PORTUGUÊS
Aulas
1 Pontuação
37 e 38 O estudo das regras de pontuação pressupõe o conhecimento da sintaxe. Para isso, o aluno deverá rever os períodos simples e composto. Os exames modernos têm trabalhado com questões que envolvem a interpretação e o conhecimento das regras.
Tipos de pontuação
Há três tipos de pontuação: a) sinais que indicam que a frase não foi concluída: • vírgula ( , ) • travessão ( – ) • parênteses ( ( ) ) • ponto e vírgula ( ; ) • dois-pontos ( : ) b) sinais que indicam o término do discurso ou parte dele: • ponto-simples ( . ) • ponto-parágrafo ( . ) • ponto-final ( . ) c) • • •
sinais que indicam intenção ou estado emocional: ponto de interrogação ( ? ) ponto de exclamação ( ! ) reticências (...) Exemplo do emprego estilístico da pontuação:
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo Perdeste o senso!“ E eu vos direi, no entanto, Que, para ouvi-Ias, muita vez desperto E abro as janelas, pálido de espanto... Olavo Bilac. “Via Láctea“.
Vírgula
Regra geral I A associação lógica entre as palavras pode ser concebida como um critério (regra) geral: se entre duas palavras vizinhas não houver vírgula, é porque estão em relação, em associação lógica (AB); todavia, se entre elas houver uma vírgula, é porque não estão em associação. Em suma:
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•
A B = há associação lógica. – Assisti a uma peça linda. (A)
(B)
(linda é a peça, A e B estão em associação) •
A, B = não há associação lógica – Assisti a uma peça, linda. (A)
(B)
(linda é o interlocutor, A e B não estão em associação) A regra geral descrita explica a ausência da vírgula entre certos termos da oração, por exemplo: a) não há vírgula entre sujeito e predicado, pois estão em associação lógica; b) não há vírgula entre verbo e objeto, pois estão em associação lógica; c) não há vírgula entre o adjunto adnominal e o núcleo, pois estão em associação lógica; d) não há vírgula entre o nome (substantivo abstrato, adjetivo ou advérbio) e o seu complemento, pois estão em associação lógica. Por ser uma regra geral, convém observar as demais regras. Regra geral II A intercalação também será tratada como regra geral, por isso convém observar algumas exceções – as orações subordinadas adjetivas restritivas intercaladas, por exemplo, não recebem vírgula (vide item das subordinadas no Caderno 2). A intercalação pode ser traduzida como uma interrupção sintática; a ordem natural [sujeito + verbo + objeto (+ adjunto adverbial)] tem sua sequência interrompida por uma palavra, expressão, oração etc. Se retirarmos o termo intercalado, a sequência natural será recuperada. O termo intercalado receberá duas vírgulas (uma antes e outra depois). Veja os principais casos: 1. conjunção intercalada: Não trabalham; querem, todavia, ganhar muito. 2. adjunto adverbial intercalado: Vi, na semana passada, o fogo amigo. 3. oração intercalada: – José, disse o artesão, você já morreu para o povo!
Aulas
37 e 38 4. aposto explicativo intercalado: Aldo Rebelo, o deputado comunista, foi presidente da UNE. 5. predicativo do sujeito: O ambiente, tenso e tétrico, expulsava os convidados. 6. expressões de caráter explicativo: As palavras, por exemplo, são eternas.
Emprego das reticências
e expressões de caráter explicativo, sobretudo se o período já contiver um bom número de vírgulas.
Emprego das aspas 1. 2. 3. 4. 5.
No início e no fim de uma citação; Para indicar um estrangeirismo; Para indicar um neologismo; Para enfatizar o valor significativo de uma palavra; Para indicar uma ironia da enunciação.
As reticências são utilizadas para indicar pensamento incompleto, omissão de partes de um texto, interrupção da fala ou do pensamento, hesitação da personagem, interrupção da narrativa a fim de que o leitor dê asas à imaginação.
Emprego dos dois-pontos
Emprego dos parênteses
Emprego do ponto e vírgula
Os parênteses são empregados para indicar, principalmente, um comentário, uma reflexão, uma informação acessória, uma explicação, uma observação, uma nota emocional. Observa-se, ainda, o seu emprego em referências a datas, indicações bibliográficas e indicações cênicas.
Emprego do travessão
O travessão é indicado para introduzir o discurso direto, para isolar palavras ou frases, para realçar uma conclusão, para substituir as vírgulas em frases
Os dois-pontos podem introduzir o discurso direto, um comentário, um esclarecimento, uma enumeração. Em requerimentos, colocam-se os dois-pontos (ou a vírgula) após o vocativo. O ponto e vírgula, segundo Celso Cunha, é um sinal intermediário entre a vírgula e o ponto; equivale a um ponto reduzido ou a uma vírgula mais alongada. Veja alguns empregos: 1. separar orações de mesma natureza, que possuem certa extensão; 2. separar partes do período, que se apresentam subdivididos por vírgula; 3. separar uma enumeração de itens (listas, leis, decretos, portarias etc.).
Exercícios de Sala 1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Enem 2009
A partida Acordei pela madrugada. A princípio com tranquilidade, e logo com obstinação, quis novamente dormir. Inútil, o sono esgotara-se. Com precaução, acendi um fósforo: passava das três. Restava-me, portanto, menos de duas horas, pois o trem chegaria às cinco. Veio-me então o desejo de não passar mais nem uma hora naquela casa. Partir, sem dizer nada, deixar quanto antes minhas cadeias de disciplina e de amor. Com receio de fazer barulho, dirigi-me à cozinha, lavei o rosto, os dentes, penteei-me e, voltando ao meu quarto, vesti-me. Calcei os sapatos, sentei-me um instante à beira da cama. Minha avó continuava dormindo. Deveria fugir ou falar com ela? Ora, algumas palavras... Que me custava acordá-la, dizer-lhe adeus?
No texto, o personagem narrador, na iminência da partida, descreve a sua hesitação em separar-se da avó. Esse sentimento contraditório fica claramente expresso no trecho: Alternativa: E. (a) “A princípio com tranquilidade, e logo com obstinação, quis novamente dormir” (linhas 1-2). (b) “Restava-me, portanto, menos de duas horas, pois o trem chegaria às cinco” (linhas 4-5). (c) “Calcei os sapatos, sentei-me um instante à beira da cama” (linhas 11-12). (d) “Partir, sem dizer nada, deixar quanto antes minhas cadeias de disciplina e amor” (linhas 7-8). (e) “Deveria fugir ou falar com ela? Ora, algumas palavras...” (linha 13) A interrogação e o emprego das reticências indicam a hesitação do narrador em separar-se da avó.
O. Lins. “A partida”. In: Melhores contos. Seleção e prefácio de Sandra Nitrini. São Paulo: Global, 2003.
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Aulas
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UFPA 2012
Impávida clava forte Quem não conhecia a cantora Vanusa, ou não se lembrava dela, agora já a conhece e tem motivos para dela não mais se esquecer. Ela fez seu triunfal ingresso, ou retorno, à fama com uma interpretação do Hino Nacional que circula amplamente na internet. Para os poucos que ainda não viram o vídeo, feito durante uma cerimônia na Assembleia Legislativa paulista, a cantora, cuja voz arrastada, de tonalidades sonambúlicas, já fazia suspeitar de algo errado desde o início, a certa altura se atrapalha de vez e faz a melodia descasar-se sem remédio da letra, e a letra por sua vez livrar-se da sequência em que foi composta, a terra mais garrida estranhando-se com o Sol do Novo Mundo, o gigante pela própria natureza irrompendo em lugar que nunca antes frequentara. O braço forte ganhou reforços, e virou braços fortes. O berço esplêndido transmudou-se em verso esplêndido. E, na mais estonteante estocada na estabilidade das estrofes, entoou: “És belo és forte és risonho límpido se em teu formoso risonho e límpido a imagem do Cruzeiro” – assim mesmo, não só deslocando ou pulando palavras, como terminando abruptamente na palavra “Cruzeiro”, desprovida do socorro do “resplandece”. A performance de Vanusa passa de computador a computador para fazer rir. Este artigo tem por objetivo defendê-la. Que atire a primeira pedra quem nunca confundiu os versos de ida (“Ouviram do Ipiranga” etc.) com os da volta (“Deitado eternamente em berço esplêndido”). Que só continue a ridicularizar a cantora quem nunca removeu os raios fúlgidos para o lugar do raio vívido, ou vice-versa. Vanusa disse que estava sob efeito de remédios, daí seus atropelos. Não há dúvida, pelo andar hesitante de seu desempenho, e pelo tom resmungado da voz, de que estava fora de controle. É pena. Fosse deliberada, e interpretada com arte, sua versão do hino teria dois altos destinos. Primeiro, iria se revestir do caráter de uma variação, interessante por ser uma espécie de comentário à composição tal qual a conhecemos. Não seria uma variante tão bela como a Grande Fantasia Triunfal sobre o Hino Nacional Brasileiro, de Gottschalk, mas teria seus encantos. Segundo, assumiria a feição de uma leitura crítica do hino. Serviria para mostrar, com a insistente troca de palavras e de versos, como a letra é difícil, e extrairia um efeito cômico – deliberadamente cômico – das confusões que pode causar na mente de quem a entoa. O inglês Lewis Carroll (1832-1898), autor de Alice no País das Maravilhas, criador do Chapeleiro Maluco e da festa de desaniversário, levou seu gosto pelo absurdo para a criação de um poema feito de palavras inventadas que se
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alternam com outras existentes, e cuja bonita sonoridade 50 contrasta com o enigma de um significado impossível de ser alcançado. O poema chama-se Jabberwocky, e jabberwocky, em inglês, passou a significar um texto brincalhão, composto em linguagem inventada, mas parecendo real, sonora e sem sentido. Uma tradução do Jabberwocky 55 para o português, do poeta Augusto de Campos, começa assim: “Era briluz. As lesmolisas touvas / Roldavam e relviam nos gramilvos. / Estavam mimsicais as pintalouvas / E os momirratos davam grilvos”. Não. Não é que o Hino Nacional seja exatamente 60 um jabberwocky. Não há nele palavras inventadas. Mas a combinação dos raios fúlgidos com o penhor dessa igualdade, do impávido colosso com o florão da América e do lábaro estrelado com a clava forte tem tudo para produzir um efeito jabberwocky para a multidão de brasileiros com 65 ouvidos destreinados para os preciosismos parnasianos. A presença de palavras familiares no meio de outras estranhas, como no jabberwocky, confere a certeza de que caminhamos num terreno conhecido – no nosso caso, a língua portuguesa; no do jabberwocky original, a língua 70 inglesa. Ao mesmo tempo, o inalcançável significado das palavras nos transfere para um universo em que a realidade se perde numa nebulosa onírica. Já houve, e ainda deve haver, movimentos para mudar a letra do Hino Nacional. Não, por favor, não – seria uma pena. Seu caráter 75 jabberwocky lhe cai bem. Se à sonoridade das palavras se contrapõe um misterioso significado, tanto melhor: o hino fica instigante como encantamento de fada, e impõe respeito como reza em latim. Vanusa devia aproveitar a experiência e a reconquistada fama para aprimorar uma 80 versão cara limpa, sem voz arrastada nem tons sonambúlicos, de sua interpretação. Ela explicita como nenhuma outra o charme jabberwocky da letra de Osório Duque Estrada. Roberto Pompeu de Toledo. Veja, 23 set. 2009, p. 150.
Em relação aos trechos seguintes e respectivos comentários, a única alternativa incorreta é: Alternativa: C. (a) Em “O braço forte ganhou reforços, e virou braços fortes.” (linhas 14-15), a supressão da vírgula não comprometeria a coerência do texto. (b) Em “E, na mais estonteante estocada na estabilidade das estrofes, entoou: ‘És belo és forte és risonho límpido se em teu formoso risonho e límpido a imagem do Cruzeiro’ – assim mesmo, não só deslocando ou pulando palavras, como terminando abruptamente...” (linhas 17-21), os sinais gráficos dois pontos, aspas (simples) e travessão indicam enunciados de autoria diversa.
Aulas
Exercício 2. A única incorreta é a alternativa c, pois a vírgula que antecede o termo “daí” assinala o início da frase que estabelece uma conclusão sobre o que foi mencionado anteriormente e, não a mudança do enunciador.
(c) Em “Vanusa disse que estava sob efeito de remédios, daí seus atropelos.” (linhas 30-31), a vírgula marca a mudança de enunciador, uma vez que o trecho “daí seus atropelos” é um julgamento do autor do texto sobre o que disse Vanusa. (d) Em “Não. Não é que o Hino Nacional seja exatamente um jabberwocky. Não há nele palavras inventadas.” (linhas 59-60), o ponto após “jabberwocky” marca o encadeamento entre uma afirmação (“Não é que o Hino Nacional seja exatamente um jabberwocky”) e uma explicação (“Não há nele palavras inventadas”), haja vista que esse ponto poderia ser substituído por uma vírgula seguida de “pois”. (e) Em “Se à sonoridade das palavras se contrapõe um misterioso significado, tanto melhor: o hino fica instigante como encantamento de fada, e impõe respeito como reza em latim.” (linhas 75-78), os dois pontos têm a função de introduzir uma explicação ao que foi dito anteriormente. 3 Fuvest 2008 (Adapt.) Em janeiro de 1935, um grupo de turistas pernambucanos passeava de carro quando deu de cara com Lampião e seu bando. Revirando a bagagem do grupo, um cangaceiro encontrou uma Kodak e entregou ao chefe, que perguntou a quem ela pertencia. Apavorado, um deles levantou o dedo. “Quero que o senhor tire o meu retrato”, disparou o “rei do cangaço”, pondo-se a posar. O homem, esforçando-se, bateu uma chapa, mas avisou: “Capitão, esta posição não está boa”. Dando um salto e caindo de pé, Lampião perguntou: “E esta? Está melhor?” Outra foto foi feita. Quando libertava os turistas, após pilhá-los, o “fotógrafo” de ocasião indagou-lhe como podia enviar as imagens. “Não é preciso. Mande publicar nos jornais”, disse o cangaceiro. Carlos Haag. Pesquisa Fapesp.
No texto, as aspas em “rei do cangaço” e “fotógrafo” foram empregadas pelo mesmo motivo? Justifique sua resposta. A expressão “rei do cangaço” é uma antonomásia dada ao cangaceiro pela mídia, uma espécie de citação de um termo empregado há anos por muita gente. O termo “fotógrafo” recebe aspas em função de uma ironia, já que se trata de uma das vítimas que foi obrigada a tirar as fotos depois do assalto,
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Observe o texto a seguir. Alternativa: E.
Assinale a alternativa incorreta. (a) As interrogações observadas na placa exemplificam linguisticamente os efeitos de um problema de memória. (b) As interjeições presentes no texto traduzem uma reação emocional do enunciador diante do próprio esquecimento. (c) O ponto-final que segue o verbo “esquecer” poderia ser trocado por um ponto de exclamação, pois o contexto permite isso. (d) O uso das reticências está ligado a fatores psicológicos; trata-se de uma interrupção. (e) Os dois-pontos foram mal empregados, o correto seria o travessão. Exercício 4. Os dois-pontos estão corretos,
pois são seguidos de uma enumeração, um esclarecimento do que se precisa.
5 ITA 2008 Os excertos a seguir foram extraídos de uma etiqueta de roupa. Assinale a opção que não apresenta erro quanto ao emprego da vírgula. Alternativa: E. (a) Para a secagem, as peças confeccionadas com cores claras e escuras, devem ser estendidas sempre com a cor clara para cima para evitar manchas. (b) Cuidado com produtos como esmalte, acetona, água oxigenada, tintura para cabelo, produtos para o rosto entre outros, pois, podem manchar as peças. (c) Produtos à base de cloro como água sanitária e água de lavadeira, atacam o corante desbotando o tecido. (d) Peças 100% algodão, não devem ser lavadas com peças que contêm poliéster, pois podem soltar bolinhas e estas se depositam sobre as fibras naturais. (e) Na lavagem, não misturar peças de cor clara com as de cor escura. GUIA DE ESTUDO
ou seja, não era fotógrafo.
Português / Livro 3 / Frente 1 / Capítulo 13 I. Leia as páginas de 7 a 12. II. Faça os exercícios de 1 a 5 da seção “Revisando”. III. Faça os exercícios propostos 3, 5, 10, 13, 17 e 24. Exercício 5. Nas alternativas A, C e D, a vírgula está separando os sujeitos dos respectivos predicados. Já na alternativa B, a expressão “entre outros” deveria estar isolada entre vírgulas.
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PORTUGUÊS
Aulas
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Colocação pronominal
Nestas aulas, será estudada a colocação dos pronomes oblíquos átonos. A dificuldade do brasileiro ocorre, sobretudo, no emprego da mesóclise (rara na linguagem oral) e no uso da ênclise (em função de os critérios fonéticos estarem mais ligados ao português de Portugal). Quanto à próclise, mesmo em situação informal, o brasileiro erra muito pouco. Observe os exemplos a seguir: – Me passa o cinzeiro. (coloquial) – Passa-me o cinzeiro. (culto) Os pronomes oblíquos átonos são os seguintes: me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes. As três posições de colocação dos oblíquos são: a) próclise: antes do verbo. Não me avisaram do ocorrido. b) mesóclise: meio do verbo. Dar-te-ei pérolas de geleia. c) ênclise: depois do verbo. Diz-me quem és, criatura!
Emprego da próclise
A gramática normativa toma como critério a ocorrência de determinados elementos gramaticais para que haja a próclise. Seguem os elementos gramaticais que atraem o pronome para antes do verbo: a) partícula negativa e pronome indefinido; b) pronome relativo e conjunção subordinativa; c) pronomes demonstrativos e advérbios; Obs.: Se o advérbio for seguido de pausa, teremos a ênclise. d) orações interrogativas e exclamativas (optativas); e) gerúndio e infinitivo flexionado precedidos de preposição.
Emprego da mesóclise
A mesóclise só é possível com o futuro do presente e com o futuro do pretérito; o fato de ser futuro, contudo, não garante a mesóclise. É preciso observar alguns fatores: a) com o futuro do presente Não precedido de palavra atrativa (negação, advérbio etc.), no início do período ou da oração, o futuro do presente exigirá mesóclise. – Entregar-te-ei os meus pulmões para que grites.
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b) com o futuro do pretérito Não precedido de palavra atrativa (negação, advérbio etc.), no início do período ou da oração, o futuro do pretérito exigirá mesóclise. – Oferecer-me-ia se me conhecesse. Atente, todavia, para duas situações: 1. precedido de palavra atrativa: próclise; 2. no meio do período, sem palavra atrativa: próclise ou mesóclise.
Emprego da ênclise
a) Quando o verbo é precedido de pausa (início de período, vírgula, ponto, ponto e vírgula). b) Com infinitivo impessoal: precedido de preposição ou negação, pode haver próclise ou ênclise; a ênclise é, todavia, obrigatória, se o pronome for o(s) ou a(s), e o infinitivo vier regido da preposição “a”: – Comecei a amá-la. c) Com imperativo. d) Com gerúndio, desde que não precedido de preposição.
Colocação pronominal nas locuções verbais
Não há ênclise ao particípio; havendo palavra atrativa, não é possível a colocação do pronome no meio da locução (qualquer que seja a locução: com infinitivo, gerúndio ou particípio). • Tenho-o trazido sempre. • Que se teria passado?
Aulas
39 e 40
Exercícios de Sala 1
UFRGS 2010 Leia o texto a seguir.
Eu troteava, nesse tempo. De uma feita que viajava de escoteiro, com a guaiaca empanzinada de onças de ouro, vim varar aqui neste mesmo passo, por me ficar mais perto da estância onde devia pousar. Parece que foi ontem! Era 5 fevereiro; eu vinha abombado da troteada. Olhe, ali, à sombra daquela mesma reboleira de mato que está nos vendo, desencilhei; e estendido nos pelegos, a cabeça no lombilho, com o chapéu sobre os olhos, fiz uma sesteada morruda. Despertando, ouvindo o ruído manso da água fresca 10 rolando sobre o pedregulho, tive ganas de me banhar; até para quebrar a lombeira... E fui-me à água que nem capincho!... Depois, daquela vereda andei como três léguas, chegando à estância cedo, obra assim de braça e 15 meia de sol. Ah! Esqueci de dizer-lhe que andava comigo um cachorrinho brasino, um cusco muito esperto e boa vigia. Era das crianças, mas às vezes dava-lhe para acompanhar-me, e depois de sair da porteira, nem por nada fazia caravolta, 20 a não ser comigo. Durante a troteada reparei que volta e meia o cusco parava na estrada e latia, e troteava sobre o rastro – parecia que estava me chamando! Mas como eu não ia, ele tornava a alcançar-me, e logo recomeçava... Pois nem lhe conto! Quando botei o pé em terra na 25 estância e já dava as boas tardes ao dono da casa, aguentei um tirão seco no coração... não senti o peso da guaiaca! Tinha perdido as trezentas onças de ouro. E logo passou-me pelos olhos um clarão de cegar, de 30 pois uns coriscos... depois tudo ficou cinzento... De meio assombrado me fui repondo quando ouvi que indagavam: – Então, patrício? Está doente? – Não senhor, não é doença; é que sucedeu-me uma desgraça; perdi uma dinheirama do meu patrão... – A la fresca! 35 – É verdade... antes morresse que isso! Nisto o cusco brasino deu uns pulos ao focinho do cavalo, como querendo lambê-lo. E logo correu para a estrada, aos latidos. E olhava- me, e vinha e ia, e 40 tornava a latir... 1
Simões Lopes Neto. “Trezentas onças”. In: P. Betancur. (Org.). Obra completa de Simões Lopes Neto. Porto Alegre: Sulina, 2003, p. 307-8. (Adapt.).
1. por me ficar mais perto (linhas 3-4) – por ficar mais perto para eu 2. dizer-lhe (linha 16) – dizer para o senhor 3. dava-lhe (linha 18) – dava a ele Quais são gramaticalmente corretas e contextualmente adequadas? Alternativa: B. (a) Apenas 1. (b) Apenas 2. (c) Apenas 3. (d) Apenas 1 e 2. (e) 1, 2 e 3. 2 Insper 2007 Em relação aos verbos, os pronomes átonos podem situar-se em três posições: próclise, mesóclise e ênclise. Indique a alternativa em que a colocação pronominal não está de acordo com a norma culta. Alternativa: E. (a) Haviam-no procurado por toda parte. (b) Quem nos dará as razões? (c) Recusei a ideia que me apresentaram. (d) Far-lhe-ei um favor. (e) Jamais enganar-te-ia dessa maneira. 3 Enem 2000 O uso do pronome átono no início das frases é destacado por um poeta e por um gramático nos textos a seguir. Pronominais Dê-me um cigarro Diz a gramática Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco da Nação Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro Oswald de Andrade. Seleção de textos. São Paulo: Nova Cultural, 1988.
Iniciar a frase com pronome átono só é lícito na conversação familiar, despreocupada, ou na língua escrita quando se deseja reproduzir a fala dos personagens [...]. Domingos Paschoal Cegalla. Novíssima gramática da língua portuguesa. São Paulo: Nacional, 1980.
Considere as seguintes propostas de substituição de pronomes átonos em segmentos do texto.
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Aulas
39 e 40 Comparando a explicação dada pelos autores sobre essa regra, pode-se afirmar que ambos: Alternativa: E. (a) condenam essa regra gramatical. (b) acreditam que apenas os esclarecidos sabem essa regra. (c) criticam a presença de regras na gramática. (d) afirmam que não há regras para uso de pronomes. (e) relativizam essa regra gramatical. Considere o seguinte excerto.
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Se o nosso amor morrer Sem o carinho Que me satisfaz Almir Guineto/Mazinho Xerife/Carlos Senna. “À distância“. Intérprete: Zeca Pagodinho. In: Samba pras moças. Rio de Janeiro: Universal Music, 1995.
a) O conectivo “se” (primeira linha) obedece à norma culta? Justifique.
b) Se a frase fosse “Em desalinho, se torna minha paz”, a colocação pronominal atenderia à norma? Justifique.
Não, pois a pausa (a vírgula) exigiria a ênclise: “Em desalinho, torna-se [...]“.
6 Leia o texto a seguir, atente para a colocação pronominal. Eu a encontrarei, tenho certeza de que todos nós a veremos forte, viva; dessa forma, eles a visitarão e farão uma homenagem à mulher mais importante do mundo: a mãe.
a) Empregue a forma mesoclítica em todas as ocorrências do pronome “a”. Eu encontrá-la-ei... nós vê-la-emos... eles visitá-la-ão...
Sim, pois trata-se de conjunção e não de pronome oblíquo átono.
b) O pronome oblíquo “me” (terceira linha) obedece à norma culta, a próclise é obrigatória; o que atrai esse pronome para antes do verbo? Seu emprego na canção coincide com o uso em linguagem oral por parte da população em geral?
b) Por ser tratar de um texto em que se observa a função emotiva, qual seria a melhor redação (com mesóclise ou sem mesóclise)? A mesóclise não seria adequada, deixaria o texto gramaticalmente pomposo, o que não combina com o que é dito.
O que atrai o pronome é o relativo “que”. O emprego da próclise é de uso popular; neste caso, norma culta e uso popular estão em sintonia.
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Leve em consideração a seguinte passagem: Em desalinho se torna minha paz Dói em mim entregar Sucumbir, nem sonhar Almir Guineto/Mazinho Xerife/Carlos Senna. “À distância“. Intérprete: Zeca Pagodinho. In: Samba pras moças. Rio de Janeiro: Universal Music, 1995.
a) As gramáticas recomendam empregar a vírgula no adjunto adverbial que inicia a frase (“Em desalinho”). A ausência da pontuação pode ser considerada um erro na letra? Justifique. A ausência da pontuação, neste caso, se dá para aproximar
o verso da linguagem oral; por isso o autor possui a licença poética em sua defesa.
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Exercício 1. A única substituição correta seria a 2. Na primeira referência, a preposição “para” demanda o uso do pronome pessoal oblíquo tônico “mim”. Na terceira referência, a troca, além de ser responsável pela eliminação da linguagem regional, gera uma incorreção. Exercício 2. O advérbio “jamais” é fator de próclise para o pronome. Exercício 3. Em ambos os casos, os autores chamam a atenção para o uso do pronome átono no início da frase em situação de oralidade, coloquialidade.
GUIA DE ESTUDO Português / Livro 3 / Frente 1 / Capítulo 14 I. Leia as páginas de 26 a 28. II. Faça os exercícios de 1 a 3, 9 e 10 da seção "Revisando". III. Faça os exercícios propostos 2, 14, 19, 20, 22, 23 e 25.
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Aulas
Ortografia
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Na maioria das vezes, o erro de ortografia não interfere na mensagem, porém prejudica a imagem do enunciador, pois é bastante perceptível. A melhor forma de estudar é por meio de exercícios de fixação. O aluno pode, inclusive, refazer os que foram resolvidos em sala de aula, visto que a memorização é necessária. Quando possível, deve-se utilizar o raciocínio: se “análise” é com “s”, “analisar” também será (o radical da palavra primitiva possui “s”).
•
Não há hífen se o prefixo terminar em vogal e o segundo elemento começar por r ou s. Neste caso, duplicam-se essas letras: antirracismo, antirreligioso, antissocial.
•
Quando o prefixo termina por vogal, emprega-se o hífen se o segundo elemento começa pela mesma vogal: anti-imperialista, auto-observação, contra-almirante.
Nomenclatura
•
Quando o prefixo termina por consoante, emprega-se o hífen se o segundo elemento começa pela mesma consoante: inter-racial, sub-bibliotecário, super-racista, super-resistente. Exceções: Nos demais casos, não se usa o hífen: hipermercado, intermunicipal, superinteressante, superproteção. Com o prefixo sub-, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r: sub-região, sub-raça. Com os prefixos circum- e pan-, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano, circum-murados.
•
Quando o prefixo termina por consoante, não se emprega o hífen se o segundo elemento começa por vogal: hiperacidez, interescolar, superamigo, superinteressante.
•
Com os prefixos além-, aquém-, ex-, sem-, recém-, pós-, pré-, pró-, emprega-se sempre o hífen: além-túmulo, aquém-mar, ex-aluno, pós-graduação, pré-história, pró-europeu, recém-nascido, sem-terra.
•
Com os prefixos pre- e re- não se emprega hífen (mesmo se a palavra seguinte começar por e): preexistente, reescrever.
•
No emprego dos prefixos ab-, ob-, ad-, haverá hífen se a palavra seguinte começar por b, d e r: ad-renal, ob-rogar, ad-digital.
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Não se emprega o hífen em palavras formadas por quase ou não: – O que se viu foi um quase delito. – Houve um pacto de não agressão.
• • •
• •
Sinônimos: palavras que se assemelham no sentido. Antônimos: palavras que se opõem quanto ao sentido. Homônimos: palavras que possuem o mesmo nome; denominam-se homônimos perfeitos os vocábulos que são iguais no som (homófonos) e iguais na escrita (homógrafos). Heterônimos: nomes diferentes atribuídos a uma mesma pessoa. Parônimos: palavras semelhantes no som e/ou na escrita (caça/cassa).
A Reforma Ortográfica
Resumo básico: regras do hífen •
•
•
Com prefixos, usa-se sempre o hífen diante de palavra iniciada por h: anti-heroico, co-herdeiro, super-homem, ultra-humano. Exceção: inábil (a palavra hábil perde o h).
Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal diferente da vogal que inicia o segundo elemento: aeroespacial, agroindustrial, antiaéreo, antieducativo, coautor, infraestrutura. Exceção: o prefixo co- aglutina-se, em geral, com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigar, coobrigação, coordena. Não há hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por consoante diferente de r ou s: antipedagógico, autopeça, coprodução, geopolítica. Exceção: Com o prefixo vice-, usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice-almirante etc.
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Aulas
41 e 42 Com o prefixo mal, emprega-se hífen se a palavra seguinte começar por vogal, h ou l: mal-entendido, mal-humorado, mal-limpo. Exceção: O prefixo bem deve ser separado por hífen sempre que se ligar a um elemento que possui existência autônoma na língua: bem-aventurado, bem-casado, bem-educado, bem-vindo, bem-humorado. Mas há casos mais delicados, como as grafias bem-feito, benfeito e bem feito. Recomenda-se usar benfeito como substantivo, bem-feito como adjetivo, e bem feito como interjeição (ex.: Bem feito para o José!).
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Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani: açu, guaçu e mirim: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu.
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Emprega-se o hífen para ligar duas ou mais palavras que formam encadeamentos vocabulares: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo. O prefixo co- junta-se com o segundo elemento, mesmo quando este iniciar por o ou h (neste caso, corta-se o h). Se a palavra seguinte começar por r ou s, dobram-se essas letras: cosseno, coeditar, cofundador, coerdeiro, coobrigação.
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Uso do hífen nos compostos • Usa-se hífen nas palavras compostas que não empregam elementos de ligação: guarda-civil, arco-íris, quarta-feira, porta-joias, pão-duro. Exceção: Não se usa o hífen em palavras que perderam a noção de composição, como mandachuva, girassol, paraquedista, paraquedismo e pontapé.
Entretanto, para-brisa, para-choque e para-lama recebem hífen. •
Usa-se hífen em compostos de palavras iguais ou quase iguais: zum-zum, reco-reco, corre-corre, pingue-pongue, zigue-zague.
•
Usa-se hífen nos compostos em que há o emprego da apóstrofe: pé-d’água, gota-d’água.
•
Usa-se hífen nos compostos indicadores de espécies animais ou botânicas, com ou sem elementos de ligação: peroba-do-campo, bem-te-vi, erva-doce, cravo-da-índia. Exceção: Não se emprega hífen quando esse tipo de composto assume outro sentido, que não o de origem: olho-de-boi (peixe), olho de boi (selo postal).
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Não se usa hífen em compostos que empregam elementos de ligação e que possuem base oracional: ponto e vírgula, camisa de força, cara de pau, pé de moleque, maria vai com as outras, diz que diz, Deus me livre. Exceções: água-de-colônia, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, à queima-roupa. Observação: Se no final da linha a partição de uma palavra ou combinação de palavras coincidir com o hífen, este deve ser repetido na linha seguinte: Hoje, em todo o território nacional, conta-se com uma grande ajuda dos intelectuais.
Exercícios de Sala 1
Observe a ilustração a seguir.
a) Qual é a interpretação que temos da frase contida na placa? A frase poderia ser interpretada como um apelo, uma reivindicação: protesta-se em relação à abertura de vagas.
b) Reescreva a frase de três maneiras: duas versões que seriam aceitas em norma culta e uma versão coloquial.
1. Não há vagas. 2. Não existem vagas. (aceitas em norma culta) / 1. Não têm vagas. (coloquial)
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41 e 42 c) O que motivou o erro de ortografia?
O fato de não haver diferença na pronúncia entre o artigo definido “a” e o verbo haver na terceira pessoa do singular “há”.
b) Quais são as implicações do erro para a imagem de quem o cometeu? Dê outra palavra como exemplo que atenda à mesma regra. O enunciador passa a agregar uma imagem negativa, de falta de competência no uso da língua, mesmo que o erro não prejudique a compreensão do texto; o fato é que a sociedade pune
2
Observe o texto a seguir.
por ser um erro de ortografia de fácil identificação; erros mais graves, como a falta de coerência, nem sempre são facilmente perceptíveis. Um exemplo semelhante a “compreensão” seria “distensão”, de distender; ou "pretensão", de pretender (final "nder" de verbos formando o substantivo com “s”).
4
Leia o diálogo a seguir.
a) Em que consiste o humor da frase?
No trocadilho entre “empoçado” e “empossado”.
b) Quais são os sentidos pretendidos? A ideia de estar na poça ou de tomar posse.
c) Qual é o nome que se dá, na gramática, a palavras parecidas na pronúncia e/ou na grafia? Parônimos.
3
Leia o cartaz a seguir.
Atenção:
esas é a contenção de desp missão e necessária para a ad ionários. permanência de func é produto A obsessão pelo gasto gem. lva do capitalismo se preenção. m co a Contamos com a su . cia A gerên Obs.: O Gerente.
a) Identifique o erro cometido no cartaz e faça a correção. Trata-se do vocábulo compreensão.
− _______________ é tão difícil escrever? − _______________ se lê pouco. − Esse não é o único _______________. − Não sei _______________ você insiste na pergunta. − A situação _______________ passei responde a sua pergunta. − A demissão? Mas _______________? − _______________não sabia escrever o tal do _______________!
Preencha as lacunas do texto anterior na ortografia adequada (foram empregados: por que – por quê porque – porquê). Alternativa: B. (a) porque – por que – porquê – por que – porque – por quê – porque – porquê (b) por que – porque – porquê – por que – por que – por quê – porque – porquê (c) por que – porquê – porquê – por que – por que – por que – porquê – por quê (d) por que – por quê – porquê – por que – por quê – por quê – porque – por que (e) por que – porque – por quê – por que – porque – por quê – por que – porquê
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Leia o texto a seguir. Alternativa: D.
Exercício 4. − Por quê é tão difícil escrever? − Início de frase interrogativa. − Porque se lê pouco. − Sinônimo de “pois”, empregado nas respostas. − Esse não é o único porquê. − Substantivo. − Não sei por que você insiste na pergunta. − Interrogativa indireta. − A situação por que passei responde a sua pergunta. − Preposição “por” mais o relativo “que”. − A demissão? Mas por quê? − Interrogativa no final de frase. − Porque não sabia escrever o tal do porquê! − Sinônimo de “pois”, empregado nas respostas. Substantivo. Exercício 5. A língua varia no tempo, trata-se da variante histórica.
Disponível em: .
As diferenças ortográficas em relação ao português atual, no texto anterior, apontam para uma variante da língua, denominada: (a) variante geográfica. (b) variante regional. (c) variante social. (d) variante histórica. (e) variante de situação. 6 UFPel A apresentação do primeiro projeto de lei que prevê a discriminação da maconha, ou seja, a sua legalização, faz emergir na sociedade uma discussão necessária para que seja enfrentado com lucidez o problema da utilização de drogas no Brasil. [...] a) Que palavra foi empregada indevidamente? Discriminação.
b) Que palavra deveria ser empregada? Descriminação.
c) Que passagem do texto nos leva a confirmar a inadequação? "ou seja, a sua legalização".
GUIA DE ESTUDO Português / Livro 3 / Frente 1 / Capítulo 15 I. Leia as páginas de 41 a 47. II. Faça os exercícios 5, 6 e 12 da seção “Revisando”. III. Faça os exercícios propostos 3, 6, 8, 14, 17, 25 e 31.
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Verbos I O assunto será desenvolvido em três etapas: o presente do indicativo e derivados, o pretérito perfeito e derivados e o emprego metafórico dos tempos. Os exames costumam cobrar a conjugação dos irregulares mais famosos (ver, vir, ter, entre outros), o paralelismo entre os verbos (combinação dos tempos) e a troca de tempos como efeito de sentido (emprego metafórico).
As flexões do verbo
43 e 44 Modos e tempos Presente: canto Imperfeito: cantava
Pretérito
Indicativo
Perfeito
O verbo admite dois números: singular e plural. do presente
Pessoa
Simples: cantei Composto: tenho cantado
Mais-que-perfeito
Número
Simples: cantara Composto: tinha cantado
Simples: cantarei Composto: terei cantado
Futuro
O verbo possui três pessoas relacionadas diretamente com a pessoa gramatical: • primeira pessoa (aquela que fala) = eu, nós. • segunda pessoa (a quem se fala) = tu, vós. • terceira pessoa (de quem/que se fala) = ele, ela, eles, elas.
do pretérito
Simples: cantaria Composto: teria cantado
Presente: cante Imperfeito: cantasse Pretérito
Modo
São as diferentes formas que o verbo toma para indicar uma atitude. • indicativo: exprime, de modo geral, certeza. – Os cômodos são ridiculamente pequenos! • subjuntivo: exprime, de modo geral, possibilidade, dúvida. – Talvez haja paz. • imperativo: exprime sugestão, conselho, pedido, ordem. – Sosseguem a alma.
1
Perfeito: tenha cantado Mais-que-perfeito: tivesse cantado
Subjuntivo Futuro
Simples: cantar Composto: tiver cantado
Vozes do verbo
O fato expresso pelo verbo pode ser representado de três formas: a) praticado pelo sujeito: voz ativa.
Tempo Enunciação Momento em que o texto é produzido
b) sofrido pelo sujeito: voz passiva. Ação anterior a
Pretérito
Ação concomitante a Ação posterior a
Presente
Futuro
O presente é indivisível, mas o pretérito e o futuro subdividem-se.
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43 e 44 c) praticado e sofrido pelo sujeito: voz reflexiva.
b) Imperativo afirmativo: • segundas pessoas: conjugar as segundas pessoas do presente do indicativo e tirar a letra “s”; • demais pessoas: igual ao presente do subjuntivo. c) Imperativo negativo: • igual ao presente do subjuntivo, antecedido pelo advérbio “não”.
Classificação dos verbos
Quanto à flexão, os verbos podem ser regulares, irregulares, anômalos, defectivos ou abundantes.
Função dos verbos
O verbo pode exercer a função de auxiliar ou de principal.
Acento tônico
Pres. indicativo
Imp. afirmativo
Pres. subjuntivo
Imp. negativo
eu sonho
...................
que eu sonhe
...................
tu sonha (-s) →
sonha (tu)
que tu sonhes →
não sonhes (tu)
ele sonha
sonhe (você) ←
que ele sonhe →
não sonhe (você)
não nós sonhamos sonhemos (nós) ← que nós sonhemos → sonhemos (nós) que vós sonheis →
não sonheis (vós)
sonhem (vocês) ← que eles sonhem →
não sonhem (vocês)
Em relação ao acento tônico, podemos ter as formas rizotônicas (acento recai no radical) e as formas arrizotônicas (acento recai fora do radical).
vós sonhai (-s) →
Presente do indicativo e tempos derivados
Tabela do imperativo.
eles sonham
sonhai (vós)
a) Presente do subjuntivo (que eu...): • terminação AR: e, es, e, emos, eis, em; • terminação ER/IR: a, as, a, amos, ais, am.
Exercícios de Sala Texto para as questões 1 e 2. Monsenhor Caldas interrompeu a narração do desconhecido: — Dá licença? é só um instante. Levantou-se, foi ao interior da casa, chamou o preto velho que o servia, e disse-lhe em voz baixa: — João, vai ali à estação de urbanos, fala da minha parte ao comandante, e pede-lhe que venha cá com um ou dois homens, para livrar-me de um sujeito doido. Anda, vai depressa. E, voltando à sala: — Pronto, disse ele; podemos continuar. — Como ia dizendo a Vossa Reverendíssima, morri no dia vinte de março de 1860, às cinco horas e quarenta e três minutos da manhã. Tinha então sessenta e oito anos de idade. Minha alma voou pelo espaço, até perder a Terra de vista, deixando muito abaixo a Lua, as estrelas
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e o Sol; penetrou finalmente num espaço em que não havia mais nada, e era clareado tão-somente por uma luz difusa. Continuei a subir, e comecei a ver um pontinho mais luminoso ao longe, muito longe. O ponto cresceu, fez-se Sol. Fui por ali dentro, sem arder, porque as almas são incombustíveis. A sua pegou fogo alguma vez? — Não, senhor. — São incombustíveis. Fui subindo, subindo; na distância de quarenta mil léguas, ouvi uma deliciosa música, e logo que cheguei a cinco mil léguas, desceu um enxame de almas, que me levaram num palanquim feito de éter e plumas. Machado de Assis. “A segunda vida”. In: Obras Completas, v. 2, p. 440.
1 UFSCar 2007 O imperativo utilizado por Monsenhor Caldas, ao dar as ordens ao preto velho, emprega: Alternativa: D.
Aulas
43 e 44 (a) (b) (c) (d) (e)
uma forma indireta. a terceira pessoa do singular. a primeira pessoa do plural. a segunda pessoa do singular.
25 que
manda nos homens... Fiquei meio tonto. E se o Sr. visse os modos que tem com os bichinhos?! ... Parece que está falando com eles e que os entende... [...] Visconde de Taunay. Inocência. São Paulo: Ática, 2011.
a segunda pessoa do plural
2 Na passagem “porque as almas são incombustíveis”, o presente do indicativo no trecho citado possui valor: Alternativa: D. (a) pontual, como numa narração de futebol ao vivo: “Messi passa para Neymar”. (b) durativo, como nos hábitos da personagem: “Geraldo vai ao jóquei todos os dias”. (c) histórico, como em “Morre em 2012 o maior arquiteto que o país conheceu”. (d) de futuro, como em “Vou ao museu amanhã”. (e) eterno ou atemporal, como na ciência: “Aliteração consiste na repetição de uma mesma consoante”. 3
um belo dia ela me pediu que lhe ensinasse a ler?... (linha 19) E se o Sr. visse os modos que tem com os bichinhos?! ... (linhas 25-26)
As formas verbais sublinhadas estão empregadas nos mesmos tempo e modo gramaticais, mas diferem pelo efeito de sentido que produzem. Identifique o tempo e o modo gramaticais comuns a essas formas e aponte aquela em que não há expressão de tempo, e sim de uma hipótese.
Ambos estão conjugados no pretérito imperfeito do subjuntivo, mas apenas “visse” expressa hipótese.
Uerj 2013 (Adapt.)
Inocência 1 Depois das explicações dadas ao seu hóspede, sentiu-se o mineiro mais despreocupado. — Então, disse ele, se quiser, vamos já ver a nossa doentinha. — Com muito gosto, concordou Cirino. 5 E, saindo da sala, acompanhou Pereira, que o fez passar por duas cercas e rodear a casa toda, antes de tomar a porta do fundo, fronteira a magnífico laranjal, naquela ocasião todo pontuado das brancas e olorosas flores. — Neste lugar, disse o mineiro apontando para o po10 mar, todos os dias se juntam tamanhos bandos de graúnas, que é um barulho dos meus pecados. Nocência gosta muito disso e vem sempre coser debaixo do arvoredo. É uma menina esquisita... Parando no limiar da porta, continuou com expansão: 15 — Nem o Sr. imagina... Às vezes, aquela criança tem lembranças e perguntas que me fazem embatucar... Aqui, havia um livro de horas da minha defunta avó... Pois não é que um belo dia ela me pediu que lhe ensinasse a ler? ... 20 Que ideia! Ainda há pouco tempo me disse que quisera ter nascido princesa... Eu lhe retruquei: E sabe você o que é ser princesa? Sei, me secundou ela com toda a clareza, é uma moça muito boa, muito bonita, que tem uma coroa de diamantes na cabeça, muitos lavrados no pescoço e
4 Fuvest 2009 Leia os seguintes versos, extraídos de uma canção de Dorival Caymmi. Balada do rei das sereias O rei atirou Foram as sereias... Sua filha ao mar Quem as viu voltar?... E disse às sereias: Não voltaram nunca! – Ide-a lá buscar, Viraram espuma Que se a não trouxerdes Das ondas do mar. Virareis espuma Das ondas do mar!
a) Aponte, na fala do rei (primeira estrofe), um efeito expressivo obtido por meio do emprego da segunda pessoa do plural.
A segunda pessoa do plural conota formalidade e antiguidade. Agrega ainda o valor do sagrado à medida que retoma um procedimento bíblico (uso do vós).
graúna: pássaro de plumagem negra, canto melodioso e hábitos eminentemente sociais; livro de horas: livro de preces; secundou: respondeu; lavrados: na Província de Mato Grosso, colares de contas de ouro e adornos de ouro e prata
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Aulas
43 e 44 b) Sem alterar o sentido, reescreva a fala do rei, passando os verbos para a terceira pessoa do plural e substituindo, por outra, a conjunção QUE.
– Vão lá buscá-la, pois, se não a trouxerem, virarão espuma das ondas do mar.
a) Nos três textos ocorrem verbos no tempo presente. Entretanto, seu uso descreve as ações de formas diferentes. Compare o uso do presente nos textos 1 e 2, e mostre a diferença. Faça o mesmo com os textos 2 e 3. Explique. No texto 1, o uso do tempo presente indica o momento da fala
(presente pontual, coincide com o momento da enunciação); no texto 2, o presente aponta para ações habituais (presente durativo). No texto 3, é usado para indicar ação que se realizará no futuro (emprego metafórico, efeito de certeza).
5 Unicamp 2009 Encontram-se, a seguir, a transcrição de parte de uma transmissão de jogo de futebol, um trecho de uma canção e uma manchete de notícia. Texto 1 Na marca de 36 minutos do primeiro tempo do jogo, pode abrir o marcador o time da Itapirense. A Esportiva precisa da vitória. Tomando posição o camisa 9 Juary. É a batida de penalidade máxima. Faz festa a torcida. Fica no centro do gol o goleiro Cléber. Partiu Juary com a bola para a esquerda, tocou, é gol. Gol da Esportiva! E o Mogi Mirim tem posse de bola agora, escanteio pela direita. 39 minutos, Juan na cobrança do escanteio para o Mogi Mirim, chutou, cruzou, cabeceia Anderson Conceição e é gol. Foi aos 39 minutos do primeiro tempo, Juan pra cobrança do lado direito, subiu, desviou de cabeça o zagueiro Anderson Conceição, bola pro fundo da rede do goleiro Brás da Itapirense. Cutucou pro fundo da rede Anderson Conceição, camisa 4. Transcrição adaptada de trecho da transmissão da partida entre Mogi Mirim Esporte Clube e Itapirense em 4 out. 2008. Disponível no Podcast "Mogi Mirim Esporte Clube". .
b) O encadeamento narrativo do texto 1 é construído pela alternância entre verbos no presente e no passado. Justifique a presença exclusiva do passado no último parágrafo, considerando que se trata de uma transmissão de jogo de futebol. No último parágrafo, o uso do pretérito perfeito justifica-se
porque, nesse momento, o locutor está repetindo a narrativa, ou seja, retomando um fato ocorrido (momento anterior ao momento da enunciação).
6
UEL (Adapt.) 2010 Leia o poema a seguir.
Alternativa: B.
Poema obsceno Façam a festa cantem e dancem que eu faço o poema duro o poema-murro sujo
Texto 2
como a miséria brasileira
Todo dia ela faz tudo sempre igual Me sacode às seis horas da manhã Me sorri um sorriso pontual E me beija com a boca de hortelã [...] Chico Buarque. "Cotidiano".
Não se detenham: façam a festa Bethânia Martinho Clementina Estação Primeira de Mangueira Salgueiro
Texto 3
gente de Vila Isabel e Madureira
Presidente visita amanhã a Estação Antártica Imprensa Nacional. Disponível em: . Acesso em: 15 fev. 2008.
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todos façam
Aulas
43 e 44 Exercício 1. Todas as formas verbais apresentam-se na segun-
a nossa festa
da pessoa do singular do imperativo afirmativo.
enquanto eu soco este pilão este surdo
Exercício 2. O fato de ser incombustível é posto como verdade
poema
eterna.
que não toca no rádio que o povo não cantará (mas que nasce dele)
Exercício 3. Ambos estão conjugados no pretérito imperfeito do
Não se prestará a análises estruturalistas
subjuntivo, mas apenas “visse” expressa hipótese.
Não entrará nas antologias oficiais Obsceno como o salário de um trabalhador aposentado o poema terá o destino dos que habitam o lado escuro do país – e espreitam. F. Gullar. Toda poesia. São Paulo: Círculo do Livro, s. d., p. 338.
Sobre o texto, considere as afirmativas a seguir. I. O verbo “socar”, aplicado ao fazer poético, revela a tendência metalinguística da poesia do autor. II. A alternância entre o imperativo afirmativo e o negativo representa a separação entre o eu lírico (eu) e o povo (todos). III. Em relação aos tempos verbais no poema, ao referir-se à “festa”, há o emprego do imperativo. Está(ão) correta(s) somente a(s) afirmativa(s): (a) I. (b) I e III. (c) II e III. (d) I, II e III. (e) nenhuma.
GUIA DE ESTUDO Português / Livro 3 / Frente 1 / Capítulo 16 I. Leia as páginas de 59 a 61 e as tabelas de conjugação a partir da página 66. II. Faça os exercícios de 1 a 4 da seção “Revisando”. III. Faça os exercícios propostos 2, 3, 6, 12, 21 e 50.
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Aulas
1 Verbos II
45 e 46 Nestas aulas, serão estudados o pretérito perfeito e derivados. O pretérito perfeito, tempo primitivo, é responsável por três outros tempos: o pretérito mais-que-perfeito do indicativo, o pretérito imperfeito do subjuntivo e o futuro do subjuntivo. É preciso ficar atento à funcionalidade do pretérito perfeito do indicativo (por oposição ao pretérito imperfeito do indicativo) e à conjugação do futuro do subjuntivo. O destaque também fica por conta do paralelismo entre os tempos verbais.
DIVULGAÇÃO
Terminação do pretérito perfeito
Derivados do pretérito perfeito
Para o aluno obter os três tempos derivados do pretérito perfeito, tira-se o “ste” da forma verbal da segunda pessoa do singular do pretérito perfeito e agregam-se as desinências de cada tempo. Veja os três tempos e as respectivas desinências. 1. Pretérito mais-que-perfeito do indicativo: ra–ras– ra–ramos–reis–ram (passado anterior a outro passado). João já sentara quando Leo chegou. ↓ (forma simples) João já tinha sentado quando Leo chegou. ↓ (forma composta) 2. Pretérito imperfeito do subjuntivo: sse–sses–sse– ssemos–sseis–ssem (uma probabilidade no presente, no passado ou no futuro). Observe a combinação desse tempo com o futuro do pretérito: Se ele viesse, eu faria a sua vontade. ↓ ↓ (imp. do subj.) (fut. do pret.)
i
ste
u
mos
stes
ram
Obs.: Cuidado com a primeira e a terceira pessoa em verbos irregulares.
Diferença entre o perfeito e o imperfeito João frequentava a aula. ↓ imperfeito: passado durativo João frequentou a aula. ↓ perfeito: passado pontual
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3. Futuro do subjuntivo: r–res–r–rmos–rdes–rem (uma possibilidade no futuro). Observe a combinação desse tempo com o futuro do presente: Se ele vier, eu farei sua vontade. ↓ ↓ (fut. do subj.) (fut. do pres.)
Aulas
45 e 46
Exercícios de Sala 1 FGV 2009 A única frase em que o verbo sublinhado está corretamente flexionado é: Alternativa: A. (a) Se nosso time reouvesse a autoconfiança, obteríamos melhores resultados. (b) Os ânimos só se acalmaram, quando eu intervi na discussão. (c) Dou-me por satisfeito, se correr quinhentos metros e transpor cinco obstáculos. (d) Todas as tardes, ela entretia-se a espiar a rua pela janela. (e) O governo tem intervido demais na economia. 2
Texto para a questão 3.
Fuvest 2009 Leia o excerto a seguir. Alternativa: C.
Assim se explicam a minha estada debaixo da janela de Capitu e a passagem de um cavaleiro, um dandy, como então dizíamos. Montava um belo cavalo alazão, firme na sela, rédea na mão esquerda, a direita à cinta, botas de verniz, figura e postura esbeltas: a cara não me era desconhecida. Tinham passado outros, e ainda outros viriam atrás; todos iam às suas namoradas. Era uso do tempo namorar a cavalo. Relê Alencar: “Porque um estudante, dizia um dos seus personagens de teatro de 1858, não pode estar sem estas duas coisas, um cavalo e uma namorada”. Relê Álvares de Azevedo. Uma das suas poesias é destinada a contar – 1851 – que residia em Catumbi, e, para ver a namorada no Catete, alugara um cavalo por três mil-réis [...] Machado de Assis. Dom Casmurro.
A professora, impaciente com o aluno, ameaça: – Se falar, sai! – Então eu canto. – Se cantar, sai também! – Então eu farei teatro. – Se fazer, sai e não volta esta semana, entendeu? – Se eu entender, também sairei?
3 a) Transcreva a passagem em que há um erro gramatical. Trata-se da forma verbal “fazer”; o correto seria “fizer”, já que se trata do futuro do subjuntivo.
As formas verbais “tinham passado” e “viriam” traduzem a ideia, respectivamente, de anterioridade e de posterioridade em relação ao fato expresso pela palavra: (a) explicam. (b) estada. (c) passagem. (d) dizíamos. (e) montava.
b) Há uma explicação para ocorrências desse tipo. Qual é?
O futuro do subjuntivo para verbos regulares possui a mesma conjugação do infinitivo pessoal (se falar... se cantar), mas o verbo “fazer” é irregular e não apresenta a mesma forma.
c) Qual é o efeito de sentido ao se empregar o presente “sai” no lugar do futuro do presente “sairá”? Efeito de certeza em relação ao fato de sair.
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Aulas
45 e 46 4 Fuvest 2006 Os verbos estão corretamente empregados apenas na frase: Alternativa: D. (a) No cerne de nossas heranças culturais se encontram os idiomas que as transmitem de geração em geração e que assegurem a pluralidade das civilizações. (b) Se há episódios traumáticos em nosso passado, não poderemos avançar a não ser que os encaramos. (c) Estresse e ambiente hostil são apenas alguns dos fatores que possam desencadear uma explosão de fúria. (d) A exigência interdisciplinar impõe a cada especialista que transcenda sua própria especialidade e que tome consciência de seus próprios limites. (e) O que hoje talvez possa vir a tornar-se uma técnica para prorrogar a vida, sem dúvida amanhã possa vir a tornar-se uma ameaça.
Estão corretas: Alternativa: A. (a) apenas I. (b) apenas II. (c) apenas III. (d) apenas I e II. (e) Nenhuma. Exercício 1. A forma “reouvesse” corresponde ao pretérito imperfeito do modo subjuntivo do verbo “reaver” (re + haver). Nas demais alternativas, o correto seria “intervim”, “transpuser”, “entretinha-se” e “intervindo”. Exercício 2. O pretérito mais-que-perfeito composto (tinham passado) traduz um passado anterior a outro passado (a passagem do cavaleiro: montava...); já o futuro do pretérito remete a um futuro (outros viriam) em relação a um passado (a passagem do
5 O excerto a seguir foi extraído da obra de Machado de Assis, leia-o.
cavaleiro). Exercício 4. Corrigindo: a) ...asseguram...; b) ...encaremos.;
[...] Levantou-se para ir buscar o gamão, que estava no interior da casa. Cosi-me muito à parede, e vi-o passar com as suas calças brancas engomadas, presilhas, rodaque e gravata de mola. Foi dos últimos que usaram presilhas no Rio de Janeiro, e talvez neste mundo. Trazia as calças curtas para que lhe ficassem bem esticadas. A gravata de cetim preto, com um arco de aço por dentro, imobilizava-lhe o pescoço; era então moda. O rodaque de chita, veste caseira e leve, parecia nele uma casaca de cerimônia. Era magro, chupado, com um princípio de calva; teria os seus cinquenta e cinco anos. [...]
c) ....podem....; e) ....poderá... Exercício 5. A forma “teria” está no futuro do pretérito (afirmativa II); o pretérito imperfeito do indicativo “trazia” entra em harmonia com o pretérito imperfeito do subjuntivo “ficassem”, pois ambas as formas verbais estão no passado; a forma verbal “fiquem”, por estar no presente, não se harmoniza com “trazia”.
Machado de Assis. “Um dever amaríssimo”. In: Dom Casmurro.
Considere as seguintes afirmações: I. No excerto, as formas verbais do pretérito perfeito do indicativo − como “Levantou-se”, “Cosi”, “ vi” − são responsáveis pela progressão temporal e estão associadas diretamente ao gênero narrativo. II. Na passagem citada, as formas verbais do pretérito imperfeito − como “imobilizava”, “era”, “parecia” e “teria” são empregadas com o objetivo de se fazer uma descrição da personagem. III. No período “Trazia as calças curtas para que lhe ficassem bem esticadas”, o pretérito imperfeito do subjuntivo “ficassem” poderia ser substituído pelo presente do subjuntivo “fiquem”.
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P O RT U G U Ê S
GUIA DE ESTUDO Português / Livro 3 / Frente 1 / Capítulo 16 I. Leia as páginas de 62 a 64 e as tabelas de conjugação a partir da página 66. II. Faça os exercícios de 5 a 8 da seção “Revisando”. III. Faça os exercícios propostos 22, 29, 30, 32, 36, 39, 48 e 58.
PORTUGUÊS
Aulas
Verbos III Nesta semana, será estudado o emprego metafórico dos tempos (ou embreagens verbais); trata-se da substituição de um tempo por outro e seus efeitos de sentido. Esse procedimento não se restringe a textos literários; no cotidiano é comum a troca de tempos.
Em 2013, Poliedro bate recorde de aprovação no ITA. A tradição de aprovar alunos para o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) se manteve. O Poliedro conquistou 41,6% das 120 vagas do vestibular 2013. No total, foram 50 aprovados. Com esse resultado, o Poliedro se consagra como aquele que mais aprova no ITA.
Vestibular ITA 2013 41,6% 58,4% POLIEDRO
OUTROS
Veja a diferença entre o emprego literal e o emprego metafórico no período a seguir. Em 2006, o Brasil perdeu a copa e o “status” de melhor equipe do mundo. – pretérito perfeito (emprego literal)
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47 e 48 Em 2006, o Brasil perde a copa e o “status” de melhor equipe do mundo. – presente do indicativo no lugar do pretérito perfeito (emprego metafórico) No segundo período, o presente destaca o passado, já que este possui ressonância até os dias de hoje. Veja outros exemplos. 1. O imperfeito no lugar do presente do indicativo: (efeito: polidez, educação) – O senhor podia tirar o seu revólver de meu pescoço? (podia em vez de pode) 2. O imperfeito no lugar do futuro do pretérito: (efeito: certeza) – Este jantar até meu marido fazia! (fazia no lugar de faria) 3. O perfeito no lugar do futuro do presente: (efeito: certeza) – USP? O ano que vem? Já passei! (passei no lugar de passarei)
Exercícios de Sala 1
Veja a manchete a seguir.
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Leia o texto a seguir. Time da cidade vence jogo de muita raça e se torna campeão
Fluminense bate o Guarani e, após 26 anos, é Campeão Brasileiro. Correio do Sul, 5 dez. 2010.
a) Por que a manchete apresenta o verbo no presente do indicativo, se o jogo ocorreu no dia anterior à publicação do jornal? Trata-se de enfatizar o passado, pois este tem ressonância até o presente.
b) Reescreva a manchete empregando o(s) verbo(s) de forma denotativa.
Fluminense bateu o Guarani e, após 26 anos, é Campeão Brasileiro. O verbo ser ser permanece no presente, pois o fato de ser campeão implica um ano inteiro, inclusive no momento da enunciação.
O time da cidade bateu seu grande rival por um a zero e sagrou-se campeão regional de 2012. A torcida compareceu em grande número, o que deu confiança ao time; mas a grande estrela foi o goleiro, que evitou o gol por três vezes ao menos. Até mesmo os jornais estrangeiros elogiaram a performance do jogador.
T E T R A III
P O RT U G U Ê S
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Aulas
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Exercício 4. Substituir o futuro do pretérito (estaria) pelo pretérito imperfeito (estava) confere ao enunciado um grau maior de certeza, pois o futuro do pretérito é um tempo verbal que pode indicar possibilidade. Dessa forma, o uso do verbo no imperfeito cria a impressão de que o evento certamente ocorrerá.
O emprego de um tempo em lugar de outro objetiva criar um efeito de sentido, isso pode ser observado no texto citado na forma verbal: Alternativa: A. (a) vence. (b) sagrou-se. (c) compareceu. (d) foi. (e) evitou. 3
Leia o diálogo a seguir:
− O João vai prestar Medicina. − Ele está fazendo a turma medicina no cursinho? − Tá! − Então já passou!
Na linguagem veicular, é comum o falante empregar o pretérito perfeito no lugar do futuro do presente. Em relação a esse fato, responda: a) Cite a passagem em que isso acontece. Trata-se da passagem “Então já passou!”.
b) Qual é o efeito de sentido desejado pelo falante que justifique a substituição dos tempos? Efeito de certeza diante do fato de passar em Medicina.
4 Fuvest 2011 Para expressar um fato que seria consequência certa de outro, pode-se usar o pretérito imperfeito do indicativo em lugar do futuro do pretérito, como ocorre na seguinte frase: Alternativa: B. (a) “Era um dos combóis que traziam fornecimento para o Valongo.” (b) “Você estava bem bom, se quisesse ir conosco.” (c) “Pois já não disse que sabe também sangrar?” (d) “De oficial de barbeiro dava um salto mortal a médico de navio negreiro.” (e) “Logo nos primeiros dias de viagem adoeceram dois marinheiros.” 5
Unesp 2009 Leia a passa gem abaixo.
Afinal conseguiram chegar. Mas, ah! quando a pobre Magdá, toda trêmula e exausta de forças já no tope da pedreira, defrontou com o pavoroso abismo que se precipitava debaixo de seus pés, soltou um grito rápido, fechou os olhos, e teria caído para trás, se o Conselheiro não lhe acode tão a tempo. – Magdá, minha filha! Então! então! Ela não respondeu. – Está aí! está aí o que eu receava! Lembrar-se de subir a estas alturas!... E agora a volta...? [...] Aluísio Azevedo. O homem. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1970.
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P O RT U G U Ê S
No final do primeiro parágrafo, o narrador empregou “acode”, presente do indicativo, quando a correlação usual com as demais formas verbais exigiria o pretérito imperfeito do subjuntivo, “acudisse”. Essa quebra da correlação, todavia, é feita intencionalmente pelo narrador, com o objetivo de produzir um efeito expressivo. Releia o parágrafo e explique esse efeito expressivo causado pelo emprego do presente do indicativo. O autor presentifica o passado e, com isso, enfatiza a ação de acudir.
6 UFPR 2012 A sentença “Ele anda ouvindo música” pode ser interpretada de duas formas: a) ele ouve música enquanto caminha – neste caso, o verbo “andar” funciona como verbo pleno, significando “caminhar”; b) a atividade de ele ouvir música tem se repetido ultimamente – neste caso, o verbo “andar” se esvazia de seu sentido pleno e funciona como elemento gramatical, um auxiliar. Podemos identificar no português outros verbos que podem ter esses dois usos: um com seu sentido lexical pleno e outro funcionando como elemento gramatical. Tendo isso em vista, considere os conjuntos de sentenças a seguir. 1. Ele chegou na festa e bagunçou o tempo todo. Ele chegou a interferir no processo, mas foi neutralizado. 2. Ela está querendo comer camarão. Ela está querendo ficar doente. 3. O que ela fez com a faca que estava no chão? Ela pegou e guardou na gaveta. Como ele agiu quando se deparou com o grupo? Ah, ele pegou e foi batendo em todo mundo. 4. Todos trabalham pela causa. Eles trabalham vendendo computadores. Em qualquer caso, independente do contexto, o verbo grifado pode ser interpretado com sentido lexical pleno em ambas as ocorrências: Alternativa: B. (a) do conjunto 3 apenas. (b) do conjunto 4 apenas. (c) dos conjuntos 1 e 4 apenas. (d) dos conjuntos 1 e 2 apenas. (e) dos conjuntos 2, 3 e 4 apenas. Exercício 2. O presente do indicativo substitui o pretérito perfeito com o objetivo de enfatizar o passado, presentificá-lo.
GUIA DE ESTUDO Português / Livro 3 / Frente 1 / Capítulo 16 I. Leia as páginas 64 e 65 e as tabelas de conjugação a partir da página 66. II. Faça os exercícios de 9 a 12 da seção “Revisando”. III. Faça os exercícios propostos 49, 51, 60, 67 e 69.
Exercício 6. Apenas no conjunto 4 o verbo apresenta sentido pleno. Nos demais, alguns verbos apresentam função gramatical, sugerindo permanência ou estado: “Ele chegou a interferir no processo”, “Ela está querendo ficar doente”, “Ah, ele pegou e foi batendo em todo mundo”.