POR MARCOS BARNAH
Chord Melody (Harmonia em Bloco) Tocar harmonia em bloco, quer dizer que você vai tocar a melodia e a harmonia simultaneamente, ou seja, você fará os dois, a base (acordes) e a melodia (tema-canto), para isso é necessário um conhecimento grande de acordes, suas inversões e possibilidades de alterações. Se por acaso houver uma dificuldade grande nesses assuntos, consulte o meu livro Harmonia Funcional & Improvisação. Tendo isso em mãos basta pesquisa e esforço, já que o principio básico é o de tocar acordes que a ponta, ou seja, a nota mais aguda seja a melodia da música, quero esclarecer que não é necessário harmonizar (tocar com acordes) todas as notas melódicas, ai entra o seu bom senso e também a questão se ser executável ou não. * Gostaria de salientar que ao “pé da letra” na harmonia em bloco deve-se tocar todas as notas com acordes (em bloco), mas no caso do violão e da guitarra por vezes isso fica praticamente impossível, sem falar que pode soar “duro” demais. Outra questão importante é que nem sempre nós faremos tétrades, ou seja, acordes de 4 notas, mesmo nos temas mais sofisticados, as vezes as situações nos obrigam a montar acordes de apenas 3 sons, que não são necessariamente tríades, pode ser por exemplo um A7 com as seguintes notas: A - C# - G observe este “shape” no acorde abaixo:
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Relembrando alguns princípios básicos de harmonia Antes de começarmos a análise dos arranjos, vamos relembrar alguns princípios básicos de harmonia:
As principais notas de um acorde são 3ª e 7ª, e não a Tonica como se imagina, já que a 3ª define o tipo do acorde (maior se a 3ª for maior e menor se ela for menor), e a 7ª define a função do acorde, ou seja, se for 7+ o acorde tem a função de repouso, já se for 7 (dominante) tem a função de preparação ou tensão, portanto se nós tocarmos apenas essas duas notas (3ª e 7ª), teremos o som do acorde preservado. ( por vezes a 7ª maior é trocada pela 6ª ) As dissonâncias que podem ser acrescentadas aos acordes – modos, exemplos: dórico (7, 2/9, 4/11, 6/13), mixolídio (7, 2/9, 13), jônio (7+, 2/9, 6/13), porém tem a questão da análise – escolha pessoal de cada um, por exemplo: uma cifra A7, eu posso pensar em mixo, e então teremos as possibilidades de dissonâncias citadas acima ou posso por exemplo pensar em alt 7, o que me daria outras possibilidades de dissonância para este acorde, então veja que temos inúmeras possibilidades de montagem de acordes, depende da sua análise e, principalmente, do que o tema propõe.
Para que você vá se familiarizando com as múltiplas possibilidades de harmonização para a mesma nota melódica, veja no exemplo a seguir vários acordes aleatórios com a nota melódica A. Obviamente não está escrito todas as possibilidades de acordes que podemos ter, e também quando se tratar do arranjo de uma música, você deve observar o acorde real da música e sempre que possível ou desejado faze-lo.
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Exemplos de harmonização para a nota melódica A.
Perceba como todas as “pontas” dos acordes estão na nota A.
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Analisando o arranjo “Giant Steps” * A melodia foi executada uma oitava acima para facilitar o arranjo, essa pratica é muito comum, devemos achar um tom, ou uma maneira que facilite a execução.
O início do chord melody se dá com um acorde D#m47, que obviamente tem a sua ponta ou nota melódica em F#, se analisarmos este acorde com o acorde da harmonia real o Bmaj7 teremos as seguintes notas: Bmaj7 = B, D#, F#, A#
D#m47 = D#, G#, C#, F#
Veja que as notas do D#m47 são em relação ao Bmaj7 os seguintes intervalos: 3ª, 6ª, 9ª, 5ª, mesmo sem conter a tônica, o som do acorde está preservado porque ele contém 3ª e 5ª que são notas que fazem parte do acorde da harmonia real, e as outras duas notas 6ª e 9ª são dissonâncias que podem ser acrescentadas ao acorde da harmonia real. É interessante você se habituar com esse tipo de substituição porque ela será muito comum nos arranjos solo. www.marcosbarnah.com
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Já o segundo acorde, é uma inversão D7/13, com baixo em C e a nota melódica é a própria tônica do acorde, o terceiro (Gmaj7) e o quarto (Bb7/13) são acordes comuns com as pontas dentro da melodia da música. O quinto acorde que está cifrado na harmonia real como Ebmaj7, eu harmonizei como Eb69, lembrando que eu poderia harmonizar a mesma nota melódica, ou seja, Bb com um Ebmaj7/G, veja o desenho deste acorde abaixo:
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No inicio do quarto compasso temos o acorde Cmaj7/G, que pode ser chamado também de Am79, que eu discordo, pelo menos neste caso onde não teremos a nota A no acorde, já se pensarmos em Cmaj7/G, teremos as quatro notas do acorde T 3ª 5ª 7+. O próximo acorde desse mesmo compasso é um F#m7/b5, que é um acorde que substitui o D7 da harmonia real. Continuando no quinto compasso, temos Gmaj7/B, repare a utilização de inversão para montar o acorde cifrado com a melodia na nota desejada, o outro acorde desse compasso tem a mesma lógica do segundo acorde do nosso arranjo. No sexto compasso não temos nada de extraordinário, apenas montamos os acordes com as pontas nas notas desejadas, sem inversão alguma, exceto pelo último acorde, que na verdade é uma antecipação do compasso seguinte, o qual é uma repetição oitavada do primeiro acorde do arranjo.
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No
compasso oito, temos um Fm79 e um Dm7/b5, e o acorde seguinte
que é antecipação do próximo compasso é o
mesmo acorde feito no
compasso três. O compasso dez, apresenta as mesmas notas melódicas do compasso quatro, e por isso eu harmonizei da mesma forma, mudando apenas a antecipação do próximo compasso, que também é uma nota D, tal qual no compasso cinco, porém dessa vez harmonizei como Bm47, que se analisarmos as suas notas em relação à harmonia real teremos os seguintes intervalos: 3ª, 5ª, 6ª e 9ª, mais uma vez, mesmo sem a tônica mantemos o som do acorde pela presença da 3ª e da 6ª, que é um intervalo pelo qual podemos substituir a 7+.
No compasso doze, não encontramos nenhuma novidade, pois, estes “shapes” e substituições de acordes já foram usados antes no nosso arranjo, que segue sem maiores diferenças do que já foi feito.
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