Sinopse
SINOPSE DO PRIMEIRO ATO A Corte se diverte. Personagens caricaturados evoluem numa dança decadente. O médico é amparado em seu leito de morte e passa seu diplom diploma a ao flho flho Freder rederico ico,, que rejei rejeita ta a unço unço e despr despre!a e!a ess esse e mundo mundo.. "urge "urge um cavalo cavalo,, os dois dois desmor desmorona onam m ess essa a soc socied iedade ade e oge ogem. m. A ce cena na vai vai se send ndo o toma tomada da pela pela am# am#li lia a dos dos equi equili li$r $ris ista tas, s, imagem l#rica de um mundo novo para os olhos maravilhados de Frederico. %ssas personagens puras, portadoras de toda a Arte, no s& do Circo, e'ecutam uma dança de seu cotidiano. (eatri! apai'ona)se por Frederico e esta fgura da Corte encontra no mundo do Circo a satisaço de todos os seus anseios. O dueto de amor tem como pano de undo o cotidiano da am#lia, como a nos lem$rar que o amor no Circo no estar* nunca so!inho, mas sempre acompanhado de um tra$alho penoso e disciplinado. Ao fnal do dueto nasce Charlotte, e todos se unem para a a$ertura do Circo. Frederico e (eatri! apresentam a flha Charlotte, a nova estrela do recém ormado Circo +nieps. Ao fnal todos se retiram, recolhendo suas coisas, coisas, j* desmontando desmontando suas roupas roupas.. fnal do espet*culo espet*culo.. O cansaço. A vida real. Os palhaços reali!am uma pantomima so$re o amor para Charlotte adol adoles esce cent nte. e. -am$é am$ém m um pier pierrrot adol adoles esce cent nte e proc procur ura a o amor amor,, protegido pelo Pai)Pierrot. Os trs reali!am uma dança ingnua de $uscas e receios. um amor inantil, puro, com a desco$erta fnal do se'o. "urgem grupos de convidados .para o casamento. Os pais preparam Charlotte e Clo/n. A alegria predomina e logo nasce Otto, que no se identifcar* com nenhuma personagem do Circo, pois ser* ele quem dar* in#cio 0 uma nova geraço cultural, interessando)se por uma mulher ora do am$iente circense. As personagens do Circo se encaminham para o carroço a fm de partir para a estrada. estrada. Otto no quer seguir o Circo. Circo. O carroço carroço cru!a com o carro)Ca$aré. -odos se o$servam. o encont encontro ro de duas duas lingua linguagen genss de espet*cu espet*culo, lo, duas duas cultur culturas. as. O palco é violentado por essa onda de erotismo. A pure!a do Circo, o amor poético, do lugar ao amor pai'o, ao amor se'o. Otto, apesar de sentir)se ora de seu am$iente, $rinca com essas novas fguras, e apai'ona)se por 1il2. Ao fnal do sho/, da mesma orma que no Circo, o cansaço, a troca de roupa, o cotidiano. Otto e 1il2 se preparam para o se'o. se'o. 3ançam o amor)pai'o, amor)pai'o, eito de $uscas e rejeiç4es. rejeiç4es.
1il2 j* no se satisa! com a ingenuidade de Otto, que aos poucos tornou)se prepotente. Os dois mundos j* no se completam mais. preciso criar uma nova vida. 5ma nova Arte. 1il2 se lança 0 essa nova aventura. 3o sonho para o pesadelo, para a auto)dilaceraço. Para, quem quem sa$e, sa$e, uma nova purifcaç purifcaço o.. 1il2 1il2 entr entrega)se ega)se ao sadism sadismo o do tatuador, para que lhe imprima no ventre uma imagem sagrada . %m seu del#rio, misto de masoquismo e santidade, perce$e fguras de reiras)santas, que vagam no espaço. -am$ém um grupo de 6vo2eurs7 vem juntar)se a essa pai'o e morte. Otto assiste tudo, assustado com o poder de entrega de 1il2. 5ne)se a ela por um momento. desse universo que nasce 8argareth. 8argareth.
SINOPSE DO SEGUNDO ATO 8ar 8argar gareth eth es est* t* toma tomada da por por uma uma cris crise e de mist mistic icis ismo mo e tem tem um encontro com uma procisso de reiras. O Circo, na fgura do Palhaço, tenta atra#)la sem resultados. %m sua alucinaço, ela declara amor ao Cristo e se dei'a envolver por fguras de anjos que a acompanharo a vida toda. As som$ras desaparecem e em sua solido ela sai 0 procura do -atuador -atuador para que lhe imprima na carne todo o seu amor a 3eus. Ao contr*rio das fguras religiosas, ela agora se mistura com o que h* de mais mais real, real, as fgura fgurass do povo. povo. Pode ento ento dar pross prossegu eguime imento nto ao Cir Circo co,, ao novo novo cir circo que que tem tem sua sua mar marca de mist mistic icis ismo mo.. Ali, Ali, a domadora adquire um Poder além do chicote, o das imagens sagradas em seu corpo tatuado, que a! com que as eras se amansem. Como l#der do Circo, 8argareth apresenta o n9mero de trape!istas, liderados por 1ud/ig, por quem se apai'ona e casa. :um dueto de amor começa a agonia de 1ud/ig, que morre morre por no poder satisa!er seu desejo, j* que as imagens sagradas o tornam impotente. 8argar 8argareth eth intro introdu! du! o n9mer n9mero o dos dos homens homens)e )era, ra, onde onde se encont encontra ra ;udol, que a possui violentamente e em seguida morre, tam$ém ele pertur$ado por suas tatuagens sagradas. <* alucinada por esse misto de se'o e 3eus, 8argareth d* 0 lu!, so!inha, 0s gmeas 8arie e =elene. 8arie e =elene, a purifcaço fnal da dinastia, transcendem 0 pr&pria arte do circo e se tornam personagens)santas, santidade que é a essncia de todo artista. %las se em$alam, envoltas por mes e pais vindos do povo, como que a lem$rar)lhes da vida real. >ue elas s& e'istem porque eles e'istem. o povo que d* vida ao artista. Atra#dos por por essas fguras fguras iluminadas, surgem surgem os (anqueiros. (anqueiros. ?rupo ameaçador, imagem do poder, elemento repressor repressor e antropo*gico antropo*gico do artista)povo. -entam possu#)las e sedu!i)las para seu mundo, mas sero augentados pela inocncia das crianças, do povo, p9$lico mais puro e fel do circo.
% o encontro artista)criança, elementos essenciais para a reali!aço m*gica do espet*culo. 3essa unio m*'ima de essncias, acontece a 1evitaço. 8arie e =elene apresentam seus poderes santifcados, @utuando no ar sem mais truques circenses , mas com o poder do artista)santo. Além da vida e da morte, do mundo da arte, surgem as personagens que geraram essas essas gmeas. como se cada um quisesse transmitir transmitir)) lhes lhes,, e a n&s n&s tam$ tam$ém ém,, se seus us ensi ensina name ment ntos os,, suas suas d9vi d9vida das, s, sua sua imortalidade. A idéia do eterno caminhar lado a lado do artista)povo, e'plode na canço fnal, numa imagem que se renova através das geraç4es, num cont#nuo chegar e partir para estradas, dei'ando sempre atr*s de si, nesse grande circo da vida, a Bmagem da Arte.
Personagens
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Frederico Filho do médico de cSmara da imperatri! -eresa da ustria. 3everia ser médico tam$ém, mas se apai'onou pela equili$rista Agnes J(eatri!K e aca$ou no circo. Fundou a dinastia dos +nieps, que serviu de inspiraço para o poema de
uer entrar para o convento, mas o pai Oto no concorda. Casa)se com o trape!ista !#d$ig e um dia resolve tatuar a Iia "acra do "enhor dos Passos em seu corpo. As imagens aastam os le4es, o tigre e o marido. estuprada pelo ateu e %o&e#r R#do' , que se converte e morre depois do ato. A personagem tem cinco m9sicas em sua hist&ria, entre as quais 8eu :amorado e A (ela e a Fera. Marie e (eene ?meas que nascem do estupro de 8argarete, so a grande atraço de O ?rande Circo 8#stico. 3i! o poema que elas se apresentam nuas,
mas conservam as almas puras. 1evitam em cena, é pure!a mesmo U a# reside a verdadeira hist&ria do circo m#stico.
) O#tros personagens do circo* apresentadores da peça J8CVsK, palhaços, clo/ns, domador, pai do pierrot, m*gico, caeto, tatuador, reiras, vo2ers, anjos, p9$lico e $anqueiros. ) O#tros personagens da corte* imperador, imperatri!, médico e "ra. +nieps. ) O#tras personagens o Ca%aret* Iedetes.
CENAS
PRIMEIRO ATO INTRODU+,O (A peça tem início com os clowns voltados para as paredes laterais do palco. É o momento de pôr o nariz e sair em busca do seu par, desenvolvendo um jogo de expressões de amor e paixo, !ue termina com a composiço da "oto !ue inicia o #rande $irco %ístico& ('a se!uncia da "oto, os pares saem dançando o minueto. Ap)s uma passada de todos os casais, en!uanto todos continuam dançando, vo se destacando do grupo os personagens !ue "aro a apresentaço do circo. Antes de suas "alas, os personagens triangulam com o p*blico, colocam o nariz e "alam. Assim !ue terminam sua "ala, voltam para o grupo e continuam dançando&.
M-sica* 8inueto JAmWlie PoulainK ) instrumental
A APRESENTA+,O DO CIRCO ApresentadorX respeit*vel p9$lico, por respeito a todos e a respeito de n&s mesmos, vocs vo ver o espet*culo da vida de vocsY :o h* registro na hist&ria da humanidade de algo com maior capacidade de asc#nio e permannciaY A antasia da vida de vocsY -rape!istas por um fo, tigres de correr, homens $alas a voar, palhaços de no se conter, m9sicos pra sonhar, $ailarinas de nascer, mala$aristas de alar, macaquinhos que tanto pulam, m*gicos de ser... -
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Bntererncia de um palhaço JirônicoKX todos *vidos de jantarY
ApresentadorX eleantes e le4es. % entre eles um homem era que nada, mas nada mesmo, neste mundo lhe p4e medo... -
Bntererncia de outro palhaçoX :ossaY %m que jaula ele resolveu se trancafarZ %nto nada lhe apai'onaZ -
Apresentador J perturbadoKX 3e areia a lona, atraç4es para todos os olharesY Ienham todosY Ienham ao ?rande Circo 8#stico... -
5m trape!istaX 6A minha viso é universal[ e tem dimens4es que ninguém sa$e[ Os milnios passados e os uturos[ no me aturdem porque nasço e nascerei[ com todos os seres[ com todas as coisas[ que eu decomponho e a$sorvo com os sentidos[ e compreendo com a intelignciaY7 -
5ma $ailarinaX 6-enho os movimentos alargados[ "ou u$#quoX estou em 3eus e na matéria[ Compreendo todas as l#nguas, todos os gestos, todos os signos7 -
8*gicoX 6Posso estender so$re todas as ca$eças um céu unSnime e estrelado7 -
-odosX 6Chegamos e iremos como uma proecia[ A nossa passagem é esperada nas estradasY7 -
%quili$rista Japoiado sobre o e!uilibrista +, com os braços abertosKX 6-enho os $raços a$ertos como a cru! despedaçada e reeita[ todas as horas, em todas as direç4es, nos quatro pontos cardeais7 -
%quili$rista E Jo !ue est de base para o -KX 6% so$re os om$ros a condu!o, através de toda a escurido do mundo, porque tenho a lu! eterna nos olhos7 -
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8*gicoX 6% tendo a lu! eterna nos olhos sou o maior m*gico7
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3omadorX 6 ;essuscito na $oca dos tigres...
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Bntererncia de um palhaçoX "ou palhaçoY
3omador Jretomando a "ala anterior&/ 0..."ou ala e Tmega, pei'e, cordeiro, comedor de gaanhotos, sou rid#culo, sou tentado e perdoado, sou derru$ado no cho e glorifcado. % sou louco, inteiramente louco, para sempre, para todos os séculos, louco de 3eus, amém7 -
PalhaçoX 6% sendo a loucura de 3eus, sou a ra!o das coisas, a ordem e a medida[ sou a $alança, a criaço, a o$edincia[ sou o arrependimento, sou a humildade[ sou o autor da pai'o e da morte[ sou a culpa de tudo[ :ada sou7 -
ApresentadorX Acomodem)se em seus lugares, sejam todos $em vindos, muito $em vindos ao ?rande Circo 8#stico -
(ailarina Jcom ol1ar apaixonadoKX \ verdadeira hist&ria do Circo D ?rande e 8#stico -
CENA . / ABERTURA (A $orte se diverte. 2ersonagens caricaturas evoluem numa dança decadente&
OPERETA DA CORTE 1
LIMA, Jorge de. Poema do Christão in A Túnica Inconsútil. Cooperativa Cultural Guanabara, Rio de Janeiro,1938
(3mperador, 3mperatriz, o m4dico, o 5l1o do m4dico, outros personagens& Consta que houve algures e antanho :outra rosa dos ventos 5m ilustre doutor >ue dosava as ervas do $anho % preparava os unguentos Para o Bmperador 8inistrava a e'ata me!inha Para cada ma!ela 3as don!elas de honor % linda em$alsamava a ;ainha Conservando)a mais $ela Para seu amo e senhor Foi quiç* como recompensa Por miss4es to devotas >ue o egrégio doutor Contraiu ignota doença >ue se inchavam as pelotas % ululava de dor Para desconorto da Corte 3esprendia um aroma (em desanimador % afnal no catre de morte -ranseriu seu diploma Para o flho e sucessor Filho meu, Filho meu, s leal Como o ui até o fnal 3esta longa vig#lia ?uarda $em, flho meu Com sa9de A Fam#lia Bmperial ?ente, que rapa! dierente >uando olhava um doente 3esandava a cuspir >uase no podia ver sangue "e vestia de ga!e % no parava de rir 3ava cam$alhota em pal*cio "e alou que provava 3um estranho eli'ir Fato é que rou$ou um cavalo % num galope insensato Foi)se em$ora por a# Por a#... Por a#...
CENA 0 ) O FUNERA! ('este momento, do grupo !ue dançava, destaca6se o grupo do "uneral !ue vai segurando o tecido, dança e depois deposita o tecido sobre o c1o, na diagonal do palco. 7 m4dico vem andando sob o tecido em movimentos. 7 m4dico 4 amparado em seu leito de morte 8 no decorrer da cena vai passar seu diploma ao 5l1o 9rederico !ue rejeita a "unço e despreza esse mundo& (7 outro grupo 6 da apresentaço do circo 6 em bloco, do outro lado do palco tamb4m para pra ver 6 começam a c1orar 6 clowns em "arsa&.
8C Jdo meio do grupo de apresentaço do circoKX %m Iiena, durante o reinado de 8aria -ere!a da ustria, viveram os irmos Charles e Frederico +nieps. Frederico +nieps era o médico da cSmara da Bmperatri! -ere!a. %m ]^, casou)se e no ano seguinte teve um flho, tam$ém chamado Frederico. O pai resolveu que seu flho tam$ém seria médico, mas o rapa!... Bmperatri! J1oucaKX "ocorroY "ocorroY O rapa!ZY AhY OhY O rapa!Y Prendam o rapa!Y :o, no é isso. O que mesmo eu tenho que di!erZ Jquase tropeça no médico agoni!anteK. Ah, simY %u tenho que avisar Frederico que Frederico est* morrendo... =mm, se $em que isso ele j* sa$e... :oY %le no sa$eY Frederico no sa$e que chegou a hora de FredericoY 8eu po$re médico, no tem remédioY Cortem a ca$eça deleY 3igo, cu$ram a ca$eça dele Jpausa, olha para o médico, e'ageradaK Com @ores JsuspiroK, muitas @oresY 8as agora eu tenho que achar o flho dele. J19cida, sériaK :o h* mesmo remédio para a agonia Japonta para o médicoK, para a perda Japonta para o fm do tecido, como se apontasse para o flhoK e para a loucura Japonta para si mesmaK. JCorre, aos $errosK Frederico, Frederico, meu flhoY "eu pai est* querendo dei'ar est* CSmaraY "eu pai em pouco tempo estar* mortoY FredericoY (Acontece o jogo dos pal1aços 8 doença& Palhaço aponta para o médicoX :oente O outro palhaço aponta para o flhoX :emente -
:a mente ;ouco
-
inusite
Filho (exagerado e dramtico&X PapaiY (7s pal1aços continuam no jogo das doenças, con"orme o 5l1o vai levantando o braço do pai, a cabeça, etc&.
8édicoX Filho, agora que estou aqui, em meu leito de morte, é com olhar lSnguido e alma gélida que devo te di!er uma coisa... FilhoX Fale, papai, j* no h* nesta vida temor maior do que ver o estado em que se encontra o meu to aamado pai... 8édicoX :a verdade, é um pedido, meu 9ltimo desejo, por assim di!er... Palhaço do jogoX Niiiiii... FilhoX :em 3eus no céu nem a Bmperatri! desta terra me impediriam de atender to no$re s9plica, de um homem como o senhor, de um gnio da medicina de seu tempo, de um, de um... PalhaçosX testamentite[ mentirinha, hahahaY
pu'a)saquice[
oportunite[
e'agerite[
8édicoX Ioc que j* é Frederico como eu, tam$ém deve ser médicoY PalhaçosX se uditeY Filho Jtr*gicoKX :oY
8édicoX Jergue a cabeçaK :oZY Oh... J"az !ue vai morrer K FilhoX :oY Jtenta impedir a morte do pai& 8édicoX entoZ PalhaçosX tsc, tsc, tsc... FilhoX papai, voc tem que entender que no me $asta viver 0 sua som$ra. Olhe para essa corteY :o tem soluço, no tem jeito, no tem remédioY Palhaços Jem coroKX -em simY _Y % como temY Penicilina, cido Acetil "alic#lico, Jé A" pTYK, (actrin, =irudoid, Ioltarem, (e!etassil, =omeopra!ol, Flucona!il, +e@e', 3ramim, Plasil, (etinovat, ?ardenal, 8ucosolvan, (iotTnico Fontoura, `leo de F#gado de (acalhau, Bsordil, 8aalo', ;iocort, 1utal, 1idoca#na, 1ortinol, ;iocina, 1ompa', 8aracujina, 8elhoral, Al$ocresil, 1ora', Passi@orine, 3igo'ina, "inustrat, (uscopan, Oncilon, 1e'otan, -agamet, Flana', 3oril, Iiagra, ;esprin, Iitasai, Ce$ion, =2poglos, -roodermin, ?elol, ;eparil, -andrila', 1actopurga, Coristina, Nenical, ;oacutan, 3ormonide, ;ivotril, "aridon, B'el, :ovalgina, %pocler, 3ucola', Olen, 3ia!epan, Ierti', Anador, Pro!ac Filho J"ala simultaneamente com o coro dos pal1açosKX %ssa sociedade $urguesa, adormecida, até quando ignorar as contra)indicaç4es desse sistemaZ Os eeitos colaterais proundos da inércia, da acomodaço e da m* vontadeZ em avor do que est* a# que se d* a vidaZ %u no queroY Contra a cegueira da hipocrisia um médico como o senhor no prescreveu receita. 8édicoX :o seja to pretensioso, um dia voc tam$ém vai morrer, de qualquer jeito. Proporcione al#vio, ameni!e os males, voc vai se sair $em. Palhaços Jem coroKX 8orfna, 'iloca#na, $en!ina, nada na retina, quase coca#na, morfna, morfna, morfnaY
FilhoX A anestesia esconde a dor so$ o tapete macio desta reale!aY "e é para viver uma iluso, ento que seja a antasia de ve!, que a morte venha como um riso ... Javista a e!uilibrista ?eatriz K %u prefro o del#rioY 8édico Jagonia 5nal, suas *ltimas palavrasKX JisoK Ioc vai viver ineli!Y JmorreK Filho Jc1orando a morte do pai, ol1a para ?eatriz e vai, encantado, acompanhando)a com o olharKX Jpega o tecido nas mos, olha, rasga um pedaço e sai andandoK 8eu coraço oi partido e o nosso cordo oi que$rado. (7 grupo do "uneral !ue est segurando o tecido se prepara para levar o corpo do m4dico e sair de cena. etornam depois para o cotidiano do circo. Apenas ?eatriz continua com o tecido, brinca e dança com o mesmo, sempre ol1ando para 9rederico&
CENA 1 / O CIRCO (A cena 4 invadida pela "amília dos e!uilibristas e grupo do circo. Bssas personagens puras, portadoras de toda a arte, no s) do circo, executam movimentos e exercícios como se estivesse se preparando para uma apresentaço. :ureza, rigidez, disciplina e sacri"ício esto presentes nessa rotina, mas tamb4m poesia e encantamento (nem !ue seja "orçado, mas o p*blico 8 e no caso 9rederico 8 no percebem&. ?eatriz 4 e!uilibrista, dança e se movimenta com o tecido e sobre ele depois, est o tempo todo 5tando 9rederico. 9rederico est maravil1ado com tudo o !ue v, ol1a apaixonadamente para ?eatriz e acompan1a, como se levitasse, todos os seus movimentos, at4 os mais di"íceis, numa esp4cie de coreogra5a&.
8CX ;espeit*vel p9$lico, senhoras, senhores e crianças, todos vocs que aqui vieram e pagaram seus ingressos para nos prestigiar, fquem sa$endo que a nossa hist&ria começa aqui. (astou um categ&rico no e uma grande pai'o para romper uma tradiço. Frederico, o flho, decidiu que no seria médico como seu pai. % oi assim, cam$aleando, que o seu coraço se aprumou rapidinho so$re os passos de (eatri!, a equili$rista. % ento, os dois juntos, deram in#cio 0 dinastia do Circo +nieps. 3omadorX Jcom rigor K BssoY Bluminem o olhar...
(7s personagens, !ue inicialmente estavam executando os movimentos de "orma inercial, desanimados, todos com cara de m vontade, vo se animando e trans"ormando gradativamente o ambiente com "antasia, leveza, encantamento& (7s atores do circo esto num momento de "antasia, "elizes& (9rederico ainda est observando ?eatriz&
CENA 2 / FREDERICO E BEATRI3 (?eatriz apaixona6se por 9rederico e esta 5gura da côrte encontra no mundo do circo a satis"aço de todos os seus anseios. 7 dueto de amor tem como pano de "undo o cotidiano da "amília, como a nos lembrar !ue o amor no circo no estar nunca sozin1o, mas sempre acompan1ado de um trabal1o penoso e disciplinado&
FredericoX JtrmuloK Acho que hoje é o meu primeiro dia no mundo.
BEATRIZ (Canção com Milton Nascimento) J(eatri! , Frederico K BEATRI3 Olha "er* que ela é moça "er* que ela é triste "er* que é o contr*rio "er* que é pintura O rosto da atri! "e ela dança no sétimo céu "e ela acredita que é outro pais % se ela s& decora o seu papel % se pudesse entrar na sua vida Olha "er* que é de louça "er* que é de éter "er* que é loucura "er* que é cen*rio A casa da atri! "e ela mora num arranha)céu % se as paredes so eitas de gi! % se ela chora num quarto de hotel % se eu pudesse entrar na sua vida "im, me leva para sempre, (eatri! 8e ensina a no andar com os pés no cho
Para sempre é sempre um tri! A#, di! quantos desastres tem na minha mo 3i! se é perigoso a gente ser eli! Olha "er* que é uma estrela "er* que é mentira "er* que é comédia "er* que é divina A vida da atri! "e ela um dia despencar do céu % se os pagantes e'igirem $is % se um arcanjo passar o chapéu % se eu pudesse entrar na sua vida.
(eatri!X Acho que fnalmente, depois de tempos a fo Jcomo se andasse na corda bambaK, aprendi a andar no céu. FredericoX "im, um anjo. (eatri!X Jtoca o rosto de 9redericoK -oc*vel. FredericoX Jbeija ?eatriz K 3e ato, real e sem asas. Música: 7pereta de $asamento (instrumental& (7s pal1aços todos se agitam e durante a m*sica vo preparando os noivos para o casamento. =udo acontece muito rpido/ vestem o noivo, arrumam a noiva, aparece o pai da noiva !ue briga com ela, os noivos viram do outro lado e se casam (um dos pal1aços 4 padre&, os pal1aços jogam arroz nos noivos. 7s noivos saem acenando para a plateia e voltam, do outro lado do palco, para o nascimento de $1arlotte& (ideia do nascimento de $1arlotte atrav4s do tecido&
CENA 4 / APRESENTA+,O DE C(AR!OTTE (=odos se unem para a inauguraço e a abertura do circo. 9rederico e ?eatriz apresentam a 5l1a $1arlotte, a nova estrela do rec4m "ormado $irco Cnieps. Ao 5nal todos se retiram recol1endo suas coisas, j desmontando suas roupas. É o 5nal do espetculo. 7 cansaço. A vida realD&
8CX 3istinto e seleto p9$lico que permanece nos prestigiando. de pai'o em pai'o, que continuamos a nossa apresentaço. 3o amor de Frederico e (eatri!, nasce uma nova estrela, Charlotte. nas mos de Charlotte que a dinastia +nieps se propagar*, um novo circo, a mesma arte. (?eatriz e 9rederico desatam o laço e abrem uma caixa de presente en!uanto "alam com $1arlotte. >imultaneamente, os personagens do circo, inicialmente im)veis, apresentam o novo circo, como se saíssem da caixa&
(eatri!X Jcoloca a caixa !ue segura no centro do palcoK Charlotte, meu amor, oi assim que voc nasceu, era o fm de mais uma apresentaço. %u no comia h* dois dias porque sempre errava o passo fnal. Foram ao todo E horas de treino, duas noites sem dormir, como puniço tive que alimentar os animais todos os dias da semana, e ento eu acerteiY Foram tantos aplausos, echei os olhos mais de cansaço do que satisaço, e ento um sorriso mecSnico me e! dormir ali mesmo. "onhei que estava em cena... (7s personagens do circo esto em cena im)veis, começam a se movimentar como se saíssem da caixa no momento em !ue 9rederico des"az o laço e abre a caixa&
FredericoX Jdesatando o laço da caixaK "oltei grampo por grampo do ca$elo, achei que ia acordar, mas no. Fui de $oto em $oto até chegar no laço Jdes"az de vez o laçoK. %u tinha voltado s& para apagar as lu!es, mas parecia que outro sho/ tinha começado Jabre a caixaK. (7s outros personagens j esto apresentando o novo circo&
3omadorX Ienham, tragam suas am#lias e amigos. %sto todos convidados para esta noite de estreia, crianças pagam meia entrada e dos idosos no co$raremos mais do que um sorriso novinho em olhaY CharlotteX %u quero amar assim, talve! mais ainda. %u quero dançar muito para o meu amor. % quero amar muitas ve!es e dançar muitas
ve!es para quantas orem as plateias, as cidades, os amores, quantos oremY ABERTURA DO CIRCO (Inst!mental) (9rederico, ?eatriz, $1arlotte6a 5l1a, outros personagens& (eatri! J"ec1ando a caixaKX , mas no fm ca#mos e'austos, dormimos por l* mesmo e omos repreendidos no amanhecer Jestalo de um c1icoteK. Chegar, treinar, cair, castigar, doer, apresentar, partir, chegar, treinar, apresentar, partir, chegar treinar, apresentar, partir Jos personagens realizam gestos como se entrassem e saíssem da caixa, con"orme as "alas, at4 se cansarem e sentarem no c1oK. :o é *cil a repetiço, a e'austo. A pereiço cansa. O p9$lico no pagou as suas ma!elas e delas no quer sa$er. O espet*culo cansa, o corpo cansa, o se'o cansa o corpo cansado. % ento o amor tam$ém cansa. Ioc vai sa$er disso tudo. (A 5ta !ue amarrava a caixa 5ca largada no c1o do palco. A caixa 5ca do outro lado&
CENA 5 / Charotte e o Pierrot ($1arlotte est son1ando !ue se apresenta para uma grande plateia, maravil1ada&
CB;A:3A 3A (AB1A;B:A JCoralK ($1arlotte e pal1aços& Procurando $em -odo mundo tem pere$a 8arca de $e'iga ou vacina % tem piriri, tem lom$riga, tem ame$a "& a $ailarina que no tem % no tem coceira (erruga nem rieira :em alta de maneira %la no tem Futucando $em -odo mundo tem piolho Ou tem cheiro de creolina -odo mundo tem um irmo meio !arolho "& a $ailarina que no tem :em unha encardida
:em dente com comida :em casca de erida %la no tem :o livra ninguém -odo mundo tem remela >uando acorda 0s seis da matina -eve escarlatina ou tem e$re amarela "& a $ailarina que no tem 8edo de su$ir, gente 8edo de cair, gente 8edo de vertigem >uem no tem Conessando $em -odo mundo a! pecado 1ogo assim que a missa termina -odo mundo tem um primeiro namorado "& a $ailarina que no tem "ujo atr*s da orelha (igode de groselha Calcinha um pouco velha %la no tem O padre tam$ém Pode até fcar vermelho "e o vento levanta a $atina ;eparando $em, todo mundo tem pentelho "& a $ailarina que no tem "ala sem mo$#lia ?oteira na vasilha Pro$lema na am#lia >uem no tem Procurando $em -odo mundo temb (Aparece o 2ierrot, pega o laço do c1o e amarra no cabelo (ou no vestido& de $1arlotte. 7 2ierrot entra no jogo de $1arlotte. :e repente 5cam maravil1ados com a mul1er6linda !ue aparece em cena como se saísse da caixa. A mul1er6linda se trans"orma na mul1er6macaca. $1arlotte e o 2ierrot se assustam e se abraçam. Aparece o pai do 2ierrot e guarda a mul1er6 macaca novamente na caixa& J$1arlotte e 2ierrot suspiram apaixonados. >urge o 2ai 2ierrot. 7s trs realizam uma dança ingnua de buscas e receiosDÉ uma amor in"antil e puro, com a descoberta 5nal do sexoK
"A#$A DO$ C#O%N$ ( canção com &ane D!'oc) ($1arlotte65l1a de ?eatriz e 9rederico, 2ierrot, 2ai 2ierrot&
6A!SA DOS C!O7NS %m toda canço O palhaço é um charlato %sparrama tanta gargalhada 3a $oca pra ora 3i!em que seu coraço pintado -oda tarde de domingo chora A$ra o coraço 3o palhaço da canço %is que salta outro arrapo humano % morre na co'ia 3entro de seu coraço de pano 5m palhaço alegre se anuncia A nova atraço -em um jovem coraço >ue apertado por estreito laço Amanhece partido 3entro dele sai mais um palhaço >ue é um palhaço com o olhar ca#do % esse charlato Iai cantar sua canço >ue comove toda a arqui$ancada Com tanta agonia 3entro dele um coraço olgado Cantarola uma outra melodia CENA 8 / O casa9ento de Charotte e o Pierrot (Acontece a mesma per"ormance do casamento. 7s pal1aços preparam os noivos, o padre "az o casamento, os pal1aços jogam arroz, etc, etc. >urgem grupos de convidados para o casamento. 7s pais preparam $1arlotte e 2ierrot&
8C Jcantando sozin1oKX Com uma hora de vida...a guria distra#da...o pierrot encantou...mal e mal se $eijaram...um novo circo criaram...atando assim outros n&s...dessa unio nasceu Otto...da arte pouco devoto...outro circo criou...
OPERETA DO CA$AMENTO Coal ($1arlotte, 2ierrot, 9rederico, ?eatriz, 7tto e outros personagens& :em assa! alhures e antanho %ra um evento tamanho A sagraço nupcial Iinha a noiva de gargantilha
Caçoleta e rendilha 3iadema e torçal 8as se houvesse algum em$araço 3era a moça um mau passo >uanto horror e desdém %la ia parar no convento Ba dormir ao relento Ou deitar nos trilhos do trem 3o pudor da noiva a $andeira Ap&s a noite primeira 3esraldava)se ao sol A sua virtude escarlate Bgual $raso de tomate %no$recendo o lençol 8as se no houvesse tal mancha que outra mancha mais ancha "e ocultava por tr*s % rapa! pagava o malogro Com a vendeta do sogro Ou a mal#cia dos mortais Oh meu pai Oh meu pai, por avor Condenai o nosso amor 3e langor e lu'9ria 8as poupai, oh meu pai :osso flho 3a 9ria do "enhor O guri nasceu apressado :em um ms de casado -inha quem o gerou >uando o pai caiu nos inernos Foi nos $raços maternos >ue ele se pendurou >uando a me caiu na sarjeta Foi seguindo a opereta :a garupa do avT >uando o avT caiu do cavalo Foi chorar no intervalo % mais um ato começou Palhaço, corista -rapé!io, dançarina 8aestro, cortina é na @auta e pé na pista
(;ogo nasce 7tto, !ue no se identi5car com nen1um personagem do $irco, pois ser ele !ue dar início E uma nova geraço cultural, interessando6se por uma mul1er "ora do ambiente circense&
CENA : ) A partida do circo para o#tra cidade (os personagens arrumam suas coisas para partir. Bn!uanto isso, 7tto, !ue no !uer seguir o circo, como se estivesse apresentando um n*mero "ala &
OttoX Como no casulo, a prote#na se come por dentro, para se li$ertar do alvéolo. :utrimos nossas vidas envoltos na lona, o desejo de voar sem cho, encantamento. :o ovo, o calor, a umidade. Aqui, a veia quer mais. "o press4es que esto chamando. O ovo vai se partir. O terremoto no tarda. 3e malas eitas, como um $ando de aleluias, e'plodiremos todos os espaços. -udo preparado para a esta. :este cho que dei'amos, desco$erta e do$rada a lona, restar* apenas a casca dos casulos, relic*rio m#stico resistindo ao tempo. AnsiamosY -emos saudades de uturo. :os camarotes da vida que começa Jou recomeçaZK, testamos as asas em vi$rante. -estamos o $atuque sincopado das patas. "omos partes de um en'ame E.
CENA ; / O Ca%ar< (Fm grupo de mul1eres vm em direço contrria. 7tto 4 o *nico !ue anda, no meio do palco, do "undo para a boca de cena, devagar, apenas observando os movimentos em sentido contrrio. 7s personagens do circo aos poucos vo se deixando seduzir pelas mul1eres& (7 palco 4 violentado por essa onda de erotismo. A pureza do $irco o amor po4tico do lugar ao amor paixo, ao amor sexo&
8CX % eis que o grande circo cru!a com o Ca$aré. -odos se o$servam. o grande encontro de duas linguagens, duas culturas... (7 %$, com ares de ca"eto, "ala o texto a seguir, en!uanto as vedetes vo se apresentando de "orma sensual. 7s demais personagens do circo, jogam cartas, "umam e bebem como se estivessem num cabar4. 7tto, apesar de se sentir "ora de seu ambiente brinca com essas novas 5guras e apaixona6se por ;ilG a vedete do cabaret&
2
Adaptado, o! ver"o" na #ntegra do poe!a Estações, de Ru$ %roen&a, in A Lua Investirá Com Seus Chires. 'd. Giordano, ()o %aulo, 199*.
8CX Com h*lito de champagne[ % pernas de salto alto. "ua pele @uorescente[ doce e rerigerada[ % na sua conversa ausente[ -udo no quer di!er nada J...K %las vo em cSmara lenta[ "em sorrir demasiado[ % olham como sem ver[ Com seus olhinhos cromados. IedetesX :&s somos as inorgSnicas[ Frias est*tuas de talco IedetesX :&s somos as sonolentas[ 8onjas do tédio incons9til [ %m nosso escuro convento[ A ordem manda ser 9til J...K[ :&s somos as esotéricas[ Filhas do Ouro com a 8iséria[ O gnio nos enastia[ % a estupide! nos diverte[ Amamos a vida ria[ :&s somos as $ailarinas[ Pressagas do cataclismo[ 3ançando a dança da moda[ :&s somos as gr)unestas[ 8as nada nos incomoda[ 3e ve! que h* sempre quem paga[ O lu'o de entrar na roda Ielha IedeteX Jem um canto do palco, tirando a maquiagem, se despindoK 3ormimos a nossa sesta[ %m ata9des de cristal IedetesX % s& tiramos do rosto[ :ossa m*scara de cal[ Para o drinque do sol posto[ Com o cronista social J7tto o"erece um drin!ueK
DANA DE #I#* BRO%N ( Canção +o ,al Costa) (;ilG, As irms de ;ilG, vedetes, 7tto 9rederico& CO8O :58 ;O8A:C% O =O8%8 3O" 8%5" "O:=O" 8% APA;%C%5 :O 3A:CB:?, %;A 8AB" 58 [ "` >5% :58 ;%1A:C% O" "%5" O1=O" 8% C=5PA;A8 F%B-O 58 HOO8 ) 5ma 1ill2 canta para cada platéia, as outras suspiram pelos meninos que vm chegando, quando os casais se perce$em, as meninas vo se apro'imando atra#das pelos olhos deles como se estivessem sendo sugadas por um !oom. %1% 8% CO8BA CO8 A>5%1%" O1=O" 3% CO8%; FO-O?;AFBA" , %5 3B""% C=%%"% [ % 3% C1O"% %8 C1O"% F5B P%;3%:3O A PO"% A- "O;;B; F%1BH )-roca de lugar entre as 1ill2s, os meninos desejam as , que posam como se estivessem sendo otograadas, até se perce$erem tortas sorrindo apai'onadas. 3
M+RA'(, iniiu". As mulheres ocas in Para !iver "m #rande Amor. Jo" +l$!pio, RJ, 1983.
% IO1-O5 , 8% OF%;%C%5 58 3;B:+ 8% C=A8O5 3% A:5% 8%5 CO;PO %;A "` 3%1% A>5%1A :OB-% [ %5 3B""% P1%A"% [ C=A1% :O 3%CO-%, 3B"PA;%B CO8 A" FAC%" ;5(;A" % F%(;B" ) Os , $$ados, tentam agarrar as meninas, que os aastam. %les viram de costas e elas se ajeitam Jdevem ter fcado um tanto desarrumadas depois de terem sido agarradasK % IO1-O5, :O 3%;;A3%B;O "=OM CO8 PO%8A" % 58 (5>5 [ %5 3B""% A3%5", < IO5 CO8 O" 8%5" :58A -O5;:%% ) Os meninos J!ue estavam de costasK viram)se cheios de poemas, @ores, presentes, Jque um clo/n pode entregar para elesK As se juntam e do as costas, a!endo tchau!inho CO8O A8A; %"PO"A, 3B""% %1% >5% A?O;A "` 8% A8AIA CO8 %"PO"A, :O CO8 "-A; ) %les se atrapalham, derru$am tudo o que carregavam para procurar nos $olsos os anéis de noivado, oerecem para elas, que voltam e aca$am aceitando 8% A8A""O5 A" ;O"A", 8% >5%B8O5 A" FO-O", 8% (%B
enquanto recolhem as rosas que esto amassadas no cho, fcam l*, jogadas, e os meninos vo em$ora.
CENA .= / Pai&>o de Otto por !i" Otto e 1ill2 J"alam intercaladamenteKX AmaZ D Amo ) %nto D o pro$lema ) >ual é o pro$lemaZ D é que um circo D no sei o que D convence D no é lona ) seu coraço D no é cela D é preciso D no entanto ) nunca se sentir D nesta tela ) completo D me enclausura D a procura D no me d* ) é para dentro D uma s& coisa ) no precisa D que no seja D sair ora D nessas arestas ) mas precisa D nem uma resta ) ver l* ora D para o mundo ) tra! pra dentro D nem um segundo ) o artista D que no seja ) a cama D neste undo do $a9 ) a conquista D sem grana ) o acontecimento D sem am$iço ) eu no me canso D vida mundana ) quero mais D e eu queria tanto ser ) de voc D maior e mais ) em mim D gente grande mesmo ) contemplar D e continuar ) acontecer D por longo tempo ) no te quero D por um tempo ) no quero mais D indefnidamente ) e ao mesmo tempo D com desejo ) quero tanto D para além de uma estrela ) no ca$e em mim D a crescer ) to grande é. Otto ) Amo D o pro$lema ) é que D um circo D no é lona D no é cela D no é tela D no entanto D me enclausura D no proporciona D uma s& coisa D que no seja D nessas arestas D nem uma resta D para o mundo D nem um segundo D que no seja D neste undo D do $a9 D sem grana D sem am$iço D vida mundana D e eu queria tanto D ser D maior e mais ) gente grande mesmo D e continuar D por longo tempo D por um tempo D indefnidamente D com desejo D para além de uma estrela ) a crescer. 1ill2 ) AmaZ ) %nto D >ual é o pro$lemaZ D no sei o que D convence D seu coraço D é preciso D nunca se sentir D completo D a procura D é para dentro D no precisa D sair ora D mas precisa D ver l* ora D tra! pra dentro D o artista D a cama D a conquista D o acontecimento D eu no me canso D quero mais D de voc D de mim D acreditar D contemplar D acontecer D no te quero D no quero mais D e ao mesmo tempo D quero tanto D no ca$e em mim D to grande é. (7tto e ;ilG se praparam para o sexo. :ançam o amor paixo "eito de buscas e rejeições&
CENA .. ) Desencontro (;ilG j no se satis"az com a imagem de 7tto !ue aos poucos se tornou prepotente. 7s dois mundos j no se complementam mais&
1il2X preciso criar uma nova vida, uma nova arte...me lançar em uma nova aventura. 3o sonho para o pesadelo, para a auto dilaceraço. Para quem sa$e uma nova purifcaço. (;ilG entrega6se ao sadismo do tatuador, para !ue l1e imprima no ventre uma imagem sagrada. Bm seu delírio, misto de maso!uismo e santidade percebe 5guras de "reiras negras e santas !ue vagam no espaço. =amb4m um grupo de 0voGeursH vem juntar6se a essa paixo e morte. 7tto assiste a tudo impotente e assustado com o poder de entrega de ;ilG. Fne6se a ela por um momento. É desse universo !ue nasce %argaret1&
CON6ERS,O DE !I!? BRO7N @Instr#9enta (;ilG, 7tto 9rederico, %argaret1 6 9il1a de 7tto e ;ilG, o =atuador, 9reiras 'egras e IoGers&
$E,UNDO ATO INTRODU-O 8CX 3istinto e seleto p9$lico, to presente nesta hist&ria como todos n&sY >uantas voltas neste circo)mundo)viajante... Frederico no quis ser médico como seu pai. -rocou as paredes da CTrte pelos tecidos do circo e se casou com (eatri!, a equili$rista. 3esse amor nasceu o circo +nieps e Charlotte. A grande estrela Charlotte $rilhou nos olhos do Pierrot, num outro tempo, num outro espaço, no mesmo circo) mundo)a$issal. % deles nasceu Otto que, entre o amor e a arte, resolveu despencar nos $raços da incr#vel vedete, 1ill2 (raun. :um outro tempo, num outro espaço, no mesmo)circo)ca$aré. ;epare, no$re p9$lico, quantas voltas neste circo)mundo)espiralX quantas tramas, quanto tempo percorrendo um s& caminho e ninguém se encontra nunca no mesmo ponto de onde partiu. :em no amor, nem na arte, quem se encontraZ 1ill2 e Otto no casaram, o circo j* no
era mais o mesmo. Otto dei'ou de acreditar na arte que 1ill2 viu com outros olhos. 3o amor e &dio conheceram as duas metades. % desse desencontro entre amor &dio e arte nasceu 8argareth, que tra! o mundo 0 @or da pele.
CENA .0 / Apresenta>o de Margareth (%argaret1 est tomada por uma crise de misticismo e tem um encontro com uma procisso de "reiras brancas. 7 circo, 'a 5gura do pal1aço tenta atraí63a por todos os meios, sem resultado&
8argareth Jenvolta num imenso manto, vai cobrindo aos poucos todos os personagens do circoKX 6Atirantadas 0s nuvens, as sensaç4es armam o circo. Corre o !#per da melancolia. Cinco ces so$ clarins. Cinco céle$res acro$atas rasgam a lona do céu. As sensaç4es avessas 0s nuvens. As sensaç4es no estacionam, as nuvens sim. A $aqueta do m*gico e a linha do retr&s invis#vel arrematam todas estas adversidades7G Jretira)se levando o mantoK
OREMUS ) Cora (%argaret1, 7 3luminado, 7s Anjos ?rancos, 2al1aço com osa, 9reiras ?rancas&
CENA .1 / De#s (Bm sua alucinaço %argaret1 declara o seu amor por $risto e se dei xa envolver por 5guras de anjos brancos !ue a acompan1aro a vida toda&
MEU NAMORADO @Can>o por Si9one J8argareth, O Bluminado, Os Anjos (rancosK MEU NAMORADO %le, vai me possuindo :o me possuindo :um canto qualquer como as *guas @uindo Fluindo até o fm $em assim que ele me quer 8eu namorado
Adaptado de As Sensações, Ru$ %roen&a in A Lua Investirá Com seus Chires, Ed #iordano, São Paulo, $%%&.
8eu namorado 8inha morada é onde or morar voc %le vai me iluminando :o iluminando 5m atalho sequer "ei que ele vai me guiando ?uiando de mansinho Pro caminho que eu quiser 8eu namorado 8eu namorado 8inha morada é onde or morar voc Iejo meu $em com os seus olhos % é com meus olhos que o meu $em me v
CENA .2 / Tat#ador (As sombras desaparecem e na sua solido irrompe o pal1aço !ue a atrai e l1e apresenta o tatuador. Ao contrrio das 5guras religiosas ela agora se mistura com o !ue 1 de mais real, as 5guras do povo. 7 tatuador acaba por l1e imprimir na carne todo o seu amor a :eus. 2ode ento dar prosseguimento ao circo, ao novo circo !ue tem sua marca de misticismo&
O Tat#ador JBnstrumentalK D enquanto personagens alam (%argaret1,7 =atuador, 7utros 2ersonagens& Personagem X 6As geraç4es da virgem esto tatuadas no ventre escorreito, porque a virgem representa tudo o que h* de vir. =* arco) #ris tatuados nas mos, h* (a$éis tatuadas nos $raços.7 Personagem EX 6A virgem tem o corpo tatuado por 3eus porque é a semente do mundo que h* de vir. :o h* um mil#metro do corpo sem desenho e sem plantas uturas7 Apresentador X 6Iamos ler a virgem, vamos conhecer o uturoX repare que no so eneites, & homens de vida curta. Olhai, so tatuagens dentro de tatuagens, so geraç4es saindo de geraç4es7 Apresentador EX Iejam a serpente tatuada nela, vejam o anjo tatuado nela. Iejam uma Cru! tatuada nela. Iejam, senhores, que no pagaro nada. o supremo espet*culo, meus senhores.
8argarethX %nsinarei os mistérios, as letras sim$&licas até o Tmega. Ienham ver o tra$alho admir*vel gravado no corpo da virgemX a hist&ria do mundo, a estratosera ha$itada, o m*gico -im)+a)1u viajando na lua. Porque a virgem é admir*vel e tem tudo. Apresentador X Ienham, senhores, que no pagareis nadaY Apresentador EX A imagem da inocncia, da vol9pia, do crime, da $ondade, as representaç4es incr#veis esto no dorso da virgem, no pescoço, na ace. Io sair tumultos das tatuagens. um momento muito sério, meus senhores. Io sair grandes revoltas. =* um mar tatuado na virgem, com os sete dias da criaço, com o dil9vio, com a morte. Apresentador X Ienham, senhores, que no pagareis nadaY ApresentadorEX "enhores, hoje h* espet*culo no mundoY ApresentadorX Iamos ver a virgem, a virgem tatuada, a virgem tatuada por 3eus. %la est* nua e ao mesmo tempo vestida de tatuagens. 8eus senhores, a virgem vai se desdo$rar em milnios. =* intuiç4es nas tatuagens, h* poemas, h* mistérios. 8argareth Jcobrindo6se com o manto e se retirando de cena, seguem6 na todos os personagens, como seguidores de um pro"eta KX por isso que o espet*culo é $onito. por isso que a virgem vos atrai. Ienham, senhoresY7
CENA .4 / O Noo circo e a pai&>o de Margareth por !#d$ig (%argaret1 encontra ;udwig, o astro dos trapezistas. Agora ela ad!uire um novo poder, al4m do c1icote, o das imagens sagradas em seu corpo tatuado !ue "az com !ue as "eras se amansem&
8argarethX ;espeit*vel p9$licoY Iocs vo ver o espet*culo da vida de vocs...
8C Jinterrompe subitamente %argaret1KX %ra uma ve! um circo. O circo é um espaço que se desenha redondo num cho e desse c#rculo so$em as estruturas de metal, que vo sustentar a lona, trapé!ios, lu!es, todas essas coisas. 3o lado de dentro, tinha uma arqui$ancada, cheia de gente, que fcou em silncio, pra prestar atenço em tudo. Ao redor do circo fcam as jaulas dos animais e os trailers com os artistas. %les treinam o dia todo ) preciso e prontido ) como quem prepara a casa para rece$er visita a que se tem em alta estima. %les se preparam inspirados no p9$lico e para o p9$lico. \ noite, o p9$lico entra no mundo deles e se encanta. 8CX 8argareth é flha, neta e $isneta de grandes artistas circenses. %la dirige este circo e o seu corpo é todo tatuado. Os desenhos no seu corpo comp4em o mapa que condu! 0 mem&ria o dom e o sentido das e'perincias de cada uma das geraç4es da dinastia do ?rande Circo +nieps. 8argareth é quase um circo em tamanho real no meio do universoX o que se v do lado de ora é o circo, mas as marcas por ora levaram as sensaç4es para dentro. % a cada novo espet*culo, parece que a respiraço oegante empurra essas sensaç4es cada ve! mais pra dentro, penetra tecidos, penetra células, atravessa a parede da alma e vai encontrar a -erra "em 8al. 8CX 1ud/ig é o mais jovem trape!ista da trupe. %le é muito talentoso e $onito. =oje é a sua primeira apresentaço. =* dias est* se preparandoY Parece que o cansaço oi uma etapa esquecida. O corpo, to o$ediente mesmo aos movimentos mais di#ceis, parece que j* se esqueceu de sentir um corpo e oi a$sorvido pelos mecanismos do rel&gio do circo. Personagem qualquerX Psssiu. Olha, esto $ai'ando a lu!, j* vai começar...
CENA .5 ) Trapezistas ($omo líder do circo, %argaret1 apresenta o n*mero dos trapezistas liderados por ;udwig&
8argarethX "enhores, senhoras e crianças, é com muito orgulho e satisaço que apresento agora o nosso mais novo n9mero de trapé!ios voadoresY %streando 1ud/igY 5ma salva de palmas para eleY
('o instante em !ue %argaret1 "ala Jtrap4zios voadoresK, os trap4zios realmente voam pelo circo e ;udwig Lutua, com naturalidade&
8argareth JadmiradaKX Iejam issoY surpreendenteY quase inacredit*velX ele est* voandoY -odosX OhY 1ud/ig JvoandoKX Agora d* pra ler, 8argarethY 3aqui todas essas suas marcas a!em sentido. %ssa lona empoeirada tem infnd*veis gros de areia, vindos de lugares onde s& os sonhos alcançam. A pr&'ima parada tinha que ser aqui. "onhos comuns se encontram, cada aresta se f'a 0 terra, essa lona empoeirada co$re a todos. Fa! sentido a tua carne e agora, se eu echar os olhos, estou seguro, preparado para o salto. $OBRE TODA$ A$ COI$A$ JCanço por ?il$erto ?ilK (%argaret1, ;udwig, 7 Anjo ?ranco, 7utros 2ersonagens& $OBRE TODA$ A$ COI$A$ Pelo amor de 3eus :o v que isso é pecado, despre!ar quem lhe quer $em :o v que 3eus até fca !angado vendo alguém A$andonado pelo amor de 3eus Ao :osso "enhor Pergunte se %le produ!iu nas trevas o esplendor "e tudo oi criado ) o macho, a mea, o $icho, a @or Criado pra adorar o Criador Bnventou a criatura por avor "e do $arro e! alguém com tanto amor Para amar :osso "enhor :o, :osso "enhor :o h* de ter lançado em movimento terra e céu %strelas percorrendo o frmamento em carrossel Pra circular em torno ao Criador Ou ser* que o deus >ue criou nosso desejo é to cruel 8ostra os vales onde jorra o leite e o mel % esses vales so de 3eus Pelo amor de 3eus :o v que isso é pecado, despre!ar quem lhe quer $em :o v que 3eus até fca !angado vendo alguém A$andonado pelo amor de 3eus
8CX % agora, meus senhores, 1ud/ig se prepara para o salto mortal para dentro de 8argarethY Agora que a viso completa lhe permitiu clare!a so$re o mapa do universo, 1ud/ig est* pronto para amar 8argareth. um n9mero muito di#cil esse. %'ige muita concentraço. Atenço, ele olha para o alto, seu olhar permite ver além da lona. Agora ele olha 8argareth $em nos olhos... 1ud/ig Jarremessando6se num salto mortal, gritaKX 8argareth, eu amo vocY 8CX "enhoras e senhores, protejam suas criançasY impressionante, mas 1ud/ig agora parece entrou em choque e est* caindo inconscienteY assustador, 8argareth tam$ém est* paralisada, permanece de olhos echados e de $oca a$erta. Iejam issoY %st* tatuado em seu rosto a morte de 1ud/igY %le morre por no poder satisa!er o seu desejo, j* que as imagens sagradas no corpo de sua amada o tornam impotente...JpausaK 3istinto e seleto p9$lico, lamentamos inormar, mas o nosso mais novo trape!ista 1ud/ig, oi engolido pelo mundo. (;udwig, !ue at4 agora voava em direço de %argaret1, "oi engolido por ela. %argaret1 c1ora, os outros artistas apenas "alam 71@ A1@ durante as "alas do %$&
8CX Ai, quantos desastres nesse mundo)circo)de panoY >ue miséria, meu 3eusY 1ud/ig se apai'onou pelo mundo, pela vida, como se osse algo que no estivesse em si, ele viu a vida de ora, mergulhou de ca$eça e se assustou tanto quando viu que sua hist&ria j* a!ia parte do mundo e era ele, no conseguiu enrentar as adversidades. %u avisei, 8argareth, eu avisei... :o é *cil amar, encontrar no outro o que est* em si.
CENA .8 ) Margareth e o (o9e9)'era @est#pro (%argaret1 c1ora desesperadamente a morte de ;udwig. 7 1omem6"era, vendo6a c1orar, se aproxima dela, para seduzi6la&
A BE#A E A .ERA =ouve a declaraço, oh $ela 3e um sonhador tit 5m que d* n& em paralela % almoça rolim O homem mais orte do planeta -&ra' de "uperman -&ra' de "uperman % coraço de poeta :o $rilharia a estrela, oh $ela "em noite por detr*s -ua $ele!a de ga!ela "o$ o meu corpo é mais 5ma centelha num graveto >ueima canaviais >ueima canaviais >uase que eu f! um soneto 8ais que na lua ou no cometa Ou na constelaço O sangue impresso na ga!eta -em mais inspiraço :o $ucho do anala$eto 1etras de macarro 1etras de macarro Fa!em poema concreto Oh $ela, gera a primavera Aciona o teu condo Oh $ela, a! da $esta)era 5m pr#ncipe cristo ;ece$e o teu poeta, oh $ela A$re teu coraço A$re teu coraço Ou eu arrom$o a janela.
=omem)eraX 3orme enquanto eu velo... Jri "erozmenteK 3ei'a)me sonhar JriK. >uanta $esteiraY Ioc realmente acredita que possoZ Jrasga um pedaço da roupa de %argaret1K. :ada em mim é risonho. >uero teu corpo para o meu consumo insano JriK :o para te amar. A tua carne calma é ria em meu querer. Os meus desejos so cansaços. :em quero ter nos $raços qualquer sonho do teu ser. J2ica %argaret1 em pedaços, junta tudo num montin1o&. Agora dorme. 3orme, dorme, dorme (ironicamente carin1oso&. Iaga em teu sumir... %u sonho sem sentir.4
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%'((+A, 0ernando. eto !odiiado, etra#do de Poemas de Amor.
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8CX ;udol era o homem)era. ;udol nasceu, oi criança e se esqueceu. %le no chorava porque era muito orte. % por isso ele tam$ém no tinha sonho, porque sonho é coisa muito r*gil. "e ele pegasse algum sonho com as suas mos, certamente que$raria. % assim, dei'ou de sonhar. %nto disseram a ele que o amor era leve, to leve, que ele nunca iria sentir seu peso. Passou a acreditar que nunca amou e nem amaria um dia. >uando ele cresceu, apresentaram a ele um mundo de l, vidro, casca de ovo, algodo, purpurina, linha, cetim e ele fcou muito eli! porque destoava tanto disso tudo, que todo mundo o notava. %nto, a cada dia, mais e mais, oi fcando mais orte, mais $ruto, para que cada ve! mais pessoas o vissem. >uando ele encontrou 8argareth chorando, to amassada, com as linhas de seu mapa quase apagadas, com o coraço em luto por 1ud/ig, sem sentir e sem sonhar, oi l* perto dela e rasgou)a em pedaços. % depois de tanto rasg*)la, perce$eu que gostava dela. ?ostavaZY %nto ele sentia alguma coisaZY % perce$eu que ela aria muita alta assim rasgada. Fa!er altaZY %nto ele sentia mesmoZY % da# sonhou que poderia reconstitu#)la. "onho tam$émZY Foi correndo juntar os pedaços, e assim que juntou tudo, viu que duas peças eram to parecidas com ele. %ra um espelho, eraZ :o era. ;udol gerou em 8argareth, duas peças a sua imagem e semelhança. ?meas, 8arie e =elene, as flhas de ;udol e 8argareth. %nto ele no agentou e morreu. Jblecaute, "oco no !uebra6cabeça, blecauteK
CENA .: D O nasci9ento de Marie e (eene (Alucinada por esse misto de sexo e :eus, %argaret1 d a luz, sozin1a, as gmeas %arie e
PA""A?%8 3% 8A;?A;%-= ?;IB3A J BnstrumentalK (%argaret1, %arie,
8CX como se a vida lhe pudesse chamar a atenço. -anta violncia era s& para chacoalhar a conscincia de 8argareth. como se o sorimento pudesse su$limar o corpo tatuado dela. -am$ém, agora ela no precisava mais das marcas que lhe despertavam um universo de desejos e aspiraç4es. como se pudesse virar do avessoX engolir o mundo que estava 0 @or da pele e $otar para ora as sementes que carregava dentro J%argaret1 poderia estar vestindo uma luva toda desen1ada 8 tatuada 8 e !ue, no momento desta "ala, ela tirasse de uma mo e vestisse do avesso na outra& 8argarethX 6Parece, minha ?rande Arte, que me desdo$rei, que me multipliquei, que a chuva dos céus cai dentro das minhas mos, que os ru#dos do mundo gemem nos meus ouvidos, que cidades se incendeiam dentro de minhas &r$itas. Parece que as noites escurecem dentro do meu ser m9ltiplo, que eu alo sem querer por todos os meus iguais, que eu ando cada ve! mais em procura de ti. Parece que tu me alongaste os $raços 0 procura de clare!a e conscincia. Parece que cada gesto meu se esorça em ser a ha$itual nature!a, que no palco no é a minha, mas a da humanidade que eu e'perimento. Parece que nas minhas veias correm rios noturnos, em que $arqueiros remam contra marés montantes. Parece que em minha som$ra o sol desponta e se deita. % minha som$ra e meu ser valem um minuto do ?rande %spet*culo7 (2er"ormance para %arie e
CENA .; ) Marie (eene e o P-%ico 8CX 8arie e =elene, a purifcaço fnal da dinastia, transcende a pr&pria arte do circo e se tornam personagens santas, santidade que é a pr&pria essncia do artista. %las se em$alam, envoltas por mes e pais vindos do povo, como a que lem$rar)lhes a vida real. >ue elas s& e'istem porque eles e'istem. o povo que d* a vida ao artista. (%arie e
8arieX 6:a grande comédia do mundo, todas as almas quentes ocupam o teatro. =eleneX -odos os homens de gnio encontram)se na plateia. 8arieX Os primeiros chamam)se loucosY *
Adaptado de A multi'licação da Criatura in 4A 5nia Inon"5til6, Jorge de Li!a
=eleneX Os segundos, de quem os primeiros se dedicam a copiar as loucuras, chamam)se s*$ios. o olho do s*$io que capta o rid#culo de tantas personagens diversasY 6 ^ 8arieX 6Percorrendo assim os séculos e os esp#ritos, imitando o homem tal como ele pode ser e tal como é, o ator conunde)se com outra fgura a$surdaX o viajante. =eleneX % como viajante, o ator esgota uma coisa que percorre sem cessar. %le é o viajante do tempo e, se é um grande ator, torna)se o ansioso viajante das almas7. 8arieX 6%le vai morrer dentro de duas ou trs horas so$ um rosto que no é o seu. :essas duas ou trs horas ele vai até o fm do caminho sem sa#daV que o homem da plateia gasta a vida toda a percorrer.7 ]
CENA 0= / Os %an#eiros (%arie e
DAN+A DOS BANUEIROS J3nstrumentalK D cena acontece ao som da m9sica (anqueirosX :&s queremosY :&s compramosY :&s podemos garantir o seu sucessoY ?rande p9$licoY Filas nas $ilheteriasY Fotos nos jornaisY %ntrevistasY -ournées pelo mundo, até onde o mundo aca$arY Aut&graosY % amaY 8uita amaY As vantagens do dinheiroY :&s podemosY :&s temosY % vamos garantir tudo isso a vocsY (asta assinar aquiY (asta assinar aquiY (asta assinar aquiY Jvo o"erecendo vrios pap4is Es gmeas&
=eleneX 8as voc nunca viu...
(anqueirosX :o interessaY -emos pressaY % vocs tem $elos corpos pra mostrarY 7
iderot, Parado(o so)re o Comediante 0ernanda Montenegro
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8arieX :ossa arte...
(anqueirosX Pouco importaY O dinheiro compra tudoY -ransorma tudoY Iocs sero as melhoresY O p9$lico vai pagarY FamaY Iocs j* ouviram alarZ
(Aparece um outro bloco de pessoas !ue representam o p*blico, "alando tamb4m cada um uma "rase, en"rentam os ban!ueiros, juntamente com %arie e
P9$lico, 8arie e =eleneX Fora daquiY ;uaY "u$estimando nossa capacidadeZ O p9$lico no aceita qualquer coisaY O p9$lico no quer qualquer coisaY Os nossos direitos no devem ser proporcionais 0s nossas possesY % temos direito 0 culturaY :o se trata apenas de la!er, de diverso, mas a arte inclui o entretenimento. % n&s queremos tudoY -udo menos a esc&ria que pensa que pode $ancar os nossos sonhosY ;uaY ;uaY
(7 p*blico a"ugenta os ban!ueiros. 7s ban!ueiros "ogem&
CENA 0. / O CIRCO DE MARIE E (E!ENE (2er"ormance para %arie e
O CIRCO MSTICO JCanço por Hi!i PossiK (%arie, e um invisível cordo >ustenta a vida real
$ordas de uma or!uestra >ombras de um artista 2alcos de um planeta B as dançarinas no grande 5nal $1ove tanta Lor Mue, sem reLetir Fm ardoroso expectador Iira colibri Mual 'o sei se 4 nova iluso >e ap)s o salto mortal Bxiste outra encarnaço %embro de um elenco %alas de um destino 2artes de uma or!uestra :uas meninas no imenso vago 'egro reLetor 9lores de organdi B o grito do 1omem voador Ao cair em si 'o sei se 4 vida real Fm invisível cordo Ap)s o salto mortal
CENA 00 ) Fina (en!uanto %$ "ala, todos os personagens voltam ao palco ao lado de %arie e
e partir para estradas, dei'ando sempre atr*s de si nesse grande circo da vida, a imagem da Arte.
NA CARREIRA (=oda da $ompan1ia do $irco 6 $oro& NA CARREIRA Pintar, vestir Iirar uma aguardente Para a pr&'ima unço ;e!ar, cuspir "urgir repentinamente :a rente do telo 8ais um dia, mais uma cidade Pra se apai'onar >uerer casar Pedir a mo "altar, sair Partir pé ante pé Antes do povo despertar Pular, !unir Como um urtivo amante Antes do dia clarear As pistas de que um dia Ali j* oi eli! Criar rai! % se arrancar =ora de ir em$ora >uando o corpo quer fcar -oda alma de artista quer partir Arte de dei'ar algum lugar >uando no se tem pra onde ir Chegar, sorrir 8entir eito um mascate >uando desce na estaço Parar, ouvir "entir que tati$itate >ue $ate o coraço 8ais um dia, mais uma cidade Para enlouquecer O $em)querer O tur$ilho (ocas, quantas $ocas A cidade vai a$rir PrVuma alma de artista se entregar Palmas pro artista conundir Pernas pro artista tropeçar Ioar, ugir Como o rei dos ciganos
>uando junta os co$res seus Chorar, ganir Como o mais po$re dos po$res 3os po$res dos ple$eus Br dei'ando a pele em cada palco % no olhar pra tr*s % nem jamais
POESIA
A t9nica Bncons9til @Horge de !i9a / .;1:
O 9o atende# e Margarete contin#o# a dinastia do circo de #e tanto se te9 oc#pado a i9prensa Ent>o Margarete tat#o# o corpo so'rendo 9#ito por a9or de De#s pois grao# e9 s#a pee rsea a 6ia)Sacra do Senhor dos Passos E nenh#9 tigre a o'ende# a9ais e o e>o Nero #e Q haia co9ido dois entro#os #ando ea entraa n#a pea a#a a dentro choraa co9o #9 rec<9 nascido Se# esposo ) o trapezista !#d$ig n#nca 9ais a pode a9ar pois as gra#ras sagradas a'astaa9 a pea dea e o deseo dee Ent>o o %o&e#r R#do' #e era ate# e era o ho9e9)'era derr#%o# Margarete e a ioo# #ando aca%o# o ate# se conerte# 9orre# Margarete pari# d#as 9eninas #e s>o o prodgio do Grande Circo Jnieps Mas o 9aior 9iagre s>o as s#as irgindades E9 #e os %an#eiros e os ho9ens de 9onc#o t9 es%arrado s>o as s#as eitaLes #e a pato as s#as 9Qgicas #e os si9pes dize9 #e hQ o dia%o 9as as crianas cre9 neas s>o se#s K
Marie e (eene se apresenta9 n#as dana9 no ara9e e desoca9 de ta 'or9a os 9e9%ros #e parece #e os 9e9%ros n>o s>o deas A pato dos ho9ens atira9 as a9as para a is>o de De#s Co9 a erdadeira histria do Grande Circo Jnieps 9#ito se te9 oc#pado a i9prensa
(ISTRIA DO POEMA VDA 6ERDADEIRA (ISTRIA DO CIRCO JNIEV %m Iiena, durante o reinado de 8aria -ere!a da ustria, viveram os irmos Charles e Frédéric +nie, este médico, que casou em ]^ e no