Mario Roso de Luna
Tradução e notas explicativas:
Celso Agostinho Martins de Oliveira
Agradecimento Ao amigo Esteban Cortijo, presidente do Ateneo de Cáceres, Espanha, pelo inestimável auxílio com os esclarecimentos necessários à elucidação de alguns trechos do texto original. O Tradutor
Sumário
Apresen presentação tação do Tradut radutor or ..................................................... 11 As Tradições Persas Mais Antigas Sobre os Polos e os Continen Continentes tes Submersos ....................... 15 Prólogo Pról ogo do Autor ............................................................... .................................................................... .....17 17 capítulo i
A Atual Introdução Introdução de As Mil e Uma Noites ...................... 37 capítulo ii
A Primitiva “Introdução de As Mil e Uma Noites”? ..........57 capítulo iii
Começa o Livro de “O Pescador” ......................................... 77 Primeira Versão do Conto “O Pescador”, no Texto Texto de Galland .......................................................... ............................................................... .....79 79 Segunda Versão do Conto ‘‘O ‘‘O Pescado Pescador” r”............................. 83 Terceira e Quarta Qu arta Versõe ersõess do Clássico Conto “O Pescador Pescador””, .......................................... 85
capítulo iv
Prossegue o Livro Livro de “O “O Pescador” Pescador” ..................................... 97 Sétima Versão do Conto “O Pescador”, no Texto de Mar Mardrus drus ......................................................... ............................................................ ...100 100 Oitava Versão do Conto “O Pescador” no Texto Sírio.....102 Nona Versão do Conto “O Pescador” nas “Literaturas “Literaturas de Cordel Cordel”” Espanholas ............................108 ............................ 108 capítulo v
Culmina o Livro Livro de “O “O Pescador” Pescador” ..................................... 117 Versão Décima Primeira do Conto “O Pescador”, no Texto Sírio ...............................................123 Versão Décima Dé cima Segunda S egunda do Conto “O Pescador” Pescador” ............ ............124 124 Comentárioss ............................................................ Comentário .......................................................................... ..............126 126 capítulo vi
A “História Prodigiosa da Cidade de Bronze” Bronze” .................. ..................137 137 capítulo vii
Termina o Conto de “O Pescado Pescador” r” ..................................... 157 capítulo viii
O Livro dos “Mareds” ou Habitantes das Águas ..............177 capítulo ix
O Grande Mito de “Aladdin” ou a Lâmpada L âmpada Maravilhosa Maravilhosa ................................................. 197 História Hist ória de Aladdin, ou a Lâmpada Maravilhosa ............ ............199 199 capítulo x
O Anel Prodigioso de Aladdin ...........................................215
capítulo xi
Continua Contin ua o Grande Mito de Aladdin................................. 235 Versão Terceira do Mito de Aladdin (Yamlika, (Y amlika, a princesa subterrânea) ...................................... 235 Versão Quarta do Mito de Aladdin (O tesouro sem m) .......................................................... ............................................................. ...240 240 A Versão Quinta do Mito de Aladdin................................ 243 Versão Sexta S exta do Mito de Aladdin....................................... 248 capítulo xii
Culmina o Grande Mito de Aladdin .................................. 257 Versão Oitava do Mito de Aladdin (Avent (A venturas uras do Príncipe dos Runs) ..................................... 262 Versão Nona do Mito de Aladdin (História (Histó ria de Hassán al Basri) .............................................. 266 capítulo xiii
Começa o Livro dos Erites E rites ou Gênios Aér Aéreos eos ................. .................277 277 Versão Décima do Mito de Aladdin (História (Histó ria Esplêndida do Príncipe Diamante) Diamante) ................... ...................278 278 capítulo xiv
Começa o Livro dos Ho Homens mens Heróis Heróis ou das Iniciações ....... 299 A Pará Parábola bola da Verdadeira Ciência da Vida ....................... .......................300 300 História Hist ória de Mahmu Mahmudd ......................................................... ............................................................ ...305 305 História de Codadad e de seus irmãos ..............................312 História Hist ória do In Invejoso vejoso e do Invejado .................................... 316
SEGUNDA PARTE capítulo xv
Descrição das Viagens Iniciáticas de Sindbad, o Marujo......................................................... .............................................................323 323 História Hist ória de Sindbad, o Marujo ........................................... 325 O príncipe Ahmed e a Fada Pari-Banu .............................338 ............................. 338 capítulo xvi
A História História de Ali Babá ....................................................... ...........................................................345 345 História de Ali Babá e os Quarenta Ladrões, História Exterminados por uma Escrava .........................................346 Começa a Grande História do Carregador e das Três Princesas de Bagdá ............................................. 355 capítulo xvii
A História dos Três Calândares .......................................... 365 História Hist ória do Primeiro Calândar ........................................... 369 História Hist ória do Segundo Calândar ........................................... 372 História Hist ória do Terceir erceiroo Calândar ............................................ 376 capítulo xviii
Termina o “Livr “Livroo das Iniciações Iniciações”” ....................................... 385 História Hist ória de Zobeida............................................................ ................................................................385 385 História Hist ória de Amina .............................................................. ..................................................................388 388 capítulo xix
Transição ao “Livro dos Cavaleiros Andantes”.................407 História de Ganem, o Escravo do Amor e Filho de Ab Abu-Aibu u-Aibu........................................................... ...............................................................408 408
História do Rei Omar Al-Neman e de Seus Dois Maravilhosos Filhos Scharka S charkan n e Daul Daul’Makan ’Makan ......... .........413 413 capítulo xx
Começa o “Livro dos Cavaleiros Andantes Andantes”” ..................... .....................427 427 capítulo xxi
Mais Versões do Primitivo Mito Cavaleiroso de Camaralzama Camaralzaman n e Badura........................... 443 História Hist ória de Nu Nureddin reddin e da Formosa Persa ........................ ........................449 449 História de Ab História Abul-Has ul-Hassan-Ali-Ben-Becar san-Ali-Ben-Becar e de Schem-Sel-Nihar ..........................................................453 História da bela Zumurrud e de Alischar, Filho da Glória ........................................................ ...................................................................... ..............454 454 História Hist ória do Jovem Amarelo Amarelo ................................................ 456 História Hist ória de uma Enada de Pérolas ................................... 457 capítulo xxii
O Livro das Religiões ou do Corcundinh C orcundinhaa e dos Sete Barbeiros .............................................................463 História Hist ória do corcundinha ..................................................... 464 História Hist ória Contada pelo Mer Mercador cador Cristão.......................... 465 História Hist ória Contada pelo Vendedor Mu Muçulmano çulmano ................. .................467 467 História Hist ória Contada pelo Médico Judeu Judeu ................................468 ................................ 468 História Hist ória Contada pelo Alaiate ........................................... 471 História do Barbeiro ............................................................476 História Hist ória do Primeiro Irmão do Barbeiro .......................... 477 História Hist ória do Segundo Irmão do Barbeiro B arbeiro........................... 477
História Hist ória do Terceiro Irmão do Barbeiro............................ 478 História Hist ória do Quarto Irmão do Barbeiro .............................480 ............................. 480 História Hist ória do Quinto Irmão do Barbeiro .............................481 ............................. 481 capítulo xxiii
Termina o Livro dos Barbeiros ........................................... 483 Final da Hist História ória do Corcundinha ..................................... 486 Apólogo em “As Mil e Uma Noites” ...................................488 O Ganso e os Perus Reais ....................................................489 O Martim-P Martim-Pescador escador e a Tartaruga...................................... 492 Os Três Amigos....................................................... ..................................................................... ..............493 493 O Corvo e o Gato .................................................................494 O Estorninho Sedento ou “Mais Vale Astúcia Ast úcia do que Força” Força” .......................................................... 495 A Astú Astúcia cia de um Vizir....................................................... .......................................................... ...495 495 As Chinelas Fatídicas ........................................................ ........................................................... ...497 497 O Cádi e o Burrico ou Jumentinho Jumentinho .................................... 498 capítulo xxiv
A Árvore de Bodhi ou da Primeva Sabedoria e a Obra de As Mil e Uma Noites Noites ....................................... 503 Glossário ....................................................... ................................................................................ .........................517 517 Bibliograa ............................................................................519
apresentação do tradutor
Este não é um livro de histórias. É muito mais do que isto. Deve ser compreendido nas entrelinhas. O autor não narra as já conhecidas histórias; apenas apresenta um resumo de cada uma delas e ao nal de cada resumo nos dá a interpretação desses contos. Por isso deve ser lido com toda a atenção, pois são ensinamentos sublimes acima das religiões vulgares e da enatuada ciência contemporânea. As palavras inevitavelmente graadas em língua estrangeira (porque não existem ainda correspondentes em nossa língua), na maioria em sânscrito, constam do glossário ao nal da obra para melhor entendimento do texto. As notas constantes desta tradução organizam-se da seguinte orma: “Notas do Prólogo” e “Notas do Capítulo” destacadas por letras entre parênteses, que são do autor e notas explicati vas de rodapé, de autoria do tradutor. O título original da presente obra é “El velo de Ísis o las mil y una noches ocultistas” (O véu de Ísis ou as mil e uma noites ocultistas). Para as pessoas não habituadas aos assuntos esotéricos, julgamos oportuno prestar os esclarecimentos seguintes: Ísis é a deusa Virgem-Mãe. É representada na mitologia grega com o rosto coberto por um véu e no rontispício do seu templo em Saís estão escritas as seguintes palavras: “Sou “Sou tudo o que oi, é e será e nenhum mortal jamais retirou o véu que oculta o culta minha divindade 15
as mil e uma noites
aos olhos humanos.” Ocultismo é a ciência que estuda os mistérios da Natureza e desenvolve nos seres humanos os seus poderes psíquicos latentes. O que pode ser oculto para uma pessoa pode não ser para outra. O mundo da luz e das cores é oculto para os decientes visuais assim como o do som o é para os decientes auditivos. As ciências ocultas não são ciências imaginárias descritas pelas enciclopédias; são ciências reais, verdadeiras, e muito perigosas nas mãos dos que não azem delas o uso correto. “Iniciação” são os primeiros passos em uma ciência. A prática da iniciação ou admissão nos Sagrados Mistérios é realizada nos colégios iniciáticos e tem por nalidade a expansão da consciência do discípulo. O autor considera os “candidatos à iniciação” heróis que, em sua valentia, saem dos limites ordinários da humanidade comum como se tocassem o mundo superior dos semideuses ou dos deuses, isto porqu porquee eles conseguem vencer os grandes obstáculos que existem dentro de cada um de nós, muito muito bem descritos nesta obra. São do Pro. Henrique José de Souza (undador da Sociedade Brasileira de Eub Eubiose) iose) as seguintes palavras: “É dentro e não ora de nós que se encontra a centelha crística, ou melhor, a Consciência Imortal, a maior de todas as verdades. Razão por que as iniciações orientais ensinam: “quando o discípulo está preparado, o Mestre aparece”. Mestre esse que não é nenhum personagem barbudo, de turbante, de olhos hipnotizadores, como pensa a maioria; mas o Eu-Consciência, o Mestre dos Mestres! Do contrário, viverá o homem sempre como eterna criança, a brincar com ogo (e tudo mais quanto queima) em busca de uma Dulcineia Del Toboso, que logo se transorma em simples camponesa; a dar combate a moinhos de vento e a rebanhos antásticos,, qual Cavaleiro da Triste antásticos Triste Figura, vítima das ilusões i lusões dos sentidos, que se desazem como enganosas miragens no Deserto da Vida. Daí a exclamação do discípulo ao seu pretenso Mestre, segundo as escrituras orientais: “do ilusório conduz-me ao real; 16
mario roso de luna
das trevas à luz; da morte à imortalidade.” “Jina” é o mesmo que “shamano” (sânscrito). Em árabe, “djinn” signica “espírito”. O autor em sua obra “El libro que mata a la muerte o libro de los jinas” (O livro que mata a morte ou livro dos jinas) diz que os “jinas” habitam ou requentam de preerência os lugares mais aastados do comércio humano e até “vivem sem ar” nas mesmas entranhas da Terra. Terra. As relações relaçõe s com eles podem pode m causar nossa elicidade ou nossa desgraça, dependendo de nossa constituição interior.. Finalmente, a morte de que ala interior al a o título daquele livro liv ro não é no sentido ísico, já que tudo que nasce morre e tudo que morre renasce, mas no sentido transcendente de matar em nós essa arsa macabra da Morte, que é simplesmente o Véu de Ísis que nos separa das delícias da imortalidade.
17
as tradições persas mais antigas sobre sobre os polos pol os e os continentes submersos
“A tradição lendária não podia desgurar os atos de tal modo que viesse a torná-los irreconhecíveis. Entre as tradições do Egito e da Grécia, de um lado, e as da Pérsia, de outro – país sempree em guerra com os primeiros – há demasiada semelhança sempr de símbolos e de números para que se possa atribuir tal coincidência a um simples acaso. As lendas passaram aos contos populares e às tradições hoje correntes na Pérsia, do mesmo modo por que muitas cções, que tinham um undo de verdade, puderam insinuar-se em nossa história universal. As narrativas sobre o Rei Artur e seus Cavaleiros da Távola Redonda têm toda a aparência de contos de adas e, no entan entanto, to, estão baseadas em atos que pertencem à história da Inglaterra. Por que as lendas do Irã não haveriam de ser parte integrante da história e dos acontecimentos pré-históricos da Atlântida? Vejamos o que dizem essas lendas. Antes da criação de Adão, viveram na Terra duas raças sucessivas: os Devs, que reinaram durante 7.000 anos, e os Peris (os Izeds), que só reinaram 2.000 anos, quando ainda existiam os primeiros. Os Devs eram gigantes, ortes e malvados; os Peris eram de menor estatura, porém mais sábios e mais bondosos. Neles reconhecemos os Gigantes Atlantes, e os Árias, ou os Râkchasas do Ramâyana e os lhos do Bhârata-varcha, ou da Índia; os antediluvianos e os pós-diluvianos da Bíblia. 19
as mil e uma noites
Por mais desguradas desgurad as que estejam atualmente essas lendas, não se pode deixar de identicá-las com as tradições caldeias, egípcias, gregas e até mesmo hebraicas. Acerca dessas tradições, consulte-se Collection of Persian Legends, em russo, em georgiano, em armênio e em persa; as Lé gendes Persane Persaness , de Herbelot, Bibliotèque Orientale.” (Helena Petrovna Blavatsky, A Doutrina Secreta) As Mil e Uma Noites, o Pañchatantra e o Quixote Há outro livro oriental que está no mesmo nível do “As Mil e Uma Noites”, do qual constitui quase o reverso: o Pañchatantra ou Cinco Séries de contos nos quais os personagens não são homens, adas e gênios, como naquelas, mas sim animais que raciocinam... como os conspícuos homens de nossa época, orientados sempre para a utilidade, para o dinheiro, O POSITIVO.. Dir-se-ia também que ambos os livros estão compendiados VO em um pelo gênio imortal de Cervantes. As Mil e Uma Noites, de ato, com seu idealismo sublime – salvo as passagens intercaladas pelo semitismo árabe, seu transmissor – são o protótipo do sublime Cavaleiro da Mancha, enquanto que no Pañchatantra é mais am do grosseiro Sancho Pança, do qual até tem uma espécie de ressonância onética e assim como toda literatura cavaleirosa deriva daquelas, toda nossa mal chamada literatura didática, sobretudo a das ábulas h, pensament pensamentos, os, etc. deriva do segundo, motivo pelo qual Fedro Fedro,, Esopo, La Fontaine, Samaniego e demais abulistas são apenas pálidos refexos do moralismo deste último livro: livro admirável para comerciantes, párias e sudras orientais ou ocidentais; o cidentais; mas detestável e also para sacerdotes e guerreiros, pois, diga-se de passagem, a lei de castas existe e existirá sempre, ainda que não sicamente ou em sociedade, mas na innita gama ou escala esc ala de almas.
20
prólogo pr ólogo do autor
H.P.B1. nossa Mestra em Ocultismo teórico – vulgo Teosoa –, depois de constituir a Sociedade Teosóca e de escrever seu admirável livro Ísis sem Véu, chave dos Mistérios antigos e modernos, se dedicou até o m dos seus dias, a levantar esse ciclópico monumento de nossa época que leva por título “A Doutrina Secreta”, síntese da Ciência, Religião e Sabedoria, base de extensos comentários a um antiquíssimo livro iniciático tibetano conhecido pelo nome de “As Estâncias de Dzyan”, poema primitivo no qual se compendiam os mais puros ensinamentos ários sobre Cosmologia e Antropologia. Emulando nobremente tamanha bravura, ainda que sem sequer sonhar em igualá-la, az tempo que pensamos realizar, até onde nossas débeis orças o permitam, p ermitam, um trabalho análogo com o também livro iniciático que tem por título “As Mil e Uma Noites”, ou melhor, “As Mil Noites e Uma Noite”, segundo o pouco aceitável pleonasmo com o qual nos traduziu ao rancês mais recentemente o médico sírio doutor J.C. Mardrus. Você chama de livro iniciático – nos perguntará surpreso o culto leitor – a uma heterogênea coleção de velhos contos de crianças, célebres não mais que pelo absurdo de seus relatos maravilhosos, onde campeiam sem reio algum a exuberante antasia oriental? Você chama também de livro iniciático a relatos que são 1. Com estas iniciais seguiremos designando, segundo costume dos teósoos, a Helena Petrovna Bla vatsky, a incompreendida princesa russa. (NA)
21
as mil e uma noites
capazes de ruborizar o homem mais mundano por suas cruezas e liberdades de linguagem no que ao sexo e ao não sexo se reere?... E, no entanto, apesar de tudo isto, As Mil e Uma Noites encerram uma prounda prounda revelação ocultista que não se s e deve desdenhar e, certamente, não haverão de desdenhar os imparciais assim que se aproundarem nas páginas seguintes. As rases do preácio dos editores da versão espanhola indicam acertadamente que a moral dos árabes – nossos atuais transmissores do grande livro – é dierente da nossa; seus costumes são outros e seu caráter primitivo os az ver como coisas naturais o que para outros povos é motivo de escândalo. Cobrem o amor de poucos véus e sua vida social está baseada bas eada na poligamia. Além disso, este é um livro antigo e os escrúpulos morais mudam com os séculos. Sirva de exemplo nossa própria própria literatura, literatura, na qual os maiores autores do Século de Ouro aparecem usando com naturalidade palavras hoje consideradas imorais e que ninguém se atreveria a repetir. Os povos primitivos – diz o Sábio – chamam as coisas por seu nome e não consideram nunca condenável o que é natural, nem chamam de licenciosa a expressão simples do natural – acrescenta por sua vez Madrus ao dar-nos a versão rancesa. A literatura árabe ignora totalmente esse produto idoso da velhice espiritual espirit ual que se chama intenção pornográca. Ela ri de todo to do coração onde um puritano gemeria de escândalo... O árabe, diante de uma melodia de cantos e fautas, diante de um lamento de kper ume de pé 2, um poema de aliterações em cascata, de um perume de laranjeira ou jasmim, de uma dança de for movida pela brisa, de um voo de pássaro ou da nudez de uma cortesã... responde, não com este gesto bárbaro e inarmônico, vestígio indiscutível das raças ancestrais antropóagas que dançavam em torno do poste da vítima e do qual ez a Eur Europa opa sinal de alegria burgu burguesa... esa... senão com um “ah!”, grande, sabiamente modulado e estático, porquee o árabe é um delicado instintivo que, moderado em palaporqu vras, só sabe sonhar... 2. K é a tradição eneixada em códigos. (N. do T.)
22
mario roso de luna
Como a nossa intenção é dierente da dos tradutores citados e do texto árabe vertido, não necessitamos, de ato, ato, dizer tanto. Poderíamos, de relance, recordar as cruezas análogas e ainda piores da Bíblia, livro sagrado de hebreus, cristãos e árabes, em passagens como O Cântico dos Cânticos (Cantares de Salomão), Ló3, Tama Tamarr4, o Livro de Rute (como apêndice do Livro L ivro de Juízes) e o de Judite5. Poderíamos insistir que a imoralidade não está tanto nas coisas chamadas imorais, mas nos pecadores olhos dos que com repreensível deleite as olham. Fez, pois, muito bem Mardrus em ser e não com sua versão literal – literal até no pleonástico título –, que é garantia de verdade, “cativando em sua nudez de estátua o aroma primitivo que assim se cristaliza”. Fez ainda melhor o velho Galland do século XVIII em darnos o texto expurgado de tais coisas, se é que o original de onde traduziu, mais puro em si talvez que este outro texto árabe, as continha; mas a nós, em nosso mais alto propósito comentador, nada dele nos aeta, pois que não tratamos senão de meditar e azer meditar nas puríssimas doutrinas mais ou menos veladas, não tanto sob o primitivo texto, que se diz perdido, mas quanto a este outro “véu cruel da carne corruptível”, que nos impede ver, segundo a universal lenda, as excelsas realidades suprassensíveis que estão acima do sexo e que, como tais, são reveladas com a iniciação ocultista durante esta vida, ou com a morte quando, junto com a carne, desaparece o sexo e suas torturas – essas torturas que nos parecem delícias – graças, precisamente, a esse Véu do Sexo que assegura aqui em baixo a continuidade da espécie; mas que não deve nem pode continuar ali onde a reprodução animal do homem não continua. No tocante a “revelações” “revelações”,, como a tudo, o bom ocultista o cultista deve ater-se estritamente à etimologia e se “velar” é lançar um véu ocul3. Ló – lho de Harã, irmão de Abraão, portanto, portanto, sobrinho do patriarca dos hebreus. Foi pai de Moab e Amon, rutos da relação incestuosa com suas duas lhas. (Genesis) (N. do T.) 4. Tamar Tamar – mulher belíssima, irmã de Absalão. Amnon, irmão dela por parte de pai, se apaixono apaixonouu por ela orçando-a a ter relações sexuais s exuais com ele. (Segundo Livro de Samuel) (N. do T.) 5. Judite – bela viúva judia que oi orçada a se envolver com o general assírio Holoe Holoernes, rnes, decapitandoo depois, para livrar a cidade de Betúlia do domínio assírio. O Livro de Judite é um dos dezesseis apócrios. (N. do T.)
23
as mil e uma noites
tador, “revelare”, “voltar a velar”, é lançar segundo véu mais espesso que o anterior, com o qual, ao cabo de algumas “revelações”, a verdade ca, ao m, mascarada, personicada (de persona, personæ, que signica em latim máscara ou caricatura), quer dizer, sepultada, caricaturada, quando não absolutamente perdida e in visível, qual tesouro que oi sepultado nas entranhas da terra ou qual rutilante sol dos céus quando se vê encoberto por negríssima nuvem tempestuosa, e eclipsado pela súbita interposição da opaca lua... A tarea do ocultista, pois, ao pretender levantar uma ponta do simbólico Véu de Ísis, quer dizer, ao buscar a Verdade sem os Véus da Mentira, é ir ranca e diretamente contra todas as idiotas “revelações”, considerando-as, o que elas eetivamente são: ábulas, ou seja, “verdades com roupagens de mentira”, e ir despojando-as, com trabalho paciente, dos múltiplos véus que a encobrem. A tradução literal de Mardrus, no século XIX(), lança um véu recente à anterior de Galland do século s éculo XVIII, XVIII , e a de Mardrus vê no “velho livro” uma novela humana exuberante de paixão com a linguagem ranca, juvenil e sonora das meninas morenas nascidas nas tendas do Deserto, que não existem mais. O sentido s entido erótico só conduz à alegria, enquanto a pureza de Galland, segundo o próprio preaciador de Mardrus-Blasco Ibañez, o genial e equivocado Gómez Carrillo, “o levou a dar-nos dourados contos de crianças” crianças”,, que são, sã o, como queremos demonstrar de monstrar com nossos noss os comentários, ensinamentos sublimes acima das religiões vulgares e da enatuada ciência contemporânea. contemporânea. O sentido erótico era bem conhecido de quantos vagaram pelo Oriente e se deliciaram nos adoráveis botequins árabes, onde se umava o haxixe, último presente de Alá aos homens. Se, pois, um único século bastou para azer mais espesso o véu caído sobre aquele grande livro primitivo, quantos não serão os que desde os bons tempos dos deuses pársis6 caíram também sobre o prodigioso livro? Um estudo das origens de As Mil e Uma Noites, no que possa alcançar nossa alta quase absoluta de dados históricos, se 6. Pársis ou parses eram os antigos persas emigrados para escaparem es caparem da perseguição muçulmana. (N. do T.)
24
mario roso de luna
az indispensável indispensável desde o começo da tarea a que nos impusemos como ocultistas, isto é, como “desveladores” do que jaz supravelado, oculto e perdido. Comecemos pelo que nos ensinam os editores da obra de Mardrus, seguindo, não a ordem histórica, mas o inverso da que vai levantando os citados véus dos séculos. “O Dr. J.C. Mardus pronticou-se az alguns anos a dar a conhecer ao público europeu a magna obra com toda a sua rescura original. Mardrus era árabe de nascimento e rancês de nacionalidade. Nasceu na Síria, lho de nobre amília de muçulmanos do Cáucaso que, por haver-se oposto à dominação russa, teve de trasladar-se para o Egito. Muitos dos contos que anos depois haveria de xar para sempre com sua pena de tradutor artista os escutou em criança no colo das domésticas maometanas ou nas ruas estreitas e sombreadas do Cairo. Depois de haver estudado medicina e viajado muito pelo Golo Pérsico e pelo Oceano Índico como médico de navio, sentiu o propósito de condensar para sempre a grande obra literária de sua raça, conhecida somente em ragmentos e com irritantes amputações. A esta empresa enorme dedicou grande parte de sua vida, escrevendo os relatos ouvidos nas praças do Cairo, nos caés de Damasco e de Bagdá ou nas aldeias mouriscas do Iêmen, joias literárias mantidas unicamente pela tradição oral e que podiam perder-se. Como os poemas dos trovadores que depois guraram sob o nome de Homero; como o Romanceiro do Cid e como todas as epopeias populares, o grande poema árabe pertence a diversos autores, segundo já dissemos, e dierentes povos colaboraram com eles através dos séculos. Os contos sobreviviam soltos, guardados pela memória dos contistas populares e pela pena dos escribas públicos. O doutor Mardrus teve que peregrinar por todo o Oriente (Egito, Ásia Menor, Pérsia, Indostão), anotando velhos relatos e adquirindo manuscritos, até completar em seus menores detalhes a célebre obra. A rescura original, a ingenuidade dos primeiros autores, oram respeitadas por Mardrus, mas realçando-as e adornando-as com sua maestria de artista moderno. O doutor Mardrus é um notável escritor, e a 25
as mil e uma noites
celebridade literária l iterária o acompanha duplamente em seu lar, pois está casado com a delicada novelista rancesa Lucia-Delarne Mardrus. Para seu trabalho serviram de base as edições egípcias mais ricas em expressões de árabe popular, que ele ainda enriqueceu consideravelmente com novos contos e cenas tiradas da tradição oral e dos valiosos manuscritos adquiridos em suas viagens. Por conssão própria sabemos, pois; a. que Mardrus, Mardrus, se por seus antepassados era montanhês pársi (hoje diríamos “armênio”), “armênio”), por por seu nascimento, educação e tendências era egípcio e sírio, coisa muito importante para nossa crença de que As Mil e Uma Noites são árias ou pársis em sua origem, havendo-as aviltado os semitas com seu sensualismo através de muitos séculos; b. que oi médico com a natural propensão propensão ideológica, ideológ ica, pois até o positivismo cientíco e o sensualismo poético parecem impregnar impregnar o seu trabalho; c. que viajou pelos mares mares e terras do Oceano Índico, Índico, pondose em contato com todas as lendas populares daqueles povos sensualistas, tão dierentes da pureza prístina que existe em todos os grandes livros religiosos do passado – como As Mil e Uma Noites em sua origem – sem excluir nem mesmo a moderna de Jesus, que nos Evangelhos resplandece, e que era ária também, ou seja, acima do sexo; d. que as criadas domésticas, os requentador requentadores es dos caésumadouros”7 e dos mercados e caravaneiros extremamente rudes lhe adicionaram tradições orais derivadas do perdido livro e adornadas, como é natural, com as sensuais antasias e raseologia própria de tais lugares e de tal gente; e. que ainda nos velhos manuscritos que implorou aqui e ali realçou sua resca ingenuidade, adornou-os com maestria de artista moderno, glosando-os do uso sexual de tanta lamentável literatura rancesa que parece só eita pelo sexo e para o sexo; 7. Locais onde as pessoas se reuniam para umar u mar narguilé. (N. do T.) T.)
26
mario roso de luna
. que consulto consultouu edições egípcias mais mais ricas ricas em expressões de árabe popular, pois as edições egípcias, quanto ao problema do sexo, são as mais semitas e as menos árias e infuenciadas além disso pelos rigor rigores es excitantes do clima do trópico; g. que a protagonista Scheherazade é muito muito dierente da de Galland, como veremos a seu tempo; h. que tudo conrma, contra o preaciador espanhol, a opinião dos entusiastas da tradição clássica deste último, que, segundo Gómez Carrillo, opõe que “na versão nova de Mardrus há mais detalhes, mais literatura, mais pecadoo e mais luxo, mas não mais poesia nem mais propecad dígio. Por cantar mais, as árvores não cantam melhor, e por alar com superior eloquência, a água não ala com maior graça. Todo o estupendo que aqui vemos: as pedrarias animadas, as rochas que ouvem, os muros que se abrem, os pássaros que dão conselhos, as princesas que se transormam, os leões domésticos, os ídolos que se azem invisíveis, todo o antástico, enm, estava no velho e ingênuo livro. A única coisa que o doutor Mardrus aumentou é a parte humana – quer dizer, a paixão, os renamentos e a dor. A nova Scheherazade é mais artista. Também é mais psicóloga. Com detalhes innitos, explica as sensações dos mercadores sanguinários durante as noites de rapto, e as loucuras dos sultões nos dias de orgia. Mas não agrega um só metro ao salto do cavalo de bronze, nem az maiores as asas da ave Roc; nem dá melhor melhores es talismãs aos prínci príncipes pes amorosos; nem torna mais gordas as riquezas nas cavernas da montanha. Enm... “da “da palpitação ormidável da vida, vida , Galland ez alguns a lguns apólogos apól ogos morais.” morais.” Concordamos com Mardrus que só existe um método honrado e lógico de tradução: “a “a tradução literal” – e em tal sentido nos eximimos muito bem de censurá-lo; mas os partidários 27
as mil e uma noites
de sua tradução literal podem ver na clássica obra algo mais de literatura para uso, ainda que seja a primeira em mérito e em tempo, onde aparece o Oriente “com suas antasias exuberantes, com suas orgias sanguinárias, com suas pompas inverossímeis, nas quais se respira o perume dos jasmins da Pérsia e das rosas da Babilônia, misturado com o aroma dos beijos morenos, como sonho de ópio”... Tudo menos o doce e santo apólogo que nos apresentou Galland, e por trás do qual, como atrás das ardilosas roupagens de toda ábula, deve-se buscar uma Verdade perdida. Passar, pois, da nova versão de Mardrus à anterior de Galland, por mais incompleta que esta pareça comparada com aquela, é tirar dela um véu, o véu da última degradação sexual-oriental semítica e da última degeneração europeia, tida, oh! dor e oh! aviltamento de gostos, pela suprema palavra da literatura sem beleza e sem humanos objetivos: uma degeneração, enm, na qual o polo negativo do sexo subiu à cabeça e anuviou o polo positivo da mente em prejuízo do próprio sexo e da espécie. O pensamento não tem sexo; a alma humana, tampouco, e mais: o verdadeiro amor que leva à união santa do homem com a mulher para constituir essa mônada social que se chama “amília”, não é genuinamente sexual em seu princípio, mas sim algo mais puro,, pois começa pela simpatia e pela puro pel a antasia em alturas verdadeiramente excelsas que, se bem acabam em lógica união ísica, é por mera e natural queda da roda do progresso em seus ciclos, como a neve pura quando se transorma em água, a água pura quando se transorma em lodo e o ecundo lodo, enm, do qual as roseiras brotam em curso ascendente de novo, de todo o ciclo. Quando o astro rutilante se eleva nos céus e se refete no lago não é quando parece sepultar-se ele mais e mais nas águas do mesmo lago? Mas Mardrus se equivoca e muitos o seguem. As Mil e Uma Noites, de ato, não são, como ele diz, “a grande obra imaginativa dos contistas semitas”, mas sim destroçado resto da obra iniciática dos ários de Bactriana ou da Armênia, melhor ou pior refetido no Hazar Afsanah persa, que se crê perdido, como este o oi por sua vez no Muruf Al Dahab Va-Djanhar , do século IX, atribuído 28
mario roso de luna
ao historiador do Caliado Abul Hanan Ali Al Marudi, e no Kitab Al Fihrist , de Mohamed ben Ishak Al Nadin, do século X, e com base nessas obras ormaram os semitas posteriormente o livro que conhecemos tão castigado de sensualismo alcorânico e bíblico e tão aastado, por conseguinte, da pureza prístina dos jainos, pársis, hindus, budistas, essênios e demais instituições iniciáticas que conheciam seu espírito mais que sua letra. Só têm razão os que acreditam não ser ela obra consciente, refexiva e de um ou vários autores sucessivos, mas sim livro como de aluvião, em cuja ormação – ou desintegração lenta, melhor dito – abarca em si, apesar de sua origem persa, toda a demopedia ou olclore islamita, “copiada e recopiada mil vezes por escritos dispostos a azer intervir seu dialeto natal no dialeto dos manuscritos que lhes serviam de originais, acabando por ser receptáculo conuso de todas as ormas do árabe, desde as mais antigas até as mais recentes”() . Os autores nos levam, como vemos, até o século IX ou X em sua excursão retrospectiva para encontrar naquela época as origens do grande livro. Mas esta época que mais ou menos corresponde à dos esplendores do caliado árabe em Damasco, Bagdá e Córdoba, não é a que vira nascer a dita obra iniciática, e a razão é bem simples: seus protagonistas não são árabes, mas persas e tártaros; não aparecem huris alcorânicas, senão pársis e devas persas; não se usam nomes árabes genuínos, mas sim nomes mais ou menos sânscritos arabizados e nos quais o do Sol, da Lua, dos jinas, dos devas, dos erites desempenham o principal papel, como iremos notando oportunamente. Além disso, o livro em questão é parente muito próximo de outras duas obras mestras ou sânscritas dos ários: “H”8 ou “Instrução proveitosa” e o livro “Kalila e Dimna”, que até o século VI oram traduzidos ao páli e deste ao persa e ao árabe nos séculos VIII e IX, ou seja, s eja, na época em que a cultura islâmica islâmica chegou ao seu máximo esplendor. Nosso lósoo Don José Alemany y Boluer, ao dar-nos a versão castelhana do Pañchatantra sânscrito 8. Palavra sânscrita signicando “instrução ou ensinamento proveitoso”. Título de uma obra composta de uma coleção de preceitos morais compilados do Pañchatantra. (N. do T.)
29
as mil e uma noites
ou “Livro das Cinco Séries de Contos”, az dos dois nomes Kalila e Dimna meros antecessores dos de Scheherazade e Dinarzada, protagonistas de As Mil e Uma Noites, porquanto os nomes sânscritos Karata-ka e Damana-ka (ou Karata e Damana, sem o suxo “ka” diminutivo) equivalem ao de “domadora ou triunadora” (bem adequado, pois que dominou com sua inteligência de iniciada o lúbrico e sanguinário Shah-kariar, “o sacricador”) e o outro o de “gralha ou astuta astuta”” (a célebre gralha ou poupa condente tão t ão célebre em muitas suratas do Alcorão), com o que a liação ária do mencionado livro ca já estabelecida, sem que tenhamos necessidade de internar-nos em diíceis etimologias. Não será demasiado tarde, no entanto, que, para ulteriores investigações dos doutos, apontemos que o título persa com que começamos a conhecer As Mil e Uma Noites é o de Hazar-Asanah (azahar, perume dos Assânidas, essênios ou “curadores”?) e nos outros títulos, agora árabes, de Al-Dahab-ua-djanbar e de Al-Kitab-al-Fihrist , aparece o inevitável nome dos djanhaur, djainos, djins, janos ou jinas, como no de AlfLayyal-u-Layla, aparece por sua vez o típico nome de Ka-lai-lah ou Kalila daquele outro livro ário mais primitivo. Há que dizê-lo sem rodeios, ainda que nossos doutos atuais da grande g rande novela humana, exuber exuberante ante de paixão paix ão e de d e “sangue” “sangue”, se escandalizem: o véu da obra começa em seu título, composto de um hieroglíco, o de “mil e uma” e de um nome simbólico de “noite”, equivalente ao de “ocultação ou véu”, e citado hieróglio, em si, é a chave mais antiga e mais preciosa que qualquer outra. “Mil e Uma”, em simbologia numérica, se escreve, de ato, assim:
e desazendo o hieróglio se passa a este outro:
30
mario roso de luna
que unido logo em um, nos leva ao signo lingual védico
última e incompreendida letra das quarenta e nove do alabeto sânscrito dos ários, do qual se s e passa com inteira acilidade ao caduceu de Mercúrio,
a serpente boa e má”, ou Agatho-daimon e Kaco-daimon da célebre Tau de Moisés e dos sacerdotes Faraon (Gênesis, Êxodo cap. VII) e, enm, com uma nova nova decomposição decomposiçã o por notárico9, ao ao conhecido hieróglio ou Ísis. “Mil e Uma Noites” oneticamente equivalem, pois, a Véu de Ísis, ou seja, a “Livro em que certas verdades iniciáticas jazem ocultas”. Concordando com essas armações, nos diz por isso a Mestra H.P.B. que “em meio dos antásticos desatinos de As Mil e Uma Noites, muito poderia encontrar-se digno de atenção se os relacionássemos ao desenvolvimento de alguma verdade histórica. A Odisséia, de Homero, por exemplo, sobrepuja em aparente alta de sentido comum a todos os ditos contos juntos, e, apesar disso, está provado que alguns de seus mitos são muito mais que a criação imaginativa do velho bardo, porque, como disse Platão, “os mitos são vestimentas poéticas envolventes de grandes verdades bem dignas de serem meditadas.” Digamos, diante de tudo, que os precedentes do admirável livro estão muito obscuros, por serem eles verdadeiras “agadas”10 9. Notárico – processo cabalístico que consiste em ormar palavras com as iniciais de uma rase, ou em ormar rases com palavras às quais se dá por iniciais cada uma das letras da palavra. (N. do T.) 10. Do hebraico “agadah”, signic s ignicando ando “relato “relato””, “lenda” “l enda”.. (N. do T.)
31