DEPARTAMENTO DE MEDICINA VETERINÁRIA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
Área: Acupuntura Veterinária Acadêmico: Thatiana Padilha Garrido Orientador: Profª. MSc. Marilia Viviane Snel de Oliveira Supervisores: Dr. Rodrigo Rodrigo Gonzalez Dr. Rodrigo Fagundes MV Dharana Mendonça
Brasília – DF Novembro, 2007
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Aos meus pais, Ivanhoé e Tania, meus irmãos, Daniel e Rodrigo, meus amigos, e principalmente aos animais, dedico.
4 AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais, Ivanhoé e Tania, que sempre estiveram ao meu lado, pelo amor, pela amizade, educação, esforço e sacrifícios, que foram decisivos em todo caminho que trilhei em minha vida. Aos meus irmãos, Daniel e Rodrigo, que juntamente com meus pais me apoiaram e incentivaram incondicionalmente. A todos meus amigos, que assim como minha própria família, colaboraram com meu crescimento e serviram como minha base e alicerce, dos quais tantas vezes precisei para seguir em frente. Agradeço especialmente à Cíntia Lopes Braga, Michelle Oliveira Carvalho, Thiago Guedes e Tiago Rollemberg Santin, por toda força, convivência, companheirismo, alegrias e tristezas compartilhadas, vocês não tem idéia do que fizeram por mim. A minha orientadora, Marilia Viviane Snel de Oliveira, pela amizade, paciência, pelos ensinamentos e dedicação profissional, que com certeza serão levados com muito carinho por mim como exemplo para minha vida. Aos professores, em especial Adriana Silva, Rafael Mondadori, Helvécio Leal, Alan Kardec e Julio Roquete Cardoso e profissionais da veterinária, pela disposição, o saber compartilhado e amizade. Ao Rodrigo Fagundes, Dharana Mendonça e dona Eliane, pela disposição, apoio, ensinamentos, exemplo profissional e amizade. E principalmente aos animais que, sem ao menos entender o que faziam, contribuíram na minha formação profissional, me ensinado sempre a amar e valorizar ainda mais minha profissão e o prazer da convivência com eles, estimulando-me a lutar e aprender pela sua saúde e bem estar.
5 SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................10 2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS...........................................................................12 2.1 Atividades desenvolvidas na Universidade Anhembi Morumbi...................12 2.1.1 Atendimento clínico .........................................................................12 2.1.2 Seções de fisioterapia .....................................................................15 2.2 Atividades desenvolvidas no Consultório Veterinário CAANES..................16 2.2.1 Atendimento clínico/cirúrgico...........................................................16 2.2.2 Seções de acupuntura.....................................................................19 3 ACUPUNTURA ......................................................................................................20 3.1 Filosofia da Medicina Tradicional Chinesa - Acupuntura ............................21 3.1.1 A teoria do Yin - Yang .....................................................................21 3.1.2 Qi.... .. ..............................................................................................23 3.1.3 Meridianos ou Canais de Energia....................................................25 3.1.4 A teoria dos cinco movimentos ou cinco elementos........................27 3.2 A desarmonia entre Yin-Yang.....................................................................30 3.3 Vasos Maravilhosos....................................................................................31 3.4 Mecanismos de ação da acupuntura ..........................................................31 3.5 Agulhas de acupuntura ...............................................................................33 3.6 Inserção, seqüência, direção e localização das agulhas ............................ 34 3.7 Tonificação e sedação pela agulhada.........................................................35 3.8 Métodos de acupuntura usados em animais...............................................36 3.8.1 Moxabustão.....................................................................................36 3.8.2 Auriculoterapia.................................................................................38 3.8.3 Eletroacupuntura .............................................................................39 3.8.4 Laser acupuntura.............................................................................41 3.8.5 Farmacopuntura ..............................................................................42 3.8.6 Escarificação da pele ou sangria.....................................................43 3.8.7 Implantes de ouro............................................................................44 3.9 Diagnóstico chinês......................................................................................44 3.9.1 Pulsologia........................................................................................45 3.9.2 Diagnóstico chinês pela língua........................................................46
6 3.10 Indicações da acupuntura.........................................................................48 3.11 Tempos de duração da terapia e freqüência.............................................49 3.12 Efeitos colaterais da acupuntura...............................................................49 3.13 Cuidados na aplicação da acupuntura......................................................49 3.14 Fitoterapia chinesa associada à acupuntura.............................................50 4 CASOS CLÍNICOS.................................................................................................52 4.1 Artrose ........................................................................................................52 4.1.1 Identificação ....................................................................................52 4.1.2 Histórico ..........................................................................................53 4.1.3 Sinais Clínicos.................................................................................53 4.1.4 Diagnóstico......................................................................................53 4.1.5 Tratamento ......................................................................................54 4.1.6 Evolução do quadro durante o tratamento com acupuntura............58 4.2 Displasia coxofemoral.................................................................................59 4.2.1 Identificação ....................................................................................60 4.2.2 Histórico ..........................................................................................60 4.2.3 Sinais Clínicos.................................................................................61 4.2.4 Diagnóstico......................................................................................61 4.2.5 Tratamento ......................................................................................61 5 CONCLUSÃO.........................................................................................................67 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................68
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Símbolo do Yin-Yang. ............................................................................... 22 Quadro 1 - Diferentes tipos de Qi e seus conceitos ..................................................24 Figura 2 - Fotografia de antebraço obtida pela técnica de Termografia Infravermelha mostrando a semelhança existente entre as imagens e os trajetos dos canais energéticos no membro superior...................................................26 Figura 3 - Fotografia de um paciente que apresenta nervo linear liquenóide cujo trajeto se assemelha com o do canal energético dos rins (Shen). ...........26 Figura 4 - Diagrama do ciclo de controle dos cinco elementos mostrando as relações de geração (Ciclo Sheng), inibição e contra-inibição (Ciclo Ko) entre eles.28 Quadro 2 - Relação dos cinco elementos com o corpo humano...............................29 Quadro 3 - Relação dos cinco elementos com a natureza........................................29 Quadro 4 - Emissão de líquidos pelo corpo humano e perigosos tipos de tempo relacionados com cada um dos cinco elementos .....................................29 Quadro 5 - Relação entre sentimento e órgão afetado segundo a MTC...................30 Quadro 6 - Vasos maravilhosos com seus pontos e propriedades correspondentes31 Figura 5 - Esquema das ações do ponto de acupuntura...........................................33 Figura 6 - Ângulos de inserção da agulha - (A) perpendicular; (B) inclinado ou angular e; (C) paralelo ou transverso. ......................................................35 Figura 7 - Bastão da erva Artemísia vulgaris para realizar moxabustão. ..................37 Figura 8 - Aplicação de moxa....................................................................................38 Figura 9 - Aparelho de eletroacupuntura...................................................................40 Figura 10 - Aplicação de eletroacupuntura, no membro anterior de um gato............40 Figura 11 - Paciente em uma seção de laser acupuntura.........................................42 Quadro 7 - Diagnóstico pelo pulso ............................................................................46 Quadro 8 - Desequilíbrios associados a determinados grupos de pulsos.................46 Figura 12 - Localização dos Zang (Órgãos) em língua sem alterações. ...................47 Figura 13 - Pontos de acupuntura em camelo vista lateral, e pontos (E36 - Zu San Li, VB34 - Yang Ling, B60 - Kun Lun) adaptados de pequenos animais para o camelo......................................................................................................54 Quadro 9 - Localização e Indicação de uso dos acupontos estimulados no tratamento do animal Camila....................................................................55
8 Quadro 10 - Pontos de acupuntura usados na Camila nos dias 30/08, 06/09, 13/09 e 21/09 ........................................................................................................57 Figura 14 - Camila no dia 30/08, anoréxica e em decúbito, na primeira seção de acupuntura. ..............................................................................................58 Figura 15 - Camila no dia 13/09, no dia da 3ª seção de acupuntura.........................59 Figura 16 - Aplicador de fio de ouro para implante de ouro. .....................................62 Quadro 11 - Localização e indicação de uso dos acupontos estimulados no tratamento do animal Judith .....................................................................63 Figura 17 - Vista lateral esquerda do corpo do cão, mostrando a localização de pontos de acupuntura usados no implante de ouro da paciente. ............. 65 Figura 18 - MP, vista plantar, mostrando a localização do ponto R1 (Yang Quan)...65 Figura 19 - Vista dorsal do corpo do cão, mostrando a localização dos pontos: B20 (Pi Shu), B23 (Shen Shu) e VG3 (Bai Hui)...............................................66 Figura 20 - Demonstração do implante de ouro na paciente.....................................66 Figura 21 - Paciente voltando da anestesia. .............................................................66
9 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Atendimentos clínicos oncológicos acompanhados no Hospital da Universidade Anhembi Morumbi, no período de 02 a 27 jul. 2007 ...........12 Tabela 2 - Atendimentos clínicos oftalmológicos acompanhados no Hospital da Universidade Anhembi Morumbi, no período de 02 a 27 jul. 2007 ...........13 Tabela 3 - Atendimentos clínicos dermatológicos acompanhados no Hospital da Universidade Anhembi Morumbi, no período de 02 a 27 jul. 2007 ...........13 Tabela 4 - Atendimentos clínicos cardiológicos acompanhados no Hospital da Universidade Anhembi Morumbi, no período de 02 a 27 jul. 2007 ...........13 Tabela 5 - Atendimentos clínicos diversos acompanhados no Hospital da Universidade Anhembi Morumbi, no período de 02 a 27 jul. 2007 ...........14 Tabela 6 - Retorno e encaminhamento cirúrgico acompanhados no Hospital da Universidade Anhembi Morumbi, no período de 02 a 27 jul. 2007 ...........15 Tabela 7 - Casos de fisioterapia acompanhados no Hospital da Universidade Anhembi Morumbi, no período de 02 a 27 jul. 2007.................................16 Tabela 8 - Atendimentos clínicos acompanhados no Consultório Veterinário CAANES, no período de 06 ago. a 30 out. 2007......................................17 Tabela 9 - Atendimentos cirúrgicos acompanhados no Consultório Veterinário CAANES, no período de 06 ago. a 30 out. 2007......................................18 Tabela 10 - Problemas comportamentais com prescrição de floral de Bach acompanhados no Consultório Veterinário CAANES, no período de 06 ago. a 30 out. 2007...................................................................................18 Tabela 11 - Tratamentos realizados com acupuntura acompanhados no Consultório Veterinário CAANES, no período de 06 ago. a 30 out. 2007....................19
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1 INTRODUÇÃO O Estágio Supervisionado Obrigatório, um dos pré-requisitos para conclusão do Curso de Medicina Veterinária, foi realizado em duas etapas. A primeira etapa ocorreu na cidade de São Paulo, na Universidade Anhembi Morumbi, nas áreas de clínica médica de pequenos animais e reabilitação veterinária, sob a supervisão do Médico Veterinário Rodrigo Gonzalez, no período de 02/07/2007 a 27/07/2007, totalizando 190 horas de atividade. Na parte da clínica de pequenos animais, as atividades desenvolvidas contaram com auxílio de Médicos Veterinários, foram realizados atendimentos clínicos, encaminhamentos e retornos cirúrgicos, exames ultra-sonográficos e internamentos. A Unidade Hospital conta com farmácia, banco de sangue, seis consultórios para atendimento, um local de internação para doenças infecciosas, com suporte para seis animais, e para casos não infecciosos, com capacidade para seis animais, uma maca para emergências médicas, uma sala de ultra-sonografia, uma sala de radiologia, e um laboratório de patologia clínica. Na reabilitação veterinária, as atividades desenvolvidas contam com o auxílio de uma equipe composta por uma Médica Veterinária e cinco estagiários. A Unidade da Reabilitação dispõe de uma piscina para hidroterapia, aparelho de Estimulação Elétrica Funcional (FES), aparelho de Estimulação Elétrica Transcutânea (TENs), aparelho de raio laser, aparelho de ultra-som e Cinesioterapia. A equipe médica veterinária é formada por residentes, Médicos Veterinários e professores capacitados em áreas específicas como: fisioterapia, dermatologia, cardiologia e oftalmologia. O horário de atendimento na Unidade Hospital durante o período de férias acadêmicas (julho) é das 08:00 às 18:00 horas. A segunda etapa do estágio ocorreu no Consultório Veterinário CAANES, localizado na cidade de Brasília, durante o período de 01/08/2007 à 30/09/2007, totalizando 424 horas de atividade. Durante esse período foram realizados atendimentos clínicos, cirúrgicos, seções de acupuntura e internações. Todo o estágio teve o acompanhamento de Médicos Veterinários, sendo supervisionado pelo Dr. Rodrigo Fagundes, no período da tarde, e pela Médica Veterinária Dharana Mendonça, especialista em acupuntura, no período da manhã. A clínica possui sala de espera, farmácia, dois consultórios, sala de cirurgia, sala de internação com
11 suporte para seis animais (caninos ou felinos) e uma gaiola para ferret. O horário de funcionamento de segunda-feira a sexta-feira é de 8:30 até 18:00 horas, e aos sábados de 8:30 até 14:00 horas. O Trabalho de Conclusão de Curso foi orientado pela Médica Veterinária, Profª MSc. Marilia Viviane Snel de Oliveira e teve por objetivo trazer conhecimentos nas áreas de Reabilitação: Fisioterapia e Acupuntura Veterinária. A opção por estas especialidades foi devido à eficácia de tratamentos realizados em pacientes, e a oportunidade de novos mercados de trabalho, que ainda não são muito utilizados na Medicina Veterinária e, estão em expansão.
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2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 2.1 Atividades desenvolvidas na Universidade Anhembi Morumbi 2.1.1 Atendimento clínico Os atendimentos no hospital veterinário são realizados sobre uma mesa de alumínio. Primeiro o estagiário faz a anamnese do animal, depois chama o veterinário e o coloca a par do caso clínico. O Médico Veterinário toma as decisões dos exames ou tratamentos e o estagiário auxilia em todos os procedimentos, da contenção até coleta de exames, tratamento ou internação. Nas Tabelas de 1 a 5 estão relacionados os atendimentos clínicos, acompanhados durante o estágio e na Tabela 6 estão relacionados os casos em que foram acompanhados somente o retorno e os que foram encaminhados para cirurgia. Tabela 1 - Atendimentos clínicos oncológicos acompanhados no Hospital da Universidade Anhembi Morumbi, no período de 02 a 27 jul. 2007 DIAGNÓSTICO OU ACHADO CLÍNICO
NÚMERO DE CASOS
Adenocarcinoma da glândula hepática
02
Carcinoma da tireóide
01
Linfoma
02
Mastocitoma grau 2
02
Metástase pulmonar
02
Neoformação hepática
01
Neoformação intestinal
01
Neoplasia mamária de células redondas com alto grau de malignidade Neoplasia óssea
01 01
Neoplasia pancreática
01
Tumor de mama
02
Tumor Venéreo Transmissível (TVT)
03
TOTAL
19
13 Tabela 2 - Atendimentos clínicos oftalmológicos acompanhados no Hospital da Universidade Anhembi Morumbi, no período de 02 a 27 jul. 2007 DIAGNÓSTICO
NÚMERO DE CASOS
Ceratite endotelial crônica idiopática /Edema de córnea Flórida Spots
01
Queratoconjuntivite Seca bilateral (QCS)
01
TOTAL
03
01
Tabela 3 - Atendimentos clínicos dermatológicos acompanhados no Hospital da Universidade Anhembi Morumbi, no período de 02 a 27 jul. 2007 DIAGNÓSTICO
NÚMERO DE CASOS
Atopia
01
Dermatite Alérgica à Picada de Pulga (DAPP)
02
Foliculite recidivante
03
Otite mista por Malassezia pachydermatis e bacteriana Otite ceruminosa bilateral
06
TOTAL
13
01
Tabela 4 - Atendimentos clínicos cardiológicos acompanhados no Hospital da Universidade Anhembi Morumbi, no período de 02 a 27 jul. 2007 DIAGNÓSTICO
NÚMERO DE CASOS
Hipertensão / Hiperadrenocorticismo
01
Insuficiência da Valva Cardíaca Mitral (IVCM)
04
Insuficiência da Valva Cardíaca Mitral (IVCM) /Bloqueio Atrioventricular (BAV)- 1ºgrau
01
TOTAL
06
14 Tabela 5 - Atendimentos clínicos diversos acompanhados no Hospital da Universidade Anhembi Morumbi, no período de 02 a 27 jul. 2007 DIAGNÓSTICO
NÚMERO DE CASOS
Abscesso periapical
01
Cálcuo dentário
02
Cálculo vesical
01
Cistite
01
Criptorquidismo
02
Diabete Melito (DM)
07
Diarréia crônica por enterite a esclarecer
02
Doença Degenerativa do Disco Intervertebral (DDDIV)
04
Doença do Trato Urinário Inferior de Felinos (DTUIF)
04
Erliquiose
05
Esporotricose
01
Ferida séptica
01
Fecaloma
01
Fístula anal ulcerada
01
Hepatite crônica ativa
01
Hiperadrenocorticismo
03
Hipoadrenocorticismo
01
Hipotireoidismo
01
Inflamação do coxim
01
Monorquidismo
01
Pneumonia
01
Ruptura do Ligamento Cruzado Cranial (RLCC) /Osteoartrose Vermifugação
02 01
TOTAL
45
15 Tabela 6 - Retorno e encaminhamento cirúrgico acompanhados no Hospital da Universidade Anhembi Morumbi, no período de 02 a 27 jul. 2007 RETORNO/ENCAMINHAMENTO CIRÚRGICO
NÚMERO DE CASOS
Artroplastia
01
Ceratotomia em grade e recobrimento da 3º pálpebra
01
Criocirurgia nasal e palpebral
01
Curativo - biópsia
01
Esplenectomia
01
Fratura completa de tíbia
01
Gastrotomia parcial
01
Laparotomia exploratória
03
Mastectomia
06
Neoformação hepática
01
Ovário-histerectomia (OSH)
04
Piometra
02
Gastrectomia / Exérese de tumor
01
Exérese de fibrossarcoma
01
Exérese de cálculo dentário
02
Uretrostomia
02
TOTAL
29
2.1.2 Seções de fisioterapia Os atendimentos na área de fisioterapia são realizados sobre mesas de alumínio forradas com colchonete e uma toalha sobre essa. Cada animal tem sua mesa e é atendido pelos estagiários e pelo Médico Veterinário conforme o problema clínico que apresenta. Os animais da hidroterapia possuem uma bancada separada, para preparalos para a entrada na piscina, onde também há um secador para prepará-los para saída da fisioterapia, ou para a realização de outros procedimentos. Os casos de fisioterapia acompanhados durante o estágio estão relacionados na Tabela 7.
16 Tabela 7 - Casos de fisioterapia acompanhados no Hospital da Universidade Anhembi Morumbi, no período de 02 a 27 jul. 2007 CASOS DA FISIOTERAPIA
NÚMERO DE CASOS
Anormalidade congênita da coluna (cifose)
01
Artrose /DDDIV cervical /Síndrome compressiva da cauda eqüina Cinomose /DDDIV
01 01
Displasia coxo-femoral
01
DDDIV cervical e tóraco-lombar
01
DDDIV tóraco-lombar
08
DDDIV tóraco-lombar /Neoplasia pancreática
01
Espondilose deformante
01
Fratura de fêmur (pós-cirúrgico)
02
Luxação de patela /Espondilose deformante
01
Obesidade
01
Ruptura do Ligamento Cruzado Cranial (RLCC)
01
RLCC /Luxação de patela
01
TOTAL
21
2.2 Atividades desenvolvidas no Consultório Veterinário CAANES 2.2.1 Atendimento clínico/cirúrgico Assim como no estágio anterior, os atendimentos no CAANES são realizados sobre uma mesa de alumínio, primeiro o Médico Veterinário faz a anamnese do animal, depois toma as decisões dos exames ou tratamentos e o estagiário auxilia em todos os procedimentos, da contenção até coleta de exames, tratamento ou internação. Os casos cirúrgicos não emergenciais são acumulados para uma tarde da semana, onde os dois veterinários trabalham juntos na cirurgia, um como cirurgião e outro como anestesista, contando com ajuda de um funcionário e do estagiário. Os atendimentos clínicos e cirúrgicos acompanhados durante o estágio estão relacionados nas Tabelas 8 e 9 respectivamente, e os problemas comportamentais com prescrições de floral de Bach na Tabela 10.
17 Tabela 8 - Atendimentos clínicos acompanhados no Consultório Veterinário CAANES, no período de 06 ago. a 30 out. 2007 DIAGNÓSTICO
NÚMERO DE CASOS
Aspergilose
01
Atopia
02
Conjuntivite
01
Diarréia /Estertor pulmonar
01
Displasia coxo-femoral
01
Doença do trato urinário inferior dos felinos (DTIF) Dor muscular
01 01
Êmese
01
Êmese /Diarréia
01
Obstrução do ducto naso-lacrimal
01
Espondilose deformante
01
Exame de rotina
01
Hipotireoidismo
02
Inflamação intestinal
01
Lesão no ouvido
01
Lesões pustulares com colarete epidérmico
01
Malassezia pachydermatis generalizada
01
Micoplasmose
01
Otite
02
Piodermite bacteriana
01
Pseudociese
02
Queratoconjuntivite seca /Úlcera de córnea
01
Trauma por mordedura
01
Vacinação
37
TOTAL
64
18 Tabela 9 - Atendimentos cirúrgicos acompanhados no Consultório Veterinário CAANES, no período de 06 ago. a 30 out. 2007 CIRURGIA
NÚMERO DE CASOS
Amputação do 5º dedo
01
Blefarotomia/ Exérese de tumor / Exérese de cálculo dentário Mastectomia
01 02
Ovário-histerectomia (OSH eletiva)
03
Piometra (OSH terapêutica)
01
Exérese de dente canino decíduo
01
Exérese de fibrose na mama/Papiloma na pálpebra Exérese de tumor cutâneo
01 03
Exérese de tumor no fígado /Hipoglicemia
01
Exérese de cálculo dentário
05
Exérese de cálculo dentário / Exérese de tumor cutâneo
01
TOTAL
20
Tabela 10 - Problemas comportamentais com prescrição de floral de Bach acompanhados no Consultório Veterinário CAANES, no período de 06 ago. a 30 out. 2007 PROBLEMA
NÚMERO DE CASOS
Ansiedade /Mudança de comportamento
01
Agressividade /Animal vingativo com outros animais Ciúmes / Animais brigando
01
Covardia /Submissão
01
Possessividade / Falta de asseio/ Inadequação
01
Territorialismo /Agressividade/ Dificuldade de mudanças
01
TOTAL
06
01
19 2.2.2 Seções de acupuntura Os atendimentos na área de acupuntura também são realizados sobre mesas de alumínio onde o Médico Veterinário manipula o animal, conforme a prescrição para o caso. Em média cada seção dura de vinte a trinta minutos por paciente, os casos acompanhados durante o estágio estão relacionados na Tabela 11. Tabela 11 - Tratamentos realizados com acupuntura acompanhados no Consultório Veterinário CAANES, no período de 06 ago. a 30 out. 2007 CASOS DE ACUPUNTURA
NÚMERO DE CASOS
Artrose
01
Artrose /Espondilose deformante
01
Artrose /Espondilose deformante /Síndrome compressiva da cauda eqüina Artrose /Síndrome compressiva da cauda eqüina Atrofia de membro torácico /Lesão no membro anterior direito Displasia coxo-femoral
01
01
DDDIV
06
Fratura de escápula
01
Incontinência urinária
01
Osteófitos (torácicos)
01
Osteófitos /Esclerose (tóraco-lombar e sacral)
01
Paralisia de laringe
01
Paralisia de membro posterior /Descontrole de defecação e micção Problema dermatológico
01 05
Raquitismo /Fratura de pelve
01
Ruptura do Ligamento Cruzado Cranial (RLCC) Traumatismo no globo ocular
01
TOTAL
26
01 01
01
20 3 ACUPUNTURA A acupuntura é um ramo da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), praticada desde épocas remotas. As opiniões sobre a sua idade e origem têm divergências. Pressupõe-se, com a descoberta de agulhas de pedras, que a acupuntura humana iniciou-se no final do período neolítico (16.000 - 4.000 a.C.). A descoberta concreta de agulhas de acupuntura de ouro e de prata ocorreu no túmulo de Lieu Scheng, que morreu por volta de 200 a.C., sendo que as referências sobre acupuntura veterinária podem ser encontradas por volta de 900 a.C. (DRAEHMPAEHL e ZOHMANN, 1994). A palavra acupuntura deriva do latim (acus: agulha e punctura: puntura). A acupuntura consiste na estimulação de pontos, também denominados tsubos ou acupontos, de área de aproximadamente um mm², determinados e precisos na superfície corporal (TORRO, 1997). O ponto de acupuntura pode ser estimulado por vários agentes de estresse tais como agulha metálica, calor, massagem e gota de ácido. O importante é criar um sinal que será transmitido aos centros nervosos para ser decodificado, analisado, memorizado, integrado em outros sistemas e causar, conforme sua intensidade, local e natureza, uma resposta benéfica orientada e específica (RUBIN, 1983). Apesar dos pontos serem pequenos, com área de máximo efeito de tamanho similar ao tamanho da cabeça de um alfinete, qualquer pressão num pequeno raio em torno desta área já é suficiente para atingir o ponto (PRADIPTO, 1986). A Acupuntura Veterinária tem ao todo 112 pontos selecionados usados em pequenos animais, 32 pontos simples e 40 bilaterais. Cada ponto tem uma ou várias funções que são estimuladas, podendo estes ser combinados, modificando assim a ação no órgão a tratar. A seleção inadequada dos acupontos pode anular ou piorar a sintomatologia clínica do animal (MOIRONª, 2007). A acupuntura também tem capacidade de mascarar ou modificar a sintomatologia, o que pode complicar a precisão do diagnóstico, por isso deve-se tomar cuidado com o seu uso. Outro fator a considerar nos casos agudos, é que a eliminação da dor, pode fazer com que o animal volte a ter uma atividade normal ou excessiva, o que pode dificultar ou agravar o quadro do paciente (MOIRONc, 2007).
21 Os manuais de acupuntura iniciam por esquemas e estudos de sinapses, neurônios, arcos reflexos, repartição metamérica dos nervos periféricos, de potenciais evocados nas diversas áreas corticais e subcorticais e de fenômenos de facilitação ou inibição interneurônios (RUBIN, 1983). O tratamento de um paciente pela MTC baseia-se em um diagnóstico realizado pelo Qi, que estabelece a etiologia, fisiologia e patogenia do desequilíbrio apresentado no organismo. Por isto, o paciente sempre deve ser analisado como um todo. Dois animais com a mesma doença podem receber tratamentos diferentes, pois doenças iguais podem exprimir desequilíbrios distintos (TORRO, 1997). 3.1 Filosofia da Medicina Tradicional Chinesa - Acupuntura Na filosofia da MTC o organismo é constituído pela matéria que obedece a teoria do Yin-Yang e pelo Qi, que representa energia. A matéria é caracterizada pela estrutura orgânica do corpo, e a energia, que está agregada à matéria, promove o dinamismo da parte material/orgânica (YAMAMURA, 2001). A filosofia da Medicina Tradicional Chinesa também é constituída pela teoria ou conceito dos cinco movimentos e dos Zang Fu (Órgãos e Vísceras). É embasada nestes conceitos, que constituem o alicerce para a compreensão da fisiologia e propedêutica energética e da fisiopatologia das doenças e seu tratamento (YAMAMURA, 2006). 3.1.1 A teoria do Yin - Yang Os chineses acreditam que todo universo seja governado por dois princípios, Yin e Yang, classificados em negativo e positivo, e consideram que tudo exista em virtude da constante influência mútua dessas forças, sejam seres animados ou até os inanimados. O equilíbrio do organismo depende do balanceamento no organismo desses dois opostos complementares, que nunca estão completamente balanceados, sempre estão em constante mudança, indicando a interdependência entre o Yin e o Yang e suas reações e interações (MANN, 1971). O conceito de Yin-Yang é importante para a teoria da Medicina Tradicional Chinesa. Toda fisiologia médica chinesa, patologia e tratamento podem ser traduzidos em Yin-Yang. O conceito de Yin-Yang e o do Qi são totalmente diferentes da filosofia ocidental que em geral é baseada na oposição dos contrastes, onde os
22 opostos não podem ambos ser verdadeiros. Já, no conceito chinês de Yin-Yang isto é diferente: Yin e Yang representam qualidades opostas, porém complementares. Cada coisa ou fenômeno poderia existir por si mesmo ou pelo seu oposto. Sendo que Yin contém a semente do Yang e vice-versa, podendo um ser o contrário do outro (MACIOCIAª, 1996). A harmonia entre o Yang e o Yin do universo é representada pelo símbolo do Yin-Yang (Figura 1). Onde a parte preta corresponde ao Yin e a branca ao Yang e observamos que quando Yang atinge seu máximo, Yin começa a surgir e que quando Yin atinge seu máximo Yang começa a surgir. As bolas pretas e brancas dentro de Yin e Yang significam que no apogeu do Yin (preto) encontramos uma semente Yang (branco), e vice-versa (FERREIRA, 1991).
Figura 1 - Símbolo do Yin-Yang. Fonte: Schoen, 2006.
O Yang representa o céu, o masculino, a luminosidade, o sol, o brilho, a atividade, o redondo, o tempo, o leste, o sul, a esquerda, o imaterial, a produção de energia, a geração, o não-substancial, a expansão, a ascendência, o acima, o fogo, o superior, as costas, a cabeça, o exterior (pele - músculos), tudo acima da cintura, a superfície póstero-lateral dos membros, a função dos órgãos (MACIOCIAª, 1996). Já o Yin representa a terra, o feminino, a escuridão, a lua, a sombra, o descanso, o plano, o espaço, o oeste, o norte, a direita, o material, a produção de forma, crescimento, o substancial, a matéria, a contração, a descendência, abaixo, a água, o inferior, frente (tórax - abdômen), o corpo, o interior (órgãos), abaixo da cintura, superfície ântero-medial dos membros, estrutura dos órgãos, o sangue (xue) - fluído corpóreo (Jin Ye), o Qi nutritivo (Yin Qi) (MACIOCIAª, 1996).
23 3.1.2 Qi Qi pode ser traduzido como “força vital” ou “energia da vida”, ou simplesmente “energia”, que ativa e mantém o processo da vida e é o que controla a harmonia no corpo. Essa energia é derivada do ambiente, por processos como a nutrição e a respiração, são convertidas numa forma absorvível para alguns órgãos, armazenadas no corpo e distribuídas ao sistema por outros órgãos. Filosoficamente pode ser classificada como a matéria que está prestes a se tornar energia, e como a energia que está prestes a se tornar matéria. O Qi tem função de transporte, transformação, sustentação, proteção, aquecimento e nutrição para o organismo (SCHOEN, 2006). No indivíduo existem três fontes de energia, uma de origem ancestral (Jing), legada por nossos progenitores, transportadas nos gametas masculino e feminino (informação genética); as outras duas são a respiração e a alimentação. Para que a energia da alimentação (Gu Qi) e da respiração (Zang Qi) possam ser aproveitadas e exercer suas funções necessitam ser recuperadas, purificadas, transformadas e armazenadas pelos órgãos. Esses são classificados em dois grandes grupos: órgãos Yang e órgãos Yin (SUSSMANN, 1972). Os órgãos Yang (Vísceras ou Fu) transformam em xue os alimentos ingeridos, são representados pelo intestino grosso, estômago, intestino delgado, bexiga e vesícula biliar, eles possuem relação mais ou menos direta com o exterior. Os órgãos Yin (Órgãos ou Zang) purificam e armazenam o xue que provém do alimento, e são: pulmão, baço-pâncreas, coração, rim e fígado (SUSSMANN, 1972). Além dos 10 órgãos e vísceras há também duas funções totalizadoras uma Yang e uma Yin, triplo aquecedor e pericárdio, respectivamente. A primeira possui tripla função incluindo os sistemas respiratório, digestivo e genito-urinário. A segunda, também chamada de circulação-sexualidade ou constritor do coração, é responsável pela circulação do sangue junto com hormônios, enzimas e produtos do metabolismo intermediário (SUSSMANN, 1972). O Qi não pode ser visto, mas está ativando, transportando, protegendo e aquecendo. Esta fonte de energia pode ser direcionada para onde é necessária e por conseguinte mais benéfica para o bem estar do indivíduo. Há 14 diferentes conceitos de energia ou Qi, demonstrados no Quadro 1 (FREIBERG, 2002).
24 Quadro 1 - Diferentes tipos de Qi e seus conceitos Tipo de Qi
Conceito
É a energia composta das essências vitais que se combinam para formar o feto, chamada Yin Jing e Yang Jing. Qi Pré-Natal. Potencial hereditário constitucional do corpo, realçando a Xian Tian Qi verdadeira saúde e a dinâmica potencial. Também chamada de essência dos rins. Essência. O aspecto cinético do Qi pré natal circula pelos meridianos e participam de todos processos de transformação. É também chamado de Essência Ativa dos Rins. Yuan Qi é a energia que mais ativa a circulação Yuan Qi de Qi nos meridianos. Atua como um catalisador de todos os processos de criação de energia através da digestão, bem como do ciclo de energia usado e geração dos órgãos. Energia Pré-Natal armazenada pelos rins. Qi Pós-Natal, ou Qi Adquirido. Durante inspiração, o pulmão sob estímulo Hou Tian Qi do Yuan Qi, extrai Da Qi ou Qi das substâncias inaladas do ar, e combina isto com o Qi dos grãos/sementes (Gu Qi) para formar o Qi Adquirido. Qi Nutriente ou Qi Alimento. Esse aspecto nutri as estruturas anatômicas Ying Qi grosseiras e circula nos vasos sanguíneos com o sangue, bem como nos meridianos. Energia que nutre os sistemas internos. Qi do Canal. É o Qi Nutriente que percorre nos canais (meridianos). Jing Luo Qi Energia que percorre os meridianos. Qi Peitoral. A primeira manifestação do Qi Adquirido e o precursor de todas as outras transformações de Qi no corpo. Energia no tórax usada pelo pulmão para a respiração e ativação da voz, e no coração para Zong Qi circulação do sangue nos vasos. Essa energia muitas vezes é bloqueada por fatores emocionais que afetam as funções do coração e pulmão. Energia proveniente do ar age juntamente com Gu Qi. Qi do ar, o qual é extraído e combinado com Gu Qi (Qi dos Da Qi grãos/sementes) e são usados em conjunto com Qi Pré-Natal, para formar o conteúdo total de Qi do organismo. Qi dos Grãos/Sementes. É extraído dos alimentos sob a ação do estômago, seguindo o conceito de MTC, em direção ao baço. O baço Gu Qi então transmite o Gu Qi para o pulmão, para a produção do Zhen ou Qi Verdadeiro. Energia proveniente dos alimentos. Qi Verdadeiro. É o Qi resultante da transformação do Qi Ancestral, que catalisa a ação do Yuan Qi. Pode ser usado para várias necessidades do Zhen Qi. organismo, assim como o Qi Nutritivo e o Qi de Proteção. Energia que circula nos meridianos e nutre os sistemas. Qi do Órgão. Está presente nas vísceras e órgãos para manter suas Zang-Fu Qi funções. Energia dos órgãos e vísceras. Centro ou meio do Jiao Qi. Esse é o Qi do baço e estômago e transforma Zhong Qi o Qi Pós-Natal. Qi de Proteção ou Qi Defensivo. Como o Qi flui através do ciclo dos órgãos, cada órgão usa o que é necessário para suas funções e acrescenta energia para o fluxo geral. Bem como alguns dos órgãos Wei Qi geram seu Qi Defensivo o qual flui nos canais músculo-tendíneos. Este é o mais superficial e responsável pela proteção do corpo de patógenos externos. Energia defensiva. Energia Antipatogênica. Qi Correto. É o termo usado para descrever o Qi Zheng Qi de proteção que defende o corpo das invasões por influências perniciosas. Fonte: Adaptado de FREIBERG (2002).
Jing Qi
25 A base de tudo é o Qi, outras substâncias vitais são manifestações do Qi em diferentes graus de materialidade, variando do totalmente material (fluídos corpóreos - Jin Ye), para o totalmente imaterial (mente - Shen) (ROSS, 1994). O Qi circula pelos meridianos e, conforme esta energia se mobiliza o sangue (Xue) o acompanha. A circulação de Qi pode ser dificultada por fatores externos, como vento, calor, umidade, secura e frio, ou internos, como sentimentos e emoções, que acarretam em bloqueio e estagnação de Qi e de sangue, o que origina processos álgicos, dolorosos, ou mau funcionamento dos Zang Fu e dos tecidos (YAMAMURA, 2006). Filósofos e médicos chineses observam o relacionamento entre o universo e os seres humanos, o Qi dos seres humanos é considerado resultado da interação entre Qi do céu e da terra, o que enfatiza a interação entre o Qi dos seres humanos e as forças da natureza. A MTC enfatiza essa interação entre o ser vivo e seu meio ambiente, e leva isso em consideração para determinar etiologia, diagnóstico e tratamento (ROSS, 1994). 3.1.3 Meridianos ou Canais de Energia Os meridianos de acupuntura ou canais energéticos são os trajetos por onde circula o Qi, muito usados em acupuntura. Cada órgão ou víscera tem seu meridiano próprio, e em cada meridiano existem vários pontos cutâneos com funções específicas. Quando a agulha de acupuntura é inserida em algum destes pontos, ocorre uma estimulação mecânica e inflamatória, desencadeando reações bioquímicas no nosso organismo (AGOSTINHO b, 2005). Os meridianos são o meio usado pelo corpo para associar as várias unidades funcionais entre si. O organismo pode ser descrito como o conjunto de funções que se relacionam através dos meridianos. Estes podem ser vistos como linhas abstratas, sem estrutura concreta, que compreendem diversos pontos (acupontos), onde o Qi é mais superficial, tornando-se capaz de ser estimulado pelas agulhas (FERREIRA, 1991). Os meridianos costumam ter o nome dos órgãos ou vísceras a eles relacionados, são representados por uma grande “linha” de energia, que sobe e desce da cabeça aos pés, formando “trilhas” que podem ser aprendidas e utilizadas. A linha é dividida em 12 partes, sendo cada parte um meridiano que se relaciona a
26 determinadas funções orgânicas, características psicológicas e emocionais (PRADIPTO, 1986). Os meridianos ainda não podem ser elucidados pela ciência, porém, pesquisas sobre eles mostram pela Termografia Infravermelha e por lesões da pele a existência desses meridianos, como podemos ver nas Figuras 2 e 3 (YAMAMURA, 2006).
Figura 2 - Fotografia de antebraço obtida pela técnica de Termografia Infravermelha mostrando a semelhança existente entre as imagens e os trajetos dos canais energéticos no membro superior. Fonte: Yamamura, 2006.
Figura 3 - Fotografia de um paciente que apresenta nervo linear liquenóide cujo trajeto se assemelha com o do canal energético dos rins (Shen). Fonte: Yamamura, 2006.
27 3.1.4 A teoria dos cinco movimentos ou cinco elementos A teoria dos cinco movimentos constitui outro pilar da filosofia da Medicina Tradicional Chinesa, e como os vários aspectos que compõem a natureza geram e dominam uns aos outros (YAMAMURA, 2001). Metaforicamente a MTC afirma que a Madeira, o Fogo, a Terra, o Metal e a Água são os materiais básicos que existem e constituem o mundo material. Existe uma interdependência e um controle recíproco, com interação entre eles (Ciclo Ko e Ciclo Sheng), eles fazem parte de um ciclo de cinco fases de transformação e representam o contínuo fluxo de energia e nutrição do organismo (SNOW e ZIDONIS, 1999). Os chineses ao usarem os termos dos cinco elementos não o faziam no sentido físico, real e restrito e sim como arquétipo de uma idéia. Na MTC existe um ciclo de criação descrito por Mann (1971, p.120-121): A ‘Madeira’ será queimada para criar o ‘Fogo’ que, ao terminar de arder, deixará atrás de si as cinzas, a ‘Terra’ ; desta, virão os ‘Metais’ que, se aquecidos, serão fundidos, serão como a ‘Água’ que, por sua vez, é necessária ao crescimento das plantas e, portanto, da ‘Madeira. ’ ‘Madeira’ destrói ‘Terra’ , isto é, as raízes das plantas podem partir as rochas e perfurar o solo. ‘Terra’ destrói ‘Água’ , isto é, um jarro de barro (terra) impede a água de seguir a sua lei natural, ou seja, fluir, correr. ‘Água’ destrói ‘Fogo’ , isto é, a água lançada sobre um fogo o fará extinguir-se; ‘Fogo’ destrói ‘Metal’ , ou seja, levando-o a fusão. ‘Metal’ destrói ‘Madeira’ , ou seja, porque pode cortá-la.
A teoria dos cinco elementos apresenta duas regras básicas: de geração (Ciclo Sheng), que representa a força propulsora do ciclo e; de dominância (Ciclo Ko), que é a força de interdependência entre os elementos (SIDORAK, 1984). As relações de geração, inibição e contra-inibição entre os cinco elementos estão esquematizadas na Figura 4. Na prática real da acupuntura, quando fígado (madeira) é tonificado, o coração (fogo) também é automaticamente tonificado, enquanto o baço (terra) é sedado ou, se os rins (água) são sedados, o fígado (madeira) é automaticamente sedado, enquanto o coração (fogo) é tonificado (MANN,1971). Segundo Maciociaª (1996), cada sistema possui influência sobre os tecidos do organismo, havendo um relacionamento entre tecidos e sistema, de forma que o estado do sistema pode ser deduzido pela observação do tecido correspondente. Cada sistema se relaciona funcionalmente a um dos órgãos dos sentidos, a saúde e
28 a acuidade de um determinado órgão do sentido depende da nutrição do sistema interno e; diferentes condições climáticas influenciam determinados sistemas. Sendo que um excesso de fatores externos por um período prolongado pode afetar adversamente os Zang Fu (órgãos e vísceras) e desequilibrar o Qi.
Figura 4 - Diagrama do ciclo de controle dos cinco elementos mostrando as relações de geração (Ciclo Sheng), inibição e contra-inibição (Ciclo Ko) entre eles. Fonte: Wenn, 1985.
O coração (Xin) controla e governa os vasos sanguíneos (Xue Mai), é relacionado com a língua e o paladar e é influenciado pelo calor; o fígado (Gan) controla os tendões e ligamentos, manifesta-se nas unhas, é relacionado com os olhos e a visão e é influenciado pelo vento; o pulmão (Fei) controla a pele, manifesta-se nos pêlos, é relacionado com nariz e olfato e é influenciado pela secura; o baço (Pi) controla os músculos, manifesta-se nos lábios, é relacionado com boca e o paladar e é influenciado pela umidade e o rim (Shen) controla os ossos e medula, manifesta-se no cabelo, é relacionado com ouvido e audição e é influenciado pelo frio (MACIOCIAª, 1996). Os Quadros 2 e 3 demonstram a relação dos cinco elementos com o corpo humano e com a natureza, respectivamente.
29 Quadro 2 - Relação dos cinco elementos com o corpo humano Órgãos Cinco dos Tecidos Emoções elementos Órgãos Vísceras sentidos Madeira
Fígado
Fogo
Coração
Terra
Baçopâncreas
Metal
Pulmão
Vesícula biliar Intestino delgado Estômago Intestino grosso
Água
Rins
Bexiga
Sons
Olhos
Tendão e ligamento
Raiva
Grito
Língua
Vascular
Alegria
Riso
Boca
Músculo
Canto
Nariz
Pele e pêlos Osso e medula
Pensamento Preocupação
Choro
Medo
Gemido
Ouvidos
Fonte: Wen, 1985.
Quadro 3 - Relação dos cinco elementos com a natureza Cinco Direção Estação Fator clima elementos Madeira Leste Primavera Vento Fogo
Sul
Terra
Centro
Metal
Oeste
Inicio e fim de verão Outono
Água
Norte
Inverno
Verão
Cor
Gosto
Verde
Azedo
Calor
Vermelho
Amargo
Úmido
Amarelo
Doce
Seco
Branco
Apimentado
Frio
Preto
Salgado
Fonte: Wen, 1985.
Na MTC os cinco elementos também têm relação com a emissão de líquidos do corpo humano e perigosos tipos de tempo, como podemos ver no Quadro 4 (ROSS, 1994). Quadro 4 - Emissão de líquidos pelo corpo humano e perigosos tipos de tempo relacionados com cada um dos cinco elementos Elemento
Madeira
Fogo
Terra
Metal
Água
Emissão de líquidos Perigosos tipos de tempo
Lagrimas
Suor
Saliva
Muco
Urina
Vento
Calor
Umidade
Seca
Frio
Fonte: Ross, 1994.
30 3.2 A desarmonia entre Yin-Yang O adoecimento começa com a desarmonia de Yin-Yang, que leva a uma deficiência, estagnação, rebelião ou colapso de Qi, pode ser devido à alimentação desregrada, estresse, intoxicações, fadiga, fatores que enfraquecem a Energia Vital dos Zang Fu (Órgãos/Vísceras) (YAMAMURA, 2001). O Yang está associado à patologia aguda; de início rápido; mudanças patológicas rápidas; calor; agitação, insônia; retirada de lençol; preferência por deitar-se esticado; membros e organismos quentes; rubor facial; preferência por líquidos frios; voz alta e verborragia; dispnéia; sede; urina escassa, escura; constipação; língua vermelha com saburra amarela; pulso cheio (MACIOCIAª, 1996). E o Yin está associado à patologia crônica; de início gradual; patologias lentas; frio; sonolência, apatia; gosta de dormir coberto; preferência por deitar-se encolhido; membros e organismo frios; face pálida; preferência por líquidos quentes; voz fraca e fala pouco; respiração lenta e superficial; ausência de sede; urina profusa e pálida; perda de fezes; língua pálida; pulso vazio (MACIOCIAª, 1996). Existe relação entre os sentimentos e os órgãos do corpo, determinada emoção influencia um órgão, e este também tem influência sobre a emoção relacionada, como se pode observar no Quadro 5. A desarmonia entre Yin-Yang pode ocorrer por fatores endógenos tais como raiva, preocupação, pensamento excessivo (obsessão), pesar, medo, tristeza ou exógenos como o excesso de frio ou calor, alimentação inadequada, acidentes, poluição, entre outros. E o tratamento com acupuntura é indicado para reverter estes desequilíbrios e estabilizar o Qi (AGOSTINHOb, 2005). Quadro 5 - Relação entre sentimento e órgão afetado segundo a MTC Órgão
Sentimento
Pulmão
Tristeza, preocupação
Coração
Alegria
Fígado
Raiva
Baço
Concentração, pensamento
Rim
Medo
Fonte: Agostinhob, 2005.
31 3.3 Vasos Maravilhosos Os vasos maravilhosos representam os transbordamentos de energia da circulação, no seu estado normal, o seu conteúdo de energia serve como uma reserva energética, e é importante o conhecimento destes para tratamentos de alguns estados patológicos muito rebeldes (SUSSMANN, 1972). Esses meridianos ou vasos maravilhosos são chamados assim por não terem relações e comunicações com o sistema Zang Fu. A principal atuação deles é reforçar as energias dos meridianos principais, como reserva de energia, a fim de regularizar o Qi e o sangue (Xue) (INADA, 2000). Segundo Inada (2000), os oito vasos maravilhosos seguem linhas irregulares, podem se apresentar em duplas, porém, não se organizam necessariamente em pares, não se relacionam com o sistema Zang Fu e são agrupados em quatro vasos Yang e quatro vasos Yin, como se pode observar no Quadro 6. Quadro 6 - Vasos maravilhosos com seus pontos e propriedades correspondentes Vaso Maravilhoso
Ponto
Propriedade
Dai Mai
VB41
Yang
Du Mai
ID3
Yang
Yang Wei Mai
TA5
Yang
Yang Qiao Mai
B62
Yang
Chong Mai
BP4
Yin
Ren Mai
P7
Yin
Yin Wei Mai
PC6
Yin
Yin Qiao Mai
R6
Yin
Fonte: Adaptado de Inada, 2000.
3.4 Mecanismos de ação da acupuntura De acordo com Yamamura (2001), o mecanismo de ação da acupuntura é explicado de maneira diferente pela filosofia chinesa e pela ciência: A filosofia chinesa acredita que a estimulação adequada dos pontos de acupuntura regulam a corrente de Qi circulante nesses canais de energia e nos Zang Fu (órgãos e vísceras), distribuindo o Qi pelo corpo. Havendo estimulação
32 intensa de determinado ponto de acupuntura, por um longo período, ocorre efeito sedativo e o esvaziamento da energia da região ou do órgão que é regido por este ponto, provocando a analgesia (YAMAMURA, 2001). Já, a ciência, procura descrever e dar explicações anatômicas e fisiológicas. Explica que os estímulos dos pontos de acupuntura transmitem-se por via nervosa, mais especificamente nas fibras nervosas A-delta e C, isso pelo fato da maior parte dos acupontos estarem situados sobre ou nas proximidades de nervos periféricos. Em estudos mais recentes também se observou liberação de substâncias como endomorfinas, encefalinas, betalipotropina, betaendorfina, gamaendorfina, ACTH (hormônio adenocorticotrófico), acetilcolina, íons magnésio e cálcio, que explicariam o efeito analgésico (YAMAMURA, 2001). Os acupontos geralmente são definidos como pontos de pele com sensibilidade espontânea ao estímulo, e são caracterizados por uma resistência elétrica reduzida. Os pontos de acupuntura estão localizados em articulações e bainhas tendíneas; vasos e nervos de septos intramusculares; ligação músculotendínea; no local de maior diâmetro do músculo e em concordância com as zonas de Head – região de penetração dos feixes vaso-nervosos da pele (DRAEHMPAEHL e ZOHMANN, 1994). As combinações das características dos acupontos os tornam extremamente reativos ao pequeno estímulo causado pela inserção das agulhas (KENDAL, 1989). Dependendo do local, da profundidade e do tipo de estímulo fornecido em determinado acuponto obtêm-se diferentes efeitos. Draehmpaehl e Zohmann (1994) relacionam os efeitos provocados pela agulhada como: indução de uma inflamação asséptica; estímulo direto de nervos da pele; liberação de excreções; estímulo do tecido perivascular; estímulo direto de fusos tendíneos e musculares; influencia o tônus da musculatura esquelética; ativação do mecanismo inibitório da dor; apoio do fluxo de linfa local; estímulo direto ou elétrico dos vasos linfáticos que se encontram nos acupontos; melhora a circulação local; indução de efeitos pisoelétricos – pela movimentação do tecido conjuntivo colagênico, induzindo a liberação de fosfatase alcalina que ativa os fibrócitos, estimula a colagênese e melhora o metabolismo; liberação de serotonina; indução de efeitos humorais; imunomodulação trombocitária e efeitos termorregulatórios (Figura 5).
33
Ativação do sistema imune próprio
Extravasar (terapia imunológica de excitação)
Estimulação de nervos periféricos e vegetativos Efeitos humorais centrais e periféricos (ação de minutos a horas) Liberação de trombocininas
PONTO DE ACUPUNTURA
Excitação do plexo perivascular na adventícia Indução de reflexos nos músculos (fusos musculares e tendíneos) e no vegetativo (em segundos) Inflamação asséptica com liberação de substâncias vasoativas (melhora da circulação local e hipertermia)
Movimentação do tecido Apoio mecânico do fluxo de conjuntivo colagênico (efeito linfa pizoelétrico)
Figura 5 - Esquema das ações do ponto de acupuntura. Fonte: Adaptação de Draehmpaehl e Zohmann, 1994.
3.5 Agulhas de acupuntura Definição da agulha de acupuntura segundo Yamamura (2006, p. 34): “A agulha de acupuntura é o meio pelo qual a energia do meio ambiente (ondas eletromagnéticas) ou a de um ser humano é transmitida para outro ser humano a fim de mobilizar a circulação de energia (Qi) de seu corpo”. As agulhas de acupuntura agem principalmente sobre as fibras nervosas Adelta e C, desencadeando potenciais de ação na membrana dessas fibras. As agulhas de acupuntura, quando inseridas em seres vivos, agem como uma antena receptora e transmissora de energia (Qi), sendo que quanto maior for seu comprimento a captação das ondas eletromagnéticas do meio ambiente é mais intensa (YAMAMURA et al., 1996). A agulha de acupuntura é diferente das outras agulhas, o corpo e o cabo da agulha de acupuntura têm composição metálica diferente (o corpo e a ponta da agulha são de aço, e o cabo é de cobre ou outro metal), o que confere a esta agulha propriedade de gerar potencial elétrico em sua ponta. O fio metálico enrolado no cabo gera efeito sonelóide, que provoca maior intensidade da corrente elétrica e direcionamento para ponta da agulha (YAMAMURA, 2006).
34 Existem vários tipos de agulhas de acupuntura filiformes, de diversos calibres e comprimentos, para diversas finalidades. Os principais tipos são: Capilar cilíndrica, de 0,10 a 0,50 mm de calibre e de 1,5 a 10 cm de comprimento, compostas por ponta, corpo e cabo; Triangular, com ponta trifacetada, com finalidade de provocar pequena sangria para efetuar punção rápida e superficial; Agulha de acupuntura de retenção. É curta, em forma de caracol, mais usada em auriculoterapia humana, tem finalidade de permanecer no paciente por vários dias, reestimulando o ponto durante todo o período (YAMAMURA, 2006). As agulhas podem ser descartáveis ou reaproveitáveis, para isso é necessário verificar o estado da ponta da agulha, que deve estar em perfeitas condições e, as agulhas devem ser esterilizadas em auto-clave ou imersas em álcool comum ou iodado por no mínimo 60 minutos (YAMAMURA, 2001). 3.6 Inserção, seqüência, direção e localização das agulhas A inserção da agulha deve ser suave e rápida, quando lenta causa dor e desconforto ao paciente. O cabo da agulha deve ser mantido entre o polegar, o dedo indicador e o dedo médio e a agulha deve ser inserida com impulso curto, rápido e movimento de rotação em sentido horário e anti-horário até a penetração da agulha na profundidade adequada. Sendo comum observar ligeira reação do paciente quando a agulha alcança o acuponto, o que é chamado Deqi, que se manifesta por uma inspiração rápida, ligeiro recuo do animal ou movimento rápido de orelhas (SCHOEN, 2006). Para começar uma seção de acupuntura deve-se sempre inserir a agulha primeiramente no meridiano Yang para posteriormente se inserir no Yin; primeiro no ponto mais alto e posteriormente no baixo; esquerda e depois direita; região dorsal e depois peito e abdômen. Se iniciar a inserção por pontos inferiores deve-se começar no sentido caudocranial e obedecer à mesma seqüência na retirada das agulhas (YAMAMURA, 2001). A direção e o posicionamento da agulha (Figura 6) dependem da patologia, da localização, do ponto e do objetivo que se deseja alcançar (tonificar ou sedar). Segundo Wen (1985) são mais usadas: Perpendicularmente: fazendo ângulo de 90º com a superfície cutânea; Obliquamente: fazendo ângulo de 30º a 60º com a superfície cutânea; Horizontalmente: fazendo ângulo de 10º a 20º com a superfície cutânea.
35
Figura 6 - Ângulos de inserção da agulha - (A) perpendicular; (B) inclinado ou angular e; (C) paralelo ou transverso. Fonte: Yamamura, 2006.
Para localizar os pontos de acupuntura, usa-se o Tsun, também denominado cun, que é descrito como uma medida individual, que determina a distância entre duas estruturas anatômicas fixas. Várias estruturas podem ser utilizadas para determinar o Tsun, maneiras de localizar os pontos de acupuntura, uma é com base nos dedos do paciente, na largura do polegar ao nível dos ângulos da unha (uma polegada), ou no comprimento do antebraço dividindo-o em 12 partes, ou a distância entre os mamilos, dividindo-a em 8 partes (CRICENTI, 2001; WEN, 1985). Entretanto estas medidas são de difícil aplicação nos animais, usando-se para estes, em alguns casos, como para encontrar a localização do meridiano de bexiga no dorso do paciente, a medida da largura de uma costela deste mesmo animal (informação verbal)1. 3.7 Tonificação e sedação pela agulhada Os chineses preconizam que para tonificar um ponto de acupuntura deve-se fazer um movimento giratório da agulha inserida no sentido horário ou direcioná-la obliquamente no sentido do Canal de Energia e, para sedar proceder de forma inversa. A tonificação ou sedação dos órgãos internos se devem a fórmula de estímulo gerado pela manipulação da agulha, que pode liberar neurotransmissores, que pode excitar ou inibir sinapses em todo sistema nervoso promovendo respostas também específicas (YAMAMURA, 2001). 1
Dados fornecidos pelo Dr. Rodrigo Fagundes nas aulas de Pós Graduação de Acupuntura Veterinária na UPIS, em Brasília, no ano de 2007.
36 Pode se conseguir a tonificação pela rotação lenta da agulha se fazendo um arco de 90º, ou simplesmente quando a agulha entra em contato com o acuponto. Enquanto para a sedação são necessários movimentos giratórios, com a agulha, de 180º a 270º, vigorosos e rápidos (FERGUSONª, 2007). 3.8 Métodos de acupuntura usados em animais A estimulação dos pontos de acupuntura também pode ser realizada por alguns métodos além do agulhamento dos acupontos (SCHOEN, 2006). Como exemplo do uso da acupuntura com agulha seca e efeito em animais existe o trabalho de Park et al. (2003) que relata os efeitos da acupuntura no tratamento de suínos, leitões com diarréia provocada por Escherichia Coli. Para o experimento foram utilizados 32 leitões, de 4 a 5 Kg, com 21 dias de idade, mesma dieta e água à vontade. Para o estudo foram inoculados E. Coli 6k987P em 30 leitões e, 48 horas depois da inoculação os animais apresentaram diarréia e alguns apresentaram depressão, letargia e desidratação. Os animais foram divididos em 4 grupos: G1- sem inoculação (n=2); G2 - Controle - sem tratamento (n=10); G3 acupuntura 1 vez ao dia, no acuponto GV1 (Jiao Chao) por 3 dias consecutivos (n=10); G4 - 25 a 30 mg, IM, por dia de enrofloxacina, durante 3 dias (n=10). Para observação dos resultados de cada tratamento foi realizada a necropsia de todos os animais e foram feitas lâminas do estômago, colon ascendente e descendente, coradas por hematoxilina e eosina e, a leitura dessas indicou que a terapia por acupuntura é tão efetiva no tratamento de diarréia por E. Coli quanto o tratamento com antibiótico. 3.8.1 Moxabustão A moxabustão é a estimulação pelo calor (moxa = queima de ervas, para a produção de calor) dos acupontos. Pode ser realizada isoladamente ou em conjunto com a introdução de finas agulhas metálicas (TORRO, 1997). A moxabustão geralmente é realizada com uma erva, a Artemísia vulgaris , que é prensada, normalmente em formato de bastão, como um charuto (Figura 7). E, quando queimada, a Artemísia fornece estímulo térmico para os acupontos (TORRO, 1997).
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Figura 7 - Bastão da erva Artemísia vulgaris para realizar moxabustão.
A aplicação da moxa tem por objetivo circular o Qi e aquecer o Xue dos Meridianos, aumentando a velocidade de circulação energética e potencializando a nutrição e a atividade dos Zang Fu, restabelecendo o equilíbrio energético nos quadros de deficiência dos canais de energia Yang. Também objetiva fazer circular e regularizar os fluídos orgânicos dos canais e levar água para nutrir e regularizar o Yang dos Zang Fu. O calor desprendido pela queima da Artemísia vulgaris se caracteriza por possuir temperatura ideal para promover essas funções energéticas (YAMAMURA, 2001). Os principais mecanismos de ação da moxabustão são: remoção de Qi estagnado nos meridianos, regulação da circulação de xue, tonificação ou revitalização do Yang, ou ativação da circulação de Qi e xue, o que em termos médicos ocidentais podem ser interpretados como: estimulação do sistema nervoso central, estimulação da circulação sanguínea, estimulação das funções corticais, promoção do metabolismo orgânico ou estimulação imunológica (SILVA, 2007). O bastão de moxa é aceso em uma das pontas e mantido cerca de um centímetro da superfície da pele, essa distância varia de acordo com a tolerância do paciente e da quantidade de estímulo térmico desejada. O tempo de permanência da moxa também é variável, normalmente o bastão é queimado alguns segundos em cada ponto de acupuntura (SIQUEIRA e RODRIGUES, 2007).
38 A moxa geralmente é indicada para problemas musculares crônicos ou processos álgicos como os das síndromes Bi (obstrução) e Wei (flácido), que são tipos de distúrbios crônicos, como artralgias, fibrosites, fibromialgias, azotúrias e reumatismos (SCHOEN, 2006). E é contra-indicada para tratamentos de doenças com quadros de febre, lesões traumáticas na pele, problemas psíquicos, filhotes, idosos debilitados, doentes muito enfraquecidos, sobre abdômen de pacientes prenhes, áreas próximas aos genitais, mamilos e face, sobre grandes vasos sanguíneos, tendões proeminentes ou grandes dobras na pele (SIQUEIRA e RODRIGUES, 2007; SCHOEN, 2006). A aplicação da moxa, em animais, geralmente é feita pelo método indireto, onde não ocorrem queimaduras de pele. Os bastões de moxa inteiros são mantidos diretamente sobre o ponto de acupuntura, com uma distância de meio a um centímetro do animal durante cinco a dez minutos (Figura 8). Outra forma é queimar pedaços dos bastões de moxa (de um a dois centímetros) colocados sobre as agulhas de acupuntura, durante cinco a dez minutos (DRAEHMPAEHL e ZOHMANN, 1994).
Figura 8 - Aplicação de moxa.
3.8.2 Auriculoterapia Pode ser usada como diagnóstico e como terapia (do mesmo modo que a acupuntura no corpo). Ao contrário dos pontos de acupuntura no corpo, não apresenta resistência elétrica da pele reduzida, ou seja, nenhuma sensibilidade à pressão. Somente quando existe um órgão afetado em sua função apresentam
39 pontos sensíveis na orelha, estes pontos podem descamar, estar avermelhados ou edematosos e/ou sensíveis à pressão (DRAEHMPAEHL e ZOHMANN, 1994). 3.8.3 Eletroacupuntura Segundo Gilchrist (2007), o tratamento com eletroacupuntura pode ser usado em problemas agudos como infecções ou ferimentos frescos, optando-se pelo método de sedação, e em circunstâncias crônicas a opção é um tratamento de tonificação. Para a sedação usam-se pulsações de alta freqüência (80 a 120 Hz) por 1545 minutos e para a tonificação usa-se de baixa freqüência (2-20 Hz) por um tempo curto (5-15 minutos) (FERGUSONb, 2007; GILCHRIST, 2007). A eletroacupuntura é utilizada para controlar a dor e, com menor freqüência, como estímulo muscular e regulação do sistema de meridianos. É indicada em casos de paralisia, havendo controvérsia em casos agudos, como em ruptura de disco; condições dolorosas crônicas graves, como neoplasias; condições dolorosas não responsivas ao estímulo normal e; indução de analgesia cirúrgica pela acupuntura (SCHOEN, 2006). As contra-indicações são em casos de: arritmias cardíacas; epilepsia; choque; febre; fraqueza; hipotensão; lesões agudas; infecções agudas ou ativas; fraturas, a não ser que se trate fratura não unida; gravidez, a não ser que se induza trabalho de parto ou trate distocia; em animais com processos malignos ativos; e animais extremamente nervosos ou esgotados (SCHOEN, 2006). A técnica consiste em conectar dois pares de agulhas em dois grampos de jacaré, ou fios condutores de energia, a cada circuito do aparelho de eletro, a freqüência é selecionada, a intensidade é ajustada de acordo com o conforto do paciente e, a espera é de acordo com o tempo prescrito para tratamento sendo que, quando o paciente acostuma com a intensidade esta pode ser ajustada (Figuras 9 e 10) (GILCHRIST, 2007). Os aparelhos usados para eletroacupuntura fornecem corrente galvânica com intensidade de até 200 microamperes e corrente alternada com pulsos elétricos que possuem 1 milésimo de duração com freqüência de 1 até 10 ciclos a cada segundo. A aplicação da corrente elétrica através das agulhas tem por objetivo reforçar a excitação mecânica produzida pela introdução das agulhas de acupuntura nos acupontos (IMAMURA, 1995).
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Figura 9 - Aparelho de eletroacupuntura.
Figura 10 - Aplicação de eletroacupuntura, no membro anterior de um gato.
Como exemplo de seu uso e efeito em animais existe o trabalho de Kim et al. (2007) que relata um estudo com 4 ratos em que foi induzida hipertensão renal com anestesia por pentobarbital. Dois dos ratos foram tratados com eletroacupuntura durante 5 dias, por 30 minutos no ponto E36 (Zu San Li) e dois ficaram como grupo controle. No final o estudo demonstra que os ratos tratados com acupuntura tiveram redução da hipertensão renal.
41
3.8.4 Laser acupuntura Segundo Agostinhoª (2005), a sigla LASER significa Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation (Amplificação da Luz por Emissão Estimulada de Radiação). O laser acupuntura é uma forma de estimulação dos acupontos utilizando-se o raio laser ao invés da inserção de agulhas (Figura 11). Os lasers são classificados segundo sua potência e emissão em Power laser, radiação de alta potência; Midlaser, potências medianas, sem potencial destrutivo, com indicações para tratamentos mais profundos como articulações e músculos; Soft-laser, radiações com baixas potências e também sem potencial destrutivo, com indicações para lesões superficiais, dermatológicas, estéticas e cicatrização. Na acupuntura são utilizados laser de média a baixa potência, com potência inferior a 1 W, sem potencial destrutivo (AGOSTINHOª, 2005). A radiação com laser provoca diferentes efeitos terapêuticos: efeito analgésico por diminuir os níveis de bradicinina e ativar liberação de endorfinas; interfere na síntese de prostaglandina; é antiinflamatório, anti-edematoso e facilita circulação; cicatrizante; favorece o equilíbrio energético local (AGOSTINHOª, 2005). A estimulação do laser ocorre devido à absorção da radiação luminosa pelas células cutâneas. O uso do laser na acupuntura tem algumas vantagens em relação às agulhas, como em pacientes muito agitados (AGOSTINHOª, 2005). De acordo com Gilchrist (2007) o laser é importante para acupuntura por diversas razões: Evita o ligeiro desconforto da introdução de agulhas de aço inoxidável nos animais; O operador não precisa ter habilidades em técnicas de inserção de agulha; O tratamento com laser, em especial do Helium-Neon é seguro ao tecido, sendo os infravermelhos, tipos de laser mais obsoletos, porém igualmente seguros; Não há perigo de introduzir infecção; Geralmente consome menos tempo que o tratamento com agulhas e; Os lasers para acupuntura são relativamente baratos.
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Figura 11 - Paciente em uma seção de laser acupuntura.
Como exemplo de seu uso e efeito em animais existe o trabalho de Bagnato (2007), que realizou uma pesquisa de acupuntura tradicional associada a laser acupuntura no tratamento de lesões neurais em cães. Bagnato tratou de um canino da raça labrador retrivier, de 4 anos de idade, 36 quilos que foi atropelado em agosto de 2003 e submetido à cirurgia de colocação de pino intramedular em membro anterior esquerdo. Em outubro do mesmo ano, o animal apresentou inflamação cirúrgica, com rejeição do pino, acompanhada de claudicação do membro pélvico como provável compensação. O pino intramedular foi retirado cirurgicamente e a lesão cirúrgica tratada convencionalmente. A claudicação em membro posterior esquerdo continuou e foi recomendada aplicação de acupuntura associada ao laser. Foram realizadas 5 sessões semanais de acupuntura e laser em justaposição às agulhas, nos pontos: B36 (Cheng Fu), B37 (Yin Men), B23 (Shen Shu), VG20 (Bai Hui), R3 (Tai Xi), E36 (Zu San Li) e E32 (Fu Tu), mantidas por aproximadamente 20 minutos. A recuperação do animal foi observada a partir da terceira sessão, com diminuição da claudicação. O animal recebeu alta médica na quinta sessão se locomovendo sem claudicar e a evolução clínica foi acompanhada durante 6 meses, após a aplicação do tratamento, sem recidiva. 3.8.5 Farmacopuntura Farmacopuntura é a aplicação intradérmica de substâncias medicinais (vitamina, homeopatia, solução fisiológica) nos pontos de acupuntura, dando apoio a
43 estimulação das agulhas por fornecer estímulo durante alguns dias (DRAEHMPAEHL e ZOHMANN, 1994). Como exemplo de seu uso e efeito em animais existe o trabalho de Luna et al. (2006) que relata um estudo da farmacopuntura, de aquapuntura e de Acepromazina para o sedação de cavalos. A aquapuntura usada com o objetivo de administrar doses subclínicas em acupontos para redução dos efeitos adversos indesejáveis das drogas, redução de resíduos nos produtos animais de consumo e diminuição de custos para tratamento em grandes animais. Oito cavalos foram submetidos aleatoriamente a quatro protocolos de tratamento diferentes: no 1º foi injetado no subcutâneo 0,1 ml/kg de substância salina na região cervical, no 2º foi injetado no subcutâneo 0,1 ml/kg de acepromazina na região cervical, no 3º foi injetado 0,01 ml/kg de substância salina no acuponto VG1 (Hou Hai - aquapuntura) e no 4º foi injetado no acuponto VG1 (Hou Hai - farmacopuntura) 0,1 ml/kg de magnésio por kg da acepromazina injetada no subcutâneo. A freqüência cardíaca, a freqüência respiratória e o grau de sedação foram medidos antes e em 30, 60 e 90 minutos após tratamentos. Os sinais de sedação foram observados em todos os grupos tratados em 30 minutos e somente no grupo 4 em 60 minutos após os tratamentos. Somente o grupo que tratou com o 0,1 ml/kg de magnésio para 1 ml/kg de acepromazina subcutânea teve valores significativamente mais baixos de sedação em 30 minutos. A freqüência respiratória que tende a reduzir-se em todos os grupos era significativamente mais baixa apenas nos cavalos tratados com o magnésio e, a freqüência cardíaca com o uso de acepromazina permaneceu sem alterações em todos os grupos. A acepromazina induzida no VG1 (Hou Hai) nos cavalos produziu uma sedação suave quando comparado com a dose convencional da acepromazina. Porém, mais investigações são necessárias para determinar a dose ótima de acepromazina para sedação nos cavalos. 3.8.6 Escarificação da pele ou sangria É empregada uma microssangria por intermédio de agulhas trifacetadas (DRAEHMPAEHL e ZOHMANN, 1994). A finalidade da sangria é restabelecer o equilíbrio Yin-Yang, regular o fluxo de Qi, desobistruir e promover a circulação nos meridianos e atenuar ou eliminar os fatores patogênicos endógenos ou exógenos. A freqüência desse método de
44 tratamento depende do tipo de patologia, pode variar entre sangrias diárias e até mensais (SILVA, 2007). Os materiais mais utilizados nas terapêuticas sangrativas são: agulhas lanceoladas, agulhas filiformes, agulhas triangulares com pontas trifacetadas ou estreladas de sete pontas (SILVA, 2007). 3.8.7 Implantes de ouro O implante de ouro é usado para se obter um estímulo mais prolongado do acuponto. Além do ouro, também é possível se implantar outros materiais como fio de sutura do tipo categute, contas metálicas de aço inoxidável ou prata (SCHOEN, 2006). O paciente é preparado como se fosse para uma cirurgia invasiva, sob anestesia. Para implantar o fio ou contas usa-se uma agulha hipodérmica inserida no acuponto apropriado e através do lúmen da agulha insere-se o material (SCHOEN, 2006). O problema mais comum decorrente do implante é uma infecção grave no local implantado causada por assepsia cirúrgica imprópria antes da realização do procedimento. Ou, o treinamento inadequado do médico e a técnica mal executada, como colocação de contas de ouro dentro de cápsulas articulares, causando conseqüente dor ao paciente, ou implantes colocados inadequadamente, lesionando nervos, podendo causar paralisias temporárias ou permanentes (SCHOEN, 2006). Como exemplo de seu uso e efeito em animais existe o trabalho de Jaeger et al. (2007) que relata um estudo com 73 cães com displasia coxofemoral, sendo realizado implante de ouro em 66 dos animais e 7 animais foram separados para um grupo controle. Os cães foram analisados durante dois anos e os resultados ao longo do tempo foram bons, os animais implantados com ouro apresentaram significativa melhora, e o grupo controle, com a progressão da doença nos animais, serviu para confirmar que esta melhora se deve ao implante de ouro nos pontos de acupuntura. 3.9 Diagnóstico chinês De acordo com Gilchrist (2007), o diagnóstico na acupuntura tem por objetivo saber em que área do corpo se encontra o problema, e o tratamento requer
45 conhecimentos de: Quais meridianos têm relação com esta área; Qual parte desse meridiano deve ser estimulada; Qual método de estimulação deve ser usado e; Se pontos especiais em outros meridianos podem ter efeito benéfico para o problema. A MTC realiza primeiro um diagnóstico da doença, porém, o tratamento se fundamenta mais num padrão de diferenciação, mediante quatro exames: inspeção, interrogatório, escuta/olfação e palpação. Sendo que, nos manuais clínicos mais modernos da MTC, é descrito que além dessa combinação é sugestiva uma análise dos sintomas principais, exame de língua, e exame do pulso. Nenhum sinal ou sintoma indica alguma coisa, apenas significa algo quando considerados todos os outros sinais e sintomas, incluindo exames de língua e do pulso (FLAWS, 2005). Na acupuntura não se classifica as doenças restritamente, como é costume se fazer no Ocidente, para a MTC não existe uma doença e sim um padrão de desequilíbrio ou desarmonia, que necessita de um tratamento geral, visando o equilíbrio como um todo. A exceção para isso é a analgesia por acupuntura, que visa exclusivamente tirar a sensibilidade à dor do paciente para uma cirurgia (AGOSTINHOb, 2007). 3.9.1 Pulsologia O diagnóstico chinês pelo pulso pode ser usado para confirmação de diagnósticos por métodos clínicos e laboratoriais, ou em caso de doença sem diagnóstico conclusivo. É um método tão acurado que, freqüentemente, registra moléstias passadas e ainda previne doenças futuras (MANN, 1971). Segundo Nöthlich (2006), o método do pulso é denominado de Pressão dos Grãos de Arroz e, somente através da prática o acupunturista desenvolve as habilidades necessárias para executar a técnica do pulso. O método consiste em pressionar uniformemente com os dedos (indicador, médio e anelar), progressivamente até atingir o pulso do paciente em cinco níveis (pele, vasos, músculos, tendões e ossos). Sendo que, cada nível é medido por pressão de três, seis, nove e doze grãos de arroz e, no caso do osso, até senti-lo. Existe também a técnica, que é oposta e complementar ao método do grão de arroz. A técnica consiste em pressionar alternadamente com os dedos sobre o pulso do paciente, primeiro fazendo pressão leve, depois moderada e posteriormente profunda, com intuito de encontrar a profundidade do pulso. E, para distinção da
46 natureza da moléstia comparar o pulso esquerdo e o direito, além de pressionar alternadamente sobre as posições para verificar as nuanças de ritmo e pulsação. E, encontrando o pulso, identificando a tipologia deste e, sabendo como está a desarmonia de Qi e Xue, pode-se proceder ao diagnóstico através do pulso (NÖTHLICH, 2006). Segundo Mann (1971), o pulso é dividido em três zonas, tendo uma posição superficial e uma posição profunda, cada posição ocupa cerca de meia polegada da artéria, sendo este espaço exato julgado somente com a prática desta arte, variando de indivíduo para indivíduo, como se pode observar no Quadro 7. De acordo com Ross (2003), existem quatro desequilíbrios que podem ser associados com um grupo de pulsos, esses estão demonstrados no Quadro 8. Quadro 7 - Diagnóstico pelo pulso Mão esquerda Superficial
Profundo
Intestino delgado
Coração
Vesícula biliar Bexiga
Posições
Mão direita Superficial
Profundo
1
Pulmão
Intestino grosso
Fígado
2
Baço
Estômago
Rins
3
Circulaçãosexo
Triploaquecedor
Fonte: Mann, 1971.
Quadro 8 - Desequilíbrios associados a determinados grupos de pulsos Desequilíbrios Deficiência Excesso Estagnação Irregularidade
Grupos de pulsos Vazio, fino, instável, mínimo Cheio, largo Em corda, retardado Irregular, móvel, disperso
Fonte: Ross, 2003.
3.9.2 Diagnóstico chinês pela língua O exame da língua também é um importante método de informação sobre o estado de saúde, a língua é a exteriorização do coração (Xin), que é considerado imperador dos Zang Fu (Órgãos e Vísceras), ou seja, recebe todas as informações dos outros órgãos e as transmite à língua (YAMAMURA, 2006).
47 Os cinco Zang (Órgãos) são representados na língua: a raiz da língua corresponde aos rins (Shen); as bordas laterais ao fígado (Gan); o centro ao baço e pâncreas (Pi) e a ponta, ao coração (Shen) e ao pulmão (Fei), como demonstrado na Figura 12. Sendo que o estado de Qi de um ser vivo alterado acarreta inúmeras características diferentes da língua como: cor, tamanho e revestimento (saburra) (YAMAMURA, 2006).
Figura 12 - Localização dos Zang (Órgãos) em língua sem alterações. Fonte: Yamamura, 2006.
A coloração normal da língua é vermelho clara ou vermelho-amarelada com brilho (ligeiramente vermelha nas estações quentes e ligeiramente vermelho-pálida em estações frias). Quando a língua está pálida é chamada de she bai e é indicativo de padrão de deficiência de xue ou de Qi, geralmente na deficiência de Qi a língua fica ligeiramente úmida e aumentada, e no padrão de deficiência de xue a língua fica seca. A coloração da língua vermelha chama-se she hong e indica um padrão de calor: vermelha com saburra quer dizer calor por excesso, como em casos de infecção, inflamação ou febre e; vermelha sem saburra significa calor por deficiência como em inflamações e infecções crônicas. Língua vermelho escura é chamada de she jiang e indica um padrão mais intenso de calor e indica lesão ou deficiência do Yin no curso de uma doença exógena. Língua arroxeada é chamada de she zi e indica estagnação de sangue e padrão de dor, relacionados com frio (pálido-
48 arroxeada e úmida) ou calor (azul-arroxeada e seca). A língua amarela é chamada de she huang e indica um padrão de umidade relacionado principalmente com acúmulo de umidade e calor no fígado. E a cor preto-azulada ou preto-arroxeada é a cor da morte, que é chamada de jue she e é manifestação prévia de morte (SCHOEN, 2006). A saburra normal da língua deve ser fina, branca ou ligeiramente amarelada, com umidade adequada. A saburra fina é chamada de bao tai e indica um padrão superficial ou normal e, a saburra espessa, chamada de hou tai, refere-se à retenção de umidade e fleuma, é usada para determinar a progressão e gravidade da doença. Saburra pegajosa é denominada tai ni, é brilhante, enegrecida, difícil de escovar e indica acúmulo de fleuma, umidade e estase de alimentos, também podemos encontrar uma saburra com crosta amolecida, solta e espessa sobre a língua, que é chamada de fu tai, e é facilmente retirada com escova, que indica indigestão e retenção de fleuma ou de alimentos. Quanto à coloração, quando a saburra está branca é chamada de bai tai e indica um padrão de frio, tem relação com infecções respiratórias. A saburra amarela é chamada de huang tai e é indicativa de um padrão de calor, é encontrada no curso crônico de uma infecção ou inflamação. Uma saburra preto-acizentada é chamada de hui hei tai e é associada a padrão de calor, frio-umidade e frio por deficiência: Quando seca refere-se a calor extremo e deficiência de Yin e, quando úmida indica um padrão de frio decorrente de deficiência de Yang (SCHOEN, 2006). 3.10 Indicações da acupuntura A acupuntura possui grande efeito sobre os sistemas autônomo, nervoso, endócrino, bem como efeito imunoestimulante, imunossupressor, analgésico e antiinflamatório. Sua indicação é principalmente para problemas funcionais como: paralisia, processos inflamatórios não infecciosos, como alergias e dor (MALMEGRIN, 2007). Segundo Malmegrin (2007) a acupuntura na Medicina Veterinária tem sido muito utilizada em pequenos animais e cavalos esportistas: • Na clínica de pequenos animais no tratamento de problemas músculos esqueléticos e ortopédicos (artrites e patologias de disco intervertebral); dermatites (alergias); problemas respiratórios (asma felina); problemas gastro-intestinais (diarréia) e; alguns problemas reprodutivos.
49 • Na clínica do cavalo a acupuntura pode ser usada para alívio da dor (analgesia) e desordens funcionais do sistema músculo-esquelético. As indicações mais comuns são: desordens no aparelho locomotor, claudicações ou queda de desempenho; problemas musculares, articulares, tendíneos ou ligamentosos, além de desordens no sistema nervoso (paralisia do nervo facial), sistema respiratório (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica - DPOC), aparelho reprodutor, sistema endócrino, aparelho digestivo (cólicas), dermatites (alergias), alterações na sudorese e alterações de comportamento. 3.11 Tempos de duração da terapia e freqüência A duração e a freqüência dos tratamentos de acupuntura dependem das condições do animal e do método de estimulação usado pelo acupunturista. A estimulação de um ponto pode ser rápida, como 10 segundos, ou levar 30 minutos. Problemas simples e agudos podem necessitar de apenas uma seção, enquanto doenças mais severas e crônicas podem necessitar de várias aplicações. Normalmente se inicia com uma a três seções semanais, havendo resposta positiva e o animal ficando bem, as aplicações são espaçadas, de forma que os sinais clínicos permaneçam ausentes, por períodos cada vez maiores. Muitos animais com problemas crônicos podem passar a ser tratados de duas a quatro vezes ao ano, como terapia de manutenção do bem estar e qualidade de vida do animal (MALMEGRIN, 2007; MOIRONb, 2007). 3.12 Efeitos colaterais da acupuntura Com o tratamento pela acupuntura pode haver exacerbação dos sintomas clínicos nas primeiras seções, o que se deve à mobilização de energia (Qi) que ainda está desarmonizada, causando assim, um tumulto energético. Ou, em caso de energias nocivas (tosse, asma), o fortalecimento do órgão pela acupuntura faz com que a sintomatologia aumente para promover expulsão dessas energias nocivas (YAMAMURA, 2006). 3.13 Cuidados na aplicação da acupuntura Moirond (2007) ressalta a importância de alguns cuidados na aplicação da acupuntura, devendo-se evitar a seção nas seguintes situações: Logo após
50 alimentação intensa; Com o animal cansado ou logo após realização de exercício; Imediatamente após o ato sexual; Sobre animal medroso, zangado ou emotivo; Paciente com sede ou jejum; Banhos recentes; Posteriormente a tratamentos com atropina, narcóticos antagonistas ou corticosteróides; Ausência de contenção conveniente do animal, quando este não pode ser observado com tranqüilidade durante as seções; Quando o clima estiver turbulento (tempestade, trovão, relâmpago). Além disso, segundo Yamamura (2001), algumas atividades não devem acontecer imediatamente após a seção de acupuntura: Ato sexual; Molhar os pontos estimulados; Irritar-se; Realizar trabalhos pesados; Comer em excesso; Permanecer faminto ou com sede. Durante a gestação há algumas restrições para o uso da acupuntura. Yamamura (2001) sita que na gravidez não podem ser estimulados os pontos IG4 (He Gu); BP6 (San Yin Jiao), F3 (Tai Chong), B60 (Kun Lun), B67 (Zhi Yin). No primeiro terço da gestação não podem ser estimulados os acupontos situados na parte inferior do abdômen e no terço médio não podem ser estimulados os acupontos situados no abdômen e na cintura. Sendo que no início e no fim da gestação deve-se evitar a acupuntura. Schoen (2006) afirma que não pode ser utilizada a eletroacupuntura em animais prenhes, a não ser para indução do trabalho de parto ou com objetivo de tratar distocia. E, em qualquer condição de saúde que o paciente esteja, no tórax, nos hipocôndrios, na cintura, no dorso e abdômen não se pode fazer inserção perpendicular e profunda para se evitar lesão dos órgãos e vísceras (YAMAMURA, 2001). 3.14 Fitoterapia chinesa associada à acupuntura A acupuntura tem sido em diversos casos associada à fitoterapia, sendo que nesta é empregado o uso oral de compostos a base de plantas, substâncias minerais e animais (TORRO, 1997). As ervas são usadas para colaborar a reorganizar os constituintes do corpo (Qi, xue e fluídos) dentro de meridianos e órgãos internos, além de ajudar a lidar com o estresse. As ervas são preparadas e ministradas na forma de comprimidos, tinturas, cápsulas ou frescas (ROTHEFELD; LE VERT, 2007).
51 Segundo Maciocia b (1996), na tradução do Guia Clínico de Ervas e Fórmulas na Medicina Tradicional Chinesa, de Chen Song Yu e Li Fei, a essência da fitoterapia está na arte de adaptar a fórmula para cada tipo de desarmonia de Qi do paciente, e essa combinação de ervas dentro de uma fórmula pode ser comparada à escolha de pontos de acupuntura dentro de um tratamento. Sendo necessário ter em mente para a escolha das ervas a constituição do paciente, o estado do sistema digestivo, mental e emocional deste, além da combinação de sabores das ervas e de Qi dentro da fórmula. Deve-se tomar cuidado com o uso da fitoterapia associada a medicamentos, porque pode haver somatória ou oposição de efeitos (YAMAMURA, 2006). Segundo Ferguson b (2007), da mesma forma que a medicina oriental a medicina chinesa só deve ser usada com treinamento apropriado. Os efeitos adversos também podem ocorrer com a manipulação imprópria de medicamentos, porém a prescrição errada de ervas ou, inserção imprópria de agulhas em tecidos do corpo, tem raros relatos em literatura, o que torna a Medicina Tradicional Chinesa um dos sistemas médicos mais seguros. Como exemplo de seu uso e efeito em animais existe o trabalho de Hayashi et al. (2007) que relata o caso de um cão com tetraparesia devido a doença degenerativa do disco intervetebral C3-C4 e compressão extradural em C1-C2 e C3C4 diagnosticada através de mielografia e tomografia computadorizada. O animal apresentou significativa melhora após 10 tratamentos com eletroacupuntura associada a fitoterapia e 6 meses após, o animal continuava estável, sem recorrência dos sinais.
52
4 CASOS CLÍNICOS 4.1 Artrose A artrose, também chamada de osteoartrose, é uma doença articular degenerativa progressiva crônica, que geralmente é de lenta evolução e está associada ao envelhecimento orgânico natural e não tem tratamento curativo. O tratamento existente preconiza minimizar os sinais clínicos e retardar a progressão da doença (PEDRO, 2006). A osteoartrose envolve a fragmentação e perda da cartilagem articular, podendo ocorrer fissura e posterior fragmentação desta cartilagem, que se torna menos eficiente na proteção do osso subcondral, o que acelera alterações de remodelação nas superfícies articulares e neoformação óssea, enteseófitos e osteófitos ao redor das margens da articulação (KEALY e MCALLISTER, 2005). Os principais fatores predisponentes para a lesão osteoarticular são: sobrecarga mecânica ou instabilidade articular. Os sinais clínicos são: dores nas articulações e alterações posturais com dificuldade de locomoção e movimento articular de amplitude diminuída, podendo haver derrame e inflamação local em graus variáveis. Pode haver claudicação leve até severa, levando a impotência de membros. O diagnóstico pode ser embasado em exames clínicos e fisiológicos e a confirmação se dá por achados radiográficos (PEDRO, 2006). A doença articular degenerativa geralmente responde bem ao tratamento com acupuntura. Em um estudo realizado com 65 cães, que não estavam mais respondendo a medicação convencional ou a cirurgia, revelou-se que 70% dos cães apresentaram melhora de mais de 50% na mobilidade e ambulação após tratamento com acupuntura. A técnica de acupuntura mais simples é o uso apenas de agulhas tradicionais chinesas nos acupontos, mas também se pode usar eletroacupuntura ocasionalmente, e há possibilidade de uso de aquapuntura, moxabustão e terapia a laser (SCHOEN, 2006). 4.1.1 Identificação Camelo (Camelus bactrianus ), fêmea, de aproximadamente 6 anos de idade, chamada Camila.
53 4.1.2 Histórico Animal de circo que vivia em ambiente pequeno, com espaço apenas para se deitar e se levantar, com outros 5 camelos. Deu entrada no zoológico de Brasília no dia 27/06/2007, pesando em torno de 600 kg de peso vivo, com leve claudicação do membro posterior esquerdo. Foi introduzida em ambiente espaçoso, onde poderia até correr, junto com 3 outros animais desconhecidos e de outra espécie (Lhamas - Lama Glama ). Em seguida desenvolveu comportamento de correr incessantemente o que se creditou a estresse de mudança de local e companhia, especialmente por ser uma espécie muito sociável. E este comportamento levou a uma rabdomiólise e a um agravo da claudicação, que manteve o animal em decúbito durante 7 dias (de 3 a 10 de agosto), durante os quais foi tratada com flunexin meglumine2 e reidratada. No inicio do 7º dia o animal levantou-se, entretanto no final do mesmo dia voltou a ficar em decúbito e foi então diagnosticada artrose na articulação fêmurtibio-patelar, através de punção de líquido que macroscopicamente se mostrava não infeccioso. Foi tratada com massagem local com dimetilsulfóxido (DMSO) e 24mg/kg de cefalosporina3, a cada 24h durante 4 dias. Dando-se alta para o animal no dia 15 (18 de agosto) quando o animal finalmente voltou a pastar e levantar sem auxílio. 4.1.3 Sinais Clínicos Em 30 de agosto de 2007 apresentava dor e edema na articulação fêmurtibio-patelar do membro posterior esquerdo, anorexia, adipsia, desidratação, prostração, decúbito e recusa em levantar-se. 4.1.4 Diagnóstico O diagnóstico foi feito a partir do histórico do animal, da presença de dor na articulação, dificuldade de locomoção e movimento articular de amplitude diminuída e posterior recusa a levantar-se levando o animal a ficar em decúbito, prostrado, 2
Banamine injetável - Schering-Plough Veterinária - Estrada dos Bandeirantes, 3.091 - Rio de Janeiro. 3 Ceftiofur ou excenel - Pfizer - Rio de Janeiro.
54 anoréxico e desidratado e, pela extrema sensibilidade nos pontos diagnósticos de acupuntura. 4.1.5 Tratamento O tratamento indicado para o caso da Camila foi o uso da acupuntura. Os acupontos escolhidos foram os diretamente relacionados com artrose e analgesia e pontos para melhorar a condição geral da paciente. Os acupontos escolhidos estão entre os esquematizados na Figura 13, onde se mostra a localização de cada acuponto no camelo (KLIDE e KUNG, 1982) e 3 pontos adaptados para este animal baseado nos pontos descritos para pequenos animais (DRAEHMPAEHL e ZOEHMANN, 1994; SCHOEN, 2006). Os pontos utilizados durante o tratamento estão relacionados no Quadro 9 juntamente com a localização e a indicação de uso de cada um.
VB34 B60 E36
Figura 13 - Pontos de acupuntura em camelo vista lateral, e pontos (E36 - Zu San Li, VB34 - Yang Ling, B60 - Kun Lun) adaptados de pequenos animais para o camelo. Fonte: Adaptado de Klide e Kung, 1982; Draehmpaehl e Zoehmann, 1994; Schoen, 2006.
55
Quadro 9 - Localização e Indicação de uso dos acupontos estimulados no tratamento do animal Camila. Acuponto Localização Indicação HN9 Chiu Wei (9 HN9A- 3 tsun atrás do ouvido reumatismo cervical divisões de A a I) HN9I- 1,5 tsun cranial ao ângulo cranial da escápula A distância entre estes 2 pontos é dividida em 8 partes iguais no pescoço, o que localiza 7 pontos ao longo da margem inferior do músculo rombóide FL1 Po Chien ângulo cranial da escápula artrite e reumatismo do membro anterior (MA) FL3 Ch’ang Feng depressão 4 tsun abaixo da articulação do ombro, na frente da costela artrite e reumatismo do MA T1 Ch’ien Fen
T6 Shen Shu
artrite e reumatismo do MA e pescoço artrite na coluna e reumatismo da região lombar artrite na coluna e nos membros pélvicos (MP) no 3º espaço intercostal, contando de trás para frente, na fossa muscular indigestão; dor abdominal; distensão gasosa base da 2º corcova 1 tsun, 2 tsun lateral e levemente cranial e ventral a T3 artrite e reumatismo lombar
T7 Shen Cha
2 tsun cranial à T6
artrite e reumatismo lombar
T8 Yao Hou
2 tsun cranial à T7
artrite e reumatismo lombar
T9 Tai Mai
2 tsun atrás do cotovelo na via lateral à costela
indigestão e enterite; pode ser usado para sangria
T2 T’an T’ien T3 Pai Hui T5 Pi Shu
cranial e ventral a 1º corcova e 3 tsun caudal e dorsal à FL1, ângulo cranial da escapula 1,5 tsun linha média dorsal entre as corcovas, na 2º depressão cranial à corcova posterior, 1,5 tsun linha media dorsal entre a última vértebra lombar e o sacro, 2 tsun
56
HL1 Huan Hou
depressão atrás do trocânter maior do fêmur, 1,5 à 2 tsun
reumatismo do MP
HL2 Hsia K’ua
4 tsun abaixo de HL1, caudal e ventral ao trocânter maior do fêmur
reumatismo do MP
HL3 Yi Wa
fossa muscular cerca de 3 tsun caudal e ventral à HL2
reumatismo do MP
HL4 Hon Kou
fossa muscular, 2 tsun dorsal a HL3
reumatismo do MP
HL6 Lueh Ts’ao
cranial e lateral à patela
reumatismo do MP
HL7 Hou Hai
1 tsun entre a cauda e o ânus
dor lombo-pélvica
HL8 Wei Pang
1 tsun do ânus, lateral à base da cauda, 1 tsun, direção ventral e cranial
dor lombo-pélvica
HL9 Wei Pen
meia superfície ventral da cauda. Ponto de sangria
dor lombo-pélvica
a
E36 Zu San Li - em um aprofundamento lateral à tuberosidade tibial, na base do músculo ativação motora e psíquica ponto mestre, ponto tibial cranial em geral, ponto de de tonificação tonificação geral para qualquer condição de deficiência, paralisia do MP, analgesia por acupuntura a VB34 Yang Ling no espaço interósseo, na depressão cranial e ventral à cabeça da fíbula edemas e dores na Quan - ponto mestre articulação do joelho, dos músculos, fraqueza, distúrbios dos tendões e músculos e tendões, paresia articulações. ou paralisia dos MP a B60 Kun Lun na depressão entre o maléolo lateral da fíbula e a inserção do tendão dor ou paralisia do MP calcâneo (tuberosidade calcânea) Fonte: Adaptado de Klide e Kung, 1982; Draehmpaehl e Zoehmann, 1994 e Schoen, 2006. Nota: a Acupontos descritos em pequenos animais e adaptados para o tratamento deste animal.
57
No Quadro 10 estão relacionados os pontos estimulados em cada uma das seções de acupuntura realizadas nos dias 30/08, 06/09, 13/09 e 21/09. Quadro 10 - Pontos de acupuntura usados na Camila nos dias 30/08, 06/09, 13/09 e 21/09 Data 30/08 06/09 13/09 21/09 Pontos HN9 Chiu Wei X FL1 Po Chien
X
FL3 Chang Feng
X
T1 Ch’ien Fen
X
X
X
X
T2 T’an T’ien
X
X
X
X
T3 Pai Hui
X
X
X
X
X
X
X
T5 Pi Shu T6 Shen Shu
X
X
X
X
T7 Shen Cha
X
X
X
X
T8 Yao Hou
X X
X
X
T9 Tai Mai HL1 Huan Hou
X
X
X
X
HL2 Hsia K’ua
X
X
X
X
HL3 Yi Wa
X
X
X
X
HL4 Hon Kou
X
X
X
X
HL7 Hou Hai
X
X
X
X
HL8 Wei Pang
X
X
X
X
HL9 Wei Pen
X
HL6 Lueh Ts’ao
E36 Zu San Li
X
VB34 Yang Ling
X
B60 Kun Lun
X
X
X
58 4.1.6 Evolução do quadro durante o tratamento com acupuntura A condição física do animal no dia 30/08 momentos antes da primeira seção de acupuntura pode ser visualizado na Figura 14.
Figura 14 - Camila no dia 30/08, anoréxica e em decúbito, na primeira seção de acupuntura.
Um dia após a primeira seção, os tratadores do animal relataram que ainda no dia 30/08 o animal voltou a se levantar, a se alimentar e a ingerir água, o membro pélvico esquerdo continuava edemaciado e dolorido, a paciente ainda claudicava, porém se apresentava menos apática. No dia 06/09 o animal não estava mais desidratado, havia ganhado peso e começava a interagir com os outros animais do recinto. A claudicação do membro posterior esquerdo persistia, mas o edema havia diminuído. Em 13/09 a paciente se encontrava no mesmo quadro da seção anterior (Figura 15). No dia 21/09 o estado de saúde do animal era bom, mas, os tratadores relataram que o animal havia tido timpanismo durante a semana. Depois deste dia não se teve mais notícia da paciente.
59
Figura 15 - Camila no dia 13/09, no dia da 3ª seção de acupuntura.
4.2 Displasia coxofemoral A displasia coxofemoral é um distúrbio genético evolutivo e, associada a ela estão a osteoartrite coxofemoral, a mobilidade e amplitude limitadas da articulação, dor e claudicação em graus variáveis. Pode ser considerada como uma moléstia causada pela associação de vários fatores, como: hereditariedade, excesso de peso, excesso de atividade física e ambientes impróprios para os animais (piso de superfície lisa e escadas). A displasia pode ser acetabular ou femoral (ALVARENGA et al., 2006). Acomete cães jovens, de idade próxima a cinco - dez meses de idade, geralmente de evolução congênita e ocorrência súbita, caracterizada pela redução repentina na atividade associada à intensa dor nos membros pélvicos. O animal sente dificuldade em levantar e diminui a disposição de andar, pular, correr, subir escadas, pode notar-se atrofia muscular dos membros pélvicos e o animal começa a “andar como coelho”, saltando com os membros pélvicos (BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 1999). No exame físico observam-se pacientes jovens com claudicação, dor durante rotação e abdução da articulação coxofemoral, musculatura pélvica atrofiada e
60 intolerância a exercícios. Ao examinar o quadril, sob anestesia geral, percebe-se frouxidão maior da articulação coxofemoral, pelos ângulos anormais de redução da articulação e subluxação (FOSSUM, 2001). O tratamento convencional, alopático, se faz com o uso de analgésicos, antiinflamatórios, condroprotetores e, se necessário, terapia cirúrgica (osteotomia dentre outras) (BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 1999). A displasia coxofemoral costuma responder bem ao tratamento com acupuntura com implante de ouro. Em um estudo realizado com 250 cães dividiu-se a taxa de êxito do tratamento em 3 grupos: em cães com menos de 7 anos de idade houve uma taxa de êxito de 99% com o tratamento, havendo melhora completa da mobilidade e da maneira de andar; nos cães entre 7 a 12 anos, 80% mostraram resolução total do distúrbio e 10% tiveram melhora de 50 a 75% na amplitude de movimento e forma de andar, 1% mostrou menos de 50% de melhora e 10% não apresentaram resultado algum; nos animais entre 12 a 16 anos, 50% tiveram melhora de 75% ou mais e os outros 50% não tiveram melhora alguma. Também podem ocorrer descalcificações da articulação artrítica em alguns cães, que podem ser observadas radiograficamente de 6 a 12 meses após o implante (SCHOEN, 2006). 4.2.1 Identificação Fêmea da raça labrador retriever, chamada Judith, com cinco anos de idade. 4.2.2 Histórico Com menos de um ano de idade animal apresentou sinais clínicos de displasia coxofemoral, que foi confirmada com o exame clínico e radiográfico. Desde então o animal é levado para nadar freqüentemente, com a finalidade de fortalecer a musculatura do animal evitando a hipotrofia, para que com o fortalecimento muscular o animal tenha uma maior estabilidade para locomoção e melhores condições de vida. O animal foi encaminhado para a acupuntura com o objetivo de retardar o processo degenerativo ósseo, fortalecer musculatura, proporcionar analgesia e garantir melhor qualidade de vida para a paciente.
61 4.2.3 Sinais Clínicos No primeiro dia de tratamento com acupuntura o animal apresentava-se num quadro estável, sem presença de dor ou outros problemas. 4.2.4 Diagnóstico O diagnóstico foi por exame radiográfico, realizado previamente por outro Médico Veterinário. 4.2.5 Tratamento O tratamento da Judith foi iniciado no dia 07/03/2007 com a realização de acupuntura nos acupontos: VB34 (Yang Ling Quan); VB29 (Ju Liao); VB30 (Huan Tiao); VB31 (Feng Xi); VG3 (Bai Hui); BP6 (San Yin Jiao) e; R3 (Tai Xi). Para casa foi indicada fitoterapia à base de Mi Jin Ran, 20 gotas duas vezes por dia e, Jin Kui Ran, 20 gotas duas vezes ao dia. Houve mais 5 seções de acupuntura nos dias 23/03, 03/04, 11/05, 18/05 e 29/05, onde foram utilizados os mesmos pontos. No dia 03/09 os pontos usados foram o VB29 (Ju Liao); VB31 (Feng Xi); VB34 (Yang Ling Quan); E36 (Zu San Li); B20 (Pi Shu); VG3 (Bai Hui); B60 (Kun Lun) e; R3 (Tai Xi). Após estas 7 seções, optou-se pelo implante de ouro, devido a dificuldade dos proprietários em levar o animal para a acupuntura. Como relatado por Schoen (2006) o implante mantém a estimulação dos acupontos implantados por tempo prolongado. Para realização do implante de ouro a cadela recebeu fluidoterapia a base de soro fisiológico (500 mL) e foi realizada anestesia desta com RKV (xilazina4, cloridrato de cetamina5 e diazepan6) intravenoso (IV), como recomendado por Schoen (2006). Com a paciente anestesiada fez-se anti-sepsia cutânea no local dos acupontos com algodão embebido em álcool, os fios de ouro eram mantidos em uma travessa de alumínio submersos em iodo. Para cada implante um fio era colocado no aplicador de ouro (Figura 15), era coberto por uma camada de pomada antibiótica, para evitar posteriores infecções e manter o fio de ouro no aplicador. Em seguida a agulha do aplicador (40x12; 18G) era introduzida no acuponto e o fio era 4
Coopazine - Schering-Plough Veterinária - Estrada dos Bandeirantes, 3.091 - Rio de Janeiro. Vetaset - Fort Dodge - Residencial Parque Via Norte e Parque Universal em Campinas/SP. 6 Diazepan N. Q. - Novaquímica Natures Plus - Rod. SP 101, Km 08, Hortolândia/SP - CEP: 13186481. 5
62 implantado pressionando-se o êmbolo do aplicador. Na literatura consultada não se obteve nenhum informação sobre o uso de pomada antibiótica durante o implante, entretanto Schoen (2006) recomenda realização de tricotomia da área, o que não foi realizado, porém, com o uso de assepsia correta e da pomada antibiótica, isso não revelou problemas posteriores para a paciente.
Agulha Êmbolo Figura 16 - Aplicador de fio de ouro para implante de ouro.
Os acupontos escolhidos para receber o implante de ouro estão relacionados no Quadro 11, juntamente com a localização e a indicação de uso de cada um, segundo Draehmpaehl e Zoehmann, (1994) e Schoen, (2006). A localização dos pontos de acupuntura escolhidos para o implante de ouro podem ser observada nas Figuras 17, 18 e 19. E o implante de ouro na paciente e a sua volta da anestesia podem ser vistas nas Figuras 20 e 21. Os pontos ID3 (Hou Xi) e B62 (Shen Mai) são uma dupla de vasos maravilhosos indicados nos tratamentos de poliartrites e hemiplegia. Sendo conveniente, com o uso desses vasos maravilhosos, tonificar rins (INADA, 2000).
63 Quadro 11 - Localização e indicação de uso dos acupontos estimulados no tratamento do animal Judith Acupontoª
Localização
Indicação
ID3 Hou Xi - ponto de tonificação lateralmente a 5º articulação metacarpofalangeana, proximal dor no ombro e de abertura a cabeça do 5º osso metacarpiano B62 Shen Mai – ponto mo de depressão distal, diretamente abaixo do maléolo lateral da dor no membro pélvico conexão fíbula B60 Kun Lun
na depressão entre o maléolo lateral da fíbula e a inserção do tendão calcâneo (tuberosidade calcânea) R1 Yang Quan - 1º ponto de na perna, entre 3º e 4º articulação metacarpofalangeana, no sedação e ponto jing terço superior dos ossos metatársicos R3 Tai Xi medial, na depressão entre o maléolo medial e a tuberosidade calcânea VB29 Ju Liao VB30 Huan Tiao
VB31 Feng Shi
ponto médio entre a protusão óssea de espinha ilíaca ventral cranial e o trocânter maior do fêmur. Na depressão rasa entre os músculos glúteo médio e tensor da fáscia lata ponto médio, em uma depressão entre o trocânter maior do fêmur e a tuberosidade isquiática, ligeiramente dorsal, entre os músculos glúteo superior e bíceps femoral no aspecto lateral da coxa, entre o músculo quadríceps femoral e o músculo bíceps femoral, no meio de uma linha entre o trocânter maior e o epicôndilo lateral femoral
dor ou paralisia do membro pélvico emergências, problemas de micção distúrbios urogenitais, dores locais, inchaços e inflamação do jarrete doença da articulação do quadril, dores e paralisias na extremidade posterior dores e paralisia do quarto posterior, displasia do quadril, artrite coxofemoral, inchaços da extremidade, dores isquiáticas dores e paralisia do quarto posterior, displasia do quadril, artrite coxofemoral, inchaços da extremidade, dores isquiáticas
64
VB34 Yang Ling Quan - ponto no espaço interósseo, na depressão cranial e ventral à edemas e dores na articulação mestre dos músculos, tendões e cabeça da fíbula do joelho, fraqueza, distúrbios articulações. dos músculos e tendões, paresia ou paralisia dos membros pélvicos E36 Zu San Li - ponto mestre, em um aprofundamento lateral à tuberosidade tibial, na base ativação motora e psíquica em ponto de tonificação do músculo tibial cranial geral, ponto de tonificação geral para qualquer condição de deficiência, paralisia do membro pélvico, analgesia por acupuntura BP6 San Yin Jiao - ponto de atrás da extremidade medial da tíbia, deve-se repartir em 4 distúrbios do membro pélvico, cruzamento dos três meridianos uma linha do côndilo medial ao maléolo medial, o ponto é o fraqueza Yin limite do quarto inferior B20 Pi Shu - ponto de uma largura de costela (1 tsun), lateral a extremidade inferior dorsalgias, ponto local para associação do baço. do processo espinhoso da 12º vértebra torácica doença de disco intervertebral B23 Shen Shu - ponto de um tsun lateral à extremidade inferior do processo espinhoso dorsalgias, ponto local para associação do rim da 2º vértebra lombar doença de disco intervertebral VG3 Bai Hui dorsomedial, entre o processo espinhoso do sacro e a última problemas nos membros vértebra lombar (espaço lombossacral) posteriores Fonte: Adaptado de Draehmpaehl e Zoehmann, 1994 e de Schoen, 2006. Nota: a ID=intestino delgado; B=bexiga; R=rim; VB=vesícula biliar; E=estômago; BP=baço e pâncreas; VG=vaso governador.
65
VB29 VB30 VB31
VB34
E36 BP6 R3 ID3
B60 B62
Figura 17 - Vista lateral esquerda do corpo do cão, mostrando a localização de pontos de acupuntura usados no implante de ouro da paciente. Fonte: Adaptado de Moironª, 2007.
Figura 18 - MP, vista plantar, mostrando a localização do ponto R1 (Yang Quan). Fonte: Schoen, 2006.
66
Figura 19 - Vista dorsal do corpo do cão, mostrando a localização dos pontos: B20 (Pi Shu), B23 (Shen Shu) e VG3 (Bai Hui). Fonte: Schoen, 2006.
Figura 20 - Demonstração do implante de ouro na paciente.
Figura 21 - Paciente voltando da anestesia
67 5 CONCLUSÃO O Estágio Supervisionado Obrigatório contribuiu para o aprendizado de técnicas importantes para reabilitação e saúde animal, técnicas estas que não foram aprendidas no decorrer da faculdade. Foi possível ampliar os horizontes para métodos novos de cura, ou ao menos, para melhor convívio com doenças de difícil tratamento que ainda não possuem cura. Com a realização do Estágio Supervisionado Obrigatório foi possível adquirir experiência profissional, conhecer métodos e pensamentos, distintos dos aprendidos na faculdade, para lidar com diversos problemas, porém visando sempre o mesmo resultado, a saúde e o bem estar animal.
68
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