Instituto de Artes e Ofícios Universidade Autónoma de Lisboa
Curso: Conservação e Restauro de Mobiliário Trabalho Final: Curso 1998/2000 Aluno: Victor Manuel E. Duarte Correia Professores: Cristina Weber Correia Henrique Pinto da Silva Lisboa, Setembro de 2001
ÍNDICE INTRODUÇÃO
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1ª PARTE - EVOLUÇÃO HISTÓRICA
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EGIPTO
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GRÉCIA
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ROMA
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BIZÂNCIO
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IDADE MÉDIA ROMÂNICA
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IDADE MÉDIA GÓTICA
8
RENASCIMENTO
9 9
ITÁLIA FRANÇA
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ESPANHA
10
INGLATERRA
11
ALEMANHA
11
FLANDRES
12
SÉCULO XVII – TRANSIÇÃO PARA O BARROCO
13 13
FRANÇA
Luis XIII
13
BARROCO DO SÉC. XVII
14
ITÁLIA
14
FRANÇA
14 14
Luis XIV FLANDRES
15
INGLATERRA
16
Estilo Jacobino
16
Estilo Restauração
16
William and Mary
17
ALEMANHA
17
ESPANHA
18
PORTUGAL
18
i
BARROCO DO SÉC.XVIII
19 19
FRANÇA
Estilo Regência
19
Estilo Luis XV
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ITÁLIA
21
INGLATERRA
22
Estilo Queen Anne
22
Estilo Georgiano
23
Early Georgean
23
Chippendale
24
ALEMANHA
25
ESPANHA
25
PORTUGAL
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PAÍSES BAIXOS
27
NEO-CLÁSSICO
27
FRANÇA
27
INGLATERRA
28
PORTUGAL
30
SÉCULO XIX
30
ESTILO IMPÉRIO
31
FRANÇA
31
PORTUGAL
32
ROMANTICO
33 33
FRANÇA
Estilo Restauração
33
Estilo Louis-Philipe
34
Período Napoleão III
34 35
INGLATERRA
Estilo Regência
35
Estilo Vitoriano
36
Movimento Arts and Crafts
36 37
ALEMANHA – ÁUSTRIA
Biedermeier
37
Mobiliario Thonet- Áustria
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ii
38
ESPANHA
Estilo Isabelino
38 39
PORTUGAL
SÉCULO XX
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2ª PARTE - A MADEIRA.
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O QUE É A MADEIRA
42
COMO SE FORMA A MADEIRA
42
ESTRUTURA ANATÓMICA
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TERMOS UTILIZADOS
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TIPOS DE CORTES QUE SE PODEM FAZER NUM TRONCO
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ANÉIS DE CRESCIMENTO
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O VEIO DA MADEIRA
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MADEIRA DO CERNE E MADEIRA DO BORNE
47
TIPOS DE MADEIRAS
48
MADEIRAS BRANDAS
48
MADEIRAS DURAS
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CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E QUÍMICAS
51
COR
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BRILHO
52
PROPRIEDADES DETECTÁVEIS AO TACTO
52
CHEIRO
52
DENSIDADE E PESO ESPECÍFICO
52
DUREZA
53
FLUORESCÊNCIA
53
TESTES QUÍMICOS
53
CARACTERÍSTICAS PARTICULARES
54 54
O ASPECTO DA MADEIRA
Tipos de corte
54
Veios
55
Coloração
55
Nós
55
IDENTIFICAÇÃO DAS MADEIRAS
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O QUE SE DEVE ANALISAR
57
FORMA DA MEDULA
58
PROBLEMAS NA IDENTIFICAÇÃO DA MADEIRA NO MOBILIÁRIO
58
TÉCNICAS DE IDENTIFICAÇÃO
60
CHAVES PARA A IDENTIFICAÇÃO DAS MADEIRAS
60
CLASSIFICAÇÃO SISTEMÁTICA
61
NOMES CIENTÍFICOS
61
A MADEIRA E A HUMIDADE
61
Teor de humidade
62
Humidade
62
Humidade absoluta
62
Humidade relativa
62
Água retida
62
Água livre
62
SECAGEM DA MADEIRA
63
COMO LIDAR COM AS MOVIMENTAÇÕES DA MADEIRA
63
Encolhimento prévio
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Controlo da atmosfera
64
Limitação do movimento através da força mecânica
64
Estabilização química
64
COMO SECAR A SUA PRÓPRIA MADEIRA O ARMAZENAMENTO DA MADEIRA DEPOIS DA SECAGEM
65 67
3ª PARTE – FICHAS DE MADEIRAS
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MADEIRAS MACIAS – Resinosas
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ABETO
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CASQUINHA
71
CEDRO
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ESPRUCE
73
LARÍCIO
74
TEIXO
75
TUIA
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MADEIRAS DURAS – Folhosas
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BÉTULA
78
BUXO
79
CARVALHO
80
CASTANHO
81
CEREJEIRA
82
ÉBANO
83
FAIA
84
FREIXO
85
GAIACO
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GONÇALO ALVES
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JACARANDÁ DA BAÍA
88
MOGNO
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NOGUEIRA
90
PADREIRO
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PAU ROXO
92
PAU SANTO
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PEREIRA
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TECA
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TILIA
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TULIPEIRO
97
BIBLIOGRAFIA
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v
1
INTRODUÇÃO Já na Civilização Egípcia se fazia a utilização da madeira para a manucfatura de peças de mobiliário. De então até aos nossos dias a madeira tem sido o material mais vulgarmente usado na confecção de móveis. As variedades de madeira utilizadas para mobiliário têm sido ao longo dos tempos as mais diversas com os mais variados tipos de utilizações. A madeira utilizada tem variado ao longo da evolução histórica do mobiliário com as modas e tendências das diferentes épocas e com as diferentes conjunturas sociais, económicas e políticas, que têm também influencia na forma como aquela é utilizada no mobiliário.
As técnicas de construção e de decoração do mobiliário têm variações e evoluções ao longo das diferentes épocas. Isto tem implicações na forma e tipo de madeira utilizada. Por isto tudo este trabalho tem como finalidade fazer uma revista o mais exaustiva possível da evolução histórica da utilização da madeira. Começando por se situar as épocas e estilos no tempo, fazendo uma caracterização o mais sucinta possível, e quando se justifique, referencia a técnicas ou tipologias a que um determinado tipo de madeira esteja associado, não esquecendo nunca que o objetivo deste trabalho é a utilização da madeira no mobiliário.
Em relação ao século XX, constatei com alguma frustração depois de esforçada pesquisa bibliográfica, que as referencias às madeiras utilizadas eram escassas e não permitiam o cruzamento da informação em fontes diferentes, de forma a resultar num trabalho bem fundamentado e rigoroso. Talvez porque a madeira perdeu para outros materiais o estatuto de material de eleição na confecção do mobiliário e deixou por isso de ser importante. Por estas razões tomei a decisão de terminar a resenha histórica no séc. XIX, tendo consciência que dificilmente alguma madeira usada no séc.XX não tivesse já sido usada antes, em épocas em que a madeira tinha uma importância fundamental na construção do mobiliário, e que por isso este trabalho, que como já se disse visa a madeira, não ficaria prejudicado na sua qualidade e rigor.
Pretende ainda fazer-se uma breve explicação do que é a madeira como entidade física, como é formada e que tipos de madeira existem. Vai também fazer-se referencia a formas práticas de identificação de madeira. Por fim vai fazer-se uma descrição dos nomes botânicos e dos nomes 2
vulgares nas diferentes línguas, características físicas e tipos de utilização de algumas variedades de madeira utilizadas no mobiliário.
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1ª PARTE
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
4
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
EGIPTO
As madeiras indígenas do Egipto como a acácea, alfarrobeira, palmeira, tamarindo, figueira do egipto, salgueiro, chopo, sicômoro não eram as mais propícias para a construção de peças de mobiliário mais fino, quer pelas suas características físicas quer pelo fraco desenvolvimento das árvores o, que dava troncos de escassa dimensão e tábuas de pouca largura. Apesar disso, os artesãos egípcios que se dedicavam à construção de mobiliário tiravam o melhor partido possível destas madeiras para a confecção de peças de mobiliário doméstico, mais simples, e para a confecção de caixões. Para isso aperfeiçoaram a técnica de unir peças de madeira umas com as outras. A escassez de madeira no Egipto fazia com que esta fosse um bem valioso e por isso muitas vezes era usada no mobiliário mais simples madeira que hoje consideraríamos de refugo.
Mas o mobiliário no Egipto não era só feito de madeiras autóctones. Para o mobiliário mais fino e de maiores dimensões a madeira era importada de outros locais. O ébano do Sudão, a oliveira, figueira, zimbro, o cipreste, o cedro e o pinho da Fenícia e da Síria.
A técnica do folheado era já utilizada pelos egípcios na I Dinastia para cobrir a madeira de menor qualidade. O folheado em placas de espessura considerável era fixado com cavilhas de madeira, até que na XVII Dinastia apareceu o grude o que possibilitou , associado á evolução das técnicas de corte da madeira, um folheado em placas muito mais finas com considerável economia das madeiras de melhor qualidade. A técnica de encurvamento da madeira pela acção do calor era também já dominada pelos artesãos egípcios.
GRÉCIA
Da Grécia não chegou até nós qualquer peça de mobiliário de madeira. A partir de pinturas em vasos de cerâmica é possível imaginar o tipo de mobiliário utilizado. Sabe-se que não havia 5
falta de madeira na Grécia e que a utilização desta no mobiliário é obvia, embora os gregos usassem também outros materiais para a confecção do seu mobiliário,tais como a pedra e os metais.
Na Grécia empregavam-se principalmente as madeiras autóctones como o cedro,o pinho e o cipreste e algumas outras de diversas proveniências. A técnica do embutido, com madeiras exóticas, era usada na decoração de algumas peças de mobiliário em madeira, assim como a técnica do encurvamento da madeira pelo calor que era utilizada para os pés das cadeiras “Klismos”.
ROMA
A influencia da Grécia faz-se sentir a todos os níveis no mobiliário romano de tal forma que alguns tipos de mobiliário eram reproduzidos exactamente. A utilização de outros materiais para além da madeira, tais como a pedra e os metais, foi também uma característica do mobiliário romano. De tal forma que os romanos criaram uma nova técnica de trabalho do bronze cinzelado que produziu exemplares de mobiliário com detalhes e elementos originais. Os móveis de bronze adquiriram uma extraordinária importância uma vez que a maioria do mobiliário de luxo se fazia daquele material.
Mas os romanos usaram também a madeira no mobiliário, principalmente nos armários e nos leitos. Algumas delas foram encontradas carbonizadas mas em bom estado nas escavações de Pompéia e de Herculano. As espécies de madeira empregues na construção de mobiliário em Roma era variadissima e de grande riqueza, sendo quase todas oriundas das colônias e províncias do Império.
BIZÂNCIO
No Império Romano do Oriente a madeira era o material mais importante na construção de mobiliário. Mas dada a escassa duração deste material não chegou até nós qualquer exemplar. O estudo do mobiliário deste período só foi possível através de peças em materiais mais duráveis e através de registos pictóricos e representações gráficas. 6
Sabe-se no entanto que a madeira de predileção era o carvalho que era utilizado também na construção das peças mais representadas nos registos que eram os tronos e as cadeiras. Os tronos eram em geral pesadas peças em madeira com baldaquino e forma arquitectónica, colocados num estrado e com um banquinho para os pés. A decoração era vulgarmente pintada mas a marchetaria com madeiras raras, o trabalho de torneado e a talha eram também utilizados.
As técnicas e competência dos marceneiros clássicos foram preservadas no Império do Oriente por isso supõe-se que as peças de mobiliário eram de elaborada confecção. Nos móveis de luxo a madeira de carvalho era chapeada a marfim ou a metais preciosos. Nas casas mais modestas as arcas eram rectangulares e de madeira, com construção almofadada em madeira pintada ou marchetada, as camas de madeira tinham os pés torneados muito elaborados.
IDADE MÉDIA ROMÂNICA
Neste período da Idade Média o mobiliário adaptou-se naturalmente às necessidades vitais daquela época conturbada em termos sociais e políticos. Os móveis tinham portanto na sua concepção uma pura visão utilitária respondendo sómente ás necessidades práticas.
Os rudimentares métodos de construção produziam móveis muito toscos e sem cuidados especiais na sua aparência. Sem ornamentação que não fosse as ferragens que asseguravam a união das partes, eram simples e rústicos. Só a partir do séc XII o mobiliário começou a ser mais bem construído e com maiores cuidados no seu aspecto, uma vez que agora o móvel servia também como forma de distinção social. Passaram então a ser decorados com pinturas e com talha com motivos inspirados na arquitectura. O torneado e a marchetaria eram técnicas decorativas usadas nos móveis de influencia oriental ou mourisca.
No que toca à tipologia, a peça de mobiliário mais importante neste período foi a arca, que aparecia tanto nas casas ricas como nas modestas e nestas a arca tinha por vezes função de mesa e de cama para além de servir para arrumação.
A madeira de carvalho pela sua solidez e durabilidade era a mais utilizada na Europa naquela época e principalmente nos povos do Norte. Na Europa Central usavam-se também a tilia e as 7
madeiras macias dos Alpes enquanto que em Espanha o carvalho e a nogueira e o castanho são as madeiras mais correntes assim como em França e Itália.A par destas variedades de madeira era comum a utilização do pinho e outras madeiras inferiores.
IDADE MÉDIA GÓTICA
Neste período assim como no anterior a madeira é o material mais empregue na construção do mobiliário, embora se utilizasse o ferro para a construção de algumas peças, particularmente móveis de assento.
A madeira de carvalho é ainda a mais freqüentemente usada em quase toda a Europa e sobretudo nas regiões mais setentrionais e será assim sem alterações até aos finais do séc.XV. A nogueira era também utilizada em França e Itália, mas não tanto como o carvalho. No Norte da Europa as madeiras próprias daquela zona como a tília, o pinho, o zimbro e o abeto, eram também utilizadas com frequência. Em Espanha usava-se também o azinho em algumas peças de mobiliário para além do carvalho e da nogueira .
A evolução deste período é acompanhada pela evolução das técnicas de construção. Novas técnicas de unir as peças de madeira, permitem obter estruturas mais firmes e maior qualidade de construção. O aparecimento na Alemanha da serra hidráulica permitiu aproveitar melhor a madeira possibilitando o corte dos troncos em tábuas em vez de os fender com cunhas e depois os desbastar com machados como era uso fazer até então. As tábuas grossas e pesadas que serviam de frentes aos móveis, passaram a ser substituídas por armações rectangulares, onde eram inseridos painéis de madeira, agora de espessura reduzida. Isto permitiu uma economia e um melhor aproveitamento da madeira.
Na decoração dos móveis, a marchetaria desaparece quase por completo, sendo a talha, a douragem e a pintura as formas de decoração mais utilizadas. As arcas continuam a ser a peça de mobiliário mais comum nesta época, embora se tenham vulgarizado outras peças como o armário.
8
RENASCIMENTO ITÁLIA
Foi em Itália que o Renascimento apareceu muitos anos antes de se expandir pelo resto da Europa. Pode considerar-se que começou em Itália no séc. XIV, enquanto a Europa vivia ainda no período Gótico.Deve mencionar-se que em Itália o Gótico não chegou a ser tão assimilado como no resto da Europa e que por outro lado nunca chegou a perder a sua forte feição Clássica.
No Renascimento os ideais foram alterados e o mobiliário sofreu as conseqüências disso. Antes os móveis desenvolviam-se em altura e agora passam a desenvolver-se em largura como expressão da serenidade clássica. A ornamentação, particularmente a talha, também se alterou. Deixou de ser geométrica e de um naturalismo rígido e simbólico para passar a ser uma talha mais natural e de simbolismo pagão. Houve também alteração na tipologia uma vez que no Renascimento passou a haver um mobiliário civil com maior importância em oposição ao mobiliário medieval que tinha um cariz eminentemente religioso.
As alterações introduzidas chegaram também à madeira utilizada para a manufactura de mobiliário, sendo o carvalho,usado até aqui em primazia,substituído pela madeira de nogueira. Podemos mesmo considerar que a nogueira foi a madeira do Renascimento,por ser uma madeira que se presta admiravelmente à execução de talha,que passou a ser a principal técnica de decoração do mobiliário. A marchetaria (Intarsia) com madeiras exóticas e materiais nobres voltou a ser utilizada também. A nogueira é uma madeira mais macia e de veios mais finos que o carvalho, tem cores quentes que são realçadas pelo seu brilho natural. Mesmo assim a nogueira não é a única madeira a ser usada nesta época. No caso de móveis pintados ou estucados a madeira podia ser o pinho ou o cedro. Além disso no mobiliário mais popular o carvalho, o castanho e outras madeiras de qualidade mais inferior continuaram a ser utilizadas. Estas madeiras de menor qualidade e mais correntes eram chapeadas na sua face externa com madeiras mais nobres e exóticas, com maior qualidade decorativa. Neste caso o ébano e o pau santo eram particularmente apreciados pela sua beleza e pelo acabamento que proporcionavam ás superfícies. 9
FRANÇA
Foi o primeiro paìs da Europa a adoptar o Renascimento Italiano por influencia da campanha militar que Carlos VIII empreendeu em Nápoles em 1495. Quando regressou trouxe consigo não só o saque que incluía mobiliário, mas também as idéias e o tipo de vida do Renascimento. Portanto a iniciação deste Estilo em França tem lugar nos reinados de Carlos VIII e Luis XII e tem o seu auge nos reinados de Francisco I (1515-1547) e Henrique II (1547-1610).
No reinado de Henrique II o Renascimento em França adquire uma identidade nacional que culmina no reinado de Henrique IV e termina no reinado de Luis XIII onde se vai dar a transição para o Barroco por influencia Flamenga.
Nas regiões do Sul da França a madeira mais utilizada nesta época passou a ser a nogueira, enquanto que nas regiões do Norte o carvalho continuou a ser a madeira mais utilizada. Mais para o final do período o ébano começou a ser muito utilizado como madeira exótica para além de outras madeiras também importadas. A utilização da madeira de ébano deu origem ao nome de Ébenista, que passou a designar os marceneiros mais especializados e que faziam a decoração e acabamento dos móveis, enquanto que os marceneiros se encarregavam do trabalho com as madeiras mais correntes, na construção das estruturas dos móveis.
ESPANHA
O Renascimento chegou a Espanha já no séc.XVI. Apesar das influencias recebidas de Itália, França, Alemanha e Paises Baixos serem muito fortes, o mobiliário Espanhol do Renascimento teve um estilo característico pela forma e decoração utilizadas. Exemplos disso são o mobiliário Mudejar de influencia Mourisca, e a decoração com marchetaria “plateresca” usada nos contadores “vargueño”.
Também em Espanha a madeira de nogueira era a mais representativa neste período. E como o inicio deste período do Renascimento Espanhol coincidiu com o descobrimento da América, deve assinalar-se que o mogno chega a Espanha no final do período e muito antes de chegar ao resto da Europa. O pau-santo e outras madeiras com origem no Novo Mundo também se usam 10
em marchetaria e chapeados, assim como o ébano. Mas estas não são as únicas madeiras usadas em Espanha na manufatura do mobiliário, visto que em Espanha existe uma grande variedade de espécies como o carvalho, a azinheira, o castanho e o pinho.
INGLATERRA
O Renascimento chegou tardiamente a Inglaterra, quando em Itália e em França este tinha já um pleno desenvolvimento. Inglaterra, situada na orla cultural do Norte da Europa, recebe este novo estilo principalmente por influencia da Flandres.
É com Henrique VIII (1498-1550) que se inicia este estilo em Inglaterra e que vai depois prolongar-se pelo reinado de Isabel I (1558-1603) no qual vai atingir o seu maior desenvolvimento. Pode dizer-se que a influencia do Renascimento em Inglaterra se fez sentir até muito tarde naquele país, praticamente até quase ao final do séc.XVII, visto que a transição para o Barroco só se faz sentir com Jaime II em 1685.
É no reinado de Jaime I (1603-1625) que o Renascimento Inglês inicia a sua expressão no estilo Jacobino, que perdura no reinado de Carlos I e na República de Cromwell. O estilo Jacobino é pois um estilo de transição entre o Renascimento e o Barroco. A transição para o Barroco dá-se a seguir com Jaime II. É a chamada época do carvalho em Inglaterra porque esta é praticamente a única madeira utilizada. Só no período da Republica de Cromwell é que aparece a nogueira que vem dos paises do Sul, por se adaptar melhor ao torneado e á talha.
ALEMANHA
O Renascimento chega à Alemanha pela influencia de Itália e da Flandres. Esta influencia justifica-se pela proximidade geográfica da Flandres, com a qual tem fronteiras a Norte, e da Itália a Sul. Uma vez que as influencias são diferentes, o desenvolvimento do estilo também vai ter as suas diferenças.
Os “Kleinmeisters”, desenhadores de ornatos, foram os que mais influenciaram a decoração dos móveis visto que seguiram com avidez o exemplo dos artistas Italianos, substituindo os 11
ornatos Góticos pelos Clássicos. É nos centros do Sul, Nuremberg e Augsburg que o mobiliário Alemão alcança o seu apogeu no Renascimento por influencia Italiana e através de Flötner que em 1540 introduz, depois da sua estadia em Itália, as novas tendências.
Tal como em qualquer época, é certo que os materiais pela sua proximidade e disponibilidade influem muito no desenvolvimento do carácter do mobiliário, mas na Alemanha isto é particularmente verdade neste período. Assim e no Sul usavam-se as madeiras macias de coníferas como o pinho o abeto e o larício, chapeados com a tília e o freixo, até que por volta de 1600 se inicia a utilização da nogueira. Nas regiões do Norte pelo contrário as madeiras duras eram as mais utilizadas tais como o carvalho que é dominante. Só a partir do séc.XVII é que se começa a utilizar o ébano como nos outros paises da Europa.
Sendo assim, verifica-se que existe uma diferença acentuada entre o mobiliário Alemão do Renascimento do Norte, que se assemelha mais ao dos Paises Baixos e do Norte da Franca e Inglaterra, e o do Sul, que se assemelha mais com o do Norte de Itália.
FLANDRES
Os Paises Baixos começaram a sentir a influencia do Renascimento no séc XVI embora o estilo Gótico tivesse perdurado até à segunda metade daquele século. Como país rico e burguês com importantes trocas comerciais com outros paises e com as suas colónias, vai ter um desenvolvimento importante na arte da construção do mobiliário.
O mobiliário da Flandres desta época tem características muito próprias onde se fundem o caráter prático com a elegância e beleza, sem ser excessivamente sumptuoso, e com a excelente qualidade de construção.
A madeira de carvalho começou a ser substituída pela de nogueira à medida que a nova estética do Renascimento se impõe. Já em plena época a madeira de ébano fez a sua aparição, e pela sua extraordinária dureza e dificuldade em ser trabalhada e ainda por ser cara, exigiu uma evolução na técnica da sua utilização que faz surguir a Ébenisteria como Ofício, à semelhança do que acontecia em França. Os Ébenistas vão levar até à perfeição as técnicas em uso na construção, decoração e acabamento dos móveis. O pau-santo e outras madeiras raras 12
chegavam á Flandres através do comércio regular com as Índias, e eram usadas em placagem de outras madeiras mais vulgares.
SÉCULO XVII – TRANSIÇÃO PARA O BARROCO
FRANÇA
LUIS XIII
Na história do mobiliário existe um período claro de transição do Renascimento para o Barroco que começou em Itália muito antes de ter começado no resto da Europa, mas é em França no reinado de Luis XIII (1610-1661) que adquiriu maior singularidade. Este período corresponde a uma época em que paira nas mentalidades e atitudes uma certa tristeza, severa e grave. O próprio monarca é uma figura apagada e triste que é ultrapassada pela figura do Cardeal Richelieu. Esta conjuntura vai influenciar o estilo do mobiliário da época, por isso os móveis são austeros, pesados na sua opulência e sobriedade onde não existe o luxo na decoração, dando a impressão de apenas servirem uma utilidade prática. A influencia Espanhola através da Rainha Ana de Áustria filha de Filipe III de Espanha, tem grande importância na sobriedade e austeridade mencionadas.
Contudo, é com Luis XIII que surgem novos tipos de mobiliário tais como as cômodas, as secretárias, as “chaise longe”, o “lit de repôs”, o canapé, os roupeiros e louceiros, peças estas de menores dimensões e mais fáceis de deslocar e que facilitavam a arrumação e decoração de interiores.
As madeiras mais utilizadas neste período em França são o carvalho e a nogueira, mas no final do reinado de Luis XIII começou a usar-se mais o ébano do que se usava até ai. Para as estruturas dos móveis e para os armários usavam-se madeiras indígenas e menos nobres como o choupo. A pereira e a madeira das fruteiras também eram utilizadas escurecidas. Também se fazia a placagem com pau roxo (amaranto). 13
BARROCO – SÉC. XVII
ITÁLIA – (1600-1690)
O berço do Barroco foi a Itália tanto na Arquitetura como no mobiliário onde as primeiras expressões se começaram a revelar ainda no séc. XVI. A gradual modificação da vida das pessoas e os novos costumes da burguesia e da côrte exigem agora uma maior exuberância, riqueza e comodidade nos móveis. Por outro lado, o aperfeiçoamento das técnicas e a introdução de novos materiais e madeiras exóticas como o mogno, e a criação de novos tipos de mobiliário, impõem um novo estilo. Estilo este que promoveu uma nova traça mais flexível e que transmitia movimento ao desenho do mobiliário. É um corte com a linha recta do Renascimento, a estática transforma-se em dinâmica, e as grandes superfícies planas fazem-se curvas. Começa a dar-se mais importância à aparência, à exibição e ao luxo ostentoso.
Mas em Itália, onde se estava demasiado apegado às regras e normas do Renascimento, não é permitido mais do que a evolução natural das antigas estruturas, e poucos tipos novos de mobiliário vão aparecer.
No que toca às madeiras utilizadas, a nogueira continua a ser a madeira mais utilizada para além do carvalho. O ébano é também muito usado para além de outras madeiras exóticas importadas como o pau-santo e o mogno.
FRANÇA
LUIS XIV – (1661-1715)
É a França que há de ditar as normas do móvel Barroco em toda a Europa, apesar de as modas da côrte Francesa terem sido influenciadas pelo gosto Barroco Italiano. O Estilo Luis XIV representa a plenitude do Barroco do séc.XVII em França. É um estilo ditado puramente pelo gosto do Monarca – Rei Sol – onde este exerce a sua influencia pessoal a todos os níveis da Arte. 14
Este estilo espalha-se por todo o continente através da produção de peças feitas nas manufaturas de Gobelins que foram fundadas em 1662 e onde se juntaram a trabalhar os melhores artistas e artesãos da época incluindo os Ébenistas. O Director destas indústrias, Charles Brun, teve uma importância decisiva na forma como as artes e o estilo evoluíram.
Como já se viu o Estilo Luis XIV era um estilo áulico mas que era reproduzido pela burguesia, com mais modéstia, em móveis em que a madeira não era tão ricamente decorada e a talha se baseava em motivos mais populares. Neste estilo a madeira mais utilizada para os móveis da côrte era a nogueira, que era dourada quase sempre. No mobiliário burguês a nogueira não recebia o processo de douragem normalmente, e eram utilizadas também outras madeiras como o carvalho e a faia para o mobiliário de assento. A madeira para a construção dos grandes móveis, como os armários e as bibliotecas continuava a ser o carvalho.
A madeira de carvalho era cortada em toros e deixada a secar vários anos. Depois os toros eram cortados em pranchas no sentido do comprimento e colocadas em pilhas com as tábuas intercaladas por calços para que o ar circulasse e ajudasse a secagem. Estes tratamentos rigorosos tinham o objetivo de evitar a deformação posterior da estrutura dos móveis que ia servir depois de base para a placagem e marchetarias. Era portanto sobre uma estrutura, que graças às técnicas de construção apuradas e às novas técnicas de secagem da madeira, era de uma solidez a toda a prova, que se colavam as madeiras de placagem ou a marchetaria.
Para as cadeiras a madeira de nogueira continua a ser a preferida por ser mais dócil que o carvalho para o trabalho de entalhador. Mas no final do séc.XVII e à medida que os motivos esculpidos vão sendo menos exuberantes e abundantes, a madeira de faia começa a generalizar-se para a construção de mobiliário de assento como as cadeiras e os “fauteuils”, pela sua durabilidade e resistência aos choques. A placagem em ébano tão em voga no estilo Luis XIII, é substituída progressivamente, por placagem e marchetaria em madeiras das Ilhas em cores contrastantes.
FLANDRES -(1550-1690)
Nesta época, e com o final do domínio Espanhol, a Flandres era uma região rica com um grande domínio dos mares. Esse domínio possibilita a facilidade de trocas mercantis de 15
produtos do Oriente, sendo que na altura a Flandres era a porta de entrada na Europa de todos os produtos vindos daquelas paragens. Isto fez crescer na Flandres uma classe burguesa de prósperos mercadores que detinham o poder e dominavam o gosto e a moda. Sendo pessoas de trabalho, embora ricas, tinham um gosto simples, austero e sem ostentação, o que determinou a evolução do mobiliário Barroco na Flandres.
O uso do folheado foi desenvolvido pelos ébenistas da Flandres e as marchetarias naturalistas com motivos de flores e de frutos, que pareciam verdadeiras pinturas, eram muito usados na ornamentação do mobiliário.
As madeiras mais utilizadas eram o carvalho e a nogueira. A nogueira era também utilizada em placagem assim como o pau santo e o ébano. As madeiras de fruteiras, limoeiro, pereira, cerejeira, amendoeira, laranjeira e amoreira, em conjunto com o ébano eram utilizadas em embutidos. Na marchetaria a nogueira era utilizada assim como a oliveira e a tília. O castanho e a sorveira eram também usadas em algumas peças de mobiliário.
INGLATERRA
Em Inglaterra este período do Barroco do séc.XVII, engloba três estilos, a referir: •
O Estilo Jacobino de 1603 a 1660
•
O Estilo Restauração de 1660 a 1670
•
Estilo William and Mary de 1670 a 1695
O Estilo Jacobino tinha ainda um grande cariz Renascentista embora as influencias do Barroco fossem já sentidas naquela primeira metade do século. Os períodos conturbados da guerra civil e da Républica de Cromwell, em boa verdade atrasaram o processo de adopção do estilo Barroco. Que só veio a recomeçar em 1660 durante o reinado de Carlos II com o estilo Restauração. O estilo Jacobino pode pois ser considerado um estilo de transição do Renascimento para o Barroco.
No Estilo Restauração, a influencia chegou via Holanda devido ás boas relações e trocas comerciais entre essas duas nações Européias e porque Carlos II esteve exílado na Holanda assim como esteve em França. É de referir o contributo de algumas características do 16
mobiliário Português do séc.XVII, que influenciaram o mobiliário Inglês desta época, através da Rainha Catarina de Bragança que era portuguêsa. O reinado de Carlos II não pode, no entanto,considerar-se que seja já um período de pleno Barroco.
Segue-se outro período de indefinição no reinado de Jaime II (1665-1670) e que corresponde ao final do estilo Restauração. O primeiro estilo Inglês que se possa considerar verdadeiramente inserido no espírito do Barroco foi o de William and Mary, já no final do séc.XVII, e com forte influencia Flamenga através de Ghilherme de Orange que era Holandês. É por isto que se pode afirmar que a verdadeira expressão do Barroco em Inglaterra se manifesta já tarde.
A madeira mais utilizada na primeira metade do século continua a ser a de carvalho, mas a partir dai e à medida que o Barroco começa a ser introduzido a nogueira começa a estar na moda. O pinho era também usado para fazer arcas e cofres de viagem que eram forrados a couro. Os carpinteiros foram dando lugar aos ébenistas à medida que as técnicas da placagem e da marchetaria iam passando a ser mais utilizadas. A placagem era feita com madeiras como o freixo, o pau violeta e a oliveira. A madeira de espinheiro e a raiz de nogueira eram utilizadas para fazer embutidos em madeiras contrastantes.
ALEMANHA – (1610 a 1680)
O Barroco chegou à Alemanha, através das suas fronteiras com a França e com a Flandres, em meados do séc. XVII, em conseqüência do intercambio de artistas entre estes Paises.
A madeira de nogueira é ainda a mais utilizada em conjunto com as madeiras nacionais do Sul como o pinho, o abeto e o larício. Estas madeiras eram enriquecidas em marchetarias e embutidos de madeiras exóticas e ébano.
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ESPANHA As influencias do Barroco começam a fazer-se sentir em meados do séc.XVII. Tal como na Europa a indústria do mobiliário em Espanha tem escolas, com diferentes tendências e influencias nas diferentes regiões do país. Na Galiza as influencias mais importantes são as de Portugal e Inglaterra, na Catalunha de Itália, na Andaluzia de Inglaterra também. A Escola Salmantina ou Churriguerresca (por influencia de José Churrigerra) foi sem duvida a mais representativa do Barroco em Espanha. No reinado de Carlos II desenvolve-se um Barroco mais nacional em que o nome de José Churriguerra está indissoluvelmente associado.
As madeiras utilizadas no mobiliário Espanhol do Barroco do séc.XVII são em primeiro lugar a nogueira depois o carvalho e por ultimo o castanho, para além do pinho que se usava escurecido ou coberto com plaqueados de outras madeiras. O ébano e o mogno, que chegou a Espanha muito antes de ao resto da Europa, eram também usados mas somente em plaqueados.
PORTUGAL
O mobiliário Barroco Português do séc.XVII foi pela sua originalidade e pelos motivos decorativos utilizados o único mobiliário Português que se impôs pelo seu caráter muito próprio. O séc.XVII em Portugal sob o aspecto político e económico foi um período difícil marcado pelo domínio da corôa espanhola seguido das guerras da restauração. Para compensar o isolamento em relação à Europa, os contactos com o oriente são intensificados, o que vai ter influencia no mobiliário conferindo mais exotismo e originalidade.
A primeira metade do século que corresponde ao período Filipino (Maneirismo-Barroco Inicial), produziu peças de caráter mais austero com linhas mais retilíneas, sem volumes salientes, de regra mais clássica, com torneados mais singelos. Na segunda metade do século (Barroco) o mobiliário torna-se mais exuberante, os torneados tornam-se mais volumosos e com mais movimento com grandes bojos e estrangulamentos vincados. É neste período que o mobiliário português adquire características de maior personalidade e originalidade destinguindo-se de todos os estilos europeus, de tal forma que Robert Smith lhe chamou “Estilo Nacional Português”.
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Na tipologia dominante destingem-se os contadores cuja caixa com gavetas à vista geralmente decoradas, se ajustava a uma trempe, bufetes, as cadeiras e os leitos que nesta época rivalizavam em beleza com o melhor que se fazia na Europa. Para a sua confecção , assim como para muitas outras peças de mobiliário, escolhiam-se madeiras exóticas entre as quais predominava o pau santo cuja essência dura e lustrosa permitia aos artesãos mostrarem a sua perícia na execução dos “goivados” e dos “tremidos” .
O mobiliário Indo-Português assumiu em todo o séc.o estatuto de mobiliário de luxo, visto que as peças vindas do oriente não eram abrangidas pelas leis de austeridade Filipinas, o que tornou estas peças de particular fascínio. As peças encomendadas na Índia tem formas ocidentais mas utilizam madeiras e algumas técnicas de construção e temas orientais atingindo portanto uma especificidade própria e que se pode considerar um estilo híbrido muito peculiar.
Na primeira metade do século as madeiras da terra, o carvalho, o castanho, e a nogueira eram as mais utilizadas. A estas vêm juntar-se as de fora, o pau santo, o pau rosa, o ébano, o Gonçalo-Alves e o vinhático. Na segunda metade do século as madeiras mais usadas eram a nogueira, o carvalho, o castanho, o vinhático, o pau santo, e a sucupira. No mobiliário Indo-Português as principais madeiras utilizadas são o ébano o pau santo, a sucupira, o sissó e a teca
BARROCO DO SÉC.XVIII FRANÇA
Estilo Regência –1700-1723
É o estilo de transição entre os estilos de Luis XIV e Luis XV, cujo nome lhe é atribuído pelo período de Regência do Duque de Orléans. Apesar de ser um estilo que deu os seus primeiros passos ainda no reinado de Luis XIV quando este mandou redecorar algumas divisões do Palácio de Versailles. Com a regência do Duque a côrte mudou-se para Paris e a vida começou a ser diferente. Perdeu-se a pompa o fausto a opulência e o formalismo que eram obrigatórios com Luis XIV. A burguesia é que ditava agora a moda na direcção do gosto pela leveza e 19
elegância associados ao conforto, com um estilo de vida mais tolerante e livre. Os ambientes tornam-se mais leves e íntimos e por isso o mobiliário passa a ser de dimensões mais reduzidas e mais confortável. Há quem considere que esta época não corresponde a um estilo mas sim a um período no qual se deitou à terra a semente do Rocaille.
Neste período a madeira de nogueira continua a ser utilizada, principalmente no Norte e no Oeste para os “beaux meubles” e cadeiras, por ser mais fácil de trabalhar na talha. O carvalho continua a ser a madeira de base para a maior parte dos grandes móveis , armários e buffets. No mobiliário do Sudoeste, cujo centro é Bordéus começa a utilizar-se o mogno.
A faia apesar de ser considerada uma madeira inferior, é flexível e resistente e por isso muito usada não só no mobiliário da província mas também no mobiliário de assento da côrte, na sua própria cor ou dourada. A tília também se usa dourada, e aliás, por os seus veios e contra-veios não contrariarem o trabalho de talha, era a madeira considerada ideal para acabamentos a dourado, que se utilizava nas consolas e nas molduras de quadros e espelhos.
As madeiras das fruteiras como a cerejeira o limoeiro e a pereira também se utilizavam. A pereira enegrecida acabou por substituir quase completamente o ébano que por ser mais caro e difícil de trabalhar caiu em desuso.
O abeto servia para a construção de móveis correntes e para mobiliário marchetado com outras madeiras. Na marchetaria usavam-se madeiras exóticas como o pau cetim, pau santo, pau roxo, pau rosa, pau violeta, e também madeiras indígenas como o padreiro e o limoeiro, e ainda raízes de olmo.
Estilo Luis XV – 1723-1774
O período do Rocaille Francês corresponde á época de ouro do mobiliário Francês. O pacífico reinado de Luis XV foi um período de desenvolvimento das artes e das ciências, com a construção de novos Palácios e o reflorescimento da pintura e da escultura. Tudo isto numa conjuntura social e política propícia a uma forte mudança e evolução. Desde o inicio do Séc.XVIII que o desejo de mudança aponta na direção de rejeitar tudo o que invocava a inflexibilidade e o rigor de Luis XIV, e na tentação pelas formas que ainda faltava inventar. Foi 20
portanto a rejeição das linhas retas e riguidas, da simetria, com a opção pelas linhas curvas e assimétricas que apesar de parecerem caóticas tem um admirável equilíbrio na sua aparente desordem.
As pernas dos moveis passam de direitas a curvas em S ou “á cabriolet”. O mobiliário passa portanto a ser airoso, leve, claro e alegre apesar de exuberante o que joga perfeitamente com o ambiente social. Esta mudança no estilo do mobiliário reflete também o talento dos ébenistas que foram os responsáveis pela interpretação do espírito da época e de o traduzirem na sua arte.
Para os grandes móveis a madeira mais utilizada continua a ser o carvalho porque assegurava estruturas sólidas. Era também utilizado para estruturas de outros móveis que eram marchetados e folheados para os quais se utilizava também o abeto e a tília. Para as cadeiras usava-se a faia pintada ou dourada, por ser maleável e resistente. A nogueira continuava a usar-se para o mobiliário entalhado.
A marchetaria toma grande importância neste período uma vez que a importação de madeiras exóticas oferece uma grande escolha de cores variadas, o que permite aos ébenistas fazer autenticas pinturas em madeira. O mogno, o pau santo e a sua variante pau violeta, o pau rosa, o pau cetim, o sândalo e a macacaúba, que eram importadas, eram utilizadas em conjunto com madeiras nativas como a oliveira, buxo, uva-espim, junquilho, e o bordo. As madeiras das fruteiras como a cerejeira brava, pereira, limoeiro, e ameixeira eram também usadas em folheados e em marchetarias.
ITÁLIA
Em Itália o estilo rococó apresenta-se como uma interpretação exagerada do Rocaille e produziu verdadeiros exageros na exploração das linhas e tendências decorativas do rococó Francês.
A madeira de nogueira passa a ser a mais utilizada neste período.
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INGLATERRA
Em Inglaterra o Rococó não passou de uma breve fantasia. Com esta época chega o momento do apogeu no mobiliário Inglês. Houve alguns factores que tiveram influencia decisiva, como o facto de a nação entrar em período de paz e estabilidade; a introdução do mogno, cuja facilidade em ser trabalhado, finura e beleza fazem dela uma madeira muito apreciada; e por ultimo a acção de um grande artista Thomas Chippendale.
Chippendale que vem de uma antiga família de ébanistas nasce em 1718, trabalha durante os reinados de Jorge II e Jorge III e morre em 1779. Com Chippendale a Arte burguesa torna-se evidente e a sua influencia estende-se também a outros paises da Europa. O mobiliário palaciano da época foi grandemente influenciado por William Kent. O seu estilo era arquitetural e pesado, estava carregado de ornamentos clássicos.
As madeiras que usava em certas peças, além do mogno, como a faia e o pinho podiam ser elaboradamente entalhadas e depois douradas. Estas madeiras macias eram muito apetecidas pelos insetos xilófagos e por isso poucas peças sobrevivem hoje.
Estilo Queen Anne
No reinado da Rainha Anne (1702-14) chega-se ao estilo chamado de “Queen Anne”, o primeiro estilo barroco puro, sóbrio, simples, racional, elegante e confortável. Caracterizava-se pela acentuada preferência pela simplicidade e beleza das linhas onde a ornamentação tinha um papel secundário.
É um período de acalmia entre dois estilos mais exaltados, o W. and Mary e o Early Georgean, onde se difunde e é característica a perna em forma de S alongado. Esta perna, que era usada como suporte em todos os tipos de cadeiras e mesas, era cortada numa peça única de madeira de secção quadrada.
A nogueira continua a ser a madeira mais usada durante o reinado da Rainha Anne. É o ultimo estilo do período da nogueira. Com o emprego deste tipo de madeira nasce a técnica da placagem em Inglaterra que substitui muitas vezes a madeira maciça. Alguns moveis mais 22
preciosos são plaqueados a pau violeta, freixo e oliveira, trabalhados de maneira a tirar partido da beleza natural da madeira. A raiz de nogueira era também utilizada.
Estilo Georgiano
O reinado de Jorge I inicia o período longo do Estilo Georgiano que dura 110 anos de1720 a 1830 e que inclui vários estilos com tendências que vão do barroco ao neoclássico. O Early Georgean ou Georgiano primitivo que dura de 1720 a 1740; o Chippendale que vai de 1740 a 1760. Este estilo continua na segunda metade do século XVIII na corrente estética do Neoclássico com os estilos de Adam e Hepplewhite (1760-90) e Sheraton (1780-1800) e que vão ser tratados no período do Neoclássico.
Early Georgean
No reinado de Jorge I, a influencia do arquiteto e projetista de móveis William Kent, trás um estilo de grande exuberância que tem muito a ver com o barroco Italiano, muito escultural com talha muito profunda e decoração variada. Durante esta primeira época do Estilo Georgiano (Georgiano primitivo) o trabalho de talha passou a ser mais elaborado e o uso do mogno passou a substituir a nogueira. É o estilo que inicia o período do mogno.
A escassez de nogueira vinda de França por causa do embargo que os franceses colocaram a Inglaterra, provocou uma maior procura de alternativas. Os construtores de mobiliário passaram a importar a nogueira da Virginia, até que em 1721 foi abolido o imposto que incidia nas madeiras das colónias inglesas na América central e Índias ocidentais, o que incentivou a utilização do mogno das Antilhas, e que veio a ter grande aceitação por parte dos construtores e dos clientes. Assim sendo, em 1725 é introduzida a madeira de mogno que se impõe como a madeira de eleição para o mobiliário. Muito resistente, e refratário às picadas dos insectos da madeira, adquire brilho mais facilmente que a nogueira e quando tingido adquire uma cor avermelhada muito apreciada. Não é fácil de utilizar em placagem mas presta-se muito bem ao trabalho de entalhador.
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Chippendale
O reinado de Jorge II trás um estilo de puro e perfeito barroco Inglês, o Estilo “Georgian” que é caracterizado pelo desempenho de Chippendale. É nesta altura que o mobiliário Inglês, aburguesado e confortável, se destaca definitivamente com características próprias, do mobiliário Barroco do continente.
O mobiliário torna-se mais rico em talha e decoração desaparecendo os torneados e as marchetarias. Em geral o mobiliário Barroco Inglês caracteriza-se pela sua linha estrutural lógica, pela elegância do conjunto e pela continuidade da silhueta mais que pela riqueza e profusão da talha que não chega a ser tão exagerada como no continente. O dinamismo do Barroco em Inglaterra é muito contido.
Chippendale conseguiu conciliar a arte da concepção do mobiliário com a sua industrialização.Criou uma firma para a comercialização das suas linhas de mobiliário que eram acessíveis a um grande número de pessoas de diferentes estratos sociais. As peças mais características do seu estilo, embora fizesse todo o tipo de móveis, eram as cadeiras. O seu estilo sofre ao longo deste período influencias de três fontes diferentes a referir: do Rocaille Francês; do exotismo do oriente e particularmente da china; e do revivalismo do Gótico.
Chippendale adopta com caráter quase absoluto a madeira de mogno, passando esta a ser a madeira da época. Trata-se de uma madeira que com o tempo e uso adquire uma bela patina, é sólida, fácil de trabalhar até na talha onde a sua rijeza e veio apertado permitem um trabalho minucioso, com grande variedade de tons e veios, e que permite fazer tabuas largas para tampos de mesas e ilhargas de guarda fatos, para alem de resistir bem ao apodrecimento. É de mencionar que o mogno não era utilizado no mobiliário eclesiástico. Era possível distinguir diferentes variedades como o mogno de cuba, e o mogno de São Domingo mais escura, sendo a primeira mais fácil de trabalhar e mais fina. Os grandes planos dos móveis eram chapeados com madeiras exóticas ou eram lacados ou dourados.
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ALEMANHA
O Estilo Rococó foi avidamente adotado na Alemanha, que na altura estava dividida em vários estados. Mas como cada príncipe estava interessado em impôr na corte o seu gosto pessoal havia muitas variações. Os dois estilos com mais definição foram o Rococó Bávaro e o Rococó Fredericano (ou Potsdam) que se desenvolveu no norte de 1740 a 1760.
Kambly, Hoppenhaupt e Cuvilliés são os artistas que caracterizam mais fortemente este período do barroco na Alemanha. O Rococó Alemão teve como característica um exagero dos modelos quer de França quer de Inglaterra .
A madeira de nogueira e as madeiras nacionais do sul continuam a usar-se como as principais, enriquecidas com marchetarias e embutidos de madeiras exóticas. Usava-se também o mogno para as cadeiras.
ESPANHA
É com Filipe V - Príncipe Francês que inicia a dinastia dos Borbons - que as tendências do Rocaille Francês são assumidas em Espanha , e isto observa-se principalmente nos móveis da corte.
Em 1759 quando Carlos III (VII de Nápoles) regressa a Espanha trás consigo de Itália os artistas e mobiliário dos seus palácios que é de Estilo Luis XV. Deve referir-se que Carlos III regressa impressionado com as recentes descobertas nas escavações de Pompéia, e é por isso que no final do seu reinado assim como no resto da Europa acontece um retorno ao gosto clássico (Neoclássico). É através destas duas fortes influencias, a Francesa e a Italiana que o móvel espanhol vai perdendo a rigidez e austeridade que o caracterizavam, para nunca mais voltar a criar peças com caráter que possam voltar a fazer escola.
O mobiliário da corte e da aristocracia era encomendado principalmente em França, e o mobiliário nacional limitava-se a imitar o importado, mas com uma execução deficiente. As madeiras utilizadas continuam a ser a nogueira e o mogno como as mais nobres, e o carvalho e o castanho e o pinho bravo, que são abundantes em Espanha, para o mobiliário popular. 25
Não se deve esquecer que o mobiliário da côrte e da aristocracia vinha de França e por isso era feito com as madeiras aí usadas na época.
PORTUGAL
O Rococó encontra em Portugal a sua expressão nos Estilos de D. João V (1706-1750) e de D. José I (1750-1770) que são estilos com interpretações nacionais das influencias recebidas de Inglaterra e França. Os estilos de mobiliário em Portugal foram influenciados pelos acordos mercantis com Inglaterra e pelo já duradouro comércio com as Índias e com a América do sul. A influencia do Rocaille francês foi adaptada em formas menos exuberantes e com muitos elementos do mobiliário inglês. Só na côrte de D. João V é que o rococó foi acolhido com toda a sua riqueza.
Em Portugal vive-se uma época de grande cosmopolitismo. As riquezas do Brasil possibilitam uma grande abertura à Europa de onde vêm móveis e artistas de todas as áreas. D. João V como grande mecenas fêz encomendas sumptuosas. Os marceneiros portugueses sentiram grande empatia pelo Rococó e com a sua singular capacidade de adaptação das influencias estrangeiras imitaram e recrearam-nas misturando estilos, ajudados pela qualidade das madeiras do Brasil que permitiam todos os virtuosismos. No fundo, nacionalizaram todas as influencias conseguindo peças plenas de expressividade e inconfundíveis. As cadeiras dos estilos
ingleses
Queen
Anne
e
Chippendale
foram
reinterpretadas
numa
forma
inconfundivelmente portuguêsa, muitas vezes em pau santo em vez de nogueira
Os móveis portugueses desta época caracterizam-se por terem uma tendência utilitária apesar de serem ricos em talha. Que pode ir da pujança e plasticidade barroca à finura da interpretação Rocaille da talha no estilo D. José, de baixo relevo mas precisa e preciosa, especificamente Nacional. O partido tirado das superfícies lisas, onde se deixa a madeira falar, sem serem necessários elementos decorativos, também é uma característica deste estilo.
Tal como nos outros paises da Europa a idéia de conforto acentua-se. E à medida que se vai impondo essa ideia novas tipologias vão aparecendo. São de destacar como mais característicos em Portugal o mobiliário de assento e sem duvida a cómoda, que apesar de não ser uma nova tipologia, adquire formas e funções nunca antes exploradas. Têm na sua maioria gavetas até ao 26
chão e podem ser papeleiras com ou sem alçado, que pode ter uma infinidade de variações das quais se deve destacar o oratório.
Inicia-se a moda dos marchetados com madeiras claras, como o pau rosa e o espinheiro, por influencia do rocaille. A madeira de pau santo, e as suas variações, é a mais utilizada embora se use também a nogueira. O carvalho continua a ser usado mas coberto com acharoados e dourados. O castanho também se usava pintado e dourado.
PAÍSES BAIXOS
Durante a primeira metade do séc.XVIII o mobiliário Inglês era muito apreciado na Holanda. Por isso o mobiliário Holandês têm muito em comum com o Inglês. A nogueira era escolhida para as peças de maior qualidade. Em alternativa usavam-se as madeiras de laburno, acácia ou outras madeiras exóticas.
NEO-CLÁSSICO
FRANÇA
Em finais do séc.XVIII surge na Europa o Néo-Classicísmo em conseqüência dos achados históricos de escavações feitas em Pompéia e Herculano,que estimularam um exaltado culto pela antiguidade clássica.
É ainda no reinado de Luis XV, quando a sociedade aristocrática começou a ficar cansada do Rocaille, que se inicia uma reacção ao dinamismo do Rococó, e se observa que o mobiliário começa a ser menos exaltado e mais equilibrado. As linhas curvas e revoltas do Barroco passam a ser rectas e repousadas e a sua decoração passa a ser mais austera e clássica.
No final do século com o reinado de Luis XVI os móveis são cada vez mais númerosos e a sua técnica chega a uma perfeição máxima. A habilidade dos artífices franceses chega ao seu 27
apogeu. A grande variedade de materiais era utilizada com extrema perícia. O móvel não perde o seu caráter francês e os modelos são perfeitos, com uma grande pureza de linhas, equilíbrio e proporção. O retorno ao clássico não é brusco porque se enlaça com o estilo anterior. O estilo Luis XVI que não é mais do que a primeira fase do Neo-Clássico, é portanto um estilo de transição entre o Rocaille de Luis XV e o estilo que surge após a revolução francesa que ao acabar com a monarquia procura renovar os costumes das antigas repúblicas Grega e Romana.
Surge o Estilo Directório (1795-99) e mais tarde o Consulado , que são evoluções do Neoclássico em direcção ao Estilo Império que é o culminar da tendência neo-clássica já no séc.XIX. Após a revolução o mobiliário torna-se mais severo e menos rico. Abandona-se a marchetaria e outras técnicas decorativas mais ricas. Aparecem novos modelos que podiam ser “a la grega”, “a la etrusca”, “revolucionaria” etc.. No fundo são modelos Luis XVI simplificados e ornamentados com símbolos revolucionários.
Nesta altura em França o mogno era já uma madeira insubstituível e que se usa agora quase sempre na sua cor original, embora possa aparecer pintado em cores claras. No entanto o carvalho, a faia , a nogueira e o castanho e a cerejeira ainda são utilizadas. Utiliza-se as madeiras exóticas em placagem, tais como o sapeli, pau rosa, e o pau santo. As bordaduras escuras dos tampos ou mesmo os grandes planos são em pau santo e ébano. Os filetes em madeiras claras e rosadas. Folheados em tuia e pau rosa de Timor (amboyna). As marchetarias em pau rosa, pau violeta, pau roxo, e pau cetim.
INGLATERRA
Também em Inglaterra se vai observar o mesmo movimento que no continente e o mobiliário afasta-se das linhas dinâmicas e desequilibradas do Barroco para se tornar mais clássico, de linhas mais finas e vigorosas com uma decoração mais escassa e sóbria, mas com uma evolução quase sem relação com a do continente. Este período (1760-1800) é também conhecido como “Late Georgian”.
Chippendale, que foi o artista mais significativo do Barroco, passa a executar móveis com as novas normas. Mas o período de Chippendale está a acabar, e novos artistas e criadores do 28
novo estilo começam a destacar-se. Destes, os irmãos Adam, Hepplewhite e Sheraton são os que mais se destacam.
As obras de Adam confundem-se com as de Hepplewhite e Sheraton, mas não por falta de personalidade mas porque os estilos têm semelhanças. Hepplewhite tem um temperamento mais flexível e requintado que se coaduna mais com Chippendale, enquanto que Sheraton representa uma maior rigidez e severidade que tem mais a ver com o Diretório e o Império franceses. Todos eles são contemporâneos e as fontes são as mesmas e o intercambio de influencias é constante. Os Adam adoptam as formas francesas e italianas e adaptam-nas ao gosto burguês Inglês. R. Adam (1728-1792) substituiu a moda paladiana que predominava por um estilo mais elegante, gracioso e versátil que agradou a todas as classes sociais.
Hepplewhite que tem uma grande sensibilidade aperfeiçoa os seus próprios modelos com a introdução de linhas curvas suaves e onduladas em vez de linhas retas e rígidas. Sheraton tem um carácter próprio, mais rigidamente ligado à linha reta. A sua severidade e simplicidade têm grande sintonia com as correntes que chegam do continente nos primeiros anos do séc.XIX que se ligam ao Estilo Império Francês. De todos Sheraton que viveu ate 1806 é o único que chega a conhecer a evolução completa do Neo-clássico ao Império.
Sob a influencia de Adam, Hepplewhite e Sheraton as artes do folheado, do embutido e da marchetaria alcançaram o maximo da perfeição e beleza. A decoração pintada do mobiliário andava a par com o gosto pelas madeiras claras. A madeira de mogno é usada sem a sobreposição de decorações em bronze das épocas passadas e só é realçada pela marchetaria que estava esquecida desde os tempos da Rainha Anne, mas é usada sómente com um sentido geométrico e arquitetónico.
Outra madeira utilizada normalmente em plaqueado ou folheado é o limoeiro. É uma madeira muito clara e brilhante que se usa para realce em embutidos com outras madeiras escuras ou com pinturas. A madeira de faia é usada pintada. O ácer e o pau cetim são também utilizados no final do século. Usa-se folheados de madeiras claras como o padreiro, o tulipeiro e a pereira, e de madeiras exóticas asiáticas e americanas como o pau rosa e o pau violeta.
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PORTUGAL
No ultimo quartel do séc.XVIII, durante o reinado de D.Maria I, dá-se como em toda a Europa uma reacção aos excessos do Barroco e à agitação do Rococó que esteve na origem do aparecimento de formas e decorações clássicas ao gosto neo-clássico.
O Estilo Neo-clássico chegou a Portugal em 1770 e os Portuguêses, com a sua tradicional facilidade de adaptação, adoptaram as suas formas, produzindo uma versão Nacional do estilo de Luis XVI. É visível uma perda da força criadora e do sentido místico do Barroco, mas mesmo assim e apesar das influencias Francêsas e principalmente Inglêsas, o Estilo D.Maria atinge um caráter próprio. Tonalidades mais claras quer nas madeiras quer na pintura, que lhe dão uma certa frescura e leveza. As cómodas que adoptaram uma frente tripartida retangular, assentavam em pernas de secção quadrangular que afunilavam em direção do chão e eram trabalhadas com embutidos e marchetaria em motivos geométricos. Uma característica própria destas cómodas era os aventais e os puxadores das gavetas em forma de medalhões esmaltados.
O mobiliário de assento revelava a influencia dos livros Inglêses de projetos, particularmente os de Sheraton. No virar do século a influencia do Estilo Império Francês tornou-se vasta como em toda a Europa. As madeiras utilizadas eram: pau santo, pau rosa, pau roxo, nogueira, carvalho entalhado e pintado em fingimento ou dourado, castanho, buxo, casquinha entalhada e depois dourada ou pintada, espinheiro, pau cetim e limoeiro.
SÉCULO XIX No século XIX o mobiliário com a influencia do Império continua com um carácter mais aburguesado e evolui no sentido de uma arte sem transcendência, adormecido entre a mecanização, que foi a verdadeira revolução do séc XIX, e a industrialização.
É o século dos grandes inventos burgueses, chamado “das luzes”, da vida prática e confortável. É também o século das grandes lutas políticas e sociais, em que a burguesia em rápida
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expansão punha em causa outros poderes e impunha a sua vontade e o seu gosto, e do grande movimento romântico em que se idealizam as coisas de outros séculos.
O Romantismo surge em toda a Europa como reacção, às convenções disciplinadas do neoclassicismo, e à crescente mecanização e ao progresso ciêntifico, e faz apelo ao regresso aos estilos do passado. O romântismo é caracterizado por ser um movimento revivalista e eclético. A Alemanha redescobriu primeiro a Idade Média e depois o Renascimento e o Barroco. Na Áustria deu-se o reaparecimento do Rococó. Em França a seguir ao reaparecimento do Gótico segue-se o regresso aos estilos dos séculos XVI, XVII e XVIII.
Com este movimento surgem no mobiliário os revivalismos, neo-gótico, neo-renascimento, neo-rococó. Que produziam peças de mobiliário com estruturas modernas e que pretendiam imitar, muitas vezes mal, os originais, que nem sequer são feitas por verdadeiros artistas, e que muitas vezes são adaptadas às necessidades modernas. Com o aumento da procura a forma tradicional de confecção e comercialização do mobiliário deixou de poder dar resposta a um mercado em grande expansão. Havia que procurar novos métodos de fabrico, novas técnicas e novos materiais mais acessíveis.
Na industria do mobiliário o aumento da produção foi conseguido não tanto à custa de uma maior mecanização, mas sim com a introdução de novos métodos de montagem do mobiliário nas oficinas, em que cada artífice só fazia uma parte do móvel. Isto traduziu-se numa perda de qualidade. E esta perda de qualidade era proporcional ao desenvolvimento tecnológico.
ESTILO IMPÉRIO
FRANÇA
Em 1804 inicia-se o Estilo Império, pompôso e solene, em França. Nesta altura o destino da Europa está dependente de Napoleão e por isso os reis, a política, os costumes e os ambientes giram em redor da sua figura. Não é de admirar portanto que este estilo se tenha difundido, com grande caráter nacionalista, quer em França quer nos outros paises da Europa. A estética converte-se numa questão de estado porque a arte é uma constante evocação da Roma imperial. 31
O mobiliário em todo o continente tem o mesmo caráter do Francês com a intervenção de artistas franceses, dos quais se destacam Percier, Fontaine e Prud’hon.
Percier e Fontaine foram os artistas do regime porque interpretaram com êxito as idéias de Napoleão, criando um estilo de luxo e opulência austeros, a partir do esplendor das artes de Roma antiga que tanto encantavam o Imperador. Este estilo no seu afã de adaptação às formas clássicas, tem pouca personalidade embora tenha originalidade. O mobiliário adquiriu formas simples, sóbrias e geométricas em que dominavam as linhas rectas e as superfícies lisas e com poucos ornatos. A talha e a marchetaria quase desapareceram.
Em conseqüência das campanhas napoleónicas no Egipto o mobiliário tornou-se uma mistura de protótipos Romanos, Gregos e Egípcios, porque os desenhos dos achados e dos monumentos e túmulos que foram trazidos dessa campanha despertaram muito interesse. É um estilo com tão grande implantação e influencia que dura mais quinze anos após a abdicação de Napoleão em 1814, e com ele pode dizer-se, que terminam os estilos históricos de França e da Europa no mobiliário.
A madeira de mogno geralmente massiça ou em placagem continua a ser a madeira mais apreciada, e cujo valor aumentou devido ao bloqueio que Napoleão impôs em 1808 e que impediram que fossem importadas madeiras das colónias Inglêsas, o que obrigou tambem à utilização de madeiras indígenas como a nogueira, o ácer, o freixo, o olmeiro, o cedro, o limoeiro e oliveira. Eram utilizadas diferentes qualidades de mogno com características visuais diversas: mogno moiré, mogno flammé, mogno ronceux (espinhoso). A faia era utilizada algumas vezes nas cadeiras, mas era depois pintada e dourada.
PORTUGAL
No primeiro quartel do séc. XIX e durante a regência e reinado de D.João VI, predominava em toda a Europa o Estilo Império como nova face do Neo-clássico. Nesta altura em Portugal acentua-se a diminuição da criatividade e a importação de mobiliário foi tão forte que chegou a afetar a produção nacional.
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O estilo foi pouco assumido em Portugal por várias razões. Primeiro pela falta de clientela, uma vez que a côrte se encontrava no Brasil em conseqüência das invasões Francêsas, o que tornou o período conturbado e sem o ambiente propício ao desenvolvimento de um estilo que para mais era trazido pelo invasor. Além disso as linhas e formas convencionais deste estilo diziam muito pouco aos marceneiros Portuguêses, ainda mais que os obrigava a trabalhar uma madeira, o mogno, com pouca tradição no Paìs.
Madeiras utilizadas eram o mogno maciço ou folheado, a casquinha faixeada, o pau santo e o pau cetim.
ROMANTICO FRANÇA
Estilo Restauração O retorno da dinastia de Bourbon ao poder em 1814, quando Luis XVIII se tornou rei, iniciou o revivalismo dos estilos clássicos que tinham sido tão queridos na côrte de seu irmão Luis XVI. Esta moda revivalista que os outros paises da Europa seguiram também, não obrigou a uma rendição incondicional aos estilos inspiradores, mas sim, era feita uma recreação aligeirada dos estilos.
Mais tarde com Carlos X, aparece o revivalismo do gótico e depois o neo-Henrique II com elementos Renascêntistas. Uma das características, talvez a mais marcante deste Estilo Restauração, foi a inversão cromática em relação ao estilo anterior,o Império. Passa a usar-se as madeiras de tons mais claros com ornatos de cores mais escuras.
Em França quase exclusivamente se utilizou o carvalho como madeira de base. Isto por causa do embargo decretado por Napoleão para isolar Inglaterra e porque o mogno passou a ser difícil de encontrar. As madeiras utilizadas na decoração eram a faia, o mogno de tons mais claros e o pau santo no neo-gótico, o amaranto e o ácer que eram consideradas as madeiras claras que dominaram os anos 20 do século até ao final do reinado de Louis-Philipe. A madeira era sempre de boa qualidade e muito bem acabada. 33
As estruturas das cadeiras eram normalmente de faia, apesar de a nogueira ser algumas vezes utilizada. Estas duas madeiras eram fáceis de tornear e serviam de boa base para a douragem. No entanto a nogueira já não era tão popular como tinha sido no séc.XVIII em França. O plátano, a cerejeira, o limoeiro, a laranjeira, a pereira, e o padreiro eram madeiras indígenas também utilizadas, muitas vezes escurecidas para imitarem o mogno, assim como as madeiras escuras como o freixo, o olmo e o bordo que eram usadas nas decorações e nas marchetarias que eram agora retomadas como forma de decoração.
Estilo Louis-Philipe – 1830-1848 È um estilo ainda mais eclético que o anterior, e é quando se começam a acentuar os revivalismos, que vão do neo-gótico ao neo-barroco. Estes estilos aparecem copiados, adulterados e misturados nos ambientes. Louis-Philipe, o Rei cidadão, quando sobiu ao poder trouxe para as esferas mais importantes gente de gostos simples e fraca cultura estética, o que justifica o facto de não haver uma exigência estética rigorosa.
O mobiliário Louis-Philipe evoca um conforto burgês onde se misturam todas as influencias que emergiram após a Restauração. Apesar de tudo, havia ainda neste período cuidado na construção do mobiliário. O aumento da mecanização e da produção em pequena série por operários sem formação especializada, provocou uma perda gradual da qualidade de construção.
As madeiras utilizadas têm a ver com o revivalismo correspondente e por isso todos os tipos de madeiras são usados. O carvalho para o neo-gótico; o pau rosa para o neo-Luis XV; a nogueira para o neo-Henrique II. Para além destas continuavam a usar-se a faia, a cerejeira, o plátano, o pau santo, o pau rosa, o ébano, a pereira escurecida e o mogno que entretanto reaparece e é utilizado em placagem e folheados finos cortados à maquina.
Período Napoleão III Neste período o revivalismo e o ecletismo atingem o seu apogeu. A qualidade de construção do mobiliário decresce drásticamente. É o “pastiche” e o “kitsch” no seu expoente maximo. É portanto o culminar do Romântismo em França.
A produção em massa faz diminuir o preço que vai também trazer uma redução da qualidade de construção e dos acabamentos. As cópias eram feitas só pela aparência sem se reproduzirem 34
as técnicas de produção originais. As madeiras utilizadas eram a nogueira, pau rosa, pau santo, ébano, e a pereira escurecida.
INGLATERRA
Estilo Regência-(1800-1830) O Rei Jorge IV foi um grande fomentador deste estilo que evolui do Império Francês mas que não se pauta pela mesma austeridade. Este estilo que é indissociável da figura de Napoleão e do carácter Francês e imperial, em Inglaterra é mais original e antecipa-se aos caprichos do público e consegue criar-se um Império especial Inglês, com um certo carácter Inglês, aburguesado, e por isso mais próximo do estilo Directório, que passa a ser conhecido por Estilo Trafalgar. O mobiliário da côrte continua a sujeitar-se mais aos modelos continentais.
Em 1806 quando Henry Holland morreu deixou o estilo Regência já perfeitamente implantado por sua influencia. Os seus projetos tinham a mesma orientação dos de Percier e Fontaine em França . Apesar das grandes influencias do estilo Francês, o seu trabalho apresentava um toque muito Inglês. George Smith publicou em 1808 um livro que passou a ser a bíblia do estilo clássico da Regência.
Numa época em que os revivalismos estavam na ordem do dia, o mobiliário do Regência constitui uma amalgama de vários estilos, dos Clássicos ao Barroco passando pelo Gótico. As madeiras como o mogno e o pau rosa, escuras e brilhantes tinham preferência, assim como as madeiras muito decorativas como o pau zebra e o pau rosa de Timor.
Os artesãos da época evitavam o emprego de técnicas e materiais onerosos, mas usaram madeiras de qualidade e de boa aparência. Privilegiavam as madeiras com os veios mais evidentes, zebradas ou satinadas, e as madeiras sarapintadas como o pau rosa de Timor e o ácer americano, ou mosqueadas como o ácer europeu, das quais evidenciavam os seus desenhos naturais. Os embutidos ficavam caros para a maioria das pessoas porque o número de entalhadores estava a diminuir. Passou a juntar-se o latão que era barato com as madeiras escuras como principal modo de decoração.
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Estilo Vitoriano – 1837-1901 Foi um estilo que se caracterizou pelo revivalismo, pelo ecletismo e pela utilização de novos materiais. Foi neste período que surgiram as correntes de pensamento que levaram aos movimentos Reformista e Estéticista.
Ainda que o gosto pelo mobiliário por volta de 1830 fosse essencialmente caótico e que diversos estilos se sobrepusessem com pouco à vontade, a perfeição do trabalho mantinha-se a bom nível. De novo as madeiras nativas estavam na moda, e as flores e plantas nativas reconquistaram popularidade, em alternativa aos motivos decorativos clássicos. Era vulgar encontrar numa casa as diferentes divisões decoradas com estilos diferentes e que se consideravam mais próprios para determinada função. O Gótico para as salas mais utilizadas pelos homens, o Rococó para a sala de visitas e para o toucador, etc. O Estilo Naturalista que derivou do estilo Luis XIV, caracterizou-se por ter uma rica talha naturalista com formas proeminentes.
A escolha das madeiras era cuidada de forma a criar diferentes estados de espírito. As madeiras claras criavam um ambiente amigável e de bem estar para as salas de visitas e para os quartos de dormir. O carvalho e o mogno para darem um estado de espírito de sossego nas bibliotecas, salas de jantar e salões.
Uma característica típica do mobiliário Vitoriano da primeira fase era a forma arredondada de quase todas as peças, independentemente do seu estilo histórico. A nogueira e a faia eram das madeiras mais utilizadas. O ébano, o loureiro e a tília da América também se usavam. A teca e a cânfora eram utilizadas para o mobiliário das embarcações e de viagem.
MOVIMENTO ARTS AND CRAFTS
W. Morris defendia que a arte devia ser acessível ao comum dos cidadãos, e pretendia fazer mobiliário artístico mas pouco dispendioso. No entanto o seu mobiliário, porque fazia recurso ao trabalho manual, às técnicas tradicionais de construção e aos bons materiais, acabou por ser demasiado dispendioso para o cidadão comum. 36
Utilizou o ébano para folhear as cadeiras “Sussex”e o carvalho para os móveis de aparato no estilo Gótico. Godwin utilizou também o carvalho folheado com ébano no seu mobiliário. Mackmurdo utilizou o mogno nas cadeiras com as costas entalhadas com motivos de Arte Nova.
ALEMANHA – ÁUSTRIA
Biedermeier
Em meados do séc.XIX (1815-1901) estamos numa época em que a burguesia quer imitar luxuosos interiores com aparência teatral e modesta, com detalhes de falta de sofisticação e gosto, que fazem pressentir a chegada do chamado Estilo Biedermeier, que em Inglaterra é representado pelo Estilo Vitoriano, em Espanha pelo Isabelino e em França pelo Segundo Império.
O nome Biedermeier provém da união do adjectivo alemão bieder , que quer dizer simples (simplório), com um sobrenome Alemão, muito vulgar, Méier.É utilizado para designar o mobiliário burguês produzido nas Nações de língua Alemã nas três primeiras décadas do séc.XIX. É um estilo que se inspira fortemente no Império e nos modelos do mobiliário Inglês e que vai produzir móveis adaptados às necessidades práticas e de conforto da burguesia. É um Estilo adaptado a um estilo de vida mais simples visto que as côrtes da Europa estavam despojadas devido à guerra com Napoleão e o próprio Imperador Austríaco o praticou e estimulou.
Talvez o mais famoso desenhador de mobiliário Biedermeier seja o Vienês J. Danhauser (1780-1829), cujas peças eram da melhor qualidade e os seus desenhos notáveis na utilização das formas curvas abstratas. A decoração com ferragens de bronze, foi desaparecendo, dandose preferência às madeiras claras.
No norte da Alemanha o mogno era de utilização normal, enquanto que no sul as madeiras mais claras e indígenas tais como a cerejeira, a pereira, a macieira, a nogueira, o freixo, o larix, o ácer, o abeto, a bétula, o vidoeiro e o teixo eram mais usuais. 37
Mobiliario Thonet- Áustria
A industria experimental de mobiliário, que constituía um caminho paralelo em relação à orientação geral do revivalismo histórico, utilizava novos materiais com novos processos. Os modelos mais excitantes da industria de mobiliário deste século surgiram na Áustria onde Michel Thonet inventou um processo industrial adaptado aos processos de produção em série, de encurvar a madeira de faia, com as formas mais variadas, com o auxilio de calor e vapor de água.
ESPANHA Estilo Isabelino O Estilo Isabelino que decorreu entre os anos de 1830 e 1870, durante o reinado de Isabel II de Espanha, divide-se em três periodos: o primeiro chamado de “a rainha governadora”; o segundo que corresponde à primeira época do seu reinado; e o ultimo, que é simultâneo ao Segundo Império Francês e ao reinado da Rainha Vitória de Inglaterra,.e que vai até ao final do seu reinado.
Na primeira fase o mobiliário tem características do Império, feito principalmente em mogno, em que as decorações de bronze são reduzidas a desenhos muito esquemáticos ou substituídos por filetes e marchetarias muito simples. Os cantos dos tampos e a pouca talha aparecem dourados.
No segundo período que dura até metade do século, perduram as formas que vêm do já degenerado Império e também do Diretório Francêses. No ultimo período inicia-se, paralelemente a França, uma tendência a repetir os modelos dos Luises (IV, V e VI). Constroem-se móveis em que não se distingem os estilos, misturando os motivos decorativos uns com os outros.Fazem-se móveis ao estilo de Boulle e de Riesener.
Em suma, o mobiliário é cada mais aburguesado, modesto e repetido, uma vez que de um modelo se fazem um número ilimitado de cópias. Os materiais são também cada vez mais pobres e a madeira de mogno maciça é substituída pelo folheado ou faixeado a mogno 38
consoante o móvel é liso ou entalhado. Os bronzes cinzelados são agora simples chapas de latão com relevos cunhados. Há uma madeira muito rica e que alterna e substitui o mogno em quase todas as suas utilizações que é o pau santo, o que devolve a estes móveis alguma riqueza e nobreza. Só às vezes, nos móveis para a côrte ou para famílias mais abastadas, se usam as marchetarias em ébano ou pau santo, buxo e limoeiro.
PORTUGAL
Em Portugal após uma fase de evidente influencia Inglêsa e a partir de 1820 adópta-se o Estilo Biedermeier da Alemanha. De seguida começou o revivalismo dos estilos tradicionais Portugueses do séc.XVII e XVIII.
Em Portugal houve um revivalismo marcado do Estilo Manuelino (Neo-Manuelino) que expressa a nostalgia dessa época de glória. Tal como em toda a Europa o ecletismo era uma das notas dominantes, em que a mistura de estilos era evidente. O Palácio da Pena é em Portugal o paradigma do Romântico.
As madeiras utilizadas eram diversas consoante os diversos revivalismos, embora a preferência fosse por madeiras escuras. O carvalho, o castanho, a nogueira e o mogno continuam a ser usadas, assim como o pau santo em todas as suas variedades.
SÉCULO XX Durante a segunda metade do séc.XIX e durante o séc.XX, em que o mobiliário passa a ser para todas as classes sociais, sucedem-se uma série de tentativas e movimentos de criação e produção de mobiliário, que se sucedem tão rapidamente, com a utilização de novos materiais que não a madeira,que se torna impossível tentar caracterizá-los a todos. Nem isso caberia no âmbito deste trabalho, que pretende abordar as madeiras utilizadas. Ainda mais que com a introdução de novos materiais, agora a madeira deixa de ter o estatuto de exclusividade, que teve outrora na construção do mobiliário. A madeira perde a importância que tinha, passando a
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ser substituída por materiais alternativos e sucedâneos da madeira mais propícios à fabricação industrial em massa. Por estas razões e outras ainda que são explicadas na introdução, decidiu terminar-se aqui a resenha histórica da utilização da madeira na manufatura do mobiliário.
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2ª PARTE
A MADEIRA
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O QUE É A MADEIRA É o tecido de suporte de uma árvore. Trata-se de uma porção da matéria de uma árvore que é constituída pela parte lenhosa e por matéria orgânica. As madeiras são constituídas por celulose, hemicelulose e lenhina, e em menores quantidades, gomas e resinas e substâncias extrativas como os fenóis e os taninos os quais diferem na sua quantidade e composição consoante a espécie. Estes conferem a cada espécie características físicas diversas, como a cor, o brilho, o cheiro, a densidade, a dureza, conservação, resistência ao ataque de organismos, facilidade em serem trabalhadas etc. A madeira é utilizada pelo homem desde tempos imemoriais com diferentes finalidades, sendo a que nos interessa agora a utilização na manufactura do mobiliário.
Matéria nobre, quente e rica, estimula desde há séculos o artesão, desafiando-o a tirar o melhor partido das suas qualidades e a pôr em evidencia a sua beleza.
COMO SE FORMA A MADEIRA A madeira desenvolveu a sua textura como parte funcional de uma planta, e não como material desenhado para servir as necessidades de um carpinteiro/artesão. Assim, para poder trabalhá-la com sucesso, é preciso saber como a madeira se desenvolve na natureza.
Numa floresta uma árvore nasce de uma semente. Ano após ano vai crescendo em altura e largura até chegar à maturidade. As raízes, que absorvem água e sais minerais do solo, e as folhas, que retiram compostos de carbono do ar, encarregam-se de a alimentar. Em cada primavera e verão, ela forma um novo anel de crescimento que envolve os outros formados em anos anteriores. Em anos bons de calor e humidade, os anéis serão mais espessos, ao contrario dos anos em que há seca ou temperaturas baixas, em que os anéis serão mais finos. Cada episodio da vida de uma árvore será gravado na madeira dos seus troncos. Quando a árvore atinge a maturidade, floresce e dá sementes. Todos os anos se vai repetindo este processo até que a árvore morre ou alguém a abate.
Uma árvore funciona como uma fábrica biológica, em que um dos produtos é a madeira. As matérias primas são a água, os nutrientes fornecidos pelo solo, o anidrido carbónico (CO2) do ar e a luz do sol. Os produtos são os constituintes orgânicos (carboidratos, resinas e taninos) do tronco e ramos das raízes e das folhas. O subproduto é o oxigénio que é restituído ao ar e que para a
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Humanidade é tão importante. As raízes estão ligadas às folhas através de vasos que percorrem o tronco, em sentido ascendente uns e em sentido descendente outros, transportando a seiva. A seiva bruta é uma solução em água de sais minerais absorvidos nas raízes e transportados até às folhas pelos vasos ascendentes, que se encontram na madeira mais recente. Por um fenómeno de capilaridade, provocado pela transpiração ao nível das folhas nos estomas, a seiva bruta, contrariando a força da gravidade, chega às folhas. Os estomas têm a função de controlar a transpiração e, na ausência de luz, são responsáveis pela eliminação do vapor de água resultante da respiração. É por isso que a temperatura também é importante neste processo, porque quanto mais alta for a temperatura (até certos limites, dependendo da espécie,) maior vai ser a evaporação nas folhas e maior vai ser a velocidade de ascensão da seiva e mais rápida a produção da seiva elaborada através da função clorofilina das folhas. Portanto, mais rápida vai ser a acumulação de reservas e por isso o crescimento.
Copa
Dióxido de carbono Oxigénio
Tronco O cerne dá resistência à árvore O entrecasco transporta os nutrientes das folhas para as raízes
Borne Casca O câmbio fica entre o entrecasco e o borne; é a zona de crescimento
A seiva das raízes sobe pelo borne
Água e minerais
Raízes
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A fotossíntese é um processo através do qual as células das folhas, especializadas na função clorofilina, conseguem combinar o carbono do CO2 com os constituintes da seiva bruta, utilizando a energia da luz, para a transformarem em seiva elaborada. A seiva elaborada desce pelos vasos descendentes, que se encontram junto à casca, e vai servir para alimentar os tecidos vivos da árvore e para ser acumulada como reservas no parênquima dos troncos e das raízes. Estas reservas servem para manter as funções vitais da árvore no inverno, quando o crescimento pára ou é reduzido em condições climáticas adversas. Deve referir-se que as árvores na ausência de luz em vez de utilizarem a função clorofilina, utilizam a respiração através da qual consomem oxigénio e libertam CO2. É através destes processos que as árvores formam a madeira, em conseqüência do seu processo de crescimento.
ESTRUTURA ANATÓMICA A anatomia da madeira pode ajudar-nos a compreender o seu comportamento e a fazer a sua identificação.
TERMOS UTILIZADOS
-Cerne, duramen ou coração: parte interna do lenho que está envolvida pelo borne, geralmente mais escura e durável que aquele. É a parte do lenho mais apreciada para o trabalho da marcenaria.
-Borne, alburno ou carnaz: parte externa do lenho que está entre o cambio vascular e o cerne, geralmente mais claro e de menor duração que aquele.
-Lenho: conjunto do cerne e do borne.
-Câmbio vascular: assentada geradora de células, que envolve o lenho e está envolvido pela casca.
-Raios lenhosos: são toalhas de células de parênquima orientadas perpendicularmente ao eixo do tronco e empilhadas umas por cima das outras.
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-Prosênquima: é um tecido com células alongadas, que podem ter funções de suporte, de transporte ou as duas em conjunto.
-Parênquima: é um tecido de células curtas de parede celular pouco espessa destinadas a fazer a acumulação e distribuição dos hidratos de carbono, e que se encontram disseminadas no prosênquima.
-Traqueídos: célula do prosênquima, longitudinal ou radial.
-Folhosa- arvore de folha caduca de folhas planas e geralmente largas da classe das Dicotiledóneas como o carvalho, o castanho e a nogueira. (Madeiras duras)
-Resinosa- árvore de folha persistente do tipo agulha da classe das Coníferas como o pinheiro, o abeto e o cipreste. (Madeiras brandas)
TIPOS DE CORTES QUE SE PODEM FAZER NUM TRONCO
-corte transversal: corte feito transversalmente (na perpendicular) á direção geral das fibras. Ou seja, é o corte feito na perpendicular do eixo do tronco Raio lenhoso BORNE
Crescimento anual MADEIRA DO CERNE
-corte longitudinal: -tangencial: corte feito na longitudinal do eixo do tronco, mas perpendicularmente a um corte radial.
Raio Lenhoso
Crescimento anual
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-radial: corte feito na longitudinal do eixo do tronco, mas que passa pelo eixo ou medula.
Cre scime nto anual
Raio Lenhoso
Ma deira do Cer ne
Os cortes feitos nestes três planos possibilitam a identificação das madeiras através do arranjo dos componentes estruturais do lenho. Cada espécie tem o seu próprio arranjo estrutural, que pode variar com as condições em que a árvore cresceu. A madeira de cada espécie é sempre constituída pelo mesmo tipo de células associadas de maneira idêntica e cada árvore é dotada de uma arquitetura (plano lenhoso) que lhe é própria.
ANÉIS DE CRESCIMENTO Nos cortes transversais podem apreciar-se os anéis concêntricos de crescimento anual, os quais vão alternando anéis mais claros com anéis mais escuros. Os mais claros correspondem ao crescimento de primavera desse ano. Quando a primavera chega aparecem novos rebentos, e isto faz com que haja uma maior necessidade de seiva. O câmbio vascular responde produzindo uma camada de madeira nova constituída por vasos de paredes finas e com grande espaço interior para facilitar a circulação da seiva. À banda circular de madeira que resulta deste processo chama-se madeira de primavera. Diagrama de um segmento em cunha de um ramo de 5 anos de folhosa Medula Madeira de Outono Madeira de Câmbio Primavera
Anel de crescimento Secção transversal
ia ad R ão cç Se Ta Secçã nge o nci al Borne Entrecasc o
Raios
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l Cerne
Quando o outono chega, o câmbio vascular subitamente muda o tipo de madeira que produz. A maior parte da seiva que a arvore precisa pode circular pela madeira de primavera, mas o tronco precisa agora de mais apoio estrutural porque se tornou mais pesado e maior. Assim, durante o outono, o câmbio produz fibras com as paredes grossas e as cavidades pequenas. Em resultado disso, a madeira de outono é mais escura, pesada e forte.
Considera-se aqui que a primavera é o período mais propício ao crescimento rápido e o outono o de crescimento mais lento, mas isto depende do clima e pode variar ao longo do ano em climas tropicais, onde pode haver mais do que um período de crescimento activo. Portanto, quando se aprecia os anéis de crescimento, devemos sempre reportarmo-nos ao clima em questão.
O VEIO DA MADEIRA A palavra veio é utilizada para indicar o contraste entre a madeira de primavera e a madeira de outono. Quando a diferença é nítida, diz-se que a madeira tem um veio irregular (p. ex. pinho amarelo). Quando se nota pouco contraste, a madeira é de veio regular (p. ex. tília). Entre estes pólos, há designações intermédias, como por exemplo. veio bastante regular ou veio pouco irregular.
MADEIRA DO CERNE E MADEIRA DO BORNE Como já se referiu, toda a madeira é feita para transportar seiva. Assim, a madeira começa por ser madeira de borne. Com o passar dos anos, as células da zona mais central perdem a sua atividade biológica e funcional, deixando a seiva de circular; a sua cor torna-se mais escura por acção dos taninos. À medida que o tronco se torna mais largo e pesado, a zona mais central deixa de servir para essa finalidade, mas passa a servir para a função de suporte. As alterações químicas que se dão nos anéis de crescimento mais centrais transformam a madeira de borne em madeira de cerne. Esta madeira é mais escura, forte e resistente ao ataque de organismos estranhos. As substâncias que se formam nas alterações químicas referidas podem também mudar as propriedades da madeira. Nalgumas espécies, reduzem a permeabilidade do tecido da madeira, tornando a secagem do cerne mais lenta, e a sua impregnação com produtos químicos mais difícil. Essas substâncias podem tornar o cerne um pouco mais denso do que o borne, e um pouco mais estável em relação à oscilação das condições de humidade. Quando o borne se torna cerne, nenhuma célula é retirada ou adicionada. A resistência básica da madeira não é afetada. No borne a seiva circula, de forma que quando a árvore é abatida, essa zona do lenho tem seiva e água que propiciam o ataque de organismos que dela se alimentam. Há madeiras que apresentam grandes diferenças de coloração entre o cerne e o borne e outras em que não existe essa diferença.
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TIPOS DE MADEIRAS MADEIRAS BRANDAS
A madeira das Coníferas (resinosas), ou seja das árvores com folhas em agulha, é chamada de madeira branda, por regra geral se tratar de uma madeira relativamente macia e fácil de trabalhar.
A estrutura das madeiras brandas é relativamente simples, quando comparada com as madeiras duras. A maioria das células encontradas em madeiras brandas são traqueídos que constituem 90 a 95% do volume da madeira. Traqueidos são células fibrosas que têm de comprimento aproximadamente 100 vezes mais do que têm de diâmetro. Segundo as espécies, o seu
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comprimento pode variar entre 2 e 6 mm. Na madeira de primavera, os traqueídos são mais amplos no diâmetro e de membrana mais fina; na madeira de outono a membrana torna-se mais grossa e o diâmetro é mais reduzido. Esta variação entre madeira de primavera e madeira de outono determina a regularidade ou irregularidade do veio. Uma consequência típica de um veio irregular é a inversão da cor no acabamento. Isto acontece em espécies em que a madeira de primavera é mais clara e mais porosa que a madeira de outono. Por isso, a primeira absorve o acabamento com mais facilidade, ficando por sua vez mais escura depois da aplicação do acabamento.
MADEIRAS DURAS É a madeira das árvores de folha larga e plana. É uma madeira que normalmente é mais forte e densa que a madeira das resinosas. Estas madeiras têm uma estrutura anatómica semelhante
mas mais complexa que a das madeiras brandas.
Ao comparar a anatomia das madeiras duras com a das madeiras brandas, uma série de diferenças gerais tornam-se evidentes. A maioria das madeiras não dispõe de canais de resina, mas de uma maior variedade de células e maior variação na sua disposição. As madeiras duras, geralmente assumidas como sendo mais tardias na sua evolução do que as madeiras brandas, desenvolveram os vasos, umas células especiais que servem à função de conduta e suporte. Os vasos são extremamente largos no diâmetro, mas com membranas relativamente finas. As suas pontas são abertas e encostadas ao próximo vaso, de forma a permitir o transporte contínuo da seiva. Os vasos variam no seu tamanho tanto de espécie para espécie, como dentro delas. 49
As fibras, por seu lado, são estreitas no diâmetro, com pontas fechadas e membranas fortes. Com estas características, não têm função de transporte, servindo sim para fortalecer a madeira.
Quando os vasos são cortados de forma transversal, a ponta exposta é designada por poro. Uma vez que todas as madeiras duras possuem vasos elas são também designadas por madeiras porosas, ao contrário das madeiras brandas que são madeiras não-porosas.
O tamanho, o número e a distribuição dos vasos e das fibras são determinantes no aspecto e na dureza de cada espécie. Em algumas espécies, os poros são concentrados na madeira de primavera. Este tipo de madeira é caracterizado como sendo de poro anelar (p. ex. freixo). Este tipo de estrutura causa, normalmente, um veio da madeira bastante irregular, assim como um desenho distinto. A capacidade de absorção do acabamento torna estas camadas de poro anelar ainda mais salientes. Outras madeiras duras – tais como cerejeira, ácer, bétula, tília ou choupo –
apresentam uma distribuição dos poros bastante regular, razão pela qual são
designados por madeiras de poros difusos. Nas madeiras duras, o tamanho dos poros determina a textura.
Além dos vasos, os outros tipos de células longitudinais que aparecem (fibras, traqueídos, etc.), são de pequeno diâmetro e uniformes, e não se distinguem na sua forma individual, mas apenas em conjunto. Um conjunto de fibras parece normalmente mais escuro, um conjunto de traqueídos mais claro. Estas disposições podem ajudar na identificação da madeira.
A estrutura radial pronunciada de algumas madeiras é importante para o artesão, pois representam zonas de fraqueza estrutural da madeira. Por outro lado, as zonas radiais podem conferir um desenho interessante à superfície da madeira (p. ex. a superfície radial do padreiro).
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CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E QUÍMICAS Algumas características físicas, como a cor, o brilho, o cheiro e a dureza podem ser detectados por simples observação e manipulação de uma peça de madeira. Outras características, especialmente as químicas, só se revelam mediante testes indiretos. Ambos os tipos de características constituem um complemento importante das características morfológicas e histológicas da madeira, sendo mesmo suficientes nalguns casos para a identificação definitiva.
COR É a característica que primeiro se percebe numa amostra de madeira. É devida à deposição de pigmento durante a formação do cerne. De facto, a matriz da madeira, constituída por celulose e lenhina, não tem grande intensidade cromática, daí que qualquer cor específica seja associada ao cerne. Portanto, uma coloração marcada corresponde sempre ao cerne, mas uma coloração clara ou inexistente tanto pode corresponder ao cerne como às camadas mais superficiais, condutoras de seiva do tronco, o borne. Muitas madeiras são conhecidas pelas suas cores características do cerne: o castanho-chocolate do castanheiro negro, o vermelho-púrpura escuro do juníperos, o negro do ébano, o quase branco do azevinho, etc.
Nalgumas espécies, a cor é relativamente constante, contudo, noutras, os tons podem variar muito, como é o caso da cerejeira negra, cuja cor pode ir da cor de canela clara até ao vermelhoacastanhado escuro. Por outro lado, algumas espécies podem apresentar zonas de diferente coloração dentro da madeira: o choupo amarelo, cujo borne é branco-creme uniforme e o cerne caracteristicamente verde, pode apresentar zonas avermelhadas, castanhas a negras ou listadas de combinações destas cores.
Algumas madeiras sofrem alterações cromáticas significativas com a idade ou a exposição, como é o caso do mogno, que é castanho claro com um tom rosado quando está recémcortado, e que com o tempo adquire um tom vermelho acastanhado escuro. A coloração pode depositar-se em padrões irregulares, dando à madeira um aspecto característico. A este aspecto chama-se imagem pigmentar. Uma escala de referência de madeiras de cor diferente é útil para avaliar mais objectivamente a cor da madeira.
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BRILHO É a medida da reflexão da luz à superfície da madeira. Varia dentro da mesma espécie e também com a direcção do veio na mesma peça. Um brilho marcado ou a ausência deste podem ser úteis na identificação. Dentro das coníferas, o espruce é conhecido pelas suas superfícies longitudinais brilhantes, o que o diferencia do pinho branco ou do abeto, com os quais é frequentemente confundido.
PROPRIEDADES DETECTÁVEIS AO TACTO Quase todas as madeiras podem ser acabadas à máquina de modo a apresentarem uma superfície lisa. Contudo, ao corte acabado de fazer, algumas têm um toque único ou característico. As madeiras mais densas e duras apresentam-se lisas e escorregadias ao toque, enquanto que as menos densas têm um toque macio e mais seco.
CHEIRO O odôr é uma característica importante de identificação, porque é distinto e constante. Dentro das coníferas, o cheiro a pinho inclui o abeto, o cedro de incenso, o cedro amarelo do Alaska e os juníperos. A teca e o sassafrás também têm cheiros muitos característicos. Dum modo geral, o cheiro da madeira é mais intenso após corte recente e pode ser intensificado humedecendo as superfícies. Se o cheiro for conferido por substâncias do cerne, este tem um odor mais intenso que o borne. Exatamente o contrário acontece quando o cheiro resulta da resina, como é o caso dos pinhos, em que o borne tem um cheiro mais acentuado que o cerne. Deve ter-se em atenção que o cheiro pode ser transferido entre peças de madeiras diferentes armazenadas juntas.
DENSIDADE E PESO ESPECÍFICO A densidade é o indicador mais importante da resistência da madeira e pode, por isso, fazer prever características tais como a dureza, a facilidade com que a madeira aceita intervenções mecânicas, ou ainda a resistência aos pregos. Geralmente, as madeiras densas cedem e absorvem humidade com mais facilidade e apresentam, habitualmente, mais problemas na secagem.
A densidade é a massa por unidade de volume, expressa em gramas por centímetro cúbico. A água tem uma densidade de 1 g/cm3. O peso específico (PE) é a medida da densidade de uma substância relativamente àquela da água. As madeiras mais densas que a água têm um PE maior que 1 e afundam-se quando imersas, enquanto que as madeiras leves têm um PE menor que 1 e flutuam na água quando secas.
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DUREZA Está relacionada de perto com a densidade: as madeiras de densidade elevada são mais duras e as de densidade baixa são mais macias. O método de medição da dureza da madeira exige equipamento específico, mas pode ter-se uma idéia empírica do grau de dureza de uma amostra, com o teste da unha do polegar. Esta entra mais profundamente na madeira quanto mais macia esta for e vice-versa. Também se pode estimar a dureza e densidade de uma amostra durante o corte com lâmina de barbear para o exame da estrutura superficial.
FLUORESCÊNCIA Algumas madeiras emitem fluorescência quando expostas à luz ultravioleta ou “luz negra”. Nalguns casos, as madeiras que fluorescem podem ser imediatamente diferenciadas das que o não fazem. A resposta fluorescente diminui com o tempo nas superfícies cortadas, daí que se devam ter cuidados especiais com uma superfície fresca para testar a fluorescência. As escalas de referência são típicas para cada espécie, mas podem observar-se variações de brilho e intensidade de fluorescência em amostras individuais da mesma madeira.
TESTES QUÍMICOS A maioria dos testes usada individualiza propriedades das substancias que se desenvolveram no cerne. O teste mais simples consiste em imergir aparas em água e observar se libertam alguma cor para a solução.
Um tipo mais sofisticado de testes consiste na aplicação de um reagente à superfície da madeira e observar se ocorre alguma reacção de mudança de cor. Por exemplo para distinguir Abies lasiocarpa de Abies amabilis, que são duas espécies diferentes de abeto, usa-se o reagente de Ehrlich (constituído por um grama de p-dimetil amino benzaldeido em 23 mililitros de álcool etílico, adicionado de 2 mililitros de ácido clorídrico concentrado), aplicado sobre uma superfície de corte recente. Uma reação positiva, revelada pelo desenvolvimento de cor rôxa é indicativa de Abies lasiocarpa. Quando se aplica uma solução aquosa saturada de sulfato de ferro ao ácer vermelho, desenvolve-se uma cor preto-azulada, enquanto que no ácer das rochas se desenvolve uma cor esverdeada.
A análise química das substancias da madeira envolve processos muito mais complicados, mas pode fornecer informações valiosas sobre a diferenciação de madeiras muito similares e é um campo em expansão. Contudo, a quimiotaxonomia das madeiras não conseguiu até hoje
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ultrapassar o papel da avaliação das características físicas e anatómicas, no sentido de diferenciar madeiras idênticas.
CARACTERISTICAS PARTICULARES O ASPECTO DA MADEIRA A apreciação e a compreensão do aspecto superficial da madeira levam-nos novamente para a estrutura anatómica e as funções fisiológicas da árvore e, visto que o aspecto é um dos valores principais para o artesão, este assunto merece uma especial atenção.
TIPOS DE CORTE
O aspecto visual da madeira é o resultado da combinação de feições anatómicas particulares e da orientação da superfície como resultado da corte. As tábuas são cortadas de forma a produzir todas as orientações superficiais, desde o corte em paralelo aos cortes radial, oblíquo, cilíndrico, etc.
Cor te de extrem o a extrem o
Cor te simp les
Cor te em qua rtos rad ial
Cor te em quartos
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VEIOS
O aspecto visual provém da variabilidade da estrutura normal da madeira, nomeadamente dos anéis de crescimento e dos raios medulares. Quanto mais irregular o veio e maiores e mais evidentes os raios, tanto mais distinto se torna o desenho.
A direcção do veio, ou seja, a direcção das células longitudinais do tronco de uma árvore vulgar é mais ou menos direita, com algumas variações da forma geométrica rigorosa. A madeira de determinadas zonas da árvore pode apresentar desenhos interessantes em consequência de uma distorsão do veio, por exemplo em zonas de bifurcação da árvore. Nalgumas espécies, um desvio da estrutura normal pode ocorrer, ou como característica comum, ou como excepção, produzindo um desenho interessante e atractivo na madeira (p. ex. no ácer, especialmente apreciado para as costas dos violinos). As excrescências formadas pelas árvores nos seu tronco e por vezes também nos ramos podem resultar em figuras atraentes, principalmente quando aplicadas como folheado
COLORAÇÃO
Um aspecto diferente pode também ser consequência de uma coloração irregular. Normalmente, as colorações do cerne das madeiras duras são preferidas à coloração do seu borne. NÓS
Enquanto que algumas irregularidades da madeira podem aumentar o seu valor, por exemplo quando originam um aspecto distinto, há tipos de irregularidade que apenas o reduzem. Normalmente considera-se toda a irregularidade que reduz o valor da madeira como defeito. Todavia, é discutível se todos os nós deveriam ser considerados um defeito, visto que há muitas peças bonitas apesar de terem nós, ou até porque os têm. Os nós podem ser considerados defeitos porque dificultam o trabalho das madeiras e podem provocar aspectos visuais desagradáveis.
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IDENTIFICAÇÃO DAS MADEIRAS Considerando que existe uma muito vasta gama de madeiras diferentes, não é fácil acertar na sua identificação. Embora se consiga identificar algumas madeiras à primeira vista, o principiante neste jogo fascinante devia ter a consciência de que algumas madeiras são de difícil identificação, mesmo para os especialistas que têm sofisticados equipamentos ao seu dispôr. Todavia, a grande maioria das madeiras encontra-se entre estes dois pólos, permitindo que se consiga identificá-las através de uma análise e comparação sistemáticas de características bem definidas.
Com uma observação diligente das características da madeira, principalmente no que se refere àquelas encontradas na superfície do corte transversal, qualquer pessoa pode aprender distinguir as características das madeiras comuns.
Convém encarar métodos seguros. Um deles é o estudo das características anatómicas, a partir de um corte transversal limpo, de preferência com a ajuda de um dispositivo de ampliação. O método mais seguro é a observação de secções muito finas através do microscópio.
Para o artesão comum, uma identificação baseada nas características macroscópicas (aquelas que podem ser visualizadas sob ampliação pequena) pode ser o suficiente. A vantagem reside no equipamento simples e que, no entanto, ajuda a identificar um número de madeiras muito superior à que é possível identificar a olho nu. As características estáveis e únicas que se podem encontrar na madeira dura tornam a identificação macroscópica
bastante eficiente. A lupa com uma
ampliação de dez vezes é o instrumento padrão que é, às vezes, fornecido com luz incorporada.
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O que mais prejudica o trabalho de identificação é um corte mal feito. Para poder ver a estrutura celular de forma nítida, o corte transversal tem que ser feito com um corte plano e limpo, de preferência sem ferir a disposição das células. A área do corte pode ser pequena, dentro de um anel de crescimento. Um canivete afiado ou uma lâmina industrial servem para executar o corte.
A maioria das madeiras pode ser cortada no seu estado normal, embora possa ser útil humedecer algumas delas, ou ensopar as mais difíceis em água quente. É mais difícil executar um corte limpo nas superfícies transversais do que nas superfícies radial e tangencial. Em madeiras de veio irregular, é importante que a lâmina trabalhe perpendicularmente em relação aos anéis de crescimento, para que a lâmina passe por quantidades iguais de madeira de primavera e de madeira de outono em qualquer momento do corte.
O QUE SE DEVE ANALISAR
As características estruturais pertinentes: –
Borne/Cerne: quando uma peça de madeira tem tanto borne como cerne, esta combinação é normalmente reconhecível. Se apenas um dos dois está presente, uma cor distinta ou escura pode indicar uma madeira dura, e uma cor neutra ou clara uma madeira branda.
–
Anéis de crescimento:
a espessura dos anéis de crescimento é por vezes uma
característica própria (p. ex. os anéis de crescimento de um pinheiro “ponderosa” são tipicamente estreitos, enquanto os anéis de um salgueiro são normalmente largos). A regularidade do veio é habitualmente uma característica que identifica uma espécie. Um outro dado importante é a forma de transição abrupta ou gradual entre madeira de primavera e madeira de outono. –
Textura: a textura refere-se aos diâmetros relativos dos traqueídos nas madeiras brandas ou ao tamanho relativo dos poros nas madeiras duras. Os termos usuais que se utilizam na classificação são textura fina, média ou grossa.
–
Canais de resina: os canais de resina podem ser encontrados em quatro géneros de madeira branda – pinheiros, abetos, lariços e abeto “Douglas”. O número, a distribuição e o tamanho dos canais de resina são características utilizadas na identificação.
–
Poros: nas madeiras duras, o tamanho reduzido, a distribuição, a disposição e a abundância são ajudas importantes na identificação. A distribuição dentro dos anéis de crescimento é um factor a considerar, bem como os agrupamentos encontrados nos cortes transversais.
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–
Células do parênquima: devido ao seu tamanho diminuto, as células do parênquima não podem ser detectadas com a lupa, mas apenas em formações em linha ou manchas com formas ou cor características.
–
Raios: na madeira branda, os raios não são uma característica distinta que se possa ver no exame macroscópico. Na madeira dura, o seu aparecimento é importante a todos os três níveis, ou seja: no corte transversal o seu tamanho, número e espaçamento; no corte tangencial a altura do raio e a sua relativa distribuição; e no corte radial as possíveis manchas.
FORMA DA MEDULA
Em secções transversais, a medula nem sempre é redonda. No freixo, tília americana e ácer é tipicamente elíptica. No amieiro, faia e vidoeiro é triangular. Nos carvalhos forma uma estrela de cinco pontas e é quadrada na teca.
Aspecto da medula de carvalho, em forma de estrêla de 5 pontas
A medula varia em coloração desde quase branca até castanho escura ou quase negra. Pode ser sólida, porosa ou esponjosa. Algumas medulas têm câmaras, com áreas ocas rodeadas por paredes cruzadas e outras são completamente vazias.
PROBLEMAS NA IDENTIFICAÇÃO DA MADEIRA NO MOBILIÁRIO A identificação tem um papel importante na oficina do conservador/restaurador. Para poder preencher uma lacuna numa cadeira devemos saber de que madeira a cadeira é feita. No exame parte-se do princípio que o profissional conheça as distinções básicas entre as madeiras, bem como as suas propriedades anatómicas e macroscópicas.
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A identificação das madeiras de uma colecção de mobiliário é um desafio complicado, comparativamente à análise de amostras de troncos ou toros. De facto, as amostras têm que ser recolhidas de modo oculto para não danificar os móveis.
Devem estudar-se profundamente as características da superfície da madeira. Por outro lado, as características físicas, como o peso, cor, regularidade do poro e proeminência dos veios tomam especial importância. Felizmente, em madeiras como o carvalho e a faia, que têm veios muito discretos, as velaturas ou tintas antigas ajudam a evidenciar os veios.
A rotina de inspeção de uma peça de mobiliário começa por decidir que partes são feitas da mesma madeira e quais são diferentes. Seguidamente, faz-se um plano de amostragem para se observar ao microscópio um número representativo de amostras de cada espécie, retiradas de locais que não danifiquem o móvel, tais como debaixo de um pé, debaixo de uma gaveta ou do encaixe de uma fechadura.
Determinadas características básicas de uma peça deveriam ser anotadas logo, na altura do seu exame (madeira branda ou madeira dura, regularidade do veio, tilo nos poros, disposição do parênquima, tamanho dos raios, etc.). Assim, a lista de possibilidades é encurtada O exame chega normalmente a uma das seguintes situações: 1. A madeira parece pertencer a uma determinada espécie, devido a características que o observador, baseado em experiências anteriores, reconhece como sendo específicas dessa espécie. A comparação com uma amostra ou uma descrição escrita pode ajudar a confirmar a opção ou a rejeitá-la. 2. A madeira pertence provavelmente a uma de quatro espécies. Mais uma vez, estas possibilidades deviam ser confrontadas com amostras e descrições, com especial atenção as características que distinguem as espécies entre si. Neste processo, o observador processa mentalmente uma série de chaves até chegar a uma conclusão. 3. As características não permitem chegar a nenhuma conclusão, ou seja, a madeira não é familiar ao observador. Neste caso aconselha-se o uso das chaves de identificação. Depois de ter chegado a uma conclusão, esta deveria ser confrontada com amostras (se disponíveis), descrições escritas e fotografias. Deve estar-se atento à possibilidade de a madeira não fazer parte de nenhuma das chaves utilizadas.
As impressões visuais podem ser muito enganadoras e por isso a observação microscópica funciona sempre de rede de segurança. É sempre prudente proceder ao exame microscópico,
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mesmo quando as características macroscópicas são fortemente indicativas de um dado tipo de madeira.
TÉCNICAS DE IDENTIFICAÇÃO Não existem técnicas melhores ou únicas para a identificação de madeira. O que se aplica depende, tanto do grau de dificuldade que uma determinada madeira oferece, como da perícia da pessoa.
As ajudas disponíveis incluem, amostras de madeira para comparação visual directa (todavia o seu utilizador não sabe em que medida a amostra é típica), manuais (informação sistematizada), fotografias com as características das madeiras (boas ampliações da estrutura da madeira podem ser tão boas como amostras), e chaves de identificação. Cada uma delas tem vantagens e desvantagens.
O uso de uma chave de identificação pode ser imaginado como uma árvore de informação. Através de bifurcações, a árvore está continuamente subdividida e a identidade de uma determinada espécie é encontrada no topo de um dos ramos. Em cada bifurcação decide-se qual a característica mais condizente com a madeira que se está a analisar, para seguir neste ramo até a próxima bifurcação. No entanto, há neste método duas desvantagens importantes. A primeira é que quando nos enganamos numa bifurcação, podemos seguir um caminho errado sem nos apercebermos disso. A segunda é tentar identificar uma madeira que não faz parte da chave. Por isso, a selecção de uma boa chave é importante, isto é, que seja detalhada e abrangente.
CHAVES PARA A IDENTIFICAÇÃO DAS MADEIRAS
As pessoas com prática identificam as madeiras observando algumas características da madeira em questão. Uma só característica normalmente não é suficiente, embora algumas delas sejam tão evidentes e próprias de determinada madeira, como a cor ou o peso ou a dureza, que possam sugerir um nome. Mas é sempre de aconselhar encontrar outras características para confirmar. As chaves de identificação ajudam no processo de apreciação tendo por base as características físicas das madeiras e pode entrar-se através de qualquer característica que seja mais evidente.
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CLASSIFICAÇÃO SISTEMÁTICA NOMES CIENTÍFICOS
Todas as árvores têm um nome científico em Latim dado pelos Botânicos que as estudaram e identificaram. Os nomes científicos têm três partes. A primeira palavra escrita com a inicial maiúscula refere-se ao Género ou grupo de árvores semelhantes. A segunda palavra escrita com letras minúsculas refere a Espécie ou tipo de árvore. Estas duas palavras devem ser escritas em itálico porque são designações em Latim. A terceira palavra que é escrita em Romano com a inicial em maiúscula e muitas vezes abreviada, refere o nome do Botânico ou da autoridade que atribuiu os nomes de Género e de Espécie.
A abreviatura “sp.” em Romano que aparece por vezes a seguir ao nome de espécie refere o facto de apenas o Género ser conhecido com segurança e quer dizer espécie incerta. Quando existem mais do que uma espécie envolvida usa-se a abreviatura “spp.”.
O conhecimento dos nomes científicos é importante por duas razões: em primeiro lugar, porque o nome comum da árvore pode ser diferente da madeira comercializada, e em segundo, porque há uma grande inconsistência nos nomes comuns. Uma determinada espécie é capaz de ter vários nomes comuns, especialmente quando provem de diferentes locais.
A MADEIRA E A HUMIDADE Praticamente todas as pessoas sabem por experiência própria que a interacção entre madeira e a humidade do ar leva à madeira a encolher ou a inchar. A gaveta que prende ou a ferramenta com um cabo solto são apenas dois exemplos para a reacção da madeira em relação às mudanças na humidade do ar. Embora possam surgir outros problemas, como por exemplo a descoloração devido a uma infestação de fungos ou falhas na colagem, as maiores dificuldades para o artesão prendem-se com as alterações na dimensão.
Após o abate, a estrutura celular da madeira está cheia de água e é preciso atingir dois objetivos.Um deles é secagem da madeira, ou seja o seu pré-encolhimento para um teor de
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humidade igual ao do ambiente onde se encontra. O outro é o controlo de qualquer subsequente ganho ou perda em humidade a fim de reduzir a possibilidade de alterações dimensionais.
Para poder superar eventuais problemas, o artesão deve estar ciente do processo de secagem inicial da seiva na madeira recém-cortada, bem como do contínuo intercâmbio de humidade entre a madeira e o seu ambiente circundante. Para isso convém esclarecer alguns termos deste relacionamento complexo.
Teor de humidade: é a medida da percentagem do peso de água numa determinada peça de madeira em relação à mesma madeira enquanto totalmente seca. Esta relação é normalmente expressa como percentagem de humidade.
Humidade: é um termo geral que se refere à água no estado de vapor contida no ar atmosférico.
Humidade absoluta: é a quantidade efectiva de água que o ar contem e é medida em gramas de água por metro cúbico de ar.
Humidade relativa: é a razão entre a quantidade de água que o ar contem a uma determinada temperatura e a quantidade máxima de água que o ar poderia conter a essa mesma temperatura. Ou seja quando o ar estivesse saturado com água. Quanto mais elevada for a temperatura maior será a quantidade de água que o ar pode conter. Por isso é que, quando o ar arrefece, perde água, condensando-a nas superfícies.
Água retida: é a água retida nas paredes celulares por fortes forças de atracção.
Água livre: é a água contida e não retida nas cavidades celulares.
A água livre é a primeira a ser perdida pela madeira, mas esta só pode considerar-se completamente seca quando perde a água retida. Somente quando a madeira começa a perder a sua água retida é que começa a encolher e a tornar-se mais dura. Para que a madeira perdesse toda a sua água era necessário que fosse colocada num ambiente com uma humidade relativa de 0%. Se a humidade relativa for de 100%, a madeira não perderá humidade nenhuma. Como normalmente colocamos a madeira em ambientes em que a humidade relativa se encontra entre 0 e 100%, a madeira nunca perderá a sua água toda.
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A madeira nunca perde a sua higroscopicidade, ou seja a sua capacidade de perder e ganhar água consoante a humidade relativa for maior ou menor. Mas se a madeira for colocada num determinado local durante um longo período de tempo, vai chegar a um ponto de equilíbrio entre a água que contem e a água do ar que a rodeia.
Talvez se consiga agora perceber porque é que um móvel em nossas casas pode empenar ou até abrir rachas. A situação extrema passa-se quando, no inverno, a temperatura do ar fora das nossas casas é baixa e por isso, apesar da sua humidade relativa ser alta, ele contém uma humidade absoluta muito baixa porque está frio. Esse ar entra em nossas casas naturalmente, só que nós elevamos a temperatura do ambiente com aquecedores, portanto esse ar, quando aquece passa a ter de repente uma humidade relativa baixíssima. A madeira nestas condições vai começar a perder água para o ar com as conseqüências que se conhecem.
SECAGEM DA MADEIRA A madeira quando é cortada está cheia de seiva, que na sua maior parte é constituída por água, e a partir desse momento começa a perdê-la. Começa então o processo de secagem. À medida que a madeira perde água, o ar começa a ocupar os espaços livres dentro das células. A madeira torna-se mais leve e encolhe, mudando a forma e torna-se mais dura e forte. Este processo continua até se encontrar o equilíbrio entre a humidade contida na madeira e a do meio ambiente.
Exposta ao ar livre, a madeira perde a sua água livre e seca de forma a que o teor de humidade se encontra em equilíbrio com a atmosfera exterior que a rodeia. O tempo necessário para secar uma madeira ao ar livre depende da espécie, da espessura, das condições climáticas, etc.
COMO LIDAR COM AS MOVIMENTAÇÕES DA MADEIRA
O artesão deve não só conhecer a relação entre a madeira e a humidade, mas também as formas como lidar com as variações dimensionais da madeira que aquela relação acarreta.. Há quatro formas de lidar com a alteração dimensional da madeira: encolhimento prévio através de uma secagem antes da utilização; controlo da humidade; limitação do movimento através da força mecânica; estabilização química. .
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Encolhimento prévio: Embora a madeira seja posta a secar por uma série de diferentes razões (redução do peso, para evitar a deterioração através dos fungos, para aumentar a resistência, para permitir a sua colagem e acabamento), o que se pretende principalmente é que a madeira seque antes e não depois da conclusão do produto final. Isto exige que o teor de humidade fique reduzido à humidade relativa média do local onde a peça seria utilizada. Todavia, não é possível atingir condições em que a madeira nunca mais encolha ou inche, uma vez que é difícil prever o equilíbrio apropriado. A isto se acrescenta o facto de os ambientes raramente se manterem estáveis. O teor de humidade visado depende de uma série de factores, tais como os níveis médios e extremos de humidade no local, da utilização da peça fora ou dentro da casa, do período de uso de um aquecimento no inverno, etc. Fazer encolher madeira é uma coisa, mantê-la estável é outra. Por isso não se pode dispensar a segunda medida acima enumerada.
Controlo da atmosfera: o emprego de ar-condicionado é eficiente, mas nem sempre possível ou sensato. Uma outra possibilidade é o controlo da humidade do ar através do isolamento, mantendo a peça dentro de um contentor fechado. Que pode tratar-se de uma caixa de exposição, uma redoma de vidro, um saco plástico ou uma camada de acabamento (goma-laca, verniz, etc.). Se houvesse um sistema de acabamento impenetrável pela humidade, o problema seria resolvido. Na realidade, nenhum sistema tem este efeito. Os acabamentos representam apenas um obstáculo para a penetração da humidade, evitando o pior.
Limitação do movimento através da força mecânica: nalguns casos, os métodos acima descritos podem não ser suficientes para controlar as alterações dimensionais. Um outro meio para limitar o movimento é a aplicação de uma material estável (metal, plástico ou outro material sintético) na forma de correias ou cavilhas compridas. Também é muito vulgar o uso da própria madeira para executar a correção.
A maior resistência e estabilidade da madeira está com a direcção do veio, um facto que se aproveita também na produção de contraplacado. Seja qual for a construção corretiva que se utiliza, ela tem que ser equilibrada para distribuir a força limitadora uniformemente.
Estabilização química: o tratamento químico também é capaz de prevenir alterações dimensionais. Um método é a impregnação da madeira com um composto químico monomérico (de moléculas simples), e a seguir fazer a sua polimerização (transformando-o numa forma molecular mais complexa) através de calor ou radiações. O resultado é um composto de madeira e
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plástico. Um outro tratamento estabilizador é a impregnação com polietileno-glicol de um peso molecular médio de 1000. Este tratamento evita o encolhimento na altura da secagem da madeira.
COMO SECAR A SUA PRÓPRIA MADEIRA Para quem precisa de secar pequenas quantidades de madeira aplicam-se as mesmas regras que são válidas para a secagem de grandes quantidades, ou seja, a madeira tem que ser cortada de forma apropriada, preparada e amontoada, e a velocidade e o processo da secagem têm que ser controlados.
Na selecção das peças devem privilegiar-se aquelas com uma estrutura normal e um veio direito, visto que todas as peças defeituosas podem causar problemas na secagem. Ao preparar os pedaços, não se deve esquecer que o encolhimento tangencial é duas vezes maior do que o encolhimento radial. Os toros devem ser cortados de forma a não conterem a medula. Há duas razões para isso: a primeira é que a secagem decorre com uma distorção normal; a segunda é que assim é possível descobrir nós escondidos de tocos de ramos não visíveis do lado da casca.
Para evitar uma secagem rápida das pontas, a superfície das pontas deverá ser protegida com uma boa camada de um produto impermeável (p. ex. parafina, tinta para alumínio, verniz de poliuretano). É importante que se proteja as pontas imediatamente depois do corte para assegurar que todo o processo de secagem decorre através das superfícies laterais. Quando a casca está solta, é melhor removê-la para que as zonas separadas não se tornem numa câmara para o desenvolvimento de fungos.
Os pedaços devem ser marcados com um número e uma data, principalmente quando se põem a secar diferentes madeiras em diferentes alturas.
Os madeira assim preparada tem quer ser amontoada corretamente para obter bons resultados no processo de secagem. O empilhamento tem que assegurar uma boa circulação de ar em todas as superfícies do material. Quando se trata de blocos irregulares, basta empilhá-los de forma a que as superfícies laterais não se toquem. Com tábuas, o empilhamento tem que ser cuidadosamente projetado e executado de forma sistemática. Neste caso as tábuas são afastadas por tiras (de madeira) estreitas que permitem a livre circulação do ar. As tiras devem estar secas, livres de qualquer fungo e ser pelo menos tão compridas como a largura da pilha para evitar pontas caídas.
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A fim de obter melhores resultados, as tábuas e as tiras devem ser tão uniformes na espessura quanto possível. Nos empilhamentos grandes, as tábuas mantêm-se no seu lugar através do próprio peso, nos pequenos um peso extra (tijolos, restos de madeira, etc.) deve ser colocado no topo (ver figura a seguir).
Inicialmente, o local deve ter condições que levem a uma secagem moderada. Quando a madeira chega a um nível reduzido de humidade, as condições de secagem já podem passar a ser mais drásticas. Na primeira fase, o processo de secagem torna-se muito delicado. O processo não pode ser demasiado acelerado para não causar defeitos nas superfícies, nem demasiado lento para evitar a actividade dos fungos na superfície.
Para o processo inicia,l um local ao ar livre é o mais indicado. O empilhamento deve ser afastado do chão para evitar excessos de humidade, e protegido da chuva e dos raios solares directos. Quando se pretende utilizar a madeira para objetos que, futuramente, terão um lugar no interior, a secagem ao ar livre não garante o baixo equilíbrio do teor de humidade necessário. Neste caso, o material tem que ser removido para um local aquecido onde continua a secagem até chegar ao equilíbrio do teor de humidade desejado. Quando a madeira é logo colocada num local interior, o processo de secagem pode ser demasiado acelerado. Seja como for, o processo pode ser controlado através do peso, pelo que o peso deve ser avaliado frequentemente, para se poder elaborar um gráfico do processo de secagem.
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A última etapa do processo de secagem deveria decorrer num ambiente parecido ao ambiente em que o produto final vai ser utilizado. Quando a madeira chega ao ponto de ter um peso equilibrado, está pronta para ser trabalhada. Devido à grande quantidade de espécies, não é possível dizer qual é o tempo médio de secagem. Em geral, as madeiras de densidade baixa são de mais fácil secagem.
Finalmente, convém ressaltar o facto de que não se deve armazenar demasiada madeira, porque depois não se consegue controlá-la ao longo de todo o processo de secagem.
O ARMAZENAMENTO DA MADEIRA DEPOIS DA SECAGEM
O envolvimento de madeira seca numa película de polietileno ou em papel pardo pode ser uma grande ajuda para passar pelos pontos altos de secura ou de humidade, sem um intercâmbio excessivo de humidade. Mesmo no processo de trabalho que se estende por um período prolongado, as alterações rápidas na humidade relativa tem que ser levadas a sério. Por isso, convém proteger as partes não acabadas de uma peça enquanto se continua a trabalhar noutras.
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3ª PARTE
FICHAS DE MADEIRAS
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ABETO Abies alba • • •
OUTRAS DESIGNAÇÕES
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PORTUGUÊS: Abeto-branco INGLÊS: Silver fir; European silver pine; Whitewood. FRANCÊS: Sapin; Sapin pectiné ESPANHOL: Abeto común; Abeto blanco; Álamo americano ALEMÃO:
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ORIGEM
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Europa do sul e central. •
CARACTERISTICAS FISICAS
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COR: Amarelo muito pálido. BRILHO: Lustro suave. DENSIDADE: 480kg/m3 DUREZA: Macia. DURABILIDADE: Fraca. OUTRAS: Textura fina; veios retos; borne não distinto, anéis de crescimento bem visíveis.
• UTILIZAÇÃO • • • •
FACILIDADE EM SER DOBRADA: Não é possível. FACILIDADE EM SER COLADA: Cola-se com facilidade. FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Fácil de trabalhar com ferramentas manuais ou eléctricas. FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita bem as velaturas e dá um acabamento liso.
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USOS Estruturas de móveis.
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CASQUINHA Pinus sylvestris • • • • •
OUTRAS DESIGNAÇÕES
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PORTUGUÊS: Pinho silvestre INGLÊS: Redwood; Scots pine FRANCÊS: Pin du Nord; Pin sylvestre ESPANHOL: Pino silvestre; Pino albar; Pino serrano; Pino bermejo ALEMÃO:
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ORIGEM Europa do norte (Escandinávia); Norte da Ásia.
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CARACTERISTICAS FISICAS
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COR: Amarelo pálido a castanho amarelado ou avermelhado. DENSIDADE: 510kg/m3 DUREZA: Macia. DURABILIDADE: Durável. OUTRAS: Textura média a grosseira; veios retos; anéis de crescimento visíveis; borne amarelo pálido; cerne castanho avermelhado; madeira resinosa.
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• UTILIZAÇÃO • • • • •
FACILIDADE EM SER DOBRADA: Com dificuldade. FACILIDADE EM SER COLADA: Cola-se bem. FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Trabalha-se bem mas os nós podem criar problemas. FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita as velaturas mas a resina pode causar problemas.Pode ser polida.
USOS Mobiliário; talha; torneados.
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CEDRO Cedrus spp. • • • • •
OUTRAS DESIGNAÇÕES
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PORTUGUÊS: Cedro do Libano INGLÊS: Cedar of Lebanon FRANCÊS: Cédre du Liban ESPANHOL: Cedro del Líbano; Cedro de Salomón ALEMÃO: Zeder(nholz)
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ORIGEM Norte de África e Médio Oriente.
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CARACTERISTICAS FISICAS
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COR: Varia entre o rosa acastanhado, amarelo escuro e o tom de canela. CHEIRO: A cedro (aromática). DENSIDADE: 560kg/m3 DUREZA: Macia. DURABILIDADE: Durável. OUTRAS: Textura media a fina e uniforme; veios retos; borne distinto de cor clara; anéis de crescimento bem visíveis.
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• UTILIZAÇÃO • • • • •
FACILIDADE EM SER DOBRADA: Não é possível. FACILIDADE EM SER COLADA: Cola-se bem. FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Fácil de trabalhar com qualquer tipo de ferramenta. Devem ser tomadas precauções com os nós. FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita bem as velaturas e pode polir-se com muito sucesso.
USOS Mobiliário de interior e exterior; folheados.
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ESPRUCE Picea abies • • •
OUTRAS DESIGNAÇÕES
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PORTUGUÊS: Espruce europeu; Picea europeia INGLÊS: European spruce; White Deal; Common spruce; Norway spruce; Baltic whitewood; Finnish whitewood; Russian whitewood FRANCÊS: Épicea ESPANHOL: Picea Noruega; Álamo europeu. ALEMÃO:
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ORIGEM Europa
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CARACTERISTICAS FISICAS
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COR: Castanho amarelado claro BRILHO: Brilhante DENSIDADE: 450kg/m3 DUREZA: Macia. DURABILIDADE: Pouco durável. OUTRAS: Textura fina; veios retos; borne pouco distinto de cor branca; anéis de crescimento visíveis mas não de cor mais escura.
• UTILIZAÇÃO • • • • •
FACILIDADE EM SER DOBRADA: Com dificuldade. FACILIDADE EM SER COLADA: Fácil de colar. FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Trabalha-se bem com ferramentas. manuais e eléctricas. FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita bem as velaturas e dá um acabamento razoável.
USOS Estruturas de móveis para serem plaqueados.
73
LARÍCIO Larix decidua • • • • •
OUTRAS DESIGNAÇÕES
•
PORTUGUÊS: Lariço-europeu INGLÊS: European larch FRANCÊS: Mélèze ESPANHOL: Alerce europeu; Lárice ALEMÃO:
•
ORIGEM Europa
•
CARACTERISTICAS FISICAS
• • • • • •
COR: Laranja avermelhado. CHEIRO: A terbentina. DENSIDADE: 590kg/m3 DUREZA:Macia. DURABILIDADE: Duradoura. OUTRAS:Textura fina e uniforme; veios retos; borne distinto de cor clara; anéis de crescimento visíveis.
• UTILIZAÇÃO • • • • •
FACILIDADE EM SER DOBRADA: Com dificuldade. FACILIDADE EM SER COLADA: Cola-se com facilidade FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Trabalha-se bem com qualquer tipo de ferramenta. FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita velaturas, mas as resinas dificultam a aplicação dos acabamentos.
USOS Estruturas de móveis para serem depois plaqueados ou folheados.
74
TEIXO Taxus baccata • • • • • •
PORTUGUÊS: INGLÊS: EuropeanYew; Irish Yew; Common Yew FRANCÊS: If ESPANHOL: Tejo común ALEMÃO:
•
ORIGEM
OUTRAS DESIGNAÇÕES
Europa; Ásia Menor; Norte de África; Birmânia; Himalaia. •
CARACTERISTICAS FISICAS
• • • • •
COR: Avermelhada DENSIDADE: 670kg/m3 DUREZA: Dura. DURABILIDADE: Duradoura. OUTRAS: Textura fina; veios retos e por vezes tendem a ser irregulares e entrelaçados com desenho muito decorativo;borne distinto e irregular de cor branca; nós inclusos no cerne; madeira de natureza oleosa.
• UTILIZAÇÃO • • • •
FACILIDADE EM SER DOBRADA: Pode ser dobrada com vapor. FACILIDADE EM SER COLADA: Não é fácil devido à natureza oleosa da madeira. FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: A madeira de veios retos e regulares trabalha-se bem com qualquer tipo de ferramenta, mas a de veios irregulares é mais difícil. FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita bem as velaturas e pode ser polida.
•
USOS Mobiliário; Talha; Torneados; Folheados.
75
TUIA Thuja plicata • • • • • •
OUTRAS DESIGNAÇÕES PORTUGUÊS: Cedro-do-canadá; Tuia-gigante INGLÊS: Western red cedar; Giant arbor-vitae FRANCÊS: Thuya géant; Cédre rouge; Arbre de vie ESPANHOL: Cedro rojo; Cedro dulce ALEMÃO: Rotzeder
• ORIGEM Grã-bretanha; E.U.; Canadá; Nova Zelandia •
CARACTERISTICAS FISICAS
•
COR: Castanho avermelhado que no exterior vai escurecendo até ficar cinzento prateado. CHEIRO: Após o corte tem odor a cedro.que pode ser persistente. DENSIDADE: 370kg/m3 DUREZA: Macia. DURABILIDADE: Durável. OUTRAS: Textura média a fina; veios retos; borne distinto; não resinosa; tem substancias que reagem com o ferro.
• • • • •
• UTILIZAÇÃO • • • • •
FACILIDADE EM SER DOBRADA: Não é possível. FACILIDADE EM SER COLADA: Fácil de colar. FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Trabalha-se bem com qualquer tipo de ferramenta. FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita bem as velaturas e permite um bom acabamento mas faz mossas com facilidade.
USOS Estruturas de móveis para serem plaquedos.
76
77
BÉTULA Bétula spp. • • • • • •
PORTUGUÊS: Vidoeiro INGLÊS: Birch FRANCÊS: Bouleau ESPANHOL: Abedul ALEMÃO: Birke
•
ORIGEM
OUTRAS DESIGNAÇÕES
Europa; América do norte •
CARACTERISTICAS FISICAS
•
COR: Castanho amarelado pálido com anéis mais escuros. BRILHO: Sem brilho. DENSIDADE: 710kg/m3 DUREZA: Dura. DURABILIDADE: Pouco duradoura. OUTRAS: Textura fina; borne não distinto.
• • • • •
• UTILIZAÇÃO • • • •
FACILIDADE EM SER DOBRADA: Dobra bem com vapor. FACILIDADE EM SER COLADA: Cola-se bem. FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Trabalha-se bem. FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita as velaturas e pode polir-se bem.
•
USOS Torneados; mobiliário; folheados.
78
BUXO Buxus sempervirens • • •
OUTRAS DESIGNAÇÕES
• • •
PORTUGUÊS: INGLÊS: European Boxwood; Box; Abassian; Iiranian; Turkish boxwood. FRANCÊS: Buis ESPANHOL: Boj ALEMÃO: Buchsbaum
•
ORIGEM Europa; Ásia ocidental; Ásia Menor
•
CARACTERISTICAS FISICAS
• • • • • •
COR: Amarelada. BRILHO: Lustrosa. DENSIDADE: 930kg/m3 DUREZA: Dura. DURABILIDADE: Muito durável. OUTRAS: Textura fina e uniforme; veios rectos ou irregulares; poro fechado; borne não distinto.
• UTILIZAÇÃO • • • •
FACILIDADE EM SER DOBRADA: Dobra com facilidade. FACILIDADE EM SER COLADA: Fácil de colar. FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: É difícil de trabalhar, mas com ferramentas bem afiadas é possível fazer cortes limpos. FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita bem as velaturas e pode ser polido.
•
USOS Talha; torneados; embutidos; móveis pequenos.
79
CARVALHO Quercus robur • • •
OUTRAS DESIGNAÇÕES
• • •
PORTUGUÊS: Carvalho roble INGLÊS: European oak; Pedunculate oak; Durmast FRANCÊS: Chêne, Chêne pedunculé ESPANHOL: Carvallo;Roble ALEMÃO: Eiche(nholz)
•
ORIGEM Europa, Ásia Menor, norte de África
•
CARACTERISTICAS FISICAS
• • • • • •
COR: Acastanhada; amarelo-terrosa; castanho dourado. CHEIRO: Odor aos ácidos taninicos. DENSIDADE: 720kg/m3 DUREZA: Dura. DURABILIDADE: Duradoura devido aos taninos que existem no cerne. OUTRAS: Textura áspera não uniforme; cerne distinto; raios lenhosos bem marcados, veios retos; anéis de crescimento marcados; desenho em flor; rica em ácidos taninicos que provocam manchas escuras resistentes e que corroem o ferro.
• UTILIZAÇÃO • • • • •
FACILIDADE EM SER DOBRADA: Dobra bem com vapor. FACILIDADE EM SER COLADA: Cola-se com facilidade. FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Trabalha-se bem com ferramentas bem afiadas. FACILIDADE NO ACABAMENTO: Responde bem ás técnicas de branqueamento; aceita bem as velaturas; fácil de polir.
USOS Mobiliário, folheados e talha.
80
CASTANHO Castanea sativa • • • • • •
PORTUGUÊS: Castanheiro INGLÊS: Chestnut; Sweet chestnut FRANCÊS: Châtaignier ESPANHOL: Castaño común ALEMÃO: Kastanie(nholz)
•
ORIGEM
OUTRAS DESIGNAÇÕES
Europa, Ásia Menor, norte de África. •
CARACTERISTICAS FISICAS
• • • • •
COR: Castanho-amarelado-avermelhado. DENSIDADE: 560kg/m3 DUREZA: Dura. DURABILIDADE: Muito durável. OUTRAS:Textura grosseira não uniforme; cerne distinto; desenho venado às vezes ondulado; presença de ácidos no cerne que provocam corrosão do ferro e manchas na madeira quando está humida.
• UTILIZAÇÃO • • • •
FACILIDADE EM SER DOBRADA: Dobra mal. FACILIDADE EM SER COLADA: Fácil de colar. FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Trabalha-se bem com ferramentas manuais ou eléctricas. FACILIDADE NO ACABAMENTO: Fácil de polir; aceita bem as velaturas.
•
USOS Mobiliário; torneados; talha.
81
CEREJEIRA Prunus avium • • •
OUTRAS DESIGNAÇÕES
• • •
PORTUGUÊS: INGLÊS: European cherry; Gean; Wild cherry; Mazzard. FRANCÊS: Merisier; Cerisier ESPANHOL: Cerezo ALEMÃO: Kirchbaum; Wildkirsche
•
ORIGEM Europa; Ásia noroeste; África norte.
•
CARACTERISTICAS FISICAS
•
COR: Do rosado pálido ao castanho-avermelhado, passando pelo castanho dourado com nuances esverdeadas. CHEIRO: Após o corte tem odor a botões de rosa. DENSIDADE: 540kg/m3 DUREZA: Moderada. DURABILIDADE: Média. OUTRAS: Textura fina e uniforme; veios direitos; cerne distinto; raios lenhosos marcados; presença de substancias gomosas e oleosas.
• • • • •
• UTILIZAÇÃO • • • •
•
FACILIDADE EM SER DOBRADA: Dobra com facilidade. FACILIDADE EM SER COLADA: Cola-se com facilidade. FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Fácil de trabalhar se o veio for direito. FACILIDADE NO ACABAMENTO: A acção do vapor torna-a mais avermelhada; aceita as velaturas mas devido à presença de óleos naturais devem ser tomadas precauções no polimento.
USOS Mobiliário; folheados; torneados.
82
ÉBANO Diospyros spp. • • • • • •
PORTUGUÊS: INGLÊS: Ebony; Adaman. FRANCÊS: Èbène ESPANHOL: Ébano ALEMÃO: Ebenholz
•
ORIGEM
OUTRAS DESIGNAÇÕES
Sri Lanka, Índia, Africa •
CARACTERISTICAS FISICAS
• • • • • •
COR: Castanho escuro a negro. BRILHO: Lustroso. DENSIDADE: 1190kg/m3 DUREZA: Dura. DURABILIDADE: Muito durável. OUTRAS: Textura fina e uniforme; veios ondulados e irregulares; borne branco amarelado.
•
• UTILIZAÇÃO • • • •
FACILIDADE EM SER DOBRADA: Impossível. FACILIDADE EM SER COLADA: Difícil de colar. FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Excepto no torno é difícil de trabalhar. FACILIDADE NO ACABAMENTO: Excelente polimento.
•
USOS Torneados, embutidos.
83
FAIA Fagus sylvatica • • •
OUTRAS DESIGNAÇÕES
• • •
PORTUGUÊS: Faia comum INGLÊS: European Beech; English beech; Carpathian beech; Slavonian beech FRANCÊS: Fayard hêtre ESPANHOL: Haya común ALEMÃO: Buche(nholz)
•
ORIGEM Europa
•
CARACTERISTICAS FISICAS
•
COR: Castanho claro amarelada a castanho-avermelhada quando tratada com vapor. DENSIDADE: 720kg/m3 DUREZA: Dura. DURABILIDADE: Perecível, pode ser tratada. OUTRAS: Textura fina e uniforme; borne pouco distinto; desenho espelhado; empena e fende ao secar.
• • • •
• UTILIZAÇÃO • • • • •
FACILIDADE EM SER DOBRADA: Excelente para dobrar com vapor. FACILIDADE EM SER COLADA: Fácil de colar. FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Fácil de trabalhar com qualquer tipo de ferramenta. FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita bem as velaturas e pode ser polida até obter um lustro suave.
USOS Mobiliário, torneados, folheados, talha, embutidos.
84
FREIXO Fraxinus excelsior • • • • • •
PORTUGUÊS: Freixo Europeu INGLÊS: European Ash; Common Ash FRANCÊS: Frêne commun ESPANHOL: Fresno Europeo ALEMÃO: Esche(holz)
•
ORIGEM
OUTRAS DESIGNAÇÕES
Europa •
CARACTERISTICAS FISICAS
• • • • •
COR: Branco a castanho pálido. DENSIDADE: 710kg/m3 DUREZA: Dura. DURABILIDADE: Pouco durável. OUTRAS: Textura grosseira; veios retos; poro grande; borne não distinto; boa resistência.
• UTILIZAÇÃO • • • •
FACILIDADE EM SER DOBRADA: Excelente para dobrar a vapor FACILIDADE EM SER COLADA: Cola bem. FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Trabalha-se bem com ferramentas manuais e elétricas. FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita bem as velaturas e pode polir-se.
•
USOS Mobiliário; folheados decorativos.
85
GAIACO Guaiacum spp. • • •
OUTRAS DESIGNAÇÕES
•
PORTUGUÊS: INGLÊS: Lignum vitae; Guaiacum wood; Lignum Sanctum FRANCÊS: Gaïac; Bois de gaiac ESPANHOL: Guayacán; Palo santo; Palo de hierro. ALEMÃO: Porkholz
•
ORIGEM
• •
Antilhas, América tropical •
CARACTERISTICAS FISICAS
• • • • • • •
COR: Castanho esverdeado com raios negros. CHEIRO: Cheiro agradável. PROPRIEDADES DETECTÁVEIS AO TACTO: Oleosa ao tacto. DENSIDADE: 1250kg/m3 DUREZA: Muito dura. DURABILIDADE: Muito durável. OUTRAS: Textura fina e uniforme; veio unido e entrelaçado; borne estreito de cor beije; cerne muito rico em resina.
• UTILIZAÇÃO • • • •
FACILIDADE EM SER DOBRADA: Impossível. FACILIDADE EM SER COLADA: Para ser colada tem que utilizar-se cola de solventes. FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Muito difícil de trabalhar com qualquer ferramenta. Mas torneia-se com alguma facilidade. FACILIDADE NO ACABAMENTO: Pode ser polida.
•
USOS Torneados.
86
GONÇALO ALVES Astronium fraxinifolium • • •
OUTRAS DESIGNAÇÕES
• • •
PORTUGUÊS: INGLÊS: Gonçalo Alves; Zebrawood; Courbaril; Kingwood; Locustwood; Yoke Tigerwood (E.U.) FRANCÊS: Urunday ESPANHOL: Gonçalo Alves; Roble gateado ALEMÃO:
•
ORIGEM América Central e do Sul (Brasil)
•
CARACTERISTICAS FISICAS
•
COR: Castanho-avermelhado com riscas castanho escuro. BRILHO: Brilho natural. PROPRIEDADES DETECTÁVEIS AO TACTO: Frio ao toque. DENSIDADE: 950kg/m3 DUREZA: Dura. DURABILIDADE: Elevada. OUTRAS: Textura média; veio irregular e entrelaçado; borne distinto de cor clara.
• • • • • •
• UTILIZAÇÃO • • • •
FACILIDADE EM SER DOBRADA: Não aceita ser dobrada. FACILIDADE EM SER COLADA: Cola-se com alguma dificuldade. FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Difícil de trabalhar manualmente; as ferramentas têm que estar muito bem afiadas. FACILIDADE NO ACABAMENTO: Pode ser polida.
•
USOS Mobiliário, torneados, folheados.
87
JACARANDÁ DA BAÍA Dalbergia nigra • •
OUTRAS DESIGNAÇÕES
•
PORTUGUÊS: Pau preto; Pau rosa; Cabiuna INGLÊS: Brasilian rosewood; Bahia rosewood; Rio rosewood; Jacarandáde-bahia; FRANCÊS: Palissandre Brésil; Palissandre de Rio ESPANHOL: Palo de rosa; Palisandro de Rio ALEMÃO: Palisander; Rio Palisander; Rosenholz
•
ORIGEM
• • •
América do sul •
CARACTERISTICAS FISICAS
•
COR: laranja escuro ou castanho chocolate ou castanho violáceo com listas mais escura ou mesmo pretas. BRILHO: Brilho natural. CHEIRO: Recém cortada tem um leve odor a rosas PROPRIEDADES DETECTÁVEIS AO TACTO: Oleosa ao tacto DENSIDADE: 883kg/m3 DUREZA: Dura DURABILIDADE: Muito durável. OUTRAS: Textura uniforme e veios direitos mas com tendência para serem irregulares e se entrelaçarem; borne de cor distinta; muito rica em óleos naturais e gomas que preenchem os poros que são grosseiros e abertos.
• • • • • • •
• UTILIZAÇÃO • • • • •
FACILIDADE EM SER DOBRADA: Pode ser dobrado com cuidado. FACILIDADE EM SER COLADA: Difícil de colar devido à presença de óleos. FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Não é difícil de trabalhar e pode ser aplainado. FACILIDADE NO ACABAMENTO: Os óleos naturais e as gomas dificultam a tarefa de polir.
USOS Mobiliário, torneados, talha e folheado.
88
MOGNO Swietenia spp. • • • • • • •
OUTRAS DESIGNAÇÕES PORTUGUÊS: Mogno Americano INGLÊS: American Mahogany; Central American mahogany; Mexican mahogany; Aguano; Anani; Baywood FRANCÊS: Mahogany; Acajou; Caoba; Mahonie ESPANHOL: Caoba ALEMÃO: Mahagonibaum(holz); Echtes Mahagoni
ORIGEM América Central e do Sul
•
CARACTERISTICAS FISICAS
• • • • •
COR: Castanho avermelhado-acobreado. DENSIDADE: 560kg/m3 DUREZA: Média. DURABILIDADE: Durável. OUTRAS: Textura media com veios retos regulares e ás vezes entrelaçados com poro grande; borne distinto de cor amarelada.
• UTILIZAÇÃO •
FACILIDADE EM SER DOBRADA: Pode ser dobrada com precaução.
• •
FACILIDADE EM SER COLADA: Fácil de colar FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Trabalha-se bem com ferramentas manuais e eléctricas desde que bem afiadas. FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita bem as velaturas e desde que se sele o poro faz um bom acabamento polido.
• •
USOS Mobiliário, torneados, talha e folheados.
89
NOGUEIRA Juglans regia •
OUTRAS DESIGNAÇÕES
•
INGLÊS: European walnut ; English walnut ; French walnut ; Italian walnut ; Turquish walnut FRANCÊS: Noyer commum ESPANHOL: Nogal común ALEMÃO: Nussbaum
• • •
• ORIGEM Turquia ;Europa ; Ásia Menor •
CARACTERISTICAS FISICAS
•
COR: Parda torrada ; castanho acinzentado com laivos mais escuros dependendo da origem. BRILHO: Acetinado, reflexos ondulantes. PROPRIEDADES DETECTÁVEIS AO TACTO: fria ao toque DENSIDADE: 670kg/m3 DUREZA: Moderada. DURABILIDADE: Moderadamente durável. OUTRAS: Textura áspera e uniforme com veios reto e ondeado. Desenho enrugado Cerne distinto
• • • • • •
• UTILIZAÇÃO • • • •
FACILIDADE EM SER DOBRADA: Dobra bem com vapor. FACILIDADE EM SER COLADA: Cola-se facilmente. FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Trabalha-se bem com ferramentas manuais e electricas FACILIDADE NO ACABAMENTO: Dá um acabamento fino com algum esforço e recebe bem as velaturas.
• USOS Mobiliário, talha e torneados, folheados.
90
PADREIRO Ácer pseudoplatanus • •
OUTRAS DESIGNAÇÕES
•
PORTUGUÊS: Bordo falsoplatano INGLÊS: Sycamore; Great maple; Harewood; Plane; Sycamore plane; Scotch plane; Weathered sycamore FRANCÊS: Érable sycomore; Sycomore ESPANHOL: Sicómoro; Arce blanco ALEMÃO: Ahorn; Bergahorn
•
ORIGEM
•
• •
Europa e Ásia Ocidental •
CARACTERISTICAS FISICAS
• • • • • • •
COR: Branca; marfim rosada; branca amarelada BRILHO: Muito brilhante. PROPRIEDADES DETECTÁVEIS AO TACTO: Sedosa. DENSIDADE: 630kg/m3 DUREZA: Semi-dura. DURABILIDADE: Pouco durável, só para utilização interior. OUTRAS: Textura fina; grão continuo,com veio e sem poros; anéis de crescimento muito pouco marcados o que dificulta a distinção entre o cerne e o borne; seca lentamente mas é estável; resistente ao desgaste.
• UTILIZAÇÃO • • • •
FACILIDADE EM SER DOBRADA: Dobra com facilidade. FACILIDADE EM SER COLADA: Fácil de colar. FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Boa de trabalhar. FACILIDADE NO ACABAMENTO: Acabamento perfeito; aceita bem as velaturas; pode ser polida.
•
USOS Mobiliário, marchetaria, caixas de ressonância de instrumentos musicais de cordas, torneados folheados, talha. 91
PAU ROXO Peltogyne spp. • • •
OUTRAS DESIGNAÇÕES
•
PORTUGUÊS: Amaranto INGLÊS: Purpleheart; Amaranth; Purplewood; Violet wood; Sakavali FRANCÊS: Amarante; Bois Poutpre ESPANHOL: Palo rojo; Palo morado Palo nazareno ALEMÃO: Amarant; Violettholz
•
ORIGEM
• •
América Central e do Sul •
CARACTERISTICAS FISICAS
•
COR: Roxo após o corte mas escurece com o tempo e com a acção da luz tornando-se castanho avermelhado. DENSIDADE: 880kg/m3 DUREZA: Dura; muito resistente ao impacto. DURABILIDADE: Muito durável OUTRAS: Textura média a fina e uniforme com veios normalmente retos mas que às vezes são irregulares o que dá a aparência raiada.
• • • •
• UTILIZAÇÃO • • • • •
FACILIDADE EM SER DOBRADA: Dobra moderadamente. FACILIDADE EM SER COLADA: Cola-se com facilidade. FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Torneia-se bem e é difícil de serrar porque acumula resina nos dentes da serra. A ferramenta deve estar muito afiada e o angulo de corte deve ser reduzido. FACILIDADE NO ACABAMENTO: Recebe bem as velaturas e a cera mas o polimento a álcool pode alterar a cor.
USOS Mobiliário; torneados; Folheados.
92
PAU SANTO Dalbergia latifolia • • •
OUTRAS DESIGNAÇÕES
• • •
PORTUGUÊS: INGLÊS: Indian rosewood; Bombay blackwood; East Indian rosewood; Sonokeling; Shisham; Angsana Keling. FRANCÊS: Palissandre Asie ESPANHOL: Palisandro Índio; Palo de rosa ALEMÃO:
•
ORIGEM Índia, Indonésia
•
CARACTERISTICAS FISICAS
•
COR: Castanho dourado a castanho arroxeado com manchas pretas ou de roxo escuro. BRILHO: Brilho natural. CHEIRO: Fragrância a rosas quando acabada de cortar. PROPRIEDADES DETECTÁVEIS AO TACTO: Oleosa ao toque. DENSIDADE: 870kg/m3 DUREZA: Muito dura. DURABILIDADE: Muito durável. OUTRAS: Textura uniforme e um pouco áspera; veios entrelaçados; presença de óleos e ceras e eventualmente de minerais o que provoca o desgaste das ferramentas.
• • • • • • •
• UTILIZAÇÃO • • • • •
FACILIDADE EM SER DOBRADA: Não é possível. FACILIDADE EM SER COLADA: Não é fácil de colar. FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Difícil de trabalhar com as ferramentas manuais e estraga o fio às ferramentas elétricas. FACILIDADE NO ACABAMENTO: Bom acabamento a cera; deve selar-se o poro para se obter brilho intenso.
USOS Mobiliário, torneados e folheados.
93
PEREIRA Pyrus communis • • • • • • •
OUTRAS DESIGNAÇÕES PORTUGUÊS: INGLÊS: Pearwood; Pear FRANCÊS: Poirier; Poire ESPANHOL: Peral ALEMÃO: Birnbaum; Holzbirne.
ORIGEM Europa
•
CARACTERISTICAS FISICAS
• • • • •
COR: Castanho claro avermelhado. DENSIDADE: 740kg/m3 DUREZA: Dura. DURABILIDADE: Pouco durável. OUTRAS: Textura fina; borne pouco distinto; veio fino, apertado e uniforme embora possa aparecer veios em espiral.
• UTILIZAÇÃO • • • •
FACILIDADE EM SER DOBRADA: Com dificuldade. FACILIDADE EM SER COLADA: Cola-se bem FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Fácil de trabalhar com todo o tipo de ferramentas. FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita bem as velaturas e o polimento.
•
USOS Excelente para entalhar quando bem seca; torneados; mobiliário; embutidos; folheados decorativos.
94
TECA Tectona grandis • • • • • •
PORTUGUÊS: INGLÊS: Teak FRANCÊS: Teck ESPANHOL: Teca ALEMÃO: Teakbaum(holz)
•
ORIGEM
OUTRAS DESIGNAÇÕES
Sul da Ásia,Java, Sri Lanka; África; Caribe •
CARACTERISTICAS FISICAS
•
COR: Cor de tabaco com veios escuros ou verde amarelados BRILHO: Não tem lustro CHEIRO: Odor a couro PROPRIEDADES DETECTÁVEIS AO TACTO: Oleosa ao tacto DENSIDADE: 640kg/m3 DUREZA: Semi dura DURABILIDADE: Muito durável OUTRAS:Textura rugosa e irregular;fibra compacta; borne distinto de cor clara; anéis de crescimento marcados; veios retos ou ondeados; poro largo; oleosa e aromática; resistente aos ácidos e aos álcalis; muito estável.
• • • • • • •
• UTILIZAÇÃO • • • • •
FACILIDADE EM SER DOBRADA:Dobra moderadamente com vapor. FACILIDADE EM SER COLADA: As superfícies preparadas colam-se bem mas pode haver problemas por causa dos óleos naturais. FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Fácil de trabalhar com qualquer tipo de ferramenta mas tira o fio à ferramenta. FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita bem as velaturas, a cera, os óleos e o polimento.
USOS Mobiliário de interior e de exterior, torneados e folheados.
95
TILIA Tília spp. • •
OUTRAS DESIGNAÇÕES
• • •
PORTUGUÊS: Tília de folhas pequenas INGLÊS: European lime; Small-leaved lime; Common lime; Basswood e American lime (E.U.) FRANCÊS: Tilleul ESPANHOL: Tilo ALEMÃO: Lindenholz
•
ORIGEM
•
Europa; E.U. e Canadá •
CARACTERÍSTICAS FISICAS
• • • • •
COR: Amarela pálida e branca BRILHO: Lustro natural. DENSIDADE: Européias-560kg/m3 ; Americana-416kg/m3 DUREZA: Branda DURABILIDADE: As variedades Européias são mais resistentes e duradouras que as Americanas. OUTRAS: Textura fina e uniforme; borne não distinto; veio fino e regular; muito estável depois de seca.
•
• UTILIZAÇÃO • • • •
FACILIDADE EM SER DOBRADA: A variedade Americana é difícil de dobrar mas a Européia dobra bem. FACILIDADE EM SER COLADA: Fácil de colar. FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Muito fácil de trabalhar. FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita muito bem as velaturas e os polimentos
•
USOS Ideal para tornear; talha; Marchetarias.
96
TULIPEIRO Liriodendron tulipifera • • •
OUTRAS DESIGNAÇÕES
• • •
PORTUGUÊS: Tulipeiro da Virginia INGLÊS: American yellow poplar; Américan white wood; Canary wood; Tulip poplar FRANCÊS: ESPANHOL: Tulipanero; Tulipero ALEMÃO:
•
ORIGEM América do norte.
•
CARACTERISTICAS FISICAS
•
COR: Varia entre o verde oliva pálido e o castanho com manchas azuladas. DENSIDADE: 510kg/m3 DUREZA: Macia. DURABILIDADE: Pouco durável. OUTRAS: Textura fina suave e ligeira; veios retos; borne fino e de cor branca.
• • • •
• UTILIZAÇÃO • • • •
FACILIDADE EM SER DOBRADA: Difícil de dobrar sem partir. FACILIDADE EM SER COLADA: Fácil de colar. FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Trabalha-se bem com qualquer tipo de ferramenta. FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita bem as velaturas e o polimento.
•
USOS Mobiliário; talha; folheados.
97
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98
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Selecções do Reader’s Digest : “Le grand libre des meubles”.
“Terminologia de madeiras”.(1955) LNEC, série B-secção 1, Lisboa.
Yates, Simon (1989): “Encyclopédie du mobilier de caractère, Les Tables″. Éditions de L’Olympe.
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