UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS, TECNOLOGIA E SAÚDE DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
MEDIDAS DE CONTROLE DE DRENAGEM NA FONTE: PAVIMENTOS POROSOS E VALAS GRAMADAS
ARARUNA – PB, 23 DE FEVEREIRO DE 2017
JOSÉ LIVALDO DE CARVALHO FILHO PALOMA COLMANA MARTINS DE FIGUEIREDO PAULO CÉSAR FERREIRA DIAS FILHO THALES DA SILVA RIBEIRO WAGNER LIMA DE MACENA
MEDIDAS DE CONTROLE DE DRENAGEM NA FONTE: PAVIMENTOS POROSOS E VALAS GRAMADAS
Relatório
apresentado
à
disciplina
Sistemas de Drenagem Urbana – do curso de graduação Engenharia Civil, com orientação do professor Erick dos Santos Leal.
ARARUNA – PB, 23 DE FEVEREIRO DE 2017
SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 3 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................... 3 2.2 Pavimentos Porosos ............................................................................... 3 2.2.1 Pavimento Permeável Intertravado ................................................... 5 2.2.2. Pavimento de Concreto Permeável ................................................. 9 2.2.3. Concreto Asfáltico Poroso ............................................................. 12 2.2.4. Comparativo de Custos ................................................................. 13 2.2.5. Experimentos com diferentes superfícies ...................................... 14 2.2.6. Vantagens e Limitações dos Pavimentos Porosos ........................ 16 2.3. Valas Vegetadas .................................................................................. 18 2.3.2. Vantagens e Limitações das Valas Vegetadas .............................. 20 3. CONCLUSÃO ............................................................................................. 21 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................ 21
1. INTRODUÇÃO Drenagem é o termo utilizado para designar o escoamento de águas através de instalações hidráulicas, podendo ser aplicadas em rodovias, zonas rurais ou em áreas urbanas. A urbanização desordenada ocasionou graves problemas ambientais que alteram o ciclo hidrológico, e as técnicas de drenagem urbana convencional não abordam o problema do ponto de vista deste ciclo, resolvendo apenas o problema hidráulico imediato, isto é, levam o excesso de precipitação à jusante através dos seus sistemas lineares, o que muita vez agravam o problema das inundações em outro local, resultando assim novas obras de drenagem, com aumento da seção de canais naturais ou substituição de condutos antigos por outros de maior diâmetro, com custos elevados e, cada vez mais onerosos para a sociedade. No entanto, novas abordagens vêm sendo tomadas principalmente nos países desenvolvidos, na tentativa fazer com que o ciclo hidrológico da área se aproxime o máximo possível de suas condições antes da urbanização, com o intuito de aumentar a infiltração das águas e retardar o escoamento. Pavimentos permeáveis, poços de infiltração, trincheiras de infiltração, reservatórios de detenção ou retenção e telhados verdes, são apenas algumas destas técnicas utilizadas desde os anos de 1970 em todo o mundo. Nesse trabalho iremos tratar sobre medidas de controle na fonte com enfoque maior em pavimentos porosos e valas gramadas
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.2 Pavimentos Porosos O caso recorrente de enchentes e inundações é agravado pelo aumento do escoamento superficial devido à aplicação de pavimentos impermeáveis em áreas densamente ocupadas. Neste sentido a adoção de pavimentos permeáveis e porosos contribui para o controle dos deflúvios superficiais, por meio da retenção e infiltração, bem como apresentam alta capacidade para a remoção de poluentes solúveis e particulados (Schueler, 1987). 3
Nos revestimentos permeáveis o corpo do material não é necessariamente poroso, como é o caso dos blocos de concreto onde a água infiltra por entre os blocos ou seus vazios, que podem ser preenchidos com grama, areia ou brita. Enquanto que nos revestimentos porosos, a água infiltra no próprio revestimento, caso dos blocos de concreto porosos e do concreto asfáltico poroso, também conhecido no Brasil como CPA ou camada porosa de atrito (Pinto, 2011). A distinção básica no que se refere ao pavimento permeável está em seu princípio de funcionamento, podendo ter os casos em que a água infiltra ou não no subleito. O revestimento deve permitir a passagem rápida da água, que fica armazenada por certo período nas camadas de base e sub-base, funcionando como reservatório e filtro. Por se tratar de pavimentos, quaisquer que sejam, devem ser dimensionados para suportar as cargas que lhes são impostas e transmiti-las ao solo em uma magnitude que ele suporte. Do ponto de vista econômico a camada de revestimento é a mais onerosa por conta de se esperar maior resistência e subjetivamente lhe são atribuídas características estéticas. A camada de base tem a função de aumentar a caixa de pavimentação e distribuir os esforços para o subleito. A camada de sub-base pode ser adicionada para aumentar a caixa de pavimentação ou para armazenar a água. A seguir tem-se uma seção tipo esquematizando as modalidades de pavimentos porosos.
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Figura 1-Esquema do funcionamento de revestimentos permeáveis.
2.2.1 Pavimento Permeável Intertravado
O pavimento permeável intertravado é um tipo de revestimento composto de peças de concreto para pavimentação. As peças devem atender à ABNT NBR-9781, atentando-se para a dimensão das peças, que para serem considerado pavimento intertravado devem atender a relação comprimento-espessura menor que quatro (L/e < 4). A infiltração de água, neste caso, se dá pelos espaços vazios nas peças, pelo espaçamento entre elas ou ainda, pela própria peça quando constituída de concreto permeável. A seguir, a figura detalha um corte básico de um pavimento intertravado permeável.
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Figura 2- Corte de um pavimento intertravado permeável com infiltração total no solo.
RECOMENDAÇ ES A escolha do tipo de infiltração varia em função das condições locais do solo, risco de contaminação e distância do lençol freático. Recomenda-se que a estrutura permaneça saturada por no máximo vinte e quatro horas. Utilizar agregado graúdo com dmáx = 9,5mm no rejunte da camada de assentamento. Não se recomenda a utilização de areia e pó de pedra. As camadas de base e sub-base devem ser dimensionadas para funcionarem como reservatório e também suportar a carga solicitada. A altura das camadas varia em função do tipo de tráfego, tipo de solo e regime de chuvas da região. Sugere-se a utilização na base de um agregado com volume de vazios superior a 40%.
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Figura 3-Corte de um pavimento intertravado permeável com infiltração parcial no solo.
A camada de assentamento possui espessura de 50 mm (5cm), e tem como principal função fornecer uma superfície uniforme para assentamento das peças de concreto pré-moldadas. A base e sub-base devem ser dimensionadas para cada caso, assim como deve ser verificado a necessidade da tubulação de drenagem. (MARCHIONI; SILVA, 2010).
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Figura 3-Corte de um pavimento intertravado permeável com infiltração parcial no solo.
A camada de assentamento possui espessura de 50 mm (5cm), e tem como principal função fornecer uma superfície uniforme para assentamento das peças de concreto pré-moldadas. A base e sub-base devem ser dimensionadas para cada caso, assim como deve ser verificado a necessidade da tubulação de drenagem. (MARCHIONI; SILVA, 2010).
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Figura 4- Corte de um pavimento intertravado permeável sem infiltração no solo.
A norma técnica NBR 9781:87 - Peças de Concreto para Pavimentação - Especificação divide os blocos em duas classes de resistência: 35 MPa e 50 MPa. O comprimento e a largura das podem mudar, mas é à espessura que se deve dedicar maior atenção na hora de escolher o bloco. Esta deve variar entre 6, 8 ou 10 centímetros. Na prática, quanto maior for a espessura, melhor é o intertravamento entre as peças.
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Figura 4- Corte de um pavimento intertravado permeável sem infiltração no solo.
A norma técnica NBR 9781:87 - Peças de Concreto para Pavimentação - Especificação divide os blocos em duas classes de resistência: 35 MPa e 50 MPa. O comprimento e a largura das podem mudar, mas é à espessura que se deve dedicar maior atenção na hora de escolher o bloco. Esta deve variar entre 6, 8 ou 10 centímetros. Na prática, quanto maior for a espessura, melhor é o intertravamento entre as peças.
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2.2.2. Pavimento de Concreto Permeável
O revestimento de concreto permeável apresenta alta porosidade permitindo a infiltração da água. A principal diferença do concreto poroso e do concreto convencional é o índice de vazios. Enquanto o concreto convencional é compactado o que o torna mais rígido com passar do tempo, a característica do poroso é outra. Na composição do concreto permeável têm-se agregados de graduação uniforme que são envolvidos por uma pasta ou nata de cimento. O emprego de agregados com graduação uniforme confere um maior índice de vazios, geralmente este índice está entre 15% a 25%, e atinge um coeficiente de permeabilidade por volta de 0,34 cm/s. A dosagem de cada material na composição do concreto permeável vai depender da resistência que se queira atingir. Quanto maior a resistência, menos será a permeabilidade, pois menor será o volume de vazios. O concreto poroso é mais recomendado para suportar leves carregamentos de baixo volume de tráfego como em calçadas, áreas de manobras de estacionamentos e vias de acesso residencial, também pode suportar carga de tráfego médio como em estacionamentos comerciais e ruas residenciais. Poderá
2.2.2. Pavimento de Concreto Permeável
O revestimento de concreto permeável apresenta alta porosidade permitindo a infiltração da água. A principal diferença do concreto poroso e do concreto convencional é o índice de vazios. Enquanto o concreto convencional é compactado o que o torna mais rígido com passar do tempo, a característica do poroso é outra. Na composição do concreto permeável têm-se agregados de graduação uniforme que são envolvidos por uma pasta ou nata de cimento. O emprego de agregados com graduação uniforme confere um maior índice de vazios, geralmente este índice está entre 15% a 25%, e atinge um coeficiente de permeabilidade por volta de 0,34 cm/s. A dosagem de cada material na composição do concreto permeável vai depender da resistência que se queira atingir. Quanto maior a resistência, menos será a permeabilidade, pois menor será o volume de vazios. O concreto poroso é mais recomendado para suportar leves carregamentos de baixo volume de tráfego como em calçadas, áreas de manobras de estacionamentos e vias de acesso residencial, também pode suportar carga de tráfego médio como em estacionamentos comerciais e ruas residenciais. Poderá ainda receber cargas de tráfegos pesados como em pátios de indústrias desde que sob condições específicas de dimensionamento. Especial cuidado deve se ter na análise do solo do subleito, pois, depois que a água infiltra pelo revestimento e escoa pela base ela pode seguir dois caminhos: ou é drenada ou segue para o subsolo através do subleito. Se o subleito tem um coeficiente de permeabilidade propício para a descarga, a água é absorvida por um e daí lançada no aquífero. Se o subleito é composto por um material compacto ou com baixo coeficiente de permeabilidade, como no caso das argilas, a água fica na base e sub-base e não consegue ir rapidamente para o lençol freático, nesse caso a capacidade de reservarão da camada de base pode ser excedida e a água deve voltar para cima do concreto poroso. Por isso, a recomendação é fazer o cálculo para a espessura do projeto baseado em duas premissas: a própria resistência do concreto e a quantidade de chuva, e o cálculo hidrológico, com referência de um tempo de retorno em um intervalo de 10, 25, 50 ou 100 anos. O recomendável, na microdrenagem, é de 10 anos. A seguir as imagens ilustram a constituição das camadas de um pavimento de concreto poroso. 9
Figura 5- Corte de um pavimento de concreto permeável com infiltração total no solo.
Figura 6- Corte de um pavimento de concreto permeável sem infiltração parcial no solo.
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Figura 7- Corte de um pavimento de concreto permeável sem infiltração no solo.
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Figura 7- Corte de um pavimento de concreto permeável sem infiltração no solo.
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2.2.3. Concreto Asfáltico Poroso
É a mistura entre ligante betuminoso e agregado de tamanho uniforme. O concreto asfáltico poroso é uma variação do convencional com a propriedade de ser permeável, entretanto, é susceptível a colmatação causada pelo próprio ligante. Quando há aplicação do ligante em excesso pode ocorrer o esborramento ou quando a união ligante e agregado é fraca, o ligante pode escorrer gradualmente da superfície, através dos poros, até acumular-se em um ponto dentro da estrutura deixando as partículas dos agregados segregadas. A figura traz uma ilustração dos revestimento do concreto asfáltico poroso, toma-se percepção que as partículas tem um menor grau de acomodação devido a sua granulometria uniforme. A utilização de camadas de pavimento permeável deve atender as necessidades construtivas de rodovias seguras, bem drenadas e com boa aderência.
2.2.3. Concreto Asfáltico Poroso
É a mistura entre ligante betuminoso e agregado de tamanho uniforme. O concreto asfáltico poroso é uma variação do convencional com a propriedade de ser permeável, entretanto, é susceptível a colmatação causada pelo próprio ligante. Quando há aplicação do ligante em excesso pode ocorrer o esborramento ou quando a união ligante e agregado é fraca, o ligante pode escorrer gradualmente da superfície, através dos poros, até acumular-se em um ponto dentro da estrutura deixando as partículas dos agregados segregadas. A figura traz uma ilustração dos revestimento do concreto asfáltico poroso, toma-se percepção que as partículas tem um menor grau de acomodação devido a sua granulometria uniforme. A utilização de camadas de pavimento permeável deve atender as necessidades construtivas de rodovias seguras, bem drenadas e com boa aderência.
Figura 8- Concreto Asfáltico Poroso.
A norma DNER 386/99 define Camada Porosa de Atrito (CPA) como mistura asfáltica porosa (entre 18 e 25% vazios) preparada em usina a quente, composta de agregados, material de enchimento (fíler) e cimento asfáltico de petróleo modificado ou não por polímero SBS (estileno-butadieno-estileno), espalhado e comprimido a quente. Recentes pesquisas levaram ao desenvolvimento de concreto asfáltico drenante, que tem granulometria intencionalmente modificada para obtenção de
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elevadas
porosidades
total
e
efetiva
(aproximadamente
30%
e
25%,
respectivamente) e por conseqüência alta permeabilidade (Meurer Filho, 2001).
2.2.4. Comparativo de Custos
Moura (2014) fez um trabalho comparando os custos do Pavimento em Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ) e os diferentes tipos de asfaltos porosos. O custo de instalação do revestimento em CBUQ foi de R$ 6,60 por metro quadrado. Sua manutenção tem um custo de R$ 0,61 por ano, por metro quadrado de revestimento. A vida útil de todos pavimentos do estudo foi considerada como de 15 anos. 2.2.4.1. Comparativo de custos entre o Pavimento Permeável intertravado e Pavimento de CBUQ
Segundo Moura (2014) o custo de instalação do pavimento permeável intertravado é de R$ 18,34 por metro quadrado. O Sobrecusto dos mesmos em relação ao revestimento em CBUQ é de R$ 11,74 por metro quadrado. A manutenção tem um custo de R$ 4,80 por ano. O sobrecusto de manutenção deste tipo de pavimento é de R$ 4,19 por metro quadrado, ao ano. 2.2.4.2. Comparativo de custos entre Pavimento de Concreto Permeável e Pavimento de CBUQ
A Tabela 1 apresenta os custos de implantação por metro quadrado do Pavimento de Concreto Permeável. Tabela 1- Custos de implantação por metro quadrado de pavimento de concreto permeável
Fonte: Moura (2014)
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Caso o pavimento não seja de infiltração, o geotêxtil inferior será impermeável, tomando o custo de implantação do pavimento em R$ 40,83 por metro quadrado, resultando em um sobrecusto de R$ 34,22 por metro quadrado. A manutenção tem um custo de R$ 2,05 por ano. O sobrecusto de manutenção deste tipo de pavimento é de R$ 1,44 por metro quadrado, ao ano. 2.2.4.3. Comparativo de custos entre Pavimento de Concreto Asfáltico Permeável e Pavimento de CBUQ
A Tabela 2 apresenta os custos de implantação por metro quadrado do Pavimento de Concreto Asfáltico Permeável. Tabela 2-Custo de implantação por metro quadrado de pavimento de asfálto permeável
Fonte: Moura (2014)
Caso o pavimento não seja de infiltração, o geotêxtil inferior será impermeável, tomando o custo de implantação do pavimento em R$ 33,77 por metro quadrado, resultando em um sobrecusto de R$ 27,17 por metro quadrado. A manutenção tem um custo de R$ 1,35 por ano. O sobrecusto de manutenção deste tipo de pavimento é de R$ 0,74 por metro quadrado, ao ano. 2.2.5. Experimentos com diferentes superfícies
Araújo (2000) utilizou um simulador de chuvas, em módulos de 1m², em cada superfície, com o intuito de comparar os valores de escoamento superficial gerado por seis diferentes superfícies utilizadas na pavimentação de acordo com a Figura 9.
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Figura 9- Módulos de 1m² utilizados na simulação do escoamento superficial. Fonte: Araújo et al, 2000.
Os resultados dos valores de coeficiente de escoamento superficial são mostrados na Figura 2, no qual a chuva simulada possui período de retorno de cinco anos, a seguir:
Figura 10- Escoamento superficial nas diversas superfícies ensaiadas. Fonte: Araújo et al, 2000.
Os resultados mostram que dentre as superfícies estudadas, somente o concreto poroso e o bloco vazado apresentaram valores satisfatórios de coeficientes de escoamento superficial de aproximadamente 5%, ou seja, está ocorrendo 15
infiltração de quase toda chuva, algo de grande relevância para o estudo da drenagem. 2.2.6. Vantagens e Limitações dos Pavimentos Porosos
Vantagens e limitações observadas na utilização dos pavimentos permeáveis estão listadas na Tabela 3, a seguir: Tabela 3- Vantagens e limitações associadas aos pavimentos permeáveis.
Vantagens Limitações Detenção temporária das águas, Possibilidade de colmatação do propiciando um rearranjo temporal dos pavimento. hidrogramas. Risco de contaminação das Possibilidade de recarga das águas subterrâneas, nas estruturas águas subterrâneas, além da melhoria infiltrantes. da qualidade das águas por ação de filtração no corpo do pavimento. Necessidade de mão-de-obra especializada para a construção do pavimento. Melhoria na segurança e Necessidade de manutenção conforto pela redução da formação de periódica para evitar o entupimento ou poças de água e consequente melhoria colmatação dos poros das camadas da aderência no viário. permeáveis. Risco de colmatação prematura Possibilidade de redução ou da estrutura porosa é alto. eliminação dos custos de implantação do sistema de drenagem tradicional. Quando ocorre a colmatação da estrutura os reparos apresentam custos Não requerem espaços elevados. específicos para implantação. Fonte: Tominaga (2014)
Embora pouco utilizada no Brasil, este tipo de medida de controle começa a ganhar espaço no meio técnico, e dois exemplos de aplicação podem ser mencionados. O primeiro deles, localizado na Cidade de Barueri, região metropolitana de São Paulo, é o estacionamento de um shopping que utilizou o pavimento intertravado permeável como revestimento. A área deste estacionamento corresponde a aproximadamente 22.000 m2, e é a maior área que utiliza este tipo de tecnologia no país. Uma imagem deste estacionamento é apresentada na Figura 4. 16
Nesse caso, a infiltração se dá por meio das juntas que se formam entre os blocos de concreto. As juntas foram preenchidas com material granular grosseiro que permite maior infiltração do que a areia ou pó de areia, que são comumente utilizadas para o assentamento de pavimento intertravado comum. O segundo caso não é uma aplicação física da medida, mas uma normatização para a utilização de asfalto permeável. Em 2012, a Comissão Permanente de Revisão de Normas Técnicas da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras de São Paulo aprovou a especificação técnica ETS03/2012, que trata dos Pavimentos Permeáveis com Revestimento de Asfalto Poroso. Esta especificação apresenta critérios técnicos de execução e dimensionamento deste tipo de pavimento em vias de tráfego leve.
Figura 11-Exemplo de pavimento permeável, Barueri, SP Fonte: Tominaga (2014)
Além dessas aplicações práticas também foram implantados no Brasil alguns experimentos que tiveram como principal objetivo a avaliação do desempenho hidráulico hidrológico deste tipo de estrutura. É exemplo o experimento implantado no estacionamento do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), descrito por Acioli (2005), que estudou a implantação de dois tipos de revestimentos, os blocos vazados intertravados de concreto preenchidos com grama e o asfalto poroso. Outro caso de destaque é o modelo físico estudado por Virgiliis (2009) e Pinto (2011), construído no estacionamento do Laboratório de Hidráulica da Escola Politécnica da Universidade 17
de São Paulo (EP-USP), que também utilizou dois tipos de revestimentos: o pavimento asfáltico permeável e os blocos de concreto poroso ( Figura 12). A diferença entre os experimentos citados é que o experimento do IPH tem o fundo permeável, portanto toda a água que adentra a estrutura tende a infiltrar no solo, já o experimento do Laboratório de Hidráulica da EP-USP funciona como um reservatório de detenção, pois o fundo da estrutura é impermeável.
Figura 12- Imagens do experimento com revestimentos permeáveis do Laboratório de Hidráulica da EP-USP Fonte: Virgiliis (2009)
2.3. Valas Vegetadas As valas vegetadas são dispositivos bastantes simples constituídos por depressões escavadas no solo, cujo objetivo é recolher as águas pluviais e efetuar seu armazenamento temporário, além de favorecer a infiltração e a retenção de poluentes.
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Figura 13- Esquema de valas vegetadas. Fonte: Urbonas e Stahre (1993)
É possível fazer uma distinção de três dispositivos com a mesma função, mas que apresentam formas diferentes, deste modo há os dispositivos definidos como valas ou valetas, nestes as dimensões longitudinais são significativamente maiores que suas dimensões transversais, sendo que as valetas apresentam seções transversais menores. Existem também os planos, nos quais as dimensões longitudinais não são muito maiores do que as transversais e as profundidades são reduzidas (Baptista et al., 2005). Estes dispositivos, igualmente às trincheiras de infiltração, podem ser facilmente integradas aos projetos de estacionamentos, em paralelo às ruas e estradas (Figura 14), bem como junto de conjuntos habitacionais. Nestes casos além da função hidráulico-hidrológica destaca-se a inclusão de áreas verdes, melhorando o aspecto paisagístico local.
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Figura 14- Exemplo de valas vegetadas. Fonte: www.wsud.org
Com relação ao funcionamento, as valas concentram o escoamento superficial das áreas adjacentes favorecendo a infiltração ao longo do seu comprimento. A partir do momento em que o volume que escoa para dentro da vala supera sua capacidade de infiltração, esta começa a funcionar como um reservatório de detenção. Por meio do processo de infiltração e decantação, as valas também são capazes de reter uma parcela da carga difusa do escoamento superficial. Dotados de uma estrutura simples, para a construção destes dispositivos são necessárias apenas escavações para a conformação de uma depressão não muito profunda, mas que tenha uma direção preponderante de escoamento, podendo ser utilizadas canaletas no fundo para facilitar o escoamento. Normalmente são revestidas por uma vegetação rasteira (grama). Em terrenos com declividades maiores que 2% se recomenda a utilização de pequenas barragens ao longo de seu comprimento visando facilitar a infiltração e retenção, além de prevenir a erosão dos taludes laterais. 2.3.2. Vantagens e Limitações das Valas Vegetadas
As vantagens e as limitações associadas a estes dispositivos estão apresentadas na Tabela 3, a seguir.
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Tabela 4- Vantagens e limitações associadas às valas vegetadas
Vantagens Limitações Redução dos volumes do Restrições de eficiência em escoamento superficial pelos processos áreas com declividades acentuadas, a de evapotranspiração e infiltração. declividade máxima deve ser de até 2%. Detenção temporária das águas, Necessidade de espaço para propiciando um rearranjo temporal dos implantação. hidrogramas. Baixos custos de projeto e Risco de contaminação das construção. águas subterrâneas. É recomendado Valorização do espaço urbano manter uma distância vertical de no contribuindo para o aumento de áreas mínimo um metro da zona saturada. verdes. Melhoria da qualidade das águas Possibilidade de estagnação das pluviais e possibilidade de recarga do águas e proliferação de vetores e mau aquífero. cheiro. Fonte: Tominaga (2014).
3. CONCLUSÃO Através do estudo realizado, foi possível conhecer duas alternativas de drenagem direta da fonte, sendo elas: Pavimentos porosos e valas vegetadas. O que se evidencia é que as alternativas de implantação de pavimentos porosos tem um preço bem maior do que os pavimentos em CBUQ. Por isso que no Brasil essas alternativas não são muito utilizadas. Outro problema também é em relação ao tráfego, pois esses tipos de pavimentos porosos não suportam muito peso. Por fim, é importante destacar que por mais que sejam alternativas caras, são alternativas viáveis para cidades de grandes portes onde é importante um ótimo desempenho do sistema de drenagem urbana para que não haja locais com pontos de alagamentos.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACIOLI, L.A.; Estudo Experimental de Pavimentos Permeáveis para o Controle do Escoamento Superficial na Fonte. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação
em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Porto Alegre, Março de 2005.
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Marchioni, Mariana & Silva, Cláudio Oliveira. Pavimento Intertravado Permeável –
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permeáveis visando retenção e amortecimento de picos de cheias. Dissertação de Mestrado. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 185p, 2009.
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