Acorde X Escala Por Prof. Hal Crook Trad. Livre: Lupa Santiago
Nas últimas décadas, mais e mais músicos de Jazz têm usado a idéia de escala para improvisar sobre progressões harmônicas. A teoria da Escala Acorde é baseada na idéia de que um acorde diatônico a uma escala, então a escala pode ser usada como recurso para construção de uma melodia naquele acorde. O uso desta aplicação gera ao solista (especialmente aos menos experientes) uma grande mobilidade melódica e rítmica (podendo improvisar em sequências de colcheias, tercinas, semicolcheias, ... ) Enquanto as notas do acorde têm de ser tocadas em saltos (terças menores ou mais), uma escala pode ser tocada em intervalos de Segunda Maior e Menor, e intervalos consecutivos são muito mais fáceis de serem executados com exatidão e velocidade do que saltos . Em geral, músicos com menos experiência estão mais familiarizados com escalas e patterns do que com arpejos, por causa da prática de exercícios técnicos dos métodos e livros, e por isso, preferem escalas para improvisar. Uma escala contém não apenas as notas do acorde em que está sendo aplicado, mas as tensões também. A partir daí, improvisar num acorde, usando uma escala, o solista quase certamente tocará algumas notas do acorde e outras notas com mais cor (tensões). É bem provável que sem a ajuda das escalas, o solista talvez não saiba (não será capaz de ouvir) especificamente quais tensões cabem apropriadamente nas notas do acorde em um contexto harmônico particular. Então, de certa forma, as escalas fazem o trabalho pelo ouvido . Elas dão capacidade ao improvisador i mprovisador de tocar linhas melódicas ativas que não apenas concordam com os acordes, quanto contém notas de bastante cor, que o solista talvez não seleciona-se apenas com seu próprio ouvido. No entanto, para iniciantes e estudantes de nível intermediário, as escalas têm um lado prejudicial real. Muitos estudantes começam praticando escalas no início da sua educação musical e tendem a aplicar o conhecimento adquirido imediatamente nos seus instrumentos. Infelizmente, isto acontece muito cedo no desenvolvimento desenvolvimento do estudante como improvisador, antes disto ele ou ela tem de aprender como construir uma boa melodia improvisada de ouvido sobre um acorde ou sobre uma progressão de acordes usando apenas, ou basicamente, basicamente, notas do acorde (arpejo). Escalas podem apresentar excesso de informação, ou informação que ainda não pode ser processada, controlada, e usada musicalmente pelo recente solista. E muito mais fácil entender a teoria das escalas do que aplicá-la com resultados musicais em um solo improvisado. Improvisar em um acorde com escalas, significa que o solista pode tocar notas como melodia, que ele ou ela ainda não é capaz de identificar nem controlar pelo ouvido. Isto pode resultar em linhas melódicas sem direção, sem forma, sem significado, com som mecânico. Frequentemente as frases são tocadas em colcheias até a exclusão completa de todos os outros valores rítmicos, produzindo indesejáveis conteúdos rítmicos e melódicos. Este tipo de improvisação, frequentemente, tende a delinear qualidades de tônica em acordes de outras funções e vice-versa. Mudanças na direção da curva melódica são também menos frequentes por causa do ritmo predominantemente repetitivo e com menos notoriedade por causa do predominante movimento de 1 ou ½ tom. (Intervalos melódicos maiores que uma segunda ou terça, são menos comuns, se não raros, em solos improvisados de nível elementar usando escalas). Esta concepção produz uma frase melódica linear consistente que soa limitada ou desinteressante desinteressante porque não é balanceada por curvas mais angulares. É relevante ressaltar que os pioneiros da improvisação no Jazz se apoiavam no ouvido, na capacidade de delinear com exatidão o som básico do acorde para guiar seu improviso e criar melodias inspiradas. ELES NÃO SE APOIAVAM NAS ESCALAS!!!!! ESCALAS!!!!! Iniciantes devem, primeiro experimentar o som e a sensação de tocar dentro dos acordes usando apenas as notas deste antes de experimentar a sofisticação da escala. “
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Melodias improvisadas usando apenas as notas do acorde conectam o solista à Harmonia da música, dando a ele ou ela uma sensação de unidade com a música. Isto é essencial antes de um músico poder ouvir como usar efetivamente uma escala e notas de aproximação não-harmônicas. Idealmente, percepção melódica para improvisadores deveria começar com solos usando apenas notas do acorde e então avançar para notas do acorde com aproximações e/ou escalas. O exemplo musical é um solo usando notas do acorde, numa progressão standard (Days of Wine and Roses). É necessário para estudantes avançados improvisar usando notas do acorde? Eu recomendo que estudantes avançados avançados façam este teste para determinar para eles se estão prontos ou não para usar escalas numa música:
1. Escreva a progressão de uma música familiar em um papel pentagramado. Ponha os símbolos dos acordes e escreva as notas de cada um no papel, para observar enquanto improvisa. 2. Grave seu improviso, sem acompanhamento, de 4 a 6 chorus da progressão em um tempo médio, usando apenas notas de cada acorde. Tente usar todos ou a maioria das notas de cada acorde da música. Inclua variação rítmica, síncope, varie a duração das frases, espaço, dinâmica, .... 3. Transcreva seu próprio solo e análise melodicamente a função de cada nota em relação ao acorde, tomando cuidado para notar as antecipações harmônicas onde elas ocorrerem. Escreva a relação melodia/harmonia melodia/harmonia na transcrição, abaixo de cada nota do solo. Se seu solo improvisado é mais de 90% apurado (ou seja, suas melodias contém quase todos as notas de cada acorde que você estava tocando) pode se tranquilamente assumir que você está pronto para praticar improvisação na progressão usando usando escalas. Ou, se você preferir, mude o tempo e a tonalidade e repita o teste. Se seu improviso é menos de 90% apurado (bem comum e músicos experientes também) é razoável assumir que você se beneficiará bastante estudando improvisação com as notas dos acordes das Harmonias das músicas. Estes passos irão delinear um caminho efetivo para praticar improvisação com as notas de cada acorde de uma progressão: a. Toque os patterns de arpejo em colcheias e tercinas por vários minutos em cada acorde em uma progressão para se familiarizar com as notas de cada acorde em seu instrumento. b. Improvise em cada acorde da progressão individualmente (um acorde de cada vez, estilo modal) por vários minutos. Enquanto isso, você acrescenta patterns de arpejo usando APENAS notas do acorde. Você pode usar também um motivo rítmico de um ou dois compassos. Isto lhe ajudará a focar menos nos ritmo e mais na exatidão da melodia, na curva melódica, etc... c. Improvise em grupos de dois ou três acordes de uma música, mantendo o ritmo harmônico original, usando apenas notas do acorde, com ou sem motivo rítmico. Improvisação com as notas do acorde é um excelente meio de elevar seu nível de conhecimento sobre a harmonia das músicas. Praticando improvisação por acorde antes de improvisação por escala, você construirá sua casa musical do chão para cima, ao invés de construí-la do sótão para baixo Boas marteladas!!!!! “
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Trecho retirado da revista Berklee Today – Summer 2000, páginas 18 e 19. Hal Crook é professor dos Departamentos de Performance e Ensemble da Berklee College Of Music a 20 anos, onde desenvolveu o currículo d e improvisação. Como artista solo contratado da gravadora RAM (Itália) têm vários discos lançados, inclusive com coautoria de Jerry Bergonzi e Joe Diorio e participações de Mick Goodrick, Bob Brookmeyer, Bob Gulloti, Jon Patittucci, Rick Peckham e Paul Motian. Como sideman (trombonista) trabalhou com Phil Woods, Clark Terry, entre muitos outros. Autor de vários livros sobre improvisação, editados pela Advance Music (USA), dentre eles: How to Improvise , How to Comp , Ready, Aim, Improvise! , etc ... “
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