MOSES L FINLEY
POLÍTICA NO
MUNDO ANTIGO
Título original: Politics in the Ancient World © Cambridge University Press, 1983
Tradução: Gabinete Editorial de Edições 70 Capa de Edições 70 Todos os direitos reservados para língua portuguesa por Edições 70, Lda. Depósito legal n° 108942/97 ISBN: 972-44-0942-2 EDIÇÕES 70, Lda. Ru» Luciano Cordeiro, 123-2° Esq. - 1050 Lisboa - Portugal Telefs.: (01) 315 87 52/315 87 53 Fax: (01)3158429 Külll ohru CNlíi protegida pela Lei. Não pode ser reproduzida Mn liulci nu cm purte, qualquer que seja o modo utilizado, IncIlIlMilii tnltii rtpiu c xcrocópia, sem prévia autorização do Editor. IJllNli|HiH liiiiihjiirssilo à Lei dos Direitos de Autor será passível de procedimento judicial.
edições 7O
MOSES L FINLEY
POLÍTICA NO
MUNDO ANTIGO
Título original: Politics in the Ancient World © Cambridge University Press, 1983
Tradução: Gabinete Editorial de Edições 70 Capa de Edições 70 Todos os direitos reservados para língua portuguesa por Edições 70, Lda. Depósito legal n° 108942/97 ISBN: 972-44-0942-2 EDIÇÕES 70, Lda. Ru» Luciano Cordeiro, 123-2° Esq. - 1050 Lisboa - Portugal Telefs.: (01) 315 87 52/315 87 53 Fax: (01)3158429 Külll ohru CNlíi protegida pela Lei. Não pode ser reproduzida Mn liulci nu cm purte, qualquer que seja o modo utilizado, IncIlIlMilii tnltii rtpiu c xcrocópia, sem prévia autorização do Editor. IJllNli|HiH liiiiihjiirssilo à Lei dos Direitos de Autor será passível de procedimento judicial.
edições 7O
PREFACIO
Para JOH NDUNN JOHNDUN N
Este livro foi elaborado à volta de quatro Wiles Lectures que tive a honra de apresentar na «Queen's University», Belfast, em Maio de 1980. Quatro capítulos constituem versões revistas dessas mesmas conferências, enquanto que os capítulos 2 e 6 foram escritos mais tarde e publicados pela primeira vez sob forma mais reduzida como trabalho em memória de J. C. Jacobsen da Real Academia Dinamarquesa de Ciências e Letras (publicados nos começos de 1982 no Me ddel dd el el se r da Academia). A palavra inglesa 'politics' tem um alcance semântico que difere um pouco do dos seus sinônimos noutras línguas ocidentais. Por um lado, 'politics' não se emprega normalmente, no sentido em que se utiliza 'policy'; por outro, engloba implicações resultantes das maneiras, informais e formais, como a governação é conduzida, como se tomam as decisões governamentais e a ideologia atinente. A política (politics) neste sentido é o que constitui, essencialmente o meu tema de estudo. Não tenho conhecimento de que, sob a forma de livro, tenham surgido estudos sobre este assunto, do qual me ocupei e de que publiquei alguns artigos ao longo dos últimos vinte anos. Considerando que não é fácil discutir a Grécia e Roma comparativamente, não hesitei em recorrer aos conhecimentos e ao pensamento de amigos e colegas. Para todos eles vai o meu caloroso agradecimento, embora só nomeie aqueles que leram e comentaram as provas deste livro: Tony Andrewes, Peter Brunt,
PREFACIO
John Dunn, Peter Garnsey, Wilfried Nippel e Dick Whittaker. Outros agradecimentos, são devidos aos colegas, na maioria de Belfast, historiadores e estudiosos de política, alguns especialistas em história antiga que, como é costume nas Wiles, foram convidados a participar, todas as tardes, na discussão aberta sobre a conferência do dia. E muitos mais colegas aderiram à calorosa hospitalidade que marcou esse acontecimento, conduzido pelo Vice-Chanceler, Dr. Peter Froggatt, e pelos representantes da Associação Wiles, os Professores Alan Astin e David Harkness.
Capítulo um ESTADO, CLASSE E PODER
Finalmente, minha esposa deu mostras da sua incansável paciência enquanto eu tinha em mãos outro trabalho. M. I. F. Colégio Darwin, Cambridge Setembro de 1982
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No terceiro livro da Política (1279b6-40), Aristóteles escreveu: «A tirania é o governo de um só homem em benefício do governante, a oligarquia em benefício do rico, a democracia em benefício do pobre». E prossegue para precisar a definição: «Para a oligarquia e para a democracia, não é essencial que poucos ou muitos governem, porque, em toda a parte, os ricos são poucos e os pobres muitos... A verdadeira diferença entre democracia e oligarquia é a pobreza e a prosperidade». Mais tarde, já no séc. XIX, no seu óptimo comentário à Política, W.L. Newman observou que Aristóteles dava aí explícito reconhecimento de uma verdade importante, pois que a moderna e prevalecente teoria do contrato social do Estado obscurece a nossa aceitação do facto que Aristóteles havia assinalado muito antes: que a constituição de um Estado tem as suas raizes naquilo que os modernos chamam o seu sistema social('). Precisando melhor, Aristóteles deu expressão sistemática a uma noção comum, mas ainda muito indeterminada, que era largamente (ou até universalmente) partilhada pelos Gregos clássicos. Esta noção impregna a literatura, tanto a dos poetas, historiadores e panfletários como a dos filósofos políticos; desde a queixa mordaz de Hesíodo contra os soberanos «devoradores de presentes» e seus trapaceiros julgamentos, passando pelo alarde do reformador Sólon («mantive-me firme, a ambos [ricos e pobres] protegendo com um forte escudo, a nenhum permitindo que triunfasse, injustamente, sobre o outro»), até à reiterada insistência de Platão em como, mesmo antes desse 11
Capítulo três A POLÍTICA
Numa história muito repetida, Plutarco diz como, em certa xasião em Atenas, quando se procedia à votação para se desterrar alguém, um rústico analfabeto se aproximou de um lomem e lhe pediu que por ele escrevesse no seu caco de loiça nome de Aristides. O homem perguntou-lhe que mal Aristides lhe fizera, e recebeu como resposta: «Nenhum. Eu nem sequer o conheço, mas já estou farto de ouvir chamarem-lhe 'o Justo' por todo o lado». Pelo que Aristides, já que era ele o homem solicitado, escreveu devidamente o próprio nome como lhe fora pedido (Aristides 7.6). Um conto edificante, mas o meu interesse centra-se no gosto que os historiadores manifestam em uceitá-lo como verídico, dele retirando amplas conclusões iuvrca de Aristides, acerca do ostracismo e da democracia ate-