Formas básicas das tríades:
Nas tríades aumentadas temos a quinta aumentada (#5) no lugar da quinta justa, ou seja, basta que você arreste seu dedo ½ tom acima na quinta justa do modelo que você fazia para a tríade maior
Nas tríades diminutas temos a quinta diminuída (b5) no lugar da quinta justa, ou seja, basta que você arreste seu dedo ½ tom abaixo na quinta justa do modelo que você fazia antes na tríade menor.
Praticando tríades em Standards de jazz: Após aprender as formas básicas de tríades (veja a vídeo aula de tríades e apostilas em anexo) vamos colocar dentro de músicas com algum tipo de variação harmônica. Um bom exemplo seria colocar dentro da música Autumn Leaves já que as mesmas possui algumas conduções harmônica muito exploradas no jazz como por exemplo a cadência IIm V I e VIIdim V Im. Vamos ver como fica. No primeiro exemplo estou tocando a tríade referente a cada acorde da música, sempre pensando acorde por acorde. Vamos nos ater a tocar as tríades no limite das 3 primeiras cordas e também separar o exercício por regiões, pelo menos 2 diferentes regiões. OBS: Estou usando sempre tríades aumentadas onde há acordes dominantes, dando com isso uma sonoridade de dominante alterado. Ciclo de quartas: C F Bb Eb Ab Db Gb B E A D G Ex1 (região 1) Ex2 (região 2)
Agora vamos trabalhar nas mesmas regiões, porém nas cordas 234.
Continue praticando nas outras cordas e se quiser também em outras regiões. Procure seguir o mesmo padrão em outros Standards de jazz ou então músicas de qualquer estilo que tenham variação harmônica.
Ainda pensando em tríades, vamos agora usar as sobreposições pensando no campo harmônico maior, ou seja, apenas pegando emprestadas as tríades vizinhas e usando para sobrepor tríades sobre determinado acorde, dessa maneira você vai criando cores dentro da tonalidade. Para melhor visualização e entendimento vamos pegar um acorde estático, no caso aqui vamos pensar em Dm dórico, pois seria o segundo grau do campo harmônico de C maior, porém aplique esse mesmo conceito em qualquer tonalidade e pensando em qualquer outro grau ou modo (se você ainda tem alguma dúvida a respeito dos modos dê uma olhada na vídeo aula de modos gregos). Campo harmônico de Dó maior: Graus: I C Iônico
IIm Dm dórico
IIIm Em frígio
IV F lídio
V G mixolídio
VIm Am eólio
VIIdim Bdim lócrio
Agora tocando sobre o playalong de Dm, todas as outras tríades do campo harmônico funcionaram como uma sobreposição de tríade sobre Dm, porém, cada tríade produzirá uma cor diferente. Vamos analisar agora o que acontece quando tocamos qualquer uma dessas tríades sobre o acorde de Dm, quais são as tensões e intervalos gerados. C gera: b7 9 11
Dm gera: 1 b3 5
Em gera: 9 11 13
F gera: b3 5 b7
G gera: 11 13 1
Am gera: 5 b7 9
Bdim gera: 13 1 b3
Sempre que tocamos a tensão 13 sobre um acorde menor enfatizamos a intenção dórica, porém as tensões 9 e 11 funcionam muito bem sobre qualquer outro acorde menor e são cores interessantes para se usar. Perceba que quando tocamos e nota C sobre Dm entregamos geramos a b7 do Dm transformando esse acorde numa tétrade menor com sétima menor. A princípio escolha 2 ou 3 tríades para ficar variando sobre a progressão de Dm, use o playalong para isso. Por exemplo, toque as tríades de C Dm Em depois tente outras combinações com menos ou mais tríades. Veja no vídeo como funcionam sonoramente algumas dessas combinações.
Tétrades: O primeiro passo nas tetrades é aprendermos as qualidades básicas que são: X7M (T 3 5 7), Xm7 (T b3 5 b7), X7 (T 3 5 b7), Xm7b5 (T b3 b5 b7) Essas qualidade são as que mais comumente aparecem e seria arriscado avançar sem antes ter o domínio dessas qualidades. Recomendo que você aprenda as tétrades em pelo menos 4 modelos, o ideal se ria aprender os 5 modelos e praticá-los dentro do ciclo de quartas em regiões especificas. Mais abaixo estou colocando alguns modelos que eu uso, mas você pode ficar a vontade para usar modelos diferentes. O estudo que proponho no ciclo de quartas é esse, onde você se mantenha o máximo possível numa mesma região do instrumento e então você toca os arpejos no conceito de ciclo de quartas:
C7M F7M Bb7M Eb7M Ab7M Db7M Gb7M B7M E7M A7M D7M G7M Cm7 Fm7 Bbm7 Ebm7 Abm7 Dbm7 Gbm7 Bm7 Em7 Am7 Dm7 Gm7 C7
F7
Bb7
Eb7
Ab7
Db7
Gb7
B7
E7
A7
D7
G7
Cm7b5 Fm7b5 Bbm7b5 Ebm7b5 Abm7b5 Dbm7b5 Gbm7b5 Bm7b5 Em7b5 Am7b5 Dm7b5 Gm7b5
Uma boa opção também é criar ciclos diferentes ou então misturar as qualidades dentro do ciclo, aliás, se esse processo é novo para você, seria interessante passar alguns dias somente praticando os arpejos dentro dos ciclos. Abaixo estão todas as possibilidades de combinação dentro do ciclo de quartas:
C7M Fm7 Bb7 Ebm7b5 Ab7M Dbm7 Gb7 Bm7b5 E7M Am7 D7 Gm7b5 Cm7 F7 Bbm7b5 Eb7M Abm7 Db7 Gbm7 B7M Em7 A7 Dm7b5 G7M C7 Fm7b5 Bb7M Ebm7 Ab7 Dbm7b5 Gb7M Bm7 E7 Am7b5 D7M Gm7 Cm7b5 F7M Bbm7 Eb7 Abm7b5 Db7M Gbm7 B7 Em7b5 A7M Dm7 G7
Vamos agora realizar o primeiro treino de ciclos mistos em tétrades. Nesse exercício eu estou subindo num tom e descendo no outro, é sempre interessante tentar conectar (1/2 tom ou tom) com a nota mais próxima do outro arpejo. Dessa maneira muitas vezes vamos começar o arpejo por alguma inversão, o que é algo mais trabalhoso para visualizar, mas é algo muito importante para quem quer tocar com fluência em progressões harmônicas mais complexas. Ciclo: C7M Fm7 Bb7 Ebm7b5 Ab7M Dbm7 Gb7 Bm7b5 E7M Am7 D7 Gm7b5
Vamos agora usar o standard de Autumn leaves para usar as tétrades. É interessante salientar que, apesar de estarmos fazendo um exercício, não precisamos tocar tudo de forma mecânica, portanto pausas e variações rítmicas são bem vindas, porém no exemplo abaixo eu vou tentar tocar de forma mais simples para fácil assimilação do conceito. Estarei mantendo também as tétrades dentro da mesma região e também tentando buscar as terças e sétimas dos acordes, pois são essas notas que caracterizam a qualidade do acorde. Eu escrevi a primeira parte do solo para demonstrar mas a segunda parte do solo em diante esta toda improvisada mas usando os mesmos conceitos de tétrades de forma intuitiva. Autumn Leaves (parte A)
Após aprendermos as 4 qualidades mais essenciais das tétrades (maior com sétima maior, menor com sétima menor, dominante e por fim sétima menor com quinta diminuta) eu encorajo que vocês também pratiquem as outras qualidade de tétrades que também aparecem bastante que são (Todas as tétrades são estudadas nos proficiencys da Berklee ao longo dos 8 volumes). Percebam que todos os modelos propostos abaixo podem ser visualizados a partir dos 4 modelos de tétrades que estudamos anteriormente. X7sus4 = 1 4 5 b7 (Basta pegar a estrutura do arpejo dominante (1 3 5 b7) e tocar a quarta no l ugar da terça maior) X7(#5) = 1 3 #5 b7 (Basta pegar a estrutura do arpejo dominante (1 3 5 b7) e tocar a quinta aumentada no lugar da quinta) Xdim7 = 1 b3 b5 bb7 (Basta pegar a estrutura do arpejo meio diminuto (1 b3 b5 b7) e tocar a bb7 no lugar da b7 X6 = 1 3 5 6 (Basta pegar a estrutura do arpejo maior com sétima maior (1 3 5 7) e tocar a sexta no lugar da sétima maior) Xm6 = 1 b3 5 6 (Basta pegar a estrutura do arpejo menor com sétima menor (1 b3 5 b7) e tocar a sexta no lugar da sétima menor) Xm7M = 1 b3 5 7 (Basta pegar a estrutura do arpejo menor com sétima menor (1 b3 5 b7) e tocar a sétima maior no lugar da sétima menor) X7M(#5) = 1 3 #5 7M (Basta pegar a estrutura do arpejo maior com a sétima maior (1 3 5 7) e tocar a quinta aumentada no lugar da quinta justa) X7(b5) = 1 3 b5 b7 (Basta pegar a estrutura do arpejo dominante (1 3 5 b7) e tocar a quinta diminuta no lugar da quinta justa) Xdim7M = 1 b3 b5 7M (Basta pegar a estrutura do arpejo meio diminuto (1 b3 b5 b7) e tocar a sétima maior no lugar da sétima menor) OBS: Apesar de parecer bem simples substituir uma nota do arpejo por outra, na pratica do nosso instrumento guitarra alguns desses novos modelos podem criar uma certa encrenca, por isso mesmo é importante que você toque os modelos que soam mais confortáveis para você, pois na hora do improviso os modelos confortáveis vão sair com mais fluência e segurança. Os Pianistas levam uma grande vantagem sobre os guitarristas quando pensam em montar arpejos exatamente porque as teclas estão emparelhadas de maneira horizontal e a maioria desses arpejos apenas exige uma pequena movimentação de um dos dedos enquanto que na guitarra o fato de tocarmos em cordas verticais nos exigem alguns malabarismos para que os arpejos sejam executados de maneira mais confortável, lembre-se shapes desconfortáveis a princípio devem ser evitados.
Sobreposição de tétrades: Vamos começar pelas sobreposições mais comuns e que funciona muito bem. Ex1: Na guitarra um dos que popularizaram essa sobreposição foi Wes Montgomery. Toda vez que tivermos um acorde menor, seja ele dórico ou eólio, podemos pensar na tétrade maior 1 tom ½ acima. Se temos o acorde de Dm tocamos sobre esse acorde a tétrade de F7M, dessa maneira geramos a tensão 9. Ex2: Quando usamos o IVm7 sobre um acorde menor obtemos as seguintes notas: 5 b7 9 11. Nesse exemplo toco Am7 sobre o acorde Dm. Ex3: Agora pensando no bVII7M sobre o acorde menor, então sobre Dm seria o arpejo de C7M que gera as seguintes notas: b7 9 11 13. A tensão 13 caracteriza o modo dórico.
Falando agora de acordes maiores, por exemplo, sobre um acorde C7M uma ótima possibilidade seria o uso do arpejo menor uma terça maior acima, então sobre C usaríamos o arpejo Em7 que geraria as seguintes notas: 9 3 5 7. Agora, entrando no mundo dos Dominantes o leque se abre absurdamente, portanto, vamos separar os dominantes em 3 categorias. Sem alteração (mixolidio padrão), Leve alteração e alterado (b9, #9, #11, b13). Sem alteração (mixolídio padrão): Sobre um acorde X7 temos basicamente 2 tensões que são a 9 e 13, portanto alguma das possibilidades da sobreposição de tétrade seriam. C7 tocar Em7b5 que gera: 9 5 b7 3 C7 tocar Bb7M que gera: b7 9 4 13 (apesar da quarta, gera 2 boas tensões) C7 tocar Am7 que gera: 13 1 3 5 C7 tocar Dm7 que gera: 9 4 13 1
Portanto, imaginando C7 como mixolídio temos (As minhas escolhas estão acima em negrito): I F7M
IIm Gm7
IIIm Am7
VI7M Bb7M
V mixolidio C7
Vim7 Dm7
VIIm7b5 Em7b5
Agora pensando em mixolídio com leve alteração, nesse grupo eu colocaria apenas a tensão #11 que é uma tensão bem amena dentro do modo da menor melódica chamado mixolídio #11. Para gerar a tensão #11 uma boa tétrade seria a D7 sobre C7 que geraria: 9 #11 13 1 ( O interessante é que aqui, além da #11 geramos também a nona e 13). Tente combinar os arpejos C7 e D7 ao mesmo tempo. Por fim, pensando nos dominantes alterados, podemos pensar em apenas uma alteração tipo: C7(b9), C7(#9), C7(b13) ou C7(#5) Nos exemplos acima você pode tocar a própria estrutura do arpejo dominante e acrescentar as tensões: C7(b9) = 1 b9 3 5 b7 C7(#9) = 1 #9 3 5 b7 C7(#5) = 1 3 #5 b7 Nos dominantes alterados é muito comum também acrescentarmos 2 ou mais tensões como por exemplo C7(b9,#9), C7(#9,b13), C7(b9,b13), nesses casos tríades também funcionam muito bem, mas como temos 2 alteração ao mesmo fica impossível de tocar as notas da estrutura do arpejo (1 3 5 b7) e ainda tocar as tensões, dessa maneira, é comum nas sobreposições ignorarmos algumas notas da estrutura básica do arpejo em prol das tensões. Algumas possibilidades de tríades maiores: Bb sobre C7 gera: 1 #9 b13 Ab sobre C7 gera: #11, b9 b7 Eb sobre C7 gera: #9 5 b7
Conclusão: Quando falamos de sobreposição de tríades e tétrades abrimos um mundo de possibilidades quase infinitas. Minha intenção com essa vídeo aula é apenas dar um ponto inicial nessas possibilidades, entregar algumas das minhas cartas preferidas e conversar um pouco sobre esse assunto. Pensar em sobreposição nos força, antes de tudo, a ter uma boa base nos princípios de tríades e tétrades e poder tocar as qualidades correspondentes de cada acorde, aliás, o básico é sempre o mais usado e esperado e se queremos quebrar alguma regra antes precisamos conhecê-las. Bons estudo e Deus te abençoe. Mateus Starling – www.mateusstarling.com.br /
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