COMO DESENHAR Por:
Paul Duffield (spoonbard)
Tradução e adaptação: Samir Fraiha (Twero) Revisão: Viviane Sampaio Costa
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ÍNDICE: Parte 1: O Que é Desenhar?................... Desenhar?................... P.3 Parte 2: Bom Bo m e Ruim............................... Ruim............................... P.3 Parte 3: Símbolos............................. Símbolos......................................... .............. P.4 Parte 4: Superando Su perando os Símbolos............. Símbolos ........................ ........... P.5 Parte 5: A Prática Leva L eva à Perfeição......................... Perfeição......................... P.6 Parte 6: Aprender a Não Dar a Mínima......................... Mínima......................... P.7 Parte 7: Estilismo.......................... Estilismo....................................... ........................... ......................... ........... P.8 Parte 8: Referência Vs. “Imaginação”........................ ...................................... ................... ..... P.10 Parte 9: Praticidade............................. Praticidade........................................... ........................... ................................ ...................... ... P.11
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Parte 1: O Que é Desenhar? É dessa maneira que vejo o ato de desenhar. Antes de tudo, é melhor eu definir a semântica (o significado específico das palavras) de forma direta, então nada de ambiguidades. Por „ desenhar desenhar ‟ ‟ simplesmente refiro-me ao ato de fazer marcas visualmente representadas em uma superfície.
Qualquer um pode desenhar. Qualquer um pode se esforçar para representar o que vê na sua frente – ou uma cena que se imagine – fazendo marcas marcas num pedaço pedaço de papel. papel. Se você ouvir alguém dizer “Eu não consigo desenhar”, dê um murro nele por mim. Desde que ele tenha uma parte do corpo que se mexa e que possa segurar um lápis, ele pode desenhar. da vez aqui... porque isso é o que qualquer um de nós pode fazer. Ela pode vir de forma indefinida, mais ou menos com o intuito de recriar o que se vê ou imagina, mas não importa o que seja feito, sempre poderá ser melhorado. Tenham isso em mente, irei voltar a falar sobre isso no momento certo. Entretanto, “esforçar” é a palavra
Parte 2: Bom e Ruim Essa parte é muito subjetiva, então estejam avisados de que o que direi aqui é apenas a minha opinião de como enxergar as coisas. É apenas opinião, mas gosto de pensar como uma opinião fundamentada. Até onde eu entendo, desenhar não deve ser levado em considerações como “bom” e “ruim”... muito menos por termos como “sucesso” e “fracasso”. Permitam -me relembrar o que escrevi na Parte 1, para mostrar como tais termos não são saudáveis: não importa o que seja feito, sempre poderá ser melhorado ” ” não Indo nessa linha de pensamento, se você sempre quiser que sua arte seja “boa” ou “bem sucedida”, você sempre irá fracassar. Sempre haverá alguém que é mais realizado do que
você e você nunca vai ficar satisfeito. É por isso que para algumas pessoas arte é algo tão fútil e infinitamente deprimente.
Infelizmente, por causa disso muitos de vocês que leem isso devem ter pensado na escola, pais, amigos e experiências de vida, vai parecer que tudo é uma questão de “passar” ou “fracassar” . Para completar essa parte, apenas quero que vocês tentem esquecer essas palavras e o conceito de ganhar dinheiro desenhando ou qualquer trabalho relacionado ou qualquer coisa, apenas desenhar por desenhar. Eu vou retornar com isso no final, e espero colocar tudo em perspectiva. 3
Parte 3: Símbolos Ao invés de causar confusão, penso que desenhar não seja a respeito r espeito do ato de fazer f azer marcas em si, mas as coisas que o antecedem. Ou seja, visão, linguagem e conhecimento. conhecimento. Isto pode soar muito insosso, mas deixe-me explicar: Enquanto nós crescemos, aprendemos a ver o mundo. Quando se é um bebê, um humano não tem linguagem, logo, tudo o que um bebê vê é sem nome. O mundo ao seu redor é, literalmente, uma paisagem grande e sem nome. Você então é ensinado a dividir o mundo em objetos conhecidos, que são cada um separado por nomes ... “isso é uma árvore”, “isso é uma pessoa”, “isso é um a pedra”. Infinitos qualificadores, classificadores, descrevendo as palavras e substantivos. Ao mesmo tempo em que você aprende os nomes dos objetos, lhe são mostrados os desenhos deles, em livros educativos, livros de história, desenhos animados, anúncios, você dá nome e os desenhos estão em todos os lugares. Assim, na medida em que a mente em crescimento considera a palavra “árvore” trás à mente uma árvore real, também trás um
desenho simplificado de uma árvore.
E é aí que o problema começa até onde se pode dizer em termos de “desenho”. O que
esteve aprendendo nesse estágio da vida é para reconhecer tudo no seu subconsciente como um “símbolo”. Quando você vê um monte de árvores e se vira, o que permanece na sua cabeça é a mais parecida, mas não exata imagem de uma árvore e uma vaga lembrança do formato das árvores que acabou de ver. Dependendo Dependendo da pessoa, essa memória será (em várias proporções) tanto fotográfica quanto simbólica.
Então essencialmente, essencialmente, o entendimento que uma pessoa tem do mundo é uma mistura de palavras, símbolos e imagens. Para mostrar isso, já que está sentado em frente a um computador lendo isso, tente se lembrar da forma de alguma coisa que você não está vendo agora (diga-se, por exemplo, um carro), e você vai acabar se cruzando com um grande gr ande problema... Existe um monte de carros diferentes! E até mesmo carros que parecem serem iguais i guais podem ser diferentes em condições adversas. A fim de entender visualmente a palavra “carro”, na verdade você precisa simplificar a imagem na sua cabeça, do contrário não representaria todos os carros. Do contrário, a palavra não seria apenas “carro”, seria um “enferrujado Audi A4” ou “Mini Cooper totalmente novo”, ou qualquer que seja o exemplo de
carro que você tenha escolhido desde o início.
A questão não se refere apenas aos carros, refere-se r efere-se a tudo; árvores, pedras, calçadas, paredes, olhos, narizes, rostos, qualquer coisa. Para cada palavra há um número infinito de variações visuais, mas definitivamente uma única palavra. Então, quando você quiser desenhar um “carro”, qual você irá desenhar? Ele será realístico? Vai fazer no seu próprio
estilo?
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Dependendo de quanto você pensa sobre estas questões, o carro que você for fazer pode acabar sendo de qualquer representação nua e crua, para algo fantasticamente preciso, ou para algo maravilhosamente inventivo.
Parte 4: Superando os Símbolos Então, aí está um problema... quando vai desenhar alguma coisa, você obviamente precisa antes se lembrar de como essa coisa é. Mas, para a maioria das pessoas, não há um acesso fácil a essas memórias ou que esta seja bem definida. Existe uma enorme barreira mental de palavras e símbolos que fica entre ela e a memória fotográfica. E o pior, essa barreira mental foi criada durante os estágios iniciais da vida, e tem sido reforçada desde então. Essa é a parte do porquê desenhar ser difícil (e algumas vezes continuar a ser) para maioria das pessoas. O que é ainda pior é que, em toda arte baseada em ensinamentos que você tiver, uma vasta maioria dos professores não conseguem, se não são terríveis em descrever esse problema e como superá-lo. Então, antes de pegar um lápis com o propósito de desenhar algo, você precisa ficar se perguntando sobre as seguintes coisas: “Posso mesmo me lembrar de como isso se parece?” “Que tipo específico dessa coisa é o que eu quero desenhar?” “Eu quero fazê -lo com a minha própria variação artística?”
Então, se você não tem uma memória fotográfica perfeita, se não consegue decidir o exemplo que quer, se não sabe como criar seu próprio desenho... Vá e olhe para o objeto enquanto desenha. E, ao contrário de muitas opiniões, isso não é trapaça ou cópia de forma alguma. Para quê confiar em uma memória imperfeita, quando você pode pode ir direto para p ara a coisa que sua mente está tentando lembrar? Isso pode ser irritante se não estiver acostumado, mas se você colocar isso bem na sua cabeça, pode ser bem divertido e empolgante. Existem diversas maneiras de se fazer isso. Aqui vão algumas: 1) Vá para fora de casa (ou para onde você queira ir) com um caderno de desenhos e pratique com o que quiser. 2) Vá para fora com uma câmera câmera (preferencialmente (preferencialmente uma digital para ajudar), e tire fotos do que você quer desenhar. Daí use essas fotos como referência quando chegar em casa. 3) Se você for um preguiçoso preguiçoso (como eu), fique sentado sentado onde está e procure procure pela Internet por fotos, vídeos do que você quer desenhar. Mas tenha cautela quando for fazer f azer isso, pois você está deixando que uma outra pessoa faça uma parte do seu trabalho para você, o que é não é muito aconselhável por razões óbvias. 5
E lembre-se, quando você for desenhar: Desenhe o objeto que está a sua frente, não o símbolo do objeto. Esqueça as palavras e trate o objeto (seja ele uma coisa da natureza, humano, mecânica, o que for) como um conjunto de formas, f ormas, uma escultura, uma entidade física. Olhe para ele como se você nunca o tivesse visto antes, você não sabe o seu nome e tudo o que o forma é fascinante e desconhecido. desconhecido. Se você achar isso difícil, um u m bom exercício é imaginar que está cortando-o cortando- o em partes transversais e tentando descobrir de onde é tal parte, ou vê-lo vê- lo de um ângulos diferentes para admirá-lo de uma maneira totalmente nova. Depois que você já tiver pesquisado pesquisado bastante volume do material e ter feitos alguns esboços rápidos, você perceberá que sua imaginação estará a mil com todas as diferentes maneiras de desenhar o que você quiser e baseado no que já viu, pode até ser que consiga consiga fazer fa zer algo novo, ou com variações únicas. Você também vai saber como ele se parece na realidade, então você vai ter um bom ponto de partida para poder simplificar, se você quiser fazer menos detalhado ou mais realista. O melhor de tudo é que, quanto mais você fizer f izer isso, menos terá que fazer no futuro, f uturo, pois toda vez que você faz isso, quebra uma parte da parede que fica entre você e o entendimento da realidade. Por outro lado, não importa i mporta o quão experiente você se torne, não se iluda achando que você está além da referência.
Parte 5: A Prática Leva à Perfeição Então é tão simples assim? Não, infelizmente é um pouco mais do que isso. A fim de que possa desenhar o que quiser, você precisa ter controle e experiência suficientes com o seu método escolhido (seja com tintas, ti ntas, lápis, caneta ou o que seja). Alguns que nunca pegaram em um lápis vão achar difícil desenhar uma simples linha reta, muito menos um conjunto de linhas complexas c omplexas para descrever um rosto humano. Infelizmente, o controle que você precisa para fazer f azer isso só vem apenas com prática e perseverança, o que pode parecer intimidador e frustrante. O único incentivo que pode ser dado é que a paciência é uma u ma habilidade de vida extremamente valiosa e necessária. Há maneira bem piores de se aprendê-la do que desenhando. Eis um exercício para ajudar: Com uma caneta ou lápis, tente praticar desenhando alguma coisa na sua frente sem olhar para o papel e em uma única linha. Nunca tire a caneta do papel, nem desgrude os olhos do objeto. O desenho resultante será uma porcaria, mas não é essa a questão. Lembre-se do que eu disse sobre esquecer o “sucesso” ou o “fracasso”. A questão não é fazer um “bom” desenho,
é apenas desenhar. Seja rápido, confidente e tenha calma. Segue abaixo vários elementos de ajuda nesse exercício: 6
-Ao olhar apenas para o objeto desenhado com apenas uma linha você é forçado a pensar como fazê-lo usando a linha, e subconscientemente aumenta sua área do espaço à sua frente, e no espaço do seu papel. -Ao desenhar o objeto com apenas uma linha, você é forçado a fazer a linha com o máximo de precisão possível. Linhas rabiscadas, apesar de serem visualmente atraentes, fazem com que você se afaste em não fazer a linha no lugar correto e nunca será suficientemente boa quanto uma linha grossa. -A pilha de linhas visualmente confusa que você vai v ai acabar fazendo é estranha de se olhar do que um desenho terminado. Isso não fará nenhuma diferença de imediato, mas só com toda a prática que ele eventualmente irá. Faça um ou dois desses (desenhos de objetos aleatórios) todos os dias por um mês que você começará a ver um progresso.
Parte 6: Aprender a Não Dar a Mínima Parece ter se tornado um consenso que melhorar seus desenhos envolve analisar seus erros passados e repará-los nos desenhos seguintes. Entretanto, esse processo pode ser lento e improdutivo por inúmeras razões. Primeiro de tudo, como é você que desenha, um estranho processo psicológico acontece... acontece... a sua mente aprende a ver não apenas as linhas que você está fazendo, mas também aquelas que você quer fazer. Na hora em que você terminar o desenho e quando for olhálo, verá um desenho que ninguém mais consegue ver. Na sua cabeça, o desenho vai aparentar ser mais parecido com o que você queria que ele fosse. Para se ter uma prova concreta disto, dist o, existe algumas coisas que você pode fazer. Primeiramente, tente ver alguma arte sua que tenha mais de um ano que foi feita. É sempre uma surpresa perceber o quão diferente os seus desenhos vão parecer depois de anos sem vê-los. Para um efeito mais imediato, tente girar o papel de cabeça-para-baixo, ou segure o desenho na frente de alguma luz, ou coloque-o em frente a um espelho, para poder vê-lo invertido. Isso deve fazer todas as falhas do desenho aparecerem de forma bem assustadora... o porquê disso é que a imagem invertida é totalmente nova no va para sua mente e de nada lembra da imagem que você “queria” que fosse. Então, se sua mente está, literalmente, pregando uma peça enquanto você desenha, como você notará os erros e progredir? Felizmente, existem algumas coisas que podem ser feitas a respeito disso. Primeiro, deixe que outras pessoas façam a crítica. Coloque o seu trabalho em comunidades como como Deviantart, ou em um fórum como Concept Art ( http://www.conceptart.org/forums/ http://www.conceptart.org/forums/ ), e encoraje as pessoas a criticarem o seu trabalho. Esteja aberto para o que elas têm tê m a dizer e leve tudo em consideração.
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Segundo, o truque é prosseguir o mais rápido possível. Fazendo o desenho de observação que eu falei anteriormente é a maneira perfeita para se fazer isso. Fazendo várias práticas rápidas e pequenas do que quando você se senta para passar um bom tempo desenhando algo, você pode usar tudo o que aprendeu fazendo em pequenos rabiscos que não vai fazer diferença. Lembre-se, ao fazer a sua prática, o processo é o que importa, i mporta, então desconsidere os esboços feitos e aprenda a não dar à mínima para o que você está produzindo. Se livrar da pressão normalmente associada associada ao desenho e perceberá que eles vão ficando cada vez mais fáceis e cada vez menos estressantes. Não deixar de ficar analisando os detalhes que você fez f ez de errado na última vez é, de fato, a melhor forma de seguir em frente. Se você já identificou que a anatomia dos seus braços está fora de proporção, por exemplo (como os meus geralmente g eralmente são), então concentre-se em fazer vários esboços à mão-livre de braços e como eles se ligam ao corpo o máximo possível. Quanto mais você ver, melhor seus desenhos vão ficar. Se você fuçar infinitamente um desenho até ele parecer certo, tudo t udo o que você está fazendo é uma batalha com os preconceitos de sua mente a respeito r espeito de como seu desenho parece que – como já falamos anteriormente- não é como realmente parece ser. Para alguém que não tenha aprendido a controlar a forma como sua mente vê seus desenhos, tentar fuçar um trabalho finalizado é frustrante e muitas das vezes improdutivo.
Parte 7: Estilismo Esse é bem desagradável. Ele gera intermináveis discussões, barracos, opiniões selvagens e orgulhos feridos. Aqui está a minha (e abrangente, espero) opinião sobre disso. Vamos rapidamente classificar a semântica, para que assim ambos saibamos do que estamos falando. Um “estilo”, como me referi a ela, é uma forma de simplificação metódica.
Algo que produz um olhar reconhecível para a forma com que uma coisa é desenhada. Geralmente, estilismo é significativamente diferente da realidade, mas também não f oge totalmente deste (apesar de fugir do foto-realismo). Para colocar em evidência a maneira como se vê o mundo, um estilo toma um símbolo linguístico (digamos, um olho) e cria um símbolo distinto e reconhecível para o objeto (um olho o lho desenhado por um artista da Disney, por exemplo). Variações sobre o símbolo visual são utilizadas quando diferentes exemplos do objeto são desenhados. Um exemplo de um estilo é a estética venerada, imitada e ridicularizada de “animes/mangás”. Embora haja diversos estilos nos mangás, a estética arquetípica do
mangá é universalmente reconhecida, e muitas vezes inspirável. Eu vou discutir este exemplo, pois é o que parece causar as discussões mais tensas, mas nas seções seguintes eu poderia estar me referindo a qualquer estilo reconhecível.
Essencialmente, Essencialmente, quando alguém aprende a desenhar em um estilo, o que normalmente fazem é isso: Ao invés de aprenderem a como desenhar exclusivamente observando a realidade, eles também observam o trabalho de outros artistas.
Agora, para deixar bem claro que eu acho isso uma forma perfeitamente válida de se aprender. Muitos artistas consagrados obviamente fizeram fizeram algo similar e isso é algo impossível de ser se r 8
evitado. Quando você está desenhando, é muito justo que esteja inspirado por um artista em particular, um movimento, estilo ou tendência, logo (apenas se inconscientemente) isso sempre irá ficar estancado na sua arte. Isso não o deixa sem originalidade, nem faz a sua obra menos válida. O que lhe faz ser menos original é se você ficar dizendo que “desenha exatamente igual a Clamp”, ou “desenha como o Katsuhiro Otomo”. Isso é quando um estilo aprendido começa
a se tornar redundante. No entanto, se a maioria de suas influências artísticas forem (assim como as minhas) quadrinhos e animações japonesas, ter essa influência na sua arte não é um crime. É natural. Desde que essas suas influências debaixo do seu guarda-chuva tenham mente aberta e sejam variadas. Porém, um grande problema que acontece aqui e que eu já ouvi discutirem por toda Internet. Pessoas que usam um estilo pensam que podem continuar indo usando apenas a arte existente neste estilo como referência. E fazer isso é perfeitamente possível. Você pode aprender a desenhar sem nunca conscientemente considerar considerar um exemplo da vidav idareal do que estejas desenhando. Entretanto, acredito que essa seja uma maneira extremamente prejudicial de se desenhar e acaba criando trabalhos derivados e uniformes que apenas irá agradar àquelas pessoas que adoram esse tipo de arte que você adora. Isso também oculta um elemento fundamental do desenho: Desenhos figurativos como mangá são uma forma de representação da vida . Mesmo que você nunca tenha desenhado nada vindo de uma referência de vida, em algum lugar debaixo das linhas, a realidade influenciou as suas influências. i nfluências. Para demonstrar isso, se você quiser desenhar tão bem como a Clamp, lembre-se que elas se inspiraram em parte em Rumiko Takahas T akahashi hi e em Osamu Tezuka* T ezuka* e eles, por sua vez, v ez, foram inspirados por Kazuo Koike (Sensei de Takahashi) e Disney, e assim por diante... (*fonte: entrevista em “Mangá: Mestre da Arte” [em tradução livre])
Entretanto, a Clamp não desenha como Rumiko Takahashi nem como Osamu Tezuka. E o estilo delas também não é uma mistura dos dois. Rumiko Takahashi não desenha nem um pouco parecido com seu professor, Kazuo Koike. Então, o que muda? Esses passos de artista para artista são inevitáveis para servirem de inspiração i nspiração em prol ao progresso. Então se você quer ser o próximo p róximo grande Mangaká, você não pode desenhar exatamente igual à Clamp, porque se a Clamp simplesmente copiasse estilos, elas iriam desenhar exatamente exatamente igual às suas influências. i nfluências. E já mostramos que não é bem assim. Então, aprender a desenhar também é aprender a desenhar através da observação, observação , pelo menos em parte. Como um exemplo visual imediato disto, dê uma olhada no devianation de Mincedniku: Oito Anos de Arte. Arte. É perceptível a melhoria contínua dela (e ( e considerando sua habilidade atual, é bastante incentivador para quem ainda está começando), mas ao meu ver, ela teve uma melhoria significante durante o ano de 2004. Depois de perguntá-la sobre isso, tivemos uma rápida conversa da qual eu extraí os pontos mais relevantes: “[Aquele ano] deve ter sido a época em que eu comecei a combinar anime com realismo
para obter o estilo que tenho agora... o que muita gente não entende é que praticando o seu realismo, a sua estilização será muito mais forte... Você precisa entender algo antes de fazer algo fora do comum diferente, e ainda assim reconhecível.” 9
A arte de Mincedniku é, na minha opinião, um dos maiores exemplos de um estilo influenciado por anime/mangá que eu já encontrei no Deviantart, e sua popularidade atesta o que muitas pessoas sentem. É evidente em seus comentários que o desenho a partir da observação precisa precisa ser um ponto inicial de inspiração e vir antes de um estilo, que pode vir por si só.
Parte 8: Referência Vs. “Imaginação”
“Mas!” Posso ouvir algumas pessoas gritando “E quanto a minha imaginação?” i maginação?” “E quanto à fantasia?”, “Nem tudo o que desenhamos são coisas que podemos ver!” É, bem pensado.
Certamente uma boa imaginação deve bastar. Eu já li páginas e páginas de argumentos alegando que uma boa imaginação pode ser um substituto para a referência por observação. observação. Pois bem, vamos na semântica de novo. Se nós definirmos precisamente o termo “imaginação”, teremos certeza de que estamos falando da mesma coisa...
A vida é necessariamente uma coleção de experiências. Para os espirituais, vocês também devem acreditar em algo acima e além da experiência, mas esta existência superior é sempre muito complicada de se descrever e, em última instância, simbólica. Se você fizer isso, irá usar imagens reconhecíveis que todo mundo já experimentou como uma “luz brilhante”. Evidentemente você não pode descrever algo usando uma imagem que
ninguém nunca viu antes.
Então, simplificando, a parte visual da vida é feita da experiencial proveniente da visão. Ou seja, se você “imaginar” “imaginar” qualquer coisa visível, você precisa recorrer a algo que já viu, ou misturar um monte de coisas que você tenha visto. A imaginação é um processo altamente criativo, mas não é divino. Não se pode criar a partir do ar. Fazer isso seria o mesmo que afirmar que você criou uma nova cor primária. Pegue uma criatura da fantasia como um dragão. Como isso poderia surgir de um exemplo de vida? Certamente você só saberá como se parece um dragão olhando para o desenho de um. Mas não, esses desenhos são feitos com base nas informações de coisas que já existem. As escamas de um lagarto, as asas esqueléticas de um morcego, as garras de um pássaro... tudo elevado à magnificência e transformado em um novo ser, mas nada vindo do nada. Compreender o processo por baixo da inspiração de vida v ida é a única forma f orma verdadeira de trazer seus próprios desenhos para vida. Dizer que a imaginação pode substituir a referência por observação é como dizer que um prédio tem a mesma função de um tijolo. t ijolo. Não faz sentido algum. Referências da vida alimentam a imaginação; esse é o alicerce fundamental da criatividade. Tendo isso em mente, torna-se extremamente importante que, mesmo se você v ocê preferir desenhar a partir da imaginação pura (e, acredito eu, muitas pessoas preferem), usar suas referências de vida a fim de parar o uso de imagens repetidas da sua imaginação, o que aumenta sua estagnação.
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Voltando à discussão sobre estilo, ele funciona criando um desenho de um símbolo de um objeto da vida. Ao imitar o estilo de outro artista sem considerar a vida, você essencialmente essencialmente está criando um símbolo sí mbolo a partir de outros símbolos sí mbolos desenhados desenhados e o seu desenhado dá um passo pra longe do que ele quer representar. Acaba se tornando t ornando menos vital e menos capaz de representar o objeto original. Um símbolo de um símbolo sí mbolo pode até ser reconhecível, mas não estará tão bem descrito como o original. Finalizando, coloque na sua cabeça que referências da vida não irão ter, por fim, nenhuma influência em o quão “realístico” (ou quão em forma de “mangá”) o desenho final terá... a
escolha é sua. Isso apenas muda o seu entendimento do que você está desenhando.
Parte 9: Praticidade
Bom, com tudo isso dito, o que isso significa se você quer aplicar arte à sua vida? Se quiser ganhar a vida, não existe essa coisa de sucesso ou fracasso, e não importa o quanto você perceba da realidade, serão, em última instância, as outras pessoas que dirão o quão bom seu trabalho está. Eles podem não saber ou se impostarem com os “símbolos” ou “referência”.
Basicamente, os métodos de desenho por observação que eu disse aqui são para lhe proporcionar uma base estável. Essa base é livre de pressões, e a partir dela, você pode produzir desenhos que podem lhe deixar nas nuvens ou no fundo do poço. Mas voar ou cair não tem nada a ver com você. Se você busca observar, observar, aprender, melhorar e praticar, e, acima de tudo, divertir-se, divertir -se, então você já fez tudo o que podia. E se (acredito eu) o potencial de cada pessoa for realmente infinito, você com certeza terá sucesso na hora certa!
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