A r i e l R i v a d e n e i r a
COMO ESCREVER UM LIVRO 100 perguntas e respostas
COMO ESCREVER UM LIVRO 100 perguntas e respostas
Ariel Rivadeneira
COMO ESCREVER UM LIVRO 100 perguntas e respostas
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO
Sonia Belloto
Título original: 100 respuestas a las 100 eternas preguntas del escritor novel © 2008 by Ariel Rivadeneira © 2008 by Grafein Ediciones Direitos de tradução cedidos à Ediouro Publicações Ltda., 2009 Editora: Cristina Fernandes Assistente editorial: Marcus Assunção Coordenadora de produção: Adriane Gozzo Assistente de produção: Juliana Campoi Preparação de textos: Alessandra Miranda de Sá Revisão: Rodrigo Fragelli Editora de arte: Ana Dobón Projeto gráfico e diagramação: Dany Editora Ltda. Capa: A2 Imagem de capa: © Tony Latham/zefa/Corbis/LatinStock
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Rivadeneira, Ariel Como escrever um livro : 100 perguntas e respostas / Ariel Rivadeneira ; tradução e adaptação de Sonia Belloto. — São Paulo : Ediouro, 2009. Título original: 100 respuestas a las 100 eternas preguntas del escritor novel. ISBN 978-85-00-01416-1 1. Arte de escrever 2. Estilo literário 3. Ficção - Arte de escrever 4. Ficção - Autoria 5. Perguntas e respostas I. Belloto, Sonia. II. Título. 08-11078
CDD-808.3
Índice para catálogo sistemático: 1. Ficção : Arte de escrever : Literatura 808.3
Todos os direitos reservados à Ediouro Publicações S.A. Rua Nova Jerusalém, 345 – Bonsucesso Rio de Janeiro – RJ – CEP 21042-235 Tel.: (21) 3882-8200 Fax: (21) 3882-8212 / 3882-8313 www.ediouro.com.br
Existem livros curtos que, para entendê-los como merecem, é preciso uma vida muito extensa. Francisco de Quevedo
Um livro que não está escrito, é como se faltasse algo. Les Luthiers
Não sei o que se admira tanto em Moisés pelos 10 mandamentos. Eu também escrevo e, a mim, Deus não me inspira o tema. Groucho Marx
A síndrome do paciente: escritor
NÃO TEM CORAGEM de confessar a si mesmo, mas se vê publi-
cando um livro com uma capa lindíssima e seu nome destacado nela em letras garrafais. Um lançamento de sucesso e milhões de exemplares vendidos.
Exame clínico
Anote suas reações e sensações em duas colunas, colocando as confortáveis em uma e as desconfortáveis em outra. Você vai perceber que passará de uma para outra em menos tempo que a duração de um relâmpago. Escrever é um ato violento ou exuberante, um vazio ou uma realização. Um trajeto mais para lá ou mais para cá.
Se você falhar no ato da criação
Poderá amargurar-se diante das idéias que não consegue gerar e censurar-se, perdendo a autoconfiança. Ou fartar-se de palavras, sem saber o que fazer com as muitas que estão nos dicionários; ou ainda escrever um livro em que a falta do voca bulário ou uma estrutura rebuscada o torne imperfeito.
Se você falhar na técnica
Poderá funcionar como um robô, usando constantemente as mesmas palavras, da mesma maneira, tornando-se, assim, repetitivo. Você corre o risco de fazer exatamente igual a qualquer outro escritor, como se contasse uma piada, sem se dar conta de 9
que, para fazer literatura, não basta transcrever o que alguém já contou. Ou pode perder o controle e forçar tanto na linguagem que deixará o texto empobrecido.
O que fazer, então?
Seja qual for o caso, escrever é saudável. É como sonhar. Freud contava que havia uma cidade em que todos os homens estavam apaixonados pela mesma mulher, até que um dia um deles, um homem bem pequeno, amanheceu dizendo que se sentia livre daquela obsessão. Ao ser indagado pelos vizinhos sobre como havia conseguido, ele comentou que durante a noite tinha sonhado que aquela mulher o amava. E, sonhando, o homem resolveu o conflito. Resultados como este também são possíveis quando se escreve. Se você está lendo este livro, é porque está precisando de ajuda e porque ainda tem muitas dúvidas. Talvez tenha feito vários checkups e se tornou um hipocondríaco literário, pesquisando constantemente, querendo compreender o que é ser escritor, qual o melhor treinamento, como multiplicar as idéias, evitar todos os tipos de bloqueio, dominar as estratégias, a linguagem, como conseguir voz própria e encontrar o narrador mais adequado para cada caso. Muitas pessoas não escrevem porque procuram respostas como as 100 que serão encontradas aqui. Então... avante! Não sofra; aja!
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Tenho vontade de escrever. Por onde começo? PRIMEIRO VOCÊ PRECISA saber de onde vem essa necessidade e
até onde deseja avançar. Se quer escrever, deve ter claro o que quer escrever. De qualquer maneira, comece pelas primeiras palavras que lhe vêm à mente. Diz um provérbio árabe que uma palavra dita se converte em um conto. Assim, pela manhã, nas aldeias, todas as mulheres se juntavam à beira do rio e conversavam, entre risadas e afazeres. Certa ocasião, uma mulher disse para outra, que estava ao lado: — Meu marido me deu de presente um par de brincos de ouro. A interlocutora sussurrou ao ouvido de outra mulher: — O marido de Zulma deu a ela de presente um par de brincos de ouro com brilhantes. — Que sorte tem esta mulher que nós não temos? — perguntou esta última à outra, acrescentando uma pérola ao bri lhante. E a inveja trouxe a desconfiança. — Vai saber onde o marido arrumou isso! — exclamou uma das mulheres. — Certamente roubou de alguém — disse outra. E uma delas, a mais invejosa, afirmou: — Você tem razão. O marido de Zulma sempre sai à noite. Dizem que ele trabalhou em um palácio. Como é muito bonito, a princesa deve ter se apaixonado por ele e lhe dado a jóia. 11
E então aquelas mulheres começaram a criar histórias que lhes vinham à mente. — Talvez por isso o rei tenha construído para o marido de Zulma um palácio que fica bem distante, com uma fortaleza que o cerca. Ao final de tanto falatório, chegou aos ouvidos de toda a população que o marido de Zulma tinha um romance secreto com a princesa. Você pode imaginar um final para esta história? Como se pode perceber, com base em apenas uma frase, uma série de opiniões divergentes foram estimuladas, até se chegar a uma conclusão final. Portanto, comece por uma frase que possa sugerir algo mais, continue com uma série de opiniões divergentes, até chegar a uma conclusão final. E por que não começar com apenas uma palavra? A que você acaba de pensar agora, por exemplo. Divida essa palavra em sílabas. Cada sílaba vai gerar outras palavras, e você terá com o que começar. Ou comece só com um fragmento, que pode ser uma recordação, um sonho, uma observação, até que tenha o alicerce da estrutura.
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Este livro foi composto em Esprit Book e impresso pela gráfica Edigraf sobre papel offset 75g para a Ediouro, em janeiro de 2009.
Você está convencido de que quer ser um escritor porque sente a vocação em suas veias. No entanto, quando começa a escrever, descobre que ter idéias e saber como conduzi-las no papel não é a mesma coisa. Que não basta ter um bom personagem para elaborar uma excelente história ou escrever um poema especial, que redigir um texto que prenda a atenção do leitor leva tempo e envolve muita energia. Reconhecer a dificuldade de escrever e se fazer muitas perguntas já é um bom começo. Em Como escrever um livro , você encontrará o auxílio necessário para todas as suas dúvidas.