Universidade Federal da Bahia Faculdade de Arquitetura Disciplina: História da Arquitetura e do Urbanismo II Professor: Márcia Sant’anna Data: 26/09/2011 Aluna: Raianna Carvalho Mercês dos Santos COLLINS, Peter. Los Ideales de La Arquitectura Moderna: Su Evolucion (1750-1950). Barcelona: Gustavo Gili, 1970. p 15-22. Título original: Changing Ideales in Modern Architecture (1750-1950) Peter Collins é um arquiteto e historiador de arquitetura. Nascido na Inglaterra, tornou-se, no século XX, um dos principais educadores de arquitetura no Canadá. Autor premiado, sugeriu em suas publicações uma nova forma de compreensão do modernismo. Passou por uma série de deslocamentos geográficos, serviu na Segunda Guerra como oficial no Oriente médio e na Itália, depois voltou a Leeds, completando seu estudo de arquitetura, em seguida, mudou-se para Suíça. Ia com frequência a Paris, trabalhou para Pierre-Edouard Lambert, em um projeto que foi supervisionado por Perret, sobre o qual ele viria a escrever e tornar-se uma das maiores autoridades. Em 1955 completou seu mestrado na Manchester University. Mudou-se para o Canadá em 1956, onde ensinou na Faculdade de Arquitetura da Universidade de MCGill até sua morte em 1981. Escreveu cerca de 20 artigos para o jornal The Guardin Manchester, de 1950 a 1960, além de cerca de 100 artigos para as principais revistas de arquitetura da GrãBretanha, Canadá e Estados Unidos. Escreveu também os livros: Concrete, the Vision of a New Architecture (1959), Changing Ideals in Modern Architecture (1965) [Título Original do Texto Fichado], ainda amplamente lido como um grande texto sobre o modernismo, apareceu pela primeira vez em série na revista Canadian Architect e também foi publicado em italiano e espanhol (ambos em 1973). Foi neste texto que Collins localizou a fonte dos ideais do século 20 com provenientes de muito antes do desenvolvimento do movimento moderno e da arquitetura moderna. E o terceiro livro, uma pesquisa para a Architectural Judgment (1971).
O texto trata dos novos ideais fomentados durante o século XVIII e faz diversas relações com a arquitetura moderna, citando Le Corbusier e Frank Lloyd Wright. O autor segue tratando da influência da arquitetura arquitetur a de John Soane, E. L. Boullée, C. N. Ledoux e J. L. Durand, do final do século XVIII, sobre a arquitetura de Le Corbusier. Partindo da base vitruviana de “utilitas, firmitas, venustitas” essa arquitetura acrescentou a noção de “espaço” como uma qualidade arquitetônica
positiva que é tanto ou mais interessante que a arquitetura que o limita. Analisa a obra de Vambrugh, o qual o autor fala que é mais escritor que arquiteto e diz que suas obras tinham um sabor excêntrico que caracterizaria muito edifícios da nova época. Em sua obra encontrava-se um estilo eclético, na
verdade um tipo de indiferentismo, desenhava sem sujeitar-se a nenhuma norma; também havia uma paixão pela arqueologia, e uma busca deliberada por efeitos escultóricos e pictóricos. As obras de Vambrugh e Hawksmoor misturavam elementos clássicos para obter composições excêntricas, tendo uma relação com o Maneirismo do século XVI. John Soane utilizou alguns descobrimentos estéticos surgidos na Inglaterra no começo do século XVIII. Desenhou igrejas no estilo neogótico e clássico. Considerava que um edifício só era belo se form ava “um todo de qualquer ponto de vista que fosse visto, como uma escultura”. Suas obras demonstravam um
gosto por paredes brancas, janelas fechadas e faziam referências, em seus frontões, à sarcófagos. Quando comparado a Le Corbusier, diz-se que Soane obtinha detalhes pelo uso da transgressão a norma, o uso do contrário do normal, enquanto, segundo John Summerson, para Corbusier “a solução óbvia de um problema não é nunca a solução correta, por melhor que seja”. Concluindo -se que, apesar de dotarem
formas diferentes, os recursos usados pelos dois arquitetos são muito parecidos. Tanto Boullé quanto Le Corbusier achavam que os efeitos arquitetônicos eram causados pela luz e que as formas simétricas como o cubo, a pirâmide e a esfera são formas perfeitas. Boullé desprezava os ensinos da antiguidade, não limitava sua imaginação ao que era cômodo e construtivo, por isso teve vários projetos, em forma de esfera, por exemplo, que nunca chegaram a ser construídos, já que a tecnologia da época não permitia. Ledoux, como discípulo de Boullé, gostava das paredes brancas e desprezava as esquadrias tradicionais, formando um estilo comparado no texto com o de Frank Lloyd Wright. Ledoux fez desenhos de uma cidade ideal, com edifícios utópicos, templos e edifícios utilitários. Nos seus projetos a forma era resultado da função, se não, era desenhado para remeter a idéia de sua função. Durand também é tratado pelo autor como um revolucionário. Sua doutrina diferia das demais, seus critérios eram utilidade e custo mínimo, a beleza estava diretamente ligada à utilidade. Acreditava que o arquiteto deve se preocupar apenas com a planta. Considerava o círculo a planta perfeita por ser mais econômica, enquanto Boullé preferia por resultar numa forma externa perfeita. Para Durand a arquitetura tinha dois problemas, o de dar a melhor acomodação pelo menor preço possível nos edifícios privados, e o de dar a melhor acomodação para uma quantidade de pessoas nos edifícios públicos. Alguns teóricos consideram um princípio básico da arquitetura moderna a relação espacial que se diferia das antigas construções que se resumiriam, antes do século XVIII, a uma caixa dividida em outras tantas caixas “recintos”.
Porém, a noção de espaço surgida após isso modificou essa concepção e permitiu que o edifício só pudesse ser explorado avançando pelo mesmo. As mudanças do século XVIII foram com relação ao efeito de paralaxe, a sensação de deslocamento dos objetos causada pela mudança do ponto de vista, o que justifica o uso, nesse século, de colunatas gregas que também provocam esse efeito, ou dos espelhos paralelos nas decorações Rococós. A multiplicação desse efeito só foi possível devido ao desenvolvimento do aço e do concreto armado.
No século XVIII houve vários ideais revolucionários. É comum que a mudança da arte seja a negação do seu estágio anterior, por isso, essas idéias foram rejeitadas no século seguinte e novamente lembradas durante o Modernismo.