Entre Caxias e Osório: a Criação do Culto ao Patrono do Exército Brasileiro Celso Castro
ís Alves de ima e Silva (8388 dqe de Caxias é cial mene clad cm Parn d Exérci N dia de se nascimen de ags celebra-se Dia d Sldad Enrean Caxias mrre em 88 e s em 93 Exérci pass a cá-l ciamene Drane qar décadas a principal cmemraçã miliar brasileira crria n aniversári da baalha de Tii (4 de mai de 866 a mair da Gerra d Paragai end em Manel ís Osri (88879) cmandane das rças brasileiras se principal heri A parir da inrdçã d cl a Caxias em 93 nas décadas segines crre a sbsiiçã de Osri pr Caxias cm mdel ideal d sldad brasileir Ese arig examina esse prcess de insicinalizaçã d cl a Caxias n Exérci pn cal de m cnjn de invesimens simblics da elie miliar nas décadas de 9 3 e 4 No/a: Uma versão preliminar deste artigo foi apresentada o XX Encontro Anual da Anpocs (Caambu-MG, - ou. ) como o título " culto das tradições no xército brasileiro". Agradeço a eciente colaboração de Dulcimar Albuquerque boista de iniciação cientíca do CNPq/PIC
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estdos histos 000 - 5
As décadas de 9 e 3 am cnubadas paa Exéc basle. Td ped macad p pundas dvsões n ne da nsuçã já vsves desde glpe de 889 e s pmes ans da Repúblca. Ns ans essas dvegêncas levaam a uma sée de evlas "enensas 9 94 Cluna Peses que culmnaam na Revluçã de 3 Esa nã epesenu de ma alguma a bençã de um cnsens n ne d Exéc Ns ans que se seguam ceam sés cnls nens mvads p dvegêncas dunáas ganzacnas e plícas Dezenas de mvmens (nclund agações pess e evlas) abalaam xéc ene 93 e a nsauaçã d Esad Nv (93794 quand namene se cnsldu um pje hegemônc paa a nsuçã em n de Gs Mne e uc Gaspa Dua Mesm esse pje encnu es essêncas nenas A negdade nsucna d Exéc pan duane d esse peíd uma quesã em abe slucná-la nu-se bjev pncpal de deenes aes ndvduas e clevs Uma caaceísca mpane pém puc esudada desse pcess é que a dençã d pel e da dendade nsucnal d Exéc envveu a mesm emp a adçã de um cnun de elemens smblcs neamene nvs Mas d que a "eganzaçã de uma nsuçã agmenada aps décadas de cvagens ganzacnas e delgcas que ceu a invenção d Exéc cm uma insuçã nacnal hedea de uma adçã especíca e cm um papel a desempenha na cnsuçã da Naçã baslea Vencdas as essêncas nenas e exenas e s pjes aenavs chegu-se a um aan ganzacnal e smblc que pemaneceu cm pucas mdcações vgene p me sécul. Nesse pcess a nsucnalzaçã d cul a um "pan paa Exéc cupu luga cena Cs esqeido, Oso omeodo
Um hsad mla ecenemene abuu à "veene nacnal e publcana a culpa pel "esquecmen de Caxas susenácul d mpé p váas décadas aps sua me em 88 (Câmaa 994 Emba esa avalaçã pvavemene enha sua pacea de vedade nã se pde gna que Os u gande geneal d mpé desuava de ampl pesíg n Exéce ea pesnagem hsc mas cmemad A baaha de Tuu passu à mema mla cm a ma baaha campa aé hje avada em eas da Améca d Su Nea ene ds s chees sbessaía a gua de Os cmandane das vsas ças baseas. Ea em ne à sua esáua na paça de Nvemb n R de ane que se cmemava anualmene a baalha cm a pesença de audades d gven e 14
Enr Ci Oório
d Exérct dcr e dee de rp. Nã er n ennt m cmemrçã rert à cptl federl cmemr-e 4 de M tmbém em ndde mlre eplhd pr td pí O jrn mt ee referme à d cm "O D d Exérc ' Fe d Exérct Or er nremene rertd cm mr her de Tt e m pplr d gener brler O eqlente de T pr Mrnh er btlh nl d Rche em cj nerár 1 de jnh e cmemr e her mr mrnte Brr Um edtr d re efesa Naciona de 96 d qe tré de d btlh mre rd pe frç brer de err e mr nã pen mtre m d nçã deer hmenger e "d her ntetdre Em cntrpn "eqecmen de Cx em prtn em brnç de Or nã pen ceebrd cm her mr d prncpl d mr cm mbém bet de m c em grnde medd spontâneo merc d grnde pprdde de qe empre defrt jnt à trp A mr pp lrdde de Or v-à-v Cx er nqetnáe. Egen hen de Mre membr d Intt Htrc e Gegrác Brler qe em 93 nerár d ncmen de Cx e e centenár mlr) tee nct de prpr m cmemrçã c de Cx recnhec nqele mem n qe ee: Nã gnhr prém te nnc n lm pplr e ré legendár ee enm ee rdr qe cheg à r d fntm. O mrh cnjn de excepcn fcdde é demd perfet pr qe ejm d e dtntmente percebd ) Cm eren fredr dcpnd prentemente mpíel flthe hnr lhe e fe pr mprenr cm e epír d m ee deeqbr tã cmm n grnde hmen qe nl pr el grnde em td té mem n pre exce e berrçõe d rdem mrl D "Fest e Cis o Da o Solao
A prp rgd n HGB cnt cm rápd deã d mntr d Exérct Setembrn de Crh qe bx em de g de 93 n 443 Senhr chefe d Deprmen d Pel d Gerr. Cnnd pr err clt d n trdçõe qe exemp d qe e prc cm Or e Brr e rend cd n dqe de Cx hmengem d n enerçã re e ree hje dt 15
estdos histios 000 25
nlíci desse glris generl um frmur de rps d Exérci às quis se hã de reunir descmens d Mrinh e d Brigd Picil n erren djcene à su esáu E nenhum csiã é mis prpci d que es pr insiuir cm r fç cm cráer permnene fes de Cxis que se efeturá n di de gs E imprne bservr refernci s "culs qu já pracava Osri e Brrs e f de nv hmengem chmd de " fes de Cxis ser insiuíd em cráer permnene Em 9 di de nscimen de Cxis pssu ser cnfrme vis miniseril n 366 cimene cmemrd cm "Di d ldd A rnsfrmçã d fes de Cxis em fes d sldd servi pr vinculr simblicmene um cegri genéric sldd brsileir seu gui
"T Cis
Em 9 Cxis prece mbém cm "prn de um urm de ciis frmd n Esc Miir d Reeng A "Turm Cxis fi primeir ser "bid cm nme de um "prn eus inegrnes hvim ingres sd n Escl Milir n iníci de 93 A Esc esv pricmene vi devid à expulsã ds luns ds urms nerires envlvids n revl de de juh de 9 que gr servim n rp cm sldds egund depimen de um nig inegrne dess urm generl Auréli de Lyr Tvres idéi rigin de "bir urm fi d crnel frncs Pierre Béiers L Fsse que se encnrv n Escl Milir d Reeng cm cnselheir d Missã Miir Frnces Cnversnd cm esse crne s luns brsileirs prendim s csumes e rdições miires d Frnç: Ele desperu nss ineresse cnr que s urms ds Escs Milires nã erm idenicds n Exérci pel n de su frmur ms pel denminçã d Prn em ger nme de um grnde chefe milir u de um blh fms esclhids pr servir de inspirçã s nvs ciis A idéi fi pr ns clhid cm enusism (Tvres 986 7) O erm "prn nã exisi é enã n rdiçã milir brsileir A inspirçã frnces pr ess nv "rdiçã encnru n enn erren prpíci pr vingr devid à dmirçã que enã se inh pe culur milir frnces viris n Primeir Guerr Mundil Qun prcess de esch d prn Lyr Tvres f refernci ensinmens riunds d hisri miir brsieir prendids ns uls d prfessr d Escl Milir Pedr 16
EIr Ci Oóio
Crdln d Azd n ltr d cnfrnc d Gnrc cncl Sgnd Lyr Tr Cx Or rm " d nm q ltm n n pírt: Trmnm pr rmr dé d ch d Cx cj d r nglál. Além d Cndtál d Impér Pccdr d Brl l mdr rm d Grr d Prg dp d nc d Crpt grr r d n rm n Cmpnh d Tríplc Anç (Tr 1986: ) Em r tx Lyr Tr dz q lçõ d Crdln hm prntd Cx n cm "gr cnrl nxcdd d príd d lt m q trm à pr ndd ntgrdd ncn (p 43) N m d çã d grç pl frmtr m jnr d 9 frmnd dtrbírm prn ntr mntr Stmbrn m "ntnh cm g d Cx t Lyr Tr dz q clh d Cx cm prn d trm f "dd níc ntrl pcíc (986: 8) A cnrm m dpmn nct prt d prpr n nã tnd d m mpçã prr N nnt r b cnnânc cm mntrl d 93 Cs dscl e todde "c Cx prg é 93 gnd m mm rtn:
r dcr d m frnt à tát d Cx. Ql ntd d nttçã d Cx cm "ptrn d Exérc Mnh gtã é q té 93 bjt r lcnçd n pn mblc r rmçã d lr d gdd d ftmnt d plítc bm d ndd ntrn d Exérct dpdçd n n pr dr rt ntrn cgn pítc E ntrnt brr q czçã d "cl Cx dá m 93 n gnt à rlt d d lh d 9 q ngr "cc tnntt n n gnt Brl r gd rbõ mr. Frnnd Smbrn d Crlh mntr d Grr crdr d "ft d Cx h cmndd n n ntrr cm chf d Etd-Mr d Exérct rçã grnt cntr rlt "nntt Em r d mmr (Crh 9 l mbr "prfnd drgnc q rgrm n épc n crp d c (p 89 rrm crnç m q Exérc q tm pr dr prm "mprr rdm cntcnl df xtrn "nã pd nã d prcptr trnh d lt prtdár (p. 9
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to tco. 000 - 5
Nee epírt cre qe cnted d mengen trnmtd pel chefe mltre em relçã Cx e D d Sldd ter betv de fncnr mblcmente cm m "ntídt cntr ndcpln mltr. Em 196 generl cmndnte d Brgd d Exérct em rdem-d-d declrv qe cltr mrl d ldd brler dev er trblhd nã pen ndvdlmente pel prpr ldd n d--d m tmbém em cngrçõe cletv n q lm "vbre nnmente n cmnhã d mem penment. A dt eclhd pr D d Sldd crrepnd ncment dqele qe f "prttp d vrtde mltre. M nã bt relembrr Cx em dcr "td é nc cm prce edctv é prec cnhecer e cráter mrl e renvr nlmente cmprm de egr e exempl. Cx prece ne rdem-d-d cm "mr de n gerre r qe cm m nt qe ldd devem evcr n mment de dcldde "chmr em e xíl n mment de perg de cnç de "crítc njt qe à vee tent decnhecer repetbldde d mã glr d Exérct Qnd ldd entr menpre pr prte d cv "qnd plítc v qer enlevr n trm engn prcrnd v fer crer nã er perr qebrment d devere d dcpln e nrgment cntr trdde nã v eqeç de qe Cx epelh de leldde nã btnte ter mltd n plítc f cntntemente blrte nexpgnável d legldde Segnd edtrl de esa Naciona qe pblc rdem-d-d e repblc em 93 trtv-e de m "dcment prtn pr épc tl de rrter prpgnd nárqc jnt à cle rmd. Em tr edtrl de 93 Cx prece cm defenr ntrngente d le e mbl d ltve dentr d rdem e pernte pder. A prtr de 93 m mdnç mprtnte crre n cnted d mengen vecld em relçã Cx e D d Sldd Nã e enft m em prmer lgr legldde e dcpln e m fã d Exérct cm Nçã tend cm pnt fcl Cx preentd cm mr ltdr pel ndde e ntegrdde d Pátr Em prlel prgrev fechment plítc qe levr à dtdr d Etd Nv em 937 mgem evcd de Cx p detcr cd ve m auoridade e qldde de chefe mltr ervç de m Etd frte. Cncrd ee repet cmJé Mrl de Crvlh qnd rm qe pr pret mltr qe ve e trnr hegemnc cm Etd Nv Cx prec cm ímbl d nã mltr e cm d d prpr nçã p nd repreentr " cr ncnl cnervdr d Repblc Crvlh
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Ele Caia e Osói
Joé Po e o d El Milit
Em 93 o primeiro Dia do Soldado poserior Revolução de 3 apresenou duas imporanes novidades Em primeiro ugar, a presença do presidene Geúlio Vargas os anos aneriores, os presidenes da República não compareciam à cerimônia Oura novidade foi a presença dos cadees da Escola Miliar, que receberam seu novo esandare das mãos de Vargas e foram incorpo rados ao Exércio, inspirando-se em Caxias Logo após a viória da Revolução de 93 assumira o comando da Escola Miliar o coronel José Pessoa Cavalcani de Albuquerque, que permaneceria no poso aé 93 A reforma feia nesse período foi passo imporanssimo para a ocialiação do "culo a Caxias? Um excadee de José Pessoa, o general Tasso Vilar de Aquino, diria, em 98 "Caxias, para José Pessoa, represenava a perfeição do homem miliar, a consagração ao dever miliar, compeência miliar, o devoameno à Pária, virudes que marcam o deal miliar (c Câmara, 99 )
Enre os vários elemenos invenados para compor a nova "radição da Escola Miliar, enconramos o esandare, o brasão e os uniformes hisóricos dos cadees A peça simbolicamene mais imporane dos novos uniformes era o "espadim, uma répica em miniaura da espada de campanha de Caxias A peça original foi localiada no nsiuo Hisórico e Geográco Brasileiro, copiada, e os desenhos enviados Europa, onde foram feios os espadins Aravés desa arma simbólica, José Pessoa preendia cul uar, em suas palavras, "o pilar que susenou o mpério, "o maior genera sul-americano, "o invico soldado, "aquele que melhor serviu pária e mais a esremeceu A gura de Caxias deveria "pairar no seio dos cadees do Brasil, como apoleão enre os cadees de Sain-Cyr e Washingon enre os de Wes Poin Os primeiros espadins foram enregues em 1 de deembro de 93 em solenidade realiada em frene esáua de Caxias, no cenro do Ro de Janeiro, com os cadees pronunciando o urameno aé hoje repeido "Recebo o sabre de Caxias como o próprio símbolo da honra miliar O espadim passou, desde enão, a ser peça manida pelos cadees durane o curso na Escola Miliar e devolvido pouco anes da solenidade de formaura, quando é passado a um aluno calouro Em 933 os espadins foram enregues em de agoso, "radição que permane ceu, aravés dos anos, aé hoe Contin ofcilizção do lto C
Em 93 por iniciaiva de José Pessoa, o Fore do Vigia, no Leme (Rio de Janeiro), eve seu nome mudado para Fore Duque de Caxias, como permanece 109
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aé ho. Em 1936 dvrsas mddas foram omadas com o obvo d consoldar o "cuo a Caxas. O não mnsro da Gurra, gnra João Goms, plo avso n 17 d 3 d unho, drmnou qu a Revista Militar Brasileira zss um nmro spcal ddcado a Caxas, para commorar su 133° anvrsáro d nascmno pla rcomndação n 6 d 7 d ulho, fa ao chf do Esado Maor do Exérco, mandou mprmr, para dsrbução graua ao Exérco, a bograa d Caxas pubcada plo padr oaqum Pno d Campos m 1878 (Campos, 1938) xrmamn laudaóra; , m agoso, drmnou qu s naugurassm, m odas as undads, sub-undads rparçõs do Exérco, o rrao d Caxas Magahãs, 1949 39) Enr ouras ncavas ocas omadas para sndr o "culo s radçõs mlars socdad braslra, dsacas a sér d confrêncas plo Mnséro da Educação Saúd, chado por parocnadas m 19367 Gsavo Capanma A confrênca sobr Caxas fo fa por Gusavo Barroso, m d agoso d 1936 As nsruçõs do mnséro ram caras a rspo do slo dssas confrêncas "O rabaho dv sr uma obra d pangírco Em 194 algumas dssas confrêncas, nclundo a d Caxas, sram pubcadas Na xplcação das razõs dssa campanha, o mnsro mnconou o comba "subvrsão lmbrmos qu um van comunsa fora drroado m novmbro d 193) "No momno grav m qu as mpsads subvrsvas carrgavam sombramn os nossos céus com os sus sampdos as suas amaças, faza-s prcso dsprar no so da mocdad o amor das nossas radçõs o rspo dos nossos grands homns. O pano gral das confrêncas raza um brv rsumo do sgncado d cada vulo O rfrn a Caxas dza o sgun Caxas é o Exérco é o Brasl. Smbolza, para o nusasmo da nossa vnração paróca, o própro Soldado Brasro Todos os valors moras, físcos nlcuas do bom soldado, Caxas os possu: a bravura, a gnrosdad, a robusz a nlgênca, o dsn rss o nusasmo Hró lusr do Bras qu soub combar brava vorosamn m odos os sors ond o chamou o srvço da Pára, Caxas o Paccador, fo o nosso maor sodado d odo os mpos Su comovn xmplo d bravura, d gnrosdad, d rao polco, d dsnrss pssoal, fo vocado, com grand brlho, plo scror Gus avo Barroso, da Acadma Braslra d Lras. Dv-s obsrvar qu Osóro não fo ncluído no rol das confrên cas/publcaçõs D ouros mlars do Exérco, nrou apnas Bnamn Consn, mas não na condção d sodado, sm d "sábo paroa, uma "gura aposolar 110
Ente Cias e Osói
Udd pccço coneúdo veiculado nas comemorações do Da do Soldado na década
de 3 desaca duas caracerísicas cenras direamene relacionadas à auori dade de Caxias: sua auação como "pacicador e como manenedor da unidade do Brasil. Denro de proeo políico auoriário viorioso, essas qualidades eram imporanes para a críica ao ncionameno da democracia políica liberal e das alernaivas sociaisas, visas como elemenos de divisão ou simplesmene como "subversivas Em 34 o genera Góis Moneiro armou que Caxias, "incomparável na paz e inexcedível na guerra, paira muio acma das paxões desencadeadas pelas facções paridárias, no pedesal de lóras cada vez mais alcançado pela admiração das gerações que se sucedem Sua nobreza consisia "na esponânea renúncia dos provenos decorrenes de sua inromissão na vida políica do país Caxias fora um miliar que queria "aé ignorar os nomes dos paridos que, por desgraça, enre nós exisissem Como "grande pacicador, resolvera, "com superiordade de ânimo, as quesões que coocaram em liígio os foros de nossa civiização e deram ao Brasil dias de cruéis dissensões, de angúsa, e de sangue Discursos e exos miliares da época referemse com eqüência cada vez maior a Caxias como "o maior soldado da hisória sul-americana, "a mais empolgane envergadura de soldado da América, "o maior cabo-deguerra da América , "sano São Luís, uear do Brasil ou siplesmene, como disse o minisro da Guerra Eurico Dura em 3 "o maior dos brasileiros Essa gloricação caminhava pari passu ao aumeno de poder do Exércio no inerior do Esado, principalmene com o início do Esado Novo em 3 A evocação a Caxias assumia coneúdos siméricos ao papel conservador e auoriário do Exércio na políica nacional Isso ca evidene em diversas referências à siuação políica conemporânea conidas nos discursos e ordensd-dia referenes ao Dia do Soldado e a Caxias. Em 3 por exemplo, edorial d' efesa Nacional referene ao Dia do Soldado pregava uma campanha de defesa de qualidades miliares "sagradas como espírio de ordem, subordinação, camaradagem e sacricio, que esariam "ameaçados na hora presene pela ação subversiva de agiadores inescrupulosos, inimigos da Pá ria e do Exércio Era necessária, segundoo edi orial, uma reação sisemáica conra a "obra de desruiçãoY A ordem-ddia do genera Newon Cavalcani em 13 era mais ex plíca. Para deer a aproximação da "onda rubra e iconocasa da desordem, dos disúrbios e das anarquias, "ane esse brua crescendo de pensamenos e impulsos desordenados que nos ena escravzar, somene a comunhão moral e espirual ínima, sincera e absolua das classes armadas do Brasil será capaz de 111
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roir, no emo e no esço, o milgre á oje ineclináve róri slvção ncionl Cxis rece, no resene, "eerminno nós [o Exércio], ses eernos comndos, qe nos resemos r, se reciso, recolocrmos o Brsil, or mor o Brsil, no vericlismo s ineennci e soerni Com o inio e roeger o Brsi meç comnis, on e esordem qe se roxim, ele eser qe Cxis "o mior solo qe Pári já eve sej m "mrco sinlior nião inissolvel ds clsses rms o Brsi, o m s desrmonis enre ses cees Pergn in: "Será qe é crime eener o Brsil fogno em snge os corvos comniss e meçores se inerõem mrc segr os ses esinos romissores? A consgrção eniiv e Cxis ocorre qno se nome oi o o novo réio do Minisério Gerr Plácio Dqe e Cxis, n veni Presidene Vrgs, no cenro o Rio e neiro A esá de Cxis oi rnseri o Lrgo do Mco r rene o réio em e goso e 949 A semelnç o Pneão rncs, omengeno Noeão, oi consrío m Pneão em rene o rédio Os resos moris e Cxis, de s esos e e se lo, qe esvm no cemiério São oão Bis, orm r lá rnserios ,
íno Oo
A imosição ocil e Cxis como Prono o Exércio e incio o eclínio do "clo Osório. Drne éc e 9 rossegirm s comemorções Bl e Tii n orm sl. Ms, n éc e 94 Osório já rece n ráic "reixo osição e mior solo rsileiro r e rono e m s Arms o Exércio, Cvlri O grne em resário ess mnç oi osé Pesso, qe coloco Osório como Prono d Cvri em se livro sore os Chefes da Cavaaria braseira, lico em 194 Nesse mesmo no, Osório mém oi reerido como "Prono d Cvlri em iscrso o cee Oávio Pereir Cos, roerio or ocsião o niversário Bl e Tii n Escol Miir Em 94 Osório rece ns mncees os jornis e rimeir ve como "Prono Cvri BrsileirNs décds e 94 e 9 s comemorções Osório ererm o desqe qe inm io é enão Hvi comemorções ns nies milires, esá e Osório coninv ser ornmen, ms os iscrsos já não ocorrim com n eqünci, e esão senes o resiene Reúlic e o minisro Gerr, qe ssm envir reresennes N éc de 96 ocorre m mnç imorne Ao ldo e Osório, srgi m novo omengeo Anônio Sm io, Prono Innri, cjo clo se inicio oco eois do de Cxis, ind n éc e 9 As omengens o generl Smio linmene gnm esço, é qe em 969 srge m mncee no Correio da Manhã comemorndo 112
Ele Caxias e Osói
o anversáro e Tuut como o "Da da Infanara. Sampao, concdentemente, faza anversáro no da a batalha, e nela recebeu os fermentos ue o levaram, pouco epos, morte a écada e 9 o anversáro da Batalha de Tuut ca sendo comemorado como o "Da a Infantara, com solenades e ornamen tação o busto e Sampao, e assm permanece até hoje. A maor festa do Exércto, ue era a comemoração a Batalha e Tuut, passou a ser o Da o Solado, anversáro e Caxas; o anversáro e Tuut, no ual antes se comemorava todo o Exércto em seu chefe maor, Osóro, passou a ser o "Da a Infantara Dicoânci
O processo e ocazação o culo a Caxas como "Patrono o Exércto e a conseüene mnução e mporânca e Osóro não se zeram sem ue surgssem scorâncas Um ocumento mportante a esse respeto é o "Estuo sobre o patronato o Exércto, do coronel a reserva B Magalhães, publcao orgnalmene no Joal do Comércio em agosto de 94 (Magalhães, 949) O autor eloga a eleção e Caxas como patrono o Exércto, embora, observa, essa eeção não tvesse obeeco a ualuer processo regular. Ela tera, no enano, cao incompleta, prejucano sua ecácia, pos não era ateno sucente mente "completa realae hstórca naconal A crítca o autor é "preferên ca exclusva de Caxas para gua a nossa posterae mltar p. 3) ue faz uma "njustça hstórca a Osóro, ue fo o mas amado os chefes do Exércto e o mas perfeo tpo o caão-solado (p. 3) Dessa forma, a nsttução o patronato se enfraueca, pos a consagração de Caxas mplcava njustça a Osóro O corone Magalhães dz ue a consagração e Caxas "não satsfaz aos nteresses do futuro e é naeuaa aos tempos moernos (p. 3) Isso porue Caxas é um valor "essencalmene estáco, enuanto Osóro é um valor "em nenemene mutáve Caxas e Osóro seram, poranto, os tpos hstórcos complementares. Caxas é essencalmene o hefe, Osóro é o próprio Exército (p.
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Caxas fo sempre chefe em relação a Osóro, "mas este fo sempre o elemento o Exérco com uem mas contava (p 3) Magahães esaca ue Osóro sempre fo festejao esponaneamene Sua popuarae era "ngualaa, embora o esvalmento e Caxas fosse "ngrato Osóro era amado, Caxas respeitado e admirado. A partr de 93 o "ocalsmo tera começado a dexar Osóro em seguno plano, "o ue o Exércto ana menos compreeneu o ue a exaltação e Caxas (p. 39) Magalhães lembra os termos o avso e 93 zendo ue lá se preten a homenagear Caxas "a smples exemplo o ue se pratcava com Osóro e 113
tudo itico. 2000 25
Barroo o entanto io teria evoludo devido inuência de "preferência peoai de algun (p 239, aé a comemoração exepional de Caxia Magalhãe arma ue a primeira olenidade da "feta do odado "não depertaram caloroo entuiamo poi não correpondiam bem ao real etado da alma patriótica do Exército prondamente intintivo (p 240. A parte culta do Exércio por outro lado aceiava bem o culo da memória de Caxia ma não concordava em ver Oório "relegado para um plano demaiado ubalerno (p 240 Enre a manifetaçõe da "parte etudioa do Exército Magalhãe detaca a 3 edição do livro Grande oado d Brail do coronel Lima de Figueiredo onde e publicou uma carta de Joé Peoa pedindo ue o paronato da Cavalaria foe dado a Oório e não como o autor havia feito na ediçõe anteriore a Andrade eve A "reparação foi feita ma Lima de Figueiredo deixou claro ue "colocava e cooca o bravo de Avaí [Oório muito próximo de Caxia o patrono do Exército; aim "pareceume ue melhor caria Andrade eve como a etrea guia da Cavaaria e Oório como uma epécie de ubparono do Exércio (c Magalhãe 1949 240. Para Magalhãe colocare Oório como patrono de uma Arma "ó e compreende como reação ao ovido em ue o ocialimo o deixou (p 240 Oório foi cavalariano aim como Caxia foi infante como grande chefe ambo foram condutore de homen de toda a arma Andrade eve por outro lado teria ido ete im apena cavaariano "Oório amai chegou a comandar em campanha tropa ó de cavalaria além de uma brigada e em combae dea arma nunca eteve frente de mai de um regimento o glorioo 2° de Caero (p. 240 Apó a referência a ee epiódio entre Lima Figueiredo e oé Peoa Magahãe termina ea parte de eu artigo com um parágrafo intrigante A par de tai manifetaçõe de elemento repre entaivo do Exércio há outra não meno eloente ue vêm da profundeza do ubconciente da ua alma coletiva entre a uai e detaca eta: foi corrente ouvire dizer entre o componente da FEB pertencerem ele olvidando Caxia ao Exército acional de Oório Certamene aí etá um evidente relexo da então ituação poltica in terna o ual porém não deixa de motrar um grande erro na organização de noa itemática cultura cívica com todo o eu inconveniente cuja eliminação e faz neceária para ue o próprio culto da memória do duue da Vitória e engrandeça e torne-e mai fortemente edicante • a intituição do patronato já agora irrevogável e ue não e pode abandonar em dedouro (p 240-241.
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Elte Caas e Osó
Lima Figueired ransreve, a seguir, rehs de arigs que publiu em dezembr de 1945, na Revista Brasileira e em junh de 1946, em A Defesa Nacoal eses arigs, arma er-se preupad mais m as "ausas prn das d enômen que m seus mers reexs Sugere que axias, d arid nservadr, passu a er preerênia em aráer exlusiv sbre Osóri, d arid Liberal, r ausa das dierenças plíias enre ambs Menina ambém a de axias ser "genilhmem, enquan Osóri era "plebeu que se ez nbre depis uve, a avr de axias, uma reaçã al que se azem rars, mesm enre s miliares, s apazes de aribuir a Osóri seu méri real ( ) A midade miliar rmada sb a inspiraçã d primeir, seu parn ial, só a ese nhee e de a venera Há nis enômen singular e sbreud dis grandes errs um hisóri, ur meramene ulural (p 4) Magahães nui armand serem s direis de Osóri a pariipar d parna d xéri "innusss, na seguine rma axias repre senand o Chefe Osóri própri xércto (p 45) O ul a axias, sem neessári renheimen de Osóri, aria para sempre inmple e se rnaria ariial Fazia-se neessári, pran, segund J B Magalhães, rever a insiuiçã d parna d xéri Iss nã i ei, e axias permanee aé he send uluad pel xéri m mair sldad d Brasil m 198, n enenári de sua mre, a rdem-d-dia d minisr Váler ires armava que axias era "a persni açã d própri xéri, "mdel perei de sdad Os adees de das as nvas urmas que ingressam na Aademia Miliar das Agulhas egras n inuam reebend espadim de axias m "smbl da própria hnra miiar A esudarms a insiuiçã d "u a axias esams, pran, raand da gênese de elemens simbólis ainda ndamenais para xéri aual clíno o lto a as?
m 1996, pr iniiaiva d minisr d xéri, i riad "Dia d xéri, na daa de realizaçã da P Baalha ds Guararapes (19 de abril de 1648) A idéia enra é que, nessa baalha, mmen-have da expulsã ds hlandeses d rdese, naseram a mesm emp a nainalidade e xéri brasileir A rça simbólia d even é rerçada pel "mi das rês raças nsiuivas d pv brasileir bran, negr e índi , enarnad ns rês prinipais líderes miliares da baalha 115
estudos histórcos. 2000 25
Um recho da homepage ocial do Exércio sobre o eveno permie observar como se aualiam em um novo conexo hisrico anigas conexões ere Exércio e Nação 19 de abril de 1648 em um signicado bem mais amplo do que o inconese êxio miliar. No movediço Boqueirão guar dado pelos soenes Mones homens de crença e valor planaram as semenes de duas insiuições permanenes e indissolveis a Nação e o Exércio Brasileiros. Ao longo deses 35 anos de invencibilidade e grandea o legado de Guararapes eseve mais vivo que nunca garanindo nossas soberanas froneiras em memoráveis campanhas exernas; man endo coeso e puane ese PasConiene; conribuindo para a preser vação dos ideais democráicos ameaçados pelo fanasma de ideologias oaiárias; paricipando do esforço mundial de preservação da pa sob a égide de organismos inernacionais. Podemos imaginar que com o empo a insiucionaliação desse novo riual leve a comemoração ao ia do Sodado/Caxias a ceder o poso de principal comemoração do Exércio ao ia do Exércio/Guararapes. Traase obviamee apenas de uma possibilidade mas que nos chama a aenção para o caráer de consane "reinvenção dos símbolos do Exércio algo que a repeição das "radições ende jusamene a ocular. Notas
esse espeto, o tlo ms mponte é o de lo 1983).
Regão Mlt genel oão de Des Men Beo Mgães 1949: 239)
2 A Defesa Naciona, n 151 1926 p 170
e n 201, se 1930, p 755-6
1.
3 A Noite, 25/8/1923. geno Vlen de Moes 1887-1981) fo pofesso de ltm, ns e stó no olégo Snto Ináo e n sol Noml e emndo no olégo Pedo 11 Dg o qvo Nonl de 1938 1958. onsevdo tólo polemst ses des de vd em fml elgão e pát seve váos tos soe s 4
Sego o oonel . B Mglães ntv fo do então omndne d 1 a
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5. A Defesa Nacional n° 153 1926 p 259 6 A Defesa Nacional, no XVII n 197, mo 1930, p 89
7 P m nálse deld d efom
d sol Ml ve so (199)
8 qvo Gsvo pnem
PDOFGY Gg 35.0926, do. II-2
9 onfen soe Benmn
onstn fo fe pelo postvst Ivn Lns, em 18 de oo de 1936, qndo se omemov se enenáo de nsmeno. •
Ene Cias e Osório
10 Coeio da Manhã 25/8/93 11
"O Dia da Pátra e o Dia do Soldado A Defesa Nacional ano XXn 255ago 935p 8356 12
A Defesa Nacional n 280set 937 p 13 Rta da Escol Militar ano XX n ago 90p 20 14
"O Dia do Soldadoordem-dodia do general Newon Cavacan
htp://guararapesexercogobr /gradehtm
CMHiram cel 99 " consstência histórca da escoha do patrono do ExércoRsta do Clube Miltar n 38julagop67
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TVRESuréo de ya 986 ' insução dos paronos; remniscêncas Rta do Clbe Militar n 277p 79
•
A
CRVLHOJosé Murlo de 983 "Forças rmadas e políca 930-95 inA Rvlço de30, emiri realado plo / BrasíiaEditora da Un 990A aço das almas O imaginá d Rública no Brasl São PauloCia das Leras
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"Uma sugesão sobre o culo a CaxasRta Clube Militar p3-5 (Recebido para publicação dezemb de 1999)
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