Revista da Loja Quetzalcoatl, Ordo Templi Orientis
O AMOR DO ANJO A relAção do Adepto co com mo SAgrAdo Anjo guArdião pode Se Ser r compreendidA como umA relAção de Amor – e de AmAnteS. pág. 6
Índice Editorial
pág. 3 Notícias
pág. 3 Guro, Quem é Esse?
pág. 4 O Amor do Anjo
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Estudos
A Árvore da Vida pág. 12 Biblioteca Thelêmica
O Chamado do 8º Aethyr pág. 15 Hooráculo
pág. 18
escreva para nós! Além de ajudar a melhorar nosso trabalho com sua opinião, aproveite nosso espaço de comunicação para tirar dúvidas, dar ideias e manter contato com os membros da O.T.O. no Brasil. E-mails para:
[email protected]
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editorial
notÍcias
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empre polêmico, o tema do Sagrado Anjo Guardião é um assunto recorrente dentro de Thelema tanto devido a sua importância como também à natureza individual de sua experiência.
Aniversário da Loja Quetzalcoatl No dia 23 de maio e.v., a Loja Quetzalcoatl comemorou 13 anos de existência: treze anos de trabalho iniciático e promulgação da Lei de Thelema no Rio de Janeiro e no Brasil!
O S.A.G. é nossa centelha Divina, nosso Deus Pessoal, nosso(a) Bem Amado(a) a cujos braços nós ansiamos retornar e nalmente encontrar União.
Registramos aqui mais uma homenagem a todos da nossa Loja, que azem e zeram parte do trabalho que nos trouxe até aqui.
Esta é nossa Religião.
Parabéns a todos nós! Sucesso seja a nossa prova.
Em Thelema a Grande Obra se dá através do conhecimento e conversação com o S.A.G., sendo este o portal para a identicação de nossa Verdadeira Vontade e que nos possibilita o cumprimento da mesma. Certamente encontaremos em nosso caminho Individual outras estrelas em suas próprias trilhas e seus raios nos tr arão um pouco mais de luz, no entanto é preciso cuidado com os budas que andam por aí vendendo caminhos, certezas e soluções às multidões perdidas e camableantes em seu sonambolismo... pois se seguires suas pegadas certamente não será a Tí que encontrarás.
Três anos da Revista Estrela Rubi É com muita satisação que, nesta edição 12, comemoramos três anos de existência da Revista Estrela Rubi. Gostaríamos de agradecer a todos os leitores que têm nos acompanhado e que contribuíram para nosso desenvolvimento com comentários, sugestões e críticas. Não seria possível produzir um material desta qualidade sem todos vocês! Esperamos sempre continuar inormando, gerando debate, divulgando a Lei de Thelema e atendendo a demanda de nossos Irmãos, Irmãs e estudantes sérios.
Então se vires o buda na rua, mata-o!
Solstício de Inverno Celebramos mais um Solstício de Inverno. Como na hora da meia-noite do Sol, a Natureza recolhe suas orças e se reugia em si mesma, ormulando-se pacientemente. Assim como Kephra conduz o Sol através da madrugada, a semente de um novo ciclo se prepara, em silêncio. Seu forescer será aguardado em paz por todos nós. A Loja Quetzalcoatl deseja um calmo inverno a todos.
Frater apollôn lycaeus Mestre da Loja QuetzaLcoatL - rio de janeiro
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o g i t r A
Disse então a deusa: “Saudações, Oh Deus, senhor dos deuses, altíssimo entre os altos, proessor do universo, benevolente, Oh grande Deus, que me iniciou no conhecimento do meu Guro”. Essa passagem vem de uma antiga escritura hindu que narra uma conversa entre o deus Shiva e a deusa Par vati. Nela são descritos e armados os princípios norteadores do guru dentro da losoa hindu. Quem é o guru? Podemos buscar mais inormações em outras ontes. Uma bem elucidativa sobre o assunto é o Advaya Taraka Upanishad, outro livro sagrado da Índia antiga, que diz:
gUrU, qUem É esse? Uma breve conversa , Um simples
estUdo qUe bUsca resgatar nas origens hindUs do termo, o significado da palavra gUrU e sUa correlação com o objetivo de trabalho dentro de thelema
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m janeiro, ministrei uma das palestras abertas da Loja Quetzalcoatl com o tema de Cakras. Esse artigo será bem interessante para aqueles que estiveram presentes, porém, para não deixar os demais leitores “na mão”, arei um pequeno resumo do material apresentado: Caríssimos amigos! Faze o que tu queres será o todo da Lei .
l t a o c l a z t e u Q a j o L — s i t n e i r O i l p m e T o d r O
Hoje alaremos sobre um assunto que talvez seja novo para alguns, mas que provavelmente será simples para outros. Falaremos de uma igura muito alada, mas pouco conhecida na sociedade desse lado do planeta Terra. Hoje alaremos sobre o papel do guru. Om namo deva devesa paratpara jagadguro Sadasiva mahadeva gurudiksam pradehi me.
Um proessor realmente competente é versado nos Vedas, um devoto de Vishnu, livre de inveja, puro, um conhecedor de Yoga, dedicado a Yoga, sempre tendo a natureza do Yoga. Ele, que é equipado com devoção ao seu próprio proessor, que é especialmente um conhecedor de Si - aquele que possui estas virtudes é designado como um guru. A sílaba gu signifca escuridão. A sílaba ru signifca o destruidor dessa escuridão. Por causa da capacidade de destruir as trevas, ele é chamado de guru. O proessor sozinho é o supremo Absoluto. O proessor sozinho é o caminho supremo. O proessor sozinho é o conhecimento supremo. O proessor sozinho é a suprema estância. O proessor só é o limite supremo. O proessor só é suprema riqueza. Porque ele é o proessor da Realidade não-dual, ele é o mestre maior do que qualquer outro proessor. Ele az com que as escrituras sejam recitadas, mesmo já estando liberado do triste ciclo de existência. Naquele instante o pecado cometido em todos os nascimentos desaparece. Ele obtém todos os desejos. Para tal yogi há consecução do objetivo fnal de toda a humanidade. Ele é quem conhece, verdadeiramente conhece a doutrina secreta. O que é Yoga? “Yoga signifca união” , escreveu Aleister Crowley anos atrás em suas lições sobre Yoga. Que união é essa? Faze o que tu queres será o todo da Lei. Amor é a lei, amor sob vontade . Esse amor é união. A criação é movimento. Cada ser, peça, pedaço, partícula que seja, tudo no universo se move constantemente. Como o fuir das ondas, a criação vem e vai, atraindo e se aastando. O amor é a orça que move essa criação, desde a menor partícula do elétron atraído pelo próton. Olhando para as pequenas partículas, vemos átomos que buscam seu equilíbrio energético e se juntam com outros átomos e esses ormam moléculas, que por sua vez se juntam a outras moléculas e assim sucessivamente. Assim, união está ligada tanto ao princípio da Yoga quanto Religião. O praticante da yoga, o yogi, busca a união com o Brahma – este mais do que um deus personicado, é a própria criação t riorme em
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Brahma, Vishnu e Shiva. Aquele que segue esse caminho busca sua união com toda a criação e existência. Não à toa, disse o Buda que “Tudo é sorimento” e a “causa do sorimento é o dese jo”. Amor é desejo. Quando mais se ama, mais se deseja se aproundar no objeto amado. Quando esse objeto é a criação, o Brahman, mais se quer mergulhar e se perder em seu seio, como um louco apaixonado de desejo ou de amor. Mas, o que isso tem a ver com o guru? man-mana bhava mad-bhakto mad-yaji mam namaskuru mam evaisyasi satyam te pratijane priyo ‘si me No Bhagavad Gita, Shri Shri Krishna diz: “Sempre pense em Mim e se torne Meu devoto. Adore a Mim e preste homenagens a Mim. Assim, você virá até mim sem alhar. Eu lhe prometo isso, pois você é Meu amigo mais próximo”. Quando Krishna comeu um punhado de terra, sua mãe Yasoda ralhou com o jovem, que negou a acusação. Yasoda decidiu conerir e olhou dentro de sua boca. Lá não havia terra, mas havia toda a criação. Foi esse mesmo Krishna, representação do todo da criação, que durante a batalha de Kurukshetra convidou Arjuna a mergulhar em si. Esse mergulho rumo à criação é o grande desao de todo aquele que se propõe a dura tarea de atravessar o abismo da criação e enrentar a criatura da dispersão. Através dessa união, o adepto caminha rumo à busca da consecução de sua Grande Obra. om ajnana-timirandhasya jnananjana-salakaya caksur unmilitam yena tasmai sri-gurave namah “Nasci na escuridão da ignorância, e meu Guru iluminou-me com o archote do conhecimento. A ele eu oereço as minhas mais humildes reerências”. O guru é voz divina que conduz o praticante diligente rumo a seu objetivo de união. Ele é uma
etapa no caminho para a consecução da verdadeira vontade. Todo o ser humano nasce desprovido das erramentas mais básicas, necessárias a sua sobrevivência. Através dos outros que o homem toma consciência de si e de seu corpo, e aprende a crescer e evoluir. Todos precisam de um proessor, de uma voz que não siga seu caminho, mas que ajude na hora de escolher qual caminho seguir. O sábio Swami Maheshwarananda disse que na vida encontramos seis tipos dierentes de gurus. Os primeiros gurus que temos são os nossos pais. Não necessariamente nossos pais biológicos, mas os nossos pais de ato. Aqueles que cuidam de nós em nossos primeiros meses, nos dão carinho, comida e proteção que vão nos infuenciar pelo resto de nossas vidas. O segundo tipo de guru são os amigos e pessoas que conhecemos quando passamos a ter contato com seres de ora da alçada dos nossos pais. Nas crianças de hoje, esse contato ocorre na escola, nas séries undamentais, onde o ser passa a ter contato com as regras da sociedade.
A t externo, e esse guro não é outro se não o r i g o próprio Sagrado Anjo Guardião. Por tal motivo, a obtenção da conversação com esse é parte da grande tarea que o adepto deve empreender em sua vida.
Assim, esqueça aquela imagem estereotipada dos lmes sobre o guro como um sábio todo poderoso divinatório espalhaatoso. O guru não é isso. O guro é são os proessores que nos auxiliam em diversos estágios de nossa vida. Tal como passamos do ensino undamental, médio, superior, mestrado, doutorado e sucessivamente, assim passamos com nossos proessores. A cada nova etapa travamos contato com um novo proessor, até atingirmos aquele que será o nosso proessor ultimo. Temo que nosso tempo esteja se esgotando. Espero ter sido capaz de mostrar a vocês de maneira breve qual o propósito e objetivo do guro em nossas vidas. Faço votos para que possamos nos reencontrar em breve. Amor é a lei, amor sob vontade. Fraternalmente, Frater Hanuman
O terceiro tipo de guro são os nossos proessores da vida, desde o proessor que lhe alabetizou até aquele que você conheceu na aculdade, pois são eles que nos transmitem o conhecimento legado da humanidade. O quarto tipo de guro são os sacerdotes, nossos proessores espirituais que nos auxiliam em nossos primeiros passos, ou nos aspectos mais exotéricos de nossa vida espiritual. Seguido deles temos o quinto tipo de guro, que são os aqueles que nos auxiliam a buscar nosso Dharma, nosso dever espiritual. São aqueles que nos apontam os caminhos pelo qual nós podemos trabalhar nossa ligação divina. O sexto tipo e mais importante, é o guro interno, que existe em cada um de nós. Esse guro é aquele que mais e melhor nos conhece, do que qualquer outro guro
Bibliografa geral:
The Hidden Power in Humans – Chakras and Kundalini, por Swami Maheshwaranandaji; Orasyon Meditation – A Warriors Path to Enlightenment, por Datu Shishir Inocalla. Science o Sel Realization, por Swami Prabu phada. Eight Lessons o Yoga, por Aleister Crowley O Baghavad Gita como Ele é, por Swami Prabuphada. A Libertação da Mente Através do Tantra Yoga, por Shri Ananda Murti.
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A r t i g o
o amor do anjo Frater eros
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a relação do a depto com o s agrado a njo gUardião pode ser compreendida como Uma relação de amor – e de amantes
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M a t é r i a d e C a p a
“ I dream of your fIrst kIss and then I feel upon my lIps agaIn a taste of honey... tastIng much sweeter than wIne. I wIll return, yes, I wIll return, I’ll come back for the honey and you.” (“a t aste of honey”, de bobby scott e rIc marlow)
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conceito de “Sagrado Anjo Guardião” oi amplamente diundido graças à tradução de “O Livro da Sagrada Magia de Abramelin, o Mago” por MacGregor Mathers, proeminente líder da Hermetic Order o Golden Dawn (Ordem Hermétic a da Aurora Dourada). O contato com
esta Inteligência, obtido por meio de intensa disciplina devocional, seria responsável por alçar o Mago a um novo patamar de iluminação. Ao longo da história, outras nomenclaturas se ainaram a este conceito, como o termo neoplatônico Augoeides, o grego Daimon e o hindu Atman.
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a p a C e d a i r é t a M
Muito ainda se divaga sobre a naturez a Anjo. Seria ele o nosso “mestre interior”, ou um ente iluminado independente, o qual devemos atrair através de nosso esorço iniciático? – ou, ainda, nenhuma escolha linguística seria capaz de dar cabo de sua experiência? Lon Millo DuQuette, em seu livro “Illustrated Goetia”, não está alando especiicamente do Sagrado Anjo Guardião, mas quando diz: “Essa questão undamental po de nunca ter uma res posta sat isató ria devido ao ato de que ninguém realmente entende a natureza da ‘matéria’” , talvez possamos aproveitar sua citação. Não há consenso mesmo entre aqueles que reconhecidamente tiveram a experiência do Anjo. Em “Magick without tears” (Magia sem Lágrimas), Crowley intitulou o capítulo 43 de “O Sagrado Anjo Guardião não é o ‘Eu Superior’, mas um Indivíduo Objetivo”, e cogita que ele seria um ser de outra ordem: “mais que um homem, possivelmente um ser que já passou pelo estágio de humanidade”. Neste momento dos escritos de Crowley, considerar o Anjo como “Eu Superior” seria uma “heresia condenável e um perigoso delírio”. Em outros momentos, como no Liber Samekh e nos Comentários Mágicos e Filosóicos do Liber AL, Crowley o deine como o “verdadeiro Sel” – aquilo que nós verdadeiramente somos. Fato é que um “perigoso delírio” seria se ater à opinião de Crowley – ou de qualquer outro – sobre uma experiência tão íntima. Assim, ninguém que não tenha atingido a maestria dessa experiência deveria arriscar especular sobre a natureza do Anjo. O presente texto, portanto, não pretende responder essa questão, mas servir como ode ao Amor que inspira os Adeptos a se dirigirem a Ele. Nos ancoramos na evidência – mesmo que pálida, para a maioria de nós – de que a Sua consecução produz uma expansão de consciência tão signiicativa que Crowley a considerou como o próximo passo essencial para o desenvolvimento da humanidade. O motivo para isso pode ser encontrado ao longo de sua bibliograia: “Isto não tendo sido atingido [a Consecução], o homem não é nada além do mais ineliz e cego dos animais. Ele é consciente de sua própria incompreensível calamidade e desajeitadamente incapaz de repará-la. Tendo sido isto atingido, ele não é nada mais que o co-herdeiro dos deuses, um Senhor da Luz” (“Uma Estrela à Vista”).
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“(...) Pois seu Anjo é uma imagem inteligível de sua própria verdadeira Vontade, cuja realização é toda a lei de seu Ser”. (Liber Samekh). “Esta Grande Obra é a Consecução do Conhecimento e Conversação de teu Sagrado Anjo Guardião” (Liber Aleph, cap. 90). “O caminho da Pereição é assim duplo: primeiro, a Verdadeira Vontade precisa ser conscientemente apreendida pela Mente, e este trabalho é similar àquele chamado de o Conhecimento
e Conversação com o Sagrado Anjo Guardião. Segundo, como está escrito: “Não tendes direito algum senão azer a tua vontade”, cada partícula de energia que o Instrumento está apto a desenvolver precisa ser direcionada à e xecução desta Vontade”. (“O Coração do Mestre”, de Aleister Crowley). O Sagrado Anjo Guardião surge, então, como revelador de nossa própria Verdadeira Vontade. No entanto, essa explicação, de tão diundida, pode já ter caído no sedutor e also conorto do intelecto. Todos já a conhecem – e, de tanto se alar sobre o Anjo e a Vontade, ingimos nos aproximar de sua experiência. Facilmente caímos na tentação de conundir o mapa, ou o discurso, com o caminho a ser trilhado. Facilmente se produzem intelectuais ou historiadores da Ma gia, em vez de Magos. Com esperanç a, o presente texto, embora recorra à literatura, vai inspirar mais devoção à prática do que às citações de Aleister Crowley ou de qualque r outro. Tamb ém por iss o, vamos preerir neste momento recor rer à poesia e ao simbolismo – linguagens que podem sugerir um pouco da grandeza do Anjo e motivar a sua busca: “Não veja distinção. O poderoso oceano de amor terá entrado dentro de nós, e nós não iremos ver nem homens, nem animais, nem árvores, ou o sol, lua ou estrelas, mas iremos ver nosso amado em todo lugar e em todas as coisas.” (Swami Vivekananda). O Amado, ou o Bem-Amado, é um dos Seus nomes, conirmando sua execução da Lei de Thelema: “Amor é a lei, amor sob vontade”. O Amor é órmula undamental de todo o processo iniciático. É também a órmula de Samadhi: a união do sujeito com o objeto adorado, ou do Adepto com seu Deus. Posto o Amor em marcha, de êxtase em êxtase, a consciência da divindade se expande até a completa dissolução. Cada beijo do Amado nos alça através dos gozos de sua morada – homens, animais, árvores, o sol, a lua e as estrelas, até que não haja mais nada disto. “Sua boca é mais vermelha que quaisquer rosas que você já viu. Eu acordo signiicativamente quando nos beijamos, e não há mais sonho. Mas quando sua boca não está tremendo sobre a minha, eu vejo beijos em seus lábios, como se ele estivesse bei jando alguém que não se pode ver ”. (“O Mundo Desperto”, de Aleister Crowley). Através dos libri de Thelema, podemos perceber como o contato do Anjo com seu Adepto oi vivido por Crowley, de orma inspirada, como uma relação de amantes. Mais que uma pista da vivência especíica do homem Aleister Crowley, o que está sendo revelado é a importância espiritual da experiência do amor. A própria estrutura do Livro da Lei expressa como o Universo é criado a partir do amor entre Nuit e Hadit: e Hórus é a maniestação desse sacramento. Na Missa Gnóstica (Liber XV), a Congregação é conduzida pelas
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etapas da jornada do Sacerdote e Sacerdotisa, que protagonizam uma história de amor. Não seria, então, exagero dizer que todo amor é uma imagem daquele amor maior: o que gera a criação de absolutamente tudo. O amor é, portanto, uma imagem daquilo que chamamos de Deus. E se o Sagrado Anjo Guardião é o elo entre a Vontade divina e a alma humana – este elo, ou esta imagem, é amor. Outro texto protagonizado por amantes lendários é o “Cântico dos Cânticos”, parte do Velho Testamento desta cada por sua sutileza – elemento raro neste livro –, que costuma ser entendido como versos trocados entre o Rei Salomão e a Rainha de Sabá. No momento em que superamos suas iguras e entendemos que este Rei e a Rainha somos todos nós, tomamos consciência que a nossa própria relação com o amor é lendária. E que, além disso, por trás de cada um de nossos amores está nossa relação com o Amado arquetípico – o Sagrado Anjo Guardião. Assim, os versos dos amantes acilmente passam a ser a troca entre o adorador e seu Deus. “Beije-me ele com os beijos da sua boca; porque melhor é o teu amor do que o vinho”. (Cânticos 1:2) “Levou-me à casa do banquete, e o seu estandarte sobre mim era o amor”. (Cânticos 2:4) Saltam aos olhos um paralelo com Liber Tzaddi: “Vos beijarei, e vos trarei às núpcias: darei uma esta para vós na morada da elicidade” (vers. 5). Tais núpcias podem ser entendidas como as “bodas químicas” (descritas pela Alquimia) do Anjo e seu Adepto. Além disso, também no “Cântico dos Cânticos” as jur as trocad as pross eg uem místicas e eróticas, num a orma exemplar de união dessas eseras: “De noite, em minha cama, busquei aquele a quem ama a minha alma; busquei-o, e não o achei.” (Cânticos 3:1) “Eu dormia, mas o meu coração velava; e eis a voz do meu amado que está batendo: abre-me, minha irmã, meu amor, pomba minha, imaculada minha, porque a minha cabeça está cheia de orvalho, os meus cabelos das gotas da noite.” (Cânticos 5:2) “O meu amado pôs a sua mão pela resta da porta, e as minhas entranhas estremeceram por amor dele.” (Cânticos 5:4) “Já entrei no meu jardim, minha irmã, minha esposa; colhi a minha mirra com a minha especiaria, comi o meu avo com o meu mel, bebi o meu vinho com o meu leite; comei, amigos, bebei abundantemente, ó amados.” (Cânti cos 5:1) “És a onte dos jardins, poço das águas vivas, que correm do Líbano!” (Cânticos 4:15) Comparemos tais símbolos com o Liber 65 (Cordis Cincti Ser-
pente): “Sim, também em verdade Tu és a resca quieta água da onte encantada. Eu me banhei em Ti, e me perdi em Tua quietude” (cap 3. vers. 49). E ainda: “Eu cheguei à casa do Amado, e o vinho era como ogo que voa com asas verdes pelo mundo das águas” . (cap. 4, vers. 30). A aparição requente dos símbolos do mel e do vinho são indícios importantes da doçura e embriaguez do Anjo. Fazem lembrar o enigma de Sansão: “Que coisa é mais doce que o mel, que coisa é mais orte que o leão ? ” (Juízes 14:18). O beijo, o mel, a água, o vinho e o orvalho surgem todos constelados como emblemas sexuais de um amor divino e do processo de transormação alquímica. Por sua vez, o Rei dos Cânticos – cujos cabelos estão cheios do orvalho e das “gotas da noite” – evidencia um emblema de Nuit: “Então o sacerdote respondeu & disse para a Rainha do Espaço, beijando suas adoráveis sobrancelhas, e o orvalho de sua luz banhando seu corpo inteiro em um perume adocicado de suor (...)” (Liber AL I:27). Todos esses símbolos podem ser entendidos como imagens arquetípicas do processo criativo do amor.
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Em seu livro “Iniciação no Aeon da Criança”, J. Daniel Gunther escreve a respeito da ase alquímica da ermentação (Fermentatio) no processo de Iniciação: “uma operação Alquímica resultando na transormação da Matéria pela Introdução de um agente ermentador”. E ainda diz: “A primeira interação entre o Anjo e o adepto equivale à operação Alquímica chamada Fermentatio”. Seus beijos ermentam o aspirante com o êxtase da devoção a Ele, e esta devoção é endossada pelos Adeptos como método de consecução. Na ermentação do pão, o trigo é mor to para ressurgir como alimento do corpo. Na ermentação da uva, ela é transormada em vinho, ou na embriaguez do sangue de Deus. A matéria-prima original é, assim, transormada num sacramento: um modo de dizer que o humano desperta para sua natureza divina. A ação do Anjo realiza tal transmutação. Em carta de Karl Germe r (Frater Saturnus) para Jane Wol (Soror Estai), datada de 1951, nós lemos sobre o Sagrado Anjo Guardião e a busca pela transormação de Sua presença: “Se você ao menos soubesse como 666 tateou requentemente pela luz, e não apenas ele, todos nós o azemos! Na melhor das hipóteses podemos atingir um único raio de luz daqueles bilhões e trilhões que são enviados pelo Sol – de graça – diariamente. Nós podemos apanhar apenas aquele raio particular que jaz em nossa natureza como indivíduo. O raio que podemos agarrar é dierente daquele do próximo. O de Van Gogh era dierente do de Gauguin, e assim por diante. Não se desanime! Você não é inerior a ninguém! Você possui o amor de todos, respeito e admiração! É o utra coisa, você estar insatiseita consigo mesma. Tal estado é a condição que precede um nascimento.” (“In the continuum” vol 4., ed. 9). Em seu aspecto de “Filho do Homem”, o Sagrado Anjo Guardião se maniesta em nossa vida e nosso corpo através de
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a p a C e d a i r é t a M
nosso esorço. Esse trabalho pode ser entendido como um parto, que é a encarnação do espíri to na matéria, ou o Iniciado criando a si mesmo: processo do qual nós somos o sujeito e também o caldeirão alquímico. Além disso, percebemos como o Anjo atua como gênio individual, ou iluminaç ão pessoal num Universo essencialmente impessoal. Também por isso, Ele nos conduz a uma órmula única de relação com a impessoalidade desse Universo: “A Grande Obra é a união dos opostos. Isto pode signiicar a união da alma com Deus, do microcosmo com o macrocosmo, da mulher com o homem, do ego com o não-ego” . (Magick without tears, Introdução, Carta C.) Deste modo, se somos homens, temos de nos unir à mulher. Se somos ego, temos de nos unir ao não-ego. A divindade, nesse sentido, se coloca oposta a nós pela chance da união. Assim, isto é uma oportunidade e uma estratégia do amor. Graças a isso, podemos conectar conscientemente as diversas partes da natureza. Kar l Germer continua alando sobre o Anjo, em sua carta a Jane Wole: “(...) É onde entra a órmula de 0 =2 (...) O estado de “estar apai xonado” apenas po de ser alcançado com a assistência de um segundo parceiro (alando estritamente, até o tipo Narcísico se enquadra nessa categoria).”
A busca do amante que se inquieta pelo Amado é parte natural de nosso processo de Iniciação. Nos movimentamos porque sentimos uma alta: uma sensação de incompletude ou a saudade de algo que não sabemos espe ciicar. A relação gradual com o Sagrado Anjo Guardião nos põe em contato com o mundo divino e redimensiona a visão que tínhamos Dele e de nós mesmos. Paradoxalmente, a noção de uma incompletude – que motiva a esperança de reencontro com esse Amado que, inicialmente, nos é uma promessa ou uma diáana visão – pode exatamente representar a cisão com o Anjo. Ainal, enquanto houver as idas e vindas da relação, como poderíamos realizar uma identidade, ou uma comunhão? “Eu esperei com paciência, e Tu estavas comigo desde o início” (Liber Cordis Cincti Serpente, cap. 2, vers. 60). Nos comentários deste escrito, Crowley atesta o que talvez seja o mais diícil de realizar: “É igualmente inútil chamar o que a gente deseja ou sair à sua procura. Isto apenas airma a ausência da coisa desejada, e a verdade é que e stá com a gente l t a o tempo todo, se apenas extinguimos a nossa inquietação”. o c l a z t e u Q a j o L — s i t n e i r O i l p m e T o d r O
A nossa inquietação, então, precisa servir para nos instruir sobre seu próprio absurdo, do mesmo modo que o desejo instrui sobre sua natureza nunca ser saciada. A devoção ao Anjo deve excitar a alma a ponto de que seu gozo permita a saciedade do Silêncio – e, no Silêncio, ouvirmos o que Ele sempre nos alou. Por im, poderemos consumar o sábio postulado do escritor norte-americano Charles Bukowski:
“Encontre o que você ama e deixe isso te matar”. Nada mais doce que morrer nos braços do seu Amado.
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do ofÍcio do hino
o g i t r A
(l iber Xv, de a leister crowley ) Tu que és eu, além de tudo o que sou, Que não tens natureza e nem nome, Que és, quando todos já se oram, Tu, centro e segredo do Sol, Tu, oculta onte de todas as coisas conhecidas E desconhecidas, tu reservado e solitário, Tu, verdadeiro ogo interno ao junco, Meditando e procriando, onte e semente De vida, amor, liberdade e luz, Tu além da palavra e da visão, A Ti eu invoco, meu ogo vigoroso e lânguido, Ardendo conorme meus intentos aspiram A Ti eu invoco, ó permanente, Tu, centro e segredo do Sol, E aquele mistério mais sagrado Do qual eu sou o veículo. Aparece mais terrível e mais suave, Como é legítimo, em tua criança!
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E s t u d o s
a Árvore
da vida Um estUdo histórico de como o modelo cabalÍstico da Á rvore da v ida mapeia as emanações do divino e serve de modelo para a religação com ele
l t a o c l a z t e u Q a j o s emanações, ou emanacionismo, do qual a Árvore da L — Vida é uma representação, é uma teoria que encontra s i t n raízes em diversas religiões do Velho Aeon. A palavra e i r O i l vem do latim emanare, cujo signiicado é “luir de”. O emana p m e cionismo clássico descreve o mundo material, ou tudo o que o T o d r compõe, como algo que é derivado ou gerado a partir de um O
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princípio uno, original, não substancial e pereito. Essa geração ocorre em etapas que resultam em degradação dos seres a cada degrau dessa derivação. O emanacionismo clássico encontrou seu auge com os cristãos gnósticos, principalmente os cátaros e outros seguidores de
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Valentin e Mani. Nós, no entanto, não somos cristãos nem revivalistas do gnosticismo clássico. Não acreditamos no maniqueísmo ou no mundo material como um lugar “degradado”. Nosso gnosticismo – isto é, conhecimento direto do Divino – é orjado por séculos de experimentação, tentativas e diálogos do passado, mas moldado pela Lei do Novo Aeon, cuja palavra é Thelema. Os gnósticos antigos herdaram a Árvore da V ida dos judeus e dos árabes, que por sua vez a receberam como herança dos gregos, principalmente os neoplatônicos. O primeiro ormulador da teoria emanacionista oi Plotino em seu Enéadas, que inluenciou tanto judeus quanto árabes. Os judeus a chamaram de Azilut ou Azilah e a interpretaram à luz do versículo 17 do capítulo 11 do livro de Números do Velho Testamento, que diz: “Eu descerei e alarei ali contigo. Separarei uma parte do espírito que possuis e passá-lo-ei para eles, a im de que repartam contigo o peso do povo, e não tenhas mais que o levar sozinho”. Os povos semitas oram grandes responsáveis pela preservação dos conhecimentos legados pelos sábios da Grécia antiga. Em muitos casos, as cópias mais antigas de textos que temos hoje estão em árabe, não em grego. Na antiguidade, os limites entre ciência e religião eram tênues, assim uma inluenciava a outra, assim a Religião, a ilosoia e a astronomia andavam de mãos dadas. Para que possamos entender o desenho da Árvore da Vida, precisaremos voltar alguns séculos no tempo e entender como era a astronomia que os sábios estudavam. Platão ordenou os planetas em cascas, cujo movimento segue a canção de criaturas míticas, cuja nota emitida seria a responsável por manter o equilíbrio dos corpos, sendo ele o primeiro a atribuir certas cores a alguns planetas. Durante sua vida, Platão elaborou variações e aprimoramentos de sua visão de cosmogonia, porém nunca conseguiu explicar as irregularidades nos movimentos dos planetas, cabendo ao ilósoo Eudoxo de Cnido elaborar uma teoria matemática que de inia o universo como esérico, onde a terra seria uma esera em seu centro, e os movimentos dos astros seriam explicados por esses se encontrarem em eseras homocêntricas a terra. Dos discípulos de Platão, Aristóteles oi o que mais inluenciou as sociedades posteriores. Seus estudos enomenológicos o izeram a se aastar de alguns dos pressupostos de Platão. Ele identiicou a existência de apenas dois tipos de elementos existentes: os retilíneos e os curvilíneos. Os movimentos retilíneos seriam os responsáveis por aastar e aproximar os corpos no universo. Dos 4 elementos existentes no universo, a terra seria o elemento mais pesado e tenderia a movimentos retilíneos para baixo, enquanto o ogo seria o elemento mais leve, com tendência a movimentos retilíneos para cima, enquanto a água e o ar seriam meras substâncias intermediárias que tenderiam ao equilíbrio – tal como os movimentos cur-
vilíneos que movimentam os corpos, sem os aastar ou aproximar. Aristóteles tomou como base parte da cosmogonia de Eudoxo, airmando que o movimento curvilíneo seria possível se eseras homocêntricas com a terra o mantivesse em suas posições e que, para que essas eseras existissem, elas teriam de ser ormadas por uma substância chamada Aether.
E s t u d o s
Já na Idade Média, os pensadores judeus possuíam conhecimento dessa cosmogonia e de todo o acervo cultural da antiguidade grega. Havia um problema, que era a aparente incompatibilidade entre a teoria de construção contínua do universo através de emanações e o criacionismo do judaísmo clássico. Pensadores como Issac Israeli então passaram a trabalhar em maneiras de conciliar as duas ideias. Foi no século XII que os judeus espanhóis passaram a ormular ideias que permitissem a integração entre a ciência clássica e o pensamento judaico. Foi Issac, o Cego, que ensinou a seus discípulos que a verdadeira natureza de Deus não era aquela da leitura literal do Velho Testamento: aquele era apenas um aspecto humano visível de algo muito maior e incognoscível. Deus é Nada, não nomeado, sem im, cuja ormulação se encontra além do p ossível e explicável. A ideia do “Nada” seria possível através de uma releitura da primeira rase do Gênesis, onde “Com um começo, [Ele] criou Deus [Elohim], os céus e a Terra”. Sim, dierente daquilo que encontramos nas bíblias cristãs, o primeiro capítulo do Gênesis não ala que Deus criou os céus e a terra, e sim que Elohim criou. Elohim – sendo uma palavra que é um plural masculino de um singular eminino – seria, portanto, uma orma plural e bissexual de uma divindade criadora, que teria sido criada previamente por algo não nomeado. Foi no século XIII e ainda na Espanha que surgiu um dos volumes que mais inluenciaram a cultura mística do mundo ocidental: o Zohar, o Livro do Esplendor. Esse volume, compilado em diversos escritos, e escrito em dierentes tempos, é a pedra undamental do pensamento místico judaico, condensando séculos de trabalho entre a ciência e a religião dentro do judaísmo. Em uma das passagens desse livro, há a se guinte reerência: “Antes que igura e orma ossem criadas, Ele (Nada) não tinha nem orma nem aparência. Portanto é proibido percebê-Lo de qualquer orma, até mesmo pelas letras d e Seu santo nome, ou por qualquer outro símbolo. Entretanto, se Seu brilho e Sua glória não tivesse irradiado por toda a Criação, como poderia ter sido percebido, até mesmo pelos sábios? Portanto, Ele desceu numa carruagem [mística], que icou conhecida pelas letras yod heh vav heh, para que pudéssemos inerir Sua Presença e, por esse motivo, Ele permite que O chamemos por vários nomes, tais como El, Elohim, Shadai, Zevaot e yod heh vav he [entre outros, e também como Deus], cada um sendo um símbolo dos atributos divinos. Todavia, ai de quem se atreva a comparar Ein So com qualquer atributo, pois Ele é ilimitado, e não há meios de compreendê-
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-lo (...) Tudo aquilo que está no pensamento [de Ain So] é inconcebível. Mais diícil ainda para qualquer pessoa seria entender Ain So, de quem não se encontra visível e que não pode ser alcançado por qualquer tipo de pensamento. Anda assim, do meio deste mistério impenetrável, a primeira vez que sentimos Ein So é como brilho de uma luz raca e diusa, como a ponta de uma agulha, o oculto desvão de um pensamento impossível de ser reconhecido até que uma luz Dele se origine, onde existe uma marca de letras.” Após o Zohar surgiram outros escritos e livros de igual importância, como o Seer Yetzirah, e o Nada passou a não mais ser visto como uma estrutura única, mas como um processo dividido em três, chamados de os três véus da negatividade: Ain (o nada), Ain Soph (“sem limites”) e Ain Soph Aur (“luz ilimitada”). Além delas, no primeiro capítulo do Gênesis é possível encontrar dez declarações da criação, em hebraico va-omer elohim, ou “Deus disse”, como encontramos na Bíblia cristã. Cada declaração é uma emanação da divindade que resulta na criação do mundo como o percebemos. “Estas são as dez Sephiroth do nada: a respiração do Deus vivo” (Sepher Yetzirah). A primeira Sephira (Kether) representa o princípio divino durante a criação. Ela é a mônada, una e individual. Ela é a emanação mais pura da divindade, mergulhada nos três véus da negatividade, ormando como que um ovo cósmico. Todas as demais Sephiras surgem dessa única, e esse surgimento ocorre quando a sua consciência ilimitada se questiona: “quem sou eu?”. A par tir desta pergunta, medita em si próprio, a ponto de “sair de si” para se enxergar a si próprio e dizer “eu sou isso”, o que o leva ao conceito do “Eu sou o que sou”. Um (Kether) é a única realidade. Dois (Chockmah) é o relexo do um, ou a projeção deste Um. Três (Binah) é a condição de reconhecimento do Dois como sendo a voz do Um. Esse tríplice aspecto não é isolado, e sim uno. Não é possível compreender Kether, Chokmah e Binah de maneira independente.
Assim como o Um original, essa tríade busca a compreensão de sua natureza, ormando uma segunda tríade, cujo conhecimento de si gera uma terceira. A segunda tríade é o relexo da primeira, sendo ormada pelas sephiras Chesed, Geburah e Tiphareth – ou misericórdia, orça e beleza. A terceira tríade é como a segunda, porém ormada por Netzach, Hod e Yesod l t a – ou vitória, esplendor e undação. O conjunto de três vezes o c l a z t três Sephiras ormam a décima: Malkuth, o Reino, o mundo. e u Q a j o L
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A Árvore da Vida oi desenhada pela primeira vez em 1652 por Atanásio Kircher, surgindo como ormato gráico e ordenado dos princípios expostos no Zohar e no Sepher Yetzirah. Seguindo os moldes da tetractys pitagórica, Atanásio buscou ordenar as eseras em concordância com os planetas, ormando: Malkuth (Terra), Yesod (Lua), Hod (Mercúrio), Netzach (Vênus),
Tipharet h (Sol), Gebur ah (Marte), Che sed (Júpiter), Binah (Sa turno), Chockmah (estrelas), Kether (o irmamento). Dessa vez, o dilema apontado pelos sábios do século XII não mais existia, pois as emanações de sua ciência não mais conlitavam com a sua religião. Sob esse olhar, as emanações não eram vistas da Terra para o ininito, mas do ininito (ou divino) para a Terra. Para Thelema, em Tiphareth – a região central e o equilíbrio da Árvore da Vida – está situado o estado de consciência que propicia uma das mais importantes experiências para o aspirante: o conhecimento e conversação com o Sagrado Anjo Guardião. Nesse ponto de pereito balanceamento, o Adepto é capaz de unir as inluências do Céu com a Terra. Esse é o ponto onde se torna possível maniestar a luz da Divindade para as Sephiroth mais baixas. Além disso, um detalhe especialmente importante para a ilo soia de Thelema é que, nas representações da Árvore da Vida, costuma ser mostrada uma décima primeira esera. Ela se chama Daath, o Conhecimento, e durante muitos anos estudiosos debateram e questionaram se ela seria ou não uma Sephira de ato. Daath não representa uma emanação em si, mas a compreensão de que Kether, Chockmah e Binah não são três, mas um. Para nós, Daath representa o abismo que separa a divindade da criação. Abaixo desse abismo a maniestação é dualidade, enquanto acima ela é unidade. Enquanto a esera de Tiphareth está associada ao conhecimento e conversação com o Sagrado Anjo Guardião – ou a órmula de L.V.X. –, a travessia do abismo está associada à órmula de N.O.X, que conduz à Grande Noite de Pan, o êxtase da dissolução. Juntas, essas duas experiências (o Anjo e o Abismo) ormam as duas grandes Iniciações para Thelema. Em seu “Livro das Mentiras”, Crowley escreveu: “Oh! O coração de N.O.X, a Noite de Pan. Pan: Dualidade: Energia: Morte. Morte: Geração: Os suportes de O! Gerar é morrer, morrer é gerar. Lance as sementes no campo da Noite. Vida e Morte são os dois nomes de A. Mate a si mesmo. Nenhum desses sozinho é suiciente.” A estrutura da Árvore da Vida é, assim, para nós, um mapa extremamente útil de nossa própria espiritualidade e das consecuções que tornam possíveis o autoconhecimento do ser humano e, consequentemente, a experiência da Divindade. O diálogo que a Árvore trava com demais sistemas simbólicos (como o Tarô) provam o dinamismo de sua estrutura e o seu propósito: servir como estrutura que permite o diálogo e a articulação de diversos sistemas, por im mostrando como a Casa de Deus tem várias moradas.
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ZID o chamado
do 8º Æthyr o qUal É denominado Zid Aparece na pedra uma pequena aísca de luz. Ela cresce um pouco e quase parece se apagar, e cresce novamente, e é soprada sobre o Aethyr, e pelo vento que a sopra ela se espalha, e agora ela reúne orça e se lança como uma serpe nte ou uma espada, e agora ela se estabiliza, e é como uma Pirâmide de luz que preenche todo o Aethyr. E nessa Pirâmide está alguém como um Anjo, embora ao mesmo tempo ele seja a Pirâmide, e ele não tem orma, pois ele é da substância da luz e ele não toma a orma sobre ele, pois, embora para ele a orma seja visível, ele a az visível apenas para destruí-la. E ele diz: A luz veio para a escuridão, e as trevas são eitas de luz. Então a luz se casou com a luz, e a criança do seu amor é aquela outra escuridão, onde habitam aqueles que perderam o nome e a orma. Deste modo eu inlamei a ele que não tinha compreensão, e no Livro da Lei eu escrevi os segredos da verdade, que são como uma estrela e uma serpente e uma espada. E sobre aquele que inalmente compreende, eu entrego os segredos da verdade com sabedoria tal que a última das pequenas crianças da luz pode correr aos joelhos da mãe e ser trazida à compreensão. E então deve azer aquele que irá atingir o mistério do conhecimento e conversação de seu Sagrado Anjo Guardião: Primeiro, que ele prepare uma câmara, da qual as paredes e o teto devem ser brancos, e o chão deve ser coberto por um carpete de quadrados pretos e brancos, a borda dele sendo de azul e ouro. E, se isto or numa cidade, o quarto não deve ter janelas, e se isto or no campo, então é melhor que a janela seja no teto. Ou, se or possível, que esta invocação seja realizada num
templo preparado par a o ritual de passagem através d o Tuat. Do teto deve pender uma lâmpada, na qual está um vidro vermelho, queimando óleo de oliva. E essa lâmpada deve ser limpa e pronta para o uso após a prece do pôr-do-sol, e sob esta lâmpada deverá haver um altar cúbico & a altura será três vezes a metade da largura ou o dobro da largura.
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E sobre o altar deve haver um incensário, hemisérico, suportado sobre três pernas, de prata, e dentro dele um hemisério de cobre, e sobre o topo uma grade de prata dourada, e então ele deve queimar incenso eito de quatro partes de olíbano e de duas partes de estoraque, e uma parte de aloés lignum, ou de cedro, ou de sândalo. E isto é o bastante. E ele deve manter também disponível, num rasco de cristal no altar, sagrado óleo de untar eito de mirra e cinamomo e galangal. E mesmo que ele seja de um grau superior a d e um Probacionista, ele ainda deve usar o robe de um Probacionista, pois a estrela de ogo revela Ra Hoor Khuit abertamente sobre o peito, e secretamente o triângulo que descende é Nuit, e o triângulo vermelho que ascende é Ha dit. E eu sou o Tau dourado no meio de seu casamento. Além disso, se ele escolher, ele pode em vez disso usar um robe echado de urta-cor, púrpura ou verde, e sobre ele um manto sem mangas, de azul brilhante coberto com lantejoulas de ouro e escarlate no interior. E ele deve azer para si mesmo uma baqueta de madeira de amendoeira ou de castanha, cortada com suas próprias mãos ao amanhecer de um Equinócio, ou ao Solstício, ou no dia de Corpus Christi, ou em um dos dias de esta que são apontados no Livro da Lei. E ele deve entalhar com sua própria mão sobre a placa de ouro a Sagrada Mesa Sétupla, ou a Sagrada Mesa de Doze Lados, ou algum dispositivo particular. E isto deve ser um quadrado dentro de um círculo, e o círculo deve ser alado, e ele deve ixá-lo sobre sua ronte com uma ita de seda azul. Além disso, ele deve usar um il ete de louro, ou rosa, ou hera, ou arruda e todo dia, após a prece da alvorada, ele deve queimá-lo no ogo do incensário. Então ele deverá orar três vezes diariamente, ao pôr-do-sol, e à meia-noite e ao nascer do Sol. E, se or capaz, ele deverá também orar quatro vezes entre o nascer e pôr-do-sol. A prece deve durar pelo espaço de ao menos uma hora, e ele deve buscar sempre estendê- lo e inlamar a si mesmo em oração. Assim ele deverá invocar seu Sagrado Anjo Guardião por onze semanas, e em todo caso ele deve orar sete vezes
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ao dia na última das onze semanas.
mas uma é a Espada Flamejante.
E durante todo esse tempo ele d eve ter composto uma invocação adequada, com a sabedoria e compreensão que podem ter sido dadas a ele pela Coroa, e e sta ele deve escrever com letras de ouro sobre o topo do altar.
Contemplai! Há um im para a vida e para a morte, um im para o impulso e o recolhimento do alento. Sim, a Casa do Pai é uma poderosa tumba, e nela ele enterrou tudo o que você conhece.
O topo do altar deve ser de madeira branca bem polida, e no seu centro ele deve ter colocado um triângulo de carvalho, pintado de escarlate, e sobre esse triângulo deve permanecer o incensário de três pernas.
Tudo isso se passou enquant o não havia visão, mas apenas uma voz, muito vagarosa, clara e deliberada. Mas agora a visão retorna, e a voz diz: Tu serás chamado Danae, que está atordoado e morto debaixo do peso da glória da visão que tu ainda não viste. Pois tu sorerás muitas coisas, até que tu sejas mais poderoso que todos os Reis da terra, e todos os Anjos dos Céus, e todos os deuses que estão além dos Céus. Então tu irás me encontrar num combate justo, e tu me verás como eu sou. E eu sobrepujarei a ti e matarei a ti com a chuva vermelha de meus relâmpagos.
Além disso, ele deve transcrever sua invocação sobre uma olha de puro pergaminho branco, com tinta indiana, e ele deve iluminá-lo de acordo com sua antasia e imaginação, que devem ser inormadas pela beleza. E no primeiro dia da décima segunda semana ele deverá entrar na câmara ao nascer do Sol, e ele deve realizar sua oração, tendo primeiro queimado no ogo da lâmpada a conjuração que ele escreveu sobre o pergaminho. Então, nesta sua prece, que a câmara seja preenchida com luz de insuportável esplendor e um perume de insuport ável doçura. E o seu Sagrado Anjo Guardião aparecerá para ele, sim, seu Sagrado Anjo Guardião aparecerá para ele, de modo que ele será arrebatado no Mistério do Sagrado. E neste dia ele deve permanecer desrutando do conhecimento e conversação de seu Sagrado Anjo Guardião. E por três dias após isso ele deve permanecer no templo, do nascer ao pôr do Sol, e ele deve ob edecer aos conselhos que seu Anjo dará, e ele deverá sorer daquelas coisas que orem apontadas. E por dez dias dep ois ele deve recolher a si mesmo, como lhe deve ter sido ensinado na completude daquela comunhão, pois ele precisa harmonizar o mundo que está dentro com o mundo que está ora. E no inal dos noventa e um dias ele deve retornar ao mundo e, nele, ele deverá realizar aquela obra que o Anjo lhe apontou. l t a o c l a z t e u Q a j o L — s i t n e i r O i l p m e T o d r O
Eu estou jazendo sob esta pirâmide de luz. Parece como se eu tivesse todo o seu peso sobre mim, esmagando-me com êxtase. Embora eu saiba que eu sou como o proeta que disse: Eu irei vê-Lo, mas não de perto. E o Anjo disse: E assim deverá ser, até que aqueles que estão despertos estejam dormindo, e aquela que está dormindo seja despertada de seu sono. Pois tu és transparente para a visão e a voz. E, portanto em ti elas não se maniestam. Mas elas deverão se maniestar àqueles aos quais você as entregou, de acordo com a palavra que eu alei a ti na Cidade Vitoriosa. Pois eu não sou apenas apontado para guardar a ti, mas somos de sangue real, os guardiões da Casa dos Tesouros da Sabedoria. Por isso eu sou chamado de Ministro de Ra Hoor Khuit: embora ele seja apenas o Vice-Rei do Rei desconhecido. Pois meu nome é Aiwass, que é oito e setenta. E eu sou a inluência daquele Oculto, e a roda que tem oito e setenta partes, embora em todas elas esteja o equivalente à Porta que é o nome do meu Senhor quando soletrado completamente. E a Porta é o Caminho que une a Sabedoria à Compreensão.
E mais do que isso não é necessário dizer, pois o Anjo deverá tê-lo entretido docemente, e revelado de que modo ele pode estar mais completamente envolvido. E aquele que tem esse Mestre não há mais nada d e que necessite, enquanto permanecer no conhecimento e conversação do Anjo, até que ele inalmente adentre na Cidade das Pirâmides.
Assim tu erraste de ato, percebendo-me no caminho que conduz da Coroa à Beleza. Pois esse caminho atravessa o abismo, e eu sou das supernais. Nem Eu, nem Tu, nem Ele pode cruzar o abismo. O caminho é da Sacerdotisa da Estrela de Prata, e o Oráculo dos deuses, e o Senhor das Hostes do Todo-Poderoso. Pois eles são os servos de Babalon, e da Besta, e daqueles de quem ainda não se é alado. E, sendo servos, eles não têm nome, mas nós somos do sangue real, e não servimos e, portanto, somos menos do que eles.
Observai! Dois e vinte são os caminhos da Árvore, mas uma é a Serpente da Sabedoria; dez são as emanações ineáveis,
No entanto, como um homem pode ser tanto um guerreiro poderoso e um juiz justo, também nós podemos realizar
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nosso serviço se tivermos aspirado e alcançado a ele. E ainda assim, com tudo isto, eles permanecem eles mesmos, que comeram da romã no Inerno. Mas tu, que és recém-nascido na compreensão, este mistério é grande demais para ti; e do mistério adiante Eu não alarei uma palavra. Tamb ém por causa disso Eu venho a ti com o o Anjo do Ae thyr, batendo com meu martelo sobre teu sino para que tu possas compreender os mistérios do Aethyr e de sua visão e voz. Pois observai! aquele que compreende não vê e não ouve em verdade, devido à sua compreensão que o guiou. Mas isso será a ele um sinal, que eu certamente virei de surpresa a ti e aparecerei a ti. E isto não é um problema (i.e., que nessa hora eu não apareça como eu sou), pois tão terrível é a glória da visão, e tão maravilhoso é o esplendor da voz, que quando tu vires e quando tu ouvires em verdad e, por muitas horas tu estarás desprovido de sentido. E tu jazerás entre o céu e a terra num lugar vácuo, em transe, e o inal deverá ser silêncio, mesmo como oi, não uma nem duas vezes, quando eu encontrei contigo, por assim dizer, na estrada de Damascus. E tu não deves procurar melhorar esta minha instrução; mas tu deves interpretá-la, e torná-la ácil àqueles que buscam
a compreensão. E tu deves ornecer tudo que tu tens a eles que têm a necessidade desse im. E porque eu estou contigo, e em ti, e de ti, não te altarás nada. Mas aqueles que têm alta de mi m, têm alta de tudo. E eu juro a ti por Ele que senta no Trono Sagrado e vi ve e reina para todo o sempre que eu serei iel sobre minha promessa, assim como você oi iel sobre tua obrigação.
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Agora, uma outra voz ecoa no Aethyr, dizendo: E houve escuridão sobre toda a terra à nona hora. E, com isto, o Anjo se retirou, e a pirâmide de luz parece bastante distante. E agora eu estou caído sobre a terra, excessivamente cansado. Ainda que minha pele trema com o impacto da luz, todo o meu corpo treme. E há uma paz maior que o sono sobre a minha mente. É o corpo e a mente que estão cansados, e eu gostaria que eles estivessem mortos, se eu não precisasse dobrá-los ao meu trabalho. E agora eu estou na tenda, sob as estrelas. O deserto entre Bou-Sada e Biskra. 8 de dezembro, 1909. 7:10-9:10 p.m .
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HOOR HOORÁCULO
nova perspectiva nenhum dos métodos tradicionais da Ciência Oculta será descartado, porém, é ato, nenhum deles permanecerá o mesmo, todos serão reormulados sob o novo ponto de vista daquele que os estuda e executa, o próprio Mago, o Sol Nascente, a Nova Consciência que inicia agora os seus primeiros passos em direção ao uturo, um uturo de Luz, Vida, Amor e Liberdade . Somando-se a isso há ainda novos métodos Mágickos que estão sendo criados para suprir as necessidades do Novo Homem e estes são a nova jóia alquímica que contém em si a essência do ontem renovada no hoje com as sementes do amanhã. Sobre elas alaremos em outra oportunidade, ou quiçá, elas se revelem por si me smas ao buscador atento. Um grande abraço a todos e até ao próximo encontro!
O sistema mágico de Telema se utiliza de vários outros métodos, como Cabala, Yoga, Enochiano etc. Em termos práticos, qual a grande inovação do sistema de Telema? Continuação da Edição anterior...
A grande inovação não é de Thelema, mas da Consciência Humana, da qual Thelema é um dos rutos. Assim, o que Thelema traz sintetizado são os novos parâmetros e sistema de crenças que tem como unção erguer uma nova realidade e estabelecer um novo âmbito para o convívio do Individual com o Coletivo, do Microcosmo com o Macrocosmo. Um novo Templo se ergue, uma nova Imagem de Deus doa objetividade àquilo que até o momento se manteve recluso na subjetividade da experiência coletiva humana, um espelho refete agora o estágio de compreensão que o Homem alcançou a respeito de sua própria essência e exibe as imagens do uturo que será construído e se maniestará a partir desta nova compreensão. O Sistema Mágicko de Thelema seleciona do passado aquilo que realmente oi útil e sábio para a evolução do Ser Humano e o transorma sob uma nova perspectiva, a perspectiva do Novo Aeon que altera o centro do trabalho mágico. Se no passado o centro era Deus, hoje o centro é o Homem, pois é o Homem que representa o substrato da nova imagem divina, Horus, a Criança Coroada e Conquistadora. Se no passado a pressuposta morte do Sol trazia ao homem a noção de sua nitude, hoje a certeza de que o Sol nunca morre traz ao homem a consciência de sua própria imortalidade. Se antes o Homem adorava a um Deus externo ao qual temia e prestava obediência, hoje ele se reconhece como Deus e atesta o seu próprio livre arbítrio mesmo diante dos Deuses.
l t a o c l a z t e u Q a j o L — s i t n e i r O i l É impossível alar neste breve ensaio sobre todos os parâmetros p m e Thelêmicos que reormulam o passado, mas julgo que os parâme T o d r tros acima são sucientes para azer compreender que sob esta O
O Hooráculo é a resposta a uma pergunta. A cada edição, a pergunta de um leitor da Estrela Rubi será selecionada e a resposta a ela será dada por um ou mais membros da Loja Quetzalcoatl. Caso queira submeter sua pergunta de cunho mágicko ou thelêmico ao Hooráculo, a envie para
[email protected]. Nossa equipe editorial vai avaliar a pergunta mais inteligente e instigante e, se selecionada, vamos estudá-la, respondê-la e publicá-la na próxima edição. O Hooráculo só terá olhos – ou melhor, Olho – às perguntas mais desafadoras e que possam ser de interesse geral.
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s aiba m ais sobre... a ordo templi orientis
a l oja q UetZalcoatl
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Ordo Templi Orientis oi undada em 1904, na Alemanha, por Karl Kellner e Theodore Reuss — seu primeiro líder —, que buscavam estabelecer um Academia para maçons de altos Graus onde estes pudessem ter contato com as revelações iniciáticas descobertas por Kellner em suas viagens ao Oriente. A entrada de Aleister Crowley, em 1912, veio a alterar proundamente a Ordem, até que, naquele mesmo ano, a O.T.O. rompe seus laços com a Maçonaria e assume–se como uma organização independente e soberana.
A principal mudança trazida por Crowley para a ordem oi a implantação da Lei de Thelema, conorme denida no Livro da Lei – Liber AL vel Legis, e o alinhamento da O.T.O. com as energias no Novo Eon, tornando esta Ordem a primeira nascida no Velho Eon a migrar para o novo. Em 1922 Crowley, com a morte de Reuss, assumiu a liderança da O.T.O.. Seu sucessor indicado oi o alemão Karl Germer, que governou a Ordem de 1947 a 1962. Como Germer não indicou um sucessor, após sua morte vários membros e não membros da Ordem tentaram assumir o controle da O.T.O. o que colocou a Ordem em sério risco de extinção. Assim, Grady McMurtry lançou mão de um documento expedido por Crowley que o autorizava a tomar o po der da O.T.O. caso esta se visse ameaçada. Assim, McMurtry tornou-se líder da Ordem em 1969, posição onde permaneceu até sua morte, em 1985. Após isso, por meio de um processo eleitoral levado a cabo pelos altos Graus da Ordem, oi empossado o atual Frater Superior, Hymenaeus Beta. Atualmente a O.T.O. está presente em mais de 70 países. No Brasil, a O.T.O. encontra–se desde 1995, com o antigo Acampamento Sol no Sul, substituído em 2000 pelo Oásis Quetzalcoatl, atual Loja Quetzalcoatl. Dando continuidade ao trabalho, em evereiso de 2010 ev oi aberto em Minas Gerais o Acampamento Opus Solis.
Loja Quetzalcoatl é um corpo ocial da Ordo Templi Orientis Internacional, undado em 23 de maio
OrdO Templi OrienTis inTernaciOnal Frater Superior: Hymenaeus Beta
de 2000 e.v. na cidade do Rio de Janeiro.
JAF Box 7666 New York, NY 10116 USA
Somos uma comunidade de homens e mulheres livres que se dedicam ao processo do auto-conhecimento e sua consequente expansão de consciência através dos princípios de Vida, Luz, Amor e Liberdade, pilares essenciais da Lei de Thelema.
Grande Secretário Geral: Frater Aion
Temos como um de nossos principais ob jetivos auxiliar no desenvolvimento de uma sociedade verdadeiramente livre da superstição, tirania e opressão onde o ser humano possa expressar a sua Verdadeira Vontade em plena harmonia com a essência divina que nele habita.
PO Box 33 20 12 D-14180 Berlin, Germany Grande Tesoureiro Geral: Frater S.L.Q.
24881 Alicia Parkway #E-529 Laguna Hills, CA 92653 USA Secret. Internac. Iniciações: Frater D.S.W. P.O. Box 4188 Sunnyside, NY 11104 USA
OrdO Templi OrienTis Brasil Site: www.otobr.com Rep. Fra. Superior: Sor. Tara Shambhala
Acreditamos que cada ser humano é uma estrela individual e eterna que possui sua própria órbita e que o objetivo primordial de sua encarnação não é outro senão descobrir as coordenadas dessa órbita e cumprir a sua Verdadeira Vontade, realizando a Grande Obra e alcançando a Felicidade Pereita. Nossos objetivos são alcançados através de um conjunto de Ritos Iniciáticos que visam despertar e ativar os chakras, propiciando a ascenção da kundalini e o acesso a estados mais elevados de consciência. Realizamos também o estudo teórico e prático da Filosoa de Thelema, Magia, Alquimia, Cabala, Tarot, Tantra, e demais ciências herméticas que possam colaborar com o caminho de auto-iluminação dos nossos iniciados. Caso deseje inormações sobre nossas atividades ou sobre a aliação à O.T.O., consulte nosso site no endereço www.quetzalcoatloto.org ou entre em contato conosco.
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