ÁLCALIS CÁUSTICOS: Utilizo aqui as razões de estudo elaboradas pelo Engenheiro Gilberto Pons: “Os produtos de limpeza empregados nas tarefas de limpeza são sabão em barra ou líquido, álcool, água sanitária, saponáceo e desinfetante”. O álcool etílico é neutro, ou seja, pH 7 e, a água sanitária, cujo pH é 12 no estado puro, na condição de diluição empregada (proporção de 0,003%) fica, igualmente, pH 7 (neutro). Não existe alcalinidade nestas condições de emprego de água sanitárias nas condições de diluição empregadas. O saponáceo, que é empregado na remoção de manchas em paredes, tampos de mesas e panelas, tem pH de 10,5 em condição de diluição na água. Sua forma de aplicação é restrita à colocação do produto numa extremidade do pano de limpeza ou sobre a superfície a ser limpa e, com o pano, esfrega-se a área que se deseja limpar. Assim, não existe o contato direto do sapólio com as mãos. A verificação de alcalinidade encontrada no emprego do saponáceo, colocando-se a fita de medição entre a mão e o pano de limpeza umedecido, foi de pH 8 (neutro), ou seja, não encontramos alcalinidade. Na situação de limpeza de pisos, onde é empregado sabão líquido, em pó ou em barra, existe a alcalinidade em torno de 10,5, ou seja, tais produtos são elementos de baixa alcalinidade. Para a alcalinidade encontrada, somente existe risco de danos na hipótese destes produtos atingirem os olhos, o que provocará ardência, como ocorre quando se lava o cabelo e o shampoo atinge os olhos. Cabe salientar que o termo alcalinidade refere-se ao número de íons (OH) disponíveis para reação e, causticidade é o fato relativo ao efeito causado pela corrosão. Assim sendo, o termo álcali cáustico aplica-se aos produtos que tem efeito imediato sobre a pele pelo processo de corrosão, como é o caso do hidróxido de amônia, hidróxido e óxido de cálcio, potássio, sódio, peróxido e silicatos sódicos e fosfato tri sódico em soluções concentradas, onde o pH situa-se acima de 13. A manipulação direta com estes produtos, sem as medidas de proteção causam queimaduras gelatinosas na pele. Apesar de denominarem-se como produtos alcalinos os elementos que tem pH superior a 8, não é correto rotularse os mesmos como cáustico por conter-se hidróxidos livres. A título de exemplo, cabe relatar que a Resolução nº 12 da Comissão Nacional de Normas e Padrões para Alimentos – – Ministério da Saúde aprova como norma técnica sobre águas de consumo alimentar (água potável) à característica de faixa de tolerância permitida entre 5 e 10 de pH. Assim, se uma água de poço apresentar pH 10 é plenamente, pelos padrões de potabilidade destinada ao consumo humano e, evidentemente, não se trata de
substância "cáustica", termo restrito a indicar produtos que ocasionem "o que queima" ou "que carboniza os tecidos". Analogia similar deve ser efetuada para os produtos de limpeza em geral, assim como o sabão não provoca queimaduras, não é correto classificá-lo como elemento álcalis cáustico. Ressalte-se, ainda, que o hipoclorito de sódio (NaClO) é uma substância obtida pelo borbulhamento de Cloro em solução de Hidróxido de Sódio, apresentandose sob o aspecto de solução aquosa alcalina e integrando a composição dos tradicionais produtos de limpeza doméstica vendidos nos supermercados. Segundo informações do fabricante Carbocloro, seu pH varia entre 9 e 11, não se caracterizando, portando, como um " álcalis cáustico ". (in www.carbocloro.com.br/produtos/hipo.html, 14.09.1999). Diante do exposto, não se pode considerar como gerador de insalubridade o trabalho de limpeza com o emprego de clorofina, sapólio, ALVEX, hipoclorito de sódio e detergente amoniacal, pois não se tratam de produtos caracterizados como "álcalis cáusticos". Corrobora com este entendimento, inclusive, as próprias donas de casa que, habitualmente, fazem uso deste produtos sem que se tenha notícia dos efeitos danosos daí advindos. Dessa forma, chega-se à conclusão de que em inúmeros processos verificamse condenações demasiadamente benéficas aos t rabalhadores, em detrimento da necessária observância ao sistema legal vigente.
(in Fonte: https://jus.com.br/artigos/1161/a-insalubridade-e-os-alcalis-causticos)
Considerações gerais Cáustico é um termo genérico para qualquer substância corrosiva. Classicamente, um cáustico era uma substância alcalina; contudo, este termo refere-se agora tanto a produtos ácidos quanto alcalinos. De modo similar, alguns agentes não considerados tradicionalmente alcalinos ou ácidos são classificados agora como cáusticos. Os exemplos incluem detergentes e hidrocarbonetos, que podem causar queimaduras graves após exposição a membranas mucosas. Álcalis(cáusticos): hidróxido de cálcio, carboneto de cálcio, óxido de cálcio, soda cáustica, potassa cáustica, dietilenotriamina, isopropilamina, isopropilaminetanol, cal, carbonato de potássio, hidróxido de potássio, óxido de potássio, carbonato de sódio, hidróxido de sódio, metassilicato de sódio, óxido de sódio, silicato de sódio, tripolifosfato de sódio, fosfato trissódico.
Ácidos(corrosivos): ácido acético, cloreto de cobre, sulfato de cobre, cloreto férrico, ácido clorídrico, ácido fluorídrico, ácido nítrico, ácido oxálico, ácido fosfórico, cloreto de zinco, sulfato de zinco. Hidrocarbonetos que causam queimaduras químicas: dicloreto de etileno, etilenoglicol monobutil éter, etilenoglicol monobutil éter acetato, formaldeído, gasolina, álcool isopropílico, naftaleno, percloroetileno, fenol, óleo de pinho, terpenos, terebentina, xileno. Água sanitária, cloradores de piscinas e de água de consumo Soluções de Milton e de Dakin Associações com risco potencializado: HIPOCLORITO COM AMÔNIA: produzem fumos de cloramina e dicloramina, que em contato com mucosas formam ácido hidrocloroso e oxigênio nascente, que são potentes agentes oxidantes e causam lesão celular. HIPOCLORITO COM SOLUÇÕES ÁCIDAS: liberam cloro gasoso e ácido hipocloroso que são absorvidos pelas mucosas, determinando dano local e sistêmico Toxicocinética Os agentes cáusticos produzem lesão tecidual alterando a estrutura da derme ou membrana mucosa, o que afeta o estado ionizado e rompe as ligações covalentes. A lesão tecidual por necrose liquefativa (saponificação de gorduras e solubilização das proteínas) é patognomônica da exposição aos álcalis. A morte celular pode sobrevir pela emulsificação e ruptura das membranas celulares. Ocorre trombose dos vasos venosos e arteriais. Uma lesão grave com risco de morte pode ocorrer em menos de um minuto, dependendo da potência da exposição cáustica. Historicamente, o estômago é envolvido em apenas 20% dos casos após ingestões intencionais de substâncias alcalinas. Isso porque num passado não muito remoto esses produtos eram de apresentação sólida ou em escamas e por serem muito viscosos, lesavam primordialmente a orofaringe e o esôfago. As exposições a ácidos causam lesão tecidual por necrose de coagulação (ressecamento ou desnaturação das proteínas do tecido superficial), com formação eventual de escaras e coágulos. Esse efeito parece limitar a extensão das lesões. O epitélio escamoso da orofaringe e esôfago é um pouco mais resistente à lesão por ácidos, muito provavelmente pelo refluxo que fisiologicamente ocorre diariamente. O estômago é muito
mais freqüentemente envolvido nas ingestões intencionais de líquidos ácidos. Os hidrocarbonetos cáusticos são menos propensos a causar lesão significativa à bucofaringe, esôfago ou estômago. Contudo essas substâncias químicas causam irritação e queimaduras químicas da pele após exposição prolongada, pois penetram na derme e causam necrose adiposa. O extrato córneo externo funciona como barreira contra alguns agentes químicos, enquanto outros agentes, como os hidrocarbonetos, penetram facilmente na pele. A lesão tecidual é determinada pela potência e concentração do agente, modo de contato, quantidade do agente, duração do contato, mecanismo de ação, extensão da penetração, estado de enchimento prévio do estômago e intuito da ingestão. Evolução das Esofagites Cáusticas Primeiros 3 a 4 dias - INFLAMAÇÃO AGUDA: edema, eritema, congestão vascular, trombose, infiltração bacteriana, dano celular por desidratação, saponificação das gorduras, rápido processo necrótico. Nesta fase aparecem as complicações agudas. A ausência destas não elimina risco de seqüelas crônicas, que podem surgir em semanas. 4 a 21 dias - FASE DE GRANULAÇÃO LATENTE: começa a fibroplasia; após descamação da mucosa forma-se tecido de granulação com síntese inicial de colágeno.Nesta fase a parede esofagiana encontra-se mais tênue e friável, com maior risco de perfuração entre 5º e 15º dia. A partir da terceira semana e podendo prolongar-se por anos - FASE DE CICATRIZAÇÃO CRÔNICA: a cicatriz substitui a lesão inicial, em até 2 a 3 semanas. Pode haver estenoses cicatriciais sintomáticas do esôfago, com disfagia progressiva, esôfago de Barrett, tração do estômago para o tórax e, tardiamente, adenocarcinoma. Fonte: http://ltc-ead.nutes.ufrj.br/toxicologia/mVII.caus.htm