- temática do fingimento; - 3 momentos: * 1ª estrofe: o poeta apresenta a sua tese: não usa o coração, sente com a imaginação e não mente; * 2ª estrofe: desenvolvimento e fundamentação filosófica da necessidade de usar a imaginação; o poeta pretende ultrapassar o que lhe “falha ou finda” e contemplar “outra coisa”; só o poeta é que pode ver a coisa linda, encoberta
pelo terraço; * 3ª estrofe: “Por isso” se liberta do que “está ao pé, que é a verdade para
aqueles que dizem que finge ou mente tudo o que escreve, em busca daquilo que é verdadeiro e belo; - mundo sensível vs mundo inteligível inteligível (da poesia); poesia); -antítese
sentimento
(coração)
/
pensamento
(razão-imaginação);
racionalização do sentir; oposição ELES (dizem) /EU (não); - o sujeito poético “empurra” para o leitor a responsabilidade da emoção, do sentir; Este poema, bem como o poema “Autopsicografia”, constitui uma espécie de “código poético”, encerrando os fundamentos da arte poética pessoana.
Plano estilístico
Aliteração em [s] (v.v. 3 – 10) (v. 15)
Aliteração em [f] (v. 7) Aliteração em [l] (v. 13)
A repetição expressiva do som [s] poderá estar associada à situação de tensão presente nas duas primeiras estrofes. As sibilantes incomodam, agridem o ouvido, provocam fricção. Confere igualmente musicalidade ao poema. Mesma expressividade. A repetição do som [l], mais “ fluído”, poderá apontar para o estádio de clarividência e convicção patente na 3ª estrofe.
Este recurso origina uma leitura contínua, sem interrupções, fazendo com que a mensagem veiculada não seja interrompida, nomeadamente pelas rimas. O conteúdo sobrepõe-se, assim, à forma.
Comparação (v.v. 5-8)
A comparação presente nos três primeiros versos da 2ª estrofe remete para uma divisão imaginária que separa o mundo sensível do mundo inteligível. Esta comparação constitui o cerne do poema, aquele momento em que o autor define o universo em que se move. O último verso apresenta valor irónico, marcado pelas frases interrogativa e exclamativa- o mundo das sensações fica reservado para o leitor e não para o sujeito poético.