romances brasileiros. SANT’ANNA, Affonso Romano de. Análise estrutural de romances Petrópolis: Vozes, 1973 A Moreninha Moreninha
onsiderado por m!itos "r#ti"os "omo !m roman"e apenas "!rioso e somente Moreninha &1'(3) tem atra$essado as d*"adas, importante do ponto de $ista %istóri"o, A Moreninha e "ontin!a atin+indo !m p-li"o di$ersifi"ado mais de "em anos depois, "on$ertido para a tele$i tele$iso so,, "inema "inema,, %istór %istórias ias em /!a /!adri drin%o n%os. s. 0ntre 0ntre roman" roman"es es es"rito es"ritoss em pleno pleno Romantismo, "%e+a a ser /!ase inepli"2$el a permann"ia dessa o-ra prod4zida por 5a"edo aos 63 anos. ma an2lise estr!t!ral, /!e "ons!lte o pro"esso de monta+em da "omposi8o, pode forne"er !ma $iso de "omo os elementos a# se or+anizam para formar !ma o-ra de +osto pop!lar onde a ideolo+ia da "om!nidade se reen"ontre. So$2ri $2rios os aspe aspe"t "tos os A Moreninha "ris "rista tali lizo zo!! mel% mel%or or /!e /!e m!it m!itos os o!tr o!tros os tet tetos os do Romant Romantism ismo, o, in"l!i in"l!indo ndo o!tros o!tros roman" roman"es es de 5a"ed 5a"edo, o, !ma !ma s*rie s*rie de pro"e pro"edim diment entos os formaisest*ti"os /!e +arantem o s!"esso da narrati$a fiada entre o mito e a literat!ra. 1. PRPS;<= 0ste est!do se desen$ol$er2 em torno dos se+!intes pontos: a) A Moreninha apresenta !ma dis"!sso ir>ni"oteóri"a dos persona+ens "onfrontando o Romantismo "om o!tras es"olas liter2rias. 0ssa dis"!sso aparentemente am-#+!a no n#$el do en!n"iado $ai sofrendo !ma transforma8o no n#$el da en!n"ia8o, a ponto de o toman"e realizar o endosso dos ideais rom?nti"os pretendia ironizar a prin"#pio. 0sse @o+o entre o en!n"iado &/!e "riti"a) e a en!n"ia8o &/!e endossa) apro$eita tenso estóri"a. -) A dis"!sso teóri"a entre os persona+ens $ai "edendo espa8o realiza8o estr!t!ral da lenda. lenda. s persona+e persona+ens ns do roman"e roman"e $o se s!perpond s!perpondoo aos fi+!rantes fi+!rantes lend2rios, lend2rios, re$elandose re$elandose !ma identifi"a8o entre a estr!t!ra do roman"e e a estr!t!ra da lenda. l enda. 0ssa red!pli"a8o dos modelos "onfirma /!e no n#$el da en!n"ia8o ass!mi! os press!postos do Romantismo. ") 0ssa 0ssa nar narra rati ti$a $a se mos mostr traa "omo "omo !m o-@et o-@etoo ldi" ldi"oo e ideo ideoló ló+i +i"o "o inte intere ress ssad adaa em afirm afirmar ar $alores definidos pela est*ti"a rom?nti"a. elemento ldi"o est2 presente nos n#$eis da narra8o, dos persona+ens e da l#n+!a&+ern), reafirmandose na "omposi8o do roman"e "omo +nero "ompósito, interessado ideolo+i"amente em ser a"eito pelo re"eptor.
6. B0S0NVCV;50NT 6.1. Romantismo afirmado pela enunciação A narra narra8 8oo de A Moreninha prod!z !m pro-lema ini"ial /!e * a aparente defasa+em entre o /!e $ai epresso no n#$el do en!n"iado e a/!ilo /!e os persona+ens $i$em no n#$el da en!n"ia8o. A-rese "om !ma "erta am-i+4idade, mar"ada pela ironia &etimolo+i"amente: falar o "ontr2rio da/!ilo /!e se pensa). Aparentemente Aparentemente a óti"a do narrador identifi"ase "om o ponto de $ista de Da-r#"io, definido "omo E"l2ssi"oF em oposi8o a A!+!sto G apresentado "omo rom?nti"o n!m ar de de-o"%e: Eo me! rom?nti"o A!+!sto, em "ero!las, "om as fra!das mostraF. narrador alimenta esse enfo/!e ir>ni"o "riando "erta tenso na estória, /!e na en!n"ia8o se sa-e rom?nti"a. 0ssa tenso artifi"ial * in"rementada pela aposta /!e os persona+ens fazem entre si: se A!+!sto no resistisse aos en"antos das mo8as da ;l%a e se apaionasse por !ma delas por 1H dias, teria /!e es"re$er !m roman"e "ontando esses e$entosI "aso "ontr2rio, a
estória de s!a resistn"ia seria narrada por Da-r#"io. roman"e, portanto, se ini"ia "omo !ma partida, !m @o+o, "om !ma tenso entre as partes. No n#$el de s!a estr!t!ra, !ma assimetria entre en!n"iado e en!n"ia8oI ao n#$el da estória , !ma disp!ta entre o "l2ssi"o e o rom?nti"o. Para en"amin%ar o @o+o, no entanto, o roman"e !sa !ma s*rie de simetrias, apontadas @2 nos primeiros par2+rafos e persistentes em todo o li$ro, /!e terminam por "on$erter o @o+o, n!ma partida sim*tri"a onde o res!ltado final @2 * pre$isto. Neste sentido, o /!e era jogo se "on$erte em ritual, pois o @o+o apare"e "omo disjuntivo; o @o+o res!lta da "ria8o de !ma di$iso diferen"ial entre @o+adores indi$id!ais o! e/!ipes, /!e nada desi+na$a, pre$iamente, "omo desi+!ais. Toda$ia, no fim da partida distin+!irseo em +an%adores e perdedores. Be forma sim*tri"a e in$ersa, o rit!al * conjuntivo, pois instit!i !ma !nio &...) !ma rela8o or+?ni"a, entre dois +r!pos &...) /!e eram disso"iados no ini"io. J2 no primeiro "ap#t!lo a possi-ilidade de en"ontro dos est!dantes &A!+!sto, Delipe, Ceopoldo, Da-r#"io) "om as @o$ens &arolina, Joa/!ina, Joana e lementina) pro$o"a !ma dis"!sso so-re o "on"eito de amor, /!e deri$a para !ma apresenta8o ir>ni"a do /!e era a /!erela entre o Romantismo e o lassi"ismo. Bis"!temse id*ias de -eleza identifi"andose a mo8a loira "omo a "l2ssi"a e a morenin%a "omo rom?nti"a. 5a"edo tematiza !m ass!nto teóri"o /!e ainda %o@e f as"ina aos est!diosos de estil#sti"a e aos /!e "lassifi"am as o-ras se+!ndo os estilos de *po"a. A dis"!sso entre os persona+ens re$el a at!alidade do ass!nto na *po"a em /!e o roman"e foi prod!zido. Tin%ase sa#do o se esfor8a$a para sair das teorias e pre"eitos art#sti"os /!e dominaram do s*. KV ao s*". KV;;;. Trata$ase de opor !ma est*ti"a na"ional, indianista e sertane@a a !ma est*ti"a e!rop*ia, "i$ilizada e ariana. 5a"edo se ins"re$e na mesma pa!ta em /!e Alen"ar "olo"o! ;ra"ema, Ta!naL ;no"n"ia e Mernardo !imares a es"ra$a ;sa!ra. om !ma ressal$a: foi /!em primeiro torno! "lara a /!esto "riando !m tipo at* ento a!sente de nossa fi"8o. Na apresenta8o de Joanin%a "omo Ep2lidaF, Joa/!ina "omo EloiraF e arolina "omo Emorenin%aF, temos toda !ma +ama de tipos des"ritos pelos poetas em s!a fia8o de ideais "rom2ti"ofemininos. 0ssa dis"!sso so-re o tipo f#si"o das m!l%eres en"amin%a a dis"!sso so-re os ideais rom?nti"os. 0sta-ele"ese nos primeiros "ap#t!los !ma $ariada defini8o dos termos rom?nti"o)romantismo. A"!sado de ser rom?nti"o, A!+!sto * assim definido por ser Ein"onstanteF e EnamoradorF, e por/!e !m rom?nti"o Eno diz o /!e sente e no sente o /!e dizF. Todas essas defini8Oes, "laras ao n#$el de en!n"iado e in"orretas de !m ponto de $ista est*ti"o e liter2rio, $o ser "ontrariadas no n#$el da en!n"ia8o "om o desen$ol$imento da narra8o. Per"e-ese /!e %2 !m EfalsoF romantismo e !m Ea!tnti"oF romantismo. !e a a!tnti"a personalidade de A!+!sto só se $ai re$elar no fim, /!ando ele ass!me todo o romantismo /!e disfar8a$a, esfor8andose por ser in"onsante e namorador. A in"onst?n"ia aparente de A!+!sto * o disfar"e para a fidelidade /!e mant*m ao ideal de amor, e ao @!ramento de só se "asar "om a menina do -re$e -ran"o &"ap. 7). 0ssa "!r$a entre o prin"#pio e o fim do roman"e desta"ase pela !tiliza8o de dois $er-os de sentido pare"ido, mas +!ardadores de diferen8as s!-stan"iais: no prin"#pio da estória os ami+os repetem $2rias $ezes /!e A!+!sto Eest2F rom?nti"o &"ap. H)I no fim, o narrador "on$en"e /!e A!+!sto E*F rom?nti"o. Eest2F "ara"teriza eatamente as defini8Oes esprias, aspe"t!ais e s!perfi"iais de Romantismo &in"orri+#$el, $el%a"o, in"onstante). Por isto, ser2 esse mesmo Eest2F /!e definir2 Delipe &"ap. H), !m rom?nti"o fra"assado, /!e @2 se %a$ia "%amado de E!ltra"l2ssi"oF em "ontraposi8o a A!+!sto a /!e "%ama de E!ltrarom?nti"oF. Por o!tro lado, essa diferen8a entre Eestar’’ e EserF "oin"ide "om o tom ir>ni"o do prin"#pio do li$ro, /!e $ai sendo tro"ado pelo dram2ti"o, tanto mais se define o Eser’’ rom?nti"o de A!+!sto e arolina. 0sse ser essen"ial se "onfi+!ra mel%or
depois /!e a estória ini"ial se "r!za "om a estória medial &estória dos -re$es e as lendas dos #ndios). Bepois desse "r!zamento, tornase a narrati$a mais espessa, e saindo da aparn"ia o persona+em narrador epOese essn"ia mesma do romantismo /!e /!eria "riti"ar. Sintetizando: princípio
meio
romantismo aparente a!tnti"o estar ironia
fim
lenda
romantismo ser drama
2.2. Exercício ideológico da estética romantica: cruzamento da lenda e do romance
A nfase n!ma dis"!sso ir>ni"oteóri"a so-re ideais rom?nti"os e "l2ssi"os domina os primeiros "ap#t!los. Ao "%e+ar ao "ap. 7 o narrador se mete por o!tro "amin%o: a apropria8o de poemas e lendas /!e red!pl#/!em os modelos em-rion2rios de s!a narrati$a. A/!i ele afirmase em s!portes t#pi"os da o-ra rom?nti"a: fontes orais, a lenda, a -alada. Nesta parte o jogo ini"ial se aproima do mito "omo modo de efeti$ar o rito, /!e se instala em s!a estr!t!ra. A ri+or, 5a"edo no se !tiliza de !m mito em se! sentido eato, mas da lenda. Cenda em s!a a"ep8o etimoló+i"a: do latim Ele+endaF o /!e de$e ser lido, o /!e se l (legere). Cenda e mito se e/!i$aleriam neste roman"e de a"ordo "om s!as f!n8Oes. A lenda de A# e Aoitim eer"e a f!n8o de preparar o reen"ontro dos persona+ens A!+!stoQarolina. Para "onferir o roman"e "om as estr!t!ras m#ti"as, o a!tor !sa da t*"ni"a do en"aie. tilizase da narrati$a Es dois -re$es, -ran"o e $erdeF &"ap. 7), as estórias dos #ndios A# e Aoitim &"ap. 9) e a EMalada do Ro"%edoF &"ap. 1). Nesses en"aies os #ndi"es lan8ados nos "ap#t!los anteriores so red!pli"ados e desen$ol$idos. 5ais: esses "ap#t!los se remetem estr!t!ralmente !m ao o!tro n!ma realiza8o espe"!lar da mesma estr!t!ra de red!pli"a8o dos modelos. A estr!t!ra $ai sendo re"ontada em $2rios n#$eis: a) No passado: estória do menino e da menina na praia se prometendo amor e "asamento, selando a promessa "om !m rit!al realizado pelo $el%o mori-!ndo. -) No passado lend2rio: "om a lenda de Aoitim e se! amor pela #ndia A#, /!e red!pli"a a estória de A!+!stoQarolina. ") No presente: a -alada "ontada pela 5orenin%a so-re o ro"%edo, /!e efeti$a a f!so das $ersOes anteriores indi"iando mais "laramente o r!mo da persona+em no "!mprimento da promessa &do passado) e do press2+io &da lenda). 2.3. Os Encaixes
Vendo mais detal%adamente os en"aies: !ando se prepara para narrar B. Ana a estória dos -re$es, -ran"o e $erde, A!+!sto se re"ol%e "om a sen%ora a !ma +r!ta onde %2 !m "opo de prata e !ma pe/!ena -a"ia de pedra. 0sse espa8o diferente do espa8o onde trans"orrem as o!tras "enas * o espa8o m#ti"o por e"eln"ia . o l!+ar da re$ela8o, onde %2 !ma a-ert!ra para !m "ontato do %omem "om as formas m2+i"as do !ni$erso. Repetese a/!i !m topos "om!m nas narrati$as rom?nti"as e m#ti"as: o persona+em se retira para !m l!+ar sa+rado e o!$e, re"e-e e "on%e"e os fatores determinantes de s!a 2.3.. Estória dos breves.
$ida e se! f!t!ro. A# os persona+ens isolamse da realidade e de o!tras testem!n%as &e"eto a 5orenin%a, /!e t!rti$amente es"!ta a estória. 0la pode parti"ipar desse se+redo por/!e tam-*m %a-ita o espa8o da e"e8o do mito e da lenda). /!e essa estória "onta * a realiza8o de !m perfeito sistema de trocas em $2rios planos. Tal sistema de tro"as * re+ido pela mesma elementaridade /!e apare"e nos mitos e nas lendas, sempre apelando para as d#ades e tr#ades. 0iste, por eemplo, !ma tro"a interpar, em d#ade, /!e en$ol$e a fi+!ra do menino e da menina. !ma tro"a no sentido %orizontal, entre fi+!ras de i+!al $alor. o!tro tipo de tro"a * em tr#ade e en$ol$e a fi+!ra do $el%o mori-!ndo, /!e faz o $*rti"e do tri?n+!lo desse sistema. $el%o, "omo no pode ofere"er nen%!m o-@eto em tro"a, ofere"e o dom G a profe"ia de /!e os dois ainda seriam felizes e se "asariam no f!t!ro. s di$ersos lan"es desse sistema de tro"as seriam: a) o menino d2 !ma "on"%a do mar menina, e "om este o-@eto ele s!-stit!i a -one"a /!e o primo da menina %a$ia /!e-rado. Atra$*s deste o-@eto ele se rela"iona emo"ionalmente "om a meninaI -) a se+!ir o menino d2 !ma nota ao $el%o mori-!ndo e a menina d2 !ma moeda de o!ro, esta-ele"endo a tr#adeI ") "omo sinal de re"ipro"idade, o $el%o efeti$a !m rit!al de tro"as entre os dois: toma do -re$e -ran"o e do "amafe! do menino e os d2 meninaI toma o -re$e "om o -oto da esmeralda da menina e os entre+a ao menino. A tro"a * selada "om a profe"ia de !m en"ontro e a realiza8o do "asamento. Todo esse sistema de tro"as realizase n!m "en2rio tam-*m de forte sentido sim-óli"o. s meninos %a$iam se en"ontrado na praia, e * -eira mar /!e A!+!sto e arolina $ao se en"ontrar no f!t!ro. Ainda: o fato de a menina dizer /!e em "asa $ai mentir "ontando /!e perde! a esmeralda na praia e de o menino dizer /!e perde! o "amafe! nas pedras, reafirma o sentido das ima+ens de 2+!aQpedra, /!e +o$ernam a fi+!ra de arolina e A!+!sto respe"ti$amente. Assim esta-ele"ese !ma propor8o: esmeralda: praia: A!+!sto : : "amafe!: pedra: 5orenin%a
A@!ntase a isto a rein"idn"ia da ima+em da 2+!a e da pedra sempre referen"iando espe"ifi"amente !m desses persona+ens: A!+!sto $em, "om o #ndio Aiotim de -ar"o atra$essando as ondas para $er arolinaI a 5orenin%a de "ima do ro"%edo "anta s!a -alada e a$ista o amado /!e $em ;l%a. 0ssa aproima8o * posta em n#$el de en!n"iado no "ap. 6 /!ando o próprio narrador a "onfirma epli"itamente s!perpondo a ima+em de Aoitin e de A!+!sto ao "omparar o -otelo piro+a e o "anto da #ndia tamoia -alada da arolina. roman"e * todo montado dentro de !m sistema de oposi8Oes de persorna+ens. Nos dispensamos de tra-al%ar "om todas as oposi8Oes, no somente por/!e elas se red!pli"am, mas por/!e /!antitati$amente so m!itas: só no primeiro sara! se re!niram 6 persona+ens, se+!ndo o narrador. Podese, no entanto, efet!ar a di$iso em "on@!ntos se+!indo $2rios "rit*rios. Por eemplo: distri-!#los em mas"!linos e femininos, "ir"!ns"re$los no espa8o da "idade $ers!s o espa8o da il%a, di$idilos em E"l2ssi"osF e Erom?nti"os’ o!, o /!e faremos, em persona+ens da lenda e do roman"e. fato * /!e em /!al/!er dessas di$isOes apare"er2 !ma simetria na "omposi8o dos tipos. Temos trs rapazes: A!+!sto, Da-r#"io, Ceopoldo G /!e a "on$ite de Delipe $o a il%a "on%e"er trs mo8as G arolina, Joanin%a, Joa/!ina, /!e se a+r!pam em torno de B. Ana. onsiderando esses e o!tros persona+ens ainda aos pares ter#amos as se+!intes oposi8Oes: 2.3.2. AíAoitin, !arolinaAugusto.
Da-r#"io E!ltra"l2ssi"oF arolina Erom?nti"a B. Ana G "ompreensi$a Ai G #ndia da +r!ta 5enino do -re$e -ran"o
G G G G G
Augusto "ultra#rom$ntico% &oa'uina "clássica% ai de Augusto G severo Aoitim G índio caador Menina do breve verde
Sele"ionemos dois pares /!e pare"em se informar m!t!amente, "onstit!indo o n"leo dos fi+!rantes do "ap. 11, /!e por s!a $ez red!pli"am o "ap. 7, e /!e por s!a $ez $o ser red!pli"ados no interior da estória at* o fim. A estória de A#QAoitim * a $erso m#ti"a do amor de A!+!stoQarolina. Ao realizar a estr!t!ra da lenda, o roman"e estar2 se afirmando ideolo+i"amente a-rindo !m espa8o maior para o eer"#"io m#ti"o da narrati$a. Cem-rese, a propósito, a "omposi8o dos persona+ens e dos o-@etos em * +uarani e a "omposi8o em A Moreninha. No roman"e de Alen"ar %2 !ma "res"ente tenso /!e *@!stamente a passa+em das d#ades para as tr#ades at* a re"a#da final na d#ade. 0m 5a"edo o sistema se monta m!ito em torno de d#adesI as tr#ades, apesar de serem m!ito referen"iadas e "omentadas no interior da própria estória, no se or+anizam sistemati"amente. Por isto %2 !ma tenso sim-óli"a mais fra"a neste li$ro do /!e no de Alen"ar.
Sele"ionando as fi+!ras dos #ndios "omo red!pli"adoras de A!+!sto e arolina, o-ser$aUse /!e s!a rela8o se deUen$o1$e dentro da/!ilo /!e, se+!indo C*$iStra!ss em e !ru et te !uit, tam-*m se poderia "%amar o "ódi+o dos sentidos. 0sse "ódi+o "onta a a-ert!ra emo"ional de !m fi+!rante em rela8o ao o!tro. A a-ert!ra de Aoitim para o amor se d2 atra$*sde !m a+ente sim-óli"o: as l*+rimas da #ndia apaionada. 0ssas l2+rimas so a"ompan%adas de o!tras informa8Oes dentro do "ódi+o. a) A# "anta e "%ora e as l2+rimas "aem so-re os ol%os de Aoitim /!e ener+a a mo8a e e"lama: ECinda 5o8aF &"ódi+o $is!alI 1 a-ert!ra) -) A# "anta e "%ora e as l2+rimas "aem so-re o o!$ido de Aoitim /!e o!$e a s!a "anti+a, e e"lama: EVoz sonoraF &"ódi+o a!diti$o: 6 a-ert!ra) ") A# "anta e "%ora e as l2+rimas "aem no l!+ar do "ora8o e o #ndio e"lama: ESinto amarteF &re"ep8o da mensa+em: 3 a-ert!ra).
Besperto para o amor o #ndio sente sede G sinal da a-ert!ra sentimental so-re se!s sentidos. 0le tem sede e $ai -e-endo a 2+!a da fonte, /!e so Eas l2+rimas do amor A partir da# a narrati$a desen$ol$e o en"ontro de A!+!sto e arolina se+!indo o mesmo "ódi+o dos sentidos !tilizado para aproimar os #ndios. A li+a8o entre !ma estória e o!tra * forne"ida no en!n"iado: EBizem, pois, /!e /!em -e-e desta 2+!a no sai da nossa il%a sem amar al+!*m dela e torna por for8a, em demanda do o-@eto amado. Bizem tam-*m al+!ns /!e al+!mas +otas -astam para fazer a /!em -e-e adi$in%ar os se+redos do amorF &"ap. 9). A rela8o entre os dois @o$ens passa pelos mesmos est2+ios, %a$endo "oin"idn"ia at* no modo "omo repetidamente A!+!sto toma da 2+!a do "opo de prata para ir -e-endo en/!anto narra o! o!$e B. Ana narrar. 0ntremeado "om isto, A!+!sto passa pelos trs est2+ios: a) Primeiro $ a 5orenin%a, mas no "onse+!em se entender &"orresponderia ao "ódi+o $is!al) -) Bepois ele a o!$e "antar a -alada so-re o ro"%edo &"orresponderia ao "ódi+o a!diti$o). e) 0m ter"eiro l!+ar ele se apaiona &re"ep8o da mensa+em, e a"a-a por -e-er a 2+!a no "opo de prata G "ap. 17).
As estórias dos #ndios e dos amantes se en"ontram na ima+em da +r!ta e do ro"%edo, posto /!e este espa8o 8ontin!a sendo o espa8o da realiza8o do mito. Doi ali /!e A!+!sto se a-ri! B. Ana e * ali /!e $ai reen"ontrar a menina do -re$e -ran"o /!ando os dois re$elam a s!a $erdadeira identidade. onfirmamse os trs n#$eis em /!e trans"orre a estória a /!e al!dimos anteriormente: o passado, o passado da lenda e o presente dos persona+ens se f!ndem. A narrati$a se fe"%a "ir"!larmente por !m re"on%e"imento, o f!t!ro en"ra$ado no passado, linearmente, a ponto de arolina dizer ironi"amente após a re$ela8o: Enós eramos "on%e"idos anti+osF &"ap. 63). 2.!. " narrati#a como uma composição
l$dica% mas simétrica
A "ons"in"ia do fazer ldi"o transpare"e das primeiras p2+inas do roman"e, /!ando na introd!8o intit!lada EB!as Pala$rasF ele "onsidera /!e se atre$e! a es"re$er !m Eroman"eF mo$ido no pela E+lória, amor, e interesseF, mas pelo EdesenfadoF e pelo Eó"ioF. Afasta s!a o-ra do ne+ó"io (nec#otium) en/!anto !ma ati$idade e"onomi"amente interessada, para se afirmar "omo ócio &oti!m). Assim se p>s a Efazer tra$ess!rasF "om s!a Eima+ina8o tra/!inasF. sentido de +rat!idade /!e da# se desta"a fi"a mel%or "onfi+!rado /!ando no primeiro "ap#t!lo des"o-rese @2 a moti$a8o do enredo: !ma disp!ta entre @o$ens. ;nsta!rase a narrati$a "omo !m @o+o, !ma aposta entre A!+!sto e se!s ami+os: se A!+!sto G s#m-olo da in"onst?n"ia, se apaionar d!rante 1H dias por !ma m!l%er &no "aso, arolina), de$er2 es"re$er !m roman"e onde "ontar2 "omo se rende! aos en"antos da menina. aso "ontr2rio, Delipe narraria a estória da in$!lnera-ilidade de A!+!sto. At* a# a narrati$a "!mpre o preteto "l2ssi"o para se ins"re$er, preteto esse /!e $aria de a"ordo "om a *po"a e "om os a!tores. Para Mo""a"io (-ecameron) foi a peste /!e amea8a$a a $ida dos @o$ens, /!e se sal$am narrandose estóriasI para S"%e%erazade de As Mil e ma /oites a amea8a de morte reno$ada todos os dias. No "aso de 5a"edo, press!pOese /!e o li$ro seria es"rito tanto diante do ito /!anto do fra"asso. -$iamente o res!ltado seria diferente. omo A!+!sto s!"!m-e aos en"antos da pe/!ena, redi+e o roman"e, e no ep#lo+o sa-ese /!e o teto lido &' * a realiza8o da promessa. A Moreninha "omo roman"e *, portanto, o fra"asso fi"t#"io de !m persona+em "omo indi$#d!o e se! ito "omo amante. A narrati$a só eiste por "a!sa deste fra"asso. 0 ela narra o ito do amor. om este artif#"io simples 5a"edo desen$ol$e s!a narra8o /!e se "on$erte n!m eer"#"io ldi"o de es"rita. ldi"o ini"iase pela aposta entre os ami+os, narrandose as primeiras "enas n!m sentido de @o+o"ni"oteatral e "onfirmase estória a dentro: mantendo a a8o entre a farsa e a "om*dia. Besen$ol$ese n!ma s*rie de @o+os e -rin"adeiras de salo atra$*s de sara!s e festas. onfirmase pela des"ri8o de $2rios "ódi+os para aproima8o dos amantes: re+ras impostas por Joanin%a a Delipe &"ap. '), "ódi+o das flores &"ap. ), o @o+o das letras dos nomes das mo8as &"ap. (). Reiterase pela insistn"ia no @o+o da pal%in%a, +amo, $oltarete, nos -rin/!edos de -one"a G /!e en$ol$em at* os persona+ens prin"ipais G e as "enas de A!+!sto -ordando para arolina. No n#$el da l#n+!a, o ldi"o epOese atra$*s dos efeitos ir>ni"os e !ma "r#ti"a m!ita $ez am-#+!a ao próprio "ódi+o rom?nti"o de /!e o a!tor est2 se ser$indo. No n#$el da narra8o, o ldi"o transpare"e pelo man!seio de lin+!a+ens diferentes &prosa, poesia, lendas, fontes es"ritas e orais) /!e informam o roman"e "omo !m +nero "ompósito repleto de lin+!a+ens %etero+neas. 0stamos nos referindo l!di"idade desta narrati$aI mas %2 /!e apontar os limites do @o+o em 5a"edo. Cimites esses /!e epli"am o "ondi"ionamento do @o+o ao rito. @o+o a# * "ontrolado ideolo+i"amente. Ba# /!e a ironia $2 "edendo espa8o tanto mais o m#ti"o se "onstrói pela reafirma8o da lenda. @o+o a/!i no * a-erto "omo na narrati$a de estr!t!ra "omplea de 5a"%ado de Assis &$er an2lise de Esa0 e &acó). T!do tende a !ma "on@!n8o em 5a"edo. on@!n8o de roman"e, do mitolenda, "on@!n8o da s*rie liter2ria e da ideolo+ia. A# eiste, sem d$ida, o @o+o, tanto * /!e no ep#lo+o se diz /!e A!+!sto Eperde! +an%andoF. an%o! se+!indo as re+ras do rit!al da es"rita rom?nti"a. Na $erdade, 5a"edo "ede! rit!alisti"ameiite ao imp!lso de "onformidade "om o ló+i"o esperado. Tanto assim /!e ele so!-e ir "edendo s!a es"rita ne"essidade da/!ilo /!e o leitor /!eria ler: E"omo todos pre$em, a -alada foi nessa estrofe
interrompida e B. arolinaF ... &"ap. 63). "!rioso o di2lo+o /!e se esta-ele"e entre o en!n"iado e a en!n"ia8o deste roman"e, /!e se afirma dentro dos press!postos rom?nti"os apesar da "r#ti"a a esse pro"esso de narrar &"ap. 1'). 5a"edo estende! a "riti"a ao "ódi+o rom?nti"o e /!anto /!is, mas se retrai! na "onfe"8o final do roman"e optando por !m endosso da/!ilo /!e ironizara. Assim * /!e "riti"a os persona+ens ta+arelas das narrati$as rom?nti"as &"ap. 19), mas essa ta+areli"e persiste em se!s li$rosI in"l!i al+!ns lai$os de realismo, por eemplo, des"ri8o de "ertas doen8as ta-!s na *po"a e se po!pa as $astas des"ri8Oes dos "en2rios to ao +osto de Alen"ar e Mernardo !imares. %e+a mesmo a "riti"ar a-ertamente a onis"in"ia do narrador ao mesmo tempo /!e se !tiliza dessa onis"in"ia penetrando em /!ase todos os re"intos. T!do indi"a /!e ele ten%a tra-al%ado pr"dominantemente "om modelos "ons"ientes e /!e o no des$io do "ódi+o rom?nti"o se@a $ol!nt2rio. Por isto se podia dar ao l!o de ensaiar s!as "r#ti"as ao próprio Romantismo. Ao "ompor se! li$ro se sa-ia inserido dentro do sistema /!e le$emente ironiza$a, eer"itando !m estilo no$o apenas no Mrasil. &...)