Como Tirar Proveito dos Inimigos 1 Reparo, Cornélio Pulcro, que escolheste a mais doce forma de exercitares a cidada cidadania nia,, pela pela qual qual mantén manténss a máxima máxima dispon disponibil ibilida idade de para para as causas causas pblicas, e te revelas absolutamente sereno perante os que te solicitam em privado! " que se pode encontrar uma terra # Creta, segundo se conta # livre de anima animais is se selva lvage gens ns,, ma mass um $sta $stado do que que n%o n%o enfr enfrent ente e a inve inve&a &a,, nem nem o ego'smo, nem a rivalidade, as emo()es mais capa*es de produ*ir inimi*ade, n%o n%o exis existi tiu u até até agor agora a +poi +poiss as prp prpri rias as am ami* i*ad ades es nos nos enr enredam edam em inimi* inimi*ade ades, s, coisa coisa que também também o sábio sábio -u'lon -u'lon tinha tinha em mente, mente, quando quando perg pergun unto tou u a algu alguém ém que que a.rm a.rmava ava que que n%o n%o tinh tinha a nenh nenhum um inimi inimigo go,, se porventura tinha algum amigo/! Parece-me, por isso, que é dever do homem de $stado examinar a fundo as quest)es dos inimigos, e dar, de modo n%o displicente, ouvidos 0 a.rma(%o de enofonte, segundo o qual revela ter bom senso de esp'rito o homem que tira vantagem dos inimigos. Por esse motivo, portanto, estou -te a enviar agora algumas considera()es que recentemente tive ocasi%o de expor, e que reuni praticamente com as mesmas palavras, omitindo eu, tanto quanto poss'vel, o que &á tinha sido escrito no meu livro Preceitos de 2overna(%o &á que pude observar que tens muitas ve*es esse livro 0 m%o! 3 4os 4os home homens ns prim primit itivo ivos, s, era era &á bast bastan ante te n%o n%o se serr ferido ferido pelo peloss anima animais is desconhecidos e selvagens, e esta era a .nalidade dos combates entre eles e as feras! 5as os que lhes sucederam, depois de terem aprendido a explorar a sua utilidade, retiram deles benef'cio, pois alimentam-se da sua carne e vestem-se do seu p6lo, e tratam as suas doen(as com a sua b'lis e o seu colostro, e com o seu couro fabricam armaduras, de tal maneira que é &usto temer que, se por um acaso deixasse de haver animais selvagens, a exist6ncia humana tornar-se-ia ela prpria selvagem, penosa e incivili*ada! 7esta forma, se para muitos &á é su.ciente n%o sofrer dano provocado pelos inim inimig igos os,, e se segu gund ndo o enof enofon onte te a.rm a.rma, a, os homen homenss se sens nsat atos os,, até até dos dos adver adversá sário rioss devem devem reti retira rarr bene benef'c f'cio io,, n%o n%o devem devemos os p8re p8rem m ca caus usa a este este parecer, mas sim procurar um método e uma técnica pelos quais se torne poss'vel dotar desta maravilhosa arte aqueles que n%o t6m a possibilidade de viver sem inimigos! 9 agricultor n%o pode fa*er com que todas as árvores d6em fruto, nem o ca(ador consegue capturar todos os tipos de animais selvagens! Tiveram, por conseguinte, de procurar outras formas de tirar vantagem, um das árvores que n%o d%o fruto, e o outro das feras! 4 água do mar é imprpria
para beber e sabe mal, mas é nela que os peixes se alimentam e, para os que via&am, é um meio de transportar carga e de via&ar para toda a parte! 4o sátiro, que queria abra(ar e bei&ar o fogo ao primeiro olhar que lhe lan(ou, disse Prometeu: Ó bode, depois chorarás pela tua barba! Pois o fogo queima todo o que nele toca, mas fornece lu* e calor, e é o instrumento de todas as técnicas para os que aprenderam a servir -se dele! 7e igual modo, observa se o teu inimigo, apesar de ser de diversas maneiras pre&udicial e de trato dif'cil, n%o pode ser til de uma maneira ou de outra, e fornecer-te os meios para dele tirares vantagem! 5uitas das circunst;ncias da vida s%o desagradáveis, odiosas e mesmo hostis para aqueles que as enfrentam! 5esmo assim, sabes que alguns aproveitaram a ocasi%o de doen(a para dar repouso ao corpo, e foram muitos os que sa'ram fortalecidos e exercitados pelos combates que enfrentaram! 4lguns ainda encontraram no ex'lio da pátria e na renncia aos bens o caminho para a medita(%o e para a .loso.a, como 7igenes e Crates! 9 inimigo vigia atentamente os teus atos, pretendendo sempre tomar a dianteira em todos os teus passos, cerca a tua vida, espreitando, n%o apenas entre as árvores, como fa*ia ?inceu, nem s entre seixos e cacos, mas através do teu amigo, do teu escravo, e de todos os teus familiares, procurando informar-se o mais poss'vel sobre o que tu estás a fa*er, e atento, segue no encal(o dos teus pro&etos! 5uitas ve*es, os nossos amigos .cam doentes ou falecem sem que ns tenhamos sabido, por neglig6ncia ou descuido nosso@ agora dos nossos inimigos, pouco falta até para lhes ocuparmos os sonhos! 7oen(as, d'vidas, desacertos con&ugais, mais facilmente passam despercebidos aos amigos do que ao inimigo! $ o que é mais importante, ele .xa-se sobretudo 0s nossas fragilidades e procura exp8Alas! Tal como os abutres s%o atra'dos pelos odores dos cadáveres em decomposi(%o, mas s%o incapa*es de sentir que est%o puri.cados e limpos,
também as enfermidades, as fraque*as e os sofrimentos da nossa vida p)em o inimigo em movimento, e os que nos odeiam lan(am -se sobre eles, atacam-nos, e desfa*em-nos em peda(os! Como pode isto ter utilidade> Beguramente, tem a de for(ar a uma boa conduta de vida, a de prestar aten(%o a si mesmo, sem nada fa*er ou di*er de leviano ou irreetido, mas, tal como uma dieta rigorosa, a de manter sempre a vida resguardada de toda a censura! " que a vigil;ncia, que assim controla as emo()es e conserva o racioc'nio mesurado, fa* desenvolver a prática e o propsito de viver em equil'brio e de modo irrepreens'vel! 4ssim, tal como as cidades castigadas pelas guerras com as cidades vi*inhas ou pelos assaltos militares cont'nuos apreciaram as boas leis e um poder pol'tico saudável, também os que foram for(ados, por for(a das inimi*ades, a levar uma exist6ncia sbria, a evitar entregar -se 0 imprevid6ncia da a(%o e aos erros de avalia(%o, a tudo fa*er com modera(%o, s%o pelo hábito condu*idos até 0 irrepreensibilidade, boa conduta e t6m um modo de agir a&ustado, por pouco que o esp'rito este&a envolvido! $ como o dito “a verdade se rego"ijariam #r$amo e os lhos de #r$amo!% está sempre 0 m%o, demove-os, afasta-os e p)e-nos longe daquelas situa()es que levam os inimigos a compra*erem-s e e a re&ubilarem! $ vemos com frequ6ncia os atores de 7ioniso, nos teatros, a representarem displicentemente quando est%o uns com os outros, com indiferen(a e sem determina(%o! 5as quando há rivalidade e uma competi(%o com outras companhias, n%o s *elam melhor pelo seu prprio desempenho, como pelo dos seus instrumentos, a.nando -os, esfor(am-se com mais rigor pelo equil'brio do con&unto, e tocam as autas harmoniosamente! 7e facto, quem reconhece que o seu inimigo é um obstáculo para a sua vida e para o seu bom nome, presta mais aten(%o a si prprio, vigia os seus prprios atos e disciplina a sua vida! Pois também isto # o envergonhar -se mais dos erros cometidos diante dos inimigos do que diante dos amigos # é uma particularidade dos infortnios! 7a' a observa(%o de Dasica, que disse, quando alguns &ulgaram que os interesses dos Romanos se tinham tornado seguros com a aniquila(%o dos Cartagineses e a submiss%o dos 4queus: & partir de agora ' que estamos em perigo, pois n(o dei)ámos para nós ningu'm que nos fa*a ter medo, ou que nos fa*a envergonharmonos. E 4crescenta ainda também a opini%o de 7igenes, bem prpria de um .lsofo e de um homem de $stado: +omo posso protegerme de um inimigo -ornandome bom e honrado. 9s homens aigem-se quando veem os cavalos dos inimigos a ser elogiados e os c%es a ser louvados@ choram, se acaso veem um campo bem