim
α→∞
Caruso • Oguri
cos qx dx,
0
a) Partindo da equa¸ca˜o dada,
∞
sen qα lim = α →∞ q
cos(qx) dx
0
e considerando que −x e
iqx
cos(qx) = lim e →0
ou cos(qx) =
=
= Logo
1 lim 2 →0
− − ∞
e(iq−)x dx +
0
1 iq +
∞
∞
0
−
e(−iq−)x dx
0
1 1 lim e(iq−)x 2 →0 iq 1 lim 2 →0
+ e−iqx 2
1 e(−iq−)x iq +
∞
0
1 1 2 = lim 2 iq 2 →0 + q 2
−
sen qα 2 = lim 2 α →∞ →0 + q 2 q lim
Este u ´ ltimo limite ´e utilizado para definir a distribui¸ c˜ao δ (q ) de Dirac (ver figura), como ´e mostrado no pr´oximo item.
1
" 1 2"
lim 0
" "
"
q
" = a±(q ) "2+q 2
151
ˆ nica Qua ˆ ntica Ondulat o ´ ria 14. A Meca
b) Fazendo q = tg θ
2 + q 2 = 2 (1 + tg2 θ) = 2 sec2 θ, tem-se
=
⇒
dq = sec2 θ dθ donde
∞
lim
→0 −∞
dq = lim 2 →0 2 + q 2
∞
0
dq = 2 2 + q 2
π/2
dθ = π
0
Logo, = πδ (q ) →0 2 + q 2 lim
Assim, para qualquer fun¸c˜ao de q , f (q ), que n˜ao varie em torno da origem 1 (q = 0) t˜ao rapidamente quanto a fun¸c˜ao , vale a propriedade π 2 + q 2
∞
∞
f (q ) δ (q ) dq = f (0)
−∞
−∞
1 dq π 2 + q 2 1
ou seja,
∞
f (q ) δ (q ) dq = f (0)
−∞
Essa ´e a propriedade que define a chamada distribui¸ca˜o delta de Dirac.
15
Aplica¸ c˜ oes da equa¸ c˜ ao de Schr¨ odinger part´ıcula de massa m e energia E > V ◦ , deslocando-se na dire¸cao ˜ e sentido positivo do eixo x, incide em um degrau de potencial de altura V ◦ , em x = 0. Determine: Exerc´ ıcio 15.7.1 Uma
a) as autofun¸coes ˜ de energia nas regi˜ oes x < 0 e x > 0; b) os coeficientes de transmiss˜ ao e reflex˜ ao. Os problemas de po¸co e barreira de potencial podem ser resolvidos, sistematicamente, do seguinte modo: De in´ıcio, identificam-se as diferentes regi˜oes do espa¸co, nas quais o potencial ´e cont´ınuo. Feito isto, escreve-se a equa¸ca˜o de Schr¨odinger para cada uma das regi˜oes distintas e encontram-se suas solu¸co˜es gerais. Como a equa¸ca˜o de Schr¨odinger ´e de 2- ordem na vari´ avel x, tanto as solu¸co˜es como suas derivadas devem ser cont´ınuas nos pontos de descontinuidade do potencial. Al´em disso, as condi¸co˜es assint´oticas em e + devem ser levadas em conta. Desse modo, resulta um sistema de equa¸c˜oes que deve ser resolvido para as constantes de integra¸ca˜o. Por u ´ ltimo, a condi¸ca˜o de normaliza¸ca˜o da fun¸c˜ao de onda total permite determinar a ´ultima constante independente. a
−∞ ∞
A figura a seguir representa o degrau de potencial descrito no problema, assinaladas as duas regi˜oes distintas, I e II, nas quais o potencial ´e cont´ınuo e, nesse caso, constante.
153
154
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
Escrevendo-se a equa¸ca˜o de Schr¨odinger para um potencial constante V ◦ ,
−
d2 ψ + V ◦ ψ(x) = Eψ(x) 2m dx2 2
onde k =
p
=
2m(E
=
⇒
− V ) > 0 ◦
d2 2 ψ + k ψ = 0 dx2 (E > V ◦ )
Duas solu¸co˜es linearmente independentes s˜ao:
eikx e−ikx
Ou seja, nesse caso de estados n˜ ao ligados, os autovalores de energia s˜ ao duplamente degenerados, o que corresponde aos dois sentidos de propaga¸c˜ao para uma mesma energia. a) Assim, as autofun¸c˜oes de energia para cada uma das regi˜oes s˜ao dadas por
regi˜ ao I : V = 0
regi˜ ao II : V = V ◦
=
k◦ =
⇒ =
⇒
√ 2mE
k =
incidente
=
2m(E
p◦
=
⇒
− V ) = p ◦
refletida
ψI = Aeik◦ x + Be −ik◦ x =
⇒
ψII = Ceikx
transmitida
Observe que ao contr´ario da F´ısica Cl´ a ssica, a probabilidade de que a part´ıcula seja refletida por uma barreira de potencial menor que a sua energia cin´etica ´e diferente de zero. b) Para calcular os coeficientes de transmiss˜ ao e reflex˜ ao, calculam-se, inicialmente, as correntes incidente, refletida e transmitida: p◦ J inc = A 2 m p J trans = C 2 m p◦ 2 J refl = B m
| |
−
| |
| |
155
˜es da equac ˜ o de Schr o ¨ dinger 15. Aplicac ¸o ¸a
A conserva¸ca˜o da corrente implica J inc = J refl + J trans
=
J trans J inc
1=
⇒
J refl J inc
+
r
t
onde t ´e o coeficiente de transmiss˜ao e r, o coeficiente de reflex˜ao. As condi¸co˜es de contorno imp˜oem rela¸c˜oes entre os coeficientes A, B e C . De fato,
ψI (0) = ψ II (0)
=
A + B = C
⇒ =⇒
ψI (0) = ψ II (0)
= k◦ (A
2A =
⇒
− B) = kC
1+
k k◦
C
Assim,
− t =
p C p◦ A
2
=
p k = = p◦ k◦
4 p/p◦ (1 + p/p◦ )2
1
=
⇒
t =
−− 4 1
1+
V ◦ /E
1
V ◦ /E
V ◦ /E
2
e, de acordo com a conserva¸c˜ao de corrente, r = 1
− − − − − − − − ⇓ − − − 4 1
1+
=
1+2
1
V ◦ /E
1
V ◦ /E
V ◦ /E + (1 1+
1
1
1
2
V ◦ )
V ◦ /E
V ◦ /E
r =
1+
1
4 1
V ◦ /E
V ◦ /E
2
2 2
Se um feixe de part´ıculas incide sobre esse degrau de potencial com energia suficiente para ultrapass´a-lo, a express˜ao anterior permite calcular a fra¸ca˜o de part´ıculas que n˜ao atravessar˜ ao essa barreira.
156
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
part´ıcula de massa m encontra-se confinada em um po¸co de potencial infinito entre x = 0 e x = a. Determine: Exerc´ ıcio 15.7.2 Uma
a) os valores m´ edios da posi¸cao ˜ e do momentum, x autoestados estacion´ arios de energia;
n e pn, para seus
b) o autoestado estacion´ ario que minimiza o produto das incertezas (∆x)n (∆ p)n ; Se o estado inicial da part´ıcula ´e Ψ(x, 0) = A x (a
− x), determine:
c) a distribui¸cao ˜ de probabilidades para os momenta. d) os valores m´ edios da posi¸cao ˜ e do momentum, x
e p ; ◦
◦
e) as probabilidades de ocorrˆencia de cada autovalor de energia da part´ıcula; f) o estado da part´ıcula em um instante gen´ erico t. Considere o po¸co de potencial confinante esquematizado na pr´oxima figura, onde o fundo do po¸co ´e tomado como a origem para o potencial, ou seja, V = 0 para 0 < x < a, e V = para x < 0 e x > a.
∞
0
a
x
Nesse caso, a fun¸c˜ao de onda em qualquer regi˜ao fora do po¸co ´e nula, ψn (x) = 0
(x < 0
e x > a)
e qualquer autoestado estacion´ario da part´ıcula dentro do po¸co ´e dado por ψn (x) =
2 sen a
nπx a
(0 < x < a)
n = 1, 2, 3,
···
com autovalores 2 2 2 π E n = n 2ma2
Assim, a densidade de probabilidade de presen¸ca (ρn = ψn 2 ) da part´ıcula
| |
157
˜es da equac ˜ o de Schr o ¨ dinger 15. Aplicac ¸o ¸a
associada a qualquer autoestado ´e dada por
ρn (x) =
− 1 a
2nπx cos a
1
(0 < x < a) n = 1, 2, 3,
0
(x < 0
·· ·
e x > a)
a) O valor m´edio da posi¸c˜ao ´e dado por
a
xn
=
0
a
1 a
=
1 x ρn (x) dx = a
−
a
x dx
0
− a
x
1
0
2nπx cos a
x cos(2nπx/a) dx
0
dx
Integrando por partes a segunda integral, tem-se
xn
=
1 a
a = 2
− x2 a 2
−
0
⇒ a
a 2nπx x sen 2nπ a
0
a + 2nπ
a
2nπx a
sen
0
dx
0
a 2nπx cos (2nπ)2 a
a
=
x
0
n
=
a 2
0
O valor m´edio do momentum ´e dado por
− − × − ⇒ a
∞
pn
=
∗
−∞
=
=
1 a
ψn (x) px ψn (x) dx = nπ i a
nπ i 2 a
a
2sen
0
a
sen
0
2nπx a
0
nπx a
ψn∗
d ψn dx dx nπx cos dx a i
sen
2nπx a
dx
=
p n = 0
0
Apesar de confinada, a part´ıcula encontra-se essencialmente livre no interior do po¸co. Somente nos limites do po¸co h´a a manifesta¸ca˜o de alguma a¸ca˜o que n˜ao permite que ela escape. Assim, o movimento em qualquer sentido ´e igualmente prov´ avel e, por isso, o valor m´edio do momentum ´e nulo.
158
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
b) Para o c´alculo das incertezas, torna-se necess´ario o c´alculo dos valores m´edios dos quadrados da posi¸c˜ao ( x2 n ) e do momentum ( p2 n ).
a
x2n
=
0
=
− a
1 x2 ρn (x) dx = a a
1 a
x2 dx
0
−
a
x2
1
0
2nπx cos a
dx
x2 cos(2nπx/a) dx
0
Integrando por partes a segunda integral, tem-se
x2n = a1
− 3 a
x 3
0
− a
a 2nπx x2 sen 2nπ a
+
0
a nπ
a
2nπx a
x sen
0
dx
0
e, integrando novamente por partes a u ´ltima integral, obt´em-se
x2n
a2 3
=
−
a
a 2nπx x cos 2(nπ)2 a
0
a
a + 2(nπ)2
0
2nπx cos a
0
a2 3
=
−
a2 = a2 2 2 2n π
1 3
1 2n2 π 2
Desse modo, (∆x )2n = x2
n − x2n = a2
− 1 3
1 2n2 π 2
− − 1 a2 = 1 4 12
6 n2 π 2
ou ainda, (∆x)n =
√ − a 12
1
6 n2 π 2
O valor m´edio do quadrado do momentum ´e dado por 2
p n
− a
=
0
=
2
ψn p2x ψn ∗
nπ a
2
1 a
a
dx =
0
a
∗
ψn
2sen2
0
nπx a
1−cos( 2nπx a )
donde
(∆ p)n =
nπ a
2
d2 ψn dx dx2
dx =
2
nπ a
2
dx
159
˜es da equac ˜ o de Schr o ¨ dinger 15. Aplicac ¸o ¸a
Assim, chega-se ao produto das incertezas, dado por
n2 π 2 12
(∆x)n (∆ p)n =
Para n = 1
=
− 12
∆x ∆ p ´e m´ınimo e, nesse caso,
⇒
·
(∆x∆ p)m´ınimo
0,57 > 2
c) Para o estado inicial Ψ(x, 0) = ψ◦ = A x (a x), primeiramente, deve-se calcular a constante de normaliza¸c˜ao A, a partir da integral
−
a
2
ψ◦ dx = A
0
2
A
− − a
2
a
2
x dx
0
ou 2 5
A a
1 3
x2 (a
a−2ax+x2
a
2a
− x)2 dx = 1
0
donde 2
a
a
3
x dx +
0
x4 dx = 1
0
5 1 1 2 a + = A =1 2 5 30
A2 =
⇒
30 a5
e, finalmente, A = Assim,
1 a2
30 a
√ 30 1 √ Ψ(x, 0) = 2 √ x(a − x) = 3 30a x(a − x) = ψ (x) a a a ◦
Logo,
√ a
ψ◦ ( p) = =
−
px 1 1 e−i ψ◦ (x) dx = 3 a 2π 0 a px 1 15a −i a x e dx a3 π 0
15a π
a
0
a
e−i
px
0
x2 e−i
px
dx
x (a
− x) dx
160
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
Integrando por partes,
− − − − − − − − − − |
i ψ◦ ( p) = pa3
a 15 π
2
x e
2
−i
= a e =
−i
a
px
0
ou
+2
x e−i
a
px
e−i dx +
px
0
dx
2
a e
0
i 1 p
a
2
−i
1
2
0
a π
i + 2i p
=
a
a
a
px
0
15
i pa
a xe
i px a e −i p
pa
i pa3
−i
e
15a π
ψ◦ ( p) =
ψ ( p) =
e−i
2i pa
2
2
p
−i
+2 i p
a
+2
ae
a
pa
e−i
px
dx
0
pa i ae−i + p
pa
∗ ◦
pa
pa
1+
−i
pa
+
1+
15a π
15a π
2i −i pa e pa
1+
2i pa
1
2i pa
1 + e−i
1 + e
pa
i pa
Logo, a distribui¸ca˜o de probabilidades para os momenta ´e dada por
|ψ ( p) 2 = ◦
ou seja,
|ψ( p)|
4
pa
2
=
15a π
4
1+4
30a π
pa
2
1 + ei
pa
+ e−i
pa
+1
2cos( pa )
2
1+4
pa
1 + cos
pa
pa
d) O valor m´edio da posi¸ca˜o ´e dado por
xψ◦
=
30 a5
− −
= 30a
a
3
x (a
0
2
x)
30 dx = 5 a
a2 −2ax+x2
1 4
2 1 a + = (30 5 6 4
a
2
a
3
a
x dx
0
− 48 + 20)
− 2a
=
⇒
0
4
x dx
−
x = a/2
a
0
x5 dx
161
˜es da equac ˜ o de Schr o ¨ dinger 15. Aplicac ¸o ¸a
enquanto o valor m´edio dos quadrados, por
x2ψ◦
a
30 a5
=
x4 (a
0
2 2 a (21 7
=
− x)2 dx = 30a2
− 35 + 15)
− 1 5
2 1 + 6 7
x2ψ◦ = 27 a2
=
⇒
Assim, a incerteza na posi¸c˜ao ´e ∆x = a
− 2 7
1 a = 4 2 7
√
Por outro lado, o valor m´ edio do momentum ´e dado por
pψ◦
= = =
(ax−x2 )
− − − − − − − − − a
30 a5
x(a
0
a
30 i 5 a i
a
x) ( i ) 2
a x
d (ax dx
− x2) dx
2
3
3ax + 2x
0
1 2
30
1+
2 = 0 4
dx
=
pψ◦ = 0
⇒
e, o valor m´edio do quadrado, por 2
p ψ◦
2
=
= 60
30 a5
2 a2
a
(ax
0
1 2
d2 x ) 2 (ax dx 2
− x2) dx
2 1 = 10 2 3 a
=
∆ p =
⇒
√
10
a
Assim, verifica-se mais uma vez que o produto das incertezas satisfaz a rela¸c˜ao de Heisenberg, (∆x)(∆ p) =
10 > 7 2 2
e) Expressando-se o estado inicial em termos dos autoestados de energia, Ψ(x, 0) = onde
a
cn = =
a
0
a x sen
∞
√ √ −
30 ψn (x)Ψ(x, 0) dx = 2 a a
√ 060 a3
√ 30 √ x (a − x) a2 a
nπx a
=
cn ψn (x)
n=1
2 a
x2 sen
a
sen
nπx a
nπx a
dx
0
x (a
− x) dx
162
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
integrando por partes as duas integrais, obt´em-se
√ 60
− −
a πx a x cos n a3 nπ a a nπx a 2 + x cos nπ a 0
cn =
a2 a nπx + cos dx + nπ 0 a 0 nπx 2a a dx x cos nπ 0 a a
Integrando novamente por partes a integral que resta, segue-se
√ −2 60
cn =
a2 nπ
− √
a x sen nπ
nπx a
0
a nπx a cos an2 π2 nπ a 0 4 15 4 15 (1 cos nπ) = n3 π3 n3 π 3
− √
=
a
nπx a
sen
0
dx
0
√ 2 60
=
a nπ
a
−
×
0 se n par 2 se n ´ımpar
Logo, a probabilidade de ocorrˆencia de um dado autovalor de energia E n ´e dada por 960 P (E n ) = cn 2 = 6 6 (n = 1, 3, 5, . . .) n π
| |
f) Partindo da fun¸ca˜o de onda no instante t = 0,
√ ∞
ψ(x, 0) =
8 15 sen 3π3 n n=1
nπx a
obt´em-se a dependˆencia temporal de ψ multiplicando-se cada uma das auto2 2 2 π −iE n t/ fun¸c˜oes sen(nπx/a) por e , onde E n = n , chegando-se assim a 2ma2 ψ(x, t) =
√ 8 15 π3 +
sen
1 sen 125
πx −i π2 2 t 1 e 2ma + sen a 27 5πx a
e
25π2 −i 2ma2
t
+
3πx a
1 sen 73
e
7πx a
2
−i 9π 2 2ma
t
+
49π 2 −i 2ma2
e
t
+
· ··
163
˜es da equac ˜ o de Schr o ¨ dinger 15. Aplicac ¸o ¸a
Exerc´ ıcio 15.7.3 Considere o
espalhamento de um feixe de part´ıculas de massa m e energia E , por uma barreira de potencial retangular de altura V ◦ e largura a. Para E < V ◦ : a) mostre que a probabilidade de transmiss˜ ao ´e dada por t =
V ◦ senh2 ρa 1+ 4E (V ◦ E )
−
−1
b) determine os limites de t para
onde ρ =
2m(V ◦
− E )/
→ 0 e ρa 1 ( E V ). ◦
Para E > V ◦ : c) mostre que a probabilidade de transmiss˜ ao ´e dada por t = Para E
V ◦ sen2 ka 1+ 4E (V ◦ E )
−
−1
onde k =
2m(E
− V )/ ◦
V : ◦
d) determine o limite dos coeficientes t e r; e) determine os valores de energia para os quais t ´ e m´ aximo. A barreira de potencial pode ser representada esquematicamente pela figura abaixo.
A equa¸ca˜o de Schr¨odinger pode ser escrita como k2 2
2
− 2m dxd 2 ψ(x) + V ψ(x) = Eψ(x) ⇒ ◦
onde V ◦ = constante.
2
−
d ψ 2m [E + dx2
V ◦ ] ψ(x) = 0
164
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
Nesse caso, h´a dois tipos de solu¸co˜es:
• E > V
◦
• E < V
◦
=
⇒
=
⇒
ψ(x) ψ(x)
±ikx
∼e
±ρx
∼e
com k =
√ 2m(E V ◦)
com ρ =
√ 2m(V ◦
−
=
p
−E )
a) Para E < V ◦ , a fun¸c˜ao de onda em cada uma das 3 regi˜oes mostradas na figura pode ser expressa como
√ incidente
refeletida
ψI = Aeik◦ x + B −ik◦ x
k◦ =
ψII = Ceρx + D−ρx
ρ =
2mE/
2m(V ◦
(x < 0 e V = 0)
− E )/
(0 < x < a e V = V ◦ )
ψIII = F eik◦ x
(x > a e V = 0)
transmitida
e o coeficiente de transmiss˜ao ´e dado por
J trans F t = = J inc A
2
As condi¸co˜es de contorno v˜ao impor rela¸c˜oes entre as v´arias constantes. S˜ao elas: ψI (0) = ψ II (0) A + B = C + D
⇒ ⇒ ⇒ ⇒
ψI (0) = ψ II (0) ψII (a) = ψ III (a) ψII (a) = ψ III (a)
ρa
2Ce
ik◦ (A
Ceρa + De −ρa = F eik◦ a ρ(Ceρa
= 1+
2Deρa = 1
−
− D) = [(ρ + ik )e ◦
− De
−
2ρ(C + D) = [(ρ + ik◦ )e−ρa + (ρ 2ρ(C
− B) = ρ(C − D)
ik◦ ρ ik◦ ρ
−ρa
) = ikF eik◦ a
F eik◦ a F eik◦ a
− ik )eρa] F eik a = 2ρ(A + B) ρa + (ρ − ik )eρa ] F eik◦ a = 2ρ = 2ik (A − B) ◦
◦
0
◦
165
˜es da equac ˜ o de Schr o ¨ dinger 15. Aplicac ¸o ¸a
(ρ+ik◦ )/iρk◦
−(ρ−ik◦ )/iρk◦
− ik )
ρ2 +2iρk◦ −k◦2
ρ2 −2iρk◦ −k◦2
4A −ik◦ a e = e −ρa (ρ + ik◦ ) F
1 1 + ρ ik
+eρa (ρ
◦
− 1 ρ
1 ik◦
− − − − − − −
A 4 (iρk◦ ) e−ik◦ a = e−ρa (ρ + ik◦ )2 eρa (ρ F = 2iρk◦ eρa + e−ρa ρ2
ik◦ )2 k◦2
eρa
2 cosh ρa
e−ρa
2 senh ρa
ρ2 k◦2 senh ρa 2iρk◦
A −ik◦ a e = cosh ρa F Assim,
− − ⇒ − − − A F
2
=
ρ2 k◦2 2 cosh ρa + 4ρ2 k◦2
2
senh2 ρa
1+senh2 ρa
ρ2 k◦2 = 1 + 1+ 4ρ2 k◦2
senh2 ρa
(ρ2 +k◦2 )2 4ρ2 k2
◦
A F
k2 ◦
2
=
ρ2 + k◦2 2 = 1 + senh ρa 4ρ2 k◦2 ρ2 + k◦2
2mE/ 2
ρ = 2m(V ◦
Logo,
2
E )/ 2
ρ2 + k◦2 4ρ2 k◦2
e, finalmente,
2
4ρ2 k◦2 = 4
2
= 2mV ◦ / 2 2m 2
V ◦ 2 = 4E (V ◦ E )
V ◦ 2 senh2 ρa t = 1 + 4E (V ◦ E )
−
−1
2
2
E (V ◦
E )
166
F´ısica Moderna
b) Para
Caruso • Oguri
→0 lim ρ
→0
→∞ ⇒
lim
senh ρa
→0
(ρ→∞)
→
eρa lim ρ→∞ 2
→∞
(15.1)
o coeficiente de transmiss˜ao se anula, lim t
→0
Para ρa
→0
1
(sem transmiss˜ao – an´alogo ao caso cl´ assico) (E << V ◦ ) 2
lim senh ρa
→
ρa1
e2ρa 4
1
o coeficiente de transmiss˜ao lim t =
E V ◦
16E (V ◦ V ◦ 2
− E ) e2ρa 1
indica que a probabilidade de penetra¸ca˜o na barreira ´e muito pequena mas, dependendo da largura, algumas part´ıculas do feixe atravessam a barreira. Essa ´e a origem do chamado efeito t´ unel , utilizado nos microsc´opios eletrˆonicos. c) Para o caso em que E > V ◦ , as fun¸co˜es de onda nas trˆes regi˜oes s˜ao
√ incidente
refeletida
ψI = Aeik◦ x + B −ik◦ x
k◦ =
ψII = Ceikx + D−ikx
k =
2mE/
2m(E
(x < 0 e V = 0)
− V )/
(0 < x < a e V = V ◦ )
◦
ψIII = F eik◦ x
(x > a e V = 0)
transmitida
Formalmente, pode-se escrever ρ2 =
−k 2
=
⇒
ρ = ik
ou
=
⇒
senh2 ρa =
senh ρa = senh ika = isen ka
−sen2 ka
Desse modo, pode-se obter o coeficiente de transmiss˜ao, para E > V ◦ , com a substitui¸c˜ao indicada na equa¸c˜ao anterior, ou seja,
V ◦ 2 sen2 ka t = 1 + 4E (E V ◦ )
−
−1
167
˜es da equac ˜ o de Schr o ¨ dinger 15. Aplicac ¸o ¸a
O gr´afico a seguir mostra o chamado efeito ressonante no comportamento do coeficiente de transmiss˜ao com rela¸ca˜o a` energia das part´ıculas do feixe incidente sobre a barreira de potencial. Para certos valores de energia, o feixe ´e transmitido integralmente atrav´es da barreira.
d) Escrevendo-se o coeficiente de transmiss˜ao como
1 t = 1 + 4(E/V ◦ )(E/V ◦ o limite para E
V
◦
lim t
E V ◦
− 1)
√ =⇒ k 2mE/ = k , ´e dado por √ 2mE 1 1 1 + 4(E/V )2 sen2 a √ 2mE V 2 1 − 2E sen2 a ◦
◦
−
◦
Nesse limite, o coeficiente de reflex˜ao ser´a dado por r = 1
− t =
√ V ◦ 2E
2
sen2
e) Para E V ◦ , quando ka = nπ = os quais t ´e m´aximo s˜ao dados por
2mE 2
⇒
2
2 2
a = n π
⇒
2mE a
1
tm´ax = 1, os valores de energia para
n2 π 2 2 E n = 2ma2
(n = 1, 2, . . .)
168
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
Desse modo, o coeficiente de transmiss˜ ao para qualquer valor de energia das part´ıculas incidentes pode ser expresso como
t =
onde
1 1+
√ 1
senh2 α
−E/V ◦
4 E/V ◦ (1−E/V ◦ )
1 1+
E < V ◦
√ E/V ◦
sen2 α
−1
E > V ◦
4 E/V ◦ (E/V ◦ −1)
α =
√ 2mV
◦
As figuras a seguir mostram como o coeficiente de transmiss˜ao t varia em fun¸c˜ao da raz˜ ao E/V ◦ , para os valores de α = 5, α = 16 e α = 46, respectivamente.
169
˜es da equac ˜ o de Schr o ¨ dinger 15. Aplicac ¸o ¸a
pr´ oton com energia igual a 12 eV incide sobre uma barreira de potencial retangular de altura igual a 16 eV e largura de 1,8 10−10 m. Determine a probabilidade de transmiss˜ ao. Exerc´ ıcio 15.7.4 Um
×
Os dados do problema s˜ao:
E = 12 eV V ◦ = 16 eV a = 1,8
−10
× 10
cm
m = m p
Como 0 < < V ◦ , conforme visto nas p´aginas 507 e 508 do livro de texto, o coeficiente de transmiss˜ao em uma barreira unidimensional ´e dado por, equa¸ca˜o (15.12), E (V ◦ E ) −2βa t = 16 e V ◦ 2
−
onde β =
2m(V ◦
− E )
Assim, β =
× 2
1,673
−27
−19
× 10 × 4 × 1,6 × 10 1,055 × 10 34 −
21,41 10−46 = 1,055 10−34
× ×
170
F´ısica Moderna
ou β =
√ 21,41 1,055
×
Caruso • Oguri
10−23 = 4,39 10−34
× 1011 m
−1
Portanto,
− × 4,39 × 1011 × 1,8 × 10
−10
exp( 2βa) = exp( 2
−
) = e (−158,04) = 2,31
−69
× 10
O fator multiplicativo que aparece em t ´e 16
E (V ◦ E ) = 16 V ◦ 2
−
− 12) = 16 × 48 = 3 × 12(16 (16)2 256
e, portanto, o coeficiente de transmiss˜ao vale t = 6,93
−69
× 10
Exerc´ ıcio 15.7.5 Mostre
que a energia do ´ unico estado ligado de uma part´ıcula de massa m, em um po¸co de potencial retangular finito, de profundidade V ◦ /( 2mV ◦ ), ´ e largura a e dada por
−
√
E =
−
ma2 V ◦ 2 2 2
Com rela¸ca˜o ao diagrama de energia, as solu¸co˜es da equa¸ca˜o de Schr¨odinger independente do tempo, nas trˆes regi˜oes distintas, s˜ao:
ψI = Aeρx
(ρ2 = 2m E / 2 )
ψII = Beikx + Ce−ikx
(k2 = 2m(V ◦
ψIII = De−ρx
| |
− |E |)/ 2)
171
˜es da equac ˜ o de Schr o ¨ dinger 15. Aplicac ¸o ¸a
De acordo com a condi¸co˜es do problema,
| |
E max = V ◦
kmax =
=
ρa
⇒
√ 2mV
◦
=
1
ka
⇒
1
As condi¸co˜es de contorno das fun¸c˜oes de onda e de suas derivadas nos pontos de descontinuidade do potencial ( a/2) levam a:
ψI ( a/2) = ψ II ( a/2)
− − ψ (−a/2) = ψ (−a/2)
I
II
e
± =⇒ =⇒
Ae−ρa/2 = Be−ika/2 + Ceika/2 ρAe−ρa/2 = ik(Be−ika/2
− Ceika/2)
⇓
−
2B = A 1
iρ −ρa/2 ika/2 e e k
2C = A 1 +
iρ −ρa/2 −ika/2 e e k
ψII (a/2) = ψ III (a/2) =
Be ika/2 + Ce−ika/2 = De−ρa/2
ψII (a/2) = ψ III (a/2)
ik(Be ika/2
Donde,
−ika/2
− Ce
)=
−ρDe
−ρa/2
⇓
−
2B = D 1 +
iρ −ρa/2 −ika/2 e e k
2C = D 1
iρ −ρa/2 −ika/2 e e k
ika
B (k iρ)e = C (k + iρ)
−
⇒ =⇒
⇒
(k + iρ) −ika = e = (k iρ)
−
⇓
k + ip = k iρ
−
±eika
k + iρ k iρ
−
2
= e2ika
172
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
H´a, portanto, duas solu¸co˜es poss´ıveis, correspondendo a
B/C = 1
=
ψII (x) = 2B cos kx
⇒ B/C = −1 =⇒
ψII (x) = 2iB sen kx
(fun¸ca ˜o par)
(fun¸ca ˜o ´ımpar)
Aplicando-se novamente as condi¸c˜oes de contorno em x = as solu¸c˜oes pares e ´ımpares, par
´ımpar
Ae−ρa/2 = 2B cos ka/2
Ae−ρa/2 =
ρAe−ρa/2 = 2kB sen ka/2
tg ka/2 =
−a/2, tem-se, para
ρ k
−2iB sen ka/2
ρAe−ρa/2 = 2iB cos ka/2
cotg ka/2 =
⇓
(ka
− kρ
1)
par
´ımpar
ka ak2 lim ρ = lim k tg = ka1 ka1 2 2
lim ρ =
ka1
k 2 − kalim1 tg ka/2 =− a
⇓
⇓
Ae−(ka/2) = 2B cos ka/2
como ρ > 0 e a > 0
2
a condi¸ca˜o ρa =
⇓
− −
A 1
ka 2 2
= 2B 1
⇓
A
2B
ka 2 2
−2
n˜ao pode ser satisfeita
⇓ A = 0 = B (solu¸ca˜o trivial)
˜es da equac ˜ o de Schr o ¨ dinger 15. Aplicac ¸o ¸a
173
Assim, tem-se
ρ =
a 2 k >0 2
ρ2 + k 2 = k◦2
com
ρ2 = 2m E / 2
com
k◦2 = 2mV ◦ / 2
| |
A solu¸ca˜o gr´ afica deste sistema de equa¸c˜oes ´e apresentada na figura a seguir, que indica a existˆencia de um u ´ nico estado ligado (correspondente a` interse¸ca˜o das curvas).
Substituindo k em fun¸ca˜o de ρ na u ´ ltima equa¸ca˜o, obt´em-se ρ2 +
ρ = =
− ± − ± 1 a
1 a
1
− k2 = 0 ⇓ ◦
1 1 1 2 = + k 1 + a2 k◦2 ◦ 2 a a a a2 k◦2 1+ > 0 2
Logo, a ρ = k◦2 2
2 ρ a
⇒
− ±
1/2
| | = a2 (2m)2 V 2
2m E 2
◦
4
⇓ ma2 V 2 E = − 2 2 ◦
4
174
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
um oscilador harmˆ onico de massa m e frequˆencia pr´ o-
Exerc´ ıcio 15.7.6 Seja
pria ω. Determine: a) a probabilidade de presen¸ca nas regi˜ oes classicamente proibidas para o estado fundamental; b) os valores m´ edios da posi¸cao ˜ e do momentum para o estado fundamental e para o primeiro autoestado excitado. Se o estado inicial ´e dado por
√
1 3 Ψ(x, 0) = φ◦ + φ1 2 2 Determine: c) o estado em um instante qualquer; d) os valores m´ edios da posi¸cao ˜ e do momentum linear; e) as probabilidades de ocorrˆ encia de cada autovalor de energia. a) Dado o estado fundamental do oscilador αx2 φ◦ (x) = Ae 2
−
com
α =
mω
E ◦ =
ω
2
a constante de normaliza¸c˜ao A ´e dada por
| ∞
√ ∞
2
2
φ◦ dx = 2A
−∞
|
e
−αx2
dx =
0
1 2
π 2 A =1 α
⇒
A =
π a
1 4
α π
mω = π
1 4
Logo, αx2 α 1/4 − φ◦ (x) = e 2 π
a =
√ 1α =
1 2
mω
Classicamente, o oscilador no estado fundamental de energia E ◦ = estaria confinado a` regi˜ ao x < a, definida por (ver figura a seguir)
| |
ω 1 mω 2 a2 = E ◦ = 2 2
ω/2
175
˜es da equac ˜ o de Schr o ¨ dinger 15. Aplicac ¸o ¸a
Portanto, a =
√ 1α =
1 2
mω
Assim, a densidade de probabilidade de presen¸c a do oscilador pode ser expressa como α 1/2 −αx2 1 −x2 /a2 2 φ◦ = e = e π a π
| |
√
A probabilidade de que o oscilador seja encontrado fora da regi˜ ao classicamente permitida ´e
| ∞
P ( x > a) = 2P (x > a) = 2
2
φ◦ dx =
||
a
|
√
∞
2
a π
2
e−x
/a2
dx
a
Esta integral pode ser expressa em termos da fun¸ca˜o erf(ξ ) como
√
2 P ( x > a) = π
||
∞
2
e−x dx =
1
√ 2π [1 − erf(1)] 0,16
b) A partir dos dois primeiros estados (n = 0, 1)
2
φ◦ = A e−x φ1 =
√ 2 a
/2a2
x φ◦
(E ◦ = ω/2) (E 1 = 3 ω/2)
os valores m´edios da posi¸ca˜o e do momentum no estado fundamental s˜ao dados
176
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
por
∞
xφ◦
=
| |2 dx = 0
x φ◦
− −∞
´ımpar
x2 − d φ◦ Ae a2 dx = 2i dx −∞ ∞
pφ◦
=
i
−2x φ◦
∞
−∞
e, para o primeiro autoestado excitado, por
| |2 dx = 0
x φ◦
´ımpar
∞
xφ
1
=
| |2 dx = 0 ´ımpar √ 2 d
x φ1
− √ − √ − − − | | − − | | − | | −∞
∞
pφ
1
=
i
φ1
−∞
=
2 a
i
dx
a
xφ◦
∞
φ1
φ◦ + x
−∞
dφ◦ dx
dφ◦ = 2xφ◦ dx
dx
−2xφ◦
= = =
i
2
φ1 φ◦ (1
2x2 ) dx
x φ◦ 2 (1
2x2 ) dx
a
2i a2 2i a2
x φ◦ 2 dx
2
x3 φ◦ 2 dx = 0
´ımpar
´ımpar
c) No instante t = 0,
√ 3
1 Ψ(x, 0) = φ◦ (x) + φ1 (x) = ψ ◦ 2 2 e, para um tempo t qualquer,
√
1 3 Ψ(x, t) = φ◦ (x)e−iE ◦ t/ + φ1 (x)e−iE 1 t/ 2 2 d) Seja o estado inicial ψ◦ =
√ 3
1 φ◦ + φ1 2 2
177
˜es da equac ˜ o de Schr o ¨ dinger 15. Aplicac ¸o ¸a
onde φ◦ e φ1 s˜ao os dois primeiros autoestados normalizados do oscilador. Calculando-se o seu quadrado, ou seja, a densidade de probabilidade,
√
1 3 3 = φ2◦ + φ21 + φ◦ φ1 4 4 2
|ψ |2 ◦
√ 1
A2 =
a π
a2 =
mω
o valor m´edio de x nesse estado inicial ´e
∞
x
◦
=
∞
3 xφ2◦ dx + 4
√ −∞
+
1 xψ◦2 dx = 4
3 2
−∞
´ımpar
a √ φ 1 2
∞
xφ◦ φ1 dx =
−∞
a 2
3 2
∞
xφ21 dx
−∞
´ımpar
x = a
⇒
◦
3 8
Para se obter o valor m´edio de p neste mesmo estado, calcula-se
√ 3
dψ◦ 1 dφ◦ dφ1 = + dx 2 dx 2 dx Mas,
dψ◦ dx
dφ◦ = dx
− ax2 φ √ 2 √ 2 dφ1 = φ − 3 x2 φ dx a a √ 6 √ 6 x = − 2 φ + φ − 3 x2 φ 2a 2a 2a ◦
◦
◦
◦
◦
◦
Logo,
dψ◦ ψ◦ = dx
6 2 φ 4a ◦
√ 6
a2 2 φ1 2
4a3
x2 φ2◦ +
4a2
◦
´ımpar
p
◦
φ◦ φ1
´ımpar
− 4a3 φ φ1 Assim, para
√ 3
a √ φ1 2
− − − 1 2 xφ 4a2 ◦ ´ımpar
√ 18
√ 18
=
−i
ψ◦
dψ◦ dx dx
4a2
xφ◦ φ1 +
178
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
s´ o contribuem trˆes termos, ou seja,
p
◦
=
−i
√ 6
− − 1 2
1
4a
1 2
p
⇒
◦
=0
Como o complexo conjugado da fun¸c˜ao de onda ´e
√
3 1 Ψ∗ (x, t) = φ◦ (x)eiE ◦ t/ + φ1 (x)eiE 1 t/ 2 2 o m´ odulo do estado Ψ(x, t) ´e dado por
|
√
1 3 3 Ψ(x, t) 2 = φ2◦ + φ21 + φ◦ φ1 ei(E 1 −E ◦ )t/ + e−i(E 1 −E ◦ )t/ 4 4 2
|
O termo entre colchetes vale 2 cos ωt, com ω = (E 1 x Ψ(x, t) 2 =
|
|
√ 3
− E )/ . Sendo assim, ◦
1 3 x φ2◦ + x φ21 + x φ◦ φ1 cos ωt 4 4 2
´ımpar
a √ φ1 2
´ımpar
donde o valor m´edio da posi¸ca˜o em um instante t ´e dado por
xt = a
3 cos ωt 8
Para o estado dependente do tempo, o valor m´ edio do momentum linear ´e dado por ∞ ∂ p t = i Ψ∗ (x, t) Ψ(x, t)dx ∂x −∞
−
e a derivada da fun¸c˜ao de onda ´e ∂ Ψ(x, t) = ∂x
−
√
−
x 6 −iE ◦ t/ φ e + 1 ◦ 2a2 2a
x2 a2
φ◦ e−iE 1 t/
Fazendo-se o produto ∂ Ψ∗ Ψ = ∂x
−
√
1 6 2 xφ + 4a2 ◦ 4a
− √ 6 4a
x2 a2
2
− 1
x2 a2
−i(E ◦ −E 1 )t/
φ◦ e
φ2◦ ei(E ◦ −E 1 )t/ + 3 + 2a2
− 1
x2 a2
xφ◦
179
˜es da equac ˜ o de Schr o ¨ dinger 15. Aplicac ¸o ¸a
As integrais do primeiro e do u ´ ltimo termo se anulam pois s˜ ao fun¸co˜es ´ımpares. Sendo assim, φ21 /2
pt
=
φ21 /2
− − − − i
a
∞
3 8
2
φ◦ dx
−∞
−∞
1
= i
eiωt
a
x2
∞
e−iωt
2
a2
∞
2
−iωt
φ◦ dx e
−∞
1/2
=
a
x2 2 φ◦ dx eiωt 2 a 1/2
3 sen ωt 8
−
i sen ωt
onde levou-se em conta que ω = (E 1
− E )/ . ◦
Este item do problema pode ser resolvido de modo alternativo utilizando-se as equa¸co˜es de Ehrenfest para os valores m´ edios da posi¸ca˜o e do momentum . Com o hamiltoniano do oscilador dado por p2 1 H = + mω2 x2 2m 2 a evolu¸ca˜o temporal de x ´e dada por
d 1 i x = [x, H ] = [x, p2 ] = i p dt 2m m
onde se usou o resultado [x, p2 ] = xpp
− pxp + pxp − ppx = [x, p] p + p[x, p] = 2i p
Logo, d p x = dt m
⇒
d d 2 p = m 2 x dt dt
Analogamente, d 1 i p = [ p, H ] = mω2 [ p, x2 ] = dt 2
onde se usou agora o resultado
[ p, x2 ] = [ p, x]x + x[ p, x] =
−i mω2x
−2i x
180
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
Com isto, mostra-se que d p = dt
2
−mω x
d2 x + ω 2 x = 0 2 dt
⇒
Dessa forma, a evolu¸ca˜o temporal de x ´e dada por
x = A cos ωt + B sen ωt
d x = dt
−ωA sen ωt + ωB cos ωt
De acordo com as condi¸c˜oes iniciais,
⇒ x
p
◦
◦
= a
3/8
=0
d x dt
Consequentemente,
◦
=0
B=0
⇒
⇒
A = x
◦
− x = a
e
p =
3 cos ωt 8 3 sen ωt 8
a
e) Escrevendo-se o estado do oscilador como Ψ(x, t) = c ◦ (t)φ◦ + c1 (t)φ1
onde
c◦ (t) = 12 e−iE ◦ t/ c1 (t) =
√ 3 2
e−iE 1 t/
obt´ em-se que as probabilidades de cada autovalor de energia s˜ ao dadas por
P (E ◦ , t) = c◦ (t) 2 =
1 4
P (E 1 , t) = c1 (t) 2 =
3 4
| |
| |
˜es da equac ˜ o de Schr o ¨ dinger 15. Aplicac ¸o ¸a
181
Para qualquer outro valor de energia (n = 0, 1), P (E n , t) = 0.
Apesar de os valores m´edios da posi¸ca˜o e do momentum flutuarem em torno do zero, o valor m´edio da energia ´e constante e igual a
E
= E ◦ P (E ◦ , t) + E 1 P (E 1 , t) 1 ω 3 3 ω 5 = + = ω 4 2 4 2 4
×
×
Um oscilador harmˆ onico unidimensional de frequˆencia pr´ opria ω e massa m, em um campo el´etrico uniforme ε, obedece ` a equa¸cao ˜ de Schr¨ odinger Exerc´ ıcio
15.7.7
−
d2 1 + mω2 x2 2 2m dx 2 2
− qεx
φ(x) = Eφ(x)
Espectro do oscilador evidenciando o efeito Stark.
a) determine as autofun¸coes ˜ e os autovalores de energia; b) fa¸ca um gr´ afico dos n´ıveis de energia E em fun¸cao ˜ do campo el´etrico ε; c) esboce o diagrama de energia, enfatizando as diferen¸cas de n´ıveis (efeito Stark) com rela¸cao ˜ ao oscilador harmˆ onico livre. a) Como foi visto no exerc´ıcio 13.5.2, ´e conveniente completar o quadrado no operador hamiltoniano, acrescentando e subtraindo o termo constante
182
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
q 2 /(2mω◦2 ) (j´a que o campo el´etrico ´e constante), de modo que p2 1 H = + mω◦2 x2 2m 2
q 2 2 qx + 2mω◦2
−
−
q 2 2 2mω◦2
− − =0
p2 = + 2m
m ω◦ x 2
2 q m 2ω◦
2
q 2 2 2mω◦2
Definindo-se uma nova vari´ avel
− mωq 2
y = x
◦
reescreve-se o hamiltoniano como 1 p2 + mω◦2 y 2 H = 2m 2
−
q 2 2 = H osc 2mω◦2
−
q 2 2 2mω◦2
Neste caso, os autovalores j´a foram determinados no exerc´ıcio 13.5.2 e valem n =
1 n + 2
ω◦
−
q 2 2 2mω◦2
Pode-se ainda raciocinar da seguinte maneira. Substituindo-se o operador hermitiano q 2 2 H H 2mω◦2
⇒ −
na equa¸ca˜o de Hermite, equa¸ca˜o (15.17), os autovalores de energia v˜ao mudar de E E E el
⇒ −
e, consequentemente,
2 2E (E E el ) ω ω Entretanto, a estrutura da equa¸ca˜o de Hermite n˜ao se altera e continua valendo que γ = 2n + 1. Logo, γ =
E
−
(2n + 1) E el = ω 2
⇒
⇒
−
(2n + 1) E = ω 2
−
q 2 2 2mω◦2
b) O gr´afico dos n´ıveis de energia E em fun¸c˜ao do campo el´etrico ε ´e apresentado a seguir.
183
˜e s da equa ˜ o de Schr odinger ¨ dinger 15. Aplic Apl icac ac ¸ oes o eq uac c ¸ ao a o
c) O diagrama d iagrama de energia ´e esbo¸ es bo¸cado cado na figura a seguir.
c˜ cao ˜ de Schr¨ odinger para o ´ atom atomo o de de Exer Ex erc c´ ıcio ıc io 15.7 15 .7.8 .8 Escreva a equa¸
hidrogˆ hidrogˆenio enio
em d dimens˜ oes e mostre que: a) a solu¸c˜ cao ˜ da parte angular depende dos polinˆ omios de Gegenbauer; b) o termo term o centr cent r´ıfugo ıfug o que aparece aparece na equa¸c˜ cao ˜ radial, em vez de l de l((l + 1) 2 /r2 , ´e e j ( j + j + 1) 2 /r2 , onde j = l + l + (d ( d 3)/ 3)/2.
−
a) Em trˆes es dimens˜oes, oes, escreve-se a equa¸c˜ cao ˜ao de Schr¨odinger odinger independente do tempo como
2
− 2m ∇2ψ(r) + V + V (r (r)ψ(r) = E (r)ψ(r) e as trˆes es coordenada co ordenadass cartesiana ca rtesianass indepen i ndependentes dentes s˜ao ao expressas em coordenadas
184
F´ısica Moderna
esf´ esf´eric er icas as como co mo::
Caruso • Oguri
x = r = r sen θ cos φ y = r = r sen θ sen φ z = r cos θ
Em um espa¸co c o com d dimens˜oes, oes, temos um conjunto de d 1 vari´ ariaveis a´veis angu angular lares es,, tais tais que que o co conj njun unto to de coo coord rden enad adas as ca cart rtes esia iana nass indepe independ nden ente tess x1 , x2 ,...,xd−1 , xd pode ser expresso em fun¸c˜ cao a˜o das coordenadas esf´ ericas ericas r,θ,φ1 , φ2 ,...,φd−3 , φd−2 pelas rela¸c˜ coes: o˜es:
{ {
}
−
}
x1 = r cos θ x2 = r sen θ cos φ1 x3 = r sen θ sen φ1 cos φ2 (...) ...) xd−1 = r = r sen θ sen φ1 sen φ2 ... sen φd−3 cos φd−2 xd = r sen θ sen φ1 sen φ2 ... sen φd−3 sen φd−2
Os intervalos de varia¸c˜ cao ˜ao dessas vari´aveis aveis s˜ao: ao:
−
0 < r <
∞
0 < θ < π 0 < φi < π
(i = 1, 2,...,d
− 3)
π < φd−2 < +π + π
Com esta nota¸c˜ cao, a˜o, o operador laplaciano em d dimens˜oes oes ´e escrito escr ito como 2 (d)
∇
∂ 2 d 1 ∂ 1 2 = 2+ + 2 L(d) ∂r r ∂r r
−
2 onde L(d) ´e o an´ an ´alogo alogo ao operador operador que, em trˆ es es dimens˜ dimens˜ oes, oes, ´e associado ao momento angular.
185
˜e s da equa ˜ o de Schr odinger ¨ dinger 15. Aplic Apl icac ac ¸ oes o eq uac c ¸ ao a o
A equa¸c˜ cao a˜o de Schr¨odinger odi nger general gene ralizad izadaa obt´em-se em-s e daque d aquela la em trˆes es dimens˜ dime ns˜oes, oes, simplesmente escrevendo o operador laplaciano em d dimens˜oes, oes, ou seja,
∇
2 (d) ψ (r ) +
2m 2
[E
(r)] − V (r
ψ (r ) = 0
Como no caso tridimensional, faz-se uma separa¸c˜ cao a˜o de vari´aveis aveis do tipo ψ(r) = R( R (r)Y (θ, φ1 , φ2 ,...,φd−2 ) obtendo-se, para a parte angular, a equa¸c˜ cao a˜o 2 L(d) Y =
+ d − 2)Y 2)Y −( + d
cujas solu¸c˜ coes o˜es est˜ao ao associadas aos chamados polinˆomios omios de Gegenbauer. Para mais detalhes veja Sommerfeld, A.: Partial Differential Equations in Physics . Nova York: Academic Press, 1949 e a Table of Integrals, Series and Products , de Gradstheyn e Ryzhik, Academic Press, p. 1031. b) Em trˆes es dimen dimens˜ s˜oes, oes , a parte parte radi radial al R R((r) ´e solu¸c˜ cao a˜o da equa¸c˜ cao a˜o (15.91) do livro de texto. Definindo-se u(r) = rR r R(r) chega-se `a equa¸c˜ cao a˜o (15.93), para o caso de um potencial p otencial coulombiano, isto ´e
d2 u(r) 2m e2 + 2 E + + dr2 r
2
1) − 2m l(l + r2
u(r) = 0
Em d dimens˜oes, oes, a fun¸c˜ cao a˜o R(r) satisfaz a seguinte equa¸c˜ cao: a˜o:
d2 R d 1 dR 2m e2 + + 2 E + + dr2 r dr r
−
−
2
l(l + d + d 2m r2
− 2)
R = 0
De modo an´alogo alo go ao que ´e feito feit o em trˆes es dimens˜ dime ns˜oes, oes, faz-se a escolha u(r) = r
d
−1 2
R
para eliminar termos com a derivada primeira da fun¸c˜ cao a˜o de onda (note que, para d = 3, o expoente de r na equa¸c˜ cao a˜o anterior ´e igual a 1). Sendo assim, dR = dr
− d −2 1 r
=
− d −2 1 r
−(d−1)/ 1)/2−1
−(d+1)/ +1)/2
1)/2 u + r + r −(d−1)/
1)/2 u + r + r −(d−1)/
du dr
du d u dr
186
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
e d2 R = dr2
− d
1
d + 1 2
2
d
− −2 1 r 1 = (d 4
−(d+1)/ +1)/2
+3)/2 r−(d+3)/ u
− d −2 1 r
−(d+1)/ +1)/2
du + dr
2 du d u −(d−1)/ 1)/2 d u + r dr dr2
− 1)(d 1)(d + 1)r 1)r
−(d+3)/ +3)/2
u
− (d − 1)r 1)r
−(d+1)/ +1)/2
2 du d u −(d−1)/ 1)/2 d u + r dr dr2
Obt´em-se, em-se, assim, a seguinte equa¸c˜ cao a˜o diferencial para u(r): r
1)/2 −(d−1)/
d2 u + [(d [(d dr2
1 − 1) − (d − 1)] 1r ddur + 14 (d − 1)(d 1)(d + 1) 2 u + r (d
1) 1 2m e2 u + 2 E + + 2 r2 r
−(d − 1) −
−
2
l(l + d + d 2m r2
−
2)
u = 0
ou, simplificando,
−
d2 u 2m e2 + 2 E + + dr2 r
(d
3)(d − 1) l(l + d − 3)(d + d − 2) + 4r2
r2
u = 0
Introduzindo-se uma nova vari´avel avel s tal que s =
d
−3 2
a ultima u ´ ltima equa¸c˜ cao a˜o se reescreve como
−
2
2
d u 2m e + E + + 2 dr2 r
s(s + 1) l(l + d + d + 4r2 r2
− 2)
u = 0
Definindo-se ainda j = l + l + s s os dois termos centr´ centr´ıfugos (inversamen (inversamente te proporcionais a r 2 ) passam a ter um fator multiplicativo igual a j ( j + j + 1). De fato, j( j ( j + 1) = (l + s + s)( )(ll + s + s + + 1) = l = l 2 + l( l(s + 1) + s + s((s + 1) + sl + sl = l 2 + s( s(s + 1) + l + l(2 (2ss + 1) = l = l 2 + s( s(s + 1) + l + l((d como se queria mostrar.
− 2)
˜es da equac ˜ o de Schr o ¨ dinger 15. Aplicac ¸o ¸a
187
Portanto, a equa¸ca˜o final para u(r), mostrando como o coeficiente do termo centr´ıfugo varia com a dimensionalidade do espa¸co, ´e d2 u 2m + 2 dr2
− e2 E + r
j( j + 1) r2
u(r) = 0
Pondere se isto pode ter algo a ver com o spin . Exerc´ ıcio 15.7.9 A
equa¸cao ˜ de Schr¨ odinger pode ser obtida heuristicamente a partir do hamiltoniano cl´ assico que descreve um sistema f´ısico conservativo, H (x, p) = p2 /(2m) + V (x) = E , considerando H um operador e substituindo p i ∂/∂x e E i ∂/∂t. Entretanto, h´ a que considerar algo mais. Classicamente, por exemplo, o termo cin´ etico pode ser escrito como
→−
→
p2 1 1 = p px 2m 2m x Como x e p comutam na F´ısica Cl´ assica, o termo 1/x se cancela com x. Mas, aplicando-se a regra acima ao hamiltoniano com o termo cin´ etico escrito dessa forma, obt´em-se outra equa¸cao ˜ de Schr¨ odinger. Discuta esse problema e estabele¸ca um procedimento para que essa ambiguidade seja evitada ao se aplicar a regra exposta anteriormente. Considere o termo p2 ψ 2m Substituindo-se p Schr¨ odinger,
→ −i ∂/∂x,
obt´ em-se o termo cin´ etico da equa¸ca˜ o de
−
2
∂ 2 ψ 2m ∂x 2
Do ponto de vista cl´assico, a equa¸ca˜o abaixo ´e uma identidade 1 p2 = p px x Entretanto, a mesma substitui¸ca˜o anterior feita no termo
1 1 p px ψ 2m x
188
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
resulta, agora, em 1 ∂ ( i )2 2m ∂x
−
1 ∂ x ∂x
xψ =
=
=
−
∂ 2m ∂x 2
− 2m −
2
−
1 ∂ψ ψ + = x ∂x
− −
2
1 1 ∂ψ ∂ 2 ψ ψ + + x2 x ∂x ∂x 2
∂ 2 ψ 2m ∂x 2
2
1 ∂ψ x ∂x
2m
1 ψ x2
novo termo
levando, assim, a uma “equa¸ ca˜o de Schr¨o dinger” diferente embora os termos de partida sejam, do ponto de vista da F´ısica Cl´assica, equivalentes. Evidentemente, o problema resulta do fato de que as grandezas x e p n˜ao comutam na Mecˆanica Quˆantica. Considere agora o termo
1 1 pxp 2m x Neste caso, a substitui¸c˜ao p 1 ∂ ∂ ( i )2 x 2m ∂x ∂x
−
ψ
→ −i ∂/∂x d´a origem a
1 ψ x
=
=
=
=
− −
∂ x 2m ∂x 2
∂ 2m ∂x 2
− 2m −
− −
2
1 1 ∂ψ ψ + = x2 x ∂x
1 ψ x
1 ψ x2
−
2
1 ∂ψ ∂ 2 ψ + x ∂x ∂x 2
∂ 2 ψ 2 + 2m ∂x 2 2m
−
∂ψ ∂x
1 ∂ψ x ∂x
−
novo termo
1 ψ x2
Note que os “novos termos” s˜ ao idˆ enticos a menos do sinal. Portanto, ´e f´ acil verificar que a regra heur´ıstica de substitui¸c˜ao do momentum linear pelo operador p i ∂/∂x continua levando `a mesma equa¸ca˜o de Schr¨odinger desde que o operador cl´assico seja colocado na forma sim´etrica. No exemplo em quest˜ ao, deve-se partir de
→−
1 1 1 p px + pxp 4m x x
ψ
189
˜es da equac ˜ o de Schr o ¨ dinger 15. Aplicac ¸o ¸a
de modo a obter apenas o termo cin´ etico
−
2
∂ 2 ψ 2m ∂x 2
Exerc´ ıcio 15.7.10 Um
el´etron de um ´ atomo de hidrogˆ enio encontra-se em seu estado fundamental. Determine: a) a probabilidade de que o el´ etron se encontre no interior do pr´ oton cuja −15 dimens˜ ao ´e r 1 F = 10 m;
∼
b) a distˆ ancia mais prov´ avel entre o pr´ oton e o el´etron; c) a probabilidade de presen¸ca entre 0,99 a e 1,11 a, onde a ´ e o raio de Bohr; d) a probabilidade de presen¸ca para r > 4a; e) os valores m´ edios r , r2 , x e x2 .
a) Sabe-se que, no estado fundamental do ´atomo de hidrogˆ enio, a fun¸c˜a o de onda ´e simplesmente (Tabela 15.3 do livro de texto) −r/a
ψ = ψ 100
e
onde a = 0,529 10−8 cm ´e o raio de Bohr dado pela equa¸c˜ao (12.9). N˜ ao ´e demais relembrar aqui que a express˜ao para o raio de Bohr dada no livro de texto
×
2
a =
me2 vale somente no CGS. Para se calcular esta grandeza no SI, ´e necess´ ario multiplicar esta equa¸ca˜o pelo fator 4π◦ . De fato, neste caso obt´em-se a =4
−12
× 3,14 × 8,854 × 10 × 9,11 ×
5,3 10−80 = = 5,3 10−69
×
−11
× 10
= 0,53
(1,055)2 10−68 10−31 (1,6)2 10−38
×
−10
× 10
×
×
m
A probabilidade de que o el´ etron seja encontrado entre a distˆ ancia r e r + dr do centro do pr´oton ´e P (r)dr = A
2
| |
−2r/a
e
2
r dr
π
2π
sen θ dθ
0
0
dφ =
4 2 −2r/a r e dr a3
A constante de normaliza¸ca˜o da fun¸c˜ao de onda, A, ´e determinada pela condi¸c˜ao
|
∞
4π A
|
2
0
e−2r/a r2 dr = 1
⇒
A =
√ 1
πa3
190
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
J´a a probabilidade de o el´ etron ser encontrado no interior do pr´ oton, cujas dimens˜ oes caracter´ısticas s˜ao da ordem de r◦ 10−15 m = 10−13 cm, ´e P ◦ =
r◦
4 P (r)dr = 3 a
0
r◦
e−2r/a r2 dr
0
A resolu¸c˜ao desta integral ´e direta. Seja I =
r◦
e−2r/a r2 dr
0
Fazendo u = r 2
⇒ du = 2r dr e dv = e I =
−r/a
dr
⇒ v = −(a/2)e
− − − − a 2 −2r/a r◦ r e + a 2 0
r◦
−2r/a
,
e−2r/a r dr
0
Integrando novamente por partes, I =
−
a2 −2r/a r◦ a2 re + 2 2 0
a 2 −2r/a r◦ r e 2 0
ou ainda,
r◦
e−2r/a dr
0
r◦ ar a3 −2r/a r◦ −2r/a I = (r + a)e e 2 4 0 0 Tomando-se o limite r◦ e multiplicando-se esta integral por 4π, proveniente da integra¸ ca˜ o da parte angular da fun¸c˜ao de onda, obt´ em-se a normaliza¸ca˜o j´ a citada.
→ ∞
Com o resultado anterior, pode-se escrever P ◦ como 2 P ◦ = 2 a
−
2
r◦
ou P ◦ = 1
− ar − ◦
−
a2 −2r◦ /a e 2
−
− a2 2
2 a2
r◦ r◦2 −2r◦ /a 1+2 +2 2 e a a
1,9 × 10 5), − P 1 − e 2r◦ /a = 1 − e 3,8 10 = 1 − 0,999962 = 3,8 × 10 5 −
Logo, considerando que a >> r◦ (a/r◦ ◦
−
−
×
−
Portanto, P ◦ = 0,0038%
5
˜es da equac ˜ o de Schr o ¨ dinger 15. Aplicac ¸o ¸a
191
b) A distribui¸ca˜o de probabilidade radial pode ser expressa como 4r2 −2r/a ρ(r) = 3 e a Assim, a distˆancia mais prov´ avel entre o pr´oton (na origem) e o el´etron ´e dada pela condi¸c˜ao de m´aximo da distribui¸ca˜o radial, ou seja, por dρ 4 = 3 dr a
2r
−
2r2 a
e−2r/a
⇓
r = a isto ´e, a distˆ ancia mais prov´ avel de se encontrar o el´etron no ´atomo de hidrogˆenio corresponde ao raio de Bohr. A fun¸c˜ao ρ(r) est´a esbo¸cada na figura a seguir.
c) A probabilidade de presen¸ca entre 0,99a e 1,11a ´e dada por
P
− −
4 = 3 a
1,11a
0,99a
4 = 3 a
=
e−2r/a r2 dr
2
ar (r + a) 2
r2
−
a3 4
e−2r/a
r + 2 + 1 e−2r/a 2 a a
1,11a
0,99a
1,11a
0,99a
192
F´ısica Moderna
ou P
Caruso • Oguri
1+2
r a
1,11a
e−2r/a
0,99a
− (1 + 2 × 1,11) e 2,22 + (1 + 1,98) e = −3,22 × 0,1086 + 2,98 × 0,138 =
−1,98
−
=
−0,3497 + 0,4115 = 0,0618
P = 6,2 %
⇒
d) A probabilidade de presen¸ca para r > 4a ´e obtida da integral
P
−
∞
4 = 3 a =
e−2r/a r2 dr
4a
r2
r 1 + 2 + 2 2 e−2r/a a a
= [1 + 8 + 32] e−8 = 41
∞
4a
× 0,000335 = 0,0137
Logo, P = 1,37 % e) O valor m´edio de r ´e dado por
∞
r = 4a Fazendo u = (r/a)3 resulta
0
r a
3
−2r/a
e
⇒ du = 3(r/a)2 e dv = e
r a
d
−2r/a
dr
−2r/a
⇒ v = −(1/2)e
1 r 2a
r = 4a
0
3
−2r/a
e
∞
3 + 2
∞
0
r a
2
e−2r/a d
r a
=0
Integrando novamente por partes,
r = 3a
1r 2a
2
0
e−2r/a
+3
∞
=0
∞
0
r a
r 3 = ae −2r/a e−2r/a d 2 a
0
∞
,
193
˜es da equac ˜ o de Schr o ¨ dinger 15. Aplicac ¸o ¸a
donde
r = 32 a
O valor m´edio r2 ´e
× × × × × × × × × × ∞
r2
2
= 4a
0
2
= 4a
2
= 4a
2
= 4a
4 2
r a
4
e
−2r/a
r d = 4a2 a
∞
3 2
r a
0
∞
4 2
3 2
2 2
0
4 2
3 2
2 2
1 2
2
4 2
e−2r/a d
r a
∞
0
r a
3
e
−2r/a
d
r a
r a
r a
e−2r/a d
∞
e−2r/a d
0
r a
Como a u ´ ltima integral vale 1/2, segue-se que
r2 = 3a2 O valor m´edio de x ´e dado por
x r 2 ψ(r)
x =
|
|2 sen θ drdθdφ
onde x = r sen θ cos φ. Assim,
π
∞
x =
r
3
0
2
| ψ(r) |
dr
2π
cos φ dφ
0
sen2 θ dθ
0
⇒ x = 0
=0
Por outro lado,
x2 = =
|
x2 r2 ψ(r)
∞
0
r4
ψ(r)
|
2
|
|2 sen θ drdθdφ
⇒ π
dr
2π
2
cos φ dφ
0
sen3 θ dθ
0
=π/2
=0
x2 = 0
194
F´ısica Moderna
Exerc´ ıcio 15.7.11 Mostre
Caruso • Oguri
que:
a) Lx , z = b)
−i y Ly , z = −i x
c) Lx , y = i z d) Ly , x =
−i z
e) L2 , z = 2i (xLy 2
− yLx − i z)
f) L , L2 , z = 2 2 (zL2 + L2 z) 0 g) r L =
·
Neste exerc´ıcio utiliza-se a f´ormula do momento angular em coordenadas cartesianas e suas componentes, bem como as rela¸c˜oes de incerteza [xi , p j ] = i δi j
a) [Lx , z] = [ypz
− zpy , z] = [ypz , z] − [zpy , z] = y[ pz , z] = −i y
b) [Ly , z] = [zp x
− xpz , z] = [zpx, z] − [xpz , z] = −x[ pz , z] = i x
c) [Lx , y] = [ypz
− zpy , y] = [ypz , y] − [zpy , y] = −z[ py , y] = i z
d) [Ly , x] = [zp x
− xpz , x] = [zpx, x] − [xpz , x] = z[ px, x] = −i z
e) Parte-se de
[L2 , z] = [L2x , z] + [L2y , z] + [L2z , z]
que ´e ainda igual a [L2 , z] = L x [Lx , z] + [Lx , z]Lx + Ly [Ly , z] + [Ly , z]Ly + Lz [Lz , z] + [Lz , z]Lz O comutador [Lz , z] = 0 e os demais foram calculados nos itens anteriores.
˜es da equac ˜ o de Schr o ¨ dinger 15. Aplicac ¸o ¸a
195
Portanto, [L2 , z] = L x ( i y )+( i y )Lx +Ly (i x)+(i x)Ly = i ( Lx y yLx +Ly x+xLy )
−
−
− −
´ u E ´ til escrever Lx y = L x y yLx + yL x = [Lx , y] + yLx = i z + yL x
− =0
Analogamente, Ly x = L y x xLy + xLy = [Ly , x] + xLy =
−
−i z + xLy
=0
Levando estes resultados na equa¸c˜ao anterior, obt´em-se [L2 , z] = i (2xLy
− i z − 2yLx − i z)
ou [L2 , z] = 2i (xLy
− yLx − i z)
f) Usando o resultado do item anterior, 2
2
[L , [L , z]] =
2i [L2 , xLy ]
−
[L2 , yL
x]
i [L2 , z]
− = 2i [L2 , x]Ly + x[L2 , Ly ] − [L2 , y]Lx − y[L2 , Lx ] −i (L2z − zL2)
Cada componente do momento angular comuta com L2 , ou seja, [L2 , Lx ] = [L2 , Ly ] = 0. Os quatro termos restantes podem ser escritos explicitamente da forma [L2 , [L2 , z]] = 2i (yLz
− zLy − i x)Ly − 2i (zLx − xLz − i y)Lx − i (L2z − zL2) {
196
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
ou [L2 , [L2 , z]] =
−2
2yLz Ly
− L2z + zL2
−2
2yLz Ly
−L2z + zL2 =
2 2 2 −2z(L2 x +Ly +Lz )+2zL x
+2xLz Lx
=
−2zL2y − 2zL2x −2i xLy + 2i yLx+
− 2i xLy + 2xLz Lx + 2i yLx + 2zL2z − 2zL2+
−2 (zL2 + L2z) − 4 2
− − (yLz
i x) Ly + (xLz
Lz y
+ zL z Lz =
i y ) Lx +
Lz x
−2 (zL2 + L2z) − 4 2 {Lz yLy + Lz xLx + Lz zLz }
Assim,
Lz ( r ·L)=0
[L2 , [L2 , z]] = 2 2 (zL 2 + L2 z)
g) Finalmente, = xLx + yL y + zL z = x(ypz r L
·
− zpy ) + y(zpx − xpz ) + z(xpy − ypx) = (xy − yx) pz − (xz − zx) py + (yz − zy) px = 0
197
˜es da equac ˜ o de Schr o ¨ dinger 15. Aplicac ¸o ¸a
(para k =
Exerc´ ıcio 15.7.12 Calcule
∞
k
r = O exerc´ıcio pede que se calcule
−3, −2, −1, 1 e 2)
∗ Rn,l r k Rn,l r 2 d r
0
∞
j
r = Rn r j Rn r2dr 0 para os seguintes valores: j = −3, −2, −1, 1 e 2. ∗
Sabe-se que a fun¸ca˜o de onda radial do ´atomo de hidrogˆenio ´e Rn (r) = (2α)
3/2
(n 1)! 2n[(n + )!]3
− −
1/2
e−ξ/2 ξ
L2+1 n 1 (ξ ) − −
com ξ = 2αr e α = (na)−1 . Devem-se, portanto, calcular termos do tipo j
r = (2α)
3
(n 1)! 2n[(n + )!]3
− −
onde r =
∞
e−ξ ξ 2 r j+2
0
ξ 2α
⇒ ⇓
dr =
2+1 L2+1 n 1 (ξ ) Ln 1 (ξ ) dr − −
− −
dξ 2α
1 ξ j+2 j+2 (2α)
r j+2 = Assim, j
r
(n 1)! = 2n[(n + )!]3
− −
1 (2α) j
∞
e−ξ ξ 2+ j+2
0
2+1 L2+1 n 1 (ξ ) Ln 1 (ξ ) dξ − −
− −
Logo, as integrais que devem ser calculadas s˜ao do tipo
∞
I j =
e−x x(2+1)+ j+1 (
0
2 L2+1 n 1 ) dx − −
´ conveniente utilizar a nota¸ca˜o mais simples E 2 + 1 n 1
→k − − →m
para uma compara¸ca˜o mais direta com as equa¸c˜oes (15.118) do livro de texto. Em termos dos ´ındices k e m, I j m! r j = (m + k + 1)[(k + m)!] 3 (2α) j
198
F´ısica Moderna
onde
Caruso • Oguri
∞
I j =
e−x xk+ j+1 (
Lkm)2 dx
0
As integrais correspondendo a j = 3 e j = 2 s˜ ao dadas explicitamente nas equa¸co˜es (15.118), enquanto para j = 1, a resposta est´a na equa¸ca˜o (15.117). Portanto, para os valores negativos de j, tem-se, respectivamente,
− −
−
k 2 m ) dx =
(2m + k + 1)[(m + k)!]3 m!k(k2 1)
k 2 m ) dx =
[(m + k)!]3 m!k
∞
I −3 =
−x
e
k −2
x
(
0
L
∞
I −2 =
−x
e
k −1
(
k
k 2 m ) dx =
x
0
L
[(m + k)!]3 m!
∞
I −1 =
−x
e
x (
0
−
L
Assim, podem-se calcular todos os valores m´ edios das diferentes potˆencias negativas de r propostas, usando as equa¸co˜es anteriores e substituindo os ´ındices k e m em termos de n e . Para j = −3
r
−3,
−− − − − − − −
na = 2
ou
r
−3
(n 1)! 2n[(n + )!]3
na = 2
−3
−3
(2n
2 + 2 + 2)[(n 1 + 2 + 1)!]3 1)!(2 + 1)[(2 + 1)2 1]
2 (n
(n 1)! 2n[(n + )!]3
(n
− −
−
2n[(n + )!]3 1)!(2 + 1)4( + 1)
− −
ou ainda −3
r
1 na = 4(2 + 1)( + 1) 2
Para j =
−3
1 1 ⇒ r 3 = ( + 1)( + 1/2) n3 a3 −
−2, −2
r ou −2
r
na = 2
−2
1 = 2n(2 + 1)
(n 1)! 2n[(n + )!]3
− −
na 2
−2
[(n 1 + 2 + 1)!]3 (n 1)!(2 + 1)
− − − −
⇒ r 2 = ( +11/2) n31a2 −
199
˜es da equac ˜ o de Schr o ¨ dinger 15. Aplicac ¸o ¸a
e, para j =
−1,
− − − − ⇒ r
ou
−1
r
na = 2
1 = 2n
−1
(n 1)! 2n[(n + )!]3
−1
na 2
−1
[(n + )!]3 (n 1)!
r −1 =
1 n2 a
Para j = +1 e j = +2 devem-se calcular, respectivamente, as seguintes integrais:
∞
I 1 =
e−x xk+2 (
Lkm)2 dx
0
∞
I 2 =
e−x xk+3 (
Lkm)2 dx
0
Para resolver estas duas integrais, pode-se utilizar uma rela¸ca˜o de recorrˆencia para os polinˆ omios associados de Laguerre, km , na qual aparece um produto x km em fun¸c˜ao de outros termos que n˜ao dependem de x. Isto vai permitir, interadamente, que se reduza a ordem da potˆencia dos termos xk+i que aparece no integrando, at´e podermos utilizar a rela¸c˜ao de ortonormalidade dos polinˆ omios de Laguerre
L
L
∞
e
−x
k
x
0
k k m (x) n (x) dx =
L
L
[(m + k)!]3 δ mn m!
para resolver as integrais. A rela¸ca˜o em quest˜ao geralmente ´e dada na literatura na forma: (m + 1)Lkm+1 = (2m + k + 1
− x)Lkm − (m + k)Lkm
−1
No entanto, ´e preciso estar atento, pois esta rela¸c˜ao vale para os polinˆ omios definidos com uma normaliza¸c˜ao diferente da adotada no livro de texto. De fato, 1 x −k dm k Lm (x) = e x e−x xm+k m m! dx
enquanto adotamos k m (x)
L
1 x −k dm = ( ) (m + k)! e x e−x xm+k m m! dx
−
k
⇓
200
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
( )k = (m + k)!
−
Lkm (x)
Lkm(x)
Portanto, a f´ ormula de recorrˆ encia correta para nossa normaliza¸ca˜o ´e (m + 1) (m + k + 1)
Lkm+1 = (2m + k + 1 − x)Lkm − (m + k)2Lkm
−1
Dela, tira-se que (m + 1) k Lkm = (2m + k + 1) Lkm − (m + k)2 Lkm 1 − (m + k + L 1) m+1
x
−
Com esta rela¸ca˜o, pode-se resolver a integral
∞
J 0 =
∞
−x
k+1
e
x
0
(
k 2 m ) dx =
L
e−x xk x
0
∞
e
k
x (
0
−
⇓ ∞
−x
J 0 = (2m + k + 1) (m + 1) (m + k + 1)
Lkm Lkm dx
k 2 m ) dx
L
− (m + k)
∞
e−x x
0
2
e−x x
0
Lkm 1Lkm dx + −
Lkm+1Lkm dx
os dois u ´ ltimos termos s˜ao nulos pela condi¸c˜ao de ortogonalidade. Assim, [(m + k)!]3 J 0 = (2m + k + 1) m! que ´e a primeira das equa¸c˜oes (15.118). Quando j = 1, ´e preciso calcular a integral
∞
J 1 =
∞
−x
k+2
e
x
0
(
k 2 m ) dx =
L
e−x xk+1 (x
0
Lkm)Lkm dx
Lkn) pela rela¸ca˜o de recorrˆencia anterior, temos:
Substituindo o termo (x
∞
J 1 = (2m + k + 1)J 0 (m + 1) − (m + k + 1)
2
− (n + k)
∞
0
e−x xk+1
e−x xk+1
0
LkmLkm+1 dx
LkmLkm
−1
dx
201
˜es da equac ˜ o de Schr o ¨ dinger 15. Aplicac ¸o ¸a
Repetindo a substitui¸ca˜o do termo (x
Lkn), obt´em-se
×
∞
J 1 = (2m + k + 1)J 0
− (m + k)
− (m + k)2(Lkm
2
e
−x
k
x
(2m + k + 1)
0
−
∞
−1
+
(m + 1) − (m + k + dx + 1) Lkm+1 Lkm e x x (2m + k + 1) Lkm Lkm+1 +
2 −1 )
(m + 1) (m + k + 1)
LkmLkm
−
0
− (n + k)2Lkm 1Lkm+1 − −
(m + 1) ( (m + k + 1)
Lkm+1)2
dx
As quatro integrais que envolvem dois polinˆ omios com ´ındices inferiores diferentes s˜ao nulas, pela ortogonalidade destas fun¸co˜es e, portanto,
∞
J 1 = (2m + k + 1)J 0 + (m + k) +
(n + 1)2 (n + k + 1) 2
4
e−x xk (
0
∞
e−x xk (
0
Lkm
−1
)2 dx +
Lkm+1)2 dx
Usando a condi¸ca˜o de normaliza¸ca˜o, chega-se a J 1 = (2m + k + 1)
2 [(m + k)!]
3
+ (m + k) m! (n + 1)2 [(m + k + 1)!]3 + (n + k + 1) 2 (m + 1)!
− 1)!]3 + (m − 1)!
4 [(m + k
ou seja, [(m + k)!]3 J 1 = (2m + k + 1) 2 + m(m + k) + (m + 1)(m + k + 1) m!
Em termos dos ´ındices originais n e , J 1 = = =
[(n + )!]3 4n2 + (n + )(n 1) + (n )(n + + 1) (n l 1)! [(n + )!]3 [4n2 + n2 + n n 2 n + n2 nl + nl (n l 1)! [(n + )!]3 [(n + )!]3 2 2 [6n 2 2] = 2 [3n ( + 1)] (n l 1)! (n l 1)!
− −
− −
− − − −
− − − −
−
−
−
− −
−
−
− + n − ]
202
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
Donde 1
r
na = 2
(n 1)! 2n[(n + )!]3
− −
×
2[(n + )!]3 [3n2 (n 1)!
− −
− ( + 1)]
⇓ 1
r
a = 3n2 2
− ( + 1)
Analogamente, para j = 2,
∞
J 2 =
∞
−x
e
k+3
x
(
0
k 2 m ) dx =
L
e−x xk+1 (x
0
Lkm)Lkm dx
Substituindo o termo (x km ) pela mesma rela¸c˜ao de recorrˆ encia usada anteriormente, pode-se escrever
L
∞
J 2 =
−x
e
k+2
x
0
−
(m + 1) (m + k + 1)
(2n + k + 1)
Lkm+1
L
Lkm − (m + k)2Lkm
−1
+
k m dx
ou J 2 = (2n + k + 1)J 1
(m + 1) − (m + k)2A − (m + k + B 1)
com
∞
A =
e−x xk+2
LkmLkm
e−x xk+2
LkmLkm+1 dx
0
e
−1
dx
∞
B=
0
Nas integrais A e B expressa-se, mais uma vez, o termo ( x km ) em fun¸c˜ao dos outros que n˜ao dependem de x, reduzindo assim as integrais a outras que
L
203
˜es da equac ˜ o de Schr o ¨ dinger 15. Aplicac ¸o ¸a
s´ o depender˜ao da potˆencia x k+1 no integrando. Chega-se, portanto, a` express˜ao
∞
J 2 = (2m + k + 1)J 1
2
− (m + k) (2m + k + 1)
xk+1
0
LkmLkm
−1
dx
(m + k)2 (m + 1) +(m + k) x ( (m + k + 1) 0 ∞ (m + 1)(2m + k + 1) ∞ k+1 k+1 k k x x m+1 m−1 dx (m + k + 1) 0 0 ∞ (m + 1)2 (m + k)2 (m + 1) k+1 k 2 + x ( m+1 ) dx + (m + k + 1) 2 0 (m + k + 1) ∞
4
× × 0
k 2 m−1 ) dx +
L
L L
−
L
∞
xk+1
k+1
Lkm+1Lkm
−1
×
Lkm+1Lkm
×
dx
Todas as integrais envolvidas aqui j´a foram calculadas anteriormente. Para resolver as duas que envolvem o termo km+1 km−1 , basta lembrar da equa¸c˜ao de recorrˆencia (m + 1) k x km = (2m + k + 1) km (m + k)2 km−1 (m + k + 1) m+1 para escrever
L
L
L
L −
L
−
L
(m + 2) k Lkm+1 = (2m + k + 3)Lkm+1 − (m + k + 1)2Lkm − (m + k + L 3) m+2 Como estes termos est˜ao multiplicados por Lkm 1 na integral J 2 acima, concluix
−
se que estas duas integrais s˜ao nulas. Logo, J 2
[(m + k 1)!]3 = (2m + k + 1)J 1 + (m + 4) (2m + k + 2)(2m + k 1) (m 1)! (m + 1)2 [(m + k + 1)!]3 + (2m + k + 2)(2m + k + 3) (m + k + 1) 2 (m + 1)! 4
−
− −
ou ainda J 2
[(m + k)!]3 = (2m + k + 1)J 1 + (2m + k + 2) m! [(m + k)(2m + k 1)m + (m + 1)(2m + k + 3)(m + k + 1)]
×
×
−
Em termos dos ´ındices n e tem-se J 2 =
2[(n + )!]3 6n3 2n( + 1) + [(n2 (n 1)! +[(n2 2 ) + n ](2n + 1)
− − −
− −
− 2) − n − ](2n − 1)+
204
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
Finalmente, 2
r
n2 a2 = 5n2 + 1 2
− 3( + 1)
Cabe mencionar que outras potˆencias foram calculadas por Kjell Bockasten, “Mean values of powers of the radius for hydrogenic electron orbits”, Physical Review A9, n. 3, p. 1087-1089 (1974). Neste artigo ´e dada uma f´ ormula de recorrˆencia u ´ til para os raios no ´atomo de hidrogˆenio (Z = 1), a saber:
r v´ alida para
−( p+2)
=
2 p+1
2 na
(2 p)! r( p−1) (2 + p + 1)!
−
≥ p/2.
Outra rela¸ca˜o u ´ til, encontrada no livro Arfken & Weber, F´ısica Matem´ atica , Rio de Janeiro: Elsevier, 2007, p. 640, ´e (para j 2 1):
≥ − −
j + 2 j+1 r n2
− (2 j + 3)ar j + j +4 1
(2 + 1)2
− ( j + 1)2 a2r j 1 = 0 −
os valores m´ edios de px , py e pz nos estados l = 1 e m = 0, 1 do ´ atomo de hidrogˆ enio. Exerc´ ıcio 15.7.13 Calcule
±
Sabe-se que px = p sen θ cos φ py = p sen θ sen φ pz = p cos θ Os valores m´edios que devem ser calculados s˜ao
px = p py = p pz = p
∗ Y m sen θ cos φ Y m dΩ
∗ Y m sen θ sen φ Y m dΩ
∗ Y m cos θ Y m dΩ
205
˜es da equac ˜ o de Schr o ¨ dinger 15. Aplicac ¸o ¸a
O valor m´edio da componente px ´e
× px
2 + 1 ( m )! = p 4π (+ m )! 2π
−| | × | |
π
0
P m (cos θ)sen θP m (cos θ) dcos θ
×
e−imφ cos φ eimφ dφ
0
Como a integral em φ ´e igual ao sen φ e os limites de integra¸ca˜o s˜ao 0 e 2π, segue-se que px = 0.
Para py , tem-se
× py
2 + 1 ( m )! = p 4π (+ m )! 2π
−| | × | |
π
0
P m (cos θ)sen θP m (cos θ)dcos θ
×
e−imφ sen φ eimφ dφ = 0
0
Agora a integral em φ ´e igual ao cos φ, que tamb´em ´e nula de 0 a 2π. Portanto,
px = py = 0 Como pz n˜ao depende de φ, a integra¸ca˜o nesta vari´avel ´e igual a 2π, restando
pz
2 + 1 ( m )! = 2πp 4π (+ m )!
−| | × | |
π
0
P m (x) x P m (x) dx
Usando a equa¸c˜ao de recorrˆencia (15.80), xP m =
(
− m + 1) P m + ( + m) P m 2 + 1
+1
2 + 1
−1
pode-se reescrever a ´ultima integral como uma soma de duas outras. Uma vez que
+1
P m (x)P m (x)
∝ δ 1 e como os dois termos da integral em x de pz envolvem os valores segue-se que pz = 0 −
=
± 1,
206
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
Exerc´ ıcio 15.7.14 Considerando
os polinˆ omios de Legendre, mostre que
+1
P l (x)Gk (x) dx = 0
−1
para todo polinˆ omio G(x) de ordem k < l. De fato, como os polinˆ omios de Legendre formam uma base completa, pode-se expressar G(x) como uma superposi¸ca˜o de P (x) da forma k<
Gk (x) =
an P n (x)
n=0
o que transforma a integral anterior em k<
k<
+1
an
−1
n=0
P (x)P n (x) dx =
an δ n
n=0
Como no somat´orio todos os valores de n s˜ao menores do que , segue-se que a integral proposta ´e nula. Exerc´ ıcio 15.7.15 A
equa¸cao ˜ diferencial
d dy A(x) + [λB(x) + C (x)] y = 0 dx dx ´e chamada de equa¸cao ˜ de Sturm-Liouville. Mostre que as equa¸coes ˜ do oscilador harmˆ onico simples, de Hermite, de Legendre e de Laguerre podem ser escritas nesta forma geral. a) equa¸cao ˜ de Hermite A equa¸ca˜o de Hermite foi escrita no livro de texto como d2 H dx2
+ (γ − 1)H = 0 − 2x dH dx
onde γ 1 = 2n, com n inteiro. Por outro lado, a equa¸ca˜o de Sturm-Liouville ´e
−
d dy + [λB(x) + C (x)]y = 0 A(x) dx dx que pode ainda ser escrita como d2 y 1 dA dy 1 + + [λB(x) + C (x)]y = 0 dx2 A dx dx A
207
˜es da equac ˜ o de Schr o ¨ dinger 15. Aplicac ¸o ¸a
Comparando com a equa¸c˜ao de Hermite, 1 dA = A dx
−2x
dA = A
⇒
−2x dx
A(x) = e −x
⇒
2
Segue-se ainda, por compara¸ca˜o direta, que C = 0 e λ = 2n. De uma forma mais geral, o que foi feito foi o seguinte. Tem-se a equa¸c˜ao de Hermite da forma y 2xy + 2ny = 0
−
Para uma equa¸ca˜o do tipo y + α(x)y + β (x)y = 0 pode-se buscar o chamado “fator de integra¸c˜ao”, g(x), tal que d g(x)[y + α(x)y ] = [g(x)y ] = gy + dx ou
dg = gα(x) dx
⇒
Logo, g(x) = exp
dg dx
y
dg = α(x)dx g
α(x)dx
No caso da equa¸ca˜o de Hermite, α(x) =
−2x
⇒
g = e −x
2
b) oscilador harmˆ onico simples Sua equa¸ca˜o ´e
d2 ψ 2 + (γ x )ψ = 0 dx2 Neste caso, a compara¸ca˜o com a equa¸ca˜o de Sturm-Liouville ´e direta, obtendo-se
−
A(x) = 1;
λ = γ ;
B(x) = 1;
C (x) =
−x2
e a equa¸ca˜o do oscilador na forma de Sturm-Liouville se escreve
d 2 2 e−x H n + 2ne−x H n = 0 dx
208
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
c) equa¸cao ˜ de Laguerre Os polinˆ omios ordin´ arios de Laguerre satisfazem a equa¸ca˜o (15.106) do livro de texto com k = 0, ou seja, (1
xy +
− x) y
x
+ ny = 0
Neste caso, o fator de integra¸ca˜o ´e g = exp
− 1 dx x
dx = e ln x e−x = xe −x
Na forma de Sturm-Liouville, a equa¸ca˜o de Laguerre fica d ex−x dx
L
n
+ ne−x
Ln = 0
d) equa¸cao ˜ de Legendre No caso da equa¸c˜ao de Legendre (1
− x2)y − 2xy + ( + 1)y = 0
o fator de integra¸ca˜o ´e identificado imediatamente, pois d (1 dx
− x2) = −2x
Portanto, a equa¸ca˜o de Legendre escrita na forma de Sturm-Liouville ´e d [(1 dx
− x2)P ] + ( + 1)P = 0
S´o a t´ıtulo de completeza, outras duas equa¸co˜es diferenciais importantes na F´ısica podem ser escritas como casos particulares da equa¸c˜ao de SturmLiouville. S˜ ao elas: a equa¸ca˜o de Bessel
−
d dy x + dx dx
ν 2 + n2 x y = 0 x
e a equa¸ca˜o de Chebyshev, d dx
− 1
x2
dy + dx
n2 y = 0 2 1 x
√ −
˜es da equac ˜ o de Schr o ¨ dinger 15. Aplicac ¸o ¸a
209
Exerc´ ıcio 15.7.16 Sabendo
que a fun¸cao ˜ de onda para uma part´ıcula livre movendo-se ao longo do eixo-z, com momentum k, pode ser expressa como: ψ = e
ikz
=
i
4π(2 + 1) j (kr)Y 0
i
onde j s˜ ao fun¸coes ˜ de Bessel e Y 0 , os harmˆ onicos esf´ericos. Lembrando que Y 00 =
Y 20 =
1 2
calcule a integral
√ 14π
5 (3cos2 θ 4π
( k)2
− 1)
ψ sin2 θ dΩ
O objetivo deste exerc´ıcio ´e explicitar sen θ em termos dos harmˆonicos esf´ericos, reduzindo a integral a` utiliza¸ca˜o das propriedades de ortonormalidade dos harmˆonicos esf´ericos. Sabe-se que Y 00 =
√ 14π
Y 20 =
1 2
√ 54π (3 cos2 θ − 1)
Mas usando a identidade cos2 θ = 1 Y 20 = ou
1 2
− sen2 θ pode-se escrever
√ 54π (2 − 3sen2 θ) √
4π Y 20 = 2 4π Y 00 5
2
ou ainda explicitar sen2 θ
√
2 sen2 θ = 4π 3
Y 00
− 3sen
2
1 Y 20 5
− √
θ
Deste modo, a integral que se deseja calcular pode ser escrita como
210
F´ısica Moderna
I = ( k)
2
2
ψ sen θ dΩ =
Caruso • Oguri
√
2 4π ( k)2 3
×
Y 0 Y 00
i
4π(2 + 1) j (kr)
1 Y 20 5
− √
×
dΩ
Os harmˆonicos esf´ericos s˜ao normalizados de modo que
π
0
2π
0
Y m Y ∗ m dΩ = δ δ mm
Em geral, em um problema deste tipo, deve-se usar tamb´em a propriedade ∗ Y m (θ, φ) = ( 1)m Y −m (θ, φ)
−
Como neste exerc´ıcio m = 0, apenas os termos = 0 e = 2 contribuem. Assim, 2 4π ( 1) ( k)2 4πj 0 (kr) + i2 4π 5 j2 (kr) 3 5
√
√
√ ×
− × √
ou, finalmente, 8π ( k)2 [ j0 (kr) + j2 (kr)] 3
Exerc´ ıcio 15.7.17 Considere
que um el´ etron no campo coulombiano de um pr´ oton se encontra em um estado descrito pela seguinte fun¸cao ˜ de onda ψnm (r): 1 [2ψ100 (r) + 3ψ211 (r) 4
− ψ210(r) +
√
2ψ21−1 (r)].
Calcule o valor esperado de L2 . Seja a fun¸ca˜o de onda
1 2ψ100 + 3ψ211 ψ = 4
− ψ210 +
√
2ψ21−1
As dependˆencias angulares de ψ s˜ao dadas pelos seguintes harmˆonicos esf´ericos:
1 ψangular = 2Y 00 + 3Y 11 4
− Y 10 +
√
2Y 1−1
211
˜es da equac ˜ o de Schr o ¨ dinger 15. Aplicac ¸o ¸a
Deste modo,
ψ | L2 | ψ
=
1 2 Y 00 L2 Y 00 + 3 Y 11 L2 Y 11 16
√
| | | | − Y 10 | L2 | Y 10 +
+ 2 Y 1−1 L2 Y 1−1
ψ | L2 | ψ
=
| |
1 2 Y 00 L2 Y 00 + 3 Y 11 L2 Y 11 16
√
| | | | − Y 10 | L2 | Y 10 +
+ 2 Y 1−1 L2 Y 1−1
| |
Todos os termos cruzados s˜ao nulos, j´a que os harmˆonicos esf´ericos formam um conjunto ortonormal completo. Lembrando que L2 Y m = 2 ( + 1)Y m e
Y m | Y m = δ δ mm
chega-se a
2
2
ψ | L | ψ = 16 [2 × 0 + 3 × 2 + 1 × 2 + 2 × 2] ou seja,
ψ | L2 | ψ = 34 2 Exerc´ ıcio 15.7.18 Mostre
que
2
(l + l + 1) + (l
− l)
2
−
1 = (l + l + 1) (l
− l)
2
Sabe-se que
λ = 2 ( + 1)
± λ = 2[ ( + 1) ± ( + 1)]
= λ = 2 ( + 1)
λ
⇒ ⇓
− λ)2 = 4[ 2( + 1)2 + 2( + 1)2 − 2 ( + 1)( + 1)]
(λ
212
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
Por sua vez, (λ
− λ)2 = 2 2(λ + λ) = 2 4[ ( + 1) + ( + 1)]
e, portanto, 2 ( + 1) + 2( + 1) = 2 ( + 1)2 + 2 ( + 1)2
− 2 ( + 1)( + 1)
ou ainda 22 + 2 + 22 + 2 = 2 (2 + 2 + 1) + 2 (2 + 2 + 1)
− 2 ( + + + 1)
O termo do lado esquerdo da equa¸ca˜o anterior pode ser escrito como ( +)2
2( +)
− −
22 + 2 + 22 + 2 = 2 + 2
2 1 + 1 + 2 + 2 + 2 + 2 + 2
( −)2
( ++1)2
= ( + + 1)2 + (
− )2 − 1
J´a o termo do lado direito desta mesma equa¸c˜ao pode ser escrito como 4
− 2 22 + 4 + 2 3 − 2 2 − 2 2 + 23 + 2 − 2 + 2
(2 −2 )2
Logo,
( + + 1)2 + (
− )2 − 1
2(2 −2 )( −)
= (2
− 2 )2
( −)2
+2 (2
− 2) ( − ) + ( − )2
[( +)( −)]2
( +)( −)
= [( + )2 + 2( + ) + 1]( = ( + + 1)2 ( Assim,
( + + 1)2
− )2
− )2
− 1 = [( + + 1)2 − 1]( − )2 ⇓ [( + + 1)2 − 1][( − )2 − 1] = 0
donde
− = ±1
⇒
=
±1
( = 0, 1, 2, 3,...)
16
A equa¸ c˜ ao de Dirac: o spin do el´ etron e o p´ ositron Mostre que o n´ umero m´ aximo de el´ etrons que pode ser acomodado em uma camada associada a um n´ umero quˆ antico n ´e igual a 2n2 . Exerc´ ıcio 16.9.1
No estado caracterizado pelos n´ umeros quˆanticos n = 1, = 0 e m = 0, no orbital mais simples, frequentemente chamado de orbital ou camada K , podem se acomodar apenas 2 el´etrons, que diferem entre si apenas no spin. No estado seguinte (n = 2), a camada L, podem haver 2 el´ etrons no orbital s e 6 no orbital p, em um total de 8 el´etrons e assim sucessivamente. A generaliza¸c˜ao ´e imediata: para uma camada rotulada pelo n´ umero quˆantico n, o n´ umero m´aximo 2 de el´etrons que pode ser acomodado ´e 2 × n , sendo o fator 2 associado aos dois poss´ıveis estados de spin do el´etron. Este resultado, apresentado em 1924 por Edmund Clifton Stoner (1899-1968) no artigo “The Distribution of Electrons among Atomic Levels”, Philosophical Magazine , Series 6, volume 48, n. 286, p. 719-736, ´e conhecido como regra de Stoner . Exerc´ ıcio 16.9.2 Calcule
os autovalores das matrizes de Pauli.
As matrizes de Pauli, σx , σy , σz , s˜ ao dadas por: σx =
0 1 1 0
; σy =
0
i −i 0
; σz =
Os autovalores das matrizes σi s˜ao dados por det | σi − λI |= 0 213
1
0 0 −1
214
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
sendo I a matriz identidade. A solu¸ca˜o ser´a obtida da fun¸c˜ao caracter´ıstica que se escreve, em geral, como c(λ) ≡ det | A − λI |= 0 onde A ´e um operador linear que atua sobre um certo espa¸co vetorial. Assim, para σx ,
−λ det 1
x
1 −λx
=0
i −λy
=0
⇒
λ2x − 1 = 0
⇒
λx = ±1
⇒
λ2y + i2 = 0
⇒
λy = ±1
Para σy ,
−λ det −i
y
e, para σz ,
1 − λ det 0
z
0 −1 − λz
donde
=0
−(1 + λz )(1 − λz ) = λ 2z − 1 = 0
⇒
λz = ±1 Portanto, todas as matrizes de Pauli tˆ em autovalores iguais a ±1. Determine os autoestados da terceira componente do operador de spin S z = ± /2. Exerc´ ıcio
16.9.3
A matriz S z pode ser escrita como
S z = ± σ z = ± 2 2
1
0 0 −1
Assim, basta calcular os autoestados u1 e u2 de σz . Para λ = 1, tem-se
1
0 0 −1
a a b
=1
o que implica que
a = a b = −b
⇒ b = 0
b
˜ o de Dirac: o spin do el ´ ´sitron 16. A equac ¸a e tron e o po
215
Escolhendo a = 1, obt´em-se
1
u1 =
0
Analogamente, para λ = −1, deve-se obter
a = −a b = b
⇒ a = 0
Logo,
0
u2 =
1
Sendo assim, os autovetores de S z s˜ao u1 =
Exerc´ ıcio 16.9.4 Determine
1 0
; u2 =
0 1
a configura¸cao ˜ eletrˆ onica do alum´ınio ( Al) e do
Argˆ onio ( Ar). O alum´ınio (Al13 ) possui 2 el´etrons na camada K , 8 na L e 3 na M , assim distribu´ıdos: 1s2 2s2 2 p6 3s2 3 p1 . J´ a o argˆ onio (Ar18 ), que ´e um g´as nobre, tem uma distribui¸ca˜o eletrˆonica que difere da do alum´ınio na u ´ltima camada, na 2 2 6 2 6 qual ele possui 8 el´ etrons, ou seja, 1s 2s 2 p 3s 3 p . Exerc´ ıcio 16.9.4 Obtenha
a equa¸cao ˜ da continuidade associada `a equa¸cao ˜ de s˜ Klein-Gordon, verificando que ρ e J ao definidos pelas equa¸coes ˜
i ∂ Ψ ∂ Ψ ρ = 2mc Ψ ∂t − Ψ ∂t ∗
∗
2
J =
2mi
Ψ ∇Ψ − Ψ∇Ψ ∗
∗
A equa¸ca˜o de Kein-Gordon ´e
mc + Ψ=0 2
2
⇒
1 ∂ 2 Ψ m2 c2 ∇ Ψ− 2 2 − 2 Ψ=0 c ∂t 2
Seguindo um procedimento an´alogo ao utilizado para se obter a equa¸ca˜o da continuidade relacionada a` equa¸c˜ao de Schr¨odinger, multiplica-se esta equa¸c˜ao
216
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
por Ψ e a equa¸ca˜o complexo conjugada por Ψ e ent˜ao subtrai-se uma da outra, obtendo ∗
mc mc Ψ + Ψ−Ψ + Ψ =0 2
2
∗
2
2
∗
ou
∂ · − Ψ∇Ψ ∇ Ψ ∇Ψ +
∗
i ∂t 2mc2
∗
2mi
∂ Ψ ∂ Ψ Ψ −Ψ ∂t ∂t
∗
∗
que ´e a equa¸ca˜o da continuidade ∂ρ = 0 + ∇ · j ∂t na qual define-se
∂ Ψ ∂ Ψ Ψ −Ψ ∂t ∂t Ψ ∇Ψ − Ψ∇Ψ
i ρ = 2mc2 = j
2mi
∗
∗
∗
∗
=0
17
Os indivis´ıveis de hoje que o pr´ oton ´ e formado por trˆes quarks de valˆ encia, dois do tipo up e um do tipo down, e o nˆ eutron, por um up e dois down, determine a carga el´ etrica desses quarks. Exerc´ ıcio 17.5.1 Sabendo
Sabe-se que o pr´oton ´e formado de trˆes quarks de valˆencia (uud) e o nˆeutron corresponde a um estado (udd). Pela conserva¸ca˜o da carga el´ etrica, a carga de cada uma dessas part´ıculas deve ser igual `a soma das cargas q i (i = u, d) de seus constituintes. Logo,
q q
p
= +1 = 2q u + q d
n
= 0 = q u + 2q d
Resolvendo o sistema, obt´em-se q u = +2/3 q d =
1/3
−
A part´ıcula Ω− tem trˆ es quarks estranhos de valˆ encia. Determine a carga el´ etrica destes quarks. Exerc´ ıcio 17.5.2
O b´arion Ω− tem carga el´etrica −1, ou seja, sua carga el´etrica ´e igual a` do el´etron. Se a part´ıcula Ω− ´e composta de 3 quarks do tipo s, segue-se da lei de conserva¸c˜ao de carga que a carga el´etrica deste quark ´e −1/3. 217
218
F´ısica Moderna
Caruso • Oguri
Os m´ esons charmosos D0 e D+ tˆ em o seguinte conte´ udo ¯ . Determine a carga el´etrica do quark u) e D+ (cd) de quarks de valˆ encia: D 0 (c¯ charmoso. Exerc´ ıcio 17.5.3
Foi mostrado no exerc´ıcio 17.5.1 que o quark u tem carga el´etrica +2/3. Por outro lado, sabe-se que as antipart´ıculas tˆem carga el´etrica oposta a` da sua correspondente part´ıcula. Portanto, o antiquark u ¯ tem carga −2/3. Como a 0 carga do D ´e nula, segue-se que o quark c tamb´em tem carga +2/3. Deste modo vˆe-se que de fato o m´eson D composto de um quark c e um antiquark d¯ possui carga total +1. Sabendo que o n´ umero de cargas el´ etricas poss´ıveis dos n´ ucleons ´ e dado por 2I + 1, onde I ´ e o isospin, determine o isospin do pr´ oton e do nˆ eutron. Exerc´ ıcio 17.5.4
ucleon , para se referir ao Heisenberg foi quem introduziu o conceito de n´ fato de que pr´oton e nˆeutron apresentam-se como dois estados de uma mesma part´ıcula que, do ponto de vista das intera¸co˜es fortes, comportam-se da mesma maneira. Esta simetria ´e claramente quebrada na presen¸ca de um campo eletromagn´etico, capaz de distinguir as cargas el´etricas do pr´oton e do nˆeutron. Portanto, o n´ umero de estados de cargas el´etricas poss´ıvel para o n´ucleon ´e 2 e tem-se para este novo n´umero quˆ antico isospin , associado ao n´ ucleon, o seguinte valor 1 2I + 1 = 2 ⇒ I = 2 Exerc´ ıcio 17.5.5
Fa¸ca um esbo¸co da dependˆ encia angular da raz˜ ao
σ σ d d Ω
Mott
d d Ω
Ruth
para os seguintes valores de v/c: 0,5, 0,6, 0,7, 0,8, 0,9 e 0,99.