5/13/2018
Ana Z. a onde va i voc ê ? - slide pdf.c om
marina colasanti·
ANAZ. ');AQNDE VAIVOGE?
http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
1/45
,)
( )
TEXTO
5/13/2018
Ana Z. a onde va i voc ê ? - slide pdf.c om
)
Editor F e rn a nd o
A s s e s so r a e d i to r ia l C arm e n
)
d e o c ig in a is
R u th K lu sk a R o s a
)
Revisao C elia C ris tin ad a S u p le m en to Candida
S ilv a
\)
d e I eitn ra
B , V , G a n ch o e A n to nio
q ue acon te ceria se a re alid ad e s e re ve la ss e m a is tan ta stica d o que a im aqinacao? E a p artir d e um a situa ca o co m um q ue A na Z . - pe rsona ge m p rin cip al d es te liv ro m aqico de M arina C ola sa nti -
)
"
L uc ia C am p o s
Preparado
o
)
P a ix ao
)
C ar lo s O liv ie ri
)
) )
) ) )
)
ARTE
)
Editor A ry A , N o r m a n ha
, )
C a p a e i lu st ra co es
. )
M a r i na C o l as a nt i Diagramacao A ry A , N o r m a n ha F u k uk o S aito A n to nio U , D o m ie nc io
)
)
)
)
Composido
)
E d so n V a nd er d e O liv eira P a gi na ~ iio e m v id eo M a rc o A n to nio
Impressa
\
F er na nd es
)
)
)
n a~ "~ 8 ' ; i c t od ' .
, )
IS BN 85 0 8 0 43 35
X
) )
2002 T o d os o s d ir ei to s r es er va d os p e la E d ito ra A t ic a Rua
Barna
d e l g ua pe , 1 10 - C E P 0 15 07 -9 00 S a o P a u lo - S P
T e l , : O X X 1 13 34 6-3 00 0-
F ax : O X X 1 13 27 7-4 14 6
)
repente, r o c e encontra u ma velha Jricotand o u m fio de aqu a 8, ad ia nte, um ho m em ~zul m ontad o n um )a m elo. V o ce po de ))en sar que se trata de ym so nho e be lisca 0 or6prio brace ... E sp an ta do , 'd es co bre q ue ,~ao esta do rm ind o e qu e )s im ag ens qu e ve sao .eais.
)
Internet: ht t p://w w w .at i ca.com.br e-mail:
[email protected]
) )
C a ix a P os t a l 2 93 7 - C E P 0 10 65 -9 70
De
circunstancia e xtra ord in a r ia , o nd e 0 ab su rdo e 0 inesperado s e to rn am p oss ive is. E e la v e rd a d e ir a m e n te nao esta sonh an do ... E rn b ar qu e n e ss a a ve n tu ra surpreen de nte jun to co m A n a, para co nhe ce r um m un do de m ultip le s e i nc r iv e is p o s s ib il id a d e s . D es cu bra c om o, a tra ve s d a Iite ra tu ra . se in te rp ene tram son ho e rea lid ade n a vid a de um a m en ina q ue esta crescend o. A o fina l d o liv ro , le ia ta rn be rn um a entrevista em q ue a e scrito ra fa la sobre su a vid a e sua obra.
.
) )
)
)
)
http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
2/45
)
(
-SUM A RI
5/13/2018
ANA Z. 7
a:~
DO FUNDO
)
8
E
D E M O R TE
) )
)
)
T O U P E IR A Q U A S E C E G A , Q U A S E M U D A M U lT O O U R O , S E M T E S O U R O 1 3 E SS E LU GA R
)
Ana Z. a onde va i voc ê ? - slide pdf.c om
)
COMECANDO
)
17
D E G R A o E M G R A o A N A A V A N C A,
24
11.S
)
)
)
')
)
I') ,
U M D E S E J O D E M U IT O S D E S E J O S
29
)
)
)
) )
)
~O N _D _E _E _LA ~SE _M _E _T ~E U ~?~3~2 Q-U-E-M----C--O--N-T--A---U--M C O N T O 34 M A IS C A R A Q U E U M C A M E L O
40
)
)
)
r) I
46D EVEN TOE MP OPA~ )
)
)
_ A ~ C I_ D A _ D _ E ~ S _ E M ~ IG ~ U A ~ L ~ 5 ~ 3 ~ o Q U E O S O LH O S NA o VE E M U M SA LT O R U M O
62
A s E S T R E L A S 68
A A C ,A O IM P R E V IS T A
)
)
) )
)
)
, )
69
!
)
)
~ )
E R A U M A V E Z 0 O E S T E 72 D E V O L T A A O C O M E ~ O 75
)
)
51
DE VENTO EM VENTO
)
)
)
)
)
)
)
o F U N D O R E C O M E ~ O 79 81 e nF IM~ ~ )
)
E N T R E V IS T A C O M M a rin a C o la s a n ti 83
)
~ )
O B R A S D A A U T O R A 88
..;;.....;;;..;.;.;......;.;;;~;.....;..;::;.....;:;...;...;.~-----
)
')
)
)
)
) http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
3/45
)
)
(
)
)
5/13/2018
)------------------------------------)
Ana Z. a onde va i voc ê ? - slide pdf.c om
A na Z.
)
\
)
)
)
)
)
))
) )
I
)
)
)
)
) I
)
)
) ) I
I
)
) )
) )
P a r a D a n i e la C o l a s a n ti , m in h a s o b rin h a
a
hist6ria co m e~a co m A n a debrucada
)?eira de ~m ~o ~o . A cho que chego u ali p~r acaso , m as nao po sso Jurar. N ao ser nem m esm o se 0 po ~o esta num cam po , o u num )jard im . A verdad e e que nao sei nada da vida de A n a antes deste )m o m ento . Sei qu e a letra Z e do seu so breno m e, m as igno ro as ) ou tr as le tr as . D e sc o nh ec o tu d o 0 m ais a re sp eito d ela. E u a e nco n)tro co mo vo ces, p ela p rim eira vez, m en ina a beira de urn po co , em qu e ag ora se d ebru ca. ) A na quer ver a agua no fundo . E p ro va ve l q ue q uis es se a te )ver 0 seu reflexo . M as nao ve. Po r m ais q ue o lhe, ve s6 um a esculi~ao re~o n da ~ co m prida, co m o urn tu n.el em pe. E n enhu m b rilho la ernb aixo . E ntao co spe, para O UV lr0 barulho do cuspe )batendo na agua, ) E talvez para o uvir m elho r que inclin a a cabeca urn po uco Jde lado e estica 0 pesco co . M as nesse g esto ... plaft! 0 co lar de )co ntas b rancas, co n tas que eu vi bern antes d.e~a se inclin ar, e q ue sao de m arfim , cada um a entalhada no feitio de um a ro sa, )prende-se no bo tao da blu sa, e parte-se. N um instante, um a
)
)
I
E sta
( ) )
)ap6s a o utra, co m o m eninas em fila o u go tas de cho ro , as co ntas yaem na escuridao do po ~o . E A na, sem tem po para reagir, ve )cada co nta to rnar-se um a m an cha branca, dep o is m anchinha b ran ca, p on to b ra nco , p on tin ho , b ran co n en hu m. ) L a em baixo , nada se m exe. N em A na o uve qualqu er baru)lho de agua, ) "M eu co lar! " , p ensa co m fo rca, qu ase pudesse pesca-lo co m seu desejo . M eio que cho ra, m eio que o lha em vo lta pro curando \o lu~ao . Po is so lucao tern que haver para co lar tao querido .
)
]a vai esfregar o s o lh os para co m a lagrim a apagar a ard en)cia, q uand o estes v eern o s degrau s, e nao querem m ais saber d e /sfrega~ao . N ao sao degraus de verd ade, feito o s da escad a da casa de A na. Sao degraus de ferro , escuro s d e ferrug em , crava)
)
•
7
) http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
4/45
(
)
)
d o s co m o alcas nas paredes do po co . N ao tern urn ar m uito ani- ) Ana Z. a onde va) i voc ê ? - slide pdf.c om m ado r, nem rnuito firm e. M as e po r eles que A n a po de ir bus) car as co ntas do seu co lar. ) V am os descer co m A na. D evagar. Passar um a p erna po r ) c im a d o p oc o, te sta nd o 0 d eg ra u c om 0 pe , 0 co rp o a in da m eta de \ ) ) p ara fo ra m etade p ara dentro . A g o ra a o utra perna. C u idado . ) ) A beira do p o ~o e esco rreg adia, as p aredes sao cheias de lim o. ) A na nao sab e se suas rn ao s estao suando , o u se e a um id ade do s: ) d eg rau s, m as se gu ra firm e. O s p es ta te ia m. 0 c orac ao e sta m uito ) ) m ais apressado qu e ela. U rn degrau. O utre. M ais urn . ) - A final - diz A na b aix inho , tentando m inim izar a des) cida -, urn po co e s6 um a cham ine ao co ntrario .
5/13/2018
D e po is d o s c in co p rim e ir os d eg ra us , s en te -s e m a is c o nf ia nte . N ao em relacao ao po ~o , m as em relacao ao s degraus. Ja sabe que eles agiientam , p ode descer. S6 nao sabe 0 que a esp era la embaixo. D escendo , enquanto cuida de m anter 0 m ed o q uie tin ho
)
)
)
)
)
)
)
no fund o d o esto m ago , A n a perde a co nta do s degraus. Sab e que sao m uito s. O lha para cim a, pro cu rando ter um a ideia da d istan cia . V e, d os lad es, 0 escuro do po co , a bo ca la n o alto , re do nd a, lu rn in osa . E , a m edida que desce m ais, e m ais, 0 escuro: p arece crescer, a bo ca vai dim inuindo . A te ficar redo ndinha e p eq ue na, esp ecie d e lu a clara em n eg ro c eu , A na esta ju stam en te o lh an do p ara e la , q uan do 0 pe, ja aco stum ado co m o s deg raus, ' leva urn su sto . D e rep ente, to co u 0 chao.
)
)
)
)
)
)
)
)
)
)
)
)
)
Comecmdo dofundo I
C om
o s do ispes no chao e as rnao s aind a no s degraus, para po der fug ir depressa se fo r precise, A na ten ta ver algum a co isa ao redo r. Esta tu do tao preto , que a principio nao co nsegue enxerg ar n em m esm o seus pes. Po rern, ao s p ouco s, o s o lho s se aco stum am . E co m o se a lua la no alto tivesse saldo de tras de algum a nuv em , A na co m eca a entrever a presen~a de u m a p es so a s en ta da .
8 •
http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
)
)
)
)
)
)
)
)
)
)
)
)
) ) )
)
)
)
)
)
)
)
)
5/45
(
)
-
C ade peixes, se nao tern agua nenhum a? .- O la - diz a pesso a, co m a delicadeza d e quem achaAna )Z. a onde va) i voc ê ? --slidePeixes??? pdf.c om ) E A na o lha em v o lta, naquele po co seco , quase querendo pe_rfeltam ente no rm al ver um a m enina chegar ao fundo do pr6- ) comprovar 0 q ue d iss e. pno po ~o . ) - Po is ai eque esta' - exclam a a senho ra, co ntente de - O i - respo n de A na, que ago ra distingue claram ente I ) ) po der enfim desab afar. - E u falei, vo ce nem presto u atencao ... um a senho ra de cabeca branca. \ ) ) A gui ?aO ch?,ve hi r:1 Uito , m ui~ issim o tem po . E m eu s p eix es, Po r cim a do seu trico , a senho ra so rri. Em punha duas agu- ) coitadinhos, ja nao tern co m o vrver. Esto u trico tando para eles lh as v erm elh as, g ran do nas, e 0 fio sai de dentro d e urn balde. ) este ultim o fio de agua que guardei no balde, m as ... A na estranha. Po r que 0 balde? M as a pergunta que A na tro uxe I ) - Trico tando agua!? co nsigo la de cim a nao agiienta esperar, e pula na frente, antes' ) - C laro , m enina. V o ce nao tern ideia de quantas co isas de qualquer o utra. ) se po dem fazer co m urn fio d'agua. Pareee po ueo , m as nao e. - Po r acaso , a senho ra viu as co ntas do m eu co lar caindo ) D a para urn bo rn co berto r, fresquinho , lim pinho ... N ao tern aqui em baixo ? - pergun ta co m sua vo z m ais gentil. ) ) nada m elho r. So bretudo para peixes. E nao rasga, sabia? - A hhh! ?Eram co ntas?? - desapo ntada, a senho ra deixa ) ) - M as o nde estao o s peixes? - pergunta A na, m ais intecair 0 tr~co no regaco . O lha para cim a, co m o se pesquisasse ) ressada n~ sua co nta do que na utilidade de urn co berto r d'agua, a qu ele d istan te p e.d a~ o d e ceu, E diz para si m esm a: - Q ue. ) ) - E isso , eles nao quiseram esperar eu aeabar ... Fo ram po r p~na.:. -. D epo is, para A na: - Pensei que fo sse granizo . ) ali, nessa aguinha do fundo - e a velha senho ra apo nta arras de si. Fiquei t~o co ntent~! ... A ge~te bern q ue p recisava de urn po uco ' ) ) A na o lha para 0 c ha o. A giiin ha , e xa ta me nte n ao se p od eria de gra01zo - suspira pensativa. - H i tanto tem po nao cho ve. i ) dizer. E po uco m eno s que urn filete, po uco m ais que um a um iE lo go , vo ltando a so rrir: - M as se sao co ntas ... devem ) ) dade. M as para peixes esperto s, talvez ... A na aco mpanha co m 0 estar po r ai no chao , devem ter ro lado . Pro cure, m enina, pro cure ( ) ) pe aquele m olhado , anda alguns passo s de o lhar eravado no chao , q ue v oce ach a. ) ~ao fo ss~ perder a tal aguinha o u pisar em algum peixe retardata.. D e co .co rasprim eiro , depo is de quatro - que se dane a ) ) no . E ers que, de repente, quando eu ja estava co m m edo dela sU Jeua no s jo elho s -, A na v ai passando a m ao pelo chao , bus- ( ) esbarrar n a parede do po ~o , dam os de eara as duas co m um a abercand o as m anchas m ais claras, reco lhendo , um a po r um a, as ro sas ( ) ) tura em . arco , ,em que nao haviam o s reparado antes po r causa de marfim.ja tern tantas na palm a esquerda, que nem co nsegue . E vento a entrada a mespecie fechar o s dedo s. E nenh um a m ancha branca brilha m ais na escu- ( ) )) da o ndeescuridao so pra urn zinho defrioumco o urn ode utolo nongo . co rredo r, de r id a o. E n ta o s en ta -s e e , e n fi le ir an d o a s c o n ta s, t en ta r ec o m p or 0 co lar. ( ) , ,M _asp o r ~ais que ajeite, que co nte e to m e a co ntar, nao ) )---------------------------------ha duvida, ~sta faltando um a. E lo go a m ais bo nita, a m aio r, aquela que ficava bern no centro , a que ela go stava tanto de ali- ) sa r c om 0 dedo . . ( ) ) - Falta um a! - exclam a, quase pensand o em vo z alta. )
5/13/2018
; T o u p e ir a q u a s e ( e g a , q u a s e m u d a
A senho ra, que ji havia reto m ado seu trice, para o utra vez, ' ') o bservando a d ecepcao de A na. Q ue pergunta: ' - A senho ra nao viu... - N ao , m inha filha, nao vi nao , eu estava trico tando ... ' ) M as, se nao est a al, s6 po de ter sido urn do s peixes ... ach o u ) b o n it a, e n go l iu . ) I
)
\
10 • http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
) A diante pareee ate m ais escuro que 0 resto. ) M as A na ago ra enxerga que nem gato . E , se tern m edo , a vo ni tade de ir em frente e m u ito m aio r. E stic an do 0 ro sto , quase a \ ) farejar 0 d es co nh ec id o, a ba ix a-s e u rn p ou co , p as sa p ela a be rtu ra , co meca a avancar. )
.
)
')
I
)
)
)
)
.11
6/45
I,
)
)
o g opdf.c p erceb e q u e a lu z n ao v ern d o fu n d o _ 0 fu n d o ta l) a onde va)i voc ê ? -Lslide E d iferen te aq u i. A s p are d es, em certo s trec h o s, p arecemAna Z. om v ez esteja lo ng e. V ern d e u ma cu rv a. talh ad as: n a ro ch a , sao asp eras, em po eirad a s. 0 ch ao e ch eio d e ) ) T ac, ta c, v ern tarn b ern d a c urv a u rn estran h o b aru lh o . A n a p ed ra s, d e b ur ac os , c om p le ta m en te ir re gu la r. E p r ec is o c u id a d o )en g o le em seco , co mo se estiv esse co m sed e. "A ag u a", p en sa, p ara an d ar. E , p o r to d o lad o , e stacas d e m ad e ira esc o ran d o 0 )"faz m e sm o u m a falta en o rm e aq u i e m b aix o . E n ao s6 p ara o s teto e as p ared e s o b rig am A n a a se ab a ix ar, se esg u eirar. \ ) )p eix es". C am in ha, v ai c heg an do cad av ez m ais p erto . T ac , tac, "M elh o r", p en sa ela , q u eren d o asso p rar n a s b rasa s d a sua ) faz-se m ais alto e a sp ero 0 b aru lh o. A na esta q uase ch eg an do . co ra ge m q ue am eacam se ap ag ar. "S e e sta esco rad o, p elo m en os
5/13/2018
I
)
n ao ca i n a m in h a cab eca.' ) M al aca b o u d e p en sar, p lo ft! U rn to rrao d e terra cai b ern ) p erto d o se u pe. S ob re ssa ltad a, A na p ula p ara tras. A altura m esm o d o s seu s o lh o s, u rn b u ra co ap areceu n a p ared e.U m , b uraco pe qu en o, d e b eiras saltad as, q ue p arece m ov er-se, v orn i- ) tan d o u rn resto d e lam a e cascalh o . E d e o n de su rg e p rim eiro ) l_ :!m aa tin ha , d ep ois, re pe ntin o e ra pid o, u rn fo cin ho d e to up eira . ) E u rn instan te, lo go ele se reco lh e. M as A na v iu 0 pelo, 0 n ariz ) barreado.
)Le va nt a u ma p ern a, d em oran do b ern m ais q ue 0 n e c e s sa r io , p a r a )p assar p or cim a d e u ma estac a. D ep ois, le nta men te, b ern len ta)mente, 0 m a is le nta m en te p o ss iv el, v ira a c ur va . E q uase esb arra n um m in eiro .
"A on de sera q ue ela v ai?", p ergu nta-se A na, im ag in an do ) o c on tin uo tra ba lh o d aq ue la s p atin ha s, 0 fo cin ho f orc eja nd o n o e s tr e it o e s cu r o . ) " Se ra q ue te rn p re ssa d e c he ga r a a lg um lu ga r? ", p erg un ta s e a in da . " Ta lv ez a to ea d ela, o u ao s filh otes. O u sera q ue aind a e so lteira e s6 cav a, co rre n d o , co rren d o , p o rq u e e to u p e ira e a ) u nica co isa q u e sa b er faz er e cav a r?" ( ) B ern q u e A na go staria d eestar e m u m a d aq u elas h ist6 rias , em q u e o s a n im ais fala m , ch eio s d e sab ed o ria. Po deria te r en tao )
)
r
http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
(
)
)
M u it o o u r o , s e m t e s o u r o
~ .
Q u e e urn m in e iro ela sa b e n o ato ; p o rq u e essu jo co mo u rn lim pad or d e c ha min es, p orq ue u sa aq uele ca pacete c o m lim p ad a n a cab ec a e, so bretu d o , p o rqu e esta co m u m a lesp ecie d e p icareta n a m ao , tiran do p ed aco s d a ro ch a. ) E , n o ex ato m o m en ta em q u e sab e q u e e u rn m in eiro , )A na p erc eb e tam bem q u e aq u ele e stra n ho co rred o r e sim plesm en te u rn b race de m in a.
) ra
)
)
12 •
)-------------------------------------
)
u ma b ela co nv ersa esclare ced ora , ap re nd er tu do so bre a v id a e o s sen tim en to s d as to up eiras. M as n ao esta, a to up eira ja su m iu . \ ) E ela p r6p ria tern m ais 0 q u e faz er a dian te. ) S 6 e ntao se d a c on ta d e q ue n ao se d esp ediu d a v elh a se nh o, J ra. O lh a p ara tras, ten tad a. S eria u ma b oa d escu lp a p ara v oltar, ) d e si st ir d a p ro c ur a. A frente, 0 n in el s er pe nte ia , te nta do r. B rilh a f ra ca , n o f un d o, u ma c la rid ad e. ) "B o b ag em ", p en sa A na, sen tin d o crescer a v o n tad e d e ex p lo rar. "E la estav a tao in teressad a n o trice, n e m p erce b eu q u e ) eu sai, D e q u alq u er je ito , yo u. ter q u e v o ltar p o r aq u i m esm o. f ) N a o d em o ro , falo co m ela d e p o is." ) E c on tin ua e m fre nte . r
)
I
) T ac, tae. E n tao era este 0 ba ru lh o. A p on ta de fe rro d a p ica) reta b aten d o n a p are d e d e ro ch a . 0 m in eiro trab a lh an d o , co m ) aq u ele s o lz in h o p o rt at il n a te st a, t ir an d o p e da co s d a s t ri pa s d a t er ra . o so lz in ho v ira -se p ara A na , q ua se a o fu sc a, 0 h o me m diz ) q ua lq ue r co isa, A na n ao en ten de d ireito , v e 0 b rilh o d o s d en te s )_ co m o b rilh am n o ro sto tao p reto de p o ! D ep o is 0 solzinho )se d eslo ca, e d e n o v o , ta c, tac , a p icareta n a pe d ra. 0 m in eiro ) v o lto u a o se,u trab ~ lh o . . . _ O la _ d iz A n a, resp o n d en d o a q u alq u er co rsa q u e ele ) p oss a te r d ito , e m b o ra e le n ao p are ca e sp era r re sp osta . ) D u ran te alg u m tem p o , A n a ach a g rac a em ficar o lh an d o . O lh a c om o s o lh os, e nq ua nto c om a c ab ec a c on ve rsa p ara d en tro . o p en sam en to d ela n ao v ai em lin h a reta, b e m -co mp o rtad o . )
)
)
)
)
)
)
)
)
)
• 13
7/45
Pula do que esta vendo para 0 que esta sentindo , vo lta para 0 ) ) - O uro . q ue esta vendo , faz perg untas, da respo stas, vai e vern . E o tem poAna Z. a onde va i voc ê ? --slideOpdf.c uro om ?!?!?! !!!!!!! to do em purra ela para falar, e reco m enda-lhe que fique quieta. ) ) A na se espanta. Prim eiro po rque sabe que o uro e precioso, o p en sam ento de A naco nversaco m elam ais o u m en os assirn :' J ) precio sissirno . N inguem fala em o uro co m o fala de qualquer "E le vai acabar dando co m essa picareta no dedo ... Sera J ) o utra co isa, ninguern fala em o uro sem bo tar pelo m eno s urn qu e e d ific il p ic areta r? ... E u so u e boba!", 0 pensam ento ri de ) ) po nto de exclam acao .l. Segundo , po rque nunc a viu urn o uro tao alivio e superio ridade. "C o m tanto m edo , achando sei la 0 que, diferente. 0 o uro que ela co nhece e 0 das j6ias da m ae e 0 do que depo is da curva tinha m onstro , assassino . .. M ina de que sera ) ) r elo gio do avo , aquele rel6gio que ninguern usa, nem 0 avo , e esta, que s6 tern ele aqui? .. Sera que ele sai de no ite para do r- ) ) que vive trancado num a caixa, no fundo de um a gaveta, senao m ir, o u a casa dele e aqui m esm o ?... C asa sem co zinha? ... E ) ) ro ubam po rque e de o uro . assim so zinho ... C arvao da em m ina? E ssa pedra e ta o p re ta , - Tern certeza? parece m esm o carvao . M as pedra nao pega fo go que nem carvao , ) ) - O ra, garo ta, o lha aqui - 0 m in eir o e ste nd e 0 pedaco nunca vi ninguern bo tar pedra na lareira o u no fo gao ... Se eu ) ) d e ro cha para A na, jo ga urn so l do m eio -dia bern em cim a dele. perguntar, vai achar que so u enxerida ... E u nao falei que ele ia ) ) A na ve um a co isa que brilha, la dentro , fininha, que po de acertar no dedo !? Tam bern, co m esse tro co pesado ... M as bern ) )ser do so l,/ q~e po d.e ser 0 o uro , m ~ .que A n~ tern certeza, ah! que eu queria perguntar de que que e essa m ina, e 0 que ele tern, que e tao bo nito quanto 0 relo gio do avo .
5/13/2018
esta fazendo aqui, e po r que nao tern o utro co m ele trabalhando junto , e ... " A na nunca tern certeza, co m essa co isa de fazer perguntas.. N unca sabe direito quando e para perguntar, e quando e qu e vao achar que esta se m etendo o nde nao e cham ada. Ela tern sem pre tantas perguntas para fazer. E cham ar, cham ar de verdade, ninguem cham a. Entao acaba se m etendo assim m esm o . E um ar p erg un ta do ra a uto n om a . - Essa m ina aqui e de quem , hein? Pro nto , A na nao resistiu. N em po dia, ja que nao fez fo rca p ara resistir. M as 0 ho m em nao parece inco m odado co m a per- I g unta. ]a chup ou 0 dedo am assado - co ragem dele, bo tar urn dedo tao sujo na bo ca! -, e ago ra esta exam inando 0 pedaco de pedra que tiro u. - C o m o , de quem e? -levanta a c abeca o lhando para A na.. - Q uem e 0 do no ? E vo ce? - D o no ? Q ue ideia' - saco de a cabeca, e 0 s o lz in ho v ai ) pr a c a e pra la, co mo se estivesse balancando na po nta de urn fio . - N ao tern do no nao . Q uanto m ais eu! - so rri co m a ideia, depo is fica serio . - A m in a esta aqui. Eu esto u aqui. S6 isso . Eu e sto u a qu i p orq ue s ou m in eiro , e o s m in eiro s tra ba lh am n as m in as . - Em ina de que?
14 •
))
) )
)
)
)N ao vendo para ninguern, nao . . ) O lha para ela, e A na repara que o s o lho s sao lim po s, no ro sto sujo . "O lho nao e que nem o relha", pensa ela, "i: ur n ) bo cado dificil de sujar. A gente usa 0 dia inteiro e nem lava no ) b anho !". M as ja ele co ntinua: / ) - 0 o uro n ao e para vender. E para o s peixes, P ara f az er a s e sc am a s d ele s,
)
)
) ) )
)
) ) )
) )
)
)
)
-
E p ara quem vo ce v ende? V o ce e esqu isitam esm o! Q ue neg6cio e esse d e vender?
E , diante da expressao de incredulidade de A na: - C o m o que vo ce quer que eles tenham escam as do uradas, se ninguem )pegar 0 o uro p ara eles? O s peixes, de no vo . A na quase tinha se esquecido deles. JE m v oz alta co ntin ua 0 interrogatorio: ) - Eles precisam desse o uro to do ? ) - Q uem disse que eu tiro to do ? S6 tiro 0 que eles usam . ) E quanto sera que eles usam ? E co m o sera que ele faz as escam as? E o que aco ntece co m as escam as depo is que urn peixe
)e
)m orre? E quanto dem ora urn peixe para m orrer? Peixe tern do en)~ a? E xiste rem ed io p ara p eix e????? A na esta tao ch eia de p ergun ) ta s, q ue 0 peito parece co m ichar. M as ja que nao po de pergunta r tu do 0 que quer saber, pergunta apenas 0 mais importante, )
)
•
15
)
)
http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
)
)
8/45
-
V o ce v iu o s peixes passando po r aqui a cam inho de
lugar?
5/13/2018
algum
)
-) U m a co isa ainda prende A na. U rn desejo m ais. Ja que vai ) ~ tras do s peixes, sera que 0 m inejro n~ o v= o u tr a la rn pa da igual a dele, para lhe em prestar? E pedir m urto , ela sabe, m as ) nao vai dem orar, ja ja vo lta, e seria tao m ais facil co m aquela luz. 1 0 m ineiro , que fica sem pre ali so zinho , ano s a fio sem co n; versar co m ninguem , ja ~ e sente ,am igo de A na, q~ase/ l~tim o. E po r que nao em prestana um a lam pada a um a am lga intim a? ) A ssim , eapaeete lum ino so na cabeca, eseam a de filho te no
Ana Z. a onde va i voc ê ? - slide pdf.c om
E
claro que ele nao viu, co m o e que po dia ver, se estava de cara para a pedra, trabalhando ?' - E nao o uviu nada? ' O uvir co m o , se peixes nao falam nem fazem barulho ? M as que ela nao se preo cupe, nao po dem ter ido m uito lo nge, sem pernas e co m essa falta de agua ... E tam bem , aqui nao tern m ui-' to s cam inh os, so aqu ele. E ap on ta. T udo 0 que ela tern que fazer e ir em frente, pro curando nas po ~ as, no s m o lhado s. - E vo ce, co m o e que vai fazer, se o s peixes fo ram em bo ra? ( V ai trabalhar para quem ? - pergunta ainda A na. - N ao fo ram em bo ra. Fo ram so ate algum lugar, pro curar agua. A co ntece, nas secas. D epo is vo ltam . E les precisam tanto de m im , quanto eu deles. Eu espero . A go ra A na p od eria rnu ito b ern ir arras d os p eixes, N ao tern , m ais razao para ficar ali. M as faz que vai, e nao vai, po rque urn desejo enro sco u-se no seu to rno zelo feito um a co rda, e nao a' d ei xa s ai r. I H e si ta . A b a ix a 0 queixo no peito . D epo is levanta a cabeca e, nu ma arran cad a, lib e ra 0 to rno zelo : - D a um a escam a pra m im ? o m in eir o p ara , d es co n fia do . - Pra que? - D e Iernbranca. \ - N ao po sso . M esm o . A qui nao se desperdica nada. N ao ( se tira nada que nao se vai usar. - D esperdicio co isa nenhum a! Q uem disse que nao vo u ( usar? Lernbranca e rnuito m ais iitil que escam a. V ou usar a vida to da. Juro . ( r
-~?
Q ue b on ito 0 so rriso do m ineiro ! E le se abaixa, abre um a caixa de ferro tao escura quanta a pedra, cheia de gavetinhas.
) ) ) ) ) ) ) )
) bo lso , A na se despede, e segue eam inho . ) A o s po ueo s, tae, tae, 0 ru id o, q ue rec orn ec ou , e sm ae ee , v ai fic an do p ara tra s. )
)-----------------------------------
) ) )
) )
) ) ) )
)
) )
.»
)
) )
)
) ) )
)
E tao bo nito , que A na da um a balancada na cabeca s6 para vedesenhar 0 eseuro . E , num susto , e 0 co racao de A na que ) balanca e salta dentro do peito , esbarrando nas eo stelas. P or um instante, 0 raio bateu num vulto braneo .
)
(
http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
)
)
) '
A na no ta que 0 teto esta ficando cada vez m ais baixo , as paredes cada vez m ais pro xim as. Tao baixo e tao pro xim as, que nao ha m ais estaeas. A ha se abaixa, eam inha urn po uco , co lando bern o s braces no eo rpo . Se abaixa m ais ainda, avanca quase de co co ras naquilo que ago ra viro u urn tunel apertado , o u um a especie de funil, C o m no jo , sente teias de aran ha eo land o no s cab elo s, en co lh e 0 p es co c o b us cando a pro tecao da go la. "P areco urn sapo ", pensa. E nem bern
) 10
r
\
E ja nao se o uve, quando
) e nc er ro u 0 pen sam ento , p erceb e q ue 0 a pe rto a ca bo u, n en hu ma po nta fria ro ca m ais nas suas co stas. A na saiu em algum lugar. ) 0 negrum e e 0 m esm o , m as u m e sp a~ o m aio r a briu -se a o s eu re do r. ) U rn cheiro diferente, m ais s een e sem m o fo . E a p ri m ei ra co isa que A na pereebe. E calo r. A qui e bern rnais quente, aba) fado . C o m lento cuidado , enquanto se po e de pe, A na levant a ) a cabeca, para ilum inar em vo lta. ) 0 raio de luz do seu eapacete salta para dentro da eseuri) gao , se estica to do , vai se m ovendo desim pedido co mo um a vara.
A bre um a gavetinha. E stende a m ao para A na. ' ) N a palm a, urn brilho quase transparente, um a agulhada I ) de o uro . ) - C ui dado para nao perder. E escam a de rab o d e filho te.
16 •
e d e m o tt e
)
) I
E s se lu g a r
)
)
'\
17
)
)
( )
•
)
9/45
) a dia nte , 0 h o mem q u e a assu sto u tan to . V estid o d e, b ran co ele A na se en co lh e to d a, esco n d e a lu z co n tra 0 ch ao . M as, ( ') Ana Z. a onde va) i voc ê ? bern, - slide pdf.c tam co om m um a ~ arb a ce rtin h a ~ertin h a, sain d o co m o u rn p o r m ais q u ieta q u e fiq u e, 0 ar p arece sair d o seu n ariz co m I ) . rab o d a p o n ta d o queixo, eo co rp o v irad o d aq uele m esm o jeito . ~ aru lh o d e v en tan ia, e ela tam pa 0 n ariz e ab re a b o ca, e ag o ra ( ) Sirn , A na ja viu fig uras assim to das d e p erfil, ja v iu n o s liv ro s, e 0 san g u e b aten d o n a su a cab ec a q u e faz urn b aru lh ao , u rn ) ) sa b e m uito b ern d e q u e g en te se trata. V eio p a rar n u m m useu ? b aru lh ao tao g ran d e q u e ela tern certe za d e q u e 0 v u lto b ran co ' ) ') ~ a~ n ~ o tern ca rtazin h o em lu ga r n en h u m , n em ex tin to r d e e s~ a o u_ vin do , e a va nc a p ara e la , e v ai a ch a-Ia , v ai a ga rra -la , v ai, '! ' in cen d io , n ao tern to m ad o r d e co n ta, e 0 ch ao e to d o esc alav al, v al. ) v rad o . N ao , n ao esta n u m rn u seu . T alv ez en tao ... "M as na o , A na ab ra ca seu s jo elh o s c o m tan ta fo rca q u e o s braces I ) ) n ao e possfvel!' N ao p o sso acred itar!", d iz u m a m etad e d ela, d o em . E sta q u ase se n tin d o a m ao d o v u lto , a g arra d o v u lto , ) ) en q u an to a o u tra m etad e ja e sta acre d itan d o . E lo g o , esp a n ta crav an do a s u nh as n o seu p esco co . Q ua se. F alta p ou co . P ou qu is- \ ) ) d as, as d u as m etad es se p erg u n ta m ju n tas: "C om o e q u e v im sim o . U rn m o m en ta s6 . M as falta. A q u ele m o m en ta p assa.. ) . p arar en tre o s eg Ip cio s? !". F ica faltan d o s6 m ais o u tro . M in im o m o m en to . Q u e tarn b em . ) A d esco b erta d a u rn can saco tao g ran d e n o s jo elh o s d e p assa. N e n hu m p asso se ap ro x im a. N en h u m a g a rra se ab ate ) ) A n a, q u e ela q u ase q u er sen tar. A h ! se tiv esse alg u ern c o m so bre a su a n uc a. A na espe ra. 0 san gu e ja n ao b ate co m tan ta fo rca. ) ) q u em falar, alg u ern a q u em p e rg u n tar co m o e p o r q u e. E n tao , b ern de v ag arin h o , A n a lev an t a a cab eca. E , n ao )
5/13/2018
v en d a n in g u ern ao seu la d o , d eix a a lu z p ro cu rar a presen ~a assustadora. P rim eiro , n ad a, s6 esp a co p reto . D ep o is, u m a m a n ch a ) m ais clara. U m a p are d e. E p ro n to ! A lu z b a te n ele n o v am en te, ) n o h o m em v estid o de b ran co . A n a v ira a cab e ca d ep ressa, d es- ) v ia a lu z. Po rem , se m tan to m ed o d esta v ez, co n seg u iu p erceb er qu e 0 o u tro esta d e pe rfil, e n em se m ex eu p ara o lh ar p ara ) ela . S ilen cio . N ad a aco n tece. ( ) S6 a lu z d e A n a co m eca a se m ov im en tar. P erco rre len ta- ) m en te a p are de , ilu m in a p eq u en o s d esen h o s d esb o tad o s q u e / ' n ao h av ia ilu m in ad o an tes, e ch eg a a d o is p e s ca lc ad o s d e san - ' ) d alias. Im 6v eis. A lu z e 0 o lh ar d e A na so bem p elo s to rn o zelo s,: ) b atem n as p reg as b ra nc as d a ro up a. C on tin u am su b ind o . E eis i ) q u e A n a ri sem risa d a, m eio trem id a p o r d en tro d e aliv io e ) g ra~ a. N ao e u rn h o m em , e u m a m u lh er, e n ao e g en te, e u m a p intu ra n a p ared e. ( ) A g o ra q u e esta qu a se aleg re , A n a p o d e ch eg ar p erto p ara ) o ~ h ar. A ro u p a e co m prid a, m eio tran sp a ren te. O s p es esta o ') v ir ad o s ~ a ra 0 lado, 0 ro sto e sta v ira do p ara 0 la do . A n a ja v iu ) u rn p erfil co mo aq u ele, co m 0 o lh o tao g ran d e, m aq u ilad o de p re to . J a v iu a qu ela fra nja g ro ssa , 0 e nfeite n a cab eca co m u m a ) serpe n te sain d o b ern n o m eio d a te sta. M as na o , n ao p o d e se r. ) A n a m o v e a lu z ao lo ng o d a p ared e. E a li esta, pin tad o m ais ) 18 •
• 19
)
)
)
http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
\
)
)
10/45
M as ji que esta so zin ha, apro v eita para ilum in ar m ais ao ) reassum ir. Po is ali, nas rnaos daquele ho m em , su rgiu do pap eJ Ana Z. a onde va i voc ê ? - slide pdf.c om redor. 0 teto , sustentado p o r u m as co lun as g o rdinhas, nao e ) tu do 0 q ue ela m ais deseja nesse m om ento : urn lindo s a nduim uito alto . A s paredes sao pintadas, ch eias de sinais, figuras. c he d e m o rta de la . ) T ern ca mp on eses c ortan do trig o, m ulh ere s to can do in stru men - Ji que v o ces nao sao ladr6es de rum b as, 0 que sao ? to s, pesso as n um a casa. T ern ate criancas, o u u mas p esso in has ) - pergunta A na, saindo do seu esco nd erijo . ) U rn po tin ho cai no chao , a d entad a no sanduich e fica a pequenas. ) m eio cam inho , o s ho m ens o lham su rpreso s para A na. "Tivesse balao, dava u ma hist6ria em quadrin ho s" , pensa
5/13/2018
)
A na divertida, ac om pan han do a s p in tu ra s. Pela po rta, sem p o rta, ao fundo , A n a ve que esta sala da para o utra sala. V ai ate la. O utras po rtas sem po rtas. Q u e dao p ara o utra s sa la s. T od as p are cid as, to da s p in ta das, to das v azias. "Sera urn labirinto ?", p erg unta A n a a si m esm a. "M as la birin to p ra q ue? " "O u sera um a tum ba?!!!" Tu m ba, rum baa, tum baaa, repercute a palavra feito urn eco na cabeca de A na. E la dentro 0 e co c o mp le ta " sa rc O fa go ", "murnia". E justam ente no m o m enta em que 0 m ed o da, rm im ia alfineta to d a a pele de A na, que um a das ab erturas se ilum ina, co m o se o utra luz viesse vin do , e A na o uve vo zes. "Ladroes de rum bas!", pen sa, atro pelada po r no vo susto . Isso tam bern ela co nhece, viu no cinem a. "C acado res de teso u£o s!" Sao eles, certam en te. D ep ressa , A na a pag a seu c ap ace te . Rapida s e e s co n d e arras d e u m a especie de pedra.
) - Llaadd rr66eess dd ee ttuu m m bbaass??!! - ex clam am ) o s do is qu ase ao m esm o tem po . ) D epo is, perceben do q ue afin al trata-se ap enas de um a ) m en in a cu rio ~a , 0 do po tinh o se refaz ?a surpresa, e acrescen ta co m ar superio r: - Isso n ao se usa m ats. ) E 0 o utro arrem ata: - N ao se usa, po rqu e nao tern m ais ) 0 q ue levar, em tum ba nen hum a. ) R i 0 Baixinho : - Levaram tudo , hi m uito te mp o. ) - E ntao , v o ce s f az em 0 que? - a co ragem d e A na d es, ta mp ou 0 perguntador. ) - E stam o s tratan do da re sta ura ca o - diz 0 Alto. ) E A na, co ntente de sab er 0 qu e e restau racao : - D a tum ba? ) - D a cu ca - resp o nde ele. Surpresa de A na - D e quem ? B aixin ho - D a n o ssa. ) A lto - E s ta va m o s m e io e sg o ta do s . ) Baixinho - A vid a entre o s vivo s e m uito cansativa. A lto - Sao baru lhento s dem ais. ) Baix inho - E tao m etido s! ) A lto - 0 p esso al aqui e m ais d iscreto - o lha em v o lta. )- E m uito silencio so . B aixin ho - D ar, aceitam os esse trabalho . ) A lto - C onseguim os 0 p atr oc in io d e u rn n o vo r ef rig er an te . ) A na, co rnecan do a se irritar - M as qu e trab alho ? ) Baixinho , co m o q uem esta repetin do u m a o bviedade ) De r es ta ur ac ao .
) \ ) )
) )
) ) ' ) ) ( )
. (J
E as vo zes v ern ch egando . M ais perto , cada v ez m ais per- () to . A te q ue ... c lick . A sala to da se i lu min a d e b rilh an te lu z ele trica, ( J N essa luz inesper~da q ue a faz piscar varias ~eze:, ~na ( ) ve do i s ho m en s, de carruseta e calca branca, co mo d o IS m ed ic os .. U rn e baixo , o u tro alto , urn tern b arb a, 0 o u tro , bigo des, s6 () urn deles usa 6culo s - ,E, apesar de diferentes, sao m uito pareci- () d o s. C o m o se tiv essem en saiado , abrem suas m alinhas. T iram pinceis, p otinho s, um a lu pa. 0 da barba pega urn banqu inho ," J alto qu e estava num canto , e so be nele bern dian te da pared e, q ue co m eca a encarar. 0 do s b igo des rem exe na m alinha, tira I: u rn em b rulhinh o de p apel cinzento , senta-se no chao . O lhando ( ) o s gesto s co m qu e ele desfaz 0 em b rulh inho , A na sente q ue ) sua co ragem esta despertan do e ja se esp regu ica, p ro nta para, ) I
)
)
20 • I
(
A na, co m ar esperto - D a cu ca. A lto - N ao . D a rum b a. ) E rn uita restauracao para a cabeca d e um a m en ina. So bre)tudo um a m en ina fam inta, po sta dian te d e urn ho m em qu e )afun da o s dentes no seu pao co m m ortadela. S6 a fo m e e 0 chei-
)
)
)
)
http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
• 21
11/45
\
)
) v is to n en hu m p eixe po r aq ui. T em os o utro s anim ais, se vo ce rin ho de san du ich e po deriarn lev ar A na a tro car u rn m onte de \ ) ) quêiser - pdf.c e apo para as centenas de fig urin has p in tad as na Ana Z. a onde va i voc ? - slide om nta perg untas po r urn unico p edido . F eito em vo z baixa, en cab u- I ) p ared e a o la do d a ra in ha d e b ra nc o, o rd en ad as fileira s d a e scrita la da , m as n ao m en os c on vin ce nte. ) egfpcia. - T em o s ali u m a agu ia, m ais em baixo u rn abu tre. - M e d a um a m o rdidin ha? ) ) .S er ve e st a l ag a rt ix a? O u p re fe re u m a c o ru ja ? U rn c ac ho rr o t alv ez ... R etirado , d e d en tro da m alinh a, o utro san du ich e para ) . A na ja nao p resta aten cao . B icho s pintado s d e nad a lhe e la , A na se nta-se e nc osta da a tal p ed ra, tira 0 capacete para ( a dian ta m. O lh a p ara 0 ch ao , e m ais seco qu e 0 d a m ina. A qui, f ic ar m a is a vontade. I !, ) " n a certa, seu s p elx" es nao ten arn po r q ue se d em o rar. -- N C ade a rm im- ia?resp - o nd p ergu bo. ca ch eia. ) - E po r o n de e qu e a g en te sai? - perg un ta, vend o qu e o m useu e 0nta go rddine ho \ ) ) 0 seg un do ja reto mo u seu trabalho . - E o nd e to d as ficam - ex plica 0 m ag rinh o. E acrescen - \ ) ) -:- V V o o ccee jjaa v vaaii?? - p ergu ntam o s d o is, n o v ata, ap o n tan do co m 0 qu eix o : - A n tes ficava ai, ( ) m e nte J un to s. A na , d esc on fia da : - A i, o n d e ? ) Sim , A na ja v ai. A lgu m tem p o passo u d esde q ue deixo u - A i m esm o , o n de vo ce e sta e n co stad a. ' ) ) 0 p oco , d ev e ser no ite. E a esta h ora o s peix es sab e la o nd e e sta o. - N essa p ed ra? \ ) ) - Sai po r a li - diz 0 primeiro. I - P ed ra nada. Isso eo sarc6 fago , m en in a. - N ao tern co m o errar, e ficil - arremata 0 segundo. - D e gran ito - arrem ata 0 o u tro , q ueren do m esm o
5/13/2018
,
ImpreSSlOnar. o sarc 6fa go ! E e la a li, c om en do sa nd uic he c om o se estiv esse ' n um a lancho nete o u nu m p iq ueniqu e. "S era qu e e falta de res- \ p eito ?", p ergu nta-se A na, sem m uita co nv iccao , m as d esen co s-. tan do do gran ito frio . E , em v o z aha: - 0 d o n o era q uem ? - 0 do no era um a d o n a - resp o nd e 0 primeiro - U m a rainh a - co m p leta 0 seg un do . N un ca A na estev e tao p erto d e u m a rainh a, m esm o m orta, \ m esm o ausen te. C o mo senao tiv esse v isto a sala an tes, A na o lh a em vo lta, u m a rev erencia to da no va co n du zin do seu o lhar. ( C ertam en te e ela a m ulh er d e bran co qu e, p erceb e ago ra, esta p intad a em tan to s lug ares. Jo vem rain ha de ro up a preg ueada, ( and an do ao lo n go d as pared es d a su a tu m ba co m o an dav a n as, salas d o seu p alacio . O nd e andara ago ra? M orreu jo vem assim ? E 0 h o m em , aqu ele da barba, seria 0 pai? O u 0 m arido ? A ( m are d as p ergu ntas am eaca inu nd ar a b o ca de A n a, to m and o o lu gar do san du ich e, q ue ja esta qu ase no fim . M as, livre da, fo rn e, ela se lem bra do qu e a tro u xe.
I
)
) ) )
) ') ,~ ) )
) ) ) ) )
- V o ces v iram u ns p eixes passand o po r aq ui? ' ,) - Peixes?! - perg un ta 0 prim eiro . '') - V o ce disse peixes? - insiste 0 seg un do . D epo is, co m o ) se a p ergu nta fo sse co rriq ueira: - Peix es, nao . N ao creio ter
')
22
•
)) -esquVerda. o ce saiN ao d aqpeg ui, a.andT aamate chege aa nprim a p rim trad a 0a bemali,nao eiraeiraa den ireita, ) m elho r seria ir p ela anteprim eira ... e urn bo rn atalh o . Senao -,vai em frente m esm o, m as nao m uito reto , ate ch egar n um lar) g ui nh o a pe rta d o..; ) A n a percebe que e m ais ficil p er de r-s e n as e xp lic ac oe s ) d o qu e n o cam inh o : D espedidas feitas, co m eca pela d irecao ) ap o n tada pelo s d o is. , . . D aq uela sala para o utra m en o r, entrad a a direita, nao ) p e g a ,e n t ra d a a e sq ue rd a, n ao p eg a, d ep ois u ma ra mp a, d eg ra us, ) urn co rredo r, vira pra ca, so b e p ra la , o u tra sala. "S era qu e ) m e perd i?", m ais um a salin ha. "Po diam bo tar pelo m en o s ) um a seta . .. Q ue calo rao !", an da m ais urn p o u co , o u tra tam pa, A n a ja esta to d a su ada, pen sa qu e e m elho r v o ltar, m as tern )certeza d e qu e n ao seria cap az de achar seu ru m o ao co n trario . ) Afin al, v e l a a dia nte u rn p orta l p eq ue no , e ste c om p or ta . F ec ha da . ) A na em p urra a p o rta. E , de rep ente, co m o se recebesse u rn bald e d 'agu a n a ) c a ra , 0 so l se en to rn a em cim a dela, urn calo r de fo rnalh a lhe /)so b e p elas p ernas, seu s o lh o s qu ase se fech am b arrand o tanta )lu z, A su a frente, im en sa o nd ulacao do urad a, desdo bra-se em ) pr eg as m a cia s 0 deserto.
)
)
)
)
• 23
) http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
12/45
)
I 5/13/2018
)
Ana Z. a onde va i voc ê ? - slide pdf.c om
D e g r a o em g r a o A n a avanca
)
) )
o
qu eix o d e A na nao cai, p o rq ue esta bern ( )
pCreso do , sup orprqreuesa , A nem ca. I. ) om o ntoo darovsto ez qe,ue so ficbretu a m uito fana z e xa ta meabre nte 0acobnotra-: rio . Fechaap ertad o s o s labio s, p ara a su rp resa n ao sair. ) E a su rp resa, qu e vinh a atro pelan do tu d o , co rp o ad en tro , . e o b rig ad a a parar d iante d aq u ela b o ca fech ada, fica en talada I ) n a g arg anta. A na m al co n segu e resp irar. A f engole, depois e ng ole o utra v ez , e mp urra nd o a su rp re sa g arg an ta a ba ix o, d ig erin do e la . A te re sp ira r d e n ov o, n orm alm en te . - 0 d eserto . .. - m u rrnu ra A n a ch eia de adm iracao , i 0
co moo qu no me de alg uern irn po rtante a q u em esta s e nd a p em re s enrep ta dete o. - O eseeeerto o o o o o o o o o ! - g rita em segu id a, qu eren do im p o r a pro pria vo z aq u ela im en sidao . \ ) M as cad a g rao d e areia parece sug ar u rn p o u qu inh o da vo z d e A n a, e o g rito n ao c orr e, n ao e co a. C ai lo g o a li, a s eu s p es . E s om e . A n a n ao sab e b ern 0 qu e fazer. D a alg un s passo s para a fren te. P ara. A tu m ba d e o nd e veio lh e p arece po r u rn in stante ( rnais seg ura. Q uase tern saud ad e d a sua escu ridao . V ira-se, ve ) d u as e n o~ m e s e sc ul tu ra s d e p e dr a l ad ea n do 0 p orta l, d uas m ulh e- ( res g ig antescas co m cabeca d e leao , q ue nao tin ha v isto ao sair. Sente-se tao p eq uen a p etto delas! V ista daq ui, a tu mb a ja nao ) p are ce a m esm a tu mb a, ji n ao lh eo fe re ce n en hu m a intim id ad e, ( ) E d izer q ue ela teve tan to m edo Iidentro. "0 m ed o , v isto d e fo ra", p ensa A na, "nao .e n em u rn tan tin h o igu al ao q u e a gen te sen te p o r den tro ' , . A g or a, s o lh e re sta e nf re nta r 0 deserto. A na o lh a, pro teg e o s o lh os co m a m ao , ap erta as p alp ebras p ar a v en ee r a c la rid ad e, e a tr av es d as f re sta s d os o lh o s v ai s e a po ssan d o ao s p o u co s d o q ue nu nca hav ia v isto antes. ( O unas, areia a p erder d e vista. "E co m o u m a praia q ue">. n ao acab a n u nca, u m a p raia sem m ar" pen sa ela. "S em m ar" . ) A frase en gan cha n o pen sam ento de A na, qu e, sem sab er b ern I
I
24 •
)
)
) )
')
http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
)
)
13/45
po r que, repete "sern m ar. .. sem m ar. .. " . A te esbarrar no 6bvio : ) ) a te q ue , e ste ja m fe ch :d as ,. m as 0 ar circula de qu alquer jeito , po rsem m ar e igual a sem agua. E isso ! N essa secu ra to da, nesse \ qu e as janelas n ao tern vid ro s. Ana Z. a onde va i voc ê ? - slide pdf.c om ,) A na quer falar co m 0 pasto r antes que ele tarnbern ado rI. ) im enso o ceano em p6, o n de teriam ido parar seus peixes? "A h! se precisasse apenas pro curar um a agulha null' ) ) rneca. Q uer perguntar o nde estao , ao nde vao , quer saber co isas. ) C utuca-o delicadam ente. T ao delicadam ente queele nem perp alh eiro , co m o se ria ficil", pensa A na desalentada. ) cebe. C utuca-o de no vo , co m m ais fo rca, Fo rca suficiente para E sta ju stam en te s e p erg un ta nd o p or o nd e co rn ec ar, q ua nd o ) que ele, que parecia estar co nversando co m suas cabras, a o lhe percebe que urn ho mem co m tres cabras vern vindo na sua direcao . )') d e c ara fe ia . E e nta o , c om u m a te rc eira te nta tiv a d e s or ris o, A n a fa la : "C om o fo i qu e n ao vi ele an tes?", pergu nta-se A na. "Tam-i ) - Po r ~avo r, 0 se nh or p od eria m e d iz er... bern, co m essa claridade ... V ai ver, estava arras de um a duna." ) M as assim co m o seu gnto se perdeu no deserto , sua fala se Seja co mo fo r, e um a pesso a a quem pedir info rrnaco es. E , ) ) perde ago ra na algazarra. 0 ho mem franze as so brancelhas gro ss e a p rO l um a ... ) sas num esfo rco para o uvir. A na levanta m ais a vo z. 0 ho m em A go ra A na c on se gu e v e-lo m elh or. T urb an te n a c ab eca , um a' ) ) tam pa o s o uvido s co m as m ao s. A na repete m ais baixo . 0 ho mem ro upo na ate o s pes, de m angas co m pridas, tudo m eio fo lgado .. ) ~ destam pa as o relhas, franze as so brancelhas e tam bem 0 nariz. m eio enro lado , m eio m arro nzado (' 'co mo aguenta tanta ro upa co m ) ) U m a cabra tenra subir no co lo dele. A na repete sua frase. Ele esse calo r?"). U mcajado n a m ao . D eve ser um p asto r pasto rean do ) esta o cupado enxo tando a cabra. A na vai -repetir no vam ente, a suas cabras("co m o se pasto reia o nde nao tern pasto ?"). M as ) ) cabra m ordisca a m ao dela. A na desiste. quando A na ja de so rriso pro nto vai dirigir-se a ele, ele para. ,)
5/13/2018
"Po r que sera que paro u?" V ai A na ao seu enco ntro , sem , no tar um a nuvem de po eira, o u de areia, que se apro xim a dep ressa, v ind a la d e lo nge. A rm a de no vo 0 so rriso . D esta vez 0 ho m em nem o lha p ara ela, lev an ta o s braces, agita as m ao s, faz sinal co m 0 cajado . E a nuvem de po eira que vinha chegando para co m urn barulho , de ferragens desco njuntadas, se desfaz ao s po uco s, deixando ver urn velho onibus, cheio de gente.
)
) )
pasto r so be, em purtando hesita.o M as e m elho r urn o nibus
) )
) )
)
)
)
) ) 'o )
as tres cabras para dentro . A na: na m ao , que dunas vo ando . E, se seus peixes fo ram a algum lugar, na cena nao fo ram andando . f A ntes qu e 0 m oto rista de a partida, A na tam bern so be. Senta-se la no fundo , no ultim o lugar, entre 0 pasto r e um a velha que do nne. 0 o nibus esta tao cheio de bicho s, que p arece um a area de N oe so bre ro das. G alinh as nu ma cesta, cabras, cabrito s e cab ritin ho s, urn b od e, m ais g alin has nu ma b olsa, m ais cabras, tern ate um a especie de rapo sa p equ en a co rn grand es o re-
\
)
)
) )
)
) I )
lhas, no co lo de urn rapaz. E talvez po rque 0 6 n ib us s ac o le ja tanto , o u po rque parece que vai desm o ntar-se a qualquer ) m em ento , to do s o s bicho s cacarejam , balem , ro snam . E co mo cheiram ! A inda bern que as janelas esrao abertas. A liis, po de ser ) ,)
26 •
)
)
,
)
\
)
\
)
, ) )
http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
) \
• 27
) 14/45
()
D esiste de falar e fazer-se o uvir. M as nao desiste de pedir(
)----~--~--------~----------)
)
U r n d e s e j o d e r n u it o s d e s e j o s
info rm aco es. , .Ana ( Z. ) a onde ,va) i voc ê ? - slide pdf.c om V asculha no bo lso da saia, enco ntra urn co to co de lapis. ) Papel, nem pensar. O lha em vo lta, nao ve a m eno r po ssibilidadeC ) de achar naquele o nibus algo parecido . E ntao estica 0 pano da. ) saia bern esticado capricha no desenho de urn peixe so bre 0 ') ~ A tJas, as dunas. A frente, o utro o ndejar. D e p an o. D ep ois cutu ca 0 pasto r e m o stra para e le. ' ) f o lhas, talo s, galho s, que se do bram ao vento , dancantes c~m o A te que enfim, 0 p asto r so rriu ! N ao p arece ter reco nh ecid o: ) -, aguas, E surgindo ali, bern na divisa o nde 0 d es ert o s e a qu ie ta o p eix e, m as g osto u d a b rin cad eira . T ira 0 lapis da m ao de A na, \ ) e lam be 0 verde, um a eno rm e acacia em flo r. puxa 0 pedaco de pano que lhe sai do turbante, puxa m ais, desen- ( ) ) E strem ecem as fo lhas, leves plum as, cintila ao so lo am arelo ro lan do u rn pe da co , alisa -o , e d esen ha n ele urn lag an o, co m e sca) d as flo res. A na n un ca q uis tan to se ntar-se so m b:-a d e u ma arv om as quase iguais ao s do peixe, m as urn lagano . A na faz que nao ( ) reo O lha para seus pes, e o s ve afundado s na areia. O lha po uco s co m a cabeca, desenha o utro peixe. 0 ho m em ago ra ri, franca-I ) ) m etro s adiante eve a gram a crescendo . E devagar, querendo que m en te d iv ertid o. A rran ca n ov am ente 0 lapis, e desenha um a ) a so mbra se po use na sua pele co mo urn po len, A na vai andando co bra, cheia de escam as, m as um a co bra. A na faz que nao co m ) ate chegar junto ao tro nco . . . a cabeca. 0 ho m em faz que nao co m a cabe;a. E fie am o s do is, M as 0 ar co ntin ua q uen te, e p or m ats q ue A na resp lfe fu nd o b alan can do a cab eca u rn p ara 0 o utro , m eio para dizer que nao , ) ) para encharcar-se de cheiro de m ato , se~ s pulm oes co n;i~ uam m eio aco mpanhando o s saco lejo s do o nibus, ro deado s pelo s bali- ) ) a bra sa do s, s eu n ariz p are ce g ua rd ar 0 ch eiro a ba fa do d o o m bu s. do s das cabras. ) ) A na sua, sem entender po r que, sentada so bre a gram a A na d ecid e q ue pe dira in fo rrna co es n a p rim eira p arad a. ) escaldante. N em the chega 0 perfum e das flo res, ~ u 0 far~alhar A s d un as p assam la fo ra, to das iguais. 0 tem po passa ali ( ) das fo lhas. S6 ela, po rern, parece so frer co mo se ainda estrvesse dentro , to do igual. A cabeca de A na pesa, pesam suas palpebras. \ ) ) entre dunas. O s o utro s, as pesso as que ve acudindo a seus afazeA na faz fo rca para nao do rm ir, afinal, nunca esteve antes no ) ) res na qu ele en orm e jard im , pa re cem fresco s e satisfeito s. deserto , quer ver bern, apro veitar tudo . M as 0 calo r e tan to , 0 ) ) "Q ue e isso , que esto u co m tanto calo r?", pergunta-se ela, cansaco e tanto , que apesar do esfo rco e bern pro vavel que A na r ec o st an d o -s e c o n tr a 0 tronco.
5/13/2018
"
I
a
tenha co chilado . T ern ate a im pressao de estar so nhando , ao ver ) s urg ir in es pe ra da m en te , a le m d a ja ne la , p alm eira s, a rv ore s, a rb us- ) t o s f lo r id o s, 0 azul rneio esco ndido de urn lago . "U rn o asis!", ) g rita s eu c ora ca o e m p rim a ve ra . N o o nibus, ninguern alem dela parece ligar para aquela ) m aravilha de fresco r. "E ssa genre do deserto e estranha dem ais" , ) pensa A na. E se levanta, s6 ela de pe em m eio ao s passageiro s ) in dife re ntes qu e d orm itam ab racad os a seu s an im ais. P ux a a (o rdinha, faz sinal que quer saltar, vai passando po r cim a de cabras '),
)
e galinhas. A rapo sa pequena o lha para ela m exendo suas grandes o relhas. 0 o nibus para, envo lto na nuvem . A na salta. S ua bo ca riso nha se enche de p6, ela engasga. E quando a ca ba d e to s sir , 0 o nibus se fo i. A na esta so zinha diante do o asis.
)
) E co ntinuaria nessas tentativas, se nao fo sse interro m pida )po r um a risada. ) V ira-se. U ma m ulher go rdinha, co m urn eJ.lltaro na cabeca, e st a a rr as d e la .
)
)
)
)
J
)
28 •
M as, catrapum ! E m vez do apo io do tro nco , A na enco ntro u vazio e caiu de co stas, batendo co m a cabeca no chao . ) L evanta-se, o lha, 0 tro nco esta ali. E sten de a m ao p ara to ea10, a m ao a tra ve ss a 0 nada. ) A na aperta bern o s labio s. Surpresa nenhum a vai sair da ) sua bo ca. ) N o vam ente estende a m ao sem nada enco ntrar, e se l evanta, da urn chute no tro nco , nao ha tro nco , tenta pular para agarrar ) um a fo lha, s6 agarra 0 ar . )0
) )
,
)
• 29
)
http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
15/45
)
)
V ai and an d o e reparan do n as casin h as b ran cas, nas tam a-
- Q u al e a graca?' - ro sn a A n a, sem co rag em para esten - ) , ) reiras, n a lag artixa q u e so b e n u m tro nco . d er a m ao e (nao) to car n a m u lher. )' Ana Z. a onde va i)voc ê ? - slide - pdf.c Q u erom dizer q u e se eu desejar u m a co isa ela aparece, . - N enh u m a, desculp e. ) q ue n em /e ssa la ga rtix a? A m ulh er p~ ro u de rir. S o rri ap en as, d escan san d o 0 can - ' ) - E preciso m ais do q u e isso . taro n o ch ao . - E q u e vo ce nao sabe. ) ) P o rern A n a n em lig a p ara a resp o sta, p o rq ue esta co m e- N ao sei 0 q u e ? ) ) c an do a g o star d a id eia, e se o cu p a em d esejar u rn so rvete d e - Q u e est a n u m a m iragem . Fmora:, 0 m aio r so rv ete d e am oras qu e su a im agin acao co n seD esta v ez, nao h o u ve jeito de seg u rar o s lab io s fech ad o s, ) e 0 esp an to d e A na sai b o ca afo ra. gu e w ar. ,) ) D eseja, d eseja, sente a bo ca ench er-se d ' a g u a, d e tan to - M irag em ? ) d esejo . E n ada. C ap rich a aind a m ais no d esejad o. E ain da n ad a. Sente 0 su or e sc orre nd o p elo p esc oc o. ) N en hu m so rv ete v ern in sta la r -se n a s ua m ao o u a do ca r s ua lin gu a. - A q u i as c o isas s e v eem - d iz a m u lh er -,m as n ao sao . ' A n a s en te -s e tr aid a, A na o lh a p ara a m ulh er, p ara 0 c an ta ro . A ch ad ifk il a cre dita r. ) - E mentira. E tu do m en tira. V o ce esta falan d o tu d o - N ao fiq u e ai parad a, co m essa cara d e esp an to - diz ) errad o p ara m im - A n a tern vo n tad e d e jo g ar-se n o ch ao d e a m u lh er. - V am o s ate la em casa, n o cam in h o eu ex p lico . )tan to d esap on tam en to , e espern ear, co mo q uan do era peq uen a. A m ulh er suspen de 0 can taro a te a cabeca. ) ) - C alm a. A ind a n ao acab ei - e a m u lher p ara. - E u disse m irag em , p ara sim p lificar - v ai falan d o I ) en q uan to and a, aco m p an h ad a d e p erto p o r A na. - M as v o ce C heg aram d ian te d e um a casa, m as a m ulher n ao lev ant a ) a co rtin a q u e co b re a p o rta, n ao faz m en cao d e en trar. V ira-se v ai v er, e u m a m irag em m eio esp ecial. I C am inh a m ais urn p o u co co m an dar o n d ulan te p ara n ao I ) )p ara A na. d erram ar a ag u a. E co m pleta: - A s co isas n ao sao . M as a g en te ( ) ) - U rn desejo so n ao d a. E m uito po uco . Se v o ce d esejar f az a s c ois as s ere m .f )u m a co isa, em seg redo , so zin h a, e ficar esp eran d o , v ai ter q ue A go ra elas V aGentre tufo s de lean dro s flo rid os. A na q uase ( ) esp erar a v id a in teira. M as se eu d esejo m uito ter d o is cam elo s, tro tan do , po rqu e as vezes para, d istraid a p o r um a bo rbo leta I ) ) e se vo ce d eseja 0 esterco d o s m eu s cam elo s p ara ad u b ar su a o u u rn p assaro , e n ao q u er p erder-se d a m ulh er. \ ) )ro seira a fim de q u e cresca e cu bra a p arede da su a casa, e se - E n fim - diz esta co m o se q uisesse liv rar-se d e u m a )0 seu ho sp ed e d eseja q u e v o ce ten h a u m a casa p ara estar n ela ex p licacao m ais co m plicada -, vo ce esta n o o asis d o D esejo . () ) e q ue ten h a a pared e reco b erta po r u m a ro seira bern ad u b ada H ib isco s, ro seiras em flo r, u rn tam arin d o co pad o . A na e ( p ara d ar m ais flo res e to rn ar a casa m ais fresca e m ais perfu a m ulh er p ass am p o r u rn h o m em q ue co m e tam aras. A d ian te, ( ) )m ada, p erm itin d o q u e ele d escan seb em d a su a lo ng a v iag em , o u tro rasg a urn pao . U rn m e nin o p ux a u rn bu rrico p o r u m a, ) )en tao eu terei m eu sd o is cam elo s, qu e estercarao su a ro seira, co rda. U rn p av ao p asseia, ex ib in do sua cau da. "S era q u e n ada )qu e su b ira pelas p ared es d a casa, qu e ab rig ara 0 h osp ed e, q ue d isso e?", pen sa A n aincred ula. E e m v o z alta: ( ) d o rm ira a n o ire, q u e so n h ara lancan d o as sem entes de u rn - E 0 qu e d eseja, esse o asis? ( ) )n ov o d esejo , irm ao d o desejo d esp on tado em algu m o utro so nh o, O utra vez, a m ulher ri. )p ara serem realizado s n o d ia seg uinte ju nto co m o utro s, e assim - E le n ao d eseja nad a, su a b o b a. E le e 0 n o ss o d e se jo . D essa vez, as co isas ficaram dificeis d e v erd ad e p ara A na. ( ) ) po r d ia nte . O s o lh o s d a m ulh er co m o qu e so rriem . Q ue, po rern , v ai seg u ind o a m ulh er, co m o s braces b ern cola-r ) ) - E n ten d eu , A na? - lev an ta a co rtina, afasta-se p ara d o s no co rp o , d e m ed o d e to car em alg u m a co isa e ela nao ser, ( ) Jd eix ar A na passaro - A go ra, seja m inh a h 6 sp ed e. o u de to car e, d e rep en te, ela ser, e co nfu nd ir tu d o m ais ain d a. ( ) ) • 31 30 • ) )
5/13/2018
1
Ii
)
)
http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
----------------------------------------'
16/45
)
)
D e fato , desco b ri ate rnais do que esperav a. N o m ercado , u rn h om em de m anto listado d isse para 0 ven dedo r de frutas: Ana Z. a onde va i voc ê ? - slide pdf.c om ) ) - Belo s lim o es tens ai n esse cesto . ) ) - A h! - resp o ndeu 0 v endedo r ajeitand o o s Iim o es -, ) belo s m esm o sao o s cab elo s da m e nina da to rre. ) ) - C ~ belo s, cabel~ s ... co m tao lind as trancas qu e te~ :s A co m panhei A na ate aqui, entrei co m ela na ) n o ss as m e ru na s .. . N a o h a d e s er p o r c au sa d 0 5 c ab elo s q u e e la e sta la o casa. Q uando sento u-se no banco , tem i que n ao ho uvesse banco , ) nenhum , e ela caisse no chao . M as A na dev e ter d esejado m uito ) - M e co ntaram - e 0 vend edo r inclino u-se seg redand o ) -, que a vo z dela e m ais do ce que essas u vas. aq uela casa, que a m ulher tam bem desejav a, assim co mo a d ese) M as a i o co m prad o r distraiu -se co m as uv as, pro vo u um a e, javam as ando rinh as que abrigavam seus ninh os so b as telhas, e ) e ntre c ac he s e b ala nc a, n ao d is se ra m m a is n ad a q u e m e in te re ss as se . a ro seira que th e escalava a p arede, to rnando -a fresca e aco lhe- J , S egui co m o s o lho s um a m o ca bo nita, de calcas bufantes, dora. 0 fato e que A na sento u-se. V i quando co m eu co alhada. ) ) 0 ro sto co berto po r u rn veu, R eparei que urn jo vem cam eleiro E a o uv i p erg un ta r. )tam bem o lhava p ara ela. - C o m o e que vo ce sabe m eu no m e? ) - Bo n ita assim , s6 no harem do S ultao - disse ele em - S ei, po rq ue vo ce go sta que eu saib a. E p o rq ue eu nao ) )
n d e e la s e m e t e u ?
5/13/2018
od esejaria n om e. ter n a m inha casa urn h6spede de q uem nao co nh ecesse V i A na m eter na bo ca m ais um a co lherada de co alhada. - A qui - d isse a m ulher -, to do m undo sabe 0 no m e de to do m undo . P o rqu e ning uern d eseja ser d esco nhecido . T ud o isso eu vi. A inda esperei ate m ais tarde, ate a ho ra de A na ir deitar-se. S 6 quando tive certeza d e qu e do rm ia, na c am a e stre ita e lim p a, deixei-a, E fui tratar da m inh a vida. D ern orei rn ais d o q ue p re ten dia , c on fesso m esm o q ue p asse i alg un s d ias sem cu id ar d ela, o cu pa da q ue estav a co m m in has p ro -. p rias co isas. Q uando v oltei, nao a enco ntrei m ais Ii N em na cam a. N em na casa. O nde teria se m etido ? P oderia perg untar a m ulh er, m as n ao go sto de co nversar co m qualquer perso nagem . E ntao , sal a sua pro cu ra pelo o asis. S em grande aflicao , p orq ue n ao ac red itav a q ue A na tiv esse sa id o p ara 0 d eserto . E p o rque n ao havia em m im ansiedade m aio r, p ude m e d em o rar en tre as b arrac as d o m erca do , p restan do a ten cao n o q ue co m ercian tes e freg ueses c om en tav am en tre si, e a beira d o riacho , o nde as lavad eiras co nversavam . N ad a m elho r, para saber do s passo s de u m a estrangeira, do que o uvir 0 q ue falam as pesso as do lugar. ,
)
)
) vo z a lta, quand o a m o ca ~ asso ~ a s eu lado ~ . - 0 S ulta o n em Val mars para 0 harem ... tern o utra co tsa ) co m qu e se o cupar - respo nd eu ela, brejeira. - D izem que )n a to ne passa as no ites em claro . ) - G ran de co isa - retruco u 0 rapaz -, co m o ele, eu tam )b em p as sa va . / A diante, tres velh as co ch ichav am . ) - O uvi d izer qu e 0 S uitao s6 t ern o uvid o s para ela - falo u )a m a is e nc urv ad a.
) )
) )
) ) ) )
) ) )
) ) ) )
32 • )
- T ern 0 que? - pergun to u a m ais enrugada. - O uvido s, o uv ido s. E sta surda? - q uase grito u a encurv ad a, e nc urv an do -s e a in da m a is . ) - F az ele rnuito bern - co n cluiu a m ais desdentad a. )Q uem tern o uvid os, o uca! N ao e assim q ue d iz ia 0 P ro feta ? ) E as tres sacu diram a cabeca. ) A s lavadeiras fo ram as que m e deram m ais informacoes, U ma ensabo ad a e um a palavra, um a esfregada e um a frase, um a )en xa gu ad a e u rn m ex erico , e assim q ue e las p assa m se us d ias. ) E assim elas co nversav am a b eira d o ria ch o, a s p ala vra s c oryend o de um a a o utra co m o a agua entre as pedras:
'J ~ E ~ queri.a e lavar. a ro upa d e~ a. D izem que e tudo fin o , e m acro , so 0 m ars puro linho e a m ars rara sed a. ) • 33 )
)
J
http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
-
V oce ia arran har o s d ed o s nas pedras precio sas do s bo r-
)
l
17/45
)
)co m m inh a am iga, sab ia? -
espera u m a resp~s~a q ue nao ven:'
d ad os , is so siml p o rq ue eu esto u s6 o lhand o p ara ela. - F01 lSS0, e ss e d es ej o - slide pdf.c om T odas rirarn , paran do po r u rn instante de bater as ro upas.Ana Z. a onde va)i-voc êp?av o neia-se. - A cho qu e nem tinha to rte n esse o asis. Eu e - Parece que ela v eio de m uito lo nge, nao e daqui. ) )q ue q uis. - G ran des co isas... to do s v iem o s de lo ng e. ) ) - S6 vo ce? - N ao e daqu i, m as aq ui e que se deu bern. V ive no ) ) - B o rn , quer dizer, coincidiu, T in ha e sse S ultao , q ue ta mm a io r c o nf or to . b ern desejav a m uito ter um a princesa nu ma to rre. E um a p orcao \ ) - A te to rre tern pra ela. ) de gente, eu ache, que achava que ficav a b o nito , para urn o asis - A to rre fo i 0 S ultao q ue q uis. )d e m iragem q ue n em esse, ter um a to rre co m um a p rincesa den - N em fo i p o r causa dela. Q ueria, faz tem p o . M as q uem )tro , qu e nem essa. C o rnbina, v o ce n ao ach a? e que ele ia bo tar la? S6 essa m enina, p ra saber tantah ist6ria. ) E u nao q uero achar nada. M eu p ap el nao e achar. M eu D ei u rn salto . Q ue n eg 6cio e ra esse d e h ist6 ria s? Q ue m te rn p ap el e fic ar o bse rv an do , an otan do , e scre ve nd o, se m m e m ete r. que co n tar h ist6rias aqu i so u eu. ) ) - E pro n to . A g o ra ele vern m e ver to d as as n o ites. O lhei em v o lta. A char a to rre do palacio nao fo i dificil. ) ) N ao faco m ais pergun tas. N ao qu e nao esteja interessada. M ais alta qu e as tam areiras, s6 havia ela. En trar tam bern n ao fo i ) )M as ten ho o utro s m eio s d e saber d as co isas. dificil, N ao h i gu ard as nem trancas nesse o asis. ) V o lto para 0 m eu lu gar, fic o q uieta, e m sile nc io , d eix an do Su bi lo ngas escad as em caraco l. N o alto , deitada so b re ) . A n a esqu ecer que esto u ali. E espero . E spero ate a no ite ch eg ar. ) c o xi ns , r ee nc o nt re i A n a. ) A s cigarras ao s po u co s se calam , cedendo 0 s il en c io p a ra ) lo s g rilo s. La fo ra, o s vagalu m es v o am tao b aixo , qu e p arecem ) ) 11 :r io sa c en d en d o -s e n o e sc u ro . ) E a lua ainda n ao saiu, quand o u rn pajem en tra carreg an do / u rn g ra nd e le qu e d e p lu ma s b ra nca s, o utro p aje m en tra p orta nd o ) )u m a especie d e baldaqu im . E 0 Su ltao , co m su as babu ch as de ) )o uro e seu m anto d e prata, ch eg a a s ala d a to rre . ) O s d o is pajens saem co rrend o . S6 0 S ulta o fic a, c om A na. N ao esta tao diferen te quanto pensam as lav a) O nde sera que A n a ap rendeu a receb er, co m tanta delicadeiras. N em esta co berta de p ed ras precio sas. A ro upa sim , ) d eza, urn Sultao nu m a sala de to rre? La e st a e la , f az en d o- Ih e m u do u . E 0 jeito dela, u rn p o uco . Q uando en trei, p arecia u m a ) ) um a p eq ue na m e su ra , a je ita nd o o s c ox in s. V ir a-s e p ara u m a mesim enina b rin cand o de prin cesa. E era. ) )nh a, e serv e ch a d e ho rtela de urn bu le qu e - estarei engana- A na, 0 q ue e q ue v o ce esta fazend o aqui?! )da? - e igu alzinh o aq ueles do s servico sde ch i d e rnen tirinha, N ao re sisti, fa le i c om ela . E a p rim eira v ez que th e dirijo ) )qu an do a gente brine a de bo n eca. M as 0 S ultao parece n ao se a p alav ra a ssirn , d ireta me nte . M as tam be m, e la p asso u d os lim iim po rta r. T om a 0 ch a segu ran do a alca pequ en a da peq uena tes. D os m eus, quero d izer. )x ka ra , r ec os ta -s e, e d iz : - V o ce nao sabe? Pensei q ue fo sse v o ce qu e tin ha arm ad o )
5/13/2018
Q u e m c o n ta u r n c o n to
i ss o tu d o ... - E u?! Eu n ao estava nem ai. ) - E ntao fu i eu m esm a, desculp e. Sem p re tive essa vo n - ) tad e d e ser prin cesa, d e m orar n um a to rre. B rinqu ei m uito disso
) - E n tao , o nde fo i m esm o qu e ficam o s o ntem ? ) - E stavarno s n o po n to em q ue 0 lo bo v ai eng o lir a vo v6 )d e C h ap eu zinho . ' - A h ! e isso m esm o , 0 lobo!
34
)
)
)
)
I
)
• 35
)
http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
(
)
)
18/45
o S ultao ajeita-se ain da m ais p ro fu nd am en te n os co xin s. ) E A na co m e~ a a co ntar co m o 0 lo bo engo liu a vo v6. E co m o , ) Ana Z. a onde va i voc ê ? - slide pdf.c om tendo feito a digestao, po s-se a pensar na sua vida de co medo r d e g en te , c he ga nd o a c on clu sa o d e q ue e sta va c an sa do d o m enu, . e m ais ainda da fero cidade. "N o fundo "; disse 0 lo bo n a h isto -. ria de A na, "nasci para a arte". N em para pintar, po rern, nem ) para escrever, nem m uito m eno s para dancar. "Serei rnusico ", ,
5/13/2018
)
estab elece u. E te nd o d ecid id o se u fu tu ro , d eix ou a casa d a v ov 6, tomando 0 cam in ho d a cid ad e d e B rem en . N oite adentro , A na co nta para 0 atento Sultaoo encontro do lo bo co m o s o utro s bicho s, burro , gato e galo , 0 abrigar-se de to do s na casa da flo resta, a fuga do s ladro es que habitavam a casa. E a manha ja e sta b af eja nd o 0 ho rizo nte, quando A na chega ao po nto em que to do s o s anim ais decidem esquecer B rem en, e ficar na casa da flo resta para sem pre. T odo s, m eno s 0 g ato . Q ue ... - A m anha ja vern, M ajestade. 0 galo , que nao e 0 de B re m en , c an ta . Amanha eu co nto 0 r es to d a h is t6 ria . U rn pajem entra co rrendo co m seu grande leque. 0 o utro p aje m en tra co rren do c om seu b ald aq uim . - A te am anha, A na - diz 0 Sultao. E sai co m o s do is pajens, batendo de leve so bre 0 rnarmore a s b ab uc ha s d o ur ad as . Passa-se urn dia. A no ite vern. E na exata ho ra em que as
) )
)
)
)
) )
')
) )
)
) )
c ig arra s s e c ala m, e ntra m o s p a je ns. C la p, c la p, a nu nc ia m a s b a bu -: ) ch as a ch eg ad a d o S ultao . ) - O nde e m esm o que tinham o s ficado ? - pergunta ele ) ed ucad am en te, d ep ois d e to ma r seu ch i - A h, sim . .. D eixando o s o utro s anim ais arras de si, 0 ) gato saiu entao pelo m undo . E estava ainda no co meco do cam i-. nho do m undo , quando ... E e nq ua nto a lu a a pare ce p or tras d as tam are iras, A na co nta c o m o 0 gato fo i achado po r urn velho m oleiro e levado para 0 m oinho . E co m o 0 m o leiro v eio a m o rrer, d eix an do 0 moinho ) para 0 p ri m ei ro f il ho , 0 b urro p ara 0 segundo , e 0 g ato p ara 0 ) terceiro . M as que gato ! U rn gato capaz de calcar bo tas, falar e ) tra nsfo rm ar seu d on o n o rico M arq ues d e C arab as. )
36 •
)
J
)
)
)
) )
)
) que
http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
O s grilo s h~ m uito se calaram . E
0
dia arnanhece, lo go no
• 37
19/45
0,
m ar~ do , fin alm ,en te, v ai se. e xibir em p raca p ublica. E
0
f ilh o , r m ag m e , 0 menino nunca VlU 0 p al tra ba lh ar, te rn a te v erpo nto em que o Jo vem M arques de C arabas cam inha para 0 altar ) go nha dele naom esco la. E 0 aju dan te. E o s p aren tes d o aju dante. Ana Z. a onde va)i voc ê ? - slide pdf.c co m a filha do R ei. ) T odo s querendo a m esm a co isa. E demais. . - O s gato s do o asis estao se espreguicando , M ajestade. E ' ) - M as 0 senhor e 0 Sultaol dia. A m anha eu co ntinuo a hist6ria. ) - E nquanto eles quiserem - diz 0 S ultao de si para si. - E sta b ern, A na. A te am anha. - A s babuchas vaG batendo ) ) E , m ais alto : - E u sei, eu sei, fo i culpa m inha - acrescentando sobre 0 rnarrno re. - M as nao se esqueca de o nde fico u - reco )lo go ,1 defensivo -, m inha e do C onselho ! Q uisem os ter urn carmenda 0 S ulta o a nte s d e sa ir. ) r as co s o p a ra im p re ss io n ar a qu ele E m ir v is it an te . E f oi n is so q ue d eu . - Po de deixar, M ajestade, co nheco bern essa hist6ria ) ') 0 galo cant a la fo ra, U rn raio de so l entra na sala da to rre, - respo nde A na. ,/ o s d ois p aje ns ja en tra ram hi algum tem po . 0 Sultao se levanta. E , m al acab a d e falar, ja esta so zinh a. ) - A te am anha, A na. N a no ite se¥uinte, a narracao de ~na revela ao Sultao que, ) ) - E u nao quero rno rrer! casa~o 0 M arques co m a filha do R eI, nasceu-lhes urn lindo ) ) . - E u sei - 0 S ultao vai saindo . - M as seu desejo s6 € rneruno. E 0 m e~ in /o .d a h isto ria. d e A ~ a v ern a se r a qu ele m esm o muito pouco. ~ue, em o utra histo ria bern m ats anuga, planta urn grao de fei- ) ) A na cho ra. S em grande desespero , po rem , sem grandes J ao e .q ua nd o 0 p e nasce so be p or ele ate as n uv en s. M as, o lh an do ) lagrim as. Po is ainda se lem bra de um a po rcao de histo rias, e pela janela arras do Sultao , A na, esta no ite, m ede suaspalavras ) )sabe que po de em ends-las, no ite apo s no ite, para alegria do Sulco m cuidado m aio r que de co stum e. Q uer acabar alguns m om en- ) ) tao , e tristeza do carrasco . T ern tem po pela frente. E , no tem po , to s antes da chegada da rnanha, para po der falar de o utro assunto ) tu do p od e ac on te ce r. co m seu o uv i~ te cativ o. E ntao , an tes qu e 0 g ala ca nte , e la c on ta , ) N o ite seguinte, la vai A na co m seu cha, reto m ar a histo ria c o m o 0 /m enm ? fo ge descendo pelo pe e co m o 0 O gre que ) o nde a havia deixado , do O gre que vern descendo pelo pe de m o rava la em cirna v ern co rrendo arras d ele e... ) /eijao e do m e nino que, chegando la em baixo antes dele, co rta - S im p atic is sim a M a je sta de , 0 g alo n o p ole iro ja e sta levan-: ') ) 0 talo bern junto da raiz, e da lanterna que havia ro ubado do ta~do a ca~e~ a. M as antes que ele cante, queria the perguntar: ) O gre, e que ele esfrega, e.da qual sai urn ... sera q ue n ~o dav a p ara esq uecer aqu ele neg ocio d o carrasco ?
5/13/2018
I
)
- M inha do ce rnenina, vo ce sabe que nao po sso . 0 carrasco I e~ t~ pro nto , s6 esperando a ho ra em que vo ce nao tiver m ais his- I ) to n a s p ara co n ta r. - M as 0 se nh or n ao d ese ja v er m in ha c ab eca c ortad a, d es eja ? ) . - E u nao . M as ele nao pensa em o utra co isa. E sta co m aq uela ro up a d e ex ecucao , n ov a em fo lh a, g uard ad a ha urn tem - ' pao , co m seu lin do capuz negro , 0 m achado reluzente T ern ) ate urn aj~ dan te! E n un ca, nu nca carrasqu eo u nin gu ern S eja ') cornpreensrva. I
- C om pree nsiv a" . d o s o u tr o s.
E
facil ser co mpreensivo co m a cabeca
- E ntenda A na, nao e so ele. F o sse s o ele, nao tinha pro blem a. M as tern a m ulher dele, A po brezinha ja aviso u a familia 38 •
http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
)
) Co ntando a seu m o do aquilo que o uviu co ntar tantas vezes ) no s m odo s do s o utro s, A na calca bo tas de sete leguas e, quase /em se dar co nta, vai atravessando as no ites. A te ter atravessado tantas, q ue um a rn anh a, said o 0 S ulta o, p erc eb e te r a ca ba do se u )e sto qu e d e o gre s, fa das , m ad rin has , p rin cip es e p rin ce sa s. C om o )seca urn rio , seco u a m em oria de A na. E po r m ais que se esfo rce, )nao enco ntra dentro de si nem m ais um a histo ria para co n tar. ) D esta vez A na cho ra e cho ra, pensando no carrasco . E nso pa o cetim d os co xin s. Q uase en so pa 0 tapete. C ho ra tanto , que as )la grim as, c om o a s h isto ria s, se ca m d en tro d ela. ) E xausta, ainda m urm ura: "0 m eu d esejo v ale. V ale sim". )E ado rm ece d esejan do , d esejand o co m fo rca, n ao ser m aisp rin cesa, n ao estar n a terre, sair d aqu ele o asis.
) ) I )
)
)
)
)
)
)
)
)
)
• 39
20/45
A na do rm e. N o escuro do seu so no urn vento co m eca a ) ) s o pr ar . S o p ra 0 vento , cada vez m ais fo rte no so nho de A na, agi) i voc ê ? - slide pdf.c om tando as o ndas do deserto , engro ssando as dunas. E 0 d ors o d asAna Z. a onde va dunas esta co berto de espum a verm elha co m o sangue, que san- ) ) gue nao e. Sao as flo res de leandro , o s hibisco s, as ro sas to das ) ) que crescem nas paredes eno s m uro s do o asis, paredes e m uro s ) ) que 0 vento, 0 m ar e a areia van levando de ro ldao .
5/13/2018
0
)
0
E zinha, q ua nd ovestida ventoco m am suas ain a ro e upas, m ar deitada se aplaina, A na aco rda. E sta so na areia apenas o ndulada. Sem nada, nada ao redo r. "P artiram to do s?", se pergunta, "O u sera que ado rm eci n o o nib us e so nh ei?". A o lo ng e, u ma carav an a se ap ro xim a. A na espera urn po uco , depo is vai ao seu enco ntro . E , co m o h a v ia f ei to 0 ho mem das cabras, levanta o s braces, agita as m ao s, fazend o sinal p ara q ue 0 p rim e ir o c am e le ir o p ar e.
))
)
)
)
) )
)
) )
) )
C o m 0 gesto , um a flo r de acacia se desprende do s seus cabelo s, v olte an do le nta a te 0 chao.
)
M a is c a r a q u e u rn c a r n e lo
)
) )
)
)
)
)
)
)
)
)
) Para 0 prim eiro cam eleiro , ao sinal de A na. Para 0 segundo arras dele. 0 terceiro para. C om cham ado s, grito s, e aquele estranho grunhido do s cam elo s, para, o ndeante, to da a c ara va na . A na o lha para cim a. Seus o lho s ardem . V e apenas um a s ilh ue ta e sc ur a, re co rta da c on tr a 0 so l. D o alto , ele a o bserva, m enina so zinha no m eio do deserto . E sem que ela tenha dito n ad a, c utu ca 0 pesco co do cam elo co m 0 p e, fazen do -o do brar o s jo elho s. 0 ho mem ago ra est a ltu ra d e ~ na . D iante dela, do is o lho s ma uito a preto s. E so 0 q ue a pa re ce daquele ro sto . 0 resto , nariz, bo ca, testa, tudo esta co berto po r urn pano azul, que se pro lo nga ate a cabeca, enro lando -se em turbante.
40 •
i
)
I
) ) l )
)
)
)
) (
)
_-
~
N ao sao m uita co isa do is o lho s. M ~s para.9uem
esta per-
. d id a nopo drtan eserto ser. )m aisim te s , qaueprotucura do . Dde o is alguns o lh os, epelxes u ma mfujo ao qes,ue po se dem e sten de ) P ela m ao do ho m em azul, A na so be arras dele, no cam elo . )Q ue susto quando 0 bicho se levanta num tranco sacudido , co mo se fo sse jo gar seus co nduro res para 0 alto ! M as 0 medo ) de c air e se r d eix ad a p ara tra s p re nd e A na n a se la m ais q ue a s m ao s, ) U rn grito do ho m em , repetido de bo ca em bo ca. E em )neio a ruido de m etais e co uro s se entrecho cando , a caravana se po e no vam ente em m arc~a l~ vand? A ~a. ) P ara o nde sera que val? E a pnmeira p erg unt~ qu e. A na )se faz, depo is de ter gasto 0 aliv io po r n ao estar m ars so zm h~ . )P ara alg um lug ar, certam en te, ela p ro pria se resp ond e. E co nn;nu a seg uin d o 0 fio do seu pensam ent~. C arav~nas parte~ , e caravanas chegam . D e lugares. D e aldeias, o u cidades. A te de
)
)
')
)
)
• 41
http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
21/45
I )
o asis. M as sem pre de o nde hi o utras pesso as, para co mprar coi-. )
)nuito
evidente.
Em plena m archa,
a ordem
e gritada,
to do s
faram , ajo elham -se o s cam elos, o s ho m ens descem , co rneca 0 sas, para alim entar o s cam elo s, para receber o s cam eleiros e o s .trabalho Ana Z. a onde va i voc ê ? - slide pdf.c om onte. de desm A quilo que era um a linha sinuo sa, espev ia ja nte s. 0 raciocfnio de A na parece lo gico , tranquilizado r. ( .:tie d e lo ng a serp en te av an can do o rg an izad a, d esdo bra-se. C ar"Caravanas", diz ainda para si m esm a, "sao co m o a vio es.: ) ~as, em brulho s, volum es, cestas, o dres sao retirado s do s cam elevando genre e em brulho s e m alas e co isas, s6 que pela areia. j o s . E ninguern diria que cada cam elo pudesse carregar tanta M ais seguras ate que avio es. A lem do m ais, se o s peixes fo ram , ) fo isa. O nde antes era silentio , incha a algazarra. T udo e rapido , a algum lugar, nao ficaram andando a esm o no deserto. Segui'po rque a no ite tern pressa de chegar. A s pesso as co rrem . C ada ram certam ente as rotas das caravanas, e pararam o u passaram : ') 1m tern seus afazeres. S6 A na nao tern nenhum , e se ve quase } pelo s m esm os lugares o nde esta vai passar' . :,esquecida, parada no ro dam oinho de gentes e so ns, sem saber Pensado isso , A na acaba po r tranquilizar-se de vez. Sua. ) )0 q ue fa ze r. alm a reco lhe o s rem os, deixa-se levar. Ja que esta no rum o certo , Se ela nao sabe, sabem o s o utro s por ela. Q uando a no ite p o de d e sp re o cu p ar -s e. ,bnfim abre sua m anta escura, as fo gueiras estao aces as diante E A na corneca a to m ar po sse do seu no vo lugar, olhando ) )das tendas de co uro verm elho, urn cheiro de co m ida se arrisca p ara tras p ara co ntar o s cam elo s, so rrin do p ara 0 o utro cam eleiro, ) yo ar, alguern tan~e ~s co rdas d.e urn instrum ento . estudando o s desenho s na sela na qual esta sentada, m edindo , ) A na nao havia sido esquecida, Co m 0 co rp o to do o nd ean as co stas do cam eleiro bern diante do seu nariz. O lha para o s
5/13/2018
I
)
lad os, alisa co m 0 o lhar os rastro s que 0 vento deixo u na areia. E po rque seu pensam ento esta dispo nivel, lem bra de urn m esm o gesto feito em o utra o casiao , quando sua m ao ali so u o s grao s finissim o s de um a praia e ela penso u que, se fo sse m eno r, pequena co m o urn tatui, m eno r ainda, nao acharia aqueles grao s nada finfssimos, acharia gro ss os , eno rm es, verdadeiras [ pedras entre as quais avancaria co m dificuldade, escalando . A , lem branca resvala, vo lta para perto, traz para A na a reco rdacao da salada to rre, tao presente na sua m em 6ria co m o se ainda
) ) )
~e po r dentro co m o se ainda estivesse no alto do cam elo , se ve )entada diante das cham as, urn prato de co m ida na m ao , urn Jo berto r de la sobre o s o m bro s. A no ite e fria no deserto. 0 Jalor da areia do rm e cedo . N aquela prim eira no ite, A na po uco olha, po uco ouve. .R epara apenas que to dos o s ho m ens estao velado s de azul, e A ue sua pele, 0 po uco que dela se po de ver, e m o rena. M as Jsti to nta de sono , e ado rm ece depressa debaixo da tenda, acariciando a m aciez de urn tapete e pensando que aquela o ndula-
) ) ) )
estivesse entre as dunas, com seus m arm ores e suas sedas. E ja r ) tao distante com o se as dun as a tivessem so terrado . ( ) A partir deste ponto, 0 tem po co rneca a passar para A na: ) no ritm o das paras do s cam elo s. Sem pressa, o ndulante, cheio de cintilaco es, igual a um tem po de m ar. E sera neste m esm o ) tem po que ela ira navegar em seus pensam entos esvaziado s de' ) qualquer urgencia, enfileirando urn dia arras do o utro , co m o ,) um a caravana de dias, ate 0 po nto de chegada. M as, entre cada dia, hi a no ite. E e quando 0 tem po no ) deserto m uda, e as co isas aco ntecem . ) N ada lhe dizia que a no ire estava se anunciando , naquele ) prim eiro dia de viagem . 0 so l ainda nao tinha se po sto , m al, ) chegava ao ho rizo nte. M as para os caravaneiro s tudo parecia
.
(
2 •
)~ao to da deve ser da agua do seu co rpo, que ainda nao se acalm ou. ) A co rda co m um a tigela de leite - cabra? cam ela? m elho r )lao pensar - na m ao , enquanto a m esm a agitacao que m o nJO u 0 acam pam ento na no ite anterio r 0 desm onta. E, caravan a em m archa, co rneca urn novo dia. ) M as na segunda no ite A na ja se sente em casa. Po de aju)lar, carregar, puxar as co rd a s para arm ar a tenda. Po de buscar - -y e u p r a: _ o , p e d ir 0 c ob erto r, e .c om e~ ar a fa ze r p ~e rg un ta s. . N ao todas as que gostana. Po rque ela esta aprendendo a )se co ntrolar. E po rque seu anfitriao nao e do tipo falante. Parece ate que nao tern m uito para co ntar, e nada a explicar. ';M esm o co m perguntas lo ngas e respo stas curtas, porern, um a yrta am izade co m eca a se estabelecer entre o s do is.
)
)
• 43
'J
) )
http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
E
po r co nta dessa arnizade que, dali a algum as no itesr
)
)
)
)
_
Q ue neg6cio ?
22/45
A na vai cair no seu velho vicio , e se intro rneter onde ninguem a c ha in ou .
_ N eg6cio im po rtante _ diz 0 h o me rn , r et ic en te . _ Q ual? _ A na insiste. Ana Z. a onde va i voc ê ? - slide pdf.c om ) . A rm adas as tendas, co rnido tudo 0 que havia nos prates,' ) _ C o isa de ho rnern. 0 limpado fundo do s prato s co rn urn resto de pao chato co m o; ) ) _ Q ue co isa de ho rn ern e essa? _ a curio sidade ernpurra u rn a p a nq u ec a, hi urn bem -estar m anso enro scando -se no acam -. ) )A na co rn rn ais fo rc a. p arn en to . C on versas, u rn can to , ro da s fo rm ad as p or qu em ain da _ Q uer co m prar vo ce _ entrega ele afinal. nao tern so no . E de um a dessas ro das urn ho m em se levanta \ ') ) Sera urn erro , ou seus olho s brilharn divertido s, po r tras
5/13/2018
)
ve msen tar-se d ian te da fo gu eira d e A na, en tre ela e seu anfitriao . O s do is ho rn ens co nversarn nurna lingua que A na nao, entende. To rnam vinho , riern. G esticulam m uito . O lharn para ela urna vez, depo is o utra. E entao parecem esquece-Ia, entretido s q~e estao co rn suas p r6prias palavras. , E tarde quando 0 ho rnem se vai. M as a curio sidade rnante ve A na a co rd ad a. _ 0 que e que ele estava co nversando ? _ seu ja quase am igo . _ V eio fazer neg6cio _
pergunta
)
)
) da s p e st an a s? ) _ M e co m prar??! ! _ A na esta tao surpresa que se esquece )d e en trar ern p an ico . _ O fereceu vinte carnelo s. ) _ Isso e m uito ? _ pergunta A na, que nunca antes tinha )se avaliado ern carnelo s. N o fundo , m as nem tao no fundo assim , J en te -s e e n va id e ci da . o ho rnern o lha para ela com displicencia: _ Eu nao dava )_ retruca.
)
) ) )
ao ' ) )
respo nde ele sem encara-la,
')
)
V rna pausa. C urto silencio entre o s do is. _ E pra que quer m e co rnprar? _ vo lta A na. _ Para casar vo ce co rn 0 f ilh o d ele . "C asar??!! 0 ho m ern esta lo uco ! Eu nao quero casar! )Q uero a rninha m ae!", pensa A na nurn susto . E grita: _ M as )e u s ou c ria nc a' ) _ 0 filho dele tarnbern e _ re~ate 0 ho rnern co ~ ?aturalidade. _ C o m pra ago ra, casa depo is. G arante 0 negocio. ) 0 m e do co m eca a do er na garganta de A na. , ) _ V o ce nao vai m e vender, vai? _ pergunta sem certeza )d e q ue re~ o uv ir a resp osta. ) _ E claro que nao . . , A na ja esta se refestelando na gratidao , quando 0 hornern )azu l acre sce nta co mo se rev elasse u rn se gre do : ) _ O s cam elo s dele sao rnuito rnagro s. ") D epo is ri, ri, batendo co rn a m ao na co xa. Po bre A na. E ela que se sentia a rnasco te da caravana!
)
) I) I
)
) (
')
I
)
) )
I
))dias, Dantes essa no em diante, ais sodo ssego . To doss do os da itecaravana sair, nao vai tern para mjunto s carnelo )h orn em , a pa lp ar-lh es a s c an ela s, v erific ar s e e sta o e ng ord an do . )E no ite, esco ndida, tenta tirar a po uca co rnida que lhes dao .
a
• 45 I
)
)1
)
) )
http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
(
)
23/45
o
qu e m ais au m enta sua ang usua e q ue n ao en ten d e ) nada de cam elo s. N ao tern a m en o r id eia d e co m o seja u rn , ) Ana Z. a onde va i voc ê ? - slide pdf.c om ca me lo g ord o. O u m ag ro . E stu da -o s, te nta nd o d esc ob rir q ua nta carne hi po r b aix o daq uele pelo q ue m ais parece u rn tapete' velh o e esfran galhad o jo g ado so b re a p ele asp era. A palpa-o s po r d esencarg o d e co nsciencia, o lh a p ara .as co rco vas, d esco n - ) fiand o q ue ali esta 0 segred o d o peso . M as co n tin u a ch eia d e J in certezas. A pesar d e tan ta analise, a (m ica co isa d e q ue co nsegu e se certificar e qu e cam elo tern urn cheiro b rabo , q ue lev a ) urn tem pao p ara sair d as rn ao s. ) D ep ois da co nv ersa daq uela n oite, 0 ho m em azu l n un c a ) m ais to co u n o assun to . T eria d ito a v erd ad e? A n a n ao o usa per- ) gu ntar. O bserva-o q uan do vai beb er n as fo g ueiras do s o utro s ) ho m ens azuis, g esticuland o e falan do alto co m o fez aqu ela no ite. 0 ve d e vez em q u an do co nv ersar co m 0 d o n o do s cam e: )
5/13/2018
lo s. N ao 0 p erd e d e vista. M as em v end a o u casam en to nu n ca ) m ais se falo u. E A na se co nso la calculand o q ue, qu anto m ais J a caravan a an da, m ais p ossib ilid ad es ex istem d os cam elo s em a- ) grecerem. )
)
D e v e n to e m p o p a
)
)
Quanto an daram ate cheg ar ao s ro chedo s A na' ~
n a o s ab er ia d iz er . N e m s ab e ri a d iz er s e s ao r oc h ed o s, p ro p ri am e n te , o u p edras, o u nem m esm o ped ras. P arecem m ais blo co s d e areia c alcific ad a, c laro s e p olid os c om o se ta nto s v en to s tiv esse m g asto su as a re sta s, e no rm es se ix os d e rio d ep osita do s a li p or a gu as q ue ha m uito se fo ram . Po is e a so m bra d essas q uase ped ras, d esco bre A na ao se apro xim ar, q ue se p ro teg em as casas d e um a ald eia. C as as ta o b ra nc as e p olid as q ua nta 0 re sto , q ue c om 0 resto as v ezes se co n fun d em . C asas q u e p o d eriam ser de qu alq uer o utra ald eia, se dian te d e cad a po rta u rn h o m em nao co n stru isse u rn b arco e u m a m u lher n ao tecesse red es. ,
46 •
) )
) ) ) )
• 47 )
http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
)
)
i>
C o n struto r d e b arco -
H 'a muita . ag , ua no m u n d o . E d eve
24/45
"Para q ue b arco s, no d eserto ?", g ostaria A na de perguntan ) )h aver agu a m ais fo rte q ue o s m eu s barco s. M as eu nu nca so ube e.nao perg u nta, po rq ue seu cam elo ja se po e d e jo elh o s e 6 carnAna e- Z.) a onde )vadievocn êen? hu m apdf.c q ue - slide om p ud esse co m eles. le iro d esc e a gil d a se la , esq uec en do -se d e e sten der-lh e a m ao . ) U m a m u lh er - E o llie qu e n o sso s b arco s v iajam n o m u n do S6 eles ap eiam . 0 resto da caravan a co ntin ua parad o, lan-' )todo. c an d o s ob re 0 c hao su a so m bra c om prid a e a ta da c om o u ma c ord a. A n a gira a cab eca, d e urn para 0 o utro , co mo se o lh an do C aes ladram nas p atas d os cam elo s. D as p ortas, o s h om ens o lh am , ) ) o s ro sto s pu desse p enetrar n o q ue dizem . M as co nv ersa q ue a paran do po r urn instante seu trabalho , as m ulheres levantam a ) )gen te n ao em en de e bo la q ue qu ica lo n ge, e .lo g o so m ~. . cabeca, en qu anto as rn ao s co ntinu am co nd uzind o a nav eta em ) H o m em azu l - Q uan do eu era m en ~o , cruzer u~ n o g e sto s h a m u it o d ec o ra d os . A t ra s d a s s ua s s ai as e sc o nd er n- se crian-' ) no b arco q ue m eu pai co m p ro u d o s teu s p alS . E ra u rn no d e cas p equ enas. ) ) m uita co rrenteza, m as m eu s p es cheg aram seco s d o o utro lado . ) C o nstruto r de b arco - M eu pai era urn g rand e co nstru to r O s passo s do ho mem azu l p arecem m ais largo s n a clarid ade. ) E le c am in ha p ara u m a d as c as as , es vo ac an do o s p an os d a s ua ro up a, )d e b arco s. , ) H o m em azul - E m eu p ai sem p re m e co ntava da v ez em g rand e ave estran ha n esse n inh o. E A na, qu e tro ta lo go arras, n ao ) q ue fo i p escar co m m eu av o , no b arco q ue ele co mp ro u d o s teus s a be ri a d iz e r 0 q ue e m ais escu ro , se ele, o u su a so m bra. C heg a- ) \v 6s. 0 lag o era v erde e traico eiro , e m eu p ai nu n ca esqu eceu se a u rn do s ho mens. E ste po usa 0 facao c o m qu e trab alh a. )
5/13/2018
arco , ago ra A na p o d e ve-lo d e perto , n ao e g ran de. o bfeitio T ern urn d iferen te de to do s o s qu e ela viu antes, co m aresta s sa lie nte s d os la do s, co m o b re ves a sa s e , n a p ro a, la nc an do -se p ara fo ra, urn esp igao serrilhad o feito bico d e p eix e-esp ad a. k estrutu ra, qu e ap arece n o lad o d e d en tro , d eve ser de o sso s, o u de alg um a m adeira m u ito d u ra - "m as o n de co n seg uiriam m ad eira aqu i?", m atu ta A n a, o lh and o aq u ela aridez o nd e ap en as alg uns m ag ro s cip6 s se en ro scam feito serpen tes n a b ase das g rand es p edras. R evestida d e co uro s em end ado s en cerado s p olido s en grax ado s, lem bra u rn tam bo r, o u 0 v entre grav ido d e certo s anim ais. T alvez p o r isso , co mo se fo sse u rn g esto inev itavel d ia nt e d o v is it an te , 0 h o m em azul b ate n o lad o d o barco co m a m ao espalm ada, arran can do u rn so m seco e cav o. o co nstru to r d e barco so rri, ap ro van do co m a cab eca. S orriem e ap ro vam to d o s o so u tro s co n stru to res, batend o co m as m ao s no s co stado s d e seus b arco s. E aco m pan had a po r aqu ele e stra nh o b ate r, c orn ec a en tre d es e 0 h o m em azu l um a co n v ersa
)
) da qu ele b arc o. ) )
) ) ) )
)
) )
)
) ) ) )
) )
) )
) ) ') )
)
) )
da q ual, ais uazu mal- vez0, Asonam neaoboco de p alav ra. H o mmem rnmpreen . ') C o nstru to r d e b arco - T ern qu e ser. U rn b arco e co m o ) u rn in stru men to . O u c om o u rn c op o. S 6 p re sta se 0 so m fo r d ireito . ) H om em a zu l- C om u rn so m d esse s, e nfre nta q ua lq ue r a gu a.
)
48 •
')
)
) )
)
)
)\
~-
• 49
) J
http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
C o nstruto r de barco -
()
M eu avo era urn grande co nstruto ~ )
)
)
25/45
M as a parada naquela aldeia, s6 ago ra A na se d~ ~o nta,
d e b arc os. pao foi po r acaso . N em fo i po r acaso que chegar~ ate lao N o H om em azul - E m eu avo dizia que antes dele, e antes ) ? S .deserto, sem po nto s de referencia, to do s c am in ho s p ar ec em i voc ê ? - slide pdf.c om do pai dele, o s barco s desta aldeia ja eram fam o so s em to daAnaa Z. a onde vaJreto s. Q uem p od eria d iz er, e ntao , d os d esv io s tracad os p elo c araT erra d o S ol E sc ald an te . :>V aneiropara alcancar 0 lugar que h~ tanto s ano s estava em sua C o nstruto r de barco - ]a eram , ha m uito te mp o. )fota e co mprar 0 bar~o ?O ~ seus desejo s? / A na go staria de dar um a vo lta, explo rar urn po uco a aldeia, ) ) Tanta devo cao intim ida A na, que so passado algum tem po m as nao quer se afastar, nao quer perder nem um a fala, co m o o usa fa ze r su a p erg un ta . se p ud ess e g ua rd a-Ia s in te ira s p ara d ec ifra r m ais ta rd e. ) - Pra que vo ce quer urn barco , no deserto ? H om em azul - Sernpre m e perguntei co m o e que vo ces, ) - Po rque se a viagem e lo nga, co m o saber qu~ndo yO U sabem fazer barco s tao bons, nesse lugar tao sem agua, )precisar de urn barco ? E 0 deserto: .. 0 desetto . e m uito 10,ngo C onstruto r de barco - Eu aprendi co m m eu pai. . - 0 ho m em se cala po r alguns minutos. D epo is c?m pl~ta. O utro co nstruto r - Q ue aprendeu co m 0 pai dele. ) 1.1as nem ele dura para sem pre - o utra pausa. M ais baixo : A m esm a m ulher - E para que agua? N 6s nao fabricam o s ) )E u rn b arc o b em -fe ito e urn tesouro em qualquer lugar. . . rio s, n em m ares. Para faz er b arco s, b asta sa be r faze r ba rc os. ) - M as p ra que a rede, se a qui nao se pesca? - A .na m stste, o m esm o co nstrutor- E isso fazem o s m elho r do que nin- ) )com um a po nta de angustia no co racao . N ao pelo desejo de t~guem , . \ )bem po ssuir urn barco . M as pela percepcao de que algo , rnaior Falo u-se em agua. M as ela nao e sequer o ferecida, apesar: )que 0 barco, Ihe escapo u. dos labio s seco s. A gua e precio sa dem ais nessa aldeia, para se o fe- ) ) - A rede e urn presente - respo nde 0 ho m em azul, quase recer a visitantes. Lavam -se as m aos em leite de cabra - daquejrritado po rque A na parece nao entender 0 valo r da sua com pra. las m esm as cabras cujo co uro sera urn dia transfo rm ado em bar- ) .E iro nico, vo ltando levem ente a cabeca para ela: - Pra que urn co s - a fim de que estejam lim pas na ho ra de fechar a venda. ) )b arc o, s em re de ? A co nversa nao dem ora. E ficil chegar a urn aco rdo quandq ) ) to dos sabem 0 valo r do que esta sendo nego ciado . E afinal, discutido e pago 0 preco , 0 ho m em azul faz urn ) ) cham ado , urn cam eleiro se aproxim a, 0 barco e icado , atado ) junto a carga do cam elo . C o m ele, so be um a rede. ) ) Em breve, a caravana o ndula, a m arch a reco meca, Em bo ra ) sab en do q ue jam ais en co ntraria seu s p eix es p or ali, A na teria go s' ) tado de ficar urn po uco m ais, pelo m eno s 0 tem po de co rnecai ) a o lo ng o do av an car d a carav an a, q ue p ro ssea entender algum a co isa daquela gente. E riao s6 ela. Eu tam bern, ) )g ue ap aren tem en te ig ual m as se~p re d ~e!~n te, ha u rn m o m en ta co nfesso , fiquei m eio frustrada. Sernpre yo u de carona nas perkm que um a tem pestade de a!e1a.tem 1ll1ClO. guntas de A na, para saber das co isas. E dessa vez, co m ela cala) Im po ssivel m arcar co m precisao esse m o m :nto . U m a tem da, acabei ficando eu tam bem no escuro . Q ue gente e aquela, ) .pestade de areia pode com ecar com um a sensacao entre o s den-
5/13/2018
D e v e n to e m v e n to
)
e de o nde vieram seus antepassado s fazedo res de barco s, nunca saberei. A visao deles, po rem , vai com igo , com o a rede, cheia ) de vazio s. E m e co nsolo pensando que urn dia ainda apanho ) alg um a co isa co m ela. t
50 •
I
)
E
Jtes, d e ran ger, o u d e serrilh a, o s. d e c im a ~ ub itam en te estran ho s )ao s de baixo , sem enco ntrar seu Justo encalxe: O ~ c.o m u rn fran) zir q ua se d o lo rid o d as s ob ra nc elh as , ~ ro te ~a o instmtrva d o s o lh o s. 'o de co m ecar co m urn leve estrem ecunento no do rso das dunas,
)
)
)
)
• 51
)
)
http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
urn arrep io , em qu e
0
co n to rn o p erd e a n itid ez, se en cresp a, se
)
26/45
d esfaz. M as a tem pestade, a tem pestad e m esm o talvez s6 po ssa ser d eclarad a q u an do a areia n o ar ja e tanta, q u e en co bre 0 s oAna l. ' Z. a onde va i voc ê ? - slide pdf.c om F az -se e nta o u rn e sc uro q ua se c la ro . E sc uro , p orq ue o s ra io s d o so l n ao co nseg uem ch eg ar ate as pesso as. C laro , p orqu e, tentan d o faze-lo , eles se in tro rn etem , se en fiam p o r entre o s g rao s ) ) d e areia q ue v o ltej am , e g iram co m eles en ro lan d o cad a grao ) n u m a casca d e so l, co m o se um a porcso de m inu scu les so is r odas-' ) ) sem em tan to s ro dam oinh o s, fazend o so mb ra u ns ao s o utro s, co m ) su a p ro p ria lu z. ) ) Pelo m en os, sao ro dam oin ho s 0 q ue A n a acred ita ver, ) p r o m o ~ a o p ub li ci ti ri a - m a s p ro m o ve nd o 0 qu e? O u alg u em o lh and o aq uela escura luz do urad a, p ela fresta do tu rban te co m i ) d and o a vo lta ao m un d o em 7 9 dias, so para n ao q u ebrar 0 q u e 0 h o m em azu llh e p ro teg eu cab eca e r o sto . ) r ec or de d aq ue le s f am o so s 8 0. "Q u e h o ra sera?", p erg un ta-se v arias v ezes ao lo ng o d o ) ) E m V aG A na ch am a seu co m pan h eiro de v iag em . C o m 0 prim eiro d ia d e tem p estade, u rn po u co p o r aflicao , urn p o u co ) )baru lh o do v en te, n ad a se o u v e. E q u and o , d ep o is d e m u ito po r b rin cad eira, sab end o p ela fo m e qu e a rn anh a ja p asso u o u ) c utuca-lo , ele fin alm en te se v olta, a tem pestad erecru desceu , a
5/13/2018
q ue a tard e esta ad iantad a, en q u anto a lu z, sem pre ig ual, n ad a l he r es po n de . N o seg u n do d ia, p o rern , fo i-se 0 d esejo d e b rin cad eira. A na n ao e sta m ais in tere ssa da n as h ora s. "0 q ue sera p io r, um a tem pestad e d e areia o u um a tem pestade d e n ev e?", ind ag a-se. P o rern , n u nca tend o estad o em um a tem pestad e d e n ev e, e o bri- \ gad a a deix ar a q u estao em ab erto . E no terceiro d ia, n um a h o ra q ue p ede ser qu alqu er u m a, q ue A n a, o lb an do p ar a 0 ceu a p ro cu ra d e u m a tre gu a, v e 0 dirigivel.
I
I
) )
) )
) )
areia se fez m ais den sa. 0 d irig ivel ja n ao se v e. N ao esta, o u )n un ca e ste ve , a cim a d e s ua s c ab ec as. ) S era p reciso m ais u rn d ia an tes q ue 0 v ento se can se e. )co mo u rn v elho cach o rro , deite no chao e d urm a. M a s q ua nd o a fin al se a qu ie ta, 0 a r re pe ntin am en te lim po )n ao en treg a ao o lhar de A na a lisa im en sid ao do deserto . D iante )d ela , e sc ura e in esp era da , re co rta nd o se u d ese nh o so bre 0 fundo ) cl ar o, e sta u m a c id ad e e m rufnas, N a q u al a c ar av an a v ai a d e nt ra nd o .
C om o po de urn d irig iv el flu tuar tao seren o, eno rm e b aleia ( ) p ratead a, em m eio aq uele g alo pe de v en to , ela n ao sab e. E m uito ( m en os sa be c om o p od e e la , A na , v er a lg um a c ois a t ao c la ra me nte , i ) em m eio aq uela n evo a am arela em q u e tu d o se co nfu nd e. N o entan to , la esta, av an cand o Iento e m ajesto so , co m o se ) estiv esse p arad o. E n as jan elin has - A na p oderia ju rar se alg uern \ ) lhe exig isse ju ram ento - urn ho m em o lha para b aixo co m um a esp ecie d e lun eta, e u m a m ulh er, u m a m ulb er v estida d e cinza I ') palido , co m u rn ch apelao e u m a p ele d e rapo sa ao redo r d o s
)---------------------------------)
l ) o mb ro s, acen a co m a m ao en luv ad a de b ran co . Q u e fa z u rn d irig iv el s ob re vo an do u m a te m pe sta de d e a re ia ? Isso sim , A na g ostaria d e sab er. P od e ser parte do rali Paris-D akar ) - em q ue m es e m esm o q u e ele aco ntece? O u p o d e ser u m a
) - Fez 0 q u e? - p erg u nta 0 h om em azu l o lh and o ao red or. ) -- C o m o , 0 q ue? d errub ou tud o, p oxa! ) R i 0 ho m em . - D erru b o u n ada. ]a estav a assim hi muito tempo.
I
52 •
)
A c id a d e s e m ig u a l
)
~
--
Por
m il cam elo s! -. ex clam a A na, ten Jan do , sem grand e su cesso , falar co mo u ma caravan eira. - O lh a so 0 q ue a tem pestad e fez!
(
)
)
I
)
)
)
)
• 53
)
)
http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
E to ea
0
cam elo co m sua varinha, naquele co m anda
qu e
)
27/45
A na ago ra sabe ate preyer. . . . .' ) N este po nto , vam os sim plificar: co rtam os a descricao to daAna. Z. a onde va i voc ê ? - slide pdf.c om que vo ces ja co nhecem , de cam elo parando , cam eleiro apean- '. ) do , A na esco rregando pela sela co m o se fo sse urn to bo ga, E reto ) 'J m am os o s do is, m ais alguns cam eleiro s que tam bern apearam , um a ho ra depo is, la adiante, no m eio da cidade destruida.
5/13/2018
A na esta tro cando figurinhas co m o utras criancas. Figuri-' ') nha e co m o eu cham o , para a gente se entender, m as eles certa) m ente dao o u tro no m e, po rqu e tam bern nao sao figurinhas \ ) co m o a gente usa, Sao um as ro delas chatas, de barro seco , m eno ') res que urn pires e m aio res que um a chapin ha, co m uns desenho s riscado s e pintado s de barro v erm elho . O lhando po r cim a ) do o m bro de A na, da para a gente ver: tern um a co m urn So l, ) o utra co m urn cam elo , bo nitas ada Lua e a de urn ro sto so prando , ) que deve ser 0 vento . M as tern um a que o s m enino s nao querem entregar de jeito nenhum , certam ente a rnais precio sa. E a de urn cavalo negro . A na, que nao tern figurinha nenhum a, tro ca po r o utras co isas, o bjeto s pequeno s que fo i jun tando ao lo ngo da viagem , urn anel de co bre co m um a pedrinha verde que ganho u do sultao, 0 bo tao de um a das suas babuchas que acho u urn dia depo is que ele fo i em b o ra, tres sem entes de um a ro rn a do o asis: um a pena de pass~ro . Sao .o bjeto s de rnu ita tentacao pa~a as cnancas, que nunca viram co isas sem elhantes. M as nao sufi-
)) ) ) ) ) )
cienternen te tent ado res para serem tro cado s pela figurinha (, ) m ars rara. ( ) A na e as criancas estao aco co radas num a escadaria, o u ( ) m elho r, no que so bra de um a escadaria, que ainda so b e co m ) algum a elegancia entre o s am o nto ado s de tijo lo s e resto s de , paredes, para acabar de repente, a ceu aberto . Po rem nao estao \, ) so zinhas. A li m esm o , no m eio daquela qu e talvez tenha sido ) um a sala, o u urn tem plo , esta erguida um a tenda. E diante da ten da, d eitado s so bre tapetes e alm ofad 6es, caravaneiro s e ho m ens do lugar fum am em lo n go s cachim b o s co r de rub i. .) N ao e a unica tenda da cidade. Pelo co ntrario . E m cada· ) ruina, em cad a espa~o deixado livre pelo s rninaretes m eio cai- ) do s, pelas cupulas carco m idas, pelo s m uro s que vieram abaixo , ) I
)
54 •
)
)
)
)
: )
a o n dulacao angulo sa das tend as d esen ho u um a o utra arq uite- ( tura. E um a terceira se desenha ainda m ais aerea, po rq ue no '
)
http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
)
M enino m ais v elh o - Fo i antes da G ran de Batalha. To das as criancas v iram -se para ele. O s o lho s brilham .. O
28/45
) m enino faz um a pausa, o lha em vo lta. D epo is co ntinua, falando alto d as ten das, entre as an tenas de teve. o n dulam lo ng as fla- ( ) Ana Z. a onde va voc ê ?pressa: - slide pdf.c ) i sem - omO s h o m ens v ieram de detras das dun as do N o rte. m ulas co lo rid as, esta nd artes, b an deiras, g alh ard ete s e starn pa ') M on tavam cav alo s neg ro s. E eram tan to s, qu e nao p aravam de do s co m o s desenh o s do So l, d o cam elo , da Lua, e do vente. r ) , c he ga r. N enhum , p o rern, traz 0 c a va lo n e gr o . ) M enino d a Lua - A tacaram de n o ite. N o alto da escada, brincam as criancas. ) M enino m ais velho , dan do -lhe u m a co to v elada - D e - V o ces m o ram aqu i hi m u ito tem po ? - indaga A na, I
5/13/2018
I
v olta nd o- se p ara 0 m en ino da figurinha da Lu a. - D esde a v ida to da. - E go stam ? - co ntinua A na. E le da d e o mbro s sem respo nd er. - E u go sto - respo nd e n o lu gar dele, bern ex ibida, u m a m e nin in ha . - T ern que go star? pergu nta 0 g aro to d o So l. - N unca ning uem m e p erg unto u se eu go stav a o u n ao . - M inha m ae tam b em go sta - vern de no vo , petulante.: a m enininha. - A d o ra! D iz qu e e a cid ade dela. - M eio caida, ne? - arrisca A n a. E acrescenta rapida: - Sem q uerer o fen der. - V o ce precisav a ver an tes - intervern urn m enino m ais \ velh o em to m o rgulho so . - N enhum a cidade era m ais bo nita que esta. - V o ce v iu ? ~ p erg unta A na, sed uzida. . T o do s riem , urn fing e que v ai despencar do alto da escada, ,
)
)
)
I
de tanto rir, a m enin a tapa as gargalhadas co m a m ao . U rn do s ( h o m ens, Ii em baixo , vira a cabeca p ara ver 0 qu e esta aco nte- ( cendo , dep o is vo lta a o seu cachim b o . ( A na p oe-se na defensiv a. M as ao s p ouco s as risadas p ararn. . - Isso fo i hi urn ternpao - diz 0 m enino m ais v elho , ( co m ar co ndescendente. ( G aro to d o So l - Tem pao , tem pao . M enin a saliente - A cho que nem m inha m ae v iu. I) - E c o m o e q ue vo ces sab ern ? - pergunta A n a. I
)
) ) )
) ) ) , ) ) ) ) ) ) )
G aro to d o So l - T o do m u ndo sabe. ( ) A s figu rin has estao qu ase esq uecid as. 0 n ovo assun to to r-I no u -se m ais im po rtante, e as criancas sentem , pelo in teresse ) d e A na, q ue p od em ex plo ra-lo , v alo riz an do -se. 56 •
) no ite n ada. Fo i d e dia - hesita, e lo go co nserta. - M as tinha ) ta nta J an ca e f le xa v oa nd o, q ue p are cia n oite . C he go u a fic ar e sc uro . '.' G aro to do So l, entu siasm an do -se - N ao dava nern para ) v er as p esso as. ) M enin o m ais velho - M uito m eno s o s cav alo s, que ji ) eram negro s m esm o. _) M enina - O s o lho s d eles brilh avam , feito gato . ) M enino d a Lua - E a bo ca tinha aquele bafo . .. M enina - A i.., ) M enino m ais v elho , arrem atando co m to m d e do no d a ) hist6ria - Ai o s cavaleiro s do N orte destruiram tu do . O utro m enin o - T udinho . ) M enino d a Lua - E ram po d ero so s, ) M enino m ais v elh o .ienfatico - E tinham o s cavalo s. ) A n a esta fascinada. Tanto , que n ern faz p ergu ntas. A g o ra ) to do s o lham p ara ela, avaliando sua reacao . A ro da das crian) cas se ap erto u ao seu redo r. 0 m en ino m ais v elho calo u-se p o r ) ) ) ) . ) )
urn instante e ji vai reco mecar a co n tar. Po rern, justa n aqu ele m em ento , q uan do a h ist6 ria estav a fican do m ais interessante, duas m ulheres saem de dentro da tenda da ruina ao lad o , e batem palm as, cham ando as criancas para co m er. N ao hi histo ria que resista a ho ra d o alm o co . T o das descem , de ro ld ao , levando A na. E dian te das trav essas d e enso pado fum egan te a unica perg unta qu e passa pela cabeca de A na e : "Sera qu e tern so brem esa?" .
) D epo is d e co m er, as criancas reco m ecam a brincar, cabriti) nho s so lto s entre tendas e d estro co s. "Se tern esco la aq ui, deve ser tem po de ferias", pensa A na. E enqu anto descansa entre ) um a brincadeira e o utra, ap ro veita p ara p ergu ntar, sem m uita
)
)
)
)
)
)
• 57
"
esperanca, se em algum m o m ento , a lg um p eix e.
http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
algum dia, viram po r ali I
)
)
) . .A na, tern a im pressao de estar brinca~do m ais do que jam ais bnnco u, a sensacao de estar s6 bnncando , co m o se
29/45
) a lgue rn t iv e ss e e s qu e ci do aberta a to rneira da b rin ca de ir a. E - Peixe? - respo nde 0 m ais velho co mo se Fo sse a coisa co êrre, senta, Q uase nem se lem bra do ho mem ? - slide pdf.cri, om co nversa, pula. m ais natural do m undo . Pega A na po r um a m ao , e seguidoAnaI Z. a onde va)i voc 1 ) E azul o u da caravana. nao esta certamente pensando nele pelo s o utro s vai rebo cando -a atraves daquilo que deve ter. sido ( quando , em m eio a um a brincadeira de pegar, e a sua so mbra um a sala, atravessa co m ela urn co rredo r, chega a urn antigo , ) e sc ur a q ue th e a tra ve ss a 0 c am in ho , e sa o s eu s braces q ue a p eg am . patio. E calm am ente se abaixa, co rnecando a cavar na areia. ) - V am o s, A na, esta na ho ra de viajar. Nao parece enco ntrar nada, cava m ais adiante, logo imitado
5/13/2018
pelas o utras criancas. \ ) A na ja acha que estao debo chando dela, quando urn m enino grita cham ando o s o utro s, to do s co rrem e, entre o s dedo s e a areia revirada, A na ve estrem ecer, para seu abso luto espanto , urn palido peixe. ) Debate-se, 0 po bre, qu erend o fu gir. S eus o lh os nao fo ram feito s para a luz. Seu co rpo nao fo i feito para 0 so l. D e co co ra s, A na ten ta e xa min ar a qu ela c oisa v iv a q ue c orco ve ia , lu ta nd o p ar a e sc ap ar a am eaca, co mo se lutasse po r ar. E que nao em ite I
) )
- )it? - )a. Faz m uito tem po que chegam o s. - Q ue nada. A inda nem e d e n o ite ! ) - N ao e n o ite , p o rq ue 0 tem po aqui e o utro . M as ja pas) saram m uito s d ias. ) - D ias?! V o ce esta brincando !
)
)
)
so m . U m a pele da exata co r da areia, parecendo ter escam as, ( ) m as que escam as nao tern. U rn feitio parecendo de peixe, m as ) que de peixe nao e . M im isculas paras no Iugardas barbatanas. U m a to sca po nta no lugar do rabo espalm ado . Po de ser urn ) prim o de peixe. O u urn parente de lagartixa. O u urn cruzam ento do s do is. Q ue nao quenta ao so l. M as se esgueira debaixo ' da areia, no escuro , co m o se nadasse. U rn peixe do deserto . Talvez descendente de peixes de verdade, que fo ram ficando ) quando as a ntigas, antiquissim as aguas secaram . ( ) N ao e o peixe que A na pro cura, nao devo lver a co nta perdida.
e
0
que po de the
)
, )
)
I ,\ I)
)
I
(
. 'l'A inda nao £fo idesta vez", pensa ela, o lhando 0 estranho I )) )1 arum a que so m e a inal na areia. E, dando de o m bro s para sacudir a decepcao , co m eca no vam ente a brincar co m as criancas. () . C o m o /brinca ! Brinca dd e pique nas rulna:, de dPular car- ) 0 teso uro O 1 ~ a n a s ruinas, d e m apa nas rum as, e pegar, de escalar, de esco nder nas ruinas, E brinca dentro das tendas. ) ( Brinca so bre tapetes e so bre resto s de azulejo s. Brinca arras de ) co rtinas e arras de paredes. Brinca co m tudo co m que se po de . ) brincar. A prende brincadeiras que nao sabia. E ensina algum as ) I das tantas que sem pre so ube. if:
! !
58 •
.-~----~-
-
:.-
• 59
) )
\ I
)
- E u n ao . Q u em estav a b rin can do e v o ce - faz um a, p au sa. - E sto u falan d o serio , V iu as am pu lh etas, nas ten das?
http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
)
I
)
~
)
'I I
30/45
)
-
perg u nta 0 h o mem , en q u anto an d am . ) A m p u lh eta, essa p alav ra ela ja o uv iu . N ao tern certezaAna Z. ) a onde va i voc ê ? - slide pdf.c om d o q u e seja, m as sab e q u e co n h ece. N a ten d a de u rn d o s m en i-. n o s tin ha u m a co isa co rn 0 m aio r jeito d e am pu lh eta. A na nao: ) p o d e garan tir, m as tarn b ern n ao qu er p assar po r b urra, en tao ) se arn sca. ' ))' ) - U ma co isa ... assim de v idro ... - faz u m a p au sa o lh an d o p ara a cara d ele p ara v er se esta errand o . E co m o 0 desmentido I ) n ao v ern , co n tin u a: ... feito d uas b o lhas em pilh ad as ) - esp era m ais, sem q u erer se co m p ro m eter. - E u rn fio zin h o ,) de areia. ) ) - E is so a i. U m a a mp ulh eta . I ) - E u sei 0 qu e e u m a am pu lh eta! - in terro m p e A n a I qu ase o f en d ida, fing in d o u m a segu ranca qu e n ao tinh a. ) - E feito urn rel6g io . Q uan d o a areia de cim a acab a, a ) g en te v ira ela - co ntin ua 0 h o mem , sem ligar p ara a interrupcao - V ira n ad a! E u v i a m ulher jo gan d o areia n ela q uan d o ) ia a ca b an d o. Jogou p o r cim a, co rn u m a co lh er d e p rata, ig ual se jo g a p 6 de cafe no co ado r. ) - Pen a q u e esta cid ad e nao tin h a n enh u m riach in h o o h orn e rn so rri. L ev an ta A na p ara d ep os ita -la n o c am elo . ) - diz A n a d ali a p o u co p ara a p eq u en a pared e azu l q ue sao A carav an a, ja p ro nta, s6 esp erava p or eles. h s co stas do co mp an h eiro a su a fren te. - A g en te p o dia ter - E p o r isso , A n a, q u e aqu i 0 tem p o q u ase n ao p assa ) ) t e s t a d o 0 barco. - d iz 0 h o m em azul. - A areia sai po r baix o , co n fu n d e-se Silencio.
5/13/2018
I I,
I
)
I
)
corn 0 deserto . E eles V aG bo tand o m ais p o r cim a - 0 hornem so be n a sela. - E n qu an to nin g u ern v ira a am p u lheta, a n o ite nao ch eg a. ( A na ajeita-se no alto d o cam elo . M eio q u e suspira, m eio q ue re la xa , a ma nsa nd o 0 co rp o dep ois d e tanta b rin cad eira. C o m o 0 m arin heiro qu e reto rna ao n av io , sen te ao m esm o ') tem po um a tristeza fin a pelo q ue d eix ap ara tras, e a p az d e reen co ntrar aq uilo q ue tao b ern co nh ece. A ssim q ue a c ara va na re to m a a in vis iv el e stra da d o d es erto ,
S 6 dep o is d e alg un s m in u to s, a resp o sta: - E sse b arco ) nao precisa d e teste, ) A n a esp era u rn p o uco antes de vo ltar ao ataque - Sera ) q ue tinh a ag u a antig am en te? - in siste.
o tem po v o lta ao seu p asso no rm al. "U ma no ite estrelad a, q u e co isa b o nita", p ensa A na, o lh an d o p ara 0 alto. M as o lh ar estrelas nao e o cup acao p ara a no ite to da. N ao p ara e la .
) T e rr em o t o . ) - T errem o to ??!! ) - E ra ro '. M a s a co nte ce - 0 h o mem , qu e nao ~ ssistiu _ ) co n v ersa das cn an cas, n ao p o d e en ten d er a v erdad eira razao
- E ra b o n ita m esm o ? Silencio. - E ra? A final ele respo n d e: -
D izem q ue era, an tes d o G ran de
a
)
60 •
Silencio ) ) )
)
•
61
)
) da surpresa de A na. E ela acha m ais co nveniente esco nder que, ) a fizeram de bo ba. D em o ra para perguntar: )
http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
) jaco de-se em breve tro te, desco mpo ndo sua linha ~rdenad.a, e ,p ar a. E n tr e c ha m a do s e b la te ra r d e c am e lo s , o s c ar av an e rr os a p e la m .
31/45
~ P o r que nao reco nstruiram ela igualzinha? - P o rque na ho ra nao tinham co m que. E passado algum ) tem po se e squeceram de co m o ela h avia sido . ' ) - E ntao , po r que nao fizeram de o utro jeito ? ) - Po rque era tao linda antes, que nenhum o utro jeito servia. )
5/13/2018
A na ji se a co stu m ou a se nsac ao d e e star c om o s p es a fu nd a)d os n a areia e co m a cabeca aind a nav eg ante. T oda n oite, dep ois )que desce do cam elo , co ntinua o ndulando po r den~ ro ,. m e sm o d e b aix o d a te nd a v erm elh a. M a s a go ra , d ep ois d os p nm elfo s p as)so s, se ntin do -se b an ha da d e fre sc or e mb ora d eb aix o d o so l e sc al.dante, e invadida pelo perfum e de jasm ins que nao existem , )A na tern a irn pressao de q ue, jun to co m 0 c orp o, o nd eia seu p en samento. ) V ern as m ulheres receber o s caravaneiro s. E nto rnam canta)r os v az io s s ob re su as m a os e ste nd id as , o f ere ce rn c es to s v az io s q ue )aq ueles vasculham co m o lh ar g ulo so . A lgu mas estend em tap ey es, a li m esm o , d eb aix o d aq ue le so l m iste rio sam en te fresc o, p ara q ue e le s d eite m . ) A lgum a co isa estranha esta aco ntecendo . A na sabe disso .
I)
Ana Z. a onde va i voc ê ? - slide pdf.c om
cio . nao A goVraaGe querer A na q ue se bo cala, tar: - Silen E eles ir em ra? p ensativ a. A te p ergu n- N ao - 0 ho m em fala baixinho , m ais para si que para A na. - F icam ali, nas tendas, co m o se fo ssem partir a qualquer ho ra. M as nao V aG - um a pausa. - N ao hi nenhum lugar no m undo seu co m o aquele. A na pensa nas m ulheres, co m suas co lheres de prata. E l u rn frio lh e b eija 0 cango te. T alvez seja a m adrugada, que vern vindo .
) ) ) ) ) )
)
)M as q ue co isa e essa? G o staria de tam b ern esten der as m ao s, vas)culhar no s cesto s, participar. P o rern nao o usa entrar num jo go f uja s r eg ra s d e s co n he ce . E n ta o , c o la -s e n o s c alc an h ar es d o s e~ c am e leiro , q ue esta co lad o no s calcan hares d e u rn rapaz. E assim em )fila V a Gs eg uin do o s tres, ) P o r que este farfalhar, se nao hi nenh um a arv ore? Po r q ue jesse m acio esp etar d ebaix o d os p es, se e tu do areia? Po r q ue essa m ulher que vern descendo do alto do nada co m o quem desce )escada, se nao hi escada algum a? A na nao quer fazer-se essas
dida pela m archa so b 0 so l, quando algum as tardes depo is urn ) su bito e stre mec er p erc orre a c ara van a, o s h o m en s se a je ita m so bre ) as selas, algu ns ap ontam , to do s falam ao m esm o tem po . A na o lha na direcao para a qual se vo ltam as cabecas e, ao ) lo nge, num a especie de rem anso , vale entre as grandes o ndas ) de areia, distingue pesso as, m ulheres, ho m ens, criancas, que ) andam e que co nversam . E , m edida que a caravana se apro - ) xim a, ve, para seu co mpleto espanto , um a jo vem que cam inha no ar e ho m ens suspenso s alguns m etro s acim a do chao , braco s ) e ste nd id o s p ar a 0 alto , gesticulando . ) U ma o rdem e lancada pelo prim eiro cam eleiro naquela lin- ) gua raseante que A na co ntinua nao entendendo . R ico cheteia de ) g arg an ta em g arg an ta, a te p erco rre r to da a c ara van a, q ue e strid e,
)p erg untas p erturb ado ras, p ara as q uais n ao tern resp ostas, m as ) na O p o d e e vit a- Ia s. ) A m ulher que havia descido do nada dirige-se so rridente para 0 c am e le iro . E ste a ba ix a a c ab ec a, le va nta 0 p e, e inclin a 0 )co rpo co mo se entrasse em algum lugar. A na di m ais urn passo )q ue re nd o s eg ui-lo . E , p am l!l 0 p e estrem ece n a to pada. T op ada )em que, se nao hi n ad a d ia nte d ela ? C am ba le ia , sa ltan do so bre o pe in to cado . E , p am l!' as co stas se en cu rv am n a p ancada. Pan \ada o nde, se nada ve daquele lado ? V ira-se pro curando , e desta )vez, pam l!' e 0 c oto ve lo q ue e sb arra n um a su pe rfic ie d ura, in e)x is te nte c o m o tu do . ) S em . co ra~em de se m exer, sem co ragem de ficar parada. A na se d eixa calf sen t ad a no ch ao .
)
o
q u e o s o lh o s n a o v e e m
)
)
) )
/
E
n isso q ue ela esta p ensan do , m olem ente sacu -
a
)
62 •
)
)
)
)
)
) 1
)0 pane,
• 63
http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
6 e nta o
0
c am ele iro p are ce p erc eb er su a a fli~ ao . E , c om o
)
tateia o utra fo rm a redo nda, m ais o utra, junto desta.
32/45
naquele prim eiro dia, estende-lhe a m ao . ) )H avia tres laranjas no pano aberto . Sem que nenhum a se visse. D ois o lho s escuro s, um a m ao estendida, que m ais po de' ) Q ue m ais hayed ao redo r, que A na nao ve? Ana Z. a onde va i voc ê ? - slide pdf.c om querer A na? ) ) - T am areiras, figueiras, casas, passaro s e lagarto s. C o m o - Q uero saber 0 que esta aco ntecendo ! - suplica A na, ) ) em qualquer o asis - diz 0 h om em azu l. - E sta e u ma a ntim irag em . e nc ar an do a qu ele s o lh o s. . - Para no s, m elho r que aquilo que se ve e nao existe M as 0 ho mem azul nao respo nde, e, apesar de irritada, ela ) ) explica a m ulher - e aquilo que existe e que, as vezes, nao se ve.
5/13/2018
acha ais prudente segurar sua de m aosi.. Q ue a puxa do -a m levantar e guiando -a arras Pisando berndevagar, o nde elefazenpisa, A n a a va nc a m a is a lg un s p as so s . E a in da m ais fre sc o, a qu i. E sile ncio so . 0 ho m em para, A na quase tro peca na po nta do seu m anto . E le se nta -se n o c ha o d ia nte d e u m a to alh a e ste nd id a, cruzand o as p ern as. A na 0 im ita. E a m ulher que havia descido a escada c he ga a go ra , p re ce did a p or c he iro d e c om id a, tra ze nd o su as g ra ndes terrinas nas m ao s. V azias, po rern, co m o A na verifica co m g ran de d esa po nta men to q uan do a s terrin as sa o co lo ca das a sua
))
)
- C o m o "as vezes"?! - A na est a indignada. - E u nao nunca. - V o ce s6 o lha co m as o lho s! - ago ra quem esta indig) n ad a e a m u lh er, c om o se A n a e stiv ess e de sfa ze nd od o se u m u nd o. ) - Seu nariz , sua m ao , sua lingua estao vendo a laranja ') m elho r que vo ce - diz 0 h om em azu l. ) V CJO
) ) ) ) )
I
frente. s os.s coEpocos mque ) 0 pano d ev ag ar,A ssim q uasecotemrno e estao sse envazio to rn a-lo o e ela sta vtraz azio andando am arrado pelas quarto po ntas, que a m ulher desfaz cuidado sa, ) e que A na havia esperado co ntivesse algum a fruta. ) E dem ais para A na, cansada e fam inta. ]a se disp6e a cho - ) rar, quando e surpreendida pelo gesto do seu co mpanheiro , que tira do ro sto 0 veu azul, estende a m ao para a terrina e a traz ) de vo lta a bo ca, co m ecando a m astigar. ) - Q ue e isso que vo ce esta fazendo ? ) 0
D esta v ez a veozrespo d ela nde. c on te rn ta nta a nsie da de , q ue h o m e m ) para de m astigar, - C o m endo . V o ce nao e sta co m fo m e? ( ) - Fo m e de que?! - grita cho ro sa. ) o ho m em azul pega a m ao de A na e a leva ate 0 pano , a be rto s o bre 0 c hao . M as 0 que a m ao enco ntra nao e a aspereza ) do tecido . D ebaixo da palm a de A na ha um a superficie redo nda.' ) po uco m aio r que a m ao , do tam anho que teria, talvez, um a ) laranja. D e laranja e a lisura quase o leo sa daquela superficie. ) D laranja a textura quee aque, unhaferida de Aana, testando d ee lev e. D e elaran ja e 0 em perfum casca, se so ,ltaafunda no ar. ) A na apro xim a do ro sto a laranja que nao ve. 0 perfum er ) se faz m ais intenso . U ma leve ardencia queim a o s labio s que ela ) p assa so bre a ca sca a rran had a. A na esten de a m ao esq uerd a p ara )
64 •
• 65
) I
)
)
,
)
A na fecha o s o lho s. A caricia 0 ro sto co m a laranja, passa-a ) http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e de um a m ao a o utra. Pega m ais um a no pano . Brinca urn po uco ( )
)
) )
"U rn dia" , pensa A na, "chego la". M as, sem que A na po ssa preyer, 0 d ia q ue v ai ch eg ar e o utro .
33/45
co m as duas. D e o lho s fechado s, nem da para perceber que as c o is as s ao invisiveis. I
5/13/2018
- M as eu so sei andar de o lho s aberto s le va nta nd o as palpebras. R i 0 ho m em azul. A m ulher rio - N o s tam bern - diz ele.
A ntes po rern, quando esse o utro dia ao nde no s tam bern \am o s chegar ainda esta a cam inho , A na, que nao perdeu as Ana Z. a onde va i voc ê ? - slide pdf.c om pro testa A na, ) )esp eran~ as, ped e a u ma das criancas que a leve ate a fo nte do o asis. )
) )
A na se le van ta . D a a lg un s p asso s, h es itan te , braces estendi-' do s a frente, co rpo m eio jo gado para tras, pro tegendo -se de urn ) p ossive l e sb a rrao, D e o lh os abertos, an da co mo se fo sse ceg a. A te, dar co m o s dedo s na parede. E ntao vo lta, to rna a sentar-se. A go ra sabe q ue esta dentro de u m a casa. ) E num estalo se da co nta de que veio ate ali pisando em gram a, deb aixo d as arvores, entre jasm ineiro s em flo r. Parte po r ) parte, c o m e c a a "ver" aquilo qu e nao enxerga, - E 0 que e que estavam fazendo aqueles ho m ens em p e ? pergu nta de sopetao, Isso ain da n ao co nse gu e "ver": ) - Q ue ho m ens? - A queles parado s no alto , no ar, o nde a genre chego u. ) - A h! aquelesl E stavam co lhendo laranjas ... o s pes estao ) carregado s. ' - Estas laranjas - A na jo ga para 0 alto a la ra nja invisfvel ) q ue a pa nh ou a sua frente. C onsegue apanha-la no ar, so rri satis- ) feita. - E les estavam no alto de escadas. E isso?
-
) N ao tern cheiro , a agua, N em farfalha o u cascateia, )quando esta parad a. M as, m esm o p arada, p ode-se o uv i-la estre) m ecer de leve se rocada pela asa de um a libelula o u invadida po r um a fo lha que cai. Fo i po r isso que, debrucada so bre seus ) so ns e seu pequenissimo m over-se, A na co nseguiu ver urn o lho )d'agua bern m aio r que qualquer o lho . E m uito m ais transpa) rente que qualquer fo nte, po rque nada e m ais transparente ) do que aquilo que nao se v e. "Se m eus peixes estivessem aqui, esses sim , eu veria", ) p ensa ela, que a esta altura ja co nsideraseus o s peixes que ) nunca enco ntro u. E ri , pensando ainda que, se eles estivessem ) nessa agua, pareceriam verdadeiro s peixes vo ado res, agitando ) o s rabo s e m o vendo as barbatanas em pleno ar. ) Po rem , se aqui tinham estado , daqui tinham se ido , sem , deixar rastro o u lernbranca. E desta m aneira, sem o s peixese ) perguntando -se quando a caravana partiria, A na acabo u dando ) de frente co m aquele tal dia que vinha vindo . ) U rn dia igualzinho ao s o utro s, que co rneca pela m a n h a ) co m o cabe ao s dias. E em que ela vagabundeia pelo o asis ten-
- C laro . Q ue fo i que vo ce penso u, que estavam vo ando ? ( A ideia ago ra parece tao absurda, que o s tres riem . Assim, comecando pelos moveis da casa, que tateia, pela ) pro cura da po rta que so acerta n a q ua rta tentativa, e pelo arra- ) nhao do gato em cujo rabo pisa, A na vai aprendendo urn no vo ) jeito de ver. ) Tudo bern co m o s cheiro s. O nariz enxerga Io nge.Ta co m as co res e m ais dificil, C o m o principiante que e, A na vai pela )
) tando levar adiante seu aprendizado , m as dizendo a si m e s m a que apesar de tudo a so mbra e bern m ais fresca quando a vem os ) d es en ha r-se so bre 0 chao , e as frutas sao m ais sabo ro sas quando ) as vem o s nas arvo res o u no prato e, antes m esm o da bo ca, 0
m em oria e pela im aginacao . Se o uve urn farfalhar, pensa verde. ) Se bebe go sto de leite, pensa branco . M as o s o utro s, o s habitan- ( ) tes d este o asis, hi m uito aco stum ado s, garantem que sentem as ) co res pelo tato , co m o um a vibracao, o u urn calo r.
) "O s cacadores de escravos!", pensa A na, catastrofica ) co m o sem pre, pro curando urn lugar para se esco nder, e perce) bendo , num instante de pavo r, que e im po ssivel esco nder-se
)
6 •
)
) co rpo to do se dispo e a co m e-las. U rn dia que, tao sem no vida) des ate entao, m uda ao entardecer, quando um a bo la de po eira surge no ho rizo nte, cresce apro xim ando -se. E chega co m urn ) ro nco , no o asis subitam ente em co rre-co rre.
) n o in vis iv el. )
•
67
)
) http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
),
, )
)
o p esso al do cinem a - afinal, qu e film e e esse? - separa ) d o is g rupo s, h o m en s, m ulh eres, urn grupo m eno r de crian cas.
34/45
U r n s a lta r u r n o a s e s t r e l a s
) A s p esso as co mecam a entrar no 6n ibu s. ) E vend o que nao vai m esm o ser eseo lhida, A na decid e es) Ana Z. a onde va i voc ê ? - slide pdf.c om ) co lher. Ju nta-se so rrateira ao g rupo das criancas, ~b aixa a e~) b eca , e nc olh e-se to da . C on fu nd id a c om aq uele s m en mo se rn em n uvem freia. H a urn burb urinho de falas e: ) ) n as barulh en to s, A na en tra n o o nib us, afund a-se num assento . grito s. E A na perceb e que nao era da n uvem q ue as pesso as esta- ) ) E em po ueo tem p o , entre ro nco e p o , la v ai ela, rum o ao es-
5/13/2018
A
yam co rrend o . E ra ao en co n tro d ela. A o enco n tro desse novelo: de areia que ao s po u co s se d esfaz, en tregando ao s so rriso s d e ho m e n s , m ulheres e criancas tres jipes, urn o nibus e u m a m oto . ) - O s cacado res d e talentos! - exclam a u ma m ocinha em ' ) ex tase ao lado de A na. )
)--------------------------~-)
- D eixa de ser besta - atalh a a o utra, dand o -lhe esbarrao zinho . - S6 querem figu rantes.
)
u rn' \
S altam o s o cu pa ntes d os jip es, m ais d ua s m oc as q ue v in ha m n o 6n ib us, eo m oto q ueiro que se liv ra do capacete. To do s falam ao m esm o tem po , batem co m as rn ao s na ro upa para tirar a areia, agitam papeletas. E V aGand an do entre as pesso as, pegam um a e o utra pelo b race, viram p ara cim a 0 ro sto d e u m a m enina para o lha-lo m elh or, afastam as crian cas que p ulam ao seu red o r co mo cacho rrinho s, ex am inam as ro upas. E d estam pam garrafas \ e abrem latas e b eb em beb em co m o se naqueles jipes ho u vesse rn ais agua qu e em to do 0 deserto .
I
A n a nao sabe 0 que pensar. C o lhe u rn pedaco d e co nversa,
)
I
)
)
)
A na esta justam en te se p erg untan do se e m elho r ser eseo - ) lhida o u nao e respo ndend o a si m esm a q ue sirn , e claro , m elho r ~ ) e estar entre o s eleito s, qu and o urn d o s h o m en s vern na sua dire- ) ~ao . M as, apesar d o entusiasm o qu e A na se esfo rca p ara to rnar . ev idente, ele passa sem seq uer o lha-la. E tam p o ueo a o lh am a . ) m o ca co dem cab co m urn lenco o u 0 m o to q ueiro estao 0 helo om am em arrado .
qu e
)
" Se ra -q ue n ao V aGm e e sc olh er? "; p erg un ta -s e A na , p ou eo a co stu m ad a a s er ig no ra da .
)
68 •
) . ) ) ) )
)
) I,
~
)
) ) )
A a ~ a oirnprevista
)
) ,
d ep ?is o utro , p erg un ta a v iz in h a, ~ ar ec e q U ,e e s sa g en te j~ :e~~ aqu r o utra vez, estao fazen do urn film e, muita gente d o o asts ja f oi n as f ilm a ge ns .
) t re la to .
0o n ibu s para. A na salta co m o s o utro s.
. A go ra A na ja esta en trando num eno rm e galpao . N esse lug ar o n de ela cheg o u nao tern s6 0 galpao , D a para p erceber o utra s c on stru co es , M a is ba ix as , m e p are ee , c as as , o u e sc rito rio s, e um a to rre d aq uelas qu e n o alto tern caixas-d' ag ua. N ao tenh o ce rtez a d essa s co isas, n em d os .c an te iro s u rn tan to arid ~s d !a? te d as co nstruco es, o u do co queI~al ao fur:do , po rq ue .nao e 1SS0 q ue n os in te re ss a. 0 qu e n o s in teressa e q ue A na, Ju nto co m o s o utro s, entra no galp ao . E q ue este galp ao , disso sim tenh o c er te za , e urn estud io de cinem a. G alp ao m eio cinzento po r fo ra, m eio m altratad o . M as po r dentro , co m o A na desco bre ao cruzar a po rta, urn m ercado p ersa c la ro e b aru lh en to . A na nao co n segu e parar d e so rrir de ad m iracao . U rn alto m uro branco . Palm eiras tao verdes e b rilhantes que pro vav elm ente n ao sao palm eiras de verdade. U m a praca co m um a fo nte no m eio , agua jo rrand o d o repux o . Em vo lta d a pra~a, arcadas, e debaix o das arcadas lo jas e m ais lo jas. T ern a lo ja d o v end ed o r de tapetes, a do vend edo r de anim ais, um a esp ecie de farm acia cheia de po tin h?s co lo rid o s, um a ?~~tra q ~e v en de o bjeto s d e co bre , lo ja s d e v id ro s, d e fru tas, d e )0 1a S, 10 Ja s de tecido s, lo jas de ro upas bo rd ad as.
I
) ) ) ) ) ) ) ) ) ) )
)
)
)
)
)
)
• 69
E tao lindo que A na co m praria em cada um a, se apenas http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
tivesse dinheiro ,
o u se as co isas estivessem m esm o
a venda.
)
)
)
) )
35/45
M as as pesso as, as pesso as to das que enchem a praca co mo um a ) m ultid ao , n ao p arecem in teressad as. F um am , co nve rsam , co m e m . ) Ana Z. a onde va i voc ê ? - slide pdf.c om bisco ito s. Sentadas no chao , enco stadas as paredes, nao tern o s ) gesto s que delas se esperaria. 0 do no da lo ja de anim ais sequer ) o lh a p ara 0 eno rm e gato cinzento , de lo ngo pelo que, trancado num a gaio la, m ia de fo m e o u sede o u desejo de sair. N em se ' ')
5/13/2018
abala 0 beduino quando , num estranho gem ido gutural, 0 cam elo que ele co nduz po r um a co rda am eaca vo m itar na cabeca de A na. O s fazedo res de co m ida nao fazem co m ida, o s m alab aristas na o m alab arizam , o s v en ded ore s n ao v en dem , n ing ue rn a nd a. A te que um a o rdem cala to das as co nversas. - Luzes!! - grita alguern atraves de urn m egafo ne. U ma claridade intensa e branca, de m uito s s6is, um a claridade quase de relam pago , calcina a praca, Imediatamente, as so mbras assum em seus lug a res debaixo do s to ldo s, de b aixo ( do s o lho s das pesso as, nas pregas das ro upas, nas quinas e can-" to s, m arc an do a dura fro nteira co m a luz. A na e sta a in da a ss im ila nd o a s urp re sa , q ua nd o o utra o rd em l vern juntar-se a prim eira. \ - C iga rras!!! E dezenas de cigarras invisiveis despejam sua canto ria do alto das palm eiras, do s beirais do s telhado s. E m m eio ao cantar, .
~)
I~:l~ ~ ~ ~ ~~
';;'"
'~)[E~~ ..
)
) )
) ) ) )
) )
:.~~~ k~~~
-, .,,;,,;;1!
I
/.;
/.>
/;:;}
. re: /{:/ J ){
714
i1 i/
)
) ) )
) c he ga a te rc eira o rd em . - A ~ ao !!! ( ) E a go ra sim , ap ag ad os o s ciga rro s, en go lid os o s b isc oito s, to do s se m ovem , to do s fazem o s gesto s esperado s. O s m alaba-) ristas jo gam p ara 0 alto seus aro s co lo rido s, o s vendedo res de ~ ) t ap ete s d es en ro la m s ua m e rc ad o ri a, 0 b ed uin o a tra ve ssa a p ra ~a co m 0 cam elo quase pisando no rapaz que vern co m quatro . ) caes branco s na co leira, a m oca co mpra figo s, 0 ho m em co spe . ) f o g o , 0 m oco am ola facas, a velha m ede fitas, 0 v elh o v en de
)
velas, 0 farm aceutico pesa urn p6 preto co m peso s de prata, e at e 0 v en ded or d e an im ais v olta -se p ara 0 gato , alisando -lhe a cabeca po r entre as barras da gaio la.
)
) ho m em eno rm e, de cabeca rasp ada de o nde jo rra urn lo ngo ) rabo ~ e.cavalo , levanta co m as duas m ao s a ci~ itarra. E im pressao de A na, o u a luz parece m ars esverdeada?
)
)
)
)
)
)
70 •
) A na hesita: deve aceitar as ro scas luzidias de m el que 0 ) go rdo e luzidio do ceiro the o ferece? M as, sem perceber, ela ) a nd ou aco m pan ha nd o 0 do ceiro , e ao levantar 0 ro sto se ve, ) de repente, num a especie de largo , apinhado de gente. A li ninguern anda. T odo s o lham fascinado s. E m cim a de urn grande ) estrado , urn rapaz de to rso nu esta ajo elhado , as m ao s am arra) das para tras, a cabeca caida para a frente. E arras dele urn
•
71
')
)
U rn grito co m anda: Co rta! ) http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e A na fecha o s o lho s. T ern no jo de sangue, nao quer ver a ( )
36/45
cabeca ro lar. . M as as cig arras se calam , hi urn burburinho , urn agitar-' ) Ana Z. a onde va i voc ê ? - slide pdf.c om se e, devagar, ela abre um a fresta nas palpebras para dar um a \ ) espiadinha. ) Para sua surpresa, a cabeca do rapaz nao ro lo u. M uito p elo co ntrario . B ern p lan tad a n o p esc oco , esta v irad a p ara 0 c ar - \
5/13/2018
r as co , e o s d o i s c o nv er sa m a m ig av elm e nte , e nq ua nto a c irn ita rr a, co m a po nta cravada no chao , serve de apo io para 0 co to velo : ) do do no . - A ~ ao ! - co m anda-se no vam ente no esnidio . E as cigar-' ) ras cantam . A luz calcina. A rnultidao o lha. A cabeca se do bra. ' ) A cim itarra s o be. Ana se enco lhe. ) M as antes que ela tenha tem po de sequer to rnar a fechar o s o lho s, urn barulho de casco s se so brepo e ao cantar das cigarras, e urn tro pel de cavaleiro s irro m pe na pra~ a. ) G ritam o s cavaleiro s agitando rifles e cim itarras. G ritam ' ) as pesso as co rrendo desabaladas. U rn to ldo vern abaixo , frutas : ) r~ !am pelo chao . ~ m go lpe de~ epa 0 gargalo de urn o dre, 0 ( ) vinho jorra ensanguentando 0 lajedo . A na nao sabe se fo ge o u se se esco nde, e um a pergunta m artela sua cabeca junto co m () o susto : "Isso f az parte do film e?" . \) S em que A na perceba, urn cavaleiro vern a galo pe po r ; ) tras d ela . D eb ru ca -se d a sela, p assa-lh e 0 b ra ce p ela c in tu ra . I ) I
)
I
I
e rapido . Q uando A na sente 0 brace do ho m em , seus ' o gesto pes ja nao estao m ais to cando 0 chao . A na fo i r aptada. ) )
)
E ra u m a vez 0 oeste
)
e ra san gu e d e v erd ad e, o u d e m en tira, este que m ancha a ro upa do homem", p erg un ta -s e A n a e nq ua nto 0 tro pel galo pa po r entre ro chedo s e raro s arbusto s. 0 cheiro do ho mem , aspero co mo 0 das cabras, s6 po de ser de verdade.
"S
) )
72 •
•
)
73
)
)
,
)
)
C o m o de verdade e a fala, igualm ente aspera, com que o s cavalei- ) http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e ro s se co m unicam em breves frases. D o rnais, A na nada sabe. {)
)
"E
a m inha chance de voltar para casal " , pensa A na, quase
)surp resa d e ter p en sad o n isso .
37/45
U m a lua no ceu, fina. U rn vento no ro sto de A na, frio . E ) M as co m 0 pensarnento, 0 desejo de vo ltar, de dorm ir na o bater do s casco s ferrado s. ) Ana Z. a onde va i voc ê ? - slide pdf.c om ]pr6pria carna, de largar o s sapatos no chao do pr6prio quarto , 0 A lua em palidece. 0 vento am aina. M as o s casco s co ntinuarn. ) ) desejo de ani.nhar-se no seu m undo the sobe de dentro , do esto batendo. ) E 0 d ia in au gu ra su a p rim eira lu z, q uan do o s cav aleiro s co m ) m ago , .das tnpas, do s pul~5 es, ~e urn lugar qualquer do co rpo seu refern c hegam a um a cidadezinha. ) o nde tinha estado esco ndido ate entao e de o nde ago ra, nesse N em bern cidade. U m a rua larga de terra, pequeno s pre)exato m om ento , trans bo rda garganta acim a, invadindo a cabeca, dio s de m adeira do s do is lados. Talvez duas o u tres ruazinhas late-· ) )e expulsando to do s os o utro s desejo s. rais. E um a igreja em algum a parte. ) A pro xim a-se do guiche ja m etendo a ~ao ~o b?lso . E ao E na rua de terra que 0 tro pel para, diante de urn predio ' ') )m esm o tem po e~ que s~ lem bra de ?a~ ter ~azldo dinheiro alg~m , que tern escrito no alto Saloon. O s h om en s ap eiam , am arrarn os- ) percebe que atras do vidro nao ha runguern, e colado no vidro cavalos. Tres m ulheres, de chapeu preso co m lacaro te debaixo do' ) )ha urn bilhete, "Sai para 0 cafezinho", e um a faixa, "H O]E, queixo , o lharn enviesadas do outro lado da rua. U rn velho, sen- ) )PR OM O< ;;:A O TO TA l". O s bilhetes estao ali, ao alcance. A na tad o nu ma c ad eira d e b alan ce d ian te d a ba rb ea ria, c orta co m c an i) _e eg a u rn . E st ra nh o: 0 bilhete nao e durinho co m o o s de m etro .
5/13/2018
vete urn to quinho de pau, e levanta apenas a cabeca. 0 co cheiro da diligencia parada m ais adiante nem se m o ve. O s hom ens riem alto. Entram no saloon batendo co m fo rca nas po rtinhas de vai-. vern. Chega de la dentro a rm isica de urn piano , 0 barulho de . ( muitas vozes. N in gu em p arece lem brar-se d e A na. "Po r que m e tro uxerarn entao ?", pergunta-se ela, lo go pen-. sando que talvez seu papel nao passasse dis so , refern enquanto n ec ess aria , e d ep ois rn ais n ad a.
) ) ) )
Bern c on te nte co m 0 esquecim ento , vai se afastando deva - ( g ar, ar fa lsarn en te d istraid o, se m q ue re r ch am ar a aten cao , I Passa p elo s cav alo s. Passa p or u ma tab acaria , c om u rn g ran de ~ indio de m adeira diante da po rta. V e 0 ferreiro m ergulhar dentro de um a tina a ferradura em brasa. E ve adiante um a especie de lo ja, to da azulejada, um a peixaria talvez. U ma peixaria?! 0 desejo de A na parece co rrer para la, m uito antes de suas pernas. M as A na atravessa a rua lentam ente, nao fo sse, lo go ago ra, despertar as suspeitas de alguern, . hall. A frente aberta, um a especie de U rn guiche. N ao e um a peixaria. Isso A na percebe lo go ao entrar, ate m esm o pelo cheiro . D em ora, po rem , rnais alguns segundo s para dar-se conta do que e. U m a estacao de m etro .
)
I
74 •
)
)
de papel azul, m o le, igual a um a entrada de cinem a. 0 sinal 'l ) to ca na estacao , nao hi te mp o p ~ra h es ita co es . A na s ai c orre nd o, p assa pe la ro le ta, v oa escad a ab aix o. N a p latafo rm a, 0 tre m v ern )chegando . E la pula no vagao na ho ra exata em que a po rta vai )fe ch ar. A p orta fech a-se. A na so lta 0 ar to do que se atro pela no )peito .
0 trem deixa a estacao e enfia-se no escuro .
)
)--------------------------------)
) ) ) ) )
) ) ) )
)
D e v o lt a a o romeo
)
)
)
.
0
v ag ao s ac od e. Q u e s on o ! A p es ar d e te r p as sa do )a no ite em claro na lo nga cavalgada, A na recusa-se a do rm ir. )Sabe la para o nde vai este m etro ? Sabe lapara o nde po de leva-
)la se fe ch ar o s o lh os ? E c om o s ab er, d orm in do , e m q ue e sta ca o s alta r? ) ~ao h~ m ai~ ningue;n no vagao .. S6 e~a. Saco de, sacode. 0 )vagao e rnal ilum inado. La fo ra a escuridao e total. O lhando pela janela s6 co nsegue ver seu rosto refletido no vidro . "V ai dem o)rar", pensa A na, "estive em tanto s lugares ... ". )
•
75
)
!! , http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
38/45
i
I
I
5/13/2018
Ana Z. a onde va i voc ê ? - slide pdf.c om
I
i!
I
)
(
!
I) I
II
! '/ : I I ' :
(
)
Iii
)
M as, co ntrariand o sua ex pectativ a, depo is d e alg um ferra-: ) lhar, 0 m etro para de urn tranco num a estacao vazia, N inguern ) na platafo rm a. N ing uem saltando d os o utro s vagoes. E s ta fa o d a r u m b a , esta escrito em m osaico na parede de azulejo s. E adiante, ) num eno rm e cartaz, um a m ulh er ig ualzin ha it rainha de branco b eb e u rn re frig era nte , 0 b elo perfil debrucado so bre 0 canudi-. nho . A na salta. D a do is passo s it frente e para o lhando ao redo r, en qu an to o s v ag oes fec ha m as p orta s, 0 apito to ea, e 0 tre m p arte \ novamente.
) ) ) )
)
76.
i )
) A na segue a seta de saida, V ai indo pelo s co rredo res, atra)vessa um a ro leta. E depo is de andar rnais urn po uco , la esta ela )na ram pa. A m esm a ram pa que ela j! subiu, que da ~ara o s degraus que dao para a passagem que da para a sala to da pintada, )a sala d a rain ha. ) "A te que enfim urn lugar fam iliar", suspira A na, aliviada, )co mo se visse 0 p ortae d e casa. A luz co ntinua acesa. E ela entra ja so rridente, pro nta para \bra~ ar o s am ig os e co ntar suas aventuras. ) I
1
,
) 0 0 0 M as B aix in ho e A lto nao estao , sum iu banquinho , ) http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e fo ram -se o s po tinho s. E m seu lugar, urn grupo de turistas baru-
• 77
)
) urn gato go rdo o u urn cacho rro m agro , nunca para um a m enina .
) grande co ~o ela. Inutilm ente pro cura ao redo r, e m esm o em o utra sala. N ao
39/45
) ha o utra abertura. S6 po de ser aquela m esm a. Exam inando 0 lhento s peram buIa entre as co lunas. U m a lo ura sardenta, certa- ) na pdf.c en co ntra m arcas d as su as p r6 prias m ao s, rastro s d os jo em ente a guia, agita ao alto urn guarda-chuva aberto , tentandoAna )Z. a onde va) i ch vocao ê ?, - A slide om ) lho s. Fo i po r aqui sim . 0 jeiro vai set esprem er-se, insinuar-se. cham ar a atencao do seu rebanho . 0 rebanho nem liga. A lguns: ) leem urn livrinho azul. U ma m ulher exam ina 0 salto do sapato ) ) 0 jeito vai ser lutar para sair. que quebro u. V aries tiram retrato s num espo ucar de fla sh es .. ' A cabeca passa prim eiro , que e 0 m ais facil. M as o s o mb ro s
5/13/2018
To do s p arecem falar ao mesm o tem po . ( ) "C o m o sao barulhento s!", pensa A na, lem brando do seu' ) am igo A lto . E vendo urn casal rabisc~r .furtiv~~ente seu~ no ~e~.) ; n a p a~ ?d e, a cre sc en ta p en sa .n do n o Baixinho: E tao ~?t1~o s! . ~.-.) O nde andarao o s do is, em sua busca de so ssego ? , m dagase A na. "Pelo m eno s, eles po dem pro curar" , e o lha para a po bre") R a in ha p re sa a p ared e, o brig ad a a ficar n aq uela a lg az arra, e la q u~ . ) d ura nte ta nto s se cu lo s h av ia h ab ita do 0 silencio.) o sarc6fago co ntinua no m esm o lugar. Faz tanto tem po ja'que A na esteve aqui, m as o lhando a bela pedra im po nente to rna' ) a sen tir a qu ele frio zin ho p erco rre r-lh e as co sta s, le mb ra d o m e do/ " ) que teve da escuridao , lem bra do vulto . E de repente, co m uffil tranco de culpa, lem bra do ... C AP A CET E! !! o c ap ac et e d o mineirol S6 ago ra ela se lem bro u. T inha pro -) m etid o d ev olv er. E ac ab ou esq uece nd o-o n a p rirn eira o po rtuni- ) dade. D eve ter ficado caido po r ali m esm o , perto do sarc6fago .) A na da um a o lhada em vo lta, entre o s pes calcado s de tenis, o s) pes calcado s de sandalias e de bo tinas, o s pes que se m ovem sem li ga r p ar a 0 lugar o nde pisam . E percebe que e im itil pro eurar. I)) V ai ter que desculpar-se co m 0 m ineiro . e erta me nte e sta lo ng e. C on so lo e im ag in ar nando a testa do A lto o u as s o brancelhas Sem ter de quem se despedir, A na
0 so lzinho de m entirar q ue ta lv ez e ste ja ilu mido Baixinho . afasta-se do s visitantes.'
) entalam , sao largo s dem ais. A na se esprem e, se deita, tenta de ) to da m aneira, enfia urn brace pela abertura, para puxar - se co m ) a m ao ja do lado de lao "Tenho que co nseguir", pensa co m ferl v or. "S e e u n ao p ass ar, n u.n ca c on se gu ir~ i ~ olta r p ara . c asa . " R ec o-
. ) ) )
) b race s, p od e p arar u rn in stan te p ara d esca nsa r, resp ira r co m fo rca ) e, num a ultim a arrancada, passar 0 resto do co rpo para dentro d a m in a. )
) ) ) )
dem orar-se em co nsideraco es. Pro cura,
78 •
f u n d o renmeco
b hei scuro reu e cello E esperar, para que o s o lho s
d
d d e um i a e. A na sabe se aco stum em . A qui ela
) que basta
) )
co nheee 0 cam inho . A lguns m inuto s, e co m eca a distinguir o s ) eo nto rno s. H a um a eurva adiante, anunciada em leve claridade.
)
) Tac, tac, o uve-se bater ao lo nge. "M eu m ineiro co ntinua trabalhando " , pensa A na co m cari) nho . A pressa-se na direcao das batidas, se e que e po ssivel apres-
\
junto ao chao , a abertura po r o nde entro u a prim eira vez. E afi-) nal tern a im pressao de ve-la num canto m ais escuro . )) Irnpossivel, po rem , que Fo sse tao pequena. N ao , certam ente) nao era essa. A na lem bra-se de ter passado co m facilidade, e a l ab ertu ra q ue a go ra esta a su a fre nte p are ee s ufie ie nte a pe na s p ara
o
)
A tra ve ssa o utra s ala . S era im pre ss ao su a, o u 0 ho m em de branco ) pareee m eno s sereno ? M as ela nao tern m ais disposicao para exam inar as paredes nem
the 0 b ra ce , e nc olh e o s d OISb ern e nc olh id in ho s, se g ira , fa z fo rc a. 0 bo tao salta da go la, 0 suo r m olha a nuca. Po rern, ao s po uco s, co m o se a parede tivesse pena dela e eedesse passagem , A na vai avancando rum o ao o utro lado . A te que, livres o s o m bro s e o s
:r
) sar-se naquele em aranhado de traves e estacas. O s pes se levantam evitando o s tro pe~o s, a cabeca se abaixa evitando o s o bstaculo s, e ) 0 co racao bate co ntente po rque ela esta no cam inho da vo lta e
)
)
s6 am ig os a esp era m ad ian te.
))
•
79
)) I
/
'\
,)
E ntretanto , vencida a distancia e superada a curva, nao e) o seu am igo que se em bate. U rn m ineiro esta ali co m a m esm a ) ro up a , 0 m esm o so lzinho na testa, a m esm a picareta na m ao ,
http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
) ) estao m etidas no balde vazio . A na levanta a leve po nta do co berto r, "ela tinha razao ", pensa. "E go sto so m esm o ." A ni) nhado s entre o s braces da velha senho ra, do rm em tranquilo s
40/45
5/13/2018
a m esm a carinh a p reta d e carv ao . M as 0 so rriso n ao e 0 m esm o .") o am igo , explica este, m eio surpreso co m a chegada de) A na, fo i fazer urn service urgente, co isa de cliente im po rtante,) escam a de sereia o u cacao , nao sa be ao certo . A na p od eria faz er m ais p erg un ta s, 0 rapaz esta o lhando
) o s p eixes. ) "E ntao eles vo ltaram !", so rri A na no escuro . "N ao espe) raram a chuva." ' Q uem sabe ha quanto tem po estavam ali, enquanto ela ) o s pro curava pelo m undo .
para ela, dispo nivel. quase esperando . Po rern, estranham ente, n ao s en te 0 a ntig o tro pe l d e interrogacoes co m ichando no peito . ( ) o que sabe, po r enquanto , lhe basta. ,que Pro cura no s bo lso s, quer deixar um a especie de recado ,") m arca da sua p assag em p ara qu and o 0 am igo vo ltar. M as t udo ) o que tinha, m eno s a escam a, fico u co m o s m enino s da cidade) em ruin as , e as figurinhas que ganho u em tro ca se esbo ro aram ) pelo cam inho . E nta o d es fa z 0 laco que lhe prendia o s cabelo s, saco de a) cabeca, e en trega a fita v erm elh a ao rapaz. - O iga que fui eu que deixei para ele, de lernbranca -) vai andando , pensa m elho r, vo lta-se. - N ao . D e lem branca s6, nao . O iga que e 0 pagam ento da m inha divida. A cho que) nao terei co m o vo ltar - vai andando no vam ente, e virando ) apenas a cabeca, - 0 no m e e A na - diz bern alto , - N ao se esqueca. ) o chao , naquela falsa escuridao que A na ago ra sabe tao
) M as, parada diante deles, A na nao sente desejo de aco rda) lo s. A go ra. q ue esta no cam inho da vo lta, 0 c ola r ~ s ua s ~ o nta s, a haviam levado tao lo nge, parecem ter perdido a lm po r) tancia. C o m o o s seixo s que se gastam no rio , assim 0 s eu d es ejo ) h avia-se gasto no tem po . E 0 pouc o, 0 po uqu in ho qu e restav a ) dele, co isa quase nenhum a, apenas a fazia so rrir, sem qualquer ) ansiedade. "E ra um lin do co lar", pensa Ana, alegre. Quase sente a ) ro sa de m arfim despetalar-se em sua lem branca. "V ai ver" , pensa ainda, "nern estava m esm o pro curando po r ela. V ai ver, ) estava 0 tem po to do 5 6 p erseg uin do a v iagem ". ) A na abaixa 0 co be rto r e nv olv en do a v elh a se nh ora, c alc a a po nta co m cuidado . D epo is vai ate a parede do po co , segura ) 0 p rim eiro d eg ra u, o lh a p ara 0 alto . "E ngracad o", pensa antes de co rnecar a subir, "co mo e ficil vo ltar pelo s cam inho s que a ) gente ji co nhece" . ) A luz Ii em cim a brilha redo nda e p equena co m o um a lua.
bern, esta quase seco . A te a po uca um idade que havia parece) m eno s um ida, C ertam ente nao cho veu. M ais urn po uco , e A na finalm ente desem bo ca no po co . V ern to da so rriso s, pro nta a cum prim entar a velha senho ra e desculpar-se po r nao ter-se despedido da o utra vez. M as para seu desapo ntam ento , a senho ra tarnbem nao esta. "S era que to do s o s m eus am igo s se fo ram ?", pergunta-se A na, pro nta a entnstecer.
. )
Ana Z. a onde va i voc ê ? - slide pdf.c om
r
))
I
E ntretanto ,
pro curando
I
)
enFIM
)
) ) I
)
)
co m cuidado m aier, cavucando
N
)
I
)\
)
-
0 entanto , e dia quando A na surge na bo ca ) do po co , passa um a perna po r cim a da beira, passa a o utra, gira :s -
)
) 0 co rpo . E se enco ntra exatam ente o nde estava quando eu dei ) de c ara co m e la e isso tudo co m eco u. ) A na lim pa na saia as m ao s sujas de ferrugem . G us, que tao curta esta essa saia! "V o u ter que baixar a bainha", pensa. ) • 81 )
)
)
)
(
)
)
corn 0 o lhar na parte m ais so m bria, acaba po r ve-la. E sta dei-) tada, parada. C ertam ente do rm e. A na apro xim a-se. B ern em brulhada no co berto r de igua,) a senho ra resso na m ansam ente. A o lado , as agulhas verm elhas 80 •
)
)
)
D epo is m ete a m ao no bo lso , vasculha 0 fun do , sente a leve ade-. ) rencia da escam a n a p o nta do dedo . Sim , ela esta la, a lern bran ca ) http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e de o u ro da q ual n unca v ai se sep arar.
O S S IM B O L O S 41/45
;ESTAO
O lh a sua casa ao lo nge. E u tam b ern o lho . E ag o ra sei que' ) num cam po qu e A n a esta. E a casa aparece en tre arv o res. ) N o c eu , n uv en s e sc ura s se a ca va la m . E bo rn an dar dep ressa.Ana Z.) a onde va i voc ê ? - slide pdf.c om A na esta justam ente ro dan do a m acaneta para entrar em casa, qu and o um a go ta gro ssa cai na sua m ao . O utra no s cabelo s. ) - Q ue bo rn que vo ce chego u !ln tes da chuv a, filha - diz ) Entrevista concedida la da sala a vo z q ue ela tao bern co nhece. - V ern at u rn pe-d 'agu a. \ ) ) U rn relam pago ch ico teia as nuv ens. E las parecem se em pi- . ) nar. 0 ceu trinca-se nu m gem ido . D o alto , liberadas, jo rram ) ) enfim as cacho eiras. )
e
5/13/2018
;TODA
EM
PARTE a Antonio Carlos Olivieri, especialmenle para esta edi9ao.
U
)
m p ai g ue rre iro q u e m a is ta rd e v iria a s e t o rn ar a to r - e u m a g ue rra c o lo n ia lis ta
)
)
) (
) )
fiz era m co m q ue M arin a C o l as a n ti n a s ce s se e m A s m a ra , n a Etiopia ( Af ric a), e m 1 937 . O utra g u e rra - a Se g u n d a M u n dia l - a ca b ar ia t ra ze n do -a p a r a 0 Bra sil, o nz e a no s m a is ta rd e. E a q ui e la s e radicou, C u rs ou a E sc ola Na cio n al d e B e la s A r t e s , d e d i co u - s e d u r a n t e
)
)
) )
)
)
)
a lg um te m po a g ra vu ra . A te in g re s sa r n o j or n al is m o . D ura nte o nz e an os t ra b alh o u n o C ad e m o B , d o J om al d o B ra sil, c o m o secretaria d e t e xt o , i lu s t ra d o r a , c ro n is ta . E m s eg u id a f oi, d u ra n te d e zo it o a n os , e d it or a e sp e cia l d a r ev is ta f em i nin a
)
) ) )
,) ) )
(
82 •
)
)
)
)
)
)
) f
N o v a . P a r a le l am e n t e , e s c re v ia p a ra o u tr as r ev is ta s, a tu av a e m p ub lic id ad e e e m televisao.
• 83
)
I
)
)
'\
4 •
alern d e re aliz ar n um e ro sa s
http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
traducoes. P ub lic ou s eu
-
L Ii m uito. 0 conjunto dessas leituras encheu a m inha vida
) ) r
)
I
• 85
'. ,.)nguagem ,
e gosto
)e adaptar
a palavra
dessa coisa a seu uso,
m om enta
em que a narrativa
se faz, se inventa
na cabeca. e
42/45
p rim e ir o l iv ro , E u s o zi nh a , e m 1968, e a p a rtir d e entao e s c re v eu m ais d e v in te liv ro s, e n tre lite ra tu ra p ara a d ulto s e
5/13/2018
de aventura, transm itiu
de beleza,
e me
para sem pre
a Ana nocao Z. ,a onde
da torca da palavra E m ilio S algari acho que Ii todo., Pinoquia, 0 o rig in al d e C ollo di, que beleza! F ui alim entada com
infanto-juvenil, E casad a com 0 poeta A ffo n s o R o m an o d e Sa nt' A nn a, s e u m ais in te n se
contos
de fada.
c ole ca o a da pta da Ii os classicos
c om p an he iro in te le ctu al, c om o a te s ta m o s tres livros qu ~ e sc re ve ra m d e p arc eria . E ju sta m en te s o bre liv ro s e s fm bo lo s, s ob re s u a form acao e s ob re A na Z . a ond e v ai v oce ? q u e M arin a C ola s a n ti n o s fa la n e s ta e n tr e vi st a.
)
)
E , nu m a
/
p ara c ria nc as ,
l li ed e , O r la n d o F u ri os a , qu e
)
m e m arcaram m uito. N a juventude, lia por "lotes"
)
paixao.
M e apaixonei russos,
)
pelos
C om o fo i s ua c om a lite ra tu ra o u c o m o v o ce s e to rn o u um a e sc rito ra d e tlcctio?
!E m
jornal, com ecei com o reporter, m as, pelo fato de escrever b e m , l og o f u i p ro m o vi da a redatora. M ais tarde, passei a ser cron ista. E , com as cronicas. eu ja estava com um p e n a lite ra tu re .
um a leitora desordenada ompulsiva.
e
)
qu e a influe nc ia ra m , le va ra m
q ue a
a que re r e scre ve r?
J odas
as leituras m e in flu en cia ra m. D es de c ria nc a,
V oce fa la ne ss a diviseo e ntre in v e nta r
e e scre v e r, m a s
na s ua o bra litera ria o b s e r v a - s e
co is a s fo ss e m
um a s 6 . ..
l4 s d ua s c ois as a cab am sendo um aso.
pois e atraves
da es crita qu e a fa bu lac ao corpo.
q anh a
P or isso m eu texto e tao
tr ab alh ad o,
p ar a d ar
a
maqinacao
-----
I
)
S ua ptimeire lin gu a fo r 0 ita lia n o . M as v o ce co m eco u a ) e scre ve r e m portuques? :S im , m inha lingua "litera ria" eo p ortu qu es . lingua do m eu trabalho. penso nas duas,
I )
: )
E
a
()
M as
I
)
, ) in difere nte men te . C on to e m ita lian o. E tarnb ern e m ita lia no
e sc re vo
)
m eu d ia rio. (
a q ue
s ig nific a p ara v oc e
) )
escrever? Is s o s e re fe re a o ru m o d i re ta m e n te p ro fi ss io n a l. H ou ve , e ntre ta nto , le itu ra s
a e scrita .
H oje s ou
I
eproximsciio
) F U I A L iM E N T A D A C O M ~ O N T O S D E F A D A. H O JE S O U U M A L E IT O R A DESORDENADA E C O M P U L S IV A .
)
pelos
depois
no rte -a me ric ano s.
de
qu e a ntec ede
u ma gra nd e preocupecso c o m a lin gua g e m , c o m o s e a s d u a s
)1 )
D . Quixote,
autores
1 e adequa-la a um texto ou jornalistico. ou publicitario. va i voc ê ? - slide pdf.c om )te ra rio . P ara m im , e ntre ta nto , + fo im porta nte qu anto a e sc rita e 0 processo cnativo em Sl, 0
)
)
!E sc re ve r e 0 m eu cotidiano. 0 m eu qanha-pao o c ava lo d a m in ha fa ntas ia .
I
)
E screvendo, m e sinto um peixe dentro daqua. m e s into extrem a m ente capaz E u trabalho em varias faixas de
)
) , I
) ')
I
_86 _ • http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
um corpo tao criativo quanto
~(~ ela
p r6 pria . N ao m e in te re ss a a pe na s
M as ha ditere ncas fundam entais, difersncas
d e conce ito
e de
,,~~~~~~~~~--------------~.~87
) I
)1 '
~~ -;-;-~ ~~ ---;-~
)
43/45
esc rever um a historinha,
co ntar
u m c aso. E stou arras d e o utra s
5/13/2018
da ernocao.
cois as,
livre num u niverse
d o t ra n s it e que os outros
fantastico,
chamam
d as p on te s
para 0 inconsciente.
Nesse sentido, como e escrever para ctiences e.psre um publico mais jovem? 5em pre m e fazem e ssa perqunta. e m e p erguntam inclu sive se e m ais facll escreve r para criancas. P ara m im n ao e. P ara m im e tao diffcil q uanto outra escrita.
E os
os-contos". de fada sao dificfiim os. S ao a con tos
d e fada, a h!
C
;
cois a m ais diffcil que tem . M ais exiqente S eja na form a, seja no con teudo.
U m conto de fada
pleno e um a rara j6ia literaria.
.z .
Ana .
aond e
vai voce?
parece estar relacionado com A lic e
no pais da s m aravilhas,
de Lewis Carroll. E possivel fazer essa eproximeciio? [foi pergunta, respon der
a
um cornenta rio inevitavel. A s pessoa s gostam de se reporta r ao que ja conh ecem , e 0 fato de A na fazer um a viagem
Ana Z. a onde toca. A na nao cai, e la es colhe') I' va i voc ê ? - slide pdf.c om de scer, ir ao fu nd o. A lic e e )
lev ada p elos acontecim entos .. A na re aliz a u ma b us ca voluntaria.
)
sonho u. A n a renasce ao term inc. ) da viagem , pa ssa, c om o em um parto sim b6lico, da infa ncia adolescencia. A na cre sceu na via gem . M inha intencao foi ( es crever um a novela de , form acao. cheia de fatos , quase :
a
co m o
um video clipe.
) ) ) )
) ( )
A na Z. e uma hist6ria simb6lica, de significados ) -multlplos. Como voce acha ,) queelaserarecebidapeloleit0'r) de um mundo que e cada vez menos simb6lico, menos ; ) aleg.{Jilco,em que se busca ()
uma compreensso imediata? " .
I
I
)
I~,a o a credito que 0 m undo e ste ja m e no s s im b 6lic o. 0 ser ( ) hum an e pre cisa d e sfm bolos, e, )
a
partir de um a descid a p ode b as ta r p ara re rn ete -la s a A lic e.
im ediata. O af, sua torca. M as, qu ando escre vo, nao estou in te nc io na lm e nte
le ito r q ue fiz er e ss e p erc urs o
)
como autora, ao publico jovem que leu A na Z .?
U M V ID E O C L I P E .
)terario .
11i.
E u de fato a encontrei
E a partir dali fiz aq uele
p erc urs o c om e la , e nc on tra nd o )s lugares e os personage ns q ue
)
'Jla encontrou.
sim bologia s. E stou seguindo 0 l transite q uea hist6ria traca ") dentro de m im . Q uand o, no livro, digo que encontrei A na Z
a
uma
senti.
o
que voce teria a dizer,
lada que nao te nh a d ito no livro. N ao sou um a didata. S o u um a alim entadora da imaqinacao. U m a a ca rin h ad or a da alm a. S e 0 qu e eu escrevi
n a o c o rn o ve u
0 leitor, nao Ih e n ada, se e le precisa
su geriu
)
~alid ade, coisas da m inha yfa ncia - co m o brincar nas
perguntar perguntar
rufnas e 0 estud io
entao eu errei. N a o gosto de
)
1-
de cinem a
e co isas do m eu m u ndo
'm aqina rio. tao real para m im Jquanto 0 outro. A credito que 0
~ ) ,
E nc ontrei
com igo e com A na Z . v a s en tir as m esm a s em ocoes que eu
s e n e de co isas que s ilo a m inha
a rm a nd o
beira do p090, isso nao e s im ple sm en te u m a rtiffc io
) M IN H A I N T E N C A O F O I ) ESCREVER UMA N O V E L A C H E lA D E ; FATO S, Q UASE C OM O
)
o s s fm b o lo s estao em toda parte. ) S u a c o rn p re e ns a o tarnbern e (
bom voce fazer essa porqu e m e p erm ite a ntecipadam ente
s ocial. A lice ca i na
va i atras do seu dese jo. A lice acorda , tu do foi um sonho. A n? nao precisa acordar, po rque nao
q ue d es se u niv ers e S 8 estendern
qua lquer
m om enta
)
)
a m im em vez de ao livro e a si m esm o,
dar m ensag ens. Q uando tenh o algum a coisa a dizer, prefiro ? escrev er um livro.
.
)
,) http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
) -,
J )
44/45
5/13/2018
oBRAS
DA AUTORA:j
')
I
)
Ana Z. a onde va i voc ê ? - slide pdf.c om
Eu sozinha, c r o n i c a s . 1968.
I)
) ) ,)
Zooilogico, c o nt os , 1 9 7 5 . A m orada do ser, c o nt os , 1 9 7 8 . U m a id eia to da a zu l, c on to s d e fa da , 1 97 9.
\)
"
)
J
")
\
)
D o ze re is e a m a ce n o la birin to d o v en to , c on to s d e fa da , 1 9 82 . A m e n i na a rc o- ir is , infantil, 1984.
()
E p or falar em a m or, e n sa io , 1 9 8 4 .
I)
o
()
0
c ar ne ir o n o s on h o d a m e n in a, infantil, 1986.
I
,)
) ) ()
lob o e
I
'j
')
A n ov a m u lh er, ensaiojornalistico, 1980. u lh e r d a qu i p ar a f re n te , ensaio jornalistico, 1981.
)
)
N a da n a m a ng a, c r o n i c a s . 1 9 7 3 ,
I
,)
i) IJ ;)
)
U m a e str ad a j u nto a o rio , infantil, 1986.
)
)
C o nt os d e a m o r ra sg ad os , c o nt os , 1 9 8 6.
')
)
(
v e rd e b ri lh a n o p o co , infantil, 1986.
o
m e n in o q ue a ch o u u m a e str ela , infantil, 1988.
U m a m ig o p ara s em p re , infantil, 1988.
)
1
(
)
) )
(
)
1
) I
A q ui e ntre n os , ensaiojornallstico, 1988.
() )
S era q ue te m a sa s? , infantil, 1989.
(
Ofelia a ovelha, infantil, 1989.
()
A m ao na m assa, c on to s d e fa da , 1 9 90 .
(
,
)
Agosto 91 e sts ve m os e m M o sc ou , relata jornalistico, 1991 (em ! ) p a rc e ri a c o m A ff on s o R o m a no d e S a nt 'A n n a) , I) Entre a e sp a da e a rosa, infantil, 1992.
.) r)
88 •
http://slide pdf.c om/re a de r/full/a na -z -a onde -va i-voc e
)
) )
) I
Intimidade publica, ensaio jornalistico, 1990.
) )
"
)
) )
)
) ) ')
45/45