ADMINISTRAÇÃO PÚBL ICA – 2011
CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DAS
produtos, inovação), que impõe um determinado grau de incerteza da tarefa, e que, por sua vez, determinam
ORGANIZAÇÕES FORMAIS MODERNAS Entende-se
por
princípios
das
arranjos mais ou menos descentralizados e/ou flexíveis
entidades
institucionais a divisão do trabalho, a especialização (ou departamentalização), a hierarquia, a amplitude administrativa administrativa e a centralização/descentralizaç centralização/descentralização. ão.
(ajustamento
estrutural).
Segundo
esta
concepção,
estruturas são arranjos altamente específicos (cada configuração
representa
uma
posição
peculiar
de
ajustamento com o tempo) e dinâmicos, sujeitos a contínuos e deliberados ajustamentos em razão da
1. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
dinâmica ambiental.
– institucionalismo sociológico: considera que as
1.1. NATUREZA
organizações estão sujeitas a elementos simbólicos, sociais e culturais do seu macro-ambiente institucional
Não há definição de estrutura organizacional que descreva com exatidão seu objetivo, sendo que cada abordagem focaliza seus diferentes aspectos. No entanto,
entende-se
estrutura
conjunto
recorrente
de
organizacional
relacionamentos
pelo
entre
os
membros da organização, incluindo relacionamentos de autoridade
e
subordinação,
requeridos
pelos
regulamentos
comportamentos da
organização
e
padrões adotados na tomada de decisão (padrões de comunicação e de comportamento, descentralização, entre outros).
(conjunto de regras sedimentadas que a circunda) em relação aos quais a adaptação é muito mais um processo de legitimação do que de promoção do desempenho. Segundo esta concepção, estruturas não são arranjos tão racionais (racionalidade das escolhas das opções estruturais é limitada), possuindo uma função simbólica (aparentar e fazer sentido para seus integrantes)
e
sua
dinâmica
está
relacionada
a
processos institucionais (de dependência, identidade, pertencimento e legitimação).
– (neo) institucionalismo econômico: considera que,
1.2. TIPOS DE ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
numa perspectiva normativa, coloque-se em relevo a eficiência das estruturas, definidas em sentido análogo
Distintos organizacional
são
os
tratados
enfoques ao
longo
de do
modelagem
às instituições como conjunto de regras e incentivos
pensamento
que buscam guias o comportamento de distintos atores
gerencial, sendo os cinco principais:
(com interesses não necessariamente convergentes)
– clássico: considera que a modelagem da estrutura
para a produção de resultados. Destacam-se três
deve obedecer a aplicação de princípios universalmente
perspectivas:
válidos, destacando-se: divisão do trabalho, autoridade,
– escolha racional: esta abordagem destaca a
disciplina, unidade de comando, unidade de direção,
relação entre estruturas e resultados em pelo
amplitude de comando, especialização, diferenciação,
menos dois sentidos: resultados são produtos de
amplitude de controle, homogeneidade, delegação e
estruturas e a estrutura mais eficiente é a que
responsabilidade. Segundo esta concepção, estruturas
promove
são arranjos racionais, concebidos para promover
recursos;
resultados
– teoria da firma: esta abordagem parte da
pré-estabelecidos,
ordenados
segundo
os
melhores
resultados
com
menos
padrões científicos, altamente formalizados, aplicados e
comparação
controlados segundo regras formais, e relativamente
organizacionais e a eficiência do mercado, para
estáveis, estabelecidos em bases rígidas para durar,
denunciar o caráter estruturalmente ineficiente
sendo mudanças vistas como perturbação da ordem.
das
– contingencial: considera que a funcionalidade dos
hipóteses, segundas melhores escolhas racionais;
desenhos estruturais está correlacionada à variáveis
– teoria da agência: esta abordagem destaca a
como porte e dinâmica ambiental, sendo esta última
insuficiência e a inconfiabilidade das estruturas,
relacionada a fatores contingenciais externos e/ou
uma vez que as relações definidas estão sempre
internos de mercado e tecnologia (competição, novos
sujeitas a diversos problemas (de agência), tais
entre
estruturas,
a
eficiência
tornando-as,
na
de
formas
melhor
das
1
ADMINISTRAÇÃO PÚBL ICA – 2011 como seleção adversa (baixo padrão produtivo),
1.3. FINAL IDADES
risco moral (auto-orientação) e assimetria de informações.
Daí,
estabelecerem
a
se
Estas abordagens refletem a diversidade de
mediante
enfoques das teorias organizacionais. Entretanto, acaba
necessidade
arranjos
de
contratuais
sendo uma tarefa mais árdua do que compreender esta
incentivos.
–
novo
contingencialismo:
é
uma
expansão
multiplicidade
de
enfoques
de
utilizá-los
construção
variáveis do ambiente institucional e do imaginário
organizacional. A questão metodológica mais geral é a
organizacional e elementos da teoria avançada de
concepção
sistemas. Por um lado, este enfoque, menos racional e
conjunto de princípios e padrões que orientam como as
normativo que o original, busca investigar a correlação
atividades devem se organizar para implementar uma
entre estruturas e ambientes institucionais, valores,
estratégia, que capte o negócio e a organização.
uma
arquitetura
de
a
dinamizada do enfoque contingencial, incorporando
de
metodologias
para
modelagem
abrangente,
um
O conceito de arquitetura organizacional está
estruturas de dominação e elementos imaginários, tais mitos
vinculado aos princípios e padrões que ordenam as
organizacionais. Tal como o enfoque institucional, as
atividades. Este conceito está sendo utilizado em
estruturas aparecem como arranjos sujeitados a fatores
sentido análogo à modelo de gestão. Ambos separam a
culturais e intra-psíquicos. Por outro lado, o novo
perspectiva funcional, focada na finalidade (o que será
contingencialismo
sistêmica
entregue e em que termos ou padrões de desempenho),
avançada (valendo-se de elementos da teoria do caos,
sem se importar com o arranjo que gera os resultados
paradigma da complexidade e sistemas dinâmicos) que
demandados (modelo da caixa preta) da perspectiva
incorpora dois elementos essenciais:
construcional, focada no como a organização será
como
estrutura
de
personalidade
baseia-se
numa
e
visão
– complexidade: relacionada a altas doses de
modelada e operará para produzir os resultados
incerteza, ambigüidade, pluralidade e interconexão
necessários (modelo da caixa branca).
de eventos em ambientes (externo e interno) hiperdinâmicos, impondo às estruturas formas e
1.4. CRITÉRIOS DE DEPARTAMENTAL IZAÇÃO
lógicas fluídas e virtuais e padrões orgânicos de
No período pré-Revolução Industrial, havia
organização (rede, estruturas celulares);
predominância das manufaturas, que empregavam,
– autopoiese: relacionada a um padrão auto
muitas vezes, famílias inteiras, onde o pai (autoridade
referenciado e circular de organização (estruturas
patriarcal) era responsável pelo planejamento das
auto-produtivas,
atividades, além de participar do processo produtivo.
auto-organizadas
e
auto-
mantidas), a partir de interações internas que se
A
departamentalização
pode
ser
entendida
constituem relações suficientes para a reprodução
como uma especialização no nível dos departamentos, a
e renovação organizacional, por meio das quais o
fim de cumprir o princípio da homogeneidade, sendo
ambiente é criado pela organização, refletindo o
que atividades de mesma natureza são ocupadas e
que a organização vem a ser.
alocadas juntas.
O novo contingencialismo não valida nem invalida
A departamentalização pode ser realizada de
inconstitucionalmente a perspectiva funcionalista do
acordo com os seguintes critérios:
ajustamento estrutural, considerando-o limitado por
– por função: todos os especialistas são reunidos em
fatores institucionais, pela complexidade ambiental e
um único órgão. Cada departamento exerce uma
pela natureza auto poética, mas baseia-se numa visão
função típica dos elementos que o compõe. Indicado
mais
para empresas que desenvolvem atividades de rotina,
eclética
e
abrangente,
segundo
a
qual
as
estruturas são complexas e instáveis definições que
que exigem pouca flexibilidade.
atendem a condicionantes tanto externos quanto
–
internos.
treinamento
vantagens:
menor e
custo,
facilidade
de
coordenação,
definição
de
competências;
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ADMINISTRAÇÃO PÚBL ICA – 2011 – desvantagens: diminuição da cooperação interdepartamental, possibilidade de priorização dos objetivos
departamentais
em
detrimentos
dos
objetivos globais;
– por produto/serviço: divide a empresa em unidades de produção. Indicado para situações onde é exigida flexibilidade.
– vantagens: aloca responsabilidades do produto ao departamento, o sucesso do produto é sucesso do departamento, facilita a aplicação de mão-deobra, facilita a atividade-fim e a cooperação;
– desvantagens: aumento do custo, na medida em que se faz necessária a presença de especialistas da mesma área em departamentos diferentes;
– por área geográfica: indicada para empresas que cobrem grandes áreas (caso das multinacionais).
– vantagens: encoraja executivos, ajusta-se às condições de mercado;
– desvantagens: dificuldade de coordenação; – por processo: corresponde à seqüencia do processo produtivo, sendo que cada departamento é um centro de produção. Indicada para situações onde o foco é a tecnologia, que demanda grandes investimentos.
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