Um ateu garante:
Deus existe as provas incontestáveis de um filósofo que qu e não acreditava em nada Antony Flew
com Roy Abraham Varghese
Digitalização: Jonadabe Edição: SusanaCap
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Título original There is a god: How the worlds most notorious atheist !hanged his mind " #$$% b& 'nton& (lew Cop&right da tradução " Ediouro )ubli!aç*es S.'.+ #$$, Cop&right do -)re/!io- e -'p0ndi!e ' 1 2 3o4o 'teísmo: uma apre!iação !ríti!a de Daw5ins+ Dennet+ 6olpert+ Harris e Stenger- " #$$% b& 7o& 'braham 8arghese. Cop&right do -'p0ndi!e 9 1 ' auto1re4elação de Deus na histria humana: di/logo !om 3. T. 6right sobre Jesus- " b& 3. T. 6right. )ubli!ado sob a!ordo !om a Harper Collins )ublishers. Capa 'na Dobn ;magem de !apa
tda.
Dados Internacionais de ataloga!ão na "u#lica!ão $I"% $&mara 'rasileira do (ivro) *") 'rasil% (lew+ 'nton& Deus e?iste: as pro4as in!ontest/4eis de um ilsoo @ue não a!redita4a em nada A 'nton& (lewB tradução 8era aria ar@ues artins. São )aulo : Ediouro+ #$$,. Título original: There is a
+ndice para catálogo sistemático: I. Deus : E?ist0n!ia : (ilosoia da religião : 'teus : Con4ersão : 9iograia #I#.$# Todos os direitos reser4ados Ediouro )ubli!aç*es S.'. 7ua: 3o4a JerusalKm+ GF 1 9onsu!esso 9 onsu!esso 7io de Janeiro 1 7J 1 CE) #I$#1#GF Tel.: L#IM G,,#1,#$$ (a?: L#IM G,,#1,#I# A G,,#1,GIG www.ediouro.!om.br
+ndice Pref ácio .............................................................................................. 5 In tr oduç ão ....................................................................................... 17 Prim eira Part e ................................................................................. 20 Minha negação do Divino .............................................................. 20 1. A Criação de um ateu.................................................................... 20 2. Para onde o argumento leva........................................................... 34 3. O ateísmo calmamente examinado.................................................. 5 Segu nd a Pa rt e ................................................................................. 6 Minha de!co"e rt a do Divino ........................................................... 6 4. !ma "eregrinação da ra#ão............................................................ $ 5. %uem escreveu as leis da nature#a&................................................ '4 . O !niverso sa(ia )ue íamos c*egar&................................................ $ '. Como surgiu a vida&...................................................................... +2 $. Alguma coisa vem do nada&............................................................ ++ +. A(rindo es"aço "ara ,eus............................................................ 10' 10. A(erto - oni"otncia.................................................................. 112 #$%ndi ce ! ...................................................................................... 115 A"ndice A..................................................................................... 11 A"ndice /..................................................................................... 131
PREFÁCIO $%amoso ate&sta agora acredita em 'eus( um dos maiores ate&stas do mundo agora acredita em 'eus, mais ou menos baseado em proas cient&ficas.$ )sse era o t&tulo de uma mat"ria da *ssociated #ress publicada no dia + de noembro de , que dizia( $#rofessor de filosofia ingl!s, um dos maiores defensores do ate&smo /0 mais de meio s"culo, mudou de id"ia. )le agora acredita em 'eus, mais ou menos baseado em proas cient&ficas, como afirma em um &deo e1ibido na quinta-feira$. 2uase imediatamente, o anúncio tornou-se um acontecimento da m&dia, causando uma en1urrada de reportagens e coment0rios em todo o mundo, no r0dio e na teleisão, nos 3ornais e em sites da 4nternet. * mat"ria gan/ou tal força que a Associated Press 5*#6 publicou dois anúncios subseq7entes relacionados ao original. 8 assunto da mat"ria e de muita especulação posterior era o professor *nton9 %le:, autor de mais de trinta obras filos;ficas, que durante cinq7enta anos defendeu os princ&pios do ate&smo. Seu artigo, Theology and Falsification, apresentado em uma confer!ncia no Socratic +?, presidida por <. S. @e:is, tornou-se a publicação filos;fica mais reimpressa do último s"culo. ) agora, pela primeira ez, ele faz um relato dos argumentos e das proas que o learam a mudar de id"ia. )m certo sentido, este liro representa o resto daquela mat"ria. Aie uma pequena participação na mat"ria da *# porque a3udei a organizar o simp;sio que resultou no &deo em que Aon9 %le: anunciou o que ele mais tarde, com muito bom /umor, c/amou de sua $conersão$. Na erdade, desde >+B?, eu a3udara a organizar diersas confer!ncias nas quais ele apresentaa sua defesa do ate&smo, de modo que esta obra ", para mim pessoalmente, o fim de uma 3ornada iniciada duas d"cadas atr0s. 'e modo curioso, a reação dos colegas ate&stas de %le: C mat"ria da *# beirou a /isteria. =m site dedicado ao ate&smo deu a um correspondente a tarefa de fazer relatos mensais sobre o afastamento de %le: da erdadeira crença. 4nsultos e
caricaturas tornaram-se comuns na blogosfera lire-pensadora. *s mesmas pessoas que reclamaam da 4nquisição e da condenação de bru1as C fogueira estaam agora entregando-se a sua pr;pria caça C /eresia. 8s defensores da tolerDncia não eram muito tolerantes. ), aparentemente, o dogmatismo, a inciili-dade, o fanatismo e a paran;ia não são monop;lio de zelotes religiosos. Eas turbas enfurecidas não podem reescreer a /ist;ria. ) a posição de %le: na /ist;ria do ate&smo transcende qualquer coisa que os ate&stas de /o3e t!m para oferecer.
A IMPORTÂNCIA DE FLEW NA HISTRIA DO ATE!SMO Não ser0 e1agero dizer que, nos últimos cem anos, nen/um fil;sofo con/ecido desenoleu uma e1plicação do ate&smo tão sistem0tica, completa, original e influente quanto a encontrada nas obras antiteol;gicas que *nton9 %le: escreeu durante cinq7enta anos. *ntes dele, as grandes apologias ao ate&smo eram aquelas dos pensadores do 4luminismo, como 'aid Fume e os fil;sofos alemães do s"culo G4G( *rt/ur Sc/open/auer, @ud:ig %euerbac/ e %riedric/ Nietzsc/e. Eas o que dizer de Hertrand Iussell J que sustentaa de modo nada plaus&el que era tecnicamente agn;stico, embora na pr0tica fosse ate&sta J, de Sir *lfred *9er, Kean-#aul Sartre, *lbert
sistemas para acreditar em seu ate&smo. 8 mesmo pode ser dito de niilistas posteriores como Iic/ard Iort9 e Kacques 'errida.
FLEW" O
POSITIVISMO L#ICO E O RENASCIMENTO DO TE!SMO
RACIONAL
*qui est0 o parado1o. 'efendendo a legitimidade da discussão sobre alegações teol;gicas e desafiando os fil;sofos da religião a esclarecerem suas afirmações, %le: facilitou o renascimento do te&smo racional na filosofia anal&tica ap;s os dias sombrios do positiismo l;gico. 8 positiismo l;gico, como alguns deem lembrar, foi a filosofia introduzida por um grupo europeu, c/amado de <&rculo de iena, no in&cio da d"cada de >+, e que *. K. *9er popularizou nos pa&ses de l&ngua inglesa com seu liro Linguagem, verdade e lógica, publicado em >+QR. 'e acordo com os positiistas l;gicos, as únicas afirmações significatias eram aquelas cu3a erdade podia ser confirmada atra"s de e1peri!ncia racional, simplesmente em irtude de sua forma e do significado das palaras usadas. *ssim, uma afirmação era considerada significatia se sua erdade ou falsidade pudessem ser comproadas pela obseração emp&rica J por e1emplo, estudo cient&fico. *s afirmações da l;gica e da matem0tica pura eram tautologias, isto ", eram erdadeiras por definição, simples modos de usarem-se s&mbolos que não e1pressaam nen/uma erdade a respeito do mundo. Não /aia mais nada que pudesse ser descoberto ou discutido coerentemente. 8 centro do positiismo l;gico era o princ&pio da comproação que estabelecia que a significação de uma proposição consiste de sua comproação.
respeito do assunto. Na erdade, longe de apoiar a isão positiista da religião, %le: consideraa seu artigo como o último prego no cai1ão onde era enterrado aquele modo particular de se fazer filosofia. Numa apresentação que organizei em >++ para comemorar o quadrag"simo aniers0rio da publicação de Theology and Falsification, %le: declarou( *inda no curso de graduação, eu 30 me sentia cada ez mais frustrado e e1asperado pelos debates filos;ficos que pareciam nunca aançar, sempre oltando ao positiismo l;gico tão bril/antemente e1posto em @inguagem, erdade e l;gica. * intenção era a mesma, nesses dois artigos 5as duas ersões de A/eolog9 and %alsification, o artigo primeiramente apresentado no Socratic
+? por causa de suas inconsist!ncias internas. 8 pr;prio Sir *lfred *9er, em uma contribuição que fez a uma antologia que editei, declarou( $8 positiismo l;gico morreu muito tempo atr0s. *c/o que uma grande parte de Linguagem, verdade e lógica não " erdadeira. #enso que o liro est0 c/eio de erros. #enso que foi um liro importante em seu tempo porque tee um tipo de efeito cat0rtico. Eas, analisando os detal/es, e3o que est0 c/eio de erros que passei os últimos cinq7enta anos corrigindo ou tentando corrigir$. Se3a como for, a morte do positiismo l;gico e as noas regras trazidas por %le: deram um noo impulso ao te&smo filos;fico. Numerosas e importantes obras sobre o te&smo, na tradição anal&tica, t!m sido escritas nas últimas tr!s d"cadas, por Iic/ard S:inburne, *lin #lantinga, #eter Oeac/, Milliam #. *lston, Oeorge Earodes, Norman Pretzmann, Kames %. Ioss, #eter an 4n:agen, )leonore Stump, Hrian @efto:, Ko/n Faldane e muitos outros. 'essas obras, não são poucas as que abordam assuntos como a falta de significação das afirmações sobre 'eus, a coer!ncia l;gica dos atributos diinos, e indagam se acreditar em 'eus " uma qualidade inerente b0sica J precisamente os assuntos abordados por %le: na discussão que ele buscaa estimular. * mat"ria sobre a irada para o te&smo foi destaque na reista Time, em abril de >+B( $Numa silenciosa reolução de pensamento e argumentos que dificilmente seria preista apenas duas d"cadas atr0s, 'eus est0 de olta. 8 mais intrigante " que isso est0 acontecendo nos c&rculos intelectuais de fil;sofos acad!micos$. 8 $Noo *te&smo$, ou o positiismo trazido de olta luz dessa progressão /ist;rica, a súbita aparição do que tem sido c/amado de $noo ate&smo$ " de particular interesse. 8 ano do $noo ate&smo$ foi o de R 5o termo foi primeiramente
usado pela reista ired em noembro desse mesmo ano6. 'e !ue"rando o encanto, de 'aniel 'ennett, e #eus$ um del%rio, de Iic/ard 'a:kins, o &i' (mpossi"le Things )efore )rea*fast, de @e:is Molpert, The +omprehensi"le +osmos, de ictor Stenger, e The nd of Faith, de Sam Farris 5publicado em , cu3a seq7!ncia, Letter to a +hristian -ation, saiu em R6, os e1poentes do tipo de ate&smo $lembre com raia$ estaam em igor. 8 importante, sobre esses liros, não foi seu n&el de argumentação J que era, para usar de eufemismo, modesto J, mas a atenção que receberam, tanto como best sellers, como uma $noa$ mat"ria descoberta pela m&dia. * $mat"ria$ ainda foi a3udada pelo fato de que os autores eram loquazes e igorosos, tanto quanto seus liros eram inflamados. 8 principal alo desses liros ", inquestionaelmente, a religião organizada de qualquer tipo, "poca ou lugar. 'e modo parado1al, os liros pareciam, eles pr;prios, sermões fundamentalistas. 8s autores, na maioria, falaam como esses pregadores que nos ameaçam com fogo e en1ofre, alertando-nos a respeito do terr&el castigo que sofreremos se não nos arrependermos de nossas crenças obstinadas e suas pr0ticas. Não /0 lugar para ambig7idade ou sutileza. T preto e branco. 8u estamos com eles totalmente, ou com o inimigo. *t" mesmo pensadores respeitados, que e1pressam simpatia pelo outro lado, são denunciados como traidores. 8s pr;prios $eangelizadores$ são almas cora3osas que pregam sua mensagem em face de iminente mart&rio. Eas como essas obras e seus autores encai1am-se na ampla discussão filos;fica que tem /aido sobre 'eus nas últimas d"cadasL * resposta "( não se encai1am. )m primeiro lugar, recusam-se a se ocupar dos reais pontos de debate na questão da e1ist!ncia de 'eus. Nen/um deles nem mesmo refere-se aos fundamentos centrais da proposição para uma realidade diina J 'ennett usa sete p0ginas para e1por argumentos a faor da e1ist!ncia de 'eus, e Farris, nen/uma. Não tratam do assunto das origens da racionalidade entrelaçada no tecido do unierso, da ida compreendida como ação autônoma, da consci!ncia, do pensamento conceituai e do ser. 'a:kins fala das origens da ida e da consci!ncia como de $acontecimentos únicos$, causados por um $inicial golpe de sorte$. Molpert escree( $Aen/o, propositalmente 5U6, eitado
qualquer discussão sobre consci!ncia, que ainda continua sendo pouco compreendida$. * respeito da origem da consci!ncia, 'ennett, um fisicalista contumaz, uma ez escreeu( $... e, então, um milagre acontece$. Nen/um desses autores apresenta nen/uma id"ia a respeito da razão de e1istir um unierso $obediente Cs leis$, que sustenta a ida e " racionalmente acess&el. )m segundo lugar, eles parecem não perceber as id"ias falsas e os conceitos confusos que learam C ascensão e C queda do positiismo l;gico. *queles que ignoram os erros da /ist;ria terão de repeti-los em algum momento. ), em terceiro lugar, eles parecem descon/ecer completamente a imensa coleção de obras sobre filosofia anal&tica da religião, ou os noos e sofisticados argumentos gerados no te&smo filos;fico. Seria 3usto dizer que o $noo ate&smo$ " nada menos que uma regressão C filosofia positiista l;gica, que foi repudiada at" mesmo por seus mais ardentes proponentes. Na erdade, os $noos ate&stas$, pode-se dizer, nem se eleam at" o positiismo l;gico. 8s positiistas nunca foram ing!nuos a ponto de sugerirem que 'eus podia ser uma /ip;tese cient&fica. *firmaam que o conceito de 'eus não tin/a significação precisamente porque não era uma /ip;tese cient&fica. 'a:kins, por outro lado, sustenta que $a questão da presença ou aus!ncia de uma superintelig!ncia criadora " inequiocamente cient&fica$. )sse " o tipo de coment0rio do qual dizemos que não " nem mesmo erradoU No *p!ndice *, procuro mostrar que nosso atual con/ecimento de racionalidade, ida, consci!ncia, pensamento e ser ai contra qualquer forma de ate&smo, at" mesmo o mais noo. Eas duas coisas deem ser ditas aqui a respeito de certos coment0rios de 'a:kins, que são releantes para este liro. 'epois de escreer que Hertrand Iussell era $um ate&sta e1ageradamente indiferente e por demais ansioso por desiludirse, se a l;gica parecesse e1igir isso$, acrescenta em uma nota de rodap"( $Aalez este3amos endo algo similar /o3e, na tergiersação superdiulgada do fil;sofo *nton9 %le:, que anunciou, na el/ice, que se conerteu C crença em algum tipo de diindade, proocando um frenesi de entusiasmada repetição na 4nternet. #or outro lado, Iussell foi um grande fil;sofo. Iussell gan/ou o pr!mio Nobel$. * pueril petulDncia da comparação com
o $grande fil;sofo$ Iussell e a desrespeitosa refer!ncia C $el/ice$ de %le: são comuns nas ep&stolas de 'a:kins aos iluminados. Eas o mais interessante aqui são as palaras que 'a:kins escol/eu, e pelas quais ele, de modo não muito inteligente, reela a maneira como sua mente funciona. $Aergiersar$ tamb"m significa $irar as costas$, ou $apostatar-se$, de modo que o principal pecado de %le: foi apostatar-se da f" de seus antecessores. 8 pr;prio 'a:kins confessa, em outro de seus escritos, que sua isão ate&sta do unierso " baseada na f". 2uando membros da )dge %oundation perguntaram-l/e( $*quilo em que oc! acredita " erdadeiro, mesmo que não possa proarL$, a isso 'a:kins replicou( $*credito que toda ida, toda intelig!ncia, toda criatiidade e todo des%gnio, em qualquer parte do unierso, são produtos diretos ou indiretos da seleção natural de 'ar:in. *contece que o des&gnio c/egou mais tarde ao unierso, depois de um per&odo de eolução dar:iniana. 8 des&gnio não pode preceder a eolução e, assim, não pode ser a base do unierso$. Na erdade, então, a re3eição de 'a:kins a uma suprema 4ntelig!ncia " uma questão de crença sem proa. ) como muitos outros, cu3as crenças baseiam-se em f" cega, ele não tolera que discordem delas ou as abandonem. * respeito da abordagem de 'a:kins a uma racionalidade como base do unierso, o f&sico Ko/n Harro: obserou durante uma discussão entre os dois( $Seu problema com essas id"ias, Iic/ard, " que oc! não " cientista. oc! " bi;logo$. Kúlia ittuloEartin comenta que, para Harro:, a biologia era pouco mais do que um ramo da /ist;ria natural. $Hi;logos$, diz Harro:, $t!m uma compreensão limitada, intuitia do que " comple1idade. )stão presos a um conflito /erdado do s"culo G4G e interessamse apenas por resultados, por aquilo em que uns superam os outros. Eas resultados não nos dizem quase nada a respeito das leis que goernam o unierso$. Hertrand Iussell parece ser o pai intelectual de 'a:kins. )le fala de como foi $inspirado, C idade de mais ou menos dezesseis anos$, pelo ensaio que Iussell escreeu em >+?, -o que acredito. Iussell era oponente inabal0el da religião organizada, e isso fez dele um modelo para Farris e 'a:kins que, estilisticamente, copiaram tamb"m sua propensão para o sarcasmo, o caricato, a zombaria e o e1agero. Eas a re3eição de
Iussell a 'eus não foi motiada apenas por fatores intelectuais. )m /y Father, )ertrand 0ussell, sua fil/a, Pat/arine Aait, escree que ele não entraa em nen/uma discussão s"ria sobre a e1ist!ncia de 'eus( $)u não podia nem mesmo falar com ele sobre religião$. 8 desgosto de Iussell por esse assunto era, aparentemente, causado pelo tipo de crentes religiosos que ele con/ecera. $Oostaria de ter podido conencer meu pai de que eu encontrara o que ele estiera procurando, aquele algo inef0el pelo qual, por toda a ida, ele nunca dei1ou de ansiar. )u gostaria de ter podido persuadi-lo de que a busca por 'eus não precisa ser em ão. Eas era imposs&el. )le con/ecera um número grande demais de cristãos cegos, sombrios moralistas que tiraam a alegria da ida e perseguiam seus opositores. Nunca seria capaz de er a erdade que eles escondiam.$ Aait, no entanto, acredita que toda a ida de Iussell foi uma busca por 'eus. $)m algum lugar, no fundo da mente de meu pai, nas profundezas de sua alma, /aia um espaço azio, que um dia fora preenc/ido por 'eus, e ele nunca encontrou alguma coisa que pudesse oltar a preenc/!-lo.$ )le tin/a $a sensação de não ter lugar neste mundo$. )m um trec/o pungente, Iussell uma ez escreeu( $Nada pode penetrar a solidão do coração /umano, a não ser a alta intensidade do tipo de amor que os mestres religiosos t!m pregado$. Aer&amos muita dificuldade para encontrar nos escritos de 'a:kins qualquer coisa que mesmo remotamente se assemel/asse a essa frase. oltando ao assunto da $tergiersação$ de %le:, talez nunca ten/a ocorrido a 'a:kins que um fil;sofo, grande ou menos con/ecido, 3oem ou el/o, pudesse mudar de id"ia com base em eid!ncias. )le ficaria desapontado ao descobrir que os fil;sofos são $por demais ansiosos por desiludirem-se, se a l;gica parecer e1igir isso$, mas que são guiados pela l;gica, não pelo medo da tergiersação. Iussell, em particular, gostaa tanto de tergiersar, que outro c"lebre fil;sofo ingl!s, <. '. Hroad, uma ez disse( $+??, -e1 ssays in
Philosophical Theology, que a e1ist!ncia de 'eus era uma teoria falsa, mas que depois oltou atr0s em sua obra, publicada em >+V, Ascent to the A"solute. Nesse último liro e nos seguintes, %indla9 argumenta que razão, mente, intelig!ncia e ontade atingem seu ponto culminante em 'eus, o que e1iste por si mesmo, a quem adoração e incondicional dedicação são deidas. 8 argumento da $el/ice$ que 'a:kins usou J se " que se pode c/amar a isso de argumento J " uma estran/a ariação da fal0cia ad hominem que não tem lugar no discurso ciilizado. #ensadores aut!nticos aaliam argumentos e pesam as eid!ncias sem lear em conta a raça, o se1o ou a idade do proponente. 8utro tema constante no liro de 'a:kins, e em algumas obras de outros $noos ate&stas$, " a alegação de que nen/um cientista que ale o pão que come acredita em 'eus. 'a:kins, por e1emplo, perde-se em e1plicações das declarações de )instein a respeito de 'eus como refer!ncias metaf;ricas C natureza. 8 pr;prio )instein, diz 'a:kins, era, na mel/or das /ip;teses, ate&sta como ele e, na pior, pante&sta. Eas essa interpretação de )instein " obiamente desonesta. 'a:kins refere-se apenas a citações que demonstram a aersão de )instein pela religião organizada e, deliberadamente, dei1a de lado não s; os coment0rios de )instein sobre sua crença em uma $mente superior$ e em um $poder de racioc&nio superior$ em funcionamento nas leis da natureza, como tamb"m o fato de ele negar ser pante&sta ou ate&sta. 5)ssa distorção deliberada " retificada neste liro.6 Eais recentemente, quando Step/en Fa:king isitou Kerusal"m, perguntaram-l/e se ele acreditaa na e1ist!ncia de 'eus e, de acordo com o que foi diulgado, o famoso f&sico te;rico respondeu( $*credito na e1ist!ncia de 'eus, mas tamb"m que essa força diina estabeleceu as leis da natureza e da f&sica e depois disso não tee mais participação no controle do mundo$.
apenas como escritores, mas como sumo sacerdotes. *ssim como 'a:kins, tomaram para si não s; a tarefa de educar o público sobre as descobertas da ci!ncia, como a de decidir o que os fi"is cient&ficos t!m permissão para acreditar quando se trata de assuntos metaf&sicos. Eas amos esclarecer as coisas. Euitos dos grandes cientistas iam uma cone1ão direta entre seu trabal/o cient&fico e sua afirmação de que e1iste uma $mente superior$, a Eente de 'eus. )1pliquem isso como quiserem, mas " fato eidente que não se pode dei1ar que os autores populares, com suas pretensões, continuem disfarçados. Sobre positiismo, )instein de fato disse( $Não sou positiista. 8 positiismo afirma que o que não pode ser obserado não e1iste. )ssa concepção " cientificamente indefens0el, porque " imposs&el tornar 0lidas afirmações sobre o que as pessoas podem, ou não podem, obserar. Seria preciso dizer que apenas o que obseramos e1iste, o que " obiamente falso$. Se querem desencora3ar a crença em 'eus, os autores populares deem fornecer argumentos que sustentem suas opiniões ate&stas. 8s eangelizadores ate&stas de /o3e nem tentam argumentar em defesa de suas id"ias. )m ez disso, oltam seus can/ões para as con/ecidas crueldades cometidas ao longo da /ist;ria das principais religiões. Eas os e1cessos e as atrocidades da religião organizada não t!m nen/uma relação com a questão da e1ist!ncia de 'eus, assim como a ameaça de proliferação nuclear não tem relação com a questão ) W mc . ) então, 'eus e1isteL 8 que dizer dos argumentos de el/os e noos ate&stasL 2ue relação a ci!ncia moderna tem com esse assuntoL #or not0el coincid!ncia, neste momento da /ist;ria intelectual, quando o antigo positiismo oltou C moda, o mesmo pensador que a3udou a destron0-lo, meio s"culo atr0s, olta ao campo de batal/a das id"ias para responder a essas perguntas.
INTROD$%&O 'esde que min/a $conersão$ ao de&smo foi anunciada, sempre me pedem para falar dos fatores que me learam a mudar de id"ia. )m alguns artigos e nesta noa introdução C edição de ? de meu liro God and Philosophy, c/amei atenção para obras recentes que são importantes para a atual discussão sobre 'eus, mas não me estendi em noos coment0rios sobre min/as opiniões. ) agora fui persuadido a apresentar aqui o que pode ser c/amado de meu testamento final. )m resumo, como diz o t&tulo, agora acredito que e1iste um 'eusU 8 subt&tulo, As provas incontest2veis de um filósofo que não acreditava em nada, não foi inenção min/a. Eas eu o emprego com satisfação, porque a inenção e o uso de t&tulos arriscados, mas atraentes, são para os %le: algo como uma tradição familiar. Eeu pai, que era te;logo, uma ez publicou uma coletDnea de ensaios de sua autoria e de alguns de seus e1alunos e deu a essa pol!mica broc/ura o t&tulo parado1al, embora perfeitamente apropriado e informatio, de The +atholicity of Protestantism. No que diz respeito C forma e apresentação, se não C doutrina, segui seu e1emplo e publiquei artigos a que dei t&tulos como #o3gooders #oing -o Good4 e (s Pasca5s ager the 6nly &afe )et4. #reciso dei1ar uma coisa bem clara. 2uando a not&cia de que eu /aia mudado de id"ia sobre 'eus foi diulgada pela m&dia e a ub&qua 4nternet, alguns comentaristas foram r0pidos em dizer que min/a $conersão$ tin/a algo que er com min/a idade aançada. 'izem que o medo torna a mente mais densa, e esses cr&ticos conclu&ram que foi a probabilidade de uma pr;1ima entrada na ida ap;s a morte que proocou min/a conersão. T ;bio que essas pessoas não con/eciam meus escritos sobre a ine1ist!ncia de uma ida ap;s a morte, nem min/a atual opinião sobre o assunto. 'urante mais de cinq7enta anos, neguei não s; a e1ist!ncia de 'eus, como tamb"m a de uma ida ap;s a morte. Ein/as #alestras Oifford, na =niersidade de St. *ndre:s, publicadas como The Logic of
/ortality, representam o cl&ma1 desse processo de pensamento. )ssa " uma 0rea a respeito da qual não mudei de id"ia. Na falta de uma reelação especial, uma possibilidade bem-representada neste liro pela contribuição de N. A. Mrig/t, não me e3o $sobreiendo$ C morte. 2ue fique registrado, então, que quero que cessem todos esses rumores que me mostram fazendo a aposta de #ascal. 'eo ainda salientar que esta não " a primeira ez que $mudo de id"ia$ sobre um assunto fundamental. )ntre outras coisas, os leitores que con/ecem min/a igorosa defesa de mercados lires podem ficar surpresos ao saber que 30 fui mar1ista. )ntro em detal/es sobre esse assunto no segundo cap&tulo deste liro. *l"m disso, mais de duas d"cadas atr0s, re3eitei min/a antiga opinião de que todas as escol/as /umanas são determinadas e1clusiamente por causas f&sicas. +?, Theology and
Falsification. )sse artigo mais tarde foi reimpresso em -e1 ssays in Philosofical Theology 5>+??6, uma antologia que coeditei com *lasdair Eaclnt9re. -e1 ssays foi uma tentatia de aaliar o impacto do que c/amaam de $reolução na filosofia$ sobre assuntos teol;gicos. Ein/a segunda obra importante foi God and Philosophy, publicada pela primeira ez em >+RR e noamente em >+V?, >+B e ?. Na introdução da edição de ?, #aul Purtz, um dos l&deres do ate&smo em nossa "poca e autor de 7umanist /anifesto ((, escreeu( $* editora #romet/eus Hooks tem a grande satisfação de apresentar o que agora tornou-se um cl0ssico da filosofia da religião$. The Presumption of God foi publicado na 4nglaterra em >+VR e nos )stados =nidos em >+B com o t&tulo de God, Freedom and (mmortality. 8utras obras releantes foram 7umeXs Philosophy of )elief, Logic and Language 5primeira e segunda s"ries6, An (ntroduction to estern Ph8osophy$ (deas and Arguments from Plato to &artre, #ar1inian volution e The Logic of /ortality. T de fato um parado1o que meu primeiro argumento em faor do ate&smo ten/a sido originalmente apresentado em uma reunião do Socratic
PRIMEIRA PARTE MINHA NE#A%&O DO DIVINO
1. A Criação de um ateu Nem sempre fui ateu.
)ntrei na Pings:ood como cristão consciencioso, se não entusiasmado. Nunca pude entender o sentido da adoração e, não sendo nada musical, não gostaa, muito menos participaa, do cDntico de /inos. Nunca li nada da literatura religiosa com o mesmo entusiasmo com que lia liros sobre pol&tica, /ist;ria, ci!ncias ou quase todos os outros assuntos. 4r C capela ou C igre3a, recitar orações e praticar outros atos religiosos eram, para mim, quase apenas deeres cansatios. Nunca senti o mais lee dese3o de me comunicar com 'eus. #or que tie, desde que posso me lembrar, desinteresse pelas questões e pr0ticas religiosas que formaam o mundo de meu pai, não sei dizer. Não me lembro, simplesmente, de ter sentido qualquer interesse ou entusiasmo por elas. #enso tamb"m que nunca senti a mente enleada, nem $meu coração estran/amente aquecido$, para usar a famosa frase de Mesle9, no estudo dos ensinamentos cristãos ou na pr0tica da adoração. Se min/a 3uenil falta de entusiasmo pela religião era uma causa, ou um efeito J ou ambos J, quem poder0 dizerL Eas posso dizer que, qualquer f" que eu pudesse ter quando entrei na escola Pings:ood, se acabara quando sa& de l0.
$MA
TEORIA DA RE#RESS&O
'isseram-me que o Harna Oroup, uma importante organização crista de censo demogr0fico, concluiu, atra"s de seus leantamentos, que aquilo em que acreditamos quando temos treze anos ser0 no que acreditaremos ao morrer. Se3a essa conclusão correta ou não, sei que as crenças que formei no in&cio da adolesc!ncia permaneceram comigo pela maior parte de min/a ida adulta. Não me lembro precisamente de como e quando a mudança começou. Eas com certeza, como acontece com qualquer pessoa que pensa, múltiplos fatores combinaram-se para criar min/as conicções. =m desses fatores foi o que 4mmanuel Pant definiu como $uma Dnsia da mente não impr;pria C sabedoria$ e que, acredito, eu tin/a em comum com meu pai. Aanto ele como eu est0amos dispostos a seguir o camin/o da $sabedoria$ como Pant a descreeu( $T a sabedoria que tem o m"rito de selecionar, entre os inumer0eis problemas que se apresentam, aqueles cu3a solução " importante para a /uma-
nidade$. *s conicções cristãs de meu pai persuadiram-no de que não podia /aer nada mais $importante para a /umanidade$ do que a e1plicação, a propagação e a implantação dos ensinamentos do Noo Aestamento, se3am eles realmente quais forem. Ein/a 3ornada intelectual leou-me em uma direção diferente, claro, mas que não foi menos marcada pela Dnsia da mente que ele e eu compartil/0amos. Aamb"m me lembro de que meu pai, em mais de uma ocasião, me disse que um estudioso da H&blia, quando em dúida sobre determinado conceito do el/o Aestamento, não tenta encontrar uma resposta apenas refletindo sobre ele, mas que coleta o maior número poss&el de dados dentro do conte1to, usando os e1emplos contemporDneos dispon&eis desse conceito. )ssa abordagem e1plicada por ele formou, de muitas maneiras, a base de min/as primeiras e1plorações intelectuais J e de uma que ainda não abandonei J porque aprendi a coletar e e1aminar, dentro de um conte1to, todas as informações importantes sobre certo assunto. #ode ser irônico, mas foi o ambiente familiar em que fui criado que, talez, instilou em mim o entusiasmo pela inestigação cr&tica que um dia me learia a re3eitar a f" de meu pai.
A FACE
DO MAL
)u disse, em alguns de meus últimos escritos ate&stas, que c/eguei C conclusão de que 'eus não e1iste, r0pido demais, facilmente demais e por razões que, mais tarde, me pareceram erradas. Ieconsiderei longamente e repetidas ezes essa conclusão negatia, mas depois, por quase setenta anos, nunca encontrei base suficiente para garantir qualquer mudança fundamental. =ma das razões para min/a conersão ao ate&smo foi o problema do mal. Aodos os anos, no erão, meu pai leaa min/a mãe e a mim para uma iagem de f"rias ao estrangeiro. )mbora isso não fosse poss&el para algu"m que gan/aa sal0rio de pastor, para meu pai era, porque ele passaa o in&cio do erão trabal/ando na banca e1aminadora para o certificado de escola superior e era pago por isso. 8utra antagem era que nossas iagens ficaam mais baratas porque meu pai era fluente em alemão por ter estudado teologia durante dois anos na =niersidade de
Earburg antes da #rimeira Ouerra e, assim, leaa-nos sempre C *leman/a J e por uma ou duas ezes leou-nos C %rança J sem precisar gastar din/eiro com um agente de iagens. #or 0rias ezes, foi escol/ido para representar o metodismo em confer confer!nc !ncias ias teol;g teol;gica icass intern internaci aciona onais is e sem sempre pre leou leou min/a min/a mãe e a mim, seu único fil/o, como conidados não participantes. %ui %ui fort fortem emen ente te infl influe uenc ncia iado do por por es essa sass iag iagen enss a outr outros os pa&ses nos anos antes da Segunda Ouerra Eundial e me lembro claramente das fai1as e cartazes e1ibidos fora dos limites de ilas, aisando( $Não queremos 3udeus aqui$. @embro que i, na entr entrad ada a de uma uma bibl biblio iote teca ca públ públic ica, a, ca cart rtaz azes es que que dizi diziam am(( $8 regulamento desta instituição pro&be o empr"stimo de liros a 3udeus$. =ma noite assisti ao desfile de dez mil soldados, usando uniformes marrons, que atraessaam a Ha0ria. Nossas iagens e1puseram-me a esquadrões da Maffen-SS, com seus /omens estidos de preto e e1ibindo no quepe uma caeira sobre dois ossos cruzados. Aais e1peri!ncias desen/aram o cen0rio de min/a 3uentude e, para mim, assim como para muitos outros, apresentaram um desafio ineit0el a respeito da e1ist!ncia de um todo-poderoso 'eus de amor. Não sei aaliar at" que ponto elas influenciaram meu pensamento, mas, no m&nimo, despertaram em mim a percepção que me acompan/ou durante toda a ida do mal duplo do anti-semitismo e do totalitarismo. totalitarismo.
$M
L$#AR IMENSAMENTE ANIMADO
+Q e >+, num lar metodista era estar em +QR, quando fui para o internato, eu quase nunca ia a
um e1celente diretor de escola. No ano anterior a min/a ida para l0,, Pi l0 Ping ngs: s:oo ood d co colo loca cara ra ma mais is al alun unos os em curs cursos os de 81fo 81ford rd e +R, quando eu ia completar inte e tr!s anos, espal/ou-se a not&cia J e c/egou at" meus pais J de que eu me tornara ateu, que não acreditaa em uma ida ap;s a morte e que era pouco uco pro0 0el que oltasse atr0s 0s.. Aão com co mplet pleta a e fir firme foi foi min/a in/a mudan udança ça que, ue, em min/a n/a cas asa a, conclu&ram que qualquer discussão sobre o assunto seria em ão. No entanto, /o3e, mais de meio s"culo depois, sei que meu pai ficaria imensamente feliz por eu ter a opinião que ten/o agora sobre a e1ist!ncia de 'eus, at" porque ele eria nisso uma grande a3uda C causa da igre3a cristã.
$MA O'FORD DIFERENTE *os dezoito anos, fui da Pings:ood para a =niersidade de 81fo 81ford rd,, onde onde c/egu c/eguei ei no trim trimes estr tre e de ine inern rno o J de 3a 3ane neir iro o a março J de >+. * Segunda Ouerra Eundial ia em meio e, num dos primeiros dias como estudante de graduação, passei por um e1ame de saúde e oficialmente recrutado pela I*% J Ieal %orça *"rea. Naqueles tempos de guerra, quase todos os estudantes fis isic ica ament ente saud0 aud0e eis is pas passa saa am m um dia dia da sem eman ana a num numa organização de seriço. No meu caso, essa organização era o esquadrão a"reo da =niersidade de 81ford. )sse seriço militar, prestado em regime de meio per&odo dura durant nte e um ano ano e per& per&od odo o inte integr gral al dali dali por por dian diante te,, não não er era a combatente. 4nclu&a aprender um pouco de 3apon!s, na escola de estu es tudo doss or orien ienta tais is,, e afri africa cano no,, da =nie =niersi rsida dade de de @o @ondr ndres es e, depois, interceptar e decifrar sinais da força a"rea 3aponesa no parque Hletc/le9. *p;s a rendição do Kapão, trabal/ei, enquanto esperaa pela desmobilização, como tradutor de sinais inte interc rcept eptad ados os do re rece cent ntem ement ente e cria criado do e1"rc e1"rcit ito o de oc ocupa upaçã ção o franc!s no que naquele tempo era a *leman/a 8cidental. 2uando retornei ao estudo em tempo integral na =niersidade de 81ford, no in&cio de 3aneiro de >+R, onde faria meus e1ames finais no erão de >+V, encontrei tudo muito diferente. 81ford parecia uma instituição muito mais inte intere ress ssan ante te do que que aque aquela la que que eu dei1 dei1ar ara a quas quase e tr!s tr!s anos anos antes ntes.. Fa Fa ia uma uma maio iorr ari aried edad ade e de opçõe pções, s, tanto nto par para carrre ca reir ira as de tem empo po de paz, paz, co com mo milita litarres es.. )u es esttaa me preparando para os e1ames finais na Fonors Sc/ool of @iterae Fumaniores, e algumas das aulas sobre a /ist;ria da Or"cia cl0ssica eram dadas por eteranos de guerra que /aiam sido atios atios no au1&li au1&lio o C res resist ist!nc !ncia ia grega, grega, tanto em +V, então, fiz meus e1ames finais. #ara min/ min/a a surp surpre resa sa e al aleg egri ria, a, fui agra agraci ciad ado o co com m um $%ir $%irst st$$ J a e1pressão no Ieino =nido para $primeira classe$, que designa o aluno que passa nos e1ames de graduação com louor. oltei, então, para Ko/n Eabbott, meu orientador em St. Ko/nXs
pretendia começar a trabal/ar para obter um diploma de p;sgraduação em filosofia.
CRESCIMENTO FILOSFICO Eabbott conseguiu que eu me matriculasse no curso de p;s-graduação em filosofia sob a superisão de Oilbert I9le, que, então, era o professor de filosofia metaf&sica da =niersidade de 81ford. I9le, no segundo semestre do ano letio de >+V->+B, era o mais antigo dos tr!s catedr0ticos de filosofia. %oi s; muitos anos mais tarde que, lendo o catiante liro de Eabbott, 6'ford /emories, soube que ele e I9le eram amigos desde quando /aiam se con/ecido em 81ford. Se eu estiesse em uma escola diferente e se um orientador diferente me perguntasse qual dos tr!s superisores profissionais preferia, eu certamente teria escol/ido Fenr9 #rice por causa do interesse que n;s dois t&n/amos pelo que agora " c/amado de parapsicologia, mas que naquele tempo ainda c/amaam de pesquisa ps&quica. )m conseq7!ncia, meu primeiro liro recebeu o t&tulo de A -e1 Approach to Psychical 0esearch, e #rice e eu nos tornamos conferencistas sobre pesquisa ps&quica. )stou certo, por"m, de que eu não teria gan/ado o pr!mio uniersit0rio de filosofia, num ano que foi e1cepcionalmente duro, se meu orientador nos estudos de p;s-graduação fosse Fenr9 #rice, porque passar&amos tempo demais conersando sobre os interesses que t&n/amos em comum. 'epois de deotar o ano acad!mico de >+B aos estudos para conseguir meu diploma de p;s-graduação em filosofia, sob a orientação de I9le, foi que gan/ei o pr!mio mencionado acima, o Ko/n @ocke de filosofia mental. %ui então indicado para ser o que seria c/amado de professor estagi0rio em qualquer outra escola da 81ford que não a
informando para quem elas deiam, ou não, ser mostradas. =m colega e eu tiemos a id"ia de, sem quebrar a promessa feita a Mittgenstein, produzir c;pias de todas as suas palestras dispon&eis em 81ford, de modo que todos que quisessem pudessem l!-las. )ssa finalidade útil J uso aqui o ocabul0rio dos fil;sofos morais daquele per&odo J foi alcançada porque, primeiro, perguntamos a todos os que sab&amos que estaam filosofando atiamente em 81ford, se eles tin/am c;pias das palestras de Mittgenstein e, em caso positio, quais eram. Naquele tempo, muito antes das fotocopiadoras, descobrimos e contratamos um datilografo para fazer c;pias suficientes para atender C demanda. 5Eal sab&amos que a circulação dessas c;pias apenas entre membros de um grupo e1clusio que 3urou manter segredo learia os de fora a comentar que Mittgenstein, indubitaelmente um fil;sofo genial, comportaa-se como um c/arlatão, fingindo ser um g!nioU6 %ôra durante uma isita de Mittgenstein a +Q ou >+Q>, I9le persuadira Mittgenstein a acompan/0-lo a p" em uma e1cursão pela região dos lagos ingleses. I9le nunca publicou nen/um relato dessa e1cursão, nem do que aprendera com Mittgenstein, ou a respeito dele. Eas foi a partir dessa iagem que I9le começou a serir de intermedi0rio entre Mittgenstein e o que os fil;sofos c/amam de $mundo e1terior$. * necessidade dessa mediação reela-se no registro de uma conersa entre Mittgenstein, que era 3udeu, e suas irmãs, logo depois que os soldados de Fitler tomaram a Yustria. )le disse Cs irmãs que, deido C estreita cone1ão deles com as $mais importantes fam&lias$ do antigo regime, nem ele, nem elas estaam em perigo. 2uando, mais tarde, tornei-me professor de filosofia, relutei em contar a meus alunos que Mittgenstein, a quem eu e muitos de meus colegas consider0amos um g!nio filos;fico, se iludia demais quando se trataa de questões pr0ticas. i Mittgenstein em ação, pessoalmente, pelo menos uma ez. 4sso foi no meu tempo de estudante de graduação, quando ele isitou a Ko:ett Societ9. 8 tema da palestra era :+ogito, ergo sum:, inspirado obiamente pela famosa afirmação do fil;sofo franc!s Ien" 'escartes, $#enso, logo e1isto$. 8 salão estaa
lotado. * plat"ia não perdia uma única palara do grande /omem. Eas, agora, s; o que me lembro de seus coment0rios " que eles não tin/am nen/uma relação com o tema que fora anunciado. )ntão, quando Mittgenstein acabou de falar, o professor em"rito, F. *. #ric/ard, leantou-se.
ENTRANDO EM CONFLITO COM LEWIS 'urante meu tempo como estudante de p;s-graduação sob a orientação de Oilbert I9le, descobri que ele tin/a por princ&pio sempre responder de modo direto, frente a frente com a outra pessoa, a qualquer ob3eção feita a suas opiniões filos;ficas. Supon/o, embora ele nunca ten/a me dito isso J e pelo que sei, a ningu"m mais J que ele obedecia C ordem que #latão, em A 0ep;"lica, atribuiu a S;crates( $'eemos seguir o argumento at" onde ele nos lear$. )ntre outras coisas, esse princ&pio requer que cada ob3eção se3a feita diretamente de uma pessoa a outra, e dee tamb"m ser debatida diretamente entre as duas. T um princ&pio que eu pr;prio tentei seguir durante toda min/a ida longa e amplamente pol!mica. )sse princ&pio socr0tico inspiraa o Socratic + a >+?, seu presidente foi o famoso escritor cristão, <. S. @e:is. 8s membros do clube reuniam-se toda segunda-feira C noite durante os meses de aulas no Kunior
nos lear$. 8bserou que aquela $arena especialmente deotada ao conflito entre cristãos e descrentes era uma noidade$. Euitos dos maiores ate&stas em 81ford entraram em conflito com @e:is e seus compan/eiros cristãos. 8 mais famoso encontro foi um debate em feereiro de >+B, entre @e:is e )lizabet/ *nscombe, que leou @e:is a reisar o terceiro cap&tulo de seu liro /ilagres. )u ainda lembro que, no fim do debate, sa& do clube com alguns amigos e fomos andando logo atr0s de )lizabet/ *nscombe e seu grupo. )la e seus amigos estaam e1ultantes. @ogo C frente deles, <. S. @e:is andaa rapidamente, como se tiesse pressa de refugiar-se em seus aposentos no Eagdalen
DESENVOLVIMENTO ALTAMENTE POSITIVO 'urante meu último semestre em 81ford, a publicação do liro de *. K. *9er, Linguagem, verdade e lógica conencera muitos membros do Socratic
religiosas não t!m significação cognitio J precisaa ser refutada. 8 primeiro e único artigo que li no Socratic
)mbora eu 30 /ouesse abandonado a f" de meus pais metodistas /0 muito tempo, pensei no que aprendera com eles. Nunca sequer tentei seduzir *nnis antes do casamento, acreditando que tal comportamento " sempre moralmente errado. 'o mesmo modo, sendo fil/o de professor, nunca pensei em induzir min/a namorada a casar-se comigo antes de se formar. 'ei1ei oficialmente de ser professor não efetiado na +?, e comecei a trabal/ar como professor de filosofia moral na =niersidade de *
'nton& (lew e 'nnis Donnison !asaram1se em #, de Nunho de IF#. L3. da T.M
*berdeen, na )sc;cia, no primeiro dia de outubro daquele mesmo ano.
DEI'ANDO O'FORD
PARA TRÁS
Nos anos que passei em *berdeen, participei de 0rias entreistas e tr!s ou quatro discussões radiofônicas, patrocinadas pelo programa rec"m-iniciado e militante da cultura, o A/ird #rogramme da HH<, al"m de serir de su3eito em 0rias e1peri!ncias psicol;gicas. )m *berdeen, as grandes atrações eram a amabilidade de quase todas as pessoas com quem tra0amos con/ecimento, a força e a ariedade do moimento da educação adulta, o pr;prio fato de estarmos numa cidade da )sc;cia, algo noo para n;s, e de podermos andar ao longo da costa e pelas montan/as +?, fui de *berdeen para a 4nglaterra J fazendo antes uma iagem C *m"rica do Norte J, para me tornar professor de filosofia na =niersit9 +V->+V> como professor isitante nos )stados =nidos, demiti-me da que então 30 se tornara a =niersidade de Peele. Eeu sucessor foi Iic/ard S:inburne. )m 3aneiro de >+V, mudei-me para a =niersidade de +VQ, depois de apenas tr!s semestres em +B. *ntes de requerer e conseguir a aposentadoria antecipada da Ieading, eu /aia sido contratado para lecionar um semestre por ano na =niersidade Zork, em Aoronto, durante os restantes seis anos de min/a normal ida acad!mica. Na metade desse per&odo, por"m, demiti-me de Zork a fim de aceitar um conite
do Social #/ilosop/9 and #olic9 +R, quando filosofia passou a ser uma das mat"rias de meu curso. S; comecei a er a remota possibilidade de uma carreira em filosofia alguns meses antes de meus e1ames finais, em dezembro de >+V. Se meu medo de ser colocado na Segunda ++, depois de ser indicado para um est0gio na
)spero que, com isso tudo, fique eidente, como eu disse tantas ezes no passado, que meu interesse pela religião nunca foi nada mais do que prudente, moral ou simplesmente curioso. 'igo prudente porque, se e1iste um 'eus, ou deuses, que se enolem nos assuntos /umanos, seria uma imprud!ncia louca não tentar, ao m01imo poss&el, ficar ao lado direito deles. 'igo que meu interesse " moral porque deo me dar por feliz por ter encontrado aquilo a que Eatt/e: *rnold uma ez se referiu como $o )terno, não nós, lea C retidão$. ) digo que " um interesse curioso porque qualquer pessoa com tend!ncia cient&fica dee querer descobrir tudo o que " poss&el saber sobre determinado assunto. Eesmo assim, pode ser que ningu"m se surpreenda mais do eu me surpreendi quando notei que, depois de tantos anos de e1ploração do 'iino, eu abandonara a negação para dedicar-me C descoberta.
2. Para onde o argumento leva 2uando *lice passou atra"s do espel/o, na famosa /ist;ria de @e:is
que escreo e penso como acabaram por ditar uma mudança dram0tica( passei do ate&smo para o te&smo.
PRIMEIRAS E'PLORA%(ES))) E SIT$A%(ES
EM*ARA%OSAS
*lgumas de min/as id"ias filos;ficas tomaram forma antes de min/a ida para a escola Pings:ood. 2uando me matriculei, 30 era comunista professo e continuei um ferren/o socialista de esquerda at" o in&cio da d"cada de >+?, quando me desliguei do #artido Arabal/ista, o moimento ingl!s /istoricamente esquerdista. 8 que realmente me impediu de me filiar ao #artido +Q+, quando eu ainda era adolescente. 8bedecendo Cs instruções de Eoscou, essa organização seril e traiçoeira começou a denunciar a guerra contra a *leman/a nacional-socialista J nazista J como $imperialista$ e que, portanto, nada tin/a que er com o poo ingl!s. )ssas denúncias continuaram at" >+, enquanto o pa&s sofria a ameaça de uma inasão. )ssa c/amada guerra imperialista, por"m, de repente tornou-se uma $guerra progressia, do poo$ J do ponto de ista dos comunistas J, quando as forças alemãs inadiram a =nião Soi"tica. Nos anos seguintes, fiquei cada ez mais cr&tico quanto C teoria e C pr0tica do comunismo, com sua tese de que a /ist;ria " dirigida por leis semel/antes Cquelas das ci!ncias f&sicas. 'urante esse per&odo, como muitos de meus contemporDneos em Pings:ood, descobri os escritos e1plicatios de <. ). E. Koad. Naquele tempo, Koad, autor de cerca de setenta e cinco liros, era o fil;sofo mais con/ecido do público britDnico por suas palestras radiofônicas sobre assuntos filos;ficos e seu estilo liter0rio. )m parte, foi lendo Koad que descobri 0rios liros que eram best sellers, mas, como aprendi depois, lamentaelmente não confi0eis sobre pesquisa ps&quica, o estudo que agora " mais con/ecido como parapsicologia. Supon/o que muitos de n;s, quando enel/ecemos, recordamos nossa 3uentude com um misto de nostalgia e embaraço. *credito que essa emoção " bastante comum. Aodaia, nem todos n;s temos a m0 sorte de er nossas
situações embaraçosas registradas e, pior, publicadas. ) esse " o meu caso. Eeu interesse pela parapsicologia causou a publicação, em >+?Q, de meu primeiro liro, dolorosamente mal-escrito. )m >+?>, eu escreera e diulgara pelo r0dio duas palestras, atacando as populares apresentações de supostos fenômenos parapsicol;gicos. 4sso me aleu um conite de uma editora para escreer um liro sobre o assunto e, na arrogDncia da 3uentude, escrei A -e1 Approach to Psychical 0esearch. 8 liro tanto trataa dos fatos duidosos como dos problemas filos;ficos da parapsicologia. )spero que certos defeitos estil&sticos desse liro me se3am perdoados, porque foram, em parte, causados pelo fato de a editora querer que fosse escrito no estilo de um ensaio fr&olo. Foue, entretanto, fal/as mais substanciais. No lado emp&rico, eu aceitaa o desde então desacreditado trabal/o e1perimental de S. O. Soal, matem0tico e pesquisador da =niersidade de @ondres. No lado filos;fico, ainda não compreendera a total importDncia, para a parapsicologia, do tipo de argumento esboçado pelo fil;sofo escoc!s 'aid Fume em (nquiry. '"cadas mais tarde, compilei uma s"rie de artigos em um liro que considero mais satisfat;rio do que qualquer outro dispon&el sobre o assunto, intitulado 0eadings in the Philosophical Pro"lems of Parapsychology )m min/as contribuições para essa compilação, resumi o que aprendera, nos anos decorridos entre um liro e outro, a respeito da solução desses problemas.
NOVOS
INTERESSES
'ois outros interesses filos;ficos surgiram dos populares escritos cient&ficos que li em min/a 3uentude. 8 primeiro dizia respeito C sugestão de que a biologia eolucion0ria poderia oferecer uma garantia de progresso, feita de maneira especialmente forte, em ssays of a )iologist, de Kulian Fu1le9, que se dedicou a essa id"ia com crescente desespero pelo resto da ida. )m Time, the 0efreshing 0iver e em 7istory (s on 6ur &ide, Kosep/ Need/am combinou essa sugestão com uma mar1ista filosofia da /ist;ria, uma doutrina sobre as leis naturais do ine1or0el desenolimento /ist;rico. *ssim, os mar1istas acreditaam que e1istem leis uniersais, como a ineitabilidade
da luta de classes controlando o desenolimento das sociedades. 'e certo modo, foi para refutar essa literatura que, na d"cada de >+R, quando me pediram para colaborar com a s"rie de publicações -e1 &tudies in thics, aceitei escreer um ensaio, volutionary thics. )ssa tamb"m foi, em parte, a razão de eu escreer #ar1inian volution, quando me conidaram para colaborar com uma s"rie sobre os moimentos e as id"ias do in&cio da d"cada de >+B. Nesse último liro, procurei demonstrar que o prest&gio do dar:inismo tem sido usado para sustentar outras id"ias e crenças sem base s;lida, como a id"ia de que a teoria de 'ar:in " garantia de progresso /umano. Eeu segundo interesse filos;fico, despertado pela popular literatura cient&fica, era tentar e1trair, do desenolimento da f&sica no s"culo GG, conclusões do tipo do neo-berkelianismo, que pertence C escola de filosofia c/amada idealismo. 8s idealistas acreditam que toda realidade f&sica " puramente mental, e que s; a mente e seu conteúdo e1istem. 8s principais liros sobre o assunto são os de Sir Kames Keans e Sir *rt/ur )ddington. %oi Susan Stebbing, com seu Philosophy and the Physicists, quem me ensinou a abrir camin/o para fora dessa sela. *nos mais tarde, em An (ntroduction to estern Philosophy, eu tentaria demonstrar que tal idealismo era fatal para a ci!ncia.
caso o martelo batendo no prego, tem de ter sido parte da causa dessa min/a e1peri!ncia.
NOVOS
INSIGHTS
EM FILOSOFIA
'urante os anos em que estudei em 81ford, de >+R a >+?, uma noa maneira de fazer filosofia, que alguns c/amaam de $reolução$, estaa no apogeu. Nos meus quatro anos e meio nessa uniersidade J dois como estudante de graduação, um de p;s-graduação e um ano e meio como estagi0rio no + e >+?, deume noos e aliosos insights que ainda /o3e considero 0lidos. Aalez o mais importante e de mais ampla abrang!ncia desses insights se3a o de que deemos estar, de modo constante e lúcido, conscientes de que toda filosofia J como pesquisa conceitual J dee preocupar-se com o uso correto das palaras. Não podemos ter acesso a conceitos a não ser atra"s do estudo do uso da linguagem e, assim, o uso das palaras pelas quais esses conceitos são e1pressos. )sse insight me lembra dos estudiosos b&blicos J aqueles, como 30 mencionei, que meu pai usou como e1emplo J, que estudam um determinado conceito do el/o Aestamento e1aminando, dentro do maior número poss&el de conte1tos, todos os usos dispon&eis da palara /ebraica mais releante. #or mais empolgante que fosse, por mais que tiesse influenciado meu rumo filos;fico naquele tempo, essa $noa filosofia$ não era assim tão noa, nem necessariamente tão estreita como Cs ezes parecia. * $reolução$ enolia a concentração da atenção na gram0tica conceitual, o uso de conceitos em linguagem comum, um estudo que a3udaria a
eliminar muitos dos aparentes problemas da filosofia. =m desses problemas era decidir se pod&amos alcançar con/ecimento atra"s da percepção do mundo $e1terno$J logicamente público. )sse problema foi formulado pela primeira ez no s"culo G44 por 'escartes, e mais tarde aceito sem questionamento pela maioria de seus grandes sucessores, entre eles @ocke, Herkele9, Fume e Pant. )ssa $noa filosofia$, entretanto, re3eitaa esse problema de ceticismo cartesiano, re3eitando seu ponto de partida, isto ", que uma pessoa era um su3eito abstrato que tin/a apenas e1peri!ncia priada. )ssa crença estaa em desarmonia com a suposição, em nossa linguagem normal, de que " pela percepção que con/ecemos tanto o mundo f&sico, como outras pessoas. Eas, com eu disse, isso não era completamente noo. 8 #latão que escreeu Teaetetus e o *rist;teles da =tica a -ic>mano se sentiriam perfeitamente C ontade nos semin0rios dirigidos por I9le e *ustin.
PRO#RESSO NA FILOSOFIA *ntes de dei1ar 81ford, entreguei ao editor algum material para a coleção intitulada Logic and Language, olume 4. 8 primeiro olume foi publicado em >+?>, o segundo em >+?Q, ambos com uma bree introdução escrita por mim. *ssim, logo depois de assumir meu cargo de professor na =niersidade de *berdeen, peguei-me agindo, na )sc;cia, como porta-oz não nomeado, mas, a despeito disso, recon/ecido, da $filosofia ling7&stica de 81ford$. 2uando o Scots #/ilosop/9
escrei e li no H. #/il.
PRESTANDO MAIS ATEN%&O AO ATE!SMO 8 Socratic
princ&pio socr0tico, de seguir o argumento at" onde ele nos lear, tornou-se um princ&pio orientador no desenolimento, refinamento e, Cs ezes, contr0rio a min/as pr;prias id"ias filos;ficas. %oi tamb"m nas reuniões do Socratic 6 o problema do mal foi a refutação definitia C e1ist!ncia de um 'eus todo-poderoso e amoroso, e 6 a $defesa do lire-arb&trio$ não e1imia o +? no Socratic +?? em -e1 ssays in Philosophical Theology, que publiquei em con3unto com *lasdair Eaclntire e que foi uma substancial coleção de contribuições C filosofia da religião, do ponto de ista da noa filosofia. Na "poca, o Times Literary &upplement descreeu o liro como $possuidor de uma certa pureza irginal$. 8 principal ob3etio de Theology and Falsification era esclarecer a natureza das afirmações feitas por crentes religiosos. #erguntei( os processos de qualificação que cercam as /ip;teses filos;ficas são tão numerosos que causam sua morte por mil qualificaçõesL Se fazemos uma afirmação, ela " significatia apenas se e1clui certas coisas. #or e1emplo, a afirmação de que a Aerra " um globo e1clui a possibilidade de ela ser plana. ), embora possa parecer plana, essa aparente contradição pode ser e1plicada pelo grande taman/o do planeta, pela perspectia da qual a estamos obserando, e assim por
diante. )ntão, uma ez que acrescentamos qualificações apropriadas, a afirmação pode ser satisfatoriamente /armonizada com os fenômenos que parecem contradiz!-la. Eas se os fenômenos contradit;rios e as qualificações associadas continuam a multiplicar-se, a pr;pria afirmação torna-se suspeita. Se dizemos que 'eus nos ama, deemos perguntar quais fenômenos essa afirmação e1clui. T ;bio que a e1ist!ncia da dor e do sofrimento emerge como um problema para tal afirmação. 8s te&stas dizem que, com as qualificações adequadas, pode-se conciliar esses fenômenos com a e1ist!ncia e o amor de 'eus. Eas, então, surge outra questão( por que simplesmente não conclu&mos que 'eus não nos amaL #arece que os te&stas não permitem que qualquer fenômeno pese contra a afirmação de que 'eus nos ama. 4sso significaria que nada pesa a faor tamb"m. Na erdade, torna-se uma afirmação azia.
APRENDENDO COM
A DIVER#+NCIA
8 artigo proocou numerosas reações, algumas das quais apareceram d"cadas mais tarde, e muitas a3udaram-me a reforçar J e Cs ezes a corrigir J min/as opiniões. * reação mais radical talez ten/a sido a primeira, de I. E. Fare, que mais tarde ocuparia o posto de professor de filosofia moral em 81ford. Fare sugeriu que as declarações religiosas deiam ser interpretadas não como afirmações, mas como e1pressões que c/amou de :"li*:, uma palara inentada por ele J algo como uma abordagem geral ou uma atitude geral. )li*, de acordo com ele, " simplesmente uma interpretação de nossa e1peri!ncia cu3a eracidade ou falsidade não podem ser proadas. #elo que sei, Fare nunca desenoleu essa id"ia em forma impressa, mas " uma que não agradaria os crentes religiosos porque nega qualquer base racional para a crença. Na primeira discussão sobre o artigo, Hasil Eitc/ell, que mais tarde sucedeu <. S. @e:is na presid!ncia do Socratic
gan/ar atenção, precisamos falar de modo intelig&el, s; podemos falar sobre 'eus atra"s de imagens. *firmações teol;gicas são imagens de erdades diinas que podem ser e1pressas como par0bolas. 8utros, entre os muitos que reagiram a Theology and Falsification, foram Iaeburne Feimbeck e o eclesi0stico anglicano )ric Eascall. )m seu Theology and /eaning, Feimbeck, professor em"rito de filosofia e estudos religiosos da =niersidade +?. %alei das reações proocadas por Theology and Falsification porque o debate proocado por esse artigo causou um efeito em mim e em min/as id"ias filos;ficas.
que ele est0 certo nisso. Aamb"m recon/eci a força da cr&tica de Feimbeck e disse que estaa errado em demolir a distinção entre $pesar contra$ e $ser incompat&el com$. Eeu principal argumento apoiaa-se diretamente nisso.
O
LIVRO GOD AND PHILOSOPHY
8nze anos depois de -e1 ssays, publiquei God and Philosophy. %oi uma tentatia de apresentar e e1aminar o caso do te&smo cristão. Não consegui encontrar nen/uma apresentação anterior do caso que fosse amplamente aceita por crentes religiosos contemporDneos como adequada ou conencional. Aentei pedir sugestões a amigos e colegas cristãos, mas descobri que /aia pouca ou nen/uma coisa em comum entre as listas de respostas que eles me ofereceram. )ntão, usando diersas fontes, montei o caso mais forte que consegui, incentiando aqueles que ficassem insatisfeitos a pôr a cabeça para funcionar e produzir algo que eles e seus compan/eiros crentes ac/assem mais satisfat;rio. God and Philosophy foi publicado pela primeira ez em >+RR. )m >+B, foi reeditado como God$ A +riticai nquiry. =ma última edição, com um pref0cio do editor, e uma noa e muito insatisfat;ria introdução min/a foi publicada pela #romet/eus, em ?. )m God and Philosophy, apresentei a id"ia de uma argumentação sistem0tica para o ate&smo. @ogo no in&cio, propus que nosso ponto de partida fosse a questão da consist!ncia, aplicabilidade e legitimidade do conceito de 'eus. Nos cap&tulos subseq7entes, abordei tanto os argumentos da teologia natural como as alegações da reelação diina, enquanto analisaa as noções de e1plicação, ordem e prop;sito. Iecorrendo a 'aid Fume e outros com o mesmo pensamento, argumentei que os argumentos cosmol;gicos e morais a faor da e1ist!ncia de 'eus eram in0lidos. Aamb"m tentei demonstrar que era alidamente imposs&el inferir, de certa e1peri!ncia religiosa, que seu ob3eto era um ser diino transcendente. Eas a contribuição mais significatia do liro era o cap&tulo $
Como ,-e./,0,car De1s)
8s te&stas reagiram a essa lin/a de pensamento de diersas maneiras. * mais not0el reação foi a de Iic/ard S:inburne, meu sucessor na =niersidade de Peele e mais tarde professor de filosofia da religião cristã em 81ford, em seu liro The +oherence of Theism. S:inburne arrazoou que o fato de que os únicos $8$ que 30 imos são $G$ não implica que não se3a coerente supor que /0 alguns $8$ que não são $G$. 'isse que ningu"m pode argumentar que s; porque todos os $aquilo$ que con/eceu eram $assim$, essa igualdade dee ser uma caracter&stica essencial de qualquer coisa que for adequadamente classificada como $aquilo$.
8 que penso /o3e dos argumentos e1postos em God and Philosophy4 Numa carta que escrei em para a reista Philosophy -o1, declarei que agora considero God and Philosophy uma rel&quia /ist;rica. Eas, " claro, não podemos seguir o argumento aonde ele nos lea sem dar aos outros a c/ance de nos mostrar noas perspectias que não leamos em conta completamente. ) min/as atuais opiniões sobre os temas tratados em God and Philosophy são apresentadas na segunda parte deste liro, $Ein/a descoberta do 'iino$.
O
LIVRO T HE PRESUMPTION
OF ATHEISM
=ma d"cada depois de God and Philosophy, produzi o The Presumption of Atheism, publicado nos )stados =nidos como God, Freedom and (mmortality. Nesse liro, argumentei que uma discussão sobre a e1ist!ncia de 'eus deia começar com a declaração do ate&smo, de que a carga da proa dee recair sobre os te&stas. 8bserei que essa noa abordagem põe toda a questão da e1ist!ncia de 'eus sob uma perspectia inteiramente noa, que a3uda a reelar problemas conceituais do te&smo que poderiam, de outra forma, escapar da atenção e das forças ate&stas para começarem do começo absoluto. * palara $'eus$, usada pelos te&stas, dee receber um significado que torne teoricamente poss&el a descrição de um ser real. Sustentei que, em conseq7!ncia dessa noa perspectia, todo o empreendimento do te&smo parece ainda mais prec0rio do que parecia antes. * assunção do ate&smo pode ser 3ustificada pela e1ig!ncia de uma base, da qual não se pode escapar. #recisamos de uma boa base para acreditarmos que e1iste um 'eus. Se não tiermos essa base, não e1iste razão suficiente para acreditarmos em 'eus, e a única posição razo0el que podemos assumir " a de agn;sticos ou ate&stas negatios J quero dizer $a-te&stas$, esse $a$ funcionando como em :at%pico: e $amoral$. 'eo salientar aqui o que essa $assunção$ não era. Não era a assunção escandalosamente perersa de que a conclusão precisaa ser proada, mas sim um princ&pio processual de decidir sobre qual das partes a carga da proa deeria recair, algo como a assunção de inoc!ncia que sustenta a lei inglesa.
*rgumentei que em qualquer defesa apolog"tica sistem0tica o proponente da /ip;tese de um 'eus dee começar, como faria qualquer proponente de uma /ip;tese e1istencial, e1plicando o conceito de 'eus a ser usado e, então, informando como " para o ob3eto correspondente ser identificado. *penas quando, e se, essas duas tarefas preliminares forem satisfatoriamente cumpridas ser0 sensato começar a distribuir as eid!ncias com que se pretende mostrar que o conceito " apropriado. )sse argumento suscitou muitas e ariadas reações. )screendo como agn;stico, o fil;sofo ingl!s *nt/on9 Penn9 sustentou que pode /aer uma assunção para o agnosticismo, mas não para o ate&smo, positio ou negatio. 8bserou que mostrar que sabemos alguma coisa e1ige mais esforço do que mostrar que não sabemos J isso inclui at" o argumento de que o conceito de 'eus não " coerente. Eas, ele disse, isso não lira os agn;sticos do problema. =m candidato que est0 fazendo um e1ame dee ser capaz de 3ustificar a declaração de que não sabe a resposta para uma das perguntas, mas isso não faz com que ele passe no e1ame. Pai Nielsen, um ate&sta e meu e1-colega de profissão, citou uma cr&tica que alegaa que a postura moralmente superior " para permanecer completamente descomprometida at" que razões adequadas se3am produzidas. )ntão, continuou, disse que eu deeria demonstrar que crentes e c"ticos t!m em comum um conceito de racionalidade com os crit"rios requeridos para a aaliação dos m"ritos de suas afirmações diergentes. *crescentou que sempre /aeria $um grande ponto de interrogação marcando min/a assunção do ate&smo$ se eu não produzisse um conceito de racionalidade uniersalmente aceito. 8 maior desafio ao argumento eio dos )stados =nidos. 8 logicista modal, *lin #lantinga, introduziu a id"ia de que o te&smo " uma crença b0sica. *firmou que a crença em 'eus " igual C crença em outras erdades b0sicas, tais como a crença em outras mentes ou na percepção J er uma 0rore J, ou na lembrança J crença no passado. )m todos esses e1emplos, confiamos em nossas faculdades cognitias, embora não possamos proar a erdade da crença em questão. 'o mesmo modo, /0 pessoas que tomam certas proposições J por e1emplo, a e1ist!ncia do mundo J, como b0sicas, enquanto
outras as tomam como deriatias dessas proposições b0sicas. 8s crentes, argumenta-se, tomam a e1ist!ncia de 'eus como uma proposição b0sica. 8 fil;sofo tomista, Ialp/ Eclnern9, argumentou que acreditar em 'eus " natural para os seres /umanos por causa da ordem, da disposição e do car0ter obediente a leis dos acontecimentos naturais. Aanto " natural, ele prosseguiu, que a id"ia de 'eus " quase inata, o que me parece um argumento prima facie contra o ate&smo. )ntão, enquanto #lantinga argumentaa que os te&stas não tin/am de arcar com a carga da proa, Eclnern9 insistia em que a carga da proa deia recair sobre os ate&stasU 'eo obserar aqui que, diferentemente de meus outros argumentos antiteol;gicos, o argumento a faor da assunção do ate&smo pode ser aceito pelos te&stas. %ornecidas as bases adequadas para a crença em 'eus, os te&stas não cometem nen/um pecado filos;fico pelo fato de crerem. * assunção do ate&smo ", na mel/or das /ip;teses, um ponto de partida metodol;gico, não uma conclusão ontol;gica.
M$DANDO DE ID2IA +R>, escrei um liro a respeito da (nvestiga@ão so"re o entendi3 mento humano de Fume, a que dei o t&tulo de 7umes Philosophy of )elief. *t" então, essa (nvestiga@ão de Fume, que era geralmente c/amada de $primeira$, para diferenci0-la de outra dele, a (nvestiga@ão so"re os princ%pios da moral, fora tratada como mera miscelDnea de ensaios que eram produtos de refle1ões tardias. T, /o3e, considerada a maior obra de Fume. * respeito de meu liro sobre Fume, Oilbert I9le disse( $Aen/o grande admiração pelo liro, que demonstra sabedoria e pai1ão. 2uase um recorde$. ) Ko/n #assmore comentou( $2ualquer noa discussão sobre o secularismo de Fume ter0 de começar com %le:$.
* despeito dessas recomendações, fazia tempo que eu pretendia fazer algumas importantes correções no liro 7umes Philosophy of )elief. =ma parte em particular pedia e1tensas correções. 8s tr!s cap&tulos, $A/e idea of Necessar9
sociol;gicas ou filos;ficas, negam a possibilidade de /aer con/ecimento ob3etio, isentando assim da corrosão da sub3etiidade uniersal suas pr;prias tiradas pol&ticas, seu pouco abundante trabal/o de pesquisa e, acima de tudo, sua pr;pria reelação de que não pode /aer con/ecimento ob3etio. 8utro assunto sobre o qual mudei de id"ia foi o do lirearb&trio, da liberdade /umana. )le " importante porque a questão sobre se somos lires reside no centro de todas as religiões principais. )m meus primeiros escritos antiteol;gicos, c/amei a atenção para a incongru!ncia do mal que e1iste no unierso criado por um Ser onipotente e de perfeita bondade. * e1plicação dos te&stas para essa eidente incongru!ncia foi que 'eus d0 o lire-arb&trio aos /umanos, e que todos os males, ou a maioria deles, são deidos ao mau uso que fazemos dessa d0dia perigosa, mas que o resultado final ser0 uma soma de benef&cios maiores, o que de outra forma não seria poss&el. %ui o primeiro a rotular isso de defesa do lire-arb&trio. Eas se3a e1posta como um debate entre lire-arb&trio e predestinação, ou, em adaptação secular, lire-arb&trio e determinismo, a questão sobre se temos lire-arb&trio " de fundamental importDncia. Iespondi, tentando tratar do assunto das duas maneiras, introduzindo uma posição que agora " con/ecida como compatibilismo. 8s incompatibilistas dizem que o total determinismo " incompat&el com o lire-arb&trio. 8s compat&bilistas, por outro lado, sustentam que tanto " 0lido dizer que uma pessoa far0 uma escol/a, e que o significado dessa futura escol/a " con/ecido de antemão por uma futura parte interessada, como tamb"m que lires escol/as podem ser tanto lires como escol/as, mesmo quando são causadas fisicamente, ou quando o fato de serem feitas foi determinado por alguma lei da natureza. *inda sustentando que as pessoas fazem lires escol/as, nos últimos anos c/eguei a admitir que não podemos, ao mesmo tempo, acreditar que essas lires escol/as são causadas fisicamente. )m outras palaras, o compatibilismo não funciona. =ma lei da natureza não " uma declaração do mero fato bruto de que um certo tipo de acontecimento suceder0 ou acompan/ar0 algum outro tipo de acontecimento. T mais uma declaração de que a ocorr!ncia de um certo tipo causa fisicamente a ocorr!ncia de um outro tipo de modo que sua não-ocorr!ncia torne-se
fisicamente imposs&el. )sse, obiamente, não " o caso da lire escol/a. Aamb"m precisamos distinguir dois sentidos radicalmente diferentes da palara $causa$, com as correspondentes distinções entre os sentidos de $determinismo$. *s causas das ações /umanas são fundamentalmente diferentes das causas de todos os acontecimentos que não são ações /umanas. )1istindo a causa, digamos, de uma e1plosão, torna-se imposs&el, para qualquer poder do unierso, eitar essa e1plosão. Eas se eu l/e der uma causa para comemorar, isso não e1ige que oc! diga $obaU$. #or isso, então, nem todos os moimentos dos organismos /umanos podem ser completamente determinados pela e1ig!ncia de causas f&sicas. 8s dois sentidos de $causa$ podem ser distinguidos pelo uso da terminologia de Fume para causas morais e f&sicas. 2uando falamos de algum acontecimento não-/umano, por e1emplo, um eclipse do sol, empregamos a palara $causa$ em um sentido que implica tanto obrigatoriedade f&sica como impossibilidade f&sica( o que aconteceu era fisicamente obrigat;rio, e tudo o mais, nessa circunstDncia, era fisicamente imposs&el. )sse não " precisamente o caso do outro sentido de $causa$, o sentido em que falamos das causas J ou razões, ou motios J das ações /umanas. Supon/amos, para usar o e1emplo acima, que eu l/e d! uma boa not&cia qualquer. Se oc! escol/er reagir C not&cia comemorando, pode ser que descrea, muito apropriadamente, min/a ação como causa de sua comemoração. Eas não fui eu que causei a comemoração. )la não era obrigat;ria e ineit0el. oc! podia ter optado por não comemorar porque, digamos, estaa em uma biblioteca quando recebeu a not&cia, e não podia gritar $obaU$. %alando de outro modo, min/a not&cia podia fazer com que oc! gritasse $obaU$, mas eu não causei, ineitaelmente, essa sua reação. Aalez, em ez de $oba$, oc! dissesse $que marail/aU$. *daptando uma famosa frase do fil;sofo e matem0tico Oottfried @eibniz, uma causa desse tipo motiador influi, mas não o"riga.
escol/a de r;tulos aponta na direção da fundamental diferença entre as ci!ncias naturais e as ci!ncia sociais e psicol;gicas.
quando se abrem para eles, escol/as reais entre possibilidades alternatias genu&nas. *gentes, em seu papel de agentes, nada podem fazer a não ser escol/er uma de duas ou de muitas opções que em certas ocasiões estão dispon&eis para eles. 8 importante, na distinção entre os movimentos enolidos em uma a@ão e os impulsos que constituem um comportamento obrigat;rio, " que esse comportamento " fisicamente obrigat;rio, enquanto o sentido, a direção e o car0ter de a@Ces, por uma questão de l;gica, necessariamente não podem ser fisicamente obrigat;rios J e na erdade não são. 'esse modo, torna-se imposs&el sustentar a doutrina do uniersal determinismo fisicamente obrigat;rio, a doutrina que diz que todos os moimentos do unierso, at" mesmo o moimento corporal /umano, assim como os impulsos, são determinados por causas f&sicas fisicamente obrigat;rias. luz de min/a deserção do total compatibilismo, muito do material que publiquei sobre o lire-arb&trio, ou lire escol/a, tanto em conte1tos religiosos como seculares, requer reisão e correção. Sendo que o assunto aqui se refere C segunda das tr!s questões que Pant rotulou de as mais importantes da filosofia J 'eus, liberdade e imortalidade J, deo dizer que min/a mudança sobre essa questão " tão radical quanto min/a mudança a respeito da questão de 'eus.
3. O ateísmo calmamente examinado )le era o mais importante 3ogador da liga de beisebol, primeiro como lançador e depois como 3ogador da defesa, que fez inte e noe home runs em dezessete 3ogos em >+>+. )ntão, Farr9 %razee, propriet0rio do Hoston Ied So1 que, dizem, precisaa de din/eiro para financiar uma peça da Hroad:a9, endeu Oeorge Ferman $Habe$ Iut/ para o Ne: Zork Zankees por cento e inte e cinco mil d;lares e outras compensações. Habe Iut/ leou o Zankees C it;ria em sete campeonatos americanos e quatro mundiais. 8 Ied So1 não oltou a ser campeão at" , oitenta e cinco anos mais tarde. 'e modo interessante, foi tamb"m em que publicamente reelei, em Noa Zork, min/a pr;pria mudança( depois de mais de seis d"cadas de ate&smo, anunciei que mudara de time, por assim dizer. Eas, em outro sentido, embora eu /ouesse c/egado a er as coisas de um ponto de ista diferente, ainda estaa 3ogando o 3ogo com a mesma pai1ão de antes.
$M
DEVER COM O DIÁLO#O
Ein/a defesa do ate&smo culminou com a publicação de The Presumption of Atheism. No que im a escreer posteriormente, abordei temas totalmente diferentes. Na erdade, em um ensaio para um liro publicado em >+BR, intitulado )ritish Philosophy Today, comentei que /aia outras coisas que eu gostaria de fazer se tiesse ida e tempo suficientes. #or e1emplo, gostaria de e1plorar as grandes disputas /ist;ricas a respeito da estrutura da Arindade e sobre o que acontece na eucaristia. No final da d"cada de >+R, no entanto, ficou claro que precisaam urgentemente de meus seriços em outra 0rea. )u sabia que, pelo resto de min/a ida de trabal/o, deia concentrar min/as energias no amplo campo da filosofia social. Eas emiti um aiso.
cr&ticas sempre que poss&el, fosse admitindo que errara, fosse e1plicando por que não podia concordar com os cr&ticos. 'esse modo, o aiso mantee-me enolido com os defensores do te&smo, que desafiaam min/a defesa do ate&smo mesmo quando eu me entregaa a outras buscas filos;ficas. Aal enolimento não era nen/uma noidade para mim. *o contr0rio, durante toda min/a carreira de fil;sofo, estie enolido em acalorados di0logos e debates públicos com pensadores que diergiam de mim em 0rios assuntos, como filosofia social, o problema corpo-mente, lire-arb&trio e determinismo na questão de 'eus. 8s temas em discussão nos meus debates sobre a e1ist!ncia de 'eus desenoleram-se durante meio s"culo de min/a ida intelectual atia. )m >+?, procur0amos especificar o que significa a afirmação $'eus nos ama$[ em >+VR, tent0amos esclarecer se o conceito de 'eus era coerente[ em >+B?, tent0amos determinar sobre quem reca&a a carga da proa e, em >++B, discut&amos as implicações da cosmologia do big-bang. *tra"s disso tudo, por"m, meu enolimento com temas teol;gicos não apenas me a3udou a afiar min/a dial"tica, como tamb"m me pôs em contato com muitos colegas e oponentes merecedores de meu respeito J e de min/a dierg!ncia.
TEIMOSAMENTE FIRME
EM MINHAS OPINI(ES
'e todos os debates em que me enoli, os dois que tieram maior assist!ncia aconteceram em >+VR e >++B. 8 de >+VR, com A/omas Marren em 'enton, Ae1as, foi assistido, em diferentes dias, por cinco a sete mil pessoas. 8 de >++B, com Milliam @ane +VR,
coincidindo com os primeiros debates entre os candidatos presidenciais Kimm9
TIROTEIO NO FAROESTE Eeu debate seguinte aconteceu quase dez anos mais tarde, em >+B?, tamb"m no Ae1as, mas dessa ez em 'allas, e foi algo
parecido com o famoso tiroteio no faroeste. Kuntei-me a tr!s outros $pistoleiros$ ate&stas( Mallace Eatson, Pai Nielsen e #aul Purtz. 'uelamos com uma falange correspondente de grandes fil;sofos te&stas( *lin #lantinga, Milliam #. *lston, Oeorge Earodes e Ialp/ Eclnern9. Eas, ao contr0rio do famoso tiroteio, não /oue fogo, porque nen/um dos dois lados pretendia aliciar o outro.
Não pode /aer um regresso infinito de causas do ser, porque um regresso infinito de seres finitos não causaria a e1ist!ncia de coisa alguma. 'esse modo, e1iste uma primeira
SEM
ARREDAR P2
'urante o tempo em que lecionei na =niersidade Ho:ling Oreen, em 8/io, na d"cada de >+B, mantie um debate realmente longo com o fil;sofo Iic/ard S:inburne que, como 30 comentei, me sucedeu na =niersidade de Peele e depois assumiu o posto de #rofessor Nollot/ em 81ford. )le emergira como o mais con/ecido defensor do te&smo nos pa&ses de l&ngua inglesa. =m famoso c"tico e e1-colega meu, Aerence #enel/um, comentara a respeito do liro de S:inburne, The +oherence of Theism$ $Não con/eço nen/uma defesa contra a cr&tica filos;fica contemporDnea que possa comparar-se com esta em qualidade de argumentação e clareza de pensamento ,\. 8 conceito fortemente defendido por S:inburne, o de um esp&rito J um ser incorp;reo J onipresente, era 3ustamente o principal alo de meu God and Philosophy.
empate, isto ", nen/um de n;s arredou p" de sua defesa. )u não conseguia er sentido no conceito de um esp&rito sem corpo, e S:inburne não entendia como uma pessoa podia ter problemas em aceitar isso. Eeu di0logo com ele não acabou ali e, como ficar0 eidente mais adiante neste liro, continua at" /o3e. * prop;sito, depois que foi diulgado que eu mudara de id"ia a respeito de 'eus, #lantinga obserou( $4sso demonstra a /onestidade do professor %le:. 'epois de tantos anos opondo-se C id"ia de um ++B, em Eadison, Misconsin. )sse debate marcou o q7inquag"simo aniers0rio da famosa discussão eiculada pela HH< entre Hertrand Iussell e %rederick
b&blicos de /o3e !em os escritos de São #aulo sobre a predestinação como se referindo ao papel de indi&duos espec&ficos nas obras da igre3a e não a sua salação ou condenação.
MINHA ESTR2IA EM NOVA 3 OR4 8 último de meus debates públicos, num simp;sio na =niersidade de Noa Zork, aconteceu em maio de . 8s outros participantes do debate foram o cientista israelense Oerald Sc/roeder, autor de best sellers sobre ci!ncia e religião, sendo o mais not0el o The &cience of God, e o fil;sofo escoc!s Ko/n Faldane, cu3o Theism and Atheism diulga seu debate com meu amigo Kack Smart sobre a e1ist!ncia de 'eus. #ara surpresa de todos os presentes, anunciei, no in&cio do debate, que agora aceitaa a e1ist!ncia de um 'eus. 8 que poderia ter sido uma intensa troca de opiniões diergentes acabou como uma e1ploração con3unta do desenolimento da ci!ncia moderna, que parecia apontar para uma 4ntelig!ncia superior. No &deo do simp;sio, o apresentador sugere que, de todas as grandes descobertas da ci!ncia moderna, 'eus " a maior. Nesse simp;sio, quando me perguntaram se o recente trabal/o sobre a origem da ida apontaa para a atiidade de uma 4ntelig!ncia criadora, respondi da seguinte maneira( *gora penso que sim, quase inteiramente por causa das inestigações a respeito do 'N*. #enso que o material do 'N* mostra, pela quase inacredit0el comple1idade das combinações necess0rias para produzir a ida, que uma intelig!ncia dee estar enolida no processo de fazer com que esses e1traordinariamente diersos elementos funcionem em con3unto. ) e1trema a comple1idade do número de elementos, e enorme a sutileza com que eles funcionam 3untos. * c/ance de essas duas partes encontrarem-se no momento certo, por puro acaso, " simplesmente insignificante. T tudo uma
questão da enorme comple1idade pela qual os resultados foram alcançados, o que me parece obra de uma intelig!ncia. )ssa declaração representou uma importante mudança de curso para mim, mas, apesar disso, era congruente com o princ&pio que abraço desde o in&cio de min/a ida filos;fica( seguir o argumento, não importa aonde ele me lear. %iquei especialmente impressionado com a refutação minuciosa de Oerr9 Sc/roeder ao que c/amo de $teorema do macaco$. )ssa id"ia, apresentada de formas ariadas, defende a possibilidade de a ida ter surgido por acaso, usando a analogia de uma multidão de macacos batendo nas teclas de um computador e, em dado momento, acabarem por escreer um soneto digno de S/akespeare. )m primeiro lugar, Sc/roeder referiu-se a um e1perimento conduzido pelo
)scol/i aquele do qual decorei o primeiro erso, que diz( $'eo comparar-te a um dia de erãoL$. , > eleado C R+] pot!ncia. *gora, o número de part&culas no unierso J não grãos de areia, estou falando de pr;tons, el"trons e n!utrons J " de > C B]. 'ez eleado C octag"sima pot!ncia " > com B zeros C direita. 'ez eleado C R+] " > com R+ zeros C direita. Não /0 part&culas suficientes no unierso com que anotarmos as tentatias. Ser&amos derrotados por um fator de > C R]. Se tom0ssemos o unierso inteiro e o conert!ssemos em c/ips de computador J esqueçam os macacos J, cada c/ip pesando um milion"simo de grama e sendo capaz de processar BB tentatias a, digamos, um mil/ão de ezes por segundo, produzindo letras ao acaso, o número de tentatias que conseguir&amos seria de > C +]. Eais uma ez, ser&amos derrotados por um fator de > C R]. Nunca criar&amos um soneto por acaso. 8 unierso teria de ser maior, na proporção de > eleado C R] pot!ncia. No entanto, o mundo acredita que um bando de macacos pode fazer isso todas as ezes. *p;s ouir a apresentação de Sc/roeder, eu l/e disse que ele estabelecera, de maneira perfeitamente satisfat;ria e decisia, que o $teorema do macaco$ era uma bobagem, e que fora muito bom demonstrar isso apenas com um soneto. 8 teorema ", Cs ezes, proposto atra"s do uso de obras de S/akespeare, ou de uma única peça, como 7amlet. Se o teorema
não funciona com um simples soneto, " simplesmente absurdo sugerir que a origem da ida, um feito muito mais elaborado, possa ter acontecido por acaso.
D$ELO COM DAW4INS *l"m de debates públicos, participei de 0rias discussões pol!micas por escrito. =m e1emplo dessas discussões foi a que tie com o cientista Iic/ard 'a:kins. )mbora elogiasse suas obras ate&stas, eu sempre criticara sua escola de pensamento do gene ego&sta. )m meu liro #ar1inian volution, obserei que a seleção natural não produz nada positio. *penas elimina, ou tende a eliminar, tudo o que não se3a competitio. =ma ariação não precisa ter nen/uma real antagem competitia para eitar a eliminação. T suficiente que não sobrecarregue seu portador com uma desvantagem competitia. #ara usar uma ilustração bastante tola, amos supor que eu ten/a asas inúteis dobradas sob meu palet;, asas fr0geis demais para me erguer do c/ão. Sendo inúteis, elas não me a3udam a escapar de predadores, nem a buscar alimento. Eas, como tamb"m não me dei1am mais ulner0el a predadores, eu proaelmente sobreierei para reproduzir e passar min/as asas a meus descendentes. 8 erro de 'ar:in, ao e1por uma infer!ncia demasiadamente positia com sua sugestão de que a seleção natural produz alguma coisa, foi, talez, deido ao emprego que ele fez de e1pressões como $seleção natural$ ou $sobrei!ncia dos mais aptos$, em ez de sua pr;pria e preferida $preseração natural$. 8bserei que 8 gene ego%sta de 'a:kins era um grande e1erc&cio de mistificação popular.
organismos são, na maior parte, condicionadas pelas interações de muitos genes, enquanto a maioria dos genes tem múltiplos efeitos sobre muitas dessas caracter&sticas. #ara 'a:kins, o principal meio de produzir comportamento /umano " atribuir aos genes caracter&sticas que possam, de modo significatio, ser atribu&das apenas a pessoas. )ntão, depois de insistir em que todos n;s somos criaturas de nossos genes, e que nisso não temos escol/a, ele sugere que não podemos fazer outra coisa a não ser aceitar as caracter&sticas pessoais desagrad0eis daquelas mônadas que tudo controlam. 8s genes, naturalmente, não podem ser ego&stas, nem altru&stas, assim como nen/uma outra entidade sem consci!ncia pode enoler-se em competição ou fazer seleções. Seleção natural ", notoriamente, não-seleção, e um fato l;gico, um pouco menos con/ecido, " o de que, abai1o do n&el /umano, a luta pela e1ist!ncia não " $competitia$ no erdadeiro sentido da palara. Eas isso não impede 'a:kins de proclamar que seu liro $não " ficção cient&fica, mas ci!ncia. Somos m0quinas de sobrei!ncia, e&culos robôs cegamente programados para preserar as mol"culas ego&stas con/ecidas como genes$. )mbora mais tarde diulgasse algumas ocasionais retratações, 'a:kins não emitiu nen/um aiso, indicando que suas palaras não deiam ser tomadas literalmente. ) acrescentou, de modo sensacionalista, que $o argumento deste liro " que n;s, e todos os outros animais, somos m0quinas criadas por nossos genes$. Se alguma coisa disso tudo fosse erdadeira, seria inútil, como 'a:kins faz, continuar a pregar( XAentemos ensinar generosidade e altru&smo, porque todos n;s nascemos ego&stas$. Não /0 eloq7!ncia que possa mudar robôs programados. Eas não /0 erdade em nada disso, nem mesmo um m&nimo de sensatez. 8s genes, como temos isto, não comandam, nem podem comandar, nossa conduta. Aampouco t!m a capacidade de calcular necess0ria para traçarem uma rota de implac0el ego&smo ou de altru&smo sacrificial.
5O#ANDO COM
PAI'&O E HONESTIDADE
Habe Iut/ aposentou-se do beisebol aos quarenta anos. Aen/o mais do dobro dessa idade agora, e embora ten/a mudado min/a opinião sobre a e1ist!ncia de 'eus, espero que
min/a defesa do ate&smo e os debates com te&stas e outros fil;sofos demonstrem que meu interesse por questões teol;gicas não acabou, e que pretendo continuar procurando 0rias respostas para elas. *nalistas e psic;logos podem interpretar isso como quiserem, mas o &mpeto, para mim, ainda " o que sempre foi( a busca de argumentos 0lidos com conclusões erdadeiras. )spero continuar 3ogando com a mesma pai1ão e a mesma /onestidade de sempre na pr;1ima parte deste liro, quando e1pon/o min/a atual opinião e as proas que me learam a confirm0-la.
SE#$NDA PARTE MINHA DESCO*ERTA
DO DIVINO
4. Uma peregrinação da raão amos começar com uma par0bola. 4maginem que um telefone ia sat"lite fosse leado pelo mar at" a praia de uma il/a remota /abitada por uma tribo que nunca tee contato com a ciilização moderna. 8s natios brincam com as teclas e ouem ozes diferentes quando pressionam os números em certas seq7!ncias. * princ&pio, eles supõem que " o aparel/o que faz aqueles ru&dos, e alguns natios mais inteligentes, os cientistas da tribo, montam uma r"plica e1ata e pressionam os números noamente. Aornam a ouir as ozes. )ntão, a conclusão l/es parece ;bia( aquela particular combinação de cristais, metais e substDncias qu&micas produz o que parece oz /umana, e isso significa que as ozes são simplesmente propriedades do aparel/o. 8 s0bio da tribo, por"m, conoca os cientistas para uma discussão. #ensara muito sobre o assunto e c/egara C seguinte conclusão( as ozes que passam atra"s do aparel/o s; podem estar indo de pessoas como eles, pessoas ias e conscientes, embora falando em outra l&ngua. )m ez de concluir que as ozes são simplesmente propriedades do aparel/o, eles deiam inestigar a possibilidade de estarem entrando em contato com outros /umanos atra"s de uma misteriosa rede de comunicação. Aalez um estudo mais profundo pudesse dar-l/es uma compreensão mais ampla do mundo al"m da il/a. Eas os cientistas riem do s0bio e dizem( $)scute, quando danificamos o instrumento, as ozes param de c/egar at" n;s, então, elas não são nada mais que sons produzidos por uma combinação especial de l&tio, placas de circuito e diodos emissores de luz$.
ez de dei1ar que as eid!ncias modelem nossas teorias. *ssim, um salto coperniciano pode ser eitado por mil epiciclos ptolomaicos. Note-se que os defensores do modelo geoc!ntrico do sistema solar criado por #tolomeu resistiram ao modelo /elioc!ntrico de
admitida por ate&stas dogm0ticos, aparentemente com tend!ncias cient&ficas, leando-os a conceder que, afinal, dee e1istir um 'eus. 'essa maneira, faço a meus e1-compan/eiros de ate&smo esta simples, mas fundamental pergunta( $8 que teria de acontecer, ou de ter acontecido, para dar a oc!s uma razão para, pelo menos, pensar na possibilidade da e1ist!ncia de uma Eente superiorL$.
PONDO AS CARTAS NA
MESA
'ei1ando a par0bola de lado, c/egou o momento de eu pôr min/as cartas na mesa, e1por min/as pr;prias opiniões e as razões que as sustentam. *gora acredito que o unierso foi criado por uma 4ntelig!ncia infinita. *credito que as intrincadas leis deste unierso manifestam o que os cientistas t!m c/amado de a Eente de 'eus. *credito que a ida e a reprodução t!m sua origem em uma %onte diina. #or que acredito nisso, se ensinei e defendi o ate&smo por mais de meio s"culoL * resposta " curta( esse " o retrato do mundo, como eu o e3o, e que emergiu da ci!ncia moderna. * ci!ncia mostra tr!s dimensões da natureza que apontam para 'eus. * primeira " o fato de que a natureza obedece a leis. * segunda " a dimensão da ida, de seres moidos por prop;sitos e inteligentemente organizados que surgiram da mat"ria. * terceira " a pr;pria e1ist!ncia da natureza. Eas não " apenas a ci!ncia que tem me guiado. 8 fato de eu ter retomado o estudo dos argumentos filos;ficos cl0ssicos tamb"m tem me a3udado. Não foi nen/um noo fenômeno ou argumento que me motiou a abandonar o ate&smo. Nessas últimas duas d"cadas, toda min/a estrutura de pensamento tem permanecido em estado de migração, e isso foi conseq7!ncia de uma cont&nua aaliação das manifestações da natureza. 2uando finalmente c/eguei a recon/ecer a e1ist!ncia de um 'eus, isso não foi uma mudança de paradigma, porque meu paradigma permanece aquele que #latão escreeu em A 0ep;"lica, atribuindo-o a S;crates( $'eemos seguir o argumento at" onde ele nos lear$. oc!s talez perguntem como eu, um fil;sofo, podia me enoler com assuntos tratados por cientistas. * mel/or maneira de responder a isso " com outra pergunta.
interação de dois corpos f&sicos, por e1emplo, duas part&culas subatômicas, estamos lidando com ci!ncia. 2uando nos perguntamos como " que aquelas duas part&culas J ou qualquer coisa f&sica J podem e1istir e por que e1istem, estamos lidando com filosofia. 2uando e1tra&mos conclusões filos;ficas de dados cient&ficos, estamos pensando como fil;sofos.
PENSANDO COMO FILSOFO )ntão, amos aplicar aqui essa compreensão. )m , eu disse que a origem da ida não pode ser e1plicada a partir apenas da mat"ria. Eeus cr&ticos reagiram, anunciando de modo triunfante, que eu não lera um certo artigo publicado em uma reista cient&fica, nem acompan/ado o desenolimento de um estudo inteiramente noo, relacionado C abiog!nese J a geração espontDnea de ida a partir de material não biol;gico.
argumento filos;fico.
A REC$PERA%&O DA SA*EDORIA 2uanto a min/a noa posição a respeito dos cl0ssicos debates filos;ficos sobre 'eus, o que mais me persuadiu foi o argumento do fil;sofo ingl!s 'aid
caracter&sticas e aquelas tradicionalmente atribu&das a 'eus na tradição 3udaico-cristã. 4sso 3ustifica totalmente o fato de ermos *rist;teles como algu"m que tin/a em mente o mesmo Ser 'iino, a causa do mundo que " ob3eto de adoração nessas duas religiões. 'e acordo com
!. "uem escreveu as leis da naturea# Aalez o mais popular e intuitiamente plaus&el argumento pela e1ist!ncia de 'eus " o assim c/amado argumento do des&gnio. 'e acordo com ele, o des&gnio que se ! na natureza sugere a e1ist!ncia de um #lane3ador c;smico. Aen/o freq7entemente dito que esse " de fato um argumento $da ordem para o des&gnio$, porque tais argumentos procedem da ordem percebida na natureza para mostrar a eid!ncia de um plano e, assim, de um #lane3ador. )mbora eu 30 ten/a sido um ferren/o cr&tico do argumento do des&gnio, passei a er que, quando corretamente formulado, ele constitui uma defesa persuasia da e1ist!ncia de 'eus. *anços em duas 0reas em particular learam-me a essa conclusão. * primeira " a questão da origem das leis da natureza e as id"ias, a isso relacionadas, de importantes cientistas modernos. * segunda " a questão da origem da ida e a reprodução. 8 que quero dizer quando falo das leis da naturezaL #or $lei$, eu me refiro C regularidade ou simetria na natureza. *lguns e1emplos, tirados de liros did0ticos, podem ilustrar o que digo( * lei de Ho9le estipula que, dada uma temperatura constante, o produto do olume e da pressão de uma quantidade fi1a de um g0s ideal " constante. 'e acordo com a primeira lei do moimento de Ne:ton, um ob3eto em repouso permanecer0 em repouso a menos que uma força e1terna atue sobre ele, e um ob3eto em moimento permanecer0 em moimento a menos que uma força e1terna atue sobre ele. 'e acordo com a lei de conseração da energia, a quantidade total de energia em um sistema isolado permanece constante. 8 mais importante não " o fato de /aer essas regularidades na natureza, mas sim que elas são matematica-
mente precisas, uniersais e interligadas. )instein referiu-se a elas como $a razão encarnada$. 8 que deemos perguntar " o que fez a natureza surgir do 3eito que ". )ssa, sem dúida, " a pergunta que os cientistas, de Ne:ton a )instein e a Feisenberg, fizeram e para a qual encontraram a resposta. )ssa resposta foi( a Eente de 'eus. )sse modo de pensar não " encontrado apenas nos con/ecidos cientistas te&stas pr"-modernos, como 4saac Ne:ton e Kames Ea1:ell. #elo contr0rio, muitos importantes cientistas da era moderna consideram as leis da natureza pensamentos da Eente de 'eus. Step/en Fa:king termina seu best seller ?ma "reve história do tempo com a seguinte passagem( Se descobrirmos uma teoria completa, ela ter0 de ser compreendida por todas as pessoas, não apenas por alguns cientistas. )ntão n;s todos, fil;sofos, cientistas e pessoas comuns, deemos ser capazes de participar da discussão sobre o motio de n;s e o unierso e1istirmos. Se encontrarmos a resposta, esse ser0 o supremo triunfo da razão /umana, porque, então, con/eceremos a mente de 'eus. Eesmo que /a3a uma única, unificada teoria, ela ser0 apenas um con3unto de regras e equações. #ergunto( o que d0 ida Cs equações e cria um unierso para que elas o descreamL Fa:king disse mais sobre isso em entreistas posteriores. $8 que causa maior impressão " a ordem. 2uanto mais descobrimos sobre o unierso, mais emos que ele " goernado por leis racionais.$ $) uma pergunta continua( por que o unierso d0-se ao trabal/o de e1istirL Se quiserem, oc!s podem definir 'eus como a resposta para essa pergunta.$
6$EM ESCREVE$ TODOS A6$ELES
LIVROS 7
Euito antes de Fa:king, )instein usaa linguagem similar( $2uero saber como 'eus criou este mundo. 2uero con/ecer Seus pensamentos, o resto são detal/es$. )m meu liro God and
Philosophy, eu disse que não podemos tirar muita coisa desses trec/os, porque )instein dissera que acreditaa no 'eus de Spinoza.
limitada capta a força misteriosa que moe as constelações. 5Orifo acrescentado.6 No liro #eus$ um del%rio, Iic/ard 'a:kins fala de min/a antiga opinião de que )instein era ate&sta. %azendo isso, ignora a declaração categ;rica de )instein, citada acima, de que ele não era ate&sta, nem pante&sta. 4sso " surpreendente, porque 'a:kins cita Kammer, mas dei1a de fora numerosas declarações, tanto de Kammer como de )instein, que são fatais para seu argumento. Kammer obsera, por e1emplo, que $)instein sempre protestou contra o fato de ser isto como ate&sta. )m uma conersa com o pr&ncipe Fubertus de @o:enstein, ele declarou que ficaa zangado com pessoas que não acreditaam em 'eus e o citaam para corroborar suas id"ias. )instein repudiou o ate&smo porque nunca iu sua negação de um deus personificado como uma negação de 'eus$. )instein, naturalmente, não acreditaa em um 'eus personificado, mas disse( =ma outra questão " a contestação da crença em um 'eus personificado. %reud endossou essa id"ia em sua última publicação. )u pr;prio nunca assumiria tal tarefa, porque tal crença me parece prefer&el C falta de qualquer isão transcendental da ida, e imagino se seria poss&el dar-se, C maioria da /umanidade, um meio mais sublime de satisfazer suas necessidades metaf&sicas. $Iesumindo$, conclui Kammer, $)instein, como Eaimônides e Spinoza, categoricamente re3eitaa qualquer antropomorfismo no pensamento religioso$. Eas, diferentemente de Spinoza, que ia na identificação de 'eus com a natureza a única conseq7!ncia l;gica da negação de um 'eus personificado, )instein sustentaa que 'eus se manifesta $nas leis do unierso como um esp&rito infinitamente superior ao esp&rito do /omem, diante do qual n;s, com nossos modestos poderes, deemos nos sentir /umildes$. )instein concordaa com Spinoza na id"ia de que quem con/ece a natureza con/ece 'eus, não porque a
natureza se3a 'eus, mas porque a busca da ci!ncia, estudando a natureza, lea C religião.
A 8MENTE
S$PERIOR8 DE EINSTEIN
)instein obiamente acreditaa em uma fonte transcendental da racionalidade do mundo, que ele c/amaa de $mente superior$, $esp&rito superior infinito$, $força inteligente superior$ e $força misteriosa que moe as constelações$. 4sso fica eidente em 0rias de suas declarações( Nunca encontrei uma e1pressão mel/or do que $religiosa$ para definir a confiança na racional natureza da realidade e de sua peculiar acessibilidade C mente /umana. 8nde não /0 essa confiança, a ci!ncia degenera, tornando-se um procedimento sem inspiração. Se os sacerdotes lucram com isso, que o diabo cuide do assunto. Não /0 rem"dio para isso. 2uem quer que ten/a passado pela intensa e1peri!ncia de con/ecer bem-sucedidos aanços nesta 0rea 5ci!ncia6 " moido por profunda reer!ncia pela racionalidade que se manifesta em e1ist!ncia... a grandeza da razão encarnada em e1ist!ncia. 8 certo " que a conicção, semel/ante ao sentimento religioso, da racionalidade ou inteligibilidade do mundo, est0 por tr0s de todo trabal/o cient&fico de uma ordem superior. )ssa crença firme em uma mente superior que se reela no mundo da e1peri!ncia, ligada a profundo sentimento, representa min/a concepção de 'eus. Aodos os que seriamente se empen/am na busca da ci!ncia conencem-se de que as leis da
natureza manifestam a e1ist!ncia de um esp&rito imensamente superior ao do /omem, diante do qual n;s, com nossos modestos poderes, deemos nos sentir /umildes. Ein/a religiosidade consiste de uma /umilde admiração pelo esp&rito infinitamente superior que se reela nos pequenos detal/es que podemos perceber com nossa mente fr0gil. )ssa conicção profundamente emocional da presença de um poder racional superior, que " reelado no incompreens&el unierso, forma min/a id"ia de 'eus.
SALTOS 6$ÂNTICOS NA
DIRE%&O DE DE$S
)instein, descobridor da relatiidade, não foi o único grande cientista que iu uma cone1ão entre as leis da natureza e a Eente de 'eus. 8s pais da f&sica quDntica, outra grande descoberta cient&fica dos tempos modernos, Ea1 #lanck, Merner Feisenberg, )r:in Sc/r^dinger e #aul 'irac, tamb"m fizeram declarações similares, e abai1o reproduzo algumas delas. Merner Feisenberg, famoso por seu princ&pio da incerteza e pela mecDnica das matrizes, disse( $No decorrer de min/a ida, e3o-me freq7entemente compelido a refletir sobre o relacionamento dessas duas 0reas de pensamento 5ci!ncia e religião6, porque nunca pude duidar da realidade daquilo para o que elas apontam$. )m outra ocasião, ele disse( Molfang 5#auli6 me perguntou de modo inesperado( oc! acredita em um 'eus personificadoL #erguntei se podia reformular a pergunta, dizendo que preferia faz!-la da seguinte maneira( oc!, ou qualquer outra pessoa, pode c/egar C ordem central de coisas e acontecimentos cu3a e1ist!ncia parece estar al"m da dúida tão diretamente quanto pode alcançar a alma de outra pessoaL )stou usando o termo alma deliberadamente, para não ser mal-
compreendido. Se fizer sua pergunta dessa forma, eu direi que sim. Se a força magn"tica que tem guiado essa bússola especial J e qual mais poderia ser sua fonte, a não ser a ordem centralL J se e1tinguisse, coisas terr&eis aconteceriam C /umanidade, muito mais terr&eis do que campos de concentração e bombas atômicas. 8utro pioneiro da f&sica quDntica, )r:in Sc/r^dinger, que desenoleu a mecDnica ondulat;ria, declarou( 8 quadro cient&fico do mundo a min/a olta " muito deficiente. )le me d0 muitas informações factuais, põe toda nossa e1peri!ncia em uma ordem magnificamente coerente, mas mant"m um /orr&el sil!ncio sobre tudo o que " caro ao nosso coração, o que " realmente importante para n;s. )sse quadro não me diz uma palara sobre a sensação de ermel/o ou azul, amargo e doce, sentimentos de alegria e tristeza. Não sabe nada de beleza e fealdade, de bom e de mau, de 'eus e de eternidade. * ci!ncia, Cs ezes, finge responder a essas perguntas, mas suas respostas, quase sempre, são tão tolas que não podemos aceit0-las seriamente. * ci!ncia " reticente tamb"m quando se trata de uma pergunta sobre a grande =nidade da qual n;s, de alguma forma, fazemos parte, C qual pertencemos. *gora, em nosso tempo, o nome mais popular para isso " 'eus, com ' maiúsculo. * ci!ncia tem sido, costumeiramente, rotulada de ate&sta e, depois de tudo o que 30 dissemos, isso não " de surpreender. Se o quadro do mundo da ci!ncia não cont"m beleza, alegria, tristeza, se personalidade foi eliminada dele, por comum acordo, como poderia conter a id"ia mais sublime que se apresenta C mente /umanaL
Ea1 #lanck, que foi o primeiro a introduzir a /ip;tese quDntica, sustentou claramente que a ci!ncia complementa a religião, declarando que $nunca poder0 /aer um real antagonismo entre religião e ci!ncia, porque uma " o complemento da outra$. )le tamb"m disse que $a religião e a ci!ncia natural estão lutando 3untas numa cruzada sem tr"gua contra o ceticismo e o dogmatismo, contra a descrença e a superstição, e, assim, a faor de 'eusU$. #aul *. E. 'urac, que complementou o trabal/o de Feisenberg e Sc/r^dinger com uma terceira formulação da teoria quDntica, obserou que $'eus " um matem0tico de alt&ssima categoria, que usou matem0tica aançada para construir o unierso$. *ntes desses cientistas,
concepções errôneas C medida que lançam luz sobre os assuntos discutidos aqui.
LEIS DE
6$EM7
No discurso que fez na entrega do pr!mio Aempleton, #aul 'aies disse que $a ci!ncia s; progredir0 se os cientistas adotarem uma isão do mundo essencialmente teol;gica$. Ningu"m pergunta de onde ieram as leis da f&sica, mas $mesmo os cientistas mais ateus aceitam, como um ato de f", a e1ist!ncia de uma ordem na natureza que obedece a leis e ", pelo menos parcialmente, compreens&el para n;s$. 'aies re3eita duas comuns id"ias errôneas. 'iz que " errada a id"ia de que uma $teoria de tudo$ J teoria /ipot"tica que unificaria todos os fenômenos f&sicos J mostraria que este " o único mundo logicamente consistente, e que isso pode ser demonstrado, porque não /0 nen/uma proa de que o unierso " logicamente necess0rio, e na erdade " poss&el imaginar uniersos alternatios que se3am logicamente consistentes. 'aies diz tamb"m que " uma $tolice completa$ supor-se que as leis da f&sica são leis nossas, não da natureza. 8s f&sicos não podem acreditar que a lei da graitação de Ne:ton se3a uma criação cultural. *s leis da f&sica $realmente e1istem$, declara 'aies, e o trabal/o dos cientistas " descobri-las, não inent0-las. )le c/ama atenção para o fato de que as leis da natureza por tr0s dos fenômenos não são descobertas por meio de obseração direta, mas reeladas por e1peri!ncia e teoria matem0tica. )ssas leis são escritas num c;digo c;smico que os cientistas deem decifrar a fim de que se3a reelada a mensagem que " $a mensagem da natureza, a mensagem de 'eus J a escol/a do termo " sua J, mas não nossa mensagem$. * questão principal, diz 'aies, " diidida em tr!s partes( 'e onde !m as leis da f&sicaL #or que temos essas determinadas leis, em ez de um con3unto de outrasL
O
DIVINO LE#ISLADOR
*lguns fil;sofos escreeram tamb"m sobre a diina proced!ncia das leis da natureza. )m seu liro The #ivine La1ma*er$ Lectures on (nduction, La1s of -ature and the 'istence of God, o fil;sofo de 81ford, Ko/n %oster, defende que a mel/or e1plicação para a regularidade da natureza, se3a como
for que a descreamos, " uma Eente diina. Se aceitamos o fato de que /0 leis, então temos de aceitar que e1iste alguma coisa que impõe essa regularidade ao unierso. Eas o que " a impõeL %oster sustenta que a opção te&sta " a única s"ria, de modo que $" racionalmente 3ustificada nossa conclusão de que " 'eus J o 'eus e1plicado pelos te&stas J que cria as leis, impondo as regularidades ao mundo$. Eesmo se negarmos a e1ist!ncia de leis, ele argumenta, $/0 um forte argumento a faor da e1plicação de que as regularidades são da autoria de 'eus$. S:inburne faz uma obseração semel/ante numa resposta C cr&tica feita por 'a:kins ao seu argumento do des&gnio( 8 que " uma lei da naturezaL 5Nen/um de meus cr&ticos enfrentou essa questão.6 'izer que " uma lei da natureza que todos os corpos se comportem de certa maneira J por e1emplo, atraem-se mutuamente de acordo com certa f;rmula J ", eu sugiro, dizer apenas que cada corpo f&sico comporta-se assim, isto ", atrai cada corpo dessa maneira. T mais simples supor que essa uniformidade surge da ação de uma substDncia que faz com que todos comportem-se da mesma maneira do que supor que o comportamento uniforme de todos os corpos " um fato irracional e final. 8 principal argumento de S:inburne " que um 'eus personificado com as qualidades tradicionais e1plica mel/or a operação das leis da natureza. Iic/ard 'a:kins re3eitou esse argumento, dizendo que 'eus " uma solução muito comple1a para e1plicar o unierso e suas leis. #arece-me bizarra essa declaração a respeito do conceito de um Ser espiritual onipotente. 8 que /0 de comple1o na id"ia de um )sp&rito onisciente e onipotente, uma id"ia tão simples que " compreendida por todos os seguidores das tr!s maiores religiões monote&stas, o 3uda&smo, o cristianismo e o islamismoL *lin #lantinga recentemente obserou que, pela pr;pria definição de 'a:kins, 'eus " simples, não comple1o,
porque " um esp&rito, não um ob3eto material e que, portanto, não tem 0rias partes. Ietornando a min/a par0bola do telefone ia sat"lite do cap&tulo anterior, as leis da natureza são um problema para os ate&stas porque elas são uma oz de racionalidade ouida pelos mecanismos da mat"ria. $* ci!ncia baseia-se na suposição de que o unierso " meticulosamente racional e l;gico em todos os n&eis$, escree #aul 'aies, comproadamente o mais influente e1positor contemporDneo da ci!ncia moderna. $8s ate&stas alegam que as leis da natureza e1istem sem nen/uma razão, e que o unierso ", em última an0lise, absurdo.
$. O Universo sa%ia &ue íamos c'egar# 4magine-se entrando em seu quarto de /otel, numa iagem de f"rias. oc! nota que o toca-<', na mesa de cabeceira, est0 tocando uma fai1a de seu disco faorito. * estampa emoldurada acima da cama " id!ntica C que fica acima da lareira em sua casa. 8 ar est0 perfumado com sua fragrDncia predileta. oc! meneia a cabeça com espanto e pousa as malas no c/ão. 'e súbito, fica muito curioso. *nda at" o bar num canto e !, marail/ado, suas bebidas, biscoitos e doces faoritos. *t" a marca da 0gua mineral " a que oc! prefere. ira-se e ol/a em olta do quarto. ! um liro sobre a mesa. T o mais recente de seu autor faorito. ai ol/ar no ban/eiro, onde produtos de /igiene pessoal estão alin/ados no balcão, e parece que cada um deles foi escol/ido especificamente para oc!. @iga a teleisão, sintonizada no seu canal faorito. ) a cada noa descoberta a respeito de seu /ospitaleiro noo ambiente, oc! fica menos inclinado a acreditar que se trata de mera coincid!ncia, não " erdadeL )ntão, imagina como foi que a ger!ncia do /otel conseguiu informações tão detal/adas sobre oc!. Aalez fique assombrado com tão meticulosa preparação e at" pense no que aquilo tudo ai l/e custar. Eas certamente acabar0 acreditando que algu"m sabia que oc! ia c/egar.
NOSSO $NIVERSO PERFEITAMENTE SINTONI9ADO * cena que descrei acima " uma tosca comparação para o assim c/amado argumento da sintonia perfeita. * recente popularidade desse argumento mostrou uma noa dimensão das leis da natureza. $2uanto mais e1amino o unierso e estudo os detal/es de sua arquitetura$, escree o f&sico %reeman '9son, $mais proas encontro de que o unierso sabia que &amos c/egar$. )m outras palaras, as leis da natureza parecem ter sido criadas com a finalidade de preparar o unierso para o surgimento e a manutenção da ida. )sse " o princ&pio antr;pico,
popularizado por pensadores como Eartin Iees, Ko/n Harro: e Ko/n @eslie. Aomemos as mais b0sicas leis da f&sica. . 8 prin princ& c&pi pio o da re rela lati tii ida dade de es espe peci cial al J ou re rest stri rita ta J assegura que forças como o eletromagnetismo ten/am efeito inari0el, não importando se agem em Dngulos retos na direção de um sistema, ou se ia3am. 4sso permite que c;digos gen"ticos func funcio ione nem m e que que plan planet etas as se ma mant nten en/a /am m unid unidos os enqu enquan anto to giram. . @e @eis is quDn quDnti tica cass impe impede dem m que que os el el"t "tro rons ns gire girem m para para dentro do núcleo atômico. Q. 8 ele eletro troma magnet gnetism ismo o tem uma única única força força que permit permite e que que ac acon onteç teçam am múlt múltip iplo loss proc proces esso soss es esse senc ncia iais is(( perm permit ite e que que estrelas bril/em de modo constante por bil/ões de anos[ que o
carbon carb ono o se sint sintet etize ize em es estr trel elas as[[ as asse segur gura a que que l" l"pt pton onss não não subs substi titu tuam am quar quarks ks,, o que que torn tornar aria ia os 0tom 0tomos os impo imposs ss& &ei eis[ s[ " resp re spon ons0 s0e ell por por não não dei1 dei1ar ar que que os pr;t pr;ton onss se desi desint nteg egre rem m depr depres essa sa dema demais is ou que que se re repi pila lam m mutu mutuam amen ente te co com m força força e1agerada, o que tornaria a qu&mica imposs&el.
POR TODO O
M$LTIVERSO
sustenta que os uniersos surgem de buracos negros em regiões de espaço-tempo mutuamente inacess&eis. #or fim, @isa Iandall e Ia Iama man n Sund Sundru rum m prop propõe õem m que que /0 unie uniers rsos os em dife difere rent ntes es dimensões espaciais que podem ou não interagir graitacionalmente uns com os outros. Iees obsera que essas id"ias de multierso são $altamente especulatias$ e requerem uma uma teor teoria ia que que desc descre rea a de modo modo co cons nsis iste tente nte a f&si f&sica ca das das densida idades utra-altas, a confi nfiguraç uração ão de estrutura uras em dimensões e1tras, e assim por diante. )le nota que apenas uma dela delass pod pode ser ce cerrta e acres cresccent enta( $Euit Euito o pos possi sie elm lmen entte, nen/uma nen/uma delas " certa. certa. F0 teorias teorias alternatias alternatias que indicariam indicariam somente um unierso$.
$MA TEORIA *ACAMARTE Aanto #aul 'aies como Iic/ard S:inburne re3eitam a id"ia de multi ltier ersso. 'ai 'aies es,, f&si f&sicco e cosm sm; ;lo logo go,, es escr cre ee e que $" erdade que, em um unie ierso infinit inito o, tudo o que que pud puder aco cont ntec ecer er,, ai ai aco cont ntec ecer er$. $. Eas Eas is issso não não " e1p e1plica licaçção ão.. Se estamos tentando compreender por que o unierso " faor0el C ida, ouir que todos os poss&eis uniersos e1istem não ai nos a3udar. $
que a ida não seria poss&el, se algumas dessas leis e constantes fossem diferentes. Segundo, o fato de que as leis e constantes e1istentes permitem a sobrei!ncia da ida não responde C questão da origem da ida. )ssa " uma questão muito diferente, como tentarei demonstrar, porque essas condições são necess0rias para o surgimento da ida, mas não são suficientes. 8 terceiro fato " que " logicamente poss&el que e1istam múltiplos uniersos com suas pr;prias leis naturais, mas isso não demonstra que eles realmente e1istem. No momento, não temos nen/uma eid!ncia que sustente a /ip;tese de um multierso. )ssa id"ia continua sendo especulatia. 8 mais importante, aqui, " o fato de que a e1ist!ncia de um multierso não e1plica a origem das leis da natureza. Eartin Iees sugere que a id"ia da e1ist!ncia de diferentes uniersos com suas pr;prias leis ergue a questão de quais leis goernariam o multierso todo, criando a teoria de um goerno que abrangeria todo o con3unto. $ As leis que governassem o multiverso inteiro poderiam permitir variedade entre os universos:, ele escree. $*lgumas daquelas a que c/amamos de leis da nature9a teriam de ser regulamentos locais, em /armonia com a teoria de um goerno que abrangeria todo o con3unto, mas não fi1ados para um único unierso.$ #erguntar como se originaram as leis goernantes do mult&erso " o mesmo que querer con/ecer a origem das leis da natureza em geral. #aul 'aies obsera( 8s proponentes do mult&erso são geralmente agos a respeito de como os alores parametrais são escol/idos atra"s do con3unto definido. Se e1iste uma lei das leis que mostre como os alores parametrais são determinados, como um passa de um unierso para outro, então apenas leamos o problema do faorecimento C ida para um n&el superior. #or qu!L #rimeiro, porque precisamos e1plicar de onde em a lei das leis. F0 aqueles que dizem que as leis da natureza são simplesmente resultados acidentais do resfriamento do unierso ap;s o big bang. Eas, como Iees obserou, mesmo tais
acidentes podem ser considerados manifestações secund0rias de leis mais profundas que goernam o con3unto de uniersos. Eas mesmo que a eolução das leis da natureza e as mudanças nas constantes sigam certas leis, $ainda ficamos com a questão de como surgiram essas leis mais profundas. Não importa o quanto re3eitemos as propriedades do unierso como sendo, de alguma forma, resultados, seu pr;prio surgimento tem de seguir certas leis 30 e1istentes$. *ssim, mult&erso ou não, ainda temos de c/egar a um acordo sobre a origem das leis da natureza. ) a única e1plicação i0el " a Eente diina.
(. Como surgiu a vida# 2uando a m&dia diulgou que min/a isão do mundo mudara, citaram uma declaração min/a, na qual eu dizia que a pesquisa do 'N* feita por bi;logos mostraa, pela quase inacredit0el comple1idade dos arran3os necess0rios para produzir a ida, que uma intelig!ncia deia estar enolida nisso. )u escreera anteriormente que se abrira espaço para um noo argumento a faor do des&gnio e para a e1plicação de como a ida surgiu de mat"ria não ia, principalmente porque essa primeira mat"ria ia 30 possu&a a capacidade de se reproduzir geneticamente. Sustentei que não /aia nen/uma satisfat;ria e1plicação natural&stica para tal fenômeno. )ssa declaração proocou uma onda de protestos dos cr&ticos que disseram que eu não con/ecia o mais recente trabal/o na 0rea da abiog!nese. Iic/ard 'a:kins declarou que eu estaa apelando para um $deus das lacunas$. )m min/a noa introdução C edição de ? de God and Philosophy, escrei( $)stou encantado pelo fato de amigos, bi;logos cientistas, terem-me assegurado de que estão produzindo teorias sobre a eolução da primeira mat"ria ia, e que 0rias delas são coerentes com todas as eid!ncias cient&ficas confirmadas at" agora$. Eas a isso deo acrescentar a informação de que o trabal/o mais recente que i mostra que a atual opinião dos f&sicos a respeito da idade do unierso dei1a pouco tempo para que essas teorias de abiog!nese cumpram sua tarefa. *lgo muito mais importante a se considerar " o desafio filos;fico diante dos estudos da origem da ida. Euitos desses estudos são desenolidos por cientistas que raramente se ocupam do lado filos;fico de suas descobertas. %il;sofos, ao contr0rio, t!m se manifestado pouco sobre a origem e a natureza da ida. * pergunta filos;fica que não foi respondida pelos estudos da origem da ida "( como pode um unierso de mat"ria sem intelig!ncia produzir seres com intuitos intr&nsecos, capacidade de reprodução e $qu&mica codificada$L *qui não estamos lidando com biologia, mas com um tipo de problema totalmente diferente.
O
OR#ANISMO DIRI#IDO POR $M PROPSITO
)1aminemos primeiro a natureza da ida de um ponto de ista filos;fico. * mat"ria ia tem um ob3etio inerente ou uma organização centrada num prop;sito que não e1iste em parte alguma da mat"ria que a precede. )m um dos poucos recentes trabal/os filos;ficos sobre a ida, Iic/ard
de que se3a poss&el e1plicar as e1istentes formas de ida em termos puramente materialistas sem recorrer ao des&gnio$.
$M
#RANDE DESAFIO CONCEIT$AL
=m terceiro conceito filos;fico da origem da ida refere-se C origem da codificação e do processamento de informações essenciais a todas as formas de ida. 4sso " bem descrito pelo matem0tico 'aid Herlinski, que salienta que /0 uma rica narratia cercando nossa atual compreensão da c"lula. * mensagem gen"tica encerrada no 'N* " reproduzida e depois transcrita de 'N* para IN*. * seguir, acontece a tradução, atra"s da qual a mensagem do IN* " transmitida aos amino0cidos e, finalmente, os amino0cidos são agrupados em prote&nas. *s duas fundamentalmente diferentes estruturas da c"lula, de gerenciamento de informações e de atiidade qu&mica, são coordenadas pelo c;digo gen"tico uniersal. * not0el natureza desse fenômeno fica aparente quando enfatizamos a palara $c;digo$. Herlinski escree( #or si s;, um c;digo " bastante con/ecido, um mapeamento arbitr0rio ou um sistema de ligações entre dois ob3etos combinat;rios separados. 8 c;digo Eorse, para dar um e1emplo con/ecido, coordena traços e pontos com as letras do alfabeto. 8bserar que os c;digos são arbitr0rios " obserar a distinção entre um c;digo e uma cone1ão puramente f&sica entre dois ob3etos. 8bserar que os c;digos incorporam mapeamentos " colocar o conceito de um c;digo em linguagem matem0tica. 8bserar que os c;digos refletem uma ligação de algum tipo " deoler o conceito de um c;digo a seus usos /umanos. 4sso, por sua ez, lea C grande pergunta( $#ode a origem de um sistema de qu&mica codificada ser e1plicada de uma maneira que não apele para os mesmos tipos de fatos que
conocamos para e1plicar c;digos e linguagens, sistemas de comunicação, a impressão de palaras comuns no mundo de mat"riaL$.
de mol"culas sem intelig!ncia e su3eitas a forças cegas e sem prop;sito apresenta-se como um grande desafio conceitual.$
ATRAV2S DE
$M VIDRO ESC$RECIDO
T erdade que os bi;logos que estudam a origem da ida t!m teorias sobre a eolução da primeira mat"ria ia, mas estão lidando com um tipo diferente de problema, ou se3a, a interação de substDncias qu&micas, enquanto nossas questões são a respeito de como alguma coisa pode ser intrinsecamente guiada por um prop;sito e como a mat"ria pode ser controlada por processamento de s&mbolos. Eas o fato " que esses bi;logos ainda estão muito longe de c/egar a conclusões definitias. 4sso " enfatizado por dois proeminentes pesquisadores da origem da ida. *nd9 Pnoll, professor de biologia de Farard e autor de Life on a Eoung Planet$ The first Three )illion Eears of Life, obsera( Se tentarmos resumir, dizendo o que sabemos a respeito da longa /ist;ria da ida na Aerra J sua origem, seus est0gios de formação J, que fez surgir a biologia que temos /o3e, penso que teremos de admitir que estamos ol/ando atra"s de um idro escurecido. Não sabemos como a ida começou no planeta. Não sabemos e1atamente quando começou, nem em que circunstDncias. *ntônio @azcano, presidente da Sociedade 4nternacional para o )studo da 8rigem da ida, comenta( $=ma das caracter&sticas da ida, por"m, " certa( a ida não poderia ter eolu&do sem um mecanismo gen"tico capaz de armazenar, reproduzir e transmitir para sua descend!ncia informações que podem mudar com o tempo.
2uanto C origem da reprodução, Ko/n Eaddo1, editor em"rito da reista -ature, escree( $* questão priorit0ria " quando J e como J a reprodução se1ual desenoleu-se. * despeito de d"cadas de especulação, não sabemos$. #or fim, o cientista Oerald Sc/roeder obsera que a e1ist!ncia de condições faor0eis C ida ainda não e1plica como a ida se originou. * ida pôde sobreier apenas por causa das condições faor0eis em nosso planeta, mas não /0 nen/uma lei da natureza que ensine a mat"ria a produzir entidades dirigidas por um prop;sito e capazes de se reproduzir. )ntão, como e1plicamos a origem da idaL 8 fisiologista gan/ador do pr!mio Nobel, Oerald Mald, fez um coment0rio que ficou famoso( $8ptamos por acreditar no imposs&el, isto ", que a ida surgiu espontaneamente, por acaso$. *nos mais tarde, ele concluiu que uma mente pree1istente, que ele apresenta como a matriz da realidade f&sica, compôs um unierso f&sico que gera ida(
prop;sito e capaz de se reproduzir$, como a que emos na Aerra, " uma Eente infinitamente inteligente.
). Alguma coisa vem do nada# Numa cena do filme A -ovi@a 0e"elde, a 3oem Earia, personagem de Kulie *ndre:s, e o capitão on Arapp, personagem de
O
$NIVERSO COMO FATO DEFINITIVO
)m The Presumption of Atheism e outros escritos ate&stas, argumentei que de&amos er o unierso e suas leis mais fundamentais como definitios. Aodo sistema de e1plicação dee começar em algum lugar, e esse ponto de partida não pode ser e1plicado pelo sistema. *ssim, ineitaelmente, todo sistema inclui pelo menos alguns fundamentos que não são e1plicados. )ssa " uma conseq7!ncia da natureza essencial das e1plicações que mostram por que algo que " de fato o caso " o caso. Supon/amos, por e1emplo, que notamos que a noa tinta branca na parede acima de nosso fogão a g0s ficou marrom.
4nestigamos o motio. 'escobrimos que " isso o que sempre acontece com aquele tipo de fogão e aquele tipo de tinta. +B, comecei a reconsiderar min/as opiniões. *dmiti que os ate&stas deiam sentir-se embaraçados diante do consenso cosmol;gico contemporDneo, pois parecia que os cosm;logos estaam fornecendo uma proa cient&fica para aquilo que Santo Aom0s de *quino afirmaa que não podia ser proado filosoficamente, ou se3a, que o unierso tin/a um começo.
NO COME%O 2uando, ainda ate&sta, con/eci a teoria do big-bang, pareceu-me que ela fazia uma grande diferença, porque sugeria
que o unierso tin/a um começo, e que a primeira frase do O!nesis J $) no princ&pio 'eus criou o c"u e a terra$ J referiase a um acontecimento no unierso. )nquanto fosse poss&el, confortaelmente, considerar que o unierso não tin/a começo nem fim, ficaria f0cil er sua e1ist!ncia e suas mais fundamentais caracter&sticas como fatos brutos. ) se não /ouesse razão para pensarmos que ele tin/a um começo, não /aeria necessidade de se postular que alguma coisa o produzira. * teoria do big-bang, por"m, mudou tudo isso. Se o unierso tin/a um começo, era perfeitamente razo0el, quase ineit0el, perguntar o que produzira esse começo. 4sso alteraa a situação radicalmente. *o mesmo tempo, prei que os ate&stas ficariam propensos a er a cosmologia do big bang como algo que pedia e1plicação f&sica J uma e1plicação que, recon/ecidamente, pode continuar inacess&el aos seres /umanos para sempre. Eas admiti que os te&stas podiam, tamb"m razoaelmente, aceitar a cosmologia do big bang como algo que tendia a confirmar sua crença de que $no in&cio$ o unierso foi criado por 'eus. 8s cosm;logos modernos pareciam tão perturbados quanto os ate&stas a respeito das poss&eis implicações teol;gicas de seu trabal/o.
AT2 6$E
APARE%A $M COME%O
Step/en Fa:king fez uma abordagem diferente em seu liro ?ma "reve história do tempo$ $Se o unierso tee um começo, podemos supor que tee um criador. Eas se o unierso " realmente autônomo, se não tem limites nem fronteiras, não tee começo, nem ter0 fim, simplesmente e1iste. F0 lugar, então, para um criadorL$. %azendo a cr&tica do liro, quando ele foi lançado, obserei que a sugestão embutida nessa pergunta ret;rica não pode dei1ar de ser atraente para os ateus. No entanto por mais que essa conclusão se3a agrad0el, acrescentei, qualquer um que não se3a f&sico te;rico ficar0 tentado a responder, como um personagem de um dos contos de 'amon Iun9on( $Se o big-bang não foi o começo, ele pelo menos serir0, at" que um começo apareça$. 8 pr;prio Fa:king teria simpatizado com essa resposta, porque disse( $=m unierso em e1pansão não elimina um criador, mas limita o tempo em ele pode ter feito esse trabal/oU$. Fa:king tamb"m comentou( $#ode-se dizer que o tempo começou com o big-bang, no sentido de que tempos anteriores simplesmente não seriam definidos$.
AL#O
#RANDE DEMAIS PARA A CI+NCIA E'PLICAR
8 maior cr&tico filos;fico do argumento cosmol;gico a faor da e1ist!ncia de 'eus foi 'aid Fume. )mbora eu /ouesse endossado os argumentos de Fume em meus liros anteriores, começara a ter dúidas sobre sua metodologia. #or e1emplo, num ensaio para uma coletDnea do fil;sofo Aerence #enel/um, obserei que certas pressuposições de Fume resultaam em erros graes. 4sso inclu&a sua tese de que o que c/amamos de $causa$ nada mais " do que uma questão de associação de
id"ias ou da falta dessa associação. )u disse que a origem de nossos conceitos causais J ou pelo menos a alidação deles J, a base sobre a qual se ergue nosso con/ecimento causai, reside na abundante e repetida e1peri!ncia que temos como criaturas de carne e osso, operando num mundo independente da mente, a e1peri!ncia de tentar pu1ar e empurrar as coisas, de conseguir pu1ar ou empurrar algumas, mas não outras[ e1peri!ncia de imaginar $o que aconteceria se...$[ de e1perimentar e, assim, descobrir, e1perimentando, $o que acontece quando...$. T funcionando como agentes que adquirimos, aplicamos e alidamos a id"ia de causa e efeito e a noção do que " necess0rio e do que " imposs&el.
e1plicado J em termos de leis J por que, uma ez e1istente, ele continua a e1istir. 8 que ser0 ine1plic0el " sua e1ist!ncia atra"s do tempo infinito. * e1ist!ncia de um comple1o unierso f&sico no tempo finito ou infinito " algo grande demais para a ci!ncia e1plicar.
A NECESSIDADE DE
$M FATOR CRIATIVO
=ma ez refutada a cr&tica de Fume, " poss&el aplicar-se o argumento cosmol;gico no conte1to da moderna cosmologia. S:inburne argumenta que podemos e1plicar um estado de coisas apenas em termos de outro estado de coisas. *s leis sozin/as não podem e1plicar. $#recisamos de um estado de coisas, assim como de leis, para e1plicarmos as coisas$, ele escree. $) se não os temos, no caso do começo do unierso, porque não e1istem estados anteriores, então não podemos e1plicar esse começo.$ Se /ouer uma lei plaus&el para e1plicar o começo do unierso, essa lei deer0 dizer algo como $um espaço azio necessariamente faz surgir mat"ria-energia$. *qui, $espaço azio$ não " o nada, mas antes um $algo identific0el$, algo que 30 est0 l0. *creditar que leis fizeram o unierso surgir de um $espaço azio$ ergue outra questão( por que a mat"riaenergia foi produzida no tempo A_, e não em algum outro tempoL 8 fil;sofo da ci!ncia, Ko/n @eslie, demonstrou que nen/uma das especulações cosmol;gicas em oga /o3e elimina a possibilidade de um +VQ, )d:ard A9ron sugeriu que o unierso era uma flutuação no 0cuo de um espaço maior. *rgumentaa que a energia total do unierso era zero, porque a energia coesia graitacional " mostrada como uma quantidade negatia nas equações dos f&sicos. =sando outra abordagem, Kim Fartle, Step/en Fa:king e *le1 ilenkin teorizaram que o unierso surgiu do $nada$ por flutuação quDntica. 8 $nada$ ", em certas ocorr!ncias, uma espuma ca;tica de espaço-tempo com uma densidade de energia fantasticamente alta. 8utra sugestão J de Fa:king J " a de que $o tempo se torna cada ez mais semel/ante ao espaço em momentos cada ez mais anteriores no big-bang$.
@eslie não considera essas especulações importantes, porque diz( Não importa o modo como descreemos o unierso, como desde sempre e1istente ou originado de um ponto no espaço-tempo, ou no espaço mas não no tempo, ou como surgindo de maneira tão quanticamente confusa que não /oue um ponto de origem definido, ou como tendo uma energia total igual a zero. #essoas que !em a pura e1ist!ncia de *lgo Eais 'o 2ue 8 Nada como um problema estarão pouco inclinadas a concordar em que o problema foi solucionado. Se ti"ssemos uma equação que detal/asse a probabilidade de algo emergir de um 0cuo, ainda assim ter&amos de perguntar por que essa equação se aplica. Fa:king de fato notara a necessidade de um fator criatio que instilasse ida nas equações. )m uma entreista, logo ap;s a publicação de ?ma "reve história do tempo, ele admitiu que seu modelo não tin/a nen/uma relação com a e1ist!ncia de 'eus. 2uando dizemos que as leis da f&sica determinam como o unierso começou, estamos apenas dizendo que 'eus não escol/eu $dar in&cio ao unierso de uma maneira arbitr0ria que não poder&amos entender. 4sso não diz nada sobre se 'eus e1iste ou não, s; afirma que )le não " arbitr0rio$.
$M
*OM AR#$MENTO C:IND$TIVO
* antiga tentatia de e1plicar o unierso referindo-se a uma s"rie infinita de causas tem sido passada a limpo na linguagem da moderna cosmologia. Ko/n @eslie, por"m, ac/a isso insatisfat;rio. *lgumas pessoas, ele obsera, alegam que a e1ist!ncia do unierso em dado momento qualquer pode ser e1plicada pelo fato de que ele e1istia em um momento anterior, e assim por diante, ad infinitum. )ntão, /0 f&sicos que acreditam que o unierso passou a e1istir no decorrer do tempo infinito,
tanto atra"s de uma infinita s"rie de e1plosões e esfacelamentos, ou como parte de uma realidade eternamente em e1pansão que produz noos uniersos big-bang. )m resposta a essas opiniões, @eslie afirma que $a e1ist!ncia, mesmo de uma s"rie infinita de acontecimentos passados, não poderia tornar-se auto-e1plicatia atra"s de um processo em que cada acontecimento fosse e1plicado por outro anterior$. Se /0 uma s"rie de liros sobre geometria que deem seu padrão C c;pia de liros anteriores, isso ainda não e1plica adequadamente por que o liro " do 3eito que ", ou por que, afinal, e1iste um liro. * s"rie inteira precisa de uma e1plicação. $#ensem numa m0quina do tempo que ia3a para o passado para que ningu"m nunca precisasse pro3et0-la e constru&-la. Sua e1ist!ncia forma um anel temporal auto-e1plicatioU Eesmo que ia3ar no tempo fizesse sentido, isso certamente seria um contrasenso.$ Iic/ard S:inburne resume sua e1plicação do argumento cosmol;gico dizendo( $Se 'eus e1iste, /0 uma grande c/ance de )le compreender a finitude e a comple1idade de um unierso. T muito impro0el que um unierso e1ista sem uma causa, mas " muito pro0el que 'eus e1ista sem uma. #ortanto, o argumento que ai da e1ist!ncia do unierso para a e1ist!ncia de 'eus " um argumento <-indutio$. )m uma recente discussão com S:inburne, comentei que sua ersão do argumento cosmol;gico parece estar fundamentalmente certa. *lguns de seus aspectos podem precisar de correção, mas o unierso " algo que pede uma e1plicação. 8 argumento cosmol;gico de Iic/ard S:inburne oferece uma e1plicação bastante promissora, talez a certa, finalmente.
*. A%rindo espaço para +eus No primeiro ato de /ac"eth, uma das mais famosas peças de S/akespeare, Eacbet/ e Hanquo, dois generais do e1"rcito real, encontram tr!s bru1as. )las falam com eles, então desaparecem. Hanquo, espantado, comenta( J * terra tem bol/as, como a 0gua tem, e essas tr!s são 3ustamente isso. Eas onde sumiramL J No ar J responde Eacbet/. J ) o que nos parecia corp;reo, dissoleu-se como nosso /0lito no ento. 4sso " teatro que nos distrai, e e1celente literatura. Eas embora a id"ia de que uma pessoa possa dissoler-se como $/0lito no ento$ raramente se3a um problema para os amantes do teatro e da literatura, no passado representou um obst0culo para este fil;sofo que buscaa $seguir o argumento at" onde ele o leasse$.
N&O HÁ NIN#$2M LÁ )m God and Philosophy e outras publicações posteriores, argumentei que o conceito de 'eus não era coerente porque pressupun/a a id"ia de um )sp&rito onipresente e incorp;reo. Eeu racioc&nio era muito claro.
precisaremos encontrar algum meio apropriado de identific0-la, dando algum noo sentido C palara $pessoa$. Eais tarde, fil;sofos como #eter Stra:son e Hede Iundle continuaram a desenoler essa cr&tica. ) mais recentemente, encontramos uma ersão desse argumento na obra de Ko/n Oaskin, professor de filosofia e membro do Arinit9 +B e >++ tem /aido um renascimento do te&smo entre fil;sofos anal&ticos. Euitos desses pensadores desenolem e1tensos estudos sobre os atributos tradicionalmente atribu&dos a 'eus e conceitos como eternidade. 'ois deles, A/omas Arac9 e Hrian @efto:, t!m respondido ao desafio de defender a coer!ncia da id"ia de um $)sp&rito onipresente incorp;reo$. )nquanto Arac9 lida com a questão de como um agente sem corpo pode ser identificado, @efto: tenta mostrar por que um ser diino dee estar fora do espaço e do tempo e como um ser sem corpo pode agir no unierso.
A PERFEI%&O DA
A%&O
Nos liros God, Action and m"odiment e The God ho Acts, Arac9 respondeu longamente C min/a pergunta sobre como " poss&el e1istir uma pessoa sem corpo e como tal pessoa poderia ser identificada. #ara ele, pessoas J /umanas e diinas J são agentes capazes de agir intencionalmente. )le ! a pessoa /umana como um organismo agente, um corpo capaz de ação intencional. Eas, embora todos os agentes corporalizados J tais como pessoas /umanas J deem ser unidades psicof&sicas, e não mentes mais corpos, nem todos os agentes t!m de ser corporalizados. Nen/um argumento antidualista mostra que " preciso ter um corpo para ser um agente porque a condição para isso " simplesmente ter a capacidade de agir intencionalmente. 'eus " um agente, Arac9 obsera, cu3as atiidades são todas ações intencionais. %alar de 'eus como de um ser pessoal " falar dele como de um agente de ações intencionais. 8 poder de ação de 'eus " único, e as ações atribu&das a ele não podem, em princ&pio, ser atribu&das a outros
agentes. #or e1emplo, 'eus, atra"s de sua ação intencional, " o agente que d0 ida a todos os outros seres. Arac9 obsera que 'eus pode ser identificado por seu modo único de agir. $Se irmos 'eus como a perfeição da ação, diremos que ele " um agente autocriatio cu3a ida mostra perfeita unidade de intenção, e que " o onipotente criador de todas as coisas.$ 'izer que 'eus " amoroso " dizer que ele ama de maneira concreta, mostrada em suas ações, e que essas ações representam sua identidade como agente. 'eus, por"m, " um agente cu3o modo de ida e poder de ação são fundamentalmente diferentes dos nossos.
O
VERDADEIRO E6$IPAMENTO DO M$NDO
Hrian @efto:, atualmente #rofessor Nollot/ em 81ford, lida com esses temas em seu liro Time and ternity. )m nossa discussão, ele obserou que a id"ia de que 'eus est0 fora do espaço e do tempo " coerente com a teoria da relatiidade especial. $F0 muitos argumentos que poder&amos usar para tentar mostrar que 'eus est0 fora do tempo$, ele disse. $=m que me impressiona " o de que, se learmos a relatiidade especial muito a s"rio, acreditaremos que tudo o que est0 no tempo tamb"m est0 no espaço. T simplesmente uma seq7!ncia cont&nua com quatro dimensões. Nen/um te&sta 3amais pensou que 'eus est0 literalmente no espaço. Se ele não est0 no espaço, e como tudo o que est0 no tempo tamb"m est0 no espaço, então, ele não est0 no tempo.
S; podemos esquecer o que est0 em nosso passado. )le não pode parar de fazer alguma coisa. S; podemos parar de fazer alguma coisa que ficou no passado. Eas /0 outras caracter&sticas que parecem não fazer uma refer!ncia essencial ao tempo, coisas como sa"er, que s; pode ser um estado de disposição sem refer!ncia temporal. ) concordo em que isso inclui tamb"m intencionar. Aer uma intenção pode ser um estado de disposição que, quando certas coisas acontecem, nos lea a fazer alguma coisa. )ntão, estou inclinado a acreditar que /0 razões para pensarmos que 'eus est0 fora do tempo. ) tamb"m que podemos ter uma certa compreensão que não nos lee a uma confusão de mist"rios. 8utra questão que @efto: abordou foi a de como sentido falarmos de um )sp&rito onipresente agindo espaço ou no mundo. Se 'eus " intemporal, tudo o que ele faz, faz de uma ez, numa simples ação. Não poderia fazer uma coisa primeiro, e depois outra. Eas uma única ação poderia causar efeitos em diferentes momentos. )le pode, num s; ato de ontade, fazer com que o sol se erga /o3e e aman/ã, e isso tem efeitos /o3e e aman/ã. )ssa, entretanto, não " a questão mais importante. * questão mais importante "( como pode /aer uma cone1ão causai entre um ser que não " limitado por tempo ou espaço e o todo formado por espaço e tempoL
Eas /0 an0lises de causa que não enolem refer!ncias temporais essenciais. )stou inclinado a aceitar a opinião de que o conceito de causa na erdade não tem uma an0lise, que " apenas um conceito primitio, e que a pr;pria causação " uma relação primitia. %az parte do erdadeiro equipamento do mundo. Se o conceito de causa não tem uma an0lise, não /0 nada que possamos e1trair dele atra"s de uma an0lise que eliminaria uma cone1ão causal primitia entre um 'eus não temporal e o todo do tempo.
$MA
POSSI*ILIDADE COERENTE
No m&nimo, os estudos de Arac9 e @efto: mostram que a id"ia de um )sp&rito onipresente não " intrinsecamente incoerente, se irmos tal )sp&rito com um agente fora do espaço e do tempo e que e1ecuta suas intenções de modo único na seq7!ncia cont&nua espacial-temporal. * questão de se tal )sp&rito e1iste, como temos isto, est0 no centro dos argumentos a faor da e1ist!ncia de 'eus. 2uanto C alidade desses argumentos, concordo com a conclusão de
1,. A%erto - onipotncia * ci!ncia, como ci!ncia, não pode fornecer um argumento a faor da e1ist!ncia de 'eus. Eas as tr!s peças de eid!ncia que analisamos neste liro J as leis da natureza, a ida com sua organização teleol;gica e a e1ist!ncia do unierso J s; podem ser e1plicadas C luz de uma 4ntelig!ncia que e1plica tanto sua pr;pria e1ist!ncia, como a e1ist!ncia do mundo. * descoberta do 'iino não em atra"s de e1perimentos e equações, mas por uma compreensão das estruturas que eles reelam e mapeiam. *gora, tudo isso pode parecer abstrato e impessoal. *lgu"m pode perguntar como eu, como pessoa, rea3o a essa descoberta de uma suprema Iealidade que " um )sp&rito onipresente e onisciente. olto a dizer que min/a 3ornada para a descoberta do 'iino tem sido, at" aqui, uma peregrinação da razão. Segui o argumento at" onde ele me leou, e ele me leou a aceitar a e1ist!ncia de um Ser auto-e1istente, imut0el, imaterial, onipotente e onisciente. ) ;bio que a e1ist!ncia do mal e do sofrimento precisa ser considerada.
DISPOSTO A
APRENDER MAIS
#ara onde ou agoraL )m primeiro lugar, estou inteiramente disposto a aprender mais sobre a diina Iealidade, especialmente C luz do que sabemos sobre a /ist;ria da natureza. )m segundo, a questão sobre se o 'iino tem se reelado na /ist;ria /umana continua sendo um 0lido t;pico de discussão. Não podemos limitar as possibilidades da onipot!ncia, apenas e1cluir o que for logicamente imposs&el. Audo o mais " acess&el C onipot!ncia. 8 *p!ndice H deste liro " uma reprodução de meu di0logo com o estudioso b&blico e bispo anglicano N. A Mrig/t sobre esse último tema, com especial refer!ncia C alegação cristã de que 'eus tornou-se /omem na pessoa de Kesus
DISPOSTO A
ME CONECTAR
2uero oltar agora C par0bola com que comecei esta parte do liro. %al0amos do telefone ia sat"lite descoberto por uma tribo que /abitaa uma il/a e das tentatias que as pessoas faziam para e1plicar a natureza do ob3eto. * par0bola terminou com o s0bio da tribo sendo ridicularizado e ignorado pelos cientistas. Eas amos imaginar um fim diferente. 8s cientistas adotam, como /ip;tese, a sugestão do s0bio, de que o telefone " um meio de contato com outros /umanos. 'epois de muito estudo, confirmam que o telefone est0 conectado a uma rede que transmite a oz de pessoas reais. *gora, eles aceitam a teoria de que seres inteligentes e1istem $l0 fora$. *lguns dos mais intr"pidos cientistas ão ainda mais longe e trabal/am para decifrar o que ouem ao telefone. Iecon/ecem padrões e ritmos que os tornam capazes de compreender o que est0 sendo dito. 8 mundo deles muda por completo. )les sabem
que não estão sozin/os. ), em um certo momento, fazem contato. * analogia " f0cil de ser aplicada. * descoberta de fenômenos como as leis da natureza J a rede de comunicações da par0bola J tem leado cientistas, fil;sofos e outros a aceitar a e1ist!ncia de uma Eente infinitamente inteligente. *lguns alegam ter feito contato com essa Eente. )u não fiz... ainda. Eas quem sabe o que pode acontecer daqui para frenteL *lgum dia eu talez ouça uma oz me perguntando( $*gora oc! pode me ouirL$.
AP+NDICES *o longo deste liro, delineei os argumentos que me learam a mudar min/a opinião a respeito da e1ist!ncia de 'eus.
Apndice A 8 $Noo *te&smo$( =ma apreciação cr&tica de 'a:kins, 'ennett, Molpert, Farris e Stenger J I8Z *HI*F*E *IOF)S) Na base do XXnoo ate&smo$ reside a crença de que não e1iste 'eus, de que não /0 uma %onte eterna e infinita de tudo o que e1iste. )ssa " a crença-c/ae que precisa ser estabelecida para que a maioria dos outros argumentos faça sentido. Ein/a presente alegação " a de que os $noos ate&stas$, Iic/ard 'a:kins, 'aniel 'ennett, @e:is Molpert, Sam Farris e ictor Stenger não apenas fal/am na defesa de sua tese, como tamb"m ignoram os fenômenos que são particularmente releantes C questão da e1ist!ncia de 'eus. * meu er, cinco fenômenos apresentam-se eidentes em nossa e1peri!ncia imediata que podem apenas ser e1plicados em termos da e1ist!ncia de 'eus. * saber( em primeiro lugar, a racionalidade impl&cita a toda nossa e1peri!ncia do mundo f&sico[ em segundo, a ida, a capacidade de agir de forma autônoma[ em terceiro, a consci!ncia, a capacidade de estar ciente[ em quarto, o pensamento conceitual, o poder de articular e entender s&mbolos com significado, tais como aqueles inerentes C linguagem e, por fim, em quinto lugar, a personalidade /umana, o $centro$ da consci!ncia, do pensamento e da ação. Ar!s coisas deem ser ditas sobre esses fenômenos e sua aplicação C e1ist!ncia de 'eus. )m primeiro lugar, estamos acostumados a ouir falar de argumentos e proas da e1ist!ncia de 'eus. 'e meu ponto de ista, tais argumentos são úteis na articulação de certas percepções fundamentais, mas não podem ser considerados $proas$, cu3a alidade formal determinaria se /0 ou não um 'eus. )m ez disso, cada um dos cinco fenômenos tratados aqui pressupõe, a sua maneira, a e1ist!ncia de uma Eente eterna e infinita. 'eus " a condição que d0 suporte a tudo aquilo que, em nossa e1peri!ncia, " eidente por si s;. )m
segundo lugar, como se torna eidente a partir da primeira obseração, não estamos falando sobre probabilidades e /ip;teses, mas sim sobre encontros com realidades fundamentais que não podem ser negadas sem que se caia em contradição. )m outras palaras, não aplicamos teoremas de probabilidade a certos con3untos de dados, mas consideramos a questão muito mais b0sica sobre como, afinal, a ação de aaliar dados " poss&el. 'a mesma forma, não se trata de uma questão de se deduzir 'eus a partir da e1ist!ncia de certos fenômenos comple1os. *o contr0rio, a e1ist!ncia de 'eus " pressuposta por todos os fenômenos. )m terceiro lugar, os ate&stas, os el/os e os noos, t!m se quei1ado de que não /0 eid!ncias da e1ist!ncia de 'eus, enquanto certos te&stas respondem que nosso lire-arb&trio s; pode ser preserado se tal eid!ncia não for coercia. * abordagem tomada aqui " a de que temos toda a eid!ncia necess0ria em nossa pr;pria e1peri!ncia direta da realidade, e que apenas uma recusa proposital de $ol/ar$ poderia ser respons0el pelo ate&smo, em qualquer de suas formas. *o considerarmos nossa e1peri!ncia imediata, amos fazer um e1perimento mental. 4magine estar diante de uma mesa de m0rmore. oc! ac/a que, ap;s um tril/ão de anos, ou mesmo um tempo infinito, aquela mesa poderia tornar-se, repentina ou gradualmente, consciente, ciente do ambiente que a circunda, de sua pr;pria identidade, da mesma forma que oc!L ) simplesmente inconceb&el que tal coisa iesse ou pudesse ir a acontecer. ) o mesmo " erdade para qualquer tipo de mat"ria. =ma ez que oc! compreende a natureza da mat"ria, da relação massa-energia, percebe que, por sua pr;pria natureza, a mat"ria nunca poderia tornar-se $ciente$, nunca poderia $pensar$, nunca poderia ir a pronunciar $eu$. Eas a posição ate&sta " a de que, em algum ponto da /ist;ria do unierso, o imposs&el e o inconceb&el aconteceram. Eat"ria não diferenciada J e aqui n;s inclu&mos energia J, em algum ponto do tempo, tornou-se $ia$, depois consciente, depois conceitualmente proficiente e finalmente um $eu$. Eas oltando a nossa mesa, emos que tal id"ia " simplesmente rid&cula. * mesa não tem nen/uma das propriedades de um ser consciente e, dado um tempo infinito, não pode $adquirir$ tais propriedades. Eesmo que se recorra a algum cen0rio absurdo sobre a origem da ida, ser0 necess0rio abrir mão da pr;pria razão para sugerir
que, dadas certas condições, um pedaço de m0rmore poderia passar a produzir conceitos. ), num n&el subatômico, aquilo que " 0lido para a mesa " 0lido para toda a mat"ria restante do unierso. *o longo dos últimos trezentos anos, a ci!ncia emp&rica desendou mais dados sobre o mundo f&sico do que 3amais poderia ser imaginado por nossos ancestrais. 4sso inclui um entendimento amplo da gen"tica e das redes neurais que sustentam a ida, a consci!ncia, o pensamento e o ser. Eas al"m de dizer que esses quatro fenômenos operam sobre uma infra-estrutura que " mais bem compreendida /o3e do que 3amais foi, a ci!ncia nada pode afirmar sobre a natureza e a origem dos pr;prios fenômenos. )mbora alguns cientistas ten/am tentado e1plic0-los como manifestações da pr;pria mat"ria, não /0 maneira poss&el de se demonstrar que meu entendimento dessa sentença nada mais " do que uma transação neurol;gica espec&fica.
RACIONALIDADE 'a:kins e outros perguntam quem criou 'eus. Nesse ponto, claramente, te&stas e ate&stas podem concordar sobre uma coisa( se algo e1iste, dee ter /aido algo que o precedeu, que sempre /aia e1istido.
$surgiu$. %aça sua escol/a( se3a 'eus ou o unierso, alguma coisa sempre e1istiu. T precisamente neste ponto que o tema da racionalidade olt olta a ao prim primei eiro ro plan plano. o.
do uni unier erso so tem qual qualq quer uer l; l;g gica ica inter nterio iorr motia iando ndo uma uma e1ist!ncia sem fim. Sobre o segundo ponto, os te& e&sstas simple simplesme smente nte ar argum gument entam am que a e1ist! e1ist!nci ncia a da racion racionalid alidade ade que que n;s ine inequi quio oca cam ment ente perc perceb ebem emo os J des esde de as lei eiss da natureza natureza at" nossa nossa capacidade capacidade de pensamento pensamento racional racional J não pode ser e1plicada se não estier baseada em um substrato definitio, que não pode ser nada menos do que uma Eente infinita. $8 mundo " racional$, afirmou o grande matem0tico Purt O^de O^del. l. * re rele leD Dnc ncia ia dess dessa a ra raci cion onal alid idad ade e " que que $a or orde dem m do mundo reflete a ordem da mente suprema que o goerna$. * realidade da racionalidade não pode ser eitada com qualquer apelo C seleção natural. * seleção natural pressupõe a e1ist!ncia de entidades f&sicas que interagem de acordo com leis espec&ficas e de um c;digo que rege os processos da ida. %alar de seleção natural " assumir que /0 alguma l;gica naquilo que acontece na natureza J adaptação J, e que n;s somos capazes de compreender essa l;gica. olt oltan ando do ao e1em 1emplo plo ant anter erio ior, r, da mes esa a de m0 m0rm rmo ore, esta es tamo moss dize dizendo ndo que que a ra raci cion onal alida idade de fund fundam ament ental al ao noss nosso o pens pensa ame ment nto o, e que que enc encontr ntramos mos em nos nosso es esttudo udo de um unierso matematicamente preciso, não poderia ter sido gerada por uma pedra. 'eus não " um fato bruto, mas sim a Iacionalidade definitia que permeia cada dimensão do ser. =ma noa, noa, apesar apesar de implau implaus& s&el, el, propos proposta ta C questã questão o da origem da realidade f&sica " a tese de 'aniel 'ennett de que o uni unier erso so $cria $cria a si me mesm smo o e' nihi nihilo lo,, ou a part partir ir de al algo go que " irtualmente indistingu&el do nada$. )ssa id"ia foi apresentada com maior clareza por outro noo ate&sta, o f&sico ictor Stenger, que apresenta sua pr;pria solução para as origens do unierso e as leis da natureza em -ot )y #esign$ The 6rigi igin of The ?niverse, 7as &cience Found God4D The +omprehensi"le +osmos e em God$ The Failed 7ipothesis. )ntr )ntre e outr outras as co cois isas as,, Sten Stenge gerr ofer oferec ece e uma uma noa noa cr&t cr&tic ica a C id"ia das leis da natureza e de suas supostas implicações. )m The The +o +omp mpre rehe hens nsi" i"le le +o +osm smos os,, el ele e sust susten enta ta que que es essa sass as assi sim m c/amadas leis não são impostas $do alto$, nem são restrições inerentes ao comportamento da mat"ria. )las são simplesmente rest re stri riçõ ções es C ma mane neir ira a co como mo os f&si f&sico coss co cons nseg eguem uem form formula ularr as afirmações matem0ticas sobre suas obserações. * defesa de Stenger " baseada em sua interpretação de uma id"ia c/ae na
f&si f&sica ca mode modern rna, a, a id"ia id"ia de sime simetr tria ia.. 'e ac acor ordo do co com m dier diersa sass e1pl e1plic ica açõ ções es da f&s &sic ica a moder derna, na, sime imetria " qual qualque querr tipo tipo de transformação que presera inalteradas as leis f&sicas que se aplic plica am a um sis isttem ema a. * id"i id"ia a foi foi aplic plica ada inic nicia ialm lme ente nte Cs equações diferenciais da mecDnica cl0ssica e eletromagnetismo e, então então,, aplica aplicada da de noas noas maneir maneiras as C rel relati atiida idade de especi especial al e aos problemas da mecDnica quDntica. Stenger fornece a seus leitores uma isão geral desse poderoso conceito, mas então c/ega a duas conclusões incoerentes. =ma delas " a de que os princ&pios de simetria eliminam a id"ia de leis da natureza, e a outra " a de que o nada pode produzir algo porque $o nada$ " inst0elU 'e forma forma impre impressi ssiona onante nte,, Fear Fearfu full &ymme &ymmetr try, y, um liro de *nt/ *nt/on on9 9 `ee, `ee, uma uma auto autori rida dade de em sime simetr tria ias, s, usa usa os me mesm smos os fatos reunidos por Stanger para c/egar a uma conclusão muito diferente( Simetrias t!m tido um papel cada ez mais central em nosso entendimento do mundo f&sico... %&sicos fundamentais são sustentados pela f" de que o des&gnio definitio " coberto de simetrias. * f&sica contemporDnea não teria sido poss&el sem sime si metr tria iass para para nos nos or orie ient ntar ar.. .... me medi dida da que que a f&sica se distancia cada ez mais da e1peri!ncia cotidia ian na e fica mais pr; pr;1ima ima da mente nte do #lane3ador Supremo, nossa mente " pu1ada para longe de seus atracadouros mais familiares... )u gos gosto de pens ensar em um #la lane ne3a 3ado dorr Supr Suprem emo o como definido por simetria, um #eus +ongruentiae. Stenger argumenta que $o nada$ " perfeitamente sim"trico por porque não não /0 posição ição absoluta uta, tempo, elocida idade ou aceler ace leraçã ação o no azio. azio. * res respos posta ta C questã questão o $de onde iera ieram m as simetriasL$, ele diz, " que elas são e1atamente as simetrias do azio, porque as leis da f&sica são e1atamente aquilo que se esperaria que elas fossem se iessem do nada. 8 enga engano no fund fundam amen enta tall de Sten Stenge gerr " bast bastan ante te anti antigo go e consiste no erro de tratar o $nada$ como sendo um tipo de
$algo$. *o longo dos s"culos, pensadores que consideraram o conceito de $nada$ foram bastante cuidadosos em apontar que o $nada$ não " um tipo de entidade. 8 nada absoluto significa a aus!ncia de leis, de 0cuos, campos, energia, estruturas, de entidades f&sicas ou mentais de qualquer tipo J e aus!ncia de $simetrias$. 8 $nada$ não tem propriedades ou potencialidades. 8 nada absoluto não pode produzir algo, dado um tempo infinito. Na erdade, não pode e1istir tempo no nada absoluto. 8 que dizer sobre a id"ia de Stenger, fundamental para seu liro God$ The Failed 7ipothesis, de que o surgimento do unierso a partir do $nada$ não iola os princ&pios da f&sica, porque a energia l&quida do unierso " zeroL )ssa " uma id"ia primeiramente lançada pelo f&sico )d:ard Ar9on, que afirmou ter demonstrado que a energia l&quida do unierso " quase zero e que, portanto, não /aeria contradição na afirmação de que o unierso surgira do nada, uma ez que ele era $nada$. Somandose a energia coesia da atração graitacional, que " negatia, e o resto de toda a massa do unierso, que " positia, c/ega-se a quase zero. *ssim, nen/uma energia seria necess0ria para criar o unierso, portanto nen/um criador seria necess0rio.
*s leis da natureza, de fato, refletem simetrias fundamentais na natureza. ) " a simetria, não apenas as leis da natureza, que reela a racionalidade e inteligibilidade do cosmo J uma racionalidade enraizada na Eente de 'eus.
A VIDA 8utro fenômeno a ser considerado " a ida. 'iante do tratamento que Aon9 %le: d0 ao assunto neste liro, não /0 muito mais a ser dito sobre a questão da origem da ida. 'eemos notar, por"m, que as atuais discussões sobre essa questão parecem não abordar os assuntos de maior importDncia. F0 quatro dimensões de seres ios. )sses seres são agentes, tem metas e se reproduzem e são moidos semioticamente, isto ", sua e1ist!ncia depende da interação entre c;digos e qu&mica.
aparece, a erdadeira seleção natural de 'ar:in pode entrar em ação.$
CONSCI+NCIA *s coisas não estão tão ruins no estudo da consci!ncia, felizmente. Fo3e, /0 uma crescente percepção da percepção. Somos conscientes, e conscientes de que somos conscientes. Ningu"m pode negar isso sem se contradizer, embora /a3a quem negue. 8 problema se torna insolúel quando entendemos a natureza dos neurônios. #rimeiro, os neurônios não tem nen/uma semel/ança com nossa ida consciente. Segundo, e isso " mais importante, suas propriedades f&sicas não dão nen/uma razão para acreditarmos que eles podem ou que irão produzir consci!ncia. * consci!ncia est0 relacionada a certas regiões do c"rebro, mas quando os mesmos sistemas de neurônios estão presentes no tronco do c"rebro, não /0 $produção$ de consci!ncia. Na erdade, como o f&sico Oerald Sc/roeder obsera, não /0 diferença essencial nos constituintes f&sicos fundamentais de um monte de areia e o c"rebro de um )instein. S; uma f" cega e infundada na mat"ria est0 por tr0s da alegação de que certas porções de mat"ria podem, de repente, $criar$ uma noa realidade que não tem semel/ança com a mat"ria. )mbora os estudos sobre corpo e mente /o3e recon/eçam a realidade e o resultante mist"rio da consci!ncia, 'aniel 'ennett " um dos poucos fil;sofos que continuam a negar o ;bio. )le diz
que a questão de se alguma coisa " $realmente consciente$ não " interessante, nem e1ige resposta, e afirma que m0quinas podem ser conscientes porque são m0quinas que são conscientesU 8 funcionalismo, a $e1plicação$ de 'ennett para consci!ncia, diz que não deemos nos preocupar com o que cria os assim c/amados fenômenos mentais, mas que deemos inestigar as funções desempen/adas por esses fenômenos. =ma dor cria uma reação de re3eição, um pensamento " um e1erc&cio de solução de problema. Nada " para ser considerado um acontecimento particular em algum lugar particular. 8 mesmo ale para todos os outros supostos fenômenos mentais. Ser consciente significa desempen/ar essas funções.
ias e seus c"rebros, e parece não /aer uma maneira de re3eitar essa tese e1perimentalmente$. #ara seu cr"dito, 'a:kins recon/ece a realidade, tanto da consci!ncia e da linguagem, como do problema que isso representa. $Nem Stee #inker nem eu podemos e1plicar a consci!ncia sub3etia /umana, que os fil;sofos c/amam de qualia:, ele disse uma ez. $)m seu liro +omo a mente funciona, Stee elegantemente aborda o problema da consci!ncia sub3etia, pergunta de onde ela em e qual sua e1plicação. )ntão, " bastante /onesto para dizer que não sabe. )u digo o mesmo. Não sabemos. Não compreendemos.$ Molpert deliberadamente eita a questão da consci!ncia( $Aen/o fugido propositalmente de qualquer discussão sobre a consci!ncia$.
PENSAMENTO *l"m da consci!ncia, /0 o fenômeno do pensamento, da compreensão.
pouco da mat"ria-prima utilizada pelo pensamento. Se algu"m pensar nisso por alguns minutos, saber0 instantaneamente que " totalmente absurda a id"ia de que o pensamento sobre alguma coisa ", em qualquer sentido, algo f&sico. 'igamos que oc! pense em um piquenique que est0 plane3ando fazer com a fam&lia e os amigos. #ensa em 0rios locais poss&eis, nas pessoas que quer conidar, nas coisas que ai lear, no e&culo que ai usar, e assim por diante. T coerente supor que qualquer um desses pensamentos ", em algum sentido, fisicamente constitu&doL %alando estritamente, nosso c"rebro não compreende. N;s compreendemos. 8 c"rebro nos capacita a compreender, mas não porque nossos pensamentos ocorram nele, ou porque fazemos com que certos neurônios entrem em ação. 8 ato de compreender que acabar com a pobreza " algo bom, por e1emplo, " um processo /ol&stico que " supraf&sico em ess!ncia J significado J e f&sico na e1ecução J palaras e neurônios. 8 ato não pode ser diidido em supraf&sico e f&sico porque " o ato indiis&el de um agente intrinsecamente f&sico e supraf&sico. )1iste uma estrutura para o f&sico e uma para o supraf&sico, mas sua integração " tão completa que não faz sentido perguntar se nossos atos são f&sicos ou supraf&sicos, ou mesmo /&bridos. Euitas id"ias errôneas sobre a natureza do pensamentos !m de id"ias errôneas sobre computadores. 'igamos que oc! este3a lidando com um supercomputador que faz mais de duzentos tril/ões de c0lculos por segundo. Nosso primeiro erro " presumir que computador " $algo$, como uma bact"ria, mas, no caso da bact"ria, estamos lidando com um agente, um centro de ação que " organicamente unificado, um organismo. Aodas as suas ações são incentiadas pela meta de mant!-la e1istindo e se reproduzindo. 8 computador " uma porção de peças que, 3untas ou separadamente, desempen/am funções $implantadas$ e dirigidas pelos criadores do con3unto. )ssa coleção de peças não sabe o que o $algo$ est0 fazendo quando e1ecuta uma operação. 8s c0lculos e operações e1ecutados por esse supercomputador em reação a dados e instruções são simplesmente uma questão de pulsos el"tricos, circuitos e transistores. 8s mesmos c0lculos e operações feitos por uma pessoa enolem o mecanismo do c"rebro, mas são e1ecutados por um centro de consci!ncia que est0 consciente do
que est0 acontecendo, compreende o que est0 sendo feito e intencionalmente os e1ecuta. Não /0 percepção, compreensão, sentido, intenção ou pessoa, quando um computador faz as mesmas ações, mesmo que ten/a múltiplos processadores operando ,em elocidades sobre-/umanas. 8 que " produzido pelo computador tem $sentido$ para n;s J a preisão do tempo, ou o saldo banc0rio J, mas, no que se refere ao con3unto de peças c/amado computador, são s; d&gitos bin0rios que atiam certas atiidades mecDnicas. Sugerir que o computador compreende o que est0 fazendo " como dizer que uma lin/a de força pode meditar sobre a questão de lire-arb&trio e determinismo, ou que as substDncias qu&micas em um tubo de ensaio podem aplicar o princ&pio da não contradição para a solução de um problema, ou que um aparel/o de '' compreende e aprecia a música que toca.
O
SER
'e modo parado1al, o mais importante engano dos noos ate&stas " o mais ;bio de todos os detal/es( eles mesmos. * maior realidade supraf&sica\f&sica que con/ecemos por e1peri!ncia " quem a e1perimenta, isto ", n;s mesmos. *ssim que percebemos que /0 uma perspectia de primeira pessoa, $eu$, $me$, $mim$, $meu$, e assim por diante, encontramos o maior e mais e1citante mist"rio. )u e1isto. #arafraseando 'escartes, $eu e1isto, logo penso, percebo, intento, intera3o$. 2uem " esse $eu$L 8nde est0L
$mim$. Eas o que unifica suas 0rias e1peri!ncias, que permite que ele este3a consciente do mundo e1terno, que permanece o mesmo o tempo todoL 2uem est0 fazendo essas perguntasL )le presume que $mim$ " um estado obser0el, como seus pensamentos e sentimentos. Eas o ser não " alguma coisa que possa ser assim obserada. T um constante fato de e1peri!ncia e, na erdade, o terreno de toda e1peri!ncia. 'e todas as erdades dispon&eis para n;s, o ser ", ao mesmo tempo, o mais ;bio e ine1pugn0el, e o mais letal para todas as formas de fisicalismo. #ara começar, a negação do ser não pode nem ser declarada sem contradição. pergunta $como eu sei que e1isto$, um professor replicou( ) quem est0 perguntandoL 8 ser " o que somos, e não o que temos. T o $eu$ do qual emerge nossa perspectia de primeira pessoa. Não podemos analisar o ser porque não " um estado mental que pode ser obserado ou descrito. * realidade mais fundamental da qual todos n;s temos consci!ncia, então, " o nosso ser, e uma compreensão do ser lança luz sobre todas as questões de origem e reela o sentido de realidade como um todo. Sabemos que o ser não pode ser descrito, muito menos e1plicado, em termos de f&sica ou qu&mica. * ci!ncia não descobre o ser, o ser descobre a ci!ncia. )ntendemos que nen/uma e1plicação da /ist;ria do unierso " coerente se não pode e1plicar a e1ist!ncia do ser.
A ORI#EM
DO S$PRAF!SICO
)ntão, como a ida, a consci!ncia, o pensamento e o ser começaramL * /ist;ria do mundo mostra o repentino surgimento desses fenômenos, a ida aparecendo logo depois do resfriamento do planeta, a consci!ncia misteriosamente manifestando-se na e1plosão cambriana, a linguagem emergindo na $esp"cie simb;lica$, sem nen/um precursor. 8s fenômenos em questão ão dos sistemas de processamento de s&mbolos e c;digos, de agentes que buscam metas e manifestam intenção, at" a percepção sub3etia, o pensamento conceitual e o ser /umano. 8 único modo coerente de descreer esses fenômenos " dizer que eles são dimensões diferentes de e1ist!ncia, supraf&sicas, de uma maneira ou de outra. )stão totalmente
integrados ao f&sico e, ainda assim, totalmente $noos$. Não estamos falando de esp&ritos em m0quinas, mas de agentes de diferentes tipos, alguns conscientes, outros conscientes e pensantes. Não /0 italismo ou dualismo, mas uma integração que " total, um /olismo que incorpora o f&sico e o mental. )mbora os noos ate&stas ten/am fal/ado em compreender a natureza ou a fonte da ida, a consci!ncia, o pensamento e o ser, a resposta para a questão da origem do supraf&sico parece ;bia( o supraf&sico s; pode ter sua origem numa fonte supraf&sica. * ida, a consci!ncia, a mente e o ser s; podem ir de uma %onte ia, consciente e pensante. Se somos centros de consci!ncia e pensamento capazes de con/ecer, amar, intentar e e1ecutar, não e3o como esses centros poderiam ir de algo incapaz de tudo isso. )mbora simples processos f&sicos pudessem criar comple1os fenômenos f&sicos, não estamos preocupados com a relação entre simples e comple1o, mas com a origem dos $centros$. T simplesmente inconceb&el que qualquer matriz material possa gerar agentes que pensam e agem. * mat"ria não pode produzir conceitos e percepções. =m campo de força não plane3a nem pensa. *ssim, atra"s da razão e da e1peri!ncia, gan/amos a percepção de que um mundo de seres ios, conscientes, pensantes, tem de ter como origem uma %onte ia, uma Eente.
Apndice / * auto-reelação de 'eus na /ist;ria /umana( di0logo com N. A. Mrig/t sobre Kesus
ANTON3 FLEW; PER#$NTAS SO*RE A
REVELA%&O DIVINA
*t" agora, falei sobre os dados que me learam a aceitar a e1ist!ncia de uma Eente diina. *s pessoas que ouem esses argumentos quase infalielmente me perguntam o que ac/o das alegações sobre uma reelação diina. Aanto em meus liros antiteol;gicos como nos 0rios debates, discordei das alegações de reelação ou interenção diina. Ein/a posição atual, por"m, " mais receptia a pelo menos algumas dessas alegações. Na erdade, ac/o que a religião cristã " a que mais merece ser /onrada e respeitada, se3a ou não erdadeira sua alegação de que " uma reelação diina. Não e1iste nada igual C combinação da figura carism0tica de Kesus e a de um not0el intelectual como São #aulo. Aodos os argumentos sobre o conteúdo da religião foram, praticamente, produzidos por São #aulo, que tin/a uma bril/ante mente filos;fica e sabia falar e escreer em todas as l&nguas mais importantes. Nas primeiras edições de God and Philosophy, abordei as alegações do cristianismo, argumentando que os enormes aanços feitos no estudo cr&tico do Noo Aestamento e outras fontes da /ist;ria das origens dessa religião significaam que não /aia $esconderi3o$ para aqueles que faziam amplas alegações /ist;ricas. * ocorr!ncia de milagres não tem proas /ist;ricas, e isso desacredita a afirmação de que a ressurreição pode ser ista como um fato da /ist;ria. Nos 0rios debates que tie a respeito da ressurreição de
foram escritos depois de cerca de trinta anos, ou mais. Eeu segundo argumento foi de que não temos meios de erificar se Kesus ressuscitado realmente apareceu para algumas pessoas, porque temos apenas um documento que alega que esses fatos e1traordin0rios aconteceram. #or fim, as eid!ncias da ressurreição são muito limitadas. Na erdade, os primeiros documentos do Noo Aestamento sobre a ressurreição foram as ep&stolas de #aulo, não dos )angel/os, e essas apresentam pouqu&ssimos detal/es f&sicos a respeito do fato. Fo3e, eu diria que a alegação referente C ressurreição " mais impressionante do que qualquer outra feita pela concorr!ncia religiosa. *inda acredito que, quando os /istoriadores estão procurando proas, eles precisam de muito mais recursos do que os dispon&eis. #recisam de proas de um tipo diferente. #enso que a afirmação de que 'eus encarnou em Kesus
N) T) WRI#HT; RESPOSTA COMO PODEMOS SA*ER 6$E 5ES$S E'ISTI$7 T muito dif&cil saber por onde começar, porque as eid!ncias de que Kesus e1istiu são tão fortes que, como /istoriador, digo que são tão boas quanto as referentes a qualquer figura do mundo antigo. T claro que /0 alguns personagens do mundo antigo dos quais temos est0tuas e anotações. #or outro lado, temos tamb"m est0tuas de deuses e deusas da mitologia, de modo que nunca podemos ter muita certeza a respeito disso. Eas, no caso de Kesus, todas as eid!ncias apontam firmemente para a e1ist!ncia dessa grandiosa figura nos inte at" trinta anos do primeiro s"culo. ) as eid!ncias encai1am-se tão bem no que sabemos do 3uda&smo
naquele per&odo J embora muitas coisas ten/am sido anotadas gerações mais tarde J, que penso que poucos /istoriadores de /o3e duidariam da e1ist!ncia de Kesus. Na erdade, não con/eço nen/um que duide, mas /0 um ou dois. =m /omem c/amado O. *. Mells " o único que tem se manifestado sobre isso recentemente. 'e tempos em tempos aparece algu"m como K. E. *llegro que, uma geração atr0s, escreeu um liro baseado nos pergamin/os do mar Eorto, dizendo que o cristianismo tin/a tudo que er com um culto do cogumelo sagrado. Nen/um erudito 3udeu, cristão, ateu ou agn;stico leou isso a s"rio. T bastante claro que, de fato, Kesus " um personagem muito, muito bem-documentado da /ist;ria real. )ntão, penso que essa questão pode ser dei1ada de lado.
6$E *ASE
E'ISTE PARA A ALE#A%&O ENCONTRADA NOS
EVAN#ELHOS DE 6$E 5ES$S 2 DE$S ENCARNADO7
Ein/a f" em Kesus como %il/o de 'eus encarnado não se ap;ia nessa alegação dos )angel/os. Aem ra&zes muito mais profundas, ai at" a importante questão a respeito de como os 3udeus do primeiro s"culo compreendiam 'eus e sua ação no mundo. ), claro, como 3udeus, eles se baseaam nos Salmos, em 4sa&as, 'euteronômio, no O!nesis, e assim por diante. #odemos er, nas tradições 3udaicas do tempo de Kesus, como eles interpretaam esses te1tos. %alaam de um único 'eus que fizera o mundo, que era o 'eus de 4srael, falaam desse 'eus como tendo participação atia no mundo, sempre presente e fazendo coisas tanto no mundo como em 4srael. ) falaam disso de cinco maneiras diferentes J nen/uma relação com as
era atia no mundo, /abitaa em 4srael e fazia coisas que a3udaam os seres /umanos a tornarem-se s0bios. %alaam da gl;ria de 'eus /abitando o Aemplo. Nunca podemos esquecer que, para os 3udeus do primeiro s"culo, o Aemplo era a /abitação do +. * lei, como a sabedoria, não " apenas uma lei escrita. T uma força e uma presença ontologicamente e1istentes atra"s da qual 'eus se faz con/ecer. ), por fim, falaam sobre o )sp&rito de 'eus. 8 )sp&rito de 'eus desce sobre Sansão no liro de Ku&zes, faz com que pessoas se tornem profetas, reside em /umanos, para que eles possam fazer coisas e1traordin0rias para a gl;ria de 'eus. )ssas cinco maneiras de falar sobre a ação de 'eus no mundo eram aquelas pelas quais os 3udeus do primeiro s"culo e1pressaam sua crença de que o nico, que eles con/eciam como o 'eus )terno, o
sobre /omem s0bio que construiu sua casa na roc/a, e o /omem tolo que construiu a sua na areia são e1emplos t&picos de ensinamentos sobre a sabedoria. Eas, espere um poucoU 8 /omem s0bio " $aquele que oue essas minhas palaras e as segue$. )ntão, sabedoria e Kesus estão ligados muito estreitamente. ) agora, falando particularmente do Aemplo, Kesus comportaa-se como se fosse o Aemplo em pessoa. 2uando ele dizia $seus pecados estão perdoados$, isso causaa um c/oque, porque o perdão dos pecados era geralmente declarado quando a pessoa ia ao Aemplo e oferecia um sacrif&cio. No entanto, Kesus dizia que um indi&duo estaa perdoado, ali mesmo, na rua. 2uando se est0 com Kesus, " o mesmo que estar no Aemplo, contemplando a gl;ria de 'eus. No que diz respeito C lei 3udaica, descobrimos algo fascinante. =m dos grandes acad!micos 3udeus de nosso tempo, Kacob Neusner, que escreeu 0rios liros importantes sobre o 3uda&smo, escreeu um sobre Kesus. Nesse liro, diz que, quando l! que Kesus falaa coisas como $oc!s t!m ouido que foi dito assim e assim, mas eu l/es digo isto, isto e isto$, gostaria de perguntar-l/e( quem oc! pensa que "L 'eusL Kesus estaa, realmente, dando uma noa lei e declarando, de certo modo,$ que re3eitaa o modo como a lei estaa sendo compreendida e interpretada. ) agora, falemos do )sp&rito. $Se eu, pelo )sp&rito de 'eus, e1pulso demônios, então o Ieino de 'eus est0 entre oc!s$, disse Kesus. )ntão, o que emos não " Kesus indo de um lado para outro dizendo $eu sou a Segunda #essoa da Arindade, acreditem, ou não$. Não " assim que os )angel/os são lidos. @endo-os como /istoriadores do primeiro s"culo, podemos er que os comportamentos de Kesus dizem que toda essa grande /ist;ria sobre um 'eus que em estar com seu poo est0 de fato acontecendo. ) ele não em atra"s da #alara, da sabedoria e do resto, mas como uma pessoa. 8 que 3unta tudo isso J como e1pliquei no penúltimo cap&tulo de meu liro Besus and the 5ictory of God J " o fato de que muitos 3udeus do tempo de Kesus acreditaam que, um dia, Keo0, o 'eus de 4srael, oltaria em pessoa para ier no Aemplo. )ncontramos isso nos liros de
)zequiel, 4sa&as, `acarias e em 0rios te1tos posteriores aos tempos b&blicos. )ntão, tin/am essa esperança de que um dia 'eus oltaria, porque, naturalmente, ele e1pulsaria os romanos, reconstruiria o Aemplo adequadamente, não do 3eito que Ferodes estaa fazendo, e assim por diante. Faia uma longa s"rie de e1pectatias relacionadas ao retorno de 'eus. )ntão, encontramos nos )angel/os esse e1traordin0rio quadro de Kesus fazendo uma iagem final para Kerusal"m, contando histórias so"re o rei que volta para seu povo. Aen/o, como outros, argumentado que Kesus, contando essas /ist;rias sobre o rei que olta para seu poo, o sen/or que olta para seus seros, não estaa falando de uma Segunda olta em algum tempo no futuro. 8s disc&pulos não estaam preparados para isso. Nem sabiam que ele ia ser crucificado. Suas /ist;rias eram sobre o significado de sua pr;pria 3ornada para Kerusal"m, e ele estaa conidando aqueles que tiessem ouidos para ouir a guardar na mente o quadro pintado no el/o Aestamento de Keo0 retornando a Sião, enquanto o iam como um 3oem profeta entrando em Kerusal"m montado em um 3umento. *credito que Kesus apostou sua ida na crença de que fora c/amado para incorporar o retorno de Keo0 a Sião. ) ac/o que isso foi tremendamente assustador para ele. #enso que ele sabia que podia estar errado. *final, uma pessoa que acredita em tal tipo de coisa pode acabar como o /omem que acredita que " um bule de c/0. #enso que Kesus sabia que aquela era sua missão, que ele precisaa agir e ier daquela forma porque fora c/amado para encarnar a olta do 'eus de 4srael para seu poo. T por isso que eu diria que ele, logo depois de sua morte e ressurreição J essa " uma outra /ist;ria, de que trataremos mais tarde J, foi recon/ecido por seus seguidores como tendo sido, o tempo todo, a encarnação do 'eus de 4srael.
marail/ados e reerentes, enquanto refletiam sobre tudo o que acontecera nos anos que /aiam passado com ele. )ssa " uma id"ia e1traordin0ria. No entanto, faz sentido profundo, /istoricamente enraizado, que Kesus deia pensar a mesma coisa a respeito de si mesmo. $Hem, talez oc! este3a certo$, algu"m pode me dizer. $Aalez Kesus acreditasse naquelas coisas a seu respeito. Aalez os disc&pulos tamb"m acabaram acreditando. Eas Kesus deia estar errado, porque sabemos, a priori, que, se /ouesse um 'eus, ele nunca poderia tornar-se /umano, ou porque sabemos, a priori, que qualquer um que pense isso a respeito de si mesmo s; pode estar louco, perturbado, iludido.$ * isso, eu responderia( tudo bem, mas apenas retire esse :a priori: por um momento e pense em um 3udeu do primeiro s"culo acreditando em tudo o que eu disse, fazendo tudo aquilo. 'epois, pergunte sobre a ressurreição. #ergunte o que queremos dizer com a palara $'eus$. #orque, " l;gico, os primeiros cristãos diziam enfaticamente que a palara $'eus$ era aga, e que s; quando ol/amos para Kesus " que descobrimos que ela se torna mais clara. Koão escreeu( $Ningu"m 3amais iu 'eus, a não ser seu %il/o unig!nito, que ie no seio do #ai e que o fez con/ecido$. )m grego, isso significa literalmente $ele forneceu uma e1egese de si mesmo, mostrou-nos quem de fato " 'eus$. )ssa " uma resposta longa para uma pergunta ital, mas ac/o que não posso dei10-la mais curta. 'e acordo com min/a e1peri!ncia, quase ningu"m reflete dessa forma sobre a questão de Kesus e 'eus. Eas era assim, acredito, que pensaam o pr;prio Kesus, os primeiros cristãos e aqueles que escreeram os )angel/os, e far&amos bem compreendendo isso.
6$E PROVA
HÁ DA RESS$RREI%&O DE CRISTO7
Aentarei resumir essa resposta. Eeu pai leu meu longo liro The 0esurrection of the &on of God quando estaa com oitenta e tr!s anos de idade. @eou apenas tr!s dias para ler setecentas p0ginas. S; lia, não fazia mais nada. )ntão, me ligou e disse( J *cabei de ler o liro. J oc! o qu!L J perguntei.
J K0 li o liro e, para dizer a erdade, comecei a gostar depois de ler seiscentas p0ginas. *c/ei aquilo um elogio deliciosamente duidoso. #ensando que ele trabal/ara como madeireiro, eu disse( J #apai, as primeiras quin/entas p0ginas, mais ou menos, são as ra&zes. Se uma 0rore não tem ra&zes, não fica em p" e não produz frutos. J T, ac/o que foi o que pensei J ele replicou. J Eas sempre gostei mais dos gal/os de cima. )ntão, preciso falar um pouco das ra&zes. =ma das coisas de que mais gostei, escreendo o liro, foi oltar ao meu territ;rio cl0ssico e pesquisar antigas crenças sobre a ida e a morte. ) /0 muitas delas, mas $ressurreição$ não aparece no mundo greco-romano. Na erdade, #l&nio, Tsquilo, Fomero, <&cero e todos os outros escritores antigos dizem $" claro que sabemos que ressurreição " uma coisa que não acontece$. Na mesma "poca, os 3udeus /aiam desenolido uma teologia bastante espec&fica sobre a ressurreição, a de que os membros do poo de 'eus se leantariam de entre os mortos no fim dos tempos. 8 elemento tempo " muito importante, porque os cristãos do mundo ocidental usam a palara $ressurreição$ como um termo ago que significa $ida ap;s a morte$ e que nunca tee esse significado no mundo antigo. T um termo espec&fico para o que c/amo de $ida após a vida ap;s a morte$. )m outras palaras, primeiro morremos, estamos mortos, sem ida corporal, e depois $ressuscitamos$, o que significa que começamos uma noa ida corporal, uma noa ida ap;s se3a l0 o que for essa $ida ap;s a morte$. #odemos er como a crença na ressurreição ocorria no 3uda&smo. Iessurreição " uma seq7!ncia de duas etapas( lodo depois que morremos, ficamos em estado de espera, e depois temos essa ida inteiramente noa, c/amada $ressurreição$. No liro sobre o assunto, eu me dierti muito desen/ando um mapa das crenças 3udaicas sobre da ida ap;s a morte, dentro de um mapa maior das crenças antigas a esse respeito. No 3uda&smo /0 algumas ariações. 8s fariseus acreditaam na ressurreição, e parece que essa era a crença principal no 3uda&smo palestino do tempo de Kesus. 8s saduceus não acreditaam em ida ap;s a morte, muito menos em ressurreição. ) pessoas como %&lon, e
talez os ess!nios, acreditaam em uma imortalidade espiritual em uma única etapa, na qual, ap;s a morte, n;s simplesmente amos para onde temos de ir e ficamos l0, em ez de passar por uma posterior ressurreição. 4sso tudo torna-se ainda mais interessante porque, em todas as sociedades estudadas, as crenças sobre a ida ap;s a morte são muito conseradoras. 'iante da morte, parece que as pessoas oltam Cs pr0ticas e crenças que con/ecem, C maneira como a tradição, a fam&lia, a ila, e assim por diante, cultiam costumes fúnebres. *ssim, " erdadeiramente not0el que, at" o fim do segundo s"culo, quando os gn;sticos começaram a usar a palara $ressurreição$ num sentido muito diferente, todos os primeiros cristãos que con/ecemos acreditaam em uma futura ressurreição do corpo, embora muitos deles iessem do mundo pagão, onde esse assunto era considerado pura bobagem. =m mito moderno circula por a&, dizendo que fomos apenas n;s, com nossa ci!ncia contemporDnea p;s-)sclarecimento, que descobrimos que pessoas mortas não se leantam do túmulo. 8s antigos, pobrezin/os, não eram esclarecidos, então acreditaam em todos esses milagres malucos. Eas isso " simplesmente falso. =m ador0el trec/o liter0rio de <. S. @e:is " sobre isso. )le fala da irginal concepção de Kesus e diz que Kos" ficou preocupado com a graidez de Earia não porque não soubesse de onde in/am os beb!s, mas porque sabia. *contece o mesmo com a ressurreição de Kesus. *s pessoas do mundo antigo eram incr"dulas quanto C alegação cristã porque sabiam perfeitamente bem que quando algu"m morre, permanece morto. )ntão, descobrimos J e isso " absolutamente fascinante para mim J que podemos rastrear, no cristianismo nascente, ariações da cl0ssica crença 3udaica na ressurreição. #rimeiro, em ez de a ressurreição ser algo que simplesmente ia acontecer a todo o poo de 'eus no fim dos tempos, era, para os cristãos, algo que acontecera antecipadamente a uma pessoa. Hem, nen/um 3udeu do primeiro s"culo, pelo que eu saiba, podia acreditar que uma pessoa ressuscitasse antes de todas as outras. )ra uma inoação radical, mas todos os cristãos acreditaam nisso. Segundo, as pessoas acreditaam que a ressurreição enoleria a transforma@ão do corpo f&sico. 8s 3udeus que
acreditaam na ressurreição estaam diididos. =ns diziam que teriam um corpo f&sico e1atamente igual ao que tin/am em ida, e outros diziam que noo corpo seria luminoso, bril/ante como uma estrela. 8s primeiros cristãos não diziam nem uma coisa nem outra. %alaam de um noo tipo de forma f&sica J isso fica muito claro nos ensinamentos de #aulo, e não apenas nos dele J, definitiamente corporal no sentido de ser s;lido e substancial, mas transformado, de modo que não fosse mais suscet&el C dor ou C morte. 4sso " algo noo. )ssa descrição de ressurreição não " encontrada no 3uda&smo. Aerceiro, naturalmente, os cristãos acreditaam que o Eessias ressurgira de entre os mortos, no que nen/um 3udeu do Segundo Aemplo acreditaa porque, de acordo com o 3uda&smo do Segundo Aempo, o Eessias 3amais morreria. )ntão, isso tamb"m era uma noidade. 2uarto, os cristãos usaam a id"ia de ressurreição de um modo diferente. No 3uda&smo, a id"ia fora usada como met0fora para $retorno do e1&lio$, como emos em )zequiel, cap&tulo QV. Eas no cristianismo iniciante J e estou falando bem do in&cio, por e1emplo, do tempo de #aulo J, encontramos essa id"ia usada em cone1ão com batismo, santidade e 0rios outros aspectos que não faziam parte do 3uda&smo. 4sso mostra uma radical inoação, algo muito diferente do ponto de ista 3udaico. 2uinto, ac/amos que, para os primeiros cristãos, $ressurreição$ era algo para o que o poo de 'eus contribu&a. 8s cristãos eram c/amados para trabal/arem 3untamente com 'eus para implementar o que fora iniciado na #0scoa e, assim, antecipar o noo mundo que 'eus, um dia, criaria. 4sso tamb"m era noo, mas e1plic0el apenas como uma mutação dentro do 3uda&smo. Se1to, emos que no cristianismo emergente a ressurreição dei1ou de ser uma doutrina entre muitas outras J importante, mas não demais J, o que continua a ser no 3uda&smo, para tornar-se o centro de tudo. Aire essa id"ia, digamos, dos liros de #aulo, de 4 #edro, do *pocalipse, e destruir0 toda sua estrutura. Aemos de concluir que algo dee ter acontecido para tirar $ressurreição$ da periferia para o ponto mais central. S"timo, descobrimos que no cristianismo iniciante não /aia crenças ariadas sobre o que acontece ap;s a morte. No
3uda&smo /aia 0rios pontos de ista, e no mundo pagão, ainda mais, mas no cristianismo /aia apenas uma[ a ressurreição. @eando em consideração como as pessoas são conseradoras em suas opiniões sobre a ida ap;s a morte, isso " realmente not0el. #arece, de fato, que o cristianismo nascente tin/a boas razões para repensar at" essa mais pessoal e importante questão de crença. emos que os primeiros cristãos discordam sobre uma porção de coisas, mas eram notaelmente unDnimes em sua opinião de que a ressurreição deia ser sua crença, mas tamb"m a respeito de como ela funciona. Audo isso força-nos, como /istoriadores, a fazer uma pergunta muito simples( por que os primeiros cristãos tin/am essa muito noa, mas admiraelmente unDnime, opinião a respeito da ressurreiçãoL )ssa " uma pergunta /ist;rica de fato interessante. T claro, todos os primeiros cristãos diziam que tin/am essa opinião por causa do que acreditaam a respeito de Kesus. *gora, se a id"ia de que Kesus se ergueu dos mortos s; aparecesse depois de inte ou trinta anos de cristianismo, como muitos estudiosos c"ticos t!m suposto, encontrar&amos muitas facções que não aceitariam a ressurreição, e aquelas que aceitassem l/e dariam uma forma diferente daquela espec&fica do cristianismo primitio. *ssim, a ampla e unDnime aceitação da crença na ressurreição pelos primeiros cristãos força-nos a dizer que alguma coisa certamente aconteceu para moldar e colorir todo o moimento cristão. * esta altura, temos de perguntar( e as narratias encontradas no )angel/osL 8 que dizer de Eateus B, do curto relato em Earcos >R, do um pouco mais longo em @ucas e do muito mais longo em Koão ->L ), claro, eu, como praticamente todos os estudiosos dos )angel/os, acredito que eles foram escritos muito mais tarde. Não sei quando foram escritos. Ningu"m sabe, apesar de alguns eruditos insistirem em nos dizer que sabem. 8s )angel/os podem ter sido escritos cedo, por olta do ano ? do primeiro s"culo, talez ainda antes, ou no ano V e at" B ou +. Eas, para o argumento que defendo no momento, isso não faz diferença. 8 que importa " que as narratias sobre a ressurreição e o material relacionado ao assunto, encontrado no começo do liro de *tos, t!m certas caracter&sticas importantes, comuns aos quatro )angel/os, demonstram /istoricamente que, embora
fossem escritos mais tarde, relatam os fatos de uma forma que dei1a claro que não foram muito alterados, que foram editados, mas não substancialmente modificados. 4sso ", obiamente, de enorme importDncia. * primeira caracter&stica " o retrato de Kesus nas narratias da ressurreição. K0 foi dito, muitas e muitas ezes, que( >6 o )angel/o de Earcos foi o primeiro a ser escrito, e ali /0 pouca coisa sobre a ressurreição[ 6 o de Eateus eio depois, e nele não /0 muito mais[ Q6 30 pr;1imo do fim do s"culo, apareceram os )angel/os de @ucas e Koão, e s; então encontramos /ist;rias de Kesus comendo pei1e assado, preparando o des3e3um C beira do mar, conidando Aom" a toc0-lo, e assim por diante. 'e acordo com a teoria, /aia cristãos 30 quase no fim do primeiro s"culo que começaram a acreditar que Kesus não era genuinamente /umano, que não era um /omem real, de modo que @ucas e Koão inentaram aquelas /ist;rias a fim de dizer que sim, que ele era /umano, que o Kesus ressuscitado tin/a corpo real, e assim por diante. 8 problema com essa teoria que, diga-se de passagem, " bem popular " que aquelas narratias sobre Kesus estar cozin/ando na praia, partindo o pão em )maús, conidando Aom" a toc0-lo, e outras mais, mostra esse mesmo Kesus passando por portas fec/adas, Cs ezes sendo recon/ecido, e Cs ezes não sendo, desaparecendo de um momento para o outro e, finalmente, subindo ao c"u. Supon/amos que eu estiesse inentando uma /ist;ria no ano +? d.<., porque sabia que algumas pessoas estaam um pouco inseguras a respeito da questão de Kesus erdadeiramente /umano. )u não poria todo esse material em min/a /ist;ria. Seria como marcar um gol contra. 'o outro ponto de ista, se oc! fosse um 3udeu do primeiro s"culo e quisesse inentar uma /ist;ria sobre Kesus ter sido erguido do meio dos mortos, o mais natural seria recorrer a 'aniel >, um dos grandes te1tos sobre ressurreição para o 3uda&smo do Segundo Aemplo. )m 'aniel > est0 escrito que, no reino do #ai, o 3usto bril/ar0 como uma estrela. Kesus cita essa passagem em Eateus >Q. #or isso, o mais fascinante " que nen/uma narratia da ressurreição mostra Kesus bril/ando como uma estrela. Se os eangelistas estiessem se aproeitando
desses te1tos para dar credibilidade ao que estaam inentando teriam dito que isso acontecera. *ssim, a partir desses dois pontos de ista, o retrato de Kesus nos relatos da ressurreição " muito, muito estran/o. Não " o que se poderia esperar que fosse. Não /0 nen/uma descrição como essa nas narratias 3udaicas da "poca. Eas, de modo not0el, ela " uniforme nos )angel/os de Eateus, @ucas e Koão. No de Earcos, o relato " curto demais para que possamos saber o que mais ele teria contado se /ouesse continuado um pouco mais. )ntão, realmente, algo muito bizarro aconteceu. T como se os eangelistas estiessem querendo no dizer( $Sei que oc!s ão ac/ar muito dif&cil acreditar, mas foi isso erdadeiramente o que aconteceu$. 8 acontecimento foi tão e1traordin0rio que dei1ou sua marca nas narratias. 2uatro pessoas não tirariam a mesma coisa da cabeça. 2ualquer um que escreesse um relato fict&cio do acontecimento naquela #0scoa teria tornado Kesus mais claramente recon/ec&el. 'ei1em-me fazer um coment0rio C parte. 2uem l! os relatos de Eateus, Earcos, @ucas e Koão no original grego e os compara, ! que são muito diferentes, embora todos contassem a mesma /ist;ria, que mostra as mul/eres indo ao túmulo, e assim por diante. 8s quatro usam palaras diferentes, então, podemos supor que um copiou do outro, simplesmente. 8 segundo fato " que /0 uma aus!ncia quase completa de alusões ao el/o Aestamento nos relatos da ressurreição. Nas narratias da crucificação, fica claro que a /ist;ria da morte de Kesus foi contada ezes sem conta na comunidade cristã primitia, com alusões ao Salmo , 4sa&as, cap&tulo ?Q, `acarias e outras passagens do el/o Aestamento. Eas quando se trata da ressurreição, não encontramos essas alusões na narratia dos quatro eangelistas. ale lembrar que o ap;stolo #aulo, em ?, ergueu-se de entre os mortos $de acordo com as )scrituras$. No in&cio da d"cada de ? do primeiro s"culo, ele tin/a uma rica coleção de te1tos do el/o Aestamento a que recorrer para interpretar a ressurreição. Aeria sido muito f0cil para Eateus, que adoraa nos falar sobre o cumprimento das )scrituras, dizer que aquilo acontecera para que as )scrituras se cumprissem. )le, por"m, não faz isso. 'o mesmo modo, Koão e1plica que, quando os disc&pulos foram ao túmulo, ainda não con/eciam a passagem das )scrituras que diz que ele ressurgiria
de entre os mortos. Eas tamb"m não cita a passagem, nem diz em que parte do el/o Aestamento se encontra. ), na estrada de )maús, @ucas pede a Kesus que e1plique as )scrituras, mas tamb"m não conta o que foi que Kesus e1plicou. 4sso " muito estran/o. 8u dizemos que a igre3a primitia escreia narratias da ressurreição repletas de citações ao el/o Aestamento, e que Eateus, Earcos, @ucas e Koão, agindo de forma independente, usaram essas refer!ncias, ou dizemos que essas /ist;rias remontam ao in&cio de uma tradição oral que precede a refle1ão teol;gica. )m min/a opinião, essa segunda e1plicação ", de longe, a mais pro0el. * terceira caracter&stica fascinante das narratias " o lugar ocupado pelas mul/eres. No mundo 3udeu e pagão antigo, as mul/eres não tin/am credibilidade para serem aceitas como testemun/as em um 3ulgamento. ), quando fala da tradição pública sobre Kesus, em ?, #aulo diz( $)sta " a /ist;ria como a contamos. )le foi crucificado por causa de nossos pecados, de acordo com as )scrituras, e então foi isto por...$. Segue-se uma lista de nomes masculinos. $#or
ouro em p;. 6s primeiros cristãos nunca, nunca inventariam isso. *s /ist;rias sobre as mul/eres descobrindo o túmulo azio e depois encontrando Kesus ressuscitado deem ser istas como solidamente /ist;ricas. #assemos, então, C quarta e última caracter&stica fascinante dos relatos. *qui falo como pregador que pregou praticamente em todos os domingos de #0scoa nos últimos trinta e cinco anos. #regadores, de acordo com a tradição ocidental, fazem na #0scoa sermões sobre a ressurreição de Kesus, nossa ida futura, nossa pr;pria ressurreição ou nossa ida para o c"u. Eas nas narratias de Eateus, Earcos, @ucas e Koão, não /0 nen/uma menção a uma ida futura. #aulo, no entanto, cada ez que menciona a ressurreição fala tamb"m dessa nossa futura ida. )m Febreus, lemos sobre a ressurreição de Kesus e a nossa. No liro do *pocalipse, mais uma ez encontramos um &nculo entre nossa pr;pria ressurreição e a de Kesus. Kustino, o E0rtir, 4n0cio de *ntioquia e 4rineu usam esse &nculo. $#ensamos na ressurreição de Kesus a fim de refletir sobre a nossa.$ Eas Eateus, Earcos, @ucas e Koão não dizem $se Kesus ressuscitou, n;s tamb"m amos ressuscitar um dia$. 'izem, e isso surpreende as pessoas, que Kesus ressuscitou, e que por isso era realmente o Eessias. $
acreditaa. Eas como podemos, como /istoriadores, e1plicar issoL T ;bio que, como cristãos, podemos interromper o andamento desse argumento. Euitos cristãos t!m feito isso, o que " uma pena, porque " sinal de que não entenderam o ponto ital. $6 deia /aer um túmulo azio, que era con/ecido como o que recebera o corpo de Kesus, e não podia /aer engano[ 6 dee ter /aido aparições de Kesus ressuscitado. #or que as duas coisas deem ter acontecidoL #orque, se /ouesse um túmulo azio e nen/uma aparição, todo o mundo antigo c/egaria C ;bia conclusão J ;bia para eles, não para n;s J de que o corpo fora roubado. 8s túmulos eram sempre assaltados, principalmente se as pessoas sepultadas eram ricas ou famosas, porque podia /aer 3;ias l0 dentro. )ntão, as pessoas diriam o que Earia disse( $Ioubaram o corpo. Não est0 l0, não sei o que aconteceu$. ) ningu"m 3amais falaria em ressurreição, se tudo se resumisse a um túmulo azio. 'o mesmo modo, não podemos e1plicar os dados /ist;ricos que comentamos, dizendo simplesmente que os disc&pulos deem ter tido algum tipo de e1peri!ncia que tomaram como um encontro com Kesus. Sabiam que Kesus fora morto. Aodos sabiam a respeito de alucinações, esp&ritos e isões. * antiga literatura 3udaica e a pagã estão c/eias dessas coisas. 4sso remonta a Fomero, a irg&lio. *lgumas pessoas, recentemente, t!m dito, para argumentar que a ressurreição não pode ter acontecido, coisas assim( $*/, bem, quando morre um ente querido nosso, Cs ezes o emos 3unto de n;s, sorrindo, at" mesmo conersando, então a isão desaparece. Aalez fosse isso o que aconteceu aos disc&pulos$. ) " erdade, li sobre isso. Arata-se de um fenômeno bem-documentado que faz parte do processo de luto, e cada um pode e1plic0-lo como quiser. Eas o caso " que
os cristãos primitivos tam"menos. Sabiam perfeitamente que /aia coisas como isões, alucinações, son/os, esp&ritos, e assim por diante. Se elas tiessem a e1peri!ncia, por mais iida, de estar com Kesus, mas o túmulo não estiesse azio, teriam dito( $Nossa, isso foi muito forte e, de certa forma, consolador, mas ele não ressuscitou, " claro, porque os mortos não se leantam J at" que todos se leantem no fim dos tempos J e, se3a como for, o corpo dele continua no túmulo$. Neste ponto, precisamos lembrar a maneira como os 3udeus daquele tempo enterraam os mortos. =m funeral, na #alestina da "poca, era feito em duas etapas. Na primeira, embrul/aam o corpo em panos, com especiarias, e o colocaam numa la3e em uma tumba caada na roc/a, ou talez at" no porão da casa. Não o enterraam da maneira que " usada no mundo ocidental moderno, em uma coa na terra, que depois " preenc/ida, porque depois, quando a carne se decompun/a, os ossos eram retirados. 'a& a necessidade de especiarias, que disfarçaam o mau c/eiro da decomposição. )ntão, decomposta a carne, os ossos eram recol/idos e colocados em um ossu0rio, uma cai1a que era guardada num l;culo J um nic/o no fundo do túmulo ou em algum outro lugar coneniente. 8s arque;logos oltam a fazer escaações em Kerusal"m, em busca de ossu0rios, cada ez uma noa estrada " aberta, um noo /otel Filton ou um condom&nio são constru&dos. )les t!m centenas, at" mesmo mil/ares de ossu0rios. * razão de eu estar dizendo isso " que, se o corpo de Kesus ainda estiesse no túmulo, os disc&pulos não teriam dificuldade em descobrir e diriam que, por mais fortes que fossem, as isões que /aiam tido não passaam de alucinações e que Kesus, afinal, não se leantara de entre os mortos. )ntão, n;s, como /istoriadores, dizemos que realmente dee ter e1istido um túmulo azio, que as aparições de Kesus deem realmente ter acontecido, embora ele parecesse estran/amente transformado, de um 3eito que os disc&pulos não esperaam, de um 3eito que n;s ac/amos muito desconcertante.