EDITORA PRAZER DA PALAVRA
ORANDO COMO JABEZ AS MARCAS DE UMA ORAÇÃO RESPONDIDA ISRAEL BELO DE AZEVEDO
Um comentário a 1Crônicas 4.9-11
Foi Jabez mais ilustre do que seus irmãos; sua mãe chamou-lhe Jabez, dizendo: -- Porque com dores o dei à luz. Jabez invocou o Deus de Israel, dizendo: Oh Deus, eu te peço que me abençoes e alargues as minhas fronteiras, que seja comigo a tua mão e me preserves do mal, de modo que não me sobrevenha aflição.
E Deus lhe concedeu o que lhe tinha pedido.
(1Crônicas 4.9-11)
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Foi Jabez mais ilustre do que seus irmãos; sua mãe chamou-lhe Jabez, dizendo: -- Porque com dores o dei à luz. Jabez invocou o Deus de Israel, dizendo: Oh Deus, eu te peço que me abençoes e alargues as minhas fronteiras, que seja comigo a tua mão e me preserves do mal, de modo que não me sobrevenha aflição.
E Deus lhe concedeu o que lhe tinha pedido.
(1Crônicas 4.9-11)
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SUMÁRIO
1. 2. 3. 4. 5.
UMA ORAÇÃO COM CONTEÚDO MARCAS DA ORAÇÃO RESPONDIDA ALARGANDO AS NOSSAS FRONTEIRAS PARA TER A MÃO DE DEUS CONOSCO RECURSOS DIVINOS DISPONÍVEIS A NÓS
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1 UMA ORAÇÃO COM CONTEÚDO
Como uma pérola, a oração feita por Jabes (ou Jabez) está incrustada na grande genealogia de 1 Crônicas, na forma de uma curta (curtíssima) biografia. Pouco sabemos a seu respeito, além do que informa o texto de 1Crônicas 4.9-11. A seção contém informações sobre Jabes e a oração que ele fez. Dele a Bíblia diz que sua mãe lhe deu este nome (que significa "dor", "tristeza") em função do parto difícil que teve. Também dele as Escrituras informam que Deus respondeu à sua oração, concedendo-lhe conforme pedira. Em torno desta pequena oração, uma das mais curtas da Bíblia, o pastor Bruce H. Wilkinson, atualmente vivendo no Alabama, escreveu um também curto livro (The Prayer of Jabez [Multnomah Publishers], ainda sem tradução para o português), que já vendeu seis milhões de cópias nos Estados Unidos (dados de julho de 2001). Sua proposta é que todo cristão repita diariamente esta oração, como o autor faz há mais de 30 anos, depois de a ter descoberto pelas mãos de um dos seus professores no seminário.
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O maior mérito do livro é trazer para a luz um texto escondido numa genealogia, sobre a qual pulamos quando estamos lendo a Bíblia. A história de Jabez é impressionante e tem muito a nos ensinar. A oração que ele fez é uma prece bíblica, que guarda muita proximidade com a oração que Jesus Cristo ensinou. Evidentemente, a oração de Jabez não deve e não pode ser vista como uma fórmula mágica para abrir o coração de Deus. Não se pode abrir o que está aberto. De igual modo, esta oração não pode ser vista como um mantra que se repita à exaustão, mesmo porque Jesus condena as vãs repetições quando nos ensina a orar (Mateus 6.7). Antes, esta oração deve ser vista como uma demonstração do poder gracioso de Deus, que atende os nossos pedidos. Esta prece deve ser vista também como um ensino profundo acerca da oração. A experiência de Jabez é um desafio para as nossas vidas, desafio e consolo; se Jabez foi abençoado, eu também posso. A oração de Jabez é um modelo para nós, sobre o modo como devemos comparecer perante Deus.
RELIGIÃO NÃO É CONFORMISMO O texto começa e termina de modo informativo. Jabes era um israelita criado para fracassar, pois que
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recebera um nome terrível de sua mãe: "tristeza". Esta herança, gerada a partir do seu nascimento, era um peso que lhe acomparia o resto da vida. No entanto, ele não aceitou esta maldição e invocou o Deus de Israel, pedindo para ser abençoado, para ter ampliado o seu patrimônio, para ser preservado do mal, que faria com que escrevesse uma história bem diferente do que se prenunciava. Informa a Bíblia que Deus o escutou, concedendo o que pedira. Graças à bênção de Deus, Jabes se tornou o membro mais ilustre de sua família, tão ilustre que ninguém mais é mencionado; só ele. A oração foi o recurso que Jabes usou para pedir que Deus o livrasse de sua herança, marcada no nome e no tamanho da sua propriedade. Jabes não se tornou uma vítima da maldição recebida. Jabes não aceitou os limites que a vida queria lhe impor. Jabes teve consciência da tragédia que seria sua vida e pretendeu mudá-la. Jabes tinha consciência do que era interiormente e do que era materialmente. Jabes não quis ser o que era e não quis ter o que tinha. Jabes queria ser mais do que era e ter mais do que tinha.
1. Jabes não aceitou o significado do seu nome. A escolha do nome de um filho tem a ver com as visões e as experiências dos seus pais por ocasião do seu nascimento. Um nome de filho é sempre a expressão
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de um desejo. Jabes era um nome novo, inventado por sua mãe, que pensou apenas no momento, não cogitando do impacto do nome ("tristeza") sobre o curso da vida do seu filho. Na antiga cultura hebraica, um nome tinha um peso muito grande e os pais eram cuidadosos nas suas escolhas. Muitos se esforçavam para que suas vidas honrassem seus nomes. Na nossa cultura, os nomes significam menos, mas ainda significam. Conta a crônica (não-escrita) da minha família que meu nome era para ter apenas duas letras: Er. Meu pai achava lindo este nome, que significa "vigilante, atento". Meu avô materno conhecia a história de Er (narrada em Gênesis 38.7: Er, porém, o primogênito de Judá, era perverso perante o Senhor, pelo que o Senhor o fez morrer.) e não quis este nome para mim. Desde cedo aprendi o significado do meu nome ("príncipe de Deus" ou "aquele que lutou com Deus e venceu") e isto me fez muito bem. A propósito, os pais devem ser atentos nas escolhas dos nomes dos seus filhos. Ainda acho que os mais lindos são os bíblicos, também porque são capazes de incutir na criança o sentimento de pertencimento ao povo de Deus e poder se inspirado por alguém que teve o seu nome. Há muitos homens com nomes femininos e vice-versa. Há muitos nomes com sons estranhos. Há muitos nomes que reportam personagens que deviam ser esquecidos. Em nossa cultura, em que a maioria
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das pessoas não sabe os significados dos seus nomes, els não têm poder. Nem por isto, os pais devem ser menos responsáveis. No caso de Jabes, seu nome era o resumo de uma vida anunciada. E ele não aceitou este anúncio. A recusa do significado do seu nome era a recusa das características herdadas e das características aprendidas na infância. Ele nasceu um fracassado, mas não viveria como um fracassado. Seu nome era para fazer dele um tímido, mas ele se recusou a viver andando pelos cantos e olhando para baixo. Jabes não aceitou sua herança emocional. Jabes não aceitou ser pequeno, apagado, inexpressivo, encurvado. Sua oração revela o seu desejo de ser aquilo para o que Deus o fez.
2. Jabes não aceitou as condições materiais de sua vida. Quando Canaã foi colonizada pelos israelitas, cada família recebeu uma herança inicial de terras. Os limites geralmente eram territórios de outros povos. Cabia aos novos proprietários ampliar as suas fronteiras. Muitas famílias, possuídas da síndrome de Gabriela ("Eu nasci assim, vou morrer assim"), aceitaram suas heranças, mesmo que fosse insuficientes para o sustento de todos. Outros foram à luta para ampliar seus limites.
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Jabes, quando nasceu, tinha fixado o tamanho de sua propriedade. Ele não achou que era suficiente e quis ampliá-la. E orou para que seus bens se multiplicassem.
3. A experiência de Jabes guarda uma correspondência com as nossas. Cada um de nós tem uma herança. Há muitos cristãos que receberam uma herança miserável e vivem miseravelmente, tanto no plano interior quanto no plano material. No entanto, este não é o projeto de Deus para nenhum dos seus filhos. Ele não fez você para viver num vale de lágrimas. Ele o gerou em amor para caminhar nos altiplanos da vida, nunca nos vales, jamais nas sombras. Ele o gestou com carinho; você não é o produto do acaso, nem um aborto da natureza. Apesar do nome que sua mãe lhe deu, o Senhor não fez Jabes para ser um triste, um derrotado, um medíocre, um medroso. Deus não iria desperdiçar seu amor para fazer um "substrato de pó de nada", mas fez Jabes -como a cada um de nós também -- pouco menor do que Ele mesmo e maior do que os próprios anjos, coroando-o -- e a cada um de nós também -- de glória e de honra (Salmo 8.5). Cada um de nós é uma obraprima da mão do Criador. Por saber disso, Jabes retraçou seu próprio destino. Lembrando-nos disso,
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precisamos reescrever nossos destinos, se eles estão aquém do desejo de Quem nos fez. A religião de Jabes não fez dele um conformista. Apesar do país em que vivia, o Senhor não fez Jabes para viver acuado, sem futuro, sem brilho. Ele queria fazer de Jabes alguém ilustre e que contribuísse para o desenvolvimento da sua nação.
4. A crônica trajetória brasileira de injustiça, corrupção, violência e desemprego tem tornado os brasileiros um povo envergonhado de si mesmo. Nossa auto-estima nacional é baixa. Há países com menos recursos materiais e humanos do que o nossso mas que, pela consciência nacional, são grandes nações, com mais oportunidades para seus habitantes. De fato, olhando para o horizonte brasileiro, que expectativa podem ter, em termos de emprego, os nossos jovens, que expectativa podem ter, em termos de segurança, os nossos adultos, que expectativa podem ter, em termos de alegria, as nossas crianças? As nossas expectativas são baixas, porque a nossa estima é baixa. Nós entregamos a administração das cidades, dos estados e do país a uma elite interessada tão somente no enriquecimento e no enriquecimento rápido.
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Esta é a nossa herança. A herança de Jabes, no tocante à sua nação, não era melhor que a nossa. Se a aceitasse, Jabes viveria toda a sua vida no pedacinho que lhe coube, por mesquinho que fosse. Se queremos ampliar nossos próprios limites, temos que fazer do Brasil um grande país, tirando o seu controle da mão dos corruptos. Não dá para cuidarmos de nós mesmos se não nos importarmos com o nosso país. Não haverá oportunidade para nós se não houver para todos. O vale-tudo é filho de nossa natureza decaída e da falta de oportunidades, em termos de educação, saúde e moradia. É um erro achar que resolveremos por nós mesmos os nossos problemas. Diante da circunstâncias que lhe tiravam as perspectivas, Jabes, a partir da oração, lutou para mudá-las. Eis como devemos fazer: em lugar de permitir que as circunstâncias nos dominem, nós devemos nos esforçar para dominá-las ou para triunfar apesar delas. Não se acorrente a maldições familiares ou sociais. Não importa a sua idade, não aceite as condições que tentam lhe impor. Não desperdice a sua vida. Não se conforme jamais. Multiplique os bens que recebeu dos seus pais. Como Jabes, não aceite a herança patrimonial que recebeu. Se não recebeu muito,
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apenas educação, seja-lhes grato (porque este é o maior investimento, melhor do que casa ou carro), estude cada vez mais, para ter mais que seus pais tiveram. Eles ficarão honrados. Se não recebeu absolutamente nada, deixe mais para os seus filhos. Seus pais também ficarão honrados, se virem o seu triunfo.
A BOA ESCOLHA A bênção divina sobre Jabes foi um processo, não algo imediato.
1. Ela começou com Jabes alcançando uma consciência adequada de si mesmo e do seu meio. Esta consciência de suas limitações e de seus limites foi o ponto de partida para uma transformação inicialmente interior e que alcançou todas as dimensões da sua experiência.
2. Esta consciência, quando sozinha, gera ainda mais infelicidade. No caso de Jabes, ela foi acompanhada do desejo de superar os limites. Por isto, esta consciência e esta disposição talvez tenham sido a maior bênção que recebeu. Podemos inferir que Jabes era um homem de oração, porque, na situação em que estava,
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não conseguiria ver quem era se não fosse a partir de sua percepção e de seu relacionamento com Deus.
3. Jabes orou. Jabes não se achava um super-herói capaz de derrubar todos os obstáculos, inclusive aqueles mais interiores. Ele confiou em Deus para fazer dele um vitorioso. Temos nós convidado Deus para fazer parte de nossa caminhada? Nossos projetos O incluem? Em nossos sonhos Ele está presente? A oração tem sido parte de nossas vidas? Se sim, triunfaremos, não importam as condições, internas e externas.
4. Jabes orou corretamente, não no sentido formal, mas no do conteúdo. Negativamente, ele pediu para não viver a maldição que recebera. Ele pediu para não ter longe de si a mão de Deus. Ele pediu para não ser alcançado pelo mal. Ele pediu para que a tristeza não fosse a companheira da sua vida. Temos orado assim? Positivamente, ele pediu para ser abençoado por Deus. Ele pediu para que a mão de Deus estivesse com ele. Ele pediu para que Deus o preservasse do mal. Ele pediu para ter uma vida tranqüila. Temos orado assim?
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Embora correto, não é este o único tipo de oração que devemos fazer. Jabes orou por si mesmo, e isto é legítimo, como também é necessário que oremos uns pelos outros. Na sua situação aflita, sua oração pode parecer egoísta, mas não foi, porque Deus a respondeu e Deus não atende aos egoístas.
5. Jabes ousou. Jabes tinha uma meta na vida e viveu por ela na presença de Deus. Ele ousou. Seus irmãos se conformaram e sumiram. Ele quis mais e hoje sabemos seu nome e lembramos sua experiência como válida para nós.
CONCLUSÃO A oração de Jabes não deve ser vista por nós apenas como um conjunto de palavras, mas como a expressão de uma atitude de vida.
Oh Deus, eu te peço que me abençoes e alargues as minhas fronteiras, que seja comigo a tua mão
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e me preserves do mal, de modo que não me sobrevenha aflição. Em nome de Jesus. Amém.
Que a nossa vida reflita as palavras desta oração. Que as palavras desta oração seja nossa abertura para que Deus mude a nossa vida.
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2 MARCAS DA ORAÇÃO RESPONDIDA
Deus ouviu a oração de Jabes, concedendo o que Lhe tinha pedido, que era ser livre do futuro sombrio que se prenunciava para a sua vida, ter mais do que tinha, ser alvo da mão cuidadora de Deus e ficar preservado do mal. A bênção pedida (me abençoes) não era pouca; era uma bênção, por assim dizer, completa, incluindo dimensões espirituais, emocionais e materiais. Vista superficialmente, parece uma oração mágica, porque o texto não informa quanto tempo demorou a resposta, ou melhor, as respostas de Deus. Não sabemos quanto tempo Jabes orou, nem quantas vezes repetiu esta oração. Sabemos que pediu coisas duradouras; ele rogou que suas fronteiras fossem alargadas, que é um processo sem fim; ele solicitou a mão de Deus para a sua vida, que deveria durar o tempo de sua existência; ele invocou a Deus para ficar livre do mal, que não era para um momento mas para toda a vida. É preciso que tenhamos este fato em mente para não ficarmos deprimidos. Parece que na Bíblia a resposta de Deus vem a jato (ou melhor, em tempo real pela
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internet), enquanto para nós ela vem numa carroça de burro que pára em todas as esquinas.
A NATUREZA DA BÊNÇÃO Jabes pediu para ser abençoado. A propósito, a palavra bênção e o verbo abençoar aparecem mais de 250 vezes na Bíblia. Bênção é a manifestação de Deus em favor de alguém. No Antigo Testamento, esta bênção é de natureza sobretudo concreta, material mesma. O conceito fica melhor entendido pela leitura de Deuteronômio 7.12-15: Será, pois, que, se, ouvindo estes juízos, os guardares e cumprires, o Senhor, teu Deus, te guardará a aliança e a misericórdia prometida sob juramento a teus pais; ele te amará, e te abençoará, e te fará multiplicar; também abençoará os teus filhos, e o fruto da tua terra, e o teu cereal, e o teu vinho, e o teu azeite, e as crias das tuas vacas e das tuas ovelhas, na terra que, sob juramento a teus pais, prometeu dar-te. Bendito serás mais do que todos os povos; não haverá entre ti nem homem, nem mulher estéril, nem entre os teus animais.
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O Senhor afastará de t i toda enfermidade; sobre ti não porá nenhuma das doenças malignas dos egípcios, que bem conheces; antes, as porá sobre todos os que te odeiam.
Quando Jabes rogou para ser abençoado, eis o que estava pedindo.
No Novo Testamento, a bênção tem uma dimensão prioritariamente espiritual, como a definiram os primeiros apóstolos. Pregando em Jerusalém, Pedro colocou-a nos seguintes e precisos termos: Tendo Deus ressuscitado o seu Servo, enviou-o primeiramente a vós outros para vos abençoar, no sentido de que cada um se aparte das suas perversidades. (Atos 3.26) Outro apóstolo, Paulo, dá graças a Deus porque Jesus Cristo nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo (Efésios 1.3). Na maioria das vezes, no entanto, bênção, no Novo Testamento, é associada ao sofrimento, oferecida como uma certeza de glória futura aos que permanecessem fiéis a Cristo mesmo diante da oposição e da perseguição.
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De qualquer modo, bênção não é magia. Não existe fórmula para ser abençoado. Não existe um modo de manipularmos Deus. Ele não se deixa manipular. Do mesmo modo, não existe dificuldades maiores e menores para Deus. Não devemos pedir a Ele somente pelas coisas fáceis, mas também pelas difíceis, mesmo "impossíveis".
O ESTILO DE JABES Ao lermos e tomarmos como nossa a oração de Jabes, convencemo-nos que podemos e devemos pedir bênçãos materiais e bênçãos espirituais. É, pois, legítimo, como privilégio, pedir para ser abençoado por Deus. Podemos e devemos pedir a cura de uma enfermidade física ou psíquica. Jairo orou para que sua filha fosse curada e Jesus a curou. (Lucas 8.40-56) Podemos e devemos pedir por melhores condições materiais de vida, sejam emprego, casa, telefone ou carro ou qualquer outro bem necessário. A viúva de Sarepta precisa de comida em seu fogão, e Elias rogou a Deus que multiplicasse o quase nada que havia naquela casa. (1Reis 17.10-16) A oração de Jesus contém este pedido: Dá-nos o pão nosso de cada dia (Mateus 6.11).
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Podemos e devemos pedir por segurança numa cidade violenta. Podemos e devemos orar por um país decente. Podemos e devemos pedir por um cônjuge, se somos solteiros. Podemos e devemos orar pela conversão de uma pessoa. Podemos e devemos orar por pais ou filhos ou cônjuges melhores.
1. Jabes orou com fé. Quando viu a sua necessidade, que era imensa, Jabes não ficou pensando se devia orar, se Deus lhe iria atender. Eles simplesmente invocou o Deus de Israel, isto é, ele orou. Jabes não ficou buscando palavras, mas foi direto aos pontos que lhe interessavam. Seu Deus não era pequeno. Seu Deus não tinha a estatura dos seus problemas. O Deus de Jabes é o nosso. Ele não tem medo de enfermidades e de dificuldades. Nós podemos levar a Ele as nossas enfermidades e as nossas dificuldades. Ah se o povo de Deus orasse... Ah se esta igreja cresse no poder de Deus... Oremos com fé que obteremos o que pedimos, se a nossa vontade convergir com a vontade de Deus.
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2. Jabes orou com ousadia. A ousadia de Jabes estava na amplitude das coisas que pediu. Não estava na forma de pedir, "determinando" como ensinam alguns, o que Deus deve fazer, ou "declarando", como preferem outros, o que Ele tem que conceder. Jabes ousou ao pedir simplesmente tudo. Ousadia não é rebeldia. O rebelde é aquele que ora revoltado ou que ora a si mesmo, como se pudesse fazer o que está pedindo. O rebelde, na verdade, não ora. Faz discurso. O ousado ora. Sua ousadia consiste em pedir tudo e esperar tudo o que pediu. Ele já orou antes e não recebeu, mas ele ora com ousadia. Ele conhece pessoas que oraram e não alcançaram, mas ele ora com ousadia. A fé um dia fraquejou, mas hoje ele ora com ousadia. Orar com ousadia é deixar tudo no altar de Deus. Oremos ousadamente e deixemos tudo no altar do nosso Deus. Enquanto nós deixarmos nossos problemas com uma mão no altar de Deus e segurarmos estes mesmos problemas com as nossas mãos, eles não serão problemas de Deus. Continuarão sendo nossos, que os não resolveremos.
3. Jabes orou com insistência.
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Penso que recebemos pouco porque desistimos logo. Somos imediatistas demais. Para Jabes, a oração era um projeto de vida, pois que pediu coisas para a vida toda, que tinham de ser pedidas toda a vida. Não dá para imaginar que a oração de Jabes tenha sido uma oração burocrática; antes, imagino, foi uma oração vinda do fundo da sua alma e feita com a insistência típica de quem crê. Ele orava e esperava; como não recebia, orava com mais fé e mais ousadia. Ouso imaginar que, durante algum tempo, ele orou por uma casa melhor, mas a casa continuava pequena; nasceulhe um filho, mas a casa era a mesma. Em lugar de desistir, ele prosseguiu orando por uma casa melhor, até recebê-la. Orar com insistência é orar até receber. Foi o que aconteceu com o casal Isaque e Rebeca: Isaque tinha 40 anos quando se casou com Rebeca, filha de Betuel e irmã de Labão. Eles eram arameus e moravam na Mesopotâmia. Rebeca não podia ter filhos, e por isso Isaque orou ao Deus Eterno em favor dela. O Eterno ouviu a oração dele, e Rebeca ficou grávida. Na barriga dela havia gêmeos, e eles lutavam um com o outro. Ela pensou assim: "Por que está me acontecendo uma coisa dessas?" Então foi perguntar ao Deus Eterno, e ele respondeu: "No seu ventre há
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duas nações; você dará à luz dois povos inimigos. Um será mais forte do que o outro, e o mais velho será dominado pelo mais moço." Chegou o tempo de Rebeca dar à luz, e ela teve dois meninos. O que nasceu primeiro era vermelho e peludo como um casaco de pele; por isso lhe deram o nome de Esaú. O segundo nasceu agarrando o calcanhar de Esaú com uma das mãos, e por isso lhe deram o nome de Jacó. Isaque tinha 60 anos quando Rebeca teve os gêmeos. (Gênesis 25.20-26) Durante 20 anos Isaque orou para ser pai. Ele esperou 20 anos. Ele insistiu 20 anos no seu pedido. Seu filho Jacó seria da mesma têmpera, como o prova a passagem do ribeirão do Jaboque:
Depois que as pessoas passaram, Jacó fez que também passasse tudo o que era seu; mas ele ficou para trás, sozinho. Aí veio um homem que lutou com ele até o dia amanhecer. Quando o homem viu que não podia vencer, deu um golpe na junta da coxa de Jacó, de modo que ela ficou fora do lugar. Então o homem disse:
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-- Solte-me, pois já está amanhecendo. -- Não solto enquanto o senhor não me abençoar --respondeu Jacó. Aíí o h o m e m p e r g u n t o u : A -- Como você se chama? -- Jacó -- respondeu ele. Então o homem disse: --O seu nome não será mais Jacó. Você lutou com Deus e com os homens e venceu; po p or isso o seu nome será Israel. --Agora diga-me o seu nome - - pediu Jacó. O homem respondeu: -- Por que você quer saber o meu nome? E ali ele abençoou Jacó.
(Gênesis 32.23-29)
Para Jacó ser abençoado, teve que esperar uma noite toda em luta com um estrangeiro. Ele não desistiu, embora tivesse pressa para resolver um grande
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problema. Seu irmão guerreiro marchava contra ele. Quando reconheceu que aquele homem era um emissário de Deus, ele não descansou até ser abençoado. Ficou manco de uma perna, mas saiu abençoado, porque ninguém sai incólume de um encontro com Deus.
4. Jabes orou com objetividade. Elias, quando estava diante dos profetas de Baal, orou assim: O Eterno, Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó! Prova agora que és o Deus de Israel e que eu sou teu servo e que fiz tudo isto de acordo com a tua ordem. Responde-me, o Eterno, responde-me, para que este povo saiba que tu, o Eterno, és Deus e estás trazendo este povo de volta para ti! (1Reis 18.36-37) Jabes, diante de suas dificuldades, disse o que queria de Deus. Não deu voltas, para, no fim, não pedir nada concretamente. Ele tinha um projeto de vida e empenhou sua fé neste projeto. Jabes sabia o que queria vida; por isto, sabia pedir. Orar com objetividade é expressar com clareza os desejos do coração. Ao orarmos, as coisas devem estar primeiramente claras para nós.
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NOSSAS ATITUDES É legítimo pedir para ser abençoado. Jabes pediu e foi abençoado. Devemos orar como ele: com fé, com ousadia, com insistência e com objetividade.
1. Nós somos abençoados, quando oramos e agimos corretamente. Orar não é viver irresponsavelmente. Confiar não significa deixar de lado os recursos médicos, por exemplo, que Deus disponibiliza para todos. A bênção de Jabes veio por meio da oração e da ação. Deus nunca faz o nos compete, para não nos tornar eternamente crianças; antes, Ele nos quer sábios. Ele deixou vários livros na Bíblia nos orientando sobre a sabedoria de viver. Não devemos pedir para que Deus preserve as nossas vidas e, ao mesmo tempo, dirigir em alta velocidade. Uma oração que não seja coerente com a nossa vida não é uma oração madura. Por isto, a maior das bênçãos é ser orientado por Deus até mesmo para ter desejos bons e para ter uma perspectiva correta acerca da vida.
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2. Nós somos abençoados quando oramos e entregamos. Orar é fácil. Entregar é difícil. Nós lemos com prazer o Salmo 37.
Confia no Senhor e faze o bem; habita na terra e alimenta-te da verdade. Agrada-te do Senhor, e ele satisfará os desejos do teu coração. Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e o mais ele fará. Fará sobressair a tua justiça como a luz e o teu direito, como o sol ao meio -dia. Descansa no Senhor e espera nele.
(Salmo 37.3-7)
Ser abençoado é participar de um pacto. E o pacto é este: a fidelidade de Deus não depende da nossa fidelidade, mas depende de nossa confiança nEle. E esta é a parte mais difícil da oração: entregar,
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descansar. Em lugar disto, nós preferimos, por vezes, a ansiedade; nós preferimos as vãs repetições. O grito do salmista continua a ecoar pelas páginas da história: Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nEle e o mais Ele fará. Descansa no Senhor e espera nEle.
3. Nós somos abençoados quando oramos e confiamos. Confiar é crer que Deus nos dará o melhor. Se não nos der o que pedimos, é porque quer nos dar outra coisa. E nós confiamos que esta outra bênção será melhor. Nós gostamos muito de falar na soberania de Deus. E estamos certos porque a Bíblia nos revela um Deus efetivamente soberano. Por Sua soberania, Ele concede e não concede, Ele concede de um modo ou de outro. Se isto é verdade, também o é que a soberania de Deus não é apenas soberania, porque é soberania acompanhada de um adjetivo: graciosa. A soberania de Deus é graciosa. Ele não é um soberano que diz "não"; Ele, ao contrário, sempre diz "sim", mesmo que a materialização da Sua bondade não tenha sido precisamente aquilo que pedimos, mas aquilo que precisamos.
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CONCLUSÃO Nós não sabemos porque Deus responde a algumas orações do modo como foram formuladas e não responde a outras do mesmo modo. Sabemos, por experiência própria, no entanto, que Deus nos responde... Quando nossa capacidade de orar estiver se apagando, releiamos a experiência de Jabes e de tantos outros na Bíblia. Se isto parecer distante, olhemos para os nossos próprios exemplos. Nenhum de nós pode em sã consciência dizer que nunca foi abençoado por Deus. Se já fomos no passado, porque não o seremos no presente.
Nossa oração seja a de Jabes, acrescentada da entrega "em nome de Jesus".
Oh Deus, eu te peço que me abençoes e alargues as minhas fronteiras, que seja comigo a tua mão e me preserves do mal,
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de modo que não me sobrevenha aflição . Em nome de Jesus. Amém.
3 ALARGANDO AS NOSSAS FRONTEIRAS
Um dos homens que mais admirei, e ainda admiro, nasceu um garoto pobre no interior de um pobre estado de um país pobre numa época mais pobre do que a nossa. Nas circunstâncias em que nasceu, seu futuro se prenunciava igual aos dos seus pais. O menino, no entanto, queria mais. Seu desejo era estudar e ultrapassar as fronteiras da roça familiar. Um dia, como as águas de um rio que só passam uma vez, recebeu um convite para estudar na capital do estado. O resto foi com ele, que se tornou um grande educador, contribuindo para alargar as fronteiras de muitas pessoas, a minha inclusive, e do próprio país, com sua ação e sua obra. Esta é a história de muitos homens e mulheres no Brasil, mas eu me refiro particularmente ao professor José Luciano Lopes, um espiritossantense de fé e visão que agarrou a oportunidade de estudar em Vitória, por
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um oferecimento do missionário Loren Reno. Estudando e trabalhando, fez cursos impensáveis para o seu passado, dirigiu escolas, ocupou outras funções na área educacional e chegou a ser vereador na cidade do Rio de Janeiro, onde foi membro atuante da Igreja Batista Itacuruçá. Neste ano (2001), comemoramos o seu centenário de nascimento. Penso em Luciano Lopes como uma ilustração perfeita para o Jabes de 1Crônicas 4. Jabes nasceu com um pequeno território e pediu a Deus para o alargar e Deus atendeu ao seu pedido. Penso em Luciano Lopes também como um exemplo para as novas gerações, por estar bem próximo de nós. Como fez com Luciano Lopes e com Jabes, Deus quer alargar o nosso território. A palavra que aparece na prece de Jabes pode ser traduzida como território, fronteira, limite. Podemos criar outros sinônimos, como casa, horizonte, sonho, projeto, indicando o lugar que ocupamos e o lugar que podemos ocupar. Deus atendeu a oração de Jabes como pode atender a nossa. A vida cristã só é diferente dos outros estilos de vida por esta marca indispensável: Deus é o nosso parceiro de realizações. Deus tem interesse naqueles assuntos que julgamos pertencer tão somente a nós, como vida familiar e vida profissional. Tudo aquilo que nos diz respeito diz respeito ao Senhor de nossas vidas.
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ATITUDES PARA A RESPOSTA Quero apresentar, então, primeiramente as atitudes básicas para que a nossa oração por fronteiras ampliadas seja respondida pelo nosso Senhor.
1. Deus alarga o nosso território, quando acreditamos que Ele quer que nós ampliemos as nossas fronteiras, sejam elas pessoais, familiares, profissionais, eclesiais. Nossas fronteiras são um assunto de Deus. Nosso primeiro passo em direção à Sua bênção é acreditar nEle e nela. Ele não veio ao nosso encontro, por meio de Jesus, "apenas" para nos salvar, mas para nos lançar a uma vida transbordante (João 10.10b), com todo tipo de bênção (Efésios 1.3) e não "apenas" bênção espirituais. Não se trata de acreditar no poder do pensamento positivo, mas crer num Deus de poder positivamente interessado nos sucessos humanos. Ele quer que ampliemos os nossos limites. Se são amplos, tornemolos ainda maior. Se são estreitos, façamo-los grandes. Se são razoáveis, tornemo-los amplos. Se pudéssemos definir negativamente o Brasil numa só frase, diríamos lamentavelmente que é o país da falta de oportunidades. O Brasil não é a nação dos sonhos de Deus. Durante uma grave crise na história do povo
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de Israel, as palavras que Deus lhe mandou por meio de um profeta foram as seguintes:
Canta alegremente, o estéril, que não deste à luz; exulta com alegre canto e exclama, tu que não tiveste dores de parto; porque mais são os filhos da mulher solitária do que os filhos da casada, diz o SENHOR. Alarga o espaço da tua tenda; estenda-se o toldo da tua habitação, e não o impeças; alonga as tuas cordas e firma bem as tuas estacas. Porque transbordarás para a direita e para a esquerda; a tua posteridade possuirá as nações e fará que se povoem as cidades assoladas. (Isaías 54.1-3)
O profeta compara seu país como uma mulher incapaz de ficar grávida, embora muito o deseje. A esta mulher, ainda estéril, Deus ordena que ela faça mais um quarto na casa para receber os filhos ainda não nascidos. A gravidez feminina é um assunto divino. Esta verdade para a vida familiar é a mesma para a vida profissional e para a vida nacional. Quando nós cremos que o que nos importa importa a Deus, nós podemos cantar, mesmo que agora só vejamos a obscuridade e a esterilidade. Começamos a ser abençoados quando cremos que Deus nos pode abençoar. Cremos nós nisto?
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2. Deus alarga o nosso território, quando acreditamos que Ele alarga conosco a nossa fronteira. O pedido de Jabes é revelador de sua fé. Ele pôs as coisas nos termos corretos. Ele queria ver ampliados os seus limites e pediu a Deus que os ampliasse. Ele não pediu saúde para trabalhar, nem sensibilidade para ver as oportunidades, nem inteligência para tomar as decisões certas. Não precisamos de saúde, sensibilidade e inteligência? Precisamos, e Deus as usa para alargar nossas fronteiras. A crença de Jabes estava correta ao acertar que o seu sucesso seria o resultado de Deus agindo na sua vida. Jabes tinha uma percepção adequada de si mesmo (como a dizer: "sozinho não posso") e de Deus (como a dizer, muitos séculos antes do apóstolo Paulo: "eu posso todas as coisas por meio dAquele que me fortalece" -- cf. Filipenses 4.13) A caminhada do povo de Israel pelos mares e rios, montanhas e vales pôde se completar porque o Senhor deles (e nosso também) ia adiante. O Pentateuco está cheio de promessas de esperança e narrativas de realizações neste sentido. Vejamos duas delas:
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Eis que eu envio um Anjo adiante de ti, para que te guarde pelo caminho e te leve ao lugar que tenho preparado. (Êxodo 23.20) Partiram, pois, do monte do Senhor caminho de três dias; a arca da Aliança do Senhor ia adiante deles caminho de três dias, para lhes deparar lugar de descanso. (Números 10.33)
Cabia aos patriarcas caminhar, mas não caminhariam sozinhos. Cabe-nos caminhar, mas não caminhamos sozinhos. Cremos nós nisto?
3. Deus alarga o nosso território, quando acreditamos que tudo o que recebemos (personalidade, família, trabalho, igreja, relacionamentos) é o território que Deus nos deu e dá para alargar. Há uma infeliz e nefasta divisão entre o sagrado e o profano, embora estranha à revelação bíblica, que não dá a menor margem para esta dicotomia. Nós somos chamados a impactar o mundo onde quer que estejamos, seja o que for que façamos, e não apenas numa determinada área. Nós todos somos sacerdotes de Deus. Boa parte dos cristãos tem medo de assumir seu papel.
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Tenho eu um dom? cabe-me alargá-lo, pondo-o em prática. Consegui eu estudar? toca-me colocar meus conhecimentos a serviço dAquele que me capacitou. Tenho eu alguma habilidade específica? urge-me desenvolvê-la para a glória dAquele que me dotou desta competência. Juntei eu um bom dinheiro? carece-me multiplicá-lo e usá-lo para o meu bem e para os projetos de Deus neste mundo. Uma das tragédias do Cristianismo é essa separação entre religião e vida, entre igreja e comunidade. Esta separação tem impedido que a Igreja possa ter alargado as suas fronteiras. Boa parte de nós recebeu uma igreja daqueles que chegaram antes de nós, e pouco faz para ampliar o seu território. Recordo, então, que todas as áreas da Igreja precisam ser alargadas. Nossas dependências precisam ser alargadas; nós estamos esprimidos entre um prédio e o Colégio Batista. Se orarmos para que Deus alargue as nossas dependências para abrigar os ministérios, Ele as alargará. Hoje não temos espaço para abrigar nossa Escola Dominical, que é modesta. Como a queremos uma grande Escola, precisamos de lugar para receber os alunos. Nossos ministérios precisam ser alargados. Não há sequer uma área que não esteja precisando de gente. Precisamos de mais gente na recepção. Precisamos de
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mais gente na visitação. Precisamos de mais instrumentistas, de mais coristas, de mais regentes. Precisamos criar dois coros para crianças e para os juniores e carecemos de regentes e acompanhadores. Precisamos de mais gente na área da comunicação. Precisamos de mais gente na evangelização, se queremos que a Tijuca merece ser salva. Precisamos de mais gente na oração, nos cultos diários pela manhã e nos semanais às quartas-feiras. Nos cultos diários, duas irmãs, as vezes, três, há anos vêm orando, não por elas, mas por nós. Nos cultos semanais, algumas pessoas têm testemunhado as respostas de Deus às suas orações, mas por que só vêem umas 50, boa parte delas de não membros? Precisamos alargar o número de pessoas que participam da vida igreja, inclusive financeiramente. Precisamos de mais gente envolvida e de dinheiro devolvido. Boa parte das igrejas está em crise financeira. Graças a Deus e a uns 350 contribuintes fiéis, a nossa não está. Mas não temos podido fazer tudo o que devemos, porque nos faltam recursos. Gostaríamos de sustentar mais missionários, inclusive uma num grande hospital público da cidade, mas não temos dinheiro. Poderíamos estar no rádio ou na televisão pregando o Evangelho, mas não temos dinheiro. Gostaríamos de comprar um sistema de comunicação para o santuário, mas não temos dinheiro. Carecemos de melhor o nosso som, mas não
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temos dinheiro. Precisamos ajudar com mais recursos a obra social dos batistas cariocas, mas temos dinheiro. Nós só teremos dinheiro quando alargarmos o número daqueles que são fiéis a Deus por meio da Igreja. Se tivéssemos mais 100 contribuintes (e você, se não é, pode ser um deles), mais poderíamos fazer. Nossa Igreja (e aqui me refiro a cada um dos seus membros) precisa alargar a sua qualidade de vida. Há cristãos que merecem este apelido apenas enquanto estão aqui. Fora daqui, são fracos para resistir às tentações, fracos para falar da grandeza da graça de Deus. Fora daqui não causam impacto nenhum. Precisamos orar mais para discernir melhor a vontade de Deus. Precisamos ler mais a Bíblia para conhecer mais a misericórdia de Deus. Precisamos cultuar mais para fruir da presença de Deus. Não podemos esquecer que a história dos filhos de Deus é uma história sagrada. Nossa vida é uma vocação constante. Quem não descobriu esta verdade ainda não começou a viver verdadeiramente. Deus alarga o nosso território, quando acreditamos que Deus nos abençoa e que também abençoa os outros por nosso intermédio. Cremos nós nisto?
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AÇÕES PARA A RESPOSTA Apresento agora as ações de oração que devemos desenvolver para alcançar a bênção de ver nossos territórios alargados.
1. Devemos orar para que Deus nos alargue as fronteiras. Esta é a nossa oração básica. Devemos orar com ousadia, com insistência e com objetividade. Jabes não tinha qualquer "currículo" que o credenciasse a esperar que Deus aumentasse a herança que tinha recebido; seus irmãos também não tinham este "currículo", mas principalmente não tinham a fé vencedora, porque corajosa, do irmão. Jabes lançou mão do único recurso que tinha e este recurso foi suficiente. Deus estava disponível, como está, e Jabes aceitou a Sua companhia. Temos orado assim?
2. Devemos apresentar a Deus as nossas insatisfações com o que somos, com o que temos e com o que fazemos. O Eterno procura pessoas insatisfeitas com o que são, com o que tem, com o que fazem. Ele não pode abençoar quem não pede; não pode pedir quem não sabe o que quer.
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Cada um de nós precisa se perguntar: será que eu nasci para ser apenas isto? Nós todos fomos feitos para o louvor da glória de Deus (Efésios 1). Nós fomos feitos para alvos elevados. Nós precisamos de ambição, daquela ambição inspirada por Deus. Ele mesmo, depois de ter feito a maravilha do Universo, ficou insatisfeito, porque Sua obra ainda não revelava o seu caráter. Fez o homem. Depois, redimiu o homem, por meio do envio do Seu Filho. Agora, prepara para os seus filhos as moradas necessárias para a vida eterna. Deus é santamente ambicioso: Ele quer mais de si mesmo, embora já seja perfeito. Deus nos quer ambiciosos, sua imagem e semelhança, querendo mais, tornando-nos cada dia menos imperfeitos. Temos apresentado a Deus as nossas insatisfações?
3. Devemos rogar constantemente a Deus que nos abra avenidas de oportunidades. Diante da falta delas, em nosso país, devemos criticar, colaborar, denunciar, participar, protestar, sair às ruas, fazer greve. Também por vivermos numa terra com estas limitações, devemos orar. Joelhos dobrados diante de Deus e punhos levantados contra a injustiça devem ser a coreografia do cristão, que não pode ser alienado; não é possível a um verdadeiro servo de Deus viver alienadamente. O cristão é aquele que olha para todos
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os lados, mas a sua direção vem de Cima. Temos pedido assim a Deus? Se só pedirmos oportunidades, nossa oração será incompleta. Nós precisamos rogar também a Deus que nos mostre. Quando Abraão provou que era capaz de sacrificar seu próprio filho porque Deus o pedira e que era capaz de manter a certeza de que Deus providenciara o cordeiro para ser imolado. Deus providenciou fazendo um animalzinho amarrar-se por entre os ramos. Mais que providenciar aquela oportunidade, Deus mostrou ao patriarca onde estava a salvação de Isaque e o sorriso de Abraão.
4. Devemos abrir a nossa agenda para Deus. Aqueles que têm os seus diários, onde põem seus desejos mais profundos, podem escondê-los de todos, mas devem alegremente deixá-los sempre abertos para o Senhor de nossas vidas. Quando procedemos assim, Ele intervém, abrindo portas fechadas, fechando portas abertas, iluminando horizontes sombrios, escurecendo palcos iluminados. Tenho eu um projeto? Qual o lugar de Deus nEle? Foi Deus Quem o inspirou? Que parte Ele tomará na sua realização? De que modo, este projeto é um projeto de Deus, no sentido que contribuirá para a sua glória?
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Tenho eu um negócio? Deus pode entrar comigo todo dia e sentar na minha cadeira de onde dirijo a empresa ou ele fica no estacionamento? Estou eu estudando? Há um lugar para Ele na minha mochila?
CONCLUSÃO Você quer ser um Jabes e ter sua fronteira alargada? Deus procura por você para abençoá-lo. Você quer que Deus amplie seus limites materiais, profissionais, relacionais, emocionais, espirituais? Ele também. Ore como Jabes.
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4 PARA TER A MÃO DE DEUS CONOSCO
Depois de pedir a bênção de Deus e solicitar que o seu território seja aumentado, Jabes roga sobre si a mão de Deus. Esta seqüência pode indicar que Jabes dela precisou quando começaram as transformações, inclusive com a melhoria de suas condições de vida. É neste momento que as nossas forças diminuem; é neste momento que sentimos a necessidade da mão de Deus.
O QUE SIGNIFICA TER A MÃO DE DEUS CONOSCO Esta expressão ("mão do Senhor" ou "mão de Deus") aparece 65 vezes na Bíblia e é empregada para indicar o poder e a presença de Deus sobre as vidas dos Seus filhos. Como diz o poeta bíblico, o Senhor "é o nosso Deus, e nós [somos] povo do seu pasto e ovelhas de sua mão" (Salmos 95.7). Esta mão, garante o profeta, não está encolhida, de modo que não nos possa livrar (Isaías 59.1). Por isto, ela é descrita como sendo forte, informação que soa como um convite a que temamos ao Senhor (Josué 4.24).
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A partir da experiência bíblica, na vida de Jabes e de tantos outros, podemos dizer que ter a mão de Deus conosco significa...
... 1. ter a graça libertadora de Deus sobre nós... Jabes, que não conheceu Jesus Cristo, tinha medo de viver, mas perdeu-o quando sentiu a mão de Deus dirigindo os seus passos. Tristemente há ainda seguidores de Jesus Cristo acorrentados ao medo, esquecidos que sua religião é essencialmente liberdade, paz e a alegria. Há cristãos que se justificam a partir de alguns textos bíblicos sobre maldição. Há quem lance mão de Hebreus 10.31 (Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo) para se deixar aterrorizar. Para autorizar sua visão deformada, há até quem leia as maldições do Antigo Testamento, especialmente aquela que diz que Deus guarda a maldade dos pais até a terceira ou quarta geração de filhos (Êxodo 34.7b). Quem vive assim é porque não considera que o Deus que visita a maldade até a quarta geração é o mesmo, como está no início do mesmo versículo, que perdoa a iniqüidade, a transgressão e o pecado e que, por ser compassivo, longânimo e fiel, guarda a sua misericórdia por MIL GERAÇÕES. (Êxodo 34.6-7a).
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É verdade que é terrível cair nas mãos do Deus vivo, como Ananias e Safira (Atos 5), enquanto a mentira continuar conosco. Depois da confissão, é maravilhoso cair nas mãos do Deus vivo. Davi experimentou esta realidade, quando declarou, aliviado, numa hora de extremidade gravidade: Disse Davi a Gade: "Estou em grande angústia; porém caiamos nas mãos do Senhor, porque muitas são as suas misericórdias; mas, nas mãos dos homens, não caia eu". (2 Samuel 24.14) Nós sabemos que é muito ruim cair nas mãos dos homens. Eles não são compassivos nem longânimos, como o nosso Deus. Mesmo quando erramos, como vemos na experiência de Israel ao tempo dos juízes, podemos ficar livres da aflição, porque a mão de Deus suscita a libertação. (Juízes 2.16)
... 2. que é ter sua presença abençoadora em nossas ações, para orientá-las, acompanhá-las, dirigi-las, consertá-las. Em síntese, sua Graça é Seu cuidado para conosco. Seus braços são longos para nos alcançar e abençoar. Quando Moisés começou a desanimar, diante do projeto que tinha por realizar, Deus apenas lhe perguntou: "Você acha que a minha mão se encurtou?
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Vá em frente e você verá se eu cumpro ou não a minha palavra. (Números 11.23) Muitos de nós nos acostumamos com a mão curta de Deus, não que Ele a tenha encolhido, mas nos temos afastado dela, embora ela continue estendida em nossa direção. Sua graça nos basta, mas não a graça distante, mas a graça presente. Aceitemos a mão do Senhor sobre nós.
... 3. e ser conduzido para os triunfos da vida... A experiência de Jabes nos faz lembrar a de Esdras, entre outras. Nos capítulos 7 e 8 do livro que leva seu nome, a expressão "mão de Deus" aparece sete vezes para dar a razão de todos os triunfos do líder e seus liderados, como sintetizado no verso 6: Ele era escriba versado na Lei de Moisés, dada pelo Senhor, Deus de Israel; e, segundo a boa mão do Senhor, seu Deus, que estava sobre ele, o rei lhe concedeu tudo quanto lhe pedira. (Esdras 7.6; cf. vv. 7.9, 14, 28; 8.18, 22, 31) Porque a mão de Deus estava sobre ele, Esdras recebeu as concessões do rei, encontrou gente disposta a cooperar com ele, fez uma viagem segura a Jerusalém e iniciou sua obra de reconstrução da cidade dos judeus. Ele reconheceu que os seus atos eram atos de Deus, na mesma compreensão de Isaías: para que todos vejam e
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saibam, considerem e juntamente entendam que a mão do Senhor fez isso, e o Santo de Israel o criou. (Isaías 41.20). Junto às escadas rolantes há sempre um convite a que os pais peguem nas mãos dos seus filhos. Esta experiência se aproxima da experiência de ser conduzido por uma escada rolante, a escada rolante de Deus que nunca é desligada, porque não precisa de participar de nenhum esforço de redução de consumo de energia...
POR QUE NÃO TEMOS A MÃO DE DEUS CONOSCO Está a mão de Deus conosco sempre? Não. E por que?
1. Não temos a mão de Deus conosco porque achamos que não merecemos tê-la conosco. Muitos achamos que Deus só está com os gigantes espirituais. É verdade que Deus está com os gigantes espirituais, que são o que são porque a mão de Deus estava com eles quando ainda não eram gigantes. Como aprendemos na Bíblia, Deus procura pessoas comuns, pessoas comuns que lhe sejam fiéis. Os olhos do Senhor passam por toda a terra, para mostrar-se
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forte para com aqueles cujo coração é totalmente dele. (2Crônicas 16.9) Nosso coração leal é a única parte do Seu plano de expansão que ele não provê. (Bruce Wilkinson) Esta é parte que só nós podemos providenciar. Essas pessoas comuns, não cristãos de segunda classe, podem ter total confiança em Deus, por intermédio de Cristo. Por nós mesmos não somos capazes de nada no Reino de Deus. mas a nossa suficiência vem do Pai, que nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica. (2Coríntios 3.5-6) Seus ministros, podemos ter a mão de Deus conosco. Precisamos dela.
2. Não temos a mão de Deus conosco porque não dispomos o nosso coração para recebe. Para ter mão de Deus conosco, precisamos nos humilhar, como recomenda o apóstolo Pedro. Humilhai, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte. (1 Pedro 5.6) A oração de Jabes revela esta disposição. No caso de Esdras, temos mais informações acerca desta disposição. Ele buscou a Deus, sabendo que Ele estaria com aqueles que os buscassem (Esdras 8.22). Por isto,
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buscou-O com oração e mesmo com jejum (Esdras 8.21-23). Sua fé encontrou eco no coração de Deus. Ele sabia que sem fé ninguém agrada a Deus (Hebreus 11.6).
3. Não temos a mão de Deus conosco porque temos medo das conseqüências de uma vida na sua presença. Na verdade, muitos tememos perder o controle sobre nossas próprias vidas. Para o cristão, dependência é apenas a outra palavra para poder. Queremos ver o poder de Deus manifestado em nós e por meio de nós? Sejamos dependentes de Deus. Lembremos que não precisamos ser grandes; nós só precisamos nos tornar dependentes da grande mão do Pai. (Bruce Wilkinson) O problema é que, se alguns têm medo da mão do Senhor, aterrorizados com a idéia do castigo, outros têm medo de Deus os convocar para uma obra específica no Seu Reino. É atraente ficar longe dos projetos de Deus, mesmo que isto signifique também estar longe das suas bênçãos. Se acontecer de Deus chamar você para algum projeto, saiba que Ele o capacitará. Esta foi a experiência de Ezequiel: Veio expressamente a palavra do Senhor a Ezequiel, filho de Buzi, o sacerdote, na terra dos caldeus, junto ao rio Quebar; e ali esteve sobre ele a
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mão do Senhor. (Ezequiel 1.3) Esta foi a experiência de Elias, chamado para desafiar Acabe no seu próprio palácio, e ele só o fez quando a mão do Senhor veio sobre ele. (1 Reis 18.46 -- E a mão do Senhor estava sobre Elias, o qual cingiu os lombos, e veio correndo perante Acabe, até a entrada de Jizreel.) Que a oração de cada um de nós seja: eu quero a mão do Senhor sobre mim, mesmo Ele me leve a fazer o que eu não quero.
COMO PODEMOS TER A MÃO DE DEUS CONOSCO Bom seria que fôssemos notados como foi visto o menino João Batista: alguém sobre quem estava a mão do Senhor (Lucas 1.66b)
1. Para ter a mão de Deus conosco, precisamos desejála, não importam as conseqüências da comunhão com o nosso Senhor. Quando nos pomos de mãos com Ele, são maiores as suas exigências sobre nossas vidas, em termos de santidade, e é maior a nossa dependência dEle. No entanto, vale a pena caminhar em santidade. Vale a pena depender do Senhor de todas as coisas. A propósito, por que temos tanto medo de perder o controle sobre nossas vidas, se elas nada valem sem a mão do Senhor?.
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2. Para ter a mão de Deus conosco, precisamos orar, como Jabes, pedindo que Sua mão esteja conosco. Ele quer estende para nós e espera que a peçamos..
3. Para ter a mão de Deus conosco, precisamos dispor o nosso coração (como Esdras), para recebe, buscando a Lei do Senhor, cumprindo-a e ensinando os estatutos e os juízos de Deus. (Esdras 7.10) Preparemos o nosso coração.
CONCLUSÃO Quando a mão de Deus estiver sobre nós, faremos mais do que naturalmente podemos. Foi assim com a igreja apostólica. A mão do Senhor estava com eles, e muitos, crendo, se converteram ao Senhor. (Atos 11.21)
Seja nossa a oração de Jabes: Oh Deus, eu te peço que me abençoes e alargues as minhas fronteiras,
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que seja comigo a tua mão e me preserves do mal, de modo que não me sobrevenha aflição. Em nome de Jesus. Amém.
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5 RECURSOS DIVINOS DISPONÍVEIS A NÓS
Nas ultimas três semanas meu computador tem recebido inúmeras tentativas de assalto pela internet por parte de um virus; tenho que tomar cudado, pois seu poder destruidor é tremendo. Quem criou este verme fê-lo apenas pelo prazer de trazer prejuízo a pessoas desconhecidas. Este dissabor não se compara ao que passamos nos ônibus, nas ruas, nos sinais de trânsito, dentro de nossas próprias casas ou apartamentos, quando sentimos o apogeu de nossa impotência diante de uma arma apontada contra nós. Esta é uma experiência pela qual a maioria de nós já passou. Estes dois tipos de assalto eu os trago apenas para lembrar que o mal existe. Nós sabemos que ele existe. Nós o experimentamos rondando as nossas vidas. Será que devemos orar para que Deus nos livre destes tipos de mal. Aprendemos com Jabes que sim. Depois de pedir ao seu Senhor que o abençoasse, que alargasse suas fronteiras, que mantivesse com ele a Sua mão, Jabes pede que Deus o preserve do mal e impeça que as aflições o alcancem.
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Esta oração guarda uma grande semelhança com aquela que Jesus ensinou, a qual termina assim: não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal (Mateus 6.13). Podemos e devemos orar para que Deus nos livre do mal. Jesus mesmo, à beira do seu drama final, rogou que, se fosse possível, o mal que se aproximava (a aflição que se desenhava) não se consumasse sobre a sua vida (Mateus 26.42)
RECURSOS DIVINOS PARA O HOMEM DIANTE DO MAL O mal vem de muitas direções sobre nós. Quero indicar essas direções e, de imediato, oferecer algumas recomendações sobre o modo de evitar que nos traga aflições.
1. O mal pode ser uma decorrência das forças naturais agindo no mundo em que vivemos. Nesta categoria, podemos colocar as doenças, especialmente aquelas de origem ainda desconhecida. A doença é algo que nos assusta e aflige. Devemos e podemos pedir a Deus que nos preserve a saúde. Enquanto estivermos saudáveis, devemos agradecer ao
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Doador da vida a saúde que temos e rogar que nos mantenha assim. Se a doença nos alcançar, e com ela a aflição, não devemos nos culpar, buscando ("inventando") até algum pecado que tenhamos cometido (ou, como ensinam alguns, que algum antepassado nosso cometeu). Antes, devemos nos lembrar que as doenças são provocadas por fenômenos naturais, conhecidos ou desconhecidos. Nenhuma doença, exceto aquelas que nós provocamos (por meio do fumo, da glutonaria, do álcool, etc), é provocada por pecado. Pedir pela cura divina não é privilégio de alguns cristãos, mas de todos. Não há doenças pelas quais devemos orar, mas por todas. Para Deus, não há enfermidade menos ou mais dificl para ser curada. Se Deus não nos curar, devemos continuar pedindo a cura e, ao mesmo tempo, a tranqüilidade para aceitar a suficiência da Sua graça. Pedir para ser curado não é um direito nosso, mas um privilégio. De igual modo, pedir tranqüilidade para aceitar a resposta de Deus, seja ela qual for, é um privilégio nosso. Ao tempo em que oramos, devemos buscar ajuda especializada, seja com um médico ou qualquer outro profissional. Os recursos médicos são provisões de Deus para nossas vidas. É irresponsabilidade interromper um tratamento e esperar a cura. Não
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podemos determinar o que Deus deve fazer. Nosso privilégio é pedir, insistementemente, reverentemente, e esperar que Ele aja. Devemos pedir a cura e, ao mesmo tempo, devemos pedir a bênção de Deus sobre os médicos e profissionais que cuidam de nós. Em lugar de ter medo da ciência, devemos orar pelos cientistas, para que descubram as causas de algumas doenças que têm aniquilado os seres humanos e a forma de eliminálas ou diminuir o seu impacto sobre nós.
2. O mal pode ser gerado pelas forças sociais que se conjugam no mundo em que vivemos. Nosso mundo é o mundo da injustiça sistêmica, com suas marcas perversas, como o desemprego, com a sua falta de perspectiva, e a insegurança, com a sua crônica do medo. Diante deste tipo de mal, devemos orar para não nos atinja. Devemos orar para que o desemprego não bata à nossa mesa. Devemos orar para sair de casa e voltar em segurança. É legítimo orar para que Deus nos preserve, nos mantenha longe, do mal gerado pelo pecado social. Devemos orar por nós mesmos. Devemos orar por aqueles a quem queremos bem. Esta é uma oração que parece egoísta. E o será, se apenas orarmos. Não o será, se, além de orar por nós
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mesmos, nós orarmos também pelas autoridades executivas, legislativas e judiciárias. Orar pelas autoridades é um dever de todo cristão. Devemos pedir a Deus que dê a elas honestidade, sabedoria e discernimento no planejamento e na execução. A oração é uma forma de participação, mas não deve ser a única. Precisamos nos envolver na promoção da justiça, se, por nenhuma outra razão, para preservar as nossas vidas e as de nossos filhos. Devemos tomar ações concretas visando a transformação, e isto pode incluir a crítica, o protesto e a greve, desde que feitas pacificamente. O cristão é pacífico, mas não passivo.
3. O mal pode ser derivado da falta de sabedoria que, às vezes, nos acomete. Quanto mal provocamos a nós mesmos e aos outros por falta de bom senso ou do uso excessivo da capacidade humana de falar. Muitas aflições nos sobrevêm por falta de sabedoria, inclusive a de evitar os caminhos que sabemos nos trarão aflição. Também nesta circunstância, devemos orar para que Deus nos dê sabedoria para viver. Como é difícil calar quando a vontade é toda de falar! Quando é fácil falar
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quando a necessidade é toda de calar. Precisamos de sabedoria para evitar o mal. Em seu livro (The prayer of Jabez), Bruce Wilkinson lembra que a melhor estratégia para derrotarmos o inimigo é não ter que enfrentá-lo. Se queremos derrotar o leão na arena, não entremos na arena. Se queremos não passar pele perigo, não passemos por onde o perigo está. Se recebo uma mensagem eletrônica sabidamente interessada em oferecer algum tipo de serviço sensual ou desonesto, para que lê-la? Se recebo uma proposta indecente, por que permiti que ela me fosse formulada? Se aquele amigo nada me traz de puro e proveitoso, por que permaneço em sua companhia?
4. O mal pode ser resultado do nosso fracasso diante da tentação que, por vezes, nos atacam. Quando decidimos viver de modo santo, somos atacados por Satanás. Se o nosso caminho está longe da santidade, Satanás não precisa fazer qualquer esforço em nossa direção. Nós naturalmente seguimos a trilha que traçou. Ele não precisa nos incomodar. Se, no entanto, o bem que queremos nós procuramos insistentemente fazer, contra nossa própria natureza (Romanos 7.19), Satanás assesta suas setas contra nós.
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Ele não tem poder para nos derrubar, apenas para nos tentar. Se caímos, caímos por conta própria.
Diante da possibilidade da tentação, devemos orar para que ela não venha. Se vier, devemos orar para que Deus nos deixe cair; devemos orar também para que Deus nos ensine a como nos comportar, dando-nos a sabedoria e a calma para agir como Jesus agiu quando tentado no deserto, ao início do Seu ministério. Devemos pedir a Deus sabedoria e força para resistir, porque, se resistirmos, ele fugirá (Tiago 4.7). Ele não é corajoso o suficiente para enfrentar um homem ou uma mulher de oração.
5. O mal pode ser produto de nossa natural inclinação para a prática do mal. Antes de nos voltarmos para Deus, andávamos segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza , filhos da ira, como também os demais (Efésios 2.3) Com a conversão, fomos aproximados de Deus pelo sangue de Cristo (Efésios 2.13). Foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos (Romanos 6.6).
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No entanto, como sabemos por experiência própria, a regeneração não eliminou a nossa natureza humana. Antes da conversão, a imagem de Deus era uma velha lembrança em nossas almas e o pecado era a força que imperava em nosso ser; depois da conversão, Deus se tornou a moldura do quadro de nossa vida e o pecado uma lembrança que ainda nos perturba. Pecar fazia parte de nossa essência antes de sermos regenerados. Pecar ainda faz parte de nossa essência, com algumas diferenças: a ausência daquela recusa de Deus (pecado original por excelência), a consciência do pecado (com o seu peso) e o propósito de não mais continuar neste caminho. Por isto, precisamos vigiar em oração, para que Deus nos santifique, fazendo morrer a nossa natureza terrena [que é]: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria (Colossenses 3.5). Sem oração, o mal provocado por nossa inclinação tenderá a nos dominar, porque pecar dá prazer. Sem oração, não há arrependimento dos pecados cometidos. Sem oração, deixamos que a nossa velha natureza abafe a nova. Sem oração, uma poça de lama parece uma piscina cristalina. Nós devemos orar para que Deus nos livre de fazer o mal, que traz o mal a nós mesmos e aos outros.
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CONCLUSÃO Seja qual for a origem do mal, devemos orar para ficarmos longe dele, para sermos preservados dele, para não sermos alcançados por ele, para não termos prazer nele. A oração de Jabes, nem nenhuma oração, pode ser um mantra. A oração de Jabes ou a oração do Pai Nosso será um mantra se não expressar o desejo profundo de nossos corações e se não implicar em compromisso em viver a oração que fazemos. Não há mágica na oração; há o poder de Deus de quem é o reino e a glória para todo o sempre. É este poder que garante a nossa vitória final sobre o mal. Seja for a fotte do mal, nós o venceremos porque Cristo o venceu. Por isto, podemos orar, como Jesus ensinou:
Pai nosso, que estás no s céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia dá-nos hoje;
ORANDO COMO JABEZ / Israel Belo de Azevedo Página 61