FONTES DE INFORMAÇÃO
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PARA PESQUISADORES E PROFISSIONAIS
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ADETE SANTOS CAMPELLO : VALADARES CENDÓN
ETTE MARGUERITE KREMER IZAOORAS PRESSÃO
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BELO HORIZONTE t
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Copyright ©2000 by Bemadete Santos Campello e outras. 2003 - I' reimpressão reimpressão Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização escrita do Editor. EDITORAÇÃO DE TEXTO: Ana Maria de Moraes PROJETO GRÁFICO: Escritório de Design CAPA: Glória Campos REVISÃO DE PROVAS: Lilian Valderez Felicio, Maria Aparecida Ribeiro, Maria Stela Souza Reis e Rúbia Flávia Flávia dos Santos ^ ( FORMATAÇÃO: Jonas Rodrigues Fróis í\ J '•". '•". J w ,J PRODUÇÃO GRÁFICA: Warren M. Santos " ""' Editora UFMG Av. António Carlos, 6627 Ala direita da Biblioteca Central - Térreo - Campus Pampulha 31270-901 Belo Horizonte/MG Tel. (31) 3499-4650 Fax. (31) 3499-4768
[email protected] www.editora.ufmg.br
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS REITORA: Ana Lúcia Almeida Gazzola VICE-REITOR: Marcos Borato Viana CONSELHO EDITORIAL: António Luiz Pinho Ribeiro, Beatriz Rezende Dantas, Carlos António Leite Brandão, Heloisa Maria Murgeí Starling, Luiz Otávio Fagundes Amaral, Maria das Graças Santa Bárbara, Maria Helena Damasceno e Silva Megale, Romeu Cardoso Guimarães, Wander Melo Miranda (Presidente) SUPLENTES
Cristiano Machado Gontijo, Denise Ribeiro Soares, Leonardo Barci Castriota, Lucas José Bretãs dos Santos, Santos, Maria Aparecida dos Santos Santos Paiva, va, Maurílio Nunes Vieira, N ewto ew tonn Bignotto Big notto de Souza, Souza, Reinaldo naldo Martiniano Marques, Ricardo Castanheira Pimenta Figueiredo
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Fontes Fontes de informação para pesquisadore pesquisadores s e profissionais profissionais / Bernadete Bernadete Santos Santos Campell Campello, o, Beatriz Beatriz Valadares Valadares Cendón, Jean Jeannette nette Marguerite Marguerite Kremer, Kremer, Organizadoras. - Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2000. 3l9p. - (Aprender) I. Bibliografia Bibliografia especializa especializada da - Fontes Fontes de informação I. Campello, Campello, Bernadete Santos Santos II. Cendón, Beatriz Beatriz Valada Valadares res III. Kremer, Kremer, Jeannette Jeannette Marguerite IV. Título Título V. Série Série CDD: 025.5 CDU: 025.5
Catalogação na publicação: Divisão de Planejamento e Divulgação da Biblioteca Universitária - UFMG ISBN: 85-7041-209-6
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SUMÁRIO LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS 07
APRESENTAÇÃO
|7
í A ciência, ciência, o sistema sistema de comunicação científica e a literatura literat ura científica Suza Suzana na Pinheiro Machado Machado Mueller
21
2 Organizações como fonte de informação Bernadete Sant Santos os Campello
35
3 Pesq Pesqui uisa sass em andament anda mentoo Bernadete Santo Santoss Campello
49
4 Encontros científicos Bernadete Santo Santoss Campello
55
5 O periódico científico Suza Suzana na Pinheiro Machado Machado Mueller Mueller
73
11 Literatura Literat ura cinzenta cinzenta Sandra Lúcia Rebel Gomes Marília Alvarenga Rocha Mendonça Clarice Muhlethaler
de
Souza
97
7 Relatórios técnicos Bernadete Santo Santoss Campello Campello
105 105
8 Publicações governamentais Waldom Wal domiro iro Vergueiro Vergueiro
111
M Teses e dissertações M Teses Bernadete Santo Santoss Campello Campello
121 121
10 Traduções Traduç ões Bernadete Santo Santoss Campello Campello
129 129
"íliNormas "íliNo rmas técnic técnicas as Maria Matilde Kronka Dias
137 137
m A patente
Ricardo Oriandi Oriandi França
153
ff Literatur Literaturaa comercial Eduardo Eduardo Wens We nsee Dias Dias Bemadete Santos Campello
183 18 3
M* Revisões Revisões de de literatu lite ratura ra Daisy Pires Noronha Suel Suelii Mara Mara Soares Soares Pinto Ferreira
191 191
ISiObras de referência Eduardo Eduardo Wens We nsee Dias Dias
199 19 9
Uí Serviços de indexação e resumo Beatri Beatrizz Valadares Valadares Cendón Cen dón 17* índices índices de citaç citação ão Daisy Pires Noronha Suel Suelii Mara Mara Soares Pinto Ferreira
217 21 7
249 24 9
18 Guias Guias de literatura Paulo Paulo da Terra Caldeira Caldeira
263 26 3
Mi A Internet
Beat Beatri rizz Valadare Valadaress Cendón Cend ón
275
Anexo Endereços na Internet índice Sobre os autores
301 307
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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ABDF AB DF
Associa Associação ção de Bibliotecários Bibliotecários do Distri Dis trito to Federa Federall
ABER ABERJE JE
Associação Brasileira de Comunica Comunicação ção Empresarial
ABNT
Associação Associação Brasile Brasileira ira de Normas Norm as Técnicas Técnicas
ABONG
Assoc Associa iaçã çãoo Bras Brasililei eira ra de ONGs ON Gs
AFITEC AFIT EC
Agência Fornecedora de Informações Técnic Técnicas as e Comerciais
AFNOR
Association Fran França çais isee de Normalisation Normal isation
AGREP
AGricu AG ricultur ltural al REs REsearc earchh Projects Projects in the European European Community
AGRÍ AG RÍCO COLA LA
Agricultural Online Acce Access ss
AGRIS
Agricultural Agricultur al Information Syst System em
Agrobase
Base Bibliográfic Bibliográficaa da Agricul Agr icultura tura Brasilei Brasileira ra
ALA
American Library Library Association
AN PI
Associa Associação ção Nacional de Provedores de Internet Interne t
ANSI AN SI
American National Stand Standar ards ds Institution
Antares Ant ares
Rede Rede de Serviços Serviços de Informação em Ciência e Tecnologia
ANUI
Associa Associação ção Nacional dos Usuári Usuários os da Internet
APA
American America n Psych Psycholo ologi gical cal Association
API
American Petroleum Institute
ARIST
Annual Review Review of Information Informatio n Scie Scienc ncee and and Technology
ARL AR L
Association Associatio n of Resea Research rch Libraries
A RPAN RP ANET ET
Advanced Rese Resear arch ch Project Projectss Agency Netw Ne twor orkk
ASIS
American Society for Information Science
Aslib
Association for Information Management
ASME
American Society of Mechanical Engineers
ASTM
American Society for Testing and Materials
BIDTEC
Biblioteca Técnica INPI
BINAGRI
Biblioteca Nacional de Agricultura
BIOREP
BlOtechnical REsearch Projects in the European
BIREME
Community Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde
BLDSC
British Library Document Supply Centre
BLLD
British Library Lending Division
BS
British Standard
BSI
British Standard Institution
CAB
Commonwealth Agricultural Bureau
CAICYT
Centro Argentino de Información Científica y Tecnológica
CAS
Chemical Abstracts Service
CCN
Catálogo Coletivo Nacional de Publicações Seriadas
CD-ROM
Compact Disc Read Only Memory
CEC
Commission of the European Communities
CEDIN
Centro de Documentação e Informação Tecnológica do INPI
CEE
International Commission on Rules for the Approval of Electrical Equipment
CEMIG
Companhia Energética de Minas Gerais
CEN
Comité Européen de Normalisation
CENAGRI
Coordenação de Informação Documental Agrícola
CEPAL
Comissão Económica para a América Latina e Caribe
CERN
Centre Européen de Recherche Nucleáire
CETEC
Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais
CEWIN
Controle Eletrônico de Normas para Windows
CIN/CNEN
Centro de Informações Nucleares/Comissão Nacional de Energia Nuclear
CINDOC/ CSIC
Centro de Información y Documentación Científica/Consejo Superior de Investigaciones Científicas
CIP
Classificação Internacional de Patentes
CMN
Comité Mercosul de Normalização
CNPq
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CNRS
Centre National de la Recherche Scientifique et Technique
COBEI, CB-03
Comité Brasileiro de Eletricidade
CODATA
Committee on Data for Science and Technology
COMUT
Programa de Comutação Bibliográfica
CONMETRO
Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
COPANT
Comissão Pan-Americana de Normas Técnicas
CPOB
Comissão de Publicações Oficiais Brasileiras
CRC
Chemical Rubber Company
DDC
Defense Documentation Center
DeCS
Descritores em Ciências da Saúde
D ID O C
Divisão de Documentação INPI
DIN
Deutsches Instituí fur Normung
DINTEC
Divisão de Informação Tecnológica INPI
DN PM
Departamento Nacional de Produção Mineral
DVD-R OM
Digital Versatile Disc Read Only Memory
EAGLE
European Association for Grey Literature Exploitation
Embrapa
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EMBRATEL
Empresa Brasileira de Telecomunicações
EPC
European Patent Convention
EPO
European Patent Office
ERIC
Educational Resources Information Center
ESDU
Engineering Science Data Unit
EUA
Estados Unidos da América
FAO
Food and Agriculture Organization
FAPESP
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
FAQ
Frequently Asked Questions
FBIS
Foreign Broadcast Information Service
FEDRIP
Federal Research in Progress Database
FINEP
Financiadora de Estudos e Projetos
FTP
File Transfer Protocol
FUCAPI
Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica
GANA
Grupo de Apoio à Normalização Ambiental
GPO
Government Printing Office
GreyNet
The Grey Literature Network Service
HMSO
Her Majesty's Stationery Office
IAC
Information Access Company
IAEA
International Atomic Energy Agency
IASI
International Association for Sport Information
IBBD
Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação
IBBE
índice Brasileiro de Bibliografia Económica Orientador - Adviser
IBICT
Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
ICSU
International Council of Scientific Unions
IEC
International Electrotechnical Commission
IFLA
International Federation of Library Associations and Institutions
IHS
Information Handling Services Group
INEP
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Infoterm
International Information Center for Terminology
INID
Internationaly-agreed Numbers forthe Identification of Bibliographic Data on Patent Documents
INIS
International Nuclear Information System
INMETRO
Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
IN PADOC
International Patent Documentation Center
INPI
Instituto Nacional da Propriedade Industrial
INSPEC
The Database for Physics, Electronics and Computing
INT
Instituto Nacional de Tecnologia
INTec
Setor de Informações sobre Normas Técnicas IPT
INTERCOM
Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares de Comunicação
IN TN
Instituto Nacional de Tecnologia y Normalizacion
IPT
Instituto de Pesquisas Tecnológicas/São Paulo
IRAM
Instituto Argentino de Normalizacion
ISBN
International Standard Book Number
ISDS
International Seriais Data System
ISI
Institute for Scientific Information
ISO
Organização Internacional de Normalização
ISSN
International Standard Serial Number
ITC
International Translations Center
JUIS
Jurisprudência Informatizada Saraiva
LAN L
Los Alamos National Laboratory
LILACS
Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
LIS
Legislação Informatizada Saraiva
LNCC
Laboratório Nacional de Computação Científica
M.Sc
Master of Science
MA
Master of Art s
MBA
Master of Business Administration
MCT
Ministério de Ciência e Tecnologia
MD
Medicai Doctor
MEC
Ministério da Educação
Mercosul
Mercado Comum do Cone Sul
NASA
National Aeronautics and Space Administration
NBS
National Bureau of Standards
NEI
Noticiário de Equipamentos Industriais
NSRDS
National Standard Reference Data System
NTC
National Translations Center
NTIS
National Technical Information Service
OCLC
Online Computer Library Center
OMPI
Organização Mundial de Propriedade Intelectual ou WIPO - World Intellectual Property Organization
OMS
Organização Mundial da Saúde ou W H O - World Health Organization
ONG
Organização Não Governamental
ONU
Organização das Nações Unidas
OPAC
Online Public Access Catalog
OPAS
Organização Pan-Americana da Saúde
OSRD
Office for Scientific Research and Development
OSTI
Office for Scientiflc and Technical Information
P&D
Pesquisa e Desenvolvimento
PADCT
Programa de Apoio ao Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico
PADCT/ICT
Subprograma de Informação em Ciência e Tecnologia do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Ph.D.
Philosophy Doctor
PRODASEN
Centro de Informática e Processamento de Dados do Senado Federal
PROFINT
Programa de Fornecimento Automático de Informação Tecnológica
PTI
Publicações Técnicas Internacionais
RENPAC
Rede Nacional de Comunicação de Dados por Comutação de Pacotes
RLG
Research Libraries Group
RNP
Rede Nacional de Pesquisa
SABI
Subsistema de Administração de Bibliotecas/ PRODASEN
SADIVU
Seção de Divulgação/INPI
SADTEP
Seção de Documentação/INPI
SAOBUS
Seção de Orientação e Buscas/INPI
SBPC
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
SciELO
Scientific Electronic Librar/ Online
SEBRAE
Sistema Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas Sistema em Linha de Acompanhamento de Projetos
SELAP SEPIN
Secretaria de Política de Informática e Automação
SESU
Secretaria Nacional de Educação Superior
SIABE
Sistema Integrado de Automação de Bibliografias Especializadas
SIBRADID
Sistema Brasileiro de Documentação e Informação Desportiva
SIGLE
System for Information on Grey Literature in Europe
SINMETRO
Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
SINORXEC
Sistema Nacional de Informações sobre Normas e Regulamentos Técnicos
SIRC
Sport Information Research Center
SITE
Sistema de Informações sobre Teses
SN ID A
Sistema Nacional de Informação e Documentação Agrícola
SRB
Sistema de Registro Bibliográfico
SSIE
Smithsonian Scientific Information Exchange
STN
International Scientific and Technical Information Network
TCP
Tratado de Cooperação sobre Patentes
TCP/IP
Transmission Contrai Protocol/lnternet Protocol
TELEBRAS
Telecomunicações Brasileiras S. A.
TIC /USAEC
Technical Information Center/United States Ato mic Energy Commission
TMS
The Minerais, Metals and Materials Society
TRC
Techonology Reports Centre
TRIPS
Trade-related Aspects of Intellectual Property Rights
UFMG
Universidade Federal de Minas Gerais
UFPa
Universidade Federal da Paraíba
UFRGS
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UFRJ
Universidade Federal do Rio de Janeiro
UIA
Union of International Associations
UKAEA
United Kingdom Atomic Energy Agency
UMI
University Microfilms International
UNESCO
Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
Unisist
Universal System for Information in Science and Technology
UNIT
Instituto Uruguayo de Normas Técnicas
URL
Uniform Resource Locator
USP
Universidade de São Paulo
WAIS
Wide Área Information Server
APRESENTAÇÃO No início da década de 90, quando a profa. Cariita Maria Campos e eu preparávamos a segunda edição do livro Fontes de Informação Especializada, a Internet constituía apenas uma palavra nova no extenso vocabulário de siglas do universo da informática e estava disponível a um número reduzido de pesquisadores brasileiros. Hoje a rede já faz parte do cotidiano de um número significativo de pessoas e está modificando inteiramente o paradigma da comunicação científica, incor porando novas práticas ao processo e introduzindo novas formas de inter-relação entre os membros da comunidade de pesquisa. Assim, uma revisão completa do livro se fez necessária, para permitir um melhor entendimento dessa nova realidade. Esta é uma nova versão bastante modificada de Fontes de Infor
mação Especializada, que foi publicado em 1988 e 1993 (respectiva mente primeira e segunda edições) pela Editora UFMG. Além do novo título, o livro aprofunda tópicos já abordados nas edições anteriores, acrescentando mudanças que ocorreram nos últimos sete anos. Por exemplo, passamos a utilizar o termo literatura cinzenta ao invés de publicações não convencionais, pois acreditamos que a expressão já foi devidamente incorporada ao vocabulário da biblioteconomia e da ciência da informação no Brasil. Foi também acrescentado um capítulo dedicado inteiramente à Internet, e é claro que praticamente todos os outros capítulos abordam a rede a partir de sua perspectiva particular. Os professores que utilizaram Fontes de Informação Especializada já estão familiarizados com a estrutura da obra (por tipo de material), que foi aqui mantida, pois consideramos que é a maneira mais adequada de facilitar ao estudante a compreensão da natureza, da dinâmica de
produção e do controle da literatura científica, que são peculiares a cada um dos diversos tipos de documentos que a compõem. Cada capítulo procura apresentar inicialmente uma visão histórica do tipo de material que aborda, descrevendo em seguida suas características e acrescentando as formas de acesso àquele material. Não houve a preocupação de se esgotar as fontes de informação existentes, mas de apresentar apenas as mais importantes como exemplos, dando ênfase às obras brasileiras. Os endereços da Internet mencionados no texto foram marcados com um ícone ("^), e uma lista completa de URLs é apresentada no Anexo. Houve uma grande mudança com relação à autoria dos capítulos. Esta nova edição é uma obra coletiva e constitui o resultado do trabalho de I 3 autores, oriundos de quatro escolas e departamentos de biblioteconomia e ciência da informação do Brasil, Essa empreitada representa uma forma de trabalho conjunto que deveríamos realizar cada vez mais (aproveitando os recursos da Internet), reunindo compe tências e esforços para aperfeiçoar p ensino de biblioteconomia e ciência da informação no Brasil. O livro objetiva atingir principalmente o estudante de biblioteconomia, mas pode ser de utilidade para qualquer pessoa interessada em conhecer os meandros da comunicação científica e o papel que os diferentes tipos de documentos representam nesse universo. Não é nossa expectativa que esta obra seja utilizada como recurso didático único nas disciplinas de fontes especializadas. A nossa pretensão é que, reunindo informações dispersas na literatura, ela facilite o trabalho do professor, criando espaço nas disciplinas para a exploração e aprofundamento de temas atuais e de elaboração de
trabalhos práticos, no qual o aluno possa, criativa e conscientemente, construir seu conhecimento e, a partir de sua própria vivência, com preender a dinâmica de produção do conhecimento científico e tecnológico. A síntese, que dará ao estudante a noção da dinamicidade do processo de comunicação científica e tecnológica e da variedade de formas que a compõem, será alcançada mediante o trabalho do professor em sala de aula e preparará o aluno para lidar de forma competente com esse universo informacional. Agradecemos a todos os autores que atenderam com presteza ao nosso convite para colaborar nessa tarefa, especialmente às profes soras Beatriz Valadares Cendón e Jeannette Marguerite Kremer que mostraram enorme interesse e dedicação na organização e revisão dos textos. Especial menção deve ser feita à profa. Carlita Maria Campos, co-autora da obra que serviu de base para a produção do presente trabalho e que, mesmo não tendo participado diretamente da revisão, sempre apoiou e estimulou o nosso esforço. Esperamos que nossos leitores, principalmente aqueles que utilizarem o livro como auxiliar didático, possam nos ajudar no apri moramento do mesmo com suas críticas e sugestões. Elas serão sempre bem-vindas.
Bemadete Santos Campello Belo Horizonte, maio de 1999 e-mail
[email protected]
A CIÊNCIA, O SISTEMA DE COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E A LITERATURA CIENTÍFICA SUZANA PINHEIRO MACHADO MUELLER
Aprendemos sobre o mundo e sobre nós mesmos de muitas maneiras: observamos, ouvimos, lemos e experimentamos, e assim aumentamos nosso conhecimento. No entanto, nem sempre a percepção que obtemos da realidade é confiável. Mas quando o conhecimento sobre determinado fenómeno é obtido segundo uma metodologia científica, ou seja, é o resultado de pesquisas realizadas por cientistas, de acordo com regras definidas e contro ladas, então aumentam muito as probabilidades de que nossa com preensão desse fenómeno seja correta. Chamamos ao conheci mento assim obtido de conhecimento científico ou ciência (KERLINGER, 1979). A confiabilidade é, portanto, uma das características mais importantes da ciência, pois a distingue do conhecimento popular, não científico. Para obter confiabilidade, além da utilização de uma rigorosa metodologia científica para a geração do conhecimento, é importante que os resultados obtidos pelas pesquisas de um cientista sejam divulgados e submetidos ao julgamento de outros cientistas, seus pares. A ampla exposição dos resultados de pesquisa ao julgamento da comunidade científica e sua aprovação por ela propicia confiança nesses resultados. Por essa razão, todo trabalho intelectual de
estudiosos e pesquisadores depende de um intrincado sistema de comunicação, que compreende canais formais e informais, os quais os cientistas utilizam tanto para comunicar os resultados que obtêm quanto para se informarem dos resultados alcançados por outros pesquisadores. Assim, toda pesquisa envolve atividades diversas de comunicação e produz pelo menos uma publicação for mal. Na verdade, uma determinada pesquisa costuma produzir várias publicações, geradas durante a realização da pesquisa e após o seu término. Tais publicações variam no formato (relatórios, trabalhos apresentados em congressos, palestras, artigos de periódicos, livros e outros), no suporte (papel, meio eletrônico e outros), audiências (colegas, estudantes, público em geral) e função (informar, obter reações, registrar autoria, indicar e localizar documentos, entre outras). O conjunto dessas publicações, que chamamos de lite ratura científica, permite expor o trabalho dos pesquisadores ao julgamento constante de seus pares, em busca do consenso que confere a confiabilidade. Em resumo, sem sua literatura, uma área científica não poderá existir pois, sem o aval dos seus pares, o conhecimento resultante da pesquisa conduzida pelos cientistas não será validado e não será considerado científico (ZIMAN, 1968). A produção da literatura de uma área científica envolve muitas e diferentes atividades de comunicação entre os pesquisadores, algumas das quais antecedem e outras se seguem a sua publicação. Conforme suas características, essas atividades costumam ser chamadas de comunicação informal ou comunicação formal. A comunicação informal utiliza os chamados canais informais e inclui normalmente comunicações de caráter mais pessoal ou que se referem à pesquisa ainda não concluída, como comunicação de pesquisa em andamento, certos trabalhos de congressos e outras
com características semelhantes. A comunicação formal se utiliza de canais formais, como são geralmente chamadas as publicações com divulgação mais ampla, como periódicos e livros. Dentre esses últimos, o mais importante, para a ciência, são os artigos publicados em periódicos científicos. O conjunto dessas atividades constitui o sistema de comuni cação científica de uma determinada área da ciência. Esse sistema inclui, portanto, todas as formas de comunicação utilizadas pelos cientistas que pesquisam e contribuem para o conhecimento nessa determinada área, além das publicações formais. Com o desenvolvimento da tecnologia de comunicação, especialmente computadores e redes eletrônicas, as formas de comunicação disponíveis à comunidade científica vêm se modificando, ampliando e diversificando, tomando-se cada vez mais eficientes, rápidas e abrangentes, vencendo barreiras geográficas, hierárquicas e finan ceiras. Essas mudanças estão ocorrendo tanto nos canais informais como nos formais. Dentre esses últimos, os mais importantes, para a ciência, ainda são os artigos publicados em periódicos cientí ficos impressos.
1.1
CARACTERÍSTICAS DA LITERATURA ESPECIALIZADA
Embora a literatura produzida por diferentes áreas do conhe cimento apresente diferenças e peculiaridades, pode-se dizer que a literatura científica, como um todo, possui várias características comuns e sofre influências de um conjunto comum de fatores. O trabalho do profissional de informação é em grande parte baseado no conhecimento e uso de fontes de informação sobre a literatura científica, a qual reflete as características próprias da
ciência e tecnologia modernas. Algumas dessas características afetam e dificultam bastante o trabalho profissional, entre as quais estão: o fenómeno da explosão bibliográfica, a diversificação de formatos de apresentação e divulgação, a eliminação de barreiras no acesso (geográficas, hierárquicas e outras), a aceleração do avanço do conhecimento e consequente obsolescência mais rápida das publicações, a intensificação da interdisciplinaridade (unindo áreas científicas antes isoladas) e a tendência à pesquisa em colaboração. A explosão bibliográfica, fenómeno comum a todas as áreas do conhecimento e talvez a característica mais visível das litera turas científicas, pode ser definida como a quantidade crescente de documentos científicos produzidos e a rapidez com que esse número aumenta. Esse fenómeno não é novo, pois vem ocor rendo de maneira exponencial desde o estabelecimento da ciência moderna e da publicação dos primeiros periódicos, no fim do século XVII (SOLLA PRICE, 1963). Recentemente, com o desenvolvimento das tecnologias eletrônicas de comunicação, especialmente da Internet, a questão da explosão da literatura tornou-se ainda mais complexa. Novos formatos e canais de comunicação se tornaram disponíveis, expan dindo de maneira nunca vista as possibilidades da comunicação e eliminando barreiras geográficas. O fenómeno tem consequências profundas na organização de centros de informação. Como jamais será possível a qualquer centro possuir tudo o que interessa sobre um assunto, chegou-se à conclusão que é melhor dirigir todos os esforços no sentido de garantir acesso. A política de seleção do acervo deve ser muito bem planejada e suplementada por esquemas de cooperação com outras bibliotecas. Mas o desenvolvimento das tecnologias de informação, ao mesmo tempo que aumentou
a quantidade de textos e informações disponíveis, abriu alternativas muito eficientes para satisfazer demandas que ultrapassam as pos sibilidades do acervo local, entre as quais incluem-se a compra de cópia ou de acesso ao documento específico em demanda, via meio eletrônico. Isso implica, então, na necessidade de reserva de recursos específicos nos orçamentos dos centros de informação (ou no pagamento de tais serviços pelos usuários) e também na necessidade de treinamento de profissionais capazes de reconhecer as fontes e as maneiras mais eficientes e económicas de acesso. Os resultados alcançados por determinado pesquisador são frequentemente retomados por outros cientistas, teóricos ou aplicados, que dão continuidade ao estudo, fazendo avançar a ciência ou produzindo tecnologias ou produtos neles baseados. Tem sido uma característica do mundo atual que o lapso do tempo, durante o qual uma novidade científica permanece novidade, é cada vez menor, ou seja, o tempo entre a publicação inicial de determinados resultados da pesquisa e publicações que avançam em relação a eles está encurtando cada vez mais. A velocidade com que o conheci mento é renovado, tornando ultrapassada a literatura ainda recente — especialmente em algumas áreas do conhecimento — acarreta problemas para todos os interessados: é difícil para o cientista manter-se informado ou atualizado e é também difícil e caro para os centros de informação manter suas coleções atualizadas, pois o número de fontes aumenta com igual velocidade. Da mesma forma, também o profissional encarregado de atender demandas e administrar coleções encontra dificuldades. Toma-se assim impor tante saber o que está sendo pesquisado antes mesmo que a pesquisa termine; conhecer as tendências e frentes de pesquisa; conhecer grupos e centros de pesquisa que trabalham na área de
interesse. Tendo em vista esses problemas, este manual inclui capítulos sobre pesquisas em andamento, encontros científicos, literatura cinzenta, relatórios técnicos, teses e dissertações, além de outros que se referem à informação já formalmente divulgada: periódicos científicos, normas técnicas, patentes e literatura comercial, e outros ainda que se referem à literatura secundária e terciária, que têm por finalidade apresentar o conhecimento conso lidado e ajudar a encontrar o que se procura. Diferentemente da literatura científica ou académica, a lite ratura tecnológica nem sempre recebe divulgação ampla. Isso se explica pelas suas finalidades: a ciência se baseia no consenso dos cientistas, e os autores se destacam pela frequência com que são lidos e citados, portanto procuram ampla divulgação para seus trabalhos. Por outro lado, as empresas e indústrias que patrocinam a tecnologia visam o lucro e não lhes interessa ampla divulgação de suas tecnologias, mas sim o domínio do mercado em que seu produto se insere. Consequentemente, divulgação restrita é a norma para a literatura tecnológica. Para o profissional que pre tende atender a demandas nessa área, esses fatos tornam difícil a identificação e o acesso a documentos que potencialmente seriam de interesse para seus usuários. É tradição considerar a ciência como se fosse composta de áreas diversas, cada qual com suas características e limites bem estabelecidos. Assim, referimo-nos às ciências exatas e naturais, às ciências sociais e humanidades, às áreas tecnológicas e engenharias como se fossem realmente separadas. Mas todas as ciências e tecnologias referem-se à natureza, e esta é uma só. As divisões ajudam no esforço da pesquisa e na organização da literatura pro duzida, mas a verdade é que, à medida que nosso conhecimento
avança, diminui a clareza da divisão estabelecida. Chamamos a isso de interdisciplinaridade da ciência ou de uma determinada área do conhecimento. As consequências práticas desse fenómeno, que tem ocorrido de maneira muito rápida, afetam fortemente a literatura especializada, especialmente a literatura periódica: surgem novos títulos, que se referem a novas áreas de pesquisa, novas especiali dades, gerando problemas de dispersão de artigos e dificultando o trabalho de identificação e localização. Significa também a necessi dade de maiores investimentos na seleção de títulos e na habilidade do profissional de informação. Paralelamente ao crescimento dos estudos interdisciplinares, o trabalho em equipe também tem sido uma característica crescente da ciência moderna. Isso é especialmente verdade para as chamadas ciências exatas e da natureza, mas também ocorre nas demais áreas de conhecimento. O reflexo dessa característica na literatura científica está na autoria múltipla de artigos e livros* Nas áreas tecnológicas, por razões que incluem a sua natureza, é comum a autoria institucional. 1.2
<
ESTRUTURA DA LITERATURA ESPECIALIZADA
Esquemas de estruturação da literatura especializada têm sido apresentados por diversos autores como GROGAN (I992) e SUBRAMANYAN (I98I). Tais classificações se baseiam com frequência no fluxo da informação, isto é, os documentos são classificados de acordo com o lugar e função que ocupam no fluxo de informação. Este é um conceito que pretende representar o caminho percorrido pela pesquisa, desde que nasce uma ideia na mente de um pesquisador, passa pelo ponto mais alto que é a
publicação formal dos resultados, geralmente em um artigo cientí fico, e continua até que a informação sobre esse artigo possa ser recuperada na literatura secundária ou apareça como citações em outros trabalhos. Em alguns casos, continua até que os resultados da pesquisa sejam integrados em um tratado sobre o assunto. Durante o processo, a informação é veiculada por meios e canais diversos. O fluxo da informação científica é geralmente representado através de um modelo. O mais famoso deles foi desenvolvido na década de 70 por dois autores americanos, Garvey e Griffith (GARVEY e GRIFFITH, 1972; GARVEY, 1979), que observaram como os cientistas da área de psicologia se comunicavam e divul gavam suas pesquisas. O modelo resultante dos estudos desses dois autores foi logo adaptado para todas as áreas do conhecimento. Nele o pro cesso de comunicação aparece representado por um contínuo, onde se situam, em sucessão e por ramificações, as diversas atividades cumpridas por um pesquisador e os documentos que tais atividades geram. Por exemplo, o início da pesquisa é logo seguido por relatórios preliminares e comunicações de pesquisas em andamento; um pouco antes e logo após o término da pesquisa há uma sucessão de seminários, colóquios, conferências e rela tórios, que geram trabalhos escritos completos ou resumos (publicados geralmente em anais) e que já serão indexados em fontes adequadas; ao submeter o seu original para publicação em periódico científico, aparecem as versões preliminares (preprínts), distribuídas à comunidade de pares; após a publicação do artigo em periódico haverá normalmente uma série de notícias sobre ele, em veículos de alerta, índices e resumos e talvez, também,
MODELO TRADICIONAL DA COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA DE GARVEY E GRIFFITH (ADAPTADO)
Apresentação em seminários, colóquios
Relatórios preliminares
O artigo é indexado em boletins de alerta
Versões preliminares são distribuídas aos pares
Enviado a editor (e avaliadores) para avaliação
laieioda pesquisa
Relatórios sio apresentados em congressos
Publicação em Anais de congressos
O artigo é publicado em periódico científico
O artigo é indexado
em índices e periódicos
de resumo
Citação em revisões bibliográficas anuais (annuai
O artigo aparece
citado na literatura
Conteúdos aparecem
em textos didáticos, manuais,enciclopédias
revietvs)
Registro (meneio) em lutas de trabalhos aceitos para publicação
Registros em Índices de trabalhos apresentados em congressos
TEMPO
Readaptação da
versão apresentada. HURD, Julie M. Models of scíentiíic communication. In: CRAWFORD, S. Y., HURD, J. M., WELLER, A. C. From print to electronic: the transformation of scientifíc communication. Medford: Information Today, Inc., 1996. p.l 1. (ASIS Monograph Series)
em obras que realizam ensaios bibliográficos sobre as tendências de pesqu pesquis isaa e desenvo d esenvolvimento lvimento da área, área, tipo ti po annual reviews. Se a pesquisa teve o impacto desejado pelo seu autor, citações ao trabalho começam a aparecer assim que o artigo se toma disponível. Nesse modelo é fácil perceber que a informação flui por muitos canais e que diferentes tipos de documentos são produzidos, cujas características variam conforme o estágio da pesquisa e tipo de público a que se destina e o objetivo de quem a comunica. Com base em modelos como esse, os canais de informação foram clas sificados como canais informais ou canais formais. Os canais informais apresentam uma série de características comuns: são geralmente aqueles usados na parte inicial do contínuo do modelo; é o próprio pesquisador que o escolhe; a informação veiculada é recente e destina-se a públicos restritos e, portanto, o acesso é limitado. As informações veiculadas nem sempre serão armazenadas e assim será difícil recuperá-las. Exemplos tradicionais são os relatórios de pesquisa, os textos apresentados em seminários ou reuniões pequenas e mesmo os anais de alguns simpósios. Os canais formais também apresentam uma série de carac terísticas comuns: permitem o acesso amplo, de maneira que as informações são facilmente coletadas e armazenadas; essas infor mações são geralmente mais trabalhadas, correspondendo aos estágios mais adiantados do contínuo do modelo. Ao contrário dos canais informais, é o destinatário da mensagem e não o pes quisador que o escolhe e consulta. Enquanto os canais informais permitem um bom nível de interação com o pesquisador, os canais formais tradicionais tradicionais geralmente geralmente não prevêem is isso (ME ( MEAD ADOW OWS, S, 1974). 1974). Da mesma forma, os documentos (ou fontes) produzidos ao longo do processo de pesquisa podem ser classificados como
primários, secundários e terciários.1 Documentos primários são geralmente aqueles produzidos com a interferência direta do autor da pesquisa. Considerando o contínuo do modelo de Garvey e Griffith, estariam principalmente no início do processo, incluindo, por exemplo, relatórios técnicos, trabalhos apresentados em congressos, teses e dissertações, patentes, normas técnicas e o artigo científico. Segundo GROGAN (1992), as fontes primárias, por sua natureza, são dispersas e desorganizadas do ponto de vista da produção, divulgação e controle. Registram informações que estão sendo lançadas, no momento de sua publicação, no corpo de conhecimento científico e tecnológico. As fontes primárias são, por essas razões, difíceis de serem identificadas e localizadas. Esse fato gerou o aparecimento das fontes secundárias, que têm justamente a função de facilitar o uso do conhecimento dis perso nas fontes primárias. As fontes secundárias apresentam a informação filtrada e organi organizad zadaa de acordo com um arranjo definido, dependendo dependendo de sua sua finalidade. finalidade. São São represen representad tadas, as, por p or exemplo, exemplo, pel pelas enciclopédias, dicionários, manuais, tabelas, revisões da literatura, tratados, certas monografias e livros-texto, anuários e outras. As fontes terciárias são aquelas que têm a função de guiar o usuário pára as fontes primárias e secundárias. São as bibliografias, os serviços serviços de indexação indexação e resumos, resumos, os catálog catálogos os coletivos, co letivos, os gui guias de literatura, os diretórios e outras. Após a publicação do artigo relatando a pesquisa em periódico científico, são principalmente as fontes secundárias e terciárias que ocorrem no contínuo do fluxo.
I. Embora aqui considerados como fontes terciárias, os serviços bibliográficos são também chamados de serviços secundários, com base em algumas classificações da literatura, cujos autores consideram que há apenas dois tipos de fontes: primárias (a literatura propriamente dita) e secundárias (os serviços bibliográficos).
Desde o desenvolvimento do modelo de Garvey e Griffith, quase trinta anos atrás, houve um avanço enorme das tecnologias da informação, que mudaram de maneira dramática alguns aspectos da comunicação científica, oferecendo alternativas inovadoras para cada ponto daquele modelo. Por exemplo, o uso do computador na editoração e publicação de documentos tradicionais impressos pro piciou a emergência de bases de dados online e textos legíveis por máquina; em seguida apareceram também periódicos inteiramente eletrônicos. O computador pessoal ligado em rede abriu novas possibilidades de comunicação pessoal — o correio eletrônico e suas variaçõ variações es — enquan enquanto to as redes, especialment especialmentee a Internet, Internet, colocou colocou à disposição de pesquisadores formas de comunicação e divulgação nunca antes sonhadas, oferecendo ainda possibilidades de conexão entre textos, de busca, localização e aquisição de informação. Em resumo, o modelo inicial proposto por Garvey e Griffith já não representa tão bem o processo de comunicação científica mode mo dern rno. o. Todas Tod as as fas fases es dess dessee processo processo foram fora m e continuam continua m sendo afetadas pelo emprego da tecnologia (CRAWFORD, HURT e WELLER, 1996). O quadro geral está mudando e já se antevêem formas de comunicação que provavelmente colocarão o periódico tradicional em cheque, num futuro próximo. As mudanças causadas pela tecnologia têm sido tão abrangentes e inovadoras que até mesmo conceitos estabelecidos como canais informais e canais formais são são questionados questionados po p or algun algunss autores, que alegam já não ser possível distinguir com clareza as diferenças entre eles. De fato, tornou-se difícil definir o que seja comunicação formal e informal, documento primário ou secundário. Dada a importância da literatura especializada para uma deter minada minada área de conhecime conhecimento, nto, a sua sua identificação, identificação, coleta, organi organizaç zação ão
e preservação estão entre as responsabilidades mais importantes do profissional da informação. Não é uma tarefa muito fácil pois, como foi dito dito,, o volume volume de publica publicaçõe çõess é muito muito grande grande e continua a cresc crescer, er, e os formatos em que ocorrem ocor rem estã estãoo também em evolução, com plicando a identificação do material pertinente. Faltam instrumentos de busca adequados e abrangentes, especialmente quando a questão envolve pesquisas produzidas no Brasil. Apesar de toda a evolução tecnológica — e mesmo por causa dela — a necessidade de se conhecer as fontes e saber identificar e promover o acesso à informação pertinente continua sendo tão importante quanto sempre foi para os profissionais que se dedicam ao atendimento do usuário. A finalidade deste manual é contribuir para isso. REFERÊ REFERÊNCI NCIAS AS BIBLIOGRÁFIC BIBLIO GRÁFICAS AS CRAWFORD, S. Y., HURD, J. M., WELLER, A. C. From prínt to electronic: the th e transfomnation transfomnation of scient scientifi ificc communication. Medford: Medfo rd: Information Today, 1996. 1996. (ASIS Monograph Series). GARVEY, W. D. Communication: the essence of science. Oxford: Pergamon Press, 1979. GARVEY, W. D, GRIFFITH, B. C Communication and information processing within scientific disciplines: empirical findings for psychology. Information 123-1 36, 1972. Storage and Retrieval, v.8., n.3, p. 123-1 GROGA N, D. D. Science and technology: an introduction intro duction to the literature. 2nd.ed. London: C. Bingley, 1992. Cap. I: The literature, p. 14-19. HURD HU RD,, Juli Julie M. Models of sci scient entifi ificc communication. In: CRAW CR AWFO FORD RD,, S. Y„ HUR H URD, D, J. M„ WELLER, A. C, From prínt to electronic: the transformation of scien scientif tific ic
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ORGANIZAÇÕES COMO FONTE DE INFORMAÇÃO BÉRNADETE SANTOS CAMPELLO
A palavra organização costuma ser usa usada da com com dois signific significados ados.. O primeiro está ligado à ideia de método, ordem, sistematização. O segundo refere-se a uma entidade que reúne pessoas que desen volvem um trabalho coordenado, estruturado em torno de metas definidas, consistindo de vários grupos ou subsistemas interrelacionados. E dirigida visando atingir metas estabelecidas, e as regras para seu funcionamento são determinadas de forma clara e registradas por escrito. E sob este aspecto que se pretende discutir as organizações neste capítulo. 2.1
CONCEITO
As organizações têm cada vez mais importância na sociedade contemporânea. Caracterizam-se como um espaço de ações económicas económicas no qual qual se concentram c oncentram capital, gerência gerência,, mão-de-o mão -de-obra bra e tecnologia, proporcionando um ambiente de convívio e de interações constantes entre os diversos atores envolvidos em cada um dos setores acima mencionados. Constituem um ponto de convergência da sociedade, pois geram empregos, desenvolvem tecnologia e atraem investimentos. Para sobreviverem devem
estar constantemente ligadas a outras organizações e instituições. Por necessitarem de recursos financeiros para manter seu nível de produção, precisam relacionar-se com as instituições financeiras e com o mercado de capitais. Para gerar produtos ou serviços lucrativos (ou que tenham aceitação, no caso de empresas não lucrativas) têm que estar constantemente atentas às tendências do mercado consumidor e às necessidades de seus clientes. Como consumidoras de matéria-prima e de serviços, dependem de outras organizações e, finalmente, dependem também do governo, devendo estar alertas para as políticas públicas e suas alterações, principalmente no que diz respeito à legislação tributária, trabalhista, de transferência de tecnologia e de patentes. O desenvolvimento do capitalismo levou ao aparecimento das grandes empresas transnacionais que, hoje, com seu poder económico e sua estrutura extremamente burocratizada, influenciam governos e ditam políticas. O aparecimento das transnacionais e das multinacionais, entretanto, não significou o fim das pequenas empresas que têm um papel preponderante nas economias, prin cipalmente de países periféricos. A característica marcante das pequenas empresas é a limitação de seus papéis sociais internos que se resumem nos relacionamentos entre patrão e empregados, muito diferente do que ocorre nas grandes organizações. Nas pequenas empresas o patrão desempenha várias funções e às vezes chega a ombrear-se com os empregados na produção, sobre tudo se ele próprio foi um artesão ou um operário que por um grande esforço criou sua própria empresa. Na grande organização, os papéis tendem a diferenciar-se. Os papéis de proprietário-acionista, empresário, gerente são exercidos por pessoas diferentes e, além desses, existem os de especialistas,
técnicos, operários qualificados, pessoal de escritório etc. Em consequência, os relacionamentos entre indivíduos e grupos nas grandes organizações tornam-se extremamente complexos. Os processos formais que ocorrem numa organização são definidos em função da racionalização e da eficiência, sendo repre sentados em diversos tipos de documentos, tais como organogramas, regulamentos e normas internas. Entretanto, existe toda uma gama de relacionamentos não formais que podem influenciaras formas de acesso à informação nas organizações. Esse aspecto informal resulta dos processos sociais, dos relacionamentos humanos e das ten dências culturais. As chamadas amizades de escritório costumam ter um papel importante no desempenho das funções formais, embora não estando, é claro, refletidas no organograma formal da organi zação, e podem ter influência decisiva na obtenção de informações junto a ela. 2.2 AS ORGANIZAÇÕES E A INFORMAÇÃO As organizações constituem importante fonte de informação. O acesso às informações de uma organização pode se dar através dos indivíduos a ela ligados ou dos documentos que ela gera. Algumas organizações, por sua natureza, têm na divulgação de informações sua própria razão de ser. É o caso da maioria das organizações não lucrativas que produzem uma variedade de docu mentos que podem ser facilmente obtidos, muitas vezes gratui tamente. As organizações que visam o lucro, embora não tor nem disponíveis as informações que consideram sigilosas, costumam divulgar documentos úteis, tais como relatórios, catálogos de pro dutos e serviços, house organs e outros.
Uma forma de se ter acesso aos documentos de uma organi zação é através de sua biblioteca ou centro de informação. Desse modo, pode-se viabilizar permutas, doações ou aquisição de materiais da própria organização ou utilizar-se de seus recursos bibliográficos, através do empréstimo entre bibliotecas. 2.3 IDENTIFICAÇÃO DE ORGANIZAÇÕES
Os diretórios são as fontes tradicionais para a identificação de organizações: essas obras listam os nomes das organizações fornecendo em geral informações tais como endereço, telefone, fax, e-mail, produtos e serviços, nomes e cargos dos dirigentes e outras do género. As listas telefónicas, com suas Páginas Amarelas, constituem a forma mais primária de diretório, mas atualmente uma grande variedade de diretórios tem sido publicada, cobrindo organizações de áreas específicas, com diversas opções de for matos e com informações detalhadas sobre as organizações que incluem. Como exemplos temos: o Guia dos Museus Brasileiros, publicado em 1997 pela Comissão de Património Cultural da Universidade de São Paulo (USP); o Guia de Bibliotecas de Instituições Brasileiras de Ensino Superior, produzido pelo Sistema de Bibliotecas
e Informação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em disquete. Existem grandes empresas especializadas na produção de diretórios, atuando na área há muitos anos, como o Gale Group, a Dunn & Bradstreet e a Europa Publications, que oferecem seus produtos em várias opções: impressos, em CD-ROM ou online. Essas empresas possuem enormes bases de dados com informações sobre milhões de organizações e divulgam e tornam disponíveis seus produtos em sítios na Internet.
Para identificação de diretórios, a fonte mais conhecida é o Directories in Print, publicada pelo Gale Group = ®, que, na sua 17a edição de 1999, reúne dados sobre mais de 15 mil diretórios científicos, profissionais e comerciais de diferentes áreas, no mun do inteiro, com ênfase para os Estados Unidos. A natureza mutante das informações sobre organizações torna, neste caso, a Internet a fonte mais adequada para buscas. Muitas organizações têm seu próprio sítio, e esta é uma boa opção para se obter informações sobre organizações que já foram identificadas e que estão presentes na rede. O importante é verificar a correção das informações, garantida pela data de atualização do sítio. 2.4
ORGANIZAÇÕES COMERCIAIS
Organizações comerciais são aquelas que trabalham com finalidade de lucro. Podem ser empresas industriais que fabricam produtos ou organizações que prestam serviços. Uma fonte tradicional para identificação desse tipo de organi zação são as Páginas Amarelas das listas telefónicas que relacionam as empresas pelo produto ou serviço que oferecem, indicando simplesmente seu endereço e telefone. Fontes mais sofisticadas são as publicações da Dunn & Bradstreet, empresa multinacional especializada em informação sobre empresas e que produz uma série de diretórios com a finalidade de atender a diferentes necessi dades de informação. O sítio da Dunn & Bradstreet na Internet ^ lista seus produtos e serviços e informa que a base de dados da empresa contém informações sobre mais de 53 milhões de compa nhias públicas e privadas do mundo todo. Informações sobre organizações comerciais brasileiras na Internet podem ser encontradas em sítios tais como o Brazilian
Business Connection "*, produzido pelo Grupo Quattro Digital Media, que tem como objetivo informar sobre a presença de empresas brasileiras na Internet. 2.5 ORGANIZAÇÕES EDUCACIONAIS E DE PESQUISA
Universidades, centros ou institutos de pesquisa, bibliotecas, arquivos, museus e academias podem ser excelentes fontes de informação, pois produzem um grande volume de documentos técnicos em suas especialidades (ver, por exemplo, o Capítulo 9: Teses e Dissertações). A fonte mais tradicional para a identificação dessas organi zações é o diretório The World ofLearning, editado anualmente desde 1950 pela Europa Publications ~®, tendo atingido em 1999 sua 49a edição. Tem cobertura mundial e é organizado por país, contendo um índice de organizações. A editora americana Gale tem também uma longa tradição na publicação de diretórios e produz alguns dos mais conhecidos, como, por exemplo, o Associations Uníimited, disponível online e que dá informações sobre
cerca de quinhentas mil organizações não lucrativas no mundo inteiro. No Brasil, o Anuário Brasileiro de Educação, publicado em disquete em 1999, contém informações sobre cerca de mil insti tuições brasileiras de ensino superior. A identificação de organizações educacionais e de pesquisa brasileiras via Internet pode ser feita através do Prossiga, que constitui uma boa fonte para essas organizações, apresentando diretórios como, por exemplo, Universidades e Programas de Pós- Graduação e Institutos de Pesquisa, Centros, Fundações e Laboratórios
de P & D e do Universities.com °s> , sítio que inclui linkspãra home pages de milhares de universidades e escolas do mundo todo. 2.6
ORGANIZAÇÕES GOVERNAMENTAIS
As organizações ligadas ao governo em todos os níveis costumam publicar muitos documentos de interesse do cidadão. O papel dessas organizações como produtoras de informação será estudado no Capítulo 8: Publicações Governamentais. 2.7
ORGANIZAÇÕES PROFISSIONAIS E SOCIEDADES CIENTÍFICAS
As organizações profissionais são criadas com a finalidade de estimular o aperfeiçoamento de determinada classe profissional. São mantidas através de contribuições dos sócios e não têm fins lucrativos, embora costumem cobrar pelos produtos que oferecem, que consistem geralmente de documentos resultantes de eventos que organizam. As sociedades científicas têm uma característica que as dis tingue das associações profissionais, que é o fato de seu foco de interesse ser normalmente uma área do conhecimento e não uma classe profissional. Têm origem no século XII, quando a comunicação científica passou a ter importância fundamental no desenvolvimento da ciência. O principal veículo para essa comunicação eram as socie dades científicas, cujos membros se reuniam periodicamente para discutir os resultados de suas pesquisas, estabelecer contatos, trocar ideias. Muitas sociedades estabeleceram programas de pu blicações editando periódicos especializados e anais dos encontros que realizavam. O papel das sociedades científicas continua basica mente o mesmo e, atualmente, além das atividades já mencionadas,
elas são as interlocutoras das comunidades científicas que representam junto às agências financiadoras de pesquisa. Na identificação de associações profissionais e de sociedades científicas pode-se utilizar o diretório The World of Learning, já mencionado, que cobre também essas organizações em âmbito mundial, além do Research Centers and Services Directories, produzido pela conhecida editora Gale e que lista aproximadamente 30 mil organizações de pesquisa governamentais, académicas e indepen dentes não lucrativas. Na Internet encontram-se inúmeros sítios que possibilitam sua identificação. Scientific Organizations and Associations ~® e Scientific Societies ~& são alguns exemplos. Para enti dades brasileiras pode-se consultar o sítio Sociedades e Associações Científicas e Tecnológicas, através da home page do Instituto Brasileiro
de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) •* e do Universities.com "® que inclui links para sítios de universidades do mundo inteiro. 2.8
ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS
Muitas organizações internacionais foram criadas para pro mover a colaboração entre os Estados membros, eliminando conflitos e estabelecendo esquemas de cooperação entre eles. São organizações intergovernamentais baseadas em acordos ou tra tados formais, firmados entre os governos dos países membros. Constituem importante instrumento de relações internacionais e atuam em diferentes setores. A Organização das Nações Unidas (ONU) *^ é a maior e mais conhecida dessas organizações. Surgiu em 1945, substituindo a Liga das Nações, com o objetivo de resolver pacificamente as questões internacionais e de promover
o desenvolvimento económico e social dos povos. E formada por inúmeras agências que cobrem os mais variados assuntos, incluindo, entre outros, alimentação (Food and Agriculture Organization, FAO), saúde (Organização Mundial da Saúde, OMS), educação e cultura (Organização das Nações Unidas para a Edu cação, Ciência e Cultura, UNESCO). Outra categoria de organização internacional é aquela que congrega pessoas e entidades particulares de vários países, sendo mantidas por contribuições de seus associados, com a finalidade de promover atividades em determinado setor cujos interesses extrapolam as fronteiras de um país. É o caso da Organização Internacional de Normalização (ISO) "®, que desenvolve atividades de normalização técnica que vão afetar todas as nações industria lizadas e em processo de industrialização. Outro exemplo é a Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias (IFLA) "S5, que congrega pessoas e associações do mundo inteiro interessadas no aperfeiçoamento das bibliotecas e das questões da biblioteconomia. As organizações internacionais constituem fontes de infor mação importantes, dada a variedade de suas atividades que cobrem os mais diversos assuntos e a quantidade de materiais que publicam. É difícil calcular a quantidade de documentos publicados pelas orga nizações internacionais, mas sabe-se que eles são produzidos em grande número, resultantes das atividades típicas dessas organizações, ou seja, estudos, encontros, conferências, pesquisas, trabalhos de campo, dentre outros. Essa documentação é produzida para agilizar a participação dos membros, sejam eles governos ou indivíduos no trabalho da organização. O uso dessa documentação por pessoas não pertencentes à instituição não está previsto. Assim, o conhecimento
da estrutura e das atividades das organizações internacionais é fundamental para quem deseja obter seus documentos. Analisando documentos das organizações intergovernamentais, WILLIAMS (1989) observa que, devido à diversidade do seu tamanho e a abrangência de suas responsabilidades, a natureza e a qualidade dos documentos que essas organizações geram também são bastante diversificadas. O autor identifica os seguintes tipos de documentos e sistema de informação das organizações intergovernamentais: • publicações para distribuição externa São documentos disponíveis para venda ou para distribuição gratuita ao público externo. Podem variar em formato e em número de cópias e serem adquiridos na própria organi zação ou em distribuidores autorizados. Esses documentos podem, inclusive, ser publicados por editoras comerciais privadas; • documentos internos São geralmente acessíveis apenas aos funcionários e aos governos membros da organização. Podem estar listados em bibliografias, catálogos ou índices publicados pela organi zação, com indicações tais como distribuição limitada, restrito ou para uso interno. Pessoas interessadas nesse tipo de docu mento podem contatar diretamente o setor que o produziu ou o representante do seu governo naquela organização; • documentos de arquivo São quaisquer documentos produzidos pela organização, mantidos permanentemente nos seus arquivos, para fins administrativos ou históricos. O acesso a esses documentos depende de critérios estabelecidos pela organização;
• bibliotecas/centros de informação Quase todas as organizações internacionais mantêm biblio tecas ou centros de informação, e seus serviços estão, geral mente, disponíveis ao público externo. A biblioteca da ONU, em Nova Iorque, por exemplo, fornece uma série de serviços aos usuários externos, além de elaborar índices e outros instrumentos bibliográficos para acesso à documentação da organização; • redes de informação A abrangência de suas atividades, bem como o grande volume de material sobre assuntos de seus interesses, tem levado algumas organizações intergovernamentais a criar redes sofis ticadas de informação. Esses sistemas — algumas vezes em cooperação com outras organizações — colecionam, resu mem, indexam e disseminam informações sobre os assuntos de interesse da organização e são de grande utilidade para a comunidade científica. Um exemplo desses sistemas é o International Nuclear Information System (INIS) da International Atomic Energy Agency (IAEA). Essas categorias de documentos e recursos informacionais lio, de maneira geral, comuns às organizações internacionais, l imbora possam variar em termos de acessibilidade de uma orga nização para a outra. A entidade que congrega as organizações internacionais, a Union of International Associatíons (UIA), publica, já há algum tempo, o Yearbook of International Organizations, já na 34a edição •m 1997. O sítio da UIA "*• na Internet contêm links para um número enorme de organizações internacionais, facilitando sua
identificação e proporcionando o acesso a informações sobre as mesmas. Nos sítios dessas organizações é possível encontrar as últimas novidades sobre suas atividades (eventos, programas, ser viços de informação, publicações, quadro de associados etc), além de links para sítios de outras organizações e documentos muitas vezes em texto completo que podem ser de grande interesse.
2.9 AsONGs Organização Não Governamental ou ONG é o termo usado internacionalmente para designar organizações que realizam tra balhos voltados para o bem público, sem ligação com o Estado e sem compromisso com as políticas oficiais. O termo foi criado na década de 40 pela ONU que reconheceu a importância dessas organizações como representantes da sociedade civil participativa. Embora a concepção original da ONG suponha sua inde pendência política, muitas delas têm ligações com os governos de seus países (como é o casp das ONGs na Suécia, que são financiadas pelo Estado) e com organizações internacionais (isto acontece com algumas que mantêm relações oficiais com a ONU, atuando como membros do seu Conselho Económico e Social e servindo como porta-vozes de outras). As ONGs surgiram no bojo dos movimentos sociais que buscavam o reconhecimento dos direitos de setores excluídos ou discriminados. A questão ecológica, em evidência a partir do início da década de 90, também se constituiu num propulsor para a criação de ONGs. No Brasil, as primeiras ONGs surgiram na década de 60 como uma reação ao regime militar, voltadas para a defesa de presos
políticos e para a anistia de exilados. A busca do reconhecimento dos direitos à saúde, educação, moradia etc. dos setores sociais excluídos foi o fator que levou ao aparecimento de muitas hoje atuantes. Aquelas dedicadas às causas ecológicas também existem em grande número. Das cinco mil que se estimavam haver no País, na década de 90, cerca de 40% eram voltadas a questões ecológicas. A democratização da sociedade brasileira na década de 90 reforça o papel das ONGs como promotoras da cidadania e sua busca de articulação com outras instituições que lutam por uma sociedade democrática, ampliando o espaço das pessoas que, cada vez mais, têm interesse em participar das soluções dos problemas coletivos. A identificação de ONGs pode ser feita nas mesmas fontes utilizadas para identificar organizações internacionais, pois muitas delas atuam nesse nível. As brasileiras se congregam em torno da Associação Brasileira de ONGs (ABONG) e podem ser identificadas a partir de sítios mantidos por determinadas ONGs na Internet, que fazem links para organizações congéneres. É o caso do OCARA "*\ sítio que promove o intercâmbio de infor mações e experiências entre ONGs, associações e movimentos populares, indicando links para várias das organizações brasileiras. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAVA, Silvio Caceia. As ONGs e as políticas públicas na construção do estado democrático. Revista do Serviço Público, v. 18, n.3, p.97-100, 1994. FERREIRA, Meireluce da Silva, MUSSI, Raimundo Nonato Fialho. Organismos internacionais para ciência e tecnologia. Ciência da Informação, v. 17, n.2, p.93-97, 1988.
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PESQUISAS EM ANDAMENTO BERNADETE SANTOS CAMPELLO
O ritmo acelerado em que as mudanças científicas e tecnológicas ocorrem atualmente faz com que muitos dos resul tados de pesquisa divulgados nos canais formais de comunicação (periódicos e livros, principalmente) já estejam ultrapassados quando são publicados. Isso é mais evidente ainda no que se refere à tecnologia e desenvolvimento industrial, quando o produto desen volvido hoje torna-se obsoleto amanhã. A morosidade de publicação do periódico científico, que é ainda o principal veículo de divulgação da pesquisa em muitas áreas do conhecimento, tem levado ao aparecimento de formas alternativas de divulgação, sendo a mais recente delas a publicação eletrônica (ver Capítulo 5: O Periódico Científico). A comunicação entre pesquisadores, através de correio eletrônico e de listas de discussão, via Internet, também vem possibilitando uma maior rapidez no processo de divulgação da ciência (ver Capítulo 4: Encontros Científicos). Outras tentativas, que têm contribuído para agilizar o processo formal de comunicação científica, incluem o lançamento de revistas destinadas exclusivamente à publicação de resultados parciais de pesquisas e o uso de relatórios técnicos como veículo de relatos de pesquisa. No entanto, o ritmo em que a ciência e a tecnologia têm
evoluído exige mais do que a agilização dos meios de comunicação formais, pressionando os pesquisadores a tomar conhecimento do que está sendo pesquisado antes que os resultados atinjam a fase de divulgação formal, ou seja, há uma demanda crescente por informações sobre pesquisas em andamento. Embora em algumas circunstâncias seja necessária a realização de pesquisas sobre um mesmo tema por vários cientistas, como no caso das investigações sobre AIDS, a maioria dos pesquisadores deseja empreender trabalhos inéditos e originais. Isto ocorre princi palmente na área académica, onde o candidato à obtenção do grau de doutor é obrigado a desenvolver pesquisa original como requi sito à obtenção do título. Há também uma grande preocupação por parte dos órgãos financiadores da pesquisa em divulgar amplamente os trabalhos que estão financiando, de maneira a evitar pesquisas desnecessariamente repetitivas, aproveitando melhor os recursos financeiros, geralmente escassos. 3.1
FONTES PARA IDENTIFICAÇÃO
A forma mais comum pela qual um pesquisador toma conheci mento das pesquisas que seus colegas estão realizando é através do contato pessoal. Essa prática ocorre com intensidade na vida de cientistas, que mantêm conversas frequentes com colegas da mesma área, através de telefonemas ou correio eletrônico, por ocasião da realização de eventos como congressos ou seminários, ou quando se reúnem em bancas de avaliação de teses e disser tações e de concursos docentes. Entretanto, para a maioria dos pesquisadores é necessário recorrer a fontes formais, uma vez
que as oportunidades de contato pessoal com seus pares podem ser restritas. Instituições, tais como universidades, institutos e centros de pesquisa e desenvolvimento geralmente divulgam os traba lhos que estão sendo realizados por suas equipes através de suas próprias publicações: boletins, revistas, jornais ou mesmo listas elaboradas especialmente para dar conhecimento de sua produção científica. Mas essas iniciativas têm utilidade bastante limitada por fornecer informações dispersas e fragmentadas. A natureza passa geira desse tipo de informação, que exige atualização constante, sempre foi um empecilho para que as fontes impressas se consti tuíssem em instrumentos adequados para identificação de pes quisas em andamento. Nesse sentido, a Internet provocou um grande impacto na área científica, ao possibilitar a divulgação dessas pesquisas em dois níveis: através do correio eletrônico, facilita os contatos pessoais entre pesquisadores e, através das listas de discussão, dos sítios de instituições de pesquisa e de serviços específicos para este fim, possibilita o acesso formal aos dados que têm uma atualização mais garantida. As entidades financiadoras de pesquisa, geralmente órgãos governamentais ou fundações, têm interesse em divulgar infor mações sobre as pesquisas que financiam (não os resultados pro priamente ditos) e mantêm bases de dados que constituem uma excelente fonte para identificação de pesquisas em andamento. A Federal Research in Progress Database (FEDRJP) é um exemplo. Mantida pelo governo americano e disponível através de provedores comerciais, é uma enorme base de dados sobre projetos financiados pelo governo federal dos Estados Unidos, incluindo título do projeto, data de início da pesquisa, data provável do término, pesquisador
principal, instituição onde se realiza a pesquisa, resumo da pesquisa e relatório do seu andamento (esses dados podem variar, depen dendo da origem da informação). A FEDRIP substituiu em parte a função exercida pela Smithsonian Scientific Information Exchange (SSIE), serviço especializado em divulgar pesquisas em andamento e que funcionou desde 1949, incluindo, inicialmente, apenas pes quisas desenvolvidas na área de medicina. Atualmente, a FEDRIP cobre as áreas de ciências físicas, engenharia e ciências da vida. É um serviço que é cobrado e pode ser obtido através do National Technical Information Service (NTIS) °®. Existem bases de dados que cobrem determinado assunto, como, por exemplo, a BlOtechnical REsearch Projects in the European Cbmmun/íy (BIOREP) e a AGricuttural REsearch Projects in the European Community (AGREP); como seus próprios nomes indicam, abrangem projetos no âmbito da União Europeia. Universidades e centros de pesquisa costumam manter listas de pesquisas em andamento. Essas listas encontram-se dispersas na Internet e são úteis apenas quando o usuário já identificou as instituições que deseja consultar; para buscas por assunto elas são bastante inadequadas. Outra opção para identificação de pesquisas em andamento são os diretórios de pesquisadores. Há na Internet um sítio que reúne esses diretórios: o Directoríes ofScientists on the WWWfrom Micro World = ®. Nesse caso a busca é feita pelo nome do pesquisador, sendo necessário identificá-lo para fazer contato e, então, obter dados sobre seu projeto. No Brasil, a fonte mais abrangente é o Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil °®, criado pelo Conselho Nacional de Desen volvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em 1992. As infor mações a respeito estão disponíveis gratuitamente na Internet
através do Prossiga "& e incluem o nome do grupo, pesquisadores participantes, linhas de pesquisas em andamento, produção cien tífica e tecnológica e publicações. O Diretório representa a nova filosofia de divulgação de dados do CNPq, que passa a trabalhar não mais com base nos projetos de pesquisa, mas nos grupos de pesquisadores existentes em universidades, instituições isoladas de ensino superior, institutos de pesquisa científica e tecnológica, laboratórios e organizações não governamentais com atuação em pesquisa. Os dados são fornecidos pelas próprias instituições de pesquisa através de levantamentos realizados a cada dois anos. O esforço do CNPq em sistematizar e divulgar dados de pesquisas em andamento teve início em 1968, com a publicação Pesquisas em Processo no Brasil, que teve mais duas edições, em 1969 e 1970. Em 1976, foi criado o Sistema em Linha de Acompa nhamento de Projetos (SELAP) com a finalidade de acompanhar programas, projetos e outras atividades do II Plano Básico de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. O SELAP, projetado para constituir um sistema de informações para gerência de ativi dades em ciência e tecnologia, era também uma fonte de infor mações para pesquisas em andamento, mas as dificuldades rela cionadas à coleta de dados e à atualização das publicações levou à sua desativação. Alguns periódicos especializados costumam apresentar notí cias de pesquisas em andamento em suas seções de notas prévias. Existem também periódicos dedicados exclusivamente à publicação de resultados parciais de pesquisas: são os chamados letters journals (ver Capítulo 5: O Periódico Científico). Essas publicações surgi ram especificamente para atender à necessidade que os pesquisa dores têm de garantir a prioridade de suas descobertas e ideias —
o que só ocorre a partir do momento em que essa descoberta é divulgada —, mas podem ser uma fonte importante para identifi cação de pesquisas em andamento. Durante algum tempo, esse tipo de periódico gerou polémica entre os pesquisadores: muitos consideravam que a pesquisa só deveria ser divulgada após ter sido finalizada e que os resultados deveriam ser publicados como relatos completos, avaliados pelas comissões editoriais dos perió dicos aos quais fossem submetidos. Acrítica feita aos letters journals baseava-se no argumento de que a avaliação dos resultados parciais não seria suficiente para garantir a qualidade e a seriedade da pesquisa. As críticas, entretanto, não foram suficientes para evitar o aparecimento de tais publicações e, atualmente, existe um número significativo delas em todas as áreas do conhecimento, principalmente naquelas em que a publicação é a garantia de prioridade da ideia. Exemplos desse tipo de publicação são Letters in Mathematical Physics e Materials Letters.
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ENCONTROS CIENTÍFICOS BERNADETE SANTOS CAMPELLO
A pesquisa científica é um processo complexo, e durante sua execução o pesquisador assume diversas funções: a de líder de equipe, a de captador de recursos, a de comunicador, dentre outras. A função de comunicador é de fundamental importância nesse processo, pois o pesquisador precisa estar constantemente atualizado em relação aos avanços de sua área, inteirando-se do que outros cientistas estão fazendo e, por outro lado, mostrando o que ele próprio está realizando, como forma de ter seu trabalho avaliado pelos seus pares e de garantir a prioridade de suas desco bertas. 4.1
CONTATOS PESSOAIS E ELETRÔNICOS
O processo de comunicação científica tem sido objeto de inúmeros estudos que abordam tanto a comunicação formal, que ocorre através da literatura, quanto a comunicação que acontece informalmente, por meio de contatos pessoais. Esses estudos indicam que os contatos pessoais individuais — face a face, por correspondência, telefone e, hoje, cada vez mais frequentemente, através de correio eletrônico — são comuns no processo de comunicação e ocorrem sempre entre os membros de determinada comunidade científica.
Outra possibilidade de contatos pessoais entre pesquisadores são os encontros ou eventos que reúnem, em um único local, número significativo de membros de uma comunidade científica, ampliando a comunicação pessoal, na medida em que permitem troca de informações de maneira intensa, envolvendo maior número de pessoas. A grande quantidade de eventos de caráter científico que ocorrem atualmente em todas as áreas do conhecimento mostra que o encontro pessoal ainda é uma forma de comunicação que muito agrada aos cientistas e pesquisadores. Mesmo com as novas possibilidades trazidas pela tecnologia, como, por exemplo, as teleconferências e as listas de discussão via correio eletrônico, que permitem a comunicação rápida e a baixo custo, os encontros continuam a ocorrer com frequência, reunindo os membros de uma comunidade científica e/ou técnica para exporem e discutirem seus trabalhos, envolvendo-os num processo de avaliação que constitui o cerne da atividade de pesquisa. A apresentação de trabalhos em encontros constitui a opor tunidade que o pesquisador tem de ver seu trabalho avaliado pelos pares ou colegas, de forma mais ampla, diferentemente do que ocorre, por exemplo, quando submete um artigo a um periódico científico que é avaliado por uma comissão editorial composta por um número restrito de membros e que, normalmente, demora meses para completar o trabalho de julgamento. A apresentação oral do trabalho no encontro tem a vantagem de possibilitar que críticas e sugestões sejam feitas na hora, de forma a permitir uma retroalimentação instantânea, podendo envolver vários pontos de vista. A possibilidade de se comunicar pessoalmente com seus
pares é de fundamental importância para o cientista, constituindo uma das maiores motivações para seu comparecimento a eventos, e a impossibilidade de participar pode trazer uma sensação de isolamento e frustração. Esse processo tradicional de comunicação científica poderá, aos poucos, ser substituído pelos encontros eletrônicos possibi litados pela tecnologia de redes. Em primeiro lugar, sabe-se que o volume de comunicação via listas de discussão na Internet está aumentando significativamente no âmbito da ciência. Algumas vantagens desse tipo de comunicação já são visíveis e podem ser assim resumidas: possibilidade de acesso informal a um número enorme de informações, interação facilitada e rápida com os pares, permitindo compartilhar ideias, obter uma variedade de sugestões e críticas e oportunidade de descobrir pesquisadores com os mesmos interesses. Além disso, existem outras vantagens da cha mada comunicação mediada por computador (computer mediated communication) sobre os meios tradicionais de comunicação: o receptor não precisa estar no local na hora em que a mensagem está sendo transmitida, e essa pode ser transmitida a qualquer hora, independentemente de fuso horário; não há o domínio da discussão por um número pequeno de indivíduos, tendo todos os participantes, até os mais tímidos, a mesma oportunidade de expor suas ideias; há o nivelamento dos participantes em termos de titulação, pois a única identificação usada é o nome da instituição; e, finalmente, há tempo suficiente para preparar os comentários. O processo de participação em listas de discussão, via correio eletrônico, é parecido com o que ocorre em encontros pessoais: sendo a utilização da linguagem cada vez mais informal nesse meio, a comunicação assemelha-se à apresentação de um trabalho em
evento; é um meio de comunicação escrita que reproduz a espontaneidade e a flexibilidade da conversação verbal. Essa informalidade, embora benéfica no sentido de facilitar e agilizar a comunicação, traz problemas no que diz respeito às citações, que constituem um mecanismo essencial no processo de criação cien tífica e que não podem ser ignoradas. Nas listas de discussão, as citações ao material existente na própria rede carecem de maior normalização por estarem ainda incipientes as tentativas de padroni zação, e as citações ao material bibliográfico tradicional (periódicos, livros etc.) são falhas, dificultando a recuperação. Há uma política de auto-regulação que previne falhas nas dis cussões, tais como afastar-se do tópico do debate, fazer comentários de natureza pessoal e chamar atenção utilizando-se de recursos como pontos de exclamação ou maiúsculas. De qualquer forma, o papel do mediador ou dono da lista é o de intervir para evitar estes problemas, podendo tomar conhecimento das mensagens antes de divulgá-las. Não há preocupação em fazer a síntese da discussão, e isso também aproxima a lista de discussão da comu nicação verbal. Tudo indica que o correio eletrônico não precisa ficar limitado à troca de informações curtas e factuais: sabe-se que ele tem o potencial para veicular a troca de ideias mais elaboradas e mensagens longas. A recuperação das informações contidas nas listas é o ponto menos discutido; se a comunicação através do correio eletrônico vier a substituir alguns dos registros formais do conhecimento, transformando-se em uma forma definitiva de registro, deve-se pensar em meios de recuperá-los de forma rápida e segura. Essas características da comunicação eletrônica levam à conclusão de que, a partir do momento em que a tecnologia estiver
disponível a um maior número de pesquisadores, essa forma de comunicação passará a ser cada vez mais utilizada. 4.2
EVENTOS CIENTÍFICOS
Existem vários tipos de encontros científicos, cuja denomi nação varia em função de sua abrangência e de seus objetivos. Alguns encontros voltam-se exclusivamente para a comunicação de pesquisas e reúnem uma audiência empenhada em discutir avanços de seu campo de conhecimento, sendo, normalmente, organizados pelas associações científicas. Outros congregam partici pantes voltados para a prática profissional e são organizados pelas entidades profissionais. Em cada um desses casos, a organização e os trabalhos apresentados têm características distintas. De maneira geral, os encontros apresentam uma estrutura semelhante, que pode variar de acordo com o tamanho do evento. O congresso é um evento de grandes proporções, de âmbito nacional ou internacional, que dura normalmente uma semana e reúne participantes de uma comunidade científica ou profissional ampla. Hoje, praticamente todas as áreas do conhecimento rea lizam, através de suas sociedades e associações, pelo menos um congresso de âmbito nacional ou internacional, que ocorre a inter valos de dois ou mais anos. Um exemplo é o Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação, que vem se realizando desde 1954 a intervalos relativamente regulares, reunindo grande número de participantes; o mais recente ocorreu em 1997. As atividades que compõem o congresso são as mais variadas e incluem conferências, palestras, painéis, mesas redondas e outras. As conferências são um tipo formal de apresentação, feitas por convi dados especiais, geralmente uma figura de destaque na área. Podem
fazer parte de uma sessão solene de abertura ou encerramento do congresso. As palestras, feitas também por pessoas convidadas, são apresentações formais e diferem da conferência apenas por permitirem o debate do palestrante com a plateia. São chamadas de plenárias, por reunirem todos os participantes do evento. As mesas redondas e os painéis também são atividades que ocor rem durante os congressos, consistindo na apresentação, por um número restrito de pesquisadores convidados (geralmente quatro ou cinco), de um tema comum que, ao final, é debatido com a plateia. Essas atividades compõem o conjunto de sessões de temas oficiais, apresentadas por pesquisadores de renome, convidados pelos organizadores do evento. As sessões de temas livres são a alma do congresso; é o momento em que os participantes, geralmente divididos em grupos de interesse, apresentam os resultados de suas pesquisas para serem discutidos. Os trabalhos apresentados nas sessões livres são submetidos antecipadamente pelos autores à comissão organizadora e julgados por uma comissão científica ou técnica. A aceitação do trabalho dá ao autor o direito de apresentá-lo nas sessões livres. Geralmente a participação de um pesquisador em um congresso só é possível se ele tem seu trabalho aceito, já que é condição essencial para que as agências financiadoras forneçam-lhe os recursos financeiros. Dados os elevados custos de participação, não é comum que pesquisadores compareçam por conta própria, principalmente os que estão em início de carreira. Muitos organizadores aproveitam a oportunidade para oferecer cursos de curta duração que podem ocorrer como atividades pré ou pós-congresso e, em alguns casos, paralelamente ao evento. Venda de publicações especializadas, exposição de equipamentos,
apresentação de filmes científicos e técnicos e demonstrações as mais variadas ocorrem paralelamente ao evento e podem, muitas vezes, desviar o participante do objetivo principal mas, ao mesmo tempo, constituem excelente oportunidade de atualização. Simpósio, jornada, seminário, colóquio, fórum, reunião, encon tro são denominações dadas a eventos científicos de âmbito menor que o do congresso, tanto em termos de duração, quanto de número de participantes, cobrindo campos de conhecimento mais especializados. Algumas exceções ocorrem no uso dessa termi nologia: a Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), por exemplo, é um evento de grandes proporções, que reúne milhares de pesquisadores, especialistas e estudantes de todas as áreas científicas. A programação de um evento tem início muito tempo antes de sua realização, e a escolha do próximo local é feita geralmente durante a sessão de encerramento, em assembleia com a presença de todos os participantes. A divulgação começa com a chamada de trabalhos (call forpapers), através de diversos meios de comunicação, e consiste em convite aos pesquisadores para submeterem seus trabalhos, na descrição dos temas a serem abordados, bem como nas instruções para apresentação do texto. Com base nisso, os pesquisadores preparam e enviam seus trabalhos e iniciam os procedimentos a fim de obter recursos para sua participação junto aos órgãos de fomento à pesquisa. 4.3
FUNÇÕES DOS ENCONTROS CIENTÍFICOS
Os encontros científicos têm sido bastante estudados por pesquisadores interessados em definir melhor o seu papel no
contexto da comunicação científica. Os resultados desses estudos, que vêm sendo realizados no âmbito das mais variadas disciplinas, mostram que os eventos podem desempenhar diversas funções: • encontros como forma de aperfeiçoamento de trabalhos Várias pesquisas mostram que cerca de metade dos traba lhos apresentados em encontros científicos foi modificada substancialmente após a apresentação, tendo em vista as sugestões feitas pelos participantes durante as sessões. Isso indica que o encontro desempenha um papel de aperfeiçoa mento, contribuindo para melhorar a qualidade dos trabalhos; • encontros como reflexo do estado-da-arte Embora essa função tenha sido pouco estudada, há evidências de que o encontro, através dos painéis ou do conjunto das próprias apresentações, pode funcionar como uma opor tunidade de se traçar o estado-da-arte de determinada área, permitindo examinar tendências e perspectivas, já que reúne um volume significativo de informações que normalmente aparecem dispersas em periódicos diversos, ao longo do tempo. O conjunto dos trabalhos apresentados, mais os relatos dos painéis ocorridos durante o encontro, podem reíletir o panorama da área e o perfil dos seus membros; • encontros como forma de comunicação informal Os eventos oferecem aos participantes a oportunidade de se comunicarem pessoalmente com seus pares, de maneira informal: a troca de informações sobre projetos, o planeja mento de trabalhos conjuntos, a oportunidade de novos pesquisadores conhecerem os membros mais antigos e inú meras outras interações ocorrem nos eventos, ilustrando o papel que os contatos pessoais desempenham no processo
de comunicação científica. As chamadas conversas de corredor constituem para muitos pesquisadores a parte mais importante do encontro. 4.4 FONTES PARA IDENTIFICAÇÃO DE ENCONTROS CIENTÍFICOS
A maioria dos eventos científicos é bem divulgada, pois seu sucesso depende fundamentalmente do número de participantes que consegue atrair, embora haja alguns encontros de âmbito restrito, com divulgação precária, sendo difícil obter informações sobre os mesmos. A divulgação é feita através de mala direta aos participantes em potencial, de boletins de entidades científicas e técnicas, de publicações especializadas, de sítios de instituições promotoras e listas de discussão na Internet e, dependendo do tipo de evento, da imprensa em geral. Já que os interessados precisam tomar conhe cimento da realização do evento com bastante antecedência, de modo a poder preparar adequadamente suas apresentações e buscar financiamento que viabilize sua participação, os organizadores procuram atingir esse público logo que o encontro começa a ser planejado. Algumas instituições reúnem e sistematizam informações sobre eventos, de forma a facilitar sua identificação. No Brasil, o IBICT tem trabalhado nesse sentido e vem divulgando sistemati camente eventos brasileiros desde 1978, quando publicou a Lista de Reuniões Técnico-Científicas Realizadas no Brasil. A publicação
evoluiu e consolidou-se no Calendário de Eventos em Ciência e Tecnologia, que vem sendo editado regularmente em forma impressa; atualmente pode também ser consultado na Internet, no sítio da instituição. Lista todo tipo de evento de interesse para pesquisadores
e para a indústria, no âmbito do Brasil e do Mercosul (Mercado Comum do Cone Sul). Outra fonte que sistematiza informações sobre eventos é o Prossiga, que permite a identificação de eventos estrangeiros, apresentando informações sobre uma variedade de encontros de todas as áreas. Listas por assunto também estão disponíveis na Internet, como, por exemplo, a Base de Dados de Eventos em C&T: Qualidade e Produ tividade "«ea TMS World Meetings Calendar^, quetoma disponíveis
informações sobre eventos na área de engenharia e ciência dos mate riais e outras. Dada a transitoriedade desse tipo de informação, a Internet é, sem dúvida, o meio ideal para sua identificação, e aí as listas de discussão são as fontes mais úteis por sua agilidade e atualidade. 4.5 A LITERATURA ORIGINADA DE ENCONTROS CIENTÍFICOS Os documentos gerados em encontros científicos podem aparecer antes, durante ou depois do evento, e sua natureza varia, dependendo da área de conhecimento. São publicados comumente na forma de anais, reunindo o conjunto dos trabalhos apresentados e, às vezes, também as palestras e conferências que ocorreram durante o evento. 4.5 .1
FORMA DOS ANAIS
Os anais aparecem numa variedade de formas que vão desde a publicação feita pela própria instituição organizadora,' até a
I. Isso ocorre quando o financiamento concedido pela agência financiadora do evento inclui a publicação dos anais.
publicação por editoras comerciais profissionais, caso em que o produto se apresenta na forma de volumes de excelente qualidade editorial. No primeiro caso (publicação feita pela própria entidade que organiza o evento), a tiragem costuma ser pequena, pois a distribuição é restrita aos inscritos (geralmente a taxa de inscrição dá direito ao recebimento dos anais) e, portanto, sem divulgação ampla. A normalização pode ser deficiente, apresentando falhas nos dados bibliográficos essenciais para a identificação do docu mento, tais como data, local de publicação ou entidade organizadora, o que pode trazer dificuldades para tratamento e recuperação dos anais em serviços bibliográficos e bibliotecas. Caracterizam-se, portanto, como uma forma típica de literatura cinzenta, apresentando os problemas disto decorrentes (ver Capí tulo 6: Literatura Cinzenta). Hoje em dia, com as possibilidades da editoração eletrônica, a publicação de anais ficou facilitada e não mais ocorrem os atrasos de publicação que eram comuns anteriomente; em muitos casos o parti cipante recebe os anais durante a realização do encontro. Essa agilidade é possível quando a impressão é feita diretamente dos originais dos próprios autores, enviados em disquete, eliminando-se a etapa da editoração; nesse caso, a comissão organizadora define normas bem detalhadas para a digitação dos textos, de forma a garantir um formato final previamente padronizado. A publicação de anais por editoras comerciais e sua distribuição através dos canais normais de venda (livrarias e distribuidoras) não ocorre com frequência no Brasil. Essa prática é mais comum em países adiantados, que contam com um mercado consumidor de informação mais amplo e consolidado. Nesse caso, a forma física dos anais não difere da de um livro formalmente editado, e a
nformação sobre o fato de que aquela publicação é composta Je trabalhos apresentados em determinado evento aparece nor malmente na folha de rosto. Pode ocorrer também o caso de anais publicados em perióJicos. Isso acontece quando a entidade organizadora é responsável sor alguma publicação periódica e decide incorporar, em um fascículo lormal ou em um suplemento especial da revista, os anais do evento. Essa prática pode facilitar a divulgação mas, ao mesmo tempo, acar"etar problemas de aquisição para os não-assinantes da revista que Lenham interesse em obter os anais. 4.5.2
NATUREZA DOS ANAIS
Em algumas áreas do conhecimento, os trabalhos apresen tados em encontros científicos têm sido considerados como uma forma intermediária de documento, sucedendo os estágios mais informais do processo de comunicação científica — correspondência, anotações de laboratório, cartas ao editor etc. — e precedendo a fase de formalização final, que é o artigo de periódico. Nesse modelo evolucionário da literatura científica, considera-se que todos os trabalhos apresentados em encontros irão, mais cedo ou mais tarde, transformar-se em artigos a serem publicados em periódicos científicos, devendo, portanto, ser vistos como docu mentos provisórios que serão substituídos pelos permanentes (artigos de periódicos). Entretanto, em outras áreas, os anais são a única forma de disseminação desses trabalhos. O anais podem conter os resumos ou os trabalhos na íntegra, dependendo do objetivo do encontro, bem como da disponibilidade de recursos financeiros para sua publicação, e isso varia em cada área
do conhecimento. Pesquisa recente (MELLO, 1996) mostra, por exemplo, que na área de medicina veterinária no Brasil, a prática mais comum é a publicação de resumos, e na de biblioteconomia/ ciência da informação é a de trabalhos completos. Isso, mais o fato de que, na medicina veterinária, mais da metade dos trabalhos é publicada posteriormente como artigo de periódico, enquanto que na biblioteconomia/ciência da informação a publicação posterior é nula — indica que, na primeira área, os anais representam um tipo de documento preliminar, provisório, ena segunda ele deve ser visto como um documento permanente. Conclui-se, portanto, que a natureza do material (provisório ou permanente) difere de área para área e, consequentemente, seu tratamento em bibliotecas dependerá dessa característica. A atividade — académica ou profissional — exercida pelos autores dos trabalhos é um ponto que ajuda a entender a natureza dos anais como forma de comunicação científica. O estudo compa rativo dos anais das áreas de medicina veterinária e biblioteconomia/ ciência da informação, acima mencionado, mostrou que, também nesse ponto, os anais diferem, dependendo da área. Na primeira, a maioria dos autores é ligada a instituições académicas e de pesquisa, enquanto que na segunda são profissionais atuantes no mercado de trabalho. A atividade dos autores coincide com o tipo dos traba lhos apresentados (relatos de pesquisa ou relatos de experiência): na medicina veterinária a maioria dos trabalhos consiste em relatos de pesquisa, típicos da atividade académica, enquanto que na biblioteconomia/ciência da informação os relatos de experiência são em maior número, refletindo a atividade dos profissionais. Outro ponto importante que pode ajudar a compreender melhor os anais é a forma pela qual os trabalhos submetidos são
selecionados pela comissão científica/técnica; isso tem relação direta com a qualidade dos trabalhos aceitos. Na seleção de anais isso deve ser levado em consideração, sendo que alguns critérios podem auxiliar a comissão avaliadora deve ser composta por pessoas de reconhecida competência na área, oriundas de instituições diversas; a revisão deve ser feita sem que o revisor conheça a identidade do autor (blind review); e as críticas devem ser feitas por escrito, com base em critérios claros, objetivos, definidos a priori e conhecidos pelos autores. Esses cuidados irão garantir um julgamento imparci al e, ao mesmo tempo, permitirão àqueles que não tiveram seus trabalhos aceitos conhecer as razões da recusa. 4.6 FONTES PARA IDENTIFICAÇÃO DE ANAIS
A identificação de anais pode ser feita através de catálogos de editoras (no caso daqueles publicados comercialmente), de boletins e revistas de associações que organizam eventos, de periódicos de indexação e resumo e, finalmente, de listas especí ficas para indexação desse material. Alguns serviços de indexação e resumo apresentam um tratamento especial para anais de congressos. E o caso do Zoological Record, publicado pela Zoological Society of London, que tem no seu índice de assunto o cabeçalho Meetings, onde os anais são listados, e onde é indicado se os trabalhos são indexados separadamente. Das listas específicas para divulgação existem aquelas publicadas pela InterDok Corp. **>, uma organização especializada que trabalha exclusivamente com anais. Publica o Directory of
Published Proceedings, em quatro séries que abrangem difereiT assuntos. A Series SEMT (Science/Engineering/Mediáne/Techno é a mais antiga, publicada dez vezes por ano desde 1965. As out séries são: Series SSH (Social Sciences/Humanities), iniciada em 1 Series PCE (Pollution Control/Ecology), iniciada em 1974, Series t (Medicai/Life Sciences), desde 1990. Essas listas, também disponív online através do Dialog "*, são de âmbito internacional, nr cobrem melhor os anais de encontros de entidades americanas. S limitadas no sentido de divulgarem os anais no todo, não fomecen dados específicos sobre cada trabalho individual. A vantagem é q também indicam o preço das publicações e fornecem, a pedic cópias dos anais que divulgam, facilitando a aquisição.
O Institute for Scientific Information (ISI) "*>, nos Estad Unidos, conhecido principalmente pela publicação de índices i citação, atua desde 1978 na comercialização de serviços de divi gação de anais. Publica mensalmente o Index to Scientific & Technii Proceedings, que indexa cerca de cinco mil anais por ano (represe tando mais de duzentos mil trabalhos). Existe versão em CD-RO e fita magnética, desde 1994, e online (Index to Scientific & Technh Proceedings Search), sendo que a última fornece os resumos d trabalhos a partir de 1997. A identificação de anais de encontros brasileiros é m< complicada, já que não existem instrumentos de divulgação sist mática como os descritos acima. Indiretamente, pode-se usar < calendários de eventos como fonte para identificação, embora n< se tenha a garantia de que os eventos ali divulgados geraram ana Nesse caso, a entidade organizadora tem que ser consultada pa se confirmar a existência dos anais.
O Catálogo Coletivo de Anais de Eventos coordenado, desde 1983, pelo Centro de Informações Nucleares da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CIN/CNEN) é outra fonte alternativa para a identificação de anais de eventos brasileiros. Embora sua finalidade principal seja a de possibilitar a localização de anais nacionais e internacionais em bibliotecas do País, presume-se que inclua uma quantidade significativa de material nacional. É um trabalho coope rativo, contando com a participação de 185 bibliotecas, que ali mentam a base de dados, possuindo atualmente cerca de cinquenta mil registros. A cada ano aproximadamente três mil novos registros são incorporados. A cobertura de assunto prioriza a ciência e a tecnologia, mas não há uma rigidez na seleção dos dados recebidos, de modo que assuntos de outras áreas são também incluídos. O Catálogo tem uma versão em microficha e outra online, chamada ANAIS "*>, que pode ser acessada pela Internet. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BURTON, Paul F. Electronic mail as an academic discussion fórum. Journal of Documentation,
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O PERIÓDICO CIENTÍFICO SUZANA PINHEIRO MACHADO MUELLER
Os periódicos científicos apareceram no século XVII na Europa, em uma época marcada por mudanças em toda a sociedade, inclusive no campo científico. Até o século XVI a ciência era feita por filósofos, que usavam a argumentação e dedução para explicar os fenómenos da natureza. A partir do século XVII há uma grande mudança no meio científico: a dedução deixou de ser aceita como método principal de pesquisa, e a comunidade científica começa a exigir evidências baseadas na observação e na experiência empírica para que os conhecimentos resultantes pudessem ser considerados científicos. Esses acontecimentos, que caracterizaram o nascimento da ciência moderna, foram acompanhados por mudanças também na forma da comunicação científica. Até então os filósofos-cientistas se comunicavam pessoalmente ou por meio de cartas. A divulgação formal e mais ampla de suas pesquisas era feita em livros e longos tratados, que discorriam sobre o conhecimento acumulado sobre o assunto. Com o advento da ciência moderna, o importante passou a ser a comunicação rápida e precisa sobre uma experiência ou observação específica, que permitisse a troca também rápida de ideias e a crítica entre todos os cientistas interessados no assunto em questão. Isso provocou a necessidade de um novo meio de comunicação, de alcance mais amplo que a comunicação oral e a
orrespondência pessoal, bem mais rápido que os livros e tratados: i periódico científico. j . 1 OS PRIMEIROS PERIÓDICOS O primeiro periódico científico de que se tem notícia é o 'ournal de Sçavans, fundado pelo francês Denis de Sallo e cujo Drimeiro fascículo foi publicado em 5 de janeiro de 1665, em Paris. De Sallo justificou a publicação de seu Journal "...para o alívio daqueles que são muito indolentes ou muito ocupados para ler livros inteiros". O Journal anunciava como seu objetivo catalogar e dar informações úteis sobre livros publicados na Euro pa e resumir seus conteúdos, divulgar experiências em física, quími ca e anatomia que possam servir para explicar os fenómenos natu rais, descrever invenções ou máquinas úteis e curiosas, registrar dados meteorológicos, citar as principais decisões das cortes civis e religiosas e censuras das universidades, e transmitir aos leitores todos os acontecimentos dignos da curiosidade dos homens. (Ci tado por H O U G HT O N , 1975, p. 13 e 14 — Tradução da autora.)
O Journal foi vítima de seu próprio sucesso e teve que inter romper a publicação várias vezes, por imposição da coroa francesa que se sentia atingida e ofendida com algumas das matérias publicadas. (HOUGHTON, I975; McKIE, I948) Menos de três meses depois da publicação do Journal surgiu um segundo periódico, desta vez em Londres. Fundado por um grupo de filósofos ingleses ligados à Royal Society, tinha uma carac terística diferente do periódico francês: o novo periódico, Philosophical Transactions, era dedicado exclusivamente ao registro
das experiências científicas, não incluindo outras matérias. Foi lançado
com a intenção de divulgar, entre os membros da Royal Society, as cartas enviadas por seus colegas cientistas, ingleses e europeus, relatando suas pesquisas. A exemplo do Journal des Sçavans, divulgava matérias em todas as áreas científicas. O conselho responsável pela Royal Society decidiu que o Transactions deveria ser publicado na primeira segunda-feira de cada mês, "se houvesse material suficiente". Esse periódico sobrevive até hoje, publicado pela mesma Royal Society. O novo modelo de publicação científica foi muito bem aceito pelos pesquisadores da época, e outros periódicos começaram a ser publicados por sociedades científicas de vários países europeus, com a finalidade principal de divulgaras pesquisas que estavam sendo realizadas por seus membros. 5.2 FUNÇÕES DO PERIÓDICO CIENTÍFICO MODERNO
A divulgação dos resultados de pesquisa, no entanto, não foi e não é a única função do periódico. Segundo a Royal Society, seriam quatro as funções atuais do periódico científico: • comunicação formal dos resultados da pesquisa original para a comunidade científica e demais interessados Essa era uma das funções originais do periódico, permane cendo praticamente inalterada até hoje; • preservação do conhecimento registrado Em conjunto, os periódicos servem como arquivo das ideias e reflexões dos cientistas, dos resultados de suas pesquisas e observações sobre os fenómenos da natureza; a preservação e organização dos periódicos, nas bibliotecas do mundo
todo, garantem a possibilidade de acesso aos conhecimentos registrados ao longo do tempo; tem sido uma das responsabi lidades mais importantes dos bibliotecários; • estabelecimento da propriedade intelectual Ao publicar seu artigo, tornando públicos os resultados de suas pesquisas, o autor registra formalmente a sua autoria, requerendo para si a prioridade na descoberta científica; • manutenção do padrão da qualidade na ciência A publicação em periódicos que dispõem de um corpo de avaliadores respeitados confere a um artigo autoridade e confiabilidade, pois a aprovação dos especialistas representa a aprovação da comunidade científica; sem ela um pesquisador não consegue publicar seu artigo em periódicos respeitados; sem publicar não consegue reconhecimento pelo seu trabalho. 5.3 PROBLEMAS INERENTES AOS PERIÓDICOS
Embora antigo e universalmente aceito, há muitos problemas com o modelo tradicional de periódico científico, problemas que vêm se agravando à medida que se desenvolve a tecnologia e se modifica a expectativa sobre os meios de comunicação científica. Entre os problemas principais, os pesquisadores costumam destacar: • demora na publicação do artigo que, às vezes, chega a ser de um ano após o recebimento do original pelo editor; • custos altos de aquisição e manutenção de coleções atualizadas; • rigidez do formato impresso em papel, quando se compara com a versatilidade dos formatos eletrônicos;
• dificuldade, para o pesquisador, em saber o que de seu interesse está sendo publicado, pois são muitos os periódicos e pouco eficientes os instrumentos de identificação e busca; • dificuldade, para o pesquisador, em ter acesso a artigos que lhe interessam, pois mesmo sabendo que um novo artigo de seu interesse foi publicado, nem sempre sua biblioteca assina o periódico que o publicou ou consegue obter uma cópia desse artigo com a rapidez suficiente. Três fatores, bastante ligados entre si, costumam ser apontados como causas desses problemas: a proliferação de periódicos, que causa a dispersão de artigos sobre um mesmo assunto entre muitos títulos, o que eleva em demasia o custo de atualização de coleções. O primeiro, o fenómeno da proliferação de periódicos, reflete 0 crescimento do número de artigos enviados para publicação, que é muito grande e continua a crescer, e se explica, em parte, como consequência do crescimento normal da ciência, isto é, do crescente número de cientistas trabalhando e produzindo no mundo todo. Mas não tem sido apenas a evolução natural da ciência que vem causando esse fenómeno. As regras da própria Comunidade científica também são apontadas como responsáveis pelo crescimento exagerado do número de periódicos. Os sistemas de promoção na carreira universitária e de concessão de prémios e financiamentos dos órgãos governamentais de fomento à pesquisa, los quais os cientistas e professores universitários atualmente são lubmetidos, adotam o número de publicações como um dos critérios mais importantes no julgamento do mérito científico. Isto é, a pro moção na carreira, a possibilidade de conseguir financiamento para desenvolver pesquisas, o prestígio individual que se traduz por
:onvites, prémios, financiamentos, dependem bastante da quantidade Je trabalhos publicados. Sem publicação não há financiamento nem )romoção. Os pesquisadores, então, se esforçam para publicar jurante toda a sua vida ativa, ainda que os textos a serem publicados ião tragam muitas novidades. Assim, há um aumento no número de irtigos submetidos aos editores e de periódicos para acomodá-los. Mém de títulos novos, o número de periódicos aumenta também Dela subdivisão de títulos tradicionais, quer seja em séries inde pendentes ou em dois ou mais títulos diferentes. Esse crescimento da ciência escrita, considerado por muitos artificial e desnecessário, aumenta o tempo de espera que um artigo leva para ser publicado. Na outra ponta do processo de comunicação, aumenta ainda a dificuldade do pesquisador em se manter informado sobre a sua área e reconhecer o que lhe é potencialmente interessante. Logicamente, aumenta também o custo de manutenção das coleções de periódicos das bibliotecas, que já não suportam tantas assinaturas, aumentando a dificuldade do pesquisador em obter textos que lhe interessam. O segundo, a dispersão de artigos sobre um determinado tema em várias publicações, nem sempre especializadas, é causada pelo esforço para publicar e pela consequente proliferação de periódicos. Esse fato obriga o pesquisador, que quer se manter atualizado, a despender muito tempo tentando se informar das novidades em sua área e diminuindo as chances que tem de encon trar algo que realmente lhe interessa. Para o administrador da biblioteca, confrontado com limitações orçamentárias, e para o bibliotecário de referência, que deve localizar textos e informações sob demanda, a dispersão dos artigos entre muitos títulos tem implicações óbvias. Bradford estudou o problema da dispersão
da literatura periódica e formulou a lei da dispersão da literatura (RAO, 1986), segundo a qual, de todos os artigos publicados sobre um determinado assunto, um terço está concentrado em um número pequeno de periódicos, que formam o núcleo daquele assunto, outro terço está publicado em um número maior de periódicos de assuntos correlatos, e o último terço se encontra em um número muito grande de periódicos de áreas as mais diversas. E importante, então, para o serviço de informação de uma biblioteca e para o administrador de coleções, identificar os periódicos que fazem parte do núcleo de um determinado assunto. O terceiro fator, o custo de atualização de coleções está Cada vez mais alto. Além do aumento no número de títulos a lerem assinados, o preço de cada assinatura tem subido ao longo dos anos. Na década de 80, o alto custo de manter coleções Itualizadas provocou o cancelamento de assinaturas até mesmo pm bibliotecas tradicionais americanas e europeias, onde tal iniciaVa jamais havia sido considerada. No mundo inteiro, bibliotecas nlversitárias e de pesquisa, em maior ou menor grau, foram obridas a diminuir o número de assinaturas e impedidas de assinar Ulos novos de possível interesse de seus usuários, desistindo '§ manter completas e atualizadas as suas coleções. Houve uma Udança de comportamento, facilitada pela tecnologia de comuação, que começava a possibilitar o acesso remoto a artigos m mais eficiência. No Brasil, o problema crónico causado pelo custo dos perió dicos foi agravado no início da década de 90 por decisões politicas e Circunstâncias económicas do País, cujas consequências foram lintldas em toda a década. Os periódicos das áreas de ciências puras, engenharia e medicina costumam ser mais caros que o das
íreas de ciências sociais e humanidades; algumas bibliotecas tiveram }ue fazer escolhas, preservando certas áreas e prejudicando as Jemais, enquanto outras bibliotecas cortaram despesas com coleções ie livros e materiais de tipos diversos para manter as assinaturas de Deriódicos. Mas, seguindo uma tendência mundial, tem-se notado :ambém no Brasil mudanças na atitude dos bibliotecários. Ao mesmo :empo em que as bibliotecas se viram forçadas a fazer cortes signifi cativos em suas coleções, intensificou-se a busca por alternativas sm oposição à meta tradicional da posse de grandes coleções. 5.4
ALTERNATIVAS AO PERIÓDICO
O descontentamento da comunidade científica, causado pelas deficiências inerentes ao periódico científico tradicional, não é fato recente e tem levado a várias tentativas para modificar o seu formato. Entre as alternativas propostas, algumas deram certo, outras não. Mas nada do que foi proposto conseguiu realmente substituí-lo nas funções que lhes são atribuídas pela comunidade científica. São, na verdade, complementação ao periódico. Esse quadro parece estar mudando com o aprimoramento da tecnologia de comunicação. Talvez a iniciativa que obteve o maior sucesso tenha sido umtipodeperiódicoconhecidocomo letter journals, quefoi idealizado
seguindo uma tendência observada nos periódicos tradicionais de publicarem resultados parciais de pesquisas que chegavam às redações em forma de cartas aos editores ou comunicações breves e não como artigos convencionais. A ideia foi, então, abrir veículos de comunicação para pesquisas em andamento, muitas vezes como divisão de um outro título. Atualmente, há um grande número de periódicos exclusivamente dedicados às comunicações prévias,
cuja característica principal é, ou era antes da Internet, a rapidez de publicação. A matéria publicada sofre um processo de seleção bem menos rigoroso que os artigos tradicionais. Hoje, as bases de dados eletrônicas de preprints, descritas mais adiante, cumprem, em parte, essa função. Várias outras alternativas foram testadas, mas não sobrevi veram ou não conseguiram a aprovação ampla das comunidades a que se destinavam. Dentre elas estão a distribuição de separatas e o depósito de material suplementar do artigo em uma biblioteca, acessível sob demanda (com isso diminuindo o volume do fascículo e consequentemente o seu custo). 5.5 ALTERNATIVAS BASEADAS NO MEIO ELETRÔNICO
Nessa busca por alternativas inovadoras e mais satisfatórias, o meio eletrônico foi vislumbrado como a esperança da solução há muito buscada, já que oferece mais rapidez na comunicação e flexibilidade de acesso, tem largo alcance e baixo custo relativo, disponibilidade imediata, é capaz de diminuir a necessidade de manutenção de coleções, barateando os custos. Várias propostas estão surgindo (nem todas serão implementadas), mas duas delas merecem menção especial por sua crescente aceitação e expansão que, segundo alguns, já apontam para uma supremacia em relação aos meios tradicionais, em futuro muito próximo: os periódicos eletrônicos e as bases eletrônicas de preprints. 5.5.1
PERIÓDICOS ELETRÔNICOS
O desenvolvimento muito rápido da Internet e, em particular, dos serviços disponíveis na rede desde I994, modificaram
profundamente o acesso à informação. Pode-se dizer que estamos em um período de transição na comunicação científica, passando de um sistema de publicação tradicional, bastante rígido, para um sistema eletrônico de publicação mais aberta, direta. Os dois sistemas conviveram, no início, de forma quase independente, mas mostram sinais cada vez mais fortes de convergência, com a crescente introdução de periódicos eletrônicos, que conservam certas características dos periódicos tradicionais. A situação, no entanto, ainda é muito instável. A expressão periódicos eletrônicos designa periódicos aos quais se tem acesso mediante o uso de equipamentos eletrônicos. Podem ser classificados em pelo menos duas categorias, de acordo com o formato em que são divulgados: online e em CD-ROM. Os periódicos online diferem dos CD-ROMs por estarem disponíveis via Internet, enquanto os CD-ROMs podem ser comprados ou assinados para uso em microcomputadores isolados. Os periódicos em CD-ROM não diferem muito dos periódicos impressos em papel, mantendo o formato em fascículos, a numeração e a perio dicidade. Além dos periódicos científicos eletrônicos propriamente ditos, há publicações eletrônicas que podem ser fontes de infor mação úteis para pesquisadores, tais como os boletins ou newsletters, listas de discussões ou listserves, sítios de editoras e outras tantas, que não serão considerados neste capítulo por não possuírem as características exclusivas dos periódicos científicos. Considerando apenas os periódicos científicos eletrônicos do tipo online, isto é, aqueles disponíveis nas redes eletrônicas, há também diferenças de formato entre eles. Estão em franca evolução, apresentando novas propostas. Alguns mantêm o formato
tradicional de um periódico impresso, sendo na verdade apenas uma versão eletrônica do periódico tradicional, enquanto outros apre sentam formatos inovadores, sem equivalente em papel, oferecendo muitos recursos, tais como acesso aos documentos citados no texto por meio de links ou elos de hipertextos, links para contato direto com o autor e outras possibilidades de comunicação. Podem incluir som, imagens e movimento. Todos os tipos de periódicos eletrônicos têm algumas carac terísticas comuns: são um meio de comunicação extremamente versátil e rápido, que permite a divulgação da pesquisa imediata mente após sua conclusão, ignorando barreiras geográficas para acesso (embora dependam de equipamentos e linhas de comu nicação eficientes), minimizando barreiras hierárquicas e permi tindo a recuperação de informações de várias maneiras. Mas, apesar das inúmeras possibilidades oferecidas pela tecnologia, a maioria dos periódicos científicos eletrônicos ainda é muito parecida com os periódicos impressos, inclusive na periodicidade e na maneira de identificar volumes e fascículos, especialmente aqueles que são apenas a versão eletrônica de um periódico existente em formato tradicional. Embora apresentem tantas vantagens e possibilidades, ainda há resistência na comunidade científica em aceitar o periódico eletrônico como equivalente ao periódico tradicional. Isso parece ser mais evidente quando os cientistas, na qualidade de autores, escolhem o periódico para o qual enviam seu artigo. Na qualidade de leitores a resistência é bem menor. Ora, se os periódicos tradi cionais impressos já não cumprem bem suas funções de divulgadores da ciência (são lentos demais), se são caros, ultrapassados nos recursos que oferecem, se o sistema adotado para certificar a
ciência recebe tantas críticas e se, por outro lado, os periódicos eletrônicos são rápidos, acessíveis economicamente, fáceis de editar e oferecem tantos recursos para consulta, por que não são mais amplamente aceitos? A verdade é que há ainda muitos pontos controvertidos relacionados aos periódicos eletrônicos. O meio eletrônico ainda não inspira confiança suficiente para substituir o periódico impresso em papel na sua função de registro primário, confiável e autorizado da ciência certificada e, paradoxalmente, também apresenta certas dificuldades de acesso que os periódicos tradicionais não enfrentam. Esses dois problemas — confiança e acesso — não decorrem da tecnologia, mas de questões externas aos aspectos tecnológicos, envolvendo hábitos da comunidade científica, interesses de editoras comerciais e questões tais como a precariedade de algumas biblio tecas, regiões ou países, que não dispõem de recursos materiais ou humanos adequados. Em outras palavras, não são os eventuais problemas tecnológicos que impedem a ampla aceitação do meio eletrônico, mas problemas humanos e económicos. Do ponto de vista da comunidade científica, o maior empecilho para a plena aceitação dos periódicos eletrônicos como equivalentes aos tradicionais parece ser a falta da avaliação prévia dos artigos veiculados. Em reação a essa objeção, um número crescente de periódicos eletrônicos está publicando artigos devidamente avaliados, isto é, que sofrem o mesmo processo de julgamento que os artigos publicados de maneira tradicional. À medida que aumenta o número de periódicos eletrônicos, cujos artigos são submetidos a essa ava liação, aumenta também a aceitação dos artigos neles publicados, como parte relevante da literatura certificada de suas áreas.
Outro empecilho, bastante complexo, está na produção do periódico científico como fonte de lucro, envolvendo, nesses casos, grandes editoras comerciais. O acesso livre e remoto a artigos não é, naturalmente, conveniente para essas editoras, que têm muitos interesses comerciais no mercado de periódicos cien tíficos. Elas costumavam ter clientes certos: as bibliotecas universi tárias em todo o mundo não titubeavam em pagar altas somas pela renovação anual de assinaturas dos periódicos de suas coleções e estavam sempre dispostas a aumentar o número de títulos assinados. Essas editoras, prevendo o futuro, estão investindo pesadamente na migração de seus títulos para o meio eletrônico mas, naturalmente, o acesso a eles será mediante pagamento. Isso já está ocorrendo de maneira bastante acelerada. Um boa fonte de informação sobre periódicos eletrônicos é a base de dados Director/ of Electronic Journals, Newsletters and Academic Discussion Lists = ®, publicada anualmente pela Association of Research Libraries (ARL), cuja versão eletrônica para 1997 está disponível na Internet. Outra fonte interessante é a bibliografia publicada e atualizada frequentemente por Charles W. Baileyjr., da University of Houston Libraries (EUA), Scholarly Electronic Publishing Bibliography **>, O Brasil não está de fora deste movimento. Organizações de fomento à pesquisa, tais como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e o CNPq vêm atuando no sentido de facilitar o acesso de pesquisadores a sítios tais como o Web of Science = ®, que permite o acesso a diversos bancos de dados e textos completos de artigos. Por outro lado, um número crescente de periódicos tradicionais brasileiros está mantendo versões eletrônicas de seus fascículos, publicando artigos completos, facilmente acessíveis por meio de sítios na Internet.
Além dessas iniciativas individuais das revistas, estão começando a surgir algumas fontes terciárias brasileiras, isto é, sítios que informam e dão acesso a várias publicações. Uma * iniciativa interessante — o SciELO (Scientific Electronic Library Online) ** tem como objetivo a implementação de uma biblioteca virtual capaz de fornecer acesso completo a vários títulos, aos fascí culos de um título específico e a textos completos de artigos. O acesso aos títulos de periódicos e aos artigos é possível por meio de índices e formulários de busca. A concepção do ScieELO é parte integrante de um projeto concebido e executado pela FAPESP e pela BIREME (Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde). Até o início de 1999, o projeto já havia incluído 27 revistas científicas brasileiras em várias áreas do conheci mento, com ênfase em revistas de ciências biológicas e da saúde. O % SciELO Brasil publica as edições integrais das revistas, incluindo os textos completos dos artigos, que podem ser consultados online e, em alguns casos, também no formato PDF. A interface das revistas pode ser consultada nos idiomas inglês, português e espanhol. Traz informações detalhadas sobre á revista, corpo editorial, instruções aos autores e informações sobre assinatura. Os artigos estão dispo níveis no idioma em que foram originalmente escritos. As revistas da área de ciências biológicas e da saúde estão disponíveis, em sua maioria, desde 1997, mas já é possível encontrar algumas coleções anteriores a essa data. Todas as revistas são correntes, sendo atualizadas no SciELO de acordo com sua respectiva periodicidade. 5.5.2
BASES ELETRÔNICAS DE PREPRINTS
Paralelamente ao desenvolvimento do periódico científico • eletrônico, as bases eletrônicas de preprints vêm se desenvolvendo
e ganhando espaço como fonte de informação importante para algumas áreas. Preprint é o nome dado à versão original de um artigo ainda não publicado oficialmente. Um dos maiores problemas na publicação de periódicos científicos é o longo tempo que o artigo leva para se tornar disponível e, portanto, ter possibilidade de ser lido e citado. A comunidade de físicos sentia essa inadequação de maneira muito, aguda, o que levou ao surgimento de uma nova forma de comunicação científica entre eles. Consiste em fazer circular entre os membros de uma comunidade científica trabalhos submetidos para publicação em periódicos tradicionais, mas que ainda esperam avaliação. Esses trabalhos são depositados em arquivos eletrônicos de livre acesso, podendo ser consultados a qualquer momento até que sejam aceitos ou rejeitados pelas revistas, quando então serão retirados da base. Deve-se notar que um documento depositado pode não ser publicado como artigo ou, ao ser aceito para publicação por um periódico científico, pode ser obrigado a passar por muitas modificações exigidas pelos avaliadores. Os documentos depositados nas bases de preprints não são normalmente sujeitos à avaliação prévia. Apesar dessa limitação, as bases de preprints vêm obtendo muito sucesso. Certa mente são um prenúncio de modificações profundas na comuni cação científica como um todo, em um futuro próximo. 1 Entre as bases mais conhecidas está a LANL Preprint Archive "*', na área de física, mantida pelo Los Alamos National Laboratory (LANL), nos Estados Unidos, que recebe e torna disponíveis
I, L»ta base lembra a tentativa frustrada da American Association of Psychology (relatada em GARVEY, 1979) que, nos anos 60, fez circular preprints de artigos não avaliados, então em papel.
trabalhos ainda não publicados oficialmente, enviados por físicos no mundo inteiro. A base inclui (segundo dados de março de 1998) mais de 70% da literatura mundial corrente na área de física, rece bendo cerca de quinhentos novos artigos por semana. Segundo informações em seu sítio na Internet, cerca de 75 mil visitas de pesquisadores do mundo todo são registradas por dia. De maneira geral, o LANL estabeleceu um modelo que está sendo seguido por outras bases. 5.6 PERIÓDICOS TÉCNICOS E COMERCIAIS
Diferentemente dos periódicos científicos, voltados para a pesquisa, os periódicos técnicos e comerciais são dedicados aos interesses da indústria e do comércio e, nesse sentido, seus conteúdos são menos académicos. Sua função é interpretar e comentar, bem como informar sobre o desenvolvimento de novos processos, produtos, equipamentos e materiais, estando portanto mais centrados nas áreas produtivas e comerciais. Diferem dos periódicos científicos em vários pontos, estando voltados para o profissional praticante e não para o pesquisador. Por exemplo, nem sempre os artigos que publicam são pré-avaliados ou talvez o sejam segundo critérios não académicos. Os artigos têm, geral mente, um caráter prático, apresentando poucas notas complemen tares ou referências a outros autores, como é a norma no artigo científico. Privilegiam a informação atualizada sobre a indústria e o comércio e, frequentemente, publicam dados estatísticos de inte resse para as áreas de atuação em que se inserem; trazem seções com notícias especializadas e bastante publicidade de interesse dos leitores a quem o periódico se destina. Diferem também na
aparência, usando mais cores e recursos gráficos atraentes, como fazem as revistas populares. A importância como fonte retros pectiva é limitada, já que o conteúdo é de natureza transitória, incluindo também, segundo SCHROEDER (1989), artigos sobre aspectos gerenciais (tendências, prognósticos, marketing, finanças, administração e recursos humanos). No entanto, seus conteúdos podem interessar aos pesquisadores, especialmente das áreas técnicas e das ciências ligadas à saúde. 5.7 FONTES PARA IDENTIFICAÇÃO DE PERIÓDICOS
O grande número de periódicos publicados em todo o mundo e sobre tantos assuntos levanta para os usuários e para as bibliotecas várias questões: como identificar periódicos de inte resse? Como saber que artigos são publicados sobre determinado assunto ou por determinado autor e em que periódicos? Como ter acesso aos seus conteúdos? Todas essas indagações envolvem 0 controle dos periódicos e artigos, expressão que significa conheci mento sobre as publicações, mediante instrumentos que permitam a obtenção de dados sobre publicação, localização física ou con teúdos. São vários os tipos de instrumentos que possibilitam esse Conhecimento e que são descritos a seguir. 5.7.1
IDENTIFICAÇÃO DE PERIÓDICOS COMO PUBLICAÇÃO
Informações sobre os periódicos no todo (não de cada fascículo ou de seus artigos) são obtidas nas listas de periódicos, das quais a mais conhecida é o Ulrich's International Periodicals Directory. A versão impressa da 36a edição, correspondente a 1998,
••
em cinco volumes, contém informações sobre mais de duzentos mil títulos de publicações seriadas e jornais, de periodicidade regular e irregular, oriundos de cerca de duzentos países, além de uma lista de periódicos que deixaram de ser publicados nos últimos três anos. Do total, cerca de 13 mil são periódicos científicos que atendem ao requisito de avaliação de artigos por especialistas. Dos cinco volumes, dois constituem índices que oferecem várias formas de acesso: assunto, ISSN (International Standard Serial Number, número identificador específico para cada periódico), título, títulos modificados e interrompidos, títulos disponíveis em CD-ROM e online, produtor e revendedor, seriados científicos (pré-avaliados), entre outros. Traz também informações sobre os serviços de venda de artigos, que serão descritos mais adiante. A versão impressa de 1998 se completa com um suplemento publicado duas vezes ao ano, o Ulrich's Update. Além da versão tradicional, o Ulrích's é também publicado em CD-ROM, que inclui diversos índices e possibilidades de busca que o meio permite, uma versão online, atualizada mensalmente, e uma versão em fita que permite adaptações para interfaces específicas. Esse tipo de lista, em qualquer meio, é indispensável para a gestão de coleções de perió dicos em bibliotecas que possuem número significativo de assinaturas. Embora as boas fontes internacionais, como o Ulrich's, incluam as principais publicações periódicas brasileiras, a sua cobertura é limitada. No Brasil, o IBICT manteve por algum tempo publicações que listavam periódicos brasileiros de maneira mais ampla, mas a publicação dessas fontes foi interrompida.2 Em 1956, o
2. Agradeço a Regina Márcia de Castro Silva, da Biblioteca do IBICT em Brasília, as informações sobre as publicações e serviços mantidos pelo IBICT, mencionados neste capítulo,
IBICT (então Instituto Brasileiro de Bibliografia e DocumentaçãoIBBD), recém-fundado, iniciou esforço para registrar a produção científica brasileira, com a publicação Periódicos Brasileiros de Cultura, cuja última edição data de 1968. Em 1977, editou Periódicos Bra sileiros em Ciência e Tecnologia e, em 1983, o ISSN: Publicações Periódicas Brasileiras, incluídos títulos de periódicos aos quais havia atribuído o número internacional normalizado de publicações seriadas. O trabalho de identificação e controle das publicações seriadas em geral tomou-se mais eficiente com a criação do International Seriais Data System (ISDS), desenvolvido dentro do programa Universal System for Information in Science and Technology (Unisist) da UNESCO. O sistema utiliza um esquema de numeração, o ISSN, que individualiza cada publicação periódica, facilitando sua identificação. No Brasil, o IBICT é a agência encarregada de atribuir o ISSN às publicações periódicas produzidas no País (CAMPELLO e MAGALHÃES, 1997, Capítulo 8). 5.7.2
IDENTIFICAÇÃO DE ARTIGOS E SEUS CONTEÚDOS
A identificação de artigos de interesse e a obtenção de infor mações sobre seus conteúdos são feitas pelos serviços de indexação e resumo que, embora mostrem uma tendência para cobrir os mais variados tipos de material, ainda têm no periódico a sua fonte principal. Esses serviços têm como critério de organização n3o o título do periódico, mas o assunto do artigo, ou seu autor e, às vezes, também o título (ver Capítulo 16: Serviços de Indexação e Resumo).
5.7.3
LOCALIZAÇÃO DOS ARTIGOS
O acesso aos artigos propriamente ditos é possível mediante instrumentos que identificam onde estão depositados e facilitam a sua obtenção. Os catálogos coletivos são normalmente os instru mentos utilizados para isso. Listam os periódicos pelo título, informando, para cada um, as bibliotecas que os possuem e quais os fascículos existentes na coleção. No Brasil, o IBICT mantém o Catálogo Coletivo Nacional de Publicações Seriadas (CCN) "^ que, atualmente, está disponível para acesso das seguintes maneiras: na Internet (onde o usuário tem acesso às bases de dados do CCN que ainda estão disponíveis através da ferramenta Telnet, além de informações gerais sobre o CCN); CD-ROM (Bases de Dados em Ciência e Tecnologia, IBICT); e microfichas. A obtenção dos artigos identificados no CCN pode ser feita por meio do COMUT (Programa de Comutação Bibliográfica) "* ,I também mantido pelo IBICT. Criado em 1980, o COMUT conta com cerca de duzentas bibliotecas-base, escolhidas para exercerem a função de forne cedoras em virtude da qualidade e abrangência de seus acervos. Disponível online via Internet, o COMUT permite que qualquer pessoa solicite e receba, por intermédio de uma biblioteca, cópias de artigos publicados em periódicos técnico-científicos (revistas, jornais, boletins etc), teses e anais de congressos. As cópias solici tadas são pagas por meio de cupons, e o COMUT tem atendido a uma média de cem mil transações anuais. O sistema online possi bilitou a redução do tempo de atendimento, e há expectativa de aumento na sua utilização. Há vários serviços internacionais, disponíveis na Internet, que oferecem assinaturas de periódicos eletrônicos ou venda isolada de artigos, constituindo um mercado que evolui constantemente.
Atuam nesse mercado online tanto editoras, oferecendo os títulos que editam, quanto intermediários, que oferecem pacotes contendo vários títulos. Todos buscam maneiras de aprimorar seus serviços, agregando facilidades de busca e variedade de opções, tais como índices e links de interesse potencial aos leitores, textos completos, publicação à medida que os artigos ficam prontos (sem esperar pela publicação do fascículo completo) e outros. Como exemplos, dentre os serviços existentes hoje, pode-se citar o UnCover " %> , British Library Document Suppiy Centre (BLDSC) °SP, University Microflms International (UMI) ^>, Swets, ADÓNIS, Engineering Information. O Ulrich's, em suas versões eletrônicas, mencionadas anteriormente, inclui lista desses serviços com informações sempre atualizadas.
5.8
CONCLUSÃO Mais de trezentos anos após o seu aparecimento, os periódicos
científicos, em seu formato tradicional, ainda constituem o meio mais importante para a comunicação da ciência. Mas essa é uma posição cada vez mais ameaçada pela tecnologia, que oferece van tagens que vão muito além das possibilidades da página impressa. Os problemas da autoridade e integridade do texto parecem estar se resolvendo. Resta o problema da preservação e do acesso retrospectivo, problemas que envolvem, além de soluções técnicas, interesses económicos e pessoais. De qualquer forma, o monitoramento constante da situação é tarefa essencial para os profissionais interessados na comunicação científica, pois as opções disponíveis aumentam e se aprimoram, o mercado evolve com rapi dez, o que é novo tem vida cada vez mais curta, sendo rapidamente
substituído por novos produtos e serviços, e a escolha é complexa. Por outro lado, é bastante provável que o formato tradicional permaneç permaneçaa ainda ainda por po r muito mui to temp te mpoo com co m uma opção viável, viável, especial especial mente na sua função de registro e memória da ciência. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVARENGA, Lidia. Uma notícia eletrônica substituiria as revistas científicas? Uma visão do campo de reflexões sobre o periódico científico na França. Perspectivas em Ciência da Informação,
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STUMPF, Ida Regina Chitto. Passado e futuro das revistas científicas. Ciência da Informação, Brasília, v.25, n.3, p.383-386, set./dez. 1996.
LITERATURA CINZENTA SANDRA LÚCIA RÉBEL GOMES MARÍLIA ALVARENGA ROCHA MENDONÇA CLARICE MUHLETHALER MUHLETHALER DE SOUZA SOU ZA
A expressão literatura cinzenta, tradução literal do term ter m o ingl inglês ês grey literature, é usada usada para designa designarr docum documento entoss não convencionais convencionais e semipublicados, produzidos nos âmbitos governamental, académico, comercial e da indústria. Tal como é empregada, caracteriza docu mentos que têm pouca probabilidade de serem adquiridos através dos canais usuais de venda de publicações, já que nas origens de sua elaboração o aspecto da comercialização não é levado em conta por seus editores. A expressão se contrapõe àquela que designa os documentos docum entos convenci convencionai onaiss ou formais, ou seja seja,, a literatura branca. A facilidade de identificação e/ou obtenção de um docu mento está relacionada à maneira como ele é divulgado e comercializado. Documentos formais como livros e periódicos são amplamente difundidos e estão disponíveis no mercado livreiro, podendo ser adquiridos pelos mecanismos usuais de compra, ao contrário daqueles que integram a literatura cinzenta, que são distribuídos fora do circuito comercial. A literatura cinzenta não é uma forma nova de divulgação científica. Já no início do século XX, o meio científico recomendava aos bibliotecários especial atenção em relação a essas publicações (então chamadas de //ff/e literature), no sentido de incorporá-las
aos acervos das bibliotecas académicas, diante de sua importância parao avanço avançoda ciência (SCHMIDMAIER, IDMAIER, 1986). 1986). Oter termo mo grey literature foi cons consag agrad rado o em uma reunião ocorri ocorrida da em 1978, 1978, conh conhecida como como Sem Seminário inário de York, ork, organiza organizada da pela pela antiga antiga British ritish Library Lending Division ivision (BLLD (BLLD), durante durante a qu qual bibliotecári bibliotecários os britânico britânicos s debatera debateram m os problemas de aquisição, de controle bibliográfico e de acesso à literatura cinzenta. Desde então, o termo tem sido usado corrente mente na literatura das áreas de biblioteconomia e ciência da Inform Informação ação,, e se seu correspondente correspondente em português está está substitui substituindo ndo literatura não-conven não-convencional. cional. rapidamente a antiga expressão literatura
6.1 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS Inicialmente, o conceito de literatura cinzenta compreendia apenas os relatórios técnicos e de pesquisa, e a verdade é que eles les constituem constituem,, ainda ainda hoje, hoje, o material predominante nante no conjunto conjunto de documentos que a integram, a saber: publicações governamentais, traduções avulsas, preprints, dissertaç dissertações, ões, teses teses e liliteratura eratura origina originada da de encontr encontros cientí científificos, cos, como os an anais de congre congresso ssos. s. Esses docu docu mentos tê têm su suas especif especifici icidad dades, es, tant tanto o em relação relação à for forma ma como se apresentam quanto às fontes onde podem ser localizados, por isso são tratados em diferentes capítulos deste livro, de modo a aprofundar aprofundar os os aspe aspectos ctos peculiares peculiares de cada cada um. Assim, Assim, neste neste capítulo, capítulo, coube examinar as características e os problemas genéricos da literatura cinzenta. A não-disponibilidade em esquemas comerciais de venda é sua principal característica, reforçada na definição revista e conso lidada pela Third International Conference on Grey Literature, organizada pela GreyNet"*> (Grey Literature Network Service): "Aquela Aquela que que é produzi produzida da em em todos os níveis níveis de governo, governo, nas áreas áreas
académica, do comércio e da indústria, nos formatos impresso e eletrônico, mas que não é controlada por editores comerciais." (GREYNET (GREYNET,, 1999) 1999) Esta ficou ficou conhecida conhecida como a defi definição da Luxembourg Convention on Grey Literature, referindo-se ao local que sediou o encontro. Os organizadores da conferência reco nhecem que os editores das publicações cinzentas (instituições acad académ émicas, icas, de pesq pesquisa uisa e gov governam ernamentai entais) s) não não tê têm a ativi atividade edit editorial orial como sua miss missão ão prim primária ria e quiseram, quiseram, com es essa definição, definição, desa desafifiar ar os edit editores ores comerci comerciais ais a repens repensarem arem su sua posição em relação à literatura cinzenta. Outros aspectos observados na literatura cinzenta podem contribuir para o entendimento de sua caracterização. São geral mente documentos de caráter provisório ou preliminar e repro duzidos em número limitado de cópias, normalmente inferior a mil exem exempl plares ares e algum algumas vezes vezes muit muito menos. menos. Não Não recebem nume ração ração padronizada (ISS (ISSN N ou ISB ISBN) N),, além além de não não serem objet obj eto o de depósit depósito leg legal. al. Outras característi característica cas s acentua acentuam m a sua im importâ portância ncia para a comunicação da informação científica e tecnológica: em muitos casos a informação que veiculam é mais detalhada do que aquela que aparece nos artigos de periódicos e nos livros, além de não aparecer aparecer comument comumente e em outras outras fontes, fontes, ou sej seja, não é publicada formalmente; é uma informação altamente atualizada, disponível e não determinada apenas por interesses comerciais (SIGLE, 1999).
6.2 FONTES PARA IDENTIFICAÇÃO A identificação e a localização da literatura cinzenta têm sido facilitadas por um controle bibliográfico relativamente eficiente nos últimos anos, uma vez que sua importância como forma de
comunicação científica passou a ser reconhecida em diversos países e por inúmeras organizações internacionais. Desde 1931, a literatura cinzenta vem sendo incluída na Deutsche Nationalbibliographie, passando a aparecer sistemati camente também em sistemas de informação especializada, em coleções de bibliotecas científicas e também em sistemas de infor mação criados especialmente para seu controle, como é o caso do NTIS nos Estados Unidos. Um fato marcante em relação ao controle bibliográfico de litera lit eratur turaa cinzenta europeia foi a criação, em 1980, 1980, do SI SIGLE GLE (System for Information on Grey Literature in Europe), iniciativa que se origina do Seminário de York, anteriormente citado, e que recebeu apoio da Comission of the European Communities (CEC). Administrado pela European Association for Grey Literature Exploitation (EAGLE) "*>, o SIGLE tem como missão promover o acesso e o uso da literatura cinzenta produzida na Europa. Atualmente, opera através de uma base de dados online, centralizada e multidisciplinar, multidisciplinar, alimentada por p or centros de 16 paí países. ses.1 A criação da GreyNet é outro fato que merece ser ressaltado. Esta importante rede de âmbito internacional foi estabelecida como um setor da editora MCB University Press, com sede na Holanda, com a finalidade de promover e apoiar o trabalho de autores, pesquisadores, bibliotecários e intermediários de infor mação no campo da literatura cinzenta. Esse objetivo é atingido mediante o estímulo à cooperação internacional, treinamento, organização de eventos e publicação de resultados de pesquisas,
I. Alemanha, Ale manha, Bélgica, Bélgica, Dinamarca, Dinama rca, Eslováquia, Eslováquia, Espanha Espanha,, França, França, Holanda, Holan da, Hungria, H ungria, Irlanda, Itália, Latvia, Luxemburgo, Luxembu rgo, Portugal, Reino Unido, Uni do, República República Tcheca Tcheca e Rússi Rússia. a.
bem como do estabelecimento de uma base de dados referencial internacional. Nesse sentido, a GreyNet compila e distribui infor mação bibliográfica, documentária e factual sobre pessoas e orga nizações e seus respectivos produtos e serviços. Em seu sítio na Internet, tais atividades são divulgadas, podendo-se citar, pelo con junto de informações atualizadas que veiculam, as conferências Internacionais voltadas para o incremento da literatura cinzenta. Os temas focalizados nessas conferências refletem a importância crescente da literatura cinzenta e atestam sua evolução rumo à forma eletrônica. Na primeira (1993), enfatizou-se a produção de literatura cinzenta em formato impresso. Na segunda (1995), observou-se sua expansão em direção aos documentos eletrônícos e, na terceira (1997), discutiram-se novos usos da literatura Cinzenta e seu impacto nos processos de inovação, além de novas formas e novos métodos de armazenamento e distribuição. A quarta conferência, em 1999, em Washington, destaca três aspectos im seu ternário: avaliação global da literatura cinzenta (novos tópicos, formatos e usos); arquivamento da literatura cinzenta eletrônica (recuperação bibliográfica, armazenamento e distribuição eletrônica) >, • copyright (autoria, posse e direitos de propriedade). Estes temas Itestam a primazia da forma eletrônica como registro preferencial da literatura cinzenta e a necessidade de enfrentamento dos problemas 5 que daí derivam. As mudanças decorrentes do novo ambiente informacional representado pela Internet já ocasionam transformações em algufTias das características da literatura cinzenta e em seu próprio con ceito, indicando que, se as formas de comunicação da informação científica estão evoluindo, com a literatura cinzenta não é diferente. A comunicação informal, isto é, o contato direto com especia listas e pesquisadores, é igualmente fonte de informações relevantes
para a localização de literatura cinzenta. Assim, é muito importante o contato permanente com o meio académico — onde se produz grande parte dessa literatura — para identificar documentos de interesse para o pesquisador. Cabe lembrar que a Internet propicia amplo acesso aos produtores da literatura cinzenta através de seus mecanismos de comunicação: e-mail, chat (conversa em tempo real entre usuários conectados em salas virtuais), as listas e os grupos de discussão. 6.3
CONCLUSÃO
A literatura cinzenta vem conquistando, cada vez mais, amplo reconhecimento de um número expressivo de pesquisadores, estudantes, bibliotecários e editores, em razão de sua importância para a pesquisa científica e tecnológica. O advento da Internet tem um significado especial para aqueles que lidam com a produção, a organização e a transferência da informação. No mundo do texto eletrônico, a edição e a distri buição de um documento estão interligados, ou seja, o produtor de um texto pode ser ao mesmo tempo o editor, "no duplo sentido daquele que dá forma definitiva ao texto e daquele que o difunde diante de um público de leitores: graças à rede eletrônica, esta difusão é imediata" (CHARTER, 1998, p.17). Resultam desses aspectos as vantagens que a Internet oferece à literatura cinzenta: pode beneficiá-la de maneira especial, uma vez que fornece, em meio mais eficiente de publicação e acesso, a informação inédita, muitas vezes relativa a pesquisas ainda em processo, atendendo à demanda crescente por essa informação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, Maria do Rosário Guimarães. Consideraciones sobre la literatura gris. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS, 8, 1994, Campinas. Anais... Campinas: Biblioteca Central/UNICAMP, 1994. p.245-258. CHARTIER, R. A aventura do livro, do leitor ao navegador; conversações com Jean Lebrun. São Paulo: Unesp, 1998. GREYNET. Definition ofgrey literature. http://www.konbib.nl/infolev/greynet/ definition.htm (capturado em abril de 1999). POBLACION, Dinah. Literatura cinzenta ou não convencional: um desafio a ser enfrentado. Ciência da Informação, v.2l, n.3, p.243-245, set./dez. 1992. SCHMIDMAIER, Dieter. Ask no questions and you'11 betold no lies: or how we can remove people's fear ofgrey literature". Libri, v.36, n.2, p.98-1 12, 1986. SIGLE. Input: how to make yourgrey documents available through SIGLE. http://www.konbib.nl/sigle/input.htm (capturado em abril de 1999).
RELATÓRIOS TÉCNICOS BERNADETE SANTOS CAMPELLO
Os relatórios técnicos são documentos que descrevem os resultados ou o andamento de pesquisas para serem submetidos à instituição financiadora ou àquela para a qual o trabalho foi feito. São publicações características de entidades que desenvolvem pesquisa, e seus processos de produção são os mais variados. 7.1
EVOLUÇÃO
A história do relatório como meio de comunicação científica, ou mais precisamente tecnológica, está ligada à evolução da indús tria aeronáutica. Os primeiros relatórios que surgiram, em 1909, pertenciam a uma série chamada R&M-Reports and Memoranda, publicados pelo Advisory Committee for Aeronautics, atual Aeronautical Research Council, órgão do governo britânico. Coinci dentemente, nos Estados Unidos, a NASA foi a primeira a publicar relatórios, em 1915. Ainda hoje, a indústria aeroespacial é uma das que mais utilizam o relatório técnico como forma de veicular resul tados de pesquisa. Entretanto, a origem do relatório, na forma como é conhecido atualmente, data de 1941. Nesse ano, foi criado o Office for Scientific Research and Development (OSRD), órgão do governo americano, encarregado de servir como centro de administração dos recursos científicos do país e de buscar aplicação
para os resultados de pesquisas na defesa nacional, durante a Segunda Guerra Mundial. O principal fator para a expansão do relatório técnico como veículo de comunicação foi a sua adequação para apresentar os resultados dos milhares de projetos de pesquisa desenvolvidos no período da guerra: atendiam à necessidade de divulgação restrita e de rapidez de publicação. Com o término do conflito, o OSRD foi extinto, mas as atividades de pesquisa e desenvolvimento não cessaram, e a produção de relatórios continuou. Assim, foi neces sário buscar formas de se manter o sistema de controle bibliográfico de relatórios que o OSRD adotava. Foram então criadas agências com a finalidade específica de desenvolver esse trabalho. Nos Estados Unidos, surgiram três dessas agências: o Defense Documentation Center (DDC), o Technical Information Center da United States Atomic Energy Commission (TIC/USAEC) e o NTIS. As duas primeiras eram especializadas em defesa militar e energia nuclear, respectivamente, e o último era responsável pelo controle de relatórios de diversas áreas. Na Grã-Bretanha, houve movimento semelhante, sendo criados o Techonology Reports Centre (TRC) e, na área de energia nuclear, a United Kingdom Atomic Energy Agency (UKAEA), destinados a colecionar e divulgar relatórios técnicos. Hoje em dia, a produção de relatórios tende a aumentar, e isto ocorre principalmente nos Estados Unidos, mas França e Alemanha também aparecem como grandes produtores. Existem três tipos de organizações que produzem relatórios técnicos nos Estados Unidos: empresas privadas, órgãos governa mentais e instituições contratadas pelo governo. Os relatórios pro duzidos por empresas privadas, que desenvolvem pesquisa indus trial, não são normalmente distribuídos fora da companhia, sendo
portanto os mais difíceis de se obter. Órgãos ligados ao governo federal são responsáveis por apenas um terço da atividade de pesquisa no país e constituem outra fonte geradora de relatórios técnicos. Dois terços dessa atividade são desenvolvidos por universi dades e institutos de pesquisa contratados pelo governo, produ zindo uma quantidade significativa de relatórios. O acesso aos relatórios dessas últimas não apresenta problemas, sendo sua divul gação feita de forma adequada para atender às exigências do contribuinte americano.
7.2 CARACTERÍSTICAS Originalmente destinados a servirem como meio de divulgação confidencial de pesquisas tecnológicas e científicas nas áreas de defesa, aeronáutica e energia nuclear, os relatórios apresentam-se hoje como um veículo de comunicação usual em várias outras disci plinas: educação, economia, medicina, agricultura etc. Constituem um exemplo típico de publicação não convencional ou literatura cinzenta (ver Capítulo 6: Literatura Cinzenta). Os relatórios são resultado de trabalho em equipe, e uma de suas características é a autoria coletiva, ou seja, eles são mais conhe cidos e solicitados pela instituição onde foram gerados e não por seus autores. Costumam ser produzidos em séries, caracterizadas por códigos alfanuméricos, criados pelas entidades produtoras para facilitar sua identificação. O código é geralmente formado pelos seguintes elementos: a sigla da instituição produtora, a indicação da categoria do relatório, a indicação do grau de sigilo, a data, o título do projeto, a indicação do assunto e o número sequencial do relatório na série ou coleção à qual pertence. Existem fontes para identificação desses códigos: Corporate Author Authority List
(1987), publicado pelo NTIS; Report Series Codes Dictionary (1986), entre outras. Outra característica dos relatórios é o número reduzido de cópias. Feitos para uma clientela restrita, o número de cópias é geralmente pequeno. Entretanto, isso é minimizado pelo fato de que as fontes de identificação sempre indicam a quem o relatório pode ser solicitado, sendo que o fornecimento em microforma é bastante comum. Refletindo a tendência do desenvolvimento tecnológico, os relatórios apresentam alto grau de obsolescência, isto é, seu conteúdo informacional fica desatualizado rapidamente. A forma física de um relatório é geralmente a de uma publicação não convencional: reprodução xerográfica e capa mole. Como são produzidos sem a preocupação de atingir um grande público, a linguagem utilizada nos relatórios não tem restrições de estilo, o que constitui um fator de agilização para sua publicação. Essas duas últimas características tornam o relatório muito mais ágil do que o periódico como veículo de comunicação científica, colocando-o como uma alternativa a essa tradicional forma de publicação. A principal crítica feita ao relatório baseia-se no fato de que não passa por um processo formal de avaliação e julgamento, ao contrário do que ocorre com os artigos de periódicos que, para serem publicados, devem passar pelo crivo das comissões editoriais das revistas científicas, o chamado sistema de referee. Há muita discussão sobre esse tipo de literatura, gerado de maneira restrita, para uma clientela específica, sem julgamento, constituindo, segundo alguns autores, um retrocesso com relação à transparência e à abertura que ocorrem num processo de avaliação pelos pares, prática considerada essencial ao progresso científico. Opondo-se a esse ponto de vista, há autores que consideram
que os canais convencionais de comunicação — representados pelos periódicos científicos — apresentam tantos problemas que passaram a se constituir, eles próprios, em formidável barreira à abertura e à transparência fundamentais no processo de comunicação científica, Portanto, as formas não convencionais de divulgação, como os relatórios, tornam-se essenciais para manter livre o fluxo de comu nicação. A verdade é que, considerando-se o volume de relatórios hoje produzidos, cobrindo as mais variadas áreas do conhecimento, bem como a estrutura existente para seu controle e divulgação, não é possível ignorar esse veículo de comunicação científica.
7.3 FONTES PARA IDENTIFICAÇÃO Os sistemas de informação organizados por diversos países para controlar e preservar relatórios técnicos têm facilitado sua Identificação e aquisição, pelo menos no que diz respeito àqueles produzidos por organizações mais conhecidas. Nos Estados Unidos, O NTIS abriga uma coleção formada por quase três milhões de relatórios, produzidos a partir de 1945, oriundos de cerca de duzentas agências de pesquisa americanas e de países como Canadá, Japão, •ntiga União Soviética, além da Europa Ocidental e Oriental. A Coleção recebe aproximadamente cem mil novos documentos por ano e cobre praticamente todos os assuntos. A base de dados do NTIS está disponível através de vários distribuidores comerciais, Como, por exemplo, o Dialog, havendo algumas partes disponíveis •m CD-ROM. O Educational Resources Information Center (ERIC) "*, também mantido pelo govemo americano, possui uma das maiores bases de dados na área de educação, formada por cerca de um milhão de referências, não só de relatórios técnicos como também de artigos de periódicos, livros, anais e materiais instrucionais.
Algumas instituições americanas de pesquisa divulgam elas próprias seus relatórios. É o caso da NASA, que mantém na Internet um sítio, o Langley Technical Report Server =S5, que torna disponíveis resumos e textos completos de seus relatórios não confidenciais. Na Grã-Bretanha, o BLDSC, que tem como uma de suas prioridades reunir literatura cinzenta na forma de relatórios, traduções e teses, possui uma das maiores coleções de relatórios técnicos do mundo. A divulgação é feita através de publicações como British Reports, Translations and Theses e por uma coleção de fascículos que cobrem assuntos específicos, chamada The Focus on British Research Series.
No Brasil não existe uma fonte específica para divulgação ou controle de relatórios técnicos, mesmo porque essa não é uma forma usual de apresentação de resultados de pesquisa, que são mais comumente veiculados através de periódicos. Para identi ficar relatórios produzidos no País, é necessário entrar em contato diretamente com as instituições que desenvolvem pesquisas ou agências de fomento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AUGER, C. P. (Ed.). Use ofreports literature. London: Butterwoths, 1971.226 p. CALHOUN, Ellen. Technical reports demystified. The Reference Librarian, Binghamton, N. Y., n.32, p. 163-175, 1991. CA PO NI O, Josephy F„ MAC EO IN, Doroth y A. The National Technical Information Service: working to strengthen US information sources. The Reference Librarian, Binghamton, N. Y., n.32, p.217-227, 1991.
PUBLICAÇÕES GOVERNAMENTAIS WALDOMIRO VERGUEIRO
Normalmente, os órgãos públicos em geral, no exercício de suas atividades, são responsáveis pela publicação de um variado número de documentos, que objetivam tanto orientar o público na utilização dos serviços, como prestar contas à sociedade sobre as atividades que desenvolvem. Nesse sentido, desempenham Importante papel na constituição de sociedades democráticas, possibilitando aos cidadãos o controle das instituições pertencentes 10 Estado. De uma certa forma, as publicações governamentais funcionam como "um espelho das funções de um governo e de suas agências e seus instrumentos e suas subvenções" (CHILDS, 1973). As publicações governamentais tiveram um incremento signi ficativo a partir do século XIX com a afirmação do Estado moderno • o crescente reconhecimento, por parte tanto de governos como da sociedade, da necessidade de difusão dos atos de seus governantes, visando maior controle da máquina governamental. As publicações oriundas de órgãos governamentais são numerosas e apresentam-se em uma variedade de formatos. Com 0 advento das publicações eletrônicas, governos de todos os países tâm utilizado o meio digital como ambiente para registro e dissemi nação de informação que desejam colocar à disposição do público.
8.1
DEFINIÇÃO
A World Encyclopedia of Librar/ and Information Services (HODUSKI, I993) prefere o termo publicações oficiais, utilizando a definição adotada pela Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias (IFLA), nos seguintes termos: [Publicação oficial é] qualquer item produzido por meios reprográficos ou outros, editado por uma organização que é um 0
organismo oficial, e disponível para uma audiência mais larga que a daquele organismo.
A denominação organismo oficial, dependendo da prática de cada nação, irá englobar tanto as universidades, instituições académicas e de pesquisa, associações industriais e comerciais, bibliotecas, museus e galerias de arte, como também institutos independentes de pesquisa que não sejam receptores diretos de fundos governamentais. Em geral, publicações oriundas de partidos políticos são excluídas da definição acima, embora em países de partido único esta distinção nem sempre seja muito fácil de ser feita. Desta forma, verifica-se que a IFLA define uma publicação governamental com base no organismo responsável por sua publi cação, independentemente de seu conteúdo ou formato físico. Já no Brasil, ALVARENGA (I99I) distingue duas vertentes, ligadas à finalidade de produção dos documentos: a primeira relacio nada aos documentos "produzidos e emanados sob a responsabilidade do governo, no desempenho das funções legais e administrativas dos órgãos, refletindo a vontade e as atividades do governo, gerando direitos e obrigações ou informando aos cidadãos", enquanto que a segunda irá fazer referência àqueles "produzidos e editados pelos órgãos públicos para comunicação de resultados de estudos e
pesquisas, desenvolvidos com o intuito de subsidiar o trabalho governamental ou a tomada de decisão, nem sempre refletindo a opinião oficial ou a vontade do governo". Durante o VII Seminário de Publicações Oficiais Brasileiras, realizado em 1990, foi proposta uma definição, aparentemente baseada na definição da IFLA acima transcrita, que buscou englobar todas as possíveis características das publicações governamentais: Documentos bibliográficos e não bibliográficos, produzidos por qual quer processo, editados sob a responsabilidade, a expensas, por ordem ou com a participação dos órgãos da administração pública, ou de entidades por ela controladas, com o objetivo de registrar a atuação do Estado e de informar ou orientara opinião pública sobre a mesma (ALVARENGA, 1993).
8.2
PUBLICAÇÕES GOVERNAMENTAIS BRASILEIRAS
O Brasil, como a maioria dos países, é palco de uma variedade de publicações governamentais, elaboradas seja com o intuito de divulgar as atividades dos diversos governos em âmbito da Federação, dos Estados e dos Municípios, seja como fruto de atividades especí ficas dos diversos órgãos governamentais. Nesse sentido, o resul tado é uma verdadeira babel de publicações de todos os tipos e formatos, algumas apresentando um nível de qualidade similar ao de suas congéneres em países mais desenvolvidos, enquanto que as demais — talvez a grande maioria — sendo caracterizadas por um processo rudimentar, quase amador de editoração. Já no final da década de 50, MEYRIAT (1958) denunciava essa situação fazendo uma descrição da realidade brasileira que, mais de quarenta anos depois, ainda parece válida:
...num país em que os gastos públicos não são controlados, em que os órgãos governamentais têm muitas vezes suas funções desvirtuadas, em que o apadrinhamento e a política clientelística ainda são dominantes, infelizmente não há critérios coerentes na política de editoração oficial brasileira.
LOMBARDI (1974), na introdução ao guia Brazilian Serial Documents, corrobora a descrição acima, afirmando que através dos anos os órgãos da administração federal brasileira têm sido criados, extintos e reorganizados sob um emaranhado de nomes, o que tem complicado a identificação e localização de suas publicações. Praticamente todos eles divulgam notas oficiais, relatórios de pesquisas e legislação, através de publicações seriadas. Estas publicações são vastas em número, variadas no tipo e no assunto. Podem ser jornais, anuários, anais, boletins ou relatórios de atividades, e ter interesse administrativo, artístico, legislativo, literário, de pesquisa, científico ou técnico. O formato e a frequência de publicação variam enormemente, desde uma simples página mimeografada de periodicidade irregular até um periódico cuidadosamente produzido.
Considerando as dimensões continentais do País, a baixa padronização das publicações governamentais não pode ser vista, no entanto, como mais um indicador do descaso das instituições ligadas ao poder público em relação à consecução das atividades para as quais foram legalmente constituídas. Mas é, deve-se reco nhecer, um elemento a mais a ser corrigido para que elas consigam atender em plenitude a seus objetivos institucionais. Como diz ainda ALVARENGA (1993), a inexistência de "comités editoriais" para avaliarem a pertinência do conteúdo da publicação, dentre outras funções, faz com que sejam
publicados itens desvinculados da realidade da instituição e até mesmo em desacordo com os programas vigentes, o que, seguramente, causa no público externo grande perplexidade, devido à desarticulação entre as funções e ações de uma entidade, ou mesmo entre o trabalho das várias unidades que compõem uma instituição.
Em termos de normalização das publicações oficiais, pode-se afirmar que muito pouco ainda se conseguiu caminhar no País, apesar do trabalho meritório da Comissão de Publicações Oficiais Brasileiras (CPOB) da Associação de Bibliotecários do Distrito Federal (ABDF). Desde sua criação, na década de 70, a CPOB vem realizando sistematicamente seminários para discutir a proble mática das publicações oficiais brasileiras. Dois trabalhos visando auxiliar na normalização e processamento técnico de publicações governamentais foram publicados durante a década de 70, sendo de grande utilidade para os profissionais da informação: Cabeçalhos Uniformes para Entidades Coletivas Brasi leiras e Manual de Normas Mínimas de Editoração para Publicações Oficiais.
No que diz respeito ao controle bibliográfico das publicações governamentais no Brasil, a Bibliografia de Publicações Oficiais Brasi leiras: Área Federal, organizada pelo Centro de Documentação e Informação da Câmara dos Deputados, constitui, provavelmente, a iniciativa mais ambiciosa já desenvolvida no território nacional. Iniciada em 1981, teve seu sétimo volume publicado em 1990, Para buscas retrospectivas, pode-se utilizar, além do guia de Lombardi já mencionado, as publicaçõesCuide to the Official Publications ofthe Other American Republics III — Brazil, editado em 1948 pela Library of Congress e o Latin American Serial Documents, de autoria de Rosa Mesa, publicado pela University Microfilms, em 1968.
8.3 DIVULGAÇÃO E CONTROLE Por serem produzidas diretamente pelos órgãos públicos, grande parte das publicações governamentais constituem docu mentos de difícil localização e aquisição. Na maior parte das vezes, a obtenção de documentos governamentais implica no conheci mento exato da instituição responsável pela sua publicação e na realização de contatos diretos com os responsáveis por sua veiculação. Nem sempre isso é uma tarefa muito fácil. As instituições governamentais diferem quanto à importância que dão a suas publi cações; enquanto algumas se organizam de forma a fazer com que sua produção chegue ao conhecimento do público e seja por ele adquirida, outras simplesmente não têm qualquer preocu pação com o estabelecimento de uma infra-estrutura mínima para sua disseminação. Em muitos países, a falta de uma política que designe biblio tecas para funcionarem como depositárias desse tipo de documento acaba inviabilizando qualquer busca retrospectiva de publicações governamentais. Produzidas em quantidade limitada, elas podem ter suas edições rapidamente esgotadas, sem que qualquer preo cupação com sua reedição jamais apareça e sem que exista, na instituição produtora, sequer o cuidado de manter um único exemplar para fins de registro histórico. Dessa forma, fruto apenas de imposições legais ou burocráticas, deixam de cumprir a função de memória institucional e perdem sua razão de ser, representando, em muitos casos, um injustificável desperdício de recursos públicos. Nem sempre as publicações governamentais são alvo de um bom trabalho de divulgação por parte dos organismos oficiais, o que dificulta a população tomar conhecimento de muitos assuntos
que lhe dizem respeito. Assim, embora grande parte das publicações governamentais possa ser obtida de forma gratuita, seus destinatários em potencial acabam não tendo acesso a elas, mesmo quando estão disponíveis em bibliotecas e centros de documentação. Isso ocorre, muitas vezes, por uma simples questão de desconhecimento. Por outro lado, a muitas instituições oficiais não interessa realizar uma atividade sistemática de divulgação de suas publicações, na medida em que isso representaria um aumento de interesse por parte do público e uma demanda maior pelas publicações, que talvez as instituições produtoras não teriam condições financeiras ou infra estruturais para atender. Essas e outras questões acabam por fazer com que a circulação das publicações governamentais seja bastante restrita e, com certeza, sempre aquém do necessário. O controle bibliográfico das publicações governamentais tem tradicionalmente se constituído em uma atividade inglória. Não obstante as iniciativas institucionais da IFLA visando a consti tuição de um esquema para controle bibliográfico universal de publicações governamentais e buscando arregimentar instituições que, em cada país, ficariam responsáveis pela catalogação, segundo padrões internacionais, das publicações oriundas de seus organismos Oficiais, muito ainda resta a ser feito. São poucos, na realidade, os países que adotaram uma política permanente para adoção desses padrões. É o caso, por exemplo, da Inglaterra, onde o Her Majest/s Stationery Office (HMSO) foi definido como a instituição responsável pela edição, divulgação e comercialização das publicações governa mentais em nível federal, o que facilita enormemente o seu controle. Também nos Estados Unidos a atividade de controle ocorre de forma racionalizada, pois o Government Printing Office (GPO) "*\ •m cooperação com a Library of Congress, realiza anualmente a
catalogação de milhares de publicações oficiais, efetuando um trabalho que pode servir de modelo para os outros países. Entre outras coisas, pode-se salientar, por exemplo, que o GPO publica um Monthly Catalog ofU. S. Government Publications, que anual mente lista perto de cinquenta mil publicações das áreas do legislativo, executivo e judiciário do governo federal. O advento da comunicação eletrônica traz enormes conse quências para a produção, divulgação e controle de publicações governamentais. Se, por um lado, sua produção e divulgação parecem ser favoravelmente afetadas, possibilitando a redução de custos e acesso facilitado aos interessados, por outro, o controle desses documentos passa a enfrentar dificuldades maiores, pois aumenta a probabilidade de aparecimento de publicações sem respeito a normas e padrões universalmente aceitos. No entanto, aparente mente desatentas às implicações para o controle bibliográfico, cresce cada vez mais o número de instituições governamentais que tornam disponíveis suas produções bibliográficas na Internet, tomando-as mais acessíveis ao público interessado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVARENGA, Lidia. Definição de publicações oficiais. Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG,
v.22, n.2, p.213-238, jul./dez. 1993.
CHANDLER, Helen E. Towards open government: official information on the web. New Librar/ World, v.99, n.l 144, p.230-236, 1998.
CHILDS, James Bennett. Government publications (documents). In: KENT, Allen, LANCOUR, Harold, DAILY, Jay E. (Ed.). Encyclopedia ofjibrary and information science.
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HODUSKI, Bemadine E. Abbott Official publications. In: World encyclopedia of library and information services. 3rd.ed. Chicago: American Librar/ Association, 1993. p.634-636. LOMBARDI, M. Brazilian serial documents. Bloomington: Indiana University Press, 1974. MEYRIAT, J. (Ed.). Etude de bibliographies courantes des publications officiales nationales. Paris: UNESCO, 1958. RATZAN, Lee. Uncle Sam on the Net. Wilson Library Bulletin, v.69, n.6, p.59-60, Feb. 1995.
TESES E DISSERTAÇÕES BERNADETE SANTOS CAMPELLO
Teses e dissertações são documentos originados das atividades dos cursos de pós-graduação. Esses cursos visam principalmente a capacitar professores para o ensino superior, além de formar pesqui sadores e profissionais de alta qualificação em vários níveis. No nível de mestrado, o aluno, para obter o título de mestre, deve, além de completar um curso formal, elaborar uma dissertação consistindo em um trabalho de pesquisa que demonstre sua capacidade de sistematização e domínio do tema e da metodologia científica. Já no nível de doutorado, o aluno deve produzir uma tese que envolva uma revisão bibliográfica adequada, sistematização das informações existentes, planejamento e realização de trabalho necessariamente original. No Brasil, o termo dissertação está associado ao grau ou título de mestre, e o termo tese ao grau de doutor. É importante observar que em outros países os termos são usados de maneira diversa. Na Grã-Bretanha, tese (thesis) é normalmente utilizado para descrever todo o género, independentemente do grau académico a que se refere, enquanto que nos Estados Unidos e na Europa continental, o termo mais utilizado é dissertação (dissertatiorí).
9.1
EVOLUÇÃO
As teses e dissertações tiveram origem nas universidades medievais que, desde o século XII, conferiam graus académicos. As universidades, naquela época, eram muito diferentes das atuais, formais e burocráticas, e consistiam de associações informais de estudantes e professores. O emprego de professor em uma uni versidade medieval quase sempre implicava no estabelecimento de um contrato direto com os estudantes, que pagavam determinada quantia pelas aulas ministradas. Com o aumento do número de comunidades universitárias, houve a necessidade de proteger a reputação do ensino das melhores escolas, e isso forçou o apare cimento de um sistema que pudesse assegurar a competência dos novos docentes. Assim, os candidatos a professor nessas comunidades deveriam submeter-se a um processo de avaliação de conhecimentos, dirigido por um grupo de docentes mais antigos do estabelecimento. No século XIII, na Universitá degli Studi di Bologna, a avaliação era feita em duas etapas: um exame público e outro privado; o primeiro era o verdadeiro teste de competência, sendo o exame público uma mera formalidade. Para o exame privado o candidato era apresentado por um patrocinador (isto é, um professor que já lecionasse no estabelecimento) e deveria fazer uma exposição oral sobre dois assuntos escolhidos no momento pelo grupo de examinadores. O candidato tinha algumas horas para preparar a apresentação dos temas, auxiliado pelo patrocinador. Em seguida à apresentação, era arguido por dois professores escolhidos pelo grupo, sendo que todos os outros poderiam propor questões. O processo concluía-se com uma votação, e a maioria simples dos votos era suficiente para a aprovação do candidato.
O título de mestre conferido ao candidato aprovado indicava que ele dominava o assunto de sua área de conhecimento. O título de doutor não tinha, na época, significado especial em termos de nível de capacitação académica, correspondendo exatamente ao de mestre. Em algumas universidades, esse título era conferido aos membros dos órgãos da administração superior. O termo doutor com seu atual significado, isto é, designando a titulação do candidato que tenha se submetido a uma educação académica aprofundada, seguida de defesa de tese, surgiu no século XIX, na Alemanha, e é usado hoje quase que universalmente. Atualmente, as práticas para a atribuição de graus académicos variam de país para país e de universidade para universidade; dentro de uma mesma instituição de ensino superior pode haver variações no processo, de uma escola para outra. Os cursos de pós-graduação das universidades brasileiras conferem títulos de mestre e de doutor que, na carreira académica, permitem que o titulado exerça as funções de professor assistente e adjunto, respectivamente. Os títulos mais conhecidos conferidos por universidades nos Estados Unidos e outros países de língua inglesa são: o MA, o MBA, o M.Sc. que correspondem ao nível de mestrado. No nível de doutorado há o Ph.D. e o MD, entre outros. Em algumas universidades estrangeiras, que mantêm longa tradição de conferir graus académicos, a cerimónia de titulação tem uma formalidade que repete as práticas de séculos passados, e as vestimentas para a ocasião consistem em longas vestes pretas, com detalhes de cores e decorações que correspondem a determinada área do conhecimento. A proliferação dos cursos de pós-graduação no mundo inteiro reflete os esforços feitos para a formação de pesquisadores, e a
manutenção de cursos de pós-graduação strícto sensu,1 isto é, nos níveis de mestrado e doutorado, confere às universidades um grande prestígio. No Brasil, a maioria delas despendeu muito esforço nos últimos anos, não só criando novos cursos, como também melhorando a qualidade dos já existentes, de forma a obter o conceito mais alto nas avaliações da CAPES. Essa avaliação é reali zada periodicamente e termina com a atribuição, a cada curso ou programa, de um conceito representado por uma nota. O processo baseia-se em uma série de critérios que incluem, entre outros, os seguintes aspectos: o impacto das atividades do curso na sociedade, a qualificação e a produção científica do corpo docente, bem como seu reconhecimento em nível internacional e a produção de teses e dissertações. A obtenção de uma boa nota dá ao curso maiores chances de receber as verbas destinadas pelo Governo às atividades de pós-graduação. 9.2
CARACTERÍSTICAS
Teses e dissertações são consideradas um tipo de literatura cinzenta (ver Capítulo 6: Literatura Cinzenta) no sentido de que não contam, na maioria dos casos, com um sistema de publicação e distribuição comercial. Poucas são as teses que atingem esse estágio, devido principalmente ao seu conteúdo extremamente especializado, que vai interessar a um público muito restrito. Teses que abordam temas de interesse mais amplo podem ser publicadas como livro e encontram, portanto, um canal de divulgação maior.
I. No Brasil os programas de pós-graduação se estruturam em três níveis: especialização (também chamado de lato sensu), mestrado e doutorado (stricto sensu).
A publicação da tese ou dissertação como artigo de periódico é uma prática que tem sido estimulada no Brasil pela CAPES; isso pode garantir melhor divulgação do documento, mas exige um trabalho de compactação que, muitas vezes, o autor não está disposto a empreender. Assim sendo, a maioria das teses e disser tações mantém-se na sua forma original: impressão xerografada, número pequeno de exemplares, normalização deficiente. Essa última tende a diminuir à medida que surgem os manuais de normali zação bibliográfica, muitas vezes publicados pelas próprias univer sidades, facilitando o trabalho de padronização e possibilitando uma melhor qualidade na apresentação das teses e dissertações (ver lista ao final deste capítulo). 9.3
FONTES PARA IDENTIFICAÇÃO
Embora consideradas como literatura cinzenta, teses e disser tações não apresentam grandes problemas no que diz respeito a sua identificação e obtenção, pois sempre houve instituições inte ressadas na sua divulgação. As universidades e faculdades onde são defendidas, os órgãos de fomento de pesquisas, ministérios de educação e de ciência e tecnologia são entidades normalmente empenhadas em tornar teses e dissertações acessíveis através de publicações que, entretanto, têm distribuição restrita. Uma forma de distribuição de teses e dissertações baseada num esquema comercial é o serviço fornecido pela empresa americana University Microfilms International (UMI), que trabalha na divulgação e venda de teses desde 1938. Originalmente, o autor da tese ou a universidade interessada pagava para que a obra fosse microfilmada e para que o resumo aparecesse na publicação
Microfílm Abstracts. Em 1952, o Microfílm Abstracts foi substituído pelo Dissertation Abstracts que, por sua vez, refletindo a inclusão de teses europeias a partir de 1968, passou a chamar-se Dissertation Abstracts International. Atualmente, o Dissertation Abstracts International Online é uma enorme base de dados, com cerca de um milhão e meio de referências, crescendo na proporção de 180 mil registros por ano. A base, que cobre todos os assuntos, incorpora os antigos serviços oferecidos pela UMI: Dissertation Abstracts International, American Doctoral Dissertations, Comprehensive Dissertation Indexe Master Abstracts, incluindoteses
defendidas desde 1861. Cerca de um milhão das teses estão dispo níveis em texto completo. Além do serviço via Internet, que é comercializado por diversos brokers (Ovid, Dialog, Online Computer Library Center — OCLC, dentre outros), a base de dados está disponível em CD-ROM. A venda é feita por solicitação dos interessados e há um serviço — o Dissertation Express — que vende cópias não encadernadas por um preço mais acessível. As primeiras tentativas de divulgação sistemática de teses no Brasil foram feitas na década' de 70, quando ocorreu a ampliação dos cursos de pós-graduação no País, e os primeiros cursos criados começavam a se consolidar. O antigo IBBD, atual IBICT, coiecionava as teses brasileiras e as divulgava no suplemento Livro, do Jornal do Brasil. Era uma forma de divulgação bastante precária, que se manteve durante pouco tempo. A CAPES também desenvolveu um processo de controle e divulgação, publicando, em 1974, a Lista de Dissertações e Teses. Logo depois, em 1977, o próprio Ministério da Educação (MEC) iniciou a edição do Catálogo do Banco de Teses, interrompido em 1982, que teve cinco volumes publicados, incluindo no total cerca de 15 mil referências. Houve também uma tentativa de copiar a fórmula desenvolvida pela UMI, feita por uma empresa paulista,
a IMS-Informações, Microformas, Sistemas S/A que, em 1977, iniciou a publicação do índice Cenate, mas que teve vida curta. Em 1986, o IBICT, já na sua fase de informatização e reto mando o trabalho iniciado pelo IBBD, iniciou a publicação do índice de Teses, gerado a partir da base de dados Teses, que incluía dados de quase todas as teses financiadas pelo CNPq e de outras que eram enviadas ao IBICT por instituições de ensino superior do País. Criada em 1984, a base Teses incluía aquelas defendidas desde 1982 e, na área de ciência da informação, mantinha registros desde 1971. Em 1996, o IBICT lançou o Sistema de Informação sobre Teses (SITE "*), disponível na Internet através do Prossiga, ampliando sua atuação no controle e divulgação de teses brasileiras. E uma rede formada inicialmente por 13 bibliotecas de instituições de ensino superior do País e pela biblioteca do próprio IBICT, responsável pela alimentação do sistema com as teses defendidas no exterior. O sistema, que conta atualmente com cerca de sessenta mil registros, vai funcionar com os documentos propriamente ditos descentrali zados (com exceção das teses defendidas no exterior que serão mantidas na biblioteca do IBICT) e os registros centralizados. Assim, as universidades devem manter em suas bibliotecas centrais ou setoriais pelo menos um exemplar de cada tese ali defendida e devem atender às solicitações de cópias pelo COMUT. As teses e dissertações devem ser analisadas no contexto da educação pós-graduada. Seu valor e qualidade vão depender também da qualidade dos cursos onde são produzidas, além da competência do orientador e, portanto, o processo de seleção de teses para inclusão no acervo de bibliotecas deve levar em conta esses aspectos. A área do conhecimento é outro fator que tem influência no status das teses e dissertações. Em áreas com
grande volume de produção bibliográfica, tende-se a considerar esses documentos como meros exercícios académicos e a valorizar mais as formas nobres de publicação, como os artigos de periódicos. Assim sendo, os profissionais da informação precisam conhecer o contexto de produção de teses e dissertações da área em que atuam, de maneira a formar coleções que realmente sejam úteis para seus usuários. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DAVINSON, D. Theses and dissertations: as information sources. London: C. Bingley, 1977. RUTLEDGE, John B. European dissertations: production, access, and use. Collection Management, v. 19, a 1/2, p.43-67, 1994.
VILAN FILHO, Jayme Leiro. Catálogo coletivo de teses: situação atual e pers pectivas. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE COMUTAÇÃO BIBLIOGRÁFICA, Campinas, 1994. Anais... Brasília: IBICT, 1995. p.21-29. MANUAIS PARA ELABORAÇÃO DE TESES E DISSERTAÇÕES
FRANÇA, Júnia Lessa et ai. Manual para normalização de publicações técnico-científicas. 4.ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1998. SILVA, Maria Virgínia dos Santos et ai. Estrutura da dissertação/tese e sua apresentação gráfica. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 1985. UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO. Biblioteca Central. Nor malização e apresentação de trabalhos científicos e académicos: guia para alunos, professores e pesquisadores da UFES. Vitória, 1997. UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SÃO PAU LO. Coordenadora Geral de Bibliotecas. Normas para publicações da UNESP. São Paulo: Editora UNESP, 1994. v. 4. Dissertações e teses. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Biblioteca Central. Normas para apresentação de trabalhos. Curitiba: Editora UFPR, 1996. Parte 2: Teses, dissertações e trabalhos académicos. SILVA, Mário Camarinha da, BRAYNER, Sónia. Normas técnicas de editoração: teses, monografias, artigos e papers. 3.ed. Rio de Janeiro: UFRJ, 1995. SOUZA, Francisco das Chagas de. Escrevendo e normalizando trabalhos académicos: um guia metodológico. Florianópolis: Editora da UFSC, 1997.
TRADUÇÕES BERNADETE SANTOS CAMPELLO
Existem hoje no mundo cerca de seis mil línguas de importância variada. Os 12 idiomas mais falados hoje são o mandarin (falado por cerca de oitocentos milhões de chineses), o hindi, o espanhol e o inglês (por mais de trezentos milhões de pessoas cada um), o bengali, 0 árabe, o russo e o português (por aproximadamente duzentos milhões cada um), o japonês e o alemão (falados por cerca de cem milhões de pessoas cada um), o francês (setenta milhões) e o malaio (cinquenta milhões). Se considerarmos o inglês como segunda língua, esse idioma passa a ser o segundo mais falado: cerca de quatrocentos milhões de pessoas. O mandarin e o hindi são línguas maternas de cerca de 25% da população mundial; entretanto, menos de 1% da literatura científica • técnica do mundo é publicado nesses idiomas. O inglês, ao Contrário, sendo a língua materna de apenas 8% da humanidade, 4 Utilizado em mais de 50% da literatura científica e técnica. Apenas Cinco idiomas (inglês, russo, alemão, francês e japonês) são usados em 1096 das publicações especializadas; os restantes 10% são escritos MS demais línguas, incluindo o português. Muitas das línguas faladas por um número pequeno de pessoas tendem hoje a desaparecer 1 a serem substituídas por línguas de maior alcance. Calcula-se que 90% das línguas faladas na década de 90 estarão extintas ou Condenadas ao desaparecimento até o final do século XXI.
Esses dados mostram a predominância de certos idiomas na divulgação de pesquisas e a necessidade de tradução de traba lhos para que essa divulgação se dê de forma ampla. Mesmo com a influência do inglês como idioma de publicação da literatura científica e técnica, e levando-se em conta o número de pessoas que o domina, uma parte dessa literatura é produzida em outras línguas, geralmente pouco acessíveis, necessitando ser traduzida. A atividade de tradução é complexa e lenta, e a produtividade de um tradutor se compara à de um copista na Idade Média: cerca de mil a seis mil palavras por dia, dependendo da complexidade do texto. 1 0.1 A TRADUÇÃO NA ÁREA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA O inglês tem sido a língua preponderante na comunicação da pesquisa científica e tecnológica e, com o advento da Internet, consolida-se cada vez mais como o idioma dos pesquisadores. Há também, em praticamente todos os países em desenvolvi mento, uma pressão das instituições financiadoras de pesquisa e das próprias universidades para-que os cientistas publiquem em revistas de prestígio internacional, que são geralmente em língua inglesa. Aqueles que insistem em publicar em suas línguas pátrias têm seus trabalhos desvalorizados nos processos de avaliação institucional e, consequentemente, acabam penalizados na distri buição de recursos para a pesquisa. Outra prática que se torna comum atualmente é a pressão sobre os editores de periódicos científicos para publicar suas revistas em inglês, de forma a alcançar uma maior visibilidade na comunidade científica internacional. Tudo isso sinaliza para um processo de homogeneização na linguagem científica, com o inglês despontando como o idioma universal.
10.2 TRADUÇÃO AUTOMÁTICA
As pesquisas para desenvolvimento de tradução automática, como recurso para agilizar a elaboração de traduções, sofreram um incremento na década de 50, após a Segunda Gerra Mundial. Durante a Guerra, os Estados Unidos já tinham projetos sobre o assunto, visando a tradução automática de documentos militares. Na mesma época, também a França, a Inglaterra e a antiga União Soviética desenvolviam pesquisas na área. Na década de 60, praticamente todos os projetos com financiamento governamental foram suspensos, devido às dificul dades na solução de problemas linguísticos, embora alguns traba lhos custeados pela iniciativa privada ainda continuassem. Hoje o maior esforço de pesquisa em tradução automática é feito pelo Japão, considerando o interesse comercial do país tanto na expor tação de seus produtos, quanto na absorção de conhecimentos científicos e tecnológicos gerados em outros países. A União Europeia, que tem como princípio a igualdade de tratamento para cada uma das línguas oficiais de seus países mem bros, desenvolve atualmente um grande projeto de tradução auto mática, o EUROTRA, envolvendo todos os países membros, num total de nove idiomas oficiais (francês, italiano, alemão, holandês, Inglês, dinamarquês, grego, espanhol e português). O EUROTRA tem dois objetivos: desenvolver um protótipo para tradução automática entre as línguas da União Europeia e estimular a pesquisa em linguística computacional nos países membros. Pode-se observar que as motivações para o desenvolvi mento dos projetos de tradução automática variaram ao longo do tempo, refletindo interesses militares, técnico-científicos, comer ciais e políticos.
10.3 FONTES PARA IDENTIFICAÇÃO DE TRADUÇÕES
As instituições que trabalham com tradução de documentos científicos e técnicos geralmente não têm como objetivo a sua publicação formal. Assim, é comum que essas traduções sejam feitas sob encomenda, e o resultado é um serviço rápido que permite ao solicitante entender o conteúdo geral do documento, sendo secundárias as questões de estilo. Essa possibilidade de um trabalho menos sofisticado barateia o custo da tradução e tem sido utilizada, por exemplo, pelo Centro Argentino de Información Científica y Tecnológica (CAICYT). A fonte mais completa para a identificação de traduções em todos os campos da ciência e da tecnologia é o World Translations Index, uma base de dados de cerca de quinhentos mil registros, que cresce na proporção de 2.500 registros por mês. A base reúne referências de documentos cuja tradução é comunicada ao International Translations Center (ITC) "*', localizado em Delft, Holanda, e ao Centre National de la Recherche Scientifique et Technique (CNRS), na França, que são as organizações mantenedoras da base de dados. O World Translations Index, que é também fornecido em versão impressa, inclui a referência biblio gráfica do documento original e do traduzido, e cópias podem ser solicitadas diretamente à organização responsável pela tradução, 'i já que a referência inclui sempre a informação de onde pode ser obtida. Cerca de metade dessas traduções é de documentos tradu zidos do russo para o inglês; outros 30% são do japonês e alemão j para o inglês. Outra fonte de documentos traduzidos é o BLDSC, que os divulga, juntamente com relatórios e teses do seu acervo, na publi- \ cação Brítish Reports Translations and Theses. Nos Estados Unidos,
o National Translations Center (NTC), criado em 1953, e que, desde 1989, estava sediado na Library of Congress, fechou suas portas em 1993, devido aos altos custos de manutenção do pro grama. Funcionando como um centro de informações sobre tra duções, o NTC possuía cerca de um milhão de registros sobre documentos traduzidos e mantinha um acervo próprio de mais ou menos quatrocentos mil documentos traduzidos, nas áreas de ciências físicas, médicas e sociais. Alguns sítios na Internet podem ser úteis para identificação de traduções: é o caso do English Language Translations: a Guide to Selected Resources in the Duke University Libraries **S3. Embora voltado para os usuários de uma universidade, esse tipo de sítio pode servir para identificação de fontes para traduções. Existem também fontes especializadas que divulgam docu mentos traduzidos em determinadas áreas do conhecimento, Como é o caso do Translations Index: a quarterly source and author ; Index to the available translations into English oftechnicalpapers in ffietals and materiais, publicado desde 1977 pela American Society ©f Metals que, como o próprio nome indica, é voltado para a metalurgia e ciência dos materiais. 0.4 TRADUÇÕES CAPA A CAPA
Instituições que fornecem serviços de tradução trabalham 'iralmente com artigos de periódicos, trabalhos de congressos, documentos de patentes e normas técnicas. Mais rara é a tradução (je teses e livros. Alguns periódicos são traduzidos na sua totalidade para idiomas Jfllls conhecidos; são as chamadas traduções capa a capa. Grande
número desses periódicos constituem tradução de publicações em russo e já têm aparecido algumas traduções de outros idiomas. A grande vantagem dessas publicações é a facilidade de sua obtenção, já que são produzidas dentro de esquemas comerciais. A identificação desse tipo de periódico pode ser feita por meio de fontes específicas para esse fim, como, por exemplo, Journals in Translation (5.ed., 1991), publicado pelo BLDSC, que lista principalmente periódicos russos, seguidos dos alemães e japoneses. A cobertura, no que concerne ao assunto, abrange ciência e tecnologia, mas alguns periódicos de ciências sociais são incluídos. 10.5 FONTES PARA IDENTIFICAÇÃO DE TRADUTORES
O alto custo e o tempo necessário para se traduzir um docu mento exigem que se esgotem todos os meios disponíveis para encontrar uma tradução já pronta, antes de encomendá-la a um tradutor. Existem pessoas e serviços especializados nessa atividade na maioria das capitais brasileiras, e as listas telefónicas são uma opção para sua identificação. Umafontemaisabrangente é Tradução e Terminologia: Reper
tório Biográfico Internacional, que reúne dados biográficos de cerca de dois mil tradutores do mundo inteiro, com endereços e princi pais publicações traduzidas. A obra é publicada pela União Latina, de Paris, e pelo International Information Center for Terminology (Infoterm), de Viena, além de duas organizações privadas do Reino Unido e Alemanha. Conta com o apoio da Federação Internacional de Tradutores e de vários outros organismos internacionais. Na internet, encontram-se inúmeras listas e serviços de tradutores, embora não se possa ter garantias sobre a qualificação dessas
pessoas. É o caso da lista da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) ^ e d a Webra: índice do Mercosul -*1. A identificação de documentos traduzidos não se apresenta como um problema significativo nas bibliotecas brasileiras de pes quisa, já que a maioria dos pesquisadores do País domina o inglês. O domínio do francês também é razoável, e o espanhol, pela similari dade com o português, não constitui problema para o cientista brasileiro. Entretanto, considerando-se o custo e o tempo gastos para se obter uma boa tradução, é necessário que o bibliotecário conheça as fontes disponíveis. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARANOW, Ulf G. Tradução automática hoje: uma visão panorâmica. In: SIMPÓSIO LATINO-AMERICANO DE TERMINOLOGIA, 2, ENCONTRO BRASILEIRO DE TERMINOLOGIA TÉCNICO-CIENTÍFICA, I, 1990, Brasília. Anais... Brasília: CNPq/IBICT, 1992. p.67-77. GIETZ, Ricardo A. La información en latraducción técnico-científica: perspectivas de Ia TAC e de Ia TA. In: SIMPÓSIO LATINO-AMERICANO DE TERMI NOLOGIA, 2, ENCONTRO BRASILEIRO DE TERMINOLOGIA TÉCNICOCIENTÍFICA, I, 1990, Brasília, Anais.,, Brasília: CNPq/IBICT, 1992. p.81-88. KALIYAN, S., RAO, V. Kasi. Information disseminationthrough document translation: subject specialíst or translator? Library Review, v.42, n.6, p.47-55, 1993.
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11 NORMAS TÉCNICAS MARIA MATILDE KRONKA DIAS
A normalização é uma característica essencial da atividade humana desde os primórdios da civilização, tendo sido essencial no desenvolvimento da linguagem falada e escrita. Outros aspectos de normalização da atividade humana em épocas passadas podem ser observados quando o comércio entre os povos primitivos exigiu o estabelecimento de medidas padronizadas de peso, dimensão e formas de pagamento. A padronização de produtos é outro tipo de normalização empregada há muito tempo pelo homem. Uma das primeiras tenta tivas de normalização de produtos foi a British Pharmacopaeia, publicada inicialmente em 1864. Essa obra determinava a composição ideal de drogas e de produtos químicos usados em medicamentos e, desde então, tem sido editada regularmente (HOUGHTON, 1972). A necessidade da normalização na indústria foi sentida logo que se iniciaram as atividades fabris e, a partir daí, a padronização de componentes passou a ter uma função essencial em nossa sociedade que é, basicamente, tecnológica. A economia propor cionada pelo emprego de normas técnicas na área industrial é fundamental em economias baseadas no conceito de produtivi dade. As normas simplificam o processo de produção em massa, asseguram a uniformidade do produto, eliminando uma variedade desnecessária e antieconômica.
A normalização é uma atividade social e econômica a ser promovida mediante a cooperação mútua de todos os elementos envolvidos. O estabelecimento de uma norma deve ser baseado no consenso geral: A normalização é o processo de estabelecer e aplicar regras a fim de abordar ordenadamente uma atividade específica, para o benefício e com a participação de todos os interessados e, em particular, de promover a otimização da economia levando em consideração as condições funcionais e as exigências de segurança, (REIS, [s.d.].)
A normalização é de grande importância no comércio interna cional. Os países em desenvolvimento, interessados via de regra em aumentar o volume de suas exportações, devem adotar normas de fabricação e controle de qualidade aprovadas internacionalmente, garantindo uma melhor aceitação de seus produtos. O papel que a normalização desempenhou na década de 90 foi fundamental para o êxito das empresas brasileiras em função de diversos fatores, a saber: a formação de blocos econômicos; como o dos países da União Européia, o dos chamados tigres asiáticos; e o norte-americano; a crescente organização do consumidor brasi*1 leiro, mais exigente com a qualidade dos produtos; a exigência normalização de produtos e serviços, explicitada no Código dt; Defesa do Consumidor e, finalmente, a necessidade df competitividade no mercado internacional, aberto à concorrência externa, que tem exigido especificações de alto padrão tecnológico. O número de normas técnicas que um país produz pode ser um indicador do seu grau de desenvolvimento tecnológico,
O Brasil possuía, até 1998, cerca de dez mil normas, produzidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) "* e registradas no Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (SINMETRO). Embora seja um número alto, é pouco significativo se comparado com alguns países desenvolvidos, não tendo o País uma tradição na utilização de normas. Entretanto, a globalização da economia tem levado o Brasil a desenvolver um esforço maior na questão da normalização. Assim é que, na década de 80, o País se mobilizou na busca da qualidade de produtos e serviços, aderindo às normas da série ISO 9000. Essas normas originaram-se do modelo de qualidade e produtividade do Japão, país que desde a década de 50 tem investido no desenvolvimento de uma industrialização voltada para a exportação — portanto, altamente competitiva — e que, por isso mesmo, precisava oferecer produtos mais baratos e de melhor qualidade. As normas ISO 9000 são adotadas por inúmeros países, principalmente os da União Européia, e foram incorporadas, no início da década de 90, pela ABNT, ao conjunto de normas brasileiras. São normas estruturais que se destinam a organizações que desejam implantar llstemas de controle de qualidade, funcionando como comple mento aos requisitos para produtos e serviços definidos pelas •ipecificações técnicas, fornecendo diretrizes para a gestão e garantia da qualidade. Na metade da década de 90, sob o imperativo das exigências imbientais, surgiram as normas da série ISO 14000. A série é um conjunto de normas que se destinam a ajudar as empresas a se adequarem ao paradigma do crescimento responsável, no qual a tconomia do meio ambiente se desloca da visão do impacto ambiental como um custo adicional, que se reflete negativamente
nos balanços das empresas, e passa a ser vista como um agente de competitividade e de novas oportunidades de negócios. Essas normas também foram incorporadas ao conjunto de normas brasi leiras, e o País passa a contar com instrumentos de apoio à expor tação e de atendimento à pressão pública que exige não só pro dutos e serviços com qualidade assegurada, mas também ambientalmente sadios e, ainda, que os recursos naturais sejam usados de forma racional para manter as condições de vida adequadas para as gerações atuais e futuras (DEDDING e TANAKA, 1991). A inclusão de tópicos relativos à normalização nos currículos de algumas escolas brasileiras de engenharia demonstra clara mente a preocupação em desenvolver nos especialistas maior conscientização da importância do uso de normas técnicas. 11.1
CARACTERÍSTICAS
Segundo VEADO (I985): Norma técnica é um documento que reflete a consolidação de uma tecnologia; nela podem encontrar-se a definição dos parâmetros de um produto, sua provável padronização e os métodos para sua certificação; também pode definir as especificações de projetos, as características das matérias-primas, os procedimentos de fabricação e os métodos de ensaio e inspeção.
E necessário fazer uma distinção entre as normas técnicas aqui descritas e as normas físicas, que têm uma função diversa, tratando de grandezas físicas ou fenômenos naturais e que não estão sujeitas a mudanças ocasionadas pelo progresso científico
e tecnológico. São as normas ou medidas de temperatura, tempo, peso, massa, comprimento etc. O formato físico de uma norma técnica varia muito: ela pode aparecer como um folheto mimeografado ou impresso, sem capa, ou como um volume encadernado, como é o caso das normas da American Society for Testing and Materials (ASTM) ^ cuja edição de 1998 em papel se apresenta em 62 volumes. Deve-se estar atento para o aspecto de atualidade das normas técnicas que são documentos dinâmicos, sempre sujeitos a revisões e que acompanham de perto o desenvolvimento tecnológico. A solicitação de uma norma pelos técnicos é feita em geral por um código alfanumérico, que indica a entidade produtora e o número da norma específica dentro dessa entidade. Assim o profis sional da informação poderá ser solicitado a localizar a norma BS 3012, ou NBR 6023, ou DIN 1945, que são respectivamente uma norma britânica, uma brasileira e uma alemã. O termo norma técnica é usado em relação a publicações que Incluem especificações, códigos de prática, recomendações, métodos de testes, nomenclaturas etc. A classificação dos diversos tipos de normas brasileiras elaboradas pela ABNT pode ajudar na com preensão dos termos sob os quais uma norma técnica aparece, bem como auxiliar na definição dos vários tipos de normas que existem. Segundo o referido órgão, as normas são classificadas em: • "classificação (CB): ordena, designa, distribui e/ou subdivide conceitos, materiais ou objetos, segundo uma determinada sistemática; • especificação (EB): fixa as condições exigíveis paraaceitação ti
ou recebimento de matérias-primas, produtos semi-acabados, produtos acabados; • método de ensaio (MB): prescreve a maneira de verificar ou determinar características, condições ou requisitos exigidos de um material ou produto, de acordo com a respectiva especificação; de uma obra, instalação, de acordo com o respectivo projeto; • procedimento (NB): fixa condições para: a execução de cál culos, projetos, obras, serviços, instalações; o emprego de materiais e produtos industriais; certos aspectos das transações comerciais (ex.: reajustamento de preços); a elaboração de documentos em geral, inclusive desenhos; a segurança na execução ou na utilização de uma obra, equipamento, insta lação, de acordo com o respectivo projeto; • padronização (PB): restringe a variedade pelo estabelecimento de um conjunto metódico e preciso de condições a serem satisfeitas com o objetivo de uniformizar características geomé tricas, físicas ou outras, de elementos de construção, materiais, aparelhos, produtos industriais, desenhos e projetos; • simbologia (SB): estabelece convenções gráficas e/ou literais para conceitos, grandezas, sistemas ou partes de sistemas; • terminologia (TB): define, relaciona e/ou dá a equivalência em diversas línguas de termos técnicos empregados em um determinado setor de atividade, visando ao estabelecimento de uma linguagem uniforme". (BRASIL, 1978)
Essas definições, embora propostas pelo órgão brasileiro da área, são aplicáveis a normas de outros países e mesmo a normas internacionais. 11.2 ORGANIZAÇÕES PRODUTORAS
O grande número de normas técnicas usado em atividades científicas e tecnológicas é produzido por uma variedade de organi zações tanto governamentais como privadas. Essas organizações podem ser divididas em quatro categorias: • organizações internacionais O principal objetivo dessas organizações é a promoção de atividades de normalização em nível internacional e o desenvol vimento de cooperação mútua entre os órgãos nacionais. As mais conhecidas são a ISO e a International Electrotechnical Commission (IEC) =S3. A ISO é uma federação mundial integrada por organismos nacionais de normalização, contando com um representante por país. É uma organização governamental (da qual a ABNT é membro fundador) estabelecida em I947, contando atualmente com cerca de cem membros. A IEC é uma federação constituída em 1906, nos moldes da ISO, atuando especificamente na normalização internacional no campo da eletricidade. O Brasil foi um dos primeiros países não europeus a associar-se à IEC e, como conseqüência, fundou em 1908 o Comitê Eletrotécnico Brasileiro, que se uniu à ABNT quando de sua criação, transformando-se no atual Comitê Brasileiro de Eletricidade (COBEI, CB-03). As organizações regionais podem ser incluídas aqui. São aquelas formadas por países membros localizados numa mesma região e que trabalham para seu benefício mútuo. Podemos citar
como exemplos a Comissão Pan-americana de Normas Técnicas (COPANT) e o Comitê Européen de Normalisation (CEN) -*\ Outro exemplo é o do Comitê Mercosul de Normalização, que surgiu em decorrência da criação do Mercosul, em 1991. Os projetos de norma Mercosul (NM) estão submetidos a votação pelos organismos de normalização dos países integrantes do Mercosul: Instituto Argentino de Normalización (IRAM), ABNT do Brasil, Instituto Nacional de Tecnologia Y Normalización (INTN) do Paraguai e Instituto Uruguayo de Normas Técnicas (UNIT); • organizações nacionais A maioria dos países possui órgãos que preparam e publicam normas a nível nacional, a fim de beneficiar a indústria e o comércio locais. Esses órgãos, via de regra, representam seus países na ISO e em outras entidades internacionais; • organizações governamentais Alguns órgãos do governo também produzem normas apli cáveis às suas atividades específicas; • outras organizações Nesse grupo estão as sociedades técnicas, associações profis sionais e comerciais, instituições de pesquisas etc. Também aqui deveriam ser incluídas as indústrias ou empresas privadas que pro duzem suas próprias normas ou adaptam às suas necessidades as normas editadas por outras instituições. Algumas empresas ou grupos de empresas mantêm atividades normalizadoras permanentes com a finalidade de orientar compras, fabricação, vendas e outras operações para a satisfação das necessidades de seus clientes. Como exemplos temos a American Society of Mechanical Engineers (ASME) "*, cujas normas são bastante conhecidas no
campo da engenharia mecânica, e a Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG) "e,1 no campo da engenharia elétrica. A multiplicidade multiplicidade das das fontes produtoras pode dificultar as as tarefa tarefass de identificar, selecionar e adquirir as normas mais adequadas. 1 1 . 3 A NORMALIZAÇÃO NO BRAS BRASIL IL No Brasil, o marco inicial da normalização foi a criação da A B N T em setembro setembr o de 1940 1940.. A A B NT é uma sociedad sociedadee civil, sem fins lucrativos, reconhecida pelo Governo Federal como entidade de utilidade pública pela Lei 4150/1962. Seu objetivo é promover a elaboração de documentos normativos e colaborar nas atividades relativas à normalização, fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro. É representante no Brasil das entidades de normalização ISO e IEC. A ABNT é constituída de 35 comitês, dois organismos de normalização normalização setoria setoriall e 12 órgãos espec especiai iais, s, atuando atuando nas nas mais mais diversa diversass áreas. Essas comissões são integradas por produtores, órgãos de defesa do consumidor, governo, entidades de classe, universidades, escolas técnicas e outros, que analisam e discutem propostas de projetos de normas. Obtido o consenso, o projeto é submetido à aprovação nacional, para então passar à condição de norma técnica. Além desses, conta com um Grupo de Apoio à Normalização Ambiental (GANA) e comitês ISO/TC. Como exemplo, a área de informação e documentação é representada pelo Comitê Técnico, o ISO/TC 46 e o SC 9 que tratam especificamente de normas para apresentação, identificação e descrição de documentos. Uma vez aprovada, a norma é encaminhada ao Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
(INMETRO) ^ que a registra como norma brasileira. A partir daí, a norma recebe um código de identificação formado pela abreviatura NBR e por um número seqüencial que a individualiza (exemplo: NBR-10520). Da primeira reunião de uma Comissão de Estudo até o registro da norma há um processo de elaboração que demora de seis meses a dois anos. Até 1973, a ação governamental na área de normalização técnica limitou-se ao apoio dado pelo Governo à ABNT, no sentido de considerá-la como entidade de utilidade pública e de instituir por lei a obrigatoriedade de observância de normas técnicas nos contratos de obras e compras do Serviço Público. Naquele ano foi criado o SINMETRO, com a finalidade de formular e executar a política nacional nas referidas áreas. A ABNT passou a ser identificada como Fórum Nacional, local de compatibilização dos interesses públicos, das empresas industriais e do consumidor. Seu objetivo principal é justamente garantir o consenso de todos os envolvidos, direta ou indiretamente, na elaboração de normas técnicas, através de seus comitês. O SINMETRO, integrado por entidades públicas e privadas que exercem atividades relacionadas com metrologia, normalização industrial e certificação da qualidade de produtos industriais, visa a defesa do consumidor, a conquista e a manutenção do mercado externo, a racionalização do mercado industrial com a compatibilização de todos os interesses comerciais, industriais e do consumidor. O SINMETRO tem como objetivo dotar o País de infra-estrutura de serviços tecnológicos para a qualidade e produtividade com a criação de normas e regulamentos técnicos, de redes de laboratórios de calibração e de ensaios e de um sistema de certificação de conformidade.
O sistema é formado basicamente por dois órgãos, ambos vinculados ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, com características e atribuições específicas. O Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (CONMETRO) é um colegiado interministerial que exerce a função de órgão normativo do SINMETRO e que tem como sua secretaria executiva o INMETRO, O CONMETRO é responsável pela coor denação e diretrizes gerais executivas, coordenação internacional, planos, programação e estudos do Sistema. O INMETRO é o órgão executivo central do sistema. No âmbito de sua ampla missão institucional, objetiva fortalecer as empresas nacionais, aumentando sua produtividade por meio da adoção de mecanismos destinados à melhoria da qualidade de produtos e serviços. Sua missão é trabalhar decisivamente para o desenvolvimento socioeconômico e para a melhoria da qualidade de vida da sociedade brasileira, contri buindo para a inserção competitiva, para o avanço científico e tecnológico do País e para a proteção do cidadão, especialmente nos aspectos ligados à saúde, segurança e meio ambiente. Além disso, funciona como fórum de compatibilização dos interesses governamentais com os seguintes comitês: químico, siderúrgico, mecânico, naval, aeronáutico, eletroeletrônico, de veículos rodo viários, transportes ferroviários, transportes urbanos, construção civil, alimentos e bebidas. Para oferecer ao CONMETRO o adequado assessoramento técnico, foram criados os seguintes comitês: Comitê Nacional de Normalização; Comitê Brasileiro de Certificação; Comitê Nacional de Credenciamento; Comitê Codex Alimentarius do Brasil; Comitê Brasileiro de Metrologia e Comitê de Coordenação de Barreiras Técnicas ao Comércio.
No Brasil, outras entidades governamentais, prefeituras, indús trias e institutos de pesq pesqui uisas sas també também m elaboram suas normas técnicas, técnicas, como a CEMIG e o Instituto Adolfo Lutz de São Paulo. Em alguns casos, essas normas não estão restritas às fronteiras da entidade que as gerou, mas se encontram disponíveis para uso de outras organizações do mesmo ramo. 11.4 FONTES PARA IDENTIFICAÇÃO
A maioria das organizações normativas publica catálogos, periódicos, boletins e outros materiais de divulgação de grande utilidade no trabalho de identificação de normas. A British Standard Institution (BSI), por exemplo, tem diversas publicações de divul gação: BSI News, boletim mensal que registra as normas novas e revistas; Sectional Lists, que são listas de normas de assuntos espe cíficos. A Association Française de Normalisation (AFNOR) "® publica o Courher de Ia Normalisation; a American National Standards Institution (ANSI) "*\ o ANSI Report. AA ABN BNT T lanç lança anua anualmen lmente te o Catálogo ABNT, incluindo a relação
de todas as normas por ela aprovadas, bem como a correspondência numérica das normas ABNT com as normas aprovadas pelo SINMETRO. O ABNT Boletim assegura uma atualização mensal, divulgando as normas publicadas, as normas canceladas, projetos em estudo, além de uma variedade de normas estrangeiras. Fornece um banco de dados com informações referenciais de todas as Normas Brasileiras e do Mercosul, o texto completo das normas das séries ISO 9000, I0000 e 14000. Está disponível mediante a assinatura do Sistema CENWIM 3.0 (Controle Eletrônico de Normas para Windows — Versão 3.0). O aplicativo do sistema é
fornecido sem custo e é um programa multiusuário, podendo ser instalado em servidores de redes sem limitação de usuários. Algumas empresas comerciais oferecem serviços de identi ficação e acesso a normas técnicas. E o caso do IHS Group (Information Handling Services Group) ~& que torna disponível, por meio do Worldwide Standards Service Plus Index, uma lista contendo cerca de trezentos mil normas de mais de quatrocentas organizações, além de documentos normativos escaneados de cerca de oitenta organizações, tais como ANSI, ASTM, API (Am erican Petroleum Institute), ISO, BSI, DIN (Deutsches Instituí für Normung), AFNOR, dentre outras. Criado em 1984 1984,, com o objetivo de auxiliar auxiliar o fluxo de infor mações tecnológicas básicas, principalmente entre pequenas, médias e microempresas, o SINORTEC (Sistema Nacional de Informações sobre Normas Normas e Regul Regulame amento ntoss Técnicos) Técnicos) procura procura ampliar o conheci conhec i mento e a conseqüente utilização das normas brasileiras. O sistema é uma fonte para identificação e aquisição de normas através de três núcleos núcleos bási básico coss de normas normas técnica técnicass que funcionam na ABNT AB NT,, no INMETRO e no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) "*\ Esses núcleos desenvolvem uma variedade de serviços que bus cam atender à demanda diversificada e ágil do setor industrial e comercial por documentos normativos, tais como: especificação de materiais, métodos de análise e de ensaio, normas de cálculo e de segurança, terminologia técnica, simbologia, padronização dimensional, gestão ambiental e da qualidade, normas de produtos, Em 1986, foi implantado no Setor de Informação sobre Normas Técnicas (INTec) do IPT o serviço Empresa-INTec, com a finalidade de fornecer às empresas interessadas — através de um
contrato de adesão — acesso aos serviços de documentação e informação do INTec. Contando com um dos maiores e mais completos acervos de normas técnicas da América Latina, possui mais de oitocentos mil documentos normativos, entre normas vigentes, históricas e duplicatas, de natureza industrial e/ou governa mental e de origem nacional, nacional-estrangeira e internacional (DEDDING e TANAKA, 1991). O periódico Science & Technology Libraries, em número dedicado dedicado
às normas técnicas, apresenta uma extensa relação de recursos bibliográficos disponíveis sobre normas estrangeiras (SCIENCE & TECHNOLOGY LIBRARIES, 1988). A identificação de normas produzidas no âmbito de empresas deve ser feita através de contato direto com as mesmas, já que não existem instrumentos específicos para este fim. A medida que a tecnologia avança, normas técnicas são estabelecidas para cobrir novos campos, de modo a proporcionar segurança e padronização. A importância adquirida por esse tipo de material bibliográfico no processo de transmissão da informação exige que se conheça a dinâmica de sua produção e se desenvolvam meios eficientes para selecioná-lo e adquiri-lo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEZERRA, C. A. M., SÃO THIAGO, E. C. de. O Mercosul e as normas técnicas. Ciência da Informação, Brasíl Brasília, ia, v.21, v.2 1, n. I, p.68-70, jan./abr. 1993. 1993. BRASIL Ministério da Educação e Cultura. Departamento de Assuntos Uni versitários e Ministério da Indústria e Comércio. Secretaria Executiva do Normalização: histórico e informações. Brasília, 1978. 27p. CONMETRO. Normalização: histórico
BRASIL Ministério da Indústria e Comércio. Secretaria de Tecnologia Industrial, Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial: legislação
e resoluções. Brasília: MICISTI, 1976. Slp. DVWIG NON, A. Normas ambientais ISO 14000: como podem influenciar sua empresa. Rio de Janeiro: CNI, 1995. 66p. DEDDING, Anita Tereza, TANAKA, Edmar Rinaldo. Informação sobre normas técnicas no IPT: uma experiência de auto-sustentação. Ciência da Informação, Brasília, v.20, n. I, p.69-73, 1991. H O U G H T O N , B . Technical Information sources: a guide to patents, specifications, standards and technical reports literature. London: C. Bingley, 1972. M9p. MACEDO, L. T. Quando normalização técnica quer dizer interesse nacional. Dados e Idéias, São Paulo, v.4, p.2-8, 1979. REGAZZI FILHO, C. L. Normas técnicas: conhecendo e aplicando na sua empresa. Rio de Janeiro: CNI, DAMPI, 1995. 60p. REIS, M. J. L. ISO 14000: gerenciamento ambiental, um novo desafio para a sua competitividade. São Paulo: Qualitymark, [s.d.]. 200p. SANTOS, M. V. R. A norma como fonte de informação bibliográfica. Ciência da Informação, Brasília, v.l I, n.2, p.23-30, 1982. SCIENCE & TECHNOLOGY LIBRARIES. The role of standards in sci-tech libraries. Binghamton, N.Y.: Hatworth Press, v.9, n.2, 1988. VEADO, J. T. A norma técnica. ABNT Notícias, Rio de Janeiro, v.3, n.25, p.3, 1985.
A PATENTE RICARDO ORLANDI FRANÇA
A invenção é um ato intelectual que se configura por trazer à consciência uma novidade, algo por ninguém ainda pensado a respeito de assuntos de conteúdo técnico. A invenção muitas vezes se materializa em produtos ou processos de fabricação e provoca um avanço real nas atividades industriais, podendo ser por isso bastante valorizada, tornando-se mesmo um bem econômico. Entretanto, sendo formada por raciocínios e conhecimentos técnicos, como uma síntese da experiência e das habilidades do inventor, ela é, na verdade, uma propriedade intangível, volátil, impossível de ser retida. Assim sendo, o meio elaborado pela sociedade para assegurar a posse desse tipo de bem econômico é a patente. 12 .1 DEFINIÇÃO, OBJETIVOS E CARACTERÍSTICAS
A patente de invenção é o instrumento legal destinado a proteger a invenção aplicável à indústria, durante um prazo detempo definido, contra cópias e quaisquer outros usos não autorizados pelo seu possuidor, de modo a permitir-lhe a exploração rentável dessa nova idéia. A patente declara a existência de um monopólio temporário, outorgado pelo Estado ao inventor ou a outrem por ele indicado, reconhecendo-lhe o direito de propriedade e de
exploração da invenção descrita nesse documento. A patente pode ser concedida a pessoas físicas ou jurídicas, isoladamente ou em grupo. São dois os objetivos clássicos do sistema patentário. O primeiro trata de recompensar o inventor de uma novidade técnica, que tenha necessariamente uma aplicação industrial, através da concessão pelo estado do direito de exclusividade para a exploração dessa invenção por um prazo determinado. Como contrapartida, o inventor (ou quem mais detenha os direitos de propriedade da invenção) está obrigado a explorar a patente outorgada no território desse estado. De acordo com a interpretação atual desse princípio, a patente dá ao seu detentor o direito de excluir outras pessoas de todos os atos relativos à invenção, ou seja, impede a fabricação, uso, importação e venda do produto ou processo patenteado sem a sua devida autorização. O segundo objetivo é a plena e universal divulgação das inovações tecnológicas geradas pelas invenções, para possibilitar o seu uso no benefício geral da humanidade, desenvolvendo as artes e a indústria. O sistema patentário, na atualidade, tem ainda outras caracte rísticas importantes internacionalmente reconhecidas. Uma delas é que a patente será concedida a quem fizer o pedido (chamado depósito de patente) primeiro, independentemente da data da invenção. A exceção notória são os Estados Unidos, onde a autoria de um invento é de quem provar tê-lo concebido primeiro. Na maioria dos países presume-se que o depositante do pedido é o real detentor dos direitos solicitados, seja ou não seu inventor. Outra característica é que a invenção, para a qual se pede patente, deve atender ao requisito de novidade absoluta, isto é,
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não pode ser já conhecida em lugar nenhum do mundo. Como esse critério é muito difícil de ser aferido, considera-se para a pesquisa da novidade as fontes escritas. Concede-se um período de graça de 12 meses anteriores ao pedido, no qual o inventor, ou terceiros, podem divulgar o invento, inclusive com a sua apre sentação em exposições internacionais oficiais, sem quebra desse requisito. É fundamental também que a patente represente uma invenção, ou seja, ela não deve ser naturalmente deduzida do estágio atual da técnica. Do mesmo modo, a patente deve necessariamente ter alguma aplicação industrial. Assim sendo, criações intelectuais, tais como teorias científicas, métodos matemáticos, programas de computador e as criações estéticas, não são patenteáveis. Em geral, considera-se ainda como não patenteável o que for contrário à segurança e à saúde públicas, bem como os seres vivos e materiais biológicos como são encontrados na natureza. Em alguns países também é vedado o patenteamento de ligas metálicas e materiais resultantes de transformações atômicas. A questão da engenharia genética e das transformações produzidas em seres vivos continua sendo polêmica. Algumas nações preferem adotar uma legislação específica sobre alguns aspectos da manipulação biológica que têm significativa repercussão econômica, como fez o Brasil através da Lei 9.456/1997 que trata dos cultivares vegetais. 12.2 A HISTÓRIA DO SISTEMA DE PATENTES Desde a Antigüidade e através da Idade Média, algumas cidades européias e da Ásia Menor especializaram-se na fabricação de artigos
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que se tornaram reconhecidos em todo o mundo ocidental pela sua originalidade, qualidade ou utilidade, resultando na transferência de prestígio do artigo para a própria cidade. Assim foi com a produção de vidro em Murano (Veneza), de porcelanas em Sèvres e Limoges, de espadas em Toledo, de cutelaria em Solingen, de ourivesaria em Florença, trazendo fama e riqueza para essas comunidades. A conseqüência natural foi que os artesãos procuraram pro teger seus rentáveis negócios, agregando-se em corporações de ofício ou guildas, de modo a obter as matérias-primas necessárias sem sobressaltos e com uniformidade, e a escoar com maior renta bilidade e segurança sua produção. Eles terminaram por descobrir que a condição sine qua non para manterem seu monopólio de mercado, com base nos conhecimentos técnicos ímpares que detinham, era o segredo profissional que só poderia ocorrer se houvesse uma disciplina rígida na corporação. Esse tipo de sociedade profissional tinha uma estrutura hierár quica peculiar, evoluindo o conhecimento do estágio de aprendiz a artesão e a mestre-de-ofício, sempre baseado no sigilo sobre os métodos de trabalho: cada aprendiz admitido tinha que jurar manter segredo sobre as técnicas aprendidas e nunca discuti-las fora dos limites da corporação. Nada era escrito — todas as fórmulas e processos eram decorados, às vezes com a ajuda de cânticos e versos mnemônicos (NICHOLAS, 1984). A estrutura de produção das corporações constituiu-se num importante estágio entre o artesanato e a produção industrial. Entretanto, ao iniciar-se o modo de produção capitalista moderno, as corporações de ofício passaram a representar um entrave ao desenvolvimento econômico, já que os cidadãos de iniciativa, mas fora do seu rígido esquema, quase sempre eram impedidos de
estabelecer sua indústria nas cidades. Além disso, a estrutura corporativa burguesa conquistou uma total liberdade de ação em relação ao sistema de poder político, na época feudal. Tomava-se cada vez mais importante para os governantes, com a formação dos grandes estados nacionais, ter novamente essa estrutura submetida ao seu arbítrio (HUBERMAN, 1977). Uma maneira de reduzir essa liberdade de ação era justamente o rompimento do sigilo de fabri cação, desmantelando-se sua razão de ser. Em 1474, a República de Veneza promulgou a primeira lei específica sobre patentes, beneficiando os fabricantes independentes de vidro de Murano (RIMMER e GREEN, 1985), proclamando através de uma litterae-patente, ou seja, uma carta-aberta, um compromisso entre o Estado e um cidadão, pelo qual o governo manteria um monopólio de manufatura para o segundo no seu território, durante um período regular de tempo e, em troca, este divulgaria seus proce dimentos de fabricação. Note-se que esses procedimentos deveriam ser recém-inventados, pois na época as corporações não abriam mão dos seus segredos. Uma vantagem adicional para o Estado (e também para a civilização), com a divulgação dos inventos, era o próprio desenvolvimento da técnica, já que o regime de autocontrole das corporações evitava a adoção de inventos que pudessem representar um avanço de uma oficina em particular. Assim, qualquer inovação só poderia ser posta em uso pelo consenso dos mestres oficiais, o que era raro. Seguindo o modelo veneziano, vários Estados passaram a adotar esquemas semelhantes, e o direito de patentes foi sendo aperfeiçoado. Em 1624, o Parlamento da Inglaterra promulgou o Statute ofMonopolies, que é a base do sistema contemporâneo de patentes. A lei considerava como novidade inventiva qualquer
produto ou processo de manufatura não conhecido ainda no Reino Unido, independentemente de já ser conhecido ou usado em outros países, daí resultando diversos conflitos sobre os direitos da novidade, cuja solução só foi possível a partir de 1714, quando a lei passou a obrigar o inventor a providenciar a descrição completa da sua invenção no pedido de patente, de modo a melhor esclarecer o julgamento de pendências. Em meados do século XIX, a prática de concessão de patentes já estava desenvolvida e adotada como legislação nacional na maioria dos países integrantes da Revolução Industrial. Entretanto, a proteção aos direitos de estrangeiros não era ainda regulamentada, dificultando a apresentação de invenções em exposições internacionais, tal como sucedeu na Exposição de Viena de 1873, quando a negativa dos estrangeiros em divulgar suas inovações, sem garantias de proteção contra cópias não autorizadas, quase a inviabilizou. O efeito imediato foi a realização do Congresso de Viena para a Reforma das Patentes, que iniciou um entendimento sobre a abrangência internacional da proteção legal. Continuado em Paris, em 1878 e 1880, o movimento finalizou pela Convenção da União de Paris para a Proteção da Propriedade Industrial de 1883, apoiada inicialmente por apenas 14 países, mas evoluindo rapida mente até contar na atualidade, após dez revisões,1 com mais de 140 países membros (OMPI, 1998). No que diz respeito ao Brasil, já na Constituição imperial de 1824 foram incluídos alguns dispositivos de forma a garantir ao inventor nacional a propriedade das suas invenções. Em 1883, o
I. A última revisão, feita em 1967, é conhecida como Ata de Estocolmo.
Brasil continuava atento ao assunto, tendo subscrito a Convenção da União de Paris, estando entre os países que inicialmente a apoiaram. Desde então a legislação pertinente tem evoluído, de acordo com a importância dada à indústria e ao intercâmbio comercial, até a recente promulgação da Lei 9.279/1996. 12.3 0 SISTEMA DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL O instrumento de patente de invenção é um dos principais componentes do sistema internacional de propriedade industrial. Este sistema é considerado como o conjunto de leis e tratados que tem o objetivo de proteger todas as formas de ativos intangíveis da indústria, ou seja, a riqueza não-material gerada paralelamente à fabricação de bens materiais, e representada por valores voláteis, tais como a tecnologia utilizada, o conceito da empresa junto à clientela, o seu reconhecimento frente aos concorrentes etc. Uma outra modalidade de propriedade industrial, também importante para a indústria e o comércio, é a marca de negócio, geralmente conhecida como marca registrada ou através do símbolo ®, com a função de atestar que a mercadoria que se está comprando foi fabricada por determinada indústria. A marca está associada à conquista do mercado pelo fabricante e ao seu prestígio junto ao consumidor, e daí seu valor intrínseco. Fazem parte também do sistema duas outras modalidades de bens intangíveis, menos abrangentes e mais recentes em termos de regulamentação. Uma delas é a patente de modelo de utilidade (ou mero registro, dependendo do país), definido como a modificação realizada num objeto já conhecido ou numa parte dele, que tenha uso prático e seja de aplicação industrial, capaz de melhorar seu
iso ou sua fabricação. Essa modalidade se aplica à evolução e nodernização de ferramentas, máquinas e objetos, ou ainda à ua adaptação para novos usos. A quarta modalidade é o registro de desenho industrial, iefinido como o design (bi ou tridimensional) dos ornamentos :aracterísticos de um objeto (como uma garrafa de refrigerante) >u do conjunto de linhas e cores que podem ser aplicados ao )bjeto (como um rótulo), de modo a destacá-lo visualmente, distinjuindo o produto dos concorrentes. A legislação de propriedade industrial, apesar de ser soberana :rm cada país, tende a uniformizar seu teor e abrangência graças IOS tratados internacionais, já que o interesse econômico sobre :sse patrimônio transcende as fronteiras nacionais. É interessante notar que o sistema de propriedade industrial az parte de um outro sistema mais abrangente, o da propriedade ntelectual, englobando todos os processos criativos humanos ;m todos os campos de atividade, regendo também os direitos lObre a divulgação das obras literárias, artísticas, arquitetônicas e nusicais. Os direitos sobre a propriedade intelectual na área trtística, conhecidos como direitos autorais ou copyright ou ainda >elo símbolo ©, são delimitados em legislação específica nos países ; organizações internacionais, a partir da Convenção de Berna ie 1886. I 2.4 A ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO SISTEMA DE PATENTES É importante destacar os princípios básicos estabelecidos )ela Convenção da União de Paris e o papel exercido pela OMPI ; pelo EPO na organização internacional do sistema de patentes.
12.4.1 A CONVENÇÃO DA UNIÃO DE PARIS São três os princípios básicos acordados em 1883 na Con venção da União de Paris e chamados princípios unionistas. O primeiro refere-se ao tratamento nacional, pelo qual os países- mem bros devem dar igualdade de tratamento aos inventores nacionais e estrangeiros, na tramitação dos depósitos de patente, desde que estes últimos sejam súditos unionistas, ou seja, originados de outros países-membros da União. Normalmente exige-se que a documen tação esteja na língua do país onde se faz o depósito do pedido. Esse status inclui tanto indivíduos como empresas. O segundo princípio é o da prioridade unionista, pelo qual fica garantido ao depositante de uma patente original, em qualquer um dos países signatários, o direito de salvaguarda da novidade em todos os demais países-membros pelo prazo de um ano, para que tenha tempo suficiente de proceder ao depósito dessa patente em qualquer outro país unionista que quiser. As solicitações pos teriores de depósito serão consideradas como tendo a mesma data da primeira, a qual é denominada solicitação prioritária. O terceiro princípio refere-se à independência legal, pelo qual ressalva-se que a patente só tem validade no território do país que a concede, mesmo sendo unionista. Cada país tem inteira liberdade de legislar e organizar seu controle sobre a propriedade industrial, mas na prática essa liberdade tem sido cada vez mais restringida por tratados e por pressões políticas e econômicas, A União de Paris estabeleceu também uma padronização mínima dos procedimentos, requerendo dos países participantes a organização de um escritório central para a tramitação e divulgação das patentes. O escritório deve publicar regularmente um boletim
com os nomes dos detentores das patentes concedidas, bem como um resumo das invenções patenteadas. A maioria dos países inclui nessa publicação outras informações úteis, tais como índices, reivin dicações principais de cada patente, andamento dos protocolos etc. A única grande modernização do sistema ocorreu recente mente. Até os anos 60, a descrição do invento depositado para patenteamento (chamada especificação) ficava indisponível ao público até que tivesse sido examinada pelo escritório nacional. Às vezes, vários anos se passavam antes da publicação e, assim, os inventos de patenteamento negado permaneciam desconhecidos. Em 1964, a Holanda iniciou um novo procedimento de exame conhecido como exame adiado (deferred examinatiorí), ou publi cação prévia, no qual a especificação é invariavelmente publicada 18 meses após a data de depósito, acompanhada por um relatório de busca quanto ao aspecto de novidade, compilado pelo escritório de patentes. O solicitante tem então algum tempo para decidir se requer ou não a continuidade do exame de patenteabilidade (na prática, mais da metade das solicitações não prossegue, já que não contém novidade). Se o inventor, porém, decide continuar o processo, e sua invenção é patenteada, a especificação é publicada pela segunda vez com as correções necessárias. Esses dois estágios de publicação são diferenciados pela adição das letras A ou B ao número de série da publicação da patente (RIMMER e GREEN, 1985). Em cada país unionista onde for feito o depósito da solicitação, há que se cumprir todos os trâmites burocráticos previstos na respectiva legislação nacional, principalmente quanto ao pagamento de taxas e prazos a cumprir. Normalmente também é requerido que o solicitante mantenha um domicílio local ou que constitua ali um procurador. Para a redução da carga burocrática tem-se
buscado a implantação de organismos internacionais de controle de patentes, com procedimentos centralizados e abrangentes para a sua concessão. A tendência atual é de que todas as nações acabem por aderir à União, já que a criação da Organização Mundial do Comércio, através do Tratado de Marrakech de 1994, torna obrigatório o cum primento das principais disposições unionistas por parte dos seus estados-membros, através da convenção denominada TRIPS (Trade-relatedAspects oflntellectualProperty Rights, ou assuntos de
propriedade intelectual relacionados com o comércio).
12.4.2 A
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE PROPRIEDADE INTELECTUAL
A Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI) é um organismo da O NU com sede em Genebra, que tem a incumbência de administrar o Tratado de Cooperação sobre Patentes (TCP), assinado em Washington em 1970. O tratado unifica os procedi mentos para que uma solicitação depositada em qualquer país signa tário possa ser objeto de uma busca internacional quanto ao aspecto da novidade. A especificação e o relatório de busca são publicados 18 meses após a data de solicitação, sempre em inglês. Se o interessado prosseguir no processo de patenteamento, a solicitação é encami nhada, para exame, aos escritórios dos países por ele designados. A apresentação via TCP poderá estender os prazos de apresentação nacional para até 30 meses. Esse tratado não interfere com a con cessão da patente, sempre afeta à soberania dos Estados e atua apenas no que diz respeito à pesquisa quanto à novidade. Entretanto, ele pode também viabilizar um exame preliminar nos aspectos de ati vidade inventiva e aplicação industrial, útil para os países emergentes, que não têm uma estrutura completa de controle de patentes.
A OMPI criou o International Patent Documentation Center (INPADOC) em 1972, com sede em Viena. Esse organismo gerencia a base de dados computadorizada CAPRI, contendo todos os documentos de patentes anteriores a I975 2 (cerca de 15 milhões), além da documentação atualizada de propriedade industrial de 49 países e organizações, representando 95% das patentes em vigor no mundo.
12.4.3
EUROPEAN PATENT OFFICE
O European Patent Office (EPO) °® administra os termos da Convenção Européia de Patentes, também chamada de Convênio de Munique, em vigor desde 1978, permitindo que uma única soli citação de depósito seja feita em um de seus escritórios (Munique, Berlim ou Haia), ou ainda, pelo escritório nacional de qualquer país europeu conveniado. O Convênio de Munique concede a proteção patentária em todos os países-membros na Europa designados pelo solicitante. Uma vez concedida, a patente européia é administrada pelo escritório nacional de cada um dos países designados, como se fosse uma patente nacional. 1 2.5 A ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE PATENTES NO BRASIL No Brasil, é importante destacar a lei relativa à propriedade industrial e a atuação do INPI, fundamentais na organização de seu sistema de patentes.
2. Anterior à padronização dos documentos definida pelo Acordo de Estrasburgo.
12.5.1 A LEI 9.279/1996
A atual lei de propriedade industrial (BRASIL, I996) foi promulgada para atender as exigências do acordo TRIPS sobre o comércio internacional. Ela concede os quatro tipos de privi légios, conforme definido anteriormente neste capítulo. O mais importante para este estudo é a patente de invenção, com validade máxima de 20 anos, a partir da data de depósito, e não menos de 10 anos, a partir da concessão (para cobrir os casos de tramitação demorada), sendo improrrogável. Outro privilégio referente a inovações é a patente de modelo de utilidade, com validade máxima de 15 anos, a partir da data do depósito, e não menos de 7 anos, a partir da data de concessão, prazo também improrrogável. Um outro prazo importante é o da publicação do pedido de patente pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) •*, feita 18 meses após a data de depósito, independentemente da concessão (sistema de exame adiado). O requerimento de continuidade do exame deve ser feito pelo interessado no prazo máximo de 3 anos da data de depósito, caso contrário o proces so é arquivado. A lei não considera patenteáveis, por não terem aplicação industrial, as descobertas ou teorias científicas e métodos mate máticos; as obras literárias, artísticas ou qualquer criação estética; os programas de computador; as técnicas cirúrgicas, bem como métodos terapêuticos ou de diagnóstico, e ainda o todo ou parte de seres vivos naturais e materiais e processos biológicos como encontrados na natureza. Também são matérias não privilegiadas com patente no Brasil (embora possam ser invenções originais) qualquer produção atentatória à segurança e à saúde públicas, bem
como as matérias, elementos e produtos resultantes de transformação do núcleo atômico. Em relação à legislação preexistente, é importante notar que a lei atual reconhece a patenteabilidade de produtos químicos, alimentícios, farmacêuticos e medicamentos, bem como dos microorganismos transgênicos, ou seja, aqueles que possuem alguma característica inédita, introduzida mediante intervenção humana e não alcançável em condições naturais (WOLFF, 1998). A lei reconhece também a possibilidade de uso não-autorizado de uma patente, desde que em caráter privado, sem fins comerciais e que não acarrete prejuízo econômico ao detentor. A nova lei introduziu o dispositivo de certificado de adição, para atender a casos de aperfeiçoamento feitos a posteriori numa invenção que já está sendo objeto de exame de patente, quando tal aperfeiçoamento não tenha condições, por si mesmo, de obter uma patente independente. A lei abriu ainda ao detentor a possibilidade de colocar a patente em estado de oferta de licenciamento para terceiros, durante o qual as taxas de anuidades reduzem-se em 50%.
12.5.2 O INSTITUTO NACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL O INPI, autarquia ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, com sede no Rio de Janeiro, foi criado pela Lei 5.648/1970, obedecendo às recomendações da União de Paris, sendo portanto o escritório brasileiro encarregado do controle da concessão de patentes e registro de marcas. Para a concessão da patente, adotado o conceito de novidade absoluta da invenção, torna-se necessária a consulta a coleções
especializadas para se avaliar o estágio de evolução da tecnologia em âmbito mundial. O Centro de Documentação e Informação Tecnológica (CEDIN) do INPI é o setor encarregado de propor cionar os serviços e programas para facilitar o acesso a essa infor mação especializada, sendo sua estrutura composta pela Divisão de Documentação (DIDOC) e pela Divisão de Informação Tecnológica (DINTEC). A DIDOC tem como encargo a gestão da coleção de todos os documentos de cunho tecnológico, em âmbito nacional e inter nacional, sendo, por sua vez, composta pela SADTEP-Seção de Documentação de Patentes e pela BIDTEC-Biblioteca Técnica. A primeira administra o Banco de Patentes que recebe mensal mente cerca de 30 mil documentos dos países e organizações com os quais o Brasil mantém convênio.3 Computando-se patentes brasileiras, o banco tem um acervo de mais de 18 milhões de documentos de patentes. A BIDTEC é uma biblioteca especializada em propriedade industrial e tecnologia, com cinco mil volumes. Está encarregada também de publicar trimestralmente o boletim Tec Informe, destinado a divulgar artigos e trabalhos técnicos na área. A DINTEC tem como tarefa a coordenação e execução dos programas de recuperação, análise e disseminação da informação tecnológica, sendo composta pela SAOBUS-Seção de Orientação e Buscas e SADIVU-Seção de Divulgação. A SAOBUS é encarregada de pesquisas e buscas de informação tecnológica seja no Banco de Patentes do INPI, seja em bases de dados eletrônicas. Esta seção pode também prestar serviços remunerados de busca para qualquer
3. Austrália, Canadá, EUA, França, Grã-Bretanha, Japão, Alemanha, Suíça, Espanha, Rúllll, Holanda, OMPleEPO.
nteressado. A SADIVU é responsável pela disseminação da nformação tecnológica. Administra o Programa de Fornecimento Automático de Informação Tecnológica (PROFINT) encarregado de fornecer cópias de patentes sobre temas específicos às empre sas brasileiras interessadas. Desenvolve ainda três programas de disse minação de informação tecnológica, denominados Monitoramento Tecnológico, Prospecção Tecnológica e Radiografia Tecnológica, sobre temas específicos, como, por exemplo, construção civil. Para facilitar a pesquisa de patentes, o CEDIN está implantando bancos de dados setoriais em diversas associações de classe e pólos industriais. Já foram estruturados os bancos dos pólos de eletroeletrônica, em Manaus; de fundição, em São Paulo; de couros e calçados, em Porto Alegre, e de informática, em Brasília. Além disso, foi colocado à disposição o acesso online através da Internet à base de patentes brasileiras a partir de 1992. 1 2.6 A PATENTE COMO FONTE DE INFORMAÇÃO TECNOLÓGICA O documento de patente é, em tese, a mais importante fonte primária de informação tecnológica, pois permite o conhecimento de inovações fundamentais para a indústria, imediatamente e a partir da descrição original do invento. Além disso, já que as patentes têm restrição territorial (só vigoram nos países que as concederam), cerca de 95% das patentes válidas nos países industrializados são de domínio público nos demais, podendo ser livremente usadas (ARAÚJO, I984). Entretanto, tem sido constatado que raramente a patente é levada em consideração no momento da busca de informações técnicas.
12.6.1
POSSIBILIDADES DE USO
Várias possibilidades se apresentam no uso de patentes como fonte de informação tecnológica. Por exemplo, patentes recém-publicadas podem atuar como indicadores do estado-da-arte, apresentando a informação mais recente num dado setor da técnica, pois o pedido de patente deve necessariamente demonstrar o que preexistia e o que está sendo reivindicado como novidade. A patente apresenta a informação técnica bem antes que as demais fontes bibliográficas: na maioria dos casos, ela já está disponível antes do produto entrar no mercado. Ela informa detalhadamente sua aplicação por meio da descrição da invenção e dos necessários diagramas e desenhos explicativos, sendo mais abrangente e minuciosa do que os artigos de periódicos ou a documentação do fabricante. No caso de uma negociação de transferência de tecnologia, o conhecimento das patentes permite a identificação tanto de alternativas técnicas para o atendimento das necessidades da indústria, quanto de empresas capacitadas no setor considerado. A informação das patentes cobre praticamente todos os setores da técnica humana, sendo sempre a informação mais atualizada em qualquer campo industrial. Uma análise de cunho temporal pode ser realizada sobre um conjunto de patentes de um determinado setor industrial, indicando como tem sido sua evolução e apontando novos caminhos de desenvolvimento, para os quais podem ser direcionados os esforços de modernização da indústria. Já a análise de um conjunto de patentes de um dado setor industrial, originadas de vários países, pode indicar tendências na evolução desse setor, de acordo com as características
lacionais, em termos de economia, recursos naturais, mercado etc, podendo originar alertas tecnológicos para empresas e governos. O documento de patente identifica com clareza as datas de prioridade e de concessão da carta-patente, os inventores, os :itulares, seus endereços etc, possibilitando um conhecimento mediato da sua situação legal e facilitando o contato direto com D titular para negociações sobre licenciamento ou obtenção de cnow-how específico. Costumeiramente, as invenções de certa importância são patenteadas em vários países, formando a família de patentes, ou ;eja, o mesmo documento traduzido em diversas línguas, facili:ando desse modo sua compreensão pela escolha da língua mais apropriada, eliminando-se esse tipo de barreira.
12.6.2 RESTRIÇÕES AO USO Algumas restrições podem ser observadas quanto ao uso das patentes como fonte de informação técnica. A maior delas é D desconhecimento do tipo e da estruturação da informação nelas :ontida. Há também a tendência em acreditar-se que as informações "elevantes estarão disponíveis em periódicos técnicos, embora várias pesquisas tenham demonstrado que apenas uma parcela diminuta das informações contidas em patentes será divulgada em qualquer Dutro meio, sem demora e integralmente. Além disso, o volume de patentes é assombroso: são publicados anualmente mais de jm milhão de solicitações de patentes, embora o número real de nvenções seja menor — cerca de trezentos mil — por causa das r amílias de patentes. O total estimado até I990 era de 35 milhões de documentos.
Na busca de dados tecnológicos faz-se pouco uso das citações de patentes. Isso pode ser atribuído a vários fatores, sendo impor tante lembrar primeiro que em poucos países as especificações publicadas oficialmente contêm referências. Quando ocorrem, não têm a mesma finalidade que as referências de artigos de periódicos, sendo feitas pelo examinador do escritório nacional de propriedade industrial para alertar o requerente sobre outras patentes que podem afetar a novidade de sua invenção. Além disso, não existe uma fonte de citações de patentes, como ocorre com os artigos de periódicos. O mais grave é que os artigos publicados em periódicos, quando o fazem, citam deficientemente as patentes seja deixando de mencionar dados importantes, tais como a data de prioridade ou o código de identificação internacional CIP (Classificação Interna cional de Patentes), seja citando esse código de modo incompleto. Em vários setores industriais todas as inovações são paten teadas. Entretanto, em outros, tais como telecomunicações, energia nuclear, química fina e farmacêutica, isso não ocorre seja por falta de interesse da própria indústria (que prefere a via do segredo indus trial), seja pela proibição legal de patenteamento de certas classes de produtos. Desse modo, não se pode garantir que uma busca de informação em patentes será exaustiva para toda a tecnologia em certos campos. Na maioria dos países, a localização física do escritório nacional também contribui para dificultar o acesso aos bancos de patentes, fato que tende a ser superado tanto pelo acesso remoto via computador, quanto pela organização de coleções específicas em bibliotecas regionais e centros industriais. Quando se trata do Terceiro Mundo, há uma tendência em ignorar-se os documentos locais de patenteamento, o que é um
»rro, conforme aponta ARMITAGE (1980), porque eles fornecem dados significativos, mostrando o tipo de tecnologia que é desen volvida domesticamente, bem como as invenções estrangeiras que is indústrias consideram de valor para exploração local. O interesse dos tecnologistas quanto ao uso de patentes :ambém é bastante restrito, por motivos um pouco diferentes dos acima citados. Em primeiro lugar, é fato que as especificações de patente são escritas e desenhadas pelos próprios solicitantes, :ontendo o que eles querem dizer e não aquilo que os outros sstão interessados em conhecer, dificultando portanto a com preensão por terceiros. Mesmo sendo detalhado, o documento de patente não contém tudo e, muitas vezes, é mais rápido e Darato colocar a invenção em uso com o auxilio do inventor do que tentar interpretar sua descrição. Além disso, em setores ndustriais de rápida evolução tecnológica, há o risco da especificação estar superada já no momento da publicação. Por último, sabendo-se que a patente é depositada antes que o invento possa ser comercialmente explorado, nada garante o sucesso futuro de sua exploração, trazendo um importante elemento de incerteza quanto à sua utilidade.
12.6.3
FACILITADORES DO USO
Visando contornar vários dos obstáculos acima apontados, alguns tratados internacionais foram implementados desde a década de 70, uniformizando certos aspectos da informação patentária e facilitando assim sua consulta e recuperação. • Padronização internacional do documento de patente Para possibilitar o acesso mais rápido e de maneira uniforme
aos dados contidos nas patentes, o Acordo.de Estrasburgo de 1971 definiu um padrão de apresentação quanto ao seu formato e conteúdo, bem como uma codificação por assunto, para possibilitar sua rápida recuperação. Esse acordo foi posto em uso desde 1975 na maioria dos países e organizações internacionais, estando presente em quase 18 milhões de documentos já em 1990 (SANTOS, [s.d.]). A forma-padrão de identificação dos dados do documento de patente é feita pelas normas ST da OMPI, divulgadas no Patent Information and Documentation Handbook, como, por exemplo: - Norma ST.03 - código de país com duas letras; - Norma ST. 10 - apresentação de datas, unidades de classificação, etc; - Norma ST. 16 - código para identificação dos tipos de documentos de patentes. O documento de patente padronizado é formado pelas seguintes partes: - folha de rosto - contém dados bibliográficos essenciais, tais como a classificação internacional, nomes do inventor e do depositante, título da invenção, número da patente, datas de depósito e de publicação, além do resumo; - relatório descritivo - descrição pormenorizada do invento, indicando o estado-da-técnica, o problema a ser resolvido e como resolvê-lo. Demonstra ainda sua aplicação industrial, podendo conter esquemas, diagramas e desenhos;
- reivindicações - delimita aquilo que vai ser protegido pela patente, ou seja, os elementos distintivos do invento em relação a outros;
- resumo da patente - descrição sucinta do invento, fazendo parte da folha-de-rosto. • Código internacional de identificação de dados bibliográficos Para possibilitar a identificação uniforme dos dados biblio gráficos das patentes, foi criado o código INID (Internationally- agreed Numbers for the Identification ofBibliographic Data on Patent Documents), formado por dois algarismos. Alguns itens dessa codificação são os seguintes: número do documento designação do tipo de documento nome do país onde foi feito o depósito
21 número do depósito 22 data do depósito 31 número de depósito da prioridade unionista 32 data de depósito da prioridade 33 nome do país de depósito da prioridade
43 data da publicação da solicitação 45 data da expedição da carta-patente 51 código CIP do assunto
54 título 57 resumo ou reivindicações 71 nome do depositante 72 nome do(s) inventor(es) 73 nome do(s) titular(es)
• Classificação Internacional de Patentes Para a recuperação da informação em patentes de invenção e modelos de utilidade, foi criada pelo Acordo de Estrasburgo de 1971 a codificação CIP (Classificação Internacional de
Patentes) gerida pela OMPI. Para acompanhar a contínua evolução da técnica, a CIP vem sendo revista regularmente a cada cinco anos, e sua 6a edição, adotada em 1995, tem validade até 1999. Os temas estão distribuídos em mais de 64 mil entradas, sendo a classificação composta hierarquicamente por seções (8 tipos), classes (118 tipos), subclasses (616 tipos), grupos e subgrupos. As seções são as seguintes: - necessidades humanas correntes; - técnicas industriais diversas, operações de processamento, transporte; - química e metalurgia; - têxteis e papel; - construções fixas; - mecânica, iluminação, aquecimento, armas e explosivos; - física; - eletricidade. A simbologia completa da classificação compõe-se de:
Exemplo
Seção
Classe
Subclasse
Grupo
Subgrupo
D
21
C
009/
147
O exemplo acima representa o assunto branqueamento de pasta de celulose para papel com uso de oxigênio. Quando o assunto específico a ser coberto pela classificação se divide entre dois ou mais conjuntos técnicos diferentes (por
exemplo: branqueamento de fibras de celulose para uso em papel ou para uso em tecidos), o sistema usa remissivas, mostrando onde o assunto está classificado; qualquer que seja esse assunto, ele estará sempre num código único, sem ambigüidade (SANTOS, [s.d.]). A classificação CIP está disponível em CD-ROM, contendo um guia de utilização, um índice de palavras-chave para pes quisa, uma tabela de concordância dos códigos entre suas diversas edições e também uma lista de códigos válidos entre as edições versus seu período de validade.
12.7 ACESSO ELETRÔNICO À INFORMAÇÃO DE PATENTES
Não há dúvida de que o esforço internacional continuamente despendido para organizar e uniformizar a informação técnica contida em patentes indica a necessidade de metabolizá-la desde a fonte primária. Isso agora é possível através da sua estruturação lógica computadorizada, resultando num-nível otimizado de coerência e inteligibilidade para essa enorme massa de dados e aumentando assim seu valor de uso. A leitura isolada de uma patente certamente não trará o esclarecimento total do assunto desejado pelo pesquisador. É então imprescindível o uso intensivo de métodos computacionais, pesquisando as bases de dados especializadas para possibilitar a descoberta das inter-relações desses dados. Essas relações se estruturam finalmente como conhecimento estratégico, para ser aplicado seja em desenvolvimento técnico, seja para monitoramento do estado-da-arte e ainda outros usos, como indicam os trabalhos de ROSTAING (I996) e SANTOS (I997).
Há dois tipos de bases de dados que devem ser considerados para a realização de pesquisas. Do primeiro tipo são as bases de dados exclusivamente sobre patentes, pertencentes a organizações internacionais, como o EPO e a OMPI, ou ainda a organizações comerciais especializadas, como a Derwent Information. Do segundo tipo são as bases de dados de resumos de artigos de periódicos e outros tipos de documentos, que cobrem também patentes, como a Chemical Abstracts. Geralmente, as patentes anteriores ao início dos anos 70, época de surgimento dos primeiros bancos de dados em compu tador, não estão bem cobertas. As principais exceções são a base Claims/Us Patent Abstracts, cobrindo patentes americanas em geral, a partir de 1963; a base WPI, da Derwent, cobrindo patentes farmacêuticas após 1963; a base USCIass também de patentes americanas, desde 1798, mas usando somente os códigos de classi ficação do US Patent Office, e a base CAPRIdo INPADOC. Nas bases de dados as buscas podem ser divididas, grosso modo, em três categorias: por assunto, por nome ou ainda por números ou datas de referência. Essa última é usual apenas para estabelecer uma concordância entre a data de solicitação e a da publicação, ou para montar a família de patentes. Na busca por assunto, a maioria das bases exige o uso de combinações de palavras-chave, termos ou classes de patentes, concatenadas por operadores booleanos (and, or, not etc) para gerar referências relevantes. Algumas bases são pesquisadas usando-se palavras ou termos definidos pela própria organização provedora, enquanto outras usam as próprias palavras do título, das reivin dicações ou do resumo da patente. Portanto, é preciso conhecer o sistema de indexação da base antes de realizar a pesquisa.
E importante notar que algumas bases cobrem campos específicos da tecnologia e contêm referências de patentes, junta mente com outros assuntos derivados de periódicos de resumos, sendo preferíveis quando são usados termos que, numa base geral, produziriam recuperações indesejáveis. Nas bases de dados exclusivos de patentes, o código de classificação pode ser o nacional ou CIP, mas podem também existir sistemas de códigos próprios adicionais para melhorar o desempenho. O único código nacional que ainda é usual é o americano; entretanto, é necessário cuidado com a sua escolha, já que sua atualização, segundo a revisão periódica do Manual of Classifícation, não acontece em todas as bases. Ao se pesquisar pela CIP também é preciso ter atenção. A identidade de um subgrupo pode ser perdida numa referência descuidada, levando a sérias imprecisões, uma vez que a hierarquia entre os seus grupos depende do número de pontos precedendo o título do subgrupo, e não exclusivamente da numeração deste, sempre que os títulos de grupos e subgrupos forem iguais (essa codificação por pontos foi definida para economia de espaço de armazenagem magnética). Por exemplo: - D 21 C-003/00 (grupo): redução química em pasta de celulose; - D 21 C-003/04 (subgrupo): • com ácidos, sais ácidos ou anidridos ácidos; - D 21 C-003/06 (subgrupo): •• anidridos ou ácidos sulfurosos; bissulfitos; - D 21 C-003/08 (subgrupo):... bissulfito de cálcio.
A pesquisa exclusiva pela CIP deve também levar em conta as idiossincrasias do examinador do escritório nacional em cada país, ao definir o assunto da patente e, portanto, ao conferir-lhe um código próprio. Esse efeito pode ser reduzido examinando-se toda a família de patentes equivalentes. Na busca por nomes, pode-se pesquisar o inventor, o reque rente ou a empresa na maioria das bases. Os números e datas de depósito e de publicação também podem ser pesquisados, mas podem ser encontradas dificuldades, pela natureza não uniforme desses dados de referência. Há restrições de ordem comercial em algumas bases para pesquisa a partir da data de prioridade unionista, não se permitindo montar a família de patentes sem o pagamento de uma taxa extra, como as bases INPADOC e INPI-3 (escritório central da França). No Brasil, a SAOBUS realiza costumeiramente a recuperação informatizada online nos bancos de dados Dialog °S5, QuestelOrbit •* e STN, acessando mais de 190 milhões de itens de infor mação em cerca de seiscentas bases de dados internacionais. Algumas organizações, tais como o EPO e o INPADOC, tornam disponíveis suas bases de dados em CD-ROM, permitindo o acesso offline. Cientes da principal desvantagem desse formato — desatualização das informações — elas produzem reedições periódicas dos discos, fornecendo-as por assinatura. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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SILVEIRA, Newton. A nova lei de propriedade industrial. TECBAHIA Rev. Baiana Tecnologia, v. 12, n. I, p. 14-20, jan./abr. 1997. WOLFF, Maria Teresa. La biotecnologia y los procedimientos de patente en Brasil, [si], 1998. I3p. (Seminário Nacional de Ia OMPI sobre Propriedad Intelectual para Universidades, Belo Horizonte, abril de 1998).
13 LITERATURA COMERCIAL EDUARDO WENSE DIAS BERNADETE SANTOS CAMPELLO
Literatura comercial (trade literatura) é o nome utilizado por profissionais da informação para designar o material produzido por empresas e outras organizações, com o objetivo de promover a venda de seus produtos e serviços. São catálogos de fabricantes e de produtos, na forma de folhetos, folders ou brochuras e, mais recentemente, de sítios na Internet. Empresas de projetos, de construção civil e indústrias neces sitam desse tipo de informação, pois suas atividades dependem do conhecimento e da avaliação adequada de uma série de produtos e serviços. Engenheiros e técnicos são obrigados a se manter atualizados sobre novos produtos disponíveis no mercado pois, se especificarem um produto obsoleto ou contratarem um serviço inadequado, haverá certamente prejuízo para a empresa. Outra função da literatura comercial é a de servir como fonte de informação histórica. Uma boa coleção de catálogos de fabri cantes pode constituir um excelente instrumento de pesquisa para historiadores que queiram estudar o desenvolvimento tecnológico, tomando como base os produtos industrializados, Essa tendência tem levado muitas bibliotecas a darem um tratamento bibliográfico mais sofisticado às suas coleções de catálogos de
fabricantes. Quando essas coleções são grandes, é comum a existência de guias que as descrevem e orientam os interessados em como usá-las. Em bibliotecas onde a função da literatura comercial é atender usuários que necessitam fazer especificação de materiais, as coleções são organizadas de forma a permitir a recu peração rápida e eficiente dos documentos. 13.1
CARACTERÍSTICAS
A literatura comercial aparece comumente sob a forma de folhetos, folders ou brochuras, denominados de catálogos de fabri cantes ou catálogos de produtos, onde são descritas as caracterís ticas de um ou mais produtos de determinada empresa. A quantidade de informação técnica contida nesse tipo de material pode variar mas, de maneira geral, considerando-se que o interesse final é a venda, os catálogos procuram apresentar todas as características importantes do produto anunciado, de modo a facilitar a tarefa do técnico ou do administrador responsável pela decisão sobre qual produto será especificado. Algumas vezes, tendo em vista a complexidade de certos produtos, as informações dos catálogos têm que ser complementadas pessoalmente pelos vendedores. A natureza efêmera dessas informações e as rápidas mudanças a que estão sujeitas fazem da Internet um canal excepcional para sua divulgação. Embora planejada inicialmente como um canal de informação acadêmica e de pesquisa, a Internet revelou enorme potencialidade de aplicação comercial, hoje reconhecida por todos. Com isso, a divulgação de produtos em sítios na rede tornou-se uma prática comum a milhares de empresas.
A organização de uma coleção tradicional de literatura comercial, na forma impressa, exige certos cuidados em todas as etapas, desde a aquisição até o armazenamento. Embora seja gra tuito e considerando-se também o fato de que, quando solicitado, os fornecedores têm sempre interesse em enviá-lo rapidamente, a aquisição deste tipo de material exige um controle constante, tanto do que foi pedido como do que foi efetivamente recebido. Além disso, é necessário acrescentar sempre novos produtos ou fabricantes, o que vai exigir uma constante monitoração do mer cado fornecedor. A rápida desatualização que ocorre com uma coleção impressa de literatura comercial, refletindo a obsolescência veloz dos pro dutos industriais na atualidade, exige uma constante renovação da coleção. Entretanto, isso não significa que o descarte deva ser feito tão logo o produto seja substituído por outro; em geral, o catálogo que descreve um produto especificado em determinado projeto deve ser mantido no acervo, mesmo que o produto tenha saído de fabricação, pois ele constitui uma documentação comprobatória em eventuais disputas judiciais relacionadas com o projeto. Finalmente, há a questão do armazenamento, que exige cuidados especiais, tendo em vista a grande variedade de formatos dos catálogos. 13.2 FONTES PARA IDENTIFICAÇÃO
A identificação e a localização de literatura comercial podem ser feitas de diversas formas. Técnicos e especialistas constituem
a primeira fonte a ser consultada, pois estão constantemente recebendo informações e em permanente contato com os forne cedores. Os periódicos especializados, que trazem publicidade de produtos relacionados a sua área de especialização, são também uma boa fonte, se a coleção estiver atualizada. Alguns facilitam o trabalho de solicitação de catálogos, pois inserem em suas páginas cartões de pedidos de informações suplementares sobre os pro dutos que anunciam. Feiras e exposições também são excelentes fontes para obtenção de literatura comercial, considerando-se que dão especial destaque às últimas novidades do setor de atuação. Além dos catálogos produzidos pelas empresas para publici dade de seus próprios produtos, existem organizações especializadas que reúnem informações sobre produtos de diversos fabricantes em uma única publicação, facilitando o trabalho de identificação. O Noticiário de Equipamentos Industriais (NEI) °® é um exemplo. Publicado desde 1960, pelo Grupo Lund, divulga todas as novidades em produtos e equipamentos industriais brasileiros e internacionais. Com o nome de NEI Brasil desde' 1974, a publicação, em formato tablóide, funciona também como um elo entre fabricantes e com pradores, fornecendo, a pedido dos interessados, informações sobre os produtos que divulga. O NEI Spanish Latin America é a versão em língua espanhola do NEI Brasil, sendo destinado aos países hispano-americanos. Os diretórios ou listas de empresas ou de produtos comerciais e industriais são fontes importantes para obtenção de literatura comercial. Nos Estados Unidos, existem editoras que publicam esses diretórios há mais de 80 anos, como é o caso da Thomas Publishing Company "». Atualmente, publica 24 guias de compras, 29
periódicos de novos produtos, dois serviços de troca de informação sobre produtos, uma revista sobre automação de fábricas, três guias de seleção de software, e uma publicação para ajudar compradores a selecionar as modalidades mais eficientes de transporte, em termos de custo-benefício, para seus fretes. Muitas dessas publi cações estão disponíveis tanto na forma impressa, quanto em CD-ROM e em formatos Internet. A Thomas, aliás, está presente na Internet, com um sítio onde é possível obter informações sobre cerca de 1,5 milhões produtos e serviços. Um tipo diferente de serviço é oferecido por organizações como o IHS Group, que especializou-se no fornecimento dos próprios catálogos de fabricantes, através de microforma ou de CD-ROM. A IHS possui uma base dados com cerca de 13 milhões de páginas, incluindo mais de nove milhões de imagens e, diaria mente, atualiza esse enorme acervo, que cresce na proporção de mais de trezentas imagens por mês. 13.3 PUBLICAÇÕES DE EMPRESAS
Há um conjunto de publicações de empresas que pode ser considerado uma forma de literatura comercial, embora sua finalidade seja bem diferente da dos catálogos de produtos. São publicações, geralmente periódicas, destinadas a vender não o produto, mas a imagem da empresa. Algumas são destinadas a um público interno, ou seja, aos empregados ou membros da organização, enquanto outras visam atingir ao público externo, que são os clientes e fornecedores (atuais e potenciais), assim como pessoas a quem a empresa deseja manter informadas a respeito de sua atuação. Há ainda publicações híbridas cuja finalidade é atingir esses dois
tipos de audiência. As publicações de empresa têm, portanto, uma clara função de relações públicas e não diretamente de venda. Há quem tenha ido buscar as origens desse tipo de publicação no século II a.C, com as cartas regias da dinastia chinesa Han (REDDICK & ROWELL, citados por WALKER, 1974), que tinham a função de manter a corte informada sobre as decisões do impe rador. Já no século XVII, durante a dinastia Tang, transformam-se em jornais oficiais e assim podem ser consideradas precursoras dos modernos house organs, que é o tipo mais conhecido de publicação de empresa. Um outro precursor, na modalidade de publicação interna, foi o Lowell Ofíering, publicado de 1840 a 1847 pelas funcionárias do Lowell Cotton Mills; entretanto, não se encaixa perfeitamente no conceito moderno, porque não era patrocinado pela empresa. O house organ (ou house Journal)1 é uma espécie de magazine ou revista contendo material informativo sobre a empresa ou de interesse para a imagem da mesma. O primeiro house organ surgiu nos Estados Unidos, em 1887; foi o NCR Factory News, da empresa National Cash Register, voltado para os empregados e publicado até a década de 80, já com o nome de NCR World. O primeiro jornal de empresa destinado ao público externo foi também publicado nos Estados Unidos, em 1865, pela The Travelers Insurance Companies, em Hartford, Connecticut. Chamava-se The Travelers Record, e sua tiragem inicial de cinqüenta mil exemplares é um indicador da importância desse tipo de publicação.
I. Parece não existir qualquer tradução aceitável para esse termo em língua portuguesa, sendo praxe na literatura conservar-se o termo original inglês.
A expansão do chamado jornalismo empresarial é um fato observado em diversos países. Essa evolução pode ser constatada em relação a vários fatores: o crescimento do setor nas empresas; a utilização de sofisticada tecnologia eletrônica na sua produção; e a mudança na forma e conteúdo das publicações, que de neutras passam a assumir o papel de agentes de mudanças culturais para seu público alvo, assumindo um papel abrangente de catalisador de opiniões, posturas e imagens para as empresas. Essa ampliação do papel do jornalismo empresarial levou ao aparecimento de um profissional com conhecimentos mais amplos e à utilização de novas formas e linguagens de comunicação, que abrangem a multimídia e seus inúmeros recursos. No Brasil, esse tipo de publicação teve origem no início do século XX. Os primeiros jornais de empresa no Brasil seguiam o modelo de seus congêneres europeus e americanos e foram, prova velmente, uma forma de reação do empresariado ao surgimento do jornalismo operário, que constituía uma das formas de forta lecimento do movimento operário. As publicações de empresas aparecem geralmente na forma de publicação periódica e podem apresentar os mesmos problemas que afetam o periódico científico, mas de maneira mais aguda: irregu laridade, atraso e interrupção de publicação, mudanças freqüentes de título e formato, normalização bibliográfica falha e outras. As dificul dades de seleção e aquisição são as mesmas já mencionadas com relação aos catálogos de fabricantes. Os sítios de empresas na Internet podem também cumprir um papel semelhante ao dos house organs. São veículos mais que apropriados para divulgar todo tipo de informação sobre aempresa que possa ser do interesse de suas várias clientelas, com as vantagens
já sobejamente conhecidas que o meio eletrônico tem sobre os meios impressos como canal de comunicação. As publicações de empresas têm algumas organizações repre sentativas, a maior delas sendo a International Association of Business Communicators, sediada em San Francisco, Califórnia (Estados Unidos). No Brasil, foi fundada em 1987 a Associação Brasi leira de Editores de Revistas e Jornais de Empresas (ABERJE "*) que atualmente denomina-se Associação Brasileira de Comunicação Empresarial com sede na cidade de São Paulo. A ABERJE publica trimestralmente a Revista de Comunicação Empresarial, considerada
no mercado como publicação de referência na área de comunicação de empresas no Brasil. Quizenalmente, publica o NewsletterAção Aberje, veículo de divulgação das principais notícias da comunicação empre sarial, parcerias e programas de desenvolvimento, que traz ainda uma seção dedicada à divulgação de cursos e palestras para o mês. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, Marialva. Jornalismo de empresa: uma reação ao movimento operário? Intercom - Revista Brasileira de Comunicação, São Paulo, n.58, p.64-75,
1988.
KING, D. Market research reports, house joumals and trade literature. Aslib Proceedings,
London, v.34, n.l 1/12, p.466-472, 1982.
SCIENCE AND TECHNOLOGY LIBRARIES. The role oftrade literature in sci-tech libraries. Binghamton, N.Y.: Haworth Press, v. 10, n.4, 1990. 135p. SUBRAMANYAN, K. Scientific and technical information resources. New York: M. Dekker, 1981. Cap. 9: House joumals, p. 149-154. TRADE literature in British libraries. London: Science Reference Library, 1985. WALKER, A. House joumals. In: KENT, Allen, LANCOUR, Harold (Ed.). Encydopedia of library and information science.
New York: M. Dekker, 1971. v. I I. p.61 -64.
14 REVISÕES DE LITERATURA DAISY PIRES NORONHA SUELI MARA SOARES PINTO FERREIRA
A necessidade de atualização e de aquisição de novos conhecimentos exige do pesquisador uma busca constante de informações obtidas em variadas fontes. Dado o acúmulo de informação existente hoje e sua dispersão física, este acompa nhamento se torna mais e mais difícil, não somente pela impossi bilidade de se acessar tudo o que existe e controlar toda a biblio grafia, como principalmente pela própria impossibilidade física — limitação humana — de absorver toda a informação relevante e disponível. Várias são as ferramentas de que os cientistas neces sitam e se utilizam hoje para identificar, conhecer e acompanhar o desenvolvimento de pesquisas em suas áreas de atuação. Uma dessas é a revisão. Trabalhos de revisão são estudos que analisam a produção bibliográfica em determinada área temática, dentro de um recorte de tempo, fornecendo uma visão geral ou um relatório do estadoda-arte sobre um tópico específico, evidenciando novas idéias, métodos, subtemas que têm recebido maior ou menor ênfase na literatura selecionada. Assim, a consulta a um trabalho de revis3o propicia ao pesquisador tomar conhecimento, em uma única fonte, do que ocorreu ou está ocorrendo periodicamente no campo
estudado, podendo substituir a consulta a uma série de outros trabalhos. As revisões podem também contribuir com sugestões de idéias para o desenvolvimento de novos projetos de pesquisa. Ao lado de bibliografias especializadas, índices e abstracts, servem como fontes na identificação de trabalhos de interesse do pesqui sador.
Segundo BRUNNING, citado por VIRGO (1971. p.278), uma boa revisão contém uma boa bibliografia; assim, as referências citadas nas revisões constituem-se, em larga escala, em uma biblio grafia de bibliografias e, como tal, representa um recurso adicional para acesso a grande volume de literatura, sendo, muitas vezes, o meio mais rápido para se identificar literatura específica de um assunto específico.
A necessidade de uma produção sistemática de revisões é indiscutível. A função dos revisores e compiladores — de digerir, consolidar, simplificar, analisar, comparar informações dispersas e reempacotá-las de modo a torná-las úteis para dada categoria de usuários — é uma atividade essencial para que ocorra o efetivo uso da informação e do conhecimento e para que não se percam itens relevantes. A revisão só pode ser feita por especialistas que, além de coletar a literatura, analisam o assunto, acrescentando o seu próprio conhecimento ou domínio da área para o desenvolvimento da mesma. A revisão desempenha importante papel na transferência da informação entre cientistas e os seus pares, conforme atestam algumas pesquisas realizadas sobre sua utilização (BUTKOVICH, l996;SAYERSetal„ 1990).
14. 1 CARACTERÍSTICAS
As revisões podem ser classificadas segundo seu propósito, abrangência, função e tipo de análise desenvolvida. Quanto ao propósito podem ser: • analíticas São feitas como um fim em si mesmas, por pesquisadores que se dedicam a efetuar, esporádica ou periodicamente, revisões sobre temas específicos, de modo que a somatória desses estudos possa, a longo prazo, fornecer um panorama geral do desenvolvimento de uma determinada área, com suas peculiaridades, sucessos e fracassos. Seria como um olhar por cima refletindo e agrupando os vários desenvolvi mentos ocorridos em uma área de assunto; • de base São aquelas cujo propósito não é ser um fim em si mesmo, mas, ao contrário, servir de apoio, suporte para a comprovação ou não de hipóteses e idéias em pesquisas científicas. São as revisões de literatura desenvolvidas como respaldo teórico de teses, dissertações e projetos científicos. Quanto à abrangência, podem ser: • temporais Quando tratam do assunto dentro de um período estipulado, normalmente identificado nos trabalhos; • temáticas Nesse caso, todo o trabalho de revisão é calcado em um
recorte específico de um tema; quanto mais específico o tema, mais profunda a abordagem de revisão. Quanto à função, podem ser: • históricas À medida que arrola literatura retrospectiva de forma com pacta, como parte integrante do desenvolvimento da ciência, permite a comparação de informações de fontes diferentes; • de atualização Notifica sobre a literatura publicada recentemente, permi tindo a identificação de informações para o desenvolvimento corrente do conhecimento. Assim, serve como um serviço de alerta, tanto para aqueles que se aprofundam no tema como para os pesquisadores iniciantes em um novo projeto, chamando atenção para os trabalhos mais importantes sobre o assunto coberto. Quanto ao tratamento e abordagem dadas aos trabalhos analisados: • bibliográficas Considerada como uma bibliografia anotada. Consiste em um apanhado dos documentos selecionados, sem grandes análises ou apontamentos críticos. Embora com ressalvas, serve como subsídio para comparação das abordagens dadas nos diferentes trabalhos, permitindo uma seleção daqueles de maior interesse;
• críticas A identificação dos trabalhos é feita de forma seletiva, refletindo, para cada um deles, a opinião do revisor. Pelo fato de emitir julgamento de valor sobre os documentos selecionados, sua importância depende da autoridade de quem a elabora.
14.2 FORMAS DE PUBLICAÇÃO
Os trabalhos de revisão podem aparecer como artigos em publicações periódicas. Nesse caso o título ou subtítulo do artigo comumente indica a natureza do trabalho. Existem também perió dicos dedicados exclusivamente a publicar artigos de revisão, como, por exemplo, o Reviews of Modem Physics, do American Institute of Physics e o Science Progress: a Review Journal ofCurrent
Scientific Advance, editado pela Blackwell Scientific Publications, Outra forma em que os trabalhos de revisão aparecem é através de volumes anuais, comumente chamados de annual reviews, que analisam o desenvolvimento de um assunto em determinado ano, Esses volumes são compostos de vários artigos que enfocam temas específicos dentro do assunto geral e são elaborados por especia listas. Exemplos desse tipo de publicação: o Annual Review of Information Science and Technology (ARIST) =S3, editado pela American Society for Information Science (ASIS), desde I966, e o Advances in Librarianship °® da Academic Press, publicado anual mente, desde 1970. Ambos cobrem o estado-da-arte de maneira sistemática e contínua na área da biblioteconomia, documentação e ciência da informação. Normalmente essas publicações apresentam em seus títulos
as palavras state ofthe art, annual review, progress, advances, embora
existam exceções, como o Methods In Virology, da Academic Press (I967-), que é uma publicação especializada em revisões na área de virologia. A editora Annual Review Inc. =a? é especializada nesse tipo de trabalho e publica, desde 1932, volumes anuais dedicados à revisão das mais variadas áreas do conhecimento, agrupadas em 28 séries (astronomia, medicina, psicologia, genética, ecologia, nutrição, ciências políticas, entre outras). 14.3 FONTES PARA IDENTIFICAÇÃO
Tanto quanto outras formas de literatura, os trabalhos de revisão são incluídos nos serviços de indexação e resumos especializados que, em alguns casos, os identificam como tal. Essa identificação aparece, com freqüência, subentendida na menção do número de referências citadas no artigo indexado, ou pela não inclusão de resumo (quando se trata de periódico de resumo), ou mesmo pela sua reunião em uma seção especial da publicação. Alguns serviços oferecem produtos especificamente desti nados à divulgação de trabalhos de revisão. São exemplos: a Bibliography of Medicai Reviews, parte integrante do Index Medicus,
publicada pela National Library of Medicine desde 1960; o Index to Scientific Reviews, publicado pelo ISI, desde 1975, na forma de índice de citação, incluindo os artigos de revisão indexados no Science Citation Index.
Existem publicações específicas que têm a finalidade de divulgar exclusivamente os trabalhos de revisão. Como exemplos tem-se o DirectoryofReview Seriais in Science & Technology: 1970-1973,
compilado por A. M. Woodward e editado pela Aslib (Association for Information Management) em 1974, que é bastante abrangente, relacionando cerca de quinhentas publicações sobre trabalhos de revisão em ciência e tecnologia. A List of Annual Review ofProgress in Science and Technology, 2.ed., 1969, editada pela UNESCO, inclui cerca de duzentos trabalhos de revisão, e o KWIC Index to Some ofthe Review Publications in the English Language heldatthe BLLD, de 1996 e Some Current Review Series, 1964, ambos elaborados pelo BLDSC, que divulga as publicações de revisões existentes no acervo da British Librar/. 14.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A importância dos trabalhos de revisão, a sua utilidade e a riqueza de sua bibliografia devem ser bem compreendidas pelo bibliotecário para que possa dar a essas publicações um trata mento adequado na biblioteca, a fim de obter o melhor proveito do seu potencial informativo. Sintetizando, os trabalhos de revisão contribuem para o desenvolvimento do conhecimento científico, principalmente porque comparam informação de fontes diferentes; compactam o conhecimento existente; identificam especializações emergentes; direcionam pesquisas para novas áreas; notificam os pesquisadores periodicamente sobre a literatura publicada em dada época; pro movem um serviço de alerta para campos correlates; dão suporte à busca bibliográfica, constituindo-se em fonte inicial básica para a elaboração de projetos de pesquisa; auxiliam indiretamente o ensino, dando suporte a trabalhos acadêmicos e, finalmente, ofe recem um feedback através da avaliação do trabalho publicado.
Na sociedade contemporânea, chamada de sociedade da informação, a mediação do conhecimento é um fator de fundamental importância e para facilitá-la serão necessários produtos de informação de alto valor agregado. Os trabalhos de revisão, com seu grande teor analítico, precisam ser produzidos e oferecidos crescentemente aos usuários, de modo a orientá-los, capacitá-los e muni-los de ferramentas básicas para acompanhar o acelerado desenvolvimento científico e tecnológico desta época. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BUTKOVICH, Nancy j. Reshelving study of review literature in the physical sciences. Library Resources and Technical Services, v.40, n.2, p. 139-144,
1996.
FIGUEIREDO, Nice. Da importância dos artigos de revisão da literatura. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, v.23, n. I -4, p. 131 -135, jan./
dez. 1990. SAYERS, Mary, JOICE, John, BAWDEN, David. Retrieval of biomedical reviews: a comparative evaluation of online databases for reviews of drug therapy. Journal of Information Science,
v. 16, p.321 -325, 1990.
STUART, R.D. Reviews and reviewing. In: KENT, Allen, LANCOUR, Harold (Ed.). Encyclopedia of library and information science.
New York: M. Dekker, 1971.
v.25. p.314-323. VIRGO, julie. A The review article: its characteristics and problems. Library Quarterly,
v.41, n.4, p.275-291, Oct. 1971.
WOODWARD, Anthony M. The roles of review in information transfer. Journal ofthe American Society for Information Science,
v.28, p. 175-180, May 1977.
OBRAS DE REFERÊNCIA EDUARDO WENSE DIAS
Obras de referência, ou fontes de referência, são expressões traduzidas diretamente do inglês (reference works e reference sources, respectivamente) e designam aquelas obras de uso pontual e recorrente, ao contrário de outras que são destinadas, normal mente, a serem lidas do princípio ao fim. Exemplo típico é o dicio nário, que ninguém lê do começo ao fim, mas a que se recorre, até mesmo diariamente, para procurar pequenas parcelas de informação, dentro do enorme conjunto de informações que esse tipo de obra normalmente contém. Por isso, há quem utilize também a expressão obras de consulta para se referir a essas fontes de refe rência; trata-se, por conseguinte, de uma expressão perfeitamente apropriada. Uma das principais finalidades das fontes de referência é facilitar a localização da informação que se procura. Essa facilitação é conseguida por meio do arranjo da obra. Por arranjo se entende o modo como as informações são organizadas dentro de uma obra de referência. Um exemplo, novamente, é o dos dicionários, a maioria dos quais apresenta o arranjo alfabético. Assim, qualquer consulta a um dicionário é muito fácil e muito rápida, porque a ordem alfabética leva diretamente ao lugar onde pode (ou não) estar a palavra procurada.
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Mas não apenas o arranjo é responsável pelo bom desem penho de uma obra de consulta. Um fator também importante, mas talvez nem sempre lembrado, são os objetivos da obra. Assim, dois dicionários especializados — que são os dicionários de que estamos falando aqui — mesmo quando têm semelhanças de especialização, podem ser bem diferentes um do outro, depen dendo do objetivo a que cada um se propuser. Embora as obras de referência continuem a aparecer em edições impressas, a tendência crescente é de sua disseminação em suportes eletrônicos, on ou offíine) Ou seja, em bases de dados acessíveis por meio de sistemas como a Internet, ou em formatos como o CD-ROM ou o DVD-ROM. Muitos autores afirmam que as obras de consulta, por sua própria natureza, são o tipo de docu mento que se adequa muito bem ao formato eletrônico, pois o tempo de leitura frente ao terminal é muito menor se comparado ao que seria necessário para ler uma monografia ou uma obra de ficção. Como se sabe, muitos leitores não gostam de ler textos muito extensos diretamente numa tela de computador. Além do dicionário, outros tipos muito comuns e conhe cidos de obras de referência são as enciclopédias, os manuais e as tabelas. 15.1
DICIONÁRIOS ESPECIALIZADOS
O dicionário de língua, ou comum, é uma das fontes de referência mais conhecidas, com a qual as pessoas têm bastante
I. As fontes eletrônicas citadas neste texto foram escolhidas em fontes seletivas, como a base NetFirst "*, que utilizam critérios qualitativos na eleição dos sítios nelas incluídos.
familiaridade. No âmbito das fontes especializadas de informação existem também dicionários, geralmente chamados de especializados. O tipo mais conhecido é o dicionário temático ou de assunto (em inglês, subject dictionary). Os dicionários temáticos têm a finalidade de definir termos de um assunto. Profissionais e especialistas, em qualquer área, utilizam uma linguagem especial que, muitas vezes, é inteligível apenas para os iniciados. Esse jargão torna-se, geralmente, uma barreira para os leigos ou não especialistas da área, e o dicionário pode ajudá-los na superação desse problema. Os termos técnicos são símbolos adotados, adaptados ou inventados por especialistas para facilitar a expressão precisa no registro de suas idéias, e uma das funções do dicionário especializado é justamente a de dar consistência a esses símbolos. Os dicionários temáticos complementam os dicionários de língua e o fazem de duas formas. Em primeiro lugar, pela inclusão de termos altamente especializados, que dificilmente serão encon trados nesses últimos. Em segundo, as definições tendem a ser mais completas no que diz respeito aos significados do termo na especialidade. É comum que os dicionários especializados façam referência aos autores, escolas e teorias associadas às definições de um termo. Podem ser considerados, portanto, uma condensação acumulativa, fornecendo uma visão ampla dos conceitos de determinada disci plina. Esses dicionários podem ser de três níveis básicos: dirigidos ao público em geral, a estudantes e a especialistas. Existe atualmente uma grande quantidade de dicionários de assunto, cobrindo áreas cada vez mais específicas do conhecimento. O Dicionário de Ecologia e Ciências Ambientais (Melhoramento!,
1998) é exemplo típico dessa categoria de obra, com definições sucintas dos termos utilizados nessa especialidade. O Vocabulário de Parasitologia Médica, de Alberto Serravalle, de 1987, e o Dicio nário de Mineralogia, de Pércio de Morais Branco (3.ed„ 1987), também são exemplos de dicionários temáticos, embora alguns verbetes recebam um tratamento enciclopédico, ou seja, são mais extensos, extrapolando uma simples definição e incluindo infor mações biográficas e históricas. Aliás, esse é um fato comum no que se refere aos dicionários temáticos — alguns deles ultrapassam a sua função de fornecer definições e se assemelham a uma enci clopédia, apresentando longas explicações para um verbete: são os chamados dicionários enciclopédicos. O Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica, de Ronaldo Rogério de Freitas Mourão (2.ed„ 1995) é um exemplo. Bons dicionários temáticos já estão sendo apresentados em formato eletrônico, devendo ser mencionados como exemplos o Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro *®, editado pela Fundação Getúlio Vargas, e o BioTech; Life Science Dictionary °^>. Como de resto acontece em relação a todo tipo de publi cação, também os dicionários podem aparecer com títulos não muito claros, sendo necessária certa atenção para identificá-los. Disso é exemplo a publicação Trabalho e Tecnologia, organizada por Antônio David Cattani (Vozes, 1997). O subtítulo — Dicionário Crítico — ajuda a defini-lo melhor, mas só uma análise mais deta lhada permite descobrir que, além dos assuntos mencionados no título, trata-se também de um dicionário de sociologia organizacional e de globalização. Por outro lado, muitas vezes os títulos podem dar uma idéia falsa da obra. Embora alguns se deno minem enciclopédia, não passam de dicionários. É o caso da
TechEncyclopedia =e, que inclui termos relacionados com tecnologia; apesar da palavra enciclopédia no título, não passa de um dicionário. Considerando-se essas imprecisões é importante que, na seleção e aquisição, não se detenha apenas no título da obra, mas que se examine a profundidade do tratamento dos verbetes, o nível do leitor em potencial, a qualidade extrínseca e intrínseca da obra. Existem outros tipos de dicionários especializados que, embora com características diversas dos acima descritos, são de grande utilidade: terminologias e glossários; dicionários poliglotas especializados; dicionários de nomes; dicionários de abreviaturas; e tesauros. Deles tratamos a seguir.
15.1.1
TERMINOLOGIAS E GLOSSÁRIOS
A necessidade de uniformizar produtos e procedimentos, principalmente na área técnica e industrial, tem levado ao esta belecimento de sistemas de normalização em diversos países. Dentro desses sistemas existem tipos variados de normas, e um deles é a terminologia ou glossário. O CONMETRO define a termi nologia como "... tipo de norma que se destina a definir, relacionar e/ ou conceituar termos técnicos empregados em um determinado setor de atividade visando ao estabelecimento de uma linguagem uniforme" (BRASIL, 1976). Esse material tem, portanto, uma função fundamental na área de normalização técnica e se constitui em parte importante de programas nacionais de padronização industrial, embora não possa ser definido como dicionário, no sentido restrito do termo. Alguns glossários e terminologias, dependendo da extensão e do nível de tratamento dos verbetes, podem funcionar como dicionários temáticos. Exemplo, em formato eletrônico, na
Internet, é o Glossary"®, preparado pelo Department of Chemistry da University of Wisconsin (EUA), que apresenta um glossário de termos de química. A ABNT tem terminologias aprovadas em diversas áreas, como, por exemplo, a TB-23 — Iluminação: Terminologia, e a NBR 6504 — Piso Cerâmico; Terminologia. A ANSI, entidade nacional norte-americana de normalização, também tem uma série de publi cações desse tipo cobrindo vários assuntos, como a American National Standard Industrial Engineering Terminology: Biomechanics
(ANSI 294.1 - 1972). A TELEBRAS publicou em 1990 o Glossário de Termos Técnicos de Telecomunicações, com vistas à padronização e
consolidação de termos técnicos utilizados em telecomunicações.
15.1.2
DICIONÁRIOS BILÍNGÜES E POLIGLOTAS ESPECIALIZADOS
Os dicionários bilíngües especializados são muito úteis para os usuários da informação especializada. Um termo pode ter um significado técnico diferente do significado ou significados registrados nos dicionários bilíngües gerais, e o dicionário especializado pode resolver o problema de tradução de termos específicos de uma área de assunto, de um idioma para outro. Exemplos dessa categoria de dicionários especializados são o Dicionário Inglês-Português para Economistas, de José C. M. Cavalcante, publicado pela Freitas Bastos, e o Glossário Bilíngüe de Tecnologia e Negócios, de Adelaide Maria Coelho Baeta e Rosa Maria Neves da Silva (Editora Nova Fronteira, I998). Este último traz mais de cinco mil termos utilizados por profissionais da área, além de expressões idiomáticas de uso cor rente e termos afins.
Embora os dicionários bilíngües sejam os mais comuns, há também dicionários multilíngües, ou poliglotas. Exemplo é o A Multilingual Glossary of Biotechnological Terms (IUPAC recommendations): in English, French, German, Japanese, Portuguese, Russian, and Spanish, editado por Hans Georg W. Leuenberger, Bertrand Nagel e Heinz Kõlbl (New York, VCH, 1995).
15.1.3 DICIONÁRIOS DE NOMES Dicionários de nomes são comuns nas áreas de botânica e zoologia, onde é enorme a quantidade de espécies existentes e conhecidas, tornando-se essencial a correta identificação de tais espé cies. Alguns dicionários de nomes têm cobertura internacional, como o Dictionary ofPlants Names, de Gerth van Wojk, e o Index ofGeneríc Names of Fóssil Plants, com dados do US Geological Survey. Outros têm cobertura mais restrita, como o Dicionário das Plantas Úteis do Brasil, de Gilberto L. Cruz (5.ed., Bertrand do Brasil, 1995) e o Dicio nário dos Peixes do Brasil, de Hitoshi Nomura, da Editerra, de 1984. Obras clássicas desse tipo são o NomenclatorZoologicus, de Neave, publicado pela Zoological Society of London, e o Index Kewensis, da Clarendon Press. Este último registra cerca de qui nhentos mil nomes de gêneros e espécies de plantas, indicando seu país de origem, sinônimos, trabalhos onde foram inicialmente divulgados e os nomes dos autores desses trabalhos.
15.1.4 DICIONÁRIOS DE ABREVIATURAS O ritmo da vida moderna, onde o tempo parece ser pouco para tanto o que fazer, é certamente uma das principais explicaçflei
para o surgimento de formas condensadas de expressão, tais como as abreviaturas e as siglas. E com elas, a necessidade de instrumentos que as decodifiquem. As abreviaturas são uma forma de representar uma determi nada palavra por meio de sílabas ou letras da mesma. Existem dife rentes tipos de abreviaturas, cada um com peculiaridades próprias que, pelo menos teoricamente, os distinguem dos demais. Na prática, contudo, verifica-se que os diferentes tipos se superpõem e se confundem a um ponto que fica difícil caracterizá-los. As abreviaturas chamadas de contração constituem simples mente um encurtamento da palavra original, como as que se usam para os nomes dos meses do ano e títulos de periódicos. Outro tipo de abreviatura é o símbolo, usado principalmente na química, para abreviar nomes de substâncias, por exemplo. Os dicionários de língua, tanto gerais como especializados, costumam incluir contrações e símbolos entre seus verbetes. Existem dicionários específicos para a identificação de abre viaturas, como a obra editada por,Crowley, Acronyms, Initialisms & Abbreviations Dictionary: a Guide to Acronyms, Abbreviations, Contractions, Alphabetic Symbols, and Similar Condensed Appellations,
publicada pelo Gale Group. (22.ed., 1997). As siglas podem ser definidas como o conjunto das iniciais das palavras que constituem uma denominação ou título. Essa é a regra geral, mas pode ocorrer que essa correspondência não exista. Caso típico é aquele em que uma organização muda de nome mas decide manter a sigla, que já é bem conhecida. Um exemplo é a sigla do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, mantida de sua antiga denomi nação, Conselho Nacional de Pesquisa.
Siglas de organizações do mundo inteiro são apresentadas no Diccionario Internacional de Siglas, de Martinez de Sousa, que abrange os mais diversos assuntos. O Buttresss World Guide to Abbreviations of Organizations (I I ,ed„ 1997) também tem cobertura internacional. Na Internet, um sítio recomendável é o Acronyms "®, que em 1998 já registrava cerca de 18 mil siglas e continua crescendo. Se o interesse está restrito a áreas continentais, é possível também encontrar fontes apropriadas, de que é exemplo o Siglas Latinoamericanas, publicado pela CEPAL/Comissão Econômica para
América Latina e Caribe (Santiago do Chile, 1992). As siglas brasileiras podem ser identificadas através da publi cação Siglas de Entidades Brasileiras (1979), do IBICT, um subproduto do cadastro básico de entidades. Essa publicação lista mais de cinco mil siglas e tem a vantagem de apresentar, além dos nomes completos das organizações, os seus endereços. Pode funcionar também como um diretório de entidades. Mas como já está desatualizada, não havendo obras mais recentes com a mesma amplitude de escopo, deve-se recorrer adicionalmente a fontes mais específicas, como por exemplo a Latin America Reference Aid: Abbreviations and Acronyms Usedin the Press ofBrazil (Washington, D.C., FBIS, 1995) e o Dicionário de Novos Termos de Ciências e Tecnologias: Empréstimos, Locuções, Siglas, Cruzamentos e Acrônim
(São Paulo: Editora Pioneira, 1996), de autoria de Franco Vidossich. Muito comuns também são os dicionários de siglas restritos a determinadas áreas de assunto ou atividade. Exemplo é o Diccionario de Acrônimos en Información y Documentación (2.ed„ 1995), publicado pelo Centro de Información y Documentación Científica (CINDOC) do Consejo Superior de Investigaciones Científicas (CSIC), em Madrid, Espanha. Também, o Dicionário de
Siglas Médicas, de Barbanti (São Paulo: Maitiry, 1995). Disponível via Internet, temos como exemplo o Nasa/Ksc Acronym List °®, dicionário de siglas da NASA, listando termos de interesse do setor aeroespacial. 15.2 TESAUROS2
Os tesauros são listas de palavras de uma determinada área, apresentando o relacionamento entre os termos utilizados naquele assunto ou área do conhecimento. Os relacionamentos entre os termos, mais comumente apresentados nos tesauros, são do tipo hierárquico (do geral para o específico) de equivalência (termos sinônimos) e de associação (termos relacionados). Os tesauros servem principalmente para a indexação de documentos em catá logos e bases de dados. Existem diversos tesauros compilados nas mais variadas áreas de assunto. São exemplos o Microtesauro Brasileiro de Educação Especial: TESESPE, da Secretaria Nacional de Educação Básica, publicado em 1990-1992, e o Tesáuro para Estudos de Gênero e sobre Mulheres, publicado pela Editora 34, em 1998. A localização de tesauros pode ser feita por meio do guia Current Thesauri; an Analytícal Guide to Selected Standardized Tools for Information
Retrieval, publicado em 1985 pela CEC O IBICT publicou, em 1983, o Tesauros, Bibliografia; 1970/1982, com informações acerca de tre zentos tesauros do mundo inteiro, com um suplemento em 1985, Tesauros, Bibliografia 1983/1984 = Thesauri, Bibliography 1983/1984.
2. Embora com uma função diversa da dos dicionários, os tesauros são aqui incluídos por se constituírem em listagens terminológicas,
15.3
ENCICLOPÉDIAS
A forma e a função das grandes enciclopédias gerais são bem conhecidas do profissional da informação e dos estudantes em geral. As enciclopédias temáticas, ou especializadas, têm a mesma função das enciclopédias gerais, isto é, apresentar, de forma concisa e facilmente acessível, informações a respeito do assunto de sua especialização. Por isso, podem servir como ponto de partida para um estudo e, nesse caso, a bibliografia que normal mente aparece no final dos verbetes é o instrumento apropriado para que o consutente possa se aprofundar no assunto. As diferenças entre enciclopédias gerais e especializadas são basicamente duas. Em primeiro lugar, o âmbito de uma enciclopédia especializada é claramente definido: física, psicologia, direito, tecnologia química, por exemplo. Em segundo lugar, o nível de tratamento do assunto na enciclopédia especializada costuma ser altamente técnico. Por conseguinte, os verbetes das enciclopédias especializadas são escritos por especialistas e geralmente assinados, Da mesma forma, o corpo editorial da obra precisa ser constituído de especialistas reconhecidos como autoridades na área de assunto coberta pela obra. Esses aspectos todos, além das demais caracte rísticas mencionadas, são elementos importantes a serem obser vados no momento da seleção. Exemplo típico de enciclopédia especializada na área de ciência é a Van Nostrand's Scientific Encyclopedia (7.ed., New York, Van Nostrand Reinhold, 2 volumes), publicada desde 1938 e consi derada a obra de referência científica mais consultada do mundo (GROGAN, 1990. p.59). Na Internet, serve como exemplo a CRC' Encyclopedia ofMathematics -*>.
Como outras formas de publicação, as enciclopédias especializadas também apresentam o problema de títulos confusos e pouco explicativos. Algumas não trazem a palavra enciclopédia no título, como é o caso da Magilís Surve/of Science: Life Science
Series (1992), em seis volumes, ou do Handbuch derPhysik, em 77 volumes, da editora Springer Verlag. O Thorpes Dictionary of Applied
Chemistry, da Longmans Green, 1937-1956, é uma enciclopédia em 12 volumes, apesar da palavra dicionário no título, que pode induzir as pessoas em erro quanto à sua verdadeira natureza. O oposto também pode ocorrer, ou seja, obras com a palavra enciclo pédia no título e que não passam de dicionários, como mostrado anteriormente. Ou, às vezes, até mesmo outros tipos de obras.
Por exemplo, tanto a International Encydopedia ofPhysical Chemistry and Chemical Physics, da Pergamon Press, quanto a Enciclopédia de Ecologia, da EPU (1992), são apenas monografias, embora tragam a palavra enciclopédia nos respectivos títulos. Na teoria, a diferença entre um dicionário e uma enciclopédia é bem clara. Um dicionário basicamente fornece definições de pala vras ou sua tradução em outros idiomas, ao passo que a enciclopédia trata de assuntos. Na prática, essa diferença nem sempre é tão óbvia, pelos motivos já apontados. Entretanto, conforme observado, se a obra tiver seus objetivos bem definidos e for bem planejada, não res tará dúvida quanto à sua natureza, após uma análise ainda que ligeira.
15.4 MANUAIS O Glossary of Library Terms, da ALA (American Library Association) define um manual (handbook, em inglês) como uma obra compacta, que trata concisamente da essência de um assunto,
tendo como finalidade principal servir como fonte de informações correntes. Segundo GROGAN (1982), os manuais são os livros de referência mais usados por cientistas e tecnólogos, quando surge necessidade de informações objetivas no curso do desem penho profissional e, por isso mesmo, têm sido considerados instru mentos de trabalho. É nas áreas de ciência e tecnologia que se encontra o maior número dessas obras, embora elas existam também em outros campos do conhecimento, como, por exemplo, biblioteconomia. O Handbook of Special Librarianship and Information Work, publicado pela Aslib, já em sua T edição (1997), apresenta informações básicas sobre o planejamento, organização e funcionamento de bibliotecas especializadas. Inclui, por exemplo, orientações sobre o espaço necessário para os diversos setores, número de estantes necessárias para uma determinada coleção, distância entre as estantes e distribuição das mesas e cadeiras. Grande parte da informação contida nos manuais é apresen tada de forma compacta, por meio de tabelas, gráficos, símbolos, equações e fórmulas. Por isso, os manuais propiciam a conferência de fórmulas, a obtenção de dados numéricos de vários tipos, defi nições e descrições de processos, materiais e peças de mecanismos, entre outros. O tratamento do assunto no manual costuma ser sistemático ou lógico, isto é, segue o desenvolvimento natural da matéria, exigindo, por conseguinte, um bom índice. Este vai permitir que os leitores não familiarizados com o assunto possam localizar tópicos específicos dentro do manual. Os manuais incluem os conhecimentos já sedimentados e não as descobertas ou invenções, os avanços ou progressos recentes. Entretanto, é desejável que se procure adquirir a edição mais recente da obra.
A autoridade do editor e do autor deve ser elemento determinante quando se seleciona um manual pois, além da facili dade de consulta, deve apresentar dados confiáveis. O CRC Handbook of Chemistry and Physics, 1998-1999, publicado pela Chemical Rubber Co., e já na 79 a edição, de 1998, é conhecido como a bíblia dos químicos porque sempre conseguiu manter um alto nível de informação, desde a sua I a edição, de 1913. Observa-se que nem sempre a palavra manual (handbook) aparece no título desse tipo de obra, de que são exemplos os títulos de manuais como Sourcebook on Atomic Energy, The Engineers
Companion, Corrosion Guide e Primrose McConnelís the Agricultura! Notebook
15.5
TABELAS
Como já foi mencionado anteriormente, a apresentação de dados em forma tabular é uma característica de muitos manuais. E, quando aumenta a proporção de tabelas e diminui a de texto, a obra passa a ser um livro de tabelas. A finalidade da apresentação tabular é economizar tempo. A informação poderia ser apresentada sob outra forma, mas a tabela, que vai exigir muito esforço, tempo e paciência do compilador para localizar a informação que está. dispersa na literatura primária, é de utilidade comprovada para especialistas que dependem de dados numéricos. Nas ciências físicas e tecnológicas as tabelas constituem parte importante da literatura, já que áreas como matemática, termodinâmica e cristalografia são basicamente dependentes de quantificação. O trabalho mais conhecido em forma tabular é o International Criticai Tables, publicado pela McGraw Hill há mais de cinqüenta
anos e ainda hoje muito utilizado. O termo criticai, do título, indica que os dados apresentados são aqueles considerados os mais confiáveis na opinião dos trezentos consultores da obra. Outra característica da obra é a apresentação das referências bibliográficas dos documentos de onde os dados foram extraídos, permitindo assim sua verificação. Outro exemplo é o Manual de Fórmulas, Métodos e Tabelas Matemáticas, de Murray R. Spiegel (2a edição revista e ampliada, 1992), que é de utilidade para estudantes e pesquisadores nos campos da matemática, física, engenharia e outras ciências. E interessante observar que o problema da barreira lingüística é praticamente inexistente nas compilações tabulares, especialmente se o texto explanatório é multilíngüe, como é o caso da International Criticai Tables, acima citada. Muitas tabelas são publicadas na forma de artigos de periódicos, ao invés da forma tradicional de livro, o que tem provocado o apareci mento de periódicos que se dedicam exclusivamente à divulgação de dados em forma tabular. Como exemplo há o Journal of Chemical and Engineering Data. Outra tendência é o aparecimento de centros especializados em coletar, organizar e disseminar dados. Nos Estados Unidos, o National Standard Reference Data System (NSRDS), criado em 1963 e ligado ao National Bureau of Standards (NBS), coordena uma rede de 25 centros de dados espalhados por todo o país, localizados em agências do governo, universidades e centros particulares de pesquisa. O NSRDS divulga seus trabalhos em diversas publicações, das quais a mais conhecida é o periódico Journal ofPhysical and Chemical Reference Data, de periodicidade trimestral. Na Inglaterra, o Office for Scientific and Technical Information (OSTI) é a entidade nacional, ligada ao Governo
Britânico, encarregada da compilação de dados. Nesse país também o Engineerig Science Data Unit (ESDU), entidade privada, divulga dados em áreas tecnológicas. O CODATA (Committee on Data for Science and Technology) °® é um organismo do International Council of Scientific Unions (ICSU) ^, criado em 1966 em nível mundial para promover a produção, compilação, avaliação e disseminação de dados numéricos relevantes para ciência e tecnologia. As áreas de assunto cobertas pelo CODATA são: física pura e aplicada, química pura e aplicada, biociências (bioquímica, nutrição, microbiologia, farma cologia, imunologia, biofísica, biotecnologia), geociências (geografia, cristalografia, geologia, geofísica), astronomia e meio ambiente. Cabe ao IBICT, como membro nacional, coordenar as atividades do CODATA no Brasil, desenvolvendo ações que possibilitem a disseminação de informações sobre bases de dados científicos e tecnológicos existentes no País, estimulando sua criação, promovendo a disseminação das referidas bases e dos documentos técnicos em assuntos específicos de interesse da comunidade científica e tecnológica. 15.6 FONTES PARA IDENTIFICAÇÃO DE OBRAS DE REFERÊNCIA
Dicionários, enciclopédias, manuais e tabelas são identificados principalmente através de guias de obras de referência, como o Guide to Reference Material, de Walford, e outras obras do gênero. Os guias de literatura constituem fontes mais seletivas para iden tificar obras de referência (ver Capítulo 18: Guias de Literatura). Há também fontes dedicadas a tipos específicos de obras de referência, de que são exemplos o World Dictionaries in Prínt, 1983: a Guide to General and Subject Dictionaries in World Languages
(New York: Bowker, 1983), o ARBA Guide to Subject Encydopedias and Dictionaries (2.ed., 1997), editado por Susan C. Awe e, na Internet, o sítio Enciclopédias e Dicionários =SJ, do Prossiga. Neste registram-se enciclopédias e dicionários referentes a ciência e tecnologia, que dão acesso ao texto integral, bem como fontes de referência sobre esse tipo de material bibliográfico. O sítio está dividido em fontes brasileiras e estrangeiras. Muito comuns são as fontes dedicadas a áreas temáticas específicas, de que é exemplo a Encyclopedia ofHealth Information Sources: a Bibliographic Guide to Over 13,000 Citations for Publications, Organizations, and Databases on Health-Related Subje
(2.ed., 1993), editada por Alan M. Rees. Nela pode-se encontrar referências a dicionários, enciclopédias, manuais e todos os demais tipos de fontes de referência na área de saúde. Sendo material comercializado no mercado livreiro, podem ser utilizados também os catálogos de editoras, que são as fontes mais adequadas na seleção das edições mais recentes. Como qualquer obra de consulta, os dicionários, enciclopédias, manuais e tabelas são obras caras, cuja aquisição pode sobrecarregar qualquer orçamento. Assim, a seleção deve ser a mais criteriosa possível, para evitar a aquisição de obras sem real utilidade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL Ministério da Indústria e Comércio. Secretaria de Tecnologia Industrial, Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial: legis lação e resoluções. Brasília: MIC/STI, 1976. 81 p. FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. I838p.
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GROGAN , D. Science and technology: an introduction to the literature. 4th.ed. London: C. Bingley, 1982. Cap. 3: Encyclopedias, p.37-46. GROGAN, D. Subject encyclopedias. In: LEA, Peter W. (Ed.). Prínted reference material; and related sources of information. 3rd.ed. London: The Library Association, 1990. p.58-81. MARTINEZ DE SOUSA, José. Diccionario internacional de siglas y acrônimos. 2.ed. Madrid: Pirâmide, 1984. 551 p. SISTEMA Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial: legislação, 1973-79. Brasília: Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, 1980. I08p. (Série Legislação / INMETRO ; I) SUBRAMANYAM, K. Scientific and technical information resources. New York: M. Dekker, 1981. Cap. 15: Encyclopedias, p.231-241. WHITTAKER, K.A. Dictionaries. In: LEA, Peter W. (Ed.). Prínted reference mate rial; and related sources of information. 3rd.ed. London: The Library Association, 1990. p.l 1-34.
SERVIÇOS DE INDEXAÇÃO E RESUMO BEATRIZ VALADARES CENDÓN
Os periódicos de indexação e resumo listam os trabalhos produzidos em um determinado assunto ou área com a finalidade de facilitar a identificação e acesso à informação que se encontra dispersa em um grande número de publicações. São, portanto, fontes terciárias. A função principal dos periódicos de indexação e resumo é a identificação do conteúdo de publicações. Ou seja, ao invés de listar referências bibliográficas de obras inteiras como livros, anais de congressos ou periódicos, um periódico de indexação e resumo procura representar mais detalhadamente o seu conteúdo, indexando e resumindo partes específicas desses materiais, a saber: capítulos, trabalhos de congressos e artigos. Por ser a literatura especializada composta, principalmente, de revistas e outras publicações periódicas, os periódicos de indexação e resumo assumem importância fundamental nessa área. Além de permitirem a identificação de artigos e outros trabalhos, são instrumentos valiosos para o pesquisador, cientista, engenheiro ou administrador, que têm necessidade de obter informações recentes sobre tópicos ainda não incluídos em fontes secundárias como livros-texto, enciclopédias e manuais ou verificar tendências em um determinado campo de conhecimento.
Os periódicos de indexação e resumo costumam ser chamados abreviadamente de índices, quando listam apenas as referências bibliográficas, e de abstracts, quando incluem também os resumos das publicações. No Brasil, são também chamados de bibliografias especializadas, principalmente quando sua publicação não tem a regularidade de um periódico. Podem ser produzidos em forma de bases de dados bibliográficos, as quais incluem, geralmente, as mes mas informações que suas versões impressas, mas apresentam maior facilidade para pesquisa. Neste capítulo, para simplificar, referir-se-á genericamente aos periódicos de indexação e resumo como índices e às bases de dados bibliográficas como bases de dados ou, às vezes, apenas como bases.1 Os índices e bases de dados são produzidos por organizações, chamadas de serviços de indexação e resumo, que se responsabilizam por sua divulgação e comercialização. 16.1 HISTÓRICO E EVOLUÇÃO
As bibliografias especializadas, que se transformaram nos atuais periódicos de indexação e resumo, eram inicialmente compi ladas por indivíduos preocupados com o controle e acesso à informação científica. As primeiras foram publicadas logo após a invenção da imprensa. Já em I494 aparece o trabalho de Joham Tritheim, Liberde Scriptoribus Ecciesiasticis. Em 1506 foi publicada
I. Existe uma grande variedade de tipos de bases de dados. Elas podem conter informações numéricas ou textuais; bibliográficas ou não bibliográficas; referências ou texto completo. A maioria das bases de dados que serão objeto deste capítulo são bases de dados de referências bibliográficas. Algumas das bases de dados citadas contêm as referências bibliográficas acompa nhadas do texto completo dos trabalhos.
a bibliografia De Medicinae Claris Scriptoribus, de Symphorien Champier. Com o surgimento dos periódicos, gerais e especializados, elas passaram a ser também publicadas como um anexo a eles. Por exemplo, o Journal des Sçavans, o primeiro perió dico científico do mundo, publicado a partir de 1665, possuía uma seção de resumos, que serviu de modelo para empreendimentos similares em muitos países da Europa. Entretanto, foi com a intensificação do movimento científico, a partir de 1810 e o conseqüente aumento do número de publi cações, que surgiu a necessidade de um esforço sistemático para o controle da literatura. Associações profissionais e sociedades eruditas substituíram as ações individualizadas na tarefa de resumir a literatura específica da área, passando a oferecer mais um serviço profissional a seus membros. Essas primeiras iniciativas, no final do século XIX e início do século XX, deram origem aos grandes serviços de indexação e resumo atuais. O drástico crescimento da literatura científica e tecnológica no século XX, particularmente depois da Segunda Guerra Mundial, fez com que o seu número aumentasse significativamente. As primeiras áreas cobertas pelos periódicos de indexação e resumo foram as ciências básicas e aplicadas, tais como química, engenharia, zoologia e medicina. Alguns exemplos desses primeiros índices são o Pharmaceutisches Central-Blatt (1830), que depois se transformaria no ChemischesZentralblatt,publicado pela AkademieVerlag (de Berlim); o Engineering Index (1884), editado pela Association of Engineering Societies, e o Review of American Chemical Research, iniciado em 1895 e substituído, em 1907, pelo Chemical Abstracts da American Chemical Society.
Desde então novos índices têm surgido em outros ramos do conhecimento, atendendo à evolução da ciência e ao apare cimento de novas áreas de pesquisa científica e tecnológica. Exemplos mais recentes são Computer & Control Abstracts, Pollution Abstracts, Enviroline®, Energy Science and Technology e Aerospace
Database, que cobrem as áreas de ciência da computação, poluição ambiental, meio ambiente, energia e engenharia espacial, respecti vamente. Da mesma forma que os novos ramos da ciência que cobrem, esses índices também se caracterizam por serem interdisciplinares. Na década de 70, quando empresas do setor comercial começaram a entrar no ramo de produção de periódicos de indexação e resumo, as ciências sociais, artes e ciências humanas passaram também a ser contempladas pelos índices. Alguns exemplos são Economic Literature Index, Business Periodical Index e
ABI/Inform® (economia e administração de empresas), PsycINFO® (psicologia), Art Abstracts (artes) e Philosopher's Index (filosofia). O desenvolvimento da tecnologia dos computadores na década de 60 permitiu inovações nas formas como os serviços de indexação e resumo atendiam sua clientela. Inicialmente os ser viços usaram computadores apenas para produzir fitas magnéticas com os dados e para imprimir os seus índices. O primeiro índice produzido por computador foi o Chemical Titles, do Chemical Abstracts Service (CAS), em 1961. Os dados, registrados no compu tador em forma eletrônica, podem ser facilmente manipulados e possibilitaram a geração de novos produtos, tais como boletins de notificação corrente, bibliografias sobre tópicos específicos, serviços de disseminação seletiva da informação e levantamentos retrospectivos a pedido. Além disso, os serviços passaram a produzir
e comercializar os seus índices em forma de bases de dados. Hoje, muitos dos serviços de indexação e resumo produzem índices tanto em forma impressa como em versão eletrônica: por exemplo, BIOSIS, uma organização produtora de bases de dados na área biológica e médica, publica o Biological Abstracts (impresso) e BIOSIS Previews® (base de dados). Além de proporcionar mais eficiência na consulta, as bases de dados possibilitaram outros meios de acesso à informação. Inicialmente disponíveis apenas para consulta local, já na década de 60 as bases de dados puderam ser acessadas remotamente, via redes de computadores de comutação de pacotes. A partir de 1985, passaram também a ser produzidas e disseminadas utili zando a tecnologia do CD-ROM. A difusão da Internet na década de 90 facilitou ainda mais o acesso remoto às bases de dados. Atualmente a produção de periódicos de indexação e resumo constitui uma verdadeira indústria, com um grande número de empre sas produzindo uma variedade de índices. O diretório The Index and Abstracts Directory: an International Guide to Services and Seriais Coverage, por exemplo, fornece informações sobre cerca de mil índices. Outro diretório, o Gale Directory o f Databases, lista, em sua edição de 1995, mais de cinco mil bases online e quatro mil bases em outros formatos, produzidas por quase quatro mil organizações. Essas bases de dados são comercializadas por cerca de mil vende dores e distribuidores e colocadas à disposição para acesso online por 825 empresas diferentes. Essa indústria está em constante evolução. Os produtores de índices têm procurado criar novos produtos, voltados para as necessidades específicas de bibliotecas de diferentes tipos e tamanhos. Com a finalidade de reduzir o intervalo de tempo entre
a publicação de um documento e sua divulgação, foram criados os sumários correntes, um outro tipo de produto similar aos perió dicos de indexação e resumo. Os sumários correntes reproduzem as páginas dos sumários de periódicos e, portanto, sua produção é mais rápida por não envolver o trabalho de indexação e elaboração de resumos. Por exemplo, desde 1958, o ISI produz a versão impressa do Current Contents, que atualmente possui sete edições diferentes, cobrindo agricultura, biologia, meio ambiente, medicina clínica, engenharia, computação e tecnologia, ciências da saúde, física e química. Vários outros serviços de sumários apareceram recente mente, cobrindo tanto a literatura de interesse geral como perió dicos acadêmicos. Os serviços vêm aprimorando seus produtos, passando a incluir resumos e não apenas referências bibliográficas, às vezes colocando o texto completo dos artigos em suas bases de dados e adicionando a indexação de jornais ao invés de se limitarem a cobrir periódicos; para facilitar a obtenção do texto completo, têm feito parcerias com serviços de fornecimento de texto completo de documentos.
16.2
CARACTERÍSTICAS
Os periódicos de indexação e resumos são produzidos atual mente por uma gama de diferentes organizações: grandes empresas, operando em bases comerciais (por exemplo, BIOSIS, na área de ciências biológicas), associações profissionais (por exemplo, a American Chemical Society), órgãos governamentais (por exemplo, a NASA) ou editoras comerciais (por exemplo, EBSCO Publishing). Alguns são também produzidos por entidades internacionais, tais como o INIS Atomindex, publicado pela International Atomic
Energy Agency (IAEA), ou o Agrindexào Agricultural Information System (AGRIS), um sistema de informação em agricultura admi nistrado pela Food and Agriculture Organization (FAO), órgão da ONU. Esses serviços internacionais funcionam, na maioria das vezes, com base em redes cooperativas formadas por países membros, que coletam e resumem sua produção bibliográfica, reunida e colocada à disposição pela instituição central. No processo de elaboração dos índices, um profissional analisa o conteúdo dos documentos e cria sua representação, a qual inclui não apenas a referência bibliográfica, mas também termos de indexação. Muitas vezes utiliza-se um vocabulário controlado para definição dos termos a serem usados para indicar o assunto dos documentos. Dessa forma, agrega-se valor à informação. Parte-se do pressuposto que esses esforços garantam uma melhor recupe ração, permitindo a identificação dos itens que melhor atendam aos propósitos do usuário. Como o próprio nome indica, a maioria dos periódicos de indexação e resumo fornece, além da referência bibliográfica, resumos dos trabalhos incluídos. Nesses casos, são chamados abreviadamente de abstracts. Os resumos, idealmente, contêm informações suficientes para permitir a determinação da relevância do trabalho. Podem ser simplesmente descritivos ou podem for necer uma avaliação crítica do item, embora isso seja menos comum. Muitos abstracts usam os resumos preparados pelo pró prio autor evitando, assim, o custo de pessoal para ler os artigos e resumi-los, o que constitui um processo dispendioso. Os índices apresentam cobertura variada quanto ao assunto, tipo de material, número de publicações, área geográfica e idioma.
Diferem também quanto à freqüência de publicação, cobertura cronológica, pontos de acesso e formatação dos seus dados. Devido a essas diferenças, nos índices impressos o material introdutório é especialmente importante por fornecer informações detalhadas sobre suas características, além de instruções sobre o seu uso. No caso dos índices em formato eletrônico, deve-se con sultar as descrições das bases de dados contidas na documentação fornecida pelo vendedor ou nos diretórios. Para o profissional da informação, que adquirirá ou utilizará um índice, é imprescindível a leitura dessas informações. Embora existam índices cobrindo as mais variadas áreas, algumas são melhor servidas que outras. Nas áreas mais bem ser vidas pode haver vários serviços, que contam com uma clientela consolidada em vários países. Em agricultura, por exemplo, existem a Bibliography ofAgriculture, produzida pela National Agricultural Library dos Estados Unidos, o Agrindexda FAO, além de mais de 30 índices diferentes produzidos pela CAB International "*> (orga nização produtora de bases de dados em agricultura e florestas, anteriormente chamada de Commonwealth Agricultural Bureau). Nesses casos, quando existem vários índices em uma mesma área, pode haver duplicação de cobertura. Mesmo que os serviços pro curem diferenciar os índices uns dos outros, é bastante freqüente acontecer que dois serviços diferentes, dentro de uma mesma área, cubram várias das mesmas revistas. índices que se destinam a indexar e resumir a literatura de uma área especializada freqüentemente abrangem vários tipos de publi cações para assegurar uma cobertura extensa. Podem incluir artigos de periódicos, trabalhos de congressos, relatórios ou capítulos de livros, embora a maioria cubra principalmente artigos de periódicos.
As características específicas de alguns tipos de material, como teses, dissertações, relatórios técnicos, publicações governamentais, anais de eventos ou patentes, levaram ao surgimento de serviços que indexam apenas um tipo de publicação. Por exemplo, o Index to Scientifíc and Technical Proceedings R é um índice multidisciplinar,
que se dedica exclusivamente a anais de congressos, indexando mais de quatro mil anais de eventos por ano. Já o controle dos relatórios técnicos americanos é feito pelo NTIS, órgão do governo americano. Patentes e normas técnicas são indexadas por insti tuições, como a OMPI e a ISO, respectivamente, as quais desen volveram sistemas cooperativos para controle destes materiais. Uma empresa privada inglesa, a Derwent Information, também se destaca na área de patentes. Os índices diferem quanto ao número de trabalhos cobertos e quanto à profundidade da cobertura. Em alguns casos cobrem todos os itens publicados nas revistas que indexam, em outros, selecionam apenas aqueles mais relevantes para o escopo do índice. Alguns indexam até cartas ao editor e editoriais, enquanto outros se res tringem a artigos de pesquisas. Alguns índices podem ter restrições quanto à área geográfica e idioma das publicações que cobrem. Por exemplo, alguns cobrem apenas publicações em língua inglesa, enquanto outros procuram identificar material relevante para uma disciplina em qualquer idioma. A cobertura cronológica dos índices nem sempre coincide com o período de publicação. Por exemplo, o Science Citation Index começou a ser publicado nos anos 60; no entanto, cobre a literatura desde 1945, Freqüência de publicação é outra característica que deve ser também considerada quando da sua consulta ou aquisição. Alguns
índices são atualizados mensalmente outros, a cada trimestre. A freqüência de acumulação indica a periodicidade com que as publi cações parciais são sintetizadas em um único volume. Por exemplo, em um índice impresso com atualizações mensais e acumulações anuais, o usuário teria que consultar vários fascículos separados, até que a acumulação anual seja publicada. No caso de bases de dados online ou em CD-ROM, o conteúdo é acumulado automaticamente, o que é uma vantagem desses índices em forma eletrônica. Quanto à sua organização, em geral esses índices contêm uma lista hierárquica dos aspectos ou subdivisões de um assunto, onde os itens são listados com um número de acesso, os dados bibliográ ficos e o resumo. Os pontos de acesso nos índices impressos são, comumente, autor e assunto. No caso das bases de dados, podem existir muitas outras opções para pesquisa, como palavras-chave do título e resumo, título da revista ou instituição de afiliação do autor. Os índices diferem também quanto à formatação das entradas. Alguns fazem uso extensivo de abreviaturas, sendo necessário consultar as listas de abreviaturas e símbolos para leitura das refe rências. A forma como os nomes de autores são representados pode também diferir de um índice para outro. Em alguns casos, apenas o sobrenome e iniciais dos nomes dos autores são fornecidos. 16.3 BASES DE DADOS
As bases de dados produzidas pelos serviços de indexação e resumos, na maioria das vezes, são vendidas na forma de fitas magnéticas para outras organizações que se especializam no forneci mento de informação eletrônica. Essas empresas adaptam as fitas dos produtores de bases de dados de acordo com seus padrões e
vendem o acesso remoto ao conjunto de bases de dados para bibliotecas, instituições de pesquisa, empresas e pessoas físicas. No Brasil, essas empresas têm sido chamadas de bancos de dados. Existem várias empresas (bancos de dados) fornecedoras de acesso online a bases de dados. A Dialog é a maior delas, oferecendo mais de quinhentas bases de dados. Outros dos maiores forne cedores são STN International (parte do CAS), OCLC, DataStar, LEXIS/NEXIS, Questel-Orbit, Ovid Technologies e H. W. Wilson. Algumas vezes os próprios serviços de indexação e resumo se encarregam de vender diretamente suas bases de dados, ao invés de fazer uso de uma empresa intermediária. Por exemplo, a Information Access Company (IAC) e a National Library of Medicine, além de produzir bases de dados, atuam também como fornecedores. O cliente pode escolher um ou vários fornecedores e acessar todas ou algumas entre as centenas de bases disponíveis. Algumas podem ser oferecidas por vários fornecedores; outras por apenas um. O custo do acesso é determinado por diferentes métodos, variando conforme o vendedor e o tipo de contrato de fornecimento. O preço pode ser estabelecido com base em assinaturas anuais, número de buscas realizadas ou número permitido de usuários com acesso simultâneo ao sistema. Mas é sempre caro. Por exemplo, uma instituição que assina o CitaDel, serviço da Research Libraries Group (RLG), paga, pelo acesso a cada base de dados, entre 750 a 18 mil dólares por ano para cinco usuários simultâneos. Outro elemento que compõe o custo do acesso online é o custo de telecomunicações. Devido às altas tarifas
praticadas no Brasil para ligações a distância, o acesso online a bases de dados nunca foi muito utilizado no País. Em um sistema online, um computador de um centro de informações é usado para entrar diretamente em contato com o computador hospedeiro das bases de dados, via linha telefônica através de um modem. O termo online significa que tanto o compu tador do usuário como o computador hospedeiro estão se comuni cando no momento da busca. O acesso é feito através de redes de comutação de pacotes como a Rede Nacional de Comunicação de Dados por Comutação de Pacotes (RENPAC), do Brasil, e Tymnet ou Telenet, dos Estados Unidos. E a forma mais rápida e eficaz de acesso às bases de dados e a preferida por profissionais da informação em países como os Estados Unidos. Nas bases online, as informações são atualizadas mais freqüentemente que nas versões impressas ou em CD-ROM, garantindo o acesso a informações mais recentes. Entretanto, existem algumas desvantagens relacionadas com o acesso online. A primeira delas é Q custo, já mencionado anterior mente. Outro problema é a variedade dos sistemas, pois os detalhes técnicos de utilização e pesquisa nas bases de dados variam de forne cedor para fornecedor. Por serem destinados a profissionais da informação, o uso dos sistemas pode ser complexo, exigindo treinamento e experiência. Em geral, os usuários finais têm dificuldade em lidar com eles. Além disso, a constante evolução da tecnologia de busca torna necessário que o profissional da informação se atualize constantemente, estudando a documentação tanto do sistema de cada fornecedor, quanto da base de dados. No final da década de 90, os vendedores de bases de dados começaram a utilizar também a Internet para oferecer outra forma
de acesso remoto às bases. O acesso via Internet é similar ao acesso online, mas neste caso a rede utilizada para acesso é, obvia mente, a Internet, e o custo de telecomunicações é menor, já que as ligações são tarifadas como locais (caso exista um provedor local de acesso à Internet). Como no caso dos sistemas online, uma vez acessado o sítio do fornecedor, é necessário o uso de senhas para a pesquisa. Entretanto, pelas informações que con têm, esses sítios são importantes, mesmo para os não assinantes. E possível verificar, geralmente, a lista das bases de dados fornecidas e sua documentação. Além disso, pode-se usufruir de alguns serviços grátis. O Dialog Web = ®, por exemplo, permite pes quisa grátis de palavras-chave nas bases disponíveis. O usuário pode, desta forma, identificar quais bases de dados contêm maior número de registros relevantes dentro do seu tópico — um ponto impor tante para uma decisão de compra de uma base —, mas não tem permissão para consultar o conteúdo dos registros recuperados. O fornecimento de acesso às bases dos grandes bancos de dados via Internet ainda é uma novidade em experimentação e, para o profissional da informação, apresenta várias desvantagens. Ao contrário da conexão direta online, o acesso através da Internet pode ser demorado, dependendo do tráfego na rede e do horário de acesso. Normalmente os fornecedores tornam disponíveis via Internet um leque menor de bases de dados do que o oferecido pelo acesso direto online. A interface de pesquisa e o software para busca costumam fornecer recursos menos sofisticados que os dos sistemas online. Entretanto, para os usuários brasileiros essa nova opção de acesso remoto elimina um fator limitante, que é o custo da ligação telefônica. Além do acesso remoto, existe atualmente a opção de acesso
local às bases. Algumas bases são distribuídas em disquetes. E o caso da base Current Contents on Diskette do ISI. Muitas das bases estão também disponíveis em CD-ROM. Alguns dos produtores/ distribuidores de bases de dados em CD-ROM são: UMI, OCLC, SilverPlatter e IAC. O CD-ROM tem a vantagem de oferecer um custo fixo por uso ilimitado e de eliminar as dificuldades relacio nadas com o acesso remoto. Por isso é o meio de acesso a bases de dados que tem tido maior penetração em países do terceiro mundo. Outra vantagem é a simplicidade de sua interface de pes quisa, que visa o usuário final e elimina a necessidade da presença de um intermediário que conheça o sistema. Entretanto, da mesma forma que nos sistemas online, existe, no caso dos CD-ROMs, uma variedade de sistemas com detalhes técnicos de utilização dife rentes, o que representa um obstáculo para o usuário. Outras desvantagens dos CD-ROMs em relação aos sistemas online são o menor número de bases disponíveis nesse formato, informações atualizadas com menor freqüência que nas bases online e recursos de busca menos flexíveis que nos sistemas voltados para o profis sional. Alguns vendedores de bases de dados como Ovid, IAC ou H. W. Wilson podem fornecer também fitas magnéticas com o conteúdo das bases de dados para que sejam montadas localmente. Esse tipo de instalação exige grande capacidade de armazenagem dos computadores. As bases de dados são adquiridas, processadas, carregadas no sistema e colocadas à disposição para toda a insti tuição, geralmente mediante senha de acesso. Normalmente são montadas junto com o catálogo online, como bases de dados adicionais. No Brasil esse método é pouco usado, pois apenas
recentemente sistemas mais sofisticados para automação de catá logos de bibliotecas têm sido implantados. Algumas bases de dados podem estar disponíveis em vários formatos: a base AGRÍCOLA (AGRICultural OnLine Access), que corresponde ao índice impresso Bibliography ofAgriculture, é pro duzida na versão impressa, online e em CD-ROM. Entretanto, nem sempre as diversas versões oferecem cobertura idêntica. Algumas bases podem combinar registros bibliográficos de vários índices impressos e reuni-los em uma única base. Por exemplo, os mais de 30 índices produzidos pelo CAB International são reunidos em uma única base, a CAB Abstracts. Essas diferenças tornam necessário o estudo da documentação sobre a base de dados para determinar as diferenças entre os conteúdos da versão impressa e da eletrônica, Como no caso dos índices impressos, as bases de dados bibliográficas cobrem uma grande variedade de campos de conhe cimento. Algumas, como o Dissertation Abstracts Online, são multidisciplinares, porém limitadas a um único tipo de documento. A maioria focaliza uma única área de conhecimento, mas inclui em sua cobertura vários tipos de documentos. Outras bases de dados cobrem as publicações de uma única fonte. Um exemplo é a base de dados do GPO que cobre as publicações daquele órgão desde 1976. Quando da aquisição ou uso de bases de dados online e em CD-ROM, é importante ter em mente o período coberto por elas. Por serem um desenvolvimento recente, as bases de dados, em geral, não cobrem a literatura publicada anteriormente à metade da década de 60. A conversão de itens mais antigos para a forma eletrônica é um processo caro e poucos produtores de bases de
dados o fizeram. Uma exceção é Dissertation Abstracts Online, cuja cobertura atinge desde o ano de 1861. Por isso, para buscas retrospectivas, na maioria dos casos, não se pode dispensar os índices impressos. Poucos índices existem apenas em forma eletrônica. A maioria das bases de dados bibliográficas corresponde a um índice impresso e contém essencialmente as mesmas informações que as suas versões em papel. Nas bases de dados bibliográficos cada registro corresponde a um artigo, livro, capítulo ou trabalho publi cado. A referência bibliográfica pode incluir, além de autor, título do artigo e data de publicação, um resumo, bem como várias outras informações adicionais sobre o item, como tipo de publi cação ou idioma. Para facilitar a recuperação de informações, palavras que indicam o assunto são incluídas em campos chamados descritores ou identificadores. Algumas bases de dados utilizam vocabulários controlados ou tesauros para a definição dos descritores, os quais nem sempre estão disponíveis em forma eletrô nica para consulta no momento da pesquisa. Nesse caso, para montar a estratégia de busca, o usuário deve consultar separada mente o tesauro impresso. Detalhes e especificidades, tais como os campos disponíveis para pesquisa, o seu conteúdo ou o uso de vocabulário controlado, variam de base para base. Essas infor mações são encontradas na documentação que acompanha a base de dados e devem ser lidas pelo profissional da informação. Devido às vantagens que as bases de dados oferecem em relação aos índices impressos, seu uso tem se tornado cada vez mais comum. As bases de dados oferecem mais pontos de acesso, podendo-se, muitas vezes, pesquisar palavras-chave que aparecem
em qualquer ponto do registro, inclusive no resumo e no texto completo (quando esses estão disponíveis). Além disso, permitem realizar pesquisas mais complexas, nas quais vários conceitos neces sitam ser relacionados, pois pode-se combinar grande número de termos de busca com lógica booleana, de maneiras que não seriam possíveis nos índices impressos. Permitem também fazer, rapidamente, buscas abrangentes cobrindo vários anos de publi cações. Essas e outras facilidades representam uma grande eco nomia de tempo para o usuário, permitindo que uma pesquisa, que poderia tomar muitas horas de trabalho se realizada manual mente, seja executada bem mais rapidamente com o uso dos computadores. 16.4 ACESSO AOS DOCUMENTOS
Refletindo a pressão do público por rápido acesso aos docu mentos, quando as bibliotecas locais não possuem os itens identi ficados, um número crescente de serviços de indexação e resumo tem incluído facilidades para a obtenção do texto completo dos documentos cobertos em seus índices. Em alguns casos, o texto completo é fornecido na própria base de dados.2 Muitos deles oferecem também um serviço de fornecimento de documentos mediante solicitação. The Genuine Article, do ISI, CAS Document Detective Sen/ice "», do CAS, e Ask*IEEE do INSPEC (The Database
2. Nestes casos, a base de dados pode ser fornecida em duas versões: uma com as refarênclii bibliográficas e outra contendo, além das referências bibliográficas, o texto compltto do documento. Nesses casos, a versão com o texto completo é mais cara. Um exemplo d* bala de dados oferecida nessas duas modalidades é a ABI/INFORM.
3r Physics, Electronics and Computing) são exemplos desses erviços de fornecimento de documentos, oferecidos diretamente •ela empresa produtora de índices e bases de dados. Os serviços de indexação e resumo utilizam também parceias com serviços independentes de fornecimento de documentos. )ois dos maiores e mais conhecidos são o BLDSC e o UnCover. O iLDSC é, provavelmente, um dos maiores e mais antigos do mundo, ixiste desde 1961 e atende à comunidade internacional através de ua coleção de mais de 250 mil títulos de periódicos. O UnCover ixiste há dez anos nos Estados Unidos, e sua coleção é composta Je 17 mil títulos de periódicos. Através do serviço UncoverWeb "*\ òrnece sem custo via Internet uma base de dados contendo mais je 15 milhões de citações de documentos, cujas cópias podem ser solicitadas por usuários de todo o mundo. Os serviços de fornecimento de documentos fazem amplo JSO da Internet e de fax, sendo extremamente eficientes. Após iden tificação dos documentos desejados, o usuário pode solicitá-los nediante preenchimento de formulário na Internet. Caso seja selecionada a opção de envio por fax (ao invés de por correio), o documento é, em geral, transmitido imediatamente, podendo estar disponível para o solicitante em questão de minutos, mesmo que ele esteja em outro país. Um artigo de 30 páginas, solicitado por fax ao UncoverWeb, custa aproximadamente 15 dólares, um preço que muitos dos usuários da informação especializada não se importam de pagar, em vista da rapidez e conveniência do serviço. Outros serviços de fornecimento de documentos são SWETS, Faxon Finder e OCLC Contents First, cada um deles cobrindo entre dez e 15 mil títulos de periódicos. No Brasil, o
serviço de fornecimento de documentos mais conhecido no meio acadêmico é o COMUT (ver item 5.7.3, do Capítulo 5: O Periódico Científico). Devido à ênfase no acesso a documentos, ao invés de sua posse, política adotada por muitas bibliotecas atualmente, é importante que os profissionais da informação estejam infor mados sobre os serviços de fornecimento de documentos, a fim de determinar qual deles oferece a melhor cobertura e condições para atender aos seus usuários. 16.5 USO DE BASES DE DADOS E PERIÓDICOS DE INDEXAÇÃO E RESUMO ESTRANGEIROS NO BRASIL Apesar de cobrirem de maneira limitada a literatura nacional, os índices e bases de dados estrangeiros são úteis para a comuni dade científica e tecnológica brasileira, devido à necessidade de se acompanhar os desenvolvimentos tecnológicos que ocorrem, na sua maior parte, nos países do primeiro mundo. Eles têm sido fornecidos, em geral, de forma restrita, em centros de informação e bibliotecas de universidades, organizações privadas e órgãos do governo. Usuários e profissionais da informação preferem as bases de dados (quando disponíveis) aos índices impressos, devido à facilidade de consulta e economia de tempo que o seu uso possibilita. No esforço de promover amplo acesso a índices e bases de dados estrangeiros, destacam-se as iniciativas do IBICT. Desde I977, o IBICT vinha utilizando sistemas online como o Dialog e outros, fornecendo buscas bibliográficas a pedido de instituições e pesquisadores individuais. Inicialmente, o acesso aos fornece dores de bases estrangeiros era feito online via Empresa Brasileira
; Telecomunicações (EMBRATEL). Os pedidos dos usuários •am feitos nos postos de serviço do IBICT, que divulgava sisteaticamente no Informativo IBICT as bases de dados disponíveis ira consulta. Mais tarde, o IBICT passou a adquirir bases de dados n CD-ROM, oferecendo serviços de buscas bibliográficas feitas lealmente. Para melhorar o acesso às bases, tanto nacionais como estransiras, foi criada, em 1993, a Rede Antares "® (Rede de Serviços de iformação em Ciência e Tecnologia).3 Coordenada pelo IBICT, ANTARES foi desenvolvida no âmbito do PADCT/ICT. Seu objevo é articular instituições com potencial de informação, visando a lanutenção e o fornecimento de bases de dados referenciais. \tualmente, cerca de duzentas instituições integram a Rede, que >ferece, no seu sítio na Internet, informações sobre as base de lados produzidas e/ou disponíveis nos centros cooperantes e, !im alguns casos, fornece links para o acesso e a pesquisa. As bases Je dados descritas no sítio da ANTARES podem ser nacionais ou ;strangeiras, em CD-ROM ou acessíveis via Internet. Algumas podem ;er acessadas sem necessidade de uma senha, outras exigem um "egistro do usuário junto ao centro distribuidor. Outras, particular mente aquelas em CD-ROM, só estão disponíveis para consulta nas instituições participantes. Grandes fornecedores de acesso a bases de dados como Dialog, DataStar, OCLC, IAC e Ovid possuem representantes no Brasil. Exemplos de empresas que representam estes fornecedores
3. Anteriormente chamada Sistema Público de Acesso a Bases de Dados (SPA).
no Brasil são a Publicações Técnicas Internacionais (PTI) "*>, de São Paulo, e Agência Fornecedora de Informações Técnicas e Comerciais (AFITEC) "®, de Belo Horizonte. 16.6 BASES DE DADOS E PERIÓDICOS DE INDEXAÇÃO E RESUMO BRASILEIROS
As primeiras bibliografias especializadas brasileiras foram publicadas na primeira metade do século XX. Produzidas por órgãos governamentais, caracterizavam-se por descontinuidade na pro dução e atrasos na publicação. São exemplos daquele período a Bibliografia e índice da Geologia do Brasil (1938), produzida pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), o índice Catálogo Médico Brasileiro (I939), de Jorge de Andrade Maia, a Bibliografia Cartográfica Brasileira (1951), de Isa Adonias e o índice Tecnológico (1953), de Bernadette Sinay Neves. O esforço para a produção institucionalizada de bibliografias especializadas brasileiras começa com a criação do IBBD em 1954. Com relação às bibliografias, o IBBD adotou uma política de centrali zação de sua produção, possível na época devido ao então reduzido tamanho da atividade científica brasileira. Nesse sentido, assumiu a produção de bibliografias nas áreas de medicina e ciências sociais, as quais já vinham sendo cobertas anteriormente e também de outras áreas até então não cobertas, como matemática, física, zoologia, química, botânica e documentação. Ainda no final dos anos 60, em um trabalho pioneiro, o IBBD passou a utilizar o compu tador para impressão das bibliografias que produzia, através do seu Sistema Integrado de Automação de Bibliografias Especializadas (SIABE).
A partir de 1976, o IBBD foi reestruturado como IBICT, que tssou a coordenar o setor de informação científica e tecnológica ) Brasil. Com relação às bibliografias especializadas, o IBICT tomou jas decisões. Primeiro, reconhecendo que o controle bibliográfico a literatura especializada é melhor exercido pelos setores espeficos, decidiu descentralizar sua produção. Segundo, optou pela nfase na produção de bases de dados, ou seja, o produto básico o controle bibliográfico nacional seriam as bases eletrônicas de ados, enquanto as bibliografias impressas poderiam ser um ubproduto opcional. A cargo do IBICT ficaria apenas a coordeiação das entidades produtoras e o fornecimento de apoio e incenivo para a produção independente, auto-sustentada e moderna das bibliografias. O apoio técnico, prestado através do seu Sistema de Registro Bibliográfico (SRB), incluía o desenvolvimento de metodologias para produção de bases de dados dentro de padrões 2 formatos uniformes, que garantissem a compatibilidade com outros sistemas e assistência para a elaboração de tesauros. Assim, no início da década de 80, o IBICT passou a coordenar uma rede de 18 instituições cooperativas, as quais coletavam os dados bibliográficos relativos à literatura produzida no País e os forneciam ao IBICT. As bases de dados eram mantidas na sede do IBICT e compreendiam as seguintes áreas: geociências, química, meio ambiente, zoologia, botânica, antropologia, desenvolvimento regional, medicina tropical, tecnologia mineral, carvão mineral, carvão vegetal, política científica e tecnológica e ciência da informação. A partir de 1985, O IBICT tentou agilizar a transferência da produção e manutenção daquelas bases de dados para entidades representantes de diversos setores, por exemplo: DNPM (base de dados sobre geociências e tecnologia mineral); Instituto Nacional
de Tecnologia (INT) (química geral e tecnológica); UFRGS (meio ambiente); UFPa (zoologia, biologia, antropologia, desenvolvimento regional e medicina tropical) e Coordenação de Informação Docu mental Agrícola - CENAGRI (ciências agrícolas). O IBICT ficou responsável pela base de dados em ciência da informação e, tam bém, pela base de dados de política científica e tecnológica (esta última, anteriormente, a cargo do CNPq). Nessa fase, o IBICT passou também a limitar os serviços oferecidos pelo SRB, concentrando-se em incentivar instituições a assumirem a produção de bibliografias em suas áreas de com petência. Progressivamente, limitou ainda mais a sua atuação como órgão incentivador e, atualmente, apenas elabora os editais que contemplam a produção de bases de dados. Podem concorrer a esses editais quaisquer instituições que se enquadrem nas exigências previstas em cada um. Essas ações ocorrem em programas de financiamento, como o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PADCT). Não se pode dizer que as diversas iniciativas para o controle da literatura especializada no Brasil, seja através de ações centralizadoras ou descentralizadoras, tenham obtido, até o momento, completo êxito. Enquanto os índices e bases de dados estrangeiros são bastante eficientes no controle da literatura produzida em suas áreas de atuação, de forma abrangente e regular, isso ainda não acontece no Brasil. A produção de índices ainda é limitada a algumas áreas e, mesmo nessas, ainda acontece o problema de descontinuidades ocasionais. Algumas das áreas que se destacaram no controle biblio gráfico, desde os anos 70, caracterizaram-se pela formação de redes nacionais cooperativas e pela participação em redes
iternacionais, que forneceram apoio financeiro e técnico. Uma elas, com posição privilegiada, é a de informação em saúde devido, rincipalmente, às ações da BIREME (Centro Latino-Americano e o Caribe de Informação em Ciências da Saúde) e das bibliotecas a USP. A BIREME, ligada à Organização Pan-Americana da Saúde OPAS), produz a base de dados ULACS (Literatura Latino-Ameri- :ana e do Caribe em Ciências da Saúde) que cobre a literatura médica ia região desde 1982. Os dados que compõem a ULACS são resulado de uma ação cooperativa de 23 países da América Latina e Zaribe, unidos em uma rede da qual a BIREME é o órgão central. A BIREME produz também otesauro DeCS: Descritores em Ciências da Saúde. Fornecido em forma de base de dados, o DeCS contém o vocabulário controlado, utilizado para a indexação e recuperação de informação nas bases de dados ULACS e MEDLINE®. A metodologia desenvolvida para produção da base de dados LILACS em CD-ROM foi um trabalho pioneiro no Brasil, tendo sido iniciado em 1987, por iniciativa da OPAS e do escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS). Essa metodologia é usada atualmente também para produção das bases de dados BBO (Bibliografia Brasileira de Odontologia) e AdSaúde. A BBO, publicada pela Faculdade de Odontologia da USP, inclui a literatura nacional na área de saúde oral, a partir de 1986. A AdSaúde reúne a literatura relativa à área de administração de serviços em saúde, desde 1986. A Bibliografia Brasileira de Medicina Veterinária e Zootecnia, publicada pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, deverá ter sua produção, que foi interrompida em 1990, retomada em CD-ROM. Juntamente com a BIREME, o CIN/CNEN foi um dos pioneiros na participação em redes cooperativas, nacionais e internacionais e
na absorção de tecnologia para produção de bases de dados no Brasil. Desde 1981, produz a Bibliografia Brasileira de Energia Nuclear. Atualmente fornece também a base de dados FONTE que contém literatura nacional e internacional na área de fontes alternativas de energia. O CIN/CNEN integra o sistema cooperativo da IAEA, alimentando sua base INIS (International Nuclear Information System) com a literatura produzida no Brasil na área de energia nuclear. Outro setor que se destacou desde os anos 70 foi o de informação agrícola. A Bibliografia Brasileira de Agricultura, publicada pelo IBICT até 1978 e posteriormente pela Biblioteca Nacional de Agricultura (BINAGRI), é apresentada hoje em forma eletrônica, através da Agrobase (Base Bibliográfica da Agricultura Brasileira). Essa base é, atualmente, gerenciada pela CENAGRI, órgão do Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária e unidade central do Sistema Nacional de Informação e Docu mentação Agrícola (SNIDA). Cobre a literatura agrícola brasileira, técnico-científica e de extensão rural desde 1870 até o momento, contendo quase 180 mil referências bibliográficas. Seus dados são usados para alimentar a base internacional AGRIS, mantida pela FAO, que reúne a literatura dos países membros nas ciências agrárias. A Agrobase é também apresentada no CD-ROM Bases de Dados de Pesquisa Agropecuária, produzido pela Embrapa, outro órgão atuante na área de informação agrícola desde os anos 70. O CD-ROM tem por objetivo a disseminação da informação agrícola, produzida e colecionada pelas unidades de pesquisa da Embrapa e por outras instituições agrícolas brasileiras, reunindo, além da Agrobase, as bases de dados: Acervo Documental da Embrapa, com mais de 250 mil referências bibliográficas, Base de Dados Bibliográficos sobre
Cerrado, com dez mil documentos técnicos-científicos e a Base de Dados Bibliográficos de Recursos Naturais do Nordeste do Brasil.
Também dentro do modelo cooperativo, uma área que recen temente adquiriu novo ímpeto foi a de informação desportiva. Criado em 1985, o Sistema Brasileiro de Documentação e Informação Desportiva (SIBRADID) controla a produção nacional em ciências do esporte, através de uma rede cooperativa. A rede funciona com uma unidade central, sediada na Escola de Educação Física da UFMG e dez universidades colaboradoras. A sua base de dados, pesquisável via Internet, cobre a literatura em ciências do esporte, educação física, fisioterapia, terapia ocupacional, lazer, recreação e afins. Contém o registro de documentos publicados no Brasil, inclusive traduzidos, a partir de 1985. A produção científica dos países de língua portuguesa é também alvo do conteúdo da base, que inclui dissertações, teses, relatórios de pesquisa, relatórios técnicos, livros, capítulos de livros e artigos de periódicos. Os dados bibliográficos do SIBRADID são usados para alimentar a base de dados SPORT COM, que,reúne a produção bibliográfica dos países ibero-americanos. Alimentam ainda a base de dados SPORT INFO, produzida pela Sport Information Research Center (SIRC), que reúne a literatura oriunda dos países membros da International Association for Sport Information (IASI). A Bibliografia Brasileira de Educação, editada semestralmente desde 1954 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educa cionais (INEP), atualmente é resultado do trabalho cooperativo de uma rede de instituições. O Centro de Informações Bibliográficas do MEC, as faculdades de educação da UFMG, da UFRGS e da UFRJ e a Fundação de Desenvolvimento da Educação e Fundação Joaquim Nabuco se encarregam de levantamentos sistemáticos
do que se publica sobre a educação brasileira, trabalhando com documentação coletada em livros, folhetos, periódicos, catálogos e outras publicações. Embora com a periodicidade atrasada (o último volume publicado corresponde a 1991), existem esforços para sua atualização, bem como para sua veiculação em meio eletrônico. A informação jurídica é uma das poucas áreas que alcançou o estágio comercial, não mais se limitando a iniciativas governa mentais para seu controle e acesso. Um dos motivos que podem ter levado a essa situação privilegiada é a peculiaridade desse tipo de informação, mais dependente de fontes nacionais que as infor mações científicas e tecnológicas. Dentro da política de descentralização do IBICT, em 1986, a Biblioteca do Senado, em parceria com o Centro de Informática e Processamento de Dados do Senado Federal (PRODASEN), assumiu a responsabilidade pela edição regular da Bibliografia Brasileira de Direito. Disponível em forma impressa, online e CD-ROM, a Bibliografia compõe-se de referências bibliográficas de monografias e artigos de periódicos, em português ou outros idiomas, editados no Brasil desde 1980 e de artigos de jornais publicados no Caderno Direito e Justiça do Correio Braziliense, desde 1992. É alimentada pela Biblioteca do Senado Federal e por 15 bibliotecas do Distrito Federal que inte gram a Rede SABI (Subsistema de Administração de Bibliotecas do PRODASEN). Outras bases oferecidas pela Biblioteca do Senado são NJUR (normas jurídicas), DISC (discursos),JÚRI (jurisprudência), MA (matérias em tramitação nas casas do congresso) e o Thesaurus, um índice de palavras ou expressões que orientam a indexação e as pesquisas nessas bases de dados. Além do Senado Federal, vários serviços comerciais fornecem informações sobre legislação fiscal, contábil, trabalhista e
jrisprudencial. Editoras comerciais que se especializam no forneimento de informações jurídicas, como a Lex Editora e a Editora araiva, passaram a oferecer suas publicações também em CD-ROM. \ Editora Saraiva, por exemplo, produz a base de dados LIS (Legis- ação Informatizada Saraiva), que contém praticamente toda a legisação federal vigente desde 1850, abrangendo todas as áreas: civil ; processual civil, comercial, penal e processual penal, administrativa jública federal, trabalhista, previdenciária, tributária e financeira. A 3ase JUIS (Jurisprudência Informatizada Saraiva) contém a transcrição ntegral das ementas jurisprudenciais de vários tribunais de São D aulo e Rio Grande do Sul. Muitas outras empresas comerciais como o Sistema Infolegis e a empresa CD-GRAF produzem bases de dados com o objetivo de simplificar, modernizar e agilizar a consulta à jurisprudência e legislação. Sítios na Internet, como o da Ordem dos Advogados do Brasil, listam várias outras empresas especializadas na produção de bases de dados jurídicas. Outra área, a de informação, econômica, tem merecido a atenção de empresas comerciais. A empresa Brasília Computadores e Sistemas Ltda. vem produzindo, desde 1993, a base de dados IBBE (índice Brasileiro de Bibliografia Econômica - Orientador Adviser). Disponível em disquete, abrange artigos sobre economia publicados em revistas especializadas de 1970 até 1997, coletâneas sobre economia publicadas no Brasil a partir de 1986, teses de mestrado e doutorado aprovadas em universidades brasileiras, além de publicações nacionais e internacionais dedicadas a estatísticas e legislação econômicas. Nas áreas onde não existe uma instituição que se responsa bilize pela produção de serviços de indexação e resumo de forma
regular, o usuário não tem outra alternativa senão consultar primeiro os índices brasileiros que, quando existem, podem estar com a publicação interrompida há vários anos e, portanto, desatualizados. Essa busca em um índice defasado pode ser útil para um levantamento bibliográfico retrospectivo e também para que o usuário identifique os periódicos nos quais freqüentemente aparecem os tópicos de seu interesse. Para encontrar as publicações mais recentes, nesses casos, o usuário deve fazer, manualmente, uma pesquisa nos anos mais recentes desses periódicos e, assim, identificar artigos de seu interesse. Na ausência de índices atualizados, os catálogos de biblio tecas, disponíveis em forma de bases de dados acessíveis através da Internet, podem ser uma importante fonte complementar. A UFRGS e a USP, por exemplo, oferecem, além do seu catálogo, a produção bibliográfica gerada nessas universidades incluindo teses, dissertações, livros, capítulos de livros, artigos de periódicos nacio nais, artigos de periódicos estrangeiros, trabalhos de eventos nacio nais, trabalhos estrangeiros, entre outros. Embora não sejam exa tamente serviços de indexação e resumo, podem funcionar como instrumentos que suplementam as necessidades do usuário brasileiro. Além das bases de dados e dos índices com pretensão de cobertura abrangente da literatura nacional, nota-se que tem surgido nos últimos tempos um grande número de pequenas bases de dados brasileiras. Essas bases de dados, em geral de menor porte e abrangência, são geradas, muitas vezes, a partir dos acervos de bibliotecas de determinados órgãos e do material bibliográfico por eles produzidos e refletem a sua área de atuação específica. Apesar de representarem mais uma alternativa para o usuário, devido à fragmentação dos seus dados, essas pequenas bases locais não
;ão uma solução para as deficiências no controle da literatura jroduzida no Brasil. Com a carência de sistemas abrangentes, a informação icessada via Internet tem sido de grande utilidade para o usuário brasileiro, completando esse cenário de recursos informacionais fragmentados. Um exemplo de um sítio útil é o do Prossiga, o qual contém bibliotecas virtuais nas áreas de educação, economia, estudos culturais, políticas públicas e pesquisa em C&T, energia, competitividade, ótica e engenharia de petróleo. Essas bibliotecas digitais congregam uma variedade de fontes de informações nacio nais e estrangeiras, podendo dar acesso a bibliografias sobre tópicos específicos, a listas de periódicos nacionais, às vezes com acesso aos seus textos completos ou resumos. 16.7 FONTES PARA IDENTIFICAÇÃO
Para a identificação de índices e bases de dados podem ser usados diretórios, revistas especializadas, livros didáticos sobre ser viços de referência ou guias de literatura especializada. Na escolha de um índice, o profissional da informação deve selecionar aquele que melhor reflita o conteúdo de sua biblioteca ou o que forneça referências úteis para os seus usuários, mesmo que a biblioteca não possua as fontes. Os diretórios, em geral, fornecem descrições dos índices e serviços de indexação e resumo, mas não os avaliam ou comparam. Um exemplo de diretório que pode ser usado para identificação de serviços de indexação e resumo é o Ulrich's International Periodicals Directory. Esse diretório possui uma seção sobre serviços
de indexação e resumo, com informações sobre índices gerais e
especializados que eles produzem. Além disso, para cada periódico listado, o Ulrich's indica os índices que o incluem na sua cobertura. A EBSCO Publishing edita The Index and Abstracts Directory: an International Guide to Services and Seriais Coverage que fornece infor
mações sobre índices impressos ou eletrônicos. Existem diretórios que se especializam em bases de dados. O Gale Directory of Databases é formado pela combinação de três títulos (Computer Readable Databases, Directory of Online Databases
Directory of Portable Databases), fornecendo uma cobertura extensa de bases de dados em todos os formatos. Para CD-ROMs, os diretórios CD-ROMs in Printe CD-ROM Finder (anteriormente Optical Publishing Directory) e The CD-ROM Directory são algumas das principais fontes de informação. Nelas pode-se encontrar mais de seis mil títulos de CD-ROM e cerca de quatro mil empresas produtoras. Outras publicações não são tão abrangentes na sua cobertura, mas fornecem descrições avaliativas, comparativas e críticas dos índices e bases de dados. Livros didáticos sobre serviços de refe rência (como, por exemplo, Business Information: How to Find It, Howto Use It) e livros comerciais (como The Online 100) fornecem informações que podem auxiliar na seleção de um índice ou base de dados. Uma variedade de periódicos voltados para os profissionais da informação como LibraryJournal, Magazines for Libraries, Online & CD-ROM Review, CD-ROM World'e CD-ROM Professional oferecem
regularmente colunas e artigos analíticos sobre novos produtos disponíveis. A revista Library Journal publica desde 1997, no fascículo da segunda quinzena de maio, uma revisão anual da situação dos mais expressivos vendedores de bases de dados.
Não existem diretórios brasileiros, atualizados regularmente, que compilem informações sobre os índices e bases de dados nacionais. Alternativamente, pode-se consultar o Informativo IBICT e a revista Ciência da Informação, que informam sobre os novos lançamentos no setor. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOPP, Richard E., SMITH, Linda C. Reference and information services: an introduction. 2nd.ed. Englewood, CO.: Libraries Unlimited, 1995. CAMPELLO, Bemadete Santos, MAGALHÃES, Maria Helena de Andrade. Intro dução ao controle bibliográfico.
Brasília: Briquet de Lemos, 1997.
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17_ ÍNDICES DE CITAÇÃO DAISY PIRES NORONHA SUELI MARA SOARES PINTO FERREIRA
Uma parte essencial de todo documento científico é a lista de referências bibliográficas que o acompanha, a qual tem a finalidade de indicar outras publicações relacionadas ao tema do documento. Isso significa que um artigo científico não se faz sozinho, mas sempre absorve a literatura já existente sobre aquele assunto. As refe rências são necessárias para identificar os pesquisadores cujos conceitos, métodos ou teorias serviram de inspiração ou foram utilizados pelo autor no desenvolvimento de seu próprio artigo, estabelecendo-se assim um processo de referência e de citação. 17 .1 REFERÊNCIA E CITAÇÃO
Referência é o conhecimento que um documento fornece sobre outro, e citação é o reconhecimento que um documento recebe de outro. Esses processos implicam uma relação entre as partes ou o todo do documento citado e a parte ou o todo do documento que o está citando. Dentre as várias razões que um autor tem para referenciar/ citar documentos podem-se mencionar (CARVALHO, I973, WEINSTOCK, 1971), entre outras:
• indicar leituras para complementação do assunto; • alertar para trabalhos relacionados; • identificar publicações originais nas quais uma idéia ou um conceito foi discutido; • dar crédito a trabalhos relacionados; • autenticar datas e situações de descoberta de fatos. Para a elaboração e ordenação das referências e citações, os autores devem seguir normas nacionais ou internacionais, utilizando padrões já estabelecidos por organizações dedicadas especificamente a essa tarefa. Como exemplo dessas organizações há a ISO e a ABNT, entidades dedicadas exclusivamente à ela boração de normas de todos os tipos, dentre elas as normas biblio gráficas. Algumas sociedades científicas especializadas, como a American Psychological Association e o Grupo de Vancouver, que reúnem editores de revistas médicas, também estabelecem padrões para uso de suas comunidades, sendo o resultado uma variedade de normas de referenciação e citação. A partir da década de 50, a prática da referenciação/citação começa a servir também ao propósito de ordenar, preservar e controlar a litera tura de ciência e tecnologia, utilizando-se os índices de citação. índice de citação é uma obra de referência especialmente organizada para permitir observar o impacto que determinado trabalho teve na literatura científica, através' da verificação do número de vezes que foi citado por outros autores. Esse tipo de índice lista documentos citados — tanto em notas de rodapé quanto em listas bibliográficas de final de texto — seguidos dos
trabalhos que os citaram. O índice de citação serve de base para uma diversidade de estudos bibliométricos, que permitem verificar vários aspectos da literatura científica. 17.2 ORIGEM DOS ÍNDICES DE CITAÇÃO
Existem algumas controvérsias sobre a origem desses índices. O seu precursor parece ter sido a obra A Table of Cases in Califórnia asAffirmed, Ovenvied, Modified, Commented upon, orAtteredbyStatu
Enactment, de HenryJ. Labatt (1860). Nela estão arranjados, alfabeticamente, nomes de processos jurídicos com breves anotações sobre o tratamento dispensado a casos similares, incluindo comen tários e decisões. Outra publicação, também na área jurídica, consi derada como precursora dos índices de citação, é o trabalho de William Wait (1872), intitulado A Table of Cases Affimned, Reversed or Cited in Any ofthe Volumes ofthe Reports ofthe State ofNew York (SHAPIRO, I992). O mais significativo sucessor dos índices de Labatt e de Wait foi o trabalho de Frank Shepard que iniciou, em 1873, a compilação das citações dos casos da Corte do Tribunal Superior Americano, para distribuição a assinantes e interessados. Essa compilação gerou uma publicação conhecida como Shepard's Citations, que tem sido considerada efetivamente a primeira aplicação
prática do conceito de citação, conforme conhecido hoje. Esse trabalho permitia acompanhar os ditames da doutrina que regia tanto a lei americana como a lei inglesa, conhecida porStare Decisis, que determinava que todos os processos jurídicos deviam ser relacionados a processos similares ou correspondentes, inclusive com anotações sobre suas respectivas soluções, ponderações e/ ou determinações (WEINSTOCK, 1971). O sistema de compilação
desenvolvido por Shepard expandiu-se com grande repercussão, sendo ampliado com listagens suplementares das citações subse qüentes, incluindo diferentes tipos de fontes legais, como decisões, estatutos e outras. Foi somente após a Segunda Guerra Mundial que os índices de citação surgiram no âmbito da ciência e da tecnologia, coinci dindo com um período em que o acesso à literatura dessas áreas estava dificultado em decorrência de vários fatores. O primeiro deles foi o aumento considerável da literatura. Nessa ocasião surgiram os primeiros estudos e projeções sobre o fenômeno do crescimento da literatura, emergindo o termo explosão da infor mação. As previsões da época estimavam, por exemplo, que em 1975 existiriam mais de dois milhões de cientistas no mundo, produ zindo um milhão de papers por ano. O segundo fator foi a escassez de profissionais necessários para indexar todo o material publicado, o que ocasionava demora no acesso a publicações, ocorrendo inclusive perda de informações relevantes. O fenômeno da multidisciplinaridade na ciência foi outro fator que colaborou para dificultar o acesso à literatura. Finalmente, deve-se lembrar que os tradicionais índices temáticos da época já sofriam do problema de obsolescência, no que diz respeito aos termos de indexação que utilizavam, como conseqüência das rápidas mudanças que a ciência vinha sofrendo. Esses problemas demonstraram a necessidade de um sistema de indexação que fosse livre de dificuldades semânticas e indepen dente de indexadores especializados, agilizando o processo de recuperação da informação e melhorando o acesso à literatura. Surgiu assim, em 1953, a idéia de se criar um índice de citação na
área científica. A sugestão partiu de William C. Adair (vice-presidente do tribunal onde anteriormente Shepard trabalhara), que propôs a Eugene Garfield (que, na época, trabalhava no Johns Hopkins Welch Medicai Library Indexing Project) a criação de um índice de citação para a área médica. Ampliando a idéia, Garfield criou, em 1961, o Science Citation Index, o maior exemplo de índice de citação da atualidade. 1 7.3 Os ÍNDICES DE CITAÇÃO DO ISI Hoje em dia, a produção de índices de citação concentra-se no ISI, dirigido por Eugene Garfield, o pioneiro no desenvolvimento desse tipo de índice. Criado em 1958, na Philadelphia (Pennsylvania, EUA), o primeiro produto do ISI foi o Science Citation Index, lançado em I96I. Além dos índices de citação — seus produtos mais conhecidos — oferece inúmeros outros serviços de informação. Ini cialmente foram lançados índices de citação multidisciplinares, como o já citado Science Citation Index, além do Social Science Citation Index,
em I972, eo Arts & Humanities Citation Indexem I978. O Science Citation Index cobre 3.500 títulos de periódicos nas áreas de ciência, tecnologia e medicina. O Social Science Citation Index cobre a literatura produzida em 1.600 títulos de periódicos nas diversas áreas das ciências sociais. O Arts & Humanities Citation Index arrola 1. 100 títulos de periódicos em ciências humanas e artes. O ISI produz também índices de citação em áreas especializadas: o Biochemistry & Biophysics Citation Index, o Biotechnology Citation Index, o Chemistry Citation Index, o CompuMat
Citation Index, o Materials Science Citation Indexe o Neuroscience Citation Index, Em seu conjunto, esses índices de citação indexam
nais de oito mil periódicos. A cobertura das diversas bases de dados varia: o Science Citation Index, por exemplo, indexa uma média de 17 mil novos artigos por semana, o que significa, apro ximadamente, uma média de trezentos mil novas citações por semana, perfazendo um total de 14 milhões de papers por ano. Já o Social Sciences Citation Index inclui uma média de 2.800 novos artigos por semana, com aproximadamente cinqüenta mil novas citações por semana, o que perfaz um total aproximado de quase três milhões de citações (ISI, 1998). Todos os índices de citação do ISI estão disponíveis, mediante assinatura, em formatos variados: impresso, fita magnética, CD-ROM e, mais recentemente, na opção online, através do sítio intitulado Web oiScience "® na Internet. Cada uma dessas publicações oferece recursos e vantagens diferen ciados, em função das características do suporte, com variações na periodicidade de atualização, nos recursos de busca, no custo e na disponibilidade de informações retrospectivas. A opção via Internet oferece vantagens sobre as demais: sua atualização é mais rápida, utiliza recursos extras para compo sição de opções de busca, oferecendo, por exemplo, a função quick search (busca rápida) para usuários principiantes e a função full search (busca completa) para usuários experientes. Possibilita ainda a pesquisa combinada entre todos os índices (possibilidade inviável nos demais suportes), recurso de delimitação da pesquisa
I. Disponível gratuitamente para instituições federais de ensino superior brasileiras, em decor rência de convênio firmado entre o ISI e a CAPES/FAPESP, o que possibilitará a realização de pesquisas bibliográficas, como também de estudos cientométricos.
por período de tempo, idioma ou tipo de documento, utilizando lógica booleana e operadores de proximidade. Os resultados das buscas são apresentados classificados por data, relevância, autor ou título do periódico. Através do recurso do hipertexto, é possível navegar por entre todos artigos citados e citantes (linkados entre si) atuais e retrospectivos, independentemente da base de dados em que se encontrem indexados. Localiza todos os autores que foram citados e não apenas os primeiros. Outra possibilidade oferecida pelo sistema de busca online é o acesso aos acervos locais através de conexões entre as bases de dados do ISI e sistemas OPACs disponíveis na Internet. É possível exportar os resultados da pesquisa diretamente para o software de banco de dados do pesquisador, como Pro Cite ou Reference Manager,2 ambos comercializados pelo ISI. O ISIDocument Solution, implementado há muitos anos para permitir acesso ao documento primário, encontra-se agora disponível também eletronicamente. Os índices de citação produzidos pelo ISI compõem-se basi camente das seguintes partes: • citation index Lista alfabética dos autores (primeiro autor citado) cujos trabalhos foram citados durante o período coberto, seguidos do nome dos autores e artigos que os citaram, incluindo apenas o volume, página e ano do artigo citante;
2. Programas que permitem aos usuários a organização de suas bases de dados individuais com inúmeras facilidades, tais como saída de referências bibliográficas em variados formatos (ISO, ICMJE-International Committee of Medicai Journal, APA etc), uso concomitante com editores de textos (como, por exemplo, o Wo rd da Microsoft), importação e exportação de dados diversos e de sítios na Internet.
• source index Lista alfabética dos autores citantes, com dados bibliográficos completos de cada item indexado. Permite descobrir o que um autor em particular publicou durante o período coberto; • permuterm subject index Lista de palavras-chave ou frases retiradas dos títulos dos artigos citantes. Este índice permite uma abordagem por assunto, remetendo ao Source Index, onde se encontram as referências bibliográficas completas dos artigos citantes cobertos no período; • corporate index Lista de entidades e instituições que permite recuperar documentos a partir da filiação acadêmica ou institucional dos autores citantes.
17.4 FUNÇÕES DOS ÍNDICES DE CITAÇÃO
Os índices de citação servem como ferramentas de trabalho tanto para a recuperação de informação (funcionando como um índice convencional), como para uma variedade de estudos bibliométricos, sendo a análise de citação um dos mais conhecidos.
17.4.1
RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO
Como instrumentos de recuperação da informação, os índi ces de citação mostram o que foi publicado sobre determinado assunto, possibilitando a identificação de trabalhos correntes
e retrospectivos sobre temas de interesse. A recuperação da informação nesses índices difere da dos índices e abstracts con vencionais: tipicamente, a busca no índice de citação é feita a partir do nome de um autor cujo trabalho se conhece e, secun dariamente, pelas palavras-chave retiradas do título desses docu mentos. Os índices de citação apresentam algumas vantagens sobre os índices convencionais. Em primeiro lugar, são eliminados os pro blemas de terminologia, já que nos índices de citação a indexação é feita pelo trabalho citado e não por termos que descrevem o assunto e que podem não ser adequados, além de serem vulne ráveis à obsolescência científica e tecnológica. Os vínculos entre os trabalhos dependem das citações do autor e não de descritores de assunto, o que beneficia a cobertura interdisciplinar, eliminando as barreiras rígidas de assunto. Outro ponto positivo decorre de sua elaboração exclusivamente por processos eletrônicos, resul tando em rapidez de produção, característica atualmente funda mental nos serviços terciários. Além disso, sua produção é mais simples, não requerendo indexadores especializados, o que significa custo menor que na indexação convencional. Algumas desvantagens devem ser notadas no índice de citação. O grande número de referências rapidamente recuperadas e a inexistência de resumos dificultam a seleção dos trabalhos identifi cados. A relevância dos itens citados, ou seja, até que ponto esses itens têm relação com o trabalho em que foram citados, é um ponto que determina a sua utilidade. Também a falta de rigor por parte dos autores na elaboração da referência bibliográfica, que pode estar incorreta ou incompleta, é outro ponto que prejudica o índice de citação.
17.4.2 ANÁLISE DE CITAÇÃO Os índices de citação são ferramentas essenciais para a análise de citações, possibilitando o exame da relação entre a unidade produtora (citante) e a unidade produzida (citado), servindo como instrumento para análise das atividades de pesquisa, especificamente a avaliação da produtividade científica. A análise de citações tem sido usada para medir o chamado fator de impacto da produção de um cientista, constituindo-se em parâmetro para a competitividade profissional. Permite também avaliar o impacto, o crescimento e a obsolescência da literatura, caracterizando as publicações em relação a sua idade, às áreas mais ativas, à autoria dos trabalhos publicados, além de identificar autores e periódicos mais citados. Assim, a análise de citações permite a "avaliação dos cientistas, publicações e instituições de pesquisa; investigação de hipóteses concernentes à história e sociologia da ciência e tecnologia; e o estudo das características do desempenho das buscas de infor mação e os procedimentos de recuperação". (ZUNDE, 1971, citado por PERITZ, 1992). Para GARFIELD (1983), ao se considerar apenas o número de artigos produzidos em um país, tem-se o nível de produ
tividade, mas se for considerado também o número de citações que esses artigos receberam, tem-se a medida de utilidade ou impacto. Com isso, o número de citações recebidas por um trabalho "supos tamente mede o progresso científico, agregando um atributo de qualidade à produção científica" (VELHO, 1989). Deve-se considerar, no entanto, que a utilização pura e sim ples da análise de citação para medir a produtividade na ciência pode levar os autores, mesmo que inconscientemente, a utilizar o processo de citação para aumentar o seu índice de produtividade, através, por exemplo, da prática da autocitação. A investigação
das razões pelas quais um trabalho é citado, utilizando-se métodos qualitativos e uma abordagem sociológica, é uma tendência que se observa e que poderá enriquecer a análise da produtividade através da citação, diminuindo os equívocos da simples contagem de citações. Mesmo sendo objeto de críticas e controvérsias quanto a sua eficácia, a análise de citação continua a ser usada como meio de estudo da produção científica, funcionando como um indicador de impacto dos trabalhos dos pesquisadores e de periódicos, como atesta a imensa literatura existente no campo da bibliometria, da cienciometria e, mais recentemente, da informetria.3 Embora sendo uma ferramenta única para a análise de citação, os índices produzidos pelo ISI devem ser considerados com cautela quando se trata de avaliar a produtividade de autores e de publi cações de países periféricos, tendo em vista que a maioria dos periódicos indexados é predominantemente oriunda de países desenvolvidos: de mais de três mil itens analisados, menos de uma centena corresponde a países do terceiro mundo e somente uma dezena da América Latina e do Caribe (SPINAK, 1996).
3. A bibliometria, como disciplina de alcance multidisciplinar, está associada a medidas quan titativas da comunicação impressa, com aplicação de métodos matemáticos e estatísticospara estudar as características de uso e citação de documentos (SPINAK, 1996, SPINAK, 1998). A cienciometria aplica as técnicas bibliométricas para medir as características das investigações científicas, disciplinas, campos e áreas temáticas, a estrutura da comunicação científica, conhe cendo a natureza e influência a que estão sujeitos (SPINAK, 1996). A informetria é um subcampo emergente da ciência da informação, baseado na combinação de métodos bibliométricos aperfeiçoados, aplicados não somente aos estudos cienciométrico! e às avaliações da pesquisa em ciência e tecnologia, mas também á análise de suas mútua$ relações sociais, econômicas etc. (WORMELL, 1998).
A experiência do ISI é pioneira e única. Esparsas iniciativas urgem e são abandonadas em vários países. No Brasil, por exem>lo, já houve uma tentativa para elaboração de um índice de citação :m ciências agrárias, iniciada por um grupo de pesquisadores da Escola Superior de Agricultura da Universidade de São Paulo, porém sem continuidade (PERES, 1996). Com a evolução da área de ciência da informação e, princi palmente, com a exigência de melhores serviços e de produtos mais competitivos, os profissionais da informação estão desper tando para diferentes caminhos de pesquisa a serem percorridos. Para tanto, várias ferramentas, entre elas os índices de citação, estão sendo buscadas. O advento das publicações periódicas em suporte eletrônico (ver Capítulo 5: O Periódico Científico) está levando várias editoras e organismos ligados à publicação científica de diversos países a desenvolverem recursos tecnológicos que permitam o controle automático do processo de citação. Dentre as iniciativas nessa linha há a da editora Elsevier, que vem desenvolvendo uma metodologia para utilização nos milhares de títulos de periódicos com os quais trabalha. No Brasil, a BIREME, em parceria com a FAPESP, vem desen volvendo, desde 1997, o projeto SciELO, para a inclusão de perió dicos científicos brasileiros na Internet (PACKER, 1998). Um dos módulos do projeto prevê a produção de indicadores bibliométricos e relatórios de uso, partindo de estudos feitos na própria publicação periódica, o que significa que estão surgindo novas formas de elaboração e/ou organização para os índices de citação. Os resultados e produtos desse projeto já estão sendo
testados e disseminados em várias publicações periódicas brasileiras e de outros países da América Latina. Abre-se, assim, um grande espaço para estudos da literatura efetivamente utilizada pelos pesquisadores da América Latina, com possibilidade de identificação do real impacto de sua produção científica. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARVALHO, Maria de Lourdes Borges de. índice de citações: uma revisão da literatura. Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG, v.2, n.2, p.207216, set. 1973. DUGAN, James A., MINKER. Jack. Automatic data processing, library and information centerapplications. In: KENT, Allen, LANCOUR, Harold (Ed.). Encyclopedia of librar/and information science.
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18' GUIAS DE LITERATURA PAULO DA TERRA CALDEIRA
A enorme massa de informação produzida diariamente por professores e pesquisadores em inúmeras áreas do conhecimento tem como destino, na maioria das vezes, algum veículo de divulgação que, por sua vez, é analisado por determinado serviço de indexação e resumo, planejado especialmente para facilitara localização de um item específico demandado por um consulente. Com o objetivo de simplificar o processo de busca, algumas instituições publicam um tipo de obra denominado guia de literatura, organizado princi palmente para familiarizar o usuário com esse emaranhado mundo das fontes de informação. Esses guias pretendem abrir as portas da literatura para os usuários, especialmente aqueles que necessitam de informação para compreender as teorias e idéias que possam ser aplicadas em seus trabalhos; são úteis também para pesquisadores, que necessitam de orientação para desempenharem com mais desem baraço suas atividades no complexo mundo dessas fontes, e para os bibliotecários, que devem ser especialistas no fornecimento de informação para seus clientes. Os guias de literatura são publicações que relacionam fontes de informação relativas a um assunto, fornecendo uma visão geral da área abrangida e comentários a respeito das obras incluídas.
screvem também as necessidades de informação dos usuários, s dificuldades na sua obtenção e as principais instituições de iino e bibliotecas da área. Dada a natureza abrangente de seu conteúdo, os guias de liteura geralmente incluem uma descrição das principais instituições ensino da área, as bibliotecas, os sistemas de classificação utili jos, além de discutir os problemas enfrentados pelos usuários busca de informação. Os guias de literatura incluem informações e ultrapassam uma simples listagem de obras: tratam do conjunto fontes que compõem a produção bibliográfica de determinada sa, dos serviços de indexação e resumo impressos e online, além : indicadores institucionais. 8.1
CARACTERÍSTICAS
Os guias de literatura, de modo geral, apresentam as seguintes iracterísticas: dedicam-se a uma área do conhecimento, incluem ipítulos que conceituam o assunto, as,informações fornecidas para ida tipo de obra, os problemas enfrentados no seu controle e as rincipais instituições produtoras de fontes de informação. Entreinto, alguns guias de literatura podem ser mais enumerativos, to é, apresentam as referências bibliográficas das obras arroladas, companhadas de resumos, assemelhando-se a bibliografias, uma vez |ue incluem um número bastante grande de títulos de obras e são nenos descritivos. Assim, quando se examina essas obras é difícil, muitas 'ezes, definir com precisão a categoria a que pertencem, pois elas iodem mesclar as características que as distinguiriam uma da outra. Para aclarar a diferença de tratamento apresentada para uma nesma fonte em um guia de literatura textual e em um guia
enumerativo, são destacados os comentários a respeito do Sociological Abstracts, encontrados no guia textual Use of Social Sciences Literature, de ROBERTS (1977), e no tradicional WalforcTs Guide to Reference Materials (1982), enumerativo. No guia de ROBERTS (1977), o Sociological Abstracts é assim apresentado: Além das bibliografias especializadas no assunto, de caráter nacional, tais como a seção Sociologie do Bulletin Signalétique e dos dois principais índices gerais de literatura periódica, o International Index to Periodicals e o IBZ - International Bibliographie der Zeitschriftenliteratur, existem dois instrumentos bibliográficos de particular importância para o sociólogo. São o Sociological Abstracts (1952) e a International Bibliography of Sociology (1952). O Sociological Abstracts tem crescido em tamanho e importância através dos anos, e a porcentagem de material em língua inglesa cresceu de 15% a aproximadamente 30%. Com seis fascículos publicados ao ano, ele é inevitavelmente mais atualizado do que a International Bibliography of Sociology (anual) e, mesmo que a qualidade dos resumos varie — alguns sendo retirados de outras fontes, outros sendo redigidos por estudantes — há a grande inte gridade do veículo. O índice aparece no sexto fascículo, mas seu formato e a ausência de classificação específica provavelmente diminuem a sua utilidade como instrumento de recuperação de informações a longo prazo. A International Bibliography of Sociology tem uma cobertura mais abrangente..,
O Guide to Reference Materials, de WALFORD (1982), fornece os seguintes comentários a respeito do Sociological Abstracts:
SOCIOLOGICAL ABSTRACTS: Brooklyn, N.Y. posteriormente San Diego, Calif, Sociological Abstracts, Inc., 1952 - v, I, no. I -5 fascículos
anuais. $ 145 a assinatura anual. índice: $42. Cerca de seis mil resumos indicativos e informativos a cada ano. Principais seções: 0100 - Metodologia e tecnologia da pesquisa; 0200 - Sociologia: história e teoria; 0300 - Psicologia social...; 0800 - Fenômenos de massa...; 1000 - Diferenciação social...; 1900 - Família e socialização...; 2100 - Problemas e bem-estar sociais...; 2400 - Política, planejamento, estimativa e investigação...; 2900 - Estudos feministas; 3000 - Socio logia marxista...; 9000 - Trabalhos apresentados em encontros e congressos. índices de assunto, autor e periódicos. Base de dados online, 1961- (atualizada trimestralmente).
A análise dos comentários incluídos em cada um dos dois pos de guia permite constatar que a obra de Roberts fornece ma apreciação mais crítica do Soàological Abstracts, relacionando-a
outras semelhantes, mostrando a sua posição no contexto da teratura da área, o percentual de material publicado em língua íglesa, sua atualização em relação às demais publicações, a qualiade dos resumos e seus pontos fracos. O guia de Walford, de aráter enumerativo, apresenta um conjunto de informações •bjetivas sobre a fonte pesquisada, que visam a identificação da istituição publicadora, sua sede, data inicial da publicação, sua >eriodicidade, preço e assuntos abordados. Exemplos conhecidos de guias de literatura são as obras ]ue compõem as séries How to Find Out, Information Sources in... e 3utterworths Guides to Information Sources, publicadas a partir da jécada de 60 por tradicionais editoras científicas, demonstrando ;uas preocupações com o problema do crescimento da literatura ias diversas áreas do conhecimento. O aumento do número de Dublicações a cada ano torna impossível para um pesquisador er todo o enorme volume de trabalhos publicados e arrolados
nos serviços de indexação e resumo de sua especialidade. Esse fenômeno gera a necessidade de se preparar instrumentos que facilitem o conhecimento de trabalhos publicados em áreas abrangentes de assunto, em resposta à tendência da especialização, que obriga o pesquisador a ficar cada vez mais restrito à literatura de um campo específico do saber. A série de guias de literatura denominada How to Find Out, editada pela editora Pergamon Press, sediada em Oxford, inclui títulos nas mais diversas áreas de assunto como How to Find Out in Architecture and Building, de Smrth (1969), How to Find OutAbout the Arts, de Carrick (1967), How to Find OutAbout Literature, de Chandler (1968). A série procura cobrir também áreas mais específicas como How to Find Out About Childrerís Literature, de Ellis (1978), e How to Find OutAbout the Wool Textile Industry, de Lemon (1968). Esses guias geralmente incluem capítulos que indicam ao leitor fontes que o ensinam a estudar, a pesquisar, a encontrar obras sobre o assunto procurado, a escolher a futura profissão e a decidir sobre a realização de treina mento específico. Discorrem sobre as possibilidades da carreira na área, as principais instituições educacionais, o uso de bibliotecas, os sistemas de classificação bibliográfica mais utilizados, além das prin cipais fontes de informação da área abrangida. De maneira semelhante, a série Butterworths Guides to Information Sources, da editora de mesmo nome, sediada em Lon dres, vem lançando volumes cobrindo os mais diversos campos do conhecimento. Os guias dessa série apresentam como caracte rística serem editados por um ou mais autores, tendo a colaboração de especialistas da área e bibliotecários. Estes últimos, responsa bilizam-se, de modo geral, pelos capítulos relativos à produção bibliográfica. Na maioria das vezes, todos eles apresentam capítulos
je descrevem o sistema bibliográfico da área, o uso da biblioteca )mo fonte de informação, como realizar uma pesquisa e recuperar informação de forma ágil nas principais obras de referência da specialidade. São exemplos: Information Sources in Economics, de letcher (1984); Information Sources in Management and Business iterature, de Vernon (1984); Information Sources in Politics and 'olitical Science, de Englefield e Drewry (1984). A colaboração os especialistas na elaboração de capítulos específicos garante ma abordagem em profundidade, que será completada com a isão de bibliotecários que possuem experiência em bibliotecas ispecializadas, conhecem as necessidades de informação dos isuários, como acessar e localizar as obras e os problemas de irodução, controle e uso da literatura em cada área coberta. A Bowker-Saur, do Reino Unido, vem lançando a série The juides to Information Sources que apresenta boa cobertura e riqueza je detalhes em suas publicações. A série foi planejada para que o jsuário conheça as fontes, de modo que recupere a informação :om facilidade. Os organizadores da,série possuem grande expe riência na área de informação: um deles foi diretor da British Library Science and Reference Library e o outro professor de biblioteconomia da University College London. Os títulos lançados pela Bowker-Saur mostram que, embora idealizados inicialmente com o objetivo de cobrir áreas abrangentes, eles vêm apresentando uma tendência à especialização, cobrindo áreas mais específicas do conhecimento. Dessa editora, são exemplos de guias de literatura que abrangem áreas mais amplas: Information Sources in Architecture and Construction, de V. Nurcombe (1996), e Information Sources in Engineering, de K. Mildren e P. Hicks (1996). Como exemplos de guias de literatura que abrangem áreas cada vez mais específicas
citamos: Information Sources in Environmental Protection, de S. Eagle e J. Deschamps (1997); Information Sources in Finance and Banking, de R. Lester (1996); Information Sources forthe Press and Broadcast Media, de S. Eagle (1991); eInformation Sources in Sport and Leisure, deM.Shoebridge(l992). Também a Greenwood Press, de Westport, Connecticut (EUA), vem publicando guias de literatura, destinados principalmente a estu dantes, com o objetivo de auxiliar o leitor na criação e manutenção de coleções básicas e de como se atualizar na área. Exemplos de guias dessa editora são o Social Science Reference Sources: a Practica
Guide, de Li (1990), e Information Sources in Childrens Literature, de M. Meacham (1978), este último destinado a bibliotecários, profes sores do ensino fundamental, estudantes de literatura infantil e de biblioteconomia. Esses guias discutem a natureza, as necessi dades dos usuários, o acesso e o uso das fontes de informação, No Brasil, publicações similares aos guias de literatura são representadas pela série de guias lançados pelo IBICT a partir da década de 80. Desde sua criação em 1950 como IBBD, o Insti tuto esteve preocupado com o controle bibliográfico nas diversas áreas do conhecimento, haja vista a variedade de títulos de biblio grafias por ele publicadas. Mais recentemente, o IBICT vem se preocupando com o controle bibliográfico de uma forma mais ampla, através da elaboração de bases de dados bibliográficos e da publicação de fontes de informação que possam facilitar o traba lho do pesquisador e do estudioso de determinada área. Assim, dentre os fatores determinantes da elaboração dos guias de literatura no País, podem-se destacar o aumento do volume de informação gerada nas diversas áreas do setor produtivo, as coleções existentes nas diversas instituições de forma dispersa e o fato de serem elas, as
tituições, também geradoras de informação, compartilhadoras acervos e controle bibliográfico e atuarem na localização e rtenção de documentos, não disponíveis na biblioteca, para seus uários e pesquisadores. Para tentar minimizar esses problemas, IBICT desenvolveu uma metodologia para elaboração de guias ; fontes de informação mostrando que essas publicações cons:uem instrumentos de pesquisa importantes para apoiar o traalho dos profissionais e pesquisadores e facilitar a identificação e fontes básicas para a recuperação da informação (LOBO e ARCELOS, 1992). Os guias produzidos pelo IBICT, em parceria om diversas organizações, reúnem informações sobre instituições e ensino superior e de pesquisa, laboratórios, escolas técnicas, ntidades associativas, normativas e certificadoras, unidades de "iformação, bases de dados, além de obras como anais de eventos, nanuais, dicionários e as principais publicações periódicas relevantes )ara as atividades de ensino e pesquisa. Dessa forma, esses guias, ao igregarem dados até então dispersos ou inacessíveis, destinam-se i melhoria da qualidade e da eficiência dos serviços de informação, constituindo-se em mecanismos facilitadores de acesso às fontes de informação, sejam elas de natureza institucional, pessoal ou documentária, para uso de pesquisadores e técnicos das instituições envolvidas, ampliando os limites da literatura da área ao oferecer para a comunidade científica as informações sobre entidades, eventos, legislação, bases de dados etc. Dessas parcerias resultaram os seguintes guias: Fontes de Informação em Energia no Brasil (1982), Guia de Fontes de Informação sobre Energia para o Setor Industrial (Núcleo Setorial de Informação em Conservação de Energia do CETEC/Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais), de 1992,Guia de Fontes de Informação
sobre Tecnologia de Controle Ambiental (Instituto Euvaldo Lodi, 1992); Guia de Fontes de Informação sobre Eletro-eletrônica, (FUCAPI Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica, Confederação Nacional da Indústria, FINEP e SEBRAE/Sistema Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas, 1993), e o Guia de Fontes de Informação sobre Gestão e Tecnologia da Qualida
(Instituto de Tecnologia do Paraná, 1993), todos eles pretendendo facilitar o trabalho de pesquisadores em áreas estratégicas para o desenvolvimento do País. 18.2 FORMAS DE PUBLICAÇÃO
Os guias de literatura são publicados, geralmente, na forma de livros, podendo aparecer também como artigos de periódicos, Isso acontece quando o assunto é específico e a literatura da área não alcançou, ainda, grande volume em termos de trabalhos publicados. Exemplos de guias publicados em periódicos são o Researching Rock'n'roll: a Guide to Reference Sources,de P. Feehan
(I987); The Literature of Dance, de S. N. Brownmiller e D. C. Dickinson (1988); Motion Pictures: an Update Survey of Reference Sources 1982-1988, de E. S. Block (1989), publicados no Reference Services Review, O guia Medicai Reference Tools forthe Layperson,
de B. Walters (1988/1989), foi publicado no periódico Reference Books Bulletin, e o Animais: a Selected List of Reference Tools, de M. E. Quinn (1992), apareceu na revista Booklist Os guias de literatura podem aparecer também na forma de capítulos de livros ou como verbetes em enciclopédias. Exemplos são o capítulo "Psychiatry", de M. Guha, incluído no guia Information Sources in the Medicai Sciences, de L. T. Morton e S. Godbolt
91); os verbetes "Geological Literature", de G. Lea et ai, e schnical Literature", de K. Subramanyan, publicados na :yclopedia of Librar/ and Information Science, respectivamente s volumes 9 (1973) e 30 (1980). Os guias podem ser concebidos ainda como projeto de distação. Um exemplo é A Guide to the Literature ofOceanography d an Enquiry into the Density, Distribution, and Use ofPeriodical erature ofthe Discipline, de C. Free Freeman man (1971), (1971), disser dissertaç tação ão defendef enia na University of Sheffield, Inglaterra. Há casos também em que os guias de literatura, mesmo antendo as características descritas anteriormente, mudam a ifase na abordagem de seu objeto, isto é, deixam de focalizar n assunto determinado para abordar um tipo de material. São cemplos: Information Sources in Grey Literature (1998), Information ources in Patents (1992) e Use ofReports Literature (1975) Literature (1975),, todos todo s 2 um mesmo autor, C. P. P. Auger. Auger. O primeiro prim eiro,, Information Sources Grey Literature, aborda aborda publicações publicações que não possuem possuem um sistema sistema s distribuição formal, embora sejam fontes de informação vitais ara ara pesquisadores pesquisadores.. Discute a natureza e o desenvo d esenvolvimen lvimento to desse desse po de literatura, os métodos de aquisição, controle bibliográfico, atalogação, indexação e os diversos tipos de materiais das várias Informatio n Sources in Patents, reas eas do conhecimen conhe cimento. to. O segundo, segundo, Information Drnece um panorama do sistema de patentes na Europa e nos stados Unidos, mostrando como o mesmo pode ser melhor ompreendido e utilizado. O terceiro, Use ofReports Literature, é im guia de relatórios técnicos publicados nas mais diversas áreas ie assunto. Descreve a evolução dos relatórios como veículos ie informação, discute os problemas de controle bibliográfico,
catalogação e indexação desse material e apresenta as principais fontes para sua identificação nas áreas abrangidas. Outros exemplos de guias também dedicados a um tipo de material são: Information Sources in Cartography, de C. R. Perkins e R. B. Parry (1990), e Information Sources in Offícial Publications, de V. Nurcombe Nurcom be (1997). O tipo de leitor a que se destinam os guias de literatura pode variar de acordo com os objetivos propostos pelos autores. Existem aqueles escritos para facilitar o trabalho dos bibliotecários em suas atividades de pesquisa e de atendimento aos usuários, como o Science and Engineering Literature, de Malinowsky (1995), e outros que se destinam especialmente a estudantes de biblioteconomia, biblioteconomia, como o Science and Technology: an Introduction to
the Literature, de Grogan Grogan (1982). (19 82). O Information Sources in Science and Technology, de Parker Parker e Turley (1998), (19 98), é um guia guia prático escrito para profissionais e estudantes da área de ciência e tecnologia. O Information Sources in Children's Literature (1978), Literature (1978), citado anterior mente, destina-se tanto a professores como a bibliotecários e estudantes de biblioteconomia e de literatura infantil. Na utilização dos guias de literatura deve-se observar certos aspectos que são importantes na avaliação de qualquer obra de referência: sua atualidade, a cobertura das fontes de informação para cada tópico, os países e línguas abrangidos, o grau de seletividade dos itens incluídos, a tipologia do material abordado, a inclusão de índices de autores e assuntos, a competência do organizador, dos colaboradores, a seriedade da editora, entre outros. Para atender a uma das necessidades da sociedade contem porânea — agilidade na obtenção da informação — o conheci mento e a destreza no manuseio dos guias de literatura permitirão
e o pesquisador adquira rapidamente conhecimento sobre as ncipais fontes de informação em qualquer área, permitindo-lhe senvolver suas pesquisas com maior facilidade, embasamento mtífico e, como resultado, atingindo os objetivos propostos i sua pesquisa. ÍFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INDAÇÃO CENTRO DE ANÁLISE, PESQUISA E INOVAÇÃO TECNO TE CNOLÓ LÓGIC GICA, A, Mana Manaus us.. Guia de fontes de informação sobre eletro-eletrônica. eletro-ele trônica. Brasília : IBICT, 1993. I46p. ^OGA N, D. D. Science and technology: an intro duction to the literature. 4th.ed. technology: an introduction London: Lond on: C. Bingle Bingley, y, 1982 1982.. Cap. 2: Guides Guides to the literature, liter ature, p. 30-36. 30 -36. UTTSMAN, W. L The literature of sociology and the pattem of research and retrieval. In: ROBERTS, N. (Ed.). Use of social sciences literature. London: Butterworths, 1977. p.56-79. ENT, ENT, A., A., LANC LA NCOU OUR, R, H. (Ed.). (Ed.). Encyclopedia of library and Information science. New York: M. Dekker, 1968-1992. 49V„ DBO, M. de F. D., BARCELLOS, S. de O. Guias de fontes de informação: metodologia para geração e automação. Ciência da Informação, v.21, v.2 1, n. I,I, p.75-81, jan./abr. 1992. 1ULLAT, M„ SCHLICKE, P. (Ed.). Walford'sguide to reference material. 6th.ed. London Lon don:: Library Association, Associ ation, 1993. 1993. V. I: Scie Science nce and technolog techn ology. y. IOBERTS, N. Use of social science literature. London: London : Butterworths, Butterworths , 1977. 1977. 326p. UBRAMANYA N, K. K. Scientific and technical information resources. New York: M. Dekker, I98I. p.304-307. VALFORD, A. J. (Ed.). Guide to reference material. 4th.ed. London: Library Association, Associati on, I982. I98 2. V. 2: Social Social & historical sciences sciences,, philosophy phi losophy & religion, religio n, p. 95.
L 9 _ A INTERNET BEATRIZ VALADARES CENDÓN
A década de 90 marcou o início de uma expansão vertiginosa do volume e variedade de informação disponível na Internet. Atual mente, o número crescente de empresas, órgãos governamentais, associações profissionais, universidades e indivíduos que oferecem informações na Internet tornam-na uma ferramenta fundamental para os profissionais da informação. É possível que a Internet adquira ainda maior expressão pois acredita-se que, no futuro, muitas informações só estarão disponíveis através da grande rede e rede e que, com base nas suas atuais taxas de crescimento, ela se tornará o repositório da maior parte do conhecimento científico e comercial do mundo (CRONIN e MCKIM, 1996). Todos os que têm alguma experiência no uso da Internet sabem que não é possível listar seus recursos de forma exaustiva e atualizada. Alguns exemplos ilustrativos dos diferentes tipos de fontes de informação especializada disponíveis através da rede foram fornecidos nos capítulos anteriores. Portanto, o objetivo deste capítulo será o de descrever a evolução e consolidação da Internet Internet como co mo font f ontee de informação, informação, os prin princi cipa pais is meios de publicação publicação e os mecanismos de identificação de recursos. Serão também discu tidas as características especiais que a diferenciam de outras fontes e os meios de acesso à informação especializada que ela proporciona.
.1 EVOLUÇÃO
A Internet é uma rede global de computadores ou, mais exalente, uma rede que interconecta outras redes locais, regionais e írnacionais. Para o usuário final, a impressão que se tem é que se ta de uma só rede, já que de qualquer ponto em que se está de-se comunicar com qualquer outro computador, independente;nte de onde ele ele estiver estiver ou de que que tipo tip o ele ele se seja (super (su percom compu putad tador, or, iinframe, estações de trabalho UNIX, ou microcomputadores ssoais). A interconectividade ampla entre os diferentes compudores é garantida pelo uso em toda a rede de um conjunto de Protocol/lntem et otocolos otocolos padrão, o TCP/IP (Transmission Control Protocol/lntemet Dessaa forma, for ma, recursos recursos informaci informacionais onais que anteri an teriormen ormente, te, -otocoí). Dess >esar de acessíveis por redes, eram sistemas ilhados, podem, na ternet, ser oferecidos de maneira integrada. Outras características da Internet são a confiabilidade e teratividade. Caso algum sistema ou rede tenha problemas, os ados transmitidos ainda podem atingir seus destinos através de aminhos alternativos. Isso a torna um sistema confiável, do qual ependem diariamente milhares de indivíduos e empresas. Além isso, a sua interatividade permite que, além do correio eletrônico i transferência de arquivos, sejam oferecidos uma variedade de >utros recursos informacionais que exigem a conexão direta entre iuas máquinas, a interação do usuário com outro computador ou nesmo a comunicação entre programas. O início do desenvolvimento dos conceitos e tecnologias, que fazem da Internet o que ela é hoje, data do final da década de 60 quando, durante a Guerra Fria, o Department of Defense do governo americano tomou as primeiras iniciativas para a criação
de uma rede experimental de supercomputadores, a ARPANET (Advanced Research Projects Agency Network). Para garantir a comunicação entre computadores em caso de ataques nucleares, procurou-se desenvolver uma rede descentralizada que conectasse computadores híbridos e que permitisse, em caso de perda de um deles, rotas alternativas de comunicação. A ARPANET, que se tornou operacional em 1975, posteriormente foi fo i subdividida em outras redes, redes, substituída substituída e finalmente desati desativad vadaa em 1989. 1989. Do proj pr ojet etoo ARPANE ARP ANET T originar orig inaram-se am-se,, além das tecnologias usadas na rede atualmente, o próprio termo Internet que passou a ser utilizado como uma designação geral para todas as redes conectadas pelo protocolo TCP/IP. Até o final da década de 80, a Internet era utilizada princi palmente pela comunidade científica e acadêmica. Seu uso para fins comerciais não era permitido, e o custo da conexão era pago pelas instituições participantes. Para o usuário final a Internet era totalmente grátis, o que estimulava seu uso. A cultura de livre acesso e compartilhamento de recursos informacionais por mem bros da comunidade acadêmica tornou-se uma tradição vinculada às origens históricas da Internet, diferenciando-a de outras redes, tais como a RENPAC. Entretanto, as restrições quanto ao seu uso comercial impu nham limites à quantidade de informação disponível. Em 1990, 1990, LYNCH e PRESTON (1990) consideravam modesto o número de recursos informacionais na Internet e classificaram como um exagero retórico a literatura publicada sobre a importância das redes como fontes de informação. A ausência de uma massa crítica de recursos e usuários não permitia, naquele estágio, que a Internet constituísse um acervo relevante para o pesquisador.
Em 1987, com a liberação do uso comercial da Internet nos ;ados Unidos, houve um aumento significativo do número de jários e computadores conectados (chamados hosts na linguagem :nica). O sistema tomou novo ímpeto dois anos depois com a ação da World Wide Web (ou simplesmente Web), um sistema )bal para documentos multimídia. Finalmente, em 1993, o desenIvimento da versão para microcomputadores do Mosaic, um ograma para acesso aos recursos na Web, na University of Illinois UA), adicionou mais um ingrediente fundamental para a ampla sseminação do uso da Internet. Constituindo-se em um programa ira microcomputadores, ele tornou-se acessível a uma população ;m maior. Ao fornecer um ambiente gráfico que permitia a teração com o sistema através de facilidades, tais como cliques 2 mouse, menus, janelas e barras de rolamento, diminuiu a necessiade de conhecimento técnico por parte do usuário, contribuindo ara aumentar o número de atores que poderiam participar da rede. Assim, a Internet vem, quase, dobrando de tamanho a cada no. As pesquisas da empresa americana Network Wizards ontabilizaram 1,3 milhões computadores conectados à rede em 993, 2,2 milhões em 1994, quase cinco milhões em 1995, cerca le dez milhões em 1996 e mais de 19 milhões em julho de 1997. í em janeiro de 2000 havia mais de 70 milhões. Segundo informe ia ONU, no ano 2000 a Internet provavelmente superará os 200 nilhões de usuários em mais de 200 países. A ampliação do número de usuários, somada à ampla nterconectividade, robustez, interatividade e facilidade com que "ecursos informacionais podem ser criados e acessados fazem da nternet um meio atraente para divulgação de uma variedade de
informação. Ao mesmo tempo, essa combinação de fatores faz supor que o ritmo atual de expansão será mantido e que ela conti nuará a se consolidar como fonte de informação fundamental. 19.2 A INTERNET NO BRASIL
No Brasil, como no restante do mundo, o uso da Internet iniciou e ganhou força no meio acadêmico. Desde I988 algumas instituições de ensino e pesquisa (FAPESP, Laboratório Nacional de Computação Científica - LNCC e UFRJ) começaram a estabe lecer conexões com redes internacionais. Entretanto, foi com a criação da Rede Nacional de Pesquisa (RNP)= ®, em I989, que se introduziu no Brasil a tecnologia TCP/IP da Internet. A RNP, um programa do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), apoiado pela Secretaria de Política de Informática e Automação (SEPIN) e executado pelo CNPq, visa a apoiar e incentivar o uso educacional, acadêmico e social da Internet A implantação da sua primeira espinha dorsal (ou backbone), em 1991, possibilitou a interligação das principais universidades e centros de pesquisa do País e de algumas organizações não-governamentais. O backbone da RNP continua a se expandir e, atualmente, conecta todas as capitais e, direta ou indiretamente, todas as universidades e centros de pesquisa.1 Até 1995, a quase totalidade das cerca de quinhentas insti tuições brasileiras com presença na Internet consistia de universi dades e institutos de pesquisa. Naquele ano, com a liberação para
I. Consultar o sítio da RNP para verificar a situação atual da Internet.
eu uso comercial no Brasil, a Internet deixou de ser um projeto íxclusivamente acadêmico. Começaram a surgir, também, outros jackbones, além do da RNP, implantados pela iniciativa privada. Entre eles, cita-se o da EMBRATEL. A exemplo do que vem acontecendo em outros países, o rrescimento da Internet no Brasil tem sido rápido: estatísticas mos tram que o número de hosts brasileiros passou de oito mil em janeiro de 1995 para quase 500 mil no ano 2000. Com 4 milhões de usuários, o Brasil está na 13a posição entre os mais de 200 países participantes da Internet. 19.3 ACESSO ÀS FONTES DE INFORMAÇÃO NA INTERNET
Os recursos de informação existentes na rede estão arma zenados em computadores, chamados de servidores, que podem servir essas informações para outros computadores, chamados clientes. Os termos cliente e servidor são usados tanto para o hardware (isto é, os computadores) como para o software (os programas) que estão instalados nesses computadores e que armazenam e tornam disponíveis informações, no caso dos ser vidores, ou as buscam e exibem, no caso dos clientes. Para ser localizado, cada computador recebe um endereço, chamado endereço IP, que o identifica de forma única entre os milhões que existem. Existem muitos serviços para fornecimento e acesso aos recursos da Internet, Os mais relevantes como meios de publicação e/ou acesso a fontes de informação especializada são o correio eletrônico, a Usenet, o Telnet, o FTP (File Transfer Protocol), o
Gopher, o WAIS (Wide Área Information Server) e a Web. Cada um desses serviços implica na existência de um programa servidor e de um programa cliente. Por exemplo, Mosaic, Netscape e Internet Explorer são programas clientes Web, necessários para acessar as informações armazenadas por outros programas, os servidores Web. Da mesma forma, usando-se um cliente FTP, é possível acessar e re cuperar informações armazenadas nos servidores FTP. Neste capítulo pretende-se proporcionar apenas uma expli cação sobre a importância de cada um desses serviços. Para maiores detalhes sobre os requisitos técnicos para conexão e sobre o uso de cada um dos aplicativos, recomenda-se a consulta aos diversos guias existentes sobre a Internet.
19.3.1
ACESSO A FONTES PESSOAIS DE INFORMAÇÃO: CORREIO ELETRÔNICO, LISTAS E GRUPOS DE DISCUSSÃO
Usados para enviar e receber mensagens entre indivíduos ou grupos de pessoas, o correio eletrônico, listas e grupos de discussão são serviços que facilitam e agilizam o processo de comunicação informal entre especialistas. • Correio eletrônico e listas de discussão Os programas de correio eletrônico modernos permitem o envio de documentos escritos em processadores de texto, gráficos, dips de vídeo ou outros programas como um anexo às mensagens. Os documentos recebidos via correio ele trônico (que, na linguagem da Internet, são chamados de documentos atachados) podem ser abertos, gravados e alterados no computador do recipiente. Este recurso, que
permite uma variedade de outras aplicações do correio eletrônico, tem sido usado, por exemplo, para elaboração de publicações em colaboração, reunindo autores que muitas vezes se encontram em países diferentes. Além da troca de mensagens entre indivíduos, o correio eletrônico é também utilizado para formar listas de discussão. Nestas, uma mensagem é copiada e reenviada para os assi nantes que podem enviar novas mensagens ou responder às recebidas, contribuindo com novos argumentos. O assinante pode também simplesmente acompanhar as discussões para se manter a par dos novos eventos, problemas e questões abordados na lista. Como fonte de informação especializada, as listas são ainda mais importantes que o correio eletrônico ao constituírem pontos de encontro de especialistas, permitindo discussão sobre uma ampla gama de tópicos. Existem milhares de listas sobre praticamente qualquer tópico: ver, por exemplo, as 90 mil relacionadas pelo serviço Liszt =S3. As mensagens trocadas entre os membros das listas costumam ser armaze nadas em arquivos que estão disponíveis para o público e, na maioria das vezes, é possível acessar também a relação de assinantes. Esses arquivos são uma valiosa fonte de infor mação para especialistas. • Grupos de discussão — Usenet A Usenet é um sistema de grupos de discussão chamados de newsgroups. Possui alguma similaridade com as listas de dis cussão apresentadas acima, já que se destina à interação entre
grupos de pessoas que se interessam por um determinado assunto. Entretanto, há algumas diferenças: a mais evidente é a maneira como os usuários participam dos newsgroups. Ao contrário das listas de discussão, não é preciso ser um assinante de um dos newsgroups para receber e ler as men sagens. Qualquer pessoa pode usar um programa para conectar-se a um sítio Usenet que oferece, geralmente, al guns milhares de newsgroups. Para melhor organização, os grupos são classificados por assunto. Alguns exemplos das categorias principais são: ciência da computação (comp), notícias (news), recreação (rec), ciência (sei), questões sociais (soe), debates sobre tópicos controversos (talk) e negócios (b/z). Cada categoria pode conter centenas ou milhares de newsgroups. Cada grupo recebe um nome, cuja primeira parte representa a categoria à qual ele está subordinado. Por exemplo, um grupo para pessoas que estão aprendendo a usara Usenet chama-se news.newusers.questions.
Dezenas de milhares de páginas de texto são enviadas à Usenet todos os dias. Obviamente, é impossível para um usuário acom panhar tudo o que é discutido em todos os newsgroups. Nor malmente seleciona-se alguns grupos de interesse que se pre tende acompanhar. Devido ao volume de informações, as mensagens (chamadas artigos na linguagem da Usenet) são, na maioria das vezes, armazenadas apenas alguns dias e, em seguida, excluídas. Não servem, portanto, para pesquisas restrospectivas, ao contrário das listas de discussão. Além das mensagens em si, uma importante fonte de infor mação na Usenet são os artigos chamados FAQ (Frequently Asked Questions), que contêm perguntas freqüentemente
apresentadas ao grupo. Em cada newsgroup, encontra-se um artigo FAQ com informações básicas sobre o assunto do grupo de discussão. Por exemplo, em um grupo sobre di reitos autorais, o FAQ fornece uma lista de respostas para as perguntas mais apresentadas ao grupo. Como existem newsgroups abrangendo inúmeros tópicos de interesse, os FAQs podem ser usados como uma fonte para dirimir rapi damente as dúvidas mais comuns sobre uma variedade de assuntos.
19.3.2 ACESSO A COMPUTADORES REMOTOS: TELNET O serviço Telnet permite a conexão direta a outro compu:ador. Ao conectar-se a um computador remoto (que pode estar sm qualquer lugar do mundo), o usuário pode executar qualquer Drograma instalado naquela máquina, desde que haja permissão Dará isso. Por oferecer uma interface exclusivamente textual e pouco amigável ou intuitiva, o Telnet é um aplicativo menos usado por leigos. Normalmente, para se aproveitar dos recursos instalados em outros computadores, é necessário conhecimento de alguns comandos básicos de seu sistema operacional. Na maioria das vezes, o sistema operacional é o UNIX, o mais usado pelos compu tadores conectados à Internet, que é bastante complexo. Entre profissionais da informação, o Telnet é usado princi palmente para acesso a servidores de correio eletrônico, ou para conexão a bases de dados e catálogos de bibliotecas. Quando se acessa uma base de dados via Telnet, geralmente o computador
servidor oferece ao usuário um sistema de menus ou indicações dos comandos a serem utilizados para pesquisar a base, o que facilita o uso dos recursos, exigindo menos conhecimento do pesquisador. Mas, ainda assim, comparado com outros sistemas atualmente disponíveis, o Telnet tem menos aceitação. E de se esperar que a maioria das bibliotecas e outras instituições que oferecem bases de dados pesquisáveis via Telnet, progressiva mente as migrem para a interface Web.
19.3.3
TRANSFERÊNCIA DE INFORMAÇÃO REMOTA:
FTP
Se com o Telnet o usuário da Internet entra em um outro computador remoto para usá-lo como se ele estivesse na sua própria sala, com o uso do FTP os arquivos localizados remota mente podem ser transferidos para o computador do usuário. Na Internet existem sítios de FTP que são repositórios públicos de arquivos. Qualquer usuário da rede tem permissão para entrar nesses sítios, observar o que oferecem, selecionar algum arquivo desejado e transferi-lo para seu próprio computador. Uma vez conectado, o usuário pode solicitar, por exemplo, a transferência de artigos, livros, software, ou qualquer outro recurso armazenado, Efetuada a transferência, desde que o usuário possua o programa adequado, esses arquivos podem ser abertos, manipulados ou impressos. Nos primórdios da Internet, o uso do FTP costumava repre sentar alguma dificuldade para principiantes. Atualmente existem interfaces gráficas que fazem da transferência de arquivos um processo muito simples e amplamente utilizado. São exemplos de alguns sítios especializados em armazenagem de software: Lemon "*\ SHAREWARE.COM -*> e TUCOWS -*>.
9.3.4 NAVEGAÇÃO POR MENUS: GOPHER
Originado na University of Minnesota (EUA) em 1991, o bpherfoi a primeira ferramenta para navegação na Internet. Ao : conectar com um Gopher, que, como o Telnet, oferece uma terface textual, o usuário recebe um menu, ou seja, uma lista e tópicos para seleção. Cada tópico representa um recurso iformacional que pode estar sediado localmente ou em outros omputadores. Escolhendo-se uma das opções apresentadas, o suário acessa a fonte de informação desejada ou pode ser levado a m novo menu com outras subopções. Ao navegar pela hierarquia de lenus em um Gopher, o usuário pode obter documentos textuais, cessar repositórios de arquivos de FTP, entrar em uma sessão de "elnet ou se conectar a um outro Gopher localizado remotamente. D programa permite ainda que o usuário descarregue e salve os trquivos acessados, ou os envie para outra pessoa, por correio iletrônico. Dessa forma, além de facilitar a exploração de recursos, D serviço Gopher oferece uma interface simples que integra vários Dutros serviços. Por representar uma grande melhoria de interface em relação a serviços existentes, como o FTP e Telnet, o Gopher alcançou extraordinário sucesso, quando de seu lançamento. Um grande número de instituições criou coleções de recursos oferecidos via Gopher. Entretanto, sua interface textual e a hierarquia rígida de menus limitam a flexibilidade do usuário, tendo o Go/ftersido rapi damente substituído pela Web, o sistema de navegação introduzido mais recentemente. Enquanto no exterior ainda existem sítios de Gopher que congregam um grande número de recursos, no Brasil, onde a Internet foi introduzida mais tarde, o Gopher não
chegou sequer a adquirir proeminência. A tendência é de que os recursos oferecidos atualmente através de Gophers sejam paula tinamente migrados para sítios Web.
19.3.5 ACESSO A COLEÇÕES DE DOCUMENTOS TEXTUAIS: WAIS Os servidores WAIS fornecem acesso a coleções de texto completo de documentos, permitindo também a pesquisa por palavras-chave. Na época em que foi lançado, o WAIS representou um enorme desenvolvimento em relação aos sistemas existentes anteriormente. Antes dele, os documentos estavam disponíveis na Internet mas, na maioria das vezes, só podiam ser localizados pelos títulos dos arquivos que os continham (que, normalmente, podiam ter o máximo de oito caracteres) ou, caso estivessem disponíveis em um Gopher, pelo título do menu que oferecia acesso a ele. O programa WAIS indexa uma coleção de documentos textuais produzindo uma lista de todas as palavras nela contidas. O usuário de um cliente WAIS indica as coleções de documentos que quer pesquisar e, a seguir, entra com palavras-chave para realizara busca. O cliente WAIS fornece, então, uma lista de documentos que contêm as palavras-chave. Selecionando-se um documento, o programa cliente o requisita ao servidor WAIS e, a seguir, exibe na tela do usuário o seu texto completo. Como o Gopher, o sistema WAIS de armazenagem e indexação de coleções de documentos textuais foi uma idéia que floresceu por pouco tempo no ambiente dinâmico da Internet. O surgimento da Web implicou na rápida diminuição do entusiasmo por esse sistema, antes que as informações acumuladas em suas bases de dados atingissem um volume expressivo. A partir de
996, novos serviços e produtos deixaram de ser oferecidos pela ompanhia WAIS Inc. Embora não seja muito usado, existem ainda Igumas coleções ou bibliotecas WAIS disponíveis na Internet. O ítio Res-Links: Search Tools - Veronica/Jughead/Wais °^ lista Iguns destes recursos.
19.3.6
NAVEGAÇÃO POR HIPERTEXTO: WORLD WIDE WEB
Desenvolvida por um laboratório suíço, o CERN (Centre •uropéen de Recherches Nucléaires), a Web é um conjunto de Jocumentos, disperso em milhões de computadores ao redor Jo mundo, que pode conter textos, imagens, sons e outros tipos :le dados. Tão importante quanto o conteúdo desses documentos ;ão os links (vínculos para outros documentos), que eles contêm 2 que caracterizam a Web como um sistema de hipertexto ou -lipermídia. Esses links, combinados com a interligação dos comDUtadores na Internet, permitem que o usuário se locomova raDidamente de um documento para outro, mesmo que esses es tejam em computadores situados em locais distantes um do ou tro. A Web rapidamente dominou a Internet ao combinar simplici dade de uso, facilidade de criar e fornecer documentos e a exibi ção de documentos em formatos multimídia, mais aceitáveis do que longas páginas ininterruptas de texto. Os programas clientes Web são conhecidos como navega dores ou browsers. Como o Gopher, eles integram em uma única interface o acesso a uma variedade de outros recursos informacionais. Ou seja, além dos documentos hipermídia, através deles pode-se acessar recursos armazenados em servidores Usenet, Telnet, FTP, Gopher e WAIS. Para isso, a Web usa um sistema
de endereçamento, chamado de URL (Uniform Resource Locator), capaz de fazer referência a recursos de todos os tipos, Cada servidor, seja ele um Gopher, um sítio de FTP, Usenet ou WAIS, recebe um URL que o identifica e permite acessá-lo. Por exemplo, um servidor de FTP pode receber o URL ftp:// ftp.cecom.ufmg.br, e um servidor Gopher, o URL gopher:// gopher.micro.umn.edu/. Independentemente do tipo de programa servidor que os armazena, os recursos podem ser acessados e exibidos pelo cliente Web. 19.4 LOCALIZAÇÃO DE RECURSOS INFORMACIONAIS NA INTERNET
A Internet, com seus milhões de computadores contendo uma vastíssima quantidade de documentos, pode ser comparada a uma biblioteca de proporções gigantescas, onde bilhões de livros estão empilhados sem qualquer organização ou indicação da loca lização dos volumes. Um usuário que entra em um sítio de FTP, de Gopher ou em um documento na Web pode ser comparado a alguém que cruza o patamar de entrada dessa biblioteca e folheia alguns livros da pilha mais próxima à porta, sem poder ter a menor idéia de como chegar à informação que procura. Ainda não foram desenvolvidos meios para se organizar completamente uma biblio teca tão vasta e dinâmica quanto a Internet, mas as ferramentas de busca aos seus recursos, descritas abaixo, visam proporcionar meios de se localizar os arquivos que se deseja obter. • Archie • Foi primeira ferramenta de pesquisa da Internet e permite a busca de arquivos armazenados em repositórios de FTP,
Os servidores Archie pesquisam a intervalos regulares todos os sítios conhecidos de FTP público e compilam em uma base de dados a lista dos nomes de arquivos e diretórios nesses sítios. Acessando-se um servidor Archie, pode-se fazer uma busca na sua base de dados, entrando-se com uma palavra que se supõe que o nome do arquivo ou diretório conterá. O Archie fornecerá, então, os dados neces sários para se acessar o arquivo, ou seja, o endereço do computador e a localização do arquivo ou diretório dentro dele. Um recurso usado em conexão com o Archie é a base de dados Whatis. A Whatis serve de ajuda ao usuário que sabe o que deseja, mas não conhece o nome dado ao arquivo procurado. Mantida pelos servidores Archie, essa base de dados contém curtos textos descritivos dos conteúdos dos arquivos de programas, dados ou documentos encontrados nos sítios de FTP. Quando pesquisada, fornece uma lista de nomes de arquivos cujas descrições contêm as palavras-chave usadas. Uma lista de servidores Archie pode ser encontrada no sítio da NEXOR.COM -*>. • Verônica e jughead Para arquivos disponíveis no espaço Gopher, as ferramentas de busca são Verônica e jughead. Os servidores Verônica perio dicamente entram em contato com todos os servidores Gopher e compilam uma lista dos títulos de seus itens de menus. Uma busca no servidor Verônica proporcionará uma relação de títulos de itens de menus em diferentes Gophers que contêm a(s) palavra(s) pesquisada(s). O jughead funciona de maneira similar ao Verônica. A diferença é que, enquanto
o último pesquisa Cophers em todo o mundo, o Jugheadé usado para pesquisar uma seleção menor de sítios Gophers ou, às vezes, apenas o Gopherao qual se está conectado, Uma lista de servidores Verônica e Jughead pode ser encon trada no sítio Res-Links: Search Tools - Veronica/Jughead/ Wais, bem como no sítio da University of Nevada (EUA) •*, • WAIS Conforme explicado anteriormente, um cliente WAIS fornece uma interface para pesquisa em bases de dados textuais dispo níveis por servidores WAIS. Apresenta um mecanismo mais sofisticado de busca do que o Archie, o Verônica ou o Jughead,
permitindo que o usuário use linguagem natural para formular a pergunta de busca (ou seja, ao invés de se usar palavraschave e operadores booleanos, pode-se entrar uma frase em linguagem cotidiana), usando técnicas de recuperação probabilística para ordenar os documentos recuperados de acordo com sua provável relevância. • Ferramentas de busca na Web Como quase todos os recursos de informação existentes na Internet são acessíveis via Web, as ferramentas de busca utilizadas costumam ser consideradas como sinônimos de ferramentas de busca na Internet em geral. Através delas pode-se encontrar listas de discussão, pesquisar arquivos de grupos de discussão da Usenet, ou recursos em servidores de FTP, por exemplo. Existe hoje um grande número de ferramentas de busca que podem ser classificadas em dois tipos básicos: motores de busca que permitem a busca por
palavras-chave (por exemplo, Altavista =s?) e catálogos que compilam listas hierárquicas de assunto (das quais, prova velmente, a mais conhecida é o Yahoo!"*). Um terceiro tipo consiste nas chamadas mega ferramentas ou mega motores que executam, ao mesmo tempo, busca em vários motores. Cada uma dessas ferramentas compila uma base de dados, que tém os endereços de recursos na Internet e suas descrições. As amentas diferem entre si pelo tamanho, especificidade e con do de suas bases de dados, bem como pelo modo como os 3S na Internet, que constituem as bases de dados, são identifilos e indexados. Por exemplo, a base de dados dos motores busca é criada por programas automáticos — que recebem nes exóticos, tais como aranhas, robôs ou vermes — e que "correm a Web incessantemente, rastreando os links dentro cada documento encontrado. Por isso os motores de busca mam pela sua abrangência, incluindo em suas bases de dados naior número possível de sítios. Já a base de dados dos catálogos :riada por pessoas que selecionam e classificam recursos na Internet assim, são menores mas, provavelmente, contêm itens mais levantes. Devido a essas diferenças, o número e a qualidade dos cursos recuperados podem variar enormemente, dependendo i ferramenta utilizada. 9.5 CARACTERÍSTICAS E IMPLICAÇÕES
A informação na Internet difere da informação disponível m outras fontes por sua acessibilidade via redes de computadores, ja estrutura, seu dinamismo e seus métodos de publicação. As eculiaridades da informação eletrônica em redes podem originar
tanto vantagens como barreiras e desafios. Assim, se por um lado, o usuário tem na ponta dos dedos um acervo de vulto impressio nante, por outro, o uso da informação na Internet exige, além dos aspectos técnicos de conexão, o conhecimento do funciona mento de vários aplicativos e, muitas vezes, de outros idiomas, o que pode vir a ser um empecilho para muitos. Uma das características mais marcantes da Internet é a facili dade para exploração de novas idéias e para interação imediata com outros indivíduos e sistemas. Juntamente com o grande volume de recursos e serviços, essa maximização do potencial para exploração e descoberta torna a pessoa que usa a Internet mais que um leitor passivo, estimulando sua criatividade (CRONIN e MCKIM, 1996). Portanto, esse efeito sinergístico coloca a Internet um passo além de um armazém de informações, distinguindo-a de outras fontes, Para o Brasil e outros países emergentes, a principal vantagem da Internet talvez seja a possibilidade de acesso a informações que antes eram demoradas de se conseguir, ou mesmo completa mente inacessíveis, exceto para uma elite. Muitas vezes a infor mação que se procura é encontrada em texto completo na rede e, dessa forma, é superada a limitação dos acervos locais. Outras vezes a Internet facilita e agiliza a identificação e obtenção de fontes impressas, reduzindo a dependência de serviços de terceiros para o acesso a documentos nacionais ou estrangeiros. Através das livrarias virtuais, como a Amazon =£J, ou de serviços de forneci mento de documentos como o UnCover, é possível a identificação e obtenção de publicações recentes nas mais diversas áreas de conhecimento. Essa disponibilidade de informação representa, portanto, um fator de aumento de competitividade para cientistas e especialistas nas nações de economia periférica.
Conforto e economia de tempo para indivíduos e organizações outras vantagens potenciais. Com o uso da Internet pode-se er informações sem a necessidade de se deslocar e sem limi5es de horário. Um exemplo é o Prossiga, biblioteca digital do IPq, na qual um pesquisador pode obter informações tão variaquanto: uma lista de pesquisadores brasileiros em sua área, o Jereço eletrônico de bibliotecas brasileiras com presença na srnet, informações sobre mercado de trabalho, um ponto de :ontro virtual para interação com seus pares, informações sobre tes de financiamento para suas pesquisas ou sobre universidades irogramas de pós-graduação, dicionários e enciclopédias virtuais, :re outras. Algumas pessoas vêem a Internet como uma fonte estratéa de informação, devido aos dados que são apresentados na je antes de sua publicação pelos canais formais. Por exemplo, uns documentos do Banco Mundial são oferecidos na Internet m antes de sua distribuição em cópia impressa. As informações Latísticas ou informações sobre organizações também costumam " encontradas na rede antes de sua publicação em canais normais. )davia, não se deve supor que todas as informações na Internet o recentes, pois nem sempre as páginas da Web são atualizadas •m freqüência. Além disso, devido à lei dos direitos autorais, uitos livros só são oferecidos em texto completo na rede muitos os após a data de sua publicação, quando expira o prazo estabe:ido na legislação para vigência dos direitos do autor. É o caso i maioria da obras de referência disponíveis em texto completo i rede. Desta forma, é importante que se procure verificar a ita, pertinência e atualidade dos dados obtidos.
Um dos maiores incentivos ao uso da Internet ainda é a grande quantidade de informações disponíveis sem custo. Entre tanto, com a consolidação do caráter comercial da rede, alguns serviços estão começando a exigir o pagamento de taxas ou assina turas para fornecer acesso às suas informações e é provável que, progressivamente, a proporção de serviços pagos aumente. Esses serviços costumam oferecer alguns recursos grátis para o público em geral e um leque maior de opções para os que possuem assina turas pagas. É comum também o oferecimento de um período de acesso grátis ou demonstrações para que o usuário experimente os sistemas antes de decidir sobre a sua assinatura. A determinação da confiabilidade da informação na Internet representa um problema. Algumas vezes, pode-se avaliar a confiabilidade de uma fonte pela reputação da instituição que a fornece. Por exemplo, supõe-se que as informações estatísticas obtidas na página do Comitê Gestor Internet/Brasil °& sejam fide dignas. Porém, freqüentemente, os documentos não indicam datas, autoria ou origem das informações e, além disso, são efêmeros e voláteis. Um documento disponível na rede pode ser retirado a qualquer momento. Em outros casos, os documentos podem continuar disponíveis, porém modificados. Como não existe ainda um mecanismo para controle de versões ou edições, o usuário não tem meios de saber qual versão está acessando. A autenticidade, na maioria das vezes, não pode ser facilmente comprovada. Na ausência de qualquer processo de seleção para a informação que é publicada, a qualidade das fontes varia de sítio para sítio. Para auxiliar o usuário na determinação da qualidade das fontes na Internet, alguns serviços se especializam em avaliá-las e conferir-lhes notas ou prêmios. Dois exemplos são o Argus Clearinghouse "^
k o u t Reports °®. Alguns critérios usados por esses serviços determinação da qualidade dos sítios que recomendam são: ctos gráficos do sítio, organização da informação, facilidades para oração, atualização, conteúdo e autoridade das informações. A organização, controle e recuperação da informação na rnet são alguns dos maiores desafios atuais. As bases de datradicionais, que, como a Internet, são fontes eletrônicas, têm informações organizadas, indexadas através de vocabu>s controlados e/ou tesauros e disponíveis em sistemas bem umentados. Mesmo com esses recursos, a recuperação efici2 da informação nessas bases é um problema ainda não solulado satisfatoriamente. Na Internet este problema se agrava n o enorme volume e diversidade de informações que não uem uma estrutura definida de registros e campos. Além da a de estrutura, com o crescimento desordenado da rede, não ste ainda perspectiva de padrões universais para a organizai dos documentos, como os que existem para bibliotecas e uivos. A indexação de páginas Web é feita de maneira precá(através de informações chamadas de metatags que são adiciadas ao documento pelo criador das páginas) ou, na maioria ; vezes, elas simplesmente não são indexadas. São poucos os :ursos organizados por profissionais com conhecimento de :nicas de indexação e catalogação. Alguns estudos para introdução de sistemas mais sofisticados ra indexação e catalogação dos recursos da Internet encon.m-se em andamento. O Dublin Core "*, por exemplo, é um njunto de elementos de dados básicos para descrição e iexação de páginas Web. Definido por especialistas de diversos
países, ele já está sendo usado como base para vários projetos de indexação. Outros projetos que visam a classificação e catalo gação de recursos na rede são o Internet Cataloging Project " %> , coordenado pela OCLC nos Estados Unidos, e o projeto BUBL Information Service °®, na University of Strathclyde, Escócia. Porém, devido à quantidade de informação, talvez esses sistemas nunca se viabilizem de maneira global. A essas dificuldades somam-se as limitações das interfaces para a busca de informação. As ferramentas de busca na Web, de modo geral, oferecem recursos menos sofisticados para pesquisa e recuperação que os sistemas computadorizados para acesso à base de dados. Por exemplo, em um sistema de bases de dados como o Dialog, podem existir opções como tesauros online ou busca de palavras adjacentes que possibilitam um maior refinamento da pesquisa e que nem sempre estão presentes nas ferramentas da Web. Assim, se a quantidade e diversidade de informação são pontos fortes da Internet, a falta de organização e estrutura e a ausência de mecanismos eficientes de recuperação dificultam a identificação das informações. Uma queixa freqüente dos usuários da rede é o tempo gasto na busca de informações. Em uma pesquisa feita com profissionais da informação atuando na área financeira, 82% das respostas indicaram o dispêndio de tempo como uma das maiores desvantagens do uso da Internet (KELLY e NICHOLAS, 1996). O tempo de busca é afetado também pelo con gestionamento das linhas para transmissão dos dados. No momento, os backbones brasileiros estão ainda subdimensionados para o tráfego que sustentam, o que, em determinados horários, ocasiona grande demora, especialmente para o carregamento de imagens. Este problema não ocorre apenas no Brasil. Nos Estados Unidos, a Woríd
s Web tem sido apelidada de World Wide Wait (ou seja, no idilho em inglês, a Teia Mundial tem sido chamada de a Espera dial). Com o objetivo de solucionar esses problemas, têm sido idas iniciativas como a Internet2 (norte-americana) ou a RNP2 sileira), que visam desenvolver redes acadêmicas de alta velode, cerca de 2.500 vezes mais rápidas que a Internet comum. 6 FONTES DE INFORMAÇÃO SOBRE A INTERNET
Para encontrar informações gerais sobre o desenvolvimento situação da Internet no Brasil, um sítio fundamental é o do mitê Gestor Internet/Brasil =s> .2 Nesse sítio pode-se encontrar :s com dados estatísticos sobre a Internet no Brasil e no mundo, >vedores dos backbones federais e estaduais, catálogo de proJores de acesso à rede e texto completo de artigos e palestras Dre o seu desenvolvimento. No sítio da Secretaria de Política de ormática e Automação do Ministério da Ciência e Tecnologia EPIN) °* existem links para informações sobre a política e legislação bre a informática e redes no Brasil. Duas associações na área o a Associação Nacional de Provedores Internet (AN PI) ^ e a ssociação Nacional dos Usuários da Internet Brasil (ANUI) = ®. Para os diversos serviços da rede, o sítio Internet Tools jmmary ^, mantido por John December, contém informações ;mpre atualizadas. Uma relação de ferramentas brasileiras e
. Esse Comitê, que conta com representantes do Ministério das Comunicações, Sistema ELEBRAS, CNPq, comunidades acadêmicas, provedores de serviços, empresas e usuários, erencia desde 1995 todas as atividades relativas à Internet no Brasil.
estrangeiras de busca na Internet é oferecida no Prossiga, Como achar,
Uma outra referência, bastante extensiva sobre ferramentas estran geiras é The Complete Search Engine Index = ®.
Algumas das ferramentas brasileiras são: Cadê? =v >, Surf "*, Zeek -», RADAR UOL "*, Bookmarks •* e Lemon "®. Sítios brasileiros também são cadastrados pelas ferramentas estran geiras, e elas não devem ser desprezadas quando se procura informações nacionais. Por exemplo, entrando-se com palavraschave em português no Altavista ^ ou Yahoo Brazil "*• recupe ra-se, às vezes, mais informações que nas ferramentas brasileiras. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BATES, Mary Ellen. The Internet: part of a professional searchers toolkit. Online, Weston, CT, v.21, n. I, p.47-52, jan. 1997. CAPLAN, Priscilla. To hel(sinki) and backforthe Dublin Core. The Public-Access Computer Systems Review, v.8, n.4 ,1997 [online]. Disponível na Internet
via W W W . URL: http://info.lib.uh.edu/pr/v8/n4/capl8n4.html. Arquivo captu rado em 22/12/1997. CRONIN, Blaise, MCKIM, Geoffrey. Science and scholarphip on the world wide web: a North American perspective. Journal of Documentation, London, v.52, n.2, p. I 63-171, June 1996. KASSLER, Helene S. Mining the Internet for competitive intelligence: howtotrackand sift for golden nuggets. Online, Weston, CT, v.21, n.5, p.34-45, Sep. 1997. KELLY, Sarah, NiCHOLAS, David. Isthe business cybrarian a reality? Internet use in business libraries. Aslib Proceedings, London, v.48, n.5, p. 136-146, May 1996. LEINER, Barry M., CERF, Vinton G., CLARK, David D. et ai. A briefhistory ofthe internet [online]. Disponível na Internet via WW W . URL: http://www.isoc.org/
intemet-history/. Arquivo capturado em 22/12/1997.
á*m
•MMMiHaai
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ANEXO ENDEREÇOS NA INTERNET ABERJE
http://www.aberje.com.br
ABNT
http://www.abnt.org.br/
Acronyms
http://www.ucc.ie/cgi-bin/acronym
Advances in Libraríanship
http://www.bubl.ac.uk/journals/lis/ae/ail/ VI894.htm
AFITEC
http://www.afitec.com.br
AFNOR
http://www.afnor.fr
Altavista
http://altavista.digital.com
Amazon
http://www.amazon.com
ANAIS Annual Review Inc ARIST
telnetcnen.lncc.br (loginxin) http://www.AnnualReviews.org/ari/ http://www.asis.org/ARIST/inde.html
ANPI
http://www.anpi.org.br
ANSI ANTARES ANUI
http://www.ansi.org/ http://redeantares.ibict.br/ http://www.an u i .org.br
Argus Clearinghouse
http://www.clearinghouse.net/
ASME
http://www.asme.org/
ASTM
http://www.astm.org/
Base de Dados de Eventos em C & T, Qualidade e Produtividade
http://www.ibict.br/~ibict/papOO 138.htm
BioTech; life science dictionary
http://biotech.chem.indiana. edu/search/dict-search.Phtml
BLDSC
http://icarus.bl.uk/dsc/
Bookmarks
http://www.boolmarks.com.br
Brazilian Business Connection
http://www.brazilbiz.com.br/
L Information Service
http://bubl.ac.uk/
\ International
http://www.cabi.org
ê?
http://cade.com.br/
) Document Detective Service http://info.cas.org/cgi-bin/ATwww_cas_o rgsearch .cgi M
http://www.ct.ibict.bn82/ccn/admin/
1IG
http://www.cemig.com.br/norbra_i.htm
•J
http://www.cenorm.be/
DATA
http://www.cisti.nrc.ca/ programs/codata/
nitê Gestor Internet/Brasi
(http://www.cg.org.br)
'MUT
http://www.ct.ibict.br:8000/comut/html/
Z Encyclopedia of Mathematics Jog Web
http://www.astro.virginia.edu/~eww6n/math/ http://www.dialogweb.com
ilog
fionário Históricográfico Brasileiro •ectories of Scientists on the WW from Micro World -ectory of Electronic Journals, íwsletters and Academic scussion Lists, Association of isearch Libraries, Office of holarly Communication
http://www.dialog.com http://www.fgv.br/cpdoc/dic/ http://www.mwrn.com/feature/people.htm
http://www.arl.org/scomm/edir/pr97.html.
retório dos Grupos de isquisa no Brasil
http://www.prossiga.cnpq.br
ublin Core
http://purl.oclc.org/metadata/dublin_core/
unn & Bradstreet
http://www.dnb.com/
\GLE/SIGLE
http://www.konbib.nl/sigle/
sevier
http://www.elsevier.com
iciclopédias e Dicionários, "ossiga
http://www.prossiga.br/referencia/dic.html
English Language Translations: a guide to selected resources in the Duke University libraries
http://www.lib.duke.edu/reference/ translations.html
EPO
http://www.epo.co.at/index.htm
ERIC
http://www.askeric.org/Eric/
Europa Publications
http://www.europapublications.co.uk/ index.htm
Fundação Getúlio Vargas
http://www.fgv.br/
Gale Group
http://www.gale.com/
Glossary, Department of Chemistry,
University of Wisconsin (EUA) GPO
http://genchem.chem.wisc.edu http://www.gpo.gov
GreyNet
http://www.konbib.nl/infolev/greynet
IBICT
http://www.ibict.br
ICSU IEC
http://www.lmcp.jussieu.fr/icsu/ http://www.iec.ch/
IFLA
http://www.ifla.org/
IHS
http://www.ihs.com
IN METRO
http://inmetro.gov.br/
INPI
http://www.inpi.gov.br
InterDok Corp.
http://www.interdok.com
Internet Cataloging Project Internet Tools Summary IPT
http://www.oclc.org/oclc/man/catproj/ http://www.december.com/net/tools/ http://www.ipt.br
ISI
http://www.isinet.com/
ISO
http://www.iso.ch/
ITC
http://www.wtm.net/itc/index.htm
Langley Technical Report Server LANL PneprintArchive
http://techreports.larc.nasa.gov/ltrs/ ltrs.html http://xxx.lanl.gov.
Lemon
http://www.lemon.com.br
Liszt
http://www.liszt.com/
a/Ksc Acronym List
http://zeno.ksc.nasa.gov/facts/ acronyms.html (http://www.nei.com.br/nei/index.htm)
first
http://medusa.prod.oclc.org:3054/html/ fs_pswd.htm
XOR.COM
http://www.nexor.com/archie.html/
IS
http://www.ntis.gov.
IARA
www.ocara.org.br/
1R1
http://www.wipo.org/
vIU
http://www.unsystem.org/
Dssiga
http://www.prossiga.cnpq.br
I
http://www.pti.com.br/
jestel-Orbit
http://www.questel.orbit.com/
KDARUOL
http://www.radaruol.com.br/
!S-ünks: Search Tools - Verônica/ >head/Wais
httpV/ www.cam.org/~intsci/infoser3.html
slP
http://www.rnp.br
holariy Electronic Publishing Bibliography iELO
http://info.lib.uh.edu/sepb/sepb.html http://www.scielo.br
lientific Organizations and Associations
http://alice.ibpm.serpukhov.su/friends/ science/organizations.htmlopt-unixenglish
rientific Societies :out Reports EPIN HAREWARE.COM
http://www.edoc.com/sources/soc.html http://scout.cs.wisc.edu/
ITE urf echEncydopedia
http://www.ct.ibict.br:81 /site/admin/ http://www.surf.com.br/info.html http://www.Techweb.com/encyclopedia/ defineterm.cgi
"he Complete Search Engine Index
http://members.aol.com/PRHopper/
http://www.mct.gov.br/sepin/ http://www.shareware.com/
Search.htm "homas Publishing Company
http://www.thomaspublishing.com/
TMS World Meetings Calendar
http://www.tms.org/Meetings/ Meetings.html
TUCOWS
http://www3.bhnet.com.br/tucows/
UFRGS, Lista de Tradutores
http://www.sabi.ufrgs.br/trad/
UIA
http://www.uia.org
UnCover
http://www.carl.org/uncover/ unchome.html
UncoverWeb
http://uncweb.carl.org/
Universities.com
http://www.universities.com/
Universíty Microfilms International
http://www.umi.com/
University of Nevada Universo Online
gophen//veronica.scs.unr.edu/ll/veronica http://www.uol.com
Web of Science (ISI)
http://www.isinet.com/prodserv/ citation/websci.html
WEBRA - índice do Mercosul
http://www.webra.com.br/
Yahoo Brazil
http://www.yahoo.com/Regional_ Information/Countries/Brazil/
Yahoo!
http://www.yahoo.com
Zeek
http://www.zeek.com.br
ÍNDICE
Abstractsver Periódicos de indexação e resumo Acesso ao documento 91,233-235 Acesso local 229-230 Acesso online 228 Acesso remoto 229 Anais 64-70 forma 64-66 identificação 68-70 natureza 66-68 Bancos de dados 226-227 definição 226-227 Bases de dados 226-233 brasileiras 237-246 identificação 246-248 Bibliografias especializadas ver Periódicos de indexação e resumo Canais formais 30 Canais informais 30,55-56,281-284 Catálogos de fabricantes ver Literatura comercial Catálogos de produtos ver Literatura comercial CD-ROM 230 Comunicação científica 21 -22, 55-59 Congressos 59 Ver também Encontros científicos
lorr eio eletrônico 57-59,281-282 Desenho industrial 160 Dicionários 200-208 abreviaturas 205-208 bilíngües 204-205 especializados 200-203 nomes 205 poliglotas 204-205 siglas 205-208 Diretórios 38-39 Dissertações ver Teses E-mail ver Correio eletrônico Enciclopédias 209-210 especializadas 209-210 Encontros científicos 55-64 funções 61-63 identificação 63-64 literatura ver Anais Eventos científicos ver Encontros científicos FAQ (Frequently Asked Questions) 283-284 Fontes primárias 31 Fontes secundárias 3 I Fontes terciárias 3 I Fornecimento de documentos ver Acesso ao documento
Grupos de discussão 282-284 Guias de literatura 263-274 características 264-271 definição 263-264 formas de publicação 271-274 House organsyer Publicações de empresas índices ver Periódicos de indexação e resumo índices de citação 249-261 definição 250-251 funções 256-259 ISI 253-256 origem 251-253 Informação científica 28-30 fluxo 28-30 Instituições ver Organizações Internet 275-299 características 292-298 definição 276 evolução 276-279 Brasil 279-280 ferramentas de busca 289-292 Letters journals 53-54,80-81 Listas de discussão 57-58,281-282 Literatura científica 12-16 conceito 12 Literatura cinzenta 97-102 Ver também Publicações Governamentais Relatórios Técnicos
Teses Traduções características 98-99 conceito 98-99 identificação 99-102 Literatura comercial 183-190 características I 84-185 definição 183 identificação 185-187 Literatura especializada 21-33 características 23-27 estrutura 27-33 Literatura não convencional ver Literatura cinzenta Literatura tecnológica 26 Livros de referência ver Obras de referência Localização de documentos ver Acesso ao documento Manuais 210-212 Marca registrada 159 Modelo de utilidade 159-160 Newsgroupsver Grupos de discussão Normalização 137-138 Normas técnicas 137-150 Brasil 145-148 características 140-143
tipos 141-143 Obras de referência 199-215 dicionários 200-208 enciclopédias 209-210 identificação 214-215 manuais 210-212 tabelas 212-214 ONGs 46-47 Organizações 35-47 comerciais 39-40 conceito 35 de pesquisa 40-41 documentos 43-45 educacionais 40-41 e informação 37-38 governamentais 41 identificação 38-39 internacionais 42-46 não governamentais ver ONGs produtoras de normas técnicas 143-145 produtoras de relatórios técnicos 106-107 produtoras de serviços de indexação e resumos 222-223 Patentes 153-179 bases de dados 176-179 classificação 174-176 definição 153-154 histórico 155-159 legislação 165-166 padronização 172-174
sistema 159-168 internacional 160-164 Brasil 164-168 uso
169-176
Periódico científico 73-94 custos 79-80 dispersão de artigos 78-79 funções 75-76 identificação 89-91 localização 92-93 origens 73-75 problemas 76-80 proliferação 77-78 Periódicos comerciais 88-89 Periódicos de indexação e resumo 217-248 brasileiros 237-246 características 222-226 definição 217-218 evolução 218-222 histórico 218-222 identificação 246-248 Periódicos eletrônicos 81-85 conceito 82 identificação 85-86 Periódicos técnicos 88-89 Pesquisas em andamento 49-54
Propriedade industrial ver Patentes Propriedade intelectual 160 Publicações de empresas 187-190 definição 187 origem 188-189 Publicações governamentais I I l-l 18 Brasil 113-116 controle 116-II8 definição 112-113 divulgação 116-118 identificação 116-118 Publicações oficiais ver Publicações governamentais Relatórios técnicos 105-110 agências produtoras 106-107 características 107-109 definição 105 evolução 105-107 identificação 109-1 10 organizações produtoras 106-107 Serviços de indexação e resumos ver Periódicos de indexação e resumos Sociedades científicas 41 -42 Sumários correntes 221-222 Revisões de literatura 191-198 características 193-195 definição 191-192 formas 195-196 identificação 196-197 tipos 193-195
íbelas 212-214 ilnet 284-285 :rminologias 203-204 :sauros 208 :ses 121-128 características 124-125 definição 121 evolução 122-124 identificação 125-128 •abalhos de congressos ver Anais -adução automática 13 I -aduções 129-135 capa a capa 133-134 identificação 132-133 -adutores 134-135 identificação I 34-135 •RL (Uniform Resource Locator) 288-289 'senet 282-284 VAIS 287-288 Veb 288-289 definição 288 VoHd Wide Web ver Web
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SOBRE OS AUTORES Beatriz Valadares Cendón é doutora em Ciência da Informação pela University of Texas at Austin (EUA) e professora da Escola de Bibliotecomia da Universidade Federal de Minas Gerais. Seus interesses de ensino e pesquisa estão nas áreas de fontes de informação eletrônica: acesso, recuperação e uso, infor mação gerencial, científica e tecnológica, e sistemas, produtos e serviços de informação, ([email protected]) Bernadete Santos Campello é mestre em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Minas Gerais e professora da Escola de Biblioteconomia da mesma Universidade. Foi editora da Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG e de Perspectivas em Ciência da Informação. Desenvolve e orienta pesquisas nas áreas de fontes de informação e bibliotecas escolares. É autora dos livros Fontes de Informação Especializada e Introdução ao Controle Bibliográfico e organizadora das obras Recursos Informacionaispara o Ensino Funda mentai, Guia de Produtores e Formas e Expressões do Conhecimento
Introdução às Fontes de Informação, ([email protected]) Clarice Muhlethaler de Souza é mestre em Ciência da Informação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, professora adjunta do Departamento de Documentação da Universidade Federal Fluminense e Diretora do Núcleo de Documentação da mesma Universidade. No âmbito do ensino e da pesquisa seus interesses concentram-se na área das tecnologias da informação. ([email protected]) Daisy Pires Noronha é mestre e doutora em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, onde
imbém exerceu a profissão de bibliotecária. E professora do )epartamento de Biblioteconomia e Documentação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo na área de eração e uso da informação, e professora titular da Faculdade de biblioteconomia e Documentação da Fundação Escola Sociologia e olítica de São Paulo. Desenvolve pesquisas na linha de produção ientífica. Ao longo de sua carreira tem publicado livros, capítulos e rtigos de periódicos em revistas técnico-científicas, além de comuicações apresentadas em eventos, ([email protected]) Eduardo We ns e Dias é doutor em Ciência da Informação iela University of Califórnia at Los Angeles (EUA) e professor itular da Escola de Biblioteconomia da Universidade Federal de linas Gerais. É pesquisador II do CNPq e seus interesses de ensino : pesquisa estão nas áreas de tratamento da informação (classifi:ação, indexação e catalogação) e informação nas ciências sociais. [email protected]) Jeannette Marguerite Kremer é Ph.D pela University )f Illinois at Urbana-Champaign (EUA) e professora titular aposenada da Escola de Biblioteconomia da Universidade Federal de *1inas Gerais. É consultora da CAPES e do CNPq. Maria Matilde Kronka Dias é mestre em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo e professora assis;ente do Departamento de Ciência da Informação da Universidade : ederal de São Carlos. Atua na área de disseminação da informação ; necessidades de formação e informação científica e tecnológica. ^[email protected]) Marília Alvarenga Rocha Mendonça é mestranda em idministração na Universidade Federal Fluminense e professora
auxiliar do Departamento de Documentação da mesma Univer sidade. No âmbito do ensino e pesquisa, seus interesses se con centram na área de gerência de sistemas de informação. ([email protected]) Paulo da T er ra Caldeira é mestre em Ciência da Infor mação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e professor assistente da Escola de Biblioteconomia da Universidade Federal de Minas Gerais. Vem realizando pesquisas nas áreas de estudo de usuários, bibliometria e bibliotecas escolares. Dentre suas pu blicações destacam-se: Guia das Bibliotecas do Estado de Minas Gerais (1978), Imigrantes Italianos e Portugueses no Brasil (1989), Recursos Informacionais para o Ensino Fundamental: Guia de Produ
tores (1997) e Formas e Expressões do Conhecimento: Introdução às Fontes de Informação (1998). ([email protected]) Ricardo Orlandi França é arquiteto e mestre em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Minas Gerais. Foi membro da equipe de planejamento físico da mesma Universida de de 1976 a 1991. Trabalha atualmente no Departamento de Tecnologia da Escola de Arquitetura onde coordena atividades de extensão. Seus interesses de pesquisa estão nas aplicações de tecnologia para a construção civil, ([email protected]) Sandra Lúcia Rebel Gomes é professora do Departamento de Documentação da Universidade Federal Fluminense e mestre em Ciência da Informação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde cursa doutorado, tendo como objeto de pesquisa a informação científica e tecnológica através de bibliotecas virtuais. É coordenadora do projeto Bibliotecas Virtuais Temáticas do pro grama Prossiga, membro do Núcleo Interdisciplinar de Estudos da
nformação da Universidade Federal Fluminense e vice-coordenadora do Curso de Graduação em Arquivologia da mesma Universidade. É autora de diversos artigos relacionados à informação científica s tecnológica na Internet, bibliotecas virtuais e novas tecnologias da informação, temas sobre os quais também orienta trabalhos acadêmicos. (srebel@master. prossiga.br) Sueli Mara Soares Pinto Ferreira é doutora em Ciências da Comunicação, subárea biblioteconomia, pela Escola de Comuni cações e Artes da Universidade de São Paulo, tendo desenvolvido parte de seu doutoramento na Vanderbild University e na School of Information Studies da Syracuse University (EUA). E professora do Departamento de Biblioteconomia e Documentação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, pesqui sadora II do CNPq, com interesses de ensino e pesquisa na área de design de sistemas virtuais de informação a partir de estudos de comportamento de busca e uso de informação. ([email protected]) Suzana Pinheiro Machado Mueller é doutora em Ciência da Informação pela University of Sheffield (Inglaterra) e professora titular do Departamento de Ciência da Informação e Documen tação da Universidade de Brasília. Seus interesses de pesquisa estão nas áreas de comunicação científica, especialmente o periódico científico, e também formação profissional e mercado de trabalho. ([email protected]) Waldomiro Vergueiro é doutor em Ciências da Comu nicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo e professor-doutor na mesma Instituição. Realizou estágio de pós-doutoramento na Loughborough University (Inglaterra), em
1994. E pesquisador II do CNPq e seus interesses de pesquisa estão nas áreas de administração de serviços de informação, teoria da qualidade e de serviços aos clientes em ambiente de informação e desenvolvimento de coleções, ([email protected])
C O L E Ç Ã O A P R E N D< 1. FOLCLORE EM MINAS GERAIS (2a edição revista e ampliada) Saul Martins 2. ASTRONOMIA FUNDAMENTAL Rodrigo Dias Társia 3. EDUCAÇÃO ARTÍSTICA - Introdução à História da Arte (2a edição revista e ampliada) Sandra Loureiro de Freitas Reis 4. ESCREVER SEM DOER - Oficina de Redação (3a reimpressão) Ronald Claver 5. FONTES DE INFORMAÇÃO ESPECIALIZADA - Características e Utiliza ção (esgotado) Bernadete Santos Campello e Carlita Maria Campos 6. 1,2,3 DA SEMIÓTICA Júlio Pinto 7. UM TOQUE DE CLÁSSICOS - Durkheim, Marxe Weber (2a reimpressão) Tânia Quintaneiro, Maria Lígia de O. Barbosa e Márcia Gardênia de Oli veira
8. LATINA ESSENTIA - Preparação ao Latim (3a edição revista e ampliada) Antônio Martinez de Rezende 9. DESENVOLVIMENTO HUMANO E PSICOLOGIA - Generalidades, Concei tos, Teorias Vânia Brina Corrêa Lima de Carvalho 10. O BELO A U T Ô N O M O - Textos Clássicos de Estética
I I. OS HETERÓPTEROS AQUÁTICOS DE MINAS GERAIS - Guia Introdutório com Chave de Identificação para as Espécies de Nepomorpha e Gerromorpha Nico Nieser e Alan Lane de Melo 12. PRINCÍPIOS DE MORFOMETRIA DIGITAL - KS300 para Iniciantes Marcelo Vidigal Caliari 13. SISTEMA DE ESGOTOS Patrício Gallegos Crespo 14. TÉCNICAS ALTERNATIVAS DE CONSERVAÇÃO - Recuperação de Livros, Revistas, Folhetos e Mapas (2a edição revista) Sônia de Conti Gomes e Rosemary Tofani Motta 15. MANUAL PARA NORMALIZAÇÃO DE PUBLICAÇÕES TÉCNICOCIENTIFICAS (4a edição revista e aumentada) júnia Lessa França, Stella Maris Borges, Ana Cristina de Vasconcellos e Maria Helena de Andrade Magalhães 16. INICIAÇÃO ESPORTIVA UNIVERSAL - da Aprendizagem Motora ao Trei namento Técnico (vol. I) Pablojuan Greco e Rodolfo Novellino Benda (Org.) 17. INICIAÇÃ O ESPORTIVA UNIVERSAL - Metodologia da Iniciação Esporti va na Escola e no Clube (vol. 2) Pablojuan Greco (Org.) 18. ESTRUTURAS MORFOLÓGICAS DO PORTUGUÊS (I a reimpressão) Luiz Carlos de Assis Rocha 19. MÉTODOS DE PESQUISAS DE SURVEY Earl Babbie
20. ASMA - a Resposta Inflamatória Pulmonar e seu Controle Farmacológico J. N. Francischi e D. M. Conroy