A prostitui\u00e7\u00e3o n\u00e3o \u00e9 degradante apenas para a degradante para todas as mulheres
\u00c0s voltas com o complexo problema da prostitui\u00e7\u00e3 transcrever um texto que li recentemente e que me parece explica o mal-estar que eu pr\u00f3pria sinto em rela\u00e7\u00e3o \u00e prostitui\u00e7\u00e3o. Sempre intui que este n\u00e3o era apena que dissesse respeito \u00e0s prostitutas, pelo qual eu poderia sen simples preocupa\u00e7\u00e3o social e intelectual; algo me dizia mais qualquer coisa e essa qualquer coisa foi o que agora descobri : a prostitui\u00e7\u00e3o n\u00e3o degrada apenas a p me tamb\u00e9m a mim enquanto mulher.
\u00abA prostitui\u00e7\u00e3o[1] \u00e9 degradante porque a prostituta trata-se mesma e permite que outros a tratem como uma mercadoria a ser comprada e vendida no mercado livre. Evelyne Giobbe caracteriza a ind\u00fastria do sexo como aquela na qual \u00abo corpos das mulheres e das crian\u00e7as\u00bb s\u00e3o compra vendidos ou negociados para uso e abuso sexual. Diana Russell e Lauda Ledere fazem notar que \u00abmesmo a pornografia mais banal objectifica os corpos das mulheres\u00bb. De acordo com este ponto de vista, a prostituta n\u00e3o se trata a si mesma como u pessoa cujos sentimentos, interesses e necessidades s\u00e3o dign respeito, como os de qualquer outra pessoa. Ela \u00e9 tratada co
simples corpo, brinquedo, instrumento, propriedade ou animal dom\u00e9stico para ser usada e abusada pelos homens que a compram. N\u00e3o apenas o seu trabalho a define como subordin sexual do homem, mas o seu trabalho, na medida em que parece que ela o escolheu, encoraja e refor\u00e7a a ideia de que o seu m prazer \u00e9 estar ao servi\u00e7o do homem e de que o que ela precisa dos homens \u00e9 que eles a usem e dela abusem.
A partir desta perspectiva, porque a prostitui\u00e7\u00e3o est\u00e1 inserid num contexto patriarcal cuja ideologia sexual \u00e9 j\u00e1 \u00e0 partida a que define as mulheres em termos da sua disponibilidade em rela\u00e7\u00e3o aos homens, a prostitui\u00e7\u00e3o refor\u00e7a simple vis\u00e3o de que todas as mulheres, mesmo aquelas que n\u00e3o a escolheram, desejam dedicar a sua vida ao servi\u00e7o sexual do homem.
As feministas argumentam que estas falsas cren\u00e7as acerca das mulheres n\u00e3o apenas s\u00e3o degradantes em si mesmas, mas tamb\u00e9m resultam inevitavelmente na explora\u00e7\u00e3o sexual e na viola\u00e7\u00e3o das mulheres percebidas como objectos sexuais colocados incondicionalmente ao servi\u00e7o dos homens. \u2026 A prostitui\u00e7\u00e3o encoraja a explora\u00e7\u00e3o das mulheres e prom toler\u00e2ncia e o exerc\u00edcio da viol\u00eancia contra as mulheres.\u20
[1] No original o termo \u00e9 \u201csex work\u201d que envolve tamb\u00e9m pornografia e outras pr\u00e1ticas afins [2] Linda Le Moncheck: Loose Women, Lecherous Men
http://sexismoemisoginia.blogspot.com/2009/10/prostituicao-nao-e degradanteapenas.html? showComment=1254667464487#c4511981074898784091
An\u00f3nimo disse... Em Amsterd\u00e3, onde a prostitui\u00e7\u00e3o \u00e9 livre, s\u00f3 85% delas s\u00e3o agenciadas por cafet\u00f5es e sofrem todo tipo de f\u00edsicas e morais. Ningu\u00e9m denuncia isso, pois os que querem legaliza\u00e7\u00e3o da prostitui\u00e7\u00e3o, preferem fingir que l prostituta dos abusos e explora\u00e7\u00e3o.
Se exp\u00f5e em gaiolas como bichos nas lojas de animais e s\u00e3o compradas, usadas e depois deixadas para que o pr\u00f3ximo visitante use. Em s\u00e9rie. Imagine uma mulher sendo penetrada em todos os orif\u00edcios e por diferentes homens no m\u00ednimo 5, 10 vezes por
An\u00f3nimo disse... Prostitui\u00e7\u00e3o e pornografia fi s\u00e3o os dois lados da mesm estigmatiza\u00e7\u00e3o, submiss\u00e3o, explora\u00e7\u00e3o, disc mulher e de todas as mulheres.
Enquanto a pornografia fi inscreve \u00e0 esfera da inferioridade e objeti no \u00e2mbito do p\u00fablico, explicita a condi\u00e7\u00e3o de mu sobre qual o lugar a mulher ocupa e deve ocupar no patriarcado; a prostitui\u00e7\u00e3o escondida em bord\u00e9is , gaiolas, quartos e e realiza no \u00e2mbito do privado ao papel de objeto dos homens.
Ambas s\u00e3o o sinal, a cicatriz que toda mulher carrega durante a vi desde que nasce para que o dom\u00ednio dos homens nunca seja esqu e sempre renovado nos nossos corpos, individualidade e afetividade. Marcadas para sempre.
Legalizar a prostitui\u00e7\u00e3o, tolerar a pornografia, fi que n\u00e3o \u que a prostitui\u00e7\u00e3o traduzida em imagens, livres para o acesso d para que todos aprendam e apreendam, s\u00f3 torna esse lugar da mulhe um lugar inalien\u00e1vel e inevit\u00e1vel.
Legalizar a prostitui\u00e7\u00e3o?!
H\u00e1 muito boa gente, algumas feministas inclu\u00eddas e tamb\u00e9m advogam a legaliza\u00e7\u00e3o da prostitui\u00e7\u00e3o com base nas co que a sua ilegaliza\u00e7\u00e3o acarreta em termos de explora\u00e7\u00e que defendem que a prostituta se limita a prestar um servi\u00e7o contratua um cliente - vender sexo seria como vender outra coisa qualquer, seria um servi\u00e7o como qualquer outro, devendo-se apenas evitar a explora\u00e7 coer\u00e7\u00e3o ou a fraude. Em tais termos, pressupondo consentimento partes, nada haveria a opor e a condena\u00e7\u00e3o da prostitui\u00e7\u0 direitas seria apenas atribu\u00edvel a resqu\u00edcios de um moralismo pa tende a encarar o sexo como algo que det\u00e9m uma enorme carga de negatividade. Estas pessoas consideram que a prostitui\u00e7\u00e3o \u00e9 moralidade positiva - expressa na opini\u00e3o p\u00fablica, nos costumes e mas este tipo de moralidade costuma abrigar sempre um certo n\u00fameros preconceitos, isto \u00e9, de ideias feitas que se aceitam como v\u00e1lidas, foram escrutinadas pela raz\u00e3o; consideram ainda que a moralidade cr\u
por em causa a moralidade positiva e será capaz de denunciar as suas falácias e preconceitos.
De facto, concedo que a moralidade tradicional, pelo menos a de raiz religios encara o sexo como algo mau, ou até mesmo pecaminoso, que só tem legitimidade enquanto meio para a procriação, ou quando muito, para reforça união do casal e dar-lhe estabilidade para criar os filhos. Para ela, é o casamento que é estimável enquanto instituição social, não são os indivíduos não é o casal que é importante. Mas penso que numa perspectiva que aceite sexo e o legitime enquanto fonte de prazer, esta condenação da prostituição deixa de ser consistente.
Por outro lado, condenar a prostituição com o argumento de que é nociva par quem a pratica: doenças venéreas, humilhação, violência por parte dos clientes, exploração por donas de casa de prostitutas e por gigolôs, é um argumento paternalista que, enquanto tal, não resiste ao escrutínio crítico e outro é até contraproducente porque pode sempre mostrar-se que estes ma advém do facto da prostituição se encontrar condenada e ilegalizada e de se estigmatizar a figura da prostituta. A falácia de tal argumento é que mesmo seja verdade o que nele se diz, isso não é suficiente para condenar m oral ou legalmente a prostituição, é quando muito um argumento prudencial: não é aconselhável ser prostituta, mas a partir daí nada mais se pode adiantar.
Afastados estes dois argumentos pela sua inconsistência, fica por considerar aquele que me parece realmente sólido e que afirm fi a que a prostituição não s pode legalizar porque atenta contra os direitos inalienáveis da pessoa huma a prostituta aceita ser tratada como um simples meio para o cliente atingir o que se propõe - satisfação sexual; aceita ser reduzida à condição de objecto sexual. E não só é reduzida ao estatuto de objecto o que já por si é degradant como tem ainda de se mostrar cooperativa na sua própria degradação: tem d «funcionar» de determinada maneira, tem de se empenhar num papel determinado para prover à satisfação sexual do cliente, tem de se mostrar submissa e subserviente em relação aos desejos do cliente. O facto de ela concordar com o «negócio» em certo sentido ainda piora a situação porque como o «negócio» se realiza no contexto da sociedade patriarcal, com a sua anuência, ela acaba por reforçar e aceitar a inferiorização e o domínio e controlo sexual do homem sobre a mulher que ela representa. O que a prostituta vende não é, como se pretende - não se sabe se com ingenuidade s com má fé, um simples serviço, de facto, ela vende-se a ela própria por um determinado lapso de tempo, anula-se como pessoa. Enquanto, por exemplo, trabalhador de uma fábrica vende a sua força de trabalho, mas isso não o impede de continuar a existir como pessoa, tal não acontece com a prostituta que não se consegue alienar do que está a vender. Parece-me que esta peregrina ideia do serviço que o corpo da prostituta realizaria decorre de um concepção dualista do ser humano que defende que este é um composto de duas realidades independentes, o corpo (que se tem, à maneira de uma coisa e o espírito (que se é, que constitui a essência da pessoa), a ser assim, pode advogar-se que a prostituta vende o corpo, mas preserva o espírito; todavia esta concepção é como sabemos apenas mais uma concepção religiosa e hoje de uma maneira ou de outra tod@s estamos cientes de que nós somos corpo, um corpo que sente, deseja, pensa e que não podemos pensar, sentir, desejar sem corpo, portanto quando se vende o «corpo» vende-se aquilo que se é.
Parece-me que esta linha de argumentação pode fornecer um apoio sólido a quem, apesar de reconhecer e lamentar a exploração a que as prostitutas estão sujeitas, não concorda com a legalização de tão sórdido negócio, porqu de facto a degradação da prostituta também é, embora remota e indirectamente, a degradação de todas as mulheres e ainda mais indirectamente de todo e qualquer ser humano. Não se pode de modo nenhum resolver o problema da legalização da prostituição ouvindo apenas as prostitutas, tem de se ouvir acima de tudo as mulheres e também os homens, apesar da perspectiva destes na maioria dos casos estar enviesada, porque o que as prostitutas fazem, embora em minha opinião seja nocivo para elas – mas essa é apenas a minha opinião, é nocivo para as mulheres em geral, para mim em particular e para a dignidade do ser humano. Assim, a legalização da prostituição é um assunto em que temos de ser ouvid@s, a decisão não nos pode passar à margem. E isto, para as mulheres, nada tem a ver com paternalismo, ou maternalismo, tem a ver com consciên de classe, uma coisa que tem andado muito arredada dos nossos pensamentos. P.S. Sei que muito boa gente não concorda com a tese aqui defendida, convido quem quiser colaborar a apresentar brevemente e a defender o seu ponto de vista. Comentários:
Prostituição- a falácia patriarcal do direito de escolha "Meu corpo, portanto, está do lado do sujeito que sou, mas ao mesmo tempo, enreda-me no mundo das coisas. Meu corpo abre-me para o mundo, ou ainda melhor, abre-me em direção ao mundo, e constitui meu ponto de vista dele.(...)Ao desintegrar-se meu corpo, também meu mundo cai em pedaço,e o inteir desfazer-se de meu corpo significa um rompimento com o mundo e igualmente a morte, o fim de meu s como ser-consciente-no-mundo." http://www.esnips.com/doc/f9b5c7ac-56ad-4310-92d9-88f8367170ac/Prostituição--a-falacia-patriarcal-d direito-de-escolha
Banalizar e naturalizar a prostituição A prostituição vem sendo apresentada pelo história como algo já existente desde os primórdios da organização social humana. Diferentes facetas do discurso social retomam esta idéia e justificam a prostituição, esvaziando-a de sua violência constitutiva. A prostituição transform ada em profissão de fa legaliza a violência da apropriação material e simbólica dos corpos das mulheres. http://www.esnips.com/doc/a4b80dc6-cfe4-45d8-a0b3-fb12240f3e83/Banalizar-e-naturalizar-a-prostituiç
TRAFICO DE MULHERES E PROSTITUICAO Este texto tem por objetivo contestar o argumento principal das propostas de legalização da prostituiçã A proposta de legalização argumenta que a prostituição é uma profissão como outra qualquer, ou me uma simples troca de serviços sexuais por remuneração livremente estabelecida na compra e venda de serviços sexuais. http://www.esnips.com/doc/5fff142d-473d-4b7e-8e46-801bdd97d87f/TRAFICO-DE-MULHERES-EPROSTITUICAO
Trafico e Escravidao Sexual-Perguntas Frequentes O tráfico atinge pessoas de todas as origens, e pessoas são traficadas para um a variedade de propósito Os homens geralmente são traficados para trabalhos forçados, enquanto crianças são traficadas para a indústrias de trabalhos têxteis, agricultura e pesca. As mulheres e meninas são tipicamente traficadas para o comércio de sexo - exemplo, prostituição e outras formas de exploração sexual. http://www.esnips.com/doc/7485fb31-bc50-4f7a-b847-75e2045fa06f/Trafico-e-Escravidao-SexualPerguntas-Frequentes Não à Legalização da Prostituição_10 Razões para a prostituição não ser legalizada http://www.esnips.com/doc/766d1b13-afb7-4187-9a9d-e6160a1b6502/Não-à-Legalização-daProstituição_10-Razões-para-a-prostituição-não-ser-legalizada
Consequências de se enxergar a mulher como objeto… O namoro de Mariana (nome fictício), de 16 anos, começou como qualquer outro relacionamento adolescente mas terminou com problemas de gente grande. No início do relacionamento, o rapaz de 24 anos, seu primeiro namorado, era calmo e presente. Quatro meses depois, ele se tornou autoritário, ciumento, controlador e violento, a ponto de agredi-la verbal e fisicamente diversas vezes. namoro acabou há nove dias, quando ele, depois de uma crise de ciúmes, bateu na adolescente, grávida de três meses. — Depois do banho, fui para meu quarto e, ainda nua, ele começou a me bater e dar tapas. Só não deu um soco na minha barriga porque eu me esquivei. Liguei para a polícia, então, ele pegou o celular e jogou na minha cabeça. Não satisfeito, quebrou o videogame nas minhas costas — conta Mariana. — Ele me xingava com frequencia e já me agrediu na frente dos meus amigos. O caso da adolescente não é isolado. De acordo com uma pesquisa recente realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 85% das adolescentes já viveram formas de violência no namoro, mesmo em relacionamentos de curta duração, como o “ficar”. Na pesquisa, feita com pessoas de 15 a 19 anos das cinco regiões do Brasil, beliscões, empurrões, tapas, xingamentos e ofensas, inclusive pela internet, foram as agressões mais citadas nos 3.205 questionários respondidos. — A violência verbal e emocional foram as formas mais citada pelos meninos e meninas, ou seja, em torno de 85% dos jovens do estudo disseram praticar e sofrer esse tipo de agressão. É importante pensarmos que, independentemente de números, esse tipo de agressão nas relações de namoro e de ficar podem ser preditoras para a violência conjugal na vida adulta — alertou a pesquisadora Kathie Njaine, autora do estudo. Segundo a professora e coordenadora do Núcleo de Saúde Reprodutiva e Trabalho Feminino da Escola de Serviço Social da UFRJ, Ludmila Fontenele Cavalcanti, as meninas não notam que estão em um relacionamento agressivo: — Elas têm dificuldade de perceber que estão em um namoro violento. Depois, chegam a um ponto que fica difícil de sair. Elas têm medo de terminar e serem difamadas ou excluídas do grupo d amigos. Prostituição, pornografia, revistas masculinas, propagandas e etc estão diáriamente a disseminar a idéia de que mulheres são simplesmente objetos.
Fonte: Extra Online. http://filhaprodiga.wordpress.com/2009/10/03/consequncias-de-seenxergar-a-mulher-como-objeto/ A mal-nutrição erótica das mulheres e o banquete romano dos homens
Vem este título a propósito de um blog que visitei há pouco tempo, no qual se discutia acaloradamente o que as mulheres haveriam de fazer para dar mais prazer aos seus parceiros sexuais; mulheres e homens opinavam e eu resolvi comentar a estranheza - para mim é claro, de estarem tão preocupad@s com prazer dos homens e não darem a mínima para o prazer das mulheres que,
como todos sabemos , ainda hoje constituiu um grave problema de saúde sexual, embora ninguém pareça querer dar-lhe muito atenção, as mulheres por vergonha, os homens por que o problema não é deles….
Claro que de imediato o «galo» daquela capoeira me mimoseou com os insultos soezes que costumam substituir os argumentos mais sólidos. Não lhe ocorreu nem ocorreu aquela corte que de facto, os homens já são privilegiados, e alguém pretender que precisa de se preocupar ainda com as suas carências sexuais é não só caricato como escandaloso. De facto, comparada com a mal-nutrição erótica das mulheres, a frugalidade dos hom assemelha-se a um banquete romano.
Entretanto li um texto que me sugeriu este título e resolvi traduzi-lo; nele a autora, Linda LeMonchec, cita o relato de uma prostituta muito compreensiv para com as necessidades dos homens e igualmente complacente para com a esposas desses homens. Vale a pena conferir:
“Quando a trabalhadora de sexo Valerie Scott diz que a maioria dos seus clientes casados continuam a amar as suas esposas mas que, por vezes, os homens precisam mesmo de uma quebra da rotina, falha em situar a prostituição no contexto da ideologia sexista na qual as mulheres não têm um
saída equivalente para os seus devaneios adulterinos nem um meio de preservarem o estatuto de boa rapariga, se a tiverem. Por isso, mesmo que Scott tenha razão quando diz que «o desejo sexual não substitui o amor» de modo que as esposas queridas não precisam de se sentir ameaçadas pelas prostitutas, não assume a sua responsabilidade pelo facto do seu trabalho como prostituta reforçar o duplo padrão sexual que priva a sexualidade feminina de um erotismo definido nos seus próprios termos. Como Anne McClintock aponta: Pode acontecer os homens não terem sexo suficiente; mas também o não têm as mulheres. Os homens têm um acesso privilegiado ao empório da pornografia e da prostituição – para não mencionar também a perenidade do duplo padrão de conduta. O desejo das mulheres, por contraste, tem sido menosprezado e confinado pela triste história de museu dos espartilhos, cintos de castidade, culto da virgindade e mutilação genital. Comparada com a mal-nutrição erótica das mulheres, a frugalidade dos homens parece um banquete romano. Dado este duplo padrão, o poder que a prostituta afirma ter sobre o seu cliente é temporário e socialmente invisível em relação ao dele; por isso Scott pode não estar a perceber que o poder dela pode facilmente ser subvertido para dar força á objectificação sexual pelo seu cliente da sua puta e da sua esposa (e também da sua secretária e da sua amante…).” http://sexismoemisoginia.blogspot.com/2009/10/mal-nutricao-erotica-dasmulheres-e-o.html#comments Comentário:
A lógica usada para a manutenção da prostituição e pornografia é a mesma que se usa para justificar a produção de pornografia por e para mulheres. Explico. Mesmo sob o ponto de vis feminino, a pornografia fi continuará contribuindo para a objetificação e exploração das mulheres. O raciocinio da prostituta priva da mesma lógica dos que querem pornografia feita por mulheres e para mulheres ou poderia se dizer, não sexista, ou seja, as mulheres construiriam seu erotismo a partir de suas definições. Será?! Será que realmente precisam da pornografia pra isso?!
Se mulheres consomem porno ou apóiam a pornografia de alguma forma, pelos motivos que forem e sabemos que querer um porno feminista, feminino ou não-sexista (se é que isso pode realmente existir), não irá trazer a eliminação dos outros ou fazer com que sejam menos agressivos e sexistas. Muito pelo contrário, se justifica a existência do hard porn, quando se quer um porno menos ofensivo ás mulheres, porque com todos consumindo aquilo que desejam, o mercado do sexo continuará vendendo corpos e se adaptando a todos os gostos.
A indústria do sexo quer é lucrar e se perceber uma demanda, tratará de satisfazê-la. Mas nã podemos perder de vista, que seres humanos, pessoas, continuarão a ser usados e abusados para a satisfação dos outros e lucro de alguns. Soft porn, hard porn, bdsm porn e porn feminista ou feminino ou não-sexista (sic), no final das contas tratará do mesmo: a exploraçã de pessoas para consumo e mercantilização da sexualidade humana e lucro dos exploradores
e meio de educar mulheres e homens para considerarem o sexo um fim em si mesmo e que é aceitável objetificar e explorar as mulheres.
E para atender a esse mercado, mais e mais seres humanos, pessoas e principalmente mulheres, serão e são recrutados, pois ele se abastece de novidades que só os corpos jovens e inéditos podem proporcionar. Reivindicar um não-sexista porn, significa que a exploração continuará a mesma, mais ainda em relação as mulheres, que agora poderão ser exploradas por outras mulheres que dirigirão, produzirão e comercializarão a pornografia, já que uma porno sob o ponto de vista feminino, exigiria em tese, que esses filme fossem feitos por mulheres.
Acredito que aquel@s que são contra a prostituição e pornografia ( a propaganda da prostituição, pois mulheres são pagas para fazer sexo e exibir seus corpos de todas as maneiras imagináveis para homens ) tem que manifestar, sempre que puderem o seu repúdio exploração sexual de mulheres, crianças, adolescentes e qualquer ser humano pela indústria do sexo, seja na prostituição ou pornografia. fi Temos que deixar claro que não são todos que consideram aquilo e aquelas práticas saudáveis, aceitáveis e sem consequencias tanto para o que se envolvem na sua produção quanto para os que consomem. Se a cultura capitalista qu naturalizar a pornografia, para poder melhor explorar e lucrar com pessoas, nós que temo uma visão diferente, temos que nos manifestar para mostrar que nem todos aprovam isso.
A Suécia encontrou a solução para a prostituição, que é a punição dos agenciadores, m as só isso não bastou. Aprovaram também medidas que proporcionassem alternativas para que as mulheres possam sair disso e que outras não sejam obrigadas a entrar na prostituição. N a pornografia não há como proibir o consumo, porque existe toda uma facilidade seja pela internet, locadoras de vídeo e etc... Como então combater a pornografia, que estimula não s a prostituição como a objetificação das mulheres? Tem que se encontrar uma maneira ( e infelizmente eu não sei como, a não ser que mais e mais pessoas manifestem o seu repudio e mais e mais estudos sejam feitos apara denunciar o mal que isso causa a todos os envolvidos de desnaturalizar o porno, para que as pessoas possam viver e compartilhar sua sexualidade sem essa hierarquização e inferiorização que tanto prejudica as mulheres e porque não dizer homens também... Quanto mais e mais pessoas se manifestarem contra e com argumentos racionais e estudos do prejuízo que isso causa, mais e mais pessoas serao conscientizadas e quem sabe menos estarão dispostos a consumir.
“A sexualidade reprimida, contra as leis da natureza, tende a se manifestar de forma patológ diz Reich, o falso moralismo e as perversões sexuais são faces de uma mesma moeda que prolonga a existência da obscenidade e leva a ruína à felicidade do amor, isto porque o homem hipócrita se rege por formas compulsivas externas e não em suas leis internas naturais como uma “imoralidade”. Ao ser distorcida sua sexualidade fica mais suscetível a obscenidade, alimentando assim a pornografia. Segundo Reich, quando todos tiverem uma sexualidade sadia, não precisarão mais das doenças sádicas e a pornografia fi não venderá mais.”
Legalizar a prostituição, transfere responsabilidade dos governantes para as prostitutas, poi não precisarão mais combater os aliciadores, exploradores e traficantes protegidos que estar pela legalidade da mesma, exatamente como na Holanda. Mulheres se engajando na produ
de filmes pornos, usa da mesma lógica da legalização da prostituição. Transfere para as exploradas, o ônus de resolver o problema que causam a sua objetificação, enquanto os que consomem e pagam pelo sexo, continuam livres para continuar estimulando o mercado tanto de um quanto de outro. E assim como as prostitutas continuam vulneráveis, as atrizes do por continuarão sendo usadas para a comercialização do sexo, seja no soft, hard, bdsm ou no não sexista, feminista ou feminino porno, seja lá o nome que se dê.
Exploração sexual na Espanha: a fina linha entre comércio e prostituição Mónica Ceberio Belaza e Álvaro De Cózar Em Madri Há 45 mil prostitutas na Espanha. Ou são 400 mil? Delas, 90% são exploradas e exercem o ofício contra a sua vontade. Ou são 10%? Não existem dados oficiais e confiáveis, nem qualquer estudo sério e consciencioso sobre o tráfico de mulheres de países do Terceiro Mundo à Espanha e a outros países europeus.
"El País" lança uma série de reportagens sobre esse fenômeno de números tão díspares, em que cada grupo, associação ou instituição manipula os dados conforme o tipo de política que defende - abolicionista ou de regulamentação da prostituição. Em todo caso, as atuações policiais, da promotoria pública, as declarações das vítimas e as sentenças ditadas pelo Tribunal Supremo não deixam lugar para dúvidas: na Espanha há mulheres que são compradas e vendidas e obrigadas a ter relações sexuais na rua, em apartamentos ou em bordéis contra a sua vontade. Algumas são trancadas e têm seus movimentos controlados. Outras recebem surras ou são violadas até que aniquilem sua vontade. Em outros casos, ameaçam prejudicar suas famílias na Romênia, Rússia, Nigéria...
Também há as que sabem que virão à Espanha trabalhar como prostitutas, mas que ao chegar veem uma realidade que não é melhor que aquela de onde vieram. E quando resistem as medidas de coação são as mesmas. Se houvesse 45 mil prostitutas na Espanha - os números menores da ONU e das Forças e Corpos
de Segurança do Estado -, e só 10% fossem obrigadas (porcentagem calculada pelos próprios empresários do sexo), estaríamos falando de milhares de escravas, um drama invisível que provoca uma escassa preocupação social. Enquanto isso, as mulheres continuam chegando. Os traficantes fi falam nelas como "quilos de carne" ou "novilhas". Algumas assinam contratos como este: "Minha vida vale o mesmo que eu devo a minha madame". EXPLORAÇÃO SEXUAL NA ESPANHA
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"Prometo pagar a soma de US$ 40 mil. Declaro que não infringirei as normas e não direi nada à polícia. Se romper as regras, minha madame tem direito a matar a mim e minha família na Nigéria. Minha vida vale a mesma coisa que a quantia que devo a minha madame. Declaro que me explicaram esse acordo em meu dialeto e que será destruído quando o pagamento total for abonado."
Os arquivos policiais guardam inúmeros contratos como esse. Um papel escrito em inglês macarrônico, com letras maiúsculas e espaços em branco para que uma mulher escreva seu nome e ponha sua vida à disposição da rede que a trouxe à Espanha. Transforma-se em sua escrava durante o tempo que demore para pagar os US$ 40 mil que lhe cobram pela viagem. Isso representará uma união inquebrantável com os traficantes durante pelo menos cinco anos.
A prostituição na Espanha mudou radicalmente nos últimos 15 ano devido aos fluxos migratórios. Antes era um mercado marginal ou de luxo. A chegada das imigrantes ampliou a oferta e a democratizou: mais mulheres, mais bonitas, mais jovens, mais
exóticas e mais baratas. Qualquer um pode pagar € 30 por meia hora com uma delas. Neste momento, entre 85% e 90% das prostitutas são estrangeiras, segundo cálculos da UCRIF, Unidad Contra as Redes de Imigração Ilegal e Falsificações Documentais da Polícia Nacional.
O novo mercado teve sucesso. A demanda aumentou e o negócio se transformou em uma mina de ouro que precisa renovar a mercadoria constantemente. Para isso os mercadores criaram redes perfeitamente projetadas para abastecer nossas ruas, quarteirões, apartamentos e clubes de estrada. O mesmo sistema que é empregado para importar tomates: um coletor, um distribuidor, um transportador e um vendedor. Nas escutas policiais, os agentes costumam ouvir frases como "tenho três quilos de carne", ou "trouxe umas novilhas". As novilhas são mulheres entre 18 e 25 anos, que podem ser colocadas em qualquer lugar.
Elas vêm de uma dezena de países, na maioria. As razões, mais uma vez, são puramente mercantis: baseiam-se na pobreza do país de origem, seu volume de crime organizado, traços étnicos que sejam atraentes na Espanha e a facilidade de entrada. As colombianas, por exemplo, estão deixando de vir desde que precisam apresentar vistos. "Cinquenta e oito por cento das mulheres procedem da América Latina (especialmente brasileiras e colombianas), outras 35% são europeias (dos países do Leste, sobretudo romenas e russas) e as demais africanas (nigerianas ou marroquinas)", segundo indica a Guarda Civil em seu Relatório 2007 sobre o Tráfico de Seres Humanos com Fins de Exploração Sexual. Quase não há espanholas. As asiáticas, na maioria chinesas, trabalham em apartamentos.
A grande dificuldade da polícia e da Guarda Civil - e também da sociedade ao abordar esse problema - é diferenciar o tráfico de mulheres da prostituição, que pode ser uma atividade livre. "Estou aqui porque tenho vontade", diz Andrea, no bar do Golden, um dos prostíbulos mais conhecidos de El Ejido (Almeria, sul da Espanha "Poderia estar limpando escadas, mas aqui ganho muito mais, cerca de € 2.500 por mês, inclusive com a crise." Uma grande part desse dinheiro (€ 50 por dia, € 1.500 ao mês) vai para o dono do Golden. Paga essa quantia pelo quarto e o alojamento. Com o que poupar do resto, a mulher diz que vai montar um bar quando volta para a Hungria.
Mas nem sempre se leva em conta a vontade da mercadoria. "Às vezes o engano é total", explica Carlos Botrán, comissário chefe da Brigada Central da UCRIF e com 20 anos de luta contra o tráfico d pessoas. "A mulher chega pensando que vai trabalhar de garçonete, faxineira ou secretária, e depois é obrigada a se meter em uma boate 12 ou 13 horas por dia para manter relações sexuais em troca de dinheiro", explica. Também existe outro tipo de engano. Quando a mulher sabe que vem para exercer a prostituição mas acredita que o fará quando e como quiser. Ao aterrissar na Espanha, percebe que sua capacidade de decisão foi anulada. Se resistir, sofrerá os mesmos métodos de coerção usados para dobrar a vontade das que vieram enganadas.
São compradas e vendidas, transferidas de clube em clube para que sejam rentáveis, não façam amigos e os clientes do bordel tenham a maior variedade possível. Em Fuerteventura, o
folheto de um prostíbulo colocado na janela de um carro vende como grande atração a renovação total do gênero a cada 20 dias. Às vezes se faz coincidir a transferência com a menstruação
para otimizar o rendimento das garotas. "E alguns as obrigam a colocar na vagina uma espécie de tampão para que possam manter relações sexuais mesmo com a regra", conta um agente especializado. As dezenas de sentenças que o Tribunal Supremo emitiu nos últimos oito anos sobre esse assunto são relatos de terror: surras, queimaduras de cigarro, cortes com facas e tesouras, violações, dentes quebrados, ameaças de morte a elas e seus parentes, socos no rosto por não conseguir clientes, obrigação de manter relações sexuais com hemorragias, castigos por não ir trabalhar depois de um aborto, € 290 de multa por exceder o tempo que pode passar com cada cliente, encerramentos, vigilância constante, retirada do passaporte.
A mulher que chega à Espanha está isolada e indefesa. Não costuma falar o idioma e depende de seu captor. "Há garotas mu jovens, sem estudo, que nunca saíram de seu povoado", diz José Nieto, inspetor chefe da UCRIF. "São tão controladas que é difícil conseguirem escapar e denunciar", explica Rocío Nieto, presidente da Associação para a Prevenção, Reinserção e Atenção da Mulher Prostituída (Apramp).
Sonia, uma brasileira vítima de tráfico que hoje trabalha para a ONG, fala do medo que essas mulheres passam. Da polícia que pode deportá-las, e de voltar a seus países. "Inclusive os pais, namorados ou irmãos às vezes participam da venda da garota", relata.
A saída é difícil. Isto foi o que aconteceu com Maria Esther por tentar escapar com um cliente, segundo se explica em uma sentença do Supremo de maio de 2007: "[Abelardo, o proxeneta] a agarrou pelo pescoço e começou a lhe aplicar golpes, pegando tesouras e furando-a na cabeça e entre as pernas, causando-lhe lesões consistentes em contusão frontal, feridas e contusões no couro cabeludo, traumatismo na região anterior do pescoço, ferida contusiva no queixo e no lábio superior, ferida perfurante na regiã temporal direita e feridas perfurantes no braço esquerdo". Para fu do agressor, ela se pendurou do terraço e caiu no do andar inferior Esse vizinho avisou a polícia. Não há estudos com números concretos, mas é inegável que na Espanha há mulheres escravizadas. "Não conhecemos o volume, mas sabemos que há tráfico", diz Joaquín Sánchez-Covisa, promotor do Tribunal Supremo e coordenador de Estrangeiros. U número mínimo do qual se pode partir é de 951 vítimas: são as autorizações de residência concedidas entre 2000 e 2008 em virtude do artigo 59 da Lei de Estrangeiros. Aplica-se a vítimas q denunciaram ou facilitaram à polícia informação relevante para desarticular as redes de tráfico.
A cifra real é sem dúvida maior. Há muitas mulheres que não denunciam. Outras que o fazem, mas não têm informação relevant e portanto lhes é negada a permissão - 648 entre 2000 e 2008. Também há as que não pedem a residência porque preferem voltar a seus países.
Mas a consciência sobre o problema é nula. "A sociedade não se preocupou com esse tema", opina o promotor Sánchez-Covisa. "São mulheres invisíveis." "É muito forte a tolerância que existe na Espanha pelo fato de importarem seres humanos como se fossem móveis", diz Rocío Nieto, da Apramp. "É um novo tipo de escravidão para a qual todos estamos contribuindo." Não há campanhas de sensibilização. Ninguém fala no assunto. E os consumidores de sexo não têm a sensação de
que a pessoa a quem estão pagando talvez esteja sendo explorada. "Alguns perguntam e se interessam por sua vida, mas
são a minoria", diz Anka, vítima de tráfico que hoje trabalha ajudando outras garotas que passam pelo mesmo. "Eles vêm para sexo e a tratam como uma puta". "O estresse pós-traumático que sofrem é brutal", acrescenta Rocío Nieto. "Durante meses ou anos não têm liberdade para nada. Acabam dizendo coisas como 'eu só sei chupar e transar'. A recuperação depois é muito lenta." "Nunca me perguntei se estão aqui contra sua vontade", diz um cliente, que por razões óbvias não quer dar seu nome. "Se eu tivesse me perguntado provavelmente não teria entrado." Cristina Garaizábal, da Hetaira, uma ONG que defende a regulamentação da prostituição, diz que nos últimos meses receberam ligações de alguns homens que queriam saber como detectar se uma prostituta era vítima de tráfico. Mas a maioria, como o resto da sociedade, vive à margem do assunto.
Enquanto isso, as autoridades vivem sua própria esquizofrenia. Ninguém se atreve a enfrentar a questão, nem para regulamentá-l nem para proibi-la. Nem mesmo no interior dos partidos políticos h consenso sobre a solução correta. A última audiência do Congress dos Deputados sobre o assunto - que ocorreu em outubro de 2007 acabou com a decisão de adotar medidas contra o tráfico de mulheres, mas olhando para o outro lado na hora de abordar a prostituição, o tema mais polêmico. E isso ocorreu apesar de que, segundo as conclusões, há 400 mil prostitutas na Espanha e 90% exercem a atividade contra sua vontade. São cálculos sem base empírica que os sustentem, mas é chocante que se decida permitir uma atividade em que há 360 mil escravas.
O tráfic fi o de mulheres é um delito, mas a prostituição é "alegal": não é nem regulamentada nem proibida, o que dificulta a tarefa das forças da lei e transforma a Espanha em um país atraente para as máfias, que encontram rapidamente espanhóis dispostos a lucrar com isso. A prostituição em apartamentos e na rua é uma atividade que fica completamente à margem do controle do Estado. Tudo é ganância e otimização do lucro. Os bordéis têm licenças como os hotéis ou pousadas com ba e só declaram uma parte mínima de suas receitas. "É um negócio que não exige muito investimento. Juntam-se duas pessoas, obtêm licença para montar uma pousada e põem um cartaz que diz 'Garotas' e pronto. Se tiverem como consegui-las, logo terão muito
rendimento", explica Carlos Igual, da Seção de Menores, Exploração Sexual Infantil e Tráfico de Seres Humanos da Guarda Civil.
Como tudo é economia submersa, também não há dados confiáveis sobre o volume do negócio. Mas os casos concretos são reveladores: em uma das últimas batidas a polícia deteve um empresário de Almeria chamado José El Francés. Tinha lavado € 12 milhões procedentes dos lucros de seus clubes de sexo.
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/elpais/2009/05/20/ult581u32 .jhtm
Exploração sexual na Espanha: uns traficam, outros montam o bordel Mónica Ceberio Belaza e Álvaro de Cózar Em Madri
A rota do sexo pago. Cuenca, km 200 da rodovia Nacional 301. Pela rádio, no sábado à noite, se escutam todo tipo de convite para consumir sexo. É a Loca FM. Entre músicas "techno" e "pachanga" são anunciados os locais que o motorista vai encontrar em poucos minutos: uma voz grave e masculina sugere parar em um deles: "Las Torres. Simply the best". Ao longo de 20 km há cerca de sete clubes de sexo. Grandes, pequenos e médios. Em Los Molinos, um dos mais bem-sucedidos, não deixam entrar mulheres, nem a imprensa. Um encarregado paraguaio balbucia rapidamente que ali não se faz nada de mal, mas que não pretend deixar dois jornalistas entrarem. Nem sequer para tomar umas bebidas como qualquer cliente. O estacionamento está lotado. Jovens - alguns com grandes carros com a música no máximo volume - entram rindo. Dentro os esperam mais de 60 mulheres q trabalham ali, de diversas nacionalidades, jovens e bonitas. Esta noite se fará um ótimo caixa, provavelmente.
EXPLORAÇÃO SEXUAL NA ESPANHA
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As redes de tráfico de mulheres estrangeiras podem obrigar as garotas a se prostituir nas ruas e bairros industriais - às vezes também em apartamentos -, mas é raro que haja um clube de sexo explorado pelos próprios traficantes, sobretudo quando a rede é pequena e formada por três ou quatro pessoas. Faltam espanhóis que atuem como comerciantes da mercadoria. E são necessários vários contatos, porque as mulheres não podem ficar paradas no mesmo clube durante muitas semanas. Os traficantes têm de montar uma rede de locais pela qual possam circular. Cada região da Espanha tem suas especialidades geográficas: Na região Cantábrica (norte da Espanha) 90% são brasileiras. Em La Junquera (Girona) há uma porcentagem semelhante de romenas. O número total de clubes, segundo a Unidade Contra as Redes de Imigração Ilegal e Falsificação de Documentos da Polícia Nacional está em torno de 2.500.
Os empresários espanhóis insistem que não têm nada a ver com o tráfico de mulheres. Garantem que só lhes oferecem um espaço onde trabalhar livremente como prostitutas e que em troca lhes cobram pelo alojamento e a comida. Luis, um cubano ex-jogador d vôlei dono de Las Torres, em Cuenca, afirm fi a que é um negócio normal em que todos são livres. "Nas bebidas ganhamos 50%, ma o cliente dá o dinheiro diretamente para a mulher. Eu não quero problemas. Também não me meto em se têm relações sexuais ou não. Isso é problema deles. Eu cobro 40 euros por dia por quarto, café da manhã, almoço e jantar, e não quero saber mais nada. Nã aceito menores de idade nem saio procurando garotas. Vem quem quer."
A realidade nem sempre tem o tom cor-de-rosa que Luis pinta. N clubes há mulheres obrigadas a exercer a prostituição. Principalmente em seus primeiros meses na Espanha, os que demoram em pagar a dívida a seus captores. As endividadas são obrigadas a fazer qualquer coisa que eles mandem. Às vezes é su "mami" - a controladora, a pessoa que as vigia sempre - quem cuida de todas as suas relações comerciais, de lhe dizer quanto deve cobrar e com quantos homens têm de manter relações sexuais a cada noite. E a encarregada de pressioná-la se os objetivos mínimos não são cumpridos. O empresário pode se manter à margem e limitar-se a cobrar das mulheres entre 40 e 60 euros por dia para evitar conflitos com a Justiça.
Mas em muitos casos é o dono do clube - através de seus encarregados e funcionários - quem explora diretamente a mulher depois que os traficantes fi a trazem para a Espanha. Nas sentenças judiciais encontram-se diversos casos como esse. "Eugenio travou contatos com diversas pessoas da Rússia, que lhe enviavam periodicamente mulheres dessa nacionalidade", relata o Suprem em uma resolução de junho de 2006. Eugenio era o dono de um clube de sexo ["de alterne", bares com mulheres que bebem com o clientes]. Seus amigos russos recrutavam mulheres prometendolhes trabalho como garçonetes. Quando elas chegavam, se se negassem a trabalhar como prostitutas Eugenio as obrigava a fala por telefone com o captador russo, que ameaçava matar suas famílias. O espanhol impunha multas às que não trabalhavam algum dia, não usavam saia ou se negavam a ir com um cliente determinado. Eugenio as obrigava a praticar o que ele chamava d "pequena champanhe" (beber uma garrafa, deixar-se tocar e masturbar o cliente) ou "grande champanhe" (com sexo completo) Uma relação “trabalhista” - forçada - toda regrada.
As autoridades sabem onde ficam os clubes. Porque não há um maior controle deles? Por que não se faz uma vigilância constante para evitar que sejam espaços nos quais as mulheres são impunemente escravizadas? Há duas vias de atuação: a policial e a da inspeção do trabalho. E as duas encontram o mesmo problema a falta de regulamentação da prostituição na Espanha. Como não é proibida, não podem assediar os lugares de forma permanente. Como não é regulamentada, também não podem controlar o cumprimento de determinada norma, que sejam respeitados os direitos trabalhistas das mulheres. "A questão não está clara nem sequer quanto ao 'alterne' [tomar
bebidas com os clientes], que é uma atividade mais visível e que se pode controlar mais", explica Manuel Alía, subdiretor-geral para a Inspeção em matéria de Seguridade Social, Economia Irregular e Imigração do Ministério do Trabalho. "Segundo os tribunais catalães, há uma relação trabalhista", continua. "Segundo os galegos, não pode havê-la porque se trata de um trabalho que atenta contra a dignidade humana. Mas no principal, que é se ali s mantêm relações sexuais contra a vontade da vítima, não podem entrar porque a legislação não nos ampara."
A polícia encontra o mesmo problema na hora de atuar. A prostituição é uma atividade lícita, e por isso não podem perseguila. Só podem ir atrás do tráfico de pessoas e da imigração ilegal. Em geral as batidas buscam mulheres sem documentos. Uma vez detidas, algumas denunciam os exploradores. Outras não. Por medo de represálias e porque muitas vezes o empresário as convenceu de que os agentes - que passam com frequência pelos prostíbulos para obter informações - não vão ajudá-las.
A prostituição é, segundo a ONU, o segundo negócio mais lucrativo do mundo, depois do tráfic fi o de armas e antes do tráfic fi o de drogas. Traz anualmente lucros de US$ 5 a 7 bilhões e mobiliza cerca de 4 milhões de pessoas. Na Espanha movimenta cerca de 18 bilhões de euros por ano, segundo o Relatório sobre a Prostituição redigido pelas Cortes Gerais. Mas a cifra é, mais uma vez, uma estimativa pouco confiável e baseada em um número de prostitutas ainda desconhecido.
Há dados que indicam que, em todo caso, falamos de muito dinheiro. Há algumas semanas a Polícia Nacional deteve José El Francés, um empresário de Almería que supostamente havia lavad 12 milhões de euros desde 2007. Os lucros provinham de seus sete clubes de sexo em Almería e Roquetas de Mar. O empresário ocultava 13 empresas de fachada que estavam nas mãos de testas de-ferro e "laranjas", normalmente viciados em drogas que aceitavam dar a cara nos lugares por muito pouco dinheiro. A mulher de José El Francés, uma russa, era encarregada de conseguir mulheres na Rússia e no Brasil para a rede.
A província de Almería é um dos focos da prostituição na Espanha Assim que se chegar a El Ejido, o Golden e outros locais lançam suas mensagens de neon aos motoristas. A poucos metros dali, nesse labirinto de estufas que dá trabalho a imigrantes vindos da América Latina, África e Leste Europeu, encontram-se outros club
um pouco menos seletos. Um deles é o Kongo, muito perto de Roquetas de Mar. Por fora pareceria um depósito de ferro velho, se não fosse pelo luminoso de neon. Dentro é um clube de "alterne" para imigrantes. "É raro ver um espanhol por aqui", diz uma das garotas, uma romena com o rosto lívido que pede ajuda nos primeiros minutos de conversa: "Quero sair daqui. Não gosto disto Não quero me dedicar à prostituição".
É nesses antros que as ONGs têm mais problemas para ter acesso às garotas e atendê-las. Também nos apartamentos, onde as mulheres estão menos protegidas que em qualquer outro lugar. Algumas quase não saem à rua e só têm contato com os clientes durante um breve período. Trabalham e vivem ali. "Algumas casas são autênticos armazéns de mulheres", relata um agente da UCR especializado em Leste Europeu. "Há pouco vimos um chalé pequeno no qual viviam 17 russas amontoadas. Dormiam em quartos cheios de beliches e não saíam nunca." Assim se minimizam os gastos e otimizam os lucros. A prostituição chinesa, por exemplo, menos visível, é exercida quase totalmente em apartamentos de grandes cidades como Madri e Barcelona. Com na rua, nos apartamentos não há necessidade de grandes investimentos. É só pôr a mercadoria humana para produzir.
Um dos poucos clubes chineses fica em Madri. É um pequeno luga com garotas asiáticas. A clientela, salvo algum espanhol de terno e silencioso, é oriental. As jovens estão caladas comendo arroz com pauzinhos em torno do bar. No fundo, a "mami", também chinesa. Não falam muito. Uma das garotas tem 20 anos, vem da Tailândia arranha um inglês suficientemente ágil para expressar que quer ir embora de lá. "Quero voltar para Bangcoc com minha família." N tem passagem de volta e diz que vai precisar de um ano para conseguir dinheiro. Quando não trabalha, fica em casa fazendo sudoku. Um grupo de chineses entra no local e interrompe a conversa. Levam a garota rapidamente. Duas semanas depois não está mais lá. "A transferiram para outro lugar", diz o encarregado. Talvez tenha tido problemas por falar demais com este jornal. "Não vai acontecer nada com ela", diz um homem. "No máximo a terão deixado alguns dias sem comer." Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves