Abaetetuba, PA APOLOGÉTICA EDITORIAL - 2016 -
Um breve ensaio sobre os cinco pontos do Calvinismo © 2016, D. S. Castro
Emerson José Rodrigues Jairo Júnior Silva Negrão
Darivan S. Castro
AG Books
Ficha catalográfica elaborada pelo próprio autor C355p
Castro, Darivan da Silva. A TULIP Contestada pela razão e pelas Escrituras / D. S. Castro – Castro – Abaetetuba: Abaetetuba: D. S. Castro, 2016. 100p; 21cm. 978-85-68924-03-7 1. Literatura cristã. 2. Doutrina. 3. Apologética. 4. Calvinismo. 5. Crítica. I. Título. B239 26
Exceto citações esparsas, informando informando devidamente a fonte, a reprodução é proibida.
Travessa Aristides dos Reis e Silva, 1421, São Lourenço 68440-000 Abaetetuba, PA
Sumário ................................... ................................................ ............. 5 .................................. ...................................... 11 Depravação Total ....................................................... ..................................................................................... ........................................... ............. 11 Eleição Incondicional ........................................................... ........................................................................................ ................................. .... 42 Expiação Limitada ............................................................... ............................................................................................. .................................. .... 50 Graça Irresistível ................................................................................. ................................................................................................... .................. 57 Perseverança dos Santos.......................................................... ...................................................................................... ............................ 68
.................................... ...................................................... ........................ ...... 77 .................................. .................................................... .................................... .................................... ..................... ... 99
TULIP: Uma Breve Exposição das Doutrinas A teologia Calvinista pode ser resumida resumida em cinco pontos principais, os quais dão origem ao acrônimo TULIP acrônimo TULIP (em inglês) 1. São eles: (DepravaçãoTotal (DepravaçãoTotal )) (EleiçãoIncondicional (EleiçãoIncondicional ) (ExpiaçãoLimitada (ExpiaçãoLimitada2) (GraçaIrresistível (GraçaIrresistível ) (PerseverançadosSantos (PerseverançadosSantos)) Segundo o “ ” do acrônimo acima (Dep (Deprav ravaçã ação o Total Total ), ), o homem, após a queda, tornou-se completamente depravado, completamente depravado, isto é, incapaz incapaz de desejar buscar as coisas de Deus, incapaz de entender e crer no Evangelho para a salvação de sua alma, a menos que Deus primeiro o “ressuscite” de sua morteespiritual (o (o que os Calvinistas chamam de “regeneração” pré-salvífica) pr é-salvífica) e lhe conceda uma fé “especial” para crer em Cristo (isso, Cristo (isso, é claro, Deus faz apenas pelos “eleitos” eleitos ”, segundo o Calvinismo)
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Embora alguns teólogos brasileiros já tenham tentado “aportuguesar” este acrônimo, nenhuma ideia vingou. De fato, cremos que nada substitui a sequência “lógica” (note as aspas) que este acrônimo busca transmitir na língua original. Veremos isto mais adiante. 2 Também chamada de Particular Redemption (Redenção Particular ) ou Definite (Expiação Definitiva). Atonement (Expiação
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A Bíblia jamais equipara a morte física com física com a morte espiritual , um dos principais expedientes expedientes Calvinistas para defender esta tese irracional! Além disso, em lugar algum das Escrituras é-nos dito que o homem é incapaz de incapaz de buscar a Deus e de entender e aceitar o o Evangelho de Salvação. Duas coisas precisam estar claras: 1) O conceito de Depravaç Depravação ão Total Total denota “inabilidade” ou “incapacidade”, tanto para o Calvinista quanto para o Arminiano e, 2) Um texto fora de contexto é pretexto para o que sua conveniência ditar. conveniência ditar. O “ ” do acrônimo (EleiçãoIncondicional (EleiçãoIncondicional ) significa, segundo o Calvinismo, que Deus “elege” incondicionalmente para incondicionalmente para a salvação apenas alguns alguns (os “eleitos”). “eleitos”) . Segundo afirmam os Calvinistas, desde a eternidade passada, de modo incondicional (alguns (alguns diriam, arbitrário), arbitrário ), isto é, sem motivo algum que possa ser encontrado neles, neles, Deus escolheu aqueles a quem iria salvar dentre a massa pecadora e perdida da humanidade, condenando o restante ao tormento eterno; e isto Ele o fez (supostamente) “para o eterno louvor de Sua glória” glória” (Um absurdo sem precedentes!). Em outras palavras, Deus, de acordo com o que defato ensina defato ensina o Calvinismo, por uma espécie de “decreto imutável” imutável”, predestinou antecipadamente os que irão para o céu (mesmo antes de haverem nascido) e, consequentemente, os que a Ele “aprouve” condenar.
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TULIP: Uma Breve Exposição das Doutrinas
A Bíblia claramente diz que Deus “nãofazacepçãodepessoas ” (Deuteronômio 10:17; 2 Crônicas 19:7; Jó 34:19, Atos 10;34, etc.) e que a todos Ele oferece uma genuína oportunidade de Salvação (João 3:15-16; 2 Timóteo 2:4; 1 João 2:2; etc.). Um Calvinista que deseja ser coerente com este ponto, deverá também admitir que Deus “elegeu” (ou reprovou) incondicionalmente alguns para a condenação. Não pode haver uma eleiçãoincondicional , eleiçãoincondicional , sem uma reprovaçãoincondicional , como veremos. O “ ” (ExpiaçãoLimitada) ExpiaçãoLimitada) afirma que Cristo morreu apenas pelos “eleitos” e não pelo mund undo todo odo, pois isso seria um “desperdício” do sangue de Cristo. Indagam os Calvinistas: “Porque “Porque Cristomorreriaporaquel CristomorreriaporaquelesaosquaisDeu esaosquaisDeus[oPai] s[oPai]não‘elegeu’ não‘elegeu’ ”? A Bíblia diz exatamente exatamente o contrário. Em 1 João 2:2, por exemplo (um dos textos mais claros e contundentes contundentes a favor da expiaçãouniversal ), ), lemos: “Eeleé “Eeleéapropici apropiciaçãopel açãopelosnossos osnossospecados pecados,e ,enãosomen nãosomente te pelo pelos s noss nossos os,, ” (ênfase adicionada). O Calvinista, é claro, precisa impor ao texto sua interpretação tendenciosa e absurda absurda da palavra mundo, mundo , como significando “o mundo dos eleitos”. E com esse fim, “pouco “ pouco lhes ruboresce a face” distorcer outras passagens, como será visto adiante. Um fato que vale a pena ressaltar e que também será evidenciado quando estivermos lidando mais de perto com a questão é que Charles Spurgeon, a quem os Calvinistas adoram
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citar em apoio sempre que lhes convém, por diversas vezes contradisseasimesmo quanto contradisseasimesmo quanto a este ponto em especial. O “I” (Graça (Graça Irresist Irresistível ível ) é dito pelos Calvinistas acerca da “graça” com a qual Deus o Pai atrai atrai a Cristo apenas os “eleitos”. Eles nãopodem resistir a a ela. ela. Ela os “arrasta” a Cristo, mesmo que, alegadamente, alegadamente , eles (os eleitos) não a “percebam” deste modo. A despeito do uso inadequado de João 6:44 feito pelos Calvinistas, a Bíblia de modo algum respalda este ensino igualmente absurdo! igualmente absurdo! Todos os Todos os homens são atraídos pelo Pai à Cristo (e não menos do que todos), todos), porém, somente os que creemlivreeespontaneamente se achegam a Seu Filho. Como veremos, este é mais um claro exemplo da eisegese Calvinista – Calvinista – o o que é equivalente ao que já mencionamos acima com respeito a impor sobre sobre uma palavra ou texto o que de fato não está sequerimplicitamente declaradonela/nele. declaradonela/nele. O “P” (Per (Persev severa erança nça dos Santo Santoss ) indica a perseverança (de fato, a performance ou performance ou o desempenho, desempenho , segundo a visão Calvinista) que os “eleitos” deverãodemonstraremsuasvidas por terem sido escolhidosparaasalvação desde escolhidosparaasalvação desde a eternidade passada. Embora os Calvinistas não admitam e se manifestem abertamente, e com razão, contra a antibíblica ideia da salvação pelas obras, este ponto, em última análise, resvala exatamente exatamente nisto: em uma segurança pessoal da “divina eleição” (segundo eleição” (segundo o Calvinismo) que só pode ser supostamente encontrada supostamente encontrada em uma clara c lara demonstração
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de vida cristã piedosa por parte do “eleito”. No entanto, a doutrina Calvinista não oferece a ninguémqualquersegurançaobjetivacom resp respei eitto à “el “eleiçã eição o” . A Bíblia, por sua vez, garante a plena segurança e descanso dos “salvos” nas promessas de vida eterna etern a feitas por Cristo àqueles que verdadeiramente creem creem Nele, os quais estão inabalavelmente firmados inabalavelmente firmados pelo “podermantenedor do Espírito Espírito Santo” que habita em todo verdadeiro crente. Esta, de fato, é a segurança de salvação ensinada nas Escrituras, e não à fictícia “segurança de eleição” do Calvinismo. Pois bem, nenhum – – e reafirmamos em letras garrafais: ABSOLUTAMENTE NENHUM – – destes pontos ensinados pelo Calvinismo se sustenta a um exame honesto e imparcial das Escrituras e da maispura razão! maispura razão! Além disso, poucos são os que têm se dado conta das sérias sérias implicações decorrentes da doutrina Calvinista; e todas elas pervertem o pervertem o santo caráter de Deus, que de acordo com a Bíblia, retiramos, não apenas é soberano, soberano, mas também é amor , misericórdia, misericórdia, compaixão, compaixão , longanimidade e longanimidade e justiça justiça.. Dentre alguns dos corolários3 absurdos do absurdos do Calvinismo clássico (e que decorrem direta ou indiretamente dos cinco pontos acima) enumeramos abaixo apenas alguns dos que serão objetivamente tratados na obra mencionada a seguir 4, onde lidaremos de modo mais profundo com cada um dos pontos da TULIP. Em outras palavras, podemos dizer que se se o Calvinismo é realmente verdadeiro, verdadeiro, então: 3
Corolário: consequência (implícita ou direta) de uma proposição. 4 O Livre- Arbítrio Arbítrio e a Limitada Soberania do “Deus” Calvinista.
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TULIP: Uma Breve Exposição das Doutrinas
1. Deus é o autor do do mal; 2. Ele não apenas desejou, desejou, mas causou a causou a queda do homem; 3. Tudo o que ocorre (até mesmo os crimes mais hediondos cometidos pelo homem) é a vontade e vontade e o desejo de desejo de Deus; 4. Deus ama apenas um apenas um grupo seleto de pessoas, chamadas de “eleitos”; 5. Ele criou o criou o Diabo para Seus propósitos; 6. Nenhuma das criaturas morais de Deus possui liberdade genuína para genuína para o que quer que seja; 7. Não há espontaneidade no universo; 8. Etc., etc., etc... Embora estas e outras graves questões inegavelmente decorrentes da TULIP sejam tradadas com maiores detalhes no livro O LivreLivre-Arb Arbí í trio trio e a Limi Limita tada da Sobe Sobera rani nia a do “Deu “Deus” s” Calv Calvin inii sta (ainda sem previsão de publicação), faremos aqui um estudo conciso dos conciso dos fundamentos da teologia Calvinista, mostrando que até mesmo proeminentes líderes evangélicos que aderiram a esta falsa teoria teoria (em geral, cristãos reformados) reformados ) reconhecem tais implicações.
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“Quando ouvimos falar de Deprav Depravaçã ação o Total Total , inevitavelmente somos levados a concluir que o homem, em todos os todos os aspectos de sua natureza, é completa e irremediavelmente irremediavelmente mau, isto é, seu estado é de total ruína. ruína. Com a Queda, não restou sequer um traço do que chamamos de imagodei5 na constituição física constituição física e e espiritual do homem; e havendo perdido toda e qualquer semelhança com seu Criador, ele vem ao mundo já sentenciado sentenciado ao inferno” inferno” (anônimo).
Bem, de fato, nem todos os que se dizem Calvinistas pensam assim. Porém, a descrição acima reflete exatamente o que ensina o Calvinismo acerca da Deprav Depravaçã ação o Total Total . Em outras palavras, a consequência lógica do primeiro ponto da doutrina Calvinista é de que não há nada de nada de bom no homem, e qualquer de seus atos que mostre o contrário, deve ser entendido como a ação de Deus conduzindo-o a fazer o oposto do que sua natureza caída supostamente exige. supostamente exige. Alguns Calvinistas, no entanto, negarão esta clara implicação de uma soberania arbitrária arbitrária de um Deus que controla todas as ações humanas, sem conceder aos homens qualquer liberdade, nem mesmo para pensar e decidir por por sua própria livreescolha – 5
Imagem de Deus: referente à doutrina de que o homem foi criado à imagem de Deus.
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algo que não existe no Calvinismo, como admitem os Calvinistas mais honestos. honestos . Na verdade, se atentarmos para o fato de que, segundo o Calvinismo, Deus controla (leia-se: controla (leia-se: “preordena,decreta ”) todas as coisas em seus mínim mínimos os detalh detalhes es,, incluindo cada pensamento, pensamento, palavra ou ação dos ação dos homens, não podemos deixar de concluir que todo e todo e qualquer conceito conceito dentro da teologia Calvinista é totalmente desnecessário e desnecessário e desprovido de significado objetivo e, objetivo e, portanto, não passam de meras especulações aparentemente aparentemente lógicas, porém igualmente implantadas implantadas na mente humana por preordenação divina. E o mesmo se aplica a todos os demais sistemas teológicos e teológicos e filosóficos filosóficos que, no fim das contas, seguindo a lógica Calvinista, foram também preordenados preordenados por Deus. De fato, se o Calvinismo estiver certo quanto a isto, tudo na história da humanidade tornase completamente vazio e carente de um sentido expressivopara expressivopara o homem, que não passa de uma marionete; marionete; e embora tenhamos a leve leve impre impressã ssão o de que há uma razão para tudo, que garantias podemos ter de que esse sentimento não passa de uma mera ilusão de ilusão de Deus? Não há nenhuma! John Piper, por exemplo, reconhece que tudo tudo o que ocorre no universo (até mesmo os mais terríveis crimes já cometidos) são preordenados por preordenados por Deus. Em entrevista ao site desiringGog.org, desiringGog.org, veja o que Piper (ecoando Spurgeon) declara, referindo-se inclusive a “todosos...pecadosquenosafligem todosos...pecadosquenosafligem”: ”: “Há uma grande citação de Spurgeon sobre , mas quando eu me
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levanto de manhã no meu quarto, tem uma janela ao lado da cama... e um raio de luz estará brilhando por ela, em certas épocas do ano quando me levanto... ao olhar através da escuridão, eu não vejo nada, mas quando eu olho através do raio [de luz] eu vejo a poeira no quarto.
”... Isso significa que, sim, (ênfase adicionada; os colchetes são meus).
Bem antes de Piper, no entanto, Edwin H. Palmer já afirmara, em um de seus livros mais polêmicos polêmicos em defesa da teologia Calvinista, que: ... .
.
. O poder de Deus é reduzido às forças da natureza...
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Deus determinou cada pequeno detalhe do universo, inclusive o pecado? , John Piper.
Link para o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=P_hK5LXaYpI.
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. Calvino é muito claro nesse ponto: “ ...”7 (ênfase adicionada)
É impossível à consciência humana (se é que temos uma, de acordo com o Calvinismo) admitir a ideia de que somos meros fantoches nas fantoches nas mãos de um Deus que se satisfaz em decretar toda toda espécie de pecado e maldade, manipulando-nos para que façamos exatamente o que seus caprichos determinam. caprichos determinam. Será que não seria “ justificável” justificável” a indignação até mesmo de um ateu, ao ler as Palavras de Piper ou de Palmer, que retratam um Deus insensível e e manipulador , totalmente indiferente “aos pecados (e misérias) que nos afligem”? Sim! Porém, é necessário que deixemos claro que este não é o verdadeiro Deus das Escrituras, mas um monstro criado por Calvino (sob a influência de Agostinho 8) e que, por séculos, tem sido muito bem alimentado por alimentado por seus seguidores. Embora ainda estejamos lidando com o primeiro ponto da TULIP, para os leitores mais atentos, já deve estar claro que se a DepravaçãoTotal é DepravaçãoTotal é verdadeira toda a teologia Calvinista se torna irremediavelmente inútil . Além disso, qual o sentido ou utilidade em definir a Depr epravaç avação ão Total otal como a incapacidade (ou inabilidade) do homem de entender e crer no Evangelho, se Deus (o “Deus” Calvinista, vale ressaltar) não apenas causou sua causou sua Queda,
7 Edwin
H. Palmer, The Five Points Of Calvinism [Os Cinco Pontos do Calvinismo] (Grand Rapids, MI: Baker Books, enlarged ed., 20th prtg. 1999), p. 82 (Citado por Dave Hunt em What Love Is This? Calvinism’s Misrepresentation Of God ). ). 8 Agostinho de Hipona [Aurélio Agostinho (354-430 d.C.)].
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mas também controla meticulosamente todos meticulosamente todos os aspectos de sua natureza natureza caída, caída, levando-o hora a fazer o bem, hora a praticar o mal, consoante aquilo que Sua vontade soberana soberana (leia-se: “prepot prepotent ente, e, tirâni tirânica ca”) ”) determina? De fato, sob esta ótica, o homem não seria totale total econscientementedepravado , mas apenas uma apática marionete apática marionete à inteira disposição das extravagâncias de um Deus fingido e limitado em limitado em poder, que priva Suas criaturas de qualquer liberdade de escolha, simplesmente por não se mostrar capaz capaz de lidar com ela, não importa o quanto os Calvinistas se esforcem para negar isso. Felizmente, este “Deus” cuja “soberania” o Calvinismo tenta a todo custo salvaguardar , não é o Deus da Bíblia. Ao tentar explicar o antibíblico conceito antibíblico conceito de depravação total formulado por formulado por Agostinho e séculos mais tarde promovido tanto promovido tanto por Lutero como Calvino (seus mais proeminentes “discípulos” discípulos” protestantes) observe a nítida contradição contradição de W. J. Seaton (um Calvinista aparentemente “moderado”). “moderado”). Ele afirma: “Quando os calvinistas falam em depravação total, entretanto, , nem que o homem seja , ou até de ser submisso ao culto de Deus. O que querem dizer é que quando o homem caiu no Jardim do Éden, caiu em sua ‘ ’. A personalidade do homem pela Queda, e o pecado atinge a todas as faculdades – faculdades – a a vontade, o entendimento, as afeições, etc.” etc.”9
9 Seaton, W. J.,
Os Cinco Pontos do Calvinismo , Editora PES, 1987, ps. 9 e 10.
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Note que Seaton, assim como outros Calvinistas, admite que o homem “ [não] [não] étãomauquantopoderiaser,nemque [ele]seja [ele]seja incapazdefazerobemaosseussemelhantes ”. No entanto, entanto, como todo bom bom Calvinista, ele certamente crê que o homem, sendo totalmente depravado, depravado , é “incapaz incapaz de desejar buscar as coisas de Deus e incapaz de incapaz de entender e crer no Evangelho para a salvação de sua alma”, a menos que Deus primeiramente o regenere para regenere para esse fim. Portanto, poderíamos honestamente perguntar a Seaton: Se o homem caiu no Jardim do Éden “e “em sua ‘ ’” , e se sua personalidade “ foi “ foi afetada pela pela Qued Queda a”, qual o fundamento objetivamente objetivamente racional e bíblico bíblico para crermos que o homem é capaz de fazer o bem aos seus semelhantes”, mas é totalmente incapaz incapaz de desejar as coisas de Deus e incapaz de entender e crer no Evangelho? Teria a Queda feito com que o homem perdesse justamente essa capacidade? essa capacidade? E porquê? Onde a Bíblia ensina isso, Sr. Seaton? Se os Calvinistas quiserem realmente ser honestos com sua teoria de que o homem é totalmente depravado, depravado, eles devem admitir que ele não apenas é incap incapaz az de entender e crer no Evangelho como também de fazer qualquer bem aos seus semelhantes, a menos que Deus os leve a leve a fazer isso. Por que os Calvinistas persistem, persistem, por exemplo, em ser parciais e tendenciosos em tendenciosos em sua interpretação de Romanos 3:10-12, “ Todosseextraviaram,ejuntamentese fizeraminúteis. fizeram inúteis. ”? Se “nãoháumjusto...Nãoháninguémqueentenda...[e]quebusque aDeus”, aDeus ”, como deveriam os Calvinistas entender entender o que Paulo diz em seguida, seguida, “ , não há nem um só”? só ”?
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Certamente o contrário do que afirma Seaton, isto é, que o homem de fato de fazer bem algu algum m, inclusive aos seus semelhantes. Este deveria ser o entendimento entendimento desta passagem para os que insistem em afirmar que o homem não é capaz de entender e crer no Evangelho. Não parece uma atitude nada honesta entender as declarações “n “ não há um justo... Não há ning ningué uém m que ente entend nda. a... .. que que busq busque ue a Deus Deus”” de modo absoluto (leia-se: obtuso, obtuso, fatalis fatalista ta), ), negando negando ao homem a capacidade de entender e crer no Evangelho, enquanto se diz que a expressão “Nãoháquemfaçaobem,nãohánemumsó ” tem um sentido vago e vago e desprovido de um significado objetivo. objetivo. No entanto, como é impossível ao Calvinista negar que até mesmo o mais ímpio dos homens é capaz, em algum momento da vida, de praticar um ato de bondade, pois nossa própria experiência humana nos confirma isso (e o que Seaton não nega), eles (os Calvinistas), em geral, fazem vistas grossas a esta parte do texto. No entanto, as palavras de Paulo nesta passagem jamais jamais deveriam ser tomadas em um sentido fatalista sentido fatalista,, e muito menos fazendo uso da parcialidade com parcialidade com que os Calvinistas lidam com ela. Do contrário, diversos outros textos seriam claramente claramente contraditos. Por exemplo, o próprio Senhor Jesus declara em Mateus 7:11: “ ,quantomaisvossoPai,que ,quantomais vossoPai,que estánoscéus,darábensaosquelhepedirem? ”. De igual modo, em Atos 10, 10, somos informados sobre Cornélio, “cen “ centur turiã ião o da coorte coorte chamadaitaliana” chamadaitaliana” que “decontínuoorava[istoé,buscava]aDeus “decontínuoorava[istoé,buscava]aDeus”” (v. 2). Além disso, se o homem totalmentedepravado é incapaz de desejar buscar a Deus, como pôde Davi declarar: “ , maisdo queos que osguardaspela guardaspela manhã...” manhã... ” (Salmo
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130:6)? Teria Davi sido regenerado regenerado e, em seguida, recebido a “fé necessária” necessária” para crer e e somente então tornar-se apto apto a buscar a Deus? Aliás, teriam os santos do Antigo Testamento alguma vez experimentado o novonascimento que, novonascimento que, segundo as Escrituras, em nada difere nada difere da regeneração ou regeneração ou mesmo da própria salvação? salvação? Bem, estas questões serão tratadas em detalhes detalhes em um de nossos próximos livros: OLivre- Arbítrioe Arbítrio ea aLimitada LimitadaSoberania Soberaniado do“Deus” “Deus” Calvinista. Aguardem! Calvinista. Aguardem! Antes de prosseguirmos com este breve estudo sobre a TULIP é necessário que olhemos com atenção mais que redobrada para a extraordinária história de Cornélio, a fim de esclarecer alguns fatos importantes acerca da infame doutrina infame doutrina da depravação total (aceita (aceita e pregada inclusive por inclusive por Arminianos). Embora poucos sejam aqueles que de fato têm atentado para isso, o tema principal da passagem que relata a história do centurião romano que indubitavelmente buscava a Deus (Atos 10:1-48) não é sua conversão (a saber, quando e como ocorreu). como ocorreu). De fato, a intenção de Lucas ao registrar a história de Cornélio é mostrar-nos que Cristo veio não apenas apenas para os judeus, mas também para todos os todos os demais povos (os gentios). Se há, portanto, um personagem tão importante quanto Cornélio neste maravilhoso relato, este é Pedro, o apóstolo do Senhor, a quem Deus primeiramente revelou esta verdade (v. 10 – 10 –28). 28). Portanto, qualquer tentativa de negar o o fato (como fazem os Calvinistas) de que Cornélio buscava a buscava a Deus, ou de estabelecer o o exato momento em que se deu sua conversão, reclamando para tal uma suposta
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graça, quer “irresistível” “irresistível” (Calvinistas), (Calvinistas), quer “preveniente” (Arminianos), não passam de pura especulação extrabíblica extrabíblica e de meras formulações meras formulaçõesteológicas teológicas.. A despeito disto, ao confrontar um Arminiano, pedindo a ele que me mostrasse nesta passagem qualquer indício de uma suposta “graça preveniente” (um dos pontos defendidos pela teologia Arminiana), fui até mesmo chamado de pelagiano e pelagiano e de herege10. Em “debate” com Mário Persona, “Calvinista “ Calvinista”” não-declarado, não-declarado, e que crê que somos “ ” (segundo suas próprias palavras), ele – ele – n no o “calor da discussão” – afirmou: – afirmou: “Também não é possível entender isso [ele se refere ao livrearbítrio] arbítrio] . Só assim entendemos que entre “não há quem busque” e busque” e Cornélio, que buscava a Deus. ” (negrito e itálico adicionados)11
E mais adiante, Persona declarou:
10 Comentaremos
mais sobre esse lamentável episódio em um outro livro, no qual serão também abordados alguns dos vários “espinhos” da teologia Arminiana. Embora estes não pareçam tão pontiagudos quanto os do Calvinismo, como toda e qualquer cosmovisão ou teoria humana acerca do Evangelho, suas pressuposições devem ser cuidadosamente avaliadas à luz das Escrituras. Calvinismo, Arminianismo e o Evangelho Qual a Sua Escolha? dá título à obra. O projeto ainda se encontra em fase de leitura e pesquisa para triagem das fontes a serem mencionadas – – certamente, as mais relevantes. 11 “Debate” com Mário Persona via Facebook, iniciado em 09 de setembro de 2014.
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“Os versículos abaixo citou apenas o verso abaixo]:
[ele
Rom. 3:11: “N “Não há quem entenda, não há quem busque a Deus...” Deus...”12
Bem, é certo que Mário Persona (assim como eu) “foge” de rótulos (daí o uso que fizemos das aspas ao classificá-lo classificá-lo como Calvinista logo acima). Embora deva estar claro aos crentes mais experientes que o fato de alguém concordar com um ou outro ponto de determinada corrente teológica não o torna realmente um fiel seguidor da mesma, os rótulos teológicos e denominacionais , que deveriam ser utilizados apenas para fins didáticos (e didáticos (e não sectários) são inevitáveis – inevitáveis – conquanto conquanto antibíblicos. Porém, lamentavelmente, há crentes imaturos o imaturos o suficiente para se “ocuparem” ocuparem” tanto com eles a ponto de até mesmo “morrerem “ morrerem afirmandodepésjuntos” afirmandodepésjuntos” que são mais bíblicos que aqueles a quem também insistem também insistem em rotular. Por outro lado, se alguém nãoaceita qualquer “etiqueta” etiqueta” que o identifique com algo mais do que um simples crente em Jesus Cristo, devo respeitá-lo por isso! Ademais, devemos reconhecer que há diversos recursos linguísticos, no que compete à escrita, que nos permitem fazer uso destes “distintivos” distintivos” em tom irônico ou sarcástico sarcástico (consoante à necessidade de esclarecer certos fatos a alguém que crê estar pautado sobre as Escrituras, mas que, na verdade, vive sob a influência dos influência dos escritos de homens) – homens) – e e as aspas, aspas, neste caso, se constituem no instrumento mais utilizado para esse fim. 12 Ibid.
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Dados estes necessários esclarecimentos, retomemos agora do ponto onde paramos para fazer uma rápida análise destas duas declarações absurdas de absurdas de Persona. De fato, já tratamos de ambas as questões anteriormente, porém quanto à primeira (com respeito a Cornélio) devemos atentar para a forma como Persona vê a questão. Note que ele afirma sem rodeios que Cornélio “eraumhomem “ eraumhomem ”. Essa ”. Essa afirmação traz à tona o exato entendimento exato entendimento Calvinista sobre a obra de salvação (dos “eleitos”, é claro). Segundo Persona, e todos os Calvinistas de fato e de verdade, a regeneração regeneração (ou o novo nascimento), nascimento), deve ocorrer antes antes de qualquer entendimento entendimento ou fé por parte dos “eleitos”. “eleitos”. Aliás, Persona é enfático enfático quanto à não necessida necessidade de de entendim entendimento ento para que o homem seja salvo. De fato, o título de uma de suas postagens no Facebook que deu origem ao nosso “debate” faz referência exatamente a isso. Ele pergunta: “ ”. E então responde: “ A “ A salv salvaç ação ão não não prec precis isa a ser ser ‘ent ‘enten endi dida da’’ para para ter ter efei efeito to,, ”. Nossa resposta a esta infâmia, bem como todas as mensagens que trocamos, encontra-se na segunda edição do livro DebatendocomosCalvinistas DebatendocomosCalvinistas.. Pois bem, onde encontramos nas Escrituras qualquer referência sobre o exato momento em que Cornélio nasc nasceu eu de novo? novo? Se é que podemos determiná-lo, isto certamente não ocor ocorre reu u ante antess de ele haver ouvido e entendido entendido a pregação de
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Pedro. O que Persona faz aqui é apenas especular de modo descarado acerca descarado acerca de algo que, como já vimos, não é nem mesmo o tema central da passagem em apreço (Atos 10). Seu propósito (como também é típico dos Calvinistas) é apenas o de tentar encontrar a todo custo uma forma de sustentar sua visão distorcida das Escrituras com respeito à obra de salvação. No entanto, “cavar um buraco na água” não dá... dá... não é, Sr. Persona? (E não estou aqui falando de gelo, gelo, portanto, acho que entendeu perfeitamente o que quis dizer!) Quanto à afirmação de que a declaração de Paulo, “Nãohá “Nãohá quementenda,nãoháquembusqueaDeus...” (Romanos (Romanos 3:11) é uma “ ”, não há como deixar de notar mais um claro viés tendencioso de tendencioso de Persona ao tomar apenas o que lhe interessa do texto e torná-lo um absolutumdecretum 13, negando-se convenientemente a mencionar e aplicar o mesmo peso semântico que tenta impor a estas declarações sobre aquilo que Paulo afirma logo em seguida (e do que já tratamos antes), a saber, “... “... Nãoháquemfaçaobem,nãohánenhumsó ” (v. 12). É, Sr. Persona, embora não seja um, sua conveniência parece aproximá-lo bastante dos Calvinistas; e o que é pior, dos “hiperCalvinistas” Calvinistas”. Acaso não pertenceria vossa “insolência14” à “SS15” 13
decreto absoluto.
14 Uma
referência à Bertoldo Brecha, personagem de Mário Tupinambá na Escolinha do Professor Raimundo (Rede Globo, 1990-1995). 15 Criada originalmente para garantir a proteção pessoal de Hitler, a Schutzstaffel , conhecida como SS, e inicialmente vista como a polícia secreta do estado nazista, tornou-se mais tarde sua guarda de elite.
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Calvinista? – – refiro-me à “polícia secreta” secreta” do “Terceiro Reich” do “partido”, digo, “partido”, digo, do sistema Calvinista. A despeito de qualquer significado atribuído à suposta depr deprav avaç ação ão tota total l do homem – – seja pelo Calvinista, seja pelo Arminiano – Arminiano – não não há qualquer apoio bíblico ou racional para para o uso desta expressão no que compete a explicar de modo adequado e justo justo o verdadeiro estado da natureza humana após a queda. No entanto, o momento de tratarmos da formulação teológica Arminiana para esta expressão não é agora; por isso, prosseguiremos nos limitando apenas apenas ao uso que os Calvinistas têm feito dela. Primeiramente, devemos entender que depreciar o gênero humano (o que os Calvinistas, e não a Bíblia, em geral têm feito com demasiada ênfase etotalempatia) totalempatia ) chegando até mesmo ao ponto de tornar o homem menosdoquenada, menosdoquenada, não é, e nunca foi, uma necessidade para a para a eterna glorificação de Deus como Aquele que reina soberano sobre todas as coisas. E mesmo que o homem esteja sob a contínua influência do pecado e sujeito às consequências temporais e potencialmente potencialmente eternas de sua desobediência, rebaixá-lo rebaixá-lo ao status de um “demônio” não é essencial à glória de Deus. Não queremos dizer com isto que o homem é capaz de salvar-se a si mesmo, ou que sejamos necessários necessários para Deus. Ele poderia não ter-nos criado, e, ainda assim, continuar sendo Deus de eternidade a eternidade. Foi por amor (e não por necessidade) que Ele nos fez – – e a toda a Sua criação.
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Se os Calvinistas, como já vimos, têm a intenção de dizer que o homem é totalmente incapaz incapaz de crer no evangelho para a salvação, salvação, por que não usar a expressão “Incapacidade Total” (enfatizando que esta é somente somente para crer em Cristo). A razão é simples: Embora a maioria deles não afirme abertamente, abertamente, eles creem que tudo o que o homem pode fazer épecar . Ele é “livre” apenas para apenas para isso. Um absurdo sem precedentes! Embora uma série de passagens das Escrituras e a própria experiência humana, como já vimos, deixam claro que o homem não é continuamente continuamente mau (Gênesis 6:5 é um caso pontual 16), os Calvinistas em geral, se vem obrigados a torcer diversos outros textos para enfatizar o contrário, ou seja, que o homem é “depravado até à medula” e que ele é incapaz de incapaz de realiza qualquer bem de modo genuíno. genuíno . Citando, por exemplo, Romanos 7:18, onde Paulo explica o angustiante dilema em que vive o homem de Deus por conta da “lei do do pecado” pecado” que ainda habita em sua carne (mesmo após ter nascido de novo), alguns Calvinistas são enfáticos enfáticos ao afirmar que este texto é uma prova de que o homem é completamente mau. completamente mau. 16 Em
Gênesis 6:5 temos o relato que antecede o dilúvio pelo qual Deus destruiria a humanidade cujo nível de corrupção tornara-se tornara-se intolerável. A declaração “toda a imaginação dos pensamentos de seu coração (do homem) era só má continuamente ” não pode ser entendida como significando que todos os homens eram continuamente maus desde o Éden, do contrário, Deus não teria dito que “ a maldade do homem se multiplicara sobre a terra”. Além Além disso, teria Deus visto que o homem era continuamente mau, ou “totalmente depravado” apenas naquele momento? É óbvio que não! Este texto, portanto, não é prova de que tudo o que o homem natural pode fazer é continuamente mau, como afirmam muitos Calvinistas.
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Antes de mais nada, vejamos o que Paulo de fato afirma: “ Porqueoquefaçonãooaprovo; Porqueoquefaçonãooaprovo; , ...Porqueeuseiqueemmim,istoé, ;e comefeitoo comefeito oquererestá quererestá emmim, . . . Mise Miseráv rável el home homem m que que eu sou! sou! quem quem me livra livrará rá do corpo corpo dest desta a morte?” morte?” (Romanos7:15;19– (Romanos7:15;19– 24). 24).
O que “parece” parece” passar despercebido ao Calvinista nesta passagem é que Paulo não está falando da experiência humana em geral , mas daquilo que os que já morreram para o mundo (os crentes) passam a vivenciar após após nascerem na família de Deus. Em Gálatas 5:17, Paulo confirma uma vez mais este fato: “Por “ Porqu que e a carnecobiçacontraoEspírito,eoEspíritocontraacarne;eestes opõem-se um ao outro, ”. Portanto, Paulo está tratando da experiência do salvo em sua caminhada de fé, e não do pecador não-regenerado e que supostamente é incapaz de incapaz de fazer qualquer bem. Além disso, mesmo que Paulo tenha dito que “nãoconsegue “nãoconsegue realizarobem” realizarobem ” (v. ( v. 18), ele deixa claro que deseja. deseja. Esse desejo é de Paulo; e, “com entendimento” e “guiado pelo Espírito” (v. 25, Gálatas 5:18), ele é capaz de vencer a carne e obedecer à Deus. Esta passagem, portanto:
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1) aplica-se claramente à experiência e ao testemunho cristão daquele que já foi tornado nova criatura em Cristo, porém, ainda está sujeito à influência do pecado (1 João 1:10; Romanos 8:23); e, 2) não prova de modo algum que o homem natural é irremediavelmente mau e incapaz de incapaz de desejar ou praticar o bem (Mateus 7:11, Lucas 11:13). Outro fato que merece cuidadosa atenção, com vistas a desfazer qualquer entendimento errôneo acerca errôneo acerca do estado natural do homem após a queda, é o que Paulo prossegue dizendo em Gálatas 5:19 – 5:19 –21: 21: “Porque Porque asobras da carnesão carnesão manife manifesta stas, s,as as quais quais são: são:adu adulté ltério, rio, fornicação, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfi orfia as, emu emulaçõe ções, iras, ras, pele peleja jas, s, dis dissens sensõe ões, s, here eresias sias, , invejas ejas, , homi homicíd cídio ios, s, bebe bebedi dice ces, s, glut glutona onari rias as,, e cois coisas as seme semelh lhan ante tes s a esta estas, s, ”.
Estaria Paulo afirmando que todos os todos os homens praticam estas coisas e que só só podem fazer o que é mau continuamente? continuamente? É evidente que não! E a própria expressão “os “os que que com cometem etem tais tais coisas” coisas” (v. 21) deixa claro que nemtodos o nemtodos o fazem. Por outro lado, se tomarmos o conceito de “Depravação Total” Total” por seu valor nominal (e (e não como a definem os Calvinistas), somos obrigados a concluir que todos os homens, diferente do que afirma Seaton, .
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A visão Calvinista destas e de outras passagens não é apenas fatalista, fatalista, enxergando somente o que há de pior no caráter humano, certamente corrompido pelo pecado; é uma visão repugnante repugnante e, para muitos, até mesmo assustadora, assustadora, que torna propositalmente (ou convenientemente) convenientemente) qualquer relação entre a soberania de Deus e a responsabilidade do homem um insondável “mistério” (alguns “mistério” (alguns o chamariam de estúpido “mistério”). “mistério” ). Outras passagens bem mais conhecidas poderiam ser citadas para demonstrar o quão intransigente é intransigente é a visão Calvinista acerca da corrompida corrompida natureza humana – – uma consequência, é claro, do “pecado original” original”. No entanto, nos contentaremos por hora em apenas avaliar biblicamente o modo pelo qual o pecado de Adão afetou toda afetou toda a criação (emespecial (emespecial sua sua descendência). Atentando para o completo contexto de Romanos 7, somos suficientemente suficientemente esclarecidos quanto ao fato de que Paulo está falando da lei que, conquanto seja boa, foi, na verdade, o que nos revelou pecadores. Isto não quer dizer que os que não conheceram a lei não eram pecadores até que tomaram conhecimento dela. Não! Todos somos pecadores (Romanos 3:23; 5:12; 1 João 1:10, etc.). Também não estamos afirmando que aqueles a quem não foi dada a lei (os gentios), não eram responsáveis por transgredir a lei de Deus escrita em seus corações. Desse modo, Paulo pôde tanto dizer: “Mas eu não não con conheci heci o pecad cado
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Mas Mas o peca pecado do,, toman tomando do ocas ocasiã ião o pelo pelo mand mandam amen ento, to, oper operou ou em mim toda toda a concup concupis iscên cência cia; ; ” (Romanos 7:7 –8). –8).
Como também: “Porque,quandoosgentios, ascoisasquesãodalei, ascoisasquesãodalei,nãotendoele nãotendoeleslei,parasi slei,parasimesmossãolei. mesmossãolei.
”(Romanos2:14– 15) 15)
No entanto, há uma clara distinção entre o pecado propriamente dito (refiro-me à sua natureza) natureza ) e a culpa culpa pelo pecado. E isto já era evidenciado nos tempos do Antigo Testamento nos vários sacrifícios ordenados por Deus a Israel (Levítico 7:37). Em outros termos, a culpa culpa pelo pecado não é necessariamente compartilhada, necessariamente compartilhada, tal qual as consequências de sua natureza. natureza. Para explicarmos isto, e desfazer a confusão que os ensinos de homens têm causado acerca do que as Escrituras e a própria razão nos dizem sobre o assunto, é necessário que nos façamos a seguinte pergunta: Alguns apressadamente dirão: No entanto, a menos que passagens sejam interpretadas de modo tendencioso com tendencioso com vistas a dar suporte à esta teoria extrabíblica extrabíblica e que foi apenas um um dos 17
O “pecado original” (a culpa é herdada). Embora defendida por alguns dos “Pais Primitivos”, como Tertuliano, por exemplo, esta “doutrina”, que não encontra qualquer fundamento bíblico, é apenas mais uma das “heranças” que os Reformadores receberam receberam “de bandeja” do Catolicismo Romano, e que até hoje tem sido usada por Roma em apoio aos ensinos igualmente antibíblicos do batismo infantil ( pedobaptismo) e da concepção virginal de Maria (que supostamente nascera sem a “mancha” do “pecado original”).
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motivos de debate entre Agostinho e Pelágio 18 por exemplo, a resposta é um uníssono “NÃO!”. Os Calvinistas, por exemplo, costumam até mesmo alegar, em defesa desta visão irracional e antibíblica, antibíblica, que a experiência humana mostra que é bastante comum alguém assumir a culpa pelos crimes de outros. Em um artigo que li recentemente em um site Calvinista, o autor coloca as coisas nestes termos:
18 Segundo
R. N. Champlin, em sua Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia , Pelágio “foi um teólogo britânico, provavelmente de sangue irlandês, cujas datas aproximadas foram 320-420 320-420 D. C., o que fez dele um contemporâneo de Agostinho”. Champlin também nos informa informa que ele “foi um monge de grande erudição e de elevado caráter moral” e que, após entrar em confronto com Agostinho, foi condenado pelos sínodos norte-africanos de Milieve e Cartago, em 416 e 418 d.C., respectivamente – respectivamente – condenação condenação esta confirmada pelo papa Inocêncio I e, posteriormente, pelo papa Zózimo. O mesmo veredito também foi mantido pelo concílio de Éfeso [Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, Editora Hagnos, Volume 5, p. 184]. Aqui devemos nos perguntar o porquê Champlin omite o fato de que Pelágio foi inocentado das acusações de heresia pelo Sínodo de Dióspolis na Palestina, em 415 (talvez por desconhecimento). Embora Pelágio tenha indiscutivelmente mantido em seu posicionamento teológico vários ensinos extrabíblicos, como, por exemplo, a não necessidade da assistência divina no que compete a conduzir o homem à fé em Cristo , ele estava totalmente correto em sua posição quanto a antibíblica doutrina católico-romana católico-romana do “pecado original”, mantida historicamente por muitas igrejas reformadas como “herança” dos ensinos distorcidos do pregresso catolicismo dos principais líderes da reforma. Pode-se até mesmo dizer que quanto a este ponto “Pelágio ganhou, mas não levou”; e a razão parece óbvia: ele não atentou para a correta distinção bíblica entre a culpa pelo pecado e suas consequências. Além disso, se quisermos ser imparciais, Agostinho não foi menos herege do que Pelágio. A história e influência do romanismo no ocidente (em todos os seus aspectos: religião, cultura, etc.) apenas favoreceram o primeiro. Para mais informações sobre as heresias do verdadeiro “pai do moderno catolicismocatolicismo-romano” (Agostinho) recomendamos a obra Rome and the Bible: The history of the Bible through the centuries and Rome's persecutions against it , de David Cloud (Way of Life Literature, 3rd edition, 2000), 327
páginas.
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. Mas não é injusto de forma alguma.
.19
Bem, em primeiro lugar, o fato de ser alguém responsabilizado pelos responsabilizado pelos erros ou crimes de outro, não significa que o tal seja culpado culpado por aquilo que ele de fato e de verdade não cometeu. Além disso, tanto quanto é típico do Calvinista utilizar-se de péssimas analogias na tentativa de defender sua causa, é igualmente ingênuo equipar a perfeita e perfeita e infalível justiça justiça divina com a corrupta e corrupta e imprecisa justiça imprecisa justiça dos homens. Em segundo lugar, o que tem a ver, por exemplo, a escolha que fazemos, em coletivo, de nossos líderes com a responsabilidade pelo “pecado original” original” e/ou individual do homem? Se um pai é responsabilizado pelo crime cometido por seu filho, isso significa que ele é necessariamente culpado pelo culpado pelo ato criminal em si? De modo algum! E ainda que a justiça humana responsabilize esse pai pela infração de seu filho, isso apenas demonstra o quão imperfeito é imperfeito é um sistema judiciário que penaliza alguém que não é necessariamente culpado necessariamente culpado de um crime que outro 19
Ronald Hanko, Por que seria justo herdarmos a natureza pecaminosa de Adão?
(http://voltemosaoevangelho.com/blog/2011/06/pve-por-que-seria-justo-herdarmos-a). natureza-pecaminosa-de-adao/ ).
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cometeu. Em total contraste, a perfeita justiça perfeita justiça que só poderia advir de um Deus perfeito em todos os Seus atributos, penaliza o pai não pelos crimes ou pecados de seus filhos, mas pelos seus próprios pecados, e vice-versa, sobretudo no que se refere à salvação/condenação eterna. Em 1 Samuel 2, temos uma clara demonstração de que Deus não usa da injustiça injustiça de que o Calvinismo (não intencionalmente, ao que parece) O acusa. A passagem trata dos amargos frutos colhidos por Eli, por sua atitude ante os pecados cometidos por seus filhos. Nos versos 27, 28 e 29, é-nos dito: “EveioumhomemdeDeusaEli,edisse-lhe:AssimdizoSENHOR: Não Não me mani manife feste stei,i, na verd verdad ade, e, à casa casa de teu teu pai, pai, esta estand ndo o eles eles aindanoEgito,nacasadeFaraó?Eeuoescolhidentretodasas trib tribos os de Israe Israell por sacer sacerdo dote te,, para para ofer oferec ecer er sobr sobre e o meu alta altar, r, paraacenderoincenso,eparatrazeroéfodeperantemim;edeià casadeteupaitodasasofertasqueimadasdosfilhosdeIsrael.
”.
E no verso 31, Deus promulga Sua sentença sobre sentença sobre a casa de Eli (isto é, sua descendência): “Eisquevêmdias .Everás oapertodamoradadeDeus,emlugardetodoobemquehouvera defazeraIsrael ”. ”.
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Ninguém pode honestamente afirmar honestamente afirmar que Eli foi punido por Deus pelos pecados que Hofni e Finéias cometeram. E qual foi então o pecado pelo qual Deus o castigou? Embora Eli tenha alertado seus filhos sobre as abominações que eles praticavam diante do Senhor (v. 23 – 23 –25), 25), o contexto deixa claro que o pecado pelo qual Deus o puniu foi o de negligência negligência (ou seja, o de cumplicidade). cumplicidade). Eli poderia e deveria deveria tê-los punido no tempo apropriado (Provérbios 13:24; 22:15; 23:13 – 23:13 –14, 14, etc.), mas jamais o fez, demonstrando honrar mais a seus filhos do que a Deus. Por isso, Deus não apenas o responsabilizou pelos responsabilizou pelos pecados deles, mas também o puniu, puniu, conquanto pelos seus próprios pecados. próprios pecados. Essa é a perfeita justiça de Deus que não toma “o culpa culpado do por inocente” inocente” (Êxodo 34:7; Números 14:18; Naum 1:3). Embora seja nítida a razão pela qual Eli não puniu seus filhos com odevidorigor , ao agir assim, ele fez exatamente o que Cristo disse que o fazem aqueles que “nãosãodignosDele” nãosãodignosDele” (Mateus 10:37). Outro fato que deve ser ressaltado aqui é que Deus não pode ser justo em detrimento de detrimento de Sua misericórdia. E, de um modo geral, todos os Seus atributos incomunicáveis (isto incomunicáveis (isto é, exclusivos20) devem estar em perfeita harmonia. perfeita harmonia. O Calvinista, no entanto, diz: “Deusé “Deusé quemdizoqueéeoquenãoéjusto,epontofinal!Quemsomos nósparaquestionarSuajustiça?”. nósparaquestionarSuajustiça? ”. Bem, se o “Deus” Calvinista é o Deus da Bíblia, certamente ninguém ninguém ousaria questionar seus padrões de “justiça”. Quem se atreveria a arrazoar com com um “Deus” 20 Os
atributos incomunicáveis ou exclusivos da divindade são os atributos pessoais dos quais somente Deus é detentor, tais como: onipotência, onisciência, onipresença, etc.
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tirano e tirano e que condena bilhões ao inferno antesmesmodehaverem nascido nascido sem dar-lhes qualquer oportunidade oportunidade de salvação? Felizmente, uma vez mais, este não é o Deus das Escrituras – Aquele que diz ao homem: “Vinde,pois,earrazoemos “Vinde,pois,earrazoemos21...” (Isaías 1:18). Por outro lado, os Calvinistas estão corretos ao afirmarem que é Deus “quemdizoqueéeoquenãoéjusto,epontofinal “quemdizoqueéeoquenãoéjusto,epontofinal ”. ”. Vamos ouví-Lo? No Antigo Testamento, o Senhor continuamente ordena a Seu povo para que exercitem a justiça justiça em todos os seus relacionamentos e até mesmo em seus negócios. Ele, por exemplo, declara: “Não Não fará farás s inju injust stiç iça a no juíz juízo; o; não não fará farás s acep acepçã ção o da pess pessoa oa do pobre, pobre, nem honrar honrarás ás o poderos poderoso; o; ”(Levítico19:20). ”(Levítico19:20). “ . Bala Balanç nças as just justas as,, peso pesos s just justos os,, efá efá just justo, o, e just justo o him him tereis”( Levítico19:35). Levítico19:35). “JuízeseoficiaisporásemtodasastuascidadesqueoSenhorteu Deustedá,segundoastuastribos, ”(Deuteronômio16:18) “ ,nemreceberás peitas;porqueapeitacegaosolhosdossábios,eperverteacausa dosjustos. ...” (v.19) 21
Bíblia Almeida Revisada de Acordo com os “Melhores Textos”, 1967.
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Falando aos Israelitas, Moisés nos explica por que Deus exige isso de Seu povo: “PoisoSENHORvossoDeuséoDeusdosdeuses,eoSenhordos senhores,oDeusgrande,poderosoeterrível, .Porissoamareis o estran rangeir eiro, pois fostes estran rangeiros na terra rra do Egito. ito. Ao SENH SENHOR OR teu teu Deus Deus teme temerá rás; s; a ele ele serv servir irás ás,, e a ele ele te cheg chegar arás ás,, e peloseunomejurarás” (Deuteronômio10:18). (Deuteronômio10:18).
Estas e muitas outras passagens não apenas deixam claro que é Deus Deus quem quem esta estabe belec lece e a verd verdad adei eira ra just justiç iça a como também nos revelam que o mesm mesmo o padr padrão ão de just justiç iça a que ele exige dos homens (representados aqui pela nação israelita) é também o padrão pelo qual Ele exerce Sua perfeita perfeita justiça justiça sobre todas as coisas. Implícita Implícita nestas passagens e explícita explícita em outras encontramos um outro elemento da justiça divina que também é requerido dos requerido dos homens – homens – a a misericórdia. misericórdia. O Senhor diz a Israel: “... eu,oSenhorteuDeus... ”(Êxodo20:5 ” (Êxodo20:5– – 6; 6; Deuteronômio5:10).
E sobre Ele é-nos dito: “... OSenhorétardioemirar-se, ...”(Números14:18). ...”(Números14:18). “Sab “Saber erás ás,, pois pois,,qu que eo o Senh Senhor or teu teu Deus Deus équ é que e éDe é Deus us,,o o Deus Deusfi fiel el,, ”( Deuteronômio7:9). Deuteronômio7:9).
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“... toda todavi via a tu, tu, abandonastenodeserto”(Neemias9:19).. abandonastenodeserto”(Neemias9:19)
, não os
“... masnotemplodasuaangústia,quandoelesclamaramati,tu osouvistedocéu; lhes destelibertadores...”( v.27). v.27). “... “...qu quand andoelesvolta oelesvoltava vam meclama eclamava vam ma ati, ti, tuosouv tuos ouvias ias docéu, ”(v.28)
Esta mesma atitude Deus exige dos homens: “Bem-aventurados ”(Mateus5:7). ”(Mateus5:7). “
,enãosacrifícios...” (Mateus9:13). (Mateus9:13).
“Se,porém, ” (Mat (Mateu eus s 6:15 6:15; ; Marcos11:26). “Ass “Assim im vos vos fará, fará, tamb também ém,, meu meu Pai Pai cele celest stia ial,l, ”.
Não há e nunca houve, portanto, dois padrões de justiça distintos – distintos – umparaDeuse umparaDeus eoutroparaohomem. outroparaohomem. Tal ideia, além de irracional é totalmente antibíblica, antibíblica , não importa o quanto os Calvinistas se esforcem para fazer da justiça justiça de Deus um “mistério”. Deus, “mistério”. Deus, em Sua Palavra, nos revela claramente o padrão pela qual sua justiça é aplicada – aplicada – o o mesmo padrão pelo qual Ele nos ordena fazê-lo. Ou seria Deus menos justo e misericordioso do que Ele exige dos homens? Ao que parece, o “Deus” Calvinista deve seguir a filosofia do “ façaoquee “ façaoqueeudigo,nãof udigo,nãofaçaoqueeu açaoqueeufaço faço”! ”! A despeito de tudo o que as Escrituras afirmam sobre a justiça e justiça e a misericórdia de misericórdia de Deus, os Calvinistas, tomando uma única
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passagem (Romanos 9:15) onde Paulo (citando Êxodo 33:19) visa apenas enfatizar o fato de que amisericórdiaéumaprerrogativa divina, pervertem pervertem completamente seu contexto para afirmar que Deus “elege” apenas alguns da massa humana perdida a quem Ele estende Sua misericórdia desde toda a eternidade, negando-a a outros tão desesperadamente necessitados quanto os primeiros. Ninguém pode negar que a natureza do pecado é inteiramente destrutiva, porém não pode haver imputação de culpa sem culpa sem a consciência do consciência do pecado (que veio por intermédio da lei, e, antes, pela lei de Deus implantada no coração do homem). Com base em inúmeras passagens que deixam isso muito muito claro, uma criança, por exemplo – – ainda que em sua natureza manifeste a maldição sob a qual Adão nos colocou a todos (Provérbios 20:11) – sempre foi vista por Deus como inocente, inocente, a despeito do que sua natureza demonstra. natureza demonstra. Alguém talvez diga: “ ” É claro que sim! Até porque Cristo não morreu apenas pela culpa do pecado, mas para (Romanos 14:19; 1 Coríntios 15:23 – 15:23 –28; 28; 54 –57; –57; Hebreus 9:26; Efésios 1:10, 20 – 20 –22; 22; 4:10; etc.). Além disso, o fato de ser uma criança inocente, inocente , não a torna justa justa aos olhos de Deus. Acaso poderia Deus considerar justo alguém cuja natureza é má, mesmo que o tal não esteja consciente do mau que naturalmente pratica? naturalmente pratica? A justificação justificação de Deus, em especial no que compete à salvação pode apenas apenas ser imputada pela justiça de Cristo que é pela fé (Romanos 3:23 – 3:23 –24; 24; 5:1, 9, 15 – 15 –21; 21; 1 Coríntios 6:11; 2 Coríntios 5:21; Gálatas 2:16; Efésios 1:7; 1 Timóteo 2:5, Tito 3:4 – 3:4 –7, 7, etc.).
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Desse modo, Cristo pagou até mesmo pelos pecados do inocente. inocente . E não poderia ser diferente! Uma criança é tão pecadora quanto um adulto, e não é sua inocência (ou ausênciadeculpa) ausênciadeculpa) que a torna digna de salvação, mas o verdadeiro alcance da obra redentora de Cristo. Inocência, portanto, não significa justiça (isto é, o serjusto). serjusto ). O inocente não é necessariamente o necessariamente o justo à luz das Escrituras ou mesmo da razão. O contrário, porém, é sempre verdadeiro sempre verdadeiro (Êxodo 23:7 e Salmo 94:21). A inocência, em certos aspectos, também traz em si o sentido de “ignorância” (isto é, de desconhecimento), desconhecimento), e Deus, como sabemos, “n “não leva em conta os tempos da ignorância” ignorância” (Atos 17:30). Em Ezequiel 18:20, lemos: “ Aalmaquepecar,essamorrerá; ”. O que temos aqui não pode apontar para outra coisa que não a culpa pelo culpa pelo pecado. O que Deus está dizendo, é que o filho nãoé culpado diante culpado diante Dele pelos pecados de seu pai e vice-versa. Isto fica mais claro ainda quando contrastado com Êxodo 20:5, que diz: “... porqueeu,oSENHORteuDeus,souDeuszeloso, ”.
A iniquidade dos iniquidade dos pais poderá trazer consequênciastemporais consequênciastemporais para seus descendentes (“... (“... até a terceira e quarta geração daqu daquel eles es que que me odei odeia am ”), ”), porém, jamais a puniçã punição o etern eterna a. E porquê? Por que “o “o filh filho o não não leva levará rá a iniq iniqui uida dade de [ist [isto o é, a culp culpa a pelo pelo peca pecado do] ] do pai pai ”. Este, Este, caro leitor, é o verdadeiro Deus da
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Bíblia – Bíblia – um Deus que não usa de um padrão de “justiça” distinto do que Ele nos exige, e totalmente repugnante à repugnante à consciência que Ele mesmo nos deu – deu – o “Deus” Calvinista, no entanto, faz exatamente isso! Paulo escreve aos Romanos: “Por “Porta tant nto, o, como como por por um home homem m entr entrou ou o peca pecado do no mund mundo, o, e pelo pelo peca pecado do a morte morte,, ”(Romanos5:12)
Então o Calvinista afirma: “Essetextodeixaclaroquetodosos “ Essetextodeixaclaroquetodosos homens !”. Bem, eu já li e reli o texto, e confesso que não consigo enxergar isso! Vou dar-lhes dar- lhes “minha” interpretação (atente para as aspas no pronome possessivo “minha”): “minha”): Paulo está dizendo que a morte entrou morte entrou no mundo por causa do pecado de Adão (o “pecado original”) e que a morte passou morte passou a “todos os homens, homens, porquanto todos pecaram” (ARM pecaram” (ARM –1967 –196722). Pois bem, já destacamos que mesmo uma criança não está livre de pecar e que sua natureza é natureza é tão corrompida quanto a de um adulto (Gênesis 8:21; Salmo 51:5; Provérbios 20:11), conquanto não lhe seja imputada nenhuma culpa culpa de transgressão até que sua consciência esteja apta apta a compreender seu real estado. Agora, devemos nos perguntar honestamente: honestamente : 1º) Acaso o texto fala sobre alguma culpa que “passou a todos os homens” pelo pecado de Adão?; e, 2º) Se Deus diz que o “ filho “ filho não levará a iniquidade[a iniquidade [a cul culpa pelo elo peca pecad do] do pai pai ”, qual a base lógica (e bíblica) para 22 Almeida
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Revisada de Acordo com os Melhores Textos, 1967.
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afirmarmos que toda a humanidade carrega a culpa pelo “pecado original”? É original”? É incrível como os Calvinistas, neste caso, não enxergam a incoerência de seus argumentos. Note, agora, que alguns versos mais adiante, Paulo declara que “amortereino “amortereinoudesdeAdãoatéMois udesdeAdãoatéMoisés, és, ”. Uma vez mais perguntamos: Onde vemos uma suposta “transferência de culpa” no contexto desta destass passagens para aqueles que não pecaram “ ”? A única razão para os Calvinistas forçarem Calvinistas forçarem esta esta interpretação sobre o texto é que isso serve a seus propósitos, em especial à ideia pilar de seu sistema teológico – teológico – a a DepravaçãoTotal . DepravaçãoTotal . Se o homem herdou a culpa culpa pelo pecado de Adão, como afirma o Calvinismo, então todos os homens já nascem realmente condenados ao condenados ao inferno. De fato, os Calvinistas creem que Deus já “escolheu” deste a eternidade passada aqueles que serão “poupados” do inferno – – antes mesmo de nascerem, portanto. Veja, por exemplo, o que diz um Calvinista em um artigo publicado na página CincoSolas: CincoSolas : “... no calvinismo é ponto pacífico que somente os eleitos serão salvos ”23.
23
Criança tem pecado? E se morrer na infância?
(http://www.cincosolas.com.br/2014/ (http://www.cincosolas.com.br/2014/02/ 02/ crianca-tem-pecado-e-se-morrer-n crianca-tem-pecado-e-se-morrer-na.html). a.html).
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Em apoio a essa declaração estúpida ele estúpida ele recorre, não à Bíblia, é claro, mas à sua tão amada Conf Confis issã são o de Fé de West Westmi mins nste ter r [Calvinista “do princípio ao fim”]: fim”] : “... as crianças que morrem na infância, , são regeneradas e por Cristo salvas, por meio do Espírito, que opera quando, onde e como quer (CFW, X, III)” (ênfase III)” (ênfase adicionada)
Paul Washer, renomado pregador Batista, e que também partilha do mesmo posicionamento antibíblico, antibíblico, dirigindo-se à sua audiência em um de seus mais conhecidos sermões declarou, após citar Romanos 3:23: “... vocês não têm ideia do que isso significa... ...” (ênfase ...” (ênfase adicionada) 24
[Permitam-me tomar um pouco de ar, por favor!] Não pode haver contexto capaz de “suavizar” declarações como estas. Felizmente, isto não é o que de fato a Bíblia ensina! Em Mateus 19:14, Cristo disse: “Deixaiascriançasenãoasimpeçaisdeviremamim, ” ..
E em Marcos 10:15 e Lucas 18:17, Ele acrescenta: “Em “Em verd verdad ade e vos vos digo digo que que ”.
Nosso Senhor fala claramente da inocência que há nas crianças (em todas elas) e da pure pureza za de suas suas inte intenç nçõe õess . Embora 24
Pregação chocante (Paul David Washer), e-book, p. 3
(http://livros.gospelmais.com.br/ (http://livros.gospelmais.com.br/ livro-pregacao-chocante-paul-david-was livro-pregacao-chocante-paul-david-washer.html) her.html)
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sujeitas à mesma natureza corrompida pelo pecado que todos os demais homens, não há culpa culpa em seu coração. Do contrário, por que Cristo diria que “ ” e “qualquerque nãoreceberoreinodeDeus , de maneira nenhuma entr entrar ará á nele nele”? ”? Acaso pode alguém sendo cul culpado pado de pecad ecado o pertencer ao reino dos céus? Pode alguém que já nasce e ainda permanece “totalmentedepravado” totalmentedepravado” e “odiandoaDeus “odiandoaDeus”” fazer parte do reino dos céus? Teriam sido as crianças mencionadas nesta passagem “eleitas “eleitas”” e “rege regene nera rada das. s... .. por por meio eio do Espí Espíri rito to,, que que operaquando,ondeecomoquer ”? ”? Esta, meu caro leitor, é única resposta que o Calvinismo é capaz de nos dar para esta e muitas outras questões concernentes à sua doutrina: “Mistério! “Mistério!”. ”. Muito mais poderia ser dito sobre o assunto, a saber, “ ”. No entanto, cremos que a única única resposta bíblica a esta pergunta não pode ser outra senão aquela que nossa própria consciência reclama: Um Deus perfeitamente justo, perfeitamente justo, jamais jamais seguiria um padrão de justiça inferior àquele que Ele exige de nós. “Inferior?! “Inferior?!”, ”, diriam os Calvinistas, “Issoéumabsurdo!Nãocremosassim! Issoéumabsurdo!Nãocremosassim!”. ”. Mas como poderíamos qualificar a “ justiça” justiça” de um deus que, a despeito de exigir-nos que “amemos até mesmo nossos inimigos ” (Mateus 5:44; Lucas 6:27;35), não demonstra nenhum amor verdadeiro por aqueles a quem ele odeia odeia de modo incondicional incondicional e, no fim das contas, os
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responsabiliza e condena condena por um pecado que eles não cometeram?25 Toda e qualquer conjectura Calvinista que tente responder às questões aqui envolvidas não passam de especulações extrabíblicas e irracionais irracionais forjadas a forjadas a partir dos ensinos de homens.
“O sistema Calvinista implica uma verdade positiva: positiva : ; e uma inferência negativa: ”.26
“Justiça Arbitrária”? Acaso pode haver alguma justiça fundada sobre a arbitrariedade ou a parcialidade? parcialidade ? A declaração acima, de um dos mais importantes historiadores da igreja, conquanto Calvinista, deixa claro que a eleiçã eleição o incond incondici iciona onal l do Calvinismo requer a admissão de um aspecto ou “inferência negativa” deste ensino, como vários Calvinistas admitem. As palavras são de Philip Schaff, em seu livro HistóriadaIgrejaCristã. HistóriadaIgrejaCristã. Segundo a eleiçãoincondicional Calvinista eleiçãoincondicional Calvinista,, Deus já “alistou” desdeaeternidadepassada aqueles desdeaeternidadepassada aqueles que a Ele aprouve “elegerpara a salva salvação ção””. Na melhor das hipóteses, portanto, a consequência 25
Teoricamente, é claro; afinal, a “eleição/reprovação” que, no Calvinismo, é para a “salvação/condenação” ocorre alegadamente antes mesmo da queda. 26 Phillip Schaff, History of the Christian Church (Albany, Ore.: The Ages Digital Library, Books for the Ages, Ages Software, Version 1.0, 1997), Book 8, Ch. 14, sec. 114.
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lógica deste decreto absoluto de salvação eterna (como Schaff parece reconhecer) é que – – ainda que por omissão omissão divina – – esta deliberação é igualmente responsável pela condenação incondicional dos réprobos (aqueles que poderiam poderiam ser salvos, porém foram rejeitados por rejeitados por Deus). Alguns Calvinistas, a maioria para ser exato, tentam justificar a falha divina falha divina em salvar àqueles a quem Ele poderia caso desejasse, alegando que todos são igualmente perdidos e que Deus jamais esteve obrigado a salvar ninguém. Iain Murray, por exemplo, em seu livro SpurgeonVersusHipercalvinismo SpurgeonVersusHipercalvinismo declara declara que: “Todos os homens são igualmente condenados em pecado, mas,
”.27
Outro Calvinista, em resposta a Dave Hunt, autor da obra mencionada no subtítulo deste livro, afirma: “Deus não está sob nenhuma obrigação de estender Sua graça àqueles ”.28
Certamente, Deus nãopoderiaestar sob sob qualquer obrigação de salvar ninguém se a eleiçã eleição o incond incondici iciona onal l Calvinista fosse verdadeira e se Deus de fato “predestinou ao julgamento eterno” aqueles que “são igualmente imerecedores”. Afinal, Afi nal, sendo este o quadro pintado pelos Calvinistas, Deus, ao contrário do que a Bíblia 27 Iain H. Murray, 28
9 –10. 10. Spurgeon Versus Hipercalvinismo (São Paulo, SP, Editora PES), p. 9 – What Love Is This? Calvinism Misrepresentation Of God [Que Amor é Esse? A Falsa
Representação Representação Calvinista de Deus], Tradução não-publicada, p. 209].
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ensina, não somente faz faz acepção de pessoas, como também se compraz compraz na condenação do ímpio (Ver Deuteronômio 10:17; 2 Crônicas 19:7; Jó 34:19, Ezequiel 18:23; 33:11; Atos 10;34). Contudo, este nemdelonge é nemdelonge é o caso; não com respeito ao Deus da Bíblia! Além disso, ao contrário das alegadas “razões desconhecidas” de Murray e da “não-obrigação “não-obrigação imposta a imposta a Deus de salvar alguém”, a Bíblia claramente ensina que Deus jamaisrejeita jamais rejeita aqueles que arrependidos e em fé se voltam para Cristo (Mateus 11:28; João 6:37; Atos 3:17, etc.). De fato, apenas apenas Deus pode salvar, e Ele não obriga ninguém a ninguém a aceitar Seu socorro, ainda que a todos seja estendida Sua mão salvadora (João 3:15-16; Marcos 16:15; Atos 1:8; 10:34, Romanos 1:16; 1 João 2:2, etc.). Se por outro lado, não há qualquer “obrigação moral” moral” em Deus que o faça estender Sua misericórdia àqueles que, necessitados dela (e todos necessitam), clamam por Seu socorro cientes de que somente Ele tem o poder de socorrê-las, então nenhum de nós pode julgar amoral a a atitude, por exemplo, de um socorrista que mesmo tendo em suas mãos todos os recursos necessários para salvar a vida de uma vítima de atropelamento, simplesmente se nega a fazê-lo. Um dos textos mais utilizados pelos Calvinistas em apoio à doutrina Calvinista da eleiçã eleição o incon incondic dicion ional al é João 6:37 (Já o referenciamos acima e o destacamos em negrito). O texto diz: “ nenhumaolançareifora”. nenhumaolançareifora”.
;eoquevemamimdemaneira
Note que a segunda parte do texto, “eoquevemamimde “ eoquevemamimde maneiranenhumaolançareifora””, é prova do que já afirmamos maneiranenhumaolançareifora antes, a saber, que Deus de fato não rejeita àqueles que em
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arre arrepe pend ndim imen ento to e fé fé se achegam a Cristo. O “problema” problema” com a interpretação não-Calvinista desta passagem – – alegam os Calvinistas – Calvinistas – está está na primeira parte do verso, verso , “TodooqueoPaime “TodooqueoPaime dáviráamim”. dáviráamim”. De fato, segundo afirmam os Calvinistas, o texto é “claro” e, portanto, “inquestionável” quanto ao fato de que somente aqueles somente aqueles que Deus o Pai elegeu incondicionalmente virão incondicionalmente virão a Cristo. Mas será que é isso o que de fato diz o texto? Será que há realmente algum problema com a interpretação não-Calvinista desta passagem? Ao comentar sobre esse texto, Calvino disse: “[Cristo] diz que todos quantos o Pai lhe deu vão a ele ... significando que a fé não é algo que dependa da vontade dos homens, de modo que esta ou aquela pessoa crê, de maneira indiscriminada e à revelia, mas que . Pois quando ele diz que, .29
Antes de analisarmos melhor esta passagem, com o propósito de esclarecer o que nela é e nãoé dito, nãoé dito, vejamos o que Calvino ainda tem a declarar. Ele prossegue: “... inferimos que Deus opera com tal eficácia do Espírito Santo, , pois o verbo dar tem o mesmo significado como se Cristo dissesse
29
Série Comentários Bíblicos João Calvino – Evangelho – Evangelho segundo João, Volume 1 (Editora
Fiel, São José dos Campos, SP, 2013), p. 272.
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”30 (ênfase adicionada; os colchetes são meus).
Bem, para começar, espero que os Calvinistas estejam cientes de quão grave é o pecado de acrescentar às Escrituras o que ela nãodiz. nãodiz. Note que Calvino encerra seu comentário sobre o texto “reconstruindo” aquilo que Cristo disse e afirmando que a força semântica do verbo dar , nesta passagem, tem o mesmo significado daquilo que ele de fato tenta impor ao ao texto. Observe atentamente o que Cristo realmente disse e aquilo que Calvino “propõe” propõe”. Acompanhe abaixo: disse: (João6:37)
, por sua vez, alega alega que essa afirmação do Senhor equivale a:
Ao que parece, ao contrário do que afirmam seus seguidores, Calvino não era o “grande exegeta” exegeta” que os Calvinistas tanto enaltecem. Honesta e particularmente, creio que nenhum erudito nenhum erudito sério poderia sustentar o que Calvino conscientemente acrescenta ao
30 Ibid.
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texto. Contudo, se houver algum, o tal torna-se cúmplice do mesmo pecado. Devo deixar claro que não estou me referindo unicamente às palavras, mas à tentativa feita tentativa feita por Calvino de forçar sobre sobre o texto toda uma cosmovisão teológica particular em favor da eleição incondicional Calvinista. Calvinista. Mas onde lemos na passagem que Deus o Pai “escolhe” (ou elege) elege) alguém e, em seguida, o “regenera” para, enfim, dar ao filho? De fato, há um salto quântico entre o que Cristo realmentediz e realmentediz e o que Calvino dizqueElediz. dizqueElediz . E para que não fique “o dito pelo não dito”, vejamos o que de fato pode e pode e o que nãopode ser nãopode ser inferido deste texto. Calvino não está errado ao afirmar que “ne “ nem m todos odos vêm vêm”, contudo, isso não é uma implicação logicamente logicamente necessária à afirmação de que “todooqueédadovem “todooqueédadovem ”. Além disso, a razão que as Escrituras apresentam para o fato de que nemtodosvêm (em particular, o próprio contexto da passagem) é que aqueles que não vêm à Cristo, não vêm por causa de sua incredulidade(v. incredulidade(v. 36), e não porque não porque o Pai “não os elegeu” elegeu” e “nem os regenerou” regenerou” para dar ao Filho, como alega Calvino (e a maioria, senão todos os Calvinistas). O texto, em sua versão mais fiel, diz que “ viráamim...”. viráamim... ”. Inquestionavelmente, Inquestionavelmente, o “ dá ao Filho refere-se àqueles que creem em creem em Cristo, e não a uma suposta classe a quem Deus “elegeu” arbitrariamente para arbitrariamente para a salvação. No inteiro contexto da passagem, além do verbo dar atribuído atribuído à ação do Pai para com os homens em relação à Cristo, são apresentados
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outros cinco verbos, conquanto em referência à atitude deles (isto é, dos homens) em relação à Cristo: ver , ouvir , aprender , crer e crer e vir . Nos versos 36 e 37, 37 , lemos: “Masjávosdissequetambémvósme “Masjávosdissequetambémvósme ,econtudonão .TodooqueoPaimedá amim...”. amim...”. Já o verso 40 nos diz que a vida eterna é concedida a “todoaquele “ todoaquele que oFilho,e nele”– essa essa é a vontade do Pai. Mais à frente, no verso 45, Cristo declara: “Es “ Está tá escr escrit ito o nos prof profet etas as: : E serã serão o todosensinadosporDeus.Portanto,todoaquelequedoPai e a mim”. Assim, fica claro que todos (crentes e descrentes) podem ver o Filho (vs. 36 e 40) e ouvir o Pai (v. 45); porém, nem todos creem no creem no Filho e nem todos aprendem com aprendem com Pai. Ver o Filho e ouvir o Pai devem, ainda, ser compreendidos como uma mesma atitude dos homens e também como significando que todos são capazes capazes de fazê-lo. Ouvir o Pai e ver o Filho também indicam que o Pai ensinaatodos (v. ensinaatodos (v. 45a) e a todosrevela o todosrevela o Filho; porém, nem todos aprendem com aprendem com o Pai e creem no creem no Filho. Aqueles, contudo, que aprendem aprendem com o Pai e creem creem no Filho (expressões que transmitem a mesma ideia no contexto) são os que o Pai dá ao dá ao Filho e que, portanto, virão a virão a Ele. Para reforçar o que acabamos de dizer, note que é impossível deduzir do texto que Deus se negue a dar ao ao Filho alguém que viu (o Filho) – Filho) – o o que também significa ouvir o o Pai, e aprendeu (do aprendeu (do Pai) – Pai) – o que implica crer (no (no Filho). O lugar correto para o dar do do Pai ao Filho, portanto, é entre o crer do homem (que vem pelo ouvir e aprender com com o Pai) e o vir a a Cristo. Qualquer interpretação desta passagem que fuja a isso, contradiz o contradiz o claro ensino das Escrituras de que a salvação é única e exclusivamente pela graça de Deus
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mediante a fé (2 Timóteo 2:8-10), a condição solene solene exigida por Deus para que todo homem seja salvo (Atos 16:31; Hebreus 11:6, etc.). Quanto à expressão “Ninguémpodeviramim,seoPaique “ Ninguémpodeviramim,seoPaique me enviou o não trouxer ” (v. 44), também distorcida pelos Calvinistas, perguntamos: Onde lemos nesta declaração que o Pai senega a senega a trazer alguém à Cristo (mostrem-me, (mostrem- me, por favor, o “exato local”, se é que isso é possível, possível , senhores Calvinistas)? O que temos realmente aqui é a simplesdeclaração de que a obra de salvação depende inteiramente inteiramente de Deus, e não não do homem. De fato, todos são atraídos pelo atraídos pelo Pai a Cristo, porém, muitos se negam a aprender do Pai (ou a crer no Filho), e acabam retrocedendo, retrocedendo, isto é, não percorrem todo o todo o caminho em direção à fé em Cristo. Neste ponto, devemos esclarecer o que não fizemos até o momento: O que significa o ouvir o Pai (ou seja, o ver ao Filho)? Nada mais nada menos do que o exato entendimento entendimento do homem com respeito à mensagem do evangelho. Todos veem o veem o Filho, isto é, todos ouvem o Pai e são ensinados por ensinados por Ele. Isso significa que todossãocapazes de entender ( entender (ver e ver e ouvir ) o que o Pai ensina enquanto ensina enquanto são trazidos por Ele à Cristo; porém, muitos não se dispõem a aprender o o que o Pai está disposto a ensinar por por meio de Seu Santo Espírito e de Sua Palavra (João 16:7-8; Romanos 10:17; etc.) a todos os homens sem distinção, distinção, e, por isso, retrocedem. Bem, muito mais será dito sobre o assunto em outro livro já mencionado anteriormente 31.
31
O Livre-arbítrio e a Limitada Soberania do “Deus” Calvinista .
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Concluímos esse tópico, por hora, enfatizando que não há meios de sustentar a eleiçãoincondicional eleiçãoincondicional do Calvinismo fazendo uso desta ou de qualquer outra passagem das Escrituras. Deus não elege incondicionalmente incondicionalmente ninguém, ninguém, quer paraasalvação quer paraasalvação quer para a conde condenaç nação ão.. Essa doutrina não passa de mais um dos ensinos antibíblicos e irracionais do Calvinismo que fazem de Deus um ser moralmentefalido .
Em seu livreto OsCincoPontosdoCalvinismo , W. J. Seaton, após recapitular sobre os dois primeiros pontos da TULIP tratados anteriormente, faz a seguinte pergunta: “Ele [Cristo] suportou o castigo de quem quem,, e adquiriu a salvação para quem?” quem?”32
Em seguida, ele propõe três possíveis respostas, ou posições, posições, a serem mantidas quanto à questão: “1) Cristo morreu para salvaratodososhomens salvaratodososhomens sem sem distinção. 2) Cristo morreu para salv salvar ar a ning ningué uém m em part partic icul ular ar.. 3) Cristo morreu para salvaraalguns”. salvaraalguns”.
De acordo com Seaton, a primeira posição é mantida pelos “universalistas”, que são os que os que creem que todososhomensserão salvos. salvos. A segunda posição, segundo ele (e a maioria dos Calvinistas), é mantida pelos Arminianos (seus legítimos “primos” 32 W.
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J. Seaton, Os Cinco Pontos do Calvinismo , p. 19.
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reformados, eu diria). A terceira e última, evidentemente, é a posição Calvinista, que Seaton acredita ser a posição das Escrituras. Como já destacamos, a ExpiaçãoLimitada ensina que Cristo morreu apenas pelos “eleitos” – – aqueles a quem Deus escolheu salvar desde a desde a eternidade passada. De fato, a visão Calvinista não pode admitir nem mesmo a remota ideia de uma expiação universal , pois não faria sentido para o Calvinismo Cristo haver morrido por aqueles que foram rejeitados por rejeitados por Deus, isto é, aqueles que não foram incondicionalmente incondicionalmente eleitos eleitos por Ele. Não obstante, como já vimos, a eleiçãoincondicional do eleiçãoincondicional do Calvinismo (tal qual sua doutrina da DepravaçãoTotal ) não tem qualquer respaldo bíblico, e torna-se lógica e adicionalmente irracional adicionalmente irracional quando não se admite uma consequente reprovaçã reprovação o incondici incondicional onal . Nesse ponto, vale ainda ressaltar que mesmo que exista alguma coerência interna entre os pontos de um sistema teológico, isso não prova que tal sistema é de fato racional e muito menos que está biblicamente fundamentado. Além disso (e até mesmo alguns Calvinistas concordam), se o homem, por exemplo, não é totalmente depravado (o primeiro ponto do Calvinismo), então o silogismo Calvinista desmorona desmorona por completo. O mesmo é verdadeiro com respeito aos outros quatro pontos: Se um deles é negado, todo o sistema entra em colapso. colapso. Antes de prosseguirmos com a análise do terceiro ponto da doutrina Calvinista (a Expiaç Expiação ão limita limitada da), ), permita-nos abrir um parêntese aqui apenas para expor um dos típicos argumentos
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Calvinistas em defesa da aparente aparente lógica interna de seu sistema doutrinário. Acompanhe com atenção o seguinte raciocínio construído com base em um trecho do livro de Seaton e em alguns comentários de outros Calvinistas colhidos dos diversos debates e “debates” de que participei: “Se o homem é totalmentedepravado, totalmentedepravado, então ele não pode salvar a si mesmo; alguém, portanto, deve salvá-lo, e esse alguém só pode ser Deus. Se Deus deve salvar o homem, Ele é quem decide a quem irá salvar e de que forma eles serão salvos, o que ocorre por meio da eleição; eleição; e, como não há nada em homem algum que o faça merecedor do favor divino, essa eleição deve ser incondicional . Embora Deus possa salvar a todos, Ele decide salvar apenas alguns; os “pormenores” que conduzirão ao céu aqueles que foram “eleitos” eleitos”, devem aplicar-se somente a eles, portanto, o sangue de Cristo deve ser derramado única e exclusivamente em benefício deles. Cumprido isso, Deus, a seu tempo, os atrai irresistivelmente irresistivelmente à Cristo, e, como sempre, Ele os manterá perseverantes Nele perseverantes Nele (a saber, em Cristo) para sempre”.
Embora pareça haver certa lógica nesse silogismo, háfalhas no argu argume ment nto o . Mas somente trataremos disto um pouco mais adiante, onde deixaremos claro a irracionalidade ou a ilogicidade dessa aparente aparente coerência entre os cinco pontos da doutrina Calvinista. Retomemos, por hora, do ponto onde Seaton apresenta as três possíveis posições que alguém pode tomar quanto à expiação de Cristo.
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Primeiramente, há um sério e mui conveniente “equívoco” por parte dos Calvinistas em geral quanto à ideia de que aqueles que creem que “Cristo morreu morreu para salvaratodososhomens salvaratodososhomens sem sem distinção” são necessariamente “universalistas”. “universalistas”. Muitos Cristãos que creem desse modo estão cientes de que nem todos todos aquel aqueles es porquemCristomorreu serão salvos. No entanto, ao ouvirem isso, os Calvinistas geralmente associam esse entendimento ou à ideia de que o sacrifício de Cristo é apenas potencialmente potencialmente salvífico (a segunda posição apresentada por Seaton e que, segundo ele, é sustentada pelos Arminianos), ou ao fato absurdo de que o sangue de Cristo seria desperdiçado se fosse se fosse derramado por aqueles que nãoserãosalvos. nãoserãosalvos. Evidentemente, a razão para estas interpretações interpretações no mínimo equivocadas é equivocadas é o fato óbvio de que a mente Calvinista está confinada confinada à ideia antecedente de que Deus elegeu incondicionalmenteapenasalguns para a salvação. Crer que Cristo morreu para salvaratodososhomens sem distinção não é universalismo. universalismo. Universalismo é crer que Deus salvaráatodos e salvaráatodos e não que Cristo morreu para salvar para salvar a todos. Essas afirmações não são equivalentes. A indevida associação que o Calvinista faz entre essas ideias é, no mínimo, uma clara demonstração de ingenuidade, ingenuidade, e, na pior das hipóteses, uma atitude deplorável cujo único propósito é difamar aqueles aqueles que não creem nas particularidades particularidades da doutrina Calvinista. Bem, mas se Cristo morreu parasalvaratodos, parasalvaratodos, e nemtodossãosalvos, nemtodossãosalvos, teria Cristo morrido em vão, ainda que em parte? Teria Seu sangue sido desperdiçado desperdiçado na tentativa de salvar aqueles que foram
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supostamente e supostamente e de antemão rejeitados por rejeitados por Deus? De modo algum! Até porque ninguém é ninguém é antecipadamente rejeitado por Deus. O fato de que o sangue de Cristo tem um alcance salvífico universal , embora nem todos sejam salvos, é claramente expresso em diversas passagens das Escrituras. A despeito do expediente Calvinista de redefinir termos e expressões que claramente expressam a redenção ilimitada do ilimitada do sacrifício de Cristo, a Bíblia nos diz: “PorqueDeusamou quedeuoseuFilho unigê unigênit nito, o, para para que que nele ele crê crê não não pere ereça, ça, mas mas tenhaavidaeterna.PorqueDeusenviouoseuFilhoaomundo, ” . (João 3:16-17) “Mas “Mas agor agora a se mani manife fest stou ou sem sem a lei lei a just justiç iça a de Deus Deus, , tend tendo o o testemu testemunho nho da lei edosprofetas; edosprofetas; Isto Istoé,a é,ajus justiç tiçade adeDeu Deus spe pelafé lafé emJesusCristo .
, parademonstrar para demonstrar a sua justiça pela pelaremi remissã ssão o dos pecados pecados dantes dantes cometid cometidos, os,sob sob a paciên paciência cia de Deus”.(Romanos Deus”.(Romanos 3:21-25) “Por “Porqu que e Cristo Cristo,, esta estand ndo o nós nós aind ainda a frac fracos os,, ” . (Romanos 5:6) “Oqualsedeuasimesmo servirdetestemunhoaseutempo”. servirdetestemunhoaseutempo ”. (1 Timóteo 2:6) “... “... pois pois espe espera ramos mos no Deus Deus vivo vivo,, ”. (1 ”. (1 Timóteo 4:10)
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, para
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“Eeleé aprop a propici iciaçã ação ope pelos los nossos nossos peca pecados, dos, ”. (1 ”. (1 João 2:2)
Estas e muitas outras passagens, que claramente estabelecem a verdade inconteste de que Cristo morreu portodos sem exceçã exceção o, têm sido descaradamente descaradamente distorcidas pela maioria dos mais proeminentes Calvinistas do passado e do presente com o fim de sustentar a infame doutrina infame doutrina da ExpiaçãoLimitada. ExpiaçãoLimitada . O modo como isso é feito chega a ser até mesmo repulsivo repulsivo à consciência daqueles com o mínimo de discernimento e de senso moral. Afirmar, por exemplo, que Cristo é o Salvador de todos “os tipos” de homens, ou que Ele morreu pelo mundo “dos eleitos” – como – como fazem John MacArthur, John Piper, James White33 e quase todos quase todos os principais líderes Calvinistas – – em passagens que deixam absolutamente claro claro que Ele é o Salvador de todos todos os homens homens e que Ele morreu pelo mund mundo o inte inteir iro o , pode ser extremamente nauseante nauseante para aqueles que temem a um Deus amoroso, amoroso, misericordioso e justo que, justo que, como vimos antes, nãofazacepçãode pessoas (Deuteronômio 10:17; 2 Crônicas 19:7; Jó 34:19, Atos 10;34, etc.). Muitos Calvinista parecem não ter consciência da gravidade do que realmente ensina a doutrina de uma Expiação Limitada Limitada no que se refere ao próprio caráter de Deus. Não obstante, o assim chamado “príncipe dos pregadores”, Charles Spurgeon, embora contradizendo suas próprias palavras em outras
33 John
MacArthur, Bíblia de Estudo MacArthur (SBB, Barueri, SP, 2010), p. 1755 (ver nota sobre 1 João 2:2); John Piper, Deus Deseja que Todos Sejam Salvos? (Editora (Editora Fiel, São José dos Campos, SP, 2014), p. 18; James White, The Potter’s Freedom [A Liberdade do Oleiro] (Amityville, NY: Calvary Press Publishing, 2000), p. 273-274. 273- 274.
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ocasiões, parece ter tido a coragem de pôr à prova de sua consciência aquilo que por vezes insistia em insistia em defender: “‘
’, dizem eles – ‘isto é, ‘
é,
’; ’, dizem eles; ‘isto
’;
”.34
Aqui, Spurgeon se dirige aos hiper-Calvinistas (o assim chamado “Terceiro Reich” do sistema Calvinista). Suas palavras incisivas referem-se ao texto de 1 Timóteo 2:4, “Que “Que quer uer que que se salvem, e venham ao conhecimento da verdade” . Em outro lugar, Spurgeon declara de modo ainda mais tocante: “Eu sei que há alguns que pensam ser necessário ao seu sistema de teologia : se meu sistema teológico necessita de tal limitação, eu preferiria lançá-lo ao vento.
Haveria suficiente eficácia no sangue de 34 Iain Murray,
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–172. Spurgeon Versus Hipercalvinismo, p. 171 –172.
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Cristo, se Deus assim o quisesse, para salvar não só ... Tendo uma Pessoa divina como oferta, não é consistente conceber um valor limitado;
”.35
Apesar de tais declarações sóbrias e sóbrias e consistentes com consistentes com o claro ensino das Escrituras, Spurgeon jamais conseguiu libertar-se de seu Calvinismo cambaleante, cambaleante , pelo que fora bastante criticado por seus pares, sendo até mesmo alcunhado de Arminiano. Spurgeon está certo. Não pode haver dúvidas de que “limite “ limite emedidasãotermosinaplicáveisaosacrifíciodivino ”, e fazer isso beira à“blasfêmia”. à“blasfêmia”. Não há sequerum texto sequerum texto bíblico que estabeleça claramente claramente o absurdo Calvinista de que Cristo morreu apenas pelos “eleitos” “eleitos” do Calvinismo; por isso, todas as passagens que apresentam o contrário devem ser distorcidas distorcidas pelos Calvinistas para apoiar essa infâmia. infâmia. Como isso é feito? Por meio de uma ressignificação injustificável de de termos e expressões.
“Os Calvinistas insistem em que a salvação está baseada na e, desde que Deus é onipotente, sua graça , isto é, ”.36
35 Charles
Haddon Spurgeon (Citado por Dave Hunt em What Love Is This? Calvinism’s Misrepresentation Of God ). ). 36 Duane Edward Spencer, TULIP (Editora Cultura Cristã, São Paulo, SP, 1992), p. 49.
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As palavras acima são de Duane Edward Spencer, e refletem exatamente o posicionamento da esmagadora maioria dos Calvinistas com respeito à ação de Deus de atrair os eleitos à eleitos à Cristo de modo insuperável . Note que, segundo Spencer, a graça irresistível repousa na “l “ livre ivre vonta ontade de de Deus” Deus” e em Sua “onipotência”, e “onipotência”, e sob nenhuma hipótese poderá ser rejeitada pelo rejeitada pelo desejo ou pela vontade do homem que, de acordo com o Calvinismo, jamais se inclinará a Deus sem que algo seja mudado em sua natureza – natureza – uma uma mudança, evidentemente, arbitrária. arbitrária. Por mais incrível que pareça, a doutrina Arminiana da Graça Preveniente (de cuja contra-resposta é a Graça Irresistível do Calvinismo), em essência, não difere da visão Calvinista quanto a uma suposta “graça especial” e aplicável “pouco antes” da conversão, sem a qual o homem não pode ser salvo. Em um “debate” com um Arminiano “casca grossa”37, ele declarou: “A graça preveniente, preveniente, que deve
... é um agir de Deus, , para que este, ...”. ...”.
...
”.
Bem, quanto ao “adjetivo” adjetivo” por ele usado ao dirigir-se a mim, de fato, escolhi um trecho menos chulo e ofensivo; ofensivo ; afinal, não tenho a intenção escandalizar aqueles que o vêm como Um presbítero assembleiano, provavelmente “teólogo” de uma das das tantas “Uniesquinas” da vida. Ele ficará “conhecido” em breve em um de nossos livros,
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Calvinismo, Arminianismo e o Evangelho – Qual Qual a Sua Escolha?
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“autoridade eclesiástica” eclesiástica ” em sua amada denominação. Outras de suas declarações estúpidas, no entanto, serão citadas em nosso livro “C “Calvi alvini nism smo, o, Armin rminiianis anism mo e o Evan Evange gelh lho o – Qual a Sua Escolha?”. Escolha?”. Note, portanto, que tanto a Graça Irresistível do Calvinismo quanto a Graça Preveniente do Arminianismo afirmam que a vontade do homem deve ser de alguma forma “mudada “mudada”” (ou liberta) para que este possa possa crer crer no Evangelho. Além disso, até mesmo os Arminianos (em grande parte) não cre creem no livrearbítrio humano em seu sentido comumente aceito e perfeitamente alinhado com o pensamento teológico-filosófico de grandes mentes do pensamento cristão de todas as épocas – ao menos nãoantes desta suposta “mudança” interior na interior na vontade do homem, e que, alegadamente, deverá libertá-la para para esco escolh lher er a Cristo. Cristo. É preciso ainda deixar claro que isso nada tem nada tem a ver com as óbvias influências (tanto internas quanto externas) que pesam sobre cada escolha que fazemos. Mesmo antes de cair, a escolha feita pelo homem não estava livre de qualquer influência. No entanto, em lugar nenhum a Bíblia afirma que o homem não é livre para escolher (o que quer que seja), mesmo estando hoje sob a influência interna de sua natureza corrompida pelo pecado, sob a qual “eledevedominar ” (Gênesis 4:7). O auxílio de Deus ao homem no que compete a criar as condições necessárias para que este possa crer, se restringe ao uso que Deus faz da liberdade/capacidade de escolha que Ele deu ao homem (algo que é inerente inerente à sua natureza) e ao convencimento convencimento do Espírito Santo que fala ao coração do pecador convencendo-o “do pecado, e da
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justiça e do juízo” (João 16:8), 16:8), conquanto sem violar seu arbítrio por meio de uma “mudança” arbitrária arbitrária em sua vontade e sem o consentimento consentimento do homem. Portanto, está mais do que claro nas páginas das Escrituras que as escolhas humanas não estão livres de influências internas influências internas e externas; porém, a decisão final de escolher entre o bem e o mal semprecoube sempre coube ao homem (Gênesis 4:7; Josué 24:15; Deuteronômio 30:19, etc.); e isto de modo algum o torna participante da obra de salvação, a qual pertence inteiramente a Deus – Deus – do do começo ao fim 38. Desse modo, a despeito do que Cristo diz em João 8:32, 8:32 , “E conhecereisaverdade,eaverdadevoslibertará””, e das palavras de conhecereisaverdade,eaverdadevoslibertará Paulo em Romanos 10:17, “... a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela pala palavr vra a de Deus Deus””, não há como negar a conclusão lógica destas duas formulações teológicas enganosas enganosas de que uma obra sobrenatural e arbitrária arbitrária deverá “libertar a vontade” vontade” do homem antes mesmo que mesmo que ele possa crer – crer – e e sem a qual ele, supostamente, supostamente, não poderá fazê-lo. De fato, segundo Calvinistas e Arminianos, o homem deverá ser “habilitado” habilitado” a crer, visto que ele se encontra espiritualmente espiritualmente morto; e ambos, Calvinistas e Arminianos, creem do mesmo modo quanto ao homem espiritualmente morto “não ser capaz de crer em Cristo para a salvação” salvação”. Mais adiante, Spencer afirma: A palavra “irresistível”, quando aplicada a respeito da graça de Deus significa que Deus... dá vida àqueles 38 Abordaremos
este assunto com maior profundidade em nosso próximo livro, O Livre Arbítrio e a Limitada Soberania do “Deus” Calvinista.
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que [Ele] escolhe. [Uma vez que] , , Deus [deve] reviver (tornar vivos) a todos aqueles que [Ele] escolheu em Cristo Jesus antes da fundação do mundo. 39
Da forma como Spencer coloca as coisas, parece razoável concluirmos que o homem é um mero fantoche nas mãos de Deus ou nas mãos do diabo. Se o espírito humano é dominado dominado por Satanás de “maneira também irresistível” irresistível” até até que Deus o tenha “vivificado” e passe a dominar sobre ele de modo “irresistível”, qual o lugar para vontade humana? Se Deus deve “irresistivelmente” dominar sobre o espírito humano outrora dominado “irresistivelmente” irresistivelmente” pelo “deus dos mortos”, mortos” , não parece indicar que em algum momento, mesmo os eleitos serão verdadeiramente verdadeiramente livres; afinal, alguém dominado “irresistivelmente”, e contra a sua vontade natural, não parece ser alguém realmente realmente livre, ainda que ele pense ser. E de onde Spencer tirou a ideia de que o “espíritohumanomortonopecadoé dominadoporSatanás, ”? E de que modo esse irresistível “domínio demoníaco” se daria sobre o homem? Acaso seria através da vontade do homem que é escravizada pelo pecado? Se é assim, então como Deus pôde dizer a Caim em Gênesis 4:7 (já mencionado antes), antes) , que “o “o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, ”? Embora João nos diga que Caim “eradomaligno “eradomaligno ” (1 João 3:12), se se Satanás 39 Duane
Edward Spencer, TULIP, p. 51.
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o dominava “irresistivelmente”, como poderia Ele resisti-lo e dominar sobre sobre seu desejo de pecar? Ele não poderia! E a ordem de Deus dada a ele, portanto, faria de Deus um “pândego”, na melhor das hipóteses. Ao que parece, os Calvinistas muitas vezes não costumam refletir sobre o alcance e as implicações de suas declarações. A Bíblia certamente diz que “omundo[osistemamundano]... “ omundo[osistemamundano]... jaz no maligno” maligno” (1 João 5:19), que o homem sem Deus está [espiritualmente] “ morto orto em ofen ofensa sas s e peca pecado doss ” (Efésios 2:1) e que, por isso, ele ele está “sobopoderdeSatanás “sobopoderdeSatanás ” (Atos 26:18), mas em nenhum lugar nos é dito que o homem é, por natureza, um fiel escravo escravo de Satanás, “irresistivelmente” “irresistivelmente” dominado por ele, e totalmente incapaz de incapaz de fazer outra coisa a não ser obedecê-lo. De fato, é a natureza pecaminosa do pecaminosa do homem que o põe sob o jugo do tentador; porém, em não se tratando de possessão demoníaca, o homem é perfeitamente capaz perfeitamente capaz de resistir ao diabo, tanto quanto o é de resistir a Deus. Não obstante, Spencer prossegue: O homem não apenas é um deus dos mortos [Satanás],
, submetido ao
, pois, do contrário, o homem não poderá dar jamais um passo na direção de Cristo.40
Bem, se já não houvessem “patenteado” a expressão “Teologia do Domínio” (dando-lhe (dando -lhe um outro significado), acho que 40 Ibid.
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visão Calvinista de Spencer poderia muito bem ser assim nomeada; afinal, segundo ele, tudo gira em torna de quem domina “irresistivelmente” sobre o homem: se Deus, o diabo ou os próprios “maushábitoseasluxúriasdesuacarne ”. Contudo, esse quadro obscuro pintado por Spencer não parece corresponder à realidade de nossa própria experiência humana. Se o homem não pode resistir aos “maushábitoseàsluxúriasdesuacarne “ maushábitoseàsluxúriasdesuacarne ”, então nenhuma sociedade poderia demonstrar qualquer traço de civilidade, honestidade, decência, ordem ou mesmo respeito a qualquer padrão ético e moral, ainda que artificialmente estabelecido. Imagine um homem – um – um ímpio – ímpio – que que ao encontrar uma maleta “recheada” de “recheada” de dólares americanos sinta-se tentado a ficar com ela (já vimos muitos casos semelhantes). Ele sabe que tal atitude não é correta de acordo com sua consciência (e ninguém pode negar que ele possui uma). Após dois dias de uma intensa luta interior, ele decide fazer o que é certo, e entrega a maleta às autoridades de seu país. Se isto não é resistir aos “maushábitose “maushábitose luxúriasdesuacarne” luxúriasdesuacarne” o que mais seria? Acaso este homem teria sido momentaneamente “regenerado” por Deus apenas apenas para cumprir com o propósito de devolver o que não lhe pertencia? Teria sido ele dominado “irresistivelmente por uma graça especial de Deus” Deus” para fazer o que sua sua consciência exigia? Nenhum Calvinista, creio eu, seria estúpido o suficiente para responder afirmativamente a afirmativamente a estas perguntas. Que todos nós (e isto inclui os ímpios) temos uma consciência que “ora nos acusa e acusa e ora nos defende” defende” está claro como o sol na seguinte declaração de Paulo:
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“Porque,quandoosgentios,quenãotêmlei,fazemnaturalmente ascoisasquesãoda ascoisasquesãodalei,nãotendo lei,nãotendoeleslei, eleslei,parasimesmos parasimesmossãolei; sãolei;
...” ...” (Romanos 2:14,15). 2:14,15).
Portanto, a despeito de Paulo estar se referindo aqui à lei dada por Deus aos Judeus em contraste com o que deveria reger a consciência dos gentios, fica claro nesta passagem que até mesmo o mais ímpio dos homens é capaz de entender e fazer e fazer aquilo aquilo que a “leiescritaemseuscorações ”, isto é, os eternos princípios morais de Deus, determinam. O homem, portanto, é perfeitamente capaz de resistir aos “m “maus hábitos e luxúr xúrias de sua carne ”. O que Spencer afirma, ele apenas o faz com o propósito de defender a antibíblica antibíblica doutrina Calvinista de uma graça irresistível que, de fato, é imposta sobre uma classe especial chamada de “eleitos”. Uma das passagens utilizadas pelos Calvinistas em apoio à doutrina reformada da Graça Irresistível, porém, pouco conhecida de muitos cristãos é Atos 16:14, que relata a conversão de Lídia, que demonstrara grande interesse na pregação de Paulo. O texto diz: “E uma certa certa mulher mulher,, chamad chamada a Lídia, Lídia, vended vendedora ora de púrpur púrpura, a, da cidad cidade e de Tiatir Tiatira, a, ” (v.14).
Os Calvinistas costumam destacar a expressão “e “ e o Senh Senhor or lheabriuocoração...” lheabriuocoração...” para afirmar que a conversão de Lídia é um claro exemplo de como a graça irresistível age em prol da salvação
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dos “eleitos” do Calvinismo. Spencer, por exemplo, após citar a passagem, pergunta: Que ensina a Bíblia? Que o pecador abre o seu coração a Jesus, ou que é o Senhor que abre seu coração? 41
Note que a interpretação de Spencer com respeito à referida expressão desconsidera totalmente o contexto imediato da passagem, tornando a ação de Deus sobre qualquer desejo do homem uma atitude totalitária e totalitária e movida pelo simples capricho de escolher apenas apenas alguns dentre todos os homens que são igualmente carentes de sua graça. Mas teria Deus realmente “aberto o coração de Lídia para que estivesse atenta ao que Paulo dizia” dizia” do modo como Spencer e todos os Calvinistas entendem? O que lemos no mesmo verso, antes desta declaração de Lucas? Que Lídia “servia a Deus” e que ela inegavelmente já “ouvia a pregação de Paulo”! Isso claramente indica que a ação de Deus de “abrir-lhe “abrir -lhe o coração para que ela estivesse atenta ao que Paulo dizia”, somente ocorrera após uma predisposição predisposição de Lídia para ouvir o evangelho; afinal, como já ressaltamos, ela já “servia a Deus”. Se admitirmos que Lídia já havia sido “regenerada” antes de ouvir a pregação de Paulo, e que por isso ela “servia a Deus”, então devemos admitir que, segundo o Calvinismo, um não-salvo é não-salvo é capaz de servir (isto é, de obedecer à Deus); afinal, de acordo com a grande maioria dos Calvinistas (senão todos) a “regeneração” é apenas a apenas a primeira etapa da obra de salvação. Em outras palavras, o homem “regenerado”, “regenerado”, segundo ensina o Calvinismo, não é um 41 Ibid.
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homem salvo até que ele receba a fé para crer e ouça a mensagem do evangelho (uma “fórmula” claramente antibíblica). Deus, de fato, não “abriu o coração de Lídia” de modo arbitrário e por que ele a “elegeu desde a eternidade passada para a salvação”. salvação”. Lídia era uma serva de Deus que se dispôs a ouvir a pregação de Paulo. Diante disto, Deus lhe “abiu o coração” para que ela pudesse atentar para aquilo que seu coração desejava. desejava. O problema do Calvinista está em sua persistência/predisposição em querer enxergar apenas o que lhes convém, a fim de dar suporte à sua teoria. Quanto às outras duas perguntas de Spencer, é incrível a que ponto pode chegar o compromisso cego de cego de alguns com os ensinos de homens que, a despeito de haverem alcançado certa alcançado certa luz sobre a verdade do Evangelho, deixaram muito a desejar quanto a diversas questões doutrinários, e até mesmo se afastaram perigosamente da simplicidade que há em Cristo. Se Deus é quem deve abrir “irresistivelmente” o coração do pecador a Cristo, como pôde o Senhor Jesus chorar sobre Jerusalém dizendo: “ Jerusalém, “ Jerusalém,Jerusalém, Jerusalém,que quematas matasos osprofetas, profetas, eape e apedre drejas jas osquetesãoenvi osque tesãoenviado ados! s! ” (Mateus 23:37)? Certamente, a expressão “quiseuajuntarosteusfilhos “quiseuajuntarosteusfilhos”” denota o desejo de desejo de Deus de que o homem abra o seu coração para Ele. No entanto, se é Deus quem deve abrir de modo insuperável nossos nossos corações (dos “eleitos”, supostamente) supostamente),, o lamento de Cristo por aqueles que não queriam ter queriam ter seus corações abertos, não faz o menor sentido. Além disso, perguntamos:
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Pois ao que parece, esta passagem indica exatamente isso exatamente isso (“... (“... e tu não quiseste! ”). A despeito dos “malabarismos” semânticos e eisegéticos eisegéticos que os Calvinistas têm feito com o propósito de contornar esta clara passagem bíblica que desfere um golpe mortal sobre sobre a graçairresistível , o “Deus” Calvinista mostrase aqui totalmente incapaz incapaz de vencer a resistência daqueles a quem Ele deseja “ajuntar”? Em Apocalipse 3:20, Cristo diz, por meio de João: “Ei “ Eis s que que estouà estouàport porta,ebato;sealguém a,ebato;sealguémouviraminhavoz, ouviraminhavoz, , entrareiemsuacasa...”. entrareiemsuacasa... ”. E então? Que ensina a Bíblia, Sr. Spencer? Que o pecador abre o seu coração a Jesus, ou que é o Senhor que abre seu coração? De fato, Deus “abre o coração do pecador” pecador” em plenoconsentimento com plenoconsentimento com o desejo deste (e sem qualquer mudança antecipada antecipada em sua vontade), e não de modo totalitário – e violentamente – – como de fato está implícito naquilo que o Calvinismo realmente ensina. Acaso o texto acima não se aplica a todos os pecadores, em todas as épocas e lugares, assim como um dia foi dirigido a todos os pecadores da “... miserável,epobre,e cega...” cega...” igreja de Laodicéia? O argumento de que Deus está se dirigindo unicamente aos cren crente tes s fiéi fiéiss de Laodicéia não tem o menor cabimento! Algum Calvinista gostaria de “defender” “defender” esta ideia? Como Trench afirma: “Todo homem é senhor da casa de seu coração, a fortaleza cujas portas precisa abrir. . Se o fizer, estará lutando cegamente
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contra a própria bem-aventurança, feito um conquistador miserável”. miserável”.42
“Aqueles a quem Deus no Amado”, diz “eficazmente chamados e santificados por seu Espírito, e a quem deu a fé preciosa de Seus eleitos , mas certamente perseverarão nela até fim, e serão eternamente salvos, ”.43 (os destaques são meus)
Assim começa W. J. Seaton a falar sobre a Perseverançados Santos do Santos do Calvinismo em seu livreto OsCincoPontosdoCalvinismo OsCincoPontosdoCalvinismo.. Na visão Calvinista, os “eleitos” (segundo o Calvinismo) estão plenamente plenamente seguros de sua salvação. E como não poderiam (falando teoricamente)? Eles já foram “eleitos” por Deus desde desde toda a eternidade! Como poderiam eles “cairtotaloucabalmente “cairtotaloucabalmente ” deste suposto suposto “estadodegraça “estadodegraça”” (isto é, de uma “graça” que já os alcançou antecipadamente, antecipadamente , e somente somente a eles)? A questão, portanto, não é se o “eleito” do Calvinismo, segundo a “lógica” deste sistema, está totalmente seguro totalmente seguro quanto à sua salvação. Este é um fato inquestionável inquestionável se o Calvinismo estiver correto. No entanto, essa ideia cria um sério problema escriturístico, escriturístico, isto é, 42 Richard Chevenix Trench,
Commentary on the Epistles of Seven Churches in Asia , p. 225, citado em William MacDonald, Comentário Bíblico Popular – Novo Novo Testamento (São
Paulo, SP, Editora Mundo Cristão), p. 1001. 43 Trecho da Confissão Batista (Capítulo 17, 1).
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com respeito àquilo que as Escrituras de fato ensinam acerca da eterna segurança desalvação. desalvação . Em outras palavras, a Bíblia jamais nos fala sobre uma suposta segurança de “eleição”. Desse modo, se o Calvinismo estiver correto, o “eleito” pode estar plenamente seguro de sua salvação; por outro lado, se a Bíblia fala apenas em termos de segurança de salv salvaç ação ão (e não “de eleição”), eleição”), surge a pergunta: A menos que se recorra a especulações subjetivas, subjetivas, isto torna-se uma utopia dentro utopia dentro do sistema Calvinista. Vale ressaltar ainda que até mesmo os Calvinistas (ou aqueles que têm sido influenciados por esta doutrina) reconhecem a clara distinção entre os o s termos “eleição” e “salvação” que, obviamente, são distintos. distintos. Don Fortner, pastor da Baptist Church of Danville [Igreja Batista de Danville], em uma mensagem via rádio sob o título WhatDoesTheWordOfGodTeachAboutElection? [O Que a Bíblia diz sobre a Eleição?], ainda que defendendo a ideia de uma “eleição para a salvação”, afirma: “... mas jamais devemos ser ”.44
O fato inegável, portanto, é que a “lógica” lógica” do Calvinismo não permite nenhuma segurança objetiva de “eleição” (e a Bíblia, por sua vez, também não propõe nada a esse respeito). Assim, a eterna 44 Don
Fortner, GRACE FOR TODAY, Radio Message #417, WHAT DOES THE WORD OF
GOD TEACH ABOUT ELECTION? Link: http://donfortner.com/radio_ notes/0417%20What%20Does%20The%20Word%20of%20God%20Teach%20About%20E lection.htm
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segurança desalvação no desalvação no Calvinismo não passa de mais uma ideia fictícia, que torna possível ao Calvinista falar apenas em terceira pessoa. pessoa. É necessário enfatizarmos aqui o que já afirmamos incialmente, a saber, que a Bíblia garante a plena segurança e descanso dos “salvos” nas promessas de vida eterna feitas por Cristo àqueles que verdadeiramente creem creem Nele, os quais estão inabalavelmente firmados pelo “po “pode der r mant manten ened edor or do Espírito Santo” que habita em todo verdadeiro crente. crente. Ou seja, nossa segurança de salvaç salvação ão,, segundo as Escrituras, não está firmada sobre uma suposta “eleição para a salvação”, mas no simples fato de havermos crido na crido na pessoa e obra de Cristo, e na promessa que Ele fez a todos os salvos (e não aos “eleitos”) de mantê-los mantê-los fiéis até o fim (João 3:36; 5:24; 6:47,54; 10:28; 1 Coríntios 1:8; Romanos 8:35 –39; –39; 1 Timóteo 6:12; 1 João 5:11; etc.). Alguém então perguntaria: Mas a Bíblia não fala sobre uma “ elei e leiçção par para a salvação”, salvação”, ainda ainda que funda fundamen menta tada da na presc presciê iênci ncia a divin divina? a? Bem, não aprofundaremos o assunto por hora, mas se atentarmos com cuidado para diversas passagens que tratam sobre os propósitos e objetivos da eleição, eleição, veremos que elas sempre remetem a serviço ou a benções benções advindas da obediência à determinada ordem ou concelho de Deus. Quanto ao termo aplicado à obra de salvação realizada por Cristo, está claro nas Escrituras que ele se refere aos salvos salvos (e não aos ímpios). Em outras palavras, os salvos salvos (aqueles que verdadeiramente creram em Cristo) são eleitos eleitos para as
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bênçãos advindas da salvação, salvação, isto é, “serconformeaimagemde “ serconformeaimagemde Seu Seu Filh Filho o [Jesus Cristo] (Romanos 8:29), 8:29 ), participar de “to “ toda das s as bênção bênçãos s espir espiritu ituai ais s nos nos lugar lugares escel celest estiai iais s em Cristo Cristo”” (Efésios 1:3), para que “ fôssemos “ fôssemossantos santose eirrepreensíveis irrepreensíveis diantedele diante deleem emamor amor ”” (v. 4), etc. Portanto, em termos de salvação eterna, a Bíblia fala da eleiçãodossalvos, eleiçãodossalvos , e não da eleição de alguém paraasalvação, paraasalvação , e de outros paraacondenação. paraacondenação. Trataremos com mais detalhes sobre isso em outro de nossos livros. Voltando à citação de Seaton, um excerto da Confissão Batista, atente para a última parte do texto, “vistosqueosdonse “ vistosqueosdonse cham chama ados dos de Deus eus são sem sem arr arrependi endim mento nto ”. ”. Esta afirmação, remete remete ao texto de Romanos 11:29, onde Paulo declara: “Porque “ Porque os dons e a vocação ção de Deus ”. ”. Para o Calvinista, esta é uma das provas inequívocas do quinto e último ponto da TULIP (a PerseverançadosSantos). PerseverançadosSantos ). O Calvinista, em geral, aplica este, e diversos outros textos que falam claramente sobre a segurança dossalvos (neste dossalvos (neste caso, em específico, pelo fato de Deus nãovoltaratrás em nãovoltaratrás em suas promessas quanto aos dons e à vocação dos salvos, do que Ele não se arrepende), para assegurar a antibíblica ideia de uma segurança de salvação para os “eleitos” eleitos” do Calvinismo que, por haverem sido supostamente escolhidos para esse fim, serão “feitos” perseverantes até perseverantes até o fim. No entanto, como já destacamos, em lugar algum a Bíblia ensina uma “eleição” “eleição” para a para a salvação. Um outro fato que precisa estar claro é o modo como o Calvinista compreende o que sua teologia chama de perseverança
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dossantos (isto é, dos “eleitos”). A despeito de alguns Calvinistas afirmarem que Deus fará com que aqueles a quem Ele escolheu de “modo especial” especial” para a salvação perseverem perseverem até o fim, quando a fatídica pergunta é proposta, o Calvinista, em geral, costuma recorrer a passagens que garantem a segurança de salvaç salvação ão para aqueles que creem em Cristo, ou a olhar para seu próprio desempenho ou “performance” performance ” como cristão, aproximando-se perigosamente perigosamente daquilo que ele afirma tanto combater – combater – asalvaçãopelasobras! asalvaçãopelasobras! Em um dos vários debates de que participei com alguns Calvinistas, lhes fiz a pergunta acima, porém, de modo mais incisivo: incisivo: “ ”. Os que se arriscaram a responder apenas confirmaram o que declaramos no parágrafo anterior. Veja algumas respostas: 1.
“Som “Somos os elei eleitos tos segu segund ndo o a pres presci ciên ênci cia a de DEUS DEUS.. ELE ELE sempr sempre e sou soube quem quem aceit ceitar ariia o sacr sacriifíci fício o vicá vicári rio o de CRI CRISTO. STO. Para Para aceitá aceitá-LO -LO épre é precis ciso o ouvir ouviro o EVANGE EVANGELHO LHO,, por isso, isso,pre pregam gamos. os. Nossaseguran NossasegurançaéadequeCRISTO... çaéadequeCRISTO...pagouopreçodenossa pagouopreçodenossa SALVAÇÃO. ,nãopara salvação,masparaGALARDÃO” 2. “O mesmo mesmo Espíri Espírito to testif testifica ica com o nosso nosso espíri espírito to que somos somos filhosdeDeus”(Romanos8:16). filhosdeDeus”(Romanos8:16). 3. “Sentir -se -se PRED PREDES ESTI TINA NADO DO ...” 4. “ naprimeiraressurreição...”
Nenhum de nós pode negar que pelo menos a segunda resposta é bíblica; bíblica; porém, nenhuma nenhuma delas responde de fato à
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questão de comoumCalvinistapodetercertezadequeéumdos comoumCalvinistapodetercertezadequeéumdos eleitos. eleitos. Se, por outro lado, houvéssemos perguntado “ ” , a segunda resposta é apenas uma das diversas declarações das Escrituras que verdadeiramente nos confortam como salvos salvos em Cristo. Porém, talvez nenhuma transmita àqueles que realmente creem em creem em Cristo a plena certeza de sua salvação eterna eterna do que a afirmação do próprio Senhor Jesus em João 6:47: “... aquelequecrêemmim ”. Quanto às duas últimas respostas – uma uma completamente subjetiva, subjetiva, e outra beirando outra beirando à salvação pelo próprio esforço (isto é, pelas obras) – – confesso que é difícil não se sensibilizar com a ignorância de alguns que, de tão comprometidos com essa doutrina antibíblica e irracional chamada Calvinismo, não conseguem enxergar a impossibilidade de qualquer resposta objetiva a objetiva a esta pergunta. O Calvinista, portanto, jamais jamais será capaz de encontrar qualquer argumento válido (quer bíblico, bíblico, quer racional ) – – muito menos recorrendo à falsa lógica falsa lógica de seu sistema doutrinário – que – que lhe dê a plena certeza de que ele é um dos “eleitos” do Calvinismo. E para deixá-lo em situação ainda mais difícil quanto à questão, eis uma das declarações do próprio Calvino acerca da “falsa fé” fé” que Deus supostamente supostamente concede aos não-eleitos para “melhorpuni-los”: melhorpuni-los”:
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“Seiqueaalgunsparecedurodeaceitar ,vistoquePauloadeclaraserfruto daeleição;essa dificulda dificuldade,no de,noenta entanto,se nto,sesoluc soluciona iona facilmente facilmente,porquanto ,porquanto,,ainda ainda que os réprobos não sejam iluminados à fé, nem sintam verda verdadei deiram rament ente e a eficác eficácia iado do evang evangelh elho, o, a não não ser aquel aqueles es que que foram preordenados para a salvação,
. Daí,nadahádeabsurdoquepeloApóstololhessejaatribuídoo degu degust ste e dos dos dons dons cele celest stia iais is [Hb [Hb 8.4-6 8.4-6], ], e uma uma fé temp temporá orári ria a por Cristo[Lc8.13].Nãoquepercebamsolidamenteopoderdagraça espiritualeaseguraluzdafé,
”45
Diante novamente:
de
declarações
tão
enfáticas, enfáticas,
perguntamos
Quem poderia resistir a um engano do “Deus” criado por Calvino? Na melhor das hipóteses, segundo essa visão, é como se a fé assumisse dois aspectos aspectos dentro do Calvinismo: um positivo (relativo aos “eleitos”) e um negativo negativo (com respeito aos “réprobos”). Mas onde vemos isso nas Escrituras?
45
Institutas da Religião Cristã (São Paulo, SP; Ed. Cultura Cristã), Volume III, Cap. 2, Item
11, pp. 34, 35.
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Para o Calvinista, portanto, qualquer “certeza” de sua “eleição” e, consequentemente, de sua salvação, salvação, só pode transitar em torno daquilo que sua experiência cristã lhe comunica, e não na promessa objetiva desalvação que desalvação que Cristo faz a todos os que creem no Seu nome (João 6:47, etc.). Seria essa uma das razões pelas quais alguns Calvinistas têm escrito livros cujos títulos são, no mínimo, intrigantes? intrigantes? D. A. Carson, por exemplo, publicou um livreto livreto intitulado “ A “ A DIFÍCIL DoutrinadoAmordeDeus”; DoutrinadoAmordeDeus ”; John MacArthur, por sua vez, escreveu “CreréDIFÍCIL”; CreréDIFÍCIL”; e Joel R. Beeke, deu vida ao clássico (da literatura Calvinista) “ A “ A Busca da Plena Segurança – OLegadodeCalvinoe OLegadodeCalvinoe SeusSucessores”. SeusSucessores”. Para os já já iniciados na teologia Reformada, não pode haver dúvidas de que somente um Calvinista poderia escrever obras com títulos tão SUGESTIVOS. Em outras palavras, levando em conta o que ensina o Calvinismo, poderíamos honestamente perguntar: PorqueadoutrinadoAmordeDeusÉ DIFÍCIL?PorqueatémesmocrerÉDIFÍCIL?EporqueosCalvinistas buscamtantoa“PlenaSegurança”(desuaeleição)? Bem, se Deus, de acordo com o Calvinismo, ama os homens com diferentes “tipos de amor”, então, a doutrina do amor de Deus De us torna-se realmente difícil . Afinal, que “tipo” de amor condenaria multidões ao inferno por toda a eternidade sem dar-lhes nenhuma nenhuma chance de se arrepender? Além disso, se os eleitos, no fim das contas, são de fato salvos PORQUE são eleitos, e crer para eles é apenas uma mera formalidade que lhes é garantida pela graçairresistível sem sem que eles necessitem mover um dedo sequer para obter a fé que os
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levará a Cristo, é um absurdo afirmar que para eles “crer é difícil”! Quanto aos réprobos, aos quais, em hipótese alguma, é concedido fé para a salvação, seria muito mais coerente e honesto dizer que para eles “crer é IMPOSSÍVEL”! Já a “A BUSCA da Plena Segurança”, de fato o único legado que Calvino e seus sucessores poderiam ter deixado para aqueles que têm abraçado suas doutrinas, especialmente a ELEIÇÃO INCONDICIONAL do Calvinismo, trata-se de uma busca CONSTANTE e INÚTIL se realmente atentarmos para aquilo que Calvino e o próprio p róprio Calvinismo têm ensinado a respeito.
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Avaliando a logicidade da TULIP “
”
Quando afirmamos anteriormente que há uma certa coerência interna coerência interna entre os cinco pontos do Calvinismo, enfatizamos também que isso não significa que o sistema em si seja racional (como alegam os Calvinistas) e, por fim, a resposta definitiva para definitiva para o real propósito divino no que compete à obra de salvação do homem. Por outro lado, reconhecemos que nenhum sistema de pensamento humano está totalmente totalmente fundamentado em premissas que devam ser necessariamente necessariamente provadas. Em outras palavras, há de se supor que um encadeamento lógico parte, por vezes, de uma admissão que não pode ser comprovada cientificamente46, conquanto empiricamente a empiricamente a reconheçamos como uma verdade incontestável dentro do escopo teórico que nos propomos avaliar. Tal admissão (ou premissa) pode ser chamada de axioma. axioma. Excetuando determinadas circunstâncias especiais em que somos levados a ter uma outra percepção de percepção de determinados fatos, ninguém seria capaz de , por exemplo, queocéuéazul ou queaáguanãotemsabor . Contudo, para que possamos elaborar uma série de conceitos ou mesmo fazer certas inferências acerca desses elementos, necessitamos admitir, por vezes, que tais percepções percepções são verdadeiras. Aqui, a questão, portanto, gira em torno de uma percepção percepção pessoal (claramente empírica) e não de 46 (isto
é, a partir de métodos científicos formalmente estabelecidos e reconhecidos no âmbito das ciências experimentais). experimentais).
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uma comparação entre comparação entre objetos que guardam certas semelhanças (um dos vários métodos utilizados para provar um argumento). O que queremos dizer, de fato, é que ninguém é capaz de ou mesmo de fato a da água. Esses fatos podem apenas ser descritos – – e isso de acordo com o que nossos sentidos permitem. Também há fatos que, embora comprovados comprovados por nossa própria experiência, são passíveis apenas de uma conceituação subjetiva, subjetiva, também formulada a partir de nossas percepções sensoriais. Em geral, esses fatos remetem aos sentimentos que todos experimentamos, tais como amor , ódio, ódio, alegria, alegria, satisfação, satisfação, dor , etc. Pois bem, mesmo no campo das ciências bíblicas, por assim dizer, há inúmeros fatos que devem ser admitidos como verdadeiros apenas por aquilo que constatamosempiricamente constatamosempiricamente.. A Bíblia, por exemplo, não foi escrita com o propósito de provar que Deus existe, mas para mostrar quem uem Ele é. Em outras palavras, embora todas as evidências naturais (isto é, visíveis) apontem para a existência de uma mente altamente inteligente por trás da criação, as Escrituras não se ocupam com a pergunta “ Deus existe?”; existe?”; antes, elas até mesmo acusam de tolo aqueles tolo aqueles que negam este fato (Salmo 53:1). No tópico em que tratamos especialmente da Expiação Limitada Limitada (o terceiro ponto da TULIP), assumimos o compromisso de expor as falhas no encadeamento “lógico” dos cinco pontos do Calvinismo, como manifesto no argumento proposto.
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Acompanhe uma vez mais o raciocínio que Calvinistas como Seaton 47, por exemplo, apresentam como prova da suposta linearidade linearidade intrínseca (em termos lógicos) dos cinco pontos do Calvinismo. “Se o homem é totalmente depravado, então ele não pode salvar a si mesmo; alguém, portanto, deve salvá-lo, e esse alguém só pode ser Deus. Se Deus deve salvar o homem, Ele é quem decide a quem irá salvar e de que forma eles serão salvos, o que ocorre por meio da eleição; e, como não há nada em homem algum que o faça merecedor do favor divino, essa eleição deve ser incondicional. Embora Deus possa salvar a todos, Ele decide salvar apenas alguns; os “pormenores” que conduzirão ao céu aqueles que foram “eleitos”, devem aplicar-se aplicar-se somente a eles, portanto, o sangue de Cristo deve ser derramado única e exclusivamente em benefício deles. Cumprido isso, Deus, a seu tempo, os atrai irresistivelmente à Cristo, e, como sempre, Ele os manterá perseverantes Nele (a saber, em Cristo) para sempre”.
Uma leitura apressada e superficial do do texto, pode levar até mesmo o mais sóbrio e piedoso cristão às vias do engano (e é isto o que tem ocorrido com muitos cristãos Calvinistas). A estrutura “lógica” deste argumento que procura estabelecer uma ligação não necessariamente necessariamente evidente entre os cinco pilares da doutrina Calvinista é totalmente errática, errática, e só pode ser aceita em detrimento dos princípios mais elementares da boa lógica e da razão. Antes de mais nada, devemos esclarecer que um argumento, argumento , a grosso modo, é uma estrutura lógica composta de uma ou mais 47 Seaton, W. J.,
Os Cinco Pontos do Calvinismo , p. 7.
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premissas premissas que podem ou não não conduzir a uma determinada conclusão. conclusão. As premissas também premissas também são chamadas de hipóteses, hipóteses, e um argumento é dito válido válido quando suas premissas conduzem inevitável e diretamente diretamente à conclusão do argumento, não importando se forem elas (premissas (premissas e conclusão) conclusão) verdadeiras ou falsas. Nosso objetivo, portanto, ao validar um um argumento não é a veracidade ou não das premissas e da conclusão, mas se elas mantêm de fato uma relação válida. válida. Desse modo, sem a intenção de ser prolixo em minhas considerações sobre a questão, para avaliar objetivamente a validade da argumentação proposta no que se refere a uma suposta logicidade da logicidade da TULIP, iniciaremos admitindo o que segue: 1º) que a premissa inicial do Calvinismo seja verdadeira (isto é, que o homem é totalmentedepravado ) e, 2º) que somente Deus pode salvá-lo. O que podemos então inferir com respeito à salvação do homem? Segundo o argumento Calvinista (como apresentado acima), a conclusão conclusão “lógica” é de que “ ”. Embora a Bíblia claramente apresente em sua mensagem central o fato de que somente somente Deus pode salvar o homem, o argumento proposto pelo Calvinista (reescrito em sua forma padrão logo abaixo) não é um argumento válido. válido. A razão é simples: A conclusão não pode ser diretamente inferida diretamente inferida das hipóteses (isto é, das premissas).
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Observe:
Ohomemétotalmentedepravado;; Ohomemétotalmentedepravado SomenteDeuspodesalvá-lo;; SomenteDeuspodesalvá-lo Deus eus é quem decid cide a que quem irá salv alvar e o mod modo comoelesserãosalvos. comoelesserãosalvos.
Para que não restem dúvidas sobre a invalidade invalidade deste silogismo, observe os seguintes argumentos argumentos válidos válidos formulados a partir das mesmas duas premissas, porém, seguidas agora de uma conclusão que pode ser inferida razoavelmente das hipóteses (Não esqueça que, para todos os efeitos, estamos apenas admitindo apenas admitindo que o homem é “totalmente depravado”). depravado”).
Ohomemétotalmentedepravado;; Ohomemétotalmentedepravado SomenteDeuspodesalvá-lo;; SomenteDeuspodesalvá-lo Deuséosalvadordohomem.. Deuséosalvadordohomem
Ou, Ohomemétotalmentedepravado;; Ohomemétotalmentedepravado SomenteDeuspodesalvá-lo;; SomenteDeuspodesalvá-lo Ohomemnãopodesalvarasimesmo.. Ohomemnãopodesalvarasimesmo
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Ainda supondo que o homem é totalmentedepravado e totalmentedepravado e que somenteDeuspodesalvá-lo,, podemos então prosseguir avaliando somenteDeuspodesalvá-lo o encadeamento da argumentação Calvinista tornando a conclusão do primeiro argu argume ment nto o invá inválilido do uma nova premissa para o argumento a seguir. Isto é: Ohomemétotalmentedepravado;; Ohomemétotalmentedepravado SomenteDeuspodesalvá-lo;; SomenteDeuspodesalvá-lo Deuséquemdecideaquemirásalvareomodocomo elesserãosalvos. elesserãosalvos. Deus salva o homem por meio da eleição incondicional.
Novamente nos deparamos com um . Mesmo admitindo que as três premissas sejam verdadeiras, a conclusão de que “Deussalvaohomempormeio[deuma]eleição “Deussalvaohomempormeio[deuma]eleição incondicional” não decorre necessariamente necessariamente do fato de ser o homem, como afirmam os Calvinistas, “totalmente depravado”, depravado” , e muito menos das outras duas premissas.
Avançando em nossa análise do defectivo defectivo argumento Calvinista, teríamos uma vez mais o seguinte argumento inválido: inválido: Ohomemétotalmentedepravado;; Ohomemétotalmentedepravado SomenteDeuspodesalvá-lo;; SomenteDeuspodesalvá-lo
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Deuséquemdecideaquemirásalvareomodocomo elesserãosalvos. elesserãosalvos. Deussalvaohomempormeiodaeleiçãoincondicional. Deusdecidesalvarapenasalguns.
Note que mesmo se admitíssemos que o homem é totalmentedepravado, totalmentedepravado , “salvarapenasalguns “salvarapenasalguns ” nãoé uma nãoé uma dedução (ou conclusão) necessariamente decorrente necessariamente decorrente desse fato ou mesmo de que Deus supostamente salva o homem por meio de uma “eleição incondicional”. Cabe-nos aqui a pergunta: De fato, nãohánenhuma lógicaaqui, lógicaaqui, mas uma flagrante e descabida imposição de imposição de uma ideia essencial ao ao sistema sistema Calvinista a fim de “tentar explicar” o porquê alguns se perdem. Inevitavelmente, somos então levados à beira do abismo da irracionalidade dos irracionalidade dos argumentos Calvinistas. C alvinistas. Acompanhe: Ohomemétotalmentedepravado;; Ohomemétotalmentedepravado SomenteDeuspodesalvá-lo;; SomenteDeuspodesalvá-lo Deuséquemdecideaquemirásalvareomodocomo elesserãosalvos. elesserãosalvos. Deussalvaohomempormeiodaeleiçãoincondicional. Deusdecidesalvarapenasalguns.
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CristoderramouSeusangueparaexpiarospecados apenasdaquelesaquemDeusdecidiusalvar.
Mesmo se assumirmos que aqueles a quem Deus supostamente supostamente rejeitou sejam tão tão depravados quanto os que Ele decidiu salvar por meio de uma eleiçãoincondicional , eleiçãoincondicional , qual a base lógica (e bíblica) para concluirmos que o sangue de Cristo tenha sido derramado apenas pelos pelos “eleitos”? Seria um “desperdício” haver Cristo derramado Seu sangue por aqueles que não foram “eleitos” para a vida eterna (segundo ( segundo o Calvinismo, é claro)? Já vimos que, por vezes, Spurgeon se debateu com esta questão, e mesmo crendo na EleiçãoIncondicional EleiçãoIncondicional do Calvinismo, ele jamais teve “coragem” coragem” suficiente para se atrever a mensurar o o alcance do sacrifício de Cristo 48. Além disso, cremos que a seguinte retórica se aplica ao caso:
Neste ponto, devemos deixar claro o que mencionamos “por alto” no início deste tópico. tópico . As premissas e a conclusão de um argumento não necessitam ser verdadeiras para que o argumento seja válido. Em outras palavras, podemos ter um argumento válido com premi premissa ssas s falsa falsas s e conclu conclusão são verda verdadei deira ra,, ou um argumento inválido com inválido com premissaseconclusãoverdadeiras . O que precisa ser entendido é que o que torna um argumento válido ou não é a
48 Charles Haddon Spurgeon (citado por
). Misrepresentation Of God ).
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Dave Hunt em What Love Is This? Calvinism’s
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relação relação existente entre premissas e conclusão. No entanto, o argumento só será se for um com . Isto é, e . De fato, um argumento inválido, inválido, a grosso modo, não é um argumento defato. defato. Isto torna, no fim das contas, todos os argumentos Calvinistas avaliados acima (a partir do silogismo proposto) o que chamaríamos de falácia de falácia.. Antes de prosseguirmos com uma avaliação lógica mais específica da específica da TULIP, acompanhe os seguintes exemplos:
Pauloéumapessoa. Pauloéumapessoa. Todasaspessoaspodemvoar . Paulopodevoar .
Note que a estrutura lógica é válida, válida , porém, como a premissa 2 é falsa é falsa,, o argumento nãoéverdadeiro .
Paulopodevoar . Somenteoshomenspodemvoar . Asmulheresnãopodemvoar Asmulheresnãopodemvoar .
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Aqui, temos um argumento válido com válido com duas premissas falsas premissas falsas e conclusão verdadeira. verdadeira . O argumento, portanto, é falso é falso..
Pauloéumapessoa. Pauloéumapessoa. Todasaspessoaspodemvoar . Paulosóvoaaosdomingos.. Paulosóvoaaosdomingos
Como no caso das argumentações Calvinistas avaliadas acima, este argumento é inválido inválido pelo simples fato de que sua conclusão não decorre diretamente de diretamente de nenhuma das premissas. Com base nestes exemplos e nas considerações apresentadas até aqui, façamos uma análise mais precisa dos silogismos clássicos do Calvinismo em favor de uma suposta lógica intrínseca entre intrínseca entre os pontos da TULIP. Chegou a hora, portanto, de entrarmos mais a fundo na mente Calvinista! mente Calvinista! Se levarmos em conta, como dito antes, que a depravação totalno total no Calvinismo denota “incapacidade total” para fazer o que q ue é bom, o seguinte argumento, contradito por contradito por John F. Parkinson em seu livro AFé A Fédos dosEleitos Eleitosde deDeus Deus49, é a pedra angular da doutrina Calvinista: Ohomemétotalmentedepravado.. Ohomemétotalmentedepravado 49 John
F. Parkinson, A Fé dos Eleitos de Deus (Pirassununga, SP; Editora Sã Doutrina, 2007), p. 80.
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Umhomemtotalmentedepravadoéincapazdefazero queébom. O homem é incapaz de se arrepender e crer no evangelho.
Note que o argumento é válido. válido. Além disso, ninguém poderia negar que “searrependerecrernoevangelho searrependerecrernoevangelho”” é o maior bem que o homem pode fazer a si mesmo, embora o Calvinista, é claro, creia que ele (o homem) é “incapaz de fazê-lo fazê-lo””. Não obstante, o argumento Calvinista é falso é falso.. Já vimos que não há qualquer razão bíblica e razoável para crer que o homem é totalmentedepravado . Sobretudo quando o sentido atribuído pelo Calvinista à esta expressão induz à falsa ideia de que o homem é “to “tota talm lmen ente te inca incapa paz z de faze fazer r o que é bom”. bom”. Portanto, Portanto, a única razão para que o Calvinista persista nesta incoerência incoerência é que sem esta visão extrema e fatalista fatalista acerca da natureza humana corrompida pelo pecado o Calvinismo não subsiste. Lamentavelmente, alguns Calvinistas preferem ser irracionais – irracionais – acreditando acreditando com isto estarem glorificando a soberania de Deus na salvação do homem – do – do que admitir o que a própria experiência humana nos revela e que está em perfeita harmonia com as Escrituras. A Caim, como vimos, Deus disse: “ ,nãoécertoqueserásaceito? ,nãoé certoqueserásaceito? , opecadojazàporta,esobretiseráoseudesejo,massobreele devesdominar”(Gênesis4:7).
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Aos israelitas, após livrá-los das mãos de Faraó, Ele declarou, por intermédio de Moisés: “
atentoavozdoSENHORteuDeus, , e inclinares inclinares os teus ouvidos aos seus mandamento mandamentos,e s,eguard guardarestodos arestodosos osseus seusestatutos, estatutos,nenhumadas nenhumadas enfermidadesporeisobreti,quepussobreoEgito;porqueeusouo SENHORquetesara”(Êxodo15:26). SENHORquetesara”(Êxodo 15:26).
Em Deuteronômio 11:13 – 11:13 –15, 15, o Senhor reitera à toda a nação: “Eseráque, ,deamarao ,de amarao SENHORvossoDeus,ede SENHORvossoDeus, edeoservir oservir detodoovossocoraçãoedetodaavossaalma,14Entãodareia chuvadavossaterraaseutempo,atemporãeaserôdia,paraque recolhaisovossogrão,eovossomostoeovossoazeite.Edarei ervanoteucampoaosteusanimais,ecomerás,efartar-te-ás”. ervanoteucampoaosteusanimais,ecomerás,efartar-teás”.
Ainda em Deuteronômio, Moisés fala ao povo exatamente aquilo que Deus o instruiu a dizer: “ESERÁque, ouviresavozdoSENHORteuDeus,tendocuidado deguarda deguardar rtod todosos ososseu seus sman mandam dament entosqueeu osqueeuhoj hojete eteorde ordeno, no, o SENH SENHOR OR teu teu Deus Deus te exalt exaltar ará á sobre sobre toda todas s as naçõ nações es da terr terra. a. E todasestasbênção todasestasbênçãosvirãosobretie svirãosobretie tealcançarão, tealcançarão, ...Será,porém,que, ,paranãocuidaresemcumprir ,paranão cuidaresemcumprir todosos seusmandamentoseosseusestatutos,quehojeteordeno,então virãosobretitodasestasmaldições,etealcançarão:Malditoserás tunacidade,emalditoserásnocampo.Malditooteucestoeatua amassadeira.Malditoofrutodoteuventre,eofrutodatuaterra,
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e as cria crias s das das tuas tuas vaca vacas, s, e das das tuas tuas ovel ovelha has. s. Mald Maldit ito o será serás s ao entrares,emalditoserásaosaíres(Deuteronômio28:1– entrares,emalditoserásaosaíres(Deuteronômio28:1 – 2,15– 2,15– 19). 19).
E por meio do profeta Isaías, Deus insiste com Israel: “
, comereiso comereis obem bemdesta destaterra. terra. , sereis devorados à espada” espada” (Isaías (Isaías
1:19-20).
Estas passagens (e MUITAS outras), deixam claro que Deus NUNCA tratou NUNCA tratou com homens incapazes de fazer o que é “reto “ reto aos olhos do SENHOR” (Deuteronômio 6:18), mesmo em seu estado de morte espiritual . De fato, qual o sentido da partícula condicional “se” nas passagens acima, : 1) o homem não é capaz de “ fazero “ fazerobem bem”, ”, 2) de “dominarsobreseudesejodepecar “dominarsobreseudesejodepecar ”, ”, 3) de fazer “o “o que é ret reto aos aos olho olhos s do Sen Senhor hor ”, ”, 4) de “diligentemente obedeceraosSeusmandamentos ”, 5) de “darouvidosàSuavoz “darouvidosàSuavoz”” e 6) de “ , eobedecer e obedecer ” a Deus? É, senhores Calvinistas, parece que Dave Hunt estava certo ao declarar que “nãoháCalvinismono “ nãoháCalvinismono AntigoTestamento AntigoTestamento”. ”. (E nem no Novo, é claro!). Infelizmente, muitos líderes Calvinistas, ao beberem e servirem seus rebanhos com a “sopa” feita por Calvino com as “ervas daninhas” da teologia Agostiniana, costumam utilizar as Santas Escrituras apenas como um “tempero” (tomando apenas o que lhes interessa) para mascarar o sabor amargo de um ensino que é tanto indigesto quanto indigesto quanto repulsivo. repulsivo. De fato, as passagens acima são um “enigma” dentro da teologia Calvinista. Um “mistério” que, segundo alguns de seus
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proeminentes líderes, será revelado somente “na eternidade”, quando “os trilhos do trem [supostamente] trem [supostamente] se encontrarão” 50. Outro clássico argumento apresentado pelos Calvinistas em apoio à suposta “lógica” entre os pontos da TULIP, e que, segundo Parkinson, é construído a partir da falsa falsa conclusão do silogismo anterior é o que segue: Ohomemtotalmentedepravadoéincapazdecrerno Evangelho. OseleitoscreemnoEvangelho. Deusdevedaraeles(aoseleitos)afénecessáriapara crer.
Qual o fundamento bíblico e racional para crermos que homens dos quais Deus exige uma postura voluntária voluntária para obedecê-Lo e fazer o que é “reto a Seus olhos ” (o que demonstra que eles são capazes) estão impedidos impedidos de se arrepender e crer no evangelho? Não há nenhum! n enhum! Em Ezequiel 18:23, o Senhor pergunta: “Des “Deseejari jaria a eu, de qual qualqu quer er mane aneira ira, a mort morte e do ímp ímpio? diz o SenhorDEUS; ” 50 Uma
referência à inadequada analogia de Augustos Nicodemos ao comentar sobre o alegado “mistério” Calvinista entre a soberania de Deus e a responsabilidade humana. Trataremos disto em nosso próximo livro O Livre-arbítrio e a Limitada Soberania do “Deus” Calvinista onde exporemos a falha no argumento das “retas paralelas que se encontram no infinito”.
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Por que Deus diria que deseja que o ímpio se converta de “seuscaminhos,eviva” seuscaminhos,eviva” se eles são incapazes de incapazes de se arrepender e crer no evangelho (ou mesmo de entender Sua mensagem) a menos que Ele lhes conceda a “ fé “ fénecessáriapara necessáriapara crer ”, o que Ele não não faz az por todos, de acordo com o Calvinismo? E ainda que, segundo o Calvinismo, Deus conceda esta fé “especial” somente a alguns, nada nada nesta passagem indica que Ele esteja se referindo apenas àqueles apenas àqueles que foram “eleitos” para receber esta “fé”. Nesse caso, como poderia Deus desejar que os que Ele não escolheu para a vida eterna se convertamevivam, convertamevivam, quando Ele mesmo nega-lhes a única coisa capaz de livrá-los deste terrível fim? Alguns Calvinistas talvez queiram objetar, alegando que o texto se refere à morte física, isto é, Deus não deseja a morte física do ímpio, antes, que ele se converta e continue a viver (fisicamente falando). Bom, neste caso, só nos resta perguntar:
Outros Calvinistas, na tentativa de explicar a esquizofrenia do esquizofrenia do seu “Deus”, apontam para dois supostos “desejos” desejos” (ou duas “vontades” vontades”) que “coexistem” em seu caráter 51. Segundo John Piper, por exemplo:
51 Allan
Myatt, John MacArthur, John Piper, R. C. Sproul, etc.
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“Afirmar que a vontade de Deus de Deus de salvar todos e todos e afirmar a eleição incondicional de alguns implica, pelo menos, . Significa que ”52 (ênfase adicionada)
A despeito deste insulto ao caráter do verdadeiro Deus revelado nas Escrituras, é notável que este “artifício” (que não é novo, segundo Piper) privilegia sempre sempre aquilo que Deus supostamente decreta, decreta, em detrimento do que que ele “d “deseja e ensina”. ensina”. Na ótica Calvinista, portanto, devemos entender que ainda que Deus deseje salvar a todos, todos, Ele não pode, pois desde a eternidade passada Ele já decretousalvar apenasalguns. apenasalguns. Este, no entanto, nem de longe é o Deus da Bíblia. Já o “Deus” Calvinista, ao que parece, não passa de um escravo dos escravo dos seus próprios “decretos”. decretos ”. O apóstolo Tiago, certamente inspirado pelo Espírito Santo escreveu: “Chegai“Chegai-vos a Deus, e ele ele se che chegará a vós. Limpa mpai as mãos, os, pecadores;e,vósde ,purificaiocoração”(Tiago4:8) ,purificaiocoração”(Tiago4:8)..
Diante desde sincero desejo sincero desejo de Deus expresso por Tiago de que Ele [o Senhor] não tolera uma mente (ou vontade) dividida, que julga poder servir a dois senhores (Mateus 6:24; Lucas 16:13), como é possível que Deus possua duas vontades claramente
52 John
Piper, Deus deseja que todos sejam salvos? (São José dos Campos, SP; Editora Fiel, 2014), p. 21.
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conflitantes, conflitantes, visto que Ele decreta decreta o que nãodeseja e nãodeseja e vice-versa? Piper faz um esforço enorme – – recorrendo, é claro, às interpretações “eruditas” dos teólogos que supostamente são favoráveis a esta infâmia – infâmia – na na tentativa de explicar aquilo que para muitos de seus colegas Calvinistas permanece um “mistério”. “mistério”. Se ele consegue cumprir este propósito em seu livreto (a saber, o de provar que que Deus tem de fato duas vontades e que elas nãoestão em conflito)? Bem, digamos que se existisse um prêmio Nobel de teologia, Piper não seria um candidato à altura para concorrer ao título. Ainda tratando da suposta incapacidade incapacidade do homem de se arrepender e crer no evangelho, vejamos mais duas passagens que tornam-se desprovidas de qualquer sentido se admitirmos a validade e validade e a veracidade do veracidade do argumento Calvinista. Em Mateus 3:11, dirigindo-se duramente aos fariseus e saduceus, João Batista é enfático ao enfático ao exigir deles que produzissem (isto é, demonstrassem) “ frutos “ frutos dignos de arrependimento arrependimento””. Teria João Batista faltado às aulas de Calvinismo na famosa “escola” escola” de Gamaliel? Como ele poderia exigir deles (aos quais chamou de “raças de víboras ”) mesmo uma simples “semente” de arrependimento vistoque eles vistoque eles não poderiam mover um dedo em direção à verdade caso não houvessem sido eleitos e predestinados à salvação? De igual modo, como Paulo poderia proclamar com tanta veemência à sua ímpia audiência no Areópago a clara mensagem do evangelho que a todos anuncia todos anuncia que searrependam? searrependam?
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“MasDeus,nãotendoemcontaostempo “MasDeus,nãotendoemcontaostemposdaignorânc sdaignorância, ia, ” (Atos17:30).
Por que Deus ordenaria que ordenaria que todos se todos se arrependam quando é Ele, segundo o Calvinismo, quem deve dar ao homem uma “fé especial” para esse fim, e sem a qual todos todos são supostamente incapazes de fazê-lo? É esse vulto de “mistério” e subjetividade que subjetividade que permeia todo o sistema doutrinário Calvinista. Passagens que de outro modo soam tão claras, claras, acabam se tornando um “oráculo” que alegadamente só pode ser revelado àqueles que dedicam anos de suas vidas não ao estudo das Escrituras, mas às enganosas interpretações de homens cujos ensinos, em vários aspectos, passam de largo à genuína mensagem da cruz. R. C. Sproul, por exemplo, em seu livro OQueéFé?, OQueéFé?, alegando estar respaldado pela gramática grega, desconsidera todas as regras aceitáveis da boa hermenêutica ao impor sobre o texto de Efésios 2:8 –9 –9 a tendenciosa tendenciosa interpretação Calvinista. Ele primeiramente pergunta: “... ao que se refere a expressão ‘de vós’? À graça ou à fé?53
E, em seguida, responde: “De acordo com , só há uma resposta possível para esta pergunta. Na estrutura gramatical deste texto, o antecedente da palavra isto isto é a palavra fé. fé. O
53 R. C. Sproul,
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(São José dos Campos, SP; Editora Fiel), p. 61. O Que é Fé? (São
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apóstolo está dizendo que somos salvos pela graça por meio da fé e que ”.54
“Todasasregrasdegramáticagrega Todasasregrasdegramáticagrega”? ”? Talvez Sproul esteja se referindo a “todas “todas asregrasCALVINISTASdegramáticagrega asregrasCALVINISTASdegramáticagrega”, ”, não? Bem, não sou nenhum expert em grego; contudo, poderíamos muito bem recorrer a diversos estudiosos da língua que não concordariam com o que Sproul afirma. Aliás, até onde sabemos, Sproul também não é nenhum especialista na área. As questões gramaticais envolvidas aqui serão tratadas em uma outra oportunidade. Por hora, façamos uma rápida explanação sobre o texto, com base naquilo que o completo teor das Escrituras nos exigem. Nenhum cristão sensato negaria que a fé é um dom de Deus. Porém, em Efésios 2:8 – 2:8 –9, 9, não é a fé que é de fato apresentada como o “dom de Deus”, mas a SALVAÇÃO. Isto é, o texto fala do domdasalvação, domdasalvação , que é concedido pormeiodafé. pormeiodafé. Embora alguns Calvinistas aleguem que ambos são apresentados como “dom de Deus” na passagem, não há maneira honesta de defender essa ideia. Não é nosso propósito aqui uma análise profunda da passagem, por isso, peço a você, leitor, que apenas leia com atenção redobrada o verso 9, pois ele estabelece o nítido contraste nítido contraste entre FÉ e OBRAS. Em outras palavras, se a fé é o “dom de Deus” no verso 8, então estaremos diante de uma declaração paulina 54 Ibid.,
pp. 61, 62.
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desprovida de qualquer sentido (estúpida (estúpida,, para ser exato), pois as obras não podem JAMAIS produzir fé (isto é absurdo!). Assim, o que “nãovemdasobras “nãovemdasobras”, ”, segundo Paulo, é a SALVAÇÃO e não a fé; portanto, a salvação é o “dom de Deus”. A interpretação Calvinista deste texto tem por objetivo fazer da fé uma “obra do homem”, se não a interpretarmos aqui como um “dom especial de Deus” Deus” que, obviamente, deverá então ser concedida apenas aos “eleitos” do Calvinismo. Calvinismo . Fazendo isso, o Calvinista pode então “defender” sua teoria. Mas pergunto: ONDE A BÍBLIA APRESENTA A FÉ COMO UMA OBRA DO HOMEM? Nem mesmo o mais convicto Arminiano ousaria apontar alguma passagem que ensine esse disparate! A fé, como dito antes, é de fato um dom Deus. No entanto, diferente do que alegam os Calvinistas, este dom é concedido por Deus a TODOS OS HOMENS comoparteconstituintedesuanaturezahumana.. A fé, como todas comoparteconstituintedesuanaturezahumana as bênçãos de Deus em nossas vidas, é também uma dádiva divina, assim como nossa própria existência. A fé, segundo as Escrituras, é um atributo inerente a inerente a toda criatura moral de Deus, e que denota a capaci capacidad dade e de crer crer e de confiar em algo ou em alguém. Simples assim! Todos Todos os homens são dotados desta capacidade, que é, portanto, um dom de Deus, tal qual a capacidade de pensar e refletir sobre nossas escolhas morais, de amar nossos n ossos semelhantes, em suma, de sermos espontâneos (algo que não existe em um Calvinismo consistente). Mas então surge a pergunta: ? Sim, mas esta fé não é uma “fé especial” especial” que Deus concede aos homens nomomento em nomomento em que se arrependem, como insistem alguns. Não! A
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Fé é do homem (algo que faz parte de suas características naturais como já explicamos acima). Note ainda que o próprio Senhor Jesus Cristo usou várias vezes expressões como: atuafé, atuafé , avossafé, avossafé, etc. (Mateus 9:22,29; 15:28; Marcos 5:34; 10:52; Lucas 8:25;...). Esta fé (confiança) natural torna-se salvadora quando posta (depositada) sobre a pessoa e obra de Cristo. Agora analise comigo: Se a fé é um atributo (um dom) natural dado por Deus a todos os homens que vêm ao mundo como parte constituinte de seu ser (do homem) e denota apenas apenas uma capacidade inerente à sua própria natureza humana, DO QUE PODEMOS NOS GLORIAR EM NOSSA SALVAÇÃO? Acaso não foi Deus quem nos criou assim? Posso eu me gloriar por ter a capacidade de pensar , ver , ouvir , compreender , e tomar qual qualqu quer er deci decisã são o a meu meu resp respei eito to?? Para o Calvinista, no entanto, que vê esse “tipo” de fé como um “esforço” do homem, este “dom” precisa ser dado a ele por Deus logo após sua “regeneração”, para que só assim a salvação (segundo o Calvinismo) seja completamente obra de Deus. Porém, Ele só concede este suposto “dom da fé” (na ótica Calvinista) apenas a alguns (os “eleitos”); ao restante da humanidade Ele arbitrariamente o nega, “deixando“deixando -os” perecer eternamente. Este, contudo – contudo – como como já dissemos antes – antes – é o “Deus” Calvinista, e não e não o Deus da Bíblia! Bem, muitos outros fatos sobre a distorcida visão Calvinista com respeito às verdades bíblicas concernentes à obra salvífica realizada por Cristo sobre a cruz poderiam ser poderiam ser mencionados se nos propuséssemos a prosseguir com esta análise dos argumentos Calvinistas em favor de uma suposta “lógica” inerente inerente entre os
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pontos da TULIP; porém, cremos que aquilo que esboçamos aqui – aqui – ainda que de modo conciso – – é suficiente para deixar claro que esta “lógica” não apenas repousa em falsas premissas convenientemente convenientemente mescladas à verdade bíblica, como também viola todos viola todos os princípios da boa argumentação. Cabe, portanto, a você, leitor (Calvinista ou não), a responsabilidade de avaliar com extremo cuidado tudo o que esse sistema tem ensinado por séculos e as sérias implicações que inevitavelmente decorrem inevitavelmente decorrem dele pena de tornar-se cúmplice do pecado de representar o santo, amoroso e misericordioso Deus revelado nas Escrituras de modo leviano e leviano e abominável . Que Deus abra os olhos daqueles que o amam!
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Sobre o Autor
é discípulo e servo de Cristo há mais de 26 anos. Nascido em um lar evangélico e instruído desde muito cedo nos princípios da Palavra de Deus, tem como convicção inabalável a plena autoridade das Escrituras como a única e única e exclusiva regra exclusiva regra de fé na vida de todo o cristão. Pós-graduado em Matemática pela Universidade Federal do Pará, onde também atuou nas áreas de docência e pesquisa acadêmica, é hoje professor da rede Estadual de Educação. Há mais de oito anos, movido por um sincero desejo de melhor servir à causa do Evangelho, passou a dedicar-se com mais afinco ao Estudo das Escrituras e à Pesquisa Teológica, com ênfase à Apologética e à Filosofia Cristã. Casado com Ediane B. de Castro e pai de Artur Gabriel (8) e Carlos Heitor (1), vive para servir a Deus com integridade de coração, buscando trazer discernimento àqueles que ainda se sentem inseguros inseguros no caminho da Verdadeira Fé
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