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ANO 9 Nº 34 R$ 10,90
Cartas Fazendo a diferença Aguardo a revista com ansiedade. Parabéns pelo trabalho. É, sem dúvida, uma revista que faz a diferença. Quem dera as músicas e TV brasileira tivessem esta iniciativa e tirassem o lixo de nossos lares, onde crianças e adolescentes assistem como se estivessem alienadas. Sílvia Bandeira Bulcão, João Pessoa-PB
Sofrimento dos animais A revista SOPHIA continua maravilhosa. Foi com muita alegria que recebi a edição nº 32 e vi na capa a Mensagem da água, com um lindo cristal formado pela energia do amor. Parabéns à revista, que sempre traz reportagens sobre o sofrimento dos animais. É preciso repensar nossa alimentação. A cultura de que os animais foram feitos para se comer não se admite num mundo tão desenvolvido cientificamente, pois já se sabe que muitas doenças são causadas pelo hábito de comer carne. Eli Maria Silva Coelho, Palhoça-SC
Humanismo Qual o sentido da vida? O que devemos fazer ou trabalhar dentro de nós para encontrar o divino? O que aprisiona, é ilusório, e nos faz não sentir paz, plenitude e verdadeira liberdade? São perguntas que um dia todos nós faremos, e ter uma revista que traz textos com estes assuntos e outros afins, nos deixa muito feliz. Continuem no caminho, crescendo. O mundo só mudará o padrão vibratório com iniciativas não somente individuais, mas também coletivas, como a Revista Sophia. Ígor Mendonça Câmara, Aracaju-SE
Astrologia
Parabenizo os envolvidos na produção da revista, que é de alta qualidade. Sempre uso os artigos de Ricardo Lindemann nas minhas aulas de astrologia. Muito agradecida, Maria Cecília Carvalho, Sorocaba-SP
Edições anteriores
Fiz a assinatura da revista SOFIA para o ano de 2010 e gostei muito da publicação. Quero comprar todas as edições anteriores da revista. Alisson Maurilo Medrado Lima, Manaus-AM Para adquirir edições anteriores, entre em contato com a Editora Teosófica no telefone (61) 3322-7843 ou ligue grátis para 0800-610020.
Sophia 34 Ao leitor É hora de refletir 4 O espelho da vida Michael Brown 5
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A descoberta da consciência Colin Price 10 Sincronicidade e a mente de Deus Ray Grasse 16
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A transformação espiritual de Gandhi Liane Alves 22 Equilíbrio na mente Radha Burnier 26
ED. TEOSÓFICA
O medo de amar Walter Barbosa 30 Meditação passo a passo Vicente Hao Chin Jr. 32
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O que é o Zen Budismo Eric McGouch 38 Por que o zodíaco tem doze signos Ricardo Lindemann 40
GALYNA ANDRUSHKO/SHUTTERSTOCK
Dicas de livros 46 O que é a Sociedade Teosófica 49
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É hora de refletir
CAPA: DMZ/SHUTTERSTOCK
A tragédia que se abateu sobre o Japão, com terremotos, um devastador tsunami e vazamento radioativo, deve servir como material para uma reflexão profunda a respeito de nossos relacionamentos, nossos hábitos, nossas políticas e nossas crenças. Em seu artigo Equilíbrio na mente, Radha Burnier coloca que a atividade mental autocentrada inibe nossos sentimentos mais nobres, como a solidariedade. Como somos bombardeados diariamente por uma enxurrada de notícias e imagens de catástrofes, guerras, assaltos e estupros, passamos a considerar que a violência, as guerras e as catástrofes são algo banal, parte de nosso dia a dia. Ouvimos e vemos na TV cenas desoladoras de destruição no Japão, suspiramos com pena, mas não sentimos de fato. Nossa mente condicionada continua sua busca da satisfação de prazeres, ocupa-se com a compra que precisa ser feita no shopping, com as tramas das telenovelas e todo tipo de trivialidades. Radha nos lembra da importância de desenvolvermos uma clareza mental que nos torne sensíveis às necessidades do mundo. A questão que se coloca é: seremos capazes de superar nossas limitações e desenvolvermos uma nova consciência? Michael Brown, em seu belo artigo O espelho da vida, mostra que o mundo é como nós o projetamos. Se desejamos mudar o mundo, precisamos nos autoconhecer, precisamos de uma revolução interior. Segundo ele, a vida está sempre nos mostrando o que somos. Com a observação atenta de nossos relacionamentos, desejos, pensamentos recorrentes e dificuldades, passamos a ter um vislumbre de quem realmente somos. Ele comenta a necessidade de nos tornarmos guardiões de nossos pensamentos. Mas o pensamento é rebelde, é dispersivo, e difícil de controlar. Vicente Hao Ching Jr., no artigo Meditação passo a passo, fornece dicas preciosas sobre a natureza da mente e sobre a prática da meditação. Ele explica que a meditação é útil não só para tranquilizar a mente, mas também para despertar o potencial criativo do ser humano, permitindo que ele reencontre sua verdadeira natureza. Uma das práticas recomendadas é uma observação 4
rigorosa de nossas prioridades na vida, de modo a separar o supérfluo do realmente importante para si e para a humanidade. Ray Grasse, em seu artigo Sincronicidade e a mente de Deus, adiciona um outro componente a essa reflexão. Ele ressalta que o universo, tanto no nível micro como macrocósmico, é um todo ordenado. Nada acontece por acaso. Na medida em que aguçamos a sensibilidade, podemos perceber a teia de relacionamentos que permeia todas as coisas e todos os seres. Passamos a entender as correspondências, o significado dos símbolos, as mensagens que a vida traz, a linguagem dos sonhos e a inteligência divina expressa na natureza. Para completar o quadro, Colin Price nos fala da descoberta da consciência, sua dualidade, a possibilidade de que a mente concreta, vinculada às atividades do cérebro físico, seja controlada pela mente superior, pela nossa natureza divina. Segundo ele, precisamos dissolver o hábito de manter nossa consciência encapsulada num modo de operação condicionado e repetitivo, deixando que ela alce voo, deixando que a intuição nos revele uma nova dimensão da existência. Vivemos em tempos de crise. É hora de refletirmos, de olharmos no espelho com honestidade, observarmos nosso egoísmo, nossas limitações; e nos abrirmos para nossa consciência superior. Como está dito numa invocação dos Upanixades, que nós sejamos conduzidos do irreal para o real, das trevas à luz, da morte à imortalidade. Eduardo Weaver Diretor-Presidente da Editora Teosófica
SOPHIA - Ano 9, nº 34 - Abr/Jun 2011 - Publicação da Ed. Teosófica SGAS Q. 603, s/nº - Brasília-DF CEP 70.200-630 Fone: (61) 3322-7843 Fax: (61) 3226-3703 E-mail: editorateosofica@ editorateosofica.com.br Site: www.editorateosofica.com.br Editor-chefe: Eduardo Weaver Coordenadora editorial: Zeneida Cereja da Silva Conselho Editorial: Marcos Luis Borges de Resende, Eduardo Weaver, Pedro Oliveira e Zeneida Cereja da Silva.
Edição: Usha Velasco Revisão: Zeneida Cereja da Silva Tradução: Edvaldo Batista de Souza Tiragem: 10.000 exemplares Impressão: Gráfika Papel e Cores Distribuição nacional: Fernando Chinaglia * As imagens utilizadas são de exclusiva responsabilidade do editor-chefe.
SOPHIA ABRI-JUN/2011
O espelho da
vida
Tudo em sua vida é um reflexo de quem você é. Essa é a linguagem secreta das memórias, eventos e coisas percebidas
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Michael Brown*
Imagine: você de pé em frente ao espelho do banheiro, estudando a sua imagem. De repente, o seu reflexo e o do aposento desaparecem, e no lugar você vê um filme de toda a sua vida: cada memória até o momento presente está lá até mesmo o pequeno drama de hoje, quando um bêbado chutou seu carro. Enquanto você observa, uma voz fala dentro de sua cabeça. Ela diz: Agora você está olhando para quem você é. De modo algum, você poderia objetar; o que a vida faz comigo não é a mesma coisa que eu sou. Mas sua vida, inclusive todas as suas memórias, são um espelho de alta precisão. Ele mostra, literal e metaforicamente, quem você é. Tudo em sua vida é um reflexo de quem você é. Essa é a linguagem secreta das SOPHIA ABRI-JUN/2011
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A ciência redefinida A física moderna está perplexa por se encontrar prestes a concordar com isso. Os cientistas descobriram o espelho de suas próprias mentes dentro do átomo, onde a existência e o comportamento das partículas dependem da intenção do cientista. Einstein
viu as tremendas implicações por volta dos anos cinquenta e não ficou satisfeito. Ele murmurou: Gosto de pensar que a lua está lá mesmo que eu não esteja olhando para ela. Esta é na verdade a única questão que resta: a realidade subatômica aplica-se à realidade
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memórias, eventos e coisas percebidas. Ela mostra você a você. Tolice, você poderia argumentar. O que dizer a respeito do cara que chutou meu carro? Supõese que isso também seja um reflexo de quem eu sou? Sim, até mesmo isso. Você é um fragmento do singular e gigantesco ser conhecido como consciência. Através de você, a consciência simultaneamente faz e responde à pergunta o que eu sou? Através de suas aventuras, ela cria a si mesma e conhece a si mesma. Mas você esqueceu e não reconhece suas próprias criações, embora elas se exibam à sua frente. Até mesmo seu corpo é parte do espelho da vida gerado pelo seu eu interno. Para os seres humanos, a pergunta o que sou ? torna-se quem sou? Mas você não encontrará a resposta no espelho de sua vida se focar somente nos objetos materiais, porque eles inclusive seu corpo são os reflexos mais rasos do que você é. Em vez disso, olhe para seus relacionamentos, seus desejos, suas crenças, seus dramas e eventos recorrentes. Se não gostar do que vir, aqui está a boa notícia: nada dessas coisas é real em si mesma. Nenhum pensamento ou evento tem qualquer realidade fixa independente de você nem mesmo as montanhas mais altas e as tempestades mais mortais. Sua percepção é a única realidade que existe. Todos nós já ouvimos essa antiga charada: se uma árvore cair na floresta e ninguém estiver por perto para ouvir, ela faz barulho? A resposta é que sem observador não há queda. Na Bíblia, a frase e Deus disse, Eu Sou o que Sou é uma descrição com cinco palavras do espelho a que chamamos de vida. Anais Nin disse isso da seguinte maneira: Você não vê o mundo como ele é. Você o vê como você é.
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macrocósmica do dia a dia? Quando a ciência der esse salto, ela se redefinirá e a humanidade contará uma nova história a respeito do que significa ser humano. Quando a ciência tiver posto de lado os aceleradores de partículas, saberá que o elemento fundamental do universo é o pensamento. O pensamento é uma assinatura
física que normalmente não reconhecemos como sendo nossa. Imagine que você lança um bumerangue e depois esquece que o atirou. Quando ele retorna, você olha em volta e se pergunta qual foi a mão invisível responsável. E assim continua lançando bumerangues, alguns retornando para lhe trazer prazer, outros para lhe tra-
zer dor. Historicamente, a religião tem estado atolada nesse sulco de esquecimento, dando de ombros com as palavras Seus caminhos são misteriosos. Até que reconheçamos o imenso poder causador de nossos pensamentos, permaneceremos à mercê deles quando retornarem ao espelho da nossa vida.
Nenhum pensamento ou evento tem qualquer realidade fixa independente de você nem mesmo as montanhas mais altas e as tempestades mais mortais. Sua percepção é a única realidade que existe.
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Vejamos uma parábola sobre a sabedoria dos sufis. Um estranho entra na aldeia e imediatamente procura o mestre sufi para pedir conselhos. Ele diz: Estou pensando em me mudar e vir morar nessa aldeia. O que você pode dizer a respeito das pessoas que vivem aqui? E o mestre responde: O que você pode me dizer a respeito das pessoas que vivem onde mora? Ah, diz o visitante zangado. São pessoas terríveis. Ladrões, trapaceiros e mentirosos. São traiçoeiros. Bem, diz o mestre sufi: Não é uma coincidência? Aqui elas são exatamente assim. E o homem vai embora da aldeia para sempre. Logo outro estranho chega e também busca o mestre sufi para pedir conselho: Estou pensando em me mudar para essa aldeia. O que você pode me dizer a respeito das pessoas que moram aqui? E o mestre sufi responde: O que você pode me dizer das pessoas do lugar de onde você vem? O visitante com agradável lembrança disse: São pessoas maravilhosas. São gentis, agradáveis e compassivas. Cuidam umas das outras. Bem, diz o mestre sufi: Não é uma coincidência? Aqui elas são exatamente assim. Nós levamos nossos eus internos conosco aonde quer que andemos. Mudar as circunstâncias externas é como mudar o papel de parede no quarto de uma mansão. O nosso mundo só pode ser mudado a partir do interior, porque é daí que ele vem. Para mudá-lo, devemos nos tornar guardiões de nossos pensamentos, dando boasvindas àqueles que criam o que queremos e mandando embora aqueles que criam o que não queremos. É como regar o jardim. Você 8
rega as flores ou as ervas daninhas? Os pensamentos são na verdade sentimentos dissecados, e os sentimentos são mais potentes. Eles também podem ser controlados nada tem a ver com a negação, e tudo a ver com o local para onde você decide direcionar a mangueira. Um jardim fértil de sentimentos espera pela nutrição de sua atenção, entre eles coragem, compaixão, força, amor e felicidade. Sim, até mesmo a felicidade é uma escolha. Além disso, existem as ervas daninhas de seu jardim. Com que frequência você se aborrece? Fica amargurado, ressentido, ciumento
ou cínico? Você tem sede de vingança? Se você permite que esses sentimentos criem raízes, eles se tornam ervas nocivas e é a você que eles envenenam. Buda comparou o ato de abrigar esse tipo de sentimento a segurar carvão em brasa nas mãos. Sua vida é uma expressão do que você imagina ser. Consideremos mil pessoas num mesmo evento e mil diferentes caminhos aparecerão no espelho. Espelho, espelho meu na parede da vida, quem é o mais belo de todos? O espelho sempre responde à pergunta, mas devemos entender que, por meio de nossos padrões de pen-
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Mudança interior
SOPHIA ABRI-JUN/2011
samento, estamos dizendo a ele o que responder. Deliberada e conscientemente, trabalhe a magia do espelho da vida para proveito próprio. O que você quer? Quer ser amado? Então ame. Quer que confiem em você? Confie. Quer neutralizar seus inimigos? Perdoe-os. Se quer ser ouvido, ouça. Quer ser compreendido, busque compreender. Quer receber, seja grato. Quer fazer fluir a beleza, busque a beleza em sua vida, independentemente das circunstâncias. Quando reduzimos as polaridades da vida, nós nos tornamos iluminados.
Criador e criatura
Aqui está uma pergunta que muitos fazem: se você e eu olharmos juntos para a mesma cerejeira, quem a criou? Ambos a criamos, por concordância subconsciente. Mas ela não é a mesma árvore. Duas pessoas não conseguem ver o mesmo objeto ou evento pergunte a qualquer policial que entrevista testemunhas. Literalmente criamos nossos próprios universos. Contudo, porque esquecemos desse poder, cada um de nós pensa que o universo que percebemos é o único, o verdadeiro. A ciência tradicional cometeu o mesmo equívoco. A maioria das religiões ainda o comete, descrevendo outras visões de mundo como falsas ou heréticas. Vejamos outra história antiga. Três homens cegos acham-se na presença de um grande elefante. Cada um, tremendo de medo, avança sem muita segurança e estica as mãos para des-
Trabalhe a magia do espelho da vida para proveito próprio. O que você quer? Quer ser amado? Então ame. Quer que confiem em você? Confie. Quer neutralizar seus inimigos? Perdoe-os. SOPHIA ABRI-JUN/2011
cobrir a natureza do animal. Um deles segura a cauda, um outro a perna e o terceiro a tromba. E cada um é tomado de alegria por ter descoberto a natureza do elefante por meio da experiência direta. O cego que segurou a cauda anuncia: O elefante é uma vassoura que limpa e varre tudo diante de si. O cego que segurou a perna fica surpreso e protesta: Não, o elefante é um magnífico pilar que se eleva acima de nós, guardandonos e protegendo-nos. O cego que segurou a tromba fica atônito e grita: Não, ambos estão errados. O elefante é um arado que sulca a terra para que possamos fazer plantações e colher em quantidade. Começaram a brigar e não houve paz na terra. O grande campo da consciência é feito de todas as coisas que foram, são e serão. Não existe nada que não seja consciência. Quando você, eu e mais de uma centena de pessoas nos reunimos, existe apenas um ser no aposento. E cada fragmento desse ser é único, em sua própria viagem de invenção. Você tanto é o criador quanto a criatura. Mas esqueceu que é o criador, para que suas aventuras pudessem ser reais. Da próxima vez em que você olhar para o maravilhoso espelho a que chamamos de vida, saiba que o que aparece lá fala de você como criador da maneira mais íntima possível. Então, se você deseja mudar, controle seus pensamentos e sentimentos, e, no fim das contas, suas crenças. Saia da caverna e torne-se mestre de sua vida. Desenvolva presença sem isolamento. Ligue-se à consciência.
* Michael Brown é escritor, jornalista e PhD em Física. Já trabalhou para a BBC de Londres e atualmente reside na Nova Zelândia.
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A descoberta da
consciência
Percebemos apenas vagamente o plano superior de consciência, mesmo em momentos de meditação. Um vasto e inexplorado reino de experiência reside perante a alma destinada a se elevar a níveis inimagináveis
Onde está o homem capaz de negar à vegetação e mesmo aos minerais uma consciência própria? Tudo que ele pode dizer é que essa consciência está além de sua compreensão. 10
SOPHIA ABRI-JUN/2011
A ciência moderna tem tentado, sem muito sucesso, prover explicações úteis e convincentes a respeito da natureza da consciência. A opinião científica está dividida entre aqueles que acreditam ser isso apenas uma função da atividade cerebral e aqueles que incluem um componente espiritual. Somos conscientes quando escolhemos voltar nossa atenção para a informação fornecida aos nossos cérebros pelos nossos cinco sentidos, ou para nossos pensamentos internos. Todo o mecanismo ideológico de nosso corpo esta dedicado a preservar e sustentar as muito especiais células de nossos cérebros, que coletivamente são o veículo para a nossa consciência. Essas células estão agregadas em feixes chamados neurônios, dos quais fluem as correntes elétricas que constituem a atividade cerebral. Crick, famoso pelo DNA de dupla hélice, escreveu num livro recente: Suas alegrias e tristezas, suas memórias e ambições, seu senso de identidade e livre-arbítrio pessoais são nada mais do que o comportamento de um vasto ajustamento de células nervosas e suas moléculas associadas. Por outro lado, Brian Josephson, cientista de Cambridge e ganhador do Prêmio Nobel, diz ser esse o momento apropriado para uma teoria de campo unificado que possa responder pelas experiências místicas e mesmo pelas experiências psíquicas uma visão da qual eu compartilho e à qual retomarei posteriormente nesse artigo. Existem níveis ou graus de consciência. Todos nós já tivemos aquele sentimento de não conseguir pensar linearmente, talvez devido ao cansaço ou a drogas, ou apenas porque acabamos de acordar de um sono profundo. Outras vezes nos sentimos no topo do mundo e perSOPHIA ABRI-JUN/2011
cebemos a clareza e a certeza de nossos próprios pensamentos. A Teosofia ensina que existe algum grau de consciência em todo o cosmo. Helena Blavatsky descreve essa realidade em A Doutrina Secreta de maneira firme e desafiadora: Tudo no universo, através de todos os seus reinos, é consciente, i.e., dotado de consciência própria do seu próprio plano de percepção. Nós homens devemos lembrar que pelo fato de não percebermos quaisquer sinais que possam ser reconhecidos como uma forma de consciência, digamos nas pedras, não temos o direito de dizer que inexiste uma consciência ali. Não existe matéria morta ou cega como não existe lei cega ou inconsciente. Essas coisas não têm vez entre as concepções da filosofia oculta, que jamais se detém nas aparências superficiais. Para ela as essências numênicas (não físicas) têm muito mais realidade do que suas contrapartes objetivas. A natureza, considerada em seu sentido abstrato, não pode ser inconsciente, já que é a emanação da consciência absoluta, e assim um aspecto dela no plano manifestado. Onde está o homem ousado que seria presumivelmente capaz de negar à vegetação e mesmo aos minerais uma consciência própria? Tudo que ele pode dizer é que essa consciência está além de sua compreensão. Podemos apreender o significado disso quando olhamos para o reino animal. Temos a tendência de projetar nossos próprios pensamentos e emoções sobre nossos animais de estimação, e, por extensão, sobre a maioria dos animais mas existe escassa evidência de que eles experienciem alguma coisa que se possa aproximar da intensidade de nossa vida emocional, que de alguma maneira sejam capazes de pensamento abstrato ou que sejam autoconscientes. Da mesma forma,
não há base para afirmarmos que possuímos uma inteligência muito desenvolvida. Mesmo entre os seres humanos existe uma ampla gama de habilidades intelectuais e percepções de significados internos por trás de coisas e eventos. Sábios e místicos, ao longo das páginas da história, possuíram uma sabedoria diferente da esperteza ou da mera habilidade intelectual. Sua acuidade de percepção e seus ensinamentos frequentemente estão situados muito além da compreensão das outras pessoas, e por isso esses ensinamentos têm sido considerados misteriosos ou obscuros. Eles atingiram um nível de consciência superior. Ianthe Hoskins, que deu palestras sobre Teosofia durante toda a sua vida, usava a analogia de um teto feito de papelão perfurado, acima do qual há uma única luz poderosa. No entanto, quando visto de baixo, tem-se a impressão da existência de uma multiplicidade de fontes de luz individuais e separadas. Da mesma forma, nossas consciências individuais são uma centelha da consciência absoluta da qual deriva a vida una universal e onipresente. A ciência tem tentado compreender a consciência e a inteligência humanas replicando-as. Porém, as várias tentativas de obter uma réplica completa não foram bem-sucedidas. Isso porque sempre existe falha no processo de replicação. A inteligência artificial é resultante da engenhosa programação de computadores, e por isso desprovida de inspiração. Os conjuntos de neurônios dentro do cérebro são comparáveis a uma árvore de Natal com bilhões de pequeninas luzes, cada uma piscando ao acaso. O que faz com que ordem e propósito surjam desse mar de correntes elétricas? A resposta óbvia é: a ação da vontade, que opera como parte do eu superior do homem. 11
LARS SUNDSTROM
Colin Price*
Mistério profundo
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do. Se físicos, neurologistas, psiquiatras e construtores de computadores não oferecem explicações, devemos buscá-las em algum outro lugar. A direção óbvia para a qual devemos nos voltar é a ciência esotérica. Helena Blavatsky escreveu em A Chave para a Teosofia: Em ocultismo toda mudança de qualidade no estado de nossa consciência dá ao homem um novo aspecto, e se essa mudança predominar e se tornar parte do ego vivo e atuante, deve receber (e recebe) um nome especial, para distinguir o homem naquele seu estado particular, do que ele é quando se coloca num outro estado. Esse comentário indica que potencialmente temos o poder de controlar o foco de nossa consciência e também sua natureza. Em resposta a uma pergunta em A Chave para a Teosofia, Blavatsky explicou que o segredo está na natureza dual da mente, que resulta na dupla consciência do homem. A mente superior, ou o eu su-
CHARLES WILLIAMS
Você pode ter ouvido a história do computador batizado de Deep Thought (Pensamento Profundo) por seus criadores. Ele havia vencido alguns dos melhores jogadores de xadrez do mundo e, contudo, ficou desnorteado com uma situação comum de final de jogo, que mesmo um amador habilidoso seria capaz de resolver. Foi noticiado recentemente que um novo computador conseguiu vencer o campeão mundial. Existe, no entanto, uma diferença fundamental que deve ser notada. O computador só vence porque sua velocidade e sua capacidade permitemlhe trabalhar milhares de possibilidades numa curta fração de tempo. Ele não consegue discriminar entre aquelas possibilidades como faz o homem. O homem vê que muitíssimas opções podem ser instantaneamente descartadas e concentra seu cérebro, muito mais lento, nas opções mais importantes. O computador não consegue ver no mesmo nível de consciência que o homem. A busca científica para compreender a consciência apenas a partir de um ponto de vista puramente físico e biológico pode estar tão desprovida de sentido quanto a tentativa do palhaço de se elevar puxando os cadarços de sua própria bota. David Chalmers, da Universidade de Washington, concorda. Ele afirma que as teorias físicas só podem descrever funções mentais específicas, como memória, atenção, intenção e introspecção, que se correlacionam com os processos físicos no cérebro. Nenhuma das atuais teorias ocupa-se da questão verdadeiramente difícil atribuída à existência da mente: por que essas funções físicas dão origem à experiência subjetiva da consciência ou são acompanhadas por elas? Na verdade, o mistério da consciência humana é muitíssimo profun-
perior, possui um tipo de consciência diferente daquela da mente inferior, que surge a partir da atividade do cérebro. Essa consciência espiritual superior pode imprimir sua vontade sobre o cérebro e seus processos de pensamento tal como um pianista calca os dedos sobre o teclado do piano de acordo com seu desejo de produzir a música particular que escolheu. Geoffrey Farthing, no épico livro Deity, Cosmos and Man (Deidade, Cosmo e Homem), escreveu sobre a ciência esotérica: Todos os grandes processos de evolução envolvem o homem, pois ele é o modelo e a meta, no nosso sistema, de todo o processo do vir-a-ser universal. Física, psíquica, mental e espiritualmente ele está no processo e é parte dele. Sua história evolutiva representa o movimento da vida através das formas de todos os reinos da natureza. Essas formas são os instrumentos através dos quais a consciência se expressa de maneira recorrente e constante, até que se torna autoconsciente no homem.
A busca para compreender a consciência a partir de um ponto de vista puramente físico e biológico pode estar tão desprovida de sentido quanto a tentativa do palhaço de se elevar puxando os cadarços de sua própria bota. SOPHIA ABRI-JUN/2011
ALEX BRUDA
A busca científica para compreender a consciência apenas a partir de um ponto de vista puramente físico e biológico pode estar tão desprovida de sentido quanto a tentativa do palhaço de se elevar puxando os cadarços de sua própria bota.
Os neurônios são comparáveis a uma árvore de Natal com bilhões de pequeninas luzes piscando ao acaso. O que faz com que ordem e propósito surjam desse mar de correntes elétricas? A ação da vontade, como parte do eu superior do homem. SOPHIA ABRI-JUN/2011
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Efeitos de campo O transe é um exemplo de um estado alterado de consciência. A pessoa está em transe quando a atenção é limitada e existe uma certa repetição de pensamentos, como nos mantras, nas canções ou até mesmo nas fantasias repetidas, sexuais ou não. Pode-se descrever o transe como uma percepção em rodopio ou um fluxo circular de consciência. A evidência de que a consciência pode mudar de um estado normal para um estado alterado está em total afinidade com os postulados da ciência esotérica. O transe é de particular interesse porque jaz na fronteira entre nossa consciência física e a percepção
psíquica, ou consciência. A percepção do nosso processo interno de pensar pode ser considerada em três níveis diferentes: no nível físico dos cinco sentidos, no nível instintivo e no nível intuitivo. No nível instintivo parece provável que as partes da nossa memória subconsciente sejam programadas com informação dos genes que temos em comum com o reino animal. Aqui a sobrevivência da espécie frequentemente depende de habilidades bastante complexas que parecem ser inatas e que não têm que ser deliberadamente passadas de uma geração à geração seguinte.
Depois existe a intuição, o elemento mais elevado e misterioso de nossa consciência. O dicionário assim a define: Conhecimento imediato atribuído aos anjos e aos seres espirituais para quem a visão e o conhecimento são idênticos; intuições do gênio, inconsciente de qualquer processo. Einstein via relativamente e passou a maior parte de sua vida provando isso. Beethoven via e ouvia sua nona sinfonia em sua mente, embora estivesse totalmente surdo. Além disso, existe o fenômeno de cientistas trabalhando em localidades diferentes no mundo terem simultaneamente insights similares sobre um determinado tema, ou fazerem descobertas similares ao IRINA TISCHENKO/SHUTTERSTOCK
Exatamente o que é essa força invisível chamada gravidade, que produz as marés nos oceanos ou o campo magnético que liga nossos motores elétricos e faz girar nossas bússolas onde quer que estejamos, em terra ou no mar?
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SOPHIA ABRI-JUN/2011
mesmo tempo. Isso acontece com tanta frequência que os pesquisadores, ao fazerem novas descobertas, correm para registrá-las o mais rápido possível, enviando um título e uma sinopse ao editor antes de escrever o trabalho. Essa evidência intrigante no mundo da ciência da crédito à sugestão de que pode haver algum tipo de efeito de campo. Isso é extremamente importante para a nossa consideração da natureza da consciência. Pode muito bem haver um nível mais elevado de consciência que podemos às vezes alcançar em momentos de grande esforço intelectual ou de meditação, e que existe como um tipo de efeito de campo no cosmo. Se assim for, os conceitos do mundo espiritual tornam-se de repente muito mais críveis e os limites entre a ciência física e a ciência esotérica tornam-se muito menores. Até mesmo os campos gravitacional e magnético atualmente conhecidos pela ciência estão envoltos em mistério, embora grandes esforços tenham sido feitos pelos físicos modernos para explicá-los e para produzir teorias convincentes que expliquem a razão de suas propriedades e de sua existência. Exatamente o que é essa força estranha e invisível chamada gravidade, que nesse exato momento está nos prendendo às nossas cadeiras e produz as marés nos oceanos? Ou o campo magnético que liga nossos motores elétricos e faz girar nossas bússolas onde quer que estejamos, em terra ou no mar? Talvez em cem anos tenhamos descoberto outros campos responsáveis pelas muitas coisas que atualmente não são explicadas pela ciência. O lado psíquico do homem e até mesmo sua intuição podem depender de campos que só são acessíveis à consciência de seu eu superior. Geoffrey Farthing resume tudo maravilhosamente no seu livro SOPHIA ABRI-JUN/2011
Deity, Cosmos and Man: Nossa experiência de nós mesmos mostra que, como seres humanos, funcionamos de variadas maneiras, na ação física e nos modos de consciência como o pensamento, o sentimento e o sonho. A ciência esotérica ensina que esses modos de consciência ocorrem em níveis diferentes do nível sensorial ou objetivo, até o profundamente interno ou subjetivo. Além disso, esses níveis são em si mesmos um reflexo, no indivíduo, dos planos de existência universais. Assim como a ação física individual ocorre no plano físico, usando o material desse plano, igualmente a atividade mental o pensamento ocorre no plano mental, usando o material desse plano. Existem, segundo a ciência esotérica, sete planos na natureza; de modo semelhante, existem sete estados de consciência no homem, nos quais ele pode viver, pensar, lembrar e ser. Nossa consciência superior é a sede da vontade com a qual dirigimos o rumo de nossos pensamentos, tentamos controlá-los e fazemos o gerenciamento diário de nossas vidas. As consequências kármicas dessas decisões são, portanto, responsabilidade de nosso eu superior. Todo tipo de vício e de fracasso moral pode ser atribuído ao fracasso da força de vontade, isto é, o poder de dizer não aos apetites e desejos do eu inferior. O reconhecimento da natureza dual do nosso processo mental e da consciência permite ao aspirante espiritual gerenciar inteligentemente sua vida e obter maior controle de todos os seus aspectos. Em A Voz do Silêncio lemos: O eu da matéria e eu do espírito jamais poderão se encontrar. Um dos dois deve desaparecer; não há lugar para ambos. Quando dizemos a nós mesmos estou pensando, com que ferramenta saímos de nós mesmos e nos observamos? A res-
posta está nesse componente superior e mais elevado da mente, que existe num plano elevado de consciência e é parte do eu superior. Percebemos apenas vagamente a profunda realidade espiritual do plano superior de consciência, mesmo em momentos de meditação e experiência mística. Um vasto e inexplorado reino de experiência reside perante a alma destinada a se elevar a níveis inimagináveis de consciência, que nenhuma palavra ou pensamento consegue transmitir. Existem, segundo Num artigo a ciência esotériintitulado Vicica, sete planos na ados em conscinatureza; de modo ência racional, semelhante, exisGreg Fernstein tem sete estados de afirma: O fato consciência no de sermos vicihomem, nos quais ados em nossa ele pode viver, penconsciência rasar, lembrar e ser. cional normal é tão potente que não conseguimos abalar o hábito com facilidade, mesmo quando compreendemos que nosso hábito de autoencapsulamento (estar envoltos em nós mesmos) é artificial e autoinfligido, e que repousa no fato de negarmos a essencial interconexão e interdependência de tudo (como o fazem os religiosos fundamentalistas). Esse elo universal tem sido incessantemente proclamado por gerações de místicos e visionários espirituais que experienciaram a unidade e a totalidade ininterruptas do cosmo. A possibilidade da imortalidade e a persistência de nossa consciência espiritual superior após a morte torna esse assunto de crucial importância para todo aquele que busca o significado da vida.
* Colin Price é conferencista e ex-presidente da Sociedade Teosófica na Inglaterra.
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Sincronicidade e a mente de Deus
Aqueles que acreditam que o mundo da existência é governado pela sorte ou pelo acaso e que depende de causas materiais estão por demais afastados do divino e da noção do Um. Plotino, Ennead VI
SOPHIA ABRI-JUN/2011
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Ray Grasse*
Enquanto se preparava para o filme O Mágico de Oz, em 1939, o ator Frank Morgan decidiu não usar a vestimenta oferecida pelo estúdio para seu papel de vendedor viajante professor Marvel, e optou por selecionar seu próprio guarda-roupa. Procurando nas prateleiras de roupa de segundamão guardadas ao longo dos anos pelos estúdios MGM, ele finalmente se decidiu por uma velha sobrecasaca para as filmagens. Certo dia, enquanto passava o tempo, Morgan virou para fora o lado interno do bolso do casaco e descobriu o nome L. Frank Baum costurado no forro. Como foi confirmado por investigação posterior, a jaqueta tinha sido originalmente desenhada para o criador da história de Oz, L. Frank Baum, e passou anos na coleção de roupas da área externa de filmagens da MGM. A maioria de nós, vez ou outra, experienciou algumas coincidências incomuns tão estarrecedoras que nos fazem duvidar de sua significação ou propósito. Terão essas estranhas ocorrências algum significado mais profundo para nossas vidas? Ou serão simplesmente eventos ao acaso, explicáveis estritamente por meio de processos estatísticos e da teoria da probabilidade, como afirma a maioria dos cientistas modernos? Entre aqueles que lutaram com essas questões estava o famoso psicólogo suíço Carl Jung. Tendo ele mesmo experienciado muitos desses eventos, cunhou o termo sincronicidade para descrever o que via como o estranho fenômeno da coincidência significativa. Enquanto algumas coincidências eram realmente inexpressivas, escreveu ele, de vez em quando enSOPHIA ABRI-JUN/2011
contramos confluências de circunstâncias tão improváveis que sua ocorrência parece sugerir um propósito ou um desígnio mais profundo. Para explicar o funcionamento desses fenômenos ele teorizou sobre a existência de um princípio ou lei da natureza bastante diferente daquela normalmente descrita pela física convencional. Enquanto a maioria dos fenômenos visíveis parece ocorrer de maneira linear, de causa e efeito, como dominós caindo uns sobre os outros, os eventos sincrônicos eram não causais, já que pareciam ligados por padrões arquetípicos mais profundos e não por forças lineares. A presença do casaco de Baum no local da filmagem, por exemplo, não foi responsável pelo fato de que o filme tenha sido rodado, nem a confecção do filme produziu o casaco eles simplesmente eram expressões duais da mesma matriz de significado. Assim, Jung postulou dois tipos primários de relacionamentos não causais: entre dois ou mais eventos externos na vida de uma pessoa, ou entre um evento externo e um estado psicológico interno. Desde que foi publicado pela primeira vez em 1952, o conceito de Jung tornou-se cada vez mais familiar em meio à cultura popular, tendo chegado aos enredos de shows de televisão, a publicações de best-sellers de ficção como A Profecia Celestina e mesmo a letras de canções de rock, por bandas como The Police. Em ambientes mais filosóficos, houve muitas tentativas de lançar luz sobre essa importante noção. Algumas pessoas até mesmo especularam, nas trilhas do próprio Jung, que a chave para a compreensão da sincronicidade poderia algum dia ser encontrada nas des-
cobertas da física quântica, como escreveu Robert Anton Wilson, há quase duas décadas: Jung estava no caminho certo. Ele continuava insistindo que de alguma forma, em algum meandro da teoria quântica, o verdadeiro mecanismo da sincronicidade seria encontrado e definido. No final dos anos 80, aparentemente começamos a compreendê-lo. Apesar de tudo isso, o mistério da sincronicidade permanece insolúvel. Um século e meio depois, ainda nos encontraMesmo uma ocormos essenrência trivial um cialmente pássaro no céu, um tão distantes raio, um comentário de solucioao acaso pode ser nar o mecaa chave para um nismo mais profundo padrão de significasubjacente do maior. Essas coiao conceito sas são insignificande Jung tes até o ponto em como quanque as percebemos do ele foi entrelaçadas a uma primeirarede maior de relamente aprecionamentos. sentado. Por quê? Uma possibilidade poderia ser o fato de estarmos procurando respostas na direção errada. Em outras palavras, será que abordamos esse problema de uma perspectiva muito superficial, e assim fazendo confundimos a floresta com as árvores? Pode ser que, focando a atenção inteiramente no fenômeno da coincidência isolada, estejamos examinando apenas uma pequena faceta de uma realidade muito maior. Desvendar o mistério da sincronicidade pode exigir que tenhamos que dar um passo atrás para visualizar o problema sob uma nova luz, talvez dentro do contexto de uma cosmologia inteiramente diferente. 17
A visão de mundo simbolista Essa cosmologia diferente é uma perspectiva que eu e outros escritores temos descrito ao longo dos últimos anos como uma visão de mundo simbolista. Essa perene visão de mundo tem sido expressa através dos séculos por figuras diversas como Plotino, Pitágoras, Emerson, Jacob Boehme e Cornelius Agrippa, para citar apenas alguns. Esse modo de pensar sustenta que o universo é o reflexo de uma realidade espiritual subjacente e que todos os fenômenos e formas são símbolos de verdades e princípios mais profundos. Como escreveu o cientista e místico sueco Emmanuel Swedenborg, em Heaven and Hell, existe uma correspondência de todas as coisas do céu com todas as coisas do homem. Todas as coisas refletem ideias e princípios mais profundos,
dos quais são uma expressão tangível, uma assinatura, e podem ser decifradas por sua significação mais sutil. Para o simbolista, todos os eventos e fenômenos devem ser considerados como elementos de um todo plenamente ordenado. Como os processos mentais intricadamente organizados de um romance ou de um mito, os elementos da experiência diária são percebidos como intimamente interrelacionados, sem que haja qualquer evento ou situação fora de lugar, nenhum desenvolvimento inesperado. Consequentemente, até mesmo uma ocorrência aparentemente trivial a passagem de um pássaro no céu, o aparecimento de um raio num momento crítico, um comentário que se ouve por acaso pode servir como uma chave importante
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Enquanto a maioria dos fenômenos parece ocorrer de maneira linear, como dominós caindo uns sobre os outros, os eventos sincrônicos não eram causais; pareciam ligados por padrões arquetípicos profundos e não por forças lineares. 18
para desvendar um padrão de significado maior. Essas coisas são insignificantes até o ponto em que as percebemos entrelaçadas a uma rede maior de relacionamentos. Entremeada à trama e à urdidura da criação existe uma teia de conexões sutis conhecidas como correspondências. O ensaísta americano Ralph Waldo Emerson afirmou: Analogias secretas unem as partes mais remotas da natureza, tal como a atmosfera de uma manhã de verão está cheia de inumeráveis fios delicados flutuando em todas as direções, revelados pelos raios do sol nascente. Ao longo das eras, magos e esoteristas trabalharam para construir elaboradas tábuas de correspondências que tentavam ligar todas as partes da natureza numa grande teia de harmonias. Desse modo diz-se que a lua vincula-se a significados como o lar, as mulheres, o princípio da mudança e as emoções, enquanto Mercúrio vincula-se à comunicação, à mente, a publicações, viagens e assim por diante. A compreensão dos princípios essenciais que estão presentes em todos os fenômenos provê os esoteristas de uma chave mestra que permite desvendar a linguagem tanto dos mundos externos quanto dos sonhos internos. Certamente, desde o Iluminismo e o Racionalismo do século XVII, a crença nas correspondências tem sido descartada pelos cientistas como nada mais que uma ficção metafísica antiquada, comparável à crença infantil em Papai Noel ou na fada madrinha. Contudo, como ficará óbvio para qualquer um que se engaje ativamente na prática da astrologia durante algum tempo, essas correspondências são realmente verdadeiras, e não simplesmente a substância de imaginações supercriativas. SOPHIA ABRI-JUN/2011
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O mistério da sincronicidade permanece insolúvel. Por quê? Uma possibilidade pode ser o fato de procurarmos respostas na direção errada. Será que abordamos esse problema de uma perspectiva superficial, e assim confundimos a floresta com as árvores? SOPHIA ABRI-JUN/2011
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Consequentemente, quando Netuno influencia o horóscopo de alguém de maneira repetitiva, podemos ver problemas surgindo no que diz respeito a decepções ou drogas; e quando Júpiter cruza com Vênus no mapa de uma pessoa, uma série de eventos favoráveis pode subitamente ocorrer no plano do coração ou das finanças. No final das contas, o horóscopo provê um complexo
mapa de relacionamentos e correspondências simbólicos que atuam na vida interna e externa da pessoa, ilustrando seus potenciais arquetípicos de maneiras amplas e variadas. O que essa antiga visão de mundo e seus maiores princípios têm a oferecer para a nossa compreensão da sincronicidade? Consideremos a questão da verdadeira ocorrência desse fenômeno com que fre-
quência ele ocorre realmente em nossas vidas. Embora exista evidência de que Jung, particularmente, considerava a sincronicidade com uma visão mais ampla, em seus escritos formais ele professava a crença de que as ocorrências sincrônicas eram relativamente raras. Ele também não poupou esforços para diferençar as coincidências significativas das convencionais.
Para o simbolista, a coincidência é meramente a ponta de um iceberg muito maior, a parte mais visível de uma estrutura de propósitos mais penetrantes que jaz sob todas as experiências.
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Conexões e analogias significativas
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Para o simbolista a coincidência é meramente a ponta de um iceberg muito maior, a parte mais visível de uma estrutura de propósitos mais penetrantes que jaz sob todas as experiências. As circunstâncias que ocorrem ao longo da vida englobam uma complexa estrutura de conexões significativas e analogias encadeadas que se estendem por todos os aspectos da experiência pessoal o corpo, eventos exteriores, estados internos e sonhos, ações ou gestos. Elas abrangem inclusive as esferas da existência coletiva e universal. Na verdade, pode-se dizer que tudo é uma coincidência, uma vez que tudo co-incide. Jung considerava os eventos sincrônicos como uma importante erupção de significado em nossas vidas. Contudo, tal qual demonstram sistemas de adivinhação como a astrologia (e conforme aprofundo no meu livro The Waking Dream), existem na verdade muitos tipos de significados em nosso mundo além daqueles encontrados estritamente na coincidência ocasional. Pegando emprestada uma frase de William Irving Thompson, somos como moscas rastejando no teto da Capela Sistina, inconscientes do complexo drama arquetípico SOPHIA ABRI-JUN/2011
que se desenrola perante nós. O que a rara coincidência dramática faz é simplesmente afastar a cortina levemente sobre esse vasto drama, para nos mostrar um pequeno detalhe de um complexo tableau de significados. Por essas e outras razões, podese dizer que o coração essencial da sincronicidade reside menos no estudo da não causalidade do que numa compreensão mais profunda de seu significado, a ser desvendado não com as ferramentas da ciência, mas por meio da investigação filosófica e da hermenêutica. Quanto aos estudos de astrologia e adivinhação, compreender plenamente o que quer dizer a coincidência significativa pode demandar nada menos que uma teoria do campo unificado de significados, incorporando temas diversos como geometria sagrada, teoria das correspondências, psicologia dos chackras, teoria dos números e uma cosmologia de muitos níveis. Somente dentro da ampla estrutura oferecida por uma ciência sagrada podemos esperar apreender verdadeiramente a totalidade da sincronicidade, por assim dizer, e não simplesmente um de seus isolados apêndices, como consta das admiráveis coincidências ocasionais. É contra o pano de fundo dessa perspectiva mais ampla que nos colocamos para descobrir uma verdade mais profunda no funcionamento da sincronicidade, uma verdade que se estende muito além de questões simples de não causalidade ou correspondência. No livro A Sense of the Cosmos, Jacob Needleman apresenta o seguinte comentário a respeito da curiosa assimetria encontrada na teia ecológica da natureza: Sempre que olhamos para uma parte por amor à compreensão do todo, descobrimos que a parte é um com-
ponente vivo do todo. Num universo sem um centro visível, a biologia apresenta uma realidade na qual a existência de um centro está implícita em toda parte. Os comentários de Needleman poderiam muito bem ser utilizados como uma analogia útil para nossa compreensão da sincronicidade. Para que os diferentes eventos de nossas vidas sejam entrelaçados de maneira tão intricada e artística quanto mostra a sincronicidade (e como empiricamente demonstram sistemas como a astrologia), parece haver uma inteligência reguladora subjacente ao nosso mundo, orquestrando todos os elementos como notas no interior de alguma grande sinfonia de significados. Certamente não precisamos pensar nisso como uma necessidade de envolvimento de alguma deidade com barba, antropomórfica, num trono celeste. O escritor neoplatônico Plotino referia-se a esse conceito simplesmente como o Um, enquanto os geômetras místicos da Antiguidade descreviam esse princípio unificador como uma esfera cujo centro estava em toda parte e cuja circunferência estava em lugar nenhum. Qualquer que seja o nome que lhe demos, esse conceito se refere a um agente coordenador de inimaginável escopo e sutileza, onde toda correspondência do mundo aglutina-se como se fosse traços de um grande desenho, dentro do qual nossas vidas estão holoscopicamente aninhadas. Visto assim, pode-se pensar no evento sincrônico como algo que nos oferece um olhar de soslaio, através de lentes escuras, para o interior da mente de Deus.
* Ray Grasse é escritor, editor e astrólogo. Este artigo foi adaptado de seu livro The Waking Dream: Unlocking the Symbolic Language of Our Lives.
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A transformação espiritual de
Gandhi
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Liane Alves*
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bediência civil, criado pelo filósofo, ativista e escritor americano Henry David Thoreau. Gandhi era um leitor voraz, e as palavras de Thoreau marcaram seu coração como ferro em brasa. Sathyagraha é o meio, ahimsa o fim, dizia ele em seus discursos. O tímido advogado indiano tornou-se um homem destemido. Sua ideia era se recusar terminantemente a cumprir leis injustas, mesmo sabendo que provavelmente iria apanhar da polícia e ser preso por isso. A doutrina do satyagraha propunha uma resistência baseada em protestos públicos e pressão política, uma atitude ativa, de enfrentamento, mas não violenta. Estava baseada em ahimsa, a não violência, que Gandhi definia como ser livre de paixões, da ira e da cobiça, desejar o bem-estar e o bem de tudo que é vivente, não roubar e ter a verdade no coração. Com essa fórmula simples, que alia resistência ativa com atitudes não agressivas, ele conseguiu, anos mais tarde, remover o Império Britânico da Índia sem disparar um único tiro. Suas principais bandeiED. TEOSÓFICA
Diante de uma roca, em que fabricava suas próprias roupas de algodão, a grande alma da Índia, Mohandas Karamchand Gandhi, ficava horas orando ou meditando. O que para os olhos ocidentais parecia um tempo inútil e perdido em face de suas inúmeras obrigações como líder político e estadista, para ele era uma prática essencial. O calmo pensar, como ele dizia, e as orações matutinas e vespertinas, lhe permitiam enxergar a vida com mais acuidade, ajudavam a fortalecer suas posições e indicavam os passos mais sábios a seguir. Gandhi era um homem religioso, mais do que um homem político. Na realidade, as suas ações eram uma extensão natural de sua espiritualidade. Quando falava em sathyagraha, a manifestação da verdade, ele se referia à verdade absoluta, a um princípio eterno, a uma realidade fora da qual nada existe, um centro em relação ao qual nada pode ser alheio, a não ser a irrealidade, explica o professor José Archanjo no prefácio do livro A Roca e o Calmo Pensar (editora Palas Athena), a obra que desnuda a base espiritual que sempre orientou o líder indiano na sua vida pública. Cada vez que falava em verdade, Gandhi estava se referindo àquilo que ele próprio reconhecia como real, e que nós podemos entender com uma única palavra: Deus, explica o professor Archanjo. Exprimir essa verdade última era simplesmente estar em união com Rama, um dos nomes de Deus para os hinduístas. Para Gandhi, a verdade era o outro nome do Senhor, e isso o levava a afirmar Eu anseio ver Deus face a face. O Deus que conheço chama-se Verdade, continua ele. Quando Gandhi falava em sathyagraha, estava se referindo, sobre-
tudo, à verdade ontológica: à identidade do ser consigo mesmo e ao fato das coisas serem simplesmente o que são. Quando falava em sathyagraha e ahimsa, ele não deixava de se referir ao lado amoroso de Deus. Amor e verdade são faces da mesma medalha, dizia Gandhi. Em 1906, já pai de quatro filhos (nasceu 1869), tornou-se celibatário. O seu objetivo era aumentar seu autoconhecimento e aproximar-se ainda mais de Deus. Mesmo sendo um líder político de peso, permanecia muito tempo dedicandose a práticas espirituais. Orar é a respiração da alma, é deixar Deus penetrar dentro de nós, disse ele em sua biografia. Nesse mesmo ano, lançou a doutrina sathyagraha, ou a força da verdade. Na época, lutava pelos direitos civis dos indianos na África do Sul, onde morou por vinte anos. Denunciar a situação de abusos e injustiças e usar a força da verdade era, segundo ele, a única arma que poderia ser usada contra tudo e todos. Para resistir, baseava-se no conceito de deso-
Revolucionário: com resistência ativa e atitudes não agressivas, Gandhi derrotou o Império Britânico sem disparar um tiro 23
ras eram a luta contra o racismo, contra o domínio colonial, contra as leis e os impostos abusivos e contra o sistema de castas da Índia. Ao mesmo tempo, defendia a liberação das mulheres e a não discriminação sexual. Sempre que era levado a julgamento, acusado de desafiar o domínio colonial, Gandhi dizia que era isso mesmo que estava fazendo. E que achava que devia receber a pena máxima. Mas como suas ações sempre geravam veementes protestos populares, era solto rapidamente. Sua força interna e sua presença, certamente resultantes do seu preparo espiritual, eram tão poderosas que seu principal inimigo na África do Sul, o general Jan Christian Smuts, acabou reconhecendo o valor do corajoso indiano. Quando voltou para a Índia, Gandhi deu a Smuts suas sandálias, feitas por ele mesmo. A reação do general foi inesperada. Eu as devolvi: não me considerava merecedor de usar as mesmas sandálias de um homem tão grande, escreveu Smuts em 1939, 24 anos após a partida do seu ex-inimigo. Em 1914, Gandhi chegou à Índia como uma grande força política. Sua missão era gigantesca: não
A ética e a paz Gandhi apontou seis itens que impedem a sustentabilidade ética do ser humano. Para ele, é impossível alcançar a paz interna se quisermos manter: Prazer sem responsabilidade Conhecimento sem valores Negócios sem ética Ciência sem compromisso humanitário Religião sem altruísmo Política sem princípios 24
só lutar pela independência do país, mas unir radicais hindus, muçulmanos e sikkhis nessa luta, algo considerado quase impossível. Uma greve geral foi convocada pelo movimento pró-independência e logo descambou para a violência. Gandhi usou o jejum para pedir calma e expiar sua culpa pelo derramamento de sangue. Seguia os passos de sua mãe, também líder política e muito religiosa, que costumava orar e jejuar em rituais de purificação. Esse recurso seria usado outras vezes: quando a situação se agravava e o confronto tornava-se iminente, o líder dos indianos resolvia jejuar para desespero da nação, que já o amava muito. Outra estratégia foi a marcha pelo país, em 1930, contra o monopólio do sal, que só podia ser comercializado pelos ingleses. A multidão avançou 400 quilômetros em direção às salinas. Ali chegando, os participantes passaram a comercializá-lo, numa dura afronta à Inglaterra. Com as cadeias lotadas de presos por essa insubordinação, o governo foi obrigado a negociar. A independência tornou-se uma questão de tempo. Com a Segunda Guerra, o poderio inglês na Índia enfraqueceu sensivelmente. Em 1947, chegou à região Lord Mountbatten, o último vice-rei. A independência foi negociada e a Índia livrou-se dos ingleses para sempre. Mas a união interna não foi possível. Os muçulmanos se refugiaram no norte e fundaram um novo país, o Paquistão. Nas fronteiras registraram-se muitos combates que resultaram em milhares de mortes. Gandhi, já um homem idoso, viu a Índia se esfacelar com lutas internas. Em 1949, aos 79 anos, sofreu um atentado por um fanático sikkhi. Suas últimas palavras antes de morrer foram: Oh, Deus... (HeRama...).
Visão moderna e ecumênica Gandhi não era santo; era apenas um homem comum, com muitos defeitos, mas que se aprimorou espiritualmente ao longo da vida. Quando jovem, tinha manias como a de limpeza, por exemplo, e morria de ciúmes de sua mulher Kasturbai, com quem se casou aos 13 anos. Muito severo com os filhos, demonstrou igual rigidez durante a doença que acabou matando sua esposa: impediu que lhe fosse dada penicilina, pois só reconhecia a medicina indiana como válida. Sua biografia testemunha uma transformação interna profunda, que se refletiu em seu modo de agir com as pessoas, conta a professora Lia Diskin, diretora da Associação Palas Athena, entidade que se alicerça nos princípios defendidos pelo líder indiano. Sua transformação brotou do cultivo incessante da espiritualidade. Durante sua vida, a grande alma, ou mahatma, reconheceu seus erros. Eu não tenho a menor pretensão de aparentar coerência. Em minha busca pela verdade descartei várias ideias e aprendi muitas coisas novas. Se encontrarem divergências no que eu disse, vale mais o que falei por último, escreveu humildemente. A mudança durante sua existência foi substancial, mas Gandhi não queria o aprimoramento espiritual só para si. Ele escreveu, em uma de suas centenas de orações: Que Deus nos proteja, que ele nos sustente, que nosso aprimoramento possa ser comum, que nossos estudos frutifiquem, que nunca acalentemos má vontade uns contra os outros. E recomendava: Não faça violência material a ninguém, perseguindo, encarcerando, batendo, furSOPHIA ABRI-JUN/2011
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As principais bandeiras de Gandhi eram a luta contra o racismo, contra o domínio colonial, contra as leis e os impostos abusivos e contra o sistema de castas. Ao mesmo tempo, defendia a liberação das mulheres e a não discriminação sexual. SOPHIA ABRI-JUN/2011
tando, maltratando, matando. Abstenhase até da violência verbal: não fale mal das pessoas. Não permita a si mesmo a violência mental: não pense mal dos outros. Finalmente, não incentive a violência emocional não guarde mágoas, ressentimento ou ódio ao próximo. Gandhi sabia de cor os 18 capítulos do Bhagavad Gita. Também conhecia a Bíblia segundo Huberto Rohden, autor de Mahatma Gandhi: ideias e ideais de um político místico (Ed. Alvorada), poucos santos foram tão cristãos quanto o líder indiano, e muitas vezes suas palavras pareciam tiradas do Evangelho. Deus é o amparo dos desamparados, dizia o Mahatma. E estimulava uma ação concreta em benefício dos desfavorecidos: Lembra-te dos traços do mais pobre e abandonado dos homens que já foi te dado ver, e pergunte-se se o ato que planejas será de algum modo proveitoso para ele. Sua visão era ecumênica e moderna, num mundo de tradições fundamentalistas: As religiões são vias diferentes convergindo para o mesmo ponto. Que importa se tomamos caminhos diversos, já que temos em mira o mesmo objetivo? Sua meta era a comunhão total com o divino e a anulação do ego: Tenho sido escravo voluntário de Deus, o mais exigente dos senhores, há mais de meio século. Sua voz tem se tornado cada vez mais audível com os anos e Ele nunca me abandonou, mesmo nas horas mais difíceis. Ele tem me livrado de mim mesmo, sem deixar nenhuma parcela de autonomia. Quanto mais me abandono a Ele, maior tem sido minha alegria, reconhece. Que possamos também murmurar a vibrante prece diária de Gandhi a Deus: Om! Conduz-me da inverdade à verdade, das trevas à luz, da morte à eternidade. * Liane Alves é jornalista com doctorat de especialité do Institut Français de Presse (Sorbonne IV) e escreve sobre espiritualidade e comportamento nas revistas Vida Simples e Bons Fluidos
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Equilíbrio na mente
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Radha Burnier*
Atualmente as proezas do ser humano exigem raciocínio brilhante e matemática de ordem elevada. Mas, ao mesmo tempo, o que pode ser mais irracional que continuar a produzir armas nucleares quando sabemos quais podem ser os resul-
Talvez o desequilíbrio esteja dentro da nossa mente, com a atividade mental excessiva. Podemos estar cercados pela beleza de um local profundamente pacífico, mas a percepção dessa beleza pode ser totalmente perdida.
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tados de seu uso? Sabemos que toda a Terra será afetada por qualquer guerra nuclear. Contudo, país algum deseja parar a fabricação. O que poderia ser mais irracional do que o que fazemos com a própria Terra, apesar de sabermos as consequências de nossas ações? Outro problema é a quantidade de lixo criada em todo o mundo mas adotamos maneiras de aumentar o lixo. A irracionalidade e os poderes do raciocínio coexistem. Qual é o problema com o nosso pensamento, para que sigamos em frente com contradições tão absurdas? Os cientistas dizem que milhares de espécies estão se extinguindo por causa da atividade humana. Existem inúmeras criaturas que têm um papel importante na manutenção do equilíbrio ecológico na Terra. Sabemos que as abelhas nos prestam um serviço essencial ao polinizar as flores. Será que temos noção de que não podemos sobreviver sem as humildes bactérias? A revista The Smithsonian publicou um artigo muito instrutivo onde dizia que as bactérias são necessárias para a fertilização da terra, para fazer funcionar nosso sistema digestivo, para desintegrar matéria orgânica morta etc. O professor Louis Thompson afirmou que existem milhões de criaturas morrendo a cada dia, e não sabemos as consequências disso. Mesmo assim, elas são levadas a desaparecer rapidamente. Tudo isso ocorre com criaturas que estão constantemente nos ajudando pelo simples fato de existirem. Se a diversidade da vida continuar a diminuir rapidamente, ninguém sabe o que acontecerá à Terra. Qual é o problema com a mente humana, dedicada a tantas coisas que parecem ser meios de autodestruição? Diz-se que o homem é a única espécie que destrói sem razão aparente, inclusive os seres de sua própria espécie. Nenhuma
criatura, que não o homem, se entrega à destruição desenfreada. Essa é uma de nossas características peculiares. Se pensarmos cuidadosamente, parecemos estar fazendo uma coisa muito estranha. Poderemos tentar encontrar as razões para isso? Haverá algum desequilíbrio no ser humano? Talvez esse desequilíbrio esteja dentro da nossa mente, por causa da atividade mental excessiva. A maioria de nós não vê muito bem, mesmo na juventude, quando a visão é aguda e clara. Olhamos para o mundo com olhos que não veem, porque muita coisa acontece dentro da nossa cabeça. Alguém pode passar por um jardim extremamente belo e não estar consciente da beleza, ou estar consciente somente por alguns instantes. Podemos conversar com uma pessoa durante meia hora e não sermos capazes de ver que alguma coisa está perturbando essa pessoa. Uma conversa entre duas pessoas pode deixar cada uma delas com apenas uma ideia parcial do que a outra disse. Quando está ouvindo alguém falar, a maioria das pessoas está pensando no que irá dizer a seguir, e por isso não ouve. Podemos passar por um jardim e não ouvir o canto dos pássaros, nem sentir a brisa passando através das folhas, mesmo quando pensamos que ouvimos e sentimos. Krishnamurti escreveu: Se você olhar para uma folha, olhe-a plenamente. Então você verá todas as cores, a beleza da forma, a textura, tudo. Se você olhar para as nuvens, para uma folha que cai, para as pessoas, para tudo, cuidadosamente, com atenção, você compreenderá o quanto não vê. Nossos sentidos são prejudicados pela atividade da mente. Muito disso se deve a tolas distrações. A atividade mental também reduz os sentimentos por exemplo, a solidariedade. Milhões de pessoas es27
tão morrendo de fome ou subnutrição. Ouvimos falar a respeito, mas não sentimos de verdade. Torna-se parte do noticiário e logo esquecemos. Mesmo enquanto falamos ou lemos a respeito, a mente pode divagar para alguma outra coisa o que a pessoa quer comprar na próxima vez que for ao shopping ou alguma outra trivialidade. Os pensamentos criam perturbação e embotam nossa percepção. Eles também suprimem nossos sentimentos mais sutis e belos de diferentes tipos, como por exemplo o lado moral não no sentido convencional, mas no sentido de saber o que não é correto e o que não é útil. Buda falou a respeito do correto pensamento, da correta linguagem, da correta ação, e assim por diante. Em que consiste a retidão?
É um grande tema em si mesmo, mas ele resumidamente usou uma palavra que significa bem-estar, não simplesmente para si próprio mas também para as outras pessoas, para o ambiente, para tudo. Portanto, viver o correto tipo de vida é um tipo de habilidade que a pessoa tem que aprender. As pessoas fazem coisas espantosamente antiéticas porque não sabem o que isso acarretará ao bem-estar dos outros e do mundo. É difícil saber o que é bom e o que não é; daí o axioma o caminho para o inferno está repleto de boas intenções. Mas se nosso cérebro não estiver distorcido, se verdadeiramente nos preocuparmos com o bem-estar dos outros, entenderemos aquilo sobre o que Buda falou. O pensar excessivo suprimiu
nossa capacidade de responder ao que não está no nível visível. Milhares de pessoas viram maçãs caírem das árvores, mas se lhes perguntassem por que caíram, elas responderiam que foi a vontade de Deus. Uma resposta irracional. Somente Newton foi capaz de ver a ligação entre os objetos que caem, que ele exprimiu em termos da lei de gravitação. Dizem que algumas descobertas surpreendentes da ciência surgiram a partir desses lampejos de percepção. Mas o verdadeiro pensar parece tomar parte. Alguns cientistas descreveram como durante anos trabalham num certo problema sem obter resposta, mas certo dia, subitamente, quando pararam de pensar no problema, repentinamente a resposta apareceu. SERG/SHUTTERSTOCK
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Existem inúmeras criaturas com papel importante na manutenção do equilíbrio ecológico. Sabemos que as abelhas nos prestam um serviço essencial ao polinizar as flores. Mas temos noção de que não podemos sobreviver sem as humildes bactérias? SOPHIA ABRI-JUN/2011
Podemos estar cercados pela beleza de um local profundamente pacífico, mas a percepção dessa beleza pode ser reduzida pela atividade mental ou até mesmo totalmente perdida. Essa pode ser uma razão para a assimetria na atividade humana, porque a capacidade de pensar suprime e obstrui a percepção sensorial, os sentimentos e as percepções morais e estéticas.
Como ver com clareza
Os Yogasutras de Patañjali mencionam a doença. Como sabemos, quando o corpo de alguém se torna doente, a mente não funciona de maneira adequada. Tomemos como exemplo uma pessoa que sempre foi gentil, hospitaleira, que amava servir aos outros, e que viveu até uma idade provecta. Ao se aproximar o fim de seus dias, ela parecia ter perdido todas essas qualidades. Essas e várias outras coisas podem acontecer por causa da condição corporal. No Bhagavad-Gita está dito que certos tipos de alimento produzem inquietação, distração e agressividade, e outros criam inércia, preguiça, relutância em se empenhar e assim por diante. Para ter uma capacidade mental calma e lógica, a pessoa precisa comer o tipo certo de alimento. Krishnamurti tinha algumas maneiras interessantes de responder. Parece que não comia nada que contivesse leite de búfala; às vezes, na sua comida, só permitia leite de vaca. Quando lhe perguntaram o que havia de errado com o leite de búfala, ele simplesmente respondeu: Olhe para o animal! O animal é pesado, gosta de se espojar nas poças de lama e é geralmente lento. Se comer esse tipo de alimento, você irá absorver algo dessas qualidades. O hábito de comer carne jamais foi recomendado para pessoas que deSOPHIA ABRI-JUN/2011
sejem estar despertas e alertas, porque as influências que estão no corpo animal violência, ferocidade e assim por diante até certo ponto atrapalham quando absorvidas. Aquilo que bebemos também é importante. Uma pessoa viciada em álcool mais cedo ou mais tarde tem sua capacidade prejudicada. Existem também emoções que afetam a clareza da mente. Na tradição indiana, dizem que os inimigos de cada pessoa estão dentro dela, e não fora sendo os inimigos a raiva, a ganância, a vaidade etc. É importante perceber isso. Aquilo que Buda chamou de as chamas arde internamente. A mente também não fica em condição melhor quando vê tudo isso. Nas escolas religiosas ensinase a necessidade de permanecer calmo, de aceitar as coisas como são e de não inventar maneiras para aumentar a própria insatisfação. A ganância faz com que as pessoas destruam o ambiente. Atualmente o poder do dinheiro subjugou a sociedade moderna; a irracionalidade existe muito embora a mente se tenha tornado proficiente de algumas maneiras. O corpo, os sentimentos, a capacidade mental, os modos como a pessoa age e se relaciona estão interligados. Quando o pensamento se torna mais claro, mais lógico e mais sensível às necessidades dos outros, a outra pessoa é auxiliada, e isso também clareia a mente. Mas se nos sentimos emotivos e ansiosos isso então não é possível, porque as atitudes autocentradas obscurecem a mente. Quando estudamos a mente pura e a impura, ou a mente clara e a obscura, é como ver o sol encoberto pelas nuvens, que parece não fornecer luz e nem calor. Mas o sol está sempre lá; se as nuvens se dissiparem, ele brilhará novamente. A vasta mente que fornece algum tipo de inteligência a todas as criaturas está em toda parte, mas é obscurecida
pelo desejo pessoal, egoísta. Se todo desejo puder ser posto de lado, você irá, de acordo com certos instrutores espirituais, tornarse iluminado. De maneira sutil, abra mão de tudo que você se apegou internamente. Você não tem que jogar fora a mobília, mas não se prenda a coisa alguma. Você deve usar as palavras eu e meu sem se sentir possessivo ou apegado. Uma maneira simples de colocar isso é: Vou tomar um banho de chuveiro agora, mas isso não quer dizer que eu me sinta apegado ao corpo. Embora por conveniência a pessoa possa usar um certo tipo de linguagem, o sentimento de desejo pessoal e todas as complicações que surgem a partir daí devem ser postos de lado. Então a mente será capaz de pensar de maneira lógica e sensível. Dizem que a mente impura é a mente com desejos, e que a mente pura não tem desejos. Como pode a mente estar tão clara que compreenda o que é importante e o que não o é? Em Aos Pés do Mestre está assinalado que uma das qualificações para a correta discriminação é a clareza de visão. Se a pessoa for muito apegada às coisas que não são duradouras, o desapontamento é certo, e talvez também o sofrimento. Nós não compreendemos que existem condições psicológicas que podem ser amplamente classificadas como sofrimento. Abrir mão é sofrimento, mas apego também é sofrimento, porque mais cedo ou mais tarde você terá que abrir mão. Muitas das coisas que consideramos prazerosas são na realidade fontes de dor, e a pessoa deve estar consciente para compreender isso. Se pudermos estar profundamente conscientes disso em nossos corações, a mente não perderá sua clareza. * Radha Burnier é escritora e presidente internacional da Sociedade Teosófica.
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O medo de amar:
o dilema do filme Comer, rezar e amar hoje em larga escala, banalizando os relacionamentos. Essa dor parece ser menor quanNo filme Comer, rezar e amar, a do nós próprios tomamos a iniciaatriz Júlia Roberts, vivendo a pertiva, fugindo do imprevisível, da sonagem Elizabeth, passa por diverinsegurança de deixar o golpe nas sas experiências em busca de si mãos do outro. Aí, porém, talvez mesma. Nessa busca, vive de mavenhamos a perder o melhor, o esneira conflitante a questão do amor sencial da relação: conhecer-nos e como, aliás, todos nós , não saconhecer o outro, porque a courabendo se pode ou não entregar-se ça do medo, da prevenção, fatala ele. A dúvida tem bastante lógimente cortará o fluxo das energias, ca, pois, conforme a experiência não deixando correr o rio da comdemonstra, a possibilidade de sairpreensão que se encontra represamos feridos de uma relação é basdo dentro de nós. tante real. Não sabemos o que se O amor humano é de fato relapassa no coração do outro. Nesse cionado ao ego. E o ego prioriza a caso, o que é pior: entregar-se ou sua satisfação. Aí naturalmente ele não? Enfrentar ou fugir da dor? inclui seus agregados afetivos, a A mulher tem naturalmente mais própria família, cujos membros são facilidade do que o homem para como seus tentáculos, iniciando essa rendição, essa entrega. No então a sua aprendizagem do amor. filme, contudo, Elizabeth, de tanto Na obra Um retorno ao amor, decepcionar-se, termina seus relaMarianne Williamson diz: Aprencionamentos antes que amaduredemos que a vida foi feita para os çam, procurando evitar a dor do lutadores e por isso exaltamos fim. Provavelmente vivemos isso nossa consciência masculina, que, sem o equilíbrio da feminina, fica enrijecida. Somos todos assim, homens e mulheres. Criamos uma mentalidade guerreira. Estamos sempre lutando por algo. Dessa forma, nunca largamos nossas espadas. Para Marianne, o local feminino e rendido dentro de nós é passivo, não faz nada. O processo de espiritualização tanto nos homens quanto nas Júlia Roberts no papel de Elizabeth: mulheres é um procesexperiências em busca de si mesma so de feminização, um Walter Barbosa*
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acalmar da mente, o cultivo do magnetismo pessoal, diz ela. Essa perspectiva encontra total cumplicidade numa obra admirada no mundo inteiro: o Bhagavad Gita, livro de cabeceira do Mahatma Gandhi. Ali é ensinado que o espírito realmente não faz nada, sendo o impulso da criação baseado na força do desejo. Este, porém, pode agir por meio do ego ou por meio do espírito. Entre essas duas possibilidades há uma diferença fundamental. A ação do desejo por meio do ego, por ser egoísta, aprisiona, cria vínculos, karma. Já a ação por meio do espírito (ao fazermos nossa entrega) é libertadora porque não gera apego, sendo totalmente confiante em algo maior. Quando se refere a acalmar a mente como parte do processo de rendição, Marianne toca no ponto básico: a mente é a grande fonte da separatividade. É um princípio essencialmente guerreiro, disseminado entre homens e mulheres, como lembra Marianne. E cada vez mais, nos dias de hoje, pela maior igualdade entre os sexos. De qualquer maneira, como descobre Elizabeth, se estivermos interessados num retorno ao amor, não há outro caminho. Ainda que preservando nosso próprio mundo, o medo da dor como qualquer outro deve ser superado pela consciência. A travessia tem que ser feita. Somente por meio da confiança é que o amor pode fluir. * Walter Barbosa é escritor e membro da Sociedade Teosófica de Campo Grande. SOPHIA ABRI-JUN/2011
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Se estivermos interessados num retorno ao amor, não há outro caminho: ainda que preservando nosso próprio mundo, o medo da dor deve ser superado pela consciência. A travessia tem que ser feita. Somente por meio da confiança é que o amor pode fluir. SOPHIA ABRI-JUN/2011
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Quando a pessoa adquire um certo grau de autodisciplina, a mente não voa mais para longe. Nesse estágio estamos verdadeiramente prontos para meditar
Meditação passo a passo
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O propósito da meditação é geralmente duplo. O primeiro é a tranquilidade no viver; isso significa calma na mente, sentimentos e corpo. O segundo é despertar nossos mais elevados potenciais espirituais, um estado de realização que fundamentalmente resolve as questões básicas da existência. Esse estado é descrito como chegar em casa, retornar à nossa natureza básica, além das camadas da psique com as quais ha-
bitualmente nos identificamos, e além até mesmo da nossa faculdade de pensar como normalmente a usamos. Essa experiência também é descrita como união mística, iluminação, consciência cósmica, autorrealização e autotranscendência. O primeiro propósito atingir a tranquilidade é prático, buscado por todos aqueles que praticam a meditação. O segundo propósito, no entanto, não é a meta de todos os meditadores. Ele não ressoa no íntimo de algumas pessoas. Intelec-
tualmente elas concordam quanto à sublimidade dessa meta, mas não desejam passar pelo que isso acarreta: uma total transformação na vida, não apenas o cessar dos ruídos diários da mente. Esse segundo propósito, no entanto, é o verdadeiro propósito da meditação. O primeiro é apenas um estágio intermediário que leva ao segundo. Sem atingir o primeiro objetivo, o segundo é impossível. Assim, no estudo e na prática da meditação, devemos lidar com ambos.
Calma na vida e nos pensamentos A tranquilidade no viver envolve duas facetas: uma sólida filosofia de vida e o domínio sobre a mente, as emoções e o corpo. Uma sólida filosofia de vida é frequentemente o fator principal que estimula a pessoa a passar por práticas de autodesenvolvimento como a meditação. Basicamente, meditação significa domínio sobre a mente, mas acarreta domínio similar sobre as emoções e o corpo, precondições importantes para a calma mental.
Sólida filosofia de vida Uma saudável visão da vida e do mundo, integrada e consistente, é um ingrediente importante para uma vida tranquila. Uma filosofia assim consiste em uma compreensão objetiva da vida e da realidade humanas, e a adoção de valores essenciais na vida da pessoa. Compreensão objetiva significa estar livre de superstições e de informações distorcidas, não estar indevidamente aprisionado por condicionamentos perniciosos como medos e preconceitos, que não nos permitem ver a realidade como ela é. Valores transparentes são o outro pilar de uma sólida filosofia de vida. Significa ver que verdade, sinceridade, gentileza e amor são as corretas fundações da ação humaSOPHIA ABRI-JUN/2011
na. Quando circunstâncias externas como o trabalho ou o meio de vida são inconsistentes com os valores internos, no coração e na mente surge um conflito contínuo que não permitirá a verdadeira equanimidade. Assim, como uma fundação para a vida tranquila, a pessoa deve primeiramente se assegurar de que não adota um modo de vida que contradiga seus valores básicos. Uma sólida filosofia requer uma sábia avaliação de prioridades na vida, em oposição a ser absorvido por coisas não essenciais. Primariamente isso não é fácil para muitas pessoas, por causa do hábito condicionado de tratar como urgentes as muitas coisas que são lançadas sobre nós pela sociedade e por outras pessoas, mesmo que essas coisas sejam realmente sem importância. Uma filosofia assim significa também que se adotou, com relação à vida, visões e atitudes sábias, racionais e de senso comum. Por exemplo, logo que tenhamos feito o melhor na resolução de um problema, não deveríamos mais nos afligir nem nos preocupar a respeito das consequências inevitáveis, mas assimilar quaisquer que sejam as lições que possamos aprender da experiência.
Relaxamento físico A ausência de tensão é um ingrediente importante na vida meditativa. Perceber as tensões no corpo permite à pessoa deixar fluir, e naturalmente dissipar as energias bloqueadas. O conhecimento das técnicas apropriadas de respiração e percepção é útil para isso. Calma emocional Essa é mais difícil de alcançar do que lidar com a tensão física, porque as emoções surgem de fatores mentais e sociais. Mas é possível, contanto que o indivíduo deseje fazer o esforço necessário. Para isso existem dois requisitos: 1. Saber como liberar o congestionamento de energia emocional que causa reações involuntárias, sem suprimi-las ou expressá-las de maneira hostil. Isso é feito por meio do chamado processamento emocional, citado no livro O Processo de Autotransformação (Ed. Teosófica). 2. Saber como evitar o acúmulo de novos padrões emocionais condicionados (botões interruptores) por meio da percepção constante. Presume-se que essas três precondições sejam praticadas na vida 33
diária. Sem elas, a tranquilidade interior não é possível, e a meditação não será bem-sucedida. Quietude mental Esse é o objetivo da prática meditativa em si. Como disse Patañjali, yoga é a cessação das modificações da mente. A quietude tem dois estágios principais. O primeiro é o domínio dos movimentos dos pensamentos comuns (grosseiros), e o segundo é a meditação propriamente dita, onde existe percepção alerta, mas ao mesmo tempo existe equanimidade de pensamentos, tanto grosseiros quanto sutis. 34
Estágios de meditação
Presumindo-se que o corpo seja agora capaz de estar sossegado, que as emoções possam estar calmas e a vida geral do indivíduo não seja caracterizada por inconsistências ou contradições sérias, então a pessoa estará mais preparada para a prática da meditação propriamente dita, que consiste em duas fases:
O processo de domar As pessoas ficam surpresas ao descobrir que na verdade não detêm o controle de seus próprios pensamentos. Quando tentam pa-
rar de pensar, isto é, repousar a mente plenamente de qualquer atividade, a mente não para de modo algum. Ela continua pensando a respeito disso e daquilo, reagindo a um ou a outro estímulo. Quando a pessoa escolhe pensar apenas em uma coisa, mesmo por um minuto, descobre que a mente simplesmente continua pensando a respeito de outras coisas. Isso quer dizer que a pessoa não detém o domínio sobre o mecanismo da mente. Ela é como uma máquina que funciona sem o operaSOPHIA ABRI-JUN/2011
O primeiro estágio é obter domínio sobre as atividades da mente. Devemos domar esse cavalo selvagem em nosso cérebro. O que fazemos é prover uma conexão entre nossa vontade interior e os movimentos da mente.
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dor. Quando o operador aperta o botão parar, a máquina não para. Simplesmente opera em modo automático, e temos a impressão de que estamos no controle quando na verdade somos apenas espectadores passivos dos seus movimentos. Assim, o primeiro estágio da prática meditativa é obter domínio sobre as atividades da mente. Devemos domar esse cavalo selvagem em nosso cérebro. Essencialmente, o que fazemos é prover uma conexão efetiva entre nossa vontade interior e os movimentos da mente. Essa fase é chamada dharana no yoga. Dharana é geralmente SOPHIA ABRI-JUN/2011
traduzida como concentração, mas talvez devêssemos redefini-la. A palavra significa segurar firmemente, isto é, ser capaz de suster um pensamento escolhido continuamente na percepção. Não é a concentração obstinada sobre um detalhe ou um objeto, que geralmente cria tensão. É uma atenção leve, relaxada, sobre os conteúdos da mente e o retorno ao objeto ou palavra escolhido quando a atenção é desviada. O procedimento mais comum para se conseguir isso é selecionar duas âncoras para a qual retornar quando a mente for distraída por outras coisas. A primeira âncora deve ser visual, e a segunda, auditiva ou verbal. A âncora visual é qualquer ponto ou objeto no espaço. Geralmente é um ponto entre as sobrancelhas, a ponta do nariz, a respiração, ou o ponto entre o nariz e o lábio superior. É atenção gentil mas firme sobre o ponto escolhido. A âncora auditiva ou verbal é uma palavra que a pessoa repete mentalmente seguindo o ritmo da respiração. Pronuncia-se mentalmente a primeira sílaba na inspiração e a segunda na expiração. Se a palavra escolhida tiver uma única sílaba, diga-a mentalmente durante a expiração. Uma palavra conhecida na Índia é hamso (pronuncia-se râm-sou e significa eu sou aquilo) ou soham (aquilo sou eu). Entre os zen budistas, a palavra mu (que significa nada) é usada na expiração. As palavras Jesus e Maranatha têm sido usadas na tradição cristã. Um-dois também pode ser usado. Qualquer que seja a âncora verbal, simplesmente permaneça com ela em estado de percepção alerta até que a mente esteja domada para reter apenas o pensamento que a vontade interior escolheu repetir. Esse estágio pode levar meses para ser dominado. Uma chave im-
portante para o sucesso é a qualidade da mente durante o restante do dia. À medida que praticarmos esse processo de adestramento, notaremos um aprofundamento da percepção em nossa mente. Uma percepção periférica desenvolve-se cada vez que praticamos esse processo meditativo de domar a mente. Enquanto fizermos isso todos os dias, regularmente, essa percepção periférica se tornará cada vez mais permanente. Como resultado, nosso comportamento e ações se tornarão cada vez menos automáticos. Existirão cada vez menos reações tipo reflexo patelar em nossos sentimentos e pensamentos. Isso, por sua vez, produzirá mais calma na vida diária, assim como maior profundidade em nossa prática meditativa. A meditação propriamente dita Quando a mente adquire um certo grau de autodisciplina ou adestramento, a pessoa observa que ela não voa para longe quando medita. Ao atingir esse estágio, estamos então prontos para a segunda fase da meditação. Essa é a verdadeira dhyana, ou meditação: quando há percepção do espaço da consciência no qual tanto os pensamentos concretos quanto os sutis são observados. É importante compreender que os pensamentos sutis existem na mente. São diferentes dos pensamentos que têm formas, cores e tamanhos. São mais difíceis de observar, mas são poderosas fontes de ações, reações, decisões e comportamentos. Um exemplo é a intenção. A intenção de pensar na palavra grilo é diferente de pensar na palavra em si. Existe um movimento mental antes de se pensar nessa palavra, e esse movimento quase nunca é observado. O pensador não o percebe, contudo ele existe. Dhyana ou meditação é um es35
tado de consciência onde a pessoa percebe as camadas sutis de pensamentos e também lhes permite cessar naturalmente. Assim, a qualidade essencial da meditação não é mais a atenção focalizada, mas a percepção. É uma percepção reflexiva, onde se tenta perceber a própria intenção de perceber. Essa percepção leva ao estado de quietude, de não intencionalidade, mas ainda desperto e perceptivo. A manutenção do estado de meditação depende do sucesso que a pessoa tenha no estágio de domar a mente. Quando o estágio de adestramento não foi bem dominado, a mente continua retornando ao ruído usual dos afazeres da vida diária. São questões não resolvidas do presente ou do passado que surgem nos estados de quietude da pessoa, uma vez que as questões
ainda carregam as energias não resolvidas e assim são autoimpelidas a se moverem quando existe um vácuo no campo de atenção. A capacidade de sustentar a percepção nesse nível sutil é em si mesma uma tarefa difícil. Quando o meditador é capaz de permitir que os pensamentos sutis se estabeleçam e se desvaneçam, chega a um estágio no qual é essencialmente livre do que é chamado estado infeliz. Nesse estágio de quietude meditativa não há mais lugar para a infelicidade, porque aquilo que chamamos de infelicidade pertence aos movimentos e às preocupações das emoções e da mente inferior. Nesse estado meditativo, as emoções e a mente inferior já estão aquietadas e tranquilas. É importante uma observação a respeito da energia na consciência.
Muitas pessoas observam que quando meditam tornam-se às vezes sonolentas e tendem a dormir. Isso quer dizer que falta energia ao cérebro para seguir em frente. Pode ser porque não se dormiu bem, ou há falta de energia na consciência para sustentar um estado elevado de percepção. A energia da consciência não está separada da energia que usamos para outros propósitos: raiva, preocupação, ansiedade, excitação, etc. Por isso, quando consumimos muita energia da consciência com infortúnios emocionais, ficamos com menos energia para a intensa percepção necessária à meditação profunda. É importante que a pessoa não desperdice energia na vida diária. Assim, uma maior quantidade dessa energia fica disponível para a busca do transcendente.
Rumo à transcendência Até aqui as práticas meditativas descritas podem ser obtidas por aquilo que chamamos de esforço. Além desse ponto, as diretrizes comuns sobre meditação se desvanecem e não são mais aplicáveis. O esforço é uma intenção da mente, um desejo de atingir algo. Como tal, ainda é um pensamento. Mas quando todos os pensamentos desse tipo cessam, de onde virá a motivação ou a razão para continuar a se mover? E quando não há motivo, como devemos nos mover rumo à transcendência e iluminação? Chegamos a um estágio crucial na meditação e na vida mística. Esse estágio é caracterizado por paradoxos: esforço sem esforço, ação sem ação, percepção sem escolha, etc. O poder motivador e impulsionador não mais são os pensamentos, as emoções e o corpo. Ele tem que vir da própria transcendência. Na prática da vida espiritual, chega um momento em que se de-
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senvolve um elo entre o transcendente e a consciência cerebral. O transcendente sempre esteve lá, mas a ligação entre ele e a consciência comum geralmente não é estabelecida. Esse elo é caracterizado pela presença de prajna, ou consciência intuitiva, filtrando-se para o interior da mente. Dizem que somente uma porcentagem muito pequena de pessoas no mundo têm prajna desperto na consciência diária. Na maioria dos casos, esse despertar está em seu estágio incipiente, mas em alguns se tornou uma qualidade dominante da consciência. É esse prajna desperto que assume o crescimento e o desenvolvimento da consciência da pessoa. Não é mais uma questão de esforço ou intenção. É um crescimento inconsciente, como o de uma planta ou de uma flor. Tudo que a pessoa pode fazer é regá-la e expô-la à luz do sol, provê-la de um ambiente nutritivo, mas o processo de
germinação é um processo interno. O tratado místico Luz no Caminho (Ed. Teosófica) diz: Crescei como cresce a flor, inconscientemente, mas basicamente ansiosa para abrir sua alma ao vento. Igualmente deves esforçar-te para abrir tua alma ao eterno. Mas deve ser o eterno a desenvolver tua força e beleza, não o desejo de crescimento. Pois num caso desenvolverás na exuberância da pureza, no outro endurecerás pela paixão impetuosa por desenvolvimento pessoal. Outro tratado místico, de um desconhecido monge do século XIV, The Cloud of Unknowing, diz que uma busca assim deve estar além das palavras e do conhecimento, portanto no estado de não saber, pois todas as palavras, desejos e fórmulas tornam-se nada mais que obstáculos. O que resta é uma intenção nua: Chamo de intenção nua porque é totalmente desinteressada. Nessa obra o artesão SOPHIA ABRI-JUN/2011
perfeito não busca benefício pessoal ou isenção de sofrimento. Krishnamurti chama a isso estrada sem caminhos, porque qualquer formulação, qualquer método, é apenas mais uma vez o esforço da mente. Os zen budistas realçam a natureza não intelectual desse processo com exercícios que não per-
mitem à mente oferecer soluções ou métodos para a busca. O livro Luz no Caminho expressa isso da seguinte maneira: Está escrito que para aquele que está no limiar da divindade nenhuma lei pode ser formulada, nenhum guia pode existir. Contudo, para se iluminar, a luta final do discípulo
pode ser assim expressa: aferra-te àquilo que não tem substância nem existência. Ouve apenas a voz que é insonora. Considera apenas aquilo que é invisível tanto ao sentido interno quanto ao externo. * Vicente Hao Chin Jr. é escritor e presidente da Sociedade Teosófica nas Filipinas.
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Crescei como cresce a flor, ansiosa para abrir sua alma ao vento. Igualmente deves esforçar-te para abrir tua alma ao eterno. Mas deve ser o eterno a desenvolver tua força e beleza, não o desejo de crescimento.
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O que é o
Zen Budismo
Realizar a iluminação do Zen é um estado onde a vida é como deve ser, iluminada pelo sol ou tocada pela chuva. A calma aceitação do ser iluminado é una com o fluxo de vida
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Eric McGouch*
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Há pouco tempo o Zen Budismo era desconhecido no Ocidente, exceto por poucos eruditos com interesse principalmente acadêmico. Antes da Primeira Guerra havia apenas um trabalho sobre o assunto em língua europeia A Religião dos Samurais, de Kaiten Nukariya e algumas referências em livros sobre o Budismo em geral. Só após o professor D. T. Suzuki publicar o primeiro volume de seus Ensaios Sobre o Zen Budismo, em 1927, é que se transmitiu uma ideia do real espírito do Zen. O Zen é diferente de toda religião. Essa diferença, somada à sua qualidade enigmática, pode ser responsável por despertar a curiosidade dos ocidentais. Uma vez despertada a curiosidade não descansa facilmente, porque o Zen fascina as mentes cansadas da religião e da filosofia convencionais. Ele descarta todas
A vida é especial. Mesmo os eventos mais comuns são milagres. Compreendemos isso? Vemos a nós mesmos como partes disso ou estamos de algum modo do lado de fora da vida? SOPHIA ABRI-JUN/2011
as formas de teorização e instrução doutrinária; fundamenta-se na prática e na experiência pessoal. Zen é sentir a vida, em vez de sentir algo a respeito da vida; não tem interesse em descrições de experiências espirituais, em conceitos ou crenças. Embora o conhecimento seja valioso para apontar o caminho, é facilmente confundido com o próprio caminho e até mesmo com a meta. Não podemos fixar o Zen mais do que podemos fixar a vida. Diz-se que definir é matar; se o vento parasse um segundo para o segurarmos, deixaria de ser vento. O mesmo ocorre com a vida. As coisas mudam, não podemos nos apossar do presente e fazê-lo permanecer conosco, não podemos reter uma sensação passageira. Quando tentamos, resta apenas memória morta. Constantemente tentamos parar o fluxo do tempo porque somos inseguros. Tememos o futuro, lamentamos o passado, buscamos uma ilha de calma para evitar as consequências de nossos pensamentos, sentimentos e ações. Buscamos a tranquilidade porque ela representa paz, mas também não podemos reter a tranquilidade. Quanto mais tentamos reter o momento, mais nos frustramos. Há um paralelo à realização do Zen em The wisdom teaching (O ensino da sabedoria). Os mestres que guardaram esses ensinamentos durante séculos descrevem a vida como um processo de desabrochar eterno, um eterno vir-a-ser. O desabrochar da vida jamais cessa, descansa ou chega ao fim. Estar em sintonia com a vida é mover-se com seu fluxo. Somente assim podemos conhecer a verdade por nós mesmos. Somente assim as doutrinas sagradas do mundo são reveladas em sua pura fonte de luz. Tentar abarcar a unidade do espírito ou negar a própria individualidade é tão fútil quanto aferrar-se aos prazeres ou negar a dor. Prazer e dor são a mesma coisa expressões opostas da dualidade. A unidade do espírito e o eu também são a mesma coisa expressões de dualidade. Os indivíduos são a expressão múltipla do espírito uno. Através de cada um de
nós o espírito expressa aspectos de sua multiplicidade e seus potenciais. Somente quando cada um de nós tiver crescido até a plena e incondicional manifestação de nossa parte individual do todo é que o espírito uno se realizará. Realizar a iluminação do Zen é estar em paz com a vida. A partir dessa condição não existe luta e também não existe santuário não há meta a ser alcançada, com ou sem obstáculos no caminho. É um estado onde a vida é como deve ser, iluminada pela luz do sol ou tocada pela chuva. A calma aceitação do ser iluminado é una com o fluxo de vida que se move à nossa volta e através de nós, numa eternidade que jamais termina, sempre desabrochando perfeição dando luz à perfeição. Os grandes mestres zen não faziam coisas especiais com seu tempo disponível, não faziam milagres nem curavam doentes, como disse o mestre Pang-yin: Quão maravilhosamente sobrenatural, e quão miraculoso é isso! Eu pego água e carrego lenha! A vida é especial. Tudo é maravilhosamente sobrenatural, e mesmo os eventos mais comuns são milagres. A pergunta é: compreendemos isso? Vemos a nós mesmos como partes disso ou estamos de algum modo em pé do lado de fora da vida, olhando para dentro? Muitos de nós experimentamos algum pequeno evento, algum diminuto vislumbre de realmente estar no fluxo da vida. Num momento assim sabemos o que significa o Zen. Muitos somos levados a novamente buscar essa experiência, não compreendendo que provavelmente não foi algo que fizemos, e sim algo que não fizemos que nos permitiu entrar no verdadeiro fluxo da vida. Esse é o ensinamento dos mestres zen. Não precisamos fazer coisas extraordinárias, mas temos de parar de fazer coisas fora de propósito, como tentar agarrar a estabilidade num mundo sempre em mutação.
* Eric McGouch é presidente da Sociedade Teosófica na Inglaterra.
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Astrologia e mistérios Ricardo Lindemann é engenheiro civil e astrólogo, licenciado em Filosofia pela UFRGS, presidente dos Sindicato dos Astrólogos de Brasília e membro do Conselho Mundial da Sociedade Teosófica Internacional. Lindemann escreve regularmente para SOPHIA.
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Por que o zodíaco tem
doze signos Ricardo Lindemann
A polêmica do zodíaco ressurgiu em nova forma com o artigo da revista Veja (edição nº 2201) que pretendeu acrescentar-lhe uma décima terceira constelação. Devido a inúmeros pedidos, transcrevo meus três sintéticos parágrafos de resposta àquela publicação, que enviei como presidente do Sindicato dos Astrólogos de Brasília no dia 5 de fevereiro deste ano:
O zodíaco tropical é uma abstração matemática onde todos os doze signos têm rigorosamente trinta graus, enquanto que o zodíaco sideral está baseado em doze constelações ou agrupamentos de estrelas fixas.
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SOPHIA ABRI-JUN/2011
A verdadeira astrologia milenar trabalha prioritariamente com ângulos de 90º (quadraturas) e 120 º (trígonos) entre astros do sistema solar, que dividem o círculo em quatro e três partes respectivamente, donde derivam lógica e matematicamente como seu mínimo múltiplo comum os doze invariáveis signos do zodíaco tropical, como setores iguais da eclíptica, iniciando no ponto equinocial vernal, que determina a origem das estações do ano, conforme foi definido por Ptolomeu na obra Tetrabiblos, no século II d.C.. Portanto, o zodíaco tropical é totalmente independente das constelações que lentamente deslizam no seu fundo ou de qualquer número arbitrário de figuras imaginárias de estrelas agrupadas segundo a mitologia de uma civilização
qualquer que possa pretender interpretar o céu de sua época. Em 1955 surgiu uma evidência científica independente sobre esses mesmos ângulos planetários, quando John Henry Nelson, um engenheiro que não era astrólogo, mas especialista na análise de propagação de ondas curtas da Radio Corporation of America, descobriu a influência de ângulos planetários de 90º e 120 º na previsão de manchas solares com mais de 90% de acerto. Richard Head, do Electronics Research Center da Nasa, investigou esses estudos e considerou-os precisos, pelo que a Nasa adotou o método de Nelson com o nome de vetorização gravitacional. Desde então, não houve qualquer estímulo da comunidade científica, mas apenas uma rara menção de encorajamento para futuras pesquisas, feita por Don C. Maier na revista Infinite Energy (março/abril de 2000). Entretanto, os invariáveis doze signos solares servem para descrever parcialmente características predominantemente mentais e coletivas dos temperamentos humanos, mas obviamente são de todo insuficientes para quaisquer previsões precisas sobre o destino ou karma maduro de um indivíduo, que somente podem ser feitas pelo cálculo individual do mapa astral com 41
todos os ângulos de seus planetas e astros componentes a partir da hora de seu nascimento (horoskopeo, em grego, literalmente observação da hora). Creio que é o momento de enfatizar: a verdadeira astrologia não é e nem deve ser confundida com as tradicionais colunas erroneamente denominadas horóscopo pelas revistas e jornais populares. Parece oportuno citar a Enciclopédia de Astrologia de James Lewis (Makron, 1997): A astrologia do signo solar, o rei da astrologia encontrado nos jornais e revistas femininas, tem a vantagem da simplicidade para decifrar o signo da pessoa, tudo o que se precisa saber é sua data de nascimento porém paga-se o preço de ignorar todas as outras influências astrológicas. A ausência dessas outras influências faz do signo solar um sistema ao acaso, que funciona algumas vezes, mas falha extremamente em outras. Os astrólogos profissionais tendem a ter aversão à astrologia do signo solar, pois estabelece um conceito equivocado sobre a ciência das estrelas (isto é, o conceito de que a astrologia é inteiramente sobre signos solares) e, devido à sua imprecisão, leva os não-astrólogos a rejeitarem toda astrologia como falsa. Foi principalmente durante a grande depressão econômica de 1930, nos Estados Unidos, que jornais e revistas populares expandiram a ideia de divertir a entristecida população com uma suposta coluna de horóscopo com somente doze previsões para todos os seres humanos, uma óbvia tolice. Minha saudosa professora Emma Costet de Mascheville costumava dizer que tal coluna de periódicos deveria chamar-se mesóscopo, uma vez que pretende enquadrar a humanidade em doze signos mensais, mas não utiliza em absoluto o horário em que a pessoa nasceu. 42
Como mencionamos, a palavra grega horoskopeo significa literalmente observação da hora, um fator individualizante que determina o signo ascendente, ou seja, a linha do horizonte de um mapa astral individual a partir do qual se calculam os ângulos planetários com os quais a ciência da astrologia trabalha. Enquanto alguns astrólogos continuarem cedendo à tentação de utilizar jornais e revis-
tas populares que constrangem a milenar ciência da astrologia, confinando-a a fazer previsões de somente doze destinos para toda a humanidade, e não quiserem regulamentar sua nobre profissão, muitos astrônomos continuarão supondo que a astrologia é uma mera superstição que nem merece ser investigada, e assim a velha polêmica do zodíaco não terá fim. Nosso milenar zodíaco tropical
O zodíaco tropical está estabelecido nas relações do movimento da Terra com o Sol e não com as estrelas do zodíaco sideral, que permanecem no fundo. E assim nós temos a simbologia básica da astrologia baseada nos aspectos de trígono e quadratura.
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tem origem greco-romana, e, como mencionamos, doze invariáveis divisões iguais chamadas signos, da mesma forma que o zodíaco egípcio, o hindu, o chinês, etc., ainda que cada um com suas respectivas mitologias diferentes, onde os signos são eventualmente representados por outros símbolos, mas que pretendem representar as mesmas doze características gerais dos temperamentos humanos.
A verdadeira astrologia Em meu livro A Ciência da Astrologia e as Escolas de Mistérios, (Ed. Teosófica, 2006), pude desenvolver mais detalhadamente esse assunto, como segue: É importante, porém, perceber que o zodíaco tropical é uma abstração matemática, com referência no ponto vernal ou zero grau de Áries, onde todos os doze signos têm rigorosamente trinta graus; en-
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quanto que o zodíaco sideral está baseado em doze constelações ou agrupamentos de estrelas fixas. Há, portanto, um constante questionamento, principalmente por parte de alguns astrônomos que não parecem ter estudado astrologia, de querer inserir novas constelações no zodíaco sideral, como Ophiuchus (ou Serpentário), Cetus (ou Baleia), etc. Na astrologia ocidental, o zodíaco sideral ou fixo é usado para o cálculo das eras, que são períodos de 2.150 anos que afetam a humanidade como um todo, mas não para o cálculo do mapa astral de nascimento de um indivíduo, que é baseado no zodíaco tropical ou móvel. Deve, portanto, ficar claro que os signos não coincidem com as constelações, seja porque algumas delas têm mais ou menos de trinta graus de extensão, seja porque devido ao movimento de precessão dos equinócios descoberto por Hiparco no século II a.C., que tem um ciclo de doze eras ou um grande ano de cerca de 26.000 anos terrestres , o ponto do equinócio vernal desliza em relação às constelações das estrelas fixas aproximadamente um grau a cada 72 anos, ou, mais precisamente, 50,26 por ano. Assim, nós fazemos uma abstração do céu, que é o zodíaco tropical ou matemático dividido exatamente pelas linhas básicas dos equinócios, que são os dias 21 de março e 23 de setembro (início de Áries e Libra, respectivamente), quando os dias e as noites têm a mesma duração; e a linha dos solstícios que vai de Câncer a Capricórnio, pois o Sol se projeta no Trópico de Câncer no dia 21 de junho, e no Trópico de Capricórnio em 21 de dezembro. Portanto, o zodíaco tropical ou móvel está estabelecido nas relações do movimento da Terra com o Sol e não com as estrelas do zodíaco sideral ou fixo, que permanecem no 4343
fundo. E assim nós temos a simbologia básica da astrologia baseada nos aspectos de trígono e quadratura, que podem ser considerados como leis de fluxo de energia na natureza, que determinam inevitavelmente a divisão em doze partes iguais, como já vimos, e, por decorrência, com 30o para cada signo. Podemos imaginar os dois zodíacos como círculos concêntricos, onde o zodíaco móvel ou tropical desliza com seus invariáveis doze signos dentro do zodíaco fixo, também chamado sideral ou das constelações de estrelas fixas. O zodíaco tropical, portanto, é basicamente um pano de fundo ou ábaco de cálculo, como se fosse um grande transferi-
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dor que desliza para calcular ângulos, sobre o qual os astrólogos e astrônomos da Antiguidade faziam seus cálculos de ângulos planetários, sendo que, por comodidade, usavam apenas como referência prática as estrelas fixas e suas constelações ainda mais ao fundo, uma vez que ainda não haviam descoberto o telescópio e outros instrumentos que facilitam determinar a posição dos astros no céu. Essas constelações ou agrupamentos de estrelas é que podem variar em tamanho, quantidade ou extensão segundo a imaginação e mitologias das culturas que interpretam ou imaginam estar vendo alguma figura no céu a partir das posições das estrelas. Curioso é que raramente perguntem aos astrólogos por que na astrologia nem sequer se mencionam as outras constelações do céu que estão fora da eclíptica, mas são muito mais numerosas. Por exemplo, por que não inventam o signo do Cruzeiro do Sul ou da Ursa Menor? A resposta é a mesma que já mencionamos: porque os planetas não passam nessas áreas do céu, portanto ali não se podem calcular os ângulos planetários... A antiga Via Solis (literalmente Caminho do Sol) ou As dificuldades do cálculo astronômico tornaa atual Eclíptica é ram a verdadeira astrologia inacessível ao públio caminho ou trajetória da passaco, mas a era da informática vencerá esse obstágem da projeção culo, produzindo evidências e obrigando a ciên-
cia a adequar seus paradigmas ao peso dos fatos. 44
do Sol no céu, que arrasta consigo os planetas que em torno dele orbitam, e, portanto, o cinturão zodiacal é aquela estreita faixa do céu onde os planetas podem ser encontrados. Isso abrange apenas uma faixa de oito graus ao norte e ao sul dessa linha média que é a eclíptica, pois os planetas do sistema solar não apresentam latitudes celestes que excedam essa faixa. Como mencionamos em nosso artigo anterior Os planetas e a escola da vida, nesta mesma coluna: Os planetas agem, por analogia, como amplificadores da energia dos signos. Pode-se quase dizer que onde os planetas não passam a astrologia não acontece. Temos, assim, enfatizado sistematicamente que a essência da verdadeira astrologia está no cálculo e na interpretação dos ângulos planetários. As dificuldades do cálculo astronômico sempre tornaram a verdadeira ciência milenar da astrologia inacessível ao grande público, mas a era da informática vencerá esse obstáculo, facilitando o estudo de mapas astrais individuais e produzindo evidências em um volume estatisticamente irrefutável. Dessa forma, obrigará a ciência contemporânea a adequar seus paradigmas ao peso dos fatos, dignando-se a investigar imparcialmente a astrologia. Como respondeu Isaac Newton (em 1860), ao descobridor do Cometa de Halley, que questionava as bases da astrologia: Senhor, eu a tenho estudado, o senhor não. Uma enorme transformação ocorrerá em nosso mundo quando, pela pressão de evidências, a humanidade compreender que o destino ou o karma maduro existem e podem ser lidos pelos ângulos dos astros, que o universo é ordenado e não um mero fruto caótico do acaso, e que há um profundo significado pedagógico em tudo que nos acontece, porque é o efeito de nossos pensamentos, ações e desejos do passado. SOPHIA ABRI-JUN/2011
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Conheça as publicações da
O Poder Transformador do Cristianismo Primitivo Raul Branco O autor foi especialmente feliz em colocar em linguagem simples a resposta a questionamentos sobre a vida espiritual formulados por aqueles que querem entender a mensagem bíblica e as doutrinas cristãs. O leitor será levado a concluir que os ensinamentos essenciais de Jesus são tão relevantes para nossa sociedade como foram para os primeiros seguidores do Caminho. Seu resgate poderia ser considerado como uma obra da Providência Divina. Todo devoto sincero que busca conhecer o âmago dos ensinamentos de Jesus encontrará neste livro a resposta a seus anseios. O autor apresenta, de forma sistematizada, os ensinamentos e as práticas espirituais essenciais que, ao longo dos séculos, levaram tantos milhares de cristãos à experiência de Deus e, finalmente, à união com o Pai, geralmente referida como a Ascensão ao Céu. Entre os temas examinados estão os fundamentos práticos da vida ética, o despertar do Cristo interior, o conhecimento da verdade que nos libertará, as chaves para a interpretação da Bíblia e as práticas espirituais para o exercício da contemplação.
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A Gnose Cristã C.W. Leadbeater Poucos sabem que havia padres reencarnacionistas na Igreja Cristã do Egito até o século III, como São Clemente de Alexandria e seu discípulo Orígenes, e que somente em 543 esse ensinamento foi considerado herético. Neste livro revolucionário, o bispo C.W. Leadbeater ousa reinterpretar conceitos básicos do Cristianismo, como a salvação, a crucificação, a ressurreição, a ascensão, a remissão dos pecados, a parábola do filho pródigo, todos à luz do progresso da alma através de sucessivas reencarnações. Tal interpretação, devidamente apoiada nas Escrituras, é fundamentada na Gnose (do grego gnosis, conhecimento), ou sabedoria esotérica do Cristianismo primitivo, que permanecia oculta às pessoas do povo. Jesus sem parábolas nunca lhes falava; porém tudo declarava em particular aos seus discípulos (Marcos 4:34). O questionamento desses Mistérios do reino de Deus (Marcos 4:11) é o desafio que o leitor é convidado a investigar.
Pensamentos para Aspirantes ao Caminho Espiritual N. Sri Ram Este livro é uma compilação de pensamentos inspiradores, excertos escolhidos de diversos textos do autor, divididos em temas como autorrealização, verdade, sabedoria, liberdade, paz, fraternidade, felicidade, beleza, amor. Sua linguagem humana, simples e profunda o tornam acessível e recomendável a todos. O autor busca lembrar-nos daquele estado de felicidade e harmonia naturais que geralmente perdemos em nossas agitadas vidas diárias, mas que sempre aspiramos por reencontrar. Contudo, essa aspiração nem sempre é consciente e clara, tornando-se, por isso, valiosa a meditação em pensamentos de natureza inspiradora.
Teosofia Simplificada Irving Cooper Esta obra traz ideias sobre o sentido da vida e da morte, o destino, o livre-arbítrio e as possibilidades da evolução do homem. Esse conjunto de ideias, que resultam de um estudo comparativo de filosofia, ciência e religião, de uma forma racional e não dogmática, constitui a filosofia esotérica, ou Teosofia simplificada. A Teosofia propriamente dita significa, literalmente, sabedoria divina, e se caracteriza por um estado de consciência espiritual que transcende qualquer teoria criada pelo pensamento humano. Dessa forma, este livro, utilizando os conceitos da filosofia esotérica, aponta na direção da verdadeira Teosofia, que é essencialmente vivência e se desvenda numa relação harmônica com a vida dos seres, na totalidade integrada da natureza. SOPHIA ABRI-JUN/2011
Editora Teosófica
A Vida Espiritual Annie Besant Annie Besant é conhecida por suas conferências e seus numerosos livros, onde enfatiza aspectos práticos da vida espiritual: a espiritualidade no mundo, as dificuldades no dia a dia, Teosofia e ética, a devoção, a senda espiritual e o destino evolutivo futuro. Este livro é uma constante meditação sobre pontos essenciais da vida espiritual. É uma coletânea de artigos publicados em The Theosophical Review, editada por A. Besant e G. R. S. Mead em Londres, e de palestras proferidas durante suas viagens pelo mundo. Sete maneiras fáceis de comprar nossos livros: 1. Ligue grátis: 0800-610020 2. Peça por fax 3. Peça por correspondência 4. Cheque nominal 5. Depósito bancário 6. Cartão Visa 7. Visite nosso site: www.editorateosofica.com.br
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Vegetarianismo e Ocultismo C. W. Leadbeater e Annie Besant
Apolônio de Tiana G.R.Mead
Os aspectos ocultos do vegetarianismo são enfocados neste livro por C.W. Leadbeater e Annie Besant. Como o ocultismo considera o vegetarianismo? Por que a filosofica esotérica recomenda a prática do vegetarianismo? Qual nosso dever ético com os animais? Essas perguntas são respondidas ao longo desta obra, com destaque para a responsabilidade e a influência do homem como um agente da natureza no mundo.
A vida peculiar de Apolônio de Tiana tem paralelos com a de Pitágoras. Era movido por profunda sabedoria e pela compaixão por seus semelhantes, que o animavam em suas constantes peregrinações pelos países da Europa e Oriente Médio, chegando à Pérsia e à Índia. Suas faculdades paranormais de cura e sua capacidade de fazer previsões e ver acontecimentos à distância causavam impacto. Ele entendia todos os idiomas, mesmo sem os haver estudado, o que indica a capacidade de ler a mente dos interlocutores sem as barreiras da linguagem.
Editora Teosófica SGAS quadra 603, conj. E, s/nº Brasília-DF - CEP 70.200-630 Fone: 61-3322-7843 Fax: 61-3226-3703 E-mail:
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Meditação Taoísta Métodos para Cultivar a Saúde da Mente e do Corpo Thomas Cleary (comp.) As antigas técnicas de meditação do taoísmo incluem um conjunto de práticas cuja meta é cultivar a saúde do corpo e alcançar a iluminação da mente. Os textos deste volume, selecionados de obras clássicas, apresentam as mais diferentes técnicas de meditação, desde a prática de sentar para meditar até a alquimia interior, e são editados pela primeira vez em língua portuguesa. Parte da popularidade do taoísmo no Ocidente deve-se ao fato de que ele, além de científico, é também humanista e espiritual. O taoísmo pode ser entendido e praticado dentro da estrutura de outras religiões, ou sem qualquer conotação religiosa. Esta adaptabilidade pode explicar a penetração do taoísmo nas culturas ocidentais. Este livro é um instrumento de trabalho para eliminar as causas do sofrimento e desenvolver o potencial para a felicidade e a harmonia.
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Peça pelo número! Ligue grátis: 0800-610020 1. Além do Despertar - Textos do Mestre Hakuin sobre Meditação Zen: 23,00 2. Alvorecer da Vida Espiritual, O - Murillo Nunes de Azevedo: 25,00 3. Apolônio de Tiana - G. R. S. Mead: 23,00 4. Aprendendo a Viver a Teosofia, Radha Burnier, R$ 31,00 5. Aspectos Espirituais das Artes de Curar - Dora van Gelder Kunz: 39,00 6. Autocultura à Luz do Ocultismo - I. K. Taimni: 37,00 7. Autoconhecimento - Marcos Resende: 18,00 8. Bhagavad-Gita - Trad. Annie Besant: 12,00 9. Caminho do Autoconhecimento, O - Radha Burnier: 11,00 10. Cartas dos Mahatmas para A. P. Sinnett, Vol. 1 - Mahatmas K. H. e M.: 45,00 11. Cartas dos Mahatmas para A. P. Sinnett, Vol. 2 - Mahatmas K. H. e M.: 48,00 12. Cartas dos Mestres de Sabedoria - C. Jinarajadasa: 38,00 13. Chamado dos Upanixades, O - Rohit Mehta: R$ 37,00 14. Chave para a Teosofia, A - H. P. Blavatsky: 34,00 15. Chegando Aonde Você Está - A Vida de Meditação - Steven Harrison: 31,00 16. A Ciência da Astrologia e as Escolas de Mistérios - Ricardo Lindemann: 49,00 17. A Ciência da Meditação - Rohit Mehta: 35,00 18. Ciência do Yoga - I. K. Taimni: 43,00 19. Conheça-te a Ti Mesmo - Valdir Peixoto: 15,00 20. Conquista da Felicidade, A - Kodo Matsunami: 23,00 21. Consciência e Cosmos - Menas Kafatos & Thalia Kafatou: 34,00 22. Contos Mágicos da Índia - Marie Louise Burke: 21,00 23. Criança Encantada, A [livro de bolso] - C. Jinarajadasa: 11,00 24. Dentro da Luz - Cherie Sutherland: 31,00 25. Desejo e Plenitude - Hugh Shearman: 15,00 26. Despertar da Visão da Sabedoria, O Tenzin Gyatso, 14º Dalai Lama: 22,00 27. Despertar de Uma Nova Consciência, O Joy Mills: 17,00 28. Doutrina do Coração, A - Annie Besant: 18,00 29. Em Busca da Sabedoria - N. Sri Ram: 26,00 30. Escolas de Mistérios, As - Clara Codd: 33,00 31. Estudos Seletos em A Doutrina Secreta Salomon Lancri: 21,00 32. Fim da Divindade Mecânica, O - John David Ebert (comp.): 33,00
33. Fotos de Fadas - Edward L. Gardner: 17,00 34. Fundamentos da Filosofia Esotérica - H. P. Blavatsky: 15,00 35. Gayatri - O Mantra Sagrado da Índia - I. K. Taimni: 26,00 36. Gnose Cristã, A - C. W. Leadbeater: 32,00 37. Helena Blavatsky - Sylvia Cranston: 63,00 38. Hino de Jesus, O - G. R. S. Mead: 13,00 39. Histórias Zen - Paul Reps (comp.): 27,00 40. Homem: sua Origem e Evolução, O - N. Sri Ram: 17,00 41. Ideais da Teosofia, Os - Annie Besant: 23,00 42. Idílio do Lótus Branco, O - Mabel Collins: 20,00 43. Inteligência Emocional - As Três Faces da Mente - Elaine de Beauport & Aura Sofia Diaz: 47,00 44. Introdução à Teosofia - C.W. Leadbeater: 15,00 45. Investigando a Reencarnação - John Algeo: 24,00 46. Libertação do Sofrimento, A - Alberto Brum: 21,00 47. Luz e Sombra - Emma Costet de Mascheville: 16,00 48. Luz no Caminho - Mabel Collins: 11,00 49. Meditação - Sua Prática e Resultados Clara M. Codd: 15,00 50. Meditação - Um Estudo Prático - Adelaide Gardner: 22,00 51. Meditações: Excertos das Cartas dos Mestres de Sabedoria - Katherine A. Beechey (comp.) [livro de bolso] - 11,00 52. Meditação Taoísta - Thomas Cleary (comp.): 20,00 53. Mundo Oculto, O - A. P. Sinnett: 30,00 54. Natal dos Anjos, O - Dora van Gelder Kunz - 11,00 55. Ocultismo Prático - Helena Blavatsky: 11,00 56. Ocultismo, Semi-ocultismo e Pseudoocultismo - Annie Besant: 12,00 57. Pensamentos para Aspirantes ao Caminho Espiritual - N. Sri Ram: 20,00 58. Pérolas de Sabedoria - Sri Ramana Maharshi: 25,00 59. Pés do Mestre, Aos - J. Krishnamurti: 11,00 60. Pistis Sophia - Trad. Raul Branco: 48,00 61. Poder da Sabedoria, O - Carlos Cardoso Aveline: 25,00 62. Poder da Vontade, O - Swami Budhananda: 12,00 63. Poder Transformador do Cristianismo Primitivo, O - Raul Branco: R$ 20,00 64. Potência do Nada, A - Marcelo Malheiros: 23,00
65. Preparação para Yoga - I. K.Taimni: 22,00 66. O Processo de Autotransformação - Vicent Hao Chin Jr.: 33,00 67. Princípios de Trabalho da Sociedade Teosófica - I. K.Taimni: 12,00 68. Raja Yoga - Wallace Slater: 20,00 69. Regeneração Humana - Radha Burnier: 21,00 70. Rumo a uma Mente Sábia e uma Sociedade Nobre - Radha Burnier e outros: 18,00 71. Sabedoria Antiga, A: 37,00 72. Sabedoria Antiga e Visão Moderna Shirley Nicholson: 32,00 73. Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada, A Geoffrey Hodson: 67,00 74. Saúde e Espiritualidade - Geoffrey Hodson: 14,00 75. Segredo da Autorrealização, O - I. K. Taimni: 20,00 76. Senda Graduada para a Libertação, A Geshe Rabten: 14,00 77. Senda para a Perfeição, A Geoffrey Hodson: 15,00 78. Suprema Realização através da Yoga, A Geoffrey Hodson: 29,00 79. Sussurros da Outra Margem - Ravi Ravindra: 23,00 80. Teatro da Mente, O Henryk Skolimowski: 24,00 81. Teia de Maya, A - Atapoã Feliz: 17,00 82. Teosofia como os Mestres a Vêem Clara Codd: 33,00 83. Teosofia Simplificada - Irving Cooper: 19,00 84. Tradição-Sabedoria, A - Pedro Oliveira e Ricardo Lindemann: 19,00 85. Três Caminhos para a Paz Interior Carlos Cardoso Aveline: 25,00 86. Tudo Começa com a Prece - Madre Teresa de Calcutá: 23,00 87. Vegetarianismo e Ocultismo - C. W. Leadbeater - Annie Besant: 18,00 88. Vida de Cristo, A - Geoffrey Hodson: 43,00 89. Vida e Morte de Krishnamurti Mary Lutyens: 35,00 90. Vida Espiritual, A - Annie Besant: 26,00 91. Vida Interna, A - C. W. Leadbeater: 39,00 92. Visão Espiritual da Relação Homem & Mulher, A - Scott Miners (comp.): 31,00 93. Viveka-Chudamani - A Joia Suprema da Sabedoria - Shankara: 27,00 94. Vivência da Espiritualidade, A - Shirley Nicholson: 13,00 95. Você Colhe o que Planta Antonio Geraldo Buck: 15,00 96. Wen-tzu - A Compreensão dos Mistérios Ensinamentos de Lao-tzu: 29,00 97. Yoga - A Arte da Integração Rohit Mehta: 41,00 98. Yoga do Cristo - No Evangelho de São João, A - Ravi Ravindra: 33,00
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A Sociedade Teosófica foi fundada em Nova Iorque em 1875 por um grupo que inclui a russa Helena Blavatsky e o norte-americano Henry Olcott, seu primeiro presidente. A sede internacional foi transferida para Chennai, na Índia, onde se encontra hoje. A Sociedade tem sedes em mais de 60 países e divide-se em Seções Nacionais formadas por Lojas e Grupos de Estudos. A Sociedade Teosófica estrutura-se sobre o princípio da fraternidade universal e a livre investigação da verdade. Seus objetivos são formar um núcleo da fraternidade universal da humanidade; encorajar o estudo de religião comparada, filosofia e ciência; investigar as leis da natureza e os poderes latentes no homem. Membros de diversas religiões se filiaram à Sociedade, mantendo suas tradições.
Considerando que ela não é uma religião nem uma seita, somente o respeito à liberdade de pensamento torna possível a convivência harmônica que favorece a investigação e o aprendizado. A origem da palavra theosophia é grega (sabedoria divina). Quem primeiro utilizou esse termo foi Amônio Saccas, em Alexandria, no século III d.C, que, juntamente com seu discípulo Plotino, fundou a Escola Teosófica Eclética. Esses filósofos neoplatônicos não buscavam a sabedoria apenas nos livros, mas através de correspondências da alma com o mundo e a natureza. A Sociedade Teosófica moderna, sucessora dessa antiga escola, almeja a busca da sabedoria não pela crença, mas pela investigação da verdade que se manifesta na natureza e no homem.
GÖLIN DOORNEWEERD
O que é a Sociedade Teosófica
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da Sociedade Teosófica no Brasil ED. TEOSÓFICA
Nelda Samarel apresentará palestras no Instituto Teosófico de Brasília e no Centro Raja, em São Paulo, sobre O Toque Terapêutico, A Cura e As Formas de lidar com a morte.
Instituto Teosófico de Brasília (Paraíso na Terra) De 11 a 17 de julho de 2011 Reservas e informações com Sane: (61) 3226-0662 e 3226-1036 ou
[email protected] Palestrante: Nelda Samarel Doutora em Educação e Enfermagem, professora aposentada da Universidade de William Paterson (Nova Jersey, EUA), pesquisadora dos efeitos das intervenções de enfermeiras (incluindo o Toque Terapêutico) na qualidade de vida de pacientes de câncer de mama e de próstata
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[email protected] Florianópolis-SC G.E.T. Florianópolis: R. José Francisco Dias Areias, 390, Trindade, CEP: 88036-120. Tel: (48) 3333-2311, 3333-2311, 9960-0637 (Adolfo). Reuniões: última 3ª do mês, 20h. Fortaleza-CE Loja Unidade: Endereço: R. Rocha Lima, 331, Centro, CEP 65000-010. Reuniões: domingo 9h e 5ª 19h20. Tel: (85) 3214-2392. Reuniões: 5ª, 19h20. E-mail:
[email protected] Goiânia-GO G.E.T. Sophia: Rua 2, nº 320 apto. 801, Uirapuru, Setor Central, CEP 74023-150. Reuniões: Sábados 17h. E-mail:
[email protected] João Pessoa-PB Lj. Esperança: Av. Argemiro de Figueiredo, 2957, s. 203, Ed. Empresarial, Bessa. CEP 58035030. Tel: (83) 3246-1478, 9117-4488 ou 8866-5051. E-mail: lojaesperanç
[email protected] Porto Alegre-RS Loja Dharma: Rua Voluntários da Pátria, 595, s. 1408. CEP: 90039-900. Tel: (51) 3225-1801. Site: www.lojadharma.org.br. Reuniões: 4ª, 20h (membros); sábado, 17h e 19h (público). Loja Jehoshua: Praça Osvaldo Cruz, 15, Ed. Coliseu, s. 2108, Centro. CEP: 90030-160. Tel.: (51) 3328-4448. Reuniões: 3ª, 20h. E-mail:
[email protected] Recife-PE Loja Estrela do Norte: R. Diogo Álvares, 155, Torre. CEP: 54420-000. Tel: (81) 3459-1452. Reuniões: domingo, 16h. E-mail: lojaestreladonorte
@sociedadeteosofica.org.br Rio de Janeiro-RJ Loja Augusto Bracet: R. General Roca, 380/102, bl. B, Tijuca. CEP: 20521-070. Tel: (21) 2569-9978. E-mail:
[email protected]. Reuniões: 4ª, 15h. Lojas Conde de Saint Germain, Jinarajadasa, Nirvana, Perseverança e Rio de Janeiro: Av. 13 de Maio, nº 13, s. 1.520, Centro, Cep 20053-901. Tel: (21) 2220-1003. Loja Conde de S.Germain: Reuniões 2ª, 14h. Loja Himalaia: Tel (21) 2710-3890. Loja Jinarajadasa: Reuniões 3ª, 16h. Site: www.lojajinarajadasa.com. Loja Nirvana: Reuniões 6ª, 17h30. Loja Perseverança: Reuniões 5ª, 14h30. E-mail:
[email protected] Loja Rio de Janeiro: Reuniões sáb. 16h. Salvador-BA Loja Kut-Humi: R. das Rosas, 646, Pq. N. S. da Luz, Pituba. CEP: 41810-070. Tel: (71) 3353-2191 / 99191065. E-mail:
[email protected]. Site: www.sociedadeteosofica.org.br/teobahiaReuniões: sáb., 16h. São Paulo-SP Loja Amizade: R. Mituto Mizumoto 301, Liber-
dade. CEP: 01513-040. Tel: (11) 3271-3106. Reuniões: 3ª, 20h. Loja Liberdade: R. Anita Garibaldi, 29, 10º andar. CEP: 01018-020. Tel: (11) 3256-9747. Reuniões: 6ª, 20h. E-mail:
[email protected] e
[email protected] Loja Raja Yoga: R. Mituto Mizumoto 301, Liberdade. CEP: 01513-040. Tel: (11) 3271-3106. Reuniões: 6ª, 20h. E-mail: lojarajayoga@ sociedadeteosofica.org.br Loja São Paulo: R. Ezequiel Freire, 296, Santana (imediações metrô Santana). CEP: 02034-000. Tel: (11) 5661-1383. Site: groups. yahoo.com/ group/ltsp-sampa. E-mail: ltsp-sampaowner@ yahoogroupps.com. Reuniões: dom. 17h30. Vitória-ES Loja Sabedoria Universal: Tel: 3340-028 (Sr. Alcione). E-mail:
[email protected]. Reuniões: 1ª terça do mês, 20h. Loja Sabedoria Universal: R. Coração de Maria, 215, ap. 801, Praia do Canto, CEP 29.100-013. G.E.T. Blavatsky - Espaço Luz: R. Odete de Oliveira Lacourt, 610, Loja 1, Jardim da Penha. CEP 29060-050. Tel (27) 3227-8249. E-mail:
[email protected]. Reuniões: 3ª, 19h30.
Outras cidades
Juazeiro do Norte-CE G.E.T. Ashrama: R. Santa Rosa, 835, Salesianos. CEP: 63010-440. Tel: (88) 3511-2905. Reuniões: domingo, 15h. E-mail:
[email protected] Juiz de Fora-MG Loja Estrela DAlva: Av. Barão do Rio Branco, 2721, s. 1006, Centro. CEP: 36025-000. Tel: (32) 3061-4293. Reuniões: 2ª, 4ª, sáb., 18h15. Jundiaí-SP G.E.T Jundiaí: R. Santa Lúcia, 25, Chácara Urbana, CEP 13201-834. Fone: (11) 4586-5022 e 97002012. Reuniões: 5ª, 20h. E-mail: Luciano.Irlanda@ yahoo.com.br. Site: www.rosemeiredealmeida.com Mogi das Cruzes-SP Loja Raimundo Pinto Seidl: Rua Bráz Cubas, 251, sala 14, 1º andar, Centro. CEP: 08715-060. Tel: (11) 4799-0139. Reuniões: sábado, 15h30. Niterói-RJ Loja Himalaya: R. da Conceição 99, s. 207, Centro. CEP 24020-090. Tel: (21) 2710-3890, 2611-6949. Reuniões: 2ª, 19h. Piracicaba-SP Loja Piracicaba: R. Sta Cruz, 467, Alto. CEP: 13416763. Tel: (19) 3432-6540. Reuniões: 3ª e 5ª, 20h. Email:
[email protected]. Praia Grande-SP Get Thoth: R.Maurício José Cardoso, 1086, Forte. CEP 11700-140. Tel: (13) 3474-5180. Reuniões: 2ª, 20h. E-mail:
[email protected] Ribeirão Preto-SP G.E.T Ahimsa: R. João Penteado, 38, Jardim Sumaré, CEP 14020-180. Fones: (16) 3024-1755 e 9144-1780. Reuniões: Sáb., 16h. E-mail: getahimsa @sociedadeteosofica.org.br São Caetano do Sul-SP G.E.T. do Grande ABC: R. Marechal Deodoro, 904, Santa Paula. CEP 09541-300. Tel: (11) 4229-7846. Reuniões: 3ª, 20h. E-mail:
[email protected] São José dos Campos-SP Loja Vida Una: R. General Osório, 48, Vila Ema. CEP: 12216-590. Reunião: 3ª 19h. E-mail:
[email protected] Uberlândia-MG G.E.T Uniconsciência: ESP. SAMSARA, Av. Cesário Alvim, 619, Centro. CEP 38400-000. Tel: (34) 32368661. E-mail:
[email protected]. Reuniões: Sáb., 16h.
Águas de São Pedro-SP G.E.T. Águas de São Pedro: Rua Pedro Boscariol Sobrinho, nº 95, SP. CEP: 13525-000. Telefone: (19) 3482-1009. Reuniões: 5ª, 20h. Balneário Camboriú-SC G.E.T. Luz no Caminho: R. 2.700, nº 350, CEP 88.300-000. Tel: (47) 3046-0069 e 8401-4412. Reuniões: quinzenalmente, domingo às 17h30. E-mail:
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