Eric Havelok
Ec A. Hveck é professor
emérito Yale.
da
Univrsidade
de
"As onteiras de vários campos de pesquisa couem neste estudo rico e seminal. Eric Havelock discute a poesia épica grega e o ataqe de Platão, a idei grega como um todo, tal como existia antes e depois de Platão, os problemas da comunicação e, finalmente, o surimento da doutrina platônica das 'frmas no seu contexto cultural abrangente ... Em resumo, a questão para Havelock é que o ataque de Plao poesia é parte integrane de sua losoa, se virmos a poesia tal como realmente era na épca ca em que ele viveu... viveu... Sua tese é radical e, no geral, tem grande poder de persuasão no que se rfere a suas liações com conclusões recentes de um grande número de estudos psicológicos, ·históricos, losócos e culturais. Wte] Ong
PREFÁCIO A PLTÃO
EC A VELOCK
tdução
Ed Abeu
Dobáz
PÁCIO A PLTÃO
•• AIRUS DIRA
Prfc t Plt
Título original em inglês: ©Haard University Press, 1963 Enid Abreu Dobránzsky Feand Feandoo Comacc Co macc hia Rennato Testa Jazon da Silva Santos Mônca Saddy Martins Sabino Ferreira Affonso
Trdçã Cp t Cpídsq Rsã
A otunidade para completar est est trabalho trabalho foi indietamente propor cionada ao autor durante o perodo em que foi professor-visitante no Ford Humanities Pojet administrado pelo Conselho de Ciências Humanas da Univeidade de Princeton. O autor tem um dida de gtidão paa o Conselho e seus funcionários funcionários a Univeidade de Princetoneta Princeton etabém bém aFundação aFundaçãoFo Fo
Dados Internacionais de Catalogação na Pubicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Havelock Eric Prefácio a Platão/ Eric Havelock; traduço Enid Abreu Do bránzs --Campinas SP Papirus 1996.
Bibliografia ISBN 85-3080368-X 1 Filosofia Filoso fia antiga antiga 2 Platão
Título
96-3778
CDD-180 Índices para catálogo sistemático: 180 1 lósofos gregos antigos 2 Grécia antiga Filosof F ilosofia ia 180
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DIRETOS RESERVADOS PARA A ÍNGUA PORTUGUESA © MR Comacc Com acc hia Livraria e ditora Lda Papirus Editora Matz Matz -F (019) 231-353 231-3534e 4e 2313500-C 231350 0-C P 736-CEP 13001-970 13001-970 Capinas Capinas lia lia - (011) 570-2877 - São Paulo - Brasil Brasil
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NOTA DO TRUTOR P s pssens d Rúbc dotouse tduço de a Helen d Roch Pee (undço Clouste Gulbenkin, 7ª ediço, isbo, 1993). Em vios csos, entetnto, houve necessidde de se dequ citço à duço do eo p o inlês feit po Hvelock, do coo bse d su umentço no ci to edente qunto no oiinl inlês ns dems obs de Plto citds, tduço inles i cotejad com nces ds edições Belles etes Ns citções d Teogoni tomei como bse tduço de J Tono (uminus, 1991), modcd sempe que necesio, como no cso d Rúbli pontado cim, o mesmo contecendo com s pssens d Il seundo tduço de Cos lbeo Nunes (Ediouo s/ Qunto os nomes pópos eos, pes d tendênci tl à tnslieço, como em Gm Ku (Dicionáo Oxor e tertur cic Joe Zh Edito), pefeu-se veculizço (com exceço de nomes como Aton, Ion Ato, o p se pese euni) em vde d mio mizço do leito com esss ms Ns demis diculddes encontds com o eo, i impescindível o uxílio pestdo pelo Pof D Joquim Bsil ontes, quem deço muitíssi mo Coubem mim s decisões finis e, potnto, s eventuis impecisões ou ennos que pemnecem no texto so de minh intei esponsbilidde.
NOTA DO ATOR Os utoes modenos, po motivo de conciso, m identificdos n su mioi pelo sobenome e pinço Pa complet identicço, o leito é emetido p biblio Tod vez que se fez necessi um distinço ente dus ou mis obs do mesmo uto, seu sobenome identific ob listd em pimeio lu sob seu nome e, p s demis, cescentmse tílos bevi dos ou dts
SO
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PEF ÁCIO PARTE I OS PENSADORE FIGUATIVOS
1 A POESIA EM PT Ã O
19
2. MIMESIS
7
A POESIA COMO COMUNICAÇ Ã O CONSERVADA
53
A ENCICLOPÉDIA HOMÉ ICA
79
5 POEM ÉPICO COMO EGISTRO SUS POEMA ÉPICO COMO NAATIVA
15
A POESIA EM HES ÍODO
115
AS FONTES ORIS DA INTELIGÊNCIA HELÊNICA
8 A DISPOIÇ Ã O MENTA HOMÉICA
15
9 A PSICOLOGIA DA DECLMAÇ Ã O POÉTICA
1
1 O CONTEÚ DO E A CCTER ÍSTIA DO ENCIADO POÉTICO
18
PTE II A EESSIDADE DO PTONISO
. PSIQUE OU A SEPAAÇ Ã O ETE AQUEE QUE OHEE E AQUIO QUE É ONHEIDO
23
2 O REOHEIETO DO OHEIDO OO OETO
23
3 A POESIA OO OPINI Ã O
249
4 A ORIGEM D TEORIA DAS FORS
269
5 A Ú SIA SUPREMA É A FIOSOFIA
29
IIOGIA
325
Í DIE DE AORES ODEOS
333
Í DIE GE
337
PREF ÁCIO
Todas as cvlzações ndamse numa espéce de "lvro cultural sto é na capacdade de armazenar nformações a fm de reutlzálas Antes da época de omero o "lvro cultural grego depostarase na memóra oral A assocação das descobertas e conclusões da "Lnear B, por mas fascnante e atual ue seja não deve obscurecer ess fato fndamental Entre Homero e Platão o método de armazenamento começou a se alterar uando as nformações foram postas em alfabeto e conseüentemente a vsão suplantou a audção como o prncpal órgão destnado a esse objetvo Os resultados fnas da alfabetzação não se mostraram na Gréca senão uando no lmar da era helenístca o pensamento concetua! alcançou certa fluênca e seu vocabuláro se tornou mas ou menos padronzado Platão vvendo no centro dessa revolução antecpoua e tornouse seu profeta Uma prova concreta dos fenômenos ntelectuas somente pode se apoar no uso lnístco e uma revolução semelhante a essa ocorre na réca devera ser comprovada por mudanças no vocabuláro e na sntaxe do grego escrto Até o presente momento a nf0ação coletada no léxco grego não nos prestará muta ajuda uma vez ue os dferentes s ados das palavras são apresentados de manera mas analítca do ue hstórca
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mas como átomos de sgnfcado suspensos no vácuo do ue como áreas de sgnfcaço encerrada num contexto e por ele denda Por consegunte, almentase a admssão nconscente de ue a experênca grega, de Homero a stóeles rma uma constnte cultural passível de ser representada num sstema de sgnos muto dversfcado, certamente, mas ue consste apenas em conjuntos de partes ntercambáves are ue se nos apresenta, portanto, sera procurar documentar o desenvolvmento de um vocabuláro abstrato na réca préplatnca, consderado nã como uma adção à língua (embora se possa também levar sso em conta), mas como uma remodelação dos recursos exstentes Para ue um tal empreendmento seja compensador, deve ser construído sbre alcerce dexados por outrem, e, com efeto, são múltplas as mnhas dívdas, pos a síntese au apresentada apoouse em descobertas soldas dos estudos clásscos, em campos à prmera vsta não relacnados ualuer tentatva de renterpretar a hstóra do pensamento grego como uma busca de concetos anda não perceptívs e de uma temnologa anda não nventada deontase com um enorme obstáculo nos relatos subsstentes da antgüdade helenístca e latna stes admtem ue os prmeros lósoos da réca estavam desde o níco envolvdos com um domíno do abstrato ue, enfm eram lósofs no sentdo modeno da palavra publcação do Doxograph Geci de els, em 1 ao mesmo tempo ue demonstrava a conexão entre esss relatos e as partes metascas da hsóra perdda dos lósos scos de Teoasto, nada fez paa dmnur sua absoluta autordade, como se pode vercar nas págnas de uma obra como a EarZ Greek fnal, havera uma autodade mas slda do ue essa obra de Teoasto, dscípul e sucessor de tóteles e um precursor da hstóra do pensamento s descoberts de Cherns 1 estabeleceram a conclusão de ue as ntepretações metascas dos pensadores préplatncos encontadas nas própras obras de stóteles ram em boa prte concladas e adaptadas aos problemas e, na verdade, à termologa do seu própro sstema Coube a carmd, em 1 mostrar ue a exposção do Prmeras Causas por eoasto, ue frmava o alcerce de toda a tradção posteror, paece ter sdo baseada numa complação das própras nformações de stóteles e ue no podera, portanto, arrogarse uma autordde maor do ue elas. e um golpe, podese dze, uma estutra complexa, ue desfrutara de pestígo nos estudos odernos pelo menos
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ese a pimei publicação a magistal históia a losoa antiga Zelle, esmooou e a oxogaa epne e Teoasto, se Teoasto, po sua vez, é um spelho as opiniões históicas e Aistóteles e se estas situam o pensamento pimitivo num contexto e poblemas e são aistótelicos mas não pésocáticos então a taição não poe se históica Esta conclusão aina não é igeível paa muitos estuiosos, mas é icil entne como poe s evitaa A fmiliaiae não constitui gaantia iliae A aef seguinte paece se a constução e uma explicação evisaa as poições metafsicas os pensaoes gegos pimitivos eu leito pecebeá ue, à luz essas scobetas, senti a possibilae a um passo mais ecisivo e ustiona toa a hipótese ue o pensamnto gego pimitivo tenha algma vez se ocupao a metasica, ou tenha sio capaz e usa um vocabuláio aeao a tal objetivo Tonase possível elimina o vé e aulteação ue até hoje se intepôs ente o histoiao moeno e a mentaliae gega pimitiva e vêla com novos olhos como essenciamente um pouto a inenuiae, cuja natueza começou a se pacialmente visível aos olhos moenos já na época a pimeia eição, em 1 o Fgmente der Vorsoktiker, pois nesta oba, ao oganiza os sissia verba e um lao e a taição o outo, em seções mutuamnte excluentes, iels evelou ente os ois um colito lingüístico ue se poeia consiea cmo ieconciliável s, se a mentaliae gega pimiiva não oi nem metasica, nem abstata, o u fi então e o e estava tentao ize? Os ecsos a epigaa, iigios inicialmente po Capnte, foneceam a pista seguinte ouanto a epigaa levou à conclusão e ue a cultua gega oi sstentaa po uma base intiamente oal até ceca e a. e, caso isso tenha sio veae, os pimeios os assim chamaos lósos viviam lavam numa época em e aina estavam se ajstao às conições e uma possível alabetização tua, coniçõs ue, seguno minha conclsão, seiam ealizaas lntamente, pois epeniam o onio não a ate e esceve po m minoia, mas e ma leita uent a maioia Aeles poucos e se elegam como otóips os tos ósofs zeamno em vite e sua tentativa e aionaliza s fontes e conheimnto ual foa, então, a ma e conhecmento ao
prsrada na mmória oral l armanada para ruiliação A sa alura, volim para a obra d ilman Parr jului r vio o sboço da rsosa, ambém uma rsposa ao problma do moivo d Xnó ns, Hrclio Parmnids, para ciar os primiros rs lósofs qu subsism, rm lado daqula sua manira sranha silo afor sico próprio ao discurso oral rprsnava não apnas cros bios vrbais vrscaórios, mas ambém um mai o uma condição inlcual s próprios présocricos ram ssncialmn pnsars rais, profas do concro prsos rmn, por bios muio anios, ao passado a formas d xprssão qu consiam ambém frmas d xprincia, mas savam nando nrvr um vocabulrio uma sinax para um uro próximo, quando o pnsamno podria sr prsso m cao rias oraniadas numa sinax aduada ao nunciado absrao Essa i sua ar ndamnal qu absoru a maior par d suas nrias Ao conrrio d invnar sismas à manira losóca posrior, savam volados para a ar primordial d invnar uma linuam u ornaria possvis os sismas uros Eis, m linas rais, o novo uadro qu comçou a surir A mu vr, ainda assim u não saria ão prono a aciar a rsponsabilidad d xrair ssas implicaçõs da obra d ay, s não ss u ario proféico d Nilsson, publicado m 19 qu avançava a ipós do carr oral das primiras manifsaçõs mlésias Eram ss os marcos u indicavam o camino dsa invsiação Auilo u m mu livro sr xposo m primiro luar, iso é, o aaqu plaônico à radição péica ra, ornous prcpvl m úlimo luar Enrmns, uma nova susnação para um rxam da isória daquilo a qu s cama "osoa primiiva comçou a surir numa nova dirção, com o aparcimno d vrios sudos do uso do vocbulrio primiivo oi o arigo Burn, "1 ocraic docrin of soul, qu abriu novos caminos, quando dmonsrou qu uma opião normalmn ida como namnal a qualur ipo aividad spculaiva i provavlmn ivnada na sunda mad do século A monorafia d nl sobr ócras, publicada m PaulWissowa m 9 complou ssa visão ao propor a s ral d u o socraismo i ssncialmn um xprimno no rrço da linuam um prcpção d qu a linuam ina um podr quando usda cinmn para dnir conrolar a aço s sudos d nll vo riz camaram a anção para o o d u a rminoloia u m laão Aisóls busca dfinr com prcisão
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as várias operações da consciência em categorias com as quais comumen te contamos tinham na verdade que passar por um longo período de desenvolvimento antes de alcançar tal eatidão É razoável pressupor que até o momento em que a palavra adequada se apresete não se pode ter a idéia e que para que a palavra se torne adequada requer-se uma utilização contxtual apropriada Não altam indícios de que os estudos estejam agora preparando-se para a mesma abordagem genético-histórica em outras áreas da terminologia e do pensamento como por exemplo quando buscam compreender as concepções gregas originais de tepo Dever-se-ia certamente reconhecer o estímulo geral proporciona do a esse tipo de investigção no campo clássico por outras disciplinas especialmente a antropologia comparativa e a psicologia analítica Os historiadores do pensamento grego primitivo não precisam aceitar todas as teorias de Lévy-Bruhl para provar sua dívida para com ele Se no racionalismo grego primitivo ainda se pode ver a persistência do simbo lismo religioso e do tabu ritual se os mundos de Homero e de Platão podem ser vistos em termos de uma oposição entre uma cultura da ignomínia e uma cultura da culpabilidade estas teses gerais não bastam para enraquecer o teor deste livro pelo contrário dão-lhe uma certa sustentação Contudo permanece o to de que o ponto crucial da questão está na transição do oral para o escrito e do conceto para o abstrato e aqui os enômenos a serem investigados são denidos e gerados por mudanças na tecnologia da counicação preseada que tabém são denidas O rascunho do meu manuscrito i lido pelos proessores Christine Mitchell Adam Par e AT Cole e sas numerosas correções e melhora mentos aqui reconhecidos e agradecidos estão incorporados ao texto Diicilmente um epreendiento que ataca um capo tão vasto deixaria de apresentar alguma alha nas amarra mas minha esperança é que sua correção por outros levará a outro exame dos problemas aqui parcialmen te expotos e sem dúvida não solucionados a contento A H Cambridge Mass E
abril 9
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PTE I OS PENS ORES FIGOS
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A POES EM PTÃO
Por vezes ocorre na história da alavra escrita que ua obra iortante de literatura leve u título que não reete co delidade seu conteúdo Ua arte da obra assou a ser identiicada co o todo ou o signiicado de u rólo deslocouse na tradução. Mas se o rólo aresenta ua associação corrente e reconhecível ode vir a exercer ua esécie de controle ental sobre aqueles que toa o livro e suas ãos Eles cria ua exectativa que se adata ao título as é desentida or boa ate da essência do que o autor te a dizer. Prendese a u réjulgaento de suas intenções eritindo inadvertidaente que suas entes olde o conteúdo do que lêe segundo a ra edida. Essas obseações alicase lenaente àquele tratado de Platão intitulado a Repúbc. Não sse elo título oderia ser lido antes coo aquilo que é do que coo u ensaio sobre a teoria olítia utóica. De to aenas cerca de u terço da obra diz reseito roriaente à questão do estado. texto trata de maneira detalhada e reiterada de ua quantidade de assuntos que dize reseito à ondião huana as estas questões são daquelas que não se encaixa nu tratado oderno sobre olítica. 19
nenhua oua oba sso se ona as evene ao leo o que uano ele cha ao éco e úlo lvo. ão é povvel que u auo que possua o aleno e laão paa esceve e a oça o que es enano e o pe que seus pensaenos vague no e seu exo. Toava essa pae nal a Repúic abe co u eae a nauea não a políca as a poesa. Colocano o poea a lao o pno ele aguena que o asa pou ua vesão a expeênca que es uas vees aasaa a ealae; sua oba n elho as hpóeses é ívola e na po pegosa ano paa a cênca quano paa a oal os aoes poeas gegos e Hoeo a uípes eve se excluíos o ssea eucaconal a éca. sa ese supeenene é levaa aane c veeênca A nvesa coo u oo ocupa a pea eae o lvo ca eaaene evene que u íulo oo a Repic não po os pepaa paa o sugeno nesa oba e u aaque ão ona à essênca a leua gega e a scussão segue u plano se a nvesa vna e one ve consu ua pae essencal aquele plano enão o obevo o aao coo u oo não poe se cono eno os les aqulo a que enonaos eoa políca. Reonaeos as aane à esuua global a oba. xaneos u pouco as po u ono o o e a conssênca o aaque e laão le nca caaceano o efeo a poesa coo ua esução a negênca.2 É u espéce e enfeae paa a qual se eve encona u aníoo. se eve conss e u conhecneno a sua veaea nauea sua a poesa é ua espéce e veneno nelecua e nga a veae. sso se soba e úva choca os senenos e qualque leo oeno e sua nceulae não é aenuaa pela peoação co que alguas pgnas aane laão lança seu agueno: "É u gane cobae(. ..) é gane e as o que paece o que consse e nos onaos bons ou aus. e oo que não eveos exanos aebaa po hoaas queas ne pe agu ne eso pela poesa escuano usça e as ouas vues 3 e ele ass nos exoa a lua co oas as fças cona poesa coo u são aulo gego cona os poees as evas poeos conclu gualene que ou ele peeu oa a noção e popoção ou seu avo não poe se a poesa no seno e que a oaos as algo as naenal e as poeoso na expeênca gega.
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Há uma relutânia natural em tomar de maneira literal o que ele diz Os admiradores de Platão normalmente atentos aos mínimos deta lhes de seu dsurso quando hegam a m ontexto omo o menionado omeçam a olhar ao redr à proura de uma porta de emergênia e enontram uma que julgam ter sido frneida pelo seu autor. Imediata mente antes dessa peroração ele não disse que a poesia pode ofereer uma defesa de si própria se fr apaz disso? Ele não onfesou seus poderes de sedução? Ele não admti sua relutânia em expulsál e isso não signifia que na verdade esteja se retratando? É verdade ue ele reonhee isso mas julgar que ua onssão hegue a ser uma retratação é zer uma intrpretação prondamente equivoada de sua inenção. Na verdade os termos em que ele z uma onessão à poesia para defender sua ausa se ela o desejar são por si mesmos ondnáveis. Porquanto ele a trata na verdade omo ua espéie de prostituta ou omo uma alila que pode seduzir Sansão se ele o permitir e priválo assim de sua rça Ela pode enantar e persuadir e adular e subjugálo mas estes são exatamente os poderes que são tão desastrosos. Se ouvimos somente ousamos zêlo quando opomos ao seu enanto o nosso próprio oder Devemos repetir sempre a ns mesmos a linha de raioínio que seguimos anteriormente Devemos nos manter alertas O ouvinte de estar preveido reeando pelo seu overno interior." 4 O espírito dessa passagem revela o erne do problema O alvo de Platão pare ser exatamente a experiênia poétia omo tal. É uma experiênia que araterizaríamos omo estétia. Para ele tratase de uma espéie de veneno psquio. Devese sempre ter o antídoto à mão. Ele paree querer destruir a posia omo tal exluíla omo um veíulo de omuniação. Não está apenas ataado a poesia de má qualidade ou extravagnte. Isso se torna ainda mais laro no desenrolar da argumenta ção que onstrói ontra ela. Desse modo o poeta diz ele onsegue olorir seus enuniados mediante o uso de palavras e ases 5 e embelezá los pela exploração dos reursos do verso do ritmo e da harmonia. Estes são omo osmétios apliados à superie qu oultam a pobreza do enuniado subjaente. 7 Assim omo os desenhistas empregam a ilusão ótia paa nos enganar os efeitos aústios empregados pelo poeta ondem nossa inteligênia. Isto é Platão ataa exatamente a rma e a essênia do disurso poétio suas imagens seu ritmo sua qualidade omo linguaem poétia. Ademais não é menos hostil à amplitude de 2
experiência que o poeta assim nos proporciona Ele pode certamente representar milhares de situações e reproduzir milares de sentimentos 1 0 problema está justamente nessa variedade Mediante essa repre sentação ele pode liberar em nós uma resea correspondente de reação empática e evocar uma grande variedade de emoções 11 Todas elas perigosas neuma admissível Em suma o alvo de Platão no poeta são precisamente aquelas qualidades que aplaudimos nele: sua versatilidade sua uiversalidade seu domínio do espectro das emoções umanas sua eloqüência e sinceridade assim como sua capacidade de dizer coisas que somente ele pode dizer e revelar em nós mesmos aquilo que somente ele pode revelar Todavia para Platão tudo isso é uma espécie de enfer dade e temos de indagar por quê Suas objeções são esclarecidas pelo contexto dos padrões que ele está estabelecendo para a educação Mas isso absolutamente não nos ajuda a solucionar o que parece no mínimo um paradoxo em seu pensamento e talvez se julgado pelos nossos valores um absurdo Para ele a poesia como uma disciplina educativa apresenta um perigo moral assim como intelectual Ela conde os valores de um omem e o transrma num ser sem caráter privandoo igualmente de qualquer intição da verdade Suas qualidades estéticas são meras ivolidades e rnecem exemplos indignos de serem imitados Assim argumenta o lósof Mas sem dúvida algma se avaliássemo s o possível papel da poesia na educação inverteríamos essas críticas A poesia pode ser edicante e ser uma inspiração para o ideal pode ampliar nossos sentimentos morais além disso é esteticamente el no sentido de que muitas vezes descortina uma realidade como que secreta inacessível a intelectos prosaicos Ela não poderia tornála visível sem a linguagem e as imagens e o ritmo que constituem sua propriedade singular e quanto mais introduzirmos essa espécie de linguagem no sstema educacional melor Não surpreende como dissemos que os intérpretes de Platão tenham relutado em tomálo ao pé da letra Na verdade a tentação de zer o contrário é enorme Não fi o mestre ele próprio um grande poeta possuindo um estlo tal que poderia abandonar o aciocínio abstrato para apelar para todos os recursos da imaginação seja mediante uma repre sentação vívida seja mediante um mito siólico? Poderia um escritor com tanta sensiblidade ter realmente sido indiferente mais ainda hostil à disposição itca e à linguagem gurada que constituem o segredo do 2
estilo poéco? Não, ele deve ter lado de maneira irnica e ocasionalmen te mal-umorada Sem sombra de dúvida, não pode ter querido dizer o que disse O ataque à poesia pode e deve ser inteiramente explicado, reduzido às suas verdadeiras proporções, tornado inócuo o bastante para se ajustar à nossa concepção do que o platonismo sustenta Assim se desenvolve subconscientemente o raciocínio e, como todos os demais, reete o preconceito moderno, ue julga necessário, de tempos em tempos, salvar Platão das conseqüências do que ele pode estar dizendo, a m de ajustar sua losoa a um mundo tolerável ao gosto moderno Podemos camar isso de método de redução um tipo de interpretação que é possível aplicar igualmente a certos aspectos da sua política, sua psicologia e sua ética e que consiste em podar suas áores altas para que possam ser transplantadas para um jardim ornamentado que nós mesmos zemos O processo da poda i aplicado muito generosamente àquela parte da Repbca que estamos calizando Foram utilizados alguns tipos apropriados de instrumento e empregados em dierentes partes do argumento No cômputo geral, conormase Platão ao gosto moderno mediante a argumentação de que o projeto da Repblica é utópico e que a exclusão da poesia diz respeito apenas a uma condição ideal, não concretizável num turo possível ou em sociedades terrenas 13 Alguém poderia objetar que, até mesmo neste caso, por que motivo, dentre todos os abitantes, deveria a Musa ser a única aquinoada com a exclusão da Utopia? Mas, na verdade essa espécie de evasiva ara o raciocíni de Platão depende, como dissemos, da armação de que toda a Repblica (assim camada é sobre política Não é esse o rótulo da garra? Sim, certamete porém devemos admitir que o conteúdo da garra, quando provado neste caso, tem um gosto acentuado de teoria educacional e não de polític As rermas propostas são consideradas urgentes no presente não são utópicas A poesia não é acusada de uma oensa política, mas de uma oensa intelectual e, conseqüentemente, a disposi ção que deve ser protegida contra a sua inuência é denida duas vezes como o governo interior" 14 Os críticos rocuraram um outro meio de ga pela suposição de que as partes mais radicais a polmia de Platão se dirigem contra uma moda passageira na rítica literária que avia sido alimentada peos
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sstas Eles argmenta-se aviam prrad usar astisamente s petas m uma nte de instrçã em tds s assnts e levad essas pretensões além d razável5 Essa expliaçã nã prede É verdade qe Platã la ds defensres da pesia 6 mas sem identiá-ls m prssinais Eles pareem ser mais prta-vzes da piniã mm Ele também la dessas petensões m se própri Hmer as estivesse initand is é m se a piniã públia partilasse dessa piniã exagerada de Hmer7 Qant as sstas raras vezes se bsera m se deveria qe argmet de Platã neste pt la-s nã m seus inimigs mas m ses aliads n mbate eduainal q está travand ntra s petas Iss pde nã etar nfrme ã idéia prenebida abital ds rítis quant a nde sitar s sstas m relaçã a Platã mas pel mens pr enquant ele s l num ntext que impssibilita a rença de que a ataar a pesia está se pnd à sua visã de pesia rítia defensiva dispõe de mais ma tra arma n seu arsenal argmentar ue alv de Platã pel mens em parte d qe ele diz nã deve ser identiad m a pesa m tal mas irnsrit a teatr e até mesm a ertas rmas teatrais qe segiam ma mda rrente de realism muit aentad9 O text ntd simplesmente nã perite um tal desmembrament m se Platã nm pnt visasse a mer Hesíd e teatr e em tr apenas teatr É verdade qe ele tem em mente prinipalmente a tragédia simplesmente prque imaginams é ntemprnea Mas qe surpreende é sua nstane resa em traçar uma distinç rmal entre pema épi e a tragédia m ners diferentes u entre mer Hesíd de m lad (pis Hesí também é meninad e s petas trágis de utr erta altra ele até mesm sa uma linguagem que sugere ser a tragédia ist é a arte dramátia m term pel qal se dene tda pesia apliand se igualmente as verss épis u iâmbis ã imprta m ele paree deixar implíit se ns referims a Hmer a Ésquil Ele dene ter alv de seu ataqe m ações frçadas vlntárias e qe em nsenia de as terem pratiad pensam ser elizes inelizes agind-se regziand-se em tdas essas irnstias Esta deniçã aplia-se tã laramente à Iíada qant a qalqer peça de teatr liás Platã iltra em seguida qe quer dizer itand a desriçã que z m peta da dr de m pai pela perda de se 2
Trata-se laramente de ma refernia a ma passagem itada anterir mente na Repblica, na qal Platã está pensand na prstraçã de Pría diante da mrte de Heitr 3 s erdits nã se sentiriam tentads a limitar a teatr alv de Platã nesses ntexts nã sse t de qe lós paree realmente dediar m temp extrardinaramente lng à reaçã emi nal da assistnia a ma representaçã públia mtiv para essa prepaçã será apresentad nm apítl psterir a verdade ela rnee ma ds pistas para enigma m m td daqil a qe Platã está se referind a nssa experinia mderna a únia sitaã artístia apaz de prvar ma reaçã d públi semelante à qe ele desreve seria a representaçã de ma peça de teatr Sentim-ns prtant tentads a nli qe Platã visa exlsivamente a pal esqeend-n de qe na Gréia a delamaçã de m pema épi também nstitía ma representaçã e de qe rapsd4 aparentemn te explrava ma empatia m se públi análga à de m atr Essas tentativas d ir impat da invesda de Platã rerrem à sa dispersã pr inúmers avs Sas intenções sã bas mas interpretam mal espírit geral e aráter da disssã Esta rma ma nidade além diss m bserarems nma análise psterir é dirigida em primeir lar ntra disrs péti m tal e em segnd lgar ntra a própria experini pétia e é ndzida m ma erme determinaçã Platã la elqentemente da maneira m algém qe sente estar enrentand m pnente pders qe pde arrebanar tdas as rças da tradiçã e da pniã ntemprnea ntra si Ele apela argmenta dennia lisneia É m Davi enfrentand m Glias Fala m se nã tivesse tra alterativa senã travar a batala até fim Existe m mistéri aq m enigma stóri ã é pssível sliná-l ngind qe nã existe ist é fingind qe Platã nã qer dize qe diz É óbvi qe a pesia à qal está se referind nã é aqela qe identiams e m tal mais prpriamente qe a sa pesia e a nssa pdem ter mit em mm mas qe deve ter mdad é ntext n qal elas sã pratiadas De algma rma Platã está land de ma ndiçã ltral glbal qe nã mais existe Qais sã as pistas para esse mistéri qe alter nsss valres mns a al pnt qe a pesia é agra nsiderada m mas das ntes mais inspiradras e fendas d ltiv d intelet e ds sentiments?
Antes de prcrar ma respsta para esse prblema será necessá ri ampliá-l plêmica de Platã cntra a pesia nã está limitada à primeira metade d últim livr a verdade ele ns lembra já em se prefáci qe a pesia de caráter mimétic 5 havia sid recsada Trata-se de ma rerência à análise da lexs mecanisms verbais pétics apresentada n Lvr III da Repúbca e qe pr sa vez segia m ataqe anterir a cnteúd da pesia (logo. Esse ataqe iiciara antes d d Livr II 7 qand Platã prpôs m prgrama de censra severa e radical ds petas gregs passads e presentes Qe rientaçã mral pergnta ele a si própri e a ses leitres a pesia tradicinal pde ns dar? Sa respsta é: mit pca ist é se levarms a séri as histórias ds deses heróis e hmens cmns Elas estã cheias de assassinats e incests creldade e traições de paixões descntrladas de aqezas cvardias e maldades A repetiçã de tais cisas só pde levar mentes jvens e ienciáveis à imitaçã censra cnstiti a única arantia psiçã de Platã nã é mit diferente em sma daqeles qe defenderam ma revisã semelhante d Velh Testament para leitres jvens excet pel t de qe send a mitlgia grega qe era sas prpstas precisavam se mis drásticas té aqi s bjetivs d lósf sã cmpreensíveis cncrde ms nã cm eles Prém ee entã vlta-se d cnteúd das histórias narradas pels petas para a cnsideraçã sbre md cm elas sã cntadas O prblema da sbstncia é segid pel d estil e é aqi qe leitr simpatizante cmeça a se sentir lgrad Platã prpõe ma classiicaçã útil senã simplista da pesia em três grps ela narra qe está crrnd pela própria bca d peta dramatiza qe está crrend deixand qe s persnagens em pessa falem iliza ambs s mds Mais ma vez é Hmer qe lós tem em mente ele é m expente d estil mist a pass qe a tragédia está inteiramente vltada para a dramatizaçã Examinarems essa análise mais detalhadamente n próxim capítl Pr enqant é sciente bsear qe Platã bviamente põe-se a estil dramátic cm tal É verdade qe cm se vericará ele será tlerad ist é admitir-se-á a pesia na rma de ma sitaçã discrs dramatizads cntant qu s persnagens assim apresentads sejam eticamente perires Mas qand ele evca esse cntext n iíci d Livr X já se esqece9 de qe pel mens neste cas mstrara-se tlerante Drante td Livr 26
III, persiste uma secreta suspeita e relutância com relação à empatia dramática como tal. Ele parece julgar sempre preferíe um estilo pura mente descritio e sugere que, se Homero sse parafraseado de modo a causar um efeito puramente descritivo, aquilo que está dizendo dea de ter importância.30 Não podemos, digamos, evitar a sensação de que até mesmo nesta discussão, muito menos radical em suas propostas do que a do Livro X, 'atão está revelando uma hostilidade irredutíel com relação à experiência poética per se e à atiidade imaginatia que constitui uma parte tão considerável dea. E isso é intrigante. Uma maneira de solucionar o enigma deve começar pela aborda gem da Repúblca como um todo e colocá-la sob um ponto de vista prospectivo, a m de indagar: qual será o papel global que a poesia exerce neste tratado? Ele está circunscrito às passagens até agora exami nadas, que consideram o que o poeta diz sob um ponto de vista analítico? Não, não está A tese rmal que dee ser demonstrada e defendida no corpo da Repúblca é apresentada à discussão no início do Livro II31 "Sócrates é desafiado a isolar o princípio da moralidade no plano abstrato e sua possível existência na alma humana como um imperativo mora. Ela deve ser definida e defendida em si mesma; suas recompensas ou castigos deem ser tratados como acidentais e deve se demonstrar que esse tipo puro de moralidade constitui a condição humana mais liz.32 Esse desaio predomina no plan integral da obra33 e, embora rmalmente respondido no m do Livro continua a ser a causa motora do argumento do Livro X.34 Por que o desao é tão crcial? Sem dúvida alguma, porque assinala uma inovação. Um tal grau de pureza na moralidade jamais avia sido imagiál antes. Aquilo de que a Grécia desfrutou até então (diz Adiman to, numa passagem de grande eloqüência e sinceridade) é uma tadição de uma meiamoralidade, uma espécie de zona dsa, na melhor das hipóteses um compromsso e, na pior, uma conspiração cínica, segundo a qual a geração mais jovem é continuamente doutinada na visão de que o essencial não é tanto a moralidade quanto o prestígio social e recompensa materal que podem provir de uma reputação moral, seja esta meecida ou não Ou então (e isso não consttui uma contradição) os jovens são imperceptvelmente advetidos de que a irtude, obviamente, é o idea, as é díci e muitas vezes ma recompensada Na maioria das vezes, a ta e princípios é mas vatasa Os deuses muito eqüentemente nã 7
ecompenm o copto? A condt mo o todo o pecto pode e cmente epd po to egoo O etd fn é qe o doecente gego é nentemente condcondo m ttde qe no ndo é cínc m mpotnte mnte pênc do qe eece pátc O deoo e o compotmento decente não ão ovmente gdo m eênc do pncípo m Tte de m cção à tdção e o tem edccon gego A pncp todde ctd como eponáve po ee tpo de modde qetonáve o o pot Homeo e Heíodo ão men condo e ctdo dente oto Coneqentemente Repblc et e coocndo cmente m poem qe não é tnto oóco no entdo etto do temo qnto oc e ct E qeton tdção geg como t e e oe q e contrí Sã eenc e tdção o etdo e qdde d edcção geg Ee poceo e q peo q mente e condt do oven ão md contt o cene do poem de Ptão E no cene dee poceo p oto do eá de gm modo peenç do poet Ee etão no cento do poem Sgem té memo q no níco do ttdo com o nmgo e é ee ppe q ão ogdo cmp no Lvo X m ve qe e ve Repbc como m tq à ett edccon etente n Géc ógc de ognção go tone c m ve evd em cont mpotânc do poet n ett edccon epetd cítc à poe tme o do A pte d dcão qe tt detmente d teo poítc ocp pen cec de m teço do nove vo e qndo nteém é p nece cevo peteto p o deenvovmento de dcõe oe teo edcon O coço poítco pode e tópco popot edc con não Dee modo no Lvo II tendo do peentdo o poem m poem qe d epeto à contção d tç n m do ndví do e o eco de deceve e meo g m ocedde poítc o m mp pepectv qe então deveá coe ponde o ndvído no pno tt A evoção de ocedde é eg té o ponto em qe m ce de gdãe ge como ce dgente do etdo Em egd dcão tmente p à edcção e coneqentemente éno peentdo m pogm de em d edcçã eement e ecndá do tem gego vgente Concí et pte dcão eton pdmente poítc m
de descrever, com muitos detalhes, a composição do estado em trê classes e suas virdes Vem então a psicologia da alma individual, uma teoria obviamente planeada para conformarse aos obetivos educacionais de Platão Seguemse depis algumas outras teorias políticas, sociais e econô micas a igualdade dos sexos, a inserção da míli na vida comunitária e o papel da guerra limitada até que se introduz o paradoxo de que o único receptor conáel e adequado do pder poltico é o lóso. Isso é novo. Os lósos naturais devem ser, quando muito, um grpo minoriá rio e seu caráter é definido em termos de uma oposição explícita ao do eqüentador de teatro, ao público das representações teatrais e outras coisas semelhantes. Uma vez mais, implicitamente, os poetas surgem como o inimigo Etão, após um qadro da condição contmporânea ambígua do lóso nas sociedades existentes, segndo a qual ele é ora um tolo ora um criminoso, deontamonos com o problema da sua educação adequa da e nos é dado a conhecer o segredo da nte do verdadeiro conheci mento, sobre o qual se constrói sua itegridade intelectual. Então, no Livro II, o mais importante da Repbia, segues um currículo prmenorizado no qual ele deve ser treinado para sua tare. le vai da matemática à dialética e deve ser acessível ao grupo etário entre vinte e trinta e cinco anos, as obtido somente por meio de competição, a qual, nos sucessivos estágios, elimina os menos talentosos Terminada esta parte, a discussão que atravessa o Livro II retorna à teoria política. A degeneração das sociedades e dos indivíduos apresnase e quatro estágios sucessivos, no Livro antes que Platão retome a sua questão original A oposição da moral absluta à moralidade corrente i agora denida ela costii a condição do verdadeiro lóso Será igulmente a condição mais feliz para os homens? Após ter respondido que sim, Platão, no Livro X, voltase para ua questão ainda em aberto. Ele havia definido o novo currículo da Acadea, mas não explicado a ausência absoluta, aí, da poesia. A exclusão tornase agora lógia e inevitável, pois sua nareza é inteiramen te incompatível com a eisemologia que sub az ao novo programa Os poetas, portanto denunciados brevemente no Livo V com os inimgos dos lósos, são agora, no Livro X completamente desmoralizados e expulsos da disciplna que deve reinar no estágio losóco da instrução Nessa perspectiva, a questão educacional da Repbia moese entre dois estágios principais o currículo primário e o secundário, chamado mousike e o currículo universitário d Livro Paa cada um
deles, frnece-se um pretexto político, mediante a introdução dos gar diães no Liro II e dos reis-lósos no Liro V. No primeiro níel, o currículo poético tradicional dee ser mantido mas sucessiamente expur� gado segundo princípios qe nos parecem um tanto curiosos no segun do, ele de ser expulso sem maiores cerimônias.46 Essa discssão é grandiosa e esplêndida, um documento monu mental da história da cultra européia. Ela assinala a introduçã do sistema uniersitário no ocidente. Mas apresenta para o pensamento moderno ários problemas d natureza histórica. Por que, em primeiro lugar, no sistema educacional igente na Grécia, a poesia é tratada como uma questão absolutamente central? Ela parece, a nos armos em Platão, desfrutar de um monopólio total. Por que, em segundo lugar, Platão propõe reormas tão intrigantes no capo do estilo poético? Por que a dramatização é tão importante e por que ele a considera tão perigosa? E, e terceiro, por que ele sente ser tão ital excluir inteiramente a poesia do currículo uniersitário, que constitui exatamente o lugar onde o gosto e a prática modernos julgam ser possíel, nos estdos humanísticos, explorar todas as possibilidades da experiência poética? Por que Platão sente-se tão enolido numa guerra ferrenha com relação à experiência poética como tal? As respostas a estas perguntas podem não ser irrelean tes para ma história do pensamento grego. NAS 1 C noa 37 abao 2. 9b à fç uóvv ôtvç 3 608b µç , <V,
ó À
608b Q fç v ÀtEÍç ÔEÕtt cf 60b7 v ÀtEÍv
ô EÔ µtEV . 601 a 6 60a8 7 60b2 í uµvwÉv fç µuç Qwµwv à
t , à ç óµv, µm vm íVE
8. 60d- 4. 9. 604b6d3. 10. 604e- v µv 1v µíµctv 1tV ?Et, -
VCtV 11. 605d3- 4. 1. O que se poderia chamar estudos magistrais sobre Platão (Zeller, Nttleship, Wilamoitz, Shorey, entre outros), deparando-se com o que parece surpreen dente ou não palatável na primeira metade do Livro X, continuou a insistir em que uma porta seja chamada de pora. Netleship, por exemplo, gindo à tentação de diminuir o alvo de Platão, identica-o como literatura imagi naiva" (pp. 3 49, 351), citando o romance contemporâneo (vitoiano) como um correspondente. Outros, que levam o alvo igualmente a sério, recorreram todavia à inventividade. Assim, Ferguson ntro p.1) propõe que seja praticamente certo que a crítica estética da Rúblic tea sido herdada de Sócrates por Platão" e sustenta a hipótese com uma descrição mpovável de um Sócrates que podea ser aaído por um livro como um jumento por uma cnoua. Segundo Fedlaender, por ouo lado, o poe mimético do Lio X deve ser comparado com o autor dos diálogos do próprio Platão; cf. também Lodge, pp.173-17 4, que, no entanto, tenta alçar os diálogos ao nível mesico, ao passo que Fedlaender (se o intepreto coetamente) os rebaxa. (Nas 8c, contdo, os diálogos são recomendados como um tipo de composição qe devea subsir a poesia) Tais explicações têm pelo menos o méo de perceber que Platão es falando sério. O camo contráo, assim como os esdos que o se, é edo abao, cap., n.3 7. Não é de se a que a tentação de zer uma análise ambígua da questão acabe por ser grande (cf. Ains, pp.47-50, que manifesta tanto inclnação quanto reluância em omar as palaas de Platão no seu sentido literal"). 13. Green, pp. 55-56 (que, no enanto, recusa-se a falsear o sentido evidente do Livro X considerado isoladamente: "É obviamente seu intento, nesta passa gem, denegrir a poesia tanto quanto possível") e Grue, p.03: Eles são todos banidos do esado ideal. Mas este, repito, é o estado ideal". 1 4. Acima, n. 4. 15. Cord, p 3: O principal objeto do aaque... é a pretensão comumente manifesada pelos sostas .. de que Homero em especial e em menor grau os dramaturgos eram os mestres de todo conhecimento técnico." Cf ibi p 333, n . Ferguson (noas sobre 98d 4 e 606e) cita Antísenes para o papel de 1tVÉÇ µgu 16. 598c7 e d8, 606e, 607d6 ç 1QcátÇ ç.
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17 599c6 ss. 18. 600c6 ss. 19. Webster Gk eores pp. 166-67 que é segdo por Cornford pp. 324 e 335 n.. 20. 600d6. 21. 602b8-0. 22. Com 603c4 QVCÇ, µv, 9Quç µtµt t µtµt tuç uç Q cf. 606e2 uv ç b tÇ ôtv ôv W 9vv 23. 603e3 ss. refere-se retrospectvamente ɵv) ao Lvro 2 387d ss. e partcularmente a 388b4 ss. 24. Em 600d6 Platão emprega ÔV para descever a atvdade tanto de Homero quanto de Hesodo. 25. 595a5; cf. abaxo n29. 26. 392c6 µv ô Mv ÉQt É ç ô ç µ ÉV 27. 377b5 ss. 28. 392d2 ss. 29. 595a-5 onde aparentemente se arma µÕµ Qô9t fç (sto é Ç tç) T µtµt como se fsse o prncpo já defenddo no Lvro ill. Esse estlo de Platão provocou dos problemas de nteretação dferentes () Nem toda poesa mmétca banda no Lvro ill. Como explcar a aparente contradção entre e (Este to encorajou a dedção de qe o Lvro X consttu m adendo posteror e que a conexão descdada; cf. abaxo n.46.) () Pelo modo como se desenvolve a dscussão do Lvro X, ca evdente que a mimes deve ser tratada como equvalente a toda a poesa e não apenas a uma parte dela (negado por Collngwood mas ao preço de dstorcer o texto de Platão como aponta Rosen pp. 13-40). Como explcar então essa segnda evdente contradção dentro do própro Lvro A solço comum a ambas as questões jaz no to de qe a vsão platônca da poesa é governada por seu programa educaconal (abaxo n.36) No nvel da elte no há lugar para a poesa como hava no escolar Por consegnte a ase aqu empregada em 595a2 vp QC µv 9 µv V tV refere-se ao programa do Lvro e paclar mente a 7. 52b3 ss. onde tanto a gnástca qanto a músca eram descartadas como nadeqadas para esse programa sendo a músca nsu-
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ente para prprar (522a5) e etã areenta Patã
µµ Q v v, v u vv EÇ v v v É preaente a ta etíe ee aa n nterr a a e é epta abaente L X Pré e nertár Pat é brga a exanar pape e e prpr ág prnpaente a a Ee ntna a er a ateata áa à a ee ã nã a ra e a erae (bre ap2 n7 Freaener paree ter nera ee t a nã a tnçã píta enre ág e pra e a pea aa n2) Patã a preã ternga típa etá a penan na et gera e etá agra apt a etrar e ebr e a epée a aber pét traa ee er ep a eaçã perr 6b2 Crnr p4 A etã a a Srate ee e etar é reaberta pr Ga e Aant 2 C aba ap2 pp 242 Abax ap nta 2 4 Ma exptaente ebraa apena reaçã à ega etae Lr X e 62b2 5 62e67a4 6 A aneae e aear a trna Lr X a a tera a arte (abax ap2 n7) aaeta a retna e atr penaet e Patã a prrae aa à naae eana bre a etéta eren p Patã gta e rçar e pt e ta ter eta peagg p a ena a p ea ã exageraa pr Patã r e e bet peagg e 24 ret etáe à pçã peagga 7 Se a Lr é pít n ent e e ea e raía epene prnpaete e a ã e ger ã ra e e eta ã reaente gerna areee gnrar prbea eaa (ebra na erae expna a e prbea a atrae peta At p Sa atrea a a etar n etre a ã a a ea bre tera píta Ma rgaente r pe ter ert ág aprét epara ( Cr Q 2 p254 n e e exí etataente para expr a geneae pa n e egnte A tera píta é apreentaa n Lr 6e74e Lr 4b a Lr 44a Lr 44a47b Lr 54a a Lr X 56b a ega a págna Stepan entre 2
38 Em 374d8 (nm conteo político) os pylakes são apresentads; em 374e4376d se "tipo yss) hmano correspondente é denido até qe em 376e2 fz-se a pergnta 'ÍÇ ov 1tÔÍC Como esse tipo deve ser treinado? A resposta termina em 412b o µv ô '1Ot 'fç 1ÔÍç 'ê x 'Qoç O'ot eêV Isso encerra a rerma do crrclo escolar vignte Em 473c (nm contexto poltico) o pilsps é apresentado em 74b4 o problema do se tipo hmano é abordado pela primeira vez e a resposta embora impliqe a Teoria das Formas é retomada no Livro V 485a4 'OÍVV xµêVOt 'OOV 'O Myou (a saber em 474b4) yoµêv, 'V ctV ' 1Qov Ôê 'µ9v A resposta a esse problema inclindo a definição da phsis e as ressalvas exigidas pela definição (O lóso como m tipo é ntl o perigoso?) assim como as possibilidades de qe jamais seja encontrado são persegidas por todo o Livro V até 502c depois do qe em 502c10 são feitas três pergntas: 'ÍVC 'QÓ1OV µlv 'Ívv µ9µ 'ê 1t'Ôêuµv t cQêÇ voV't 'fç 1oÂt'Íç ' 1oç Ãtç c'ot c'v 'Óµêvot Estas qestões presspõem as respostas rnecidas pelas três parábolas pelo crrclo e pelas restrições de idade qe ocpam o restante do Livro V e todo o Livro Desse modo os dois programas edcacionais estão organizados simetricamente na discssão Em cada caso o pretexto poltico é proporcionado pelo estabelecimento de m determinado tipo de ser hmano apropriado a ma determinada nção poltica Dá-se então a esse tipo ma definição psicológica (qe no caso do lóso deve ser inciosa) segida por m programa de treinamento 39 Cf abaxo cap13 notas 26-31 40 537b8-539e2 41 O processo de seleção contina até mesmo após a descida à epeia (39e5-540a5) 42 588b 1-4 43 Friedlaender p 92 "A edcação dos gardiães (vide Livro 7) não pode ser mito distinta da qe é dada aos estdantes na Academia cf tamém Grbe p240 44 O Prágras (347c-348a) antecipa a epúlia ao demonstrar qe a tentativa dos adltos em lidar seriamente com os poetas é eqivocada sas necessi dades intelectais exgem ma disciplna dialética As e mantêm essa premssa mas concentram-se no crrclo escolar ("A arte como m todo é relegada à edcação dos jovens e ao entretenmento dos adltos Grbe p207 onde em lgar de "arte leia-se "poesia; cf também Gold p118 qe
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apnta a pibiae e e Patã, a tear a , tenha "jga e Cneh Ntrn everia egir pan e et ae iênti a Gariãe na Reúbca . Ee t nã a naa: a peia eve er teraa e , na verae, aa pe egiar n níve priári e enári a eaçã, até e an epa a niveriae; Marr, p4 45 Para a aiaçõe e neeariaente iita ea paavra an apiaa à Aaeia, ver Cherni, pp 670 46 O reta ógi ee arranj errba argent e e " atae à peia neta parte te ar e apênie, iga apena periia ente a e preee e trna eneeária a hipótee e e "a retriçõe à peia raátia havia e trna nheia e atraí rítia à ai Patã apree a repner (Crnr, p2; tabé Nettehip, pp 404) Me evan e nta a ata, e aba a etae ivr X e a reviã interna (egn Nettehip, pp 4, 55), i nã ata a etrtra gba tata A eiinaçã a peia na eaçã perir nã pe er eenia ante e ea eaçã eja enia, e aer repena rea e pa avir a jtiça nã pe er geria até e a jtiça tenha prieiraente e etabeei atôna Já e , Harth, repnen a Crnr, argent (a) e nã havia "pnt iprtante n ai itea eaina 67 eja inpatíve e 24, a (b) e a a parte, n entant, repreentava "a inha e penaen t raiaente ierente Tavia, ee atribía a ierença ante à rige na etaia e n eej e apereiçar itea eai na greg vigente a Have , "Pr e Só rate i jga , p 0 4
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SIS
Falamos da tendência subjacente da hostilidade de Platão à expe riência poética como tal um fenômeno extremamente desconcertante para o platônico que pode se sentir nesta questão abandonado pelo mestre. A crtica de Platão à poesia e à condição poética é de to complexa e é impossíel entendê-la a menos que estejamos preparados para chegar a um acordo sobre a mais instável das paavras do seu vocablário losóco a palavra grega mmess Na Reúbca, Platão empega-a em primeiro lugar como uma clssificação estilística para denir a obra dramática em oposição à descritiva. Porém à medida que ele avança parece ampliá-la até abarcar vários outros fenômenos. Quan do os compreendemos algums das pistas para a nareza da siação culural grega começam a emergir Tal palavra aparece2 quando no Livro III, ele passa do tipo de história narrada pelo poeta para o problema da "técna de comunicação verbal do poeta Esta expressão incômoda pode ser adequada à traduço das nuanças do vocábulo grego exs, que como se vê claramente à medida que Platão prossegue abarca toda a estrutura verbal rítmica e gurativa de que dispõe o poeta. A crítica que se segue agora se a
obserarmos atentamente, divide-se em três partes Platão inicia eami nando o caso do poeta pe e, 3 seu estilo e os efeitos que ele pode obter Em meio a essa discussão, ele um desvio para reetir sobre os problemas ligados à psicologia dos "guardiães, 4 isto é, dos seus soldados cidadãos, problemas que considera relacionados, mas que certamente concernem a uma classe diferenciada na comunidade, pois não se pode dier que os soldados cidadãos seam, por alguma etensão da imagina ção, poetas Mais adiante 5 ele retorna ao problema da composição e do estilo poéticos e mais uma ve é o poeta, e não o guardião, que ocupa o campo de visão Eaminemos, em primeiro lugar, o que diem as duas passagens sobre os poetas e sua poesia Platão começa argumentando que, virtualmente, em toda comuni cação verbal eiste uma distinção ndamental entre o método descritivo e o da dramatiação Ainda é Homero o protótipo de ambos Seus poemas dividemse entre as las que são trocadas, como entre os atores, e os discursos intercalados, feitos pelo próprio poeta As primeiras constituem eemplos de iei, da "imitação ou "impersonicação dramática, os últimos, eemplos de "simples relato 6 ou, como poderíamos dier, narrativa direta na terceira pessoa O poema épico é assim, in tto um eemplo de modo misto de composição, ao passo que a peça teatral constitui apenas um eemplo de composição mimética As palavras de Platão tornam óbvio que ele ão está interessado na distinção entre o poema épico e a tragédi como gêneros, com a qual estamos miliaria dos, mas em tipos básicos de comunicação verbal A peça teatral, segundo sua classicação, está contida no poema épico, em virtde de ser narrativa Ele dá a entender o mesmo quando, ao responder à suposição de Adimanto de que ele está preparando a eclusão do drama do seu estado ideal, obeta "Talve; talve ainda mais do que isso Ainda não sei ao certo; mas por onde a raão, como uma brisa, nos levar, é por aí que devemos ir 7 uma insinuação que antecipa a crítica mais ndamental do Livro X e que nos adverte que a distinção rmal entre poema épico e peça teatral não é em si relevante para essa nalidade losóca Até aqui, concluímos o termo miei i empregado de maneira útil e de certo modo precisa para denir um método de composição Mas aí se insinua, durante o desenvolvimento dessa parte da discussão, uma armação muito curiosa "Mas, quando nos dirige qualquer la como sendo de outra pessoa, não poderemos dier que se esrça para dear
sua linguagem (lexs) tanto quanto possível parecida com a da pessoa por ele mesmo anunciada e então continua Platão: "Ora, tornar-se semelhante a alguém na voz e na aparência é imitar aquele com quem queremos parecer-nos (e, por conseguinte, realizar a mmese) Pois bem, a ulgar pela aparência, há um nonseqtr. O elo perdido, que se dexou escapar entre essas duas aimações, seria o seguint: "Qualquer poeta que z com que seu modo de lar se assemelhe ao lante está se assemelhando ele próprio ao lante 9 Ora, isso, quando associado à atividade criativa da composição por parte do poeta, é obviamente lso. O poeta exerce deliberadamente sua arte em selecionar as palavras circunstancialmente apropriadas a gamêmnon o contrário de "imitar o caráter pessoal de gamêmnon, ele deve manter a autonomia de sua própria coerência artística, pois no momento seguinte a mesma habilida de deve ser empregada para pôr as palavras adequadas na boca de Aquiles. Porém a suposição de Platão seria quase verdadeira caso se aplicasse, não à criação de um poema, mas a um ator ou recitador que o repete. Sob certos aspectos, ele preisa realmente "identiicar-se com o original que lhe é rnecido pelo artista criador Ele precisa atirar-se ao papel exatamente porque não o está criando, mas reproduzindo, e esta reprodução é ita para um público cuo interesse e atenção ele precisa prender. Ele pode recusar-se a "imitar e obter apenas uma recepção indierente. O primeiro enigma relativo à mmess quanto ao uso que dela z Platão á se apresentou agora Por que usá-la para descrever tanto uma atividade de composição que constitui um ato de criação quanto uma atuação por parte de um ator que é um porta-voz ou um recitador? Será isso uma utilização negligente e conusa do vocábulo, ou Platão estará manestando delidade a uma situação cultural que nos é estranha? Quando no último terço10 de seu argumento, Platão retorna à questão do poeta, a ambigüidade entre a situação do artista criador e a do ator ou executante mantémse. É impossível armar qual deles o lóso tem em mente em qualquer uma dessas passagens Considerado como um "orator, nosso poeta platnico prerirá um estilo com um mínimo de mmess e um máximo de descrição. Sua indulgência em rmas extremas de mmess estendendo-se até mesmo aos rugidos e guinchos d animais estará numa proporção direta à sua inerioridade como poeta Então, Platão acrescenta um comentáro que constitui em 9
arte uma análise estilística e em arte um uízo losóco: "O modo dramático-mimético comorta todas rmas de variaçes.11 Ele é oli morf e, oderíamos dizer, exibe as cracterísticas de um luxo de exeriência rico e imrevisível. O modo descritivo reduz drastcamente essa tendência Deveremos, ortanto, admitir o desemenho daquela esécie de oeta versátil cuo talento lhe ermite ser qualquer tio de essoa e reresentar tudo e qualquer coisa?12 Decididamente, não. É óbvio, ortanto, que a situação do artista criador e a do executante de uma obra de arte ainda se sobreem na mente e Platão. Mas essa eroração levanta ainda um outro roblema que mencio namos no caítulo anterior. Por que será o lósof tão rondamente hostil à amlitude e versatilidade que a dramatização ossibilita? gu mentou-se que seu alvo é meramente o realismo exremo e grosseiro de alguns contemorâneos.13 Porém, a obeção losóca diz reseito à variedade e amlitude em rincíio, e se alicará tanto ao drama bom quanto ao ruim. Por que a virtude oética (aos nossos olhos, que amlia tanto o camo do signicado do roduto quanto a ematia emoiv no úblico, convertese em Platão extamente num vício? Na arte média da sua discussão, Platão subitamente assa dos oets e executantes ao exame dos ovens guardiães do seu Estado e alica ao seu caso a situação mméica. Deverão ser imitadores? ergun ta.14 Ora, resume-se que eles não serão nem oetas, nem atores, mas soldados ciddãos e, neste caso, como ode o roblema da mme, se se trata de uma questão de estilo e de método artístico, de alguma rma dizer reseito a eles? ista está nas "rosses, "atividades, "comor tamentos ou "ráticas (todas elas são traduçes ossívis de uma única alavr grega etedemata), que são reconhecidamete ndamentais ara a vida desses ovens.1 5 Quando adultos, deverão se tornar arífices da liberdde16 do Estado. Mas devem igualmente arender esse ofício e o arendem ela rática e elo exercício, na verdade, or um educação mediante a qual são treinados ara "imitar modelos de comortamento estabelecidos.1 Por conseguinte, mme agora torna-se um termo ali cado à situação de um arendiz, que absoe e reete liçes e, or isso, "imita aquilo que lhe mandam dominar rondamente A questão torna-se mais ara quando Platão lembra aquele rincíio social e educacional anterior, que requeria divisão e esecialização de trabalho.18 Os oven guardiães aresentam um roblema de treinamento. A tare 4
ue hes impõem nã será estritamente técnica mas uma utra ue exige caráter e uíz étic. Estes diz ee sã exatamente prduts de um treinament ue emprege uma cnstante "imitaçã exercitada "desde a infância Prtant cntext da discussã desviu-se caramente da uestã artística para a educacina. Prém iss apenas cmpica ainda mais mistéri da ambivaência da mmess Pr ue deveria Patã nã satisfeit cm empregar a mesma paavra tant para a criaçã uant para a decamaçã d pema apicá-a também a at de aprender reaizad pe aun? Pr u em suma as situações d artista d atr e d estdante sã cnndidas? E iss nem esgta as ambigüidades da paavra. Pis uand ee discrre acaradamente sbr seu tema d guardiã-estudante e sbre cm sua cnduta mra depende d tip crret de "imtações aun parece se trnar um hme adut20 ue pr agum mtiv está incessantemente cupad em recitar u decamar pemas ue pdem envvê- em gêners inadeuads de imitaçã. Seria prefríve diz Patã cuidar de exercer uma censura sbre sua própria atuaçã. Em suma a uestã pética está mistrada nã apenas cm a educacina mas também esta prtant cm a d entreteniment se é ue é esta a paavra crreta para descrever estad de espírit da recitaçã aduta. Nã admira prtant ue s erudits e s crítics tenham encn trad dicudade para cncir exatamente ue Patã uer dizer cm mmess as antes de deixarms Livr III há ainda ma utra cmpicaçã a ser cnsiderada. Qand intrduzida a paavra i empregada para denir apenas um edos u gêner de cmpsiçã a saber dramátic a ua se punha tant esti "simpes da narraçã direta uant "mist ue emprega ambs. Este significad mantém-se durante a mair parte da discussã sbre esti. Prém antes d fim Adimant sem nenhuma beçã pr parte de Sócrates pde aar daua "imitaçã de um hmem de bem ue é pura.2 Será iss um aps u deverems inferir ue a imitaçã é um term ue também se apica as tips nã-dramátics de pesia? E prtant a tda pesia qua pesia? Esta é exaamente a acepçã dada à paavra uand a discssã se desenra n Livr X É verdade ue a pesia ue deve ser banida é iniciament e uaificada cm "pesia na medida em ue é mimética mas essa aificaçã parece depis ser deixada de ad. Patã cm 4
ele mesmo diz, tem agora uma vsao mais preisa do que a poesia realmente é5 Ele superou a rítia do Livro III, que limitava seu alvo ao teatro Agora, não apenas o dramaturgo mas Homero e Hesíodo são disutidos A questão também não está mais irunsrita à preseração do aráter moral perigo é mutilar o inteleto E por quê? A resposta, diz ele, exigirá uma denição ompleta e exaustiva do que a mmess signia realmente6 Esta resposta depende de aeitarmos ou não 7 a doutrina platônia, estabeleida nos livros intermediários, de que o onheimento absoluto ou verdadeira iênia, sea qual r o nome que preferirmos lhe dar, é o das Forms e somente delas, e de que a iênia apliada ou ténia prátia depende de que os artetos seam ópias das Formas pintor8 e o poeta não onseguem azer nenhuma das duas oisas A poesia nem sequer é não-nional; é antinional Ela é totalmente desprovida do onheimento exato que um artesão, por exemplo, pode empregar em seu oio,9 e menos ainda pode utilizar os obetivos e metas bem denidas que guiam o eduador habilidoso no seu treinamento do inteleto Isso porque esse adestramento depende da apaidade de álulo e mensuração; as ilusões da experiênia sensível são orrigidas om disernimento pelo ontrole exerido pela razão A poesia, per contra, inorre onstantemente na ilusão, onsão e irraionalidade30 É nisso que, em última análise, onsiste a mmess, um teatro de sombras antasmagórias, omo aquelas imagens vistas na esuridão, na parede da averna31 Fizemos um resumo da parte ndamental dessa disussão Num apítulo posterior, retornaremos a ela om maiores detalhes as a evidente agora que mmess tornou-se a palavra par exceence para o instrumento lingüístio próprio do poeta e sua apaidade espeial de utilizarse dele (inluindo-se, no ataque, ritmo e guras) para representar a realidade Para Platão, a realidade ou é raional, ientía e lógia, ou não é nada instrumento poétio, ao ontrário de revelar as verdadeiras relações entre as oisas ou as verdadeiras denições das virtudes morais, rma uma espéie de tela reatra que masara e distore a realidade e, ao mesmo tempo, distrainos e nos prega peças reorrendo à mais superial das nossas perepções Portanto, a mmess onstitui agora o ato integral da representação poétia, e não mais apenas o estilo dramátio Com que ndamento poderia Platão empregar a mesma palavra primeiro no sentido restrito e 2
depois no sentido mais amplo? E de que maneira repetimos poderemos explicar nesse sentido mais amplo a hostilidade losóca essencial à experiência poética como tal? Quando ele examina cuidadosamente o ndamento da poesia busca igualmente denir aquela parte da nossa consciência para a qual ela está destinada a chamar a atenão32 e à qual a linguagem e o ritmo poéticos estão dirigidos Esse é o campo do nãoracional das emoões patológicas dos sentimentos irreeáveis e instáveis mediante os quais sentimos mas nunca reetimos Quando cedemos a esses estados eles podem enfraquecer e destruir aquela culdade única a racional na qual se nda a esperana de salvaão pessoal e também de garatia científi ca 33 A iei acabou de ser aplicada ao conteúdo do discurso poético Porém à medida que ele examina a atraão que esse tipo de discurso exerce sobre nossa consciência retrocede à descrião da patologia do público diante da apresentaão de uma poesia e a iei retoma um daqueles significados que tivera no Livro III Ela é agora o nome da identificaão pessoal ativa mediante a qual o público estabelece uma empatia com a representaão34 É o nome da nossa submissão à seduão Ela não mais descreve a visão imperfeita do artista se a ela qual fr mas a identificaão do público com aquela visão O Livro III havia nos preparado repetimos para esse significado de iei e se Platão tivesse empregado a palavra somente ou princi almente neste sentido teríamos menos diculdade de entender seu uso A "imitaão como uma rma de personficaão constitui uma concepão compreensível Embora possamos argumentar que o bom ator possa er uma recriaão de seu papel em geral sua atuaão é prontamente vista como um ato de imitaão Surpreendemonos ou deveríamos êlo diante do emprego adicional da palavra ao envolvimento do público numa representaão As descriões de Platão neste contexto soam como uma psicologia de massas Não tanto como o estado de espírito e atitude com os quais os eqüentadores de teatro assistem a uma pea muito menos ainda como o tipo de concentraão de um aluno ao er sua lião Na verdade encontramos aqui indícios de um emocionalismo singular por parte dos gregos que não parte da nossa experiência Isso tudo arte do enigma maior ainda por se resoler as nada é realmente tão difícil de assimilar quando os valores e as reaões modernos são levados em conta quanto aquela visão de 3
mme ue Platão aresenta uando alca a alavra ao róro contex
to da comuncação oétca, a essênca da exerênca oetzada Po uê, dabos, somos tentados a erguntar, devera ele tentar j ulgar a oesa como se ela sse cênca ou losoa ou matemátca ou tecnologa? Por ue exgr ue o oeta "conheça, no sentdo em ue o carntero conhece uma cama? Não há dúvda de ue é ara rebaar os ades cração oétca, submetendo-a a crtéros ndevdos ou mesmo nadeua dos e rrelevantes O oeta recsa mesmo ser um erto no assunto sobre o ua canta Uma tal ressuosção não z sentdo Essa, contdo, é exatamente a hótese ue Platão, no Lvro X, adota sem dscussão, e ela nos leva a enfrentar nosso últmo e mas crucal roblema na busca de stas aa o sgnfcado dsso tdo Vmos, no nosso exame do tratado como um todo, ue a teora educaconal consttu o cerne do lano da eúbca; ortanto também a oesa o é com relação à teora educacnal Ela aarentemente ocuava essa osção na soce dade contemorânea e consttuía uma osção baseada claramente, não nos motvos ue aesentaríamos, a saber, os efetos sugestvos e mag natvos, mas no to de ue orneca um reostóro de cohecmentos útes, uma eséce de enccloéda de étca, oítca, hstóra e tecnologa ue os cdadãos atvos eram obrgados a arender como a essênca do seu rearo educaconal A oesa reresentava não somente algo ue chamaríamos or esse nome mas uma doutrnação ue, hoje, estara contda numa ratelera de lvros de extos e obras de erênca Platão, no Lvro X é bastante categórco: "Deos dsso, ecsamos estdar os tágcos e seu rncal gua, Homero, vsto dzernos muta gente e eles conhecem todas as artes e todas as cosas humanas em sua relaçã com a vrtude e o víco, e também as dvnas Essas retenses, aos olhos de Platão, não têm ossbldade alguma de ser sustentadas Contdo, gnoremos or um momento dz le, a retensão de come tênca técnca e votemonos, em vez dsso, "ara o ue concerne aos mas belos e mortantes temas a ue Homero se abalança: guerra, tátca mltar, admnstração de cdades, educação do homem Assm exressa, a etensão assa a ertencer ao róro Homero Isto é, Platão está fomando acerca da onão tradcna estabelecda sobre a sua oesa, e essa onão crstalzara-se na conceção de Homero como o manual educaconal helênco ar exceence Ele contnua, desmorazandoa como lsa, azendo uma ergunta retórca: "se, de ato, Homero sse 44
capaz de frmar os homens e deixá-los melhores... não congregaria numerosos discípulos?" Os sostas têm seus seguidores, o qe, pelo menos, prova sua eciência educacional. Mas onde estão os seguidores e Homero ou de Hesíodo? 3 A pergunta soa muito mais como um argmentm ad homnem Platão, e qualquer frma, retorna da retórica à dialética e continua emonstrando detalhaamente o total abismo entre a verdade, como a entende a razão, e as ilusões prouzidas pela poesia. E então, qando começa a se aproximar do térmio da sua polêmica, cita uma vez mais aquela concepção de Homero que julga asolutamente inadmissível: ssim, quando ouvires os admiradores de Homero declarar que esse poeta i o edcador da Hélade e que é digno de ser estuado no que entende como prolemas da educação e das relações humanas, e também que devemos viver de acordo com seus ensinamentos ..." diante desta pretensão, pode-se apenas objetar com brandura como a pessoas de muito merecimento .. ." (isto é, como produto da educação homérica) todavia, Homero, da maneira como o consideramos, não deve ser tolerado. E no entanto, como é dicil zê-lo exclama Platão. Não sentimos, todos nós, o encanto d Homero? Porém, nosso sentimento com relação a ele, por tradicional e prondo que seja, é um amor a que devemos renunciar, em virtude o grande perigo que representa Graças ao amor por essa poesia que em nós se rmou por inuência da eucação dos nossos belos Estados". Mas é perigosa, e repetiremos seguidamente a nós mesmos o nosso antídoto racional a ela, de medo de voltar a cair naquele amor de nossos primeiros anos e aina de tanto valimento junto das multidões". 36 Por estas afirmações, ca evidente que os poetas em geral e Homero em particular eram não apeas considerados como a fnte de instrção em ética e hailidades administrativas, mas também esfruta vam de uma espécie e caráter institucional na sociedade grega. Essa condição receia como que uma sustentação do estado, uma vez que orneciam uma instrução na qual se apoiava o mecanismo social e político para se ncionamento ecaz. Tuo isso nos leva ievitavelmente a compreender que Platão assme, entre seus contemporâneos, uma visão do poeta e da sua poesia que é inteiramente stranha à nossa maneira de pensar. Spomos que o
poeta sea u artsta e seus produtos obras de arte Platão parece sob certo aspecto pensar da esa anera quando copara o poeta ao artsta sual o pntor Poré ele não estabelece essa coparação de u ponto de sta estétco Na verdade não sera u eagero dzer que a déa do estétco coo sstea de alores que se podera se aplcar lteratura e coposção artstca aas está presente na dscussão Platão escree coo se nunca tesse oudo alar de estétca ne eso de arte 37 Pelo contráro nsste e dscutr os poetas coo se seu oco sse rnecer encclopédas ersfcadas poeta é ua onte por u lado de nforações essencas e por outro de nstrução oral básca Hstorcaente lando suas pretensões engloba até eso o trenaento técnco É coo se Platão esperasse que a poesa eercesse todas essas nções que relegaos de u lado ao ensno relgoso ou nstrução oral e de outo aos tetos escolares a hstóras e anuas a enclopédas e obras de referênca Este é u odo de er a poesa que na erdade negase cabalente a dscutla coo poesa no sentdo e que a entendeos Ele se recusa a adtr que ela possa ser ua arte co suas própras regras e não ua onte de nforação e u sstea de doutrnação ratase de ua hpótese espantosa poré ua ez adda rnece o preteto lógco para Platão drgr poesa aquela crtca losóca ao correlaconar a poesa eora das Foras A eora epsteológca procra denr o caráter daquele conhecento que chaaraos de unersal eato e concluso A cênca ateátca bastará coo eeplo para este caso A cênca aplcada não é alhea a esse tpo de conhecento teórco Pelo contráro ela o eprega ao utlzar as Foras úncas e eatas coo odelos que são copados nos produtos ateras estentes Caas no plura são as cópas que z o carpntero da Fora únca de caa Mas o poeta eraente la de ua caa na sua poesa se ter dela conhecento algu ou sequer tentar fzêla Esse tpo de arguento talez sea usto quanto a Hoero se este ester realente pretendendo ser u anual da anutura de caas ou algo seelhante Isso porque se assn o or tratase de u anual ru dz Platão Ele não é feto por aquele tpo de hoe que entende tecncaente de caas ou naos ou caalos ou qualquer outa cosa Pelo contráro o que ele está zendo é splesente pntar retratos ebas de coo são as caas e lhares de stuações dferentes e 6
consas e é ecaz apenas no que diz respeito às ilusões que tem a capacidade de criar mediante imagens verbais e rítmicas e não em procedimentos exatos para a manutra. É esta a "mmess duas vezes astada' 38 à qual Platão relega o poeta na parte mais importante da sua crítica no Livro X Este uso de mmess indica ndamentalmente que o discurso poético é moce é ilusionismo oposto à exatidão e delidade mecânica do carpinteiro 39 e o termo aplicase a todo o conteúdo básico do discurso poetizado como tal e não apenas ao teatro. al é a última e decisiva metamorse de mmess nas mãos de Platão. Ela consiste verdadeiramente numa palavra protéica. Porém por trás do enigma do seu emprego no sentido do ilusionismo poético total está aquele outro que gera o primeiro. Para nós este constiti repetimos a hipótese espantosa de que a poesia i concebida e destinada para ser uma espécie de enciclopédia social. Se i esta a sua nalidade ela estava obviamente à época de Platão exercendo muito mal sua nção. Ela não podia cumprir essa tare segundo os padrões exigidos por Platão na Academia. A excelência do seu próprio currículo está expressa no termo grego epsteme, para o qual nosso vocábulo ciência seja talvez um equivalente. O graduado da academia platônica passou por um treina mento rigoroso em matemática e lógica que o preparou para denir os objetivos da vida humana em termos científicos e perseguilos numa sociedade reorganizada segundo linhas cientícas. O poeta como possí vel candidato a exercer esse papel tornase assim um alvo fácil sentimos que tudo ca demasiadamente cil. Em primeiro lugar ele nunca deveria ter sido colocado numa posição tão inadequada. Platão nunca deveria ter feito isso com ele. Porém ele o z e devemos perguntar por quê. NOAS Aga interpretaçõe reente ete ter ã exainaa abai n e a itria anterir n ap nº 22 2 25 22 C µ9ÂÓyv
t' ÂÉE'
e Ó'EQV µtµ'tÇ µlv 8el v 'Ç ÚÂCCÇ
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5. Em 397a, mas a transição é rnecida pela insrção de bOQOÇ 396e10. 6. éà õir1ç 392d5, 393d7, 394b . 7. 394d5-9. 8. 393c-9. 9. Adam Parry chamou minha atenção para o to de que a lacuna na sintaxe inglesa é maior do que na grega, onde bµotouv 'TV a'ou ÂÉtv leva naturalmente a bµotouv emb xa'àcvv. 10. 397a-398b5. 11. 397c5. 12. 398a-2. 13. Cap. 1, n.19. 14. Acima, n.4. 15. 394e3 ss.; cf. 395c2. 16. 395c. 17. 395c3. 18 394e3. 19. 395d3. 20. 396c5 µÉ'Qoç C. 21. Abaixo, n.37. 22. 396b0. 23. 397d4-5, onde, no entanto, paraaseei 'V 'OU metuç µtµ'V &xa'OV para expressar a inferência de que a qualidade do agente, aqui, expressa a qualidade da representação. 24. Acima, cap. 1, n.29. 25. 595a6 vaQyÉ'EQOV aÍVE'at 26 59 c7 µíµ tv Âcç XOtÇ &v µot EEV 't no' 'ÍV; isto parece preparar o argumento (abao, n.37) de que há duas espécies de mimesis prossional isto é, artica), das quais somente uma será discutida no Livro X 27 596a5 'ç elc9íaç µe9ó õ o ·
28 É a inclusão aqui de cyQáoç (primeiramente em 596e6 como sendo também um µtµ'Ç (597e2) que parece ter concorrido para a inferência de que Platão está avançando uma Teoria da Arte" (abaixo, n.37). Co nseqüen
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temente, Verenis, p. 15: "ele eclara epressamente e a peia e a pintra pssem ma natreza semelhante ... prtant, sas características até cert pnt sã mtamente aplicáveis. Mas a presença pintr neste cntet é eigia pr mtivs meramente ad c Ele é spstamente m ÕTµtoç (596e6), cj mét é inferr a "veraeir emirgs, a saber, tV1otç ÉV (597b9). (Ambs trabalham cm sas mãs) (cf. XEtQOÉXVTÇ 596c5, 597a6). Iss permite a Platã cnstrir ma hieraria e prçã em séries escenentes (cf. Rsen, p. 142), ist é , ma hieraria e "prtres (1OtTÍ 596 4). Este at, p r sa vez, permite-lhe vinclar verbalmente a essa série is pr ecelên cia, a saber, "peta. A necessiae e cnstrir essa série eplica igalmente a teria etrarinária e e " bm eve ser "prtr a Frma. Mas alv namental cntina a ser, nã "artista (n nss senti), mas eclsivamente "prtr e palavras'', ist é, "peta (597b6). Ele é (i) m cpiar iniscrimina e bjets sics, cm nma reeã (596b12 ss; ist parece presspr a trina a xaía cj eempl e encntra na seçã inferir a Linha n Livr VI; cf. Nettleship, p. 47, e Patn, p. 100) e (ii) m cpiar e também reata e istrce e e, prtant, nã é el (59a7 ss., 602c7 ss.); ist presspõe a trina 1ÀVT n Livr V (cm 602c12 cf. 4799, e aba, cap. 12, n.7). Em sma, prtant, a técnica pintr ta-se tempraria mente til a Platã, pr permitir a egraaçã peta abai artesã e lstrar esses is efeits especialmente na pesia. 29. 59c6-5. 0. 602c4-60b. 1. 59b6 ss. 2. 60b10 1 a a õv Ç tavoíaç OO
1QooµtÀê TÇ
1otç µtµTtX . Cf prncipalmente 605b4 ÀÀ ÃottXV 4. 605 vvç µ aoç 1µa µ1xoVç 5. 597 ss., 599c6 ss., 600c2 ss. 6. 606e ss., 607e4 ss 7. Entre aeles e negaram a eistência e aler teria a arte em Platã, encntram-se Wilamwitz, Shrey, Cassrer (cf Verenis, p9, n.9) e, mit recentemente, Frielaener (p.119: "a cnstrçã e nnca Platã teve em mente). A eles pe-se acrescentar Patn, Sies (cap e Rsen, s ais argmentan em iferentes cntets, cnclam e Jíz nal
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de Platão sobe a poesia é epistemológico e que, potanto, a expulsão desta é deteminada pelas pemissas de seu pópio sistema Um númeo enome de editos (ente os quais Geene, Tate, Gube, Collinood, Webste, Cood, odge, Vedenius) ecentemente pocuou gi dessa conclusão, movidos po duas hipóteses compeensíveis, poém equivocadas, de que boa pate do signiicado de "ate deve te tido paa Platão o mesmo sentido que essa palava tem paa nós e, conseqüentemente, deve se acolhida no sistema platônico; (ii) que a "ate gega inclui necessaiamente a poesia gega Essas amações são sustentadas a despeito do to de que nem "ate, nem "aista, a aeira c usas essas aavras, são taduzíveis no gego acaico ou clássico (Collingwood, p6: "Se um povo não tem uma palava paa uma ceta espécie de coisa, é poque não tem consciência dela como uma espécie distinta) A possibilidade de uma idéia de estética como disciplina distinta suge pela pimeia vez em Aistóteles ão é apopiado cita sua teoia de ies e sua inuência na concepção "clássica posteio de imitação atística (como, po exemplo, z Vedenius, pp38, ), como se ela povasse a hipótese de que Platão já havia desenvolvido uma teoia da estética A conmação de uma avaliação platônica da "ate deve, indubita velmente, se possível, se deduzida de seu texto, e os métodos de dedução am váios: (a) agumenta-se que Platão aceditava numa "boa iesis, assim como na espécie "má discutida na eúica A espécie má imita ealisticamente, mas a boa imita idealmente, de ma que, enquanto m "mau atista (e poeta) lida com apaências speiciais duas vezes distancia das da ealidade, o "bom atista (e poeta) sabe imita as Fomas, o beleza ideal, distanciada apenas uma vez Paa compova a invenção de uma boa iess, z-se uma utilização bastante live de passagens como e. 572d, nas qais o pinto é mencionado po sua constução de um homem "ideal (descatada po Wilamowitz, I p 73, n , como "idealiza ção inexpessiva, incmpatível com uma vedadeia estética), e e 6 5b8-5d (aceita po Tate, que a utiliza, no entanto, apenas como uma "metáoa admitida, CQ 28, p2), assim como intepetações exageadas apóiam-se na discussão de imagens e no uso do temo iesis no Sfisa (ve abaixo) Esse método i adotado po Tate em dois atigos, em 28 e 32, como zeam igualmente, com algumas vaiações, Gube, Webste, odge, Conod e Vedenius c também Atkins, p68 Ou então (b) agumenta-se que, com exceção da ate e da poesi miméticas que são más e que constituem a espécie discutida e descatada na eúca, Platão aceditava no gêne não-mimético, isto é, não-epe sentacional, que é bom Este método é lologicamente o oposto do (a e, na vedae, elimina-o, emboa seja foçado a exploa mitos dos mesmos testemunhos disponíveis A mais sólida exposição desta posi ção é a de Collingwood "Esse ataqe platônico à ate é um mito cuja
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itaiae ança uma uz mbria bre a eriçã auee ue a inentaram e perpetuaram. O t ã ue Srate' na Reúblca e Patã iiiu a peia em i p uma repreentaina e a ua nã . .. e e ta peia repreentaina ma mantém era epéie eternaa e peia m nã repreentainai .46). Fnamente () eame eatiamente ( Vereniu ) a numera paagen ig na uai peta é et m a en a inpiraçã ntereta nã n enti pejrati e ignrn ia (c Atn p.3; Ren 144-5) ma m a iniaçã e um ae ret à erae e à reaiae. Aera ee mei e aar Patã a ne üênia e ua prpa paaa pe-e berar ue (i) t ee pruram igr a iuã elca Lir X, rerren àu ue pe er euzi lcaee e ua paara em utra paagen; ee e apiam emente n u meta e imitaçã mparaçã emeança a maneira m ã exraa pr Patã para ereer a reaçã entre na ia (e a iem a maneira eta) e a Frma (Tate 12 pp. 11 nã negue pereber ue em R 401402 uma paagem ue ee iute m "n it é ue abem m inrprar iea na ia aun a pa ue peta permaneem b a "na ren) u e pariuare à Frma. Prém em ugar agum ee ugere ue a prpa peia ntitua u jamai puee ter tití uma emeança (bre eta metra n patnim er abaix ap. 14 n.34). Aim m é erra rengr enti e pr neguinte prbema a e à "imitaçã (er meu text) também e nã eea nuna er ataa m e e exenia a "peia. Ea engba tant pruçã uant auta (c Baq 205b .) e neüentemente éc' ntti uma ategria e auta; na R 10 ea ene auea parte a auta ue é "pétia; (i) n Sfa, em ue é píe izer ue eja pariamente reabitaa mem nã e m a peia. Cm um term na daer aina é m na R. 10 b a pruçã (265b); a "imagen nã ã a riaçõe ue amam e "are e nuna ã aa egma engan e nem tae a mena (240a 260); e (m ea) é uaa para ereer um tip e pruçã u e iur n ua a erae é erea e maneira apena reatia u niina (26412 .) enuant pta à ereza abuta a ee eriaa mun a Frma. A ee tip e erae mitaa nientemente tentaa (267e) Patã agra nee um ugar n iur ma ea naa tem a er m "are u m pei e m Pa (e e zeem ea pergunta) repnea ntiti auea erã e mpta pr um me ue nã abe ue et zen Supr ue Patã ubreea a pretenõe preta ebreu u entã peta rmnti é repnabiiz pe patnim aera a ntréria a inpiraçã abaix ap nta 2 2
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Até e n dr, aquee upt tribut à intuiç uperir artita inpira (Atkin , p 53 ), k (24-e), é reega a ext ugar na itânia reaç à reaiae, abaix tant quant k Taez eja píe tentar ançar e u quart reur para neer Pat nu ipatzante arte, a que e apia, n na gia, a na anipuaç eântia A paara "are e "arita pe er epre gaa para trauzr u etari, e Pat, e paara e drg ("a ae e ier, "a arte e gear, " arita uier Lge ), e que e iz nete ntex etari é ent ntereta pare a "teria arte e Pat, n enti prina Pr negunte, até e patôni pe, eiante ee ariíi, er tranra nu "arita, e tex e Pat er reuzi a ua pata geatina apaz e aerir a quaquer bjet en, n éreb ti 3 57e3 3 Lge, p6, r Lir X, te a apaiae e ereer: "O utr e pintr (e é ea a enia a ua arte) pruze ag uja prprçõe paree "rreta a epetar e ugere a prprçõe atetia exata rigina Cnier enti e Pat exataente pt tai prprçõe, a ntrri e ere ugeria, aa
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A POESIA COMO COMUICAÇÃO COSERVADA
Se olharmos agora para rás, para o que se disse nos dois apílos aneriores, podemos ver que, nas páginas de Plaão, s poeas gregos exerem uma série de papéis para os quais não é il enonrar uma expliação. Talvez Plaão eseja enando nos dizer sobre eles algo que é mais imporane do que pensávamos, mas, se assim r, o que será? De alguma rma, sua presença paree pairar sobre sua longa disussão omo se osse um obsáulo inransponível que pudesse impedilo de ouni ar-se o seu públio ou disípulos e barrar o amiho ao plaoismo Todavia, nossa análise do que Plaão diz sobre os poeas não revelou verdadeiramene o moivo dessa sensação Os problemas revela dos por ela são os seguines Em primeiro lugar, por que a poesia é raada omo se deivesse o monoólio do sisema eduaional vigene? Em segundo, por qe as obras de Homero e dos rágios podem ser raadas não omo se ssem are, mas omo uma vasa enilopédia onendo informações e insruções para a ondua da vida públia e pessoal de ada um? 53
m terceiro, por que Platão está tão absolutamente determinado a excluir toda e qualquer poesia da educação superior, em vez de lhe conceder ao menos um papel menor nesse nível? Em quarto por que, quando ele aplica o termo mmess poesia e examina suas implicações, parece ter por certo que o ato" de criação do artista, o ato" de imitação do executante, o ato" de aprender do aluno e o ato" de recreação do adulto sejam todos sobrepostos? Por que essas situações estão tão condidas e misturadas? Em quinto, por que ele pode aplica o termo mmess ora ao teatro ora ao poema épico, e julgar que a distinção de gênero entre eles não importa? Em sexto, por que ele está eqüentemente tão obcecado com a psicologia da reação vivenciada pelo público? Na sua descrição do impacto emocional da poesia parece muitas vezes estar descrevendo uma situção quase patológica Por pouco que seja, está mostrando uma intensidade de reação nos estudantes e no público gregos que nos é estranha Essas perguntas não podem ser todas respondidas de uma só vez, mas rmam um padrão interligado e conduzem a uma série de conclu sões que, tomadas em cojunto, esclarecem o caráter geral da situação culral grega e começam a revelar alguns dos segredos da mente grega Iniciemos pela obseração do to bastante óbvio, implícito nos proble mas cinco e seis, de que Platão encontra dificuldade em discutir a poesia ou fazer quaisquer airmações sobre ela sem discutir também as condições sob as quais ela é declamada Isso se aplica notavelmente primeira exposição sobre a mmess no Livro III o mesmo ocorre a crítica mais avançada e radical no Livro X Na realidade, a declamação da poesia, concluímos, era muito mais ndamental ao padrão culral grego do que normalmente pensaríamos Não se trata apenas de uma questão de leituras selecionadas feitas em público ou em particular, nem de festivais anuais no teatro Pelo contrário, o to de que a situação do aprendiz, de um lado, e a do adulto, do outro, sejam tratadas sem uma distinção clara implica que a declamação de poesia era ndamental a recreação adulta que as duas situações, aos olhos de Platão, seriam s mesmas nalidades Os alunos diante do harpista e o público que assistia, quer a uma recitação épica, quer a uma apresentação no teatro, partilhavam de uma prática geral e comum 4
A onlusão evidente disso tudo é que apresentação si a apresentação oral Essas pessoas, jovens ou velhos, não liam haitualmen te livros nem para instrução, nem para divertimento Eles não assimilavam uma iformação numa esrivaninha nem adquiriam seu onheimento de Homero e do teatro omprando a íada ou uma peça e levandoa para ler em asa O testemunho de latão já examinado não nos permite outra onlusão Além disso, orroorao o voaulário empregado por ele quando disute informal e repetidamente a situação do poeta na sua soiedade Como vimos, quando o argumento de peso se iniia no Livro II, onstatase que os poeas oupam o primeiro plano da disussão Depois de um intealo, voltam a ele e são sumetidos à ensura do assunto e do estilo, nos Livros II e III E então, no Livro V sua inuênia srge no segundo plano omo oposição à losoa e no Livro X são analisados minuiosamente e ondenados Em todas essas disussões, reiteradas vezes, presumese que a relação entre o estudante ou plio e a poesia seja a de ouvintes, e não leitores e a relação do poeta om seu pblio ou seus afiionados seja sempre a de um reitador e/ou um ator, mas nuna a de um esritor 1 Os exemplos são inumeráveis odese itar um que, a propósito, é notável ara iniiar a disussão do Livro X latão qualia omo ndamental o dano da poesia or quê? orque ela orrompe o laro entendimento", mas ele aresenta o laro entendi mento dos ouvintes", e esse arésimo, tão desneessário do nosso ponto de vista, evidenia a pressuposição inonsiente de que até mesmo a iuênia inteletual da poesia, negativa omo é, é transmitida apenas pela apresentação oral 2 É justo onluir que a situação ultural desrita por latão seja aquela na qual a omuniação oral ainda predomina em todas as relações importanes e interações normais da vida Havia livros, é laro, e o alfaeto era utilizado havia mais de três séulos, mas a questão é utilizado por quantos? E utilizado om que propósitos? Até então, sua itrodução havia ausado poua modiação no sistema eduaional ou na vida inteletual dos adultos É difíil aeitar essa onlusão, ainda mais segundo a perspetiva dos eruditos do mundo da esrita Isso porque eles próprios trabalham om oras e doumentos de referênia e têm onse qüentemente diuldade em imaginar uma ultura digna desse nome que não o ça E de to, quando se voltam para o prolema da doumen tação esrita trae uma tendênia invariável a impingir tantas omprova 55
ções esse to quanto possíveis3 e tão istantes no passao4 quanto poem Toavia, apesar esse preconceito inconsciente, não permanece o to inubitável e que os gregos estavam usano o alabeto ese o século VIII? Não são abunantes as inscrições? E os ecretos públicos inscrito e lios em tenas, no século E quanto às menções ao uso e ocumentos na Coméia nga? rerma, bastante recente quano Platão escrevia, que transpôs o albeto ático para o moelo jônico não pressupõe um uso amplamente inio e ocumentação? Quanto ao curículo eucacional, o próprio Platão, no Protágos, escrito provavel mente antes a Repúbca, não rnece o ocs casscs que comprova o ensino as letras na escola? Essas objeções constituem uma amostra as que poeriam ser citaas contra a conclusão e que a cultura grega, na viraa o século, aina permanecia essencialmente oral Contuo, o peso o testemunho e Platão aí está, não se poe ignorá-lo, e uma vez que nos prontiquemos a amiti-lo poeremos perceber também como eve ter sio coplexo o problema o cresci mento a alabetização grega e como é traiçoeiro o seu testemunho com relação a esse assunto Em prieiro lugar, eve-se ter uma clara com preensão e que o hábito a inscrição pública não implica necessaria mente alabetização popular tampouco o hábito a escrita os poetas gregos porque, epois e Hoero, suas obras ram inubitavelmente compostas meiante a escrita o prova Em caa um esses casos poemos estar liano com uma situação que seria mais bem escrita como uma alabetização prossional, na qual a inscrição pública é eita como uma nte e reerência para eeitos ociais e como um meio e controle contra interpretações inevias 7 Quanto ao poeta, ele poe escrever para seu próprio uso e, conseqüentemente, poe aquirir uma habiliae crescente e reação mas reige para um público que ele sabe que não lerá o que está escreveno, mas sim o ouvirá8 chave para to o problema não está no uso e caracteres escritos e nos apontamen os escritos, nos quais se concentrou a atenção os eruitos, mas no montante e leitores, e isso epenia e uma universalização as letras O choque a leitura, para usar um termo moerno, tinha e ser imposto no nível elementar a escolarização, e não no secnário té a primeira metae o século V a nosso ver, os inícios apontam para o to e que os atenienses apreniam a ler, quano o ziam, na aolescência 9 habiliae beneciavase e u treinamento oral prévio, e talvez não se 56
aprendesse a escrever muito mais do que o próprio nome a primeira coisa que alguém desejaria aprender a escrever e por isso a graa e a ortografia eram irregulares 10 Há uma passagem em As nvens, 11 que data de 2 3 a ou um pouco mais tarde, na qual se descreve a escola de eninos presidida pelo harpista Ela omite qualqer referência a letras e efatiza a recitação oral Seu tom é nostálgico e, quando comparada à afirmação do Protágor de que as crianças aprendiam as etras na escola, permite a inferência de que nas escolas áticas a introdução das letras no nível primário como uma prática ocializada havia começado no início do ltimo terço do século V 12 Essa conclusão é coerente com a efetiva alfabetização geral por volta do fim da guerr, uma situação para a qual As rãs 13 em 0 5 chamaram a atenção Com efeito, este ltimo testemuho deveria nos lembrar de que a Comédia Antiga não raras vezes, quando introduz o uso de documentos escritos em alguma cena, tende a tratálos como algo novo e cômico, ou suspeito, 1 4 e há passagens na tragédia que revelam as mesmas implicações 15 Em suma, ao exaiar a utilização crescente da escrita na prática atinse, pressupomos um estágio, característico dos dois primeiros terços do século V, que podemos chamar de semialfabetização, no qual as habilidades da escrita estavam sendo gradativa porém penosamente dndidas por entre a população, sem qualquer aumento proporcional na leitura uente E se paramos para pensar sobre a situação tal como era até perto do m da guerra do Peloponeso, vemos que isso era inevitável, pois ode estava o estoque acessível e abundante de livros ou registros, cuja existência é condição indispensável para que a leira se tornasse uente? 16 Não é possível rmar um hábito de alfabetização popular com base numa quantidade de inscrições Tudo isso z com que o testemuho de Platão tão incômodo e, n entanto, tão importante, seja muito ais cil de acetar, e muito ais anda se acrescentarmos a hipótese de que até sua época o sistema educacioal, como muitas vezes desde ent cava para trás com relação ao avanço tecnológico e preferia prenderse a métodos tradicionais de instrução oral quando outras possibilidades estavam se tornando disponíveis É muitíssimo provável que Platão esteja descrevendo uma siação que estava prestes a ser mudada enquanto ele escrevia 17 O testemunho dos oradores poderia provavelmente 18 ser utilizado para mostrar que por volta de meados do século I a revolução
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silenciosa havia se completado e que o público culto grego havia se tornado uma comunidade de leitores Contudo para Platão não é esta a pressuposição e nem está ele interessado em darse conta da possibilidade de mudança e por uma razão ndamental. Uma vez admitido que a situação oral persistira durante o século V deparamonos com a conclusão de que também persistiria o que se poderia chamar igualmente de um estado mental oral por assim dizer um modo de consciência e como veremos um vocabu lário e uma sintaxe que não eram os de uma cultra literária livresca. E quando se admite esse to e o de que o estado mental oral revelaria uma desagem temporal que permitia sua permanência numa nova era quando a tecnologia da comunicação mudara compreendese que aquele estado mental seja ainda para Platão o principal inimigo. Mas estamos antecipando o que ainda não se demonstrou. Façamos em primeiro lugar a pergunta: supondose uma organização social helênica e uma civilização nas quais originalmente não houvera documentação e então durante três séculos uma sitação na qual a documentação perma necera mínima como é conseada a organização dessa civilização? Estamos lando aqui da lei pública e privada do grupo suas propriedades e suas tradições seu sentido histórico e suas habilidades técnicas. A resposta dada na maioria as vezes a esta pergunta quando é feita é que a conseação e transmissão dos costumes ca a cargo do pensamento inconsciente da comunidade e da troca entre as gerações sem o concurso de outro meio. 19 Na verdade a nosso ver isso nunca ocorre. A tradição" para empregar um termo adequado pelo menos numa cultura que merece o nome de civilizada sempre requer a concre tizaão em algum arquétipo verbal Ela exige algum tipo de enunciado lingüístico uma expressão efetiva de alcance ostensivamente geral que tnto descreve quanto rerça o padrão de conduta geral políia e privada do grupo. Esse padrão rnece o vínculo do grupo. Precisa tornarse regular a fim de permitir que o grupo ncione como tal e desfrute do que poderíamos chamar de uma consciência comum e um conjunto de valores comuns Para tornarse e permanecer regular deve obter uma conseação ao abrigo dos caprichos habitais dos hoens. lém disso a conseação tomará uma frma lingüística incluirá exem plos repetids de procedimento correto e também denições aproxima das de práticas técnicas padronizadas que são seguidas pelo público em 58
qustão, por xmplo o método d onstruir uma asa ou navgar ou ozinhar lém disso, a nosso vr, ss nuniado ou paraigma língüís tio, dizndo-nos o qu somos omo dvmos nos omportar, não s dsnvolv por um fliz aaso, mas omo uma dlaração qu é rmu lada para sr posta m prátia por sussivas graçõs à mdida qu las rsm no intrior da organização da ma ou do lã El frn o ontúdo da organização do grupo Isso é vrdad tanto hoj, om rlação a soidads alfbtizadas nas quais o ondiionamnto nssá rio é adquirido por mio d livros ou ontrolado por doumntos sritos, quanto ra na soidad pré-alfabtizada, qu não possuía doumntos Numa soidad pré-albtizada, omo s onsrava ss nun iado? A rsposta invitávl é na mmória viva das pssoas, quando jovns, dpois quando nvlhm morrm D alguma rma, uma mmória soial oltiva, duradoura onávl, onstitui um pré-rquisito soial indispnsávl à manutnção da organização d qualqur iviliza ção Mas omo pod a mmória viva rsar um nuniado lingüístio tão omplxo sm prmitir qu l mud na transmissão d uma pssoa para outra d gração para gração , portanto, pra toda fixidz autoridad? Exprimnt-s apnas transmitir uma únia simpls ordm passada oralmnt d pssoa para pssoa para onluir qu a onsra ção m prosa ra impossívl A únia tnologia vrbal possívl disponívl qu garantiss a onsração fixidz da transmissão ra a da la rítmia, habilmnt organizada m padrõs vrbais rítmios, singu lars o bastant para prsar sua frma É sta a gêns história, a fon et o igo, a ausa motora daqul fnôno qu hamarmos d posia" Porém, quando rltimos sobr omo a nção da posia modiou-s ompltamnt, omo a sitação ultural transrmou-s, torna-s possí vl ompndr qu quando Platão stá lando sobr posia, não st na vrdad flando sobr aqula qu tmos m mnt As rspostas provávis a dois dos nossos problmas já s aprsn taram S Platão podia tratar da posia omo s la fss uma spéi d bibliota d rfrênia ou um vasto tratado sobr étia, polítia, art bélia u algo smlhant, stá informando sobr sua nção immorial numa ultura oral prstando tstmunho do to d qu ssa nção ontinuara a msma na soidad grga até a époa m qu vivia Ela onstitui, m onjunto, um tstmunho didátio para a transmissão da tradição 20 Além disso, s sundariant l a trata através d toda a
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epúblca como se ela desftasse na prática corrente de um total
monopólio sobre a instrução cívica, está igualmente zendo uma descri ção el dos mecanismos educacionais de uma tal culra. O conteúdo lingüístico ou devia ser poético, ou não seria nada. s respostas a vários outros enigmas tornam-se evidentes quando reetimos acerca daquilo a que correspondem exatamente, numa cultra oral, os mecansmos educacionais Eles não podem ser totalmente identi cados com escolas e mestres-escola ou com professores, como se estes representssem uma única nte de doutrinação como numa sociedade alfabetizada. Toda memorização da tradição poetizada depende da reci tação constante e reiterada Não há como reportar-se a um livro ou memorizá-lo. Por conseguinte, a poesia existe e é ecaz como instrmento educacional apenas quando é declamada. apresentação feita por um harpista para um aluno constitui apenas uma parte da história. O aluno irá crescer e talvez esquecer. Sua memória viva deve, a cada vez, ser rerçada por uma pressão social. Isso é posto em ação no conteo adulto quando, na declmação privada, a tradição poética é repetida nas reuniões à mesa de reição, banquetes e rituais familiares, na declamação pública no teatro e na praça do mercado. recitação de pais e de anciãos, a repetição pelas crianças e adolecentes acrescenta-se às feitas por prossionais poetas, rapsodos e atores. comunidade deve particiar de um esrço conjunto inconsciente para conserar viva a tradição, rerçá-la na memória coletiva de uma sociedade na qual a memória coletiva consiste apenas na soma das memórias dos indivíduos, e estas devem ser continuamente refeitas em todos os níveis etários. Por conseguinte, a mmess de Platão, quando connde a situação do poeta com a do ator e ambas com a do estudante na classe e do adulto na recreação, é el aos tos. Em suma, Platão está dscrevendo uma tecnologia integral da palavra conseada, a qual, desde então, deou de exstir na Europa. E ainda não esgotamos todos os aspectos daquela tecnologia especíica a uma cultra oral. inda ca por examinar a situação pessoal de m menino ou homem, individualmente, dos quais se exige que decorem e tenham sempre pronta em sua memória a tradição verbal da qual sa cultura depende. Ele inicialmente a ouve e depois repete e sege repetindo, azendo acréscimos ao seu reertório até os lmites da sa capacidade mental, que irá naturalmene variar de menino para menio e de homem para omem. Como irá uma tal çanha de memorização ser coocada ao 60
alcance não apenas dos membros bem dotados mas também dos medanos daquele grupo, pois todos devem consear um conhecimento mínimo da tradição? A nosso ver, somente pela exploração de recursos psicológicos latentes e disponíveis na consciência de cada indivíduo, mas que atual mente não são mais necessários O padrão desse mecanismo psicológico será examinado mais detalhadamente nu capílo posterior Porém seu caráter pode ser sintetizado se o descrevermos como um estdo de completo envolviment pessoal e, portanto, de idenificação emova com a essência do enunciado poetizado que nos exigem guardar na memória Um estudante moderno julga ter se saído bem quando desvia uma ação mínima das suas cpacidades psíquicas para memorizar um único soneto de Shakespeare Ele não é mais preguiçoso do que seu corespondente grego Simplesmente canaliza sua energia para a leitura de livros e o aprendizado baseado neles, mediante a utilização dos seus olhos em vez de seu ouvido Seu correspondente grego tinha de mobilizar seus recursos psíquicos ncessários para a memorização de Homero e dos poetas, ou os sucientes para conseguir efeito educacional necessário Identicar-se co a declamação como z um ator com suas flas consituía o único meio de zê-lo Entrava-se na posição de Aquiles, identificava-se com seu pesar ou sa ira A pessoa tornava-se o próprio Aquiles assim como o zia o recitador a quem se ouvia Trinta anos depois, ela seria apaz de citar automaticamente o que Aquiles havia dito ou o que o poeta dissera sobre ele Uma capaidade tão grande de memorização poética poderia e adquirida somente ao preço de total falta de objetividade O alvo de Platão ra, na verdade, m procedimento educacional e todo um modo de vida Esta é, pois, a chave mestra da opção de Platão relativamnte à palavra mmess para descrever a experiência poética Ela e concentra inicialmnte não na atividade criativa do artista, mas m sua capacidade de zer com que seu pblico se identique quase patológica e sem dúvida empaticamente com o conteúdo do que ele está dizendo E, por conseguinte, também quando Platão parece ondir os gêneros épico e dramático, o que está dizendo é que qualquer enuniado poetizado deve ser planejado e recitado de maneira tal que se transrme numa espécie de drama dentro da alma tanto do recitador quanto, conseqen temente, do público Essa espécie de drama, essa maneira de reviver a eperiência na memória em vez de analisá-la e comprendê-la constitui aa el igo" 6
Enfim quando aplicamos essas descobertas à história da literatura grega anterior a Platão tomamos consciência da proposição de que chamála de literatura no nosso sentido é equivocado Homero representa mais ou menos o término de um longo período de nãoalfabetização no qual a poesia oral grega desenvolveuse até a maturdade e na qual apenas os métodos orais estavam dispoveis para a educação do jovem e a transmssão dos costumes grupais A habilidade alfabética era acessí vel a uma inoria até não mais do que 700 a Exatamente quem era essa minoria é passível de discussão O círculo dos usuários do alfabeto ampliouse com o passar do tempo mas o que haveria de mais natural do que os hábitos anteriores de instrução e de comunicação paralelamen te às disposições mentais correspondentes persistirem muito tempo depois que o alfabeto havia tornado teoricamente possível uma cultura alfabetizada? Isso leva à conclusão de que toda a poesia grega pratica mente até a época da morte de Eurípides não apenas desfrutava de um monoplio quase indiscutível de comunicação conseada mas também que era composta segundo condições que nunca mais se repetiram na Europa e que detêm alguns dos segredos de seu poder singular Homero pode por comodidade ser considerado como o último representante da cmposição puramente oral Até mesmo este to é duvidoso não parece provável que seus poemas não se tenham beneciado de alguma reorga nização tornada possível pela transcrição alfabética Mas tratase de uma questão controvertida que não afeta o ponto de vista geral É verdade que todos os sucessores do poeta eram escritores Porém é igualmente verdade que eles sempre escreviam com vistas à recitação e para ouvintes Compuham poderíamos dizer sob o controle do público As palavras e ases que frmulavam deviam ser passíveis de repetição Deviam ser musicis" num sentido ncional ao qual posteriormente retornaremos Ademis o conteúdo ainda devia ser tradicional Invenção livre é a prerrogatva de escritores numa cultura livresca Em suma os sucessores de Homero ainda tinham como certo que suas obras seriam repetidas e memorizadas Disso dependia sua ma e sua esperança de imortalidade E portanto também tinham como certo embora na maioria das vezes inconscientemente que o que iriam dizer seria adequado à conseração na memória viva do público Esse to tanto restringia sua variedade à principal corrente da tradição grega quanto rerçava imnsamente o que poderia ser chamado de alta circunspecçã de suas composições 62
Nosso objetivo aqui não é a crtica literária, mas as origens daquele intelecalismo abstrato intitulado pelos gregos losoa". É preciso compreender claramente que as obras de gênio, compostas dentro da radição semi-oral, embora sejam uma nte de enorme prazer para o leitor moderno do grego antigo, constituam o representavam uma disposição mental global que não é a nossa e nem também a de Platão; e que, assim como a própria poesia, enquanto ela reinou suprema, constitua o principal obstáculo à concretização da prosa efetiva, havia igualmente uma disposição mental a que, por comodidade, rotularemos de disposição mental poética", ou homérica", ou oral", que constitua o principal obstáclo ao racionalismo cientfico, ao uso da análise, à classificação da experiência, ao seu rearranjo na seqüência de causa e efeito. está porque a disposição mental poética constitui para Platão o arqui-inimigo e é cil perceber por que ele considerava se inimigo tão poderoso. 23 Ele está entrando na arena contra séculos de exercitação da experiência rtmica memorizada. Ele pede aos homens que, em vez disso, analisem essa experiência e a rearrangem, que pensem sobre o que dizem, em vez de apenas dizê-lo. E deveriam distanciar-se dela, e vez de identificar-se com ela; eles próprios deveriam tornar-se o sujeito" que permanece separado do objeto" e o reexamina, analisa e avalia, em vez de apenas imitálo Por conseguinte, a história da poesia grega é também a história da primitiva adea grega. Os poetas frnecem material para o currculo. Platão concede a liderança em educação sucessivamente a Homero, Hesodo, aos trágicos, aos sostas a si próprio. À luz da hipótese de que a Grécia estava passando da não-alfabetização, por meio da alfabetização prossional, para a semi-alfabetização e depois para a alfabetização total, essa ordm z sentido. O poema épico havia sido ar exceence o veculo da palavra conserada durante toda a Era das revas. Naquela época, deve ter sido também o principal veculo de instrução. Até mesmo na frma puramente oral o poema épico, auxiliado pela técnica rmular, assumia em pare a aparência de uma versão autorizada Uma vez traduzidas para o alfabeto as versões mais rigidamente padronizadas tornaramse acessveis aos objetivos educacionais. A tradição associou algumas rermas educacionais à era de Sólon e um certo recuo do texto homérico a Pisstratos É possvl ligar os dois tos e concluir que o que aconteceu talvez durante um longo perodo, i uma acomodação das 63
vesões escitas ente si paa uso escola O apsodo ea também o pofesso Ele, assim como o poeta e as duas possões sobepunham se, como mosta a caeia de Titaios , espondia às tadições da alabetização possional Ele pópio usava seu texo homéico como uma efeência paa coigi sua memóia, mas ensinava-a oalmente à população em geal, que a memoizava, mas nunca lia Como o poeta, ele também pemanecia sob o contole do público Mas em Atenas, sob Pisístatos, deu-se posição fmal e sustenta ção estatal a um segundo tipo de composição oal A peças de teato ateienses, compostas de maneia mais póxima ao venáculo oigial, tonaam-se o complemento ático de Homeo como um veículo de expeiência conseada, e ensinamento moal e de meóia históica Elas eam memoizadas, ensinadas, citadas e consultadas Ia-se ve uma nova peça, mas ela ea ao mesmo tempo uma peça antiga cheia de clichês amiliaes eaanjados em novas montagens, com muitos aismos, povébios e exemplos pescitivos de como se compota, e exemplos exotativos de como não e compota com contínuas ecapitulações de techos de históia cívica e tibal, de memóias ancestais paa as quais o atisa execia o papel de veículo inconsciente de epeição e lembança. s situações eam sempe típicas, não inventadas epetiam incessate mente os pecedentes e os juízos, o conhecimento e a sabedoia que a cultua helênica havia acumulado e amazenado Platão ocasionalmente idetifica Homeo como a gua aquetípica pelo motivo ndamental de que seu poema épico ea não somente o potótipo de toda comunicação conseada e pemanecea como tal seu conteúdo sucinto e apesetação amplamente dindida popiciavam uma continuidade dento da qual o teato gego pode se consideado como uma imitação do conteúdo e adaptação do método a uma apesen tação que, estilisticamente lando, difeia mais em gau do que em espécie, como o pópio Platão pecebeu A base oméica da tagédia é institucional e ndamental É uma questão de expansão tecnológica da elocução moldada e coseada, que ecitada e epesetada po um apsodo épico que z" ele pópio todos os papéis, que ividida em papéis epesentados po difeentes ecitadoes, que se tasmaam em atoes 24 Podemos apenas acescenta que quando isso oc�eu, a inteligência ática i capaz de demonsta sua supeioidade sobe a dos outos estados gegos, adicionado seu pópio componente caacteísti64
co ao currículo. As crianças e os adolescentes atenienses do século V, que incluía as peças teatrais gregas ou excertos delas na sua padea eorizada, podia lançar ão de aiores recursos do que o que estaa dispoel naquelas counidades onde Hoero possielete antee u onoplio irtal. Mas o aior peso do ataque de Platão recai sobre Hoero. Ele ocupa o prieiro plano de sua ente e já é tepo de oltar a examinar a concepção platônica de Hoero, o enciclopedista; isto é, pôr à proa a hiptese de que esse arquétipo épico da palara oralente conseada era coposto coo u copêndio de assuntos que deia ser eo rizados, da tradição que deia ser antida, de ua padea que deia ser transiida. NOTAS 1. Pr iss, a traduçã que z Cfrd de piees m "esritr (R 3978) e de piei m "esrit (598e) é infeliz. 2. 595b56. Em Rep 606e e Aplgia 22b, Platã la de tmar (µ vetv) um peta, presumivelmente nas mãs e, prtant, impliand a leitura de um manusri, mas esses indíis sã, pens eu, exepinais que diz respeit as primeirs diáls. 3. Ver n.6. . Preriu-se situar n períd entre s séuls X u a.. a intrduçã d albet re, até que Rhys Carpenter, em 1933, após rriir alumas "autridades anterires n amp, arumentu que s indíis históris e epirás (pssível ntat m s níis, mparaçã de rmas das letras, graii mais antis et.) apntaram iretavelmente para uma data "era de 720-700 (p. 23). Ullman bjetu a ele em defesa ds tradiinalitas em 193, ensurand- pr inrar utras "autridades (m se a questã pudesse ser reslvida ntand-se abeças) e apresentu um quadr mpa rativ de arateres em api piniã "de que tds s sinais apntam, nã para séul III, mas para u mesm anterirmente m a épa da intrduçã d albet na Gréia. Essa nlusã, apesar d pes atribuíd s piniões tradiinais, apiavase laramente na antiüidade mprvada das letras feníias e numa reusa da idéia de que a ultura rea primitiva pudesse ter permaneid nã-albetizada durante tant temp. Carpenter, pr sua vez, repliu em 1938, demlind a dataçã mais antia
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de uma inscrição grega que havia entrado na controvérsia, porém, mais importante ainda, anaisando os indícios das rmas das etras das próprias tabeas de Uman e concuindo que "o período de transmissão do semítico ao grego deve, portanto, estar entre cerca de 825 e o sécuo V É instrtivo obserar como os eruditos reagiram a essa controvérsia Lorimer, em 948 uma vez mais corrigiu (pp 9) a datação tradiciona das "autoridades até Rehm, que, ainda em 939 postuava a do sécuo X (p 9) e propôs, ea própria, descêa até 780750 porém ignorou Carpenter, a quem se devia a reabertura da questão toda e que havia fxado os imtes gerais dentro dos quais a datação dea mesma se sustentava ém disso, ea acrescentou que "em nenhum ugar se encontram indícios de que os especiaistas devam ter examinado as condições nas quais o estabeecmento da data do empréstimo i feito, embora Carpenter tenha de to tentado uma reconstrução dessas mesmas condições (AA 37, pp 20 28) Em 1950 ea repetiu essa datação, mas agora apoiandoa apenas em Uman e repro duzindo sua tabea de caracteres, um procedimento reveador de que o responsáve pea datação corrigida (e agora aceita) fi ignorado em vor da autoridade cuja datação havia sido corrigida (e rejeitada) As notas peas quais Uman compementou suas tabeas e também o próprio texto de Lorimer ignoraram iguamente a recente datação do vaso de Dípion (ver abaxo), da qua se fez depender tanta coisa Enquanto isso, Abright (949 p 96) tomando conhecimento da pomica CarpenterUman, as novamente ignorando a datação corrigida desse vaso, censurou Carpenter por situáa tão tarde e preferiu afirmar "na opinião do autor, stent urnte muito tempo (grifos meus), o abeto grego fi tomado emprestado aos fenícios ou em ns do sécuo ou, mais provavemente, nos inícios do sécuo III aC O sentido dessa decaração ex cther que temos a impressão de estar no ndo baseada na opinião estabeecida da antigüidade das etras fenícias, é então rearmada peo mesmo autor em 1950 e 956 (cf notas e 66 deste útimo artigo) e depois (958) utilizada por Webster (p 272) para postuar a data 850750 como "o mais recente baanço da questão Dunbabin, um ano antes, havia se pronunciado a fvor do mesmo período (p 60), acrescentando que "a posição extrema de Rhs Carpenter e outros eruditos de que a origem do abeto grego não é anterior, ou não muito anterior, a 700 a dificimente pode ser sustentada Em 959 Page (p 157) reduziu esses imites, dizendo que o fenício fi adaptado ao grego "não muito antes, se tanto, de meados do sécuo acrescentado em seguida "a data muito posteor( meus a diferença míma rea é 30 anos) defendida por Rhs Carpenter · parecer ser agora insustentáve Ee também, more Lormer, acrescentou "essa concusão (isto é, a adoção do fenício durante os sécuos e VIII) sempre me parecera ser deduzida dos próprios indícios minuciosos apresentados por Uman Portanto, uma vez mais, enquanto uma data no
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século é aceta como rovável a autordade referda é aquela que stuou o albeto entre o I Os otvos elos quas as datas de Carenter 720700 são consderadas nsustentáves (e não ao menos dscuíves) não cam medatamente claros ara um não-esecalsta. Aquele gruo de objetos até então descobertos que consttuem os exemlos mas antgos de nscrção albétca é de cerca de uma dúza. Eles se dstbuem de leste a oeste do mundo medterrâneo (Atenas Beóca Egna Argóla Rodes Górdo Ítaca Ptecusa Cumas Etrra). Nenhum deles como arece nas váras descrções de etos ode ser stuado segudo um coseso absoluo no século VIII A rmera a se descoberta cotnua a ser a mas antga: é o vaso de Dílon de Atenas datado or Young (. 225-229) com base na rma do f do século ou um ouco mas tarde (e de qualquer modo a nscrção f gravada a go). Ou a taça de Nestor que Buchner (At del Accad. Naz. de Lce Ser. 8 Vol. 10 (1955) . 215-222) desejara stuar no século mas talvez no últmo quarto e quem lê nas entrelnhas do artgo ode erceber que uma datação no século VII não está excluída. Ou anda (estendendo-se do oeste ao leste) há os exemlos górdos os ltmos a serem encontrados. Acerca deste Young dz (1960 . 385-387) que são os exemlos gregos ndubtavelmente mas antgos que ossuos. Exatamente aonde sso nos leva não está claro mas é cstalno que os ndamentos egrácos d� argumento de Capenter anda não ram retados: Os esécmes subsstentes mas antgos são do século VII ou até mesmo de fns do século " concluem Cook e Woodhead (175 ss.). As autordades que anda querem recuar a data recsam aoar-se rtemente na hótese desenvolvmentsta (Pae Lormr Dunbabn e al), sto é que or trás de qualquer nscção albétca susbsstente da Gréca Magna Gréca ou Ása Menor necessaramente há um eríodo de exerênca de caráter mrecso e de duração ncera (duração de algumas décadas Page . 157; Young c, suõe que se um alfbeto ígo se desenvolveu com base no grego uma conclusão que não é clara nfere-se a últma deve ter sdo rmada antes do século III ara lhe dar o temo necessáro à sua ntrodução. Mas em seguda ele acrescenta: quem vaja or tea carregando aenas um albeto vaja lee e radamente o que não arece avançar no roblema. Esta ase ocorre deos que ele já hava descrto a comuncação a longa dstânca entre a Fga e Cachemra no fm do século VIII, rovavelmente em laquetas cuneformes ou de bao). O racocíno convncente de Caenter aontando ara a mrobabldade de qualquer eríodo tão longo de desenvolvmento 933, . 20), uma vez mas gnorado embora o róo Young entze o to de que as vogas o to essencal na nvenção não varam. A datação referda or Lormer está claramente nsrada ela eserança de que os regstros ms antgos de vencedores s Olms a
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r d 776 .C.) rousm num vrsão lfbéc orgnl (" dt ms lvd dr mrgm à su utlzção r rgsrr s vncdors olcos, d Corobus m dnt, dss l m 198 (. 20), novmnt, m 1950 (. 129), sugru qu o lfbto surgu "cdo o bstnt, tlvz, r rgsr o nom d Koroos como vncdor m l) Cntr tmbém du cont dst qustão 933, . 2), ms novmnt é gnordo. Esá clro qu um t trd como o últo quo do século rvlou-s onsv rdtos or motvos qu ouco têm qu vr com rov té não rvld dscd, ls cvm dcl rdor o rdto orgnlmnt rsonsávl l dstrção d dtção trdconl, qul é gor julgd rlutntmnt mrovávl, ms lmnt o dsjo d um comrommnto conqustdo lo rco d dt té o sélo s ossvl, té msmo o século IX A dscl r st long not, um nsão d um não-clst num cmo d dscobs ltmnt sclzds, não é r soluonr um qusto qu stá lém d mh comtênc , lás, um dt um ouco ntror à d Cntr od nl sr comrovd, sclmnt à luz d hóts não nsns d Wd-Gry (. 11-13) d qu nvnção obr d mnstrés , ms r mostr como dtçõs controvrtds nd são controlds m r or motvos scos qu nscm d rconctos sobr o ctr d cultr grg rtv. É rnclmnt sss rconctos qu mu to, num contxto dfrnt, stá drgdo. Um ndco ndrmnt rlcondo om qustão d scrt lfbé tc stv muto tmo dbxo dos nossos nrzs. S ou Hsdo ou, como dss Wlmowtz, rquocos rc como rmr rsonldd n ltr tur gg, surg rgunt Por quê? não sr orqu mmór d um únco ot, rovvlmnt sobrvv ns como um utbogr m su róo vrso, ss to rtculr d vro (m oosção o éco) não sobrvvr r tor-s ltrtr nts qu ss convrdo no lfbto (c tmbém, c. 15, n.35). A , té gor, tndu smr co um conclusão r l hstó cohcd ltrtr grg tm ontdo durnt muto tmo. Adddu dvmos mnfstr nossos grdcmntos Mss J l
su rcnsão ntrodutór (. 1-21) d orgm do lbto grgo, qu tv csso ns dos qu rsnt no hv sdo scrt qu z, sgundo nos rc, xclnts rtcçõs qunto às ntrors rconc çõs mnfstds or outros sobr st qustão. "Não é ncssáro, dz l, crscntr nd o sucnto comntáo d Crntr d qu " rgumnto x cd no to-s nd ms rstávl ms conclusvo. El dmt qu o · d Dlon constt nscrção ms ntg, d modo
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Encoa é um to de vaso com a ma de uma equena blha usado aa ta vnho do alguda e vetêlo nas taças em que se beba (N
que sua dataço ainda pemanece ccial (no se examina a possibilidade de uma inciso subseqente) na p. 16 n. 1 esta é xada no fim do " (citando Young que no entanto no excluía inícios do V mas na p. 68 n. 4 "a segunda metade do (citando Dunbabin) um a opinio que pode esta eetindo algm vestígio da elutância em considea a chegada do albeto numa data tadia como 700 Paa esse acontecimento a data pefeida po ela é "lgo em too de meados do " Diante disso e segundo as possíveis limitações de julgamento de um no-especialista ainda caecemos de qualque pova iefuável que essse numa dataço ante io a 700. Ela descata decididamente aquilo a que chamei de a hiptese "desenvolvimentista e agumenta além disso que as pates mais antigas dos egistos de éfos e olpicos podem muito bem esta assentados na tadiço oal citando como pova no apenas exemplos de memoizaço mas também os tíulos antigos de cetos ociais que implicam a nço emônca um indcio pequeno mas signcativo que segundo minha impesso ajusta-se muito bem àquele quado das condições que envolviam a "comunicaço consevada na Gécia acaica que tentei desceve nos últimos capítulos. Uma vez que uma data "subgeomética do albeto até mesmo antiga como 700 podeia exociza o espetáculo (ou pesadelo? Albight 1950 situaia o poema épico gego no séclo X) de um Homeo ditando a ada a um esciba dis e 700 obviamente pemaneceá ofensiva a muitos editos po motivos outos que no o epigáco. 5 324e onde contudo obsee-se que o aluno depois de apende as letas (Qµµ) é obigado a le os poetas (tv�tv) a m de apen d-los de co (vvtv) Este é povavelmente o estágio no qual ele agoa apende Qttç (325e e 326a4); cf. abaxo n. 12. 6 A valiosa ecenso de Tue dos testemunhos elacionados ao uso d e livos "nos séculos e tem a desvantagem sugeida no título de que as sitações dos dois séculos no esto distintas. O ue é fnecido pela tagéda comédia antiga pintuas e inscições em vasos do século está mistuado com indícios de um matiz muito difeente apesentados po autoes do século (Iscates as e de Plao etc.) em apoio a amações como a de que "le e esceve faze comumente pate da educaço ateniense habiual . . O ateniense comum é uma pessoa albetizada . . . as histias que supostamente pvaam o contáio no possuem cedibilidade... O que consideo axiái é o seguinte uma capacidade amplamente dindida de le e esceve é uma pessuposiço básica da democacia ateniense. Os gifos am acescentados po mim com o objetivo de pô à mosta o to (a) de que este ponto de vista sobe o poblema constiti na vedade antes u "axioa da mente albetizada modena do que uma concluso imposta
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pela evidência (cf. a situação paalela da eudição discutida acima, n. ); (b) de que, seundo essa pespectiva, as expeiências atenienses dos séculos V e IV são tatadas como um único fnmeno homoêneo, no qual os dados (simbolizados nos tempos vebais pesentes de Tune) são constantes, de modo que, po exemplo, conclusões baseadas na menção de Platão caliaa, nas eis, possam se tansfeidas, etoativamente, ea de Péicles, ou que a situação que obiou ao uso de avações em mmoe, dispendiosas no século V pode se identificada com aquela que levou sócates ptica de aze ciculaem suas obas escitas no IV Todavia, deve-se aadece a Tune po te denido o objetivo da pesquisa como "o papel execido pela palava escita na evolução que ocoeu na técnica do pensamento ele acescenta "duante o século V O ponto sustentado po mim é simplesmente que isso antecipa a data e que, se ela havia ealmente acontecido no V a polêica de Platão não teia sido necessia. 7. Até mesmo um documento em papio podeia se tatado como um aquétipo único e amazenado, e não colocado em ciculação eal cf. É sq. Sul. 97 ss., pincipalmente v 1ç [í[rv ctcµv, intepetado po Tune como efeindo-se a uma lha de papio dobada e selada, contendo uma vesão de deceto paa conseação no etôon. De modo semelhante, Heclito (D.. 9.6) depositou seu manuscito num templo ou se consideou como tal um conjunto de suas afimações coletado po seus discípulos? Po conseuinte, a invenção das "letas é explicada pela neces sidade de consea memrada (Esq. P. 59 ss., cf. 789; Eu. frag 578; Gó Palamedes 30; cf. também Platão Fedr 275a), e não paa compo, e ainda menos paa le, "liteata. É como memrada que a documentação escita é tão eqüentemente exploada na antia comédia (As uves 9 ss., A s aes, como abaixo, n. , A s vesas 538 ss., Tesm 769 ss.). 8. A us a é epesentada numa yxi em Atenas, circa 5, dando um ecital com um livo na mão. Compae-se o leito sencioso num elevo esculpido datado do fim do século (Bit, Die Bucrlle i der Kust, . 90). Quando distinue malmente ente pintua e poesia, Platão ainda o z em temos de sis vesus ake (Re 603b6-7). Os pimeios posadoes não tinham outa escolha senão adota os mesmos métodos. Aceca dessa coelação, diz Tue: "seundo o ânulo de abodaem, pode-se dize que las ou palestas são pimeiamente escitas e então decoadas pelo falante, ou que os livos têm a finalidade de seem lidos em voz alta paa um ande público . Se assim o , tais hbitos com aquela lta da comuncação oal e da memozação que Platão tem po ceta; a publicação e dsão da posa conmaam-se nicialmente s eas anteoes estabelecis pela poesia. ão h nenhuma eba nos hbitos, nem um sumen súbi de um público
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leitr. O term a no preâmbul a eródo, certamente implica divlgação ral (earn, Ear Ionn htons p. 8, n o cnáio) na maneira épica tradicional, bedecend a objetiv épic deid n que retu da ae (poi até mem a última raçã, introduzindo a aitia paraaeia a Ilada 1.8). Pe cotr a cmparaçã cntrangida feita pr Tucdide (1.22.4) entre eu própri µ ç tí e vtcµ Ç 1CQCXQµ ú d predecere certamente aponta a inuência permanente de um manucrito etiliticamente compot para leitre em piçã ao efeit mai efêmer de uma cmpoiçã detinada à recita çã numa "competiçã ral, uma interpretação crrbrada pela ae anterior, alvo uma: \ ç µv ctv cç µ µuç & EQ1ÉEQOV vCt Ma comparee a dicuã de Turner bre o mem aunto, que me parece inverter a lógic hitórica: eródto, diz ele, adota a "nva técnica publicita, ao pa que a concepçã de Tucdide acerca de eu própri valr é mai "arcaica. rtágra divulgou oralmente (D.L 9.54) e a prática é cntinuada pr Iócrate (cf. inci Atid) 9. C a chamada "cena de ecola n vao Duri, 480470(?) (referência em Richter, Attic redfigure vases p. 84 e nota), e a cena de ecla "LinMu ai (?) em taça cm gura vermelha (Luvre G, 457, citada pr Turner). 10. A incriçõe e ainatra ou Simbel eery, pp. 354355) devem er daada 591; ela incluem oito nme (e utr legvei), eã d em ecta "mia e a criçã etá em dialet dóco. Jeery infere a preença, no cntgente "jnic (erod. 2.53), de mercená provind da "área da hexapóli dóca, algun talvez nacido n Egit. A igal capacidade ática, a e data, nã deve er aceita ara a Ática, cf. o epiódio do campnê que quea que nme Atide e gravado para ele num agmento (lut. At 7 e a cena elorada por Eurpide, Ágaton e Tedeta, na qual um camponê anabeto decreve a marca que ignicam "Teeu (Aen. 454be). Quano a ôa ele mm uma variedade de rma de letra e de (Beazle, AA 64 (1960, referee a ''tant err na na ncriçã na aça Duri; na auência da albetizaçã ocializada, a r ea inável) e grpo dele ram gravad individualmee pela mema mã (explicado com "preenchmento de votação, que pode ter ido cao, ma teria id mui mai fácl e mui voant preciaem ped agmento cm nome que queriam já gravado nele; u não abiam ler e, poran, eram enganad, ou eu vot orai eram pedid prevamente conra ete ou aquele candida e então eram trazido ao lcal de vtaçã num grpo e recebiam agmento quand enravam). 11. II. 961 . 12. Ma, mem aim, o currculo "ecundári, ito é, a preparação para a vida adulta, permanecia oral; aprendiame a letra a f de redigir e ler
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memorn (acima, n. 7), mas não "literatura; cf. Os cvirs 188 ss.: o
vendedor de salsicha não tem "talento para a música, exceto escrita, e coisa muito mesquinha naquele mal treinado, ao que Demóstenes replica, parcial mente consolando-o, que o baxo padrão certamente constitui uma desvan tagem, mas a ausência de música não import: a liderança política não está mais nas mãos de u homem "musical com instintos inadequados ela se transferiu para um patife ignorante onde a marca do ignorante (mt não é o analbetismo, mas a carência de música. Isto é, a situação educacional ainda não é 424 a.C.) muito diferente daquela implicada na história de lutarco (Tem 3), da réplica do "ignorante Temístocles à pequena nobreza de sua época. Estrepsíades, em As nuvens (início), um homem igualente desconhecedor de "música, sabe ler e anotar em seu livro de contas. Os algarismos pdem, com efeito, representar na sua mais pura rma o uso populr mais antigo a que seriu o albeto, a saber, os memorn A capacidade de lidar com a notação numéca smples ode preceder a de ler textos uentemente, pois ela requer uma organização mental de reconhe cimento menos complexa. 13. 1114 tíov xv coç µv9vt t e abaxo, n 16. 14. Cf. os exemlos coletados por Denniston, pp. 1171 19 (mais particularmente os de As ves e As r que deduz que "os livros eram raros o bastante ara serem a marca de um tipo. Minha suposição é que os ataques a Eurípides como um "poeta livresco (especialmente As rs 1409 "entre no prato da balança e leve ... sua coleção de livros com você) rneceram o pretexo pra que os biógras helenísticos lhe atribussem a primeira "biblioteca (Athen 3A) Uma gueira no palco (cf. a cena nal de As nuvens de documentos poderia ter igualmente inspirado um detalhe da "vida de rotágoras, qe i ridiculaizado, como sabemos, na Comédia Antiga (S rotágoras A). 15 Cf. a declaração do rei em As slicnt de Ésqulo (acima, n. 7) implicando claramente que uma promessa oral e a memória oral que a conserva são mais coáveis do que a documntação traiçoeira; também Er. 954 reconceito continuou até o século latão Fero 274e; cf. també Xen. Mem 4210 Um re espartano proibia a inscriçã das eis (lut. Lic 13), provavelmente uma parte da tradição pósLicurgo que reete o esmo preconceito, pois os motivos educacionais dados em lutarco para a roibi ção são idênticos aos platônicos e ao peripatéticos. 16 Nas pinturas dos vasos, representam-se apenas texos poéticos (como Turner) e estes, diria eu, são apenas os "arquétipos. O populacho apoiava-se na memorização oral. Desse modo, Turner intereta o vaso de Sa como significando "a oetisa está lembrando a si mesma as palavras que deve cantar. ara ilustrar a rimeira prosa ática, Turner cita com propriedade os 72
"manuais atribuídos a Sles, Agataro, Itino, olileto, Mêton, Hipoda mo, os quais, diz ele, ignoravam o estilo O "livro de Anaxgoras, que podia ser omprado na "orquesa "por no mmo drama (o 26d) é eqüetemente itado em apoio à hiptese deum hbito de leitra amplamente dndido, om base tanto na demanda quanto no preço Mas a have est no "livro, que onstii uma adução equivoada Tuer aponta para o to de que jíjoç em Ésq Sup (ama, n 7) e jtjíov na ase jtjíov O <Ícµioç (omo em Tod GHI 97 data 403 aC) não quer dizer "livro, mas "doumento, o qual, no pmeiro aso, é interpretado omo uma (úia) peça de papiro dobrado ele também apon o posteor jtjÀto<QOÇ si ando "arero Eu onluia que um biblio esrito, que podia ser ompdo por onsista numa únia lha (dobrada?), num et ou paeto, e que a grande maioria dos "lios em rlação, no últmo arto do séulo eram exatamente essa nareza, inlundo os "manuas Isso onda à onlusão aional de que eles on não o ntegral, quer de uma peça de tao quer de um atado ou dsuo, somente uma oleção de xratos O co "ognis presta testemuho dos hbtos de ompor oletâneas No aso do teao, os xatos onsstam em lihas e pargras desitvos que eram tidos omo parilaente notveis (e memoveis) Essas anologias são destas nas L 781a: ou voê deora "os poetas teiros, ou então seleiona �<Ãt í tVCÇ ÂCÇ EtÇ e os ompa para memoação (Desta passagem ifere-se muto ente que novos hbitos de leitra j estavam reduzindo a tadional apaidade de mmozar "os poetas inteiros) Um tal paneto de itações ou "estilos de dsurso (hamados 4 em As r 1114 f As u, parbase 547-548) é posto nas mãos do públio para que ele possa deorar e seguir vvt; ama, n 13) o ago de itações tal omo ele é onduzido ene os dois ptagonistas O onto é bastante espeo e não pode ser satistoam mnte expliado em termos gerais, omo se sigasse "somos todos leiores atalmente (omo Tuer), e também não requer uma onusão omo "a ontrapelo As r apiam-se na xloração da mema do públio, omplemen tada pelo reuo a uma antologia (ou antologias) Quanto aos paetos em prosa, seu onteúdo onsista em deições, relas s L ama), pas vos e aforsmos,que sntetzavam a posição do autor ou seus prnipais objetivos Estes podam ser expressos numa rma memorizvel (por exemplo, om um eo gu de paralelismo e antítes), mas a eosição dou integral anda e oral Isso liria a lta de "esto dos antigos ompêndos e onma o que rstou de naxgoras, Digenes de Apolôia e Demrto Desse modo, um úno log ou bibo onteria uma série de tais ogi, de modo que Srates pode dizer do biblio de Anaxgoras que ele µt OV V Âv dando o resumo da omposição e talvez o arter autônomo dos pargras
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isolados Com efeio, sob esse aseco, ele não dfea de um manual oéico de ' õet Onde a "oralidade revalecia na rosa da reórica, a eensão da exosião escria e a connuidade da argumenaão escria ham mais clmene, como nas "eralogias de nifon (as quais, conudo, ainda consi em manuais) ucídides i o mero auor ico a eaolar os memorada escos ara o discurso esco nineo, xaamene como laão e Isócraes ram os eiros a adaar o ensno oral sisemico à mesma nalidade 17 Trner diz aceradamene de edro 274 que latão es ravando "uma baalha de reaguarda Com efeio, sua referência elos méoos orais não era aenas conservadora mas ilógica, uma vez que a iseme grega, qu deveria sulanar a doxa (abaxo, ca 13), esava sendo gerada ela revoluão da alfabeizaão 18 Isso deende de que erênas escolhemos zer de uma variedade ão grande de esemuhos indireos or exemlo, Demósenes, De coroa, 258 zombando das oigens humldes de isquines, refere-se ao o de que ele era encaegado dos ineros na escola de seu ai Isócraes vrias vezes menciona a circulaão (aarenemene vada) dos seus manuscos além diso, os oradores comeam a se refer a marcas nas margens de manuscos (exemlos em Tuer), o que ode indicar um hbio crescene de leira silenciosa Exisem, evidenemene, abundanes ciaões de documenos escos nos discursos, mas eses, anal, esão sendo lidos em voz ala ara ouvines Todavia, se as oraões úblicas, al como exisem ene nós, consiem verses edioradas, como se resume comumene, esa é uma rova eloqüene de uma leiura ública Tuer cia o esemunho neressane de um aro que mosra um paragrapus ara ndicar alância de falanes (or conseguine, ara racanes da leiura slenciosa?), mas isso ocoe or vola de 300280. 19 C Sabine, Hiso of oiica eo, 320: "a sociedade que, or sua rória e esonânea arovaão, gera ricas vinculadoras ara seus mem bros, que legisla semiconscienemene e ls seu assenimeno or meio da voz de seus membros ilusres naurais 20 Os esemunhos que indireamene corroboram esse o são muio abundan es (or exemlo, ciando a Iada ara ndamenar uma reivindicao olíica, como em Herod 7161 a necessidade, senida desde muio cedo, de alegorizar a eoéia, or Teagenes, Esesimbroo, Ion a urgência e minúcia com que laão seue seu rório rograma de censura) As rs (or exemlo, em 009 ss 1464) õem à mosra o que j esivera imlício desde emos imemoriais, que é o qe se esera numa éoca quando novos méodos de paide esavam exercendo uma ressão abera sobre os anigos 21 Sobre a memorizaão oéica como ndamenal à paideia, cf Xen Baq 35-6 (iso não enrara numa discussão 50 anos anes), laão es 7810e O 7
"intlúdio d Simonids, no roágoras, apóias nas mmórias dos partici pants Quando, na R 7518b8, Platão rtifica a toia d qu a ducação stá m "nar algo na alma, l pod star s rfrindo a uma visão grada pa ncssidad d mmorização oral cf também Notopoulos, "Mnmosy n, p 469 "o pota é o livro ncarnado dos povos ágras 22 Suponho qu a scolha tnha sido d Patão, visto qu l i o primiro a comprndr a psicologia básica da rlação poéticooral ntr o rcitador o ouvint, ou ntr o rcitador a obra rcitada, as caractrístics cospondnts do "nunciado poéticooral (vr abaxo, cap 10), assim como i o primiro a articulálos sts num único sistma d xpiência humana, a qu l pôs o rótlo d mimesis E quato à situação préplatônica dst trmo? O uso antrior lançará uma uz sobr o d Platão? Uma nota d rodapé longa parc prrívl a uma intrrupção do nosso txto G.F Els, rtando a rstrição qu Kollr havia procurado colocar aos signicados iniciais d µµoç, µµlc, µíµµa, µíµÇ qu triam circunscrito os trmos à dança ao acompanhamnto musica como quando mprgados no "tatro cul' fz da rudição sua dvdora por xaminar novamt a ocorrência prépatônica das palavras, isto é, como las ram mprgadas por autors "qu scrviam ou ao mnos comçavam a scrvr ants d 425 aC (Els n 65) odavia, parcm qu a siação dss mprgo somnt pod sr lucidada combinandos, d alguma manira, as opiniõs d olr d Es Aqul viu corrtamnt o lmnto d "xprssionis mo implícito nas paavras, qu rsuta do sntido básico d "rvivr st prcbu qu las s apicavam à manipuação da viva voz, gsticuação, vstimnta ação d manira gra, não stritamnt à dança à msica Até 450 a, a concusão d Els é qu todo mprgo (com uma xcção duvidosa) d µµoç µµlc stá concntrado na mímica ral "das fiçõs, açõs /ou vozs d animais ou homns por mio da a, canto /ou dança (sntido dramático ou protodramático) (p 79) Contudo, chamar a iss "rprsntação dirta (lc. ) é adotar a trminologia ponto d vista d Platão, na Rep 10, a qual abstratamnt spara o original da cópia, d modo a tornar possívl uma idéia d "imitação, no sntido d "rpr sntação ou "rprodução d um "original Ess signicado não m parc xplícito m qualqur dos mprgos prépatônicos citados A grand maioria ds, até msmo após 450 cotinua a dscrvr a mímica ra (tão qnt m O rstant (com umas poucas xcçõs qu mrcm s anotadas rfrs, não à "imitação ética platônica aristotélica d um tipo, mas ao "zr o qu uma outra pssoa z, ou, d to, "tornars como l Isso é obviamnt vrdad no qu diz rspito a todos os xmplos subsistnts d Aristófns (como diz Els "Els parcm trazr um sopro do mundo do mico É igualmnt vrdad quanto àquls mprgos m Eurípids,
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Heródoto, Tucídides, Demócrito, que Else classicaria como "imitação ética Para dar alguns exemplos: quando Cleístenes (Herod 5671) ao atacar a Ática "arremeda seu avô materno, está "zendo algo como ele zia Quando traduzimos isso como "seguindo um emplo de Cleístenes, pela inserção do termo em itálico, importamos para o grego a redução astrata platônica desse processo para uma relação entre original e cópia Quando Helena diz para eonoe (Eur Hele 940) µµ Ó do seu pai, isto significa "reviver seu comportamento, e não "imitar suas maneiras Quando Clitemnestra (El 1037) referindo-se ao adultério de seu marido, acrescenta que nesse caso uma esposa desea "arremedar seu marido, ela quer dizer "zer como ele z (e, portanto, identicar-se com ele), e aí, se explicamos isso como "uscando seu [dela] adultério pelo exemplo de Agamêmnon, uma vez mais estaremos traduzindo a equação em termos astratos Portanto, dizer que há um progresso pré-platônico que se movimenta da imitação viva no estilo da mica em direção a uma amlitude mais astrata e menos matizada de siado (Else, p 82) é distorcer a situação semântica Drímos antes que todo emprego refere-se a um "comportamento caracteri zado por empatia, e não à cóia ou mitação astrata, e em um úmero muito grande de casos esse comportamento é sico, uma questão de la, gesticulação, modo de andar, postura, vestimenta e outras coisas semelhan tes Além disso, quando Else atriui um matiz eorativo a esses casos (em Ésquilo, Aristónes e Demócrito), implicando "impostura delierada, "imi tação inadequada e "o contraste entre ser e tornar-se, isso parece demasiado categórico: à imitação atui-se, segundo a análise platônica, aquela osição infeior, que convinha à epistemologia platônica, e é então lida retroativa mente, dentro do emprego pré-platônico Nesta vinculação, duas ases de Demócrito, ele róprio uma nte adulterada, são insttivas: diz o ag 39 que "se deve ser ou (um homem) om ou arremedar o om Se com isto estava se referindo ao contraste entre ser e parecer (Else, p 83) então as duas alternativas seriam tratadas como mutuamente exclusivas De to o aptegma adverte: "ou ser om, ou ao menos f zer o que um homem om z; o ag 79 acrescenta: "A situação é dicil se você arremeda homens maus, qando nem mesmo desea arremedar homens ons, no qual o apotegma dene aquela condição moral um tanto incorrigível, na qual "zer como o mau éinstintivo e até mesmo a voliço contrária (para não lar do ato) está ausente Por conseguinte, "arremedar, aqui, dene um padrão de comportamento, sea ele om ou mau, por sua correspondência a algum padrão "ivo Deve-se, portanto, concordar com Koller, contra Ese, em que o sentido peorativo de mimes i inventado por Platão na R 10 (e o Sof num contexto modicado, mimesis recupera sua posição; cf ca 2 n 37) A esta conclusão, pode-se acrescentar um comentário especulativo
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Gógias el ao pagmatismo dos sosas havia acionalizado os efeitos do ilusionismo na tagdia como uma apate aquitetada que cabe ao atista ealiza e igalmente ao público submete-se-lhe (Rosenmeye pp 227 232) Isso coesponde essencialmente a uma concepção modena do ofcio do atista e do esquema mental apopiado com o qual um público aboda uma oba de ate (c Collingwood que todavia ejeitaia a fómula como caactestica apenas da "ate de entetenimento) Sem dúvida alguma especialmente o segundo desses pincpios que paece alimenta a "mentia na alma dos sees humanos insultou o idealismo platônico mas ele não podia nega os ftos dos quais ea deduzido otanto no Livo X da Rep ele aceita a acionalização gogiana mas ao mesmo tempo tenta uma descição mais abangente da situação potica global que ele chama de mimesi, e que agoa definida e condenada como apate sistemática algo fvolo demais paa meece uma inclusão etiva num cuculo educacional O sentido de mimes como "imitação tica de um oiginal constdo no cuso de sua polêmica e constiti uma ciação inteiamente platônica Concodo em que totalmente desnecessáio inventa uma teoia da mimesis p-platônica apesentada como uma contacoente a Gógias (cf Else n 64 que econhece uma ligação ente Gógias e latão) At este ponto potanto o empego anteio justicou a ligaço estabelecida po latão ente mimesis e identificação psicológica Há tambm um outo matiz inicial igualmente am à intenção de Platão muito emboa à pimeia vista paeça segundo a peconcepção moena incompatvel com o pimeio "Aeme da empaticamente podeia paece um ato tanto espontâneo quanto intuitivo Todavia o empego gego tende constantemente a identica esse ato com uma habilidade ou ocio e potanto empegado em mousike (no sentido genico descito abaixo cap 9). O exemplo mais antigo de todos decisivo No Hio a Apolo Délio as jovens do coo "sabem como (ctv onde um composito posteio podeia te usado cCVCt cf abaixo cap 15, n 22) aemeda os sotaques (ou dialetos) de todos os homens Teôgnis 370 efee-se à inabilidade dos coot (cf ibi sobe vocábulos soph) paa "me aemeda e uma ápida inspeção das ocoências do mesmo vebo coletados po Else em � squilo ndao Aistóanes evelaá o matiz constante de "hábil encenação mediante voz instumento musical gesticulação estudada e outas coisas semelhantes o cose guinte µµct desde o incio desfutava de uma vinculação eseita com os pocessos de mousike que no poema pico no hino no ditiabo que na peça teatal Isso nos az aos substantivos mimema e mim Em Eupides o pimeio pode como o vebo aplica-se à peça teaal e ao aemedo vocal (g Aul 378 J 294) mas tambm ocoe em Ésquilo nos sentidos de (a) vestenta e ) uma "magem vavelmente não uma
"pintra'' como em Else mas um boneco animado e vez em Eupides como (c "guras bordadas. ão todos artetos produtos de c (na verdade chamados de mimma Dédalo no xemplo ) com o qual podemos comparar o úico xemplo de mim em Heródoto aplicado a estáta 3.37.. Esses quatro emplos pré-platônicos demonstam que a noção de aemedo podia ser estendida à produção habilidosa de um objeto do que ao cono da voz e da gesticulação esva relacionado a o l Para essa exensão segundo supomos a noção de desempeo hablidoso inerente ao veo eceu a ponte. Como "cio mimma então aparece em Ha de Eupides para denotar tanto a pseudo-Helena que i a Tróia quanto a Helena real (mas qual delas era a real? que i conndida com a pseudo inhas 875 74. Desse modo o uso por parte de Platão da analogia da arte ca na R. 10 para ilustrar a mim poética tem uma certa sustentação pré-platônica. Porém (exceto quanto ao único exemplo em Heródoto mim enquant oposta a mimma é normalmente aplicada ao pocesso de identca ção habilidosa mas empática que nciona nos váos ramos de (abaxo cap. 9. Desse modo ela ocoe duas vezes em istónes arquitetando um papel dramático e em cídides o generalato de Pausânias (.95.3 é "planejado para exercer o papel de uma (obserar a ênfase no estilo e na vestimenta de realeza mencionada por Else e Nícias apela aos esangeiros da ota (7.63.3 "que dominam nosso diaeto e idenfic-se com nossos modos onde juntamente com o talento retórico z-se menço à adoção da aidus ateniense. Finalmente na anopologia de Demócrito (cf. Havelock iral m p. 116 os homens "toam-se dscípulos do cisne e do rouxinol na eocução melodiosa (q) no correr do aremedo onde este constiti o ndamento de uma das kai da civilzaçào a saber a própria musik Conclui-se que quando Platão escolheu mims como seu termo abrangente para "poesia seus leitores teriam pouca diculdade em segui-lo mas teriam certamente cado chocados quando no Livro X, ele rebaixou a poesia a uma posição ifr à de um ocio habilidoso. 3. Os comentadores desconcertados com a veemência de Platão lançaram mão do recurso artificial de supor um conlito interno "Quando ele expulsa Homero ... está expulsando parte de si mesm Ferguson p. 139 cf. Grube "Plato's theor of beaut. 4. R. 10 595b10 ot µv W :' vV OÚV W Qat Qoç ÕtcMç E µ vm cf. 598d8 607a3. Tais armações são habitualmente explicadas como se referindo à apropriação de enredos das naativas épicas. Mas o alvo de Platão não está limitado à estrutura narrativa. O problema das "origens do teatro é sem sombra de dúvida habitualmente visto por intermédio da Péica d Asóls.
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ENILOPÉDI HOMÉRI1
bordar Horo priiro lugar coo u autor didático é pdir uito d qualqur litor provavlnt não atrairá sua sipatia logo d início. s prprias iplicaçõs do vocábulo épico" , qu nvolv spr ua aplitud onuntal d concpçõs grandiosas, açõs iprssionants dscriçõs vívidas, parc ipossibilitar u tal juízo do priiro pota da Europa S sobra d dúvida, para Horo o ssncial é a narrativa Os lntos didáticos ou nciclopédicos qu aí possa havr pns-s, por xplo, no faoso atálogo das Navs são scundários co rlação ao objtivo do poa épico uito provavlnt constitu u stoo para a narrativa. Todavia, vaos xplorar o argunto d qu s trata xatant do contrário d qu a traa a tssitura d Horo é didática 2 d qu a narrativa stá subordinada à tar d s ajustar ao ôus das qustõs ducacionais qu nla s ncontra Prparos, s possívl, o cainho para ua tal abordag talvz atnuos alguas das objçõs ais idiatas qu lh sria fitas, obsrand, priiro lugar, u docunto grgo uito antigo qu t algo a dizr sobr a nalidad o contúdo do poa épico, 79
muito embora raramente sea analisado sob esse aspecto Pode-se admitir como hipótese que o prefácio à Teogona de Hesíodo, de versos, dat de um período não posterior ao m do séulo I Ele está disposto segundo o molde de um Hno Msas, comparável na rma e na substância aos Hnos homécos propriamente ditos Isto é, a divindade é celebrada medane a descrição de seu nascimento, prerrogativas, poderes e nções na sociedade humana Indubitavelmente, a estrutua desse Hno é indefinia e não uito lógica Há sobreposições e repetições que podem trair o uso de mais de um riginal, mas esta pode ser uma característica do estilo de Hesíodo em otras passagens 3 Um motivo para a indenição na composição está no to de que algumas vezes ele parece estar se dirigindo às Musas como porta-vozes daquele poema específico que ele vai cantar, a saber, um poema sobre os deuses, e, em outras, procura esboçá-las em termos mais gerais como as representantes de toda poesia oral Como defenderemos mais tarde, esses dois aspectos das suas atuações não são incompatíveis De qualquer modo quando, nos versos e seguintes, o poeta passa a descrever como elas nasceram de Zeus e sua morada próxima à dele no Olimpo, ele indubitavelmente as louva por seu aspecto gera como corporificando o poder universal da poesia e, nesse contexto, começa a denir o conteúdo do que elas cantam como a lei de todo e hábito obre do iortai
Há uma ambigüidade na sintaxe dessas palavras que parece reetir o caráter bifocal do Hno como um todo, o qual, como dissemos, dirigese às Msas em parte como autoras da Teogona e em parte como protetoras de todo o cancioneiro Segundo a interpretação mais provável, o poeta começou, no seu primeiro verso, com um enunciado geral Ela cata a lei e hábito de todo
e então acrescentou um segundo verso, ligado por associação com o primeiro até eo do iortai ela celebra ete)
Esta solução ignifica, co eito, que, na ente de Hesíodo, não haia ua distinção rígida entre os costues dos hoens e os costues dos deuses Coo vereos ais adiante, essa são dos dois representa, indubitavelente, a istura encontrada e Hoero, na qual a sociedade divina espelha a huana que se quer dizer co os dois vocábulos nomoi e ethea que traduzios coo les e os hábitos nobres? Nomos 5 torna-se iliar no grego posterior coo o tero corrente para lei", uito ebora dois séculos e eio depois, naquele tratado de Platão que levou o título de Nomoi ou Lei o sentido de costue nobre uitas vezes tenha revale cido sobre o de estatuto Nomos na verdade, signia tanto a rça do hábito e dos costues antes que fsse escritos quanto a lei estatutária das sociedades gregas avançadas que etava escrita Mas o vocábulo, neste sentido, não é hoérico Hesíoo i o prieiro a epregá-lo e talvez o responsável por ter-se tornado corrente Nu poeta tão antigo, a palavra não pode significar estatuto, as poderia abranger o costue que i proulgado oralente que serão, pois, os Originalen te, o vocábulo pode ter significado a toca" ou esconderi jo" de u anial; 6 no grego posterior, evoluiu para o significado de coportaen to-padrão pessoal ou até eso caráter pessoal e, assi, e isóteles, rneceu a base para o tero ética" sso significa que, entre Hesíodo e Aristóteles tanto nomos quanto ethos passara por ua evolução see lhante do concreto para o abstrato poeta aqui, a nosso ver, pode estar epregando abos para descrever o padrão do coportaento social e oral que é aprovado e, portanto, apropriado e virtuoso" Talvez sua concepção, ou antes, sua iage desse código de coportaento este ja de u odo geral polarizada entre o que poderíaos chaar de a lei pública ·do grupo e seus instintos privados e hábitos iliares e é por isso que ele eprega os dois vocábulos Ethea não é ais aglutinador do que nomoi as é ais pessoal; o vocábulo pode ter orginalente denotado o odo coo u ser huano vivia nos seus econderi jos" Se assi o r, ele poderia clente ter se apliado para abranger os costues do econderi jo huano, que constitui o lar e a ília, ao passo que nomoi que pode ser associado distribuição de pastage, conside raria os costues e o hábito de u ponto de vista ais geral e ais social Nomos abrange u capo de visão ais vasto Desse odo, ethos abrangeria os sentientos e reaçes particulares co respeito aos íntios 8
e aos inimigos Nomos desreveria, omo em Hesíodo, a ei universa do trabaho pesado ou da proibição instintivamente obserada pea humani dade ontra o anibaismo Aqui está, portanto, uma deinição bastante abrangente do que a poesia ora (dizemos ora em vista da óbvia maior proximidade de Hesodo om o estado não aabetizado da utura grega siga Ea estava, no entanto, destinada ao poema épio Deenderemos, mais abao, que sim; que, de to, quando Hesíodo, um pouo mais adiante no Hino do bardo que: Como sero das Musas ele canta as grandes çanhas dos imei ros homens E os deuses gloriosos
ee não pretende zer nenhuma distinção entre este tipo de seiço s Musas e o desempehado por um antor que eebra as eis e os hábitos" De quaquer modo, os dois termos da denição, orrespondendo, omo zem, quio que aproxmadamente poderíamos denominar o pbio e o privado, ou a ei poítia e a amiiar da soiedade heênia, podem antes apiar-se om muita propriedade desrição dos ontedos eniopédios do poema épio homério, quando passarmos a averiguá os na narrativa homéria Mas primeiramente paguemos nosso tributo ta omo ea se enontra no primeiro ivro da líada. Os gregos, em Tria, saquearam uma idade vizinha e, na primeira partiha dos espóios, Agamêmnon apropriou-se da ha de um saerdote de Apoo Apesar das spias do pai, ee deide ar om ea O deus, sentindo-se traado pea aonta ita ao seu representante, ança uma praga sobre as hostes gregas, sendo onvoada uma assembéia para tratar da emergênia Caas, o vidente, initado por Aquies, prinipa guerreiro, reutantemente revea a verdade: o omandante-em-hee tem de devover a garota para que a praga esse Essa proposta enraivee Agamêmnon; ee a tomou omo uma parte do butim; pede ao menos uma ompensação Aquies obsea que, naquee momento, não há nenhum substituto, a menos que a distribuição dos espóios sea deseita Isso irrita mais ainda Agamêmnon, que ameaça, omo ompensação, tomar a presa do próprio Aquies, Briseís Nesse momento, a ira de 82
Aquiles explode, tão grande quanto a de Agamêmnon Ele quase o mata e então jura retirar-se da guerra ar om que não apenas o comandante mas todos os gregos paguem pelo insulto à sua coragem O velho e respeitado Nestor intervém, tentando resolver a contenda Ambos os lados, como ele d a entender, ometeram erros Mas os dois homens poderosos ignoram seu apelo Aquiles retira-se para sua tenda e assiste aos mensageiros de Agamêmnon levarem Briseís Então, leva sua queixa a sua mãe, a sereia Tétis, que, na praia, promete intereder junto a Zeus O pai dos deuses e dos homens provideniar para que a retirada de Aquiles produza seus efeitos A vitória deve passa para os troianos Enquanto isso, conluem-se os arranjos solenes para a devolução da lha do sacerdote Uma delegação, encabeçada por Odisseus, a encarrega da de lev-la de volta, e Apolo é devidamente aplacado mediante oração e sarifício A cena passa então para o Olimpo, onde Tétis z seu apelo Zeus o oncede, embora com relutânia, pois sabe que sua própria esposa, Hera, não quer que os troianos vençam, nem mesmo tempora riamente; e, de ato, Hera descobre o que ele prometera, o que provoa uma disussão spera entre os dois no Olimpo No entanto, a briga é rapidamente resolvida a vor de Zeus: ele ameaça esmag-la se ela não cuidar apenas do que lhe ompete Um dos seus lhos a aconselha a se submeter e a tensão desfz-se Os demais membros da ia divina, que haviam sido espetadores dessa ena tensa, então se põem à vontade à mesa de banquete Cai a noite e vão dormir Platão argumenta, no Livro X da epúblca, que, quando esse tipo de história é transportado para a prosa, não se a com muita coisa 9 Os leitores modernos provavelmente não concordarão A narrativa do poeta, mesmo uando despida do seu verso, ainda revela uma economia de tratamento, um grau de apacidade dramátia e um controle constante das mudanças nas disposições de espírito e cenas que, tomados em conjunto, são admirveis O domínio mostrado por Homero com relação à arte da narração vívida, com sua araterização e onseração da tensão, é tão evidente que essa obra, mais do qualquer outra, apresenta-se-nos como uma obra de gênio individual, tanto que relutamos em consider-la desde qualquer outro ponto de vista Sentimos que o poema tem primeiramente a oncepção de uma contenda portentosa, uma disputa de grande vulto que deve rnecer o tema controlador de toda a sua história,
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e ele, então, dá-lhe início com todo os poderes de uma imaginação criadora e de um estilo vigoroso Quaisquer que tenham sido os materiais herdados, ele os molda segundo seu próprio intuito grandioso Até aqui, nenhum problema ontudo, nossa proposta é olhar agora para o poema, por assim dizer, com o telescópo invertido, não como uma obra de cção criadora, mas como uma compilação de conhecimentos hedados Pensemos, portanto, na Musa do primeiro livro da Ilíada como se ela, enquanto celebra os grandes eitos dos primeiros homens', estivesse recordando aquilo que também Hesíodo diz que ela recorda, a saber, os cosmes públicos e os hábitos privados de todo", quer sejam homens, quer sejam deuses: como se, em outras palavras, seu enunciado estivesse de acordo com a concepção que Platão tem de Homero, como uma espécie de enciclopédia tribal Adotaremos categori camente a hipótese de que a própria narrativa está destinada a ser uma espécie de utensio, usado como uma espécie de valise literária, que dev conter uma coleção variada de costumes, cnvenções, prescrições e procedimentos Sua narrativa é a de um conlito entre dois homens poderosos, em cujas paões e decisões está envolvido o destino de todo o grupo Enquanto tendemos a concentrar nossa atenção nos heróis como perso nalidades autônomas, nunca nos permitimos esquecer que, na verdade, eles não o são Suas ações e pensamentos perturbam a conduta e aetam o destino da sociedade na qual se movem odavia, ao mesmo tempo são controlados pelas convenções daquela sociedade Esse tipo de poesia é público ou político, como também a narração da contenda torna-se, antes de tdo, um veículo para ilustração da lei pública, o que poderíamos chamar de a organização governamental da sociedade dos aqueus A disputa não teria surgido, em primeiro lugar, não ssem as convenções estritas que regulam a partilha dos espólios Estes colocam um dilema para o comandante-em-chee e para o exército como um todo Agamêmnon havia cometido uma rma de sacrilégio que, em si meso, poderia ter sido expiado pela devolução da moça em troca de um resgate Mas ele recusa a oerta do pai e os termos de Apolo para a expiação se endurecem A oerta de resgate é retirada O castigo da peste pode agora ser suspenso apenas se a moça r devolvida como compensação 1 Ele poderia ainda zer isso sem perder seu prestígio, não sse pelo to de que ela representava a parte do comandante nos espólios de uma cidade 8
que ela represenaa a parte do omandante nos esplios de uma idade saqueada e de que a distribuição dessas otas era regulada por uma onenção rígida, que daa preerênia, no direito de esolha, aos homens de ondição superior Agamêmnon, portanto, exige om justiça um substituto De onde ria ele? O nio reurso seria deszer toda a partilha anterior e omeçar de noo As ompliaçes seriam enormes e, de to, essa solução seria impossíel abe a Aquiles apontar para o to e, aidentalmente, lembrar a onenção que regula a partilha or que maneira os Aqueus poderão te oertar novo rmio? As presas das cidades saqueadas já estão distribuídas. Nem é apropriado o povo querer ovamente reuir isso tudo
ma experiênia dura da disputa e da desordem soial que resultaria disso produzira esse nomos; por isso, a rmula desritia Nem é apropriado " Essa porção do ostume onserado está bem oulta, por ausa de sua grande importânia para o ontexto; a narratia pratiamente não se detém Mas há um exemplo posterior e análogo que é mais eidente Quando a ontenda entre os dois hers se torna exaerbada, Aquiles jura retirarse da luta or este cetro que ramos nem lhas jamais, em verdade, Reproduziu, desde que i, na montanha, do tronco aancado, E que jamais brotará, pois o bronze, de vez, arrancou-lhe A casca e as lhas a vida e que os lhos dos nobres Aqueus, Quando em nção de juízes, empunham, zendo que valham As eis de Zeus e os preceitos solene é, repito, esta jura! Há de chegar o momento em que todos os nobres Aqueus Hão de gritar por Aquiles .
O ímpeto de sua ira é interrompido por uma digressão sobre o etro omo símbolo de autoridade; omo ir à oresta e ortálo, qual a su rma e quem tem o direito de empunhálo A nção essenial daquele que o empunha é então logo deorada A interrupção da narratia poderia soar bastante desajeitada, não sse pelo to de as guras empregadas também serem importantes para a solenidade ruial da oasião, para a inegáel intensidade da disposição de espírito do heri 85
Um pouco mais tarde, Nestor teta o apaziguameto e se dirige a Aquiles, advertido-o da seguite maeira: Nem ho de Peleus, resumas que odes, assim, anteorte Ao soberano, orque semre toca or sorte mais honras Ao rei que o cetro detém, a quem Zeus conferiu glória imensa Se és, em verdade, robusto, e uma deusa or mãe te enaltece, Agamêmnon é bem mais oderoso, orque sobre muitos domina
As relações dametais para a estabilidade da orgaização social são aqui recapituladas. A autoridade de um rei deve ser matida porque ele é um rei, e ão porque possa ser sicamete mais capaz, como muitas vezes ão é. A sação da orgaização divia está por trás desse arrajo O cetro que ele porta costitui o símbolo exterior de sua autoridade Tétis, em defesa de seu lho Aquiles, dirige-se a Zeus, pedido-lhe ue a auxilie. Seu comportameto e o de Zeus costituem um aradigma perfeito de como um solicitate apreseta seu pedido em público e como o prícipe o recebe. Zeus fialmete cosete e iclia a cabeça, acrescetado o seguite cometário: Para que tenhas confiança, fr-te-ei o sinal com a cabeça, Que é o mais seguro enhor cm que aos deuses eternos me obrigo Pois talmente se cumre, amais ode ser duvidoso Nem revogável quanto eu rometer sacudindo a cabeça
As últimas palavas deem uma coveção atiqüíssima, pois um sial de assetimeto com a cabeça estava sujeito ao testemuho público por todos os membros presetes. Portato, a orgaização divia costitui uma projeção da humaa. Calcas, maifestado seus receios de ofeder Agamêmo, descre ve-o como o guerreiro que manda Nos Aqueus todos e a quem os Argivos de grado obedecem
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o que onstitui uma boa denição, onserada no verso épio, da ondição poítia de gamêmnon na história dos aqueus E o vidente ontinua, maniestando o seguinte sentimento: Contra os pequenos, se acaso se agasta, é o rei sempre excessivo ois muito embora reeie os impulsos da cólera um dia Continuamente revolve no peito o rancor contido
sso pode ser itado omo um exempo, quer de nomos quer de ethos o ódigo da ei pbia ou o padrão do omportamento privado É assim que os reis devem se omportar; este é um dos rdos do poder Um rei pode ugar ser mais poítio onter sua raiva; ee pode dar-se a ta uxo, ontanto que seu oponente sea um sdito obseração psioógia está ombinada om a obseração soia; não há nenhuma maniestação de um uízo mora O menestre está simpesmente reatando e desrevendo, e isso dá à inguagem épia sua quaidade singuarmente imparia, eevando-a ao estio grandioso Mas seu estio é grandioso porque o disurso poetizado está votado para a nção de modura para uma obseação pedagógia" na rma onserada e permanente Os exempos aima onstituem enuniados da espéie de reaio namento poítio peo qua esse tio de soiedade esperava ser governa do Ees são redigidos numa rma resumida e rmuar e não se apresentam sistematiamente, mas apenas quando a história exige sua intrusão Constituem uma pequena amostra das entenas de enuniados semehantes que oorrem no desenroar da ada e da Odsséa. Sendo poítios, isto é, irunsritos às reações egais e soiais entre seres humanos omo tais, sua identifiação é reativamente i Mas a ei púbia abrange muito mais Na narrativa épia, a organização humana ontrapõe-se à reigiosa Ambas são veiuadas em fórmuas que oe rem uma quaidade erimoniosa a tudo que se zia ou dizia Porém a organização reigiosa pode zer exigênias próprias, m as quais podem entrar em oito o orguho e a paão humanos Os arranjos poítios humanos devem onormar-se a essas exigênias, mas podem surgir situações em que as reivindiações de um são inompatveis om as de outro s neessidades puramente poítias do exérito teriam bastado, aso houvessem permitido a Agamêmnon ar om a moça A organiza ção reigiosa sob a qua todos viviam e as premissas que todos aeitavam 87
tornaram io impoível A hitória da líada dee modo é obrigada a decrevr ee conlito e quando o z o poeta é obrigado a repetir para qe que regitrada uma boa parte da precrição e procedimento (e crença) rituai que igualmente zem parte da enciclopédia tribal. Seu breve precio cumpre a nção de uma procia do curo da ua narrativa a degraça aguarda o grego por caua de uma diputa entre eu lídere A io ele acrecenta quae entre parêntee o eguinte comentário cumpriu-e o deígnio de Zeu" 1 Ainda que breve ete meio vero exerce ao memo tempo dua nçõe dierente Por um lado tem a nção de reumir evento epecíco que deverão ocorrer nea narrativa em particular Zeu como camo abendo ante do im do Livro 1 de to irá auxiliar relutantemente Aquile e dipor o eento de maneira a aplacar ua ira. No inal do Livro VIII e mai ainda no im do ee deígnio divino eetivamente cumpriu-e. Ma o público antigo quando ouvia pela primeira vez o deejo automaticamente o interpretava num contexto amplo. O deígnio de Zeu cotumam prevalecer em toda a circuntância. Ea verdde poderia aplicar-e não apena à atição imediata de Aquile ma àquele revero irnico poterior da ua expectativa e deejo que e ucedem aim que ua prece é atendida A tragédia integral da líada poui uma epécie de lógica univeral na qual o deígnio de Zeu i eetivamene cumprido numa larga ecala Ea reexõe excedem de muito o limite do penamento conciente ou arquitetado de Homero Ele e manietam em termo de ma crítica complexa Ma nó a apreentamo para ilutrar como o memo tempo que a rmula podem eicular ee prodto complexo ao leitor moderno ela também para o leitor homérico tornaram-e o enunciado de regra a expreõe de padrõe em aorimo ou provérbio o quai a intaxe da narrativa poderia exigir que em poto no pretérito 18 ma qe na erdade ocultavam arimo. O deígnio de Zeu i cumprido e empre o é omo pergunta o poeta retoricamente ea diputa começou? O lho de Leto e de Zeus caa agastado com o rei E havia lançado uma este destruidora no exército e o ovo morria
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Aui, por um lado, está um enunciado especco essencial ao enredo Porém ele também segue a ula estabelecida para todas as pragas: é assim ue elas são lançadas aí está por ue a cólera divina é pegosa Mas por ue, em primeiro lugar, Apolo se enraiveceu? O saerdote Crises havia sido desonrado pelo lho de Atreu
Eis aui um outro enunciado especíico contado no pretérito; ao mesmo tempo, ele implica um enunciado atemporal de uma diretriz gera Eis aui o ue sempre provoca a ira divina O ouvinte é imperceptivel mente lembrado de ue é perigoso negar aos sacerdotes as suas legítimas prerrogativas A regra é lembrada na descrição de sua anulação O arismo implícito recebe sua própria rmulaão explícita algumas linhas depois O exército, ao ouvir do sacerdote a descrição do seu agravo, Gritou alto: "Muito bem! Aos saerdotes se deve respeito
ase ue no dioma grego, não z distinção entre este sacerdote e outro ualuer Este sacerdote havia se aproximado do acamamento grego ara reaver a lha e trazendo innito resgate
Eis uma execução padrão de uma lei dos costumes ue governava um aspecto das relações humanas em tempo de guerra Em si mesmo é secular, embora no caso se ja um sacerdote o agente A mesma execução será repetia inmeras vezes durante toda •a narrativa Esta ue estamos analisando é memorizada mais três vezes nos primeiros cem versos É aliás interessante obserar ue a ordem do enunciado é paratática, no sentio de ue as duas ações", ou a decisão mais a ação, são narradas na ordem da sua ocorrência natural: Ele pretendia libertá-la E aegava um resgate
em ue uma lógca complexa porém pós-homérica poderia usar a ordem inversa: 89
le estava caegando um resgate Para liberla
Até agora a atação do sacerdote é seclar, mas, como m sacerdote, porta sinais próprios à sa condição especial: Tendo nas mãos as insígnias de Apolo, echeiro inlível, No cetro de ouro enroladas
Esta é ma órmla qe conere poder a qem tem o direito de portar sinais semelhantes O to é memorizado novamente qando gamêmnon adverte o sacerdote qe deve partir, Pois as insígnias do deus e esse cetro de nada te valem
a história, Agamêmnon vai inringir as regras qe estão epressas nessas aparências cerimoniosas Mas a história é contada de modo a zer com qe as próprias regras sej am continamente lembradas O registro é indireto, mas é m registro O sacerdote apresenta se pedido e, após repetir a rmla para resgate, concli sa la para os lhos de tres e os gregos da seginte maneira: Como reverenciais o lho de Zeus e a Apolo, o lível echeiro
ma vez mais, o apelo especíco contém também ma prescrição geral bserada nesse tipo de sociedade Apolo deve sempre ser reveren ciado se títlo adeqado é lho de Zes E qando o sacerdote se retira, depois do repdio, para invocar se des, o poeta repete a deinição desse parentesco, desta vez pelo lado materno: le dirigiu muitas orações A Apolo, o senhor a quem deu à luz Leto, de belos cabelos
Sa prece é então eita em oro ret. Ela soa como m paradig ma de tais las: 90
Ouveme ó deus d arc argênte que Cise cuids prteges E a santa Cila e que tens cman suprem de Têned! Ajudadr
O deus escolido para o discurso recebe sua denição apropriada Ele é aquele situado em determindos centros de culto e tem nções especicas como aqui controla as ecas letais e seu culto est stuado na atólia e ao longo de sua costa A oração continua Se alguma vez cnstrí magnícs templs para ti Se alguma vez queimei grdas cxas de gad para ti Até mesm de turs e cabras entã realiza este vt ardrs que ç
As lias estão na rma de um reão que celebra a prtica simples mas padronizada exigida para o estabelecimento e manutenção de um culto Embora especica a esta sitação crtica em particular a splica do sacerdote também exerce a nção de um lemrete para procedimentos abituais Eis aqui um agmento do código religioso de comportamento A peste continua e o ército é do Aquiles convoca uma asseléia e propõe que ouçam ao que o adio possa ter para dizer A situação real caso Homero se ativesse clusivamente a ela demandaria que Aquiles designasse imediatamente Calcas para essa nção Ele é a escola óba Mas a saga na verdade revertese vez mais para a rma de registro e não da invenção e substitui a rmula geral pela especca Mas cnsultems qualquer vidente u sacerdte Ou quem de snhs entenda pis s snhs de Zeus se riginam ara dizerns a causa
O arismo sore a nte divina de sonos é por uma associação natral includa na lista geral das três principais ntes nas quais se busca uma orientação nspirada E o discurso prossegue com um enunciado igualmente rmular abrangendo as atuações exigidas para a manutenção de relações amigveis com a divindade 91
Se por não termos cumpido lgum voto ou, talvez, hecatombe, Ou se lhe apraz, porentura, de nós receber o perme De gordas cabras ou ovelhas, A m de livrarnos da peste
Em ambas as passagens, o grego é acompanhado de um som característico que não pode ser reprouzido integralmente em inglês Esses sons característicos deslizam tipicamente para frmulas de cerimô nias religiosas, revelando sua natureza de denições populares e milia res, as quais, emboa conhecidas, sentia-se a necessidade de que ssem constantemente lembradas De fto, a rmula que combina oferendas e hecatombes com a menção de ressentimentos divinos é repetida 28 versos adiante, quando é incorporada à resposta de Calcas com a nima alteração verbal necessária ao outro contexto. Aquiles havia expressado eu primeiro discurso num esquema de regras gerais A reação própria a Calcas é levantarse Porém essa ação põe em movimento na mente do poeta, uma vez mais, antes o mecanismo do enunciado geral do que o da narrativa específica Calcas, nascido de Téstor, de sonhos intérprete, Que conhecia o passado, be omo o presente e o turo, E que os navios guiara dos nobres Aqueus para Ílion, Graças aos dons de profeta com que Febo Apoo o brindara, Cheio de bons pensamentos, lhe diz, arengano, o seguinte
Destes cnco versos, apenas o terceiro é isento de qualquer inuência do típico ou do geral No primeiro oculta-se um lembete de que os adivinhos são uma instituição valorizada por essa sociedade O segundo dene os limites de um conhecimento posível a frmula é repetida por Hesíodo, na Teogoni para descrever os poderes poéticos coeridos pelas Musas Aqui, ele aparece sob o aspecto da profecia, coerida por Apolo, que constitui a fnte apropriada de tais poderes, e nos lembra de que ele o é O lembrete é repetido numa rmula variante por Aquiles quando ele esponde Preparado desse modo, um homem pode com propriedade flar adequadamente, com pensamento agradá vel" O oeta lembra um dos princípios morais" sociais até mesmo quando descreve um evento. Os princípios morais" não são menos 92
seculares do que sagrados Os costues prescritos pela religião são ao meso tepo os da organização política E se a condição social do sacerdote ou vidente frulada acima pode ser classificada coo parte da lei pública dessa sociedade, a prática do conheciento que se espera dele torna-se parte do ethos da esa sociedade, seu código pessoal Passa-se iperceptivelente de u para outro Ambos são lebrados na linguage que tende a ser expressa e teros de procedientos ou situações padronizados A descrição qe o poeta z de alcas é então seguida pelo póprio discurso do vidente, que é encerrado dentro os esos liites gerais Ele se volta para Aquiles co estas palavras: Portato o ar e ero e jre Qe e dará oteço co aara e co te raço
O apelo rmal descreve a relação de dois aliados, cuja aliança é confirmada por acordo ral o juraento lado, característico de uma cltura oral A sitação é específica no entanto, quando anifestada, torna-se u paradigma geral de u tal pacto e da lealdade da qual ele não apnas presta juraento as tabé depende Seu eco peranece na ente coo a fórla apropriada de ligação entre copanheiros na seelhante sociedade É tanto nomos quanto ethos. E seguida, o motivo do apelo é anistado: Agaêmnon pode ser perigoso para im" Poré este perigo específico é ao eso tempo traduzido e termos gerais, os qais se torna ua descrição fral da condição social adeqada a coandantee-chefe: Poi eto certo de e á de iitare o gerreiro e ada No Ae todo e a e o Argio de grado oedece
É característco desse tipo estilizado de enunciado qu Aquiles, qando responde e dá se consentiento, repita o lembrete da condição social de Agaêmnon: Nca igé á de ioêcia erte e deeria referir-te a Agaêo Qe o oeto orga-e de er o eor de todo
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Essas palavras dizem expressamente que Aquiles não tem receio de desafiar seu rival no exército Mas elas também exprimem a afirmação geral de que a condição aristocrática é um to Aqui está uma linha que quando armazenada na memória torna-se não menos prescritiva do que descritiva um estímulo para que o próprio aprendiz reverencie a condi ção soial que é melhor e talvez aspire a ela É um outro agmento do ethos da sociedade conseado e armazenado na linguagem épica Quando se xamina o texto de Homero em busca de indícios da lei pública somos continuamente levados a distinguir também indícios do código pessoal porquanto estes estão entrelaçados com o público A linguagem épica torna-se a guardiã ao mesmo tempo de costmes ares e apropriados assim como de hábitos e atitudes estabelecidos e dignos Nossa presente busca da lei dos costmes inseridos no primeiro livro da Ilíd ilustrou esse significado Esse ethos conseado está tão ifiltrado e espalhado nos versos de Homero que sua análise poderia continuar indenidament€ Encerremos por aqui e retornemos aos indí cios mais evidentes de hábitos de armazenagem que tendem a se trair mais cilmente quando lidam com costmes que antes de mais nada são públicos em vez de privados Passaos os olhos sobre os cosmes políticos e em seguida nos voltamos para os religiosos encontrados nos procedimentos de oração e de culto de devoção Estes últimos ocorrem num estágio posterior da história quando a moça é restiída a seu pai e ao templo do qual havia sido tirada antes A delegação grega levaa a Crise consqüentemente o sacerdote reconcilia-se com os gregos a ira de Apolo é aplacada e a peste cessa Esse reverso do mecanismo original do enredo está pois devidamente marcado quando o sacerdote se volta uma ez mais para seu deus e repete a mesma rmula de oração que já encontramos mas agora inverte o pedido Do mesmo modo que ouviste o pedido que z no outro dia, Livra os rgivos da peste terrível que as hostes dizima 27
Em termos da narrativa este apelo específicamente interliga os acontecimentos e determina o desfecho Mas tem também um tom geral ele cultua a linguagem devota que será usada por aquele que se vir numa situação aitiva 94
A atuação da delegação grega rnece um exemplo claro do comportamento ritual conserado de maneira rmular Eles realizam para Apolo, como parte do processo expiatório, um sacrifício rital, cua descrição, em nove versos, 28 soa como um guia para todas as cerim nias semelhantes, com as atividades de abate, matança, divisão, ornamentação e cozimento da comida discriminadas em séries O ritual é então comple tado com a descrição igualmente cerimoniosa de um banquete e uma execução musical, e então dormir 29 O menestrel relatou o fim de um dia na vida de um grupo de homens segundo um paradigma que, como obseraremos ndadamente, é na sua essência repetido mais tarde, quando descreve o m de um dia na vida dos deuses O todo rma u pequeno idílio, um quadro de cosmes religiosos mas também sociais, ados e conserados no poema épico Dessa maneira, o poema é composto de modo que as situações especícas necessárias a uma história seam reunidas de acordo com os padrões de comportamento típicos São todas agmentos da vida e lembranças do dia tal como é vivido nesse tipo de sociedade Portanto, os personagens, quando falam ou agem, estão constantemente revelando a organização pública do governo político assim como o código privado das relações íntimas entre amigos e inimigos, homens e mulheres, no interior das as e entre elas Assim, Agamêmnon, em seu deseo de car com Criseís, rnece uma oportunidade natural para a inserção de duas descrições que dizem respeito aos mores domésticos Sua recusa original a restituí-la é ampliada da seguinte maneira: Não a liberto, está dito Que em Argos, muito longe da terra Do nascimento á de vela car no nosso alácio, A cmartir do meu leito e a tecer-me trabalos de reço.
O destino estabelecido da concubina está aqui resumio Ela pode ser obtida como um prêmio, cumpre sua tarea de tecer e dar à luz e se torna, com o tempo, a sera doméstica idosa Os versos dizem reseit praticamente ao papel estabelecido da esposa e Agamêmnon, quando cresce seu entsiasmo pelo tema agradável, desenvolve ainda mais a rmula para a condição da esposa A advertência, por parte de Calcas, para devolver a moça só fz incitá-lo a expressar seu deseo crescente de conserá-la Ele agora dá asas aos seus pensamentos e a considera 9
como uma possíel consote Po conseqüência o poeta, pela sua boca, dispõe os pincipais equisitos, os citéios que deeiam oienta a escolha masculina: Na verdade, tomei-me de gosto por Criseís, acima de Clitemnestra, Minha primeira esposa Pois esta em nada excede a Criseís No porte altivo, em beleza e nas prendas vaiadas do sexo
Todaia, uma ez que boa pate do enedo humano da Ilíd ocoe no campo de batalha ou póximo a ele, os mores domésticos são mais claamente egistados quando o poeta passa dessa pespectia paa o Olimpo Desse modo, Zeus, depois de concede uma audiência a Tétis m sua câmaa de conselho, tona paa a sala de janta e: Os demais deuses do trono Se levantaram, saindo ao encontro do pai Nenhum deles Indiferença mostrou e ao saudá-lo, em conjunto, avançaram No trono, então, assentou-se.
O paadigma das maneias à mesa consea os mores de um sistema de aia patiacal, onde os ilhos adultos ainda são subodina dos Um tal sistema social exige de seus homens e mulhees, esposos e esposas, um ethos apopiado a cada sexo que deeá também cono ma-se ao istema como um todo Potanto, quado Hea passa a espicaça seu esposo sobe sua ecente audiência a Tétis, sua esposta está expessa em temos de um paadigma típico: Hera, não penses que podes saber quanto na alma concebo, Pis, apesar de me seres esposa, ser-te-ia difícil Antes de ti, ninguém vem a saber o que é lícito ouvir-se, Nem entre os deuses eternos do Ôlimpos nem mesmo entre os homens Mais do que à parte resolvo ocultar, sem que os deuses o saibam, Averiguar não presumas, nem ças perguntas inúteis
A passagem, no contexto especíico, pode se dietidamente pomposa, especialmente quando se descobe que aquilo que Zeus 96
julgava ter guardado como altamente secreto não é segredo algum Porém constiti igualmente um enunciado geral do papel masculino adequado na a patriarcal, não menos moldado por ser individualmente apro priado Os três primeiros versos da resposta de Hera, cm idêntica ralidade, exprimem uma aceitação dessa convnção estabelecida por Zeus Mas essa aceitação desaparece quando ela revela ter conhecimento do seu encontro com Tétis e o censura por uma decisão que lhe desagrada prondamente O curso da história permite entã que o código doméstico seja infringido. Mas essa infração pode rnecer uma nova oortunidade para afirmá-lo Quando os ânimos se acirram perigo samente, um dos lhos mais jovens inteém, aconselhando sua mãe: Por isso à mãe acoselho por mais que se mostre sesata Que a Zeus coceda o que é apropriado para que ão acoteça que veha De ovo o pai a irritar-se
Nessa elocução, as realidades da situação miliar são resumidas e estabelecidas A fórmula o que é apropriado" é caracteristicamente não só descritiva mas tamém prescritiva E nem admira que uma sociedade como a de Atenas, que numa época tardia conseava os poemas de Homero como um veículo de educação, devesse ter igualmente conser vado o ethos patriarcal até mesmo quando novas condições e circunstân cias poderiam se colocar contra ela Toda a cena doméstica termina então num tom mais ameno quando o poeta pede aos deuses que se sentem para jantar e se divertir Os procedimentos são memorizados como se ssem um ritual um dia na vida d Olimpo termina de modo muito semelhante ao daquele dia que havia visto os heróis devolverem Criseís e em seguida comemorar com banquete e música: Por todo o resto do dia até o sol acolher-se o poete Se baquetearam cado cada um com a porção respectiva Todos prazer ecotravam a lira de Apolo belíssima Quado com as Musas com voz deliciosa alterados catavam
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Platão, descrevendo aqeles campos da atividade mana nos qais Homero proclaara ser o instrtor, avia sado das vezes o vocáblo dioikesis Essa orientação" geral da vida, social individal, partindo da mília para a esfera dos deveres políticos e religiosos, constiti aqilo qe, até agora, vimos desemaraando do texto do Livro 1 da Ilíd. Platão também mencionara a pretensão de Homero de dirigir a edcação no nível técnico 37 Por mais notável e, de to, irrelevante ao papel próprio do poeta qe isso possa parecer aos olos modernos, até mesmo o Livro 1 da Ilíd pode rnecer exemplos do qe Platão poderia qerer dizer Deveríamos obsear em primeiro gar como os cosmes, tal como estão registrados na esfera miliar, religiosa o política, podem por si mesmos mitas vezes transrmar-se nma espécie de técnica Os limites entre o comportamento moral e o comportamento técnico nma cltra oral são bastante tênes 38 Isso é inerente ao to de qe boa parte do comportamento e da postra social tina de ser cerimoniosa o registrada cerimoniosamente, o qe pode dar no mesmo Os procedimentos devem ser obseados e são lembrados como operações compostas de diferentes ações definidas com exatidão, qe devem se sceder mas às tras segndo ma certa ordem Desse modo, qando Aqiles se desva para descrever o cetro da atoridade qe ele lança ao cão, a digressão rnece m exemplo de lei tribal, mas também ilstra ma informação sobre a técnica tribal, simples, evidentemente, mas jstamente por isso exata O cetro deve ser adeqadamente preparado e cerimoniosamente empnado Um exemplo mais claro do modo como nomos e tehne sobrepõem-se está nma descrição daqele sacrifício e os aqes ofereceram a Apolo qando a moça i devolvida O rital é ma operação composta de ações distintas, definidas com exatidão, qe deve se sceder nma determinada ordem 39 A narrativa reqer qe estas sej am postas no pretério Mas a série exprime o efeito de m procedimento cidadosamente generalizado a f de qe sej a imitado com cilidade É m caso de conecimento conservado Uma cltra oral sentia necessidade de ma conseação rital de tais procedimentos Sa memorização e obserância podiam pertencer ao campo de especialistas os sacerdotes e omens santos mas m conecimento geral sobre tais coisas era igalmente dndido por toda a sociedade e ensinado através de todo o poema épico Não srpreende mito, portanto, qe os gregos qe escreveram as primeiras istórias das origens da sa ltra 98
tenam inclido a prática religiosa entre os ocios inventados 4° Falando concretamente, a religião grega era ma qestão, não de crença, mas de prática de clto, e esta era composta de m amontoado cmlativo de procedimentos qe deviam ser exectados abilmente a m de serem cmpridos zelosa, apropriada e respeitosamente Repetindo, então: nma cltra oral, os costmes armazenados da sociedade tendem também a assmir o aspecto de técnicas armazenadas Essa tendência era inerente à vrtosidade qe essas operações envol vam Isso é verdadeiro com relação à prática e mais ainda com relação ao registro da prática Se a moça deve ser devolvida ao templo de se pai, precisa ser transportada em m navio Isso se torna o pretexto para a recapitlação de algns procedimentos operatóios padronizados, ex pressos em qatro diferentes passagens, rmando m padrão progressi vo, como os segintes Agamêmnon está lando relntantentemente concorda com o pedido de qe ele a devolva Oa onvm nau igeia nas ondas divinas ançamos. Os emadoes sem peda de tempo eunamos e as vítimas Logo ponamos a bodo e a donea gaiosa de Cise De beas es. Comande o navio um dos efes do exito.
A palavra convém" recorda aqi a atenção qe Aqiles e Héfestos deram ao qe era apropriado" e conveniente" em exemplos anteriores Tais termos prescritivos são eqüentemente inclídos nos resmos épicos de condta Eles podem aparentemente exprimir a própria consciência do bardo com relação à sa nção didática 42 Até agora temos a proposta de m procdimento Dois versos adiante, sege-se sa execção, descrita em palavras qe repetem os itens da proposta Lança então o Átida nas ondas um bao igeio Paa o qua vinte emadoes já avia esoido e depois ma eatombe Paa o deus mandou paa bodo assim omo a Ciseís De es beas. E então i m apitão o saga Odisseus
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As das passagens rmlares esclarecem vários tos importantes sobre o caráter das comnicações conseadas qando o método de conseração é oral A ordem dos eventos, das ações e dos objetos nas das passagens é idêntica: em primeiro lgar, o lançamento do navio, em segndo, a renião da triplação, em terceiro, a carga é trazida a bordo, em qarto, o passageiro é embarcado, em qinto, o capitão é designado. Pode-se compará-lo com a ordem das operações no sacrifício. Porém a rmla verbal real empregada aqeles tijolos feitos de nidades rítmicas de das o mais palavras qe reaparecem em iêntica ordem e em idêntica localização no verso revela ma variação considerável. Por exemplo, os primeiros versos em cada passagem têm ma estrtra verbal. Os três vocáblos comns a ambos não ocorrem na mesma posição rítmica. Isso demonstra qe a rmla" verdadeira e essencial, em discrsos conseados oralmente consiste nma sitação" global na mente do poeta Ela é composta de ma série de imagens padronizadas qe se scedem mas às otras na sa memória, segndo ma ordem fixa As frmlas verbais serem como o instrmento mediante o qal essas imagens se apresentam. Mas sa sintaxe pode variar, contanto qe se conserem as imagens essenciais. Obserase também qe, qando se relatam procedimentos mecânicos, os recrsos rítmicos empregados para axiliar a memorização podem por si mesmos tornarse mecânicos. A repetição de então e deois possi m certo ritmo de cantiga de ninar. Contdo, até mesmo ao relatar procedimentos mecânicos, m registro dessa espécie não contém instrções tão detalhadas como se esperaria encontrar nm manal moderno. Pelo contrário, o qe se consera é ma reprodção simplficada do qe se passa. O registro constiti ma síntese da experiência, não ma análise. A veiclação de milhares de detalhes especicos à técnica do navegador co ao encargo do exemplo e do hábito assim como da imitação e nnca entro nas rmlas épicas. A lingagem épica, de to, é empregada para presear as técnicas apenas como ma parte da edcação geral Por conseginte, as descções são sempre simbólicas do qe detalhadas. O to de e assim ssem zia, indbitavelmente, parte da objeção de Platão o poeta não era m perito ando a moça é realmente transportada de volta a sa casa, descrevese a chegada do navio em Crise
Logo depois de alcançada a porção mais pronda do porto, A vela amainam deprssa, deitando-a na nau de cor negra, E com soltar as adriças, o mastro ao comprido deitaram Rapidamente e levaram com remos a nau para o porto E a âncora logo sotaram, rmando as amarras traseiras E desembarcaram a praia sonora do mar, E depois disso, a ecatombe sagrada, que a Apolo eicero traiam. E desce, também, do navio velo a donela de Crise.
Os mecanismos verbal e rítmico qe zem lembrar cantigas de ninar estão bastante eidentes e mais ainda no original grego, no qal os vocáblos para vela" e mastro" são assonantes. Os passos no procedi mento reglar estão enmerados com mita clareza. Em primeiro lgar, atingir o porto em segndo, recolher a vela em terceiro, baar o mastro em qarto, remar para a praia em qinto, jogar a âncora na ága em sexto, sair (pela proa) em sétimo, tirar a carga em oitavo, desembarcar o passageiro É assim qe se lida com qalqer naio sob certas circnstâncias, e não apenas com o de Crise Não o chamaremos de digressão, pois é inteiramente relevante ao se contexto, mas constiti, todavia, ma relaxante pasa na narrativa O bardo não se orienta pela organização da arte dramática, no sentido qe damos a esse termo Ele é ao mesmo tempo m contador de histórias e também m enciclopedista tribal. Um otro exemplo ainda do relato de navegação ocorre qando retornam ao acampamento ntão levantaram alto o mastro, prendendole a câdida vea ara dentro das velas soprou o vento, e ao redor da querea a nau, que avança, ressoam ridosas as ondas inquietas Corre veo sobre as ondas, endo o camino do estio E quando, anal acançaram o rte arraial dos Aqueus, A nau veo de cor negra no seco puseram, puadoa Muito para o ato, a areia, rmandoa com paus apropriados odos eto se espalaram por etre os avios e as tedas E
O emprego mecaco e períodos alto" dentro, ao redor de" o estilo de cantiga de ninar
de advérbios no início dos aqi ma ez mais enatiza
Tomando em conjnto as qatro passagens, podemos dizer qe o Livro 1 da Id consera m relato completo e rmlar de carregamen to, embarqe, desembarqe e dscarregamento. Em sma, eis aqi m exemplo completo da tecnologia" omérica, se é qe esta palavra pode ser sada para descrever denições de procedimentos técnicos qe são bastante comns e gerais, mas também demarcados. Se lembrarmos agora a armação de Platão de qe os poetas, segndo o entendimento poplar, detinam o conecimento de todas as técnicas", 46 podemos começar a compreender o qe ele qeria dizer com isso NOTAS 1 ara as acepções co as quais esse teros seria epregao, cf aao, p 112 2 Esse ajetio poe lear a u equíoco quano iplica u ojetio frteente consciente por parte o poeta oral no entanto, é icil escoler u elor Ele é iático por necessiae, as taé e grane parte inconsciente No capíulo 6, oserareos coo Hesí o, anifestano u iatiso consciente, la pelo poea épico oral, e no apenas por si prpo e, no capílo 9, coo, no ostante a consciência que o poeta te e si eso, sua capaciae e ar prazer te oae sore seu eer e instir 3 Jacoy p 138) é origao a recoer a inúeras siplificações e notaço arginal para istinguir o que pensa sere ários tipos e ersos inautênticos e Hesí o, coo por exeplo, inteolações antecipaas, iteolações atrasaas e passagens oificaas Mas se o aterial e Hesíoo é "a eraça acaia a poesia oral Notopoulos, Hesea 29, 177 ss), ento os parões letraos a coerência no poe se aplicar a ela cf aaixo, cap 7, n 7 4 Vero 66; sua "autenticiae er nota anterior) é irreleante para os nossos ojetios 5 Van Groningen, p 11 e notas 3 e 6 ms quer izer os costues, que se tornara lei e regulaento ao contrário e tesms, que, arguenta ele seguino Erenerg, ostra u esenoliento oposto) 6 Esconerijos e aniais 525 esconerijos uanos 7 222 escoerijos ou áitos uanos aíguo) 137, 169 7 7 388 276 8 Tegia, 100101 9 C acia, cap 1, n 30
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10. Verso 99. 11. 123 ss 12 234 ss 13 277 ss 14 525 ss 15. 78 ss 16 80 ss 17. 5. 18 Por conseguinte, o aoristo gnmico"; é necessário u m contexto d e narrativa para objetivos mnemônicos (abaixo, cap 10) e narrativa, por denição, é pretérito"; cf Van Groeningen, p 19 , que argumenta que, para os gregos, a certez objetiva somente pode ser encontrada ali" (isto é, no pretéito) A meu ver, no entanto, essa preferência pelo pretérito é no ndo uma preferência pelo concreto e, portanto, chamar o aoristo mais abstrato" (ibid.) é inverter as prioridades corretas 19. Versos 9-11. 20. 22. 21. 13-14 e 28. 22. 21. 23. 35-41. 24 . 62-67. 25. 69 ss 6. 76-79, 89-90. 27. 455-466. 28. 459 s; cf abaixo, n 39. 29 467 ss 30 29-31 . 31 . 113-11 5; cf 9341-342 32 533 ss 33. 545 ss 34 577 ss 35 601 ss, e acima, n 29 6 Rep 10 599c8, 606e3.
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37. 598e, 599c ss. 38. Cf. Od 3.21 ss. 39. O estimulante artigo de Richardson obsera (pp. 52-54) como essa regra aplica-se não apenas à passagem em questão, mas a suas contrapartidas em I2.42 e Od. 12 .359 e também às "cenas de armaento em I.3 .328 ss. , 1 1.17 ss., 16 .131 ss., 19.369 ss. (sobre o armamento como uma "tecnologia homérica, c A. As rã 1036). As orientações para navegação (abao) mostram uma organização semelhante. Cf também cap. 8, n. 6 e cap. 15, n. 44. 40 Ésq. P.A 44 ss. 41. 141 ss.; a passagem é apontada por Richardson, loc. cit, mas não as outras três que a complementam. 42 Cf. também a rmula (Tv) 8éµtç foitv. 43. 308 ss 44. 432 ss 45 480 ss. 46. Rep 598e.
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POEMA ÉPICO COMO GISTRO RSS POEMA ÉPICO COMO NATIVA
O letor lembrará osso peddo para sspeder se jlgameto eqato a Id era, por assm der, vrada de cabeça para baxo e vêla, em prmero lgar, ão como ma obra de veção poétca, sto é, como ma obra de arte, mas como ma espéce de maal em verso As coclsões, qado examamos o Lvro I como ma amostra, estão agora date de ós Tomado soladamete os prmeros cem versos, separamos cerca de cqüeta e deticamos se cotedo como ddátco, o setdo de qe lembram o memoram ações, attdes, jíos e procedmetos típcos ado se acmlam, começam a soar como m relato cotío daqela soceade à qal o bardo drge sa arratva, mas m elato esboçado também como ma sére de recome dações Essa é a maera pela qal a socedade ormalmete se comporta o ão) e ao mesmo tempo a maera pela qal ós, ses membros, qe rmamos o pblco do poeta, somos estmlados a os comportar. Não há cesra a arratva matémse imparcal Mas o paradgma do qe seja a prátca estabelecda o o setmeto aproprado é cotamete apresetado, em oposção ao qe pode parecer comm o mprópro 10
e cessivo o imprdent Qanto à própria invenção do bardo, ela provavelmente se mostra mais qando ses personagens se afastam do nomos e do ethos estabelecidos do qe ao se conformarem a eles Em sma, qando Hesíodo descreve o contedo do canto das Msas como nomoi e ethe, está descrevendo o poema épico, e a concepção platônica da nção de Homero, tal como a pretendida por Homero e a ele atribída z sentido Ele é, na verdade, ma enciclopédia da idei grega, o, qando menos, omérica É ma poesia de comnicação conseada, e o qe deve ser conserado deve ser típico Tentemos, à maneir de Hoero, três diferentes comparações para ilstrar como o material desse tipo de poesia oral é compost Podemos falar da epopéia como m rio cadaloso de cantos Levado e condzido nesse cadal á m vasto amontoado de sbstâncias retidas qe, ao mesmo tempo qe colorem as ágas, são também por elas sstentadas Essa comparação é imperfeita na medida em qe sgere ma distinção qalitativa entre o rio, com se poder de descrição narrativa, e a enorme massa de informação, de prescrição e de catálogo, cjo movimento depede do poder da correnteza, mas não constiti em si mesma parte daqele movimento Sponamos, portanto, ma segnda comparação, a de m complexo arqitetônco desenado, posto em escala e constrído, cjo eito, no entanto, depende da qalidade das pedras e da madeira, do tijolo e do mármore tilizados em sa constrção As cores e as rmas desses mateiais zem parte do eseno geométrico como m todo e le dão vida Esta comparação é melor, n medida em qe indica qe o relato conno de Homero não é algo qe ele encaxo artcialmente na sa narrativa, mas sim ma parte essencial e inerente ao se estilo É difícil para ele dizer algo sem aí inndir algm matiz típico Todaia, precisamos de ma terceira comparação qe descreva a exatidão da visão segndo a qal esses elementos típicos estão organiza dos Eles não são indferenciados como os tijolos, argamassa e pedra E contdo a visão é menos indidal do qe típica Homero não invento pessoalmente esses modos de coletar os costmes e os ábitos Se relato dessa sociedade deve ter sido compartilado por todos os bardos, não obstante, sem dvida algma, em diferentes níveis de virtosidade Ele não cio esse código, nem pode alterar sa cor geral, impondole ma visão pessoal, exceto dentro de limites restitos Pensemos nele, portanto, como m omem qe vive nma casa grande, abarrotada de mobiliário, neces106
sário e primorosamente entalado Sa tare é abrir camino através da casa, tateando e sentindo a mobília à medida qe anda e relaando sa rma e texra Ele escole camino sinoso e vagaroso qe, no decorrer da descrição de m dia, le perita tocar e pegar a maior parte do qe á na casa O camino qe ele escole terá se próprio objetivo Isso se transrma nma istória e representa o máximo a qe ele pode cegar da pra invenção Essa casa, esses aposentos e o mobiliário, ele próprio não os fez: deve contína e atenciosamente evocá-lo à nossa memória Mas, à medida qe toca o pega algo, ele pode lstrar m poco, tirar m poco de pó e talvez zer peqenos rearanjos, segndo sa vontade, embora dentro de algns linites Apenas no qe se refere ao camino ele exerce ma escola decisiva Assim é a arte do menestrel enciclopédico, qe, à medida qe relata, rearma igalmente a organiza ção social e moral de ma cltra oral Nisso, a nosso ver, está a pista para aqela nobreza singlar qe os críticos constantemente reconecem na poesia omérica Para algns tradtores, a nica reação possível tem sido tentar zer versões na lingagem do Velo Testamento da tradção do Rei James Otros, com ses dedos no plso da modernidade, sentiram-se igalmente tentados a afastar-se, tanto qanto possível, do estilo grandioso, a m de tradzir Homero para a lingagem do discrso moderno Ambos os tipos de versão representam algm inevitável meio-termo entre o acass e o êxito, mas o primeiro pelo menos revela ma consciência daqilo qe em Homero é nico, isto é, ma visão enciclopédica, com a qal se combina ma aceitação integral dos mores da sociedade, assim como ma ilia ridade com sas frmas de pensamento e m apreço por elas Homero é praticamente o mais próximo qe a poesia pode jamais cegar de m relato sbre o normal jstaposto ao anormal Descrever se estilo como elevado é empregar ma metáfora medíocre Se poder deriva de sa nção, e sa nção não o eleva verticalmente dos talentos dos omens, mas o estende orizontalmente, para além dos confins da sociedade para a qal ele canta Ele aceita prondamente essa sociedade, não por escola pessoal, mas por casa de se papel ncional como se escrivão e gardião Ele é, portanto, imparcial, não tem nenm macado para amolar, nenma visão inteiramente privada A mobília n casa pode soer algns rearranjos, mas não se pode prodzir ma nova mobília ando pergntamos: Por qe então ele não é entediante? Deveríamos 107
responder talvez qe ele o seria se exectasse essas nções como m poeta letrado qe escrevesse para leitores Mas é m poeta oral qe copõe segndo certas leis psicológicas qe eram nicas, qe literalmen te dexaram de existir, ao menos na Eropa e no Ocidente Platão demonsto ter ma consciência agda dessa psicologia até mesmo qando procro elimná-la Mais adiante, precisaremos retornar a isso e examinar os mecanismos psíqicos qe esse tipo de poesia i obrigado a explorar, assim como o tipo de consciência qe ela alimentava Entre esses poetas, o gênio sperior pertenceria àqele qe pos sísse m controle sperior da arte da pertinência Com ma parte da sa atenção concentrada na sa narrativa, ela própria parcialmente tradicio nal, embora receptiva à invenção, a parte maior e mai inconsciente da sa energia estaria empenhada em colocar a narrativa nm contato contíno com a organização social geral anto maior a qantidade de aspectos da organização, mais rica se torna a mescla narrativa anto mais adeqada e cilmente a organização é controlada pelo contexto da narrativa, mais ente parece ser o resltado e mais dramático o eito Continamente, portanto o talento sperior de m poeta pode empregar a organização em dois níveis, não só como m relato geral mas também como m meio de prodzir m efeito especial, m certo parlelo o oposição realçados em ma determinada sitação específica Analisamos a dscrição feita por Aqies do cetro da atoridade como ma digressão qe interrompe o implso da sa ira No entanto, também é verdade qe o ovinte, ao ovi-lo descrever esse ramo de árore qe não orirá novamente, pois torno-se algo diferente, captaria m tom de pertinência a separação entre o ramo e a árore é irrevogável, assim como o desligamento de Aqiles com relação a sa própria corporação original do exrcito Uma pare do relato transrma-se nm recrso dramático Todavia, é característico de toda a tendência da ctica moderna qe o componente do relato seja ignrado e o componente do artcio seja exagerado Nossa concepção de poesia não tem lgar para o ato oral de relatar e, portanto, não leva em conta as complexidades da tare de Homero A criação artística, no sentido qe damos ao termo, é algo mito mais simples do qe a declamação épica e implica o afastamento do artista com relação à ação política e social Se se tratasse aqi de m ensaio sobre a crítica homérica somente, talvez não se devesse optar por tomar partido entre sas nçes enciclopédicas por m lado e, por otro, o talento 108
artístco com o qal ele tece se relato nma hstóa Este ltmo pode ocpar a posção de aspectos smltâneos do se gêno como m todo harmonoso Porém o qe estamos bscando aq é ma fnaldade qe não é homérca e qe se torna cada vez maor e mas opressva caso seja esta a palavra à medda qe Homero é gradatvamente dexado para trás É a bsca platônca de m pensamento e de ma lngagem não-homér cos e no ontexto dessa bsca o qe é maxmamente mportante qanto a Homero é o qe Platão dz sobre ele: na sa época e por mto temo depos ele era o prncpal pretendente ao papel de edcador da Gréca Platão não analso ele própro as razões hstórcas desse to Procramos rnecê-las medante o ponto de vsta segndo o qal Homero sera o representante daqele tpo de poesa qe deve exstr nma cltra de comncação oral na qal para e m enncdo tl" seja hstórco técnco o moral sbssta nma rma mas o menos padronzada é absoltamente necessáro qe esteja na memóra vva dos membros qe compõem o grpo cltral Portanto do nosso ponto de vsta nesta nvestgação o poema épco deve ser consderado em prmero lgar não como m ato de cração ms como m ato de lembrar e recordar Sa msa protetora é com efeto Mnemosin, na qal está snbolzada não meramnte a memóra consderada como m fenômeno mentl porém mas exatamente como o ato global de lembrar recordar comemorar e memorzar qe se realza no verso épco Para m escrtor romano a Msa podera representar a nvenção aplcada tanto ao contedo qanto à rma Mas nas descrções anterores de sa habldade no período arcaco e no age do classcsmo da cvlzação grega não é sso qe se enfatza A hstóra da nvenção pertence mas propramente à esfera do logos qe à do mythos delagrada pela bsca prosaca de ma lngagem não-potca e de ma defnção não-homérca de verdade Ora se a palavra adaptada e a comncação relevante pdessem sobrevver apenas na memóra vva a tare do poeta não era smples mente relatar e recordar mas repetr No campo crcnscrto pela repet ção podera haver varação O típco pode ser rearmado dentro de m âmbto bastante extenso de rmlas verbas Uma encclopéda escrta ao contráro dvde se materal em tópcos e trata de cada m deles de manera exastva com m mínmo de repetção Mltplas versões do qe é conhecível" são recortadas e redzdas a monótpos O regstro oral reqer exatamente o procedmento oposto e os ntérpretes letrados 109
qe não treinaram sa imaginação para entender a psicologia da conser vação oral irão, correspondentemente, dividir, recortar e amptar as repetições e variantes de m texto de Homero o de Hesíodo para conformar o texto a procedimentos letrados, nos qais as exigências da memória viva não mais são importntes 6 A metára qe descreve Homero como ma enciclopédia tribal é na verdade imprecisa qando empregamos o termo enciclopéia naqele sentido livresco qe le é próprio Isso porqe Homero constantemente rearma e retoma o nomos e o ethos da sa sociedade, como se, de m ponto de vista moderno, não estivesse segro da versão correta Com efeito, aqilo de qe ele está mito segro é o código geral de comportamento, cjas partes ele contina trazendo à baila em centenas de contextos e com centenas de variantes verbais Esse ábito de variação do mesmo" é ndamental à poesia de Homero e trai aqele princípio original da sa prodção, analisaa pela obra posterior de Milman Par. A técnica oral da composição em verso pode ser vista como a qe se constrói mediante os segintes recrsos: á m padrão pramente rítmico qe permite qe versos scessivos de poesia de etensão temporal padronizada sejam compostos de partes métricas intercambiáveis 7 em segndo, m enorme sprimento de com binações de vocáblos o rmlas de extensão e sintaxe variáveis compostas ritmicamente para qe se ajstem a partes do verso métrico, mas qe, por sa vez, sejam também compostas de partes métricas intercambiáveis dispostas de odo a qe, tanto pela combinação de diferentes rmlas qanto pela combinação de partes de diferentes rmlas, o poeta possa aterar sa sintaxe sem alterar se ritmo Se talento artístico como m todo consiste, esse modo, nma distribição t de variáveis, nas qais, todavia, a variação é mantida dentro de limites estritos, e as possibilidades verbais, embora extensas, são, em ltima análise, finitas O, para falar de m ponto de vista semântico, podemos dizer qe as possibiliades e variação do signiicao, de alteração do ennciado, no nal das contas, são igalmente finitas Essa nitde corresponde à aqele padrão de nomos e de ethos qe o poeta recorda sem cessar A virtsidade essa ténica em Homero é espantosa e explorá-la ainda mais pode ser eseticamente prazeroso Porém, em nosso presente contexto, a técnica é levaa em conta por m nico motivo bastante 110
primário Qal era a motivação psicológica qe impelia se desenvolvi mento por pae dos meneséis egos? A ctica oméca procro respon der a essa pergnta dentro dos lites da noção modea de poesia como m ato de invenção Ignorando o mobiliário da casa, tendemos a concenar nossa atenção integralmente na ajetóa naativa qe o poeta toma qando abre co aavés dela Conseqüentemente, a técica mlar épica tem sido considerada qase exclsivamente como m aio à improvisação poética, como m afício qe peite ao poeta continar sa naativa com cilida de Na verdade, porém, ela nasce como m arfício de memozação e de regiso o elemento de improsação é teiramente secndáo, assim como a invenção pessoal do menesel é secndáa para a cltra e costmes poplares qe ele rela e consera A idéia de qe poema épico grego deva ser considerado como m ato de improvisaço, isto é, de ma invenção limitada mais rápida, tem sido axiliada não apenas pelas idéias modernas do qe esperamos do p oeta, mas também pelas analogias modernas tiradas da poesia oral dos Bálcãs e da Eropa Oriental0 método comparativo empregado aqi, qe parece tão segro e cientíco, fi na verdade orientado por ma pressposição qe não é cientca Ele mistro das sitações poéticas inteiramente diferentes, a do campesinato balcânico e a da classe gover nante omérica Pertencia à essência da poesia omérica representar na sa época o nico veíclo de comnicação importante e signicativo Portanto, ela devia celebrar e conserar a organização social, o mecanis mo administrativo e a edcação para liderança e controle social, para empregar a palavra de Platão Não se trata apenas do to de qe Agamêmnon, por exemplo, caso qisesse renir ma ota em Ális, poderia ser obrigado a obter sas diretrizes organizadas em verso rítmico para qe pdessem permanecer inalteradas na transmissão Esse mesmo verso era essencial ao sistema edcacional do qal a sociedade toda dependia para sa continidade e coerência Todo o comércio pblico dependia dele, todos os trabalos orientados por normas gerais O poeta era antes de mais nada o escriba, o erdito e o jrista da sociedade, e somente nm sentido secndário se artista e omem de espetáclos Mas em países onde a técnica oral sobrevive ela não é mais essencial a sa cltra As analogias modernas tiradas dessas sobrevivên cias de bolso, exemplcadas na Igoslávia o na Rssia, ignoram o to vital de qe as tividades ndamentais de governo e da liderança social 111
nos píses eropes drnte séclos zerm-se por escito O clsse dirigente fi letrd, o comndo ma orgazção letrd concentrda ns principis ciddes. O cntor, portnto, torna-se primordilmente m omem de espetáclos e silrmente ss rmlas estão destindas à improvisação fácil, e não à conseração de ma trdição mgisteril Ms as de Homero erm extmente o oposto Nels se encvm tanto a lei qnto a istória, religião e a tecnologia conecidas n sa sociedde S arte, portnto, er essencial e ncionl como nnc mis o i desde então Ela desfrtv de m domínio sobre edcção e sobre o governo qe se perde logo qe a lbetização i posta à disposição do poder políco O ppel do cantor blcânico encole e se redzi, á mito tempo, à condição de m contdor de istóris. Em épocs de clidde e perrbção, ses tems ptrióticos poderiam zer reviver brevemente lgo do se ntigo prestígio com líder e mestre da sociedde Ms esse fenômeno é temporário A lidernça normalmente reside em otro lgr A experiência elênica, em sm, não pode ser reprodzida n Erop moderna Aqel experiência vi sido de m poesi qe, qndo er ncionl er tmbém mgisteril e enciclopédica. A cegd da albetização mdo os pocos s coiss. O tetro, té mesmo à época de Erípides, tomo pr Atens algms ds nções e retee lgns componentes básicos do qe podemos cmr de estilo ncionl de prefrênci o mermente rmlr). As relções polítics e moris consi derds apropriads n sociedde continm ser ennciads e repetids em arismos, provérbios e prágrafs, e em sitações típics. À medid qe nsce crític da sociedde e qe o rtista começ lent e percep tivelmente a seprr-se o se relto, té mesmo crític inda tem de tomr rm da jstposição daqilo qe prece constitir contrdições no interior dos nomo e dos ethe Esss ntíteses, por s vez, são ind ennciadas como padrões lterntivos de comportamento e encxds em termos convencionais O rtist aind não pode exprimir nenm credo próprio especíco e pessol. O poder de zê-lo é pós-pltônico. Desse modo, até mesmo linggem de Erípides está entrelç d, nm gr notável, com s convenções do pronncimento orl. Com o vanço da lbetizção, o estilo cerimonial perde s nlidde ncional e, por conseginte, se pelo poplr, mas, por volt do séclo V, o ppel do poet como enciclopedist d sociedde ssim como
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nção do se discrso rmlar como veíclo da tradição cltral permanecem distintos e importantes NOTAS 1 . C Adam Parr (p 3): "O caráter rmular da linguagem de Homero signica que tudo no mundo é regularmente regularmente apresentado como todos todo s os homens homens comumente o percebem O estilo de Homero entiza constantemente a atitude estabelecida com relação a ada coisa no mundo e isso produz uma grande unicidade de experiência 2. Uma vez suprimido o papel estritamente ncional da poesia oral do centro da perspectiva crítica cresce a tentação de distinguir em Homero "ceros componentes originados da terminologia corrente de artesãos soldados marinheiros trabalhadores do campo vendedores e outros do "material que rovo rov o dos róros róros otas, o produto inspirado da imaginação e da arte Richardson p 56. Griei as palavras que revelam a base dessa lácia 3 . Abaixo cap ? n 6. 4 Abaixo cap 7 n 19. 5 Mas ainda não "conhecível ou "conhecido no sentido platônico; c abaixo cap 12 6 Abaixo cap 7 n 19 7. Abaixo cap 9 notas 2 3. 8. A "Mnemosine de Notopoulos embora mencionando que os poderes da Deusa da Memria de esíodo têm relação com a "utilidade (p 468) acrescenta todavia (p 469) que "muito mais importante na poesia oral é o uso da memria como um instrmento no processo de criação 9 . Od 1.3512 i citado como prova do contrário 'v y 8 µÃov E Eo o ãvw ãv wo o 'Ç ' Ç óv' óv'Ecc Ecc VE'' VE' ' É' É'at at Alcman I µÉOÇ VEOXµV XE aoÉVOÇ ÔV (Sth p 174). VE'' contudo reere-se ao que é "mais recente no tema (a saber os osto, em oposiço guerra que precedera versos 326327) e não "novo na invenção O poema lico por outro lado que na sociedade oral desrutava
de uma vida emera e não carregava o mesmo rdo didático estava menos sueito proibição de invenção 10 Isso para não levar em conta o benecio ndamental para os estuos homéricos a que deram origem as pesquisas de Milman Par continuadas e completadas por Albert ord ord além disso trabalhando com materiais
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balcânicos pode esclarecer que "a estabilidade da históia essencial que é a nalidade da tradição oral (p. 138 uma estabilidade que é temtica e que ele vem a demonstrar dentro de Homero (cf. pp. 14-152. 11. Abaxo cap. 6 e cap. 7 notas 19 20. 1 2. Myr Myres p . 2 3 : "Na " Na histó história ria medi mediev eval al e moderna moderna essa es sa espécie de memór memória ia popular de eventos não te muita importânci sendo tdas as ocorrên cias principais estabelecidas por documentos contemporâneos ociais ou não . . . . Lord (pp. 1 54-1 55 55 cita ci ta o exemplo instru instrutitivo vo do poeta grego grego moderno Makriyannis cuja obra escrita (por oposição a sua poesia oral oi suscitada pela reação a uma elite letrada e pelo desejo de ascender de um estrato estrato social s ocial inerior inerior a outro superior. Ee acresce a crescenta: nta: "O abismo entre o cantor oral e o artista criador era não apenas grande mas prondo na época de Ma kriyannis. Na de Homero pelo contrário o cantor oral era um artista criador. 13. Adam arr (p. : "Nem "Nem Homero pois poi s na n a sua própa pess pe ssoa oa como narrador narrador nem os personagens que ele dramatiza podem lar outra linguagem senão aquela que reete os ndamentos da sociedade heróica.
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6 A POESIA EM HESÍODO
O jízo de Patão sobre Homero e os poetas como m veíco a edcação grega é determinado pea sa própria sitação Ee está pron damente preocpado com ma crise contemporânea, e com razão, pois sa intenção é sbstitir ee próprio aos poetas No contexto das neces sidades em crso, bastavahe identificar o pape nciona anterior da poesia po esia de maneira ineívoca e enérgica, a m de rejeitá-o como m perigoso obstáco ao progresso inteecta Ee não fez a pergnta histórica: Hove agma vez circnstâncias nas ais essas exigências ssem adeadas e pertinentes? Sem sombra de dvida, ee tinha certa percepção da história, o dicimente teria insistido tão categoricamente no pape didático de Homero na sociedade grega nem teria também reconhecido corretamente e essa exigência não estava circnscrita ao poema épico Apesar dessas restrições, a expicação permanece como a primeira e, de to, nica tentativ tentativaa grega grega de articar consciente e caramente o to ndamenta do domínio exercido pea poesia sobre a ctra grega Isso não signi signica ca e os primei primeiros ros poetas partic partica arme rmente nte Pínd Píndaro aro não 11
ovesse anifestado sas próprias pretenses didáticas Pode-se dizer qe Platão i o prieiro a estabelecer o to de qe essas pretenses tina alcance geral. Todavia ele avia sido antecipado ito tepo antes por dos poetas poe tas.. Foi Hesíodo qe vindo logo após Hoero tento t ento pela priei prieira ra vez ennciar coo o enestrel via a si próprio e qe significado tina sa prossão Se retrato coo poderíaos caá-lo da prossão deineado deineado co a certa virt virtosidade osidade te te contorno contorno qe q e correspon de àqelas pretenses e vor da poesia relatadas por Platão De to Hesíodo no início e Platão perto o da grande transição dos ábitos da conicação oral para a albetizada rnece explicaçes da sita ção poética po ética qe se copleenta Retroativa Retroativaente ente o lóso adota a a visão coplexa e tabé ostil da relação do bardo para co a sociedade. O poeta de Ascra aspira igalente por razes particlares a expriir essa relação as para ele o relacionaento é conteporâneo e os nicos recrsos disponíveis para exprii-lo são eles próprios poéticos e sibólicos e a nica atitde possível é a do proselitiso Hesíodo defende e descreve a prossão qe era a sa e co orglo inteiraente jstificado na época e qe sa execção ainda não constitía anacroniso. O veíclo alegórico escolido para essa finalidade é aqle Hino às Muss já encionado n capítlo anterior e qe aparece coo precio à sa Teogoni Daos-le a denoinação de ino porqe é ito ais do qe a invocação e sa elaboração perite a presspo sição de qe esse poea de 10 versos é concebido segndo o espírito dos Hinos homérios qe enqanto celebra o nasciento odo de vida e prerrogativas de a divindade tabé rnece efetivaente a denição da sa nção no ndo dos oens. Aqi a divindade e qestão são as próprias Msas. Isso dá arge a a inerência qanto à intenção e ao objetivo do poeta ao copor o poea. A Hoero e por dedção aos poetas épicos qe o avia precedido bastava apenas invocar a Msa coo sposta nte do se poea. Mas se Hesíodo tabé deseja celebrar detaladaente as Msas coo poderia tê-lo feito co relação a Apolo o a odite isso o distinge coo tipo bastante especial e ais atoconsciente de poeta. Ele escole coo se tea a nte o o protetor da própria
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poesia. Se tomou como empresa denir as prerrogativas e nções do seu potetor, sua intenção, na verdade, é tentar denir sua própria prossão. Eis por que seu Hno às Msas torna-se o primeiro documento que possuímos da concepção que o menestrel grego tem de si mesmo e do seu papel na sociedade, do tipo de de coisa que se esperava esperava que ele dissesse disses se e do tipo tip o de atuação que deveri deveriaa ter te r ao dizê-la. dizê-la . As Musas, Musas , quando quando cantam cantam e dançam, em seus versos, são as representantes epônmas dos próprios poetas. Se ensinam história e profecia, se prescrevem moralidade, dão ordens e zem julgamentos, isso também trai a própria nção do poeta no palco contempoâneo. Mas será verdade que que as Musas de Hesíodo Hesí odo representam representam uma poesia poesi a comum? Ou serão, pelo contrário, apenas uma projeção de seu próprio tipo pessoal de poesia? Não serão siplesmente suas próprias musas as representante representantess de uma escola escol a beócia de poema p oema épico didát didático ico,, que ele ou esposara ou ndara? Essa concepção é amplamente compartilhada por eruditos e utiliza o hábito helenístico de classicar a literara pritiva por gêneros, exatamente como a losoa primitiva fi classificada em escolas. Trata-se de uma concepção que carece de perspectiva histórica. Em primeiro lugar, ela ignora o caráter pan-helênico da técnica épica nos séculos III e I Por enquanto será o bastante examinar a hipótese de ue as Musas de Hesíodo são as Musas de todos os poetas épicos e a tese de que a exposição por parte de Hesíodo do lugar da poesia na sociedade de sua época praticamente corresponde às suposições acerca da poesia ue Platão ainda sustentava mais de 2 0 anos depois. Homero simplesmente evocou a Musa que é gurativamente responsável por tudo que ele diz. Com efeito, Hesíodo pergunta Quem é a Musa? O que ela z exatamente e como? O que significa: O ue estou zendo e como? Quando ele pergunta e responde resp onde a essa questão, qu estão, começa ele próprio a transcender o objetivo e a concepção épica. Ele marca o início de uma grande transição. Passou a denir aquele conteúdo e objetivo obj etivo da poesia de que nenhum dos menestréis orais se dera conta. Portanto, é um indício do seu ligeiro progresso conceitua! com relação a omero que seu próprio verso, embora ajustado inteiramente às conven ções ormulares e verbais do poema épico oral, comece a reduzir a narrativa a um mínimo Hesíodo não é ndamentalmente um contador de histórias, mas alguém que lembra e descreve. Ele não inventa uma viagem por entre a prosão de mobiliário na casa, no curso da qual 11
continua mas acidentalmente manuseia as peças Ele tenta dispensar nteiramente a agem para reunir uma espécie de catálogo do mobiliário Voltase mais diretamente para o mobiliário, isto é, para a organização tanto histórica quanto política e moral da sua sociedade. Esse objetivo nãohomérico, que pareceria requerer um novo nível de esrço pros sional, pode ser visto como concomitante ao seu novo impulso para definir o conteúdo do poema da Musa, em vez de meramente pressupor sua inspiração Se a narrativa épica ncionava como o registro de uma cultura, podemos dizer que i Hesíodo quem se tornou consciente do fto, e isso o fez reletir sobre qual era realmente o papel do poeta. O poema oral i o instrumento de uma doutrinação cultural, cujo objetivo objetivo nal era a conseração da identidade do grpo. Ele i o escolhido para esse apel porque, na ausência do registro escrito, seus ritmos e rmulas rneciam o único mecanismo de recordação e reutili zação. Esse evento tecnológico, ao qual Platão é alheio, é intitivamente perceptível na alegoria de Hesíodo. Seu hino, como todos os hinos aos deuses, deve celebrar o nascimento do deus. O próprio nascimento constitui um articio para nomear a ascendência dos deuses para, por meio dela, simbolizar a relação do deus com os outros membrs do sistema olímpico. Conseqüentemente, quando Hesíodo louva as Musas, celebra seu nascimento e as identfica como as filhas de Mnemosine C omo dissemos disse mos,, o vocábulo grego grego signi signica ca mais mais do que apenas apenas memória. Ele inclui ou implica as idéias de recordação, de registro e de memoriza ção. Mediante essa ascendência alegórica, Hesíodo aponta os motivos tecnológicos para a existênc existência ia da poes po esia ia ela descreve descreve a nção das Musa Musa . Elas não são as lhas da inspiração ou da invenção, mas basicamente da memorização. Seu papel ndamental não é criar, mas conserar. Seu outro ascendente é Zeus. No sistema alegórico de Hesíodo isso é igualmente importante. importante. Ele simboliza o to de que o domínio domínio das Musas é aquela ordem política e moral que, sob Zeus, veio a ser estabelecida. É isso que elas celebram. É isso que a própria poesia celebra. Para confirmar essa interpretação, podemos passar para a principal parte da Teogoni a fim de analisar o plano do poema. Ele narra os sucessios estágios na história do mundo sob a rma de sucessivas gerações nas as do deuses. Em primeiro lugar vem uma série de divindades, a maioria das quais simbolizam claramente alguns dos aspectos ndamentais do mun do sico existente; elas consistem em Terra, Céu, Noite, Dia, Montanhas 118
e Maes7 Da uao da Tea com o Céu nascem os Uânidas", uma eunião mais heteogênea de ças e monstos pimitivos, mas ente os quais se encontam duas deusas, símbolos da condição cultual humana Elas são Pecedente (emis) e Memóia (Mnemosine) Elas apaecem juntas e a coincidência pode não se casual Não i na Memóia, a tua mãe do cancioneio, que Pecedente i guadada? Se pecedente simbo liza aquele eseatóio de decisões legais, pomulgadas e conseadas oalmente, que am guadadas, diz Aquiles, pelos diksoloi que mpunhavam o ceto 10 O eino de Onos (Céu) i substituído pelo de seu lho, Conos, e este, po sua vez, cedeu-o a seu lho, Zeus Sob Úano e Conos, as dezenas de divindades geadas simbolizam pincipalmente (emboa não exclusivamente) os incontáveis fenômenos do ambiente sico pesente tov tovões ões,, aios, aios , ios, font fontes es,, vulcões vulcões,, teem teemotos otos,, tempestades, vent ventos os e outos semelhantes Há muitas disputas ente esses elementos, muita violência e discódia, até que, sob Zeus, 11 uma vez instituído seu pode, estabelece-se um einado de paz e elativa hamonia Isso é peguado nos sucessivos acasalamentos de Zeus e sua conseqüente pole Um gupo 1 2 destes see paa codica, emboa não completamente, o sistema olímpico de pesonalidades encontadas em Homeo Leto gea com ele Apolo e temis; Hea gea com ele Hebe, es, Ilítia e Héfestos; Atená nasce dele mesmo Mas há uma outa séie de alianças contaídas po Zeus que, como no poema pecedem o sistema olímpico, também têm pioidade no pensamento do poeta Ele diz o seguinte Zus, rei dos deuses, prieiro esposou Astúia (Métis) O fruto deve ser Atená, as seu nasimento é adiado Em segundo lugar ele desposa Preedente (Temis) Os frutos ra as Horas, Eqüidade, Justiça e Paz e os três Destinos ou Pares (Moiras) E tereiro ele desposa eioGrandeDomio Os frutos ra as três Graças, isto é, Esplendente, Agradábil e Festa Aglaia Tália e Eusina E quarto ele desposa Deéter Sua la Perséne é dada por Zeus a Hades. E quinto, desposa Mneosine Seus frutos se tornaram as Musas
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Nesta relação, a alegoria da morte e do renascimento, de Hades e Perséne é uma intrusão, porém compreensível Ela celebra um to ndamental da condição humana Essa mesma condição está sioliza da no aspecto político, social e moral dos quatro outros casamentos com quatro esposas Duas destas, como vimos, são lhas da erra e do Céu a s duas outras outras são sã o netas netas Estas e sua prole celebram e m termos termos gregos gregos os elementos da vida civilizad o uso da inteligência humana para criar ma ordem política estabelecida a fim de usufruir de seus frutos no entreteni mento, na busca da beleza, nos adornos renados e na graciosidade A morte pode, para o indivíduo, pôr fim a essas coisas Porém, assim como o ciclo das estações começa novamente e produz inevitavelmente a colheita anual, também na poesia (as Musas) o registro e a recordação (Mnemosine) da vida do homem sobrevive O contedo dessa relação é exatamente aquela ordem política e moral que acabou de surgir dos três primeiros casamentos A nosso ver, essa é a intenção do poeta ao construir dessa maneira maneira a sua relação relação Isso porque a poesia po esia pode alançar alançar também o iclo da morte e do próprio nascimento, de Hades e Perséfne Em suma, a alegoria pode atribuir à poesia exatamente aquele papel ndamental na preseração da cultura grega que Platão rejeitaria O ontedo do poema das Musas é enciclopédico sentenioso, com preendendo a ordem que emana do próprio Zeus Fizemos essa dedução com base não tanto nos enunciados explíitos quanto no odo como ele dispôs esses enunciados para sugerir uma interconexão A passagem está situada próximo à conclusão do poema Um padrão semelhante de indício é pereptível pereptível numa passagem passag em 4 situada quase no início do oema Na verdade, as duas passagens, uma próximo ao m, a outra, d iníio da Tegoni, empregam uma referência omum, pois ambas celebram o nascimento das Musas Musa s , e na primeira, primeira, que ocorre no Hino, isso se z om certo cuidado Depois de nascidas, são desritas, assim omo sua morada e sua araterística, que é elebrar as leis e os hábitos de todos (deuses e homens)" Em seguida, dirigem-se ao Olimpo, para cantar diante de Zeus O modo de sua atuação é descrito com certa virtuosidade Agora Zeus", continua o poeta, reina no éu" Tendo consigo o rovão e o raio amante, Venceu no poder o pai Cronos e aos imortais Bens disribuiu e indicou cada honra 120
O adão de sugesão como chamamos é o seguine: no m do oema Zeus ndou seu eino sueando as éocas ubulenas aneio es; ele enão cia os cosmes civilizados e deois as Musas filhas da Memóia ue os consea) Nesa imeia assagem as Musas nascem de Zeus e da Memóia e enão canam os cosumes civilizados diigindo se em seguida a Zeus que como se evela eina sobe aquela odem civiliz civilizada ada que ele disibui disibui Os cosumes civilizados civilizados e a escição de Zeus Zeu s esão ambos ligados à exisência e à aação das Musas Isso deduzimos oque elas consiuem o coneúdo daquela auação As Musas que canam diane de Zeus esão descevendo as condições desse eino e esas esão esumidas nos nomoi e nos ethe da sociedade gega Eis o que é naual que o hino de Hesíodo quando celeba as Musas ossa se ansfma ambém numa celebação do óio Zeus Sua canção é coexensiva aos inenos de Zeus; 16 ela comeende a odem social e olíica O egiso oéico imegna e conola cada esfea da condição humana Ese deve se o moivo alegóico da mulilicação da Musa o nove: elas fmam um sisema olímico óio Possuem na vedade seu óio equeno Olimo a sabe Hlicon uma moada longínqua no cume de uma monanha de one viajam duane a noie"; ou enão nascem um ouco abao do Olimo" e são denominadas olímicas"17 Hesíodo não invenou o si mesmo essa oganização miológica ou elo menos não oda ela mas exloa suas ossibilidades alegóicas Ele ode igualmene desceve o coneúdo do cano das Musas em emos basane esecicos Aqui devemos cede à óia conceção que ele em de si mesmo e do ocio do oe que ele mesmo esabelece na Teogoni Ela não é nada menos menos do que uma uma eséci es éciee de acionalização acionalização do mundo hisóico e da esene odem civilizada Sua inenção é disensa ineiamene a naaiva éica e se concena no mobiliáio da casa Ele ossui uma écnica aa zê-lo que se chame a esa um aifício vebal ou mais oiamene uma invenção inelecual que é semiconceiual um aicio udido o uma mene que ecisa de caegoias aa ensa e que ainda não as obeve Ele oganiza ano o mundo hisóico quano as eexões moais humanas sob a aaência de uma enome genealogia divina Deuses demônios ninfas e seideuses disibuídos em áoes genealógicas aoiadas eúnem os os" da vida numa encicloédia de infomação que agoa não deve mais se 121
revelada pr implicaçã na saga mas que é reunida e que exise per se. A rganizaçã divina nã cnsii para ele apenas um dispsiiv É md cm ele visualiza mund real que ele deseja rganizar e descrever. É pran naural que quand pensa mais direamene acerca d cneúd d can das Musas defina defina seis vezes18 cm a celebraçã das gerações ds deuses. Há davia algumas uras referências a esse can que sã expressas em erms diferenes. Descrevend seu própri mmen de insruçã (em si mesm prvavelmene guraiv) apresena as Musas que dizem a ele: Sabeos uitas entiras dizer, seis aos tos E sabeos que qu e quereos quereos dar da r a ouir ouir reel reelaçõe açõess
Os dis verss esã esruurads segund um paralelism verbal sua inençã é simblizar uma definiçã geral. Ele esá apresenand uma rmula: da pesia perence a esses dis ips Sugeriuse que eles simblizam as cções d narradr épic versus s s" relaads n pema didáic de Hesd Prém a rmula é aprpriada nã apenas à descriçã de um cnrase enre Hmer e Hesd mas ambém a uma psiçã que crre denr d própri Hmer É uma descriçã geral d dupl papel d menesrel épic cm de um lad enciclpedisa ribal e de ur cnadr de hisórias que sene prazer em seu dmni da are da perinência As Musas cninua Hesd clcaram enã na mã d pea basã d seu ci e insularam nele sua inspiraçã Para que eu elebrasse as oisas que existirão e as que existira.
E ele invcandas em seguida descreve seus própris pemas canads n Olimp para Zeus: Diendo as oisas que existe as que existirão e as que existira
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Fora nesses termos que Homero descrevera o conhecimento de Calcas igorosamente lando, o que o cancioneiro consera são as coisas coisas que exi exist stem em"" os nomo e os ethe Mas ele se dirige igualmente ao sendo grupal da históia; essas coisas existiram antes" também com nossos ancestrais e se tornaram o que são agora por causa dos nossos ancestrais; o turo turo é acrescentado acrescentado como uma extensão a mais do presente, não para profetizar a mudança, mas para armar a continuidade. Desse modo, Hesíodo delineia a solenidade da nção poética e o que ele sente ser o conteúdo construtivo da poesia. Isso é a verdade (oposta à mera ilusão) cujo conhecimento as Musas inndem. Não se trata de mod algum da verdade poética em oposição ao enunciado prosaico ou descritivo. Pelo contrário, se algo deve ser comparado à verdade poética", no sentido nãoncional moderno dessa palavra, seria a ilusão explorada pelo bardo, as cçes narrativas, os enredos, dramas e personagens. Estes constituem parte do material da poesia, mas não o principal motivo e sua existência. Até agora, os testemunhos de Hesíodo ram simbólicos e gerais. Ele considerou o poeta oral como o sacerdote, o profeta e o professor da sua comunidade e procurou exprimir um conceito de poesia oral como nte escrita global de história e de moral. Ele a vê como um modelo geral, a origem e a sustentação da tradição do grupo. Tal tipcação era característica do material contido no Livro I a Id Foi a essa nção moral generalizadora da poesia que as restriçes de Platão se dirigiram. Eis por que ele havia atribuído à poesia a pretensão tradicioal de controlar a educação geral da Grécia. H via, contudo, um outro tipo de atividade que as lhas do registro e da recordação poderiam ter sido chamadas a desempenhar. A palavra conserada como veículo e educação geral adquiriu um poder de sobrevivência por muitas geraçes; era a voz da história e da tradição. as há outros tipos e palavra conseada que poderiam obter uma via mais breve, suciente para sobreviver como uma iretriz militar ou uma decisão legal efetiva para hoje e amanhã, mas não necessariamente para se tornar parte da tradição, embora isso pudesse acontecer. O conteúdo da tradição era inteiramente típico. Quanto mais tempo se requeria que o material sobrevivesse sob rma imutável, mais típico ele se tornava Para dar os exemplos mais mais simples, simples , o grupo não podia p odia mudar ligeira ligeiramen men 12
te sua teologia ou seus ábitos políticos ou seus costumes domésticos que regulavam o casamento, as crianças, a propriedade e outros casos semelantes Mas essa sociedade também tina uma necessidade cons tante de moldar diretrizes e rmas legais de vida breve que, embora destinadas a se adequar a ocasiões especícas, delas se requeria, condo, que tivessem uma vida própria nas memórias das partes interessadas por diferentes períodos de tempo, do contrário a diretriz acassaria em virtude da fixidez na transmissão, ou então a rmula legal tornar-se-ia inecaz porque as partes interessadas aviam se esquecido do que estava em disputa, por causa de versões diversas Tais diretrizes poderiam, portanto, permanece ecazes apenas enquanto eram ela próprias estru turadas em discurso rítmico cuja rma métrica e estilo rmular garantis sem de certo modo que as palavras seriam tanto transmitidas quanto lembradas sem distorções A verbalização coloquial, que na nossa própria cultura é capaz de atender aos ábitos de interações umanas regulares, continua ecaz somente porque exise no ndo, muitas vezes desperce bido, algum quadro de referência ou corte de apelação, um eon u, um documento ou então um livro Os eonda de uma cultura de comunicação exclusivamente oral estão inscritos nos ritmos e rmulas gravados na memória viva Eis aqui a fons et origo do processo poético, 22 o ato poético aplicado no seu nível primário mais elementar A voz pode ser a de um prossional que auxilia um agente ou a do próprio agente lando numa rma cadenciada na qual i treinado e que é ecaz para sua nalidade Hesíodo, cuja alegoria pode exprimir sua consciência da associação entre poesia e memória, teria consciência também de que o que deve ser memorizado poderia incluir não apenas teologia e lei, tradição e costume mas também diretrizes especícas postas em prática a cada dia pela organização governamental? Ele arrola as nove Musas pelo nome, sendo a última delas Calíope, ou Belavoz", e então continua: Ela denre odas ve à ene Ela é que acopana os res venerandos A que onra as vrgens do grande Zeus E denre res susenados por Zeus vêe nascer Elas le vere sobre a lgua o doce oalo E de sua boca ee (fórulas épcas?) de el ue
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Toda a gene o olha decidir (diakoa) o precedene Co rea jiça (dikais) e ele re lando na ágora Logo à grande dicórdia côncio põe Poi o rei ê prdência quando à gene Maravilhada (blaomos) na ágora pere a reparaçõe Facilene a peradir co branda Indo à aebléia coo a De o propicia Pelo doce honor e na reniõe e diingue Tal da Ma o agrado do ao hoen
Esta vinheta compime em poucos vesos a matéia pima paa um comentáio social e históico sobe a vida da Gécia nas chamadas épocas das tevas Eis um ei, um senho local da hedade, não um autocata live de estições, mas o pai desse povo Sua lideança eside em sua arete; sua ama é, não a fça buta, mas o pode de pesuasão A sociedade é aistocática no sentido de que tais qualidades espiituais e sensíveis são instintivamente admiadas O povo, contudo, são homens gegos lives, discutindo em voz alta os méitos de um pocesso Seja este legl ou político, pouca difeença z neste estágio da evolução A teminologia, os pecedentes e os dieitos podeiam implica uma questão legal Há uma mosa descição na Iaa, uma cena no escudo de Aquiles, de dois litigantes que discutem seu caso diante de assessoes que, então, abi tam 2 Ela ma um conjunto com a pesente passagem como também o z quela descição do ceto que Aquiles havia lançado ao chão, pois ele ea muitas vezes empuhado pelos lhos dos aqueus Qando e nção de íze epunha endo que valha precedene ob o olho de Ze
Poém numa tal sociedde onde o debate e a sentença oal são o único veículo paa as inteações nos negócios públicos, a lina ente a sentença política e a legal, ente a oientação política e o juízo legal seia tênue e a descição de Hesíodo, do espanto do povo na ágo, se apicaia tão coetamente a uma questão de guea versus paz quanto a uma disputa legal sobe dívida de sangue ou casos semelhantes O que nos ocup no pesente, no entanto, não é ognização eal da sociedade, seja lega ou política, mas quela tecnologia da comuica 2
ção que a mantém E neste caso o testemunho de Hesíodo é decisivo O rei que a nte de decisão na comunidade, deve ser ele próprio encontrado em companhia da Musa Ele nasceu, provavelmente, com sua dádiva, e se assim o r, o próprio dom pode ser para ele uma nte de honra e valor Isso significará simplesmente que um rei desfruta de certa atração extra quando tem a sorte de ter algum talento para cantar e se apresentar? Não, a linguagem de Hesíodo arma que a nte de seu poder político é sua eloqüência uente e convincente, eloqüência que deve ser entendida no seu sentido estritamente tecnológico de musical" Isto significa que as interações nesta sociedade não são unicamente orais elas não sificam simplesmente que a relação entre governante e governa dos é a que existe entre falante e público Elas também armam que o discurso da interação deve ser rítmico e rmular, do contrário a elocução não seria a voz da Musa Dessa maneira, moldado pela capacidade poética do rei, o discurso não é um poema ou uma narrativa é uma sentença legal ou poltica, mas estruturada de rma a persuadir ou vencer os contendores Com esse estratagema, o uso do ritmo significa igualmen te a arte de sedução a fim de que, como a arte", no sentido em que empregamos modernamente esse termo, seduza mediante o prazer do ouvido, que, todavia, deve também guardar o julgamento e lembrá-lo Em suma, enquanto na concepção moderna os poderes sedutores do rei constituiriam meramente um talento extra, que ele, em sendo suciente mente dotado, pode exercitar, é preciso insistir categoricamente em que, para Hesíodo, esse talento constituía uma parte erente ao seu ocio Ele devia ser capaz de pôr em verso decretosleis e julgamentos de qualquer maneira, sua competência aumentava à proporção que era capaz de zê-lo, pois desse modo sua autoridade e sua palavra eram mais bem transmiidas e lembradas Mediante esse poder, exercido numa sociedade que se ndava na conseração oral da comunicação, um homem poderia encontrar uma escada para a liderança política A posição atingida pelo menestrel David na sociedade hebraica pode nos rnecer uma analogia As condições tecnolgics da comunicação entre os hebreus da sua época apresenta vam uma certa semelhança com a grega na verdade, elas eram um pouco mais avançadas, pois já empregavam o silabário fenício De qualquer modo, Homero atesta que até mesmo para um Aquiles, um homem cuja liderança se apoiava numa imensa rça e coragem, destinouse uma 126
educação maa que dele fizesse um contador de histórias" anto quanto um autor de çanhas" a vida adulta com efeito ele é isto em sua tenda nleado angendo uma lia sonoa O coação deleiaa çanas de eis decanando.
A assagem que rossegue descrevend Pátroclo eserando ara assur em lugar do seu mestre quando ele arasse de cantar induita velmente delineia a técnica éica e um menestrel narrador. Aquiles e seu escudeiro ortano concluímos naturalmente eram amadores da arte contemorânea. Mas s asectos ncionais e estéticos da oesia oral eram simlesmente o verso e reverso de uma única rma. Homero não diz que Aquiles utilizava o verso ara anunciar suas decisões de chamar os dões à atalha ou algo arecid. Ademais or que dveria zlo? Cada alavra sta na oca de Aquiles no é uma elcução ríica? O leitor moderno resonde que sim mas Homero é um oeta e oeza as çaas e as alaas de hmens que não eram oetas não devems condir arte com ato. Ao que nos odemos eritir relicar que exata mente neste eod esecco cultra gega or motivos tecnolócos arte e ato oeta e olítco erciam aéis que se soreuam. A assagem de Hesíodo sore a relação das Musas com o rei continua da seguinte maneira Pelas Musas e pelo golpeane Apolo Há canoes e ciaisas sobe a ea, po Zeus, eis Feliz é quem as Musas Amam doce de sua boca ui a oz
Há uma amigüidade curiosa nesses versos. O oeta está conside rando seu assunto de um dulo ont de vista. Ele descreveu o rei como se este fsse ele rório uma esécie de oeta. Porém agora reconhece que talvez muitos deles não sejam oetas. De qualquer modo as atuações sociais de rei e de eta são distinguíveis. O rei exerce oder olítico; ortanto é lho de Zeus. menestrel exerce oder sore as alavras ortant é lho de Aolo e das Musas. Mas os dois tios de der sã e certo mdo simultâneos ligados entre si. Em terms ráticos um rei 127
poderia rmular seus próprios editos e se podia e zia maior aida era seu prestígio mais provável é que o poeta o zia por ele É por isso que ateriormete esta passagem e sob o mesmo duplo poto de vista Hesíodo dissera que a Musa covive" com o rei: isso simboliza o vate postado-se ao seu lado auxiliado-o o seu discurso que ele deve reestrturar em epe para o público: e simultaeamete iz que ela preside ao seu ascimeto" 2 9 isto se aplicaria a um rei sucietemete dotado para a poesia a poto de dispesar auxo esse assuto Tato o rei quato o meestrel são vorecidos" por essa arte pois ela costitui a te do prestígio ão apeas político mas também social Talvez seja sigficativo e e cer imporcia para essa tese o to de que Hesíodo quado eumera as ove Musas a que ele tém sob resera por assim dizer a fim de ligar seus poderes com os dos reis é Belavoz"30 Das outras oito três deretemete simbolizam o que se poderia chamar efeitos psicológicos do cacioeiro ele delicia" alegria" é adorável" 31 Três talvez sugir seus temas pois ele louva" (ist é os heróis) e glorifica" (sto é os deuses) sedo por isso celesal" 32 Duas são mais técicas simbolizam a cação e a daça respectivamete e acompa ham a apresetação 33 Mas apeas Calíope porta o ome que idetifica as rmas verbais que a poesia domia Ela é prepoderatemete o símbolo do seu domíio sobre a execução ds fórmulas Portato ela está reservada para a ção real E todavia sob essa aparêcia ela ão costiirá o protótipo de todas as suas irmãs? Por coseguite o poeta embora aida absorto a sua descrição de uma iteração política cilme te retrocede da Belavoz" sigular ovamete para o plural 34 São de modo geral as Musas que presidem a essa técica verbal NTAS oncordo co Somsen (p. 4 n. 13), contra Jacoby, em opor-e a retirar os versos 80-103, e acrescentaria o argento de qe os 102 versos, como estão, admitindo qe ince variantes e sobreposições, representam ito e ente o étodo de composição de Hesíodo, sobre os qais se vea acia, cap. 4 n 3; c von Frit, "Prooemi. 2. A ipótese da Escoa Beócia avia encontrado abrigo nos estdos cássicos á por vota de eados do séco X vie Mre (vo. 2, p. 377 ss.), K O Meer (edição ingesa, pp 111, 11, 12, 128 etc), Paey (Precio, pp V 1
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II) Muito recentemente, s erditos ingleses continuaram a basear-se numa concepção de Hesíodo do tipo "Jorge, o camponês (Evelyn-White, introd, pp X-I Bowra O.C.D sub m. Page Hmec Odyssey p 36, HH p 152) a despeito da Tegia (que os agricuturalistas gostariam de esconhecer) e dos aspectos não-rurais de m. A hipótese i estimulada pelo ábito (tanto antigo quanto moderno) de atribuir a Hesíodo um cus de obras genealó gicas e didáticas agora perdidas, que tratam de mitos beócios e tessálicos cf Schwartz, p 629, e tambm Lesky, p 97, o qual, aparentemente indiferente às alegações de uma "Escola beócia aponta para a ipótese de que o rmato de catálogo seja uma herança do antigo poema épico 3 Cf a obseração muito pertinente (p 461) "Sua (de Hesíodo) educação inclu a composição e a recitação de hexâmetros se ele a obteve no exterior, somente pode ter sido na Ática e o comentário de Webster (p 178) "Homero e Hesíodo herdaram uma tradição potica comum " vide tambm cap 15, n 42 4 Elas são "olpicas na ada 2491 e continuam a sê-lo em Tegia 25, 52 "da Pieria em m I que, em Teg . 62 interetado como nascidas perto do Olimpo Elas são "heliconianas em Teg . I e m . Fazem suas apresenta ções no Olimpo Teg 36 ss, 68 ss e para alegrar o s do Zeus olpico Teg 51, cf abaxo, n 16), ou para louvar seus propósitos proem) Elas atuam tambm no Hlicon, em Teg 2 ss, que usam como uma base para atuações mais comuns, Teg. 8 ss O própio Hesíodo, quando "le fi ensinada íaa) a arte do menestrel, residia ao p do Hélicon Teg 2223, cf m 639-640) e dedicou sua prenda às musas heliconianas m 658), mas tambm alega que sua nção manestar o s de Zeus na arte do menestrel "ensinada íôaa) pelas Musas, sendo esse s no caso presente, as regras da navegação m 661-662), e que os menestris e harpistas são das Musas e de Apolo "na ce da Terra (Teg . 94-95) provavelmente isso significa uma extensão maior do que a Beócia A única conclusão óbvia a tirar desse amontoado de inrmações, a meu ver, que o própio Hesíodo, embora registrando sua origem local, está decdido a identicar-se como membro de uma prossão pan-elênica e a denir sua mensagem como pan-helênica ("Panhelenos ocorre em m 528, no calen dário) A simbologia de seu poema, ao decentralizar as Musas e lhes dar, por assim dizer, uma "sede no Hlicon, pode sugerir a existência de uma sociedade beócia local de cantores, mas sua tcnica e temas permanecem tão pan-helênicos quanto o Zeus que igualmente tinha um altar ali Teg. 4 A sede elênica continua sendo o Olimpo Os dois aspectos, o central e o local, mantêm-se interligados em ambos os poemas, embora o heliconiano destaquese apenas na Tegia ao passo que a "hipótese beócia o requereria em TD cf Marot, p 99, nots 1, 2
5 Sbre a invcaçã na Ilada 2484 ss ver abaix cap 10 n 15 6 Teog 53 ss e 915 Ntpuls ua ba eplicaçã sbre sua presença aui em "Mnemsne pp 466 ss ( ual cita mbém Hio a Her 429 Tepans 3 Sóln 12 e Platã Eut. 275d Teet 191d Pausânias 8292 Ele também mencina a etimlgia *Mnsai (s ue Fazem Lembrar pr s de Musai 7 Teog. 117 ss 8 133 ss 9 135 10 Acima cap 4 n 12 11 881 ss 12 918 ss 13 886 ss 14 53 ss 15 72 ss 16 Teog 37 cf T 661 483 17 Acima n 4 18 Teog. 11 ss 21 33 44 101 105 19 27-28: s verss ram discutids e interpretads de diversas rmas Seu pssvel efeit sbre Parmenides B 111-12 e sbre a teria górgia de apate será cnsiderad num vlume psterir 20 Verss 32 38 21 Ilada II 170 22 E recnhecid de t n arism cnservad em T 719-720 y Ç 'ot 9c v 9Q1otctv íc'oç etôrç 1E' ô xç ' µ'QOV OÚÇ ue identica nã apenas ritm e sua graa mas a
parcimônia de vcabulári caracterstica da técnica ral de enunciad cn serad 23 Slmsen apntu a imprtância desta passagem mas sua discussã está baseada na supsiçã de ue auele "dm da palavra u elüência pr um lad e talent pétic pr utr cnstituem n perd de Hmer e de Hesd culdades nitidamente distintas e ue prtant s respectivs papéis de rei e de peta sã mutuamente exclusivs Uma vez aceita essa dictmia derivada das experiências pós-hméricas (até mesm Demódc em Hmer é um "herói Od. 8483 as pistas para a pertinência da Ilada 10
13730 ss perdemse assim como se perderam provavelmente na época tardia da antigüidade que desejava sacricar o verso 731 ÀÀ µv yàQ õ� Se Ãeµt y ÀÀ õ QX'ÚV 'ÉQ Qtv tÔV À Solmsen concordaia com Leaf em descrever o segundo verso
como uma intepolação de mau gosto A passagem de Hesíodo repete e em parte amplia Od 8170173 descrevendo como o deus pode conceder dons diversos a homens diferentes entre eles uma elocução moldada (µoQ<V Et'É
24 18 497 ss 25 1238 com os quais se comparem 963 98 26 9443 27 9186 28 Teg . 4 ss 29 11 80 82 30 ÀÀt 79; cf acima n 23 31 7778 ÉQ1 Ãe 32 Ibid KÀEt oÀÚµv ÜQVt 33 Jbid eÀoµEV EQtXQ 34 Verso 81
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AS FONTES OIS DA INTELIGÊNCIA HELÊNICA
A chamaa Iae as Trevas a Grécia é aquela época que, talvez por volta e 75 aC ou um pouco epois, seguese à quea e iceas A palavra Trevas, empregaa este cotexto, é ambígua. Ela se refere à própria conição grega como costituía um bao ível e cultura, ou simplesmente se refere a nossa própria visão os gregos esse períoo? No seguo setio, a Iae as Trevas termina pelo aparecimeto e Homero e e Hesíoo, ou mais corretamente, pelo aparecimeto e quatro ocumetos cohecios por ós como a Ilíaa, a Oisséia, a Teogonia e Os trabalos e os ias Iepeetemete a sua composição origial que, pelo meos o caso e Hoero, era oral ram as prieiras composições a alcaçar a alfabetização, um acotecimeto ou um processo que poe ser situao aproximaamete etre 700 e 650 a Esse to parece ter assegurao sua caoização e certamete lhes coferiu um moopólio real como represetates a coição préalfa betização Com relação a Homero, isso é ormalmete aceito. É igual mente verae, embora num seti mais complexo, com relação a Hesíoo 33
Sentimo-nos tentados a ver Homero como alguém que olha para trás para o passado que para ele já está distante no tempo Isso é equivocado Como Hesíodo ele está antes inserido naquela organização social e naquela disposição mental e naqueles princípios morais que ele arrola por assim dizer na sua enciclopédia 2 A era evanescente cuja memória sua narrativa consea é micênica Inicialmente tanto a íaa quanto num grau menor a Oisséia paecem como que um relato dessa era Isso não é inteiramente verdade mas o grau em que é verdadeiro lança uma certa luz sobre a metodologia segundo a qual uma paieia (usaremos o vocábulo empregado por Platão) i conserada e transti da quando a conseação dependia da memória viva e se baseava exclusivamente na palavra lada e repetida Graças à arqueologia e à epigrafia obtivemos ·ultimamente um conhecimento muito maior do que até então se sabia quer sobre a civilização micênica quer sobre sua relação com o período obscuro que ou se lhe seguiu 3 Podemos também frmular hipóteses com um grau menor de incerteza sobre o provável desenvolvimento das instituições gregas nesse mesmo período uanto a Micenas visualizamos um tipo de sociedade análoga às do Oriente Próximo que a haviam precedido ou eram suas contemporâneas uméria assíria hitita palestina O gover no é centralizado sob autocratas que vivem em complexos palacianos cujos vestígios arquitetônicos são impressionantes e atestam disponibili dade do trabalho escravo Os vestígios artísticos prestam testemunho na sua maioria de um desejo de decorar e embelezar uma sociedade de corte Temos a sensação de que as artes do lazer não eram amplamente distribuídas e de que a possibilidade de poder era restrita às dinastias Até este ponto o quadro não helênico se entendermos por helênico o noos e o ethos da polis Todavia os autocratas do continente parecem ser helenos Seus sinais grácos ram deciados com base na hipótese de que a língua a que eles correspondem era a grega A hipótese parece estar certa4 Esse to estabelece de uma vez por todas o de que a Idade das Trevas estava ligada a Micenas pelas continuidades ndamen tais sustentadas por um idioma comum Indubitavelmente quando os gregos após Homero e Hesíodo emergem para a luz histórica suas instituições haviam mudado radicalmente assim como provavelmente o padrão de suas condutas e mores Mas sua memória oral de Agmêmnon e companhia já ra transmitida sem tradução de geração para geração 5 14
A tradução é impossível dentro de um meio oral que está vivo e é mantido como tal na memória viva Se ocorre, o meio é rompido Em suma, a deciação da Linear B estabelece um to que poderia, além disso, ter sido deduzido de dois tos acerca de Homero: (a) que ele constitui uma enciclopédia viva, no sentido de Platão, e que ele no entanto la muito sobre Micenas e tem miliaridade com sua história Todavia, o to de que os micênicos, cmo os assios e os htitas, possuíam um rcurso gráco, que empregavam para registrar catálogos de homens, materiais e coisas semelhantes, e que poderiam talvez ter usado para tipos mais elaborados de comucação, concorreu para obscurecer a importância vital da tecnologia oral tanto na era micênica quanto depois dela Uma vez admitido que os micênicos usavam a escrita" usando-se o vocábulo escrita sem nenhuma restrição , cilmente admite-se que eles estavam condicionados àqueles hábitos letrados com os quais a albetização nos tornou miliarizados. É de importância vital reconhecer que os registros gráficos do Oriente Próxi mo, de todos os tamanhos e rmas, partilhavam de duas limitações comuns: (a) empregavam um grande número de sinais e (b) os sinais usados deram margem a uma enorme gama de ambigüidades de interpre tação. Esses dois tores combinaram-se para transrmá-los em armas de comunicação complexas, mas também muito desajeitadas, 6 como atestam amplamente os registros dos impérios egípcio, assírio e hitita Somente escribas especialmente treinados poderiam lidar com os recursos grácos O governante ou executivo ditava: o escriba traduzia suas palavras para a grafia; outro escriba, com base no registro, retraduzia-o para um documento aceitável e o lia Nssa presente preocupação é com relação à experiência grega nesses asuntos após Micenas e em primeiro lugar com aquele estado da linguagem e da consciência que, em Homero e Hesíodo,7 é comprovada mente oral. É menor a necessidade, portanto, de entrarmos na discussão sobre o grau de oralidade", se nos permitem a palavra, que reinava nos sistemas de comunicação do Oriente Próximo em geral ma vez que a * o nome que se dá à notação das línguas utlzadas em Ceta (Cnossos) a at de 4 aC e deos no contnente a at de aC quando a notação é o gego acaco aente
xmo do jôno e do ácadecota Restamnos hoje ceca de 4 documentos em Lnea B Ele acalmente decado elos eudtos ngleses Vents e Chadwck (N)
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maioria dos estudiosos concordaria que, de qualquer modo, entre os povos flantes de grego, os micênios ou a Linear B desapareceram,8 pode-se propor com segurança que a época pré-homérica a Idade das Trevas apresenta para o historiador o que se poderia chamar de uma experiência de comparação em total ausência de alfabetização Aqui, mais do que em qualquer outro lugar e já se discutiu por que os Bálcãs e outras analogias deveriam ser excluídos , podemos estudar aquelas condições nas quais a conseração de toda uma cultura, e bastante complexa, apoiou-se unicamente na tradição oral Se houver quem alegue que, na verdade, o uso da Linear B deve ter sobrevivido através da Idade das Trevas e os gregos eram inteligentes demais para esquecê-lo pode-se cilmente replicar: Que importa? O uso do registro gráco nos tempos micênicos jamais poderia ter substituído a técnica oral da comu nicação conserada, pois era especializado demais para responder às necessidades sociais gerais: ele nunca poderia ter sido usado para transmitir e ensinar os nooi e os ethe da sociedade Por volta de 200 a, os micênicos deontaram-se com uma nova incursão de aparentados gregos que tiveram de ser assentados na penín sula grega A organização política que mantinha coesa a confederação de Agamêmnon revelou-se demasiado ágil para sobreviver ao choque da derrota e à modicação da população Os palácios rtcados ram abandonados Sua arquitetura ciclópica tornou-se obsoleta suas artes decorativas da corte não mais encontraram clientes A península era agora superpopulada e os deslocamentos em larga escala estavam dados a ocorrer Começa-se a obter �m quadro de regiados, que podem não ter sido em sua totalidade micênicos desalojados, desaguando, como num nil, sobre a Ática onde a dinastia micênica e suas instituições sobrevi veram por mais tempo do que em qualquer outro lugar, estabelecendo-se à sombra da acrópole de Atenas9 e em seguid construindo navios que os levassem além-mar As migrações que se seguiram popularam as ilhas e a costa da Anatólia com povos de língua grega Sem sombra de dúvida, alguns os haviam precedido ainda na própria era micênica, talvez mais como comerciantes do que como colonos1 0 Porém os emigrantes poste riores à Idade das Trevas levaram consigo tudo que tiham Eles não se lançaram mundo ara em virtude das tentações do comércio, mas ram frçados a isso para encontrar e ndar novos lares 1 6
Dize couente que levava consigo eóias dos icênicos que seus enestéis ulgaa vantaoso ante vivas no eteio É edade as soente e pate A conseação das eóias icênicas e Hoeo não é u sintoa de nostalgia oântica Pelo contáio, ela necia ua base paa a consevação da identidade do gupo de língua gega 11 Ea ua atiz que continha e conseava oalente seus nooi e eth. As históias de Hoeo dos heóis icênicos são uitas vezes intepetadas coo se tivesse po obetivo entete u pequeno gupo de aistocatas gegos, cuo pode político ea eoçado pelas petensões à descendência dos heóis hoéicos Seu estilo ceionioso é eplicado às vezes coo u eleo das aneias e tipos de atitudes caacteísticos das cots e das aistocacias Poé a de Hoeo não é essencialente ne poesia cotês ne poesia de nobes, no sentido de que seu estilo sea oldado de a a se adequa a costues especí cos, aneiisos e pazees de ua elite estita Se sse assi, então a inluência univesal de Hoeo sobe a civilização da polis da Gécia Clássica seia ineplicável e inaceditável12 É elho i ao outo eteo e aboda a tadição heóica na sua poesia coo se ela sse u dispositivo técnico O poblea apesentado pelos gegos igantes, que deiaa o continente e gandes levas e colocaa baeias de água ente si esos e seus laes e institições anteioes, i e pieio luga esisti à absoção po seus novos vizinhos e ante sua consciência de gupo coo gegos As instituições políticas estava d ato destinadas a se odicae duante esss séculos oscuos A esposta à ispor e à descentalização i inventa a polis, ua adapatação e apliação do copleo placiano icênico, que o con veteu e algo novo Mas a tadição, a continuidade da lei, dos coses e os hbitos pecisaa se antidos, u os gupos espahados e desintegaia e sua língua cou se pedeia O veículo ndaen tal da continuidade oi onecido po u desenvolviento ieente e copleo do estilo oal 13 po eio do qual todo u odo de vida, e não siplesente as aanhas de heóis, devia se eunido e tonado, dessa oa, tansissível de geação a geação O ato de que esse ependiento oss ais ugente n eieia do que no cento pode eplica a pedoinância da co ônica que a técnica épca adquiiu Poé ela se desenvolveu nesse peíodo undaen talente coo a enciclopédia e a instução oal da Gécia Seu
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obetivo era a-elêico. O estilo de Homero rereseta, ortato, o estilo grego iteracioal exatamete como seu coteúdo rece a ecicloédia tribal ara todos os eleos. ortato, ão devemos os esatar se, como recoeceram algus eruditos, 1 a arrativa éica ocasioalmete cega até mesmo a ôr em eidêcia o rório rocesso educacioal. O Livo da íaa, crucial ara o movimeto do eredo trágico, costitui um esaio éico sobre a educação de Aquiles: seu treiameto iicial é descrito or Fêx; sua resete istrução (que acassa) é arrada or Homero à medida que é recebida das mãos de seus ares. Nas ases e as rmulas das suas exortações ouvimos a vo coseada da comuidade afirmado suas codutas, mores e ditames. 1 5 O desevolvimeto de Telêmaco a Ois séia é mais claramete o de um ovem que, ao se deotar com a idade viril, é istrudo os rocedimetos ecessários ao cumrimeto de suas resosabilidades. Um metor divio rece o aradigma do que costitui essecialmete uma arte da paieia coserada, e ão de iveção oética. Quato ao seu eróico ai, começado com os versos de abertura do oema ão é icessatemete aresetado ao úblico como o rotótio do aredi16 que assim, de maeira idireta mas iequvoca, exrime a rória coceção do meestrel sobre si mesmo como o educador do seu ovo? Descrevemos como a Idade das Trevas grega roorcioa uma exeriêcia comarativa sobre mauteção de uma cultura muito com lexa uma situação bastate difcil, sob codições de ãoalfabetiação total. É verdade que o rório to de que isso sea verdade automacamete os riva de qualquer rova documetal de como isso i feito. É reciso rescosru-lo mediate iferêcia, iição e até mesmo imagiação e recorrer ao que arecem ser ricios da sicologia e do comortameto umao. Com a auda destes, camos livres ara ostular uma situação a qual a comuicação oralmete coserada estava cioado em três veis ou em três diferetes áreas. Haveria a área das iterações corretes, legais e olticas: a essão de diretries que se acumulariam cmo recedetes. Nisso cabia à classe goverate a ricial resosabilidade da rmulação oral do que era ecessário. Em seguida, averia o icessate recotar da stória tribal, a arrativa dos acestrais e do seu comortameto como modelos ara o resete. Essa tare histórica seria do domio esecial dos meestréis. E fialmete haveria uma costate 18
doutrinação dos jovens tanto na narrativa quato o precedente por meio da recitação Eles seriam obrigados a ouvir e repetir, e suas memórias seriam treiadas para zê-lo. Essas três áreas sobrepuham-se e se impregnavam. Desse modo, quando o rei ou juiz emitiam editos e tomavam decisões, moldavam sua elocução representativa segundo o estilo da recitação épica para o qual haviam sido treinados desde a sua juventde. As mesmas rmulas poderiam se repetir, e os precedentes que ele estabelecia seriam na verdade variações de procedimetos gastos pelo tempo. Ele citaria os acestrais celebrados na poesia épica. Finalmente, se sse um rei ou juiz notável, sua inluêcia poderia atuar em sentido cotrário e algumas de suas diretrizes ou procedimentos mais importantes podiam ser escolhidas pelo menestrel e iseridos na sua história. O quadro que Homero e Hesíodo pintam dos árbitros empunhando o cetro do poder e proerido senteças o ro, do rei que detém o donio do discurso que irá decidir uma disputa e cotrolar uma multidão, não é micênico, mas contemporâneo.7 É um quadro da técnica oral a seriço do governo numa comunidade não-alabetizada. Além disso, essas rmas de comunicação sobreviveram por um longo tempo na cultura grega Na verdade, constituem uma parte ndamental do segredo da cultura grega e do modo de vida grego até a era de Péricles. Sólon rnece o exemplo clássico do rei de Hesíodo, no qual Calíope insuou sua inspiração e lhe coneriu, assim, um controle organizacional eciente da palavra conserada. Ele não era político por prossão e poeta por acaso. Seu domínio superior da composição rítmica era resposável pela sua eciên cia como criador de políticas. Suas orientações ram gravadas na memória do seu público de modo que soubesse o que eram e pudesse colocá-las em prática.8 A restrição contra a nova invenção, impedi qualquer esrço excessivo da memória, incentivava constantemente a conormação das decisões contemporâneas segundo os atos e palavras dos ancestrais. Desse modo, o menestrel era automaticamente levado a compor e mentar as narrativas sobre os ancestrais do grupo A própria moldura histórica, em suma, costituía um elemento na organização mnemônca. Os ancestrais micênicos não são considerados estritamente sob uma perspectiva histórica como o seriam se a rmação da história sse um processo letrado. Eles constituem parte da consciência presente. Os gregos jôncos ainda são micênicos, ou re-sancionam o passado micênico 19
Isso não garante que o passado sej a recordado e conserado com delidade P lo contrário a cosão entre passado e presente assegura que o passado sej a lenta mas continuamente contaminado pelo presente à proporção que os hábitos paulatinamente mudam A memória viva consera o que é necessário à vida presente Descarta gradativamente o que se tornou inteiramente irrelevante Todavia prefere remodelar a descartar Inrmações e experiências novas são continuamente inscritas segundo os modelos herdados O moso catálogo no Livro II da Iaa pode ser citado como um exemplo desse processo 19 Subj az aqui oculta e embutida uma diretriz original dos reis micênicos de convocação para a guerra O rei neste caso era moso; a guerra era célebre; esse edito em particular posto em verso rmular transmissível sem alteração por toda a Grécia i recordado e incorporado a narrativa do menestrel O edito para a convocação deve ter usado uma relação de convocação enumerando os efetivos com os quais se supunha que cada reinado contribuiria para a guerra e os nomes dos chefes locais que como agentes reais eram responsáveis pelo recrutamento e rmação de seus contingentes Uma tal relação constitui ria também uma descrição geral da confederação micênica Foi ela estabelecida na graa da Linear B e guardada nos arquivos micêcos? Não é improvável que isso tenha ocorrido mas se ssemos capazes de recuperála com base nas plaquetas subsistentes seria razoável esperar igualmente encontrar uma versão que mostrasse grandes diferenças com relação àquilo que omero consea Todavia não nos deve surpreender a comprovação de que essa relação ainda que escrita tenha sido composta segundo uma rma rmular e rítmica Essa deve ter sido sua rma ncional original Até agora o material hipotético bruto por trás do catálogo homé rico é especco Mas é ao gênio da memória oral que se deve o to de que ao selecionar o material das diretrizes específicas z com que sua rma se converta do especico para o típico A linguagem é preciso lembrar j á é típica Desse modo na narrativa épica esse material incorporado é lembrado e repetido como uma espécie de paradigma em bruto dos povos helênicos Ele se adequa à paieia, para ser ensinado aos j ovens omo história e omo geograia Sua conseração na ra de vrso subsiste por alguns séculos durante os quais a experiência grega se transra A tradição micênica tornouse remota embora a gura de 40
Agamêmnon e seu império permaneça viva numa memora viva Os helenos não se acham mais concentrados na península, mas dispersos em assentamentos por todas as ilhas e costas egéias e empenhados no comércio marítimo Mais ainda, eles estão alcançando até mesmo as terras a oeste, a Sicília e a Itália, e nalmente as terras a nordeste, no Mar Negro As mudanças na sua situação reetemse no catálogo Com efeito, ele é remodelado a fim de se ajustar às condições contemporâneas A adição da relação troiana de aliados é coerente com essa tendência, pois amplia a perspectiva geográca Os navios, os portos e os deltas uviais, tenha ou não estado oriente ali, tornamse convincentes e siativos Os chamamentos à guerra e a relação da convocação micênica transr mamse parcialmente num guia de marinheiros para o Egeu, cmo talvez sse por volta de 00 aC um guia centrado em Rodes, um exemplo de informação enciclopédica, ou um quadro tosco de como os helenos de 00 viam a si próprios com relação ao contexto egeu 2 De certo modo, o passado e o presente interpenetramse quando o veículo de registro é a palavra rmular mantida na memória viva Falando de uma maneira restrita, é impossível uma percepção do tempo histórico 22 oda orientação enciclopédica presente diz respeito também ao passado: assim era nos tempos dos nossos ancestrais Na realidade, os costumes dos ancestrais podem ter sido muito diferentes, mas a aproxi mação produzse instintivamente nos versos, que são repetidos e remo delados, e o que fra especíco a uma época ou ocasião transrmase naquilo que é típico A técnica rmular, neste aspecto típico, i empregada como instrumento de educação Aqui ela deve ter desutado de um monopólio sobre as fntes de instrução e de doutrinação, isto é, de toda instrução que pudesse ser adequadamente verbalizada na frma típica Sem sombra de dúvda, habilidades e procedimentos de todos os tipos devem igualmente ter sido transmitidos empiricamente, pela imitação prática e verbalmente, como de to o ram na Era de Péricles As diretrizes da navegação, no Livro 1 da Ilíaa são apenas típicas e gerais, não sucientemente detalha das para dar conta de uma operação real Porém rnecem um paradigma para qualquer jovem grego que tenha de lidar com o mar como um meio de vida É possíel que durante a Idade das reas a educação épica não assuisse uma frma institucional isto é, não requeria um sistema de escolarizaão organizada O mestreescola, até mesmo nos tempos de 141
Aristófnes, ainda é denominado harpista", como se não sse um professor prossional mas algo como um descendente dos harpistas" denoinados por Hesíodo lhos de Apolo". Heródoto é o primeiro autor que identifica o processo educacional como tal sob o nome paieu sis. Os jovens ocupavam-se durante o dia com a execução de tares práticas e companhia dos mais velhos. Quando ternava de z-lo, jovens e velhos sentavam-se às mesas de refeição coletivas e talvez passassem um bom tempo ali. O próprio Homero rnece uma rerncia para esse tipo de sitação que poderia proporcionar uma oportunidade diária para a doutrinação épica. Uma paieia puramente poética, para sr ecientemente transtida, requer somente ocasiões regulares de aação, quer prossional, quer amadora. Os jovens seriam solicitados a repetir e comparar suas memórias entre si e com as dos mais velhos. Tudo que devia ser absoido e lembrado lhes era comunicado como çanhas e pensa mentos dos seus ilustres ancestrais. A criatividade do menestrel, dispoível com uma nova canção nos lábios, era menos solicitada aqui do que a memória precisa. ma vez que os materiais armazenados na memória estavam continuamente sendo repetidos e memorizados, embora com menor cilidade por seu público uma vez que, em suma, menestrel e público viam-se constantemente lado a lado numa atuação comum, era difícil identificá-los como prossionais de uma arte deida e zer uma distinção entre o compositor criativo e o mero repetidor de composições. Aqui pode estar a explicação tanto da escassez de rerncia aos menes tréis como um colegiado quanto da obscuridade que envolve a relação inicial entre o menestrel e o rapsodo. As atividades de ambos eram contemporâneas e também sobrepostas. Os concursos de canto que as comunidades gregas de além-ar organizavam poderiam rnecer a ocasião para a publicação de uma canção nova, mas também para a apresentação de uma canção antia. O poema homérico, já se argumentou com razão, era recitado em reveza mentos em longos festivais realizados com regularidade de tempo e lugar pelo Paníonis. As cidades-membro da federação vinham de muito longe para assistir a eles. Aqui talvez esteja representado o primeiro estágio daquela canonização da Ilíaa e da Oisséia que deslocou todos os outros poemas épicos e os tirou da memória. A versão do festival seria a prieira a entrar em circulação escrita entre menestréis e rapsodos. Mas nosso presente argumento não diz respeito a esses poemas ou seus predecesso142
res como literatra". Eles constituíam o único veículo veral da paieia grupal e do modo helêico de vida Eles levavam seu material dentro da sua narrava. Foi o reconecimento instintivo desse to que deve ter impelido essas comunidades, assistidas como eram por escassos recursos econôcos, a dar \m apoio nanceiro e organizacional a tais concursos e festivais, o que, do contrário, seria inexplicável A importância ncional vinha em primeiro lugar, era por isso que se dispunham a pagar e, aliás, precisavam zê-lo Somente enquanto o discurso épico sse continua mente apresentado podia a classe governante aprender a técnica da direção ecaz e somente assim a lealdade do conunto geral da comuni dade à paieia ancestral ser rearmada e, por assim dizer, solenizada. Em suma, portanto, a concepção platônica da poesia, se aplicada à época pré-alfaetização na qual as instituições da Era Clássica pela primeira vez se cristalizaram numa rma denida, estava asicamente correta. Poesia não era literatura", mas uma necessidade política e social. Não constituía ua rma de arte, nem uma criação da imaginação individual, mas uma enciclopédia mantida pr um esrço cooperativo da parte das melhores instiições gregas" Essa mesma situação tecnológica i pelo menos em parte respon sável por um efeito interessante ela tendeu a lançar o poder político nas mãos dos memros mais cultos da comunidade isto é, cultos" em termos de uma cultura oral Teve uma importância maior e produziu efeitos mais arangentes aquele tipo de direriz composto de maneira ais ecaz, isto é, poética Por conseguinte, dentro de certos limites, a liderança da comunidade depositava-se naqueles que tinham um ouvido superior e uma hailidade rítmica, que se revelariam no hexâmetro épico Por outr lado, isso tamém se mostraria na capacidade de compor rhemata adágios de efeito que empregavam outros artifícios além do métrico, tais como a assonância e o paralelismo Além disso, num anquete, o om executor seria ulgado não exclusivamente como um homem de espetáculos, mas como um líder natural, pois, como Aquiles, era um grande locutor de histórias". Uma vez que as diretrizes e os ulgaentos novos deviam ser sempre estruturados segundo os antigos á que os precedentes orais tinham uma ascendência tão inaalável o uiz ou até mesmo o general ecientes tendiam a ser alguém que possuía uma memória oral superior Do mesmo modo, essa memória mantinha a pessoa numa relação psicológica estreita com as narrativas 14
ncestrais ns quis se sustentv a enciclopédi tribal. Ele seri nesse sentido um pesso mis cult embora não um menestrel critivo. O resultdo geral era um grnde incentivo à inteligência nas interções sociis gregs e sua identificção com o poder. Por inteligênci queremos izer especicmente uma memóri superior e um sentido de ritmo verbl superior. Já issemos e devemos repetir qui que em Hesíodo os qudros nos quis o rei controla um multidão desorada grçs à eciência das sus decisões épics e em Homero os juízes que emitem sentençs orais no palnque e Aquiles que como um turo rei r treindo par ser um ordor convincente são obtidos das condições da chmd Idde ds Trevas e plicm-se igualmente à époc que se lhe seguiu imediatmente. Essa união nturl entre rç e um certo tipo de inteligênci cústic orl pode ser comprd com situação n Europa trdi do barão feudl ele próprio nlbeto e muits vezes rude e grosseiro ms um governnte eciente n medid em que tem seu ldo o monge ou clérigo que domin tecnologi ndamentl par o ncionmento stistório de seu governo. Um situção semelhnte existira ns uto cracis do Oriente Próximo às quis micênic deve ter se ssemelhdo. rei compreendia os mecnismos elementres do poder A ciclópic construção de pedr com qul ele se cercava simbolizv ao mesmo tempo seu isolmento com relção à su comunidde e ruez e seus conceitos básicos elo perdido é o escrib pr quem ele ditv e qem provvelmente desprezv E que todvi lhe er inispensável sum os mecanismos do poder são gmentados e diviidos entre os homens de sico musculoso ou astúci grosseir e os homens hbilidsos treinados pr usr o sistem cnhestro e complexo gra. Nas primeirs comunides d polis greg em virtude totl olidde" d comunicção ess agmentção não existi. Não se poe ornmentar um documento pr o governo de um multidão: é sintomá tico que ind em istónes o uso do documento par ess nlide é considerdo descbido e motivo de riso. 2 8 Ms pode-se proferir um iscurso épico. Até mesmo isso somente os impressiona or um momen to menos que ele se cilmente memorizável ou contenh ses pssíveis de repetição e que serão repetids de pessoa pesso. É isso que Homero chm lidernç n deliberção". 44
Podemos arriscr um palpite, em suma, de que aquela inteligência helênica peculiar e inigualável, nte ou causa de espanto para todos os istoriadores, nutriuse originalmente as comunidades nas quais a técni ca oral de comunicação conserada lançou poder e, portanto, prestígio nas mãos dos veralmente mais dotados. Ela tornou a competição pelo poder, endêmica entre todos os seres humanos, identicável com a competição de inteligências. A completa nãoaletização da récia homérica, ao contrário de constituir um empecilho, i o meio necessário do qual o gênio grego pôde se alimentar até a sua maturidade. A condição da comunicação teve um resultado que, como se poderia argumentar, mostrouse no campo das artes visuais, e não viceversa. O estilo protogeométrico na pintura terá sido inicialmente um reexo psicológico daquele rigoroso treinamento nos padrões acústicos que as atividades e os discursos cotdianos requeriam? Os padrões da Iaa ram trataos como um arranjo visual, contrário à premissa de que a composição ea oral e em seguida comparados com os arranjos visuais na cermica geoétrca? 2 9 Não seria mais correto vêlos como padres construídos segundo princípios acústicos, que exploram a técnica do eco como um articio mnemônico? Se assim o r, então a geometria visual do artista plástico poderia ser em si mesma um reexo dauele instinto acústico agora transferido para a esfera da visão, e não viceversa. Essa explicação pode ser discutível, mas está de acordo com o to admitido de que na Era Clássica o gênio peculiar aos gregos era rítmico. O que denominamos sentido grego do elo na arquitetura, na escultura, e na poesia era, antes de mais nada, um sentido de proporção na exívl e natural. Essa culdae, prvavelmente omartilhada até certo ponto por todas as raças, era, a nosso er, aperfeiçoada no caso grego, particulamente por um grau inusitado de exercício nos ritmos acústico, veral e musical durante a Era das revas. Ela constituía o domínio popular da palavra molada, imposta pelas necessidades da memória cultural, que levou os gregos a uma mestria tamém em outros tipos de ritmo. Sua suposta desvantagem na competição pela cultura, isto é, seu analetismo, constituía na verdade seu trunfo supremo
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N 1 O que Lod defende é não a pobabiidade de que "Homeo não sse abetizado mas a de que seus poemas tenam sido egistados po um esciba (ou escibas) num teo que em seguida toouse xo 2 Cf M Finey cap 1 3. Cf Webste cap 16 Page cap 5 Kik Dark e Piips A sueson. 4 Ventis e Cadwick ecem textos básicos 5. Webste pp 94-97 z uma ecensão das descobeas de M Leumann Homesce Woeer, que apontam paa o to de que ceas paavas encontadas no texto atua de Homeo tiveam oigem num pocesso de "ouvi ma po pate dos menestéis que em vitude de uma má intepe tação que po meio de uma divisão equivocada de paavas ouvidas mandose assim novas paavas com base em anaogias poduzidas po esses eos acsticos gumas divisões equivocadas evidenciam uma datação anteio ao período miatóio povando que estamos idando com uma tadição oa que i veicuada sempe na mesma inguagem 6 Houseode no decuso da sua poveitosa anáise dos ecusos compaati vos dos "siabáios puos "sabáios abéticos (ou "pseudoabetos) e o abeto cacua (p 382) que uma gua "com 20 nemas consonânticos 5 vogais beves e 5 ongas pode se "vetida com pecisão paa o afabeto num tota de 26 a 30 caactees mas num siabáio exigiia 210 caactees um nmeo que pode se eduzido paa 90 não evando em conta as ambigüidades Mas se até mesmo agumas poucas "consoantes nais de saba ocoem na íngua esse iventáo de 90 seia teoicamente dobado ou tipicado Na pática um siabáio eementa com consoantes e vogais pode se escito po meio de 65 a 110 caactees e um outo que incua caactees com vogais e consoantes "podeia compeende de 140 a 300 Não concodo inteiamente com Houseode quando diz que paa o gego oméico o uso da Linea B contendo mais de 80 sinais não evaa a "nenuma quantidade signicativa de ambigüidade mas de quaque ma o nmeo de caactees exigidos é gande o suciente paa impedi a possibiidade de inigi um tauma de eitua a cianças pequenas o que po si só eduziia o ábito de eitua a um eexo automático em gande escaa tonado possíve desse modo a "afabetização no nosso sentido (sobe o princípio aconico essencia paa a memoização de um abeto cf Nisson "Uebename p 1035 ss a metodoogia oa ainda ece uma cave ndamenta paa os ecusos da abetização) Webste p 273 votandose paa o pobema meno da competência do meneste sustenta que a capacidade paa e a Linea B deve te sido estita aos escibas e que 146
o albeo pela primera vez oou possível ao menesrel ler uma versão escria do que esava reciando. Ele deduz que o albeo era uma condição indispensável à composição da íada e da Odisséia (Lord discorda) e que a sobrevivência problemáica da Linear B é irrelevane. Householder arma que o albeo não i concebido anes de 700 (acma, cap. 3, n. 4) e diz que o sisema semco do qual ele depende "pode ser denominado um albeo sem vogal ou um slabário desvocalizado. (A úlma denominação pareceme mais precisa por conseguine, é incorreo dizer, como Albrigh, p. 194, que os gregos "omaram seu albeo empresado aos fenícios eles omaram empresados os sinais de um silabário e invenaram um alfabeo.) Househol der aponta que esse sisema semíco era uma "smplicação eravagane, esmulada pelo o de que, nas lguas semíicas e cacas, muias unidades eram consiídas ineramene de consoanes. Isso levaa a uma "ambigüidade nolerável no grego. Podese acrescenar que o grau de aigüidade, aé mesmo na ranslieração do hebraico no nigo Tesameno, é muio grande, e pdeamos argumenar que esse or desesmulou novas descoberas no coneúdo. As pares angas do A.T. são basane poéicas aé mesmo a anga prosa é "poezada, repetiiva econômica e emaicamene. Essas caracecas alvez seam provocas, ou melhor, seu oposo é desesmulado, pela ambigü dade no recohecmeno da versão escria. 7 Sobre a siuação ambivalene de Hesodo, que, rabalhando com maeal oral, ena conudo compor uma organização apoiada em recursos albéi cos, c. abaxo, cap. 15 8. Cf. as observações muio convincenes de Seling Do (p. 128) sobre a dívida da écnica do verso oral com relação à lacuna da Linear B 9 Cf. himan, cap. 3: "Aenas, 1200-700 a.C.. 10 Hanfmann, pp. 4-5 11. Webser, pp. 267-268 chama a aenção para os indícios de "um orgulho amplamene dindido no pssado heróico, cuas origens ele descobre na "reivindicação de uma lusão miológica abrangene que poderia ser encon rada em odo o mundo grego, mas paricularmene enre os ônios, com sua ascendência muio aniga e muio mesiça. O que não chega a ser exaamen e o que digo no meu exo, mas não esá muio longe disso. 12 E, de o, não o ulgam possível aqueles que consideram Homero o poe de uma elie conempornea dessa manera, Gue, p. 255 chamando a aenção para "a canonzação exraordinária e aé certo pono cial dos poemas épicos homécos, crescena que "eles maniveram sua mporncia, ao menos ocial mene, durane séculos após a decadência da sociedade cíca que os gerara e a única para a qual eles eram pernenes (grifos meus 147
13 A ese de que os poemas épicos na sua forma atua consiem ma paideia helênica apropriada para a conservaço e a ransmisso oral é coeren com a concluso dos mericisas de que o hexâmero dacico é em si mesmo uma invenço extremamene rmalizada e, na verdade, artificial, cujas origens podemos, no sem erta dificuldade, buscar nos rimos populares do indo europeu ou de seus descendenes na lica grega No resam dúvidas qano ao o de que ele é um instrmeno basane esranho para apenas conar hisrias ou reciar povérbios e genealogias Os esdos comparativos feios por Meille, Jakobson e Watkins (ver Wakins, que passa em revisa a lierara) mosraram, primeiro com base no sânscrio, depois no eslávico e agora no célico, que os imos "épicos do indo-europeu constiuíam (e consiem) rimos poplares muio mais simples e livres akobson e Wakins escolheram o "paremíaco com o provável proipo) Como observa Wakins, Usener reconheceu esse princípio há muio empo Adicionalmene, Wakins obsera sobre Corina, cujo poema ele oma como representante desse proipo, que "Compimeno, ema e regisro revelam o caráer épico dese fragmeno, ao passo que sua relaiva simplicidade conrasa com o caráer mais frmal do poema épico homérico, qe possui um verso rmico mais longo e sem dúvida algma empresado Se, como julgava Meille, o hexâmero dácilo era mesmo omado empresado a uma culra egéia esrangeira, poderia o empréstimo siar uma deciso inconscientemene orientada por considerações paidêicas? Alguns gregos micênicos ram a Crea em bsca de ma educaço "superior (cf o mio de Teseu) e lá aprenderam a convenço ineiramene "erica de que ma longa equivale a duas breves? E essa experiência fi ento adaptada ao grego por menestrés gregos para produzir um verso "arquétipo de uma duraço fixa erica, um insrmeno como um cântico medieval, para nele incorporar e conservar a poesia "arquétipo? (Lorimer lança a hipese de que os poetas gregos enham tido m contao esreio com execuções renadas em instrmentos de corda, cujas medidas ram transpostas para as palavras) Uma vez que o etro da tragédia adota a mesma convenço, pode também releir a inluência daqueles mesmos moivos paidêuicos (sem dúvida alguma incons cienes) que transrmaram o tearo aeniense naquilo que Plato arma ser um "complemen edcacional ao poema épico, adequado para a memori zaço frmal e estável das tradições e dos mores? (acima, cap 3) 14 Jaeger, Paideia, vol 1 caps 2-3 15. Cf As râs, 1009 os poeas so admirados por sua vou9cía 16 Od. 13 17 A práica micênica (apesar da Linear B) reletiria a mesma ecnologia da rmulaço oral (abaxo, n 20) mas a sensaço é de que os reis e juízes de 148
Hoero não estão iendo atrás de paredes ciclópicas; estão ais próxios do seu poo e dee manter a posse da lealdade pelo poder da palara. 18 Os poeas de Sólon relatios a essa queso não constitem, penso eu, ua justificação reospectia para atos políticos (essa tradição surgiu das concepções "literárias da poesia), as direzes, prescrições e relato conteporâneos. 19 O resuo apresentado nos dois parágras seguintes do eu texto de coo o catálogo oérico eio a adquirir sua ra e conteúdo atuais é, julgo eu, coerente co o grande núero de dados sobre esse assunto notaelente reunidos por Page e seu capítulo "A descrição oérica da Grécia (pp. 118-177) e també co alguas das suas deduções, embor não todas. Dessa aneira, podemos conir e que as origens e a transmissão era orais (co a possibilidade, contudo, de uma relação (ou relações) da Linear B correspondente, desfrtando, por algu perodo de duração não-especíco, de ua existência paralela), que os erbos usados proaelente indica ua relação de caada para ua expedição; que a relação não constitui um catálogo topográco, as ua "relação de participantes de ua campa na ilitar (sobre as duas últimas questões, er abao, cap. 10) que a relação troiana não deeria ser tratada separadaente; que o original de abas é icnico; que o original i dicado durante a transmissão nua ocorrência posterior, de odo que conté "eranças do passad icnico (ua ase restrita por Page à parte troiana): que os naios e particular são parcial ou totalente jônicos. Eu esitaria e atribuir ua orige beócia meramente e irtude do to de que "cerca de u quinto de toda a sua extensão é reserada à Beócia e aos seus izinos (p 125). As outras questões e discussão dizem respeito ais estritaente à polmica traada entre unitaristas e separatistas, sobre a qual obseraria que é laentáel que a controérsia tena se frado e se radicalizado antes que todas as implicações das descobertas e conclusões de Milan Parr ouesse sido digeridas pelos contendores Os separatistas e particular conduze sua capana (com Page triunfanteente à ente) apoiados inteiraente e padrões de unirmidade "literária que, a rigor, são letrados, e não orais, e em conceitos de "inserção ou "adição característicos da coposição docu mental (cf as obserações pertinentes de Lord, pp 147152 sobre as lácias da abordage "literária de Hoero). Dada a tenacidade conseradora inerente à counicação conserada, quando feita mediante a emória pessoal, na qual o nus do noo conecento para a meória dee ser economizado e na qual se é sepre instado antes a repetir do que a inentar, uito ebora a inenção não possa ser ipedida, as contradições internas à obra ia de u poeta oral toam-se ineitáeis, e quanto ais "intenções ele procura iprimir ao material erdad, mais lagrantes se toarão as contradições cf também as explicações de incoerência temporal dadas por 149
Lorimer, pp 476479 seguindo ielinski, e também abaixo, cap 10 n 27) Esses princípios de interpretação aplicamse ao catálogo não menos do que ao restante da Ilíada Eu veria nele um processo gradual tanto de acrescen tamento quanto de aglutinação compatível com a maneira como o processo épico grego fi reconstruído por Nilsson (cf especialmente seu resumo, p 211) e por Bowra, e estenderia a mesma lei de "progressão oral à explicação do contexto do catálogo no poema épico como um todo Ele não i conserado separadamente e inserido como um documento num estágio pouco posterior, como quer Page Ele sempre esteve por perto, de alguma rma, como parte da organização paidêutica tradicional da "grande história , parte da enciclopédia oral grega; cf também abaixo, cap 10 20 E nessa rma teria sido transmitido a toda a Grécia por arautos ou mensageros como descrito em Il. 1169781 (especialmente 11770 e 781) Como bem obsera Webster (Antiqui 113 mrço de 1955 p 14) "os poetas, como vimos, estão estreitamente relacionados com as plaquetas; do mesmo modo, os arautos proclamariam seu contedo quando estes constitíam ordens administrativas e talvez coletassem a inrmação para os registros Os arautos diferentemente dos escribas e dos poetas, aparecem nas plaquetas Penso que deveríamos considerar a possibilidade de que os arautos ssem os escribas e poetas da era micênica As comparaçes teóricas, porém muito estimulantes, feitas por Webster (pp 9899) entre as plaquetas da "defesa costeira de ilos e o catálogo homérico, levaramno à conclusão de que "a rma comum que constitui a base de todas as seçes é Tudo que residiu em Y etc, a eles levou A, e com ele seguiram N navios (sobre esta rma, ver também abaixo, cap 10) e que um original disto aparece nas plaquetas, de modo que "ca dicil negar que o catálogo de navios pode remontar a uma ordem administrativa real quefoi absoida pela poesia micênica" Grifei as palavras que admitem ter a versão metrificada surgido da escrita É verdade que eu contestaria essa armação, ou melhor, defenderia que, sem levar em conta a possibilidade de os elementos de uma ordem administrativa serem casualmente discriminados numa graa silábica para uso ou registro interno, para uma ordem ser ncionaente eficaz e transmissível por uma grande área, seria preciso que ela sse versicada Webster (p 92) a propósito dos elementos métricos que ele alega existirem na Linear B, obsera que "os inícios métricos para as ordens administrativas podem rnecer uma prova de que seam a regra Estou propondo que esse princípio sea estendido ao original oral in tto 21 A hipótese de um guia de marinheiro i sugerida ou investigada por Leaf Allen Jacoby Burr (mencionada por Page, pp 166168 numa tentativa de retação) mas ele era "micênico ou "nico? A fórmula que segui, como também boa parte do meu texto, deve muito ao estimulante tratamento da 0
sitação jica oral dada por Nilsso mais de ciqüeta aos atrs (Rh Mus 1905) age, loc cit, pergta, visivelmete icrédlo: "Está-se sgerido seriamee qe os supostos maheiros versicavam sas orietações para avegação? A resposta é eles ão tiham outra escolha; mas é preciso acrescer a ressalva de qe, sob codições esttamete orais, m poema perfeitamete atal sobre qalqer assto ca etra em circlação Para ser memicamete ecaz, todo treiameto oral permaecia rtemete coseador Um poema "completamete ovo ão podia uca existr 22 Abaixo, cap 10 23 As nuens nuens 964, Teog 95 24 Cf Ind, de Powell sv 25 Il 22490 ss cf a provável eceação e Daitales de Aristóes Aristóes 26 Cf íd, Nem. 21 ss 27 Wade-Ger, pp 14-18, e Webster, p 270, qe dá idicações para o coro Messêio eviado ao festival de Delos o século VIII Lord tem dúvidas qato à iêcia da atação em festivais sobre a extensão dos poemas homéricos 28 Acim Acima,a, cap cap 3 14 29 Cf C f h hitma, itma, cap 5
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A DISPOSIO MENT HOMÉCA
A poesia, om seus ritmos, lingagem gurada e estilo, tem sido preiada e prtiada n Europa oidental omo um tipo espeial de experiênia. ista em relaço à labuta diria, a disposiço mental é esotéria e pede um ultivo riial. Em oposiço a ela, existe a situaço ultural selar, que onsiste nas rmas de penamento e no estilo verbal empregados nas interações omuns, em transações" de todos os tipos. O poétio e o prosaio apresentam-se omo modos de auto-expresso que so mutuamente exlusivos O primeiro é divertimento ou inspiraço; o segndo é nional. Ninguém irrompe em verso para ensurar seus lhos, ou ditar ma ma arta, ou ontar uma anedota e ainda menos para dar dar ordens ou rasunhar diretrizes. Porém na situaço grega, durante a époa no-albetizad, é justamente isso que se ri. De qualqer maneira, o abismo entre o poétio e o prosaio no podia subsistir no grau em que subsiste entre nós A memória toda de um povo era poetizada, e isso exeria um ontrole onstante sobre s maneiras pelas quais eles se expressavam na l otidiana As onseqüêias iam muito além d simples extravagânia ou originalidade do nosso ponto de vista) do estilo verbal. Elas toam 1
no problema da natureza da própria consciênci consc iênciaa grega, num determi determinado nado período histórico, o tipo de pensamento que um grego podia ter e o que não podia. A disposição disposiç ão mental mental homérica homérica constituía, como vericare vericaremos mos,, uma totalidade. O argumento consiste no seguinte em qualquer cultura, distin guemse duas áreas de comunicação (a) a conversação inrmal e transitória da interação cotidiana e (b) a área de comunicação conseada, equvalente à comunicação signicativa, que, na nossa cultura, quer dizer literatura", não num sentido esotérico, mas no que se refere à esfera da experiência conseada em livros e escritos de toda espécie, nos quais o ethos e a tecnologia da cultura são preserados. Ora, tendemos a admitir que a áre (a), por ser a da la cotidiana humana, é ndamental, ao passo que a área (b) deriva dela. Mas é possível armar que a relação seja inversa. O estilo e o conteúdo da área (b), a palavra conseada, estabelecem os limite limitess frmais frmais dentro dos quais q uais a palavra palavra transitória transitória pode ser expressa. Isso porque na área (b) encontrase a complexidade máxima de que uma determinada época é capaz. Em suma, os livros e a tradição livresca de uma cultra albetizada estabelecem as rmas de pensamen to daquela cultura e tanto as limitam quanto as estendem. A escolástica medieval de um lado e o pensamento cientíco de outro rnecem exemplos desta lei. Na cultura oral, a comunicação permanente e conservada é repre sentada pela saga s aga e seus descendentes, e única e exclusiv exclusivame amente nte por eles. eles . Estes representam o grau máximo de complexidade. Homero, ao contrá rio de ser especial, concretiza a disposição mental dominante. O estilo informal de sua época, perdido para nós, não deveria ser entendido como se representasse um âmbito de expressão e de pensamento mais aplo e mais rico, dentro do qual a visão de mundo hoérica se rmou sobre uma base poética" especial Pelo contrário, é apenas na la conserada e significante, com uma vida própria, que o máximo de signicado possível a uma disposição mental cultural se desenvolve. O poema épico, apesar de seu vocabulário ligeiramente esotérico (na verdade, em virtude do seu vocabulário), rpresentava a la signicativa e não tinha um concorrente prosaic. Portanto, poderíamos dizer que a disposição men tal homérica constituía a disposição mental geral. 1 4
Esse to não pode ser evidentemente comprovado documental ent na própria época de omero que não era albetizada as talvez possa ser exemplificado de aneira indirta se nos voltarmos para as culturas préhoéricas do riente Próximo que empregavam sistemas gráficos Esses silabários eram deasiado canhestros e ambíguos 1 para permitir uência ou estiular a albetização geral. Por conseguinte seu estilo estil o não tinha tinha frça para mudar o estilo geral da comunicação comunicaç ão oral mas mas pelo contrário era obrigado a reproduzilo e nessas transcrições vislum braos aquela espécie de conversação secular que numa situação inteiramente nãoalbetizada como a grega não i conseada senão quando entrou na saga. As plaquetas encontradas em Cnossos e Pils representam comu nicações das culturas cretoicênicas e micênicas. Sua deciação parece indicar que nas cortes dos reis de língua grega não apenas inventários as também diretrizes adistrativas podiam ser registrados por escrito guns eruditos reconheceram nessas diretrizes um grego rtico. 2 Se estiverem coretos é possível concluir que a diretz se moldava auditiva e não visualmente Ela era estrturada oralmente para meorização e trans issão verbal e então eventalente transcta. leis de sua composição são acústicas e a graa em vez de ser usada para ciar as possibilidades da prosa peanece a serço da técnica oral doinante. á um exemplo enos discutível As plaquetas da Assíria e Ugarit conseam a correspondência real real cujo estilo estilo imaginaríam imaginaríamos os ser prosaico prosaic o umaa vez que um q ue a conseação conseação e transissão transissão são garant garantidas idas pela pel a existê existênci nciaa da plaqueta disponível. Afinal ela pode ser levada de um lugar para outro. A memorização não entra aqui para tornar ecaz a técnica de comunicação Porém reiteradas vezes encontramos nessas cartas não apenas os ritmos do discurso poético as os artifícios frmulares reconhecíveis da técnica oral oral a sonoridade a repetição co troca de lantes e todos os recursos semelhantes que no ndo se utilizam do princípio do eco. 3 s historiadores levados inconscientemente pelos hábitos mentais moder nos concluíram ser este u estilo epistolar cerimonioso cujos ritos repercutiram na poesia entendendo por poesia neste caso os poeas épicos que também existe nas plaquetas e apresentam efeitos étricos correspondentes 4 Isso significa inverter a relação de causa e efeito Toda 1
comuncação conseaa ness ne ssaa cultura cultura era era molaa molaa oralme oralmente nte;; se ocas o caso o nalmente era transcrta, o artco a graa era smplesmente colocao a seço a conseação vsual aqulo que já hava so molao para a conseação oral. A questão é e mportânca crucal para a compreensão o esen volvmento as letras gregas após Homero. O alfabeto revelou-se um nstrum nstrument entoo muto muto mas ma s ecaz e poer po eros osoo para a conseração a comun comun cação espontânea o que qualquer outro slabáro. Por volta o século I sua vtóra era pratcamente completa, o que sgnfca que o objetvo nconal ognal o estlo poétco estava se tornano obsoleto. Não se za mas necessáro usá-lo para garantr a va o que se za. Porém, por mas ecaz que se mosasse o albeto, sua vtór vtóraa nconal era lenta. Até Eurípes (para repetr o que já ssems anterormente), ele era ana amplamente usao (salvo nas nscrções, é claro) para a transcrção a comuncação que hava so ncalmente composta não para a vsão, mas para o ouvo, e composta antes para a rectação o que para a letra. Os escrtores a Gréca, repetmos, permanecam sob o controle o públco. Es porque são na maora poetas, mas também poetas e um tpo muto especal. Será precso acrescentar que os poetas que compuam até epos os otenta anos jamas poeram ter so escrtores na ausênca e óculos? Seus txtos vem ter so nvaravelmente taos a escrvães. Quano a mentalae moerna se esfrça para chegar a se entener com a a Gréca clássca e arcaca, constantemente tropeça nesse obstáculo à compreensão e nverte as seqüêncas e causa e efeto. Desse moo, as retrzes e navegação no Lvro I a Ilíada, que já apresentamos anterormente como uma amostra e uma paideia conser vaa, ram entenas como uma versão metrfcaa e um orgna que era acônco e prosaco; 6 sto é, pensamos em termos e um orgnal que, se nconal, eve ter so prosaco e, então, tornou-se poetzao em vrtue e objetvos especfcamente poétcos. Isso é nterpretar a cultura homérca seguno nossa própra manera e coocá-la e cabeça para bao. Na cultura homérca, não hava nenhum orgna em prosa. Estruturavam-se retrzes poetcamente, o contráro elas não seram como retrzes retrzes Até Até mesmo um catálogo e armas, armas , em sua essênca essênca nca e orgnal, tnha e ser rítmco. Em suma, to comuncação sgnfcatva, sem exceção, ea stru traa e rma a obeecer às les pscológcas a eusa Mnemosne. Isso 1 6
nos leva a sugerir que Homero e Hesíodo deveriam ser admiidos, em primeira insância, não como poeas" no senido exao desse ermo, mas como represenanes de uma disposição global da mene grega No seu esilo rmular e nas suas imagens visuais e semelhanes, não esavam se comporando como um ipo especial de pessoa, inspirada e doada" Esavam lando na única linguagem de que era capaz oda a sua culura A ese pode ser ilusrada com um incidene que, segundo relao, ocorreu durane a campanha de Gallipoli, em 114-115. Uma série de assalos em massa pelos soldados urcos conra as posições aliadas resulara apnas num massacre O esgoameno moral e as necessidades sanirias obrigaram à negociação de uma régua para enerrar os moros de amos os lados Os acordos só ram concluídos sob condições psicológicas muio ensas Os ociais caram aleras, as seninelas maniveram seu dedo no gailho, enquano amigo e inimigo se enconrarm na zona neura Enquano os grupos de rabalho cumpriam sua lúgubre are sob um sol ardene e um mau odor inolervel, a ensão enre os soldados rasos de cera maneira cedeu e quando a operação, conrolada aé ações de segundo, chegou ao seu érmino, ambos os lados, anes de reomar as hosilidades, rocaram cumprimenos e despedidas
ao hos, os tos próos ao posto Quin di-se a Hrbert pa suas orens u vez que nehum dos seus oais estava psente. pmeo lugar, ee mandou os coves de vol pa s suas ncheis e, às a hos e sete inutos, retu os homes que rgv a bndei branca segi, ou pa as ncheiras trs pa se despedr Quando obseou os solados inmigos que provmente a nle no sente, re pondem, num co hoozado, ''Dus não peita" Vendo Herbert de é, pos de os vem at os trcos pa aem as mãos e se de pedem: Adeus, amigos; bo soe" Os trcos spondem com um de seus pvérbios ''Ide sondo e sodo novamente voltai" 7
Aqui por um momeno, numa hora de cris, uma culra semi-al beizada e oura abeizada viram-se ene a ene Cada uma delas, sob ensão recorre ao seu esilo ndamena de comunicação Para uma, ele consiui uma prosa iormal e lacônica para oura, é o rimo e o prallismo da rmul conseada e moldda
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Não se trata simplesmete de estilos ligüísticos cocorretes, o iglês e o turco Pelo cotrário: os briticos deotaram-se com uma disposição metal estaha, embora igualmete ecaz para seus objetivos cioais Pode-se supor que os produtos da modera alfabetização turca, uma situação semelhate, ão se expressariam agora da mesma rma que seus pais aquela tarde de 115. É característico de uma cultura albetizada, quado diate de padrões habituais de uma cultura ão-al betizada, teder a subestimar sua ecácia Os soldados turcos dessa mesma campaha estavam acompahados, as suas tricheiras, dos imames, que catavam exortações e coisas semelhates ates da batalha Aos seus opoetes riticos, isso se agurava como um obstáculo pouco militar ao bom desempeho, um exemplo de superstição retrógra da O que viram i o cotrário Na verdade, tratava-se de uma aplicação cioal da técica oral à disciplia e ao moral militares, etre uma soldadesca que ão sabia ler Os hábitos de guerra trazem à supercie os mecaismos da metais de uma culra complexa A cadeia de comado, sempre lá, sob a supercie, a vida civil, matedo uida a sociedade, a guerra é exposta as suas rmas mais básicas T E Lawrece, ao descrever a reuião de tropas de uma rça expedicioária de guerreiros árabes, obserou os versos improvisados que acompahavam o alihameto e os ritmos que auxiliavam a orgaização da marcha de avaçar 8 Esses procedimetos ão eram produto de algum apreço pelo heroísmo da parte dos árabes; eles ão eram homéricos, o osso setido estreito e desgurado, sigificado apeas romtico Pelo cotrário, eram geui amete homéricos em sua ecessidade cioal Aqui estava uma cultura estritamete ão-alfabetizada, como as culturas balcicas O estilo épico costituía, portato, uma ecessidade de govero, e ão apeas um meio de divertieto Lawrece também chamou a ateção para o sistema educacioal cetrado o lar, mediate o qual essa capacidade épica era iculcada9 Provavelmete, quado a Arábia Deserta sucumbir à alfabetização, esses mecaismos deharão Apeas us poucos trovadores populares sobreviverão, remaescetes divorciados da relação cioal com sua comuidade e à espera de que atiquários colecioem suas cações, a ilusão de que se trata de um material geuiamete homérico Em semelhates culturas ão-alfabetzadas, a tare da educação poderia ser descrita como colocar a comuidade como um todo uma 1
disposição mental rmlar O meio para zêlo consistia em sar os poemas épicos como m paradigma Se estilo era indbitaelmente intensificado Sa lingagem reela ma irosidade qe nas interações correntes poderia ser imitada, mas nm níel de elaboração mais simples Um menestrel era m omem de memória sperior e, portanto, podia ser o rei e o jiz Isso atomaticamente siaa m sentido rítmico sperior, ma ez qe o ritmo preservaa o discrso A memória sperior e o sentido rítmico eram acompanados de ma também maior irtosi dade no manjamento das rmlas A memória ierior da poplação comm contentaase com sar ma lingagem mais simples e menos cidadosa Mas toda a comnidade, do menestrel e do rei até o camponês, estaa anaa com a psicologia da recordação Um poema épico celebra toda ma esfera da istóa e dos costmes Nma aldeia, os líderes eram capazes de repetilo o campesinato consegia lembrar apenas ma parte dele Mas todos era igalmente einados a responder a direzes rmlares ma ordem digamos, o m bto local nas qais o esto épico era itado o reprodzido Isso signica qe o poeta, e particlarmente o épico, exercia m gra de controle cltral sobre sa comnidade dicilmente imagináel nas condições modernas de alfabetização, nas qais a poesia não z mais parte do trabalo cotidiano Sa lingagem épica constitía ma espécie de lingagem cltral, m qadro de referência e m padrão de expres são para os qais tendiam, em dferentes gras, todos os membros da conidade Na nossa própria clra de escritores e leitores, o conjnto atal de literatra em prosa exerce a mesma nção para os membros comns do grpo lingüístico Ses ábitos lingüísticos ariarão em extensão e renamento, mas em geral reelam ma relação com a literatra escrita, descrita por m entendido da seginte maneira: Mais importante do que propriamente escrever é a tradição escta N lígua culta ela permeia todos os veis impondo palavras rmas e toeios de estilo e constantemente inoduzindo na lígua flada ecos da erudição da religião e das prossões técnicas e letradas todos os componentes da linguagem de u cultra pode soer essa iuência a nêmica por meioda introdução de palavras estrangeiras prnunciadas com sons estrangeiros a moologia e a sintaxe por meio da manutenção ou restauração de cios todos à eratra Todo o campo da etica é essencialmente atado pela
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inter-relação tradição escta com a lga lada a citao, a locção, a expressão técnica e em geral a constrção moldada segndo a ga escta consem fenômenos coentes nma tal lga Na verdade, não exageramos ao dizer qe os recrsos da literatra constitem m cheqe em branco qe a pessoa, ao lar, pode preencher com pracamente qalqer qantia
O ter língua de cultura eregad nesta citaçã cu restrit a línguas que ssue ua literatura escrita. A teria de ser cle entada ela araçã de que ua sciedade de cnseraçã ral rtant é ea éic rincialente que rnece a língua culta. A extensã de seu ael nessa questã deenderá d grau de virtusidade que é eregad ara dtar discurs de ua caacidade de sbrevi vência. Quant ais inventivs e rirss s artifícis usads ais lnga é a vida gada el discurs ldad desse d. Se a literatura escrita de ua cultura derna é caa de exercer sbre idia cu aquele cntrle indiret descrit na nssa citaçã iss crre rque ssui ua vida ais lnga d que a d discurs cu. E cert sentid ela descbriu segred de trnar irtal a alavra na edida e que s síbls na ágina de ser guardads ciads e reetids nua ra iutável tericaente eterna. Assi ss cns tanteente lebrads quand les de que esta alavra a escrita é ais venerável d que nss enuciad infral e ss incnsciente ente cnvencids a aceitá-la c u aradiga d cstue d qual desejas ns arxiar as nã ir alé. Os eas éics héics cnstituía u cnjunt de escits invisíveis iresss n cérebr da cudade. Eles reresentava u nóli exercid ela técca éica sbre a lígua culta. U seelhante cle ara ser eca recisava estar ligad à atuaçã ncinal. O t de que a língua hérica nã sse a vernácula aenas acentuava seu der de cntrle. écas e as cndições exatas nas quais s veáculs gregs se searara ainda sã bscuras. ré durante tda a Grécia arcaica e clássica ainda se diia as cisas hericaente e se tendia a ensar sbre elas hericaente. Aqui nã se tratava aenas de u estil étic as de u estil internacinal u idia suerir de cunicaçã. O cntrle sbre estil d lar de u v nã bstante iniret signica cntrle igualente sbre seu ensaent. As duas tecnlgias da cunicaçã cnserada cnhecidas da huanidade ist é estil 160
poezado, com sua organzação acúsca, e o eslo prosaco vsual, com sua organzação vsual e maeral, cada um denro de seus respecvos domínos conrola ambém o coneúdo do que é comuncável Sob um úco conjuno de crcunsâncas, o homem organza a mesma xpeênca de maneras dferenes, com dferenes palavras e com uma se dferene e alvez, quando assm o z, a própra experênca se ransrma Isso sgnfca que os padrões de seu pensameno correram hsorcamene por duas lhas dsnas, a oral e a escra As razões desse o anda não ram esclarecdas Mas de qualquer modo, Plaão, se nos permem volar agora a ele, parece er esado convencdo de que a poesa e o poea havam exercdo um conrole não apenas sobre o eslo verbal grego, mas ambém sobre a dsposção menal e a conscênca gregas O conrole, segundo ele, hava sdo ndamenal; ele o descreve como monopolzador Isso esá de acordo com a nossa própra análse da posção do poea na Idade das Trevas grega Se Plaão esver correo, essa posção prmaneceu vrual mene a mesma durane o período clássco grego NOTAS 1 Acima, cap. , n. 6 2 Sobre essa quesão, cf. Webser, p. 92: os cabeçalhos de rês plaqueas de Lnear B (uma de Cnossos duas de los conendo ordens podem ser escanddos, dos como paremíacos, um como um hemépco acrescenado; o que Webser nerea (acma, cap. n. 20) como prelúdos mércos para ordens (os paremícos podeam ndcar o uso dos rmos populares ndoeu ropeus anes de o hexâmero "egeu er sdo omado empresado? Acma, cap. , n.3). Isso é reado por age, p. 211 n. 3 (qe dscue apenas o hemépco, de ilos), sob a alegação de que essa ocorrênca é acdeal. Ele ca sua derda coleção própra de hexâmeros de Demósenes. Esse argu meno não é mo bom (a) os hábos eslícos de Dem., como noa o própro age, deram ensejo a hexâmeros ocasonas; oda quandade consderáel de prosa grega escra com uma aenção especal ao eslo apresenará um coecene de rmos eenuas (ambém admdo por age) (c) o coneúdo das plaqueas, na sua grande maora conssndo de nená ros, é per se nfenso à propredade mérca, se admrmos os hábos de uma culura albezada, e porano comparações com a leraura grega dcl mene são pernenes; (d) os rmos percepíes não são claramene classcáes como hexâmeros. 16
3 Webter pp 71-72 citando um exempo de cada um do Mari e do Ugarit p 77 ee chama a atenção para um indício de que o poeta do Oriente róximo ditava para um ecriba ma não era ee próprio ecritor 4 Webter p 74 "Dee modo � poeta como aquee que ecreve carta tiha uma introdução padrão p 90 "a correpondência tinha ua rma fixa que eram ampamete empregada como a rma xa de dicuro na poeia ara W a caua ndamenta dea rma achae no cerimonia da corte p 76 "Ea coaçõe toda provêm em útima intância da corte do rei e encontra (pp 133 183) a origen da fórmua na "correpondência rea e no "etio da corte do rei Em uma o que ee atribui a um cenário poticoocia eu reacionaria mai ndamentamete a uma ituação tecno ógica embora um eja reevante para o outro Conviria acrecentar que é grande minha dívida para com Webter por eu terceiro e quarto capítuo no quai quando aponta como outro o zeram para a correpondência no conteúdo da mitoogia do Oriente róximo e grega z uma contri buição ainda mai damenta ao chamar a atenção para a anaogia de etio rma expreão ituação repetição temática e coia emehante Também devo muito ecarecimento a ua recontrução da experiêcia grega durante e depoi da migraçõe 5 Um ocuita contoume que diferente tipo de regime amentare antigüi dade teriam erido para utar a deterioração da vião em peoa de idade 6 Richardon p 55 tenta etabeecer uma ditinção entre aquea reaçõe que juga erem dervada "de recuro mnemônico na ecrita e auea "que caramente reveam o poe A ditinção baeiae na auência de "adjetivo tivo em paagen como o vero ritua 7 do acrifício (acima cap 4 n 28) Ma a ditinção deze quando é etendida a paagen de navegação ou até memo à "cena de armamento amba citada por Richardon (cf p 68 n 1) como paage e reetem a concordância com reaçõe ecta ou orden anitrativa ecrita rmtrong (pp 341 ) ainaa coetamente como cada uma deta útima apear da repetição uar é contudo tratada dferente mete em repota a quao contexto diferente Sobre o hábito de Homero de cataogar mediante "a apreentação do nome gera ou coevo em pmeo ugar com a ubcae epecíca em eguida jutapota na inha eguinte (Richrdon p 51) cf abaxo cap 15 n 44 7 Aan Moorehead Gallo p
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8 S pillars of wisdom p 153 9 Op cit p 206 cf pp 128 160 210 219 10 Apud Meig p 6 162
A PSICOLOGIA DA DECLAÇÃO POÉTICA
Os românticos rocuraram reviver a conceção do poeta como rofeta e vidente ossuído de uma visão única da realidade e de uma intuição única do rono. Esses oderes, contudo, ram concebidos num sentido inteiramente estranho os exercidos elo oeta homérico, ois sua tendência era antes vertical do que horizontal. Eles retenderam, mas não iformaram. O oeta homérico controlava a cultura na qual vivia elo simles motivo de que sua oesia se tornou a única versão autorizada do enunciado inuente e ermaneceu como tal. Ele não recisava discutir isso. Tratava-se de uma realidade aceita ela sua comunidade e or ele mesmo, sem nenhuma reexão ou análise. Isso com relação ao seu conteúdo. Porém este não odia ser publicado ou comunicado exceto na declamação, e neste onto ele estava bastante consciente do seu virtuosismo. Embora nem semre ossa ter ercebido o significado cultural daquilo que estava conserando, ele tinha uma ercepção muito clara das técnicas que unha em rática ara zer com que isso ncionasse. Seu pael como encicloedista era artilhado or todos os membros da sua rossão. Os métodos que emregava ara doinar seu público ertenciam a ele rório. 163
Seu uso constitía uma experincia intuitiva para ele, mas não he era exclusiva; ela precisara tornar-se igualmente pessoal queles que o ouviam Para controlar a memória coletiva da sociedade, ele inha que estaelecer um controle sore as memórias individuais dos seres huma nos 1 Isso praticamente siava que sua poesia constituía um mecanis mo de pode e de poder pessoal Ele era o instrumento da Musa e o neto da deusa Mnemosine, cujo sortilégio ee tecia. Quais eram, então, os recursos psicológicos disponíveis para que esse sortilégio sse ecaz Eles precisavam estar disponíveis e utiizáveis na declamação efetiva. Isso porque uma relação entre o poeta e a memória individual de qualquer memro da comunidade somente podia ser estaelecida pela presença audível e visual A relação precisava ser constrída e mantida no curso da recitação oral Eis aqui, sem dúvida alguma, uma pista do motivo peo qual Platão, quando examina os métodos dos poetas e da poesia, parece preocuparse tanto com as condições da dclamação poética rea diante de um púlico, a ponto de, ao analisar o conteúdo da poesia, encontrar dcudade em separar a questão do conteúdo, quando ela é recitada e ouvida, dos seus efeitos psicológicos Aquio que o poeta estava dizendo, aos olhos de Platão era importante e tavez perigoso, mas o modo como ele o zia e o ratamento que he dava poderia parecer ainda mais importante e mais perigoso É provável que a mneira como o menestrel explorava a tecnoogia da memorização nos pareça esranha, pois há muito tempo nos acostu mamos a passar sem ela. Exceto nos rituais religiosos, nos quais a congregação pode ser convidada a responder ao sacerdote e repetir o que ele diz, normalmente memorizmos quando muito o que já lemos, e lido não pra nós, mas por nós Isso envove um processo compicado no qual primeiramente utilizamos o órgão do sentido da visão e depois identi camos uma série de sinais impressos Esses símolos, em si mesmos, não casam nenhum eito sore nós; são silenciosos e inertes Em seguida, zemos uma destas duas coisas ou uma cominação delas ou recorda mos nossa visão desses síoos para que possamos v-os novamene na mesma ordem quando fechamos os ohos, ou os traduzimos em sons que, na prática, precisamos murmurar ou recitar para nós mesmos", como dizemos Esse ao de taduzir cominado com a soidão do ato signica que nos vaemos das nossas próprias energias psíquicas para xar ago na memória 164
A emoriaão oral por outro lado podia econoiar uma boa parte da energia pessoal de um ouvinte. Isso porque os sons quando ditos em vo alta pelo poeta tinham vida e não havia necessidade de traduão da mensagem visual para a auditiva. O público simplesmente imitava da maneira mais direta e simples possível O memoriador moderno precisa realiar um autohipnotismo. O público homérico sub metiase docilmente ao hipnotismo do outro. A situaão mais próxima da grega na nossa cultura moderna seria encontrada no efeito sobre a memória popular de versos associados a modias populares recordados e tocados em máquinas. Algo bem próximo a isso é a analogia rnecida pelo ja e outros ritmos danantes a medida em que estão muitas vees casados com palavras as quais depois são lembradas. Procuremos examinar e entender esse mecanismo um pouco mais detahadamente Memoriar alguma coisa é como levantar um peso e carregálo requer energia sica A rma mais fácil e preguiosa de memoriaão é a pura repetião: Heitor está morto; Heitor está morto
Até mesmo iso requer um investimento mínimo de energia a qua então aumenta ligeiramente quando guardamos as palavras e o signifca do sem alteraão permitindo no entanto uma variaão rmular da ordem das palavras Heitor está morto; morto está reamente Heitor
Então a mente ousando mais arriscará colocar um outro peso sobre si mesma mantendo essencialment a mesma imagem um homem morto que é Heitor mas vendoa sob diferentes aspectos ou de maneiras ligiramente diferentes empregando algumas palavras e uma sintaxe que não aterem a essncia da situão porém rearmandoa: Hetor está morto; caído está Heitor Sm Aques assassinouo Heitor i deotado Heitor está morto
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Ts tfícos podem se nd ms pefeçodos té qel extem vtuosdde encontd no poem épco oméco O pncípo básco todv á se evelo e pode se epesso bsttmente como m vço do mesmo A tenço d mente é sempe bcl: el conse m dentdde e todv pemte m ot no nteo dest mesm dentdde Até go nossos exemplos consstm em pls epetds com sdos epetdos o mgens ments ecoentes Ms çmos go com qe o flnte constu m sstem plelo de epetço qe dg espeto pens o som sem qlqe efeênc o sgnfcdo Isso se ton se esqem ítmco cs nddes de epetço so dpls: o pé o compsso e o veso2 Cd m deles no dctco exâmeto pode teocmente se m epetço xt do se ntecedente como se vê no tmo segnte: Heitor está morto Heitor está morto
Poém m vez ms vço é pocd e elzd no mesmo embo bstnte lmtd O meto pemt qe m pé sse segdo po m vnte de s mesmo ms á pens m vnte possível Ele pemtá tmbém qe ess vço oco egulmente Tt-se de lgo ms osdo o tmo d epetço nfome é qebdo pel lcenç ms no mto O meto é dstbído popo conlmente ente os vesos de dço de tempo constnte os vesos so como lents ondlções egles cd m ds qs po s vez compost de m pdo nteno de peqens ondlções de dos comentos de ond dfeentes O esltdo ítmco é m vez ms m vço do mesmo memó ítmc epete-se nnteuptmente Esse pdo métco em s mesmo sento de sgncdo é ento 3 csdo com s mls vebs qe expmem o sgncdo Como esse csmento se consm? Somos cpzes de bst o pocesso e dentfc os dos pceos ms opeço elzd sem o xo dess bstço e os pceos tmbém no m dentfcdos sepdmente Todo dscso é podzdo po m sée de elos scos O dscso ítmco é podzdo qndo esses mesmos elexos nconm segndo pdões especs e qndo lgns otos eexos so postos em nco nmento de mn semelnte Heto está moto" constt m exem166
plo de dicuro articulado mediante um conjunto complexo de movimen to do pulmõe, da laringe, da língua e do dente que preciam e combinar inconcientemente com uma grande exatidão egundo um determinado padrão. Simplemente repetir o enunciado é compor um ritmo. Ma o ritmo que reproduzem um grupo de palavra divera veze não permitirão um novo enunciado. Portanto, o ônu principal da pura repetição, da qual a memória neceita como uporte, é tranferido para o padrão métrico iento de ignicado, que é retido obtinadamente na memória, e o novo enunciado ão então expreo de modo a e ajutarem acuticamente ao padrão. Aim, a combinaçõe poívei de ovimento executado pelo pulmão, laringe, língua e dente cam draticamente retrito, exatamente como acontece com a poívei combinaçõe de palavra e ae pronunciada. A neceidade da memória ão atifeita baicamente mediante a prática de uma economia rigoroa de combinaçõe poívei de reexo. Há milare de coia que nunca podem er dita de rma rítmica e, por coneguinte, não podem também er penada. Ee reexo contituem ativdade ica ão uma rma de agir, ma uma rma epecial, na qual o agir é repetitivo, porém de um modo particularmente complexo, a que camamo rítmico. No proceo como um todo predoina o controle do padrão métrico. Ma exite ainda a poibilidade de que o falante equeça o padrão ou não o execute da maneira correta. Em primeiro lugar, trata-e de um padrão complexo, no qual é precio lembrar vária coia ao memo tempo ou algua variaçõe poívei do memo. Em egundo lugar, o lante quer dizer algo, e não apena produzir ruído armônico. Io também pode zer com que ele e inta tentado, por um momento, a equecer a ondulaçõe e a reercuõe egundo a quai eu órgão vocai devem e movi mentar. Ademai, quando ee padrão geral e dez, o dicuro torna-e meno repetível e meno memorizável. Portanto, é poto em ação um egundo conjunto de reexo ico, cujo objetivo é omente marcar e conear o ritmo, em levar em conideração o i ado. Ele ão executado pelo dedo, num intrumento de corda de corda, e não de opro, quando a execução é um olo, poi o pulmõe já etão requii tado para o enunciado verbal ríico. Para o recitador, ea execução na lira envolvendo um movimento da mão produz um ritmo correpondente numa outra parte do eu 167
corpo que ae em consonância com o movimento dos órãos vocais Isso lhe oporcionará uma ajuda mnemônica na conseração do ritmo Ele não precisaria de um tal suporte se sua atenção não estivesse ocupada em dizer alo Esse suporte lhe é realmente necessário Portant quando ele dedilha o instrumento tocando uma certa melodia produz-se um ritmo acústco que por sua vez atine os tímpanos Na medida em que o recitdor quando combina os sons da la com seu acompanhamento simultaneamente ouve também seu efeito acústico ou ouve a si mesmo melodia produzida pelas cordas reçará anda mais o padrão dos seus reexos sicos e assim conrmará continuamente sua memória do padrão a que ele está obedecendo Porém o efeito mais visível não se destina a ele próprio mas ao seu público Seus tímpanos são bombardeados simultaneamnte por dois conjuntos distintos de sons oranizados num ritmo harmonioso: o discur so métrico e a melodia instrumental Esta última deve ser repetitiva não lhe é permitido desenvolver-se como uma técnica dotada de virtuosismo próprio e se tornar o que chamaríamos de música" Isso desviaria a atenção da principal tare a da memorização verbal A música" rea existe apenas para zer com que as palavras venham mais cilmente memória ou melhor zer com que as ondulações e as repercussões do ritmo venham automaticamente à memória a fim de libertar a eneria psíquica para a recordação das palavras em si Finalmente resa ainda uma outra parte do corpo e um outro conjunto de reexos sicos que também podem ser postos num movi mento semelhante ao os órãos vocais São as pernas e os pés assim como seus movimentos como quando dançamos ma vez mais nos depaamos aqui como no uso da lira com um padrão de ações orani zadas cuja nção é mnemônica Ele se movimenta num ritmo semelhan te ao das palavras pronunciadas e as espaça e pontua de modo que a recitação coal se torne também uma execução sica que auxilia na representação" da recitação Todavia um terceiro conjunto de reexos acorre para rerçar a eqüência memorizada Ou o próprio público z isso na recitação ou o presencia caso em que a ajuda mnemônica é mediada pelos olhos quando obseram o ritmo da dança além disso talvez enquanto assistem à representação seu sistema neroso reaja empaticamente com seus próprios movimentos imperceptíveis sem que necessariamente aitem as pernas 4 16
Na análie acima, tentamo exlicar, embora de maneira deajeita da, a eência do que o grego queriam izer com ousike. Adotamo a hiótee de que, muito ao contrário do razer inconciente rovindo do movimento ico ousike, como uma técnica reconhe cida, contituía uma convenção comlexa detinada a organizar o movimento e o reexo que auxiliavam o regitro e a recordação do dicuro ignificativo A melodia e a dança, dee modo, etão ubordi nada ao enunciado conerado e, no etágio da cultura oral, não ão geramente raticada or i mema A dança, coniderada como arte da organização mnemônica, odia etar aociada a muita variedade de dicuro conerado, articularmente àquela que denoinamo oe, hino e ditirambo Ela i incluída aqui não aena ara comletar o catálogo de articio mnemônico, ma também orque, como veremo, gura de maneira muito viível na exoição feita or eíodo da declamação reidida ela Mua Não e deve omitir o to de que ua ajuda mnemônica era invocada a recitação éica O rincíio icológico que regulam ee rocedimento com lexo ão imle, orém ndamentai Em rimeiro lugar, todo dicuro lado é obiamente roduzido or movimento fíico executado na garganta e na boca Em egundo, numa cultura oral, todo dicuro lado deve igualmente er roduzido dea maneira Em terceiro, ele omente ode er conerado quando lembrado e reetido Em quarto, ara garantir a cilidade na retição, o movimento ico da boca e da garganta devem er organizado de uma maneira eecial Em quinto, ea organização conite em contruir adrõe de movimento altamente econômico (ito é, rítmico) Em exto, ee adrõ tranrmam-e, em eguida, em reexo automático Em étimo, o comortamento automático numa arte do coro (o órgão vocai) é então rerçado elo comortamento em outra arte do coro (ouvido, erna e braço) O itema neroo como um todo, em uma, é atrelado ao trabalho de memorização Até ete onto, ee mecanimo comlexo da oeia grega rimitiva ram analiado do onto de vita de eu objetivo ncional na cultura em cuja manutenção eram emregado, zendo todo ele arte de um roóito inconciente de conervar e tranmitir uma tradição e um modo de vida Ele eriam também a uma nalidade emelhante, embora inteiramente divera, e oem er vito de um onto de vita 16
diferente Representavam uma mobilização dos recursos do inconsciente em auxílio do consciente Os vários reexos motores apesar da comple xidade de sua interação eram organizados de tal modo que ncionavam sem que a pessoa tivesse nenhuma necessiade de pensar neles sso signicava que como os reexos semelhantes do aparelho sexual ou digestivo eram altamente sensuais e estavam estreitamente ligados aos prazeres sicos Além disso podiam proporcionar à pessoa um tipo especial de prazer A reglaridade da declamação produzia um certo efeito de hipnose que relaxava as tensões sicas do corpo e desse modo relaxavam também as psicológicas os medos angústias e incertezas que constituem o destino comum da nossa existência mortal A diga era temporariamente esquecida e talvez os impulsos eróticos não mais bloqueados pela angústia eram despertados Deve-se portanto concluir que a recitação da enciclopédia tribal em virtude da sua tecnologia constituía igualmente uma diversão tibal Em termos mais comuns a Musa a voz da instrução era tabém a voz do prazer Porém a diversão era de um tipo muito especial O público alegrava-se e relaxava como se estivsse hipnotizado pela sua reação a uma série de padrões ríticos verbais vocais instrmentais e sicos todos untos em moviento e de maneira essencialmente harmônica Esses mecanismos motores eram simultaneamente ativados de todos os modos possíveis No entanto eles não eram postos em ncionamento numa pessoa com a mesma rça todas as vezes Se ela ouvia silenciosamente apenas os ouvidos envolviam-se plenamente; mas estes enviavam mensa gens ao sistema neroso como um todo e desse modo braços e pernas lábios e garganta podiam ser ligeiramente ativados e o sistema neroso em geral envolvia-se empaticamente com o que a pessoa estava ouvindo Quando ela por sua vez repetia o que haa sido cantado as cordas vocais e talvez braços e pernas eram plenamente ativados para reproduzir e executar uma seqüência idêntica à que já haviam executado empaticamen te para si própos por assim dizer quando o haam ouvido Isso nos traz de volta àquele quadro da declamação e de seu efeito que tanto preocupava Platão Isso porque quando analisamos a técnica empregada para consear a palavra moldada na memória va també descobrimos o segredo do enorme poder exercido pelo menestrel sobre seus espectadores Ele lhes dava não apenas prazer mas um prazer de um tipo especíico do qual eles acabavam por depender pois sigcava 170
alívio da angústia e lenitivo paa a tisteza. É deste pode, mais do que de seu papel enciclopédico, que o poeta está mais consciente, e com muita azão pois, emboa pudesse se consultado em vitude de seu papel didático como nte de conhecimento e oientação, ea muito mais aplaudido, e com mais eqüência, como o gande libetado. Coube à genialidade de Hesíodo o to de te pecebido e em pate expesso, como vimos, o papel ncional do poeta na sociedade à qual seia. Mas ele i muito mais eloqüente, como se devia espea, na descição do pode que as Musas possuem paa cativa e da alívio. Em pimeio luga, no entanto, obseemos o que ele tem a dize sobe os mecanisms motoes da sua ate. Quando ele invoca as Musas no início do seu Hino, a pimeia coisa que ouvimos é a vigoosa batida dos seus pés7 até que, no veso dez, começam a la. Sua la é algo que elas lançam no a"8 como se tivesse uma existência copóea pópia. A metáa petendida pode se a de lechas, as ases aladas", ou a de um jato de líquido. A mula é usada mais duas vezes, nos vesos 43 e 67. Sua la tem a ma que o poeta talvez petenda identifica como mula, quando desceve as Musas como as que ajustam ao poema épico" 9 (comumente taduzidas como eloqüentes"). Elas sã, continua ele, concodantes na voz" e de engenho consonante" . 1 0 Essas expessões podem simboliza mais do que simplesmente nove mulhees cantando em uníssono. Mais pecisamente, se as nove sepaadamente epesentam difeetes aspectos de uma única técnica, sua concodância pode simboliza aquela coelação íntima de palavas, itmo, música e dança na qual se apoiava a inluência poética. Essa inluência, diz ele em seguida, é de um cântico que lui com cilidade de sua boca".11 Uma vez mais, a expessão poética é identifica da como se sse uma coisa em si mesma que lui como um io. A metáfoa acentua insistentemente o automatismo da declamação e é empegada novamente tês vezes paa desceve as declaações do ei: as Musas vetem sobe sua língua o oalho ... os epe luem de sua boca ... o cântico ui de sa boca".1 2 Pate da sua declamação é descita pelo temo oe , que, na analogia homéica, povavelmente indica as palavas cantadas paa as quais a lia e a dança compõem o acompanha mento. Em seguida, o poeta etona à batida ítmica da sua dança. 14 O uso do acompanhamento musical está implícito no duplo tílo Canto e Hapista, 1 que é dado àqueles que são filhos das Musas e de Apolo. 171
Os termos do oeta ara as vaas coisas que as Musas zem tendem a ser antes sugestivos do que recisos Ele ode evocar asectos, mas não arrolar analiticamente os comonentes Seu aseado sugere várias ações e conseqüências simultâneas As metáforas emregadas tornamse gastas e o tradutor geralmente as transõe mecanicamente, sem buscar significados esecícos Em Hesíodo, elas são indubitavelmente rmulares, arte do vocabulário ico, mas isso não quer dizer que sejam simlesmente cerimoniosas e convencionais As rmulas icas, no eríodo de vida do oema ico, odiam zer erências esecíficas O oeta o rimeiro grego a tentar racionalizar, ou melor, alegorizar o rocesso e a execução oticos, e seu vocabulário, ainda que imreciso e nãocientífico, coerente com aquela análise da música" grega que tentamos zer Isso verdade at mesmo no que diz reseito à linguagem que ele emrega ara descrever os efeitos sicológicos da oesia Ele enfatiza reiteradas vezes o razer16 que ela roorciona Uma das Musas, na verdade, chamase A egria17 Metáforas como doce oralho" e ''voz de mel" que ui" ou lançamse num jato" ou se esalham" 18 sugerem a ura senualidade daquelas reações que a tcnica odia evocar em seu úblico Tanto a dança quando o cântico são qualificados como desejá vel" (ieroeis) e o Desejo, assim como as Graças, habia róximo às Musas 19 A baida do e as vozes que lam ou cantam são igualmente ligadas or eítetos a eros, e uma outra Musa chamase Erato a Amorosa" 2 º á sugerimos anteriormente que, quando os recursos do inconsciente eram mobilizados mediante reexos sicos ara auxiliar a memorização, isso odia resultar na liberação de sentimentos eróticos normalmente reriidos Portanto, se Hesíodo associa Mousike à sensi bilidade seal, isso não nos deve surreender A linguagem do Hino altamente emotiva e sugestiva Ela nos ermite como que ouvir a declamação real, cujos efeitos são universais, ois não aenas enetram no coração e na mente, como quando alegram o noos de Zeus", 2 1 mas ambm ao mesmo temo arecem consiir a atmosfera na qual vivemos, como quando os alácios dos deuses riem" e a terra circundane ressoa alto" 22 Na abertura do Hino, aós irromer em suas danças ardenes" no too da montanha, as Musas reciiamse em meio à noite envoltas em voa, lançando sua bela voz" 2 Sua voz está semre resente na consciência dos homens, reenchendo tanto as 172
horas de sono quanto as de vigília A palavra poetizada age como uma espécie de eletricidade na atmosfera Por m e da maneira mais notável, num de seus versos mais melodiosos, o poeta assinala os poderes hipnóticos e curativos da poesia ora Um oblívio dos males e ma pasa de alições. Qando o Hino termina é para o aspecto psiqiátrico qe ele retorna o ovinte pode ter Angústia no ânimo recém-ferido E sportar a secra de m coração ito
mas assim que ouve o menestrel, Logo esqece ses negros pensamentos e de nenm dos ses cidados Se lembra nnca mais
Há muito tempo convencionase lar do grande poeta como um inspirado Mais recentement, os cânones da crítica literária têm preferido enfatizar a perícia prossiona como a chave para o êxito Ao zêlo, estamos retornando a um ponto de vista muito mais próximo daquele de esíodo e seus sucessores iediatos 2 6 O papel primitivo da Musa i muitas vezes mal compreendido Ea era o síbolo do domínio que tinha o bardo dos segredos prossionais, e não da sua dependência com relação à orientação divina Quando os poetas gregos manifestam sua pretensão à ma ou à imortalidade, preferem ndála, não como na era helenística, na inspiração, mas na sua habilidade . Isso estava dado a acontecer enquanto a poesia grega estivesse correspondendo às condições de uma cultura oral Os efeitos evocativos descritos por esíodo e pregurados como o dom conferido pela Musa não constituíam uma transguração espiritual, mas um conjunto de mecanismos psicosso máticos explorados com um objetivo muito bem denido eu emprego ecaz requeria u grau máximo de virtuosiso no tratamento dos ritmos verbal, musical e sico Um bardo de habilidade superior podia aumentar sua eciência e, portanto tornarse um poeta mais inuente do que seus 173
colegas. Porém os ndamentos do ocio eram comuns a todos e a todo desempenho poético. A concepção oposta da inspiração poética nasceu na Grécia exatamente naquela época, por volta de fins do século V, quando as exigências de meorização oral dearam de ser dominantes e quando os objetivos ncionais da poesia como educação tribal estaam sendo transferidos para a prosa. Nesta questão, aqueles que pensavam em prosa e a preferiam isto é, os lósofs, que estavam empenhados na construção de um novo tipo de discurso que podemos grosso oo caracterizar como conceitua! em vez de poético eram levados a relegar a experiência poética a uma categoria não-conceitua! e, portanto, não-ra cional e não-reexiva. Desse modo, inventou-se a idéia de que a poesia deve ser simplesmente um produto da possessão extática, para a qual o termo anistico grego era entsiasmo". 2 8 A palavra equivalente é para nós inspiração", 2 9 mais próxima das exigências do monoteísmo cristão, mas que consera a característica essencial, a de que a poesia é uma possessão e não um exercício autônomo das fculdades mentais. fim ao novo conceito não-ncional da poesia grega é aquele outro preconceito de que ela seja uma arte", e não um instrumento de doutrinaço e de que, portanto, seu conteúdo e sua qualidade devem ser julgados, em primeiro lugar, por critérios estéticos. Essa visão da poesia é evidentemente a única possível numa cultura na qual, como entre nós, o desempenho poético tornou-se divorciado da vida cotidiana. lém disso, uma vez adotada a perspectiva estética, torna-se impossível com preender a violência do ataque de Platão à poesia. Se ele contesta o puro prazer da experiência, se tem aversão ao encanto hipnótico que os artistas podem produzir, está, segundo nosso ponto de vista, atacando não os vícios, mas as virtudes da experiência poética isto se a relegamos à esfera da diversão pura e simples. É ndamental entender que o ataque de Platão é lançado contra algo que para ele constitui não uma diversão, mas uma doutrinação, aquela da qual a estabilidade da cultura grega até então dependera. O processo de aprendizad (recapitulando) não tinha o sentido que lhe damos, mas consistia numa atividade constante de memorização, repetição e recordação. Sua ecácia provinha da prática de uma economia radical dos enunciados lingüísticos possíveis, uma econoa rerçada pelos padrões rítmicos, tanto verbais quanto musicais. Na execução, a cooperação de toda uma série de reexos motores por todo o corpo era 174
arregimentada para cilitar a memorização, a recordação ra e a repetição. Esses rexos, por sua vez, proporcionavam um alívio emocio nal para as camadas inconscientes da personalidade, que podiam, assim, assumir o comando e rnecer ao consciente um grande alo da tensão e da angústia, do medo e coisas semelhantes. Estes últimos constituíam o prazer hipnótico da declamação, que colocava o público sob o controle do menestrel, mas estava, em si mesmo, submetido diretamente ao processo paidêutico. O prazer, em última análise, era explorado como instrumento da continuidade cultural. Desse modo, em obediência às leis da memozação, estabeleciase numa cultura oral uma ligação í entre instrução de um lado e prazer sensual do outro. Além disso, o elo era normalmente vivenciado por todos os membros do grupo cultural. Esse to pode esclarecer uma caracterstica desconcertante da experiência grega tanto no peíodo arcaico quanto no do alto classicismo, a qual é ais bem descrita como sua instintiva alegria de viver e sua aceitação natural dos pontos de vista morais variados e múltiplos. Sentimos que os gregos eram contolados no que diz respeito aos seus sentimentos e, todavia, também espontâneos e lires num grau que não está ao nosso alcance. Eles parecem desfrutar de si mesmos. Parecem setir um prazer natural no que é belo na rma e no som, o que também nós reconhecemos como belo, mas somente após terms a duras penas alcançado um nível de percepção culuralmente superior. ma outra coisa obseráve a respeito deles, nesse peodo, é sua capacidade de agir de odo direto e anco, assim como são também suas xpressões de intuito e desejo. Eles carecem quase inteiramente dessas ligeiras hipocrisias sem as quais nossa ciilização parece não ncionar. Isso tudo se explica se o processo de aprendizagem mediante o qual os padrões corretos eram dominaos sse em si mesmo uma experiência altamente sensual era necessário que assim sse para que ncionasse de modo que a ação e a expressão adequadas estivessem inseparavelmente associadas na consciência grega a lembranças prazerosas. Eles eram constantemente estimulados a fazer aquilo que lembravam ter visto outros zerem. as essa mesma recordação estava imediatamente ligada a todos os bons momentos dos quais haam gozado, em meio a um ao dos cuidados e da tensão quando se memorizara o que outros haviam feito Por conse guinte, as ações reais ocorridas nesse contexto provavelmente eram sentidas como prazerosas também Corpo e espírito nunca se achavam em 175
estdo de gerr O impulso entre inlinção przeros gir de um mneir e o dever desgrdável de gir de outr er reltivmente desonheido Tudo isso omeç mudr tlvez durnte o urso do séulo I Ess mudnç já hvi sido notd pelos histodores e intérpretes do espírito grego Não hveri um pquen possibilidde de que trnsr mção estivesse ondiiond em prte por um mudnç n tenologi d omunição e onseqüentemente n tenologi d edução? Um estdo psiológio que r durnte tnto tempo estimuldo por um ultr purmente orl estv se tornndo inviável Tudo isso pode não pssr de um espeulção De qulquer modo está lro que o proesso de prendizgem do homem homéio preisv ser przeroso pr que sse ez ós o denominmos proesso de prendizgem" É sob ess rm de to que Pltão o ensur por não se um método dequdo de prendizgem Porém tl omo er hvi sido o método de doutrinção por meio do qul lei públi e privd se ristlizr onserr e trnsmitir suessivmente de gerção pr gerção Extmente omo ess doutrinção se exeri sobre mente do seu lvo? Que tipo de proesso de prendizgem er esse? Se sombr de dúvid onsisti n prendizgem pel ção Ms est no ue diz respeito à onseção d lingugem relevnte perteni um tipo espeil O que se zi" erm s milhres de ções e pensmentos ombtes disursos trjetos vids e mortes que se reit vm em versos denidos ou se ouvm ou se repetim 31 Se exeução poéti devi mobilizr todos esses reursos psíquios de memorizção el própri preisv ser um onstnte reenenção dos hábitos leis e proedimentos tribis e o ouvinte preisv se envolver ness eenenção de mneir inteirmente emotiv Em sum o rtist identiv-se om su históri e o públio identifivse om o rtist Ess er exigêni tegóri sobre mbos pr que o proesso nionsse Não se prendi éti e políti hbiliddes e diretrizes medinte su presentção omo um ou pr se estudr sileniosmente reletir e bsoer Não se pedi que seus prinípios ssem preendidos por meio de um nálise rionl Não se soliitv nem mesmo que se penssse sobre eles Em vez disso erse submetido o sortilégio pidêu tio Conordv-se em se tornr musil" no sentido nionl desse termo grego 16
Se esta tentativa de reconstrção da psicologia da eecução poética estiver próxima da verdade, ela confirma a hipótese lançada anteriormen te, no capítulo III, de que Platão tinha motivos para estar preocupado com a patologia emotiva da declamação poética, e explica também por que ele escolheu o termo iesi para descrever vários aspectos da experiên cia poética que aalmente percebemos como distintos O vocábulo imitação", como se pode compreender agora, não traduz adequadamen te aquilo de que ele está lando A itação, na nossa língua, está ubordinada à pressuposição de que haja uma existência separada de um original, o qual, então, é copiado A essência do argumento de Platão, a rason être do seu ataque é que, na execução poética, como era praticada até então na Grécia, não havia um original" 3 O menestrel recitava a tradição e o público ouvia, repetia e recordava e desse modo a absoria Mas o menestrel recitava na verdade apenas quando reencenava os atos e as palavras dos heróis e os zia seus, um processo que pode ser descrito como o oposto de se asseme lhar" a eles numa sucessão interminável Ele mergulhava sua personali dade na sua declamação Seu público, por sua vez, lembrava somente quando incrporava verdadeira e empaticamente aquilo que ele estava dizendo e isso, a seu turno, signicava que se tornavam seus seos e se submetiam ao seu encantamento Quando ziam isso, empenhavam-se tamém numa reencenação da tradição com lábios, laringe, braços e pernas, e com todo o aparelho do seu sistema neroso inconsciente O padrão de comportamento do artista e do público, sob alguns aspectos importantes, portanto, era idêntico Pode ser descrito mecanicamente como um contínuo repetir de atos rítmicos Psicologicamente, é um ato de comrometimento pessoal, de total absorção e identicação emocio nal O termo es é escolhido por Platão como o único perfeitamente adequado para descrever não apenas a reencenação, mas também a identicação, e como o único inteiramente aplicável à psicologia comum, partilhada tanto pelo artista quanto pelo público 33 NOTAS 1 Cf a descição do omem na sociedade pimitiva cmo um "mnemotécnico po Macel Jousse citado po Notopoulos "Mnemosyne' p 46. 177
2. s stuos sob as mulas po Pa, po xmplo ou a cola po H. Fankl também H Pot c Lustm 2.1957, pp. 30-2 no hxâmto homéico caliam a sttua como tminaa ants plas palavas mpgaas o qu plo vlho concito um mto sis pés ou compassos. Pac-m, contuo, qu as convnõs masiao gias a quantia qu gulam o hxâmto abaixo, n. 3 lvam a amiti qu a mia musical o vso como um too constia uma ma istinta contl sob a locuão o citao, um contol caát não-vbal qu vla a impotância o acompanhamnto instumntal. 3. Minha intnão aqui é a uma xplicaão scitiva analtica, não históica. As ómulas ou cola, vintmnt, não sugiam in pnntmnt o itmo. Poamos vt a quaão i qu "itmo é composto mulas, xcto plo to qu as convnõs incivlmn t gias o hxâmto épico lvantaam a qustão sab s um sotimn to ómulas oiginalmnt molaas sguno itmos ino-uopus i subsqüntmnt aaptao ampliao paa cospon às xigncias o sistma mético gu acima, cap 7, n 13. 4. "Too tipo linguagm constiti uma ma spcialiaa gsticlaão cooal , nss sntio, po-s i qu a ana é a mã toas s linguagns Collingwoo, p. 243. 5. É povávl qu u stja aqui istiguino, no caso o poma épico, o qu Collingwoo pp 57-104 chama "at como magia versus "at como ivsão, mas não nos cab, no nosso psnt assuto, cii quais sjam, s houv algum, os lmntos épicos qu cosponm no vocabuláio Collingwoo à "at popiamnt ita. 6. Notopoulos, Parataxis p 15 passim chama a atnão paa a visvl "laão tima o pota com su público. 7. Tog., vsos 3, 4 7, 8 8 10. 9. 29, Q'tÉ1Ett c o µoQV 1EtV 'ÉEt homéico acima, cap. 6, n 23 o milia 1E 1'EQEV' o qual, caso a mtáa sja msmo lchas, sug a capacia qu tm a xpssão mula s gava na mmóia. 10. 39, 60. 11 39. 12. 83, 84, 97 13. 69 c. 66 77. 178
14 70 15 95 16 37 40 51 17 77 18 83 84 42 97 19 8 104 64 20 65 67 70 78 21 37 51 22 40 69 23 7-10 24 55 25 98 ss. Podese dizer que o Helena de Górgias especialmene 8-10) consiua uma racionalização desse mecanismo emoivo como um odo ao qual se refere Hesído. A poesia oouse agora logos, que para Górgias é a comunicação humana mas ambém por definição comunicação persuasiva pois a palavra conserada sempre o i. Ela podia garanir sua conseraço apenas quando lançava aquele sortilégio oal que os sosas equivocada mene?) uscavam maner na reórica. 26 Collingwood pp. 5-6 e 17-18) dá uma ênse especial concepção grega clássica de ocio cf ambém Richardson p. 62 que buscava a celebração do domio do homem sobre os insrmenos na práica micênica e Dow e gree sub n Todavia ele subdivde sua aplcação em aniga arte mágicoreligiosa nova ae da diversão p. 52) Ele enão aumen que Plaão aceiando a concepção da poesia como um ocio desejaa sua elimina ção na rma de poesia de diversão'' mas sua recuperação como magia. Seja qual r o juo que se ça sobre essa distinção quando aplicada hisória da lierara grega ou s aes vsuais gregas ela não nciona no caso de Plao que pelo conário nega eliciamene poesia conemporânea a condição de ocio cf. Rosen pp. 142-144 e acima cap. 2 n. 28) 27 Mousike principalmene techne aparece muio cedo como o vocábulo para poesia pelo menos já em Pídaro (Ol 115) e sophites, como o vocábulo para poea (528) Para o emprego primiivo de sophos e sopia com a conoação de habilidade de uma tecne cf. Snell Ausdrcke ibid 8-11 cf. ambém Bowra Problems pp. 16-19 sobre a sopia de Xenones); os exemplos de Snell não são exausivos; acrescenar por exemplo Sólon 13) Snell colocava a sopia do See Sábios numa caegoria diferene como práicopolíica cf. ambém Bue p 46) mas a disinção não é 17
neessáia É possel que o rótulo sphi ou sphtai já estiesse, no sulo V ligado aos supostos autores de uma antologia (aima, ap 3 n 16) de arismos que ram atribudos aos mosos estadistas e talez introduzidos pela fbula da trpode dla (Buet, p 44 e n 3) de modo que sphs, aqui, ainda mantina sua aepção de "erbalmente abilidoso (sobre as origens da idia de "sabedoria rátia, f abaixo, ap 11, n 17); f tambm o uso que Hesodo z de µ (um oábulo para abilidade f Snell, p cit. para desreer o mtodo da sua própria omposição T 107) e tambm o poder de um rei para deidir um litgio om o auxio da Musa Teg 87; aima, ap 6, n 23). Ele desree a orgem do seu próprio dom de duas maneiras as usas o "inspiraram(, Teg 31); mas elas igualmente o "instrram (Ç, Teg 12 e T 662); as duas são ompteis se o onteúdo da instrção preisasse ser empatiamente memo rizado (f n 29 abaixo) 28 Dodds (p 82, seguindo Delatte) assinala que Demóito (B 18) paree ter introduzido a doutrina Porm não se notou que ele atribua à "inspiração o poder de produzir "o belo (B 18 à 112 ÂÓ 21 µ) Isso signiará que ele estaa anteipando impliitamente uma distinção entre "riação artstia e "ompreensão inteletual? Proaelmente a reep ção de µ era muito diferente da ação de µ Í (B 11). Delate, uja exposição da expliação psiológia dada por Demórito sobre a inspiração , pelo ontrário, oninente, estendia-a tambm ao aso do lóso e, portanto, ligaa µ a Í µ (pp 24, onde, no entanto, ele assinala os pontos de ista opostos de Zeller e outros), apoiado em indio disuteis rneidos por um enigmátio plaitum de Aio (S 68 A 116), que ele traduz inoetamente O enuniado diz à à EQ 'O A redação, om seu ago EQ sugere que as doutnas de Dem estão sendo resumidas em termos de natureza diferente e que a onjunção dos três termos numa únia ategoria pode ser produto e interetação Delatte tambm admite (p 3, n 1) que inluir o lóso enoler Dem numa ineitáel autoontradição Paree ser preferel eitar isso e remeter a teoria do poeta-lósof à sua nte oreta, na reação estóia (próxima nota) Platão (omo obsera Delatte) proaelmente tomou em prestada a expliação dada por Dem ao proesso potio (om Dem B 18, f Aplgia 2, estendida no Jn e no edro a qual, sendo materialista, não teria nenum alor epistemológio para ele (uma questão que Delatte ignora) Portanto, ele onerteu a distinção feita por Demóito entre os modos de oneimento numa anttese entre erdade e lsidade Essa posição ligeiramente modiada no edro mas não sua essênia (aima, 180
ap 2 n 37) Ambos os lósos ontudo patilavam de um motivo omum (e aqui etonamos a questes adas pela situação oal anteio) paa distingui seus pópios mtodos inteletais de obte a vedade om base naquilo que sentiam se a popiedade muito divesa dos poetas Faze a distinção ea ndamental pois istoiamente o poeta eivindiaa se o sophos po exelênia e sua petensão avia sido aeita (f tambm abaixo ap 15 n 22) ina onlusão que os voábulos sophos sophia, no m do sulo V, epesentavam um onjunto de eivindiaçes de pivilgio demaado na ula Quando uma nova vaiedade de abilidade vebal omeçou a sugi seus patiantes não unaam uma nova palaa paa ela Pefeiam a antiga que ppoionava um stio já pepaado mas ujo oupante peisaam antes expulsa Esse aso não i o únio; ele usta uma espie de lei de ompotamento po pate de etas palavas inuetes no desvio ulal que ooeu ente Homeo e Astóteles 29 No peodo elênio a lassiação da poesia omo inspiação i essusi tada mas seu matiz pejoativo i inteiamente alteado Os estóios tiveam êxito na sua eabilitação da poesia omo losoa (f DeLay pp 264 269271) Po onseguinte quando lemos na Ars Poetica, 295 ss: ingenium misera quiaortunatius arteredit et excludit sans HeconepoetaDemoc t onvm infei que misea e talvez tnatius epesentam asi
mos à opinião oiginal A eabilitação i busada om entusiasmo sob a inuênia teológia istã na Renasença (Speduti pp 232233) pepaan do assim o oneito ndamental da osoa omântia que atibuiu à poesia um pode de aesso dieto à vedade supeio Os gegos mantiveam na sua linguagem um animismo suiente paa tona plausvel o agumento de que eles possuam uma ença eligiosa no dom divino da poesia (tambm Speduti passim, e Dodds pp 8081). No entanto aplia a eles essas expesses antiistóio no sentido de que se lêem os gegos segundo deteminadas peoupaçes que les são posteioes e em pate pósenasentistas Os poetas eam sem dúvida los de eus ou de Apolo ou das usas mas tambm os eis eam los de Zeus os mdios los de Aslpio e assim po diante Alm disso omo Dodds admite em Homeo as posses de vidente e de poeta são distintas (paa desvantagem do pimei o) emboa em outas ultuas não e disui as enças gegas sobe a poesia om base na analogia de ultuas nãogegas (Speduti p 212 notas 36 37) simplesmente onlui que se pode ompeende melo a iviliza ção gega eduzindoa àqueles temos omuns à Euopa bábaa Um deus etamente podia insua ançes em Fêmio Od 22347 em que F tem muitos motios paa a sua petensão) mas podia tambm insua oagem medo popósitos e oisas semelantes em qualque eói (e o bado Demódoo amado de eói Od 8483) ais essenial ainda e
indicaivo da difeença gega ndamenal é o o de que Apolo e as Musas são abilidosos (o exemplo em Snell p 10, noas 2 e 3 e insuem (Od. 8487 ss Teog 22, 662), de modo que um menesel pode no mesmo lego fala de si pópio como insdo e não obsane como inspiado (Fêmio vesos 347 versus 348 Hesodo vesos 22 versus 31, como na noa 27 aca As invocações especiais de Homeo s Musas esão ligadas a çanas eaodinias de memóia (cf cap 10, n 15 Dodds p 100, n 116 pocua gi dessa conclusão A eivindicação de Pdao de que é abilidoso � (Ol 294 cf Nem 340 eee a vaidade pópia do poea nascida daquela pecepção eal de capacidade pessoal que seu domnio sobe o pblico le dava O que Pdao não diz é Em viude dos meus does inaos não peciso de abilidade 30 Podeamos acescena que enquano os padões de compoameno ele vane pecisavam se ecodados numa linguagem ceimoniosa paa que fssem memoizados podiam ambém mosa uma endência a se oaem eles pópios ceimonioso O lema de uma culua oal podeia se exesso como QOV 1OUÇ c Mas numa cula alfbeizada isso se oa Àyoç Qyoc (Dem B145 iso é a linguagem oa-se a descição da ação em vez de sua expessão (cf Collingwood p 112 31 Iso o enunciado onseado pico numa culua oal consiui aquilo que os lósos modeos camaiam de pemaivo' em oposição ao desci ivo ou definido 32 Acima cap 3, n 22 33 Toda afimação de emoção que ele (iso é o aisa pofee é pecedida da ubica implcia não de eu sino mas nós seios É um abalo paa o qual ele convida a comunidade a paicipa iso poque sua nção como especadoes não é aceia passivamene sua oba mas epei-la novamene paa si mesmos Collingood p 315
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O CONTEO E A CACTESTICA O ENUNCO POÉTICO
Qando a mimesis platnia é empreaa pra desrever o ato de riação do poeta deontamo-nos om a seinte qstão Qe material ele ria? Qal é o onteúdo real de m os o de m pema? É apenas no Livro X da sa epúblia qe o lósof apnta sa artilharia para esse alvo Ele senti ser neessrio em primeiro lar no Livro III expor a sitação da exeção poétia e retorna novamente a isso no própio Livro X mas se estende sobre o estado psiológio do públio Porém antes de fzêlo passa a examinar não o artista mas se enniado poétio esse ntasma" da realidade omo ele o hama Ainda não sabemos exatamente por qe ele desarta desse modo a poesia omo m relato da experiênia hmana A lóia do se ataqe ter de ser defendida nm apítlo posterior No entanto o laro aora qe ele tinha no mínimo o direito de examinar a poesia sob esse aspeto omo m relato e não apenas omo m estímlo estétio A poesia havia de to seido omo a enilopédia tribal eslareemos esse to; apresentamos o onnto da tradição das ondtas e dos ores e habilidades oltos na narrativa lado pois omo ma espéie de 13
enciclopédia como um conuno de informações e de orienações que espécie de relao é esse Esclarecemos aneriormene as leis psicológicas que regulam sua execução Tenemos agora descobrir as leis episemo lógicas que regulam a organização do seu esilo o ipo de sinaxe por assim dizer denro do qual esse modelo de comunicação é composo Uma vez que esses dois ensaios sobre a compreensão esão compleos é possível que enhamos em nossas mãos as chaves para a lógica do aaque duplo de Plaão à declamação e ao seu coneúdo. Na verdade o problema do coneúdo poéico esá inseparavelmene ligado à condição da declamação Os dois podem ser isolados como problemas separados e examinados com absração um do ouro mas o insino de Plaão esá cero quando insise em primeiro lugar em analisar a relação enre execuane e ouvine anes de se permiir examinar dum pono de visa episemológico os enunciados efeivos proferidos pelo execuane O regsro conserdo (çamos aqui uma recapilação) precisou ser coninuamene susenado pela consciência viva ele próprio era um regisro vivo" Não podia ser deixado de lado e negligenciado aé que viso e recapilado gahasse novamene a lembrança na consciên cia Ele podia arregimenar a auda direa de apenas um senido o da audição e a moldagem do maerial para apresenação precisava porano ser regulada por arcios nemônicos que obedecessem a leis acúsicas Os ouros senidos eram enão posos em ação ano quano possível pelos arifícios da associação empáica Isso requeria não apenas uma economia seleiva do maerial a ser conserado mas ambém um esrço verdadeira mene heróico das energias psíquicas que deviam arregimenar os seriços de homens paricularmene doados muio embora a população em geral por meio da exerciação pudesse er o que pelos nossos padrões seria uma memória excepcionalmene boa Aé aqui do bem Mas devemos acrescenar que as regras mne môicas às quais o coneúdo da comunicação conseada deve se confor mar precisavam ser comuns Supõe-se que uma comunidade seja capaz de produzir em qualquer época um pequeno número de pessoas doadas de memória excepcional e que eoricamene possam memorizar uma quan idade muio grande de maerial a qual esá ra do alcance das pessoas comuns Os jurisas que numa época poserior da hisória européia cofiaram o Código Jusiniano à memória rnecem um exemplo desse o Nesse caso a inoria bem-doada aua como uma core de apelação 14
ma nt d dcisão para a comnidad A sitação homéca ra difrnt. S a tradição dvia prmancr stávl sr rglarmnt praticada, prcisava sr lmbrada m difrnts gras pla poplação como m todo. Por consgint, la dv sr moldada d rma a corspondr às ncssidads psicológicas d mmorização q stavam prsnts nas pssoas comns, não simplsmnt nas bmdotadas. Os mcanismos postos m ação ntr m público normal consis tiam, como dfndmos, m atividads do sistma nroso comns a todos os srs hmanos. Aqi stava ma spéci d tatro d açõs rítmcas do qal todos compartilhavam. Os rlxos físicos xigidos, qr da laring, qr dos braços prnas, constituíam m si msmos ma rma d ação, d pris. É mais cil incitar tais açõs sicas mdian palavras qando las por si msmas ocam açõs , por consgint, qando dscrvm açõs. O contúdo do epos dvria, portanto, consistir l próprio, prfrivlmnt, d toda ma séri d açõs. Per cont, a possibilidad d sr isolado com maior cácia rminado m silêncio com imobilidad sica constiti a caractrística d m concito o ma idéia. A rncnação idnticação motiva não são possívis no procsso cogitativo propriamnt dito. Porém são ssnciais ao procsso mnmônico rítmico podmos rncnar somnt ma dscrição d ação. Podmos sr stimlados plas palavras a nos idnticarmos com o q las" dizm apnas qando las" xprimm moçõs paõs m sitaçõs d movimto. A ação prsspõ a prsnça d m ator o agnt. O epos consado pod, portanto, apnas lidar com pssoas, não com fnômnos impssoais. Nas palavras d Platão, ietike é ma iesis d srs hmanos agindo, qr a ação sja atônoma, qr sja o rsltado d ma casa xtrna" la pod inclir o homm m açõs rçadas o volntárias, m dcorrência das qais ls s considram bm o mal scdidos, ntrgandos, conform o caso, à dor ou à algria". O contxto d Platão, como dfndmos antriormnt, 3 torna impossí vl, nssa dscrição, dizr q l stá pnsando apnas no tatro. O poma épico não constiti mnos m tatro d ação pixã, como ocorr com toda posia lmbrada. tipo d pssoas podm sr ssas? Nm toda qalqr pssoa S a saga é ncional, s s objto é consrvar os mors do grpo, ntão 15
os homens que agem nela devem ser do tpo de homem cuas ações envolveram a le públca e a le doméstca do grpo Eles devem portanto ser polítcos no sentdo as geral desse termo homens cuas ações paxões e pensamentos afetarão o comportamento e o destno da soceda de na qual vvem de modo que aqulo que zem lance vbrações até os mas longíquos cons dessa socedade e toda a organzação toe-se viva e execute movmentos que são paradgmátcos O Lvro 1 líada constt um exemplo claro desse processo em ação: não uma dsputa privada mas ua contenda polítca entre homens do poder ela própra exacerbada por uma desgraça anteror que também é políca a peste no exércto que hava sdo a punição por um ato político-relgoso de Agammnon Em suma para que a saga cumpra sua tare na comundade e ofereça um paradgma ecaz da le e dos csmes socas deve ldar com aqueles atos que são proenentes e polítcos Além dsso denomi namos herós ucamente os atores que podem rnecer esse paradgma nesse tipo de socedade O otivo do paradgma heróco não é em última nstânca romântco mas nconal e técnico Homens e mulheres não são contudo num sentdo lteral os únicos atores na saga É u lugar-comum dzer que a etáfora consttu a base da deta poétca Podemos tomar sso como certo e então obserar o prncípo básco subacente às metáras da saga Os fenômenos dferentemente das pessoas podem ser descrtos as apenas quando se magna que se comportam como as pessoas o ram O meo ambente torna-se uma grande socedade e os fenômenos são representados como membros dessa socedade nteragem uns com os outros como se repre sentassem os papés que lhes ram destnados O menestrel da líada nos aresenta uma dessas etáforas nas prmeras palavras que profere A ra de Aqules torna-se um demôno dvno que destró tdo que estea em seu poder que submete os Aqueus a um rdo doloroso que atra suas almas à morte como um arquero dsparando suas echas e que deles z presas de cães e aves O gosto sostcado de ua cultra lvresca saboreando o vgor desses versos sentr-se-á tentado a nterpre tar essa personfcação coo poétca no sentdo estétco como ua magem que está delberadamente destnada a substtr as relações abstratas de causa e efeto por uma outra emoconalmente mas poderosa A ra de Aqules na verdade não z essas cosas em qualquer sentdo dreto Ela teve a capacdade de crar uma stuação desvorável ao 186
exército grego e isso or sua vez causou a derrota do eército. Dizemos como está certo o instinto oético que ega esse atalho do raciocínio histórico e simlesmente aresenta o roduto final da ação direta da ira O que deveramos dizer é como é imrescindvel ao menestrel quando deve oferecer algum aradigma de causa e efito que nossa memória deverá reter aresentar isso como uma série de atos executados or um agente com o ual odemos nos identificar o ouvir e reetir os versos Em suma uma linguagem sosticada quando analisa a história em termos de causas e efeitos de tores e rças de oetivos e inuncias e assim por diante é imossível na tradição oral va orque nã é assvel de ser conduzida à sicodinâca do rocesso de memorização. Quando vemos uma oesia oral desse onto de vista odemos comreender que a metáfra mais comumente eregada é a de um deus. Qual dos deuses ergunta eloqüentemente o oeta levou Aquiles e Agammnon ao conito? E ele resonde fi Aolo que cou eaive cido com Agammnon e lançou uma este contra eles e o ovo i destruído". Essa maneira de contá-lo novamente rnece um agente em lugar da causa histórica Seu comortamento vigoroso cilmente reen cenado toma o lugar de uma conexão causal entre uma série de eventos que são astante comlexos e que resultaram ineseradamente no envolvimento dos dois líderes numa contenda. Desse modo a este no exército constituía um fenômeno natural e o oeta está consciente disso quando descreve como ela terminara or medidas sanitárias. Porém a única maneira de descrever seu início é atriuí-lo uma vez mais a um agente ou melhor aos sucessivos atos de vários agente e esse tio de exlicação é rnecido quando Calcas conta como Agammnon cometeu o sacrilégio contra Aolo ao se aroriar de Criseís a filha de seu sacerdte. A este é uma exressão da ira do deus. Mas o reméo a eliminação dessa imiedade deve ser conseguido às exensas de Aquiles que deve erder seu ro ara Agammnon e assim os dois enfrentam-se numa disuta cua causa última fi ou a este ou o ato anterior de imiedade que or sua vez causara a este. Aresentada dessa maneira a narrativa tem uma lógica histórica rória. A cadeia de tores ode ser aresentada como um sistema. Mas nenhuma memória viva oderia lidar com as relações e categorias necessárias a um tal sistema. Elas recisam se tornar vivas" e atuar" como seres vvos gananciosos ressentidos e assim por diante. Então eles se tornam Aolo 17
um agente poderoso que lança dois omens num coito, um agente ostil a um deles e indiretamente hostil a todos os envolvidos porque está protegendo um vorito Esse emplo frnece uma lei pela qual o uso dos deuses na saga oral pode ser amplamente explicado Eles constantemente oferecem um mecanismo pelo qual as relações podem ser traduzidas numa rma verbal com a qual o ouvinte pode se idencar Elas se tornam imitáveis e portanto memorizáveis A complexidade da cadeia causal simplicada; os tores abstratos são todos cristalizados com a inteenção de pessoas poderosas O politeísmo, visto sob essa luz, como uma espcie de metáfora recorrente para a constante conjunção de causas e efeitos, pode ser considerado como possuidor de uma grande vantagem descritiva sobre o onoteísmo Ele pode relatar de maneira mais vívida a ariedade da experincia fenomnica, de estações e clima, de guerra e catástrofe, de psicologia umana, de situaço histórica, mediante a atribuição de um dado fenômeno ao ato ou decisão de algum deus cuja atividade pode ser limitada ao dado fenômeno sem estendlo a todos os demais A tentação de simplificar em demasia o comportamento do mundo eerior, como tambm o ncionamento interior dos próprios impulsos umanos, desse modo evitada A mentalidade do menestrel, todavia, não podia se satiszer com uma utilização puramente arbitrária e aleatória de uma grande variedade de seres divinos que se adequassem a determinadas ocasiões e crises A lei da economia básica para a dicção do registro conserado deve ser tambm aqui posta em prática Asim, os deuses tornamse efetivamente uma espcie de mecanismo organizado em ias, em analogia aos omens, e possuem atributos pessoais que permanecem muito constan tes Um determinado dus tornase adequado a um determinado fenôme no (embora Homero mostre alguma lexibilidade nessas escolhas) e essas divindades, a fim de serem lembradas com regularidade, cam incorpo radas na sua própria saga, por assim dizer Elas amam e brigam, governam e obedecem em situações e istórias que imitam o teatro político humano Desse modo, suas istórias tornamse paradigmas do ncionamento da lei pública e privada que cabe à saga conserar Eles constiem uma segunda sociedade sobreposta à sociedade dos heróis 1
É possível objetar que essa linha de racioco, que explica os deuses em termos da psicologia da memorização oral, dea de levar em conta sua situação de objetos de culto e adoração. Contra o que se pode argumentar que a saga homérica é em si altamente indiferente aos deuses como objetos de culto, e em Heíodo, como veremos num capítulo posterior, acontece o mesmo. O culto não está ausente na verdade, o enredo a líada é desencaeado por uma ofensa cometida contra um ocial que preside a um rito local Não obstante, o culto subsiste apenas nas margens da históra, e não no seu centro. Se nosso conhecimento dos cultos gregos dependesse apenas de Homero, não saberíamos muito acerca deles Na saga, os deuses parecem ncionar em boa edida da maneira como procramos descrevê-los Recapitulemos. A psicologia da memorização e do registro orais exigia que o conteúdo do que é memorizado fsse um conjunto de coisas. Isso, por sua vez, pressupõe atores e agentes. Ua vez mais, visto que o conteúdo a ser conseado deve colocar uma frte ênfase na lei pública e privada, os agentes devem ser pessoas proeminentes e sagazes. Por conseguinte, eles se tornam heróis. odos os fenômenos não-humanos devem, mediante metáras ser traduzidos em conjuntos de oisas, e o articio mais comum para conseguir isso é representá-los como atos e decisões de agentes particularmente proeminentes, isto é, deuses. Agora, retornando ao própio herói, deve-se obserar que um ser humano inluente que exercesse poer era lembrado dentro do contexto de uma seqüência muito elemetar. Ele nascera e então se tornou poderoso, em seguida morreu, e seus atos e palavras ocorrem entre os dois acontecimentos que marcam os limites de sua vida. Seu nascimento seguira uma causação anterior seus feitos estiveram automaticamente envolvidos nas ações de seres humanos precedentes. Ateriormente a ele houve o casamento de seus pais. sua ente, depois de seu nascimento, houve seu próprio casamento, que levaria ao nascimento de seus descendentes. Nascidos, sobreviveram quando ele morreu. O herói da íada, assim que é trazido à cena, em sua ira imponente, é transportado à praia, diante de sua mãe que celebra seu nasciento e sua morte. Seu iscursos mai comoventes, à medida que a história se aproxima do fim, reoram seu pai e seu possível acasso em manter a sucessão. 5 A vida e os atos o herói constituem o receptáculo no qual os ores da tribo estvm ontidos e ilustrados. Ele tendia, portato, a se 1
tornar m fenômeno moral que surgiu e desapareceu. Porém a imagem do desaparecer e do perecer ameaçou a continuidade tradição. Isto deve a todo custo sobreviver no registro com algo permanente não podia sobreviver abstratamente mas somente como um paradigma de açõs. Assim a vida e a morte de heróis estão ligadas em séries inndáveis por casamentos rmais e solenes e nerais igualmente solenes nos quais as honras nebres ao morto repetem e refrçam os imperativos tribais que os sobreviventes devem conserar. É notável nessa conexão obser var até que ponto as artes da escultura e da pintra do período geométrico ao do apogeu do classicismo preocupam-se com a repre sentação de núpcias nascimentos mortes e nerais que visto ameaça rem o sentido de permanência do grpo e de sua sobrvivência eram portanto dispostos deliberadamente de modo a sugerir sua seqüência ininterrupta e sua relação causal. Os verbos que indicam nascimento e morte soeram muito ceo um desvio metafórico pelo qual ram ligados a um predicado para representr uma ação ou o seu resultado. Uma nova sitação por assim dizer nasce" ou é criada por uma ação anterior um novo fenômeno nasce de um anterior. 6 A frmula homérica eles se reuniram e 'nasceram juntos" ilustra a metára no seu estado mais elementar. Nasceram juntos" é acrescentado como uma variante da expressão anterior eles se reuniram". A tradução moderna automaticamente substitui o verbo por tornaram-s" ou ''vieram a ser" ignorando o to de que o grego homérico descoece qualquer ligação com o verbo ser. Essa metáfora e as metáras correlatas de causar brotar (como uma planta) morrer denhar perecer e assim por diante estendem-se por isso ao que denominaríamos fenômenos. Uma contenda ou batalha uma peste ou tempestade podem zer coisas a outras pessoas. Elas podem também elas próprias nascer surgir definhar" perecer" ou desistir". Os únicos fenômenos aos quais a metáfora da morte não pode ser aplicada são os deuses. Todavia eles podem nascer procriar e dar à luz e esse to é explorado de todas as maneiras possíveis. Sua imortalidade por outro lado apresenta-se na saga como uma eterna contradição à infinita sucessão de mortes na qual o drama humano deve ser descrito. O conteúdo do registro poético desse modo pode ser visto por um lado como uma série iindável de ações e de outro como uma série igualmente infindável de nascimentos e mortes que quando aplicados 10
metafoicamente aos fenômenos tornam-se coisas acontecendo" ou eventos" verbo acontecer" é na verdade uma outra tradução vorita do verbo grego nascer" exatamente como morrer" constii um meio preferido de traduzir o grego por ser destruído". Essa característica do relato tribal como uma série de eventos isto é como uma série de nascimentos e mortes não se torna inteiramente visível senão quando Hesíodo tenta organizar o registro num sistema de nascimentos em gerações ou famílias. Não estamos ainda preparados para ele. A saga na sua rma puramente oral lava muito mais eqüentemente de feitos do que de acontecimentos Porém é perfeitamente possível inferir que ela do ponto de vista de uma crítica posterior e mais complexa constitui essencialmente o registro de uma série-de-eventos de coisas-que-aconte cem 8 nunca de um sistema de relações ou de causas ou de categorias e assuntos. Somente uma linguagem de ação e de acontecimento está sujeita ao processo rítmico-mnemôco e os nomoi e ethe são memori záveis apenas quando são coisas feitas ou coisas que ocorrem. É possível encontrar exceções nos aforismos homéricos apontando para a direção de uma sintaxe destinada a escapar ao evento. Mas elas podem ser temporariamente ignoradas As unidades ndamentais da enciclopédia tribal constiem conjuntos de coisas e de acontecimentos. A informação ou prescrição que num estágio posterior da cultura alfabetizada seria disposta segundo tipos e assuntos tradição oral9 é conservada apenas quando transmudada num evento. s exemplos do conteúdo enciclopédico da saga já citados num capítulo anterior seguem todos essas regras sintáticas. caráter e a nção do cetro da autoridade que Aquiles lana ao chão são recordados apenas quando postos na rma de desempenhos ativos e específicos Por ese cero qe ramos nem las jamais em verdad Reproduziu desde qe i na monana do ronco arrancado E qe jamais broará pois o bronze de vez arranco-le A casca e as las a vida e qe os los dos nobres Aqeus Qando em nção de juízes empnam zendo qe valam As leis de Zeus e os preceios.
As palavras de Aquiles evocam várias imagens de situações instan tâneas há o cetro sendo cortado nas orestas e deslhado e há o comitê 11
de uíze no parlatório empunhando o cetro Não se trata d um quadro estático eles estão zendo coisas estão implícitos na descrição gesticu lação e discurso Os tempos verbais pretérito e tro assim como um presente que está limitado ao aqui e agora como um evento vividamente presente substiem nossa sintaxe complexa de um presente atemporal usado para ligar um sueito a um predicado universal: o cetro é um símbolo da autoridade e da lei" Os procedimentos de navegação, tal como os extraímos da nara tiva, não são na verdade relatados como procedimento universais, mas recitados como ordens para ação ou como atos específicos Agora, um navio de cor negra lanceos " é seguid de quatro outros imperativos Depois, a operação é levada a cabo no pretérito: o lho de Atreus um navio veloz lançou ao mar salgado, e escolheu remadores para ele" etc Enquanto essas vinhetas são narradas, o público pode idencar-se psicologicamente com eles, pois são ações e, portanto, memorizáveis Uma ação ou acontecimento pode ocorrer, evidentemente, apenas no contexto do que poderíamos chamar de um episódio, uma pequena história ou circunstância A memória rítmica não desea que sua execução sea interrompida e tenha de começar novamente Ela quer deslizar de uma ação para outra, de mdo que um item B sea lembrado apenas quando u de A, e C apenas quando ui de B Essa cadeia de associação nrrativa agrupa-se mais naturalmente em torno de um agente cua imagem tenha sido evocada num episódio e cuas palavras e atos se tornam então veículos feitos ara portar itens da enciclopédia tribal Desse modo, a lei da pertinência narrativa é estabelecida11 como nda mental para a boa conseração de um registro tribal, e o bardo superior é aquele que com maior êxito domina essa arte da pertinência de modo a disimulá-la como se fsse o conteúdo da enciclopédia que a memória do grupo deve de alguma maneira reter O enunciado da nção do cero da autoidade, em si mesmo uma imagem, está loalizado num episódio que o torna pertinente a ira de Aquiles, a gravidade do seu uramento Os procedimentos de navegação surgem na narrativa como uma resposta lógica a uma dada stuação: o rei convenceu-se de que deve se corrigir; como zê-lo senão dando ordens para transportar a moça de volta ao templo do qual ela havia sido arrebatada? Por conseguinte, o embarque, o carregamento, a viagem, o atracamento, o descarregamento não são descritos por si mesmos como operações gerais, mas como diretrizes particulares levadas a cabo no curso de uma situação ativa 12
Finalmente, enqanto a memória rítmica pode teoricamente aco modar uma grande extensão de pequenas histórias episódicas, uma cultura oral complea requer uma paideia que deverá ser coerente, um cous d mores semi-estáveis transmissíveis como um co de geração a geração. Quanto mais rme é a estrutura do grpo, ou o sentido de um comum compartilhado por comunidades que falam uma língua comu, mais urgente é a necessidade de criação de uma história de grandes proporções que resuidamente deverá reunir todas as pequenas histórias numa sucessão coerente, agrupadas em torno de vários agentes proeminentes que deverão agir e falar com alguma coerência gloal. Isso porque os padrões de comportamento púlico e privado, recordados em lhares de episódios especícos, são multrmes e variados, e não permitem a redução a um catecismo, emora devam ser recordados e repetidos quando necessário Qual será a estrtura de referência, os caeçalhos de capítulo, o catálogo de ilioteca, dentro do qual a memória possa encontrar marcadores que deverão apontar os adágios e exemplos de sabedoria? Apenas o enredo gloal de uma história de grandes proporções pode serir, um enredo memorizado em ilhares de vrsos, mas redutível a episódios especícos que proporcionarão exem plos específicos. Tu me perguntas como se deveria efrentar a morte Muito em, u te lemras de Aquiles, depois da morte de Pátroclo; coo sua mãe veio ao seu encontro ela era uma deusa, como saes e o que ele disse a ela sore seu dever e o que ela lhe disse e o que ele respondeu novamente a ela"1 Apenas a estrtura da Iíada é capaz de rnecer a recordação inicial desse paradigma no seu lugar na história O próprio paraigma, considerado como um episódio, é recordado no seu dinamis mo especíco; sua mensagem pode ser geral, mas somente num retros pecto sutil Os contexos da Ilíada constitem os números de páginas para a memória oral. ssas leis que regulm a sintaxe da enciclopédia rial, a texra veral de um ato ou evento, a necessidade de localização episódica numa siação narrativa, a necessidade de localizar os clímax da narrativa no contexto de uma história de grandes proporções e concisa são todas ilustradas no caso do mais notável de todos os pontos didáticos da Ilada, a saer, o chamado Catálogo, que frma a segunda metade do Livro II Nossa preocupação aqui não é com as possíveis ntes históricas deste 13
documento". Trtr-se-i de list de cmd micênic? Ele lgum di terá existido em Liner ? Trt-se de um reescritur exedid r convocr um rmd r Aulis? Não será ntes um eroilogi" um celebrção de determinds ílis ilustres? Ou seri um gui de nveg ção r s ils e costs do Egeu reletindo s necessiddes e circunstân cis dos séculos III e Tods esss ergunts já rm feits sobre ele. Ms o qe nos ocu qui é o simles to de que este n mneir como comreendemos Homero não é bsolutmente um documento s um registro orl. Noss reocução qui é somente com sinte e seu contexto. Deve ser um relção de nomes e números: Dizei-me ó Muss que bitis o Olimo ... os nomes dos citães dos Dânos e seus cefes suremos" Assim o menestrel nunci o teor do eisódio seguinte. Porém um relção é um lno ou um sistem divorcido do to e do evento. Como ele oderá ser retido n memóri quer menestrel quer do úblico? Como se tivesse consciênci desse roblem o brdo rofere um invocção esecil e um tnto tens tods s Muss seus oderes devem se unir r judá-lo num tre muito difícil. Diferentemente bertur d su grnde istóri que mergulv imeditmente no voc bulário de ção necessitv ens de um invocção csul d deus. O resente contexto comrov que s Muss sibolizm necessidde de memóri or rte do menestrel e seu oder de conser memóri e não um insirção esiritul que certmente seri indequd um list de cmd. Todvi não será estritmente um relção sintxe do mero ctálogo não está o lcnce de um comositor não-lfbezdo. Não será um conjunto de ddos ms de ções. O rincil item o mis extenso deles todos é tíico: Vierm trzidos os omens d eóci or Lito Peneleu (os qus se crescentm mis três outros nomes) . .. . Estes rm os que erm dos cmos d Híri d étre Áulide e de Esqueno (is vinte e seis toônimos são crescentdos com lgums reetições de cmos" e roriedde") ... . Destes cinqüent nvios vierm e cd um crregdo de cento e vinte omens d eóci. Um áre geográc eóci é identicd não como tl ms elo nome de seus omens. Estes são então ligdos certos gentes oderosos cuj lidernç contudo não é declrd no bstrto ms como um to de oder. Em seguid entidde geográc isto é eóci é gmentd em locliddes ms ests são resentds es 14
como objetos de ação pessoal da parte daqueles que as pastoreavam ou po ssíam. Depois, como se a longa relação de nomes houvesse esgotado a capacidade mnemônica do bardo, ele terna evocando duas imagens simples mas em movimento, de navios a canho, de homens vindo a bordo. A "entrada beócia, poderíamos dizer, é convertida num episódio com movimento. 17 Todos os itens da relação seguem variações desse padrão sintático, todos eles dominados por imagens de pessoas poderosas na liderança, no governo ou no comando No caso de alguns heróis, o bardo, à medida que os nomeia, é levado para um episódio pequeno que amplia o contexto narrativo do nome o ero dado e o torna mais vívido e passível de identicação empática. Por vezes, os tos que envolvem a ascendência de um herói são recordados, mas, neste caso, nunca se trata simplesmente de ele ser o lho de res ou Héracles ou outro semelhante, mas antes um quadro do sposto pai seduzindo a mãe sob certas circunstâncias. Em suma, eles não constituem notas de rodapé, mas reversões daquela sintaxe de evento ou ato, sem a qual o registro conserado esmorece e acassa. Essas inserções narrativas são acrescentadas ·aos nomes de doze heróis e também a três topônimos. ém disso, esses acréscimos narrativos não podem ser vistos como um empréstimo das genealogias ou ias ilustres. Isso porque, nos casos claros de Agamêmnon, Mênalo, Aquiles, Protesilau e Filocte tes, 1 8 o acréscimo narrativo é usado para localizar o herói no contexto da grande história do bardo, como se ele sentisse uma irresistível necessida de de voltar à sua narrativa mesmo enquanto apresenta o que parece ser uma relação. Nomeando Aquiles das vezes, lembra-nos igualmente por duas vees em versões variantes, de como ele quedara, irado, junto aos navios e assim por diante 1 9 Isso no que diz respeito à tera verbal da relação em si. Em seguida, deve-se obserar que a relação como um todo é conseada e, portanto, recordada enquanto ocorre e provocada por um episódio especico. Ela deve ser pertinente à narrativa. O exército grego diante de Tróia i lançado no pânco e está prestes a abandonar a guerra, mas m discurso eloqüente de Odisseus os reorganiza e Nestor, então, arremata com o argumento para contiuar o sítio. Ele pressiona Agamêmnon para renir as tropas do exército a m de levantar-lhes o moral e incitá-los à 15
luta A revista é entã descrita cm s capitães exrtand seus respectivs cntingentes enquant avançam na planície d Escamandr "Dizeime agra ó Musas s nes ds líderes ds Dânas e seus cefes Assim é que menestrel utiliza a pertinência narrativa cm a cave que abre repsitóri ds dads tradicinais A infrmaçã d catálg pde ser recrdada e cnduzida pela memória viva apenas uand z parte de um rande episódi que a prvca e ns leva a ela Finalmente esse episódi pr sua vez cnstitui em si mesm um incidente memrável na grandisa istória a História da Guerra Triana assim cm essa guerra pr sua ez é lembrada em cnexã cm tema da grande cntenda de Aquies Esse enred glbal a estrutra d pema épic tal cm se aglutinu durante s séculs de nã-albetizaçã entre 1000 e 700 a rma a bibliteca geral que deve incuir e manter em registr seus utensíis e neste cas material é particularmente didátic Catálg é a mesm temp ma espécie de istória d pv greg e uma espécie de gegraa d seu mund um cmpnente necessári da educaçã geral d grup étnic greg à épca em que viveu n litral d Egeu pr vlta sécu III a Se Hmer estivesse send reescrit para se cnfrmar à lógica de um estil expsitiv literári de discurs cmeçaríams a narrativa da guerra cm seu catálg de ifrmações exigidas cm base para a istória especíca que estaríams ns prpn d cntar Prém a memria ral inverte esse prcediment A narrativa dinâmica deve ter priridade para armar seu srtilégi sbre a memória rítmica antes de tentar carregar um ta rd A infrmaçã nã pde existir independentemente ela surge na lembrança apenas quad é sugerida pela grande istória de que z parte s catálgs de pemas épics algumas vezes descrits cm element "esiódic sã e qentemente discutids cm se rmassem a camada mais antiga da tradiçã ns pemas 20 Iss pde ns induzir a errs pis na tradiçã ral eles nunca pderiam ter existid cm mers catálgs Sempre precisa ram ser recrdads num cntext narrativ e traduzids eles própris em terms de events de cisas acntecend u de ações reaizadas pr pessas vivas 21 catág na sua rma mais pura e sucinta pde ter existid ns dcuments da Linear B, durante s temps icênics embra iss sej a duvids Nessa rma pura ele nunca pderia ter feit parte da tradiçã ral A atividade d Hesíd primeir catagadr subsistente anuncia s mments iniciais de um esti psteri de 16
composição que a alfabetização possional tonou possível. Somente com a cescente ajuda da palava escita o mateial catalogado começa a e sepaado dos contextos naativos e a apaece numa oupagem mais sevea mais infomativa e menos memoizável Se o "conecimento conseado (colocamos o temo poposital mente ente aspas) é obigado a obedece desse modo às exigências psicológicas impostas pela saga memoizada tonase possível defini seu caáte e seu conteúdo geais sob tês difeentes aspectos nenum dos quais am ao caáte de "coecimento tal como se admte existi numa clta alfabetizada tes de mais nada os ados ou itens sem exceção devem se expostos como eventos no tempo Todos eles são postos na ma tempoal Nenum deles pode se posto numa sintaxe que seja simplesment vedadeia paa todas as situações e potanto atempoal cada m deles deve se muado na linguagem da ação especíca ou do acontecimento especíco Em segundo eles são lembados e imobilizados no egisto como episódios desconexos isolados cada m completo e convincente em si mesmo numa séie euda paataicamente A uma ação sucede outa numa espécie de cadeia ta A expessão gamatical básica que simbolizaia a ligação ente os eventos seia simpesmente a ase "e então " Em teceio esses itens independentes são mlados de modo a dete um alto teo de sugestão visual eles ciam vda como pessoas ou coisas pesocadas agindo vividamente na imaginação Na sa individual e episódica independência umas das outas são visuaizadas ntidamente como num panoama infindável Em suma esse tpo de coecimento que se constói na memóia tibal pelo pocesso poético oa está submetido exaaente às tês imitações desctas po Platão como caactesticas da "opião (doxa) Tatase de um conecimento de "acontecmentos inomena) que são aidamente vivenciados em uni dades distintas e potanto são antes plualizados ola) do que inegados a sisemas de causa e efeito ém disso essas udades de expeiência são visualmente concetas eas são "visíveis (ta) Examinemos m pouco mais dealadamente a pimeia e avez a mais ndamental dessas tês caaceísticas Uma istóia deve se condi cionada ao tempo e podemos admi isso po ceto Poém aquio qe estaos vendo aqui é o o de que essa ma tempoa estendese também a utensílos encicopédicos contidos na stóia isto é estendese ao "conecimento etido na memóia tiba A pópia stóia está 17
envolvida numa sinte de passado, presente e turo, todos disponíveis no grego clássico, ou a "aspectos do tempo disponíveis em outras línguas. material compreendido, incluindo iormação, preceito e coisas semelantes, tem a mesma probabilidade de ocorrer no tro ou no passdo istórico como evento ou como ordem, visto que o exemplo dado deve ocorrer numa conexão narrativa e ser ele próprio apresentado como uma "ação. s procedimentos de navegação constitem um exemplo disso. Eles podem, no entanto, ocorrer no tempo verbal presen te, como acontece eqüentemente no aforismo. Aquiles descreveu como os antepassados "agora empunham o cetro do poder. Porém esse tipo de presente não é o atemporal (se me permitem o paradoxo). Ele é empregado para descrever um ato que ocorre temporal e vividamente na imaginação do menestrel e do público: "á estão eles, empunando-o Por conseginte, nem a informação técnca nem o juízo moral podem ser apresentados relexivamente na saga como uma verdadeira generalização apoiada na lingagem dos universais. Há uma passagem notável próxima à aberra da Odsséia que poderia ornecer uma exceção, mas apenas aparentemente. Em conselo, Zeus exclama diante dos demais deuses: Ah! de que maneira os moris censuram os deuses! A dar-lhes ouvidos de nós provêm odos os males quando anal Por sua insensaez e conra a vonade do desino são eles os auores das suas desgraças!
Esta não é a sinte da verdadeira deição universal. inda se nos apreenta evocativamente uma ação, como os mortais acuulam desgra ças, e o discurso todo está condicionado, na narrativa ao caso de Egisto, de quem Zeus se recorda e de cuja queda ele eseja se er. Isso é o mais próximo da relexão moral a que o registro oral pode cegar. que ele não pode zer é empregar o verbo ser como uma cópula atemporal como na seguinte ase: "os seres umanos são responsáveis pelas conse qüências dos seus próprios atos. E muito menos le é possível dizer "os ânglos de um tiânglo são equivalentes a dois ânglos retos. s imperativos kantianos, as relações matemáticas e os enunciados analíticos de qualquer espécie não são exprimíveis e muito menos pensáveis. É igualmente impossível uma epistemoloia que possa escoler entre o 1
logicamente (e, portanto eternamente) verdadeiro e o logicamente (e eternamente) lso Esse condicionamento temporal constitui um aspecto daquela concretude que está ligada a todo discurso homérico Defendemos que esse tipo de discurso, ustamente por ser o único que, numa cultura oral, desfruta de uma vida própria, representa os liites dentro dos quais a mente dos membros dessa cultra pode exprimir o grau de complexidade que podem atingir Por conseguinte, todo "conhecimento, numa cultra oral, está temporalmente condiciona do; em outras palavras, numa tal cultura o "conhecimento, no sentido que lhe damos, não pode existir. A essa característica ndamental da mente homérica Platão e também os lósos pré-platônicos dirigem-se, exigindo que o discurso do "tornar-se, isto é, o dos infindáveis atos e eventos sea substituído pelo dscurso do "ser, isto é, o dos enunciados que no argão moderno, são "analíticos, livres de condicionamento temporal A oposição entre tornar se e ser na Filosoa Grega não i provocada, em primeira instância, por aqueles tipos de problemas lógicos próprios de uma especulação com plexa, e ainda menos inspirada diretamente pela metasica ou pelo isticismo. Foi simplesmente uma cristalização da exigência de que a lígua grega e a mente grega rompessem com a herança poética, o uxo ritmicamente memorizado de imagens, e a substituíssem pela sintaxe do discurso científico, sea essa ciência moral ou sica Se a saga deve ser composta de ações e acontecimentos, é igualmente verdade que estes podem ocorrer apenas numa série na qual as ações isoladas são, por assim dizer, autosucientes, cada uma delas por sua vez provocando um impacto sobre o público, o qual se identifica sucessivamente com elas, sem tentar organizá-las relexivamente em grupos dentro dos quais as ações secundárias estão ligadas a ações principais A ordem das palavras será em geral a do tempo; a conexão, implícita ou explícita, entre uma ação e outra seá "e então Desse modo, o registro memorizado consiste em uma vasta pluralidade de atos e eventos, não tanto integrados em grpos encadeados de causa e efeito quanto ligados associativamente em séries infinitas Em suma, o registo rítmico, segundo sua própria natureza, constitui um "muitos ele não pode ser submetido àquela organização abstrata que reúne "muitos em "um Estilisticamente, pode-se denir esse to coo uma oposição entre 1
o tipo de composçao paratático 25 como no poema épico e o que é periódico ou que está começando a sê-lo como por exemplo nos discursos de Tucdides Porém trata-se de algo muito mais prondo do que o mero estilo Para ilustrar sua veracidade analisemos os versos iniciais da Iada do ponto de vista dessa oposição Canta-me a cólera ó desa! nesta de Aqiles Qal fi a casa de os Aqes soerem trabalhos sem conta E de baarem para o Hades as almas de nmerosos Heróis cando eles próprios atirados aos cães E como pastos das aves e cmpri-se o desígnio de Zes Por esse motivo desde o princípio os dois em discórdia caram cindidos Agamêmnon o lho de Atre sehor de geeiros e Aqiles divino
Esta versão traduz os verbos e prticpios na ordem grega Uma organização mais explcita do mesmo material poderia se apresentar da seguinte maneira: Minha canção é sobre ma catástrofe militar envolvedo mitas mortes Qe se abate sobre os Aqes como resltado da ira de Aqiles Uma ira provocada pela sa grande dispta com Agamêmnon E realizada com a cooperação de Zes
Na versão omérica a imagem da tremenda ira de Aquiles leva imediatamente a uma imagem de atividade que por ábito as pessoas prontamente associam com uma tal ira a do assassinato de pessoas; o assassinato por sua vez é completado pela imagem de ntasmas lançados ao Hades e os corpos que jazem no campo de batala E então sem nenuma justificativa o lugar muda subitamente para a mente de Zeus planejando e arquitentando Há uma ligação associativa até mesmo aqui; Aquiles é o mais poderoso dos omens Zeus o mais poderoso dos deuses; os dois se unem numa ação comum Em seguida o meestrel tenta zer um retospecto temporal (que pode ser parcialmente causa do incio da disputa entre os dois lderes. A contenda é provocada pela ira; o acréscmo do segundo lder é preparado pela presença do prmeiro As imagens evocadas nos verbos e nos nomes sucedem-se parataticamen200
t; cada unidad d significado auto-sucint; a ligação ssncial nt aqula qu s torna ossívl la adição d novas alavras qu xloram ou variam associaçõs já rsnts nas alavras antriors. Na vrdad ss tio d discurso construído sobr aqul rincíio d variação dntro do smo qu caractrizamos num caítulo antrior coo tíico do discurso mmorizado rítmico. Difrntmnt nossa sgunda vrsão comça la dscobrta xloração do onto crítico global do oma isto at o ivro XII) a sabr uma drrota militar; a ira d Aquils ntão subordinada rltida nt ss to tomado como sua causa a contnda com Agamêm non or sua vz subordinada d manira vaga à ira; finalmnt o conslho d Zus agora rsado ao último lugar na sri d causa-fi to igualmnt subordinado à ira como o único rquisito ndamntal d sua cácia. Ess rocsso constitui um ato d intgração no qual d uma sri d múltilas açõs aratáticas slciona-s uma ação como rincial as outras são ntão disostas numa rlação subordinada à ação cntral d modo qu no nsamnto uma única rlxão comosta substitua-s às múltilas imrssõs sucssivas. Homro não stá totalmnt dstituído d comosiçõs riódicas. Com fito na introdução à Iada, s xaminarmos bm vricarmos qu la arsnta xmlos d tntativas d subordinação. Isso orqu a introdução notavlmnt comlxa. Dss modo camos sabndo qu Aolo irado mandara uma st orqu o lho d Atrus havia ofndido Criss o sacrdot. 26 A ordm aratático-tmoral tria sido o lho d Atrus havia ofndido o sacrdot Aolo stava aivcido Ess único xmlo xlic contudo or qu aquilo qu dnominamos intgração da xriência m cadias d causa fito ra dicil ara o vículo oral. O tio d raciocínio causativo rssuõ qu o fito sja mais imortant do qu a causa ortanto no nsamnto dv sr slcionado ants qu s busqu uma xlicação. Isso invrt qu odos chamar d ordm dinmico-tmoral ou d ordm natral na qual as açõs stão ligadas naqula sri m qu ocorrm na xriência snsívl cada uma or sua vz avaliada ou saborada ants qu ocorra a sguint. 27 Porm mbora Homro ossa lidar com tais rarranjos da xriên cia dss modo construir qunas unidads com bas na luralidads ls não são tíicos. Dv-s à caractrística ndamntal do rgistro 201
rítio o to de que suas unidades de signifiado sejam omo momentos de ação ou de aonteimentos intensamente viveniados stes estão igados assoiatvamente para rmar um episódio, mas as partes deste são maiores do que o todo mútpo predomina sobre o uno ssa ei é iguamente apiáve a todo aquee "oeimento que a eniopédia triba pode onter e também deve sobreviver em undades isoadas, ada uma disintamente apresentada omo ações om as quais o púbio pode a todo momento se identifiar e eanarmos esse materia ai ontido, isto é, aquees enuniados típios, que no Capíto IV desemaranhamos do teto do ivro 1 da íada, podese pereber aramente omo isso é verdade m suma, os nomoi e ethe são apresentados e registrados não omo um sistema de ei, púbia e privada, mas omo uma puraidade de eempos típios que possuem a oerênia própria a um padrão de vida rgânio mas instintivo rganizáos num sistema, nos seus gêneros, espéies e ategorias, seria riar um outro sistema om base nos muitos que Homero apresenta sta será uma tare reserada ao pensamento grego dos séuos V e I a Quanto à informação ténia, o eempo dos proedimentos de navegação é araterístio stes não são reunidos, agrupados e organizados segundo o assunto omo proedimentos de navegaço Peo ontrário, ees oor re em quatro passagens desigadas entre si, ada uma deas provoada peo seu onteto narrativo espeio e apenas a mente reeiva do eitor sostiado, que reê e reeamna o teto, pode agrupáos e reunos sob um úno tópio A neessidade de onserar a tradição mora nessa série desonea de unidades memorizadas epia por que, quando eamnada etaha damete, a tradição é não apenas repetitva mas também sujeita a várias versões, inusive num grau ontraditório, se jugada segundo os padrões de uma étia ogiamente onsistente Uma erta eortação ou presrição, visto ter sido apresentada episodiamente, era matizada por seu onteto narrativo, o ponto rítio partiuar na história e, por onseguinte, era estruturada da maneira apropriada àquee onteto resutado er que o poema épio podia rneer eempos de omportamento orreto ou de um disurso apropriado a muitos tipos diferentes de oasião, eempos que às vezes se eiminariam uns aos outros se reunidos num úno redo, mas que tinham sentido, em erts ontetos, dentro da mutipiidade da eperiênia heróia 202
Como eemplo disso, os longos discursos no Livro da íada o comprovarão. disseus lidera u delegação, cuja tare é, por meio de um aoismo e um exemplo, exortar Aquiles a novamente juntarse ao exército. Como resposta, Aquiles cita um aorismo e um eemplo em apoio a sua recusa Seus discursos assim como os de Fênx e Áj estão cheios de citações claramente aplicáveis a dadas sitaçes morais. público que memorizava tais passagens poderia instintvamente recordar e aplicar partes de qualquer um desses xemplos a sua própria expeiência quando ela surgisse. Há ocasiões, por xemplo, em que convém retroceer diante de ua crise (Aquiles) e outras em que convém enrentála (disseus); ocasiões em que a cooperação com os companheirs parece um dever (disseus) e ocasiões em que a armação da própria digndade parece ndamental (Aquiles). A tendência da saga a toar típicas tais rexões como paradigmas inconscientes do comportamento apropriado explica o segredo da grandiosidade homérica. Porém esta mesma virde do poeta posteriormente toouse um vício aos olhos dos racionalistas, que, no século V, começaram a procurar ua base racional sólida da moral. A procura chega ao seu término nas páginas de Platão. Foram tais princípios morais poéticos e exíveis que Platão buscou denir quando alou do conteúdo poético como: "o homem em ações rçadas ou voluntárias, em decorrência as quais eles se consideram bem ou mal sucedidos, entregandose, conorme o caso, à dor ou à alegria. A necessidade mnemônica também xigia que o conteúdo do poema épico portasse um terceiro aspecto. Ele não apenas devia consistir de ats e eventos, estes ão apenas deviam ser apresentados de modo pluralista e independente mas também visualmente, ou tão visualmente quanto possível. esrço psicológico de recordar valia-se, antes e mais nada, do ritmo, da repercussão acústica, de uma palavra ou ase que evocasse um vocábulo ou ase variante isto, quanto à semelhança de som. Ela se valia, em segundo lugar, do to de as ações, quando se sucediam, tenderem a induzir umas às outras porque mostravam alguma correspondência com aquele tipo de seqüência a que estamos habituados na vida cotidiana. Destruição sugere morte ira sugere disputa. as um terceiro método de o indutivo da memória podia ser proporcionado pela semelhança visual entre os itens do registro isto é, quando um agente se assemelhasse ao outro ou um desempenho se assemelhasse a um outro qadro de um homem enraivecido leva ao de um homem desembai 203
nhando sua espada; porém o contorno da espada pode se ligar ao quadro d mais alguém postado atrás dela, empuando-a Aquiles, o grande herói, guarda semelhança com um outro, igualmente poderoso Agmêm non Zeus, o do raio, pode levar-nos a contemplar Apolo, o das lechas A ira causou tantas desgraças entre os aqueus que precipitou no Hades muitas almas Aqui o uso do plural não desgraça, mas uma grande quantidade de desgraças ajuda a tornar o fardo visualmente conside rável, e o acúmulo de desgraças é em parte equilirado visualmente pelo acúmulo de almas epíteto homérico pode ser considerado como tendo uma dupla nção Preenche uma parte do ritmo com relexos automáti cos e isso economiza esrço ao poeta Porém igualmente visualiza o ojeto mais nitidamente e os navios são uma ota, nós os vemos como navios rapidamente velejano sacerdote não vem para prometer u resgate ele o traz em suas mãos e nelas tamém se acha um cetro de ouro com o símolo do poder inscrito s atriutos, não essenciais à história principal, eocam uma imagem visual da cena e dos atores Anteriormente, ao discutir a maneira pela qual o menestrel criava e repetia sua enciclopédia trial, empregamos o símile de ua casa enlhada de moiliário por entre o qual ele vai arindo seu caiho tocando um e outro ojeto Quando estamos olhando para uma mesa, a primeira tentação é deixar o olhar deslizar para outra mesa ou ara uma cadeira, e não para o teto ou para a escada Para ser realmente retio na memória, o poem épico precisava utilizar esse auxílio psicológico tanto quanto possível Portanto, suas unidades de signcado são altamente visualizadas a m de que uma visão possa levar a outra Estamos aqui eterinando o signcado ásico dessa palaa mui tíssimo usada, a "imagem Ele icia como um xemplo de estilo resso e modo a estimular a ilusão de que estamos veradeiramente olhando para um ato sendo realizado ou para uma pessoa realizando um ato ações e seus agentes são efetiamente sempre ceis e visua lizar que não podemos visualizar é a causa, o princípio, uma categoria, uma relação e coisas semelhantes astrato poe ser efinido de uitas maneiras e e graus variaos de complexidade lingüística. erá a deusa Memória uma astração? erá a ira de Aquiles uma astração? Nos termos em que denimos as características da comunicação conseaa, não Para zer realmente parte do registro, elas devem ser representadas como 204
agentes ou ações peculiares ao seu ontexto e nitidamente visualizadas Enquanto o discurso oral conserou a necessidade de visualização não se pode dizer que tenha cultivado inteiramente a abstração Enquanto seu conteúdo permaneeu uma série de atos ou eventos nenhum desses pôde ser inteiramente considerado como universal o que acontece apenas mediante o esrço de rearranjar o panorama de acontecimentos sob tópicos e de reinterpretá-lo como cadeias de relação e causa A era do abstrato e o conceital ainda está por vir Podemos ser induzidos a erro por alguns dos vocábulos de Homero e jlgar que ele pode lidar com uma abstração Tiramos essa conclusão no entanto apenas quando ignoramos o contexto sintático e nos concentramos na própria palavra o que constitui um método inade quado de avaliar seu efeito sobre a consciência do público A chegada do abstrato está quase ao alcance de Hesíodo quando agrupamentos e categorias são impostos ao luxo de imagem e quando relações causais são procuradas entre os fenômenos Porém não é verdadeiramente conquistado senão quando esses tópicos e categorias são eles próprios identiados e denominados pelo uso do neutro impessoal singular 3 1 Não há dúvida de que no arismo até mesmo Homero pode explorar esse emprego Mas ele é excepcional uma sinalização apontano para uma dicção e uma sintaxe turas que destruiriam inteiramente a poesia A visualização explorada desse modo pelos menestréis era indi reta As palavras eram agrupadas de modo a sublinhar os aspectos visuais das coisas e assim estimular o ouvinte a vê-las na imaginação As técnicas diretas de memorização eram todas aústicas e apelavam para a aceitação rítmica do ouvido Com a chegada da palavra escrita o sentido da visão i acrescentado ao da audição como um meio de consear e repetir a comunicação As palavras eram recordadas agora pelo uso da visão e isso economizava boa parte da energia psíquica registro não precisava ser carregado na memória viva Ele podia car à mão sem uso até que se tivesse a necessidade de tomar conhecimento dele sso reduziu drastica ente a necessidade de estruturar o discurso de modo a ser visualizado e o grau dessa visualização conseqentemente baixou É possível a verdade imaginar que a crescente alfbetização tenha aberto o cainho para experiências em abstração Uma vez livre da necessidade de conser var a experiência de maneira vívida o compositor viu-se livre para reorganizá-la reletidamente 205
Repetind distinguims três aspets da cmunicaçã ralmen te cnserada que crrespndem à deniçã de Platã da "piniã cm uma disposiçã mental que lida antes cm trnarse d que cm ser e antes cm múltipl d que cm u e antes com visível d que cm invisível e pensável. Pdese acrescentar perfei tamente um utr aspect que também crrespnde a alg que ele tem a dizer sbre essa dispsiçã mentl O rápid panrama é cnstruíd e cantad para que sejams seduzids de maneira a ns identificar cm suas ações alegrias e tristezas seus gests de nbreza e de crueldade sua cragem e sua cvardia. Quand passams de experiência para experiência submetendo nssa memória à açã d sortilégi a expe riência cm um tdo trna-se uma espécie de snh n qual imagens sucedem a imagens de maneira autmática sem um cntrle cnscien te de nssa parte sem uma pausa para reetir rearranjar u fazer generalizações e sem uma prtunidade para fazer uma pergunta u levantar uma dúvida pis iss interrmperia imeditamente e colca ria em perig a cadeia de assciaçã Quand resumims a expsiçã de Hesíd d encant prazers lançad pela Musa de mel sbre seu públic efeit que ele parece estar tentand retratar fi pr nós descrit cm uma espécie de hipnse. Se as características da cmu nicaçã cnservada eram cm as que descrevemos entã de t a cntrári d discurs reexiv e cgitativ ela cnstituía verdadeira mente uma rma de hipnse na qual autmatism emtiv exercia um grande papel cm a açã leva à açã e a imagem rapidamente sucede à imagem É essa sem dúvida a razã pela qual Platã descreve tã eqüentemente a dispsiçã mental nã-lsóca cm uma espé cie d transe e também pr que ele nã era únic a pensar assim.32 O efeit seria mais prnunciad na antigüidade final nã se espera que memrizems a Iada, nem que ns identifiquems cm ela nem também que vivams segund ela Em suma esses aspectos cnfe riam a pema épic greg pderes de evcaçã de grandisidade de plenitude psiclógica pderes esses únics na sua espécie. Eles nã pdiam suprir a disciplina descritiva e analítica mas pdiam prprcinar uma vida emcional cmpleta. Era uma vida sem aut-análise as cm manipulaçã ds recursos d inconsciente em harmnia cm cnsien te era insuperável. 206
NOTS 1 R 60b9 cf 600e5 2 Rep 603c4ss 3 Acima, cap 1 4 Iada 1314 5 Ilada 1352, 414ss cf 1854ss 95-96) 24534ss cf 19326 ss) 6 Ilada I49, 57, 188, 251, 493 apenas cinco casos nos 611 versos: acrescen e-se 280 yívo A enrada em L sob yíyvoµt rnece m exemplo insrivo de como ma apresenação analíica pode ssenar a hisóia real do processo absraivo grego em sa origem O siado genérico o ndamenal é "chegar a m novo esado do ser a parir dese niversal ded-se a classe a ser, oposa a vt; e com base nese, por sa ve, dedem-se enão as várias espécies de "nascer, "ser prodido, "ocorer e "ornar-se Não admira qe os ediores, a de ilsrar a classe, precisem recoer aos lósos Empédocles e Plaão, ao passo qe os exemplos homéricos começam a aparecer apenas nas espécies 7 íada 1 57 cf 9 29, 430, 693 8 Hol, p 79, obsera com relação ao sbsanivo yévctç enconrado apenas rês vees em Homero e sempre na Ilíada 14 201, 246, 302), cjo siado Chanraine descreve como "m poder laene pissance cachée) e o radi por principe vial cf ambém a discssão paralela de <ctç enconrado em Homero apenas na Od 10303) Hol defende ma esreia ligação com YEE o "nascimeno e spõe qe yvctç seja ma "invenção grega para exprimir o senido de nascimeno "qando esá além do alcance da experiência hmana e, porano, diferene de YEE' qe signica m nascimeno especico Aqi, podemos dier, esá m exemplo insrivo do início da "proo-absração em Homero Genesis ainda é m "nascimeno de algm ipo iso é, ainda ma palavra-processo à qal a memória real de nascer esá ligada No enano, é esse processo pensado segndo ma maneira ípica Porano, oscila enre "nascimeno e "origem o úlimo ermo porgês é "arisoélico no se mai conceia fixo, e o "princípio vial o é mais ainda 9 Talve não enha sido mio bom qe a qesão da absração, o sa asência, enha se misrado com a conrovérsia sobre a daação relaiva da Odissa Webser pp 280-282) passa em revisa as esaísicas das palaras absraas renidas por Caer em Grundrage al como elas são sadas por 207
Page em Homec Odiss e se vê obrigado a retificar as coclusões de Page A trasição do vocabuláio e da disposição metal homéricos aos pós-homé ricos é muito mais sigiativa do que os diferetes matizes se é que eles existem etre a Ilíada e a Odisséia 10 íada 1234ss 11 Acima cap 5 12 Cf Apologia 28b9ss 13 Acima cap 7 otas 19 21 14 Ilíada 2484 487 15 Em 493 o meestrel pessoalmete aucia de tempos em tempos a relação a seguir (a) passarei a auciar os capitães dos avios e (a soma de) todos os avios (Este verso provavelmete pertece ao estágio "jôico da compo sição cf. acima cap 7, 19) Ele prepara essa declaração com um parágra de ove versos os quais (b) covida as Musas a zer uma declaração (c) pois sois deusas e estais presetes e tudo sabeis (d) o que ouvimos é apeas a ma e ão sabemos (e) quem eram os reis dos gregos eu ão poderia cotar a história do úmero em omeá-los todos (g) e mesmo que eu posuísse dez guas e bocas e uma voz icasável e o peito de broze se ão celebrásseis os muitos que vieram a Tróia Esta afirmação ão é do tipo que separa o cohecimeto humao do cohecimeto divio ou ispirado (como defede odds) pois o item (a) admite que a relação a seguir é do poeta ao passo que (b) admite que se trata do registro das Musas e e que é a relação resultate da reuião de ambos (c) e (d) distiguem cações de grades açahas de cações de iformação atribuido as primeiras ao poeta e as últimas à Musa mas sabemos com base em iúmeros cotextos homéricos e em Hesíodo Teog. 100) que as primeiras costituem dos coferidos pelas Musas tato quato as últimas a difereça etre elas é que a ifrmação é de caráter geral fruto de uma experiêcia uiversal ou "preseça ao passo que a cação das grades çahas é (por iferêcia) mais específica ou limitada (h) subiha o ato de que essa iformação é um ato de recordação e registro e (g) o de que para uma reação como essa o auxílio das Musas deve ser sico e psicológico recitar a relaçã (e lembrá-la) exige uma eergia eorme 16 Ilíada 2494ss 20
17 Cf cap 7 n 19 18 Ilíada 2577ss 587ss 686ss 721ss 19 685 769ss 20 Chadwick ol caplos 10 sobre saber arqueológico nos poemas picos e 12 sobre "A poesia gnômica asa-se dessa ipóese (p 276 a inroissão do ineresse arqueológico na hisóa eróica e p 399: na Grcia a práica (da poesia gnômica) parece er sido poseor à da poesia heróica) 21 Uma analogia noáel a essa regra al como a apresenada na sinaxe e no conexo do Caálogo homrico ecida pela presença de um caálogo das ribos de srael no Cânico de Dbora uzes 5) ssa canção pica muio aniga celebra uma ióia memoráel sobre os canaanias por uma associa ção enre ribos hebraicas Mas algumas desas se omiiram Porm os louores do menesrel misurados às censuras aos neuros proporcionam a ocasião para a conseração nesse cano do primeiro regisro conhecido das ribos hebraicas e de sua localização 22 sso não significa conudo que o poema pico primiio seja uma crônica pois a idia de uma seqüência naural no empo imune à subjeiidade por pare do poea mais complexa (cf Tucdides) A cronologia depende em pare do domnio do empo como uma absração (cf abao n 27) Por conseguine ainda enho dúidas quano à ese de akridis Hmec researches p 91ss (ciada por Webser p 273) de que a exisência de crônicas picas mais anigas seja uma hipóese necessária para o poema pico dramáico exemplicado pela Ilíada 23 Vide cap 4 n 12 24 d 1 32-34 cf 22 41 2-416 a passagem discuida por Nesle p 24 25 Noopoulos Paraaxis (p 13) a paraáxis e o ipo de menalidade que ela expme consiem as rmas normais de pensameno e de expressão anes do peodo clássico (p 14) "A base da oa cica (pncipalmene da poesia oral) dee esar no o obserado por esdiosos da menalidade piia de que o ineresse acha-se anes de mais nada no paricular e não no odo 26 Ilíada 1ss 27 Zielinski obsera qe o empo pico não admie ineralos azios onde nada aconece e que o narrador pode porano pulr Por ouro lado qualquer srie de eenos narrados preenche compleamene o espaço de empo disponel o poema pico heróico não em como dizer enquano isso s eenos conemporâneos deem ser apresenados paraaica mene A ação pica um caudal e não se pode car na margem e obserá-lo para diane e para rás Lorimer 476-479) uiliza essa ese 20
de maneia ineligene e mui cnvincene em api a uma cncepç uniáia de Hme c ambm acima, cap. 7 , n. 9). A análie de Faenkel pp. -22) d cncei e emp na lieaua gega pimiiva eece um cmplemen vali a Zielinki epos mic depvid de qualque cncei de emp em aba cnceamene, a eeõe em que cronos apaece denam peíd de epea u dema u em que n e z nada, cm e e p mei da epea que a idia de emp i decbea pp. -2) pema pic deceve ce d acnecimen em em de um únic ux "dia uma expeiência cncea) cnii íl peeid de Hme ele pde e peencid cm qualque aç p. 5) na íada e cm expeiência na Odséia p. 7). 28. A diinç geal ene imaginaç e inelec que a imaginaç apeena a i pópia um bje que vivena cm únic e indiviível a pa que inelec vai alm dee únic bje e apeena a i pópi um mund de mui u bje emelane, cm elaçõe de deeminad ip ene ele llingd, p. 252. 29. O nv padõe d acinalim d cul dee md, mavam ene pea deacd que mee a pcuava cncilia, cm naquele paadigma de md apeenad e padiad?) p Pla n "Ineúi de Simnide, n Protágoras 30. R. 0.603c4. acima, na 2, 3. 3. I uma implicaç de um pce cmplex, cuj apec ndamen al i bem denminad p Diel ciad em Hl, p. 09): "O veb igniica incidência de pce em geal, ubaniv deemina a iaç ípica piei vi cnceamene, egund, abaamene. Ei aqui um pad de cmptamen lingüic indicand que a linguagem vai da pecep ç a cnci ... N c dee avanç gadav d ábi baniv, quand ele uplana vebal, a pa uge da peia Eu acecentaia, paa cmpleta, que a mem ubntiv, quan ele "uge, ainda mai um gendi, uma aç u acnecimen d que um enômen u cia. A abaç cnii um pce menal que n e pde examina enã quand inem d cmptamen lingüíic em anmaç Seu inmen lingüíic incluem a cunagem de nv ubaniv p exempl, ubaniv de "aç em 0ç aibuíd p Hl à lieaa jônica), a "exen anig p exempl, arete cosmos soma) e, inalmene, a enaiva de "dei ineiamene ubaniv p mei d neu ingula Snell, Discove, cap. 0). 32. R 5.476c5. Hácli B , 2 .
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PTE II A NECESSIDADE DO PTONISMO
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PSIQUE OU A SEPAÇÃO ENE AQUEE QUE CONHECE E AQUIO QUE CONHECIDO
Por volta do m do século V a, tornouse possvel para alguns gregos lar sobre sua "alma como se possussem eus e personaldades que eram autônomos e não agmentos da atmosfera ou de uma frça de vda cósmca, mas o que poderamos chamar de entdades ou substâncas reas No nco, essa concepção estava ao alcance apenas dos mas sostcados Exstem ndcos de que, anda no últmo quarto do século V, para a maora dos homens, a déa não era compreensvel e de que aos seus ouvdos os termos pelos quas ela era expressa soavam como uma extravagânca 1 Antes do m do século IV, o conceto estava se tornando parte da lngua grega e admtdo comumente na cultura grega Os estudosos nclnaramse a lgar essa descoberta à vda e ao ensnamento de Sócrates e a dentfcála com uma transrmação radcal que ele ntroduzu no sgncado da palavra grega psyche 2 Em suma, em vez de sgncar o esprto ou o espectro, ou a respração ou o sangue humanos, ma cosa desprovda de sentdo e de autoconscênca, acabou por sgncar "o esprto que pensa, sto é, capaz tanto de 213
decisão moral quanto de conhecimento científico e a sede da responsa bilidade moral algo infinitamente precioso uma essência única em todo o reino da natureza. Na verdade é provavelmente mais exato dizer que a descoberta embora sse declarada e explorada por Sócrates consistia na lenta criação de muitas mentes entre os seus predecessores e contemporâneos. Pensase especialmente em Heráclito e Demócrito.3 Além disso a desco berta envolvia mais do que simplesmente a semântica da palavra syche. Os pronomes gregos tanto os pessoais quanto os relexivos também começavam a se encontrar em nvos contextos sintáticos usados por exemplo omo objetos de verbos cognitivos ou postos em antíteses ao "corpo ou "cadáver'' nos quais se pensava que o "ego residisse. 4 Deontamonos aqui com uma transrmação na língua grega na sinte do uso lingüístico e nas implicações de certas palavraschave que zem parte de uma revolução intelectal mais ampla que teve repercussões em toda a esfera da experiência cultural grega. 5 Não há necessidade aqui de tentar documentar esse to exaustivamente. 6 O principal to o de que uma semelhante descoberta ocorreu i aceito pelos historiadores Nossa presente tare é ligar essa descoberta àquela crise na cultra grega que viu a substituição de uma tradição oralmente memorizada por um sistema completamente diferente de instrução e educação e que portanto viu a disposição mental homérica ceder lugar à platônica. A documentação ndamental dessa ligação encontrase uma vez mais no próprio Platão e mais especificamente na sua República. Recapitulemos a experiência educacional do homem grego homé rico e póshomérico. Dele se exige como um ser civilizado que se miliaize com a história a organização social a competência técnica e os imperativos morais de seu grpo. Esse grupo nas épocas póshomé ricas será sua cidade mas esta por sua vez pode ncionar apenas como um agmento do mundo helênico como um todo. Faz parte de uma consciência que ele compartilha e da qual como um grego tem uma percepção muito clara. Esse corpo geral de experiência (evitaremos a palavra "conhecimento) está incorporado numa narrativa ou conjunto de narrativas rítmicas que ele memoriza e que é passível de recordação na sua memória. Essa é uma tradição poética ndamentalmente algo que ele aceita sem reseras ou do contrário dexa de sobreviver na sua memória viva. Sua aceitação e conseração são psicologicamente possi214
biliadas pr um mecanism de auabadn diane da declamaçã péica e de auidenificaçã cm as siações críicas e as hisórias relaadas na apresenaçã. Apenas quand encan é cmpleamene ecaz sua capacidade mnemônica pde ser ieiram�ne mbilizada. ua recepividade à radiçã, desse md, d pn de visa da psiclgia inerir, pssui um grau de aumaism que, nã bsane, é cnraba lançad pr uma capacidade efeiva e irresria de açã, de acrd cm s paradigmas absrids pr ele. "Ele nã deve discuir pr quê. Esse quadr da sua absrçã pela radiçã cnsii uma simplifi caçã. Exisem snais clars n própri Hmer7 de que a mene grega um dia sairia em busca de um ip diferene de experiência. ém diss, qualquer avaliaçã d esad menal d hmem hméric dependerá d pn de visa segund qual é feia. Da perspeciva de uma ineligência críica aucnsciene e desenlvda, ele era uma pare de ud que havia is, uvid e lembrad. Nã caJ ia a ele rmar piniões indivi duais e únicas, mas rer rmemene um precis reseraóri de mde ls. Eses esavam sempre cm ele, em seus relexs acúsics e ambém visualmene na sua maginaçã. Em suma, ele caminhava cm a radiçã. eu esad menal, embra nã se caráer, era de passividade, u abandn, e um abandn que se realizava pr mei d empreg abundane das emções e ds relexs mres. Diane de um Aqiles, pdems dizer eis aqui um hmem de caráer enérgic, persnalidade definida, grande vigr e decisões prnas; prém seria igualmene verdade dizer eis aqui um hmem a quem nã crria e a quem nã pde crrer que pssua uma persnalidade separada da sua cndua habitual. es as sã reações à sua psiçã e sã gvrnads pela recrdaçã de exempls de as anerires de urs hens enérgics qe precederam. A lígua grega, pran, vis ser discur de hmens que permaneceram "musicais, n sentid greg, e se renderam à seduçã da radiçã, nã pde dispr as palavras de md a exprimir a cnvicçã de qe "eu seja ma cisa e a radiçã, ura; que "e pss me distanciar da radiçã e examinála que "eu pss e deveria quebrar encant da sua rça hipnóica; e que "eu deveria desviar da memrizaçã pel mens alguns ds meus pderes menais e dirigils, em vez diss, a alguns canais de invesigaçã críica e à análise eg greg, para aingir aquele ip de experiência cultural qe depis de Plaã se rn pssível e desde enã nrmal, deve 215
deixar de se identificar sucessivamente com toda uma série de siações narativas vívidas deve dear de reencenar toda a escala de emoções, de desao e de amor, ódio, medo, desalento e alegria, na qual os persona gens do poema épico se envolviam Deve cessar de se agmentar em séries iinitas de estados de espírito Deve desligar-se e, por um esrço de pura vntade, cobrar ânimo a ponto d poder dizer "eu sou eu, um pequeno universo autônomo só meu, capaz de lar, pensar e agir independentemente do que eu porenra me lembrar Isso signica aceitar a premissa de que existe um "eu, um "eu-pessoa, uma "alma, uma consciência que se autogoverna e que descobre o motivo para a ação em si mesma e não numa itação da experiência poética A doutrina d psique autônoma é a contrapartida da rejeição da cultura oral Uma tal descoberta do eu podia ser apenas do eu pensante A "personalidade, quando descoberta pela primeira vez pelos gregos e depois apresentada à posteridade para contemplação, não podia ser aquele nexo de reações motoras, reexos condicionados, paixões e emoções que haviam sido mobilizados desde tempos imemoriais a seiço do processo mnemônico Pelo contrário, eram exatamente eles que se vericava constituirem um obstáculo à percepção de uma auto consciência emancipada do estado de uma cultura oral A pyche que lentamente se afirma como independente da atuação poética e a tradição poetizada precisava ser uma psique relexva, ponderada, crítica, ou não podera ser nada Juntamente com a descoberta da alma, a Grécia, à época de Platão e imediatamente antes dele, precisava descobrir algo mais a atividade do puro pensamento Os eruditos já chamara a atenção, nesse período, para transfrmações que estavam ocorrendo no signcado de palaas denotadoras de vários tipos de atividade mental Não é necessá rio tratar aqui da sua ocumentação completa. Pode ser suciente apontar um sintoma dentre muitos a saber, que as mesmas fntes que atestam uma espécie de virtuosismo no emprego dos vocábulos para "alma e "eu, atestam também a mesma espécie de virtuosismo nos vocáb_ulos para "pensar e "pensamento 8 Há algo novo no ar, não depois o último quarto do século V a, e essa novidade poderia ser descrita como uma descoberta da intelecção Uma maneira de exprimir essa novidade seria dizer que um mecanismo psíquico que explorava a memorização mediante a associa ção estava sendo substituído, pelo menos entre uma minoria sosticada, 16
por um mecansmo de cálculo racocnado Não se pode propramente dzer que a capacdade magnatva estava cedendo à crítca, embora sso, na Era Alexandrna, parecesse ser o resultado vrtual para os gregos O termo magnação, como hoje é empregado, busca combnar as dspos ções mentas homérca e platônca numa únca síntese Uma outra manera, e mas correta, de exprmr o efeto da revolução, caso se empreguem os termos modernos como devemos, sera dzer que agora se tornou possível dentfcar o "sujeto com relação àquele "objeto que o "sujeto conhece. O problema do "objeto, o dado, o conhecmento que é conhecdo, exploraremos no póxmo capítlo Aqu, vamos nos concentrar na nova possbldade de compreender com clareza que em todas as stuações há um "sujeto', um "eu, cuja dentdade dstnta consttu a prmera premssa a ser aceta antes de passarmos a quasquer outras afrmações ou conclusões sobre o caso. Estamos agora numa posção mas clara para compreender um motvo para a oposção de Platão à experênca poétca Sua tare auto-mposta, construída certamente sobre a obra de predecessores, era estabelecer dos rncpas postulados o da personaldade que pensa e conhece, e o de um corpo de conhecmento que é pensado e conhecdo. Para zê-lo, ele precsava destrur o hábto memoral de auto-dentfca ção com a tradção oral Pos sso hava nddo a personaldade com a tradção e tornado mpossível a separação autoconscente dela. que sgnca que sua polêmca contra os poetas não consttu uma questão secundára, nem uma demonstração excêntrca de purtansmo, nem mesmo uma reação a alguma moda transtóra na prátca educaconal grega. Ela é crucal ao estabelecmento de seu própro stema entro dos lmtes deste capítulo, vaos retomar a ocumentação pertnente da sua Rública, vsto que ela revela e esclarece a conexão dreta, segundo sua própra opnão, entre a rejeção dos poetas, de um lado, e a afração da pscologa do ndvíduo autônomo, de outro Logo após o níco do Lvro III, seu plano para a censura da hstóras contadas pelos poetas é concluído Até então, ele vnha ldando, como lembramos, com o conteúdo (loo} e agora propõe retomar a le, 0 "meo pelo qual o conteúdo é comuncado Neste ponto, ele ntroduz o conceto de mimesis, e à prmera vsta parece-lhe sucente empregar o termo, como apontamos anerormente, num sentdo puramente estlístco, para dstngur a personcação dramátca da descrção dreta Poré, 217
quando arma que o artista que emprega a primeira, vialmente "asse melhase ele próprio, e não simplesente suas palavras, a um outro, e é neste sentido um mímico, compreendemos que ele está pressupondo no artista um estado que deve envolver identicação psicológica com o seu assunto. Não se ata mais de uma mra questão de estilização. Em outras palavras, como vimos, sua argumentação, à medida que desenvolve o tema da identificação, parece zer muito pouca distinção entre o artista, o executante e, nalmente, o aluno ao qual ensinam o artista ou o executan te. Isso porque, sem dúvida alguma, é o aluno quem deve se tornar o tro guardião, e no correr da argumentação, Platão concentrase cada vez mais na proteção psicológica do guardião durante o curso de sua educação. Entiza o prondo efeito que "o início precoce das imitações possa ter sobre o "carácter e adverte contra o hábito de "assemelharse ao inferior (modelo). Os efeitos precisos gravados na personalidade do aluno não são analisados detalhadamente, mas em geral seu impato, armase, será o da dispersão e distração, uma perda de concenação e da orientação moral. Em apoio a esse indcio evocase a doutrina anterior o Livro II sobre a especialização naral. O mico poeta não pode selecionar sua única especialidade apropriada à imitação; está constantemente envolvido numa série de identificações, todas elas inconseqüentes. Quando o meio empregado é mais expositório do que mimético, os desvios e mudanças são pequenos. O to de que as palavras de Platão se aplicam ao conteúdo, com sua vaiedade de caráter e de sitação, e à reação do aluno, evidenciase algumas ases adiante "não desjamos que nosso guardião seja um homem de duas ces', nem um homem de muitas ces', nem mesmo um artista que possa se tornar qualquer tipo de pessoa'. Em seguida, ele põe de lado essas questões e passa a problemas de modo e melodia. Mais tarde ele retoma e resume o que, para o jovem guardião, deveria ser o objetivo geral de sua educação. Ele deve ser "um bom guardião de si mesmo e da música que aprendeu, evidenciando e tdo a boa qualidade do seu ritmo e harmonia .º Isso está próximo de uma concepção da estabilidade interior da personalidade, autoorgaizada e autônoma, uma estabilidade impossível sob a prática existente de educa ção poética. Mas é digno de nota o to de que, para isso, o primeiro plano de rerma educacional proposto nos Livros II e III, a concepção da personalidade autônoma ão é apresentada e defendida como tal. É 21
verdade que a Rúbca, até mesmo nos primeiros liros, pode empregar o termo pche num sentido socrático Dicilmente esperaríamos oua coisa de um pensador cujo pensamento se inicia na esera socrática Porém uma elicação sistemática do termo e da doutina que subjaz a ele está reserada ao ivo num ponto em que as vrudes cardeais, já denidas num contxo social como atributos da comunidade política, devem agora ser deinidas como atributos da personalidade indidual Aqui, num contexto divorciado do problma da imitação, Platão z o pimeiro uso rmal da armação de que o homem indidual possui uma psyche que compreende três "rmas que são respecvamente encontradas nas clas ses do estado Ele adverte, todavia, contra nossa adesão à idéia de que isso signica qu a pche seja realmente divisível em partes A vantagem da sua divisão em três partes é aparentemente apenas descritivaContudo, ela possui realmente poderes ou capacidades que coespondem à nossa capacidade de "aprender'', ao nosso "espírito (ou "vontade?) e à nossa "apetição ou "desejo A distinção ndamental a ser ineda disso achase entre o calculativo ou racional e as capacidades apetitivas, tendo o espito ou vontade o aliado potencial de ambos entre eles Em seguida, zendo uso desse mecanismo desctivo, ele airma a douina psicológica que deve sustentar sua doutrina moral O espírito ou a vontade é o aliado correto da razão calculadora Com seu auxílio, a tare da razão é controlar os instintos apetitivos e conduzir a pche como um todo um estado harmôico e uniicado, no qual a irtude de cada culdade, demonstraa no desempenho de seu papel adequado dentro de seus própos limites, reúnese aos seus companheiros num estado de "justiça global Esta constitui a verdadeira moral interior da alma e Platão, à medida que retoma, recorda e agora explica sua descção anterior do guardião que conuistou o autodoio A probidade di respeito à ação iterior, e ão à exterior, a si própio e aos compoetes do eu, reserado os compoetes especcos o seu eu aos seus respectivos papéis, impedido que os tipos de pche iterram us os outros; obigado um omem a pôr ordem as suas vrias quaidades, a assumir o comado de si mesmo, orgaiar-se e se toar um amigo de si própo . toado-se, sob todos os aspectos, uma úica pessoa em ve de muitas .. 6
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Justicase o to de termos chamado a isso uma doutrina da personalidade autônoma, uma doutrina que deliberadamente reagrupa seus próprios poderes a m de lhes impor uma organização interior, cuja inspiração é autogerada e autodescoberta. Quando lemos Platão, podemos às vezes nos convencer de que não havia salvação ra da sociedade, ao passo que em outras ocasies é o reino dentro do homem que basta inteiramente a si próprio A República possui uma dupla ênfase. Na presente passagem, pelo menos, o lósof fla que, caso se descobrisse que a justiça esteja ndada no interior da própria alma da pessoa, ela estaria ocupando apas a única entidade que existe além do tempo, do espaço e da circunstância. Isso, quando ele escreveu, constituía uma concepção muito nova para a Grécia. Ela é avançada nesta passagem mediante uma rferência apenas indireta aos problemas levantados pela "imitação poética, ou, segundo nossa interpretação, pela identicação psicológica A conexão está aqui, pois a descrição de Platão desse sujeito que se tornou "uma pessoa em vez de muitas lembra sua descrição anterior daquele estado adequado ao jovem guardião que recebeu o tipo adequado de educação e escapou aos perigos da mimesis O estágio seguinte no desdobramento da psicologia de Platão chega apenas no Livro II No entretempo, ele nos colocou diante da necessidade de a sociedade ser governada não simplesmente por guar iães, mas por intelectuais, os reislósoos. Qual é a diferença? Ela esá na crucial entre a experiência média de homens comuns e um conhecimento as Formas entre o tipo de mente que aeita e absore o que se passa acriticamente e a inteligência que fi treinada para apreender rmulas e catgorias que subjazem ao panorama da existência. As parábolas do Sol, da Lina e da Caverna ram apresentadas omo paradigmas que deverão esclarecer a relação entre o conhecimento ideal de um lado e a experiência empírica de outro, e nos sugerir a ascenção do homem por meio da educação da vida sensível para a vida da inteligência racional E qual então, pergunta Platão, é o processo, corretamente com preendido, a que chamamos educação? Não a inculcação de novo conhecimento na psyche Ao contrário, existe uma culdade (dyams) na psyche, um órgão de que todo omem utiliza no roceo e 220
aprendizagem e é essa fcldade inata que como os olhos físicos deve se voltar para novos objetos A edcação sperior é simplesmente a técnica de conversão desse órgão O pensar é ma nção (arete) da psyche sprema sobre todas as otras ele é indestrtível mas deve ser redirecionado e recalizado para se tornar úti 17 No Livro IV Platão visara a m esboço descritivo dos implsos e pressões o cldades concorrentes (dynameis) na psyche, os qais ao mesmo tempo não comprometeriam sa nidade ndamental e autono mia absolta Aqi a concepção dessa atonomia é agora alçada a m plano no qal a alma atinge sa atorealização plena na capacidade de pensar e de conhecer É esta a sa cldade sprema em última análise é a única qe ela possi O homem é m caniço pensante E qal deverá ser o mathema o objeto de estdo qe prodzrá esse efeito de conversão? 18 À medida qe ele bsca a resposta a essa pergnta e propõe números e aritmética como o primiro item no se crríclo adota m estilo qe rearma reiteradas vezes a concepção da psyche como a sede da reexão e da editação livremente atnomas É o processo de aprendizagem associado à aritmética qe leva aos proces sos de reexão A experiência sensível per se não consege estimlar o processo de reexão a ocparse da investigação e a psyche da maioria dos homens não é pressionada a apresentar ma qestão ao processo de reexão 19 Platão nã qer dizer aqi qe psyche e processo de reexã sejam distintos pois um poco mais adiante referese à "psyche presa nm dilema fzendo pergntas aos sentidos e novamente a psyche estimla a aritmética e o processo de reexão a realizar o exame istem siações nas qais as impressões sensveis são contraditórias São esta qe desafiam o intelecto e estimam o processo de reexão a m de qe a psyche, em se dilema oloqe em ação o processo de reexão em si 20 esse modo aqela personalidade atoregadora atnoma denida no Livro IV tornase smbolo da capacidade de pensar calclar meditar e conhecer distingindose totalmnte da capacidade de ver ovir e sentir No Livro X qando Platão inalmente retorna ao problema da mimesis poética descobrimos como é íntima no se pensamento a cnexão entre esse problema e a dotrina da psyche atnoma capaz de pensar 221
No ivro III, o processo mimético não havia sido inteiramente rejeitado; um grau de identificação era provavelmente útil ao aluno na educação primária se o auxiliasse a imitar modelos moralmente sólidos e convenientes Mesmo assim, Platão não podia deixar de insinuar que havia algo psicologicamente malsão naquele processo mimético como tal Porém agora, antes de chegar ao ivro X, ele revelou integralmente a doutrina da personalidade autônoma e identicou a essência da personalidade com os processos de relexão e de meditação Portanto, está agora em condições21 de rejeitar integralmente odo o processo mimético como tal Ele deve propor que a mente grega encontre uma base inteiramente nova para sua educação Por conseguinte, a posição extrema na questão das artes avançada no ivro X, muito ao contrário de ser uma amostra de excentricidade ou uma resposta a alguma moda passageira na educação, tornase o clímax lógico e inevitável da doutrina sistemática da República. De um modo geral, os primeiros dois terços22 do ataque são endereçados à natureza do conteúdo do enunciado poetizado O proble ma aqui é epistemológico, e retornaremos a ele no nosso próximo capítulo Ele é rebatido mediante o uso de pressuposições acerca do caráter do conhecimento e da verdade que haviam sido rmuladas nos ivros VI e II e que esto contidas na chamada Teoria das Formas O argumento de Platão, assim municiado e livre do problema do conteúdo da poesia, dirigese para23 a natureza da atuação poética como uma instituição educacional e renova o ataque que ele havia lançado o ivro III Porém agora a vitória deve ser completa Visto estar agora equipado, ter equipado seu leitor com a doutrina da personalidade autônoma e têla identificado como a sede do pesamento racinal, achase na posição de reexaminar a mimesis a partir desta doutrina, e descobre que as duas são inteiramente incompatíveis Isso porque o processo imitativo já descrito no ivro III como "alguém assemelharse a um outro agora revelase, com grande veemência, ser uma "entrega do próprio eu um "seguir junto, quando nos "identicamos com as emoções de outrem; é uma "manipulação dos nossos ethe. Ele até mesmo inclui uma menção ao to de que essas experiências constituem "recordações; 25 isto é, a tare da educação poética é memorizar e recordar A essa patologia da identificação Platão agora opõe o "governo 222
interir, 26 a idade da própria alma d hmem, e arma, m n ivr III, a absluta neessidade de nstruir uma auterênia interir. Iss só se trna pssível se rejeitarms press da identiaçã pétia m um td. ém diss, essa identiaçã é prazersa ela apela a instint innsiente. ignifia abandn a um enantament. 27 A desriçã de Platã nã pde dexar de rerdar s terms pels quais Hesíd havia pela primeira vez desrit a psilgia ds reexs que auxiliam a memrizaçã. O própri Platã está bastante nsiente de que está entrand na arena ntra tda uma tradiçã ultural. Eis prque sua perraçã termina m um desa a hmem para que resista às tentações nã apenas d pder, da riqueza e d prazer, mas da própria pesia.28 O apel, traduzid em terms das ndições ulturais mdernas, sa m alg absurd. Platã nã era dad a absurds. Essa nepã da persnalidae rainal autônma derivará de uma rejeiçã prévia a enantament da memrizaçã ral u ela preipitu essa rejeiçã? Qual terá sid a ausa e qual terá sid efeit? A questã nã é passível de ressta. Os dis fenômens, na história d pensament greg, nstituem duas maneiras diferentes de nsiderar s resultads de uma únia revluçã sã rmulas que se mplemen tam muamente. Nã bstante, tems direit de perguntar, dad ntrle desde temps imemriais d métd ral de nserar a tradiçã grupal, m uma autnsiênia pderia um dia ter sid riada. e sistema eduainal que transmitia s mres helênis de at se apiava n etern estímul ds jvens, numa espéie de transe hipnóti, para empregar as palavras de Platã, m s gregs nse guiram um dia despertar? A respsta ndamental deve estar na mudança na tenlgia da muniaçã. O arejament da memória pr mei ds sinais esrits pssibilitava que leitr dispensasse a mair parte aquela identifiaçã emtiva que nstituía úni mei segur de rerdar registr aústi. Iss pdia liberar energia psíquia para um reexame e rearranj d que agra já estava esrit e d que pdia ser vist m um bjet, e nã simplesmente uvid e sentid Era pssível m que dar uma segunda lhada nele. ém diss, essa separaçã entre a essa e a palavra lembrada pde, pr sua vez, estar pr trás d us resente, n séul V, de um artii muitas vezes aeit m peuliar a órates, 223
mas que pode muito bem ter constituído um artifício geral para se opor ao hábito da identificaço poética e levar as pessoas a romperem com ele. Trata-se do método da dialética, no necessariamente a rma desenvol vida da cadeia de raciocíio lgica, encontrada nos diálogos de Plato, mas o estratagema original na sua rma mais simples, que consistia em pedir a um lante ue ele prprio repetisse e explicasse o que havia querido dier Em grego, os vocábulos para explicar, dier e significar podiam coincidir. Isto é, a nço original da indagaço ialética era simplesmente rçar o falante a repetir um enunciado já ito, com a suposiço subjacente de que havia algo ltando no enunciado, e que seria melhor rermulá-lo. 9 Ora, o enunciado em questo, quando relativo assuntos importantes da tradiço cultural e da ética, seria poetiado, empregando a linguagem gurativa e muitas vees os rtmos da poesia Era um enunciado que convidava à identcaço com algum exemplo emocionalmente eca e a repeti-lo vees sem conta. Porém dier "O que queres dier? Di isso novamente, subitamente perturbava a complacência praerosa sentida na rmula poética ou na linguagem gurada Signicava empregar vocábulos diferentes e esses vocábulos equivalentes deixariam de ser poéticos seriam prosaicos. Quando a pergunta ra feita e se tentava a frmua alternativa, desagradava-se à imaginaço do lante e do professor, e o sonho por assim dier era intrrompido e substituído por um certo esrço incômodo de relxo calculadora. Em suma, a dialética, uma arma que, segundo imaginamos, i empregada desta rma por todo um grupo de intelectuais na última metade do século V era destinada a estimular o pensamento astrato E assi que o fe, a concepço de "eu pensando sobre Aquiles, e no "eu me ienticando com Aquiles, nasceu. Desse modo, o método consistia em separar a personalidade do artista do conteúdo do poema. Por isso é que na sua Apoloia, que, qualquer que seja sua storicidade, sem sombra de dúvida tenta apresen tar uma súmula a vida socrática e da significaço histrica de Scrates segundo a viso de Plato o discípulo apresenta a célebre misso de seu metre, em segundo lugar, quando recorre aos poetas para lhes perguntar o que diem seus poemas. 30 Os poetas so suas vítimas porque na sua manutenço repousa a tradiço cultral grega, o "pensar ndamental
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(podemos empregar esta palavra somente num sentido não-platônico) dos gregos em assuntos éticos, sociais e históricos Aqui estava a enciclo péa tribal, e pergntar o que ela estava dizendo sigficava exigir que ela sse dita de maneira diferente, não-poética, não-rítmica e não-grativa Não é de somenos importância obserar que, quando Platão, o seu próprio desenvolvimento mais detalhado do socratismo, d segui mento ao esboço do currículo etivo da sua Academia, deonta-se, também ele, com o mesmo problema de zer com que despertem de sua prolongada ilusão os prisioneiros que se encontram na caverna A primeira matéria do currículo proposta com essa nalidade é a aritmética Ela substitui o contínuo questionamento socrtico Por que a aritmética, senão por constituir um exemplo bsico de uma atividade mental que não seja a de recordação e repetição, mas a de solução de problemas? Estabelecer uma relação numérica é conseguir dar um pequeno salto mental Com número e aritmética Platão não queria dizer apenas "contar, mas "somar Ele não est pedindo que se repita uma mesma série de símbolos numa ordem fixa, mas que se estabeleçam razões e equações Esse processo não pode ser mimético ele envolve não a identificação com uma série ou um rol de fenômenos, mas exatamente o contrrio É ecessrio que a pessoa consiga se separar da série a m de olhar para ela objetivamente e avali-la Que Platão considerava essa disciplina uma espécie de equivalente da dialética elementar de Sócrates é provado pelo to de que ele liga o pensamento matemtico com a revelação de um "dilema metal ( ), 1 e este, por sua vez, é criado pela ocorrência de contradição nos dados sensíveis No Livro X ele encontra o mesmo tipo de contradição na descrição poética dos fenômenos A alma ca perplexa, perturbada e sente um mal-estar2 A "aritmética, o protótipo de todo clculo, é desaada então a solucionar o dilema Isso significa um desafio à psyche autônoma para que assuma o comando da experiência sensível e da lingagem da experiência sensível a m de refrmul-las Dessa rma, o longo sono do homem é interrompido e sua autoconsciência, separando-se do jogo indolente da interminvel série de acontecimentos da saga, começa a pensar e ser pensada "ela própria sobre si mesma e, à medida que ela pensa e é pesamento, o homem, no seu novo isolamento interior, deonta-se com o fenômeno da sua própria personalidade autônoma e a aceita 225
NOTA 1 As nuens 94 319 415 420 714 719; As ves 1555 ss 2 J. Brnet ocrtic conception ofthe sou!; A E Talor ocrtes, pp 3-88; F M Cornrd efore nd /ter ocrtes O resmo da missão socrática na Apogi 29d8 diz Q µ bx xúv EÀOÚEVO o
a ó 1ÀEia, óç iç, QOVE 8 @ Eíaç ifç Ufç ó EÀÍ a o EÀ o QÍEç
3 ara Heráclito a psiqe contina sendo o "alento homérico qer ígneo qer macento mas pelo menos três de ses ditos implicam qe esse alento no indivído sea a sede o nte da sa inteligência: B107 (almas qe são "bárbaras); 117 ("o bêbado tem ma alma úmida); 118 ("a alma seca é a mais inteligente tradzindo a U oih) Demócrito distinge a psiqe como a sede da inteligência (Diodor, 187 = F B5 1: ÍVOta fç e B 31 sophi é a itke da psyche; e como ma morada da felicidade (170 171); de opção ética (72 e 264); de alegria o se oposto 91); de tristeza (290) Ela é igalmente oposta ao corpo como o sperior ao inferior o como m controlador ao controlado (37 159 187) 4 As nuvens 242 385 478 695 737 765 842 886 1454-1455; cf Fédon 115c6: o 1Eí, w ãv8ç, Kíva, ç y t O i ç, vv 8aÃEyóµEvoç aiiiv iov iv ÀEyoÉiv, @ÃoÉiat µE vov Eva v Ea Hyov iEQov VEÓV, Qi 8 E 1
5 As sposições presentes na passagem do Fédon (nota anterior) são exatamente o contrário das qe sbazem à lingagem da Ilíd 134: OÀÀ 8 kíµoç Uà A QO aEV v, aç 8 ÃQta EE Ev Cf Ilid 231034 1Ó1O, ºª Í t xa v 8ao óo U E8ov, àQ QÉVE ox V av Isso não
significa qe o homem homérico sse ma criatra indefinida insegra de si o da sa existência elo contrário visto qe as emoções qe acompa nham os sentidos constituem a base de toda consciência e visto qe qando estas são intensificadas e enriqecidas pela sa própria expressão a cons ciência também se torna mais vívida (cf Collingood cap 10) m Aqiles pode "viver plenamente como m ser hmano sem a ada de qalqer crença socrática de qe ele deva "cltivar sa alma O abismo entre os dois homens é transposto por ma transição da consciência imaginativa para a atoconsciência intelectal
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6. A escoberta o eu, atruía aos poetas lcos por Snell (Discove, cap. 3 e re of te individua in ear greek c não está ocumentaa no que iz respeito ao vocabulário.
7. Talvez particularmente na Oda 8. As nuvens 94, 137, 155 , 225, 229, 233, 740, 762, 950 695, 700 e abaixo, n. 17. 9. Rep 392c ss. O que se segue, no meu texto, é uma breve recapitulação o argumento o cap. , pp.ss
10. 41334. 11 . 435b. 12. 435c4d8. 13. 436a910 v9ávoev v ÉQ, 9voúe9 8 Ã v v, 9oev 8 Q V
14. 44044a. 15. Acima, n. 10. 16. 443c9 ss. 17. 5182 8 o ov 1CV Ãov 9eoÉQo V yxáve, oXEV, o, Ô v v 8úvv o8É1OE ÓUV, Vsto que Qovev como outros teos que escrevem o processo psíquico (cf. Snell, Dco, cap. 1, no qual, toaia, os vocábulos com pren- e com pron- são omitios), hava até então estao e uma grane amplie e sigcao, ambíguo, a nosso ver (orgulh, objevo, ecisão, ntenção, percepção, iosi ção mental; c também stóteles, anima 3.3 e amemnon 11.105, e Fraenkel, olt, p. 60 a rmula yyv, QOVÉ, ye 8 voÉOV XEEÚE ocoe em Od 16136, 17.193, 281, acerca a qual Me osera que são poucas e pequenas as iferenças ene os três verbos), poe-se inferir · que aqui Platão eliberaamente resnge o veo (ou o estene, epeneno o ponto e vsta) ao signicao e puro pensamento ou ntelec ção, um sentio não enitivamente comprovao por nenhum os auto res anteriores, exceto eráclito B .1 1 3 (cf. a isssão e k, pp. 6061 B.112 e B.116, retcaos por Diels, e to antecipam Platão, mas k, p 56, consiera ambos pses cas e B.113 uanto a Paênies B.16.3 e
mped. .108.2, o sentido homéco co, um conjunto de pensamen to, sentmento e percepção, é o que ambos pretenem, embora k sustente
o coo com relação a Parm.). A nota ad o e Aam iz "O significao e QÓV muou ese 4.433b, à semelhança o intelectualismo os Livros 6 e Disso se infere que a história e Qovev está ligaa à e
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Q6VTctÇ e levanta a questão de se até mesmo R 6.505b6 a phron denotada por t µ6eQt como o summum num possa ser mais
"intelecção o processo) do que "sabedoria ou "conecimento o produto objetivado). Nesse caso em 505c2 Q6VTV y 6 v evm 9o signica "pensando sobre o bom e a objeção de Platão de que é necessária uma "compreensão (cúvectç 505c3) anterior do bom para que sejamos capazes de "pensar sobre ele torna-se mais plausível. Além disso a istória de pronesis e de outros vocábulos com phron no século V sugere que a presente passagem forneça um indício melor do caráter da busca socrática original do que o presente nos livros anteriores da República Phronesis cf. também sobre mimesis acima cap. 3 n. 22 e sobre genesis acima cap. 10 n. 8) é também um substantivo ativo originário da prosa jônica antes da sua entrada na Ática Holt pp . 1 1-120 que cita Her. B. 2 e Demócrito B.119 193 e em seguida Sófocles duas vezes e Eurípides uma). Holt a traduz por "inteligência e em Her. como "faculté de penser. Desse modo ela representa: a) uma tentativa de abstração mas b) uma abstração de um processo ou faculdade. Holt explica esse tipo de substantivo em ctç como uma invenção para denominar traços gerais partilados por uma classe de ações inde pendentemente de serem elas "reais ou não réel versus irréel). rata-se da explicação de um lósof ou pensador. O vocabulário anterior avia se limitado a denominar a ação especíca. Os indícios frnecidos pela Comédia Antiga cf. Denniston p. 120 para exemplos de vocábulos com phron- aos quais acrescenta coro de phrontistas no Kónnos de Ameip sias e "aborto de um phront' em As nuvens verso 13) assinalam o alvorecer da intelecção como um fenômeno mental no período socrático-so stico e a tentativa de exprimir a idéia mediante a eploração desses termos. Por conseguinte Apol 29e-2 acima n. 2) deveria ser traduzido por "Não vos concentrais nt µ) nem pensais (QV'etç no pensamento Qovceç) na verdade e na psique a fim de pô-los em perfeitas condições (nç ç jEÂ''T c' onde o aperfeiçoamento da psique cf. também 30b2) não é essencialmente ético mas intelectual. Seus poderes de intelecção devem ser levado ao seu grau máximo deles dependeria o aperfeiçoamento ético). A passagem em Rp examinada no nosso texto) desse modo deve ser entendida simplesmente como uma expansão do empreendimento socrático tal como é armado na Apoloia "Pôr a psique em melores condições é concretizar sua aete que equivale a ' Qvev ou Q6VTctÇ Per contra como observa Adam phronesis tal como já é empregada em Rep 4.433b tem a conotação de inteligência quando aplicada à política prática jo o que se diz acima lança 22
uma dúvida sobre a armação de Jaeger p 81 a propósio do uso de phrnesis Prtrepticus de que "durane muio empo ela avia se dividido em dois sisemas um predominanemene práico e econômico o ouo moral e religioso dela enão se apoderou Plaão e se oou a razão puramene eórica o oposo do que havia sid na esfera práica de Sócraes gris meus) Jaeger esá indubiavelmene correo ao enizar a conribui ção feia por E 6 ss para o esabelecimeno do conceio de phrnesis como "sabedoria práica ou "prudência mas parece que a isória anerior do vocábulo i bem mais complexa Originalmene omada pelo socraismo no senido jônico-sosico de "inelecção ela a) conserou esse senido enre os socráicos quando analisam as leis lingüísicas episemológicas e psicológicas da inelecção e ambém i esendida por Plaão ou anes dele? Xenone não é uma esemuna confiável) especicamene ao pensa meno políico e éico aplicad exprimindo o uso mais imporane ou pelo menos mais premene da culdade e idenicada com o ipo de virude nelecualizada caracerísica de um guardião como em Rep 4433b c) essa múlipla licação que pode er permanecido implícia em Plaão i enão racionalizada por Xenócraes cf Burne Ethics p 261 noa) d) A aplicação práica i enão escolida por Arisóeles e sua defnição ampliada cando o ermo a partir de enão circunscrio a esses limies Que o senido de "sagacidade políica ou "prdência possa não ser pré-plaônico alvez se comprove pelo caso paralelo de phrnims que no senido de "poliicamen e sagaz "prudene enquano oposo a "de pleno juízo Sóf 259 ou "ineligene Édip Rei 692 El 1058) não parece ser anerior ao século Euríp frag 529 ciado nesse senido por L] em signicado ambíguo e Nauck duvida com razão da sua auenicidade) Por consegune quando Arisóeles diz em E 6 jusificando sua própria definição de phrnes "julgamos Péricles e omens como ele phrnimi porque podem ver o que é bom para si mesmos e para os omens em geral e armamos que os iknmiki e os plitiki perencem a essa caegoria ele esá zendo uso de u ábio verbal que não era pronamene enendido na própria era de Péricles mas que se desenvolveu à medida que os lósos discuiam rerospecivamene e analisavam a are de governar daquele período Os ediores de L] no verbee
ôtavoíaç... YEQ 'fç voErç ... 524e4 ayÇo dv v ap \UX oQ S'V, voa v amn 'V VVOtaV. 21
Cf
10.595a7 vaQyÉ'EQOV... clVE'at, EtÕ Q e'a ÕtQ'at
'à 'ç uxç õ1. 22 . 595a-603d. 23 605c-608b. 24 605d3 VÕÓV'E µ awç óµE9a uµxov'E 25. 604d8 'à aµvEtç... 'OÚ á9ovç 26 Acia, cap. 1 , n 4. 27. 607c6 úvtµEv YE µv awç Àouµévotç CU''f; cf c8 28. 608b4 ss. 29. Essa rerulação substituiá ua iage poetizada de ação ou evento (acia, cap. 10) por ua paráase, que, desse odo , produzirá u enuncia do descritivo ou algu tipo de proposição que, desde então, tomase a base daquilo que Robinson (p. 51) denoina perguntas eleentares de Sócrates , a saber, X é Y" o u " O que é " . 30. Apol. 22b4. 31. 524a7, e5; cf. n. 20. 32. 602c12 âá 't 'CQCX ÕiÀ µv voa C'T V ' \UX d6 '
µE'QEÍV t9µv 'áVat jo9Etat XaQtÉ'a'at 0 a'à çáVTav
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O EONHIMETO DO ONHEIDO OMO OBJETO
O conceit da personalidade autônoma não pôde ser alcançado na eoria, como se sse uma solução cientica para um prolema da nareza exterior É verdade que i uma descoerta que, uma vez realizada, pôde ser generalizada como pertencente a toda a espécie humana, mas o pensador só pôde levar a cabo sua rmação mediante uma introspecção de si mesmo Para cada um dos gregos desse perído, a época de Herclito à de Platão, i uma descoerta pessoal e íntima A exortaão ao conhecimento de si mesmo tornou-se um lema aprovado não apenas pelo aforismo délco mas pela dialéica de ócrates Teoricamente, podemos imaginar, teria sido possível aos pensa dores gregos, uma vez armados desse postulado e da linguagem na qual o exprimem, desenvolver uma losoa do sujetivismo total, na qual "eu, na minha condição plenamente compreendida de autoconsciência e lierdade interor, torne-me o universo, uma espécie de cerne existencialista da realidade que constitua a nte de todos os imperativos morais e todos os critérios do verdadeiro e do also Havia dois ostculos a esse acontecimento, ou talvez um único so dois disrces Era próprio do temperamento do povo grego levar a sério a natreza e 231
o meio ambiente uas artes plásticas demonstram à saciedade esse to, pois embora as origens geométricas sejam o produto de uma visão interior que podia enfatizar o intuito espiritual em detrimento dos fenômenos exteriores, o desenvolvimento subseqente durante os perío dos clássico e helenístico demonstram com igual eloqência o prondo respeito com o qual o artista se colocava diante dos "tos, por assim dizer, exteriores a ele próprio e procurava imitálos até mesmo quando mantinha um controle interior sobre eles Analogamente, na losoa, à medida que a existência do eu gradativamente se esclarecia, ocorreu um esrço paralelo e simultâneo a m de atrair o eu para uma relação com o que não é o eu Em suma, para o grego, a existênci do sujeito acabou por supor a existência do objeto A Repúbca mantémse el a esse duplo objetivo quando, após armar e descrever a organização da psyche autônoma no Livro IV, passa no Livro I a identicar a culdade apropriada a essa psyche como a atividade do "pensar Isso porque, para pensar, é necessário pensar acerca de alguma coisa 1 Quando reetimos e avaliamos, é preciso que existam dados ra do pensamento para serem dominados e organizados Da mesma maneira, embora no Livro IV2 Platão possa, talvez inadvertida mente, sugerir que aquela justiça no interior da alma, a justiça da convicção íntima, seja suciente, ele posteriormente abandona qualquer tendência vorável a essa posição intelectual Apenas uma sociedade justa pode um dia tornar possível a existência do homem inteiramente justo além disso, para a sociedade justa os padrões existem além do próprio homem, na estrutura do cosmos Todavia, admitindose que a virtude peculiar à alma seja pensr e conecer e que esse pensamento deva ter um objeto, por que este não poderia ser o próprio eu? Como já dissemos, o grande respeito elo meio ambiente social e natural imediu essa solução solipsista Mas ela i igualmente impossibilitada pela natureza da revolução mental e cultural que, por assim dizer, deu origem à alma Contra que estava se evoltando a Grécia, ou melhor, a liderança intelectul grega? Platão nos rnece a resposta era contra o hábito imemorial de autoidentificação com o poem Essa identicação sicológica ra o instrumento indispensável da memorização E por que motivo a memorização era essencial se não para consear a lei rivada e pública do grupo, sua história e tradições, 232
ses ditames sociais e familiares e portanto o hábito devia ser abando nado então o objeto conhecido pelo sjeito torno-se o conteúdo da enciclopédia tribal Desse modo "eu devo me separar do poema Caso isso seja ito o poema não se tornará então o objeto do me conhecimento Não pois a estrtra o ritmo a sintaxe e o enredo do poema constitem sa própria sbstância ram todos projetados com vistas a ma sitação na qal o "e não existe Eles compõem o mecanismo de ato-identificação a magia do encantamento a droga qe hipnotiza Uma vez encerrada a minha absorção no poem o poema também termino para mim a estrtra deve mdar e se tornar ma nova organização da lingagem adeqada à expressão não de ma declamação o de uma reencenação mas de algo qe fria calma e reletidamente é "conhecido Qe tipo de mdança deve ocorrer no poema de modo a se harmonizar à transrmação por que passei qe rá dele m ojeto do me conhecimento Sa nção i registrar e consear na memória viva a lei pública e privada do grpo e mito mais De qe modo isso deveria se achar no poema Em si isso não existia s conteúdos da enciclopédia podem ser identicados por ma análise retrospectiva como no Capítlo I mas na história épica eles estão implícitos e não explícitos Eles aparecem apenas como atos e eventos realizados por pessoas importantes o qe acontecem a pessoas importantes Isso era inevitável enqanto a lei devia viver na memória Isso porque a memória podia se identificar somente com atos e eventos Porém agora havendo a possibilidade de conhecer a lei o ato e o evento tornam-se irrelevantes Eles deveriam ser abandonados são os acidentes e eventalidades de lgar tepo e circnstância Aqilo sobre que precisamos pensar e qe precisamos conhecer é "a lei em si Portanto ela deve ser de algma rma isolada d o se contexto na grande história e fxada "em si e por si e identificada "per se Ela deve ser "abstraída no sentido literal dessa palavra Em grego esse bjeto assim obtido por m esrço de isolação é "a (coisa em si3 exatamente o eqivalente ao latim pe e E desse modo as páginas platônicas estão repletas da exigência de qe nos concentremos não nas coisas da cidade mas na própria cidade não nm ato jsto o injsto mas na justiça em si e por si não nas ações nobres mas na nobreza não nas camas e mesas dos heróis mas na idéia de cama pe e 233
Essa simples expressão resumida dee cristalizar, em primeira instância, aquele ato inicial e essencial de isolação que separa a lei, tópico, princípio ou conceito dos seus exemplos, ou os abstrai do seu contexto Mas como se z isso Podese tomar uma palara, justiça, cidade, coragem, cama, naio e tratála como um substantio comum e exigir uma denição geral dela que englobará todos os casos poetizados possíeis Mas esse procedimento é complexo Ele só se torna possíel quando o encantamento da tradição poética já fi quebrado Ele se impinge ao processo poético como um procedimento alternatio e inteiramente estranho Mas como, enquanto ainda se está trabalhando dentro da tradição, podese começar a desenoler tais tópicos e princí pios com base no luxo narratio A resposta é que podemos omar exemplos e situações semelhan tes qe estão separados e espalhados por diferentes contextos narratios, mas que empregam muitas ezes as mesmas palaras, e em seguia correlacionálas, agrupálas e procurar características partilhadas por todas A naegação e suas regras não constitem um tópico do primeiro liro da Ilíada Mas os quatro diferentes contextos narratios nos quais o embarque e desembarqe se apresentam praticamente rnecem m paradigma das regras É possíel perceber isso qando os exemplos acumulados são reunidos, qando o "múltiplo pode se tornar "um Portanto, uma outra maneira de expor o ato mental de isolação e abstração é dizer que se trata de um ato de integração A saga conterá milhares de arismos e exemplos que descreem o que ma pessoa justa e irtosa está fzendo Mas eles deem ser arrancados do contexto, correlacionados, sistematizados, nificados e harmonizados a m de rnecer uma rmula para a probidade s muitos atos e eentos deem de alguma rma abrir caminho para uma única identidade e nela se dissolerem Em sma, "a coisa pe s' é também "uma Uma ez completada a transrmação, a sintaxe original do poema i destrída Isso porque o poema era essencialmente ma história, ma série de entos Do contrário, não seria memorizáel E uma série de eentos se passa em erbos no pretérito, no presente e no tro, ou, se esses tempos erbais não estão desenolidos de maneira bem denida, em erbos que traduzem ação o que acontecem em aspectos temporais Em outras palaras, os únicos dados que podem ier na memória são os dados ienciados, com os qais nos identicamos em ato e sitação, e 234
atos e eventos são acontecimentos; eles se tornam ou são feitos Per contra, a integração, a lei ou o princípio abstratos, uma vez trazidos à existência, nada lhes pode acontecer Apenas são Podem ser expressos nma linguagem cuja sintaxe é analítica; isto é, termos e proposições são organizados em relações que são atemporais Os ângulos de um triângulo são dois ângulos retos; eles não obtêm dois ângulos retos; eles não eram anteriormente três ângulos retos e agora são dois Eles nunca zeram nada; apenas são Um tal enunciado está totalmente divorciado do estilo e da sintaxe da saga Em suma, a identidade isolada absoluta não é apenas um um, é também um ser, no sentido de que sua expressão lingüística é isenta de tempo verbal e duração Não é um ato ou evento, mas uma rmula; per contra, a sintaxe toda do poema da qual ela surgiu é agora vista como sendo a do tornarse Finalmente, esse objeto abstrato, divorciado da sitação concreta, não mais precisa ser visualizado; na verdade, ele não o pode ser Isso porque a experiência visual é de cor e rma, que ocorrem apenas quando são multiplicadas e tornadas específicas e, portanto, concreta mente visíveis nas suas nítidas direnciações com relação aos seus vizinhos Vemos o navio, os homens e o carregamento, o mar no qual navegam, a vela ennando ao vento, a onda quebrando em espumas rancas, até mesmo enquanto ouvimos o vento assobiando e a onda ramindo Esses efeitos estão todos lá, na linguagem da saga eles precisam estar, para aliciar o auxílio indireto da visão mental e, desse modo, rerçar os recursos acústicos do ouvido Mas, quando as nuanças sensíveis especícas dessa condição se dissolem num tratado sore navegação, o visível tornase invisível, o sensível se dissolve nma idéia Assim, o obeto do conhecimento astrato deve perder não apenas a pluralidade de ação no tempo mas também a cor e a visibilidade Ele se torna o nãovisto Desse modo, o sjeito autônomo, que não mais recorda e sente, as conhece, pode agora deontarse com milhares de leis, princípios, tópicos e rmulas abstratos que se tornam os objetos do se conheci mento São essas as essências, os auta ta, as coisas per se Formarão elas ma coleção heterogênea e aleatória? Ou, por sua vez, apresentarão um novo tipo de orgazação, algma espécie de contrapartida da velha organização narrativa do grande poema? O platonismo admite desde o iício que sim; que os novos objetos do pensamento pro constitue 235
ma área global do conhecido qe possi sa lógica interna própria e qe rma m sistema. Em sma o conhecedor que se deonta com o conhecido ajsta-se a m mundo completamente novo do conhecimento. Teoricamente esse mundo pode ser considerado sistemático e exaustivo. Todas as essências abstraídas engrenam-se de algma rma entre si numa relação qe não é mais a da narrativa mas a da lógica. Caem todas num plano totalmente básico do universo. É teoricamente possível esgotar o campo do conhecido pelo menos a mente de m Conhecedor Supremo poderia consegi-lo. Isso porque o conhecido para ser conhecido deve ser definido ele não pode continar indefinidamente como zia a história. Deve ser m sistema e o sistema como tal deve ser fechado. Por conseginte no seu aspecto geral o próprio conhecimento rnece o exemplo supremo de ma integração total dentro da qal milhares de integrações menores se revelam em hierarqias ascendentes e descendentes. objeto abstraído per se é um mas também o é o mndo do conhecido tomado como um todo. Para confirmar o qadro que zemos da descoberta grega o melhor platônica do conhecio e das novas propriedades4 que consti tíam a condção de se ser conhecido podemos retornar à Repúbca Essa obra se aceitarmos a própria descrição qe Platão z do Livro 1 como m "proêmio passa no Livro I a colocar diante do protagonista Sócrates e conseqüentemente também do leitor m desafio ndamen tal A causa da probidade já i defendida contra Trasímaco mas essa tentativa não coence nem Glaco nm Adimanto. Prova se pderes diz Glauco qe a probidade é aceitável "por si mesa tanto qanto pelas suas conseqüências . Ele então emprega a rmla mais abstrata "Desejo ouvir qal é o poder possído respectivamente pelo vício e pela virtde ele próprio per se, enquanto inerente à psyche, sem ligar importncia a salários nem a conseqüências e novamente "Desejo ovir o elogio da jstiça em si mesma per s. Em segida para dar rça a esse desafio ele descreve o srgimento da jstiça nm acordo social reltante frmado em detrimento da nossa instintiva preferência pela injstiça (isto é à condição de que tomemos o papel de agressores e não de vítimas). Na sa trilha Adimanto aguça o desafio ainda mais mostrand qe teorias à parte a tradicional educação ética à qual os jovens são sbmeti dos nnca satisz a condição posta por Glauco. s pais não aprovam a 236
probidade "como uma coisa em si'', mas apenas o prestígio que ela confere entre os homens e as dádivas que ela obtém dos deuses m outras palavras, a virtde é louvada a contragosto, como uma conquista duvidosa e penosa, ao passo que o cio, dá-se a entender, é não apenas prazeroso mas também recompensado, de modo que o mau pode prosperar e o viroso ver-se em desgraça Quanto aos deuses, eles podem zer-se de cegos, se utilizarmos a rma coreta de prece e eiação A única conclusão a que pode chegar o jovem é a de que a "virtde per s é sem importncia um decoro capcioso no comportamento torna-se o objetivo, enquanto que abaxo da supercie perseguimos nossos intentos egoístas com vistas ao sucesso na vida Como exemplos dessas visões tradicionais são mencionados e citados tanto Homero quanto esíodo, assim como usaios e Oru, os poetas e a poesiaº Então, Adimanto retorna à linguagem empregada por Glauco e repete, ampliando-o, o desao ndamental Todas as armações feitas sobre esse assunto até agora, todos os elogios da probidade concentra ram-se puramente nas causas da reputação, do prestígio e benecio sociais Porém a virtude e o vício, respectivamente, "cada um deles em si, graças à virtude própria, na pche, ninguém ainda fez a demonstração convincente de que um é o maior mal e a outra, o maior bem E ele conclui essa peroração nesse mesmo estilo três vezes "ostra o que cada um, em si mesmo z ao seu possuidor ponhamos de lado as conseqüên cias sociais Louva apena este (bem) da probidade, a saber, o que nela é de vantagem para o seu possuidor Explica como cada um ata por si mesmo no seu possuidor e deixa que outros defendam os benecios e as conseqüências sociais A exigência de um ato mental de isolação não poderia ser mais impressionante Ela significa também que a coisa correta a ser feita em dadas circunstncias seja traduzida e transmudada num conceito de "probidade A exigência é ndamentalmente intelectual e insólita3 Eis por que é reiterada, pois ela deve montar o cenário para a discussão cerrada dos livros restantes A rmula kath auto per se é lançada na discussão pelo intelectual Glauco Adimanto, referindo-se à tradição, fz uma distinção entre uma probidade que pode ser denida intrinsecamente por si mesma e uma outra que está sempre envolvida em sitações extrínsecas Sua linguagem, em termos platônicos, é um pouco menos rigorosa do que a de Glauco 4 Porém o impacto conjunto de ambas as exigências é claro: exigir-se-á de nós que pensemos a 237
probidade como um objeto isolado das suas consequencias e tratado como algo neutro, uma fórmula ou um pincípio, e não como um exemplo encaxado numa situação ou ato especcos desao revelaria também que esse objeto poderia ser integrado somente em detrimento da linguagem e da sintaxe poéticas? Não, não aqui; a exposição da visão intelecal requerida deve esperar até que a virtude comum tenha sido denida e abandonada Porém a implicação está aqui: é sobre os ombros dos poetas que recai a responsabilidade de descrever apenas os benecios e as conseqüências da probidade ra, se a tradição mnemônica podia conserar apenas siações e atos que exemplcavam a lei pública e privada, estava realmente limtada à descrição dos efeitos da lei exemplo de virtue na ação precisava ser o de um homem superior agindo da maneira certa Isso signicava que a saga estava circunscrita à descrição da honra e da reputação da virde, pois apenas estas eram concretas Ela celebrava o que acontecia a um herói à medida que ele agia, como outros reagiam a ele, e sua própria armação da sua honra e orgulho enredo da Ilíada rnece um exemplo muito claro Quando Glauco diz: dexe para outros as conseqüências da virtude, ele se refere aos eventos que na saga continua mente revestem o princípio em situações concretas e que constituem uma ilustração das suas "conseqüências em termos de recompensas ou punições 1 Aprendemos a importância da piedade, ou o seu contrário, o sacrilégio, com base no que acontece a Agamêmnon e ao exército na abertura da íada Não nos é apresentada a idéia, e menos ainda a denição, de "piedade per s' Isso exigiria uma nova linguagem e u novo srço mental Como diz Adimanto, "ninguém ainda fez a demons tração convincente Aqui, portanto, está o conceito de um "objeto'', violentamente isolado do tempo, lugar e circunstância e traduzido lingüisticaente numa abstração e em seguida apresentado como a meta de ua longa investigação intelecal Devemos contemplálo na nossa mente, pois ele é invisível Mas isso ainda não está dito, não antes que transcorra um bo tempo teor intelectual último desse desafio, as implicações da expres são "ele próprio per s', são na verdade adiados até o ivro V. Por enquanto, conforme o estado e a alma são respectivamente xpostos e denidos segundo um tríplice padrão de classes e de culdades, tentase uma denição prática de justiça Poderá ela ser outra coisa senão um 23
xemplo daqela especialização, da divisão de trabalho, qe giara o desenvolvimento da sociedade desde os ses tempos primitivos No que concerne ao estado como m todo, isso sia que cada classe z o qe lhe cabe e se isola Não será essa, em otras palavras, uma regra sancionada pela tradição poplar pergnta Platão. Não será o princípio qe orienta qalqer juiz, nma ação judicial, a atribir a cada m o qe é seu7 No qe concerne ao indido, isso deve signicar uma obser vância estita, por parte das três cldades psíquicas, dos seus vários papéis, sem que ma invada o territóio da otra.8 Mas Platão apresenta essa opinião en passant, como se nem mesmo ele estivesse convencido disso, e passa a uma peroração na qal o homem probo é apresentado em temos inteiramente adicionais e convencionais. Ele é um crador confiável, não rouba templos não comete adltério nem latrocínio, nem negligencia ses pais o os deuses.9 ra, se público grego não precisava que a Repúba sse escta para chegar a essas verdades elementares e consagradas pelo tempo. Ao contrário de romper com os poetas e com a prática comum, ele chego a um simples resumo dos princípios morais correntes. Na verdade, Platão, como muitas vezes se assinalo, apresenta aqui uma rmulação da virtde própia para o consumo e orientação do povo, desnada a rmar uma poplação dócil e bemcomportada, antes de dar sguimento à tare muito mais controvertida de propor um cíclo para os ses reislóso s. A doutrina do ivro portanto, adia as respostas ao desafio essencial do ivro II. A "justiça per s', como m objeto intelecal, i colocada diante de nós, mas em segida deixada em suspenso no ar. Descrevemos essa interrpção apenas para sublinhar o to de qe, embora a premissa intelectal de qe a jstça deve ser objetvada e tratada como ma abstração precisase ser apresenta no io II como oposição edutível a todo o estilo e o mundo conceita da adição poética anteor, essa pressa não é atendida e satisfeita senão no ivro quando os procedimentos do própo intelecto começam a ser dos. Isso se torna possível apenas como resltado de um desao político: "Aos intelectais deve ser conferido o poder político. Mas o que é esse intelecto, esse sujeito que pensa e sabe u melhor, quais são os objetos da sua intelecção, pois apenas quando estes são denidos pode a verdadeira natreza do sjeito também surgir.3 E Platão, então, retorna à rmula lingüística "a coisa pe s' e a amplia. 23
O blo o fio são opostos , portanto, distintos um do outro, d modo qu cada um constiti uma unidad A msma rmula aplicas ao justo injusto, bom mau assim por diant cada um constiti uma unidad no msmo contxto l passa a fatizar ritradas vzs a xistência do "blo per s' ou da "blza per ' assim por diant Ess é o objto qu a mnt (danoa) dvria comprndr, , procurando por uma palavra qu dscrvss ssa culdad mntal, l scolh casual mnt gnome a "culdad d conhcr qu s dig unicamnt a sss objtos abstraídos no su isolamnto auto-sucint pliando ss rlacionamnto (pois l stá conscint d qu isso não é familiar) procurando suprar as objçõs d um oponnt imaginário, l prgunta ntão "aqul qu conhc conhc alguma o o rspondr à sua própria prguta, l dfin algns atributos dss objto, qu por nquanto dxamos para dpois Porém, após dfini-los, l dsafia su litor a rconhcr a xistência do "blo per s' do "justo per s', até msmo acrscnta por irência "o duplo, "a mtad, "o grand, "o pquno, "o lv, "o psado per s' à sua lista d xmplos d objtos qu dvm sr abstraídos isolados da sua aplicação São sss os objtos spcícos do conhcimnto noss) Dst ponto m diant, toda vz qu r prciso, a Repúbla afirmará smpr a absoluta ncssidad da isolação do "per s'. Ela rprsnta, afinal, um método com o qual o procdimnto dos diálogos antriors nos miliarizou Mas é na Repúbla qu a ssência original do método como uma ruptura com rlação à xpriência concrta antrior é mais claramnt xposta Isso porqu, até msmo quando l introduz sss objtos no primiro contxto citado do Livro ls são dscritos namntalmnt como intgraçõs, isto é, como "unidads ocultas, à sprita atrás d ou ntr as aparências multiplicadas "Cada ua é m si uma unidad, mas aparcm sob muitas rmas para ond qur qu nos voltmos por causa da sua combinação com ação corpos, também com outros objtos smlhants O significado dsta última as não prcisa sr xaminado aqui Ela introduz um rfinamnto mas não altra a toria básica, a d qu as açõs cambiants os múltiplos objtos sicos (qu, infrimos, constim o matrial na xpriência narrativa) qubram os conjuntos d unidads abstratas as disprsam nas pluralidads d imagns situaçõs d imagm Platão não sugr aqu como s rvrt o procsso Citamos como um xmplo possívl a intgração d quatro 40
diferentes exemplos de métodos de navegação a m de descobrir o tópico ou rma de navegação Mas de qualquer rma é esse aspecto integrativo do objeto abstrato que pela primeira vez monopoliza a eloqüência de Platão quando propõe que pensemos nele Ele é "um 27 Posteriormente ele deverá insinuar que é como um agrupamento de todos os casos possíveis sob um nome comum; 28 o nome sozinho o nome puro torna-se então o tor unificador na mente Aqui ele simplesmente enfatiza reiteradas vezes o contraste entre "os belos sons cores rmas e tdo que é criado com elas de um ldo e "o belo per s' de outro: a oposição entre "belos atos-e-eventos ragmata) e "belo per s' 29 O "múltiplo ca claro é o equivalente dos casos pluralizados as várias situações dispersas e não meramente as coisas sicas nas quais os múltiplos belos podem ocorrer Agora visto ele já ter citado mais de um exemplo desse tipo de objeto isto é aplicou o método abstrato a várias palavras e o aplicará a muitas mais ca evidente que esses objetos do conhecimento constitem por si mesmos um "múltiplo mas um novo tipo de "múlti plo 30 Qual seria a diferença entre um grpo de tais objetos e um grupo de eventos ou sitações? Ele responde esses objetos individualmente apenas "são ou (no particípio) cada um deles é simplesmente "ser 31 No que consiste exatamente ser? Fazer a pergunta dessa maneira é prearar a resposta errada Ser poderíamos dizer não é um nome mas uma situação sintática (embora posteriormente Platão vá empregar um nome oa para descrever esta sitação) 32 Os objetos abstratos do conhecimento como conecidos e como asseridos são sempre idênticos a si mesmos imutáveis e toda vez que se zem afirmações sobre eles ou quando são usados em enuncia dos eses devem ser atemporais 33 Sua sintaxe exclui tempos do verbo "ser Princípios propriedades categorias e tópicos apenas "são Quando colocados numa relação múta rnecem os termos de enunciados analíticos ou de equações que não podem tomar parte na sintxe de processo tempo pois não constituem enunciados de situações e casos específicos não são enunciados de ação * alavra em nglês é being, que tanto ode ser o artcío resente do verbo ser be quanto o substantvo equvalente Podera os, ser traduzdo tanto or "ser quanto or "sendo Ist é, estão mlíctos aí tanto o "toar-se being quanto o "ser abstraído, sentdos que se erdem na tradução ara o ortuguês T
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Não é preciso indagar aqui se Platão algumas vezes não parec e conndir atemporalidade com imortalidade ua preocupação pimordia l é com a sintaxe lingüística como comprova o to e ele levantar ess e ponto quando coloca pela primeira vez o problema: "Qual é a atureza do que é conhecido? O que aquele que conhece pode conhecer? E ele responde: "Ele pode apenas conhecer aquilo que é 34 Isso não pode signicar uma entidade metasica Ele já nos disse que aquele que conhece conhece as identidades abstratas Estas portanto são o que "é; no plural elas continuamente "são como os nglos de um triângulo "são sempre dois ângulos retos e integrarmos as regras de navegação até esgotálas então u "regras per s, em oposição à história que as usa elas apenas "são Por conseguinte ele diz: "o objeto da ciência é aquilo que é 35 Uma vez que seu argumento nesse contexto insiste por motivos que deverão ser examinados no próximo capítul na oposição entre "aquilo que é e "aquilo que não é podemos nos distrair e imaginar que nos estão pedindo que olhemos antes para entidades do que para relações sintáticas É na atemporalidade que ele está concentrado como indica o to de que por três vezes descreve o objeto per se como "sempre mantendose idêntico a si próprio dentro do mesmo; "sempre sendo idêntico a si próprio dentro do mesmo; "sempre idêntico dentro do mesmo Em suma ele tenta se concentrar na permanência do abstrato quer como rmula quer como conceito enquanto oposto à natreza utante aquihojepassadoamanhã da sitação concreta Essa utação é uma maneira de descrever aquela mudança e vaedade de situação que somente ela pode contar uma história subor dinada ao tempo A expressão de Platão para isso neste contexto é "girando ou "oscilando Ele emprega esses termos para descrever ma lternncia interminável entre a condição de ser e a de não ser Isto é Agamêmnon é nobre num contexto e vil em outro; portanto ele é tanto nobre quanto nãonobre vil e nãovil Aquiles ora está enraivecido ora tomado de remorsos; isto é ele está e não está enraivecido; ele está e não está tomado de remorsos; ele oscila entre estar e não estar Tratase de ma maneira de radicalizar o to de que a narrativa concreta lida co obetos e sitações concretas que são todos dierentes ou não haveria aativa e não com categoias picípios ou rmulas que permanecem imtáveis No livro seginte Platão continua a discussã concentradose a natreza do sujeito isto é o intelectual hlosophos) e sua mente que 22
conhece Todavia, como pode ser descrita a mente do sujeito? Platão já indicou a resposta Ela é descritível em termos do tipo de objetos sobre os quais ele pensa, e estes ram descritos por nós agora Desse modo, tomamos conhecimento agora de que o lóso é o homem que "conser va o sempre em si idêntico a si mesmo dentro do mesmo, e novamente "o conhecimento é de cada ser (coisa) 39 Essas expressões apontam aquele grpo inteiro de abstrações isoladas que já fram descritas Então surge idagação: Existe qualquer disciplina globalizante (mathema) que possa treinar o sujeito para pensar sobre esse tipo de objeto atemporal?4 A resposta nal deverá esperar até o Livro II Porém Platão responde em termos gerais que será um "mathema daquele ser (ousia) que sempre é e não oscila entre o tornarse e o perecer 41 O estilo uma vez mais pode zer com que o leitor se sinta tentado julgar que lhe pedem para olhar para uma superrealidade metasica, e não para uma situação sintática Mas é a esta última que Platão se refere O termo usia ou "ser é empregado para sugerir que os vários objetos abstraídos, os princípios, as rmulas, as categorias e assim por diante, rmam um campo de conhecimento último exterior a nós A sintaxe oposta da narrativa está aqui propriamente representada como o reino do tornarse (mais estrita mente do "nascimento): 43 o reino das sériesdeevento intermináveis É o reino daquelas numerosas stações que acontecem Platão começa agora a lar sobre "o inteiro ou "o todo, daquele campo que é potencialmente cognoscível pelo sujeito Ele é "a totalidade da verdade, e em seguida Platão acrescenta que o sujeito "contempla a totalidade do (ou cada) tempo e a totalidade do (ou cada) , que é o mais próximo que a sua lingagem pode chegar daquela idéia de "enunciado atemporal que adotamos na exposição de seu sig�icado 44 Isso portanto implica a armação de que o conhecido constitui, pelo menos em teoria, um campo total de conhecimento, um "mundo, uma ordem, um sistema habitado por abstrações que, sendo elas próprias obtidas por um ato de integação da experiência anterior, também estão interligadas numa série de relações globais que constituem uma "super integação Platão constrói sua parábola da Linha para identicar esse * Em inglês beingness, onde ao substantivo being (c NT. p. 4 acrescentou-se o suxo -ness, rmador de substantivos abstratos de estado ou ondição (semelhante aos sxos porgeses -dade -ção -ura etc) Beigness sea ao pé da letra portanto algo parecido com "ser-dade cujo sentido estaria próximo ao de "essência palavra com que geralmente se traduz o grego C comentáo de Havelock sobre essa questão na nota 4 deste capítulo. (NT)
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camp ttal cm noetos topos - camp d inteligível u cm noeton genos, gêner d inteligível. 45 É a sma ttal ds bjets cnhecids pel sujeit de alcance enciclpédic mas cuj cnteúd é invisível e abstrat a pass que cnteúd da enciclpédia nã era. a dele está camp d visível que nã é realmente um lugar físic cm ns sentims tentads a pensar em virde da linguagem vívida de Platã mas um nível de eperiência humana nde a cnsciência sensível abse panrama cncret das cisas cm elas parecem realizand su narrativa interminável de nasciment e mrte açã e paã. Deve ms ascender da parte inferir da inha à parte superir ist é ambas as partes representam atividades psíquicas prém de diferentes espécies. Platã aqui está mens precupad em dar a entender cm s bjets d intelec sã integrads e abstraíds sensível d que em sub p inteiramente diferente de xperiência que inteligível representa. Ele acenta essa antítese cm a que iste entre s munds vsível e invisível. Prtant à medida que ele avança a idéia checid cm ua sma ttal de checiment é levad também a efatizar aquele estad nã-v sual46 e nã-gurativ que disslve a vivacidade da stória numa linguagem inteiramente abstrata. Essa nã-visualidade quand acrescentada à intei dade e à atempralidade cmpleta a ilgia em que estã cmpreendias as qualidades nã-épicas da idéia pura. Platã buscu uma terminlgia simples mas decisiva que deverá denir tant s váris bjets abstrats cnhecids pel sujeit cgns cente quant aquele super-bjet rein d cnheciment últim n qual estã cntids. Essa busca chega agra a seu final e nquant investiga n ivr VII prblema das disciplinas especicas às quais nssa persnalidade deve ser submetida a fim de que seja despertada e cmece a pensar ele está prnt a admitir que a psique cgnscente deve se cnverter daquela que se trna para aquela que é u arrastad daquele que se trna para aquele que é.47 Essa linguagem descreve a ruptura de hábits iemriais de recrdaçã e de discurs que havia lidad cm events cncrets que se trnam. Ela prclama aprendi zad de um nv hábit mental 48 d pensament cnceita! rientad para abstrações que se encntram ra d temp. Pr cnseguinte a aritmética arrasta para ser. O intelectual deve tentar apreender ser depis de surgir d trnar-se . 49 É precis ensinar a mente a entrar num nv estad sintátic da equaçã matemática de preferência à sintaxe da história. O cnteúd desse ser ele afirma nã cnstituir um cnjunt de entidades metasicas mas grande pequen e categrias e 244
relações semelhantes, ou "a natureza do número vista pelo intelecto puro. 50 Em suma, o conteúdo consiste naquelas mesmas abstrações isoladas, existindo per se porqe divorciadas de todo contexto imediato e de toda situação especca, e que ram propostas pela primeira vez no Livro V com a aparência do "justo per s' e do "belo per s' NOT 1 C n 25 abaixo Esta proposição tão ndamental ao sistema de Platão (pois traz o corolário de que as Formas não podem elas próprias ser pensamentos cf Parmnides 132b3-c12 e também abaixo cap 14) i provavelmente antecipada por Parmênides ou pelo menos de maneira latente na linguagem empregada por ele (B 27 e 835-36) O Carmides sem dúvida alguma explora a possibilidade de que o conhecimento deva ser encontrado no diálogo com nós mesmos mas o resultado da inquirição é uma apoa 2 443c9 ss 3 Indubitavelmente uma fórmula socrática: As nuv 194 é decisiva a ologia ocoe apenas em 36c8 No Platão inicial suas implicações são eplicitadas em Eu 5di ss o ''v ec'tv v 1c 1Qet ' ctov a' a' t ' vctov a 'O µv cu a' a' µotov t xov u{av 'tv ôav ' 'V voct'T'a 7v 't1EQ v µÂ vctov Eva; em que a a pode representar o acréscio platônico a m e pç heas d Bet e Taor nve vo
4 Estas poderiam ser descritas como pertencentes ao estado mental que conhece isso em oposição ao que sabe como (cf ould cap 1) Mas histcamente uma se desenvolveu da outra: chne i a mãe philsophia e teme o esposo de aas As complexidades desse relacionamento semânti co noentanto não deve nos preocupar aqui cf abaxo cap 15 n 22 5 357a2 e acima cap 1 n 37 6 357b6 a' a'o ve 358b5 a' Sa' :v :v ' vx 3582 a' Sa' yµaµeov
7 362e1 ss 8 363a1 o a' ôocVTV 1atvoeç 9 365c4 cayQaíav eç 10 363a7-d2 364c5-365a3 365e3-366b2
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11 3665 õ eov ' õuvµe õ 'o XOVo VV 12 367b4 noo 'ÉQ ' xov a' 'v µv v, õ a96v c'tv. d v ' XOV'a vívcv . 3673 1tOca 'ÉQC ' XOV a a'V .
3 Galmn io é inado d mania mno gooa omo po xmplo po Gould p 142 "lauo Adano aplam juno a óa paa u o onvnça vdadiamn da pmazia das exigcias mora (gio mu) Io ia vdad a linguagm d Plaão do ipo u aia o onio moai u no ão milia Ma o o é u o onio "do u é moal ou da "moalidad u dá igniado à a "pimaia da xigênia moai l pópio á apna nando omo um objo d ognição dian d noo olho à mdida u lmo a Rúbica Po onguin o o d Plaão pi a xigênia no dá uma mdida do ço mnal do alan implíio na apa d iolação "do juo omo um objo aba ou da onvão "da oia jua m "juiça 14 Compa o av d Adimano (n 12) om o 9 d Glauo (n 6) 15 Ea doxai timai (Rep 3664) ão o únio objo do fço hóio ipiado na íada 53 'tµV ÉQ µot EEV Ãúµoç yyÃít A aga po dfinição oniía uma lbação d keos 16 433a 17 4333 18 44d12 19 4426-443a 20 Cf Gould p 154 "Pa u a dniçõ d EÍ (omo no Livo 4) ão aa iunia dmai paa o apopiado d ualu bua A doba da vdadia naua da juiça é uma v mai aiada apa da dfinição ó nmn onluída 21 C Livo V 484a57 µo yov 't ÕOXE v jEtvrç vvt 1EQ 'OÚ'OU µvou õet 9v, µ noà 'à oà Õte9ev , o u podia inptado omo o dígnio maio da Repúbca, an d mai nada iv ubodinado à dfinição do inlo loóo 22 473 f abaixo ap 15 23 4753-4 24 4759-476d7 5 4767
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26. 478e7480a c aé 484c7 'O V'OÇ ou... ç yvcerç 27 476a ' µv v c'ov vm  C. 479a4 v 'tÇ v ' EVt Â. No Filebo 1a4 ss laã eega s es váç e µováç aa esceve essas egações qua vesga lea a sua elaçã c s ôes. 28. C. aaix cap. 14 . 270. 29. 476 ss. 476c2 ss. 30. 479e7 'OÇ C' ' 0erµvouç 484c6 'O V'OÇ c'OU 6 'OV ' v
31. 479e7 Ót ' 'C' u'rÇ V'C 480a4 ç 't v 484c6 'O oç c'OU 4846 'OV ' v. 32. O e que a suaçã sáca e ae a ee e laã esá assala Parmnides 13 as cl que pssa se a eçã elacae as Fas ee s c s aculaes elas eve exs u cá "iscus escv Õtayec0t) seá s svel. A aueza essa suaçã é exlaa Sosta esecalee 27 ss. Se ousia ve aax . 42. 33. Ve . 31 e 479a2 8av... Ót µv 'Ú'Ç xoucv 4843 'o ''C' arç xooç.
34. 476e7 ss 3. 477 cµ µv n\ ' V't nv� yv&m c ' v 36. Ve . 33. 37. 4793 µE'Ú 1OU ÂtV8Et 484 o 8.._ V 1OÂÂOÇ 1V'OÇ xouctv nÂavµevo o íocoot; 48 (c . 41 aax). (C Od 1.13 Parmnides 6.6 e Havelc HSC 198 p. 133143.) 38. Aax cap. 1 p. 280 ss 39. 4844 (aca . 33) 484c6 (aca as 30 31). 40. 48a c. 21c. 4 1 48 µa0µç ye Qv ô v 'OÇ BÃo �ívç 'Ç ocíaç ' ç ocç µ nvrµVç n yeveç 0oQ.
42. Seu us a Rbli aa Plaã aé esta assage as aaece seu se lsóc já Euron a7 Sua auçã aal "essênca (c. Ris . 2 e e ocía e 8oç sã aas c equalees ee a cla e que na usca scáca "daquil que caa csa é 247
(Robnson, p. 74, comentando R 533b e 33 4 b), ao" no ggo é, se me pitem dizê-lo, menos mporante do que o é"; pa o uso de cf. Berger. 43. 485b2 µ nÂvµévç n yeveç q9o; cf. cap. 10, n. 6 44. 485b5 nácç ç (isto é, 'ç ocíç) d3 nácç 9eíç Qéyec 9t 486a5 'O ÂOU 1CV' e 1OQéec9t a 9eQÍC 1CV' µv
xvou, nácç 8 ocíç 45 509d2 Conhecimento", embora exprima uma concepção que nos parece óbvia, não é cil de traduzir para o grego pré-platônico, e o obeto conhecido" ainda menos Heráclito B 32 Êv ' coq µovov 108 bcv
Âyouç xouc, o8eç tE' ç 'oo, 'E yyvc�tV coqv 't náV'v �xcµévov pode prenunciar essa concepção; a pare superior da Linha de Platão constitui uma declaração de que transpôs agora o limiar da consciência européia 46. Cf. especialmente 5a o v Âç 8ot 'tÇ ' 8tvoí 47 518c8 cv  ' UX 'o yyvoµévou 1EQtÉov evt 52d3 µá91µc \uxfç bà l o 'o yiyvoµévou En ' õv. 48 O estado mental" que na récia antecedeu a separação ene aquele que conhece e o conhecido" e o recoecimento do coecido como obeto", pode ser considerado semelhante àquele estado deido pr Collingwood como a eriêna esética" Desse modo, p 292 "É conhecmento de si ppo e do ppo mundo, no qual aqulo e é conhecido e o cohecer ana não são disnguidos"; e novamente na p 290 No caso da ae, a distnção ene eoa e p ou pensamento e ao ada não i abandonaa, como no so de quer pnpio mo e mereça o nome Uma t disnção apenas se nos apsen quando, pelo bao de absção do , aprndemos a sser u aa peênc em duas paes, uma pencente ao sueito" e a ou, ao obe" O paclar a caa u do al a ae é o cohecmen, é um esdo especco no nos enconmos Estamos conscientes apenas do esdo como nosso esdo, e · estamos conscientes de nós mesmos enquanto envoldos no esdo" Caso aceitos essas pavs como u deio d condições sob as a sensilidade a op, demos nemente conclu e sse pa um go pré-plaôico car algo genunamente feio? Cf Cogwood, p 112 "O motivo pelo al a desção, mui ao cono de concor a pressão, na verdade a pudica, é que a desção geneza Descver go é c-lo de u coisa de ou po: abngê-la po um conceito é class-la" 49 523a2 Ât V't nV'ánct n ocív 524e b 'v ocív; 525b5 8t ' 'ç ocíç 'e ev yeveç v8úv't 50. 52 4c6 µéy cµt t vç vyc9 8elv; 525c2 ç v
9év 'ç ' 9µ& qúceç ív't ' vocet '
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A POESIA COMO OPIO
Voltemos nosso olhar por m momento para a estrada percorrida. O ponto de partida original está nauela época homérica uando a cultra grega ra de comcação ral. Esse to crio uma série de condições para a conseração e transmissão do ethos grego e na geração imediatamente anterior à de Platão estava apenas começando a mudar radicalmente. Por ethos entende-se lando concretamente um ennciado lingüístico da lei pública e privada (incluindo a história e a tecnologia) comuns ao grpo e e exprimiam sua coerência como ma cltura. Esse enunciado havia sido oralmente memorizado e repetido por scessivas gerações de gregos. A nção do poeta era ndamentalmente repetir e em parte ampliar a tradição. O sistema educacional grego se me permitem sar o termo era colocado inteiramente a serviço dessa tare de conseação oral. Ele realmente conseraria e transmitiria os mores apenas se o aluno sse treinado para ma identicação psicológica com a poesia e ovia. O conteúdo do enunciado poético devia ser expresso de modo a permitir essa identicação. Isso siava e ele só podia versar sobre ações e eventos envolvedo pessoas. 249
O próprio Platão na sa Rúba, docmenta scientemente a nareza ncional da poesia e os mecanismos de identificação psicoló gica mediante os qais era memorizada Prossegimos argmentando qe essa mesma obra está sistematicamente organizada segndo das metas dotrinárias qe constitem o cerne do platonismo inicial: a armação de m "sjeito isto é personalidade pensante atnoma e a armação de m "objeto isto é de m campo de conhecimento qe derá ser inteiramente abstrato Argmentamos também qe essa dpla meta do platonismo está diretamente sbordinada por sa perceção da necessi dade de romper com a experiência poética Essa periência ra crcial; ela havia constido ma disposição mental global; denominemola homérica ém disso ele propõe qe seja sbstitda por ma disposição mental diferente a platnica A homérica havia sido expressa nm tipo de lingagem com m certo tipo de sintaxe Ele propõe m tipo diferente de lingagem e ma sintaxe diferente
Talvez não seja dicil aceitar qe a psiqe atnoma sse de to a dotrina qe pode ser diretamente relacionada ao se oposto a imersão da atoconsciência na edcação poética anterior Não será porém exagero armar qe toda a dotrina de m campo de conhecimento habitado por objetos abstratos o campo dos "ns do "ser dos "invisveis também esteja destinado na realidade a constitir ma reti cação total do registro poético da experiência; qe esses objetos sejam concebidos como m sbstitto direto dos atos e eventos qe constitam o conteúdo da narrativa épica O qe são os rótlos qe o próprio Platão aplica à experiência nãoabstrata e nãolosóca Ela reconhece diz ele apenas o múltiplo e os isveis É o campo do toarse da distração e do movimento ambgo Citamos esse tipo de terminologia segndo sas próprias palavras ém de tdo já no ivro V, estaria ele preparado para dar m nome a esse tipo de experiência Sim ele a denota decididamente como oxa, o opinão 1 Qe proa há então de qe com doxa ele qer indicar a
disposição mental homérica Não seria comm spor qe opão designa a opinião segndo o senso-comm do homem médio o ateria lista descidado o "realista qe não loso qe sa a ligem spercial e ilogicamente cja visão se fxa apenas nos objetos c 250
exteriores? Patão diz tudo isso sobre ee, e o patônico moderno está portanto incinado a identicar essa pessoa com o homem médio moder no na medida em ue este não pensa, reete ou vai aém das aparências mais óbvias Ao contrário diso, muitas vezes defendemos na discussão anterior ue Patão, uando dene esse estado menta, está atacando um probe ma pecuiar à sua própria cutura e ue i na verdade criado pea exeriência poetizada anterior da Grécia Tratavase de um estado menta ue sem sombra de dúvida tinha aguma semehança com o senso comum ainda hoje, mas não muito Afirmamos ue ee tinha certas caractesticas especiais, ue se manifestava segundo um estio pecuiar, constituindo essas características o resutado direto dos processos mnemônicos descri tos por nós; e ue estes haviam desaparecido e estivermos coretos, o ue Patão está defendendo poderia ser exposto sucintamente como a invenção de uma inguagem abstrata da ciência descitiva ue substituísse uma inguagem concreta da memória ora De uauer rma, é hora de perguntar: o próprio texto de Patão dará uauer sustentação à tese de ue a experiência do mútipo visíve ue vem a ser e morre, a ue é rotuada, ão apenas na Repúba, de "opinião, está destinada a designar o conteúdo e a linguagem da tradição poetizada? e r esse o caso, o visíve utuante mútipo corresponde aos atos e eventos ue, como defendemos, eram os únicos a serem retidos na memória ora Ee é, para todos os efeitos uma interpretação da sintaxe narrativa em ue um ago especico está sempre sendo ito ou aconte cendo, mas tópicos, categorias, rmuas e pricípios nunca apaecem Patão estará em agum momento pronto a identicar a poesia como essenciamente um sistema de sintxe narativa? De maneira não muito expícita, é preciso rconhecer, embora a impicação esteja á, na sua afirmação, mantida de modo bastante coerente, ue o conteúdo da poesia ythos em oposição ao logos diaético Ee pode chamá-o de logos também, mas nesse caso está usando logos como um termo gera para "conteúdo Tudo ue é dito por um mythologos ou poeta, diz ee, constitui ago ue "está passando por o ue aconteceu, ou acontece, ou irá acontecer A inguagem indica ue ele está consciente da subordinação ao tempo 25
que como defendemos é nseparável da sntaxe do materal memorza do Ele dz sso no Lvro III quando apresenta pela prmera vez problema do meo (lexs) pelo qual o poeta se exprme. Até o Lvro ele está pronto a estabelecer uma losoa alternatva completa a currículo poétco como um tod. Será a múca? pergunta. Não: "a músca educa segundo padrões habtas e transmte uma espéce de estad harmônco e rítmco medante a harmona e o rtmo. Ela não transmt cênca. Quanto ao seu conteúdo este contém uma segunda sére d característcas que lhe correspondem quer o conteúdo seja mítco que o de uma espéce mas confável. Ela não contém nenhuma dscplna aproprada para o que queremos Quas são essas característcas d conteúdo que correspndem ao rtmo e à harmona do metro e d acompanhamento ele não dz. No Lvro X, tendo avançado a mmess como o rótulo agora nã apenas da dentcação pessoal mas da representação artístca ele per gunta: O que o poeta apresenta? E responde: "Ele apresenta os homens em ações rçadas ou voluntáras em decorrênca das quas eles s consderam bem ou mal suceddos entregando-se conforme caso à dor ou à alegra 5 Aqu sem sombra de dúvda o conteúdo da repre sentação poétca está lmtado à ação e aos pntos crítcos a ações e a eventos e aos pensamentos e sentmentos apenas quando surgem cm relexos a ações e eventos não como reexões soladas e objetvadas Até este ponto as rmulas de Platão para o conteúd poétc realmente tendem a colocar a ênfase numa sére puramente narratva. Iss não sgnfca narratva em detrmento do drama. Pelo contrár a repr sentaçã dramatzada tem meramente o efeto de transferr a ação para a própa pessoa do lante mas sem alterar a snte narratva mínm que seja. De to a personfcação dramátca é anda menos capaz de uma sntaxe alternatva do que o enuncado mpessoal o que constt um motvo para que Platão teha dado certa preferênca a este no Lvr II Esse panorama poetzado do ato e d evento n qual fcams envolvds é explctamente rolado no Lvro III de o nmgo da cên e de nteramente estranho a ser. Esses termos à medda que sã empregados portam consgo aqueles cntextos precedentes no Lvr V II nos quas sua mportânca hava sd explcada. O argument do Lvr X, quando comparado com aquelas dutrnas dos dos lvrs anterrs 252
que ele usa, pode para maior comodidade ser agmentado e discrimina do da seguinte maneira: (1) poesia é apresentada pela primeira vez como a corrupção do intelecto Isso pode ser uma reminiscência da parábola da inha, na qual o intelecto matemático preside à terceira seção da inha 6 (2) Essa reminiscência da inha é rerçada quando os objetos da mímica são comparados àquelas aparências sicas reletidas ao acaso num espelho dermador de todos os tipos, rmas e tamanhos, indiscriminadamente Isto é, a mmess corresponde à divisão ierior da iha, onde até mesmo os objetos dos sentidos são apenas reetidos na água ou coisa semelhante 7 (3) característica desse conteúdo mimético é então exposta, no
que diz respeito ao pintor, como consistindo numa aparência fntasmal Isso porque a mímess pode retratar apenas um aspecto, ontal ou laterl, e assim por diante, de um objeto, nunca o objeto como um todo de uma s vez Esse retrato é o oposto do que é 8 (4) Sobre esse ndamento, o imético é então colocado numa oposição ontal à ciência (epsteme). (5) Em seguida, depois de uma longa polêmica contra Homero e os poetas como educadoes, Platão resume a nção do oeta como "imitação de um simulacro de virtde "ele emrega alavras e expressões para construir o que poderíamos cha mar de supercies coloridas sobre todas as técnicas e esses artcios possuem um encantamento inerente 10 (6) O prxmo esgio11 na anise de Platão do que é represendo pela mm é tenr defii-la nos termos daqueles hábitos psíqui cos deno de ns sobre os qus ela erce uma atração 7) E quais, ergunta Platão, são esses hábitos? ou qual é o seu campo de experiência? Sua resposta é a ilusão tica que comunica informações contraditrias sobre objetos idênticos, quando estes são distorcidos pela "sinuosidade das super cies coloridas e ela distância 12 25 3
(8) Diferentemente, o elemento calculador na alma retifica tal
distorção por meio da medida e do número, evitando assim a contradição no mesmo () eria impossível manter opiniões contraditórias que desaa am a ciência da mensuração3 (10) A aação m é pornto esa ao "pensar hrones) (11) ém disso, quando nos voltamos inteiramente para a poesia,
descobrimos que seu conteúdo consiste em uma ação contí nua e em uma paixão utuante e iconstante (12) Portanto, ela pode apelar diretamente para aquela culdade que é inimiga do cálculo a nossa prte patológica que a capacidade de cálculo e a lei tentam controlar e eter. U poeta mimético, por motivos emocionais, não pode ter uma ligação com a culdade calculadora (13) ém disso, ele não consegue distinguir o grande do pequeno e toma o mesmo como sendo ora um, ora outro 6 É possível que Platão tenha escrito essa polêmica num momento de exasperação. Ela está cheia de uma terminologia com a qual os leitores da Repúbla deveria estar miliarizados, mas ela não é explicada e o lóso emprega atalhos no seu argumento para chegar até sua tese nal a tese que se vislumbrou no início do tratado, quando no ivro II ele se deontou com o "inimigo sob o disrce da moral corrente tal como se encontra nos relatos dos poetas. Aqui, dá-se a entender, esse relato poetizado, como um espelho, reete o conteúdo que consiste numa pluralidade de visíveis não-organizados a respeito dos quais não se pode dizer que são. A experiência poética constitui a nção de uma culdade que é a antítese da ciência é um estado de opinião que aceita uma errância e uma contradição constantes no relato sico, um estado alheio ao número e ao cálculo Concluímos que, se não podemos empregar o termo "é a relatos desse tipo, é porque o relato se desvia e se contradiz. A mesma coisa sica parece agora ser de um determinado tamanho e depois, no entanto, de uma dimensão diferente ela tanto é quanto não é. O padrão dessa terminologia e a doutrina que subjaz a ela ram desenvolvidos anteriormente na Repúbla, primeiramente numa passa25
gem que já i examinada por nós no ivro V, no qual a doutina dos objetos abstratos isolados é apresenada pela primeira vez e, em segundo lugar, no ivro , no qual a outrina da conversão da alma par o pensamento sobre o que é (uma outra passagem já apontada) culmina na introdução da aitmética como a primeira disciplina que deverá dar início à conversão Voltemos, em primeiro lugar, ao ivro V e examinemos o contexto como um todo, no qual a teoria do objeto per se é proposta pela pimeira vez como uma teoria do conheciento losóco Platão hava proposto o hlosophos como a única nte segura de uma autoridade no estado Que tipo de pessoa é ele Obvamente, um homem ao qual apraz o que é intelectal (sopha) e, portanto, que gosta de estdar hlomathes) toda e qualquer coisa Ao que se z imediata mente a objeção de que essa descição se aequa perfeitamente àqueles que gostam de imagens e de sons, os amadores de espetáculos, que, com toda certeza, não são lósos É para esclarecer a distinção entre esses dois tipos de homem que Platão apresenta então uma descrição daquilo sobre o que o lóso pensa e daquilo que ele conhece a saber, os objetos abstratos per se que são unos, e não múltiplos Per ona, aqueles que amam imagens e sons aceitam belos sons e supercies e rmas colodas Eles estão acostumados com açõeseeventos belos, mas não com a beleza per s' Vivem num sonho, e esse estado mental é o da opinião, um estado intermediário entre o conhecimento cientíco de um lado e de total inconsciência de outro Essa opião constii uma culdade que tem seu objeto especíco, e este é também intermediário obretdo, esse estado é o de consão mental contínua Aquele que ama imagens e sons está constantemente zendo juízos contraditó rios acerca da mesma coisa, e seu conteúdo moral parece mudar de direção (de modo que o justo se torna injusto), até mesmo suas propor ções e qualidades o zem (de modo que o leve se torna pesado) obre a mesma coisa, ele diz continuamente que é e não é 2 Concluímos que as convenções muito miliares (nomna) do múltiplo 21 que lidam com os juízos morais e outros semelhantes estão sepre divagando Esse é um estado de opinião, não de conhecimento, um estado no qual sons inusitados e supercies coloridas constituem os objetos apreendidos Portanto, distingimos duas classes principais de seres humanos: aqueles que amam a opinião hlodoxa e aqueles que amam o que é intelectual hlosopho22 255
É o que basta quanto à análise do Livro V. ma comparação co a análise da poesia no Livro X revela a continuidade entre ambos. Há um istinção em cada caso entre uma disposição mental concreta (que é co sa) e uma que é bstrata e exata. A primeira é chamada de "opiniã do múltiplo no Livro V, e no Livro X é identicda uma vez com "opinião23 e outra como o estado mental do poeta e do seu relato sobr a realidade. Em ambos os casos essa disposição mental relata uma versã da realidde que é pluralizada, visul e variada. Essa pluralização e amos os casos é então traduzida em termos de contradição. Os juízs acerc de cores, rmas e tamanhos são contraditórios. Os enuncidos sobre ções e eventos, assim como suas qualidades moris, são igulmen te contraditórios. A mesma coisa é ora boa ora má, ora grande or pequena. O juízo moral coerente e a dimensão sica constante so abos impossíveis. Se pudessem ser conseguidos, infere-se, em cada um ds casos seriam realizados pela mesma culdade. Per on, o estado d opinio é como o de um sono (Livro V) ou o de quando estmos so um encantamento (Livro X) A comparação esclrece um problema. No Livro X Platão s pintor e suas pinturas de objetos sicos como uma anaogia par o poet e suas histórias de ação e paxão. Todavia quer ee dizer que o poet, como o pintor, retrata a realidade sic mediante a mesma linguage incorreta na qual este retrata os tos e os princípios morais dos seres humanos? A linguagem do Livro X pode ser considerada abígua respeito dessa questão. As supercies coloridas empregadas pelo oet poderiam ser um simples metáfra para o seu ritmo e suas hbiiads poéticas. Mas quando se percebe que a scinação da visão com cores, superfícies e rmas isoldas constitui também o mesmo defeit d "mútiplo que é prisioneiro d "opinião no Livro V e que é essa opiniã geral que retrata distorcida e contraditorimente a relidde sic e virtude da su obsesso com essas cores, torna-se impossível evitr coclusão de que Platão pretende julgar poesia como um retrato d amiente sico tanto qunto dos princípios morais dos homens, e que e a considera nstistória tanto em um como no outro caso. E ssenci mente pelo mesmo motivo. Ela não pode empregar culdad avliação, do cálculo e d rciocío nem na representação ds ojets físicos, nem na representação dos costumes humnos. Neste último cs, visto que a representação poética torna-se ecz apens qando s 256
espectadres se identicam cm ela pessalmente a fim de memrizar, sa clade de racicíni é igalmente incapaz de cntrlar avaliar sas reações pessais Qal será ent a relaç da pesia d ivr X cm a pini d r bviamente elas s descritas em terms de dispsições mentais semelhantes Cntd, vist qe para nós a pesia representa a experiência mit mais estérica d qe a pini, cncliríams inicial mente qe é prqe peta e a pesia cnstiem m exempl particlar d err geral inerente à pini, m empl qe Plat expõe a ridícl cm algm bjetiv especial Prém é pssível ma respsta diferente Spnhase qe a pesia d ivr X é cextensiva à pni d V Ela é sem dúvida descrita c se sse Spnhase qe, na verdade, é n ivr X qe Plat revela plenamente qe está bscand n ivr V, qand ele cham se alv de pini Iss certamente estaria cfrme à tese qe estivems defendend td temp, a saber, qe a dispsiç mental hmérica cnstitía ma dispsiç mental geral Iss prqe nesse cas s petas representavam mei públic e únic mediante qal a dispsiç mental geral pia se manifestar Única e exclsivamente eles pdiam rnecer a "lingagem decltra, cm a denminams, e pr cnseginte também as nrmas cltrais dentr das qais i rmada a "pini d múltipl lém diss, a intensidade d ataqe epistemlógic de Plat à pesia cm m retrat errône da realidade sica e da excelência mral estaria explicada, ma vez qe desse md está atacand err cm existe cmmente na sciedade Se assim i, esperaríams qe ataqe d múltipl n ivr V deveria revelar algm indíci de qe alv últim está na pesia até mesm se esse alv é plenamente xpst apenas n ivr X E assim é Tmada cm m td, a passagem é dedicada à rmalizaçà da relaç entre cnheciment de m lad, e pini de tr, assim cm a deniç d abism entre eles Prém sms preparads para a antítese, inicialmente qand ns s apresentads dis tips hmans, "lós veu "amante de espetácls, qe representam respectivamente esses dis níveis da experiência hana, e a passagem encerrase cm a rearmaç destes cm dis tips ndamentais e psts de hmem 25 7
O amante de espetáculos é denido com precisão antes que a análise terine como um homem que rejeita o objeto abstrato per se, cujo tipo de compreensão está enredado em contradições, impedindoo de retrata o mundo sico ou moral coerentemente. Ele é equiparado especcamen te ao "amante da opnião. 24 Pois bem, quem é o amante de espetáculos? Na sua apresentação , ele é retratado como uma espécie de eqüentador de teatro que está sempre presente aos coros dionisíacos tanto da metrópole quanto da província. 2 Mas por que, deveríamos perguntar, ao procurar denir os novos padrões intelectuais da Academia, Platão dá a entender que o obstáculo à sua conquista é simplesmente um hábito de ir ao teatro? Isso paece mais frívolo do que a ponda gravidade do seu objetivo exigiria. Os eqüentadores de tetro na nossa cultura constitem uma minoria sosticada dos mais bem educados. A passagem como um todo evidencia, por outro lado, que o alvo de Platão é o homem médio, de mentalidade mediana. Em que sentido a mentalidade média grega era uma mentalida de teatral? A resposta pode ser encontrada apenas pela suposição de que o verdadeiro alvo de Platão aqui é a execução poética, por meio da qual a tradição culral era armazenada, mantida viva e memorizada, e com a qual a memória viva dos espectadores precisava se identica. Em suma, embora neste ponto, como em algumas passagens do ivro X, ele se concente na atividade dramática por constituir a rma mais contempo rânea da tradição, seu alvo (como também no ivro III) são "os poetas e Homero, a representação épica tanto quanto a trágica. Não é a poesia que se poderia ler num livro que ele está atacando. É o ato de memori zação mediante a identicação na declamação poética, que para ele é inseparável do próprio poema e que consitui um ato e um estado integrais da imesis. Sua linguagem no ivro V rnece mais do que uma pista de que esse é realmente seu alvo. Os "devotados amantes de espetáculos são comparados aos "devotados amantes dos sons, e a comparação enfatiza a relação acústica ndamental à atuação. O objeto de sua devoção são "os belos sons e as supercies e rmas coloridas e tudo que se lhes assemelha.26 Essa ênfase no som, na cor e na rma como o campo vivencial da opinião é repetida na conclusão da discussão, 27 quando ele pocura o contraste entre esse campo e o da visão do lóso. O estilo é significativamente ambíguo, e isso é deliberado; ele descreve, de 25
um lado o coneúdo acúsico-visual da radição poeizada e o grau em que ele visualiza concreamene as circunsâncias e as coisas ano quano seu uso do rimo do mero e da músca o zem Todavia ele ambém descreve as coisas e os areos sicos 28 com os quais o mundo exerior é habiado de maneira ão variada e indiscriinada A mesma dupla referência enlobando o coneúdo do regisro poéico e a aparência exerior do mundo sico é xplorada no Livro X Uma vez mais esse conrase é ambém descri como resulane de um "conhecimeno íimo dos aos-e-evenos ragmata) e como pluralidade de convenções miliares susenadas pelo múliplo sobre o juso e assim por diane 29 Tal linguagem pode se rerir apenas ao coneúdo moral e social daquilo que denonamos a enciclopédia ribal a ne original de oda a convenção social para os gregos Numa passagem do Livro V Plaão emprega a classificação íplice de "amanes de espeáculos amigos da écca e homens práicos 30 Nenhum preexo é rnecido no coneo imediao para essa comparação surpreendene como denição global do homem médio e da sua opinião mas ela é uma recordação da famosa classificação ríplice da Apologia, onde ócraes descreve sua missão empreendida com visas aos políicos poeas e aresãos 3 1 Finalmene como já se mencionou a exeriência global desses eqüenadores de earo é comparada com um sonho Ese é o equiva lene daquele encanameno rímico e emocional ão necessário ao ao de idenicação descrio no Livro X como o concomiane da poesia Esá evidene agora se esivermos ceros que o plano global da Repúblia requer uma denição gradaiva de uma nova educação na ciência plônica que em cada um dos eságios de seu desenvolvimeno dos níveis secundários aé os avançados enconra-se em colisão com a menalidade geral da Grécia Essa menalidade por sua vez é denida sempre em ermos dos hábios menais e covenções adquiridos ao longo de uma práica aniga na poesia oral da Grécia considerada como veículo de orienação moral e ambém de escrição sica Toda vez que a episemologia do sisema de Plaão é uesionada ele se sene impelido a defini-la em oposição à psicologia e à linguagem empregadas na execução poéica Acrescenamos algo que ele não revela expliciamene que esse hábio e essa lingagem haviam sido exigidos pelas condições de memorização oral e pela conseação da experiência do grupo 25
Portanto, os Livros II, III, V e X gradativamente revelam que o inimigo do platonismo é essa disposição mental poetizada e que o ataque à poesia se expande e se apronda progressivamente. E quanto ao Livro I, onde Platão, como vimos, identicando a psyhe autnoma daquele que pensa e daquele que conece, exige que sejam despertados e que se voltem do tornarse para o objeto abstrato que constitui o conecimento atemporal e inteligível? Aqui, no Livro I, ele repete sua rejeição da poeia como um candidato a essa tare? Sim, repete, pois, como vimos, ele sumariamente descarta toda a música como agora inútil para seu objetivo32 e propõe a aritmética como a disciplina que realizar esse despertar. Ele nada mais diz sobre a poesia nessa passagem; contudo, a anlise que ele em seguida passa a apresentar do estado mental que a aritmética pode corrigir é aquela que ele ir empregar novamente quando retornar ao poeta no Livro X Tratase de uma anlise que seleciona a contradição como o erro essencial da disposição mental concreta. É uma arma dialética. Focalizemos por um momento o uso global que Platão z dela. A poesia, diz ele no Livro X não constitui um método vivel de discurso, porque ela retrata a realidade apenas em termos que se autoanulam. A rigor, ela adota a contradição praticamente como um príncipio. Como o pintor, o poeta retrata a mesma coisa, que é ora grande ora pequena O poeta, portanto, é essencialmente irracional, e a mesma contradição permeia todos os seus enunciados morais acerca da ação e da paão. Um eri, em outras palavras, comportase ora bem ora mal, deando assim de rnecer qualquer padrão de bondade abstrata. Essa conradição epistemolgica no conteúdo do poema estabelece uma contradição psicolgica correspondente na psyhe do ouvinte, que se identica com a narrativa e portanto tornase ora bom ora mau, ora enraivecido ora tranqüilo33 O que obseamos aqui é que, em vista da plraização, da concretde e da cousão do enunciado poetizado, Platão reduziu todos esses aspectos censurveis a um únio eles violam o princípio da coerência. Isso sigca necessariamente que, na poesia, zemse arma ções antitéticas sobre a mesma pessoa e ligamse ao mesmo assunto redicados antitéticos. A pessoa ou o assunto é ora bom e ora mau, ora grande e ora pequeno, dependendo visivelmente d ponto de vista. 260
Foi no Livo V que ele empregou pela primeira vez essa arma. Ele havia proposto a opinião como a esignação aquela experiência cons ciente apenas o múltiplo. Mas suponhase, continua ele, que nosso oponente peça provas e que a opinião (isto é, essa impressão vivenciaa e vívia o panorama multicetao as aparências) nã seja cohecimen to Responemos o conhecimento eve ser e algo que é; a ignorância, seu oposto, é aquilo que não é Visto o objeto a opinião não ser nenhum os ois, então, uma vez que a opinião é uma culae istinta tanto o conhecimento quanto a ignorância, seu objeto não poe ser nenhum os ois. A única possibiliae que resta é a e que seu objeto, seu campo e iscurso, esteja no meio. É o campo o é plus o não-é". Pois bem, continua Platão, tornao mais eloqüente para exempli car o que quero izer, a visão o seu amante os espetácuos está plena e muitos belos, eios, justos e injustos uplos e metaes. Mas caa um estes múltiplos poe, em outro momento, parecer eio em vez e belo, metae em vez e uplo Portanto, ele não mais é belo tanto quanto não é beo, e isso é veraeiro no que concerne a toas as muitas convenções reconhecias sustentaas pela maioria. E portanto esse estao a que chamamos opinião cotinuamente apreene o que é e não é. 35 Aone Platão quer chegar, se os contextos os Livros V e X são compraos, é a uma comparação entre uas situações sintáticas. Em qualquer relato a experiência que a escreva em termos e eventos que ocorrem, estes evem ser ierentes uns os outros a f e que constituam eventos separaos. Eles poem ser ierentes apenas quano é permtio que as siações os personagens" a história, ou os nômenos, se alterem e moo que Agamêmon seja nobre numa passage e vil em utra, ou os gregos numa passagem possuam uma rça uas vzes maior o que os troianos e, em outra, metae ela. Por conseguinte, os sujeitos esses preicaos são e não são". Ele não quer izer que exem e existir, mas que nesse tipo e iscurso é impossível proerir um enunciao que ligará um sujeito e um preicao numa relação que apenas é" e que, portanto, é permanente e imutável. Que tipo e enunciaos então ele eseja e que tipo e sintaxe eles requerem? Agora poemos retornar ao Livro para averiguálo Lá, quano ele inrouz a aritmética e o cálculo como a isciplnachave ue reinará a mente a abstrair o inteligível o visível, ele propõe uma 261
icotomia não entre conhecimento e opinião mas entre inteligência" e sensibiliae"36 Esta última expõe o caso e três eos visíveis como tais; mas ele continua izeno ue um eles é tanto grane quanto peueno tanto áspero uanto macio sigcano maior o ue um e menor o ue o outro mais áspero o que um e mais macio o ue o outro. 37 Por conseguinte na linguagem o Livro V ele é e não é" sensações referias são contraitórias; portanto a inteligência e o cálcu lo" são chamaos a resolver o lema inteectual e o zem meiante a seguinte pergunta "O que eu quero izer com áspero ou por aspereza por grane ou por graneza etc.?" E eles em seguia passam à istinção os objetos intelectuais aspereza ersus macieza graneza ersus peque nez. Estes e não os eos é ue são contaos e calculaos e moo ue surgem como objetos abstratos separaos a inteligência muito embora nossa experiência sensível continue a connilos. 38 É uano a inteligência é treinaa para apreenêlos que ela ascene ao se, em vez e ao tornarse"' . 39 Desse moo uano Platão no Livro X argumenta ue o arsta é um homem a opinião ue conne suas imensões e não sabe raciocinar ou calcular e ue lia com aparências sicas ue tanto são como não são ele está ano prosseguimento às outrinas o Livro V e o Livro I e reuzino a eerae original a poesia a esse tipo e contraição. Porém a contraição constitui uma efermiae apenas uano atimos ue são reais não os eventos e circunstâncias imeia tos mas as abstrações isolaas tais como a graneza e a peuenez ou o certo e o errao. Somente enunciaos como estes nunca são contraitó rios. Agamêmnon ao variar aspectos o seu comportamento é e não é nobre. Mas a nobreza sempre é" uma virtue. Em suma a exigência a eliminação a contraição constitui antes uma outra rma a exigência à esignação ao uso e ao pensamento sobre ientiaes princípios classes categorias etc. abstratas o que a eventos concretos e ações e pessoas vivas temperamentais. Doxa ou opinião" (ou crença") é a palavra ue na República é preferia como a esignação a isposição mental nãoabstrata. Havia motivos históricos para essa escolha ue everão ser exploras mais * "Becomngness C nota acma sobre "bengness/ser'' p 4 ..)
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aiante 40 O Livro X compara doxa com mimesis, esta última repre sentano tanto o conteúo a poesia quanto aquele estao psicológico que vivena poeticamente Mas no Livro , na passagem sobre os eos, na qual o problema o plural, o concreto e o visível é reuzio ao a contraição sica, o termo doxa é substituío por aisthesi, singular e plural 41 Esta palavra é comumente trauzia por percepção" ou sensação"; preerimos a traução sensibiliae" para inicar a conexão o vocábulo no seu uso original com reexo emocional assim como com órgão perceptivo. O uso o termo aqui tem uma importância óbvia para o esenvolvimento a epistemologia platônica Ele começa a mover o problema a cognição o campo a experiência poetizaa os eventos narrativos para o contexto a experiência sensível os objetos sicos Suas implicações são mais técnicas e prossionais Acerca os amaores e espetáculos no Livro V não se iz que empregavam a sensibiliae", mas apenas que tinham miliariae" ou aotavam" ou haviam olhao para" o panorama visível 42 Porém aqui se iz acerca o sujeito que ele é sensível" a um eo. O uso e aisthesis promete uma precisão maior num ebate que girará em torno os méritos e ierentes teorias a cognição e ierentes critérios a verae A estrutra o argumento na Repúblia, no entanto, revela como a opinião, a sensibiliae" e a experiência mimética" estão toas elas ligaas, pelo menos na mente e Platão neste estágio o seu pensamento No Livro V é a opinião que pronuncia os juízos contrários sobre grane e pequeno, leve e pesao e assim por iante. No Livro I é a sensibili ae que expõe os juízos coitantes sobre tamanho e pequenez, áspero e macio, pesao e leve No Livro X é na mimes que o tamanho não parece igual quano everia zêlo; e o caso não é ierente com relação a torto e reto, mais ou menos grane 43 Além isso, como ocorre com a sensibiliae no Livro , também com a mimesis no Livro X necessitase a contagem e a mensuração como armas rnecias pela culae calculaora Quer Platão le a opinião ou a sensibiliae ou a poesia, toas três são julgaas iguais e ecientes à luz o mesmo parão; elas não poem tomar consciência essas ientiaes abstratas puras repre sentaas por termos como tamanho, graneza ou pequenez. Dizse também acerca a opinião no Livro V assim como a mimes no Livro X que elas não coneguem apreener as abstrações morais.
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Desse moo é possível argumentar que o problema a percepção sica suas consões e contraições uma tese esenvolo e examinaa no platonismo posterior i originalmente esenvolvio entro o con teo mais amplo experiência poetizaa e suas inerentes consões. Em ambas seguno o platonismo existe uma lha em separar claramen te o concreto os objetos abstratos que constituem categorias relações princípios morais e coisas semelhantes. Porém o estreitamento o proble ma a experiência ao a percepção sica teve como resultao també estreitar o objeto a experiência ese a série total e eventos até as coisas sicas a série. A losoa gaativamente esqueceu seu objetivo original que havia sio expulsar o encantamento mnemônico a narra tiva. Ela substituiu a tentativa e exulsar o ncantamento as coisas materiais. Em ambos os casos o caniato rival e nosso compromisso losóco é um poer e raciocínio abstrato que conhece ientiaes imutáveis. Mas essas ientiaes quano opostas às coisas sicas tor nam-se antes categorias e proprieaes o que princípios morais. O objetivo origial e isolar um conjunto e lei moral com base na enciclopéia tribal havia no geral sio realizaa. O problema losóco e estabelecer o status o muno material permaneceu. Mas retornano à doxa ou opinião é esta palavra que exatamente por causa as suas muitas ambigüiaes i escolhia não apenas por Platão mas por alguns e seus peecessores para cristalizar aquelas proprieaes a experiência poetizaa as quais os intelctuais estavam tentano gir. Tanto o nome quanto o verbo doko são realmente esconcertantes para a lógica moerna na sua extensão e relação tanto subjetiva quanto objetiva. O verbo enota tanto o que parece" que ocorre em m, o sujeito" a saber minhas impressões pessoais" quanto o qu parece" que me liga como um objeto" a outras pessoas que olham para a impressão" que causo nelas. orresponentemente o nome é tanto a impressão" que poe estar em minha mente quanto a impressão" que outros têm e mim. Ele poeria ser portanto o termo ieal para escrever aquela são ou consão o sujeito com o objeto que ocorria na eclamação poética e na isposição mental criaa por essa eclamação. É o aspecto aparente as coisas" quer se consiere esse panorama interior ou exterior a m Doxa é portanto em escolhia como uma esignação não apenas a imagem a realiae eita pelo poeta mas também aquela 264
imagem geral a realiae que constita o conteúo mente grega antes e Plaão Seu siao geral prevaleceu no fim as contas sobre o seu siao poético. Se originalmente unia ambos é exatamente porque nos longos séculos e cultra oral e comunicaçã oral era o poeta e sua narrativa que portavam a responsabiliae e criar a visão geral conseála e gravála na mente as sucessivas gerações gregas. 45 NOTAS 1 Para maior comodidade usei uma radução convencional de 86 embora haja muios moivos para a alegação de que ela signica pensameno em geral (cf Rosenmeyer, udgemen and hough ec), um sbolo de uma disposição menal gneralizada, que exaamene por ser generalizada era rebaixada por Plaão a uma condição abaixo daquela da ciência exaa que conhece as Formas, sas relações enre si e com os fenômenos 2 Plaão provavelmene inha precedenes para isso abaixo, n 40 cap 15, n 5 3 392d2 v c 1 µu9oMyrv 1OtT'W ÉYE't 8tYTctÇ oc 'uyávet yeyoÓ' vrv µeÂÂÓ', alvez uma reminiscência da Ilíada 70 e Teog 32 (acima, cap 6, noas 20, 21) 4 522a4-b 5 603c4-7 6 595b5-6 cf Livro V 511d8. 7 Cf Paon e ambém Noopoulos Paraaxis, p 14: Essa preocupação com o paricular consiui a disposição menal naural da lieraura oral A absorção na dspreocupação especial com a relação lógica das pares com o odo consiui o esado não losóco de ecí que Plaão nos descreve a sua exposição da Caverna Com 596d8-e4 compare-se Livro V 509e-510a3, onde os objeos incluem v 'OÇ 8ct v'ácµ' (ambém abao, n 12) em 598b3 uma pinura é chamada de v'ácµç µÍµTctÇ; Halyn comparava eikasia com sosico 8 598b ss 9 598d4-5 8t ' ' µ ooç ' ev c'µT \ ec'TµocÚT \ µíµTct ect
10 600e5 60a4, b-2 265
11. Omiino a igrssão sobr a isinção nr usuário brican 60c-602b. 12. 602c10-12 '' µnÀa 'E e0 v 'í 'E 0eµévotç , \ À 'E Ô \ :éXO' Õt ' 1EQ XQµ' a 1À 'Ç EÇ.
13. 6026-10. 14. 603a-b Àç µtµ't ... 1ÓQQ... QOEÇ ' :v µv 1QocoµtÀE 'E 'ÍQa ÍÀT :c'Í... Sobr phroes cf. acima cap. n. 17. 1. 604a10 ss. 16. 60c-3 o'e ' µeí o'e :Ãá'' õyyvc't, à ' a 'O' µv µeyáÃa youµév, 'O' õ cµtá ..
17. 47- tÃo0eáµoveç tÃot. 18. 476b4 'áç 'E à v áoat À c2 b ov à µv náyµa'a voµív, a' ÃÃoç µ'e voµív À.
19 477a-47812. 20. 479a-b10. 21 4793 ' ' noÀà noÃà v6µµa. 22. 480a6-13. 23. 6028-603a2 aµev ' ' µa 1EQ ''a "Í õoáetv úva'ov evm ... ' Q µé'Q Qa õoáov ç UXÇ ... Cf. 4794 8 õoáetv 24. 480a-7. 2. 7-8. 26. 47d3 476b4- cf. Le 7.810: os numrosos poas épicos iâmbicos os dmais rágicos cômicos são rcomnaos como uma ucação corra para nossos jovns qu dss modo ransfrmam-s m 1OÀOÇ quan o aprnm d cor os poas odos. 27. 480a ss. 28. Aé msmo a fras m 476b6 v'a ' : 'W 'OtO' ÕµtOQ yoúµeva é ambiguamn prinn ano a aros quano a pomas q os scrvm cf. 10.96c 3 o tQO'ÉXÇ ÕµtouQy6ç são apicaos ao caso do pinor o poa 266
29. 476c2 479d3. 30. 476a10 to9Eµov 'E \ tÂO'ÉXvou \ Qaú 31 Apol. 22a8 c9 (mas a ordem varia. 32. Acima n. 4. 33. 10.603c10 ss. 34. 478d ss. 3. 479d7 ss. 36. 23a0-b ' µ 'Ç ac9c O QÂÂO' ' vóc íct C 07c3 \ i oúoµEva \ ia ÂÂm ac9ct via i ac9i.
37. 23c4 ss. 38. 24b4 EtQâim Âoytcµóv iE \ vóctv UX aQaoca !c.Ev Í'E v EÍ'E õúo ci\v cia i cayyEÂoµÉvv . ªº v iEQov óiEQa Õ õúo, i yE õúo XQtcµÉva voct. Õt iv ÚU <Eta µÉya \ cµt ÓtÇ vayc9 ÔE. 'E9Év o9Ev QO ÉQXE'at QÉc9m µv 'Í ov o ci\ µÉya X cµtÓ.
39. 2b Õt' ifç acíaç Éo Evat YEÉcEÇ ÕÚ't 40. Num volume subseqüente o emprego em Heráclito e Parmênides é particu larmente pertinente. 41. Acima n. 36. von Fritz (1946 p. 24 assinala que o vocábulo aisthess não é pré-socrático mas (p. 31 caracteriza a antítese nous-aisthesis como tardia mente pré-socrática. Não deveia ele ser identicado como platnico ainda que · como von F demonstra Protágoras Demócrito e Górgias tenham rçado as questões que o precipitaram? 42. 476c2 · voµív; 479a3 voµít; 476b covim; 480a3 tÂE 'E 9e9m
43 602c7-8 10 44 Notopoulos Mneosne, pp. 482 ss chamando a atenção para a preferência de Platão pela palavra oral no edro, interpreta esse fto como não ligado ao processo dialético mas como uma rearmação das exigências e poderes da memória oral agora posta a seriço da losoa Isso o obriga (p. 484 a interpretar o Teet. 191d como se referindo à "memória na losoa quando 267
a vdad l s à cocpção da m como a placa d ca q a pismologia plaôica cosida impossvl 45 A xposição da doxa a Rúbca ia po mim impd a coclsão comum acia d q s diálogo a disição os objos spc ivos da doxa da epteme masica idicado dois mudos dis um dos qais o lóso dsa da visão das Fomas mas do qal l mglha o dmoiho do sombio mdo da compulsão m mdo a qu Plaão já havia ciado a suas spaças diz Gold p 163 A diça dmiada po cosidaçõs siáicas ão ligiosas v-s obsa q o mo mdo uma vz subado d uciados como o acima oas sm sido c ambm odm do s) Não há um mo cospod a xposição d Plaão
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14 A OGEM DA TEOA DAS FOAS
Quano Plato insiste em que seus contemporâneos evem voltar as costas ao panorama a experiência sensível e em vez isso concentrar se nos objetos abstratos per se, que constituem os nicos objetos possíveis o pensamento, às vezes ientica esse objeto como uma Forma e também la as Formas (no plura) como aquilo que rnece uma metoologia ou isciplina intelectual miliar aos seus leitores Obvia mente ela não era miliar ao grego comum, cuja isposiço mental aina era a a opinio Mas a linguagem e Plato pressupõe uma espécie e círculo acostumao ao uso o termo Forma para ienticar esse tipo e objeto 1 isto que esse methodos as Formas parece estar pressuposto em iálogos anteriores à Repúbla e que os iálogos críticos subseqüentes a esta obra muitas vezes examinam os possíveis signiicaos o termo Forma e a maneira como ele everia ou poeria ser empregao, tornou se comum entre os estuiosos lar a Teoria as Formas e Plato. A expresso sugere uma posição outrinal à qual Platão esejava coniar sua reputaço losóca Porém o to real os seus escritos no sustenta esa hipótese ele é emasiao nãoprossional Quano na Repúblia ele apresenta pela primeira vez os objetos que so", chamaos 26
e Formas, 2 e toavia nesta mesma obra ele emprega mais eqüentemen te a concepção o objeto per se sem enominá-lo e Forma; além isso, nem mesmo em contextos em que também eqüentemente rearma a natureza absoluta o conhecimento platônico, sente-se necessariamente obrigao a empregar a palavra É mais importante aina obserar que ele poe empregar o termo rma" repetias vezes, sem o priilégio a inicial maiúscula, por assim izer, para signiicar tipo, espécie, classe ou categoria, em contexos one a possibiliae e que isso possa também signicar um objeto per se nem mesmo esteja em questão 4 Em suma, ele emprega a palavra prossional mente e também casual e não-prossionalmente Quano se supõe que a outrina e Platão seja sistemática, no sentio moerno esse termo, e também sistematicamente rmulaa, z-se uma istinção precisa entre o uso casual a palavra rma" e sua aplicação prossional como Forma" e se atribui simplesmente a uma inaequação o vocabulário grego o to e que o mesmo termo esempenha uma upla nção Toavia, a própria pressuposição poe estar erraa e, se estiver, a istinção entre os ois usos ea e ser nítia aso isso seja verae, é possível que o uso não-prossional lance uma luz sobre o prossional; mais aina, o prossional em si poe constituir apenas uma tentativa, não coerentemente buscaa, e rmalizar as imlicações o uso não-pros sional É nessa concepção o problema que nos concentraremos aqui Até este ponto, na nossa busca o sigcao a outrina platôni ca, nós mesmos evitamos a palaa Forma, e isso apesar o to e que nosso campo e investigação havia se concentrao na Rúba, em que o métoo" 5 as Formas é explicitamente reconhecio e empregao ém isso, nem mesmo agora que comçamos a estuar esse uso e sua causa everemos tentar encontrar pistas naqueles iálogos posteriores nos quais o problema a Forma e e sua relação com os particulares é explorao criticamente A esta altura, o platonismo solucionou ou sentiu que havia solucionao a principal questão que o havia originao, a saber, o impulso irreeável e romper com a traição e com a isposição mental poetizaa Uma vez que se tornasse aceito um iscurso e abstração rmal como o instrumento apropriao à ciência, quer moral ou sica, a motivação originalmente mais simples, embora revolucionária, para a teoria as Formas poia ser posta e lao; além isso, as compleiaes e uma nova epistemologi e uma nova lógica a escrição com toos 270
os seus problemas e preicação e assim por iante poia propriamente à cena Nosso compromisso aqui é com aquele estágio mais simples e esenvolvimento que prouziu a Forma como um objeto e iscurso em primeiro lugar. pistas para esse estágio no pensamento e Platão provavelmente estariam perias caso ssem procuraas naquela lingua gem e análise reinaas posteriores e que estavam estinaas a liar com ilemas complos. Por que motivo prefemos eitar a menção ao termo Forma até este ponto? O que buscamos ram aquelas necessiaes históricas e lingüísti cas que pressionaram Platão a muar o estilo a língua grega. A prova ireta essas necessiaes é ecia, não nas Formas, mas no seu uso reiterao o ele próprio per , que um", que é" e que é invisível". É essa a linguagem namental e Platão, pois sua própria sintaxe revela a sintaxe aquilo com que ele está rompeno, aquilo e que ele própo está se libertano e e que ele eve nos libertar. omo explicamos, o oposto esses atibutos o ele própio per ' é uma série pluralizaa e eventos e ações que acontecem, e não são", e que são retrataos e maneira gurativa e portanto vívia, em vez e serem pensaos. Nessa séie a integiae o ele própio per , concebia como categoria, como princípio, proprieae ou algo semelhante, escela-se, espalha-se e se ispersa pelos casos pluralizaos, em que poemos izer que ele poe estar presente implicitamente" como um princípio, mas nos quais, a rigor, ele não estava presente no iscurso homéco porque a esse iscurso ltavam os recursos lingüísticos para esigná-lo. Essa nova linguagem platônica portanto revela como nenhuma outra a natureza a revolução na cultura grega cujo anúncio coube ao platoniso. Para entener a revolução, começamos com essa linguagem, e não com as Formas. omo iz o próprio Platão Para a maioria os homens é impossível contemplar a beleza em si em vez os numerosos belos, ou qualquer em si mesmo especíco em vez os numerosos particulares... portanto a maioria jamais poe ser intelectual." 7 A epressão ele próprio per , entizano, como z, a pureza única o objeto", reunia, por assim izer, no isolamento e qualquer contaminação e qualquer outra coisa, inica um ato mental que bem literalmente correspone ao temo latino abstração" isto é, esse objeto" sobre o qua o novo sujeito" autoconsciente eve pensar i veraeira-
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mente arrancado" do contexto épico e criao por um ato e isolação e integração intelecal Por exemplo os múltiplos casos (ocultos) de conduta apropriada são reunidos numa propriedade per se, inteiramente por si próprio" Esa idéia de proprieade precisou ser separaa e abstraída do uxo e imagens de eventos e situações no qual os atores ou agentes por acaso zem coisas aequadas ou inadeqaas É justo portanto izer que o platonismo exibe uma exigência constante de que pensemos em entiades ou abstrações mentais isolaas e de qe empreguemos a linguagem abstrata na descrição ou explicação da experiência Que tipo de abstrações Platão, no ponto em que estava quano escreveu a Repúba, tinha em mente? Em lugar algum ele rnece uma relação sistemática, mas sa resposta a essa qestão poe ser como qe compilaa e uma série gradativa e contextos, em caa m dos quais ele está se irigindo a algum aspecto esse processo mental Quano o ele próprio por si" é apresentado pela primeira vez no Livro V como uma escrição daquilo sobre o qe o lóso, e única e exclusivamente ele, pensa, os exemplos citaos são belo, justo, bom e suas antíteses, feio, injusto, mau 8 Na verdade, a natureza namental a antítese é ela própria saa para efender a existência e toos eles como objetos abstratos Isso signicaria que não apenas os princípios ou valores morais positivos mas também ses negativos everiam ser isolados e usaos no discurso platônico Um pouco mais aiante, quando busca insistentemente provar que apenas esses objetos são coerentes, ao passo que o múltiplo mostra apenas preicaos contrai tórios, ele reitera os termos morais e acrescenta à lista uplo, metae, grane, peqeno, leve, pesao 9 A relação seguinte, semelhante a essa, ocorre na parábola a Liha Diviia quano ele tenta descrever os objetos" qe na seço três essa Liha são representaos pela rma e gras geométricas Os exemplos aos são irreglar, regular, rma, três tipos de ângulo, º e o próprio quadrao" e o imetro em si próprio" Quanto à quarta e mais elevaa seção a Linha, ele parece sgerir que ela representa aquele campo e intelecção no qal essas e otras abstrações estão interrelacionaas nm iscurso que seria inteiramente analítico, mas não á exemplos Em seguia, no Livro na passagem dos três deos, quando passa a examinar a questãochave aquela contraição para a qual 272
contribuem as sensibiliaes" e para a qual o intelecto eve rnecer a resposta separano e contano os objetos" que se mistraram aos eos, ele lista como emplos esses objetos tamanho, pequenez, áspero, macio, pesao, leve 1 Finalmente, no Livro X, na verae repetino e outra maneira a outrina a passagem os eos e chamano a atenção uma vez mais para a contraição nas sensibiliaes, arma que a culae calculaora eve · acorrer em auxlio e avaliar grane, menos e igual o erro o mimético" é que ele exa e istinguir o grane e o pequeno 13 Essas listas, quano comparaas entre si, revelam um grane parentesco A primeira e a seguna, o Livro V, revelam o que conhecemos bem e outras passagens e Platão que bonae" e probiae" (ou o princípio" o bom e o princípio" o probo), que constituem para nós categorias ou imperativos morais que escrevem e também coor o comportamento humano, equivalem para Platão ao tamanho e à imensão tamaho e pequenez) e proporção (uplo e metae) e assim por iante; isto é, equivalem àquelas categoria matemá ticas básicas simples que empregamos ao iscutir o muno sico Elas se equivalem porque toas elas representam o mesmo tipo e esrço psíquico que rompe com o múltiplo e reúne a experiência em uniaes As categorias matemáticas simples são então reunias pelas uniaes aritméticas (irregular e regular) e pelos poslaos geométricos (quarao e iagonal) Depois são também reunias por algumas as proprieaes" básicas, como poeríamos enominá-las, e objetos sicos, por exemplo, a penetrabiliae (uro e macio) e peso (pesao e leve) Orientaos por essas uas pistas, é razoável voltarmos atrás àquele currículo as ciências apresentao no Livro VII como o prelúio inis pensável à ialética Essas ciências, como Platão repetias vezes sublinha, não evem ser estuaas como assuntos estanques que rneçam blocos e informação ou corpos e regras para a absorção mental Seu objetivo exclusivo é acelerar o espertar intelectual que converte" a psyhe o múltiplo para o um, e o tornar-se" para o ser"; isso, se nossa tese estiver correta, equivale à conversão o muno gurativo a épica para o muno abstrato a escrição cientíca, e o vocabulário e a sintaxe nos eventos narrativizaos no tempo para a sintaxe e o vocabulário e equações, leis, rmulas e tópicos que estão ra o tempo
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Pois bem, nessa conexão é razoável obserar no Livro VII que as ciências apresentadas, da aritmética à harmonia, so dispostas numa série ascendente segundo a denição abstrata dos seus campos de operaç ão ada uma delas constitui um mundo de pensamento, por assim dize r, disposto num conunto de coordenadas essas coordenadas rmam um a série ascendente de complexidade Dentro da geometria apreendemos o campo do plano em duas dimensões" Em seguida vem o tridimensio nal", que z parte do volume" e deve ser apreendido ele próprio per '. Em seguida vem o tridimensional em movimento" ou movimento aplicado ao volume", e seu campo de visão mental é ocupado pela velocidade que é" e pela lentidão que é" ou a verdade do igual ou duplo ou qualquer outra proporção" Finalmente vem o no som" isso porque o movimento tem várias formas" 14 É preciso obsear que essas expressões são empregadas no texto de Platão para deir campos do conhecido, ou obetos do conhecimen to 1 5 Ele la como se as disciplinas enumeradas das ciências ssem realmente úteis apenas para abrir a visão mental dos sistemas de coorde nadas que as governam A conclusão deverá ser que nessa passagem como um todo da Repúblia Platão está solicitando à mente grega que pense sobre corpo e espaço, movimento e velocidade e assim por diante como tais? Ou, poderíamos dizer, que pensemos acerca da experiência sica nesses termos e empreguemos esse tipo de vocabulário? Sem sombra de dúvida, é esta a pista para aquela passagem, tão desconcer tante para os cienistas empíricos, na qual ele condena e descarta o estudo do céu visível" 16 O que ele pede é que nos astemos daquele tipo de história dos céus cuo protótipo épico é o calendário de Hesíoo e aqueles planetários e construtos que se limitavam a tentar modelar e reproduzir as aparências visíveis e os movimentos dos corpos celestes Um mapa celeste é um exemplo do que ele reeita Em vez disso, ele exige um discurso que venha a reorganizar esses fenmenos sob itens gerais ou categorias do sico, de modo que possam então ser expressos na linguagem da lei natural O céu visível deve ncionar apenas como um paradigma para elucidar o comportamento universal dos corpos, expres sos em equações que são", e não se tornam" ou udam Na ausência de uma técnica de laboratório, ele precisa usar o céu visível como sua experiência controlada em mecânica 17 Sua solicitação ao aluno tem um duplo propósito, e precisa ter, no estado vigente do vocabulário grego 274
Em primeiro lugar, iz ele, comece a pensar não na velociae na qual esse objeto especíco que se vê está se moveno ou no seu tamanho pense sobre velociae e tamanho como coorenaas em geral em seguno, não me iga veja, A está se levantando mais rapiamente o que B em vez isso, tente izer: a velociae temporariamente corpo rificaa em A é uas vezes maior o que a temporariamente corporficaa em B e então iga: as velociaes esses ois corpos estão numa eterminaa proporção com relação a uma velociade comum teórica e isso o rá reletir acerca e quais são as leis ou rmulas seguno as quais as velociaes aparentes variam. Desse moo, a astronomia invisível tornase um artifício para pensar em termos o que (a) é puramente abstrato e poe ser enunciao numa sintaxe atemporal como aquilo que sempre é e nunca não é 1 Eis aqui uma nova estrutura e iscurso e um novo tipo e vocabulário apresentao à mente européia. Nós o aceitamos sem iscus são hoje como o iscurso e homens instruíos. Não nos ocorre que houve um tempo quano precisou ser escoberto, enio e enfatizao para que puéssemos fácil e complacentemente herálo. Essa escoberta pertence exclusivamente a Platão, muito embora ele esteja constino sobre um grane esrço nessa mesma ireção, que o preceera. O to e que os vocábulos gregos que puemos trauzir aqui como movimen to ou corpo já existissem não significa naa. Foi sua relação sinática que muou e quano o fez, o vocábulo i privao a particulariae e se ampliou e moo a abarcar as imensões e u conceito. No uso préplatônico (se excetuarmos alguns os présocráticos) os vocábulos jamais haviam sio empregaos sujeitos ao atemporal é. Eles haviam simbolizao o vôo e uma echa ou o corpo e um homem em particular quano se apresentavam aequaamente na série naativa, e agora vão signicar apenas too e qualquer movimento e too e qualquer corpo o cosmos, sem especicação. Eles ram abstraíos e integraos com base em toas a gras e corrias ou vôos e lechas ou homens, e corpos e lutaores e caáveres e mortos. Eles haviam se transrmao em invisíveis 19 Bonae e probiae (e mal e improbiae), proporção e tama nho, imensão, peso e rma, regulariae e irregulariae, o quarao e a iagonal, soliez movimento, velociae e volume o que esse tipo e terminologia representa para nós? omo termos e um vocablário 275
sosticado constituem coisas muito diferentes: constituem valores mo rais; costiem também axiomas; são propriedades sicas e também relações. Em combiação uns com os outros rnecem os termos pelos quais enunciamos tato pricípios quanto mulas sicas tanto equações quanto leis. Revelam a linguagem das categorias e também dos uiversais. O único termo moderno que se aplicaria igualmente a todos seria o vocábulo "conceito. Isso porque eles compartilham da característica de que como categorias classes relações princípios ou axiomas ram cunhados pelo intelecto para explicar e classificar sua experiência sensí vel ou ram extraídos daquela experiência e ieridos com base ela. Como diz Platão a única coisa que se pode dizer sobre eles é que não se pode ver ou ouvi-los. Alguma outra culdade no cérebro humao é responsável por esse tipo de linguagem. Se os chamarmos de "coceitos estamos opondo-os à "imagem. Se os chamarmos de "abstratos é para opô-los ao evento visualizado concretamente ou às coisas visualizadas concretamente que ocorrem num evento. Além disso é justo dizer que o platonismo seja no ndo uma eiência de substituir um discurso gurativo por um conceitua!. À medida que a sintaxe se torna coceitua! ele muda ligando abstrações em relações atemporais em vez de contar eventos numa série temporal; tal discurso rnece os objetos abstratos de "intelecção. Platão nunca pode separar qualquer discussão desses objetos dessa atividade de "pensar que os apreende. Ou eles constituem noeta ou não são nada Além disso são colocados à ossa ente com tanta eqüêcia não tanto por si próprios quanto para ilustrar e sublinhar a diferença entre cohecimento de um lado e opiião de outro ou entre um ato do itelecto e um ato do mecanismo sensório É mais importante aprender a pesar sobre esse novo tipo de objeto do que decidir acerca dos nomes e úmeros corretos dos objetos que possam existir. É essa a impressão reiterada que se tem da xplicação do próprio Platão sobre essa questão. Por que motivo então le se recusou a designá-las conceitos? Ele podia ter cuhado um termo grego para isso. Alguns de seus predeces sores eles próprios conscietes do que estava ocorrendo na mente grega aviam por exemplo falado de "pensamentos ·ou "idéias hrontides, noemata) como se representassem um novo fenômeno a experiêcia grea. Todaia para descrever esses vários fenômenos da linguagem do esrço mental os quais caracterizamos como objetos abstratos Platão 276
empregou um termo grego (em duas variantes) que elimina qualquer indício de construção mental e é traduzível apenas visualmente como "forma ou como "aparência O signicado homérico dessa palavra refere-se à "sionomia de uma pessoa, mas já havia até certo ponto se especializado antes da época de Platão, ao menos pelos intelectuais, os quais, se ssem matemáticos, empregavam-na para descrever uma gura ou constrção geométrica e, quando cosmólogos ou médicos, podiam empregá-la para descrever uma "aparência comum partilhada por um grupo de fenômenos; era portan to uma "rma geral ou, no equivalente latino, a speies Foram prova velmente esses dois usos anteriores que levaram Platão a explorar a palavra prossionalmente e aplicá-la, como aparentemente pretendia, à época em que escreveu a Repúblia, a praticamente qualquer conceito útil como um método de classicação dos fenômenos ou de princípios determinantes de ação ou de generalização das propriedades de coisas ou de determinação das suas relações Por que motivo ele preferiu esse tipo de palavra para descrever os resultados da atividade conceitua!, se era esse tipo de atividade por parte da mente grega que ele estava solicitando? É melhor perguntar primeiramente: por que ele precisou se abster de qualquer termo que o aproximaria do nosso "conceio? A resposta é provavelmente muito simples. Um conceito, pelo menos nesse estágio do desenvolvimento especulativo grego, signicava todo e qualquer pensamento criado e verbalizado pela psyhe da inteligência despertada As possibilidades de abstração são ilimitadas, e as da abstração signicativa dificilmente deixariam de o ser Porém na esfera da moral, que para Platão constii sempre ilustração ndamental da necessidade do pensamento cocei tua!, ele estava inteiramente voltado para a tese e que os princípios da moralidade são fixos e nitos, e não frmam uma série interminável e não estão estruturados em termos de uma adequação empírica a circuns tâncias temporais Aqui, sua oposição ferrenha ao relativismo certamente o alertava para o to de que propor justiça e bondade como oneitos abstratos que precisamos aprimorar pela nossa própria inteligência abriria o caminho à invenção infindável de novas frmulas e novos conceitos do que poderia ser a moral Contra essa aceitação relativista de uma moral, que poderia ter sido desenvolvida historicamente pelo homem segundo as necessidades humanas, ele deu uma reviravolta que 277
i além da discussão e atingiu as prondezas da sua conscencia. rovavelmente deveríamos aditir que os ndamentos sociais e os reconceitos de classe zeram com que ele desde muito jovem aderisse à proposição de que as relações sociais entre os homens deveriam não somente ser estáveis mas também autoritárias. Se assim r, os princí pios de justiça que descrevem essas relações devem eles próprios ser independentes da criação ou do aperfeiçoamento humanos. De quaquer maneira, a necessidade de simbolizar abstrações morais como nais i o motivo principal, segundo pensamos, para denoiná-las Formas. Isso porque estas, para o serem, precisam desfrutar de uma espécie de existência independente; são frmas permanentes impostas ao luxo da ação, e rmas que, embora vistas e compreendidas pela minha pche, não podem ser criadas por ela. Portanto as Formas não são criação do intelecto e isso significa que os "objetos repre sentados por tais articios lingüsticos como "ele próprio per ' não onstituem também criações do intelecto. Ele possuía um segundo motivo, talvez igualmente rte. Uma rande multiplicidade desses objetos era empregada para descrever não a esfera da ação moral, mas o comportamento do meio ambiente sico. Platão herdou dos seus predecessores uma convicção implícita de que, quando vivenciamos fenômenos físicos, colocamo-nos de alguma manei ra em contato com um mundo, ua ordem, um sistema que existe ra de nós mesmos e independente do nosso conhecimento dele Como dissemos num captlo anterior, era ndamental ao caráter grego, e podemos vercar isso na sua arte, que o mundo exterior não devesse ser tomado ivolamente ou descartado como não existente. O que se exigia era que sua estrutura e lógica ssem examinadas. Essa estrutura, para Platão tanto quanto para a maioria dos pensadores gregos, era em si mesma abstrata. Era igualmente coerente e finita, um sistema fechado, um objeto da inteligência não da intuiço. Os sentidos, na sua relação com ela, produziam apenas dilemas e contradições. Se assim r, então as categorias mentais que empregamos para descrevê-la e compreendê-a ta como suas guras e proporções, suas relações espaciais, seus volumes e densidades, seus pesos e suas veoci dades não odem constituir conveniências meramente arbitrárias do intelecto hmano. Elas devem de alguma rma representar a própria
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estrutra csmica. Não as ivetamos embora precisemos apreder com grade esrço a pesar sobre elas. Assim também as Formas, cua existêcia real é salvagardada idepedetemete da ossa cogição, muito embora esta esteja equipada exclusivamete para apreedê-las. Desse modo as abstrações exigidas da mete grega toram-se Formas, e ão coceitos. Podemos objetar capciosamente a esse resulta do, mas no cotexto histrico ele z setido. Se as virmos com relação à arrativa épica da qual todas elas surgiram, podem ser cosideradas de uma maeira ou de outra classicações de uma experiêcia que aterior mete i "sentida uma mistra aparete. Isso era verdadeiro qato à justiça tato quato ao movimeto, à bodade tato quanto ao corpo ou espaço, à beleza tato quato ao peso ou dimesão. ssas categorias toram-se opostos ligüísticos e são empregadas como uma maeira direta de relacioar um feômeo a outro um estilo ão-épico, ão-poé tico, ão-cocreto. Dito claramete, uma experiêcia arrativizada diz: "O deus-tempestade laçou o rio contra o muro e o destruiu. Uma verso abstrata rearraja essa ase, dizendo: "O rio tiha uma rça tal e tal (que sigicaria uma proporção de alguma uidade de rça uiversal ou ideal que sempre "é) e o muro tiha um peso (ou massa ou iércia) de tal ou tal; o peso e a rça, quado calculados e comparados, têm como resultado que o muro deve ceder diate da pressão exercida cotra ele. Porém esse resultado espeíico agora depede dos coceitos de rça e peso, que somete "são e qe se toram os termos de equações que "são. No platoismo, estes se torariam as "Formas de força e peso, e sua participação em cada um tora-se uma lei que regula a relação da pressão com a iércia. m seguida, a aplicação dessa lei ao determiado exemplo mostra a participação das "Formas a situação especca do muro mais o rio. Ou, etão, Agamêmo, desaado por Calcas a desistir da lha do sacerdote, muito zagado, cotdo acresceta: "Prero restití-la, o etato, por ser mais vatajoso, pois s desejo salvação ao meu povo, e ão vê-lo destrído. Mas sem demoa aprestai-me outro prêmio, pois seria ijustiça s eu etre os rgivos ão ter parte o esplio de gerra. Todos podeis cofirmar que meu prêmio me i tomado. ssa série de ações e evetos ítida mas separadamete agurados "eu a devolverei o povo ão deve ser destruído mas me dêem um substituto sou rei sou o úico que perdeu o prêo pode ser eorgaizada como a 27
expressão ou ilustração do prinípio moral da lei scial: "O bem do exército é o mais importante e isso me rça a devolver a moça. Contud o, minha condição também é suprior; a ustiça portanto requer que eu receba um substituto. Aqui o "bem do exército, a "condição de Agamêmo e a "ustiça de seu pedido são lançados numa linguagem que pressupõe certo padrão geral do bem, da propriedade e da ustiça, pelos quais o bem particular e a propriedade particular da sitação presente podem ser avaliados. Os padrões precisam ser expressos em leis ideais que apenas "são. Podem zer parte de uma situação que "é e não é, mas apenas para frnecer as normas que persistem durante toda a sitação e são obedecidas no curso de ações e eventos que a constituem. Estes também, portanto, eram Formas platônicas. Para Platão, repetimos, esses termos e as fórmulas feitas com base neles não constituíam apenas acios lingüísticos, nem invenções do intelecto, mas entidades e algum tipo existentes fra da mente. Contudo, o esrço que requerem sua descoberta, sua designação e a aprendizagem do seu emprego constiti a principal preocupação do Livro VII da Repúblia, o livro dedicado par exellene ao currículo da Academia. O "método das Formas , num sentido prático, anterior ao das próprias Formas, se compreendemos claramente que os "obetos abstratos não surgem espontaneamente na nossa consciência, suspensos numa névoa iluminada. Pelo contrário, precisamos agarrar o múltiplo e procurar sua conversão em unidades, uma operação que revela pela primeira vez que esses "obetos são possíveis na linguagem e no pensamento. Chamá-los de Formas colocou a principal ênfase não em como nós realmente as encontramos e aplicamos, mas em sua "obetividade và v o "sueito que deve pensar sobre elas. Platão, quando se prepara para empregar e explorar a Forma, está se convencendo da separação última do conhecimento obetivo com relação ao sueito que conhece, assim como do to de que é essa ceta da verdade que acima de tudo ele deve acentuar. Podemos lamentar que ele desse modo restrina a relação histórica da nova linguagem rmal e abstrata à velha linguagem épica. Uma, podemos izer, surge da outra, exatamente como o intelecto urgi da consciência homérica. Mas, se lembrarmos o hábito multi-secular que havia ndido sueito e obeto na auto-identificação empática como uma condição da manutenção da tradição oral viva, podemos compreender claramente como essa disposição mental herdada era para Platão o inimigo e como ele deseava estruturar sua própria doutrina numa 20
liguagem que sse de encontro a ela e a enfrentasse e destruísse O resultado claro portanto da teoria das Formas é sulinhar a separação entre o pensamento gurativo da poesia e o pensamento astrato da losoa Na história da mente grega ela enfatiza antes a descontinuidade do que a continuidade É sempre esse o modo como agem os revolucio nários Na sua própria época para si próprios e seu púlico são os profetas do novo não aqueles que desenvolvem o velho Sócrates sem dúvida alguma viase como um consorte da alma uma metára que pressupõe talvez alguma continuidade entre a dialética socrática e a experiência precedente A linguagem de Platão quando eleva o lóso acima dos homens comuns e as Formas acima da linguagem e do pensamento comuns é mais rigorosa Um termo menos desaador do que Forma talvez não tivesse realizado esse ojetivo Não estaria esa nova linagem na verdade no limiar e um estágio completamente novo no desenvolvimento não penas da mente grega mas tamém européia? Sim; todavia Platão estava consciente tam ém e com muita razão de que apenas seu gênio havia compreendido plenamente que se tratava de ua revolução e de que ela deveria ser imposta com urgência Outros antes dele haviam se movido nessa direção experimentado a nova sintaxe e estado conscientes de que a tradição poética constitía um ostáculo as somente Platão viu a questão com rmeza e como um todo Se ele portanto uscou poular o universo e a mente humana com toda uma ia de Formas que havia surgido Deus sae de onde isso constitía so certo apecto uma necessidade para ele Isso porque estava vendo o cerne de uma pronda mudança na experiên cia cultral do homem Não se tratava de um capricho pessoal; elas não eram nem mesmo sua douina pessoal Elas anunciavam a chegada de um nível ineiramente novo de discurso que quando se aperfeiçoasse deveria criar por sua vez um novo tipo de experiência do mundo a reexiva a científica a tecnológica a teológica a analítica Podemos lhe dar uma dúzia de nomes A nova era ental requeria que seus próprios arautos marchassem so a andeira e a encontrassem nas Formas platônicas Vista por essa perspectiva a Teoria das Formas i uma necessida de histórica Mas antes que a dexemos no gozo desse tatu, convém perguntar se a escolha do termo não portava consigo certas desvantagens sérias O ue vamos dizer agora surpreenderá muitos leitores que o considerarão discutível especialmente aqueles que se sentem atraídos 21
pelo misicismo de Plaão. Nossa ese é a de que um pensador cuja are hisórica era desruir o efeio de um encanameno não deveria er reinroduzido ouro, e como que pela pora dos ndos. O problema com o vocábulo Forma é precisamene o de que, quando ele procura objeifi car e separar o conhecimeno da opinião, ende ambém a ornar o conhecimeno novamene visual. Isso porque como "forma ou "aspeco ou "aparência, anal, ele é algo que se ende a ver, obsear e conemplar visualmene. Plaão esá ão convencido da realidade da bondade, do irregular e do regular que ena zer-nos vê-los. Porém ele deveria ê-lo feio? ão há dúvida de que o uso anerior do vocábulo para designar uma gura geomérica exerceu um papel na sua própria imaginação. Ele em o cuidado de na parábola da Linha aponar para o o de que as guras geoméricas incorporam as Formas, mas não são elas próprias ineiramene absraas; elas ainda são visíveis ou se uilizam da visibilid� de. Mas podemos duvidr que ele sempre enha êxio em resguardar-se rigorosamene conra essa conaminação visual. prova disso esá na linguagem e na sinaxe que ele próprio empregava às vezes para descrever nosso relacionameno com as Formas. É possível, ele pode dizer, que nós as "imiemos . pós er escrio a Repúba, é provável que enha vindo a rejeiar essa maneira de expressar o relacionameno. É sinomáico, conudo, de seu perigo o o de que ela coninua aé hoje sendo o méodo mais fácil de explicar a esudanes o ncionameno das Formas. Elas não serão padrões aos quais se assemelham nossas ações e nós mesmos? Esse o dá origem à dourina de que o lóso "ia os objeos que são e "se assemelha ele próprio a eles e almene assemelha-se ele próprio a Deus. "Pois um inia aquilo que ele ensias icamene desposa úlima ase soa como um eco da análise feia por Plaão do relacionameno do ouvine com o poema no Livro III. Mas agora o conexo não é pejoraivo. Poderá enão Plaão usá-la com os dois senidos? Não é verdade que esse ipo de enunciado seja simplesmene reórico e anes obscureça do que revele a essência do plaonismo? Isso porque os objeos em discussão somene são apreensíveis após um duro esrço dialéico que desz o sonho e elimina nosso hábio de idenifi cação, colocando em seu lugar uma objeividade separada e isolada Parece que em ais meáras, empregadas não poucas vezes, Plaão se deixa cair de novo exaamene na linguagem do esado psíquico que ele esá procurando desruir. 282
Nosso relacionamento com esses objetos no é o de "imitaço e nunca deveia sê-lo. Ele é antes de tudo o de uma busca ansiosa, perplexa e muitas vezes frustrada até que consigamos apreendêlos e designá-los, e um esrço igualente árduo de sintaxe e de rmulaço quando os empregamos em enunciados signicativos. A idéia de "imitaço substitui todo sentido socrático de esrço urgente por um novo tipo de passivida de receptiva. O to de que essa concepço simplista, esse atalho para o sigcado do uso das Formas, i estimulada pela esolha da própria palavra Forma pode ser exemplificado om uma passagem na República que reseamos propositalmente para este ponto. Nenhuma passagem é mais miliar aos estudantes modernos da teoria exatamente porque nenhuma outra é mais fácil de compreender. Temos a Forma única e eterna de "cama correspondendo ao substantivo "cama. Em seguida temos uma cópia da Forma pelo arteso, que z esta ou aquela cama, incoorando o padro. Finalmente, temos o artista, pintor ou poeta, que "imita a cópia do arteso, na medida em que ele apenas pinta a cama ou z um poema sobre ela. O motivo pelo qual a Teoria das Formas emprega aqui esse exemplo em particular é claro. O artista e o poeta, no grego corrente, eram ambos artesos. Plato deseja uma tilogia que porá um outro arteso acima deles, num tatu superior, e o lóso, por sua vez, acima dele. Isso irá rebaar consideravelmente, mas a nosso ver apenas retoricamente, o artista ao terceiro grau, e no apenas ao segundo e portanto arrematar a dispensa platônica dele. Para conseguir essa hierar quia, é preciso escolher uma Forma com base na qual se possa derivar um arteto. Provavelmente um sapato ou uma caçarola, uma mala ou um alfinete teriam seido, mais ainda qualquer arteto que uma dada civilizaço por acaso tenha produzido. Isso levanta a questo de saber se numa cultura que no utilizasse camas ou pregos (e isso é possível) as Formas coespondentes no mais existiriam. Mas à parte a metasica do problema, a verdadeira limitaço desse exemplo de uma Forma é que ela continua a ser de maneira to ara uma "aparência ideal que podemos de to itar pela cópia como uma espécie de esboço e que podemos imaginar que exista como tal até mesmo na mente de Deus, e este, como insinua incautamente Plato, pode ser responsável pela sua origem. O conteúdo visual da Forma predomina sobre o seu uso dialético. 28
P cseguite, também se z cm que cespda aqui a um me cmum, ist é, a um substativ que deta um bet sic ccet Empegada dessa maeia, a Fma esulta apeas a exigêcia de que echeçams tds s mes cmus cm de t "cmus eles pdem se csideads cm classes simblizates O esç de abstaçã que iss s eque é míim e ã pduz s tems de um abstat, pis tem cama aida ctiuaá a se empegad cm cma O que a teia das Fmas estava ppiamete destiada a aa ea a existêcia de ppiedades e elações abstatas de bets sics e assim p diate Iss é amplamete demstad pelas listas de exem pls dads p Platã a ppia Repúba. Nehum atíce teta ze "dimesã u "ustiça u "velcidade u "igualdade Além diss, essas abstações csideadas cm ecuss ligüístics sã tdas de igem adetiva Pdeíams peguta a vedade se um substativ geg que demiasse em pimeia istâcia uma cisa especca deveia se assciad a uma Fma 3 as a Fma de cama idubitavelete sugee cexões visuais uma geetia ideal de ua cama aida que ível mais elevad e também iei da escala de itelecçã até a visualizaçã impe feita d peta Esse tip de exempl ã é explad vamete dessa maeia p Platã Pém pdems dize que epetidamete, a busca uma liguagem que deveá desceve aquele v ível de atividade metal que ititulams abstat, ele tede a cai em metáfas de visã, quad teia si mes desietad apia-se em exessões que subliham esç cític de aálise e sítese O exempl cucial é seu us d vcábul geg aa "visã u "ctemplaçã (theoa), que cetaete se tasmudu de maeia adequada e feliz a ssa palava "teia, sigicad um ível iteiamete abstat de discus, as que em Platã ctiuamete sugee a "ctemplaçã e ealidades as quais, uma ez atigidas, lá estã paa seem vistas O estad etal é de passividade, de uma va espécie, talvez O tip pétic de eceptividade btida p mei da imitaçã ea um estad exaltad emcialmete ativ A va ctemplaçã deve se seea, calma e desapaixada Deve se cm a "bseaçã de um it eligis e psiçã à paticipaçã um dama huma Plat mudu caáte da atuaçã e s eduziu a espectades sileciss as pemaeces 24
espectadores Não estaremos simplesmente sendo convidados a evitar o pensamento árduo e cair numa nova rma de sonho que antes será religioso do que poético? sso nos conduziria pelo caminho que leva à contemplação mística da verdade, da beleza e da bondade. Não se pode negar que Platão algumas vezes nos convide a viajar por ele. Contudo, sustentamos que não teria sido muito cil viajar se ele não tivesse tentado simbolizar esas abstraçes recém-descobertas em termos visuais. As Formas, tor nadas assim concretas novamente aceitáveis aos nossos sentidos e nossos sentimentos, podiam continuar a habitar um cosmos sico que havia sido preparado para sua posse e esidência. O Timeu constitui o tributo nal de Platão a esse tipo de visão especulativa. Porém é uma visão, não um argumento. Deveremos ousar sugerir que no Timeu, por esse mesmo motivo, ele também cumpriu a traição derradeira da dialética, a traição daquele methodo socrático que buscara rmulas a m de substituir a história visual pela equação puramente abstrata? Sem sombra de dúvida há uma espécie de álgebra no Timeu. Mas ela está bem coberta pelas vestes de sonho da mitologia, e precisamente por esse motivo o diálogo tornou-se a leitura vorita de uma era que antes se apegava à fé do que à ciência, como seu guia. Todavia, ainda estava por chegar o dia em que o impulso original do método platônico reviveria e o luxo fenomênico seria uma vez mais examinado, penetrado e subor dinado por categorias de explicação que possuem uma integridade inteiramente abstrata Além disso, quando esse dia chegasse, a ciênci a novamente despertaria. NOTAS 45e6 ss. 504e8 505a23 50a8 596a5 2. 46a5 rigorosamente lando, a lingagem qe arma a existênia e impor tânia dos "objetos é empregada pela primeira vez no iníio do Livro II mas sa elidação é adiada para este lgar (aima, ap 2, notas 6, 20) 3 Na exposição (46a485a) qe se sege sobre a introdção das Forms e qe depende delas, o ermo é empregado apenas das vezes, em 46a5 e 49a. Na exposição do rrílo da niversidade (inlindo a dialétia), qe se estende tanto no Livro VII, é empregado apenas em 5308, 532e, 534, e 25
desses exemplos os dois pmeios são não-possionais (vide póxima nota) No Fédon, o temo não é intodzido até 103e (abaxo, n 6) No Teeto ele está totalmente asente 4 Algns exemplos são ivo II 357c, 358a, 363e Livo III 396b, 397b ivo 395b etc, 432b, 435b-e, 443c 5 Acima, n 1 6 Desse modo, a a Rbica na qal ilstamos scientemente, no cap 12, a maneia pela qal a epistemologia platônica é dominada pelo auto to (Livo II incio, ivo V 476a Livo 485a e todo o Livo V descobimos qe o mesmo vale paa Fédon (isto é, 65b ss, 78d ss, b ss , na vedade até o ponto em qe as Fomas são empegadas pela pimeia vez, vide acima, n 3) e paa o Teeteto 7 493e2-494a2 ai i }à µ] ià 1OÂÂà , a6 't ciov a u ià noà cia, 9 rç nJ9oç éeiat E'at evat tcoov µv dQ nJ9oç úvaiov evat C
490b-4 500c2-3 8 475e9-476a4, epetidos em 507b2-8, mas sem o jsto 9 479a-b8 10 510c4-5 11 510d7-8 12 523e3-524a10 13 602d6-e6 605c-4 Estes últimos exemplos não objetivam o gande, peqeo etc, como auta ta mas os pocessos mentais qe distocem os mera e aqeles qe os eticam são descitos em temos eminiscentes do contaste ente doxa e isteme e ses epectivos objetos, e eniscentes também daqele pocesso pelo qal a azão etica a sensação como descto no Livo II (acima, cap 13, pp 240 ss) 14 528a9-b3 µe'à neôov v 1EQt
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15 525b5 µµa vo & EQ ' õv 'E ' Q'OV; 529d4-5 â 8 My µv 8avoí T', e 8 o 529d 'Ç Q va µaeç VE 530b8 x cµov ' úce QÓvµov V ' UX ! 'OU OEV c6 ' QOV'V µµ'V 16 529c7ss e especialmene 530b7 ' 8 V ' oQav !coµev 17 529d7 aQa8e yµac XQV'OV e2 8aeQV'Ç yeyQµµvoç l !novµÉvoç 8ayµµacv; 530b6 Qojµacv XQµevo 18 Cheniss pp 67-70 agumena que o cuculo oganizado ou ocial da Academia esingia-se à geomeia e conincenemene ia a poa de um exo básico do assno alez aanjado po acadêmico que i apidamene seguido po uma ediço apefeiçoada do mesmo ceamene po um acadêmico O aanjo apeiçoado e a maio genealizaço de muios eoemas na lima ele aibuiu a consideações pedagógicas de acodo com a concepço de Plao dos esdos maemáicos p 68 Todaia esngi o cuculo popedêutico à geomeia plana e sólida e a eoa da aiméica p 67 com base no o de que as ciências de Plao da asonomia e da hamonia ideais ainda no exisiam paece-me se uma concluso muio limiada Se elas no exisiam o objeio plaônico plenamene enunciado ea cá-las no =so da insço ou pelo menos apesena o aluno anes da idade dialéica de 30 anos a poblemas e poposições efeenes a coos em moimeno e hamoas musicais com base nas quais ele sea pessionado po exemplo a apeende o moimeno como uma concepço puamene absaa expmindo um gêneo que exise em duas espécies difeenes e a conempla a necessidade de compo ulas analicas ou defiições que aduzem moimenos paiculaes em emos de leis geais Po conseguine a hisóa de que ele esabeleceu como um poblema paa astônomos deemina o que so os moimenos ufomes e odenados cja hipóese explica o moeno apaene dos planeas Cheiss p 64 deeia se consideada como o eexo daquele ipo de eiameno menal que Plao busca na seço asonômica do seu cuculo popedêuico Seu objeo na edade no ea apesena uma soluço deia paa um poblema especco mas ena alunos paa apeende a idéia de moimeto ideal em pondidade e eela-lhes que qualque soluço pode se expessa apenas em enunciados que elacionam um dado moimeno apaene a um momeno ideal iso é à elocidade que é e a lenido que é o que no consiui num edadeio nmeo nal e guas finais n uma má desciço do que Plao eigia ao coloca esse poblema em paicula O o de que Eudoxo e Heaclides sugiam com soluções muio diesas ea elaiamene indifeene a Plao Eles esaam eagindo ao que Cheniss denomina o mesmo esmulo p 64 e no se dee imagina que 27
o aluno acadêmico médio exerimentasse emíca e imerfeitamente dife rentes soluções or meio de um treinamento no abstrato (or conseguinte como diz Cherniss "ele nunca se toou um esecialista m matemtica) antes de assar or um exame dialético das normas bsicas que controla (ou deveriam controlar a ção humana e os fenômenos cósmicos 19. A história ré-latônica de phora kines soma e termos sicos semelhantes quando convertidos de um conteo éico na série de eventos e transmuda dos em abstrações elos ré-socrticos constitui uma questão a ser estudada 20. 507b9 é tíico: µv bQ9í µ, voec9 ô oü, ô ôéaç voec9 µév, bQ9 ô oü O to de que Eseusio embora ainda ermanecendo sob a nuência de Platão i caaz de rejeitar inteiramente as Formas ao asso que Xenócrtes eceu um substto ao convertê-las e números matemticos (não ideais) (Ches 33-4) ode indicar como o trenamento e a discussão acadêmicos de que todos articiavam concentravam se simlesmente no uro rocesso de isolação e abstação como a tare mordial osoa A teoria das Formas isto é a conversão do auto to em e ia ermaneceu sendo rório Platão "A Aademia não era uma escola na qual uma doua metaica ortodoxa era ensinada ou uma associa ção na qual se eserava que os membros subscrevessem a teoa das idéias (Ches 81) 21. Uma defesa dessa afirmação é rnecida não elo que chegou dos ré-s crticos até nós (vide Diels-Kranz índice verbetes mas rincilmente e testemunho indireto de As nuvens onde phrontis é usado não aenas (com phronesis no sentido genérico de ensamento como atividade menta (versos 229, 233, 236, 740, 762) mas esecicamente de um único ato menta ou ensamento (isolado) (137 e no lural 952 acrescente-se phrontma em 154). Corresondentemente na mesma eça os verbos "de ensament odem ser usados com o acusativo inteo cognato ara exressar "ensar um ensamento (695, 697, 724, 735) assim como com objeto direto (225, retido em 1503 e 741). Noema é emregado genericamente em 229 (juntamente com phront acma) mas esecicamente em 705 Âo voµ Qevóç e 743 t VµáV O uso de memna no lural (952, 1404) ode também simbolizar "ensamentos eecíficos (cf Emped B 22, reetido em 110.7 e ambém 11. e cf ca 15, n 3). Gnome no sing e n l ocorre regularmente (169, 321, 730, 744, 747, 761, 896, 923, 948, 1037 1314, 1404, 1439), com os sentidos de "mente' "sentimento ou "oinião "exressão e (talvez) como "um ensamento A amliação do "domni atribuído a nous phren mermna na segunda metade do séclo V i determinada or von Fritz (1946, es 31), mas não o ossível signicado do uso lural noemata phrondes memnae
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22. Cf Gbe, pp. 9-10 (citando von itz, Nato e Wlamowitz i. 36} 23. Taylo aa socratica pp. 26-267 cf QµÉvoç e>ev em Rep 10d. 2. Emped. B 98.. O mesmo lóso muitas vezes empea eõ no sentido de "apaências típicas', localizadas ente o "aspecto de um paicula e o "aspecto de uma classe ou espécie à qual peence o paticula B 22.7 23. 71.3 7.2 11.7 1 2. 1 2. A inuência do atomista Eõ e de õt em Plato ainda continua poblemtica e a equivalência ente eõoç e úç (Taylo, p. 28) mais ainda. 26 Cf Havelock, Liberal temper intoduço. 27. Cf. Ilíada 1. 17 ss. 28. Ilíada 1.11 6 ss. 29 Cf. Eutron 6e Eç ívv (ou seja, V õv) 1oÀÉ1V e Crátilo 389a 1 ÀÉ1V b 'V 'V Q 1OtE b ÀÉ1V 1Q vo ' eõoç e os muitos usos metaicos da viso na República (abaixo, n. 1). 30 R .G Steven obsea (p. 1) a pefeência visual de Plato pela linha em vez da co, que ea esteticamente conseadoa. idos podeia potanto evoca aquele "contono que est mais póximo do malismo da ate acaica, cuja suesto é mantida na taduço "oma, mas obliteada quando a tocamos po "Idéia. Hen Jackson i lone demais quando infeiu que as Idéias consistiam de uma matéia muito fina de aluma espécie, mas no havia nada eado com seu julamento sobe o eo de Plato. 31. 10d ss. 32.
O Parmênides (13d ss.) examina e ejeita essa meta.
33. 00c2-7. 3. oi esse costume, como epetido po exempl no edro e no Timeu que estmulou a constço de uma teoia estética platônica seundo a qual a mimesis aística pode se ealizada no nível metasico cf. acma, cap. 2, n. 37 Paa A. Dis, p. 9, a imitação est "no cento da sua losoa. 3 96a10 ss. 36. Acima, cap 13, n 28. 37.
O poblema colocado pelas omas dos atetos é levantado no Parmênies 130c cf. Crátilo 387a ss É possível que Plato nunca tenha se decidido sobe essa questo, anal (Gbe, p. 36).
8 Acima, cap , n 8
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39 Cheniss, p , tata República 9a como se fnecesse uma das pposições cadeas dessa doutina das déas; cf p 3, onde ele aumenta que a poposiço seja um ndamento necessio paa a doutina, exposta no Fédon, de que haja uma idéia sepaada paa cada númeo as o sedois · e o secama cetamente ozam de status epistemolóicos difeentes o pieio, na vedade, é uma daquelas abstações que têm oiem adjetiva Gbe, loc cit, aponta as dúvidas levantadas no Parmênides aceca da existência de idéas de ateatos 0 Adose que o Crátlo seja anteio (acima, n 37) 1 Po exemplo, 7e, 00c3, 32c6 e a paboa toda do so (07c609b10), que se apóa numa analoia ente dos tipos de vso É notvel que a desciço ea da dialétca (32d83a2) evite a meta, enftizando em toca a busca, a peuntaesposta, o elenchus e o esfço de aciocínio 2 Quo tentadoa pode se essa defcço pode se veificado na taduço de Confod, p 21, onde ele pate do Timeu 6c paa ini que na Rep a astonomia e a hamonia leam a mente a contempla a odem bela e hamônica manifestada no céu vsível e nas hamonias snoas Isso coesponde à doutina do Timeu, mas contadiz o que se acabou de dize na República aceca do céu visíve e sons audíveis O conhecimento, ta como é apesentado na Rep é conceitua! e dialétco e nesse sentido também soctico; no Timeu ele é conceto, poético e mítico
* Twoess e bedess, o oral otas d o tradtor referetes a ser' e toarse pp
4 4 NT
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15 A MÚSICA SMA É A FILOSOFIA
A história da mente grega apresenta um paco no qua os atores da grande comédia de idéias cuidam de seus negócios mútuos. Estes no so homens e muheres, mas antes paavra e ensamentos que se agrupam e rmações e manobras concorrentes para nos desaar e chamar nossa atenço enquanto procuram empurrar uns aos outros para ra do paco. eontamonos com dois protagonistas, nas rmas de dois difrentes tipos de mentaidade há o ator que rotuamos de homérico, em boa parte porque esse é o rótuo preferido peo próprio Pato; mas na reaidade tratase do executante panheênico do passado, o reerenciado arquétipo de uma onga inhagem de poetas que ainda conseam durante agum tepo uma nço. E há seu antagoista patnico, jovem, sosticado, descontente, que desaa agressivamente o prestígio do seu riva. A terceira pessoa nessa comédia ca entre ambos e pode ser identicada nos termos gregos como a deusa "Música'', ou como "ai deia. Ea no pode envehecer ou morrer. É a mestra e também a tradiço da Grécia. É uma maneira de pensar e sentir e também de viver. Mas que as deveríamos he dar nessa peça? Qua deverá ser seu modo de ar? Ea possuirá um espírito róprio? esde há muito ea tem sido a amante 21
o ator hoérico, ee penaor e iagen, e ele lhe ie o que izer e coo zê-lo. Agora o jove Platão ela exige ua afeião e lhe oferece a ua Ma e ela o ouvir everá abanonar o aneirio arcaico que a tornara tão agraável a Hoero e e vez io aprener ua nova icão que agrae a Platão eve não apena lar ua nova linguage a penar novo penaento Io porque, e vai viver co Platão e ua Acaeia, ea caa nova que ele etá contruino para ela, precia aprener novo hábito e aminitraão oética. Para Platão, ea copetião pela ua ão é ua quetão conte porânea aina etá eno eciia no início o éculo a.. e ele lhe pee apaonaaente, e atravé ela ao heleno ao quai ele irige ua República, que ele e ela olhe co bon olho e copreena a nova linguage epregaa por ele e, portanto, veja ua corte co bon olho. No entanto, Hoero não vivera não eno o que trê éculo e eio ante ele? Io é uito tepo. Durante ee períoo, ua reputaão peranecera intocaa e ua autoriae incontetaa? Nea coéia a ente não houvera algua epécie e prólogo para anunciar o eeo turo, ua pea preliminar? O eeo precipitou-e agora para ua crie. Ma terá io o jove Platão realente o primeiro a levantar ua voz contra o velho etre? Dever-e-á realente crer que, vito er eu to o e revoluão, que a ra ea revoluão já não havia coeao a ganhar algua iportância ante que ele entrae no palco e proferie ua fala? Na verae, i io eo que ela zera e coo ua epécie e epílogo à noa ecrião agora copletaa a própria poião e Platão, é juto e conveniente, ante e fecharo noo ocuento, olhar para trá no tepo, ebora e oo breve, para o prólogo. rata-e e u ato e jutia para co o próprio Platão, poi ele não é aquele tipo e penaor apena engenhoo, u excêntrico no curo a hitória que prouz, inubitavelente, u enore corpo e outrina, a ua outrina que ele próprio contruiu. Pelo contrário, ele é u ee penaore no qual a ra einai e toa ua época vê à luz. le pena o penaento inconciente o eu conteporâneo. le poe antecipar o penaento que ele eearão penar, a o quai ele não abe aina que eeja. Poeríao izer que ele á à corrente intelectuai a ua época ua ireão e u ipulo. Seria elhor izer 22
acerca da sua tare peculiar e ioneira qe ela busca criar a corrente do próprio intelectualiso apeando e escavando o cnal pelo qual os esrços seelhantes anteriorente dispersos podera agora luir co plena rça Não i ele eso testeunha de que houvera de to esrços na esa direção antes do seu tepo e de que, visto estes tere provocado a poesia ua resposta irada, precisava, coo a sua prória, ter sido dirigidos conta ela e talvez desafiar seu onopólio sobre a educação? Suas palavras sobre os ndaentos histórcos da sua própria posição apresenta-se quando ele conclui seu próprio ataque ontal no Livro X: Amos anda, pa a poesia o nos acsa de dua e de, que anto o dfeeno en a losoa e a poesia Realmen, l a "dela a ao dono', e a "que laa, e o "homem supeo a pf palas e o "bando de bes ma, e os "e sumen, como vem pen e ous pvas ande do antaomo en elas.
Pode ser significativo quanto a essas citações de ntes anônias ue seu alvo cou pareça ser a linguage e o vocabulário dos eus oponentes e o intelectualiso nelas iplícito Elas ataca o odo coo se fala, não a substância de quaisquer doutrinas que possa ser expostas Será isso u indício de que o principal pecado da losoa aos olhos da tradição ra siplesente ter proposto a invenção da linguage da abstração e colocar o conceito no lugar da iage? Essa conclusão é preatra neste ponto Poré é pertinente perguntar iediataente, ua vez que Platão se refere ao oponente da poesia coo "losoa, ue el te e ente co essa gura, que ele põe aqui no lugar, por assi dizer, dele próprio no palco da história intelectual Os livros de textos da história da losoa parece rnecer a resposta óbvia: Platão deve se referir aos pré-socráticos, identcados desde Aristóteles coo u grpo de pensadores sicos que vai de Tales a Deócrito Ele não está necessariaente falando de todos eles: Xenó nes e Herálito são os candidatos ais prováveis, visto tere se referido a Hoero e Hesíodo noinalente e de aneira irreverente Assi, os coentadores couente designa esses dois pensadores para o papel de representar a "losoa nessa antiga querela Ne, da parte da 23
sfia, dá-se muita imrtância as seus ataques à esia Estes fram descartads cm um td sb a aegaçã de terem uca igaçã intrínseca cm as sições ideógicas tmadas es ré-scrátics De aguma maneira tud iss arece um uc insuciente ara exicar sentiment muit arraigad, detectáve na descriçã que Patã z da cntenda O rbema cm essa maneira de identificar que ee chama de sa nã é que ea estea em si mesma errada, mas que se assenta em bases muit estreitas Ea dexa de ra nmes demais e aresenta um retrat s ti de cisa que a "sa deria reresentar quand aicada r Patã a eríd anterir a seu e a ti de hmens que havia rfessad essa "sa Semre se suôs basicamente que s ré-scrátics ssem ensadres rssinais equi ads de um vcabuári e de um cnunt de cnceits adequads à cnstruçã de uma dutrina sistemática Essa dutrina, send abstata e metasica, é entã suscetíve de ser cassificada cm materiaista, idea ista, mnista u uraista u ag semehante, cm se esses terms reveassem as intenções básicas ds ensadres em questã Mas se nssa tese anterir estiver crreta, u mesm róxima diss, se a mente hmérica até atnism substituía uma inguagem absu tamente cnceitua! se de t s heens tivessem rimeiramente que arender a ensar, num sentid rssina, cm diam s ensadres ré-scrátics estarem á equiads de um sistema e de uma inguagem cnceituais, send á cnseqüentemente ensadres, antes que s r bemas e métds de ensament tivessem sid identificads e searads d bet cnhecid, antes que a natureza das reações cnceituais cm atemais, invisíveis e cm integrações da exeriência anterir tives sem sid enamente estabeecids? Estaríams certamente rnts a admitir a idéia de que s ré-scrátics se achavam envvids numa uta semehante à de Patã, que sua atividade anteciava, embra vagamente, sua rória cnvicçã de que a inguagem etizada devesse ser abida, que r
Em Platão a mente poétia i identifiada om "opiniã, a disposição mental da maioria. Com essa pista em nssas mãos não será possível reler ertamente Parmênides e Empédoles e até mesmo sob erto aspeto provavelmente um Anaxágoras e um Demórito, para desobrir que eles também estão ontinuamente ataando o mesmo alvo, quer os poetas quer homens da massa, e omo Platão estão identiando a mentalidade da massa omo uma disposição mental hostil ao pensa mento e que talvez deva ser rotulada omo "opinião? Não estarão eles igualmente envolvidos na armação de que uma disposição mental diferente, que eles prouram ligar om onheiento ou iênia, deva ser riada na Gréia, e na armação de que o problema de ativar essa mente seja o de ativar uma nova linguagem? Finalmente, serão essas preoupações inteiramente limitadas aos osmólogos pré-sorátios? Não ser provável que essa espeialidade hamada "losoa, que estivera provoando essa querela om a poesia, deva simbolizar todo um movimento, uma orrente de esrços que envolvia todos que neessitavam de uma lingagem oneitua! para desrever os fenômenos, quer umanos, quer natrais? Podeam aí ser inluídos os geógras e os historiadores? Ela não podria envolver os pmeiros esritores médios? Isso não abararia ertamente aqueles líderes do iluminismo ateniense que ensinamos serem intitulados "sostas? Isso tudo são sugestões, apresentadas aqui apenas para provoar uma nova investigação da espeulação pré-platônia sob essa perspe tiva. A verdadeira barreira de um tal esrço existe na rma de uma pressuposição moderna da qual todos partiipamos daquilo que a palara "lóso signia Em primeiro lugar, aria evidente que esse substantvo não se tornou um rótulo dos pré-sorátios antes o iníio do séulo IV aramente oorre em qualquer doumento esrito antes do último quarto do séulo V Herálito pode tê-lo usado, não neessa riamente ele próprio. Heródoto emprega o verbo "losofr em relaçã às viagens de Sólon e seu desejo de ver o mundo, e o mesmo verbo oorre num ontexto fmoso no disurso neral de Périles: "loso mos sem efeminação e philokalise (adotamos o nobre) om parimô nia 7 As palavras soam omo um arismo; elas ertamente não zem om que a losoa pareça muito prossional, e de to a "losoa, omo um substantivo feminino, o nome de uma personagem, por assim 29
dizer, n palc da história intelectual da Grécia, parece ter feit sua entrada apenas pr vlta da épca em que Platã escreveu sua República u um puc antes Qualquer prcura atenta d us n sécul V arrisca-se a perder a questã principal, a de que as pistas para a história d vcábul "lós, e prtant para uma história da idéia de lsa, sã integralmente rnecidas pela própria República, nde tip de pessa simblizad pr essa palavra é identificad simplesmente cm hmem que está prnt para desaar dmíi d cncret sbre nssa cnsciência e a trcá-l pel d abstrat Ela é tratada cm uma palavra que necessita de deiçã Nã cnstitui uma palavra que já sse usada prssinalmen te, na qual Platã estava tentand clcar uma interpretaçã nva e imaginativa É esta última hipótese a cmumente adtada pr tradutres quand se dentam cm a passagem na Repúbca nde lós é trazid enfim a palc, de md que sua presença n estad se trne a questã central d diálg Nã há um ndament para essa hipótese, nenhum indíci cntemprâne de que "lósf sse cnsiderad cm tip de pessa a que ns referims mediante esse term, ist é, de que ele representava um membr de uma "escla de pensament entre utras esclas dtadas cm dutrinas expressas em rmulas adequadamente sistemáticas É n Livr V ue Platã literalmente lança philosophos sbre nós · cm únic pretendente à autridade plítica principal n estad A prpsta pretende chamar a atençã e chcar, e z Uma semelhante nvidade briga-ns a exainar ue urems dizer cm "lós A respsta inicia-se pela cncentraçã na implicaçã da primeira sílaba d vcábul Phil- é a marca de uma urgência psíquica, um impuls, uma sede, um desej incntid O "lós prtant é um hmem de intents e energias especiais Perguntams entã Cntra que estã dirigids? E nssa respsta é bjet é sophia, rerente à última sílaba d vcábul (A traduçã crrente cm "sabedria carrega tantas cntações infelizes e desrientadras uant própri vcábul ló s O que é entã essa sophi É aquela experiência buscada através da atuaçã pética? Nã, é uma cgniçã daquelas entidades ue "sã, "sã para sempre e sã "imperceptíveis; sã as Frmas Vims n capítul anterir exatamente que estas representam e cntext que cupam n desenrlar da história da cnsciência grega 26
Um "lóso portanto, nos termos de Platão, é no ndo um homem com capacdade para o abstrato, e nas crcunstâncas contemporâneas da educação grega esse tpo estava dado a ser raro. Ele era portanto alguém que tnha, por um esrço conscente e poderíamos dzer excepconal, desaado o etho da sua própra cultura. Platão va dreto ao ponto Aqueles que contemplam as coisas em si per se as que permane cem sempre idênticas, devem ser considerados como cultores da sopia em vez de cultores da opinião Estes últimos apreciam os sons especícos e as cores que vêem etc
e novamente Concordemos, relativamente à natureza dos "lósos'', em que estão sempre apaonados pela sophia que possa revelar-lhes algo daqela essência que sempre é e que não oscila sob a inuência do tornar-se e do perecer
mas uma vez A multidão não consegue perceber e aceitar que exista o belo, mas não as muitas coisas belas, que existem as várias cosas em si per se mas não uma pluralidade das coisas particulares Por conse guinte, é impossível que a multidão seja lóso
Segundo estas e outras afrmações, o termo grego philoophia sera consderao como algo na cena humana ao mesmo tepo mas smples do que a "losoa moderna e também num sentdo hstórco muto mas prondo. É aquela capacdade que transrma o homem num estdoso em desafo à pressão do seu meo. Porém essa pressão é também ntdamente defnda em termos contemporâneos gregos como a da tradção poetzada, com seu hábto de ardorosa dentfcação emoconal com pessoas e hstóras de herós, assm como com a peça de ação e o epsódo. Ao contráro, o "lóso é alguém que desej a aprender cmo exprmr sso numa lnguagem dferente, de abstraçõs soladas, conce tuas e rmas; uma lnguagem que nsste em esvazar os eventos e ações da sua medatcdade a fm de romplos e reordenálos em categoras, 29 7
impondo desse modo a regra do princípio em lugar da inição feliz, e detendo de um modo geral a ação veloz da reação instintiva e colocando em seu lugar a análise racional como o modo básico de vida. Platão está descrevendo o que considera como uma elite natural, diferenciada dos seus próximos por uma predisposição a reduzir toda situação a termos abstratos. Se na nossa linguagem alguém nos pede para descrever quem são essas pessoas mediante qualquer palavra que, como o grego philoopho, supõe um tipo, e não um acidente, poderíamos chamá-los os "intelectuais. palavra tem aquele mesmo matiz de reputação duvidosa, exprime a mesma ambigüidade de valorização social que Platão descreve como característica do novo philoopho na sua sociedade. costmamo-nos aos intelectais aora porque o hábito de transrmar a experiência do óbvio na experiência teórica i aceito na nossa cultura ocidental e se tornou parte dela. Não i sempre assim. Portanto Platão não seleciona nessas páginas uma prossão previamente miliar, a do lóso, e se apressa em dotá-la de características de nareza mais geral. Pelo contrário, ele está tentando pela primeira vez na história identificar esse grupo de qualidades mentais e buscando um termo que as rotulará sastoriamente sob um único tipo. Poderíamos praticamente dizer que ele está inventando a idéia de intelectal na sociedade, não sse o to de que, como todas as invenções no reino da semântica, a concepção e o vocábulo houvessem começado a surgir no horizonte na geração anterior à sua. Ele i aquele que saudou o augúrio e o identificou corretamente. o zê-lo, ele por assim dizer cormou e completou as conjeras de uma eração anterior que havia tateado seu caminho em direção à iia de que se podia "pensar e de que esse pensamento constituía um tipo muito especial de atividade psíquica, muito desconfortável, mas também muito excitante, e que requeria um uso muito singular do grego. Tanto o novo vocabulário quanto o envolvimento pessoal que o acompanhava, à medida que desintegravam a experiência poetizada, também eram sentidos como uma grave afronta à tradição. Como atraíam aguns, suspeitava-se que atrairiam muitos mais. É esse o tipo de contexto no qual a vida e a dialética de Sócrates têm um sentido histórico. Porém, visto que nosso objetivo aqui não é com o problema socrático de um ponto de vsta estrito, mas antes com uma revolução global na cultra grega que deveria tornar inevitável o platonismo, podemos manter nossos 298
olhos fxos nos lósos e na losoa como a andeira da revolução contanto que traduzamos a palavra por intelectualismo. Era o sinal de uma guerra travada não em salões de coerência entre idéias concorren tes mas no coração e no interior da própria cidade-estado. Ela invadiu a organização qualquer que tenha sido esta do sistema educacional como Platão corretamente compreendera. A questão como um todo à medida que se tornou uma questão sócio-política está resumida nas palavras que compõem o título deste capítulo: a música suprema é a losoa. Poucas expressões em virtude de mudanças semânticas soidas pelas palavras empregadas têm uma possiilidade maior de um completo malentendido. As palavras não querem dizer que a mensagem da losoa prossional seja uma grande e terna canção. Elas são pronunciadas por Sócrates quando Platão o retrata na prisão no último dia da sua vida. Ele havia ouvido muitas vezes uma voz num sonho exortando-o a compor música e traalhar duramen te nisso Isto é nos termos tradicionais ele sentira estar na grande tradição educacional que havia sido no sentido mais amplo homérica. Todavia ele devia interpretar à sua própria maneira o sentido da educação e havia rmado uma concepção muito pouco tradicional do qe isso poderia ser. Intelectualismo poderia ser a rma suprema de educação transcendendo e eliminando o método poético anterior. Contudo acrescenta ele ironicamente nestes últimos dias não havendo mais nada a zer na solidão ele havia voltado novamente à poesia. No seu julgamento segundo a representação de Platão ele havia considerado sua missão como simplesmente a de intelectualizar a mesma que ra reconhecida e rejeitada com rancor pela comnidade. Ele aceitaria uma lieração das acusações contra si à condição de que dexasse de proceder daquela maneira? Enqanto e tver alento e o so das mnhas cldades nnca, nnca dexare de losor.
E o que ele z quando z isso? O que é losor? Platão lhe permite responder a nossa pergunta na fórmula com a qual segundo ele constantemente aorda e erenta seus concidadãos:
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Por que não vos concentrais no pensamento e vos abandonais a ele, à verdade e à vossa psyche para toá-lo tão perfeito quanto possível?
Estas palavas eduzem aos seus temos mais simples e essenciais auele methodo, ou disciplina do abstato ao ual Platão destina as doutinas da sua República Sea ele um methodo ue a opinião pública identificaia unicamen te com Sócates Seia possível julga ue sim a pincípio com base na naeza missionáia com a ual em Platão a Apologia está investida Poém o indício lológico meecedo de atenção aponta paa um gpo mais amplo do ue os socáticos como "intelectuais pioneios Um pouco antes no mesmo discuso Sócates desceve o peconceito geal conta si o ual está cistalizado na acusação de ue ele "desencaminh a geação mais jovem Como podeam as pessoas compova uma tal acusação pegun ele Elas não podem ealmente zê-lo mas tentam apesentando uma séie de agmentos "conta todos os lsodoes cujo campo de inteesse diz ele cobe a cosmologia a descença e a evesão de valoes ("zendo com ue o pio agmento paeça o melho) anto os socáticos uanto os sostas potanto po volta do fim do século V a se a Apologia ealmente epoduz a linguagem dauele peíodo eam aceitos pela opinião pública como epesentantes do movimento intelec talista Se eam chamados de "losodoes não ea po causa da sua doutina como tal mas pelo tipo de vocabuláio e de sinte ue empegavam e das enegias psíuicas não miliaes ue eesentavam Os sostas os pé-socáticos e Sócates tinham uma caacteística tal em comum: estavam tentando descobi e patica um pensamento abstato A dialética socática buscava esse objetivo com mais enegia e talvez insistisse mais abetamente em ue ea ao longo desse caminho e somente dele ue o novo pogama educacional devia se conduzido estava po ue o aio do opóbio público debou Sócates A lingagem do Discuso Funeal de Péicles epoduz uma atitude anteio e mais condescendente com elação os intelectais antes da adicalização da cise educacional antes ue a upta ente a geação mais velha e a mais nova se tonasse uma uestão social tempestuosa antes ue as pessões e tensões da guea houvessem alimentado a suspeita e o medo do to e pecipitassem uma eação conta o 300
passado No entato, até mesmo ness discuro há um tom de defesa "Nós, atenieses podemos intelecalizar sem o sacricio da masculini dade Provavelmente as palavras não tivessem ocorrido em semelhante contexto uma década antes Poderemos rigorosamente acreditar que Péricles, o estadista prático, jamais as tenha usado? Dificilmente, se decidirmos considerar a ase como uma relexão acerca da inluência sostica que havia envolvido seus programas de ação as ela pode espelhar a concepção contemporânea d historiador, quando ele se olta para trás, do fim do século para a sua era dourada de Péricles Uma linguagem contemporânea teria empregado essa palavra específica? De qualquer rma, o estilo exprime implicitamente a ameaça que os novos representavam para os velos Se a poesia devia deixar de ser o veículo da educação, o que seria da tradição heróica e aristocrtica e de seus valores, exprimíveis como eram unicamente pela poesia? Um curso em matemática e dialética poderia produzir analistas, planejadores e críticos, e a sociedade poderia um dia admitilos as ela nunca mais produziria heróis "sem delicadeza? No philoopho, signicando um homem que é instintivamente atraído para o intelectualismo e com uma capacidade para ele, Platão julgava ver um novo tipo de homem surgindo da sociedade que ele conhecia Como um tipo, ele era simbolizado realmente na conjunção do verbo "gostar ou "amar, com o adjetivo opho, que, mais do qualquer outro, havia marcado um homem como "inteligente Sopho e seu substantivo ophia, a pessoa "inteligente e sua "inteligência, haviam sido termos tradicionais, e como tais não esperaríamos que denotassem a nova rma "intelectualista da inteligência No entanto, era de to exatamente a esse sinicado que haviam sido adaptados sse seria seu destino Seu uso antigo na verdade continha a semente germinadora essencial da sua tura história Isso porque em Homero, como nos autores posteriores, eles haviam signicado, não "sabedoria ou "experiência ou "sagacida de num sentido geral, mas o "talento ou "habilidade num sentido muito especíco do artesão Com essa ase, o desenvolvimento do seu uso indica um progresso que reete a situação cultural em transfrmação Por volta do fim do século , pelo menos, eles aviam se adequado àquele talento par exceence aos quais os gregos deram celebridade, a saber, o talento do bardo O seu era primordialmente o do domínio da comunica ção ecaz, tanto da palavra quanto do conteúdo Sophia portanto podia 30
denta sua capacidade cm msic u vesicad, mas igualmente sua autidade cm um pfess, a vz da expeiência tadicinal que subjazia a seu pema Cm a lenta tansiçã da pesia paa a psa e d cncet paa abstat, hmem inteligente vei a epesenta senh de uma nva ma de cmunicaçã igualmente cnsagada as bjetivs educacinais, pém aga anti-pética Em suma, ophia sempe pemanecea "habilidade n discus e "habilidade mental, mas tip de discus e tip de mente mudaam Os Sete Sábis eam cnsideads desse md, pvavelmente n m d sécul V, cm mestes célebes d estil ds af isms ligads as seus nmes habilidade assim epesentada ea ainda al P ut lad, Sócates é chamad de "um hmem inteligente pque mpe ga uma linguagem nva e ssticada paa expimi a expeiência É entã tant inevitável taduzi ophia cm sabedia quant taduzi mouike cm msica Iss pque sabedia, cuja aua intelectual tds apvam, cnstitui uma palava que, a cntái de evela as cntações da palava gega ophia, na vedade as culta Ninguém é éu p se um "hmem sábi Mas um hmem pdeia se envlve em encencas p se "emasiad habilids s históias semânticas de opho ophia assim cm de seus cmpsts (que abdams, sem esgtá-ls) é imptante paa a cm peensã da situaçã daqueles qe ates de Platã pdem te sid pineis n desenvlviment da habilidade d abstat Em pimei luga, se tais palavas pudessem se empegadas n m d sécul V em cnexã cm uns pucs hmens que haviam vivid antes, iss indica necessaiamente que se julgava teem existid cets pineis n absta t Mas, p ut, iss indica também cm ea essencialmente ambígua a situçã desses supsts pfetas de uma nva dem da linguagem Eles eivindicavam uma habilidade supei da inteligência paa si pó pis N entant que pdeia se iss senã uma vaiante da inteligên cia pética na qual eles haviam sid inicialmente teinads, cuja eputa çã sentiam patilha? E também p causa diss ótul tadicinal havia sid ophia. Os pé-scátics, paa tma pimeiamente seu cas, cmeçam cm hmens que, p um lad, cmpunham cm petas, u cm Heáclit, cm epigamistas, espndend às cndições de uma situaçã al Cntud, bviamente sentiam avesã a ela e lutavam cnta ela, identificand-a cm a pessa da "maiia e também cm as 302
pessoas de Homero e Hesíodo a quem se reerem às vezes como oponentes. Portanto eles pretendiam a "inteligência superior do menes trel como o mestre da récia buscando no entanto adaptar essa concep ção a uma nova ordem de intelectualismo destinada a suplantar a inteligência poética Eles se encontram numa situação dicil e podemos obserar as palaras opho e ophia, assim como outras semelhantes a elas mudando muito lentamente da habilidade poética para a abstrata durante os séculos e V. 29 Precisamos portanto nos preparar para a hipótese de que a primeira losoa grega representa um empreendimento que se deontou com os mesmos problemas de abstração que Platão solucionou e de que em parte ela antecipou a solução Dvemos estar abertos à possibilidade de que aquilo que os préocráticos disseram era menos importante do que a rma pela qual tentavam dizêlo. Se obseamos neles uma constante preocupação com a linguagem e uma quexa contínua contra as sus limitações assim como um constante apelo para novos esrços de cognição deveríamos estar prontos em vez de deixar de notar essas advertências e queixas como se ssem um exercício rotineiro para perguntar: Qual é o montante dessas preocupações nos agmentos sobreviventes? Proporcionalmente quanta atenção os présocráticos pa recem dar a essas questões quando comparadas com o que poderia ser chamado doutrina sistemática? Se a proporção parece vorecer a primei ra deveríamos ajustar correspondentemente nossa perspectiva isto é devemos estar prontos pelo menos para descobrir que sua principal preocupação era antes com aquilo que Platão chamaria methodo do que com a tomada de posições losócas as ou com a rmação de airações doutrinárias. Se detectarmos em alguns deles uma corrente subjacete de hostilidade para com os poetas e por outro lado uma denncia constante da linguagem e do pensamento popular deveríamos estar preparados para ligar esses dois alvos como estão ligados em Platão que identica a poesia com opinião Contudo do mesmo modo lembrando que esses homens eram pré-platônicos e muito mais próximos no tempo e nas circunstâncias à cultura heróica e arcaica da récia é preciso que estejamos preparados para descobrir que sua própria linguagem não é tão avançada quanto a de Platão que eles na verdade começam como poetas de que outro modo com eeito podia o anúnco de uma importante comunicação 33
coseaa ser publicada, exceto quado estruturada tato cocreta quato visualmete? No etato, seu empreeimeto i realizado para destruir a cocreção e a visibilidade. Como deveriam fzê-lo? Como era desesperada a sua situação Ode deveriam coseguir um vocabulário losóco, salvo arracado-o da liguagem aterior da cultura oral e submetedo o vocabulário e a sitaxe de Homero e de Hesíodo a estrahas distorções e esrços itoleráveis? Se etão se descore que os primeiros pré-socráticos compuham ou em verso ou em arismos poéticos e que até mesmo os posteriores podiam lidar com uma prosa de idéias apeas quado cosravam seteças lapidares em parágras com siado, ão deveríamos supor, como muito comumete se fez, que eram lósos pela iteção e poetas por acidete. Pelo cotrário, a úica cocepção iicial possível deles próprios seria que costituíam uma escola de cacioeiro, apresetado sem dúvida uma marca de educação poética tal como a Grécia jamais havia ouvido. Uma tal abordagem da primeira losoa depra-se co u eor me obstáculo posto pela tradição estabelecida, tato a atiga quato a modera Aristóteles pode car com os créditos pela iveção da iéia de história da losoa um setido prossioal Por importate que teha sido a iveção, ela somete poderia ter sido realizada ao custo da redução do pesameto pré-socrático a cojutos de primeiros pricí pios, como que plataformas de partido, a cojutos de posições doutri árias as quais podiam ser expostas uma ordem lógica histórica. sse método de escrever a história da mete grega fi etão codificado por Teoasto um livro que permaeceu desde etão a te magistral para qulquer explicação autorizada, tato a atigüidade quato atualme te ortato, uma solicitação para que deixemos de isistir em que os pré-socráticos e os sostas ram materialistas ou moistas, pluralistas ou idealistas, ou etão relativistas para sugerir, em troca, que o que todos eles tiham em comum era muito mais importate do que aquilo que os separava isso pode de to parecer uma abordagem pouco palatável dessa época No etato, pode ser que a documetação, agora dispoível, das palavras e da sitxe geuías que eles empregavam, quado rigorosamete avaliada em termos da liguagem dos seus próprios séculos, o e o V a, e ão em termos dos ossos, levasse-os rçosaete a essa coclusão 304
Os pré-sorátios e os sostas, ontudo, não enerram a histria toda. eve ter havido outros esritores gregos, poetas ou prosadores, que também se envolveram nesta histria ou nela exereram algum papel. Estamos lidando, é priso lembrar, om uma rise na natureza da omuniação onserada. Sob que ondições, exatamente, sua natreza mudou? Se houve algum tipo de revolução, qual i sua rma geral? Voteos aos nossos apítulos anteriores e reordemos a sitação homé ria básia, entendendo or isso a situação ultural nos tempos homérios e nos tempos prximos a eles. Iniiamos om a hiptese de que qualquer grupo etnolingüístio se adapta a padrões oletivos de ostume e usa determinados tipos omuns de tenologia Também partilha de algum tipo de visão de mundo omum, adotando uma expliação da histria tanto do grupo humano quanto do meio no qual ele vve. Esses itens somam-se a um sistema, no sentido mais amplo do termo, da lei públia e privada, rmando um cou de experiênia herdada. Os historiadores têm se inlinado a armar que esse cou, ou "a tradição, omo poderíamos denominá-lo, transite-se de geração a geração sem a neessidade de um esrço orgaizador. efendemos, ao ontrário, que qualquer onjunto de onh imentos aumulados mediante a experiênia pode ser novamente perdi do, a menos que sej a inorporado em algum tipo de disiplina eduaio nal, e que todas as soiedades qua soiedades preisam ter essa disipli na, uj o onteúdo onsiste parialmente na imitação de omportamento, mas na sua maior parte na imitação de palavras. A m de se tornar disponível para a transmissão mediante a organização eduaional, a tradição preisa portanto ser verbalmente onseada em algo semelhante a uma rma permanente e inalterada, e a pergunta a zer então é omo. No período homério ou pré-homério, digamos entre os séulos I e VII, qualquer versão esrita era impossível, e na verdade defendemos que até mesmo na époa anterior dos sistemas e esrita silábios nenhuma versão esrita da tradição podia também existir. A preservação de um tal cou preisava se apoiar nas memrias vivas dos seres humanos e, se devesse ser eaz na manutenção da tradição numa rma estável, eles neessitavam para a sua memorização da palavra viva obter auxo de todos os artifíios emnios possíveis que pudessem gravar essa palavra indelevelmente a onsiênia. Os reursos que examinamos eram primeiramente o emprego de ritmos 305
padronizados envolvendo todos os relexos corporais possíveis e em segundo lugar a redução de toda experiência a uma história grandiosa ou a uma série de tais histórias liadas entre si. Essas narrativas possibili tavam que uma experiência útil sse lembrada na rma de eventos vívidos dispostos numa seqüência paratática ao passo que o enredo conciso seria como uma moldura de referência geral. A narrativa desse ponto de vista deve ser considerada não como um m em si mas como um veículo para a transmissão do material da enciclopédia tribal que é apresentada não tanto como tal mas como que dispersa em milhares de contextos narrativos Portanto aqui no poema épico resumido de Homero estão contidas toda a losoa toda a história e toda a ciência. poema épico constitui originalmente um recurso didático e portanto não tem muito sentido classificar um poeta como Hesíodo como o "primeiro poeta didático. Em que sentido especial ele era didático será no entanto examinado logo a seguir. No século III vemos uma nova tecnologia de comunicação tornar-se disponível tecnologia essa que rneceu um segundo método e bastante diverso de conserar a tradição. Em primeiro lugar é necessária imaginação histórica para perceber quão drástica i a revolu ção e para compreender como ela estava destinada no m a penetrar e alterar todas as condições culrais e relações soiais na Europa. No entanto isso ainda está para acontecer O novo método empregando signos albéticos passíveis de transcrição uente e reconhecimento claro envolveu a tradição num material que podia então ser deixado à mão disponível para consulta quando se deseasse. Essa conseração passiva é realizada sem o auxio da memória viva pois não é afetada pelo esquecimento. Isso porque a tradição agora está salva e pode gozar de uma via própria separada naquilo que chamamos "literatra grega. Contudo isso a princípi z pouca dirença prática. O velho e o novo as técnicas orais e escritas de conseação caminham lado a lado A poesia pode ser escrita mas continua a ser poesia O primeiro fenômeno novo causado pela invenção do albeto fi a conseração da poesa não-didática composta para ocasiões privadas ou sobre temas desligados da organização educacional. Essas canções sempre prosas devemos reconhecer no curso normal das coisas seriam esquecidas e seu lugar tomado por outras que por sua vez gozam apenas de uma vida efêmera Porém uma vez gravadas mediante signos escritos em pergami306
nho ou papro tornavame paíve e recoração e reutlzação 3 Daí o fenmeno a Gréca o chamao poeta líco" que ão mple mente o prmero entre eu pare a eutar a poblae e coneração É gno e nota a propóto que ea evolução o acontecmento lteráro teno em Arquíloco o prmero lírco que ubtu rneça uma prova clara e que aquele que apoao em prova epgráca efeneram uma ata tara para a nvenção o albeto grego etão nubtavelmente certo 36 Como um métoo e coneração a tecnologa acútca o poema épco tornoue oboleta em vrtue a tecnologa a plavra ecrta Porém na lenta marcha a htóra a obolecênca leva tempo para er reconheca e hava motvo muto epeca para que nete cao o tempo e neceáro O camnho etava agora aberto para a compoção a encclopéa em o auxílo o rtmo e em o cenáro a narratva Io também poeríamo magnar pobltara que a encclopéa fe amplaa e etena e ml manera ferente uma vez lvre a retrçe que a economa a neceae mnemnca mpunha Ma na verae nenhuma revolução lberaora emelhante ocorreu meata mente O hábto píquco e éculo não poam er quebro rapamente epecalmente quano e o é muto mportante havam explorao too o recuro o prazere enora ém o o uo pleno a palavra ecrta requera uma conção que complcava menamente o eu progreo Ecrever não é uma técc como a natação a qual o nvíuo olao poe obter uma atação completa num lago a ua própra ecola Não há úva e que u ecrtor poe ecrever para eu própro conforto a m e reler e oer reorganza o que ecreve e poemo etar certo e que o prero ecrtore grego zera exatamente o Ele ecobrram que com poçe ora poam er recoraa ma cmente e que ua organza ção e complexae poam portanto er aumentaa Ma o ecrtore a m e cumprr plenamente toa a potencalae o eu ecrto precavam e letore exatamente como o menetré exgem um públco ouvnte E ete omente e tornaram poníve em quantae quano a organzação ocal eguue ao efrço e crálo Em uma a alfabetzação" que um ecrto poe explorar epene e o tema eucaconal crar letore para ele e o grau em que ele e ente capaz e explorálo epene o grau e etao e letura" o eu grupo lngüítco 307
rogresso e ireço à lena alfabetizaço a rigor levou ais e 00 anos se estiveros corretos na ataço a sua chegaa a tenas no uito eois o fi a guerra o Pelooneso. 3 Entre Hoero e Pato ouve vários estágios e habiliae e e seialfabetizaço s graus exatos e as equenas variações e u a outro rovavelente jaais oero ser estbelecios co reciso ela história. resultao final i que uito eois e Hoero ter sio osto e escrita alfabética a princial corrente a traiço ateniense continuou a se aoiar rieira ente na repetiço e Hoero e seguno lugar na coosiço e aições a Hoero na ra e hino oe ou coral e e tenas na ra e eças tearais. Essas obras ra copostas or escritores que no entanto counha sob o controle o úblico e oo a se confora re à linguage e ao caráter a counicaço oral conseaa. Isto é alé a eranência os recursos o rito os escritores tabé estava resos à linguage a iage e o evento e a situaço na qual o acontecientocoisa reoina sobre a iéia e o sbolo conreto sobre o conceito abstrato. Poré a tecnologia alfabética ossibilitara teoricaente que o conheciento consea escartasse tanto o rito quanto a sintaxe a sérieeiagens. Estes havia sio artifícios associaos as searaos na estrutraço as palavras nua ra eorizável Tornase interes sante portanto obsear que realizar essa ula tare e ua só vez arece ter sio u esrço easiao até eso ara a ente grega. aa u esses ois oos verais recisou ser rieiraente escar ta u searaaente o outro as no os ois juntos. Desse oo quano a escolha ais óbvia i feita e o verso caiu o resltao no i ua rosa e iéias (quer a intituleos ou no losóca") as ua rosa e narrativa que conseou a natureza aratática o poea éico relatno a experiência aina sob o isrce e eventos que acontece e e ações que são realizaas. Desse oo nasceu a história" no litoral a Jônia e tabé a geografia escritiva apresentaa coo história Por outro lao o ereeniento uito ais icil e realizar ua ruura co o encantaento a narraiva e e tentar rearranjar a exeriência e categorias e vez e e eventos fi tentao pela rieira vez e urante uito teo continuou entro os lites o erso s rieiros rtoensaores" a Grécia se assi oeos enonálos aina era oetas 38 Precisava ensar alto ara que suas coposiões 08
aida pudessem ser recitadas e memorizadas. Todavia embora as rmu las empregadas ssem orais a atureza essecial dessas composições ão o era. Elas mostram ua atureza paradoxal por um lado extrema mete didática obviamete cocebida como um pro aa mais de instrução do que de prazer e ão obstate por outro lado presa às rmulas épicas à liguagem gurada à característica isual da sua heraça verbal com um eorme rigor como se o esfrço de pesar precisasse ser compesado pelo apo tato quato pudessem ousar da atiga liguagem miliar. Desse modo o estilo resultava o comprome timeto contíuo e a eutralização da sua iteção conceitua!. O archego, como ristóteles poderia chamá-lo a gura domiante que colocou em ação essas rças as quais à medida que gahavam impor tâcia deviam ete estilhaçar a mente homérica quebrar o eca tameto do cocreto e substií-lo pela disciplina do abstato i Hesío do. Seus sucessores o mesmo empreendimeto ram os primeiros pré-socráticos. Hesíodo é mais cil de ser avaliado em primeira istâcia como um catalogador. Isso ão costitui em si a chave para uma compreesão proda de sua obra mas pode serir para esclarecer a areza da revolução a tecologia do discurso coseado que ele iiciou. A Teogonia é a superfície um catálogo dos omes de deuses e das suas ções dispostas em mílias. O trabalho e o di é um catálogo de exortações parábolas provérbios aforismos ditos adágios e exemplos etremeados com histórias. Cocordamos um capítulo aterior em que o catálogo a sua rma pura e isolada provavelmete ão subistiria um meio iteiramete oral. Para ecotrar seu lugar a memória viva precisava ser expresso com um máximo de verbos ativos e adjetivos a fim de revestir com ação a iformação . O Catálogo rego de avios o segudo livro da Ilda ilustrou esses dois potos a tradição oral. Em Hesíodo o catálogo separou-se da arativa. Foi isolado ou abstraído segudo sugerimos com base em ilhres de cotextos do rico reseratório da tradição oral e em particular com base os dois poemas que idetificamos como homéricos. em todo o material em Hesíodo é homérico mas uma boa parte dele é e o cere homérico os dois poemas pode ter serido como um úcleo em volta do qual se reuiu o material coguete de outros poemas épicos orais agora perdidos mas cohecidos po Hesíodo. Em suma o material da eciclopédia tribal 30
previaente sustentado e levado no caudal da narrativa está agora sendo reconhecido coo tal na ra erionária e sendo peneirado da correntea. Ua visão de undo geral está surgindo na ra isolada ou "astraída. Ua ve que esse esrço de isolação viola os cnones da fácil eoriação oral, ele pressupõe que Hesíodo esteja agindo co o auílio da palavra escrita. O ato de organiação que leva alé do enredo de ua história a fi de ipor ua lógica crua de tópicos constiti u ato realiado pela visão, e não pela audição. Revela a capacidade arquitetônica acessível ediante u rearranjo dos signos escitos, oposto aos padrões acústicos do eco e reação característicos de u poea puraente oral Da sua perspectiva ais apla portanto esses dois poeas não são siples catálogos; ais do que isso, representa duplo esrço de integração ental aciça que i até o ponto de distinguir dois dos pncipais capos da experiência huana: o eio sico (na Teogonia e o eio oral (e O trabalho e o di. A Teogonia, so o disfarce de suas centenas de noes divinos e de suas histórias prosas sore eles, n sua aior parte tenta iaginar à sua ente o cosos visível, sua aóada celeste, ares, terra, rios, ontanhas, sua atosfera, clia, tepestades, estrelas, rilho do sol, seus relpagos, enchentes e terreotos. É u docuento que ostra a xpectativa do pensaento e teros espaciais. Isso seria ua realiação astrata e está oviaente alé do que realente Hesíodo consegue. O instinto de narrativiar a experincia coo ua série de ações é ainda uito rte, e o undo surge na ra de ua história sore as ações dos deuses. Poré seanticaente dá-se u passo vital que aponta para a sua tura sustituição por u vocaulário do astrato. O recurso explorado pelo poeta na organiação do seu panoraa das rças vvas é a ia o geno, ou genee. Esse recurso concreto é utiliado para dispor ua centena de fenôenos e grupos harônicos. Deu-se u passo e direção à classificação e até eso e direção ao estaeleciento de ua cadeia de causa e efeito. O geno está a cainho de se tornar o "genus ou classe. A Teogonia não tenta eraente ua integraço da experiência espacial. Coina isso co ua tentativa de integrar o papel da lei púlica na counidade huana. Isso é sioliado na pessoa de Zeus e sua prole, assi coo nos atriutos da civiliação que são representaos 310
como se segindo à disposição e contrle das rças sicas Depois do vento e da tempestade vem o reino da lei e da paz Desse modo, a organização conquistada pelo poeta não ainda rigorosamente lógica Campos distintos do turo conhecimento ainda não estão distribuídos clara e abstratamente em sica veru política e tica Ele está preparando o canho para essas integrações mais rigorosas, mas isso tudo O trabalho e di, no entanto, dedica-se quase integralmente à orgaização da lei pública e privada Tratava-se de uma tare mais difícil, porque o mateal a ser disposto nessa nova rma não era de modo algum originaamente visual O meio ambiente podia ser organizado num padrão de visíveis aparentes, ainda que isso devesse ser uma preparação para invisíveis Mas a comdia humana, o conjunto dos costumes, hábitos, usos e preceitos eram apenas palaras e atos Podemos apenas car supresos diante desse esrço de gênio que consegiu com algma coerência um retrato das diretizes morais e hábitos gregos estabelecidos como vemos O trabalho e dia. Essa "proto-moralidade, como a denomi naremos, constitui um sistema semi-abstrato que, como qualquer um poderá vecar, constantemente se rompe no concreto Regra e preceito são inteompidos pela anedota e pela históia; o compositor parece perder o controle sobre seus temas apenas para novamente obtê-lo Do mesmo odo, começou uma luta para ulizar a lingagem homca em contextos generalizados, isto , para mudar a sintaxe Por exemplo, palavras que havim sigcado simplesmente "homens passam a ser empregadas num contexto que sugere uma idia sobreposta de uma "humanidade geral .48 alavras que haviam siolizado o "ito e o "ir de um lado para outro dos homens e dos animais podem ser colocadas em contextos para sugerir a "esfera geral ou "lei assim como o padrão global do hábito sob o qual vivem os homens O esctor da Teogonia, buscando redispor e reagrpar as sitações naativas, encontrara um grande auxílio lingüístico para a sua tare nas palaas para "ia Empregadas com eqüência descuidada na sua composição, em segida reaparecem em O trabalho e o di para prover a concepção d um "tipo, num nível de compleidade que se revelaria crescente Desse modo, o autor compõe aquilo a que ele chaa um logo das cnco "famias da humanidade, as quais, à medida que se sucedem, começam a demonstrar tipologias da conduta moral, e as possibilidades abstratas da mesma palaa são levadas ainda mais alm quando ele, à medida que desenvolve seu discurso oetizado, estabelece 311
ua distição etre duas "aílias rivais, ua beéca e a outra destr tiva Estas a verdade costite verdadeiras categorias rais que, a teriologia da lógica posteior, seria distigidas coo duas espécies detro de u eso gêero Esses exeplos deverão a logo prazo levar à airação platôica de que tais tipologias são os "elas próprias per ' s "objetos da itelecção Eles ra ctados aqui o etato para ostrar coo u vocabuláio do seiabstrato asce da cocretde épica ão pela substitição de palavras velhas por outras ovas, as ediate a alteração da sitaxe a qual as palavras atigas se ecotra É a jução do vocábulo "ília co o vocábulo para "luta que ipulsioa pela prieira vez a sugestão de que ua aília está agora sedo usada u setido etaórico uito especial Dessa aeira, todas as abstrações avaçara pela exploração dos recursos da etára Estaos apeas levatado a cortia sobre a luta préplatôica para coquistar o pesaeto coceitua!, ua luta que preparou o ciho para o platoiso as que epregava aras ligüísticas ais priitivas do que as de Platão Apresetaos, quato a Heíodo, a possibilidade de u esboço, as ã ais do que isso, da direção para a qual essas duas coposições estão se ovedo Deixeolo agora se aiores explorações e se ua docuetação detalhada a f de obserar o passo seguite toado pela ete grega e direção à eta da cocituação. O passo é dado pricipalete, ebora ão exclusivaete, detro do capo da experiêcia sica, e oposiçã à oral É a possibildae aberta a Teogonia de ua sítese e ua aálise do eio abiete que é buscada pela prieira vez até sua coclusão, ates que a ete grega retore, o período dos sostas, à tare de orgaizar ais aida o capo do discurso oral represetado ' O trabalho e o dia Coo sugerios, havia u otivo psicológico sólido para essa priorid de. Ua história que explicava as aparêcias do céu visível ediate a rração dos seus ascietos, guerras e coisas seelhates, e sua, ua "cosogoa, levaria ais cilete e direção a u es rço de itegração etal e portato a ua "cosologa de relaões perae tes porque a orgazação vsíve do cosos estava e si já prta, qua vsível, tabé ua espéce de "tod, u eôeo toscaete sié trc e portato ico que poda levar à déia de ua "uidade A ete pdia ser levad a utrr a déa de u pdrão abstrato que regula a 312
disposição dos corpos celestes e da terra mais cilmente do que a idéia de um padrão denunando os costumes e os mores da sociedade, simplesmente porque um prottipo visual da prieira já estava disponível no campo aparentemente fechado e seicircular contido entre o rma mento e a terra. Portanto como� tiha prioridae sobre dikaioune a teoria sica sobre a moral. A Teogonia, descrevendo o envio do Titã a Tr, acrescentara a esse episdio uma espécie de visão da disposição csmica global, com a Terra suspensa simetricamente entre Céu e Hades, numa espécie de espaço onde habitavam Noite e Dia, os quais alternadamente surgiam para ocupar a atmosfera. Essa narrativa poetizada, na sua maior parte uma seqüência de imagens, em parte uma construção, paira, por assim dizer, sobre os esfrços dos primeiros cosmlogos para construir uma narrativa mais satistria da hstria do mundo e da sua atal disposição. Suas cosmologias começam com Hesíodo, mas continuamente tentam astar se dele. Elas o imiam até mesmo quando constantemente o corrigem. Suas prprias narrativas, consideradas como tentativas de ligar os corpos celestes com a atmosfra e a Terra, as águas e o mundo subterrâneo em esquemas plausíveis, continuariam a ser curiosidades arqueolgicas e seus autores não teriam tido uma posição elevada na histria da mente européia se tivessem se contentado com a cosmologia. Todavia, o que eles igualmente zem é agarrar-se ao to, já implícito em Hesíodo, e que até mesmo na tentativa de zer cosmologia algo está ocorrendo com a sua utilização da língua grega e também com as suas mentes. Eles tomaram consciência de que, à medida que cons troem um retrato de um cosmos, estão apresentando na verdade algo novo, a saber, uma idéia de ordem concebida como uma premissa concisa da descrição, ou como um método de organizção. A narrativa épica havia agmentado os fenômenos em histrias lineares e os mantinha dispersos por contextos concretos. Os pré-socrático tomaram cosciên cia de que estavam integrando esses fenômenos das histrias em padrões, e uando tiveram essa percepção tentaram dar o passo vital de exprmir a idéia da prpria integração como o princípio regulador do seu método. Isso constituía uma abstração, e não um evento, e não podia ser expresso no vocabulário da sintaxe de acontecimentos. Assim, eles simplesmente tomaram a palavra grega para "uma coisa e a ligaram ou a Deus ou a nada, deixando-a suspensa no neutro singular. A idéia de "nficação, de 3 13
"esquematização de "sistema nascera e nascera como uma idéia. Eles perceberam quase imediatamente que essa espécie de palavra e o conceito que ela representa não pode zer parte de uma história; ela requer o tipo de enunciados estruturados numa sintaxe atemporal. O "um apenas "é. E assim o "é veio a ocupar a posição proeminente ao lado do "um Desse modo eles estão em condições de tetar descrever as regra s básicas daquilo que estão zendo. Seu centro de atenção não está mais no quadro cósmico como tal mas antes no método que tornou pssível cada novo arranjo da experiência. Uma vez que isso envolvia operações mentais e recursos lingüísticos de uma nova ordem também vieram a se preocupar com a necessidade urgente de desenvolver um novo nível de consciência e uma nova linguagem e conseqüentemente viram-se auto maticamente envolvidos numa guera contra a consciência e a linguagem angas Eles não podem tentar denir a primeira sem compará-la com esta última. Isto é a única maneira pela qual podem defini-la é descre vendo negativamente aquilo de que querem gir a saber o "nascer' o "acontecer e o "dear de ser assim como "a mudança de forma e de cor e a interminável pluralização do episódio a infinita variedade de situação na série épica. Esse seu coito com uma linguagem que ao mesmo tempo eles próprios tinham de empregar na lta de outra melhor condiciona-os ao tempo e ao espaço e os marca como opositores numa arena que já não existe na rma em que a encontraram. Porém seu colito gerou contribuições essenciais e permanentes para o vocabulário de todo o pensamento abstrato corpo e espaço matéria e movimento permanência e mudnça qualidade e quantidade combinação e separação estão entre as oposições correntes comuns agora disponíveis porque os pré-socráti cos primeiramente as trouxeram para perto do nível de consciência. Eles o zeram alterando o contexto sintático das palavras e algumas vezes cunhando neologismos no singular neutro. Não se tratava mais como dissemos de uma questão de "esse cadáver no campo de batalha' mas de um "corpo qualquer e em qualquer lugar Não se tratava mais de "esta cesta que acontece estar vazia mas em breve estará cheia: é o cosmos que está vazio ou tem vazio sempre e em todo lugar.
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o estoque de conceitos sicos semelhntes estes tmbém se crescentou um vocbulário mínimo de processo mentl. Tis dcoto mis, como rzão veru emoção, ou intelecto ver sentidos, são tão milires pr nós que demormos perceber como os pré-socráticos tiverm de tter su mrch em direção tis concepções, qundo procurrm desemrnhr e distingur os diferentes veis do esrço e d tividde psíquic que su nov lingugem e seu novo método de investigção estvm revelndo neles próprios. Fundmentlmente esse tipo de terminologi i gerdo por um olhr retrospectivo pr o seu próprio esrço de integrr e bstrir, ssim como pr um consciênci ndmentl de como er dirente experiênci homéric nterior n qul isso nunc hvi sido tentdo. Pr cd um desses tipos de experiênci eles procurrm o nome proprido e tmbém nomes pr o cerne integrl de consciênci pessol dentro do qul esss mudnçs estvm ocorrendo. Os pensdores cujs tividdes estivemos delinendo qui erm prto-pensdores, no sentido de que precisvm descobrir o próprio pensmento conceitu! como idéi e como método ntes que os produtos do pensmento, isto é, sistems, pudessem surgir com clidde. Seus nomes vão de Xenónes Demócrito A chmd Escol lési não pode ifelizmente ser incluíd pelo motivo ndmentl de que dentro do contexto do crescimento d mente greg em direção à bstrção qulquer contribuição que possm ter feito se perdeu. Tods s sus ipiima verba desprecerm e com els qulquer indício de tenttivs conceituis. undo, n époc de Demócrito ou um poco ntes, voltmos olhr pr tens, descobrimos que o seu primeiro pensdor é um homem que dedic tod su energi à definição mis ext d nturez desse impulso grego pr bstrção. idéi de que o ensinmento de Sócrtes represent cert reversão d corrente nterior é indefensável, não obstnte el poss receber lgum sustentção d Apologia de Pltão. Se os pré-socráticos hvim procurdo o vocbulário e sintxe neces sários e mnifestdo um percepção ds cpciddes intelectuis exigids pr ess nlidde, é possível rmr que o hvim feito muits vezes sem sber o que estvm zendo. Foi o gênio de Sócrtes que detectou o que estv ocorrendo e definiu s conseqüêncis psicológics e lingüístics O método de bstrção é presentdo por ele como um 315
método; o problema é especiicaente reconhecido coo lingüístic o (logo e também como psicológico natureza da abstração é rmulada corretaente como um ato e isolação, separando o "ele próprio em si do contexto narrativo, que nos inrma acerca desse "em si ou o ilustra ou o incorpora Uma boa parte da energia socrática provavelmente i canalizada para a denição do sujeito pensante yche, que agora estava se separando da matriz teórica onde toda experiência havia sido representada numa seqüência de imagens. Além disso, à medida que ele o z, pensa "ensamentos ou abstrações que rma o novo conteúdo da sua experiência. Não existe uma prova contemporânea de que para Sócrates esses conceitos tenham se tornado Formas; é mais garantid onsiderá-lo como ua adição platôica O próprio Sócrates, no desenrolar da cultura grega, apresenta uma gura paradoxal tão contraditória quanto qualquer um dos seus prede cessores Assi como Parmênides, por exemplo, que continuava a ser um menestrel ligado à tradição oral, lutando, porém, ousadaente, para obter u conjunto de relações sintáticas não-poéticas e um vocabulário prosai co, també Sócrates permanece remente encaxado na metodologia oral, nunca escrevendo uma palavra, pelo enos tanto quanto sabemos, e explorando a troca de idéias na praça do mercado, ainda praticando uma técnica que, meso que ele não o soubesse, apenas na palavra escrita podia ser plenamente realizada, e que só seria trazida ao campo da possibilidade pela existência da palavra escrita. tare socrática empreendida por um ateniense nativo no interior
da sua própria comunidade estava intimamente ligada ao problema educacional da cidade-estado Os esrços dos cosólogos, na medida em que evitavam o problema de conceituar o comportamento humano e os iperativos éticos, evitavam tabé se envolver na conovérsia educa cional Porém com Sócrates entramos naquele peíodo às vezes conhecido como o Ilminismo grego, no qual o impulso conceitua é desviado do meio e dirigido para os próprios padrões da rmação mental do homem e portanto para a política e a ética da cidade-estado. Não que a "política e a "ética já existissem como capos reconhecidos do discurso e do conhecimento Cabia justaente a Sócrates e aos sostas uniicá-los como campos e reconhecê-los como tópicos a m de preparar o caminho para que se tornassem disciplinas Ao zê-lo, começaram igualmente a spor dentro desses capos as oposições abstratas eigidas pelo uso geral do 316
discurso. Assi o Justo e o Bom o Ú o Prazeroso e o Conviente o Natral e o Convencional nascem todos eles da consciência grega e encontram seus nomes adequados geralmente no neutro singlar. medida que nascem reúnemse ao corpo espaç movimento e matéria para rnecer aquele estoque básico de concepções comuns que tornam possvel o discurso. Sob a égide dos sostas e do Iluinismo grego portanto retornamos a Hesodo mas desta vez a O tbalho e o di A tare mais árdua de unificar o panorama humano conceiálo e analisá-lo em oposição ao panorama cósmico é nalmente compreendida. É no mesmo perodo que o impulso total em direção ao abstrato começa a ser reconhecido como tal. Os atenienses tornam-se conscientes de si próprios historicamnte; reconhecem que algo novo se introduziu em sua linguagem e em sua experiência e começam a chamá-lo de "losoa. Até mesmo os escassos vestgios que subsistiram dos escritos sosticos revelam imediatamente o tamanho do seu esrço para atingir um novo nvel de discurso (logo) e um virtuosismo no vocabulário conceitual que visam a classicar tanto os processos psquicos (por exemplo emoção razão opinião etc.) quanto a motivação humana (por exemplo esperança medo) assim como o princpio ético (por exemplo utilidade ou justiça). Se estes eram procurados por Sócrates sem sintonia com qualquer discurso sobre o sico isso não ocorria com os seus contemporâneo. O fco estava no comportamento humano mas os problemas conceiais e ligüsticos ainda envolviam também o comportamento cósmico. Eis por que todos os igualmente comprometidos nessa tare são defiidos na Apologia de Platão como "losostas . A récia estava agora envol vida num jogo perigoso e scinante no qual os cobates dos heróis homéricos achavam-se transrmados em batalhas entre conceitos cate gorias e princpios. Com o vocabulário de idéias nascera também uma prosa de idéias que encontra sua expressão mais impressionate e vvida nos discursos de ucdides. ivéssemos um número maior de escritos sosticos o historiador poderia não obter créditos tão exclusivos. É cristalino quão pronda é sua dvida para com eles. Os muito poucos escritos hipocrá ticos desse perodo demonstram a mesma inluência. Constitem essen cialmente ensaios na distribuição e comportamento do corpo humano assim como seu meio sob categorias. São nesse sentido todos eles 3 17
tratados sostics parts do mpreendimnto iniciado há tanto tmpo em síodo qu logo devria obter uma importância nal a m de irromprm na prosa de Platão Isso porqu o cnário i agora construído para um gênio se l pudss sr ncontrado o qual como um scritor mas não um poeta organizaria d uma vz por todas a prosa d idéias xporia d uma vz por todas na scrita o que a sintaxe dssa prosa dve sr exploraria as regras da lógica que dvriam govrná-la Ess gênio i ncontrado e por sua vz ncontrou um outro gênio para sr su discípulo aquel que podia reticar sistematizar a lógica das dscobrtas d seu mstre Seus esrços conjuntos criaram o "concimnto como um objto como o conteúdo apropriado de um sistema ducacional dividido nos campos da ética da política da psicologia da sica da mtasica vivência por parte do homm de sua socidad d si msmo e d su mio du-se uma xistência orgazada sparada no mundo abstrato A Europa aida viv à sua sombra mprgado sua inguagm aceitando suas dicotomias submtndo-se à sua disciplina do abstrato como pincipal veículo da ducação suprior até hoj A "música suprma havia verdadiramnt se toado "losoa a paideia homérica agora dslizaria imprceptivlmnt para o passado s tornaria uma memória e acontcendo isso a genialidad própria da Grécia aqua xprssa nos períodos arcaico e clássico também s tornaria uma mmória Ergumos a cortia para os predcssors d Platão apnas para dixá-la cair novamnte Eles ram mostrados brvment dizendo o prólogo ao platonismo Porém ss prólogo em si mesmo ped uma expansão até tomar as proporçõs d uma nova pça A grand comédia d idéias grga iniciara 300 anos ants da época m qu Platão e ristótls scrvram Um Prcio a Platão assim qu s ncrra pede um Prcio aos pré-socráticos ao su arquétipo síodo NOTAS 1 Rep 595b10C2 598d78 600e45 65c10 607a23.
2. 607b3 ss. registrando (com Adam) em 67c v 3 Denniston (vide também acima ca 3 n 14), a ontando a resença em Aristónes articularmente em As nuvens e em As râs, de um gruo de
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termos qu "descrevere como ntelectualsta cta ÂE'ÓÇ (e dervados) e µéQtµv (nclundo seus verbos e compostos) que ocorrem tambm aqu em Platão le gualmente nfere da coméda que y era "uma alcunha popular para qualquer tpo de ntelectual e podera muto bem no mesmo contexo ter ncluído o/écxç e seus dervados xatamente como estas palavras enfatizam o vocabuláro deprecatvo do ntelectalsmo como sua marca prncpal o mesmo ocorre com Ju e VEyoQÍCtctv na presente passagem sta questão passa dsapercebda por Atkns (p 14) que deseja explcar a querela como sendo provocada pelas úvdas lançadas por lósos "acerca da mtologa olípca 4 A nota de Ferguson ad Ze acrescenta Ptágoras e mpédocles 5 As preocupações dos pensadores pr-platôncos com problemas de lngua gem e de cognção assm como sua hostldade com relação aos poetas e à da, anda estão por ser examnadas 6 tÓcooç Heráclto B 40 (Wlamotz coloca em dúvda sua autentcdade defendda por Dels ad Ze; cf também Nestl pp 16 249 n 3) e Helena de Górgas 13 7 tocoev Herod 130; Tuc 2 40 1; Platão Apol. 23d (dos cosmólogos) 29c etc (da daltca socrátca) 8 tocoÍ Hpócr An Med. 20; em Platão talvez pela prmera vez em Cádes y 'oç Q'v 'à ôe EQ t/ocoç Ç Xot
vv EQÍ 'E ' vév e 'tVEÇ v 'oç ôtÉQOV'EÇ co ÂEt o'ÉQOtÇ YYEYOVÓ'EÇ EEV onde o contexto dentca o termo com o ethos do cculo socrátco mas anda não com um corpo organzado de conhecmentos; em seguda passim em Gorgias, Fédon, Rep etc O Gnds, de Uebereg-Prachter parágra 1 z uma recensão de "Der Begff der Phlosophe mas torna consa a seqüênca hstórca do uso O que susbsste da Coméda Antga embora seja pródgo na sátira e no trocadlho com relação ao sophistes e seus números dervados nunca mencona os três vocábulos em phl- o que aponta para a ausênca de qualquer utlzação prossonal antes dos socrátcos e mplca que nem mesmo eles acetaram a palavra at os últmos anos da vda de Sócrates O sophistes ra durante muto tempo o termo padrão para um "ntelectal mas nclua os poetas acma cap 9 n 27) Os vocábulos em phl- marcam a rptura nal com a ntelgênca "poetzada anteror; cf tambm acma cap 9 n 28 As orgens em Heracldes Pontcus da lenda de que a "losoa era o nome ncalment dado por Ptágoras a um modo de vda são expostas por Jaeger pp 97-98 Moison recentemente tentou restaurar sua credbl dad mas ao preço de submeter a prova lológca a um gênero d tercero
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grau Ele é rçado a admitir que phiosoph em Ac Me. e phiopei em Tuc "não podem ser rçadamente interpretados como proindas de Pitágoras e também que pihei t como eregado por Sócrates na Apoogi taém não provém de Pitágoras Porém ele quer ver o suposto sentido pitagóco restaurado no gs e nos álogos posteriores Isso rsulta, em ordem cronológica , (a) numa mara ognal piagórica de "losoa e depois C uma marca posterior, no séclo V, e em seguida (c) uma rca soáca à qual Platão adere temporariamente e, nte, (d) um retoo de Platão à sea piagóca, quando saiu da uência socrática Os estágios ) e (c) são licados na set ção "Se, o e parece pouco prováve, qualquer maz pigóco ainda se achava ligado ao vocábulo phi e seus cognatos por volta do últo arto do séclo é edente que para Platão ele tea sido oblitedo pela peiência pessoal que obvera de Sócrates, a quem ele faz dearar na oog que o deus lhes haia p u da de losoa U o osa e mpvável quan vela a e se é obgad a preser aela são pleada, históa do pensamento ego pmivo, da ual o pigomo, desando eidência (ou fta de edêna), veio a desr 9 O phiosopos é apresentado pela primeira vez em 375e10 e igalado ao phimtes (376c2) sob a alegação de que o pto phiosopho (376b) é o que pode distinguir entre o conhecido e o desconhecido (376b4) 10 474c8-475b10: considera-se que até mesmo o phioios o "accionado, frneça uma analogia apropriada para essa sede (475a5) 11 475b8 12 Abaxo, n 22 3 Em 475e4 os verdadeiros ósos são 'OÇ 'Ç ç to9eáµoveç; em 480a eles se tornara 'oç ' Êov ' v coµÉvouç 14 480a-12 485a0-b3 493e2-494a2 15 Acim, cap 9, n 28 16 Féo 60d8-61b7 17 Apo 29d4-5; e-3; cf acima, cap 11, n 17 18 23d4-7 19 Os testemunhos da Comédia Antiga sobre essa questão ainda estão por ser examinados A proporção de títlos, enredos e temas nos quais a controvérsia educacional é explorada de um modo ou de outro é extraordinária 20 Acima, n 7 21 O signicado desse prefo, que Platão tanto sublinha acima, n 10), pode talvez ser interpretado à luz do que Collinood p 266) denomina "a carga
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emocional sobre a atiidade do intelecto (cf também p 297: "A poesia, portanto, na medida em que é a poesia de um pensador e dirigida a um público pensante, pode ser descrita como expressão da emoção intelectual que acompanha de certa rma o pensar a losoa, a emoção intelectual que acompanha a tentativa de pensar melhor Acrescentaamos que, para Platão, apenas esta última, como uma regra, é considerada válida 22 Snell (acima, cap 9 n 27) deixou todos os historiadores da losoa grega em vida quando examinou o uso de soph (pp 1-19) e seu correlato episteme (pp 81-96) Cf também Nestle, pp 1-16 que tenta um tipologia um tanto arbitrária de sophos em seis itens 2 Snell, op cit p 8 com as citações de Ateneu e Ccero 2 Acima, cap 9 n 27 25 Apo 18b7 2a 26 Cf também cap 9 notas 27 e 28 27 Acima, n 18 28 Acima, notas 2 e 26 29 Sobre o coomento istóico de pavs pegiadas, aa, c 9 n 28 0 Poderamos dizer, no estilo de Hume, que eles estão preparando o método pelo qual as impressões são convertidas em imagens, mas apenas s as "impressões de Hume são interpretadas de maneira ampla e suas "idéias de maneira restrita, as primeiras descrevendo tanto "algo dado pela sensação e "algo peetuado pela consciência ou pela imaginação, ao passo que as últimas se refeam a "algo constdo dedutivelmente pela ação do intelecto (Colling wood, p 21 c p 2 n 1; mas compare com p 171 onde as "idéias de Hume são interetadas como unicamente o produto da imaginação 1 Como parece ter ito Kir-Raven, nos casos de Heráclito e de Empédocles 2 O postulado da prioridade inicial de uma prosa de idéias na literatura grega custa a moer; c até mesmo Snell, p 8: Xenónes, Pa e Empéd emprega vam o verso "obwohl die Zeit schon vergangen war, in der allein in metschen Gewand enem Gedaen literaisch-praegnante Fo gegeben werden onte Essa suposição guarda semelhanças com aquela crença que colocaria a itrodu ção do albeto tão cedo quanto possvel (acia, cap n ) Especicamente em Met A -10 ra as indicações de "opiniões espalhadas em suas obras Os métodos de Aristóteles de reescrever as opiniões dos seus predecessoes são exaustivamente analisados po Cherniss, Atotes cticm A explicação dada por Teoasto (Diels, Dox Gr pp 75-95) dos seus vários che ou primeiros princpios isto é, da metasica tradicional pré-socrática, quando
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examinada por McDiarmid, revela estar baseada muito diretamente mais nos excertos das informaões de Aristóteles do que em quaisquer ori inais aos quais ele tenha tido acesso Dessa explicaão, por sua vez, dependeram os vários epítomes e manuais da históia da losoa rea em uso nas eras helenística e romana O problema da colisão entre a lin ua em e essa tradião "doxo ráca e a dos documentos subsistentes dos pré-socráticos é crcial para a história da mente rea primitiva 35 Xenónes, B 1, ele própo um poema eleíaco, propõe que a poesia podial assumisse responsablidades didácas (versos 13-16, 19-24), reexo, a nosso ver, seu novo stats como comunicaão (escrita) conservada 36 Esta questão já i debatida acima, cap 3 n 4 37 Acima, cap 3, n 6 38 Essa armaão, controvertida ao s olhos daqueles que ram condicionados a aceitar os ésios como escritores de prosa losóca, merece uma defesa detalhada, ainda por zer (cf Nilsson Âot) A credulidade de Kranz procurou ampliar o estoque dos ssim veb de Anaximandro (compare com S 4 edião, onde Diels ainda omitia qualquer seão B, com a 5a e a 6a ediões subseqüentes Kirk-Ravan e Kahn defendem uma oraão subsistente como autêntica a linuaem atribuída a Anaximenes totalmente suspeita) Xen, Parm e Empéd são indiscutivelmente poetas e, quanto aos ditos de Heráclito, a sua qualicaão como comunicaão oral, destinada a ser ouvida e memorizada, mas não lida, repousa em primeira instância no to de que cada enunciado é auto-suciente, o que impediu Diels de oranizá-los se undo uma ordem sistemática As paráases da anti üidade posterior em aluns casos modicaram a sobriedade, o ritmo e o paralelismo dos ori inais Acerca do "estilo de Anaxá oras e de Dióenes, vie acima, cap 3, n 16 39 Platão, R 10595c-2 "W Â v'rV 'OÚ'V "W 'Qt 1QOÇ
8tc ç 'E yeµv; 598d8 'V yeµóv 'ç (isto é 'QC ÔÍç); µQOV Arist Met A 3983b20 ç b 'Ç 'OtÚ'TÇ T tocoç 40 Como tem sido recentemente cada vez mais reconhecido cf Kirk-Raven, pp 24-32, nos 24-28, sobre a "Hesiodic cosmo ony, e ion, Ug 41 Acima, cap 5 vie também cap 7, n 19 42 Notopoulos, Hoe Hio e apresenta arumentos para a persistência em Hesído de "vestíios devados do poema épico aqueu, como ele sbsisti oralmente no continente independentemente do nosso presente teo homérico 43 Webster, pp 273-275, defende uma separaão entre a e a Osé por m lado (com as quais ele a rpa o Hino Délio), e Hesíodo (com o qal ele
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agrpa o poema épico cico) por ouro: "Até a Od os poetas ainda compunham em verso (oral) ... Hesdo já está começando a se astar da técnica antiga Noopoulos (noa anteior) defende emente e Hesíodo ainda z "poesia oral. Essas duas opinões não são ieconcliáveis. Solmsen, p 10, n. 28 (acma, cap. 6, n. 23, ta a "maioa das autodades alemãs rcentes, e dataa Hesído antes da Od ele própio tende a discordar.
44 Cf. Nese, p. 4: "doc ehlte auch er senem Zweck en mee Voild, naelich das des Staaums. Esse i um ato de "ntegção que, numa r muito rdmena (e nãoabstaa), pode ser no hábito homéco, quando apse lações (odo por in, p. 1, de nomear pmeia mente colevo e então dis os membs da relação. Isso se aplica não apenas às cenas de aamento na (acma, cap. 4, n. 39 mas aém a exeplos smples como Od 9218 ss.: "enamos na cav e mos todas as coisas que estavam. cess estavam eias de queijos e os cercados estaam apihados de ovehas ... e utando no leite esvam todos os rcipientes, (até) as conchas e tijelas, vasos abalhados nos quais ele tomou leite ... ; ou 2261 ss.: " ... se sobre ti não puser ogo as mãos, aancando-te as vestes, (até) o manto e a prpa e (até) o ue as veonhas ·encob, pa enar-te, depois, a chor, paa as pidas naves ... . Esses emplos são insttivos porque sua sntaxe (se veos o cidado de inur todo o conteo e não isoar um agmento da sitação) repeito, não a um esrço de absação, mas antes ao a menal de "isão conca que pmemente apende o vento ou ação (acma, cap. 10 e então, aleatoamete, e-se passando pelos itens que compõem a são. Odisseus e seus homens deonamse com a xpeência de um epetáco que consiste em váios gpos de objetos. Estes não são apresen dos como objetos num tálogo de natrezas-moras, as como ações sucessi vas; por consee, os pientes estão eios, as cestas apihadas, o recipiente com soo de eie cheio até a borda; conseqüeemente, o verbo assume u dupla pcedência sobre o substantivo. Em seguida a mente, por um ato de "recomposição ou "recoação, passa pelos itens que pduzem essa são toal. Sente, a amea ndamenl de Odsseus v pmeamente pegar um homem e então despi-lo: a ação dásca é eressa cialmente e eno explicada. Nesses dois eemplos, dois da disação, a staxe rtoa à visão única inicial; os "vasos talhados, "o própo homem. A difernça ene esse pcesso e a veadei categozao da espécie sob um gêne podea ser ressa dizendo-se que (a) o gênero é aqui vivenciado isual e dinamimene como a ou sitao; ) s que se seg eso de ce a à siao coeenten, a necessiade de nur u pala como "até na adução), ao passo que veadera categozação les são subordnados.
4 Teog 881 ss. 46 este chega ao ponto de dizer acerca de Hesído "So siegt die Reexion ueber die Kunst, der Verstand ueber die Phantasie .. etc. (p. 2
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47 47 Acim Acima, a, cap 4 pp 62 ss ss 48 or exem exemplo, plo, 279 49 49 Acim Acima, a, cap cap 4 n 5 5 0 versos 106 s s 5 1 D verso 11 recação (como obseou Wlamowiz, E oc; mbém Nese, p 4 Teog 225 ss, que, por sua vez, cionaliza a homéco, poeizado, especco e concreo, 1810710 O enunciado homéco, no o d H, smo d H B; A 22
meiramene e no sendo meaico meaico em Her Her B B 3 0 (enes (enes B 2 é suspeio) 5 2 meiramen 5 3 Nas rês versões varianes, Teog 719 ss, 736 ss, 807 s s 5 4 Xen B 23 24 26; Her B 10 30 32 41 50 57 89; arm B 2 4 8 pssi pssim m e similarmene nos seus sucessores 55 Embora essa expressão seja tirada de armênides, a linguagem empregada pelos seus colegas esá igualmente envolvida numa asserção de idenidade , coninuidade e unidade 5 6 Melisso B 9 Diógenes B 7 Dem B 141 cf acima, cap 14, n 1 9 5 7 Melisso B 7 Emp B 13 cf ambém Diller para o uso de cosmos 5 8 A obra de Snell e de von Friz nesse campo bibliog émen: émen: cue to e ço termiogi e cocitos ogi com reção ição poe ser super pen me um ále cuid cuidadosa adosa da htó da rmiologia rmiologia"" - von F F (96 p. 32).
5 9 Kirk-Raven ena uma reconsrção, mas Kirk já dissera, p 7 "É legítimo senir conança no nosso enendimeno de um pensador pré-socráico apenas quando a inerpreação arisoélica ou eoasiana, ainda que cuida dosamene reconsruída, é conrmada por excers relevanes e bem auen icados do próprio lósof 6 0 198 19 8 s s 6 1 Acima, cap 14 , n 2 0
ciado p o r Nestle Nestle no capíulo capíulo sobre roágoras, roágoras , 6 2 C f os ermos éicos gregos ciado pp 264301 6 3 Acima, n 60; uma questão embaraçosa, muito discuida pelos paricipantes do problema socráico cf Havelock, Evidence 64 Acima, n 1 8 65 Acima, cap 3 n 16
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331
ÍNDICE DE AUTORES MOERNOS
Adam 227 (n.17), 318 (n.2) Albght 69 (n.4), 147 (n.6) Allen 150 (n.21) Armstrong 162 (n.6) Atkins 31 (n.12), 33 (n.37), 50 (n.37), 319 (n.3) Beazley 71 (n.10)
(n.28), 226 (n.5 ), 248 (n.48), 3 20 (n21), 321 (n.30) Cook 67 (n.4) Coo 31 (n.15), 32 (n.19), 33 (n.31,37), 35 (n.46), 50 (n.37), 65 (n.), 226 (n.2) DeLacy 181 (n.29) Delatte 180 (n.28)
Berger 248 (n.42)
enniston 72 (n.14), 228 (n.17)
Birt 70 (n8)
210 (n.31), 227 (n.17), 319 (n.6), 321 (n.34)
Bowra 150 (n.19), 129 (n.2), 179 (n.27) Bucher 67 (n.4) Buet 179 (n.27), 245 (n.3) Burr 150 (n.1) Caenter 65 (n.4) Cassirer 49 (n.37) Cauer 207 (n.9) Chadwick 146 (n.4) Chantraine 207 (n.8) Cheiss 35 (n.45), 287 (n. 18), 290 (n. 20), 289 (n.39), 321 (n.34) 5 0 (n.37), 77 Collingwood 32 (n22), 178 (n.4), 182 (n 30, 33), 210
Diels-Kranz 288 (n.21 ), 3 22 (n 38) Dis 289 (n.34) Diller 324 (n58) Dodds 180 (n.28), 181 (n.29, 208 (n.15) Dow 147 (n.8), 179 (n26) Dunbabin 67 (n.4) Ehrenberg 102 (n.5) Else 76 (n.22) EvelynWhite 129 (n.2) Fergrson 31 (n.12, 15), 78 (n.23), 319 (n.4) Finley (M.I.) 146 (n2) Fraenk 178 (n.2), 21 0 (n.27), 227 (n.17) 333
Friedlaender 31 (n.12), 33 (n.29), 34 (n.43), 49 (n.37) von Fritz 128 (n.), 267 (n.41), 288 (n.21), 324 (n.58) Gigon 322 (n.40) Gould 34 (n.44), 245 (n.4), 246 (n.13), 268 (n.45) Greene 31 (n.13), 50 (n.37) van Groningen 102 (n.5), 103 (n.18) Grbe 31 (n.13), 34 (n.43, 44), 50 (n.37), 289 (n.22, 37), 250 (n.39) Guthie 147 (n.10) Hackrth 35 (n.46) Hamlyn 265 (n.7) Hanfmann 147 (n. 10) Havelock 35 (n.46), 78 (n.22), 245 (n.3), 247 (n.37), 289 (n.26), 324 (n.63) Holt 207 (n.8), 210 (n.31) , 227 (n. 17) Householder 146 (n.6) Jackson 289 (n.30) Jacoby 102 (n.3), 128 (n.1) Jaeger 148 (n.14), 319 (I .8) Jakobson 148 (n.1 3) Jeer 68 (n. 4) ]ousse 177 (n.) Kahn 322 (n.18) Kakridis 209 (n.22) Kir 146 (n.3), 227 (n17), 324 (n.59) Kirk-Raven 321 (n.31), 322 (n.40)
Lord 113 (n.10), 114 (n.12), 146 (n.), 147 (n.6), 149 (n. 19), 15 1 (n.27) Lorimer 66 (n.4), 148 (n.13), 209 (n.27) Makriyannis 114 (n.12) Marot 129 (n.4) Marrou 35 (n.44) McDiarmid 322 (n.34) Meiller 148 (n.13) Messing 162 (n.10) Moorehead 162 (n.7) Morisson 31 9 (n.8) Mueller 128 (n.2) Mure 128 (n.2) Myres 114 (n.12) Natorp 289 (n.22) Nauck 229 (n.17) Nestle 209 (n.24), 31 9 (n.6), 321 (n.22), 323 (n.44), 323 (n.46), 324 (n.62). Neteship 31 (n.12), 35 (n.46), 49 (n.28) Nilsson 146 (n.6), 150 (n.19), 322 (n.38) Notopoulos 75 (n.21), 102 (n.3), 113 (n.8), 130 (n.6), 209 (n.25), 265 (n.7), 267 (n.44), 322 (n.42) Page 48 (n.9), 67 (n.4), 129 (n.2), 146 (n.3), 149 (n.19), 161 (n.2), 208 (n.9) Paley 128 (n.2) Parr A 113 (n.1), 114 (n.13) Par M. 113 (n.10), 149 (n.19) Paton 49 (n.28, 37), 265 (n.7)
Koller 75 (n.22) Kranz 322 (n.38)
Pearson 71 (n.8) Phillips 146 (n.3)
Lawrence 158, 162 (n.8) Leaf 15 0 (n.2 1), 13 1 (n.23) Lesk 129 (n.2) Leumann 146 (n.5) Liddell an d Scot 207 (n.6) Lodge 31 (n12), 50 (n.37), 52 (n.39)
Porer 178 (n.2)
334
hem 66 n.4) Richardson 104 (n.39, 41), 113 (n.2), 12 (n.6), 323 (n.44) Richter 71 (n.9) Robinson 230 (n29, 247 n42)
Rosen 32 (n29), 49 (n2, 37) Roseeyer 77 (n22), 265 (n) Schwartz 129 (n2) Shorey 31 (n12), 49 (n37) Sikes 49 (n37) Smyth 113 (n9) Snell 210 (n31), 227 (n6, 17), 321 (n22 , 23, 32), 324 (n5) Solmsem 12 (n1), 130 (n23), 323 (n43) Sperduti 11 (n29) Steven 29 (n30) Tate 50 (n37) Taylor 226 (n2), 245 (n3), 29 (n23) Tuer 69 (n6), 70 (n), 72 (n16) Ueberegrachter 319 (n) Ullman 66 (n4)
Usener 14 (n13) Vents 146 (n4) Verdenius 33 (n3), 49 (n2, 37) WadeGer 6 (n4), 151 (n27) Watkins 14 (n13) Webster 32 (n19), 50 (n37), 146 (n3, 5 , 6), 1 47 (n11), 150 (n20), 1 5 1 (n27), 129 (n3), 161 (n22), 162 (n4), 209 (n22), 322 (n43) itman 147 (n9), 151 (n29) Wilamowitz 31 (n12), 49 (n37), 6 (n4), 131 (n23), 29 (n22), 319 (n6), 324 (n51) Woodhead 67 (n4) Young 67 (n4) Zeller 31 (n12) Zielinski 150 (n19), 209 (n27)
33
ÍNC G Adimanto 27 38 41 238 Adimanto e Gauco 33 (n31) 23 237 24 (n13) Aodite 11 Agatarco 73 (n1) Ágaton 71 (n10) Aisquines 74 (n18) Ájax 203 Acman 113 (n9) Aexandrina 217 Anatóia 91 13 Anaxágoras 73 (n1) 295 322 (n38) Anaximandro 322 (n38) Anaxmenes 322 (n38) Antifon 74 (n 1) Antístenes 31 (n15) Arábia 158 Ares 119 195 Argos 95 Aristides 71 n 10 Aristónes 75 n22 144
Aristótees 181 (n28) 207 (n8) 304 309 321 (n34) 324 (n59) Arquocos 8 (n4) 307 Ascépio 181 (n29) Atená 119 Ateneu 321 (n23) Ática 71 (n10) 129 (n3) 13 Áuis 111 Bácãs 111 112 113(n10) 158 Beócia 7 (n4) 117 Cacemira 7 (n4) Cícero 321 (n23) Ceístenes 7 (n 22) Citemnestra 7 (n22) 9 Cnossos 155 11 Corina 148 (n13) Crátio 289 (n29 37) Creta 48 (n13) Cronos 119 120 Cumas 7 (n4) David 12 Dédao 78 (n22)
337
Delos 1 51 (n27) Deméter 119 Demócrito 73 (n16), 76 (n22), 180 (n28), 181 (n29), 214, 226 (n3), 228 (n17), 267 (n41), 295, 315, 324 (n56) Demódoco 130 (n23), 181 (n29) Demóstenes 161 (n2) Diógenes de Apolônia 73 (n16), 322 (n38), 324 (n56) Egisto 198 Egito 71 (n10) Empédocles 207 (n6), 227 (n17), 289 (n24), 295, 319 (n4), 321 (n31, 32), 322 (n38), 324 (n57) Espeusipo 288 (n20) Ésquilo 76 (n22), 70 (n7), 72 (n15), 104 (n0) Estesimbroto 74 (n20) Estrepsídes 72 (n12) Eudoxo 287 (n18) Eurípides 20, 62, 70 (n7), 71 (n10), 72 (n14), 112, 156, 229 (n17) Eutidemos 130 (n6) Eutín 245 (n3), 247 (n42) , 289 (n29) Fédon 226 (n), 286 (n3, 6), 290 (n39), 319 (n8), 320 (n16) Fedro 52 (n37), 70 (n7), 72 (n15), 74 (n17), 267 (n44), 289 (n34) Fênix 138, 203 Filebo 247 (n27) Filoctetes 195 Frígia 67 (n4) Gallipoli 157 Górgias 77 (n22), 267 (n41) Hades 1 19, 200, 204, 31 3 Hebe 119 Héfestos 119 Heitor 25, 166
338
Hélicon 121, 129 (n4) Hera 83, 96, 97, 119 Héracles 195 Heraclides 287 (n18), 319 (n8) Heráclito 70 (n7), 2 10 (n32), 2 14, 226 (n3), 227 (n17), 231, 248 (n45), 267 (n40), 293, 295, 302, 319 (n6), 321 (n31), 322 (n38), 324 (n51, 52, 54) Heródoto 71 (n8), 74 (n20), 76 (n22), 142, 295, 319 (n7) Hipodamo 73 (n 16) Hume 321 (n30) Ictino 73 (n16) Ilítia 119 Ion 74 (n20), 180 (n28) Isócrates 69 (n6), 74 (n16) Israel 209 (n21) Leto 88, 90, 119 Mar Negro 141 Melisso 324 (n56, 57) Mênalo 195 Métis 119 Mêton 73 (n16) Metrôon 70 (n7) Monsai 130 (n6) Musaios 237 Nestor 83, 86, 131 (n23), 195 Odisseus 83, 99, 195, 203, 323 (n44) Orfeu 237 Parmênides 227 (n17), 245 (n), 267 (n40), 295, 316, 321 (n32), 322 (n38), 324 (n54, 55) Pátroclo 127, 193 Pausânias 78 (n22) Péricles 70 (n6), 141, 229 n17), 300 Perséfne 119 Pieia 129 (n4)
Pilos 150 (n.20), 155, 161 (n.2) Píndaro 77 (n.22), 115, 151 (n.26) Pitágoras 319 (n.4, 8) Pitecusa 67 (n.4) Plutarco 71 (n.10) Policleto 73 (n.16) Protág oras 31 (n.18), 71 (n.8), 72 (n.14), 324 (n.62) Rodes 141 Sabne 74 (n.19) Safo 72 (n16) Simonides 75 (n.21) Sócrates 31 (n.1 2), 51 (n.37), 21 4, 223, 229 (n.17), 230 (n.29), 246 (n.13), 281, 298-302, 31 5, 320 (n.8) Sócles 73 (n.16), 228 (n.17) Sólon 63, 130 (n.6), 139 , 149 (n. 18), 295 Tales 293 Táars 313 Tea genes 7 4 (n.20)
Telêmaco 138 Temístocles 72 (n.12) Teodectas 71 (n.10) Teofrasto 304, 321 (n.34) Têo gnis 73 (n.16), 77 (n.22) Teonoe 76 (n.22) Teseu 71 (n.10), 148 (n.13) Timeu 285, 289 (n.34) Trasímaco 33 (n.37), 236 ucídides 71 (n.8), 74 (n.1 6), 76 (n.22), 317, 320 (n.7, 8) Ugarit 155, 162 (n.3) Xenócrates 229 (n.17), 288 (n.20) Xenónes 93, 294, 315, 321 (n.32), 322 (n.35 38), 324 (n.54) Xenonte 72 (n.15), 74, (n.21), 229 (n.17) Zeus 83, 85, 86, 88, 90, 91, 96, 97, 118-122, 127, 129 (n.4), 191, 198, 200, 201, 310
339
Outros títlos da Pps
Auls de lsof imon Wil Ciêncis d rm hoje (As) mil Nol og) D sedução Jan Bauilla . Ddos estão lnçdos (s) Janaul a Homens e engrengens Ento ábato Imgem precári (A) Janai a bserções sobre o senmento do belo e do sublme/Ensio sobre s doençs mentis Emmanul Kant Primers e últims págins laimi Jankéléit Teoris do ímbolo Tzvtan Tooov Tempo e nrrtiv: Tomos e iou
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