Este Estudo Apresenta-lhe o Espírito Santo, destacando Seu Propósito Eterno, Seus Métodos Usados nos Períodos Pré-Apostólico, Apostólico, e Hoje, Seu Poder Milagroso e Seu Plano de Paz e Alegria para Sua Vida.
Este Estudo Apresenta-lhe o Espírito Santo, destacando Seu Propósito Eterno, Seus Métodos Usados nos Períodos Pré-Apostólico, Apostólico, e Hoje, Seu Poder Milagroso e Seu Plano de Paz e Alegria para Sua Vida.
Título do original em inglês: “MEET THE HOLY SPIRIT” Copyright © 1981 por John A. Hatcher Lexington, Kentucky, U.S.A. Tradução: Joao Marques Bentes Primeira edição: 1982 - 3.000 exemplares Impresso nas oficinas da Associação Religiosa Imprensa da Fé C. P. 18918 São Paulo - Brasil C.G.C. 62.202.528/0001-09 Capa: Robert W. Heyer Todos os direitos reservados por John A. Hatcher –
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To Alda
AGRADECIMENTOS Obrigado, Pai Celestial, por ter amado um pecador como eu. Obrigado, por ter dado o Teu Filho para que eu pudesse ser feito Seu filho. Obrigado por Seu Dom, o Espírito Santo, Quem tem escrito Suas leis nas tábuas do m eu coração. Obrigado por todas Suas obras maravilhosas, especialmente as Escrituras. Ao Doutor Robert G. Witty, do Seminário Luther Rice, agradeço sua paciência, seu encorajamento, e sua orientação profissional. Aos meus pais, Albert and Beautrix, agradeço seu exemplo em Amor e Fé em Cristo. A todas as pessoas e igrejas que têm contribuído ao sustento do meu ministério no Brasil através da Missão Batista da Fé, e aos diretores da mesma, ofereço meus agradecimentos. A nossos filhos: Lynn, Ranaah Paul, John Mark, David, and Kathy, eu agradeço seu amor, seu interesse, e sua cons tante motivação a continuar a obra. A Alta, minha esposa, agradeço sua constante companhia neste estudo. Seu interesse contribuiu estimula e proveito; suas críticas, sugestões, e ajuda em preparar o texto têm sido indispensáveis. Garça, São Paulo, Brasil Agosto, 1982 John A. Hatcher
Conteúdo
Introdução .................................................................................................. 9 O Problema ............................................................................................ 9 Necessidade de Conhecimento ............................................................ 10 O Que Deus Está Fazendo?................................................................. 11 Os Métodos de Deus ............................................................................ 12 Como Serão Demonstradas Essas Coisas ........................................... 13 Capítulo I ................................................................................................. 16 O Espírito Santo no Antigo Testamento................................................ 16 Capítulo II ................................................................................................ 23 O Espírito Santo na Vida de Jesus ....................................................... 23 O Espírito Santo na Morte de Jesus ..................................................... 29 Capítulo III................................................................................................ 32 O que ensinou Jesus sobre o Espírito Santo ........................................ 32 Que Dizer Sobre os Santos do Antigo Testamento? ............................ 35 Capítulo IV ............................................................................................... 40 Os Homens que Jesus ensinou sobre o Espírito Santo – Os Apóstolos 40 Uma Palavra sobre o Apóstolo Paulo ................................................... 43 Conclusão ............................................................................................ 45 Capítulo V ................................................................................................ 48 Pentecoste – O Espírito Santo é Enviado ............................................. 48 Batismo do Espírito Santo – Que Significa? ......................................... 48 Tabela nº 01 – Batismo no Espírito Santo e o Batismo no Fogo ........... 50 Que Significa o Derramamento do Espírito Santo? .............................. 54 Capítulo VI ............................................................................................... 57 O Espírito Santo Testifica com os Apóstolos ........................................ 57 Capítulo VII .............................................................................................. 62 O Espírito Santo Testifica aos Apóstolos .............................................. 62 Propósito da tabela............................................................................... 65 Tabela n° 02 – Marcos 16:9-20 e outros escritos do Novo Testamento 66 Capítulo VIII ............................................................................................. 75 Como o Espírito Santo Testificava as Igrejas através dos Apóstolos ... 75 O Poder e os Dons Apostólicos Não São Transferíveis ........................ 79 Juízo Apostólico ................................................................................... 79
Capítulo IX ............................................................................................... 83 Viagem de Retorno aos Tempos dos Apóstolos ................................... 83 Uma Palavra Final ................................................................................ 94 Capítulo X ................................................................................................ 96 O Espírito Santo Confirmava a Mensagem dos Apóstolos ................... 96 A Lei ..................................................................................................... 98 Os Profetas ........................................................................................ 100 O Evangelho....................................................................................... 101 A Mensagem do Novo Testamento foi Confirmada Que Mensagem é Essa? ................................................................................................. 104 Conclusão .......................................................................................... 106 Os Dons e a Igreja de Corinto (1 Coríntios 1:5-9) ............................... 107 Capítulo XI ............................................................................................. 109 Como o Espírito Ministra às Igrejas Hoje ............................................ 109 Os Dons e Ministérios Especiais Foram Ultrapassados pela Palavra Escrita e pelos Ofícios Pastoral e Diaconal ........................................ 111 As Escrituras e os Ofícios Permanentes Hoje em Dia ........................ 112 As Tabelas ......................................................................................... 113 Tabela nº 03 – Como os Dons Temporários foram substituídos pela palavra escrita .................................................................................... 113 Tabela nº 04 – Como os Ministérios Temporários foram substituídos por Pastores e Diáconos .......................................................................... 114 Tabela nº 05 – Como os Ofícios Temporários de Efésios 4:11 foram substituídos pelo Ofício Pastoral ........................................................ 114 Tabela nº 06 – Como os Dons mencionados em Romanos 12:6-8 se realizam nos ofícios permanentes de Pastores e Diáconos ................ 115 Capítulo XII ............................................................................................ 119 A Plenitude do Espírito Santo na Vida do Crente ............................... 119 Que Acha Você Acontecerá Quando Alguém Está Cheio do Espírito Santo? ................................................................................................ 120 O Que Está Acontecendo Quando Alguém é Cheio do Espírito Santo? ........................................................................................................... 121 Como Age Alguém Quando Está Cheio do Espírito Santo? ............... 125 Tabela nº 07 – A Vida Cheia do Espírito – Como? ............................. 129 Coisas que Impedem o Espírito Santo de Encher a Vida do Crente ... 132 Conclusão .......................................................................................... 136
Capítulo XIII ........................................................................................... 138 Pensamentos Finais ........................................................................... 138 O Milagre Favorito de Deus ................................................................ 140
Introdução O propósito de Deus, em Sua realização entre os homens, é criar uma nova raça de homens — homens espirituais — para o louvor de Sua glória e graça. O Pai escolheu e predestinou seres humanos para que estivessem diante dEle em amor — na semelhança de Seu próprio Filho amado. O Filho veio a este mundo, nascido de mulher, e redimiu os pecadores, concedendo-lhes a remissão de seus pecados mediante o sacrifício do Seu próprio sangue vertido. O Espírito Santo veio para efetivar a obra do Filho nos corações dos pecadores que se arrependessem. E Ele está produzindo aquela raça de homens espirituais semelhantes a Jesus. Ele lhes dá a vida de Jesus por meio do novo nascimento, adota-os como filhos de Deus e vem habitar neles individualmente a fim de guiá-los e dar-lhes poder através da Palavra de Deus, para que vivam de acordo com o modelo de Jesus Cristo. O Espírito Santo sempre operou tendo em mira esse alvo. O presente estudo mostrará que Ele operava no período pré-apostólico, no período apostólico e opera no período pós-apostólico. Demonstrará também como Ele pode operar em sua vida, como Ele deseja torná-lo um filho de Deus feliz e frutífero, e como Ele pode encher a sua vida com o poder que Ele tem.
Um dos mais sérios problemas com que se defrontam as igrejas e os crentes individuais, hoje em dia, é o da compreensão distorcida e da confusão concernentes à obra do Espírito Santo. Trata-se de um problema sério porque o poder das igrejas e a satisfação e utilidade dos crentes se veem impedidos e destruídos quando há falta de conhecimento e entendimento bíblicos a respeito das obras do Espírito Santo. A maior porção dessa confusão gira em torno dos sinais miraculosos — as línguas, a cura divina, as revelações e as visões. Esse problema está generalizado geográfica e teologicamente. Pode ser achado entre quase todos os grupos de igrejas, denominações e vários pontos-de-vista teológicos. O batismo no Espírito Santo é enfatizado pelas igrejas pentecostais e por outros grupos, incluindo igrejas batistas, que experimentam o fenômeno “carismático” — um movimento que atualmente prevalece em alguns ramos da Igreja Católica Romana, ainda que não seja dogma dessa Igreja. Um amigo meu, que é católico, declarou: “Fui batizado com o 9
Espírito Santo. No fim de um retiro de três dias, ajoelhei-me e um bispo impôs as mãos sobre mim, e disse: ‘Eu te batizo no Espírito Santo’”. A ênfase posta sobre esses dons miraculosos sempre se relaciona às experiências ocorridas no dia de Pentecoste, quando o Espírito Santo desceu sobre a Igreja de Jerusalém e sobre ela permaneceu. Esses dons usualmente são chamados dons apostólicos. Tanto a teologia pentecostal quanto a teologia católica-romana, além da de muitos outros grupos protestantes, concordam que esses dons são indicativos do poder e da autoridade apostólicos. Dentre toda essa confusão e falta de compreensão, levantam-se algumas indagações. Na atualidade, manifesta-se realmente a autoridade e o poder apostólicos nas igrejas de Cristo? Onde residem esse poder e essa autoridade? Essa autoridade e esse poder se evidenciam através de dons especiais? Nesse caso, por que muitas igrejas que ensinam a Bíblia não os experimentam? E, em caso negativo, estariam equivocadas, em seus ensinamentos e em suas conclusões, as igrejas que declaram possuir essa autoridade e esse poder? Se é certo que existe uma autoridade apostólica e um poder apostólico — os quais se manifestam através de dons miraculosos — estes devem proceder da fonte original da autoridade apostólica. Basicamente, esse é a reivindicação daqueles que ensinam e praticam os “dons apostólicos”. As igrejas pentecostais ensinam que esses sinais são as evidências primárias da presença e do poder do Espírito Santo na salvação. A Igreja Católica Romana reivindica possuir absoluta autoridade apostólica, tendo os papas, como sucessores diretos de Pedro. Em estudar os problemas e a realização do Espírito Santo, nós precisamos lembrar de dois pontos importantes, a saber: (1) As Escrituras são a autoridade final; e (2) Satanás é um terrível inimigo, sempre opondose ou imitando as realizações e as verdades divinas. (Ver II Coríntios 11: 13-15).
A verdade acerca do Espírito Santo e Sua obra são vitais para a vida cristã. O Espírito Santo é a terceira Pessoa da Deidade, operando nos corações dos homens e nas igrejas, de Jesus Cristo. A salvação e o desenvolvimento cristão dependem inteiramente da Pessoa e da obra do Espírito. É necessário sabermos como Ele atua, quais são as Suas operações, e o que Ele está realizando nas vidas dos crentes e nas igrejas. A falta de conhecimento sobre como o Espírito Santo opera toma a vida do crente confusa e destituída de alegria como a do meu amigo que 10
supunha ter sido batizado no Espírito Santo pelo bispo, pois agora se sente mais confuso do que nunca — procurando viver uma experiência pela qual nunca passou. Saber como o Espírito Santo realiza a Sua obra e o que Ele está fazendo produzirá alegria e paz em sua vida. Muitos crentes facilmente se deixam enganar acerca da realização do Espírito Santo, por serem zelosos e desejarem servir melhor a Deus. Lembro-me de haver orado, há muitos anos: “Senhor, quero tudo quanto tens para mim na Pessoa e no poder do Espírito Santo”. Eu esperava por algum poder que descesse imediatamente e de uma vez por todas sobre mim. Aquela foi uma oração sincera, embora feita na ignorância relativa à verdade. Orar com sinceridade e compreensão espiritual é muito melhor — e menos frustrante. Muitas pessoas, ao desejarem servir ao Senhor, sentem-se fracas e carentes de um poder maior. Mui provavelmente, o diabo será o primeiro a concordar com tais pessoas, e será o primeiro a oferecer-lhes ajuda para que algo venha a suceder — algo de falso — alicerçado sobre os sentimentos. (O senso de fraqueza em um crente não é um mau sintoma.) O poder do Senhor é aperfeiçoado na fraqueza. (Ver II Coríntios 12:9). A leitura de biografias de homens que asseveram ser dotados de maior poder e de “experiências” espirituais talvez ofereça combustível para as chamas de uma mente já confusa. Portanto, a leitura da Bíblia, acompanhada de oração, meditação, e um entendimento submisso, será de muito maior proveito. O propósito da obra do Espírito é idêntico ao da obra do Pai e ao da obra do Filho. As três Pessoas da Trindade agem em perfeita harmonia de propósitos e de plano, com vistas à produção de uma nova raça de homens espirituais, para louvor e glória da graça de Deus. (Ver Efésio 1:6, 12,14). O Santo Espírito de Deus sempre opera em cooperação subjetiva com o Filho, tal como o Filho o faz em relação ao Pai (ver João 14:16; 16:13 e 8:29). O Espírito tem um único objetivo em tudo quanto Ele faz — glorificar a Jesus Cristo, o Filho do Deus vivo (ver João 16:14). Ele nunca procura honrar a Si mesmo ou a outros.
Qual é o propósito da realização do Espírito Santo nas vidas dos homens? O que Deus tenciona realizar no homem e com o homem? Ele está produzindo super-homens ou homens santos? É necessário manter em mente essas indagações, pois a resposta para elas é o nosso alvo. 11
Através dos séculos, Deus tem utilizado de três métodos principais para revelar a Sua vontade aos homens. (Deus jamais se vê limitado em Seu poder e em Seus métodos, exceto em consonância com a Sua própria natureza e com os Seus conselhos). Deus já concedeu teofanias sobrenaturais, tem concedido dons miraculosos aos homens e tem produzido a Palavra escrita. Os métodos de aparição sobrenatural e os dons miraculosos estavam limitados a certos homens e a certas épocas. Foram métodos usados temporariamente. Mas as Escrituras, escritas de tempos em tempos, são permanentes e permanecem para sempre. Destinam-se a todos os homens, ao passo que as teofanias sobrenaturais e os dons destinavam-se a alguns poucos indivíduos especiais. A realização do Espírito Santo entre os apóstolos envolvia esses dois elementos: o temporário e o permanente. Os sinais especiais do Espírito foram usados para confirmar os apóstolos como testemunhas da vida e do ministério de Cristo, para ensinar-lhes a extensão da obra redentora de Cristo, para identificar a Igreja que Jesus fundara, constituída dos apóstolos, antes de haver Ele sido crucificado, e para suprir, de maneira especial, poder e conhecimento espirituais às igrejas, até que estivessem terminados os livros do Novo Testamento. O propósito desta obra é demonstrar os seguintes fatos a respeito da obra do Espírito Santo: (1) A obra do Espírito sempre visa a glorificar ao Filho. (2) O Espírito Santo opera em perfeita harmonia com o eterno propósito de Deus: produzir uma raça de filhos espirituais, de acordo com a qual não haverá nem judeu e nem gentio, unindo em um só o Céu e a terra, onde Deus possa habitar entre o Seu povo. “ ... porque aprouve a Deus que nele habitasse toda a plenitude, e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus” (Col. 1: 19, 20). “Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor. Nas suas mentes imprimirei as minhas leis, também sobre os seus corações as inscreverei; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. E não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao Senhor, porque todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior ” (Hb. 8:10,11).
(3) Jesus, o primogênito — o protótipo — da nova raça imortal tornou-se homem pelo poder do Espírito Santo. (Ver Colossenses 1:15 e 18). 12
(4) A nova raça de homens regenerados também se deriva do Espírito Santo, através da realização remidora de Jesus Cristo. (5) O Espírito Santo esforça-se por produzir, em cada indivíduo salvo, a vida e a semelhança de Jesus, o Cabeça da raça espiritual. Ele esforça-se por produzir vidas parecidas com a vida que Jesus viveu durante os Seus anos em Nazaré — a perfeição da bondade, da pureza e da verdade. (6) Todas as obras do Espírito Santo são realizadas em harmonia com as Escrituras. (7) A obra permanente do Espírito Santo — as Escrituras - sempre substitui os dons temporários, tomando-se a fonte de todo o conhecimento e poder espiritual. Atualmente, cada realização do Espírito Santo é efetuada por intermédio das Escrituras: salvação, santificação e plenitude do Espírito. (8) Todos os dons do Espírito Santo, hoje em dia, têm por finalidade a compreensão e o ministério das Escrituras. (9) O poder da vida espiritual torna-se possível para os homens da mesma maneira que Jesus viveu Sua vida perfeita: por ter nascido do Espírito, por ter sido obediente à Palavra, e, dessa maneira, por haver sido guiado pelo Espírito Santo.
O método de se provar que as coisas acima descritas são realizações autênticas do Espírito Santo é a pesquisa das Escrituras. A obra do Espírito Santo e os sinais distintivos de Sua realização serão acompanhados através das Escrituras — o Antigo e o Novo Testamento. As Escrituras foram produzidas em três períodos gerais, cobrindo um total de cerca de 1.500 anos: o período mosaico, o período dos profetas e o período apostólico. Esta pesquisa procurará demonstrar os pontos abaixo: (1) O Espírito Santo não podia produzir o Primogênito da nova raça enquanto não houvesse produzido as Escrituras do Antigo Testamento — a Lei e os Profetas. (2) Cada fase da vida do Salvador tornou-se possível mediante o poder do Espírito, e em conformidade com a Palavra escrita - sem qualquer exceção. (3) Todos os dons de natureza miraculosa, dados aos homens, foram apenas temporários, tendo cessado quando as Escrituras foram concluídas. 13
(4) O ofício e os dons apostólicos foram temporários, tal como se deu com os dons especiais conferidos a Moisés, o legislador, e à ordem dos profetas. (5) O propósito e o plano eternos de Deus são realizados por meio da mensagem escrita do Espírito, o evangelho de Cristo. A nova raça dos filhos de Deus é produzida, desenvolvida e cheia do Espírito de Deus mediante a Palavra da Verdade. (6) A plenitude do Espírito Santo nos filhos de Deus se realiza pelo uso da Palavra de Deus. Os crentes de todas as idades, quer jovens quer adultos, e de todos chamamentos podem ser cheios do Espírito. Esse é o processo natural de crescimento na vida espiritual, obtida mediante a obediência à Palavra da Verdade. (7) O alvo final do Espírito Santo, em Sua obra entre os homens, é o de produzir uma raça de homens semelhantes a Jesus. Isso Deus conseguirá realizar por meio de Sua Palavra e do Seu Espírito. Os capítulos primeiro, segundo, e terceiro deste livro abordam o período pré-apostólico; os capítulos quarto a décimo, o período apostólico; e os capítulos décimo-primeiro e décimo-segundo, o período pósapostólico.
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“... ” (Gênesis 1:2). “ ...” (Lucas 16:16).
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Capítulo I
O Espírito Santo mostrou-se ativo em todas as realizações registradas no Antigo Testamento. Ele esteve ativo na criação, na transmissão de poder aos homens, para que pregassem no Espírito de Cristo, e na outorga das Escrituras: a Lei, que mostra a perfeita retidão que nos é exigida no Salvador, e os Profetas, que falaram mediante profecias pormenorizadas, relatando a vida e o ministério do Cristo que viria. A compreensão de como o Espírito Santo operava no Antigo Testamento será de grande ajuda para esclarecer a Sua realização no evangelho e nas vidas dos crentes. O Espírito Santo mostrou-se ativo durante a criação. A Palavra e o Espírito transmitiram vida. Enquanto a Palavra de Deus falava, o Espírito de Deus movia-se por sobre a superfície das águas, a fim de produzir vida e beleza à criação. O Espírito não se movimentava como se fosse um observador. Ele pairava por sobre — sombreando com o Seu poder — a fim de conceber e produzir vida. Jó declara que Deus guarneceu de luz o firmamento, mediante o Seu Espírito. (Ver Jó 26:13). Quando na criação do homem, o Espírito de Deus soprou o fôlego da vida sobre as narinas do primeiro homem. Jó também declarou: “ O Espírito de Deus me fez; e o sopro do Todo-poderoso me dá vida” (Jó 33:4). Na criação, a Deidade operou a fim de criar um domínio, e um soberano para governá-lo. Após a queda no pecado, o Espírito de Deus foi enviado ao homem a fim de adverti-lo sobre o julgamento e conclamá-lo ao arrependimento — a uma mudança de coração e de mente. Durante os anos em que Noé esteve preparando a arca, o Espírito estava com ele, chamando os homens ao arrependimento. O Espírito Santo é o Espírito de Cristo, e Pedro declara que o Espírito de Cristo ungiu a prédica de Noé, enquanto este anunciava a mensagem de julgamento e destruição dos homens. (Comparar I Pedro 1:10,11 com I Pedro 3: 19, 20). As almas dos homens, pertencentes ao período anterior ao dilúvio, e que agora estão no inferno, ouviram a mensagem de salvação, anunciada pelo Espírito de Cristo, através da mensagem de Noé. Pedro também declara: “ investigando atentamente qual a ocasião ou quais as circunstâncias oportunas, indicadas pelo Espírito de Cristo, que neles estava, ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos "referentes a Cristo e sobr e as glórias que os seguiriam” (I Ped. 1:11).
Após o dilúvio, Deus chamou um homem, por intermédio de quem Ele haveria de concretizar o plano de redenção. Deus prometeu a Abraão 16
que, através de seu descendente, todas as nações da terra seriam abençoadas, e que a sua descendência seria tão numerosa quanto às estrelas do céu. O Antigo Testamento narra a história de como o Pai, o Filho e o Espírito Santo trabalharam para cumprir essas promessas. O Espírito Santo proporcionou sabedoria aos homens, dando-lhes a capacidade de executar a vontade de Deus. Ele deu a José sabedoria para entender sonhos. Deu a certos homens a capacidade de se desincumbirem da tarefa de construírem o tabernáculo. Deus falou a Moisés, e disse: “Eis que chamei pelo nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, e o enchi do Espírito de Deus, de habilidade, de inteligência, e de conhecimento, em todo artifício” (Ex. 31:2,3). O Espírito equipou homens para o trabalho particular que Deus lhes ordenava fazer. Eles receberam a medida do Espírito necessária para tanto. Moisés recebeu a medida certa do Espírito a fim de realizar o trabalho de setenta homens. Quando a sua responsabilidade foi dividida entre setenta homens, o Espírito Santo foi retirado de Moisés nessa proporção. (Ver Números 11:16,17). Os juízes de Israel servem de bom exemplo do poder especial que Deus dava aos homens para que executassem a Sua vontade. Sansão é um exemplo clássico desse fato. Alguns profetas receberam o dom de conhecer os pensamentos dos homens. Quando Hazael veio a Eliseu para indagar-lhe a respeito da recuperação da saúde de Ben-Hadade, o profeta chorou, porquanto viu a miséria e o inferno no coração de Hazael. (Ver II Reis 8:12,13). Dons especiais foram dados a servos de Deus como Moisés, Elias, e Eliseu para confirmá-los como Seus escolhidos, perante o qual eles serviam. A obra dos dons miraculosos será tratada mais amplamente em um capítulo posterior. Um dos mais interessantes fatos concernente ao Espírito Santo, nas páginas do Antigo Testamento, é o testemunho da ausência do Espírito. Embora estivesse presente como autor, o Espírito Santo não é mencionado em alguns dos livros do Antigo Testamento. Talvez seja interessante e útil sabermos a razão pela qual Ele não é mencionado nos mesmos. Os livros de Levíticos, Josué e Ester não mencionam o Espírito Santo. Ao que parece, Ele não é mencionado no livro de Levítico porque esse livro fala de um sacerdócio que jamais poderia ser perfeitamente purificado, e nem poderia purificar a outros mediante o oferecimento do sangue de touros e de bodes (ver Hebreus 10: 4). (Pondere a este respeito: o Espírito Santo não pode fazer-se presente em qualquer tipo de sacerdócio humano que procure oferecer sacrifícios pelos pecados dos homens). Enquanto não houvesse perfeita remissão de pecados, também 17
não podia haver residência permanente do Espírito Santo. O verdadeiro sacerdócio é o de Cristo, e os sacerdotes que desfrutam de perfeita comunhão com Deus são aqueles que foram lavados no sangue de Jesus. Esses servem de residência para o Espírito. (Ver Apocalipse 1:6). O Espírito Santo não podia habitar em homens que estivessem dependendo dos sacrifícios que eram oferecidos segundo o sacerdócio levítico. Também parece que o Espírito Santo não é mencionado no livro de Josué porque ali é descrita a conquista de uma possessão terrena por parte de um povo terreno. O “Anjo do Senhor — o Capitão dos exércitos do Senhor” estava guiando Josué. O Espírito Santo sela e guarda para sempre aquilo que o Senhor Jesus conquista. O “descanso” que Josué ofereceu ao povo de Israel não deve ser confundido com o descanso eterno que Jesus haveria de obter para nós. (Ver Hebreus 4:8). O Espírito não pode ser encontrado no descanso temporal e terreno de um povo terreno, e, sim, no descanso eterno de um povo redimido. O Espírito Santo não é mencionado no livro de Ester porque a glória do Senhor fora retirada do templo, quando o juízo divino sobreviera contra Jerusalém e o povo de Judá fora levado para o cativeiro. A glória só haveria de retomar por ocasião do aparecimento do Messias. (Ver Zacarias 2:5). O Espírito Santo mostrou-se zeloso, durante todo o período velhotestamentário, a fim de conservar o Caminho da Vida — Jesus Cristo. Ele não falava sobre Si mesmo. Falava somente a respeito de Jesus, o Salvador que viria. Utilizando-se da lei mosaica, Ele mostrou aos homens o quanto eles necessitavam de um Sacrifício Perfeito. A lei levou os homens a reconhecer sua condição de perdição, e conduziu-os ao Salvador. (Ver Gálatas 3:24). Quando aos homens foi proibido aproximarem-se do monte de Deus, em virtude dos seus pecados, ainda assim o Espírito Santo pôs-se a ensiná-los, por meio do tabernáculo, mostrando que os pecadores podem vir a Deus através de um perfeito Substituto. As cerimônias realizadas no tabernáculo e no templo ensinavam aos homens como podiam aproximarse do Senhor mediante uma oferta vicária — um inocente tomando o lugar do culpado. As oferendas de touros e de bodes retratavam esse fato (embora o sangue de animais jamais possam remover o pecado). Enquanto as cerimônias religiosas do templo continuaram sendo oferecidas, e o véu deste permaneceu intacto, o Espírito Santo, por esse meio, ensinava que o caminho para o Lugar Santo — o Céu — ainda não havia sido aperfeiçoado. Ouça aquilo que o escritor da epístola aos Hebreus nos ensina: “ ... querendo com isto dar a entender o Espírito Santo que ainda o caminho do Santo Lugar não se manifestou, enquanto o primeiro tabernáculo continua erguido” (9:8).
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Esse caminho para o céu haveria de ser inaugurado pela “semente” da mulher. Entretanto, como é que os homens identificariam esse “semente”? Como poderiam eles reconhecer o “descendente” da mulher? O Espírito Santo deixaria tudo claro, narrando a Sua história, antes mesmo da Sua vinda ao mundo. A lei mosaica declarara a perfeição necessária para que Ele agradasse a Deus em Sua vida e satisfizesse a justiça divina, em prol de uma raça decaída no pecado. Os profetas escreveram a narrativa de Sua vida antes que Ele aparecesse no mundo. O Espírito ensinou aos profetas o que deveriam escrever. Moisés escreveu no livro de Gênesis que o Salvador seria o “descendente” da mulher, o descendente de Abraão, e proveniente da tribo de Judá. No livro de Êxodo, Moisés mostrou que o Messias que viria seria o Cordeiro pascal, que haveria de tirar o pecado do mundo. E, mostrou como o Salvador seria o grande Sumo Sacerdote, que haveria de ser o nosso representante diante de Deus, transportando-nos sobre os Seus ombros e sobre o Seu coração. “E porás as duas pedras nas ombreiras da estola sacerdotal, por pedras de memória aos filhos de Israel: e Arão levará os seus nomes sobre ambos os seus ombros, para memória diante do Senhor... Assim Arão levará os nomes dos filhos de Israel no peitoral do juízo sobre o seu coração, quando entrar no santuário, para memória diante do Senhor, continuamente” (Ex. 28:12 e 29). No livro de Números, o Espírito usou a boca de um profeta mau a fim de revelar-nos que “... uma estrela procederá de Jacó, de Israel subirá um cetro...” (Nm 24:17). No livro de Deuteronômio, o Espírito Santo mostra-nos que o grande Profeta viria e proferiria as palavras de Deus. “Suscitar-lhes-ei um profeta do meio de seus irmãos, semelhante a ti, em cuja boca porei as minhas palavras, e ele lhes falará tudo o que eu lhes ordenar” (Dt 18:18). “Falai, profetas, e revelai os dados a respeito de Jesus!” instruiu o Espírito Santo. “Ele nascerá de uma virgem,” revela Isaías. “Ele nascerá em Belém da Jud éia,” clama Miquéias. “O Seu nome será Renovo, a raiz de Davi,” testificam Jeremias e Zacarias. Isaías prediz a morte de Jesus, e Jonas prefigurou Sua morte e ressurreição Davi, o salmista, fala pelo Espírito e descreve a vida e a morte do Salvador com perfeição profética tão grande que as suas palavras mais parecem históricas do que proféticas. Ouçamo-lo enquanto ele descreve a cena da crucificação: “ Deus meu, Deus meu, por que me desamparas-te? ... Cães me cercam; um ajuntamento de malfeitores me rod eia; traspassaram-me as m ãos e os pés... Repartem entre s i as
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minhas vestes, e sobre a minha túnica deitam sortes... ” (ver Salmos
22, vários versículos). Sim, o Espírito Santo falou a respeito de Jesus. É possível que Deus tenha transmitido aos homens, de maneira infalível, esses detalhes proféticos? Essa pergunta nos conduz à maior de todas as realizações do Espírito Santo — a inspiração das Escrituras. O Espírito Santo soprou nas mentes de certos homens as revelações e as profecias do Antigo Testamento; e guiou as profecias escritas por eles de maneira tal que a Bíblia se escreveu sem erros. Pedro, em sua segunda epístola, descreve a maravilhosa obra de revelação e inspiração do Espírito, na composição das Escrituras. “ E temos, mui fi rme, a palavra dos pro fetas, à qual bem f azeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia esclareça, e a estrela da alva apareça em vossos corações. Sabendo primeiramente isto: que nenhuma pro fecia da Escr itur a é de particul ar interpr etação. Porqu e a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo (1:1921)” .
Jesus declarou que Moisés escrevera a Seu respeito, e que aquilo que Moisés escrevera era tão válido quanto as Suas próprias palavras. (Ver João 5:46,47). E Jesus também asseverou: “ ... a Escri tur a não pod e ser anulada” (João 10:35). A obra coroadora do Espírito Santo, no Antigo Testamento, foi a Palavra em forma escrita. Ao produzir as Escrituras Sagradas, Ele concedeu aos homens aquela Palavra que havia sido fixada para sempre nos céus (ver Salmos 119:89), revelando-lhes a narrativa eterna do Filho de Deus e Salvador dos homens. O Espírito Santo sempre fez os homens tornar a sua atenção para o Messias que viria. Ele nunca exaltou a Si próprio. Durante o tempo da economia do Antigo Testamento, o Espírito Santo não habitava nos homens, conforme Ele faz agora com os que são regenerados pelo Espírito de Deus. Jesus foi o primeiro homem a nascer do Espírito de Deus, após o Seu corpo haver sido concebido no ventre de Maria, mediante a sombra do Espírito Santo. Jesus nasceu para ser o Cabeça da nova raça de homens espirituais. Ele teria que ser o primogênito dessa raça. Por essa razão é que os salvos, no Antigo Testamento, não serviam de residência permanente do Espírito Santo, conforme veio a tornar-se possível após a morte e a ressurreição de Jesus. Está escrito a respeito dos santos do Antigo Testamento: “ E todos estes, tendo t ido t estemunho p ela fé, não alcançaram a prom essa”. . . (Hb 11:39). O trecho de João 7:39 verifica igualmente esse fato sobre os santos do Antigo Testamento: “ E ist o diss e ele (Jesus) do Espírito que 20
haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado (crucificado).”
As operações do Espírito Santo, no Velho Testamento, variam, manifestando-se desde a criação até às operações miraculosas entre os homens. A Sua obra era em parte permanente e em parte temporária. Sua maior obra foi a produção do testemunho escrito concernente ao Salvador que viria. Usando homens escolhidos por Deus, a quem guiou mediante revelação e inspiração. Ele produziu a infalível palavra profética.
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Capítulo II
“ ... Deus ung iu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e poder, o qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os opr imid os do di abo, por que Deus era com ele” (Atos 10:38).
O Espírito Santo era a fonte da força da vida de Cristo. O Espírito Santo concebeu no corpo de Maria, uma virgem, a um Filho santo, Jesus. Este nasceu do Espírito. O Espírito encheu a vida de Jesus e O levou a uma perfeita varonilidade. O Espírito ungiu o Homem perfeito por ocasião de Seu batismo por João Batista, e O guiou durante todo o Seu ministério, até à Sua ressurreição. Jesus é o Primogênito entre os filhos de Deus. Os escritores do Novo Testamento contam-nos a narrativa do nascimento de Jesus. Lucas escreveu: “ E, no sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem despos ada com um v arão, cuj o no me era José, da casa de Davi: e o nome da virgem era Maria. E entrando o anjo onde ela estava, disse: Salve, agraciada: o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres. E, vendo-o ela, turbou-se muito com aquelas palavras, e considerava que saudação seria esta. Disse-lhe então o anjo: Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus; e eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus. Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai, e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim. E disse Maria ao anjo: Como se fará isto, visto que não conheço varão? E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com sua sombra; pelo que também o Santo, que de te há de nascer, será chamado Filho de Deus.” (Lucas
1:26-35). Como foi que o Espírito Santo concebeu um Filho no ventre de uma virgem? O Espírito, qual vento, sopra onde quer, ouve-se a sua voz, mas não se pode determinar de onde ele veio e nem para onde ele vai. Assim é todo o que é nascido do Espírito. Jesus foi concebido no corpo de Maria mediante o poder do Espírito Santo. O anjo apareceu-lhe e anunciou a coisa mais estranha que jamais fora ouvida por ouvidos humanos: uma virgem conceberia um filho, sem ter tido contato físico com qualquer homem. Como isso poderia acontecer? Maria também fez essa pergunta. 23
Isabel havia concebido um filho em sua idade avançada, porquanto Deus renovara as forças humanas. Coisa alguma é impossível para Deus. Ele não precisa depender das energias humanas. Maria concebeu pelo misterioso poder do Espírito Santo, que viera sobre ela como uma sombra. Nessa concepção da vida, não houve a participação de nenhum esforço, ato da vontade ou iniciativa humana. Não houve qualquer origem física e nem contato físico. Não esteve envolvida qualquer emoção humana, e nem qualquer sentimento carnal. Não foi o resultado de sacrifícios, sacramentos ou esforços humanos. O Espírito Santo veio com poder velado, e implantou a semente divina no ventre de Maria. Foi uma obra estranha, humanamente impossível — não proveio da vontade do homem, nem da vontade da carne, mas da vontade de Deus. Na noite em que Jesus nasceu, Deus enviou os Seus anjos anunciar o Seu nascimento aos pastores que cuidavam dos seus rebanhos. Lucas narra como essas coisas aconteceram. “ ... e ela deu à luz o seu filho primogênito, enfaixou-o e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria. Havia naquela mesma região pastores que viviam nos campos e guardavam o seu rebanho durante as vigílias d a noite. E um anjo do Senhor desceu ond e eles estavam e a glória do Senhor brilhou ao redor deles; e ficaram tomados de grande temor. O anjo, porém, lhes disse: Não temais; eis aqui vos trago b oa nova de grande alegria, que o será para todo o pov o: é que hoje vos nasceu na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor. E isto vos servirá de sinal: encontrareis uma criança envolta em faixas e deitada em manjedoura. E subitamente apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus, e dizendo: Glória a Deus nas altur as, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem ” (Luc. 2:7-14).
O Espírito Santo também preparou homens para que louvassem a Deus em virtude do nascimento de Jesus, e para que O reconhecessem como o Salvador. Encheu o coração do velho e querido Simeão, quando Jesus foi apresentado no templo de Jerusalém pela primeira vez, conforme ao costume estabelecido pela lei. Tomando o bebê em seus idosos e bondosos braços, Simeão falou pelo Espírito Santo, e disse: “ Ago ra, Senhor , despedes em paz o teu servo, s egundo a t ua palavra; p orq ue os meus olhos já viram a tua salvação, a qual preparaste diante de todos os povos: luz para revelação aos gentios, e para glória do teu povo de Israel. E estavam o p ai e a mãe do menino admirados do q ue dele se dizia. Simeão os abençoou e disse a Maria, mãe do menino: “ Eis que este menino está destinado tanto p ara ruína como para levantamento de muitos em Israel, e para ser alvo de contradição (também uma espada transpassará a tua própria alma), para que se manifestem os pensamentos de muitos corações” (Luc. 2:29-35).
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O Espírito Santo encheu a vida de Jesus. Foi pelo Espírito que Jesus recebeu uma natureza capaz de amar a Deus de toda a mente, alma e forças. Notemos que Jesus sempre esteve cheio do Espírito Santo, contudo, Ele cresceu em estatura, em sabedoria, e na graça de Deus. Jesus vivia cheio do Espírito Santo e era perfeito; mas, não obstante, foi crescendo em sabedoria e no Espírito. Isso significa que Ele foi crescendo e sendo mais e mais cheio pelo Espírito Santo. Jesus crescia e foi continuamente cheio do Espírito. (Por favor, lembre-se desse fato para o seu próprio bem-estar espiritual). Jesus estava sempre crescendo, sempre em desenvolvimento, sempre cheio do Espírito. (Cada um dos filhos de Deus deveria crescer de igual maneira). O Espírito Santo ensinava a Jesus e enchia-o como o Filho de Maria e José. Jesus mostrava-se perfeitamente obediente a Seus pais terrenos. Frequentava a sinagoga na companhia deles, conforme era seu costume. Ali, Ele ouvia as Escrituras, quando elas eram lidas e ensinadas. Ouvia as explicações e ia crescendo na graça divina e em sabedoria, mediante a Palavra de Deus. Não houve qualquer atalho espiritual para Jesus. Jesus trabalhava em companhia de seu pai de criação, José. Assim, Ele aprendeu o ofício de carpinteiro. Ele sabia como serrar, como aplainar a madeira, como fixar pregos, como construir coisas. Cheio do Espírito Santo, Jesus aprendeu a usar o esquadro, o compasso, a verruma e o nível. As mãos de Jesus eram calejadas, e Ele ocasionalmente batia nos dedos com o martelo, ou atingia um prego com o serrote. E, tal como sucedia aos demais meninos judeus, Ele ia aprendendo. Tornou-se conhecido como o carpinteiro de Nazaré. Não houve qualquer milagre de madeira cortada, nenhum conserto miraculoso de ferramentas quebradas, não houve peças de mobília feitas por criação instantânea, e nem dedos machucados instantaneamente curados. Jesus era diferente porque a Sua natureza era diferente. Seus irmãos e irmãs haviam nascido dotados de natureza depravada. Eles tinham a natureza de toda a humanidade. (Ver João 7:1-7). Jesus era de Deus; eles, de Adão. Maria e José também pertenciam à raça de Adão. Jesus mostrou-se sempre obediente, veraz, sincero e amoroso. Sua vida era marcada pela retidão, pela bondade e pela veracidade. (Ver Efésios 5: 9). Seus pais sabiam que Ele era diferente, e Seus irmãos e irmãs também o sabiam. Comiam juntos, brincavam juntos, frequentavam juntos a sinagoga e trabalhavam juntos. Jesus era mal compreendido pelos Seus familiares. Seus irmãos e suas irmãs sem dúvida costumavam perguntar: “Por que Ele não mente de vez em quando? Por que Ele sempre faz as coisas certas? Por que Ele nunca se enraivece? Por que Ele não falta de vez em quando ao trabalho, para ir pescar ou brincar?” 25
Porém, quando havia alguma coisa difícil de ser solucionada, ou algo difícil de ser feito, todos olhavam para Jesus. De alguma maneira, Ele sempre encontrava uma solução. Ele sabia como prestar ajuda, quando ninguém mais o sabia. (Imagino que essa foi a razão pela qual Maria acercou-se dEle, durante a festa de casamento, a fim de dizer-Lhe: “Eles não têm mais vinho”, em João 2:3). Desde que tinham voltado do Egito, Jesus e Seus familiares sempre tinham residido em Nazaré, um pequeno lugarejo, onde todos se conheciam e onde os negócios de uma pessoa eram os negócios de todo o mundo. Por quase trinta anos, Jesus havia residido ali, e cada dia de Sua vida Ele vivera cheio do Espírito Santo. Coisa alguma em Sua vida era escondida dos homens, e nem mesmo podia alguma coisa ser ocultada em uma pequena aldeia tão curiosa. Todos os habitantes da localidade conheciam Maria, José, Jesus e todos os Seus irmãos. Jesus era diferente — todos já haviam observado isso. Ele sempre trabalhava melhor do que os outros. Podia-se confiar nEle. Ele nunca cobrava demais pelo trabalho que executava. Jesus era um homem diferente; todos sabiam que Ele era amoroso e bom. Aos sábados, a comunidade costumava frequentar a sinagoga. O povo observava que Jesus sempre entoava os Salmos como se Ele mesmo os tivesse composto. Suas palavras de agradecimento eram sempre graciosas. E Ele até parecia amar a todos, como se fosse a personificação do Amor. Assim foi a vida do primeiro Homem nascido e cheio do Santo Espírito de Deus. O nascimento de Jesus, por meio do Espírito Santo, concedera-Lhe uma natureza capaz de amar perfeitamente ao Pai celeste. Ele foi o único Homem que jamais teve um perfeito amor pelo Pai celeste. Seu amor por Seu Pai transpareceu desde bem cedo em Sua vida. Com doze anos de idade, Ele permaneceu no templo de Jerusalém, interrogando e aprendendo acerca das realidades divinas. Maria e José acabaram encontrando-o em palestra com os doutores da lei, com quem já se achava fazia três dias, interrogando-os e ouvindo as suas respostas. E quando Lhe perguntaram por qual razão havia permanecido em Jerusalém, Ele replicou: “Por que vocês andaram procurando por Mim por toda parte? Não sabiam que Eu estaria aqui, ocupado com as coisas pertencentes a Meu Pai?” Destarte, Jesus voltou para casa e se mostrou sempre obediente e Seus pais, porquanto era um jovem cheio do Espírito Santo. Somente Deus Pai sabe quantas noites Seu Filho permaneceu desperto, em comunhão e em oração com Ele. Ninguém, dentre os familiares de Jesus ou dentre o povo de Sua nação, chamava Deus de Pai celeste. Mas Jesus chamava-o de Pai, porquanto o Espírito Santo, que nEle estava, testificava com o Seu espírito, que Ele era o Filho de Deus. O evangelho de João 26
refere-se ao Pai por mais de cento e trinta vezes. João escreveu o evangelho que tem o seu nome a fim de demonstrar que Jesus é o divino Filho de Deus. O Espírito testificava com o Espírito de Jesus no sentido que Deus era o Seu próprio Pai. Jesus continuou residindo em Nazaré, em companhia dos Seus familiares, até que atingiu cerca de trinta anos de idade. Ele nasceu do Espírito e viveu cheio do Espírito por todos os dias de Sua vida. Jesus foi o Homem perfeito - o Primogênito do Espírito de Deus. Entretanto, chegou o tempo para Jesus dar início à Sua obra de redenção; pois para isso é que Ele viera a este mundo. Ele já havia demonstrado o Seu amor ao Pai; e, na redenção, mostraria o Seu amor aos homens. Até aquele ponto Ele fora somente o Homem Jesus; doravante, entretanto, seria Jesus, o Cristo — o Ungido. Deus haveria de declará-lo o grande Profeta, o Sumo Sacerdote e o Rei dos reis. Jesus ensinaria, se ofereceria como o perfeito Sacrifício, e depois reinaria. Porém, não cabia a Ele fazer tal declaração. O Pai é que deveria declará-lo Cristo. Como é que o Pai faria isso? Jesus andou até ao lugar onde João Batista estava pregando e batizando, e apresentou-Se a ele para ser batizado. A princípio, João recusou-se a batizá-lo. João Batista sabia que o batismo era um sinal ou símbolo da morte — a condenação imposta pelo pecado. João sabia que ele mesmo era digno de morte, e não Jesus. João, pois, objeta: “Eu é quem preciso ser batizado. Eu sou o pecador que merece morrer”. Jesus replicou com palavras que têm este sentido: “João, se você fosse batizado — se você fosse morto — não poderia salvar nem a si mesmo, quanto menos a outras pessoas. Mas, se Eu for morto e for sepultado, ressuscitarei dentre os mortos. Sou capaz de oferecer o Sacrifício que satisfará todas as exigências da justiça divina. É dessa maneira que a retidão poderá ser provida em favor dos pecadores. Vou morrer no lugar dos pecadores; mas haverei de ressuscitar dentre os mortos”. Com essas palavras, João Batista e Jesus desceram às águas do rio. João imergiu Jesus no sepulcro de águas, e ergueu-O, com isso retratando a Sua ressurreição. O batismo de Jesus declarou que Ele morreria pelos pecadores, seria sepultado e ressuscitaria dentre os mortos. (Ver Mateus 3:13-17). O ato de batismo demonstrou o propósito do ministério de Jesus. Deus Pai manifestou a Sua aprovação mediante a descida do Espírito Santo em forma visível, na forma de uma pomba (a qual foi vista somente por João Batista). Ao mesmo tempo o Pai declarou desde os céus: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mat. 3:17). O Espírito Santo desceu sobre Jesus e sobre Ele permaneceu, ungindo-o como o Cristo. 27
Foi-Lhe outorgado o Espírito Santo sem medida (ver João 3: 34). Por meio do Espírito Santo, Jesus mostraria ser Ele o Filho de Deus, através de obras poderosas e de milagres. Os primeiros trinta anos da vida terrena de Jesus demonstraram que Ele era o perfeito Filho do Homem, perfeitamente aceitável diante de Deus Pai; os últimos três anos e meio de Sua vida mostraram aos homens que Ele era,o próprio Filho de Deus. Na qualidade de Cristo, Jesus é o Profeta ungido que sustenta todas as coisas pela palavra do Seu poder. Na qualidade de Sacerdote, Jesus expurgou-nos dos nossos pecados. Na qualidade de Rei, Ele está assentado à mão direita da divina Majestade esperando para receber o Seu reino. (Ver Hebreus 1:3). Cumprir a vontade do Pai sempre foi o único desejo de Jesus. O Espírito Santo ungiu-O precisamente com essa finalidade. Disse Jesus: “Então eu disse: Eis aqui estou (no rolo do livro está escrito a meu respeito), para fazer, ó Deus, a tua vontade” (Heb. 10:7). Em outra oportunidade, Ele asseverou: “... não procuro a minha própria vontade, e, sim, a daquele que me enviou ” (João 5: 30). Jesus entregou a Sua vida à direção do Espírito Santo — nEle Jesus se movia, servia, sofria, morreu e ressuscitou dentre os mortos. Imediatamente após o Seu batismo, Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo ao deserto, a fim de ser tentado por Satanás. Depois de haver jejuado durante quarenta dias, Jesus retomou à Galileia impelido pelo poder do Espírito, e a Sua fama se espalhou por toda parte. Jesus afirmou: “ O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor ” (Luc.
4:18,19). A presença do Espírito Santo pode ser percebida mediante as emoções pessoais de Jesus. Ele gemia no Espírito, ficava perturbado em Espírito e oferecia orações e súplicas com forte clamor e com lágrimas. Perturbava-se no Espírito, diante do pensamento que alguém haveria de traí-lo. O conhecimento das operações do Espírito Santo na vida de Jesus é vital para os filhos de Deus, se eles quiserem viver e agir à semelhança do que Cristo fez. Somente pelo Espírito Santo é que os salvos podem viver uma vida modelada segundo a vida de Jesus Cristo. Viver uma vida como a de Jesus é empreendimento que só pode ser realizado se nos deixarmos conduzir continuamente pelo Espírito Santo, através de perfeita obediência à Sua Palavra.
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Mediante o Espírito, Jesus ofereceu-se como o grande Sacrifício pelos nossos pecados. O escritor da epístola aos Hebreus deixou registrado o seguinte: “ Quando, porém, veio Cristo como sumo sacerdote dos bens já realizados, mediante o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, quer dizer, não desta criação, não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entr ou no Santo dos Santos , uma vez por t odas, tendo obti do eterna redenção... muito mais o sangue de Cristo que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas para servirmos ao Deus vivo!”
(Hb 9:11-14). Jesus, pelo Espírito eterno, obteve uma eterna salvação para os homens, porquanto a Sua morte foi uma morte vicária, ou seja, Ele padeceu a morte em favor de outros. Jesus deu a Sua vida como resgate por muitos. “ Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própri a vida em favor d os seus amigos” (João 15:13). A morte de Cristo mostrou ser eficaz — realizou perfeitamente aquilo que tinha em mira. “ Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado ” (I Co. 5:7). Por conseguinte, a morte já não pode tocar em nós. O sangue derramado por Jesus Cristo, uma vez aplicado às nossas almas, mediante a fé, é o remédio perfeito para o pecado, para o temor e para vencer a morte. Deus vê o sangue de Jesus, e o pecador fica em segurança. Não há mais nenhuma condenação para aqueles que estão em Cristo. Isaías fala sobre a obra eficaz de Jesus, nestes termos: “Todavia, ao Senhor agradou m oê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos. Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, por que as iniqui dades deles levará sobre si” (Is. 53:10,11).
A morte de Cristo, mediante o Espírito, foi uma morte vitoriosa. A cabeça da serpente foi esmigalhada pela vitória de Cristo obtida na cruz. O poder de Satanás foi quebrado para sempre, em favor de todos quantos nascem do Espírito de Deus. O apóstolo Paulo declarou isto, em sua epístola aos Colossenses: “E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões, e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos” (Cl 2:13). Cristo não somente perdoou; Ele também venceu os inimigos: “ ... e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz” (Cl. 2:15). Cristo fez desses
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poderes um espetáculo — um exemplo público — desmascarando-os e triunfando sobre eles. Jesus ofereceu-se, sem mácula, pelo eterno Espírito a Deus, e se tornou o Redentor de homens decaídos (ver Hb 9:14). “Está feito, Cris to po r p ecador es se deu, Eu sou do Senhor , e o Senhor é meu” . O Espírito de Deus ressuscitou Jesus dentre os mortos, vitori oso sobr e todos os adversários.” (Ver Rm 8:11).
Jesus, o segundo Adão, nasceu do Espírito Santo, foi cheio do Espírito Santo, foi ungido pelo Espírito Santo, morreu sob a liderança do Espírito Santo e ressuscitou dentre os mortos pelo poder do Espírito Santo. O Espírito Santo deu a Jesus uma perfeita retidão, desde o Seu nascimento até o Seu batismo. Ele amou o Pai e também amou os pecadores. Os primeiros trinta anos de Sua vida terrena demonstraram o Seu perfeito amor ao Pai; e os últimos três anos e meio de Sua vida terrena demonstraram que Ele amava os homens mais do que à Sua própria vida. A vida e o sacrifício perfeitos de Jesus, por intermédio da atuação do Espírito Santo, possibilitaram, para os pecadores, tornarem-se filhos de Deus e co-herdeiros de Cristo. O Espírito deseja produzir em nossas vidas aquilo que Ele produziu na vida de Jesus durante os primeiros trinta anos de Sua vida terrena. Ele quer tomar-nos semelhantes a Jesus, em retidão, em bondade e em verdade. Isso torna-se possível quando aqueles que nasceram do Espírito de Deus tomam-se totalmente submissos à liderança do Espírito em suas vidas diárias — obedientes à Palavra, tal como Jesus.
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. . mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as cousas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenha dito” (João 14:26).
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Capítulo III
Após esses breves relances a respeito das realizações do Espírito Santo no Antigo Testamento, e de Sua atuação na vida de Jesus, queremos enfocar nossa atenção sobre o ensino de Jesus acerca do Espírito Santo. João Batista declarou que Jesus era mais poderoso do que ele, e que Jesus haveria de batizar no Espírito Santo. Jesus, pois, é Aquele que se posta como intermediário entre Deus e o pecador. O Espírito de Deus pode atuar sobre o ser humano, salvando-o, mas somente através da Pessoa e da obra de Cristo Jesus. Jesus ensinou muitas coisas sobre o Espírito Santo. Revelou Quem enviaria o Espírito Santo, bem como o que o Espírito Santo faria, o que Ele ensinaria, em quem Ele habitaria, como Ele se manifestaria aos salvos, por que razão Ele viria, e por quanto tempo Ele ficaria com os crentes. Jesus retornaria ao Pai após haver concluído a Sua missão remidora. Então seria enviado o Consolador, para assumir o lugar do Salvador, na qualidade de Advogado residente e permanente de todos os salvos. (Jesus é o nosso Advogado lá nos céus; e o Espírito Santo é o nosso Advogado aqui na terra. O vocábulo grego parákletos foi traduzido por advogado, em I João 2:1, e por consolador, em João 14:16). O que Jesus ensinou no tocante ao Espírito Santo é vital para a nossa vida espiritual. Saber a quem Jesus ensinou a respeito do Espírito Santo é igualmente importante — e esse aspecto será considerado no próximo capítulo. Antes de ser crucificado, Jesus ensinou tudo quanto era essencial sabermos sobre o Espírito Santo. Todas as obras de Deus foram perfeitamente planejadas. O Senhor Jesus seguiu à risca o plano do Pai para a Sua vida na terra. Chegado o tempo dEle dar início ao Seu ministério público, Jesus viajou até onde João Batista estava pregando e batizando. Ele foi batizado por João e logo em seguida foi levado pelo Espírito ao deserto, a fim de empenhar-se em batalha contra Satanás. Jesus obteve o triunfo sobre as tentações satânicas e regressou à Galileia. A Sua primeira tarefa consistiu em selecionar um grupo de homens que o acompanhassem, desde o batismo ministrado por João até ao tempo da Sua ressurreição. A princípio, Jesus não revelou àqueles homens Quem Ele realmente era, mas eles contemplaram as Suas realizações e ficaram profundamente admirados. Um dia interrogou-os sobre a opinião pública corrente a Seu 32
respeito. Que diziam os homens a Seu respeito? Quem diziam ser Ele? Porém, a pergunta mais importante de todas foi dirigida aos discípulos, a saber: “Mas vós, quem dizem que eu sou?” A imediata e pronta resposta de Pedro foi: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. (Essa também era a conclusão a que todos os discípulos já haviam chegado; mas Pedro sempre era quem tinha as respostas mais na ponta da língua.) A partir do momento dessa confissão, Jesus começou a ensinar aos discípulos que o Filho do Homem necessariamente haveria de morrer. Finalmente, Jesus subiria a Jerusalém, seria traído e seria crucificado por mãos de indivíduos iníquos. Todavia, os discípulos não compreenderam isso. Afinal de contas, Ele era o Cristo; Ele viera para estabelecer o Seu reino, e os discípulos seriam os Seus principais assessores. Dias, semanas e meses passaram-se. O tempo disponível de Jesus estava se esgotando. Em breve, Jesus morreria. Os discípulos que Ele selecionara estavam nervosos, frustrados, perplexos, entristecidos e incrédulos quanto ao que iria suceder. Ele já lhes ensinara sobre a Sua própria morte. Agora, Ele precisava ensiná-los a respeito dAquele que viria tomar o Seu lugar entre eles. A principal fonte informativa sobre esse ensino é o evangelho de João, em seus capítulos catorze a dezesseis. Jesus sabia que os Seus discípulos estavam encontrando reais dificuldades por estarem pensando sobre bases carnais; mas Ele lhes ensinava realidades espirituais. Essas duas coisas não se misturam bem. A carne é o caminho da morte; o Espírito é o caminho da vida. A maioria das coisas que Jesus havia ensinado e ainda haveria de ensinar, não foi prontamente compreendido pelos Seus estudantes. Contudo, Ele sabia que o Espírito Santo viria para outorgar-lhes perfeito entendimento. Por essa razão, Jesus continuou a lhes ensinar. Jesus ensinava, antemão, as coisas que iam acontecer. Ele explicou esse método no trecho de João 16:1-4, que diz: “ Tenhovos dito estas coisas para que não vos escandalizeis. Eles vos expulsarão das sinagogas; mas vem a hora em que todo o que vos matar julgará com isso tributar culto a Deus. Isto farão porque não conhecem o Pai, nem a mim. Ora, estas coisas vos tenho dito para que, quando a hor a chegar, vos record eis de que eu vo-las diss e. Não vo-las disse desde o prin cípio, porqu e eu estava convos co”.
Como vimos, Jesus esclareceu por que os ensinava a respeito do Espírito Santo — Este haveria de tornar-se o grande Companheiro e Guia dos discípulos, ao passo que Jesus haveria de retornar ao Pai. O que foi que Jesus ensinou a respeito do Espírito Santo? (1) A cerca do nascimento espiritual. 33
O fator fundamental do ensinamento de Jesus foi: Ninguém pode perceber ou entrar no reino de Deus enquanto não tiver nascido do Espírito. Os filhos de Deus são todos nascidos do Espírito de Deus (ver João 3:3-6). Jesus é o Cabeça da raça espiritual mediante a conceição miraculosa e o nascimento virginal. Os homens precisam experimentar esse miraculoso nascimento espiritual (o novo nascimento), a fim de entrarem na raça da qual Jesus é o Cabaça. Esse nascimento é misterioso e miraculoso, mas é perfeitamente real. É tão real quanto o nascimento virginal de Cristo. Toma-se uma realidade através da Palavra da Verdade e do Espírito Santo. Disse Jesus: “ ... as palavras que eu vos tenho d ito , são espírito e são vida” (João 6:63). E Pedro escreveu: “ ... fostes regenerados, não de semente cor rup tível, mas incor rup tível, mediante a palavra de Deus...” (I Ped. 1: 23). Os filhos humanos nascem de pais humanos; os filhos espirituais nascem do Espírito, mediante a Palavra de Deus. (2) A redenção foi oferecida a todos os homens — o dom do Espírito destina-se a todas as nações. Jesus deixou claro (embora os apóstolos não o compreendessem) que a redenção incluiria judeus e gentios igualmente. O dom de Deus é para todos os povos. Jesus ensinou que isso ficaria comprovado pelo sinal que ocorreria tanto entre os judeus como entre os gentios. Esse sinal seria o batismo do Espírito Santo. (Atos 1:5). O derramamento do Espírito Santo, sobre os judeus e sobre os gentios, com Seus sinais miraculosos, foi mencionado em Marcos 16:17 e 20. O Espírito Santo é o dom de Deus. Assim como o Pai daria o Seu próprio Filho, por semelhante modo daria o Espírito Santo. A salvação é a dádiva do Espírito — a vida eterna — aos homens. O Espírito Santo nos é proporcionado em resultado da obra remidora de Jesus Cristo. A salvação é o dom de Deus a todas as nações (conforme fora prometida a Abraão), por meio da fé, em nome de Jesus Cristo. O Filho não veio a este mundo porque os homens merecessem a Sua vinda, e nem porque tivessem subido ao Céu para trazê-lo cá para baixo (ver Romanos 10:6). E nem o Espírito Santo viria a este mundo por uma questão de mérito humano, ou porque alguém tivesse subido ao Céu, a fim de obtê-lo. O Filho e o Espírito Santo são ambos dons de Deus. A salvação é um dom gratuito de Deus, e não procede de obras, para que ninguém se glorie. O dom do Espírito Santo é um sinônimo da salvação. Declarou Pedro com referência aos gentios que tinham crido, e sobre quem fora derramado o Espírito Santo: “ Pois se Deus lhes concedeu o mesmo dom que a nós nos out orgou q uando cremos no Senhor Jesus, quem era eu para que pudesse resistir a Deus? E, ouvindo eles estas
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coi sas, apaziguaram-se e glor ific aram a Deus dizendo: Logo , também aos gentios foi por Deus concedido o arrependimento para vida” (Atos
11:1-18). (3) Acerca da presença habitadora do Espírito Santo. Em resultado da obra e do sacrifício remidores de Jesus, o Espírito Santo viria residir nos crentes. Até à morte de Jesus, ninguém jamais havia nascido do Espírito Santo e Lhe servira de residência. Jesus foi o primeiro Homem nascido do Espírito; Ele também foi o primeiro homem a servir de residência ao Espírito Santo. A residência do Espírito em outros homens dependia da morte expiatória de Cristo. O Senhor Jesus deixou esse ponto bem claro: “Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva. Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito até esse momento não fora dado, porque Jesus não havia sido ainda glorificado” — crucificado, ressuscitado e subido ao céu (João 7: 38,39). Jesus ensinou claramente aos apóstolos que o Espírito Santo estava com eles, e que estaria em eles (ver João 14:16,17).
Os santos do Antigo Testamento não tiveram o privilégio de dispor da presença habitadora do Espírito Santo em suas vidas. Deus revelavase a eles de diversas maneiras (ver Hebreus 1:1). Ele revelou a Sua vontade e as Suas obras (como a Noé). Ele apareceu para eles (como a Moisés). Ele lhes conferiu visões (como a Daniel e Ezequiel). Ele deu extraordinária força física a outros (como a Sansão). Ele outorgou sabedoria (como aos construtores do tabernáculo e do templo de Jerusalém). Ele proporcionou revelações e moveu os autores das Escrituras do Antigo Testamento, inspirando-as para que fossem escritas de uma forma infalível. Não havia quaisquer dúvidas quanto ao relacionamento do Senhor com o Seu povo; mas, naquele período, ninguém nasceu do Espírito e serviu de residência para Ele, salvo após a morte e a ressurreição de Jesus. Os santos do Antigo Testamento foram salvos porque os pecados deles foram cobertos pela promessa do Salvador que viria. Todavia, não nasceram do Espírito Santo, e nem o Espírito veio residir neles, incluindo o próprio João Batista, que foi cheio do Espírito Santo desde o próprio ventre materno. O sangue de animais jamais poderia tirar pecados, e enquanto o templo continuasse de pé, com o véu de separação intacto, isso indicava que o Espírito Santo estava ensinando: “O caminho do Santo Lugar ainda não foi aberto” (Hb 9:8). Esses dons e sacrifícios, oferecidos por 35
sacerdotes terrenos, jamais poderiam mesmo tirar pecados e purificar perfeitamente aos ofertantes. (Ver Hebreus 9:9). Os pecados dos santos do Antigo Testamento eram cobertos da mesma maneira que uma mulher cobriria uma mancha de molho que houvesse caído sobre uma branca toalha de mesa. Coberto com um guardanapo limpo, a mancha ficava oculta, mas nem por isso fora tirada. Terminada a refeição, a mulher tiraria a toalha de cima da mesa e a lavaria até ficar limpa e branca novamente. Somente então a mancha não estará mais somente coberta, mas terá sido lavada. Os pecados dos santos do Antigo Testamento eram cobertos pela promessa da vinda do Salvador, e a fé deles era simbolizada pelos sacrifícios de animais que eles ofereciam. Quando Jesus morreu, foram lavados finalmente os pecados dos santos do Antigo Testamento. A primeira aliança, com o seu cerimonial todo próprio do sacerdócio e dos sacrifícios levíticos, transmitida a Moisés e aos filhos de Israel, jamais poderia purificar ao pecador e à sua consciência maculada pelo pecado. Por conseguinte, sem uma perfeita remissão de pecado, o Espírito Santo não podia vir habitar em qualquer indivíduo que fosse. O Espírito Santo testificou que seria estabelecido um novo pacto — o pacto da graça — por meio da realização de Jesus Cristo. Nessa nova aliança, a consciência do pecador seria perfeitamente purificada, e o Espírito Santo habitaria para sempre em sua vida. “Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias (a saber, os dias da primeira aliança, dada ao povo de Israel por intermédio de Moisés), diz o Senhor. Nas suas mentes imprimirei as minhas leis, também sobre os seus corações as inscreverei...”(Esse é o efeito do novo nascimento e da presença habitadora do Espírito Santo). Acerca de todos os grandes homens e mulheres de fé que viveram nos dias do Antigo Testamento, o escritor da epístola aos Hebreus comenta: “Ora, todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa (O Espírito Santo); provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados” (Heb. 11: 39,40). Jamais houve tempo em que os judeus puderam ter nascido do Espírito Santo e ter sido habitado por Ele, antes que os gentios tivessem recebido idêntico privilégio. (4) O Pai enviaria o Espírito Santo; Ele (o Espírito) viria também da parte do Filho. O Espírito Santo seria enviado da parte do Pai: ... mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome...” (João 14: 26). Ao mesmo tempo, o Espírito Santo seria enviado por parte do Filho: “Quando, 36
porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim...” (João 15:26). Compare os trechos de João 14:16 e Lucas 11:13. (5) O Espírito Santo seria reconhecido somente pelos salvos. Diferente do caso de Jesus, que podia ser visto e conhecido por todo e qualquer indivíduo, o Espírito Santo seria reconhecido exclusivamente pelos salvos. Quando os apóstolos indagaram como Ele lhes seria revelado, e não ao mundo, Cristo explicou: “Se alguém me amar, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos a ele e faremos nele morada” (João 14:22,23). A santificação pessoal e o crescimento espiritual resultam da presença habitadora do Espírito. O Espírito Santo e a Palavra de Deus atuam no homem interior. Aqueles que dependem de manifestações externas e de cerimônias religiosas e sacramentos não dispõem do Espírito do Pai e do Filho residente em suas vidas. (6) O mundo não poderia prender e nem tirar a vida ao Espírito Santo. O Consolador, que viria substituir Jesus, não sofreria o mesmo destino que Jesus estava prestes a sofrer. Jesus podia ser visto, detido, julgado e crucificado. O mundo podia praticar coisas más contra Ele. Com o Espírito Santo, não seria assim. “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, (tomar preso e maltratar) porque não o vê, nem o conhece...” (João 14:16,17a). (7) O Espírito Santo guiaria os apóstolos a toda a verdade. “... quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade... e vos anunciará as cousas que hão de vir... (João 16:13; cf. Apocalipse 1: 1-3)... esse vos ensinará todas as cousas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito” (João 14:26). (O sétimo capítulo deste volume mostra como o Espírito ensinou aos apóstolos). (8) 0 Espírito Santo testificaria acerca da pessoa de Jesus Cristo. Jesus ensinou que o Espírito Santo testificaria a respeito dEle (ver João 15:26), e haveria de glorificá-lo (ver João 16:14). O Espírito Santo daria testemunho da redenção que há em Cristo e da Sua ressurreição. O Espírito sempre glorifica a Jesus Cristo - jamais glorificando aos apóstolos, aos dons miraculosos ou à Igreja. (9) O Espírito Santo realizaria grandes feitos entre os apóstolos. Jesus ensinou que os Seus apóstolos fariam as mesmas maravilhas que Ele realizou, e maiores obras ainda. Essas obras eram realizações especiais do Espírito Santo, com o intuito de acreditar os homens, 37
escolhidos por Deus. Jesus foi confirmado através de obras poderosas (ver Atos 2:22). Os apóstolos, igualmente, seriam confirmados por meio de obras poderosas (ver Atos 2:43). Isso quer dizer que os apóstolos fariam maior número de maravilhas do que Jesus fizera, pois Ele trabalhara somente entre os judeus (apenas com uma ou duas raras exceções), ao passo que eles operariam entre todas as nações. As “obras maiores” dos apóstolos seriam a confirmação da mensagem e os escritos do Novo Testamento. (10) O Espírito Santo testificaria juntamente com os apóstolos. O Espírito seria o Guia constante dos apóstolos, no testemunho que eles dessem acerca de Jesus e da ressurreição. “Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim; e vós também testemunhareis, porque estais comigo desde o princípio” (João 15:26, 27). Também deve ser lido o trecho de Atos 4:31-33, para que se veja como o Espírito Santo testificou juntamente com os apóstolos. (11) O Espírito Santo agiria como o poder convincente, no esforço evangelizador. O Espírito reprovaria o mundo do pecado, da justiça e do julgamento. Ele seria a força convencedora para fazer os pecadores abandonarem os seus delitos e obras mortas, a fim de servirem ao Deus vivo. Por exemplo: “Ouvindo eles estas coisas, compungiu-se lhes o coração e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos irmãos?” (Atos 2: 37). Estudem-se também os trechos de Atos 16:14; Atos 16:31 e II Tessalonicenses 2:7. Sem essa obra do Espírito Santo, o ministério de evangelização e de pregação seria infrutífero. (Os missionários e os pregadores jamais deveriam esquecer-se desse fato). Esses são os principais ensinamentos de Jesus no que concerne ao Espírito Santo. O Espírito não introduziu qualquer doutrina nova. Tãosomente orientou os apóstolos para que compreendessem os ensinamentos de Jesus.
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. e vós também testemunhareis, porque estais comigo desde o princípio” (João 15:27). “A muralha da cidade tinha doze fundamentos, e estavam sobre estes os doze nomes dos doze apóstolos do Cordeiro” (Apocalipse 21: 14).
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Capítulo IV
Durante os primeiros passos do ministério público de Jesus, Ele escolheu certos homens para que andassem em Sua companhia durante todos os dias do Seu ministério, desde o batismo de João até Sua volta aos céus. Jesus selecionou aqueles homens pessoalmente, e ordenou-os para o ofício especial do apostolado (ver Mateus 10:1-4 e Marcos 3:14). Houve somente doze homens que foram escolhidos para ocupar esse ofício apostólico. Esse ofício cessou com a morte dos doze. Sim, Paulo foi um dos apóstolos, mas não pertencia ao grupo dos “doze”. (O apostolado de Paulo será estudado em separado). Os doze foram o elo de ligação entre Jesus e as Escrituras do Novo Testamento. A realização inteira de Jesus e de Sua Igreja está alicerçada sobre o testemunho e a obra daqueles doze homens. A vinda do Filho de Deus a este mundo, a Sua vida perfeita, a Sua morte expiatória e a Sua ressurreição teriam sido inteiramente vãs se, de alguma maneira, a mensagem a respeito não tivesse sido conservada e transmitida de uma maneira infalível. As realizações de Deus são estabelecidas e confirmadas acima de qualquer sombra de dúvida. A fim de estabelecer e confirmar a Sua obra remidora, e torná-la eficaz nos corações humanos, Jesus escolheu os doze apóstolos como testemunhas de Sua vida terrena e de Sua ressurreição. Jesus deixou claro o ponto seguinte: a escolha dos apóstolos foi inteiramente Sua. “Naqueles dias retirou-se para o monte a fim de orar, e passou a noite orando a Deus. E quando amanheceu, chamou a si os seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu também o nome de apóstolos” (Luc. 6: 12,13). O número dos apóstolos foi doze — nem mais e nem menos. Esse foi o apostolado que serviria de fundamento para toda a futura realização do Senhor. Determinadas declarações de Jesus, referentes aos apóstolos, foram registradas por João: “Não vos escolhi eu em número de doze? Contudo um de vós é um diabo” (João 6:70). “... eu conheço aqueles que escolhi...” (João 13: 18). E também podemos ler em João 15:16: “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros, e vos designei para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça ...” O escritor do livro de Atos declara que o grupo de apóstolos não tinha igual. Lucas escreveu seu evangelho narrando aquilo que Jesus 40
fizera e ensinara, até que subiu aos céus; e arrematou no livro de Atos: “... depois de haver dado mandamentos por intermédio do Espírito Santo aos apóstolos que escolhera, foi elevado às alturas” (Atos 1:2). Pedro, por igual modo, asseverou o seguinte: “... e nós somos testemunhas de tudo o que ele fez na terra dos judeus e em Jerusalém; ao qual também tiraram a vida, pendurando-o no madeiro. Este ressuscitou Deus no terceiro dia, e concedeu que fosse manifesto, não a todo o povo, mas às testemunhas que anteriormente foram escolhidas por Deus, isto é, a nós que comemos e bebemos com ele, depois que ressurgiu dentre os mortos...” (Atos 10:39-41). Quando Pedro se levantou a fim de explicar a necessidade de que se escolhesse um substituto para Judas Iscariotes, ele deixou bem clara as qualificações necessárias. Havia uma única condição que se fazia mister para cumprir as Escrituras escritas por inspiração do Espírito Santo: “Tome outro o seu ministério” (Atos 1:20). As qualificações necessárias eram estas: “É necessário, pois, que, dos homens que nos acompanharam todo o tempo que o Senhor Jesus andou entre nós, e começando no batismo de João, até ao dia em que dentre nós foi levado às alturas, um destes se torne testemunha conosco da sua ressurreição” (Atos 1:22). O ofício apostólico é único — sem par — por ser o último ofício especial a ser ocupado por homens, em relação à mensagem e à escrita das Sagradas Escrituras. Tinha havido o legislador, Moisés; mais tarde, houve os profetas; e, finalmente, apareceram os apóstolos de Jesus. Paulo indica isso em I Coríntios 4:9, onde diz: “Porque a mim me parece que Deus nos pôs a nós, os apóstolos, em último lugar, como se fôssemos condenados à morte; porque nos tornamos espetáculo ao mundo, tanto a anjos, como a homens”. Não existe sucessão dentro do ofício apostólico. Quando Matias foi selecionado para tomar o lugar de Judas Iscariotes, nunca mais se fez outra escolha para completar o número dos “doze”. Existem duas provas desse fato, a saber: (1) Se tivesse havido sucessão apostólico, então o apóstolo Paulo teria sido escolhido pelos doze. (2) Os nomes dos doze apóstolos estão inscritos nos fundamentos da Nova Jerusalém — mas aparecem ali somente doze nomes (ver Apocalipse 21:14). E, acrescentando mais uma prova, só para confirmar ainda mais esse particular, o apóstolo Paulo reconheceu os doze apóstolos como um grupo especial e exclusivo, quando escreveu em I Coríntios 15: 5: “E apareceu a Cefas, e, depois, aos doze”. O ofício apostólico foi reconhecido como ofício único pelos escritores do Novo Testamento. João declarou isso usando as próprias palavras de Jesus: “... esse (o Espírito Santo) dará testemunho de mim; e vós também testemunhareis, porque estais comigo desde o princípio” (João 15:26b, 41
27). Paulo reconheceu a autoridade dos doze nas coisas concernentes ao evangelho de Cristo. Embora não tivesse sido instruído por eles, e nem tivesse sido contado entre os “doze”, Paulo reputava-os autoridades, como quando surgiu certa confusão de ideias sobre a maneira como os gentios seriam salvos. Paulo subiu a Jerusalém (devido a uma revelação) a fim de consultar os apóstolos, para que ele não corresse (pregasse) em vão (ver Gálatas 2:1,2). Será proveitosa a leitura de todo o segundo capítulo da epístola aos Gálatas. O escritor da epístola aos Hebreus encarava os apóstolos como um grupo todo especial (ver Hebreus 2:3,4). Por semelhante modo, Judas assim também os reconheceu (ver Judas 17). Os próprios apóstolos reconheceram a sua posição como único e sem igual. Eles nunca tentaram escolher seus sucessores no ofício apostólico. Pedro escreveu na segunda de suas epístolas: “... para que vos recordeis das palavras que anteriormente foram ditas pelos santos profetas, bem como do mandamento do Senhor e Salvador, mediante os vossos apóstolos” (II Ped. 3:2). Lucas afirmou a autoridade da doutrina dos apóstolos (ver Atos 1:2). Paulo ensinou que eles foram os primeiros colocados na Igreja (ver I Coríntios 12:28). Ele também declarou, em Efésios 2: 20, que a obra inteira do evangelho está fundamentada sobre os apóstolos (os doze) e sobre os profetas. No trecho de I Coríntios 3:11, Paulo declara que não há outro fundamento exceto Jesus Cristo. Haverá nisso alguma contradição? Não, pois o fundamento que é Jesus Cristo, e o fundamento dos apóstolos (isto é, a mensagem de Jesus Cristo), são termos sinônimos. Lendo cuidadosamente os primeiros cinco capítulos do livro de Atos, você descobrirá que as ações da Igreja primitiva sempre giravam em torno dos apóstolos. A ênfase recai continuamente sobre os doze, na medida em que eles iam dando testemunho da ressurreição de Jesus. A ação prosseguiu em torno dos “doze”, no debate concernente a salvação exclusivamente mediante a fé, até ao trecho de Atos 16:4. Os doze formavam o único grupo de homens que testificavam, juntamente com o Espírito Santo, a respeito da graça de Deus - provando que a salvação de judeus e de gentios, indistintamente, verifica-se exclusivamente pela graça de Deus, mediante a fé. Finalmente, os adversários de Cristo testificaram, através de seus atos e acusações, que os “doze” formavam um grupo sem par. As atitudes militantes desses adversários, que procuravam varrer de cena os seguidores de Cristo, dirigiam-se, vez após vez, contra os apóstolos. Os inimigos de Cristo acusaram os apóstolos de alcoolismo (ver Atos 2:13). Os sacerdotes e o capitão do templo, bem como os saduceus, 42
atiraram-se contra os apóstolos, ressentidos por que estes ensinavam ao povo e “... os prenderam, recolhendo-os ao cárcere até ao dia seguinte...” (Atos 4: 3). Os judeus religiosos indagaram: “Que faremos com estes homens?” (Atos 4: 16). Mais tarde, o sumo sacerdote levantou-se, juntamente juntamente com todos os que estavam em sua companh companhia, ia, e, tomado de fúria, mandou deter os apóstolos e lançá-los na prisão (ver Atos 5: 18). Sim, os adversários de Cristo sabiam que os apóstolos formavam um grupo sem igual. Os “doze” eram dotados de poderes e de dons que outros homens não possuíam e jamais haveriam de possuir. Dentre os doze, Pedro era o que trabalhava mais poderosamente entre os que eram da circuncisão (os judeus). Mas, dos “doze”, João foi quem escreveu mais das Escrituras do Novo Testamento. A Bíblia não dá margem para qualquer dúvida a esse respeito: os doze formavam um grupo sem rival. Esse grupo jamais poderia ser substituído ou repetido. Tendo sido os seus membros escolhidos por Jesus, eles foram testemunhas divinamente selecionadas para falarem sobre a vida e a ressurreição de Jesus Cristo. Juntamente com eles é que o Espírito Santo haveria de testificar de maneira toda especial. Todos os ensinamentos do Novo Testamento e toda a obra realizada pelas igrejas de Cristo estão alicerçados sobre as obras e a mensagem dos doze apóstolos. Isso, naturalmente, inclui o ministério e os escritos de Paulo, por igual modo. O ministério de Paulo, entretanto, teria sido inteiramente vão não fora o ministério e o testemunho dos “doze”.
Conforme temos demonstrado pelas Escrituras, Paulo não fazia parte integrante daquele grupo único, chamado de “os doze”. Eles tinham sido testemunhas oculares da vida, do ministério e da ressurreição de Jesus. Não obstante, o apostolado de Paulo também pertencia a uma classe toda especial. Ele fora escolhido pelo Salvador ressuscitado a fim de ser o apóstolo dos gentios. Poderíamos chamá-lo de missionário protótipo. Por mais de vinte vezes, Paulo refere-se ao seu apostolado em favor do evangelho de Cristo. Além disso, houve outros que confirmaram o apostolado de Paulo. A seleção de Paulo para o apostolado foi declarada a Ananias, pelo Senhor Jesus, antes mesmo que Paulo tivesse conhecimento de sua escolha. (Ver Atos 9:13). Ananias foi diretamente autorizado por Jesus Cristo para batizar e ungir ou ordenar Paulo para seu ofício apostólico. Ananias, quanto a esse particular, foi tão sem igual quanto o fora Melquisedeque. Coisa alguma é dita sobre ele, antes ou depois do papel por ele 43
desempenhado em prol do ministério de Paulo. Jesus revelou a Ananias que Paulo haveria de ser um vaso especial, uma testemunha para levar o evangelho aos gentios, a reis e ao povo de Israel. (Ver Atos 9:15). Paulo recebeu uma unção especial para o seu ministério apostólico. (Ver Atos 9:17). A Paulo foi outorgada a dispensação (mordomia de uma casa) da graça de Deus em favor dos gentios. (Ver Efésios 3:2,3). Isso significa que ele foi comissionado com a mordomia apostólica do evangelho a ser anunciado aos povos gentílicos. Ele anunciaria a mensagem de Cristo; ele transmitiria dons espirituais às igrejas gentílicas até que as Escrituras estivessem completas. Embora a Pedro tivessem sido entregues as “chaves do reino dos céus” — o evangelho e o Espírito Santo — para que fosse aberta a porta da salvação aos gentios (ver Atos 11:1-18 e 15:7), foi Paulo que atravessou por aquela porta e trabalhou poderosamente entre os gentios. (Ver Gálatas 2:8). Paulo foi escolhido para tomar conhecido o mistério de Deus entre os gentios, a saber, que judeus e gentios seriam unificados, formando um único povo eterno, por Jesus Cristo. Tal como os demais apóstolos, Paulo também recebeu a incumbência de testificar da ressurreição de Cristo. Ele não vira ao Senhor ressurreto antes dEle ter subido para os céus. Mas mesmo assim O viu. (Ver I Coríntios 15:8). Eis como tudo sucedeu: “Então eu perguntei: Quem és tu, Senhor? Ao que o Senhor respondeu: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Mas levanta-te e firma-te sobre teus pés, porque para isto te apareci, para te constituir ministro e testemunha, tanto das cousas em que me viste como daquelas pelas quais te aparecerei ainda; livrando-te do povo e dos gentios, para os quais eu te envio, para lhes abrir os olhos e convertê-los das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus, a fim de que recebam eles remissão de pecados e herança entre os que são santificados pela fé em mim” (Atos 26:15-18). O evangelho anunciado por Paulo e a doutrina por ele ensinada eram os mesmos dos doze apóstolos. Ele, tanto quanto eles, foi pessoalmente ensinado por Jesus e pelo Espírito Santo. Paulo foi instruído mediante revelações e através do Espírito Santo. (Ver II Coríntios 12:2-7). Aquilo que o Cristo ressurreto ensinou a Paulo, desde os céus, era a mesma coisa que Ele havia ensinado aos doze, quando presente com eles neste mundo. (Nos céus, Jesus continua sendo o mesmo que quando andava entre os homens). O apostolado dos doze foi comprovado pela presença do Espírito Santo, evidenciada essa divina presença pelos dons miraculosos especiais 44
que eles receberam. O Espírito Santo confirmou o apostolado de Paulo, conferindo-lhe idênticos sinais e dons miraculosos. Declarou Paulo: Os sinais do meu apostolado foram manifestados entre vós com toda a paciência, por sinais, prodígios, e maravilhas” (II Coríntios 12:12). A ordenação que Paulo recebeu como apóstolo foi reconhecida pelos “doze”. Eles reconheceram que ele havia sido escolhido para ser o apóstolo aos gentios. E também reconheceram a fidelidade de sua mensagem. (Ver Gálatas 2:1-9). (Ler igualmente o trecho de Atos 15:1-12). Pedro chamou Paulo de irmão amado, e testificou que as epístolas dele eram iguais às demais Escrituras. (Ver II Pedro 3:15,16). Por que Deus usou os “doze”, e depois chamou Paulo para o apostolado? Deus não tem de prestar contas a quem quer que seja; pois Ele sempre se mostra justo e é justificado em todos os Seus caminhos. Por meio do Seu relacionamento pessoal com os “doze” e com Paulo, mediante aparições e revelações especiais, podemos aprender diversas coisas: (1) O mesmo Jesus que andava na companhia dos doze é o Salvador ressurreto que apareceu a Paulo. (2) As duas maneiras utilizadas por Deus para tratar com os “doze” e com Paulo comprovam a veracidade do evangelho de Cristo. (3) A doutrina da salvação mediante a fé em Jesus Cristo, com exclusividade, ensinada pelos doze, também foi revelada a Paulo. Assim sendo, o evangelho foi confirmado pela boca de duas variedades de testemunho. (4) A maneira pela qual Deus ensinou Paulo ajuda-nos a compreender que Jesus é Deus — o mesmo Deus que apareceu ao Seu povo da antiguidade. Isso mostra como Ele se revelou a Moisés, o grande legislador, bem como aos profetas. (5) A maneira pela qual Jesus ensinou os apóstolos (os doze) comprova que Ele tanto é homem quanto Deus. Além disso, consideremos este pensamento colateral: Pode você imaginar Pedro como o apóstolo dos gentios? ou Paulo como um bem sucedido apóstolo dos judeus?
Os homens que Jesus escolheu para que ensinassem a respeito de Sua obra e acerca do Espírito Santo formavam um grupo todo especial. Esse grupo envolvia doze homens — nem mais e nem menos. Eles eram as testemunhas escolhidas por Cristo — testemunhas de Sua vida, morte e ressurreição. Conforme temos verificado, não há sucessão apostólica, nem do ofício e nem dos dons que eram peculiares àquele ofício. Todas as pessoas e grupos que reivindicam para si essa autoridade ou poder, ou estão enganados, ou são voluntariamente ignorantes, ou estão mentindo. 45
Embora o apóstolo Paulo tivesse sido um notável servo de Deus — o apóstolo dos gentios — ele não foi incluído no ofício especial conferido aos “doze”. Ele deixou isso bem patente em seus próprios escritos, que todos podem ler. Seu caso visava especialmente ao ministério do evangelho entre os gentios. Os “doze” reconheceram o seu ministério e a autoridade apostólica dos seus escritos, como realizações da Palavra de Deus; mas também reconheceram que Paulo não fazia parte integrante do grupo especial dos “doze”. Nos céus, veremos os nomes dos “doze” nos fundamentos da Nova Jerusalém, e estaremos vivendo na companhia deles e da do apóstolo Paulo. Até então, cuidemos em não tentar imitar o ofício e a posição especial deles, porquanto fazer tal coisa é cair em erro grave.
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“Porque João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias” (Atos 1:5). “Ao cumprir-se o dia de Pentecoste, estavam todos reunidos no mesmo lugar; de repente veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados” (Atos 2:1 2).
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Capítulo V
Qual o sentido dos acontecimentos do dia de Pentecoste? Para respondermos a essa indagação, precisamos proceder com cautela, com oração e com muita meditação nas Escrituras. A resposta a essa pergunta é importante por causa dos efeitos sobre a vida e a doutrina das igrejas de Cristo. Saber o que esses acontecimentos envolvem também é vital para o desenvolvimento espiritual dos salvos. O leitor deve conservar em mente o seguinte: O plano do Senhor consiste em produzir uma raça espiritual de homens — assim unindo o céu e a terra na Pessoa e na realização de Jesus Cristo. Dentre todos os povos e nações, Deus recolherá o Seu povo. Esse povo será unificado, e Deus habitará com eles. Eles serão o povo de Deus, e Ele será o Deus deles. Paulo deixa isso perfeitamente esclarecido em Efésios 1:9,10, que estipula: “... desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em si mesmo, de tomar a congregar em Cristo, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão, nos céus como as que estão na terra... ” O que torna bem sucedido esse plano de Deus é que homens foram escolhidos pelo Pai (ver Efésios 1:3-5), remidos do Filho (ver Efésios 1:79), e habitados pela presença permanente do Espírito Santo quando creem (ver Efésios 1:13,14). E o propósito de tudo será o louvor e a glória da graça divina (ver Efésios 1:6,12, e 14). A descida e a permanência do Espírito Santo entre os apóstolos — e, por conseguinte, na Igreja — teve por finalidade fazer a obra remidora de Cristo eficaz nos corações dos homens de todas as nações. O Espírito Santo veio para tomar o lugar de Jesus junto à Sua Igreja, bem como convocar pessoas dentre todas as nações, tribos e línguas. O Espírito Santo desceu no dia de Pentecoste para identificar, liderar e dotar de poder a Igreja, a fim de que ela pregasse o evangelho a toda criatura, batizasse os salvos e ensinasse os batizados a observarem as realidades espirituais. O Espírito Santo desceu no dia de Pentecoste, e nunca mais foi retirado das igrejas de Jesus Cristo. (Por conseguinte, o batismo no Espírito Santo não deve ser esperado hoje em dia.) As pessoas salvas são batizadas em água, pela igreja que foi batizada no Espírito Santo no dia de Pentecoste. 48
O acontecimento no dia de Pentecoste é prova de uma perfeita redenção. É prova que Jesus fora recebido no céu na qualidade de Salvador dos homens. É prova que Ele pôs o Seu selo aprovador sobre os apóstolos, como Suas testemunhas escolhidas, e sobre a Igreja como Seu lugar de habitação. A vinda do Espírito Santo estava profetizada nos escritos dos profetas. Jeremias, por exemplo, escreveu: “Dar-lhes-ei coração para que me conheçam, que eu sou o Senhor; eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus; porque se voltarão para mim de todo o seu coração” (24: 7). E novamente: “Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor. Na mente lhes imprimirei as minhas leis, também no seu coração lhes inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo” (Jr 31:33). E Joel deixou registrado: “E acontecerá depois que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões; até sobre os servos e sobre as servas derramarei o meu Espírito naqueles dias” (2:28, 29). Por sua vez, disse Isaías: “Pelo que por lábios estranhos e por outra língua falará o Senhor a este povo...” (28:11). O último, mas não o menor dos profetas do Antigo Testamento, foi João Batista (ver Mateus 11:13). Sua mensagem tinha por centro a Pessoa de Cristo. O seu desejo era o de exaltar o Senhor. Com profunda devoção, ele afirmou acerca de Jesus Cristo: “Convém que ele cresça e que eu diminua” (João 3: 30). A mensagem de João Batista, uma mensagem de arrependimento, preparou um povo capaz de dar atenção ao Filho de Deus, acolhendo-o em seus corações. Enquanto pregava às multidões e imergia os ouvintes arrependidos no rio Jordão, João Batista proclamou: “Eu vos batizo em água, para arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará em o Espírito Santo e em fogo. A sua pá ele a tem na mão, e limpará completamente a sua eira; recolherá o seu trigo no celeiro, mas queimará a palha em fogo que nunca se apagará” (Mateus 3:11,12). O exame atento das Escrituras demonstrará — contrariamente à maneira de pensar de muitos — que “batizar com o Espírito Santo” e “batizar com fogo” não são termos sinônimos. Não significam a mesma coisa. São coisas tão diferentes quanto o dia e a noite, quanto a luz e as trevas, quanto o céu e o inferno.
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Tabela que mostra que o Batismo no Espírito Santo e o Batismo no Fogo não são a mesma coisa, e nem os seus recebedores são os mesmos. Ref. Bíblica
Mateus 3:1-12
Mateus 1:4-8
Lucas 3:7-17
João 1:29-34
Atos 1:5
Ouvintes aludidos por João
O que João menciona sobre o espírito e o trigo; fogo e palha
Pecadores penitentes (3:6)
Batismo no Espírito e Trigo
Fariseus, saduceus e víboras Só pecadores penitentes (1:5)
Observação
Fogo e Palha Só Batismo no Espírito (1:8)
Multidão de Víboras (3:7)
Fogo e Palha
Pecadores penitentes
Batismo no Espírito e Trigo
Pecadores Penitentes (1:26) batizados em água
Batismo no Espírito (1:33)
Não há qualquer menção ao batismo no fogo, exceto quando há menção daqueles que são considerados palha, os quais estão sujeitos à condenação do inferno.
Aqui, Jesus explicou o sentido das palavras de João sobre o batismo no Espírito Santo. Falando só aos apóstolos, Ele disse: “Porque João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias.” Jesus não menciona o batismo com fogo, pois estava falando a salvos(trigo), e não a perdidos(palha).
A tabela nº 1 mostrará claramente essa diferença. Estude cuidadosamente A tabela e observe os seguintes fatos: (1) Em cada lugar onde a Bíblia registra a menção que João fez do batismo com fogo, também há menção à palha — os fariseus e saduceus incrédulos, aos quais João denominou de “raça de víboras”. (2) Isso transparece claramente na narrativa de Mateus acerca da mensagem de João Batista. (3) Isso também transparece na narrativa de Lucas. (4) Na narrativa de Marcos não há menção à palha, e, em consequência, também não há menção ao fogo inextinguível. (5) João não menciona nem a palha e nem o fogo. Verdadeiro Sentido da Mensagem de João 50
Jesus apresentou-nos a inegável e correta interpretação da mensagem de João Batista, conforme está registrado no trecho de Atos 1:5. João Batista havia revelado que Jesus é Quem batizaria no Espírito Santo. Jesus deixou perfeitamente claras as suas palavras. Jesus já havia ressuscitado fazia quarenta dias. Ele estava em companhia dos Seus apóstolos. Realizava a Sua última entrevista com eles, antes de subir aos céus. Ouça com atenção, enquanto Ele fala com os discípulos e lhes apresenta a Sua última e mui importante mensagem de instrução: “Meus irmãos, vocês já me ouviram falar sobre a promessa do Pai. João batizou vocês em água. Vocês também devem estar lembrados que ele disse que Eu batizaria no Espírito Santo. Agora, chegou o tempo dessa profecia ter cumprimento. Todos vocês devem permanecer em Jerusalém, até que isso aconteça. Dentro de poucos dias, vocês (as testemunhas escolhidas às quais Jesus dirigia a palavra) serão batizados no Espírito Santo. E depois de terem sido batizados no Espírito Santo, vocês sairão por todas as nações como minhas testemunhas, começando em Jerusalém, e então na Judéia, em Samaria e por todas as nações da terra” (Paráfrase de Atos 1:4-8). O derramamento do Espírito Santo não teria qualquer significação para as pessoas que não tivessem sido ensinadas ou orientadas sobre a vinda do Espírito. Para ilustrar esse ponto, consideremos o caso da descida do Espírito Santo, na forma de uma pomba, quando do batismo de Jesus. Deus havia instruído João Batista para que pregasse e batizasse. As instruções divinas foram as seguintes: “João, um dia você haverá de batizar a pessoa que é o Salvador do mundo. Você haverá de identificá-lo e anunciará ao mundo Quem Ele é”. “E como poderei reconhecê-lo?” perguntou João. “Eu lhe darei um sinal. Quando você batizar aquele que é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, você verá o Espírito Santo descer dos céus e permanecer sobre Ele. Ele será a pessoa que trará o Espírito Santo à terra, em toda a Sua plenitude, para habitar nos corações dos crentes com grande poder”. (Paráfrase de João 1:29-33). E assim, realmente, sucedeu; e foi assim que João testificou. Disse João: “Vi o Espírito descer do céu como pomba e pousar sobre ele... eu de fato vi, e tenho testificado que ele é o Filho de Deus” (João 1:32 e 34). Por semelhante modo, os apóstolos foram as únicas pessoas a serem orientadas por Jesus para que soubessem a significação dos eventos do dia de Pentecoste. Para aqueles que não tinham recebido instruções a respeito, a descida do Espírito Santo foi classificada como embriaguez (ver Atos 2:13). 51
De conformidade com as instruções do Senhor, os apóstolos ficaram esperando em Jerusalém. Eles não sabiam como tudo haveria de suceder; mas estavam certos de que o Espírito Santo viria. Outros discípulos juntaram-se aos apóstolos. Entre eles estava Maria, a mãe de Jesus, como também os Seus irmãos. Os apóstolos continuaram em oração e comunhão uns com os outros, enquanto esperavam pelo dom prometido — o Consolador. O Espírito Santo não foi prometido sob a condição de permanecerem eles em oração fervorosa, conforme alguns querem fazer-nos acreditar. Eles continuaram esperando em atitude de obediência e de oração, porque o Senhor havia prometido que lhes enviaria o Espírito Santo. Eles não oravam para que o Espírito Santo descesse. A vinda do Espírito Santo, no dia de Pentecoste, não teve o propósito de que Ele viesse residir em crentes individuais, mas antes, para ungir os apóstolos como as testemunhas especiais de Cristo, e, consequentemente, a Igreja — o corpo de Cristo — visto que os apóstolos foram os primeiros a ser colocados na Igreja. Eles já haviam nascido do Espírito. Já O tinham em suas vidas. O Espírito Santo descia sobre os apóstolos porque já eram filhos de Deus, tal como o Espírito desceu sobre Jesus, o Filho de Deus. Jesus havia dito aos apóstolos que o Espírito Santo estava com eles, e que estaria neles (ver João 14: 17). Isso aconteceu após a ressurreição de Jesus. No salão trancado, no dia da Sua ressurreição, Jesus teve um encontro com a Sua Igreja (ver João 20: 19; Salmos 22: 22 e Hebreus 2: 12). Jesus mostrou-lhes as mãos e o lado, e lhes disse: “Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio. E, havendo disto isto, soprou sobre eles, e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo” (João 20: 21b, 22). O derramamento do Espírito Santo, no dia de Pentecoste, não foi a doação da vida. Foi a unção daqueles que já haviam recebido a vida e os mandamentos da parte do Senhor. (Ver João 6: 63; 17: 8 e 14 e Atos 1:2). Lembremo-nos que o derramamento do Espírito Santo não foi a doação de vida eterna a mortos. Pelo contrário, foi a unção das testemunhas — a Igreja, o corpo de Cristo, que já estava em existência. Enquanto os apóstolos aguardavam a promessa, Pedro levantou-se um dia e falou sobre a profecia concernente à queda de Judas Iscariotes. Um outro precisava ocupar o lugar que ficara vago (ver Atos 1:15-26). Matias foi escolhido, e os “doze” continuaram unidos no mesmo propósito, enquanto esperavam pela promessa do Senhor. Então tudo sucedeu, tal e qual Jesus havia lhes prometido. Cinquenta dias se tinham passado desde a crucificação. Era o dia de 52
Pentecoste. Judeus vindos de todas as partes do mundo se reuniram em Jerusalém, a fim de celebrarem aquele grande dia festivo. As coisas começaram a acontecer. Por favor, note a proeminência dos “doze”. A começar pelo trecho de Atos 1:5, as Escrituras enfatizam o papel desempenhado pelos apóstolos. Eles (os doze) estavam reunidos todos de comum acordo, em um só lugar. Um som como de um vento impetuoso encheu a casa onde eles (os doze) estavam assentados. Então apareceram-lhes (aos doze) como que línguas de fogo. Nota: Se o Espírito Santo tivesse aparecido em forma de pomba sobre mais de uma pessoa, então João Batista jamais poderia haver identificado o Cordeiro de Deus. E se línguas como que de fogo tivessem aparecido sobre outras pessoas além dos doze, ninguém poderia ter certeza acerca de quais eram as testemunhas especiais por meio de quem o Espírito Santo haveria de testificar. Notemos estes elementos especiais a respeito dos “doze”, em relação à descida do Espírito Santo no dia de Pentecoste. Eles foram cheios do Espírito Santo (ver Atos 2:4). Eles falaram em outras línguas (ver Atos 2:4). Deus levantou os doze como testemunhas especiais (ver Atos 10: 39-43 e Hebreus 2:3,4). Aqueles que dentre o povo ficaram convictos de seus pecados indagaram dos doze sobre o que deveriam fazer. (Ver Atos 2:37). Os sinais eram feitos pelos apóstolos (ver Atos 2:43). As doutrinas (ensinamentos de Deus) emanavam dos doze. Os apóstolos estavam ocupando a posição das Escrituras do Novo Testamento. Eles eram a “Bíblia” dos primitivos cristãos. Os doze eram as testemunhas da ressurreição e testificavam com grande poder. (Ver Atos 1:22;4: 33; e 5: 32). Os doze eram as únicas pessoas que tinham sido instruídas para reconhecerem os dons e as operações do Espírito Santo. Na verdade, os dons do Espírito Santo não constituíam novidade nenhuma para os apóstolos, excetuando somente o dom de línguas. (1) Os sinais visíveis de línguas como que de fogo indicavam a descida do Espírito Santo ao lugar de Sua habitação, tal como a glória de Deus descera para habitar no tabernáculo e no templo de Jerusalém. (2) Os apóstolos tinham sido ensinados que a obra do Espírito apareceria como se fosse o ruído produzido pelo vento (ver João 3: 8). 53
(3) Eles já tinham ouvido sons provenientes do céu — a voz de Deus. (Ver Mateus 17:5). (4) Eles tinham visto sinais procedentes do céu — a transfiguração (idem). (5) Eles já haviam experimentado o poder de curar, de expelir demônios e de curar todas as variedades de enfermidades (ver Mateus 10: 5-15). (6) Eles tinham visto o poder de Deus ressuscitar a mortos (ver Lucas 8:51-55 e João 11:43,44). (7) Eles compreenderam, pelo Espírito Santo, que o falar em línguas fora profetizado por Isaías e por Joel (ver Atos 2: 16; I Coríntios 14: 21; cf. Isaías28:ll,12). Quaisquer inovações supostamente trazidas pelo Espírito Santo, que não tivessem sido ensinadas por Jesus e nem pudessem ser encontradas nas Escrituras, teriam de ser tomadas como indícios de um falso espírito. Hoje em dia, os falsos ensinos acerca dos dons do Espírito Santo indicam falsos espíritos. Satanás imita as obras de Deus com um notável poder. O apóstolo João escreveu no sentido que devemos provar os espíritos, procurando verificar se eles são de Deus, porquanto muitos falsos profetas têm saído pelo mundo. (Ver I João 4: 1). Paulo escreveu que Satanás tem a capacidade de disfarçar-se em anjo de luz, e que os seus ministros se fazem passar por ministros de Deus. (Ver II Coríntios 11: 1-4 e 13-15). Maior dano é feito pelos espíritos malignos, em imitação às obras do Espírito Santo, do que se pode imaginar.
A vinda do Espírito Santo foi manifestada por meio de diversos sinais. Aqueles sinais e eventos que acompanharam a Sua vinda tornaram conhecida a Sua presença, tornaram disponível o Seu poder, e identificaram a testemunha de Deus e o corpo de Cristo — a Igreja. Entretanto, qual foi o propósito real e o sentido da vinda do Espírito Santo, em Suas relações com todos os homens? A vinda do Espírito Santo, no dia de Pentecoste demonstrou o fato que a raça de homens espirituais, criada por Deus, agora era uma realidade, mediante a obra terminada da redenção efetuada por Cristo. Mediante uma única oferenda — o próprio Filho de Deus — o pecado pôde ser removido, e Deus uma vez mais pôde descer do céu para ter 54
comunhão com o homem, conforme fizera no jardim do Éden, antes da queda no pecado. Essa nova raça de seres humanos seria mais sublime do que a raça de Adão. A vinda do Espírito Santo significou que a raça de novos homens se comporia de indivíduos nascidos do Espírito de Deus. Quando alguém é salvo, torna-se um filho de Deus para sempre. O Espírito Santo não veio a fim de aprimorar a antiga raça humana; mas veio para criar uma nova raça — uma raça de filhos que tivessem a semelhança de Jesus Cristo. A vinda do Espírito Santo foi a evidência de que se tornara possível o estabelecimento da nova aliança, alicerçada sobre o sangue de Jesus Cristo. Essa nova aliança é eterna. É o pacto da graça. Significa que Deus perdoa aos homens gratuitamente. O perdão divino tomou-se possível porque Deus deu o Seu próprio Filho como o grande Sacrifício pelos pecados dos homens. No novo pacto, os homens são levados à relação de filhos de Deus. Todos quantos confiam em Jesus Cristo recebem o poder de se tornarem filhos de Deus. Esses nascem do Espírito Santo - o Espírito de Cristo — e recebem a adoção de filhos. Eles tornam-se filhos tal como Jesus se tomou o Filho do Homem, isto é, através do poder do Espírito Santo. Eles tornam-se o povo de Deus; Ele torna-se o Pai deles. O Espírito Santo vem habitar neles; Ele é a Lei de Deus, escrita em seus corações e em suas mentes. Ele habita neles porque foram perfeitamente purificados pelo sangue de Jesus. (Ver Hebreus 10:15-18). A vinda do Espírito Santo, no dia de Pentecoste, significou igualmente que o plano remidor de Deus chegara à sua fase final. O plano traçado pelo Pai, a redenção efetuado pelo Filho e a obra eficaz do Espírito nos corações humanos, tinham atingido o seu aspecto final e definitivo entre os homens — ficando assim criada a nova raça de homens, a qual inclui indivíduos chamados dentre os judeus e dentre os gentios. Essa realização do Reino espiritual foi posta nas mãos dos doze homens a quem Cristo escolhera e a quem Ele batizara no Espírito Santo. Os capítulos seguintes mostrarão como o Espírito Santo operou neles e por meio deles, a fim de realizar a obra do Senhor.
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... “como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? a qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram; dando Deus testemunho juntamente com eles, por sinais, prodígios e vários milagres, e por distribuições do Espírito Santo segundo a sua vontade” (Hebreus 2:3, 4). ... “não a todo o povo, mas às testemunhas que foram anteriormente escolhidas por Deus, isto é, a nós que comemos e bebemos com ele, depois que ressurgiu dentre os mortos...” (Atos 10:41).
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Capítulo VI
O Consolador veio com poder, conforme Jesus disse que Ele viria. O testemunho inicial do Espírito foi dado por intermédio dos apóstolos, como Seus colaboradores, os quais, conjuntamente, apresentavam a mensagem do evangelho. O Espírito Santo não deixou qualquer dúvida a esse respeito: os doze apóstolos eram testemunhas especiais. (Ver Atos 10:39-42). Os dons especiais do Espírito, a eles conferidos, serviam de prova que eles eram vasos escolhidos por Deus. O Espírito Santo testificou juntamente com os apóstolos, outorgandolhes dons especiais, porquanto esse sempre foi o Seu método para confirmar os servos de Deus. Os dons do Espírito, dados aos apóstolos, serviriam de comprovação da mensagem que eles anunciavam a respeito de Jesus Cristo. A mensagem de salvação — o evangelho de Jesus Cristo — era a essência mesma do ministério dos apóstolos. O testemunho que o Espírito Santo dava por meio deles servia para confirmar a mensagem deles. A parte vital do evangelho é a ressurreição de Cristo. Os doze apóstolos foram as únicas testemunhas escolhidas desse evento. (Ver Atos 10:41). O testemunho e a mensagem deles posta-se entre os homens e a salvação. Nenhuma outra mensagem é mais vital para os homens; nenhuma outra é capaz de glorificar a Deus. A morte, o sepultamento e a ressurreição de Jesus era a mensagem dos apóstolos; era essa a mensagem que o Espírito Santo confirmava. Como é que os apóstolos poderiam ser ouvidos? Quem lhes daria atenção? Eles eram homens comuns, e não eram reconhecidos como homens importantes pelo público. Não tinham recebido instrução teológica em instituições reconhecidas de ensino. (Em muitos casos, isso seria uma vantagem em nossos dias). Eram galileus. Não haviam sido treinados nos modernos métodos de comunicação. Tais indagações não ofereciam problemas para o poder e para a sabedoria do Espírito Santo. Para que todos ouvissem, o Espírito Santo conferiu o dom de línguas e os apóstolos pregaram a mensagem da ressurreição; e judeus provenientes de todas as partes do mundo ouviram o evangelho em seus próprios idiomas. Esse dom foi conferido aos apóstolos, e não aos ouvintes não convertidos. (Ver Atos 2:4). O dom e o poder miraculosos do Espírito Santo confirmavam que a mensagem dos “doze” era veraz aos 57
fatos (ver Atos 2:31,32). Os Seus dons serviam de prova que Jesus fora exaltado à mão direita do Pai. (Ver Atos 2:33). O Espírito Santo operava sobre os corações dos homens. Isso Ele fazia convencendo de pecado, de justiça e de juízo, conforme Jesus disse que Ele faria. (Ver Atos 2:37 e João 16:8-11). Os homens estremeciam, arrependiam-se, criam, eram batizados e permaneciam continuamente nos ensinos ministrados pelos apóstolos. Grandes sinais eram feitos por meio dos apóstolos. (Ver Atos 2: 43). O Espírito Santo testificava juntamente com eles. Os primeiros cinco capítulos do livro de Atos abordam um único tema: a ressurreição de Jesus Cristo. O Espírito Santo abençoava tanto aos apóstolos como à mensagem por eles anunciada. Ele lhes propiciou ousadia diante de grandes perigos. (Ver Atos 4:8). Jesus lhes havia revelado que todas aquelas coisas haveriam de suceder. Cristo lhes dissera: “Quando o Espírito Santo vier, vocês receberão poder, vocês serão as minhas testemunhas, e os homens darão ouvidos a vocês”. Jesus sabia — pois era Seu Espírito. Pelo mesmo Espírito, Cristo fora aprovado e confirmado diante dos homens. (Ver Atos 2:22). Agora, na medida em que Ele confirmava o ministério dos apóstolos, por semelhante modo eram várias as reações demonstradas pelos ouvintes. As multidões de judeus, vindas de todos os quadrantes do mundo antigo, ouviram falar e viram as maravilhosas obras de Deus. (Ver Atos 2: 11). Ficavam maravilhadas; compreenderam que tais obras não eram meras realizações humanas. “Como é que esses galileus podem falar o nosso idioma?” inquiriram eles. “Estão embriagados”, moquejaram certos homens ímpios. Porém, o que quer fosse que aqueles homens pensassem ou dissessem, não podiam negar que os apóstolos haviam sido dotados de um poder sobrenatural. Os adversários os odiavam, mas não podiam lutar contra o poder que os apóstolos possuíam. As coisas pioraram, quando Pedro e João curaram o homem aleijado. (Ver Atos 3:6). O poder e a mensagem dos apóstolos estavam virando de pernas para o ar a cidade de Jerusalém. Os sacerdotes e as autoridades do templo decidiram — esses homens têm que ser silenciados. Resolveram detê-los e lançá-los na prisão. Posteriormente foram interrogados pelo sumo sacerdote: “Que poder é esse que vocês têm? Onde vocês obtiveram esse poder? Como é que vocês puderam curar o aleijão desse homem?” E Pedro, cheio do Espírito Santo, respondeu às indagações do sumo sacerdote pregando o evangelho de Jesus Cristo. A sua mensagem foi 58
direta e positiva: “Este homem está aqui, curado diante de todos por causa do poder do nome de Jesus de Nazaré, a Quem vocês crucificaram, mas a Quem Deus ressuscitou dentre os mortos”. O Espírito Santo estava agindo por meio de Pedro com notável poder. Os inimigos não podiam negar a realidade do milagre efetuado. (Ver Atos 4:14-16). Tiveram de reconhecer que era inegável a sabedoria manifestada pelos apóstolos. (Ver Atos 4:13). Após terem-se aconselhado entre si, os apóstolos foram convocados pelas autoridades. O conselho de julgamento declarou: “Nós estamos proibindo vocês de continuarem pregando nesse nome”. “Que é que vocês acham? É mais certo obedecer aos homens ou a Deus? Não podemos deixar de falar daquilo que temos visto e ouvido”, os apóstolos responderam. Libertados, os apóstolos retornaram a seu costumeiro lugar de reuniões. Ajoelharam-se e oraram nestes termos: “Senhor, em face da ira dos incrédulos, concede aos Teus servos que eles possam ensinar a Tua Palavra, enquanto Tu estendes a Tua mão curadora, e que sinais e maravilhas sejam efetuados através do nome do Teu santo Filho, Jesus”. (Ver Atos 4:29,30). Terminada a oração, o lugar onde a assembleia estava reunida estremeceu. O Espírito Santo encheu-os de Seu poder e, com grande poder, os apóstolos continuaram dando testemunho da ressurreição de Cristo. (Ver Atos 4:31-33). O Espírito testificava com grande poder, não somente diante do público em geral e dos adversários, mas, por igual modo, a Sua presença e o Seu poder eram testemunhados pela Igreja, através da morte de Ananias e Safira. (Isso será discutido mais amplamente no oitavo capítulo deste volume). Continuando eles a pregar e a ministrar no poder do Espírito Santo, muitos sinais foram efetuados entre o povo pelas mãos dos apóstolos. Os sinais eram realizados pelas mãos dos apóstolos. As ruas de Jerusalém viviam repletas de enfermos e aleijados. Multidões estavam sendo curadas, especialmente por Pedro. O sumo sacerdote e as demais autoridades religiosas ordenaram que os apóstolos fossem novamente encarcerados, desta vez na prisão comum, como se fossem meros criminosos. No dia seguinte foram buscar os apóstolos para o julgamento do tribunal. Entretanto, não mais se encontravam presos, pois um anjo os libertara. Onde foi que os apóstolos se esconderam? Eles não se esconderam. Foram encontrados no templo, pregando a mensagem do Cristo ressurreto. 59
Conduzidos uma vez mais à presença do sinédrio, os apóstolos mostraram-se deveras corajosos e sábios. Pedro foi o porta-voz do grupo apostólico, dizendo: “Antes importa obedecer a Deus do que aos homens. O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, a quem vós matastes, pendurando-o num madeiro. Deus, porém, com a sua destra, o exaltou a Príncipe e Salvador, a fim de conceder a Israel o arrependimento e a remissão de pecados. Ora, nós somos testemunhas acerca destas palavras, nós e também o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem” (Atos 5:29-32). Os doze apóstolos foram as testemunhas especiais da vida e da ressurreição de Jesus Cristo. Todas as realizações de Jesus e de Suas igrejas estão edificadas sobre o fundamento dos apóstolos — sobre a mensagem por eles proclamada. Conforme já vimos, o Espírito Santo desceu a fim de que testificasse juntamente com eles, de maneira inequívoca e especial. O Espírito Santo é o dom de Deus para todos aqueles que creem, mas os sinais, maravilhas e milagres eram o testemunho especial prestado pelo Espírito, conferido exclusivamente aos apóstolos. As palavras dos trechos de Atos 5:32 e Hebreus 2:3,4 confirmam essa conclusão: “Ora, nós somos testemunhas destes fatos, e bem assim o Espírito Santo... e: “... como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? a qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram (os apóstolos); dando Deus testemunho juntamente com eles, por sinais, prodígios e vários milagres, e por distribuições do Espírito Santo segundo a sua vontade”.
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“Quando, porém, comecei a falar, caiu o Espírito Santo sobre eles, como também sobre nós no princípio. Então me lembrei da palavra do Senhor, como disse: João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo. Pois se Deus lhes concedeu o mesmo dom que a nós nos outorgou quando cremos no Senhor Jesus, quem era eu para que pudesse resistir a Deus? E, ouvindo eles estas cousas, apaziguaram-se e glorificaram a Deus, dizendo: Logo, também aos gentios foi por Deus concedido o arrependimento para vida” (Atos 11:15-18).
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Capítulo VII
O ponto de atração, no dia de Pentecoste, foi os “doze”. Eles formavam um grupo todo especial, que Cristo deixara neste mundo para realizar Sua obra, depois que Ele retomasse aos céus. Foi para eles que o Espírito Santo veio, quando foi enviado da parte do Pai. Sim, os apóstolos formavam um grupo único de homens. Durante os primeiros dias do ministério do Espírito Santo, conforme está registrado nos primeiros cinco capítulos do livro de Atos, é mais do que evidente que Ele estava continuamente com os apóstolos, conferindolhes testemunho comprobatório acerca da mensagem de Cristo, que eles pregavam. Ele operava junto aos “doze” de uma maneira toda especial. Não fora isso uma realidade, eles jamais teriam sido identificados como as verdadeiras testemunhas de Cristo, que anunciavam a verdadeira mensagem de salvação. Todavia, o testemunho do Espírito Santo com eles, não foi a Sua única realização. Ele também testificou para eles. Isso significa que Ele os conduziu a toda a verdade. Por que Ele testificou para os apóstolos? O que foi que Ele testificou diante deles? Como foi que deu Seu testemunho para eles? Os apóstolos não tinham compreendido tudo quanto lhes fora ensinado por Jesus. O Espírito Santo haveria de despertar a memória deles acerca das coisas que porventura tivessem esquecido, ensinandolhes também aquilo que não houvessem entendido. Uma das coisas mais importantes que os apóstolos não haviam compreendido era a extensão da salvação oferecida em Cristo — o fato que Jesus morrera tanto pelos judeus quanto pelos gentios. Conservemos em mente o plano divino para unir os céus e a terra, unificando-os em torno da pessoa de Cristo. (Ver Efésios 1: 10). Deus está preparando um povo celestial redimido dentro a decaída raça adâmica. A nova raça trará a imagem de Jesus Cristo, o primogênito dessa nova raça. Esse plano foi revelado inicialmente aos apóstolos. Após a morte, a ressurreição e a ascensão de Jesus, os apóstolos estavam incumbidos de anunciar as boas novas a todas as nações. Por que razão o Espírito Santo testificou para os apóstolos? Os apóstolos eram humanos. Tinham-se mostrado lentos em compreender muitas coisas que Jesus lhes havia ensinado. Como humanos que eram, não queriam crer em tudo o que Jesus lhes ensinara. Não estavam dispostos a crer que todos os homens pertencem a uma única categoria, 62
quando se tornam parte do reino de Deus. Também não queriam acreditar que Jesus haveria de ser crucificado. Pedro não acreditou que ia negar ao Senhor. Depois que Jesus ressuscitou dentre os mortos, os apóstolos não podiam acreditar que Ele realmente ressuscitara. Não obstante, Jesus havia ensinado a Seus discípulos que Ele ressuscitaria ao terceiro dia. Os apóstolos não eram apenas homens — eram homens judeus. Recusavam-se a acreditar numa parte daquilo que Jesus ensinara — que eles fossem por todas as nações, fazendo discípulos dentre os gentios. Pensavam que essa tarefa era simplesmente irrealizável. A salvação, conforme eles pensavam a princípio, era uma provisão divina para os judeus, através dos judeus e proveniente dos judeus. Entretanto, esses pensamentos dos apóstolos não coincidiam com os pensamentos de Deus. Por conseguinte, eles precisavam receber instruções mais completas. O Espírito Santo veio a fim de ensinar-lhes aquilo que Jesus já havia ensinado em vida. Eles ainda tinham de aprender diversas coisas. Que foi que o Espírito Santo ensinou aos apóstolos? Ele lhes ensinou que a salvação está alicerçada exclusivamente sobre a graça divina, à parte de quaisquer esforços ou méritos humanos. Pedro, na presença dos demais apóstolos e dos anciãos, deixou isso perfeitamente claro. Falando sobre o que o Espírito Santo havia ensinado, Pedro declarou: “Ora, Deus... não estabeleceu distinção alguma entre nós e eles, purificando-lhes pela fé os corações’’ (Atos 15:7-9). O Espírito ensinou aos apóstolos que Jesus havia morrido por judeus e gentios, igualmente, e que homens provenientes de todas as nações podem ser salvos exclusivamente pela fé. Como foi que o Espírito Santo testificou dessa verdade para os apóstolos? Como foi que Ele os levou a compreender essa realidade? Ele testificou para eles utilizando-se do mesmo método que usara para testificar juntamente, com eles — por intermédio de sinais especiais. Eles haveriam de reconhecer o Seu ensinamento mediante os sinais que acompanhariam aquilo que o Espírito ensinasse. Os apóstolos precisavam ser ensinados com clareza acerca de quem podia ser salvo. Eles tinham imaginado que Jesus morrera para salvar tão somente os judeus. Qualquer indivíduo gentio que desejasse ser salvo, teria de tomar-se judeu, conforme eles pensavam. Eles contemplavam o reino de Israel e o trono de Davi. Entretanto, não compreendiam corretamente o papel desempenhado pela Igreja ou pelo reino de Deus. Jesus ensinara os apóstolos pela força do exemplo, dizendo que a salvação destina-se a todos os povos. Ele já havia pregado aos samaritanos (ver João 4:1-42), e os samaritanos tinham crido nEle como o Cristo. Jesus também levou os apóstolos às fronteiras de Tiro e Sidom, 63
onde ministrara a uma mulher siro-fenícia, mulher gentílica, a quem os apóstolos consideravam pouco mais do que uma cadela. Os pensamentos dos apóstolos foram refletidos nas palavras de Jesus, quando Ele disse: “Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos” (Mat. 15:26). Jesus também havia declarado a Seus discípulos que havia outras ovelhas, em outros pastos (outras nações), que precisavam ser recolhidas. E igualmente ensinou-lhes que haveria um único rebanho, um único povo, composto igualmente por judeus e gentios convertidos. Os apóstolos, não creram nessa revelação. Não queriam mesmo crer — para os apóstolos, a salvação destinava-se exclusivamente aos judeus. Vejamos como o Espírito Santo ensinou aos apóstolos. Lembremosnos de que Ele haveria de ensinar-lhes precisamente as mesmas coisas que Jesus já lhes havia dito, em Marcos 16:16-18: “Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado. Estes sinais hão de acompanhar aqueles que creem: em meu nome expelirão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se alguma cousa mortífera beberem, não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados”. Há dois motivos que nos impelem a considerar essa passagem do capítulo dezesseis de Marcos. O primeiro é que eu aceito esse trecho como inspirado por Deus, como uma porção válida do Novo Testamento. Em segundo lugar, essa é a passagem mais empregada por aquelas pessoas que ensinam que os dons apostólicos destinam-se a nós, em nossos dias. É esse o principal texto usado pelo pentecostalismo. É o texto dos falsos profetas, que enganam as pessoas com as suas línguas e com as suas curas divinas. Essa passagem é a chave para a compreensão dos dons apostólicos. Ela contém a essência do que Jesus ensinou aos apóstolos, imediatamente antes de subir para os céus. E isso é confirmado por todos os escritores neotestamentária que mencionam a questão. O estudo dessa passagem é importantíssimo. Absorva-a lentamente. O trecho de Marcos 16:9-20 será apresentado em forma de tabela, a fim de ser comparado com outros escritos do Novo Testamento. Na medida em que você estudar essas comparações, irá descobrindo que Marcos escreveu exatamente as mesmas coisas que os demais escritores sagrados. A diferença está no estilo e na brevidade, que caracterizam o seu evangelho. Ele falou de maneira abreviada, mas fiel aos fatos.
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O propósito da tabela nº 2, que compara o texto de Marcos 16:16-20 com outras passagens bíblicos, é o seguinte: (1) Marcos relatou todos os fatos das instruções finais dadas por Jesus Cristo aos Seus doze apóstolos. Aquilo que Marcos escreveu concorda perfeitamente com os demais escritos neotestamentários. (2) Jesus instruiu bem os doze — cumpria-lhes pregar o evangelho a toda criatura — a todas as nações. Jesus sabia que eles não tinham compreendido as Suas instruções. Eles não acreditavam que Ele morreria para salvar também aos povos gentílicos. (3) Os apóstolos tinham-se mostrado incrédulos quanto a outras coisas que Jesus também lhes havia ensinado, como, por exemplo, que Ele ressuscitaria dentre os mortos. (4) Como foi que Jesus podia provar para os apóstolos que os gentios também podia ser salvos? Ele enviara o especial derramamento do Espírito Santo sobre os judeus. Esse era o sinal de que a salvação fora conferida aos judeus. Jesus havia prometido o Espírito Santo aos apóstolos porque eles tinham crido, e lhes dissera que o Espírito Santo seria dado a todos quantos cressem. Mediante esse mesmo sinal — o derramamento do Espírito Santo sobre os gentios — Pedro foi ensinado, juntamente com os demais apóstolos, que Deus também havia concedido o dom da vida eterna aos povos gentílicos. (Ver Atos 10). (5) As instruções que aparecem em Marcos 16:14-18 destinam-se exclusivamente aos apóstolos. Elas não significam coisa alguma para qualquer outra pessoa. Marcos 16:9-16 relata as instruções específicas de Jesus aos “doze”. Não são instruções para crentes individuais. As palavras de Marcos correspondem às palavras registradas por Lucas, em Atos 1:49. (6) Os versículos dezenove e vinte do décimo-sexto capítulo de Marcos sumariam o livro inteiro de Atos. (7) Aquilo que Marcos registrou em 16:17: “Estes sinais seguirão (caracterizarão, acompanharão) aqueles que creem:” referem-se ao que Marcos declarou que aconteceu, no versículo vinte. Jesus dissera aos apóstolos que eles saberiam quem seria salvo, mediante os sinais do Espírito. Quando o Espírito foi derramado sobre os gentios, na casa de Cornélio (ver Atos 10), conforme já havia acontecido no dia de Pentecoste, então Pedro e os demais apóstolos ficaram sabendo o que esse sinal confirmava, a saber, que os gentios, tanto quanto os judeus, podiam ser salvos mediante a fé. 65
Tabela comparativa entre Marcos 16:9-20 e outros escritos do Novo Testamento, mostrando a exatidão com que ele escreveu sobre as instruções de Cristo aos Apóstolos e os resultados de seus trabalhos em cumprir as instruções de Cristo. I. A Incredulidade dos Apóstolos sobre a Ressureição é narrada tanto por Marcos co mo pelos outros Escrito res Mar. 16:9 -
Tendo (Jesus) ressuscitado na manhã do primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Magdalena...
Mat. 28:1-
E, no fim do sábado, quando já despontava o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro.
Mar. 16:10 -
E, partindo ela, anunciou-o àqueles...
Luc. 24:10 -
E, eram Maria Madalena, e Joana, e Maria mãe de Tiago, e as outras... que diziam estas coisas aos apóstolos.
Mar. 16:11-
E, ouvindo eles... não o creram.
Luc. 24:11 -
E suas palavras lhes pareciam como desvario, e não as creram.
Mat. 28:17 -
... alguns duvidaram
II. Marcos relata a ressurr eição exatamente como os ou tros escritores sagrados Mar. 16:12 -
E depois manifestou-se noutra forma a dois deles, que iam de caminho para o campo.
Luc. 24:13 -
... no mesmo dia iam dois deles para uma aldeia, que distava de Jerusalém sessenta estádios, cujo nome era Emaus.
Mar. 16:13 -
E, indo estes, anunciaram-no aos outros, mas nem ainda estes creram.
Luc. 24:33 -
E, na mesma hora, levantando-se voltaram para Jerusalém onde acharam reunidos os onze e outros com eles.
Mar. 16:14 -
Finalmente, apareceu aos onze, estando eles assentados juntamente, lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem crido nos que o tinham visto já ressuscitado.
Luc. 24:36,39
- E, falando eles destas coisas, o mesmo Jesus se apresentou no meio deles, e disse-lhes: Paz seja convosco... Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede, porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho.
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III. O relato de Marcos sobr e a Grande Comissão é idênti co ao de Mateus e de Lucas Mat. 16:15 -
E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda a criatura (judeu e gentio). (Marcos narrou de modo breve as mesmas instruções dadas por Jesus, que os outros escritores mencionaram. Os apóstolos não compreenderam bem a Grande Comissão).
Luc. 24:47 -
... e em seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém (Ver também João 20:23).
Mat. 28:19-20
- Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo.
Atos 1:2 -
... depois de ter dado mandamentos, pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera...
Atos 1:8 -
Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.
IV – A mensagem de marcos é idêntica à de Pedro Mat. 16:16-
Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.
Atos 1:8 -
Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo.
V – Marcos relata a mesma mensagem das palavras de Jesus, r egistr adas em Atos 1:5-8 Mar. 16:17-18
E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas, pegarão nas serpentes; e, se beberam alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos e os curarão.
Atos 1:5 -
... mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias.
Atos 1:8 -
... mas recebereis a virtude (poder) do Espírito Santo, que já de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra. Nota: Esses versículos indicam que seriam dados sinais, também. Lucas não as menciona com detalhes como Marcos faz.
VI – Marcos relata a ascensão de Jesus, tal co mo o faz Lucas Mar. 16:19 -
Ora o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus.
Atos 1:9 -
E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o seus olhos.
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VII – Marcos r esume, em Atos 16:20, a pregação dos apóstol os e o t estemunho mir aculoso do Espírito Santo, que estava com eles. Lucas relata os porm enores no Livro de Ato. Mar. 16:20 - E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes... OS APÓSTOLOS PREGARAM AOS JUDEUS Atos 2:1 – 7:60
OS APÓSTOLOS VERIFICARAM A SALVAÇÃO DOS SAMARITANOS Atos 8:1-25
OS APÓSTOLOS PREGARAM O EVANGELHO AOS GENTIOS Atos 10:1-48
Atos 2:1 – O Espírito Santo foi derramado 7:60 sobre os apóstolos no dia de Pentecostes e sobre os discípulos em Jerusalém. Os apóstolos pregaram aos judeus, e três mil foram salvos e batizados naquele dia. O Evangelho foi pregado aos samaritanos pelo evangelista Filipe. Samaritanos creram e foram batizados. Mas o Espírito Santo ainda não viera sobre eles (Atos 8:16). Mas desceu com poder sobre eles, quando os apóstolos Pedro e João verificaram a autenticidade da fé deles. A prova de que haviam crido foi que o Espírito Santo desceu sobre eles quando os dois apóstolos lhes impuseram as mãos. Só os apóstolos sabiam o sentido desses sinais. Pedro foi á casa de Cornélio. Deus o enviou ali pregar aos gentios. Enquanto ele pregava, o Espírito Santo foi derramado sobre os gentios, tal como sucedera aos judeus. Esse sinal mostrou para os apóstolos que Deus concedera a vida eterna a homens de todas as nações.
VIII. Marcos relatou o signi ficado dos sinais e o escrito r da epístol a aos Hebreus confirm ou o que Marcos escreveu Mat. 16:20
...cooperando com eles o Senhor e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. (Os mesmos sinais que Marcos dissera se seguiriam, no versículo dezessete).
Testificando também Deus com eles (os apóstolos), por sinais, e milagres, e varias maravilhas e dons do Espirito Santo, distribuídos por sua vontade.
(1) Embora Marcos seja o único dos quatro escritores dos evangelhos a declarar quais sinais seguir-se-iam àqueles que cressem, os escritores dos livros de Atos e aos Hebreus também afirmam a mesma coisa que ele escreveu. As palavras de Marcos, concernentes aos sinais e ao seu significado, também são confirmadas pelas conclusões do concilio de Jerusalém (ver Atos 15), bem como pela defesa de Pedro, por haver pregado na casa de Cornélio (ver Atos 11). (2) O derramamento do Espírito Santo não teve por propósito prover dons miraculosos a crentes individuais. O derramamento do Espírito tinha por finalidade mostrar aos apóstolos que os gentios podem ser salvos por Jesus Cristo, tanto quanto o podem os judeus. Esse é igualmente o tema da epístola de Paulo aos Efésios, em seu segundo capítulo. Houve dons distribuídos a indivíduos, nas igrejas, através das mãos dos apóstolos. (Isso será explicado no oitavo capítulo deste volume). 68
(3) O derramamento do Espírito Santo foi uma ação divina. Os apóstolos nada tiveram a ver com esse derramamento, quer sobre si mesmos quer sobre os gentios. Depois que o Espírito Santo já havia mostrado para os apóstolos que os gentios também podiam ser salvos, o apóstolo Paulo distribuiu dons espirituais entre as igrejas gentílicas, tal como os outros enviados do Senhor já haviam distribuído dons às igrejas judaicas e samaritanas. Esses dons espirituais eram necessários, até que se completasse a escrituração do Novo Testamento. (4) Os versículos que ora consideramos no evangelho de Marcos ensinam que os sinais haveriam de mostrar para os apóstolos que samaritanos e gentios também podiam ser redimidos. Esse foi um ponto vital no aprendizado dos apóstolos; essa era a mensagem fundamental a ser registrada nas Escrituras do Novo Testamento. (5) Usar o trecho de Marcos 16:17,18 para provar o pentecostalismo de hoje é usar e entender mal as Escrituras. Com estes pontos em mente estude cuidadosamente a tabela. O relato de Marcos se mostra no lado esquerdo da tabela; os escritos dos outros se encontram no lado direto da tabela. A prova toda conclusiva de que Marcos quis dar a entender que os sinais se seguiriam a fim de provar, para os apóstolos, que Cristo morrera por todos quantos cressem, quer judeu quer gentio, é vista na narrativa de Pedro, segundo o registro do décimo-primeiro capítulo de Atos. Retornemos por um momento a fim de examinarmos a experiência de Pedro. Pedro e os demais apóstolos tinham ideias preconcebidas, e não acreditavam que os gentios também pudessem ser salvos. A Pedro tinham sido entregues as chaves do reino — a mensagem de Jesus Cristo e o Espírito Santo. Pedro só queria usar essas chaves em favor dos judeus, embora ele mesmo e João tivessem descido a Samaria e tivessem averiguado que samaritanos também estavam sendo salvos. O Espírito Santo ainda haveria de dar uma outra lição sobre soteriologia ao “possuidor das chaves do reino”. Um “dia ao campo” foi o método escolhido pelo Espírito Santo para ministrar essa lição necessária. Pedro fora à cidade de Jope, à casa de Simão, o curtidor. Um dia, pouco antes do meio-dia, Pedro subira ao pátio sobre o telhado para descansar um pouco antes da refeição. O ortodoxo Pedro caiu no sono e sonhou. Para Pedro, tudo pareceu um pesadelo. Por três vezes, um grande lençol, repleto de todas as espécies de animais imundos e répteis, desceu do céu. Pedro foi ordenado que matasse e comesse. Pedro negou-se peremptoriamente a obedecer. 69
Por três vezes ele se recusou a obedecer a Deus, e por três vezes foi instruído a não chamar de impuro àquilo que Deus havia purificado. Conforme você está vendo, Pedro classificou os gentios como animais impuros — porcos e cães. Ele não ia ter parte algum nisso, mesmo que Deus o instruísse ao contrário. Em sua visão, Pedro foi instruído que vinham homens para buscá-lo, enviados por Cornélio. Deus disse a Pedro que fosse com eles. Pedro despertou; os gentios batiam à porta de Simão. No dia seguinte, Pedro partiu para a casa de Cornélio, conforme instruído; mas não foi sem dúvidas, apesar das instruções divinas. O apóstolo da circuncisão caminhava para Cesaréia com um entusiasmo somente igualado por Jonas a caminho de Nínive. “Mas, Senhor, eles são gentios”, pensou Pedro. “Vá, Pedro, sem nada duvidar”. Pedro obedeceu, mas usou de cautela e levou em sua companhia um número suficiente de irmãos judeus, pois sabia que aquela viagem ia dar problemas. Pedro e a sua comissão de irmãos judeus chegaram. Uma casa cheia de gentios esperava a sua chegada. Provavelmente, Pedro foi o primeiro pregador a lamentar-se por ver uma casa repleta de ouvintes. Pedro explicou em termos claros: “Todos vocês sabem que um judeu não tem o direito de estar no meio de um grupo de gentios. Expliquem-me por que mandaram-me chamar. O que vocês desejam?” “Deus disse-me para mandar chamá-lo, Pedro”, respondeu Cornélio, e contou a sua história. “É por isso que estamos aqui, esperando ouvir de sua boca as palavras da vida”, concluiu ele. Pedro começou a pregar. Falou-lhes da mensagem de Cristo Jesus; “Aquele que Deus ressuscitara dentre os mortos Se elevou a sua mão direita nos céus.” O grupo ouvia Pedro com grande atenção, e todos deram crédito Àquele a Quem Pedro anunciava. Foi então que sucedeu! Pedro teve a maior surpresa da sua vida. O Espírito Santo foi derramado por Deus sobre aquele ajuntamento de gentios — tal como acontecera aos judeus no dia de Pentecoste. Mediante o derramamento do Espírito Santo e Seus dons acompanhantes, Pedro ficou sabendo que Deus havia incluído pessoas de todas as nações entre Sua raça redimida. Pedro havia utilizado as chaves do reino a fim de abrir a porta da salvação para os gentios. 70
O Espírito Santo lhe ensinou muito bem. Pedro confessou: “Reconheço por verdade que Deus não fez acepção de pessoas; mas que lhe é agradável àquele que, em qualquer nação, o teme e obra o que é justo.” (Atos 10:34-36). Não se torna perfeitamente claro, portanto, que os sinais do Espírito Santo não visavam primariamente aos samaritanos e gentios? mas que foram usados para ensinar aos incrédulos apóstolos que a remissão de pecados estava sendo oferecida a todas as nações, da parte de Jesus Cristo? Isso é o sentido daquelas palavras de Jesus, em Marcos 16:17 : “Estes sinais hão de acompanhar aqueles que creem... ” Esses sinais indicavam que Jesus havia morrido para abençoar todas as famílias da terra. Os apóstolos eram as únicas pessoas que podiam interpretar corretamente o significado desses sinais. Dali por diante não haveria mais dúvidas. O Espírito Santo havia confirmado a palavra da verdade a respeito da remissão de pecados, que Jesus havia ensinado aos apóstolos, em Marcos 16:17, por meio de sinais, conforme é declarado em Marcos 16: 20. O que o Espírito Santo ensinou a Pedro e aos apóstolos esclarece o versículo, no evangelho de João, que diz: “Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, lhes são perdoados; e aqueles a quem são retiverdes lhes são retidos” (João 20: 22-23). Estes versículos significam o mesmo que “quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Marcos 16:16). O perdão do pecado se dá pelo nome de Jesus Cristo (ver Atos 10: 43) foi a mensagem de remissão anunciada pelos apóstolos. Todos que aceitassem a mensagem deles seriam salvos; e os que a rejeitassem seriam condenados. Nenhum sistema sacerdotal é justificado em usar João 20:23 como a autoridade para seu falso perdão. Todos os homens que afirmam ter o poder de Deus para perdoar pecadores estão condenados, e todos que confiam em seu falso perdão estão condenados juntamente com aqueles. Esse abuso e esse falso ensinamento dos sistemas sacerdotais resultam da falta de entendimento sobre as Escrituras, ou da franca rebeldia contra Deus. Conforme já se esperava, Pedro foi esperado pelos judeus crentes e intimado a dar conta da sua visita aos gentios. Sua defesa foi nítida: “Então Pedro passou a fazer-lhes uma exposição por ordem, dizendo...” (Pedro apresentou um relato completo das ocorrências, segundo se lê no décimo-primeiro capítulo do livro de Atos). Em concluir, o apóstolo asseverou: “Quando, porém, comecei a falar, caiu o Espírito Santo sobre eles, como também sobre nós no princípio. Então me lembrei (até ai ele 71
não queria lembrar-se desse fato) da palavra do Senhor, como disse: João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo. Pois se Deus lhes concedeu o mesmo dom que a nós nos outorgou quando cremos no Senhor Jesus, quem era eu para que pudesse resistir a Deus? E, ouvindo eles estas coisas, apaziguaram-se e glorificaram a Deus, dizendo: Logo, também aos gentios foi por Deus concedido o arrependimento para vida”. No grande concilio de Jerusalém reuniram os apóstolos, o apóstolo Paulo e os anciãos da igreja de Jerusalém, a fim de considerarem juntos a maneira e a extensão da obra de Cristo. Como é evidente, essas questões tinham que ser solucionados de uma vez por todas, antes que o Novo Testamento fosse registrado em forma escrita. Os sinais do Espírito Santo testificavam, juntamente com os apóstolos, a fim de que essas questões fossem solucionadas. Uma vez solucionados esses problemas, os próprios sinais não teriam maior utilidade do que um buraco no fundo de uma panela. A questão em pauta era a salvação dos gentios. (Ver Atos 15:1). “Então se reuniram os apóstolos e os anciãos para examinar a questão” (Atos 15: 6). Paulo e Barnabé narraram as admiráveis realizações que o Senhor havia operado entre os gentios. Porém, alguns indivíduos se levantaram a fim de estipular: “É necessário circuncidar aos gentios e determinar-lhes que observem a lei de Moisés”. O debate foi longo e excitado. Mas, foi Pedro — um judeu de judeus — que se levantou para levar o debate a bom termo. “Irmãos, vós sabeis que desde há muito Deus me escolheu dentre vós para que, por meu intermédio, ouvissem os gentios a palavra do evangelho e cressem. Ora, Deus que conhece os corações, lhes deu testemunho, concedendo o Espírito Santo a eles, como também a nós; e não estabeleceu distinção alguma entre nós e eles, purificando-lhes pela fé os corações... Mas cremos que fomos salvos pela graça do Senhor Jesus, do mesmo modo que eles também” (Atos 15:7-11). O Espírito Santo testificava para os apóstolos. O método por Ele usado ensinar-lhes sobre a extensão da obra remidora de Cristo foi o derramamento do Espírito Santo e dos sinais especiais que acompanhavam esse fenômeno. A importante lição ensinada aos apóstolos pelo Espírito Santo foi a seguinte: Jesus morreu por judeus e gentios, igualmente. A orientação concernente aos sinais acompanhantes fora dada aos “doze” por Jesus. Esses eram os únicos homens na face da terra que sabiam o significado do derramamento do Espírito Santo. Mediante esses sinais, o Espírito Santo confirmava diante deles que a salvação era para indivíduos provenientes de todas as nações, exclusivamente mediante a fé em Jesus Cristo. Essa é a mensagem do 72
Novo Testamento. Esperar que esses sinais se repitam hoje em dia é duvidar da mensagem do Novo Testamento.
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“Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil” (I Coríntios 12: 4-7).
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Capítulo VIII
O Espírito Santo outorgava dons a indivíduos nas igrejas do período apostólico. Esses dons visavam a orientar essas igrejas no trabalho do Senhor. Foram dados em lugar das Escrituras no Novo Testamento, até estas estarem terminadas. Os apóstolos eram os homens que Deus usava para conferir esses dons às igrejas. Os dons especiais dados a indivíduos nas igrejas eram outorgados somente durante o período apostólico, e eram conferidos exclusivamente pelos apóstolos. O poder para transmitir dons do Espírito Santo não era transferível a terceiras pessoas, e só tinham valor enquanto o Novo Testamento não tivesse sido completamente escrito. Em consequência disso, quando os apóstolos e aqueles membros das igrejas que eram os possuidores desses dons vieram a falecer, os próprios dons especiais desaparecerem juntamente com eles. É isso que encontramos no registro no Novo Testamento. O evangelista Filipe (ver Atos 21:8) fora a Samaria para pregar o evangelho. Ele recebera dons especiais mediante a imposição das mãos dos apóstolos, juntamente com Estêvão. (Ver Atos 6:6). Em Samaria, Filipe realizou muitas obras miraculosas: “E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia; pois que os espíritos imundos saiam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados.” Filipe recebera esse dom pela imposição das mãos dos apóstolos (ver Atos 6:6, 7), e assim a Palavra de Deus foi sendo aumentada. O Espírito Santo operava nos apóstolos e através deles; Ele jamais os ignorou ou os deixou de lado (ver Atos 5:32). Todos os dons do Espírito Santo eram proporcionados aos homens através das mãos dos apóstolos. Notem bem, Filipe realizou muitas obras poderosas — mas ele não tinha a capacidade de transferir o poder de operar dons especiais aos samaritanos. É importante que compreendamos isso. Simão, o mágico (ver Atos 8:9-13), ficou grandemente impressionado diante dos milagres e sinais realizados por Filipe. Mas quando os apóstolos Pedro e João desceram a Samaria, Simão viu algo ainda maior do que aquilo que Filipe possuía. Pedro e João, vendo que os habitantes de Samaria haviam crido em Jesus como o Cristo, e que estavam sendo salvos, reconheceram que eles precisavam dos dons do Espírito Santo para crescerem na graça e 75
conhecerem a vontade do Senhor. Impuseram sobre eles as mãos (ver Atos 8:18) , e assim os crentes samaritanos receberam o Espírito Santo. O que Simão contemplou pareceu-lhe deveras admirável. Tão admirado ficou que o seu maior desejo tornou-se possuir idêntico poder ao dos apóstolos, e não apenas um poder como o de Filipe. Simão despertou com ambos os olhos a fim de perceber o poder superior daqueles dois apóstolos. Ele observou que os apóstolos tinham o poder de transmitir os dons do Espírito Santo a outros indivíduos — ao passo que Filipe não tinha esse poder (ver Atos 8:18). “Olhem,” Simão propôs a João e a Pedro, “eu pagarei bem a vocês se vocês me derem o poder que possuem (o poder apostólico de transmitir dons espirituais). Então eu também serei capaz de dar esse dom a outras pessoas”. (Ver Atos 8:19). O desejo de Simão e a sua atitude para com o poder e os dons apostólicos deveria convencer a cada filho de Deus acerca da futilidade e do terrível resultado que sobreviria se os dons apostólicos fossem dados a qualquer indivíduo. O oferecimento feito por Simão, de comprar a dinheiro o poder do Espírito Santo, provocou uma reprimenda severa de Pedro. (Aqueles que querem o poder apostólico, ou imaginam que já o possuem, deveriam observar isso). “O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro!” disse-lhe Pedro (Atos 8:20). Haverá ainda alguma dúvida de que somente os apóstolos eram que tinham o poder de conferir os dons do Espírito Santo? Se ainda restam dúvidas, observe o caso de Estêvão. E um caso similar ao de Filipe, se não mesmo idêntico. Estêvão foi escolhido por ser um homem cheio de fé e do Espírito Santo. Contudo, somente após a imposição das mãos dos apóstolos é que ele passou a realizar sinais e milagres: “Apresentaram-no perante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos. Crescia a palavra de Deus... Estêvão, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo” (Atos 6:8). A sabedoria por ele exibida era irresistível (ver Atos 6:10). Não existe qualquer registro, entretanto, no sentido que Estêvão tivesse transmitido dons espirituais a terceiros. Um outro caso é o dos discípulos de Éfeso (ver Atos 19:1-6). Paulo encontrou um grupo de homens que haviam sido seguidores de João Batista. Não estavam eles informados quanto à verdade completa sobre Jesus Cristo e o Espírito Santo. Então Paulo instruiu-os melhor no tocante a essas doutrinas. Em seguida, eles foram batizados, simbolizando a sua fé na morte, sepultamento e ressurreição de Jesus. Depois que eles foram batizados, Paulo lhes impôs as mãos e eles receberam de suas mãos os dons de línguas e profecia. (Ver Atos 19:6). 76
Sinais especiais, milagres e outros dons, proporcionados a crentes individuais entre as igrejas primitivas sempre estiveram relacionados ao poder do Espírito Santo, enquanto Ele ia operando por intermédio dos apóstolos. (Cf. Atos 2: 43; 4: 43; 5: 12-16; 8: 18; 9: 40 e 19: 11, 12). Durante os dias dos apóstolos, as igrejas também possuíam dons especiais, como línguas, curas, profecia, prodígios e o discernimento de espíritos. Ora, onde as igrejas obtinham esses dons? Como foi que os receberam? O Espírito Santo distribuía dons às igrejas desconsiderando os apóstolos? Nesse caso, Ele teria evitado e ignorado as testemunhas escolhidas por Jesus Cristo. Se tal foi o caso, pode-se concluir que o ofício apostólico tinha pouca ou nenhuma utilidade. Entretanto, você pode estar certo de que o Espírito Santo jamais ignorava os apóstolos. A distribuição dos dons do Espírito Santo às igrejas era similar à distribuição dos pães e dos peixes às milhares de pessoas, pelos apóstolos, durante o ministério terreno de Jesus. O povo foi convidado a assentar-se na grama, em grupos organizados de cinquenta e de cem indivíduos. Os pães e os peixes foram abençoados por Jesus, e então foram dados aos apóstolos para que os distribuíssem. Jesus, o Pão da Vida, isto é, a mensagem da salvação, foi entregue aos apóstolos para que O distribuíssem entre todas as nações. O Espírito Santo tomou o lugar de Jesus, junto aos apóstolos, a fim de ajudá-los a cumprirem o seu papel. Os dons espirituais foram distribuídos a homens da igreja de Jerusalém como Filipe e Estêvão. Os dons espirituais também foram dados aos samaritanos por Pedro e João. Foram distribuídos às igrejas gentílicas pelo apóstolo Paulo. Os dons espirituais, conferidos às igrejas, visavam à sua edificação. Eram a confirmação da Palavra ensinada pelos apóstolos. Não eram evidências de grande fé e nem de vida santa. Isso é evidente em face das condições mundanas e pecaminosas em que vivia a igreja de Corinto — uma igreja possuidora de inúmeros dons espirituais, se não mesmo de todos os dons espirituais possíveis. Os dons outorgados à igreja de Corinto foram usados como um fator de divisão entre eles. (Ver I Coríntios 1:11-13). Os crentes de Corinto gloriavam-se de seus dons espirituais, mas eles mesmos não eram pessoas espirituais. Possuíam os dons do Espírito Santo, mas suas vidas eram bastante carentes de santidade (ver I Coríntios 5:1-6). A despeito dos seus dons miraculosos, aquela igreja era conturbada por confusões, alcoolismo, adultério, imoralidade e orgulho. Eram cheios de dons espirituais, mas não eram cheios do Espírito Santo. Lembremo-nos: dons espirituais não eram prova de vidas santas. Judas Iscariotes também tinha o poder de realizar milagres. (Ver Lucas 9:1,2). 77
Saul, o primeiro rei de Israel, profetizou. Contudo, posteriormente foi possuído por um espírito maligno. Balaão, um profeta mau, recitou uma das mais belas profecias registradas na Bíblia. (Ver Números 24:5-9). A igreja de Corinto dispunha de inúmeros dons espirituais, mas não tinha discernimento espiritual para compreender por que alguns dos seus membros haviam falecido, e por que outros estavam enfermos. (Ver I Coríntios 11:30). A igreja de Corinto havia recebido esses dons especiais pelas mãos do apóstolo Paulo. Eles os haviam recebido da mesma maneira que os discípulos de Éfeso os tinham recebido. É acerca disso que Paulo se refere no trecho de I Coríntios 1:4-7, onde se lê: “Sempre dou graças ao meu Deus por vós pela graça de Deus que vos foi dada em Jesus Cristo. Porque em tudo fostes enriquecido nele, em toda a palavra e em todo o conhecimento (como foi mesmo o testemunho de Cristo confirmado entre vós). De maneira que nenhum dom vos falta, esperando a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo.” Em sua primeira epístola à igreja de Corinto, Paulo discute a questão dos dons espirituais (ver I Coríntios, capítulos 12, 13, e 14). Em sua segunda epístola a eles, o apóstolo aborda a questão de seu apostolado autêntico e dos falsos apóstolos (ver II Coríntios 11:12-15). Ele afirma a autenticidade do seu ministério, lembrando àquela igreja que os sinais de um apóstolo haviam sido por ele realizados entre eles. Ele lhes conferira dons espirituais, tal como fizera a outras igrejas. Quanto a isso, ele não fizera a igreja de Corinto inferior a outras. Escreveu ele: “Os sinais do meu apostolado foram manifestados entre vós com toda a paciência, por sinais, prodígios e maravilhas. Porque, em que tendes vós sido inferiores às outras igrejas?” Paulo também afirmou seus poderes apostólicos no trecho de Romanos 15: 18, 19, onde se lê: “Porque não ousaria dizer coisa alguma, que Cristo por mim não tenha feito, para obediência dos gentios, por palavra e por obras; pelo poder dos sinais e prodígios, na virtude do Espírito de Deus ...” Os próprios demônios reconheciam a autoridade dos dons apostólicos. Em Éfeso, Paulo operou poderosamente (ver Atos 19:11), e os discípulos receberam os dons de profecia e línguas. Alguns judeus itinerantes, pensando que poderiam capitalizar o nome de Jesus, tentaram imitar o apóstolo Paulo. Eram sete filhos de um judeu de nome Ceva, um dos principais sacerdotes. Eles ordenaram que os espíritos malignos saíssem de um certo homem em nome de Jesus, a quem Paulo pregava. Mas o demônio 78
replicou: “Conheço a Jesus e sei quem é Paulo; mas vós, quem sois?” E, assim dizendo, o possesso saltou sobre os sete, espancou-os e pô-los em fuga feridos e desnudos. Sim, os demônios reconheciam onde estava o poder apostólico, tanto quanto as igrejas o reconheciam. De fato, durante os tempos dos apóstolos, os demônios e os falsos profetas procuravam imitar o ministério dos apóstolos. O poder dos demônios é suficiente para realizar obras miraculosas falsas, enganando as pessoas que não estão fundamentadas na Palavra de Deus. O apóstolo Paulo escreveu sobre isso quando descreveu a obra dos falsos obreiros, dizendo: “Porque os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, transformando-se em apóstolos de Cristo. E não é de admirar; porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus próprios ministros se transformem em ministros de justiça; e o fim deles será conforme as suas obras” (II Coríntios 11:13-15).
Os dons apostólicos não passavam de uma pessoa para outra, em sucessão. Ainda não descobri nas Escrituras um único exemplo onde dons espirituais fossem transmitidos por qualquer indivíduo, exceto pelos apóstolos, a menos que pensemos em Ananias, que foi diretamente comissionado por Deus. Quando Tito foi enviado para ordenar pastores e pôr em ordem o que faltava nas igrejas de Creta, não houve qualquer menção da distribuição de dons espirituais. Os dons espirituais conferidos às igrejas serviam para confirmar a mensagem dos apóstolos e para edificar os membros das igrejas. Todos os dons especiais de natureza miraculosa eram apostólicos, temporários e imperfeitos. No décimo-segundo capítulo da primeira epístola aos Coríntios, Paulo mostrou à igreja um BOM caminho — os dons apostólicos. No décimo-terceiro capítulo, Ele mostrou o caminho MELHOR — o caminho do amor, juntamente com a perfeita Palavra de Deus. No décimo-quarto capítulo, Paulo mostrou o uso do que é BOM, até que o que é o MELHOR estivesse terminado.
Há certo aspecto dos dons apostólicos que raramente é notado ou mencionado. Chamemo-lo de juízo apostólico. Os apóstolos possuíam certo dom do Espírito Santo, o qual lhes permitia invocar o juízo divino contra indivíduos. Isso significa que, ocasionalmente, lhes era dado o poder de revelar os motivos e os pensamentos das pessoas. (Alguns profetas também chegaram a possuir esse poder do Espírito). 79
Na Igreja de Corinto, repleta de dons apostólicos como ela era, o juízo apostólico era exercido por Paulo. Ele tinha o dom de saber por que certas pessoas haviam morrido naquela igreja. Nós podemos apenas imaginar; os apóstolos sabiam com certeza. Ele sabia por qual motivo determinados indivíduos estavam enfermos. O juízo apostólico em nossas igrejas nos eliminaria a todos. Pense sobre as muitas igrejas (católicas e protestantes) quem nem ao menos exigem que seus membros sejam regenerados. O apóstolo João menciona o pecado que conduz à morte física (ver I João 5:16). Confesso que não disponho de meios de saber quando uma pessoa tem cometido um pecado para morte. Mas Pedro sabia - Ananias e Safira, por exemplo. Os crentes não possuem, hoje em dia, o dom do juízo apostólico. Você gostaria de possuí-lo? Um outro caso de juízo apostólico acha-se registrado nas ocorrências historiadas da primeira viagem missionária de Paulo. Paulo estava testificando ao procônsul Sérgio Paulo (ver Atos 13:713). Um certo profeta falso e adivinho, que trabalhava junto ao procônsul, procurava destruir o efeito das palavras de Paulo junto àquela autoridade. Paulo, cheio do Espírito Santo, olhou para ele e exclamou: “O filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perverter os retos caminhos do Senhor? Pois agora eis aí está sobre ti a mão do Senhor, e ficarás cego, não vendo o sol por algum tempo”. Imediatamente ele foi ferido por cegueira. No ministério das igrejas do período apostólico, os apóstolos estavam postados entre as igrejas e o Espírito Santo, como a fonte da Verdade. Não tivesse sido limitado esse ministério aos apóstolos, não haveria meio de diferenciar entre o apostolado verdadeiro e o falso. Atualmente, o Novo Testamento ocupa o lugar antigamente ocupado pelos apóstolos, pois contém a mensagem que eles anunciaram. Por intermédio dos exemplos que nos foram dados das vidas dos apóstolos e das vidas daqueles que receberam dons espirituais das mãos dos apóstolos, não há que duvidar: O Espírito Santo testemunhava às igrejas por dons especiais que foram distribuídos pelas mãos dos apóstolos. Quanto a outras provas acerca da autoridade apostólica, poderíamos invocar os nomes de inimigos do evangelho, a fim de que testificassem. Poderíamos chamar Bar-Jesus, que foi ferido de cegueira pelo apóstolo Paulo; Ananias e Safira, que morreram instantaneamente diante da reprimenda de Pedro; e os demônios que atacaram e prevaleceram sobre os sete filhos do judeu Ceva. O Novo Testamento substituiu toda a autoridade apostólica e também os dons especiais. As Escrituras são a única regra de fé e prática 80
para os salvos, e, por meio delas o Espírito Santo opera, e por meio delas seremos todos julgados.
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“... porque em parte conhecemos, e em parte profetizamos. Quando, porém, vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado” (I Coríntios 13:9, 10).
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Capítulo IX
Nossos estudos nos conduziram desde as atividades do Espírito Santo, conforme elas são relatadas no Antigo Testamento, até à “época áurea” dos dons pentecostais. O ministério pré-apostólico do Espírito Santo incluía muitas e variadas realizações: a primeira delas foi a parte por Ele desempenhada durante a criação; e a maior delas foi a conceição de Jesus, o Filho de Deus, no ventre da virgem Maria. Vimos como Ele participou da vida de Jesus: em Seu ministério e em Sua ressurreição. Em seguida, estudamos a obra do Espírito Santo durante o período apostólico, que muitos consideram a “época áurea” do Espírito Santo. Vimos exemplos de pessoas, como o mágico Simão de Samaria, e como os sete filhos de Ceva, que desejavam possuir o poder do Espírito para usá-lo e dispensá-lo à sua vontade. Agora, por alguns momentos, faremos uma interrupção em nossos estudos e retomaremos à “época áurea” do Espírito Santo e do testemunho apostólico. Todos fazendo essa jornada imaginária terá uma única responsabilidade — observar o que você vai ver e ouvir, e, no fim da viagem, dar uma resposta sim ou não à seguinte indagação: Você gostaria que voltassem os tempos apostólicos para as nossas igrejas atuais? Se todos já estão prontos para viajar, o nosso Imaginomóvel também já está pronto para nele embarcarmos. . . Nossa primeira visita será a Jerusalém. A data é cerca de 35 D.C. A primeira igreja de Jesus Cristo, da qual os apóstolos são membros, fica nessa cidade. A cidade inteira de Jerusalém está sendo sacudida pelas obras dos apóstolos. Milhares de pessoas estão sendo salvas e batizadas. Muita gente está sendo curada de suas enfermidades e de seus aleijões pelas mãos dos apóstolos. Multidões estão sendo conduzidas às ruas e à área do templo de Jerusalém, diariamente, a fim de serem curadas. Grupos numerosos estão frequentando o templo para ouvir as palavras dos apóstolos de Cristo. As pessoas salvas estão em constante comunhão umas com as outras e com os apóstolos. Elas regozijam-se nos ensinamentos ministrados pelos “doze”. Deus está sendo louvado por Seus admiráveis sinais miraculosos. Os crentes estão compartilhando entre si de tudo quanto possuem. Diziam que não havia razão para reterem consigo qualquer coisa, porquanto o Senhor estaria de volta à terra imediatamente — dentro de poucos dias — alguns pensam. Outros estão vendendo as suas propriedades e entregando o dinheiro apurado aos apóstolos, para as 83
despesas de pregar o evangelho e para atender às necessidades materiais dos mais carentes. Barnabé vendera uma de suas propriedades. Há intenso júbilo no coração de todos. Hoje, entretanto, algo de trágico tem acontecido; grande temor prevalece sobre a comunidade cristã. Eis, vem um homem, que possa a narrar o que sucedeu. “Senhor, qual é a dificuldade? Por que todos estão com tanto receio?”, perguntamos. E o homem retruca: “Bem, as coisas são assim. Havia um casal na igreja, o qual vinha servindo fervorosamente ao Senhor, juntamente com os demais crentes. Um dia desses eles resolveram vender a sua casa e entregar o dinheiro aos apóstolos. Tornaram pública essa sua decisão, em uma das reuniões. Mais tarde venderam a sua propriedade, conforme haviam planejado, e receberam o dinheiro. “E então, o que foi que aconteceu?” pergunta alguém dentre o nosso grupo. Parece que a fé deles se enfraqueceu, e Satanás tentou-os para que mentissem e conservassem consigo uma parte do dinheiro”, replicou o homem. “Eles dois concordaram entre si de que fariam mais ou menos o seguinte.. “Ananias, tenho pensado acerca de entregarmos todo esse dinheiro. O que aconteceria comigo se você morresse?” indagou Safira. “Eu nunca havia pensado sobre isso, querida”, respondeu Ananias. “E o que acontecerá se você vier a perder seu emprego, visto que o seu patrão não é um seguidor de Jesus? Os fariseus e os saduceus estão fazendo pressões nesse sentido. O que haveremos de comer? O que poderemos fazer? Onde é que iremos morar?” continuou Safira. “Bem, Safira, não sei dar resposta para as suas indagações, mas prometemos entregar o dinheiro apurado aos apóstolos, para o trabalho do evangelho”. “Eu sei disso, Ananias. Mas o que poderemos fazer se não tivermos nada com que viver? Como é que seremos capazes de ajudar no trabalho do Senhor, quando nem ao menos houver dinheiro para comprar sapatos ou roupas?” “Deus pode prover-nos o que for necessário, Safira”. “Sim, mas como é que Ele irá suprir as minhas necessidades, se você falecer?” E o homem que narra a história continua: “Finalmente, derrotados pela falta de fé, eles concordaram em usar um certo plano...” 84
“Ananias, precisamos pensar em um plano no qual parte do dinheiro possa ser reservado para nós”, insistiu Safira. “Pois bem, Safira, por que não agimos do modo seguinte? Ninguém sabe por quanto vendemos essa propriedade. Podemos manter conosco uma certa importância e entregar o resto. As únicas pessoas que saberão disso serão eu, você e Deus. Certamente Deus compreenderá”. “Ananias, penso que você acertou em cheio com a solução. Nós daremos a porção maior, e ninguém jamais ficará sabendo do nosso plano. Afinal, nós mesmos é que resolvemos doar o dinheiro. Dissemos aos apóstolos que daríamos a quantia apurada inteira; mas eles jamais ficarão sabendo que não foi assim”. “Mas, que faremos se eles nos perguntarem?” “Então teremos de dizer-lhes que a quantia dada representa o preço total da venda”, concordaram ambos. Separaram, portanto, uma parte do dinheiro e a esconderam em lugar seguro. Ananias mudou de roupa e preparou-se para levar o dinheiro para os apóstolos, conforme estava planejado. Ele estava um tanto ou quanto apreensivo, mas tinha a certeza de que nada sairia errado. Quando Ananias já se aproximava do lugar onde os apóstolos estavam reunidos, Pedro teve uma estranha revelação. Foi uma revelação similar àquelas que Deus havia dado a Elias, segundo se vê em II Reis 8:12. Deus revelou os pensamentos e as intenções do coração de Ananias para o apóstolo Pedro. “Ananias, essa foi a quantia inteira que você recebeu pela venda de sua propriedade?” perguntou Pedro. “Sim, Pedro, essa foi a quantia inteira”, respondeu Ananias nervosamente. Ananias estava irritado que Pedro lhe faria tal pergunta. “Oh, Ananias, por que você permitiu que Satanás enchesse o seu coração para que mentisse ao Espírito Santo? Você não mentiu para homens, mas mentiu para Deus. Por que você deixou que Satanás implantasse tais pensamentos em sua mente? A terra não era sua? Depois que a propriedade foi vendida, o dinheiro não era seu? Por que concebeu tal maldade em seu coração?” Assim que Ananias ouviu essas palavras de Pedro, tombou morto. Alguns dos homens mais jovens levaram o seu cadáver para ser sepultado. Toda a comunidade crista tomou conhecimento do poder estranho exercido pelos apóstolos. Alguém dentre nosso grupo indaga: “E qual foi o fim da questão?” 85
“Bem, três horas mais tarde Safira também veio falar com os apóstolos, e Pedro abordou-a com a mesma indagação. E eis o que ela replicou...” continua o narrador. “Sim, Pedro, essa foi a quantia inteira que apuramos com a venda da propriedade. Por quê? está havendo alguma dúvida?” “Safira, como foi que você e seu marido concordaram em mentir e tentar ao Espírito do Senhor?” indagou Pedro, repreendendo-a. Ouvindo essas palavras de Pedro, Safira caiu morta no chão. Os homens que haviam sepultado a Ananias, levaram-na também para ser enterrada. “Ai!” um dos viajantes exclama, “retomar aos tempos apostólicos é retomar ao juízo apostólico. Será que nossas igrejas aguentariam a isso?” A próxima escala da nossa viagem é Samaria. Grandes multidões estão reunidas para ouvir a prédica de Felipe. Os crentes estão sendo batizados. Ele foi a primeira pessoa a pregar o evangelho aos samaritanos, desde que Jesus retomara ao céu. “Ei, olhem aqui!” exclama alguém dentre o grupo viajante. “Estes aqui são Pedro e João, que tínhamos visto em Jerusalém. Que será que eles estão fazendo aqui? Escutem, Pedro vai falar.” “Nós, os apóstolos,” Pedro começa, “recebemos em Jerusalém a notícia de que vocês, samaritanos, estavam ouvindo a mensagem de salvação e estavam confiando em Jesus, como Salvador. Do que João e eu estamos vendo, parece que isso é verdade. Visto que vocês foram salvos, agora precisam da liderança do Espírito Santo, para que Ele lhes dê conhecimento, sabedoria e revelações acerca das realidades divinas. Portanto, João e eu vamos impor as mãos sobre vocês, para que recebam os dons do Espírito Santo”. “Vejam”, exclama alguém do grupo. “Olhem para aquele indivíduo. Ele parece agir de modo estranho, como se fosse um adivinho ou coisa semelhante. Parece que ele está dizendo alguma coisa para Pedro”. “Pedro, apóstolo Pedro, espere um momento, por favor”, diz o estranho sujeito. E prossegue: “Meu nome é Simão. Estou admirado diante do poder que vocês possuem. O fato de vocês poderem transmitir esse poder a outras pessoas é extraordinário. Realmente, eu gostaria de possuir também esse poder. Vejam, pagarei a vocês quanto quiserem, se me derem esse poder. Desejo ter o poder de impor minhas mãos sobre outras pessoas para transmitir-lhes os dons do Espírito Santo”. “O quê? Comprar o poder do Espírito Santo? O que você quer dizer com essa proposta? Você pensa que o poder de Deus pode ser adquirido a dinheiro? Que você e seu dinheiro pereçam juntamente. Você não passa de um ímpio! Arrependa-se desse pensamento!” advertiu Pedro ao homem de nome Simão. 86
“Parece que temos aí um outro caso de juízo apostólico”, comenta um do grupo. Nessa altura, todos estão compreendendo a necessidade dos dons especiais que eram distribuídos pelos apóstolos. Visto que o Novo Testamento ainda não havia sido escrito, os dons especiais faziam parte do plano de Deus para a orientação dos crentes. O Imaginomóvel nos está levando para o norte. Nossa próxima escala da viagem é Cesaréia. O nosso destino é a residência de Cornélio, um oficial do exército romano. Cornélio era um homem temente a Deus. Um anjo do Senhor aparecera e lhe dissera para mandar chamar a Pedro, o qual lhe diria as palavras da vida. “Mas, onde está Pedro agora?” perguntou um dos participantes do grupo. “Ele está de visita a um crente judeu de nome Simão, em Jope”, replico eu. Nosso Imaginomóvel leva-nos até à casa de Simão, em Jope. Ali se encontra Pedro, no pátio do telhado, dormindo. Pedro dorme inquieto, porquanto Deus esta falando com ele por intermédio de uma visão. Ele vê um grande lençol, cheio de todos os animais e répteis da terra, que está descendo do céu. Isso sucede por três vezes, e de cada vez Deus ordena a Pedro para matar e comer. Cada vez Pedro se recusa a isso, afirmando: “Nunca entrou qualquer coisa imunda em minha boca”. Pedro era um judeu muito zeloso. Mas o Senhor insistiu: “Olhe aqui, Pedro, aquilo que Eu purifiquei, você não deve considerar imundo”. Então explico para o grupo de viajantes: “Pedro sabe o que significavam aqueles animais imundos. São os gentios, e ele não acredita que podem ser salvos”. “Pedro, estão chegando da casa de Cornélio alguns homens que ele enviou para que você vá e lhe anuncie as palavras da vida. Você deve acompanhá-los, sem ter qualquer duvida quanto ao que Eu estou lhe dizendo”, Deus explica a Pedro. Pedro desperta do sono com as batidas na porta da casa. São os homens enviados por Cornélio. Pedro desce para ir encontrar-se com eles. Dia seguinte, viajam para a casa de Cornélio. Mas, Pedro tem o cuidado de levar em sua companhia diversos irmãos judeus. Pedro e os demais estão chegando. Cornélio está tomado de alegria Ele tem convidado cada amigo e parente seu em um raio de dois quilômetros. A casa esta apinhada de gente. Quando Cornélio corre ao encontro de Pedro, comete o engano de ajoelhar-se aos pés de Pedro, como se quisesse adorá-lo. Pedro o levanta e lhe diz firmemente: “Levante-se, e não me adore, pois eu sou apenas um homem como você. 87
Mas agora, por favor, diga-me o que você quer. Deus me disse para que eu viesse aqui, mas você sabe que nenhum judeu tem o direito de misturar-se com os gentios”. Cornélio começa a falar: “Pedro, Deus informou-me mediante uma visão que eu deveria mandar homens a Jope, atrás de você, para que você nos anunciasse as palavras da vida”. Ouvindo isso, Pedro narra para o grupo ali reunido toda a verdade acerca de Jesus e de Sua obra remidora. Pedro explica como Jesus morrera pelos pecadores e como ressuscitara dentre os mortos ao terceiro dia. A cena é notável. Pedro, um judeu, está pregando o evangelho de Jesus Cristo para gentios. O grupo reunido ouve a Pedro sem ousar fazer um ruído ou um movimento. Eis, algo estranho está acontecendo! Parece que algum poder estranho está tomando conta desses gentios. Pedro sacude a cabeça, profundamente admirado. Finalmente, ele fala com calma e explica: “Varões irmãos, agora percebo por que Deus me trouxe até aqui. Esses estranhos sinais, revelações e línguas que vieram sobre vocês é também aquilo que já havia acontecido conosco, judeus salvos, em Jerusalém, quando Deus derramou sobre nós o Espírito Santo. Jesus chamou esse fenômeno de batismo no Espírito Santo. Deus deu a vocês, gentios, o mesmo dom do Espírito Santo que já havia dado a nós, os judeus crentes. E isso serve de prova do fato que Ele concedeu a salvação aos gentios — a todas as nações - bem como aos judeus. Estou agradecido a Deus por essa grande bênção, e nós voltaremos a Jerusalém e informaremos à Igreja que os gentios também foram batizados no Espírito Santo”. (Ver Atos 11:15-18). Então passo a explicar para o grupo: “Conforme vocês mesmos estão percebendo, Deus esta ensinando os apóstolos por meio de sinais. Eles estavam aprendendo a verdade a respeito da salvação, porque a mensagem deles será incluída no volume do Novo Testamento”. “Enquanto viajamos um pouco mais para o norte, para a cidade de Antioquia da Síria, quero oferecer a vocês uma certa informação sobre o pano-de-fundo. As terríveis perseguições efetuadas contra a igreja Jerusalém haviam provocado muitas modificações, por essa altura dos acontecimentos. Perseguidores mataram Estevão. Os crentes haviam sido dispersos) e grande temor caíra sobre toda a Igreja. Muitos têm deixando Jerusalém e estão pregando a mensagem de Jesus Cristo por onde quer que fossem. Um dos mais persistentes perseguidores dos crentes era um homem de nome, Saulo. As perseguições dirigidas por ele espalharam os crentes por lugares muito distantes. 88
“Entretanto, Saulo não continua perseguindo a Igreja. Deus o salvou, quando, de viagem, estava chegando em Damasco, a fim de aprisionar os crentes que estivessem ali. Em Damasco, Saulo foi batizado por Ananias sob autorização de Deus. E assim Saulo foi cheio do Espírito Santo, como um vaso escolhido, a fim de ser o apóstolo dos gentios. Após passar algum tempo em lugares solitários, Saulo retomou à sua residência, na cidade de Tarso. “Entrementes, na cidade de Antioquia estabeleceu-se um dos grupos mais fortes de crentes. Os crentes perseguidos têm pregado tanto aos judeus quanto aos gregos. Os apóstolos ouviram dizer que os gregos estavam crendo no evangelho e sendo salvos; e assim enviaram Barnabé, para que pusesse as coisas em boa ordem. Quando Barnabé chegou em Antioquia, ele lembrou-se de Saulo, e foi até Tarso, a fim de achá-lo. Voltaram juntos a Antioquia, e ali trabalharam com aquela igreja pelo espaço de um ano. “Enquanto eles trabalhavam, oravam e jejuavam, juntamente com os mestres e profetas da igreja de Antioquia, o Espírito Santo instruiu-os por meio de revelação, a separar Paulo e Barnabé para o trabalho que Ele os tinha escolhido. Agora podemos vê-los enquanto impõem as mãos sobre Paulo e Barnabé, e os enviam a pregar o evangelho. “Nos tempos apostólicos, as igrejas ainda não contavam com as Escrituras do Novo Testamento. Por conseguinte, precisavam depender do contato com os apóstolos, para que das mãos deles recebem os dons especiais do Espírito. Não havia outra maneira de se saber a vontade de Deus...” O Imaginomóvel nos está levando agora para o ocidente, para a nossa próxima escala nos tempos apostólicos, a saber, a cidade de Éfeso. Famosa e fabulosa, essa cidade estava consagrada a tudo quanto era profano. O apóstolo Paulo encontra-se ali. Está conversando com um grupo homens acerca da fé cristã e do batismo. Paulo sabe bem dos problemas causados pela comunicação da verdade divina de boca em boca. Por causa disso ele indaga os homens a respeito do batismo deles: “Vocês receberam dons do Espírito Santo quando creram? Receberam os dons espirituais para guia-los em sua vida espiritual?” “Nem ao menos ouvimos dizer que existe o Espírito Santo”, é a resposta. “Então, que significou o batismo com que vocês foram batizados?” continua Paulo. “Fomos batizados com o batismo de João”, respondem os homens. “Mas João pregou que os homens confiassem nAquele que haveria de aparecer depois dele, isto é, em Jesus Cristo.” Após ter-lhes ensinado a 89
verdade acerca da salvação, Paulo batiza esses crentes. Depois de batizalos em água, Paulo lhes impõe as mãos e eles recebem os dons do Espírito Santo: profecias e línguas. Ele explica-lhes: “Esses dons identificam meu apostolado, o discipulado de vocês, e servirão de meios de conhecimento espiritual da parte do Espírito Santo, acerca de Jesus Cristo”. Eu torno a explicar ao grupo de visitantes: “Aqueles discípulos dependiam inteiramente dos dons espirituais, em seu desenvolvimento espiritual. Eles ainda não dispunham do Novo Testamento em forma escrita. Quão gracioso Deus tem sido conosco, que dispomos da Palavra escrita, em lugar dos dons temporários do Espírito”. Agora o Imaginomóvel transporta-nos às igrejas da Galácia. Há diversas igrejas nessa região. Paulo era o missionário que aqui trabalhara e as estabelecera. O apóstolo ensinara bem àqueles irmãos. Quando ele passou para outros campos missionários não restava dúvidas nas mentes daqueles irmãos, do fato que ele era o apóstolo enviado por Jesus Cristo aos gentios, porquanto os sinais do apostolado manifestavam-se com abundância em seu ministério. Após a partida do apóstolo, falsos mestres penetraram nessas igrejas, e a situação delas é deplorável. As igrejas estão confusas. Falsos obreiros estão ensinando as igrejas que as pessoas não somente precisam crer em Jesus Cristo, mas também que devem guardar a legislação de Moisés, para que isso contribuísse para elas obterem a salvação, mediante suas boas obras. Muitos desses supostos obreiros também estão afirmando possuir o espírito de profecia, revelação e línguas. Além disso, enquanto percorrem as igrejas, vão espalhando o rumor de que Paulo é um falso apóstolo. Esses mestres são servos de Satanás. O diabo lhes tem dado o poder para se transformarem em mensageiros de luz. Escutem-nos, enquanto eles enganam o povo. “Sim, é verdade que vocês devem crer em Jesus. Jesus foi um homem bom, que servia a Deus. Porém, se vocês querem mesmo ser salvos, então também deverão guardar a lei de Moisés, que Deus deu para o Seu povo. Agora, se vocês não guardarem a lei e nem fizerem alguma coisa para ajudar a salvá-los, Deus não poderá dar para vocês a salvação”. Essa arenga constante dos falsos mestres está surtindo os seus maus efeitos, e muitos crentes gálatas estão ficando convencidos de que Paulo os havia ensinado erroneamente. (E o pior de tudo é que eles ainda não dispunham do Novo Testamento, ao qual pudessem examinar para verificar se esses ensinamentos eram verdadeiros ou falsos. É possível que alguém continue preferindo os dons especiais em lugar da Palavra escrita?) 90
“Minha gente, a viagem está cansando vocês um pouco. Porém, façamos mais uma parada. Este é o dia do Senhor, é dia de culto. Vamos visitar a igreja de Corinto. Aqui estamos. Vamos ver se encontramos lugares para nós”, sugiro eu. “Gostaria de saber quem vai pregar”, fala alguém dentre o nosso grupo. “Você terá de esperar para ver”, respondo. “Já está reunida uma numerosa multidão, e mais e mais pessoas continuam chegando”, observa alguém. O povo parece reunir-se formando pequenos grupos. Aparentemente, algumas daquelas pessoas só se preocupavam em conversar com outras pessoas do seu próprio grupinho. É quase como uma série de pequenas reuniões separados. Também é patente que a situação econômica das pessoas tem algo a ver com a maneira da gente agrupar-se. Sussurra um amigo nosso: “Vejam aqui, parece que eles vieram aqui para passar o dia inteiro. Eles trouxeram cestas e mais cestas de alimentos”. “Sim, você tem razão”, falo. Três homens levantam-se e encaminham-se para a frente da multidão reunida. Parecem estar responsabilizados pela boa ordem da reunião. “Há algo de estranho nesses pequenos agrupamentos, você não acha?” pergunta alguém do nosso grupo de viajantes. “O que você quer dizer com isso?” pergunto. “É que ninguém trouxe a Bíblia. Nem ao menos eles têm um Novo Testamento em todo este lugar. É inacreditável que toda essa gente tenha vindo ao culto e nenhum deles tenha trazido uma Bíblia. Você supõe que eles não têm o Cantor Cristão ou um outro hinário qualquer?” Um dos homens, sentado lá na frente, levanta a voz: “A hora de começarmos a reunião chegou”. Ninguém disse uma palavra, e todos ficam sentados em silêncio, esperando por alguma coisa. “Tenho um hino para cantar”, diz um dos homens. Esse homem cantou o hino. As palavras não eram más, mas certamente ele não era nenhum Roberto Carlos. Depois dele haver cantado, disse: “Compus este hino, e se alguém quiser uma cópia, pode ficar com ela”. Um outro homem levanta-se, vai à frente e canta um salmo juntamente com os seus familiares. As palavras eram belas, mas eles cantam com voz fortíssima e desafinada. Agora, um homem e sua esposa 91
estão cantando um dueto, composto pela mulher. Quando terminam, um outro homem se levanta para entoar um hino que ele mesmo compusera, mas é interrompido, porque aqueles que dirigem a reunião acham que três hinos já é o bastante. Tudo é silêncio novamente. Dentro de alguns instantes, um irmão se levanta e diz: “Tenho uma mensagem para nós da parte do Senhor”. E começou a pregar, dizendo ao povo que Jesus em breve voltaria e que todos deveriam estar preparados para o Seu retorno. O sermão é breve, e ele se senta novamente. “Ele saberia mais acerca da vinda do Senhor se ao menos estudasse o seu Novo Testamento”, observa uma das pessoas do nosso grupo de viajantes. Balancei a cabeça afirmativamente, mas não teci qualquer comentário. Em seguida, um homem muito enérgico salta sobre os próprios pés, dizendo: “Dear brethren in Christ, I should like to tell you that God gave me a revelation tonight... ” Todavia é interrompido bruscamente por um dos três responsáveis pela reunião. Parece que ninguém entende o que aquele homem fala. “Porventura alguma pessoas presente compreende o que nosso irmão diz?” indaga um dos líderes. “Há aqui alguém que possa interpretar a língua em que ele fala?” Mas ninguém responde. É evidente que a língua que ele fala é estranha para todos. “Lamentamos, irmão, mas você precisa deixar de falar nessa língua, pois não há intérprete para ela”. O homem parece desapontado, mas volta a ocupar o seu assento. Um outro indivíduo levanta-se e começa a falar nestes termos: “Irmãos, Deus me deu uma mensagem para ser anunciada hoje para vocês. Ele me revelou que o amor fraternal deveria ser mais forte entre nós. Algumas vezes deixamos de cuidar de nossos irmãos que são mais necessitados. Essa falta de amor se reflete na maneira como participamos da mesa do Senhor Jesus...” Ele é interrompido por um outro irmão, o qual se levanta e pede para falar. “Acabo de receber uma revelação da parte de Deus”, explica este último. Por essa altura, um dos irmãos informa àquele irmão que estava falando que ele precisa sentar-se para deixar o outro falar. Todos notam que o primeiro fica desencorajado, por não poder terminar de dizer o que queria, mas ele acaba voltando submissamente ao seu lugar. Nesse momento uma mulher se pôs de pé e começou a falar imediatamente. Todos os três homens encarregados da reunião se põem de pé, informando a mulher que ela não tem o direito de falar em público. 92
Um dos três diretores então solicita a atenção de todos os presentes. E diz: “Irmãos, queremos fazer uma oração especial neste momento, em favor de uma das nossas famílias. Como todos vocês sabem, essa família foi duramente atingida na semana passada. Todos os membros da família tinham estado na reunião e haviam participado da Ceia do Senhor, que se seguiu ao usual banquete de fraternidade. Porém, ao chegarem em casa, o dono da casa caiu morto e sua esposa ficou seriamente enferma”, explicou o líder. Atrás de nós, alguém comenta com voz abafada, embora perfeitamente compreensível: “Provavelmente, isso foi o castigo de Deus contra ele e sua família devido à glutonaria com que eles participaram da Ceia do Senhor. Ora, ele comeu tanto e bebeu tanto vinho que ficou meio embriagado”. Um outro observa: “Essa é uma das razões por que favoreço àqueles que seguem o apóstolo Pedro. Creio que um homem tem de pôr em prática a sua religião”. E alguma outra pessoa fala da conduta daqueles que se diziam seguidores de Apolo. Ainda um outro irmão se pôs de pé, e um dos líderes diz: “Irmãos, o Sr. Cloé gostaria de dizer uma palavra, antes de começarmos a orar”. O Sr. Cloé fala, “Amigos e irmãos, a nossa igreja está triste diante do falecimento de nosso irmão e da enfermidade de sua esposa. Agora todos deveriam estar cientes do fato que vários membros da nossa igreja têm falecido depois de terem observado a Ceia do Senhor. Parece-me que em nossa igreja haja alguma coisa que está desagradando ao Senhor, e que Ele está procurando mostrar-nos do que se trata. Alguns membros da minha família farão uma viagem a Roma, onde Paulo está encarcerado, e eu pensei que seria uma boa ideia escrever para ele e perguntar-lhe sobre diversos dos problemas da nossa igreja. Ele poderá dizer-nos o que se deve fazer a esse respeito. Eu ficaria muito satisfeito em escrever uma carta para o apóstolo”. “Pergunte-lhe sobre aquele sujeito que está vivendo com a mulher de seu próprio pai”, sugere alguém em altos brados. “E quando você estiver escrevendo, pergunte de Paulo sobre aquelas irmãs que vivem procurando falar durante o culto”, diz um outro. Um terceiro sugere: “Bem, não aprecio nada essa ideia de se comer na igreja. Pergunte-lhe sobre isso também”. Os movimentos dos três líderes indicam que eles já estão ficando nervosos. Um deles tenta pôr alguma ordem na reunião. Sugerem que o Sr. Cloé escrevesse uma carta a Paulo, se não houvesse objeções a isso. Ninguém se manifesta em contrário. 93
Agora, tudo tem voltado à calma. Parece que algumas das crianças estão ficando inquietas, especialmente aquelas mais próximas dos grandes cestos repletos de comida. Um dos homens declara que tem chegada a hora de orar e de se encerrar a reunião, e se prontificou a orar. Durante a sua oração, diversos outros também começam a orar em voz alta. Os sons confusos, durante essa oração, indicam que alguns presentes estão orando em outras línguas. “Parece que o culto está terminando”, sussurro para o meu grupo. “Vamos embora?” Do lado de fora, um dos meus amigos comenta: “Puxa, certamente apreciei o culto. Mas estou muito agradecido a Deus que nos deu tanto o Antigo Testamento quanto o Novo Testamento. Que bênção é a nossa, por possuirmos a Bíblia inteira — a completa e perfeita revelação da redenção divina! Que ótimo termos hinários e música evangélica! Eu não gostaria que voltasse a “época áurea” dos dons do Espírito Santo. E você?” “Não, eu também certamente não gostaria que ela voltasse”, respondo. E agora, vocês leitores, que viajaram juntamente comigo nessa viagem imaginária, estão prontos para responder àquela pergunta que formulamos no início deste capítulo? Ei-la novamente: “Você gostaria que voltassem os dias dos apóstolos para as nossas igrejas?” (Essa viagem imaginária foi alicerçada em informações extraídas do livro de Atos dos Apóstolos e das epístolas de I Coríntios e Gálatas).
O período apostólico proveu-nos todos os testes necessários para que se pudesse obter a completa verdade espiritual que seria registrada pelos escritores do Novo Testamento. A mensagem do evangelho, testificada pelo poder do Espírito Santo e pelos apóstolos ficou registrada nas páginas do Novo Testamento, e assim ficaram completas as Escrituras Sagradas. A Bíblia é o nosso “assim diz o Senhor”. A Bíblia é o nosso guia e o nosso manual de instruções a respeito da vida espiritual. Ela será o nosso Juiz quando estivermos na presença do Senhor Jesus. Graças a Deus, Ele providenciou para nós algo melhor do que os dons temporários e incompletos do período apostólico. Ele nós deu um Livro perfeito, que nos revela a Sua vontade.
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“Quando, porém, vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado” (I Coríntios 13:10). “Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro, testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro; e se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa, e das coisas que se acham escritas neste livro” (Apocalipse 22: 18,19).
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Capítulo X
QUE MENSAGEM ERA ESSA? COMO ELE A CONFIRMAVA?
As Escrituras Sagradas são resultantes da realização do Espírito Santo. Ele guiou homens para que registrassem em forma escrita a mensagem da salvação. A escrituração da Bíblia está dividida em três divisões gerais: a Lei, os Profetas e o Evangelho. A lei e os profetas (incluindo os livros poéticos) formam o Antigo Testamento; e os escritos concernentes a Jesus Cristo e à Sua Igreja forma o Novo Testamento. O propósito das Escrituras é revelar a vontade divina aos homens, além de produzir a raça de homens espirituais. Essa raça habitará com Deus para todo o sempre. Eles serão o Seu povo e Ele será o Deus deles. As duas primeiras divisões das Escrituras foram produzidas a fim de testificar ou profetizar acerca dAquele que seria o Cabeça da nova raça de homens espirituais — a raça dos filhos de Deus. Escreveu Mateus: “Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João” (11:13). E Lucas escreveu: “A lei e os profetas vigoraram até João...” (16:16). João registrou as palavras de Jesus, que mostravam que Moisés escrevera a Seu respeito: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim... Porque se de fato crêsseis em Moisés, também creríeis em mim; porquanto ele escreveu a meu respeito. Se, porém, não credes nos seus escritos, como crereis nas minhas palavras?” (João 5:39, 46, 47). A terceira divisão das Escrituras encerra o registro da vida, da pessoa e da obra de Jesus Cristo, naquilo em que Ele cumpriu as profecias concernentes a Ele, contidas nas duas primeiras divisões. Ao utilizar-se de certos homens para escrever as Escrituras, o Espírito Santo foi o Guia responsável por todas aquelas três divisões. Entretanto, um importante detalhe precisa ser relembrado — a mensagem de Deus não produzirá qualquer efeito se não for recebida de bom grado por aqueles para quem foi dirigida. A mensagem divina precisa ser crida. É interessante sabermos que Deus utilizou-se de homens, indivíduos como você e eu, para escrever a Bíblia. E ela também visa ser compreendida por homens como você e eu. Os escritores sagrados eram homens fracos, pecaminosos e incapazes de uma produção escrita infalível. Mas o Espírito Santo usou-os soprando sobre as suas mentes as palavras de Deus. Ele guiou-os de tal maneira que eles escreveram sem 96
ter cometido um único erro. Assim como o Espírito Santo mostrou-se poderoso para produzir um Filho — o Verbo que se fez carne — no ventre de uma virgem, assim também Ele foi poderoso para produzir a Palavra escrita nas mentes de determinados homens, e então guiou-os para que a escrevessem. As pessoas a quem a mensagem divina é endereçada devem ter a certeza de que os escritores sagrados foram selecionados por Deus. Os ouvintes não devem ter qualquer sombra de dúvida de que a Bíblia é a Palavra de Deus. É necessário que a credibilidade dos escritores sagrados e de sua mensagem seja perfeitamente estabelecida. Antes que qualquer porção bíblica foi produzida, Ele providenciou para que o Seu povo soubesse que os escritores sagrados eram santos homens de Deus. Como foi que o Espírito Santo edificou essa credibilidade? Quando foi que Ele estabeleceu a credibilidade dos escritores sagrados? A fim de acreditar os escritores da Escrituras e garantir a reputação deles como tais perante o povo de Deus, o Espírito Santo usou apenas um método. Ele usou o mesmo método na produção da Lei, na produção dos Profetas e na produção dos registros do Novo Testamento. Dons miraculosos foram o Seu método. Uma inegável credibilidade foi edificada pelo Espírito Santo através de um período de obras miraculosos, nos homens ou na classe de homens escolhidos para serem os escritores sagrados. Esses períodos de preparação foram períodos de transição em que Deus preparou o Seu povo para receber a mensagem dos homens que Ele selecionara para serem os escrivães da Bíblia. Os pentecostais e os advogados do movimento carismático negam que tenha havido período de transição. Erwin assevera a posição deles nos seguintes termos: “Esse período de transição só existe na teologia do dispensacionalismo. É um conceito tão antibíblico quanto as demais teorias desse sistema... As evidências aqui acumuladas deveriam ser suficientes para demonstrar a natureza totalmente antibíblica das reivindicações que dizem que os dons de sinais visavam ao “período de transição”; além de mostrarem a natureza inteiramente imaginária desse não-existente “período de transição” (pág. 22). Naturalmente, cada pessoa terá de decidir por si mesma se houve ou não períodos de transição. Em nosso estudo acerca desses períodos e acerca do que aconteceu dentro dos mesmos, acredito que pode chegar a uma conclusão segura e justa a esse respeito. Os períodos de sinais, maravilhas e milagres sempre apareceram antes de alguma porção das Escrituras ser escrita. Cada vez que havia alguma adição às Escrituras, por uma nova classe de homens, foi 97
necessário estabelecer a sua posição e ofício diante do povo de Deus. O plano do Espírito Santo sempre foi o mesmo: Escolher o escritor ou escritores sagrados. Identificar e confirmar o escritor ou escritores sagrados, perante o povo de Deus — o povo judeu — mediante dons miraculosos. Move-los a escrever. Remover os sinais de confirmação. Visto que três são as divisões gerais da escrituração da Bíblia, também deveríamos esperar encontrar três períodos de sinais especiais de confirmação, nos quais foi estabelecida a reputação dos escritores sagrados. E também deveríamos esperar três períodos de cessação de sinais miraculosos. Vejamos se isso corresponde à verdade.
Desde os dias de Adão, Deus tem tratado com os homens de diversas maneiras. Parece que antigamente o contato de Deus era direto com cada indivíduo. Aquele foi um período durante o qual Ele aparecia aos homens mediante aparições visíveis, também chamadas teofanias. Durante o período patriarcal, nenhum milagre foi realizado pelos homens. Caim, Abel, Noé, Abraão, Isaque, Jacó e José são exemplos de pessoas para quem Deus apareceu pessoalmente. Antes do estabelecimento da nação judaica, não houve Escrituras Sagradas dadas aos homens. Deus, depois, retirou-se do contato direto com os homens e começou a conferir a Sua revelação por intermédio de homens inspirados. Foi por essa razão que Deus estabeleceu a nação de Israel. “Qual é, pois, a vantagem do judeu? ou qual a utilidade da circuncisão? Muita, sob todos os aspectos. Principalmente porque aos judeus foram confiados os oráculos (as Escrituras) de Deus” (Rom. 3:1,2). (Não foi por mera coincidência que quando a fase final das Escrituras foi escrita, a nação judaica foi então dispersa. Isso serve de uma outra comprovação que as Escrituras estão terminadas). Com o estabelecimento da nação de Israel, Deus alterou os Seus métodos de revelação, passando das teofanias ou aparições visíveis para os escritos inspirados, por intermédio de homens por Ele mesmo escolhidos e equipados. A primeira porção das Escrituras Sagradas foi entregue à nação de Israel na Lei. Observe o leitor o plano do Senhor. (1) Deus escolheu o escritor da lei — Moisés. Moisés foi selecionado a dedo, e protegido pelos céus. Depois de quarenta anos no palácio real 98
do Egito, e mais quarenta anos no deserto de Midiã, Deus apareceu-lhe na sarça ardente. Ali, Moisés recebeu ordens para retomar ao Egito. (2) Deus outorgou a Moisés sinais miraculosos especiais para provar que ele era o homem escolhido. O cajado que se transformava em serpente e a mão leprosa foram os sinais realizados a princípio por Moisés, para provar ao seu povo que “ EU SOU” o havia enviado. Seguiram-se várias pragas. Foi dividido o mar Vermelho e assim se manteve enquanto o povo de Israel marchava para a liberdade atravessando o mesmo. Águas amargas tornaram-se potáveis, água jorrou da rocha, e mãos erguidas trouxeram vitória sobre os amalequitas. Finalmente, Deus desceu sobre o monte Sinai e teve um encontro com Moisés. Até mesmo aqueles que se mostravam rebeldes e odiavam a Moisés foram forçados a admitir que Deus estava com ele e que a Palavra proferida por ele procedia de Deus. (3) Uma vez estabelecida a credibilidade de Moisés, Deus levou-o a escrever os cinco primeiros livros da Bíblia — a lei. Essa era a legislação que deveria guiar o povo de Israel a cada passo da existência deles, e que apontava para o Salvador que viria. É a lei que mostra Cristo para os homens. “De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé” (Gál. 3:24). Milagres jamais teriam mostrado o Cristo para os homens. (4) A lei foi completada; Moisés faleceu. “Nunca mais se levantou em Israel profeta algum como Moisés, com quem o Senhor houvesse tratado face a face, no tocante a todos os sinais e maravilhas que, por mando do Senhor, fez na terra do Egito, a Faraó, a todos os seus oficiais, e a toda a sua terra” (Deu. 34:10,11). O poder miraculoso de Moisés morreu juntamente com ele. Ao seu sucessor, Josué, foram entregues os livros da lei: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. A Josué foi entregue um Livro santo e inspirado; não o cajado miraculoso. A Josué foi entregue a lei, juntamente com instruções acerca da obediência à mesma; não lhe foram dadas instruções sobre como operar milagres. “Tão-somente sê forte e mui corajoso para teres o cuidado de fazer segundo toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que sejas bem sucedido por onde quer que andares. Não cesses de falar deste livro da lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer segundo a tudo quanto nele está escrito; então farás prosperar o teu caminho e serás bem sucedido” (Josué 1:7,8; comparar com Deuteronômio 4: 6,7 e 34:9). O povo de Israel, com seu sacerdócio levítico, seguiu a lei desde os dias de Moisés até ao fim do período dos juízes. Deus estava com o Seu povo, a despeito das más ações deste, e conferiu-lhe grandes vitórias, a 99
fim de livrá-lo dos seus opressores. Houve algumas raras aparições do Anjo do Senhor a indivíduos como Josué, Gideão e alguns profetas desconhecidos, como o homem de Deus, referido em I Samuel 2:27. Porém, não havia “visões frequentes” (I Sam. 3:1), Isso significa que não havia comunicações divinas por meio de visões ou revelações ao povo de Deus. Mas, se aproximava o tempo de Deus adicionar uma segunda porção à revelação escrita. Para tanto, Ele precisava de um outro grupo de escritores sagrados.
Pelo espaço de quatrocentos anos, Israel contou exclusivamente com a lei mosaica. Quando eles mostravam ser obedientes a ela, nenhum inimigo era capaz de atingi-los. Entretanto, Deus precisava revelar mais coisas aos homens a respeito do Redentor que viria. Para fazer isso, o Senhor teria de usar homens. O período dos juízes chegou ao fim com Samuel. Samuel foi mais do que um mero juiz. Ele também foi o primeiro de um grupo de homens que se tomaram famosos na vida do povo de Israel. Portanto, a fim de transmitir a segunda fase de Suas revelações escritas, Deus empregou o Seu plano. Deus escolheu um homem. Esse homem foi Samuel, o primeiro de uma série especial de homens — os profetas. Deus estabeleceu Samuel como o primeiro dessa nova ordem, além de certos outros, que surgiram depois dele, como Elias e Eliseu. A fim de confirmar Samuel perante o povo, o Senhor se utilizou de um outro período de tempo, um período de treinamento ou transição. A Samuel foi conferido o poder de predizer acontecimentos e desvendar segredos. Ele era capaz de desvendar o que haveria de suceder na vida de uma pessoa, como dizer onde se encontravam os animais de alguém, ou como pôr adversários em fuga. Aquele foi um tempo em que os profetas eram capazes de controlar a chuva como um homem controla um chuveiro. Farinha e azeite foram multiplicados, pessoas foram ressuscitadas dos mortos, leprosos foram purificados, ferros de machado foram postos a flutuar, exércitos foram postos em fuga sem haver quem os perseguisse, desceu fogo do céu e anjos apareceram para alimentar o homem. Samuel foi confirmado por Deus como profeta de Israel. “Crescia Samuel, e o Senhor era com ele, e nenhuma de todas as suas palavras deixou cair em terra. (Nada deixou de ter cumprimento). Todo o Israel, desde Dã até Berseba, conheceu que Samuel estava confirmado como profeta do Senhor. (Isso é autêntica credibilidade, não é mesmo?) 100
Continuou o Senhor a aparecer em Silo, enquanto por sua palavra se manifestava ali a Samuel” (I Sam. 3:19-21). Samuel foi o fundador das escolas de profetas (ver I Samuel 10:5). Esses homens tornaram-se proeminentes desde aquele período na história do reino de Israel. Eles ungiam reis, advertiam reis, e assustaram a reis da qualidade de Jeroboão e Acabe. Samuel e os outros profetas foram confirmados como homens de Deus, em face dos dons miraculosos que possuíam. Seguindo Samuel bem de perto houve outros profetas operadores de prodígios. Os mais bem conhecidos entre esses foram Elias e Eliseu. Porém, milagres nunca falaram a respeito de Jesus. Após o período de confirmação da ordem dos profetas, como um grupo de homens divinamente escolhidos, chegou o período dos profetas escritores. Esses fizeram a toda-importante e eterna contribuição própria dos profetas. Aqueles que escreveram falaram sobre o Salvador que viria, conforme vimos no primeiro capítulo deste volume. Jesus Cristo não veio para cumprir os milagres dos profetas, e, sim, para cumprir os escritos dos profetas. Tudo quanto sucedeu durante a vida de Jesus aconteceu a fim de cumprir os escritos dos profetas. Os mínimos detalhes da vida de Jesus estavam preditos (ver, por exemplo, Mateus 26: 54-56 e Atos 3: 18-24). Quando os profetas começaram a escrever, os profetas miraculosos começaram a desaparecer, e, finalmente, cessaram. O período de transição para o estabelecimento dos profetas como santos homens de Deus chegou ao fim. Coisas mais gloriosas estavam em reserva para aqueles que temiam o Senhor. Isso nos conduz à terceira divisão da revelação escrita.
Chegou a plenitude do tempo; Jesus nasceu de mulher. No deserto apareceu João Batista, anunciando o reino vindouro. Ele foi o último do grupo chamado “os profetas”. Embora tivesse sido o maior dentre todos os que nasceram de mulher, João Batista jamais realizou um milagre ou sinal, mas tudo quanto ele disse acerca de Jesus foi veraz (ver João 10:41). O nascimento de Jesus deu início ao período final da revelação divina aos homens. Trata-se do período do evangelho — o tempo em que a mensagem de redenção haveria de ser anunciada a todas as nações. Porventura o Espírito Santo alterou o Seu método de confirmação? Porventura a terceira e final fase da revelação divina irrompeu entre os homens sem qualquer orientação prévia? Será que o Messias e Salvador surgiria em cena repentinamente, sem qualquer advertência ou orientação 101
anterior, e esperar que o povo O recebesse? Poderiam os judeus, que durante mil e quinhentos anos tinham sido ensinados a viver separados de todos os demais povos e de todos os costumes estrangeiros, acreditar, sem qualquer aviso ou instrução, que subitamente Deus aceitava tanto a judeus quanto a gentios? Como foi que Deus abordou tal situação? O Espírito utilizou Seu plano de sempre. Deus escolheu um grupo de homens — os apóstolos. Esses viveram em companhia de Jesus durante três anos e meio, os anos do Seu ministério público. Eles receberam instruções a respeito de todas as verdades anunciadas pelo evangelho — que o Filho do homem precisava morrer, ser sepultado e ressuscitar dentre os mortos, a fim de salvar homens dentre todos os povos. O grupo de testemunhas selecionadas foi confirmado como homens de Deus. Como o legislador, Moisés, fora confirmado por meio de milagres, e assim como a ordem dos profetas fora confirmado por meio de milagres, assim também aos apóstolos - eles foram confirmados como homens de Deus mediante dons miraculosos. Os dons milagrosos que Deus proporcionou aos apóstolos não deixaram qualquer dúvida; eles eram homens de Deus. (Ver Hebreus 2:4 e II Coríntios 12:12). Depois que as testemunhas apostólicas foram confirmadas, como também foi confirmado a mensagem deles sobre o Cristo ressurreto, então foram registradas as Escrituras do Novo Testamento. Quando terminaram de serem registradas as Escrituras do Novo Testamento, os sinais miraculosos dos apóstolos chegaram ao fim — porque não tinham mais utilidade. Quando veio aquilo que é “perfeito”, então aquilo que era em parte desapareceu, por haver-se tornado inútil. Os sinais apostólicos desapareceram juntamente com os apóstolos; mas a verdade que eles nos deixaram, conforme está registrado nas Escrituras do Novo Testamento, sobrevive para todo o sempre. Em todos esses três períodos de transição, Deus se utilizou dos milagres para confirmar os homens por Ele escolhidos. Cada um desses períodos indicou um novo passo na revelação progressiva das Escrituras. A revelação divina tornou-se completa com o evangelho do Filho: “... nestes últimos dias Deus nos falou pelo Filho.. (Hb 1:2). Após cada período de transição, a palavra mais firme de profecia — a Palavra escrita — foi registrada (ver II Pedro 1:19). Moisés escreveu a lei; e nenhum “i” ou “til” da lei e dos profetas haveria de passar sem cumprimento. João escreveu o livro de Apocalipse, declarando juízo divino contra qualquer indivíduo que acrescentasse ou retirasse qualquer coisa do registro do evangelho. (Ver Apocalipse 22:18,19). 102
Ainda deveríamos fazer mais uma observação. Os três períodos, por semelhante modo, indicam o lugar onde Deus habita. Com o credenciamento de Moisés, Israel foi libertado do Egito e organizado como uma nação, que passou a contar com a presença do Senhor em seu meio. Sob a lei, Deus habitava simbolicamente no tabernáculo. A coluna de fogo e da nuvem servia de sinal de Sua presença. Com o estabelecimento dos profetas, Deus estabeleceu um reino. O Seu lugar de habitação passou a ser a cidade de Jerusalém, particularmente o templo, consagrado a Deus por Salomão. Jerusalém é mencionado por mais de 650 vezes nos escritos dos profetas. Quando Deus introduziu a época do evangelho, Ele alterou o Seu local de habitação. Primeiramente, Ele habitou na tenda do corpo de Jesus Cristo. Escreveu João: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (João 1: 14). Deus veio armar tenda entre os homens por meio de Seu corpo de carne humana. Através da Pessoa e da realização de Jesus Cristo, Deus agora habita nos homens de corações quebrantados e de espíritos contritos. Deus, através de Jesus Cristo e do Seu Espírito Santo, arma residência em indivíduos salvos e em Suas igrejas, compostas de indivíduos regenerados. O tabernáculo serviu de residência temporária. O templo pertencia a um reino terreno. Finalmente, Deus preparou um lugar de habitação permanente com o Seu povo. Deus estava em Cristo, a fim de que pudesse habitar eternamente entre os homens, e a fim de que os homens pudessem habitar nEle eternamente. Jesus veio habitar entre os homens. Mediante a Sua realização, a redenção, agora o Espírito Santo possa habitar nos corações quebrantados e nas Suas igrejas. Por confiar na perfeita redenção efetuada por Cristo, o pecador é salvo e o Espírito Santo entra em sua vida como proprietário permanente. Ele escreve as leis de Deus nos corações dos salvos. Ele habita em amor nos corações humanos porque não há mais qualquer memória de pecado. No dia de Pentecoste, a Igreja — os apóstolos - foram batizados no Espírito Santo. Esse batismo ocorreu de uma vez para sempre - o Espírito veio para habitar com Sua Igreja. Naquele dia houve três mil pessoas que creram, foram batizados, e acrescentadas à Igreja que havia sido batizada no Espírito Santo. Eles foram salvos - nasceram do Espírito Santo - e então foram batizados na Igreja que havia sido batizada no Espírito Santo. A Igreja (institucionalmente considerada) de Jesus Cristo nunca mais foi batizada no Espírito Santo, pois o Espírito nunca mais abandonou a Igreja de Cristo. Hoje em dia, homens são salvos — nascem do Espírito — e podem ser batizados em uma igreja que foi batizada no Espírito Santo no dia de Pentecoste, porquanto à Igreja foi prometida a sua perpetuação até ao fim desta nossa era. Hoje em dia, não há mais tal experiência como o 103
“batismo no Espírito Santo”. Pondere isso e considere o trecho de I Coríntios 12:13.
A mensagem dos apóstolos foi confirmada como veraz pelo Espírito Santo. A mensagem era a ressurreição de Jesus e foi proclamada pelos apóstolos no dia de Pentecoste pelo poder do Espírito Santo: “Jesus de Nazaré foi um homem aprovado por Deus por meio de prodígios e sinais. Homens ímpios crucificaram-no, penduraram-no em um madeiro; mas Deus O ressuscitou dentre os mortos e Lhe conferiu posição à direita da majestade nas alturas. Aquele a quem os homens crucificaram foi feito Cristo e Senhor”, declararam Pedro e os onze. “Que faremos, irmãos?” perguntaram os ouvintes. “Arrependam-se e sejam batizados em nome de Jesus Cristo, para a remissão de pecados, e vocês receberão o dom do Espírito Santo — a salvação” foi a resposta dos apóstolos. Naquele dia três mil pessoas creram, tendo acolhido de bom grado a palavra dos apóstolos, e foram batizados nas águas e adicionadas à Igreja. SALVAÇÃO MEDIANTE A FÉ SOMENTE FOI A MENSAGEM PARA OS JUDEUS. Em Samaria, Filipe também pregou a mensagem do Cristo ressurreto. Ele lhes disse que podiam receber a remissão dos seus pecados através da fé em Jesus Cristo. Muitos ouviram, creram e foram batizados. Os apóstolos Pedro e João foram enviados a Samaria para averiguarem a salvação dos samaritanos. Impuseram sobre eles as mãos e os crentes samaritanos receberam dons do Espírito Santo — uma prova de que tinham sido salvos, e, consequentemente, precisavam de dons espirituais para a sua edificação espiritual, visto que, naquele tempo, ninguém contava ainda com as Escrituras do Novo Testamento. Os samaritanos tinham crido em Jesus como seu Salvador, e os dons especiais dados pelas mãos de Pedro e João eram evidência da atuação do Espírito Santo nos seus corações, porquanto ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor exceto pelo Espírito de Deus. Eles ainda não haviam recebido dons para a sua edificação espiritual porque Filipe não tinha poder para tanto. SALVAÇÃO PELA FÉ EM CRISTO SOMENTE FOI A MENSAGEM PARA OS SAMARITANOS. Pedro foi enviado por Deus à residência de Cornélio (ver Atos 10). Ali, ele pregou em uma casa repleta de pessoas gentias. Disse Pedro, em 104
essência: “Estamos testificando sobre Jesus de Nazaré. Ele foi ungido por Deus para fazer o bem entre os homens. Porém, Ele foi crucificado na terra dos judeus, em Jerusalém. Ao terceiro dia, entretanto, Ele ressuscitou dentre os mortos. Os profetas haviam falado sobre Ele, e todo aquele que nEle confia recebe a remissão de seus pecados.” Aqueles gentios creram na mensagem. Para surpresa dos crentes judeus, o Espírito Santo também foi derramado sobre os gentios. A MENSAGEM PARA OS GENTIOS FOI A SALVAÇÃO EXCLUSIVAMENTE PELA FÉ EM CRISTO . Idêntica mensagem foi ensinado ao apóstolo Paulo mediante uma direta revelação divina. O testemunho apostólico dos “doze” e a revelação divina conferida a Paulo concordavam perfeitamente entre si — judeus e gentios, igualmente, são salvos mediante a fé em Jesus Cristo. Os judaizantes procuraram adulterar a mensagem da justificação pela fé. O conflito acerca de como os homens podem ser salvos finalmente reuniu os apóstolos e profetas em Jerusalém: Pedro, o apóstolo da circuncisão; Paulo, o apóstolo da incircuncisão; e os demais apóstolos e os profetas da igreja de Jerusalém. (Ver o décimo-quinto capítulo do livro de Atos). Pedro declarou que Deus o havia escolhido para que pregasse o evangelho aos gentios, antes de qualquer outro. E declarou ele: “Ora, Deus que conhece os corações, lhes deu testemunho, dando-lhes o Espírito Santo, assim como a nós, e não fez distinção alguma entre nós e eles, purificando os seus corações pela fé.” (Atos 15:8,9). Paulo e Barnabé testificaram acerca dos milagres e das maravilhas que Deus operara entre os gentios por intermédio deles. O debate prosseguiu, longo e acirrado. Finalmente, tudo já fora dito e ouvido: o testemunho das “doze” testemunhas de Jesus, o depoimento do apóstolo Paulo, que aprendera mediante revelações divinas diretas, e os relatos de como o Espírito Santo havia testificado por intermédio dos apóstolos. Chegou-se a uma conclusão. Todos compreenderam e a mensagem de salvação foi estabelecida de uma vez para sempre — O EVANGELHO DE JESUS CRISTO É O PODER DE DEUS PARA A SALVAÇÃO DE TODO AQUELE QUE CRÊ, JUDEU OU GENTIO. Essa é a mensagem do Novo Testamento.
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Este capítulo procurou demonstrar a importância do testemunho confirmatório dada pelo Espírito Santo. Ele confirmou o testemunho dos escritores das Escrituras e a sua mensagem. Ele usou o mesmo método de confirmação, estabelecendo os escritores de cada fase da escrituração da Bíblia: a lei, os profetas e o evangelho. O Seu plano consistiu dos seguintes passos: Ele escolheu o homem ou os homens para escreverem. Ele confirmou a credibilidade deles, perante o povo de Deus, mediante dons miraculosos. Ele lhes conferiu a mensagem a ser registrada em forma escrita. Cessaram então os dons miraculosos. O Espírito Santo lançou mão do mesmo procedimento nos casos de Moisés, dos profetas e dos apóstolos. A mensagem dos apóstolos foi confirmada mediante os sinais do Espírito Santo, conferidos aos apóstolos. Foi também confirmada pelos sinais que acompanhavam ou seguiam aos apóstolos em seu ministério. A mensagem do evangelho completou as Escrituras Sagradas e cumpriu a promessa de Deus a Abraão, que, através do seu descendente (Jesus Cristo) todas as famílias da terra seriam abençoadas — judeus, samaritanas e gentios Essa é a mensagem que está produzindo a raça de homens espirituais.
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Porque em tudo fostes enriquecidos nele, em toda a palavra e em todo o conhecimento (como foi mesmo o testemunho de Cristo confirmado entre vós). De maneira que nenhum dom vos falta(1), esperando (2) a MANIFESTAÇÃO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, (3) O QUAL (4), VOS CONFIRMARÁ TAMBÉM ATÉ AO FIM (5), para serdes irrepreensíveis no Dia de nosso Senhor Jesus Cristo , (6) Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados para comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor. (1 Coríntios 1:5-9) (1) nenhum dom vos falta. A igreja em Corinto tinha recebido todos os dons; são nove e nomeadas no capítulo 12 de 1 Coríntios. (2) esperando (enquanto aguardais). Os dons foram dados por um período temporário esperando a manifestação de Jesus Cristo. Compare: 1 Coríntios 13:10; “... quando vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado.” (3) MANISFESTAÇÃO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO; Manifestação = Revelação. Esta é a manifestação/revelação de Jesus Cristo nas Escrituras – a Bíblia completa. Compare: João 5:39: Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam.
2 Pedro 3:15-16: “ e tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição.”
(4) O QUAL, refere à manifestação de Jesus nas Escrituras. (5) VÓS CONFIRMARÁ TAMBÉM ATÉ AO FIM , são as Escrituras que nos aperfeiçoará até o fim. Compare: João 17:17. (6) para serdes irrepreensíveis no Dia de nosso Senhor Jesus Cristo. 1 Tess. 5:23-24 – E o mesmo Deus de paz voz santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará.
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“O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida” (João 6:63). “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (João 17: 17). “... tendo renascido, não de semente corruptível, mas de incorruptível, pela palavra de Deus, a qual vive e permanece” (I Pedro 1:23).
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Capítulo XI
Tendo averiguado como o Espírito Santo confirmou os apóstolos através do uso de dons especiais, como Ele os ensinou acerca de para quem foi oferecida a remissão de pecados, e como Ele proporcionou dons espirituais às igrejas por intermédio dos apóstolos, destaca-se agora uma indagação, que é: Como é que o Espírito Santo ministra às igrejas da atualidade? As igrejas continuam possuindo dons especiais? Nesse caso, quem os outorga? Qual seria o propósito desses dons? Os dons do Espírito Santo aos apóstolos eram vitais para a eficácia de seu testemunho e para o seu aprendizado. Os dons conferidos às igrejas pelo Espírito Santo, mediante as mãos dos apóstolos, também eram necessários para a propagação do evangelho e para a edificação das igrejas. Entretanto, esses dons aos apóstolos e às igrejas já perderam a sua época própria e a sua utilidade. Esses dons eram de duração temporária, embora o seu efeito seja permanente. Os dons especiais do período apostólico e os diversos ministérios que acompanhavam esses dons foram substituídos pelo Novo Testamento e pelo ministério do evangelho que o Novo Testamento claramente identifica. Este capítulo mostrará que todos os dons especiais do período apostólico dados às igrejas ou têm sido substituídos pela Palavra escrita, ou têm cessado. Todos os ministérios especiais que acompanhavam esses dons foram substituídos pelo ministério pastoral e pelo ofício diaconal. Existem três principais fontes de informação acerca dos dons e dos ministérios: I Coríntios, Efésios e Romanos. Na primeira epístola de Paulo aos crentes de Corinto, há indicações que todos os dons especiais possíveis haviam sido outorgados àquela igreja; nenhuma menção se faz ali de pastores ou diáconos. Naquela epístola, Paulo escreveu que havia diferentes dons (ver 12:4), diferentes ministérios (ver 12: 5) e diferentes operações ou realizações (ver 12: 6). Os dons se referem ao que era realizado, os ministérios se referem ao que era realizado, os ministérios se referem ao efeito, ou resultado do uso desses dons. Podemos notar que a igreja de Corinto abundava em dons, ministérios, e realizações. Não obstante, era uma igreja que também abundava em pobreza espiritual. Tal condição espiritual era possível porque os dons espirituais eram imperfeitos ou parciais. Os dons eram 109
conferidos a indivíduos. A um era conferido o dom da profecia, a outro o dom de línguas, a outro o dom de curas, enquanto que a outro era outorgado o dom de milagres. Leia e observe isso no trecho de I Coríntios 12:7-11. O ministério era deficiente porque a Palavra de Deus ainda não fora completada. Todos os ministérios e realizações eram conferidos a indivíduos, e eram incompletos e inferiores ao ministério de um pastor que conta com a Bíblia inteira. Em sua epístola, Paulo não faz menção de pastores ou diáconos, os dois únicos ofícios permanentes que continuam operando até hoje nas igrejas. Por que motivo esses dois ofícios não foram mencionados por Paulo? Parece-me que não foram mencionados porque as listas de dons e ministérios, aludidos nessa primeira epístola aos Coríntios, eram listas de dons e ministérios temporários que logo haveriam de desaparecer. Se os dois ofícios permanentes tivessem sido alistados entre os dons e ministérios temporários, haveria grande confusão. Os dons e ministérios do Espírito visavam à edificação espiritual das igrejas (ver I Coríntios 12:5, 12 e 26). Os dons e ministérios distribuídos pelo Espírito Santo, através dos apóstolos, a indivíduos que eram membros das igrejas, tinham por escopo o benefício espiritual de todos (ver I Coríntios 12: 7,8), a fim de que não houvesse divisões no corpo (a igreja de Corinto). Os dons e os usuários dos mesmos tinham por dever exortar o povo (ver 14: 3), consolar o povo (ver 14: 3) e evangelizar os não-convertidos (ver 14:25). Paulo escreveu sobre os mesmos ministérios em sua epístola aos Efésios, no quarto capítulo da mesma. Ah, ele explica que os ministérios distribuídos nas igrejas visavam ao aperfeiçoamento dos santos, ao trabalho do ministério, à edificação do corpo de Cristo, à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus e à produção do homem perfeito — tendo em mira a estatura e a plenitude de Cristo. Dons e ministérios visavam ao aperfeiçoamento do corpo — a igreja — e ao crescimento espiritual de crentes individuais. Isso certamente não foi atingido na igreja de Corinto. A despeito de seus inúmeros dons e ministérios, houve poucos que se destacaram na qualidade de suas vidas espirituais. As igrejas da Galácia estavam “decaindo” do ensino da graça para seguirem os mestres legalistas dos judeus. A igreja dos tessalonicenses entrara na tangente sobre a volta do Senhor. As igrejas de Éfeso e Colossos estavam tendo grandes dificuldades acerca da doutrina de Jesus, o Cristo. A igreja de Corinto era confusa, corrupta, e carnal. (Não admira que Paulo tenha agradecido a Deus por cada memória que guardava da igreja de Filipos). Aqueles dons e ministérios eram temporários. Eles foram incapazes de produzir o tipo de crentes que Deus deseja. Os exemplos de homens 110
cheios do Espírito são raros durante a era apostólica, excetuando nos primeiros quatro ou cinco capítulos do livro de Atos; e a maioria desses casos refere-se aos apóstolos e aos primeiros diáconos. Os apóstolos estavam cheios dos ensinos de Jesus, e Paulo transpirava com profundo conhecimento das coisas divinas por meio de revelações. Mais adiante veremos por qual razão havia tão poucos indivíduos cheios do Espírito entre as igrejas primitivas. Em contraste com a imperfeição dos dons e ministérios, porém, rebrilha a perfeição da Palavra escrita de Deus. “A lei do Senhor é perfeita” (Sal. 19:7). Na medida em que a Palavra de Deus progredia em sua produção, havia um definido decréscimo na menção aos dons especiais. A transição foi dos dons especiais para o ministério da Palavra escrita. Das três epístolas: I Coríntios, Efésios e Romanos, o ensino acerca dos dons espirituais e dos ministérios especiais é mais abundante na primeira. A epístola aos Coríntios foi escrita primeira. A ênfase das outras duas recai sobre o ministério da Palavra. Em sua epístola à igreja de Filipos, escrita alguns anos mais tarde, Paulo menciona pastores e diáconos (ver 1:1). Ele os menciona no lugar mais proeminente — na saudação da epístola. A carta aos Efésios foi escrita ainda mais tarde que a de Filipenses, e também menciona pastores (ver 4:11). Isso mostra claramente que houve uma mudança de dons e ministérios múltiplos nas igrejas para o ofício pastoral, ainda que a igreja de Éfeso tivesse diversos pastores ao mesmo tempo. (Ver Atos 20:17, 28). A mudança de dons e ministérios temporários para os ofícios permanentes de pastores e diáconos pode ser averiguada nas epístolas posteriores escritas a Timóteo e a Tito. Outra evidência dessa mudança do temporário para os ofícios permanentes encontra-se no livro de Apocalipse. As sete estrelas (ver 1:16,20) parecem indicar os pastores dessas igrejas.
Uma vez terminado as Escrituras os dons miraculosos cessaram. Isso sucedeu no caso da escrituração da lei e dos profetas. E assim sucedeu no caso do Novo Testamento. Os dons que confirmavam a autoridade e a mensagem apostólica chegaram ao fim quando o Novo Testamento estava totalmente escrito. A mudança dos dons temporários para os dons permanentes fica demonstrada nas epístolas de Paulo. Pedro, por sua vez, declarou igualmente a superioridade das Escrituras sobre os dons temporários: “Mas também eu procurarei em toda 111
a ocasião que depois da minha morte tenhais lembrança destas coisas (possível por seus escritos na Bíblia). Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo — seguindo fábulas artificialmente compostas; mas nós mesmos vimos a sua majestade. Porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando na magnífica glória lhe foi dirigida a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em que me tenho comprazido. E ouvimos esta voz dirigida do céu, estando nós com ele no monte santo; e temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia esclareça, e a estrela da alva apareça em vossos corações. Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (II Pedro 1:15-21). O desejo de Pedro era que o seu testemunho fosse relembrado após o seu falecimento. Isso era possível mediante as epístolas que ele escreveu, que vieram a fazer parte integrante das Escrituras. Ele tivera visões no monte e também recebera outras visões; mas, em seus escritos bíblicos, ele recebera inspiração infalível, idêntica à dos escritores do Antigo Testamento. Em II Pedro 3:2, ele também fala sobre os mandamentos dos apóstolos. Pedro confirmou os escritos de Paulo, chamando-os de Escrituras (ver II Pedro 3:15, 16), bem como os escritos dos demais profetas e apóstolos que participaram da escrita do Novo Testamento.
O ofício pastoral é o único ministério permanente da Palavra desde que as Escrituras foram terminadas. Todos os dons permanentes do Espírito Santo, dados para substituir os dons especiais e temporários, visam ao ministério da Palavra escrita: profecia, ministério, ensino e evangelismo. Todos estão relacionados ao ministério da Palavra de Deus. Todos os indivíduos que servem como ministros do evangelho têm de ajustar-se a um conjunto de qualificações: as qualificações que se veem no terceiro capítulo de I Timóteo e no primeiro capítulo de Tito. Essas duas epístolas indicam que o ofício isolado de pastor tornou-se a prática das igrejas, na medida em que o período apostólico foi chegando ao seu término. Os ofícios pastoral e diaconal são os únicos ofícios mencionados no Novo Testamento. As únicas qualificações mencionadas no Novo Testamento visam a esses ofícios. Qualquer ordenação ao ministério do evangelho precisa conformar-se a essas qualificações. Como é possível que um único ministério e um único ofício substitua os muitos ministérios e dons que havia nas igrejas apostólicas? O Novo 112
Testamento é a própria resposta a essa indagação. Com uma Bíblia completa na mão, um homem pode suprir toda a liderança espiritual necessário a uma igreja. Sem as Escrituras, muitos ministros e muitos dons espirituais, todos eles incompletos, não podiam edificar uma igreja apropriadamente. Assim, os ministérios temporários, que eram muitos, foram substituídos pelo ofício pastoral — o homem que conta com todo o conselho de Deus entre as suas mãos. As tabelas abaixo ajudarão a esclarecer essa particularidade.
Dons Mencionados em Coríntios 12: 4-11 1. Sabedoria 2. Conhecimento 3. Fé 4. Curas
5. Milagres 6. Profecias 7. Discernimento de espíritos 8. Línguas 9. Interpretação de Línguas
Estes dons apostólicos não foram transferidos a outros. Nada adicionaram à Bíblia e cessaram juntamente com o ofício apostólico. Paulo disse que esses dons cessariam, em I Co. 13:8. Conhecimento, substituído pela Bíblia. Profecia, é agora a própria Bíblia, por exemplo, Apocalipse. As línguas não têm mais utilidade. Estes dons foram substituídos pela iluminação do Espírito para entendermos a Bíblia (Efé. 1:18). Sabedoria (Col. 2: 3; Ef.1:17; Col. 3: 16). Fé (vem por ouvir a Palavra - cf. Rom. 10: 17; Tim. 4: 6). Discernimento de espíritos, efetuado pelo conhecimento bíblico (I João 4: 1-6). Línguas cessaram. Não há mais necessidade do dom de interpretação, pois cessou juntamente com o dom de línguas.
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Ministérios mencionados em Coríntios 12:28—31
1. Apóstolo (ofício)
Cessou com a morte dos apóstolos.
2. Profetas
Cessou quando terminou o dom profético. (I Cor. 13:8; Apo 22:18).
3. Mestres
Incluído no ofício de pastor (I Tim. 3:2; Tito 1:9).
4. Milagres
Era dom apostólico; cessou com a morte deles. Dom não-transferível.
5. Curadores
Era dom apostólico; cessou com a morte deles. Dom não-transferível.
6. Auxílios
Substituído pelo ofício diaconal.
1. Apostolo
Ofício cessou. Sua mensagem está no N.T.
2. Profeta
Ofício cessou. Sua mensagem está no N. T.
3. Evangelista
Incluído no ministério do evangelho (II Tim. 4:5). Só há um padrão para o ministério do evangelho (I Tim. 3:17).
4. Pastores
Devem cuidar das igrejas de Deus. Um ofício permanente (I Tim. 3:1-5).
5. Mestres
Incluído no ofício pastoral (I Tim. 5: 17). As suas qualificações são as mesmas dos pastores.
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1. Profecia
A mensagem profética está na Bíblia (por exemplo, Mat. 24; I Tes; II Tes. e Apo.). Toda profecia a ser ensinada hoje está na Bíblia.
2. Ministério
É o trabalho do pastor, como líder da igreja. (II Tim. 4:5; I Tim. 3:5,14, 15; IPed.5:2, 3).
3. Exortação
Trabalho do pastor (II Tim. 4: 2; I Tim. 4: 13).
4. Contribuição
Ministério da igreja inteira.
5. Presidência
Os pastores devem liderar nos assuntos espirituais. Os diáconos devem cuidar dos assuntos materiais que as igrejas entregarem a seus cuidados.
6. Misericórdia
Trabalho de todos os membros. Fases especiais devem ser desempenhadas pelos diáconos (por exemplo, Atos 6:1-7).
As tabelas NPS 3 e 4 mostram como os ministérios e dons mencionados no capítulo 12 de I Coríntios foram substituídos pelos ofícios permanentes — pastores e diáconos - e pela Palavra escrita. As Escrituras foram completadas quando se terminou o escrever do Novo Testamento. Foi então que esses dois ofícios permanentes da Igreja entraram em operação exclusiva. A tabela N° 5 considera o trecho de Efésios 4:11, demonstrando como os ministérios temporários foram substituídos pelo ofício pastoral. A tabela N° 6 mostra como os dons mencionados em Romanos 12: 6-8 são plenamente cumpridos nos ofícios permanentes dos pastores e dos diáconos. Estude essas tabelas cuidadosamente e medite nas Escrituras que aparecem nos mesmos. Todos os ministérios e dons do período apostólico foram ministérios para o recebimento da mensagem de Cristo da parte do Espírito Santo, ou então para credenciar os apóstolos e a sua mensagem. A mensagem do Espírito Santo está agora terminada e se encontra nas páginas do Novo Testamento. Nenhuma nova revelação é dada hoje em dia aos homens fora das Escrituras. O que os homens precisam hoje em dia é a instrução iluminadora do Espírito Santo, para ajudá-los a entender e aplicar as verdades bíblicas às suas vidas. 115
As instruções que figuram em I Timóteo oferecem às igrejas as qualificações de homens que estão aptos a servir no ministério do evangelho, ou que devam ser eleitos para o ofício diaconal. Todos os dons temporários do período apostólico foram substituídos pela Palavra escrita. Nas qualificações dos pastores, eles nunca são instruídos a usarem dons miraculosos ou a transmiti-los a outros. Seu ministério é a Palavra escrita. O ministério do evangelho tem por finalidade os seguintes pontos: (1) Reconhecer que toda a Escritura é divinamente inspirada (ver II Tim. 3:16). (2) Pregar a Palavra de Deus (ver II Tim. 4:1-3). (3) Atender à leitura (o Estudo), à exortação e ao ensino (ver I Tim. 4:13). (4) Labutar na Palavra e no ensino doutrinário (ver I Tim. 5: 17). (5) Estudar para saber dividir corretamente a Palavra de Deus (ver II Tim. 2:15). (6) Evangelizar (ver II Tim. 4:5). Lembrem-se disso — o alvo do Espírito Santo é produzir homens segundo a imagem de Jesus Cristo — não no tempo da ressurreição dos crentes, mas AGORA mesmo. Ele quer ajudar-nos a viver em nossos corpos terrenos tal como Jesus viveu no mundo. O Espírito Santo deseja levar os homens à estatura da plenitude de Cristo, isto é, deseja levar os homens à idade espiritual adulta. Ele anela produzir homens espirituais de quem o Pai possa dizer: “Estes são Meus filhos, nos quais me comprazo”. Dons e ministérios imperfeitos jamais puderam obter esse elevado alvo. Isso só poderia ser concretizado através de um perfeito conhecimento de Cristo. O conhecimento e a sabedoria perfeitos de Cristo tornaram-se completos e foram postos à disposição dos homens quando a Bíblia foi completada. Talvez você fique surpreendido em saber que quem tem as Escrituras completas tem mais conhecimento e sabedoria sobre Cristo do que qualquer dos apóstolos isolados. Paulo escreveu para explicar que o conhecimento dos apóstolos era incompleto: “... porque em parte conhecemos, e em parte profetizamos. Quando, porém, vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado” (I Coríntios 13:9, 10). Um exemplo talvez nos ajude a entender melhor. Se tivéssemos de remover o livro de Apocalipse do Novo Testamento, haveria qualquer possibilidade de entendermos a volta de Cristo como deveríamos entendêla? Faria sentido o livro de Daniel? É por essa razão que a igreja de Tessalônica estava confusa a respeito da volta do Senhor. A Paulo foi conferida apenas uma parte para profetizar, a saber, que o Senhor 116
voltaria. Paulo não recebeu a revelação do retorno do Senhor, conforme o apóstolo João a recebeu. Um outro exemplo desse fato é a igreja de Jerusalém. Por meio de suas ações — eles venderam as suas propriedades — tomou-se evidente que eles esperavam o retomo imediato de Jesus. Eles não tinham o conhecimento preciso da volta do Senhor, conforme agora é ensinada no livro de Apocalipse. A falta de conhecimento pode causar a falta de sabedoria. A Palavra escrita de Deus é eterna. Os métodos e os milagres do Espírito Santo usados para acreditar os escritores sagrados e suas respectivas mensagens eram temporários. Cada fase das Escrituras estava incompleta: a Lei, os Profetas e o Evangelho. Agora, porém, eles se formam a produção completa e perfeita da Palavra escrita. Por meio dela, os homens podem ser salvos e aperfeiçoados. O Espírito Santo de Deus conferiu à Igreja a Palavra completa para o trabalho de evangelizar, batizar e ensinar. Ele deu às igrejas o ofício diaconal para cuidar dos aspectos materiais da obra das igrejas. Com a produção terminada das Escrituras, bem como os ofícios permanentes nas igrejas, todos os dons parciais e temporários tornaramse inúteis. Qualquer indivíduo ou grupo de pessoas que insista em retomar ao uso dos dons apostólicos está rejeitando a plenitude do Espírito Santo. Eles enfatizam o “em parte” e rejeitam o perfeito e eterno Registro. Manter em funcionamento os milagres depois que as Escrituras foram terminadas seria como se os anjos anunciassem o nascimento de Jesus depois que Ele já retornara ao céu em Seu corpo ressurreto. Hoje em dia, o Espírito Santo opera nas igrejas de Cristo através da Palavra escrita. Aí é que Ele prometeu permanecer até ao fim dos séculos (ver Mateus 16:18 e 28:19,20). Os ofícios que o Espírito Santo reconhece atualmente nas igrejas são aqueles cujas qualificações Ele descreveu em I Timóteo e em Tito.
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“O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida” (João 6:63). “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (João 17: 17). “... tendo renascido, não de semente corruptível, mas de incorruptível, pela palavra de Deus, a qual vive e permanece” (I Pedro 1:23).
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Capítulo XII
Ser cheio do Espírito Santo deve ser o grande desejo de todo o filho de Deus. A plenitude do Espírito nos traz alegria e paz; e também redunda na glória e honra de Deus. Ser cheio do Espírito Santo significa que o crente está se desenvolvendo normalmente como um filho de Deus deveria desenvolver-se. Significa que o crente está se tornando semelhante a Jesus. (Ver Efésios 4:13). O propósito do divino plano de redenção é produzir uma raça de gente espiritual que exiba a semelhança do Filho de Deus. A plenitude do Espírito Santo produz em nós essa semelhança. A plenitude do Espírito Santo é a condição espiritual de cada indivíduo que está crescendo à semelhança de Jesus, mediante o estudo constante das Escrituras e mediante a submissão à vontade de Deus. O Espírito Santo habita em cada pessoa salva; a plenitude do Espírito é produzida pela Palavra da Verdade. Estar cheio do Espírito envolve um processo de crescimento contínuo e não uma experiência repentina. Uma pessoa cheia do Espírito Santo viverá o tipo de vida que Jesus viveu — uma vida caracterizado pela obediência às Escrituras. A Bíblia ensina os pontos seguintes: (1) Quem pode ser cheio do Espírito Santo. (2) O que sucede quando uma pessoa é cheia do Espírito Santo. (3) Como você pode ser cheio do Espírito Santo. (4) O que impede a plenitude do Espírito. “... enchei-vos do Espírito...” (Ef. 5:18) é a instrução de Deus para o Seu povo. Esse é o princípio básico para a vida espiritual. Paulo escreveu: “Porque a inclinação da carne é a morte, mas a inclinação do Espírito é vida e paz” (Rom. 8:6). O caminho ou pendor da carne produz corrupção e destruição; o caminho ou pendor do Espírito traz vida e paz. As pessoas que desejam ter uma vida feliz deveriam procurar encher-se do Espírito Santo. Toda e qualquer pessoa salva pode ser cheia do Espírito. Isso é uma verdade porque toda pessoa salva é nascida do Espírito de Deus. Qualquer pessoa nascida do Espírito pode ser cheia do Espírito Santo. Não se deve confundir, contudo, a plenitude do Espírito Santo com o novo nascimento, e nem com o batismo do Espírito Santo. São três coisas diferentes. São tão diferentes quanto o nascimento, o banho e o crescimento de um bebê. O nosso assunto, neste capítulo, é a plenitude do Espírito Santo. 119
O pecador arrependido é lavado no sangue do sacrifício de Cristo no momento em que ele confia em Jesus como seu Salvador. Ele é perdoado da penalidade do inferno e recebe a remissão dos seus pecados. Além disso, nasce do Espírito de Deus. Nesse momento, ele nasce para fazer parte da mais extraordinária qualidade de vida que existe — a vida eterna — o mesmo tipo de vida que Deus tem em Si mesmo. O pecador é salvo no momento em que crê e toma-se um novo ser espiritual. Ele é então como um bebê recém-nascido — um indivíduo completo. O indivíduo que nasce física ou espiritualmente nunca será mais indivíduo do que no momento do seu nascimento. Jamais isso envolverá uma questão de ser nascido mais ou de ser mais pessoa. A partir do instante de seu nascimento a pessoa está envolvida em uma questão de desenvolvimento — o crescimento da vida já existente. Algumas pessoas talvez nunca façam qualquer coisa na vida, mas isso não se deve ao supor que elas sejam menos indivíduos do que outros. Quando uma pessoa é salva — nascido pelo poder do Espírito de Deus — é tão filho de Deus quanto jamais será daí por diante. Ser cheio do Espírito Santo foi algo perfeitamente concretizado na vida terrena de Jesus. Ele foi o primogênito da nova raça espiritual. Tal como Jesus foi durante a Sua vida terrena, assim também Deus deseja que sejam todos os Seus filhos por adoção. Jesus nasceu pelo Espírito e foi cheio do Espírito desde o Seu nascimento. Foi no Espírito que Ele cresceu em estatura, em sabedoria e em favor diante de Deus e dos homens ver Lucas 2:52. Cada filho de Deus nasce do Espírito Santo e serve de residência para o Espírito. Deus agora quer que o salvo renda a sua vontade, a sua vida diária, e o seu todo à direção do Espírito Santo, a fim de que possa, como filho de Deus, crescer como Jesus cresceu. As crianças que aceitam Cristo como Salvador podem e devem ser cheias do Espírito Santo. Os jovens salvos podem e devem ser cheios do Espírito Santo. Os adultos, os pais e as pessoas idosas salvos podem e devem ser cheios do Espírito Santo. Jesus foi cheio do Espírito Santo em cada fase de Sua vida terrena. A vida de Jesus Cristo tomou isso possível na vida dos salvos sem importar a idade deles.
A menção do Espírito Santo e do Seu poder usualmente desperta ideias sobre alguma força miraculosa — grande poder — pelo que os homens se tomem possuídos pelo poder divino para curar, para falar em línguas e para realizar todo tipo de maravilhas e milagres. O que realmente 120
devemos esperar acontecer naquele que fica cheio do Espírito? O que deve suceder conforme nos ensina a Bíblia? As Escrituras ensinam claramente o que o Espírito de Deus almeja realizar nas vidas dos crentes. Deus instrui aos Seus filhos. Suas instruções são perfeitamente compreensíveis e práticas. Os filhos de Deus devem ser um povo obediente, um povo trabalhador, um povo feliz. Essa felicidade resulta de se fazer aquilo que a Palavra de Deus nos determina; é o resultado da obediência a Deus. Satanás tenta lançar na confusão todos os ensinamentos de Deus. Jamais Satanás obteve tão estrondoso sucesso como em seu esforço por enganar as pessoas acerca da obra do Espírito Santo. Satanás apela para as emoções e sensações carnais. Por meio de truques ele leva as pessoas a confiarem em suas experiências e sentimentos, ao invés de confiarem na Palavra de Deus. Deus ensina-nos a aprender do Senhor, a crescer na graça e no conhecimento (ver I Pedro 2:2; II Pedro 3:18) e a deixar o Espírito Santo nos guiar (ver Romanos 8:14). Como você deve estar percebendo, tornarse um homem espiritual plenamente desenvolvido envolve um processo de crescimento, da mesma maneira que tornar-se alguém um adulto é um processo de crescimento físico e mental. Não há atalhos. Espíritos enganadores e falsos mestres distorcem os ensinamentos de Deus para darem a impressão que esse processo de crescimento é uma experiência instantânea. Eles ensinam que mediante a imposição de mãos, mediante a oração, mediante vigílias de noites inteiras e mediante jejuns prolongados a plenitude do Espírito Santo pode ser obtida dentro de pouco tempo. Ensinam os tais que ser cheio do Espírito Santo é uma experiência como a que ocorreu no dia de Pentecoste, e não um desenvolvimento espiritual, conforme se percebe na vida de Jesus. “Arrebatamentos” carnais têm purificado muitas vidas em momentos de grande intensidade emocional. Porém, na maioria das vezes, o demônio retorna mais tarde, encontrando assim a casa varrida, adornada e vazia — o Espírito Santo nunca habitou naquela vida. Rapidamente, o demônio dali expelido busca e traz consigo mais sete demônios para que vivam naquela casa em sua companhia; e o estado final daquele indivíduo torna-se pior do que antes. (Ver Mateus 12:45).
Uma pessoa enche-se do Espírito Santo por um processo mediante o qual Deus toma posse da vida que foi comprada ao preço do sangue de Jesus Cristo. Deus compara a vida da pessoa salva a uma habitação 121
espiritual. (Ver I Coríntios 6:19). O Espírito Santo vem viver na vida salva a partir do instante em que a pessoa crê em Jesus Cristo. O desejo do Espírito é dirigir essa vida no desenvolvimento espiritual — crescer continuamente na fé e no favor diante de Deus e dos homens. A vida do crente deveria assemelhar-se à vida terrena de Jesus — sempre crescendo, sempre cheio do Espírito Santo. Imaginemos a vida do pecador como uma casa velha. Jesus compiou-a para lugar de habitação do Seu Santo Espírito. Essa vida tornou-se um templo do Espírito de Deus. Porém, ela se assemelha a uma casa antiga e decaída que alguém compra porque viu as possibilidades da mesma ser transformada em uma bela residência. A condição daquela casa é deplorável. As janelas estão sujas, e algumas delas estão quebradas. Teias de aranhas tomam conta dos espaços interiores, o piso da casa está imundo e os alicerces estão abalados. Não obstante, foi pago o preço total pela propriedade. O novo proprietário tem em sua mão o instrumento legal de compra; a propriedade lhe pertence. Ele deseja transformar aquela casa em uma bela residência onde ele e a sua família possam passar muitas horas felizes. Têm início os reparos. Os alicerces são reforçados. O telhado é consertado. A família começa a trabalhar nos reparos necessários na cozinha. Um ar abafado enche os aposentos; as teias de aranha se prendem aos cabelos de quem passa por ali. A poeira é espessa. Eles tossem e espirram, enquanto fazem a limpeza. Vez ou outra, precisa sair da casa para respirarem ar fresco e recuperarem as forças. As janelas da cozinha são lavadas e abertas. Água e sabão lavam e retiram toda a imundícia. Depois se faz a pintura. Que diferença! A cozinha, finalmente, é equipada e embelezada. Os proprietários passam para o aposento seguinte, O soalho está encrespado e sujo; esqueletos de ratos jazem pelos cantos. Caixas de destroços vários estão espalhados ao redor. As janelas são abertas e um ar fresco vem circular por aquele ambiente. Água e sabão são usados com abundância. O aposento é inteiramente limpo, as paredes são pintadas, são colocados tapetes no soalho e os móveis são colocados. A sala tornou-se novamente habitável e aconchegante. A cozinha e a sala de estar foram transformadas e agora pulsam de vida feliz. Um por um, os aposentos daquela casa são transformados em lugares alegres, até que a casa inteira é possuída e transborda com a vida do novo proprietário e seus familiares. A vida de um pecador assemelha-se a uma casa antiga; arruinada, feia, dotada de alicerces enfraquecidos, prenhe de morte e prestes a ser 122
inteiramente destruída. Mas Deus viu algo naquela vida. Percebeu o que podia fazer por ela. Portanto, resolveu adquiri-la e transformá-la em Seu lugar de habitação e enche-la com Sua glória. A casa da vida do pecador custou muito caro. Ainda assim, Deus se dispôs a pagar o preço completo por ela. Ele deu Seu Filho unigênito para comprar aquela casa. Jesus veio a este mundo a fim de pagar o preço. Você percebe a transação que Ele realizou? O preço foi inteiramente pago — na colina do Calvário. O sangue de Jesus fluiu e ensopou o chão. Jesus morreu — a casa foi redimida. Dentro de poucos dias depois de Sua morte, o Redentor retornou aos céus. Deus enviou o Seu Espírito para tomar posse da casa e pô-la em boa ordem. A casa é fraca, carnal, feia e repleta de coisas indesejáveis. Não obstante, é a casa de Deus e Ele jamais a deixará e nem a abandonará. À semelhança daquela família que limpou e transformou totalmente a antiga casa, o Espírito Santo também opera para limpar e transformar a vida do pecador remido. O Espírito abre as janelas e o ar fresco do fôlego de Deus começa a tomar conta dos aposentos. Então passam a ser usados água e sabão — a Palavra da Verdade (ver Efésios 5:26 e João 17: 17) — que lavam e removem toda a sujeira. As janelas — os olhos da fé (ver Hebreus 11: 13) são purificadas e lavadas com colírios (ver Apocalipse 3: 18), sendo aplicada a luz da beleza de Deus, que então pode tomai conta da casa e enchê-la com a glória do Senhor. Teias de aranha e esqueletos de desejos carnais e prazeres mundanos são retirados. Em seu lugar são introduzidos interesses celestes, desejos espirituais e conversas sobre coisas que são puras, boas e justas, na medida em que a Palavra de Deus vai sendo estudada e obedecida. O Espírito Santo mostra ao crente as suas fraquezas, bem como a necessidade dele confessar os seus pecados (ver I João 1:8,9). O Senhor fortalece o crente para que este domine os seus impulsos de ira, orgulho, mentira e maledicência. Ensina-lhe que é mister perdoar a outros, tanto quanto ele mesmo deseja ser perdoado. Por meio do Espírito Santo, o crente começa a remover hábitos e pensamentos indesejáveis. Ação de graças a Deus e pensamentos a respeito de Jesus Cristo começam a tomar conta de sua mente e de seu coração. „ “... enchei-vos do Espírito... na realidade significa que devemos permitir que o legítimo Proprietário ocupe plena e perfeitamente a vida que Ele adquiriu para Si mesmo. “Porque fostes comprados por bom preço...” (I Cor. 6:20). Deus não somente nos instrui a sermos cheios do Espírito Santo, mas também Ele torna possível essa plenitude. Deus jamais nos pede que façamos alguma coisa sem que igualmente nos ofereça o poder 123
de obedecermos. Deus não é arbitrário. Seus mandamentos são razoáveis (ver Romanos 12:1,2), e esses mandamentos nos são dados para nosso benefício e para nossa alegria. Todo pai espera que seus filhos lhe obedeçam; Deus também espera que Seus filhos Lhe sejam obedientes. Nosso Pai celeste compreende as nossas limitações e fraquezas. Algumas vezes nossos pais terrenos se esquecem dessas nossas limitações. Às vezes esperam mais de seus filhos do que eles são capazes de realizar. Lembro-me da primeira vez em que meu pai me mandou arrear o cavalo. A coelheira não queria ajustar-se no seu lugar. (Como é que eu ia saber que ela não podia ajustar-se de cabeça para baixo?) O cavalo era alto demais para mim. Era-me impossível realizar aquele trabalho até alguém me ajudasse. Deus nunca nos baixa uma ordem que seja superior às nossas habilidades, a menos que Ele mesmo supra as forças necessárias. Jesus determinou ao homem de mão mirrada: “Estende a tua mão” (Mat. 12:13). O homem conseguiu estender a mão porque Jesus lhe outorgou o poder necessário para tanto. Diante do túmulo de Lázaro, Jesus levantou a voz e disse: “Lázaro, vem para fora” (João 11:43). E Lázaro saiu do sepulcro porque Jesus lhe supriu o poder da ressurreição. Jesus ordenou aos apóstolos que fossem por todo o mundo e pregassem o evangelho entre todos os povos, batizando os que cressem e ensinando-lhes tudo quanto lhes havia mandado. Para cumprir essa gigantesca tarefa, Ele lhes enviou o Espírito Santo. Na vida do crente, o Espírito Santo fortalece para realizar tudo quanto Deus nos ordena fazer e ser. O crente precisa confessar a sua fraqueza ao Pai, pedindo-Lhe ajuda. O Pai não nos dará uma pedra em lugar de pão (ver Lucas 11:11-13). Ele não desprezará as nossas fraquezas (ver Tiago 1:5). Ele nos abençoará e nos proporcionará toda a força necessária. O Espírito Santo deseja encher o crente consigo mesmo. Ele quer ser o nosso constante Companheiro, Guia, Força e Alegria. Há três qualidades que as obras do Espírito Santo sempre possuem, e Ele quer que essas qualidades guiem as vidas daqueles em quem Ele habita. “... (porque o fruto do Espírito está em toda a bondade, e justiça, e verdade)... (Ef. 5:9). Para saber se algo que você esteja fazendo ou desejando fazer provém do Espírito Santo, indague de você mesmo estas três perguntas: (1) Isso produzirá a bondade? Ê algo bom? (2) Isso é justo, isto é puro e bom? (3) Isso se harmoniza com a verdade, ou seja, está em harmonia com aquilo que a Bíblia ensina? 124
O Espírito Santo produz a bondade, a pureza e a verdade na vida do crente. Ele produz bondade, pureza e verdade na vida diária do crente nos seus pensamentos, nas suas palavras e nas suas ações. O Espírito Santo não atua para produzir superficialidades religiosas.
A Bíblia responde a essa pergunta com notável clareza. É possível que você esteja a caminho de ter uma grande surpresa. Sem importar a sua idade, se você é uma pessoa salva, então pode ser cheio do Espírito Santo. Na verdade, você deveria viver cheio do Espírito Santo. Queira você responder a essa indagação? Como é que você pode dizer se um balde, um copo, uma garrafa ou um tanque está cheio? É isso mesmo... Quando ele começa a transbordar. As Escrituras ensinam-nos quando podemos dizer que uma pessoa salva está cheia do Espírito Santo da mesma maneira, a saber, quando ela transborda. Quando um crente qualquer — menino ou menina, homem ou mulher, escravo ou senhor — está cheio do Espírito Santo, ele transborda. “Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva” (João 7:38). Você sabia que a Bíblia ensina essa verdade? A mulher que vive cheia do Espírito Santo extravasa. O homem cheio do Espírito Santo também extravasa. Meninos e meninas cheios do Espírito Santo extravasam. Patrões e empregados cheios do Espírito Santo extravasam. Eles transbordam de bondade, de pureza e de verdade; não fervem de imundícias, de mentiras e de ações más. Qualquer vaso é capaz de transbordar uma vez que esteja cheia. Qual é o sinal ou a evidência desse extravasamento — desse estar cheio do Espírito? O trecho de Efésios 5:18 nos admoesta:.. enchei-vos do Espírito...” Agora, por favor, siga-me pelo resto da epístola aos Efésios, em seus capítulos quinto e sexto. O trecho de Efésios 5: 19 - 6: 9 mostra-nos no que consiste esse extravasamento do Espírito Santo na vida do crente. Essas evidências identificam primeiramente os salvos, em relação com uma igreja; e também aludem à posição de cada indivíduo diante de Deus. Em primeiro lugar, as pessoas que estão cheias do Espírito desejam reunir-se fielmente, louvando e servindo ao Senhor. “... enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor, com hinos e cânticos espirituais...” (Isso tem por escopo louvar a Deus e não o entretenimento da carne). Crentes cheios do Espírito 125
Santo transbordam de ações de graça por todas as coisas que Deus Pai tem feito. Uma igreja cujos membros são cheios do Espírito desfruta da presença de crentes que se amam e que se sujeitam... “Uns aos outros no temor de Cristo” (Ef. 5:19-21). As pessoas cheias do Espírito Santo dão ao dia do Senhor a primazia acima de qualquer outro dia, bem como à reunião na igreja do Senhor acima de quaisquer outras organizações. Ninguém pode estar cheio do Espírito se ignorar o dia do Senhor ou a Igreja do Senhor. Em seguida, a Bíblia mostra-nos o que sucede quando uma mulher vive cheia do Espírito Santo. Ela mostra-se submissa a seu próprio marido. E isso mesmo. A plenitude do Espírito em uma mulher não se pode observar quando ela fala em línguas, quando ela procura chefiar a própria família ou quando ela procura dirigir o espetáculo. A mulher cheia do Espírito Santo é fiel à sua igreja e submissa a seu próprio marido. Enquanto ela não fora submissa a seu marido em toda a bondade, pureza e verdade, ela não estará vivendo cheia do Espírito, embora tenha nascido do Espírito. Quando uma mulher é o tipo certo de esposa, sob o Senhor, ela se ajusta bem á tudo o mais. E como é que podemos dizer quando um homem está cheio do Espírito Santo? Quando ele transborda. E, quando ele transborda, ele ama à sua esposa tanto quanto ama a si mesmo — e isso representa um bocado de amor! Os homens cheios do Espírito amam suas esposas como Cristo amou à Igreja. Essa modalidade de amor é extremamente rara, e isso revela-nos que muitos homens crentes não vivem cheios do Espírito, incluindo até mesmo muitos pastores. Leia cuidadosamente o trecho de Efésios 5: 25-33. Lembre-se que Deus não atende às orações dos homens que costumam maltratar suas esposas. (Ver I Pedro 3:7). É possível dizermos quando jovens e crianças vivem cheios do Espírito Santo. O sinal que nos mostra que filhos e filhas vivem cheios do Espírito é a obediência deles à mamãe e ao papai, no Senhor. (Ver Efésios 6:1). Os filhos que não honram seus pais não vivem cheios do Espírito Santo. Eles talvez sejam pessoas salvas, ativas no trabalho de sua igreja; mas podemos estar certos de que não estão cheios do Espírito de Cristo. É simplesmente impossível que filhos e filhas estejam honrando a Deus Pai se é que não honram e nem obedecem a seus pais terrenos. A plenitude do Espírito Santo também se evidencia no relacionamento dos crentes como patrões e empregadores — senhores e servos (ver Efésios 6:5-10). Os homens cheios do Espírito Santo trabalham com. honestidade, como se estivessem servindo ao próprio Senhor (ver Efésios 6:5-7). Homens crentes que têm empregados sob as 126
suas ordens haverão de tratá-los conforme eles mesmos são tratados por Cristo. (Ver Efésios 6:8,9). A plenitude do Espírito Santo produz certo efeito, satisfazendo determinada necessidade que se manifesta em cada vida cristã. Deus menciona as esposas em primeiro lugar porque o papel por elas desempenhado é extremamente vital dentro de uma família que vive cheia do Espírito. Os maridos que realmente amam suas mulheres como a si mesmos terão pouca dificuldade com esposas insubmissas. A obediência a pai e mãe é mencionada como um sinal do “transbordamento” dos jovens, porquanto a coisa mais difícil para um jovem fazer é honrar e obedecer obedecer a seus pais. Tais vidas serão caracterizadas pela bondade, pela pureza e pela verdade. Empregadores e empregados cheios do Espírito Santo são a resposta para os problemas trabalhistas. Algumas vezes, indivíduos salvos furtam as empresas onde trabalham em termos de tempo ou mesmo de ferramentas ou de material. Esses crentes não vivem cheios do Espírito da Verdade, embora talvez ocupem posições proeminentes em suas respectivas igrejas. Alguém indaga: “Você quer dizer que isso é o que acontece quando há pessoas cheias do Espírito Santo?” “Isso é exatamente o que a Bíblia ensina”. Algumas vezes, até parece ser capaz de ouvir pessoas dizendo coisas como seguem: “Por que Deus diz que eu tenho de ser submissa a meu marido? “Por que Deus afirma que preciso amar à minha mulher como a mim mesmo, e como Cristo amou à Sua Igreja?” “Por que tenho de obedecer a meus pais? Eles são apenas uns velhotes ultrapassados.” “Por que tenho de trabalhar para o meu patrão como se eu estivesse trabalhando para Cristo?” “Como poderei tratar corretamente os meus empregados, e, ao mesmo tempo, auferir bons lucros em meus negócios?” Você deve estar percebendo, não é verdade, que Deus baixou esses poucos itens porque eles servem de evidências seguras do transbordamento do Espírito Santo em nossas vidas? Alguém talvez pergunte: “Mas, a plenitude do Espírito Santo não leva as pessoas a produzirem milagres?” Sim, mas não os milagres de línguas estranhas, de cura de enfermos, ou de ressurreição de mortos. A plenitude do Espírito produz o 127
milagre de uma vida piedosa — semelhante à vida terrena de Jesus Cristo. Ele produz homens, mulheres, meninos e meninas que tragam a similitude de Jesus, que vivem conforme Ele viveu durante os anos em que residiu em Nazaré. Esse é o milagre que transformará as nossas igrejas em corpos de Cristo que redundem na glória de Deus Pai. Esse é o milagre na vida do crente, o que levará Deus a dizer de você: “Esse é meu filho, no qual me comprazo”. A próxima pergunta que quero formular é de natureza pessoal. Para que o leitor faça melhor ideia do que significa viver cheio do Espírito Santo, a minha pergunta é esta: VOCÊ DESEJA VIVER CHEIO DO ESPIRITO SANTO? Espero sinceramente que a sua resposta seja um “sim”. O desejo de ser cheio do Espírito é o primeiro passo na direção do sucesso espiritual. É bastante fácil dar-se esse passo. Consiste em se chegar ao lugar onde o crente diga para Deus com toda a humildade e sinceridade: “Sim, Pai, realmente quero ser o tipo de filho que TU queres que eu seja”. Ninguém pode viver cheio do Espírito a menos que se humilhe na presença do Senhor. Não se esqueça disto — o enchimento do Espírito Santo não é uma experiência que ocorra de maneira imediata e de uma vez por todas. Pelo contrário, é um processo de desenvolvimento espiritual, tal como Jesus também teve de experimentar, na medida em que Ele ia crescendo em estatura, sabedoria e favor diante de Deus e dos homens. NÃO HÁ ATALHOS! NÃO PERMITA QUE SATANÁS O ENGANE! Você precisa conscientizar-se do fato que Deus comprou a sua vida — corpo e alma. O seu corpo é a casa que Ele adquiriu adquiriu para Si mesmo. Você deve estar disposto a permitir que o Senhor tome posse da casa inteira, de cada aposento, cantinho e escaninho. E então Ele limpará, lavará, embelezará e encherá essa casa com uma linda maneira de viver. E você desfrutará de uma alegria que ultrapassa a todo esforço da imaginação.
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Efésios 5:18 - 6:9
Colossenses 3:16 - 4:1 Admoestação Divina
Enchei-vos do Espírito (Efésios 5:18)
A palavra de Cristo habite em vós abundantemente (Colossenses 3: 16)
Resultados Coletivos nas Vidas Cheias do Espírito Deus é louvado 5:19
Deus é louvado 3:16
Ações de graças 5:20
Ações de graças 3:17
Pai glorificado no Filho 5:20
Pai glorificado no Filho 3:17 Resultados Individuais
Esposas submissas 5:22-24
Esposas submissas 3:18
Maridos amorosos 5:25-32
Maridos amorosos 3:19
Filhos obedientes 6:1-3
Filhos obedientes 3:20
Pais piedosos 6:4
Pais piedosos 3:21
Trabalhadores piedosos 6:5-8
Trabalhadores piedosos 3:22
Patrões piedosos 6:9
Patrões piedosos 4:1
COMO ISSO PODE SER FEITO? COMO UMA PESSOA SE ENCHE DO ESPÍRITO SANTO? A Bíblia também nos fornece a resposta para essas perguntas. A resposta encontra-se no trecho de Colossenses 3:16, onde se lê: “A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros...” Um exame criterioso desse versículo, e a comparação do mesmo com o trecho de Efésios 5:18, que diz: “... enchei-vos do Espírito...”, mostrará que essa declaração é sinônimo com “A palavra de Cristo habite em vós abundantemente”. Essas expressões significam a mesma coisa; produzem idêntico resultado. As provas de que estamos cheios do Espírito já foram examinados. Agora, faremos uma comparação entre os trechos de Colossenses 3:164:1 e Efésios 5: 18 — 6: 9, gráfico nº 7, o que deixará claro como é que uma pessoa pode ser cheia do Espírito Santo. Conclusão: Não restam dúvidas — “Enchei-vos do Espírito” e “Habite ricamente em vós a palavra de Cristo” são expressões sinônimas. Essa 129
conclusão é justificada pelos resultados demonstrados na comparação entre essas duas passagens bíblicas. Esses são os resultados que o Espírito Santo almeja produzir em nossas igrejas da atualidade. Esse é o poder e esses são os resultados que as nossas igrejas precisam. Elas podem obter esses resultados mediante o estudo da Palavra de Deus e a obediência à mesma. Não há outra maneira de alguém ser cheio do Espírito Santo. A expressão “Enchei-vos do Espírito” significa que devemos encher as nossas vidas com a Palavra de Deus, mediante o estudo, a meditação e a obediência submissa à mesma. O primeiro Salmo descreve a vida do homem cheio do Espírito. As Escrituras enchem-nos com o Espírito porque as palavras de Cristo são espírito e são vida (ver João 6:63). Quando a Palavra de Cristo, as Escrituras Sagradas, tomam conta de nossas vidas, isso significa que estamos cheios com a vida do Espírito de Deus. A Palavra de Deus torna-nos cônscios do pecado. Isso não acontece da noite para o dia. Porém, na medida em que vamos crescendo na graça e no conhecimento de Cristo, até mesmo a mais leve ofensa contra Deus e contra os nossos semelhantes assume proporções de ofensa grave aos nossos olhos. Pequenas palavras tolas perdem o seu encanto quando o Espírito Santo faz-nos lembrar que devemos eliminar das nossas vidas toda a “chocarrice”, segundo se vê em Efésios 5: 4. Mentira, malícia, maus desígnios, pornografia e conversa torpe tomam-se abomináveis e desprezíveis quando a Palavra de Deus enche os nossos pensamentos. Leia a passagem de Efésios 5:1-9. A preocupação excessiva será por nós reconhecida como uma desobediência e uma desconfiança para com o Senhor. As promessas de Deus, de que Ele cuidaria de nós, tornam-se a nossa força (ver I Pedro 5: 7, 8). As Escrituras ensinam-nos que as pequenas raízes de amargura terá que ser arrancadas dos nossos corações, se o Espírito Santo tiver de encher as nossas vidas com alegria e frutificação espiritual. (Ver Hebreus 12:15). Ser cheio do Espírito Santo é ser conduzido pelo Espírito (ver Romanos 8:5, 12-15). É ser santificado (ver João 17:17). Se tivermos de encher um vaso com alguma coisa será necessário esvaziá-lo de qualquer outra coisa e limpá-lo. Quando minha esposa prepara compotas ou pickles, ela os põe em jarras de vidro. Antes de encher as jarras, essas precisam ser totalmente esvaziadas, lavadas com perfeição e então escaldadas com água fervente. A pureza e a impureza não podem ser misturadas sem que a pureza fique contaminada. Após as jarras haverem sido assim esterilizadas, então minha esposa as enche 130
com as compotas ou os pickles, e, em seguida, as jarras são hermeticamente fechadas. Para que você seja cheio do Espírito Santo, a sua vida precisa ser constantemente limpa das impurezas. O próprio “eu” deve ser extraído do vaso de sua vida, a fim de que você possa ser possuído pelas belezas de Cristo. Sugestões para Ajudá-lo a Encher Sua Vida com o Espírito Santo e a Crescer à Semelhança de Cristo (1) Desenvolver a consciência da presença do Espírito Santo em sua vida. Seja cônscio de Sua presença ao levantar-se pela manhã, ao tomar suas refeições, enquanto caminha, enquanto se diverte, enquanto estuda e enquanto ora. Lembre-se que Ele é quem lhe traz à memória a bondade de Deus, as coisas agradáveis que você deve dizer a outras pessoas, os nomes das pessoas por quem você deve orar, as pessoas para quem você deve testificar acerca da salvação, e as coisas que você pode fazer para trazer felicidade ao próximo, especialmente quando se trata de pessoas de sua família. A consciência de pensamentos e atos semelhantes aos de Cristo em sua vida torná-lo-á mais certo da promessa da presença do Espírito em sua vida. Tais pensamentos e atos encherão o seu coração enquanto estiver estudando a Palavra de Deus, obedecendoa, e andando em comunhão com o Senhor, mediante a confissão de seus pecados. O Espírito Santo lhe trará à mente as palavras da Bíblia, quase como uma voz audível. (2) Estabelecer um horário definido, a cada dia, para passar em meditação sobre o que Jesus tem feito por você. Memorizar as Escrituras que mostram o que Ele tem feito por nós, como, por exemplo: “Deito-me e pego no sono; acordo, porque o Senhor me sustenta” (Sal. 3:5). (3) Ao mesmo tempo, examinar o seu coração e os seus pensamentos, confessar os seus pecados que jazem ocultos em sua vida. Esses pecados estão ocultos somente dos homens, mas não de Deus. (4) Dedicar tempo, diariamente, à leitura de uma porção da Bíblia. Meditar sobre a porção lida e aplica-la em sua vida diária. Isso serve de alimento para o seu espírito. “Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mat. 4:4). (5) Pedir perdão de qualquer pessoa a quem você porventura tenha ofendido ou contra quem tenha praticado alguma injustiça. A confissão de nossos pecados a Deus não nos exime de pedir perdão daqueles a quem tivermos ofendido. Os pais que tiverem ofendido a seus filhos precisam pedir-lhes perdão. Os filhos que tiverem ofendido a seus pais também precisam pedir-lhes perdão. Maridos e mulheres precisam pedir perdão um ao outro, no caso de ofensas entre eles. “Antes sede uns 131
para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo” (Ef. 4: 32). Não agir assim serve somente para entristecer ao Espírito Santo. (Cf. Efésios 4:30). (6) Prontificar-se a perdoar a outras pessoas. (7) Relatar a outros o que Cristo tem feito por você, o que Ele significa em sua vida, e as coisas novas que você pode aprender dia a dia em seus estudos bíblicos. (8) Fazer o dia do Senhor ser exatamente isso em sua vida. O dia do Senhor (o domingo) deveria ser um dia de bênção espiritual para você. O sábado, o sétimo dia da semana, era muito importante para os judeus, os quais viviam debaixo da lei mosaica. Quão mais importante deveria ser o dia do Senhor para nós, visto que representa o fato que Jesus morreu por nós, os pecadores. Estude atentamente o trecho de Hebreus 10:28, 29. (9) Ser fiel na frequência a uma igreja que satisfaça às qualificações do Novo Testamento. Pessoalmente, eu lhe recomendo uma igreja Batista.
O Espírito Santo é uma pessoa. Ele é uma pessoa tanto quanto Jesus é uma pessoa. Os homens entristeciam a Jesus, ofendendo-O. Ele foi desprezado por alguns indivíduos que não acreditavam nEle, e até mesmo pelos Seus apóstolos, quando não compreendiam o que ou por quê Ele fazia ou ensinava isto ou aquilo. Os homens ofereciam resistência a Jesus. A atitude dos judeus que repeliram Jesus como Senhor e exigiram a Sua crucificação são exemplos de indivíduos que Lhe ofereceram resistência. Do mesmo modo, podemos resistir ao Espírito Santo, ou entristecelo, e até mesmo extingui-lo. Quando isso sucede na vida de um crente, os resultados transparecem em toda a sua maneira de viver. As divisões em uma igreja indicam o espírito de carnalidade e de egoísmo nas vidas dos membros. A amargura em nossos corações para com certas pessoas revela pecados não-confessados em nossas vidas. A malícia e a maledicência fazem todos reconhecerem que a bondade do Espírito de Deus não está tomando conta das nossas vidas. (Ver Mateus 12: 34-37). A desonestidade é ser falso — é mentir. O consentimento prazeroso de maus pensamentos, de conversas torpes e de literatura ímpia são impureza e impiedade. 132
Tais condições e atitudes na vida de um crente servem de evidências que a sua casa é carnal e está suja. Os crentes que exibem essas péssimas sementes do mal nas suas vidas acabarão colhendo consequências terríveis. O velho homem carnal é o inimigo do Espírito de Deus. Seguir os desejos da nossa velha natureza traz corrupção, morte e intensa tristeza. Você tem que ser honesto para com Deus, se quiser livrar sua vida desses obstáculos ao poder do Espírito Santo em sua vida. Você precisa confessar os seus pecados, individualmente, e não apenas de maneira geral. “Deus, perdoa-me, se eu pequei”, é pior do que não fazer qualquer confissão. Na confissão de seus pecados, o pecador deve fazer boa pontaria, acertando nos seus pecados em confissão um por um. Tendo confessado os seus pecados, você precisa pedir ao Senhor que o ajude a dominar as suas fraquezas, os seus desejos maus e os seus hábitos impuros. Cada pecado deve ser confessado, e isso de cada vez em que eles foram cometidos. Jesus ensinou que deveríamos perdoar a um irmão setenta vezes sete. Ele não nos perdoa menos vezes. A confissão produz a consciência de nossa fraqueza e também da bondade divina. Na medida em que a nossa fraqueza nos é revelada, mediante a confissão dos nossos pecados começamos a depender do poder de Deus e isso é o começo da vitória sobre o pecado. A força de Deus nos chega por meio do estudo e da meditação constante das Escrituras. A Bíblia nos outorga forças e crescimento no conhecimento e na energia de Cristo. Não há substituto para a confissão de pecados. Essa é a única maneira pela qual os crentes podem viver em comunhão com Deus. João deixou isso claro em sua primeira epístola, ao dizer: “Estas coisas, vos escrevemos para que o vosso gozo se cumpra. E esta é a mensagem que da parte dele temos ouvido e vos anunciamos: que Deus é luz, e não há nele trevas nenhumas. Se dissermos que mantemos comunhão com ele, e andarmos em trevas, mentimos, e não praticamos a verdade. Se, andarmos na luz, como ele na luz está, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado. Se dissermos que não temos pecado enganamo-nos, a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (I João 1:4-9). Quando os crentes vivem seguindo os seus desejos carnais e desfrutam dos prazeres mundanos, o Espírito Santo é impedido de tomar suas vidas semelhantes à de Cristo Jesus. (Ver Gálatas 5: 16). Lembre-se que o Espírito Santo é uma pessoa. Podemos entristecê-lo, podemos oferecer-Lhe resistência e podemos abafá-lo. Quando essas condições prevalecem em nossas vidas, o Espírito Santo não pode nos encher. 133
Podemos extinguir o Espírito Santo (ver I Tessalonicenses 5: 19). Nessa mesma passagem, Paulo menciona diversas coisas de natureza prática que são benéficas para os crentes. Diz ele: “... segui sempre o bem, entre vós e para com todos. Regozijai-vos sempre. Orai sem cessar. Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco. Não extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias; julgai todas as coisas, retende o que é bom; abstende-vos de toda forma de mal” (ITes. 5:15-22). Extinguir o Espírito é a mesma coisa que apagar as chamas, abafar. O Espírito Santo dirige a vida do crente de acordo com a Palavra de Deus. O Espírito Santo pode falar-nos através de uma voz interna — o testemunho do Espírito para o nosso próprio espírito. O Espírito pode despertar ajudar a outrem, de falar com alguém sobre a sua alma, ou de orar especialmente por alguém ou por alguma coisa, em uma ocasião em que nem pensávamos em tal coisa. Quando o Espírito fala conosco desse modo, Ele sempre fala em conformidade com a Palavra de Deus. Não interrompa, portanto, a Sua voz e a Sua liderança. Não ignore o que Ele lhe estiver sugerindo. Os filhos de Deus sempre deveriam sintonizar os seus ouvidos espirituais à voz do Espírito. As ovelhas de Deus ouvem e Sua voz e seguem-nO; mas um estranho não seguirão. (Ver João 10:5). O Espírito Santo pode ser extinguido — interrompido ou ignorado — por falta de dedicação e por falta de submissão à vontade de Deus. A indiferença também abafa o Espírito. A resistência ao Espírito Santo é um caminho certo para se impedir que Ele encha a sua vida. Estêvão disse aos habitantes de Jerusalém: “Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim vós sois como vossos pais,” (Atos 7: 51). Resistir ao Espírito Santo é rebelar-se contra Deus. É endurecer o coração contra a vontade do Senhor. (Ver Hebreus 3:7,8). O Espírito Santo é resistido quando sabemos a verdade, mas nos recusamos a obedecer. Isso sucedeu ao povo de Israel, quando se recusaram a entrar na Terra Prometida. Foi o caso dos habitantes de Nazaré, quando, apesar de reconhecerem as virtudes de Jesus, ainda assim O rejeitaram e tentaram precipitá-lo do monte. (Ver Lucas 4: 29). O Espírito Santo pode ser entristecido. Paulo escreveu no trecho de Efésios 4: 30: “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção”. Que é que O entristecia? A resposta acha-se no versículo seguinte: “amargura, cólera, ira, gritaria, blasfêmias e toda a malícia (desejo de vingança).” O Espírito Santo se entristece diante de pensamentos e atos malignos, impuros, e vingativos. 134
A velha natureza carnal sempre desprezará a presença do Espírito Santo. O velho homem fará tudo ao seu alcance para impedir-Lhe de possuir as nossas vidas plenamente. O velho homem tentará fazer coisas más a fim de entristecer o Espírito de Deus, mostrar-se-á indiferente e preguiçoso a fim de abafá-10, e tornar-se-á irado e violento em resisti-lo. Para o crente ser cheio do Espírito de Deus, a velha natureza tem que ser dominada. Isso envolve a mão disciplinadora do Pai. “... porque o Senhor corrige a quem ama, e açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos e não filhos. Além do que tivemos nossos pais segundo a carne, para nos corrigirem, e nós os reverenciamos; não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos, para vivermos? Porque aqueles, na verdade, por um pouco de tempo, nos corrigiam como bem lhes parecia; mas este (o Pai), para nosso proveito, para sermos participantes da sua santidade” (Hebreus 12:6-10). Os filhos de Deus não somente são disciplinados, mas também sofrem neste mundo, tal e qual Jesus sofreu. O mundo haverá de odiarnos, da mesma maneira que odiava a Jesus. Satanás odiará e lutará contra todo filho de Deus que viva cheio do Espírito. Alguns dos apóstolos, se não todos, foram mortos pela causa de Cristo. Todos quantos vivem piedosamente serão perseguidos pela causa de Cristo Jesus. Deus sabia que todos quantos buscam servi-lo e ser guiados por Seu Espírito seriam atacados por Satanás e pelas forças do mal. Por esse motivo, Deus deu instruções explícitas de como podemos resistir a Satanás. Essas instruções seguem imediatamente após as instruções sobre como podemos ser cheios do Espírito Santo. (Ver Efésios 6:10-18). Deus preparou uma armadura completa para os Seus servos. Quando ela é usada corretamente, Satanás não pode prejudicar os filhos de Deus. Eis aqui a armadura e as instruções que Deus baixou para o Seu povo, que eles obtenham a vitória no conflito espiritual. Estude cuidadosamente o trecho de Efésios 6:10-18. (1) Confie somente no poder de Deus — 6:10. (2) Reconheça que o conflito espiritual é contra os poderes espirituais, e não contra seres humanos — 6:12. (3) Revista-se da inteira armadura de Deus. Não se esqueça de qualquer peça do seu equipamento — 6:11,12. (4) O cinturão da verdade — 6:14. (5) O peitoral da justiça — a pureza — 6:14. 135
(6) A preparação dos pés com a propagação do evangelho. Resguarde bem os seus pés, pois Satanás sabe que o evangelho precisa de pés preparados - 6:15. (7) O escudo da fé. Satanás lança muitos dardos inflamados — palavras maldosas e ameaçadoras — e a única maneira de não ser atingidos é confiar em Deus — 6:16. (8) O capacete da salvação — a Palavra de Deus — 6:17. (9) A oração constante. Mantenha-se em contato com seu quartelgeneral e com o depósito de suprimentos — 6:18. (10) Ore pela propagação do evangelho da paz — 6:18,19. Faça uma comparação dessa armadura do crente e dessas instruções com a vida de Jesus Cristo. Você verificará que Jesus utilizou essa mesma armadura em vencer a Satanás durante Sua vida neste mundo. Tal como Cristo venceu, assim também podemos vencer, mediante o Seu poder. A vida cheia do Espírito é uma batalha contra Satanás e todas as suas hostes malignas.
Os filhos de Deus deveriam ser grandes guerreiros. O perfeito exemplo é a vida do Senhor Jesus Cristo. Ele veio à batalha quando todos os homens estavam derrotados e destituídos de esperança. Ele veio à terra como Davi foi ao campo de batalha depois que os filisteus haviam amedrontado a todos os soldados israelitas presentes. Davi entrou na batalha em nome do Senhor e assim matou o gigante Golias; Jesus veio no poder e no Espírito de Deus e destruiu o poder de Satanás, bem como tudo quanto separava os homens de Deus e da salvação. O Espírito que ungiu o Senhor Jesus Cristo e O tornou vitorioso sobre todos os inimigos é o mesmo Espírito do qual todo o salvo nasce. Por isso, pelo Espírito Santo há a possibilidade que cada filho de Deus viva na semelhança de Jesus Cristo. O Espírito Santo deseja tornar-nos semelhantes a Jesus. Ele quer tornar-nos semelhantes ao Filho de Deus em nossas vidas diárias que a alegria e a paz reinem em nossos corações. Ele deseja manifestar a verdade, a pureza e a justiça através de nossas vidas para um mundo que jaz em trevas, no pecado e na condenação. Para tanto o Espírito Santo também nos proporcionou instruções para que sejamos grandes guerreiros em prol da causa de Cristo. O Espírito Santo pode tornar-nos filhos e soldados semelhantes a Jesus Cristo. Ele é capaz de fazer ambas essas coisas utilizando-se das Escrituras. Encha a sua vida com a Palavra do Senhor, mostre-se obediente a ela, e o Espírito 136
Santo fará você tomar-se um grande filho de Deus e um habilidoso soldado do evangelho. Você estará cheio do Espírito Santo.
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; como também nos elegeu nEle antes da fundação do mundo, para que fossemos santos e irrepreensíveis diante dEle em amor; e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado.” (Efésios 1:3-6).
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Capítulo XIII
Tendo chegado a esta altura do livro, você já deve ter notado a ausência de citações extraídas de outros escritores. Essa ausência não se deve à falta de bons e mesmo excelentes livros concernentes ao Espírito Santo, pois há muitos. O meu propósito neste volume tem sido, entretanto, o de apresentar o que a Bíblia diz sobre a obra do eterno Espírito de Deus. O Livro de Deus revela-nos a realidade sobre o próprio Deus e sobre o Seu eterno propósito relativo ao homem. O propósito eterno de Deus está centralizado na Pessoa e na realização de Jesus Cristo. Foi pelo Filho que Deus resolveu trazer a graça e a verdade aos homens. E a obra remidora de Jesus que torna possível o eterno relacionamento entre Deus e o homem, como Pai e filho. Devido à Sua realização remidora, Jesus recebeu da parte do Pai um nome que é sobre todo o nome. A graciosa realização de Cristo — Sua morte, sepultamento e ressurreição — não poderia surtir qualquer efeito entre os homens não fora a obra do Espírito Santo. É Ele quem torna eficaz os resultados da realização de Cristo nos corações humanos. O propósito do eterno plano de Deus é redimir um povo, transformalo na semelhança de Cristo, desfrutar da sua comunhão, e unir-se com ele da mesma maneira que o Pai e o Filho estão unidos um ao outro. Em nossa época, o Espírito Santo é a Pessoa mais proeminente da Trindade entre os homens, pois é Ele quem habita nos crentes e nas igrejas de Jesus Cristo. Jesus é o centro e o alvo de toda a realização do Espírito. Ele é o Amado do Pai e é a plenitude da Divindade. O Espírito Santo tem um único objetivo em todas as Suas realizações — glorificar ao Filho. Isso se verifica em todas as fases de suas operações: no período pré-apostólico, no período apostólico e no período pós-apostólico. Durante o período pré-apostólico, Ele pairava por sobre a superfície das águas para efetivar a Palavra criadora; Ele glorificou a Cristo na doação da lei, manifestando a justiça que Jesus haveria de cumprir e prover para os homens; nos profetas, o Espírito Santo manifestou a vida do Salvador, registrando os fatos de Sua vida terrena antes mesmo destes acontecerem. Remova Jesus dos escritos dos profetas, e eles não possuem uma mensagem. Na plenitude do tempo, o Espírito Santo veio produzir o Primogênito no ventre de uma virgem — Aquele que viria a ser chamado o Filho de Deus e o Filho do Homem. 138
Jesus não somente nasceu do Espírito Santo, mas igualmente viveu cada dia de Sua vida terrena no poder e na plenitude do Espírito Santo. Ele foi cheio com o Espírito, foi ungido com o Espírito, e, pelo Espírito eterno, ofereceu-se a Si mesmo como o sacrifício pelos pecados dos homens. Jesus foi ressuscitado dentre os mortos mediante o poder do Espírito, e se tomou Ele a esperança dos pecadores. Jesus é o segundo Adão, o Cabeça da raça de filhos espirituais de Deus, composta de judeus e gentios. O Espírito Santo trabalhou junto aos apóstolos a fim de conservar a mensagem da obra remidora de Jesus. Os apóstolos foram escolhidos por Jesus para O acompanhar durante os anos de Seu ministério, desde o Seu batismo por João Batista até à Sua ascensão aos céus. Jesus mostrou-lhes todas as coisas concernentes ao reino de Deus. E também lhes prometeu enviar o Espírito da Verdade, o qual viria ocupar o lugar dEle e neles habitar. Após haver dado Suas instruções finais aos “doze”, Jesus foi recebido nos céus. Conforme Jesus havia prometido, veio o Espírito Santo. Devido à perfeita redenção, o Espírito, finalmente, pôde vir habitar nos corações dos remidos, bem como nas igrejas compostas de remidos. A vinda do Espírito Santo foi algo incomum. O derramamento do Espírito foi chamado de batismo no Espírito Santo. Jesus batizou Sua Igreja, conforme havia prometido. (Ver Atos 1: 4, 5). Naquele instante o Espírito deu início ao Seu ministério pós-apostólico. Tal como Ele havia concebido, enchido e ungido a Jesus, assim também o Espírito Santo regenerou, ungiu e encheu os apóstolos — os primeiros a serem postos na Igreja. O Espírito guiou-os apóstolos a toda a verdade. Essa tarefa era de suma importância, porquanto a realização inteira do evangelho dependia da mensagem dos “doze”. O Espírito Santo testificou juntamente com os “doze”, confirmando-os como testemunhas escolhidas por Cristo diante de todo o povo. E Ele fez isso conferindo-lhes dons miraculosos. Igualmente importante foi o testemunho dEle aos “doze”, a fim de ensiná-los. Ele lhes ensinou que, em Cristo, não há mais distinção alguma entre judeu e gentio. Depois de haver ensinado aos apóstolos a verdade toda sobre a salvação, o Espírito Santo usou-os para distribuir dons especiais às igrejas, para a pregação do Evangelho e a edificação dos santos. Esses dons e ministérios especiais perduraram em operação até as Escrituras do Novo Testamento foram terminadas. A Palavra escrita substituiu os dons e ministérios do período apostólico. Os ofícios permanentes — pastores e diáconos — substituíram 139
os ministérios próprios da época dos dons temporários. Assim como o Espírito Santo cessou a administração de dons especiais após ter sido completada a escrituração da lei, e após ter sido confirmado a ordem dos profetas, também Ele pôs ponto final aos dons apostólicos quando terminaram de ser registradas as Escrituras do Novo Testamento. Hoje em dia, no período pós-apostólico, o Espírito Santo realiza toda a Sua obra nos indivíduos e nas igrejas por intermédio da Palavra escrita. Os homens são regenerados através da Palavra de Deus pelo Espírito; são santificados por meio da Palavra; e são consagrados ao ministério do evangelho pelas igrejas de Deus com base na autoridade das Escrituras. A época dos dons e dos milagres apostólicos tem passado bem como a época miraculosa de Moisés e dos primeiros profetas. Isso não significa, entretanto, que Deus tenha perdido o Seu poder. Ele pode fazer tudo quanto desejar; a Sua única limitação é a Sua própria natureza e a Sua vontade. A questão dos milagres não constitui qualquer problema. Deus pode fazer sarças queimarem sem se consumirem, pode abrir mares e pode fazer as águas se amontoarem quais muralhas, pode abrir a superfície da terra para devorar rebeldes, pode dar aos homens o poder de prever o futuro, e também pode fazer jumentos falarem. Essas são brincadeiras infantis para o poder de Deus. Porventura Ele não sustenta o vasto universo com o Seu poder? Mas, quando Deus trata pessoalmente com os homens, Ele precisa tratar com eles na base em que Ele resolveu criá-los — segundo a Sua própria imagem. Tendo sido criados conforme a imagem de Deus, os homens possuem vontade própria. E, visto que o homem foi criado para ser um soberano, a sua vontade é de um “soberano”. Por conseguinte, Deus não manda aos homens e nem exige dos homens conforme Ele faz aos ventos e aos mares. Deus não comanda os homens para o céu. Deus ama os homens e os atrai para Si mesmo. Nós O amamos porque Ele nos amou primeiro. E a bondade de Deus que conduz os homens ao arrependimento — e não o Seu poder de mandar que as pedras se transformem em pães.
O milagre que Deus mais deseja realizar nas vidas humanas é transformá-los na imagem de Seu Filho Amado. Esse milagre não é realizado como a criação de um mundo, de uma galáxia, ou mesmo de um habitante desta terra. O milagre da transformação de pecadores não consiste em um escape fácil do inferno, e nem consiste em como levar o pecador ao céu em “três lições fáceis sem mestre”. O milagre favorito do Senhor é a transformação de pecadores em filhos Seus. 140
Deus está produzindo uma nova raça de homens — filhos, e não servos. Ele está produzindo uma raça de homens nascidos do Espírito Santo, moldados pelo Seu Espírito na semelhança de Jesus — o Primogênito da nova raça espiritual. Ao criar a primeira raça de homens terrenos, bem como a segunda raça de homens espirituais, há duas vontades que decidiram destinos eternos. A raça terrena, criada por Deus, preferiu desobedecer ao Criador e seguir a Satanás. E Deus disse a Adão: “Seja feita a tua vontade”. Em resultado dessa escolha humana, Deus lançou o homem da Sua presença, a servir a Satanás e ao pecado, e colher a corrupção e a morte, os resultados de sua preferência. A raça de homens espirituais é produzida pelo Espírito de Deus. O segundo Adão, Cristo, nascido do Espírito e gerado no ventre de uma virgem, também teve de enfrentar uma escolha. Ele, igualmente, em Sua vida terrena, dispunha de vontade própria, e Ele disse ao Pai: “Seja feita a Tua vontade”. Essa preferência foi o fator controlador de toda a vida terrena de Jesus. A vida de Cristo era norteada por um único tema: “Não a minha vontade, mas a Tua, ó Pai, seja feita”. Cristo concordou em deixarse transformar na semelhança de um ser humano, em nascer de uma mulher, em viver como ser humano, em sujeitar-se a todas as tentações que assaltam os seres humanos, e a morrer pelos pecados que não eram Seus. Todos quantos nascem do Seu Espírito também dizem: “Pai, seja feita não a minha vontade, mas a Tua”. Desde o instante de Sua conceição até ao Seu retorno aos céus, não houve atalhos para Jesus. Ele agradou a Deus Pai; Ele redimiu pecadores. Por conseguinte, o Espírito Santo agora pode transformar pecadores em filhos de Deus — todos quantos creem no nome de Jesus Cristo. Todos os filhos espirituais de Deus têm que possuir as qualidades do Primogênito, a saber: (1) Eles precisam ter nascido do Espírito Santo e da Palavra de Deus. (2) Eles têm que ser habitados pelo Espírito de Deus. “Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.” (Romanos 8: 9). (3) Todos eles precisam declarar: “Pai, seja feita a Tua vontade”. O pecador precisa fazer essa escolha. (4) Os filhos de Deus precisam desenvolver-se tal como o Jesus também se desenvolveu. Eles devem crescer na graça e no conhecimento, tal e qual Jesus cresceu durante o tempo em que viveu em Nazaré. Não há atalhos no desenvolvimento dos filhos espirituais de Deus. (5) Os filhos de Deus precisam trazer a imagem do Primogênito da raça espiritual — Jesus. Lembre-se que Deus não está produzindo uma 141
raça mosaica de operadores de milagres, ou uma raça de prodigiosos profetas, ou uma raça de apóstolos poliglotas que possam curar em qualquer idioma. Ele está produzindo uma raça de homens semelhantes a Jesus, acerca de Quem o Pai declarou, antes mesmo que Ele realizasse qualquer milagre: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mat. 3:17). O milagre que Deus deseja realizar é produzir na vida de Seus filhos O milagre de serem semelhantes a Jesus. Esse milagre enche o crente de um júbilo indizível, e de uma paz que ultrapassa todo o entendimento. Nisso consiste alguém ser “cheio do Espírito”. Esse é o milagre que o Espírito de Deus quer produzir na vida do crente, a fim de que Suas igrejas sejam autênticos corpos de Cristo. É com esses alvos em mira que o Espírito Santo continua operando até hoje. E o único meio de que Ele se vale para concretizar essa obra é a Palavra escrita. Ele não dispõe de outro meio para produzir homens espirituais. (1) O Espírito Santo revela Jesus como o Salvador através da palavra do evangelho. (2) O Espírito Santo regenera por meio da Palavra de Deus. (Ver 1 Pedro 1:23). (3) O Espírito Santo purifica e santifica por meio da Palavra (ver Efésios 5:26). (4) O Espírito Santo enche os salvos por meio da Palavra (ver Colossenses 3:16). (5) O Espírito Santo equipa indivíduos para o serviço espiritual por meio da Palavra (ver II Timóteo 3:16—17). (6) O Espírito Santo guarda-os eternamente mediante as promessas da Palavra de Deus (ver I Pedro 1:4, 5). Permita que a Palavra de Cristo habite ricamente em você, e você ficará cheio do Espírito. Da sua vida fluirão rios de águas vivas. Deus contemplará a sua vida cheia do Espírito Santo, e dirá a seu respeito: “Este é meu filho, em quem me comprazo”. Renda a sua vida à orientação da Palavra, e o Espírito de Deus tornará a sua vida semelhante à de Jesus Cristo, guiando-a passo a passo por todo o percurso de sua vida. E, lembre-se; não existem atalhos. Andar no Espírito é andar na fé de Jesus Cristo. Muitas vezes, a fé precisa esperar antes de avançar, chorar antes de rejubilar-se, e ser prisioneira para provar que é livre. Algum dia, o poder do Espírito da ressurreição nos levará ao lar celestial. Ali, o Filho nos apresentará, sem qualquer defeito, perante o Pai, exclamando: “Eis aqui estou eu, e os filhos que Deus me deu” (Hb. 2:13). 142
BIBLIOGRAFIA ANOTADA Broomall, Wick. The Holy Spirit. Grand Rapids: Baker Book House, 1963. Um breve estudo geral sobre a pessoa e a obra do Espírito Santo. Contém um interessante apêndice, exibindo por meio de hinos o Espírito Santo. Chantry, Walter J. Signs of the Apostles. Edimburgo: The Banner of Truth Trust, 1973. Um estudo sobre os dons do Espírito Santo, no que concerne aos modernos movimentos pentecostal e carismático. O Sr. Chantry mostra que a Bíblia completa é a substituição dos dons especiais do Espírito. Ervin, Howard M. And Forbid Not to Speak with Tongues. Plainfield: Lo- gos International, 1971. Uma apresentação do movimento carismático, com defesa do mesmo. O livro foi escrito na forma de cartas em resposta a perguntas feitas por um amigo. Gordon, A. J. The Ministry of the Spirit. Minneapolis: Bethany Fellowship, inc., 1964. Obra escrita em 1894. Esse livro mostra que a era em que vivemos é a missão do Espírito Santo. Um dos mais bem recebidos livros sobre o Espírito Santo. Alguns consideram-no uma obra clássica a respeito do tema. Howard, David M. By the Power of the Holy Spirit. Downers Grove: Inter Varsity Press, 1975. Uma obra de leitura amena, por um escritor moderno, que combinou um estudo das Escrituras e como deveríamos compreendê-las, em face de experiências modernas, de tipo extraordinário, que o autor viu como missionário evangélico na Colômbia. Pentecost, J. Dwight. The Divine Comforter. Chicago: Moody Press, 1963. Essa obra trata das muitas fases do ministério do Espírito Santo, sendo o resultado de uma série de estudos que o autor preparou para a sua igreja em Dallas, no estado de Texas, EE. UU. Smeaton, George. The Doctrine of the Holy Spirit. Londres: Banner of Truth Trust, 1961. Um estudo detalhado da personalidade e da obra do Espírito Santo, apresentado em uma série de preleções. É um estudo amplo, que versa desde a doutrina da Trindade até ao ministério do Espírito, desde a era apostólica até os dias presentes. Escrito em 1882. 143
Unger, Merril F. The Baptism & Gifts of the Holy Spirit. Chicago: Moody Press, 1974. Um estudo sobre os acontecimentos que acompanharam o batismo no Espírito Santo, no dia de Pentecoste, e as atividades subsequentes dos apóstolos, em relação ao ministério do Espírito Santo. O autor apresenta o ponto de vista dispensacional que ele sente ser indispensável para a compreensão do livro de Atos. Vaughn, C. R. The Gifts of the Holy Spirit. Edimburgo: The Banner of Truth Trust, 1975. Uma obra completa. O autor trata da baixa condição espiritual do povo de Deus e destaca a ignorância sobre o Espírito Santo como causa disso. Trata da obra do Espírito nos aspectos da convicção de pecados, da regeneração e do despertamento espiritual. Witty, Robert G. Holy Spirit Power. Jacksonville: Pioneer Press, 1966. Essa obra aborda, de maneira prática, as debilidades das igrejas atuais, quando, materialmente, elas possuem tudo. O Dr. Witty apresenta um estudo detalhado sobre a vinda do Espírito no dia de Pentecoste e mostra claramente que a Sua vinda ocorreu de uma vez para sempre. O autor mostra que a presença do Espírito Santo nas igrejas deveria significar que há poder atual para o crente e para as igrejas que queiram submeter-se ao plano de Deus, deixando-se encher pelo Seu poder.
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