A Santidade do Culto REV. HERMISTEN MAIA PEREIRA DA COSTA
INTRODUÇÃO: O Deus a quem adoramos é santo. A sua natureza e o Seu nome são santos! M aria, jubilosa, canta: O Poderoso me fez grandes cousas. Santo é o seu nome (Lc 1.49). “
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Jesus Cristo, na oração sacerdotal, diz: Pai Santo (Jo 17.11). O Santo de Deus, Que conhece de forma totalmente diferente ao Pai (Mt 11.27/Jo 17.25), que mantém uma relação eterna dentro da economia trinitária, reconhece em Seu Pai eterno a santidade e em Sua relação íntima e decisiva, realça esta perfeição de Deus: Pai “
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Santo! Portanto, quando nos aproximamos de Deus, devemos buscar nEle a purificação de nossa vida, o perdão de nossos pecados. Ele é santo, nós somos pecadores; há uma distância qualitativa intransponível entre Deus e nós; no entant o, por Sua mise1 ricórdia em Cristo, podemos nos aproximar confiadamente, dizendo: Pai nosso . Isto nos leva a pensar que devemos examinar as nossas petições e as motivações que as cercam. Ousar íamos pedir qualquer coisa indiscriminadamente, ao “Pai santo”? Devemos purificar os nossos desejos para que as nossas petições reflitam um coração transformado, que luta por uma santidade de vida... Nós temos por Pai um Deus santo, puro, que não pode conviver com a imundícia do pecado. Um pedido impuro, pecaminoso, é um atentado à Sua natureza santa. “
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A Sua Palavra que nos instrui é santa: Falou Deus na Sua santidade , diz o salmista (Sl 60.6). Quando oramos, o fazemos em nome de Jesus Cristo, aquele que é Santo: Sumo sacerdote (...) santo, inculpável, sem mácula (Hb 7.26). Por isso, as nossas orações devem ser dirigidas pela Palavra de Deus; orar fora da Palavra é a lgo extremamente perigoso: Nós oramos a um Deus santo, no nome do Filho que é santo. Orar em nome de Jesus é dizer ao Pai que o Seu Filho eterno, o nosso irmão mais velho, subscreveu o que estamos dizendo. Orar no nome de Jesus significa a confiança única e exclusiva na suficiência de Seus méritos. A nossa oração não p ode ser uma diminuição da santidade de Cristo. Como bem compreendeu Pink, ao escrever: Solicitar algo a Deus, em nome de Cristo, quer dizer solicitar-lhe al“
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go em harmonia com a natureza de Cristo! Pedir algo em nome de Cristo, a 1
Ele é o grande, todo-poderoso e eterno Pai, mas Se fez nosso Pai em Cristo [D.M LloydJones, Salvos desde a Eternidade, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 2005 (Cert eza Espiritual: Vol. 1), p. 23]. “
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Deus Pai, é como se o próprio Cristo estivesse formulando a petição. Só podemos pedir a Deus aquilo que Cristo pediria. Pedir em nome de Cristo, pois, significa deixar de lado nossa vontade própria, aceitando a vontade do Senhor! .2 ”
Este princípio é válido para todo o culto: Nós cult uamos a Deus por intermédio de Jesus Cristo. O Pai, o Filho e o Espírito são santos.
1. ESCOLHIDOS PARA ADORAR: Paulo em sua maravilhosa doxologia (Ef 1.3-14), declara que Deus nos tem abençoado continuamente em Cristo. Ele bendiz a Deus com uma expressão de ação de graças, considerando as bênçãos de Deus que recebemos por Cristo: que nos tem abençoado (eu)logh/ logh/saj) (3). O particípio aoristo (eu)logh/saj), indica dentro deste contexto, um fato consumado e a ação continuada de Deus. Podemos inte rpretar que Deus na eternidade já nos abençoou definitivamente; a sua bênçã o é completa; todavia, ela é-nos comunicada constantemente através da história. Essas bênçãos são multifacetadas: multifacetadas: toda sorte (pa/sh), na realidade, “todas” e “cada” bênção que temos, sem exceção, provém do Senhor. As regiões celestiais (e)n toi=j 3 e)pourani/oij = lit. “dos céus”, “celestiais”) indicam a procedência das bê nçãos. Elas provêm de Deus, o Pai que habita os céus (Mt 6.9) e, para onde Ele mesmo nos l evará (2Tm 4.18). Devemos estar atentos ao fato de que tudo que temos provém de Deus, através d e Cristo, sendo comunicado pelo Espírito. De modo especial o texto destaca algumas dessas bênçãos: a eleição (4 -5), a redenção (7), o selo do Espírito (13-14). Portanto, é uma tentação muito grave, ou seja, avaliar alguém o “
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amor e o favor divinos segundo a medida da prosperidade terrena que ele alcança .4 As bênçãos são espirituais porque se originam em Deus, sendo -nos comunicadas pelo Espírito. Essas bênçãos relacionam -se diretamente ao ministério de Cristo, que é celestial (2Tm 4.18), tendo um alcance có smico (Ef 3.10). Isso também denota a nossa nova condição: Deus nos fez assentar nos lugares celestiais (e)pourani/oij) (Ef 2.6) juntamente com Cristo (Ef 1.20). Essa realidade é altamente estimulante: cada bênção de Deus, o Seu cuidado mantenedor e pres ervador constitui-se na administração de Sua graça, concedida em Cristo Jesus desde a eternid ade. Devemos então, considerar que, se desejamos refrear nossas paixões, devemos recordar que todas as coisas nos têm sido dadas com o propósito de que possamos conhecer e reconhecer o seu autor .5 ”
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Considerando essas bênçãos, que ultrapassam em muito a nossa capac idade de pensar, sentir ou imaginar (Ef 3.20), devemos buscar o reino de Deus (Mt 6.33); as 2 3
A.W. Pink, Deus é Soberano, São Paulo: FIEL., 1977, p. 134.
E)poura/nioj: Mt 18.35 (variante textual); Jo 3.12; 1Co 15.40,48,49; Ef 1.3,20; 2.6; 3.10; 6.12; Fp 2.10; 2Tm 4.18; Hb 3.1; 6.4; 8.5; 9.23; 11.16; 12.22. 4 João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo: Paracletos, 1999, Vol. 1, (Sl 17.14), p. 346. 5 João Calvino, A Calvino, A Verdadeira Vida Cristã, São Paulo: Novo Sé culo, 2000, p. 72.
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coisas lá do alto onde Cristo está à direita de Deus (Cl 3.1).
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Tudo que temos é “em Cristo”. Vê-se então que a fé nos ensina que todo o “
bem que nos é necessário e que em nós mesmos não existe está em Deus e em Seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, em quem o Senhor constituiu toda a plenitude das Suas bênçãos e da Sua liberalidade .6 Neste texto, Ef 1.3-14, há pelo menos doze referências diretas a Cristo, indicando a verdade de que, fora de Cristo nada somos e nada temos; Ele é o fundamento da Igreja. Junt amente com os dons celestiais, Cristo dá-se a Si mesmo por nós (Rm 8.32). A eleição tem um sent ido escatológico: é da eternidade para a eternidade em santificação: até que a nossa 7 salvação seja consumada na glorificação. ”
Paulo inicia a doxologia bendizendo a Deus, demonstrando que Deus é di gno de ser bendito. A palavra bendito, ( Eu)loghto\j = “louvado ”, “bem-aventurado”) (Hebraico: Baruk; Latim: Benedictus) ocorre 8 vezes no Novo Testamento e é sempre us ada 8 para Deus (Mc 14.61; Lc 1.68; Rm 1.25; 9.5; 2Co 1.3; 11.31; Ef 1.3; 1Pe 1.3). A fraseologia desta saudação, também empregada em 2Co 1.3, assemelha -se à de Pedro em 1Pe 1.3. Na Epístola aos Coríntios, Paulo bendiz a Deus considerando o fato de que é Ele quem nos conforta em toda a nossa tribulação; Pedro, bendiz a Deus considerando a nossa regeneração efetuada pela misericórdia de Deus, para que tenhamos uma viva esperança através da ressurreição de Cristo. Em Efésios, Paulo, contemplando a extensão da obra do Deus triúno de eternidade a eternidade efet u9 ando a nossa eleição, dá graças a Deus. (Ver o Salm o 103). Paulo diz que Deus, o Pai, tem, através da história, manifestado as suas bênçãos eternas para conosco – Paulo, os efésios e todos os santos em todos os tempos – nas regiões celestiais em Cristo Jesus. Notemos aqui, que Deus é Pai do nosso Senhor Jesus Cristo (path\r tou= kuri/ou h)mw=n )Ihsou= Xristou=). “
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Paulo dá graças a Deus considerando então as bênçãos de Deus derramadas sobre o seu povo: No passado: (Eleição) (Ef 1.3,4); No presente: (Redenção) (Ef 1.7); No futuro: (Posse definitiva da vida eterna) (Ef 1.12-14). O mesmo Espírito que nos abençoa, orienta -nos em nossa adoração, a fim de que ofereçamos a Deus «hinos e cânticos espirituais» (Ef 5.19), conforme acentuou Old: Os hinos e salmos que são cantados na adoração sãos músicas espirituais, isto é, elas são as músicas do Santo Espírito (Atos 4.25; Ef 5.19) .10 (Ver: Cl 3.16). “
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Paulo bendiz a Deus contemplando a extensão da obra do Deus triúno de etern i6 7 8 9
João Calvino, As Institutas, (1541), III.9. Vd. J. Calvino, As Institutas, III.22.10. Na Septuaginta, a única vez que a palavra é usada para referir -se ao homem é em Gênesis 24.31.
Ver: R.C.H. Lenski, The Interpretation of St. Paul´s Epistles to the Ephesians, Peabody, Massachusetts: Hendrickson Publishers, 1998, (Ef 1.3), p. 349. 10 Hughes Oliphant Old, Worship: That Is Reformed According to Scripture, Atlanta: John Knox Press, 1984, p. 6.
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dade a eternidade efetuando a nossa eleição. Os eleitos bendizem a Deus pelo que Ele é e pelo que Ele fez por nós. A gratidão deve nortear o nosso relacionamento com Deus. Não há um caminho mais direto (à gratidão), do que o de tirarmos nossos olhos da vida presente e meditar na imortalidade do céu .11 “
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Deus deve ser sempre o alvo de nossa adoração sincera, resultante de um cor ação consciente e agradecido, que reconhece a Sua Glória e os Seus atos salvad ores e abençoadores (2Ts 2.13/Ef 5.20). Comentando o Salmo 6, Calvino assim se e xpressa: Depois de Deus nos conceder gratuitamente todas as coisas, ele nada requer em troca senão uma grata lembrança de seus benefícios .12 “
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Fomos eleitos por Deus na eternidade para que O adoremos. Portanto, no culto a igreja vivencia o propósito de sua eleição: o fim principal do homem é glorificar a Deus! A igreja é a comunidade de adoradores que se congrega para testemunhar publicamente os atos graciosos de Deus.
2. O HOMEM PERANTE DEUS: Com que me apresentarei ao Senhor? (Mq 6.6). Esta certamente é a grande pergunta com a qual todo o ser humano se deparará um dia. O homem foi criado p ara se relacionar com o Seu Criador. Deus ao criar o homem conferiu-lhe uma identidade própria que o distinguiria de toda a criação. Enquanto os outros seres criados (peixes, aves, animais domésticos, animais selváticos, etc.) o foram conforme as s uas respectivas espécies. O homem, diferentemente, teve o seu modelo no próprio Deus Criador – Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança.... (Gn 1.26); e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus.... (Ef 4.24) – sendo distinto assim, de toda a criação, partilha ndo com Deus de uma identidade desconhecida por todas as outras criaturas, visto que somente o homem foi criado “à imagem e semelhança de Deus ”. Somente o homem pode partilhar de um relacionamento pessoal, voluntário e consciente com Deus. Por isso, quando se trata de encontrar uma companheira para o homem com a qual ele possa se relacionar de forma pessoal – já que não se encontra em todo o resto da criação –, a solução é uma nova criação, tirada da costela de Adão e, tran sformada 13 por Deus em uma auxiliadora idônea, com a qual Adão se completará, passando a haver uma “fusão interpessoal ”, “unidade essencial ”, constituindo-se os dois uma só 14 15 carne(Gn 2.20-24; Mc 10.8), unidos por Deus (Mt 19.6). “
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João Calvino, A Verdadeira Vida Cristã, p. 73.
João Calvino, O Livro dos Salmos, Vol. 1, (Sl 6.5), p. 129. Por sua vez, os ímpios e hipócritas correm para Deus quando se vêem submersos em suas dificuldades; mas assim que se vêem livres delas, olvidando seu libertador, se regozijam com frenética hilaridade [Jo ão Calvino, O Livro dos Salmos, Vol. 1, (Sl 28.7), p. 608]. 13 Ver: O. Palmer Robertson, Cristo dos Pactos, Campinas, SP.: Luz para o Caminho, 1997, p. 69. 14 “
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Deu nome o homem a todos os animais domésticos, às aves dos céus e a todos os animais selváticos; para o homem, todavia, não se achava uma auxiliadora que lhe fosse idônea. Então, o SENHOR Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com carne. E a costela que o SENHOR Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe. E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha car“
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Mas se o homem e a mulher se completam f ísica, psíquica e afetivamente, const i16 tuindo assim a vida social – o que de fato está longe de ser isso irrelevante –, ambos têm uma matriz metafísica, transcendente: ambos procedem de Deus para viverem com e para Deus. Por isso, a quest ão que permanece na tela das atenções do homem, ainda que costumeiramente ele não saiba defini -la, é o seu encontro com Deus. Pela perda da dimensão do eterno o homem trilha por atalhos que, quando muito, servem como paliativos para as suas angústias, mas, que ao final, aumentam ainda mais a sua dor e desilusão. Assim, o homem procura alento na filosofia, na a rte, na filantropia, na religião, na diversão, no consumo, no sexo, no trabalho e nas drogas. Ainda que algumas dessas fugas possam ser úteis intelectual e socialme nte, elas, por si só não resolvem a questão fundamental do ser humano: Com que me apresentarei ao Senhor? (Mq 6.6). “
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Sem a dimensão metafísica da existência todo o nosso labor carece de sentido, pois o sentido não é conferido intrinsecamente pelo que pensamos por nós mesmos ou fazemos, mas em Deus, Aquele que confere significado ao nosso real. O homem 17 como uma síntese de infinito e de finito carece de um referencial que vá além de si mesmo. Em outras palavras, como ser finito que é, ele não representa um ponto de integração suficiente para si mesmo .18 Sem esse “ponto” o homem buscará referência apenas em tendências, moda, estatísticas ou no seu “bom senso”; ou seja: carecerá de absolut os. Sem absolutos a vida transforma-se em uma “novela das oito ”: Tudo é permitido de ntro do consenso do produtor, diretor e do grande público... “
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No entanto Deus existe e o homem foi criado à sua imagem e semelhança. No r elato histórico da criação do hom em, encontramos o registro inspirado: "Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança.... (Gn 1.26). Deus Se aconselha consigo mesmo e delibera. Aqui podemos ver a singularidade da criação do homem; em nenhum outro relato e ncontramos esta forma 19 relacional. Conforme acentua Bavinck (1854-1921), Ao chamar à existência as
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ne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada. Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne (Gn 2.20-24). Por isso, deixará o homem a seu pai e mãe e unir-se-á a sua mulher, e, com sua mulher, serão os dois uma só carne. De modo que já não são dois, mas uma só carne (Mc 10.7-8). 15 .... o que Deus ajuntou não separe o homem (Mc 10.9). ”
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O objetivo do reino temporal é fazer que possamos adaptar-nos à companhia dos homens durante o tempo que nos cabe viver entre eles; estabelecer os nossos costumes em termos de uma justiça civil; viver em harmonia uns com os outros; e promover e manter paz e tranqüilidade comum. Reconheço que todas estas coisas seriam supérfluas, se o reino de Deus, que ora se mantém em nós, anulasse a presente existência. Mas se é da vontade de Deus que caminhemos na terra enquanto aspiramos à nossa verdadeira pátria, e se, ademais, tais acessórios são necessários nessa viagem para lá, os que querem separá-los do homem vão contra a sua natureza humana [João Calvino, As Institutas, (1541), IV.16]. 17 S.A. Kierkegaard Desespero Humano, Doença Até à Morte, S ão Paulo: Abril Cultural (Os Pensadores, Vol. XXXI), 1974, p. 337. 18 F.A. Schaeffer, O Deus que Se Revela, São Paulo: Cultura C ristã, 2002, p. 39 -40. 19 Vd. Anthony A. Hoekema, Criados à Imagem de Deus, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1999, p. 24. “
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outras criaturas, nós lemos simplesmente que Deus falou e essa fala de Deus trouxe-as à existência. Mas quando Deus está prestes a criar o homem Ele primeiro conferencia consigo mesmo e decide fazer o homem à Sua imagem e semelhança. Isso indica que especialmente a criação do homem repousa sobre a deliberação, sobre a sabedoria, bondade e onipotência de Deus. (...) O conselho e a decisão de Deus são mais claramente manifestos na criação do homem do que na criação de todas as outras criaturas .20 Aqui temos o decreto Trinitário que antecede o tempo e, que agora, se executa hi s”
toricamente conforme o eternamente planejado. 21
O Façamos de Deus, conforme usado em Gênesis 1.26, indica que o homem foi criado após deliberação ou consulta, como explica Calvino: "Até aqui Deus tem “
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se apresentado simplesmente como comandante; agora, quando ele se aproxima do mais excelente de todas as suas obras, ele entra em consulta".22 O fato de Deus ter criado o homem após deliberação, tem dois objetivos na co ncepção de Calvino (1509 -1564): 1) nos ensinar que o próprio Deus se encarregou de fazer algo grande e maravilhoso; 2) dirigir a nossa atenção para a dignidade de no s23 sa natureza. Assim, conclui ele: "Verdadeiramente existem muitas coisas nesta
natureza corrupta que pode induzir ao desprezo; mas se você corretamente pesa todas as circunstâncias, o homem é, entre outras criaturas, uma certa preeminente espécie da Divina sabedoria, justiça, e bondade, o qual é merecidamente chamado pelos antigos de microcosmos 'um mundo em miniatura . 24 ’ ”
Davi, contemplando a majestosa criação de Deus, escreveu: Graças te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste; as suas obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem (Sl 139.14). “
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É justamente pelo fato do homem ter a impressão pessoal de Deus no mais alto grau é que ele necessita voltar -se para Deus. A nossa fome espiritual nada mais é do que o revelar o nosso vazio e a necessidade de que ele seja preenchido com algo que ultrapassa as nossas possibilidades. Daí o vazio ser o tema recorrente da
20
Herman Bavinck, Our Reasonable Faith, 4ª ed. Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1984, p. 184. 21 he&A(an (na’aseh), qal, imperfeito. 22 John Calvin, Commentaries on The First Book of Moses Called Genesis, Grand Rapids, Michigan: Eerdamans Publishing Co., 1996 (Reprinted), Vol. 1, p. 91. 23 Cf. John Calvin, Commentaries on The First Book of Moses Called Genesis, Vol. 1, p. 92. Cf. João Calvino, As Institutas, São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1985, I.15.3. 24 John Calvin, Commentaries on The First Book of Moses Called Genesis, Vol. 1, p. 92. Comentando Gênesis 5.1, Calvino diz que Moisés repetiu o que ele havia dito antes, porque a excelência e a dignidade desse favor não poderia ser suficientemente celebrada. Foi sempre uma grande coisa, que o principal lugar entre as criaturas foi dado ao homem [John Calvin, Commentaries on The First Book of Moses Called Genesis, Vol. 1, p. 227. Vd. J. Calvino, As Institutas, II.1.1]. “
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humanidade. Algo nos falta, somos como que um recipiente rachado que não consegue se completar; por isso, de certa forma podemos dizer que "o desejo é a própria essência do homem".26 Mas, o trágico é que o que buscamos para nos satisfazer nos escapa, a felicidade que procuramos torna-nos vezes sem conta ainda mais frustrados. Aqui está algo desalentador: Parte da cruel ironia da existência “
humana parece ser que as coisas que, em nossa opinião, iriam nos fazer felizes, deixam de fazê-lo .27 "Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também ”
pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até o fim" (Ec 3.11). Com que me apresentarei ao Senhor? (Mq 6.6). Este texto se prop õe a respo nder esta e outras questões concernentes ao culto a Deus. “
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3. OUVI O SALVADOR DIZER.... FUI A JESUS E LHE ENTREGUEI : “
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Nós adoramos a Deus porque Ele nos criou para adorá-Lo – Hughes Oli28 phant Old. “
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Todo o culto prescrito na lei não era nada mais do que um quadro que prefigurava o espiritual em Cristo – João 29 Calvino. “
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Normalmente quando se fala de Culto ou do seu porquê, tem-se seguido caminhos desviantes da fé cristã ou, quando se localiza a trilha correta, confunde -se, muitas vezes, o caminho da ação com o da resposta, percorrendo -se, assim, apenas a metade da estrada, esquecendo-se da sua origem, da sua “causa primeira”. Afirmo isto porque tenho observado que, quando o assunto é culto, amiúde tem -se partido do ponto referente à aproximação do homem em direção a Deus, colocando, desta forma, o ponto de partida no homem, no desejo deste em buscar a Deus, evidenciando-se, embora de modo correto, a teocentricidade do Culto. Todavia, isso não é suficiente. O culto cristão não é uma ação humana, mas sim, uma resposta; uma at itude responsiva à ação de Deus que primeiro veio ao homem, revelando -Se e capa25
Ver: Alister McGrath, O Deus Desconhecido: Em Busca da Reali zação Espiritual, São Paulo: Loyola, 2001, p. 7. 26 B. Espinosa, Ética, São Paulo: Abril Cultural, (Os Pensadores, Vol. XVII), 1973, I V.18. p. 244. 27 Alister McGrath, O Deus Desconhecido: Em Busca da Realização Espiritual, p. 9. Calvino (15091564) comenta que .... enquanto todos os homens naturalmente desejam e correm após a felicidade, vemos quão quanta determinação se entregam a seus pecados; sim, todos aqueles que se afastam ao máximo da justiça, procurando satisfazer suas imundas concupiscências, se julgam felizes em virtude de alcançarem os desejos de seu coração [João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo: Paracletos, 1999, Vol. 1 (Sl. 1.1), p. 51]. 28 Hughes Oliphant Old, Worship: That Is Reformed According to Scripture, Atlanta: John Knox Press, 1984, p. 1. 29 João Calvino, Exposição de Hebreus, (Hb 8.5), p. 207. “
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citando-o a responder-Lhe. A essencialidade desta atividade é apontada pelo fato de 30 31 que é Deus mesmo Quem procura constantemente Seus adoradores: ....vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e 32 em verdade; porque são estes que o Pai procura (zhte/w) para seus adoradores “
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O verbo zhte/w na sua forma indicativa, conforme aparece em Jo 4.23, aponta para a atividade contínua e habitual de Deus. 31 Ver: Boanerges Ribeiro, O Senhor que Se Fez Servo, São Paulo: O Semeador, 1989, p. 46 -47; John Frame, Em Espírito e em Verdade, São Paulo: Cultura Cristã, 2006, p. 33. 32 Este verbo (92 vezes no NT), quando empregado referindo-se à ação do Pai e do Filho, em suas poucas apari ções, tem um sentido altamente significativo. a) Jesus, o Filho, busca não a sua glória, mas a do Pai: Respondeu-lhes Jesus: O meu ensino não é meu, e sim daquele que me enviou. Se “
alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo. Quem fala por si mesmo está procurando (zhte/w) a sua própria glória; mas o que procura (zhte/w) a glória de quem o enviou, esse é verdadeiro, e nele não há injustiça (Jo 7.16-18); Replicou Jesus: Eu não tenho demônio; pelo contrário, honro a meu Pai, e vós me desonrais. Eu não procuro (zhte/w) a minha própria glória; há quem a busque (zhte/w) e julgue (Jo 8.49-50). b) O Filho busca fazer a vontade do Pai: Eu nada posso fazer de mim mesmo; na forma por que ouço, julgo. O meu juízo é justo, porque não procuro (zhte/w) a minha própria vontade, e sim a daquele que me enviou (Jo 5.30). c) O Filho veio buscar o perdido: Porque o Filho do Homem veio buscar (zhte/w) e salvar o perdido (Lc 19.10). Esta passagem faz eco à promessa de Deus que, através de Ezequiel, dissera: “Como o pastor busca o seu rebanho, no dia em que encontra ovelhas dispersas, assim buscarei as minhas ovelhas; livrá-las-ei de todos os lugares para onde foram espalhadas no dia de nuvens e de escuridão. Tirá-las-ei dos povos, e as congregarei dos diversos países, e as introduzirei na sua terra; apascentá-las-ei nos montes de Israel, junto às correntes e em t odos os lugares habitados da terra. Apascentá-las-ei de bons pastos, e nos altos montes de Israel será a sua pastagem; deitar-se-ão ali em boa pastagem e terão pastos bons nos montes de Israel. Eu mesmo apascentarei as minhas ovelhas e as farei repousar, diz o SENHOR Deus. A perdida buscarei, a desgarrada tornarei a trazer, a quebrada ligarei e a enferma fortalecerei; mas a gorda e a forte destruirei; apascentálas-ei com justiça (Ez 34.12-16). Na Parábola da “Ovelha Perdida”, temos figura semelhante: Que vos parece? Se um homem tiver cem ovelhas, e uma delas se extraviar, não deixará ele nos montes as noventa e nove, indo procurar (zhte/w) a que se extraviou? (Mt 18.12). No Antigo Testamento ao povo rebelde, distante de Deus, alheio à Aliança, Deus o conclama a voltar-se para Ele com integridade de cora ção. Deus se deixaria achar: Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração (Jr 29.13/Dt 4.29; Is 55.6). Na reforma levada a efeito por Asa – o terceiro Rei de Judá após a divisão das tribos de Israel. Asa g overnou durante 41 anos (c. 910-869) –, houve esta busca sincera por Deus: Israel esteve por muito tempo sem o verdadeiro Deus, sem sacerdote que o ensinasse e sem lei. Mas, quando, na sua angústia, eles voltaram ao SENHOR, Deus de Israel, e o buscaram, foi por eles achado (2Cr 15.3-4). O Cronista fala de várias pessoas das tribos de Israel que se juntaram a Judá com o propósito de buscar a Deus: Entraram em aliança de buscarem ao SENHOR, Deus de seus pais, de todo o coração e de toda a alma (2Cr ”
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15.12). No Novo Testamento, Jesus Cristo ratifica o ensino do Antigo Testamento, estabelecendo a prioridade do Reino e de sua justi ça: Buscai (zhte/w), pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas (Mt 6.33). Temos também a promessa de enco ntrar Aquele a quem buscamos: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai (zhte/w) e achareis; batei, e abrir-se-vosá. Pois todo o que pede recebe; o que busca ( zhte/w) encontra; e, a quem bate, abrir-se-lhe- á.” (Mt 7.7-8). No entanto, Jesus não se deixa enganar: Ele sabe da sinceridade de nosso coração e de no ssos verdadeiros desejos: Quando, pois, viu a multidão que Jesus não estava ali nem os seus discípu“
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los, tomaram os barcos e partiram para Cafarnaum à sua procura. E, tendo-o encontrado no outro lado do mar, lhe perguntaram: Mestre, quando chegaste aqui? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: vós me procurais, (zhte/w) não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos fartastes (Jo 6.24-26). Paulo, considerando a liberdade crist ã em relação aos “rudimentos do mundo ”, exorta: “Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai ( zhte/w) as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus” (Cl 3.1). De fato, como somos peregrinos neste mundo, buscamos in”
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(Jo 4.23). Deus não procura líderes, “facilitadores”, mestres ou discípulos, mas sim, adoradores. Hendriksen corretamente assevera: Não no sentido em que e“
xistem pessoas que se tornaram esse tipo de adoradores, e que o Pai, por assim dizer, os está procurando, mas sim, no sentido em que Ele procura seus eleitos para que os tenha como tais adoradores. Sua busca é salvadora (cf. Lc 19.10) 34 Deste modo, devemos enfatizar que a finalidade ou o propósito do evangelismo e de missões é criar um povo para adorar a Deus .35 A adoração é a nossa mais importante e permanente atividade, tanto aqui como na eternidade. Portanto, nós cultuamos a Deus não para simplesmente “evangelizar ” os incrédulos, 36 antes, para expressar em f é a nossa ador ação, louvor e gratidão. O Culto a Deus ”
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deve ser a atitude natural do povo de Deus em reconhecimento prazeroso de Seu senhorio sobre a nossa exist ência e de ser Ele o originador e provedor de todas as bênçãos celestiais que temos recebido em Cristo Jesus: Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo (Ef 1.3). “
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A adoração correta ao verdadeiro Deus, é uma atitude de fé, gratidão e obediê ncia na qual, o adorador se prostra diante do Deus que o atraiu com a Sua graça irr e37 sistível. Neste ato de culto, o homem confessa sua dependência de Deus, profe ssando a sua fé em resposta à Palavra criadora de Deus (Jo 1.1 -3; Rm 1.16; 10.17; 38 Tg 1.18,21; 1Pe 1.23). A Palavra de Deus é criadora porque gera a fé e, todas as vezes que Deus fala ao homem, algo de novo acontece, o homem não pode ser mais o mesmo, ele não pode mais ignorar este acontecimento (At 4.20). E isto, se expressa em culto. Deus fala e o homem adora; Deus Se mostra, o homem contempla; Deus abençoa, o homem louva... "De longe se me deixou ver o Senhor, dizendo: Com amor eterno eu te amei, por isso com benignidade te atraí" (Jr 31.3). tensamente a cidade eterna: “Na verdade, não temos aqui cidade permanent e, mas buscamos (e)pizhte/w) a que há de vir ” (Hb 13.14). Lucas relata que o proc ônsul Sérgio Paulo, que ouvia a Paulo e a Barnabé, tinha grande avidez pela Palavra: “.... o procônsul Sérgio Paulo, que era homem inteligente. Este, tendo chamado Barn abé e Saulo, diligenciava (e)pizhte/w) para ouvir a palavra de Deus” (At 13.7). 33 Vd. Confissão de Fé de Westminster , IX.3,4. 34 William Hendriksen, O Evangelho de João, São Paulo: Cultura Cristã, 2004, (Jo 4.23), p. 226. 35 Terry L. Johnson, Adoração Reformada: A adoração que é de acordo com as Escrituras, S ão Paulo: Puritanos, 2001, p. 23. Deus salva os homens para fazê-los adoradores (A.W. Tozer, O Poder de Deus, 2ª ed. São Paulo: Mundo Cristão, 1986, p. 113). 36 Vd. Michael S. Horton, O Cristão e a Cultura, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1998, p. 84. 37 Vd. Confissão de Fé de Westminster , X.1,2. 38 “
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No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. E le estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez (Jo 1.1-3). Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego (Rm 1.16). .... a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo (Rm 10.17). Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas (Tg 1.18). Portanto, des pojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós im plantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma (Tg 1.21). Pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente “
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Quando nos reunimos para cultuar a Deus, exercitamos o Sacerd ócio Univer sal dos Crentes, que só se torna possível através do sacrifício expiatório de Jesus Cri sto 39 (Vejam-se: Hb 7.22-28; 9.11-14; 10.19-25 /Hb 6.19-20). Ele foi o nosso precursor à 40 presença de Deus (Jo 14.2 -3/Hb 6.17-20; Rm 5.2; Hb 4.16). No culto público nós exercitamos o Sacerdócio Universal dos Crentes da seguinte forma: 1) Falamos com Deus expressando a nossa fé por meio dos cânticos, das or a-
ções e dos Credos.
2) Ouvimos e somos alimentados pela Palavra de Deus a qual é lida e exposta. 3) Compartilhamos a nossa fé por intermédio do testemunho uníssono daquilo que cremos e que Deus tem feito. Por isso, já no Novo Testamento, a aqueles que eram tentados a se ausentarem do culto por motivos irrelevantes, o escritor da Epístola aos Hebreus recomendava: Não deixemos de congregar-nos como é costume de alguns; antes, façamos admoestações, e tanto mais quanto vedes que o dia se aproxima (Hb 10.25). “
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A nossa freqüência aos cultos deve pressupor um desejo de adorar, aprender e 39
Por isso mesmo, Jesus se tem tornado fiador de superior aliança. Ora, aqueles são feitos sacerdotes em maior número, porque são impedidos pela morte de continuar; este, no entanto, porque continua para sempre, tem o seu sacerdócio imutável. Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles. Com efeito, nos convinha um sumo sacerdote como este, santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e feito mais alto do que os céus, que não tem necessidade, como os sumos sacerdotes, de oferecer todos os dias sacrifícios, primeiro, por seus próprios pecados, depois, pelos do povo; porque fez isto uma vez por todas, quando a si mesmo se ofereceu. Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens sujeitos à fraqueza, mas a palavra do juramento, que foi posterior à lei, constitui o Filho, perfeito para sempre (Hb 7.22-28). Quando, porém, veio Cristo como sumo sacerdote dos bens já realizados, mediante o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, quer dizer, não desta criação, não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção. Portanto, se o sangue de bodes e de touros e a cinza de uma novilha, aspergidos sobre os contaminados, os santificam, quanto à purificação da carne, muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo! (Hb 9.11-14). Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura. Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel. Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima (Hb 10.19-25). 40 Por isso, Deus, quando quis mostrar mais firmemente aos herdeiros da promessa a imutabilidade do seu propósito, se interpôs com juramento, para que, mediante duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, forte alento tenhamos nós que já corremos para o refúgio, a fim de lançar mão da esperança proposta; a qual temos por âncora da alma, segura e firme e que penetra além do véu, onde Jesus, como precursor, entrou por nós, tendo-se tornado sumo sacerdote para sempre.... (Hb 6.17-20). Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também (Jo 14.2-3). “
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servir a Deus. O culto nunca é uma atitude passiva, antes envolve o desejo de participação. Temos um bom resumo do sentimento que deve nortear a nossa particip ação no culto em Hb 10.22 -25. Por outro lado, como bem observou Warfield (18511921): Nenhum homem pode excluir-se dos cultos regulares da comunidade à qual pertence, sem sérios prejuízos para sua vida espiritual pessoal .41 E: “
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.... nem o indivíduo mais santo pode se dar ao luxo de dispensar as formas regulares de devoção, e que o culto público regular da igreja, apesar de todas as suas imperfeições e problemas localizados, é a provisão divina para o sustento da alma .42 “
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4. DEFINIÇÃO DE CULTO: O culto cristão é a expressão da alma que conhece a Deus e, que deseja dialogar com o seu Criador; mesmo que este diálogo, por alguns instantes, consista num m onólogo edificante no qual Deus nos fale através da Palavra. A seguinte definição e xpressa bem esta realidade: "Em essência o culto é um encontro de Deus com
Seu povo no qual se estabelece um diálogo: Deus fala à Sua Igreja através de Sua Palavra e a Congregação expressa sua adoração ao Senhor mediante as orações, oferendas e hinos".43 O grande teólogo de Princeton, B.B. Warfield (1851 -1921), em certa ocasião, f alando sobre o preparo dos estudantes de teologia, fez uma advertência muito pert inente àqueles que alegam frieza no culto e ausência de Deus: Se não há fogo no “
púlpito, cabe a você acendê-lo nos bancos. Nenhum homem pode fracassar em encontrar-se com Deus no santuário, se ele traz Deus consigo para ali. Como é fácil transferir a culpa de nossos corações frios para os ombros de nossos líderes religiosos! 44 ”
O culto é a resposta reverente e adoradora que só se torna possível pela graça de Deus, que nos dá vida (Jo 10.10; Ef 2.1,5; Cl 2.13), capacitando -nos para este even45 to. A grandeza do culto não está em sua pompa – em geral superficial, crédula e 41
B.B. Warfield, A Vida Religiosa dos Estudantes de Teologia, São Paulo: Editora os Puritanos, 1999, p. 19. 42 William Robertson Nicoll. Apud B.B. Warfield, A Vida Religiosa dos Estudantes de Teologia, p. 25. 43 Víctor M.S. Garcia, Musica y Alabanza: In: Revista Teológica, México: Vol. IX, nº 31-32, 1978, p. 47. 44 B.B. Warfield, A Vida Religiosa dos Estudantes de Teologia, p. 23. Devemos entender por aqueles que se apresentam diante dele no exerc ício de fé genuína, e não pela ocupação de um esp aço em seu templo em sua aparência externa. Mas, além disso, ser escolhido e ser chamado a fim de corrigir qualquer vã idéia de que às ovelhas do rebanho de Deus se permite vaguear ao s abor de sua vontade, por certo tempo, sem serem trazidas ao rebanho. Esta é uma forma pela qual nossa graci osa adoção se evidencia, a saber, que nos achegamos ao santuário sob a liderança do Espírito Sa nto.” À frente: “Os hipócritas podem entrar lá, mas regressam vazios e insatisfeitos no tocante ao de sfruto de alguma bênção espir itual” [João Calvino, O Livro dos Salmos, Vol. 2, (Sl 65.4), p. 612,613]. 45 Vejam-se: John Calvin, “The Necessity of Reforming the Church, ” John Calvin Collection, [CDROM], (Albany, OR: Ages Software, 1998), p. 218-219; John Calvin, Sermons on 2 Samuel, Carlisle, Pennsylvania: The Banner of Truth Trust, 1992, p. 246. “
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inutilmente substitutiva –, pretensa qualidade das pessoas, brilho do coral, eloqüência do pregador, beleza do templo ou qualquer outra coisa que possamos apresen46 tar; na realidade a grandeza de nosso Culto está na santidade majestosa de Deus. Nada é mais eloqüente do que a nossa obediência a Deus em nosso culto solene e em nossa vida de culto.
5. O DEUS QUE É ADORADO: Em nossa adoração precisamos ter sempr e em nossas mentes e corações, que o culto cristão é prestado ao Deus Triúno, e somente a Ele. Qualquer outro ser que se torne alvo de adoração, impossibilita o genuíno culto bíblico (Jo 4.23; Rm 1.25; Ef 2.13-18; Cl 2.18; 3.17; Ap 19.10; 22.8,9). Cultuar a um deus imaginário é um ato idó47 latra. Os homens tendem a projetar em Deus os seus anseios de resposta. Criamos um deus de acordo com as nossas expectativas circunstanciais, atribuimos-lhe virtudes, peculiaridades e fazemos a nossa teologia em nome de uma não-teologia; damos-lhe forma e contorno, estabelecemos métodos de ação que deveriam ser c oerentes com a nossa perspectiva do divino e assim por diante. Esquecemo-nos apenas de um ponto: este deus de nosso imaginário é apenas virtual, não é o Deus das Escrituras. Podemos criar os nossos deuses e at é nos divertir com isso – ali ás, a ficção é em geral mais agradável –; mas não pensemos que estes venham nos soco rrer. Os deuses virtuais nada t êm a ver com as nossas realidades concretas. Deus mesmo alertou ao povo de Israel quanto a isso, mostrando a insanidade da idolatria: Todos os artífices de imagens de escultura são nada, e as suas coisas preferidas são de nenhum préstimo; eles mesmos são testemunhas de que elas nada vêem, nem entendem, para que eles sejam confundidos. Quem formaria um deus ou fundiria uma imagem de escultura, que é de nenhum préstimo? Eis que todos os seus seguidores ficariam confundidos, pois os mesmos artífices não passam de homens; ajuntem-se todos e se apresentem, espantem-se e sejam, à uma, envergonhados. (...) Nada sabem, nem entendem; porque se lhes grudaram os olhos, para que não vejam, e o seu coração já não pode entender. Nenhum deles cai em si, já não há conhecimento nem compreensão para dizer: Metade queimei e cozi pão sobre as suas brasas, assei sobre elas carne e a comi; e faria eu do resto uma abominação? Ajoelhar-me-ia eu diante de um pedaço de árvore? Tal homem se apascenta de cinza; o seu coração enganado o iludiu, de maneira que não pode livrar a sua alma, nem dizer: Não é mentira aquilo em que confio? (Is 44.9-11; 18-20). Os nossos deuses, criados criteriosamente por nossas mentes e fundidos habilmente pelos artífices, nada podem fazer. No caso de Israel, os seus ídolos iriam com povo para o c a48 49 tiveiro. Bel se encurva, Nebo se abaixa; os ídolos são postos sobre os animais, sobre as bestas; as cargas que costumáveis levar são canseira para as bestas já cansadas (Is 46.1-2 Vd. Sl 135.15-17). Deus estabelece o contraste em si mesmo e “
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Ver: John Calvin, Calvin s Commentaries, Grand Rapids, Michigan: Baker Book House Company, 1996 (Reprinted), Vol. II/1, (Lv 19.1), p. 4 22. 47 Cf. James M. Boice, O Evangelho da Graça, p. 177-178. 48 Principal divindade babilônica. 49 Divindade babilônica filha de Nebo. Ele era considerado o deus da erudição e de todas as ciê ncias. ’
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os deuses virtuais, os quais nada podiam fazer: 3 Ouvi-me, ó casa de Jacó e todo o restante da casa de Israel; vós, a quem desde o nascimento carrego e levo nos braços desde o ventre materno. 4 Até à vossa velhice, eu serei o mesmo e, ainda até às cãs, eu vos carregarei; já o tenho feito; levar-vos-ei, pois, carregar-vos-ei e vos salvarei. 5 A quem me comparareis para que eu lhe seja igual? E que coisa semelhante confrontareis comigo? 6 Os que gastam o ouro da bolsa e pesam a prata nas balanças assalariam o ourives para que faça um deus e diante deste se prostram e se inclinam. 7 Sobre os ombros o tomam, levam-no e o põem no seu lugar, e aí ele fica; do seu lugar não se move; recorrem a ele, mas nenhuma resposta ele dá e a ninguém livra da sua tribulação. 8 Lembrai-vos disto e tende ânimo; tomai-o a sério, ó prevaricadores. 9 Lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade: que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; 10 que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade; 11 que chamo a ave de rapina desde o Oriente e de uma terra longínqua, o homem do meu conselho. Eu o disse, eu também o cumprirei; tomei este propósito, também o executarei. 12 Ouvi-me vós, os que sois de obstinado coração, que estais longe da justiça. 13 Faço chegar a minha justiça, e não está longe; a minha salvação não tardará; mas estabelecerei em Sião o livramento e em Israel, a minha glória (Is 46.3-13). “
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O Deus a quem oferecemos culto é o Deus que Se revela, tanto na condenação e libertação de seu povo (Is 47.11 -15). Portanto, se queremos conhecê-Lo de fato devemos meditar nas Escrituras Sagradas. Estudemos agora, através das Escr ituras, o que Deus diz a respeito de Si mesmo, para que possamos ter uma visão mais ampla do Deus que ador amos.
a) É o Deus Vivo: Hb 9.14; 11.6; At 14.13-15. Aquele que Se revela concedendonos a Sua Palavra. Adoramos a Deus considerando a Sua autoritativa Palavra que é perfeita e restaura a alma (Sl 19.1-11).
b) Ele é o Criador: Ex 20.11; Ne 9.6; Sl 121.1-2; 146.6; At 4.24; 17.24-26. Nós adoramos a Deus como criador de todas as coisas (Ex 15.1-18; Sl 104; Ap 15.3-4).
c) Ele é o Senhor: Mt 4.10 (= Lc 4.8); At 4.24-26; Rm 14.11; Fp 2.9-11. d) Ele está presente no Culto: Mt 18.20; 1Co 14.25; Ap 15.4. Adoramos não a um Deus ausente, mas ao Deus que é vivo, fala conosco através de Sua Palavra e está presente. O próprio nome Jesus significa “Deus conosc o” (Is 7.14; Mt 1.23). Servimos a Deus pessoal e presente. Cultuamos a Deus que é transcendente e presente; o Deus infinito e pessoal que Se revela conferindo sentido à nossa existência e à realidade.
e) Ele não é indiferente ao nosso Culto: Deus não se agrada de todo culto que supostamente Lhe é dirigido (Ex.: Is 1.13 -16; Am 5.21-27/Mt 6.5; Mq 6.6-8; Ml 1.7-
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14; 2.13). Devemos prestar um culto agradável a Deus, com reverência e santo temor (Hb 12.28; 13.16). Não podemos simplesmente nos apresentar dia nte de Deus 51 de qualquer jeito, oferecendo-Lhe algo que simplesmente nos pareça agradável. No culto público não há lugar para frivolidade e superficialidade: Nós, pecadores, e stamos, por graça, diante do Majestoso Senhor da Glória em adoração. "Na presen-
ça divina a única coisa que se destaca é a natureza santa de Deus e o nosso próprio pecado. Humilhamo-nos e com reverência o adoramos".52 “Nada tende a produzir mais a devida reverência a Deus do que quando nos sentamos em sua presença .53 O nosso Pai é justo (Jo 17.25). Ele não é alguém que possamos subornar com “carinhos ”, “hinos ”, “oferendas ” ou “fervorosas orações ”. ”
Ao povo que pensava prestar um culto meramente formal para supostamente agradar a Deus, Deus diz que o mundo é Seu e, que Ele não necessit a de carne de touros e sangue de cabritos (Sl 50.8-13). Deus não tem nenhum prazer em sacrifício de animal sem o sacrifício da oração dentro do qual o coração é comprometido. A co nfissão de Sua Palavra sem uma vida que se coadune com Seus ensinamentos é uma abominação a Ele. Este mesmo princípio está expresso em diversas pass agens bíblicas: Sl 24.1-6; 40.7-9; 50.14,16-22; 51.16-17; Os 6.6; Mq 6.6-8, fazendo eco à 1Sm 15.22: tem porventura o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender do que a gordura de carneiros (1Sm 15.22). (Vd. também: Pv 21:3, Is 1:11-15). Um culto que vise a apenas cumprir externamente a lei de Deus ou, obter favores de Deus, é profundamente desolador para o Senhor (Is 1.10-17; 29.13; Ml 1.10). A nossa adoração não tem nenhum valor intrínseco; por mais belo e harmonioso que seja o nosso culto, se não proceder de um coração contrito diante de Deus, de nada adiantará; Deus dele nã o se agradará. Deus é justo; não é subo rnável. Precisamos enfatizar que orar não é um substituto para a obediência .54 Antes, a obediência sincera é uma expre ssão de culto. Quando nos aproximamos de nosso Pai, devemos buscar a submiss ão de nossa petição à Sua justiça. Assim como não podemos pedir coisas impuras ao Deus Sa nto, não podemos fazer petições injustas a um Pai Justo. Davi, sentindo -se caluniado, ora a Deus: Ouve, Senhor, a causa justa, atende ao meu clamor.... (Sl 17.1). “
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“O tipo de Deus que agrada à maioria das pessoas hoje teria uma disposição fácil quanto à tol erância de nossas ofensas. Ele seria amável, gentil, acomodat ício, e não possuiria nenhuma reação violenta. Infelizmente, até mesmo na igreja parece que perdemos a visão da majestade de Deus. Há tanta superficialidade e frivolidade entre n ós. Os profetas e os salmistas provavelmente diriam de nós que não temos o temor de Deus perante nossos olhos. Na adora ção pública nosso hábito é nos se ntarmos de qualquer modo; n ão ajoelhamos hoje em dia, muito menos nos prostramos em humildade na presença de Deus. É mais provável que batamos palmas de alegria do que nos en rubesçamos de vergonha ou l ágrimas. Vamos à presença de Deus a fim de reivindicar seu patrocínio e am izade; não nos ocorre que ele pode nos mandar embora. ” (John R.W. Stott, A Cruz de Cristo, Florida: Editora Vida, 1991, p. 98). 51 Ver: John Frame, Em Espírito e em Verdade, São Paulo: Cultura Cristã, 2006, p. 66. 52 D. Martyn Lloyd-Jones, Do Temor à Fé, p. 72. [O culto] é um tempo de adoração somente quando Deus está sendo exaltado enquanto as pessoas se humilham diante dele . (Peter White, O Pastor Mestre, São Paulo: Editora Cultura Cri stã, 2003, p. 82). 53 João Calvino, O Livro dos Salmos, Vol. 2, (Sl 66.3), p. 623. 54 Iain Murray, A Igreja: Crescimento e Sucesso: In: Fé para Hoje, S ão José dos Campos, SP.: Fiel, nº 6, 2000, p. 26. “
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Não fazemos qualquer pedido a Deus. Pedimos aquilo que consideramos justo à luz da Sua Palavra e, mesmo assim, submetemos os nossos pedidos ao escrutínio de Deus (Sl 17.2), porque Deus vê com justiça.
f) Ele conhece os corações: Ml 1.6,7; 2.17; Jo 2.24-25; 6.70; At 1.24; 15.8-9. “Não podemos fingir que estamos cultuando. Devemos adorar em verdade, sabendo 55 que nossos corações são livros abertos diante de Deus. ” g) Ele é Imutável: Sl 102.27; Ml 3.6; Hb 1.12; 13.8. h) Ele deve ser Louvado e Glorificado: Deus é o único Ser digno de todo louvor e de toda glória; por isso, somente a Ele a Igreja presta culto (Mt 4.10; At 2.46 -47; Rm 15.6). O genuíno culto de Deus não pode ser preservado em toda sua integridade enquanto a vil profanação de sua glória, que é a inseparável acompanhante da superstição, não for completamente erradicada .56 “
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6. OS CRISTÃOS QUE OFERECEM CULTO: As Escrituras também apresentam algumas características daqueles que cult uam verdadeiramente a Deus.
a) São pessoas de fé: O culto a Deus começa por Deus que nos conduz à fé que Ele mesmo gera, por graça, em nós (Ef 2.8). .... pois a misericórdia de Deus se lhe antecipa, sendo chamado para que cresse. 57 Não podemos cultuar a Deus sem fé. Culto sem fé é uma contradição de termos. O escritor de Hebreus, considerando o sacrifício definitivo de Cristo, escreve: aproximemo-nos, com since“
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ro coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura ” (Hb 10.22). Como temos insistido, o culto cristão é um ato de fé resultante da graça de Deus que Se revelou e nos capacitou a conh ecê-Lo. A adoração correta ao verdadeiro Deus, é uma atitude de fé e obediência na qual, o adorador se prostra diante do Deus que o atraiu com a Sua graça irr esistível.
Em outro lugar, o escritor de Hebreus diz: “Pela fé, Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim; pelo qual obteve testemunho de ser justo, tendo a aprovação de Deus quanto às suas ofertas. Por meio dela, também mesmo depois de morto, ainda fala. Pela fé, Enoque foi trasladado para não ver a morte; não foi achado, porque Deus o trasladara. Pois, antes da sua trasladação, obteve testem unho de haver agradado a Deus. De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, po rquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hb 11.4-6). “Pela fé, Abraão, quando po sto
à prova, ofereceu Isaque; estava mesmo para sacrificar o seu unigênito aquele que acolheu alegremente as promessas” (Hb 11.17). Sem a genuína fé, procedente da Palavra e direcionada para o Deus Trino, todos os nossos atos de culto são vazios e 55 56 57
James M. Boice, O Evangelho da Graça, p. 182. João Calvino, O Livro dos Salmos, Vol. 3, (Sl 100.1-3), p. 549. Agostinho, A Graça (II), São Paulo: Paulus, 1999, p. 193.
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abomináveis a Deus.
b) São pessoas inteligentes: O culto não é puramente emocional; ele exige int eligência, raciocínio. O homem no culto manif esta a sua fé de forma compreensiva, usando as suas faculdades mentais. A transformação operada por Deus em nós e nvolve o homem todo; quando cultuamos a Deus nos apresentamos diante dEle com 58 a integridade de nosso ser (Rm 12.1-2; 1Co 14.15; Hb 8.10; 10.16; 13.15).
Quando ele [Deus] nos exorta a não sermos como os animais, sem inteligência [Sl 32.9], demonstra-nos que concedeu ao homem inteligência para louvar a Deus .59 “
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c) Têm uma visão espiritual: Aqueles que adoram a Deus não estão presos apenas aos elementos perceptíveis pelos sentidos mas, têm uma sensibilidade espir itual. A verdadeira adoração vem do coração, sendo efetuada de forma consciente 60 para Deus (Cl 3.23). Por isso, o culto não pode estar restrito apenas a um lugar (Jo 4.10-24). d) São pessoas que tiveram uma experiência espiritual: Ninguém, nunca verdadeiramente, vem a conhecer, honrar, louvar, ou glorificar a Deus sem ser mudado durante o processo. 61 Os verdadeiros adoradores s ão homens que não apenas têm um conhecimento a respeito de D eus, mas O conhecem pessoalmente; já experimentaram de forma consciente o Seu perdão, a Sua salvação e gr aça (Sl 18.49-50; 108.1-4; Cl 1.9-14; Hb 9.11-14;62 10.22). Calvino entende que: Até “
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Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente , para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rm 12.1-2). Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com a mente; cantarei com o espírito, mas também cantarei com a mente ” (1Co 14.15). Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: na sua mente imprimirei as minhas leis, também sobre o seu coração as inscreverei; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo (Hb 8.10). Esta é a aliança que farei com eles, depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei no seu coração as minhas leis e sobre a sua mente as inscreverei (Hb 10.16). Por meio de Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu nome (Hb 13.15). 59 Agostinho, Comentário aos Salmos, Vol. III, (Sl 148.3), p. 1128. 60 “Tudo quanto fizerdes, fazei -o de todo o cora ção, como para o Senhor e não para homens ” (Cl “
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3.23). 61 James M. Boice, O Evangelho da Graça, p. 169. 62
Glorificar-te-ei, pois, entre os gentios, ó SENHOR, e cantarei louvores ao teu nome. É ele quem dá grandes vitórias ao seu rei e usa de benignidade para com o seu ungido, com Davi e sua posteridade, para sempre (Sl 18.49-50). Firme está o meu coração, ó Deus! Cantarei e entoarei louvores de toda a minha alma. Despertai, saltério e harpa! Quero acordar a alva. Render-te-ei graças entre os povos, ó SENHOR! Cantar-te-ei louvores entre as nações. Porque acima dos céus se eleva a tua misericórdia, e a tua fidelidade, para além das nuvens (Sl 108.1-4). “Por esta razão, também nós, de sde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós e de pedir que trans bordeis de pleno co“
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nhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual; a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus; sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a for ça da sua glória, em toda a perseverança e longanimidade; com alegria, dando graças ao Pai, que vos fez idôneos à parte que
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que sejamos iluminados do genuíno conhecimento do Deus único, haveremos de sempre servir aos ídolos, com cuja dissimulação podemos encobrir nossa falsa religião. O legítimo culto divino, portanto, deve ser precedido por um sólido conhecimento. 63 Como sabemos, os atributos de Deus s ão infinitos, ultrapassando em muito a nossa capacidade de percepção, no entanto o nosso te stemunho de fé ampara-se no que Deus revelou em Sua Palavra, e que tem sido experimentado pelo Seu povo durante toda a história. (Sl 36.5; Ef 3.17-19). O nosso louvor não pode consistir numa diminuição da glória de Deus. Devemos expressar aquilo que Ele é, conforme revelado nas Escrituras, e que tem sido experimentado em nossa vida diária. Quem conhece a Deus não se abate tão facilmente: Davi, mesmo num momento de extrema “incerteza”, podia glorificar o no me de Deus; e isto ele fazia, não simplesmente com os seus lábios, mas com um coração confiante: ”
Em ti, pois, confiam os que conhecem o Teu nome, porque Tu, Senhor, não desam64 paras os que Te buscam (Sl 9.10). Este testemunho de louvor resultante do conhecimento de Deus é evidente em outros textos: Cantarei a Tua força; pela manhã louvarei com alegria a Tua misericórdia; pois Tu me tens sido alto refúgio e proteção no dia da minha angústia (Sl 59.16). Tu me tens sido refúgio e torre forte contra o inimigo (Sl 61.3). Bendito seja Deus, que não me rejeita a oração, nem aparta de mim a Sua graça (Sl 66.20). Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a Ele, meu auxílio e Deus meu (Sl 42.5). “
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É importante que se diga, que conhecer a Deus não significa crer que Ele vai f azer isso ou aquilo conforme desejamos, antes, ter a certeza de que Ele cumprirá sempre a Sua Palavra. Deus não tem compromissos com a nossa fé, mas, sim, com a Sua Palavra e, conseqüentemente, com a fé que brota da Palavra. O que importa neste caso não é o que pensamos, mas sim, o que Deus prometeu: Deus cumpre sempre a Sua promessa, não necessariamente as nossas expectativas. Calvino (1509-1564), enfatizou: Não devemos conceber que Deus será nosso libertador simplesmente porque nossa própria fantasia o sugere. É preciso crer que ele fará isso só depois de graciosa e espontaneamente se nos oferecer neste caráter. 65 Todavia, é importante ressaltar que não conhecemos tudo a respeito de Deus e da Sua Palavra; mas devemos ter por certo, que o limite da fé está circunscrito pelos parâmetros das Escrituras (Dt 29.29). Ou seja: não podemos crer além do que Deus nos revelou na Bíblia; fazer isto, não é ter fé, mas sim, especular sobre os mistérios de Deus. Os discípulos no caminho de Emaús revelaram ao Senhor a sua “
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vos cabe da heran ça dos santos na luz. Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a reden ção, a remissão dos pecados ” (Cl 1.9-14). “Quando, porém, veio Cristo como sumo sacerdote dos bens já realizados, mediante o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, quer dizer, não desta criação, não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu pr óprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo o btido eterna redenção. Portanto, se o sangue de bodes e de touros e a cinza de uma novilha, asperg idos sobre os contaminados, os santificam, quanto à purif icação da carne, muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, pur ificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo! ” (Hb 9.11-14). 63 João Calvino, Gálatas, (Gl 4.8), p. 127. 64 “Uns confiam em carros, outros, em cavalos; nós, porém, nos gloriaremos em o nome do S ENHOR, nosso Deus” (Sl 20.7). 65 J. Calvino, O Livro dos Salmos, Vol. 2, (Sl 48.9), p. 363.
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frustração justamente porque eles se iludiram com as suas próprias expectativas, não com as promessas de Jesus; daí dizerem de forma patética: Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel; mas, depois de tudo isto, é já este o terceiro dia desde que tais cousas sucederam (Lc 24.21). Jesus Cristo jamais havia lhes prometido isso, pelo contrário; o caminho descrito por Cristo, envolvia o sofrimento, a morte e a ressurreição (Mt 16.21). Há sempre o perigo de criarmos e xpectativas sobre Deus e tentar impingi-las a Ele. Depois de certo tempo de confusão, já não distinguimos entre a Promessa de Deus e o que esperamos que Ele faça. É comum pessoas ficarem revoltadas com a não concretização de suas esperanças que brotaram de seus corações, não da Palavra. É fundamentalmente importante que não tentemos ser “teólogos ” longe da Palavra. Tenhamos a humildade de aprender de Deus Quem é Ele e como deseja ser ador ado. É só quando o homem, “
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reconhecendo o seu pecado e cheio de temor perante a seriedade da realidade de Deus, se entregou inteiramente nos braços da graça deste Deus, é que se lhe abrem os olhos para ver o que Deus é realmente. Assim ele escapa do perigo de fazer-se uma imagem de Deus por seus próprios pensamentos e perseguir esse fantasma de seus próprios desejos. 66 ”
Se a Palavra for o fundamento de nossa esperança, podemos descansar confia n67 tes: Deus cumpre a Sua Palavra! Deus age consistentemente consigo mesmo, e jamais poderá desviar-se do que ele disser. 68 A Palavra deve ser sempre o guia da nossa fé!. Nossa fé não tem que estar fundamentada no que nós “
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tenhamos pensado por nós mesmos, senão no que foi prometido por Deus. 69 Por isso, devemos estar atentos à Palavra de Deus, para entendê -la e 70 praticá-la (Js 1.8; Sl 119.97; Fp 3.15-16; Tg 1.22-25). Calvino estudando o Salmo 42, quando o salmista em meio às aflições demonstra a sua fé no livramento de Deus, comenta que esta certeza não é uma expectativa imaginária produzida por uma mente fantasiosa; mas, confiando nas promessas de Deus, ele não só se anima a nutrir sólida esperança, mas também se assegura de que re”
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Artur Weiser, Os Salmos, São Paulo: Paulus, 19 94, p. 346.
Foi muito confortador ler posteriormente Calvino dizendo: “Deus não frustra a esperança que ele mesmo produz em nossas mentes atrav és da sua Palavra, e que ele não costuma ser mais liberal em prometer do que em ser fiel na concretização do q ue prometeu.” [João Calvino, O Livro dos Salmos, Vol. 2, (Sl 48.8), p. 361]. 68 João Calvino, O Livro dos Salmos, Vol. 2, (Sl 62.11), p. 581. 69 Juan Calvino, Sermones Sobre a La Obra Salvadora de Crist o, Jenison, Michigan: TELL., 1988, (Sermão n° 13), p. 15 6. 70
Não cesses de falar deste Livro da Lei; antes, medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer segundo tudo quanto nele est á escrito; então, farás prosperar o teu caminho e serás bem sucedido“ (Js 1.8). “Quanto amo a tua lei! É a minha medit ação, todo o dia! ” (Sl 119.97). “Todos, pois, que somos perfeitos, tenhamos este sentimento; e, se, porventura, pensais doutro modo, também isto Deus vos esclarecer á. Todavia, andemos de acordo com o que já alcançamos ” (Fp 3.15-16). “Tornaivos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando -vos a vós mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha -se ao homem que contempla, num espelho, “
o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência. Mas aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei da liberdade, e nela pers evera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será bem -aventurado no que realizar” (Tg 1.22-25).
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ceberia infalível livramento. Não podemos ser competentes testemunhas da graça de Deus perante nossos irmãos quando, antes de tudo, não testificamos dela a nossos próprios corações. 71 ”
e) Buscam a Deus com integridade: O principal altar, no qual Deus é adorado, deve estar situado dentro de nós, pois Deus é adorado espiritualmente através da fé, de orações e de outros ofícios de piedade .72 Firme [}UK 73 74 75 (kün)] está o meu coração [bÒl (lêbh)], ó Deus! [myiholE) (‘elõhïm)] ”, escreve Davi. (Sl 108.1). O salmista está declarando que mesmo numa situação adversa o seu c oração está firme no seu propósito; não vacila; está adequadamente preparado (ret idão) (Cf. Sl 51.10). O seu coração não fica vagando ao sabor das circunstâncias. I sto porque Ele está firmado em Deus (Vd. Sl 112.7). Por outro lado, o povo de Israel no Êxodo, não tinha um coração f irme para com Deus, por isso não foi fiel à aliança “
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(Sl 78.36,37). Davi continua: Cantarei e entoarei louvores de toda a minha alma 76 [dObfK (kãbôdh)] (Sl 108.1). A expressão “minha alma”, que literalmente significa glória, é aqui usada de forma poética i ndicando aquilo que o homem tem de mais 77 nobre, sendo empregada de modo figurado para a sua alma ou coração . [Cf. Gn 49.6; Sl 7.5; 30.12; 16.9 (dObfK), neste salmo sendo traduzido por “espírito ” (ARA); “entranhas ” (BJ); “minha glória ” (ACR)]. Por isso, pode ser traduzido por Alma , Espírito , “Coração”, “Língua” (Ex 4.10). Seja qual for a tradução, a idéia é de que o homem cultua a Deus com aquilo que ele tem de mais precioso; o que ele tem de mais íntimo. A idéia do texto, é de cantar a Deus com a integridade do nosso ser. (Vd. Rm 12.1-2). A integridade aqui descrita implica uma firmeza de propósito que envolve todo o homem: Ele não se abala facilmente em seu propósito de louvar a Deus de toda a sua alma. Os seus lábios são a expressão de sua alma agradecida. Não há dubiedade no coração do salmista; ele não vacila; apesar das adversidades, continua confiante. A instabilidade é um mal sinal. Não podemos condicionar o no sso louvor a situações aparentemente boas. Paulo e Silas na prisão de Filipos, oravam e cantavam louvores a Deus (At 16.25). “
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Espírito semelhante encontramos no salmista: Não se atemoriza de más notícias: o seu coração é firme [}UK (kün)], confiante no Senhor (Sl 112.7). Essa firmeza de “
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71 72 73
João Calvino, O Livro dos Salmos, Vol. 2, (Sl 42.5), p. 264. João Calvino, O Profeta Daniel: 1-6, São Paulo: Parakletos, 2000, Vol. 1, (Dn 3.2-7), p. 192.
FIRME [}UK (kün)] tem o sentido de prontidão (Sl 38.17); inabalável (Sl 51.10); forte (Sl 10.17); ereto (Sl 9.7); firme (Sl 93.2; Sl 78.37/At 8.21); reto (Jó 42.8); seguro (1Sm 23.23); estabelecido (Is 2.2), etc. 74 CORAÇÃO [bÒl (lêbh)]. Coração denota a personalidade integral do homem, envolvendo em oção, pensamento e vontade. 75 DEUS [ (elõhïm)]. Este nome descreve o Deus forte, o Criador de todas as coisas (Gn 1.1; Is 45.18; Jn 1.9); Soberano (Gn 24.3;1Rs 20.28; Sl 57.2; Is 37.16; 54.5); Juiz (Sl 50.6; 58.11); Majestoso (1Sm 6.20; Is 40.28; Jr 10.10); Salvador do Seu Povo (1Cr 16.35; Sl 18.46); Deus pr óximo do Seu Povo (Gn 48.15; Dt 8.5; Sl 4.1; 43.2; 59.17; 116.5; Jr 23.23); Misericordioso (Sl 116.5; Is 30.18). 76 (“minha glória”. ACR). 77 William Gesenius, Gesenius Hebrew-Chaldee Lexicon to the Old Testament, 13ª ed. Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, 1978, p. 382a.
myiholE)
’
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propósito era conscientemente dependente de Deus: Devemos estar atentos para o fato de que só poderemos prestar um louvor verdadeiro, com integridade de alma, se Deus mesmo nos preservar; criando em nós esta disposição. Somos inteiramente dependentes de Deus. Não há aqui, lugar para arrogância e auto-suficiência. Sem a misericórdia de Deus, jamais prestaremos um culto digno. Por mais elaborada que seja a nossa adoração, deve haver em nós a consciência de que somos aceitos por Deus por sua misericórdia. Por isso, esta firmeza de propósito deve ser pedida ao Deus Todo-Poderoso. A oração de Davi revela essa consciência: Cria [)frfb (bhã“
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e
em mim, ó Deus [myiholE) (‘ lõhïm)], um coração puro, e renova [
xUr (r üah kün)]” (Sl 51.10). Oxalá sh)] dentro em mim um espírito inabalável [}UK a sejam firmes [}UK (kün)] os meus passos, para que eu observe os teus preceitos (Sl 119.5). O consolo do salmista era: O Senhor firma [}UK (kün)] os passos do homem bom, e no seu caminho se compraz (Sl 37.23) ”
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f) Aproximam-se realmente de Deus: Quando adoramos a Deus em Cristo, nos aproximamos verdadeiramente de Deus. “Chegai -vos a Deus, e ele se chegará a vós outros. Purificai as mãos, pecadores; e vós que sois de ânimo dobre, limpai o cor ação” (Tg 4.8). “ Aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura ” (Hb 10.22). Pela fé temos livre acesso a Deus com confiança (Hb 10.19). Paulo escrevera aos efésios: Pelo qual temos ousadia e acesso com confiança, mediante a fé nele (Ef 3.12). Portanto, aproximemo-nos (Hb 10.22). O caminho percorrido por Cristo continua aberto a todos os que crêem: Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna (Hb 4.16). No governo de Cristo, a graça reina: Trono da graça (Hb 4.16). “
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[)frfb (bhãrã’)] é um verbo sempre teológico, tendo sempre Deus como o sujeito da ação (Gn 1.1,27; 2.4; Ex 34.10; Is 48.7; 65.17; Jr 31.22), contrapondo-se tamb ém, aos deuses pagãos. (Ez 28.13, 15). [W.H. Schmidt, )rb: In: Ernst Jenni & Claus Westermann, Diccionario Teologico Manual del Antiguo Testamento, Madrid: Ediciones Cristiandad, 1978, Vol. I, p. 489; Veja-se também: In: W. Foerster, kti/zw: In: G. Kittel & G. Friedrich, eds. Theological Dictionary of the New Testament, Vol. III, p. 10051028.]. Portanto, somente Deus pode criar em nós um coração assim. O verbo está no particípio, i ndicando uma oração para que Deus ininterruptamente crie no salmista um coração firme; crie e cont inue criando um coração puro. [Ver: William Gesenius, Hebrew-Chaldee Lexicon to the Old Testament, p. 138-139; Thomas E. McComiskey, )frfB: In: R. Laird Harris, ed. Theological Wordbook of the Old Testament, 2ª ed. Chicago: Moody Press, 1981, Vol. 1, p. 127b; H.H. Esser, Criação: In: Colin Brown, ed. ger. O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, Vol. I, p. 536; C.F. Keil & F. Delitzsch, Commentary on the Old Testament, Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, (s.d.), Vol. 1, (Gn 1.1), p. 47; G.L. Archer Jr., Merece Confiança o Antigo Testamento, São Paulo: Vida Nova, 1974, p. 208; William G.T. Shedd, Dogmatic Theology, 2ª ed. Nashville: Thomas Nelson Publishers, 1980, Vol. I, p. 465-466; A.H. Strong, Systematic Theology, p. 374-376; Walter C. Kaiser Jr. Teologia do Antigo Testamento, São Paulo: Vida Nova, 1980, p. 76; Millard J. Erickson, Christian Theology, 13 ª ed. Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1996, p. 369. Outras características do verbo e seu e mprego no AT., podem ser encontradas em W.H. Schmidt, )rb: In: Ernst Jenni & Claus Westermann, Diccionario Teologico Manual del Antiguo Testamento, Vol. I, p. 489-490]. 79
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O escritor fala (Hb 10.22) de como devemos nos aproximar de Deus: qual deve ser a nossa postura: 1) Sincero coração : sem hipocrisia e fingimento. “
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2) “Em plena certeza de fé ”: Fé em Deus e na consumação de Sua obra (Hb 11.6). “Por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriemo-nos na esperança da glória de Deus ” (Rm 5.2). 3) Tendo o coração purificado de má consciência : A palavra purificado , significa aspergido . Os utensílios do Lugar Santo eram purificados mediante a aspersão do sangue dos animais sacrificados. Nós somos purificados pelo sangue de Jesus que nos purifica de todo o pecado. Devemos nos aproximar de Deus através de Cristo, limpos interior e espiritualmente. ”
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4) Lavado com água pura : Esta expressão pode se referir à lavagem espiritual feita pelo Espírito Santo ou ao batismo, que é o sinal externo desta purificação. A “
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realidade presente que estava em sua mente, seguramente era o batismo cristão que consistia, por suposto, não meramente na aplicação externa de água, senão nessa aplicação como sinal visível da limpeza interior e espiritual operada por Deus naqueles que se aproximam dEle através de Cristo. 80 ”
g) Não são orgulhosos senão confiantes: O cristão aproxima-se de Deus baseando-se não nos seus supostos "méritos", mas nos de Cristo Jesus, sabendo que nEle já não há mais condenação (Rm 8.1). Por isso, pode apresentar-se diante de Deus com santo temor e alegre confiança (2Co 1.20; Ef 3.12; Hb 4.15 -16; 12.28). h) Demonstram unanimidade no Culto: A adoração é prestada por homens que, chamados por Deus, constituem um povo santo, unido pela mesma fé. O culto não é “departamental ”, é da Igreja, prestado unanimeme nte a Deus (At 4.24,32). i) Conscientes de sua carência de Deus: Na realidade todos carecemos de Deus. No entanto, quantas vezes nos damos conta disso? É necessário que ente ndamos que somos nós que precisamos de Deus não Deus de nós: Deus é totalme nte independente; tudo lhe pertence: O culto é na realidade algo que nos beneficia, é essencial à nossa existência. Portanto, o culto a Deus não é descompromissado; é 81 vital (Sl 50.15). Não existe verdadeiro culto a Deus como meramente uma prática de agenda social. Deus mostra ao povo que tudo Lhe pertence; Ele não precisa de nada; nada Lhe 82 falta; nada a ser suprido (Sl 50.9-13). O povo não estava pecando no aspecto r itual 80
F.F. Bruce, La Epistola a Los Hebreos, Grand Rapids/Buenos Aires: Nueva Criacion, 1987, (Hb 10.22), p. 254 81 “Invoca -me no dia da ang ústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás” (Sl 50.15) 82 “De tua casa não aceitarei novilhos, nem bodes, dos teus apriscos. Pois são meus todos os an imais do bosque e as alimárias aos milhares sobre as montanhas. Conhe ço todas as aves dos mo ntes, e são meus todos os animais que pululam no campo. Se eu tivesse fome, não to diria, pois o
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ou na sistematicidade das ofertas (Sl 50.8). O que acontecia era uma compreensão errada de Deus e do Seu culto. Deus desejava um culto prestado por aqueles que sentiam em seu íntimo a profunda necessidade de Deus e, portanto, de cultuá Lo. Ainda que não exclusivamente, o fato é que no l ivramento da angústia, o homem não oferece apenas um culto formal, antes glorifica sinc eramente a Deus (Sl 50.15). Quando cultuamos a Deus devemos estar conscientes de nossa necessidade de fazê-lo; da sua essencialidade para nossa existência, não um sim ples ato ritual ou social. Algumas vezes a impressão que fica é que pensamos que Deus carece do nosso culto; e se não o oferecermos, Deus fica excluído de parte de Sua glória. Na realidade o Culto foi estabelecido por Deus para completar as nossas necessidades, já que o homem é também um ser espiritual. Deus não carece de culto; nós é que carecemos de cultuá-lo num reconhecimento de Sua soberania, bondade, providência e misericórdia. Aliás, não pode haver culto sem o reconhecimento de Sua glória.
A adoração não é somente uma expressão de gratidão, mas também é um meio de graça, através do qual os famintos são alimentados, e os pobres são enriquecidos. (...) Os homens honram muito a Deus, quando chegam à adoração famintos e em atitude de expectação, cônscios de sua necessidade, esperando que Deus supra essa necessidade e os satisfaça .84 “
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j) São genuinamente agradecidos: O culto a Deus é um tributo de louvor e gr atidão. Quando nos reunimos para cultuar o fazemos agradecidamente tendo os no ssos olhos fitos em Deus e em seus atos salvadores e abençoadores. Necessit amos, portanto, desenvolver a nossa percepção espiritual; ver, ainda que apenas parcia lmente, os feitos de Deus. Nessa disposição, publicamos os Seus atos como o sa lmista o fez, dizendo: Vinde e vede as obras de Deus: tremendos feitos para com os filhos dos homens! (Sl 66.5) (Ver: Sl 46.8). .... a desconsideração quase univer“
“
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sal leva os homens a negligenciarem os louvores a Deus. Por que é que tão cegamente olvidam as operações de sua mão, senão justamente porque nunca dirigem seriamente sua atenção para elas? Precisamos ser despertados para este tema .85 A desconsideração dos feitos de Deus é um ato de ingrat idão: .... Quando Deus, em qualquer tempo, nos socorre em nossa adversidade, cometemos injustiça contra seu nome se porventura esquecermos de ”
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mundo é meu e quanto nele se contém. Acaso, como eu carne de touros? Ou bebo sangue de cabr itos?” (Sl 50.9-13). 83
Não te repreendo pelos teus sacrifícios, nem pelos teus holocaustos continuamente perante mim ”
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(Sl 50.8). 84 J.I. Packer, Entre os Gigantes de Deus: Uma visão puritana da vida cristã, p. 273. 85 João Calvino, O Livro dos Salmos, S ão Paulo: Paracletos, 1999, Vol. 2, (Sl 66.5), p. 624. Deus é o autor de todo bem, segue-se que devemos receber tudo como vindo de Sua mão, e com incessante ação de graças. Reconheçamos igualmente que não haverá nenhuma boa maneira de fazer uso dos benefícios que generosa e abundantemente Ele derrama sobre nós, se não Lhe estivermos dando constante louvor, com ações de graças [João Calvino, As Institutas, (1541), III.9]. Assim também não deixemos passar nenhum tipo de prosperidade que nos beneficie, ou que beneficie a outros, sem declarar a Deus, com louvor e ação de graças, que reconhecemos que tal bênção provém do Seu poder e da Sua bondade [João Calvino, As Institutas, (1541), III.9] “
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celebrar nossos livramentos com solenes reconhecimentos .86 Por outro lado, a contemplação dos feitos de Deus é pedagógica no sentido de nos conduzir a Deus em gratidão e louvor. ”
São Paulo, 21 de setembro de 2007. Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa
86
João Calvino, O Livro dos Salmos, Vol. 2, (Sl 66.3), p. 630.