Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista CTEEP
Abordagem prática da norma IEC 61850 (Mensagens GOOSE): Estudo de caso na SE Dracena.
Estagiário: Maurício Gadêlha da Silveira Coordenador: Eng.º Sérgio Henrique Fantinatti Carnietto
Castilho 25 de Setembro de 2012
Sumário 1 - Introdução ................................................................................................................................ 1 2 – Filosofias e princípios de proteção ............................................................................................ 1 2.1 – Funções da proteção do sistema ........................................................................................ 1 2.2 – Filosofias de Proteção ........................................................................................................ 2 2.3 – Funções de Proteção ......................................................................................................... 2 2.4 – Proteções de Sobrecorrente .............................................................................................. 3 2.5 – Proteções Falha do disjuntor ............................................................................................. 3 3 – IED's (Intelligent Eletronic Devices) – Dispositivos Eletrônicos Inteligentes ......................... ...... 4 4 – IEC 61850 ................................................................................................................................. 5 4.1 - Introdução ......................................................................................................................... 5 4.2 – Composições do protocolo IEC 61850 ................................................................................ 6 4.3 – Comunicações de funções e modelos de dispositivos.................................................. .......................... ............................... ....... 7 4.4 – Nó Lógico, LN..................................................................................................................... 7 5 – Mensagens GOOSE ................................................................................................................. 10 6 – Arquitetura da rede de comunicação .................................................... ........................ ............................................... .................................. ............... 12 7 – Estudo de caso da SE DRACENA .............................................................................................. 13 8 – Matérias e métodos ............................................................................................................... 14 9 – Resultados ............................................................................................................................. 18 10 - Conclusão ............................................................................................................................. 20 11 – Referências .......................................................................................................................... 22 12–Anexos ................................................................................................................................... 24
Lista de Figuras Figura 1 - Filosofia de Proteção ......................................................................................................
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Figura 2 – Esquemático de um IED. ................................................................................................
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Figura 3 – Protocolos de Comunicação........................................................................................... 5 Figura 4 – Composição da Norma IEC 61850 ................................................................................... 6 Figura 5 – Conexões e Nós Lógicos ............................................................................................... 0 7 Figura 6 – Composição dos objetos da norma IEC 61850 .............................................................. 0 8 Figura 7 – Composição de um Nó Lógico (LN) ............................................................................... 09 Figura 8 – Características do tempo de transmissão ..................................................................... 10 Figura 9 – Transmissão dos dados, através das mensagens GOOSE ............................................. 11 Figura 10 – Arquivos SCL ..............................................................................................................
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Figura 11 – Diagrama de Manobra do TR-3 e TR-4, da SE DRACENA ............................................. 13 Figura 12 – Diagrama Lógico da Função Falha do Disjuntor .......................................................... 14 Figura 13 – Parametrização da função falha do disjuntor do IED P443 ........................................ 15 Figura 14 – Condicionamento das mensagens GOOSE .................................................................. 16 Figura 15 – Curva da Simulação das faltas .................................................................................... 17 Figura 16 – Captura de mensagens GOOSE ................................................................................... 18
Lista de Tabelas Tabela 1 – Composição dos grupos de LN's .................................................................................. 08 Tabela 2 – Tempos de Coordenação do sistema ........................................................................... 19
Anexo Anexo 1 – Funções de Proteção ....................................................................................................
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Anexo 2 – Equipamentos utilizados para o ensaio, IED Areva P443 e caixa de teste Doble F6150 .....................................................................................................................................................
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Anexo 3 – Equipe OJXC .................................................................................................................
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Lista de Abreviaturas e Siglas
GOOSE – Generic Oriented Object Substation Event GSE – Generic Substation Event IED – Intelligent Electronic Device IEC – International Eletrotechnical Commission LN - Logical Nodes MAC - Media Accsess Control OJ – Regional Jupiá OSI – Open Systems Interconnection SAS – Substation Automation System SE – Subestação de Energia Elétrica SEP – Sistema Elétrico de Potência SCL - Substation Configuration Language TR – Transformador TC – Transformador de corrente VLAN – Virtual Local Area Network
Resumo O trabalho aborda a norma IEC61850 para a automação de subestações, identificando as suas funcionalidades, dinamismos, requisitos e definições. Demonstra algumas aplicações, já disponíveis no mercado, através dos aplicativos desenvolvidos para os IED's (Intelligent Eletronic Devices). Assim o trabalho faz referência a importância das características que os dispositivos devem abranger para o cumprimento da norma. As funcionalidades e os benefícios da norma, já ressaltados em varias publicações, e artigos nacionais e internacionais. Através das ligações lógicas entre LN (Logical Nodes), as vantagens da mensagem GOOSE (Generic Object Oriented Substation Event), e esquemas e filosofias de proteção. O estudo de caso da SE DRACENA, possibilitou exemplificar uma forma inovadora e sustentável (redução de cablagem significativa), a implantação da função Falha do Disjuntor (50BF). Assim como um novo meio de ensaio utilizando os equipamentos (caixa de teste e relés) já disponíveis na regional OJ, possibilitando também a criação de novas guias de manutenção a serem usadas posteriormente. Todo o projeto foi executado utilizando os recursos, e infraestrutura do grupo ISACTEEP, buscando atender as necessidades rigorosas observadas em campo. Sendo ao final demonstrado os caminhos, soluções e resultados obtidos utilizando a norma IEC61850.
1 - Introdução Os sistemas de comunicação de dados sempre foram um fator crítico nas operações em tempo real, equipamentos de diferentes fabricantes e diferentes modelos, necessitam varias vezes de muito esforço para efetuar a troca de informações. Assim como a posição geográfica dos equipamentos que sempre precisam de uma forma rápida e confiável de atuação e comunicação. Utilizando das redes de comunicação, é possível agrupar dados como: medição, comando e sinalizações, que por sua vez trafegam na rede seguindo protocolos que ditam as premissas básicas, para que os equipamentos da subestação possam trocar informação com confiabilidade. Porém os vários e diferentes tipos de protocolos tornaram-se uma indisposição para a configuração de equipamentos que possam se comunicar, criando assim ilhas de informações. O padrão IEC 61850 busca padronizar a troca de pacotes de dados entre os diferentes tipos de equipamentos presentes no sistema elétrico de potência, buscando assim a interoperabilidade dos equipamentos do SEP. Através deste estudo de casos é possível verificar a atuação da proteção Falha do Disjuntor através da utilização da rede de comunicação, utilizando o padrão IEC 61850 através das mensagens do tipo GSE(GOOSE).
2 – Filosofias e princípios de proteção 2.1 – Funções da proteção do sistema As concessionarias do SEP (sistema elétrico de potência) possuem como uma das metas, garantir economicamente a qualidade do serviço, e garantir segurança nos tempos de vida das suas instalações. No entanto, o SEP possui algumas anomalias indesejáveis durante a operação que prejudica os equipamentos de manutenção. Dentre as prováveis situações de defeitos podemos destacar [1]: • • • • •
Os curtos circuitos Problemas físicos e mecânicos Situação Critica Descargas atmosféricas Surto de chaveamento
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A atenuação dos efeitos indesejáveis para o SEP deve ser assegurada pelo sistema de proteção, que por sua vez resguarda de melhor maneira a integridade de alimentação de energia elétrica dos usuários. O sistema de proteção deve pleitear as algumas necessidades como: • • • • •
Velocidade Confiabilidade Sensibilidade Segurança Seletividade
Assim o sistema de proteção do SEP, deve ser um ponto vital em qualquer projeto, ou plano de manutenção de uma SE.
2.2 – Filosofias de Proteção A filosofia de proteção, utilizando a premissa de isolar qualquer defeito no sistema, afetando uma mínima parcela do SEP. As filosofias básicas são dividas em • • • • •
Proteção de Geradores Proteção de Linhas de transformadores Proteção de Barramentos Proteção de Linhas de Transmissão Proteção de Alimentadores
O principio da confiabilidade é atendido utilizando o conceito de redundância, aplicada pelas proteções principais e de retaguarda. Caso a primeira falhe, a proteção de retaguarda entra em operação até a correção da anomalia.
2.3 – Funções de Proteção A função de proteção é a reunião de atributos exercidos para fins previamente estabelecidos e definidos, dentro de uma determinada categoria ou modalidade de atuação [1]. A função de proteção é feita por equipamentos, que seguem uma padronização numérica de proteção relacionada no anexo um.
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Figura – 1: Filosofias de Proteção
A seguir serão discutidas as funções utilizadas para a realização deste trabalho.
2.4 – Proteções de Sobrecorrente Um princípio simples e eficiente de proteção é o emprego da magnitude da corrente como um indicador de falta, como o nome já diz, sobrecorrente pode ser utilizado para proteger qualquer elemento de um sistema de energia [1].
2.5 – Proteções Falha do disjuntor A redundância da proteção pode ser justificado pelo auto custo e importância do componente do sistema elétrico protegido. A isolação da falta é dada pelo seccionamento do trecho faltoso do SEP, que utiliza o disjuntor para interromper a passagem de energia no trecho. Um disjuntor bem fabricado e dimensionado raramente deixa de interromper a corrente, quando acionado por um comando ou proteção. Contudo caso este equipamento venha a falhar, transformam uma falta em um trecho, em um curto circuito para outro barramento associado.
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Para que a proteção possa atuar corretamente, ela deve ser composta por relés e sensores de sobrecorrente de fase e de neutro, temporizadores e relés de bloqueio, com os seguintes requisitos: •
•
•
•
•
Partida por atuação de proteção que acione o disjuntor, exceto subtenção e sobretensão. Abertura ou fechamento do disjuntor mal sucedido, que cause discordância de polos. Possuir um RETRIP para nova tentativa de abertura, antes do TRIP50BF de comando final. Comandar a abertura e bloqueio de fechamento de todos os disjuntores necessários para isolar a falta. Acionamento por problema mecânico, baixa pressão, entre outros.
3 – IED's (Intelligent Eletronic Devices) – Dispositivos Eletrônicos Inteligentes A automação de subestações possui soluções novas utilizando a tecnologia implantada pela norma IEC61850, os IED's são os dispositivos capazes de realizar essas tarefas. São unidades multifuncionais e passíveis de diferentes parametrizações, para as proteções, medições, controle e monitoramento. A figura 3 ilustra de maneira esquemática os IED's:
Figura – 2: Esquemático de um IED.
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Para que um IED seja compatível com a norma IEC61850, ele deve preencher vários requisitos como interoperabilidade, portas de comunicação TCP/IP, entre outros presentes na parte três da norma [3]. A possibilidade de comunicação entre os IED's vem da possibilidade de se trabalhar com os dados digitalmente, uma vez que uma medição de tensão é amostrada e digitalizada, é possível usufruir das infinitas possibilidades de comunicação digital disponíveis atualmente.
4 – IEC 61850 4.1 - Introdução A automação das subestações demanda a implantação de uma estrutura de troca de dados inteligente e confiável, envolvendo computadores, equipamentos de medição, proteção, sinalização. Essa integração de equipamentos demanda uma diversidade de equipamentos de diferentes fabricantes, o que torna a padronização dos dados onerosa. Os protocolos são uma forma de padronização de troca de informação, estabelecendo regras, formatos e métodos de troca de pacotes de bits, que asseguram a confiabilidade da troca precisa de informação. O elevado número de protocolos, tem se tornado um desafio frequente na automação das SE's, referente à conexão entre diferentes tipos de equipamentos. Portanto a norma IEC61850 surge como um requisito no mercado de interoperabilidade [9].
Figura – 3: Protocolos de Comunicação.
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4.2 – Composições do protocolo IEC 61850 A norma IEC61850 estabelece um padrão aberto, a prova do futuro, permitindo acompanhar a tecnologia para futuras ampliações em bays. A norma possui um padrão orientado ao fluxo de informação, diferente do fluxo orientado ao sinal. A informação é publicada e o leitor tem a possibilidade de escolha de utilização. Para isso o padrão IEC 61850 foi protocolado e organizado em 10 partes, cujas são numeradas na figura 4 abaixo[2].
Figura – 4: Composição da Norma IEC 61850.
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4.3 – Comunicações de funções e modelos de dispositivos A parte 5 do protocolo IEC 61850, especifica os requisitos para a comunicação das diferentes funções presentes no SAS. As funções referem-se aos tipos de tarefas a serem executados (proteção, monitoramento, controle) em diferentes níveis hierárquicos. O padrão IEC 61850 busca fornecer a interoperabilidade entre as diferentes funções (Functions, F ), que são implementadas em dispositivos físicos ( Physical Devices, PD ), através da divisão em subfunções, ou nós lógicos ( Logical Node, LN ). Os nós lógicos podem trocar informações através de conexões lógicas (Logical Connections, LC ) e físicas (Physical Connections, PC ) [8], [9].
Figura – 5: Conexões e Nós Lógicos.
4.4 – Nó Lógico, LN Os protocolos normalmente definem como os bytes serão transmitidos, utilizando um conceito orientado a sinais, forçando o mapeamento manual dos sinais, elemento por elemento, endereço por endereço. O padrão IEC 61850, em contraste com o modelo anterior, utiliza o conceito de orientação a objeto, para uma modelagem de dados orientada a informação e não aos dispositivos, o fluxo de informação não se referencia a pontos e sim aos equipamentos. Um IED que disponibiliza o IEC 61850 é composto por um hardware (dispositivo físico) conectado a um barramento de informação através de um endereço (físico
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e lógico), contendo funções (dispositivo lógico) anteriormente determinadas para o seu funcionamento como na figura 6. As funções básicas de funcionamento de um SAS (supervisão, proteção, controle) foram classificadas e dividias em subfunções ou nós lógicos.
Figura – 6: Composição dos objetos da norma IEC 61850. Por sua vez os nós lógicos permitem criar representações virtuais de um dispositivo real. Portanto o IEC 61850 define um dicionário de nomes e uma estrutura hierárquica de objetos como: chaves seccionadoras, disjuntores, proteção de sobrecorrente, entre outros, que são agrupados em grupos específicos que são identificados por indicadores como segue a tabela 1 abaixo:
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Tabela – 1: Composição dos grupos de LN's. Cada LN possui uma denominação, sempre iniciada pelo grupo indicador, como: • • • • • •
MMXU – Medição Operativa e Indicativa XCBR – Chave Disjuntor XSWI – Chave Seccionadora TCTR – Transformador de corrente RREC – Religamento Automático RBRF – Falha do disjuntor
Os nós lógicos mantem uma relação de dados congruentes a suas operações. Cada elemento de dados tem um nome único e singular, sendo que sua representação tem sentido definido nas operações do SEP.
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Figura – 7: Composição de um Nó Logico (LN). O nó lógico da figura 7 é a representação de uma chave disjuntor XCBR, indicador X (Disjuntor e Seccionadora) e CBR (Circuit Breaker). Este dispositivo contém uma classe de dados associado tais como [7]: • • • •
Pos: Posição OpCnt: Contador de Operações BlkOpn: bloqueado para comando de abertura LOC: bloqueado
O elemento de dado associado, Pos, é pertencente à classe de dado comum (CDC) DPC – Controllable Double Point, onde possui os atributos pertencentes a este tipo de operação como: • •
Pos.ctlVal - Controle de fechamento, ou abertura Pos.stVal – Representa a posição real do disjuntor
As classes de dados comuns podem ser encontradas na parte 7.1 da norma [4]. Assim utilizando os conceitos dos LN é possível padronizar todo equipamento e função de uma SE, mantendo a interoperabilidade entre os diversos IED's mais segura.
5 – Mensagens GOOSE
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A norma IEC 61850 prevê o uso da comunicação horizontal como troca de informações prioritárias dos IED's, comunicação ponto a ponto (peer to peer). O Generic Object Oriented Substation (GOOSE) é um tipo de mensagem que é transmitida fora da camada de transporte, é uma mensagem que caminha no enlace do sistema OSI [9]. Portanto ela não possui um nível de abstração elevado, o que a torna rápida, porém, a confirmação do recebimento da mensagem não é realizada. As mensagens são publicadas na rede, com uma taxa de repetição programável como na figura 8. Assim é possível aumentar a probabilidade de entrega da mensagem.
Figura – 8: Características dos tempos de transmissão. Onde • • • •
T0: Transmissão do GOOSE em condições estáveis. T(0): Transmissão do GOOSE interrompida por um evento. T1: Transmissão do evento, com uma maior frequência. T2 e T3: Transmissão transitória, até atingira estabilidade.
O modelo GOOSE, utiliza um agrupamento de dados ( Data Sets ), que é transmitido. Com isso as mensagens são publicadas, para todos os dispositivos ligados a rede de comunicação ( Multicast ). A informação é disponibilizada (publisher ), e a leitura (subscripter ) é feita para quem possui interesse (figura 9). Dados de tensão, corrente, binários, valores de estados podem estar contidos dentro de um data set.
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Figura – 9: Transmissão dos dados, através das mensagens GOOSE.
Cada mensagem enviada possui um pacote de parâmetros de comunicação, como VLAN ID, o tipo de prioridade e um endereço MAC ( Media Accsess Control ). Cada mensagem utiliza de um endereço MAC padronizado da seguinte forma:
01-0C-CD-01-00-00 - 01-0C-CD-01-FF-FF Onde: 1. Os três primeiros octetos são definidos pela IEEE como 01-0C-CD. 2. O quarto octeto deve ser 01 para GOOSE, 02 para GSSE, 04 para Sampled Values. 3. Os dois últimos podem ser usados singularmente para cada IED. Com isso a norma IEC61850 possui uma ferramenta poderosa de comunicação, entre os aparelhos dos pátios e bays, de uma subestação.
6 – Arquitetura da rede de comunicação Como a norma IEC61850 define um dicionário de nomes que devem ser respeitados, é de vital importância uma padronização das informações da troca de configurações dos dispositivos. A SCL ( Substation Configuration Language ) é uma configuração baseada em XML (linguagem de padrão mundial para intercambio de informações). A parte de numero seis [10] da norma define quatro tipos de arquivos, utilizados nas fases do projeto:
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• • • •
System Specification Description (SSD): Funções do SEP Substation Configuration Description (SCD): Definição da subestação IED Capability Description (ICD) : Os tipos de dados suportados pelo IED Configured IED Description (CID): Descreve a configuração de um IED
O arquivo SSD, descreve o diagrama unifilar da SE e os LN's necessários, enquanto o SCD contém dados sobre todos os IED's (dados de configuração de comunicação). O arquivo ICD descreve os recursos disponíveis em um IED (GOOSE, LN's). O arquivo CID, descreve um único IED e inclui informações de endereços.
Figura – 10: Arquivos SCL.
7 – Estudo de caso da SE DRACENA A SE DRACENA, possui em seu pátio alguns equipamentos de manobras que serão utilizados para um estudo de modernização de suas funções de proteções lógicas e intertravamentos. Os transformadores TR-4 e TR-3 (figura 11) possuem em suas unidades de bays relés de proteção digitais equipados com suporte ao protocolo IEC61850, assim como o relé do bay do disjuntor 18352-4 (figura 11). Os relés possuem as funções lógicas de sobrecorrente e falha do disjuntor implementado. Porém toda a comunicação de dados e comandos entre os equipamentos de pátio e os equipamentos de bays, é feita por meio de elementos analógicos (contatos e fios de cobres). Utilizando os novos meios de comunicação que a norma IEC61850 proporciona, é possível utilizar as mensagens GOOSE para o interfaceamento entre as funções
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de proteções dos relés, através da rede intranet (fibra ótica, cabos de rede) da subestação. Simulando uma falta no lado de baixa do TR-3, pelos princípios de seletividade deve-se atuar o comando de abertura por sobrecorrente do disjuntor associado ao TR-3. Contudo foi simulada uma falha do disjuntor 18352-7 por uma falha mecânica, visto a não interrupção de corrente, o relé do disjuntor 1835-7 associa então uma falha do disjuntor, comunicando os relés necessários para a coordenação do sistema, através da publicação das mensagens GOOSE para os equipamentos associados à rede, no caso o relé do disjuntor 18352-4.
Figura – 11: Diagrama de manobra do TR-3 e TR-4 da SE DRACENA.
8 – Matérias e métodos Os materiais utilizados foram todos fornecidos pela ISACTEEP, e os ensaios foram realizados em ambiente laboratorial: • • • •
Caixa de testes Doble F6150 (com o protocolo IEC61850) Relé de proteção AREVA P443 Notebook Software's: MicomS1, F6teste, GSEconfigurator, WireShark
O software MICOMS1 foi utilizado para a configuração da mensagem GOOSE de falha do disjuntor (50BF), e a parametrização das funções de proteção no IED P443.
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O IED P443 da Areva utilizado permite apenas o uso do dataset contendo as informações do nó lógico G (funções genéricas). Portanto as mensagens System.Gos.GGIO2.Ind1.stVal(ST) e System.Gos.GGIO2.Ind2.stVal(ST) foram condicionadas para a representação do RETRIP (BFfail Trip 3ph) e TRIP50BF (BFfail2 Trip 3ph) respectivamente. A partida da função falha do disjuntor foi feita utilizando uma lógica interna do IED P433 (figura 12).
Figura – 12: Diagrama Lógico da função Falha do Disjuntor.
Os tempos da função falha do disjuntor foram condicionados a 200ms para o RETRIP e 400ms para o TRIP50BF de acordo com a figura 13:
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Figura – 13: Parametrização da função falha do disjuntor do IED P443.
A função falha do disjuntor será ativa quando receber um sinal de TRIP externo e a corrente passante for superior a 250mA no lado de baixa do TC. O software GSECONFIGURATOR permite a comunicação e configuração das mensagens GOOSE com a caixa de teste F6150. O arquivo Areva_P443.CID foi descarregado e suas mensagens condicionadas a uma repetição de 1000ms na rede através da caixa de teste. As mensagens GOOSE condicionais de parada de atuação (RETRIP e TRIP50BF) foram relacionadas com as entradas digitais, GN1 e GN2, da caixa de teste figura 14.
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Figura – 15: Curva da simulação das faltas.
O anexo traz algumas fotos da montagem do experimento.
9 – Resultados Os resultados foram obtidos capturando os pacotes de mensagens GOOSE através do software WireShark como mostrado na figura 15:
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Os tempos de coordenação foram registrados para diferentes valores de corrente e tabelados utilizando o software F6Test da Doble.
Tabela – 2: Tempos de coordenação do sistema. Observa-se então que o tempo de atuação Tact (ms) foi satisfatório com um erro de aproximadamente três por cento.
10 - Conclusão O projeto envolveu o estudo sobre as funções de proteção do SEP, dando ênfase as filosofias empregadas neste estudo de casos. A função falha do disjuntor é uma proteção de retaguarda, sendo uma redundância importante para a integridade do sistema por completo. Através dos conceitos introduzidos pela norma IEC 61850, foi possível identificar uma nova e vantajosa solução para a implantação das funções de proteção no SEP. A norma é subdividida em 10 partes e traz consigo um conjunto de disposições e padronizações a serem seguidas para o seu planejamento e execução. Utilizando o conceito de interoperabilidade, através do uso dos nós lógicos (LN), foi possível transmitir dados de estados e comandos de equipamentos de fabricantes distintos através das rápidas mensagens GOOSE. As mensagens contendo os datasets são transmitidas em ciclos com uma frequência definida para cada estado, possuem também a característica Multicast de Publisher/Subscripter (Publicador/ Assinante), a execução e interpretação da função é feita pelo IED. O estudo de caso na SE DRACENA 138kV/69kV contemplou o desenvolvimento de uma lógica de proteção, comunicação e automação baseado nos conceitos difundidos pela norma IEC 61850. A função de proteção falha do disjuntor (50BF)
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foi implantada no relé P443 da AREVA, e por sua vez foi ensaiada em laboratório, simulando o caso de falta na configuração proposta (figura 11). Os pacotes de dados foram capturados utilizando o software WireShark (Sniffer), mostrando assim o resultado das troca de mensagens precisa entre os diferentes IED's (figura 15). Comprovou-se também a redução de cablagem e tempo de comissionamento, o projeto se torna muito mais ágil e sustentável. Concluem-se então as inúmeras vantagens da utilização da norma IEC 61850 para a comunicação horizontal entre os equipamentos de campo. A possibilidade de associar estados de equipamentos de manobras (disjuntores e seccionadores), comandos de abertura e fechamento (TRIP), intertravamentos, publicando as informações para a rede intranet da SE, e assim utilizando-as para a realização de manobras e coleta de informações através dos IED's. A norma IEC 61850 necessita de treinamento de capital humano para a sua implantação e manutenção, porém propicia uma nova de arquitetura de SE, muito mais sustentável (redução de cabos), padronizada e confiável.
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11 – Referências [1] - COURY, D.V; OLESKOVICZ,M; GIOVANINI, R. Proteção Digital de Sistemas elétricos de Potência: dos relés eletromecânicos aos microprocessados inteligentes. São Carlos: EESC-USP, 2007. ISBN 978-8585205-78-2. [2] - INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMISSION. IEC 61850-1Communication networks and systems in substations. Part 1: communication networks and systems in substation. 2002. CEI/IEC 61850-3:2002. [3] - INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMISSION. IEC 61850-3Communication networks and systems in substations. Part 3: general requirements. Suiça 2002. CEI/IEC 61850-3:2002. [4] - INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMISSION. IEC 61850-7Communication networks and systems in substations.Part 7-1: Basic communication structure for substation. Suiça 2002. CEI/IEC 61850-3:2002. [5] - INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMISSION. IEC 61850-7Communication networks and systems in substations.Part 7-2: Basic communication structure for substation. Suiça 2002. CEI/IEC 61850-3:2002. [6] - INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMISSION. IEC 61850-7Communication networks and systems in substations.Part 7-3: Basic communication structure for substation. Suiça 2002. CEI/IEC 61850-3:2002. [7] - INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMISSION. IEC 61850-7Communication networks and systems in substations.Part 7-4: Basic communication structure for substation. Suiça 2002. CEI/IEC 61850-3:2002. [8] - MIRANDA, Juliano Coêlho. IEC-61850 : interoperabilidade e intercambialidade entre equipamentos de supervisão, controle e proteção através das redes de comunicação de dados [online]. São Carlos : Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2009. Dissertação de Mestrado em Sistemas Elétricos de Potência. [acesso 2012-08-27]. Disponível em: . [9] - VICENTE, Décio Tomasulo de. Aplicação dos padrões da norma IEC 61850 a subestações compartilhadas de transmissão/distribuição de energia elétrica [online]. São Paulo : Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, 2011. Dissertação de Mestrado em Sistemas de Potência. [acesso 2012-08-27].
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Disponível em: . [10] - INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMISSION. IEC 61850-6Communication networks and systems in substations.Part 6: Configuration description language for communication in electrical substations related to IEDs. Suiça 2002. CEI/IEC 61850-3:2002. [11] - Santos, L. F. Pereira, M. “Uma Abordagem Prática do IEC61850 para Automação, Proteção e Controle de Subestações”, VII Simpase; [12] - S. Kimura, A. Rotta, R. Abboud, R. Moraes, E. Zanirato, and J. Bahia, “Applying IEC 61850 to Real Life: Modernization Project for 30 Electrical Substations,” proceedings of the 10th Annual Western Power Delivery Automation Conference, Spokane, WA, April 2008. [13] - J. Alzate, D. Dolezilek, V. M. Flores, and D. Espinosa, “Case Study: Design and Implementation of IEC 61850 From Multiple Vendors at CFE La Venta II,” proceedings of the 9th Annual Western Power Delivery Automation Conference, Spokane, WA, April 2007. [14] - MiCOMho P443 Technical Guide: P443/EN T, AREVA T&D Automation and Information Systems. www.areva-td.com/protectionrelays/P443 . [15] –F6150 DOBBLE Techical Guide; Dobble Engineering. [16]- Sérgio Henrique Fantinatti Carnietto – (18) 3741-9906 [17] – Alexandre Lázaro Campos – (18) 3741-9905 [18] – Décio Tomásulo de Vicente – (11) 4589-6500 [19] – Eder Jose Fraioli – (17) 3241-3856
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12–Anexos
Anexo – 1: Funções de Proteção
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