investigação empreendido por Grotowski até 1999, mas, por outro lado, mudanças contundentes em comparação à montagem anterior foram empreendidas em Apocalypsis; Apocalypsis; mudanças essas que não permitem encarar esse espetáculo apenas como uma continuação daquilo que havia sido desenvolvido exclusivamente com Cieslak na criação do protagonista. Embora tenha sido possível apontar algumas similitudes relativas às etapas e aos procedimentos metodológicos empenhados, e também à organicidade e ao trabalho sobre si como aspectos de ligação entre os dois processos, uma série de indícios analisados demonstraram que a última produção do Teatro Laboratório não foi uma reprodução do “Ato Total” de Cieslak para os demais membros do grupo, como deixaram a entender os comentários de Osinski (1979, p. 57) e Kumiega (1985, p. 92). As ideias de renúncia e de crise, muito enfatizadas por Grotowski (2007), em sua análise dedicada ao processo de criação desse espetáculo – o texto “Sobre a Gênese de Apocalypsis” Apocalypsis” –, também mencionadas por Flaszen (1978), Kumeiga (1985) e Motta-Lima (2008), devem ser compreendidas através da noção à organicidade encarada não como um conceito teórico ou como uma fórmula, mas como um novo “campo de investigação”. Como sintetizou Motta-Lima (2008), na criação de Apocalypsis, Apocalypsis, Grotowski e seus companheiros sentiram a necessidade de fazer uma série de renúncias: - renúncia aos estereótipos do próprio trabalho realizado até então; - renúncia aos métodos e aos procedimentos técnico-criativos já desenvolvidos; - renúncia a qualquer tipo de truque de encenação; - renúncia à obrigação de estrear e de finalizar a “obra” obra”; - renúncia ao profissionalismo técnico dos atores que conduziria à imitação. Todas essas renúncias se fizeram imperativas em benefício de uma penetração vertical nas relações ator-ator, ator-diretor e ator-espectador, relação essas propositalmente distintas dos papéis convencionais de ator, de diretor e de público. Nesse contexto, observa-se uma maior centralidade dada à noção de encontro, tanto nas experimentações práticas, quanto no discurso teórico 151