Casas, Áreas da Experiência - III Fernando Fernandes
Versão: setembro/2009 setembro/2009 Terra do Juremá Comunicação Ltda. Escola Astroletiva www.astroletiva.com.br
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Casas como questões vivenciais Objetividade x subjetividade É costume definir as casas astrológicas como áreas de experiência, em que o significado de planetas e signos ganha expressão num determinado campo de atividades ou assuntos mundanos. Assim, a própria identidade do indivíduo é simbolizada pela casa 1; seus irmãos, pela casa 3; os filhos pela 5, e assim por diante. À primeira vista, parece tudo muito simples: Saturno está na 3? Então o indivíduo tem um irmão sério, responsável, muito sisudo ou um tanto frio. Ou simplesmente não tem irmãos, já que Saturno também significa privação... Efetivamente, tal linha de interpretação pode ser útil. Algumas técnicas de Astrologia tradicional – a Astrologia Horária, por exemplo – permitem uma abordagem objetiva, em que o mapa dá informações sobre fatos exteriores à individualidade do nativo. Contudo, tais técnicas contam com uma gramática própria, extremamente rigorosa, e não devem ser confundidas com a abordagem comportamental voltada para a investigação de motivações internas. A visão comportamental em Astrologia tem seus próprios pressupostos, que precisam ser respeitados para que o esforço interpretativo seja realmente eficaz. O primeiro deles é que um mapa não expressa o mundo em si, mas conforme é percebido a partir de uma perspectiva definida. Se o universo é infinito, qualquer ponto pode ser o seu centro. E seja lá o ponto de referência que tomemos, o resultado será uma percepção relativizada de tudo o que está em volta. Consideremos, por exemplo, uma mãe que colocou no mundo cinco filhos. Cada filho nasceu num momento diferente, tendo sua própria carta astrológica. A figura da mãe aparecerá na carta de cada um de seus filhos simbolizada por diferentes signos e planetas. Naturalmente, tal diversidade não se refere a cinco mães de carne e osso, mas sim a cinco diferentes formas de percebê-la, cinco diferentes universos de imagens, expectativas, recursos, projeções e bloqueios que serão colocados em movimento no relacionamento mãe e filho. Cada filho internalizará sua própria imagem de mãe, e é isso que o mapa expressa. E cada filho enfrentará um diferente desafio de relacionamento com a figura materna. É neste sentido que alguns astrólogos utilizam com frequência a expressão questão para referir-se às casas. Uma casa coloca, efetivamente, uma questão vivencial para o indivíduo, indicando problemas específicos e exigindo um esforço de crescimento.
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Significadores acidentais, essenciais e dispositores Significadores essenciais Para entender como o indivíduo lida com os conteúdos de determinada casa, é preciso considerar seus significadores, que podem ser essenciais ou acidentais. Significador essencial é o planeta que sempre terá relação direta com aquela casa, mesmo que não seja seu regente ou ocupante. E como se estabelece esta relação? Muito simples: existe uma analogia natural entre a sequência de signos e de casas. A casa 1 (começos e ego, entre outros significados) sempre guardará uma afinidade com o signo de Áries, o primeiro na sequência do zodíaco. A casa 2 tem analogia com Touro, e assim por diante. Assim, o significador essencial dos assuntos da casa é o planeta que rege o signo que ocupa o mesmo lugar na sequência do zodíaco, como mostrado na figura no topo da página. No caso da 7, este planeta é Vênus, por ser o regente do sétimo signo - Libra - e por sua conexão com afetos e critérios de escolha. Esta analogia independe do signo que efetivamente esteja ocupando a cúspide de cada casa. Assim, mesmo que tenhamos Virgem ou Sagitário na cúspide da casa 1, a analogia essencial e simbólica com Áries e Marte permanecerá. Observe que há dois esquemas de regências. O primeiro é o clássico, utilizado pelos astrólogos de orientação mais tradicional, que consideram apenas os sete planetas visíveis a olho nu; o segundo é o moderno, que leva em conta os planetas invisíveis a olho nu, descobertos a partir do século XVIII e desconhecidos para os antigos. Assim, três signos apresentam dupla regência, dependendo do esquema utilizado: Escorpião (Marte e Plutão), Aquário (Saturno e Urano) e Peixes (Júpiter e Netuno). A figura acima, para simplificar, exibe apenas os regentes modernos, mas você pode ter uma idéia do processo completo no quadro a seguir: SIGNO
REGENTE(S)
SIGNIFICADOR ESSENCIAL DA
Áries
Marte
Casa 1
Touro
Vênus
Casa 2
Gêmeos
Mercúrio
Casa 3
Câncer
Lua
Casa 4
Leão
Sol
Casa 5
Virgem
Mercúrio
Casa 6
Libra
Vênus
Casa 7
Escorpião
Marte (clássico) e
Casa 8
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Plutão (moderno) Sagitário
Júpiter
Casa 9
Capricórnio
Saturno
Casa 10
Aquário
Saturno (clássico) e Urano (moderno)
Casa 11
Peixes
Júpiter (clássico) e Netuno (moderno)
Casa 12
Significadores acidentais Muito mais importantes do que os significadores essenciais são os significadores acidentais, que são: -- os planetas que regem os signos presentes em determinada casa (especialmente o signo que está em sua cúspide, ou ponto inicial); -- os planetas que eventualmente ocupem a casa, mesmo regendo outras. Por exemplo: se a casa 7 tem o signo de Leão na sua cúspide e contém ainda o planeta Marte, os significadores acidentais serão o Sol, por ser o regente de Leão (mesmo que o Sol esteja em outro signo e outra casa), e Marte, por presença. Deverá ser levado em conta também o posicionamento por signo e casa dos dispositores do Sol e de Marte, ou seja, os regentes dos signos onde estes planetas estiverem. Se o Sol estiver, por exemplo, em Sagitário, Júpiter será o dispositor do Sol e afetará indiretamente os assuntos da casa 7. Estes tópicos são desenvolvidos de maneira detalhada no curso Interpretação, Método Clássico . O que importa reter, de imediato, é que a questão simbolizada por cada casa pode ser estudada com base num complexo de significadores, que envolvem regentes, ocupantes, dispositores e ainda os aspectos que estes planetas formam entre si e com outros. Mesmo que uma casa esteja vazia, não significa que o indivíduo não terá experiências referentes àqueles conteúdos: o regente da casa estará em algum outro ponto do mapa, conectando os assuntos das duas casas – a regida e a ocupada – sem falar que sempre haverá um planeta exercendo o papel de significador essencial. Assim considerada, a análise astrológica é um delicado trabalho de correlações, exigindo um procedimento que lembra os da análise sintática ensinada nos cursos de português. Com alguns poucos vocábulos, podemos construir uma grande diversidade de orações e expressar uma infinidade de significados. Mesmo que os elementos da linguagem astrológica sejam relativamente poucos – doze signos, doze casas, dez planetas conhecidos – as possibilidades de combinação são tantas que seria quase impossível encontrar duas pessoas com mapas exatamente iguais. Da mesma forma, é impossível encontrar duas pessoas com questões vivenciais absolutamente idênticas. Casas, Áreas da Experiência III – Fernando Fernandes – www.astroletiva.com.br Página 4
A Astrologia permite perceber que cada ser humano é único e diferenciado de todos os demais. Viver o próprio mapa é, portanto, experienciar plenamente a própria especificidade, rompendo, se necessário, o padrão normótico que tende a conformar indivíduos a um comportamento de ovelha no rebanho. Homens como Gandhi, Martin Luther King ou Nelson Mandela puderam exercer um impacto construtivo sobre suas respectivas comunidades porque tiveram coragem de ser o que poderiam ser. Foram grandes porque foram eles mesmos. Por que essenciais e acid entais? À primeira vista, a expressão significador essencial sugere algo mais importante e que mereça maior atenção do que significador acidental. Contudo, não é assim. Trata-se simplesmente de expressar a idéia de que sempre haverá alguma ressonância entre aquele planeta e a casa que está em analogia com o signo regido. Esta ressonância é essencial apenas porque existirá sempre, qualquer que seja a combinação entre casas e signos no mapa do nativo. Já o significador acidental diz respeito à combinação específica entre signos e cúspides de cada mapa. É acidental porque depende do horário de nascimento e varia de pessoa para pessoa. Se João tem Áries na cúspide da 7, então Marte será significador de casamentos para João, mas não para Antônio, que tem Leão na cúspide da 7. Se tomarmos doze pessoas nascidas no mesmo dia, mas em horários diferentes, cada uma com um diferente Ascendente, no mapa de cada pessoa os planetas serão significadores acidentais de assuntos igualmente diferentes. Em Astrologia, quanto mais pessoal for uma configuração, mais importante é. Por isso, o significador acidental é mais importante do que o essencial, já que tem um caráter muito mais individual, dependendo da combinação casual (daí acidental ) entre cúspides e signos no momento do nascimento.
As questões de cada casa De forma muito sintética e esquemática, vejamos o conjunto de questões a que cada casa remete: Casa 1 – Identidade – Quem sou, com que modelo quero me parecer, como me coloco
diante do mundo. Como é meu corpo e o que acho dele. Como me comporto diante do desafio de começar alguma coisa nova. Casa 2 – Valores – Que critérios adoto para dar valor ao que me cerca, para definir o que é
e o que não é importante. O que preciso adquirir ou reter para sentir-me seguro. Do que me alimento e que sabores me agradam. Como lido com dinheiro, quando o tenho, e como tento obtê-lo, quando não o tenho. Casa 3 – Comunicação – Como adquiro e utilizo recursos de linguagem, como estruturo meu pensamento lógico, como me comunico, como me relaciono com meu ambiente. O que gosto de ler ou de escrever. Como assimilo conteúdos intelectuais e como me comporto na escola. Como vejo meus irmãos. Casas, Áreas da Experiência III – Fernando Fernandes – www.astroletiva.com.br Página 5
Casa 4 – Raízes – Como me coloco diante do núcleo familiar que me deu origem, ou das
tradições culturais que compartilho com outros membros de minha comunidade. Do que necessito para sentir-me tranquilo e relaxado nos momentos de lazer e intimidade. O que guardo só para mim. Que significado dou a meu passado e às memórias pessoais. Casa 5 – Auto-expressão – Como trabalho criativamente com minha necessidade de auto-
expressão. Que riscos e desafios estou disposto a correr para provar a mim mesmo que valho a pena. Que atitude tenho diante da idéia da paternidade ou maternidade e como lido com filhos e sua educação. O que faço por puro prazer. Como “vou à caça” de alguém no processo da conquista amorosa. Casa 6 – Produção – Como me organizo e estabeleço uma disciplina pessoal para
enfrentar as exigências da rotina produtiva. Como lido com a situação de subalternidade no trabalho ou na vida social. Que nível de atenção dou ao meu corpo e às suas exigências. Como me mobilizo para enfrentar crises. Como me recupero quando estou doente. Casa 7 – Alteridade – Que expectativas projeto sobre relacionamentos interpessoais. O
que estou disposto a enxergar no outro e o que temo nele. Como resolvo conflitos quando sou desafiado diretamente por um adversário declarado. Casa 8 – Intimidade – De que maneira o contato íntimo com o outro me obriga a rever
valores e critérios pessoais, e como resisto a esta necessidade de mudança. Do que preciso para sentir-me seguro na relação interpessoal. Casa 9 – Crenças – Como sintetizo num conjunto de crenças, convicções e sabedoria de
vida o que aprendi no contato com o mundo. De que forma me insiro no fluxo permanente da acumulação e repasse do conhecimento humano. Como reajo diante de pessoas ou situações provenientes de ambientes culturais absolutamente diversos do meu. Casa 10 – Status – Para que posições sociais ou profissionais dirijo minhas ambições.
Como luto para atingir meus objetivos. Como lido com figuras de autoridade e como me comporto em situações de comando e poder. Como me sinto quando estou em evidência. Como construo e defendo minha reputação. Casa 11 – Insatisfação – De que forma a percepção de que nem tudo é como deveria ser
leva-me a participar de grupos, associações, partidos políticos ou outras entidades com vistas a lutar por causas coletivas. Com que tipo de amigos me identifico, o que espero deles e como seleciono as pessoas que farão parte de meu círculo pessoal. Que esperanças e projetos alimento. Casa 12 – Limitação – Como lido com as consequências dos processos que eu mesmo
desencadeei. Como enfrento situações de privação, limitação física, confinamento ou afastamento forçado. Como reconheço e enfrento minhas inseguranças e medos mais profundos. O que “varri para debaixo do tapete” e não gostaria que outros descobrissem. Como lido com sonhos perturbadores ou com percepções que sinto mas não consigo verbalizar ou traduzir racionalmente.
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Tópicos especiais sobre casas Pai e mãe Mãe na casa 4 e pai na casa 10? Parece lógico, mas esta visão é relativamente recente na história da Astrologia. A tradição medieval atribuía a casa 4 ao pai, por uma razão óbvia: era do pai que o filho herdava o nome, a profissão, o status social e a propriedade da terra. O vocábulo fidalgo (filho de algo) retrata bem a dependência do indivíduo a suas raízes familiares. No outro extremo, temos o termo que expressava uma condição social anômala e aviltante: bastardo. Quando se falava em fidalgos e bastardos, falava-se do pai e de sua importância como legitimador do papel social do indivíduo. O pai era a casa 4. A mãe, na condição de cônjuge, ficava com a casa oposta, a 10. E qual era o papel da mãe até um século atrás? Preparar o filho para o mundo, dando-lhe a formação adequada para que ele exercesse uma atividade pública com competência e honradez. Era da mãe – companhia constante – que a criança recebia o estímulo para adequar-se a um mundo ríspido e competitivo. Era a mãe que alimentava no filho a ambição da ascensão social. Hoje, muitos astrólogos tendem a identificar a casa 4 com a mãe, por analogia com o signo de Câncer e seu regente, a Lua, cabendo à 10 o lugar do pai, em analogia com Capricórnio e Saturno. Na prática, a melhor opção é considerar que as casas 4 e 10 formam o eixo parental, respondendo a 4 pelas raízes familiares e pelo legado das tradições ancestrais e cabendo à casa 10 a função de gerar modelos de comportamento adulto e responsável. Leitura complementar O eixo de casas parentais compõe um controverso debate entre os astrológos. Diversos artigos já publicados em Constelar discutem as casas 4 e 10. Um deles é A Dona Pé de Cabra, de Thiago do Amaral. No texto, esta questão é explorada partindo-se de um conto que tem origem numa época onde a questão da hereditariedade era de suma importância: a Idade Média. Dê uma lida e forme sua própria opinião.
Saúde e Animais Saúde A saúde, entendida como a preservação de um estado de equilíbrio e bem estar nos níveis físico e psíquico, é, em princípio, assunto de casa 6. Contudo, melhor considerá-la sob a regência conjunta do eixo 6-12, cabendo à 6 os distúrbios de natureza aguda e a capacidade de reação do organismo. A casa 12, que indica situações de limitação, confinamento e exclusão, responde melhor pelas doenças crônicas, degenerativas, de longo curso, ou aquelas que obrigam ao confinamento do indivíduo em instituições especializadas, como hospitais e asilos. A casa 12 tem a dupla conotação do “sair de cena” e do depender de terceiros. Que situação poderia melhor exemplificar tais conteúdos do que uma longa internação hospitalar em estado de total inconsciência?
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Quando se fala em saúde, pensa-se de imediato na possibilidade de cirurgias corretivas ou mutiladoras. A cirurgia, no sentido de processo de eliminação de algo que compromete o desempenho de todo o sistema, tem analogia com Escorpião e com a casa 8. An im ais Animais domésticos são como empregados subalternos. São treinados para servir-nos e fazem parte de nossa rotina. A melhor casa para situá-los é, em princípio, a 6, que tem uma analogia natural com Virgem e seu regente, Mercúrio. Virgem indica pequenos seres ou objetos e também rege processos de adestramento, ou seja, o treinamento para o exercício de uma tarefa definida. Um cão de guarda que vigia a casa (uma função útil) e obedece ao nosso comando pode ser atribuído à casa 6. Por oposição, a casa 12 indicará exatamente o contrário: animais grandes, selvagens, que escapam ao nosso controle e não são ou não podem ser domesticados. Um gorila das montanhas africanas pode ser atribuído à casa 12, assim como hienas, jaguares e tigres de bengala. Da mesma forma, podemos situar nesta casa os animais que vivem confinados numa situação semelhante à escravidão, como o gado que é levado para invernadas com o objetivo de ganhar peso. Há, contudo, um terceiro tipo de animal, que é aquele com o qual desenvolvemos uma relação de afeto a ponto de tratá-lo como uma “pessoa da família”. É o caso dos cachorrinhos criados para servirem de companhia para crianças – poodles, por exemplo. Não se espera que esses animais guardem a casa ou ataquem ladrões. Eles não estão ali para “trabalhar”, mas simplesmente para serem fonte de prazer e diversão. Estes cães, naturalmente, não podem ser regidos pela casa 6, e sim pela 5. Não é por acaso que muita gente chega a referir-se ao cãozinho de estimação como “meu filho”...
Comunicação e transportes Tudo que se refira a comunicação e transporte pode ser atribuído ao eixo das casas 3 e 9. A casa 3 simboliza melhor os processos de comunicação através da linguagem articulada, com uso de códigos. Aprender uma língua, por exemplo, é assunto de casa 3. A casa 9, complementarmente, expressa não o pensamento lógico, mas a intuição, a pré-cognição, a profecia, a comunicação persuasiva, sugestiva, voltada para mobilizar a audiência. Uma aula de matemática é assunto de casa 3, mas os sermões do padre ou do pastor evangélico caberiam melhor na 9. Da mesma forma, a publicidade – linguagem persuasiva por excelência – também está afeta a esta casa. Livros e publicações em geral são regidos pela 3, mas a atividade editorial é um assunto de 9, casa que rege a cultura superior e a comunicação de longa distância (ou de longo alcance, em sentido real ou figurado). As rápidas transformações que atingiram o mundo das comunicações trouxeram alguns problemas novos para o astrólogo. É o caso da Internet: em que casa situá-la? Por um lado, é uma rede de transmissão de dados que permite a rápida circulação de informações (sentido de casa 3); é também uma estrutura em rede onde todos podem interagir, o que permite a organização de grupos por afinidade de idéias ou de interesses (sentido de casa 11). É, finalmente, uma rede de alcance mundial, que atravessa fronteiras nacionais e alarga os horizontes de seus usuários (sentido de 9). Melhor seria atribuir uma regência à Casas, Áreas da Experiência III – Fernando Fernandes – www.astroletiva.com.br Página 8
Internet de acordo com seu uso. Para uma empresa que utiliza a Internet como um substituto do telefone e do fax, ei-la como casa 3; para o internauta aventureiro, que mergulha nas páginas da web com o mesmo espírito de descoberta que inspirou as grandes navegações do século XVI, a Internet é casa 9; para o engajado defensor de causas, que usa listas de discussão e newsgroups para formar grupos de apoio humanitário aos refugiados da guerra civil de Timor Leste, a grande rede torna-se um substituto eletrônico dos clubes e associações, que são assunto de casa 11. Transportes e viagens também são assunto das casas 3 e 9. Tradicionalmente, considera-se que a 3 rege as pequenas viagens, cabendo à 9 os grandes deslocamentos. Todavia, há que atentar para o que pode significar “grande viagem” de indivíduo para indivíduo. Um pobre lavrador do sertão goiano que jamais abandonou sua cidade natal consideraria uma viagem a São Paulo como uma enorme aventura; já o alto executivo de uma empresa multinacional, acostumado a ir à Europa várias vezes por ano, encararia uma viagem súbita a Buenos Aires como uma ocorrência rotineira. É preciso, pois, atentar para o sentido que cada deslocamento tem para o nativo.
Casas Derivadas O conceito de casa derivada é uma poderosa ferramenta de interpretação. Mas o que são casas derivadas? O princípio é simples: a domificação (ou seja, a setorização da esfera local em doze casas) é um procedimento que segue uma ordem natural, a partir do Ascendente. As casas contadas a partir do Ascendente são chamadas casas naturais, simbolizando assuntos mundados a partir do ponto de vista do próprio nativo. Assim, a casa 2, que tem relação com valores, simboliza os bens do nativo; a casa 4 expressa o lar do nativo, e assim por diante. Entretanto, é possível fazer a contagem das casas tomando qualquer uma delas como ponto de partida. Elas guardarão seu significado básico, mas vinculado agora a este novo ponto de referência. Vamos a um exemplo prático. Para isso, usaremos o mapa da ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, logo abaixo. Observe os números menores, na borda do mapa, em cor cinza: eles mostram as casas naturais, contadas a partir do Ascendente. É fácil observar que Marta Suplicy tem Áries na casa 1 (Ascendente), Touro na 2, e assim por diante. Os irmãos de Marta Suplicy estão representados pela casa 3 natural, em cuja cúspide encontramos o signo de Gêmeos. Mas, e se quisermos saber que casa rege seus tios paternos? Basta raciocinar: - tios são irmãos dos pais. Portanto, deverão ser representados pela casa 3 a partir da casa que represente o progenitor em questão. Como o pai é representado pela casa 4, tomamos esta como a casa 1 derivada (indicada em marron); a casa 5 é a 2 derivada da 4; e a casa 6 natural passa a ser a 3 derivada da 4, a casa dos irmãos do pai, ou dos tios paternos. Ainda no mapa de Marta Suplicy, sabemos que ela tem filhos de seu casamento com o senador Eduardo Matarazzo Suplicy. Os filhos, representados pela casa 5 natural, são artistas, um dos quais, o roqueiro Supla, é bastante conhecido por sua aparência extravagente. Como Marta tem Leão na cúspide da 5, não deve causar espanto que ela tenha filhos que gostam do palco e têm aspecto teatral.
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Num dado momento, quando ainda era prefeita de São Paulo, Marta se separou de seu marido e começou a namorar o francês Luis Favre, com quem acabou se casando. Acontece que Favre era pai de dois filhos do casamento anterior dele, que, com o novo casamento, passaram a ser enteados de Marta Suplicy. Em que casa você situaria esses enteados? Novamente, basta usar um raciocínio simples: filhos são assunto de casa 5. Marido é um assunto de casa 7. Considerando a casa 7 como a casa 1 derivada do marido (indicada em verde na imagem acima), todas as demais podem ser renumeradas na sequência. Assim, a casa 8 passa a representar os bens do marido (a 2 derivada da 7), a 9, os irmãos do marido (a 3 derivada da 7) e, naturalmente, a casa 11 ganha a função de 5 derivada da 7, a casa dos filhos do marido e, consequentemente, dos enteados de Marte Suplicy. Veja que ela tem Marte, um planeta masculino, em Aquário na casa 11. Por coincidência, Luis Favre tem dois filhos, ambos homens. Este raciocínio expande as possibilidades de interpretação e permite a construção de significados complexos. Veja alguns exemplos: Salário – Quem paga o salário do empregado? O empregador, naturalmente. Como este
está representado pela 10 (figuras de autoridade, patrões), os bens do patrão estarão na casa 11 (a 2 da 10). E se o regente da casa 11 estiver na casa 8? Como esta é a segunda a partir da 7 (os bens do cônjuge), é possível que o nativo, se for um trabalhador assalariado, tenha seu pagamento mensal depositado em uma conta conjunta com a esposa – ou gaste boa parte dele pagando pensão alimentícia para a ex-mulher... A saúde do filho – Filhos são assunto de casa 5 e saúde, de casa 6. A saúde dos filhos
corresponde, portanto, à casa 10 (a sexta a partir da 5). As crenças do irmão – Crenças são assunto da casa 9 natural. Mas as crenças do irmão
são regidas pela nona casa a partir da terceira, ou seja, a 11. Esta é também a casa a que se aplica a velha frase das mães irritadas com as filhas adolescentes que querem passar o carnaval com as amigas, em Salvador: “Não me interessa o que os filhos dos outros fazem, eu me preocupo é com a sua segurança!” É claro que, se a minha filha está na casa 5, os filhos dos outros estão na 11 (a 5 da 7). Estes são apenas alguns poucos exemplos. Casas derivadas têm ampla aplicação em Astrologia - especialmente na chamada Astrologia Horária - e você lerá muitas referências a elas em livros e artigos de autores das mais variadas tendências.
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Casas - glossário de assuntos Nas páginas seguintes, você encontrará um glossário com uma longa lista de assuntos regidos por casas. A mesma lista é apresentada de duas formas: por ordem alfabética de assunto e por casas. Observe que alguns assuntos podem ser atribuídos a mais de uma casa, razão pela qual algumas entradas aparecem duplicadas. O glossário se aplica especialmente a mapas individuais. Há alguns usos especializados para casas em outros tipos de abordagem, como mapas empresariais ou nacionais, que não são abordados neste curso mas que seguem a mesma lógica. Por exemplo: se a casa 2 num mapa pessoal indica como a pessoa lida com seus bens, no mapa de um país simboliza quais são as riquezas nacionais e qual sua origem; se a casa 5 no mapa individual indica filhos, no mapa de um país representa sua população jovem - crianças e adolescentes - e assim por diante. As suntos - A a F ASSUNTO
CASA
Ações pessoais
1
Aconselhamento, disposição para
9
Acordos
7
Adaptabilidade
3
Aflições
12
Alegria
5
Alianças
7
Amigos, critérios de escolha de
11
Amigos, relacionamento com
11
Amor, vida amorosa
5
Amores secretos
12
Ansiedades
12
Aparência pessoal
1
Aprendizado
3
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Assinatura
3
Atividade pública
10
Atividades conspiratórias
12
Autodestruição
12, 8
Auto‐imagem
1
Autoridade, atitude diante de figuras de
10
Autoridade, exercício da
10
Bens administrados em conjunto
8
Bens do casal
8
Bens imóveis
4
Bens móveis
2
Capacidade para lidar com subalternos
6
Carreira, profissão
10
Casamento
7
Chefia, exercício de função de
10
Clandestinidade
12
Começos
1
Companheirismo, senso de
11
Comunicação
3
Concentração mental
3
Conduta em público
10
Confinamento em hospitais e asilos
12
Conflitos, forma de lidar com
7
Consultoria, aconselhamento, habilidades para
7
Crédito pessoal
10
Crenças
9
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Criatividade
5
Decepções, desapontamentos
12
Descanso, repouso
4
Desilusão
12
Devoção
9
Divertimentos
5
Dívidas pessoais
2
Divórcio
7
Doenças crônicas
12
Educação superior
9
Emoções secretas
12
Esperanças
11
Esperteza
3
Expectativas quanto a sócios ou parceiros
7
Experiências psíquicas ou mediúnicas
12
Família
4
Fim da vida, enterro, túmulo
4
As suntos – G a O Ganhos financeiros
2
Gravidez
5
Grupos, atitude diante de
11
Grupos, disposição para atuar em
11
Habilidades de Pesquisa
3
Habilidades de trabalho
6
Habilidades pessoais
1
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Habilidades redacionais
3
Hábitos em geral
6
Herança genética ou cultural
4
Higiene pessoal
6
Hobbies
5
Honra, dignidade
10
Identidade
1
Ideologia, adesão a uma
11
Ignorância sobre fatos ou ocorrências
12
Imaginação escapista
12
Incapacidades
12
Iniciativa pessoal
1
Inimizades abertas
7
Inimizades ocultas
12
Intelecto
3
Intimidade com o parceiro
8
Intoxicação
12
Karma
12
Lar
4
Limitações
12
Litígios
7
Local de nascimento
4
Meditação
12
Memória e perda de memória
3
Morte, forma de encarar a
8
Namoros
5, 7
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Nascimento
1
Negócios de risco
5
Nostalgia, vínculos com o passado
4
O indivíduo enquanto estudante
3
Obrigações, forma de encará‐las
6
Obsessão
12
Ocultismo, atração por
12
Orçamento pessoal
2
As suntos - P a Z Paixões
5
Partidos Políticos, preferência por
11
Paternidade
5
Pensamento
3
Pensão deixada por pais ou cônjuges
8
Perdas
12
Popularidade
10
Prece, hábitos de
9
Prestígio
10
Primos
3
Prisão
12
Privacidade
12, 4, 8
Profissão
10
Projetos para o futuro
11
Projetos pessoais
11
Provas e testes escolares
3
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Psiquismo
12
Raciocínio lógico
3
Realizações
10
Recursos financeiros vindos de terceiros
8
Regeneração espiritual e psicológica
8
Pai ou mãe, relação com
10, 4
Relação mestre‐discípulo
9
Religiosidade, fé
9
Reputação
10
Restrições
12
Rotinas
6
Sacerdotes, atitude diante de
9
Saldos bancários
2
Saúde
6
Sexo, relações sexuais
5
Sexualidade, energia sexual
8
Sofrimento
12
Solidão
12
Sonambulismo
12
Sonhos, visões, profecias
9
Status
10
Subalternidade
6
Subconsciente
12
Suicídio, tendências
8
Temperamento
1
Tendências românticas
5
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Traição
12
Trocas
3
Vendas, habilidade para
3
Vestuário, preferências
6
Viagens curtas
3
Viagens longas
9
Viagens longas, tendência a
9
Vida doméstica
4
Visão de mundo
9
Vizinhança
3
Casas 1 a 4 ASSUNTO
CASA
Ações pessoais
1
Aparência pessoal
1
Auto‐imagem
1
Começos
1
Habilidades pessoais
1
Identidade
1
Iniciativa pessoal
1
Nascimento
1
Temperamento
1
Bens móveis
2
Dívidas pessoais
2
Ganhos financeiros
2
Orçamento pessoal
2
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Saldos bancários
2
Adaptabilidade
3
Aprendizado
3
Assinatura
3
Comunicação
3
Concentração mental
3
Esperteza
3
Habilidades de Pesquisa
3
Habilidades redacionais
3
Intelecto
3
Memória e perda de memória
3
O indivíduo enquanto estudante
3
Pensamento
3
Primos
3
Provas e testes escolares
3
Raciocínio lógico
3
Trocas
3
Vendas, habilidade para
3
Viagens curtas
3
Vizinhança
3
Bens imóveis
4
Descanso, repouso
4
Família
4
Fim da vida, enterro, túmulo
4
Herança genética ou cultural
4
Lar
4
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Local de nascimento
4
Nostalgia, vínculos com o passado
4
Vida doméstica
4
Privacidade*
4
Pai ou mãe, relação com*
4
Casas 5 a 8 ASSUNTO
CASA
Alegria
5
Amor, vida amorosa
5
Criatividade
5
Divertimentos
5
Gravidez
5
Hobbies
5
Negócios de risco
5
Paixões
5
Paternidade
5
Sexo, relações sexuais
5
Tendências românticas
5
Namoro (como envolvimento romântico)
5
Capacidade para lidar com subalternos
6
Habilidades de trabalho
6
Hábitos em geral
6
Higiene pessoal
6
Obrigações, forma de encará‐las
6
Rotinas
6
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Saúde
6
Subalternidade
6
Vestuário, preferências
6
Acordos
7
Alianças
7
Casamento
7
Conflitos, forma de lidar com
7
Consultoria, aconselhamento, habilidades para
7
Divórcio
7
Expectativas quanto a sócios ou parceiros
7
Inimizades abertas
7
Litígios
7
Namoro (como compromisso)
7
Bens administrados em conjunto
8
Bens do casal
8
Intimidade com o parceiro
8
Morte, forma de encarar a
8
Pensão deixada por pais ou cônjuges
8
Recursos financeiros vindos de terceiros
8
Regeneração espiritual e psicológica
8
Sexualidade, energia sexual
8
Suicídio, tendências
8
Autodestruição*
8
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Casas 9 a 12 ASSUNTO
CASA
Aconselhamento, disposição para
9
Crenças
9
Devoção
9
Educação superior
9
Prece, hábitos de
9
Relação mestre‐discípulo
9
Religiosidade, fé
9
Sacerdotes, atitude diante de
9
Sonhos, visões, profecias
9
Viagens longas
9
Viagens longas, tendência a
9
Visão de mundo
9
Atividade pública
10
Autoridade, atitude diante de figuras de
10
Autoridade, exercício da
10
Carreira, profissão
10
Chefia, exercício de função de
10
Conduta em público
10
Crédito pessoal
10
Honra, dignidade
10
Popularidade
10
Prestígio
10
Profissão
10
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Realizações
10
Reputação
10
Status
10
Pai ou mãe, relação com*
10
Amigos, critérios de escolha de
11
Amigos, relacionamento com
11
Companheirismo, senso de
11
Esperanças
11
Grupos, atitude diante de
11
Grupos, disposição para atuar em
11
Ideologia, adesão a uma
11
Partidos Políticos, preferência por
11
Projetos para o futuro
11
Projetos pessoais
11
Aflições
12
Amores secretos
12
Ansiedades
12
Atividades conspiratórias
12
Clandestinidade
12
Confinamento em hospitais e asilos
12
Decepções, desapontamentos
12
Desilusão
12
Doenças crônicas
12
Emoções secretas
12
Experiências psíquicas ou mediúnicas
12
Ignorância sobre fatos ou ocorrências
12
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Imaginação escapista
12
Incapacidades
12
Inimizades ocultas
12
Intoxicação
12
Karma
12
Limitações
12
Meditação
12
Obsessão
12
Ocultismo, atração por
12
Perdas
12
Prisão
12
Psiquismo
12
Restrições
12
Sofrimento
12
Solidão
12
Sonambulismo
12
Subconsciente
12
Traição
12
Privacidade*
12
Autodestruição*
12
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