Ronaldo Olive 1
ENCICLOPÉDIA DE SUBMETRALHADORAS Autor, Editor e Produtor: Ronaldo Olive Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução parcial ou total sem prévia autorização, por escrito, do autor. Copyright (c) 2003 by Ronaldo Olive. Contatos: Caixa Postal 107037 Niterói, RJ 24361-970 - Brasil E-mail:
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Índice
"Fuzis de Assalto & Submetralhadoras" - 1993 "Guia Internacional de Submetralhadoras" - 1996 "Armas & Armas" - 1997 Firepower em CD-ROM - 2000
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Índice
Capa ................................................................ 1 Expediente ...................................................... 2 Índice ............................................................... 3 Apresentação .................................................. 4 O que é uma submetralhadora ...................... 5 Funcionamento .............................................. 12 Componentes ................................................. 14 Supressores de ruído .................................... 26 Armas em destaque ....................................... 29 Vídeos ........................................................... 493 Galeria ............................................................ 495
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Apresentação
Seja bem-vindo à "Enciclopédia de Submetralhadoras". Este trabalho pretende ser a mais abrangente fonte de informações sobre essas carismáticas armas de fogo disponível em português, sendo uma natural extensão e, mesmo, conseqüência, de meus trabalhos anteriores sobre o assunto. Aqueles que acompanham, há mais tempo, minhas atividades profissionais no ramo, já devem ter percebido minha especial preferência por submetralhadoras. Após terem atingido o ápice de seu emprego operacional durante a Segunda Guerra Mundial, as "subs" foram, gradualmente, sendo substituídas pelos "mágicos" fuzis de assalto nos chamados calibres intermediários (7,62 x 39 mm e 5,56 x 45 mm, principalmente) que vieram equipar a maioria das forças armadas do mundo. Ressalte-se, no entanto, que as práticas e compactas armas nascidas nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial, com os alemães, continuam em plena atividade não apenas com as forças militares de quase todas os países, mas, em particular, com unidades policiais. Sobretudo, nas mãos de equipes e grupos de operações especiais. Quando, repetidamente, ouvimos e lemos muitos especialistas decretando e alardeando a "morte" das submetralhadoras, não deixa de ser bem significativo o fato de que, na entrada do Século 21, diversos fabricantes continuem lançando novos modelos, alguns, logo incorporados aos inventários oficiais. Estas, assim como dezenas de modelos fabricados em série e experimentais, fazem parte desta "Enciclopédia". Caso você encontre erros -- gráficos ou de qualquer tipo -- neste grande volume de textos e nas cerca de 2.000 ilustrações da obra, pode culpar única e exclusivamente o autor, que fez tudo absolutamente sozinho! Por outro lado, também pode ficar com uma certeza: Ronaldo Olive é um ser humano comum e, como tal, passível de falhas... Antecipadamente, agradeço quaisquer correções e contribuições para a Obra, que será constantemente atualizada. Dedico este trabalho à Paz. Com ela, dois pequenos seres muitos especiais, Malu e Davi, que vieram ao mundo há pouco tempo, poderão melhor desfrutar das maravilhas aqui colocadas por Deus.
Ronaldo Olive Niterói, RJ, Verão de 2003
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O que é uma submetralhadora No Brasil, os termos submetralhadora e metralhadora de mão são os habitualmente usados para designar um tipo especial de arma de fogo que, em grande número de países, recebe o nome de "pistola-metralhadora". Diga-se de passagem que "metralhadora de mão" (Mtr M, na abreviatura do antigo jargão militar brasileiro) foi uma criação 100% nacional, não se conhecendo termo parecido em outros países ou idiomas. Está, na verdade, caindo em desuso. Quanto a "submetralhadora" (submachine gun, em inglês), trata-se de um nome cunhado nos Estados Unidos na década de 1920 pela Auto-Ordnance Corporation para designar a, talvez, mais famosa arma desta classe em todos os tempos, a Thompson (foto). Já que existem, de fato, pistolas-metralhadoras -- pistolas efetivamente automáticas, capazes de dar rajadas -- tornou-se necessário estabelecer alguns parâmetros, aceitos por consenso internacional, para que uma arma se encaixe, adequadamente, na categoria das submetralhadoras. São os seguintes: •
Deve ter sido projetada especificamente para utilizar munição típica de pistola, alojada em carregadores cambiáveis.
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Opere em regime automático ou de tiro seletivo, ou seja, com opção para atirar em rajadas (contínuas ou limitadas) ou semi-automaticamente (tiro intermitente).
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Seja uma arma basicamente de ombro, dotada de um tipo qualquer de coronha, rígida (fixa) ou móvel (removível, rebatível, dobrável ou retrátil/telescópica).
Freqüentemente, a linha divisória com a classe das pistolas-metralhadoras torna-se quase imperceptível, pois existem submetralhadoras de dimensões e aparência de pistola, e vice-versa. Aliás, muitas dessas pistolas automáticas possuem coronha (geralmente, do tipo destacável), enquanto que algumas submetralhadoras ... não dispõem de coronha! Algumas das chamadas pistolas de assalto -- durante alguns anos, muito comuns no mercado civil norte-americano -- em nada lembram aquilo que associamos a uma pistola tradicional, como carregador embutido na empunhadura e dimensões modestas, por exemplo. Da mesma forma, há uma grande variedade de armas longas em calibres e com a aparência de submetralhadoras, mas que, pelo fato de atirarem apenas em regime semi-automático, costumam ser classificadas como subcarabinas, ou seja, carabinas que atiram com munição de pistola. Muitas são adaptações de conhecidas "subs", geralmente dotadas de cano com mais de 406 mm de comprimento, exigência da legislação dos EUA. Existem, não obstante, armas que utilizam munição basicamente de fuzil (5,56 x 45 mm, por exemplo) mas possuem um "design" compacto, destinando-se a empregos táticos mais associados às submetralhadoras. Ainda assim, não deixam de ser fuzis ou, no máximo, carabinas, levando-se em consideração os cartuchos utilizados. E há, ainda, o caso das versões em calibre 9 x 19 mm de conhecidos fuzis de assalto, operando em "blowback" e que são transformadas em submetralhadoras, como a austríaca Steyr AUG e a norte-americana Colt SMG. Aliás, a renomada Heckler & Koch MP5, 5
alemã, usa uma adaptação para 9 x 19 mm de um sistema de funcionamento por "blowback" retardado (ou trancamento semi-rígido) originariamente desenvolvido para fuzis. A maioria dos autores tem um consenso adicional, no que tange às definições. Trata-se da divisão das submetralhadoras em três grupos principais, ou "gerações". As armas da chamada primeira geração incluem, obviamente, os modelos iniciais surgidos na Primeira Guerra Mundial (1914-18) e a maioria que apareceu até o final da década de1930, aproximadamente. A classificação, aqui, não é meramente cronológica, aplicando-se, sobretudo, à manufatura. São aquelas armas que utilizavam as tradicionais e caras técnicas fabris da época, com amplo uso de usinagem, excepcional acabamento, enormes margens de segurança, emprego de coronhas de madeira, etc. Exemplos típicos são a alemã Bergmann MP18,1 (a primeira submetralhadora prática a entrar em serviço, em 1918), a norte-americana Thompson, a italiana Beretta M1938 e a austríaca Steyr-Solothurn M1930, entre muitas outras.
A segunda geração -- em que o uso generalizado de peças em estamparia de aço, mecanismos simplificados e coronhas metálicas baixou os custos e acelerou o processo de fabricação -- teve na alemã MP38/MP40 a "arma-mãe". Durante a Segunda Guerra Mundial, a mesma filosofia de projeto acabou sendo adotada pelos EUA (com a M3 "Grease Gun"), pela Grã-Bretanha (Sten) e pela então União Soviética (PPS-42).O após-Guerra viu surgirem muitas outras submetralhadoras nesta categoria, como a sueca Carl Gustaf m/45, a dinamarquesa Madsen M1946 e a alemã Erma MP58, por exemplo. Convencionou-se usar a classificação de terceira geração para as "subs" mais compactas, com ferrolho telescópico (ou envolvente), um conceito que, aparentemente, foi estudado em vários países durante e após a Segunda Guerra Mundial, mas que teve, na Checoslováquia, os primeiros modelos produzidos em série (Vz 23/24/25/26). A italiana 6
Beretta M12, a israelense Uzi (depois, as Mini e Micro-Uzi) e a estadunidense Ingram M10/M11 contribuíram para popularizar esta filosofia de projeto. Alguns pesquisadores já chegaram a advogar o estabelecimento de uma quarta geração de submetralhadoras, armas em que refinamentos nos mecanismos e sistemas de operação, mais a adoção de configurações ergonomicamente bem avançadas, as colocariam num patamar destacado das demais. Neste grupo estariam, por exemplo, a belga FN P90 e a norte-americana Calico Série M-900, ambas com carregadores de alta capacidade colocados horizontalmente no alto da arma. Também com carregador horizontal (mas, sob o cano), surgiu, mais recentemente, a russa Bizon. Pistolas-metralhadoras Na Espanha, as pistolas-metralhadoras Royal, fabricadas a partir de 1927, foram seguidas pelas da marca Astra, sendo todas, obviamente, cópias da pistola semi-automática alemã Mauser C.96. O sucesso das armas automáticas espanholas no mercado internacional acabou levando a fábrica da Alemanha a ... copiá-las (!) a partir de 1931, o que resultou na Mauser "Schnellfeuer" ("Tiro Rápido"), ou Modelo 712, como era chamada nos EUA. Cerca de 100.000 unidades foram fabricadas, até 1938. Entre os compradores da Mauser "Schenellfeuer", em calibre 7,63 mm Mauser, estava a Polícia Militar do (então) Distrito Federal do Brasil, que recebeu umas 500 armas em meados da década de 30. Conhecida aqui, genericamente, como PASAM (Pistola Automática e Semi-Automática Mauser), a "Schnellfeuer" teve uma longa carreira que se estendeu até os tempos da subseqüente PMERJ - Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Em 1970, o armeiro espanhol Jenner Wagner Dalmao Arroyo, radicado no Rio de Janeiro, foi contratado para modificar uma certa quantidade dessas pistolasmetralhadoras, aparentemente, com o objetivo de tornálas um pouco mais controláveis em rajadas, uma vez que possuíam uma cadência cíclica muito alta, em torno de 900 tiros/min. A chamada Modificação 1, que envolveu 101 armas, consistia numa extensão metálica soldada no alojamento do carregador e uma empunhadura metálica vertical de apoio, localizada bem à frente. Nestas, o característico coldre-coronha de madeira da Mauser, que se encaixava na empunhadura principal, foi mantido. Na Modificação 2, abrangendo 89 pistolas, a mesma extensão metálica foi usada, mas a empunhadura dianteira foi redesenhada e recebeu placas laterais de madeira, enquanto que a empunhadura principal foi redesenhada, trocando seu tradicional formato de "cabo de vassoura" por outro, mais achatado. À parte posterior da armação foi soldada uma fina coronha metálica tubular, com 320 mm de 7
comprimento. Outras 295 PASAMs foram deixadas na configuração original. As "Schnellfeuer" da PMERJ ainda estavam em uso no início da década de 1980. A pistola-metralhadora Stechkin, em calibre 9 x 18 mm (9 mm Makarov), surgiu na antiga União Soviética no final da década de 1950 e foi amplamente utilizada pelas forças militares e policiais de lá. Possui carregador de 20 tiros e utiliza um coldre-coronha de madeira, uma forma de tentar melhorar a precisão do tiro e a controlabilidade (cadência cíclica: 750 tiros/min. Lançada no mercado na década de 1970, a Heckler & Koch VP70, calibre 9 x 19 mm, é uma pistola semi-automática que, pela colocação de uma coronha (também é coldre) que aciona um dispositivo interno, se transforma numa pistolametralhadora. A peça possui seletor de tiro com as posições "1" (intermitente) e "3" (rajadas limitadas de três tiros), o que torna arma operacionalmente um pouco mais viável, já que sua cadência cíclica é elevadíssima: 2.200 tiros/min. O carregador tem capacidade para 18 cartuchos. Ao longo dos anos, numerosas pistolas de tiro seletivo (semi-automático ou automático) foram colocadas no mercado. Alguns dos modelos mais conhecidos foram a Beretta Modelo 93R (Itália), a Glock Modelo 18 (Áustria) e uma versão especial da CZ Modelo 75 (República Checa). Carabinas e pistolas de assalto Versões apenas semi-automáticas de conhecidas submetralhadoras (Thompson, Uzi, Sterling, MP5, etc.) foram colocadas no mercado civil dos EUA durante muitos anos, dotadas de canos com comprimento mínimo de 406 mm. Modificações internas também procuravam dificultar, ao máximo, a ilegal transformação das armas para fazer tiro automático. Aqui no Brasil, a fábrica Taurus também lançou, recentemente, um modelo nos mesmos moldes, embora basicamente destinado ao mercado policial. Trata-se de uma carabina em calibre .40 S&W desenvolvida em cooperação com a estatal chilena FAMAE, em essência, uma versão de cano longo (410 mm) e apenas semi-automática da "sub" Taurus/FAMAE (MT.40), no mesmo calibre. Funciona em "blowback" com ferrolho fechado, usa 8
carregadores de 15 ou 30 tiros, tem comprimento total de 883 mm e está disponível tanto com coronha rígida, de material sintético, como com coronha metálica rebatível.
Nos Estados Unidos, em 1986, uma companhia chamada Feather Industries colocou no mercado uma linha carabinas semi-automáticas numa configuração em muito lembrando submetralhadoras, os modelos AT-22 (calibre .22 LR) e AT-9 (9 x 19 mm). Apesar de possuírem canos dentro no comprimento regulamentar naquele país (16 polegadas), sua fabricação foi interrompida após a entrada em vigor, em 1994, de uma famigerada lei federal que classificou-as como "armas de assalto" (assault weapons), por possuírem coronha retrátil, carregador separado da empunhadura e com mais de 10 tiros. Uma tecnicalidade cosmética... Destino semelhante tiveram muitas outras carabinas bem interessantes, condenadas por sua aparência, digamos, "agressiva". Foi o caso da também norteamericana Federal XC220, igualmente em calibre .22 LR, mas que também possuía versões em 9 x 19 mm (XC-900) e .45 ACP (XC-450). A Linda foi uma das muitas chamadas "pistolas de assalto" comercializadas nos Estados Unidos, antes que a legislação local de 1994 impusesse restrições sobre este tipo de arma. Foi lançada no mercado no início da década de 1980 pela Wilkinson Arms, de Parma, estado de Idaho, e utilizava munição 9 x 19 mm. O carregador, de 31 tiros, alojava-se no interior da empunhadura e a arma tinha um comprimento total de 311 mm e peso de 2,2 kg. Uma versão carabina, com coronha fixa e cano de 415 mm de comprimento, também foi comercializada pela firma, recebendo o nome de Terry. Numerosas armas parecidas também acabaram deixando o mercado norte-americano pelas razões já expostas, como a Goncz e a TEC-9, vistas abaixo.
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TENTATIVAS BRASILEIRAS Ao longo dos anos, alguns esforços foram feitos no Brasil para a criação de carabinas em calibres típicos de pistola. Alguns exemplos:
Criada no início da década de 1980 pela ativa Oficina de Protótipos da IMBEL - Fábrica de Itajubá, MG, esta foi uma adaptação da carabina .30 M1 para atirar com munição 9 x 19 mm. Seu princípio de funcionamento, originariamente a gás, passou para "blowback" convencional (ferrolho livre), recebendo um novo cano e carregador de 30 tiros.
Com vistas ao mercado civil norteamericano, a Fábrica de Itajubá desenvolveu esta versão de cano longo (392 mm) de sua submetralhadora MD2, calibre 9 x 19 mm, por volta de 1993. Com a longa luva perfurada e seu quebrachamas, o cano ficava com pouco mais das 16 polegadas (407 mm) regulamentares exigidas pela legislação dos EUA para armas deste tipo.
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Outra modificação nacional de uma "sub" para a configuração de carabina semi-automática foi a FAU Modelo I. Desenvolvida nos anos 90 pela Indústria e Comércio de Máquinas Bilbao S.A., com base na submetralhadora Uru, seria comercializada tanto no calibre 9 x 19 mm original como no .380 ACP (9 mm Curto), com carregadores de 20 ou 35 tiros. Teria dois comprimentos opcionais de cano (406 ou 482 mm, como na foto) e poderia usar tanto uma coronha de madeira (comprimento total: 970 mm) como a original, metálica (910 mm).
As fotos acima mostram trabalho semelhante realizado pela Taurus, mais ou menos na mesma época, com sua MT-12. Com o mecanismo de disparo modificado para funcionamento apenas em regime semi-automático, a arma recebeu um cano longo dotado de compensador, mantendo a coronha rebatível original.
Parecendo, à primeira vista, ser uma "parente" da família russa Kalashnikov, trata-se, na realidade, de uma carabina semi-automática em calibre 9 x 19 mm criada por volta de 1995 pela SAICO - Semeato Armas Indústria e Comércio Ltda., que vinha do ramo de implementos agrícolas. Era de operação "blowback", com alimentação por carregador de 20 tiros, existindo na configuração de coronha metálica rebatível (Modelo A1S) e de coronha fixa de madeira (Modelo A2S). O cano era de 339 mm, com quebra-chamas, o que dava à arma um comprimento total de 850 mm (652 mm, com a coronha rebatida). Também existia uma versão de tiro seletivo (Modelo A2, uma real submetralhadora), mas, nenhuma variante entrou em produção. 11
Funcionamento
De um modo bem genérico, pode ser afirmado que, ao disparar-se o cartucho de uma arma de fogo, a energia de sua carga propelente (a pólvora) é gasta em três processos: cerca de 1/3, no recuo e aquecimento da arma; 1/3, na aceleração e no aquecimento do projétil; e 1/3, no sopro (ou explosão) produzido na boca do cano. De acordo com o projeto individual de cada submetralhadora, estes três fenômenos são aproveitados, em graus variados, para o funcionamento da arma. O corpo principal de uma submetralhadora é chamado de caixa da culatra, onde está alojado o ferrolho (ou massa da culatra) e ao qual, de alguma forma, está acoplada uma mola recuperadora, que pode, ou não, ser dotada de uma haste-guia. Preso à parte anterior da arma, está o cano e, logo atrás dele, o alojamento (ou receptáculo) do carregador. Normalmente, a arma tem uma coronha, destinada a permitir o tiro visado, com apoio no ombro, e, também, auxiliar no chamado tiro de assalto, com a "sub" à altura da cintura ou do abdômen. O sistema de operação mais consagrado para as submetralhadoras é o "blowback", variavelmente chamado, em português, de "ferrolho livre", "recuo simples", "massa recuante", "ação direta dos gases sobre a face do ferrolho", "ação do cartucho sobre a culatra" e outros possivelmente já inventados. No funcionamento "blowback", partindo-se do princípio que a arma já está com um carregador municiado no lugar, o ferrolho é puxado para trás (foto) por meio da alavanca de manejo, contra a resistência da mola recuperadora, até que fique preso pela armadilha, ação esta chamada de "armar". Ao se pressionar a tecla do gatilho, a armadilha deslocase, o ferrolho corre para a frente (impulsionado pela mola recuperadora), retira um cartucho dos lábios do carregador, alimenta-o à câmara (parte posterior e não raiada do cano) e um percutor (pino fixo na face do ferrolho) ou percussor (pino móvel, atingido por um martelo) detona sua espoleta. 12
Ressalte-se que, na vasta maioria das "subs", é empregado um princípio geralmente chamado de detonação avançada da espoleta ("advanced primer ignition"). Nele, a espoleta é atingida pelo percutor enquanto o ferrolho ainda está se movendo para a frente e encontra-se nos estágios finais de alimentação do cartucho à câmara e do seu fechamento. Assim, cerca da metade do impulso do disparo é utilizado para desacelerar e parar o ferrolho, sendo o restante usado para mandá-lo para trás. Os gases de alta pressão gerados pela explosão do propelente impulsionam o projétil ao longo e para fora do cano, enquanto que a inércia do ferrolho o mantém, momentaneamente, pressionado e fechando a culatra (abertura posterior do cano). Com o projétil a caminho do alvo, a pressão dos gases no interior do cano já baixou a níveis seguros, mas, ainda é suficiente para fazer pressão sobre o estojo vazio e, este, sobre a face do ferrolho. Assim, este é empurrado para trás novamente, ao mesmo tempo que uma pequena garra, o extrator, retira o estojo da câmara. Uma saliência metálica, o ejetor, dentro da caixa da culatra, fica no caminho da base do estojo que, ao contato, é atirado para fora da arma através de uma janela de ejeção. Se a submetralhadora estiver em regime de tiro semi-automático (ou intermitente), o ferrolho recuado ficará preso pela armadilha até que o gatilho seja pressionado novamente; se o seletor estiver ajustado para tiro em rajadas (ou se a arma for somente automática), o processo descrito continuará se repetindo até que o gatilho seja liberado ... ou acabe a munição. Este sistema de funcionamento (ferrolho livre, atirando a partir da posição aberta) é o mais simples e, portanto, o mais comum. Algumas armas, no entanto, funcionam a partir da posição fechada, realizando-se o disparo por meio de martelo e percussor. Isto aumenta a precisão em tiro intermitente, pois evita a sacudidela na arma (e miras) provocada pelos rápido deslocamento e pancada do ferrolho na parte de trás do cano, imediatamente antes do disparo. Em tiro automático, evidentemente, o comportamento da "sub" é exatamente o mesmo, para ambos os sistemas. Nas armas que atiram a partir da posição fechada, existe a possibilidade de um incidente chamado de "cook-off", no qual um cano eventualmente superaquecido por excessivo volume de tiros pode induzir calor ao estojo metálico do cartucho e, assim, detoná-lo. Já nas armas que atiram a partir da posição aberta, não havendo cartucho algum na câmara, entre os tiros, o ar pode circular mais livremente, resfriando melhor o cano. Entretanto, como policiais ou soldados normalmente não levam consigo tanta munição, tal problema é muito mais teórico do que real. Este esquema, bem simplificado, mostra o princípio de "blowback" (ferrolho livre) empregado pela quase totalidade das "subs" construídas até hoje: a mola recuperadora (a) está comprimida pelo ferrolho (b), que, retornando à frente por ação da mola, vai retirar um dos cartuchos (c) do carregador, alimentá-lo à câmara (d) e efetuar o disparo.
Se a arma estiver em regime de tiro automático, este processo se repetirá enquanto o gatilho estiver acionado e houver munição no carregador.
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Componentes Um dos aspectos mais fascinantes do estudo das submetralhadoras é a imensa variedade de configurações com que já apareceram ao longo de seus quase 90 anos de existência. Ainda que suas aparências externas sejam as mais diversas possíveis, quase todas apresentam uma série de componentes comuns, descritos e comentados a seguir. ANATOMIA DE UMA MINI-UZI (Israel):
(1) cano, (2) porca de fixação do cano, (3) proteção da massa de mira, (4) alavanca de manejo, (5) proteção da alça de mira, (6) tecla de segurança de empunhadura, (7) seletor de tiro, (8) empunhadura e alojamento do carregador, (9) carregador, (10) guarda-mato, (11) tecla do gatilho, (12) soleira da coronha (rebatida), (13) caixa da culatra, (14) guarda-mão.
Caixa da culatra A caixa da culatra constitui-se no principal componente estrutural de uma submetralhadora, onde estão, por exemplo, o cano, o ferrolho e a mola recuperadora. Nas primeiras e na substancial maioria das armas que vieram posteriormente, consiste num corpo cilíndrico, mas o formato retangular também foi sendo gradualmente popularizado. Em ambos os casos, o processo de fabricação variou consideravelmente, com o passar do tempo. De início, esta peça era feita a partir de um só bloco de aço, cuja gradual usinagem em fresas e/ou tornos lhe dava o formato definitivo. Apesar de proporcionar excepcionais resistência e acabamento, este método era lento e gastava muita matéria-prima, encarecendo o projeto, como um todo. No final da década de 1930, a indústria alemã deu um passo importante, que logo seria seguido por outros países. Foi a adoção do processo de estamparia, em que uma chapa de aço era rapidamente cortada, moldada por uma prensa e, depois, soldada na forma final, resultando em significativa economia de tudo aquilo que tem peso num processo fabril: material, mão-de-obra e tempo. Em suma, as submetralhadoras tornaram-se bem mais baratas, sem real comprometimento de suas características de qualidade ou segurança, ainda que possa ser alegado que ficaram mais, digamos assim, "feias e brutas". COMPONENTES DA CAIXA DA CULATRA DA URU (Brasil):
(1) caixa da culatra, (2) cano, (3) mola recuperadora com haste-guia, (4) ferrolho, (5) extrator, (6) alavanca de manejo.
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Dependendo da configuração mecânica da "sub", o mecanismo de disparo (conjunto de gatilho, armadilha, seletor de tiro e outros componentes) fica alojado na própria caixa da culatra. Em algumas armas, existe uma segunda e menor caixa, ou compartimento, para tal, freqüentemente, destacável do corpo principal, para facilitar limpeza e manutenção. Costuma ser chamado de caixa ou cofre do mecanismo de disparo. STAR Z-62 (Espanha):
(1) carregadores (20 e 30 tiros), (2) mola recuperadora, (3) cano, (3) ferrolho, (5) caixa da culatra, (6) haste da coronha rebatível, (7) soleira, (8) tampa traseira da caixa da culatra, (9) cofre do mecanismo de disparo (com empunhadura e alojamento do carregador).
Ferrolho O ferrolho tem seu formato básico -- cilíndrico, retangular, cinturado -- estabelecido pela própria caixa da culatra que lhe serve de alojamento (ou vice-versa, é claro). Na sua face (parte anterior) está o sistema de percussão que, quando é do tipo fixo (percutor), costuma ser um pino integral, usinado naquele ponto. Também pode constituir-se num percussor móvel, disparado por um sistema de martelo, característica das "subs" que atiram a partir da posição fechada. Existe, ainda, a diminuta garra do extrator dos estojos deflagrados, uma peça vital que tem que aliar pequenas tolerâncias dimensionais de fabricação e adequadas flexibilidade e resistência.
A foto da esquerda mostra o ferrolho retangular da MAT-49 (França) e a outra, detalhe da face do ferrolho cilíndrico da Uru (Brasil). 15
Exemplo de um chamado ferrolho envolvente (ou telescópico), da Beretta M12 (Itália). A usinagem especial da peça permite que boa parte do cano fique em seu interior no momento do disparo, dando à submetralhadora maior compacidade, sem comprometer o desempenho balístico da munição.
FERROLHO DA H&K MP5 (Alemanha): O conjunto de ferrolho da arma está mostrado no interior da moldura vermelha, consistindo de (1) tubo-guia da mola recuperadora e apoio do ferrolho, (2) mola recuperadora com haste-guia, (3) ferrolho, (4) porta-percussor, (5) mola do percussor e (6) percussor.
Mola recuperadora A necessária mola recuperadora -- que faz o ferrolho retornar à frente (fechando a culatra) após recuar, no momento do disparo -- existe numa grande variedade de configurações, tamanho e posições, mas, tipicamente, localiza-se atrás do ferrolho. Sempre do tipo helicoidal, pode possuir grande ou pequeno diâmetro, espiras simples ou múltiplas, funcionar com ou sem haste-guia, etc. Há, até, "subs" com a mola recuperadora à frente do ferrolho, envolvendo o cano como numa típica pistola semi-automática, mas isto significa deixá-la junto a uma fonte geradora de grande calor (cano aquecido por elevado volume de tiro), podendo resultar em perda da têmpera do material.
A mola recuperadora da INA M.B.50 / M953 (Brasil), como outras de pequeno diâmetro, possui em seu interior uma haste-guia. 16
Uma típica mola recuperadora de grande diâmetro, encaixada na parte posterior do curto ferrolho cilíndrico da submetralhadora experimental B.S.A. (Grã-Bretanha).
Alavanca de manejo Para o movimento inicial de levar o ferrolho para trás (armar), existe a necessidade de um ponto de apoio para a mão do atirador, a chamada alavanca de manejo. Esta, freqüentemente, é solidária (fixa) ao próprio ferrolho, o que subentende a necessidade de haver uma abertura longitudinal na caixa da culatra, a fim de permitir sua contínua movimentação durante o tiro. Contudo, esta mesma movimentação pode ser bastante inconveniente. Dependendo a sua localização, há o perigo da alavanca de manejo entrar em contado com alguma parte do corpo do atirador ou objetos próximos, e, se estiver na parte de cima da arma, certamente vai interferir no uso adequado do aparelho de pontaria. Daí terem surgido as alavancas não-solidárias, que, após serem puxadas para trás e soltas, correm para a frente (por tensão de uma mola própria) independentemente do ferrolho, lá ficando estáticas durante o tiro. Os formatos destes componentes são os mais variados possíveis, tais como botão, gancho, pequeno cilindro, uma estrutura qualquer ou ... nenhum (!), como na norte-americana M3A1, em que um orifício no ferrolho serve para o atirador colocar um dedo e puxá-lo para trás. Igualmente diversificadas são as posições da alavanca de manejo: no lado direito, no esquerdo, em cima, inclinada para qualquer dos lados, mais para a frente ou para trás e, até mesmo, debaixo da arma.
Três das muitas posições e configurações de alavancas de manejo em submetralhadoras. Algumas armas não possuem uma alavanca de manejo, propriamente dita, mas, uma forma alternativa de movimentar o ferrolho manualmente. A foto mostra uma P.A.M.1 (Argentina), com cano inusitadamente encurtado, em que um orifício usinado no ferrolho serve para o atirador colocar um dedo e fazer o movimento de armar. Quando a tampa da janela de ejeção é fechada, um ressalto interno trava o ferrolho, tanto aberto como fechado. 17
Cano Como em qualquer outra arma de fogo, o cano de uma submetralhadora deve possuir características compatíveis com o binômio arma-missão. Seu comprimento, por exemplo, irá variar de acordo com o desempenho balístico que se espera da munição utilizada e os requisitos de portabilidade (compacidade) da arma, em si. Tipicamente, as mais numerosas armas em calibre 9 x 19 mm possuem comprimentos de cano em torno de 180 a 260 mm, dando ao projétil uma velocidade inicial (Vo, ou velocidade de boca) entre 360 e 550 m/s, aproximadamente. Pistolas-metralhadoras e as "subs" mais compactas, com canos bem curtos (100-130 mm), obviamente vão apresentar alguma perda nessa velocidade inicial. O raiamento usual para este mesmo calibre é de quatro ou seis raias para a direita, com passo de 1:250, ou seja, uma volta completa em 250 mm de distância. Sua inerente capacidade de atirar em rajadas também confere às submetralhadoras uma tendência natural de "subir" durante os disparos, sobretudo quando em mãos não muito adestradas. É que a arma normalmente fica apoiada (pela coronha ou somente pela empunhadura) num ponto abaixo da extensão da linha de tiro (prolongamento do cano), o que gera um efeito de alavanca e uma resultante força que empurra a extremidade dianteira do cano para cima. Outro efeito, pouca vezes lembrado, é o de torque (torção), que faz com que a arma, durante o tiro, tenda a girar numa direção oposta ao raiamento do cano. Ao longo dos anos, diversas armas têm sido dotadas de compensadores, dispositivos adaptados à boca do cano (ou, mesmo, integrais a ela) que, pela deflexão para cima de parte dos gases que por ali saem, o empurram um pouco para baixo, contrabalançando aquela tendência de elevar-se. Em determinados modelos, pode também haver uma ação conjugada de freio de boca (os gases também forçam a arma para a frente, diminuindo o recuo). Para compensar o efeito de torque, alguns compensadores direcionam os gases não apenas para cima, mas, também, no sentido do raiamento. Entretanto, levando-se em consideração a baixa potência da munição empregada (a pressão de saída dos gases não é muito grande), o efeito prático costuma ser mínimo, a arma fica bem mais barulhenta, mais comprida e ... cara! Algumas poucas submetralhadoras apresentam um quebra-chamas, na boca do cano, para reduzir o clarão do tiro noturno ou em ambientes pouco iluminados. Ainda sobre o cano: o emprego mais prolongado da arma em tiro automático resulta em considerável aquecimento, a ponto de poder causar queimaduras sérias, se tocado. Em algumas armas de cano mais longo ou em que o mesmo se projeta muito para fora da caixa da culatra, é bem comum o uso de uma camisa ou jaqueta (geralmente, perfurada) à sua volta. Isto evita que o cano quente toque e queime alguma parte do corpo do atirador, ao mesmo tempo que proporciona alguma circulação de ar para seu arrefecimento.
Alguns tipos de jaquetas de proteção térmica em submetralhadoras antigas.
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Já foi moda usinar uma parte do cano (especialmente, na região da câmara) ou todo ele com aletas, discos transversais ou sulcos longitudinais, visando a aumentar a área externa do mesmo e, assim, facilitar a dissipação do calor. Na prática, todavia, acabou se constatando que os reais ganhos eram mínimos e não compensavam os elevados custos industriais envolvidos.
(ESQ.): Neste detalhe de uma Thompson M1928A1 (EUA), observar a usinagem em forma de discos de parte do cano, cujo objetivo seria o de auxiliar no arrefecimento do mesmo. Também podem ser vistos o compensador Cutts e a empunhadura vertical de apoio. Estes e vários outros detalhes que encareciam bastante a arma foram posteriormente eliminados nos modelos M1 e M1A1, fabricados em larga escala durante a Segunda Guerra Mundial. (DIR.): A Beretta M38/42 (Itália) apresenta sulcos longitudinais usinados no cano, com a mesma finalidade de aumentar a área de dissipação do calor. Observar que seu compensador consiste em dois grandes cortes feitos na parte de cima do cano e, não, num componente separado.
Miras O aparelho de pontaria de uma submetralhadora, como na quase totalidade das armas de fogo, constitui-se em duas partes, a alça e a massa de mira. Usadas conjuntamente e de forma correta, permitem que um projétil atinja o alvo pretendido. Nunca é demais recordar que as "subs" utilizam munição essencialmente de pistola, cuja potência (velocidade do projétil, seu peso, poder de parada, penetração e alcance) fica muito aquém das de fuzil, por exemplo. Isto posto, o fato da maioria destas armas possuir miras com regulagem para 50 a 100 ou 200 metros pode ser considerado como absolutamente normal, registrando-se que algumas vêm de fábrica com miras fixas, em geral, para as distâncias menores. Inicialmente, era comum encontrar-se armas desta classe com alças de mira reguláveis, nos moldes dos tradicionais fuzis, com ajustes para até 500 a 600 metros (algumas, 1.000 metros!), o que pode ser considerado, no mínimo, uma excepcional dose de otimismo. A alça de mira geralmente se apresenta no formato de ranhura (em "V" ou "U") ou orifício (também chamada do tipo abertura ou "peep"), mas há outras variações, como tambor rotativo com aberturas e/ou ranhuras e combinações dos dois sistemas (abertura + ranhura). Quando existe a opção de escolha de regulagem, esta geralmente consiste em mudar-se a posição (tombando-se para a frente ou para trás) de uma pequena peça metálica em formato de "L", correspondendo cada "perna" a 50 e 100 metros, por exemplo. Protegendo a alça de mira, pode existir ou não um tipo qualquer de estrutura metálica, como "orelhas" ou um "capuz". A massa de mira constitui-se, na maioria dos casos, num poste ou lâmina, com ou sem proteção. A eficácia de um aparelho de pontaria depende muito, além de sua praticidade, na chamada linha de visada ou raio de mira. Trata-se da distância entre a alça e a massa que, de um modo genérico, deve ser a maior possível. Isto, entretanto, vai depender muito da configuração de cada arma, comprimento da caixa da culatra, se a massa ficará sobre o cano ou o corpo da arma, distância da caixa da culatra para o rosto do atirador, etc. Digamos que uma medida minimamente aceitável seria uma linha de visada de uns 200 mm. 19
Pelo próprio alcance reduzido da munição empregada, submetralhadoras não são particularmente adequadas para a adaptação de lunetas para tiros de precisão a grandes distâncias. Por outro lado, miras laser, do tipo ponto vermelho, visores noturnos passivos ou sistemas de iluminação de grande intensidade podem ser úteis em situações táticas especiais, estando tais acessórios disponíveis para variadas armas. O desenho (ESQ.) mostra o duplo aparelho de pontaria da Walther MPK/MPL (Alemanha): (1) Alça tipo abertura ("peep"), para tiro de precisão; (2) alça em ranhura, para visada rápida (75 m); (3) linha de visada rápida; (4) linha de visada de precisão; (5) ranhura dianteira, para visada rápida; (6) massa de mira tipo poste.
Levando em conta as características inerentes à munição utilizada, muitas submetralhadoras são dotadas de miras bem simples, desprovidas de ajustes para elevação, lateralidade ou alcance. É o caso da INA (Brasil), vista aqui (DIR.) numa versão modificada pela IMBEL.
As primeiras formas de miras auxiliares adaptadas a submetralhadoras foram grandalhões projetores de pontos luminosos (de fato, lanternas de alta potência), como as vistas aqui numa H&K MP5KA5, da Alemanha (ESQ.), e numa Beretta Modelo 12S, da Itália (DIR.).
(ESQ.): A Steyr AUG 9 (Áustria) está dotada de uma mira ótica integral (1,5 X), bem elevada. (DIR.): Miras do tipo "ponto vermelho" podem ser acopladas no alto de diversas armas, como esta H&K UMP-40 (Alemanha). 20
Coronha, empunhadura & bandoleira Por definição, uma "sub" deve possuir um tipo qualquer de coronha, permitindo a realização de tiros com a arma apoiada no ombro, bem mais precisos. Os modelos iniciais seguiam a tradição dos fuzis da época, tendo semelhantes coronhas de madeira, mas a posterior busca de maior compacidade (sobretudo, visando ao transporte) levou a novas soluções. Primeiramente, as mesmas coronhas de madeira eram, apenas, destacáveis do corpo principal da arma, sendo seguidas de modelos em que uma dobradiça permitia seu rebatimento para um dos lados. Principalmente durante e após a Segunda Guerra Mundial, foram se popularizando as coronhas metálicas esqueletizadas, numa enorme variedade de configurações: articuladas, telescópicas, rebatíveis, retráteis, etc. Um pouco mais tarde, com a introdução no mercado dos materiais sintéticos de maior resistência (plásticos, fibra de vidro, polímeros), estes também passaram a ser empregados em boa escala. Com exceção das primeiras submetralhadoras dotadas de coronha tipo fuzil, quase todas as demais possuem uma empunhadura tipo pistola ("pistol grip") junto ao gatilho, também variando muito o seu formato e os materiais empregados em sua construção e/ou revestimento, indo desde anatômicos punhos até meras estruturas metálicas esqueletizadas. Uma significativa inovação foram as empunhaduras com o carregador em seu interior, hoje bastante difundidas. Um correto tiro, tanto intermitente como em rajada, com submetralhadora não pode dispensar o apoio da segunda mão do atirador, e, para ela, deve existir na arma um local adequado. Este pode ser um prolongamento da coronha de madeira (armas antigas), um guarda-mão horizontal, uma segunda empunhadura vertical, o próprio alojamento do carregador ou a parte anterior da caixa da culatra. Um item freqüentemente esquecido - mas, extremamente importante - é a bandoleira. Além de seu uso primário de pendurar a arma no corpo do atirador, para transporte ou uso das mãos em outras tarefas, pode ser muito útil como apoio no chamado tiro de assalto e, mais ainda, no tiro com apenas uma das mãos, numa situação de emergência. Os pontos de fixação da bandoleira na "sub", geralmente um zarelho (alça rotativa), variam de arma para arma, mas devem ter o maior espaçamento possível. Submetralhadoras da chamada primeira geração herdaram uma configuração bem semelhante à dos fuzis e carabinas da época, utilizando coronhas e guardamãos de madeira. No caso particular desta ERMA EMP(Alemanha), também foi acrescentada uma empunhadura vertical de apoio. Duas "subs' britânicas, com diferentes configurações de coronha. A Sten Mk.II, no alto, possui um bem simples componente tubular, normalmente fixo à arma, com uma soleira metálica soldada na parte posterior e uma rudimentar empunhadura, perto do gatilho. A mais recente Sterling, a seu lado, conta com uma coronha metálica mais elaborada, rebatível para a frente.
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A Hotchkiss Universal (França), que tentou entrar no mercado na década de 1950, apresentava não apenas uma coronha rebatível, mas, também um alojamento de carregador que também podia ser dobrado para a frente e um cano ... telescópico! Isto tudo tinha o objetivo de facilitar o transporte da arma, que ficava com um comprimento de apenas 435 mm.
A compacta Mini-SAF (Chile) não possui coronha, mas, está dotada de uma empunhadura vertical de apoio, para facilitar o enquadramento das miras e estabilizar a arma, durante o tiro.
Segurança e seletor de tiro O fato das submetralhadoras funcionarem habitualmente pelo sistema de ferrolho livre ("blowback") lhes confere um perigo em potencial: disparos acidentais, no caso de uma queda ou pancada sobre a parte de trás. É que, pela inércia da massa do ferrolho, este pode deslocar-se para trás o suficiente para passar do carregador, mas, não, para ser retido pela armadilha do sistema de gatilho. Assim, impulsionado de volta pela tensão (ainda que parcial) da mola recuperadora, o ferrolho vai retirar um cartucho dos lábios do carregador, alimentá-lo à câmara e, concomitantemente, fazer um disparo ... de conseqüências imprevisíveis! As maneiras encontradas pelos projetistas para evitar tais acidentes foram múltiplas, ao longo dos anos: encaixes transversais à ranhura da alavanca de manejo, para encaixá-la e trancar o ferrolho à frente ou atrás; tampa na janela de ejeção, que fechada, o prende; tecla na empunhadura principal ou junto ao alojamento do carregador que, se não for devidamente pressionada pela mão do atirador, bloqueia o ferrolho; teclas ou registros de segurança (individuais ou conjugadas com o seletor de tiro) que também trancam o ferrolho; travas inerciais, de funcionamento automático; gatilhos rebatíveis e alguns outros. Os formatos e posições de tais dispositivos são os mais variados possíveis e sua escolha depende muito do gosto pessoal de cada um. Também no corriqueiro movimento de armar existe perigo: se a alavanca de manejo escapar da mão antes do ferrolho chegar até a armadilha, ele volta e também pode provocar um disparo acidental. Neste caso específico, algumas "subs" possuem uma cremalheira que impede a volta acidental do ferrolho. 22
A acima citada variedade de configurações também é encontrada nos seletores onde se escolhe o tiro semi-automático (ou intermitente), o automático (em rajada) e, em várias armas, uma terceira opção, a de segurança. Teclas, chaves, botões, discos, registros e pinos. Tudo isto já foi utilizado para o atirador escolher o regime de tiro. Recorda-se, também, a existência de armas com dois gatilhos (um para "semi" e outro para "auto") e outras, em que a opção ocorre na própria tecla única de gatilho. Em algumas, apertando-se a parte de baixo, obtém-se tiro intermitente, e, a de cima, rajadas; noutras, o primeiro estágio de deslocamento do gatilho proporciona fogo semi-automático, e, aumentando-se a pressão do dedo sobre a tecla, automático. Além das habituais opções, algumas submetralhadoras oferecem também a seleção para rajadas controladas ou limitadas ("bursts"), geralmente, de dois ou três tiros.
(ESQ.): Para evitar disparos acidentais, por quedas ou golpes, a Bergmann MP28.II (Alemanha) possuía um encaixe transversal na caixa da culatra para travar a alavanca de manejo na posição aberta. A seleção entre tiro intermitente e rajadas era feita por um botão de deslocamento transversal, acima do gatilho. (DIR.): Em algumas submetralhadoras a opção entre tiro semi-automático e rajadas se dá por um sistema de dois gatilhos. Na Beretta M38A (Itália), o da frente produz tiro intermitente o de trás, automático.
Os seletores de tiro e segurança aplicada aparecem nas mais variadas posições e configurações, conforme mostram os exemplos acima. (ESQ.): Micro-Uzi (Israel); (CENTRO): Uru (Brasil); (DIR.): LAPA SM Modelo 3 (Brasil). 23
Carregadores Da mesma forma que "uma corrente é tão forte quanto seu elo mais fraco", pode-se dizer que "uma submetralhadora é tão boa quanto seu carregador". Mesmo admitindo um certo exagero no segundo caso, em que o objeto cuja qualidade é discutida possui uma grande quantidade de componentes variados, o fato é que uma arma de características inegavelmente boas pode ser seriamente comprometida por seu carregador. O modelo usualmente chamado de tipo cofre é, sem sombra de dúvidas, o mais generalizado, situandose normalmente na parte de baixo da arma, verticalmente. A colocação lateral já foi comum em armas dos anos 30 e 40, assim como verticalmente, em cima ("subs" australianas). O rebatimento do carregador e de seu alojamento foi utilizado em alguns modelos, tanto para compactar a arma como para torná-la mais segura, no transporte. Fabricado em chapa de aço ou, mais modernamente, em material sintético, o carregador de cofre geralmente possui uma configuração reta. Contudo, modelos com ligeira curvatura têm aparecido também. No seu interior, uma mola acoplada a uma mesa (ou transportador) pressiona os cartuchos em direção aos lábios (ou abas), a parte aberta. Os cartuchos são geralmente dispostos numa fileira escalonada (dupla, alternada), podendo ser apresentados na borda, para alimentação, numa única posição central ou, alternadamente, à direita e à esquerda. O primeiro modelo, aparentemente mais simples, apresenta, na realidade, alguns problemas. Inicialmente, é mais difícil (duro, mesmo) de ser municiado manualmente, daí necessitar de um acessório especial para facilitar e agilizar a colocação dos cartuchos. E tal "dureza" acaba se refletindo no funcionamento, pois vai requerer, do ferrolho, maior esforço para retirar a munição dos lábios e levála à câmara. Já os carregadores com alimentação alternada em duas posições são de mais fácil municiamento e, conseqüentemente, tornam a ação do ferrolho mais suave, contribuindo para a confiabilidade geral da arma. Hoje, são os mais populares. Os carregadores tipo cofre normalmente alojam entre 20 e 40 cartuchos, sendo 30 ou 32 uma quantidade bem comum. Certamente, variantes com maior capacidade já andaram aparecendo, como os de quatro fileiras ou os acoplados, mas, são exceções. Um expediente muito comum para agilizar a troca de carregadores é prendê-los lado a lado com fita adesiva ou com grampos especiais, fornecidos por alguns fabricantes. Os carregadores tipo tambor popularizados pelos primeiros modelos da norte-americana Thompson, pela finlandesa Suomi M/1931 e pelas russas PPD-40 e PPSh-41 - caíram em desuso por sua complexidade, grande volume e peso elevado. Mesmo assim, a alta capacidade proporcionada (50, 71 ou 100 cartuchos, dependendo do modelo) era uma inegável atração. Alguns fabricantes atuais oferecem carregadores opcionais de alta capacidade, bem mais modernos e leves que os antigos, como o C-MAG da Beta Company (EUA), de 100 tiros em duplo tambor, com interface para algumas armas, como as submetraIhadoras H&K MP5 (acima) e Colt SMG. Junto ao alojamento do carregador existe uma tecla ou botão (retém) destinado a liberá-lo, para troca. É desejável que sua posição e configuração sejam tais que permitam, com uma só mão (a de apoio, preferencialmente), um fácil acionamento e a retirada do carregador vazio. Ao mesmo tempo, deve estar protegido de eventuais contatos com o corpo do atirador ou obstáculos, para evitar acionamento acidental e, assim, perda de carregadores. 24
A Suomi KP/-31 (Finlândia) apresentava a possibilidade de utilizar tanto carregadores tipo cofre vertical como os de tambor.
A britânica Sten (ESQ.) é, certamente, a mais conhecida das "subs" que possuem o carregador colocado transversal e horizontalmente. Já a australiana Owen (DIR.) adotou a bem inusitada configuração vertical, na parte de cima da arma.
A Vz.24, de Checoslováquia (ESQ.) foi pioneira a colocação do carregador no interior da empunhadura principal, estilo posteriormente copiado por projetistas de diversos países. A norte-americana Calico (DIR.) foi dotada de um carregador helicoidal situado, longitudinalmente, no alto da arma.
A MAT-49, francesa, é um dos modelos em que o alojamento do carregador tem rebatimento longitudinal, visando a tornar a arma um pouco mais compacta, para transporte. 25
Supressores de ruído Hollywood pode ser considerada culpada de, pelo menos, um grave "crime": fazer as pessoas acreditarem que uma arma de fogo dotada de silenciador é, mesmo, silenciosa, cumprindo sua mortífera missão com um ridículo... PUFF! Na realidade, o próprio termo "silenciador" está, gradualmente, caindo em desuso pelos profissionais do ramo, sendo substituído por outros mais realistas, tais como "supressor de ruído", "moderador" e "abafador". Ainda assim, uma arma equipada com tal dispositivo continua sendo chamada de "silenciada", embora não seja, efetivamente, "silenciosa". Para melhor compreensão do processo que envolve o ruído ou barulho de um tiro, vamos recordar alguns pontos básicos. Quando uma submetralhadora ou qualquer outra arma de fogo é disparada, o som que ouvimos vem de diversas fontes que, numa seqüência aproximada, são as seguintes: Ruído mecânico - No caso mais comum de uma "sub" que atira da posição aberta, é aquele característico som do aço batendo contra aço, quando o ferrolho corre para a frente e choca-se com a parte posterior do cano. Nas menos numerosas armas que disparam da posição fechada, é o fechamento do ferrolho e, depois, o impacto do martelo atingindo o percussor e o próprio ferrolho, produzindo, claro, menos ruído, mas, ainda assim, existente. Coluna de ar - Aqui, trata-se da coluna de ar que está no cano à frente do projétil e que, ao sair pela boca subitamente e em afta velocidade, transmite sua energia às moléculas do ar externo. Gases do propelente - São os gases resultantes da combustão da pólvora do cartucho, muito quentes, em rápida expansão e que se movimentam a velocidades altíssimas. Sua rápida saída do cano -criando, também um enorme deslocamento nas moléculas do ar externo -- é que produz a maior parte do barulho de um tiro. Ruído do projétil - Quando um projétil sai do cano a velocidade supersônica (acima de 340 metros por segundo, aproximadamente), uma onda de choque é gerada por seu deslocamento, produzindo um "estalo" seco e forte. Numa escala mais reduzida, corresponde ao grande estrondo produzido por um avião de caça, ao romper a barreira do som. Reflexões do som - Os menos considerados e lembrados são os ruídos refletidos no solo ou objetos próximos à arma, ao longo da trajetória do projétil. Ruído do impacto - É aquilo que o próprio nome indica, ou seja, o som do projétil atingindo seu alvo pretendido ou um obstáculo eventual. Com exceção dos últimos dois itens, o projeto de se tornar uma submetraIhadora sonoramente mais "discreta" envolve todas as demais fontes de barulho. Para o ruído mecânico, por exemplo, algumas armas que atiram da posição aberta recorrem ao uso de um ferrolho de bronze, mais leve e gerador de menos ruído metálico ao bater na parte posterior (câmara) do cano de aço. Outras utilizam um material amortecedor qualquer (couro, borracha ou sintéticos) para receber o impacto do ferrolho, enquanto que muitas outras, simplesmente, deixam isso de lado... As demais fontes de ruído são controladas pelo silenciador em si, aquele tubo que fica à frente e que vai aumentar consideravelmente (às vezes, quase dobrar) o comprimento total da arma. A maneira pela qual cada supressor atinge tal objetivo varia de fabricante para fabricante, mas, geralmente, inclui uma combinação de ingredientes consagrados. Quando é do tipo integral à arma ou possui cano próprio, este costuma ter seu comprimento reduzido e, com grande freqüência, possuir uma série de pequenos orifícios longitudinais. Assim, ao se dar a detonação, os gases que impulsionam o projétil para a frente também vão escapando para fora do 26
cano, sendo momentaneamente "capturados" numa câmara de expansão, diminuindo a pressão. O resultado é que o projétil vai perder parte de sua velocidade, tornando-se subsônico (fim do "estalo"!). O problema dos gases do propelente também começa a ser controlado na tal câmara, na qual eles são desacelerados e resfriados, freqüentemente, por meio de malha metálica, rebites soltos ou arruelas. Após a boca do cano, geralmente são enfileiradas arruelas adicionais até a boca do silenciador, propriamente dito, auxiliando nas adicionais difusão e desaceleração dos gases antes deles entrarem em contato com o ar externo. É comum o fato da mera adaptação de um silenciador na boca do cano normal de uma "sub" acabar dando em problemas de funcionamento, pois a diminuição da pressão dos gases, também para trás, pode resultar em que não haja energia suficiente para empurrar adequadamente o ferrolho de volta (lembrem-se que a quase totalidade das "subs" funciona em "blowback", ou recuo simples). Em tais condições, o ferrolho não vai ser pego pela armadilha do gatilho, volta antes, passa pelos lábios do carregador, alimenta um cartucho à câmara e dispara novamente, podendo até ocorrer a não muito comum (mas, nem por isso, impossível) situação da arma "enlouquecer", atirando continuamente até esvaziar-se o carregador!!! Uma medida para contornar o problema é dotar a arma silenciada de uma mola recuperadora mais fraca e/ou um ferrolho mais leve. Outra é a utilização de munição 9 x 19 mm subsônica, em que um projétil mais pesado (de 150 a 180 "grains", contra os usuais 115 "grains") vai gerar maior resistência aos gases antes de sair da arma. E, com velocidade inicial abaixo dos tais 340 m/s, também terá a vantagem de eliminar o "estalo" sônico durante o vôo. É muito importante ressaltar que a diminuição da velocidade do projétil normalmente resulta em alterações nas suas características balísticas. Obviamente, a precisão do tiro vai sofrer, em alcances médios e longos; a penetração - e, muitas vezes, a letalidade - também vai ser degradada. De qualquer maneira, a simples diminuição ou eliminação do ruído inicial do tiro já traz vantagens táticas, uma vez que fica difícil determinar com precisão de onde foi feito o disparo. Como afirma um antigo ditado militar finlandês, "um supressor não torna o soldado silencioso, mas, o deixa invisível". Portanto, submetralhadoras silenciadas constituem-se em solução para problemas táticos específicos e, quando utilizadas por pessoal devidamente treinado e adestrado, constituem-se numa inestimável ferramenta para as forças policiais e militares. Várias submetralhadoras são permanentemente silenciadas, de fábrica. A Sterling L34A1 (Grã-Bretanha), com seu característico carregador curvo colocado na lateral, é uma delas. Ganhou notoriedade internacional em 1982, ao aparecer, em fotos, nas mãos de soldados argentinos que renderam a guarnição britânica que inicialmente defendia as Ilhas Falklands/Malvinas.
Ao contrário do que é freqüentemente mostrado nos filmes, supressores necessitam de razoável volume interno para funcionarem com adequada eficiência, o que adiciona peso e altera as dimensões da arma. Aqui, uma FMK 3 (Argentina) ganha mais uns 400 mm no comprimento total. 27
Uma das fontes de ruído durante o tiro com submetralhadoras é a movimentação do ferrolho e seu choque de encontro à culatra (parte posterior do cano), sobretudo em tiro automático. O som metálico assim produzido passa a ser um dos mais evidentes numa arma silenciada, o que desaconselha, em emprego realmente operacional, o uso de rajadas como a vista na foto ao lado, com uma SAF (Chile), calibre .40 S&W.
As submetralhadoras MGP-84 e MGP-87 (Peru) utilizam dois tipos diferentes de supressores. O da primeira, no alto, é adaptado ao cano original da arma, enquanto que o outro, bem mais longo, possui seu próprio cano integral.
Não é, propriamente, uma regra inflexível, mas, podese dizer que a vasta maioria dos silenciadores costuma dobrar o comprimento normal de uma "sub", descontada a coronha. Esta Mini-Uzi (Israel) serve bem de exemplo. A empresa norteamericana Gemtech oferece o conjunto TalonSD, para adaptação na caixa do mecanismo de disparo da submetralhadora Colt Modelo 635. Consiste numa nova caixa da culatra, com trilhos para colocação de miras optrônicas, e cano próprio de 127 mm, com supressor. A arma fica otimizada para munição 9 x 19 mm com projéteis de 147 "grains". 28
Armas em destaque Aqui você encontrará submetralhadoras fabricadas ao longo dos anos em diversos países. Não se trata, é claro, de todos os tipos já produzidos, mas, de uma amostragem bem ampla e significativa de diferentes modelos fabricados em série e, também, de muitas armas que ficaram apenas no estágio de protótipos. Para facilitar a consulta, as "subs" estão listadas por ordem alfabética de seu países de origem e, ali, também alfabeticamente, por fabricante, nome ou designação mais comum.
IMPORTANTE: As especificações técnicas apresentadas nesta obra são puramente indicativas, uma vez que muitos projetos são freqüentemente modificados durante seu desenvolvimento e, mesmo, ao longo da fase de produção. Também, repetidas conversões de sistemas de medidas, em catálogos e outras fontes de referência, acabam resultando em variações (às vezes, significativas) nos dados apresentados.
LEMBRE-SE, TAMBÉM: Você dispõe do utilíssimo recurso "Localizar" (ícone do binóculo) na barra de ferramentas do Acrobat Reader, que encontra todas as palavras existentes no texto.
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ÁFRICA DO SUL: BXP ALEMANHA: Bergmann MP18.I Bergmann MP28,II Bergmann MP34/I, MP35/I DUX 53, DUX 59 Erma EMP Erma EMP 36 Erma MP38, MP40, MP41 Erma EMP44 Erma MP56 Erma MP58 Erma MP59 Erma MP60 Heckler & Koch MP5 Heckler & Koch MP5/10, MP5/40 Heckler & Koch MP5K Heckler & Koch MP5K-PDW Heckler & Koch MP5SD Heckler & Koch PDW/MP7 Heckler & Koch SMG I Heckler & Koch SMG II, MP2000 Heckler & Koch UMP Mauser (1933) Mauser Modelo 57 (MP57) Mauser Modelo 60 MP3008 (Volks MP) Schmeisser M.K.36,III SMART (Erma Panzer MP58) Vollmer (Erma) Walther MPK, MPL ARGENTINA : C-4 FMK 3 Halcón Lechner MEMS PAM 1, PAM 2 AUSTRÁLIA: Austen F1 Kokoda, MCEM 1, MCEM 2 Owen ÁUSTRIA: Não Identificada Steyr-Solothurn Modelo 1930, MP34(Ö) Steyr AUG-P 9 mm Steyr MPi69, MPi81 Steyr TMP/SPP 30
BÉLGICA: F.N. FN P90 M.I.53 RAN Vigneron BRASIL: Alpha GP-1 Clandestinas ou Não Identificadas Fábrica de Itajubá FI/70 Fábrica de Itajubá CE.71, CE.71A1 Fábrica de Itajubá (IMBEL) CE.70 Fábrica de Itajubá (IMBEL) M1978 Fábrica de Itajubá (IMBEL) M1979, MD1, MD1A1 Fábrica de Itajubá (IMBEL) MD2, MD2A1 Fábrica de Itajubá (IMBEL) SMTR.40 IMBEL MD1 Fábrica de Itajubá (IMBEL) Modificações da INA INA M.B.50, M953 Nelmo Suzano Saico Modelo A2 Taurus MT-12, MT-12A, MT-12AD Taurus/FAMAE MT .40 Taurus/S&W Modelo 76 Uru BULGÁRIA: Shipka CANADÁ: C1 Douglas Recoiless Sten (Variantes) CHECOSLOVÁQUIA (República Checa): CZ Modelo 1938 CZ 47, 247, 374 Sa 23, 24, 25, 26 Sa 58/98 Bulldog Skorpion ZK 383 ZK 466, ZK 467 ZK 476 ZK 480 CHILE: PAF Mini-SAF SAF SAF Silenciada
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CHINA: M-36, M-37 (M39), M-38 Não Identificada Tipo 50, Tipo 54 Tipo 64, Tipo 85 Tipo 79 CROÁCIA: Agram 2000 DINAMARCA: Hovea (M/49) Madsen M1945 (P.13) Madsen M1946, M1950, M.53, Mark II EGITO: Port Said, Akaba EL SALVADOR: HB-1 ESLOVÊNIA: MGV-176 ESPANHA: ADASA Modelo 1953 ARAC CETME C-2 (CB- 64) Labora 1938 Modelo 1941/44 Parinco C.I. Modelo 3R Star Série 35 Star Z-45 Star Z-62, Z-70/B Star Z-84 ESTADOS UNIDOS: American 180 M-2 Atchisson Cam-Stat X-911 Calico Série M-900A Cobray/SWD M-11/9 Colt SMG Compact Modelo 55 Cook Erquiaga MR-64 (MP-66) Firefly II Foote MP-970 Hyde Modelo 35 Ingram M5, M6, M7, M8, M9 Ingram M10, M11 (MAC-10, MAC-11) 32
Ion Mihaita La France M16K M2 M3, M3A1 "Grease Gun" MP-9, KF-AMP Reising M50, M55 ROF Ruger MP-9 Saco Modelo 683 Seggern Sidewinder (SS-1) Stemple 76/45 S&W Modelo 76 Thompson UD-1 UD M42 Viking Weaver PKS-9 Ultralite FINLÂNDIA: Jati-Matic (GG-95 PDW) m/-44 PELO Suomi FRANÇA: E.T.V.S. Gevarm D-3, D-4 Hotchkiss Universal MAC 47-2, 48-2, 48 LS MAS 24 MAS 38 MAS Tipo C4 MAT 49 PM 9 (MGD) STA 1924 GRÃ-BRETANHA: BSA Jurek Lanchester MCEM Parker-Hale IDW Sten Sterling (Patchett) Tipo A, Tipo B Veseley V.42 Viper Welgun HUNGRIA: Modelo 39M , Modelo 43M Modelo 53 KGP-9 33
ISRAEL: Micro-Uzi Mini-Uzi Uzi ITÁLIA: Armaguerra OG-44 Benelli CB M2 Beretta M1918 Beretta M1938A e derivadas Beretta Modelo 12, 12S Bernardelli Modelo VB FDA FNA-B Modelo 1943 Franchi LF-57 P.M. 410, 440, 720 SOCIMI/Franchi SMG 821 Spectre TZ-45 Variara Villar-Perosa, OVP X 4, X5 IUGOSLÁVIA: M49 M51, M56, M65 JAPÃO: Tipo II Tipo 100 Tipos 65, 66 LUXEMBURGO: SOLA Super, SOLA Leve MÉXICO: Mendoza HM-3 Mendoza RM-3 NOVA ZELÂNDIA: Mitchell PERU: MGP-79, MGP-79A, MGP-87 MGP-84 Mini POLÔNIA: Mors (wz.1934) PM-63 (wz.1963) PM-84 Glauberyt, PM-98 34
PORTUGAL: FBP M/948 FBP M/976 INDEP Lusa RODÉSIA: R-76, Rhogun ROMÊNIA: Orita Modelo 1941 RATMIL, ROMARM RÚSSIA: A-7,62, A-9 AEK-919K Kashtan Bizon Gepard Kalashnikov KEDR/Klin Kiparis OTs-22 PP-90M PP-93 PPD-34/38, PPD-40 PPSh-41 PPS-42, PPS-43 SUÉCIA: Hovea, Carl Gustaf m/45 SUÍÇA: Furrer MP41/44 Rexim-Favor SIG MKMO, MKPO, MKMS, MKPS SIG MP41 SIG MP44, MP46 SIG MP48, MP310 VIETNÃ: Armas modificadas
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ÁFRICA DO SUL
BXP Esta submetralhadora em calibre 9 x 19 mm começou a ser promovida e comercializada por volta de 1985 pela companhia estatal Armscor, da África do Sul. Parece que chegou a entrar em produção durante algum tempo, pois há informes de que se encontra em serviço com algumas unidades de polícia de seu país de origem e de que foi exportada para algumas nações não especificadas. É de operação "blowback", com ferrolho aberto, e tiro seletivo. Sua configuração geral é bem semelhante à das compactas Ingram norte-americanas, com caixa da culatra retangular, em estamparia de aço, ferrolho do tipo envolvente, carregador (22 ou 32 tiros) alojado no interior da empunhadura e alavanca de manejo no alto. A coronha metálica é do tipo rebatível (para baixo e para a frente) e, em tais condições, a igualmente articulada soleira fica horizontalmente situada abaixo da caixa da culatra e parte do cano, servindo de guarda-mão e apoio para uma eventual (emergência) situação de tiro. O cano é rosqueado para receber opcionais luvas perfuradas de proteção (com ou sem compensador), tubo para o lançamento de granadas ou para adaptação de um supressor de ruído.
O registro ambidestro de tiro, localizado na parte de cima da empunhadura, tem as posições de "Segurança" (bloqueio do ferrolho e gatilho) e "Fogo" (intermitente, no primeiro estágio de deslocamento do gatilho e automático, no seguinte). A cadência cíclica é de aproximadamente 800 tiros por minuto. O aparelho de pontaria mecânico é uma combinação de orifício, para uso até 100 metros, e ranhura em "V", para 200 metros, podendo a BXP ser dotada de um sistema colimador ("Occluded Eye Gunsight"), destinado ao emprego em condições ambientais de pouca luminosidade. O peso da arma, vazia, é de 2,6 kg, o cano é de 208 mm e o comprimento total é de 607 mm (387 mm, com a coronha rebatida). Uma versão apenas semi-automática aparentemente também foi feita. 36
ALEMANHA
Bergmann MP18,I
Em 1915, quando os combates na Frente Ocidental da Primeira Guerra Mundial haviam chegado a um ponto de quase total imobilidade, com os inimigos estaticamente ocupando quilômetros e quilômetros de trincheiras, as ações naquele cenário muitas vezes se davam com rápidas e violentas incursões por pequenas frações de tropas de Infantaria. O armamento então usado naqueles ambientes confinados ia desde revólveres e pistolas até pás afiadas e facas, pois os longos fuzis de repetição da época atrapalhavam mais que ajudavam. Logo, portanto, o Alto-Comando Alemão viu a necessidade de adotar uma arma compacta e de tiro automático, com alcance efetivo não superior a 200 metros, utilizando a munição regulamentar (9 mm Parabellum, 9 x 19 mm) da pistola Luger P.08 da época e que fosse prática para aquele cenário de combate quase que de corpo-a-corpo. A primeira tentativa foi transformar a Luger do chamado Modelo "Artilharia", dotada de cano longo (200 mm) e um estranho carregador tipo tambor ("trommel") de 32 tiros, para dar rajadas. Como não poderia deixar de ser para uma arma tão curta e leve, a elevadíssima cadência cíclica resultante (acima de 1.000 tiros/min) tornou sua utilização prática inviável, mesmo sendo ela dotada de uma coronha de madeira. Tampouco deu certo uma adaptação para tiro seletivo da carabina Mauser C96,: era uma arma de caríssima manufatura e a própria fábrica já se encontrava muito empenhada na produção de pistolas e fuzis. O projeto, finalmente, escolhido foi o de Hugo Schmeisser , que trabalhava na fábrica Bergmann, na cidade de Suhl. Na Maschinenpistole 18 (MP.18) foi utilizado o mesmo cano de 200 mm que equipava a Luger "Artilharia", que já demonstrara oferecer excelente desempenho balístico para a munição 9 x 19 mm. Era alojado numa extensão (camisa) perfurada da caixa da culatra cilíndrica, possuindo a arma uma coronha de madeira que, em tudo, lembrava as então usadas em fuzis e carabinas. O funcionamento era por "blowback" e de operação apenas automática, mas, a baixa cadência cíclica, em torno de 400 disparos por minuto, possibilitava a soldados adequadamente treinados fazer tiro-a-tiro sem maiores dificuldades. O carregador tipo cofre originalmente feito para a arma, com capacidade para 20 cartuchos, era horizontalmente colocado no lado esquerdo da arma, mas, por insistência dos militares alemães, Schmeisser teve que alongar e inclinar uns 60 graus para trás seu alojamento para que a submetralhadora usasse os carregadores "Trommel", de 32 tiros, da Luger. Tal exigência também requereu que a própria munição 9 mm Parabellum fosse modificada, com os projéteis recebendo uma forma ogival, em lugar da truncada anteriormente usada, para facilitar a alimentação dos cartuchos. A arma, então, recebeu a designação de MP18,I. 37
De configuração bem simples, sua única segurança aplicada consiste num corte transversal existente na caixa da culatra, onde era possível encaixar a alavanca de manejo, na posição de culatra aberta. O aparelho de pontaria inclui uma massa em forma de lâmina e uma alça em "V", basculante, com ajustes para 100 e 200 metros. O peso vazio da MP18.I é de 4,2 kg, ganhando mais 1 kg, com um carregador cheio. O comprimento total é de 815 mm. Esta submetralhadora começou a chegar às diversas frentes de combate por volta de junho de 1918, sendo bem poucos os relatos precisos referentes ao seu efetivo emprego. Existe, todavia, uma interessante indicação da impressão que aquela nova arma de Infantaria causou nos Aliados: um item específico do Armistício (Tratado de Versailles) proibiu seu uso pelo Exército de 100.000 homens da derrotada Alemanha, embora pequena quantidade pudesse ser utilizada por forças policiais. Estas armas específicas tinham, quase todas, o número "1920" gravado no alto da caixa da culatra, indicando o ano de sua adoção. Estima-se que a produção total da MP18.I pela fábrica Bergmann, tenha sido em torno de 35.000 unidades, até o fim da Primeira Guerra Mundial, em novembro de 1918. As armas fabricadas a partir de 1920, pela firma C. G. Haenel, também na cidade de Suhl, caracterizaram-se pela adoção de carregadores convencionais, tipo cofre, de 20 ou 32 tiros. Entre 1920 e 1927, a empresa suíça SIG fabricou esta submetralhadora sob licença, primariamente para exportação. Também a companhia Lindelöf, da Finlândia, produziu pequenos lotes por volta de 1923, com poucas vendas domésticas. Esta criação de Hugo Schmeisser tem a ímpar distinção de ter sido a primeira submetralhadora realmente prática e de emprego operacional, várias de suas características básicas tendo sido copiadas por muitos projetistas que o seguiram.
Os desenhos esquemáticos revelam a extrema simplicidade do projeto de Hugo Schmeisser, com características que serviriam de base para muitas armas posteriores. 38
Desmontada para manutenção básica, uma MP18,I da variante produzida pela fábrica Haenel a partir de meados da década de 1920 (carregadores retos, de 20 ou 32 tiros). Geralmente, estas armas são encontradas com a gravação "System Schmeisser", no alto do alojamento do carregador.
Encenações modernas mostram "soldados alemães" empregando a MP18,I, o que ocorreu nas fases finais da Primeira Guerra Mundial. Fotos originais da arma em ação são raríssimas. Este impecável exemplar, fotografado no Sotamuseo (Museu de Guerra Finlandês), em Helsinque, é uma das MP18 fabricadas na Suíça pela SIG (Modelo 1920) e utilizadas pelo Exército da Finlândia entre 1922 e 1940, no qual eram designadas "7,65 kp/Bergmann". A munição era a 7,65 mm Bergmann (7,65 x 21 mm) e o carregador tipo cofre tinha capacidade para 50 cartuchos. Também foi fabricada em 7,63 mm Mauser para a China e o Japão e, nestes dois calibres, a cadência cíclica era de 600 tiros/min.
Por volta de 1930, a SIG apresentou esta versão modificada da "sub" de Schmeisser, dotada de empunhadura vertical de apoio e com o carregador do lado direito. Como não atraiu encomendas, o projeto foi abandonado e, eventualmente, substituído pelo da nova MKMO.
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ALEMANHA
Bergmann MP28,II
A MP28,II nada mais é que uma evolução da MP18,I de carregadores do tipo cofre, havendo sido fabricada pela C. G. Haenel Waffenfabrik, em Suhl, a partir do final da década de 1920. Foi oferecida em diversos calibres, tais como o 9 mm Parabellum, 9 mm Bergmann-Bayard, 7,65 mm Parabellum, 7,63 mm Mauser e, até, em .45 ACP, em carregadores com capacidades de 20, 25, 32, 60 tiros, dependendo da munição. Geralmente, aparecem com a gravação "DRP Schmeisser". Suas características físicas (pesos e dimensões) são praticamente iguais às de sua antecessora, mas, algumas modificações podem ser observadas externamente, como uma alça de mira bem mais elaborada, do tipo "V" em tangente, com ajustes para tiros de 100 a 1.000 metros, em incrementos de 100 metros, o que não deixa de ser uma elevada dose de otimismo balístico. A mola recuperadora passou a ter maior diâmetro, resultando num ligeiro (para 500 tiros/min) aumento na cadência cíclica em tiro automático. Uma importante melhoria foi a incorporação de um registro de tiro, dando as opções de rajadas e intermitente. A seleção é feita por um botão de deslocamento transversal, logo acima da tecla do gatilho (esq.): pressionado da direita para a esquerda, nele aparece uma letra "D", funcionando a arma em automático; da esquerda para direita, um "E", para semi-automático. Além de sua utilização pela própria Alemanha, a MP28,II teve ampla aceitação internacional, havendo sido usada, inclusive, por várias polícias do Brasil. Sua produção foi até o final da década de 1930, ainda prestando serviços durante a Segunda Guerra Mundial.
A MP28,II segue a configuração da anterior MP18,I, do mesmo projetista. 40
A simples desmontagem de campo, para limpeza básica: retirar o carregador, pressionar uma pequena trava junto à parte traseira da caixa da culatra, bascular a coronha, girar a tampa da caixa da culatra para esquerda e removê-la, retirar a mola recuperadora e o conjunto do ferrolho.
MP28,II dotada de uma tampa metálica rebatível, para a boca do cano, curioso acessório disponível para a arma.
Uma interessante característica desta "sub" era a possibilidade de ser dotada de baioneta, que encaixava-se na parte inferior da camisa perfurada do cano. (ESQ.):A gravação tipicamente encontrada em cima do alojamento do carregador, onde a "paternidade" da arma fica bem clara. (DIR.): Policial militar alemão portando uma MP28,II na Polônia, em 1939.
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ALEMANHA
Bergmann MP34/I, MP35/I Apesar de duas submetralhadoras anteriores (MP18,I e MP28,II) haverem recebido o nome "Bergmann", em função do fabricante original das mesmas, esta arma, na realidade, foi a primeira a ser projetada pelo próprio Theodor Emil Bergmann, com a cooperação de um engenheiro chamado Müller. Os protótipos (esq.), curiosamente, foram fabricados na Dinamarca por volta de 1932, um expediente que os militares alemães da época costumavam usar para driblar as restrições impostas pelo Tratado de Versailles. Em 1934, o filho do projetista fundou uma firma em Berlim, a Theodor Bergmann und Co. GmbH, com o objetivo de comercializar as patentes, assim como fabricar munição. Com alguns refinamentos, o projeto original foi colocado em produção sob a designação de MP34/I, trabalho este subcontratado à firma Carl Walther, em Zella-Mehlis, sendo concretizadas algumas vendas para forças policiais da própria Alemanha e da Bolívia, da produção de aproximadamente 2.000 unidades. Modificações adicionais, em 1935, resultaram no modelo militar MP35/I, exportado para vários países (Abissínia, Espanha, Dinamarca e Suécia, por exemplo) e, principalmente, adotado pelas tropas Waffen-SS, o que a manteve em produção ainda durante a Segunda Guerra Mundial (a maior parte, pela Junker und Ruhr AG, em Karlsruhe), com um total de uns 40.000 exemplares fabricados. Embora predominant emente fabricadas no calibre 9 mm Parabellum (9 x 19 mm), as MP34/I e MP/35/I também chegaram a aparecer usando outras munições populares na época, como a 7,63 mm Mauser, a 9 mm Bergmann-Bayard, a 9 mm Mauser e a .45 ACP. Os dois modelos foram comercializados em versões de cano curto (200 mm) ou longo (320 mm), com o primeiro tipo sendo o mais numeroso. O funcionamento é em puro "blowback", a partir da posição de ferrolho aberto, e de tiro seletivo. A opção entre intermitente e rajadas era feita por pressão crescente no curioso gatilho, composto de duas teclas separadas, mas, de acionamento conjunto. A cadência cíclica era de aproximadamente 650 tiros por minuto, variando de acordo com o calibre usado A alavanca de manejo ficava bem na parte de trás do ferrolho, tendo um formato que lembra a de um fuzil de repetição, no lado direito. A tecla de segurança aplicada é uma pequena peça basculante no lado esquerdo da caixa da culatra, com as posições "S", para a frente, a "F" para trás. O aparelho de pontaria consiste numa alça tangente, em "V" aberto, com ajustes de 50 a irreais 1.000 metros, em incrementos de 50 metros, e numa massa em lâmina desprotegida. Os carregadores, colocados horizontalmente no lado direito, eram fabricados em estamparia de aço, tinham capacidade para 24 ou 32 cartuchos e eram de alimentação em duas posições alternadas. A versão de cano longo tinha um comprimento total de 955 mm e a de cano mais curto, 840 mm. Municiada, a submetralhadora pesava 4,8 kg. 42
Uma MP34/I de um lote fabricado pela Carl Walther para a antiga Abissína, por volta de 1935.
Quando dotada de cano longo e de baioneta, a arma alcançava 1.200 mm de comprimento.
A arma desmontada em seus conjuntos principais, podendo ser observado que a camisa perfurada que envolvia o cano (aqui, o curto) era uma extensão da caixa da culatra. Uma usinagem especial junto da boca do cano desviava parte dos gases do disparo para cima, funcionando como compensador.
Neste detalhe de uma MP35/I, vê-se o ferrolho na posição aberta, o gatilho de duas teclas conjugadas e o registro de segurança, próximo da alça de mira.
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ALEMANHA
DUX-53, DUX-59
Esta submetralhadora em calibre 9 x 19 mm tem uma origem que poderia ser definida como multinacional. Trata-se, em essência, da russa PPS-42, que foi copiada e fabricada na Finlândia como M44, ligeiramente modificada (DUX-51) e produzida (DUX-53, uns 1.000 exemplares) na Espanha pelo Arsenal de Oviedo para a Polícia de Fronteiras da então Alemanha Ocidental e, depois, mais uma vez redesenhada (DUX-59) pela fábrica alemã Anschütz, no final da década de 1950. O alvo comercial desta última era o Bundeswehr (Exército da República Federal da Alemanha), que andava em busca de uma "sub" para adoção em larga escala. A demora na finalização do projeto, somada a problemas administrativos na fábrica, entretanto, acabaram inviabilizando todo o programa.
A DUX-53 inicial usava carregadores do tipo Suomi (inclusive os de tambor), finlandeses , mas, fabricados na Suíça, podendo ser considerada, de fato, uma clone da PPS-42/M44. Já a subseqüente DUX-59 utilizava um carregador curvo (32 ou 40 tiros), cujo alojamento foi redesenhado para oferecer maior proteção e rigidez no encaixe. Outra modificação foi no formato da caixa da culatra e da camisa ventilada do cano, abandonando o retangular e aditando o cilíndrico. Também a tecla de segurança foi alterada, saindo do guarda-mato e passando para o alto da empunhadura mais inclinada. Especificações da DUX 53/DUX 59: comprimento total, 825/790 mm; comprimento com a coronha rebatida, 615/580 mm; comprimento do cano, 250 mm; peso, 3,5 kg.
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ALEMANHA
Erma EMP
A EMP (de Erma Maschinenpistole) é uma evolução de um projeto anterior de Heinrich Vollmer e Berthold Geipel, havendo sido produzida entre 1930 e 1938 pela Erma Werke, em Erfurt. Em calibre 9 mm Parabellum (9 x 19 mm), tem funcionamento em "blowback" convencional, a alimentação é feita '''por carregadores tipo cofre (20 ou 32 cartuchos), horizontalmente colocados no lado esquerdo da arma, com a janela de ejeção no direito. Oferece tiro seletivo, com um registro de duas posições situado no lado direito, acima do guarda-mato, com as posições "E" ("Einzelfeuer", semi-automático), para trás, e "D" ("Dauerfeuer", automático, 500 tiros/min), para cima.
O primeiro modelo a entrar em produção (acima) possuía um cano longo, comprimento total de 950 mm, encaixe para baioneta sob a camisa do cano e alça de mira do tipo tangente (ranhura em "V", com ajustes para 50 a 1.000 metros), havendo, aparentemente, sido exportada para a Iugoslávia na metade da década de 1930. O segundo modelo (ao lado), com cano mais curto (250 mm) e comprimento total de 892 mm, apareceu com dois tipos de coronha de madeira (com ou sem empunhadura vertical de apoio) e duas configurações de alça de mira, a tangente ou uma basculante, também em "V", para 100 e 200 metros. Muitos exemplares podem ser encontrados com um sistema de trava do ferrolho, adaptado à caixa da culatra. A terceira variante, fabricada em quantidades bem maiores, somente utiliza a coronha com empunhadura vertical, embora os dois tipos de alça de mira possam ser encontrados, assim como o sistema de trancamento do ferrolho. Municiada, a EMP pesava 4,9 kg. A arma foi amplamente vendida no mercado comercial, havendo sido muito utilizada na Guerra Civil da Espanha, onde, aliás, também foi fabricada (Modelo 1941/44) pelo Arsenal de La Coruña, no calibre 9 mm Bergmann-Bayard (9 mm Largo). Bolívia e Paraguai também a usaram, na Guerra do Chaco. 45
Como várias outras submetralhadoras européias de sua época, a EMP ainda usava grandes coronhas de madeira e tinha dimensões e peso quase que dos fuzis. Também ficou sendo conhecida como MPE (Maschinenpistole Erma, System Vollmer)
(ESQ.): Detalhe de uma das armas iniciais, sem a característica empunhadura vertical de apoio. Podem ser facilmente observados o seletor de tiro, acima do guarda-mato, e a alça de mira do tipo tangente, cujo ajuste máximo de alcance chegava a exagerados 1.000 metros. (DIR.): Neste ângulo, pode ser vista a trava universal do ferrolho, colocada no alto da caixa da culatra. As inscrições "S" ("Sichen", Segurança) e "F" ("Feuer", Fogo) são visíveis.
Este exemplar, com empunhadura vertical de apoio, tem a mais simples e prática alça de mira basculante, para 100 e 200 metros.
Desenho de uma EMP com supressor de ruído, que teria sido usada na Segunda Guerra Mundial. 46
ALEMANHA
Erma EMP 36
Esta submetralhadora quase desconhecida, em calibre 9 x 19 mm, foi desenvolvida em meados da década de 1930 pela Erma Werke, como uma evolução das anteriores EMP. Aparentemente, o próprio projetista Heinrich Vollmer foi o responsável pelo trabalho. Como bem mostram as fotos e desenhos, foi abandonada a camisa ventilada de proteção do cano, que passou a ter maior diâmetro para oferecer esfriamento por efeito de sua própria massa. O mesmo alojamento do carregador de 32 tiros, inclinado para a frente, foi mantido, mas, sua posição passou para a parte de baixo da arma. Outro significativo detalhe foi a adoção de uma moderna (para a época) coronha metálica esqueletizada, rebatível para baixo e para a frente, rebatimento também sendo usado pela soleira, que ficava deitava sob a caixa do mecanismo de disparo, toda de madeira. A alavanca de manejo foi deslocada para o lado esquerdo, pela primeira vez numa arma alemã. Havia um seletor de tiro (intermitente e rajada) sob a forma de um botão de deslocamento transversal, acima do gatilho. A EMP 36 foi construída em quantidades limitadíssimas, várias das quais presenteadas pela fábrica a importantes líderes nazistas, como Hermann Göring. Muitas de suas características, entretanto, acabaram sendo incorporadas na futura MP38, que abriu a chamada "terceira geração" das submetralhadoras. Maiores dados técnicos sobre a rara arma são desconhecidos.
Detalhes das áreas do gatilho e do alojamento do carregador da EMP 36.
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ALEMANHA
Erma MP38, MP40, MP41
Nas fases finais da Primeira Guerra Mundial, em 1918, a Alemanha estava colocando em combate os lotes iniciais daquela que tem a distinção de ser a primeira submetralhadora realmente prática, a Bergmann MP18,I, O desenvolvimento desta arma, criada por Hugo Schmeisser, deu uma nova dimensão de mobilidade aos estáticos combates que predominaram na maior parte daquele conflito, sendo dotação das chamadas Sturmtruppen (Tropas de Assalto). Aliando uma razoável compacidade com a possibilidade de fazer fogo automático (a modestos 400 tiros de calibre 9 x 19 mm por minuto), a apelidada de Kuglespritz (Espalhadora de Balas) foi a base de um novo conceito de arma militar, que ainda estaria em cena quase um século depois. A partir da segunda metade da década de 1920, novamente lá estavam os alemães desenvolvendo suas maschinenpistolen. O próprio Hugo Schmeisser aperfeiçoou seu projeto original, nascendo, então, a MP28,II, cuja produção estaria a cargo da C. G. Haenel Waffenfabrik. Nos anos 30, o projetista Theodor Bergmann lançou as MP34/I e MP35/I, enquanto que Heinrich Vollmer e Berthold Geipel criaram a Erma EMP. Ainda na mesma década, entrava em produção em larga escala a Steyr-Solothurn MP34(ö), fabricada na Suíça por uma companhia cuja proprietária, na verdade, era a alemã Rheinmetall, e, logo depois, pela austríaca Steyr. De certa forma, todas as submetralhadoras mencionadas acima comungavam um mesmo conjunto de características, ou seja, eram esmeradamente fabricadas com componentes usinados, possuíam a configuração de uma compacta carabina da época (coronha e componentes de madeira), seus carregadores estavam posicionados horizontal e transversalmente à caixa da culatra e eram relativamente pesadas (em torno de 5 kg). Logo, logo, entretanto, as coisas começariam a mudar. Surge a MP38 Em janeiro de 1938, o Exército da Alemanha solicitou à indústria daquele país que desenvolvesse uma arma compacta e de tiro rápido para dotação de tropas Fallschirmerjäeger (pára-quedistas) e guarnições de suas unidades Panzer (blindadas). A empresa Erma-Werke, por coincidência, já estava trabalhando há algum tempo numa submetralhadora por ela designada EMP 36, que reunia a maior 48
parte das características desejadas pelos militares alemães. Assim sendo, serviu como base para o rapidíssimo desenvolvimento da nova maschinenpistole, cujo projeto já estava definido e entrando em produção no segundo semestre de 1938.
A resultante MP38, no regulamentar calibre 9 mm Parabellum (9 x 19 mm) parece ter sido criada em conjunto por Henrich Vollmer e Berthold Geipel, projetistas da Erma (Erfurter Werkzeng und Maschinenfabrik), cuja sede era na cidade de Erfurt. Sob vários aspectos, era uma arma revolucionária, sendo, por exemplo, a primeira dotada de coronha rebatível a ser produzida em série. Também, passou a empregar material sintético (plástico) em lugar de madeira. Apesar de sua aparência moderna e de todas as inovações, ainda era produzida pelos demorados e caros métodos fabris de suas predecessoras, ou seja, com ampla utilização de usinagem. Mais ainda, era uma arma pesada, a ponto de possuir sulcos longitudinais fresados em sua caixa da culatra e grandes orifícios nas laterais do alojamento do carregador, para aliviar o peso. Por outro lado, isto acabava resultando em mais operações de máquinas, encarecendo o processo de fabricação da "sub". Em setembro de 1939, quando os alemães invadiram a Polônia , quase dez mil MP38 já estavam em uso, recebendo, assim, seu batismo de fogo. Os resultados iniciais foram satisfatórios, ainda que alguns problemas, inevitavelmente, tenham surgido. Um deles foi o de segurança: seu ferrolho livre, após uma queda ou forte pancada sobre a parte de trás da arma, freqüentemente se movimentava e realizava um disparo, de resultado quase sempre lastimável. Para remediar, com urgência, o problema, foi adaptada uma pequena cinta de couro que permitia o travamento do ferrolho na posição fechada, paliativo igualmente aplicado nas MP40 iniciais (desenho), cujas alavancas de manejo também tinham o formato de um gancho. Posteriormente, todas as armas receberam um corte transversal na parte anterior da caixa da culatra, onde também podia ser presa a alavanca de manejo (já com novo formato), para a qual já havia encaixe semelhante na parte de trás (posição de ferrolho aberto). 49
MP40: o grande salto
A partir de 1940, começou a ser produzida a MP40, em que peças importantes (caixa da culatra, alojamento do carregador, estrutura da empunhadura, por exemplo) passaram a ser fabricadas pelo mais simples e barato processo de estamparia. Curiosamente, o pesquisador norte-americano Frank Iannamico afirma em seu livro "The MP40 Maschinenpistole" que a MP40, na realidade, custava um pouco mais que a MP38: 60 marcos alemães por unidade, contra os 57 marcos da arma anterior. Mas, de qualquer maneira, é claro que a produção ficava bem mais agilizada. As mais recentes estimativas mostram que mais de 1 milhão de MP40 saíram de suas três linhas de montagem principais (Erma, Haenel e Steyr) entre 1940 e 1944. Somando-se a anterior MP38, chega-se a um total geral em torno de 1.600.000 unidades. Uma curiosa variante, produzida pela Erma e pela Steyr em quantidades relativamente pequenas (talvez, pouco mais de 1.000) a partir de março de 1942, foi a chamada MP40/1. Destinava-se a equipar unidades especiais (Sonderverbaende) e possuía um alojamento aumentado que permitia o uso combinado de dois carregadores, dando ao combatente a disponibilidade imediata de 64 cartuchos. Quando um carregador era esvaziado, pressão sobre uma pequena trava existente na parte anterior do alojamento permitia seu deslocamento lateral, colocando o carregador cheio em posição de uso. Ao contrário das armas comuns, os reténs dos carregadores foram deslocados para a parte posterior de seus alojamentos. Uma MP40 nesta configuração e totalmente municiada, no entanto, chegava a um peso de 5,5 kg. Isto, mais a complexidade da modificação, selou o seu destino, deixando de ser fabricada já em 1943. Após a excelente MP40, a fábrica Haenel ainda desenvolveu a MP41, na realidade, uma espécie de regressão tecnológica. É que esta arma passou a adotar uma já antiquada coronha de madeira (da veterana MP28,II), seu cano não possuía o apoio inferior, o guardamato voltou a ser usinado e a caixa da culatra recebeu uma tampa removível. Como avanço, tinha capacidade de tiro seletivo, através de um botão de deslocamento transversal, logo acima da tecla do gatilho. Com 4,4 kg de peso, municiada, tinha cano de 251 mm e comprimento total de 864 mm. Sua produção total deve ter se limitado a algumas centenas de exemplares, cujo efetivo uso pelo Exército nunca foi confirmado, embora algumas unidades da SS 50
(Schutzstaffel), aparentemente, a tenham empregado em operações policiais, onde a opção de tiro intermitente se mostrava útil. Como complemento, não se pode deixar de fazer menção ao nome "Schmeisser", o qual muitas pessoas usam para referir-se às MP38 e MP40. Na realidade, Hugo Schmeisser nada teve a ver com o projeto desta arma, a única relação existente entre ele e a "sub" tendo sido o fato de que ele era gerente da fábrica Haenel, na cidade de Suhl, subcontratada pela Erma para auxiliar no enorme esforço de fabricação em massa. A confusão toda talvez tenha se originado de um manual técnico do Exército dos EUA (TM 30-450, Handbook on German Military Forces, 17 DEZ 1941), onde a MP38/MP40 foi freqüentemente chamada de "Schmeisser", tanto no texto principal como em legendas de ilustrações. Também, os carregadores dessas armas levam o nome "Schmeisser", o que pode ter reforçado o mito. Variantes internacionais Além de servir como marco inicial da chamada "segunda geração" de submetralhadoras, conceito logo seguido pela Grã-Bretanha (Sten) e Estados Unidos (M3), a MP40 também foi a base de outros projetos surgidos no exterior. Um deles foi na Espanha, país de longa data ligado à Alemanha e sua indústria bélica. Consta que, em 1942, um engenheiro alemão que trabalhava na fábrica Star - Bonifacio Echeverria, S.A., na cidade de Eibar, a ela cedeu (não se sabe, exatamente, em que circunstâncias) todos os desenhos e planos de fabricação da MP40. Com base naquela material, os técnicos espanhóis puseram-se a redesenhar e melhorar o projeto original, resultando num protótipo inicial, que ficou pronto no início de 1944. No segundo semestre daquele mesmo ano, uma linha de produção seriada já estava em funcionamento, especulando-se que as armas seriam destinadas às forças armadas da própria Alemanha. Após a invasão Aliada da Europa, tais planos teriam sido abandonados e, logo, os militares da Espanha passaram a interessar-se pela submetralhadora, realizando completa avaliação técnica da mesma. Os bons resultados alcançados transformaram-se em encomendas da, então, já designada Z-45. Os contratos iniciais foram para a Guarda Civil (junho de 1945) e pela Polícia Rodoviária Armada (outubro de 1946), seguindo-se encomendas da Força Aérea (abril de 1947) e, finalmente, a adoção pelo Exército (junho de 1948). O calibre era o 9 mm Bergmann-Bayard, ou 9 mm Largo, como era conhecido na Espanha. A Star Z-45 foi produzida tanto numa versão de coronha metálica rebatível como com uma tradicional coronha fixa de madeira, sem dúvida, uma base de tiro mais firme e controlável, sobretudo, em rajadas. Uma importante mudança foi a adoção de um regime de tiro seletivo, num sistema que envolvia, somente, a manipulação do gatilho: no fase inicial do curso, fazia tiro intermitente; com maior pressão, tiro automático. O cano era envolvido por uma camisa perfurada de proteção térmica, com proeminente compensador. Outra descendente da MP40 surgiu na Iugoslávia na década de 1950, dimensionada tanto para o calibre russo 7,62 x 25 mm, comum nos países da Europa Oriental alinhados com a extinta União Soviética, como para o 9 x 19 mm. A arma em 7,62 x 25 era designada M56 e possuía carregador curvo, enquanto que o modelo em 9 x 19 mm, designado M65, usava um carregador reto, sendo ambas de tiro seletivo. Uma curiosidade do projeto era o encaixe para baioneta existente no cano. Aparentemente, a pequena produção da arma foi absorvida pelas forças armadas iugoslavas, no calibre russo, não havendo registro de exportações. 51
Manuseio e tiro Os carregadores da MP40 são do tradicional modelo Schmeisser, do tipo cofre vertical, com cartuchos em posição bifilar, mas, com alimentação em posição central única. Sua capacidade máxima é de 32 tiros, praticamente só conseguida com o auxílio de uma peça municiadora, pois a mola torna-se muito dura após a colocação de uns 15 cartuchos. Segundo consta, os soldados alemães normalmente iam para combate com os carregadores parcialmente cheios, com 25 a 30 tiros, o que tornava seu funcionamento e a operação da arma, como um todo, mais confiáveis. No procedimento inicial de tiro normalmente recomendado, a alavanca de manejo é puxada ligeiramente para fora (desencaixando-a do recesso anterior na caixa da culatra) e levada toda para trás, até ser encaixada, para cima, no recesso posterior ("S"). Colocado um carregador cheio na arma e com a mesma apontada em direção segura, solta-se a alavanca de manejo, conduzindo-a alguns centímetros à frente, até que o ferrolho seja preso pela armadilha do gatilho. Alternativamente, o carregador pode ser inserido na "sub" com o ferrolho fechado e a alavanca de manejo, puxada para trás. Em ambas as formas, a MP40 está pronta para o tiro! De qualquer maneira, qualquer apreciador de armas de fogo que se preze não vai resistir à tentação de fazer algumas séries de rajadas, até mesmo, daquelas do tipo "spray and pray" ("espalhe tiros e reze"), costumeiramente mostradas em filmes: são uma bobagem tática, mas, indiscutivelmente, divertidíssimas! No caso de tiro automático dito "de assalto", com a MP40 à altura da cintura, deve-se manter a coronha aberta e presa entre o braço e a lateral do tórax, o que, aliado à massa da arma, oferece estável base de tiro. É claro que a "sub" também pode ser manuseada e disparada com a coronha rebatida, mas, tal procedimento (certamente, charmoso) em nada vai ajudar na precisão: é mais uma idiotice propagada por Hollywood e, infelizmente, copiada por muita gente... Apesar de funcionar apenas em regime automático, sua relativamente baixa cadência cíclica (em torno de 500 tiros por minuto) permite que tiros intermitentes sejam obtidos com relativa facilidade, mediante a adequada manipulação do gatilho. O comprimento total da arma é de 833 mm, reduzindo-se para 630 mm, com o rebatimento da coronha. O cano tem comprimento de 250 mm. O peso de uma MP40 com carregador cheio é de substanciais 4,7 kg.
A MP38, inicialmente, destinava-se a equipar somente tropas pára-quedistas (foto da esquerda) e guarnições de unidades blindadas. Com o decorrer da Segunda Guerra Mundial e a produção total de cerca de 1,6 milhão de MP38 e MP40, a arma passou a ser dotação de boa parte das tropas nazistas.
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Reproduzido do manual técnico original da "Maschinenpistole 40", este desenho esquemático mostra a relativa simplicidade do projeto, principalmente, do mecanismo do gatilho.
Detalhe do alojamento do carregador de uma MP40. Ao contrário do exemplar mostrado, armas dos lotes iniciais de produção tinham as laterais deste componente lisas. O botão de superfície serrilhada existente no lado esquerdo, pressionado para dentro, libera o carregador.
A alça de mira da MP40, na esquerda, é uma simples ranhura em formato de "U", com posições basculantes para 100 e 200 metros. Na direita, outros detalhes: (A) barra de apoio do cano, (B) ressalto para tiro a partir de seteiras de veículos blindados, (C) protetor do rosqueamento externo da boca do cano (usado para um adaptador de tiro de festim) e (D) capuz de proteção da massa de mira.
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Os problemas iniciais de segurança (disparos acidentais, após quedas ou golpes sobre a culatra) foram definitivamente solucionados pelo redesenho da alavanca de manejo, que podia ser encaixada tanto num recesso incorporado à parte dianteira da caixa da culatra (esquerda). Assim, o ferrolho ficava trancado na posição fechada. As MP38/MP40 também possuíam um encaixe para travar a alavanca de manejo na posição aberta (foto da direita), indicada pela letra "S" (de "Sicher", Segurança). As MP38 e MP40, assim como seus componentes, foram fabricados por diversas firmas subcontratadas, identificáveis por códigos próprios. A gravação "M.P.38u.40" (esquerda) na base lateral de um carregador mostra sua compatibilidade com os dois modelos da submetralhadora. Na direita, o código "fxo 41", na parte posterior do reforço do carregador, revela que o mesmo foi fabricado pela firma Haenel no ano de 1941. Este é um raro protótipo alemão do final da Segunda Guerra Mundial, provavelmente fabricado pela Erma, em que a configuração geral de uma MP40 foi usada para criar um fuzil de assalto no calibre 7,92 mm Kurz. Maiores detalhes são desconhecidos.
Após o término da Segunda Guerra Mundial, a MP40 permaneceu em serviço, oficialmente, com forças armadas de diversos países, como a Noruega. Este soldado norueguês aparece com uma dessas armas junto à escotilha de seu blindado.
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ALEMANHA
Erma EMP44
O desenvolvimento desta estranha arma ocorreu entre 1942 e 1943 na fábrica Erma, em Erfurt, tendo sido construídos diversos protótipos. Havendo já simplificado bastante os projetos e processos de fabricação das Maschinenpistolen, os alemães parecem ter resolvido levar tal filosofia às últimas conseqüências. A EMP 44 tinha uma construção quase que totalmente em tubos e peças em estamparia de aço, presos entre si por solda bruta e rebites. A empunhadura e aquilo que seria uma extremamente desconfortável soleira (apoio para o ombro) eram tubos praticamente idênticos, acreditando-se que esta "sub" seria destinada a emprego em reparos (suportes) montados em viaturas e fortificações. Ainda assim, o aparelho de pontaria (alça de ranhura em "V" e massa tipo poste protegido) era ajustável para distâncias de 100, 200 e 300 metros. Um detalhe especial estava no alojamento do carregador, que era semelhante ao do tipo incorporado na MP40/1, que permitia o encaixe de dois carregadores de 32 tiros, acoplados. O calibre usado, naturalmente, era o 9 mm Parabellum (9 x 19 mm), funcionando a arma em "blowback" e regime apenas automático, com uma cadência cíclica de 500 tiros por minuto. O cano tinha 250 mm de comprimento e dispunha de um simples freio de boca, semelhante ao da russa PPS-42. O comprimento total da arma era de 721 mm e o peso, de 4 kg.
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ALEMANHA
Erma MP56
Com o término da Segunda Guerra Mundial e a ocupação russa da região onde se situava a Erma Werke, a maioria de seus empregados fugiu para a Zona Ocidental e, em pouco tempo, estava sendo criada uma nova fábrica em Dachau, na Bavária. No começo, as restrições naturalmente impostas à derrotada Alemanha, no que tangia a fabricação de armamentos, também limitaram bastante os trabalhos de pesquisa e desenvolvimento, mas, no início da década de 1950, as coisas foram mudando. O planejado rearmamento do novo Exército Alemão (Bundeswehr) acendeu uma luz verde para a turma da Erma. Por volta de 1956, a fábrica foi contatada por um francês chamado Louis Bonnet de Camillis, que havia projetado uma submetralhadora que poderia ser oferecida para adoção das forças policiais. Quatro protótipos acabaram sendo construídos pela Erma. Em calibre 9 x 19 mm, seria uma arma extremamente compacta e, na versão policial, nem coronha teria, mas, existia uma empunhadura dianteira de apoio, rebatível para trás, funcionando como auxiliar na estabilização da arma. Logo em seguida, um certo Fenner Achenbach tornou-se financiador do projeto e o ofereceu, já com algumas modificações (desenho) à fábrica Mauser, que o colocaria em produção como seu Modelo 57. Camillis, que anteriormente havia sido expulso da França e da Bélgica por problemas financeiros não bem explicados, acabou cometendo suicídio, na Suíça. 56
ALEMANHA
Erma MP58 A MP58 foi desenvolvida em 1958 pela Erma-Werke, em MünchenDachau, e oferecida ao Bundeswehr (Exército da República Federal Alemã) no ano seguinte. Após uma bateria de testes a que foi submetida, os militares apresentaram uma série de sugestões para mudanças no projeto, o que seria incorporado em armas subseqüentes. Em calibre 9 x 19 mm e funcionamento "blowback" somente em regime automático (700 tiros por minuto), a submetralhadora compartilhava características e empregava componentes aproveitados das MP38/MP40 da Segunda Guerra Mundial, tais como o mesmo carregador de 32 tiros e a empunhadura de material sintético. Procurou-se dar à arma uma maior compacidade, mediante a redução do comprimento do cano (165 mm) e o redesenho dos componentes internos. Uma bem simples coronha metálica, do tipo vergalhão, articulava-se na parte de trás da caixa da culatra e podia ser rebatida para frente e para cima da arma, o que reduzia o comprimento total de 700 para 460 mm. Nesta configuração, o soleira deixava um espaço livre sobre a caixa da culatra para não interferir com o uso do aparelho de pontaria, caso a "sub", numa emergência, tivesse que ser disparada com a coronha rebatida. Havia um registro de segurança no lado esquerdo, acima do guarda-mato, com as posições "F", para a frente, e "S", para trás. Sua construção usava estamparia de aço em ampla escala, sendo de 3,7 kg seu peso, municiada.
Carregador e outros componentes das MP38/MP40 foram usados neste projeto. 57
ALEMANHA
Erma MP59
Uma das críticas dos militares alemães com relação à MP58 por eles testada dizia respeito à sua cadência cíclica em rajadas (700 tiros/min), que achavam elevada. Após tentarem, sem muito sucesso, dotar a arma de um sistema de amortecimento hidráulico para o ferrolho, os técnicos da Erma optaram por redesenhá-la consideravelmente, surgindo, então a MP59, no mesmo calibre 9 x 19 mm. Foram aumentados os comprimentos do cano (para 210 mm) e da caixa da culatra, com o intuito de aumentar o curso de movimentação do ferrolho e, assim, reduzir a cadência de fogo para cerca de 600 disparos por minuto, ainda funcionando apenas em regime de tiro automático. A caixa da culatra alongou-se numa luva com amplas aberturas longitudinais, encobrindo praticamente todo o cano, enquanto que o registro de segurança foi reposicionado logo acima da tecla do gatilho, permitindo seu descomplicado acionamento com o polegar da mão direita. Uma segunda tecla de segurança de empunhadura foi acrescentada à parte de trás do alojamento do carregador, para acionamento com a mão de apoio que ali fica. O retém, para liberar o carregador, situa-se na frente. A coronha passou a ser do tipo retrátil, com duas hastes-guia e uma soleira de material sintético. Com ela aberta, a MP59 tinha um comprimento de 730 mm e, recolhida, 490 mm O carregador de 30 tiros também era novo, com alimentação em duas posições alternadas. Municiada, a arma pesava 3,9 kg. Apesar de seu bom desempenho, entretanto, a nova Maschinenpistole acabou não recebendo encomendas do Bundeswehr, aparentemente, porque os oficiais que haviam solicitado uma arma com suas características já haviam deixado o serviço ativo.
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ALEMANHA
Erma MP60 Com esta arma, a Erma-Werke tentou, pela última vez, ter uma submetralhadora sua adotada pelo Exército Alemão, partindo para uma configuração bem diferente das propostas anteriores: ferrolho retangular, com conjunto duplo de molas recuperadoras e hastes-guia ao longo de quase toda a extensão da caixa da culatra, carregador tipo Carl Gustaf (36 cartuchos calibre 9 x 19 mm) com alimentação em duas posições e coronha metálica rebatível para o lado direito da arma. Tanto a caixa da culatra como a jaqueta do cano eram feitas de uma só peça estampada, com um formato retangular, que se articulava com a caixa do mecanismo de disparo, uma forte influência da russa PPS-43. A alavanca de manejo, solidária ao ferrolho, ficava a 90 graus à esquerda, o registro de segurança ocupando uma posição também à esquerda, logo acima do enorme gatilho. O funcionamento era apenas em regime automático, com uma cadência cíclica de 500 tiros por minuto. Com um comprimento total de 790 mm (reduzido para 520 mm, com o rebatimento da coronha), a MP60 pesava, vazia, 3,3 kg e, municiada, 4 kg. O aparelho de pontaria consistia uma alça de abertura basculante em "L", para 100 e 200 metros, e uma massa tipo lâmina, com duas orelhas de proteção. Fora os protótipos, cerca de 40 armas foram fabricadas e entregues ao Bundeswehr para testes por volta de 1960, mas, as esperadas encomendas jamais foram feitas. Ainda assim, o engenheiro-chefe da Erma, Joseph Eder, andou refinando um pouco mais o projeto, surgindo as chamadas MP61, MP64 e MP65, todas muito parecidas com a MP60.
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ALEMANHA
Heckler & Koch MP5 Em 1949, três antigos empregados da fábrica Mauser - Edmund Heckler, Theodor Koch e Alex Seidel - fundaram uma pequena companhia chamada Heckler & Koch GmbH na cidade de Oberndorf e que, a partir de 1950, começou a produzir peças de reposição para bicicletas e máquinas domésticas, como as de costura. Gradualmente, a HK foi expandindo sua capacidade, começando a fabricar itens mais sofisticados, como ferramentas industriais. Por volta de 1954, a companhia já estava entrando na área de armamento, mediante um acordo com a agência espanhola CETME - Centro de Estudos Técnicos de Materiales Especiales, que havia desenvolvido protótipos de um moderno fuzil de assalto, baseado num projeto alemão da Segunda Guerra Mundial, o StG45M. Em pouco tempo, a Heckler & Koch havia assumido posição destacada no refinamento do projeto, produção e comercialização local e internacional daquela arma, que se tornaria conhecida como G3, em calibre 7,62 x 51 mm. Já no início da década de 1960, era o fuzil padrão de todas as unidades do Exército Alemão, sendo subseqüentemente adotado por cerca de 50 países e com uma produção, em diversas nações, que chegaria a umas três milhões de unidades. Aproveitando o mesmo sistema de funcionamento do G3 (tiro seletivo, com trancamento parcial, por roletes laterais, do ferrolho), a HK resolveu, no início da década de 1960, desenvolver uma submetralhadora em calibre 9 x 19 mm, sob o nome genérico de "Projeto 64". A arma era chamada de HK 54 no início de seu desenvolvimento, resultado de um sistema interno de identificação de dois dígitos usado pela fábrica, em que "5" significava "submetralhadora" e "4", o calibre "9 x 19 mm". Curiosamente, no entanto, os protótipos, tinham a gravação MP 64 no alojamento do carregador e, abaixo, o mês e ano de sua construção (7/64, 11/64, etc.). Posteriormente, a arma receberia a designação militar alemã MP5 (Maschinenpistole 5), com que ficou mundialmente conhecida. O desenvolvimento desta "sub" alemã é creditado a uma equipe de projetistas liderada por Tilo Moller, ficando o primeiro protótipo 'MP 64, 7/64" (foto) pronto em julho de 1964. Já possuía a configuração básica que seria conservada ao longo de uns 40 anos de produção contínua, mas, algumas foram posteriormente abandonadas. Foi o caso do aparelho de pontaria, com menor raio de visada e dotado de alça de mira do tipo basculante e massa de mira com reduzida proteção lateral. Outra característica do primeiro protótipo eram duas aberturas transversais usinadas mais ou menos a 45 graus à esquerda da boca do cano, que procuravam funcionar como uma espécie de compensador integral. Desde as fases iniciais do programa, haviam as versões de coronha retrátil e de coronha fixa, de material sintético. 60
Muda aqui, adapta ali, transforma acolá, e a arma ficou pronta para entrar em produção em escala industrial, o que ocorreu em dezembro de 1966. As primeiras entregas oficiais, para a Polícia de Fronteiras da então República Federal da Alemanha, tiveram lugar no ano seguinte. Ao longo de sua vida, a arma sofreu constantes modificações, sempre em busca de facilitar o processo de manufatura e, acima de tudo, melhorar ainda mais suas características. As mudanças mais visíveis, efetivadas durante a década de 1970, foram a adoção de uma soleira de formato reto (era curva, anteriormente) na coronha fixa, aumento na janela de ejeção, redesenho do guarda-mão e o uso de carregadores curvos, em lugar dos retos iniciais. Posteriormente, outras mudanças também viriam. Como já mencionado, a MP5 tem operação com trancamento parcial do ferrolho (ou "blowback" retardado) e, ao contrário da maioria das submetralhadoras atira a partir da posição de culatra fechada (ferrolho à frente), o que torna a arma bem estável no tiro semi-automático. O quase lendário temor da ocorrência de "cook-off" (detonação, por calor induzido, de um cartucho alojado numa câmara muito aquecida) em armas automáticas com culatra fechada nunca se materializou, ao que se saiba, com a HK. Na realidade, tal fenômeno requer que um cartucho seja submetido a temperaturas de pelo menos 250 graus centígrados por mais de um minuto, e, como a munição 9 x 19 mm parece ser incapaz de gerar esses níveis de caloria, a MP5 tem se demonstrado imune ao mesmo, ainda que usada intensamente em tiro automático e em climas quentes. Uma de suas características bem interessantes é o mecanismo de disparo modular de que dispõe, situado num cofre (grupo do gatilho) destacável, dando ao operador variadas opções de seleção de tiro. O primeiro e mais tradicional é o chamado "SEF", referente às posições de Segurança (Sicher, em alemão), Intermitente (Einzelfeuer) e Automático (Feuerstoß), estando a tecla seletora acima da empunhadura, no lado esquerdo), mas, oferecendo um indicativo visual, no lado oposto, da posição escolhida, detalhe de grande importância numa instrução, por exemplo. Logo em seguida veio o grupo numérico, com as indicações "0", "1" e "30", respectivamente, para Segurança, Intermitente e Automático. De um modo geral, a MP5 oferece uma cadência cíclica de 800 disparos por minuto. Subseqüentemente, a HK passou a usar símbolos gráficos ("pictogramas") para os seletores de tiro, ambidestros, dos novos grupos disponíveis: "0-1-2" ( Segurança, Semi e Rajadas limitadas de dois tiros), "0-1-3" (Rajadas de três tiros), o chamado "Navy Trigger Group" (semelhante ao antigo "SEF"), e os de rajadas de dois (foto) e três tiros, além do Intermitente e Automático. Ressalte-se que os controladores de rajadas da MP5 sempre se "zeram" após o disparo, independentemente do número de tiros, efetivamente, dados (um ou dois). Assim, no disparo seguinte, estarão prontos para dar o número de tiros previsto para o mecanismo (dois ou três). A alavanca de manejo situa-se no lado esquerdo e bem à frente da arma, possuindo encaixe para cima, na caixa da culatra, que a permite ser colocada na posição aberta, funcionando como uma espécie de segurança adicional. O aparelho de pontaria num tambor giratório com quatro diâmetros de aberturas circulares e uma massa tipo poste, protegida por um aro metálico. A Heckler & Koch criou um sistema de letras e números para identificar as diferentes variantes da arma, tanto em termos da coronha usada (fixa ou retrátil) como no que concerne os variados grupos de gatilho. Alguns exemplos: • • • • • • •
MP5A1 - Arma sem coronha. MP5A2 - Coronha fixa, grupo "SEF". MP5A3 - Coronha retrátil, grupo "SEF". MP5A4 - Coronha fixa, grupo de rajadas de três tiros. MP5A5 - Coronha retrátil, grupo de rajadas de três tiros. MP5-N - Coronha retrátil, "Navy Trigger Group". MP5SF - Carabina semi-automática, com quebra-chamas. 61
Com um cano do tipo poligonal de 225 mm de comprimento, uma MP5 tem um comprimento total de 680 mm na versão de coronha fixa e de 660 mm, na de coronha retrátil. Com a mesma fechada, o comprimento cai para 490 mm. Seu peso vazio é de 2,6 kg. Da esquerda para a direita, a evolução dos canos dos protótipos (duas primeiras armas, com compensador) e do primeiro modelo de produção em série. Observar, também, variações na massa de mira e no guarda-mão.
O protótipo "MP 64, 11/64", completado em novembro de 1964, exibindo algumas configurações do desenho que seriam abandonadas nas armas de série, como a posição e formato das miras, cano com compensador integral e soleira curva.
Este curioso protótipo possui guarda-mão de madeira, parecido com o das primeiras versões do fuzil HK G3, massa de mira já protegida e alça de mira do tipo tambor, porém, ainda na posição antiga, com menor raio de visada.
MP5A3 da série inicial, com carregador reto de 15 tiros.
MP5A2 com o estreito guarda-mão usado inicialmente, soleira reta e carregador curvo de 30 tiros, adotado a partir de 1976.
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A Heckler & Kock sempre ofereceu variadas opções de acessórios para a MP5, desde o início de sua entrada no mercado. Alguns dos mais antigos -- verdadeiros trambolhos, pelos padrões atuais -- incluíam (ESQ.) um conjunto de iluminador e visor de tiro infravermelho, com sua pesada bateria, e (DIR.) uma lanterna de alta potência, cujo facho concentrado também servia para pontaria.
Uma MP5 desmontada em seus conjuntos principais. Observar as duas opções de coronha, sendo a retrátil 20 mm mais curta que a rígida.
(ESQ.): Esta MP5A3 representa a configuração final de empunhadura e guarda-mão (apelido: "tropical") com que foi produzida. (DIR.): Entre os muitos acessórios disponíveis para a arma, existe um prático guarda-mão especial, com espaço para embutir uma lanterna.
Duas versões carabina da MP5, de tiro apenas semiautomático e igualmente em calibre 9 x 19 mm, já foram comercializadas. A de cima é uma MP5SF, com cano de 266 mm, quebra-chamas e ... baioneta! A de baixo é uma HK94A2, com cano longo (420 mm), este exemplar possuindo uma empunhadura vertical de apoio, adaptada de uma MP5K.
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Na histórica ação do SAS britânico no resgate de reféns na Embaixada Iraniana em Londres, no dia 5 de maio de 1980, a "sub" da Heckler & Koch foi amplamente empregada.
A Polícia Federal do Brasil é, há muitos anos, usuária da submetralhadora alemã. Este agente está com uma antiga MP5A3 (observar o guardamão mais fino), ainda com o carregador reto.
A MP5 é visão bem comum nos mais longínquos pontos do mundo, vista aqui com uma policial sueca (ESQ.) e com pessoal de segurança do Aeroporto de Hong Kong (DIR.).
(ESQ.): Um SEAL da Marinha dos EUA com uma MP5-N dotada de quebra-chamas. (DIR.): Membros da unidade anti- terrorista polonesa SPAP com suas MP5A3. 64
ALEMANHA
Heckler & Koch MP5/10, MP5/40 No início da década de 1990, a Heckler & Koch foi contatada pelo FBI para desenvolver uma versão da MP5 dimensionada para usar o calibre 10 mm Auto, mais potente que o tradicional 9 x 19 mm, de modo a dar à já excelente arma um melhor desempenho na balística terminal. O resultado foi a MP5/10, da qual aquela agência acabou adquirindo qualquer coisa como 1.500 exemplares. Pouco tempo depois, surgiu a MP5/40, com características físicas idênticas à primeira, porém, usando munição .40 S&W, que se tornaria bem mais popular, sobretudo, para uso policial. Em termos físicos, os dois modelos não apresentam qualquer diferença marcante em relação às anteriores MP5, embora uma característica própria da MP5/10 tenha sido, inicialmente, a adoção de carregadores translúcidos, de material sintético, com a mesma capacidade de 30 tiros. Outro item próprio da arma foi a incorporação de um sistema mecânico para manter o ferrolho aberto após esgotar-se a munição, detalhe tradicionalmente de agrado dos norte-americanos.
Uma MP5/10A3 com grupo de gatilho de quatro posições (Segurança, Intermitente, Rajadas de 3 tiros e Automático). Seus característicos carregadores translúcidos podiam ser acoplados, lado a lado, através de encaixes existentes em seu próprio corpo. Esta MP5/40A3 está equipada com um supressor de ruído atarraxado sobre a boca do cano. Os carregadores passaram a ser de fibra de carbono.
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Heckler & Koch MP5K Em meados da década de 1970, um representante de vendas da Heckler & Koch na América do Sul teria sugerido que a companhia desenvolvesse uma versão extremamente compacta da MP5, igualmente em 9 x 19 mm, pouco maior que uma pistola comum e que se aplicasse, principalmente ao uso por equipes de proteção (guarda-costas) de dignitários ou a missões em que extrema compacidade e facilidade de transporte e porte dissimulado fossem essenciais. Rapidamente, em 1976, um protótipo (foto) foi completado. Era, na essência, uma MP5 com caixa da culatra encurtada em cerca de 30 mm, cano de apenas 115 mm de comprimento e sem coronha, dispondo de uma empunhadura vertical de apoio (naquele protótipo, feita de madeira e com um formato vazado) para melhorar a estabilidade no tiro. O grupo do gatilho também era um pouco diferente, sem possibilidade de intercambiabilidade com o da "sub" normal. Em pouco tempo, estaria sendo produzida sob a designação de MP5K (de Kurz, ou Curta, em alemão), constituindo-se, de fato, numa pistolametralhadora, pela ausência de coronha. Duas versões, quase iguais, foram fabricadas, com diferenças restringindo-se ao aparelho de pontaria. A MP5K tem alça de mira também em tambor rotativo, mas, com ranhuras em lugar das aberturas circulares, e massa do tipo lâmina protegida por capuz circular; e a MP5KA1, com minúscula alça fixa e pequena massa tipo lâmina, sem proteção. Os raios de visada ficaram, naturalmente, mais curtos: 260 e 190 mm, respectivamente. Ambas podem receber miras auxiliares. Com um comprimento total de 325 mm e pesando 2 kg, sem carregador, a "K" ficou com uma cadência cíclica mais alta, de 900 tiros por minuto. Um interessante acessório disponível, desde 1979, é uma maleta especial (fotos abaixo), na qual uma MP5K pode ser acomodada e disparada, através de um gatilho existente na alça. Neste caso, um defletor especial mantém os estojos deflagrados e ejetados dentro da própria maleta, sem interferir com o seu funcionamento. O conjunto pesa pouco mais de 6 kg.
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(ESQ.): Quando dotada de grupo de gatilho com opções para Intermitente, Rajadas de 3 tiros e Automático. a arma recebe a designação de MP5KA4. (DIR.): Com o mesmo grupo de gatilho, a versão de miras simplificadas é designada MP5KA5. Aqui, é vista com um antigo e grandalhão projetor luminoso. (ESQ.): A arma desmontada, com o antigo carregador reto de 15 tiros.
(DIR.): MP5K em uso por integrante do BOPE - Batalhão de Operações Policiais Especiais, da PM do Estado do Rio de Janeiro.
Esta MP5K luxuosamente lavrada e com incrustações de ouro foi encomendada à Heckler & Koch por uma família real do Oriente Médio.
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Heckler & Koch MP5K-PDW Uma das poucas críticas à compacta MP5K -- e que, certamente, foi razão para que a mesma não tivesse repetido o grande sucesso de vendas de sua "irmã maior" -- era sua limitada controlabilidade no tiro automático. Não, exatamente, pela sua elevada cadência cíclica, em torno de 900 tiros por minuto, mas, especificamente, por não possuir uma coronha que ajudasse numa adequada e estável posição de tiro. Em 1991, entretanto, por iniciativa da subsidiária norte-americana da Heckler & Koch, a HK Inc., surgiu uma simples idéia que, logo, teve enorme aceitação. Foi a chamada MP5K-PDW, de Personal Defense Weapon (Arma de Defesa Pessoal), consistindo, basicamente, num corpo de MP5K ao qual foi acrescentado uma coronha de material sintético (fabricação da Choate Machine & Tool Co.), rebatível para o lado direito da arma. O cano é um pouco mais longo (140 mm), sendo o mesmo usado na versão MP5N, com rosca na boca para a adaptação de supressor de ruído e, também, com os três ressaltos habituais da HK, para acessórios de cano (quebra-chamas, reforçador para munição de festim, lançador de granadas, etc.). Seu peso é de 3,8 kg e o comprimento, com a coronha aberta, é de 603 mm (800 mm, com supressor).
(ESQ.): A arma com coronha aberta e dotada de supressor de ruído. (DIR.): Sua extrema compacidade, ao lado de uma pistola Beretta M9.
MP5K-PDW com carregador de 15 tiros e quebra-chamas. Um exemplar superequipado, com supressor de ruído, mira reflex (ponto vermelho) e três carregadores de 30 tiros unidos por grampos especiais.
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Heckler & Koch MP5SD Em 1974, com vistas a aumentar a gama de utilização de sua MP5, a Heckler & Koch construiu o primeiro protótipo (fotos ao lado) da MP5SD (de Schalldämpfer, ou "Ruído Moderado"), comumente conhecida como a "versão silenciada" da popular submetralhadora. Aquele exemplar, desprovido de guarda-mão, era dotado de uma cano um pouco mais curto (146 mm) e com quatro orifícios de 6 mm de diâmetro logo adiante da câmara, com a finalidade de deixar escapar partes dos gases da detonação e, assim, diminuir a velocidade do projétil. Os gases, assim, iam para o interior de um longo cilindro (câmara de expansão), onde eram desacelerados antes de saírem pela extremidade dianteira, baixando a velocidade do projétil para uns 280 m/s (velocidade subsônica). Os testes iniciais demonstraram que os orifícios eram largos demais e que estavam danificando as camisas dos projéteis, com os resultantes detritos acumulando no cano e nas próprias saídas de gases, o que deteriorava a precisão do tiro. A solução encontrada foi diminuir o diâmetro dos orifícios para 2,5 mm e aumentar bastante o seu número, que passou a ser de 30. Ao mesmo tempo, o tubo expansor, de alumínio, passou a ter um guarda-mão de material sintético, configuração com que a SD entrou em produção seriada e tornou-se uma verdadeira campeã de vendas, sobretudo, entre unidades policiais e militares de operações especiais. Como as demais submetralhadoras HK, existem variadas versões: sem coronha, com coronha rígida, com coronha retrátil e com os diferentes grupos de gatilho. A MP5SD2 (coronha rígida) tem peso vazio de 23,2 kg e um comprimento total de 780 mm, enquanto que a SD3 (coronha retrátil) é um pouco mais pesada (3,5 kg) e pode ficar com 610 mm de comprimento, mediante o recolhimento da coronha. O protótipo da MP5SD, com coronha rígida e sem guarda-mão, visto ao lado de uma posterior MP5SD1, de coronha retrátil. Os atuais carregadores curvos são mais adequados para munições não-ogivais. Esta arma não deve ser utilizada com munição subsônica, pois a redução de velocidade do projétil 9 x 19 mm deterioraria seu desempenho balístico terminal. 69
Para alcançar o desejável efeito de redução de ruído, a SD tem um cano (foto de cima) um pouco mais curto e com 30 pequenos orifícios à sua volta, para deixar escapar parte dos gases do disparo e reduzir a velocidade inicial do projétil 9 x 19 para cerca de 280 m/s (400 m/s, na MP5 normal). Os gases que saem pelas aberturas do cano vão para uma série de placas difusoras em formato retangular, existentes no interior do tubo de alumínio que constitui a câmara de expansão. Na foto de baixo, o conjunto está aberto, mas, normalmente, é uma unidade selada de fábrica. Esta variante é uma MP5SD4, sem coronha e com grupo de gatilho S-13-30. Aqui, a arma está com o carregador de 15 tiros.
(ALTO): Antiga foto de uma MP5SD2 equipada com luneta nas mãos de um integrante do GSG9 (Alemanha). (ESQ.): Equipe do 1º Batalhão de Forças Especiais do Exército Brasileiro, com MP5SD1. Muitas vezes, as SD se molham... Estes operadores são de uma unidade especial da Estônia.
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Heckler & Koch PDW/MP7 O conceito da chamada PDW (Personal Defense Weapon, ou Arma de Defesa Pessoal) não é exatamente inédito. É um tipo de armamento leve e compacto destinado, principalmente, a equipar tropas não diretamente envolvidas com o combate, como tripulações de aeronaves, guarnições de carros de combate, motoristas, pessoal de Comunicações, etc. Também, é claro, pode ser usado por unidades, realmente, de combate que necessitem de uma arma de fogo com tais características especiais. No final da década de 1990, a Heckler & Koch partiu para um projeto inteiramente novo, dentro desses parâmetros, para o qual até mesmo uma nova munição foi criada, o cartucho 4,6 x 30 mm. Inicialmente chamada apenas de PDW, mas, posteriormente, designada MP7, trata-se de uma pequena submetralhadora amplamente fabricada em material sintético (polímero). Fora suas indiscutivelmente avançadas linhas, a arma logo chama a atenção para as dimensões reduzidas que apresenta, com um comprimento de apenas 340 mm, com a coronha telescópica recolhida, e 541 mm, aberta. Altura e espessura máximas são, respectivamente, 172 e 48 mm, medindo o cano 180 mm de comprimento, na realidade, não se projetando para fora do corpo da arma. Os pesos da MP7 carregada, são igualmente baixos: 1,3 kg (carregador de 20 tiros) e 1,5 kg (de 30 tiros). O funcionamento é por ação a gás e trancamento da culatra por ação de seu ferrolho rotativo, sistema, aliás, claramente baseado no do fuzil HK G36. A alavanca de manejo encontrase na parte posterior da caixa da culatra, de certa forma, reminescente daquela do M16/AR-15. Um seletor de tiro ambidestro, acima da empunhadura principal, oferece as tradicionais opções de segurança, tiro intermitente e automático, este, com uma cadência cíclica em torno de 950 disparos/min. Fora um conjunto integral de miras mecânicas (alça e massa), a nova arma vem com trilhos para a fixação de miras e equipamentos optrônicos auxiliares. Uma boa opção é um mira do tipo "ponto vermelho", que permite fácil e rápido engajamento dos alvos. O carregador, de tipo cofre vertical, fica alojado no interior da empunhadura principal, existindo uma segunda empunhadura vertical, de apoio, na parte anterior, podendo a mesma ser rebatida para trás e usada como um simples guarda-mão. Sobre o novíssimo cartucho 4,6 x 30 mm (foto, abaixo de uma munição de festim), sabe-se que seu projétil de apenas 25 "grains", de aço sólido com jaqueta de cobre, tem uma velocidade inicial de aproximadamente 725 m/s e energia de 420 joules. A 200 m de distância (alcance máximo efetivo) pode perfurar uma placa de 1,6 mm de titânio e 20 camadas de Kevlar. 71
Estrutura-protótipo usada pela Heckler & Koch no desenvolvimento da PDW, podendo ser observado o sistema de tomada de gases e acionamento do ferrolho, acima do cano.
A nova arma, desmontada em seus componentes primários: (1) corpo principal, (2) carregador de 20 tiros, (3) carregador de 30 tiros, (4) coronha retrátil, (5) mola recuperadora e haste-guia, (6) conjunto do ferrolho e transportador, (7) tampa superior, (8) mira optrônica (ponto vermelho).
(ESQ.): Detalhe da alavanca de manejo, puxada para trás, que lembra o sistema usado nos fuzis AR-15/M16. (DIR.): Mira reflex de ponto vermelho.
As fotos mostram o que parece já ser a versão final da MP7, destacando-se a soleira mais robusta, em ambas, com a coronha recolhida. Na arma acima, estão sendo usadas miras mecânicas convencionais. Na imagem maior, diversos acessórios estão acoplados, como supressor de ruído, lanterna com apontador laser e mira optrônica. O carregador é o de 40 tiros. 72
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Heckler & Koch SMG I No início da década de 1980, a Heckler & Koch andou trabalhando em alguns projetos de submetralhadoras, todas em calibre 9 x 19 mm, visando a uma possível substituta para sua já excelente MP5. Curiosamente, nenhuma das proposta envolvia o tradicional sistema de operação ("blowback" retardado pela ação de roletes), sendo todos em "blowback" convencional, mas, atirando a partir da posição de ferrolho fechado. O uso de coronhas retráteis, em variadas configurações, também foi comum às armas. Alguns protótipos foram fabricados, sob a designação genérica de SMG (de SubMachineGun, ou Submetralhadora). Após muitos testes e avaliações, todavia, constatou-se que as novas armas não ofereciam maiores vantagens sobre as já existentes, sendo, assim, abandonadas. O primeiro modelo foi o chamado SMG I, aparentemente, tendo como público-alvo a Marinha dos EUA. Sua aparência era bem diferente da MP5, um dos protótipos (foto) possuindo a alavanca de manejo no alto da caixa da culatra, mais ou menos à moda Ingram/MAC. Em outros, a alavanca tinha configuração semelhante à da MP5, no lado esquerdo e à frente. A massa de mira era a habitual lâmina protegida por um anel metálico, mas, a alça era um cilindro baseado naquele da metralhadora HK2, com ranhuras, possuindo um inusitado ajuste de duas posições, um, para munição supersônica e outro, para subsônica. Este, aliás, era outro detalhe bem interessante: um controle especial, na parte anterior da caixa da culatra, comandava uma válvula que, quando acionada, fazia com que munição supersônica tivesse desempenho subsônico. Assim, com a colocação de um silenciador sobre o cano, conseguia-se suprimir o "estalo sônico" do projétil, mesmo não sendo o cano original dotado de orifícios próprios para reduzir a pressão dos gases.
Diferentes configurações foram testadas para a SMG I, inclusive um carregador tipo tambor, com capacidade para 50 cartuchos 9 x 19 mm.
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Heckler & Koch SMG II, MP2000
Por volta de 1984, um potencial cliente teria sugerido à HK algumas modificações na SMG I, com vistas a uma possível encomenda, surgindo, daí, a SMG II (fotos acima), nos mesmos calibre (9 x 19 mm) e sistema de operação ("blowback" simples, culatra fechada). Uma mudança foi na alça de mira, que passou a ser um tambor bem parecido com o da MP5. Seu grupo de gatilho tinha as opções de Segurança, Intermitente, Rajada Controlada de 3 tiros e Automático, respectivamente, com as indicações "0", "1", "3" e "30". Como os modelos experimentais anteriores, contava com o registro que regulava a pressão dos gases no momento do disparo, tornando a munição supersônica subsônica, para melhor funcionamento do supressor de ruído. Consta que a fábrica produziu um pequeno lote de 60 exemplares da SMG II para o tal cliente misterioso, que os recebeu. O resto é mistério... Algum tempo depois, mais ou menos em 1987, uma nova tentativa de "atualizar" a MP5 levou a fábrica a considerar uma certa "MP2000" (ao lado e em baixo), arma com que entraria no mercado no início do novo milênio. O projeto aproveitava muito das anteriores SMG I e SMG II, com ampla utilização de polímeros no corpo inferior (empunhadura e caixa do mecanismo de disparo) e de estamparia, na caixa da culatra. Possuía alguns detalhes próprios, como alavanca de manejo ambidestra (uma em cada lado da arma) e retém do carregador situado no interior do guarda-mato. Mais ou menos pelas mesmas razões que descartaram as SMGs, o projeto foi abandonado sem que, aparentemente, nenhum protótipo tivesse sido construído. Algumas características da "MP2000", no entanto, ressurgiriam anos depois, na HK UMP. 74
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Heckler & Koch UMP Desde que entrou no mercado de fuzis militares e, posteriormente, no de metralhadoras e submetralhadoras, a fábrica alemã Heckler & Koch manteve-se fiel ao uso do sistema de "blowback" retardado (ou trancamento parcial) em suas armas. Pequenos roletes nas laterais do ferrolho, pressionados por molas, mantém a culatra momentaneamente trancada no momento do disparo, até que a pressão dos gases consiga vencer a inércia e a resistência do sistema, empurrando (via-estojo deflagrado) o ferrolho para trás e realizando as ações de extração, ejeção e realimentação da arma. Durante décadas, a H&K defendeu, com unhas e dentes, esta filosofia mecânica, mas, às vésperas da virada do Século 21, começou a fazer mudanças bem significativas. A primeira foi na área dos fuzis, ao desenvolver e colocar no mercado seu G36, que já equipa diversas unidades do Exército da Alemanha. Mais recentemente, lançou uma submetralhadora que, entre outras, apresenta algumas "novidades" (em se tratando de um produto H&K) bem especiais: está disponível em três calibres (.45 ACP, 9 x 19 mm e .40 S&W) e seu funcionamento é em "blowback" simples (ferrolho livre). Mais ainda, porque essa companhia tem, em sua linha de produtos, uma das mais renomadas "subs" de todos os tempos, a MP5, uma espécie de "must" para as tropas especiais de muitos países. Este "milagre" chama-se UMP (Universal MaschinenPistole, Submetralhadora Universal). Sua origens podem ser localizadas no início da década de 1980, quando o chamado JSSAP (Joint Service Small Arms Program, ou Programa Conjunto de Armas Leves) foi criado pelos militares e submetido à indústria internacional. A turma queria uma submetralhadora calibre 9 x 19 mm cheia de características e acessórios avançados para armar tropas convencionais e especiais das três Armas. A H&K, é claro, submeteu vários modelos à concorrência, surgindo, por exemplo, as designadas SMG I, SMG II e MP2000. O não recebimento de encomendas oficiais não desanimou a fábrica alemã, e um núcleo de projetistas continuou trabalhando numa nova família de "subs" mais avançadas ainda, só tornadas públicas e oferecidas no mercado em 2000. A UMP faz ampla utilização de polímeros em sua construção, algo em que a Heckler & Koch teve atuação bem pioneira (lembram-se da pistola VP70, no início dos anos 60?). O estágio de evolução hoje alcançado por esses materiais sintéticos permite que as armas sejam mais baratas e mais leves, sem nenhuma concessão nas áreas de resistência e durabilidade. Basta dizer que o fabricante garante para sua nova arma uma vida útil mínima de ... 100.000 tiros!
Dimensionada, inicialmente, para o ainda apreciadíssimo cartucho .45 ACP (designação: UMP45), a arma também está hoje disponível nos calibre 9 x 19 mm (UMP9, com carregadores curvos)) e .40 S&W (UMP40), possuindo todos os modelos uma cadência cíclica de 600 tiros por minuto, em regime automático. Também pode ser fornecida com limitador de rajadas, para apenas dois tiros. Seu funcionamento, como já mencionado, é por "blowback" convencional, atirando a partir da posição fechada (ferrolho à frente), com percussor e martelo. Após esgotar-se a munição do carregador (capacidade: 30 tiros), o ferrolho permanece na posição aberta, característica bem de agrado do mercado norte-americano. 75
As dimensões da UMP incluem um comprimento total de 690 mm (450 mm, com a coronha rebatida) e um cano de 200 mm. Seu peso, vazia, é de meros 2,3 kg. Como não poderia deixar de ser, pode receber uma enorme variedade de acessórios, como supressor de ruído, miras variadas, lanternas, empunhaduras, etc. Nesta UMP9, com a coronha rebatida, podem ser observados os pontos de fixação de trilhos Weaver, para a adaptação de acessórios.
Uma UMP40 dotada de empunhadura vertical de apoio montada sobre um trilho Weaver. O pictograma do seletor de tiro, acima da empunhadura vertical, tem as posições de Segurança (alto), Semi-automático (meio) e Automático (baixo).
(ESQ.): UMP45 equipada com mira optrônica e supressor de ruído Brügger & Thomet, de fabricação suíça, que encaixa-se numa flange existente na boca do cano. (DIR.): a arma desmontada em seus conjuntos principais.
UMP45 sendo disparada em automático. Observar a empunhadura vertical de apoio Surefire M900, com lanterna embutida. 76
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Mauser (1933)
A fábrica alemã Mauser, com sede em Oberndorf-am-Neckar, tornou-se mundialmente famosa, desde o final do Século 19, por uma série de fuzis de repetição e pistolas semi-automáticas que projetou, produziu e espalhou pelo mundo. Sua atuação no ramo de projetos próprios de submetralhadoras, entretanto, foi bem modesta e quase desconhecida. No início da década de 1930 (em 1933, acredita-se), entretanto, aquela companhia construiu alguns protótipos da arma aqui ilustrada, que, pela troca de cano e alguns componentes, como os carregadores, podia utilizar tanto o calibre 9 mm Parabellum (9 x 19 mm) como o 7,63 mm Mauser e o 9 mm Steyr. Os carregadores, dentro da moda predominante naquela época, eram inseridos, horizontalmente, no lado esquerdo da arma. As fotos evidenciam os caros processos industriais então utilizados, como a longa caixa da culatra usinada, com a parte anterior formando uma camisa perfura que envolvia quase todo o cano de cerca de 300 mm de comprimento. O guarda-mão e a coronha de formato bem curioso eram, é claro, de madeira, tendo a arma um comprimento total de aproximadamente 810 mm. Seu peso vazio era de uns 3 kg. Pode ser observado, também, que a alça de mira do tipo tangente lembrava a de um fuzil, com ajustes para tiros até 1.000 metros. Parece ter existido, também, uma versão carabina, apenas semi-automática. De qualquer maneira, nenhuma variante atraiu encomendas da própria Alemanha ou de outras nações, entrando a "Mauser 1933" para a extensa lista de protótipos que, por uma razão ou outra, não deram certo. 77
ALEMANHA
Mauser Modelo 57 (MP57) A Mauser Modelo 57 foi, na realidade, originalmente projetada na França por Louis Bamillis, no início da década de 1950. Entre 1955 e 1956, a arma foi aperfeiçoada na Alemanha pela fábrica Erma, em Dachau, com alguns protótipos construídos. Em 1957, um tal de Fenner Achenbach, que promovia o projeto, transferiu-o para a Mauser-Werk A.G., onde novas modificações foram feitas. O primeiro de quatro protótipos ficou pronto no início daquele ano de 1957, seguindo-se um pequeno lote (aparentemente, 25 exemplares), do qual, alguns exemplares foram encaminhados para testes oficiais no Campo de Provas de Armas Leves da Alemanha, em Meppen. Oficialmente, nenhuma encomenda foi feita por qualquer país, mas, muito curiosamente, um exemplar apareceu nas mão de guerrilheiros comunistas em El Salvador, na década de 1980! Em calibre 9 x 19 mm, a também designada MP57 é de tiro seletivo e operação "blowback", com ferrolho aberto. Sua fabricação consiste, principalmente, em componentes em estamparia de aço, com alguns mais empregando usinagem. O carregador de 32 tiros é alojado no interior da empunhadura principal, dispondo a "sub" de uma empunhadura vertical de apoio, à frente, rebatível para trás. A coronha pode ser rebatida para frente e permanece deitada, juntamente com a soleira, sobre a caixa da culatra, reduzindo o comprimento total da arma de 610 para 430 mm. O cano tem 260 mm de comprimento. O peso vazio é de 3,2 kg (3,7 kg, com a arma totalmente municiada). O registro de tiro, no lado esquerdo da arma, acima do gatilho, tem as posições "E" (para trás), "S" (para cima) e "D" (para a frente), respectivamente, para Intermitente, Segurança e Automático (800 tiros/min). A pequena alavanca de manejo fica do lado esquerdo. O aparelho de pontaria consiste numa alça basculante, com ranhuras em "U", para tiros a 100 e 200 metros, e uma massa exposta do tipo lâmina.
Por volta de 1983, este exemplar da Modelo 57, com número de série "21", foi encontrado com guerrilheiros comunistas em El Salvador. Sua caixa da culatra e coronha estavam cobertos com fita adesiva camuflada, talvez, para tornar a arma mais resistente ao clima tropical úmido das selvas daquele país. (Foto: Peter G. Kokalis)
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Mauser Modelo 60
A Modelo 60 foi a tentativa final da Mauser em colocar uma submetralhadora no mercado de pósGuerra, tendo sido uma criação de Ludwig Vorgrimmler e de um engenheiro daquela fábrica chamado Kimmich. Dimensionada para o calibre 9 x 19 mm, em carregadores de 36 tiros, foi considerada pelos especialistas da época (início década de 1960) uma das mais precisas armas de sua categoria, certamente, uma combinação do bom comprimento do cano (250 mm) com seu funcionamento por "blowback" retardado, atirando a partir da posição de culatra fechada, isto é, com o ferrolho à frente. Seu desenho era bem simples e conservador, com largo emprego de componentes estampados. A parte anterior da caixa da culatra prolongava-se numa camisa perfurada que envolvia mais ou menos a metade do cano. Este podia receber um adaptador (reforçador) para tiros de festim ou um quebra-chamas/compensador, que também servia como encaixe para o lançamento de granadas de bocal (foto acima). Neste caso, anéis usinados na metade do cano serviam de guia para as granadas, disparadas com o uso de cartuchos próprios e com o trancamento manual da culatra. A alavanca de manejo, situada do lado esquerdo, não era solidária com o ferrolho, de modo que permanecia imóvel durante o tiro. O registro de tiro localizava-se no lado esquerdo da caixa do mecanismo de disparo, entre a empunhadura e a tecla do gatilho, possuindo as opções Segurança bloqueio do ferrolho, Semi-automático e Automático (750 tiros/min). A coronha era do tipo esqueletizado, de aço, rebatendo-se para a frente e para cima da arma, reduzindo seu comprimento de 768 para 500 mm. O peso da Modelo 60, vazia, era de 2,5 kg (3,1 kg, municiada). 79
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MP3008 (Volks MP) Nos estágios finais da Segunda Guerra Mundial, a Mauser fabricou cópias idênticas, com marcas e tudo, da submetralhadora britânica Sten Mk II, calibre 9 x 19 mm, chamadas "Gerät Potsdam" e destinadas a operações clandestinas e de guerrilha atrás das linhas Aliadas. No curto espaço de uns 90 dias, foram feitos os desenhos, o ferramental e produzidas aproximadamente 25 mil armas, ao custo absurdamente caro para a época de uns US$ 450 por unidade.
Posteriormente, a mesma fábrica produziu cerca de 150 protótipos da chamada MP3008. Era, na verdade, a mesma "Sten", mas, com o alojamento do carregador (o mesma das MP38 e MP40) saindo do lado esquerdo e passando para a parte de baixo da caixa da culatra. Esta submetralhadora seria destinada a equipar os integrantes da chamada Volkssturm, a tropa popular que faria a defesa final do III Reich. Por isso, a "sub" também passou a ser conhecida como Volks MP (Volksmaschinenpistole, ou Submetralhadora do Povo). A própria Mauser e mais algumas firmas menores parecem ter chegado a fabricar em torno de 10 mil MP3008, que existem com variados tipos de coronha metálica e com pequenas variações dimensionais, de acabamento, formato da alavanca de manejo, etc.
Algumas das configurações em que a MP3008 foi fabricada. 80
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Schmeisser M.K.36,III Num período que antecedeu a Segunda Guerra Mundial, alguns projetistas de submetralhadoras andaram sugerindo que essas armas deveriam parecer-se, o mais possível, com fuzis comuns de Infantaria. O raciocínio vinha de uma crença de que soldados portando uma arma diferente no campo de batalha acabaria se tornando um alvo prioritário. Até que tal assertiva poderia ter um cunho de verdade (embora, jamais comprovada), mas, acontece que a portabilidade sempre foi um dos atributos mais importantes das submetralhadoras, de modo que a idéia não chegou a pegar, pois ninguém pareceu muito disposto a aumentar o tamanho e o peso daquelas armas, em troco de ... não atrair o fogo inimigo! Ainda assim, o projetista alemão Hugo Schmeisser chegou a desenvolver protótipos de uma submetralhadora deliberadamente semelhante a um fuzil, ou, no caso, uma carabina. Aliás, sua própria designação M.K.36 vem de Carabina Automática (Maschinenkarabiner), sendo no usual calibre 9 mm Parabellum (9 x 19 mm) e empregando uma versão ligeiramente modificada do carregador da MP28,II. Pelo menos duas variantes foram construídas, uma, com a alavanca de manejo no lado esquerdo e encaixe de baioneta padrão germânico, e o outra, com a alavanca no lado direito e encaixe para baioneta húngara. A arma era de tiro seletivo, com registro do tipo botão transversal acima do gatilho, possuindo uma cadência cíclica de 500 tiros por minuto. O cano tinha um comprimento de 502 mm, sendo de 1.130 mm o comprimento total da arma (1.326 mm, com baioneta!). O peso vazio era de 4,8 kg.
A versão alemã, com alavanca de manejo no lado esquerdo.
O modelo para baioneta húngara, com a alavanca de manejo na direita.
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SMART (Erma-Panzer MP58)
Este protótipo surgiu no final da década de 1950 como resultado de um esforço cooperativo entre a Erma-Werke e uma outra firma alemã não especificada, sendo geralmente chamada de SMART (assim mesmo, com todas as letras maiúsculas). Outro nome pelo qual também foi conhecida era "ErmaPanzer MP58". Em calibre 9 x 19 mm e empregando o mesmo carregador de 32 tiros da MP38/MP40, da Segunda Guerra Mundial, era de operação "blowback", de tiro seletivo e disparava a partir da posição de culatra fechada. A caixa da culatra e o ferrolho eram cilíndricos, o cano sendo alojado no interior de uma camisa perfurada, dimensionada de modo a poder ser usada como encaixe para o lançamento de granadas de bocal. Apesar de oferecida no mercado, a arma não atraiu compradores, sendo o projeto logo abandonado.
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ALEMANHA
Vollmer (Erma) Em 1925, projetista alemão Heirich Vollmer (1888-1961), juntamente com Berthold Geipel, começou a trabalhar num projeto de submetralhadora em calibre 9 mm Parabellum (9 x 19 mm), para o que, inicialmente, contou com um financiamento secreto do, então, reduzido Exército da Alemanha. Ao verem, no entanto, que as restrições impostas pelo Tratado de Versailles, ainda em pleno vigor, não deixavam chances para uma breve adoção de tal armamento, os militares alemães logo retiraram seu apoio. Volmmer prosseguiu sozinho.
Seu primeiro protótipo (acima) ficou pronto ainda em 1925. Sua principal característica era a alimentação por um carregador do tipo tambor, com capacidade para 25 tiros, situado na parte de baixo da arma, na junção entre a camisa perfurada que envolvia o cano e a empunhadura vertical de apoio. E parece que foi justamente o tal carregador que recebeu as maiores críticas à arma, uma vez que os alemães já haviam tido muitos problemas com carregadores do tipo tambor (da Luger "Artilharia" e MP18.I) durante a Primeira Guerra Mundial: eram difíceis de municiar e muito suscetíveis a falhas por entrada de sujeira no mecanismo. De qualquer maneira, os testes realizados não foram, de todo, em vão. No início de 1926, dois oficiais da Inspetoria de Armamento e Equipamentos do Exército Alemão enviaram uma carta a Vollmer, prometendo nova ajuda financeira para o desenvolvimento daquela Maschinenpistole. Assim, surgiu o Modelo 1926 (ao lado), ainda com o problemático carregador, mas, dotado de uma forma de segurança (ranhura na caixa da culatra, para encaixe da alavanca de manejo), sem a camisa à volta do cano e com a coronha e a empunhadura vertical de madeira redesenhados. Pouco tempo depois, um carregador do tipo cofre, colocado no lado esquerdo da arma, tinha sido adotado. O Exército Alemão, todavia, não fez encomendas, talvez, por ainda não ter definido seus requisitos para aquele tipo de arma. Para sorte do projetista, alguns países estrangeiros se interessaram e, de fato, compraram a "sub", um deles sendo a Bulgária. Ainda devido às restrições do Tratado de Versailles, os trabalhos na modesta fábrica de Vollmer devem ter sido bem discretos, com várias pequenas firmas produzindo componentes para a arma. Estima-se que sua produção total não tenha passado de umas 400 unidades. No início da década de 1930, premido por dificuldades financeiras, o projetista resolveu negociar com a Erma-Werke (que era uma de suas fontes de componentes) os direitos de fabricação de sua arma. Aquela firma continuou com os trabalhos de desenvolvimento, recolocou a "sub" em produção e comercializou-a sob seu nome. Embora não oficialmente adotada pela nascente Wehrmacht, acabou sendo adquirida por outros corpos de tropa da Alemanha, inclusive pela SS, e exportada para a França, México e alguns países sul-americanos. 83
Além do calibre 9 mm Parebellum, a Vollmer/Erma também foi comercializada em 7,65 mm Parabellum e 7,63 mm Mauser, existindo carregadores para 20, 32, 40 e 50 cartuchos. De tiro seletivo (600 disparos por minuto, em automático), o registro ficava do lado direito, logo acima da tecla do gatilho. Estava disponível com dois comprimentos de cano, 200 e 320 mm, sendo de 950 mm seu comprimento total com o cano maior. O peso vazio era em torno de 4 kg.
A versão de 1926 (cano curto de 200 mm), ainda com carregador tipo tambor (25 tiros).
A partir da década de 1930, foram adotados carregadores tipo cofre, laterais.
Exemplar de cano longo, com monopé telescópico que sai da empunhadura de apoio. 84
ALEMANHA
Walther MPK, MPL
Um dos grandes desafios no ramo de armamento, como em tantos outros, é tentar fazer uma previsão se determinado produto vai dar certo ou não. Curiosamente, é na área especificamente técnica que as dúvidas parecem ser menores, pois a evolução tecnológica costuma ter patamares bem definidos e a grande maioria dos conceitos e filosofias de projeto têm suas múltiplas facetas devidamente conhecidas. O fato de uma arma "dar certo", ter boa aceitação e transformar-se num sucesso de vendas fica muito à mercê de uma vasta lista de fatores imponderáveis, onde se incluem, por exemplo, o momento histórico, contingências econômico-financeiras, decisões políticas e, até, influências e decisões eminentemente pessoais, algumas, mesmo, inconfessáveis.... A História do armamento está repleta de exemplos de produtos de qualidade discutível que, por variadas circunstâncias, vieram a ter uso bastante generalizado. E existe, é claro, o reverso da moeda: boas armas que não conseguiram ultrapassar o estágio de meros protótipos ou, ainda, que acabaram, até, chegando à fase de industrialização e vendas, mas numa escala bem modesta. Neste último grupo encaixam-se as submetralhadoras Walther MPK/MPL. Ressurgimento da indústria bélica alemã Como é de conhecimento geral, a Segunda Guerra Mundial virtualmente zerou a capacidade industrial da Alemanha. A desastrosa experiência nazista, que levou boa parte do mundo a pegar em armas e causou muito sofrimento, morte e destruição, deu um tremendo susto em todos. Nestas condições, quando as feridas começaram a cicatrizar e a então República Federal Alemã foi ficando de pé novamente, as demais nações observavam atentamente o que sua indústria bélica estava fazendo. Na segunda metade da década de 40 -- sobretudo após o bloqueio comunista imposto à cidade de Berlim, em 1948 -- as potências ocidentais vencedoras já não tinham mais ilusões de que a Alemanha também Ocidental era um importante trunfo na guerra fria que se travava com os países do Leste Europeu, União Soviética à frente. Assim sendo, teria que ser adequadamente armada para ajudar na contenção das visivelmente ameaçadoras forças da URSS e do Pacto de Varsóvia. O volátil clima geopolítico da época tornou perfeitamente aceitável que firmas da RFA passassem a dedicar-se, mais abertamente, à pesquisa e desenvolvimento de novas armas. Por sua inerente simplicidade mecânica, custos reduzidos e maior potencial de rápida fabricação em elevado volume, as submetralhadoras logo surgiram como viável opção para ajudar no reequipamento do Bundeswehr Heer o novo exército do país. Em suas mãos, na época, estavam sobras da última 85
guerra e uma grande mistura de material cedido pelos Aliados. Em outras palavras, um verdadeiro pesadelo logístico! O final da década de 50 parece ter marcado uma espécie de "já" para os principais fabricantes do setor. Erma, Mauser, Anschütz e Walther foram os que acabaram conseguindo fazer protótipos de metralhadoras de mão, desde projetos anteriormente existentes (mas ainda atualizados) até outros, totalmente novos. A Carl Walther Waffenfabrik, criadora e produtora de conhecidas pistolas (a P-38 e a PP/PPK, entre outras), havia conseguido driblar os russos em sua ocupação de parte da Alemanha, sair de sua tradicional sede na cidade de Zella-Mehris e estabelecer-se no setor ocidental do dividido país. Na localidade de Ulm, reuniu técnicos e equipamento, com os quais timidamente recomeçou a manufatura de suas armas curtas. Nos anos da Segunda Guerra Mundial, a Walther havia desenvolvido e fabricado em série os não muito conhecidos fuzis semiautomáticos G41 e G43, de operação a gás, no calibre 7,92 x 57 mm. Com suas carabinas automáticas MKb42(W), em 7,92 x 33 mm, teve significativa participação nos pioneiros programas de desenvolvimento que acabaram resultando no revolucionário conceito de Sturmgewehr (Fuzil de Assalto). Entretanto, no que dizia respeito a submetralhadoras, as atividades alemãs naquele conflito ficaram quase que inteiramente por conta da Erma-Werke, com suas bem avançadas (para a época) MP38/MP40, no consagrado calibre 9 x 19 mm. Aquela conflagração já havia deixado bem claro que os dias das pesadas e caras submetralhadoras de "primeira geração" eram coisa do passado. Os próprios alemães se encarregaram de apresentar ao mundo a filosofia de projeto das armas de "segunda geração", em que os elaborados e caros processos de usinagem ficaram reduzidos a um mínimo, dando lugar à técnica de estamparia com chapas de aço. Ao mesmo tempo, as "subs" ganharam muito em compacidade com a popularizada adoção de coronhas retráteis, dobráveis ou rebatíveis, abandonando, quase que definitivamente, o uso de madeira em sua construção. Tudo isto foi levado em conta pelos técnicos da Carl Walther, que começaram a trabalhar no novo projeto no final da década de 1950. Logo no início dos anos 60, eles já haviam definido o projeto e preparavam o ferramental para a fabricação seriada de suas submetralhadoras MPL e MPK, dimensionadas para o cartucho 9 x 19 mm. As designações vieram, simplesmente, de Maschinenistole (literalmente, Pistola Automática ou Pistola-Metralhadora), seguida de Lange (Longa) ou Kurz (Curta), pois a mesmíssima arma foi oferecida nestas duas configurações de cano/caixa da culatra. Em 1963, a produção já estava em pleno andamento e as armas estavam sendo promovidas comercialmente. Embora o Exército Alemão não viesse a adotá-la oficialmente (fez isso com a israelense Uzi, designada MP1, talvez numa espécie de "pedido de desculpas" aos judeus...), a Walther foi adquirida por variados organismos policiais do próprio país de origem e do Exterior, entre os quais a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (250 unidades do modelo MPK, por volta de 1975). Mais de um 1/4 de século depois, no início do Século 21, a "sub" alemã ainda era vista, ocasionalmente, nas mãos de policiais fluminenses. 86
Detalhes técnicos A MP funciona pelo consagrado princípio de "blowback", que caracteriza a vasta maioria das submetralhadoras: no momento do disparo, o ferrolho não apresenta trancamento e recua livremente, pressionado pelos gases da deflagração do cartucho, que têm apenas que vencer sua inércia e a resistência de uma mola recuperadora, que o movimenta de volta. Como o percutor é fixo na própria face do ferrolho, a detonação da espoleta se dá, na realidade, ainda durante o movimento final deste para a frente, a milésimos de segundo do efetivo fechamento da culatra. Ainda com relação ao ferrolho, deve ser destacado seu interessante desenho, que resulta numa arma relativamente compacta e de maior estabilidade no tiro. É que, por ocasião do disparo, a maior parte de seu peso está projetado para a frente e acima da face (e, também, da câmara), desta forma contrabalançando, um pouco, a natural tendência da arma "subir" durante o tiro. Sua haste-guia, juntamente com a mola recuperadora, trabalha num orifício longitudinal do ferrolho, que corre na caixa da culatra num plano mais acima do cano. O corpo da MPK/MPL, todo em estamparia de aço, divide-se em duas partes principais. A inferior consta da empunhadura, guarda-mato e alojamento do carregador, ao mesmo tempo que forma a "casca" onde está alojado todo o mecanismo de disparo. A coronha metálica, rebatível para o lado direito, está presa a este conjunto. A caixa da culatra fixa-se à parte de baixo por um só pino, nela situando-se o conjunto do ferrolho e o cano. Na MPL, este tem um comprimento de 257 mm, dando ao projétil uma velocidade inicial de 396 m/s, enquanto que o usado na MPK mede apenas 171 mm (velocidade inicial: 356 m/s). Conseqüentemente, as duas armas apresentam pesos e dimensões externas diferentes: a MPL tem um comprimento total de 737 mm (455 mm, com a coronha rebatida) e pesa, com carregador vazio, 3,2 kg; a MPK tem 653 mm de comprimento (368 mm, coronha rebatida) e pesa 3 kg. O aparelho de pontaria apresenta uma característica bem interessante, podendo ser chamado, na realidade, de duplo. A alça, adequadamente protegida por sólidas "orelhas" de aço, apresenta uma abertura circular ajustada para tiros de maior precisão, a até 125 metros. Sua massa correspondente, do tipo lâmina, também está protegida lá na frente, mas por um capuz de aço. A Walther, entretanto, possui um segundo conjunto de miras, que também está permanentemente disponível e não requer manipulação adicional para ser usado. A parte de cima da lâmina onde se encontra a abertura possui uma ranhura bem aberta que, em conjunto com uma segunda e menor ranhura, sobre o capuz dianteiro (não existe, efetivamente, uma outra massa de mira), constitui-se numa espécie de aparelho de pontaria, digamos, "de combate", para visadas rápidas e uso em condições de pouca luminosidade no ambiente. Segundo o fabricante, seu ajuste destina-se a tiros até 75 metros de distância que, convenhamos, é mais do que adequado para a maioria dos cenários táticos de emprego de submetralhadoras. As primeiras MPK/MPL saíam de fábrica com mecanismo de disparo apenas automático, mas, logo, os usuários começaram a pedir o então opcional sistema de tiro seletivo, ou seja, com escolha para semi-automático (intermitente) ou automático (rajada). A coisa toda é controlada por um registro de três posições, logo atrás do gatilho e acima da empunhadura. Do ponto de vista ergonométrico, deve ser ressaltado que o seletor de tiro existe em ambos os lados da arma, válida preocupação com a praticidade e que, muito provavelmente, foi o primeiro sistema deste tipo (ambidestro) a ser incorporado a uma "sub" fabricada em série. Na posição "S" (Sichen, Segurança), para trás (foto), gatilho e ferrolho ficam bloqueados; em "D" (Dauerfeuer, Fogo Contínuo), 90 graus para baixo, obtém-se rajadas; e o "E" (Einzelfeuer, Fogo Único), para a frente, indica a posição de tiro semi-automático. 87
O fato das submetralhadoras terem, via de regra, um ferrolho livre sempre resultou na adoção de diversos sistemas de segurança para evitar disparos acidentais. É que, no caso de uma queda ou pancada forte sobre a parte posterior da arma, a própria inércia do ferrolho pode fazê-lo deslocar-se para trás, mas, não o bastante para ser preso pela armadilha do sistema de gatilho. Assim, havendo passado além do carregador, pode, retornando à frente sob a ação da mola recuperadora, empolgar um cartucho, alimentá-lo à câmara e, concomitantemente, realizar um desconcertante (e, eventualmente, trágico!) tiro. O mecanismo de gatilho da MP conta com uma armadilha adicional de segurança, justamente para tais casos. Uma parcial retração do ferrolho numa queda ou, até mesmo, quando acidentalmente escape da mão do atirador, no movimento de armar, faz com que o mesmo seja bloqueado pela tal armadilha. Bem prático, mesmo. E não posso deixar de mencionar uma das características mais positivas desta 'sub": seu carregador. Muita gente parece se esquecer que a melhor das armas, o mais avançado dos projetos, tem seu ponto crítico justamente no sistema de alimentação. Nas fases iniciais de desenvolvimento, a turma da Walther andou usando carregadores tipo Beretta, bifilares e com alimentação dos cartuchos em duas posições alternadas. Este e outros semelhantes (o da Uzi, por exemplo) costumam ser extremamente confiáveis, requerem pouco esforço de alimentação por parte do ferrolho e facilitam sobremaneira o municiamento manual, sem o auxílio de acessórios especiais que, geralmente, acabam sendo perdidos. Mas os técnicos alemães acabaram optando por outro, talvez, até melhor. Trata-se de um modelo desenvolvido pela firma sueca Carl Gustaf, igualmente com alimentação em duas posições, mas que, visto de cima, tem um formato de cunha, isto é, a parede da frente é mais estreita que a de trás. O resultado é que o cartucho a ser alimentado está, sempre, com o projétil apontado mais diretamente para a direção da câmara, facilitando o funcionamento. Manuseio e tiro Minha experiência de tiro com a arma alemã envolveu uma MPK, que logo chama a atenção por sua evidente compacidade, sobretudo com a coronha rebatida. Com apenas 368 mm de comprimento, nesta condição, acomoda-se facilmente numa pequena maleta de documentos, por exemplo, é de prático transporte no interior de viaturas e pode ser portada, de forma razoavelmente dissimulada, sob um paletó ou uma jaqueta. Deve ser sempre lembrado e enfatizado, no entanto, que num tiro com submetralhadora, o uso da coronha só deve ser dispensado em situações de extrema emergência, em que pesem os perigosos (ainda que impressionantes!) exemplos de produções cinematográficas, ao longo de anos a fio. Muito adequadamente, a coronha metálica da MP foi projetada para permitir sua rápida abertura, sem necessidade de se acionar qualquer tipo de trava. Uma vez em posição de tiro, fica rigidamente trancada, até que o simples botão-destravador seja pressionado. A relativa proximidade do alojamento do carregador com a empunhadura, mais o fato de sua boca ser ligeiramente alargada, automatiza e agiliza bem o processo de troca de carregadores. Num real confronto armado ou à noite, isto bem pode muito bem significar a diferença entre voltar para casa ... ou não. Observei que o carregador entrou e fixou-se no seu alojamento com grande -- excessiva, mesmo -facilidade. Cheguei a pensar que tal "maciez" fosse resultado de um elevado desgaste dos componentes do exemplar usado no teste, cuja aparência externa não deixava dúvidas de já haver acumulado uma longa "carreira" policial. Mas, não: o carregador ficava solidamente em posição, sem folgas que pudessem comprometer o funcionamento do conjunto. Igualmente prático é o retém, cuja adequada localização, atrás do alojamento, permite a liberação e a remoção do carregador com apenas uma das mãos. A alavanca (na verdade, um botão) de manejo, à esquerda e acima da caixa da culatra, permite fácil 88
acionamento ambidestro. Apesar de não ser solidária com o ferrolho (puxada para trás e solta, ela volta para a frente, impulsionada por uma pequena mola própria), é possível, mediante pressão para dentro, encaixá-la no ferrolho para movimentá-lo no caso de um incidente de tiro ou para remover sujeira eventualmente acumulada no interior da caixa da culatra. Conforme mencionado anteriormente, após a posição de segurança ("S") do seletor de tiro, a de rajada ('D") vem antes da de semi-automático ("E"), o que não é exatamente o mais comum e desejável. Todavia, já sabedor de sua moderada cadência cíclica, em torno de 500 disparos por minuto, optei por começar os tiros com a Walther em automático, mesmo, para melhor sentir e familiarizar-me com o gatilho. Com aquele primeiro plano da alça de mira meio fora de foco (ah, a idade...), ainda assim consegui bons grupamentos (área mais ou menos equivalente à mão aberta) em tiros intermitentes, sem apoio, na placa de papelão que servia de alvo improvisado, a cerca de 15 metros. Na maior distância fisicamente possível na ocasião, uns 25 metros, ficou evidenciada a inerente facilidade da MPK em colocar todos os tiros num alvo humanóide, em visadas rápidas. O uso das miras de combate (aquelas duas ranhuras) não provocou variações significativas nos meus tiros, embora seja provável que isto viesse a acontecer no caso de distâncias "extremas" (para "subs", é claro), de 50 a 100 metros. Após curtíssimas rajadas iniciais, de dois ou três disparos, logo foi fácil obter, regularmente, tiro-a-tiro, mediante o apropriado acionamento da tecla do gatilho. Caso não se disponha de condições para praticar este processo com a freqüência e regularidade desejáveis, então, seria o caso de deixar o seletor em "E" , ao se antecipar o uso em condições operacionais, deixando a rapidíssima passagem para "D" para as menos habituais situações táticas que, de fato, justifiquem rajadas. A reduzida cadência de tiro automático da Walther, mais a boa ergonomia básica, contribuem decisivamente para sua excepcional controlabilidade, até mesmo nas raramente necessárias rajadas longas. Tinha lido, em algum lugar, que o calor do cano se irradiava desconfortavelmente para a mão de apoio, o que não foi o caso. Após algumas centenas de tiros, em pouco espaço de tempo, é possível que isto venha, até, a ocorrer, mas todos sabemos que, na prática, tal possibilidade é bem remota. O desenho da coronha metálica permite o tiro com a mesma dobrada, embora (e repetirei enquanto tiver forças!) isto deva ser reservado apenas para ocasional adestramento, emergências ou... informal exibição para uma nova namorada. No caso da Walther, aquela soleira rebatida lá para a frente não deve ser usada como empunhadura de apoio, por mais que possa se parecer com uma: ela, simplesmente, não tem a necessária rigidez para tal. É que, no caso da necessidade de um rápido giro da arma para engajar um alvo à direita, a mão de apoio (que, de fato, "dirige" o tiro), provavelmente acabará deslocando somente a coronha em direção à ameaça, o que pode ser, no mínimo, embaraçante ... ou fatal! Em tiro instintivo ou de assalto, quando não se emprega o aparelho de pontaria, uma boa "pega" deve utilizar a parte mais anterior possível do guarda-mão, segurando-o pela parte inferior ou, até mesmo, com o polegar logo atrás da massa de mira. Segurar esta "sub" pelo carregador (ou à volta do seu alojamento, como já vi repetidamente em imagens de telejornais) simplesmente reduz o "braço de alavanca", requer mais esforço para vencer a inércia num eventual giro, aumenta o tempo de reação, reduz a precisão do tiro e pode contribuir para uma falha de alimentação. É preciso dizer mais alguma coisa? Nas extremidades do lado esquerdo da caixa da culatra existem bem posicionados zarelhos (argolas móveis) para a adaptação de bandoleira. Infelizmente, tal acessório parece ser inteiramente ignorado por substancial parcela de policiais (civis, militares, federais...) de Norte a Sul do Brasil, apesar de utilíssimo como apoio em tiro instintivo ou quando se tem que usar ambas as mãos numa outra tarefa, como lançar uma granada, transpor um obstáculo, socorrer um ferido ou usar a arma de mão, por 89
exemplo. Até mesmo para não perder a própria arma, numa contingência operacional: ela estará sempre com você! A Walther MPK/MPL conta, ainda, com um atributo básico que se espera poder encontrar em qualquer projeto decente de arma de fogo, ou seja, descomplicados procedimentos de desmontagem de campo. Sem o uso de ferramentas e numa questão de poucos segundos, obtém-se a fácil separação dos conjuntos primários e o resultante acesso aos componentes que normalmente necessitam de inspeção e limpeza rotineiras. Este foi o primeiro protótipo da submetralhadora Walther, então designado, simplesmente, MP. Apesar de apresentar a aparência genérica da futura MPL, um exame detalhado da foto revelará numerosas diferenças externas. Na época (final da década de 1950), ainda não havia o modelo MPK ("Kurz", ou Curto).
Já designados MPL e MPK, estes protótipos ainda utilizavam carregadores do tipo Beretta (aqui, os de 20 tiros) e somente ofereciam tiro automático.
Esta MPL já aparece com a configuração externa com que foi fabricada em série e comercializada, embora o seletor de tiro mostre que ainda não dispõe da opção de tiro intermitente.
MPK desmontada.
Durante o sangrento atentado contra a delegação israelense na Olimpíada de 1972, em Munique, policiais alemães foram vistos e fotografados portando submetralhadoras Walther MPL. 90
ARGENTINA
C- 4 Esta submetralhadora em calibre 9 x 19 mm foi desenvolvida no final da década de 1940 pela HAFDASA - Hispano-Argentina Fábrica de Automóviles S.A., em Buenos Aires, aparentemente, com a intenção de ser distribuída, em larga escala, às chamadas "Milícias Populares" do então presidente Juan Perón. Tais planos, entretanto, não se materializaram, tendo sua bem limitada produção (talvez, umas poucas centenas de armas) terminado em 1953, quando aquela fábrica fechou suas portas. O projeto da C-4, como pode ser observado, era diretamente calcado no da britânica Sten Mk.II (mecanismo de disparo, conjunto da caixa da culatra, ferrolho, cano e carregador lateral), mas, também copiou algumas coisas da MP38/MP40 alemã (empunhadura e coronha metálica rebatível). Algo, aliás, que os australianos já haviam feito, ao criarem sua Austen, durante a Segunda Guerra Mundial. Aparentemente, também foram fabricadas versões que eram cópias mais diretas da Sten, sem empunhadura e empregando coronha metálica esqueletizada. De tiro seletivo (600 disparos por minuto, em automático), possuía um registro no lado direito da armação e sua única segurança aplicada era o tradicional sistema de travar o ferrolho na posição aberta, encaixando a alavanca de manejo num rasgo transversal existente na caixa da culatra. Seu cano tinha 197 mm de comprimento, com o que o comprimento total da arma era de 792 mm (533 mm, com a coronha rebatida). Com o carregador totalmente municiado (30 tiros) pesava 3,8 kg.
Exemplar da C-4, faltando a coronha. Observar uma espécie de guarda-mão de material sintético que envolve a caixa do mecanismo de disparo, à frente do gatilho. Estas armas têm toda a configuração da Sten, com o mesmo tipo de coronha metálica esqueletizada da "sub" britânica. O guarda-mão tem formato diferente.
Notar o alojamento do carregador na posição vertical (foto de baixo)
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ARGENTINA
FMK 3
A fabricação de submetralhadoras, tradicionalmente, sempre foi um dos primeiros passos dado por muitas nações que se propuseram a estabelecer uma estrutura básica de indústria bélica. Por suas inerentes características de simplicidade mecânica e custo relativamente baixo, as "subs" proporcionaram a países tão diversos como Israel, Tailândia, Chile, Austrália, Peru e Portugal, por exemplo, parte da base sobre a qual iriam desenvolver importantes setores de fabricação de armamento. Na vizinha Argentina não foi diferente. Muitos dos trabalhos ali realizados foram responsabilidade da estatal Fábrica Militar de Armas Portátiles "Domingo Matheu" (um pioneiro da indústria bélica local, no Século 19), fundada em 11 de dezembro de 1936. Era, inicialmente, subordinada à Dirección de Arsenales de Guerra e à Dirección General de Material del Ejército, e os trabalhos de fabricação começaram num galpão na Avenida Bulrich, em Buenos Aires, ali instalando-se máquinas e ferramental para a produção de pistolas Colt M1911A1. calibre .45 ACP (ou 11,25 mm, como preferem os argentinos). Em 1941, foi criada a Dirección General de Fabricaciones Militares que, numa racional política de descentralização, resolveu transferir a Fábrica Militar para a cidade de Rosário, 380 km a nordeste da capital. Ao longo de sua história inicial, a FMAP"DM" teve duas linhas básicas de produção: a da já mencionada pistola Colt (cerca de 70.000 unidades fabricadas) e da carabina Mauser de Cavalaria Modelo 1909, em calibre 7,65 x 53 mm (20.000 unidades). Alguns anos após a Segunda Guerra Mundial, sob a supervisão de três italianos (os senhores Ruggieri, Bergonzi e Sustercic) oriundos de uma extinta fábrica de armas da cidade de Brescia, foram produzidas aproximadamente 50.000 exemplares das submetralhadoras PAM 1 e PAM 2. Eram, na verdade, cópias diretas da M3A1 "Grease Gun" 92
norte-americana, feitas sem licença nem qualquer tipo de documentação técnica original, em que o calibre .45 ACP foi trocado pelo 9 x 19 mm, além de incorporarem algumas outras modificações (alça de mira redesenhada, por exemplo). A Pistola Ametralladora 2, no entanto, era dotada de uma proeminente tecla de segurança próximo da empunhadura de apoio (o próprio alojamento do carregador): se não fosse devidamente pressionada pela mão do atirador, o ferrolho ficava bloqueado, evitando possíveis disparos acidentais. As PAMs foram amplamente utilizadas pelo Exército Argentino entre 1953 e, aproximadamente, 1970. No final da década de 60, entretanto, a Divisão de Engenharia de Produto desta organização realizou uma espécie de competição interna para a escolha de uma submetralhadora genuinamente nacional, visando a atender requisitos das forças armadas e policiais e, possivelmente, para exportação. Um projeto nacional É muito provável que os requisitos oficiais estabelecidos para a nova arma tenham incluído a colocação do carregador no punho de tiro e o uso de um ferrolho envolvente, características pioneiras surgidas na Checoslováquia nos anos logo após a Segunda Guerra Mundial, nas submetralhadoras ZK-476 (protótipos dos irmãos Frantisek e Josef Koucky) e M23/M25 (de Vaclav Holec, construídas em série). Este tipo de ferrolho requer um trabalho de usinagem mais complexo (portanto, mais caro), mas, oferece a vantagem de permitir que boa parte do cano fique embutido na massa da culatra, o que resulta em maior compacidade da arma, sem que seja necessário reduzir o comprimento (e, paralelamente, a efìcácia balística) do cano. Adicionalmente, em tiro automático, obtêm-se um melhor equilíbrio, diminuindo-se um pouco a tendência da arma "subir" durante rajadas. Pois bem, as duas armas finalistas da competição possuíam tal configuração, saindo-se vencedor o projeto do engenheiro A. Almará, que, inicialmente, era designado PAM3 "DM". Logo depois, entrou em produção seriada para atender a uma encomenda inicial da Polícia da Província de Buenos Aires. As primeiras armas, até a de número 4.500, eram conhecidas como Série 0200 (coronha rígida) e Série 0201 (coronha metálica retrátil), ou, ainda, como as "FMK", segundo uma nova designação de fábrica. Empregavam carregador de 25 cartuchos calibre 9 x 19 mm e uma espécie de cinta metálica que envolvia a parte posterior da armação e da caixa da culatra, atravessada pelo pino traseiro de desmontagem. A partir da arma No. 4.501 , já considerada como a versão definitiva, também foram adotadas as designações finais: FMK 4 (ex-Série 0202), para o modelo com coronha plástica fixa, e FMK 3 (ex-Série 0203), para o de coronha metálica retrátil. Na realidade, a maior parte das aproximadamente 50.000 armas eventualmente produzidas foram do mais prático modelo "3". Uma versão carabina, apenas semiautomática e designada FMK 5, também foi produzida.
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Manuseio e tiro É óbvio que uma arma de fogo não precisa ser "bonita", embora a subjetividade de tal adjetivo, aplicado a uma máquina, possa deixar margem para muita discussão... A arma deve, pura e simplesmente, funcionar bem e cumprir a finalidade para a qual foi projetada, ou seja (e sem subterfúgios), matar ou incapacitar um oponente, antes que ele faça o mesmo com você e/ou com outras pessoas. Se as suas linhas gerais vierem a ser consideradas, digamos, "elegantes", é apenas um detalhe. A FMK 3 faz exatamente aquilo que dela se espera, mas, sob todos aspectos estéticos em vigor, trata-se de um brutamontes metálico, com um peso (vazia) equivalente ao de um moderno fuzil de assalto e um comprimento acima da média de outras submetralhadoras de sua classe. A arma argentina funciona no consagrado princípio "blowback", em que o disparo do projétil faz o ferrolho recuar, sem prévio trancamento, extraindo e ejetando o estojo vazio, alimentando um novo cartucho à câmara e efetuando o disparo subseqüente, no caso de tiro automático (rajada). Em sua construção, a FMK 3 emprega, de uma maneira bastante generalizada, a simples e barata estamparia de aço. Seu corpo é constituído de dois conjuntos básicos, unidos por dois pinos de fixação/desmontagem. A parte inferior, ou seja, a caixa mecanismo de disparo, inclui o punho (onde se aloja o carregador), os conjuntos de gatilho, seletor de tiro e os tubos em que correm as hastes da coronha metálica retrátil. O guarda-mão (único plástico da arma!) encontra-se à frente da estrutura. A caixa da culatra é tubular, com a janela de ejeção situada a cerca de 45° à direita, e o aparelho de pontaria, em cima. Na lateral esquerda, bem abaixo da alça de mira, existe uma presilha para fixação de bandoleira, cujo suporte anterior é um anel de rotação livre, em volta do cano. No manuseio inicial da "sub", a confirmação daquilo que fotos e desenhos sugeriam: trata-se, de fato, de uma arma grande e pesada. Com a coronha aberta, mede 690 mm de comprimento (a FMK 4 é 10 mm mais longa), e, com a mesma recolhida, o comprimento cai para 520 mm. Sem carregador, seu peso é de 3,55 kg, e, com carregador à plena capacidade (40 cartuchos), o peso vai a 4,30 kg, sem dúvida, um tanto elevado. Falando em carregadores -- ponto crítico no funcionamento de qualquer arma - a submetralhadora argentina emprega modelos com alimentação alternada (dupla), muito bons, que não somente contribuem para tornar o funcionamento da arma mais suave, como, também, tornam viável o carregamento manual, sem o auxílio de acessórios especiais. Os 40 tiros disponíveis constituem-se em excelente capacidade, mas existem também carregadores para 25 cartuchos, para quem quiser um pouquinho mais de compacidade, em detrimento do poder de fogo. Ambos possuem pequenos orifícios laterais, na parte inferior esquerda, indicadores de capacidade máxima de munição. Como outras armas ("subs" e pistolas), em que o carregador aloja-se no punho, sua colocação na FMK.3 é bem, digamos, instintiva, o que é ótimo para operações noturnas, por exemplo. Uma pancadinha com a palma da mão esquerda na base assegura a correta fixação do carregador por seu retém (um 'clic' bem claro confirma isto). A remoção do carregador também é simplíssima: a posição da tecla do retém, na base posterior do punho, permite que a operação seja feita com uma única mão. Por outro lado, a posição do carregador faz com que o punho, necessariamente, fique a 90° em relação ao eixo longitudinal da arma, o que não é ergonomicamente muito desejável. Além disto, não há como deixar de se ter uma empunhadura "gorda", o que na FMK3 é agravado pelos cantos posteriores muito vivos. Armas similares com que já atirei, como a austríaca Steyr MPi 69, por exemplo, são mais confortáveis. A "sub" possui a execrável (em minha opinião) tecla de segurança de empunhadura, que, 94
se não for corretamente pressionada pela palma da mão do atirador, mantém o ferrolho bloqueado, impedindo que a arma seja disparada acidentalmente por inércia (quedas ou golpes)... ou inépcia (erro do usuário). Acho preferível dotar uma submetralhadora de um travamento incorporado ao seletor de tiro ou, muito melhor ainda, de uma trava inercial. No caso específico da FMK 3, é mais um detalhe para atrapalhar a já não muito agradável empunhadura. A alavanca de manejo, um botão de dimensões adequadas, localiza-se na esquerda da caixa da culatra, acima do guarda-mão. Também no lado esquerdo do cofre do mecanismo de disparo está a tecla seletora de tiro, que, de cima para baixo e num arco de 90°, tem as posições "S" (Seguro), que bloqueia o gatilho; "R" (Repetición), para tiro semiautomático; e "A" (Automático), para rajadas. O seletor pode ser acionado com relativa facilidade pelo polegar direito, embora eu também considere muito prático (e rápido) fazê-lo com o da mão esquerda. Para o tiro ao ombro, a coronha esqueletizada de metal é tão desconfortável quanto a da original M3A1 norte-americana, copiada pela FMK 3 e por tantas outras submetralhadoras mundo afora. Sua trava é um botão existente na lateral esquerda, atrás, e a manobra de retração/extensão requer o uso de ambas as mãos. Neste ponto, a FMK 4, com coronha plástica, leva vantagem. O aparelho de pontaria tem uma linha de visada (distância entre as miras) bem generosa: 320 mm. A alça, ajustável em lateralidade, é do tipo orifício, basculante, com opções para 50 e 100 metros, alcances realísticos para este tipo de arma. Robustas "orelhas" metálicas a protegem. A massa de mira, com regulagem para altura, é um poste cilíndrico, envolvido por um túnel metálico de proteção. A FMK.3 saiu-se muito bem nos testes de tiro. Na distância disponível (50 metros) no estande da própria FMAP "DM", arma ao ombro e regime semiautomático, alvos que representavam, aproximadamente, um torso humano, foram regular e constantemente atingidos com facilidade, mesmo em tiro rápido. A arma tem características inerentes que levam a um tiro estável: cano razoavelmente longo de 290 mm (velocidade inicial do projétil: 400 m/s) e cerca de 4 kg de massa própria. Em tiro automático, a controlabilidade também é boa. Além do já mencionado peso da arma, o fato do ferroIho envolver cerca de 2/3 do cano, no momento do disparo, dá uma resultante cinética que "empurra" um pouco a boca do mesmo para baixo. Mais ainda: a cadência de tiro é moderada, ficando na faixa de 600 a 650 disparos por minuto. A sensibilidade do gatilho é boa e, com o seletor em "A", é possível conseguir tiro-a-tiro e, também, dar rajadas bem curtas, de três a cinco disparos, o que, em termos de utilização na realidade, é prática recomendável. A desmontagem de campo da FMK 3 para limpeza e manutenção de rotina, não requer o uso de ferramentas nem apresenta maiores dificuldades. Após verificar que a arma está descarregada e com o ferrolho à frente, a retirada de dois pinos laterais, nas extremidades do cofre do mecanismo de disparo, permite sua separação da caixa da culatra. Desatarraxando a porca de fixação do cano, este e o conjunto de ferrolho e mola recuperadora (à volta do cano) deslizam para fora da parte cilíndrica da arma. Os três componentes são, posteriormente, desencaixados e separados. Em suma: as FMK argentinas não têm -- nem jamais tiveram -- a pretensão de ser armas revolucionárias ou extraordinárias. Simples, robustas e baratas foram mais um passo dado na implantação e consolidação da indústria bélica do país, dando-Ihe autonomia neste setor. E isto já é o suficiente para justificar sua existência. 95
Raríssima foto do protótipo perdedor da competição interna da FMAP "DM", no final da década de 1960, que procurava um projeto de submetralhadora 9 x 19 mm para produção em série, que resultaria na FMK 3, do engenheiro A. Almará. Observar a mesma configuração básica (carregador na empunhadura principal, com tecla de segurança) e a esquisita coronha fixa. Este foi o primeiro protótipo da chamada PAM 3 "DM", que deu origem às submetralhadoras das séries FMK 3 e 4. Observar o formato da coronha rígida e o guarda-mão, ambos de madeira, assim como o carregador curto, de 25 cartuchos, usado inicialmente.
A FMK 4 emprega coronha rígida de material sintético, 10 mm mais comprida que a de metal, retrátil. Aqui, a arma está com o mais prático carregador de 40 tiros.
Pelo menos dois tipos de supressores de ruído já foram observados em uso na FMK 3,ambos aparentemente fabricados pela própria "Domingo Matheu". Apesar de suas grandes dimensões, consta que, para bom desempenho, necessitam do uso de munição subsônica.
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No detalhe, (a) retém do carregador, (b) tecla de segurança na empunhadura, (c) seletor de tiro, com as posições "S" (Seguro), "R" (Repetición) e "A" (Automático). Observar, também, as caneluras (sulcos) estampadas no corpo e alojamento do carregador, que têm a finalidade de aumentar a resistência do material à flexão.
A FMK 3 desmontada em seus principais componentes: (A) mola recuperadora, (B) cano, (C) ferrolho, (D) caixa da culatra, (E) armação (cofre do mecanismo de disparo), (F) pino de desmontagem, (G) carregador de 25 tiros, (H) pino de desmontagem, (I) porca de fixação do cano.
Em 1982, foi proposta esta versão redesenhada da FMK, com empunhadura e guarda-mão de melhores características ergonômicas, entre outras modificações. Mecanicamente, todavia, a arma permaneceria a mesma, mas, nenhum protótipo chegou a ser construído. No desenho, a coronha metálica não foi incluída. 97
ARGENTINA
Halcón Muitas e muitas nações por este mundo a fora possuem, obviamente, submetralhadoras nos inventários de suas respectivas forças policiais e militares, mas poucas podem afirmar que suas armas são de projeto e fabricação realmente nacionais. Neste reduzido grupo está a vizinha Argentina. Para a grande maioria das pessoas, a menção deste país geralmente evoca coisas como suculentos churrascos ou o sempre charmoso tango. Mas pouca gente, fora do ramo, costuma associar os argentinos a armas de fogo e, muito menos, submetralhadoras. Mas a verdade é que eles estão lidando com “subs” de projeto e fabricação próprios há mais de 70 anos, já que, no início da década de 1930, o projetista Juan Lechner construiu seu pioneiro protótipo de Pistola Ametralladora. Uma década se passaria antes que novidades surgissem. Em 1941, foi criada em Buenos Aires a Fábrica de Armas Halcón (Falcão), para desenvolver diversos projetos de armas leves, inclusive submetralhadoras. Com o passar do tempo, diversos modelos foram surgindo com designações próprias, mas, sempre foram genericamente conhecidos como “Halcón”.
O primeiro, em calibre .45 ACP, foi o Modelo 1943 (também chamado de "Modelo Argentino"), durante muito tempo amplamente utilizado pela Gendarmeria Nacional, a polícia de âmbito nacional. Sua aparência era inconfundível, sobretudo pelo cano afilado e dotado de aletas radiais (outro modismo da época), com o que, aumentando-se a área externa do cano, se procurava acelerar o processo de dissipação de calor (resfriamento). Esta elaborada usinagem encarecia bastante o processo de fabricação e, na prática, pouca diferença fazia de um cano normal, externamente liso. Na boca do cano, existia um imenso compensador, sobre o qual estava a massa de mira. A alimentação era feita por carregadores tipo cofre vertical, retos, com capacidades para 17 ou 30 cartuchos, colocados num alojamento vertical na parte anterior da caixa do mecanismo de disparo, servindo também como empunhadura de apoio. A caixa da culatra era cilíndrica e se projetava bastante para trás, o que, aliado ao característico desenho da coronha de madeira, dava à arma um visual bem singular. O seletor de tiro era um botão situado acima do gatilho, com movimentação transversal: pressionado da esquerda para a direita, dava regime de tiro intermitente; ao contrário, automático. O sistema de segurança aplicada funcionava 98
através de uma chave separada, no lado esquerdo, com as posições “F” (Fuego) e “S” (Securo), com a qual era possível travar o ferrolho tanto na posição aberta como fechada. O comprimento total era de 850 mm e os 4,75 kg de seu peso (sem carregador) bem refletiam as técnicas fabris da época, com pesados componentes usinados. A seguir, veio o Modelo 1946, no mesmo calibre, também conhecida por Modelo Aeronáutica, por ter sido desenvolvida e adotada pela Força Aérea Argentina. Seu mecanismo interno permaneceu virtualmente inalterado, em comparação à anterior, mas, incorporou visíveis alterações externas, a começar pela adoção de uma simplificada coronha metálica que, rebatida para a frente, reduzia a comprimento total da arma de 790 para 520 mm. Também entraram em cena uma empunhadura tipo “pistol grip” e um cano mais curto (152 mm), ainda com aquelas aletas de “resfriamento”. O ainda grande compensador tinha um desenho ligeiramente simplificado. A parte alongada do alojamento do carregador, que também servia de empunhadura, foi eliminada, de modo que o próprio carregador era o ponto de “pega”, configuração que, no tiro, tende a gerar problemas de alimentação. A mudança de calibre para 9 x 19 mm foi um dos postos que distinguiam a subseqüente Modelo 1949, ou Modelo Ejército Argentino, que retornou à antiga coronha de madeira. A nova munição também resultou num longo carregador curvo, com capacidade para 36 tiros, cujo alojamento voltou a ser alongado, mas com uma boca mais larga, para agilizar a troca. Fora outras modificações menores, esta Halcón manteve suas principais (e indesejáveis!) características: peso elevado, grande volume e, principalmente, complicada e cara fabricação. Novos conceitos Em meados da década de 1950, a companhia decidiu deixar para trás aqueles já antiquados conceitos e dar partida num programa para desenvolver uma submetralhadora simplificada, quer dizer, funcional e de simples produção. O resultado foi a M.L. (Modelo Liviano) 57, com uma aparência totalmente diferenciada das Halcón que a precederam. Conforme indicado por sua designação, era bem mais leve (peso vazio de 3,25 kg) e fazia amplo uso de peças estampadas de aço. Na realidade, era como um longo tubo metálico, ao qual eram adaptados o cano (225 mm de comprimento), a empunhadura (no interior da qual estava o mecanismo de disparo), o pequeno alojamento do carregador (curvo, de 40 tiros) e uma simples coronha metálica rebatível para cima e para a frente, que reduzia o comprimento total de 780 para razoáveis 535 mm. O sistema de segurança ficou limitado a uma ranhura transversal na caixa da culatra, onde a alavanca de manejo podia ser encaixada, após aberta. Aparentemente, não havia como travar o ferrolho na posição fechada, à frente, o que é potencialmente perigoso numa arma de funcionamento “blowback” 99
comum. A tecla para seleção de regime de tiro (intermitente ou automático) ficava no lado esquerdo da empunhadura. Em seguida, veio o M.L.60, que abandonou o seletor de tiro tradicional e passou a utilizar um sistema de gatilhos duplos: o da frente, para rajadas; o de trás, para tiro semi-automático. Nos demais aspectos, a “sub” era idêntica à “57”. Desses modelos iniciais (43, 46, 49, 57 e 60), estima-se que a produção seriada total não deve ter passado muito da marca dos 10.000 exemplares, incluindo um respeitável variedade de protótipos “híbridos”, para testes. Mas a pequena companhia de Buenos Aires não parou por aí, não. Com seu nome trocado, em meados dos anos 60, para Metalúrgica Centro, projetou e colocou em produção uma nova submetralhadora, que ainda permanecia em uso na virada do Século 21. Designada M.L. 63, este novo “Modelo Liviano” também funciona pelo sistema de ferrolho livre, mas, atipicamente, dispara a partir da posição fechada (ferrolho à frente), por meio de martelo e percussor. Existe tanto numa versão com coronha fixa, de madeira, como numa variante dotada de coronha retrátil, do bem comum tipo vergalhão dobrado, popularizado a partir da Segunda Guerra Mundial pela submetralhadora norte-americana M3 . Atirando com a M.L.63 Numa visita ao país vizinho, em 1991, meu grande amigo Pantaleón ("Panta") Kotelchuck (infelizmente, já falecido), da Divisão de Armamento da PFA - Polícia Federal Argentina convidou-me para uma sessão de tiro com a última das Halcón a entrar em produção. Com um peso vazio de 3,7 kg, a M.L. 63 tem um comprimento total de 690 mm (igual, para as duas variantes), reduzido para 500 mm quando se retrai a coronha metálica. O cano tem 170 mm de comprimento. O carregador, com capacidade para 42 cartuchos de munição 9 x 19 mm, é bifilar e com alimentação em duas posições alternadas, o que lhe torna fácil de municiar, manualmente, e assegura funcionamento mais leve do ferrolho, que não precisa fazer tanta força para alimentar os cartuchos à câmara. O alojamento do carregador é suficientemente longo para também funcionar como empunhadura de apoio, possuindo, para tal, placas laterais de material sintético. O pequeno retém situa-se na parte de trás, sendo pressionado para a frente para liberar o carregador numa fácil operação, com apenas a mão de apoio. 100
Embora a alavanca de manejo esteja colocada a 90 graus no lado direito da caixa da culatra cilíndrica, atiradores destros podem perfeitamente acioná-la com a mão esquerda, mediante pequena inclinação lateral da “sub”, o que mantém a mão de tiro segurando a empunhadura principal. A segurança aplicada é uma tecla deslizante situada no lado esquerdo, acima da ergonomicamente adequada “pistol grip” (cuja configuração lembra um pouco a do conhecido FAL- Fuzil Automático Leve), realizando o bloqueio do sistema de gatilho. Existe, também, um sistema complementar de segurança que bloqueia o martelo caso, no movimento de armar (engatilhar), a alavanca de manejo escape da mão do operador e o ferrolho corra para a frente. A alça de mira é do tipo basculante, com ranhuras ajustadas para realísticas (em termos de “subs”) distâncias de 50 e 100 metros. A massa de mira, tipo lâmina, está no alto do compensador com duas ranhuras longitudinais, o mesmo das anteriores M.L. 57 e 60. Embora a M.L. 63 empregue um mecanismo de disparo diferente, gatilhos separados fazem a seleção de tiro semi-automático (frente) e automático (trás). Como tudo na vida, somente a prática e o tempo vão levar o atirador à necessária destreza: levei bastante tempo para me adaptar, mesmo precariamente, à tal configuração. Freqüentemente me via vacilando entre os dois gatilhos, mas, o sempre gentil “Panta” me assegurou que os policiais argentinos já estavam mais do que acostumados com aquele sistema. Acreditei. Achei aquela Halcón uma delícia, naquele tiroteio informal, especialmente pelo fato de o disparo semiautomático efetuar-se com o ferrolho à frente, o que elimina aquela tradicional e inevitável “sacudidela” da arma, aumentando consideravelmente a precisão. Disparos intermitente contra uma silhueta tipo FBI a 25 metros de distância eram facilmente agrupados na área da cabeça, demonstrando a possibilidade da arma ser empregada em tiros “cirúrgicos”, numa situação de emergência. Sou daqueles que apreciam cadências cíclicas (teóricas) baixas ou moderadas para submetralhadora, de modo que os aproximadamente 600 disparos por minuto da M.L. 63 mostraram-se perfeitos para mim. Até em raramente necessárias rajadas longas, a “sub” argentina demonstrou possuir irrepreensível estabilidade, para o que, sem dúvida, contribui seu eficiente compensador... que também a torna particularmente barulhenta! Quando atirando de uma posição baixa, do tipo “assalto”, dá para se sentir os gases desviados para cima atingindo o rosto. Nada agradável. Na Argentina, a M.L. 63 já deve ter sido quase que totalmente substituída por outra arma local, a FMK 3 (da estatal FMAP-”DM”), mas, tenho a impressão que, durante muito tempo, ainda será vista nas mãos de unidades auxiliares. Afinal, os Falcões são pássaros muito resistentes... 101
A Modelo 1943 apresentava características típicas das submetralhadoras de primeira geração, como o amplo uso componentes elaboradamente usinados (o cano aletado e o quebra-chamas, por exemplo) e coronha fixa de madeira. Aqui, o curto carregador de 17 tiros está fora do seu alojamento.
A Halcón M.L.57 deixa bem claro a filosofia de projeto nela aplicada: simplificação de manufatura e redução de custos. A arma é vista aqui com a coronha rebatida no lado esquerdo. Seu longo carregador curvo tinha capacidade para 40 cartuchos 9 x 19 mm e o compensador seria aproveitado, futuramente, no "Modelo Liviano de 1963". A única modificação externa visível introduzida na esquelética M.L. 60, em relação à anterior M.L. 57, foi o uso de dois gatilhos para seleção do regime de tiro: semi-automático, no da frente, e automático, no de trás. Esta mesmo sistema foi utilizado, depois, na M.L. 63.
A M.L. 63 podia receber, indistintamente, coronha fixa, de madeira, ou retrátil, de vergalhão dobrado.
Desenho em corte da M.L. 63.
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Rara foto de uma M.L.63 equipada com um supressor de ruído de origem desconhecida, talvez, criminosa. O exemplar, por alguma razão, não tem guarda-mato para proteger os gatilhos.
Uma grande variedade de armas experimentais foram construídas ao longo dos anos. Como este exemplar em calibre 9 x 19 mm, que utiliza componentes dos Modelos 46 e 49, além de ser dotado de uma coronha metálica rebatível, semelhante à das M.L. 57 e M.L. 60, embora com soleira mais baixa. Duas armas com detalhes curiosos: na de cima, foi adaptada uma empunhadura vertical de apoio, presa ao corpo principal por uma haste metálica (observar, também, a inclinação do alojamento do carregador); na Halcón de baixo, uma baioneta foi encaixada no compensador.
Este protótipo, em 9 x 19 mm, representa muito bem o extremo de baixo custo de produção visado por seu projeto. Observar a simplíssima coronha metálica tubular, aparentemente, fixa à empunhadura.
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ARGENTINA
Lechner
Por volta de 1930, o argentino Juan Lechner aprontou seu pioneiro protótipo de uma Pistola Ammetralladora, provavelmente, a primeira submetralhadora a ser projetada e construída na América Latina. Talvez por falta de um mercado definido, naquela época, não entrou em produção, embora tenha assegurado, para si, uma distinta -- ainda que discreta -- posição na história das armas de fogo. Era de operação "blowback" e tiro seletivo (550 disparos por minuto, em automático) e utilizava munição 9 x 19 mm, com alimentação através de um carregador curvo, bifilar e de 32 tiros, colocado horizontalmente no lado esquerdo, configuração razoavelmente comum em outras metralhadoras de mão da época, principalmente na Alemanha e na Áustria. Interessante detalhe era que o alojamento do carregador podia ser girado para cima, tornando a arma mais “chata”, para transporte, e também fechando a janela de ejeção. A caixa do mecanismo de disparo, quase que totalmente retangular e bem estreita, tinha o registro de tiro do lado esquerdo, ao alcance do polegar da mão direita, com as posições Tiro (semiautomático), para cima; Aut. (rajada), no centro; e Seg. (segurança), para baixo. A empunhadura vertical dianteira, para apoio, era rebatível para trás, enquanto que a simples coronha metálica também podia ser rebatida, mas, para a frente, girando sob a parte de baixo da arma, reduzindo seu comprimento total de 700 para 410 mm. A linha de mira era de 320 mm, sendo a alça do tipo ranhura, com ajustes para 100 e 200 metros. O cano era envolvido por uma luva de proteção térmica, com 12 aberturas longitudinais.
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O falecido Pantaleón ("Panta") Kotelchuk, mecânico-armeiro da Polícia Federal Argentina, perito do RENAR - Registro Nacional de Armas e uma das maiores autoridades em armas de fogo daquele país posa para o autor com o protótipo da Lechner, em fevereiro de 1990.
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ARGENTINA
MEMS A partir da década de 1950, o projetista argentino Miguel Enrique Manzo Sal criou uma série de submetralhadoras em calibre 9 x 19 mm que, por razões diversas, não chegaram a ser produzidas em escala realmente significativa. No início de 1987, ele esteve no Brasil procurando uma associação com a firma carioca LAPA - Laboratório de Projetos de Armamento Automático, mas, nenhum resultado concreto adveio das negociações. Todas as armas tinham uma característica comum: utilizavam canos com micro-raiamento, com 12 ou 24 raias, dependendo do modelo. Fora, é claro, o cano, os demais componentes das MEMS (nome vindo das iniciais do seu criador) podiam ser fabricados em oficinas mecânicas comuns.
O Modelo 52/58 foi manufaturado foi manufaturado pela firma OTME S.A., na cidade de Córdoba, mais ou menos entre 1958 e 1960, num total de aproximadamente 800 unidades, que parecem ter chegado às mãos da Força Aérea e de algumas organizações policiais argentinas, como a Gerdarmeria. Seu corpo principal, em pura estamparia de aço, englobava a coronha rebatível (para baixo e para a frente), empunhadura principal com guarda-mato e o longo alojamento do carregador, que também servia como empunhadura de apoio. A caixa da culatra era cilíndrica, com a alavanca de manejo na direita e janela de ejeção mais ou menos a 60 graus do mesmo lado. De tiro seletivo (750-800 tiros por minuto), possuía carregador de 40 tiros, com alimentação dos cartuchos em posição alternada, que se inseria num longo alojamento, de boca bem estreita, que também servia como empunhadura vertical de apoio. O retém para liberar o carregador era uma tecla de acionamento vertical localizada no corpo principal, logo atrás do receptáculo do carregador. A aparelho de pontaria consistia numa alça em ranhura basculante (100 e 200 metros) e numa massa protegida por duas abas laterais, logo atrás do compensador existente na boca do cano. Com cano de 180 mm, a M52/58 tinha um comprimento total de 894 mm e pesava cerca de 3 kg. Logo depois surgiram protótipos com pequenas modificações: a M52/60, com o retém do carregador na parte de trás do alojamento, e a AR-63, com as miras mecânicas mais para trás na caixa da culatra. Não entraram em produção. 106
Ainda mantendo, essencialmente, as características básicas de seu projeto inicial, Miguel Sal continuou refinando e modificando as "subs". No final da década de 1960, desta vez associado à firma Arma & Equipes S.R.L., foi lançado o Modelo 67, igualmente com coronha metálica rebatível, mas, incorporando diversos melhoramentos. O cano, ao contrário do que ocorria nas armas anteriores, podia ser facilmente removido da caixa da culatra pelo operador. Tanto a empunhadura principal como a de apoio (alojamento do carregador) foram redesenhadas, enquanto que o comprimento total da arma foi reduzido para 800 mm. Uma subseqüente M69, também apenas em forma de protótipo, tinha carregador trapezoidal tipo Carl Gustaf e coronha fixa em madeira laminada.
O Modelo 75 parece ter encerrado as tentativas do persistente argentino. A arma foi oferecida em versões com coronha rígida de madeira (M75/I, comprimento total de 800 mm)), com coronha rebatível tipo vergalhão (M75/II, 530 mm de comprimento, coronha rebatida) ou sem coronha (M75/III), para uso em viaturas. Seus pesos, vazias, eram em torno de 3,4 kg. 107
ARGENTINA
PAM 1, PAM 2 Ainda que a Argentina já contasse com uma emergente indústria privada que produzia submetralhadoras de projeto nacional (as Halcón), suas Forças Armadas acharam por bem contar, também, com uma arma mais simples e barata, fabricada por uma empresa estatal. Os trabalhos foram realizados na Fábrica Militar de Armas Portátiles "Domingo Matheu", na cidade de Rosário, na Segunda metade da década de 1940. Sob a supervisão de três italianos (os senhores Ruggieri, Bergonzi e Sustercic) oriundos de uma extinta fábrica de armas de Brescia, foi desenvolvida uma arma bem simples, virtual cópia da norte-americana M3A1 "Grease Gun", no caso, dimensionada para o calibre 9 x 19 mm. Assim, sem qualquer licença oficial ou documentação técnica original, foram produzidas aproximadamente 50.000 unidades das PAM 1 e PAM 2. As PAMs foram amplamente utilizadas pelo Exército Argentino entre 1953 e, aproximadamente, 1970.
A PAM 2 era dotada de uma tecla de segurança próximo à empunhadura de apoio (alojamento do carregador). Com cano de 200 mm, tinha um comprimento total de 725 mm, reduzido para 535 mm, com o retraimento da coronha. Era de funcionamento apenas automático, mas, sua baixa cadência cíclica, em torno de 450 tiros/min, possibilitava que um operador decentemente adestrado fizesse tiro intermitente, mediante o adequado uso do gatilho. No desenho esquemático, observa-se a ação bloqueadora da tecla de segurança (não pressionada) sobre o ferrolho na posição fechada.
Exemplares da PAM 1 (esquerda) e PAM 2 (direita) já foram apreendidos em mãos de criminosos por autoridades policiais. Curiosamente, algumas dessas armas tinham canos cortados para comprimentos em torno de 110-130 mm. 108
AUSTRÁLIA
Austen Como o próprio nome (AUstralian STEN) indica, esta arma fabricada entre junho de 1942 e março de 1945 é uma versão australiana da Sten britânica, em que foram incorporadas, também, características da alemã MP40. Desenvolvida e produzida pelas firmas W. T. Carmichael e Diecasters Ltd., seu projeto é atribuído a um certo sr. Uarre Riddel.
No regulamentar calibre 9 x 19 mm e alimentada por um carregador de 28 tiros no lado esquerdo, o modelo inicial Mk I apresenta caixa da culatra, cano e mecanismo de disparo idênticos aos da Sten Mk II, mas, seu ferrolho, sistema telescópico da mola recuperadora, empunhaduras e coronha metálica rebatível são diretamente copiados da "sub" germânica. A coronha, por ter que encaixar a soleira à volta da empunhadura dianteira, acabou ficando demasiadamente comprida, tornando a arma desconfortável para pessoas de pequena estatura e forçando muito a vista o atirador, já que a alça de mira fica muito afastada de seu rosto. O carregador usado também é uma cópia do da Sten, mas, curiosamente, é o único de seu tipo que traz gravado o tipo de munição que usa ("9 mm"), a quantidade de cartuchos que comporta ("28"), a arma que o utiliza ("AUSTEN") e o nome do fabricante. O aparelho de pontaria consiste numa alça tipo abertura, fixa para 100 metros, e uma massa em forma de um "V" invertido. A seleção entre tiro intermitente e automático (cadência cíclica de 500 disparos por minuto) é feita por um botão de deslocamento transversal, à frente do guarda-mato. A única forma de segurança aplicada é um encaixe transversal, na caixa da culatra, onde a alavanca de manejo pode ser travada na posição aberta. As especificações incluem um cano de 198 mm, comprimento total de 732 mm e comprimento, com a coronha rebatida, de 552 mm. Pesando, vazia, 4 kg, chegava a 4,7 kg totalmente municiada. Quase 20.000 unidades foram fabricadas. 109
Em 1944 e 1945 foi produzida a Mk II, em menor quantidade. Embora de configuração geral semelhante ao modelo inicial, incorporava mudanças (reforço na caixa da culatra de alumínio, mola recuperadora redesenhada, etc.), visando, principalmente, a simplificar os processos de fabricação, além de melhorar a resistência e a confiabilidade da arma. Curiosamente, podia receber uma baioneta, própria da arma. A Austen, apesar de suas boas características, nunca obteve a popularidade alcançada pela sua conterrânea Owen, havendo sido retirada de serviço logo após a Segunda Guerra Mundial.
A inicial Mk I é vista desmontada em seus principais conjuntos e, acima, dotada de um quebra-chamas do tipo cone, semelhante ao da M3A1 "Grease Gun".
Nesta foto da Austen Mk II desmontada, pode-se constatar as mudanças incorporadas na sua construção, sobretudo, no que diz respeito à estrutura de seu corpo principal, dividido em dois conjuntos. Observar a baioneta com que podia ser equipada.
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AUSTRÁLIA
F1 No início da década de 1950, quando britânicos e canadenses estavam em pleno processo de adoção da submetralhadora Sterling, os australianos -- aparentemente, seguindo o "espírito" da Comunidade Britânica -- resolveram emitir os requisitos técnicos para uma arma mais ou menos semelhante. Uma série de (X1, X2 e X3) acabou resultando no modelo finalmente aceito para produção seriada, sob a designação de F1, levada a cabo a partir de 1962 pela empresa governamental Small Arms Factory, em Lithgow. Com o mesmo carregador curvo de Sterling (34 cartuchos calibre 9 x 19 mm) colocado exatamente onde os militares locais gostavam, em cima da arma, a F1 é de tiro seletivo (600 disparos por minuto, em automático) e funciona em "blowback" normal, a partir da posição de ferrolho aberto. A caixa da culatra é um tubo que se estende até a boca do cano, com perfurações de ventilação à sua volta. A caixa do mecanismo de disparo e a empunhadura de madeira (a mesma do fuzil L1A1, o FAL australiano) estão bem no centro de equilíbrio da arma, facilitando o tiro com apenas uma das mãos, se absolutamente necessário. Como a coronha de madeira é um prolongamento da linha de tiro (eixo do cano), esta configuração reta, necessariamente, elevou a posição do aparelho de pontaria: a massa de mira está montada no lado direito do alojamento do carregador e a alça, do tipo abertura (orifício), fica no alto de uma estrutura rebatível, feita numa peça de aço estampado Com cano de 203 mm, a F1 tem um comprimento total de 714 mm (917 mm, com baioneta) e pesa, vazia, 3,3 kg (4,3 kg, municiada e com baioneta).
Seguindo uma preferência nacional australiana desde os tempos da Segunda Guerra Mundial, o carregador da F1 fica no alto da arma, que pode receber uma longa baioneta.
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AUSTRÁLIA
Kokoda, MCEM 1, MCEM 2 Apesar da confiabilidade da Owen e de seu sucesso com a tropa, os militares australianos, já em 1942, pensavam numa submetralhadora mais avançada para eventual adoção. Em 1943, o Coronel J. E. M. Hall, responsável pelo setor de desenvolvimento de armamento, fez numerosas visitas a unidades do Exército que já tinham experiência de combate, entrevistou o pessoal e distribuiu questionários sobre o que eles consideravam desejável numa "carabina automática", que é como as "subs" eram, então, denominadas naquele país.
Como resultado desse trabalho (cerca de 1.500 respostas recebidas), foram estabelecidos os requisitos técnicos principais de uma nova arma em calibre 9 x 19 mm, que Hall chamou de Kokoda (uma importante campanha do Exército Australiano nas selvas da Nova Guiné), mas que, oficialmente, tinha a designação de MCEM (Machine Carbine Experimental Model). Os dois primeiros protótipos (Kokoda e MCEM 1), construídos em arsenais do próprio Exército, aparentemente ficaram prontos em 1945. Após os testes iniciais, modificações foram introduzidas no projeto, resultando na subseqüente MCEM 2, que chegou a ser submetida a testes pelo Exército Britânico, por volta de 1950. Apesar de não terem sido colocadas em produção, estas submetralhadoras criadas na Austrália representam conceitos bem interessantes de projeto, como a colocação do carregador no interior da empunhadura principal e o uso de uma segunda empunhadura, de apoio, bem perto da boca do cano. A coronha retrátil empregada em todos os protótipos era do tipo vergalhão dobrado, como a da M3 "Grease Gun" dos EUA. As armas eram de funcionamento "blowback" e de tiro seletivo, sendo a opção feita pelo atirador mediante a pressão exercida na tecla do gatilho: no primeiro estágio, dava tiro semi-automático; no seguinte, rajadas, com uma cadência cíclica de aproximadamente 450 disparos por minuto. As únicas especificações disponíveis são o peso (3,5 kg, sem carregador ou baioneta), comprimento do cano (280 mm) e comprimento com a coronha retraída (584 mm).
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AUSTRÁLIA
Owen Em 1939, quando a Austrália entrou na Segunda Guerra Mundial a reboque da Comunidade Britânica, seu exército não possuía nenhum tipo de submetralhadora em serviço e, na realidade, não via qualquer necessidade de equipar-se com uma. Os subseqüentes combates na Europa, todavia, logo demonstraram que tais armas tinham grande utilidade nos campos de batalha, levando os militares australianos a procurarem adquiri-las. Em produção, estava a norte-americana Thompson, mas foi considerada, com razão, muito pesada e cara. A Grã-Bretanha já havia colocado em fabricação sua simples e barata Sten, mas, sua premência em fornecê-la a suas próprias tropas não a disponibilizava para outros clientes, de modo que o desenvolvimento e produção de um modelo doméstico foi a solução encontrada pela Austrália. Em julho de 1939, um jovem australiano de 24 anos, Evelyn E. Owen, havia feito um interessante protótipo (foto) de uma carabina automática em calibre .22 LR, que poderia ser fácil e rapidamente colocada em produção com um mínimo de ferramental especializado. Mostrada, examinada e testada por algumas autoridades militares no Quartel Victoria, em Sidney, a arma não foi aceita, principalmente, por causa do fraco calibre utilizado. Logo em seguida, aquele jovem estava servindo no Exercito e, em 1940, conseguiu uma licença especial para se dedicar ao projeto de uma nova submetralhadora. Em janeiro de 1941, o tenente Owen apresentou um protótipo em calibre 7,65 mm Browning, seguido, em março, por um outro, em .45 ACP. A versão final, em 9 x 19 mm, foi finalmente aceita. Sua produção em série foi feita pela Lysagh's Newcastle Works Ltd., em Port Kembla, entre 1941 e 1944, num total de aproximadamente 45.500 unidades. Como justa homenagem, a "sub" australiana recebeu o nome de seu criador.
De tiro seletivo (cadência cíclica: 700 disparos por minuto) e funcionamento no mais tradicional "blowback", tornou-se inconfundível pelo seu carregador de 33 tiros colocado na parte de cima da arma e um pouco inclinado para a frente. Modelos ligeiramente diferentes foram construídos: o Mk 1/42 com aletas radiais de resfriamento no cano e armação sólida; o Mk 1/43, com aberturas na armação, para reduzir o peso; e o menos numeroso (apenas uns 200 fabricados) Mk 2/43, com armação modificada e dotado de baioneta. Dois tipos de coronha foram usados pela "sub", de madeira e de metal, esqueletizada. 113
A Owen possuía um seletor no lado esquerdo, logo acima do gatilho, com as posições de Segurança (todo para trás, bloqueando o ferrolho na posição aberta ou fechada), Intermitente (centro) e Rajada (frente). O cano, com 250 mm de comprimento, era provido de compensador, sendo de 813 mm o comprimento total (510 mm, sem a coronha). O peso da arma, municiada, era de 4,8 kg. No início da década de 1950, muitas das "subs" ainda em uso pela Austrália receberam novos canos (com possibilidade de adaptação de baioneta) e coronhas de madeira.
A Owen Mk 1/43 recebeu aberturas na armação principal, com a finalidade de reduzir seu peso. Quase todas as armas fabricadas em 1943-44 receberam uma bem característica pintura camuflada.
A arma, desmontada, evidencia a grande simplicidade do projeto do Ten. Owen.
A "sub" foi extremamente longeva em sua utilização, ainda servindo com as tropas do Exército Australiano que combateram na Guerra do Vietnã (foto ao lado). 114
ÁUSTRIA
Não Identificada Ao que tudo indica, o desenvolvimento de submetralhadoras na Áustria (então, parte do Império AustroHúngaro) começou nos estágios finais da Primeira Guerra Mundial, em 1918. Alguns protótipos teriam sido construídos pela Österreichische Waffenfabriksgesellschaft (mais tarde, Steyr Werke A.G.), mas, segundo exigências do acordo de paz assinado com os Aliados, tiveram que ser destruídos. É claro que, em tais circunstâncias, quase sempre alguns exemplares sobrevivem, o que pode muito bem ser o caso da arma aqui mostrada.
Apesar de desprovida de qualquer indicação de fabricante, sua origem austríaca parece ser sinalizada por vários detalhes, a começar pelas marcações do seletor de tiro, logo acima da empunhadura, com "D" (Dauerfeuer, ou Automático), "E" (Einzelfeuer, Intermitente) e "S" (Sicherung, Segurança). Aparentemente, foi dimensionada para o cartucho 9 mm Steyr, originário da Áustria, cujo carregador (não existente neste único exemplar conhecido) se alojava no interior da empunhadura. Acima da área do alojamento, a caixa da culatra apresenta-se rebaixada e parece indicar que cartuchos podiam ser inseridos, de cima para baixo, a partir de "pentes" com várias unidades, a exemplo de algumas pistolas semi-automáticas do início do Século 20, como as austríacas Mannlicher M1900 e Steyr Hahn. O funcionamento é por recuo, com parte da mola recuperadora estendendo-se para dentro da coronha de madeira. A alavanca de manejo fica no alto e na parte traseira da caixa da culatra, enquanto que o cano, com 328 mm de comprimento, fica parcialmente envolvido por uma camisa perfurada. O comprimento total da arma é de 780 mm. O elaborado acabamento e o uso generalizado de componentes cuidadosamente usinados são típicos dos utilizados desde a Primeira Guerra Mundial até o início da Segunda.
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ÁUSTRIA/SUÍÇA
Steyr-Solothurn Modelo 1930, MP34(Ö) Esta armas foram fabricadas pela firma austríaca Steyr-Daimler-Puch, embora seu projeto seja, de fato, originário da empresa suíça Waffenfabrik Solothurn A.G., que, na realidade, pertencia ... à alemã Rheinmetall! Toda esta manobra foi uma forma de contornar as restrições à fabricação de armas pela Alemanha impostas pelo Tratado de Versailles, após o fim da Primeira Guerra Mundial.
O Modelo 1930 foi oficialmente adotado pela Polícia Austríaca naquele ano, embora sua produção só haja começado no final de 1931, estendendo-se até 1935, num total que talvez não tenha passado de seis mil unidades. Possui algumas características próprias, como o formato da parte superior da coronha de madeira e o uso de uma tecla de segurança logo adiante do guarda-mato que, puxada para trás, bloqueia o ferrolho tanto na posição aberta como fechada. O registro de tiro é uma placa de deslocamento longitudinal existente no lado esquerdo do guarda-mão: puxada para trás (aparece uma letra "E"), seleciona tiro intermitente; para frente (aparece um "D"), faz tiro automático, numa confortável cadência cíclica em torno de 500 disparos por minuto. Utilizando o, na época, bem comum calibre 9 mm Steyr e alimentada por um carregador de 32 tiros, no lado esquerdo, o funcionamento da M1930 é em "blowback", atirando a partir da posição de culatra aberta (ferrolho para trás). Seu comprimento total é de 850 mm (cano de 200 mm), chegando a 1.100 mm, com baioneta. Totalmente municiada, seu peso atinge 4,9 kg. Bem parecida e com as mesmas características básicas do Modelo 1930, a MP34 (Ö) foi adotada pelo Exército Austríaco em 1934, mas, no calibre 9 mm Mauser, havendo sido produzida entre aquele ano e 1939. Dali em diante, uma certa quantidade foi dimensionada para usar munição 9 mm Parabellum (9 x 19 mm), mas, no final de 1940, a Steyr deixou de fabricar submetralhadoras próprias e passou a fazer a MP40, alemã (cerca de 450.000, até janeiro de 1944). Fora a mudança no formato da coronha, esta versão adotou um novo tipo de segurança aplicada, que passou a ser uma peça deslizante colocada sobre a caixa da culatra, em frente da alça de mira (ranhura em "V" tangente, de 50 a 500 metros). Nem sempre possuía encaixa para baioneta. Além da Áustria e da Alemanha, esta arma foi vendida para numerosos países, como Portugal, em 9 mm Parabellum e designada "m/42". 116
ÁUSTRIA
Steyr AUG-P 9 mm
A idéia é antiga e relativamente simples: pegue uma arma de comprovada eficiência e adapte-a a diversos tipos de munições. Foi exatamente isto que os austríacos da fábrica Steyr-Mannlicher AG & Co KG fizeram, em meados da década de 1980, com seu fuzil AUG (Armee Universal Gewehr, Fuzil Universal do Exército), originariamente em calibre 5,56 x 45 mm. Embora sendo normalmente classificada como "intermediário", aquela munição ainda tem potência excessiva para alguns tipos de missões, sobretudo, no âmbito policial, em que os riscos potenciais de penetração excessiva não podem ser ignorados. Assim, foi criada uma versão dimensionada para o bem menos potente cartucho 9 x 19 mm Utilizando os mesmos componentes primários do fuzil (coronha/caixa da culatra, mecanismo de disparo, etc.), a submetralhadora utiliza apenas quatro novas peças (cano com empunhadura vertical, ferrolho com hastes-guia, adaptador do carregador e carregador), que podem ser adquiridas, sob a forma de "kit" de transformação (foto) ou já instaladas na fábrica. Deve ser ressaltado que o sistema de operação da arma muda do original, a gás, para "blowback" com disparo a partir da posição de culatra fechada. O cano, com 420 mm de comprimento e dotado de compensador integral usinado próximo da boca, é um dos mais longos das "subs" atuais, o que resulta numa maior velocidade inicial (cerca de 400 m/s) para o projétil. Ainda assim, a configuração "bullpup" deixa a arma com um comprimento total de apenas 665 mm, sendo de 3,5 kg seu peso vazio. O carregador normalmente usado tem capacidade para 25 tiros, mas, parece já ter existido um outro, para 32. O aparelho de pontaria da AUG 9 é o mesmo do fuzil, consistindo num visor ótico (1,5 x), que apresenta um anel preto no campo de visão. A seleção de tiro intermitente ou automático (cadência cíclica de 670-770 disparos por minuto) é feita mediante pressão crescente sobre a tecla do gatilho. Mediante a troca da posição da janela de ejeção, na coronha, é facilmente adaptada a destros e canhotos. Também pode ser equipada com um supressor de ruído (foto). 117
ÁUSTRIA
Steyr MPi 69, MPi 81 Na década de 1960, o mercado internacional ainda parecia muito interessado em novos projetos de submetralhadoras, o que levou a Steyr-Mannlicher AG & Co KG a desenvolver e lançar sua MPi 69 (Maschinenpistole 1969), no popular calibre 9 x 19 mm. Seu projeto é atribuído a uma equipe coordenada por Hugo Stowasser. Operando em "blowback" a partir da posição aberta. tem configuração bem simples, limpa e funcional, com um corpo retangular numa única peça estampada em aço, sob a qual se encaixa um componente em náilon moldado, compreendendo a caixa do mecanismo de disparo, guarda-mato e empunhadura, na qual se alojam os carregadores de 25 ou 32 tiros. A coronha é do tipo vergalhão retrátil, nos moldes da conhecida M3 "Grese Gun" norte-americana e de tantas outras surgidas pelo mundo a fora. A alavanca de manejo, feita num simples peça estampada, fica na parte esquerda e dianteira da caixa da culatra, podendo ser acionada tanto por tração da bandoleira a ela presa (MPi 69) como diretamente pela mão do operador, por uma peça de plástico (MPi 81).
Um botão de deslocamento transversal, logo cima do gatilho, serve como registro de tiro e segurança. Todo para direita ("S"), bloqueia o ferrolho; no meio, só permite tiro intermitente; todo para a esquerda "(F"), atira em rajada. A MPi 69 tem uma cadência cíclica de 550 tiros por minuto, enquanto que pequenas modificações internas na posterior MPi 81 elevaram-na para 700 disparos por minuto. Com um cano de 260 mm de comprimento, a "sub" austríaca tem um comprimento total de 670 mm (465 mm, com a coronha retraída) e pesa, vazia, 3,1 kg. 118
Este desenho em corte evidencia a simplicidade do projeto da "sub" austríaca. Seu ferrolho retangular é do tipo que costuma ser chamado de envolvente, pois, no momento do disparo, boa parte de sua massa fica projetada à frente da câmara, de certa forma, contribuindo para estabilizar a arma durante o tiro.
A MPi 69 é vista aqui com a coronha aberta e com o mais curto carregador de 25 tiros. A ponta anterior da bandoleira prende-se diretamente na alavanca de manejo, sendo usada para o movimento de armar (recuar o ferrolho) a submetralhadora.
Esta curiosa variante da MPi 81 destina-se a atirar através de seteiras (aberturas) de viaturas blindadas. Tem cano bem mais longo e aparelho de pontaria ótico (1x) semelhante ao do fuzil Steyr AUG, calibre 5,56 x 45 mm, estando a arma com a coronha retraída e dotada de carregador de 32 tiros.
Uma MPi 81 em sua caixa original de fábrica, onde se pode ver, também, o Manual de Instruções. Do lado de fora, cano e ferrolho extras, além de um "kit" de limpeza.
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ÁUSTRIA
Steyr TMP, SSP A TMP (de Tactical Machine Pistol, PistolaMetralhadora Tática) foi colocada no mercado pela Steyr-Mannlicher no início da década de 1990, mas, por suas características principais, pode ser, na prática, considerada uma submetralhadora. Ou, para se usar um jargão relativamente moderno, uma PDW (Personal Defense Weapon, Arma de Defesa Pessoal. Em calibre 9 x 19 mm, funciona por recuo e dispara com o ferrolho trancado, o que ocorre por rotação do mesmo. A alavanca de manejo encontra-se na parte de trás da caixa da culatra, como em algumas pistolas semiautomáticas antigas (a Mauser C96, por exemplo). Como em outras armas desta tradicional fábrica austríaca, a seleção entre tiro intermitente e automático (900 tiros/min) é feita por pressão crescente na tecla do gatilho, que possui dois estágios de deslocamento. Para mãos menos treinadas com este sistema, existe um registro de segurança entre a empunhadura e a armação, em que a posição central proporciona apenas tiro semi-automático. Toda a armação, tampa da caixa da culatra e empunhaduras são feitos em material sintético (polímeros), assim como os carregadores de 15 ou 30 tiros. Na parte de cima da caixa da culatra existe um trilho para adaptação de miras óticas ou optrônicas. Entre outros acessórios, pode receber supressor de ruído e uma coronha destacável, em material sintético. Uma versão apenas semi-automática e sem a empunhadura vertical de apoio é chamada de SSP (Special Purpose Pistol, Pistola de Uso Especial). Pesando, vazia, 1,3 kg, a TMP tem cano de 130 mm e comprimento total de 282 mm, sem coronha.
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A TMP desmontada em seus conjuntos principais. O uso de materiais sintéticos (polímeros) em sua fabricação é bem amplo.
O uso de supressor de ruído e de uma coronha aumenta bastante a versatilidade operacional da TMP.
Parece, mas, não é! O mercado de armas do tipo "air soft" (réplicas de ar comprimido, que atiram pequenas esferas plásticas), de extrema popularidade em países como o Japão, também oferece esta impecável "Steyr TMP", com coronha e "silenciador".
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BÉLGICA
F.N. Conhecida apenas como Modelo FN, esta arma em calibre 9 x 19 mm foi produzida em escala bem limitada -- na verdade, uma pequena série de protótipos -- pela Fabrique Nationale d'Armes de Guerre, de Herstal, bem no início da década de 1950, no que parece ter sido a primeira incursão da renomada fábrica belga no campo das submetralhadoras.
De operação "blowback" e tiro seletivo, possuía um registro de duas posições, no lado direito, logo acima do gatilho, ao alcance do polegar de um atirador destro: para cima, rajadas (cadência cíclica de aproximadamente 600 disparos por minuto); para baixo, intermitente. A segurança aplicada (bloqueio do ferrolho, aberto ou fechado) era feita através de uma segunda tecla, no mesmo lado um pouco mais à frente, com as posições de Fogo ("F") e Segurança ("S"). A alavanca de manejo, na direita, não era solidária ao ferrolho, ou seja, não se movimentava durante o tiro. Caixa da culatra (e, portanto, também o ferrolho) era cilíndrica, complementada por uma jaqueta perfurada que envolvia todo o cano de 250 mm de comprimento. Na ponta, usava um compensador copiado diretamente da Beretta M1938A. Também da arma italiana vinha o carregador de 40 tiros. Totalmente municiada, a "sub" belga pesava 4,5 kg. O comprimento total era de 875 mm. Também foi feita uma versão dotada de coronha rebatível, de vergalhão de aço, em que o alojamento do carregador também podia ser rebatido para a frente, tornando a arma bem mais compacta, para transporte. A partir do final da década de 1950, a FN passou a fabricar, sob licença, a israelense Uzi.
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BÉLGICA
FN P90
Ela parece ter saído de um filme de ficção científica. Alguém já observou, com certa razão, que se parece mais com uma câmera de vídeo do que com uma arma de fogo. Quem a vê -- ou segura nas mãos -- pela primeira vez fica com um ar meio desconcertado: "Que negócio é esse?!" Ora, é apenas a submetralhadora belga FN P90, em calibre 5,7 x 28 mm. ("Calibre o quê?!"). Bem, voltemos um pouco no tempo. Foi na metade da década de 1980 que a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) começou a fazer uma sondagem entre os principais fabricantes de armas sobre o futuro da munição 9 x 19 mm, utilizada pela quase totalidade das submetralhadoras e pistolas semi-automáticas de seus países-membros. Aqui e ali, apareciam comentários de que a mesma estava ficando obsoleta para uso na maioria dos cenários de combate militar. Alguns usuários estavam retornando ao "velho" cartucho .45 ACP; outros, encurtavam seus fuzis de assalto, dando-lhes a maior compacidade que costuma caracterizar as "subs". Duas grandes fábricas européias, a francesa GIAT e a belga FN (Fabrique Nationale), acabaram criando novas munições. Os franceses, um cartucho 5,7 x 22 mm (uma espécie de 7,65 mm Luger com um projétil .22LR); os belgas, um mais longo 5,7 x 28 mm, para o qual também foram criar novas armas A tal idéia da obsolescência da munição 9 x 19 mm foi resultado, principalmente, dos avanços alcançados com os equipamentos individuais de blindagem. Os combatentes logo estariam usando coletes dotados de placas frontais de titânio, com 1,5 mm de espessura, apoiadas sobre umas 20 camadas de fibra de aramida. Qualquer nova munição deveria ser capaz de penetrar isto tudo a 100 metros, algo que a 9 x 19 mm era incapaz de fazer. Resumindo uma longa história, a FN acabou ficando sozinha no "páreo", tanto com sua munição como, também, com armas para utilizá-la: a submetralhadora P90 e, bem mais recentemente, a pistola "Five-seveN" (nome escrito assim mesmo, derivado do calibre 5,7 mm e das iniciais da fábrica). 123
Munição exclusiva Antes de falar mais sobre a arma, aqui vão maiores detalhes sobre sua munição exclusiva, o cartucho SS190, calibre 5,7 x 28 mm. A foto o mostra, na extremidade esquerda, ao lado de outras munições mais conhecidas (esquerda para direita): 9 x 19 mm, 5,56 x 45 mm, 7,62 x 39 mm e 7,62 x 51 mm. Como se pode observar, o diâmetro do estojo é bem menor que o usado pelo tradicional “nove”, o que permite a acomodação de 50 cartuchos num carregador do mesmo tamanho de um de 30, convencional. Ao mesmo tempo, a munição 5,7 mm tem a metade do peso da 9 mm, permitindo a um soldado levar o dobro da munição, por peso (ou a metade do peso, por quantidade de tiros). Mais: o impulso de recuo ("coice") do cartucho SS190 é 30% menor que o do 9 x 19 mm, facilitando manter o alvo adequadamente enquadrado pelas miras, durante o tiro, e aumentar as probabilidades de acerto. Balisticamente, há outras diferenças. O projétil 9 x 19 mm geralmente transfixia (atravessa) um corpo humano e, a menos que atinja um osso ou órgão vital, não costuma causar ferimentos muito traumáticos. O projétil 5,7 x 28 mm, segundo consta, tem uma jaqueta de aço, com núcleo também de aço na ponta, e preenchimento posterior em liga de alumínio. Normalmente, começa a tombar após cerca de 50 mm de penetração, produzindo uma cavidade de ferimento bem semelhante às feitas pela munição 5,56 x 45 mm. Isto tende a transferir mais energia (leia-se: mais traumatismo) ao alvo, mesmo que um ponto vital não seja atingido. É interessante lembrar que a Convenção de Genebra exige que os projéteis militares não se deformem num alvo humano, e a munição belga atende perfeitamente a tais requisitos.
A energia de boca do projétil 5,7 mm é semelhante à do 9 mm, transferindo a maior parte de sua energia cinética ao alvo no momento do impacto. A 150 metros, a energia fica em cerca de 65% da do 9 x 19 mm, caindo rapidamente após 400 metros, recordando-se que o projétil 9 mm ainda consegue matar ou ferir a até, aproximadamente, 800 metros (ainda que os alvos sejam atingidos por pura sorte ... ou azar!). Assim, o potencial de letalidade da munição SS190 fica confinado numa faixa de até uns 400 metros, mais do que suficiente para o tipo de arma em questão (submetralhadora). A penetração é outro destaque: o capacete padrão militar da OTAN (PASGT, de Kevlar) é perfurado a mais de 150 metros, e coletes não rígidos, de até 50 camadas de Kevlar, a mais de 200 metros. O pequeno diâmetro e a ponta afilada, de aço duro, do projétil 5,7 mm tendem a facilitar sua penetração em aço macio, enquanto que o 9 mm costuma ricochetear. Mais um detalhe: as armas que usam a munição 5,7 x 28 mm têm apenas um ponto de mira, já que a trajetória do projétil é extremamente tensa (reta): zero, até 100 metros, e com variações de, no máximo, 10 cm, até 150 metros. Segundo o fabricante, o alcance máximo efetivo é da ordem de 200 metros, embora o projétil chegue a alcançar perto de 1.800 metros, certamente, com um mínimo de energia cinética. Os cartuchos 5,7 x 28 mm atualmente disponíveis e fabricados exclusivamente pela FN são o SS190 (Ogival, com projétil de 31 grains), L191 (Traçante, 30 grains), Sb193 (Baixa velocidade, para armas silenciadas) e BLK (Festim). 124
Manuseio e tiro Já tive a oportunidade muito especial de testar esta nova submetralhadora, que o fabricante também chama de PDW (Personal Defense Weapon, ou Arma de Defesa Pessoal). Na realidade, ela não foi criada para substituir o armamento primário da Infantaria, o fuzil, mas, sim, para equipar pessoal de apoio, não diretamente envolvido com o combate na linha de frente, como motoristas, guarnições de artilharia e de comunicações, por exemplo. É claro que suas características de baixo peso e dimensões reduzidas também a tornam particularmente útil a certos tipos de tropa, tais como unidades de comando e de operações especiais. No contato inicial com a P90, a constatação de que a FN procurou inovar bastante na área da ergonomia. Conforme mencionado anteriormente, parece que temos uma câmera de vídeo nas mãos, de modo que é necessário algum tempo de familiarização para saber "que mão vai para onde" e "que dedo aciona o que"... Mas a adaptação não chega a ser um bicho de sete cabeças e, logo, vê-se que seus criadores sabiam muito bem o que estavam fazendo, ao projetar uma arma que fosse bem confortável para porte sobre o corpo e prática, para rápido emprego. Seu corpo principal é todo feito em material sintético (polímero) e desprovido de cantos vivos. É bem compacta (comprimento total, 500 mm; altura máxima, 210 mm; espessura máxima, 55 mm) e leve (2,54 kg, sem carregador; 3 kg, com carregador cheio). O cano tem 263 mm de comprimento, (oito raias com giro para a direita, passo de 1:231 mm) e é dotado de um pequeno compensador.
O carregador é feito de material sintético translúcido, o que permite ao atirador manter controle visual do número de cartuchos disponíveis. A capacidade é de invejáveis 50 tiros, demorando um pouco para que a pessoa se acostume ao processo de municiamento manual: os cartuchos entram longitudinalmente nos lábios e, ao se colocar os seguintes, dão um curioso giro de 90 graus, acumulando-se transversalmente ao longo do carregador. Este é colocado, horizontal e longitudinalmente, sobre a parte de cima do corpo da P90, encaixando-se primeiro a extremidade anterior por dentro da estrutura do aparelho de pontaria e, depois, a posterior. Por ali saem (descem) os cartuchos que alimentam a arma. Para soltar o carregador, aperta-se, simultaneamente, dois botões laterais na parte de trás, junto ao encaixe. A "sub" belga, apesar de sua revolucionária configuração, funciona pelo bem tradicional sistema de "blowback" (ferrolho livre, sem trancamento da culatra), possuindo um curto ferrolho com duas molas recuperadoras e hastes-guias. O disparo se faz a partir da posição fechada, com martelo e percussor, uma boa característica para aumentar a precisão em tiro intermitente. Há uma alavanca de manejo de cada lado (para torná-la ambidestra), mas achei a "pega" das mesmas pequena demais, possivelmente porque a FN quis eliminar, ao máximo, os pontos salientes da arma, para tornar seu transporte mais confortável. 125
O seletor de tiro e segurança é bem interessante, tendo a forma de um disco localizado na base do gatilho, totalmente ambidestro. Na posição central ("S"), oferece segurança aplicada, enquanto que, girado para qualquer dos dois lados, coloca a arma em condição de tiro. A seleção entre tiro semi-automático e automático se dá pela pressão progressiva da tecla do gatilho: no primeiro estágio, "semi"; no segundo, "auto". É o mesmo sistema empregado, por exemplo, pelo fuzil austríaco Steyr AUG, do qual, aliás, o conjunto do mecanismo de gatilho da P90 parece ter sido copiado. O aparelho de pontaria principal está montado no alto de uma fortíssima estrutura metálica, consistindo num sistema ótico (colimador reflex HC-14-62), com círculo e ponto luminosos. O fato dele poder (e dever) ser usado com ambos os olhos abertos dá grande agilidade à aquisição e enquadramento dos alvos. No caso de dano a este aparelho, há dois conjuntos (um de cada lado) de miras abertas, metálicas, para manter a arma em condição de uso. E ainda tem mais: na parte anterior, logo abaixo da boca do cano, pode ser embutido uma pequeno projetor laser de ponto vermelho, ligado e desligado por dois botões, a critério do atirador: um, na parte da frente da empunhadura principal, e o outro, à frente e acima da empunhadura de apoio. Para emprego por tropas especiais, diversos tipos de miras e sistemas de iluminação podem ser adaptados, assim como um supressor de ruído Gemtech SP90, especial para a arma. Não demora muito para o operador adaptar-se às peculiaridades ergonômicas da P90 e achar a posição ideal de tiro. Sua extrema compacidade facilita a rápida movimentação da arma em direção a alvos múltiplos, mesmo a curtas distâncias e em ambientes exíguos. O pequeno recuo da munição 5,7 x 28 mm é destaque, permitindo que os alvos sejam mantidos bem enquadrados, mesmo durante uma (na prática, quase sempre desnecessária!) rajada longa. Apesar da cadência cíclica bem elevada (cerca de 900 tiros/min), não é difícil conseguir-se as bem mais eficazes rajadas curtas (2 ou 3 tiros), mediante uma adequada manipulação do gatilho. Ah, sim, mais um detalhe característico da arma: a ejeção dos estojos é feita para baixo, através de uma janela localizada logo atrás da empunhadura principal. A desmontagem de campo, para manutenção e limpeza rotineiras, se processa num piscar de olhos e, como seria de se esperar num projeto decente, dispensa o uso de qualquer ferramenta. Após a retirada do carregador e a verificação de "câmara vazia", o conjunto superior (caixa da culatra, cano, ferrolho, miras) é destacado do corpo principal, o que dá acesso ao mecanismo de disparo. 126
Até recentemente, nada de concreto era conhecido sobre vendas e usuários estrangeiros da FN P90, além de vagos comentários de que a Arábia Saudita e a Tailândia seriam dois deles. Mas, a espetacular retomada, em 22 de abril de 1997, da Embaixada Japonesa em Lima e a libertação dos reféns ali mantidos por integrantes do MRTA mostrou que pelo menos uma dessas armas belgas, equipada com supressor ruído, foi utilizada pelas forças especiais peruanas que participaram da operação (foto).
Neste detalhe da parte anterior da P90, pode-se ver bem (1) as duas massas de mira mecânicas, (2) o formato do quebra-chamas/compensador, (3) o ponto de emissão da mira laser, (4) o botão dianteiro de acionamento da mira laser (há outro, junto da empunhadura principal) e (5) a alavanca de manejo direita (há outra, no lado oposto).
A FN P90, vista ao lado de um porta-carregadores duplo. Com este conjunto, o combatente dispõe de 150 tiros para uso imediato.
O aparelho de pontaria ótico (colimador) é de fácil uso e agiliza muito o enquadramento dos alvos, tanto de dia como de noite. Neste segundo caso, pode ser empregado em associação com óculos de visão noturna e mira laser infravermelha (foto da direita).
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A munição SS190 consegue aliar características de grande penetração em material blindado com uma boa expansão em meio hidroelástico (gelatina balística, na foto da esquerda) e nenhum ricochete ou penetração em paredes comuns (foto da direita), adequando-a bem a operações em ambientes urbanos.
Por sua compacidade, a arma belga mostra-se especialmente adequada para equipar, por exemplo, guarnições de blindados, pessoal de Comunicações e outras tropas de apoio. Esta foto do ex-Presidente Alberto Fujimori, tirada em 2000, mostra algumas P90 nas mãos de militares peruanos encarregados de sua escolta pessoal, durante uma operação em Lima.
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BÉLGICA
M.I.53
Esta submetralhadora foi criada no início da década de 1950 pela quase desconhecida firma Impéria, da cidade de Liége, e submetida à apreciação do Exército Belga após este haver adotado oficialmente a Vigneron. Isto, naturalmente, reduziu a quase zero a possibilidade da arma entrar em produção, uma vez que a companhia, por alguma razão, não contemplava o mercado de exportação.
Em calibre 9 x 19 mm, o projeto foi uma mera adaptação da britânica Sten, da qual utilizava diversos componentes, como o carregador, cano, ferrolho, alavanca de manejo, caixa da culatra, etc. Na realidade, as únicas diferenças estavam na coronha retrátil (vergalhão dobrado), empunhadura com talas plásticas, tampa traseira da caixa da culatra e seletor de tiro de três posições ("A", "S" e "R"), no lado esquerdo da armação. Apesar do alojamento do carregador estar no lado esquerdo, ele podia ser girado para baixo, cobrindo a janela de ejeção e tornando a arma mais achatada, para transporte. A cadência cíclica era de 600 tiros por minuto, o cano era de 203 mm e o comprimento total, com a coronha aberta, de 808 mm (516 mm, com a coronha retraída). Totalmente municiada com seus 32 cartuchos, a M.I.53 pesava 3,8 kg. 129
BÉLGICA
RAN A RAN, em calibre 9 x 19 mm e de tiro seletivo, foi desenvolvida em meados dos anos 50 pelo projetista Witold Porebski, da firma S.A. Repousmetal, de Bruxelas, representando uma curiosa mistura de simplicidade com alguma sofisticação. De um modo geral, seu projeto seguia a filosofia então vigente de barateamento dos custos de produção mediante o emprego generalizado de peças em estamparia de aço. A caixa da culatra, cilíndrica possuía uma tampa na janela de ejeção (cerca de 45 graus para a direita), que, na realidade, situava-se na parte interna, correndo longitudinalmente e podendo ser fechada tanto com o ferrolho à frente como atrás. Outro detalhe interessante era um sistema de ventilação forçada, que, durante o tiro, virtualmente bombeava ar em volta da câmara, envolvida por parte da caixa da culatra. A coronha era do tipo retrátil, cujo formato da soleira foi cuidadosament e estudado para, quando totalmente retraída, encaixar-se bem na parte de trás da larga empunhadura de plástico, sem interferir com a tecla de segurança ali existente. Outros acessórios da RAM era uma fina baioneta, rebatível para trás, e um inusitado bipé removível, entre o alojamento do carregador e o guarda-mato. Também podia ser adaptada para o lançamento de granadas de bocal. Seu carregador de 32 tiros era o mesmo da Sten.
Com cano de 300 mm (incluindo o compensador), o comprimento total chegava a 800 mm (580 mm, com a coronha recolhida) e o peso, com a arma municiada, era de 3,6 kg. A cadência cíclica, em tiro automático, era de 600 disparos por minuto. 130
BÉLGICA
Vigneron
A primeira submetralhadora fabricada na Bélgica foi a Modelo 34 (também chamada de Mi34 Schmeisser-Bayard), uma cópia idêntica da alemã MP28,II, produzida entre 1934 e 1939 pela firma Anciens Establissements Pieper, na cidade de Herstal. As armas desse tipo então utilizadas pelo Exército Belga, quando da invasão alemã na Segunda Guerra Mundial, provavelmente foram destruídas ou capturadas pelo inimigo. Após o fim do conflito, o Exército local encontrava-se equipado, principalmente, com "subs" de fabricação britânica e norte-americana, mas, logo, manifestou seu desejo de reequipar-se com um modelo mais moderno e, se possível, de projeto e fabricação nacionais. Com isto em mente, os militares realizaram um amplo programa de testes com várias armas, todas em calibre 9 x 19 mm, criadas pelas firmas locais Impéria (M.I.53), FN (sem designação oficial), S.A. Repousmetal (RAN) e Societé Anonyme Précision Liègeoise (Vigneron). Saiu-se vencedora esta última. Projeto nacional A submetralhadora foi projetada por um Coronel do Exército Belga, Georges Vigneron, sendo oficialmente adotada em 1953. O primeiro lote de produção foi feito pela própria S. A. Précision Liègeoise, em Herstal, que subcontratou o Arsenal de Rocourt, em Liege, para confeccionar uma série de componentes. Posteriormente, aquele Arsenal viria a fabricar armas completas. A Vigneron também foi produzida pela firma AFEM - Ateliers de Fabricacions Electriques et Metalliques, em Bruxelas. O modelo inicial (Vigneron M1) foi produzido até 1954, num total de aproximadamente 21.300 exemplares. A subseqüente Vigneron M2 apresentava algumas modificações, como capuz de proteção para a massa de mira, alça de mira do tipo ranhura (em lugar de orifício) e reforço na mola da tampa da janela de ejeção. 131
Além das forças armadas, propriamente ditas, a Vigneron equipou durante muitos anos a Gendarmerie (polícia nacional) e tropas coloniais belgas (Force Publique) no Congo, cujas forças locais, após a independência, continuaram a usá-la em grande escala. No atual Zaire, sua presença ainda é observada, assim como já apareceu nas mãos de guerrilheiros do IRA, na Irlanda do Norte. Características técnicas
Esta arma belga é clássica representante da chamada segunda geração de submetralhadoras surgida durante a Segunda Guerra Mundial, com ênfase em simplicidade e economia de fabricação, portanto, amplamente fabricada com componentes em estamparia de aço. Contrastando com isto, no entanto, seu longo (305 mm) cano, dotado de compensador, incorpora um elaborado e caro sistema de anéis usinados em sua parte posterior, visando a uma (teoricamente, pelo menos) melhor dissipação de calor. O funcionamento é em "blowback" convencional, com regime de tiro seletivo. O registro encontra-se no lado esquerdo da arma, logo acima da empunhadura, com as posições "A" (Automático, com cadência cíclica de 620 tiros/min), "R" (Repetição) e "S" (Segurança). Também existe uma tecla de segurança, na parte de trás da empunhadura, cuja depressão pela mão do atirador desbloqueia o movimento do ferrolho. A coronha retrátil é do tipo vergalhão dobrado e possui três ajustes de comprimento para melhor adaptar-se ao atirador. Mesmo fechada, ainda projeta-se bastante para trás do corpo da arma, que fica com 706 mm de comprimento (dos 886 mm de comprimento total). O carregador empregado, com capacidade para 32 tiros, é uma cópia do modelo alemão da MP40, com alimentação em posição central única. Os belgas recomendavam carregá-lo com apenas 28 cartuchos, para evitar incidentes de alimentação, e, naturalmente faziam uso de um acessório indispensável, seu municiador. Totalmente municiada, a Vigneron tem um peso de 3,7 kg.
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Carregadores bifilares com posição central única de alimentação (no alto, esquerda) são, sabidamente, de difícil municiamento manual, sobretudo, acima da metade de sua capacidade. Para tal, existe uma indispensável ferramenta, que facilita e agiliza a colocação dos cartuchos. Nas outras fotos, o modelo usado pela Vigneron. Curiosamente, carregador de 32 tiros da "sub" alemã MP38/MP40 pode ser utilizado na arma belga, mas, não, ao contrário.
Um curioso acessório disponível para a "sub" belga era um falso cano, sempre pintado de forte vermelho, para ser usado em treinamento, com munição de festim. Como se pode observar, era cerca de 30 % mais curto que o original e não possuía massa de mira nem compensador. A tropa não gostava nada de usá-lo (foto ao lado), pois, mesmo após um número reduzido de disparos, deixava o interior da arma muito sujo, demandando imediato (e nunca apreciado...) trabalho de limpeza.
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(ESQ.): Detalhamento da alavanca de manejo, um pequeno botão cilíndrico situado no lado esquerdo da arma. Não sendo solidária com o ferrolho, permanece imóvel nesta posição durante o tiro. (DIR.): A localização e o formato do seletor de tiro, aqui visto na posição "A", de automático. Mesmo nesta condição, uma leve pressão na tecla do gatilho produz apenas tiro intermitente; aumentando a pressão, obtém-se rajada. As letras "CMH" na empunhadura de plástico são da firma Compagnie de Manufacture Herstal, fabricante daquele componente.
Diversos flagrantes da Vigneron M2 em uso. No alto, esquerda, durante uma operação de páraquedistas no antigo Congo Belga; no alto, direita, numa competição de tiro de reservistas, em 1979; na esquerda, nas mãos de um miliciano belga, que está pressionando o retém do carregador, para removê-lo.
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BRASIL
Alfa GP-1 Foi no ano de 1987 que a IBRAP - Indústria Brasileira de Mecânica de Precisão, de Belo Horizonte, MG, anunciou esta arma, calibre 9 x 19 mm, projetada pelo então Capitão (PM) Genaro do Prado. Apesar de seu convencional funcionamento em "blowback", com percutor usinado no ferrolho envolvente, algumas características da Alfa saíam um pouco do lugar comum. Infelizmente, a "sub" mineira não conseguiu entrar em produção. O carregador de 30 tiros era alojado no interior da empunhadura principal, mas, a empunhadura dianteira de apoio, ligeiramente inclinada para trás, também podia receber um segundo carregador, de reserva, com o aparente intuito de agilizar a troca. No que parece ter sido o primeiro protótipo (acima e ao lado), a caixa do mecanismo de disparo era totalmente retangular e, na sua extremidade traseira direita, estava o ponto de articulação de sua simples coronha metálica, rebatível para baixo e para frente. Aquele exemplar dispunha de uma fina baioneta, cuja empunhadura oca encaixava-se à volta do cano. Este, com 230 mm de comprimento, tinha uma série de anéis transversais usinados em sua parte externa, possivelmente, com vistas a facilitar seu arrefecimento. A GP-1 era dotada de uma tecla de segurança na parte de trás da empunhadura principal (travamento do ferrolho), estando o seletor no lado esquerdo da caixa do mecanismo de disparo, mais para trás de empunhadura e, portanto, fora do alcance do polegar de atiradores destros. Os ajustes são os tradicionais (segurança, semi-automático e automático), sendo a cadência cíclica de 550 disparos por minuto. A arma utilizava um sistema de amortecimento por compressão do ar na caixa da culatra, pelo movimento de recuo do ferrolho. A janela de ejeção ficava quase na vertical. As especificações básicas disponíveis são um comprimento de 420 mm, com a coronha rebatida, e um peso vazio de 2,3 kg.
Este protótipo da GP-1, fotografado no Campo de Provas da Marambaia, RJ, em novembro de 1982 apresenta um novo formato na parte posterior da caixa do mecanismo de disparo, miras mais afastadas, quebra-chamas tipo cone, articulação (quebrada) da coronha na tampa de trás da caixa da culatra e carregador menor. 135
BRASIL
Clandestinas ou Não Identificadas As armas apresentadas sob as classificações acima são todas, aparentemente, de origem nacional. Incluem-se protótipos não identificados e armas de fabricação comprovadamente clandestina, apreendidas por autoridades policiais ou militares em diferentes épocas e locais do Brasil. Embora muitas sejam, de fato, pistolas-metralhadoras, seriam verdadeiras "subs" pelo mero acréscimo de uma coronha. Os dados técnicos são aproximados. ===============================================================================
Submetralhadora calibre 9 x 19 mm, de acabamento esmerado. Em calibre 9 x 19 mm, apresenta o carregador alojado no interior da empunhadura (com talas de madeira), caixa da culatra cilíndrica, com uma extensão dianteira dotada de aberturas, funcionando como proteção térmica para o cano. A coronha fina metálica é rebatida para a frente, ficando a soleira sobre a janela de ejeção, impedindo o tiro em tais condições, numa emergência. No interior do guarda-mato, à frente do gatilho, pode ser observada uma tecla, possivelmente, de segurança aplicada. ===============================================================================
Aparentemente em calibre .22 LR ou .25 ACP e de operação "blowback", esta arma extremamente espartana tem um carregador muito longo e parece funcionar apenas em regime automático, com ejeção diretamente para cima. O peso leve e o pequeno curso do ferrolho sugerem uma cadência cíclica bem elevada (talvez, em torno de 1.000 tiros/min) o que, somado à ausência de miras e de coronha, deixa muito (ou tudo!) a desejar, em termos de controlabilidade e precisão de tiro. O cano está envolvido por uma luva metálica perfurada. =============================================================================== 136
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Esta pequena arma (uma virtual pistola-metralhadora) de calibre não determinado apresenta um carregador tipo cofre colocado horizontalmente no lado esquerdo e uma coronha rebatível, de vergalhão dobrado. Aparentemente, tem ferrolho e sistema de engatilhamento semelhantes ao de uma pistola semi-automática, estando visível nas fotos, inclusive, o que parece ser a parte externa de um martelo. ===============================================================================
Pistola-metralhadora com a espúria marca "Capoeira São Paulo", em calibre 9 x 19 mm, "blowback" e de funcionamento apenas automático (1.200 tiros/min). O carregador de 30 tiros é inserido num relativamente longo alojamento, que também serve de empunhadura de apoio. A única segurança aplicada disponível é um encaixe na caixa da culatra para se travar o ferrolho na posição aberta. O comprimento total é de 478 mm, para um cano de 235 mm. Peso vazio: 2,5 kg. ===============================================================================
Submetralhadora em calibre .22 LR, numa configuração bem mais típica de carabina. Possui elaborada coronha de madeira de tipo esportivo, com abertura para o polegar de atirador destro, e empunhadura vertical de apoio. Parte do cano é envolvida com camisa perfurada e cerca da metade do carregador, tipo cofre vertical, fica alojada no interior do guarda-mão. =============================================================================== 137
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Submetralhadora em "blowback", de tiro seletivo e em calibre .380 ACP, não muito comum nesse tipo de arma. A caixa da culatra cilíndrica estende-se numa luva perfurada (47 orifícios) que envolve parte do cano de 135 mm de comprimento (4 raias para a direita), com visível reforço nas paredes que envolvem a região da câmara. Muito curiosamente, não existe espaço livre entre o cano e a luva, o que elimina a suposta função normal desta, ou seja, proporcionar isolamento térmico e permitir a ventilação. A simples mola recuperadora tem grande diâmetro, não possuindo haste-guia, estando a grande alavanca de manejo, em formato de botão, a 90 graus do lado esquerdo. O ferrolho tem percutor usinado na própria peça. A janela de ejeção fica exatamente na vertical, sendo as miras não reguláveis uma alça em "V" e uma massa do tipo lâmina, com raio de visada de 355 mm. O alojamento do carregador (25 tiros, alimentação em posição central) é soldado à caixa da culatra e possui retém de acionamento lateral (esquerda para direita), na parte posterior. A caixa do mecanismo de disparo é retangular, dela saindo a armação metálica esqueletizada da empunhadura, que possui talas de madeira. No lado esquerdo encontra-se um registro de tiro (inoperante, na arma examinada) e de possível segurança aplicada. O comprimento total da arma é de 400 mm, tendo um peso vazio de 2,5 kg.
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Esta compacta arma automática em calibre 9 x 19 mm, sem coronha, possui uma caixa da culatra retangular, unida em duas metades superpostas. A alavanca de manejo, do tipo botão, é solidária com o ferrolho, possuindo uma rasa abertura central em forma de "U" para permitir o uso do aparelho de pontaria. Este é protegido por abas ("orelhas") laterais, consistindo numa alça fixa em ranhura e uma massa do tipo poste, com raio de visada de 100 mm. A ejeção de estojos é feita verticalmente. A bem acabada empunhadura de plástico foi aproveitada de uma arma de caça submarina, e, logo à frente do guarda-mato, encontra-se o alojamento do carregador (30 tiros, alimentação alternada em duas posições), com ligeira inclinação para trás. Seu retém é uma pequena placa, na parte posterior, pressionado para a frente para liberar o carregador, estando, no exemplar examinado, tensionado ... por elásticos! Existem duas alças metálicas fixas para a fixação de bandoleira, uma, na parte de trás da caixa da culatra, a outra, na lateral esquerda, perto da massa de mira. O seletor de tiro, logo acima da empunhadura, tem as posições de tiro e segurança (bloqueio do mecanismo de disparo). Com cano de 122 mm, tem comprimento total de 352 mm e peso vazio de 2,5 kg.
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Em calibre .45 ACP, esta clandestina de regime de tiro apenas automático apresenta a despistadora marca "STAR Z85 M1" grosseiramente gravada no lado direito da caixa do mecanismo de disparo, logo acima do gatilho, numa evidente tentativa de fazer crer ser ela de origem espanhola (fábrica Star). Um exame mais detalhado, entretanto, revela que a arma, aparentemente, utiliza um conjunto de caixa da culatra, ferrolho, mola recuperadora e haste-guia de uma submetralhadora INA, também nacional. A alavanca de manejo, contudo, encontra-se no lado direito, onde também fica a janela de ejeção. Todo o corpo da arma está recoberto de uma camada de massa epóxi, impossibilitando qualquer tipo de desmontagem para limpeza ou reparo. Esse mesmo material foi usado para moldar o alojamento do carregador (30 tiros, bifilar, alimentação em posição central), que possui três recessos para os dedos da mão de apoio do atirador. A empunhadura principal é feita de um tipo qualquer de plástico. Não existem miras, propriamente ditas, apenas, dois anéis (túneis) nas posições em que estariam alça e massa, afastados 305 mm entre si. O cano é bem curto (111 mm), tendo em sua parte projetada para fora da caixa da culatra uma camisa metálica de 30 mm de diâmetro, com 18 perfurações de 10 mm. O comprimento total é de 446 mm, com peso vazio de 3 kg. ===============================================================================
Esta bem longilínea submetralhadora em calibre 9 x 19 mm apresenta esmerado acabamento. O longo cano tem um compensador usinado próximo à boca, com dois cortes transversais na parte de cima. Sua peculiar coronha de vergalhão dobrado é rebatível para baixo e para a frente, posição em que o afastamento das duas hastes é suficiente para ficar nos lados da arma e deixar livre a bem longa linha de visada. As miras, aliás, são especialmente altas, sendo a alça (esquerda) bem incomum: um disco giratório com diversas orifícios (alcances) no alto de uma estrutura metálica. A massa também fica sobre uma base elevada, com abas laterais de proteção. Outros detalhes (direita) são uma trava de segurança (bloqueio do ferrolho) na parte de trás da empunhadura e um pequeno seletor de tiro basculante no lado esquerdo, entre o gatilho e a tala de madeira da empunhadura. Atrás do alojamento do carregador existe um guarda-mão, também de madeira. =========================================================== 140
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Estas angulosas pistolas-metralhadoras em calibre 9 x 19 mm representam muito bem um processo de incontestável fabricação em série de armas clandestinas, já que pelo menos dois exemplares distintos já foram apreendidos, com pequenas diferenças entre si. Na lateral direita da caixa do mecanismo de disparo, uma enigmática gravação: "USA 9 m/m" Com caixa da culatra retangular (25 x 25 mm), o ferrolho é dotado de haste-guia e mola de pequeno diâmetro. 0 carregador de 20 tiros é de alimentação em posição central única, ficando o retém na parte de trás de seu alojamento. A janela de ejeção está a 90 graus do lado direito. A alavanca de manejo também fica na direita, consistindo numa peça de metal dobrada para cima da arma, de modo a permitir o fácil acionamento com a mão de apoio (atiradores destros). A empunhadura é uma estrutura metálica com placas laterais de madeira, possuindo formatos ligeiramente diferentes nas duas armas examinadas.
Num dos exemplares havia um registro de tiro (inoperante, que deixava a arma em automático em qualquer das três posições existentes) no lado esquerdo da caixa do mecanismo de disparo, enquanto que, no outro, não havia seletor algum, somente um orifício no local em que deveria estar a peça. Na arma mostrada no alto desta página, o rudimentar aparelho de pontaria consiste numa alça em formato de "canal" (sobre a tampa posterior da caixa da culatra) e uma massa do tipo botão ("bead"), enquanto que na outra (acima), a alça inexiste e a massa, para complicar mais ainda, fica no interior de uma alça metálica móvel, certamente, para adaptar um tipo qualquer de bandoleira. O cano (114 mm de comprimento) apresenta-se permanentemente soldado à tampa anterior da caixa da culatra, sendo de 325 mm o comprimento total da arma e de 2,3 kg seu peso vazio. =============================================================================== 141
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Estas pistolas-metralhadoras calibre 9 x 19 mm foram apreendidas numa mesma região em diferentes ocasiões, possuindo algumas características em comum (carregadores e caixa do mecanismo de disparo, por exemplo), o que deixa claro terem a mesma origem. Este exemplar, com cano de apenas 67 mm, tem ferrolho e caixa da culatra (diâmetro de 28 mm) cilíndricos, estando a alavanca de manejo localizada no lado direito. Não possui aparelho de pontaria, mas, nas posições aproximadas em que deveriam estar as miras, apresenta duas alças metálicas transversais e fixas, afastadas 185 mm entre si, talvez, para a colocação de uma bandoleira. O carregador bifilar e com alimentação em posição central é de 30 tiros, possuindo um retém do tipo lâmina flexível na parte de trás do alojamento, puxado para trás para liberá-lo. A ejeção é feita a uns 45 para a direita, através de uma janela de 25 x 36 mm. A caixa do mecanismo de disparo é retangular, existindo um registro de tiro no lado esquerdo, logo acima de empunhadura de madeira sólida, com as posições gravadas "F" (para a frente, tiro intermitente), "R" (para cima, rajada) e "T" (para trás, segurança, travando o ferrolho, aberto ou fechado). Um pouco mais para trás, apresenta uma pequena gravação: "9 mm". Com comprimento total de 285 mm, pesa 2,4 kg. Este outra arma tem a mesma configuração geral, mas, seu cano é ainda mais curto (65 mm), possuindo um comprimento total de meros 267 mm. A caixa da culatra cilíndrica, por sua vez, tem diâmetro maior (33 mm) do que a da arma anterior, não possuindo as tais alças metálicas no alto nem, tampouco, qualquer tipo de aparelho de pontaria. A janela de ejeção é um pouco maior, com 21 x 35 mm. O seletor de tiro, igualmente no lado esquerdo e bem acima da empunhadura de madeira (esta, em duas metades), tem formato diferente e marcações, no mínimo, bem confusas: "T" (para a frente, intermitente), "R" (para cima, automático) e "F" (para trás, segurança). Também ostenta a gravação "9 mm" na lateral esquerda do cofre do mecanismo de disparo. =============================================================================== 142
=============================================================================== Muito provavelmente oriunda da mesma "fábrica" dos modelos mostrados na página anterior, esta outra pistola-metralhadora em calibre 9 x 19 mm apresenta, no entanto, ferrolho e caixa da culatra retangulares. Esta é feita em estamparia de aço, com um corpo principal dotado de uma tampa encaixada, na frente, por dois curtos pinos laterais e fixado, atrás, por dois parafusos. A junção das duas partes também forma uma janela de ejeção, no lado direito, medindo 18 x 33 mm O cano de 70 mm de comprimento está permanentemente preso a um bloco de aço, preso por pinos à base da caixa da culatra.
A alavanca de manejo, solidária ao ferrolho e em formato de um simples pino vertical, encontra-se na parte de cima da arma, não existindo miras de qualquer espécie. Logo atrás do alojamento do carregador, com retém em forma de lâmina, está o cofre do mecanismo de disparo, em formato retangular. O seletor de tiro, na esquerda e logo acima da empunhadura de madeira, apresenta as posições marcadas com "T" (para a frente, tiro intermitente), "R" (para cima, rajada) e "S" (para trás, travando o ferrolho à frente). =============================================================================== 143
=============================================================================== Nesta página, mais um caso de armas clandestinas fabricadas, de certa forma, "em série". Esta submetralhadora sem coronha, de projeto extremamente simples, é em calibre 9 x 19 mm e de funcionamento apenas automático. Apresenta ferrolho e caixa da culatra (diâmetro: 35 mm) cilíndricos, com mola recuperadora de grande diâmetro, sem haste-guia. A tampa posterior é fixa por meio de dois parafusos Allen. O colarinho que prende o cano (135 mm de comprimento) à arma usa três parafusos do mesmo tipo. Sua alavanca de manejo, solidária ao ferrolho, fica situada na parte de cima da arma, não existindo, assim, qualquer possibilidade do uso de miras. Em seu lugar, hás duas alças metálicas transversais para a colocação de bandoleira, afastadas 260 mm entre si. A janela de ejeção fica a 90 graus do lado direito, e, debaixo dela, sai o alojamento do carregador (retém em forma de lâmina, com acionamento para a frente). O carregador de 30 tiros é uma cópia bem aproximada do modelo alemão MP38/MP40, bifilar, de alimentação em posição única central e com reforço de chapa dupla na parte superior. A caixa do mecanismo de disparo, que forma o corpo inferior, é um cofre retangular, onde estão afixados o guarda-mato e a empunhadura esqueletizada, de metal. Não há qualquer tipo de segurança aplicada incorporada à arma. Seu comprimento total é de 435 mm e o peso, com carregador vazio, é de 2,7 kg.
Seguindo o mesmo "projeto" básico, este outro exemplar é dimensionado para o calibre .45 ACP. Também de funcionamento apenas automático, apresenta a alavanca de manejo no lado direito, sendo igualmente desprovido de aparelho de pontaria. Nesta arma, o alojamento do carregador tem ligeira inclinação para trás, uma forma de melhorar o ângulo de apresentação dos cartuchos e facilitar sua alimentação à câmara. A caixa da culatra cilíndrica tem diâmetro de 39 mm e o cano mede 210 mm de comprimento, tendo a "sub" um comprimento total de 505 mm. =============================================================================== 144
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Apesar de ostentar, na parte de cima da caixa da culatra, a bem feita gravação "HUDSON ESPECIAL CAL. 32 AUTO / SHOWCASE AMERICAN ARMS / MADE IN USA", esta submetralhadora calibre 7,65 mm Browning (.32 ACP) figura aqui na seção brasileira pelo fato de sua "marca" ser totalmente espúria e ter sido apreendida em nosso país, sendo, muito possivelmente, uma clandestina feita aqui mesmo. Com linhas conservadoras, possui ferrolho e caixa da culatra (30 mm de diâmetro) cilíndricos, esta se estendendo numa camisa perfurada de menor diâmetro que envolve todo o cano de 175 mm de comprimento. A alavanca de manejo, fixa ao ferrolho, é cilíndrica e fica do lado direito, assim como a janela de ejeção. O aparelho de pontaria consiste numa alça de ranhura em "V" e uma curiosa massa de mira em formato de uma alta estrutura em rampa metálica, com raio de visada de 425 mm. O mecanismo de disparo fica alojado numa caixa de estamparia de aço, com profundidade decrescente de trás para a frente. Em seu lado direito, um pouco à frente do guarda-mato, há uma tecla (inoperante, no exemplar examinado) que, num arco de 180 graus para baixo, oferece duas posições que seriam, possivelmente, de tiro (apenas automático) e segurança (bloqueio do ferrolho). O funcionamento é em "blowback" convencional. O carregador de 17 tiros é do tipo monofilar (gravado "CAL. 32 AUTO / USA"), tendo seu alojamento um retém do tipo lâmina na parte posterior, puxado para trás para liberá-lo. A coronha metálica rebatível é feita de um tubo dobrado, articulando-se na traseira direita da caixa da culatra e na base da empunhadura, esta, dotada de talas zigrinadas de material sintético. Quando dobrada para a direita da arma, reduz seu comprimento total de 730 mm para 460 mm. O peso da "Hudson", com carregador vazio, é de 2,4 kg.
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=============================================================================== Submetralhadora, possivelmente em calibre 9 x 19 mm, com coronha retrátil do tipo vergalhão dobrado. A caixa da culatra retangular parece ter sido feita por processo de usinagem, estando a janela de ejeção no lado direito e a alavanca de manejo, no esquerdo. O cano, dotado de compensador (dois cortes transversais na parte de cima), é envolvido por uma elaborada camisa metálica perfurada, que também conta, no topo, com uma estrutura de metal que corre da caixa da culatra até a massa de mira, no interior de um túnel. O alojamento para o curto carregador não o envolve completamente, apenas, na frente e atrás.
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O grande diâmetro do cano desta arma sugere seu calibre como sendo o .45 ACP. A convencional caixa da culatra é um tubo cilíndrico, com alavanca de manejo e janela de ejeção do lado direito. O corpo principal é uma só peça, incluindo o cofre do mecanismo de disparo, empunhadura (com a parte inferior bem mais larga que o resto) e alojamento do carregador, este, com boca alargada, para facilitar a inserção. O exemplar ilustrado não possui aparelho de pontaria, sendo bastante curioso o formato da sua empunhadura =============================================================================== 146
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Esta típica "sub" de segunda geração, com amplo uso de componentes em estamparia de aço, é de calibre não determinado. A estreita caixa da culatra é retangular e alavanca de manejo, no lado direito e solidária com o ferrolho, é uma lâmina de metal dobrado. No mesmo lado encontra-se a janela de ejeção. Nas duas extremidades da lateral esquerda existem alças metálicas para a fixação de bandoleira. Contrariando o aparente objetivo de barateamento da arma, o cano apresenta anéis transversais usinados ao longo de todo seu comprimento, uma antiga prática que visava a aumentar sua área externa e, assim, facilitar na dissipação do calor. O aparelho de pontaria consiste numa alça com ranhura em "V" e uma massa em forma de uma estrutura em rampa, curiosamente, muito parecidas com as encontradas na bem misteriosa "Hudson", descrita anteriormente. A coronha metálica esqueletizada (quebrada, no espécimen em questão) articula-se no lado direito, para completo rebatimento na lateral da "sub". =============================================================================== Esta rústica arma em calibre 7,65 mm Browning (.32 ACP), de operação "blowback, tem caixa da culatra e ferrolho cilíndricos, com alavanca de manejo (um simples pino metálico) no lado esquerdo e janela de ejeção (15 x 35 mm) a 45 graus para a direita. O aparelho de pontaria consiste numa alça fixa (ranhura em "U") e apenas um capuz metálico servindo como massa, afastados 230 mm entre si. O carregador, de tipo e capacidade não determinados, tem seu alojamento situado entre o guarda-mato e a empunhadura vertical de apoio, de metal e esqueletizada. No lado direito, há uma espécie de registro basculante de tiro e segurança, mas, no exemplar examinado, estava inoperante. A empunhadura tem estrutura de metal e talas de madeira. Existem alças móveis (zarelhos) para bandoleira, na esquerda da arma. Com cano de 110 mm, tem comprimento total de 318 mm. =============================================================================== 147
BRASIL
Fábrica de Itajubá - FI/70 As montanhas do sul do estado de Minas Gerais têm muito mais a oferecer além de um excelente clima, uma população hospitaleira, comida excepcional e laticínios dos mais variados. A Fábrica de Itajubá, na cidade do mesmo nome, foi fundada em 16 de julho de 1934 como parte do então Ministério da Guerra, havendo criado uma longa tradição de qualidade na produção de armamento leve. Fazendo parte, desde 1975, da IMBEL - Indústria de Material Bélico do Brasil, seus mais conhecidos produtos são os fuzis da família FAL (15 modelos, em três calibres) e as pistolas semi-automáticas derivadas da M1911A1 Government Model (30 modelos, em cinco calibres). A FI, entretanto, também possui grande experiência na área de pesquisas de submetralhadoras, onde tem atuado por mais de 30 anos.
Os trabalhos parecem ter começado bem no final da década de 1960, talvez em 1969, uma vez que alguns desenhos do primeiro exemplar (designação inicial: "Sub. Metr. 9 mm") de submetralhadora a surgir da Oficina de Protótipos da Fábrica de Itajubá datam de 3 de fevereiro de 1970. A posteriormente designada FI/70, em calibre 9 x 19 mm, era de operação "blowback" convencional, atirando a partir da posição de culatra aberta e com percutor fixo no ferrolho. A caixa da culatra era cilíndrica e o corpo (alojamento do mecanismo de disparo e empunhadura) era todo em madeira. A alavanca de manejo situava-se a 90 graus para a direita, estando a janela de ejeção, no mesmo lado, a cerca de 45 graus para cima. Na parte de trás da empunhadura existia uma tecla de segurança (bloqueio do ferrolho), impedindo disparos acidentais. Uma tecla (registro) existente no lado esquerdo do corpo, próximo alojamento do carregador, comandava a segurança aplicada (trava do gatilho) e os regimes de tiro, com as posições "S" (Segurança), "R" (Repetição) e "A" (Automático). A coronha empregada, do tipo vergalhão dobrado, era rebatível para baixo e para a frente, o que reduzia o comprimento total da arma de 745 para 460 mm, sendo de 210 mm o comprimento do cano. O carregador de 30 tiros era do tipo bifilar, com alimentação alternada em duas posições. Seu retém situava-se na parte anterior do alojamento, sendo pressionado para dentro para liberar o carregador (30 tiros, bifilar, alimentação em duas posições alternadas). O aparelho de pontaria (linha de mira: 210 mm) consistia numa alça em "L", com aberturas circulares ("peep holes") para tiros a 100 e 200 metros, e numa massa tipo poste, estando ambas protegidas por robustas orelhas de aço. Sem munição, a FI/70 pesava 3,4 kg, sendo de aproximadamente 800 disparos por minuto sua anunciada (em livreto promocional) cadência cíclica em tiro automático. Mas, parece que, na prática, o valor estava uns 50% acima, ou seja, em torno de 1.200 tiros/min. 148
Como sempre acontece ao longo de um processo de desenvolvimento, a experiência adquirida com a pioneira FI/70 levou os técnicos da Fábrica de Itajubá a introduzirem sucessivas modificações no projeto. Um deles envolveu a substituição da pouco ergonômica e relativamente frágil coronha de vergalhão por outra, de tubos metálicos, com rebatimento para o lado direito da "sub".
Nestes desenhos originais da FI/70, a arma é mostrada (em cima) com o ferrolho parcialmente à frente, bloqueado pela trava de empunhadura, e (em baixo) com o ferrolho todo atrás, em posição de tiro.
Estas duas fotos faziam parte de um pequeno livreto promocional editado pela Fábrica de Itajubá no início da década de 1970 para divulgar sua FI/70. O uso da arma em tiro sentado e apoiado até que é bem razoável, mas, o disparo da mesma com apenas uma das mãos é uma exibição sem qualquer aplicação prática na vida real. Coisas da propaganda...
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Alguns detalhes da FI/70 (A) retém do carregador; (B) seletor de tiro e segurança aplicada; (C) tecla de segurança na empunhadura. O corpo principal da arma (cofre do mecanismo de disparo e empunhadura) era feito de madeira.
Este protótipo da FI/70 apresenta algumas diferenças, em comparação aos iniciais: coronha rebatível de formato diferente (quebrada, no círculo) e a lateral do corpo e empunhadura totalmente lisas. No detalhe da mesma arma, observar a alavanca de manejo cilíndrica, no lado direito, a janela de ejeção e a massa de mira (regulável em altura) protegida por robustas orelhas de aço.
Com base na valiosa experiência adquirida com a pioneira FI/70 (no alto da foto da esquerda), a Fábrica de Itajubá começou a introduzir modificações no projeto. Uma delas foi a substituição da desajeitada coronha de vergalhão por outra, em tubulação metálica, bem mais firme e rebatível para o lado direito. No restante, a arma permaneceu inalterada.
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Fábrica de Itajubá - CE.71, CE.71A1 A exemplo de outros países, também o Brasil andou vendo a possibilidade de fabricar uma submetralhadora com carregador na empunhadura, configuração mundialmente popularizada pela israelense Uzi. Em 1971, a Fábrica de Itajubá construiu um protótipo designado FI Modelo 1971 (ou CE.71, seu indicativo militar), com uma caixa da culatra cilíndrica abrigando um ferrolho do tipo envolvente, estando a alavanca de manejo inclinada para a esquerda e a janela de ejeção, para a direita. Um também cilíndrico guarda-mão de madeira envolvia a parte anterior da arma. Do lado direito do pequeno cofre do mecanismo de disparo, logo acima da empunhadura, estava um seletor (botão deslizante) de tiro/segurança aplicada , certamente inspirado no da Uzi, com as posições "A" (Automático), para a frente; "R" (Repetição), no meio; e "S" (Segurança, para trás). Havia também uma tecla de segurança na parte posterior da empunhadura, em cuja base esquerda estava o botão de liberação do carregador, dois dispositivos claramente calcados na "sub" de Israel. Em calibre 9 x 19 mm (carregador de 30 tiros), a M1971 funcionava por "blowback" tradicional, com percutor fixo no ferrolho. Com carregador vazio, pesava 3,6 kg. O comprimento total de 690 mm (cano: 250 mm) ficava reduzido para 430 mm, mediante o rebatimento da coronha metálica para o lado direito da arma. O aparelho de pontaria, com uma linha de mira de 240 mm, consistia numa alça basculante de duas posições (100 e 200 metros) e numa massa tipo poste, estando ambas protegidas por abas de aço. Ainda no mesmo ano veio um segundo protótipo (Modelo 1971A1 ou CE.71A1), basicamente na mesma configuração, mas, de funcionamento apenas automático (900 tiros por minuto). O registro de tiro/segurança chegou um pouco para a frente, logo acima da tecla do gatilho, e passou a ter, girando, as posições "A" (Automático), para a frente, e "S" (Segurança), para trás. Outra modificação visível ficou por conta do guarda-mão, que passou a ter pequena conicidade para a frente, enquanto que a alça de mira (orifício) ficou fixa, para 100 metros. O peso da arma, com carregador vazio, baixou para 3.3 kg. Era um pouco mais curta que a primeira, com comprimento total de 670 mm.
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Fábrica de Itajubá (IMBEL) - CE.70 No primeiro semestre de 1978, todavia, a Oficina de Protótipos da Fábrica de Itajubá resolveu voltar suas atenções, novamente, para a pioneira FI/70, que serviria como ponto de partida para novos projetos experimentais. Surgiu, inicialmente, a CE.70 (segundo documentos da época, seu "Indicativo Militar"), que, examinada com mais atenção, apresenta significativas e visíveis mudanças externas. A alavanca de manejo, ainda solidária ao ferrolho, foi redesenhada e deslocada para o lado esquerdo e num ângulo mais para cima, dando-lhe características de manuseio ambidestro. O retém de liberação do carregador foi modificado, na forma de um pequeno botão redondo, e reposicionado para o lado esquerdo do alojamento. O registro de tiro/segurança foi igualmente redesenhado, transformando-se num pequeno botão de deslocamento transversal, na junção do guarda-mato com o corpo principal da arma, que conservou o desenho original. Pressionado da direita para a esquerda, travava o mecanismo do gatilho; inversamente, colocava a arma em condição de tiro (nesta versão, somente em regime automático). A tecla de segurança de empunhadura foi mantida. Ressalte-se que a submetralhadora de Itajubá ainda oferecia uma cadência cíclica muito elevada, o que levou a sucessivas modificações no ferrolho (aumentos de peso, com chumbo, e no seu curso, alongando a caixa da culatra), conseguindo-se baixar os valores para algo em torno de 900 disparos por minuto. Ainda assim, demasiadamente altos.
Ainda em 1978, já sob a égide da IMBEL, a Oficina de Protótipos da FI construiu uma nova variante (acima) da CE.70, aparentemente, sem designação oficial própria. Nesta submetralhadora, foram aproveitados o mecanismo de disparo e o corpo principal do modelo anterior, aos quais foi acrescentada uma caixa da culatra inteiramente nova, de formato retangular (ferrolho, também), e uma coronha tubular metálica destacável. O maior curso disponível para a movimentação do ferrolho, também mais pesado, atingiu o aparente objetivo da experiência: baixar sensivelmente a cadência cíclica da arma, para 600 a 700 tiros por minuto. A alavanca de manejo, feita em liga leve de alumínio, situava-se na parte de cima da caixa da culatra e, para não interferir com o aparelho de pontaria, possuía uma abertura longitudinal, permitindo a visada. A ejeção de estojos deflagrados dava-se para cima, através de uma janela existente logo atrás da estrutura da massa de mira. Para melhorar a ergonomia da empunhadura, foram colocadas as placas laterais (talas) utilizadas na pistola M1911A1. 152
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Fábrica de Itajubá (IMBEL) - M978
A chamada M978, também em calibre 9 x 19 mm, foi o último estágio de aproveitamento de alguns componentes da CE.70, havendo sido construída e testada na Fábrica de Itajubá no segundo semestre de 1978. A caixa do mecanismo de disparo e a empunhadura tinham a mesma configuração do protótipo anterior (e, também, das FI/70 e CE.70), mas, o alojamento do carregador foi recuado em direção ao guarda-mato. A caixa da culatra era em formato retangular, sendo feita em estamparia e dotada de nervuras de reforço, com a janela de ejeção diretamente para a direita e alavanca de manejo no alto. Esta tinha o formato de um botão, aberto longitudinalmente para não atrapalhar a visada. Com o recuo do carregador, pouco mais da metade do cano de 230 mm passou a ficar embutido, dispondo a arma de um guarda-mão de madeira. Uma jaqueta metálica perfurada, para o cano, chegou a ser usada . A coronha também era destacável, existindo um modelo de formato mais reto (ao lado) e um segundo, recurvado e com a soleira cerca de 50 mm mais baixa. A remoção da coronha reduzia o comprimento da "sub" de 690 para 452 mm
De funcionamento "blowback", a M978 disparava, com martelo e percussor, a partir da posição de culatra fechada. O primeiro de dois protótipos construídos tinha regime de tiro apenas automático, mas, o segundo era de tiro seletivo. Pesando, com carregador vazio, cerca de 4 kg, a cadência cíclica destes protótipos era de aproximadamente 650-700 tiros por minuto. 153
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F. de Itajubá (IMBEL) - M979, MD1, MD1A1 No início de 1979, a Oficina de Protótipos da IMBEL partiu para uma nova fase de pesquisas de submetralhadoras em calibre 9 x 19 mm, desta vez, visando ao aproveitamento de componentes do Fz 7,62 M964 (FAL - Fuzil Automático Leve), já totalmente nacionalizado e em produção seriada pela IMBEL. Os objetivos de tal empreendimento eram óbvios: acelerar o processo de desenvolvimento e, mediante o uso de peças idênticas ou pouco modificadas, baixar os custos de uma eventual fabricação em série.
A arma resultante (acima), inicialmente apelidada de "Falzinho" e designada M979, tinha uma simples coronha metálica rebatível para a direita, de desenho próprio. Posteriormente, recebeu as designações Sub Mtr IMBEL MD1 (coronha plástica rígida) e Sub Mtr IMBEL MD1A1 ( com outra coronha rebatível). Esta "sub" de tiro seletivo (cadência cíclica: cerca de 600 disparos/min) tinha funcionamento "blowback" convencional, com mecanismo de disparo próprio, e atirava a partir da posição de culatra aberta, com percutor fixo no ferrolho. A proeminente alavanca de manejo, em duralumínio, não se movimentava durante o tiro e tinha uma abertura central, para não interferir com o uso do aparelho de pontaria. A janela de ejeção localizava-se 90 graus para a direita e não possuía tampa. As miras eram do tipo orifício fixo (100 m) e ponto, com raio de visada de 318 mm. A coronha rígida usada era a mesma do FAL, assim como a empunhadura, tecla do gatilho e guarda-mato. A parte do cano de 215 mm que se projetava para fora da caixa da culatra era envolvida por uma luva perfurada, destinada a proteger o operador de queimaduras produzidas por eventual superaquecimento. O registro (seletor) de tiro e segurança aplicada, assim como a chave de desmontagem, eram os mesmos do fuzil, no lado esquerdo e logo acima da empunhadura, com as seguintes posições de seleção: "I" (Intermitente), para trás; "S" (Segurança), no meio; e "A" (Automático), para a frente. Com carregador vazio, seu peso era de aproximadamente 3,6 kg (variava, entre as versões de coronha rígida e rebatível), e o comprimento total de 730 mm ficava reduzido para 495 mm, mediante o rebatimento da coronha.
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Com algumas modificações visíveis (coronha, guarda-mão, proteções das miras) e outras, internas, a MD1A1 apresentava muito bom desempenho, havendo sido, inclusive, oficialmente testada e aprovada pelo Campo de Provas da Marambaia, do Exército Brasileiro. Tanto a MD1, de coronha fixa, como a MD1A1, com coronha metálica rebatível, tinham idênticos funcionamento e detalhes. Uma de suas características era a alavanca de manejo, no alto da caixa da culatra e nãosolidária com o ferrolho: feita de alumínio, possuía grande abertura central (indicada na foto da direita), para não interferir com o uso do aparelho de pontaria.
Apesar da má qualidade, estas ilustrações conseguem mostrar a importante modificação introduzida na caixa da culatra da Sub Mtr 9 IMBEL MD1, que deixou de ser uma peça usinada, com tampa, para uma só peça estampada, em chapa de 1,2 mm de espessura. Além de uma significativa redução de peso (em 300 gramas), o total de operações necessárias para sua fabricação baixou de 43 para apenas 19. Também pode ser observado a nova alavanca de manejo, em formato de botão cilíndrico. Estas modificações foram uma etapa intermediária que levou ao desenvolvimento da subseqüente Sub Mtr IMBEL MD2.
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Fábrica de Itajubá (IMBEL) - MD2, MD2A1 A idéia do aproveitamento de componentes do FAL em submetralhadoras foi levada ainda mais adiante, a partir de 1981, com o desenvolvimento das MD2 (coronha rígida) e MD2A1 (coronha rebatível). Desta vez, o mesmo mecanismo de disparo (percussão por martelo e percussor, em ferrolho fechado) e alavanca de manejo rebatível, entre outros itens do fuzil, foram empregados, elevando para cerca de 90 o número de peças comuns às duas armas (uns 60 por cento do total). A MD2 era normalmente equipada com um cano de 222 mm de comprimento, com ou sem jaqueta perfurada, eventualmente, dotado de quebra-chamas. Já a MD2A1, de coronha rebatível (própria ou do Pára-FAL, como na foto acima), utilizava cano de 160 mm, que se projetava pouco além de sua porca de fixação. Na prática, entretanto, ambos eram facilmente intercambiáveis. Na configuração dita padrão, a MD2 tinha um comprimento total de 770 mm e a MD2A1, de 680 mm (440 mm, com o rebatimento da coronha). Os pesos, com carregador vazio, eram de 3,8 e 3,4 kg, respectivamente. Apesar da praticidade da idéia e do bom funcionamento dos variados modelos, as "subs" de Itajubá acabaram não sendo colocadas em produção.
O autor testando uma MD2A1 de coronha metálica rebatível na própria Fábrica de Itajubá, em 1982. Na foto da esquerda, a arma está com carregador de 30 tiros e, na outra, com o mais curto, de 20. Com o cano de 160 mm de comprimento, era uma arma razoavelmente compacta e, por atirar em semi-automático com a culatra fechada (ferrolho à frente), era bem precisa. Em tiro automático, tinha uma cadência cíclica em torno de 700 disparos por minuto.
A mesma arma, com a coronha rebatida e carregador de 30 tiros.
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A MD2A1 desmontada em seus componentes principais: (a) conjunto de empunhadura, mecanismo de disparo e coronha rebatível; (b) carregador de 30 tiros; (c) pinos de desmontagem; (d) caixa da culatra e alojamento do carregador; (e) porca de fixação do cano (com alça móvel para bandoleira); (f) cano curto (160 mm); (g) ferrolho; (h) conjunto mola recuperadora/haste-guia).
Este protótipo da MD2A1 apresenta-se com uma coronha metálica aproveitada do Pára-FAL e com cano médio, parcialmente envolvido pela luva da porca de fixação. Nesta configuração, tinha comprimento total de 770 mm, reduzido para 415 mm, com a coronha rebatida para o lado. Fotografados lado a lado, estes protótipos apresentam pequenas diferenças entre si (alça de mira, por exemplo), algo bem comum ao longo de um processo de desenvolvimento. A MD2, com coronha rígida de FAL, tem seu cano envolvido por uma camisa perfurada, sem quebrachamas, enquanto que a MD2A1, dotada de coronha rebatível de Pára-FAL, está com o cano sem camisa, mas, substancialmente envolvido pela luva da porca de fixação.
O uso de baionetas em "subs" nunca foi muito comum, mas, ainda assim, a IMBEL oferecia tal possibilidade em sua experimental MD2: a mesma baioneta do FAL podia ser encaixada sobre a luva que envolvia o cano médio (222 mm) da arma.
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Esta MD2 apresenta-se com o cano médio (222 mm) e a luva perfurada, com pequeno quebra-chamas na boca. Tinha comprimento total de 770 mm e peso de 4 kg, com carregador de 30 tiros cheio.
Em calibre 9 x 19 mm, a carabina semiautomática (Ca 9 IMBEL MD1) de cano longo seria oferecida no mercado civil dos EUA. Dotada de cano médio, também poderia se tornar interessante opção, como armamento policial. No exemplar desmontado: (1) conjunto do mecanismo de disparo, empunhadura e coronha rígida (o mesmo do FAL); (2) pinos de desmontagem; (3) carregador de 20 tiros; (4) carregador de 30 tiros; (5) camisa perfurada do cano médio, com porca de fixação e quebrachamas; (6) cano médio (222 mm); (7) camisa do cano longo, com porca de fixação e quebra-chamas; (8) cano longo (392 mm); (9) caixa da culatra, com alojamento do carregador; (10) ferrolho; (11) conjunto da mola recuperadora e haste-guia. 158
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F. de Itajubá (IMBEL) - SMTR .40 IMBEL MD1 A munição calibre .40 S&W parece que chegou para ficar. Com um desempenho balístico intermediário entre o 9 x 19 mm e o .45 ACP, mostra-se particularmente indicada para uso policial, combinando valores adequados de controlabilidade, penetração e poder de parada "stopping power". Inicialmente (final da década de 1980) destinado a pistolas semi-automáticas, este cartucho de origem norteamericana logo apareceu como opção para uso em submetralhadoras, surgindo vários modelos para ele dimensionados.
No segundo semestre de 1999, a IMBEL - Indústria de Material Bélico do Brasil resolveu explorar este segmento do mercado e sua Fábrica de Itajubá, MG, começou a dar os primeiros passos na criação de uma "sub" neste calibre. No final daquele mesmo ano, este interessante protótipo ("000", da falta de uma designação oficial) já estava pronto e atirando, com a finalidade de explorar o conceito. A arma funcionava pelo princípio de curto recuo do cano, típico de várias pistolas, atirando a partir da posição de ferrolho fechado, com martelo e percussor. De tiro seletivo (semi-automático, automático e rajadas controladas de 3 tiros), empregava razoável número de componentes do fuzil FAL, tais como o conjunto de empunhadura e mecanismo de disparo, por exemplo. Era basicamente construída de aço, o que lhe dava um peso vazio de 3,2 kg. O carregador de 16 tiros, aproveitado de uma pistola, ficava num alojamento ligeiramente inclinado para a frente, adiante do guarda-mato. O cano tinha 130 mm de comprimento, sendo dotado de um proeminente freio de boca/compensador. O comprimento total de 660 mm ficava reduzido para 425 mm, mediante o rebatimento da coronha de material sintético (polímero), aproveitada de um antigo protótipo de fuzil calibre 5,56 x 45 mm, da própria IMBEL. O aparelho de pontaria consistia numa alça de mira basculante (50 e 100 metros) e uma massa tipo poste, ambas protegidas por robustas abas de metal, com uma linha de mira de 330 mm. Um trilho existente sobre a caixa da culatra permitia a adaptação de diversos acessórios. Em tiro 159
automático, a "000" tinha uma cadência cíclica da ordem de 750-800 disparos por minuto, apresentando excepcionais estabilidade e controlabilidade. Uma das ênfases deste projeto foi sua utilização ambidestra, com a duplicação dos registros de tiro e a possibilidade de, rapidamente, mudar o lado da ejeção dos estojos deflagrados: era só trocar a posição da alavanca de manejo, retirar e inverter o guarda-mão. Mas, aquele protótipo puramente experimental era pesado demais e, sobretudo, teria alto custo numa eventual fabricação em série. De qualquer maneira, serviu para que IMBEL se familiarizasse com o uso do cartucho .40 S&W numa arma longa e pudesse evoluir o conceito em direção a uma arma mais prática e econômica. O resultado foi o protótipo "001", já denominado SMTR .40 IMBEL MD1 (as múltiplas designações "MD" dos produtos da empresa me levam à loucura!!!), que foi construído no início de 2000. Embora ainda empregando os mesmos mecanismo de disparo (semi/auto/rajadas de 3 tiros) e empunhadura do FAL, recebeu uma configuração totalmente diferente e, significativamente, tinha funcionamento em "blowback" e disparava, com martelo e percussor, a partir da posição de ferrolho fechado. O cano de 145 mm tinha furação e rosca para adaptação de supressor de ruído, acessório mal compreendido por muita gente ("Oh, isso é coisa para assassinos!"), mas, utilíssimo, por exemplo, em ações de combate em ambientes fechados, pois não interfere no essencial C3 (Comando, Controle e Comunicações) da equipe envolvida. A "sub" passou a usar um carregador tipo cofre vertical de maior capacidade (30 tiros), foi dotada de uma coronha retrátil do tipo vergalhão dobrado que, quando fechado, reduz o comprimento total da arma de 655 para 450 mm. Ainda do FAL vieram a alça de mira basculante, com orelhas de proteção, e a massa de mira tipo poste, no caso, colocada no alto de uma base mais alta e protegida por um capuz (túnel) metálico. O raio de visada é de 310 mm. Outro detalhe chama logo a atenção: a existência de uma estrutura metálica (que alguns chamariam de "alça de transporte") sobre a caixa da culatra, mas, que, na realidade serve como base para a colocação de acessórios (miras, etc.). Ainda construída toda em aço, a "001" ficou com peso de 3,2 kg, sem munição. 160
O que parece constituir-se no modelo final, destinado a ser submetido à bateria de testes de homologaçã o (ReTEx) do Campo de Provas da Marambaia, no Rio de Janeiro, ainda lembra o protótipo "001", mas, de fato incorpora significativas mudanças. De grande importância foi a generalizada adoção de componentes em polímero, o que resultou na redução de custos de fabricação e do próprio peso da arma (em torno de 2,7 kg, descarregada). Foi mantido o foco na ambidestralidade do projeto, com teclas duplicadas do seletor de tiro (semi/auto/rajadas de 3 tiros), alavanca de manejo em posição central e duas janelas de ejeção, cuja escolha (direção de saída dos estojos) pode ser facilmente invertida, mediante rápida troca de posição do ferrolho.
Um simples e eficaz sistema redutor de cadência de tiro (em torno de 650 disparos por minuto) garante excepcional precisão e grande estabilidade (controlabilidade) em rajadas. Com cano de 150 mm, a IMBEL MD1 (novamente...), tem comprimento de 720 mm (total) e de 500 mm (coronha rebatida). Pode receber, naquela estrutura elevada, diversos acessórios (principalmente, miras óticas) e, naturalmente, ser equipada com supressor de ruído. O programa da submetralhadora calibre .40 S&W 100% nacional está, portanto, em fase bem adiantada de desenvolvimento e, após a homologação da mesma pelo Exército Brasileiro, poderá entrar em produção seriada num curto espaço de tempo. 161
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F. de Itajubá (IMBEL) - Modif. da INA Nos primeiros anos da década de 1980, começaram a surgir aqui no Brasil idéias sobre o reaproveitamento dos grandes estoques de submetralhadoras INA que se acumulavam nos depósitos militares e policiais. Afinal, uma arma simples, barata e (apesar de muitos detratores) funcional ainda poderia prestar bons serviços, se devidamente atualizada. E uma "atualização" deveria passar, com certeza, pelo calibre, já que o .45 ACP para a qual ela fora originalmente fabricada havia cedido lugar ao 9 x 19 mm, padronizado pelas Forças Armadas e, "de carona", pelas forças policiais brasileiras. Em suma, um virtual retorno às origens, já que o projeto original dinamarquês (Madsen) era em "nove" . A pioneira
Aparentemente, o primeiro passo concreto para dar um novo sopro de vida à "velha" INA foi dado num estabelecimento do Exército Brasileiro, o Arsenal de Guerra de Marechal Câmara, no Rio Grande do Sul. Bem no começo dos anos 80, ali servia um entusiasmado oficial, o então Major Corrêa Lima, que, artesanalmente, colocou mãos à obra e fabricou uma interessante conversão de uma M.B.50 para o calibre 9 x 19 mm (fotos acima). Sua arma apresentava, além das necessárias modificações de cano, ferrolho e carregador, uma radical troca de posição da janela de ejeção de estojos deflagrados, que passou do lado direito da caixa da culatra para o alto. Mais ainda, ele aumentou o tamanho da tecla de liberação do carregador, tornando sua manipulação mais fácil. O complemento final foi a inclusão de um compensador na boca do cano, com três ranhuras transversais na parte superior. Apesar de funcionar bem, a "nova" submetralhadora não passou da fase de protótipo pioneiro, uma vez que a decisão de se empreender um programa em larga escala de revitalização das armas estocadas não foi, naquela ocasião, tomada. Pouco tempo depois, em 1982, quando o mesmo Major Corrêa Lima estava à frente do Departamento de Pesquisa da Fábrica de Itajubá, MG (àquela altura dos acontecimentos, já pertencente à IMBEL Indústria de Material Bélico do Brasil) o Exército Brasileiro resolveu apoiar a idéia de modernização das INAs. A proposta inicial era de que a FI fabricaria os conjuntos de transformação (cano, ferrolho, carregadores, etc.) e os enviaria para as unidades ou estabelecimentos onde houvessem armas estocadas, ficando o não muito complicado trabalho de conversão sob a responsabilidade dos armeiros locais. Evolução gradual O primeiro projeto (Versão I, designação do autor) do pessoal de Itajubá envolvia novos cano, carregador (com pequenas janelas para controle do número de cartuchos), ferrolho, extrator e algumas peças menores, mais uma adaptação no alojamento do carregador, em que uma tecla adicional permitia a inversão do movimento de liberação do carregador (tecla empurrada para a frente). O programa, entretanto, não chegou a materializar-se. 162
Mas, a idéia foi sendo desenvolvida, chegando-se à chamada (pelo autor) Versão II. Tendo como arma-base a M.953, foi aproveitado o carregador original, cujas paredes laterais foram moldadas para dentro, de modo a acomodar a munição de menor diâmetro. Significativa adição foi um compensador de cinco ranhuras transversais. Este modelo foi o primeiro a receber encomendas de órgãos de segurança pública, sendo as Polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro, por exemplo, usuárias de primeiro momento dessas INAs repotencializadas, aprovadas pelo Campo de Provas da Marambaia (CPrM) através do Relatório Técnico Experimental (ReTEx) Número 1070, de 30 de julho de 1984.
O desejo de se ter uma submetralhadora de tiro seletivo (semi-automático e automático) levou o Departamento de Engenharia da Fábrica de Itajubá a adaptar o mecanismo de disparo para tal finalidade. Surgiu, então, a experimental Versão III, cujo botão de segurança aplicada, acima da tecla do gatilho, passou a ter um curso de deslocamento longitudinal maior (foto da direita), com as posições "S" (Segurança), para a frente; "R" (Repetição), no meio; e "A" (Automático), para trás. Nesta, também foi feito um alongamento da coronha metálica para que, quando rebatida, a soleira não interferisse no acionamento da tecla de segurança contra disparos acidentais (quedas, golpes, etc.), existente após o alojamento do carregador. Isto permite, numa emergência, que a arma seja disparada num charmoso (e ineficaz...) estilo Hollywoodiano, com a coronha rebatida. A seguinte transformação da INA levada a cabo pela IMBEL em sua Fábrica de Itajubá, designada pelo autor de Versão IV, também recebeu algumas encomendas locais. Caracteriza-se pela adoção de um novo tipo de seletor de tiro, também localizado acima do gatilho. Girando num arco de 180 graus, apresenta as posições "R", para a frente; "S" (bloqueio do ferrolho), para cima; e "A", para trás. A coronha alongada foi mantida, esta versão sendo aprovada pelo CPrM através do ReTEx Número 1184, de 21 de maio de 1986. Em 1992, a pedido de um dos usuários da "sub", os técnicos de Itajubá criaram o que foi chamado de "Modelo Policial" (Versão V). Nesta variante, foi eliminado o compensador e o cano foi encurtado em cerca de 30 por cento, tornando a arma bem mais compacta e de uso mais prático em certos cenários táticos, como o combate em ambiente exíguos. Outras modificações introduzidas: 163
reposicionamento ( no alto da arma) e redesenho (placa em "U" invertido) da alavanca de manejo (um retorno à configuração da Madsen Modelo 1946!), carregador com alimentação bifilar alternada (como na Madsen Mark II) e tecla do gatilho redesenhada, ficando mais próxima da empunhadura. As INA M.B.50 assim modificadas receberam da IMBEL a designação Mtr M 9 INA MD1, enquanto que as armas transformadas a partir das M953 foram designadas Mtr M 9 INA MD2. Até fevereiro de 2001, cerca de 5.000 INAs haviam sido repotencializadas pela Fábrica de Itajubá, com umas 1.000 unidades entregues ao Exército Brasileiro e, o restante, a polícias militares e civis de vários estados, como Alagoas, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, São Paulo e Tocantins.
Em 1982, a Fábrica de Itajubá desenvolveu um "kit" inicial de transformação da INA do calibre .45 ACP para o 9 x 19 mm, cujos principais novos componentes eram (A) cano, (B) ferrolho e extrator, (C) conjunto de mola recuperadora e haste-guia e (D) carregador com janelas de inspeção. A idéia era que os conjuntos fossem instalados nas submetralhadoras por armeiros das próprias unidades militares ou policiais que as tivessem em estoque. A arma da foto é uma M.B.50, identificada pelo curto alojamento do carregador.
A Versão IV caracteriza-se, externamente, pelo compensador na boca do cano e pelo seletor de tiro de três posições ("A", para trás; "S", no alto; e "R", para a frente), no lado esquerdo, acima do gatilho. As marcações do seletor(abaixo) são repetidas, em tamanho menor, no lado oposto da arma, possibilitando que um instrutor posicionado ao lado do aluno fique ciente do regime de tiro em que se encontra a "sub". Este modelo, com cano de 220 mm, tem um comprimento total de 864 mm (600 mm, com a coronha rebatida) e pesa 4,2 kg com carregador cheio (30 tiros). 164
A Versão IV possui uma coronha ligeiramente mais comprida que a INA original. O compensador usado, ainda que dê um certo "charme" à arma, poderia ser perfeitamente dispensado, na opinião do autor. Além de aumentar o comprimento total da "sub", a munição 9 x 19 mm empregada não gera muita pressão para empurrar, suficientemente, a boca do cano para baixo.
O "Modelo Policial" (acima) constitui-se numa interessante versão atualizada da INA, sobretudo por sua relativa (em comparação à arma original) compacidade. Com a coronha aberta, tem um comprimento total de 764 mm e, com a mesma rebatida, para transporte, fica com pouco menos de 500 mm. A versão chamada de MD2 pela IMBEL, derivada da M.953, pesa 4,1 kg, com carregador cheio. Sua cadência cíclica, em automático, é de 600-650 tiros/min. 165
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INA M.B.50, M.953
Certamente, a submetralhadora com a mais longa folha de serviços com as Forças Armadas e Policiais brasileiras é a inconfundível INA. O nome pelo qual ficou conhecida vem das iniciais de seu fabricante, a Indústria Nacional de Armas S/A, de São Paulo, SP, onde começou a ser produzida no início da década de 1950. Meio século depois, ainda pode ser vista em uso por algumas polícias do Brasil, notadamente no estado do Rio de Janeiro. Mas, nem todos sabem que esta espartana e longeva "sub" de fabricação nacional teve suas origens na longínqua e fria Dinamarca. Durante a Segunda Guerra Mundial, recorda-se, a Dinamarca foi invadida por forças alemães. Naquela época, um oficial do Exército Brasileiro estagiava na Dansk Industri Syndicat , talvez, até, pelo fato de nosso país ser usuário da então mundialmente popular metralhadora leve Madsen, calibre 7 x 57 mm. Consta que, com a aproximação do inimigo, nosso patrício conseguiu levar para fora da Europa -- e, conseqüentemente, para longe das mãos dos nazistas -- importantes desenhos industriais, os quais, com o término do conflito, foram imediatamente devolvidos aos legítimos donos. E a gratidão dos dinamarqueses foi imediata e significativa: cederam, graciosamente, uma licença de fabricação, no Brasil, da submetralhadora Modelo 1946. Para levar a cabo tal empreendimento, foi criada, em São Paulo, a Indústria Nacional de Armas S/A, da qual o protagonista desta história, o Gen (R1) Plínio Paes Barreto Cardoso, se tornaria presidente. Recorda-se que, quando Ten Cel, aquele oficial havia sido Diretor da Fábrica de Itajubá, MG, entre setembro de 1942 e fevereiro de 1944, na época, pertencente ao então Ministério da Guerra. Como, à época, o calibre padrão das Forças Armadas Brasileiras para pistolas e submetralhadoras era o .45 ACP, a Madsen (originalmente, em 9 x 19 mm) foi redimensionada para o mesmo. Outras modificações adotadas pela arma "Made in Brazil", que foi designada M.B.50 (provavelmente, de "Modelo Brasileiro"), foram o redesenho e reposicionamento da alavanca de manejo, que passou a ter o formato de um gancho e foi para o lado direito da caixa da culatra, e a colocação de uma pequena presilha de metal, na boca do alojamento do carregador, para dar um reforço adicional ao fechamento das duas metades de seu corpo. A massa de mira também sofreu pequena alteração, do formato de lâmina para o de um pequeno poste cilíndrico, sem proteção. Posteriormente, entrou em produção a chamada M.953, que teve o alojamento do carregador um pouco mais alongado, proporcionando maior 166
rigidez ao conjunto. Deve ser observado que as INAs foram fabricadas com as laterais da caixa da culatra lisas, sem os ressaltos de estamparia existentes nas armas dinamarquesas.
Em ambas versões, a INA foi amplamente distribuída ao Exército Brasileiro, Marinha de Guerra, Corpo de Fuzileiros Navais, Força Aérea Brasileira e a polícias civis e militares de todo o país. Muito curiosamente, alguns lotes, devidamente identificados, também foram fabricados e entregues a algumas autarquias e empresas estatais, como a Petrobrás (na foto, detalhe de uma M.953 / No. 00001 usada na segurança da REDUC - Refinaria Duque de Caxias, no Rio de Janeiro), Rede Ferroviária Federal, Companhia Vale do Rio Doce e Casa da Moeda, sendo, durante muitos anos, usadas pelos setores de segurança das mesmas. Um amigo do autor, inclusive, garante ter visto, há muitos anos, uma INA gravada com o nome da ... Volkswagen do Brasil! Não há números confiáveis disponíveis sobre o total de M.B.50 e M.953 produzidas (aparente e lamentavelmente, todos os arquivos da fábrica se perderam, com seu fechamento) , as estimativas variando desde umas 50.000 até qualquer coisa como 80.000. Com a posterior (início da década de 1970) adoção do calibre 9 x 19 mm por nossas Forças Armadas, a onipresente "sub" foi, gradualmente, saindo do cenário. Mas, não, definitivamente... Manuseio e tiro A INA, talvez por sua aparência deselegante ou extrema simplicidade, costumou carregar nas costas uma muito discutível "má fama". Falava-se muito de sua "incontrolabilidade" ou "tendência inerente de subir muito" em tiro automático. Já ouvi algumas pessoas -- que, aparentemente acreditavam mesmo naquilo que falavam -- atribuírem o tal "descontrole" da arma à combinação da "fortíssima" munição .45 ACP usada com o "pouco peso" de 4 kg e a "alta cadência" de 600 disparos por minuto! Ora, não vou gastar seu tempo e espaço útil neste trabalho para elaborar muito sobre tais bobagens. Quem estiver, de fato, familiarizado com armas automáticas, sabe perfeitamente que esta submetralhadora enquadra-se perfeitamente nos parâmetros usuais para sua categoria. Técnicas adequadas de tiro, isto sim, é que influenciam decididamente para que tais "feras" sejam "domadas". E ponto final! 167
O municiamento do carregador normal da arma (o de alimentação em posição central única), cuja capacidade é de 30 tiros, é muito facilitado pelo uso de um municiador próprio, existindo um espaço especial, no interior da empunhadura, para guardá-lo e transportá-lo. Após sua colocação no alojamento, uma pequena pancada sobre sua base, com a palma da mão, vai assegurar o adequado encaixe. A INA original possui dois sistemas de segurança. Um botão de deslocamento transversal, no lado esquerdo e acima da tecla do gatilho, com as posições "F" (Fogo, para a frente) e "S" (Segurança, para trás), pode ser usado para travar o ferrolho, tanto na posição fechada como na aberta. Estando na posição de tiro, a alavanca de manejo é puxada para trás, até ser presa pela armadilha do mecanismo de gatilho. Para se proceder o disparo, é necessário que a mão de apoio pressione, para a frente, uma tecla adicional de segurança existente na parte posterior do alojamento do carregador, que também funciona como empunhadura de apoio. Sem isto, um ressalto interno impede que o ferrolho desloque-se totalmente para a frente, alimentando um cartucho à câmara e procedendo o disparo.
O aparelho de pontaria (acima) não poderia ser mais simples, consistindo numa alça de mira do tipo ranhura, numa robusta placa colocada no extremidade posterior da caixa da culatra, e uma massa de mira tipo poste, ambas situadas na metade esquerda da arma e, portanto, ligeiramente deslocadas do eixo de tiro. Com um generoso raio de visada de 333 mm, as miras são fixas para tiros a 100 metros. A cadência cíclica de tiro automático (em torno de 600-650 disparos/min) é perfeitamente adequada para se aliar uma boa controlabilidade nas raramente necessárias rajadas longas e, ao mesmo tempo, permitir rajadas curtas (dois ou três tiros) ou, mesmo, tiro intermitente, mediante a adequada manipulação do gatilho 168
Lado a lado, os dois modelos de INA fabricado no Brasil, observando-se o alojamento do carregador mais longo da M.953. Possuindo cano de 214 mm, o comprimento total de ambas é de 793 mm (545 mm, com a coronha rebatida), sendo de 4,5 kg o peso com carregador totalmente municiado (30 tiros).
Esta M.B.50, de número de fabricação 09357, pertenceu à Força Aérea Brasileira (F.A.B. 00957) e apresenta um registro para seleção de tiro (Automático, para a frente, e Intermitente, para trás), já observado em algumas armas originais em calibre .45 ACP. Não foi possível determinar, com certeza, a origem desta modificação. Nesta M.953 com a identificação POLÍCIA CIVIL / DISTRITO FEDERAL (o atual Estado do Rio de Janeiro), destaque para alguns detalhes: (A)massa de mira, (B) argola dianteira de fixação da bandoleira, (C) botão da segurança aplicada (aqui, na posição "S", que trava o ferrolho), (D) tecla de segurança de empunhadura, (E) retém do carregador e (F) presilha de fixação do alojamento do carregador.
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O funcionamento da segurança de empunhadura: caso a tecla (A) não esteja pressionada pela mão de apoio, uma trava (B) eleva-se e encaixa-se num corte (C) existente na parte inferior do ferrolho, impedindo seu total deslocamento à frente, antes que retire um cartucho do carregador, alimente-o à câmara e efetue o disparo.
Uma das idiossincrasias do projeto original da Madsen, devidamente mantido nas armas brasileiras: a hasteguia da mola recuperadora projeta-se bem para fora da caixa da culatra, durante o tiro.
A versão M.953 foi a mais amplamente empregada das INAs. O exemplar aqui mostrado pertenceu à nossa Marinha de Guerra (gravação: "MARINHA BRASILEIRA", em vez do nome oficial da Força: Marinha do Brasil) e, mais especificamente, ao Corpo de Fuzileiros Navais (gravação: "C.F.N.").
A distribuição das "subs" pelo Brasil foi bem generalizada, abrangendo, além das Forças Armadas, também as Auxiliares e Policiais. Nestas fotos de um desfile militar em 1980, as INAs estão nas mãos de bombeiros e PMs do Estado do Rio de Janeiro. 170
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Nelmo Suzano A história das armas de fogo, em todo o mundo, está repleta de exemplos de projetos realmente interessantes e inovadores que, por razões diversas, acabaram não se materializando de forma alguma ou, ainda, não conseguiram passar da fase de protótipos funcionais. No Brasil não foi diferente. Falta de incentivo, de apoio material ou político ou, mesmo, de um mínimo de visão empresarial deixaram muitas boas idéias morrerem. Exemplos gritantes desta lamentável situação foram os projetos de submetralhadoras de autoria de um brasileiro virtualmente desconhecido do público geral, mas, felizmente, reconhecido por aqueles direta e realmente ligados ao setor de armamento leve, profissionais, colecionadores e pesquisadores. Seu nome: Nelmo Suzano. Primeiros passos Desde menino, este capixaba já se interessava por armas de fogo, sobretudo no que dizia respeito ao seu funcionamento. Seus cadernos escolares, é claro, logo estavam tomados de desenhos e esquemas técnicos de armamento dos mais variados, material saído tanto de publicações técnicas (raríssimas aqui, na década de 1940) como de sua própria cabeça. Sem dúvida, a passagem de Nelmo Suzano pelo serviço militar (8o. Grupo de Artilharia de Costa Motorizado, no Rio de Janeiro) lhe proporcionou uma oportunidade valiosa de contato realmente físico e prático com o material bélico, não sendo surpresa que, logo, estaria integrando a equipe de tiro daquela OM e, mais ainda, destacando-se como campeão. Na década de 1950, com vinte e poucos anos de idade e experiência prática adquirida no Exército Brasileiro, Nelmo já se aventurava, com bastante desenvoltura e criatividade, a mexer em mecanismos de disparo e coisas do gênero. Sua competência foi reconhecida, por exemplo, pelo Clube de Tiro da Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, que lhe confiava a manutenção de seu armamento tipicamente militar que, na época, incluía pistolas semi-automáticas Colt M1911A1 .45 ACP, pistolas de tiro seletivo Mauser "Schenellfeuer" 7,63 mm, carabinas .30 M1, fuzis Garand .30-06 e Mauser 7 x 57 mm. É claro que armas automáticas, como diversos modelos de submetralhadoras, igualmente passaram pelas mãos hábeis deste brasileiro e tiveram suas "entranhas" detalhadamente examinadas e mexidas. Em pouco tempo, ainda nos anos 50 em sociedade com o carioca Olympio Vieira de Mello Filho, fundou uma pequena firma chamada O.N. Gunmakers (um nome estrangeiro sempre impressionava mais!), cuja atividade principal era a fabricação de fuzis e carabinas de caça de alta qualidade. Tais armas, por seu esmerado acabamento e excepcional precisão, logo foram ganhando uma clientela bastante seleta, inclusive com encomendas vindas do exterior. Os dois amigos/projetistas/construtores trabalharam com os mais variados calibres, desde os mais comuns 7 mm Mauser e .30-06 até os "pesos-pesados" da caça, como o .458 Winchester Magnum, o .460 Weatherby Magnum e o .500 Nitro Express. Exemplares de fuzis da marca "O.N." até hoje figuram em importantes coleções nacionais e internacionais. Mas eram as armas automáticas, realmente, que povoavam os sonhos de Nelmo. No início da década de 60, ele projetou e construiu seu primeiro protótipo de submetralhadora, o qual jamais recebeu de seu criador qualquer tipo de designação ou nome. Infelizmente, parece que suas especificações técnicas se perderam ao longo dos anos, de modo que os dados apresentados a seguir são, apenas, aproximados. 171
A "Sem Nome"
A "Sem Nome" funcionava por "blowback" retardado e tinha um corpo de seção retangular construído em chapa de aço com 2 mm de espessura, onde ficava embutida a caixa da culatra cilíndrica. O cano, adaptado a partir de um de calibre .458 Winchester Magnum, era dotado de um compensador com sete aberturas transversais. A alavanca de manejo, posicionada a cerca de 45 graus para a direita, tinha o formato de um pequeno cilindro. O seletor de tiro (segurança, semi e auto) estava situada no lado direito do corpo, bem acima da tecla do gatilho. O aparelho de pontaria (alça do tipo abertura circular, ou "peep", ajustável para 100e 200 metros; massa do tipo lâmina) era adequadamente protegido por proeminentes e robustas orelhas de aço. A arma dispunha de um curioso sistema duplo de coronha. Consistia numa unidade retrátil, do tipo vergalhão dobrado (que corria ao longo de tubos localizados nas laterais do corpo principal, com uma trava no lado esquerdo, acima do gatilho), e numa coronha de madeira, destacável. Esta podia ser usada com a de vergalhão na posição fechada, cuja soleira permanecia rente às laterais da empunhadura principal. O alojamento do carregador ficava bem à frente, sendo suficientemente grande para servir como empunhadura de apoio. O retém do carregador, em formato de lâmina, era puxado para trás para efetuar a substituição. Um detalhe interessante deste protótipo pioneiro era que, mediante a troca (rápida) do cano, do carregador e de uma pequena peça (uma espécie de pastilha) na face do ferrolho, a submetralhadora podia usar munição calibre 9 x 19 mm ou .45 ACP.
As fotos deixam bem claro que tratava-se de uma arma bem comprida. Mesmo com a coronha retraída, tinha um comprimento em torno de 600 mm, estimando-se que seu peso passasse dos 4 kg. Ainda assim, consta que seu funcionamento era muito bom, chegando a ser demonstrada à então Força Pública de São Paulo (hoje, Polícia Militar). Como resultado de seu desempenho, teria sido considerada para adoção oficial daquele organismo policial e foram dados alguns passos para a criação de uma 172
empresa, lá mesmo em São Paulo, que cuidaria de seu desenvolvimento final, industrialização e comercialização. Tais planos, todavia, não se concretizaram. Criada a SOCIMARTE Ainda assim, a experiência adquirida por Nelmo Suzano na criação daquele deselegante protótipo foi enorme, incentivando-o a partir para projetos mais elaborados. Com o apoio inicial de Bruno Braconi, proprietário de um estaleiro carioca que fazia barcos camaroneiros no bairro do Caju, algumas máquinas e ferramental usados foram adquiridos, sendo fundada a SOCIMARTE - Sociedade de Máquinas Marte Ltda. Daí nasceu, por volta de 1971, uma nova submetralhadora, calibre 9 x 19 mm, com características tais que, sem dúvida, lhe davam um promissor futuro comercial. Bem mais elaborada que a anterior "Sem Nome", possuía uma empunhadura, com placas de madeira, centralizada no corpo principal e dotada de trava (bloqueio do ferrolho) contra disparos acidentais, se a arma não estivesse devidamente empunhada pelo atirador. O carregador, do tipo cofre vertical e com capacidade para 32 cartuchos, era alojado na empunhadura. A coronha, também de madeira, podia ser rebatida para o lado esquerdo da "sub" ou, mesmo, destacada da arma.
Os testes com a chamada "Modelo SOCIMARTE SM 9" realizados pelo próprio construtor, atiradores e (não oficialmente) por diversos militares e policiais mostravam que um passo maior deveria ser dado, algo que a pequena firma e o estaleiro não comportariam. No ano seguinte (1972) foi feito um importante contato com a empresa, também carioca, Bérgom S/A, na época, uma consagrada metalúrgica fabricante de geladeiras, condicionadores de ar e móveis de aço, cujas máquinas e instalações se prestavam muito bem ao projeto de industrialização de submetralhadoras. A receptividade de seu proprietário, Bernardino Gonçalves Martins, foi total. Mais entusiasmo, ainda, veio de seu filho Luiz Gonçalves, um profundo conhecedor de máquinas e processos industriais, com o qual Nelmo criou fortes laços de amizade e que, ao longo de quase três décadas, participaria ativa e intimamente de quase todos seus projetos. A fase Bérgom Já sob a égide da Bérgom S/A, aquele pioneiro protótipo da SOCIMARTE foi enviado, com algumas modificações ao Campo de Provas da Marambaia (Rio de Janeiro) para ser submetido ao rigoroso programa de testes de homologação daquele estabelecimento do Exército Brasileiro, etapa inicial e indispensável para que a arma pudesse ser colocada em produção e comercializada. Àquela altura dos acontecimentos, a "sub" de Nelmo havia recebido uma nova designação: BSM/9 M1, de "Bérgom, Sub-Metralhadora, 9 mm, Modelo 1". 173
Em calibre 9 x 19 mm, empregava um tipo bem peculiar de "blowback" retardado, chamado por seu criador de "força-limite de atrito". Quando o ferrolho atingia a culatra, no fechamento, duas cunhas metálicas eram projetadas, por inércia, em direção às paredes da caixa. Mesmo sem encaixarem em qualquer recesso, era o suficiente para retardar a abertura da culatra até que o projétil saísse do cano e as pressões de gases baixassem a níveis seguros, para a abertura. Também, o espaço livre entre as paredes internas da caixa da culatra e o ferrolho, ambos cilíndricos, era mínimo, de modo que, por um efeito de êmboloamortecedor, o ferrolho demorava mais a mover-se e não batia na parte de trás, quando do disparo. Tudo isto possibilitava utilizar uma menor massa para o fechamento da culatra e aumentava a estabilidade da arma, em rajadas (cadência cíclica: 750 tiros/min). A BSM/9 M1 possuía o alojamento do carregador situado quase que no meio exato de seu corpo principal, servindo o mesmo de empunhadura de tiro, configuração à época bem popularizada pela israelense Uzi. A coronha de madeira era destacável (rebatível, no exemplar testado e aprovado na Marambaia), o que possibilitava reduzir o comprimento total de 610 para 410 mm, sendo de 230 mm o comprimento do cano. Vazia e sem carregador, a arma pesava 3 kg, podendo utilizar carregadores de 20 tiros (peso municiado: 160 g) ou de 32 tiros (peso municiado: 200 g).
As qualidades desta "sub" brasileira acabaram chegando ao conhecimento de outros países. No caso específico de um deles, a Argélia, o interesse acabou resultando numa memorável demonstração da arma nas regiões desérticas daquele país do norte da África, em 1973. Em conseqüência do sucesso alcançado na apresentação de dois rudimentares protótipos (não haviam recebido, nem mesmo, tratamento externo!), os argelinos mostraram-se dispostos a fazer uma substancial encomenda e a montar uma fábrica em seu próprio país. Pediram mais quatro protótipos, que foram construídos num pequeno galpão que a Bérgom montara num subúrbio do Rio de Janeiro, às margens da Rodovia Presidente Dutra (Rio-São Paulo), como seu Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento. No final de 1974, as armas estavam prontas (acima). As novas BSM/9 M1 eram, na prática, um pequeno lote que poderia ser chamado de pré-série e, como tal, incorporavam um conjunto de melhorias que provavelmente seriam adotadas numa futura linha de produção. Além de um acabamento geral bem mais elaborado, passou a empregar componentes de material sintético (coronha destacável, guarda-mão e talas da empunhadura), as miras e suas estruturas de proteção (agora, capuzes) foram redesenhadas e o cano recebeu novo sistema (luva) de fixação à arma, projetando-se mais para fora da caixa da culatra e também funcionando como freio de boca. 174
Lamentavelmente, a BSM/9 M1 acabou não passando desta etapa. Uma imperdoável atitude de um dos sócios da Bérgom, cujos detalhes vergonhosos fogem ao escopo deste capítulo, fez com que numerosas e importantes correspondências do governo argelino, sobre o contrato de fabricação da submetralhadora brasileira, jamais chegassem às mãos de Nelmo e seu amigo Luis. Não recebendo respostas a seus repetidos contatos, a turma da Argélia, simplesmente, desistiu do negócio. BSM/9 M2 ("Esqueleto")
Nesse ínterim (1973), um interessante modelo experimental de submetralhadora havia sido criado pelo projetista brasileiro, cujo protótipo ficou pronto num curtíssimo (menos de um mês) espaço de tempo. Recebendo a designação seqüencial de BSM/9 M2 e mantendo, basicamente, o mesmo mecanismo de disparo da arma anterior, incorporava uma filosofia de projeto com maior ênfase em simplificação e barateamento de custos de produção. A caixa da culatra era um tubo de aço sem costura, em cujo terço anterior, com perfurações de ventilação, se alojava o cano de 230 mm. Presos ao corpo principal estavam o alojamento do carregador/empunhadura, o conjunto de guarda-mato/gatilho e o local onde se encaixava o mecanismo de disparo, todo acomodado num pequeno compartimento metálico, removível. Em material sintético eram o guarda-mão, a empunhadura e a coronha, cujo alto da soleira ficava bem rente à extremidade posterior da longa caixa da culatra. Por causa disto, o conjunto de miras (raio de visada: 220 mm) teve que ser colocado numa posição mais elevada que o usual, no alto de sólidas estruturas metálicas soldadas à caixa da culatra. A alavanca de manejo, nãosolidária com o ferrolho, ficava na parte de cima da arma, dando-lhe características ambidestras. O registro de tiro, no lado esquerdo e logo atrás da empunhadura, tinhas as posições "A" (Automático), para a frente; "R" (Repetição), para cima; e "S" (Segurança), para trás. A chamada (por Luiz Gonçalves, sócio de Nelmo) "Esqueleto" fazia tiro automático com uma cadência cíclica de 550/600 tiros/min, pesava apenas 2,8 kg e tinha um comprimento total de 575 mm. Aparentemente, nunca houve planos para sua eventual produção em série, servindo a BSM/9 M2 como uma espécie de testadora de conceitos e soluções para futuros projetos, como veremos a seguir. 175
Enquanto aguardava, desinformado, o andamento das negociações com a Argélia, Nelmo Suzano ainda projetou e construiu mais um protótipo (ao lado) que, aparentemente, nunca recebeu qualquer nome ou designação. Igualmente em calibre 9 x 19 mm e de tiro seletivo, apresentava funcionamento em "blowback" convencional e uma configuração diferente. O carregador deslocouse para a frente do guarda-mato, a empunhadura foi redesenhada, a coronha destacável mudou seu formato e a alavanca de manejo passou da lateral para o alto da caixa da culatra. Em suma, era uma arma bem diferente, da qual, é pena, não foram guardados (ou, pelo menos, localizados pelo autor) desenhos ou especificações técnicas detalhadas. Sabe-se, pelo menos, que tinha um peso vazio (sem carregador) abaixo de 4 kg e cano de 230 mm de comprimento. Não chegou a ser submetida a testes oficiais de homologação. A última Bérgom Logo em seguida, em 1975, um desapontado capixaba abandonava a Bérgom. Luiz Gonçalves ainda permaneceu na sociedade por algum tempo, o suficiente para que, ele próprio, partisse para um novo projeto. A resultante BSM/9 M3, em 9 x 19 mm, era, obviamente, bastante inspirada no protótipo anterior do Nelmo, do qual utilizava não apenas a configuração geral, mas, especificamente, o mecanismo de disparo e o formato da empunhadura. De funcionamento "blowback", possuía um ferrolho relativamente curto e pesado, com perfurações longitudinais para um conjunto duplo de molas recuperadoras e hastes-guia. A caixa da culatra era cilíndrica e a ela estava fixado o receptáculo do carregador (20 ou 32 cartuchos). Logo atrás, encaixavam-se o conjunto do mecanismo de disparo (gatilho e seletor de tiro) e a empunhadura. Com cano de 228 mm, tinha um comprimento total de 698 mm, reduzido para 489 mm, mediante a retração da coronha, do tipo vergalhão dobrado. A arma pesava 3 kg e sua cadência cíclica era em torno de 600 tiros/min. Logo depois de fazer a BSM/9 M3, o próprio Luiz Gonçalves deixou a Bérgom, que fecharia definitivamente suas portas no final da década de 1970. Por volta de 1982, a Companhia de Explosivos Valparaíba, com fábrica na cidade paulista de Lorena, reativou o projeto, que, sob a nova designação de Mtr M 9 M1 - CEV (ou, simplesmente, CEV - M1), recebeu algumas modificações. À arma foi acrescentada uma tecla de segurança (bloqueio do ferrolho) na parte posterior da empunhadura e o guarda-mão, em material sintético, foi redesenhado para ter um formato cilíndrico de diâmetro constante, 176
entre outros detalhes menos evidentes. A "sub" tinha cano de 230 mm, comprimento total de 673 mm (540 mm, com a coronha retraída) e raio de visada (distância entre miras) de 395 mm. Sem o carregador, tinha peso de 3,2 kg e, com o mesmo municiado (32 tiros), pesava 3,9 kg. Em algumas sessões de tiro realizadas pelo autor com a arma, em 1983, ela demonstrou possuir fácil manejo, desmontagem simples e bom desempenho geral.
Vários exemplares da CEV - M1 foram construídos, mas, novamente, não chegaram encomendas para dar partida a um programa de produção em série. LAPA, uma nova etapa Quando saiu da Bérgom, em 1975, Nelmo Suzano já pensava numa nova etapa em sua luta como projetista de armamento. Ainda sem vincular-se a nenhum grupo, começou a colocar no papel aquilo que seria o seu mais ambicioso plano: desenvolver uma família completa de armas de fogo, que incluía, além de uma submetralhadora calibre 9 x 19 mm, um fuzil de assalto calibre 5,56 x 45 mm (o futuro LAPA FA Modelo 3, em configuração "bullpup") e duas carabinas em calibre .22 LR, uma, semiautomática (para uso esportivo) e outra, de tiro seletivo (para uso policial). No final de 1978 já havia desenhos e base técnica suficiente para partir para a construção de protótipos. Como todas as armas da nova família eram baseadas no amplo uso de material sintético, os trabalhos iniciais foram realizados na empresa de plásticos Goyana, de São Paulo, havendo sido criada, no Rio de Janeiro, a firma LAPA Laboratório de Projetos de Armamento Automático Ltda., da qual Nelmo era um dos três sócios. No espaço de aproximadamente um ano, já havia nascido a SM Modelo 3, cujo protótipo foi logo enviado para ao Campo de Provas da Marambaia, no Rio de Janeiro, a fim de ser submetido aos rigorosos (às vezes, até demais...) testes oficiais de homologação do Exército Brasileiro. Após o disparo de 6.500 tiros sob as mais variadas condições (areia, poeira, lama, água, baixas temperaturas, etc.), a "sub" obteve o cobiçado ReTEx - Relatório Técnico Experimental, de No. 995, em 23 de novembro de 1992. Aqui, é preciso chamar a atenção para um detalhe curioso: apesar da arma em questão possuir a inscrição de fábrica "S.M.-MOD. 3", no lado esquerdo da base da alça de mira, correspondência interna do Ministério do Exército e o próprio ReTEx emitido referem-se a ela como "LAPA SM MOD.02". Naquele mesmo documento, aliás, a abreviatura "PAT. REQ.", de Patente Requerida, gravada no protótipo, foi estranhamente chamada de "Prt Regulável"... Eu próprio, ao longo dos anos, sempre usei aquela designação, mas, de agora em diante, opto por chamar a submetralhadora pelo que leva escrito em seu corpo, ou seja, SM Modelo 3. 177
A LAPA funcionava em "blowback" convencional, possuindo caixa da culatra e ferrolho cilíndricos, que, juntamente com seu mecanismo de disparo, ficavam no interior de um corpo feito em material sintético, em duas metades. A de baixo formava a coronha, empunhadura, guarda-mato, alojamento do carregador e guarda-mão, enquanto que a tampa superior constituía a base da alça de mira (ou "alça de transporte", como preferem alguns) e a parte de cima da coronha. A soleira (apoio do ombro) era o terceiro elemento em polímero. Tive algumas inesquecíveis oportunidades de atirar com aquele protótipo. De pouco peso (2,7 kg, sem munição) e extremamente compacta (comprimento total: 623 mm; cano: 202 mm) para uma arma de coronha fixa, a SM Modelo 3 tinha manuseio confortável e prático. O carregador de 30 tiros utilizado era metálico e do tipo cofre vertical, com alimentação em posição central única, mas, estava prevista, para eventual produção em série, o uso de um carregador curvo, construído em material sintético e com alimentação em duas posições alternadas (bem mais fácil de municiar e de funcionamento mais confiável). A alavanca de manejo situava-se na parte de cima da arma, protegida pela estrutura de apoio da alça de mira (a tal "alça de transporte"), não sendo solidária ao ferrolho, quer dizer, não se movimentava durante o tiro. O registro de seleção de tiro, com as autoexplicativas posições "S", "30" e "1", ficava no lado esquerdo do corpo da arma, um pouco atrás da excelentemente dimensionada empunhadura. Sua manipulação mais prática era com a mão esquerda, de apoio. Uma trava inercial se encarregava de bloquear, automaticamente, o ferrolho, no caso de quedas ou pancadas sobre a parte de trás da arma. Pela configuração reta empregada (eixo do cano sobre a parte de cima da soleira), o aparelho de pontaria tinha a já mencionada posição elevada, com alça de aberturas basculantes para 50 e 100 metros (ajustável em lateralidade) e massa de mira tronco-cônica (ajustável em elevação) colocada e devidamente protegida no alto de uma robustíssima estrutura metálica. O comprimento da linha de mira (ou raio de visada) era de bons 290 mm. A boa compacidade da "sub" a tornava particularmente indicada para o transporte em viaturas e emprego em ambientes exíguos (CQB, Close-Quarters Battle), mais ainda, pelos seus contornos suaves, sem cantos vivos. Em tiro intermitente, apresentava toda a precisão que se pode esperar de uma arma desta classe, mesmo trabalhando com o ferrolho a partir da posição aberta. Mas era nas rajadas que a LAPA se destacava, mesmo, pois o longo curso do ferrolho resultava numa cadência cíclica média pouco abaixo de 500 disparos por minuto. Como parte do grupo de armas desenvolvidas à época do Laboratório de Projetos de Armamento Automático, também havia uma já mencionada carabina de tiro seletivo em calibre .22LR, na prática, uma submetralhadora. Por volta dos anos 70, recorda-se, estava em voga internacional uma corrente que defendia o emprego desse tipo de armamento por forças policiais e guardas penitenciários. 178
Atendendo a esse requisito do mercado, Nelmo Suzano projetou e construiu a CA M.2, de funcionamento em "blowback" (disparos a partir da posição fechada, com percussor e martelo) e corpo em material sintético, com um visual que não deixava dúvidas como pertencente à "família" LAPA. O mecanismo de disparo, na realidade, era uma versão simplificada do usado pelo fuzil "bullpup" de calibre 5,56 x 45 mm, o FA Modelo 3. O único protótipo construído era alimentado por um carregador metálico reto, com capacidade para 18 cartuchos, alojado no interior da bem inclinada empunhadura. Caso fosse colocada em produção, provavelmente a arma seria alimentada por um carregador maior, de 30 tiros, de formato curvo e feito em material sintético, num alojamento deslocado para a parte anterior do guarda-mato (desenho acima). A maior capacidade de munição viria, provavelmente, em decorrência da elevada cadência cíclica:1.200 a até uns 2.000 tiros por minuto, dependendo do tipo de munição empregada. A CA M.2 tinha um comprimento total de 755 mm, cano de 370 mm e peso (vazia) de 2,1 kg. Durante alguns anos, a firma LAPA andou negociando a produção da SM Modelo 3 (assim como das carabinas e do fuzil, que também tiveram protótipos construídos) com diversos clientes interessados, mas, por uma enorme variedade de fatores, nada acabou sendo concretizado. ENARM, outra tentativa Em 1985, o Laboratório de Projetos de Armamento Automático fez uma associação com a metalúrgica HAGA, de Nova Friburgo, RJ, sendo criada, então, a ENARM - Empresa Nacional de Armas. A idéia básica era estabelecer uma linha de produção da já existente e homologada submetralhadora SM Modelo 3 e criar novos armamentos. Os trabalhos foram bem intensos, novamente juntando-se a Nelmo Suzano seu antigo sócio e amigo Luiz Gonçalves. Os novos produtos incluíram uma espingarda calibre 12, de repetição e dotada de tambor de cinco tiros (apropriadamente chamada de Pentagun), e uma compacta submetralhadora calibre 9 x 19 mm, designada, simplesmente, MSM (de Mini-SubMetralhadora). Os trabalhos de desenvolvimento da pequena arma começaram em fevereiro de 1985, ficando o único protótipo construído pronto em dezembro daquele ano e cujos testes oficiais de avaliação, no Campo de Provas da Marambaia, seriam feitos no primeiro semestre de 1986. Isto jamais ocorreu, a ENARM cessando suas atividades logo depois.
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A MSM, como se pode constatar pelas fotos, teve sua configuração geral inspirada pelas norte-americanas da família Ingram/MAC/Cobray, possuindo caixa da culatra em estamparia de aço, ferrolho do tipo envolvente e carregador (de material sintético, 32 cartuchos) inserido na empunhadura. Mas, também possuía características próprias, como uma coronha telescópica, carregador curvo e a possibilidade de empregar, à escolha do operador, dois tipos de empunhaduras feitas de polímero. Uma, dita convencional, ou uma outra, que também incorporava uma empunhadura vertical de apoio. Em regime de tiro intermitente, podia ser usada como uma pistola. Bem grandona, na verdade... As dimensões principais eram as seguintes: comprimento total, 500 mm; comprimento, coronha retraída, 310 mm; comprimento do cano, 150 mm. O peso era de 2,4 kg. Apesar de sua extrema compacidade, a nova "sub" tinha uma cadência cíclica bem razoável, em torno de 600 tiros por minuto. Anos 90 Durante os anos 90 a prancheta de desenho de Nelmo Suzano não juntou poeira, não. Entrando numa área, até então, virtualmente intocada, ele andou se dedicando a interessantes projetos de pistolas semi-automáticas de diversos calibres, inclusive o de uma minúscula (comprimento total: 97 mm!) pistola em calibre 6,35 mm Browning, de apenas dupla ação (DAO), com carregador bifilar de 10 tiros e alimentação em duas posições. Mas, as armas longas automática, é claro, predominavam. Em 1996, sob a égide de uma nova firma, a NS - Projetos Termobalísticos S/C Ltda., também com sede em Nova Friburgo, RJ, foi projetada e definida uma avançada família de armas militares em configuração "bullpup" e com funcionamento por curto recuo. Além de um fuzil, uma carabina e uma metralhadora leve em calibre 5,56 x 45 mm, também existia, é claro, uma submetralhadora. Em calibre 9 x 19 mm, o projeto (desenho ao lado) era para uma arma de tiro seletivo (cadência cíclica: 600 disparos/min), bem compacta (comprimento total: 550 mm; cano: 300 mm) e leve (peso: 2 kg), possuindo carregador curvo, de 32 tiros, fabricado em polímero. A arma teria um custo de fabricação inusitadamente baixo, em torno de US$ 50 (isso mesmo: cinqüenta dólares!), o que, aliado a uma conseqüente redução no preço de venda (qualquer coisa como US$ 300) certamente teria condições de abocanhar respeitável fatia dos mercados militar e policial. Apresentada na feira internacional de defesa LAD'99, no Rio de Janeiro, a família de "bullpups" atraiu a atenção dos especialistas presentes. 180
Neste início do Século 21, Nelmo Suzano permanece ativo em seus trabalhos de projetos nas áreas militar e de segurança pública, alguns dos quais ainda não podem ser divulgados. Com todo este histórico de criações mecânicas -- muitas, de ineditismo até hoje não igualado -- certamente fica no ar a pergunta: "Então, por quê suas armas não se transformaram em realidade e num sucesso comercial?". As respostas, talvez, passem por ele não ter encontrado as pessoas certas na hora certa. Mas, com certeza, há um fator que influenciou tudo isso: ele é brasileiro e mora aqui mesmo, no Brasil! Se assim não fosse, talvez estivéssemos contando, aqui, a história de um riquíssimo projetista de armas...
A "Sem Nome" foi a primeira submetralhadora projetada e construída por Nelmo Suzano, possuindo a característica de poder ser facilmente convertida para usar tanto munição .45 ACP como 9 x 19 mm. Nos detalhes: (A) abas de proteção da massa de mira, (B) alavanca de manejo, (C) abas de proteção da alça de mira, (D) pino de encaixe da coronha de madeira, (E) coronha de vergalhão na posição retraída, (F) tecla de liberação do carregador, (G) carregador bifilar, com alimentação em posição central (30 tiros), (H) compensador.
A SOCIMARTE SM 9, de 1971, foi a primeira submetralhadora de Nelmo Suzano a usar a configuração de carregador situado no interior do "pistol grip". Foi a única a empregar um sistema de trava de segurança por "pega", com tecla (seta) na parte de trás da empunhadura. Sua coronha podia ser rebatida para o lado esquerdo ou destacada da arma. 181
"Folder" de propaganda feito pela Bérgom S/A, em inglês, para promover sua BSM/9 M1 no exterior, com as características principais da arma: comprimento total, 610 mm; comprimento sem coronha,410 mm; comprimento do cano, 230 mm; peso sem carregador, 3,025 kg; peso do carregador de 20 tiros cheio, 200 g; cadência cíclica, 750 tiros/min. O protótipo SOCIMARTE SM 9 foi aperfeiçoado, "rebatizado" como BSM/9 M1 e, sob a égide da Bérgom, testado e homologado pelo Campo de Provas da Marambaia, do Exército Brasileiro (ReTEx No. 728, de 26 de junho de 1973) onde permanece até os dias de hoje (acima). Observar o novo formato das abas de proteção das miras e os componentes avermelhados em material sintético (polipropileno): coronha rebatível, empunhadura e guarda-mão.
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Um enigma: desde, pelo menos, 1982 (foto superior, esquerda), a BSM/9 M1 recebeu um curioso componente, com forma externa cônica, na boca do cano, que parece ser um adaptador para algum tipo de baioneta, algo não muito comum em submetralhadoras. O que torna o fato "misterioso" é que tal acréscimo não foi fabricado ou instalado pelos criadores da arma, que foi para os testes de homologação com a configuração mostrada na foto ao lado. Possivelmente, a "corneta" constitui-se numa experiência independente realizada no próprio Campo de Provas do EB.
O pequeno lote de pré-série da BSM/9 M1 foi fabricado em 1974 num modesto galpão que a Bérgom montou perto da cidade do Rio de Janeiro, às margens da Rodovia Presidente Dutra. (ESQ.: desenhista em ação; DIR: testes de tiro, para ajustes.) Nesta vista aproximada de uma BSM/9 M1 de pré-série, pode-se observar alguns detalhes de sua construção, como o capuz de proteção da massa de mira e a bem peculiar alavanca de manejo, logo à sua esquerda, no formato de uma pequena lâmina arredondada. A luva de fixação do cano à caixa da culatra também funcionava como freio de boca: a boca do cano dava para uma câmara de maior diâmetro, cuja parte anterior tinha um orifício de saída ligeiramente maior que o diâmetro do projétil, fazendo com que os gases colidissem a 90 graus contra a mesma, empurrando a arma um pouco para a frente.
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Acima, BSM/9 M1 de pré-série, sem o carregador.
Ao lado, a arma desmontada em seus principais componentes.
Esta foto destaca alguns detalhes da construção do "Esqueleto", como foi apelidado o protótipo da Bérgom BSM/9 M2: (A) Estrutura de apoio e proteção da alça de mira; (B) janela de ejeção com tampa de abertura automática; (C) alavanca de manejo na posição recuada (durante o tiro, ficava imóvel, à frente, junto à estrutura da massa de mira); e (D) estrutura de apoio e proteção da massa de mira.
A BSM/9 M2 desmontada revela detalhes de sua construção. 184
Apesar de ser um mera testadora de conceitos técnicos, a "Esqueleto" deixou muitos fãs...
Fotografados lado a lado, os protótipos da Bérgom BSM/9 M2 e da bem posterior LAPA SM Modelo 3 mostram a evolução dos projetos. Apesar das diferentes configurações gerais, as duas armas compartilham alguns detalhes, como o uso de coronhas retas de material sintético (abaixo), miras elevadas e alavancas de manejo ambidestras.
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Pouco antes de deixar a Bérgom, em 1975, Nelmo Suzano ainda começou a trabalhar em mais um protótipo de submetralhadora calibre 9 x 19 mm, visto aqui. Era de tiro seletivo e operação "blowback", atirando a partir da posição de culatra fechada (ferrolho à frente), com sistema de martelo e percussor. Tinha tecla de segurança (bloqueio do ferrolho) na parte de trás da empunhadura. O corpo principal (caixa da culatra) tinha o formato retangular e era construído em estamparia de aço, com numerosas perfurações laterais de ventilação na parte que envolvia o cano de 230 mm (inexistente, nas fotos), preso à parte anterior por uma porca de fixação. A caixa da culatra era aberta na parte de trás, para a entrada do ferrolho e suas hastes-guias, sendo seu posterior fechamento realizado pela colocação na arma do conjunto do cofre do mecanismo de disparo/empunhadura. Um detalhe bem interessante desta arma era sua alavanca de manejo, uma peça estampada, em forma de "U", que ficava na parte externa das abas de proteção da massa de mira: para armar (engatilhar a arma), era puxada para trás e solta.
Um dos protótipos da Bérgom BSM/9 M3, criada por Luiz Gonçalves. Aqui, a arma está sem o carregador, o guarda-mão de material sintético e a coronha retrátil. Uma característica curiosa era sua alavanca de manejo, uma simples argola de aço que ficava na esquerda e bem à frente, junto à massa de mira. A peça rosqueada de fixação do cano também funcionava como freio de boca, um detalhe aproveitado das anteriores BSM/9 M1 de pré-série.
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Alguns detalhes da LAPA SM Modelo 3: (A) retém do carregador; (B) seletor de tiro; (C) pino central de desmontagm; (D) alavanca de manejo; (E) pino dianteiro de desmontagem (havia um terceiro, próximo à soleira). Na foto da direita, o formato e as posições do seletor de tiro.
Nestas duas diferentes perspectivas da submetralhadora LAPA, ficam bem destacadas as características de seu aparelho de pontaria, com a alça de mira basculante no alto e protegida pela chamada "alça de transporte" e a massa de mira, com sua robustíssima estrutura metálica de apoio e proteção. Observar, também, a jaqueta perfurada que cobre o cano, na parte de cima da arma.
Caso entrasse em produção seriada, a SM Modelo 3 empregaria um carregador bifilar curvo fabricado em material sintético, conforme visto aqui 187
O único protótipo construído da SM Modelo 3, desmontado.
Além de ser aprovada (ReTEx No. 995, de 23 de novembro de 1993) nos exigentes testes de homologação do Campo de Provas da Marambaia, RJ, a submetralhadora LAPA sempre colecionou elogios de todos aqueles que tiveram a oportunidade de atirar com ela. Mesmo sendo dotada de coronha rígida, era bem compacta (623 mm de comprimento) e leve (3,4 kg, municiada com 30 cartuchos). Sua boa ergonomia e razoável (cerca de 500 tiros por minuto) cadência cíclica resultavam em excelente precisão e controlabilidade, permitindo, até, ser facilmente disparada em rajadas com apenas uma das mãos e ... acertar nos alvos. Tal façanha raramente tem aplicação em ações reais, mas, é pura diversão!
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Um dos desenvolvimentos de Nelmo Suzano na firma LAPA foi a CA M.2, uma carabina calibre .22LR de tiro seletivo (de fato, uma submetralhadora), um tipo de arma que andou em evidência internacional na década de 1970, como possível dotação de forças policiais e de guarda de presídios. Uma versão semiautomática e externamente igual, a CE (Carabina Esportiva) Modelo 1, foi testada e homologada pelo Campo de Provas da Marambaia em 1982.
Detalhes da CA M.2: na esquerda, as gravações de identificação do único protótipo construído, podendo-se observar, acima da inscrição "L.A.P.A. - BR.", a pequena janela de ejeção de estojos deflagrados, calibre .22LR. A outra foto mostra o formato do registro de tiro, giratório num ângulo de 360 graus, com as posições de segurança ("S"), para a frente; tiro intermitente ("1"), para cima; e rajadas ("30"), para trás.
Em sua carabina de tiro seletivo, Nelmo Suzano incorporou características comuns às outras armas da linha LAPA, como a estrutura de montagem da alça de mira (geralmente chamada de "alça de transporte") e a localização da alavanca de manejo, em seu interior. A foto da esquerda mostra o carregador de 18 tiros fora de seu alojamento, na empunhadura. Na direita, observa-se a robusta estrutura metálica de apoio e proteção da massa de mira. 189
A supercompacta MSM, desenvolvidas na época da ENARM, de Nova Friburgo, RJ, tinham clara inspiração na família Ingram/MAC/Cobray, dos Estados Unidos. Algumas características, todavia, eram bem inovadoras, como a possibilidade de optar entre dois tipos de empunhadura e o uso de um carregador curvo, de material sintético, que se alojava no seu interior. Como possuía um ferrolho bem pesado, sua cadência cíclica ficou em torno de 600 tiros/min, ótimo, para uma arma tão pequena.
Desenho de Nelmo Suzano (início dos anos 90) de uma interessante "sub", calibre 9 x 19 mm, em configuração "bullpup". Seu ineditismo seria um mecanismo de disparo com opção para funcionar em ação simples ou dupla.
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BRASIL
SAICO M1990 A2
Esta submetralhadora calibre 9 x 19 mm (curiosamente, chamada por seu fabricante de "Mini Fuzil de Assalto") foi desenvolvida pela firma SAICO - Semeato Armas Indústria e Comércio Ltda. no início da década de 90, tendo sido submetida a testes oficiais no Campo de Provas da Marambaia, RJ, por volta de 1994, sem, contudo, conseguir homologação oficial. Também existiram uma versões carabina, apenas semi-automáticas, designadas M1990 A1S (coronha metálica rebatível) e A2S (coronha fixa de madeira) Apesar de possuir uma configuração geral que lembra - e muito - o fuzil russo AK-47, seu funcionamento e mecanismo de disparo são inteiramente diferentes. De operação "blowback" (ação dos gases sobre o ferrolho) tradicional, a arma é alimentada por um carregador metálico curvo de 20 tiros, cujo retém é uma tecla vertical logo atrás do alojamento, acionada para a frente para liberar o carregador. A alavanca de manejo, em formato cilíndrico e inclinada cerca de 45 graus para cima, situase à esquerda da caixa da culatra. O seletor de tiro também fica à esquerda, logo acima da empunhadura de madeira, apresentando as posições "S" (Segurança, com bloqueio do gatilho), para trás; "R" (Repetição), para cima; e "A" (Automático), para a frente. O aparelho de pontaria consiste numa alça basculante em "L", com aberturas (visores circulares) para 50 e 100 metros, protegida por robustas abas metálicas, e numa massa cilíndrica, igualmente dotada de abas de proteção. O cano de 339 mm de comprimento está dotado de quebra-chamas. O comprimento total da arma é de 847 mm e seu peso, com carregador vazio, é de 4 kg.
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Detalhes do cofre do mecanismo de disparo e da caixa da culatra da submetralhadora SAICO M1190 A2, tais como a tecla vertical de liberação do carregador, atrás de seu alojamento, e o seletor de tiro, acima da empunhadura. Esta possui uma estrutura metálica e placas laterais de madeira bem clara.
O aparelho de pontaria: alça de mira tipo abertura ("L" basculante) e massa cilíndrica, ambas protegidas por robustas abas metálicas.
Por seu desenho, o quebra-chamas existente na boca do cano também parece funcionar como freio de boca.
Uma versão carabina semi-automática (M1990 A1S), de coronha rebatível, também foi submetida a testes. 192
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Taurus MT-12, MT-12A, MT-12AD As submetralhadoras da série MT-12, calibre 9 x 19 mm, são uma adaptação da italiana Beretta M12, cuja licença de fabricação em nosso país pertencia à Indústria e Comércio Beretta S.A., de São Paulo, SP, adquirida pela Taurus S.A. Armas Militares e Civis em junho de 1980. Em 1986, a firma passou a denominar-se Forjas Taurus S.A., filial São Paulo, transferindo-se, em junho de 1993, para a cidade de Porto Alegre, RS, sede da conhecida fabricante brasileira de revólveres e pistolas, estas, também derivadas de modelos da Beretta.
A MT-12 é uma cópia direta da "sub" italiana original, adotada pelo Exército Brasileiro no início da década de 1970 como "Mtr M M972" (acima), cujos lotes iniciais entregues ao nosso país eram facilmente identificados pela cor morrom-avermelhada da resina termoplástica das empunhaduras. As armas posteriormente fabricadas no Brasil, tanto pela Indústria e Comércio Beretta como pela Taurus, passaram a ter aqueles componentes sintéticos em cor preta, como esta já designada MT-12. As características técnicas são idênticas às da M12 original. Com a MT-12A surgiram algumas melhorias, algumas, oriundas da própria fábrica italiana (a substituição do complicado sistema de segurança e seleção de tiro, por botões de deslocamento transversal), outras, criadas pela Taurus. Foi o caso, por exemplo, do alongamento da tecla de segurança na parte anterior da empunhadura principal. Também o sistema de rebatimento da coronha foi modificado, facilitando seu acionamento com uma só mão, e a arma recebeu uma tampa metálica na janela de ejeção, de fechamento manual e abertura automática, quando da ação de armar ou tiro. Em 1987, foi lançado o modelo designado MT-12AD, com um desconector acrescentado ao mecanismo de disparo, para aumentar a segurança da arma. Assim como a M12 original, os diferentes modelos de MT-12 foram adotados e continuam em uso pelas três Forças Armadas e diversas polícias estaduais do Brasil. 193
As mais significativas mudanças entre a MT-12 (Beretta M12) e a posterior MT-12A estão nos comandos de segurança e seleção de tiro: (ESQUERDA, círculo branco) botão de deslocamento transversal para selecionar entre tiro intermitente e automático, da MT-12; (CENTRO, círculos brancos) botão de deslocamento transversal para trava do gatilho e tecla manual para desbloqueio do ferrolho, MT-12; (DIREITA) tecla alongada na empunhadura e seletor único de tiro e segurança aplicada, com três posições ("S", "I" e "R"), da MT-12A. As especificações técnicas das armas brasileiras são, na prática, iguais às das italianas.
Talvez para atender a exigência de algum cliente internacional, a Taurus fabricou uma certa quantidade de MT-12A numa configuração geralmente conhecida como "sanitizada", que não mostra o nome do fabricante nem o país de origem, apenas, o indispensável número de série. Tais armas receberam a designação de "SMG 12" (de "Sub Machine Gun 12"), mas, as marcações do seletor de tiro e de segurança ficaram em português, mesmo.
Após os lotes iniciais da Beretta M12 (primeira foto da esquerda), as três Forças Armadas e várias polícias estaduais equiparam-se com as armas de fabricação nacional.
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Taurus-FAMAE MT .40
Esta submetralhadora em calibre .40 S&W - que o fabricante chama de "metralhadora portátil" - é, na realidade, a arma chilena SAF .40, desenvolvida e fabricada pela estatal FAMAE - Fábricas y Maestranzas del Ejército. Como resultado de um programa cooperativo iniciado por volta de 1999, a Forjas Taurus passou a comercializar a arma em nosso país, ao mesmo tempo em que se encarregou da manufatura de alguns componentes e da montagem final, em suas instalações de Porto Alegre, RJ. Segundo a empresa a MT 40 já foi adotada por polícias civis e/ou militares de nove estados brasileiros.
A arma é de operação "blowback", atirando a partir da posição de culatra fechada (ferrolho à frente), com percussor e martelo. A alimentação é feita por carregador tipo cofre, bifilar, com capacidade para 30 cartuchos e dotado de pequenas aberturas laterais para a visualização da munição existente (10, 20 e 30 tiros). O retém tem a forma de uma lâmina vertical situada (e meio espremida...) entre o alojamento do carregador e o guarda-mato. A alavanca de manejo, solidária ao ferrolho, fica do lado direito, onde também se encontra a janela de ejeção. O seletor de tiro, ambidestro, tem as posições "S" (Segurança), "1" ( tiro semi-automático), "L" (rajadas limitadas de 3 tiros) e "R" (tiro automático). A cadência cíclica da MT 40 é bem elevada: 1.200 tiros por minuto. Com cano de 200 mm de comprimento, a arma tem um comprimento total de 677 mm e, com a coronha rebatida, de 421 mm. Opcionalmente, pode receber uma coronha fixa de material sintético, com o que fica um pouco mais curta: 670 mm. Com carregador cheio, tem um peso de 3,7 kg. 195
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Taurus - S&W Modelo 76
Este curioso protótipo foi feito pela Forjas Taurus tendo como base a submetralhadora norte-americana Smith & Wesson Modelo 76 (ao lado). Especula-se que tenha sido uma tentativa, no início da década de 1970, de criar uma arma de fabricação local para oferecer ao Exército Brasileiro, que, naquela época, estava avaliando um modelo em calibre 9 x 19 mm para substituir as INA M.B.950 e M.953, em .45 ACP, então em uso. A subseqüente adoção da Beretta M12 (MtrM M1972), certamente, levou por água abaixo os planos da empresa gaúcha. Em comparação à submetralhadora original, o exemplar examinado (protótipo "02") apresentava diversas modificações. Uma delas era o alojamento do carregador, bem mais longo (111 mm) e mais largo, mas, com o retém tipo lâmina na mesma posição, na parte de trás. A janela de ejeção recebeu uma pesada tampa metálica que, quando fechada, também funcionava como trava do ferrolho. A alavanca de manejo, ao contrário da original, não era solidária com o ferrolho, permanecendo imóvel à frente durante o tiro. O aparelho de pontaria (alça de mira basculante e massa tipo poste) também foi redesenhado e passou a projetar-se acima das abas laterais de proteção. De resto, a "sub" conservava os mesmos componentes originais e, paralelamente, os procedimentos básicos de desmontagem. Com cano de 204 mm, tinha um comprimento total de 770 mm (512 mm, com a coronha rebatida) e peso, sem munição, de 3,8 kg.
O inusitado protótipo da Taurus, com o carregador fora do alojamento alongado e sem a camisa perfurada de proteção do cano. Observar o "enchimento" externo na metade superior do carregador, para ajustá-lo ao novo alojamento alargado.
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A arma, com a coronha metálica rebatida para o lado esquerdo, é vista aqui com a camisa perfurada de proteção do cano. O exemplar examinado não tinha guardamato.
(ESQ.): Detalhe da robusta tampa metálica acrescentado à janela de ejeção, que, fechada, também bloqueava o ferrolho. Observar o timbre da Taurus, logo atrás. (DIR.): O registro de tiro ambidestro, com as mesma posições do existente na S&W M76, tinha marcações em português. Na lateral esquerda , atrás do alojamento do carregador, a gravação "Fabricado no Brasil".
O raro protótipo "02", tentativa de criar uma Modelo 76 "Made in Brazil". 197
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Uru
A história da produção de armas de fogo no Brasil está pontilhada com uma série de tentativas -muitas, descritas nesta obra -- de se fabricar em série e colocar no mercado submetralhadoras de projeto 100% nacional. O privilégio (até agora, único) de ter alcançado este importante estágio, ainda que de forma um tanto atribulada, é da Uru, calibre 9 x 19 mm. Uru, segundo um dicionário, é a "designação comum às aves galiformes da família dos fasinídios, que vivem em bandos no chão, alimentando-se de frutos e insetos, e que preferem as matas densas, especialmente as primitivas". O nome foi escolhido por seu criador, o projetista carioca Olympio Vieira de Mello Filho (ao lado). Em 1969, ele havia integrado uma equipe do Instituto Militar de Engenharia, no Rio de Janeiro, responsável pelo projeto pioneiro de uma metralhadora universal em calibre 7,62 x 51 mm, a IME ARM-02 "Maria Bonita". Por volta de 1972, participou ativamente de uma firma carioca, a Bérgom S.A., pioneira, em nosso país, no desenvolvimento de armas automáticas de concepção moderna. Em 1974, Olympio já estava trabalhando individualmente na elaboração de projetos próprios. Durante cerca de um mês, virtualmente enfurnado num sítio de sua propriedade no interior do Estado do Rio, concentrou seus esforços nos estudos de uma nova submetralhadora, cujos parâmetros básicos de projeto eram o menor número possível de peças e fabricação fácil e econômica. Em três meses, no final daquele mesmo ano, estava pronto o protótipo artesanal da arma. 198
Aquele exemplar pioneiro (ao lado) demonstrou possuir as esperadas características de simplicidade, robustez e confiabilidade de funcionamento. Após intensa avaliação, que incluiu os rigorosos testes de homologação realizados com um exemplar de pré-série pelo Exército Brasileiro no Campo de Provas da Marambaia, no Rio de Janeiro, a arma ficou em condições de ser fabricada em escala industrial. Para tal, havia sido criada, em 1975, a firma Mekanika Indústria e Comércio Ltda. , com modestas instalações no bairro da Penha, no Rio de Janeiro, começando a produção seriada em 1979. Produção seriada As armas fabricadas em série, chamadas pela Mekanika de Uru Modelo 1, apresentavam diversas modificações em relação ao protótipo e aos exemplares de pré-série. Em termos de desempenho, o mais significativo foi a redução da cadência teórica (cíclica) de tiro automático de cerca de 990 para 750 disparos por minuto, bem mais razoável para uma submetralhadora destas dimensões. Isto foi possível mediante ao aumento do peso do ferrolho, de 530 para 685 gramas. Outras mudanças incluíram o alongamento e o reforço do alojamento do carregador (enrijecendo sua fixação à arma), o redesenho da coronha tubular removível (mudando aquele esquisito e incômodo ângulo de apoio da soleira no ombro do atirador) e a troca do sistema de bloqueio do ferrolho, contra disparos acidentais em caso de queda (a trava incorporada ao seletor de tiro deu lugar a um sistema de trancamento inercial). Foi nesta configuração que a Uru foi fabricada pela Mekanika (cerca de 3.000 unidades) na primeira fase da sua vida. Em 1983, a produção foi transferida para a instalações da Vigorelli S.A. (tradicional fabricante de máquinas de costura), em São Paulo, SP, onde pouco mais de 7.500 exemplares foram fabricados até 1985. As únicas vendas oficialmente confirmadas da Uru Modelo 1 foram para as Polícias Militares da Bahia e do Mato Grosso do Sul. Durante sua participação ativa à frente do programa, Olympio estava sempre procurando formas de melhorar sua "cria". Em duas ocasiões (1981 e 1983), fez experiências com modelos diferentes de freios de boca/compensadore s para a arma, mas os acessórios (opcionais) não foram adotados, uma vez que a "sub" já era suficientemente estável e controlável em tiro automático. Além do mais, os dispositivos a tornavam excessivamente barulhenta, característica bem negativa para uso em combate real, sobretudo, em ambientes fechados. 199
O projetista também compartilhava da opinião de muita gente de que aquela coronha tubular, embora adequada para o tiro, não tinha muita praticidade. O que fazer com ela, uma vez destacada da arma, era objeto de muitas piadas, a maioria, impublicáveis... Por isso, Olympio desenvolveu para a Uru uma prática coronha rebatível, feita em vergalhão de aço, cuja abertura e rebatimento se fazia, somente, contra a resistência de uma mola tensora, sem qualquer tipo de trava. Apesar de sua aparência muito espartana (acima), era adequadamente firme para seu objetivo primário (apoiar a arma no ombro, para o tiro) e, ainda por cima, melhor posicionava o rosto do atirador em relação ao aparelho de pontaria, facilitando a visada. Talvez devido à já existência de coronhas originais em grande quantidade, a nova peça, infelizmente, não foi incorporada à "sub". Para a Uru também foram fabricados vários protótipos de supressores de ruído (silenciadores). O modelo básico era uma unidade integral, com cano próprio, mais curto, que era colocada na arma em substituição ao cano original, numa operação de uns poucos segundos. No lugar, permitia o uso do aparelho de pontaria integral da Uru. Um dos protótipos, no entanto, foi dotado de miras próprias e reguláveis, protegidas por enormes orelhas de aço. No início de 1986, alguns meses antes de falecer, Olympio (à época, trabalhando na Brasarms Indústria e Comércio, do Rio) completou o protótipo de uma versão aperfeiçoada, que chamou de Uru II. A arma tinha a já mencionada coronha rebatível e, externamente, apresentava as seguintes modificações: eliminação dos orifícios de ventilação do cano, guarda-mão de madeira, novos pontos de fixação de bandoleira e aparelho de pontaria protegido e com maior raio de visada, além de um gatilho mais longo. Internamente, a única alteração foi a troca da mola comum ao gatilho e ao retém do carregador, do tipo lâmina para o formato de arame de aço. 200
Em 1988, o estoque remanescente e direitos de fabricação da Uru foram transferidos para a Indústria e Comércio de Máquinas e Peças Bilbao S.A., de São Paulo. Através da sua Divisão FAU Guns (iniciais do proprietário, Francisco Alava Ugarte), a firma retomou o programa de comercialização da arma, ao mesmo tempo em que introduzia alterações no projeto. As mudanças incluíram, até, uma redefinição do nome "Uru": em vez da ave brasileira homenageada pelo criador da "sub", passou a representar, bem mais pomposamente, "o metal com o qual, segundo uma antiga lenda Viking, teria sido feito o martelo de Thor, deus do trovão e maior guerreiro da mitologia nórdica". Coisas de propaganda e marketing... A chamada Uru Modelo II recebeu uma tecla na parte posterior da empunhadura (indicada, na foto) para acionar a trava de queda (contra a abertura acidental do ferrolho e possível disparo não-intencional), cujo funcionamento, originariamente, era de forma inercial. A única outra modificação interna foi a adição de um pequeno grampo de retenção do pino (eixo) do gatilho. Com relação ao supressor de ruído, parece que a firma paulista tinha em mente abandonar o modelo com cano integral e adotar um tubo atarraxado à boca do cano original. Muitas das aproximadamente 1.500 armas por ela modificadas tiveram a ponta do cano, junto à boca, rosqueada com tal finalidade. Aliás, a Bilbao trabalhou durante algum tempo no desenvolvimento e construção de silenciadores, adaptáveis a diversos tipos de armas. Registre-se que a firma de São Paulo também desenvolveu uma versão da "sub" em calibre .380 ACP, cuja cadência cíclica era de apenas 350-400 tiros/min. A designação de fábrica era Uru Modelo I, sendo visual e dimensionalmente idêntica ao Modelo II, em 9 x 19 mm, ficando-se a imaginar a qual segmento de mercado ela seria destinada, tendo em vista a fraca munição usada. No início de 1997, o programa da Uru já estava de volta às mãos da Mekanika Indústria e Comércio Ltda. Em parceria com a PLANEV - Planejamento e Execução de Vendas Ltda., do Rio de Janeiro, e com a Amadeo Rossi S.A. - Metalúrgica e Munições (São Leopoldo, RS), algumas modificações foram introduzidas na arma e novos testes de homologação foram realizados pelo Exército, sendo obtido o ReTEx (Relatório Técnico Experimental) No. 1629/98 em 09/07/98, abrindo o caminho para uma nova fase de promoção comercial e demonstrações para usuários em potencial (a arma já teria sido vendida para as Polícias Militares de Goiás e do Piauí). Protótipos de uma versão em calibre .40 S&W também foram construídos, mas, não se tem notícia de encomendas.
Mantendo as características originais de rusticidade e simplicidade mecânica (ao todo, são apenas 28 componentes, incluindo os do carregador), a "nova" Uru tem, como principal modificação externa, a adoção de uma coronha tubular metálica, rebatível para o lado direito da arma. Internamente, recebeu um novo tipo de mola, no formato de grampo (em lugar da de lâmina), comum ao gatilho e ao retém do carregador. Outra modificação foi a troca da trava inercial de segurança (bloqueio do ferrolho) por uma de aplicação manual, através do seletor de tiro, o que representa um retorno à configuração original do protótipo e dos exemplares de pré-série. A tecla do gatilho foi, finalmente, alongada. 201
Na atual configuração, a "sub" brasileira está com um peso vazio (com carregador) de 3,5 kg. O comprimento total, com a coronha aberta, é de 671 mm, caindo para 433 mm, com o rebatimento da mesma. O aparelho de pontaria (alça em abertura e massa em lâmina, com ajuste fixo para realísticos 50 metros) tem raio de visada de 235 mm. O comprimento do cano (6 raias para a direita, passo de 1:424 mm) é de 175 mm. A Uru, futuramente, poderia receber novas modificações, como a eliminação dos orifícios de ventilação à volta do cano (desenho) ou, até, um corpo principal em material sintético (polímero). Um clone não autorizado Um fato pouco conhecido é que a Uru recebeu aquilo que algumas pessoas consideram como a forma mais direta e sincera de elogio: a imitação. Em 1983, a Saco Defense Systems (uma Divisão da Maremont Corporation, dos EUA) mostrou ao público e começou a promover "sua" submetralhadora Modelo 683. Ao mais superficial exame, no entanto, a arma deixava claro tratar-se de uma cópia da "sub" brasileira. As modificações nela introduzidas eram puramente cosméticas, incluindo uma coronha retrátil, alça de transporte com mira tubular (não-ótica), seletor de tiro redesenhado, retém do carregador reposicionado, tecla do gatilho alongada, quebra-chamas e aberturas longitudinais na jaqueta que envolve o cano. As características técnicas incluíam um comprimento total de 700 mm (520 mm, com a coronha retraída), peso de 2,5 kg e cadência cíclica de 650 tiros/min. Os carregadores eram de 25 e 32 tiros. Durante algum tempo, a Saco andou promovendo a M683 e oferecendo, a vários países, um pacote de fabricação da arma sob licença. Nada acontecendo, acabou saindo do mercado. Detalhes técnicos, manuseio e tiro A construção da Uru é extremamente simples e convencional. Seu corpo principal (caixa do mecanismo de disparo e alojamento do carregador) é feito em estamparia de aço, sobre o qual fica a caixa da culatra cilíndrica (um tubo sem costura) e sua extensão, perfurada, que funciona como jaqueta de proteção térmica para o cano. A coronha encaixa-se sobre a parte posterior. O funcionamento da "sub" brasileira é pelo mais do que consagrado princípio de "blowback", ou seja, com ferrolho livre, sem trancamento da culatra no momento do disparo. O carregador tem capacidade para 30 cartuchos 9 x 19 mm, sendo do tipo bifilar e com alimentação em uma só posição central. Seguindo o que acontece com outros carregadores semelhantes (MP40, Sten, INA, etc.), o municiamento manual não é muito fácil: após uns 15 ou 20 cartuchos fica difícil colocar os restantes, de modo que a utilização da peça municiadora que acompanha a arma é essencial. Por outro lado, os carregadores da Uru são dos mais robustos que existem por aí, fabricados que são em chapa de aço com 1 mm de espessura e reforço duplo (2 mm) nos lábios e nos 140 mm superiores de seus 240 mm de altura. O alojamento do carregador, com 105 mm de altura e situado na parte da frente da caixa do mecanismo de disparo, também funciona como empunhadura de apoio. O retém para liberação do carregador está na parte posterior do alojamento/empunhadura de apoio, tendo o formato de uma grande lâmina. Seu acionamento, bem duro, é para trás e não muito fácil (difícil, mesmo) de ser feito com a mão de apoio: cada atirador tem que criar seu próprio método (foto). 202
A alavanca de manejo é um pequeno botão, solidário com o ferrolho, localizado a cerca de 45 graus do lado direito da arma. Seu formato e dimensões evitam que se prenda em peças da roupa ou equipamentos do operador, assim como em vegetação, mas deve-se tomar cuidado para que, no movimento de armar, não escape da mão, o que pode causar um disparo acidental (já vi isto acontecer). A manipulação com a mão esquerda (de apoio, para atiradores destros) não apresenta qualquer dificuldade, oferecendo a vantagem adicional de se poder manter a arma sempre adequadamente empunhada com a mão de tiro. O seletor de tiro, no lado esquerdo do corpo principal da arma (entre o gatilho e a empunhadura), tem o formato de um semicírculo e, num arco de 180 graus, oferece as posições de "S" (Segurança), para a frente; "SA" (Semi-Auto), para cima (direita); e "A" (Automático), para trás. Conforme anteriormente explicado, a segurança da Uru contra disparos acidentais (ou negligentes, num enfoque mais objetivo) já contou com variados sistemas, ao longo de sua existência. Meu preferido sempre foi o empregado pelas armas fabricadas pela Mekanika: uma combinação de bloqueio intencional do gatilho (posição "S" do seletor) com uma trava inercial interna que, automaticamente, trava o movimento do ferrolho no caso de uma queda ou golpe sobre a parte posterior da "sub", evitando alimentação de um cartucho à câmara e seu subseqüente disparo. Como quase tudo na arma criada por Olympio, o aparelho de pontaria alia simplicidade e robustez. A alça de mira é do tipo abertura ("peep"), com 2 mm de diâmetro, no interior de uma placa estrutural que acopla a caixa da culatra à parte de trás do corpo da arma, também servindo de encaixe posterior para bandoleira (esq.). Uma estrutura semelhante, à frente, incorpora o outro encaixe de bandoleira, a massa de mira (indicada, foto dir.) e sua proteção lateral, que, para um atirador não familiarizado com a Uru, pode ser confundida ... com a própria massa (também já vi isto acontecer!). Um ponto de tinta branca ou de qualquer cor bem clara pintado na massa de mira, entretanto, resolve este problema. O raio de visada (distância entre miras) é de 230 mm, salientando-se que a arma já vem ajustada de fábrica para tiros a 50 metros, mais do que realístico para a maioria dos cenários de combate para submetralhadoras. Sob o ponto de vista eminentemente operacional, ressalto o espaço livre de 13 mm que existia (armas fabricadas pela Mekanika, Vigorelli e FAU/Bilbao) entre a tecla do gatilho e o guarda-mato: numa situação de emergência (combate real), um atirador de dedos finos (foto) podia se atrapalhar e não conseguir atirar com a "sub" com a agilidade necessária. Este "senão" inexistia no primeiro protótipo da arma, no protótipo da Uru II e no "clone" Saco M683. Nas armas comercializadas pela Planev/Rossi, felizmente, o problema foi sanado, com o alongamento do gatilho.
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No tiro, propriamente dito, a Uru tem as características básicas que se espera de qualquer "sub" decentemente projetada e fabricada. Atirando com o ferrolho a partir da posição aberta, dá, naturalmente, aquela "sacolejada" no tiro semi-automático, mas, mesmo com um gatilho dito "molengo", não deixa de oferecer a precisão necessária nos alcances que dela se esperam. Em regime automático, ídem, destacando-se que qualquer operador medianamente treinado e adestrado consegue fazer tiro-atiro e dar rajadas curtas (bem mais eficazes, na vida real) mediante a adequada manipulação do gatilho. A cadência cíclica é da ordem de 700 tiros por minuto.
Este foi o primeiro protótipo da Uru, fabricado artesanalmente por Olympio Vieira de Mello Filho em 1974. Observar alguns pontos que o diferenciam dos modelos fabricados em série: empunhadura de madeira, seletor de tiro em forma de disco, gatilho mais longo, o curto alojamento do carregador e o estranho ângulo da coronha original.
As armas de pré-série foram as utilizadas no programa de testes e homologação oficial. Ainda tinham a ergonomicamente estranha coronha metálica destacável e o alojamento do carregador curto. O gatilho e a empunhadura plástica, porém, já eram dos modelos que seriam usados nas armas de série. Reproduzidas de um antigo folheto promocional da Mekanika Indústria e Comércio Ltda., estas fotos representam alguns dos testes a que uma Uru de présérie foi submetida para receber a homologação do Campo de Provas da Marambaia (Rio de Janeiro), do Exército: na esquerda, prestes a ser imersa em água salgada; na direita, coberta de poeira. 204
A extrema simplicidade do projeto original pode ser constatada nesta foto de uma Uru completamente desmontada. "Quanto menos peças usar, menores as chances de alguma coisa quebrar", dizia Olympio.
Boa comparação visual da coronha tubular destacável (alto) das armas de série e do experimental modelo de vergalhão de aço, rebatível, bem mais prático.
(ABAIXO): Algumas etapas da desmontagem completa da Uru, o que pode ser feito, sem o uso de qualquer ferramenta, em cerca de 40 segundos!
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Durante uma apresentação informal, em março de 1981, o "pai" da Uru demonstra a controlabilidade da arma em tiro automático, sem a coronha e empunhada, com apenas uma das mãos.
(Acima): uma Uru equipada com um dos freios de boca/compensadores experimentais criados por Olympio Vieira de Mello Filho. Neste ângulo exato, os orifícios de ventilação deixam ver, perfeitamente, o cano no interior da jaqueta de proteção.
(Esquerda): o supressor de ruído original da Uru tinha seu próprio cano integral (mais curto, 75 mm de comprimento) e utilizava o aparelho de pontaria da arma. Era bem eficaz, até mesmo em regime de tiro automático.
Uma Uru dotada de coronha de vergalhão (aqui, rebatida), tendo ao lado um silenciador experimental com aparelho de pontaria próprio, protegido por enormes "orelhas" metálicas. Observar a parte daquele acessório (para trás da rosca de fixação) que ficava no interior da luva perfurada de proteção térmica. 206
Nesta antiga foto, que seria usada num folheto promocional da Mekanika, a Uru aparece com alguns detalhes interessantes: seu corpo e coronha tubular estão pintados numa camuflagem preta e cinza, o silenciador (sem miras próprias) está coberto com tecido camuflado e um carregador adicional está acoplado, com fita isolante, ao que se encontra na arma.
Outra foto da mesma época, também destinada a publicidade. Aqui, a Uru aparece com a coronha de vergalhão, rebatida, e totalmente coberta com fita adesiva camuflada, inclusive sobre a jaqueta perfurada do cano.
O único protótipo da Uru II (1986), totalmente desmontado, assinaladas as principais modificações em relação ao modelo fabricado em série pela Mekanika: (1) tecla do gatilho mais longa, (2) mola comum ao gatilho e retém do carregador, em arame de aço, (3) guarda-mão de madeira sob a jaqueta do cano, sem perfurações, (4) abas de proteção da massa de mira (formato poste), (5) alças para bandoleira, (6) abas de proteção da alça de mira, (7) coronha rebatível, em vergalhão de aço. 207
Desenho de todos os componentes da Uru Modelo II, fabricada em São Paulo pela FAU/Bilbao. Observar o conjunto da trava de segurança (bloqueio do ferrolho), acionada por uma tecla na parte de trás da empunhadura.
Esta Uru apreendida pela polícia do RJ por volta de 1998 apresenta alguns detalhes dignos de nota: a diferente empunhadura artesanal (de madeira), a ponta do cano rosqueada, o seletor de tiro com posições totalmente diversas (com rústicas gravações) e a ausência do número de série.
Em péssimo estado de conservação, estas duas armas também apreendidas no Rio de Janeiro mostram alguns detalhes interessantes. A da direita apresenta uma pouco comum empunhadura com o logotipo da FAU Guns (Bilbao), assim como a característica trava, na parte posterior da peça. O detalhe da arma da esquerda mostra uma estranha e improvisada alavanca de manejo encaixada no ferrolho, a peça original havendo sido, com certeza, perdida pelo "dono".
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(ACIMA): uma Uru Modelo 1 da PLANEV/Rossi, com o supressor de ruído fabricado pela Mekanika para as primeiras armas de série. (ABAIXO): comparação entre o cano original (175 mm) da arma e o supressor com cano integral que o substitui, numa peça em corte que revela detalhes de sua construção: (A) cano com 75 mm de comprimento; (B) câmara de expansão com 32 mm de comprimento; (B) rosca para fixação na arma; e (D) 48 arruelas cônicas (300 mm de extensão). A unidade tem um comprimento total de 415 mm e diâmetro de 30 mm, pesando 910 gramas.
A Uru em sua mais recente configuração (PLANEV/Rossi). Observar a coronha metálica rebatível e o gatilho mais longo. 209
BULGÁRIA
Shipka
A Shipka é uma submetralhadora surgida na Bulgária na segunda metade da década de 1990 e, segundo consta, colocada em produção pela firma Arsenal e comercializada, para exportação, pela Kintex, ambas localizadas na cidade de Sofia. Está disponível nos calibres 9 x 18 mm Makarov e 9 x 19 mm , com carregadores de 32 e 25 cartuchos, respectivamente. De operação "blowback" convencional e funcionando somente em regime automático (cerca de 700 tiros/min), tem uma caixa da culatra em formato cilíndrico, alojada sobre um corpo principal feito em material sintético. A versão em 9 mm Makarov pesa (ao lado), vazia, 2 kg e, municiada, 2,54 kg, enquanto que os respectivos pesos para a 9 x 19 mm são 2,15 e 2,66 kg. Também existem variações dimensionais entre os dois modelos, quando dotados de canos iguais, de 150 mm de comprimento (entre parênteses, o 9 x 19 mm): comprimento total, 625 mm (660 mm); comprimento com coronha rebatida, 338 mm (360 mm). Também existe um cano mais longo, de 200 mm, para a Shipka em 9 x 19 mm. Um acessório opcional é um supressor de ruído, feito em liga leve de alumínio (D16T), pesando cerca de 300 g, com comprimento de 220 mm e diâmetro de 45 mm, capaz de proporcionar uma redução de 20 dB no nível de ruído da arma. Um apontador laser também pode ser adaptado, abaixo do guardamão. 210
CANADÁ
C1
Esta submetralhadora em calibre 9 x 19 mm nada mais é que uma versão canadense da Sterling (L2A3) britânica, havendo sido produzida pela Canadian Arsenals Ltd, de Ontario, a partir do final da década de 1950 e, durante muitos anos, utilizada pelas forças armadas daquele país. Seu principais pontos de identificação são as iniciais "C. A. L." e a data de fabricação, na parte inferior do alojamento do carregador. Existem, entretanto, alguns detalhes próprios, como a redução da capacidade do carregador (de dos de 34 para 30 tiros) e a criação de um carregador curto (10 tiros). Seu próprio processo de fabricação, mais simplificado, acabou tornando-a mais barata que a "sub" original, com a qual compartilha muitos componentes. As características também são, na prática, as mesmas: operação "blowback" (ferrolho aberto), cano de 198 mm, comprimento total de 686 mm (493 mm, coronha rebatida) e peso vazio, 3 kg.
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CANADÁ
Douglas Recoiless Esta curiosa arma, aparentemente em calibre 9 x 19 mm, foi criada após a Segunda Guerra Mundial por um certo Cliff Douglas, empregando um singular princípio de funcionamento, com o objetivo de reduzir o recuo aparente da arma, no disparo, a um mínimo. Em termos simplificados, no momento do tiro, o ferrolho recuava e o cano avançava, através de uma mola recuperadora que atuava em ambos os componentes. Embora não fosse, completamente, sem recuo (daí o nome "Recoiless"), parece que o sistema, de fato, atenuava bastante o chamado "coice". Outra curiosidade era o carregador empregado, cuja capacidade era de aproximadamente 50 cartuchos. Tinha o formato cilíndrico e seu alojamento situava-se, longitudinalmente e meio inclinado para baixo, na parte de trás da "sub" (ou "pistola-metralhadora", por não ter coronha?), abaixo da caixa da culatra. Na parte da frente, existia uma pequena empunhadura vertical de apoio, possuindo o cano um compensador em forma de colher. Ao que tudo indica, um único protótipo foi construído e testado, aparentemente, de forma não-oficial. Mais ou menos na mesma época, as Forças Armadas do Canadá estavam adotando a submetralhadora nacional C1, o que, certamente, em nada contribuiu para atrair interesse oficial para a Recoiless.
Uma apresentação da curiosa arma.
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CANADÁ
Sten (Variantes) Durante a Segunda Guerra Mundial, cerca de 127.000 submetralhadoras Sten, de projeto britânico, foram fabricadas no Canadá pelo Arsenal de Long Branch, província de Ontario. Além de armas originais (quase todas, do modelo Mark II), diversas variantes experimentais foram feitas naquelas instalações, aparentemente, sob a responsabilidade de três projetistas, Antoni Roscziszewki, Fred Kearey e Don Miller.
O protótipo acima destaca-se pelo uso de um carregador tipo cofre vertical, com capacidade para 50 cartuchos calibre 9 x 19 mm. O que apresenta de muito especial é o fato de que a munição não era levada para a posição de alimentação pelo tradicional sistema de mola e plataforma, mas, por um mecanismo acionado pelo movimento do ferrolho. Outra visível modificação está na tecla do gatilho, onde é feita a seleção entre tiro intermitente e automático: pressão na parte de cima resulta em rajadas; na de baixo, semi-automático. Desnecessário dizer que tais sofisticações não condiziam com a extrema simplicidade do projeto básico da Sten, não sendo, portanto, adotadas. Este modelo, designado XP-54, também apresenta uma grande mudança, no que diz respeito ao carregador. Embora do tipo cofre, ele fica horizontal e longitudinalmente colocado na parte inferior da arma, no interior do corpo feito de madeira (cartuchos apontando para cima). Assim, a alimentação da munição à câmara é feita através de um relativamente complicado sistema acionado pelo próprio ferrolho da arma, que a gira até a posição adequada. O mesmo sistema de disparo (seleção de tiro no gatilho) da arma anterior foi usado, ficando a arma na fase de protótipo, apenas. No inicio da década de 1960, houve uma tentativa de se modernizar os grandes estoques de Sten Mark II existentes no Canadá. Uma das propostas envolvia a adoção de uma coronha destacável de madeira, uma longa empunhadura vertical de apoio (também de madeira e destacável), zarelhos superiores para bandoleira e baioneta própria. Chegou-se à conclusão, entretanto, que o custo das modificações seriam superiores ao das próprias armas, o que inviabilizou o programa. Segundo consta, 12 submetralhadoras e 82 baionetas chegaram a ser feitas. 213
CHECOSLOVÁQUIA
CZ Modelo 1938 Várias armas longas que disparavam munição de pistola surgiram na Checoslováquia logo após a Primeira Guerra Mundial, certamente, sob a influência do pioneiro uso em combate da MP18.I, alemã. Dois projetistas, Joseph e Frantisek Netsch (pai e filho), criaram a arma aqui mostrada, dimensionada para um cartucho 9 mm não-identificado, aparentemente, alimentada por um pequeno carregador do tipo tambor. Testada pelo Exército Checo, não foi aprovada, desconhecendo-se, inclusive, se uma arma de tiro seletivo ou, apenas, semi-automática. Testada pelo Exército Checo, não foi aprovada. Nas décadas de 1920 e na primeira metade da de1930, várias outras tentativas locais tampouco tiveram êxito. Os primeiros resultados palpáveis somente ocorreram em 1937.
No final de dezembro de 1937, um projetista chamado Frantisek Myska, que trabalhava na fábrica CZ (Ceska Zbrojovka) de Strakonice, ofereceu ao Exército esta submetralhadora, dimensionada para o modesto calibre .380 ACP (9 mm Curto, 9 mm Browning). Era de operação "blowback" convencional e funcionava apenas em regime automático, numa cadência cíclica em torno de 600 tiros por minuto. Sua alimentação era por intermédio de um carregador tipo cofre vertical, com capacidade para 24 cartuchos, ou por outro, do tipo tambor, com capacidade para 94 cartuchos. Com cano de 205 mm, tinha um comprimento total de 790 mm e peso em torno de 4, kg. Curiosamente, a "sub" seria usada, principalmente, na defesa de fortificações, surgindo uma encomenda de 3.500 unidades. O virtual esfacelamento das Forças Armadas da Checoslováquia em 1938 (Crise de Munique) colocou um ponto final no programa, após a fabricação de apenas um pequeno lote de, talvez, umas 15 armas. 214
CHECOSLOVÁQUIA
CZ 47, CZ 247, CZ 347 Após o término da Segunda Guerra Mundial, renasceu o interesse em submetralhadoras na antiga Checoslováquia, surgindo diversos projetos interessantes, boa parte deles, na fábrica CZ. Em 1946, o Instituto Técnico Militar da Checoslováquia enviou um jovem soldado chamado Jaroslav Holecek para trabalhar naquela indústria de armas. Em pouco tempo, ele havia criado um protótipo que recebeu a designação de H/47. Provavelmente em calibre 9 x 19 mm, apresentava a incomum configuração de possuir um carregador de 50 tiros alojado na parte superior da coronha de madeira, onde também esta a mola recuperadora. Maiores detalhes sobre a arma não estão disponíveis. Mais ou menos na mesma ocasião, o Exército solicitou que a CZ retomasse o projeto de sua antiga Modelo 1938 (ou M38), desta vez, redimensionada para a mais comum (em "subs") munição 9 x 19 mm e com tiro seletivo (a opção entre tiro intermitente e rajadas era feita mediante pressão crescente na tecla do gatilho). A arma passou a ser designada CZ 47 e CZ 247, esta, com encaixe de baioneta e alavanca de manejo com formato um pouco diferente. Uma variante experimental, em calibre 7,62 mm Tokarev, também foi construída, recebendo a designação CZ 347. Conservando o mesmo princípio de funcionamento ("blowback"), a arma recebeu um carregador bifilar tipo cofre, com alimentação alternada em duas posições, com um detalhe: mediante o acionamento de uma pequena tecla, o alojamento do carregador podia ser girado tanto para a posição vertical como para a horizontal, melhor adaptando a "sub" a certas condições de tiro (operador deitado, por exemplo). Com um cano de 200 mm, possuía um comprimento total de 785 mm e um peso, municiada, de 3,7 kg. Uma CZ 47 com o carregador de 40 tiros na posição horizontal.
Quando configurada para a munição 7,62 mm Tokarev, russa, a arma recebeu a designação CZ 347. Observar o carregador curvo, exigido pelo cartucho do tipo "garrafinha".
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CHECOSLOVÁQUIA
Sa 23, Sa 24, Sa 25, Sa 26
Esta série de submetralhadoras foi criada na fábrica CZ em 1948 pelos projetistas J. Holecek, J. Cermak, F. Myska, J. Kratochvil e V. Zivara, entrando em produção seriada no ano seguinte. Embora, ao longo dos anos, tenha sido muito conhecida como Vz (Vzor = Modelo, no idioma local) 23, 24, 25 e 26, sabe-se, agora, que suas reais designações são Sa (Samopal = Submetralhadora) 23, 24, 25 e 26. Estas referem-se ao calibre utilizado e ao tipo de coronha, a saber: Sa 23, 9 x 19 mm, coronha rígida de madeira; Sa 24, 7,62 x 25 mm Tokarev, coronha de madeira; Sa 25, 9 x 19 mm, coronha metálica rebatível; Sa 26, 7,62 x 25 Tokarev, coronha metálica rebatível. Um detalhe que permite uma rápida identificação das armas é que os modelos em calibre 7,62 mm Tokarev têm o carregador (de 32 tiros) ligeiramente inclinado para a frente, enquanto que os em 9 x 19 mm (24 ou 40 tiros)são totalmente verticais. Também é importante destacar que a munição checa naquele primeiro calibre, embora intercambiável com a russa, costuma ter carga de pólvora maior, proporcionando cerca de 20 por cento a mais na velocidade inicial do projétil. Todas as armas são de operação "blowback" convencional, atirando a partir da posição de ferrolho aberto. A seleção de tiro (semi-automático ou rajada, 650 tiros/min) é feita por meio de pressão crescente no gatilho. O cano tem 284 mm de comprimento, sendo de 684 mm seu comprimento total (445 mm, com a coronha rebatida). O peso vazio das versões de coronha rígida de madeira (3,5 kg) é ligeiramente maior que as de coronha metálica retrátil (3,25 kg). A configuração destas armas checas, com ferrolho do tipo envolvente e carregador situado no interior da empunhadura, serviu de inspiração para muitas outras que vieram posteriormente, como a italiana Beretta Modelo 12 e a israelense Uzi, por exemplo. Na África do Sul, entre 1977 e 1980, foi produzida uma versão simplificada (carabina semi-automática) da Sa. 25, chamada de Sanna 77. Fabricada por uma firma chamada Dan Pienaar Enterprises (Pty) Ltd., de Johannnesburg, era destinada à venda ao público, como arma de defesa pessoal. 216
A Sa. 26 é o modelo em calibre 7,62 x 25 mm Tokarev, possuindo coronha metálica rebatível.
Uma Sa.24 inteiramente desmontada permite a verificação do número total de componentes usados na arma: 33.
Uma versão carabina em calibre 9 x 19 mm, de funcionamento apenas semi-automático, foi produzida na África do Sul entre 1977 e 1980, com o nome de Sanna 77.
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CHECOSLOVÁQUIA (REPÚBLICA CHECA)
Sa 58/98 Bulldog Com a divisão da antiga Checoslováquia e a subseqüente redução dos exércitos checo e eslovaco, formaram-se enormes estoques de fuzis de assalto Modelo 58, calibre 7,62 x 39 mm, ali fabricados durante muitos anos. Isto fez com que a indústria e os militares começassem a estudar uma forma de aproveitar aquele material bélico, ainda que em parte. O resultado veio do VTUVM, o Instituto Militar de Tecnologia de Armas e Munição da República Checa, com a Sa 58/98 Bulldog. Sua designação vem de Samopal (submetralhadora, em checo) e a evolução do Modelo "58" para o "98", ano de sua criação.
Em calibre 9 x 19 mm, a nova arma parece aproveitar o conjunto de empunhadura, o mecanismo de disparo (de tiro seletivo) e parte da caixa da culatra do fuzil original. O sistema de operação, é claro, foi modificado para um simples "blowback", em vez do original, a gás e com trancamento basculante do ferrolho. Um novo carregador, tipo cofre vertical, foi adotado, tendo capacidade para 30 cartuchos. O cano tem comprimento de 200 mm, com seis raias para a direita e oferecendo uma velocidade inicial de 380 m/s, para projéteis de munição convencional. Na configuração básica, a Bulldog tem um comprimento total de 660 mm (445 mm, com a coronha rebatida para o lado direito) e pesa, vazia, 2,8 kg. Existe a chamada Sa 58/98 S, versão dotada de silenciador integral, com cano de 180 mm (velocidade inicial do projétil: 300 m/s, com munição convencional) e que tem mais 150 mm no comprimento. A cadência cíclica da arma é de 800 tiros por minuto.
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CHECOSLOVÁQUIA (REPÚBLICA CHECA)
Skorpion Esta arma foi criada no final da década de 1950 na antiga Checoslováquia pela empresa Omnipol . Por suas dimensões e aparência, poderia melhor ser chamada de pistolametralhadora, havendo sido desenvolvida, na realidade, para substituir pistolas semiautomáticas e submetralhadoras em uso pelas forças armadas locais. Como quase todas as propostas de armas ditas "universais", a Skorpion deixa um pouco a desejar nessa diversa gama de aplicações, mas, de qualquer maneira, foi amplamente fabricada e vendida ao longo dos anos pela fábrica CZ e pela iugoslava Zastava (Modelo 84). Sob a designaçãol de Vz 61 (Vzor = Modelo), sua excentricidade começa pelo munição originalmente usada, o cartucho .32 ACP (7,65 x 17 mm Browning), de origem norte-americana, certamente não esperado num país aliado ao extinto Bloco Soviético. Posteriormente, também foi fabricada e comercializada nos calibres 9 x 18 mm Makarov (Vz 82), 380 ACP/9mm Curto (Vz 83) e 9 x 19 mm. Os carregadores disponíveis são para 10 ou 20 tiros. Seu funcionamento é por "blowback", atirando a partir da posição de ferrolho à frente (culatra fechada), com martelo e percussor. O seletor de tiro é uma tecla basculante situada no lado esquerdo, bem cima da bem vertical empunhadura, com as posições "1" (semiautomático), para trás; "0" (segurança), no meio, e "20" (automático, 800-850 tiros/min), à frente. A alavanca de manejo é ambidestra (um botão achatado de cada lado) e a janela de ejeção está localizada na parte de cima da arma. O comprimento do cano é de 115 mm, sendo de 517 mm o comprimento total (270 mm, com a coronha rebatida para a frente) e de 1,3 kg o seu peso, sem carregador. Para missões especiais, pode receber um supressor de ruído.
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Fabricada na antiga Iugoslávia pela empresa Zastava, a Modelo 84, em calibre 7,65 mm Browning, é uma cópia fiel da arma checa. Aqui, está com o carregador de 10 tiros.
A versão em calibre .380 ACP (9 mm Curto) tem a designação Vz 83 e seu carregador (aqui, um de 30 tiros) é reto.
(ESQ.): Por sua grande compacidade, a Skorpion pode ser facilmente transportada numa bolsa comum. (DIR): Para missões especiais, com supressor de ruído.
Versão da Skorpion em calibre 9 x 19 mm colocada no mercado no final da década de 1990, numa configuração de coronha rígida de material sintético e cano (130 mm) dotado de pequeno quebra-chamas. Com o carregador de 10 tiros, esta arma em calibre 9 x 19 mm, está com supressor de ruído e mira optrônica de ponto vermelho. Observar o novo formato da soleira para que, quando rebatida, não interfira com a mira.
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CHECOSLOVÁQUIA
ZK 383
Esta submetralhadora em calibre 9 x 19 mm foi projetada bem no início da década de 1930 pelos irmãos Josef e Frantisek Koucky na fábrica Zbrojovka Brno (ZB), permanecendo em produção limitada, em diversas versões, entre aproximadamente 1938 e 1948. Já no início da Segunda Guerra Mundial, era armamento dos exércitos checo e búlgaro, e, com a ocupação da fábrica pelos alemães (rebatizada como Waffenwerke Brünn A.G.), continuou a ser fabricada, especificamente, para equipar algumas unidades das tropas SS nazistas. Também foi exportada para alguns países sul-americanos. O modelo padrão inicial da ZK 383 é facilmente identificado pelo uso de um bipé metálico rebatível para trás, ficando alojado no interior do guarda-mão de madeira. De operação "blowback" convencional e atirando a partir da posição de culatra aberta, seu ferrolho possui um bloco metálico interno removível, cuja função é possibilitar ao operador escolher entre duas cadências cíclicas de tiro automático, 500 ou 700 tiros por minuto. O seletor de tiro, no lado esquerdo e logo à frente do gatilho, tem o formato de um disco, com as marcações "1" (semi-automático) e "30" (automático). Imediatamente acima do gatilho, há um pino de deslocamento transversal, para travamento do mecanismo. Outra característica da arma é a facilidade de troca rápida do cano, talvez, decorrente de seu eventual uso (graças ao bipé) como uma improvisada metralhadora leve de apoio. Dentro dos padrões para o armamento de Infantaria daquela época, a ZK 383 era cuidadosamente fabricada com componentes usinados, sendo as únicas peças feitas em estamparia a soleira e o bipé. Após o primeiro modelo, surgiram outras versões, variavelmente, com ou sem encaixe para baioneta. A ZK 283P, destinada ao mercado policial, não possuía bipé e sua alça de mira era uma simples unidade basculante em "L", ao contrário da elaborada (e muito otimista) alça tangente, com ajustes para 100 a 800 metros. A chamada ZK 383H, surgida após o término da Segunda Guerra Mundial, tinha carregador vertical de 30 tiros (horizontal, nos modelos anteriores) que podia ser rebatido para a frente, quando não em uso, e seus guarda-mão e coronha de madeira também foram redesenhados. As especificações básicas são, praticamente, as mesmas para todas as versões: comprimento total, 900 mm; comprimento do cano, 325 mm; peso (arma municiada), 4,8 kg. 221
Como a maioria das submetralhadoras de primeira geração, a ZK 383 era cara e elaboradamente construída com componentes usinados. Aqui, seu bipé metálico está rebatido para trás e parcialmente alojado no guarda-mão de madeira.
O modelo ZK 383H tinha um carregador vertical que, quando não estava em uso, podia ser rebatido para a frente, reduzindo o volume da arma, para transporte. A camisa perfurada à volta do cano, a coronha e o guarda-mão também foram redesenhados.
Uma ZK 383 desmontada em seus principais componentes, para manutenção de rotina.
Os irmãos Koucky também estiveram envolvidos em alguns projetos experimentais, como a ZK 403 (acima), que seria uma arma de fabricação mais econômica. Nos estágios finais da Segunda Guerra Mundial, criaram os protótipos acima, baseados na ZK 383, mas, com canos mais curtos e carregadores verticais, numa empunhadura de apoio. 222
CHECOSLOVÁQUIA
ZK 466, ZK 467
Esta submetralhadora calibre 9 x 19 mm da Zbrojovka Brno foi oferecida no mercado em 1948, já incorporando muitas características das chamadas armas de segunda geração, como o maior uso de peças em estamparia de aço. De operação "blowback", possuía mecanismo de tiro seletivo (intermitente e rajadas, a 650 tiros/min) controlado a partir de um registro de três posições existente no lado esquerdo, logo acima da empunhadura, que também tinha uma posição de segurança (bloqueio do gatilho). Além disso, a ZK 466 também tinha uma tecla de segurança (bloqueio do ferrolho) de "pega", na parte de trás da empunhadura. Outras características eram uma coronha metálica retrátil, que reduzia o comprimento total da arma de 700 mm para 455 mm, e a possibilidade de se rebater o carregador (30 tiros) para a frente, tornando a arma mais compacta para transporte. O cano de 200 mm era envolvido por uma camisa metálica perfurada de proteção térmica, possuindo um compensador integral, com dois cortes transversais na parte de cima, junto à boca. O peso, com carregador totalmente municiado, era de 3,5 kg. Mais uma arma criada por Josef e Frantisek Koucky após a Segunda Guerra Mundial foi a ZK 467, igualmente em 9 x 19 mm, cuja produção foi bem pequena. Numa tradicional configuração de coronha e guardamão únicos de madeira, era de operação "blowback" e atirava a partir da posição de culatra fechada, empregando um sistema de trancamento mais ou menos semelhante ao da pistola Colt M1911. As dimensões da arma incluem um cano de 254 mm e um comprimento total de 640 mm, sendo de cerca de 4 kg seu peso, municiada. O carregador de 30 tiros era o mesmo da anterior ZK 383, bifilar e com alimentação em posições alternadas. 223
CHECOSLOVÁQUIA
ZK 476
Embora esta criação de pós-Guerra dos irmãos Koucky nunca tenha entrado em produção em larga escala, reveste-se de grande importância histórica por incorporar uma série de inovações tecnológicas que iriam ser, futuramente, repetidamente copiadas e usadas em outras submetralhadoras, em diversos países. A ZK 476, calibre 9 x 19 mm, foi, muito provavelmente, a primeira arma desta classe a adotar o chamado ferrolho envolvente, em que a face do mesmo encontra-se num recesso usinado na parte posterior, deixando boa parte da massa total à frente da culatra, no momento do disparo. Isto permite que a "sub" fique razoavelmente compacta utilizando um cano de bom comprimento (205 mm) e, ao mesmo tempo, aumenta um pouco a estabilidade no tiro automático. Outro detalhe que, igualmente, seria popularizado em armas subseqüentes foi a utilização da empunhadura como alojamento do carregador. Na parte de trás, uma tecla de segurança (bloqueio do ferrolho) impede disparos acidentais em caso de quedas. A alavanca de manejo, no alto da caixa da culatra, é um botão cilíndrico com uma abertura central, para não interferir no uso das miras. Duas versões foram construídas, com coronha fixa de madeira e com coronha metálica rebatível, ambas, com um comprimento total de cerca de 560 mm e peso em torno de 3,5 kg.
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CHECOSLOVÁQUIA
ZK 480
Com a ZK 480, tanto a fábrica ZB como os irmãos Josef e Frantisek Koucky parecem ter colocado um ponto final nos seus desenvolvimentos de submetralhadoras após a Segunda Guerra Mundial. Em calibre 9 x 19 mm e construída em quantidades não significativas, a submetralhadora apareceu em duas configurações distintas. Uma delas, apresentava uma coronha metálica, rebatível para a direita da arma, que era uma cópia da usada na carabina .30 M1 dos Estados Unidos. Tinha uma empunhadura do tipo pistola ("pistol grip"), com uma tecla de segurança (bloqueio do ferrolho) na parte da frente. Sua construção era principalmente feita em peças de estamparia de aço, sendo o cano quase todo envolvido por uma luva metálica perfurada. Dispunha de um guarda-mão de madeira. Uma outra variante possuía coronha fixa de madeira e guarda-mão de formato mais arredondado, ainda mantendo a tal tecla de segurança. Ambas usavam um ferrolho que envolvia parcialmente o cano de 355 mm de comprimento. Ainda assim, o comprimento da arma era bem grande, passando um pouco dos 800 mm. O peso vazio era em torno de 3,5 kg. O funcionamento era por "blowback" comum. Embora saiba-se que a arma era de tiro seletivo (semiautomático e automático, com cadência cíclica de uns 650 disparos por minuto), não há detalhes disponíveis com relação ao método de seleção utilizado.
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CHILE
PAF
Como em muitos outros países, o Chile começou a desenvolver a indústria bélica local no seio de sua estrutura militar. O Tenente-Coronel Luis Beltran y Bustos fundou a FAMAE - Fábricas y Mastranzas del Ejército, em Santiago, no ano de 1811, ao longo dos anos contribuindo significativamente para o processo de industrialização nacional. No final da década de 1970, aquela organização começou a pensar em desenvolver um setor de produção de armas leves. Decidiu que o passo inicial seria a criação de uma submetralhadora, um tipo de arma que, por sua relativa simplicidade de projeto e fabricação, bem se prestaria ao objetivo visado. Aparentemente para poupar tempo e custos, a arma que acabou nascendo foi uma virtual cópia da Sterling, de origem britânica. Dimensionada para o quase inevitável calibre 9 x 19 mm e chamada, simplesmente de PAF (Pistola Ametralladora FAMAE), era alimentada por um grande carregador curvo com capacidade para 45 tiros (32, na Sterling), encaixado num alojamento no lado esquerdo da caixa da culatra cilíndrica. Ao contrário da arma britânica, entretanto, o cano de 175 mm de comprimento ficava quase que totalmente exposto e sua boca era dotada de um pequeno (e, certamente, dispensável) compensador do tipo colher. Esta primeira submetralhadora "Made in Chile" operava em "blowback" convencional e possuía uma cadência cíclica, em tiro automático, em torno de 800 a 850 disparos por minuto, estando o seletor de tiro no lado esquerdo, na base da bem inclinada e fina empunhadura. A mola recuperadora, de grande diâmetro, não tinha haste-guia, enquanto que o ferrolho possuía sulcos helicoidais em sua superfície, para a coleta (ou acúmulo...) de sujeira eventualmente existente no interior da caixa da culatra. A alavanca de manejo, de plástico, ficava uns 45 graus à direita. A coronha era do tipo retrátil, com dois vergalhões de aço e soleira de material sintético. Somente um pequeno lote de protótipos acabou sendo fabricado, servindo, de qualquer maneira, para a formação de um núcleo de projetistas e de técnicos em produção, que seriam aproveitados em programas futuros. E parece que a submetralhadora chilena não teve, realmente, um bom desempenho, pois acabou recebendo, no seu próprio país de origem, um apelido um tanto desabonador : "La PUF"! 226
Apesar de sua boa capacidade (45 tiros), o grande carregador curvo, no lado esquerdo, tendia a desequilibrar a arma e dificultar a movimentação do operador em ambientes exíguos.
No detalhe, podem ser vistos, através da janela de ejeção, os sulcos usinados na superfície do ferrolho. Observar, também, a alavanca de manejo, o capuz de proteção da massa de mira e um dos tubos metálicos que alojavam as hastes da coronha, quando retraída.
(ESQ.): O compensador tipo colher adaptado à boca do cano poderia ser perfeitamente dispensado, uma vez que a pressão de gases gerados pela munição 9 x 19 mm é relativamente baixa, quase não exercendo o efeito desejado. (DIR.): Neste ângulo, pode-se observar os oito furos existentes em volta do orifício da alça de mira, para facilitar a visada em condições de pouca luminosidade.
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CHILE
Mini SAF
A Mini SAF, desenvolvida pela estatal chilena FAMAE - Fábricas y Mastranzas del Ejército, é uma arma extremamente compacta que, pela ausência de uma coronha, poderia ser perfeitamente classificada como pistola-metralhadora. Mais recentemente, todavia, também está sendo oferecida no mercado com uma coronha metálica rebatível. Está para a mais convencional SAF, descrita a seguir, como a alemã H&K MP5K está para a MP5, destinando-se, como aquela, a aplicações bem mais especializadas que requeiram grande compacidade, facilidade de porte e transporte dissimulado, etc. No calibre 9 x 19 mm, opera em "blowback" a partir da posição de culatra fechada (ferrolho à frente), com percussor flutuante e martelo, possuindo uma chave seletora de tiro no lado esquerdo, pouco acima da empunhadura principal, com as posições "S" (segurança, bloqueio do gatilho), "1" (tiro semi-automático), "3" ou "L" (rajadas limitadas de três tiros) e "30" ou "F" (automático, com cadência cíclica de 1.200 tiros/min). A pequena alavanca de manejo e a janela de ejeção também encontram-se do lado direito, existindo uma indispensável (para a versão sem coronha) empunhadura vertical de apoio. Carregadores de 20 ou trinta tiros estão disponíveis para a arma. O aparelho de pontaria, com linha de visada de 250 mm, consiste numa alça fixa (ranhura em "U", ajustada para 50 metros, regulável em lateralidade ) na borda de um tambor e numa massa do tipo lâmina (regulável em altura), com abas laterais de proteção. O cano tem comprimento de 115 mm e arma toda, de 320 mm (550 mm, com coronha metálica). Com carregador de 20 tiros, vazio, a Mini SAF pesa 3 kg. 228
(ESQ.): Pelo desenho esquemático, pode-se verificar que a arma chilena possui exatas 139 peças. (DIR.): O pequeno Manual de Operação e Manutenção fornecido pela FAMAE. A configuração da Mini SAF a torna indicada para uso de pessoal de segurança (guarda-costas) de dignitários, por exemplo. A foto mostra a posição de tiro indicada para se obter alguma precisão com a versão básica, sem coronha.
Um trilho existente no alto da caixa da culatra permite a adaptação de variados tipos de miras optrônicas. A Mini SAF mostrada aqui está com um apontador laser do tipo TM-007, fabricado na Holanda, usado em conjunto com óculos de visão noturna.
Com o acréscimo de alguns acessórios, como miras especiais e supressor de ruído, a compacta arma chilena pode tornar-se ainda mais versátil, sobretudo após receber uma coronha rebatível. 229
CHILE
SAF Origens históricas Como aconteceu em tantos outros países, a indústria bélica chilena nasceu no seio de sua estrutura militar. O Frade (e, também, TenenteCoronel do Exército) Luis Beltran y Bustos fundou a FAMAE - Fábricas y Maestranzas del Ejército num subúrbio da cidade de Santiago em 181, que, ao longo dos anos, contribuiu significativamente para o processo de industrialização nacional. Após o presidente socialista Salvador Allende ter sido derrubado do poder por um golpe de estado, em setembro de 1973, o subseqüente governo militar, liderado pelo General Augusto Pinochet, foi amplamente bombardeado por denúncias e críticas internacionais de violações aos direitos humanos. Como costuma acontecer nas mesmas circunstâncias, um embargo no suprimento de armas ao Chile foi imposto pela maioria dos países, o que também acabou resultando num outro lugar-comum: a nação colocou mãos à obra para desenvolver e dinamizar sua própria indústria de armamentos. Com o passar do tempo e o concomitante aperto do boicote internacional, os chilenos foram gradualmente criando um razoável complexo industrial, tanto estatal como privado, para atender às suas necessidades internas e, num estágio posterior, competir no mercado internacional ... com antigos fornecedores! Na área de armas de Infantaria, a FAMAE desenvolveu, no final da década de 1970, a anteriormente descrita PAF, que lhe proporcionou alguma experiência nas áreas de projeto e fabricação de submetralhadoras. Uns dez anos depois, porém, é que um importante passo foi dado, com a assinatura de um acordo de cooperação industrial com a firma suíça SIG - Schweizenche Industrie Gesellschaft para a manufatura, sob licença, dos fuzis SG 540-1 e SG 543-1, em calibre 5,56 x 45 mm, assim como do SG 542-1, em 7,62 x 51 mm. Isto proporcionaria aos chilenos a oportunidade de ter contato com projetos mais sofisticados e técnicas fabris atualizadas, ao mesmo tempo em que passaram a possuir máquinas de recente geração, como tornos e fresas de controle numérico e uma unidade de fabricação de canos por martelamento. Surge a SAF O acordo com a SIG também reacendeu a idéia da fabricação local de submetralhadoras. A filosofia básica do novo projeto era simples: aproveitar o maior número possível de componentes já utilizados nos fuzis suíços, algo bem semelhante que a firma alemã Heckler & Koch já havia feito, na década de 1960, com as "subs" da série MP5, calcadas no conhecido fuzil G3, calibre 7,62 x 51 mm. Assim, em setembro de 1989, ficou pronto o primeiro protótipo (foto) da chamada SAF (Sub-Ametralladora FAMAE), em calibre 9 x 19 mm, cuja produção seriada teve início por volta de 199091. As primeiras entregas foram para a "Policía de Investigaciones", uma entidade de âmbito nacional que divide com os "Carabineros", a tropa fardada, a responsabilidade pelo trabalho policial no Chile. 230
Uma rápida comparação visual entre a "sub" e os fuzis logo mostra uma série de componentes externos comuns a ambos, tais como coronhas (tanto a rígida, de material sintético, como a rebatível, metálica), miras, gatilho, guarda-mato, empunhadura, retém do carregador, seletor de tiro e alavanca de manejo, por exemplo. Internamente, também são iguais vários outros componentes, sobretudo, aqueles que formam o mecanismo de disparo. A SAF compõe-se de um corpo inferior feito em estamparia de aço (incluindo o alojamento do carregador, conjunto de gatilho e coronha) e uma igualmente estampada caixa da culatra, à qual o cano de 200 mm de comprimento está permanentemente fixado. O guarda-mão, em material sintético, consiste em duas metades unidas longitudinalmente, com rasgos de ventilação nas laterais superiores e na parte de baixo. O funcionamento é por "blowback", realizando-se o disparo a partir da posição de ferrolho à frente (culatra fechada), com sistema de percussão por martelo e percussor móvel. O seletor de tiro é uma pequena tecla localizada no lado esquerdo, perto da empunhadura, com os ajustes de "S" (segurança), "1" (tiro semi-automático), "3" ou "L" (rajadas limitadas de 2 ou 3 tiros) e "30" ou "F" (automático). A cadência cíclica é bastante elevada: 1.200 disparos por minuto. Inicialmente, a arma empregava carregadores metálicos, mas, logo passou a utilizar carregadores feitos de polímero translúcido, de 20 ou 30 tiros, que, além de serem mais leves (75 contra 230 gramas) e baratos, são praticamente imunes à corrosão, permitem uma rápida verificação visual do número de cartuchos no seu interior e possuem encaixes integrais para o acoplamento de duas ou mais unidades, o que agiliza a troca. A SAF de coronha rígida tem um comprimento total de 660 mm e um peso, com carregador vazio, de 2,9 kg. A versão de coronha metálica rebatível tem um comprimento total de 640 mm (410 mm, coronha rebatida) e é 120 gramas mais pesada. No início do ano de 2000, a FAMAE já havia desenvolvido uma versão dimensionada para o calibre .40 S&W, logo em seguida concretizando um acordo com a empresa brasileira Taurus para sua fabricação e comercialização em nosso país. Suas características são semelhantes ao modelo em 9 x 19 mm, embora um pouco (100 gramas) mais pesada.
Este foi o protótipo inicial da SAF, que ficou pronto em setembro de 1989. Observar alguns detalhes que o distinguem do modelo fabricado em série, tais como o formato do guardamão, cano mais curto, alça de mira tipo ranhura (em "U") e a utilização de carregador metálico. 231
O modelo de coronha rebatível, também visto desmontado, para manutenção de rotina.
(ESQ.): As duas versões da SAF em 9 x 19. (DIR.): Esta SAF em calibre .40 S&W, fotografada em setembro de 2000, apresenta algumas novidades: um novo desenho de guarda-mão, massa de mira protegida por um capuz e carregador de metal. A SAF 9 x 19 mm no tiro. A pequena alavanca de manejo fica no lado direito, mas, pode ser fácil e rapidamente acionada com a mão esquerda. Num todo, a arma apresenta boa ergonomia, fácil manipulação e precisão dentro do esperado para "subs". Sua cadência cíclica de 1.200 tiros por minuto, entretanto, é considerada muito alta pelo autor. Mas, há quem goste disso.
Esta arma em 9 x 19 mm está com um supressor de ruído de fabricação FAMAE adaptado à boca do cano e recebeu uma mira do tipo ponto vermelho num suporte colocado na parte de cima da caixa da culatra.
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A SAF pode receber diversos tipos de supressores de ruído. Aqui, está com um modelo Reflex R12FA, fabricado na Finlândia, que não requer nenhuma modificação na arma.
Também a versão em calibre .40 S&W pode ser equipada com supressores. O bem longo modelo visto na foto é fabricado pela própria FAMAE.
Desde, pelo menos, o segundo semestre de 2000, a FAMAE está trabalhando na evolução da SAF, dentro de um programa conhecido como MP-2000. Seu "Protótipo 8" (grupo de gatilho "S-1-L-F"), mostrado acima, recebeu um novo carregador curvo em alojamento também redesenhado, guarda- mão com novo formato e uma coronha rebatível em material sintético, igual à empregada no fuzil suíço SIG SG 550/551.
O programa MP-2000 parece envolver variadas configurações, para o fabricante decidir quais modificações na SAF seriam justificáveis para adoção nas armas de série. Este "Protótipo 10" (grupo de gatilho "S-1-L"), por exemplo, tem o novo carregador curvo, em material sintético, inserido diretamente no corpo da arma, sem contar com o anteriormente usado alojamento metálico. 233
Fotos para o "álbum de família":
(A0 LADO): Duas SAF (coronhas fixa e rebatível) ao lado de sua "irmã menor",a Mini-SAF, aqui, no modelo original, ainda desprovido de coronha rebatível.
(EM BAIXO): A descendência direta das "subs" fica bem claro, quando as armas em 9 x 19 mm são vistas juntas com o fuzil SG-540-1, calibre 5,56 x 45 mm
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CHILE
SAF Silenciada Apesar de tanto a SAF normal como a Mini SAF poderem ser equipadas com diversos tipos de supressores de ruído adaptados à boca do cano, a FAMAE, desde as fases iniciais do seu programa de fabricação de "subs", também optou por desenvolver uma versão mais especializada, com supressor integral, da arma em 9 x 19 mm. Conhecida, simplesmente, como SAF Silenciada (às vezes, modelo "S", "S1" ou "SD"), o primeiro protótipo conhecido apresentava um guarda-mão redesenhado (mais longo e com quatro aberturas longitudinais de ventilação) e tinha 160 mm a mais de comprimento total. O deslocamento, para a frente, da massa de mira aumentou bastante o raio de visada (distância entre alça e massa de mira). Segundo o fabricante, o cano daquela SAF com silenciador integral tinha 220 mm de comprimento, ou seja, 20 mm a mais (!) que o da arma comum. Isto não deixa de ser bem curioso, já que a prática comum de supressão do ruído de tiro envolve uma redução no comprimento do cano para baixar a velocidade inicial do projétil e torná-lo subsônico. Em pouco tempo, no entanto, desenho da arma mudou um pouco, numa configuração (ao lado) que se manteria ao longo dos anos. O guarda-mão passou a ser cilíndrico e de diâmetro constante, enquanto que a massa de mira, no alto de uma elevada base com abas protetoras em "V", foi novamente recuada. Ainda assim, o raio de visada ficou em 440 mm. O tubo do supressor com diâmetro um pouco menor, projetava-se, então, para a frente. O comprimento total da SAF Silenciada é de 810 mm, caindo para 570 mm, com o rebatimento da coronha. O cano ficou com os 200 mm da versão comum. Até hoje, foram raras as observações de armas dotadas de coronha sintética. Sem carregador, o peso da submetralhadora é de 2,8 kg. Quanto ao desempenho, a velocidade inicial do projétil é dada como sendo de 300 metros por segundo, ou seja, é desacelerado para um pouco abaixo da velocidade do som e, portanto, eliminando seu "estalo" sônico. Da mesma forma, houve uma redução na cadência cíclica, para cerca de 980 tiros por minuto. Nas fases iniciais do programa, a FAMAE recebeu apoio técnico da Brugger & Thomet, conhecida firma suíça especializada em supressores de ruído e outros acessórios para armas de fogo, que fabricava o "tubo" (silenciador). Ao longo do processo de fabricação, entretanto, os chilenos parecem ter seguido seu próprio caminho, passando a projetar e fazer seus próprios componentes. 235
Rara foto do primeiro protótipo da SAF com silenciador integral, podendo ser observado o uso de um guarda-mão de material sintético e a maior distância entre as miras.
Apesar de muito raramente ser necessária numa situação operacional, uma longa rajada como esta serviu para atestar a boa estabilidade, precisão e adequada supressão de ruído oferecidas pela SAF Silenciada, mesmo tendo em conta sua elevada (cerca de 1.000 tiros por minuto) cadência cíclica. Por outro lado, serviu para demonstrar um ponto negativo, pelo menos, no exemplar testado: havia um excessivo escape de gases em direção ao rosto do atirador, atrapalhando bastante a visão durante o tiro, por ardência nos olhos. Uma observação cuidadosa da foto irá mostrar uma nuvem de gases à volta da cabeça do autor... Numa raramente vista configuração de coronha rígida, esta arma parcialmente desmontada revela o uso do cano longo (200 mm), com 16 pequenas perfurações helicoidais pouco depois da câmara, para reduzir a velocidade inicial do projétil.
Uma SAF "S1" (grupo de gatilho "S-1-L-F"), com uma reveladora foto que mostra um cano bem mais curto. O guarda-mão fica à volta do tubo principal do supressor, onde ocorre a expansão, resfriamento e desaceleração dos gases. 236
CHINA (NACIONALISTA)
M-36, M-37 (M-39), M-38 A M-36 é uma cópia idêntica da M3A1 "Grease Gun" norte-americana, em calibre .45 ACP, fabricada pelo Arsenal 90, na cidade de Mukden, na China Continental, logo após a Segunda Guerra Mundial. Foi adotada pelo Exército Nacionalista daquele país em 1947, com cerca de 10.000 armas produzidas até que a fábbrica fosse tomada pelos comunistas, em 1948. Após a retirada das forças Nacionalistas para a ilha de Formosa, em 1949, a "subs" foi novamente colocada em produção, naquele calibre. Logo em seguida, no entanto, a arma foi redimensionada para o calibre 9 x 19 mm, recebendo a designação de M-37 (ou M-39, segundo algumas fontes). As principais modificações introduzidas foram no ferrolho (encurtado e com a face redimensionada para o novo cartuho) e no alojamento do carregador, que recebeu uma luva para encaixe de carregadores do tipo Sten, de 32 tiros. Também a tampa da janela de ejeção e a porca de fixação do cano receberam ligeiras alterações. Tudo isto baixou um pouco o peso da M-37, em relação à M3A1, ficando com 3,4 kg (vazia) e 4 kg, municiada. Já a M-38 é uma cópia chinesa da Sten Mk.II britânica, calibre 9 x 19 mm, da qual difere por atirar apenas em regime automático. Externamente, pode ser rapidamente identificada pelo cofre do mecanismo de disparo mais afilado para frente e pela alavanca de manejo, em formato de botão, um pouco maior.
Um raro troféu de guerra: esta M-37 No. 003073 foi apreendida no Rio de Janeiro em 1996, após um confronto armado da polícia com traficantes de drogas. Notar a falta da tecla do gatilho, destruída por um tiro! 237
CHINA
Não identificada
Esta curiosa submetralhadora em calibre .45 ACP parece ter sido fabricada na China após o término da Segunda Guerra Mundial, possuindo linhas e algumas características copiadas de alguns modelos experimentais japoneses. Todos os exemplares de que se tem conhecimento foram capturados de tropas norte-coreanas nas fases iniciais da Guerra da Coréia. De operação "blowback" e funcionamento apenas automático (cadência cíclica em torno de 500 disparos por minuto), seu cano de 235 mm de comprimento é preso na camisa perfurada que o envolve, sendo esta uma extensão da própria caixa da culatra. A mola recuperadora fica à volta do cano, presa entre a parte anterior da camisa e a câmara. Este arranjo faz com que a todo o conjunto, mais o ferrolho, recue durante o tiro, a alavanca de manejo, em formato de botão, estando presa no alto. A colocação de molas numa arma junto a fontes potenciais de grande calor (no caso, o cano aquecido) é algo que os projetistas e construtores procuram evitar, pois sua têmpera pode ser afetada. A coronha é de madeira, assim como o pequeno guarda-mão. Não há detalhes sobre o formato e a capacidade do carregador. Muito curiosamente, não se vêem miras na arma fotografada, cujo cano é dotado de compensador com vários cortes transversais, no alto. O comprimento total da arma chinesa é de 740 mm e seu peso vazio, de aproximadamente 3,5 kg.
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CHINA (REPÚBLICA POPULAR)
Tipo 50, Tipo 54
A Tipo 50 foi uma cópia da PPSh-41 russa, calibre 7,62 mm Tokarev, fabricada em vastas quantidades pela China logo após sua entrada na Guerra da Coréia, em 1950, onde foi empregada em todas as frentes de combate. Como seria de se esperar, também foi amplamente usada nos posteriores conflitos no Vietnã e no Laos. A arma chinesa, que quase sempre usava um carregador curvo de 35 tipos, acabou ficando um pouco mais leve (3,6 kg, vazia) que a original.
Também a PPS-43, igualmente de origem russa e no mesmo calibre, foi fabricada pela China entre 1953 e 1956. Sem modificações importantes, a versão chinesa pode ser, geralmente, identificada por um grande "K" existente nas talas da empunhadura, as feitas na Rússia possuindo um "C". 239
CHINA (REPÚBLICA POPULAR)
Tipo 64, Tipo 85
A Tipo 64 é uma mescla de várias armas combinadas numa só e bem especializada. Trata-se de uma submetralhadora de tiro seletivo (cadência cíclica de 1.300 disparos por minuto, em automático) permanentemente silenciada e que utiliza uma munição 7,62 x 25 mm especial (Tipo 64), com projétil um pouco mais pesado que o de pistola (Tipo 51,Tokarev) e, portanto, de menor velocidade inicial. O funcionamento é por "blowback". O supressor de ruído é do tipo Maxim, com cano de 200 mm perfurado (36 orifícios de 3 mm de diâmetro ao longo do raiamento e numa distância de 57 mm. Existe um tubo externo para a expansão dos gases e, após a boca do cano, um conjunto de 12 arruelas que se estende até a boca do silenciador, propriamente dito. Com um comprimento total de 843 mm (635 mm, com a coronha rebatida), a Tipo 64 pesa 3,4 kg, vazia.
Já a Tipo 85 é uma versão dita simplificada e mais leve (2,5 kg, com carregador vazio) da arma anterior, produzida principalmente para exportação. Seu comprimento total é de 869 mm (com rebatimento da coronha, 631 mm) e a cadência cíclica, de 800 tiros por minuto. Segundo o fabricante, a firma estatal Norinco, também pode disparar a munição comum de pistola (Tipo 51), mas, sua mais eficiente supressão de ruído (menos de 80 dB) se dá com o cartucho especial (Tipo 64). Com a mesma designação, os chineses também oferecem aquilo que eles chamam de "submetralhadora leve", no mesmo calibre 7,62 x 25 mm (munição de pistola). Mecanicamente igual ao modelo silenciado, possui cano normal e seu comprimento total é de 682 mm, caindo para 444 mm, com a coronha metálica rebatida. Sua cadência cíclica é em torno de 800 tiros por minuto. 240
CHINA
Tipo 79
A Tipo 79, da Norinco, é uma arma calibre 7,62 x 25 mm bem leve, simples e, provavelmente, muito barata. Incomum para uma submetralhadora, sua operação é a gás, com um cilindro de curto percurso acionando um ferrolho rotativo. Apesar da relativa complexidade deste sistema, oferece as vantagens de dispensar um ferrolho pesado e atirar a partir da posição de culatra fechada, tornando-a mais precisa no tiro semi-automático e estável, no automático (cadência em torno de 650 disparos por minuto). Os controles de tiro (segurança, semi-automático e rajadas) estão reunidos numa seletor basculante situada no lado direito, bem semelhante aos fuzis da família Kalashnikov. A coronha metálica é rebatível para a frente e cima da arma, reduzindo seu comprimento total de 740 para 470 mm. Com carregador (reto, de 20 tiros) vazio, o peso da Tipo 79 é de apenas (1,9 kg). A construção da arma é, em sua quase totalidade, em estamparia de aço.
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CROÁCIA
Agram 2000 Com o desmembramento da antiga Iugoslávia, muitos dos estados resultantes perderam sua capacidade de produção de armas de fogo, fato agravado pela grande necessidade de armamento para as lutas civis que eclodiram naquela região da Europa. Muitas pequenas oficinas, conseqüentemente, passaram a projetar e fabricar material de combate para as forças policiais e militares de seus países. Um dos exemplos é a Croácia, onde surgiu, por volta de 1997-98, a Agram 2000, cujo fabricante, até hoje, não ficou bem identificado. Trata-se de uma submetralhadora em calibre 9 x 19 mm, de operação em "blowback", desprovida de coronha e que emprega componentes em estamparia de aço e material sintético, usado nas duas empunhaduras. A empunhadura dianteira, de apoio, lembra a da FN P90, belga. Os carregadores, curvos, têm capacidades para 20 ou 32 cartuchos, estando o seu alojamento localizado logo à frente do guarda-mato. O retém é uma pequena lâmina, na parte de trás do mesmo. A alavanca de manejo, que movimenta-se com o ferrolho durante o tiro, fica a 90 graus do lado esquerdo, estando a janela de ejeção do lado oposto. Uma tecla seletora de tiro, no lado esquerdo da caixa da culatra, tem as posições "S" (Segurança), "R" (Rajada) e "1" (Semi-automático). No alto da caixa da culatra parece existir um trilho para adaptação de miras óticas ou optrônicas. Pesando cerca de 2 kg, a Agram 2000 tem um comprimento total de 350 mm (cano: 152 mm) e sua cadência cíclica é de aproximadamente 800 disparos por minuto. O cano é rosqueado para a adaptação de um supressor de ruído, com o qual a arma fica com 482 mm de comprimento. Quando não está com o "tubo" colocado, o cano recebe uma pequena luva de proteção.
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DINAMARCA
Hovea (M/49)
Embora muito parecida com a sueca Carl Gustaf (m/45), esta arma foi, na realidade, desenvolvida pela firma Husqvarna, também da Suécia. Sua adoção e fabricação pela Dinamarca, sob a designação de Makinenpistol M/49, deveu-se ao fato de que, imediatamente após o término da Segunda Guerra Mundial, aquele país achava-se desprovido de qualquer projeto genuinamente nacional que pudesse entrar logo em produção, já que os anos de ocupação alemã tinham, quase que completamente, interrompido os trabalhos locais de pesquisa e desenvolvimento de armas leves. Assim, foi assinado um acordo de cooperação com a Husqvarna para a aquisição da Hovea, originalmente desenvolvida para participar de uma competição local, na Suécia, para uma submetralhadora destinada às suas forças armadas. Apesar de seu bom desempenho nos testes, acabou perdendo o contrato para m/45, pois a mesma era fabricada por uma empresa estatal (Carl Gustaf). Assim, a Dinamarca acabou fechando um contrato para adquirir a Hovea diretamente da Husqvarna, assim como para fabricá-la localmente numa fábrica estatal, a Vabenarsenalert, em Copenhague. Isto ocorreu a partir do final da década de 1940. Em calibre 9 x 19 mm, esta arma de operação "blowback", somente de regime automático (600 tiros/min), foi inicialmente configurada para usar os carregadores do tipo tambor, de 50 tiros, da "sub" finlandesa Suomi, daí empregar um alojamento do tipo aberto. Posteriormente, foi padronizada com um carregador tipo cofre vertical, de 36 tiros. Sua configuração é das mais simples, com uma longa caixa da culatra cilíndrica e camisa perfurada envolvendo totalmente o cano de 216 mm. A coronha metálica, ao ser rebatida para o lado direito da arma, reduz seu comprimento total de 808 para 548 mm. Com carregador vazio, a M/49 pesa 3,4 kg.
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DINAMARCA
Madsen M1945 (P.13) A pioneira submetralhadora "dinamarquesa" foi, na realidade, uma adaptação da finlandesa Suomi feita por volta de 1939 por um certo Major Berg. Jamais passando do estágio de protótipo, possuía uma bem simples coronha fixa metálica, uma estranhísima "bola" que funcionava como empunhadura de apoio e cano sem camisa perfurada de ventilação. Mecanicamente, todavia, era cópia fiel da Suomi. Em 1940, a firma Madsen (Dansk Industri Syndicat), de Copenhagen, adquiriu os direitos de produção da submetralhadora finlandesa Suomi, que foi fabricada do final daquele ano até o segundo semestre de 1945. Exceto por mínimas modificações, a chamada Madsen-Suomi era cópia fiel do modelo original, havendo sido utilizada pela própria Dinamarca, Finlândia e Alemanha. O primeiro modelo colocado no mercado pelos dinamarqueses após a Segunda Guerra Mundial foi a Madsen M1945 (ou P.13), em calibre 9 x 19 mm. Apesar de ter sido fabricada em quantidades bem limitadas, com possíveis vendas para El Salvador e México, possui algumas características interessantes, ainda que fosse cara demais e um tanto complicada. Funcionando em "blowback" e atirando a partir da posição de culatra aberta (ferrolho recuado) em regime apenas automático (850 tiros por minuto), sua mola recuperadora situa-se à frente do ferrolho e em volta do cano. O disparo é feito por um percussor do tipo inercial e com martelo, entre os quais existe uma peça que só fica alinhada em posição quando o gatilho é acionado. isto funciona como uma eficaz proteção contra disparos acidentais, numa queda da arma ou golpe sobre sua parte de trás. Um registro de segurança, à frente do guarda-mato, é puxado par trás e projetase à frente do gatilho, travando o mecanismo de disparo. O carregador vertical empregado, de 30 ou 50 tiros, é do tipo Suomi, em que os cartuchos ocupam dois compartimentos separados (com molas e mesas individuais), fazendo a alimentação numa posição central única. A M1945 foi oferecida no mercado tanto numa configuração tradicional, com coronha fixa de madeira, como numa dotada de coronha metálica rebatível e empunhadura do tipo pistola ("pistol grip"). Nesta forma, tem comprimento total de 800 mm (cano: 315 mm), reduzido para 530 mm, com a coronha rebatida. Seu peso vazio é de 3,2 kg. 244
DINAMARCA
Madsen M1946, M1950, M.53, Mark II Com base nas submetralhadoras ditas de "segunda geração" introduzidas ao longo da Segunda Guerra Mundial (MP40, Sten, M3 e PPS-42, por exemplo), a Madsen também partiu para um projeto dentro da mesma filosofia, ou seja, de uso generalizado de estamparia de aço e com baixos custos de produção, mas, sem comprometimento das características essenciais de confiabilidade e precisão de tiro. Assim, surgiu a Modelo 1946 (originariamente, designada P.16), em calibre 9 x 19 mm, com características únicas e inconfundíveis, que seriam preservadas em variantes subseqüentes. A configuração não poderia ser mais simples, consistindo em duas metades estampadas, com dobradiças na parte posterior, formando a caixa da culatra, alojamento do carregador e empunhadura principal. Na metade da direita, ficavam o mecanismo de disparo e o conjunto do ferrolho/mola recuperadora/haste-guia, além do encaixe para o cano. Fechadas as duas metades, o conjunto era mantido em posição pela porca de fixação do cano. A coronha era uma estrutura tubular leve que podia ser rebatida para o lado direito da arma, mantendo-se nas posições aberta ou fechada apenas sob a pressão de uma mola e, portando, dispensando qualquer tipo de trava. A soleira e a parte posterior da coronha eram envolvidas por uma capa de couro.
O protótipo e modelos iniciais de produção da Modelo 1946 tinham as laterais da caixa da culatra e da empunhadura totalmente lisas. As versões fabricadas em série, entretanto, possuíam ressaltos longitudinais na empunhadura, para facilitar a pega, mais um reforço ao longo das laterais da caixa da culatra, para aumentar sua resistência estrutural. Outra característica desta primeira variante era a alavanca de manejo, uma pequena placa metálica em formato de "U" invertido, em estamparia, situada no alto da arma. As vendas noticiadas foram para a própria Dinamarca e para El Salvador, Paraguai e Tailândia. Pouco tempo depois foi lançado o Modelo 1950, com pequenas variações. O mais evidente era a alavanca de manejo redesenhada, que passou a per o formato de um pequeno botão usinado, igualmente situado na parte de cima da "sub". Esta arma, aliás, foi a protagonista de uma inesquecível apresentação em Copenhague, dia 7 de novembro de 1950, diante de comitivas de militares do Canadá, Grã-Bretanha, Índia e Estados Unidos. Um exemplar recém fabricado realizou 20.000 disparos diante daquele público, num espaço de 2 horas e 17 minutos. Anteriormente, o mesmo cano (Número 4456) havia sido usado para disparar 42.970 tiros, após os quais foram registradas mínima (10%) queda na velocidade inicial do projétil e aumento de apenas 0,04 mm no diâmetro interno (calibre) da câmara e 0,02 mm no da boca do cano! A "1950" obteve razoável 245
volume de exportações, incluindo-se entre os compradores El Salvador, Colômbia, Venezuela, Guatemala e Indonésia.
A terceira e última etapa de desenvolvimento da Madsen deu-se com o lançamento das versões M.53 e Mark II, em 1953. As diferenças marcantes incluíram a adoção de um carregador curvo, com alimentação de cartuchos em duas posições alternadas (no carregador reto, original, a alimentação dava-se em posição central única), redesenho no retém do carregador, novo formato da porca de fixação do cano e, para a Mark II, a disponibilidade de seleção de tiro (intermitente ou rajada) numa tecla acima da empunhadura. Este segundo modelo também podia ser equipado com uma jaqueta metálica, à volta do cano, com encaixe para baioneta. Aparentemente, a produção destas versões foi bem limitada, não havendo confirmação de vendas substanciais, efetivamente, realizadas. Ao longo de sua vida de fabricação, os diferentes modelos da Madsen tiveram, basicamente, as mesmas características. O comprimento do cano, por exemplo, foi sempre de 200 mm, com o que a M1950 tem um comprimento total de 780 mm e, com a coronha rebatida, de 530 mm (as M.53 e Mark II, por sua vez, são 20 mm mais longas, com a coronha aberta). O peso vazio é em torno de 3,2 kg. Igualmente constante é a cadência cíclica de todos as versões: 550 tiros por minuto.
No desenho esquemático da M1946, as características básicas de simplicidade que seriam mantidas ao longo de sua vida de produção. Neste e em todos os modelos subseqüentes, uma trava de empunhadura, atrás do retém e do alojamento do carregador, tem que estar pressionada pela mão de apoio do atirador para que a arma seja disparada. 246
O Exército da Tailândia foi um dos compradores da Madsen M1946, possuindo as armas inscrições no idioma daquele país do sudeste da Ásia. Durante a Guerra da Coréia, no início dos anos 50, tropas tailandesas operando sob a égide da ONU naquele conflito usaram esta submetralhadora.
Revoluções e movimentos guerrilheiros costumam ser palco da utilização de armamento de fontes variadas e nãoconvencionais. Na Revolução Cubana não foi diferente, as forças lideradas por Fidel Castro colocando em ação tudo que em que conseguissem colocar as mãos. Nesta cena de um documentário do início dos anos 60 uma Madsen Modelo 1950, com a coronha rebatida, aparece, claramente, erguida por um soldado revolucionário, com o famoso "Comandante" em segundo plano. A M1950 abandonou a alavanca de manejo em formato de "U" invertido e passou a tê-la na forma de um botão cilíndrico, também no alto da arma. Pode ser observada a cobertura de couro na soleira e parte posterior da coronha.
A grande disponibilidade de Madsens no mercado internacional de armas usadas levou a "sub" dinamarquesa a ser freqüente participante em produções de Hollywood. Seu mais exótico papel, certamente, foi a de armamento de alguns soldados gorilas do filme "De Volta ao Planeta dos Macacos" ("Beneath the Planet of the Apes", 20th Century Fox, 1969). A "maquiagem" utilizada era um invólucro metálico, pintado de forma a parecer madeira. Este raro exemplar, ainda hoje preservado, é o único funcional existente, possuindo uma abertura para a janela de ejeção de estojos deflagrados.
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EGITO
Port Said, Akaba
Na metade da década de 1950, o Egito adotou a submetralhadora sueca Carl Gustaf M/45B, em calibre 9 x 19 mm, importando um lote inicial de armas e ferramental para sua produção, sob licença, o que ocorreu durante vários anos. As armas fabricadas no Egito foram chamadas de Port Said, sendo facilmente identificadas pelas inscrições "Port Said, 9 mm, MADE IN EGIPT", no lado direito da caixa da culatra, acima do gatilho, e outras gravações em árabe, em outras partes da arma. Uma versão bem mais simplificada, chamada de Akaba, também foi fabricada no Egito. A camisa perfurada existente à volta do cano (encurtado para 150 mm) foi eliminada, necessitando a reconfiguração do aparelho de pontaria, cuja alça (abertura fixa para 100 metros, com abas de proteção redesenhadas) foi recuada e a massa (poste) passou para a caixa da culatra, logo depois da porca de fixação do cano. Outra modificação visível é na coronha, que passou a ser retrátil, do tipo vergalhão dobrado, nos moldes da "Grease Gun" norte-americana. A identificação gravada passou a ser "AKABA, Made in UAR", no lado direito. Mantendo as mesmas características mecânicas e de funcionamento da Port Said e da Carl Gustaf, a nova submetralhadora tem um comprimento total de 737 mm, ou, 482 mm, com a coronha retraída. O peso não é conhecido, mas, certamente, é menor que o da arma original.
248
EL SALVADOR
HB-1
Esta praticamente desconhecida submetralhadora em calibre 9 x 19 mm foi projetada e construída em El Salvador no ano de 1958 pelo Coronel Herman Baron, do exército local, nunca havendo entrado em produção. Consta que, testada em 1959 pelo Campo de Provas de Aberdeeen, do Exército dos Estados Unidos, obteve bom desempenho, mesmo sob condições adversas. Foi "descoberta" acidentalmente num quartel salvadorenho, em 1984, pelo conhecido especialista norte-americano de armas de fogo Peter G. Kokalis, autor destas fotos. De operação "blowback" convencional e de tiro seletivo (cadência cíclica de uns 750 disparos por minuto), atirando a partir da posição de culatra aberta, a Modelo HB-1 tem uma configuração típica das submetralhadoras de primeira geração, com coronha e guarda-mão de madeira e cano (250 mm) envolvido por uma camisa de ventilação, fartamente perfurada. Alguns cortes transversais, no alto da boca do cano, pretendem funcionar como compensador, existindo, também um encaixe para baioneta de fuzil Mauser. O carregador de 32 tiros utilizado é de uma Madsen M1950. Pesando, vazia, 3,2 kg (3,8 kg, com carregador cheio), a pioneira e única "H. Baron - Modelo HB-1" tem um comprimento total de 864 mm. 249
ESLOVÊNIA
MGV-176
Esta é a mais recente (final da década de 1980) "reincarnação" de um antigo projeto de submetralhadora ...em calibre .22 LR! A arma surgiu nos Estados Unidos, na década de 1960, como "carabina" Casull; transformou-se na submetralhadora American 180, entrando em produção seriada; no início dos anos 70, sua licença de fabricação foi adquirida pela firma austríaca Voere; depois, designada MGV-176, foi transferida para a antiga Iugoslávia, onde foi oferecida para exportação; na posterior Eslovênia, foi fabricada durante algum tempo (por volta de 1997-98) por uma companhia chamada Orbis. Aparentemente, ainda se encontra em uso por unidades policiais e de segurança daquele país. Funcionando por "blowback" e de tiro seletivo (a mudança de semi-automático para automático se dá por pressão crescente na tecla do gatilho), a arma é alimentada por carregador do tipo tambor, feito em material sintético translúcido, com capacidade para 176 cartuchos .22 LR. Sua cadência cíclica, dependendo da munição utilizada, varia entre 1.200 e 1.600 tiros por minuto. O comprimento total (cano: 260 mm) é de 745 mm, mas, com o rebatimento, para baixo e para a frente, da simples coronha de vergalhão, cai para 480 mm. Os pesos da arma vazia e municiada são, respectivamente, de 2,9 e 3,5 kg. Para a MGV-176 foi fabricado um supressor de ruído adaptável, por rosca, à boca do cano, pesando 190 g, com 162 mm de comprimento e 33 mm de diâmetro.
Esta imagem, retirada de um vídeo, mostra uma MGV-176 em sua embalagem original de fábrica, com dois carregadores e o silenciador. A arma foi encontrada num país europeu não revelado, juntamente com material bélico que teria sido fornecido pelo Irã a um grupo terrorista.
250
ESPANHA
ADASA Modelo 1953
A submetralhadora Modelo 1953 foi desenvolvida e construída (apenas, cerca de 300 exemplares) para a Força Aérea Espanhola pela firma ADASA (Armamento de Aviación S.A.), de Madri, sendo também conhecida como "ADASA 53". Seu projetista foi o conhecido alemão Ludwig Vorgrimmler, que trabalhava na Espanha no início da década de 1950. Dimensionada para o calibre 9 mm Bergmann Bayard, seu ferrolho, todavia, também aceitava a mais comum munição 9 mm Parabellum (9 x 19 mm), igualmente compatível com o cano e o carregador tipo cofre vertical, de 30 tiros. A operação era no tradicional "blowback", atirando a partir da posição de culatra aberta, sendo a seleção de tiro e aplicação de segurança feita por um botão de deslocamento transversal existente acima do gatilho: posição central, segurança; para a esquerda, semi-automático; para a direita, automático, com uma cadência cíclica de 600 tiros por minuto.
Num todo, a M1953 parece ter sido inspirada pela PPS-43, russa, com amplo uso de estamparia, caixa da culatra cilíndrica (estendendo-se numa camisa perfurada à volta do cano) e coronha rebatível, embora, na arma espanhola, ficasse na parte de baixo. O cano tinha 250 mm de comprimento, o comprimento total era de 810 mm e, com a coronha rebatida, 610 mm. Os pesos, vazia e municiada, eram de 3,2 e 3,7 kg, respectivamente. 251
ESPANHA
ARAC
Surgida no início da década de 1950, a ARAC é uma transformação do fuzil espanhol Mauser M1898, calibre 7 x 57 mm, em submetralhadora 9 x 19 mm. Apesar de criado na própria Espanha, o processo de conversão foi comercializado internacionalmente por uma firma francesa, a SOFAN - Société de Fabricacion d'Armaments et de Moteurs, de Paris, mas, não há notícias de qualquer venda substancial. A idéia básica era, de fato, interessante, pois visava a aproveitar as grandes quantidades daqueles bons (mas, obsoletos) fuzis de origem alemã existentes pelo mundo a fora, transformando-os em práticas e, sobretudo, econômicas "subs". Com um mínimo de ferramental, máquinas e em curto espaço de tempo (de três a seis meses), qualquer país logo estaria produzindo suas próprias armas. A arma aproveitava, basicamente, as coronhas e mecanismos de gatilho dos fuzis, recebendo novos cano, caixa da culatra, ferrolho, carregador, etc., sendo que muitos dos componentes foram adaptados da MP40, alemã. O funcionamento era em "blowback", com tiro seletivo (cadência cíclica em torno de 600 tiros por minuto) estando a alavanca de manejo, fixa ao ferrolho, no lado esquerdo. Logo atrás do guarda-mato existia uma tecla de segurança (bloqueio do ferrolho), que precisava ser completamente pressionada pela mão de tiro para que a arma disparasse. Com um cano de 300 mm envolvido por uma camisa perfurada de proteção, a ARAC tinha um comprimento total de 870 mm e pesava, municiada, 3,9 kg. Seu aparelho de pontaria, otimisticamente, conservava ajustes para tiros de 50 a 600 metros.
252
ESPANHA
CETME C-2 (CB-64) O CETME - Centro de Estudios Técnicos de Materiales Especiales, do governo espanhol, criou esta submetralhadora no início da década de 1960, dimensionada tanto para o calibre 9 x 19 mm como para o localmente popular 9 mm BergmannBayard. Sua designação inicial era C-2, mas, em material promocional posteriormente distribuído, era chamada de CB-64. Não chegou a atrair vendas locais ou internacionais. O projeto da arma era, obviamente, baseado no da Sterling, britânica, mas, com um carregador reto (32 tiros), em lugar do curvo, original. Outras diferenças estavam, por exemplo, no formato da coronha rebatível e na localização da alavanca de manejo (não-solidária ao ferrolho) no alto da caixa da culatra. A operação era em "blowback", atirando a partir da posição de culatra fechada (ferrolho à frente), com sistema de martelo e percussor móvel. A seleção de tiro era feita por intermédio de uma tecla existente entre a empunhadura e o guarda-mato, com as posições de segurança, semi-automático e automático (cadência cíclica de 600 tiros por minuto). Com cano de 212 mm, tinha um comprimento total de 720 mm (500 mm, com a coronha rebatida) e pesava 2,9 kg, com carregador vazio.
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ESPANHA
Labora 1938
Na década de 1930, numerosas fábricas espanholas fabricaram submetralhadoras de desenhos estrangeiros ou locais. Nesta segunda categoria, destaca-se a Labora 1938, produzida nos estágios finais da Guerra Civil pela firma Indústrias de Guerra de Cataluña e dimensionada para a munição 9 mm Bergmann-Bayard (9 mm Largo, seu nome na Espanha). Embora de fabricação cara, por empregar muitos componentes cuidadosamente usinados (componentes do mecanismo de disparo, toda a caixa da culatra e cano com anéis de arrefecimento, por exemplo), é considerada uma das melhores armas de seu tipo produzidas naquela época. Funcionando por "blowback", seu ferrolho é um dos menores já vistos em "subs", com apenas 102 mm de comprimento por 25 mm de diâmetro, a pequena massa sendo compensada pelo uso de um percussor bem pesado e pela excepcionalmente forte mola recuperadora. O seletor de tiro é um botâo de deslocamento transversal localizado logo atrás do guarda-mato: empurrado da direita para a esquerda, tem-se rajada (750 tiros por minuto); da esquerda para a direita, tiro semi-automático. A segurança aplicada (bloqueio do ferrolho) faz-se puxando a alavanca de manejo toda para trás e encaixando-a, para cima, numa ranhura existente na caixa da culatra. O comprimento total da Labora 1938 é de 800 mm, sendo seu cano de 260 mm. Municiada com 30 cartuchos, seu peso chega a 5 kg.
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ESPANHA
Modelo 1941/44
Esta arma em calibre 9 mm Bergmann-Bayard (9 mm Largo) foi produzida entre 1941 e meados da década de 1950 por uma fábrica em La Coruña para a Guarda Civil e algumas unidades especiais do Exército da Espanha. Por suas boas qualidades, ainda era vista em uso até meados da década de 1960. Basicamente, trata-se de uma cópia da submetralhadora alemã Erma, sendo muitos de seus componentes intercambiáveis. A arma espanhola, entretanto, possui alguns elementos de identificação, como as marcações do seletor de tiro ("S", semi-automático; "A", automático, 500 tiros/min), o uso de uma alça de mira do tipo tangente (um "L" basculante, na maioria dos modelos alemães) e a existência de um pequeno pino vertical, entre o guarda-mato e a empunhadura de apoio, que serve para travar o ferrolho na posição fechada. Um detalhe é que a M1941/44 usa um cartucho 9 mm Bergmann-Bayard especial, designado tipo "P" na Espanha, que dá ao projétil uma velocidade inicial em torno de 425 metros por segundo, em vez dos 390 m/s da munição comum. Além do carregador de 32 tiros, os espanhóis também fabricaram um mais curto, de apenas 10 tiros, destinado ao uso policial. As especificações básicas incluem: comprimento total, 840 mm; comprimento do cano, 175 mm; peso (arma vazia), 4,3 kg.
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ESPANHA
Parinco C.I. Modelo 3R Dimensionada para o habitual (na Espanha) calibre 9 mm Bergmann-Bayard, esta submetralhadora surgiu por volta de 1957 e foi intensamente promovida em seu país de origem e no exterior durante vários anos pelo seu fabricante, a firma Parinco, de Madri. Parece ter entrado em produção limitada, com algumas vendas realizadas para o Exército espanhol. Surgiram modelos com pequenas variações entre si. De operação "blowback" e tiro seletivo (cadência cíclica: 600 tiros/min), sua caixa da culatra é uma estrutura cilíndrica em estamparia de aço, estando a alavanca de manejo, tipo botão, a 90 graus do lado esquerdo. O cano de 254 mm, fixo à arma por uma porca, possui uma série de anéis transversais usinados próximo à região da câmara, algumas versões apresentando uma pequena luva metálica perfurada cobrindo aquela área. Um pequeno compensador, onde está localizada a pequena massa de mira, sempre aprece na boca do cano. Fora do comum para aquela época, a armação principal (cobertura do cofre do mecanismo de disparo, empunhadura e guarda-mato) constitui-se numa peça única de plástico moldado, com abertura para baixo, articulada junto ao alojamento do carregador. Sua coronha retrátil é do tipo vergalhão. A Parinco contada com nada menos que três sistemas conjugados de segurança: o primeiro, no registro de tiro (lado esquerdo, logo atrás da tecla do gatilho), na posição "S", bloqueia o ferrolho na posição aberta ou fechada; o segundo trava o ferrolho na posição fechada, empurrando-se a alavanca de manejo par dentro; o terceiro é uma tecla na parte de trás da empunhadura, que, se não for devidamente pressionada, mantém o ferrolho travado. As especificações incluem um comprimento total de 800 mm (620 mm, com a coronha retraída) e um peso vazio de 2,7 kg (3,4 kg, com carregador de 32 tiros municiado).
Dois exemplares iniciais da Parinco, sem a camisa metálica perfurada no cano e com algumas variações no desenho da coronha e da empunhadura. 256
ESPANHA
Star Série 35 Entre, aproximadamente, 1936 e 1939 a firma Star Bonifacio Echeverría S.A., na cidade de Eibar, desenvolveu e produziu uma certa quantidade de uma submetralhadora em calibre 9 mm BergmannnBayard conhecida como Série 35, muito usada em combate na Guerra Civil Espanhola.
Operando num sistema de "bowback" retardado e com um mecanismo de disparo excessivamente complicado, estas armas incluem não somente as habituais seleções de segurança, tiro semiautomático e tiro automático, como, também, opção de cadências cíclicas de disparo em rajada. A S.I.35 oferece tudo isto numa só arma, a R.U.35 dispara a 300 tiros por minuto, quando em automático, e a T.N.35, a 700 tiros por minuto. Estas letras, nas designações, vinham dos responsáveis pelo projeto de cada versão. A construção era bem elaborada e cara, com muito uso de peças usinadas, inclusive os carregadores, de 10, 30 e 40 tiros. O cano de 270 mm de comprimento tinha parte usinada em forma de anéis transversais, para dissipação do calor, era quase todo envolvido por uma camisa de ventilação. Na boca, era atarraxado um compensador com seis cortes transversais, na parte de cima. O comprimento total da arma era de 900 mm, mas, a adaptação de uma baioneta tipo Mauser a deixava com 1.154 mm. Vazia, seu peso era de 3, kg.
Os dois seletores da S.I.35, no lado esquerdo da arma, e as quatro combinações de ajustes para proporcionar segurança, tiro intermitente e as duas cadências cíclicas. Muita complicação para uma arma só... 257
ESPANHA
Star Z-45 Parece que a história da Z-45 começou em 1942, quando um engenheiro alemão que trabalhava na fábrica Star Bonifacio Echeverria S.A. forneceu aos espanhóis, por razões até hoje não muito bem explicadas, um completo conjunto de desenhos de fabricação da submetralhadora MP40. De posse desse valioso material, os engenheiros locais resolveram colocar mãos à obra e trataram de redesenhar e melhorar o projeto original. Em janeiro de 1944, estava pronto o primeiro protótipo, começando a produção seriada em julho do mesmo ano. Parece que a idéia era fornecer as armas ao próprio Exército Alemão, mas, o fim da Segunda Guerra Mundial acabou com tais planos. Como a Z-45 mostrou-se bem superior à arma regulamentar espanhola de então, a Modelo 1941/44 (cópia da ERMA), resolveram adotar a nova "sub". Como diferenças marcantes, em relação à MP40 original, destacam-se o tiro seletivo (por pressão crescente na tecla do gatilho, cadência cíclica de 450 disparos por minuto), a alavanca de manejo (com travas de encaixe nas posições aberta ou fechada), cano facilmente removível, jaqueta perfurada à sua volta e grande compensador na boca do cano, entre outras menores. Embora a versão com coronha metálica rebatível tenha sido a mais empregada, a arma também foi produzida com uma bem convencional coronha de madeira. Guarda-mão e empunhadura de madeira eram usados nos dois modelos. As versões locais eram dimensionadas para o calibre 9 mm Bergmann Bayard, mas, armas destinadas à exportação eram em 9 x 19 mm. O comprimento do cano era de 200 mm, sendo de 840 mm o comprimento total da arma (580 mm, com rebatimento da coronha). Com carregador de 30 tiros cheio, o peso chegava a 3,9 kg.
Uma Z-45 desmontada em seus principais conjuntos, para manutenção de rotina. Observar a existência de um carregador de 10 tiros, ao lado do mais comum, de 30.
258
ESPANHA
Star Z-62, Z-70/B
No início dos anos 60, a Star Bonifacio Echeverri S.A. criou uma submetralhadora inteiramente nova, nos calibres 9 mm Bergmann Bayard (para substituir as Z-45 então utilizadas no país) e 9 x 19 mm, para exportação. A chamada Z-62 emprega conceitos mais atualizados de fabricação (estamparia, plásticos, etc.) e possui uma longa caixa da culatra cilíndrica, cujo terço anterior, com numerosas perfurações, serve como camisa de proteção térmica, à volta do cano. Nesta parte, no lado esquerdo, situa-se a alavanca de manejo. O conjunto que engloba a empunhadura, o mecanismo do gatilho e o alojamento do carregador situa-se aproximadamente no centro de gravidade da arma, enquanto que a coronha metálica rebate-se para a frente, deixando a soleira articulada na posição horizontal, próximo à boca do cano, servindo como guarda-mão para eventual tiro nestas condições. Um detalhe fora do comum é o método de seleção de tiro, realizado no único e bem longo gatilho: pressionando-se a parte de cima, a arma atira em automático (550 tiros/min); na de baixo, atira em semi-automático. Um botão de deslocamento transversal, no alto da empunhadura, faz o bloqueio do ferrolho. E foi justamente este estranho sistema que levou ao aparecimento da Z-70/B (ou Z-70, em calibre 9 x 19 mm), dimensionalmente igual, mas, que possui um seletor de tiro mais convencional, com três posições (segurança, intermitente, automático), situado no lado esquerdo da armação, acima da empunhadura onde ficava o botão de travamento do ferrolho. Nesta arma, a boca do alojamento do carregador foi alargada e o retém, redesenhado e reposicionado para a parte de trás, mais abaixo. Com cano de 212 mm, a Z-62 e Z-70/B têm comprimento total de 700 mm (480 mm, com a coronha rebatida) e peso vazio de 2,8 kg. 259
Este foi um dos primeiros protótipos da Z-62, em que a janela de ejeção está mais inclinada para o lado direito, o cano fica menos projetado para fora da luva de proteção e a alavanca de manejo, no lado esquerdo (não visível na foto), situa-se na direção do gatilho.
A Star Z-62 desmontada e desenho em corte da mesma arma.
Desenho de todos os componentes da Z-70/B, quase idêntica à anterior Z-62. 260
ESPANHA
Star Z-84 No início da década de 1980, a fábrica Star decidiu partir para um novo projeto de submetralhadora, bem mais atualizado, uma vez que as anteriores Z-63 e Z-70/B não obtiveram o sucesso de vendas esperado. O resultado foi um protótipo designado Z83, logo refinado e transformado numa arma que seria colocada em produção, a Z-84. A grosso modo, a nova "sub" tem uma configuração geral e linhas que lembram a Uzi, israelense, embora, mecanicamente, seja bem diferente. Em calibre 9 x 19 mm, de operação "blowback" e tiro seletivo (cadência: 600 tiros/min), é fabricada, basicamente, de componentes em estamparia de aço, com muito uso, também, de peças em microfusão. A caixa da culatra é retangular, sendo o ferrolho do tipo envolvente. O carregador (25 ou 30 tiros) está bem centralizado na arma, estando o retém (uma pequena lâmina) na parte de trás da empunhadura que lhe serve de alojamento. A janela de ejeção fica no alto da caixa da culatra e a coronha metálica, quando rebatida para a frente e cima da arma, não interfere com o funcionamento da arma nem com o uso das miras. O seletor de tiro é uma tecla deslizante que se encontra logo acima do gatilho, no lado esquerdo: empurrada para a frente, rajada; para trás, tiro semi-automático). A segurança aplicada é uma pequena tecla de deslocamento transversal existente no interior do guarda-mato, atrás do gatilho A Z-84 tem um cano de 215 mm, mas, opcionalmente, pode receber um mais longo, de 270 mm. Com o cano mais curto, seu comprimento total é de 615 mm (410 mm, com a coronha rebatida) e pesa 3,1 kg. Usando o cano mais longo, o comprimento é de 670 mm (465 mm, coronha rebatida) e o peso, de mais 50 gramas.
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A capa do Manual de Instruções da Star Z-84, observando-se a nomenclatura de "sub-fusil" dada a este tipo de arma por alguns países de língua espanhola.
A submetralhadora aberta, no início da desmontagem básica. O cano ainda se encontra atarraxado na tampa da caixa da culatra e o conjunto do ferrolho/molas recuperadoras foi removido Detalhe da tecla de segurança aplicada, atrás do gatilho, que bloqueia seu movimento. Na lateral da arma, o registro deslizante de seleção de tiro, aqui, na posição de semi-automático, para a frente.
A alavanca de manejo é um pequeno botão existente no lado direito da caixa da arma, podendo ser facilmente acionado pela mão esquerda de um operador destro.
Rara fotografia de uma Z-84 curta, uma espécie de modelo "Mini" da arma espanhola, possivelmente, experimental. Não há maiores detalhes sobre a mesma.
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ESTADOS UNIDOS
American 180 M-2
Esta foi uma das raras submetralhadoras projetadas especificamente para funcionar com munição calibre .22 Long Rifle, havendo sido desenvolvida a partir da carabina semi-automática Modelo 290, criada no início dos anos 60 por Richard Casull e Kerm Eskelson. Após uma produção bem limitada, os direitos comerciais da arma foram adquiridos, em 1972, pela American Mining and Development Company, que, em seguida, transferiu-os para a firma austríaca Voere, encarregada da fabricação, propriamente dita. A comercialização, entretanto, ficou mesmo nos Estados Unidos, a cargo da American International Corporation, que a promoveu para aplicações especiais, como para uso policial urbano e guarda de prisões, por exemplo. Para tal, era sugerido o emprego de um apontador laser, uma das primeiras aplicações prática deste tipo de mira, constando que o efeito "calmante" do ponto vermelho de laser em presidiários revoltados era imediato... Ironicamente, a altíssima cadência de tiro que podia pulverizar blocos de alvenaria também conseguia passar pelos coletes balísticos leves usados por muitos guardas presidiários norte-americanos, o que levou à retirada da arma daquele tipo de serviço, por precaução de segurança. De qualquer maneira, parece que submetralhadora ainda se encontra em serviço em algumas penitenciárias dos EUA. Para alguns, a American 180 M-2 chega a lembrar uma Thompson, com seu cano parcialmente aletado e o guarda-mão de madeira. Seu característico carregador do tipo tambor (capacidade de 177 tiros), entretanto, situa-se deitado sobre a parte superior da arma, como nas metralhadoras Degtyarev, russa, e Lewis, britânica. Operando em "blowback" e com regime de tiro seletivo (cadência de 1.500 disparos por minuto, em automático, com munição comum), a arma possui cano de 420 mm e comprimento total de 820 mm, com peso vazio de 2,6 kg. Também havia uma versão mais curta (cano de 228 mm, comprimento de 457 mm e peso vazio de 2,2 kg).
A carabina semi-automática Casull M290, em calibre .22 LR, teve 70 exemplares fabricados em 1965 e vendidos por US$ 1.060, cada. Seu carregador tinha capacidade para 290 cartuchos. 263
A American 180 M-2, de tiro seletivo, manteve as linhas básicas criadas por Casull e Eskelson.
A arma é vista, acima, com a volumosa mira Laser Look da época, que pesava cerca de 2 kg! Abaixo, desmontada em seus principais componentes.
Um raro exemplar da versão curta da American 180 M-2, com apenas 457 mm de comprimento total e peso vazio de 2,2 kg. 264
Antiga foto de uma American 180 M-2 original, tendo ao lado um cano mais curto, com empunhadura vertical de apoio, e outro, com a enorme carenagem que continha o apontador laser.
Um exemplar de cano curto e com coronha rebatível do tipo vergalhão.
Em 1987, a ILARCO - Illinois Arms Company Inc. adquiriu os direitos de fabricação da arma e produziu esta versão, com cano mais pesado e rapidamente desmontável, quebra-chamas e outras modificações. A mesma firma ILARCO construiu algumas versões bem curiosas da "180". Uma delas (DIR.) foi a montagem de duas armas em conjunto num bipé, com uma coronha única. Apesar de seu peso elevado (uns 7 kg), oferecia respeitáveis 3.000 tiros por minuto.
Outra curiosidade (ESQ.) que também chegou a ser construída foi um grupo de quatro armas conjugadas e montadas num reparo tripé, com uma cadência combinada de 6.000 tiros por minuto!
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Também da ILARCO, foi oferecido este modelo de cano médio e com apontador laser mais recente, montado acima da arma.
Esta é uma versão apenas semiautomática, designada SAR 180/275, ainda hoje disponível no mercado através da firma E&L Manufacturing, Inc. Pode usar carregadores de plástico transparente (165, 220 ou 275 tiros) ou o original, metálico.
Uma "180" de modelo não especificado, sendo disparada por uma atiradora norte-americana no Albany (Oregon) Open Shoot, em dezembro de 2000. A arma está com uma mira do tipo ponto vermelho, de fabricação recente.
American 180 com diversos comprimentos de cano disponíveis, um deles, com um pequeno apontador laser acoplado.
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ESTADOS UNIDOS
Atchisson Nas décadas de 1960 e 70 o projetista norte-americano Maxwell G. Atchisson desenvolveu e procurou comercializar, através da firma Defense Systems International, Inc., uma série de submetralhadoras de desenhos próprios ou adaptados, todas no calibre 9 x 19 mm. A Modelo 1957, por exemplo, era de funcionamento "blowback" convencional e possuía uma caixa da culatra cilíndrica, na parte central da qual estava o alojamento do carregador de 32 tiros (com toda a certeza, ambos saídos de uma MP40 alemã), que também funcionava como empunhadura. A tecla do gatilho estava logo à frente, seguida de um guardamão de madeira. A coronha retrátil era do tipo vergalhão, como na conhecida M3 "Grease Gun". O cano de 203 mm de comprimento dava à arma um comprimento total de 610 mm (ou 387 mm, com a coronha retraída)), sendo de pouco mais de 2 kg seu peso. Sabe-se que era de tiro seletivo, mas, não há dados disponíveis referentes à cadência cíclica do único protótipo fabricado. Outros trabalhos de Atchisson com submetralhadoras, naquela época, envolveram transformações do fuzil M16A1 e da carabina Colt XM177E2 Commando, calibre 5,56 x 45 mm, para o calibre 9 x 19 mm. Todos ficaram na fase de protótipos puramente experimentais.
Submetralhadora com cano curto e guarda-mão envolvente da carabina Commando. Externamente, a única mudança visível é o pequeno carregador de 25 tiros, mas, a arma era de funcionamento em "blowback", continuando a atirar a partir da posição de culatra fechada.
Aparentemente com o mesmo comprimento de cano da arma acima, este exemplar não usa o guarda-mão de material sintético, mas, sim, uma luva perfurada envolvendo o cano. Notar a base elevada para a massa de mira.
Outra variante da conversão, mas, aqui, dotada de supressor de ruído do tipo MAC, conservando a massa de mira original da arma.
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ESTADOS UNIDOS
Cam-Stat X-911
A X-911, em calibre 9 x 19 mm, foi projetada por Walter Perrine no início da década de 1970 e teve alguns protótipos construído pela firma Cam-Stat, da cidade de Los Angeles, Califórnia. Seu funcionamento era por uma espécie de "blowback" retardado, a partir da posição de culatra aberta, com um sistema interno de joelho articulado que lembrava o usado em algumas antigas pistolas alemãs, como a Luger. A função principal deste mecanismo era reduzir o impacto do recuo da arma, por absorção de energia. De tiro seletivo, sua cadência cíclica era em torno de 1.100 tiros por minuto. A configuração inicial da arma era, na verdade, a de uma pistola-metralhadora, pela inexistência de uma coronha. Seu cano era de 152 mm, com o qual tinha um comprimento total de 330 mm e peso vazio de 1,4 kg. Os carregadores usados eram do tipo Carl Gustaf, bifilares e com alimentação em duas posições alternadas, nas capacidades de 15 e 35 tiros. Caso entrasse em produção, a X-911 teria a opção de receber canos opcionais, mais longos (210 e 355 mm de comprimento), assim como uma simples coronha retrátil. Desenho da X-911 totalmente desmontada, podendo ser observado que o corpo principal se abre em duas metades, detalhe possivelmente inspirado no projeto da Madsen M1946.
O modelo inicial, sem coronha, é visto aqui com a parte inferior do guarda-mato aberta, para funcionar como empunhadura de apoio. 268
ESTADOS UNIDOS
Calico Série M-900A A partir do modelo inicial de uma carabina semiautomática calibre .22 LR (ao lado), construída em 1985, a firma Calico Light Weapon Systems desenvolveu uma família de armas longas esportivas e militares em calibre 9 x 19 mm empregando um revolucionário tipo carregador helicoidal, horizontal e longitudinalmente colocado na parte de cima das mesmas.
Os diferentes modelos de tiro seletivo começaram a ser produzidos em 1989, incluindo uma pistolametralhadora (M-950A), cinco submetralhadoras (M-955A, M-955AS, M-960A, M-960AS, M-961A) e duas carabinas (M-951A, M-951AS). Tamanha variedade de modelos deve-se às diversas opções de comprimento de cano, coronhas e empunhaduras. O amplo emprego de ligas leves e materiais sintéticos na fabricação das Calico as fazem mais leves, municiadas com 50 ou até 100 cartuchos, que as submetralhadoras convencionais, com carregadores de 30 a 40 tiros. A operação é por "blowback" retardado, utilizando o chamado sistema CETME (de origem alemã/espanhola), com ferrolho dotado de roletes laterais que, no momento do disparo, mantém a culatra momentaneamente trancada. Um detalhe do projeto é que a cadência cíclica, em tiro automático, podia ser escolhida pelo comprador, entre 600 e 800 tiros por minuto, mediante a troca de pequenos componentes internos. Uma M-960A , por exemplo, tem cano de 330 mm (com compensador), comprimento total de 835 mm (647 mm, com a coronha retraída) e peso de 2,9 kg, com carregador de 50 tiros municiado. 269
Rara foto de uma Calico M-100, em calibre .22 LR, no estojo original de fábrica, com dois carregadores de 100 tiros e o Manual de Instruções. Foi o primeiro modelo comercializado.
Uma carabina de tiro seletivo M951A aparece aqui com o carregador de 100 tiros e muitos acessórios, como mira de ponto vermelho, apontador laser, lanterna, sacola para o recolhimento de estojos deflagrados (capacidade de 150), bipé e bandoleira.
À época de sua entrada no mercado, diversas versões da Calico foram avaliadas por unidades especiais das diferentes polícias dos EUA e, aparentemente, compradas por algumas.
Desenho esquemático de uma M-950A (pistola-metralhadora, sem coronha) atirando, podendo ser observado a ejeção dos estojos deflagrados, para baixo, e a disposição dos cartuchos 9 x 19 mm no interior do carregador helicoidal de 50 tiros.
A mais curta das "subs" era o modelo M-961A , com comprimento de 610 mm (coronha aberta) e peso de 1,6 kg (carregador de 50 tiros, cheio).
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Cobray/SWD M-11/9 A M-11/9 é um descendente direta da linha de submetralhadora ultracompactas Ingram/MAC, havendo nascido em 1979 por iniciativa do projetista Wayne Daniels, gerente da RBP Industries, Inc., de Atlanta, na Geórgia. Naquela época, a firma acabara de comprar a maior parte do estoque de armas prontas, semi-prontas e supressores da massa falida da Military Armament Corporation, fabricante das M10/45 (em .45 ACP), M10/9 (9 x 19 mm) e M11 (.380 ACP). Algum tempo depois, em 1983, Daniels fundou a SWD (Sylvia and Wayne Daniels) Incorporated e colocou em produção seriada a M-11/9, em calibre 9 x 19 mm. Aquele protótipo pioneiro (ao lado) era, na essência, uma Ingram com uma caixa da culatra mais longa e, portanto com maior curso para o ferrolho (mais pesado), o que, todavia, não contribuiu para baixar a elevada cadência cíclica (acima de 1.200 tiros por minuto) da arma. O conjunto da empunhadura e alojamento do carregador (32 tiros) ficou mais próximo do centro de gravidade da arma. A operação da M-11/Nine, como também é chamada, é no tradicional "blowback", atirando a partir da posição aberta (ferrolho atrás, com percutor fixo). O seletor de tiro, no lado esquerdo e acima do guarda mato, tem as posições de "Semi" (intermitente), para a frente, e "Full" (automático), para trás. A segurança aplicada é um pequeno botão deslizante que fica na parte de baixo da arma, na frente do gatilho, com os ajustes de "Safe" (segurança), para trás, e "Fire" (tiro), para a frente. O cano tem 133 mm de comprimento, sendo rosqueado para a adaptação de supressor de ruído. O comprimento total da "sub" é de 585 mm, caindo para apenas 330 mm, com a coronha dobrada. Sem carregador, seu peso é de 1,7 kg. Em 1986, com a entrada em vigor de maiores restrições às armas automáticas, foi feita uma fusão com a firma Cobray, que colocou no mercado uma versão semiautomática, com ferrolho fechado, da M11/9, utilizando a mesma caixa da culatra das anteriores RPB e MAC. Após novas restrições surgidas em 1994 contra as chamadas "armas de assalto", o Cobray fez novas modificações nas pistolas, que passaram a chamar-se PM-11/9. 271
Lado a lado, uma Ingram M11, em calibre .380 ACP, e uma posterior Cobray/SWD M-11/9, em 9 x 19 mm, evidenciando-se a mais longa caixa da culatra desta. A alça de náilon existente na parte da frente das armas era uma forma de oferecer um melhor apoio durante o tiro, sobretudo o automático, tendo em vista a altíssima cadência cíclica (1.200 disparos por minuto) das mesmas.
Apesar da aparência "agressiva" (como diriam os antiarmas de plantão), esta é apenas uma pistola semi-automática Cobray, dotada de apontador laser e curto carregador de 10 tiros.
(ESQ.): A capa do Manual de Operação original da "M-11/NINE mm", fabricada pela SWD, Inc., de Atlanta, Geórgia, no início da década de 1980. Um dos operadores desta compacta submetralhadora foi o GRUMEC - Grupo de Mergulhadores de Combate, da Marinha do Brasil. (DIR.): Desenho da arma, com todos seus 57 componentes desmontados.
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A seqüência de movimentos para a abertura da coronha metálica da Cobray. Uma das características da M-11/9 é o uso de carregadores de 32 tiros do tipo Carl Gustaf, fabricados em Zytel, um tipo de material sintético (resina de náilon). Ao longo dos anos, entretanto, as queixas quanto à sua pouca durabilidade foram muitas, sobretudo, na área dos lábios de alimentação. Numerosas armas foram modificadas para usarem carregadores do tipo Sten, ainda hoje, facilmente encontrados no mercado. Nesta foto também aparece, à esquerda do carregador original, o municiador que acompanhava a arma.
Este exemplar apresenta-se repleto de adaptações: coronha telescópica de carabina Colt CAR, retém do carregador alongado, alavanca de manejo maior, empunhadura dianteira de MP5K, mira de ponto vermelho, cano mais longo e compensador. Não visível, também possui um "kit" redutor de cadência cíclica, que a baixa para cerca de 600-750 disparos por minuto.
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Outra Cobray modificada, com coronha rebatível, miras de MP5K e empunhadura vertical de apoio.
Como a coronha rebatível original sempre recebeu muitas críticas por sua complexidade e fragilidade, é nesta parte que muitas M-11/9 receberam posteriores modificações. Esta arma, por exemplo, está com uma coronha rebatível que parece ter saído de uma Mini-Uzi, mas, com ligeiras modificações em seu formato.
Este exemplar apresenta coronha rebatível de vergalhão de aço (de fuzil MPi-AK-74N, da antiga Alemanha Oriental), empunhadura vertical, luva com compensador à volta do cano e retém do carregador alongado.
As modificações nesta arma incluem uma coronha metálica rebatível, miras tipo HK (bem mais altas), cano com compensador, empunhadura vertical de apoio, cobertura de borracha na empunhadura principal e retém do carregador alongado.
Inusitada combinação: uma M-11/9 adaptada sob o cano de uma espingarda Street Sweeper, calibre 12, com carregador do tipo tambor.
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A M-11/9 já vinha de fábrica com o cano rosqueado para a adaptação de supressor de ruído. Vários tipos podem ser usados na arma.
Com uma cadência cíclica em torno de 1.200 tiros por minuto, a Cobray é uma voraz consumidora de munição, quando disparada em regime automático. Por isso, carregadores de grande capacidade estão disponíveis no mercado, como um do tipo tambor, para 72 cartuchos, fabricado pela firma C&S Metall-Werkes, Ltd., de St. Charles, Missouri. Totalmente municiado, acrescenta 2 kg ao peso da arma. Outra curiosa adaptação é este carregador tipo cofre vertical, com capacidade para 50 cartuchos, aqui, numa arma com cano mais longo e empunhadura vertical de apoio. Carregadores deste tipo, no entanto, tendem a apresentar problemas de alimentação pelo excesso de esforço requerido da mola, raramente sendo usados operacionalmente.
Uma colorida e extravagante Cobray, com coronha fixa de AR-15/M16, mira optrônica, extensão de cano com compensador e empunhadura vertical de HK MP5K.
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Colt SMG
Os Estados Unidos fabricaram uma das mais famosas submetralhadoras de todos os tempos, a carismática Thompson calibre .45 ACP, que, em variadas versões, teve cerca de 1.400.000 exemplares produzidos entre 1921 e 1944. A bem mais espartana M3/M3A1 “Grease Gun”, no mesmo calibre e surgida na Segunda Guerra Mundial, atingiu a marca de umas 650.000 unidades fabricadas, incluindo 33.300 manufaturadas na década de 50 para uso na Guerra da Coréia. No início dos anos 70, as supercompactas Ingram M10 (.45 ACP e 9 x 19 mm) e M11 (.380 ACP) fizeram uma não muito bem sucedida tentativa de colocar o nome dos EUA novamente em evidência no mercado mundial de “subs”, como tampouco não se saiu bem a Smith & Wesson com sua Modelo 76, mais ou menos na mesma época. É claro que diversos outros fabricantes locais, menos conhecidos, também andaram se aventurando neste mais especializado e reduzido mercado das armas de fogo, mas seu sucesso entre as forças armadas e policiais norte-americanas foi, virtualmente, nenhum. Curiosamente, armas estrangeiras conseguiram maior aceitação, como o caso das israelenses Uzi e Mini-Uzi e da alemã MP5, esta, sem dúvida, a preferida de unidades especiais. Uma outra submetralhadora, entretanto, gradualmente conquistou certa fatia do mercado estadunidense: a Colt SMG, baseada no fuzis da linha M16/AR-15, calibre 5,56 x 45 mm. Apesar de haver entrado em fabricação seriada na metade dos anos 80, a “sub” da Colt tem suas raízes em época bem anterior. Desde que o M16A1 teve seu tecnicamente atribulado batismo de fogo nas selvas do Vietnã, na década de 1960 (problemas com a pólvora usada na munição, entre outros), as tropas em combate costumavam manifestar seu interesse em contar com uma arma mais compacta, para determinados tipos de missões. Assim, foi desenvolvida a carabina Colt Commando (ou XM 177E2), versão com coronha retrátil e cano mais curto (254 mm, que chegavam a 305 mm, se incluído o indispensável quebra-chamas) que o normal do M16A1 (533 276
mm, com quebra-chamas). Mas, o cartucho utilizado, de fuzil, ainda era poderoso demais para algumas aplicações (combate em ambientes fechados e uso policial, por exemplo), de modo que uma submetralhadora (calibre de pistola) certamente teriam um bom nicho de aceitação. Mas parece que a Colt não deu muita atenção ao fato, uma vez que a idéia então predominante era de que os fuzis de assalto eram uma espécie de “pau pra toda obra” e que, fatalmente, iriam “aposentar”, definitivamente, as submetralhadoras. O mesmo, todavia, não pensava o projetista norte-americano Maxwell Atchisson que, em 1974, já havia construído pelo menos três modelos experimentais de submetralhadoras calibre 9 x 19 mm baseadas no M16A1. Menos de dez anos depois, contudo, a Colt estava colocando no mercado sua própria SMG que, atualmente, já está oficialmente nas mãos de diversos organismos policiais dos Estados Unidos, entre os quais a DEA (agência anti-drogas) e o Corpo de Fuzileiros Navais, além de algumas possíveis exportações. Utilizando o popular cartucho 9 x 19 mm e geralmente mais chamada por este nome bem genérico (SMG vem de “Sub Machine Gun”, ou Submetralhadora), a arma também possui as menos usadas designações RO634 (carabina apenas semi-automática), Modelo 635 (semi-automática e automática) e RO639 (tiro intermitente e rajadas controladas de três disparos). Menos conhecido, ainda, é a RO633, uma versão mais curta produzida em número bem limitado no início do programa.
Ao primeiro exame da arma, fica bem claro que a filosofia básica do seu projeto foi a de aproveitar o maior número possível de componentes do fuzil AR-15/M16. É evidente que o uso da munição 9 x 19 mm, de menor potência que a 5,56 x 45 mm, resultou numa mudança radical no sistema de funcionamento. A operação a gás, com trancamento de ferrolho no momento do disparo, deu lugar ao tradicional “blowback” (ferrolho livre) das submetralhadoras. Mas a SMG, ao contrário de vasta maioria das armas de sua categoria, atira a partir da posição fechada, isto é, com o ferrolho à frente. Assim sendo, dispõe de um sistema de martelo e percussor, ao contrário do mais habitual percutor fixo. Outro detalhe também especial é que, ao contrário das demais, a culatra permanece aberta após ter sido disparado o último tiro, servindo de inconfundível sinal ao atirador de que é hora de trocar carregadores. Feita a operação, como no AR-15/M16, basta apertar um botão existente no lado esquerdo da arma, perto do alojamento do carregador, que o ferrolho corre à frente deixando o martelo armado e pronto para o tiro. O manuseio da submetralhadora da Colt é, basicamente, o mesmo do bem conhecido fuzil. Os controles primários (alavanca de manejo, registro de tiro e retém do carregador) estão nos mesmos lugares e têm idênticos desenhos, o que, sem dúvida, facilita a instrução e padroniza os procedimentos de tiro para as duas armas. Carregadores do tipo cofre vertical, com o muito bom sistema de alimentação alternada em duas posições, estão disponíveis, com as capacidades de 20 ou 32 cartuchos. Já tive algumas oportunidades de atirar com a SMG da Colt, mas, a mais interessante delas, em 1996, me permitiu entrar em “contato imediato” com o bem mais raro RO633 Compact. Por especial cortesia da firma Shooting Sports, da cidade de Orlando, na Flórida, tive dois exemplares colocados à minha disposição (assim como amplo suprimento de munição recarregada, da própria loja), um dos quais, dotado de aparelho de pontaria Aimpoint 500, do tipo ponto vermelho, um dos mais úteis e práticos acessórios existentes para tiro de combate. Também estava disponível, para efeito de comparação, uma versão carabina semi-automática, chamada pela fábrica de Match Target Lightweight, com cano de 277
16 polegadas (406 mm) de comprimento e sem quebra-chamas, detalhes que lhe tiram características ditas “militares” ou "de assalto" e permitem sua livre comercialização no mercado civil local. A pequena "633", com apenas 178 mm de cano contra os normais 260 mm da habitual SMG RO635, tem, um comprimento total de 622 mm a com coronha aberta e 540 m, fechada. A propósito, sempre achei que o sistema de coronha retrátil da Colt deixa muito a desejar, tanto em compacidade como no que se refere à ergonomia. No primeiro caso, o tubo fixo que sai da caixa do mecanismo de disparo, onde fica alojada a mola recuperadora, é um obstáculo intransponível, só permitindo uma redução de meros 80 mm no comprimento da arma, ao se fazer a retração da coronha. Aberta, esta não oferece adequados conforto e apoio para o atirador, sobretudo com a desenho reto da soleira. Mas seu sistema de trava, na parte inferior, é funcional. Talvez fosse o caso da Colt conservar na SMG a tradicional coronha sintética fixa do M16. Totalmente municiada, pesa 3 kg. Meus tiros iniciais, de familiarização, foram feitos com a "sub" dotada de aparelho de pontaria convencional. A alça de mira é do tipo abertura circular, basculante, com ajustes para 50 e 100 metros e regulável em lateralidade. Como no M16, está localizada na parte de cima daquela característica alça de transporte, mas a estrutura de apoio da massa (tipo poste, com ajuste de elevação), nesta versão Compact, é bem diferente daquela dos fuzis e das Colt SMG mais comuns. Uma placa metálica, transversal ao eixo de tiro, serve de base para outra robusta estrutura metálica, no alto da qual fica a massa, propriamente dita, protegida por robustas “orelhas” de aço. Com mais um detalhe: ela pode ser rebatida para trás, certamente visando a uma redução (não muito significativa, a bem da verdade) no volume da arma. O estande fechado da Shooting Sports somente permitia tiros a, no máximo, 25 metros, mas tal distância é bem representativa daquelas normalmente envolvidas em operações policiais em ambientes urbanos e/ou fechados. A curtinha e leve SMG mostrou-se adequada para emprego em tais cenários, de modo que qualquer pessoa decentemente treinada e adestrada estará bem armada com ela. Apesar da (para meu gosto) alta cadência teórica em tiro automático, beirando os 1.000 disparos por minuto, as sempre desejáveis rajadas curtas são possíveis de conseguir apenas pelo correto acionamento da tecla do gatilho, sem haver a necessidade de se recorrer a um sistema mecânico de limitação (rajadas controladas). Por outro lado, tiros intermitentes com o seletor em “Auto” eram bem difíceis de obter. Rajadas longas (inúteis, na maioria das situações reais) foram, é claro, feitas com o objetivo foi verificar a estabilidade da pequena Colt em tais condições. Saiu-se muito bem, resultado, principalmente, do seu desenho reto, que coloca o eixo de tiro mais diretamente sobre a soleira (no terço superior, para ser mais exato). Logo em seguida, passei a usar (e não larguei mais!) a SMG equipada com o aparelho de pontaria Aimpoint 5000, de fabricação sueca. Este e outros sistemas do tipo “ponto vermelho” são excepcionais para oferecer rápida, prática e eficaz visada de alvos, principalmente pelo fato do atirador ficar com 278
ambos os olhos abertos, sem degradação de sua visão periférica. Em todas as distâncias, a mira óptica mostrou-se 100% precisa, até mesmo quando passei a fazer tiros repetidos na pequena cabeça daquele alvo em escala reduzida (50%), a 10 metros, numa razoável simulação de resgate de reféns. A Colt SMG talvez não fosse a primeira “sub” que escolheria para mim ou para “minha” tropa. Mas se o fuzil M16/AR-15 fosse a “nossa” dotação oficial, certamente seria: uma padronização de equipamentos, configurações e de procedimentos operacionais traria inegáveis vantagens logísticas e operacionais.
O exemplar dotado de mira Aimpoint 500, do tipo ponto vermelho, foi o mais usado no teste de tiro realizado pelo autor na Shooting Sports, de Orlando, na Flórida. O compacto modelo RO633 somente foi fabricado pela Colt em quantidades relativamente pequenas. Vista comparativa da carabina semiautomática Colt Match Target Lightweight, com cano longo (406 mm) e coronha fixa, ao lado da submetralhadora RO633, com a coronha estendida.
A foto maior detalha muito bem a curiosa frente da arma: a estrutura metálica de apoio da massa de mira (rebatível para trás), a espécie de "escudo" metálico vertical (para evitar que a mão do operador, acidentalmente, escorregue para frente do cano), a pequena parte do cano que se projeta para fora da arma e o zarelho (encaixe) dianteiro, para bandoleira.
As carabinas e submetralhadoras Colt em calibre 9 x 19 mm possuem um característico defletor de estojos na parte posterior da janela de ejeção, no lado direito da caixa da culatra.
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A alavanca de manejo e demais controles (seletor de tiro, retém do carregador, liberador do ferrolho) são iguais aos encontrados nos fuzis da família M16/AR-15.
Embora a Colt não fabrique supressores de ruído, sua SMG pode receber este útil acessório, indispensável para vários tipos de ações policiais e militares. O modelo visto aqui é um Raptor, produzido pela firma norte-americana Gem-Tech.
A mesma Gem-Tech oferece uma caixa da culatra, com supressor integral, para ser adaptada ao corpo de uma Colt RO635, aproveitando o ferrolho da mesma. Chamada Talon-SD, a unidade utiliza um cano de 100 mm sem perfurações, para não baixar o desempenho balístico terminal dos projéteis 9 mm de 147 "grains" geralmente usados pelas polícias norteamericanas. É do tipo "flat top", com trilhos para a colocação de acessórios, como miras optrônicas e equipamentos de visão noturna 280
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Compact Modelo 55
Esta arma foi em calibre 9 x 19 mm desenvolvida em 1954 pela Interstate Engineering Corporation, de Anaheim, Califórnia, que coordenou a fabricação dos diversos componentes em firmas espalhadas pela região. Apesar de suas dimensões não muito reduzidas (cano de 197 mm, comprimento total de 610 mm), o nome "Compact" veio, curiosamente, de um aspirador de pó de uso doméstico que a Interstate comercializava naquela época. Como se pode observar pelas ilustrações, o projeto enfatiza extrema simplicidade, com um único tubo formando a caixa da culatra, camisa de proteção do cano e coronha, esta servindo como área de movimentação do relativamente longo ferrolho. A configuração reta da submetralhadora, com a soleira situada exatamente na extensão do eixo de tiro, ditou o emprego de um aparelho de pontaria elevado, montado no alto de estruturas metálicas. O mecanismo de disparo fica alojado no interior de uma caixa abaixo do corpo cilíndrico, à qual estão ligados o alojamento do carregador (32 tiros) e a empunhadura. O registro de tiro, acima desta, tem as posições de "Segurança" (para cima) e "Fogo" (para baixo), ficando a seleção do regime de tiro (semiautomático ou automático, com cadência cíclica de 450 tiros por minuto) por conta da pressão crescente na tecla do gatilho. O guarda-mato podia ser aberto, com o objetivo de permitir o disparo quando o operador estivesse usando luvas grossas. Seu peso era de 2,5 kg. Como não foram efetivadas vendas, a Compact Modelo 55 ficou somente na fase de protótipos. 281
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Cook
No início da década de 1950, um certo Loren Cook, do Exército dos EUA, construiu alguns protótipos de uma submetralhadora bem espartana, com caixa da culatra e coronha tubulares, assim como também eram tubulares a rudimentar soleira e a empunhadura vertical de apoio, presa no cano. A empunhadura principal era, na realidade, o próprio alojamento do carregador, na frente da qual estava a tecla do gatilho. O exemplar ilustrado não apresenta miras, mas que, certamente, deveriam ser do tipo elevado, tendo em conta a configuração reta da arma. A alavanca de manejo, não solidária com o ferrolho, ficava a 45 graus à esquerda. A "sub" estaria disponível em dois calibres, 9 x 19 mm (carregador de 32 tiros, de Sten) e .45 ACP (carregador de 30 tiros, de M3 "Grease Gun"), sendo de operação "blowback" convencional e de regime apenas de tiro automático, com uma cadência cíclica de aproximadamente 550 disparos por minuto. Com cano de 240 mm, tinha um comprimento total de 590 mm e pesava 3,5 kg. O número de protótipos construídos talvez não tenha passado de uns 12.
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Erquiaga MR-64 (MP-66) O peruano Juan Erquiaga Azicobe, que emigrou para os Estados Unidos em 1951 e trabalhou nas firmas Weatherby Rifle Company e Police Ordnance Company, posteriormente abriu uma pequena oficina clandestina, no sul da Califórnia, para fabricar submetralhadoras para as forças guerrilheiras de Fidel Castro. Em 1957, agentes federais estouraram sua fabriqueta e Erquiaga conseguiu fugir para o México, onde continuou produzindo as tais armas. Sabe-se, apenas, que eram em calibre .45 ACP. Voltando, muito discretamente, aos EUA, criou, com alguns outros sócios, a Erquiaga Arms Company, a qual recebeu, no início de 1964, uma encomenda de 500 submetralhadoras MR-64 para o governo da Costa Rica, mas, cujo destino final, seria um grupo de exilados cubanos, na Flórida, que se opunha ao governo já estabelecido de Fidel Castro. Pouco antes de efetivar a entrega, todo o lote de armas, mais uma certa quantidade de silenciadores, foi confiscado em nova batida das autoridades norte-americanas. Em 1966, uma firma californiana chamada Comm Spec, andou oferecendo no mercado comercial uma certa "MP66", que nada mais era que a mesmíssima MR-64. Baseada na simplicidade da britânica Sten, era desprovida de coronha, tinha um compensador na boca do cano e oferecia a possibilidade de variar a cadência cíclica (600 ou 1.000 disparos por minuto), mediante a retirada ou colocação de um peso no ferrolho. Em calibre 9 x 19 mm e de operação "blowback", a MR-64 funcionava apenas em regime automático. Com cano de 230 mm, tinha um comprimento de 560 mm e peso de 3,6 kg, com o carregador de 32 tiros, do tipo Sten.
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Firefly II O desenvolvimento desta arma em calibre 9 x 19 mm começou em 1970, a cargo de Robert Irwin, da firma Armament Technology Corporation, de Las Vegas, Nevada. Uma carabina semiautomática ficou pronta em 1974 e a submetralhadora, em 1977. Apesar da clara semelhança com as conhecidas Ingram/MAC, possui diversos pontos distintos sendo os mais evidentes a empunhadura inclinada, o pequeno guarda-mão à frente do gatilho e a coronha retrátil, do tipo vergalhão dobrado. A mais importante diferença, todavia, é que a Firefly II funciona pelo princípio de "blowback" retardado. Atirando a partir da posição de culatra fechada (ferrolho à frente), com martelo e percussor móvel, existe uma saída (evento) de gás na parede do cano, dirigindo os gases da detonação para uma "câmara de retardo", que, por intermédio de uma placa móvel ligada ao ferrolho, diminui a velocidade de seu recuo. Este desnecessariamente complicado sistema foi usado na carabina experimental alemã VGI-15, nos estágios finais da Segunda Guerra Mundial. A arma não passou da fase de alguns protótipos construídos. Com cano de 203 mm, tinha um comprimento total de 600 mm (380 mm, com a coronha retraída) e peso de 1,8 kg. Os carregadores tinham as capacidades de 15, 25 ou 30 cartuchos, sendo de 700 tiros por minuto a cadência cíclica da arma.
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Foote MP-970
John P. Foote, que, durante algum tempo, trabalhou associado à Military Armament Corporation desenvolvendo um fuzil de assalto (FAC-70), também atuou por conta própria, criando uma metralhadora leve de apoio (MG-69) e algumas submetralhadoras. A primeira parece ter sido a MP-61, em calibre .45 ACP, com caixa da culatra cilíndrica, dupla empunhadura de madeira e coronha metálica destacável. Seu protótipo mais elaborado, entretanto, foi o designado MP-970, em calibre 9 x 19 mm. Possuía caixa da culatra retangular, em estamparia de aço, e um ferrolho com desenho mais ou menos em "L", como o utilizado na Walther MPK/MPL e na Franchi LF-57. O alojamento do carregdor (do tipo Schmeisser, de 32 tiros) ficava logo à frente do guarda-mato, a empunhadura era de madeira e a coronha, destacável. A arma funcionava em "blowback", com regime de tiro apenas automático (650 tiros por minuto). O cano tinha 203 mm de comprimento, sendo de 622 mm o comprimento total da arma (381 mm, sem coronha) e de 3 kg, seu peso, sem carregador. 285
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Hyde Modelo 35
Na segunda metade da década de 1930, o projetista George J. Hyde criou esta submetralhadora em calibre .45 ACP, que chegou a ser submetida a uma bateria de testes no Campo de Provas de Aberdeeen, do Exército dos EUA, para possível adoção. Segundo consta, os resultados foram bem satisfatórios, sobretudo, no que dizia respeito à resistência à ação da poeira e lama em seu funcionamento, mostrando-se superior, por exemplo, à famosa Thompson. Por outro lado, o conjunto do mecanismo de disparo e a fragilidade de alguns componentes (molas do carregador, face do ferrolho e empunhadura dianteira, por exemplo) deixaram muito a desejar. Também pesou contra a Modelo 35 o sistema de alavanca de manejo, uma haste que ficava atrás da caixa da culatra e que, durante o tiro, movimentava-se em direção ao olho do atirador, o que, certamente, atrapalharia a mais concentrada das pessoas. Testes realizados na Grã-Bretanha, pouco tempo depois, também tiveram resultados negativos, de modo que a arma acabou não entrando em produção em série.
De operação "blowback" e tiro seletivo (750 disparos por minuto, em automático), era alimentada por carregadores do tipo cofre vertical, para 20 tiros, que podiam ser acoplados lado a lado, formando unidades de 40 ou 60 tiros. Após esvaziar-se o primeiro carregador, o conjunto era deslizado lateralmente no alojamento para colocar o seguinte em posição. Como outras armas de sua época, esta submetralhadora tinha o cano usinado com anéis de dissipação de calor, cujo diâmetro decrescia da região da câmara em direção à boca. O cano, com 286 mm de comprimento, era dotado de um elaborado compensador, sendo de 888 mm o comprimento total da arma e de 4,8 kg o peso, municiada. 286
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Ingram M5, M6, M7, M8, M9 Após a Segunda Guerra Mundial, o veterano Gordon B. Ingram começou a pensar no desenvolvimento de novas submetralhadoras para substituir as M3/M3A1 Grease Guns ainda em uso pelas forças armadas norte-americanas. Deixando um espaço vazio na lista de designações para uma possível "M4", ele criou sua primeira arma, a M5 (ou Modelo 5). Em calibre .45 ACP e operação "blowback" convencional, utilizava o carregador de 12 tiros da Reising M50, coronha e empunhadura de madeira. Sua caixa da culatra era um simples tubo cuja parte anterior se estendia quase até a boca do cano, funcionando como jaqueta perfurada de proteção térmica. A alavanca de manejo, em formato de um botão, situava-se no lado direito. Apenas um protótipo foi construído (foto acima), não se conhecendo maiores detalhes técnicos sobre esta arma pioneira. Em abril de 1949, em sociedade com outros antigos companheiros da Guerra -John Cook, Thomas Bright e Jack Percell -- Ingram fundou a Police Ordnance Company, com sede em Los Angeles, Califórnia. Seu primeiro produto, demonstrado ainda naquela ano numa Convenção de Chefes de Polícia da Califórnia, foi a submetralhadora Modelo 6, que, em configuração geral, lembrava um pouco a Thompson. Haviam duas versões: a chamada "Policial" era dotada de cano aletado e de uma empunhadura vertical de apoio, enquanto que a "Militar" tinha um guarda-mão horizontal de madeira, que se estendia quase até a boca do cano, e podia receber uma fina baioneta cilíndrica. De tiro seletivo e dimensionada para o calibre .45 ACP, a Ingram M6 tinha um comprimento total de 762 mm (cano: 228 mm) e pesava 4 kg, com carregador de 30 tiros totalmente municiado. Sua alça de mira, uma abertura fixa ajustada para 100 metros, era desprotegida, nas armas iniciais, posteriormente recebendo abas laterais de proteção. A cadência cíclica da arma era em torno de 600 disparos por minuto, sendo a seleção de tiro, inicialmente, feita pela crescente pressão na tecla do gatilho. Alguns exemplares foram fabricados com uma tecla seletora no lado direito, acima do gatilho. A P.O.C. conseguiu efetuar algumas vendas para polícias locais no início da década de 1950, assim como algumas exportações (Cuba, Porto Rico e Peru, com fabricação local). Pouco antes de deixar a 287
sociedade, o projetista lançou o Modelo 7, em calibre .38 Super Automatic. Externamente, era uma cópia fiel do Modelo 6 "Policial" (com empunhadura de apoio), mas, atirava a partir da posição de ferrolho fechado. Pouquíssimas unidades foram fabricadas. Logo em seguida, Gordon Ingram desenvolveu o Modelo 8, nada mais que um M6 simplificado e de mais fácil desmontagem. Sua coronha era bem mais robusta e possuía um sistema de segurança (bloqueio do ferrolho) mais eficiente. Esta arma foi, posteriormente (1954-55), produzida em pequenas quantidades, nos calibre 9 x 19 mm e .45 ACP, por uma fábrica na Tailândia, sob a supervisão de seu criador. Em 1959, Gordon Ingram desenvolveu seu Modelo 9, apenas em calibre 9 x 19 mm. Incorporando várias características e componentes comuns aos modelos anteriores (principalmente, do M8), destacava-se pelo emprego de uma simples coronha retrátil, do tipo vergalhão, que possibilitava reduzir seu comprimento de 736 para 508 mm. Seu peso vazio era de 3,5 kg, chegando a 4,2 kg, com o carregador de 40 tiros totalmente cheio. A alça de mira era do tipo abertura basculante, com ajustes para 100 e 250 metros.
Este excepcionalmente bem conservado exemplar original de uma Ingram M6 (Modelo Policial), com dois carregadores e na maleta original de couro, foi recentemente colocado à venda nos Estados Unidos pela soma de US$ 4.895.
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Ingram M10, M11 (MAC-10, MAC-11) Havendo dedicado mais de 10 anos no desenvolvimento de uma série de submetralhadoras bem convencionais (as M5, M6, M7, M8 e M9), o projetista Gordon B. Ingram resolveu enveredar por um caminho menos ortodoxo. Teria sido em 1964, e a idéia foi a criação de uma submetralhadora extremamente simples, barata e de dimensões reduzidas, em escalas, até então, inéditas. Segundo a seqüência numérica de seus modelos anteriores, surgiu a M10, inicialmente dimensionada para o calibre 9 x 19 mm (três primeiros protótipos), seguida de uma versão em .45 ACP. Aquelas armas pioneiras, todas prontas já em 1965-66, já mostravam a configuração que seria adotada ao longo de sua longa e bem atribulada história. De funcionamento em "blowback" convencional, quase toda feita em peças estampadas, corpo e ferrolho retangulares e carregador alojado no interior da simples empunhadura, a compacta submetralhadora era a representação material evidente de uma das filosofias básicas de seu criador, ou seja, "quanto menor o número de peças, menos coisas existem para quebrar" (ou algo do gênero...). Como resultado direto de sua extrema compacidade (menor curso de movimentação do ferrolho), entretanto, as M10/9, M10/45 e a subseqüente M11, em calibre .380 ACP, acabaram ficando com cadências cíclicas bem altas, em torno de 1.000 a 1.200 tiros por minuto. Mas, foram a compacidade e o baixo peso que caracterizaram as Ingrams (ou MACs, como também viriam a ser conhecidas). A M10/45 e a M10/9, ambas com cano de 146 mm, têm um comprimento total de 548 mm (269 mm, com a coronha fechada) e pesam, sem carregador, 2,8 kg. O carregador de 30 tiros do modelo em .45 ACP, cheio, pesa 978 g, e o da versão 9 x 19 mm, de 32 tiros, 620 g. Ambas podem receber, atarraxado ao cano, um supressor de ruído, o modelo original pesando cerca de 600 g e com 291 mm de comprimento. Já a M11, em calibre .380 ACP, tem cano de 129 mm, comprimento total de 460 mm (248 mm, com a coronha dobrada) e peso vazio de 1,6 kg (2,1 kg, com carregador de 32 tiros cheio). Em 1966, o protótipo No.2, em 9 x 19 mm, foi adquirido pelo Exército dos EUA para ser submetido a um amplo programa de testes, quando, até, se aventava a possibilidade da pequena "sub" vir a substituir a pistola Colt M1911A1, calibre .45 ACP, como dotação regulamentar da tropa. Naquela época, em plena Guerra do Vietnã, Ingram fez um acordo com um folclórico Mitchell L. Werbell III, da firma SIONICS (Study In Operational Negation of Insurgency and Counter Insurgency) Corporation, de Atlanta, Geórgia, para que levasse àquela região do sudeste asiático duas de suas submetralhadoras (uma M10/9 e uma M10/45, dotada de supressor de ruído), onde ficaram todos, Werbell e armas, durante um ano. Logo depois, em 1969, a SIONICS adquiriu todos os direitos de fabricação da M10 e da M11, ficando o criador das armas ali (em Powder Springs, Geórgia) trabalhando como projetista-chefe. Em 1970, um grupo de investidores nova-iorquinos adquiriu o controle da companhia, que passou a chamar-se Military Armament Corporation, mudando-se para Marietta também no estado da Geórgia. Então já sem a entusiasmada presença de Werbell para promover as suas armas nem com a participação de Gordon Ingram, a MAC acabou chegando ao estado de falência, oficialmente decretada em 1975. 289
Em junho de 1976, um volumoso estoque de armas prontas (umas 9.000, dos três modelos), supressores (cerca de 1.900), ferramental e peças sobressalentes foi leiloado entre diversos compradores devidamente qualificados. A maior parte do material foi para a RPB Industries, Inc., igualmente de Atlanta, que veio a recolocar as Ingrams em produção por volta de 1978. Além das submetralhadoras, propriamente ditas, o novo fabricante também colocou no mercado versões apenas semi-automáticas, nas configurações carabina (com coronha e cano longo) e pistola (sem coronha e cano curto). Entretanto, a relativa facilidade com que as armas semi-automáticas podiam ser convertidas para dar rajadas fez com que a BATF, a entidade federal reguladora de armas de fogo, fechasse a RPB, algum tempo depois (1982). Em 1983, o projetista Wayne Daniels entrou em cena, modificou o projeto original, fundou a companhia SWD (Sylvia and Wayne Daniels) Incorporated e colocou em produção seriada a M-11/9, em calibre 9 x 19 mm. Em 1986, com a entrada em vigor de maiores restrições às armas automáticas, foi feita uma fusão com a firma Cobray, que colocou no mercado uma versão semi-automática, com ferrolho fechado, da M11/9, utilizando a mesma caixa da culatra das anteriores RPB e MAC. Após novas restrições surgidas em 1994 contra as chamadas "armas de assalto", o Cobray fez outras modificações nas pistolas, que passaram a chamar-se PM-11/9. Deve ser ressaltado que várias outras firmas menores andaram fabricando "Ingrams" ao longo dos anos, como a New Jersey Arms (MAC-10) e uma pequena fabriqueta em Stephensville, no Texas (MAC-10A1). Também uma companhia chamada Nighthawk Firearms andou produzindo armações de MAC-10 semi-automáticas, assim como a Hatton Industries, cuja "S-701" era uma M10/45. Na Grã-Bretanha, houve uma certa Section Five Ltd., que fabricava uma cópia da M10/9. Um grande número de acessórios (coronhas, empunhaduras de apoio, extensões de cano, carregadores de alta capacidade, etc.) chegou -e ainda chega -- ao mercado, ainda repleto de armas originais e suas descendentes mais "comportadas", as versões semi-automáticas (pistolas e carabinas).
ESQ: O desenho original de patente (1972) da M10 mostra alguns detalhes que não foram incorporados nas armas de série, como a coronha telescópica, a diminuta tecla de segurança (dentro do guarda-mato), a ausência de rosca no cano para a adaptação de silenciador e uma placa separada para a alça de mira. DIR: Outro protótipo de M10 em calibre 9 x 19 mm, notando-se o uso de uma coronha retrátil do tipo vergalhão e o cano mais longo. 290
Um dos argumentos que sugeriam, por volta de 1966, a eventual substituição das pistolas M1911A1 (na época, dotação oficial das forças armadas dos EUA) pela criação de Gordon Ingram era a associação de sua extrema compacidade com um elevada capacidade de munição. Isto fica bem claro na foto ao lado, mostrando a pequena M11, com seus 32 cartuchos, ao lado de uma pistola Colt, com carregador de sete tiros.
Um dos protótipos iniciais da M10, fabricado pelo próprio Gordon Ingram, dotado de uma extensão para o cano e de um guarda-mão experimental. Este exemplar, o "No. 3", não possuía tecla seletora de tiro nem trava de segurança, o bloqueio do ferrolho dando-se pelo giro do botão (alavanca) de manejo. Observar, também, a coronha retrátil já com a soleira dobrável, não existente nas armas iniciais.
Protótipo de uma versão carabina da M10/9, com cano bem longo e envolvido por uma jaqueta perfurada, com guarda-mão de madeira. A soleira da coronha retrátil é fixa. O grande número de armas existentes e a indiscutível simplicidade do projeto original proporcionam o aparecimento de incontáveis modificações e adaptações. A M10/9 aqui ilustrada, dotada de supressor de ruído, tem uma empunhadura diferente e usa carregadores do tipo Uzi, cujo característico retém está posicionado na lado esquerdo do alojamento.
Uma curiosa M10/45 com luva perfurada de prolongação do cano e coronha de madeira.
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Esta M10/45 aparece ao lado de seu Manual de Operações original, da Military Armament Corporation. Observar o símbolo "Cobray" (serpente estilizada) e o nome "MAC Submachine Gun".
Uma relativamente rara Partisan Avenger, versão pistola semi-automática em calibre .45 ACP. O anel na parte anterior é para facilitar a remoção do pino de desmontagem.
A filosofia básica do projeto desta compacta submetralhadora era de que, preferencialmente, fosse usada com um supressor de ruído acoplado à boca do cano. Além de sua função primária de reduzir a assinatura sonora da arma, a "lata" também servia como ponto de apoio para o tiro, geralmente sendo dotada de uma grossa capa de Nomex, um isolante térmico com a finalidade de proteger a mão do operador. O desenho, no alto, mostra os componentes do silenciador originalmente fornecido com a M10 (calibres .45 ACP e 9 x 19 mm), enquanto que a foto acima mostra uma M11 (calibre .380 ACP) equipada com o útil acessório. 292
Esta é uma das novas coronhas disponíveis para a família Ingram/MAC. Este modelo, quando rebatido, fica com a soleira em posição que permite seu uso como empunhadura de apoio. Outro tipo de coronha atualmente disponível no mercado. É do tipo rebatível e fabricada em material sintético.
Esta foto dá bem uma idéia da imensa variedade de acessórios existentes para as armas da família Ingram/MAC. As armas aqui mostradas apresentam três tipos diferentes de coronha, canos longos com luvas de proteção, miras optrônicas e, até, um quebra-chamas do tipo funil (arma do meio).
Embora jamais adotada, em larga escala, por forças armadas ou policiais, a pequena "sub" de Gordon Ingram ainda conserva sua mística e popularidade no âmbito dos colecionadores e atiradores norte-americanos. 293
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Ion Mihaita Para cada arma de fogo que consegue atingir os estágios de produção em série e de comercialização, muitas outras não passam da fase de protótipos e, muitas mais ainda, nem saem do papel... Tornaremse conhecidas ou transformarem-se em sucessos de vendas, então, é prerrogativa de um grupo bem mais reduzido. Os projetos menos conhecidos - ou virtualmente desconhecidos, mesmo - são uma instigante e inesgotável matéria de estudos para pesquisadores e apreciadores do assunto. É o caso das submetralhadoras criadas e construídas por Ion Mihaita, de Cleveland, Ohio, EUA. Este projetista teve a idéia de fazer armas de dois canos na configuração "over-under" (um em cima do outro), alimentados por carregadores separados, um, na empunhadura principal, e o outro, na empunhadura de apoio, na frente. O afastamento dos dois carregadores daria à arma um melhor equilíbrio e controle no tiro. Funcionando por "blowback" (ferrolho livre, sem trancamento), as "subs" apresentam dois comprimentos de cano. O de cima, mais longo, seria destinado a tiros de maior precisão e a distâncias maiores, enquanto que o de baixo, mais curto, seria mais indicado a combate aproximado. Um seletor permite ao atirador escolher disparar com apenas um ou com os dois canos ao mesmo tempo, sendo que, neste caso, os tiros são efetuados alternadamente. Mais recentemente, o projetista criou armas mais convencionais, com um só cano. As seguintes versões já foram construídas e testadas:
Modelo 1 - Esta arma foi fabricada em 1989 e, com ela, requerida a patente do projeto básico. Em calibre 9 x 19 mm, funciona com ferrolho fechado, tem peso vazio de 2,9 kg e, municiada, de 3,9 kg. O comprimento total é de 762 mm, caindo para 483 mm, com a coronha rebatida. O cano de cima tem comprimento de 254 mm e o de baixo, 152 mm, mas, devido ao posicionamento dos carregadores, parece que o de baixo é mais comprido. A cadência cíclica, em rajada, é de 800 tiros/min por cano. Modelo 2 - Esta versão foi feita em 1990, recebendo algumas modificações ditadas pelos testes iniciais, a mais evidente sendo a inclinação para a frente dada à empunhadura de apoio e, conseqüentemente, ao carregador. Os dados referentes às dimensões e pesos ficaram praticamente inalterados, embora os canos tivessem comprimentos diferentes: 324 mm, o superior, e 146 mm, o inferior. A cadência teórica, em tiro automático, ficou mantida nos 800 disparos/min/cano. 294
Modelo 3 - No ano seguinte, 1991, Ion Mihaita partiu para uma arma bastante redesenhada, uma curiosa mistura de fuzil e submetralhadora. Embora ainda mantendo o conceito dos dois canos, apresenta dois calibres diferentes (!): 7,62 x 39 mm, para o cano superior, e 9 x 19 mm, para o inferior. Observa-se que este protótipo possui a caixa da culatra bem parecida com a de um AK e que utiliza um carregador do tipo tambor, para a munição de fuzil. A empunhadura de apoio e o carregador voltaram à posição vertical. Especificações: peso vazio, 4,5 kg; peso, arma municiada, 5,6 kg; comprimento total, 914 mm; comprimento, coronha rebatida, 686 mm; comprimento do cano superior, 406 mm; comprimento do cano inferior, 203 mm; cadência cíclica, 800 tiros/min/cano. Modelo 4 - Esta versão, de 1992, mostra maior semelhança com o projeto original. Em calibre 9 x 19 mm, passou a funcionar com o ferrolho na posição aberta. As especificações incluem um peso vazio de 3,6 kg e de 4,9 kg, para a arma municiada. Dimensões: comprimento total, 781 mm; comprimento, coronha rebatida, 559 mm; comprimento do cano superior, 311 mm; comprimento do cano inferior, 159 mm. A mesma cadência de tiro automático foi mantida.
Modelo 5 - Ainda em 1992, o projetista adotou esta proposta bem mais convencional, de cano único, mas resolveu utilizar munição .30 Carbine (7,62 x 33 mm), em carregadores tipo cofre, de 14 ou 30 tiros, ou num carregador tipo tambor, de 125 tiros. Com um peso vazio de 2,5 kg, esta carabina de tiro seletivo tem um comprimento total de 718 mm, que cai para 432 mm, com o rebatimento da coronha metálica. O comprimento do cano é de 229 mm. Modelo 6 - O mais recente protótipo de Mihaita, construído em 1994, voltou ao calibre 9 x 19 mm, com funcionamento a partir da posição de culatra fechada (ferrolho à frente). O peso da arma, vazia, é de 2,9 kg. As dimensões são 597 mm (comprimento total), 381 mm (com a coronha rebatida) e 165 mm (comprimento do cano). Nesta submetralhadora, a cadência cíclica é de 600 tiros/min.
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La France M16K
A companhia La France Specialties, de San Diego, Califórnia, desenvolveu uma submetralhadora baseada no fuzil M16/AR-15, que oferece para o mercado policial e de forças especiais militares. Seu principal ponto de interesse é que está dimensionada para o calibre .45 ACP, oferecendo, portanto, características balísticas bem distintas daquelas da mais comum munição 9 x 19 mm. Utiliza carregadores do tipo cofre metálico, com capacidade para 30 cartuchos. O funcionamento é em tradicional "blowback", mas, atirando a partir da posição de ferrolho fechado, com martelo e percussor, oferece maior precisão no tiro semi-automático. Em rajadas, tem uma cadência cíclica de aproximadamente 630 tiros/min. Como se pode observar na foto, a M16K tem um guarda-mão metálico cilíndrico que envolve todo o cano de 184 mm, sendo dotada de um comprovadamente eficaz quebra-chamas do tipo Vortex. O comprimento total da arma é de 676 mm, sendo de 3,9 kg seu peso vazio.
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M2
Usando como ponto de partida a vasta experiência obtida com o desenvolvimento e testes, no Campo de Provas de Aberdeen, de sua Modelo 25, o projetista George Hyde criou uma nova e mais aperfeiçoada arma em 1942, conhecida inicialmente como Hyde-Inland 1, por haver sido desenvolvida nas instalações da Divisão Inland da General Motors Corporation. Mais leve que a própria Thompson, cano sem os caros anéis usinados de arrefecimento e dotada de excepcional precisão e controlabilidade em tiro automático, a "sub" passou muito bem pelos testes oficiais, com apenas 20 pequenas falhas de funcionamento em mais de 6.000 tiros disparados. Ainda assim, seu criador optou por adicionar alguns melhoramentos ao projeto, surgindo a externamente semelhante Hyde-Island 2, ainda em 1942, cujo bom desempenho em Aberdeen resultou numa recomendação para que fosse adotada pelo Exército dos EUA. Isto ocorreu em abril daquele mesmo ano, recebendo a arma a designação de M2 e a classificação de "Substitute Standard", algo como "padrão de substituição" do armamento regulamentar, no caso, a Thompson e a M3 "Grease Gun". A produção em série foi contratada à Marlin Firearms Company, mas, atrasos na preparação do ferramental e o fato a M3 já ter sido adotada acabaram matando a interessante M2, da qual somente uns 500 exemplares foram fabricados até o término oficial do programa, em 9 de junho de 1943.
Em calibre .45 ACP, funcionamento em "blowback" e de tiro seletivo (cadência cíclica de 500 disparos), esta submetralhadora utilizava por minuto), a M2 empregava os mesmos carregadores de 20 ou 30 tiros da Thompson. Sua coronha e guarda-mão de madeira, numa única peça, lhe davam a aparência de uma compacta carabina, com 813 mm de comprimento total e cano de 307 mm. Seu peso vazio era de 4,2 kg, um carregador cheio, com 30 cartuchos, lhe acrescentando mais 0,85 kg. 297
A Hyde-Island M1, versão inicial, pouco diferia das armas que viriam a ser fabricadas em série.
Este mesmo protótipo, desmontado para manutenção de primeiro escalão, mostra bem a simplicidade do projeto. Pode ser observado que o cano era fixo à caixa da culatra cilíndrica e que o ferrolho (abaixo da mola recuperadora) grande diâmetro.
Detalhe das inscrições na lateral da caixa da culatra de um exemplar (No. 226) fabricado durante a Segunda Guerra Mundial pela Marlin, em New Haven, Connecticut. 298
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M3, M3A1 "Grease Gun" No início da Segunda Guerra Mundial, as tropas dos Estados Unidos estavam equipadas com uma quantidade relativamente pequena de submetralhadoras Thompson, armas projetadas nos anos 20 e, como tal, bem pesadas e de fabricação complexa e cara. Mas, eram as únicas disponíveis e com a possibilidade de serem produzidas em grandes quantidades. Durante combates contra os alemães na África do Norte, em 1942, os norte-americanos depararam-se com a inovadora MP40, que em nada se parecia com as "Tommy Guns" por eles utilizadas. Imediatamente, exemplares capturados foram enviados para os EUA, sendo detalhadamente examinados e intensamente testados (5.723 tiros, em 15 dias) no Campo de Provas de Aberdeen, Maryland. Não demorou muito para que os técnicos em armamento decidissem fazer aquilo que os britânicos (alvos de MP38/MP40 há mais tempo!) já haviam feito, com sua Sten: era necessário desenvolver, fabricar e adotar uma submetralhadora semelhante. O resultado final foi a M3, logo apelidada de "Grease Gun", por sua razoável semelhança com uma graxeira, ou pistola de lubrificação, daquelas antigamente usadas em garagens e oficinas de carros. Aquela que seria a entrada dos EUA na segunda geração de submetralhadoras começou sua história na Divisão Inland da General Motors Company, na segunda metade de 1942, sob a responsabilidade conjunta de Frederick W. Sampson (engenheiro-chefe daquela Divisão da GM), George J. Hyde (projetista de armas) e do Coronel René Studler (oficial do US Army Ordnance Department). O projeto original, chamado de T-15, era para uma "sub" de tiro seletivo em calibre .45 ACP, mas, posteriormente, foi modificado para uma arma somente de tiro automático, de baixa cadência cíclica e com a capacidade de ser facilmente convertida para o calibre 9 x 19 mm, uma vez que era o padrão do Exército Britânico e do próprio inimigo, os alemães, o que a tornaria bem adequada para uso por forças de resistência, na Europa ocupada. Com tais modificações, surgiu a T-20, com dez protótipos sendo fabricados pela GM, cinco em cada calibre. Além de vasta bateria de testes realizados no próprio Campo de Provas de Aberdeen, a arma experimental foi enviada para a avaliação de diversos corpos de tropa, e todos foram unânimes em recomendar sua imediata entrada em produção e subseqüente adoção. E a velocidade em que tudo aconteceu pode ser resumida assim: autorização do projeto, outubro de 1942; protótipos prontos para testes, novembro de 1942; recomendação de adoção da (Submachine Gun, Caliber .45, M3) dezembro de 1942; aprovação, janeiro de 1943; início de produção, maio de 1943. Ou seja, tudo em apenas sete meses! O primeiro contrato, para 300.000 unidades, foi concedido à Divisão Guide Lamp da GM, em Anderson, Indiana, em janeiro de 1943. A escolha foi bem apropriada, pois aquela fábrica tinha excelente experiência na produção de peças em estamparia (faróis, calotas, pára-choques, etc.) e já estava envolvida na fabricação de material bélico, como estojos metálicos para munições de artilharia (37, 90 e 105 mm) e canos de metralhadoras .50. Em junho de 1944, as já designadas submetralhadoras M3 estavam sendo produzidas à razão de mil unidades/dia, a um custo total de aproximadamente US$ 21,00. Os ferrolhos eram feitos pela Buffalo Arms Company (US$ 2,58, cada) e, posteriormente, montados nas armas pela Guide Lamp. Carregadores e outros componentes menores foram subcontratados para vários fabricantes, espalhados por todos os Estados Unidos. Foram fabricadas 299
pela Guide Lamp, durante a Segunda Guerra Mundial, 622.163 "Grease Guns", sendo 606.694 do modelo M3 e 15.469 da posterior M3A1. A Guerra da Coréia (1950-53) foi palco de novo uso em combate das M3/M3A1 pelas Forças Armadas dos EUA. Àquela altura dos acontecimentos, desgaste prematuro da armadilha do gatilho e de seu recesso no ferrolho (houve falhas no tratamento térmico das peças originais) estava causando alguns graves incidentes de tiro (rajadas ininterruptas!) com as armas, levando o Arsenal de Springfield, do próprio Exército, a fazer um novo tratamento térmico daqueles componentes. Posteriormente, a Ithaca Gun Company entrou no programa, fabricando cerca de 90.000 novos conjuntos de ferrolho para as armas. Também, recebeu uma encomenda para produzir 70.000 M3A1 novas para o Exército, mas, atrasos inesperados, só deixou que a produção começasse em 1955. Como a Guerra da Coréia já havia, então, terminado, o contrato foi cancelado, após 33.227 armas ficarem prontas. A título de curiosidade: toda a produção da Ithaca teve um volume inferior a um único mês típico de fabricação pela Guide Lamp, durante a Segunda Guerra Mundial! A "Grease Gun" voltou aos campos de batalha na Guerra do Vietnã (década de 60), participou da fracassada tentativa de resgate dos reféns na Embaixada Americana em Teerã (1979) e, até mesmo, na Guerra do Golfo (1991), como arma defensiva de guarnições de carros de combate. Por vias oficiais e não-oficiais, foi distribuída e usada por forças militares em distintas partes do mundo, inclusive no Brasil. Conforme mencionado anteriormente, a M3 é amplamente fabricada de componentes estampados, consistindo numa caixa da culatra de formato cilíndrico (duas metades iguais, fechadas por solda), sob a qual estão o alojamento do carregador, o cofre do mecanismo de disparo e a empunhadura, em cujo interior há espaço suficiente para alojar uma lata de óleo lubrificante. A coronha é do tipo retrátil, sendo feita de um simples vergalhão de aço, dobrado. Os componentes externos (alça de mira, dobradiça da tampa da janela de ejeção, alças de bandoleira, etc.) são presos ao corpo da arma por solda ou rebites. O funcionamento é pelo tradicional sistema "blowback", com a arma disparando a partir da posição aberta. O ferrolho corre sobre duas hastes-guia, cada uma possuindo uma mola recuperadora de pequeno diâmetro. Na inicial M3 (direita), a operação de armar (levar o ferrolho para trás) é feita através de uma grande alavanca existente no lado direito da arma, que movimenta o ferrolho com um desnecessariamente complicado sistema de engrenagens. Posteriormente, com a chamada M3A1, tal componente foi eliminado: a janela de ejeção foi alongada e o ferrolho recebeu um orifício onde o operador coloca um dedo e o puxa para trás. Quando fechada, a tampa da janela de ejeção de ambos os modelos tem um ressalto metálico que se encaixava no ferrolho, travando-o tanto na posição aberta como na fechada. É o único tipo de segurança aplicada disponível na "Grease Gun". A M3A1 também recebeu uma proteção metálica à volta do botão de liberação do carregador, no lado esquerdo do alojamento, para evitar seu acionamento acidental. 300
Esta submetralhadora norte-americana tem uma excepcionalmente baixa cadência cíclica, em torno de 400 disparos por minuto, o que a torna facilmente controlável em rajadas e facilita a realização de tiro intermitente, mesmo sem a existência de um seletor para tiro semi-automático. O cano tem 203 mm de comprimento, dando à arma um comprimento total de 757 mm (579 mm, com a coronha retraída). O peso vazio é de 4,1 kg para a M3 e 3,9, para a M3A1. Colocada ao lado de uma Thompson M1, a M3 "Grease Gun" deixa bem claro a radical transformação de conceitos introduzida nas submetralhadoras norte-americanas durante a Segunda Guerra Mundial.
A simples troca do cano, do ferrolho e a colocação de uma luva no alojamento do carregador permitia que a "sub" norteamericana usasse munição 9 x 19 mm e carregadores da britânica Sten. Isto permitiu que uma certa quantidade de M3 também fosse utilizada pelo Exército da Grã-Bretanha durante a Guerra. Tal opção também facilitava o emprego da arma por forças de resistência em países ocupados pela Alemanha nazista, nação que igualmente tinha aquele calibre como dotação regulamentar.
Um quebra-chamas em formato de cone, facilmente adaptável à boca do cano por um parafuso do tipo borboleta, foi criado para a "sub" nos estágios finais de Segunda Guerra Mundial, mas, não chegou a ser usado naquele conflito. Sua produção em série, na verdade, só ocorreu por volta de 1950, durante a Guerra da Coréia. Na foto da direita, guerrilheiros da tribo Montagnard, aliados dos EUA na Guerra do Vietnã, aparecem fazendo um exercício de tiro com M3A1 equipadas com o referido quebra-chamas. 301
Em emprego operacional, muitos combatentes procuram improvisar meios de agilizar o processo de troca dos carregadores de suas armas. Aqui, um soldado do Exército dos EUA, na Segunda Guerra Mundial, exibe sua criatividade com uma "Grease Gun" equipada com três carregadores unidos com fita adesiva.
O emprego de munição .45 ACP, inerentemente subsônica, tornou a M3/M3A1 particularmente apropriada para o uso de supressores de ruído (silenciadores). O mais comum, visto acima, foi o modelo criado para o OSS (Office of Strategic Studies, precursor da CIA) durante a Segunda Guerra Mundial pela firma Bell Laboratory, do qual 1.000 unidades foram produzidas. "Grease Guns" silenciadas ainda foram usadas, por exemplo, na Guerra do Vietnã e na frustrada tentativa dos Estados Unidos de resgatar reféns em sua embaixada em Teerã, em 1979.
Como algumas outras armas de fogo, a "Grease Gun" também andou recebendo a atenção de projetistas em busca de uma capacidade de atirar por sobre obstáculos ou em volta de esquinas. Estas duas M3 representam diferentes enfoques para o problema: a da esquerda, possui um cano mais longo que o normal e recurvado em cerca de 30 graus; a outra, sobre o cano reto normal, recebeu uma espécie de canaleta aberta, que desviava o projétil num ângulo de 90 graus. Tais engenhocas, como seria de se esperar, jamais apresentaram um desempenho que justificasse sua adoção. Durante a Guerra da Coréia (1950-53), novas encomendas de M3A1 foram feitas, pouco mais de 33.000 havendo sido completadas.
Uma "Grease Gun" em ação de combate, na Coréia. 302
As principais diferenças entre a M3 e a subseqüente M3A1: (1) eliminação da alavanca externa de armar; (2) da janela de ejeção e sua tampa; (3) orifício no ferrolho para a operação de armar; (4) abas de proteção à volta do retém do carregador, para evitar acionamento acidental; (5) lata de óleo lubrificante, embutida na empunhadura; (6) peça para auxiliar no municiamento do carregador, presa à haste da coronha. Durante a famosa e sangrenta Batalha de Hue (Vietnã, 1968), um Fuzileiro Naval dos EUA aparece nesta foto utilizando uma M3A1 com quebra-chamas tipo cone.
Numa foto típica de "álbum de família", um soldado norte-americano posa com duas de suas ferramentas de combate, um lança-granadas M79 e uma M3A1 mão direita). Um exame mais cuidadoso da imagem mostra que a "sub" está com dois carregadores acoplados lado a lado, em posições invertidas.
Esta curiosa versão carabina, de tiro apenas semi-automático, é comercializada no EUA pela firma Walkyrie Arms, Ltd. Possui cano de 420 mm (16,5 polegadas) e vem acompanhada de um falso cano de tamanho normal, apenas para exibição. 303
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MP-9, KF-9-AMP
Esta pequena arma em calibre 9 x 19 mm é, na realidade, uma versão de tiro seletivo de uma pistola semi-automática desenvolvida pela empresa sueca Interdynamics Forsknings AB, de Estocolmo. No início da década de 1980, foi fabricada em pequena quantidade e promovida pela Interdynamics of America, Inc., de Miami, Flórida. Não há conhecimento de que a MP-9 tenha sido adquirida, oficialmente, por qualquer força militar ou policial. mas, a arma ressurgiu no mercado civil norteamericano, anos depois, na versão pistola, sob o nome de Intratec De funcionamento "blowback" e tiro seletivo (cadência cíclica de 900 disparos por minuto), a arma consiste numa caixa da culatra tubular metálica, cuja parte anterior possui grandes orifícios de ventilação e cobre quase todo o cano de 127 mm de comprimento. A alavanca de manejo, em formato cilíndrico, fica a cerca de 45 graus no lado esquerdo e a janela de ejeção, na mesma posição, no lado oposto. Todo o mecanismo de disparo fica no interior do corpo principal, feito em material sintético (plástico de alto impacto), que também inclui o alojamento do carregador (36 tiros) e empunhadura. Existe uma empunhadura vertical de apoio, igualmente de plástico, fixa à caixa da culatra, bem perto da boca do cano. A coronha é do tipo retrátil, sendo feita de vergalhão de aço dobrado. Sem coronha, a MP-9 tem um comprimento de apenas 317 mm e pesa , vazia, 1,9 kg. Curiosamente, por volta de 1987, a firma Arms Research Associates, de Stone Park, estado de Illinois, andou promovendo "sua" KF-AMP, que chamava de "pistola-metralhadora de assalto", indiscutivelmente, baseada no mesmo projeto. A principal diferença é de tinha a caixa da culatra mais curta, expondo a maior parte do cano, e recebeu uma coronha metálica rebatível para o lado esquerdo, o que reduzia seu comprimento total de 603 mm para 273 mm. Seu peso vazio era em torno de 1,3 kg. Segundo consta, dispunha de carregadores com capacidades para 20, 36, 60 e, até, 108 tiros, sendo que a cadência cíclica da arma, em torno de 800 tiros/min, podia ser variada mediante a troca da mola recuperadora. O fabricante oferecia variadas versões: KF-9-AMP (em 9 x 19 mm, sem empunhadura vertical de apoio), KF-59-AMP (semelhante à anterior, mas, com empunhadura de apoio), KF-3-AMP (em .380 ACP, sem empunhadura de apoio), KF-11-AMP (em .45 ACP, sem empunhadura de apoio) e KF--54-AMP ( em .45 ACP, com empunhadura de apoio). 304
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Reising M50, M55
Uma das mais controvertidas submetralhadoras norte-americanas, a Reising Modelo 50 tem sido alvo, há mais de 50 anos, de opiniões bem contrastantes. "Eram tão ruins que os Marines se livravam dela, durante a Segunda Guerra Mundial, jogando-as nos rios e largando-as nas selvas do pacífico", segundo o relato de um autor. "Seu mecanismo é desnecessariamente complexo e enguiça com a menor sujeira", arrematam outros. "Ouvi falar disso, mas, jamais tive ou presenciei um único incidente de tiro", afirma um ex-usuário. Confiável e com excelente precisão de tiro; não a trocaria por nada", fulmina um outro. Formado em engenharia pela Lehigh University, Eugene G. Reising chegou a trabalhar com o lendário John Moses Browning no desenvolvimento de sua não menos famosa pistola Colt M1911 Government Model.. Piosteriormente, atuou nas firmas Savage, Marlin, Mossberg e Stevens, ainda que não necessariamente nesta exata seqüência. Quando a Segunda Guerra começou na Europa, em setembro de 1939, Reising provavelmente já estava num estágio bem adiantado de desenvolvimento de uma submetralhadora de concepção própria, para a qual conseguiu os necessários registros de patente em junho de 1940. Assegurada sua propriedade intelectual, partiu em busca de suporte financeiro para transformar a arma numa realidade comercial. A Harrington & Richardson Arms Company, de Worcester, estado de Massachusetts, topou a parada. Fundada em 1874, a tradicional companhia já havia produzido uma enorme variedade de revólveres, pistolas, fuzis e espingardas, julgando, então, que seria hora de entrar policial/militar com uma "sub". Além do mais, a carismática Thompson, da Auto Ordnance Corporation, reinava virtualmente absoluta num mercado onde, certamente, caberia mais uma. Em dezembro de 1941, quando os Estados Unidos foram atacados em Pearl Harbor e declararam guerra ao Japão, a H&R começou a produzir sua Modelo 50 (ou, simplesmente, M50). O calibre, como não poderia deixar de ser, era o então regulamentar .45 ACP das Forças Armadas dos EUA. A arma, com sua coronha e corpo de madeira, tem mais a aparência de um fuzil ou carabina do que de uma submetralhadora, mas, à época em que foi criada, quase todas as armas desta categoria eram assim, mesmo. E como a Reising pretendia competir 305
comercialmente com a Thompson, chegou-se a pretender que uma empunhadura vertical de apoio, na parte da frente, e um carregador do tipo tambor fossem partes integrantes da arma, o que, entretanto, ficou restrito a alguns protótipos puramente experimentais. A M50 tem um comprimento total de 908 mm e seu cano de 279 mm, na região da câmara, está dotado de 14 (ou 29, nas armas iniciais) aletas radiais usinadas, com diâmetros decrescentes, a partir da região da câmara, com o objetivo de aumentar a área de dissipação do calor acumulado no metal, após muitos disparos consecutivos. A prática viria a demonstrar, contudo, que esse custoso recurso só funcionava bem ... no papel. Apesar de canos lisos terem, efetivamente, aparecido no final da produção, a grande maioria das armas saiu da fábrica com aquele charmoso, caro e dispensável detalhe. O compensador usinado, existente na boca do cano, também serve como base para a massa de mira. A Reising funciona com um sistema de "blowback" retardado, disparando a partir da posição de culatra fechada. O ferrolho possui, assim, um percussor flutuante disparado por um martelo cilíndrico, liberado pela armadilha principal após o acionamento da tecla do gatilho. Mas, o desenho do martelo é de tal forma que só o permite atingir o percussor quando a parte de trás do ferrolho, em seu movimento final para frente, sobe um pouco para encaixar-se num recesso na parte de cima da caixa da culatra. E é justamente este balanço do ferrolho que produz o trancamento parcial da culatra no momento do disparo. A alavanca de manejo é bem peculiar, estando situada na parte de baixo da arma, no interior do guarda-mão, sendo acionada pelo dedo do atirador. Já a chave seletora de tiro (indicada na foto) fica no lado direito da caixa da culatra, abaixo da alça de mira, tendo deslocamento longitudinal, com as posições "SAFE" (segurança, toda para trás), "S.A." (semi-auto, no meio) e "A" (automático, para a frente), sendo a cadência cíclica de 750 e 850 tiros por minuto. Certamente em face da desnecessária complexidade envolvida, o mecanismo de disparo da M50 compõe-se de um número relativamente alto de molas espirais de pequeno diâmetro e que atuam, sem hastes-guias, em orifícios igualmente pequenos. E tem mais: muitas partes móveis são fixadas por parafusos travados, em lugar dos mais seguros pinos lisos. O já citado recesso na caixa da culatra, onde se encaixa e trava o ferrolho, também pode ser fonte de problemas: se for bloqueado por sujeira (uma real possibilidade, em condições de combate), o ferrolho não sobe, não tranca e não se alinha com o martelo, impedindo o disparo. Apesar de seu mecanismo complicado e uma reprovação no Campo de Provas de Aberdeen, do Exército dos EUA, a arma tinha uma série de atrativos, entre os quais estavam um custo de fabricação relativamente baixo e uma quase imediata disponibilidade de entregas. E foi isto que lhe trouxe suas principais encomendas, feitas pelo Corpo de Fuzileiros Navais norte-americano, entre fevereiro e outubro de 1942. Foram 46.500 Modelos 50 e 36.500 Modelos 55. A M55 era uma versão mais compacta, destinada a equipar algumas unidades especiais, como seus páraquedistas e Raiders (os Rangers do Exército também chegaram a usá-la). Mecanicamente, não apresentava qualquer mudança em relação à "50", mas, a busca pela compacidade levou a evidentes modificações externas. A coronha de madeira deu lugar a uma espartana e desconfortável coronha de vergalhão de aço dobrado, rebatível para o lado esquerdo da arma, que também ganhou uma 306
empunhadura de madeira, tipo "pistol grip". O cano foi encurtado em cerca de 16 mm, mas, foi a eliminação do compensador que mais contribuiu para a diminuição do comprimento da "sub": 781 mm, com a coronha aberta; 556 mm, dobrada. Também se conseguiu uma redução de 200 gramas no peso vazio da arma, que caiu de 3,10 para 2,9 kg. Aparentemente, foi no desembarque norte-americano nas ilhas de Guadalcanal e Tugai, em agosto de 1942, que a arma teve seu batismo de fogo. E foi dos combates nas quentes e úmidas selvas do Pacífico que vieram as arrepiantes histórias de Marines jogando suas Reisings fora e substituindo-as por Thompsons, habilmente "desviadas" de paióis do Exército e da Marinha. Folclore ou não, o fato é que a submetralhadora da H&R não conseguiu ficar em uso até o final da guerra, sendo retirada das frentes de combate e relegadas a tarefas menos perigosas, como a guarda de quartéis e fábricas militares. Ainda assim, não deixa de ser surpreendente que a produção combinada de Modelos 50 e 55 tenha atingido algo em torno de 100.000 unidades até 1945. Um certo número foi adquirido pelo Governo Britânico, que teria repassado as "subs para o Canadá e a então União Soviética, não se sabe bem em que circunstâncias. Na década de 1950, a Harrington & Richardson produziu um pequeno lote destinado ao mercado policial norte-americano e internacional, sendo que um dos compradores foi a Secretaria de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, cuja Polícia Civil ainda usava a M50 até meados da década de 1990 (direita).
Uma das configurações inicialmente propostas para a Modelo 50 usava uma empunhadura vertical de apoio.
Comparação visual de uma Thompson M1921, com carregador de 20 tiros, com a bem posterior M50, com carregador de 12 tiros, evidenciandose a mais conservadora aparência desta.
A M50 ao lado da M55, sem compensador, com coronha rebatível de vergalhão e empunhadura do tipo "pistol grip". 307
(ESQ.). Arma com cano inicial (29 anéis) e carregador de 20 tiros, liso.
(DIR.): Arma com cano posterior (14 anéis) e carregador de 12 tiros, com sulcos.
(ESQ.): O acionamento da alavanca de manejo, embutida na parte inferior do guarda-mão. (DIR.): Detalhe do característico compensador existente na boca do cano da Modelo 50, onde também fica a massa de mira, tipo lâmina.
(ESQ.): Anúncio comercial da M50, veiculado no início da década de 1950, direcionado ao mercado policial. (DIR.): Uma Modelo 50 ao lado de seu estojo.
As inscrições, no alto da caixa da culatra: "MODEL 50 - H. & R. REISING - CAL. 45 / HARRINGTON AND RICHARDSON ARMS CO. / WORCESTER, MASS. U.S.A. PAT. PENDING".
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Eugene Reising também fabricou alguns protótipos de submetralhadoras em calibre 9 x 19 mm, todas empregando o seu sistema de funcionamento em "blowback" retardado. Pode ser observado que um deles (ESQ.) tinha uma configuração geral que lembra a M50, mas, com a alavanca de manejo no lado direito da caixa da culatra e uma camisa perfurada envolvendo quase todo o cano. Outro (DIR.) era e configuração mais simples, possuindo uma coronha metálica que parecia ser destacável da arma. Maiores detalhes são desconhecidos.
A partir de 1942, a Harrigton & Richardson também colocou em produção uma versão carabina, apenas semi-automática, designada Modelo 60. No mesmo calibre .45 ACP, possuía cano bem mais longo (413 mm), sem compensador ou anéis de duissipação de calor, havendo sido fabricadas umas 5.000 unidades. Durante a Segunda Guerra Mundial, esta arma foi muito usada por guardas de fábricas militares e, até, ferroviários. Também foram fabricadas versões em calibre .22 LR, a MC--58, para treinamento inicial militar, e a M-65, para uso civil. O anúncio reproduzido ao lado data de 1944.
Em 1941, o Campo de Provas de Aberdeen, do Exército dos EUA, testou este fuzil leve de tiro seletivo, em calibre .30-06, que utilizava a configuração geral e muitos componentes da submetralhadora Modelo 50 e da carabina Modelo 60 . Tinha cano de 380 mm, comprimento total de 860 mm e pesava apenas 2,7 kg, com carregador de cinco tiros. Como o sistema de funcionamento por "blowback" retardado não se mostrasse adequado à nova munição, o projeto foi abandonado. 309
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ROF
Esta "sub" sem coronha, em calibre 9 x 19 mm, foi construída no final da década de 1990 pela firma norte-americana Serbu Firearms, Inc., de Tampa, Flórida, como puro exercício prático para um projeto de arma simples, fabricada com alguns componentes aproveitados (empunhadura, gatilho, quebrachamas e cano de uma Colt SMG) e os demais, fabricados especialmente para ela. A caixa da culatra é feita em tubo de aço sem costura, enquanto que a caixa do mecanismo de disparo (corpo principal) foi feita a partir de uma combinação de estamparia e usinagem de aço. A mola recuperadora foi trançada a partir de uma corda musical de .41 polegada de diâmetro. O carregador utilizado veio de uma Sten. O único dado numérico disponível sobre este único protótipo é sua elevada cadência cíclica: 1.200 tiros por minuto. Aliás, o nome ROF vem de "Rate Of Fire" (Cadência De Tiro, em inglês), ficando, aqui, implícito o adjetivo "High" (Alta)...
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Ruger MP-9 No início da década de 1990, a tradicional fábrica norte-americana Sturm Ruger & Company (revólveres, pistolas, carabinas, fuzis) resolveu aventurar-se no mercado de submetralhadoras, campo em que a indústria local, passada a fase produtiva da Segunda Guerra Mundial, nunca chegou a alcançar grande proeminência. Para acelerar o processo de desenvolvimento, foi contratado o israelense Uziel Gal, criador da conhecida Uzi, que já tinha mais ou menos pronta uma arma designada Modelo 2201. Após receber retoques finais de Bill Sullivan, projetista estadunidense, a resultante MP-9 entrou em produção limitada em 1994, tendo componentes manufaturados nas instalações da Ruger de Prescott, Arizona, e com a montagem final em Newport, estado de New Hampshire. Apesar de todos os esforços de marketing, não há registro de que a "sub" tenha sido adotada por qualquer organização policial ou militar.
Tendo em vista suas origens, não é de se admirar que a MP-9, em calibre 9 x 19 mm, apresente evidentes pontos de semelhança com as armas da família Uzi. De tiro seletivo (cadência cíclica em torno de 600 tiros/min) e operação "blowback", atira a partir da posição de ferrolho fechado. A caixa da culatra, em estamparia de aço, fica apoiada sobre uma estrutura em material sintético (Zytel), que inclui a empunhadura principal (onde se aloja o carregador de 32 tiros), guarda-mato e uma pequena empunhadura dianteira de apoio. A alavanca de manejo, no alto da arma, não se movimenta durante o tiro e tem uma abertura longitudinal, em forma de "U", para não interferir com o uso das miras. A janela de ejeção fica a 90 graus para a direita, estando o seletor de tiro ("Safe", "Semi", "Auto") localizado no lado esquerdo, na parte de cima da empunhadura principal. Possuindo cano de 173 mm, a MP-9 mede 556 mm de comprimento, com a coronha aberta, e 376 mm, com a mesma recolhida. O peso vazio é de 3 kg.
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Saco Modelo 683 A surpreendente história desta arma começou aqui mesmo no Brasil, por volta de 1980, quando a Mekanika Indústria e Comércio Ltda., fabricante da submetralhadora Uru, procurava parceiros internacionais para auxiliar na sua promoção e comercialização internacional. Entre os que receberam exemplares para testes de avaliação estavam a Fabrique Nationale Herstal, da Bélgica, e a firma norteamericana de consultoria Frentex, Inc., esta, bem ligada à Saco Defense Systems Division da Maremont Corporation.
Em 1983, uma surpresa: a Saco mostrou em público e começou a promover "sua" Modelo 683, que, ao mais superficial dos exames, deixa claro que se trata de uma cópia não autorizada da submetralhadora brasileira. As modificações existentes são puramente cosméticas, incluindo uma coronha retrátil, alça de transporte com mira tubular (não ótica), seletor de tiro redesenhado, retém do carregador reposicionado, tecla do gatilho alongada, quebra-chamas e aberturas longitudinais na jaqueta que envolve o cano. As características técnicas incluíam um comprimento total de 700 mm (520 mm, com a coronha retraída), peso de 2,5 kg e cadência cíclica de 650 tiros/min. Os carregadores eram de 25 ou 32 tiros. Durante algum tempo, a Saco andou promovendo a M683 e oferecendo, a vários países, um pacote de fabricação da arma sob licença. Nada acontecendo, acabou saindo do mercado.
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Seggern Na década de 1970, o projetista Hans Seggern, de New Jersey, desenvolveu uma série de protótipos de submetralhadoras sem coronha (na realidade, pistolas-metralhadoras), que, apesar de não terem entrado em produção seriada, certamente merecem registro. Segundo seu criador, seriam armas destinadas a operações especiais, sendo a maioria em calibre .22 LR e uma, em .380 ACP. Todas funcionavam em "blowback" convencional e, curiosamente, não dispunham de extrator, sua função sendo executada por um dos lábios do carregador. Pesavam em torno de 1,2 kg e atiravam em semiautomático ou automático, com uma cadência cíclica da ordem de 1.200 disparos por minuto. Protótipo No.1, alimentado por um carregador do tipo tambor, com capacidade para 80 cartuchos calibre .22 LR. Tanto a arma como seu supressor de ruído eram quase todos fabricados em alumínio.
Protótipo No.2, igualmente em .22 LR, com carregador curvo de 40 tiros e supressor de ruído. O gatilho era de dois estágios, com pressão crescente para passar de semi-automático para rajadas.
Protótipo No. 5, calibre .22 LR, com carregador reto. O dispositivo cilíndrico na boca do cano tem a finalidade de manter pressão para trás sobre o estojo, durante o recuo do ferrolho.
Protótipo No.8, em calibre .380 ACP. O carregador tipo tambor, neste caso, tem capacidade para 65 tiros.
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Sidewinder (SS-I) Ainda que não tenha sido produzida em larga escala, a Sidewinder representa um conceito não muito ortodoxo de submetralhadora, cujos diversos protótipos foram testados a partir da segunda metade da década de 1960. Seu criador foi Sidney McQueen, um projetista que, após examinar as mais variadas configurações de "subs", optou por desenvolver uma arma que pudesse ser utilizada com apenas uma das mãos, inclusive, em tiro automático. Assim, posicionou o conjunto de empunhadura e gatilho bem à frente e fez com que o alojamento do carregador, conseqüentemente recuado, pudesse girar 360 graus ao redor do eixo de tiro, posicionando-se no ponto mais adequado ao operador e/ou situação tática. A coronha podia ser utilizada estendida (tiro com a arma ao ombro) ou retraída (apoiando na articulação do braço/antebraço), sendo que, nesta segunda opção, a Sidewinder passaria a funcionar integrada à anatomia do atirador. McQueen pretendia colocar no mercado três versões: a SS-I, em calibre 9 x 19 mm; a SS-II, em .45 ACP; e a SS-III, com ferrolho reversível, dimensionado para "9" numa das extremidades e ".45" na outra, além de diferentes canos e carregadores. As características da SS-I incluem um cano de 230 mm, comprimento total de 660 mm (470 mm, com a coronha retraída) e peso de aproximadamente 2,5 kg. Em regime automático, sua cadência cíclica era de 900 tiros por minuto. Um dos protótipos iniciais, em calibre .45 ACP, notando-se a ausência de miras.
O protótipo No. 3, também em .45 ACP, é visto aqui com a coronha totalmente estendida. A configuração reta da arma ditou o uso de miras bem elevadas em relação ao eixo de tiro.
Um dos protótipos em 9 x 19 mm (SS-I), que utilizava carregador de Sten, com capacidade para 32 cartuchos. Observar a coronha parcialmente aberta, os pontos de encaixe de bandoleira e o uso de uma antiga mira do tipo "Singlepoint". A seleção de tiro (semiautomático, rajadas limitadas de 3 tiros e automático) era por pressão crescente na tecla do gatilho.
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Stemple 76/45 Esta curiosa submetralhadora em calibre .45 ACP, utilizando carregadores de M3/M3A1 (como sua coronha retrátil) modificados, é claramente baseada na antiga Smith & Wesson Modelo 76, não havendo maiores detalhes conhecidos de seu fabricante, uma certa companhia "Stemple", norteamericana . É de operação apenas automática, podendo ser observado, no exemplar ao lado, o uso de uma empunhadura tipo AR15/M16 e o acabamento parkerizado. Uma certa quantidade também foi fabricada pela pequena firma J.M.B. Distribution, de Westerville , estado de Ohio, possuindo coronha do tipo rebatível e simples empunhadura de madeira, além de acabamento oxidado. Pesa cerca de 3 kg e tem um comprimento total de 750, reduzido para uns 500 mm, mediante o rebatimento da coronha. Foram oferecidos "kits" de conversão para o calibre 9 x 19 mm, assim como um supressor de ruído com cano integral.
Esta arma, com acabamento oxidado, está equipada com um supressor de ruído (desmontado, na foto da direita) dotado de cano integral. Observar a empunhadura com placas de madeira, tipo Carl Gustaf, e a coronha rebatível.
Outras "76/45", igualmente de coronha rebatível, com supressor e cano normal. 315
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Smith & Wesson Modelo 76
Em meados da década de 1960, devido ao crescente envolvimento dos Estados Unidos nos combates no Sudeste Asiático (Viietnã, Laos, Cambódia), sua Marinha viu existirem requisitos operacionais para uma submetralhadora barata e confiável para armas suas equipes SEAL, os mergulhadores de combate que se notabilizaram por ações furtivas e secretas atrás das linhas inimigas. A arma que mais se adequava, em sua opinião, era a sueca Carl Gustaf, mas, sua aquisição por parte de um país efetivamente em guerra foi vetada pela habitualmente neutra Suécia. Com esse pretexto, a Smith & Wesson - tradicional fabricantes de revólveres - resolveu partir para o desenvolvimento de um projeto próprio, mas, cuja configuração em muito lembrava a "sub" escandinava. Em pouco mais de um ano, no final de 1976, a Modelo 76 estava pronta para entrar em produção seriada, porém, lamentavelmente para a S&W, a Marinha havia mudado de idéia, não chegando a concretizar sua grande e esperada encomenda, embora um número reduzido tenha, efetivamente, sido adquirido e usado em combate . Uns poucos milhares de armas chegaram a ser fabricadas, destinando-se, principalmente, ao setor policial. Como o fabricante não patenteou seu projeto, várias outras firmas (MK Arms, Global Weapons, etc.), posteriormente, vieram a colocar no mercado alguns clones, tanto em versões de tiro seletivo (reais submetralhadoras) como em modelos apenas semi-automáticos (carabinas), inclusive, dimensionadas para munição .45 ACP. Em calibre 9 x 19 mm, a M76 opera em "blowback" convencional e tiro seletivo (cadência cíclica: 700 tiros/min). A caixa da culatra é um simples tubo, ao qual está soldado o relativamente curto alojamento do carregador (36 tiros). O cano de 203 mm de comprimento é envolvido por uma luva perfurada de proteção térmica, que, opcionalmente, pode não ser usado. O mecanismo de disparo fica num cofre retangular sob a caixa da culatra, onde também se encontram a empunhadura de material plástico e a coronha metálica, rebatível para a esquerda da arma. 316
O comprimento total da arma é de 775 mm, reduzida para 514 mm, com o rebatimento da coronha. Seu peso vazio é de 3,8 kg.
Modelo 76 na configuração inicial, sem a camisa perfurada de proteção térmica à volta do cano, posteriormente padronizada. Um raro exemplar, ainda na caixa de papelão e embalagens originais dos carregadores, ao lado do Manual de Instruções.
A arma na configuração normal, tendo ao lado um cano sem a proteção térmica.
Modelo 76 com supressor de ruído. A "sub" da Smith & Wesson ainda é presença comum em reuniões de tiro nos Estados Unidos. 317
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Thompson
Na história das armas de fogo, alguns modelos estão indelevelmente escritos como clássicos. Entre as submetralhadoras, um número bem reduzido entra nessa classificação, e, em posição de destaque, está a legendária Thompson, dos Estados Unidos. Popularizada por incontáveis produções cinematográficas de Hollywood sobre "gangsters" e combates na Segunda Guerra Mundial, esta arma ainda é envolvida por uma inigualável aura de qualidade e poder de fogo. Exemplares ainda estavam em uso durante a Guerra do Vietnã, nos anos 70, e, vez por outra, uma "velha" Thompson, inesperadamente, ainda surge em combate em alguma parte do mundo. A arma do General Thompson Com o fim da Primeira Guerra Mundial, as reações ao aparecimento da primeira submetralhadora prática, a alemã Bergmann M.P.18.I, ainda eram um tanto confusas. A maioria das autoridades militares tinha a opinião de que as condições de combate na chamada Frente Ocidental, em 1918 (luta de trincheira), eram muito específicas e não deveriam se repetir. Com isto em mente, portanto, um tipo de arma de fogo criada para aquela situação em particular seria inútil em futuros conflitos. A Comissão Aliada de Desarmamento não somente baniu as "subs" do novo e reduzidíssimo Exército da Alemanha como também destruiu vários protótipos experimentais existentes e toda a documentação técnica correspondente. Sob o ponto de vista histórico, uma verdadeira lástima! Algumas pessoas, porém, mantiveram o interesse pelo novo tipo de arma, ainda que fosse apenas para não perder tempo e dinheiro investidos durante a Guerra. Uma delas foi o General (da reserva) John Tagliaferro Thompson. Nascido em 31 de dezembro de 1860 em Newport, Kentucky, era filho de um oficial do Exército dos EUA e seguiu a mesma carreira do pai, graduando-se na Academia Militar de West Point em 1882. Até 1889, cursou as Escolas de Engenharia e Artilharia, sendo transferido, em 1890, para o Departamento de Armamento do Exército, onde destacou-se como especialista em armas leves e logística. Em 1904, participou nos famosos testes (tiros em gado e em cadáveres humanos) realizados pelo Coronel Louis LaGarde, para determinar o melhor calibre para armas curtas militares. O resultado foi uma recomendação para o desenvolvimento de um cartucho com projétil de cerca de meia polegada de diâmetro e de baixa velocidade, que transformar-se-ia no subseqüente .45 ACP. Ele havia decidido construir uma arma automática portátil com funcionamento no sistema "blowback", mas, achava ser necessário equipá-la com um dispositivo mecânico que retardasse -- sem, efetivamente, trancar -- a abertura da culatra, após cada disparo. Pesquisando os arquivos do Escritório de Patentes dos EUA, Thompson encontrou a de No. 1.131.319 (Breech Clusure for Firearms), em 318
nome de um Comandante (também da reserva) da Marinha chamado John Bell Blish. Era o sistema mecânico que ele achava que precisava para tornar sua arma uma realidade palpável. Por volta de 1915, Thompson e Blish chegaram a um acordo, segundo o qual o uso de seu sistema de retardo de abertura da culatra seria pago com uma determinada quantidade de ações da companhia que iria ser criada para fabricar armas. Faltava, "apenas", encontrar apoio financeiro para dar partida ao grande empreendimento. O dinheiro acabou vindo de Thomas F. Ryan, um rico empresário do setor de tabaco, e, em 1916, foi fundada a Auto-Ordnance Corporation. Das 40.000 ações da companhia, cerca de 18.000 ficaram com Ryan, 1.500 foram dadas a John Blish pelo uso de sua patente e umas 10.000 foram divididas entre membros da família Thompson. A Auto-Ordnance começou a funcionar com apenas dois empregados, Theodore H. Heickhoff, exassistente de Thompson no Exército e Engenheiro-Chefe da nova companhia, e George E. Goll, um ferroviário desempregado, contratado inicialmente para ser motorista de Thompson, mas que, por sua inteligência e criatividade mecânica, logo foi nomeado assistente de Heickhoff. Sob o comando e incentivo do General Thompson, estes dois foram os responsáveis diretos pela criação da nova arma. Num estágio posterior, receberiam a ajuda de mais um homem, Oscar Payne, em várias importantes modificações no projeto, como seu sistema de autolubrificação e os carregadores de alta capacidade, do tipo tambor. No primeiro semestre de 1917 a fábrica instalada em Cleveland, estado de Ohio, estava trabalhando intensamente, mas, os testes iniciais com protótipos demonstravam a existência de vários problemas. A trava Blish, por exemplo, não resistia às elevadas pressões de cartuchos de fuzil e, pior ainda, os estojos não eram extraídos adequadamente, a não ser que fossem lubrificados antes de entrarem na câmara (!), uma inaceitável característica para uma arma militar, que deveria funcionar sob as condições mais adversas. Em setembro de 1917, os testes já haviam determinado que somente um tipo de munição militar funcionaria direito com o sistema Blish, a .45 ACP, de pistola. Para surpresa de muitos, Thompson recebeu a notícia com tranqüilidade e, segundo Eickhoff, teria dito: "Muito bem. Deixaremos o fuzil automático de lado e construiremos uma pequena metralhadora para um só homem, portátil. Uma vassoura de trincheiras!" Seus comentários, obviamente, faziam referência à guerra de trincheiras que estava sendo travada na Europa, estática e com baixas enormes. Estava claro que táticas do Século 19 não combinavam com armas do Século 20. Cargas de cavalaria eram ineficazes contra metralhadoras modernas. Estas, no entanto, eram grandes e pesadas demais para serem usadas ofensivamente. Thompson logo viu que poder de fogo e táticas de grande mobilidade seriam a solução para acabar com aquela Guerra. Ele visualizou tropas de infantaria levando metralhadoras compactas e que tomariam as trincheiras de assalto e "varreriam" o inimigo com tiros automáticos. Foi, justamente, com isto em mente que Eickhoff abandonou o projeto original para trabalhar numa classe de arma de fogo que, até então, não existia. Protótipos e início da produção Na metade de 1918, quase todos os problemas de projeto já haviam sido resolvidos, restando, apenas, determinar a configuração externa da arma. O protótipo inicial (desenho ao lado), fabricado naquele mesmo ano, era desprovido de coronha e tinha uma aparência bem diferente daquela que seria adotada futuramente, possuindo uma pequena alavanca de manejo no lado direito, cano envolvido por uma jaqueta metálica (com perfurações próximas à câmara, para refrigeração) e era alimentado por um tipo, até hoje não bem 319
explicado, de fita de munição. Seguiuse uma série de aproximadamente uma dúzia de protótipos, todos igualmente sem coronha, genericamente conhecidos como Models of 1919. A arma de No. 1 foi batizada de Annihilator (Aniquiladora) e recebeu a opção de ser alimentada por um carregador convencional, do tipo cofre metálico, estando a pequena alavanca de manejo reposicionada na parte de cima da caixa da culatra. A No.2, por exemplo, já começou a ficar com a aparência que seria adotada nos primeiros lotes de série, perdendo a luva à volta do cano (que ganhou, por outro lado, anéis usinados perpendicularmente em sua parte externa) e já podendo usar tanto carregadores do tipo cofre vertical como os de tambor, de alta capacidade (50 ou 100 tiros). Exemplares posteriores apresentavam variadas modificações, em que seus projetistas procuravam definir a configuração final de produção. Aqui, deve ser ressaltado que todos estes modelos experimentais já levavam, gravado em seus corpos, o nome que foi criado para designar o novo tipo de arma, Submachine Gun (Submetralhadora). Logo em seguida, surgiram as expressões Thompson Submachine Gun e a bem mais popular Tommy Gun. Já estava nascendo uma lenda! Deve ser lembrado, ironicamente, que a Primeira Guerra Mundial terminou exatamente quando a Thompson se preparava para entrar em produção, o que levou a Auto-Ordnance a desenvolver um frenético esforço para interessar os militares na aquisição da nova arma. Sua primeira demonstração pública se deu em agosto de 1920, durante uma competição de tiro em Camp Perry, estado de Ohio, revestindo-se de fenomenal sucesso. Afinal de contas, nenhum dos ali presentes poderia ficar insensível ao ver o protótipo de uma arma extremamente compacta esvaziar um enorme carregador em formato de tambor, com 100 tiros, em apenas 4 segundos! O General Thompson, animado, aproximou-se da Colt Firearms Company. Queria que ela produzisse sua submetralhadora, sob contrato, e que, com a força da marca Colt e seu excelente relacionamento com as forças armadas, facilitasse o processo de comercialização. O fabricante, realmente impressionado com as características da arma, chegou a oferecer US$ 1 milhão para adquirir todos os direitos de produção, mas, a Auto-Ordnance não aceitou. Assim, a Colt foi contratada para produzir 15.000 mecanismos básicos de disparo (US$ 680.705) e peças sobressalentes (US$ 9.105), enquanto que a Remington Arms foi contratada para fazer as coronhas de nogueira (US$ 65.456) e a Lyman Gun Sight Corporation, alças de mira reguláveis (US$ 69.063). Um suprimento de material que, diga-se de passagem, atenderia à demanda por quase 20 anos. As primeiras submetralhadoras que saíram da linha de produção de Hartford, Connecticut, no final de março de 1921, eram do chamado Model of 1921 (ou, simplesmente, M1921). Diversos exemplares foram enviados a unidades do Exército e Corpo de Fuzileiros Navais, para avaliação, enquanto que outros, nas mãos de vendedores da Auto-Ordnance, percorreram a Europa em demonstrações para os militares. Onde quer que fossem apresentadas, as Thompsons eram entusiasticamente recebidas e aclamadas, mas, sem gerar as esperadas encomendas. As condições econômicas do após-Guerra, em forte depressão, deixavam pouquíssimo dinheiro disponível para armas, principalmente, "experimentais", sem qualquer história de participação em combate. O próprio Exército dos EUA não se aproveitava do preço relativamente baixo da "sub", cerca de US$ 250, e preferia gastar consideráveis US$ 650 numa já antiquada metralhadora leve Lewis. 320
Na ausência de compras militares, a AutoOrdnance decidiu concentrar seus esforços comerciais na área policial, conseguindo alguns contratos com as polícias locais de New York, Boston e San Francisco, mais as estaduais da Pennsylvania, Massachusetts, West Virginia, Connecticut e Michigan. Ainda assim, até 1925, somente umas três mil Tommy Guns haviam sido vendidas. Até mesmo o mercado civil foi incentivado, como um famoso anúncio (ao lado) veiculado naquela época, mostrando um típico cowboy defendendo seu rancho de assaltantes e ladrões de gado ... com rajadas de uma Thompson! Por mais incrível que isto possa parecer nos dias de hoje, uma arma deste tipo podia ser legal e livremente comercializada, em lojas ou pelo correio, e possuída nos Estados Unidos até 1934, quando a implementação do National Firearms Act acabou com tal liberdade. A entrada em vigor, em janeiro de 1920, da chamada "Lei Seca" (Volstead Act), que tornou ilegal a importação, fabricação e venda de bebidas alcoólicas, foi seguida de uma rápida e violenta escalada do crime nos EUA. E não demorou muito para que os gangsters passassem a usar submetralhadoras Thompson em suas disputas internas e enfrentamentos com a polícia, pagando por elas de cinco a dez vezes mais, no mercado negro, do que o preço nas lojas. A Tommy Gun passou a ficar associada a nomes como Al Capone, Machine Gun Kelly e John Dillinger (foto). Mas, a efetiva entrada da Thompson em serviço militar nos Estados Unidos seguiu caminhos bem, digamos assim, tortuosos. Em 1926, após um audacioso assalto a um caminhão postal em New Jersey, o US Post Office (Correio dos EUA) conseguiu auxílio do US Marine Corps (Corpo de Fuzileiros Navais) para realizar serviços especiais de guarda, adquirindo 250 "subs" para armar aqueles militares. Algumas semanas depois, ao fazerem uma intervenção armada na Nicarágua, os Marines levaram suas Thompsons, que também os acompanharam, em 1927, em missões na cidade de Xangai, na conturbada e violenta China daquela época. Os resultados foram excepcionais, e a Marinha (a quem os Fuzileiros Navais eram subordinados) formalmente adotou a submetralhadora Modelo 1928. Tratava-se, em essência, da tradicional M1921 com algumas modificações, tais como a redução da cadência cíclica de tiro (de 1.000 para 800 disparos por minuto), adoção permanente do famoso compensador Cutts na boca do cano (para diminuir a tendência da arma "subir", em rajadas) e a troca do charmoso punho vertical de apoio por um guardamão horizontal, de madeira. Até os momentos que antecederam a Segunda Guerra Mundial, a produção total de Thompsons havia atingido a marca de aproximadamente 15 mil unidades, das quais, menos de 400 (quatrocentas, mesmo!) M1928A1 haviam sido adquiridas pelo US Army (Exército dos EUA). Todavia, o clima político na Europa estava esquentando e as coisas iriam mudar muito. Segunda Guerra Mundial Quando o futuro da Auto-Ordnance parecia seriamente ameaçado, a França fez uma encomenda de três mil Thompsons, em novembro de 1939, no valor de US$ 750.000, mais 30 milhões de cartuchos para as mesmas. Quase ao mesmo tempo, a Grã-Bretanha fez um consulta para assinar um contrato 321
semelhante, o que acabaria com o estoque original de armas feitas pela Colt. Um novo contrato de produção, desta vez com a Savage Arms Company, de Utica, New York, foi assinado, garantindo o fornecimento das novas "subs" para os novos clientes. Somente entre fevereiro e agosto de 1940, os britânicos fizeram 13 encomendas consecutivas, totalizando 107.500 armas, e seu entusiasmo pelo produto foi tal que o Primeiro Ministro Winston Churchill posou para várias fotos com uma Tommy Gun nas mãos. Os franceses pediram mais 3.000 unidades, mas, a invasão alemã de seu território impediu que recebessem qualquer Thompson. Em dezembro de 1940, o Exército dos EUA fez, finalmente, uma encomenda de 20.450 unidades. Para atender a esta incrível demanda, a Auto-Ordnance alugou uma velha fábrica de freios automotivos, em Bridgeport, Connecticut, em agosto de 1940, adaptando-a para produzir componentes (caixas de culatra) e fazer montagens finais com partes oriundas da Savage e de outras subcontratadas. Em agosto de 1941, a nova unidade industrial já estava funcionando, bem a tempo de atender à maior de todas as encomendas do Exército dos EUA : 319.000 armas. Em fevereiro de 1942, 500.000 Thompsons já haviam sido entregues, a produção combinada das várias linhas de montagem atingindo 90.000 armas por mês na metade daquele ano. Finalmente, em 1944, a produção da "sub" chegou ao fim, com um total de 1.750.000 exemplares completos e sobressalentes que correspondiam a umas 250.000 armas adicionais. A maioria das Thompsons saiu da fábrica Savage (prefixo "S" no número de série, no lado esquerdo da caixa da culatra), enquanto que as armas fabricadas pela Auto-Ordnance em Bridgeport levam o prefixo "A.O." Com a Segunda Guerra Mundial, portanto, o Exército dos EUA finalmente reconheceu a necessidade de possuir submetralhadoras, embora também tivesse que admitir que a sua Tommy Gun era ... obsoleta!. Comparada às MP38/MP40 alemãs, era mais pesada, mais complexa de fabricar e, sobretudo, bem mais cara. Ainda assim, tinha uma vantagem indiscutível: a M1928A1 era a única "sub" sendo produzida em massa pelos países Aliados naquela ocasião. Ao longo da Guerra, a Thompson sofreu diversas modificações para agilizar e baratear sua produção. Uma das primeiras foi a eliminação da complexa alça de mira Lyman, ajustável (até 600 metros), que deu lugar a uma simples alça fixa (100 metros) em forma de "L". Também acabaram sendo eliminadas as aletas circulares e transversais usinadas ao longo da parte posterior do cano, que passou a ser totalmente liso, assim como foi eliminada a usinagem fina na alavanca (botão) de manejo e nos seletores de tiro e segurança. A armas fabricadas pela Savage, em especial, acabaram recebendo modificações ainda mais importantes. Como a eliminação do tal retardador Blish, que mostrou-se desnecessário numa "sub", passando a Thompson a funcionar por sistema "blowback" tradicional. Outras modificações incluíram o reposicionamento da alavanca de manejo (do alto para o lado direito da caixa da culatra), a permanente fixação da coronha à arma e a remoção do caro (e, na prática, dispensável) compensador Cutts. Isto tudo resultou, em abril de 1942, na Thompson M1, substituída, a partir de outubro do mesmo ano, pela M1A, ainda mais simplificada. É que o sistema de disparo, com martelo e percussor, foi substituído por um percutor fixo, usinado na face do ferrolho. Ah, sim: as M1/M1A1 não podiam usar os famosos (mas, muito caros e pesados) carregadores do tipo tambor, limitando-se aos do tipo cofre vertical, de 20 ou 30 tiros. 322
Uma M1A1 podia ser produzida na metade do tempo levado para fazer uma M1928A1, e bem mais barato. Em 1939, uma Thompson custava US$ 209 ao Governo dos EUA; em 1942, este valor havia baixado para US$ 70; em fevereiro de 1944, uma M1A1, completa com acessórios e sobressalentes, saía por apenas US$ 45. Desnecessário mencionar que, durante a Segunda Guerra Mundial, a AutoOrdnance lucrou tremendamente com sua Tommy Gun. Em 1944, as vendas combinadas de todos modelos já haviam totalizado cerca de US$ 130 milhões, o que gerou um lucro de aproximadamente US$ 14.845.000. A última entrega oficial ao Exército, de 2.091 "subs", foi em fevereiro de 1944, quando a Thompson já havia sido oficialmente substituída pela M3 Grease Gun, feia e barata, mas, funcional. Vale a pena recordar que o processo que resultou na adoção da acima mencionada M3 havia começado anos antes. Já em 1942, o Campo de Provas de Aberdeen estava avaliando diversos novos projetos de submetralhadoras em calibre .45 ACP para chegar à arma "econômica". Um dos protótipos testados foi o da chamada Modelo T2 (desenho acima), havendo sido submetido pela própria Auto-Ordnance. Aparentemente projetada por um certo William D. Hammond, de Los Angeles, utilizava o mesmo carregador vertical de 20 tiros da Thompson, atirando com a cadência cíclica de 600 tiros por minuto. Seu peso era de aproximadamente 3,6 kg, havendo sido construído, também, pelo menos um protótipo em calibre 9 x 19 mm. O desempenho deixou a desejar, de modo que o contrato para a nova "sub" acabou indo para a concorrente T15 (futura M3), da Divisão Inland da General Motors. No final da Guerra, a fábrica de Bridgeport teve suas máquinas de produção de armas substituídas por outras, para rádios, toca-discos e outros produtos de consumo civil. Tudo o que se referia à produção de Thompsons foi encaixotado e guardado em depósitos. Em 1949, houve um grande interesse do Egito em comprar todo o estoque de material e os direitos de produção da arma, pela soma de US$ 385.000, mas, o negócio acabou não sendo concretizado. Em outubro de 1951, o estoque completo de sobressalentes foi vendido à Numrich Arms Corporation (hoje, Gun Parts Corporation) e, para surpresa de todos, 86 Thompsons novinhas em folha foram achadas entre os caixotes e, imediatamente, registradas junto às autoridades competentes. As armas comercializadas incluíam versões normais de tiro seletivo (M1928 e M1), carabinas semi-automáticas com cano de 16 polegadas (M1927A-1 e M1927A-1C, versão dita "leve", fabricada com componentes de ligas leves), uma chamada "pistola semi-automática" (M1927A-5, sem coronha e com cano de 13 polegadas) e uma carabina em calibre .22LR (M1927A-3, cano de 16 polegadas e pesando apenas 3,2 kg). No início dos anos 70, George Numrich, o proprietário, vendeu a Auto-Ordnance Corporation a um antigo funcionário, Ira Trast, que iria produzir e comercializar uma versão semi-automática e com cano de 16 polegadas (M1927A1) da Thompson para o mercado civil e, também, modelos normais de tiro seletivo, para polícias e exportação. Em fevereiro de 1999, a firma foi adquirida pela Kahr Arms, de Blauvelt, New York, que continua comercializando diversas versões da histórica arma do General John Tagliaferro Thompson. Típica representante das submetralhadoras de "primeira geração", a Thompson era uma complexa peça de engenharia bélica, sobretudo no que dizia respeito aos cinco elementos distintos que faziam o retardamento da abertura da culatra, nos modelos iniciais. Ainda assim, sempre foi considerada uma arma confiável, capaz de funcionar adequadamente nas habitualmente árduas condições de combate. 323
Certamente pesada (uma M1928A1, com carregador de 20 tiros, chega a quase 6 kg), oferece, todavia, uma boa plataforma de tiro e adequadas estabilidade e controlabilidade em rajadas. Sob todos os aspectos, a clássica das clássicas! As especificações básicas, a seguir, referem-se ao Modelo 1921 (M1/M1A1, entre parênteses, quando diferente): comprimento do cano, 267 mm; comprimento total, 857 mm (813 mm); peso vazio, 4,9 kg (4,7 kg); cadência cíclica média, 800 tiros/min (700 tiros/min). O protótipo No. 2 da série Modelo 1919, como os demais, não possuía coronha, mas, já apresentava uma configuração bem parecida com a que seria adotada nas armas de série, como o cano aletado e o formato das empunhaduras.
Este outro protótipo, o No. 8, destaca-se pela localização da empunhadura de tiro, bem para trás, na caixa da culatra. Observar, também, a diminuta alavanca de manejo, no alto da arma.
(ESQ.): Nesta antiga foto de propaganda da Auto-Ordnance, dois genuínos policiais da cidade de New York posam com Thompsons M1919 nas mãos... e dedos nos gatilhos! Observar que as armas não possuem coronhas nem miras. (DIR.): Um orgulhoso John Tagliaferro Thompson posando com sua "cria", durante uma demonstração. A primeira versão da Thompson fabricada em série foi a M1921, vista aqui um carregador do tipo tambor, para 100 tiros, colocado a seu lado e que pesava, cheio, 3,9 kg. Este exemplar da arma não está equipado com o compensador Cutts.
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Logo que as primeiras M1921 ficaram prontas, equipes de demonstração, juntamente com o próprio General Thompson, percorreram diversos países europeus. Na foto, George E. Goll, o demonstrador oficial da arma, dispara uma rajada diante de interessados oficiais britânicos em Camp Bisley, perto de Londres, no verão de 1921.
Uma M1921 com a coronha de madeira destacada e os quatro tipos de carregadores que podia usar (esq. para dir.): de 100, 50, 30 e 20 tiros.
Uma típica M1928A1 fabricada pela Auto-Ordnance, observando-se a substituição da empunhadura vertical de apoio por um guardamão horizontal, de madeira, e o uso do compensador Cutts, na boca do cano. O carregador tem capacidade para 30 cartuchos. Esta Thompson é representativa das versões finais da M1928A1, em que a sofisticada e cara alça de mira regulável Lyman foi substituída por uma simples alça fixa de abertura, em forma de "L", enquanto que o cano apresenta-se liso, sem os anéis usinados.
Entre os usuários iniciais da famosa submetralhadora estava o FBI Federal Bureau of Investigation. Aqui, vários "federais" treinam com suas M1928 num estande de tiro em Quantico, Virginia, sede daquela agência federal dos EUA.
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As M1 e M1A1 são externamente idênticas, diferindo somente no sistema de percussão (martelo e percussor, na M1, e percutor fixo, na M1A1). Observar o reposicionamento da alavanca de manejo, no lado direito da caixa da culatra, as abas de proteção (nem sempre usadas) para a alça de mira e o grande parafuso transversal de fixação da coronha à arma. Estes modelos simplificados não podem empregar os carregadores do tipo tambor. Todas as Thompsons, como esta M1928 fabricada pela Colt, têm a mesma disposição dos principais comandos, reunidos no lado esquerdo da arma: (A) seletor de tiro (FULLAUTO, para frente; SINGLE, para trás); (B) registro de segurança (FIRE, para frente; SAFE, para trás); (C) retém do carregador (libera, empurrado para baixo).
Detalhes característicos da M1921 e da maioria das M1928: compensador Cutts, cano com anéis usinados e empunhadura vertical de apoio. A Thompson esteve em ação em todas as frentes de combate da Segunda Guerra Mundial. Na foto da esquerda, uma M1928A1 com um soldado da Nova Zelândia, durante a batalha de Cassino, na região central da Itália. Na outra, um pára- quedista do Exército dos EUA embarca num C-47 pouco antes de uma missão na Europa, levando, firmemente presa ao corpo, uma M1/M1A1. 325
O Brasil foi um dos muitos usuários internacionais da Thompson, sobretudo após o término da Segunda Guerra Mundial, quando grandes quantidades foram repassadas pelos EUA para nossas Forças Armadas. Por iniciativa do Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro, do Exército, alguns exemplares foram modificados (canos e guarda-mãos encurtados), visando a tornar a "sub" mais compacta e prática para uso. As fotos acima mostram algumas dessas armas: duas M1921 e uma M1. Observar que esta recebeu oito perfurações na parte superior do cano, próximo à boca, para atuar como compensador integral (foto ao lado). Modelo experimental norteamericano da Thompson em calibre 9 x 19 mm, testado na época da Segunda Guerra Mundial. Nota-se o carregador curvo e uma mistura de características da M1928 (alavanca de manejo) e das posteriores M1/M1A1 (cano). Na Grã-Bretanha, entre 1926 e 1929, a BSA - Birmingham Small Arms, fez alguns modelos puramente experimentais, com aparência mais de carabinas do que de "subs", em variados calibres, como este em 9 mm Bergmann Bayard.
Curioso protótipo de uma M1928 feito no Campo de Provas de Aberdeen, do Exército dos EUA, no início de 1942. Possuía uma coronha reta e, por isso, miras elevadas. 327
Outro interessante protótipo, feito pela própria Auto-Ordnance, foi esta versão da dimensionada para o calibre .30 M1 Carbine. Tinha cano de 368 mm e um comprimento total de pouco mais de 900 mm, mas, seu peso de cerca de 4,5 kg era excessivo para o tipo de arma que o Exército tinha em mente. A eventualmente adotada carabina M1 pesava 3,4 kg.
Certamente, a mais radical transformação sofrida pela Thompson foi uma tentativa de fazer dela um fuzil automático para apoio leve de Infantaria, nos moldes do famoso BAR - Browning Automatic Rifle. Este protótipo experimental, aparentemente completado no final de 1943, foi dimensionado para disparar o então regulamentar cartucho .30-06, recebendo considerável alongamento na caixa da culatra, um carregador próprio de 20 tiros e cano longo. O tubo que se projeta para trás, na caixa da culatra, é uma extensão do alojamento da mola recuperadora. Notar que a arma não chegou a receber aparelho de pontaria. Apesar de suas linhas lembrarem muito uma Thompson, a arma da foto foi um protótipo testado pelo Exército dos EUA, para possível adoção. Criada pelo projetista George J. Hyde, esta submetralhadora foi submetida à apreciação dos militares pela firma ATMED Manufacturing Company. Também em calibre .45 ACP, tinha cano aletado de 292 mm de comprimento e pesava aproximadamente 4,3 kg. Mais uma tentativa que não deu certo...
Na década de 1930, os chineses andaram fabricando cópias da Thompson M1921. Este exemplar foi encontrado na Coréia, em 1951.
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ESTADOS UNIDOS
UD-1
Esta curiosa submetralhadora foi projetada e construída pela United Defense Supply Corporation, organização criada em 1941 pelo Governo dos Estados Unidos -- naquela época, neutro -- com a finalidade específica de desenvolver e fornecer armamentos às diversas nações Aliadas envolvidas na Segunda Guerra Mundial. Em abril de 1943, um protótipo foi, informalmente, submetido a alguns testes no Campo de Provas de Aberdeen, do Exército, para uma avaliação preliminar de suas potencialidades. Foi reprovado. A UD-1 era uma arma de calibre conversível (9 x 19 mm ou .45 ACP), cuja transformação de um calibre para o outro requeria, apenas, a troca do cano, sem que houvesse a necessidade de mudar o ferrolho, como seria de se esperar. O cano que não estivesse em uso era aparafusado num suporte basculante existente na parte superior da fina empunhadura, que, girado para trás, transformava-se numa rudimentar coronha. Fora esta peculiaridade, a "sub" era de funcionamento em "blowback" convencional e de tiro seletivo, existindo um registro no lado direito com as posições de segurança, semi-automático e automático (cadência cíclica bem elevada, em torno de 1.100 tiros por minuto). A caixa da culatra era cilíndrica, com o carregador tipo cofre sendo encaixado na lateral esquerda, a janela de ejeção ficando do lado oposto. A maior parte do cano era envolvida por uma camisa perfurada de proteção térmica, consistindo o aparelho de pontaria numa alça fixa em abertura e numa massa tipo lâmina. Maiores detalhes sobre a UD-1 são desconhecidos.
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ESTADOS UNIDOS
UD M42
Esta arma calibre 9 x 19 mm foi projetada pouco antes da Segunda Guerra Mundial por Carl G. Swebilius, sendo as patentes requeridas em outubro de 1940 em nome da High Standard Corporation, da qual tinha sido o fundador e que fabricou alguns protótipos. Através da United Defense Supply Corporation, firma de fachada do Governo dos EUA, foi assinado um contrato com a Marlin Firearms Company para sua fabricação, o que ocorreu a partir de 1942 (daí sua designação de Modelo 1942), qualquer coisa como 15.000 exemplares havendo sido produzidos. O destino exato dessas armas nunca foi bem conhecido, mas, sabe-se que foi empregada em muitas operações secretas do OSS (Office of Stretegic Studies), precursor da CIA. Alguns poucos protótipos foram feitos em calibre .45 ACP. De excelente acabamento e quase toda feita em usinagem, a M42 é de operação "blowback", com percussor e martelo, e tiro seletivo (cadência cíclica de 700 disparos por minuto), tendo ganho uma boa reputação por sua precisão e confiabilidade, mesmo operando em condições ambientais adversais (lama, areia). A alavanca de manejo, do lado direito, não é solidária com o ferrolho e, após a ação de armar, fica imóvel à frente durante o tiro. Após esvaziar-se o carregador, o ferrolho fica na posição aberta. Seus carregadores de 20 tiros são uma adaptação dos usados na Thompson, bifilares e com alimentação em posições alternadas. Um detalhe próprio é que, normalmente, já vinham presos em duplas, pela parte de trás, o que lhes dava uma capacidade combinada de 40 tiros e agilizava o processo de troca. A coronha de madeira vinha de fuzis esportivos, existindo uma empunhadura vertical de apoio, do mesmo material. O cano tinha 280 mm de comprimento, sendo de 820 mm o comprimento total da arma. Seu peso vazio é de 4,2 kg.
Versão experimental da M42, em que a coronha foi substituída por uma simples empunhadura do tipo pistola.
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A arma é vista aqui com apenas um carregador de 20 tiros. Como na Thompson, seu encaixe na "sub" era feito por um trilho existente na parte de trás.
UD M42 desmontada para limpeza de rotina.
O seletor de tiro, no lado direito da arma.
(ESQ.): As armas de série eram marcadas como fabricadas pela United Defense Supply Corp., mas, na realidade, foram todas feitas pela Marlin Firearms, cuja cidade de origem (New Haven, Connecticut) é indicada. (DIR.): Alguns protótipos foram fabricados pela High Standard Corp., recebendo, assim, a gravação correspondente.
Consta que o principal operador da UD M42 durante a Segunda Guerra Mundial foi o OSS - Office of Strategic Studies, órgão que deu origem à CIA - Central Intelingence Agency.
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ESTADOS UNIDOS
Viking Lançada no mercado no início da década de 1980 pela Weapons Systems , Inc. de Malden, estado de Massachussets, a Viking foi mais um daqueles peojetos que acabaram não dando comercialmente certo, simplesmente, por estar o mercado já abarrotado de submetralhadoras disponíveis. Em calibre 9 x 19 mm, de operação "blowback" convencional e tiro seletivo (cadência cíclica: 700-800 disparos por minuto), possui o carregador (20 ou 36 tiros) posicionado no interior da empunhadura. Um guarda-mão plástico proporciona apoio para o tiro. A caixa da culatra é cilíndrica, com a alavanca de manejo inclinada cerca de 45 graus para a esquerda, enquanto que a coronha retrátil é do tipo vergalhão, dentro da muito copiada configuração da M3 "Grease Gun", da época da Segunda Guerra Mundial. O cano, com 216 mm de comprimento, é dotado de um pequeno compensador, sendo de 584 mm o comprimento total da arma (380 mm, com a coronha fechada). O peso vazio é de 3,5 kg.
Submetralhadora Viking dotada de supressor de ruído e mira do tipo Aimpoint.
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ESTADOS UNIDOS
Weaver PKS-9 Ultralite
Comercializada, sem muito sucesso, na metade de década de 1980 pela Weaver Arms Limited, de Escondido, Califórnia,, esta submetralhadora em calibre 9 x 19 mm e tiro seletivo (cadência cíclica: 1.000 tiros por minuto) é construída basicamente de componentes em microfusão de alumínio e aço inoxidável, nas partes mais sujeitas e esforços. O ferrolho, quando fechado, envolve cerca de 80 mm do cano de 181 mm de comprimento, mas, mesmo assim, a arma fiou comprida demais (416 mm, sem a coronha metálica rebatível). Apesar do alojamento do carregador (15, 30 ou 42 tiros) estar situado numa posição central que o permite ser utilizado como empunhadura de apoio (possui, até, placas de material sintético e encaixe para os dedos), uma terceira empunhadura existe mais à frente, dando à PKS-9 um aspecto bem peculiar. A mesma companhia também colocou no mercado uma carabina semi-automática chamada Nighthawk, com cano de 409 mm e bastante redesenhada.
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FINLÂNDIA
Jati-Matic (GG-95 PDW) Esta curiosa submetralhadora em calibre 9 x 19 mm foi criada no final da década de 1970 pelo projetista Jaati Tumari e fabricada até aproximadamente 1987 anos pela Tampeeren Asepaya Oy, com apenas umas 500 unidades produzidas. Em 1995, surgiu novamente no mercado, desta vez, sob a designação de GG-95 PDW e produzida pela Oy Golden Gun Ltd. Apesar de seu funcionamento em "blowback" convencional, a arma apresenta um razoável número de peculiaridades, a começar pela sugestão de ser utilizada, principalmente, no tiro a partir de uma posição dita de assalto, à altura da cintura do operador, muito embora possua uma opcional coronha rebatível. Sendo bem leve (1,8 kg, vazia), sua controlabilidade em tiro rajadas, foi buscada através de uma combinação de reduzida (cerca de 650 tiros por minuto) cadência cíclica e adequada ergonomia. O ferrolho faz o movimento de recuo deslocando-se num plano inclinado em relação ao eixo do cano, ao mesmo tempo que exerce uma certa pressão sobre a parte inferior da caixa da culatra. Além disso, a empunhadura principal fica numa posição mais elevada, deixando a mão do operador virtualmente no eixo de tiro. A seleção entre tiro semi-automático e automática é feita por pressão crescente na tecla do gatilho. Inusitadamente, a empunhadura dianteira, de apoio, também funciona como alavanca de manejo e, quando rebatida para trás, bloqueia o ferrolho tanto na posição aberta como fechada, constituindo-se em eficaz sistema de segurança aplicada. Deve ser ressaltado que, embora utilizando munição 9 x 19 mm, a Jati-Matic é otimizada para disparar projéteis de 123 "grains", com velocidade iniciais em torno de 360 a 400 metros por segundo. Outros cartuchos podem necessitar de modificações na mola recuperadora. Carregadores de 20 ou 40 tiros estão disponíveis, sendo do tipo Carl Gustaf/S&W M76. Com um cano de 203 mm, a arma tem um comprimento de 375 mm. Esta foto ilustra bem o ângulo mais elevado do cano em relação ao corpo da arma, cujo objetivo é aumentar sua estabilidade em tiro automático.
Jati-Matic dotada de supressor de ruído do Tipo Reflex, também de fabricação finlandesa, mira de ponto vermelho e, na sua frente, um apontador laser.
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FINLÂNDIA
m/-44
Esta submetralhadora em calibre 9 x 19 mm nada mais é que uma cópia da russa PPS-43, produzida (cerca de 10.000 exemplares) localmente em 1944 e que, até a década de 1960, equipou as Forças Armadas Finlandesas. Inicialmente, as armas usavam um carregador Suomi do tipo tambor, com capacidade para 71 tiros, mas, a partir da década de 1950, passou a utilizar carregadores Carl Gustaf, do tipo cofre vertical, de 36 tiros. Com um cano de 245 mm de comprimento, a m/-44 tem um comprimento total de 830 mm (620 mm, com a coronha rebatida) e peso vazio de 2,9 kg. Com o carregador de 71 tiros, totalmente municiado, pesa 4,8 kg, enquanto que com o de o de 36 tiros, nas mesmas condições, seu peso é de 3,6 kg.
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FINLÂNDIA
PELO Esta submetralhadora em 9 x 19 mm surgiu no início da década de 1950, havendo sido projetada pelo Capitão Carl Pelo, do Exército Finlandês, alguns protótipos chegando a ser construídos na fábrica Sako. Testes oficiais com a arma foram realizados por volta de 1956, mas, àquela altura dos acontecimentos, os militares locais estavam mais interessados em adotar um fuzil de assalto em calibre intermediário (7,62 x 39 mm), optando por não adotar uma nova "sub". De operação "blowback" e atirando apenas em regime automático (cadência cíclica não especificada), a arma apresenta uma coronha de madeira destacável, sem a qual tem um comprimento de 390 mm (cano de 225 mm). Seu peso vazio é de 2,1 kg. A caixa da culatra é um tubo cilíndrico e o ferrolho usado é do tipo envolvente, contribuindo para a relativa compacidade da PELO. A alavanca de manejo fica a 90 graus no lado direito e a segurança aplicada consiste numa pequena tecla deslizante, no lado esquerdo e logo acima da empunhadura, que, levada para cima e cobrindo uma letra "F" ali existente, bloqueia o mecanismo de disparo. A singularidade da arma, entretanto, está no carregador. Trata-se de uma unidade permanente fixa à mesma e rebatível para a frente, para torná-la ainda mais compacta, para transporte. Seu municiamento era feito por "pentes" de metal estampado, contendo 30 cartuchos, fornecidos pela fábrica. Abrindo-se, para baixo, a lateral direita do carregador, sua mola era tensionada e a munição, colocada toda de uma só vez, ficando a "sub" pronta para uso. Ao esgotar-se a munição, a tal tampa lateral do carregador era aberta, ejetando o "pente" vazio. Este, aparentemente, complicado procedimento tinha a intenção de evitar falhas de alimentação, já que os cartuchos vinham adequadamente posicionados, de fábrica. A arma sem a coronha de madeira e com o carregador rebatido para a frente, tornando-a bem compacta, para transporte.
A PELO desmontada, para limpeza de rotina.
A lateral do carregador aberta, com um "pente" de 30 tiros no lugar e outro, ao lado. 336
FINLÂNDIA
Suomi
A geograficamente fria Finlândia pode orgulhar-se de ter criado uma série de submetralhadoras bastante "quentes" e de excelente qualidade, surgidas a partir da segunda metade da década de 1920 e com uma carreira de serviço que se estendeu até bem depois da Segunda Guerra Mundial. Foram as genericamente chamadas de Suomi (na realidade, o nome do país no idioma local), criadas pelo renomado projetista finlandês Aimo Johannes Lahti (1896-1970). Primeiros protótipos e a "pré-Suomi" A primeira Konepistooli (Pistola-metralhadora, no idioma local) criada pelo então jovem armeiro do Exército da Finlândia surgiu por volta de 1920-21, sendo dimensionada para o cartucho 7,65 mm Browning (.32 ACP). Media apenas 300 mm de comprimento e foi considerada muito confiável, mas, a munição usada era muito fraca para uso militar. Presume-se que a cadência cíclica da arma, em tiro automático, era muito alta, o que teria levado Lahti a projetar um sistema pneumático para remediar o problema. Lamentavelmente, tanto este primeiro protótipo como seus desenhos foram perdidos. O protótipo seguinte, em calibre 7,65 mm Parabellum (7,65 x 21 mm) e construído em 1922 pela firma Leskinen & Kari, foi a arma que serviu de base para a Suomi m/22 e para a concessão das necessárias patentes, em nome do próprio Aimo Lahti e de dois tenentes do Exército, Y. Koskinen e L. Boyer-Spoof. Estes, juntamente com seu oficial-comandante, o Capitão V. Korpela, fundaram a companhia Konespistooli Oy, para cuidar da fabricação seriada das armas. A chamada KP/-26, ou Modelo 26 (na foto, sendo disparada por seu criador), que veio a seguir e cuja produção foi relativamente pequena, também era oferecida, para exportação, nos calibres 7,63 mm Mauser e 9 x 25 mm Mauser "Export", sendo bem caracterizada pelo carregador de 36 tiros, com proeminente curvatura ditada pelo formato dos cartuchos usados, do tipo "garrafinha" . Foi, talvez, a primeira "sub" a oferecer um simples sistema de troca de canos, também dispondo de uma regulagem pneumática, na extremidade posterior da caixa da culatra, permitindo ao operador variar um pouco sua cadência cíclica em rajadas, em torno de 750 tiros/min. O controle de 337
segurança e seleção de tiro (semi-automático e automático) era realizado por um registro rotativo, no lado direito da arma, entre a tecla do gatilho e o alojamento do carregador. Os pesquisadores costumam chamar este e outros modelos da mesma época de "pré-Suomi", por ainda não incorporarem uma série de aperfeiçoamentos patenteados por Aimo Lahti no período de 1930-31. O mais prático e simples foi o já mencionado sistema de redução de cadência de tiro, utilizado em todas as Suomi desde 1930. KP/-31: a Suomi definitiva
Algumas modificações importantes foram adotadas pelo Modelo 1931 (KP/-31), cuja fabricação ficou a cargo da firma Tikkakoski Oy, uma multinacional com base na Finlândia que havia adquirido os direitos de produção da arma e cujo principal acionista era um alemão chamado Willi Daugs. Curiosamente, o batismo de fogo da submetralhadora finlandesa deu-se fora do país de origem, na América do Sul, durante a Guerra do Chaco (1932-1935), entre a Bolívia e o Paraguai, e na Guerra Civil Espanhola. Exportações significativas foram feitas, em toda a década de 1930, para países sul-americanos, da região do Báltico e Polônia. Durante a Segunda Guerra Mundial, vendas também foram realizadas para a Alemanha, Bulgária, Croácia, Dinamarca, Suécia e Suíça. Licenças de fabricação foram concedidas para a Dinamarca (Madsen), Suécia (Husqvarna) e Suíça (Hispano-Suiza). A maior parte das armas produzidas na Finlândia, todavia, foi adquirida pelas forças armadas locais, havendo cerca de quatro mil KP/-31 nas mãos de suas aguerridas tropas (foto), quando os Russos resolveram invadir aquele país, em novembro de 1939, dando início à chamada Guerra do Inverno (1939 1940). Quantidades bem superiores foram empregadas no "segundo round" daquele conflito (1941-1944) e, ali, ficou demonstrado para o mundo que as submetralhadoras eram bem mais do que "armas auxiliares" para uso de motoristas, guarnições de blindados ou sentinelas de quartéis: eram reais e eficazes instrumentos de combate! 338
A Suomi sempre se caracterizou pela robustez e excelente qualidade de seus componentes. Os canos eram, inicialmente, adquiridos da Birmingham Small Arms, na Inglaterra, mas, a partir de 1930, passaram a ser fabricados na Finlândia, tanto pela própria Tikkakoski Oy como pela oficina de um renomado armeiro local, Joonas Matarainen, que também fazia canos para fuzis de competição. Cada KP/-31 sempre vinha com dois canos, e a troca deste componente não necessitava de reajuste ("clicagem") do aparelho de pontaria. Aliás, a prova final de aceitação da arma, na fábrica, era uma série de 10 tiros num alvo de 10 cm de diâmetro, a 100 metros, devendo todos os impactos ali acertarem. Agrupamentos de 1 MOA (2,5 cm) ou menos não eram incomuns... Características técnicas A KP/-31 funciona no mais tradicional sistema "blowback", a partir da posição aberta, possuindo caixa da culatra e ferrolho cilíndricos montados sobre uma coronha de madeira fixa, num tradicional formato de carabina. O cano, facilmente trocável, é envolvido por uma jaqueta metálica, com grandes aberturas longitudinais, cujo objetivo é proteger o operador de queimaduras, quando excessivamente aquecido. Uma variante surgida a partir de 1942, a KP/-31 SJR (foto: Juha Hartikka), incorpora um freio de boca/compensador usinado, que se projeta da parte anterior da camisa do cano, mas, devido às baixas pressões geradas pela munição utilizada, não oferece qualquer efeito prático adicional. O próprio Lahti não gostava dele, argumentando que a parte da frente da jaqueta original, oblíqua, já proporcionava resultado adequado. Mais ainda: em baixas temperaturas (algo bastante comum, na Finlândia), resíduos de pólvora e da espoleta costumavam acumular-se na câmara do compensador e, no tiro, projetavam-se de volta para a caixa da culatra, através do cano, causando ocasionais bloqueios do ferrolho. O ferrolho (foto: Juha Artikka) é uma peça usinada em aço de cromo-níquel sueco, possuindo percutor fixo (sem martelo), embora o mesmo seja removível, para troca em caso de quebra. A alavanca de manejo fica na extremidade posterior da caixa da culatra, para a direita, não sendo solidária com o ferrolho, durante o tiro. À frente do guarda-mato (proteção da tecla do gatilho) existe um seletor de segurança e regime de tiro: puxado todo para trás, trava o ferrolho na posição aberta ou fechada; na posição central, coloca a arma em regime semi-automático; levado todo para a frente, seleciona o tiro automático. 339
Os carregadores O primeiro tipo de carregador empregado pela Modelo 1931 era do tipo cofre vertical, com capacidade para 20 tiros, mas, que podia receber até uns 25 cartuchos, devidamente "espremidos". Isto, entretanto, costumava resultar em incidentes de alimentação, além de enfraquecer a mola, este modelo de carregador sendo descontinuado durante a Guerra de Inverno. Um carregador bem compacto (145 mm de diâmetro), do tipo tambor e com capacidade para 40 cartuchos, foi posteriormente introduzido. Aimo Lahti também projetou um carregador de formato similar, para 60 tiros, mas, o mesmo jamais foi adotado. O co-projetista da KP/-31, o Ten. Y. Koskinen, continuou a trabalhar independentemente, após a dissolução da firma Konepistooli Oy. Ele concentrou-se no desenvolvimento de equipamentos para armas de fogo, sendo sua mais famosa e bem sucedida criação o carregador em forma de tambor, de 70 tiros, para a submetralhadora Suomi, apresentado em 1935. Logo em janeiro de 1936, a primeira encomenda de 8.000 unidades foi feita, seguida por outros pedidos, que acabaram totalizando algo em torno de 50.000 carregadores! Mais do que suficiente para equipar as 4.000 KP/-31 que os militares finlandeses tinham em suas mãos para combater os russos... Numa descrição bem simplificada, o carregador de 70 tiros (m/Koskinen) era uma combinação de dois carregadores de 40 tiros, montados juntos, numa forma concêntrica. E, se a imitação é a forma mais sincera de elogio, os russos logo prestaram uma grande homenagem ao Ten. Koskinen: não hesitaram em copiar o carregador finlandês e incorporá-lo às suas submetralhadoras PPD-40 e PPSh-41, produzindo milhões de unidades. Havendo adotado e produzido, sob licença, uma versão um pouco mais curta (cano menor, de 213 mm) da Suomi, designada m/37-39, a Suécia optou por equipá-la com um carregador tipo cofre vertical, com capacidade para 50 tiros. Era formado de dois carregadores bifilares, lado-a-lado, com os cartuchos engenhosamente convergindo para uma única saída de alimentação. Sendo cerca de 40 por cento mais leve (vazio) e bem compacto, logo chamou a atenção dos militares finlandeses, foi testado em combate e, logo, estava sendo produzido sob licença (120.000 unidades, entre 1941 e 1943). Curiosamente, apresentava vários problemas, como a dificuldade de municiamento manual (sem o auxílio de uma ferramenta própria) e certa fragilidade estrutural, o que levou as Suomis de volta ao "velho" m/Koskinen, de tambor. Após a Segunda Guerra Mundial, as Forças Armadas Finlandeses já haviam recebido cerca de 60.000 KP/-31 e umas 10.000 m/-44 (cópias locais da PPS-43, russa), utilizando ambas os mesmos tipos de carregadores. Foi decidido, então, abandonar os carregadores tipo tambor e adotar um novo modelo, tipo cofre vertical, com capacidade para 36 cartuchos. Era baseado num modelo sueco (da Carl Gustav m/45B), sendo uma pequena quantidade fabricada, inicialmente, na Finlândia pela Ammus Oy. As compras em grande volume, entretanto, foram feitas com a companhia sueca AB Linde e, posteriormente, com a finlandesa Lapua, tradicional fabricante de munições. Todas as Suomis ainda em serviço, naquela época, foram modificadas para receber o novo -- e definitivo (!) -- carregador. 340
A Suomi básica (KP/-31) tem cano de 318 mm, comprimento total de 870 mm e peso vazio de 4,7 kg. Diversas versões da Suomi foram oferecidas no mercado no início da década de 1930, como este modelo, dotado de uma empunhadura vertical de apoio, destacável da arma.
Acima, outras variantes propostas nas fases iniciais de comercialização internacional. A principal modificação introduzida foi no seletor de tiro, posicionado no lado direito, com as posições de segurança ("S", no alto), tiro intermitente ("E", no centro) e automático ("A", em baixo). Esta versão da Suomi foi oferecida no mercado comercial em 1934, aparentemente destinada à Pérsia (hoje, Irã). Destaque para o carregador de 30 tiros, colocado no alto da caixa da culatra, o bipé (rebatível para a frente) e o seletor de segurança e tiro, no lado direito. Um outro "Modelo Persa" possuía coronha destacável e uma empunhadura principal do tipo pistola ("pistol grip"), mas, nenhuma destas variantes foi colocada em produção.
Os diferentes carregadores usados pela Suomi: (A) tambor, 70 tiros; (B) tambor, 40 tiros; (C) cofre, 20 tiros; (D) cofre duplo, 50 tiros; (E) cofre, 36 tiros.
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(ESQ.): o processo de municiamento do carregador de 50 tiros, apelidado de "ruumisarkku" (caixão de defunto), devido ao seu formato peculiar. O uso da ferramenta apropriada é indispensável para a colocação dos 40 a 45 cartuchos normalmente usados, para não forçar muito a mola e tornar o seu funcionamento mais confiável. (DIR.): o carregador de 70 tiros, com a tampa aberta, mostrando a disposição interna da munição. (Fotos: Juha Hartikka) A fácil troca de canos é uma característica marcante da Suomi. Com o cano muito aquecido, após volume elevado de tiro automático em condições de combate contra os russos, as tropas finlandesas usavam melhor proteção térmica para as mãos que o simples pano visto aqui. (Foto: Juha Artikka)
Uma KP/-31 padrão (esquerda) ao lado da KP/-31 SJR, dotada de freio de boca/compensador. Além de não proporcionar bem os efeitos desejados (a pressão dos gases do calibre 9 x 19 mm é relativamente baixa), o dispositivo, ainda por cima, dava problemas de utilização nas baixas temperaturas habituais na Finlândia. Aimo Lahti execrava seu uso e queria descobrir quem fora o "inventor", para processá-lo, mas nunca conseguiu saber seu nome... (Foto: Juha Hartikka)
Uma curiosa versão da "sub" finlandesa foi a "Korsu-Suomi", arma destinada a ser disparada do interior de casamatas, através das estreitas aberturas de tiro (seteiras). Para tal, foi dotada de uma luva mais longa, à volta do cano, cuja boca era horizontalmente achatada, como um bico de pato. A coronha normal foi dispensada, existindo apenas uma empunhadura principal de tiro. (Foto: Juha Hartikka) 342
FRANÇA
E.T.V.S.
A chamada E.T.V.S., no tipicamente francês calibre de pistola 7,65 mm Longue, surgiu por volta de 1935 e foi fabricado em pequenas quantidades, até que suplantada pela mais moderna MAS 38. Aparentemente, chegou a ser usada em combate nas fases iniciais da Segunda Guerra Mundial Seu único destaque era a coronha de madeira que, dotada de uma dobradiça metálica, podia ser rebatida para o lado esquerdo da arma, ali ficando presa por uma peça de metal dobrado existente ao lado do curto alojamento do carregador. Até aí, nada de mais, mas, o especial é que esta foi uma das primeiras armas, em todo o mundo, a incorporar tal novidade (para a época). No mais, a arma era bem convencional, com funcionamento em "blowback" a partir da posição de culatra aberta (ferrolho recuado) e apenas em regime de tiro automático, a uma modesta cadência cíclica de 500 disparos por minuto. Com um cano de 210 mm de comprimento, seu comprimento total era de 670 mm, caindo para 420 mm quando a coronha era rebatida. O peso vazio era de 2,7 kg, mas, com um carregador cheio de 32 tiros, chegava a 3,3 kg.
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FRANÇA
Gervarm D-3, D-4
Embora mais conhecida por algumas carabinas esportivas em calibre .22 LR, a Societé Gevarm & Gévelot, de Paris, chegou a fazer algumas investidas no mercado de submetralhadoras. Lançadas na metade da década de 1960, a D-3 e a D-4 (respectivamente, com coronha fixa de madeira e com coronha retrátil de vergalhão dobrado) são absolutamente convencionais, com operação em "blowback" a partir da posição de culatra aberta e de tiro seletivo (cadência cíclica de 600 disparos por minuto). O seletor de tiro e de segurança aplicada fica no lado esquerdo da caixa do mecanismo de disparo. Os anéis de proteção térmica existentes à volta da parte do cano logo à frente da caixa da culatra cilíndrica são feitos em estamparia de aço e, não, usinados na própria peça. O cano tem 320 mm de comprimento, sendo o comprimento total dos dois modelos de 800 mm. A D-3, com a coronha recolhida, fica com 500 mm de comprimento. O peso vazio da versão de coronha de madeira é de 3,7 kg e, o da D-4, de 3,1 kg. O carregador tem capacidade para 32 cartuchos.
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FRANÇA
Hotchkiss Universal
A Universal, colocada no mercado em 1949, foi uma tentativa da fábrica Hotchkiss (mais conhecida por suas metralhadoras e fuzismetralhadoras) de popularizar uma "sub" que ficasse extremamente compacta, para transporte. Tal objetivo foi de fato alcançado, mas, por outro lado, tornou a arma desnecessariamente complicada e de fabricação cara. Assim, o número produzido foi bem pequeno, com umas poucas vendas efetuadas, como para o próprio Exército da França (foi usada nas fases iniciais de sua guerra na Indochina) e, possivelmente, um pequeno lote para a Venezuela. A arma é dimensionada para o calibre 9 x 19 mm, sendo de operação "blowback" e tiro seletivo (cadência cíclica de 650 disparos por minuto), embora os modelos iniciais, destinados especificamente a uso policial, fossem apenas semi-automáticos. A caixa da culatra é cilíndrica, com a alavanca de manejo, não-solidária ao ferrolho, do lado direito, onde também fica a janela de ejeção. O cano, com 270 mm de comprimento, também faz parte do processo de compactação da Universal, recolhendo-se cerca de 100 mm no interior da caixa da culatra. Pronta para o tiro, a arma tem um comprimento total de 776 mm, sendo de 538 mm o comprimento com a coronha retraída. Para atingir sua máxima compacidade, o carregador (32 tiros), a empunhadura e a coronha são rebatidos para a frentes, deixando a arma com apenas 435 mm de comprimento. Seu peso vazio é de 3,4 kg. 345
FRANÇA
MAC 47-2, 48-2, 48 L.S. Terminada a Segunda Guerra Mundial, o Exército Francês viu-se equipado com uma enorme mistura de submetralhadoras locais, norte-americanas e britânicas, assim como utilizando três calibres diferentes, o 7,65 mm Longue, o 9 x 19 mm e o .45 ACP. Por causa disto, em 1946, seu Departamento Técnico iniciou um programa modernização e padronização de equipamentos, fixando-se na provada e popular munição 9 x 19 mm para suas pistolas semi-automáticas e submetralhadoras. Os diversos Arsenais (Chatelleraut, SaintEtiènne e Tulle) projetaram e construíram uma série de protótipos visando à escolha da "sub" definitiva. Um deste projetos, surgido em 1947, foi o MAC (Manufacture d'Armes de Chatelleraut) 47-2, que acabou resultando numa das mais leves armas deste tipo já criadas, com apenas 2,2 kg de peso vazio. Era de operação "blowback" e atirava somente em regime automático, com uma cadência cíclica de 650 tiros por minuto. Dentro de uma filosofia de projeto muito popular na França, procurava boa compacidade para transporte, possuindo uma coronha metálica que se rebatia para a direita e um alojamento que permitia o rebatimento, para a frente, do carregador (32 tiros, tipo MP40). O cano, quase todo envolvido por uma camisa perfurada de ventilação, tinha 210 mm de comprimento, o comprimento total da arma era de 633 mm (405 mm, com a coronha rebatida) e seu peso vazio, de 2,1 kg. Não passou da fase experimental. A subseqüente MAC-48-2 possuía uma característica coronha rígida de madeira, que projetava-se a partir da parte inferior da empunhadura principal, dotada de uma tecla de segurança (bloqueio do ferrolho). A seleção de tiro se processava por dois gatilhos: semi-automático, no da frente, automático, no outro. Com cano bem longo, com 300 mm, tinha um comprimento total de 800 mm e pesava, vazia, 3,5 kg. O carregador de 32 tiros também era do tipo MP40. Logo em seguida, surgiu uma versão designada MAC 48 L.S., conservando algumas características da arma anterior, mas, introduzindo várias modificações, como, por exemplo, uma coronha retrátil do tipo vergalhão, cano mais curto (200 mm) e um sistema de rebatimento do carregador para a frente. Suas características incluíam um comprimento total de 640 mm (420 mm, com a coronha recolhida) e um peso vazio de 2,7 kg. O funcionamento era apenas em automático, com uma cadência cíclica de 600 tiros/min. 346
FRANÇA
MAS 24
Ao estudar as duras lições aprendidas na Primeira Guerra Mundial, o Exército Francês viu a necessidade de possuir um tipo de arma longa automática, dimensionada para um cartucho de menor potência daqueles usados dos tradicionais fuzis. Assim, foi desenvolvido a munição 7,65 mm Longue e, para ela, a Manufacture d'Armes de St. Etienne criou a MAS 24, no ano de 1924. De operação "blowback", era de tiro seletivo, dispunha de um sistema de dois gatilhos para a escolha do regime de tiro e seu longo cano era envolvido por uma elaborada jaqueta perfurada de proteção térmica. Sua mola recuperadora era alojada no interior de um tubo que ficava no interior da coronha de madeira, num ângulo ligeiramente inclinado em relação ao eixo do cano. Aparentemente, somente um número reduzido de protótipos foi construído, mas, a arma serviu como base para o desenvolvimento e produção da subseqüente MAS 38.
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FRANÇA
MAS 38
O desenvolvimento desta submetralhadora, no característico (para os franceses) calibre 7,65 mm Longue, foi realizado pela Manufacture d'Armes de St. Etienne (MAS) na segunda metade da década de 1930. O modelo inicial, produzido em pequenas quantidades, foi designado SE-MAS 35, diferindo da posterior e definitiva MAS 38 apenas pelo uso de uma curiosa coronha metálica tubular, com um reforço entre a soleira e a caixa da culatra. A "38", na realidade, só entrou em produção em 1939, com os primeiros exemplares sendo entregues às Gardes Mobiles (Guarda Nacional), bem antes do próprio Exército. Pouco tempo depois, com a tomada da França pelas forças da Alemanha Nazista, a fábrica de S. Etienne passou para o controle alemão e as "subs" continuaram em produção, tanto para o inimigo, sob a designação de 7,65 mm MP722(f), como para as tropas francesas de Vichy. Após a Guerra, a arma continuou em uso até o início da década de 1950, tanto pela polícia francesa como pelas tropas que participaram das ações militares na antiga Indochina. A MAS 38 logo chama a atenção por parecer atirar "para baixo", resultado de sua peculiar configuração. O ferrolho move-se num cilindro em ângulo ligeiramente rebaixado em relação ao eixo do cano, estendendo-se até o interior da coronha de madeira, onde fica a mola recuperadora. Como o ferrolho tem um longo curso e, conseqüentemente, enorme energia cinética no retorno, a armadilha possui um sistema de amortecimento por mola, evitando uma possível quebra pelo violento impacto do ferrolho. Outro detalhe do projeto é que, com a retirada do carregador (32 tiros), seu alojamento pode ser fechado por uma tampa para evitar a entrada de sujeira. Não fosse pela fraca munição lamentavelmente empregada, esta submetralhadora teria sido uma das melhores de sua época. A operação é de simples "blowback", oferecendo apenas tiro automático numa cadência de 600 a 700 disparos por minuto. A segurança aplicada é feita através da tecla do gatilho que, empurrada para a frente, bloqueia o ferrolho, tanto na posição aberta como na fechada. O cano é de 224 mm, sendo de 623 mm o comprimento total da arma e de 2,9 kg o peso vazio (3,4 kg, arma municiada). 348
Neste desenho em corte, os variados componentes da arma: (1) massa de mira, (2) pino de travamento da massa de mira, (3) cano, (4) percussor, (5) ferrolho, (6) caixa da culatra, (7) alça de mira de 200 m rebatida, (8) alça de mira de 100 m levantada, (9) mola da alça de mira basculante, (10) conexão do tubo da mola recuperadora, (11) tubo da mola recuperadora, (12) mola recuperadora, (13) tampa do tubo, (14) tecla de desmontagem, (15) empunhadura, (16) ponta da armadilha, (17) armadilha, (18) apoio da mola da armadilha, (19) mola da armadilha, (20) armadilha, (21) pino, (22) gatilho, (23) trava do ferrolho, (24) carregador, (25) base do carregador, (26) guia da mola do carregador, (27) mola do carregador, (28) elevador do carregador, (29) retém do carregador, (30) tampa do alojamento do carregador, (31) liberador do carregador.
Até a década de 1950, a MAS 38 foi muito usada pela polícia (foto) e exército franceses.
Este exemplar bem conservado mostra, também, a bandoleira original, de couro. 349
FRANÇA
MAS Tipo C4 Entre 1947 e 1948 a Manufacture Nationale d'Armes de Saint-Etienne desenvolveu uma pequena série de submetralhadoras experimentais no mais aceito calibre 9 x 19 mm, já que as experiências francesas com a anêmica (para "subs") munição 7,65 mm Longue já havia deixado muito a desejar. As armas receberam a designação genérica de Tipo C, com números seqüenciais indicando pequenas variações no projeto. Dos modelos iniciais nada pode ser apurado, a não ser algumas fotos do chamado Tipo C3, cuja configuração geral e mecanismo acabaram sendo aproveitados na versão subseqüente, a Tipo C4, que entrou em produção em escala limitada e foi, inclusive, testada em combate nas fases iniciais da Guerra da Indochina. A arma apresenta funcionamento por "blowback" retardado, com um sistema que envolve um desnecessariamente complicado ferrolho de duas partes, que se movimentam com velocidades relativas diferentes, mais vários mecanismos complementares. Tudo isso para se obter um trancamento momentâneo da culatra no momento de disparo, algo, na prática, desnecessário para munição de baixa pressão, como a usada. A seleção de tiro se processa por pressão crescente no gatilho (parcial, semi-automático; total, automático), sendo de 500 tiros por minuto a cadência cíclica. A única segurança disponível reside na tecla da parte de trás da empunhadura, que, se não estiver pressionada, mantém o ferrolho bloqueado Na sua fabricação, a Tipo C4 emprega uma mistura de componentes em pesada estamparia de aço e de peças usinadas. Além de sua coronha de madeira, rebatível para o lado esquerdo, a arma também segue um evidente modismo francês para aquela época, ou seja, o alojamento do carregador podia ser rebatido para a frente, deixando-a mais compacta, para transporte. Com cano de 205 mm de comprimento, a "sub" tem um comprimento total de 650 mm (406 mm, com a coronha rebatida), sendo de 3 kg seu peso vazio (3,6 kg, municiada com 32 cartuchos) 350
FRANÇA
MAT 49
Com a MAT (Manufacture d'Armes de Tulle) Modelo 1949 os franceses finalmente chegaram a um projeto funcional em calibre 9 x 19 mm, capaz de ser produzido em larga escala e a custos razoáveis, o que, efetivamente, foi concretizado. Seu uso intensivo em diversas ações militares a partir da década de 1950 (Indochina, Argélia, Congo, etc.) e ampla utilização policial lhe conferiram uma boa reputação, que se mantém até os dias de hoje. De operação "blowback" e regime de tiro apenas automático (cadência cíclica: 600 tiros/min), a MAT 49 é um projeto bem simples, com uso generalizado de peças estampadas. A caixa da culatra, de formato retangular, tem a alavanca de manejo no lado esquerdo e a janela de ejeção no oposto, estando esta dotada de uma tampa metálica. O cano de 228 mm é permanentemente fixo à arma, sendo parcialmente envolvido por uma luva metálica perfurada. A coronha retrátil é um simples vergalhão dobrado. A parte inferior do corpo (caixa do mecanismo de disparo, alojamento do carregador e empunhadura) forma um único conjunto, destacável. Mais uma vez, aqui encontramos o sistema de rebatimento para a frente do alojamento do carregador (20 ou 32 tiros, tipo Sten), que também funciona como empunhadura de apoio. A segurança é uma tecla na parte de trás da empunhadura principal, com a função de promover o bloqueio do ferrolho, se não for bem pressionada pela mão do operador. Em condição de uso, a MAT 49 tem um comprimento de 720 mm, caindo para 460 mm com o recolhimento da coronha. O peso vazio é de 3,6 kg. 351
FRANÇA
PM 9 (MGD) Esta curiosa submetralhadora em calibre 9 x 19 mm foi oferecida no mercado, por volta de 1955, pela firma Société Pour L'Exploration des Brevets M.G.D., da cidade de Grenoble, que financiava e promovia alguns projetos patenteados. Apesar de algum interesse demonstrado por alguns países (a própria fábrica alemã Erma chegou a promovê-la), a arma era cara (cerca de US$ 150 por unidade, na época) e demasiada complexa, não passando do estágio de alguns protótipos construídos. Sua singularidade vinha de um curioso mecanismo de disparo, em "blowback" retardado, consistindo num curto ferrolho cujo curto movimento era feito no interior de um compartimento circular, onde a mola recuperadora, em grande espiral, atuava. O resultado era a extrema compacidade da caixa da culatra e, da arma como um todo. Mais ainda, a PM 9 (ou MGD, como também era chamada) possuía a possibilidade, tanto do agrado dos gauleses, de ser compactada, para transporte. O rebatimento da simples coronha metálica para a frente reduzia o comprimento total da arma de 639 mm para 359 mm, com uma redução adicional de tamanho conseguida mediante o rebatimento do carregador (32 tiros) e seu alojamento para a frente, ficando abaixo do cano de 214 mm de comprimento. O peso da arma, vazia, era de 2,6 kg (3,20 kg, municiada). Desenho esquemático do curioso mecanismo de disparo da PM 9, mostrando o curto movimento do ferrolho no interior da caixa da culatra cilíndrica.
Uma versão com coronha de madeira também foi construída.
352
FRANÇA
STA 1924
Ainda que houvesse criado um novo cartucho para submetralhadoras, o 7,65 mm Longue, pouco depois da Primeira Guerra Mundial, a França também desenvolveu uma arma em calibre 9 x 19 mm, com o qual sua antiga inimiga, a Alemanha, havia inaugurado a era das "subs" realmente práticas. Foi criada pela Section Technique de l'Artillerie, uma organização do Exército Francês responsável pelo desenvolvimento de novas armas, naquela época. A fabricação, em escala relativamente pequena, ficou a cargo da Manufacture d'Armes de St. Etienne, que também produzia sua própria MAS 24. A STA 1924 tinha a configuração tradicional de uma carabina, com o que poderia ser facilmente confundida, não fosse pelo proeminente carregador curvo, de 25 tiros. A operação era em "blowback" convencional (culatra aberta, antes do tiro), oferecendo apenas tiro automático, numa cadência cíclica de aproximadamente 600 disparos por minuto. Possuindo cano de 226 mm, a arma tinha um comprimento total de 834 mm e pesava, vazia, 3,5 kg. Logo à frente do carregador, dispunha de um suporte monopé, rebatível para a frente, para tiro apoiado e que ficava sob o cano, quando não em uso.
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GRÃ-BRETANHA
BSA Com seu projeto atribuído a um certo Claude A. Perry, da Birmingham Small Arms, Ltd., a BSA (também chamada de Modelo Experimental de 1949), calibre 9 x 19 mm, foi uma das propostas para a substituição da Sten, que permaneceu em uso pelo Exército da GrãBretanha após a Segunda Guerra Mundial. Pequenos lotes de teste foram fabricados entre 1949 e 1952, mas, o desempenho da arma deixou a desejar, sobretudo sob condições ambientais adversas. A arma eventualmente escolhida foi a bem mais simples Patchett/Sterling. Exceto pela configuração geral de agrado dos britânicos, com o carregador de 32 tiros horizontalmente colocado no lado esquerdo, suas demais características eram bem inovadoras, a começar apelo fato da arma não possuir uma alavanca de manejo. Envolvendo a parte anterior do cano havia uma luva, que também servia como guarda-mão: girada ligeiramente, empurrada para a frente e puxada para trás (num movimento inverso ao feito numa típica espingarda de "pump action"), uma haste não-solidária com o ferrolho fazia com que o mesmo recuasse e fosse preso pela armadilha do mecanismo de disparo, deixando a arma pronta para o tiro. Outro detalhe da BSA era que o alojamento do carregador podia ser rebatido para trás, servindo este detalhe não apenas para tornar a "sub" mais compacta, para transporte, mas, também, para verificar e corrigir possíveis incidentes de tiro (falhas de alimentação ou ejeção, por exemplo) sem que fosse necessário retirar o carregador da arma. Adicionalmente, também servia como segurança aplicada contra disparos acidentais, pois saía da posição normal e evitava a alimentação de cartuchos à câmara. O funcionamento era em "blowback" normal e tiro seletivo. O registro seletor estava convenientemente localizado na esquerda e na parte de cima da empunhadura, apresentando as posições "A", para a frente (Automático, com cadência de 600 tiros por minuto); "R" (Repetição) no meio; e "S" (Segurança, bloqueando o ferrolho tanto na posição aberta como na fechada), para trás. A coronha era do tipo metálica e rebatível para a frente. O cano tinha 203 mm de comprimento, o comprimento total era de 697 mm (473 mm, coronha rebatida) e o peso vazio, de 2,9 kg (3,6 kg, com a arma municiada). A arma vista ao lado de seu curto ferrolho e da mola recuperadora de grande diâmetro.
Outro protótipo, notando-se o guardamão mais curto e uma tampa (aberta) para a janela de ejeção.
BSA com o guarda-mão (também diferente) todo à frente: ao ser puxado para trás, levava o ferrolho para a posição aberta, preso pela armadilha. 354
GRÃ-BRETANHA
Jurek
Em 1942, um oficial polonês de sobrenome Jurek, que servia junto ao Exército Britânico, começou a interessar-se no projeto de submetralhadoras, chegando a fabricar um protótipo, com características desconhecidas. Logo depois do fim da Segunda Guerra Mundial, servindo na Alemanha ocupada, fez um novo protótipo, mostrado aqui, que foi testado na Inglaterra em 1946. Era uma arma relativamente simples, de operação "blowback", e tiro seletivo (registro no lado esquerdo, acima da empunhadura) dotada de um sistema de martelo, bem pesado, que somente atingia o percussor quando o ferrolho estava totalmente fechado, o que resultava em certo retardo. No que parece ter sido uma "sub" bem compacta (não há especificações disponíveis), o projetista conseguiu, de alguma forma, uma cadência cíclica bem baixa, da ordem de 350 tiros por minuto. Sua coronha, destacável, transformava-se num coldre (ou vice-versa). A arma usava carregadores normais de Sten, de 32 tiros, também existindo um modelo bem mais curto, visto nestas fotos.
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GRÃ-BRETANHA
Lanchester
Ao eclodir a Segunda Guerra Mundial, a Grã-Bretanha viu-se diante da necessidade de armar-se com a maior velocidade possível. No que dizia respeito a submetralhadoras, ainda não tinha um projeto próprio em condições de ser produzido em larga escala, o que levou à criação de uma arma ... copiada de uma originária na Alemanha, a MP28,II. O trabalho de elaboração do projeto foi de autoria de George H. Lanchester (que deu o nome à arma), sendo a produção feita a partir de 1941 pela Sterling Armament Company, Ltd, da cidade de Dagenham, Sussex, na Inglaterra. Praticamente todas as armas foram entregues e usadas pela Marinha Real, onde permaneceu em serviço até a década de 1960. Igualmente em calibre 9 x 19 mm, a "sub" britânica apresenta algumas modificações que a distinguem da original germânica. A chamada Lanchester Mk.I tem um seletor de tiro situado na parte da frente (em vez de acima) do guarda-mato, na forma de uma pequena alavanca rotativa, com as posições de tiro semi-automático e automático, este, com uma cadência de 600 disparos por minuto. Sob o cano, possui encaixe para baioneta, utilizando a chamado Modelo 1907. Sua coronha de madeira apresenta um formato quase igual à do fuzil No.1 Mk.III, assim como a alça de mira do tipo tangente, com ajustes para 100 a irreais 600 metros. Em pouco tempo surgiu um modelo designado Lanchester Mk .I*, de funcionamento apenas automático e, portanto, sem o seletor de tiro. A alça de mira passou a ser mais simples, do tipo "L" basculante (100 e 200 metros), com abas laterais de proteção. Com cano de 201 mm, o comprimento total é de 851 e o peso vazio, de 4,4 kg (5,5 kg, com carregador cheio de 50 tiros). 356
GRÃ-BRETANHA
MCEM Em 1944, apesar de estarem produzindo e utilizando quantidades imensas de submetralhadoras Sten, os britânicos começaram um amplo programa de desenvolvimento de novas armas, conhecido pela sigla MCEM (Military Carbine Experimental Models - Modelos Experimentais de Carabinas Militares). Os trabalhos concentraram-se no conhecido Arsenal de Enfield e nele estiveram envolvidos tanto projetistas locais como vários outros, de nacionalidade polonesa, que moravam na Grã-Bretanha durante a Segunda Guerra Mundial. A orientação principal dos trabalhos era conseguir maior confiabilidade nas armas através de padrões mais elevados de qualidade na fabricação, tendo em vista as inerentes características de rusticidade e baixo preço (mais alguns problemas de funcionamento) das Sten. Embora nenhum dos modelos testados entre 1944 e 1946, todos em calibre 9 x 19 mm, tenha entrado em produção, os protótipos foram bem interessantes. MCEM 1 e MCEM 3: A MCEM 1 foi projetada por M. H. Turpin, um dos criadores da própria Sten, mas, a arma acabou ficando com o que as fontes pesquisadas chamam de "excessiva cadência de tiro automático", sem serem mais específicas. Seu mecanismo de disparo era baseado no da Sten, possuindo a arma uma coronha destacável de madeira e um sistema de carregadores duplos, lado a lado, que tinha a intenção de agilizar a troca. Seu comprimento era de cerca de 460 mm, com 2,8 kg de peso. O projeto foi, algum tempo depois, um pouco modificado, dando lugar à MCEM 3, um pouco mais longa e pesada. Usava um carregador ligeiramente curvo, para 20 tiros, e podia receber uma baioneta No. 7. MCEM 2: A MCEM 2 foi projetada por um certo Ten. Podsendowski, podendo ser considerada, em síntese, uma pistolametralhadora com o carregador de 16 tiros alojado na empunhadura e dotada de uma coronha destacável que também servia como coldre. Seu ferrolho era mais ou menos do tipo utilizado por algumas pistolas, evolvendo boa parte do cano, quando fechado. Com cano de 216 mm de, o comprimento total era de 598 mm (388 mm, sem a coronha) e o peso, de 2,8 kg. Tal compacidade, entretanto, pagou um preço: a cadência cíclica, em rajadas, era de 1.000 tiros por minuto 357
Desenho datado de 17 de abril de 1944 da arma proposta pelo Ten. Podsenkowski. Modificada, se transformaria na MCEM 2.
A MCEM 2, sem a coronha. Por sua configuração, dimensões e peso era, na realidade, uma pistolametralhadora.
(ESQ.): A arma em seu coldre que, encaixado na parte de trás da caixa da culatra cilíndrica, também funcionava como coronha. (DIR.): A MCEM 2 desmontada, podendo ser observado o ferrolho que envolvia parcialmente o cano e o pequeno carregador de 16 tiros que, numa rajada, se esvaziaria em apenas um segundo! 358
GRÃ-BRETANHA
Parker-Hale IDW Na Grã-Bretanha, o conceito de IDW (Individual Defence Weapon, ou Arma para Defesa Individual) recebeu importante avanço, no início dos anos 90, com o aparecimento da experimental Bushman, uma virtual pistolametralhadora (já que não possuía coronha) em calibre 9 x 19 mm. Apesar de sua extrema compacidade (276 mm, com cano de 83 mm) e baixo peso 3 kg, vazia, era extremamente controlável, uma vez que um inédito sistema de regulagem de rajada, de funcionamento elétrico (!), mantinha sua cadência cíclica em torno de 450 disparos por minuto, embora, sem o uso daquele dispositivo, os disparos automáticos fossem da ordem de 1.400 tiros/min. Possuía um corpo principal (duas empunhaduras e caixa do mecanismo de disparo) feito de liga de alumínio, no qual se encaixava a caixa da culatra, usinada em aço. Carregadores de 20, 28 e 34 tiros foram construídos, podendo aquela micro-"sub" receber diversos tipos de miras optrônicas. Por volta de 1998-99, a companhia Parker-Hale, conhecida fabricante de fuzis de precisão, relançou o programa IDW, mantendo as características básicas e o calibre da Bushman original. Com a incorporação de uma coronha rebatível/retrátil, a arma passou a ser, "oficialmente", uma submetralhadora. De funcionamento "blowback" e tiro seletivo (cadência cíclica de 400 disparos/min, regulada na fábrica), a nova arma está disponível em diversas configurações, sendo a básica dotada de cano de 108 mm, com o que tem comprimentos de 560 mm (coronha totalmente estendida), 470 mm (coronha parcialmente estendida) e 295 mm (coronha rebatida para o lado). Neste caso, seu peso é de 2,6 kg. Outros comprimentos de cano disponíveis são 152 mm, 254 mm, 305 mm e 356 mm, os três últimos, dotados de uma camisa protetora. Os carregadores, do tipo cofre vertical, são de 20 ou 30 tiros, inserindose num longo alojamento existente na parte anterior do guarda-mato, também funciona como empunhadura de apoio. A seleção de tiro semi-automático e automático se dá por pressão progressiva no gatilho. Há um trilho do tipo Picatinny em toda a parte superior da caixa da culatra, para a adaptação de miras optrônicas (ponto vermelho) e outras. Além disso, a IDW pode receber apontadores laser, lanternas e supressor de ruído. 359
GRÃ-BRETANHA
Sten
Após a histórica (mas, não muito notada...) introdução das submetralhadoras no cenário militar, nos estágios finais da Primeira Guerra Mundial, quase todo o mundo a relegou ao ostracismo. A bem da verdade, o Exército Britânico não fechou totalmente seus olhos para aquilo que ele geralmente chamava de machine carbines (carabinas automáticas). Entre 1926 e 1929, a companhia B.S.A. (Birmingham Small Arms) andou construindo um grupo de armas experimentais, calcadas na norteamericana Thompson. Usando munição de variados calibres (.45 ACP, 9 x 19 mm, 9 mm Bergmann Bayard, 9 mm Mauser, 7,65 mm Luger, 7,63 mm Mauser e, possivelmente, outros), pareciam-se mais com carabinas, mesmo, do que com "subs", constituindo-se em protótipos para estudos e aquisição de "know how" no ramo. Ao longo da década de 1930, virtualmente todas as submetralhadoras disponíveis internacionalmente (de fato, não eram lá muito numerosas) passaram pelas mãos de equipes de testes na Grã-Bretanha. Mas, à semelhança do que ocorria em muitos outros países, os britânicos não viam para elas um claro emprego tático nem como encaixá-las em suas tradicionais e arraigadas estruturas de instrução, adestramento e emprego. Em resumo, eles haviam concluído que "nenhuma arma do tipo (e calibre de) pistola jamais poderá substituir o fuzil como a principal arma do soldado de Infantaria". Claro que não, sobretudo em termos de alcance e precisão de tiro, mas, táticas adequadas e as inerentes características de volume de fogo das "subs" as tornam muito bem adequadas como complemento dos fuzis, o que foi completamente ignorado. Outro problema, nem sempre lembrado e trazido à tona, era que, após anos a fio, as autoridades encarregadas dos testes de avaliação haviam se condicionado a procurar, no armamento, condições de qualidade de fabricação e de resistência que lhes possibilitassem passar por provas excessivamente rigorosas e não muito realistas, sem jamais apresentar qualquer tipo de mal funcionamento ou quebra. É claro que estes não eram os atributos básicos das armas então existentes, que nunca eram "suficientemente boas"... Em tais condições, quando a Segunda Guerra Mundial eclodiu, em setembro de 1939, nenhum tipo de submetralhadora havia sido adotado oficialmente pelo Exército de Sua Majestade. Mas, não dava para esperar mais: já em dezembro daquele mesmo ano, o Exército fez um pedido oficial para o suprimento, em caráter de urgência, de "carabinas automáticas " (ou "armas de gangsters", como também eram pejorativamente conhecidas...), destinadas a equipar suas tropas presentes na França. Sete (7, 360
mesmo!) exemplares diversos, que haviam sido comprados para provas e guardados, foram achados, requisitados e enviados para seu destino, o "teste dos testes". A aprovação não se fez esperar. Em janeiro de 1940, chegou-se à conclusão de que a finlandesa Suomi era a melhor de todas as existentes no mercado. O detalhe, porém, era que a própria Finlândia estava engalfinhada numa luta de vida ou morte com o Exército Vermelho da União Soviética e não teria as mínimas condições de ficar fornecendo armas aos britânicos. A segunda opção era a norte-americana Thompson, a mais cara de todas, que também envolvia evasão de dividas e que, segundo um relatório da época, "atira para o alto, a não ser que receba um compensador Cutts, que custa US$ 20"! Mas a "Tommy Gun" era a única imediatamente disponível. Um lote de 450 unidades do Modelo 1928, com a respectiva munição .45 ACP, foi inicialmente encomendado, mas, gradualmente, os pedidos britânicos foram crescendo, chegando, eventualmente, a um total de 107.500 armas. Solução nacional Mas, os grandes revezes do início da Guerra -- em particular, a dramática retirada em Dunquerque, em 1940 -- tornavam urgente a necessidade dos britânicos contarem com uma submetralhadora confiável e, principalmente, de fabricação nacional. Curiosamente, a primeira solução encontrada foi a produção, pela Sterling Arms Company, de ... uma cópia de uma arma alemã! A resultante Lanchester nada mais era do que uma Bergmann MP28,II, da qual diferia por mínimos detalhes. Por volta de dezembro de 1940, já haviam sido feitos alguns protótipos para testes, meramente formais, seguindo-se uma encomenda para um lote inicial de 50.000 unidades. Não se sabe, exatamente, quantas armas foram, efetivamente, produzidas, todas elas, destinadas à Marinha Real. Como a Grã-Bretanha encontrava-se numa situação igualmente crítica no que se referia à produção de munição, 110 milhões de cartuchos 9 x 19 mm foram adquiridos nos EUA para aquelas armas. Apesar de confiável, a Lanchester era de produção muito cara e, naquele momento, não havia lugar para armas com muita usinagem, coronhas de madeira e esmerado acabamento. Os alemães já haviam mostrado o caminho, com suas MP38 e MP40 de "segunda geração", e seus inimigos de então os acompanharam.
Já no final de 1940, a Birmingham Small Arms Company surgiu com uma nova arma. Originariamente designada "Carabina Automática N.O.T.40/1", ganhou um nome próprio que se popularizaria a partir das iniciais de seus criadores (Major Reginald V. Shepherd e Harold J. Turpin) e da fábrica onde foi desenvolvida (o famoso Arsenal de Enfield), ou seja, Sten. Entre 10 e 21 de janeiro de 1941, a submetralhadora foi testada na Royal Small Arms Factory, em Enfield Lock, e, após disparar 5.400 tiros sem um único incidente, recebeu um elogioso laudo de aprovação da Ordnance Board (Junta de Armamento) e teve sua produção autorizada (o que acabou "matando" a Lanchester). As primeiras Sten Mk.I já estavam saindo da linha de montagem em junho daquele mesmo ano. Ao longo de toda sua vida de produção em série, a "sub" britânica manteve, basicamente, as mesmas características. De calibre 9 x 19 mm (carregador de 32 tiros colocado horizontalmente no lado esquerdo), funcionamento "blowback" e tiro seletivo (botão-seletor de deslocamento transversal, no alojamento do mecanismo de disparo), tinha uma cadência cíclica sempre em torno de 500 disparos por minuto. Fora sua quase "assustadora" aparência de arma artesanal ou improvisada, uma das poucas críticas reais aplicáveis à Sten foram seus carregadores, cópia direta dos chamados "Schmeisser", alemães, de alimentação central em posição única e com freqüentes falhas de funcionamento. Por 361
causa disto, eram habitualmente municiados com apenas 30 (em vez dos 32 previsto) cartuchos, diminuindo a tensão da mola Estima-se que em torno de 100.000 exemplares da Sten Mk.I tenham sido produzidos, este modelo ainda incorporando alguns detalhes de "luxo", como o emprego de componentes de madeira (cobertura do mecanismo de disparo e empunhadura vertical de apoio). Com 900 mm de comprimento (para um cano de 196 mm, dotado de compensador cônico) ainda era longa demais, ainda que seu peso (3,9 kg, municiada) estivesse dentro do razoável. Mas, acima de tudo, era confiável e extremamente barata, custando cerca de US$ 11 por exemplar. Ainda assim, logo surgiu a chamada Sten Mk.I* , a primeira de uma série de modificações e simplificações do projeto original, sempre visando a aumentar a cadência de produção. Neste modelo, toda a madeira foi removida, assim como o quebra-chamas, o que reduziu seu comprimento total para 790 mm. De qualquer maneira, sua produção foi relativamente pequena, logo dando lugar à versão Mk.II.
A Sten Mk.II, que apareceu no final de 1941, recebeu uma coronha metálica tubular, mais ou menos no formato de um "T" e, ainda mantendo a simplicidade inicial, contava com algumas melhorias técnicas. O cano, anteriormente fixo, passou a ser removível, para facilitar a limpeza da arma. O entalhe de segurança, para travar a alavanca de manejo na posição aberta, passou para a parte de cima da caixa da culatra. Outro útil detalhe foi dotar o alojamento do carregador com um sistema que lhe permitia ser girado 90 graus para baixo, fechando a janela de ejeção e evitando a entrada de sujeira, além de tornar a arma mais compacta, para armazenagem e transporte. Por outro lado, a qualidade de seu acabamento despencou mais ainda, com alguma degradação na precisão de tiro (as miras não podiam mais ser ajustadas), por exemplo. Pontos de solda ficavam sem qualquer desbastamento (limagem) e a leve oxidação ou parquerização final, muitas vezes, era substituída por uma única demão de tinta preta! O que, às vezes, são chamadas de Sten Mk.II (Second Pattern), ou Segundo Padrão, nada mais são do que armas fabricadas no Canadá pelo Arsenal de Long Branch, ligeiramente mais bem acabadas que suas congêneres britânicas, em que a coronha tubular foi substituída por um modelo esqueletizado, mais confortável para se usar. A Mk.II foi a mais numerosa de todas as Stens, com uma produção chegando perto de 2 milhões de unidades, ou seja, cerca de 50% do volume total fabricado durante a Segunda Guerra Mundial. A Fábrica Fazackerly, em Liverpool, produzia cerca de 20.000 Mk.II por semana, em 1942, e a BSA, no final do conflito, havia fabricado umas 400.000 Mk.I e Mk.II. Versão silenciada e outras mais As necessidades operacionais (ações clandestinas) de tropas especiais, como os Commandos Britânicos, ditaram o desenvolvimento de uma versão silenciada, a Sten Mk.II(S), introduzida em 1942. Era uma simples conversão da Mk.II, à qual foi adaptado um supressor de ruído que aumentava consideravelmente o 362
comprimento total da arma (950 mm) e, não muito, seu peso (4,1 kg). Os necessários encurtamento do cano (para 96 mm) e a redução da velocidade do projétil para valores subsônicos, diminuíram tanto o alcance útil como a precisão, mas, os ganhos práticos em combate compensavam tudo isso.
A posterior Sten Mk.III começou a ser produzida, curiosamente, por uma firma fabricante de brinquedos, a Lines Brothers, surgindo em 1943. Foi, em essência, uma tentativa de simplificar a Mk.I original, no que tangia os processos de produção seriada. Possuía uma camisa metálica que envolvia quase todo o cano (fixo e com os mesmíssimos 196 mm) e o alojamento do carregador não podia ser girado. Um detalhe específico deste modelo foi a adição de uma flange metálica rebitada logo à frente da janela de ejeção, evitando, assim, que os dedos do atirador, descuidadamente, entrassem na área da culatra, sobretudo no escuro. A Mk.III representava o ponto mais baixo da família Sten, em termos de qualidade fabril, mas, indiscutivelmente, funcionava tão bem quanto os demais modelos. Também foi fabricada no Canadá. Em 1943 surgiu a chamada Sten Mk.IV, subdividida nas versões A, A (S) e B. Este modelo foi resultado da necessidade de equipar tropas pára-quedistas com uma submetralhadora leve e compacta, sendo dotado de uma coronha metálica rebatível.
A Mk.IVA foi a primeira tentativa neste sentido. Derivada diretamente da Mk.II, tinha uma caixa da culatra 40 mm mais curta, o conjunto de gatilho foi colocado mais para a frente, a cobertura do mecanismo de disparo foi encurtada e a arma recebeu uma empunhadura do tipo pistola. Dali saía a base de uma coronha em formato de "L", com uma mola que a permitia ser rebatida tanto para o lado direito 363
como para o esquerdo da arma. O guarda-mato era grande o bastante para acomodar todos os dedos do operador, reduzindo, ao máximo, a altura da empunhadura. O cano foi bem encurtado (96 mm). voltando a receber um quebra-chamas em formato de cone. A compacidade deve ter contribuído para aumentar o recuo, enquanto que a desconfortável coronha seria de uso limitado, tanto em tiro de assalto, da cintura, como em tiro do ombro, já que não proporcionava apoio adequado. Atirar com a coronha rebatida, então, nem se fala: a posição em que ficava a soleira não deixava que a mão de apoio segurasse direito a arma, à volta da jaqueta do cano, nem a própria soleira era suficientemente firme para funcionar como empunhadura vertical de apoio. Com tudo isso, a Mk.IVA ficou limitada a alguns protótipos. Em seguida veio a Sten MK.IV(S). Como se não bastassem os problemas de sua antecessora, alguém teve a "brilhante" idéia de adaptar um silenciador nela, uma espécie de contra-senso, uma vez que a turma estava procurando uma arma curta, leve e compacta... Embora o "tubo" pudesse ajudar como local para a colocação da mão de apoio (enquanto não ficasse quente demais!), a tal coronha metálica, quando aberta, ainda não oferecia apoio adequado para tiros de razoável precisão, freqüentemente necessários numa ação clandestina. Em pouco tempo, a MK.IV(S) saiu de cena. A Mk.IVB foi um redesenho da MK.IVA, numa tentativa de melhorar ... uma porcaria. Como a empunhadura original era muito curta para ser segura por mãos grandes, mesmo com aquele gigantesco guarda-mato, um novo e mais longo modelo foi colocado e deslocado mais para a frente, próximo ao centro de gravidade da arma, que ficou, digamos assim, mais equilibrada. Por causa disto, a tradicionalmente simples caixa do mecanismo de disparo teve que ser redesenhada. Também foi modificada a forma de fixação da coronha metálica, agora, mais curta. O resultado final, todavia, não foi satisfatório, e a idéia de uma Sten compacta, especial para os pára-quedistas britânicos, não foi adiante. Ainda assim, umas 2.000 Mk.IV chegaram a ser fabricadas. Modelos finais Apesar do fracasso da "mini-Sten", ainda se cogitava o desenvolvimento de uma submetralhadora para as unidades aeroterrestres. Paralelamente, também havia uma proposta de fazer a arma britânica mais, por assim dizer, "atraente" para a tropa, que sempre se ressentia de sua quase constrangedora simplicidade (não havia, realmente, reclamações sobre seu adequado funcionamento). O resultado foi a MK.V, que já refletia a melhor situação em que se encontravam os Aliados, no ano de 1944.
A versão final da Sten foi a MK.VI, nada mais que uma "V" com um silenciador adaptado e, como a anterior MK.II(S), limitada a tiro intermitente. Seu comprimento total era de 950 mm (cano de 96 mm) e pesava, municiada, respeitáveis 5 kg. Começou a ser empregada em combate a partir de 1944 e, 364
juntamente com a Mk.V, ainda estava equipando o Exército Britânico em meados dos anos 50, quando sua substituta, a Sterling, começou a ser distribuída à tropa. O total de Stens fabricadas durante a Segunda Guerra Mundial está estimado entre 3.750.000 e 3.900.000 exemplares.
Possivelmente, o primeiro manual de utilização da Sten Machine Carbine (Carabina Automática) editado pelo Exército Britânico foi o pequeno "Small Arms Training, Volume I, Pamphlet No. 22", de 1942. Observar as posições de tiro com a arma ao ombro e na altura da cintura, onde fica clara a recomendação de não segurá-la pelo carregador, com a mão de apoio. Detalhes de uma Mk.II: (A) registro de tiro, um botão de deslocamento transversal ("Repetition", da esquerda para a direita; "Automatic", da direita para a esquerda); (B) alça de mira (abertura fixa, para 100 metros); (C) encaixe de segurança para alavanca de manejo (ferrolho na posição aberta); (D) alavanca de manejo na posição de tiro (culatra aberta).
Duas Mk.II e três dos variados modelos de coronha metálica com que esta versão foi equipada. Na arma de cima, pode ser observado que o alojamento do carregador está girado 90 graus para baixo (fechando a janela de ejeção), posição muito usada para o transporte da arma.
365
O desconforto dos diversos tipos de coronhas metálicas da Sten foi sempre criticado, embora a principal ênfase do projeto da arma tenha sido simplicidade e baixo custo. Ainda assim, não foram poucas as improvisações surgidas, como esta coronha de madeira, numa Mk.II. Ao longo de sua existência, a Sten sofreu diversas modificações experimentais, muitas delas, envolvendo a coronha. As diversas Mk.II vistas aqui (não exatamente na mesma escala de tamanho) são um exemplo: (A) coronha esqueletizada e empunhadura vertical de madeira (esta, usada em todas as armas fornecidas à Holanda após a Segunda Guerra Mundial); (B) modelo experimental com empunhadura principal e coronha metálica rebatível; (C) variante da coronha normal de Mk.II, com empunhadura metálica esqueletizada; (D arma sem coronha, com empunhadura esqueletizada, freqüentemente lançada de pára-quedas para forças de resistência em países da Europa ocupada.
A Mk.III, cuja produção esteve a cargo de um fabricante de brinquedos (naquela época, quase todos feitos de metal), certamente representava os mais baixos padrões de acabamento de todas as versões, ainda que seu funcionamento não fosse, de fato, comprometido. Uma cuidadosa observação desta foto vai mostrar a pequena peça metálica, rebitada à frente da janela de ejeção, que tinha a finalidade de evitar que os dedos da mão de apoio do atirador ali entrassem, por descuido. A Sten Mk.V marcou a volta de componentes de madeira (coronha e empunhaduras) à "sub" britânica, que também apresentava um acabamento final mais refinado (ou menos rústico, na verdade...). Por sua relativa fragilidade, a empunhadura dianteira, de apoio, acabou sendo removida das armas ainda em uso após 1945. 366
As características de extrema simplicidade da Sten esteve presente em todas as variantes produzidas, com pequenas variações entre si, como visto nas fotos acima, de armas desmontadas para manutenção rotineira. A da esquerda é uma Mk.II (Second Pattern) e a da direita, uma Mk.III, podendo ser observado que, neste modelo, o cano (envolvido por uma camisa metálica fechada) não podia ser retirado. Alguns dos muitos modelos de submetralhadoras artesanais, genericamente baseadas na Sten, fabricadas na Indonésia no final da década de 1940, durante a luta pela independência daquele país.
Estas chamadas Stens "Verticais", com o carregador fora da posição normal (lado esquerdo da arma) foram fabricadas nos EUA a partir de componentes originais adaptados a caixas da culatra novas, da Keller Enterprises (Safety Harbor, FL), tubos de aço 4130, sem costura, nos comprimentos de 254 e 280 mm). São, basicamente, modelos Mk.II, com variadas configurações de coronha e empunhadura.
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GRÃ-BRETANHA
Sterling (Patchett)
A história desta arma começou em 1942, quando George William Patchett, da fábrica Sterling Engineering Company, Ltd., solicitou o registro de patentes para uma submetralhadora calibre 9 x 19 mm, de operação "blowback" e tiro seletivo. O processo de desenvolvimento estendeu-se até 1945, quando ficaram prontos os primeiros protótipos, havendo indicações de que um lote experimental de umas 100 unidades chegou a ser completado a tempo de ser usado, numa real avaliação operacional, nos estágios finais da Segunda Guerra Mundial. Recebendo, de início, o nome de seu criador, a Patchett apresentava uma configuração comprovadamente de agrado das tropas britânicas. O carregador ( de Sten, 32 tiros, ou de Lanchester, 50 tiros) era horizontalmente colocado no lado esquerdo da caixa da culatra cilíndrica, que se estendia para a frente numa longa camisa perfurada que envolvia todo o cano. A coronha era metálica e esqueletizada, sendo rebatível para a frente. Nos primeiros protótipos (acima) o seletor de tiro era uma alavanca localizada na frente do guarda-mato. Após a Guerra, surgiu um modelo freqüentemente chamado "de transição" que, embora ainda usando carregadores de Sten, já se apresentava com a configuração e características básicas com que a arma seria adotada futuramente. As mais evidentes mudanças estavam no seletor de tiro (passou para o lado esquerdo, logo acima da empunhadura), no formato da coronha metálica e no aumento do raio de visada (distância entre miras), por exemplo. Até uma baioneta rebatível chegou a ser colocada, experimentalmente (acima). 368
Em 1953, pós um longo período de variadas modificações no projeto e baterias de testes, a submetralhadora foi, finalmente, escolhida para equipar as forças armadas britânicas, passando, a partir de então, a ser chamada de Sterling Mk.II (por causa do nome de sua fábrica), também recebendo a designação militar de L2A1. Um novo carregador curvo de 34 tiros, próprio da arma, foi introduzido, possuindo roletes internos, em vez de uma mesa, para levar os cartuchos em direção à arma. Ainda que tivesse encaixe para baioneta, tal acessória raramente era visto em posição. O funcionamento continuava o mesmo ("blowback" e tiro seletivo, a 550 disparos por minuto. Com cano de 198 mm, a Sterling inicial tinha um comprimento total de 710 mm, caindo para 480 mm, quando a coronha era rebatida para a frente. O peso vazio era de 2,7 kg (3,5 kg, municiada). Aquelas Sterlings inicialmente entregues à tropa tiveram a finalidade principal de servir como "cobaias" para uma avaliação mais detalhada da nova arma. Com base naquela experiência, então, foram feitas as modificações que levaram ao modelo L2A2, o primeiro a ser fabricado em escala realmente grande. Entre as novidades, incluem-se, por exemplo, o redesenho da alça de mira, reposicionamento das alças de bandoleira, reforço na coronha (apesar de ser mais leve), redesenho da alavanca de manejo, redesenho da câmara (para melhorar o funcionamento sob condições de sujeira) e pequenas modificações na caixa da culatra. Posteriormente, ainda surgiu a L2A3, com pequenas modificações adicionais. As dimensões e pesos, na prática, ficaram inalterados.
Na década de 1960, o Estado-Maior do Exército Britânico solicitou à indústria uma submetralhadora de tiro seletivo com características tais que seu ruído mecânico não fosse "audível a 30 metros e não fosse identificada como arma de fogo, a 50 metros". A Sterling Armament Company (o novo nome da firma) e o mesmo George Patchett responderam com um projeto para atender àqueles requisitos. Usando uma L2A3 como ponto de partida, mais ou menos em 1967, a nova arma já estava pronta para entrar em produção, o que logo aconteceu, sob a designação de modelo L34A1 (também é conhecida como Ptachett/Sterling Mk.5). Possui um supressor de ruído integral, com guarda-mão na parte de baixo, reduzindo a velocidade inicial do projétil 9 mm para um nível subsônico (cerca de 300 metros por segundo), sendo de 864 mm seu comprimento total (660 mm, com a coronha rebatida) e de 4,3 kg o peso, municiada. 369
A evolução da "sub" britânica pode ser representada por esta foto, onde estão reunidas (do alto para baixo) a MP28,II, a Lanchester, um protótipo da Patchett e, finalmente, a Patchett/Sterling.
(ACIMA e AO LADO): Protótipo construído por George W. Patchett, por volta de 1942, de uma "sub" compacta, que seria destinada a tropas pára-quedistas. Um detalhe de seu projeto é que a parte de trás da caixa da culatra, onde se prendia a coronha rebatível, podia ser recolhida para dentro, diminuindo o comprimento da arma. Versão ultra-compacta (Sterling Mk. 7), colocada no mercado na década de 1980, destinada a tropas especiais. Tem cano de apenas 89 mm, 355 mm de comprimento total e peso vazio de 2,2 kg. Aqui, aparece com um curto carregador de 15 tiros, mas, também pode receber os normais, de 34 tiros.
Em 1981, a Sterling passou a oferecer uma coronha fixa, em material sintético, para suas armas, inclusive para a versão silenciada.
Protótipo não identificado, da fábrica Sterling, de uma submetralhadora com caixa da culatra retangular e carregador no lado esquerdo da arma. 370
GRÃ-BRETANHA
Tipo A, Tipo B
Estas armas foram, aparentemente, desenvolvidas e construídas por algum projetista particular nos últimos anos da Segunda Guerra Mundial e serão denominadas, por falta de qualquer designação conhecida, Tipos A e B. São de operação "blowback" e tiro seletivo, disparando a partir da posição de ferrolho à frente (culatra fechada). Sua construção é extremamente simples, com amplo uso de tubos e estamparia de aço, sendo poucas as peças usinadas. A coronha, fixa, consiste em dois tubos soldados numa soleira estampada de fuzil No.4, onde também se origina o conjunto da massa de mira usado no Tipo B. Os carregadores usados são de Lanchester, de 50 tiros (ilustrados aqui), ou de Sten, de 32. O seletor de tiro, no lado esquerdo e logo acima da empunhadura, apresenta as posições "R" (semi-automático), "A" (automático) e "S" (segurança). Pesos e dimensões são desconhecidos, mas, pode ser observado que a arma "B" possui cano um pouco mais longo que a outra.
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GRÃ-BRETANHA
Veseley V.42
Esta submetralhadora experimental, em calibre 9 x 19 mm, foi desenvolvida por volta de 1940 por um engenheiro checo, na época, residindo na Grã-Bretanha. Alguns protótipos foram construídos e submetidos a testes pelo Exército Britânico, mesma já estando ele totalmente comprometido com a produção e uso da Sten. A principal característica da arma, designada V.42, estava no carregador. Na prática, eram dois carregadores de 30 tiros enfileirados no interior de um só compartimento metálico, em que, inicialmente, a munição do da frente era usada. Esgotando-se os primeiros 30 tiros, um dispositivo interno na arma passava a alimentar os 30 restantes. Segundo consta, tal sistema funcionava adequadamente. No mais, a submetralhadora era bastante convencional, com operação "blowback" de tiro seletivo (cadência cíclica: 750 disparos por minuto), estando o seletor de tiro e segurança ("A", "R", "S") no lado esquerdo, acima do gatilho. Sua construção era quase toda em estamparia, estando o cano de 254 mm de comprimento quase todo envolvido por uma camisa perfurada. Uma fina baioneta estava permanente fixa à arma, podendo ser rebatida para trás e para cima da proteção do cano. O comprimento total da V.42 era de 800 mm (1.012 mm, com a baioneta aberta), com 3,1 kg de peso vazio (4,2 kg, com o carregador cheio).
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GRÃ-BRETANHA
Viper Entre 1942 e 1945, um projetista privado desenvolveu uma pequena série de submetralhadoras experimentais em calibre 9 x 19 mm, genericamente chamadas de Viper, em que se enfatizava a possibilidade de se fazer tiro instintivo com somente uma das mãos. Antecipando, por décadas, o atual conceito de PDW (Personal Defense Weapon, ou Arma Individual de Defesa), a arma seria destinada a equipar aquele segmento da tropa (motoristas, tanquistas, artilheiros, etc.) cuja necessidade de usar armamento individual não costuma ser muito freqüente.
O primeiro modelo, de operação apenas automática, tinha a caixa da culatra e o mecanismo de disparo alojados numa espécie de "casca" de madeira ou plástico , cuja parte posterior funcionava como um tipo de coronha e alojava material de limpeza e alguns sobressalentes. A única empunhadura e o gatilho situavam-se bem à frente, estando o carregador, de Sten, na esquerda. Aliás, a arma empregava um mecanismo de disparo baseado no da, então, regulamentar, "sub" britânica. Desprovida de miras, seu comprimento total era de 560 mm. Uma proposta Viper II (aparentemente, jamais construída) também teria todo o mecanismo envolvido por uma carenagem não metálica, mas, o carregador passaria a ocupar uma posição vertical, no interior do punho. Seu cano era de 127 mm e o comprimento variava entre 200 e 560 mm, respectivamente, com a coronha fechada e aberta.
Já a subseqüente Viper III era inteiramente metálica, possuía a opção de usar canos com três diferentes comprimentos, a coronha era destacável, usava carregador de MP40 (o alojamento também servia como empunhadura de apoio) e tinha aparelho de pontaria. 373
GRÃ-BRETANHA
Welgun
Na década de 1940, a busca por uma eventual substituta para a Sten -- principalmente, para tropas pára-quedistas -- manteve vários projetistas bastante ocupados na Grã-Bretanha. Por volta de 1943, a BSA (Birmingham Small Arms Company) apresentou a Welgun, que havia sido desenvolvida segundo especificações do Special Operations Executive (Escritório de Operações Especais), em Welwyn Garden City (daí, o nome da arma). Apesar de seu bom desempenho, as autoridades acabaram decidindo ficar com a Sten, mesmo Em calibre 9 x 19 mm e empregando carregadores da Sten, em posição vertical, a Welgun tinha sua mola recuperadora posicionada à frente do ferrolho, à volta do cano e envolvida por sua luva. Não havia uma alavanca de manejo, propriamente dita: o ferrolho era retraído segurando-se em ranhuras usinadas em suas laterais, sendo que sua movimentação se dava através de hastes-guias formadas pela própria estrutura da caixa da culatra. A simples coronha metálica era rebatível para cima e para a frente da arma, que possuía um guarda-mão horizontal de madeira. O regime de tiro era seletivo (cadência cíclica de 650 disparos por minuto) e, para dar rajadas, havia uma tecla no lado esquerdo, logo acima da empunhadura, que tinha que ser mantida abaixada pelo polegar do operador, enquanto o gatilho era acionado, processo meio estranho e não muito prático. O cano tinha 193 mm de comprimento o comprimento total era de 670 mm (430 mm, com a coronha rebatida) e o peso vazio, de 3,1 kg (3,7 kg, com a arma municiada). 374
HUNGRIA
Modelo 39M, Modelo 43M Esta arma criada por Paul Kiraly, tendo vários pontos em comum com a submetralhadora suíça MKMO. O curioso é que esta arma foi originariamente oferecida aos britânicos em 1939 (alguns protótipos chegaram a ser construídos pela BSA) e, apesar de seu bom funcionamento e preço relativamente baixo (à época, 5 libras esterlinas), foi inexplicavelmente rejeitada. Conseqüentemente, o projeto foi levado de volta a Budapeste, onde entrou em produção pela fábrica Danuvia.
Como era utilizado o mais potente (em relação ao 9 x 19 mm) cartucho 9 mm Mauser, o funcionamento era por "blowback" retardado, o que mantinha o ferrolho fechado por mais tempo, até que as pressões geradas pela deflagração baixassem a níveis seguros. A configuração de fuzil (podia, até, usar baioneta, chegando a um comprimento total de 1.378 mm) apresentada pelo Modelo 39M ficava ainda mais evidente com o rebatimento do longo carregador (40 tiros) para a frente, o qual ficava alojado num recesso longitudinal existente no guarda-mão de madeira. O cano era de 500 mm, sendo de 1.048 mm o comprimento total. O peso vazio era de 3,4 kg (4,6 kg, municiada). O seletor de tiro e segurança aplicada, em formato de um anel, ficava na parte de trás da caixa da culatra, com as inusitadas marcações "Z" (segurança), "E" (semi-automático) e "S" (automático, 750 tiros por minuto). Poucos exemplares foram fabricados. Em seguida, entrou em produção o Modelo 43 M, no mesmo calibre, mas cujo carregador não era intercambiável com o da versão inicial. A arma apresentava uma coronha metálica rebatível, que reduzia seu comprimento total de 953 mm para 749 mm, sendo cerca de 400 gramas mais leve. Foi bastante utilizada pelo Exército Húngaro ao longo da Segunda Guerra Mundial, sendo posteriormente substituída por armamento de origem russa (PPSh-41), nos anos de pósGuerra. 375
HUNGRIA
Modelo 53
Esta submetralhadora em calibre 7,62 x 25 mm, aparentemente, foi fabricada em pequenas quantidades pela fábrica Danuvia no início da década de 1950, destinando-se exclusivamente ao uso policial. Seu projeto é atribuído a Joseph Kusher. De operação "blowback" e tiro seletivo (cadência cíclica de aproximadamente 700 disparos por minuto), sua caixa da culatra cilíndrica é inteiramente feita pelo caro e demorado processo de usinagem, algo não esperado numa arma daquela época. O cano de 240 mm, por sua vez, é envolvido por uma luva metálica perfurada feita em estamparia, possuindo um compensador que também serve de base para a alça de mira (tipo poste, com abas laterais de proteção. Também é de estamparia a coronha rebatível, que permite que a redução do comprimento total da arma de 860 mm para 540 mm. O carregador usado era curvo e, possivelmente, baseado no da PPS-43 russa, de onde também foram copiados vários componentes. Maiores detalhes são desconhecidos.
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HUNGRIA
KGP-9 Criada no início da década de 1990 pela companhia (FEG) Fegyver-és Gázkészülékgyár, de Budapeste, KGP-9 é uma arma em calibre 9 x 19 mm (carregador de 25 tiros) de funcionamento "blowback", com tiro seletivo, e que atira a partir da posição de ferrolho fechado, com martelo e percussor. A alavanca de manejo, em formato de gancho e que não se movimenta durante o tiro, está a uns 45 graus à esquerda, de modo a não interferir com o aparelho de pontaria (massa do tipo poste e alça tipo abertura, com raio de 252 mm).
Dotada de um cano de 190 mm (existe a opção de outro, de 250 mm, versão carabina), tem um comprimento total de 615 mm e, com a coronha metálica rebatida para a direita, fica com 355 mm de comprimento. Seu peso vazio é de 2,75 kg. Esta compacta "sub" parece estar em uso por forças policiais e de segurança da própria Hungria, não havendo confirmação de vendas para o exterior. 377
ISRAEL
Micro-Uzi
A Micro-Uzi, colocada no mercado no início da década de 1990, é a versão mais compacta da família de submetralhadoras israelenses Uzi, estando disponível em calibre 9 x 19 mm. Um modelo apenas semiautomático e sem coronha, a Uzi Pistol, também foi fabricado em .45 ACP. Sua operação é em "blowback", atirando a partir da posição de culatra fechada (ferrolho à frente), com martelo e percussor, e emprega os mesmos carregadores de 20, 25 ou 32 tiros das demais versões. Por suas dimensões, tem, necessariamente, uma elevadíssima cadência cíclica em tiro automático, em torno de 1.700 disparos por minuto, mesmo dispondo seu ferrolho de um "insert" de tungstênio, para torná-lo mais pesado. O cano tem 134 mm de comprimento, o comprimento total é de 486 mm (282 mm, com a coronha metálica rebatida para a direita) e o peso, com carregador de 25 tiros municiado, é de 2,5 kg.
Rara foto de uma chamada "Para Micro-Uzi", modelo aparentemente utilizado por unidades anti-terroristas e de operações especiais de Israel. A alavanca de manejo foi deslocada para o lado esquerdo para permitir a colocação de um trilho Picatinny na parte de cima, onde fica um visor reflex Tasco Optima 2000, com um segundo trilho existindo sob o cano, com um apontador laser infravermelho Meprolight. Observar a existência de um supressor de ruído e de chamas. A empunhadura foi modificada para permitir o uso, também, de carregadores de pistola Glock, como o de 33 tiros visto aqui.
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A Micro-Uzi e um carregador de 20 tiros totalmente desmontados. A extrema compacidade da arma chega a permitir seu porte num coldre especial, como uma pistola.
A arma acima e ao lado, com carregador de 32 tiros, é uma Uzi Pistol, versão apenas semi-automática e sem coronha. O compacto supressor de ruído instalado é um Reflex, de fabricação finlandesa.
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ISRAEL
Mini-Uzi
Operacionalmente consagrada em várias guerras no Oriente Médio e em uso policial/militar em várias partes do mundo, a submetralhadora Uzi deixava alguma coisa a desejar em termos de compacidade e em praticidade (aqui, por sua relativamente complexa e mais freqüentemente usada coronha metálica dobrável). Assim, na metade da década de 1980, a IMI - Israel Military Industries colocou no mercado a Mini-Uzi, também no tradicional calibre 9 x 19 mm. De operação "blowback" e tiro seletivo , a arma está disponível em duas versões, de culatra aberta (cadência cíclica de 950 tiros/min) ou culatra fechada (cadência cíclica de 1.700 tiros/min). O cano de 197 mm de comprimento está dotado de compensador integral, sob a forma de cortes transversais próximos à boca, com o objetivo de prover maior controlabilidade em rajadas. O conjunto do mecanismo de disparo e a empunhadura são os mesmos da Uzi maior, com a trava de bloqueio do ferrolho na parte posterior, botão de liberação do carregador na base esquerda e seletor deslizante de tiro e segurança aplicada ("A", "R", "S") logo acima da empunhadura. Importante adição foi a simples e eficiente coronha metálica rebatível, que permite a redução do comprimento total de 600 mm para 360 mm, em condição de transporte. Com um carregador de 25 tiros, cheio, a Mini-Uzi pesa 3,15 kg.
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A arma desmontada em seus principais conjuntos, para limpeza e manutenção de rotina. Pode ser observado que boa parte do cano fica alojado no interior do ferrolho envolvente, de formato retangular.
A prática coronha da Mini-Uzi facilita muito o tiro visado. Rajadas curtas de dois ou três tiros podem ser facilmente obtidas mediante o adequado manuseio do gatilho, apesar da elevada cadência cíclica da arma. Um dos muitos acessórios disponíveis para a arma é um grampo metálico que permite a acoplagem de dois carregadores, em "L", para agilizar a troca.
Interessante comparação visual da Mini-Uzi com outras "subs" supercompactas mais antigas, a Ingram M10/45 e a Cobray M11/9.
Embora quase dobre o comprimento da arma, um supressor de ruído aumenta em muito sua versatilidade operacional, sobretudo em situações de CQB (combate em ambientes exíguos. O exemplar aqui visto, com o mais curto carregador de 15 tiros, também recebeu um apontador laser . 381
Esta Mini-Uzi, modificada para uso de forças especiais israelenses, teve a alavanca de manejo reposicionada no lado direito, deixando a parte de cima da arma livre para a colocação de acessórios (aqui, uma mira ótica diurna Eyal 20X3). Abaixo do cano, dotado de um curto supressor de ruído, foi acoplada uma lanterna.
Uma outra opção para a colocação de miras auxiliares é um curto trilho preso à parte posterior da caixa da culatra, ligeiramente deslocado para o lado direito.
Para quem precisar, realmente, de muita munição num único carregador, a firma norteamericana C & S Metall -Werkes, Ltd. oferece este, do tipo tambor, com capacidade para 72 cartuchos. Pesa, cheio, 2 kg.
A "sub" israelense teve boa aceitação internacional. Desde 1989, por exemplo, é uma das armas disponíveis no arsenal do GRUMEC - Grupamento (antigo Grupo) de Mergulhadores de Combate da Marinha do Brasil, também sendo utilizada pelos COMANFs - Comandos Anfíbios do Corpo de Fuzileiros Navais.
A curiosa arma ao lado é uma cópia da Mini-Uzi fabricada na Croácia pela firma RH-Alan, com o nome de ERO. Também em calibre 9 x 19 mm, usa o mesmo conjunto de empunhadura e mecanismo de disparo combinado com uma caixa da culatra ligeiramente mais curta. Observar a coronha retrátil com soleira rebatível, inspirada nos modelos Ingram/Cobray, e a marcação "R"/ "P"/"Z" do seletor de tiro. O carregador é o de 15 tiros, mas, também pode usar os de maior capacidade. 382
ISRAEL
Uzi
Esta submetralhadora surgiu no início da década de 1950, logo após a independência do Estado de Israel, quando suas emergentes forças armadas viram-se diante da necessidade de armarem-se com rapidez e a custos aceitáveis. Sua incipiente indústria bélica, cujas origens foram oficinas clandestinas na fase de pré-independência, já havia fabricado uma versão local, bem improvisada, da "sub" britânica Sten Mk.II, inclusive, aproveitando canos de ... velhas armas de caça! Mas, as tropas locais já não agüentavam mais usar armamento que nem sempre funcionava e que, não muito raramente, explodia nas mãos de seus operadores. Após não haverem encontrado, no mercado internacional, uma submetralhadora que atendesse a seus requisitos operacionais, o estado-maior das Forças de Defesa de Israel resolveu partir para um projeto nacional, em calibre 9 x 19 mm. Para isso, contratou dois projetistas locais para desenvolverem, paralelamente, projetos competitivos: o Major Chaim Kara e um jovem projetista, Uziel Gal, que demonstrava especial aptidão com armas leves. Doze "Karas" e cinco "Uzis", em forma de protótipos, estavam prontas em 1951 para serem submetidas a duras provas de aceitação militar. Após uma extensa bateria de testes, a já definitivamente chamada Uzi (ao lado) saiu-se vencedora, sobretudo, por sua capacidade de funcionar adequadamente sob as árduas condições de combate em ambiente desértico, além de ser relativamente fácil e barata de fabricar. 383
Feita a escolha final, um lote de pré-série, com umas 80 unidades, foi fabricado e entregue a diversas unidades para detalhada avaliação por parte da tropa, o que se estendeu até 1955. Já incorporando diversas modificações, seu batismo de fogo deu-se na Guerra de Suez, em 1956, de onde saiu coberta de elogios e com um brilhante futuro à sua frente. Sua fabricante, a IMI - Israel Military Industries, Ltd. a manteria em produção por cerca de meio século. Durante algum tempo, no início da década de 1960, também foi fabricada sob licença, na Bélgica, pela Fabrique Nationale. Uziel Gal (foto) viria a morrer nos Estados Unidos em 2002, com a idade de 78 anos.
Gradualmente, a Uzi foi recebendo pequenas modificações (aumento da alavanca de manejo, redesenho da tampa da culatra, etc.), mas, basicamente, manteve o projeto original. Operando em "blowback" a partir da posição de culatra aberta, seu ferrolho retangular (ao lado) é do tipo geralmente chamado de telescópico ou envolvente, uma vez que, quando fechado, um recesso em seu interior abriga uma boa parte do cano de 260 mm, contribuindo para a compacidade da arma. Apesar de não ter sido a primeira submetralhadora a ter o carregador alojado no interior da empunhadura principal, foi, sem dúvida, a que mais popularizou tal configuração. Inicialmente dotada de uma coronha destacável de madeira (existiam com dois comprimentos diferentes), em pouco tempo a Uzi passou a receber uma unidade dobrável e rebatível, 300 gramas mais leve, que se tornaria padrão da arma. Com seu recolhimento, o comprimento total cai de 650 para 470 mm. 384
A empunhadura está, praticamente, no centro de gravidade da arma, o que, numa emergência (e só numa emergência, mesmo!), pode facilitar o disparo com apenas uma das mãos. Sua configuração exatamente vertical, sem inclinação, deixa um pouco a desejar no que diz respeito a tiros ditos "instintivos" ou "de assalto", quando a submetralhadora fica numa posição mais baixa. Como medida de segurança contra disparos acidentais, existe uma tecla na parte posterior que, se não for devidamente pressionada pela mão do operador, mantém o ferrolho bloqueado. O seletor de tiro, na forma de um botão de deslocamento longitudinal, fica no lado esquerdo do cofre do mecanismo de disparo. Também no lado esquerdo, junto à entrada do alojamento do carregador, situa-se o retém. Os carregadores normalmente disponíveis têm capacidade para 20, 25 ou 35 cartuchos. Com um carregador de 25 tiros, cheio, a Uzi pesa exatos 4 kg. Sua cadência cíclica, em tiro automático, é de 600 disparos por minuto. Deve ser lembrado que esta submetralhadora israelense também chegou a ser fabricada no calibre .45 ACP, geralmente, na versão carabina (semi-automática e com cano longo). Também foram feitos "kits" de conversão, com novos cano, ferrolho e carregadores.
As primeiras Uzis fabricadas, como o exemplar ao lado, podem ser identificadas pela cobertura reta da caixa da culatra, pequena alavanca de manejo e a coronha destacável de madeira. O guarda-mão e o revestimento da empunhadura eram do mesmo material
Uma coronha de madeira, mais longa e com contornos diferentes da anterior, apareceu em algumas armas iniciais, como esta, que já apresentando uma pequena curvatura na tampa da caixa da culatra.
Após Israel, o primeiro de muitos países a adotar a Uzi foi a então Alemanha Ocidental, onde recebeu a designação de MP2. As marcações do seletor de tiro ("D", "E", "S") eram no idioma daquele país.
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Os principais controles: (1) alavanca de manejo, (2) trava de segurança, (3) retém do carregador, (4) seletor de tiro e segurança aplicada.
Um exemplar desmontado em seus componentes principais. Ainda que as peças estejam espalhadas sem qualquer preocupação com uma desejável simetria e espaçamento entre elas, é possível ter uma idéia da relativa simplicidade do projeto de Uziel Gal.
Embora não muito comum em submetralhadoras, uma baioneta pode ser encaixada na Uzi. Ainda que não tenha aplicações muito práticas, serve, pelo menos, para abrilhantar desfiles: o militar da Força Aérea Peruana, visto ao lado, está com uma arma assim equipada.
Para o "álbum de família": a Uzi e suas "irmãs" mais novas e menores.
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Entre os muitos acessórios disponíveis para a arma, existe um coldre axilar de couro, destinado ao uso por equipes de guarda-costas de dignitários. Quando da tentativa de assassinato do então presidente norteamericano Ronald Reagan, em 1981, os agentes do Serviço Secreto que o protegiam, armados com Uzis, possivelmente dispunham deste equipamento.
Como a maioria das "subs", as armas israelenses podem receber diferentes tipos de supressores de ruído. A Uzi (no alto) e a Mini-Uzi vistas aqui estão, respectivamente, com unidades Gemtech Mossad e Mini-Mossad, de fabricação norteamericana. São fabricados inteiramente em ligas de alumínio, pesam apenas 300 gramas e oferecem uma redução de ruído de 33 dB(A).
A Uzi, em muitas mãos: (ALTO, ESQ.) mulheres do Exército Peruano, (ALTO, DIR.) ativista feminina da Guarda Revolucionária Iraniana, (AO LADO), policiais venezuelanos.
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Desenho em corte da Uzi.
Com cano de 16 polegadas e funcionamento apenas semi-automático, a arma vista aqui é uma carabina Uzi em calibre .45 ACP. O seletor de tiro, no detalhe, só tem as posições "F" (Fogo) e "S" (Segurança). Após a entrada em vigor, em 1994, da proibição de importação e vendas de alguns tipos de "armas de assalto" (!?) no mercado civil norte-americano, coronhas não-fixas e empunhaduras do tipo pistola foram banidas das armas longas. Assim, surgiram as chamadas coronhas "esportivas", como a usada nesta carabina Uzi Sporter, calibre 9 x 19 mm, produzida e comercializada pela companhia estatal chinesa Norinco.
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ITÁLIA
Armaguerra OG-44
Em 1944, o projetistas Giovanni Oliani criou esta interessante submetralhadora calibre 9 x 19 mm, cujos vários protótipos foram construídos pela firma Armaguerra, na cidade de Cremona. Não entrou em produção, talvez, devido à concorrência das mais conhecidas armas da família Beretta. Além do fato e apresentar um acabamento geral bem superior ao do tempo da Segunda Guerra Mundial, esta arma foi a responsável pela introdução de uma importante inovação técnica, o chamado ferrolho projetado. Grosso modo, tinha a configuração de um longo "L" deitado, cuja perna mais curta era a face do ferrolho, com o percutor, e, no momento do disparo, a perna mais longa (e, consequëntemente, a maior parte de sua massa) ficava acima e à frente da câmara, equilibrando a arma. Tal arranjo seria, anos mais tarde, copiado em diversas outras armas, como a Walther MPL/MPK e a Franchi LF-57, por exemplo). De operação "blowback" e tiro seletivo (cadência cíclica de 500 disparos por minuto), a OG-44 tinha sua caixa da culatra e a jaqueta perfurada à volta do cano feitas por processo de estamparia a partir de uma única chapa de aço com 1,5 mm de espessura. Exemplares com coronha rígida de madeira e metálica, rebatível, foram construídos. Segundo o projeto original, carregadores próprios da arma, com capacidade para 25 tiros, seriam usados, mas, para agilizar o processo de desenvolvimento, foram aproveitados carregadores do tipo Beretta (20, 30 ou 40 tiros), amplamente disponíveis e de excelente reputação. Com cano de 292 mm, o comprimento total da OG-44 era de 788 mm e seu peso vazio, de 3,5 kg.
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ITÁLIA
Benelli CB M2
A partir do final da década de 1970 e durante boa parte da década de seguinte, as firmas Armi Benelli (conhecida fabricante de espingardas) e Fiocchi (munições) estiveram trabalhando m conjunto no desenvolvimento de uma submetralhadora que empregava um tipo de munição calibre 9 mm "semicaseless", ou seja, numa categoria entre os cartuchos convencionais e os sem estojo. Denominada AUPO (de AutoPropelente), o cartucho era uma evolução do antigo princípio Volcanic, possuindo projétil (A) de 109 "grains" impulsionado por 6,2 "grains" de um propelente moldado (B) e envolvido (menos na parte posterior) por uma "casca" extrudada (C) a partir do próprio projétil, em liga de cobre. A iniciação se dava por percussão anular lateral (D), com um percussor em ângulo de 90 graus. Em tais condições, como não fica um estojo vazio na arma após o tiro, torna-se desnecessária a existência de dispositivos de extração e ejeção (inclusive, a própria janela), o que agiliza o processo de alimentação e, por conseguinte, aumenta cadência cíclica em tiro automático, para cerca de 1.000 disparos por minuto. O projétil apresentava uma velocidade de 390 metros por segundo a 10 metros da boca do cano, ou seja, mais ou menos equivalente ao tradicional 9 x 19 mm. O CB M2 operava somente em regime de tiro automático, sendo alimentada por carregadores do tipo cofre vertical, com capacidades de 20, 30 ou 40 cartuchos. Com cano de 200 mm, tinha um comprimento total de 660 mm, mas, mediante o rebatimento da coronha metálica, ficava com 450 mm de comprimento. O peso da arma, vazia, era de 3,7 kg.
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ITÁLIA
Beretta M1918
É muito provável que, nos estágios finais da Primeira Guerra Mundial, os militares italianos tenham encontrado algumas das bem portáteis Bergmann MP18,I alemãs, que faziam sua estréia em combate, e as tivessem comparado com sua desajeitada e pesada Villar Perosa. Seja como for, o fato é que resolveram reavaliar aquela arma e torná-la mais prática. A tarefa foi entregue à fábrica Beretta que, por seu turno, designou o jovem projetista Tullio Marengoni para levá-la a cabo. O que ele acabou fazendo foi muito simples: "cortou" a Villar Perosa ao meio, deu a cada metade uma coronha e telha de fuzil e, pronto, ali estavam duas submetralhadoras!
A "nova" arma, mantendo o calibre original 9 mm Glisenti, foi designada Moschetto Automatico Modello 1918 e era de tiro seletivo, com dois gatilhos separados. Também foi feita uma versão, de regime apenas semi-automático, em que foi eliminado e mecanismo de rajadas. Esta segunda variante (acima) recebeu uma fina baioneta, rebatível para trás. A mesma configuração de alimentação da Villar Perosa, com carregador tipo cofre (25 tiros) colocado verticalmente na parte de cima e janela de ejeção para baixo, foi mantida, mas, algumas alterações mecânicas conseguiram reduzir um pouco (para 900 tiros por minuto) a elevada cadência cíclica da arma original. Com cano de 305 mm, a M1919 tinha um comprimento total de 780 mm (1.092 mm, com a baioneta estendida) e pesava, carregada, 7,5 kg. 391
ITÁLIA
Beretta M1938A e derivadas A experiência adquirida pela fábrica Pietro Beretta com as armas do chamado Modelo 1918, adaptações da Villar Perosa em calibre 9 mm Glisenti, a levou a produzir, também, as carabinas semi-automáticas M1918/30 e M1935, já no mais adequado calibre 9 x 19 mm e com carregadores colocados na parte de baixo das armas. O passo seguinte, entretanto, seria o que levaria aquela empresa a conquistar um lugar de destaque no cenário internacional das submetralhadoras. O responsável direto por isto foi o mesmo Tullio Marengoni (foto), que dera início aos trabalhos pioneiros da M1918, e a arma em questão, Modelo 1938, foi aprovada e entrou em produção como MAB 38A (Moschetto Automatico Beretta Modello 38A) ou M38A, empregando munição 9 x 19 mm . Suas qualidades eram tantas que, após uso intensivo na Segunda Guerra Mundial (tanto por tropas italianas como por alemãs e romenas), permaneceu em produção, em diversas variantes, até o início da década de 1950 e, em uso, por mais algumas décadas.
De operação "blowback" e tiro seletivo (rajadas, no gatilho da frente, e intermitente, no de trás), a arma pode utilizar carregadores tipo cofre vertical de 10, 20, 30 ou 40 cartuchos, sendo de em torno de 600 disparos por minutos sua cadência cíclica em automático. O acabamento da arma é bem esmerado, o chamado "primeiro modelo" sendo identificáveis por um compensador com apenas duas grandes aberturas verticais e pelas aberturas longitudinais na camisa de proteção térmica do cano. Freqüentemente, a arma apresentava uma baioneta rebatível.
Em seguida, veio o "segundo modelo", com o mesmo tipo de compensador, mas, com pequenos orifícios circulares na camisa do cano. Além do dispositivo de segurança aplicada já existente, na esquerda da caixa da culatra (marcações: "F" e "S"), recebeu uma pequena barra de deslocamento transversal na parte de trás do guarda-mato, que, se deslocada lateralmente para a direita, promove o bloqueio do segundo gatilho, impedindo o tiro automático. Esta versão foi a primeira a entrar, realmente, em produção em larga escala. 392
Uma terceira variante surgiu no final de 1938 e foi colocado em produção entre 1939 e1944, sendo reconhecida por um novo compensador, dotado de quatro cortes transversais na parte superior. Atendendo às exigências de maior economia nos tempos de guerra, a M38A passou a receber um maior número de componentes em estamparia de aço. Como os modelos anteriores, seu cano tem 315 mm de comprimento, sendo de 946 mm o comprimento total da arma. O peso vazio é de 4,25 kg. Por volta de 1941, Marengoni construiu alguns protótipos de um chamado Modelo 1, que seria destinado a tropas pára-quedistas. Usando o mesmo cano pesado de 200 mm, com sulcos longitudinais e compensador, da posterior M38/42, recebeu grande influência da submetralhadora alemã MP38/MP40, inclusive, empregando uma idêntica coronha metálica rebatível. O alojamento do carregador era bem longo e tinha a boca alargada, também funcionando como empunhadura de apoio. O mecanismo de disparo, com seleção de tiro através de gatilhos separados, aparentemente era o mesmo da série M38, mas, parecia estar alojado no interior de uma armação feita de algum metal leve, possivelmente, alumínio. A Modelo 1 pesava 4,4 kg com carregador cheio de 40 tiros, sendo de 711 mm seu comprimento total (508 mm, com a coronha rebatida).
Marengoni seguiu adaptando e simplificando seu projeto original, surgindo a M38/42, com cano um pouco mais curto (210 mm) e dotado de um característico compensador com dois largos rasgos transversais usinados na mesma peça, que já não mais possui a camisa ventilada de proteção. O guarda-mão de madeira não passa além do alojamento do carregador, sendo que a arma foi produzida, inicialmente, com um cano mais pesado e liso (acima), posteriormente adotando um cano mais fino e com sulcos longitudinais usinados. Seu comprimento total é de 400 mm, pesando 4 kg com carregador de 40 tiros cheio. A subseqüente M38/44 começou a ser fabricada em fevereiro de 1944, possuindo ferrolho mais curto e mola recuperadora de maior diâmetro, mais ou menos similar à usada pela Sten britânica. Sua principal característica externa de identificação é a tampa da caixa da culatra, reta, sem o habitual ressalto onde se encaixava o tubo da mola recuperadora de pequeno diâmetro. 393
Em 1949, veio a M38/49, dotada de uma trava de deslocamento transversal, um pouco à frente do guarda-mato, destinada a bloquear o ferrolho, tanto na posição aberta como na fechada. Este modelo recebeu encomendas de exportação para a Costa Rica, Egito, República Dominicana, Indonésia, Tailândia, Iêmen, Tunísia e Alemanha Ocidental (MP1) , além de permanecer em uso pelas forças armadas italianas até a década de 1980.
A última "sub" criada por Marengoni foi a Modelo 4, em 1956, sendo bem parecida com a anterior Modelo 1. Apresentava, todavia, uma coronha retrátil do tipo vergalhão dobrado (como o da "Grease Gun", norte-americana), sendo sua única segurança uma tecla de bloqueio do ferrolho, na parte de trás da empunhadura. Podia receber uma fina baioneta rebatível.
Mais ou menos entre 1957 e 1959, a fábrica Beretta produziu uma versão da M38/49 que recebeu a designação de Modelo 5. A única novidade nela incorporada foi uma tecla de segurança, no lado direito do guarda-mão: tinha que ser devidamente apertada pelos dedos da mão de apoio para desbloquear o ferrolho, tanto na posição aberta como na fechada. Este dispositivo foi criado pelo engenheiro Domenico Salza, que entrara na firma em 1950 e que, futuramente seria responsável pela criação da, possivelmente, última das submetralhadoras Beretta, a Modelo 12. O brilhante Tulio Marengoni aposentou-se em dezembro de 1957 e faleceu em agosto de 1965. 394
A Modelo 1938A foi amplamente usada pelas tropas italianas em todas as frente de combate da Segunda Guerra Mundial, sendo considerada, por muitos, a melhor submetralhadora de sua época. Uma M1938A (Primeiro Modelo) parcialmente desmontada: (1) ferrolho e alojamento tubular da mola recuperadora, (2) tampa da caixa da culatra, (3) carregador de 40 tiros, (4) municiador, (5) "pentes" de 10 cartuchos 9 x 19 mm.
Na Segunda Guerra Mundial, algumas tropas alemãs também foram equipadas com a Modelo 1938A. O soldado pára-quedista visto em primeiro plano está utilizando uma dessas armas para proteger um cinegrafista de combate, em local e data desconhecidos. No início das décadas de 1950 e 1960, "Bundeswehr" (Exército da Alemanha Ocidental) viria a encomendar lotes substanciais da posterior M38/49, localmente designada MP1. 395
Produzida entre 1949 e 1950, esta última versão da M1938A possuía a trava transversal de ferrolho derivada da M38/49. No detalhe, o compensador de quatro aberturas e parte da jaqueta do cano.
Exemplar da M38/42 dotado de cano afilado e com sulcos longitudinais usinados, caro método usado para acelerar o processo de arrefecimento.
Por volta de 1941, a Beretta testou este protótipo dotado de um elaborado revestimento térmico, de alumínio, para o cano. Não passou da fase experimental.
Esta M38/42 está com um cano mais pesado, de diâmetro constante e com sulcos longitudinais para arrefecimento.
A M38/49, vista aqui com uma baioneta rebatível, teve oito contratos de exportação entre 1949 e 1961. 396
Beretta M38/44 totalmente desmontada. Esta versão introduziu um ferrolho simplificado e sua mola recuperadora, com maior diâmetro, era semelhante à da Sten. Indicado nesta foto de uma M38/42 está a chave basculante de segurança aplicada (bloqueio do ferrolho), com as posições "F" (Fogo), para a frente, e "S" (Segurança), para trás. Em todas as armas de Tullio Marengoni, a seleção de tiro se dava por um sistema de dois gatilhos (semi-automático, no da frente, e automático, no de trás).
A Modelo 4, de 1946, foi o derradeiro projeto de Marengoni, sendo também conhecida como " MAB Modello 49 di Regia Marina" (Modelo da Marinha de 1949). Observar a fina baioneta, rebatida para trás, e o carregador de 40 tiros, fora do seu alojamento.
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ITÁLIA
Beretta Modelo 12
Após um longo período de sucesso obtido por suas submetralhadoras da família M1938, a Pietro Beretta SpA resolveu partir para um projeto mais atualizado, igualmente no calibre 9 x 19 mm, empregando técnicas mais modernas e baratas de fabricação. Os trabalhos ficaram a cargo do engenheiro Domenico Salza (foto) e começaram no início da década de 1950. O processo evolutivo daquela que se tornaria a Modelo 12 levou aproximadamente seis anos. O primeiro passo foi a simples arma vista na foto ao lado, mantendo um pouco da configuração geral da experimental Modelo 1, projetada por Tullio Marengoni em 1941. Sua caixa da culatra cilíndrica estendia-se para frente sob a forma de uma camisa perfurada que envolvia totalmente o cano. Aparentemente, seria equipada com uma coronha metálica rebatível, possuía uma tecla de segurança (trava do ferrolho) na parte de trás da empunhadura e conservava o tradicional sistema de seleção de tiro com dois gatilhos das "subs" Beretta. A partir de, mais ou menos, 1952, Salza passou a explorar uma nova configuração de arma, em que o conceito do ferrolho envolvente (ou projetado) foi usado pela primeira vez e em que passou a empregar maior quantidade de peças em estamparia de aço, como todo o conjunto da caixa da culatra e da armação principal (cofre do mecanismo de disparo, empunhadura e alojamento do carregador).Variados protótipos foram construídos até que fosse definido o chamado Modelo 6, em 1953. 398
A nova Pistola Mitragliatrice (o termo Moschetto Automatico já havia sido abandonado pelos italianos) tinha linhas bem modernas, para a época. Empregava um ferrolho retangular cuja face ficava numa projeção para baixo, na parte de trás, de modo que a maior parte de sua massa situava-se acima do cano (de 200 mm) da arma. Assim, conseguiu-se uma boa compacidade para a arma, que, com a coronha metálica rebatida para a frente, ficava com apenas 380 mm de comprimento (aberta: 630 mm). Seu peso também era reduzido, com 2,6 kg, vazia. O funcionamento era por "blowback", a partir da posição de culatra aberta (ferrolho recuado), com regime de tiro seletivo. A seleção entre semi-automático e automático (550 tiros por minuto) se processava através de um botão de deslocamento transversal existente um pouco à frente da empunhadura. Um outro botão semelhante, na parte de cima da mesma empunhadura, servia para aplicação de segurança (bloqueio do ferrolho), existindo, adicionalmente, uma tecla de segurança na parte de trás da empunhadura. Em 1957, ficou pronto o protótipo do Modelo 10, com caixa da culatra e ferrolho cilíndricos, já apresentando uma configuração geral que levaria à submetralhadora eventualmente aprovada. Nesta arma de transição, os mesmos tipos de comandos de segurança e seleção de tiro (dois botões de deslocamento transversal) do anterior Modelo 6 foram mantidos, com a tecla de segurança sendo deslocada para a parte da frente da empunhadura. A alavanca de manejo passou para o lado esquerdo, bem à frente, recebendo a arma um pequeno guarda-mão de material sintético. A coronha retrátil era do tipo vergalhão dobrado, que, quando recolhida, ficava com a soleira perfeitamente encaixada na parte de trás da empunhadura.
Alguns refinamentos no Modelo 10 levaram, em 1958, a um protótipo que incorporava quase todas as características da Modelo 12, incluindo, por exemplo, sua inconfundível empunhadura vertical de apoio, na parte anterior da arma. Um detalhe curioso mostrado no exemplar ilustrado acima é o cano mais longo, com rasgos longitudinais usinados próximos á boca, talvez, com o objetivo de funcionar como quebra-chamas. O Modelo 12 inicialmente produzido pode ser identificado pelo reforço existente na parte anterior do alojamento do carregador, que seria mantido ao longo de sua vida de produção em série. 399
Com o projeto definido, em 1959, a primeira versão da M12 foi colocada em produção na fábrica localizada na cidade de Brescia, recebendo suas primeiras encomendas do Governo Italiano em 1961 e, algum tempo depois, da Arábia Saudita e outros países. Foi produzida sob licença na Indonésia (Arsenal de Bandung) e no Brasil (Indústria e Comércio Beretta S.A.). As armas bem iniciais podem ser identificadas pelo capuz fechado (aberto, posteriormente) de proteção da massa de mira, pela tampa traseira da caixa da culatra, com uma pequena trava, e pelo acabamento parkerizado.
Por volta da segunda metade da década de 1970, com base nos anos iniciais de produção e serviço da arma, algumas modificações no projeto foram introduzidas, surgindo a Modelo 12S. Talvez a mais prática e significativa tenha sido a modificação do sistema de seleção de tiro e de segurança aplicada, que tomou a forma de uma registro rotativo situado no lado esquerdo e acima e à frente da empunhadura, com as posições "S" (Segurança), para trás; "I" (Intermitente), para baixo; e "R" (Rajada), para a frente, sendo mantida a pequena tecla de segurança (bloqueio do ferrolho) na parte dianteira da empunhadura. Outras mudanças podem ser observadas na trava da tampa traseira da caixa da culatra (reforçada e passada para cima), nas abas de proteção mas miras (mais fortes e abertas), no sistema de trava da coronha e da nova soleira, assim como no acabamento da arma (resina de epóxi). O cano de 200 mm de comprimento foi mantido, ficando as dimensões principais praticamente inalteradas, com um comprimento total de 660 mm e, com a coronha rebatida, 418 mm. O peso, com carregador cheio de 32 tiros, é de 3,8 kg. Opcionalmente, também pode usar carregadores de 20 e 40 tiros. 400
Exemplar bem inicial da M12, dotado de coronha destacável de madeira, com o mesmo comprimento da metálica rebatível, porém, 400 g mais pesada. Observar a alça de mira mais para a frente, na posição que ocupava na experimental Modelo 10.
M12 desmontada em seus principais conjuntos
O característico ferrolho envolvente da Modelo 12, com sua grande alavanca de manejo.
A Modelo 12S continua disponível tanto com a mais habitual coronha metálica rebatível como com uma de madeira, destacável, que deixa a arma 400 g mais pesada.
(ESQ.): Para receber supressor de ruído, é necessário o uso de um cano próprio. (DIR.) Um dos acessórios disponíveis é esta lanterna apontadora, que também passa a funcionar como empunhadura de apoio.
401
ITÁLIA
Bernardelli Modelo VB
Esta arma foi produzida em quantidades relativamente pequenas (cerca de 500) pela firma Vincenzo Bernardelli, na cidade de Brescia, entre o final de 1948 e o início de 1949. Aparentemente, foi o resultado de um projeto conjunto e cooperativo de vários técnicos daquela fábrica, não se conhecendo o nome de qualquer um que tenha tido maior destaque. Em calibre 9 x 19 mm, de tiro seletivo (600 disparos por minuto, em automático) e de operação "blowback", a partir da posição de culatra aberta. Sua configuração é a tradicional de muitas submetralhadoras de uma década anterior à sua, com coronha e guarda-mão de madeira servindo de base para a caixa da culatra cilíndrica, com a alavanca de manejo no lado esquerdo e a janela de ejeção na parte de cima. O cano relativamente longo (300 mm) é dotado de um compensador integral, nele usinado, com cinco rasgos transversais na parte superior, logo após a massa de mira, protegida por um capuz metálico. Como seria de se esperar, usava carregadores de 20 ou 40 tiros do tipo Beretta, muito bons e de farta distribuição naquela época. O seletor de tiro, uma haste no lado esquerdo da caixa da culatra, apresentava as posições "S" (Segurança), para trás; "I" (Intermitente), no meio; e "R" (Rajada), para a frente.
402
ITÁLIA
FDA
Esta virtual pistola-metralhadora (já que não possui coronha) parece ser de origem italiana e sua única marca aparece sob a forma das iniciais "FDA" no interior de um pequeno escudo gravado em ambos os lados da caixa da culatra. Curiosamente, é dimensionada para o calibre .380 ACP (9 mm Surto), sendo alimentada por um carregador de 25 tiros, num alojamento dianteiro que também funciona como empunhadura de apoio. De operação "blowback" e tiro seletivo, seu registro de tiro fica no lado esquerdo, acima da empunhadura, com as marcações "S" ("Securo", segurança), "R" ("Raffica", ajada) e "C" ("Colpo", para semi-automático). A caixa da culatra cilíndrica tem a alavanca de manejo, em formato de um botão, no lado direito e a janela de ejeção, no alto. O cano possui um compensador com três cortes transversais. A curiosa arma tem um comprimento total de 425 mm.
403
ITÁLIA
FNA-B Modelo 1943
Entre 1943 e 1944, uma pouco conhecida companhia da cidades de Brescia, a FNA - Fabbrica Nazionale d'Armi, produziu uma certa quantidade de submetralhadoras em calibre 9 x 19 mm que tiveram alguma utilização na Segunda Guerra Mundial, em mãos de tropas italianas e, em menor escala, alemãs. A Modelo 1943, modesta em real popularidade, esbanja em características interessantes e únicas, começando pelo fato de ser fabricada totalmente pelo caro processo de usinagem, incluindo componentes como a própria caixa da culatra e o alojamento do carregador, por exemplo. A coronha, uma fina haste de aço, rebate-se para baixo e para a frente, ficando, com a soleira também rebatida, no lado direito da arma. A jaqueta perfurada à volta em volta do cano termina formando um compensador/freio de boca copiado diretamente da PPSh-41 russa. Excepcionalmente, o funcionamento é por "blowback" retardado, disparando a partir da posição de culatra fechada sem o emprego de martelo e percussor: um elaborado sistema impede o tiro antes que o ferrolho esteja totalmente fechado. O regime de tiro é seletivo (cadência cíclica de 400 disparos por minuto, em automático), estando o seletor ("Raffica" e "Colpo") logo acima da empunhadura. A segurança aplicada (bloqueio do ferrolho) é uma tecla existente no lado esquerdo da caixa da culatra, acima e à frente do guarda-mato, com as marcações "F" e "S". Os carregadores são de 20 e 40 tiros, podendo ser o alojamento rebatido para a frente da arma. O cano tem 200 mm de comprimento, o comprimento total é de 790 mm (526 mm, com a coronha rebatida) e o peso vazio, de 3,2 kg. 404
ITÁLIA
Franchi LF-57
Bem mais conhecida como fabricante de excelentes espingardas, a firma Luigi Franchi SpA, de Brescia, também chegou a aventurar-se no mercado de submetralhadoras. Isto aconteceu na metade da década de 1950, com o surgimento de um protótipo em calibre 9 x 19 mm, designado LF-56. Foi, aparentemente, influenciado pela experimental Beretta Modelo 6, da mesma época, utilizando a mesma configuração de ferrolho projetado, pela primeira vez empregado na bem anterior Armaguerra OG-44. Imitações à parte, a arma da Franchi foi adequadamente refinada e colocada em produção sob a designação de LF-57. Foram fabricadas em torno de 25.000 unidades, das quais, umas 2.000 foram para a Marinha Italiana, 13.000 para a reserva do Exército Italiano e outras 10.000 seguiram para o Exércitio Português, aparentemente, destinadas às suas forças ultramarinas que lutavam em Angola e Moçambique. Uma versão carabina semiautomática, com cano longo, também foi colocada no mercado civil norte-americano, sem grandes vendas. A fabricação da arma representa muito bem o conceito da ampla utilização de componentes em estamparia de aço, sendo assim feitos todo o seu corpo principal, juntamente com a empunhadura e o alojamento do carregador. Sua operação é em "blowback" simples, com ferrolho aberto, havendo sido feita em versões apenas automática (modelo italiano) e de tiro seletivo (modelo português, sendo de 450-500 tiros por minuto sua cadência cíclica. Possui uma tecla de segurança (trava do ferrolho) na parte anterior da empunhadura, sendo os carregadores de 20 ou 40 tiros 405
O cano possui 206 mm de comprimento, sendo de 686 mm o comprimento total da arma e de 425 mm, com a coronha metálica rebatida para o lado direito. O peso, com carregador de 40 tiros cheio, é de 3,8 kg. A comparação direta do protótipo com uma arma de série mostra que a configuração básica foi mantida. Pequenas modificações foram feitas no formato da tecla de segurança (parte da frente da empunhadura) e da soleira, com cantos mais arredondados. As caneluras (sulcos estampados) de reforço da caixa da culatra foram dobradas.
A LF-57 desmontada para manutenção de rotina. Observar o formato do ferrolho ("L" deitado), entre o corpo da arma e a coronha.
Alguns detalhes da "Pistola Mitragliatice" LF-57: (1) canelura de reforço da caixa da culatra, (2) tecla de segurança, (3) retém do carregador, (4) canelura de reforço do alojamento do carregador.
Com cano de 16 polegadas e funcionamento apenas semiautomático, uma versão carabina foi comercializada nos EUA. 406
ITÁLIA
P.M. 410, 440, 720 Durante a década de 1950, os irmãos Toni e Zorzola Giandoso construíram vários protótipos e lotes reduzidos de submetralhadoras, todas em calibre 9 x 19 mm, de operação "blowback" e tiro seletivo. Foram promovidos comercialmente pela firma Genar, de Roma, mas, nenhum dos modelos conseguiu vendas significativas nem, portanto, produção seriada. A P.M. 410 (de Pistola Mitragliatrice e "410", do comprimento da arma em milímetros) não tinha coronha, vindo de fábrica com uma curta alça-bandoleira presa a um zarelho na parte de trás da caixa da culatra cilíndrica, para ajudar no transporte e, possivelmente, estabilizá-la durante o tiro. A alavanca de manejo ficava no lado direito e a janela de ejeção, no esquerdo, existindo uma tecla de segurança (trava do ferrolho) na parte de trás da empunhadura. A cadência cíclica era de uns 600 tiros por minuto, o cano tinha 191 mm de comprimento e seu peso vazio era de 2 kg. Os carregadores usados eram do tipo Beretta, com capacidade para 20, 30 ou 40 cartuchos. A P.M. 440, com cano de 190 mm dotado de compensador, tinha um comprimento total de 440 mm, sendo igualmente desprovida de coronha. Pesava 2,5 kg, vazia, e uma característica bem curiosa era o sistema de proteção térmica do cano, sob a forma de uma mola espiral que corria ao longo de sua extensão. A segurança aplicada (bloqueio do ferrolho) era uma pequena tecla existente na parte superior do guarda-mato. A mesma arma, porém, dotada de uma coronha tradicional, recebeu a designação de P.M. 720 (seu comprimento total, também utilizando os carregadores de Beretta.
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ITÁLIA
SOCIMI/Franchi SMG 821 A SMG 821, calibre 9 x 19 mm, foi lançada no mercado no início da década de 1980 pela SOCIMI - Societá Construzioni Milano SpA com uma licenciada norte-americana, a MTS Corporation. Em 1990 seus direitos foram adquiridos pela Luigi Franchi SpA. Apesar de intensa promoção comercial, parece não ter conseguido vendas significativas, embora conste que, durante algum tempo, equipou o NOCS - Nucleo Operativo Centrale di Sicurezza, uma unidade anti-terrorista italiana. O mais rápido dos exames revela amplas semelhanças com a Uzi israelense, que vão desde a configuração geral dos conjuntos primários da arma (empunhadura, mecanismo do gatilho, caixa da culatra, ferrolho, etc.) até a própria localização dos principais comandos (tecla de segurança na empunhadura, seletor de tiro, alavanca de manejo e retém do carregador). Para fugir um pouco da cópia direta e, possivelmente, para simplificar e baratear sua fabricação, os criadores da arma modificaram o projeto, aqui e ali. A caixa da culatra, por exemplo, deixou de ter a tampa separada da Uzi para constituir-se numa só unidade fechada, em estamparia de aço, sem caneluras de reforço. A coronha metálica, que gira e rebate-se sobre o lado direito da arma, é bem mais simples e prática que a israelense. O cano tem 200 mm de comprimento, o comprimento total é de 600 mm (400 mm, com a coronha rebatida) e o peso, com carregador cheio de 20 tiros, é de 2,65 kg.
A SMG 821 desmontada. A arma "em ação", numa foto publicitária. 408
ITÁLIA
Spectre
Anunciada e colocada no mercado em 1983 pela firma SITES SpA, de Turim, a Spectre M4 associa certas características bem convencionais (corpo todo fabricado em estamparia, coronha metálica rebatível para o alto, etc.) a outras, não tão habituais assim. Em calibre 9 x 19 mm, seu funcionamento é por "blowback", atirando a partir da posição de culatra fechada por sistema de martelo e percussor, mas, seu sistema de gatilho é por dupla ação, como numa pistola semiautomática. Possui um semelhante sistema de desengatilhamento ("decocking"), permitindo que o martelo caia com segurança para pouco antes do ferrolho, possibilitando, assim, o transporte seguro da arma com um cartucho já alimentado à câmara: para atirar, basta puxar a tecla do gatilho. Normalmente, usava uma empunhadura auxiliar de apoio, sob a camisa metálica que envolve todo o cano. Armas automáticas que funcionam com o ferrolho sempre fechado são predispostas a apresentar um maior aquecimento do cano, pela falta de circulação de ar, e, para combater isto, a Spectre usa o movimento de vai-e-vem do ferrolho durante o tiro para, de certo modo, bombear ar e melhor arrefecer o cano. Outro detalhe do projeto são os carregadores (30 ou 50 tiros), que têm os cartuchos arrumados em quatro fileiras verticais, tornando-os bem mais curtos. A cadência cíclica é de 850 tiros por minuto. O cano tem 130 mm de comprimento, sendo de 580 mm o comprimento total (350 mm, com a coronha rebatida). O peso vazio é de 3 kg. Outras versões também foram oferecidas: carabina policial compacta semi-automática (mesmas dimensões), carabina semi-automática civil (cano de 420 mm) e pistola semi-automática (sem coronha), também comercializadas em calibre .40 S&W. 409
A arma desmontada, podendo ser observado que o carregador é bem curto, mesmo sendo de grande capacidade.
A Spectre vinha acompanhada de uma prática bandoleira de três pontos, que facilitava seu emprego operacional. Um exemplar sem empunhadura de apoio. Os carregadores a seu lado mostram bem a configuração usada, com quatro colunas verticais de cartuchos.
A Spectre P era a versão pistola semi-automática, desprovida de coronha e empunhadura de apoio. Os carregadores eram os mesmos da "sub".
Com cano de 420 mm de comprimento para cumprir as exigências legais, na época, do mercado norte-americano, a carabina Spectre C parece que não chegou a ser comercializada.
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ITÁLIA
TZ-45 Colocada em produção limitada (cerca de 6.000 unidades) nos anos de 1945 e 1946, esta submetralhadora calibre 9 x 19 mm foi projetada pelos irmãos Toni e Zorzoli Giandoso e, como várias outras de seu país, utiliza carregadores do tipo Beretta. Sua construção bem simples, sendo uma das primeiras armas de seu tipo a incorporar uma tecla de segurança de empunhadura, localizada na parte posterior do alojamento do carregador, que, então, funciona como ponto obrigatório para a colocação da mão de apoio: caso não seja apertada devidamente, o ferrolho fica travado, tanto na posição aberta como fechada. A coronha é do tipo retrátil, formada por dois finos tubos metálicos e uma fina soleira; quando recolhida, as duas hastes se encaixam em orifício s correspondentes numa placa de apoio, abaixo do cano. Este está quase todo envolvido por uma jaqueta metálica com amplas aberturas longitudinais. O bem simples compensador consiste em dois rasgos transversais na parte superior do cano, junto à boca. De operação "blowback" (ferrolho aberto) e tiro seletivo (cadência cíclica de 550 tiros por minuto), o cano tem comprimento de 229 mm, o comprimento total é de 851 mm (546 mm, com a coronha recolhida) e o peso (carregador cheio de 40 tiros) é de 4 kg. No início da década de 1950 esta submetralhadora foi fabricada por um arsenal do Exército de Burma (designação local: BA-52), sendo ali utilizada durante vários anos. Uma versão da TZ-45 dotada de coronha de madeira existiu, mas, não se sabe o número de armas assim fabricadas.
Esta cópia quase idêntica da arma dos irmãos Giandosa, designada AZ-45, foi fabricada em pequenas quantidades pela Societa Anonima Meccanica TIrrena, de Roma. As diferenças externas observadas estão no formato da empunhadura e no maior afastamento da alça de mira. 411
ITÁLIA
Variara
Esta quase desconhecida submetralhadora em calibre 9 x 19 mm foi fabricada em 1944, de forma clandestina, na pequena cidade de Pray Bielese, ao norte da Itália ocupada pelos nazistas. Parece que foi projetada por um técnico da fábrica Fiat, de onde também teriam vindo os técnicos responsáveis pela sua produção, de alguns milhares. É de operação "blowback" e tiro seletivo, com uma cadência cíclica em torno de 500-600 disparos por minuto, usando um sistema de seleção, com dois gatilhos, copiado das submetralhadoras Beretta da época. Os carregadores (10, 20 ou 40 tiros), aliás, tinham a mesma origem. A simples coronha metálica rebatível foi copiada da FNA-B Modelo 1943, assim como o sistema de rebatimento para a frente do carregador. Mais "inspirações": a empunhadura é igual à da MP38/MP40, da Alemanha, e o ferrolho, quase idêntico ao da Sten, britânica. Apesar de tudo, a Variara representa bem o fato de que, mesmo sob condições improvisadas, um grupo decidido de pessoas pode fabricar armas em série. Sua características incluem um cano de 170 mm, comprimento total de 820 mm (560 mm, com a coronha rebatida) e um peso vazio de 2,8 kg.
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ITÁLIA
Villar Perosa, OVP Se levarmos em conta, ao pé da letra, a definição comumente aceita de que "submetralhadora é uma arma automática que usa munição de pistola ", a italiana Villar Perosa passa a ter um lugar na história das armas de fogo como a primeira de todas as "subs" a entrar em serviço, uma espécie de "vovó"... Criada em 1915 por Abiel Betel Revelli e dimensionada para o cartucho 9 mm Glisenti (um 9 mm Parabellum 30 por cento mais fraco), na realidade, não entrou em cena como uma idéia revolucionária para combates de infantaria, mas, sim, reultou de uma pura casualidade. Seu uso originariamente previsto era como armamento de aviões militares, mas, a grande disponibilidade para tal emprego da excelente metralhadora britânica Lewis , calibre .303, liberou-a para tropas terrestres. Acontece que seu emprego final, como metralhadora leve de apoio, ficou seriamente comprometido, pois não era nada "leve" (mais de 7 kg, municiada) e sua munição desejava muito a desejar em eficiência a alcances que não fossem bem curtos, digamos, 50 a 100 metros. A Villar Perosa, que foi fabricada pela Officine Villar Perosa e pela Fiat (além do Canadá, sob licença), era, de fato, duas armas independentes unidas por uma estrutura metálica, podendo fazer o disparo conjunto ou individualmente, com a elevada cadência cíclica, por cano, de 1.200 tiros por minuto. Geralmente, a arma era utilizada sobre um reparo bipé rebatível, mas, também existiram outros tipos de reparos, para viaturas, embarcações e, até, numa espécie de badeja atrelada ao peito do operador, como se ele fosse um vendedor ambulante! Esquisitices e deficiências à parte, conseguiu seu lugar na história das, vá lá, submetralhadoras. O comprimento total da arma era de 533 mm, sendo os canos de 320 mm, cada um alimentado por um carregador tipo cofre, na posição vertical. Terminada a Primeira Guerra Mundial, umas 500 armas foram separadas pela própria Officine di Villar Perosa e transformadas, na prática, em verdadeiras submetralhadoras. O resultante (Moschetto Automatico OVP) era uma arma de tiro seletivo (sistema de dois gatilhos), com uma simples coronha de madeira, ficando com um comprimento total de 776 mm, cano de 280 mm e peso de aproximadamente 4 kg. Ainda era encontrada em combate, ocasionalmente, em mãos de tropas italianas atuando no Norte da África! 413
Duas vistas de uma Villar Perosa excepcionalmente bem conservada, do acervo do Museo de Armas de La Nación, em Buenos Aires. Podem ser observados o bipé rebatível, os dois carregadores e a empunhadura dupla, com disparadores individuais. No detalhe da parte de trás da arma, (A) alavanca de manejo do cano direito, (B) disparador do cano direito, (C) trava central (dois canos), (D) empunhadura da esquerda.
Soldados italianos em posição de tiro com a Villa Perosa, aqui, equipada com um pequeno escudo dotado de pés metálicos. Ao lado, na tampa do caixote de acessórios e munição, o pequeno reparo bipé rebatível que também podia ser usado.
Nesta curiosa foto posada, os militares estão usando a arma apoiada num ... reparo humano: as costas de um homem agachado! Em tais condições, os italianos certamente logo teriam em suas fileiras, na melhor das hipóteses, um combatente surdo ...
Rara foto do que parece ser uma Villar Perosa "cortada", com uma elaborada coronha de madeira e bipé rebatível. Detalhes desta inusitada arma são desconhecidos.
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ITÁLIA
X4, X5 Na metade dos anos 50, a FNA Fabbrica Nationale d'Armi, da cidade de Brescia, apresentou e começou a promover comercialmente sua X4, uma submetralhadora em calibre 9 x 19 mm que caracterizava-se por extrema simplicidade e baixo custo. Caso fosse fabricada em elevada escala (lotes de 100 mil unidades), cada exemplar custaria apenas US$ 15, em valores daquela época. Provas bem completas, com resultados animadores, foram realizadas mais ou menos em 1955, mas, como não surgiram encomendas na própria Itália ou no mercado internacional, o programa foi abandonado em poucos anos. De operação "blowback" e funcionamento apenas automático (cadência cíclica: 600 tiros/min), a arma era quase que toda construída com componentes estampados. Detalhe interessante de seu projeto era a ausência de uma alavanca ou botão de manejo, propriamente ditos, existindo em seu lugar uma espécie de luva corrugada, na direção da janela de ejeção, que, puxada para trás, fazia o movimento de armar. Sua segurança aplicada era um pequeno botão existente no lado esquerdo, logo acima do gatilho: puxado para trás, deixava o ferrolho travado. A coronha era do tipo vergalhão dobrado, ficando a soleira perfeitamente encaixada na parte de trás da empunhadura, quando retraída. Com cano de 200 mm, totalmente envolto por uma camisa perfurada, a X4 tinha um comprimento total de 660 mm (406 mm, com a coronha fechada) e peso de 3,8 kg com carregador de 40 tiros cheio. A fábrica também chegou a fazer um modelo mais compacto, o X5, com cano de apenas 117 mm e comprimento total de 310 mm, não possuindo coronha. 415
IUGOSLÁVIA
M49
Esta submetralhadora, nos calibres 7,62 x 25 mm (Tokarev) e 7,63 mm Mauser, foi desenvolvida na antiga Iugoslávia logo após a Segunda Guerra Mundial, com a subseqüente produção levada a cabo pela fábrica Crvena Zastava, na cidade de Kragujavac. Embora seja, evidentemente, baseada na PPSh-41 da antiga União Soviética, possui algumas diferenças significativas, como a existência de uma segurança aplicada, logo à frente do guarda-mato. Tem o formato de um botão de deslocamento transversal, que, se empurrado para o lado esquerdo, bloqueia o ferrolho. O seletor de tiro, como na arma russa, é uma pequena alavanca existente no interior do guarda-mato, à frente do gatilho: deslocado para a frente, comanda tiro automático (cadência de aproximadamente 700 disparos por minuto); para trás, semi-automático. O carregador usado é do mesmo tipo (cofre vertical, ligeiramente curvo) com capacidade para 35 cartuchos, mas, o tradicional carregador em forma de tambor, para 71 tiros, não pode ser usado. O cano tem 273 mm de comprimento, o comprimento total é de 870 mm e o peso, com carregador cheio, é de 4,6 kg.
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IUGOSLÁVIA
M51, M56, M65 A M51 é um modelo de submetralhadora desenvolvida na Iugoslávia e que teve um número bem pequeno de exemplares construídos, quase todos eles doados pelo governo daquele país a um seleto grupo de políticos e militares, por ocasião das comemorações locais do Dia do Exército, em 22 de dezembro de 1961. Sobre ela, sabe-se apenas que usa munição 7,62 x 25, um exame cuidadoso desta única foto conhecida mostrando que o carregador de 35 tiros é o mesmo da anterior M49, assim como o conjunto de gatilho e seletor de tiro, dentro do guarda-mato. A coronha metálica rebatível é baseada na da MP40 alemã. Esta quase desconhecida "sub" parece ter servido como modelo de transição para o desenvolvimento da subseqüente M56.
Durante algum tempo, o Exército Iugoslavo (foto) esteve equipado com a M56, também em calibre 7,62 x 25 mm. De tiro seletivo (cadência cíclica de 600 disparos por minuto, em automático), era bastante calcada na MP40 alemã, sendo praticamente idênticas, por exemplo, a coronha metálica rebatível e o formato do conjunto da empunhadura e guardamato. O cano tinha 250 mm de comprimento, sendo de 865 mm o comprimento total da arma (640 mm, com a coronha rebatida). Com o carregador de 32 tiros cheio e uma baioneta adaptada, pesava 3,8 kg. Na década de 1960, a agência oficial de exportação daquele país, a Jugoimport, andou promovendo internacionalmente um modelo de exportação, designado M65, dimensionado para munição 9 x 19 mm. Como se tratava, na essência, de um projeto de tecnologia, ainda, da Segunda Guerra Mundial, não atraiu uma única encomenda. 417
JAPÃO
Tipo II O Japão jamais se destacou como grande usuário ou criador de submetralhadoras, nem mesmo durante a Segunda Guerra Mundial. Parece que o primeiro contato direto dos japoneses com submetralhadoras deu-se com a importação da Suíça, no final da década de 1920, de alguns lotes da SIG (Bergmann) Modelo 1920, em calibre 7,63 mm Mauser. A partir de aproximadamente 1934, a fábrica Nambu, em cooperação com técnicos das forças armadas locais, começou a desenvolver projetos próprios. O primeiro a materializar-se, ainda que somente em forma de protótipo (ou protótipos), foi o chamado Tipo I, sobre o qual quase nada se conhece, fora o fato de que utilizava um cartucho especial de pistola, calibre 6,5 mm, e que possuía carregador de 30 tiros. Esse conjunto de arma/munição não deu certo, logo partindo a Nambu para uma nova arma. Surgiu, então, o chamado Tipo II (Primeiro Modelo), no regulamentar calibre de pistola local, o 8 mm Nambu. Foi criada por um certo senhor Tokunaga, mas, sua patente foi emitida em nome de Kirijo Nambu, dono da fábrica... Era de funcionamento "blowback" e a munição ficava num enorme e curvadíssimo (devido ao formato "garrafinha" da mesma) carregador de 50 tiros que se encaixava no interior da empunhadura principal, curiosamente, um tanto inclinada para trás. A caixa da culatra era cilíndrica e se estendia quase até a boca do cano, formando uma camisa perfurada que envolvia a mola recuperadora. No lado oposto, havia uma espécie de câmara pneumática, que servia como amortecedor durante o recuo do ferrolho. Possuía um curioso sistema de armar, em que a própria camisa do cano era retraída pela mão do atirador, levando o ferrolho a ser preso, aberto, pela armadilha. Outro detalhe bem interessante era uma peça metálica existente na base do carregador, que se destinava a montar a "sub" em viaturas, formando uma espécie de reparo universal. A Tipo II (Primeiro modelo) tinha um comprimento total de 620 mm e pesava cerca de 2,8 kg, oferecendo uma cadência cíclica da ordem de 500 a 600 tiros por minuto. Parece que a idéia dos criadores desta interessante arma era, além de produzi-la para as forças armadas nipônicas, oferecê-la no mercado internacional. O uso exclusivo da munição 8 mm Nambu, própria do País do Sol Nascente, certamente foi um fator que impediu seu sucesso comercial, embora existam relatos de sua utilização, ainda que limitada, pelo Exército Imperial do Japão (em Xangai, por volta de 1937-1938) e pela Marinha de Guerra Imperial. 418
O chamado Segundo Modelo da Tipo II surgiu mais tarde, entre 1944 e 1945, sendo um modelo puramente experimental com, talvez, menos de 50 exemplares construídos. O calibre regulamentar 8 mm Nambu foi, é claro, mantido. Novamente, foi usada uma caixa da culatra cilíndrica, com a mola recuperadora localizada em volta do cano de 229 mm. O movimento de armar era feito pelo operador segurando e puxando para trás a luva existente à volta da mola/cano. Assim, todo o conjunto se movimentava durante o tiro, fornecendo massa adicional de resistência e permitindo o uso de um ferrolho relativamente leve. Na extremidade posterior da caixa da culatra existia uma espécie de câmara pneumática amortecedora: com uma válvula regulável, na parte de baixo, podia controlar a quantidade de ar que era comprimido pelo recuo do ferrolho e, assim, variar um a cadência cíclica em tiro automático (basicamente, de 600 disparos por minuto). A coronha e o guarda-mão formavam uma única unidade de madeira, existindo uma abertura circular na região do gatilho, à guisa de guarda-mato. O carregador era do tipo cofre metálico, ligeiramente curvo, com capacidade para 30 cartuchos. Com um comprimento total de 638 mm, a Tipo II (Segundo Modelo) pesava, municiada, 3,5 kg. Alguns protótipos, como o ilustrado abaixo, não tinham o encaixe de baioneta (que parece ser o "cano" dos exemplares mostrados acima), mas, sim, um orifício transversal num reforço metálico existente abaixo do cano, talvez tratando-se uma espécie de encaixe para adaptação num reparo veicular.
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JAPÃO
Tipo 100
A primeira submetralhadora oficialmente adotada pelos militares japoneses foi a Tipo 100 (1940), embora sua produção em escala industrial somente tenha ocorrido a partir de 1942. Toda sua fabricação parece ter sido feita pelo Arsenal de Natsuta, em Nagóia, sob contrato da Marinha. Num formato geral que mais parecia o de uma carabina, era dimensionada para o calibre 8 mm Nambu, possuindo carregador curvo do tipo cofre, de 30 tiros, colocado horizontalmente no lado esquerdo da caixa da culatra, certamente, imitando a configuração da SIG (Bergmann) M1920. Apareceu, com o passar do tempo, em versões ligeiramente diferentes entre si (algumas, até, dotadas de um leve bipé rebatível), com ou sem encaixe para baioneta, com ou sem compensador na boca do cano, etc. Uma variante, destinada a tropas pára-quedistas, possuía uma dobradiça logo atrás do guarda-mato, possibilitando o rebatimento da coronha para o lado direito. O funcionamento da Tipo 100 (1940) era somente em regime automático, o que, diga-se de passagem, não deve ter sido qualquer problema para seus operadores, tendo em vista a relativamente baixa potência da munição utilizada e, também, pela moderada cadência cíclica, de 450 tiros por minuto. O comprimento total era de 863 mm (1.025 mm, com baioneta), reduzido para 556 mm com o rebatimento da coronha. O comprimento do cano era de 230 mm e peso vazio, de 3,4 kg. Visando a simplificar a baratear a fabricação, surgiu o Tipo 100 (1944), de configuração semelhante e no mesmo calibre, mas, facilmente identificável por uma série de detalhes externos. O proeminente tubo sob a camisa do cano, onde se encaixava a longa baioneta-sabre de fuzil, foi eliminado; o compensador estava sempre presente, possuindo duas aberturas superiores de tamanhos diferentes (a da direita, maior que a esquerda, visando a compensar o efeito de torque); e a fixação dos componentes, por solda, era bem generalizada. Uma modificação na mola recuperadora, praticamente, dobrou a cadência cíclica, que passou para 800 disparos por minuto. As mudanças no projeto resultaram em maior comprimento total (914 mm), de cano (234 mm) e peso aumentado (3,9 kg). Somada, a produção total dos dois modelos da Tipo 100 não deve ter passado de 20.000 unidades. 420
JAPÃO
Tipo 65, Tipo 66
Terminada a ocupação Aliada, após a Segunda Guerra Mundial, as chamadas Forças de Auto-Defesa do Japão equiparam-se com submetralhadoras de fabricação norte-americana (Thompson e M3/M3A1). Logo no início da década de 1960, entretanto, a indústria local começou a agitar-se para fabricar um modelo próprio, desta vez, no mais comum calibre 9 x 19 mm. A Shin Chuo Kogyo, de Tóquio, logo lançou as Tipos 65 e 66, com mínimas diferenças entre si. De tiro seletivo e operação "blowback", são amplamente fabricadas em estamparia de aço, possuindo uma caixa da culatra cilíndrica e que se estende até a boca do cano para formar uma camisa protetora, embora não tenha perfurações para facilitar a circulação de ar e o arrefecimento. Como na "Grease Gun" dos EUA, a tampa da janela de ejeção também funciona como segurança aplicada: fechada, mantém o ferrolho travado à frente ou atrás. Uma grande tecla de segurança, atrás do alojamento do carregador (também, empunhadura de apoio) também tem que ser pressionada pelo atirador para permitir a livre movimentação do ferrolho. O carregador de 30 tiros empregado é uma cópia do velho (anos 30) modelo Schmeisser, com alimentação em posição única central, não muito prático, mas, freqüentemente imitado ao longo dos anos. Dotada de cano de 150 mm, o comprimento total de "sub" é de 762 mm (502 mm, com a coronha metálica rebatida) e seu peso é de 3,7 kg. A cadência cíclica, para o tiro automático, é de 550 disparos por minuto (Tipo 65) ou e 465 disparos por minuto (Tipo 66). 421
LUXEMBURGO
SOLA Super, SOLA Leve
Estas submetralhadoras em calibre 9 x 19 mm representam um pouco conhecido esforço deste pequeno país europeu para produzir armamento próprio. Isto ocorreu em 1954 por iniciativa da SOLA Societé Louxembourgeoise d'Armes S.A.. da cidade de Ettelbruck, que chegou a enviar vários exemplares para testes e demonstrações nos Estados Unidos, através da firma A. R. Tiburzi & Associates.
Duas versões, ambas de funcionamento "blowback" e tiro seletivo (cadência cíclica: 550 disparos por minuto) foram fabricadas, ambas possuindo coronha metálica do tipo vergalhão dobrado. A chamada "Super" possuía um compensador na boca do cano (305 mm) e o cofre do mecanismo de disparo ocupava quase todo o espaço debaixo da caixa da culatra. A janela de ejeção tinha uma tampa metálica que, quando fechada, mantinha o ferrolho travado. O comprimento total da arma era de 890 mm 787 mm, com a coronha rebatida) e o peso, com carregador de 32 tiros cheio, era de aproximadamente 3,4 kg. A posterior "Leve", surgida em 1957, tinha um cano mais curto (203 mm) e sem compensador, o espaço do cofre do mecanismo de disparo era bem menor e, num todo, seu processo de fabricação era bem mais simplificado. O comprimento com a coronha aberta e fechada era, respectivamente, de 787 e572 mm, mas, por alguma razão, o peso permaneceu quase inalterado. Aparentemente, algumas vendas foram concretizadas, uma vez que exemplares da SOLA acabaram aparecendo na África do Norte (Argélia, principalmente) e na América do Sul. 422
MÉXICO
Mendoza HM-3
Seguindo o velha máxima de "tal pai, tal filho", Hector Mendoza Orozco, filho do projetista mexicano Rafael Mendoza, projetou esta interessante submetralhadora calibre 9 x 19 mm por volta de 1973. Sua fabricação ficou a cargo da Productos Mendoza S.A., na cidade do México, havendo sido, aparentemente, adquirida e usada pelas forças armadas e policiais mexicanas. Apresentando a popular configuração da Uzi e outras "subs" da época (carregador no interior da empunhadura, dotada de tecla de segurança), a arma apresenta diversas características dignas de nota. O ferrolho, por exemplo, fica quase que totalmente exposto, deslocando-se protegido por estruturas estampadas à frente e atrás, não havendo uma alavanca de manejo, propriamente dita: a ação de armar é feita puxando-se para trás as abas de proteção da massa de mira ou, diretamente, o próprio ferrolho, por meio de um serrilhado existente na parte exposta. A operação da HM-3 é por "blowback", a partir da posição de culatra aberta (ferrolho atrás), e de tiro seletivo, sendo de 600 disparos por minuto sua cadência cíclica. O registro de tiro e segurança aplicada fica no lado esquerdo, um pouco acima do guardamato. A coronha usada é do tipo metálico e rebatível para a frente, em cujas condições sua soleira passa a funcionar como empunhadura vertical de apoio. O cano tem 255 mm de comprimento e o comprimento total é de 635 mm (395 mm, com a coronha rebatida). Com carregador cheio (32 tiros), seu peso é de 3,4 kg. 423
MÉXICO
Mendoza RM-3
No final da década de 1950, o projetista mexicano Rafael Mendoza desenvolveu uma compacta submetralhadora que podia usar os calibres .45 ACP, .38 Super e 9 x 19 mm, usando um carregador com capacidade de 20 cartuchos, alojado na própria empunhadura da arma. Sua fabricação foi feita pela Productos Mendoza S.A., da cidade do México, acreditando-se que tenha sido usada, em número limitado, pelo Exército daquele país. Era, na essência, uma pistola-metralhadora de tiro seletivo (cadência cíclica de aproximadamente 550600 tiros por minuto) à qual estava permanentemente acoplada uma coronha metálica esqueletizada. Seu cano tinha comprimento de 254 mm, sendo de 635 mm o comprimento total da arma. Pesava, municiada, cerca de 3 kg.
Mais ou menos no final da década de 1940, Rafael Mendoza construiu este protótipo de submetralhadora em calibre .45 ACP, aproveitando algumas idéias e componentes (o carregador, por exemplo) da "Grease Gun" norte-americana. 424
NOVA ZELÂNDIA
Mitchell Durante a Segunda Guerra Mundial, cerca de 30 mil unidades de uma versão local da Sten foram produzidas na Nova Zelândia. Eram, basicamente, do modelo Mk.II, mas, incorporavam uma segurança adicional, soba forma de um encaixe na caixa da culatra que permitiam o ferrolho ficar travado na posição fechada, sobre a câmara vazia. As Sten neozelandesas possuem um acabamento bem mais refinado (ou, menos, grosseiro...) que as de fabricação britânica.
Possivelmente na primeira metade da década de 1940, um projeto local de submetralhadora 9 x 19 mm atingiu a fase de protótipo. Conhecida apenas como "Mitchell" (com toda certeza, o nome de seu criador), era de extrema simplicidade, possuindo caixa da culatra cilíndrica, um fino ferrolho, luva fechada à volta do caro e uma coronha metálica que parece ser destacável. Usava, como seria de se esperar, carregador de Sten, cujo alojamento vertical, soldado na parte anterior da caixa da culatra, também servia como empunhadura de apoio. Parecia ser de tiro seletivo, uma vez que, acima do gatilho, existe uma espécie de registro para tal. Maiores detalhes são desconhecidos.
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PERU
MGP-79, MGP-79A , MGP-87 O Peru já andou fabricando submetralhadoras no início dos anos 50, quando o projetista norteamericano Gordon B. Ingram ali montou a "Fábrica de Armas Los Andes", onde sua Modelo 6, em calibre .45 ACP, foi produzida em pequena quantidade. Curiosamente, entretanto, "subs" genuinamente peruanas viriam a nascer por inspiração da Marinha de Guerra daquele país. A coisa toda começou em meados da década de 1970 no que era, então, o "Departamento de Armas del Arsenal Naval", na Base Naval de Callao, perto de Lima. Basicamente responsável por reparos e manutenção de armamentos, como um todo, aquela organização militar tinha um entusiasmado dirigente, o Comandante Benvenuto, que achou que ali poderiam ser fabricadas armas de fogo. Com isto em mente, foi formada uma pequena equipe de projetos (da qual, segundo consta, também participavam um argentino e um italiano, não identificados) e optou-se pela criação de uma submetralhadora em calibre 9 x 19 mm. Bem previsível, aliás, pois a relativa simplicidade técnica destas armas faz com que elas sejam o tipo com o qual muitas indústrias bélicas dão seus primeiros passos. Por volta de 1979, um protótipo já estava pronto e atirando, com um desempenho suficientemente satisfatório para que fosse dado "sinal verde" para produção em série. Pouco depois, subordinado ao SIMA ("Servicios Industriales de la Marina") e localizado na própria Base de Callao, era criado o CEFAR ("Centro de Fabricación de Armas"), onde se daria a industrialização do novo produto. O bem complicado processo que, normalmente, antecede a fabricação propriamente dita (dotação de verbas, treinamento de pessoal, preparo de ferramental, adaptação das instalações, etc.) consumiu algum tempo. As primeiras armas, designadas MGP-79 (a sigla vem de "Marina de Guerra del Perú"), só ficaram prontas, mesmo, a partir de 1983, e esta linha esteve aberta até mais ou menos 1985. Dali saíram cerca de 16.000 armas, destinadas às forças armadas e policiais daquela nação, onde ainda podem ser vistas em serviço (ao lado). Esta "sub" inicial é amplamente construída em estamparia de aço, funciona no tradicional sistema de "blowback" (ferrolho livre, sem trancamento) e, como todas as que a seguiram, usa munição 9 x 19 mm. A caixa da culatra é cilíndrica e a ela está fixado o longo (240 mm, 12 microraias para a direita) cano, por meio de uma porca integral a uma camisa perfurada de proteção térmica. O também cilíndrico ferrolho e o conjunto da mola recuperadora (mola, hasteguia e amortecedor) entram e saem da arma através da parte posterior, dotada de tampa rosqueada. A caixa do mecanismo de disparo, abaixo, é retangular e incorpora a empunhadura principal e o guarda-mato. 426
O longo alojamento do carregador está preso à parte anterior da caixa da culatra e também funciona como empunhadura vertical de apoio, sendo revestido por placas de madeira. Para a MGP-79 os peruanos optaram por adotar carregadores do tipo Uzi (20 e 32 tiros), bifilares e com alimentação em duas posições alternadas, bastante confiáveis e de uso bem generalizado. Conseqüentemente, o botão de liberação (retém) ocupa não apenas a mesma posição (em baixo, do lado esquerdo), mas tem um formato virtualmente idêntico ao da arma israelense, que, diga-se de passagem, também é amplamente usada no Peru. Muito estranhamente, o projeto original desta submetralhadora não incluía uma ... coronha! Foi como seus criadores resolvessem colocar de lado e não aproveitar, justamente, um dos fortes de uma arma deste tipo, ou seja, sua capacidade de realizar tiro intermitente de precisão, apoiada no ombro. Aliás, muita gente costuma se esquecer que uma "sub" é, primordialmente, uma carabina com disponibilidade de tiro automático, para situações muito especiais. Tiros em Callao Minha avaliação da arma peruana aconteceu numa fria e extremamente nebulosa manhã de julho de 1994, numa das áreas de tiro da Base Naval de Callao. Uma gentilíssima, incansável e, acima de tudo, paciente equipe de apoio (foto), sob a coordenação do "Capitán de Corbeta" Daniel Quiróz (na época, Chefe do Escritório de Comercialização do SIMA-CEFAR) foi gentilmente colocada à minha inteira disposição. Com ela, diversas armas e, é claro, farta munição. A todos, havia previamente solicitado que somente me fornecessem armas e carregadores cheios (é ótimo ser um convidado!), sem que me passassem maiores informações sobre seu manejo. Por quê? Simplesmente porque considero como um dos requisitos básicos de uma arma decentemente projetada o seu pronto e descomplicado entendimento por parte de qualquer atirador que lhe coloque as mãos pela primeira vez. Para meu gosto pessoal, o alojamento do carregador está situado muito à frente da empunhadura principal (também, com placas de madeira), o que, como em várias outras "subs" existentes (INA, MP40, M3, etc.) deixa um tanto a desejar em termos de agilização da troca e ergonomia. Igualmente indesejável, sob o ponto de vista da praticidade, são os registro separados de tiro e de segurança aplicada, comandos estes que, de preferência, deveriam estar reunidos num só. O seletor de tiro, acima da empunhadura principal e ao alcance do polegar direito, apresenta os ajustes de semi-automático (indicado por "1 x 1"), para trás, e automático ("RAF", de "Ráfaga"), para baixo. Com formato idêntico e também no lado esquerdo, o registro de segurança fica próximo ao alojamento do carregador, com a posições de Fogo ("F"), para a frente, a Segurança ("S"), para baixo, responsável pelo travamento do ferrolho. 427
A alavanca de manejo, em forma de botão, fica no lado direito da arma. Em vez de largar a empunhadura principal para fazer o movimento de armar (levar o ferrolho para trás), basta tombar a MGP-79 um pouco para seu lado esquerdo que a mão canhota realiza o trabalho, sem qualquer problema. Como segurança adicional contra disparos acidentais provocados por quedas, a alavanca de manejo, quando retraída, pode ser encaixada numa ranhura transversal na caixa da culatra, travando o ferrolho na posição aberta, um antigo e razoavelmente prático sistema. Conforme comentado anteriormente, a "sub" peruana não dispõe de coronha, o que faz supor que seu uso primário seria em ações (quais, exatamente?!) em que predominaria o tiro automático instintivo a curtíssimas distâncias. Por outro lado -- e contrastando com tal premissa -- está dotada de um bom aparelho de pontaria: alça de duas posições (100 e 200 metros!), do tipo ranhura, e massa em lâmina, protegida por um capuz metálico. A linha de visada é de bem razoáveis 259 mm. Embora dispondo de bem localizados zarelhos (prendedores) para bandoleira, a arma usada na minha avaliação não contava com tal acessório, que seria muito útil para compensar um pouco a inexistência da coronha e, assim, conseguir tiros mais precisos. De qualquer maneira, os "inimigos" a serem enfrentados ali eram, apenas, garrafas plásticas vazias e alguns caixotes de madeira espalhados por uma pequena duna de areia ... e não iriam retornar o fogo! Os alvos estavam em torno de 40 a 50 metros de distância. Com a MGP-79 levantada diante dos olhos (para usar as miras), segura pelas duas empunhaduras e "fingindo" existir uma coronha, foi possível furar a maioria dos caixotes e uma ou outra garrafa desafortunada, em tiro intermitente pausado. Não muito animado, resolvi, então, explorar o tiro automático a distâncias menores, tipo 15 a 20 metros. Apoiando a arma de 526 mm de comprimento total tanto pelo alojamento do carregador como pela camisa perfurada, à volta do cano (mais ou menos como o militar peruano, nesta foto de catálogo), e mantendo-a à altura da cintura, obtive aceitável concentração de impactos. Mesmo no engajamento de alvos múltiplos, a associação de uma moderada cadência cíclica (700 disparos por minuto) com um peso adequado (3,3 kg, totalmente municiada) resulta em boa estabilidade e fácil controlabilidade. Nos meus curtos "combates", a camisa protetora do cano foi suficiente para lidar com o moderado aquecimento deste, mas, certamente, ficaria quente demais para o contato manual, no caso de muitas rajadas sucessivas. Mais um outro "senão" da "79": sua janela de ejeção está situada na parte de cima da caixa da culatra e, embora a trajetória "oficial" dos estojos deflagrados seja para cima e para a frente, algumas vezes tive o desprazer de sentir alguns deles atingindo meus óculos e rosto, principalmente quando atirando com a arma baixa. Muito desagradável, sem dúvida. Refinamentos no projeto É óbvio que as deficiências observadas por mim naquele curto teste em Callao também chamaram a atenção dos usuários habituais da arma. Ainda que geralmente elogiada por seu bom funcionamento, mesmo em condições ambientais adversas (lama, areia, água), haviam outras reclamações, como aquela da baixa resistência do cano a elevados volumes de fogo contínuo. O "feedback" foi devidamente analisado pela equipe de projetos, surgindo, em 1987, os modelos MGP-79A e MGP-87. 428
Os trabalhos envolveram tanto a modernização das antigas "79" como a fabricação de novas (cerca de 6.000 exemplares) "87", o que acabou gerando certa confusão no que tange às designações das armas. Algumas, conservam as gravações originais de MGP-79; outras são marcadas como MGP79A; algumas outras, MGP-79A e MGP-87; e outras, somente MGP87! Após ter examinado vários exemplares, sugiro o seguinte método simplificado de identificação das armas peruanas, independentemente das marcas efetivamente existentes nas mesmas: • •
MGP-79A - Mesmo cano (240 mm), camisa perfurada de diâmetro constante; MGP-87 - Cano mais curto (194 mm), desprotegido ou com camisa afilada.
O mecanismo de disparo não sofreu grandes alterações, ficando as mudanças mais notáveis restritas à região da caixa da culatra. A alavanca de manejo (em algumas armas, voltada para cima), por exemplo, passou para o lado esquerdo, sendo eliminado aquele rasgo vertical de bloqueio do ferrolho. Muito importante: a janela de ejeção foi deslocada cerca de 45 graus para a direita, o que acabou, de vez, com aquela chateação de se receber estojos quentes no rosto. O bom raio de visada ficou inalterado, mas o fechado capuz dianteiro deu lugar a mais convencionais abas (orelhas) de proteção, sendo as miras redesenhadas. Outras modificações incluíram o substancial reforço da fixação do alojamento do carregador à caixa da culatra e a substituição do zarelho móvel traseiro por uma alça longitudinal, logo abaixo da alça de mira, além do uso de placas de material sintético nas empunhaduras. Importantíssima, sem dúvida, foi a adoção de uma coronha metálica rebatível, que acrescentou meros 200 gramas ao peso da arma. Quando dobrada para o lado direito (comprimento da arma: 500 mm), a soleira fica convenientemente encaixada à volta do alojamento do carregador, permitindo adequada empunhadura de tiro em tais condições, se necessário. Em algumas MGP-87 (aparentemente, apenas aquelas com a alavanca de manejo na vertical) a coronha é 64 mm mais curta e, quando rebatida, deixa a soleira na parte de trás do alojamento do carregador, tornando a empunhadura dianteira um tanto, digamos, "gorda" demais. O significado de todas as modificações introduzidas no projeto ficou bem claro para mim ao manusear e atirar com as MGP-79A e MGP-87. As tais garrafas existentes no estande de tiro passaram um mau bocado, pois, com a "sub" devidamente apoiada no ombro, não há como errar. O recuo da munição 9 x 19 mm é baixo, a arma tem massa mais do que adequada (3,5 kg, municiada com 32 cartuchos), o aparelho de pontaria permite rápido e fácil enquadramento de alvos, o gatilho é suave e o cano, bem longo. Tudo isso, combinado, resulta em tiros precisos. Com a "87" de coronha mais curta, todavia, a alça de mira ficou próxima demais do meu rosto e, assim, bem mais desfocada (a idade do atirador...), mas o resultado geral não chegou a comprometer "el tirador/periodista brasileño"... 429
Em tiro automático, com a arma à altura da cintura e a coronha aberta (comprimento total: 766 mm) e apoiada entre o braço e o tronco (uma das melhores posições de tiro instintivo, ou de assalto), mais uma vez a moderada cadência cíclica da "sub" e seu balanceamento demonstraram vantagens: era possível conseguir, sempre, boa concentração de impactos nas áreas visadas. Em aproximadamente 500 tiros com munição local (FAME) e importada (vários fabricantes), não foi registrada nenhuma falha de funcionamento.
Não posso deixar de citar o excelente supressor de ruído desenvolvido pelo SIMA-CEFAR para a arma. Trata-se de uma unidade rapidamente adaptável à submetralhadora, bastando, para isso, desatarraxar e remover o cano original e substituí-lo pelo "tubo", que conta com seu próprio cano, certamente, mais curto. Até mesmo em rajadas, o ruído produzido é mínimo, e tenho a certeza de que alguns militares peruanos que treinavam ali por perto não tomaram conhecimento (pelo menos, auditivo) desta parte de meus testes em Callao. (Na foto do alto, à direita, a arma silenciada usada no tiro é uma das MGP87 dotadas de alavanca de manejo virada para cima, com coronha mais curta e soleira redesenhada.)
A versatilidade da MGP-87 (versão de camisa afilada) é ainda mais incrementada por sua capacidade de fazer o lançamento de granadas de fragmentação, algo que a grande maioria das "subs" tem deixado de lado. É claro que seu alcance, da ordem de 100 metros, é bem menor do que o conseguido com um fuzil (uns 300 metros), mas é bem superior ao que normalmente se consegue com um lançamento manual. Em resumo, com suas MGP-79, MGP-79A e MGP-87, os peruanos conseguiram ter armas próprias e estabelecer um competente núcleo industrial, cujos 90 funcionários em 1994, trabalhando 8 horas diárias, tinham capacidade de produzir 300 armas/mês (ou 900 armas/mês, em três turnos). Além desta primeira família de submetralhadoras, o SIMA-CEFAR (hoje, chamado de SIMA Electronica) também fabricava o compacto modelo MGP-84 Mini, a espingarda calibre 12 MGP-10, a pistola de sobrevivência e sinalização MGP-52, minas anti-pessoais (MGP-30), etc. 430
Dentro do processo evolutivo da MGP-79 para a MGP79A/MGP-87 foi incluído um considerável redesenho no aparelho de pontaria, conforme evidenciado nas fotos. Observar, também, a mudança de posição da janela de ejeção, deslocada um pouco para a direita na "87".
Uma MGP-79A desmontada: (1) Corpo principal (empunhadura, mecanismo de disparo, coronha rebatível), (2) caixa da culatra (alojamento do carregador e miras), (3) conjunto da mola recuperadora (amortecedor e haste-guia), (4) tampa traseira da caixa da culatra, (5) ferrolho, (6) alavanca de manejo, (7) camisa perfurada de proteção térmica, (8) cano. Visão comparativa da MG-79A padrão (alto) e da versão da MGP-87 dotada de alavanca de manejo vertical, coronha rebatível mais curta e soleira redesenhada. O supressor colocado na arma substitui o cano original e é atarraxado diretamente sobre a caixa da culatra.
Esta MGP-79, fotografada num desfile militar em Lima, mostra bem como o projeto apresenta curiosas variações. No caso, seu aparelho de pontaria tem a configuração usada nas posteriores MGP-79A e MGP-87, notando-se o uso de orelhas de proteção para a massa de mira, em lugar do capuz metálico original.
Junto à entrada das instalações do SIMA (Servicios Industriales de la Marina), na Base Naval de Callao, perto de Lima, um marinheiro da "Policia Naval" monta guarda armado com um produto da "casa", uma submetralhadora MGP-87.
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PERU
MGP-84 Mini A fórmula está longe de ser nova e tem estado por aí há mais de 60 anos: concentrar o máximo de poder de fogo na menor arma possível. Num contexto comumente aceito, "poder de fogo", aqui, significa "elevado número de tiros + capacidade de fogo automático (rajadas)", uma tendência popularizada entre o final dos anos 20 e o início dos 30 pelas cópias espanholas de tiro seletivo (Royal, Astra) da pistola semi-automática alemã Mauser C.96 "Broomhandle" ("Cabo de Vassoura"). Curiosamente - e para atender às exigências do mercado - isto viria a inspirar os próprios alemães a criarem suas pistolas-metralhadoras Mauser Modelo 712 "Schenellfeuer" ("Tiro Rápido"), que, posteriormente, vieram a ser copiadas pelos chineses. Quando o projetista norte-americano Gordon B. Ingram criou suas pequenas submetralhadoras M10 (calibres .45 ACP e 9 x 19 mm) e M11 (.380ACP), em meados da década de 60, ele estabeleceu um padrão que seria seguido ao longo de muitos anos pelo mundo a fora: uma arma dotada de ferrolho do tipo envolvente (ou telescópico) e carregador tipo cofre vertical inserido na empunhadura. Na realidade, tal configuração havia surgido no final dos anos 40 naquilo que era, então, a Checoslováquia, subseqüentemente popularizando-se internacionalmente através da israelense Uzi. Mas foi Ingram, mesmo, o primeiro a usá-la de forma tão compacta. Projetos e protótipos de pequenas submetralhadoras já apareceram, em grande número, em vários países, mas, as armas que chegaram à fase de produção em série foram, de fato, poucas. Entre essas, para surpresa de muita gente, encontra-se uma arma ... peruana! Desde o final da década de 1970, a Marinha de Guerra do Peru tem produzido "subs" de projeto local nas instalações do SIMA-CEFAR ("Servicios Industriales de la Marina - Centro de Fabricación de Armas"), na Base Naval de Callao, perto de Lima. A primeira "família" de submetralhadoras peruanas incluía as MGP-79, MGP-79A e MGP-87, todas em calibre 9 x 19 mm e de configuração bem convencional. Passo importante foi dado em 1984, com o surgimento de um projeto inteiramente novo, em que a compacidade foi, sem dúvida, o parâmetro predominante. Também em 9 x 19 mm, a resultante MGP-84 Mini (durante algum tempo, designada MGP-15) entrou em produção seriada por volta de 1987, sendo subseqüentemente adotada por várias unidades especiais do Peru e de alguns outros países (segundo consta, Argentina, Honduras e México). Tudo isto, graças a um projeto funcional e confiável, mais um preço altamente convidativo, combinação difícil de ser superada. O corpo principal da arma, todo feito em material sintético (polímero) injetado, consiste na empunhadura (onde se aloja o carregador), guarda-mato e caixa do mecanismo de disparo, estando a haste da coronha rebatível articulada na parte posterior. A caixa da culatra é cilíndrica, fixando-se ao corpo principal por dois pinos transversais, facilmente removíveis. O ferrolho é igualmente cilíndrico e, de certa forma, lembra o de uma pistola, alojando totalmente em seu interior o cano e, à volta deste, a mola recuperadora. Os peruanos também desenvolveram uma versão apenas semi-automática de sua "sub", cujo uso é autorizado para equipes de segurança de autoridades, políticos e empresários. 432
Manuseio e tiro O SIMA-CEFAR gentilmente colocou à minha disposição uma entusiasmada equipe de apoio, armas, farta munição de fabricação local (FAME) e importada, além de uma área de tiro da Marinha, dentro da própria Base de Callao. Como diversas programações de instrução e adestramento estavam ocorrendo ao mesmo tempo naqueles polígonos de tiro, não pude dispor de alvos formais de papel, tendo que me contentar em estourar garrafas plásticas vazias e furar caixotes e pedaços de madeira. O que, aliás, não chegou a atrapalhar em nada; muito pelo contrário, pois, sendo os alvos menores, iriam exigir tiros mais precisos. A MGP-84 chama logo a atenção pelo fato de parecer ... não possuir cano! É que seus criadores aproveitaram ao máximo o sistema de ferrolho envolvente, deixando o cano de 166 mm de comprimento (12 micro-raias para a direita, passo de 1:250 mm) totalmente no interior da caixa da culatra. Assim, a porca de fixação funciona quase como uma verdadeira tampa na parte dianteira da arma, dispondo, é claro, de um orifício para permitir a saída dos projéteis. Aliás, as protuberâncias existentes são mínimas, como se espera de uma arma de seu tipo. Como os modelos peruanos anteriores, a Mini também utiliza carregadores de 20 ou 32 cartuchos, tipo Uzi (bifilares, com alimentação em posições alternadas), talvez, também visando a uma certa padronização de material, já que a "sub" israelense tem ampla utilização no Peru. O botão de liberação do carregador (retém) possui igual desenho e ocupa a mesmíssima posição, no lado esquerdo inferior da empunhadura. Esta, a meu ver, deixa um pouco a desejar, em termos de ergonomia: embora inevitavelmente larga (36 mm) para acomodar o carregador em seu interior, tem cantos muito vivos, algo um tanto desconfortável para um atirador de mãos pequenas. O registro (seletor) de tiro está localizado do lado esquerdo da caixa do mecanismo de disparo (foto), bem para a frente. Num arco de 180 graus, os ajustes são Segurança ("S"), com bloqueio do ferrolho, para a frente; Intermitente ("1 x 1"), para cima; e Automático ("A"), para trás. Embora registro situados logo acima da empunhadura principal pareçam, à primeira vista, ergonomicamente mais adequados (isto é, ao alcance do polegar da mão que atira), a realidade é que a maioria requer certa dose de contorsionismo por parte de operadores que não tenham dedos do tipo do E.T. de Spielberg... Assim, o polegar da mão de apoio pode, com firmeza e rapidamente, acionar o seletor, sem que seja necessário afrouxar ou mudar a pega da empunhadura. A alavanca (na realidade, um botão) de manejo, solidária ao ferrolho, tem dimensões adequadas e está no lado esquerdo, com inclinação de cerca de 45 graus. A janela de ejeção fica no lado oposto. O aparelho de pontaria, com um razoável raio de visada de 232 mm, consiste numa alça do tipo ranhura basculante (100 e 200 m) e numa massa tipo poste (ajustável em elevação e lateralidade), ambas devidamente protegidas por sólidas orelhas de aço. 433
A coronha proporciona todo o apoio de que se necessita para o tiro visado ou para o instintivo (arma baixa), consistindo num braço metálico com soleira de material sintético. Fica na posição aberta somente por pressão de uma mola e, para rebatê-la para o lado direito (reduzindo o comprimento da MGP-84 de 503 para meros 284 mm), basta dar uma pancada firme na direção correspondente. Quando fechada, a soleira fica firmemente travada à frente, podendo ser utilizada como empunhadura de apoio, para eventual tiro em tais condições. Para abri-la, uma pequena trava na parte superior da soleira é deslocada para baixo. Com 2,5 kg de peso vazia (2,9 kg, municiada com 32 cartuchos), a Mini tem massa suficiente para absorver perfeitamente o recuo da munição de utiliza. Naquilo que deveria ser o uso primário de uma submetralhadora (tiros mirados, semi-automáticos) a arma saiu-se muito bem na tarefa de enquadrar e acertais os pequenos alvos (as tais garrafas) usados na sessão de tiro. Até os cerca de 50 metros disponíveis na área, nenhum alvo estático, de papel ou carne e osso, teria a menor chance de sair ileso de um combate, sendo que a distâncias menores (uns 10 a 15 metros), tiros precisos numa cabeça, requeridos em situações de extrema emergência (resgate de reféns, por exemplo), poderiam ser efetuados. Já havendo acumulado, ao longo dos anos, razoável experiência de tiro com "mini" e "micro" submetralhadoras (incluindo algumas pistolas-metralhadoras), confesso que não estava lá muito confiante quando coloquei um carregador cheio na MGP-84, girei o seletor para "A" e me preparei para disparar. O problema é que essas "subs" ultracompactas normalmente têm em comum, inerentemente, cadências cíclicas (teóricas) na região de 1.000 disparos por minuto, o que resulta em inevitável comprometimento da controlabilidade e, conseqüentemente, da precisão. Também fica difícil, em automático, conseguir dar rajadas curtas, de dois ou três tiros, as normalmente bem mais eficazes. Os peruanos conseguiram fazer de sua Mini uma arma de baixa cadência de tiro, na faixa de 650-700 disparos/min, algo que somente as submetralhadoras "crescidas" costumam oferecer. Aliado a um bom mecanismo de gatilho, consegue-se, após uma rápida adaptação, as tais rajadas curtas, sem maiores dificuldades. E supondo que chegue um momento em que rajadas longas em tiro instintivo sejam, de fato, necessárias (nos chamados "Contatos Imediatos do Pior Grau"!), controlabilidade e concentração de impactos continuam sendo atributos mais do que desejáveis e necessários. E foi exatamente isto que a MGP-84 me proporcionou naquela fria manhã de julho de 1994, em Callao. Uma das muitas vantagens operacionais oferecidas pelas submetralhadoras é sua capacidade intrínseca (pela baixa velocidade inicial dos projéteis que atira) de poderem ser adequadamente silenciadas. E isto não foi deixado de lado pelo SIMA-CEFAR, que oferece para sua arma um bem eficiente "tubo" (supressor ou moderador de ruído). A adaptação pode ser feita em questão de segundos, bastando remover a porca/tampa de fixação do cano e ali atarraxar a unidade, que utiliza o cano original da arma. 434
Sem ser excessivamente "gordo" (seu diâmetro é igual ao da caixa da culatra), comprido ou pesado, o supressor funciona admiravelmente bem, tanto em tiro intermitente quanto em automático. Sempre é bom lembrar e ressaltar que armas totalmente silenciosas só existem nas telas do cinema ou da TV. Ainda assim, o ruído produzido pela Mini ao atirar com o supressor fica mais ou menos equivalente ao de um tiro de calibre .22 LR com arma longa. Em campo aberto, portanto, consegue-se uma boa descaracterização do disparo com arma de fogo e, sobretudo, fica difícil determinar de onde vem o pequeno barulho produzido. E isto constituise na principal vantagem tática, sobretudo em missões especiais do tipo resgate de reféns, retomada de pontos sensíveis, etc.
MGP-14 Micro Em 1994, os técnicos do SIMA-CEFAR estavam trabalhando num protótipo (fotos) de uma pistola semi-automática baseada na MGP-84. Designada MGP-14 Micro e igualmente de funcionamento "blowback", usava os mesmos carregadores de 20 ou 32 tiros, tinha cano um pouco mais curto (152 mm), seu comprimento total era de 254 mm, possuía uma empunhadura de apoio rebatível (um pouco) para trás e uma proeminente tecla de segurança (trava do ferrolho) na parte anterior da empunhadura principal. Seu peso, com carregador cheio de 20 tiros era de 2,84 kg. A arma, todavia, não passou da fase puramente experimental, talvez, pelo fato de ser grandalhona demais (para uma pistola) e não oferecer vantagens reais sobre uma boa pistola comum. 435
Interessante comparação visual entre as duas gerações de "subs" peruanas, ambas dotadas de supressor de ruído. Observar que a mais recente MGP-84 Mini, com a coronha aberta, fica um pouco mais curta do que a MGP-87, com a coronha rebatida. Ambas estão com carregadores de 32 tiros.
A experimental MGP-14 Micro, testada em 1994, era uma pistola semi-automática dotada de empunhadura dianteira de apoio.
SEQÜÊNCIA DE DESMONTAGEM
(1) Retirar os dois pinos de desmontagem. (2) Separar a caixa da culatra do corpo principal. (3) Pressionar o retém da tampa da caixa da culatra. (4) Desatarraxar e retirar a tampa. (5) Desencaixar a alavanca (botão) de manejo. (6) Retirar o conjunto ferrolho/cano/mola da caixa da culatra. (7) Remover a mola recuperadora do ferrolho. (8) Retirar o cano do interior do ferrolho.
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A MGP-84 desmontada: (1) carregador de 32 tiros, (2) carregador de 20 tiros, (3) pinos de fixação da caixa da culatra ao corpo principal, (4) corpo principal, (5) caixa da culatra, (6) ferrolho, (7) alavanca de manejo, (8) cano, (9) mola recuperadora, (10) anel de fixação da mola recuperadora ao ferrolho, (11) tampa da caixa da culatra.
Diferentes caminhos para a supressão de ruído: na MGP-87, no alto, o mais longo "tubo" possui seu próprio cano integral, enquanto que o da MGP-84 Mini é encaixado sobre o cano original da arma. Ambos, todavia, apresentam bom desempenho.
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POLÔNIA
Mors (wz.1934)
Durante a década de 1930, as forças armadas polonesas começaram a voltar suas atenções para as armas da classe das submetralhadoras, adquirindo vários modelos internacionais, para testes de avaliação. Logo, chegaram à conclusão que tal armamento tinha boa gama de aplicações militares. No início de 1938, os projetistas Piotr Wilniewczyc e Jan Skrzypinski (a mesma dupla que havia criado a pistola Modelo 35 Radom) apresentaram um protótipo chamado de Mors ("Morte", em latim), cujos testes iniciais mostraram grande potencialidade de desenvolvimento, ainda que deixassem um pouco a desejar em termos de precisão de tiro. Surgiu, em seguida, a Mors 2, com cadencia cíclica mais baixa, cano mais longo e com um monopé para apoio. Na posterior Mors 3, foi acrescentado um redutor pneumático de cadência de tiro, o que deu bons resultados e motivou uma encomenda inicial de 36 exemplares, fabricados pela Fabryka Karabin, em Varsóvia. O primeiro lote foi entregue em junho de 1939, sendo entregue a diferentes unidades do Exército a fim de serem testados em condições de campo, recebendo a designação oficial de Pistolet Maszynowy wz.1939 Mors (Pistola-metralhadora modelo 1939 Mors). Aquelas três dúzias de armas foram usadas em combate contra as forças alemãs que invadiram a Polônia em setembro de 1939. O detalhe curioso é que os soldados poloneses receberam ordens expressas de não deixaram qualquer delas cair em mãos do inimigo, o que, sem dúvida, foi obedecido à risca, pois, no final da Guerra, nem um único exemplar foi encontrado. Somente na década de 1980 é que duas Mors foram achadas num museu militar em Moscou: uma, sem carregador, miras e acessórios conseguiu ir para Museu do Exército Polonês, em Varsóvia, não havendo qualquer vestígio conhecido das 34 armas restantes! Em calibre 9 x 19 mm, a wz.1934 era de operação "blowback" e funcionamento em tiro seletivo, através do sistema de dois gatilhos, o da frente, para automático (cadência cíclica estimada em torno de 500 disparos por minuto), o de trás, para semi-automático . O carregador, com capacidade para 25 cartuchos, funcionava com um interessante dispositivo que, ao esvaziar-se, mantinha o ferrolho aberto e caía de seu alojamento, agilizando o processo de remuniciamento da arma. Por outro lado, isto acrescentava 16 componentes mecânicos ao mecanismo da submetralhadora. A configuração era bem tradicional, com coronha e guarda-mão de madeira, mais uma empunhadura vertical de apoio, mais ou menos no centro da arma, no interior da qual existia um monopé retrátil, para apoio. O comprimento total era de 979 mm, com um cano de 300 mm protegido por uma camisa metálica perfurada de proteção térmica. Com carregador cheio, o peso era de aproximadamente 5 kg.
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POLÔNIA
PM-63 (wz.1963)
A PM-63 (também conhecida como wz.1963 ou RAK - (Reczny Automat Komandosa ) foi desenvolvida no início da década de 1960 sob a coordenação de Piotr Wilniewczyc com o objetivo de equipar forças especiais, pára-quedistas, guarnições de carros de combate e, em geral, combatentes que necessitem de uma arma bem compacta. Entrou em produção seriada em 1964 pela fábrica Z. M. Lucznik, na cidade de Radom, com algumas dezenas de milhares havendo sido fabricadas. Seu calibre é o 9 x 18 mm (9 mm Makarov), com funcionamento em "blowback" a partir da posição de culatra aberta. Seu ferrolho é bem parecido com o de uma pistola e, quando à frente, projeta-se bem adiante do cano. Isto possibilita, por exemplo, que a ação de armar seja feita com apenas uma das mãos, pressionando-se a frente da arma contra qualquer tipo de superfície firme. Como sua parte superior é cortada, também funciona (um pouco, devido à baixa pressão da munição) como uma espécie de compensador do tipo "colher". A relativamente baixa cadência cíclica (600-650 disparos por minuto) em tiro automático é obtida por um dispositivo interno de retardamento, que prende o ferrolho por uma fração de segundo, antes dele correr para a frente sob a ação da mola recuperadora. Para aumentar a controlabilidade, em rajadas, a "63" dispõe de uma empunhadura vertical dianteira de apoio, em material sintético, rebatível para trás. Os carregadores (15 ou 25 tiros) são alojados no interior da empunhadura principal. O cano tem 150 mm de comprimento, o comprimento total é de 583 mm (333 mm, com a coronha rebatida) e o peso, com carregador de 15 tiros vazio, é de apenas 1,6 kg. Em 1991, uma versão em 9 x 19 mm foi desenvolvida, mas, não entrou em produção. A estatal chinesa Norinco fabrica uma cópia não autorizada desta submetralhadora polonesa, chamando-a, apenas, de "Submetralhadora 9 mm".
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POLÔNIA
PM-84 Glauberyt (wz.1984), PM-98 A Glauberyt, inicialmente designada wz.1981, foi desenvolvida no início da década de 1980 por um grupo de projetistas da fábrica Zaklady Metalowe Lucznik S.A., na cidade deRadom, entrando em produção em 1984. Existem versões tanto para o calibre 9 mm Makarov (PM-84) como para o 9 x 19 mm (PM-84P), este, mais direcionado para exportação. De operação "blowback" e atirando a partir da posição de culatra fechada (ferrolho à frente), tem uma configuração que lembra, em linhas gerais, a conhecida Uzi, israelense, também utilizando um ferrolho do tipo envolvente e o carregador (15 ou 25 tiros) na empunhadura principal. Sua construção é quase toda em estamparia de aço, com o objetivo de facilitar e baratear o processo industrial. É de tiro seletivo, com o registro localizado no lado esquerdo, logo acima da empunhadura. Apesar de suas pequenas dimensões, um sistema de retardo por inércia consegue manter a cadência cíclica em níveis bem razoáveis (600 tiros/min para a PM-84 e 640 tiros/min para a PM-84P). Uma característica própria da Glauberyt são as duas alavancas de manejo, uma de cada lado da caixa da culatra, para facilitar seu manuseio ambidestro. O cano usado tem 185 mm de comprimento, o comprimento total é de 575 mm (375 mm, com a coronha rebatida) e o peso vazio é 2,1 kg.
No final da década de 1990 o fabricante colocou no mercado a PM-98, somente em calibre 9 x 19 mm. Evidentemente baseada na anterior PM-84, apresenta uma empunhadura redesenhada, uma única e maior alavanca de manejo no lado esquerdo e um guarda-mão de material sintético, onde normalmente pode ser embutida uma lanterna. O cano tem os mesmos 185 mm, mas, o comprimento total passou para 605 mm (405 mm, com a coronha rebatida). Também houve um pequeno aumento no peso vazio da arma, para 2,3 kg (2,7 kg, com carregador de 25 tiros cheio). 440
PORTUGAL
FBP M/948 A Fábrica Militar de Braço de Prata, em Lisboa, é um arsenal do Exército Português que, desde o início do Século 20, vem produzindo material bélico para uso local e para exportação. Após a Segunda Guerra Mundial, o Major Gonçalves Cardoso criou uma submetralhadora (em Portugal, "pistola-metralhadora") em calibre 9 x 19 mm que veio a ser produzida sob a designação de M/948 (Modelo 1948) e adotada localmente. Para agilizar, simplificar e baratear o empreendimento, a arma acabou sendo uma combinação e adaptação de várias "subs" anteriormente construídas, com amplo uso de componentes estampados. O ferrolho e respectivos componentes (mola recuperadora), sistema de fixação do cano e o carregador de 42 tiros, por exemplo, vieram da MP30/MP40 alemã, com mínimas modificações. Já o conjunto da caixa do mecanismo de disparo, alojamento do carregador, empunhadura e coronha retrátil descendem da norte-americana "Grease Gun". O cano de 230 mm, curiosamente, apresenta um encaixe para baioneta, acessório com que algumas submetralhadoras são brindadas, periodicamente. A M/948 é de convencional operação em "blowback" e opera apenas em regime automático, com uma cadência cíclica de 500 tiros por minuto. O comprimento total é de 813 mm (635 mm, com a coronha retraída) e o peso, com carregador cheio, é de 4,4 kg
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PORTUGAL
FBP M/976
Após testes com um modelo de transição, o M/963, o projeto da primeira submetralhadora portuguesa foi posteriormente refinado, entrando em produção (Fábrica de Braço de Prata) e sendo adotada a M/976. Bem parecida com a anterior "48", a arma incorpora uma tecla de segurança na parte de trás da empunhadura, seletor de tiro (semi-automático e automático, com cadência de 600-650 tiros/min), alojamento do carregador alongado e com a opção de receber uma camisa perfurada de proteção térmica à volta do cano. O cano tem 250 mm de comprimento, o comprimento total é de 850 mm (670 mm, mediante o rebatimento da coronha tipo vergalhão) e o peso (sem jaqueta no cano e com carregador de 32 tiros cheio) é de 3,2 kg.
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PORTUGAL
INDEP Lusa Desde 1981, a Fábrica de Braço de Prata faz parte da estatal INDEP - Indústrias Nacionais de Defesa E.P., à qual também pertencem as fábricas de Moscavide (munições até 20 mm, optrônicos, etc.) e Barcarena (pólvoras e pirotécnicos).
Em 1986, foi anunciado o desenvolvimento da submetralhadora M/86 Lusa, em 9 x 19 mm, cujo projeto recebeu forte influência da alemã H&K MP5K. Algo perfeitamente lógico, diga-se de passagem, uma vez que fuzis e submetralhadoras da Heckler & Koch foram, durante vários anos, ali fabricados sob licença. De operação "blowback" e tiro seletivo (cadência cíclica de 900 disparos por minuto), a arma apareceu em duas versões: a chamada "standard" tem o cano de 160 mm removível, através de uma porca de fixação à caixa da culatra, enquanto que o modelo "opcional" apresenta um cano fixo e dotado de uma jaqueta perfurada de proteção térmica. No mais, são idênticas. O alojamento do carregador (30 cartuchos) é suficientemente longo para servir como empunhadura de apoio, sendo coberto por um material sintético moldado, para maior comodidade do operador. A coronha é do tipo retrátil, com duas hastes laterais e uma soleira de material sintético. A inspiração "HK" pode ser vista, sobretudo, no conjunto da empunhadura principal, no cofre do mecanismo de disparo (logo à frente) e no registro de tiro e segurança, ambidestro. A caixa da culatra, em estamparia de aço e com o formato de dois cilindros superpostos, possui uma tampa traseira, através da qual podem ser retirados o conjunto do ferrolho (do tipo projetado) e a mola recuperado, com sua haste-guia. O cano é fixado à parte anterior por uma porca. O comprimento total é de 600 mm (445 mm, com a coronha retraída) e o peso vazio, de 2,5 kg.
A chamada Lusa A2 foi introduzida por volta de 1994, apresentando uma coronha retrátil redesenhada e a inclusão de rajadas limitadas de três tiros no mecanismo de disparo. É cerca de 300 g mais pesada, ficando com um comprimento total de 585 mm (458 mm, coronha retraída). Pode receber um supressor de ruído e apontador laser. 443
RODÉSIA
R-76, Rhogun Nos anos que antecederam a transformação da antiga Rodésia em Zimbábue, em 1980, um forte movimento guerrilheiro interno manteve a minoritária população branca do país sob constante ameaça. Isto levou ao aparecimento de uma série de projetos nacionais de armas de fogo destinadas à autodefesa da população civil, sobretudos os fazendeiros. Além de algumas interessantes carabinas semi-automáticas em calibre 9 x 19 mm (ou subcarabinas), também surgiram reais submetralhadoras. Uma delas foi a R-76, criada por Roger Mansfield no ano de 1976. Tinha o calibre 9 x 19 mm, era de operação "blowback" e de tiro seletivo (480 disparos por minuto), possuindo uma caixa da culatra de formato retangular, com o ferrolho movendo-se pela ação de duas molas recuparadoras de pequeno diâmetro, com suas respectivas hastes-guia. A alavanca de manejo, no lado esquerdo, não era solidária com o ferrolho, permanecendose imóvel durante o tiro. Os carregadores usados eram de 13, 20 ou 30 tiros, intercambiáveis com os da pistola Browning High-Power. A coronha utilizada era bem curiosa: feita com vergalhão de aço dobrado, podia ser removida da arma e encaixada, invertida, na parte da frente. Haviam várias opções de comprimento de cano (152, 203, 230 e 254 mm). Não são conhecidos detalhes adicionais, uma vez que a arma não chegou a ser fabricada em série.
Por volta de 1977-78, a firma B.H.S. (Pvt) Ltd., da cidade de Bulawayo, construiu alguns protótipos de uma "sub" calibre 9 x 19 mm chamada Rhogun. Era de operação "blowback", tiro seletivo (cerca de 550 disparos por minuto) e de configuração bem simples, com uma caixa da culatra cilíndrica apoiada sobre o cofre do mecanismo de disparo, onde estava a empunhadura principal. Uma tecla de segurança na parte de trás da empunhadura, quando pressionada para o tiro, fazia o carregador (25 tiros) subir cerca de 7 mm, deixando o cartucho de cima na correta posição de alimentação à câmara. O cano tinha 254 mm de comprimento, o comprimento total era de 660 mm (457 mm, coronha retraída) e o peso vazio era de uns 4 kg. 444
ROMÊNIA
Orita Modelo 1941
Esta arma em calibre 9 x 19 mm foi desenvolvida em 1941 no Arsenal de Cugir, um importante centro industrial na região da Transilvânia, e entrou em produção em 1943. Alguns autores atribuem seu projeto a um certo Leopold Jaska (ou Jasek), mas, na realidade, foi o resultando de um trabalho conjunto de diversos técnicos daquele Arsenal, em especial, de um funcionário chamado Nicolae Sterca. Ainda estava em uso na Romênia na década de 1970. De operação "blowback" e disparando a partir da posição de culatra aberta (ferrolho recuado), a Pistolul mitraliera Orita, model 1941 possui, no entanto, um ferrolho dotado de percussor móvel, com disparo por sistema de martelo interno. A seleção de tiro é feita através de um registro existente no lado direito da caixa da culatra e um pouco à frente do guarda-mato: movido para cima (aparece um "1" numa espécie de janela), faz tiro semi-automático; para baixo (aparece um "A"), rajada, numa cadência cíclica de 600 disparos por minuto. Existe, ainda, um dispositivo de segurança aplicada na parte dianteira do guarda-mato. Tem a forma de um botão e, se deslocado para a direita ("S"), trava o mecanismo de disparo; ao contrário ("F"), o destrava.
Uma segunda versão (acima) da arma romena, sem designação diferente, funciona apenas em regime automático, sendo facilmente identificável por uma tecla de segurança existente atrás do guarda-mato, no ponto em que a mão de tiro segura na arma. Esta peça aparece com algumas variações de formato. Seu acabamento geral é muito bom, comparável a outras renomadas submetralhadoras da época, com amplo (e caro) uso de usinagem em seus principais componentes. Algum tipo de modificação interna foi, depois, incorporado à arma, já que muitos exemplares aparecem com a gravação Modificat 1948. O cano da arma tem 278 mm, seu comprimento total é de 894 mm e o peso vazio, de 3,5 kg. 445
As duas versões da Orita fabricadas: o modelo inicial, de tiro seletivo, tem uma trava de segurança (A) em formato de botão de deslocamento transversal, logo na frente do guardamato; o outro, de funcionamento apenas automático, vem equipado com uma tecla (B) na empunhadura, que precisa ser pressionada pela mão do operador para desbloquear o mecanismo de disparo.
As armas com tecla de segurança na empunhadura (indicada) usam uma coronha de madeira que não se estende até a caixa da culatra, como numa carabina.
Os carregadores de 32 tiros da arma romena são do tipo bifilar, com alimentação em posição central única. Algumas de suas características próprias são o formato dos lábios e a incomum mesa (ou elevador dos cartuchos), usinada a partir de um pequeno bloco de aço.
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ROMÊNIA
RATMIL, ROMARM A RATMIL surgiu por volta de 1995, sendo promovida por uma firma de Bucareste chamada Romtehnica como uma "pistola automática". No calibre 9 x 19 mm (carregador de 30 tiros), é de operação "blowback" e tem uma cadência cíclica de 650 disparos por minuto. Curiosamente, entretanto, não faz tiro automático, mas, somente, rajadas limitadas de três disparos e tiro intermitente, selecionados por um registro de segurança/tiro existente no lado direito da caixa da culatra, acima da empunhadura. A alavanca de manejo situa-se no alto da arma, sendo, por isso, aberta no centro para não interferir com o uso das miras. O cano é protegido por uma camisa metálica de ventilação, com várias abertura longitudinais. Com peso vazio de 2,7 kg, a arma romena tem um comprimento total de 650 mm (425 mm, com a coronha metálica rebatida). Ao que tudo indica, a RATMIL não passou da fase de protótipo e, possivelmente, serviu como base para o desenvolvimento da ROMARM M.96 (descrita abaixo), de dimensões bem semelhantes. Criada na metade da década de 1990 pela firma SN ROMARM S.A., de Bucareste, a Modelo 96 é dimensionada para o calibre 9 x 19 mm e funciona por "blowback", com tiro seletivo (cadência cíclica de 800-900 disparos por minuto). O seletor de tiro, com três posições (Segurança, para cima; Intermitente, no meio; Automático, para baixo), encontra-se no lado direito da caixa da culatra, onde também está a alavanca de manejo. O cano de 180 mm é parcialmente coberto por uma camisa metálica e tem dois cortes usinados na parte superior, pouco antes da boca, para funcionarem como compensadores. As miras mecânicas (alça basculante, para 50 e 100 metros; massa tipo poste; raio de 225 mm) podem ser complementadas por um apontador laser. Mediante o rebatimento, para o lado esquerdo, da simples coronha, de vergalhão, o comprimento total da arma fica reduzido de 650 para 427 mm. Municiada (carregador com 30 tiros), esta "sub" romena tem peso de 3,1 kg. Do mesmo fabricante, a BORD também utiliza munição 9 x 19 mm, sendo de operação "blowback" e funcionamento apenas em regime automático, com uma cadência cíclica de 700 tiros/min. A alavanca de manejo, solidária ao ferrolho, situa-se do lado direito, onde também existe um seletor de segurança e tiro nitidamente copiado das armas da família Kalashnikov. O carregador tem capacidade para 25 cartuchos, situandose logo à frente do guarda-mato e com um retém, tipo lâmina, na parte posterior. A arma é quase toda fabricada com componentes em estamparia de aço e sua coronha, uma simples estrutura de vergalhão, rebate-se para cima e para a frente, deixando a "sub" com um comprimento de apenas 360 mm. O peso da arma, vazia, é de 2,4 kg, sendo relativamente elevada (em torno de 900 tiros por minuto) sua cadência cíclica. 447
RÚSSIA
A-7,62, A-9
As submetralhadoras A-7,62 e A-9, da KPB de Tula, derivam-se de uma família multicalibre (9 x 39 mm, 7,62 x 39 mm, 5,45 x 39 mm e 5,56 x 45 mm) de fuzis e carabinas de assalto desenvolvidos a pedido do Ministério do Interior da Rússia para uso em ações policiais urbanas, cada vez mais violentas, após o desmantelamento da antiga União Soviética. Como indicado pelas designações, a A-7,62 utiliza a conhecida munição 7,62 x 25 mm Tokarev (na prática, intercambiável com a veterana 7,63 mm Mauser), enquanto que A -9 dispara o calibre 9 x 19 mm (9 mm Parebellum), uma indicação de que os russos parecem inclinados a aposentar seu cartucho 9 x 18 mm Makarov de pistola, em uso há quase 50 anos. Externamente, os dois modelos são iguais. Esta "sub", muito curiosamente para uma arma que utiliza munição de pistola, tem sistema de operação a gás, numa configuração que lembra o utilizado pelo fuzil AKSU-74, também fabricado no Arsenal de Tula. Isto, de certa forma, encarece a arma, mas, por outro lado, permite que dispare a partir da posição de ferrolho fechado e, também, que seja mais leve (1,75 kg, sem carregador). Ambas as versões possuem carregadores de 20 ou 30 tiros e têm um comprimento total de 634 mm, que, com o rebatimento da coronha para a parte de cima da arma, fica reduzido para 415 mm. De tiro seletivo, sua cadência cíclica em rajadas é de 600-800 disparos por minuto.
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RÚSSIA
AEK-919K Kashtan Esta compacta submetralhadora de tiro seletivo, no calibre 9 x 18 Makarov, foi criada pela relativamente nova (1950) Fábrica Mecânica Krovov, aparentemente, para atender a requisitos operacionais do Ministério do Interior da Rússia, responsável pelas principais forças de segurança interna.
Tem funcionamento em "blowback" tradicional, consistindo numa caixa da culatra em estamparia de aço que fica sobre uma armação que parece ser feita em material sintético (polímero), com o carregador (20 ou 30 tiros) inserido no interior da empunhadura. Com peso vazio em torno de 1,8 kg, seu comprimento total é de 495 mm (cano: 167 mm), que, com a coronha retraída, cai para 325 mm. Pelo menos, dois tipos diferentes de soleiras já foram observadas. A cadência cíclica é de 900 a 1.000 tiros por minuto, podendo a arma receber supressor de ruído e diversos tipos de miras.
Uma versão mais longa (577 mm) da Kashtan, com caixa da culatra em formato retangular e designada AEK-919, também já foi vista, possuindo uma coronha retrátil bem simples, do tipo vergalhão dobrado, como a da M3 "Grease Gun". Aparentemente, não foi colocada em produção seriada.
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RÚSSIA
Bizon Logo após o término da Segunda Guerra Mundial, todavia, a então União Soviética adotou entusiasticamente a filosofia (criada, durante aquele conflito, pelos alemães) do fuzil de assalto, uma arma longa de infantaria que disparava munição de um calibre dito "intermediário" (7,62 x 39 mm), capaz de fazer tiro seletivo (intermitente e rajada), razoavelmente leve e de baixo custo. O resultado foi o conhecidíssimo --- carismático, mesmo --- AK-47/AKM, criado por Kalashnikov, que, em diversas versões e calibres, continua em produção nos dias de hoje na própria Rússia e em outros países. Com o advento do AK e outros equivalentes ocidentais (em particular, o AR-15/M16, em 5,56 x 45 mm), de certa forma, foi "decretada" a "morte" das submetralhadoras como armamento de primeira linha nos exércitos de todo o mundo. No início da década de 90, entretanto, novos projetos de submetralhadoras começaram a aparecer na Rússia. Um dos mais interessantes é a PP-19 Bizon, desenvolvida em 1993 conjuntamente por Victor Kalashnikov, filho de Mikhail, e Alexey Dragunov, filho de outro proeminente projetista russo, Yevgeniy Feodorovich Dragunov. Ambos são engenheiros da fábrica Izhmash JSC, localizada na cidade de Izhevsk, a oeste dos Montes Urais, onde a arma é produzida. A nova "sub" parte da filosofia básica de aproveitar o maior número possível de componentes e conjuntos dos diferentes modelos de AK, sendo cerca de 60 % intercambiáveis com os dos fuzis da série AK-100. Dependendo das necessidades dos usuários, pequenas diferenças existem nas armas. A chamada Bizon-2, por exemplo, tem uma alça de mira deslizante, tipo tangente, com graduações para 50, 100 e 150 metros, enquanto que a Bizon-3 está equipada com uma alça tipo abertura ("peep"), com orelhas de proteção. A massa de mira destas duas versões é derivada da encontrada no fuzil de assalto AK74M, enquanto que a da Bizon-1 era bem semelhante à do fuzil para "snipers" SVD (Dragunov). Enquanto que as Bizon iniciais utilizam a coronha metálica do mesmo AK-74M, rebatível para o lado esquerdo da arma, a da Bizon-3 dobra-se para cima. O mecanismo de gatilho é exatamente o mesmo do fuzil AK-74M. Variações também são encontradas na boca do cano, com diferentes tipos de compensadores e freios de boca. Como seria de se esperar, o fabricante também oferece supressores de ruído para a arma. Mas a grande novidade da arma russa reside na introdução de um carregador tubular horizontal, de alimentação helicoidal, localizado debaixo e ao longo do guardamão. Fabricado, inicialmente, em liga de alumínio e, posterior, em material sintético, tem a invejável capacidade de 64 cartuchos (mais 450
do que o dobro da maioria dos carregadores comuns!) de munição 9 x 18 mm Makarov, de pistola, ou uma nova versão "Modernizada" da mesma, com maior potência (velocidade inicial: 420 m/s) , designada pela complicada sigla "57-N-181M". Uma chamada Bizon-2-01 está dimensionada para o mais comum (para nós) cartucho 9 x 19 mm, havendo possibilidade de configurações, também, em .380 ACP (9 x 17 mm) e 7,62 x 25 mm Tokarev. O funcionamento é pelo tradicional sistema "blowback" (ferrolho livre, sem trancamento), com regime de tiro seletivo (semi-automático e automático). Cerca de 60% de seus componentes vêm de outros AKs, principalmente do compacto AKS-74U, calibre 5,45 x 39 mm. É o caso da coronha metálica rebatível (Bizon-1 e -2), do mecanismo de gatilho e da tampa da caixa da culatra, por exemplo. Manuseio e tiro Já tive, juntamente com meu filho Alexander, o privilégio de testar a Bizon-2 numa informal sessão de tiro supervisionada pelo próprio Victor Kalashnikov. O passo inicial, naturalmente, foi uma familiarização com os procedimentos de municiamento do tal carregador tubular: após a colocação de um cartucho no lábio de alimentação (parte de trás, no alto), gira-se uma chave existente na parte dianteira, o que coloca a munição para dentro e dá-se corda (tensão) na mola. O processo é repetido a cada cartucho, ficando evidente que duas pessoas trabalhando em conjunto (no caso, Alex e Viktor) agilizam muito a sempre tediosa operação (abaixo).
O carregador é colocado na submetralhadora encaixando-se a parte anterior em dois ganchos existentes bem próximo à boca do cano e, depois, a parte de trás, à frente do guarda-mato. Ainda que o manuseio básico fosse idêntico ao de qualquer AK ou um dos muitos "Kalashniklones" que existem por aí, o projetista fez questão de repassá-los e verificar (ao lado) se os atiradores sabiam, mesmo, o que estavam fazendo... A Bizon é relativamente leve (2,1 kg, sem carregador, e 2,5 kg, com carregador vazio) e compacta, medindo 660 mm de comprimento (435 mm, com a coronha rebatida). Seu cano é de 200 mm de comprimento (6 raias para a direita, passo de 1:204 mm), sendo que os primeiros protótipos vinham com um freio de boca/compensador, inexistente nas armas atuais. Como os russos sabiamente sempre fazem, o cano apresenta cromagem dura em toda a parte interna (câmara e alma), o que contribui para sua durabilidade. 451
O manuseio é, como já foi mencionado, típico de AK: alavanca de manejo, solidária ao ferrolho (movimenta-se durante o tiro) está no lado direito, mas pode ser facilmente acionada (foto) com a mão de apoio, esquerda, no nosso caso. A tradicional tecla de seleção de tiro conserva as habituais posições, com segurança (trava o ferrolho) para cima; automático, no meio; e intermitente, para baixo. Como sempre, a tecla é de manipulação meio dura e produz o habitual "estalo" metálico, ao mudar de posição. O fato de que a posição de rajada vem antes da de tiro semi-automático deve sempre ser lembrada pelo operador! A diferente configuração arma/carregador dá à "sub" russa uma boa compacidade para transporte, sobretudo com a coronha rebatida. Em posição de tiro, a mão de apoio vai logo para baixo do carregador, que passa a funcionar como um adequado "guarda-mão". O não uso de um carregador vertical comum confere à arma uma baixa silhueta de tiro, bem útil quando o operador estiver deitado ou rastejando.
Apesar de oferecer maior potência que o calibre .380 ACP (9 mm Curto), a munição 9 mm Makarov é menos forte que 9 x 19 mm, o que fica evidenciado quando se atira com a Bizon. Sua massa é mais do que suficiente para amortecer o menor recuo do cartucho russo. Em tiro automático (cadência cíclica da ordem de 700 disparos por minuto), mesmo numa geralmente desnecessária rajada longa, a estabilidade é impressionante. Rajadas curtas, de dois ou três tiros, são facilmente obtidas mediante uma adequada manipulação do gatilho. Em distâncias típicas de emprego de submetralhadoras, algo em torno de 50 metros, não há como um atirador medianamente adestrado deixar de acertar alvos de dimensões humanas. O fabricante informa que o alcance prático para a Bizon, com munição comum, é de 100 metros e, usando o cartucho "Modernizado", 150 metros. De acordo com as informações disponíveis, parecem ser as seguintes as designações oficiais da Bizon, nos diferentes calibres em que foi construída:
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Bizon-1: Protótipos iniciais, em 9 x 18 Makarov. Bizon-2: Primeira versão de série, em 9 x 18 Makarov Bizon-2-01: Modelo em calibre 9 x 19 mm (carregador de 53 tiros). Bizon-2-02: Modelo em calibre 9 x 17 Kurz. Bizon-2-07: Modelo em calibre 7,62 x 25 mm Tokarev (carregador de 35 tiros).
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A Bizon-1 vista com a coronha rebatida (foto da esquerda) e com a mesma aberta. Observar o formato do freio de boca/compensador inicialmente usado na arma. Bizon-2 equipada com supressor de ruído e mira de visão noturna.
A Bizon-2, desmontada para limpeza rotineira, mostra a simplicidade de seus componentes.
Bizon-3 equipada com supressor de ruído diferente, vista com a coronha metálica aberta e rebatida para cima da caixa da culatra.
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Neste detalhe da Bizon-2 testada pelo autor, observar a alça de mira deslizante (sem orelhas de proteção), a boca do cano (sem freio/compensador) e os orifícios de observação no carregador tubular, com marcas para 4, 24, 44 e 64 cartuchos. O seletor de tiro está na posição de Segurança, para cima, travando o ferrolho. O acabamento da arma é em fosfatização preta.
Em 1997, a equipe de projetos desenvolveu esta outra versão da arma russa, que recebeu a designação Bizon-PP-27. Dimensionada para usar munição 7,62 x 25 mm (Tokarev), seu carregador de aparência e posicionamento convencionais tem capacidade para 45 tiros, sendo a coronha sintética, rebatível para o lado esquerdo da arma, a mesma utilizada nos fuzis de assalto AK-74 e AK Série 100. O exemplar da esquerda aparece na foto com um visor de tiro noturno acoplado. Observar, também, o peculiar desenho do quebra-chamas.
Esta AKC-74 é uma "sub" em calibre 9 x 19 mm com carregador tipo cofre vertical e coronha metálica rebatível, desenvolvida a partir do fuzil de assalto compacto AKS74U (ou AKSU-74), calibre 5,45 x 39,5 mm. Observar o curto guarda-mão de madeira e o compensador na boca do cano.
O autor (na esquerda, com um fuzil AK101, calibre 5,56 x 45 mm) e Viktor Kalashnikov, que, juntamente com Alexey Dragunov (foto menor), foi o responsável pelo desenvolvimento da submetralhadora Bizon.
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Detalhe das inscrições na capa de um Manual Técnico da Bizon-2, impresso em 1995. Curiosamente, as especificações nele contidas dão como de 66 cartuchos a capacidade do carregador tubular da arma, posteriormente fixada em 64.
Integrantes de tropas especiais russas, durante uma demonstração, empregando submetralhadoras Bizon, com e sem supressor de ruído. Observar, na direita, o carregador de polímero, ligeiramente diferente dos anteriormente mostrados, utilizado pela Bizon-2-01, em calibre 9 x 19 mm.
A foto mostra o que parece ser uma submetralhadora em calibre 9 x 19 mm, com carregador reto e curto (uns 20 tiros), semelhante à AKC-74. Alguns detalhes evidentes são o cano desprovido de compensador ou freio de boca e o guarda-mão de material sintético.
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RÚSSIA
Gepard
A Gepard foi desenvolvida pela firma Rex, de São Petersburgo, tendo como base o fuzil de assalto AKS-74U, calibre 5,45 x 39,5 mm, do qual utiliza em torno de 65 por cento de peças. De construção modular, destaca-se pela capacidade de usar variados tipos de munição calibre 9 mm (9 x 17 mm Browning, 9 x 18 mm Makarov, 9 x 19 mm Parabellum, 9 x 21 mm Russian e a recente 9 x 30 mm Grom), mediante a troca de alguns componentes. Dependendo do tipo de cartucho empregado, funciona por "blowback" simples, "blowback" retardado ou a gás, ferrolho de trancamento rotativo. Seus carregadores, do tipo cofre vertical e alojados no interior da empunhadura, têm capacidade para 22 ou 40 cartuchos. Variados tipos de acessórios (freios de boca, compensadores, supressores de ruído) podem ser acoplados ao cano da arma. A Gepard, com 2 kg de peso, tem cano de 235 mm e comprimento total de 640 mm, reduzido para 420 mm mediante o rebatimento da coronha metálica. Em tiro automático, sua cadência cíclica é de 600 a 750 disparos por minuto. Esta é uma versão carabina semi-automática da Gepard, com cano mais longo e soleira redesenhada. Igualmente parece ser multicalibre.
A arma russa também possui uma variante ultracurta, que a coloca na categoria de PDW (Personal Defense Weapon, Arma de Defesa Pessoal).
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RÚSSIA
Kalashnikov O nome do consagrado projetista russo Mikhail Kalashnikov costuma ser imediatamente associado com a prolífica família de fuzis de assalto AK47/AKM, calibre 7,62 x 39 mm. Mas, não pode deixar de ser lembrado que sua longa carreira como criador de armas de fogo começou durante a Segunda Guerra Mundial (ou a Grande Guerra Patriótica), quando o jovem e criativo sargento do Exército Vermelho (foto), recuperando-se de graves ferimentos de combate num hospital militar, em 1941, começou a projetar uma submetralhadora. Ao ter alto, dirigiu-se a um arsenal militar na cidade de Matai, cujos funcionários o ajudaram a transformar seus improvisados desenhos técnicos num protótipo, infelizmente, não preservado. Pouco tempo depois, o inventor foi para Alma-Ata, para onde havia sido evacuado, diante do avanço alemão, o Instituto de Aviação de Moscou.
Foi com a colaboração do pessoal técnico daquele Instituto que Kalashnikok construiu seu Modelo Experimental de 1942, em junho daquele mesmo ano enviado para testes na Academia de Armamentos de Dzerzhinsky. Provavelmente porque enormes quantidades de boas e baratas submetralhadoras (PPSh-41, PPS-42) já estavam sendo produzidas e entregues ao Exército Russo, a nova arma não foi colocada em fabricação. Era, é claro, dimensionada para o habitual cartucho 7,62 x 25 mm Tokarev, funcionando por um sistema de "blowback" retardado, com o disparo sendo feito por um sistema de martelo e percussor. A caixa da culatra e a caixa do mecanismo de disparo eram feitas por usinagem, um processo de boa qualidade, mas, muito caro para as condições de economia de guerra daquele momento. O seletor de tiro (semi-automático e automático, com cadência desconhecida) e segurança aplicada (bloqueio do gatilho) ficavam no lado esquerdo, logo acima do gatilho. A alavanca de manejo ficava à esquerda, possuindo a arma uma empunhadura vertical de apoio, de madeira, logo adiante do alojamento do carregador . O cano de 250 mm de comprimento era envolvido por uma jaqueta metálica perfurada, com um sistema de compensador/freio de boca claramente inspirado pela PPSh-41, enquanto que o carregador de 25 tiros utilizado era do tipo cofre vertical, possivelmente, o mesmo da PPS-42. Outra inspiração estava na coronha metálica rebatível, vinda da alemã MP38/MP40. O comprimento total era de 750 mm (535 mm, coronha rebatida) e o peso, com carregador cheio, de 3,2 kg. 457
Em 1947, quando Kalashnikov já havia feito alguns protótipos de seu fuzil AK-46 No. 1 (no também experimental calibre 7,62 x 41 mm, predecessor do 7,62 x 39 mm), ele resolveu aproveitar alguns componentes daquela arma numa nova submetralhadora. Era de construção bem mais simples, com uso de estamparia na caixa da culatra e em sua tampa, mais junções por solda e rebites metálicos.
A chamada Tipo 1, em calibre 7,62 x 25 mm, era em "blowback" convencional e seu ferrolho (peso: 465 gramas) tinha percutor usinado na própria face. A seleção de tiro (intermitente e rajadas) e aplicação de segurança era feita por uma tecla semelhante (ao lado) à que seria adotada ao longo dos 50 ou mais anos seguintes pela grande família de fuzis AK e derivados: na posição de cima, promove o bloqueio do ferrolho; na do meio, seleciona tiro automático; na de baixo, tiro semi-automático). A coronha retrátil usada era extremamente simples, do tipo vergalhão dobrado, conservando-se o mesmo carregador de 25 tiros. O comprimento do cano era de 155 mm, sendo de 663 mm o comprimento total e de 477 mm o comprimento da arma com a coronha retraída. O peso, totalmente municiada, era de 2,7 kg. Em 1951, um protótipo praticamente igual (Modelo 2), mas, dimensionado para o recém introduzido cartucho 9 x 18 mm Makarov, foi brevemente testado. Tinha ferrolho um pouco mais leve (320 gramas). Em época, aparentemente, bem mais recente, Kalashnikov fez mais um protótipo em calibre 7,62 x 25 mm, que recebeu a designação de PPL. Em "blowback" e aproveitando muitos componentes dos fuzis AK, tinha cano de 200, comprimento total de 690 mm (460 mm, com a coronha rebatida) e peso em torno de 2 kg. 458
RÚSSIA
KEDR/Klin
No início dos anos 70, o Exército Soviético elaborou os requisitos técnicos para uma pistolametralhadora destinada a substituir sua Stechkin, calibre 9 x 18 mm Makarov. Um dos projetos resultantes foi de Evgeni Dragunov, mas, o programa acabou sendo abandonado, principalmente, pelas limitações do desempenho balístico daquela munição, além de uns 50 metros. Nos primeiros anos da década de 1990, todavia, o projeto foi ressussitado e modificado para permitir produção em massa, sob o nome de KEDR (Konstruktsiya Evgeniya DRagunova, ou, também "Cedro", em russo). A arma ainda utilizava o cartucho 9 x 18 mm normal, de pistola, mas os russos logo criaram uma versão capaz de disparar o mais recente cartucho "reforçado" (57-N-181SM), que gera cerca de 25% a mais de pressão de câmara e tem um desempenho comparável ao do 9 x 19 mm (9 mm Parabellum). Assim, surgiu a quase idêntica Klin, sendo ambas produzidas pela fábrica Izhevsk, situada na cidade do mesmo nome, a cerca de 1.100 km a leste de Moscou, nos montes Urais. A KEDR/Klin, de tiro seletivo, funciona em "blowback" convencional e dispara a partir da posição fechada, sendo construída de elementos de estamparia presos por pinos, rebites e solda. Sua configuração é bastante convencional, lembrando um pouco a pequena "sub" checa Skorpion. Leve (cerca de 1,5 kg, vazia) e compacta, tem cano de 120 mm e comprimento total de 540 mm (303 mm, com a coronha rebatida). Os carregadores têm capacidade para 20 ou 30 cartuchos. Algumas diferenças, entretanto, existem entre os dois modelos. Com o cartucho Makarov comum, que pode ser usado por ambos, a cadência cíclica da Klin fica em torno de 800-850 tiros por minuto, mas, o emprego da munição "reforçada" eleva a cadência para 1.000-1.200 tiros/min. A KEDR, recorda-se, não pode disparar o cartucho 57-N-181SM (melhor dizendo, pode, mas, não deve!). 459
A KEDR desmontada em seus principais componentes. Pode ser observado que o cano parece ser preso ao corpo principal da arma e que todo o mecanismo de disparo e gatilho constitui-se num único conjunto.
Exemplar da Klin equipado com um curioso -e, aparentemente, não muito prático -conjunto de apontador laser (sob o cano) e mira optrônica (presa ao cano).
Nesta foto do lado direito de uma Klin, com a coronha rebatida, pode ser visto o seletor de tiro e segurança aplicada, localizado acima do gatilho. De cima para baixo, automático ("AB"), semiautomático ("OD") e segurança ("P").
Esta é uma chamada "Klin 2" (ou "KEDR 2"), mas, que parece ser, na realidade um projeto bem diferente. A empunhadura é, também, o alojamento do carregador e a caixa da culatra é mais comprida, cobrindo maior parte do cano. Maiores detalhes ainda são desconhecidos. 460
RÚSSIA
Kiparis
Criada e produzida pelo Escritório de Projetos KBP, da cidade de Tula, a Kiparis (ou OTs-02) é dimensionada para o tradicional calibre russo 9 x 18 mm Makarov (57-N-181S), podendo também disparar a mais perfurante variante moderna (57-N-181SM) desta munição. Segundo consta, está em amplo uso por tropas especiais do Ministério do Interior, havendo sido vista em operações militares na conflagrada Chechênia. Pode ser equipada com um supressor de ruído e com uma bem grande unidade de mira laser acoplada à frente do carregador e que, também, passa a funcionar como empunhadura de apoio (foto abaixo). Seu funcionamento é por "blowback" e de tiro seletivo, com uma cadência cíclica de 600 a 900 disparos/min, dependendo da munição.
Construída basicamente de componentes estampados, a "sub" tem a configuração de uma tradicional pistola-metralhadora (como a checa Skorpion, por exemplo), com o carregador (20 ou 30 tiros) colocado logo na frente do guarda-mato. Sem os acessórios, pesa 1,2 kg e tem um comprimento total de 590 mm, que cai para 318 mm, mediante o rebatimento da coronha metálica, para cima da arma. 461
O supressor de ruído e os carregadores de 20 e 30 tiros, próprios da arma.
Kiparis com carregador de 30 tiros e a coronha parcialmente rebatida para a frente.
A pequena "sub" russa com supressor de ruído e o enorme apontador laser com que era, inicialmente, fornecida. O carregado é de 30 tiros.
A arma com carregador de 20 tiros, supressor original e um pequeno e bem mais prático apontador laser. 462
RÚSSIA
OTs-22
Esta "sub" extremamente compacta e leve também foi desenvolvida pelo Escritório de Projetos KBP, da cidade de Tula, sendo dimensionada para o calibre 9 x 19 mm, o que indica uma orientação para o mercado internacional. Não há indicações, todavia, de que tenha entrado em produção seriada. Tem funcionamento em "blowback" convencional, com disparo por martelo, possuindo um ferrolho do tipo envolvente, indispensável para assegurar as reduzidas dimensões. Os carregadores de 20 ou 30 cartuchos ocupam a parte interna da empunhadura, enquanto que a alavanca de manejo, no lado esquerdo da caixa da culatra, é uma pequena lâmina vertical que pode ser basculada, contra a ação de uma pequena mola, para a posição horizontal, facilitando o movimento de armar. Há um seletor de tiro (segurança, semi-automático e automático, 800-900 tiros/min) em cada lado da arma e, na parte anterior da empunhadura, junto ao guarda-mato, uma tecla de segurança de pega (bloqueio do ferrolho e do mecanismo de disparo). Amplamente fabricada em componentes de estamparia, a OTs-22 possui uma coronha que pode ser rebatida para o alto da arma, reduzindo o comprimento total de 460 para 260 mm. Sem carregador, pesa apenas 1,2 kg.
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RÚSSIA
PP-90M Esta curiosa submetralhadora dobrável é, sem qualquer sombra de dúvida, uma cópia direta de uma arma semelhante criada e patenteada pelo renomado projetista norte-americano Eugene Stoner no final da década de 1970, quando o mesmo trabalhava na extinta Ares Inc., de Port Clinton, Ohio. Chamada, informalmente, de "Executive Submachine Gun" e dimensionada para o calibre 9 x 19 mm, seria destinada ao uso por pessoal de segurança de dignitários ou executivos (quem sabe, também como arma de sobrevivência para tripulações de aeronaves), que poderiam transportar ou portar uma "sub" de pouco mais de 2 kg, com carregador de 30 tiros, num pequeno volume em formato de caixa, com aproximadamente de 250 mm de comprimento. Rapidamente aberta e colocada em condição de tiro (somente automático, cerca de 600 disparos por minuto). ficava com um comprimento total de uns 500 mm. Apesar seu ineditismo, no entanto, a arma não chegou a entrar em produção, havendo sido construídos apenas dois protótipos. Por volta de 1995, entretanto, os russos começaram a apresentar em exposições de armamento e promover comercialmente "sua" PP-90, cuja origem é atribuída à firma KBP, de Tula. De operação "blowback" e utilizando munição 9 x 18 Makarov (também existe uma virtualmente idêntica PP-90M1, em 9 x 19 mm), funciona apenas em regime automático, com uma razoável cadência cíclica de 600-700 tiros por minuto. O carregador de 30 tiros fica no interior da empunhadura. Suas simples miras são, como todo o restante da arma, peças estampadas rebatíveis, mas a "sub" também já apareceu com um projetor de ponto laser sobre a caixa da culatra, assim como dotada de supressor de ruído. O peso, municiada, é de 1,8 kg, sendo de 490 mm seu comprimento total (cano: 200 mm), aberta. Dobrada, tem as seguintes dimensões: 280 x 90 x 30 mm. A inusitada "sub" aparece na posição aberta (com supressor de ruído e apontador laser) e fechada, para transporte.
A PP-90, dobrada, transforma-se numa discreta caixa metálica. Em cerca de 2 ou 3 segundos, pode ser aberta e ficar pronta para o tiro!
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RÚSSIA
PP-93
A pequena PP-93, do Escritório de Projeto KPB, de Tula, poderia ser, mesmo, classificada como pistolametralhadora, sendo dimensionada para utilizar munição 9 x 18 Makarov, tanto o cartucho tradicional (velocidade inicial: 320 m/s) como o mais poderoso 57-N-181SM (velocidade inicial: 470 m/s). Tem funcionamento em "blowback" e sua construção é quase toda em estamparia de aço, inclusive a rudimentar coronha, que rebate-se para cima da arma, reduzindo o comprimento total de 547 para 325 mm. Sem carregador, pesa apenas 1,7 kg, um carregador de 30 tiros, cheio, pesando mais 400 g. Também possui carregadores menores, para 20 tiros. Sua cadência cíclica varia entre 600 e 800 tiros por minuto, e, como seria de se esperar, pode receber supressor de ruído e diversos tipos de miras auxiliares.
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Como a maioria das submetralhadoras, a PP-93 pode ser equipada com um supressor de ruído, acoplável à boca do cano original. Nunca é demais lembrar que tal acessório não torna a arma realmente "silenciosa", mas, serve muito bem para descaracterizar o som do disparo de arma de fogo, dificultar a localização de sua origem e, ainda, manter a comunicação entre membros de uma equipe que esteja operando em ambiente de combate em local fechado (CQB).
(ALTO): A arma com carregador de 30 tiros e a bem simples coronha estendida. O seletor de tiro e segurança aplicada fica no lado esquerdo, logo à frente do gatilho. (ESQ.): A PP-93 com carregador de 20 tiros e a coronha rebatida sobre a caixa da culatra, com um corte que deixa livre a janela de ejeção. 466
RÚSSIA
PPD-34/38, PPD-40 O projetista russo Vasily Degtyarev entrou para a história e ficou mais conhecido como o criador da metralhadora leve de apoio DP (Degtyarev Pekhotnyy) , calibre 7,62 x 54R mm, produzida em vastas quantidades no Arsenal de Tula a partir de 1933. Mas, ele também foi o responsável pelo nascimento da primeira geração de submetralhadoras da antiga União Soviética, as séries PPD-34/38 e PPD-40. Degtyarev (1890 -1959) nasceu em Tula, recebendo pouco educação formal, uma vez que abandonou os estudos aos 11 anos de idade para trabalhar como um simples operário no Arsenal de sua cidade natal. Ao ser convocado, anos depois, para o serviço militar obrigatório no Exército Vermelho, foi enviado para o Arsenal de Sestotets, com a sorte de ir trabalhar diretamente com o já renomado projetista Federov, criador de um avançado fuzil experimental de tiro seletivo, calibre japonês 6,5 x 50SR mm Arisaka, construído em 1916. Algum tempo depois, foi transferido para um centro de testes de armamento, em Oranienbaum. Ali, começou a projetar suas próprias armas, começando com uma carabina automática, que não passou da etapa de protótipo. No início da década de 1930, o Exército Russo mostrou-se interessado em adotar uma Pistolet Pulemet (o termo local para submetralhadoras) em calibre 7,62 x 25 mm, o mesmo da pistola Tokarev, ocasião em mais de uma dúzia de projetos diferentes foram apresentados. Em 1934, após intenso programa de testes, um projeto de Degtyarev foi aprovado para fabricação e dotação oficial, recebendo a designação de PPD-34 e, mais tarde e com algumas modificações, PPD-34/38.
A configuração escolhida é bem típica daquela época e, de certa forma, segue o caminho já trilhado por outras armas, como a finlandesa Suomi e a alemã MP28.II. Assim, a MP-34/34 possui tradicional coronha de madeira e uma caixa da culatra cilíndrica, estendendo-se até a boca do cano através de uma camisa metálica perfurada de proteção térmica. Tudo, usinado e com muito bom acabamento. Os carregadores inicialmente usados eram do tipo cofre vertical (ligeiramente curvo e para 25 cartuchos) e do tipo tambor (71 cartuchos), este, com uma extensão vertical na parte de cima para entrar no seu alojamento, totalmente embutido na extensão dianteira (ou guarda-mão) da coronha . O funcionamento é por "blowback" a partir da posição de culatra aberta (ferrolho à frente) e com tiro seletivo, a uma cadência cíclica de 800 disparos por minuto. O seletor de tiro fica no lado direito do guarda-mato, bem à frente, sendo uma tecla giratória com as marcações "1" e "71", respectivamente, para tiro intermitente e rajada. A alavanca de manejo, solidária ao ferrolho, situa-se no lado direito e, quando recuada, pode ser encaixada num recesso transversal existente na caixa da culatra, promovendo o trancamento do ferrolho na posição aberta, uma simples e muito usada forma de segurança aplicada. 467
Nas última fase de sua produção em série (Arsenais de Tula e Sestrorjetsk), em 1940, a PPD-34/38 passou a usar uma jaqueta de proteção térmica bem mais simples, em que o grande número de pequenas aberturas de ventilação ali existentes foi substituído por apenas 12 rasgos maiores, longitudinais. Ainda assim, foi mantida a cara usinagem daquela peça. Todas as PPD-34 e PPD-34/38 possuem uma alça de mira aberta ( em "U") do tipo tangente, com ajustes para 50 até muito irreais 500 metros, em incrementos de 50 metros. O cano, geralmente com a câmara e alma cromadas, tem 273 mm de comprimento, sendo de 777 mm o comprimento total da arma. Com o carregador de 71 tiros cheio, seu peso é de 5,7 kg. A partir de, aproximadamente, abril de 1940, entrou em produção a PPD-40, bem parecida com a arma anterior. A modificação principal ficou por conta da adoção de um novo tipo de carregador do tipo tambor, também para 71 tiros, mas, que foi copiado diretamente do usado pela submetralhadora finlandesa Suomi e não possuía a extensão vertical do modelo anteriormente usado. Seu alojamento na arma também foi mudado, passando a ser uma abertura transversal, com reforços em suas duas paredes, passando a existir um guarda-mão de madeira à frente, separado do resto da coronha. As armas dos lotes finais de produção, em 1941, passaram a ter uma alça de mira bem mais simples, em forma de um "L" basculante, para 100 e 200 metros. O cano desta versão tem 267 mm de comprimento e a arma toda, 787 mm. O peso, totalmente municiada, é de 5,5 kg.
Uma PPD-34/38 com carregador tipo tambor, de 71 tiros, cuja extensão vertical se encaixava no alojamento do carregador, embutido no guarda-mão. Este exemplar é das últimas séries, identificável pelas grandes aberturas longitudinais da camisa de proteção térmica. 468
Esta PPD-40 exibe bem sua principal diferença visível em relação à anterior PPD-34/38, o grande espaço para alojar o carregador do tipo tambor, que tornou o guarda-mão separado do resto da coronha. Outro detalhe identificador são as curvas do guarda-mato. Observar a alça de mira simplificada ("L" basculante), característica dos últimos lotes fabricados em 1941.
Este exemplar da PPD-40 tem uma pouco comum proteção em forma de capuz na massa de mira, em forma de lâmina.
Alguns detalhes de uma PPD-34/38, porém, igualmente aplicáveis à posterior PPD-40: (A) encaixe para travar a alavanca de manejo (e o ferrolho) na posição aberta, (B) alça de mira tangencial, (C) alavanca de manejo, (D) retém do carregador, (E) seletor de tiro.
Soldados russos durante uma parada militar: o segundo homem está com uma PPD-34/38 e todos os demais, com PPD-40.
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RÚSSIA
PPSh-41
Costuma-se dizer que duas grandes catástrofes nacionais contribuíram para o nascimento da mais famosa submetralhadora russa de todos os tempos. A primeira foi a Guerra de Inverno (1939-1940) contra a Finlândia, em que a União Soviética logo aprendeu, com perdas humanas enormes, a grande utilidade das "subs" naquelas violentas e confusas ações de combate em florestas geladas, onde os tiroteios se travavam a curtas distâncias e a rápida resposta e elevado volume de fogo daquelas armas eram características muito apreciadas. A segunda tragédia foi a invasão de seu próprio país pela Alemanha (1941), criando uma demanda urgente para grandes quantidades de armas simples, baratas e funcionais. Contra as Suomis finlandesas, os soviéticos dispunham de suas PPD 1934/38, que, logo, estariam copiando o carregador no formato de tambor, com capacidade para 71 tiros, usados pelo inimigo. Mas, aquelas armas tinham um sério "senão", em que pesasse seu bom desempenho geral: eram de fabricação cara, pois ainda envolviam numerosas operações de usinagem, por exemplo. Daí ter surgido, logo depois, a PPD-40, mais simplificada em termos de produção, mas, ainda não perfeitamente adequada à manufatura em massa. Foi um relativamente jovem (43 anos, na época) projetista, Georgii Semenovich Shpagin, quem apareceu com uma submetralhadora capaz de ser rapidamente fabricada pela mais simples oficina mecânica, baratíssima e ... eficaz. Filho de camponeses, em 1916 ele havia entrado para o Exército Vermelho, onde serviu, como armeiro, num regimento de Infantaria. Em 1920, entrou para a Fábrica Kovrov, de metralhadoras, onde pode desenvolver seus talentos, sobretudo, por trabalhar junto de Vasily Degtyarev, famoso projetista de metralhadoras (DP, DPM, DT, DTM) e submetralhadoras (PPD-34/38 e PPD-40). Em setembro de 1940, Shpagin apresentou seu próprio projeto de submetralhadora, em que "simplicidade" era a palavrachave. Em 21 de dezembro daquele mesmo ano, após competir com outros protótipos, a arma foi escolhida para produção em larga escala. Nascia a Pistolet-Pulemyot Shpagina obr 1941G ou, bem mais simplesmente, PPSh-41,, da qual estima-se que mais de 5,4 milhões de exemplares foram produzidos por diversas fábricas no período de 1942 a 1945 e que viria a ser amplamente distribuída e copiada por outros países comunistas, ao longo dos anos. A "Pepeshka" (como também ficou conhecida) era dimensionada para a habitual munição 7,62 mm Tokarev (7,62 x 25 mm), recordando-se, a propósito, que todas as armas leves do Exército Vermelho (revólveres, pistolas, fuzis, submetralhadoras e metralhadoras leves) tinham o mesmíssimo calibre de projétil e empregavam canos de idênticos raiamento e passo. Fuzis e metralhadoras, é claro, usavam um cartucho diferente, o 7,62 x 54R mm. 470
Funcionando em "blowback", atirando da posição de ferrolho aberto e com regime de tiro seletivo (intermitente ou automático), a submetralhadora tinha uma caixa da culatra e jaqueta de proteção, à volta do cano, em estamparia de aço (chapa de 2,5 mm) e formadas a partir de uma peça única. O ferrolho cilíndrico era feito numa só operação de torno, o cano tinha a metade do comprimento do utilizado nos fuzis Mosin-Nagant da época (muitas vezes, aproveitados daqueles) e todos os componentes da arma eram soldados ou presos por pinos simples. Mas, indiscutivelmente, era muito confiável e apreciada por seus operadores. As primeiras versões (acima) são facilmente identificáveis pela alça de mira (ranhura em formato de "U") do tipo tangente, a mesma usada na anterior PPD-40, mas, a vasta maioria das PPSh-41, a partir de 1942, era dotada de uma mais simples alça de mira basculante em "L", com ranhuras para 100 e 200 metros (abaixo), esta transformação proporcionando uma economia de sete peças.
Apesar de utilizar, originalmente, um carregador tipo tambor similar ao da anterior PPD-40, o da PPSh-41 não era intercambiável com aquele. Aliás, quando totalmente municiado, pesava quase 2 kg e, logo, começou a receber críticas por sua difícil e cara fabricação, complicação de municiamento sob condições de combate e, mesmo, eventuais falhas de funcionamento. Assim, em 1942, foi adotado um carregador tipo cofre vertical, curvo, com capacidade para 25 cartuchos (acima), inicialmente feito com chapa de aço de apenas 0,5 mm de espessura, mas, a partir de 1943, empregando chapa de 1 mm, para maior resistência. As características principais da "sub" incluem um comprimento total de 843 mm, cano de 269 mm (alma cromada) e peso vazio de 3,7 kg. Sua cadência cíclica é de 900 tiros por minuto.
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Batalhões inteiros de Infantaria tinham na PPSh-41 seu armamento exclusivo, sobretudo os inesquecíveis "Caronas de Tanques", que constituíam-se no apoio imediato para as divisões blindadas. Esses homens viajavam na parte externa dos carros de combate, agarrando-se precariamente a alças soldadas na torreta e casco. Com uma submetralhadora na mão livre e vários carregadores pendurados pelo corpo, iam até o centro dos combates, desciam e abriam caminho "à bala" através das linhas inimigas. Não é de admirar que a expectativa de vida dessa turma, em combate, era de apenas umas três semanas... Muitas "Pepeshkas" capturadas pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial foram adaptadas para disparar sua munição 9 x 19 mm, o que se fazia pela modificação do alojamento do carregador (que passava a ser um de MP38/MP40) e troca do cano, o que diminuía um pouco a cadência cíclica da arma. Após aquele conflito, a PPSh-41 foi generosamente distribuída a países do Bloco Comunista e, também, fabricada na China (Tipo 50), Coréia do Norte (Tipo 49), Hungria (Modelo 48M), Irã (Modelo 22) e Vietnã do Norte (K-50M).
Reprodução de um cartaz russo, da época da Segunda Guerra Mundial, com detalhes técnicos e instruções de desmontagem e operação da PPSh-41. Observar, no canto inferior direito, o municiamento tanto do carregador de 71 tiros, do tipo tambor, como do de 25 tiros, tipo cofre vertical.
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O cano da arma é envolvido por uma camisa metálica dotada de amplas aberturas longitudinais, com o objetivo de proteger o operador de eventuais queimaduras causadas por seu superaquecimento, uma vez que o tiro automático era, por doutrina, procedimento comum para a tropa. Observar, também, o capuz metálico de proteção da massa de mira (muitas vezes, perdido em combate) e a configuração do freio de bocacompensador, uma extensão da própria camisa. Alguns detalhes: (A) seletor de tiro no interior do guarda-mato (automático, para a frente; intermitente, para trás), (B) retém do carregador (travado, rebatido para trás), (C) alça de mira em "L" basculante, com aberturas para 100 e 200 metros (os modelos iniciais tinham alça tangente, com ranhura em "U", ajustável para 50 a 500 metros).
Os carregadores do tipo tambor, com capacidade para 71 cartuchos calibre 7,62 x 25 mm, quando totalmente municiados tinham o significativo peso de 1,8 kg. Os posteriores carregadores tipo cofre vertical, de 25 tiros, pesavam 700 g, totalmente, municiados, e mostraram-se de uso mais prático e, sobretudo, de fabricação bem mais barata. Recorda-se que a munição 7,62 mm Tokarev é totalmente intercambiável com a 7,63 mm Mauser.
Em 1944-45, esta curiosa versão de cano curvo (30 graus) da PPSh-41 foi testada, destinando-se a fazer tiros a partir do interior de carros de combate, contra tropas de Infantaria que se aproximassem. A substancial perda da velocidade inicial do projétil e a errática precisão resultante levaram ao abandono da idéia. 473
PPSh-41 com carregador vertical. O uso da alça de mira do tipo tangente revela tratar-se de arma dos lotes iniciais.
Com o carregador do tipo tambor, a arma ficava mais baixa e mais pesada (5,5 kg, municiada)
A arma totalmente desmontada, incluindo seus acessórios normais (bandoleira, vareta de limpeza e tubos de óleo).
Fato pouquíssimo conhecido foi que, em maio de 1942, Georgii Shpagin apresentou aos militares soviéticos este modelo experimental de submetralhadora, designado PPSh-2, ainda mais simples que sua "Pepeshka". A caixa da culatra tinha formato retangular, visando a facilitar sua fabricação pelo processo de estamparia. O mecanismo de disparo foi simplificado, oferecendo tiro apenas em regime automático, a camisa em volta do cano foi encurtada e a arma recebeu um novo tipo de compensador-freio de boca. Nos testes de tiro, todavia, apresentou problemas de funcionamento, a precisão deixava a desejar e, ainda por cima, era mais pesada que a PPSh-41. Com tudo isso, mais a entrada em cena da PPS-42, de Alexey Sudayev, o novo projeto de Shpagin não passou da fase de protótipo. 474
Uma linha de montagem da PPSh-41, durante a Segunda Guerra Mundial. Sua produção envolveu uma grande quantidade de fábricas e oficinas mecânicas em diferentes pontos da então União Soviética, mas, concentradas na área de Moscou, de onde saíram mais de 3,5 milhões do total de 5,4 milhões de armas fabricadas em quatro anos. Um detalhe curioso é que várias dezenas de milhares dessas "subs", usadas pelas tropas do Exército Vermelho contra os invasores alemães, foram feitas ... no Irã (!), que, desde 1942, possuía licença para sua fabricação.
A PPSh-41 tornou-se um ícone do combatente soviético da Segunda Guerra Mundial. No desenho da esquerda, observase a arma, com o inesquecível carregador de 71 tiros, nas mãos de um guerrilheiro civil; no da direita, com um graduado da Marinha, estando equipada com o posterior carregador tipo cofre vertical, de 35 tiros.
Rara foto de combate: a PPSh-41 em ação nas mãos de um integrante da "SS Panzer Division Wiking", alemã. O inimigo também empregou a "sub" russa numa versão modificada para o calibre 9 mm Parabellum, em que carregadores de MP38/MP40 eram utilizados.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a "Pepeshka" foi presença constante em cartazes de propaganda e, até, nas mãos de crianças combatentes.
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Uma certa quantidade de PPSh-41 capturadas pelos alemães durante sua invasão da União Soviética foi transformada para disparar munição 9 x 19 mm, a padrão das forças nazistas. A adaptação consistia na colocação de um novo cano e numa peça que permitia a utilização dos carregadores da MP40, de 32 tiros, não sendo necessária qualquer alteração na face do ferrolho. Em termos de desempenho, houve uma redução na cadência cíclica da arma, em tiro automático, que caiu de 900 para cerca de 800 disparos por minuto. Consta que as submetralhadoras assim modificadas receberam, da "Wehrmacht", a designação MP41.(r). Talvez o mais bizarro uso da PPSh-41 em toda a sua existência tenha sido como armamento de uma versão experimental do bombardeiro russo Tupolev Tu-2, na Segunda Guerra Mundial, destinada a fazer saturação de fogo contra alvos no solo. Um contêiner com 88 submetralhadoras, inclinadas para disparar para frente e para baixo num ângulo de 45 graus, era encaixado no compartimento de bombas da aeronave. Como cada arma tinha um carregador de 71 tiros, havia a disponibilidade (teórica, pelo menos) de se disparar uma salva combinada de 6.248 tiros, numa cadência cíclica de 79.200 disparos por minuto! Ao que tudo indica, a utilização prática desse sistema, impossível de ser remuniciado em vôo, deixou muito a desejar...
Esta foto mostra uma PPSh-41 com um equipamento não especificado de visão noturna, talvez, um modelo experimental russo.
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A "sub" russa, é claro, também recebeu transformações não convencionais, geralmente, por parte de criminosos. Na arma da esquerda, sem coronha e dotada de uma empunhadura vertical de madeira, o cano e sua camisa de proteção foram cortados mais ou menos pela metade, perdendo o freio de boca-compensador. Nas duas da direita, igualmente encurtadas, conservaram os freios de boca-compensadores, recebendo as armas empunhaduras verticais e coronhas metálicas rebatíveis.
A mística da PPSh-41 foi colocada ao alcance dos cidadãos comuns (só nos Estados Unidos...), através da carabina SR-41, distribuída pela firma Inter-Ordnance of America, de Monroe, Carolina do Norte. No mesmo calibre original (7,62 x 25 mm), é fabricada com componentes adquiridos na Europa Oriental, possuindo uma nova caixa da culatra e mecanismo de disparo devidamente modificado para funcionar apenas em regime semi-automático. Um tubo sem raiamento, que se estende além da camisa de proteção do cano, foi soldado no cano original, aumentando seu comprimento para as 16 polegadas (406 mm) requeridas pela legislação local. O comprimento total da arma ficou em 965 mm e o peso, com carregador municiado de 71 tiros, chega a 5,5 kg (4,2 kg, com o de 35 tiros). Mais recentemente, foi oferecida uma versão dimensionada para o mais comum calibre 9 x 19 mm. Outras conversões da "Pepeshka" para o mercado civil dos EUA também existem, como a mostrada ao lado, abaixo de uma arma original. Construída por Rusti Hogan, do estado do Missouri, possui a camisa de ventilação do cano até o final das 16 polegadas regulamentares, sendo, é claro, de funcionamento apenas semi-automático. 477
RÚSSIA
PPS-42, PPS-43
Esta submetralhadora em calibre 7,62 x 25 mm foi projetada por Alexei Sudarev, um engenheiro militar que servia na cidade de Leningrado por ocasião do cerco alemão, em 1942. Naquela emergência, uma arma que pudesse ser fabricada com os parcos recursos materiais então disponíveis tinha que surgir, de qualquer maneira. O resultado final foi a simplíssima, mas, eficiente, PPS-42, fabricada a partir de chapas de aço de grande espessura, estampadas em diversos componentes que eram, posteriormente, rebitados e soldados entre si. A usinagem limita-se, praticamente, ao ferrolho, sendo os canos quase todos aproveitados de velhos fuzis Mosin-Nagant, cortados ao meio. A coronha metálica foi copiada da usada pela MP38/MP40 do inimigo, mas, ao contrário daquela, rebate-se para a parte de cima da arma, ficando a soleira deitada à volta da estrutura da alça de mira. A arma é de operação "blowback" convencional, funcionando apenas em regime automático, com cadência cíclica 650 a 700 tiros por minuto. A alavanca de manejo situase no lado direito, estando a janela de ejeção cerca de 45 graus para o mesmo lado. A segurança aplicada é uma tecla vertical existente na frente do guarda-mato: puxada para trás, trava o ferrolho, tanto na posição aberta como na fechada. O carregador curvo de 35 tiros, ressalte-se, é próprio da arma, não sendo intercambiável com o da anterior PPSh-41. Logo em seguida, visando a simplificar ainda mais o processo de produção, foi lançada a PPS-43, identificável pelo alojamento do carregador inclinado para a frente e por apresentar coronha um pouco mais curta. Especificações principais da PPS-42 (PPS-43 entre parênteses): comprimento do cano, 273 (254) mm; comprimento total, 907 (819) mm; comprimento, coronha rebatida, 641 (616) mm; peso, municiada, 3,9 (3,6) kg 478
Cartaz russo de instrução da submetralhadora PPS-43, onde se evidencia a extrema simplicidade do projeto de Alexei Sudarev.
Algumas das rústicas características da construção da arma podem ser observadas nestes detalhes de uma Tipo 43, a cópia chinesa da PPS-43. Na foto da esquerda, a jaqueta retangular e perfurada que envolve o cano, as abas de proteção da massa de mira e o simples freio de boca, uma chapa de aço dobrada em "U", com um orifício no meio, à frente da boca do cano. Na foto da direita, as grandes dimensões do guarda-mato, facilitando o acionamento do gatilho por mãos enluvadas, e o registro de segurança, logo à sua frente (aqui, na posição de tiro).
A PPS-43 foi fabricada em grande quantidade entre meados de 1943 até algum tempo após o término da Segunda Guerra Mundial, com muitos exemplares ainda encontrados em diversas partes do mundo. Alexei Sudarev, seu criador, morreu em 1946 com a idade de 35 anos.
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SUÉCIA
Hovea, Carl Gustaf m/45 A primeira submetralhadora adotada pelos suecos foi a finlandesa Suomi Modelo 1931, localmente designada m/37, calçando a não muito comum munição 9 mm Browning Long, num bem comprido carregador tipo cofre vertical com capacidade para 56 cartuchos. Posteriormente, foram adquiridas a alemã Bergmann MP35/1 (designação local: m/39) e alguns lotes de Thompsons, norte-americanas. A produção local de "subs" começou em 1939, quando a Husqvarna Vapenfrabrik A..B. fez uma versão ligeiramente modificada (m/37-39) da Suomi, da qual pode ser distinguida pelo cano e camisa 100 mm mais curtos, alavanca de manejo redesenhada, alça de mira simplificada e coronha com novo desenho. O calibre era o mais comum 9 x 19 mm, num carregador de 50 tiros.Com cano de 213 mm, o comprimento da arma é de 770 mm, com peso de 3,9 kg, municiada. Após a boa experiência adquirida na fabricação das Suomis, a Husqvarna resolveu partir para um projeto próprio, igualmente, em calibre 9 x 19 mm. Os trabalhos desenrolaram-se entre 1944 e 1945, envolvendo uma série de aproximadamente 10 protótipos diferentes, todos chamados de "Hovea", nome derivado das iniciais da fábrica. O projeto inicial, bastante calcado no da britânica Sten, tinha caixa da culatra cilíndrica e uma luva envolvendo parte do cano de 212 mm. Utilizava os bons carregadores do tipo Suomi, tanto o modelo tipo cofre vertical ((50 tiros) como o do tipo tambor (71 tiros), que ficavam numa posição mais convencional, debaixo da arma. Era de operação "blowback" e funcionamento apenas em regime automático, com uma cadência cíclica em torno de 600 disparos por minuto. O comprimento total de 845 mm caía para 590 mm, mediante o rebatimento da coronha para a frente. O peso vazio era de 3 kg. A versão final da Hovea, curiosamente, acabou sendo adotada pela Dinamarca (como M/49) e ali fabricada sob licença. Na Suécia, numa decisão puramente política, a "sub" da Husqvarna perdeu o contrato para a fábrica estatal Carl Gustaf , que ofereceu às forças armadas locais uma arma bem parecida, que foi adotada e recebeu a designação de m/45. 480
Os trabalhos de desenvolvimento desta arma ocorreram entre 1944 e 1945 nas instalações da Carl Gustaf Gevärsfaktori, na cidade Eskilstuna, mas, sua efetiva produção somente começou após o fim da Segunda Guerra Mundial. Assim, apesar do fato de utilizar técnicas de fabricação em massa (estamparia e rebitagem, principalmente) popularizadas durante aquele conflito, o produto final acabou tendo um excelente acabamento, logo ganhando boa reputação. Além do uso, durante muitos anos, na própria Suécia, conseguiu alguns contratos de exportação. Ainda que não oficialmente adotada pelas Forças Armadas dos EUA (a legislação sueca proibia a venda de armamento para países em guerra), foi uma presença bem comum nas mãos de tropas norte-americanas que lutaram na Guerra do Vietnã, sobretudo, as Forças Especiais. Acabou ficando conhecida, genericamente, como a "Swedish K" (de KulsprutepistolI, submetralhadora, no idioma sueco). De operação "blowback" e funcionamento apenas em tiro automático (cadência cíclica: 600 disparos por minuto), constitui-se numa caixa da culatra cilíndrica com um cofre do mecanismo de disparo, retangular, na parte inferior. O cano de 212 mm de comprimento é protegido por uma luva metálica com quatro ou seis grandes orifícios laterais de ventilação. Uma simples coronha metálica (um fino tubo dobrado em "U" deitado) articula-se na parte posterior da caixa da culatra e na base da empunhadura, possibilitando rebatimento para o lado direito da arma e, assim, reduzindo seu comprimento de 808 para 552 mm. O peso vazio da m/45 é de 3,4 kg. No início de sua produção, a "sub" sueca utilizava carregadores tipo cofre vertical do modelo Suomi (50 tiros, alimentação central), mas, por volta de 1950, a fábrica passou a fornecer um carregador próprio, bifilar e com alimentação em duas posições alternadas. Tem o formato de uma cunha (parede frontal mais estreita que a de trás), o que, de certa forma, "dirige" melhor a ponta do projétil para a rampa de alimentação e para a câmara. De extrema confiabilidade, o carregador Carl Gustaf acabou sendo copiado por diversos fabricantes. Enquanto que os carregadores iniciais de 50 tiros eram inseridos sem a necessidade de um alojamento fechado, os novos modelos necessitavam de um, surgindo, então, um adaptador metálico removível (foto acima) com seu formato próprio, para encaixálos na arma. Com tal modificação incorporada, a designação passou a ser m/45B. A subseqüente padronização do carregador próprio acabou com a necessidade daquele adaptador removível, de modo que as submetralhadoras passaram a sair de fábrica com um alojamento de carregador permanentemente fixo, por meio de rebites. Ainda que tal designação pareça não existir na Suécia, esta versão costuma ser chamada de "m/45C" (ao lado).
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Uma m/45 desmontada deixa bem evidente a simplicidade do projeto original. A jaqueta metálica com quatro furos no lado direito (no esquerdo, apenas três, por causa da alça da bandoleira) e o alojamento aberto para o carregador Suomi, de 50 tiros, mostram tratar-se de um exemplar dos primeiros lotes fabricados pela Carl Gustaf Gevärsfaktori. Abaixo, desenho seccional da mesma arma.
A m/45C vista aqui tem apenas três orifícios de ventilação no lado direito da camisa do cano, como na grande maioria das armas fabricadas. Abaixo dela, um curioso coletador de estojos, acessório comumente usado em instrução e que era acoplado junto à janela de ejeção, no lado direito.
Uma m/45B em uso, durante exercício do Exército da Suécia. Observar um adaptador na boca do cano, que permitia o disparo de um tipo especial de munição de treinamento (projétil plástico, com pequena esfera de aço na ponta), com boa precisão de tiro até 50 metros.
Lado esquerdo da arma, podendo ser observados as duas alças móveis (zarelhos) para a fixação da bandoleira e a cobertura de borracha existente na haste superior da coronha, para proteger a bochecha do operador contra frio e calor extremos. 482
Neste ângulo, pode ser visto o corte transversal na caixa da culatra para ser encaixada a alavanca de manejo, bloqueando o ferrolho na posição aberta. É o único tipo de segurança aplicada existente na arma para evitar disparos acidentais.
A arma podia receber uma baioneta, caso usasse uma camisa do cano com os necessários encaixes. Na foto de cima, a baioneta regulamentar sueca está protegida com sua bainha; na esquerda, presa apenas à camisa e, junto, o porta-bainha de couro.
O batismo de fogo da "Swedish K" ocorreu no início da década de 1960, quando tropas suecas servindo à ONU intervieram no antigo Congo Belga (província de Katanga). 483
Esta versão da Carl Gustaf dotada de supressor de ruído foi desenvolvida para a CIA e utilizada em operações especiais durante a Guerra do Vietnã. Uma dessas armas aparece (ESQ.) nas mãos de um membro de uma equipe SEAL (mergulhadores de combate da Marinha dos EUA). Nesta configuração, a m/45B chegava a um peso de 5,6 kg. Interessante foto de uma m/45 nas mãos de um não combatente. Trata-se do correspondente de guerra Joe Galloway, da UPI, posando com a "sub" no Vietnã, em 1965. Galloway foi o único civil condecorado pelo Exército dos EUA ("Bronze Star") por valor em combate naquele conflito, por haver ajudado a resgatar, sob fogo inimigo, soldados feridos no vale de Ia Drang, em novembro de 65. Militar norteamericano dando uma rajada com uma m/45c, em algum lugar do Vietnã, década de 1960. Obviamente, trata-se de tiro informal.
A "Swedish K" é vista aqui sendo testada por Gabriel ("Gabe") Suarez, um dos mais respeitados instrutores de tiro policial dos Estados Unidos. Um exame cuidadoso da foto mostra que o ferrolho está travado na posição aberta, com a alavanca de manejo encaixada no corte transversal existente na caixa da culatra.
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SUÍÇA
Fürrer MP41/44
Nos anos de 1940 e 1941, os militares suíços realizaram um amplo programa de testes de avaliação com o objetivo de escolherem uma submetralhadora para adoção em larga escala. Saiu-se vencedora esta arma, projetada pelo coronel Aldolf Fürrer, mas, com os posteriores desenvolvimento e fabricação em séria à cargo da firma W&F (Waffenfabrik), da cidade de Berna. Apesar do contrato de fornecimento da MP41/44 ter sido assinado em julho de 1941, as entregas somente começaram em janeiro de 1943. Isto foi o resultado da extrema complexidade do projeto daquela que é considerada a mais cara submetralhadora até hoje fabricada! Assim, em cerca de três anos, somente uns 5.000 exemplares foram completados. Um dos problemas é que, em vez de um tradicional e simples sistema de funcionamento em "blowback", a arma operava por curo recuo, possuindo uma ação mais ou menos semelhante à da pistola alemã Luger : após o disparo, um "joelho" esticado mantém o conjunto cano/ferrolho momentaneamente trancado durante um curto deslocamento para trás, após o que ele se "quebra" para o lado esquerdo, abrindo a culatra e fazendo a seqüência de extração, ejeção e alimentação. O carregador, com capacidade para 40 cartuchos, fica no lado direito e ligeiramente inclinado para a frente. A coronha é de madeira, existindo, mais à frente, uma empunhadura vertical de apoio, rebatível para trás. A seleção de tiro é feita por uma alavanca existente no alto do alojamento do carregador, com as posições "S" (segurança), "M" (automático, 900 tiros por minuto) e "F" (semi-automático). O cano de 249 mm de comprimento é envolvido por uma camisa metálica com aberturas longitudinais, sendo de 774 mm (1.080 mm, com baioneta) o comprimento total da arma. Municiada, pesa 6 kg.
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SUÍÇA
Rexim-Favor FV Mk. 4
Esta submetralhadora em calibre 9 x 19 mm foi desenvolvida no início da década de 1950 e oficialmente colocada no mercado em 1953 pela Société Anonyme Suisse Rexim, de Genebra. Foi inicialmente chamada de Favor, nome derivado de seu suposto projetista, um certo coronel Favier, mas, consta que o projeto teria sido roubado do Arsenal francês de Tulle, por uma mulher não identificada. A arma, com financiamento suíço, foi, na realidade, manufaturada (umas 5.000 unidades) pelo arsenal espanhol de La Coruña, com o objetivo de conseguir vendas em países do Oriente Médio e, eventualmente, na própria Espanha. Não havendo conseguido seu intento, a companhia suíça acabou falindo em 1957, com os espanhóis tentando concretizar vendas, rebatizando a arma de "La Coruña". Tampouco tiveram sucesso. A Rexim FV Mark 4 é de operação "blowback" e de tiro seletivo (cadência cíclica: 600 tiros/min), disparando a partir da posição de culatra fechada (ferrolho á frente). O carregador usado, de 32 tiros, é uma cópia direta do da MP38/MP40. O cano é relativamente longo (340 mm), possui camisa metálica de proteção térmica e compensador integral (4 rasgos transversais) usinado junto à boca. Com a coronha aberta, o comprimento da arma é de 870 mm (610 mm, com a coronha rebatida para o lado esquerdo) , sendo de 3,8 kg seu peso municiada. Existe uma fina baioneta tubular transportada num encaixe sob o cano: em posição de uso, para a frente, deixa a "sub" com um comprimento total de mais de 1.100 mm! A arma também foi oferecida com outros comprimentos de cano e formatos de coronha. 486
Este foi um dos primeiros protótipos, ainda chamado de Favor, com cano bem longo e dotado de anéis usinados de resfriamento, após a área da câmara.
Exemplar de cano mais curto e com apenas dois cortes transversais no compensador. Sua coronha rebatível é do tipo vergalhão dobrado.
Os diversos comprimentos e configurações de cano oferecidos para a Rexim.
Uma das variantes era o Tipo H.P. ("Mitraillete Haute Précision"), com o cano mais longo. Observar um carregador sobressalente levado no interior da coronha metálica rebatível. Modelo de cano médio e coronha fixa de madeira, com capacidade de lançar granadas de bocal.
Esta curiosa "sub" calibre 9 x 19 mm, baseada na Rexim, surgiu na Turquia por volta de 1965, acreditando-se que ali tenha sido fabricada ou modificada. Observar a baioneta rebatível, miras protegidas, seletor de tiro acima da empunhadura, coronha fixa de madeira, tecla do gatilho mais fina e o carregador levemente inclinado para a frente. 487
SUÍÇA
SIG MKMO, MKPO, MKMS, MKPS Entre 1920 e 1927, a SIG Schweizerische Industrie Gesellschft fabricou uma versão local da submetralhadora alemã Bergmannn MP18,I. dimensionada para os calibres 7,63 mm Mauser e 7,65 mm Parabellum. Por volta de 1930, a companhia ofereceu no mercado uma versão modificada da arma (acima), em que o carregador horizontal passou do lado esquerdo para o direito, sendo acrescentada uma empunhadura vertical de apoio. Não recebendo encomendas, o projeto não entrou em produção seriada. A partir de 1937, a companhia produziu uma série de armas de projeto próprio, conhecidas como MKMO (modelo "standard"), MKPO (modelo curto), MKMS (uma MKMO simplificada) e MKPS (MKPO simplificada). Os calibres eram o 7,63 mm Mauser, o 7,65 mm Parabellum, o 9 mm Parabellum (9 x 19 mm), o 9 mm Mauser e o 0 mm Bergmann-Bayard. Todos os modelos são de operação por "blowback" retardado e funcionamento somente em regime automático, oferecendo uma cadência cíclica bem elevada, em torno de 900 disparos por minuto. Como algumas outras armas de sua época, têm uma configuração típica de fuzil ou carabina, com sua coronha e guarda-mão de madeira. Uma característica interessante é o alojamento do carregador (40 tiros), que possibilita o total rebatimento do conjunto para a frente, ficando quase que totalmente embutido num recesso longitudinal existente na parte de baixo do guarda-mão. As características da MKMO/MKMS (MKPO/MLPS, entre parênteses) são: comprimento do cano, 500 (300) mm; comprimento total, 1.025 (920) mm; peso, municiada 4,7 (4,4) kg.
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SUÍÇA
SIG MP41
A MP41 foi o projeto da SIG que participou da concorrência de 1940-41 para a escolha de uma submetralhadora calibre 9 x 19 mm para o Exército Suíço, eventualmente ganha pela cara e mecanicamente complicada Fürrer MP41/44, que poderia ser colocada em produção mais rapidamente (o que, de fato, não aconteceu). Ainda assim, uns 200 exemplares desta arma chegaram a ser construídos. A MP41 prosseguiu com a tradição (MKMO e outras) de usar um carregador de 40 tiros rebatível para frente, ficando embutido no guarda-mão. Sua operação é por "blowback", atirando somente em regime automático (cadência cíclica de 850 disparos por minuto). A arma apresenta excepcional acabamento, sendo amplamente produzida com componentes usinados, o cano de 306 mm possuindo um elaborado conjunto de aletas radiais, de diâmetro decrescente em direção à boca, com o objetivo de facilitar o arrefecimento do material. O comprimento total é de 800 mm, com um peso de 5 kg (arma municiada com 40 cartuchos).
Protótipo simplificado e mais leve da MP41, sem o guarda-mão de madeira e com carregador de 30 tiros não rebatível. Observar os anéis usinados no cano. 489
SUÍÇA
SIG MP44, MP46
Mesmo não havendo se saído bem na competição para o fornecimento de uma nova Maschinenpistole para o Exército Suíço, a SIG não deixou de continuar seus trabalhos de pesquisa e desenvolvimento de novas armas, todas em calibre 9 x 19 mm. Uma delas foi a MP44, uma evolução da anterior MKPS, cuja modificação mais evidente foi o emprego de um guarda-mão em estamparia de aço (em vez de madeira), onde se alojava o carregador de 40 tiros, quando rebatido para a frente. Procurando baratear um pouco o processo de fabricação, outros componentes também passaram a ser estampados. O funcionamento era por simples "blowback" e com tiro seletivo (cadência cíclica de 800 disparos por minuto), com a opção entre semiautomático e automático se dando por pressão crescente na tecla do gatilho. O cano (com ou sem compensador) tinha comprimento de 300 mm, o comprimento total da arma era de 830 mm e seu peso, municiada, cerca de 5 kg.
Uma quase idêntica MP46 também foi construída, procurando simplificar, ainda mais o projeto (o ferrolho, por exemplo). É identificável, externamente, por caneluras longitudinais de reforço incorporadas no guarda-mão estampado. 490
SUÍÇA
SIG MP48, MP310 Foi com a MP48, também em 9 x 19 mm, que a SIG tentou entrar no mercado das "subs" de segunda geração, com ênfase no barateamento e na produção em massa. Sua fabricação era, principalmente, com elementos forjados, mais baratos do que os de usinagem tradicional, mas, não tão econômicos como os de estamparia. A configuração geral do projeto, no entanto, foi claramente atualizada, embora ainda utilizando um corpo principal e empunhadura de madeira. Tinha cano mais curto (200 mm) e coronha retrátil de vergalhão dobrado, que permitia reduzir o comprimento total de 715 para 570 mm, sendo de 3,7 kg seu peso totalmente municiada (40 tiros).
Foi mantido o habitual (da SIG, na época) sistema de rebatimento do carregador para a frente, o que consistia, na realidade, no único sistema de segurança disponível para a arma, já que não havia, exceto em uns poucos protótipos, qualquer dispositivo de trava do ferrolho. A seleção de tiro (700 disparos por minuto, em rajada) continuou a ser feita por pressão crescente na tecla do gatilho. Existiu uma Segunda versão (alto, direita) em que não existiam sulcos para as hastes laterais da coronha, as mesmas alojando-se internamente no corpo de madeira. Havia, também, um reforço na soleira. Aparentemente, a única venda concretizada da MP48 foi de um pequeno lote para o Chile, na década de 1950. Em 1958 deu-se mais uma - e última - tentativa da fábrica suíça de explorar o mercado de submetralhadoras, com a MP310. Era, na prática, uma MP48 ainda mais simplificada, em que o uso de materiais sintéticos (plásticos) passou a ser adotado, o que veio a tornar a arma cerca de 600 gramas mais leve. Ainda assim, não houve encomendas.
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VIETNÃ
Armas modificadas Durante a Guerra do Vietnã, as forças do Norte, ampla e maciçamente abastecidas de material bélico pelos chineses, receberam grandes quantidades de submetralhadoras do Tipo 50 (cópia da PPSh-41). Além disso, pequenas fábricas improvisadas andaram fazendo armas artesanais, em geral, cópias rústicas da Thompson. Outra atividade comum daquela "indústria" foram transformações da MAT-49, francesa, para disparar munição 7,62 x 25 mm Tokarev, na ocasião, fartamente disponível naquele país. Mas o principal produto "nacional" daquela época foi a chamada K-50M, uma mistura de componentes aproveitados e/ou copiados da já citada Tipo 50, do fuzil Tipo 56 (o AKM chinês) e da própria MAT-49, de onde saiu, por exemplo, a coronha retrátil do tipo vergalhão. A arma vietnamita, que foi utilizada tanto pelas forças regulares do então Vietnã do Norte como pelos guerrilheiros vietcongues, é facilmente identificável: a camisa perfurada à volta do cano de 270 mm foi encurtada e fechada logo após o segundo rasgo de ventilação, o que levou a massa de mira para o alto de uma estrutura localizada próximo à boca do cano, quer perdeu o compensador/freio de boca. A parte inferior da caixa da culatra também foi ligeiramente redesenhada, recebendo uma empunhadura do tipo pistola. A K-50M tinha um comprimento total de 765 mm (571 mm, com a coronha retraída) e pesava cerca de 4 kg com carregador de 35 tiros cheio.
Algumas "Thompsons" norte-vietnamitas:
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Vídeos
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Vídeo 00 - Thompson M1928, animação. Vídeo 01 - Stechkin, calibre 9 x 18 mm Makarov (Rússia). Vídeo 02 - Glock 18, calibre 9 x 19 mm (Áustria). Vídeo 03 - Erma MP40, calibre 9 x 19 mm (Alemanha). Vídeo 04 - Thompson M1928, calibre .45 ACP (EUA). Vídeo 05 - Colt SMG, calibre 9 x 19 mm (EUA). Vídeo 06 - PPSh-41, calibre 7,62 x 25 mm Takorev (Rússia). Vídeo 07 - Bizon-2, calibre 9 x 18 mm Makarov (Rússia). Vídeo 08 - Bizon-2, calibre 9 x 18 mm Makarov (Rússia). Vídeo 09 - FN P90, calibre 5,7 x 28 mm (Bélgica). Vídeo 10 - American 180, calibre .22 LR, cano curto (EUA). Vídeo 11 - American 180, calibre .22 LR, cano curto (EUA). Vídeo 12 - American 180, calibre .22 LR, cano curto (EUA). Vídeo 13 - Ingram M11/9, calibre 9 x 19 mm, com redutor de cadência "Slow Fire" (EUA). Vídeo 14 - Ingram M10/45, calibre .45 ACP, com supressor de ruído (EUA). Vídeo 15 - ROF, calibre 9 x 19 mm (EUA). Vídeo 16 - Sten Vertical, calibre 9 x 19 mm (EUA). 493
Vídeo 17 - H&K UMP-45, calibre .45 ACP (Alemanha). Vídeo 18 - H&K MP5K, calibre 9 x 19 mm, maleta (Alemanha). Vídeo 19 - H&K MP5SD, calibre 9 x 19 mm (Alemanha). Vídeo 20 - H&K MP5/40, calibre .40 S&W (Alemanha). Vídeo 21 - H&K MP5, calibre 9 x 19 mm (Alemanha). Vídeo 22 - H&K MP5K, calibre 9 x 19 mm (Alemanha). Vídeo 23 - Ingram M11, calibre .380 ACP, com supressor de ruído (EUA). Vídeo 24 - Thompson M1928A1, calibre .45 ACP (EUA). Vídeo 25 - Ingram M11/9, calibre 9 x 19 mm, com extensão de cano (EUA). Vídeo 26 - Ingram M11/9, calibre 9 x 19 mm (munição supersônica), com supressor de ruído. (EUA) Vídeo 27 - Ingram M10/45, calibre .45 ACP, com supressor de ruído (EUA). Vídeo 28 - Ingram M10/45, calibre .45 ACP, carregador de 50 tiros, com supressor de ruído (EUA). Vídeo 29 - Ingram M11/9, calibre 9 x 19 mm, com supressor de ruído (EUA). Vídeo 30 - Ingram M11/9, calibre 9 x 19 mm (EUA). Vídeo 31 - Ingram M11/9, calibre 9 x 19 mm, carregador especial de 125 tiros (EUA). Vídeo 32 - Carl Gustaf m/45, calibre 9 x 19 mm (Suécia). Vídeo 33 - H&K MP5, calibre 9 x 19 mm, supressor Gemtech Raptor, 15 tiros c/munição supersônica, 15 tiros c/munição subsônica, 15 tiros c/ munição subsônica (Alemanha/EUA). Vídeo 34 - American 180, calibre .22 LR (EUA). Vídeo 35 - American 180, calibre . 22 LR (EUA). Vídeo 36 - Stemple 76/45, calibre .45 ACP (EUA). Vídeo 37 - Stemple 76/45, calibre .45 ACP (EUA). Vídeo 38 - Ingram M11/9, calibre 9 x 19 mm, com redutor de cadência (EUA). Vídeo 39 - PPSh-41, calibre 7,62 x 25 mm Tokarev (Rússia). Vídeo 40 - FN P90, calibre 5,7 x 28 mm (Bélgica). Vídeo 41 - Ingram M11/9, calibre 9 x 19 mm (EUA). Vídeo 42 - H&K MP5, calibre 9 x 19 mm (Alemanha).
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Galeria Graduado do Exército Sueco (autor desconhecido).
"SS Panzer Grenadiers", Ardennes, 1944 (Chris Collingwood).
"Tribute to the 82nd Airborne", França, 1944 (Chris Collingwood). 495
"Gurkha", Itália, 1944 (Alix Baxer).
Cartaz de propaganda (EUA), Segunda Guerra Mundial.
Cartaz de propaganda (Rússia), Segunda Guerra Mundial.
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Cartaz de propaganda (Alemanha), Segunda Guerra Mundial.
"SAS Operation Nimrod", Londres, 5 de maio de 1980 (David Pentland).
Operador do Exército Norueguês.
Patrulha israelense.
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Soldado-esquidor finlandês (Bob Draiks).
Full auto" (R. Olive).
"BFEsp" (R. Olive)
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